A gestão de resíduos sólidos é um assunto complexo e que envolve diversos atores. Antes de mais nada, podemos defini-la como toda a cadeia que envolve a gestão ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, desde a geração até a destinação final. É um dos temas mais discutidos na atualidade quando se fala em meio ambiente.
Isso porque nós, seres humanos, passamos a crescer em quantidade, viver mais e abusar de materiais descartáveis no dia-a-dia. Além disso, temos o péssimo hábito de desperdiçar comida. A soma de todos esses fatores criou um baita problema a ser resolvido se quisermos que as futuras gerações tenham condições de habitar este planeta. Muito lixo e muito recurso natural sendo desperdiçado indiscriminadamente.
Por isso, desde 2010, esse assunto passou a ser encarado com mais seriedade no Brasil. Isso porque foi publicada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei no 12.305/2010), que definiu conceitos e estabeleceu quem fica responsável pelo que. Vamos conhecer algumas particularidades dessa lei, pra entender melhor como a gestão de resíduos sólidos funciona no Brasil?
Principais atores envolvidos
Calma! Não vamos mudar o assunto a essa altura do texto! Não vou começar a resenhar uma novela agora que prendi sua atenção! Quando falamos em atores, estamos querendo delimitar quem são os responsáveis diretos pela gestão de resíduos sólidos. São três principais e, juntos, fecham o ciclo da responsabilidade compartilhada, previsto na PNRS.
Primeiramente, nós, sociedade civil, que deve prestar mais atenção em como destina seus resíduos, jogando lixo nos locais adequados e classificando-o em “reciclável” ou “orgânico”. Além disso, é importante que a gente compre preferencialmente de quem adota práticas sustentáveis em sua cadeia produtiva.
Por outro lado, o setor privado tem a obrigação de se preocupar com todo o resíduo que gera, realizando o seu gerenciamento ambientalmente adequado. Também deve pensar em como reincorporar os resíduos em sua cadeia produtiva, sendo aqui introduzido o conceito de logística reversa. Por fim, com relação tanto aos materiais que emprega em seus produtos como nas embalagens, deve pensar em tecnologias que promovam a sustentabilidade.
Assim, pros governos resta a “simples” tarefa de elaborar e implementar os planos de gestão de resíduos, nas esferas federal, estaduais e municipais.
Etapas da gestão dos resíduos sólidos e como desenvolvê-las
Para a realização de uma eficaz gestão de resíduos sólidos, é necessário pensar em todas as etapas que envolvem o ciclo de vida de um produto. A seguir, vamos elucidar as mais impactantes.
- Produção: nesta etapa, o setor privado deve pensar formas de fabricar seus produtos com o mínimo de desperdício e poluindo o mínimo possível o meio ambiente. Aqui, vale sempre o “Princípio dos 3 R’s”: reduzir, reutilizar e reciclar, por ordem de prioridade. Além disso, é importante que dê preferência a materiais que, quando descartados, sofram rápida degradação natural. Caso não seja possível, a logística reversa representa uma saída interessante, retornando o produto à sua cadeia produtiva. Para alguns geradores de resíduos ela é, inclusive, obrigatória.
- Transporte: é responsabilidade principalmente do poder público, que deve garantir que o resíduo gerado seja corretamente encaminhado a aterros ou cooperativas de reciclagem, dependendo do caso.
- Descarte: todos os envolvidos no ciclo de vida de um produto (desde fabricante até consumidor final) devem se preocupar com o destino do resíduo gerado. A PNRS dá a isso o nome de destinação final ambientalmente adequada, e ela pode ser feita de diversas formas. As mais conhecidas são: reutilização, reciclagem, compostagem, envio para aterros e aproveitamento para a geração de energia.
Além dos envolvidos no ciclo de vida de um produto, outras atividades econômicas podem gerar resíduos em seu dia-a-dia. Tais geradores também devem se preocupar com a gestão dos seus resíduos de forma especial e alguns deles estão destacados na PNRS. Exemplos dessas atividades incluem: serviços de saúde, construção civil, fabricantes de agrotóxicos, de pneus, de pilhas e baterias, de eletrônicos, dentre outros.
A gestão de resíduos pode ser lucrativa? A resposta é: SIM!
Aliás, como tudo nessa vida, o ser humano conseguiu transformar até a questão da gestão dos resíduos em dinheiro. E isso é ótimo, pois, em alguns casos, se tornou fonte de renda a quem antes não tinha condições de levar comida pra casa!
O exemplo mais clássico e mais conhecido é o dos “catadores de recicláveis” e o das cooperativas de reciclagem. Os catadores fazem o transporte do lixo reciclável e as cooperativas deram emprego a muitas pessoas, que realizam a seleção dos recicláveis para seu tratamento.
Contudo, o lixo pode ser muito mais lucrativo, perpassando a função social e atingindo a casa dos bilhões de reais. É o que está exposto neste texto, que fala sobre o aproveitamento de resíduos em biodigestores e para a produção de fertilizantes.
Como você pode observar, o assunto é complexo demais e daria pra passar dias falando dele (tem gente que passa a vida toda fazendo isso!). Você consegue pensar em mais formas de ganhar dinheiro com o lixo? Por exemplo, existem empresas que trabalham APENAS realizando a gestão de resíduos. O que elas fazem e de que forma fazem? Faça o exercício de pensar nisso e você vai ver como o assunto rende!
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