Abelhas selvagens: Consequências das mudanças climáticas.

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Abelhas selvagens, de acordo com um estudo recente, emergem dos ninhos uma semana antes para cada aumento de 1°C na temperatura. Além disso, as primaveras mais quentes estão causando um despertar mais precoce das abelhas, assim, representando uma ameaça à polinização de cultivos como maçãs e peras.

Entretanto, essa pesquisa, considerada a maior do gênero na Grã-Bretanha, revelou que, em média, as abelhas selvagens, como os zangões, saem de seus ninhos 6,5 dias mais cedo para cada aumento de 1° C na temperatura, resultado das mudanças climáticas.

Ainda, com o início antecipado da primavera e o surgimento prematuro das abelhas, existe o risco de desajuste entre elas e as plantas das quais dependem. Esse desalinhamento pode levar a uma escassez de alimentos disponíveis para as elas, o que resulta em uma possível falta de energia para a polinização eficiente dos cultivos, ou até mesmo perda completa da floração das plantações.

No estudo, liderado pelo pesquisador Chris Wyver, da Escola de Agricultura, Política e Desenvolvimento da Universidade de Reading e publicado na Ecology and Evolution, houve a investigação dos o impacto das mudanças climáticas nelas.

E como as mudanças climáticas têm influenciado as abelhas?

De acordo com Wyver, “O aumento das temperaturas está tornando a vida mais difícil para as abelhas”. Com o clima mais quente, as abelhas saem da hibernação mais cedo, mas enfrentam o desafio de encontrar alimentos adequados para suprir sua energia quando começam a se movimentar.

abelhas
No Brasil, em torno de 90% das cidades podem sofrer problemas relacionados a redução de números de abelhas.

A sincronização entre o despertar das abelhas e a floração das plantas é crucial, como ressalta o pesquisador: “Combinar as datas de despertar com a floração das plantas é vital para as abelhas recém-emergidas, pois elas precisam encontrar pólen e néctar para aumentar suas chances de sobrevivência e reprodução. Quando essa sincronia é interrompida, as abelhas não conseguem realizar a polinização de maneira eficaz”.

Essa redução na polinização natural pode levar os agricultores a recorrerem a abelhas manejadas, o que acarreta em custos mais altos. Infelizmente, esses custos podem ser repassados aos consumidores, resultando em um possível aumento no preço de maçãs, peras e vegetais nas prateleiras dos supermercados.

O estudo durou 40 anos

Durante um período de 40 anos, um estudo abrangente analisou 88 espécies diferentes de abelhas selvagens, utilizando mais de 350.000 registros individuais para identificar mudanças nas datas de emergência em relação ao tempo e à temperatura.

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Um novo estudo descobriu, ameaçando a polinização de culturas como maçãs e peras.

Os resultados revelaram que as abelhas não respondem da mesma forma às variações de temperatura, resultando em diferentes períodos de emergência. Em média, ao longo de cada década, as 88 espécies estão emergindo 4 dias mais cedo.

Considerando as projeções do Met Office, que indicam invernos mais quentes, com aumento de 1 a 4,5°C e até 30% mais umidade até 2070, é provável que a primavera comece mais cedo e as abelhas continuem a se tornar ativas no início do ano.

Essa mudança na data de emergência das abelhas terá um impacto significativo nas plantas que dependem fortemente da polinização, como as macieiras, as quais podem não estar preparadas para florescer quando a hibernação das abelhas terminar.

Importância das abelhas para as florestas

Uma abelha, durante uma única viagem, pode visitar de 50 a 1.000 flores. Imagine então uma colônia de abelhas melíferas com 25.000 abelhas forrageiras, realizando 10 viagens por dia. Essa colônia seria capaz de polinizar incríveis 250 milhões de flores em um único dia! Os números são impressionantes e revelam a importância crucial das abelhas na polinização. No entanto, vale destacar que o pólen e o néctar das árvores também desempenham um papel fundamental na dieta das abelhas, além de serem essenciais para a sobrevivência das próprias árvores.

Um estudo realizado em Gana e Benin pela ONG ‘Bees for Development’ demonstrou o impacto positivo da presença das abelhas melíferas na produção de castanha de caju. Os resultados revelaram que a produção dos cajueiros foi de 2 a 3 vezes maior quando as abelhas eram criadas próximas às árvores. A simples presença das abelhas aumentou significativamente a produtividade dessas árvores.

No Brasil, também tem bastante influência…

Surpreendentemente, a produção anual de castanha-do-pará no Brasil, que chega a 40 mil toneladas, depende exclusivamente de uma única espécie de abelha, a abelha Euglossa. Essa abelha, por sua vez, depende de uma espécie única de orquídea encontrada apenas nas florestas tropicais. Sem essa abelha e sem a orquídea, comunidades inteiras cujas vidas dependem da coleta e venda das castanhas entrariam em colapso. É evidente que as vidas das abelhas e das florestas estão profundamente interligadas, tendo evoluído juntas ao longo de milênios.

No entanto, as abelhas da floresta possuem características específicas e muitas delas não atravessam áreas abertas. Quando ocorre o desmatamento, o vínculo vital entre as abelhas e a floresta pode ser rompido, resultando no desaparecimento dos polinizadores em determinadas regiões. Felizmente, a criação de corredores de vida selvagem e cercas vivas pode desempenhar um papel crucial na restauração da polinização e na sobrevivência das abelhas. As comunidades que dependem dos recursos florestais para sua subsistência reconhecem a importância das abelhas, não apenas por razões ecológicas, mas também pelo valor econômico gerado pela venda do mel altamente nutritivo.

FruitWatch

Além disso, compreender como as mudanças climáticas afetam o momento em que as flores se abrem nas plantações é crucial, pois isso pode ter um impacto significativo na eficácia da polinização.

Contudo, para obter mais informações sobre o período de florescimento das árvores frutíferas, Chris e seus colegas da Universidade de Reading e da Oracle for Research desenvolveram o projeto FruitWatch. Esse projeto incentiva as pessoas a relatarem quando as árvores frutíferas em seus jardins, parques ou terrenos começam a florescer.

As inscrições, das quais mais de 6.500 foram recebidas ao longo de dois anos, contribuirão para que a equipe de pesquisa desenvolva uma compreensão mais aprofundada do papel das mudanças climáticas no florescimento das árvores frutíferas e na polinização realizada.

Pontos importantes:

Vamos agora esclarecer alguns pontos importantes:

É essencial a presença das abelhas? Por quê?

A resposta é simples: sim. Elas desempenham um papel fundamental na polinização das plantas. Carregam o pólen entre as plantas, permitindo a fertilização e a reprodução dessas espécies. Além disso, as abelhas ajudam as plantas a evitar a endogamia, contribuindo para sua saúde e diversidade.

Qual é a principal diferença entre as abelhas nativas e as produtoras de mel?

As abelhas nativas, também conhecidas como abelhas sem ferrão (ASF), são nativas do Brasil e habitam o território há muito tempo, muito antes da chegada das espécies estrangeiras. Com mais de 300 espécies, elas povoam diferentes biomas brasileiros. Essas se alimentam do pólen coletado das flores e constroem seus ninhos em buracos ocos nos troncos das árvores.

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Tetragonisca angustula – Essas abelhas nativas apresentam uma notável adaptação a ambientes urbanos. Além disso, produzem um mel denso e altamente valorizado. É interessante observar que, segundo a sabedoria popular, esse mel é indicado para o tratamento de problemas relacionados à visão.

Assim, as abelhas nativas são altamente dependentes da preservação das matas em que habitam, e a retirada de uma colônia de seu local de origem pode levar à sua morte.

Porém, infelizmente, o desmatamento representa uma séria ameaça para a vida dessas. Uma medida importante para a conservação das espécies nativas é a prática da meliponicultura, que envolve a criação racional de abelhas sem ferrão.

Por outro lado, as abelhas europeias, introduzidas na Austrália há cerca de 200 anos com o objetivo específico de produzir mel. No entanto, essa introdução acarretou problemas, como a competição por recursos alimentares com pássaros e animais nativos, além da ocupação de seus habitats. Apesar disso, as europeias desempenham um papel importante na polinização de muitas culturas agrícolas e plantas nativas.

Se as abelhas nativas não produzem mel, elas ainda são necessárias?

Sem dúvida. As abelhas nativas são essenciais para a polinização de plantas nativas, muitas das quais não podem ser polinizadas eficientemente pelas abelhas introduzidas. Algumas flores requerem vibração para liberar o pólen, uma tarefa realizada com maestria pelas abelhas nativas. Esse tipo de polinização é conhecido como “polinização por zumbido”. Além disso, as abelhas nativas também são capazes de polinizar algumas espécies de plantas introduzidas, contribuindo para a diversidade e a saúde geral do ecossistema.

Dessa maneira…

É inegável que a mudança climática afeta o crescimento das colheitas e a saúde humana, além de representar um risco significativo para certas espécies, que estão cada vez mais ameaçadas de extinção. Os impactos da mudança climática já estão sendo observados e são uma realidade atual.

Portanto, o grau de mudança climática que enfrentaremos dependerá da rapidez com que reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa prejudiciais. Mesmo que todas as emissões fossem interrompidas hoje, algumas mudanças ainda ocorreriam. No entanto, quanto mais cedo tomarmos medidas para reduzir as emissões, menores serão os impactos dessas mudanças.

Referências:

Veja Mais:

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