O paradoxo de bootstrap é, em suma, um conjunto de importantes paradoxos que discutem efeitos perigosos que o futuro pode ocasionar no presente. De fato, os paradoxos são ideias intrigantes que geram confusões e inúmeras discussões em nossos imginários. Decerto, os paradoxos que versam sobre questões do espaço-tempo ganham destaque na cultura pop, uma vez que inspiram filmes, séries e várias produções audivisuais.
Nesse sentido, um dos paradoxos que ganham um grande destaque é o chamado paradoxo de Bootstrap. Com efeito, esse paradoxo evoca questões fundamentais sobre as noções fundamentais de criação. Ademais, o mesmo ainda nos leva a questionar como e o que seria o conceito real de origem de algo.
Então gurunauta, nesse artigo nós vamos adentrar no paradoxo de Bootstrap. Com efeito, vamos perpassar as ideias principais que envolvem o mesmo. Além disso, ainda vamos discutir alguns exemplos práticos desse paradoxo. Por fim, apresentaremos alguns perigos das previsões desse paradoxo.
Apresentação do paradoxo do Bootstrap
De início é fundamental que sejamos apresentado ao paradoxo de Bootstrap para que nossa discussão faça sentido. Com efeito, o paradoxo pode ser apresentado da seguinte forma: imagine que alguém escreve um livro e, em seguida, viaja no tempo para entregá-lo a si mesmo antes mesmo de começar a escrevê-lo. Mas se o livro não foi originalmente criado, de onde veio o livro que foi entregue ao seu eu passado?
Então, apartir disso temos a seguinte a questão da origem do livro – ele veio do nada? Se sim, como isso é possível? O paradoxo sugere que o objeto em questão não tem uma origem clara ou lógica, o que desafia as leis da causalidade e da criação.
Origem e definição do paradoxo de Bootstrap
Agora, vamos iniciar a entender as origens e definições desse paradoxo. Com efeito, a origem do termo “bootstrap” vem da expressão em inglês “pulling oneself up by one’s bootstraps” (levantando-se pelos próprios cadarços das botas). Essa expressão descreve uma ação auto-suficiente, em que alguém se eleva sem a ajuda externa de outras pessoas. No contexto do paradoxo, o termo “bootstrap” é usado para representar a criação de algo a partir de si mesmo, sem uma causa externa.
Em suma, o paradoxo de bootstrap pode ser exemplificado de diferentes maneiras, mas a essência permanece a mesma. Por exemplo, imagine uma pessoa que inventa uma máquina do tempo e a utiliza para viajar no tempo e entregar a si mesma os projetos da máquina. No entanto, se ela recebe os projetos antes de inventar a máquina, de onde realmente surgiram os projetos?
Note ainda que essa ideia é exatamente similar a que apresentamos na seção anterior. Decerto, essa situação paradoxal coloca em xeque a ideia de causa e efeito. Se algo é criado a partir de si mesmo, não há uma causa inicial discernível. O objeto ou informação parece surgir espontaneamente, sem uma fonte externa clara.
Exemplos de paradoxos de bootstrap
Agora, vamos conhecer alguns dos diversos problemas que representam a situação do paradoxo de Bootstrap. Decerto, existem vários exemplos de paradoxos de bootstrap, que envolvem a criação de objetos, informações ou tecnologias a partir de si mesmos. Aqui estão alguns exemplos:
- Livro do Futuro: imagine alguém que viaja no tempo para entregar a si mesmo um livro que contém todas as informações necessárias para construir uma máquina do tempo. Mas se o livro foi entregue antes da construção da máquina do tempo, de onde veio o livro original?
- O inventor e sua invenção: um inventor cria uma máquina que lhe permite viajar no tempo. Ele usa a máquina para voltar no tempo e entregar a si mesmo os planos para a criação da máquina. Mas se ele recebeu os planos antes de criá-la, de onde realmente vieram?
- A música que se escreve a si mesma: imagine uma música que é escrita por uma inteligência artificial (IA). A música é tão complexa e sofisticada que, quando é tocada, inspira a IA a se aprimorar e a escrever uma música ainda mais complexa e sofisticada. Mas se a primeira música não existia antes da IA criá-la, como foi possível para a IA se inspirar aprimorando a música original?
O paradoxo de bootstrap na cultura pop
Conceitos que exploram tempo e espaço são amplamente utilizados na cultura pop, enriquecendo tramas e conferindo uma atmosfera extraordinariamente científica a filmes, obras literárias e produções audiovisuais. Nessa perspectiva, o paradoxo de bootstrap se destaca como um tema recorrente, sobretudo em produções cinematográficas que versam sobre ficção científica e viagens temporais. A seguir, apresentaremos alguns exemplos de filmes que empregam este intrigante paradoxo:
- “De Volta para o Futuro” (1985): o personagem principal, Marty McFly, viaja no tempo e acaba interferindo na história de seus pais. No final do filme, ele recebe uma carta de seu amigo Doc Brown, que viajou ainda mais para o passado e deixou a carta para si mesmo. No final do filme, descobre-se que a resistência criou a máquina do tempo para enviar Kyle Reese de volta ao passado para proteger a mulher.
- “Donnie Darko” (2001): o personagem principal, Donnie, é assombrado por visões de um coelho gigante e é informado de que o mundo acabará em 28 dias. No final do filme, descobre-se que Donnie viajou no tempo para garantir que o mundo acabasse e que sua morte ajudaria a salvar outras pessoas.
Esses filmes e muitos outros usam o paradoxo de bootstrap como um elemento central da trama, desafiando a noção comum de causalidade e criando situações complexas que desafiam a lógica.
O perigo das previsões
De fato, ao passo que o paradoxo de bootstrap se envereda com as noções de tempo suas consequências podem ser incrivalmente sérias e delicadas. Decerto, as previsões do paradoxo de bootstrap são altamente instáveis e geralmente não podem ser confiáveis. Isso ocorre porque o paradoxo de bootstrap envolve um ciclo de causalidade circular, em que uma coisa é a causa e o efeito de si mesma, sem uma origem clara. Essa falta de origem torna difícil prever o resultado final, porque não há uma linha clara de causa e efeito.
Assim, as previsões do paradoxo de bootstrap são altamente instáveis e, portanto, não podem ser confiáveis ou precisas.
Referências
- RUSSELL, B. On the notion of cause. Proceedings of the Aristotelian Society, v. 13, p. 1-26, 1912. Disponível em: https://doi.org/10.1093/aristotelian/ser.13.1. Acesso em: 09 mai. 2023.
- DOBRZYNSKA, A.; WARD, T. Bootstrap paradoxes and physical determinism. Foundations of Physics, v. 46, n. 3, p. 308-329, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10701-016-9973-3. Acesso em: 09 mai. 2023.
- SEARLE, J. R. The bootstrap fallacy. In: Mind, language and society: Philosophy in the real world. New York: Basic Books, 1998. p. 130-146. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=J1ErAAAAYAAJ. Acesso em: 09 mai. 2023.
- KIRK, R. Bootstrap paradoxes, time travel and consistency. In: SEP – Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/bootstrap-paradoxes/. Acesso em: 09 mai. 2023.
- LUND, E. The Bootstrap Paradox Explained. In: Futurism. Disponível em: https://futurism.com/the-bootstrap-paradox-explained. Acesso em: 09 mai. 2023.