Embora você provavelmente já tenha ouvido os termos El Niño e La Niña . Esses são usados para descrever complexos padrões climáticos, pode ser difícil saber a diferença entre os dois. Esses padrões climáticos periódicos ocorrem como resultado da flutuação das temperaturas oceânicas no Oceano Pacífico equatorial centro-leste. Isso pode levar a condições climáticas extremas.
Como EL Niño e La niña afetam o clima?
A superfície do oceano aquece e esfria intermitentemente conforme interage com a força dos ventos alísios, que sopram de leste a oeste em condições normais. À medida que a temperatura da superfície do oceano muda em resposta às condições atmosféricas, ela modifica os padrões de chuva.
Assim, pode demos chamar de uma espécie de “dança” entre o oceano e a atmosfera. Nesse sentido, há os extremos opostos do espectro com El Niño (a fase quente) e La Niña (a fase fria). Assim sendo, juntas, essas fases extremas são chamadas de ciclo El Niño-Oscilação Sul (ENSO).
Em síntese, o El Niño e a La Niña são partes de um mesmo fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre no oceano Pacífico Equatorial. Desse modo, denominado de El Niño Oscilação Sul (ENOS). O ENOS refere-se às situações nas quais o oceano Pacífico Equatorial está mais quente (El Niño) ou mais frio (La Niña). A mudança na temperatura do oceano Pacífico Equatorial acarreta efeitos globais na temperatura e precipitação.
O que acontece durante o El Niño e na La Niña?
Primeiramente, quando a água quente se acumula ao longo do Oceano Pacífico tropical central e oriental, ocorre um El Niño. Isso aumenta a umidade no ar, resultando em mais tempestades.
Normalmente, os ventos alísios sopram com certa intensidade na costa oeste da América do Sul, provocando a ressurgência de águas profundas, mais frias e carregadas de nutrientes. O El Niño faz com que esses ventos soprem em uma intensidade menor, causando a ressurgência de águas mais quentes. Essas águas podem causar significativas mudanças climáticas em vários países.
O El Niño resulta em altos índices pluviométricos em algumas regiões, como na costa oeste da América do Sul, e em graves secas e períodos de estiagem em outras, como na Austrália. No período de sua incidência, que ocorre em ciclos de 2 a 7 anos, o fenômeno também provoca verões com temperaturas acima da média na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, o fenômeno também possui forte influência, provocando excesso de chuvas em algumas regiões, como na região sul e sudeste; e secas em outras, como na região nordeste.
A La Niña é, exatamente, o efeito contrário, ou seja, é o resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico causado por uma intensidade acima do normal dos ventos alísios no Pacífico tropical.
Condições atuais do ENOS
A caracterização do ENOS é analisada por meio do cálculo de alguns índices, como o Índice Oceânico Niño (Oceanic Niño Index – ONI) definido pela média móvel trimestral da anomalia de temperatura da superfície do mar (ATSM) para a região do Niño 3.4, por no mínimo, cinco meses consecutivos, onde a anomalia maior que 0,5°C está associado a El Niño e inferior a -0,5°C está associado a La Niña. Temos também o Índice de Oscilação Sul (Southern Oscillation Index – SOI) que representa a diferença na pressão média do ar ao nível do mar, medida no Taiti e Darwin, Austrália, que pode indicar o status do acoplamento entre o Oceano Pacífico e a Atmosfera.
As previsões de anomalia da TSM para janeiro-fevereiro-março de 2023 (JFM/23) dos modelos numéricos de previsão climática analisados, ainda indicam que as águas sobre o Pacífico Equatorial devam permanecer mais frias do que a média histórica. Ou seja, ainda demonstram uma certa probabilidade de persistência da La Niña sobre o Oceano Pacífico Central. A previsão da ocorrência de ENOS realizada pelo IRI/CPC no início do mês de dezembro já evidencia uma condição de transição, 50% de permanência da La Niña e 50% de início de condições neutras.