Saiba tudo sobre a técnica CRISPR, o tratamento personalizado para o câncer por meio de edição genética dos Linfócitos T. Continue a leitura.
Desde que foi descoberto que os cânceres são derivados de erros na cadeia de DNA, o que provoca o crescimento celular desordenado, cientistas têm procurado uma técnica simples para reverter essas alterações.
Embora muitas outras técnicas de edição de genes tenham sido criadas ao longo dos anos, somente a CRISPR atende totalmente aos critérios de uma tecnologia mais rápida, simples e acessível.
O que é CRISPR?
CRISPR é uma das técnicas mais modernas para a edição genética. O termo vem do acrônimo de “Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas” (do inglês, Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats).
A técnica teve como inspiração a própria natureza, os mecanismos moleculares do sistema imunológico primitivo bacteriano. As bactérias tem a capacidade de cortar o DNA de invasores virais para os combater.
Por sua vez, o sistema CRISPR possibilita a edição genética por meio da clivagem (corte) do DNA por uma endonuclease (Cas9). Ela é guiada a partir de uma sequência de RNA, que é capaz de se parear com as bases de uma sequência-alvo.
O alvo do tratamento da terapia personalizada são os linfócitos T do nosso sistema imunológico, com o intuito de aumentar os níveis dessa célula. Aumentando a sua concentração também eleva a capacidade de detectar o tumor e agir contra ele de forma eficaz.
Estas células de defesa, também chamadas como glóbulos brancos, são constituintes da resposta imune do nosso organismo. São elas que detectam os antígenos invasores e as apresentam para os fagócitos (causando a morte celular), como também induz a produção de anticorpos
Contudo, os linfócitos T possuem grandes dificuldades para detectar as células cancerígenas, Diferentemente de patógenos invasores, como vírus e bactérias que são distintamentes diferentes do corpo human.
Embora os tumores sejam células anormais, elas são do nosso corpo e apresentam modificações sutis. Isso faz com que a célula cancerígena não sinalize os linfócitos T, e por sua vez não se liga ao seu receptor para desencadear uma resposta imune.
O termo faz referência a uma série de padrões repetitivos encontrados no DNA de bactérias que formam a base de um sistema imunológico primitivo, defendendo-as de invasores virais, cortando seu DNA.
Novo avanço do tratamento personalizado do câncer
Um recente estudo experimental, com 16 pacientes, obteve resultados positivos para o avanço no desenvolvimento da técnica de um tratamento personalizado para o câncer.
Os pesquisadores selecionaram estes pacientes com câncer, pelos quais ainda não há tratamento efetivo, e redesenhou células do sistema imunológico para atacar os tumores. Cada pessoa teve um tratamento específico, desenvolvido para o seu tipo de câncer. Para isso, levou-se em consideração os pontos fracos específicos de seus tumores.
Para provocar a atuação dos linfócitos T, os pesquisadores manipularam geneticamente as células T pela técnica do CRISPR para que elas passassem a detectar o câncer, da seguinte maneira:
- Em busca de células T raras com receptores de detecção de câncer, os pesquisadores examinaram o sangue do paciente;
- Em seguida, eles mudaram as células T adicionais que não eram capazes de detectar o câncer, trocando seus receptores originais, que poderiam detectar outros problemas ou infecções, pelos receptores de detecção de câncer das células T;
- O paciente posteriormente recebeu essas células T modificadas novamente para procurar o tumor.
Inicialmente, a pesquisa foi projetada apenas para testar segurança e a viabilidade da tecnologia. No entanto, de forma surpreendente, foi detectado que as células modificadas estavam encontrando as células cancerígenas.
A doença continuou a piorar em 11 dos 16 pacientes, mas se estabilizou nos outros cinco. Serão necessários mais estudos para descobrir as doses corretas do tratamento e determinar sua eficácia.
Os resultados foram apresentados na reunião da Sociedade de Imunoterapia do Câncer e publicados em seguida na conceituada revista científica Nature.
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