Pesquisa brasileira: onde a ciência precisa ser resiliente. Quase 10 anos sem qualquer reajuste das bolsas de pós-graduação e iniciação científica, o governo federal confimrou o reajuste nas bolsas de pesquisa, que varia de 25% a 200% entre bolsas de graduação, pós-graduação, iniciação científica e Bolsa Permanência. Segundo o governo, os novos valores passam a vigorar a partir de março.
Dificuldades
A atividade científica no Brasil é marcada por dificuldades estruturais, como falta de financiamento para pesquisa, baixa remuneração e problemas de saúde mental. Além disso, existe o desconhecimento por parte da sociedade a respeito de como se faz ciência no país e os benefícios da atividade científica para o desenvolvimento nacional. Assim uma das consequências da falta de informação é a baixa adesão a movimentos de resistência contra os cortes severos que o setor de ciência e tecnologia têm sofrido nos últimos anos.
Os desafios de se fazer ciência em terras brasileiras têm levado muitos pesquisadores e pesquisadoras a abandonar a área ou a atuar fora do país. Entre os que seguem firme no caminho científico, a jornada inclui vários anos de pós-graduação, com dedicação exclusiva e sem possibilidade de exercer um trabalho formal, que tenha direitos trabalhistas reconhecidos.
Mas, apesar das dificuldades, pesquisadores e pesquisadoras conseguem manter uma produção de qualidade, levando o Brasil a ganhar destaque no cenário internacional. Eles e elas também lutam por uma aproximação com a sociedade e pela conservação do patrimônio histórico, cultural e natural do país, como é o caso dos grupos que trabalham em museus e áreas protegidas.
Um pouco de alívio com o reajuste das bolsas de pesquisa brasileiras
As bolsas de mestrado e doutorado, que não tinham qualquer reajuste desde 2013, terão variação de 40%. Pois, no caso do mestrado, o valor sairá de R$ 1,5 mil para R$ 2,1 mil. No doutorado, de R$ 2,2 mil para R$ 3,1 mil. Já nas bolsas de pós-doutorado, o acréscimo será de 25%, com aumento de R$ 4,1 mil para R$ 5,2 mil.
Os novos valores valem tanto para as bolsas pagas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação (MEC), quanto aquelas pagas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Sendo assim, o governo também vai recompor a quantidade de bolsas oferecidas. No caso do mestrado, em 2015 havia 58,6 mil bolsas, número que caiu para 48,7 mil em 2022, redução de cerca 17%. Agora, a estimativa de 53,6 mil bolsas ofertadas nessa modalidade.
Um pequeno respiro para quem já “sobrevive” nas últimas.
Os reajustes das bolsas de pesquisa brasileira ,correspondem a um valor de R$ 2,38 bilhões em recursos tanto no MEC quanto do MCTI, além disso a educação é o investimento mais barato que podemos fazer. Queremos um país que exporte conhecimento”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia no Palácio do Planalto para anunciar os reajustes.
Doutoranda em Física pela Universidade Brasília (UnB), a pesquisadora Cícera Viana comemorou os novos valores. “Muitas vezes, trabalhamos sob péssimas condições recebendo pouco e fazendo pesquisas de impacto internacional. Por isso, a importância desse momento, pois nosso trabalho finalmente está sendo reconhecido e poderemos continuar sonhando com um futuro para nós estudantes”, destacou.
Vinícius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), foi outro a celebrar o anúncio. “Essa cerimônia é muito importante e simbólica porque passamos anos de escuridão e o Brasil volta à luz da ciência”, afirmou.
Iniciação científica e a pesquisa brasileira
Nesse sentido, os alunos de iniciação científica do Ensino Médio terão reajuste em suas bolsas, que passarão de R$ 100 para R$ 300, correção de 200%. Ao todo, investidas 53 mil bolsas para estimular jovens estudantes a se dedicar à pesquisa e à produção de ciência. “Bolsistas de iniciação científica têm mais chances de concluir a pós-graduação”, observou a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos.
Já as bolsas para formação de professores da educação básica terão reajuste entre 40% e 75%. Em 2023, haverá 125,7 mil bolsas para preparar os professores. Considera-se essa ação como fundamental para a qualificação dos professores que se formam e vão para a sala de aula. Os valores dos benefícios variam de R$ 400 a R$ 1.500.
Quilombolas, indígenas e a pesquisa brasileira
A Bolsa Permanência, criada em 2013, terá seu primeiro reajuste desde então. O auxílio financeiro é voltado a estudantes quilombolas, indígenas, integrantes do Programa Universidade para Todos (ProUni) e alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica matriculados em instituições federais de ensino superior. A intenção é contribuir para a permanência e diplomação dos beneficiários. Os percentuais de aumento vão variar de 55% a 75%. Atualmente, os valores vão de R$ 400 a R$ 900. No caso das bolsas para indígenas e quilombolas, o valor passa dos atuais R$ 900 para R$ 1.400.
Tem como melhorar a pesquisa brasileira ?
Portanto, se a população estiver próxima das universidades, os progressos gerados nas pesquisas ficarão mais evidentes. Dessa forma, o apoio da sociedade contribuirá para que mais investimentos sejam destinados as essas áreas.
Sendo assim, os cortes na educação e na ciência e na pesquisa brasileira também são grandes desafios para as pesquisas científicas realizadas no Brasil. O orçamento destinado à Ciência e Tecnologia em 2018, por exemplo, é menor em comparação com 2017 (19% menor). E com cortes e congelamento no orçamento, as universidades públicas também têm dificuldades para manter-se e uma vez que as universidades são pólos de desenvolvimento científico, as pesquisas desenvolvidas nelas também são prejudicadas.
Os atuais desafios são expressivos e, por isso, algumas entidades estão criando estratégias para contorna-los. Além disso, é necessário que periódicos e trabalhos realizados na área se tornem mais próximos e acessíveis pela população.