Eutrofização: O que é? Qual é o problema?

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A eutrofização, é um dos maiores dramas ambientais que nossos rios e lagos podem enfrentar. Recentemente, li uma notícia que dizia ” Nova onda de mortandade de peixes na Lagoa de Piratininga […] Prefeitura diz que recolheu quatro toneladas de savelhas, e Inea garante que monitora poluição da água” (fonte). Entretanto, um dos maiores culpados pode ter sido a eutrofização (apesar que nesse caso específico houve uma intensificação pela onda de calor) mas vamos ententer primeiro o que é a eutrofização e discutiremos um pouco esse caso que ocorreu no Rio de Janeiro.

Peixes são retiradas da Lagoa de Piratinga, na saída do Canal do Tibau.

Mas o que é a eutrofização?

Primeiramente, os níveis de oxigênio dissolvido na água, que são vitais para a sobrevivência de todos os seres que ali habitam, e se esses caem, é um verdadeiro desastre ambiental em câmera lenta. Vamos fazer um exercício e nos colocar no lugar, imagine que – por algum motivo que nós não controlamos – o oxigênio na atmosfera diminuí-se até ao ponto de o ser humano não conseguir respirar. Agoniante pensar? É exatamente isso que ocorre e os peixes, plantas aquáticas e outras criaturas aquáticas não conseguem mais respirar, e isso resulta em uma triste série de mortes em massa.

eutrofização
O processo de eutrofização ocorre pelo acumulo excessiva de material orgânico.

E, vamos ser francos, isso não é apenas um problema para os peixinhos e as plantas aquáticas. Isso afeta toda a cadeia alimentar e, consequentemente, a nós, seres humanos, que dependemos desses ecossistemas aquáticos saudáveis para muitas de nossas necessidades básicas. É um alerta vermelho para todos nós, para repensarmos nossas ações e adotarmos medidas sérias para proteger nossos preciosos rios e lagos. Afinal, a saúde do nosso planeta está diretamente ligada à nossa própria saúde.

Sabendo disso vamos a definição formal de eutrofização!

Então, a eutrofização, é o aumento gradual na concentração de fósforo, nitrogênio e outros nutrientes vegetais em um ecossistema aquático envelhecido, como um lago. A produtividade ou fertilidade de tal ecossistema aumenta naturalmente à medida que aumenta a quantidade de matéria orgânica que pode ser decomposta em nutrientes. Assim, esse material entra no ecossistema principalmente pelo escoamento superficial da terra que carrega detritos e produtos da reprodução e morte de organismos terrestres.

Dessa maneira, o florescimentos de água, ou grandes concentrações de algas e organismos microscópicos, muitas vezes se desenvolvem na superfície, impedindo a penetração da luz e a absorção de oxigênio necessárias à vida subaquática. As águas eutróficas são frequentemente turvas e podem suportar menos animais de grande porte, como peixes e aves, do que as águas não eutróficas.

Porém, a eutrofização cultural ocorre quando a poluição humana da água acelera o processo de envelhecimento através da introdução de esgotos, detergentes, fertilizantes e outras fontes de nutrientes no ecossistema. A eutrofização cultural teve consequências dramáticas nos recursos de água doce, na pesca e nas massas de água recreativas e é uma das principais causas da degradação dos ecossistemas aquáticos. Falaremos de eutrofização de forma mais “científica” depois… vamos voltar ao motivo inicial desse texto!

Lagoa de Piratininga e a eutrofização

A Lagoa de Piratininga é uma conhecida lagoa costeira localizada no município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Ela faz parte do complexo de lagoas da Região dos Lagos, que inclui outras lagoas como a Lagoa de Itaipu, a Lagoa de Itaipuaçu e a Lagoa de Maricá.

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Parque Orla Piratininga (Fonte).

A Lagoa de Piratininga é conhecida por sua beleza cênica e importância ecológica. Ela desempenha um papel significativo na região como um habitat para diversas espécies de aves, peixes e outras formas de vida aquática. Além disso, é uma área frequentemente utilizada para atividades recreativas, como passeios de barco, pesca, natação e esportes aquáticos.

Entretanto, essa situação tem mudando ultimamente, o mês de setembro foi uma cena de terror, onde 4 toneladas (isso mesmo, leu certo, 4 TONELADAS) de peixes mortos (Savelhas) foram retiradas. A mortandade de peixes na região é relativamente comum, uma vez que é uma região sensível, por algum fator a troca de água da lagoa com o mar pode não acontecer e os níveis de oxigênio diminuir e levar e essas situações!

Porém, de acordo com o coletivo SOS Lagoa, foram contabilizados pelo menos quatro ocorrências desse tipo num intervalo de cerca de 20 dias (sim, pode ter sido afetados pela onda de calor). Mas o principal fator é a grande presença de material orgânico nas águas, proveniente de esgoto doméstico, e a falta de uma solução definitiva para troca fluvial com as marés.

O problema pode ser pior do que aparenta!

Não, 4 toneladas de Savelha pode ser apenas a ponta do iceberg. Existe uma grande divergência de informações entre a prefeitura (Niterói) e o governo do estado do Rio de Janeiro e é evidente, que isso só torna a resolução do problema muito demorada. Há uma perspectiva da construção do Túnel do Tibau como uma intervenção, porém é uma situação extremamente complexa, dado que será necessário fechar todas as saídas e entradas, além de que já foi alvo de altíssimos investimentos sem retorno funcional e biológico.

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Tubel Timbau faz a ligação entre a Lagoa de Piratininga com o Oceano, possui aproximadamente 900 metros de comprimento e tem por objetivo fazer a renovação hídrica da Lagoa.

Enquanto a prefeitura acumula prêmios em reconhecimento à sua gestão em relação à lagoa (sim, é isso mesmo), a comunidade local aguarda ansiosamente uma solução tangível. É importante lembrar que a savelha, apesar de ter pouco valor comercial, desempenha um papel crucial no ecossistema. Às vezes, as pessoas subestimam sua relevância, mas esse é um equívoco.

Para exemplificar, é interessante observar que, ao contrário de outras espécies, o camarão, quando morre, afunda em direção ao fundo da lagoa. Este ano, os pescadores já reportaram uma redução significativa na quantidade de camarões que costumavam capturar. Isso é um claro sinal de alerta.

Nesse cenário preocupante, Gustavo Sardenberg, membro do coletivo SOS Lagoa, faz um apelo urgente. Ele destaca que a inação pode agravar ainda mais a situação. O problema não se limita apenas à savelha, uma vez que, a espécie de peixe piraúna, mais resistente à baixa oxigenação, começou a morrer. E uma solução dada pela prefeitura foi com o uso dos jardins filtrantes. Porém esses, não deveria ser utilizados como mitigação para águas com alta presença de coliformes fecais.

Por fim…

É crucial que ações concretas sejam tomadas para proteger a Lagoa de Piratininga, preservando sua biodiversidade e assegurando um futuro sustentável para todos que dependem dela. Mas não somente ela, peguei um exemplo específico, porém, a preservação de lagoas, lagunas e mangues é de suma importância, uma vez que esses ecossistemas aquáticos desempenham um papel crucial em nossa biosfera e na qualidade de vida das comunidades que os rodeiam.

Primeiramente, essas áreas são verdadeiros refúgios de biodiversidade. Abrigam uma rica variedade de espécies de plantas, animais e microorganismos, muitos dos quais são endêmicos e dependentes desses ecossistemas para sua sobrevivência. A preservação dessas áreas garante a continuidade dessas espécies. Pois, ajuda a manter a diversidade genética que é essencial para a saúde de toda a cadeia alimentar e para a adaptação a mudanças ambientais.

Além disso, desempenham um papel fundamental na purificação da água. Eles funcionam como filtros naturais, retendo poluentes, sedimentos e nutrientes em excesso antes que a água entre em rios, oceanos ou aquíferos. Isso contribui diretamente para a melhoria da qualidade da água, reduzindo a poluição e protegendo outros ecossistemas aquáticos.

Para comunidades locais, essas áreas desempenham um papel econômico e cultural importante. Muitas delas dependem da pesca como fonte de subsistência e renda, e essas áreas são frequentemente locais de reprodução e alimentação para peixes e frutos do mar. Além disso, esses ecossistemas são destinos populares para turismo e recreação, contribuindo para a economia local e para a educação ambiental.

A preservação de lagoas, lagunas e mangues também tem implicações globais. Esses ecossistemas sequestram grandes quantidades de carbono, auxiliando na mitigação das mudanças climáticas.

Referências sobre eutrofização:

Veja Mais:

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