Ecologia e as ciências ambientais

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Ecologia, nas últimas décadas, tem surgido como uma disciplina importante que desempenha um papel central. Porém, não apenas como fonte de problemas e referências teóricas, mas também como parte integrante de diversas práticas profissionais e campos simbólicos. Especialmente no campo da política.

Anteriormente era uma disciplina de tida com pouca importância e limitada, entretanto a ecologia começou a ter maior importância a partir da década de 1960. Assim, quando a discursão dos problemas ambientais tornaram-se obrigatórios e universais. E assim tornaram-se uma agenda inevitável não só na ciência, mas também em diversas profissões que se estabeleceram como disciplinas.

Embora o tema meio ambiente tenha ganhado importância global, a ecologia como disciplina é principalmente uma tradição anglo-americana. Dessa maneira, isso levanta questões sobre como a institucionalização dessas disciplinas ocorreu em diferentes contextos. Especialmente em locais onde a ecologia não tinha uma disciplina anterior.

Primeiramente, o Brasil é um daqueles casos onde a ecologia não é uma disciplina tradicional. Entretanto, apresenta alguns primeiros passos sobre a institucionalização da ecologia e do ambientalismo. E mesmo que embora tenha seguido as tendências internacionais e se beneficiado de um ambiente local favorável, a mudança ambiental interdisciplinar e orientada para o contexto local foi dominante.

Etapas da história da Ecologia

Para compreender as formas alternativas e transdisciplinares da tecnociência, a história recente da ecologia e o surgimento da questão ambiental são ilustrativos. Assim, a ecologia faz parte do conjunto de novas especialidades que marcaram a virada do século, conhecido como o “Novo Renascimento” na ciência. No entanto, mesmo entre essas novas práticas intelectuais, a ecologia sempre foi peculiar, especialmente quando comparada a outras ciências mais tradicionais.

Nesse sentido, o desenvolvimento da ecologia ao longo da história pode ser observado em diferentes etapas, representadas na Tabela.

PeríodoPrimeiro Período
1893 – 1939
Transição
1940 – 1952
Segundo Período
1953 – Atualidade
FasesFase I
1893 – 1915
Fase II
1916-1939
Fase III
1953 – 1952
Fase IV
1953-1968
Fase V
1969 – Atualidade
Marcos1893 – Reunião da American Association for the Advancement of Science1915 – Fundação da  Ecological Soc. America1916 – Ecologia Vegetal (Clements)
1939 -conferência sobre comunidades (38) – anais publicados
1940
1952
1953 – primeiro livro didático sobre uma nova perspectiva
1968 – início do IBP
1969
Fatos importantesA controvérsia do aquecimento
Primeira Guerra Mundial
Perído do entre o “Dust Bowl” e o discurso biológico anti-nazista.Nascem novas perspectivas ecossistêmicas e populacionais;
A teoria dos sistemas e a cibernética são desenvolvidas;
A biologia molecular é desenvolvida;
Segunda Guerra Mundial;
Conferências Macy
Os ecologistas produzem um discurso catastrofista;
A guerra fria totalmente desenvolvida;
Guerra do Vietnã;
Primeiras expressões significativas de contestação social com discurso ambientalista
A Ecologia de Sistemas é desenvolvida;
O IBP estabelece novos padrões processuais e influencia grandemente a prática da Conferência de Ecologia de Estocolmo;
Partidos verdes são formados e participam nas eleições;
Fim da guerra do Vietnã;
Glasnost e Perestroika (Transparência e Reconstrução Soviética)

Inicialmente, a ecologia era uma disciplina teoricamente heterogênea, envolvida na geração de discursos socialmente prescritivos.

No entanto, ao longo do século XX, evoluiu para uma disciplina ainda mais teoricamente heterogênea e socialmente comprometida, contradizendo as expectativas de unificação teórica que geralmente ocorrem no amadurecimento das ciências.

Assim, no início do século XX, a ecologia não era uma ciência bem-comportada. Não apenas carecia de unificação teórica ou conceitual, mas também tinha uma tendência a gerar discursos prescritivos, especialmente com base na visão holística da comunidade como um superorganismo. Nesse sentido, um exemplo marcante disso foi a crise da “Dust Bowl” na década de 1930 nos Estados Unidos, onde os ecologistas desempenharam um papel importante na formulação de políticas agrícolas com base em sua perspectiva holística da comunidade.

No entanto, a dominação dessas perspectivas teóricas tradicionais eventualmente entrou em crise, com sinais de insatisfação entre os praticantes acadêmicos. Dessa maneira, a partir desse período de transição, emergiu o que foi chamado de “Nova Ecologia”, dominada por duas novas perspectivas teóricas: ecologia de ecossistemas e ecologia populacional. Enquanto a ecologia de ecossistemas se dedica ao estudo estrutural e funcional das unidades definidas da natureza, como os ecossistemas, a ecologia populacional concentra-se em populações individuais historicamente definidas.

Ecologia e a polarização política em um contexto histórico

Neste contexto de polarização política, uma variedade significativa de políticas institucionais e legais emergiu como resultado da nova condição “inevitável” da questão ambiental. Assim, testemunhamos um aumento sem precedentes nas ferramentas legais e ações para proteção ambiental, com a criação de órgãos governamentais e intergovernamentais internacionais, além da realização de reuniões e conferências.

Dessa maneira, uma das mais notável dessas conferências foi a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, em 1972, que marcou a primeira incursão da ONU nesse tema e demonstrou claramente seu aumento de importância política.

Então, a partir de 1972, observou-se também a formação e crescimento dos partidos políticos verdes, com destaque para a apresentação de um candidato presidencial na França em 1974. No entanto, as verdadeiras mudanças sociais foram impulsionadas pelos novos atores sociais envolvidos nessas transformações: os ativistas de organizações não governamentais, presentes em grande número desde a reunião de Estocolmo, e os “novos profissionais”, como consultores ambientais, técnicos de gestão e burocratas, cujos papéis frequentemente se entrelaçavam.

Portanto,A ecologia, por sua vez, foi rapidamente elevada a uma posição proeminente na hierarquia das ciências, refletida em sua crescente inserção institucional e financiamento. O mais significativo, no entanto, é que os conceitos e ideias provenientes da estrutura teórica da ecologia se tornaram uma fonte vital para uma ampla gama de novos discursos. Além dos discursos políticos sobre o meio ambiente, que polarizaram a discussão, surgiram muitos outros tipos de discursos que transcenderam as categorias tradicionais, como os político-religiosos, filosófico-gerenciais e até mesmo aqueles que obtiveram legitimidade científica parcial, como a hipótese de Gaia e certos produtos ecológicos.

A influência da ecologia também se estendeu a outras especialidades científicas, que incorporaram seus referenciais teóricos, questões e conceitos, resultando em uma proliferação de novas revistas especializadas em ecologia e estudos ambientais.

No contexto brasileiro, desde a década de 1970, o país tem sido palco de intensos debates e ações relacionados ao meio ambiente.

A criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 1989 e do Ministério do Meio Ambiente em 1992 demonstra o compromisso do governo brasileiro com a proteção ambiental. Além disso, a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, no Rio de Janeiro, foi um marco histórico que colocou o Brasil no centro das discussões globais sobre sustentabilidade.

Portanto, a ecologia foi rapidamente elevada a uma posição proeminente na hierarquia das ciências, refletida em sua crescente inserção institucional e financiamento (McIntosh, 1985). O mais significativo, no entanto, é que os conceitos e ideias provenientes da estrutura teórica da ecologia se tornaram uma fonte vital para uma ampla gama de novos discursos. Além dos discursos políticos sobre o meio ambiente, que polarizaram a discussão, surgiram muitos outros tipos de discursos que transcenderam as categorias tradicionais, como os político-religiosos, filosófico-gerenciais e até mesmo aqueles que obtiveram legitimidade científica parcial, como a hipótese de Gaia e certos produtos ecológicos.

Por fim, a influência da ecologia também se estendeu a outras especialidades científicas, que incorporaram seus referenciais teóricos, questões e conceitos, resultando em uma proliferação de novas revistas especializadas em ecologia e estudos ambientais.

Entendemos um pouco sobre a importância da Ecologia nas Ciências Ambientais, entretanto, o que é Ecologia?

Ecologia, como ciência, investiga as interações complexas entre os organismos e o ambiente que os cerca. Assim, um ecologista, ao se aprofundar nessa disciplina, explora as relações entre os seres vivos e seus habitats. Dessa maneira, ao investigar o ambiente natural, os cientistas formulam questões essenciais, como: Como os organismos interagem com os elementos vivos e não vivos ao seu redor? Nesse sentido, quais são as necessidades fundamentais dos organismos para sobreviver e prosperar em seus ambientes específicos? Responder a essas indagações requer uma análise abrangente de todas as formas de vida e seus ecossistemas em escala global.

Além de compreender o funcionamento regular dos ecossistemas, os ecologistas se dedicam a estudar as anomalias que ocorrem quando esses sistemas se desequilibram. Então, mudanças nos ecossistemas podem ser desencadeadas por diversos fatores, como doenças que afetam os organismos locais, aumento da temperatura e atividades humanas exacerbadas. Por isso, a compreensão dessas mudanças permite aos ecologistas antecipar desafios ecológicos futuros e fornecer informações valiosas para outros cientistas e formuladores de políticas sobre os problemas enfrentados pelos ecossistemas locais.

Nesse interim, a atividade humana desempenha um papel crucial na saúde dos ecossistemas em todo o mundo. Assim, a poluição gerada por fontes como combustíveis fósseis e indústrias pode contaminar cadeias alimentares inteiras, afetando negativamente as populações de espécies. Dessa maneira, a introdução de espécies exóticas em novos ambientes pode ter consequências devastadoras, resultando em desequilíbrios ecológicos e ameaçando a biodiversidade local. Por fim, essas espécies invasoras, desprovidas de predadores naturais, podem proliferar descontroladamente, causando danos irreparáveis aos ecossistemas nativos. A compreensão dessas interações é essencial para mitigar os impactos negativos das atividades humanas sobre a natureza.

Referências:

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