A dapagliflozina é um medicamento com importantes efeitos benéficos para o tratamento do diabetes tipo 2. Assim, esses efeitos incluem propriedades cardioprotetoras, salvo o tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca ligados a fração de ejeção reduzida. Porém, a Dapaglifozina pode estar relacionada com o quadro de Cetoacidose Euglicêmica.
Esse medicamento auxilia na inibição do contrasportador específico sódio-glicose (SGLT2), responsável por reduzir a reabsorção de glicose no túbulo renal, este tem um efeito hipoglicemiante.
No entanto, um de seus efeitos negativos, é a cetoacidose, uma importante emergência.
Então qual a questão aqui?
Intrigantemente, a dapagliflozina pode ser a responsável pela cetoacidose diabética euglicêmica (efeito observado com outros inibidores do SGLT2).
E ai, ficou interessado sobre a Dapaglifozina e Cetoacidose Euglicêmica? Buscando entender mais sobre o assunto? Vamos lá!
O que é a Cetoacidose?
Primeiramente, para entender a Dapaglifozina e Cetoacidose Euglicêmica, vamos entender o que é a cetoacidose.
A cetoacidose consiste numa complicação da diabetes. Seu processo ocorre quando o organismo utiliza outras vias para o o suprimento energético, como os estoques de gordura.
Ainda, essa complicação pode ser fatal, principalmente devido ao resultado do acúmulo de corpos cetônicos, que deixam acidificam o sangue.
Agora vamos entender os os inibidores de SGLT2 (ISGLT2) mencionados anteriormente!
Os inibidores SGLT2 são drogas que atuam no controle glicêmico. Seu mecanismo ocorre pela redução da reabsorção de glicose pelos túbulos renais, gerando múltiplos efeitos cardioprotetores e perda de peso.
De modo geral, para a cetoacidose euglicêmica com o uso dessas substâncias, podem existir fatores contribuintes, como:
- Infecção;
- Má alimentação;
- Gastroenterite aguda.
Ainda assim, é extremamente importante que o médico acompanhe o potencial efeito adverso dessas drogas.
De modo geral, existe um número significante de casos de pacientes que desenvolveram cetoacidose euglicêmica em uso de algum inibidor de SGLT2, principalmente a dapagifozina.
Como ocorre o mecanismo existente na dapagifozina que causa esse efeito adverso?
A partir da capacidade do ISGLT2 de reduzir os níveis de açúcar no sangue, acredita-se que isso leve a uma diminuição da insulina circulante. Então, consequentemente, ocorre um aumento na taxa de lipólise hepática e cetogênese, causando os altos níveis circulantes de corpos cetônicos.
Assim sendo, existem efeitos adicionais que poderiam contribuir para os níveis mais elevados de corpos cetônicos, como a potencial reabsorção de acetoacetato pelos túbulos renais. Logo após, ocorre a maior produção de corpos cetônicos, juntos com à sua menor depuração que contribui para uma maior concentração sérica desses compostos.
Cuidados com a Dapaglifozina devido a Cetoacidose
Primeiramente, a CAD facilitada pelo uso dessas substâncias é euglicêmica, dificultando seu diagnóstico.
O padrão é a chegada do paciente na emergência com CAD muito alta, acidose, dor abdominal, letargia e cetonúria. Assim sendo, a CAD possível com o uso desses medicamentos não tende a manifestar a cetonúria, dificultando a identificação e pesquisa sobre o assunto.
Logo, um mecanismo potencial para cetoacidose é o aumento da reabsorção de corpos cetônicos no túbulo, por não serem excretados na urina. Outro fator importante de se considerar é o início dessas medicações em pacientes que fazem uso de insulina.
Nestes pacientes, é importante considerar o dobro de cuidado para evitar CAD euglicêmica. Ao diminuir a quantidade de insulina administrada no tratamento do paciente, haverá o aumento da lipólise.
Portanto, a partir desses apontamentos, vemos como as drogas cada vez mais utilizadas na prática clínica, devem ser analisadas tanto pelos fatores benéficos quanto adversos. Mesmo sendo difícil haver um efeito colateral, é importante conhecê-los para o departamento de emergência em uma hipótese diagnóstica com o paciente.