Buscamos cada vez mais hábitos saudáveis no dia a dia, especialmente na alimentação. Esse movimento não se resume ao antigo “projeto verão”, mas reflete uma verdadeira busca por qualidade de vida. Nesse contexto, as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) ganharam mais destaque entre o público em geral. Chamamos essas plantas de PANCs porque elas não fazem parte da alimentação cotidiana da maioria dos brasileiros, apesar de serem extremamente nutritivas. Dependendo da espécie, o consumo pode ser integralmente ou apenas em partes, sendo mais populares em algumas regiões do país do que em outras.
Essas plantas ajudam a diversificar a alimentação do brasileiro de forma saudável e, muitas vezes, econômica. Algumas espécies nem possuem custo, já que crescem espontaneamente e podem ser colhidas gratuitamente. Quem não gosta da ideia de comer “na faixa”?
Embora ainda sejam desconhecidas por muitos, o biólogo Valdely Kinnup criou o termo “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs)” em 2008.
Sim! A denominação já tem dezesseis anos, mas tem muita gente por aí comendo PANC sem nem saber. Isso porque já são conhecidas mais de dez mil espécies de PANCs no Brasil. É muita opção! Não é possível que você não tenha comido umazinha ou que nenhuma se encaixe no seu refinado paladar.
As PANCs como alimentos funcionais e fontes alternativas de nutrientes
Quando eu digo que as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) brilham, eu não estou exagerando! Elas são alimentos extremamente nutritivos, sendo ricas em sais minerais, fibras, vitaminas e antioxidantes.
Por esse motivo, são consideradas alimentos funcionais, o que significa que exercem alguma função no nosso organismo. Ou seja, além da nutrição em si, esses alimentos ainda proporcionam ganhos à saúde, como por exemplo a prevenção de doenças crônicas. Temos como exemplos de PANCs que são alimentos funcionais: o açafrão-da-terra, o inhame e a mangaba.
Além disso, as PANCs se tornaram bem populares entre os vegetarianos e veganos, pois aumentam a variedade de alimentos a serem consumidos em sua dieta. E, claro, uma vez que muitas delas são ricas em proteína e ferro, tornam-se boas substitutas aos alimentos de origem animal. Os exemplos mais conhecidos são a ora-pro-nóbis, a taioba, o peixinho e a bertalha. Outros menos populares, mas que representam ricas fontes de proteína, são as folhas de seriguela (consumidas cruas ou cozidas) e o bredo d’água.
Ainda entre os portadores de doença celíaca, a araruta representa um forte aliado, por representar uma alternativa para a obtenção de farinha sem glúten. A partir do seu rizoma, é extraído o polvilho, que pode compor diversas receitas.
As PANCs com funções medicinais
Essas eu acredito que em algum momento da sua vida você já consumiu. Se tiver uma avó presente, eu tenho certeza absoluta! Isso porque o pessoal mais antigo adora um “remédio natural”.
Sejam como infusões ou xaropes, o saber tradicional já se utiliza de PANCs bem antes de se tornarem “modinha”. Alguns dos exemplos mais conhecidos são o chá de quebra-pedra (dissolve pedras nos rins) e o de folhas de jasmim-manga, o mentruz e a dália-de-jardim e a capuchinha (usadas como xaropes naturais). O dente-de-leão, aquele que a gente colhe pra assoprar as sementes ao vento, também possui função diurética.
Os benefícios: Todo mundo sai ganhando!
Como você pode ver, os benefícios proporcionados pelo consumo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) são muitos. Elas são de extrema valia para a manutenção de hábitos de vida saudáveis. Contudo, os ganhos não param por aí! Sim, eu vou elogiar as PANCs mais um pouquinho antes de você ler o próximo post do blog.
Uma vez que muitas são plantas de cultivo espontâneo, ou seja, que crescem sem a semeadura feita por um ser humano, possuem importância econômica gigantesca. Isso porque representam uma alternativa barata de cultivo ao pequeno agricultor ou àquele que produz para seu próprio consumo. Então, além da importância econômica, podemos classificá-la também como de grande importância social, pois viabiliza a subsistência daqueles que produzem em pequena escala. Aquele que tira seu sustento da terra e do que ela produz e que depende dela para comer e dar de comer à sua família. Para essas pessoas, as PANCs representam segurança alimentar.
Além disso, por muitas delas serem nativas, resistentes a pragas e entregarem nutrientes ao solo, representam uma alternativa muito mais sustentável de cultivo. Ponto pro meio ambiente!
Por fim, mas não menos importante, por serem, em muitos casos, cultivadas e consumidas seguindo saberes tradicionais, as PANCs também possuem grande importância cultural entre os brasileiros.
Deu pra ver que a sigla do meu partido é PANC, né? Quer começar a consumir PANCs e não sabe como preparar? Dá uma olhada nesse ebook gratuito da WWF Brasil, que tem várias ideias de receitas.
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