Alan Turing foi um dos cientistas da computação mais emblemáticos da história da humanidade. De fato, esse nome se tornou popular, principalmente, após a cinebiografia do cientista da computação intitulada por: O jogo da Imitação. Com efeito, a obra retrata um pouco da vida do cientista, em particular, suas contribuições para a quebra da criptografia utilizada pela triplice do eixo na segunda guerra mundial.
Assim, certamente o nome de Alan Turing é magistral no contexto da computação. Ademais, o mesmo cientista ainda é responsável por dar imensas contribuições ao desenvolvimento da teoria da computação tendo formulado a elegante ideia da máquina de Turing a qual é responsável por fornecer critérios sobre a identificação humana em computadores.
Então, de fato a personalidade de Alan Turing é uma das grandes imagens que temos dos cientistas em nossa história. Nesse sentido, nós da MeuGuru trazemos nesse artigo um pouco da vida de Alan Turing e curiosidades impressionantes sobre esse grande nome da computação.
A formação de Alan Turing
Alan Mathison Turing, nascido em 23 de junho de 1912, foi um matemático, lógico e pioneiro da ciência da computação britânico. Certamente, sua vida foi marcada por notáveis contribuições acadêmicas e por desafios pessoais. Com efeito, mais precisamente, Turing nasceu em Paddington, Londres, Reino Unido. Ademais, o futuro cientista demonstrava habilidades excepcionais em matemática e ciência o que levou ele a estudar na Sherborne School e, posteriormente, no King’s College, na Universidade de Cambridge em 1931.
Decerto, foi durante seus estudos na Universidade de Cambridge que Turing teve seus interesses definidos: o campo da lógica matemática e seus fundamentos. Todavia, não limitando-se a esse ramo logo o matemático voltou-se para a compreensão da teoria dos números e, por conseguinte, a alguns ramos da matemática aplicada. De fato, esses estudos o levaram a publicação de um artigo intitulado por: “On Computable Numbers, with an Application to the Entscheidungsproblem” (Sobre números computáveis, com uma aplicação ao problema da decisão), onde apresentou o conceito teórico de máquina de Turing, um dispositivo abstrato que se tornou a base para o desenvolvimento dos computadores modernos.
Sobre sua trajetória
A trajetória de Turing é uma história impressionante a qual perpassa tanto o brilhantismo acadêmico o sucesso dos aliados na Segunda Guerra Mundial e a decadência e sua morte frente aos preconceitos estabelecidos pela sua sexualidade. Tendo isso em vista, nas seções seguintes vamos explorar cada um desses tópicos ativamente.
A máquina de Turing
De início, vamos falar sobre a máquina de Turing. Com efeito, a máquina de Turing é um dispositivo teórico proposto pelo matemático e cientista da computação Alan Turing em 1936 a qual se tornou base para o conceito de computação e para o desenvolvimento dos computadores modernos.
Em suma, a máquina de Turing consiste em uma fita infinita dividida em células, onde cada célula pode armazenar um símbolo. Essa fita é lida e manipulada por uma cabeça de leitura/escrita que pode se mover para a esquerda ou para a direita ao longo da fita. Ademais, essa máquina possui um conjunto finito de estados, e em cada etapa de funcionamento, ela lê o símbolo atual da célula em que a cabeça de leitura/escrita está posicionada e, com base nesse símbolo e no estado atual, realiza uma ação (como escrever um novo símbolo, mover a cabeça ou alterar o estado).
Aplicações da Máquina de Turing
A capacidade da máquina de Turing de manipular símbolos na fita e alterar seu estado permite que ela realize cálculos complexos. Turing demonstrou que essa máquina teórica pode realizar qualquer cálculo matemático que possa ser expresso por um algoritmo, tornando-se uma definição formal de computabilidade. Assim, ela permitiu que os cientistas entendessem os limites da computação e desenvolvessem algoritmos eficientes para resolver problemas.
Além disso, a máquina de Turing também foi usada por Turing para formalizar o conceito de um “problema não solucionável”. De fato, ele conseguiu demonstrar, através do “problema da parada“, que não é possível criar um algoritmo que possa determinar se um determinado programa irá parar ou entrar em um loop infinito para todas as entradas possíveis.
Após a guerra, Turing concentrou-se em pesquisas sobre inteligência artificial e aprendizado de máquina. Ele propôs o “Teste de Turing”, um critério para determinar se uma máquina pode exibir comportamento inteligente indistinguível do de um ser humano. Seu trabalho pioneiro em inteligência artificial teve um impacto duradouro no campo.
Alan Turing e a Segunda Guerra Mundial
Um dos grandes pontos da história de Alan Turing é com respeito a sua participação na segunda Guerra Mundial. De fato, o governo do Reino Unido recrutou Turing foi para Bletchley Park em 1939, pouco antes do início da guerra. Sua principal tarefa era decifrar os códigos de comunicação alemães, especialmente os gerados pela máquina de criptografia Enigma das forças armadas alemães.
Nesse sentido, sua equipe de matemáticos, cientistas e engenheiros desenvolveram a máquina chamada “Bombe” que era capaz de decifrar a máquina Enigma dos nazistas. De posse disso, os aliados conseguiam interceptar mensagens alemães e antecipar ataques e investidas do eixo.
Turing desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de uma máquina chamada “Bombe”. Com feito, foi com base em seu profundo conhecimento da Enigma e suas habilidades matemáticas, Turing concebeu algoritmos e métodos que permitiram que o Bombe testasse diferentes configurações possíveis da máquina Enigma de forma rápida e eficiente.
Após a guerra, grande parte do trabalho realizado em Bletchley Park foi mantido em segredo por razões de segurança nacional. Somente nas décadas seguintes, o trabalho de Turing e de outros criptoanalistas começou a ser divulgado e reconhecido pela sua importância histórica e impacto no campo da criptografia.
A vida e morte de Alan Turing
Atualmente, os historiadores da ciência reconhecem Alan Turing ao nome de grandes outros nomes do desenvolvimento científico como Einstein e Tesla por exemplo. Entretanto, diferentemente de muitos cientistas Alan Turing, apesar de seu brilhantismo tanto acadêmico quanto na Segunda Guerra Mundial, teve um destino triste e cruel.
Decerto, grande parte dessa decadência se deve a questões que perpassam a vida pessoal de Turing, em particular, ao fato de que em 1952 o matemático ter assumido um relacionamento homossexual. Por conseguinte, Turing sofreu um processo por “indecência grave” já que a homossexualidade nessa época era um crime no Reino Unido. Em virtude disso, ele sofreu a condenação a castração química, a qual desencadeou grande impacto negativo a sua saúde física e mental.
Então, após 2 anos desse triste episódio Alan Turing falece em 7 de junho de 1954 com apenas 41 anos de idade. Entretanto, as condições e circunstâncias da sua morte são deveras controversas uma vez que o relatório médico aponta para suicídio por envenenamento por cianeto. De fato, há vários historiadores que apontam que tal possível suicídio teria consequência de problemas psicológicos por conta da castração química que ele havia sofrido.
Entretanto, vários anos depois, precisamente em 2009, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown emitiu um pedido de desculpas oficial em nome do governo britânico pelas tratativas cruéis e injustas que Turing enfrentou devido à sua homossexualidade.
Uma reflexão do legado de Turing
De fato, o episódio de Turing nos mostra um grande reflexo da intolerância de um povo frente a indivíduos de um determinado gênero. Em que, mesmo tendo sido um indivíduo brilhante que corroborou para o avanço científico do país e vitória na guerra o mesmo ainda sofreu duras consequências frente a sua orientação sexual.
Hoje, a história de Alan Turing é extremamente difundida tanto em meios acadêmicos quanto não acadêmicos e isso se deve, sem particular, pela sua cinebiografia estrelada por Benedict Cumberbatch.
Ademais, sua genialidade e contribuições o tornaram uma figura emblemática da história científica e um símbolo da luta pelos direitos LGBTQIANP+.
Dessa forma Alan Turing consagra seu nome na história e tornando-se uma referência de um grande cientista membro da comunidade LGBTQIANP+ sendo assim um grande símbolo de inspiração para muitos jovens cientistas.
Referências
- HODGES, A. Alan Turing: O Enigma. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
- BOYLE, D. Alan Turing: Desvendando o Enigma. São Paulo: Leya, 2015.
- LEAVITT, D. O Homem que Sabia Demais: Alan Turing e a Invenção do Computador. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
- COOPER, S. B.; LEEUWEN, J. van (Eds.). Alan Turing: Seu Trabalho e Impacto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
- Alan Turing Internet Scrapbook. Disponível em: https://www.turing.org.uk/. Acesso em: 11 de setembro de 2023.
- HODGES, A.; COPELAND, J. Alan Turing. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/turing/. Acesso em: 11 de setembro de 2023.
- BBC History. Alan Turing. Disponível em: https://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/turing_alan.shtml. Acesso em: 11 de setembro de 2023.
- The Turing Digital Archive. Disponível em: https://archiveshub.jisc.ac.uk/manchesteruniversity/data/gb133-turing. Acesso em: 11 de setembro de 2023.