Crise climática: Qual é o nosso saldo de carbono?

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Crise climática: A brincadeira do título é com relação ao “Crédito de Carbono”, afinal, a bom tempo temos falado sobre a importância dos 1,5ºC. Porém, em um estudo recente, infelizmente, acredita-se que a boa chance de limitar o aquecimento global a 1,5°C acabou. E isso é terrível, dessa maneira, como é que está o nosso saldo?

O orçamento de carbono que resta para limitar a crise climática a 1,5ºC de aquecimento global é agora “minúsculo”. E isso envia uma mensagem “terrível” sobre a adequação da ação climática.

Primeiramente, o que é Orçamento de Carbono e o que isso tem a ver com a crise climática?

O orçamento de carbono é a quantidade máxima de emissões de carbono que pode ser liberada ao mesmo tempo que restringe o aumento da temperatura global aos limites do Acordo de Paris. Assim, esse orçamento de carbono é um conceito novo, porém fundamental na política climática. Dessa maneira, auxilia na definição de metas de redução de emissões de forma justa e eficaz.

crise climática
Orçamento de Carbono! E ai, será que temos crédito?

Isso significa que quando se relaciona ao período pré-industrial, o termo utilizado é “orçamento total de carbono”, enquanto que, ao fazer referência a partir de uma data recente específica, empregamos a expressão “orçamento de carbono remanescente”.

Mas como é calculado?

Cenários de orçamento de carbono e de redução de emissões necessários para atingir a meta de dois graus acordada no Acordo de Paris (sem emissões líquidas negativas, com base nos picos de emissões) (FONTE).

Calcula-se os orçamentos de carbono totais ou remanescentes levando em consideração estimativas de diversos fatores contribuintes, que englobam dados científicos e avaliações de valor. A divisão desses orçamentos globais de carbono em orçamentos nacionais de emissões permite que os países estabeleçam metas específicas de mitigação climática.

Os orçamentos de emissões desempenham um papel essencial na luta contra as mudanças climáticas, pois indicam a quantidade finita de CO2 que pode ser liberada, ajudando a conscientizar sobre os limites a serem respeitados..

Ou seja, aquele, que pode ser emitida ao longo do tempo antes que ocorra um aquecimento global perigoso. A mudança na temperatura global é independente da localização geográfica das emissões e, em grande parte, do momento das emissões.

No entanto, a conversão dos orçamentos globais de carbono para níveis nacionais envolve escolhas de valor. Uma vez que é necessário considerar questões de equidade e justiça entre os países. Devido às diferentes características de cada nação, como população, industrialização, histórico de emissões e capacidades de mitigação. Dessa maneira, têm sido pesquisados métodos para alocar orçamentos globais de carbono entre os países. Para garantir os princípios de equidade, a fim de lidar com essa complexidade.

Porém a crise climática já chegou em uma situação muito complicado!

O valor atual do orçamento global, representa metade do orçamento estimado em 2020 e estaria esgotado em seis anos aos atuais níveis de emissões. Então será que deveríamos deixar de falar “crédito” de carbono e começar a falar “débito”? Algumas empresas (delivery por exemplo) mandam mensagem após a confirmação da compra “já neutralizamos as emissões de carbono” e ai? Será que o a neutralização é o suficiente? Do jeito que estamos caminhando, estamos em défict.

crise climática
Relatório do IPCC. *Caminho ideal, praticamente impossível, mas não podemos jogar a toalha. **Desastre iminente.

E se essa breve reflexão não for o bastante, é importante lembrar que em 2023, testemunhamos recordes de temperatura sendo superados, com condições meteorológicas extremas agravadas pelo aquecimento global, impactando vidas e meios de subsistência em todo o mundo. Na iminente cimeira climática COP28 da ONU, nos Emirados Árabes Unidos, é provável que haja disputas sobre os apelos à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.

A análise concluiu que o orçamento de carbono restante para uma probabilidade de 50% de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5ºC é de cerca de 250 mil milhões de toneladas. Prevê-se que as emissões globais atinjam um máximo recorde de cerca de 40 mil milhões de toneladas este ano (2023). Para manter a possibilidade de 50% de um limite de 1,5ºC, as emissões teriam de cair para zero até 2034, muito mais rápido do que até mesmo os cenários mais radicais.

A ambição atual para evitar uma crise climática

A ambição atual da ONU é reduzir as emissões para metade até 2030 e atingir zero emissões líquidas até 2050. No entanto, as políticas existentes estão longe de concretizar essa ambição. Se esse objetivo for alcançado, ainda representaria apenas cerca de 40% de chance de permanecer abaixo de 1,5°C. Ou seja, é mais provável que iremos ultrapassar o limite do que não ultrapassar! No entanto, cada décimo de grau de aquecimento adicional causa um aumento significativo no sofrimento humano, enfatizando a importância de manter-se o mais próximo possível de 1,5°C.

A nova estimativa do orçamento de carbono é a análise mais recente e abrangente até à data. As principais razões para a acentuada redução do orçamento desde 2020 são as contínuas emissões elevadas provenientes das atividades humanas e uma melhor compreensão de como a redução da poluição atmosférica contribui para o aquecimento, ao permitir a passagem de mais luz solar.

O orçamento é tão pequeno e a urgência de uma ação significativa para limitar o aquecimento é tão alta que a mensagem do orçamento de carbono é terrível. Ter uma probabilidade de 50% ou mais de limitar o aquecimento a 1,5°C está fora de questão, independentemente das ações políticas existentes.

Nesse sentindo, os governos têm o poder de controlar as emissões, mas, até o momento, não o fizeram, resultando em um orçamento de carbono cada vez menor.

Entretanto, não se sugere que as mudanças climáticas devam ser resolvidas em apenas seis anos, mas o destaque está na importância de cada fração de grau, pois isso faz diferença.

Por fim…

O estudo, publicado na revista Nature Climate Change, baseou-se em dados atualizados e modelagem climática aprimorada em comparação com estimativas anteriores. Ele também levou em consideração as últimas descobertas sobre a capacidade da poluição do ar e das nuvens para bloquear a luz solar, o que resulta em mais aquecimento global e, portanto, em um orçamento de emissões de carbono menor para permanecer abaixo de 1,5°C.

A análise também considerou o limite superior de 2°C estabelecido no Acordo de Paris, destacando que mesmo o cumprimento desse limite resultaria em impactos climáticos significativos, tais como ondas de calor, inundações e perdas de colheitas.

Para ter 90% de probabilidade de permanecer abaixo dos 2°C, as emissões precisariam chegar a zero líquidos por volta de 2035. Alcançar o zero líquido em 2050 daria uma probabilidade de 66% de atingir a meta de 2°C. Dessa maneira, existe uma possibilidade real de ultrapassar o limite de 1,5°C nesta década, enfatizando a importância de discutir como retornar a esse limite após uma ultrapassagem, para evitar que isso se torne permanente.

As emissões globais de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis poderão atingir seu pico já este ano, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia, o que significa que poderão começar a diminuir em 2024 ou teremos uma crise climática sem fim.

Referências sobre a crise climática’:

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