Figuras de linguagem, no post passado vimos “Figuras de palavras ou semântica“, hoje veremos as figuras de Sintaxe ou construção. Assim, lembrando que as figuras de sintaxe ou construção desempenham um papel importante estrutural e expressivo dos enunciados. Dessa forma, é essencial adicionar essas figuras de linguagem, As figuras de de sítaxe são: elipse, zeugma, hipérbato, silepse, assíndeto, polissíndeto, anáfora, anacoluto ou pleonasmo, a fim de conferir maior elaboração e expressividade à construção das frases.
Além disso, a aplicação consciente dessas figuras não apenas enriquece a composição textual, mas também amplia a capacidade de transmitir nuances e sutilezas na comunicação, mas calma, não vamos confundir com, principalmente os pleonasmos.
O que são figuras de síntaxe?
Primeiramente, as figuras de sintaxe desempenham um papel importante na diversificação e no enriquecimento da linguagem, conferindo originalidade e impacto aos enunciados. Dessa maneira, aqui estão alguns tipos de figuras de sintaxe:
- Elipse: Omissão de termos. Dessa maneira, onde podemos facilmente inferir os termos pelo contexto.
- Zeugma: Uso de uma única palavra para ligar dois termos ou ideias, geralmente de forma inusitada.
- Hipérbato: Inversão da ordem natural das palavras na frase, visando ênfase ou efeito estilístico.
- Silepse: A palavra concorda com uma que não está explicitamente presente, mas que pode ser inferida.
- Assíndeto: Omissão de conectivos (conjunções) entre termos de uma frase, assim, conferindo agilidade e ritmo.
- Polissíndeto: Repetição excessiva de conectivos para enfatizar cada termo da lista.
- Anáfora: Repetição de uma palavra ou expressão no início de versos ou frases sucessivas.
- Anacoluto: Quebra da sequência lógica da frase, muitas vezes causada pela mudança na estrutura sintática.
- Pleonasmo: Uso redundante de palavras, expressões ou ideias, visando ênfase ou reforço.
Essas figuras de sintaxe proporcionam recursos estilísticos que vão além da simples transmissão de informações, contribuindo para a expressividade, impacto e originalidade da linguagem utilizada.
Elipse
A ocultação de palavra ou expressão, que deve ser subentendida:
- Frase original: “Ele adora música clássica; eu, rock.”
- Com elipse: “Ele adora música clássica; eu, (adora) rock.”
- Frase original: “Maria comprou um vestido azul; Carla, um verde.”
- Com elipse: “Maria comprou um vestido azul; Carla, (comprou) um verde.”
- Frase original: “O time marcou três gols; o adversário, nenhum.”
- Com elipse: “O time marcou três gols; o adversário, (marcou) nenhum.”
- Frase original: “Ela gosta de nadar; eu, de correr.”
- Com elipse: “Ela gosta de nadar; eu, (gosto) de correr.”
- Frase original: “Leia o livro; depois, me conte.”
- Com elipse: “Leia o livro; depois, (leia) me conte.”
Dessa maneira, a elipse é uma figura de sintaxe muito utilizada para economizar palavras e tornar o discurso mais conciso, mantendo a clareza por meio do contexto ou da repetição subentendida.
Zeugma
Pode ser considerado um tipo de elipse, porém note que, obrigatoriamente, o elemento ocultado deve ter sido expresso anteriormente na frase.
- Omissão do verbo:
- “Minha mãe, cozinheira; meu pai, pintor.”
- “Ele, rindo; ela, chorando.”
- “Eu, acordando às sete; você, dormindo até tarde.”
- Omissão de um substantivo:
- “O consultor imobiliário vende casas; o padeiro, pães.”
- “Minha casa é enorme; a sua, mais simples.”
- “O seu problema era se preocupar demais; o nosso, se preocupar de menos.”
- Omissão de um advérbio:
- “Eu acordo às sete horas e vou dormir às onze.”
- “Trabalho como eletricista. Ela, como garçonete.”
- “O filho sentia dor de cabeça, enquanto a filha sentia de dente.”
- Omissão de uma locução prepositiva:
- “Danilo cuidava do avô, e Jéssica, da avó.”
- “Linda era muito magra; mas Solange também era.”
- “Foi divertido caminhar com ele; mas também era caminhar sozinho.”
Assim, a zeugma e a elipse são figuras de linguagem que consistem na omissão de um termo. A diferença entre elas se dá porque a zeugma ocorre quando o termo omitido já foi explicitado anteriormente no enunciado. Enquanto a elipse ocorre quando o termo omitido deduzido a partir do contexto. Dessa maneira, é importante notar que podemos usar a zeugma para criar efeitos estilísticos interessantes. Por exemplo, podemos empregar a zeugma para enfatizar um contraste ou criar uma sensação de ritmo.
Hipérbato
Primeiramente, a inversão da ordem direta de uma oração ocorre quando se altera a sequência padrão sujeito-verbo-complemento ou predicativo. Dessa forma, essa reorganização gramatical confere à frase uma estrutura menos convencional, proporcionando ênfase e um toque estilístico distintivo (Confuso?? Sim, um pouco, vamos explicar de novo!).
Assim, o hipérbato é uma figura de linguagem que consiste na inversão da ordem direta dos termos de uma oração ou período. A ordem direta é: sujeito, verbo, complemento ou predicativo. Ele pode ser usado para enfatizar um determinado termo, criar um efeito de suspense ou surpresa, ou simplesmente para dar um toque de beleza ou musicalidade à frase.
Aqui estão alguns exemplos de hipérbato:
- “A rosa, o perfume, o encanto, o amor.” (Machado de Assis)
- “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?” (Camões)
- “Na minha terra, a saudade tem nome próprio: se chama Iracema.” (José de Alencar)
No primeiro exemplo, o hipérbato é utilizado para enfatizar os atributos da rosa. Já no segundo exemplo, o hipérbato é utilizado para criar um efeito de suspense e surpresa. Por fim, no terceiro exemplo, o hipérbato é utilizado para dar um toque de beleza e musicalidade à frase.
O hipérbato pode ser classificado em dois tipos:
- Anástrofe: é o hipérbato que ocorre quando o termo deslocado é o sujeito da oração.
- Sínquise: é o hipérbato que ocorre quando o termo deslocado é o objeto da oração.
O hipérbato é uma figura de linguagem que pode ser utilizada de diversas maneiras para criar efeitos estilísticos interessantes.
Silepse
É figura de linguagem que consiste na concordância de um termo com uma ideia subentendida, e não com o termo que está explicitamente expresso na frase, representa uma concordância ideológica, alinhando-se com a ideia que o falante deseja transmitir.
Pode-se classificar a silepse em três tipos distintos:
Silepse de gênero: ocorre quando há discordância entre os gêneros (feminino e masculino). Por exemplo:
“A violenta São Paulo” (o adjetivo “violenta” concorda com o gênero feminino da ideia subentendida “a cidade de São Paulo”).
“O amor é cego” (o substantivo “amor”, que é masculino, concorda com o gênero feminino da ideia subentendida “a paixão”).
Silepse de número: manifesta-se quando há discordância entre o singular e o plural. Por exemplo:
“O povo brasileiro é hospitaleiro” (o adjetivo “hospitaleiro”, plural, concorda com o número plural da ideia subentendida “os cidadãos brasileiros”).
“A beleza da natureza é exuberante” (o substantivo “beleza”, singular, concorda com o número plural da ideia subentendida “as belezas naturais”).
Silepse de pessoa: surge quando há discordância entre o sujeito, que aparece na terceira pessoa, e o verbo, que surge na primeira pessoa do plural. Por exemplo:
“A gente vai ao cinema” (o sujeito “a gente”, terceira pessoa, concorda com o verbo “vamos”, primeira pessoa do plural).
“Nós estamos cansados” (o sujeito “nós”, primeira pessoa do plural, concorda com o verbo “estamos”, também primeira pessoa do plural).
Simplificando a silpese e as figuras de linguagem
Como recurso estilístico, a silepse oferece a possibilidade de criar diversos efeitos. Por exemplo, podemos empregá-la para enfatizar uma ideia, gerar humor ou simplesmente conferir um toque de musicalidade à frase.
A seguir, apresentam-se alguns exemplos de silepse na literatura brasileira:
“A voz da natureza é sempre terna e suave” (Gonçalves Dias) “A vida é um teatro que a gente passa” (Machado de Assis) “O amor é eterno enquanto dura” (Fernando Pessoa)
Nesses exemplos, utilizamos a silepse para enfatizar a ideia de que a natureza é sempre gentil, que a vida é passageira e que o amor é duradouro. A silepse, figura de linguagem versátil, oferece a possibilidade de ser utilizada de diversas maneiras para criar efeitos estilísticos interessantes.
Assíndeto
A ausência de conjunção entre as orações cria um efeito de continuidade e dinamismo na frase. Isso confere um ritmo ágil, transmitindo a ideia de que as ações das crianças acontecem de forma ininterrupta. No entanto, caso você queira adicionar uma palavra de transição para suavizar a transição entre as ações, você pode considerar algo como:
“As crianças pulam, riem, gritam e choram sem parar.”
O uso da conjunção “e” ajuda a manter a fluidez da frase, indicando que as ações estão ocorrendo em sequência, de maneira encadeada.
Polissíndeto
De certa forma, é o contrário do Assíndeto, já que é a repetição de conjunção entre as orações:
“As crianças pulam, e riem, e gritam, e choram sem parar.”
Anáfora e as figuras de linguagem
Anáfora, figura de linguagem que se caracteriza pela repetição de uma mesma palavra ou expressão no início de várias frases, orações ou versos, configura-se como uma figura de sintaxe, impactando a estrutura do enunciado.
Essa técnica pode ser empregada para alcançar diferentes efeitos estilísticos, tais como:
Reforço de uma ideia: a reiteração da palavra ou expressão ressalta a importância da ideia que ela representa. Por exemplo:
“A vida é um sopro,
(repete a vida) é um instante,
a vida é um sonho.”
Criação de ritmo ou sonoridade: ao repetir a mesma palavra ou expressão, cria-se um efeito de ritmo ou uma sonoridade agradável ao ouvido. Por exemplo:
“O vento soprava,
(repete-se o vento) gemia,
o vento chorava.”
Criação de contraste: a repetição pode ser utilizada para destacar o contraste entre duas ideias. Por exemplo:
“O amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.”
A anáfora, recurso estilístico amplamente explorado na poesia, estende-se também a outros gêneros textuais, como a prosa e o discurso.
Figuras de linguagem e o Anacoluto
A interrupção na estrutura sintática da oração, conhecida como anacoluto, assim, é evidenciada nos seguintes exemplos:
- “Ela nem pense em enganar a Cláudia.” Neste caso, a palavra “Ela” introduz uma aparente desconexão sintática, mas ao considerarmos a ação subsequente, “enganar a Cláudia”, a relação entre os termos se esclarece.
- “Medo… ninguém sabe das ameaças invisíveis.” A presença das reticências após “Medo” cria uma interrupção na estrutura da oração. “Ninguém” inicia uma nova parte do enunciado, e subentendemos a conexão entre “medo” e “ameaças invisíveis”
Assim, ao provocar uma pausa ou descontinuidade na sequência lógica, os escritores a empregam para gerar impacto e chamar a atenção do leitor.
Pleonasmo como uma das figuras de linguagem mais faladas
O pleonasmo é a redundância ou repetição desnecessária de um termo ou ideia, muitas vezes utilizada com o propósito de enfatizar algo. No entanto, quando alguém não utiliza essa repetição com a intenção de destaque, podemos considerar o pleonasmo como um vício de linguagem.
Assim, exemplo de pleonasmo enfático:
“Vi, com estes olhos, o mal que alguém pode fazer.”
Dessa maneira, a repetição de “com estes olhos” serve para enfatizar e reforçar a certeza da observação, sendo usada intencionalmente para criar impacto. Por outro lado, quando o pleonasmo não utiliza-se com efeito enfático, torna-se um vício de linguagem, como no caso da expressão:
“Subir para cima.”
Neste exemplo, a repetição de direções opostas (“subir” e “para cima”) é redundante, pois a ação de subir naturalmente implica movimento na direção superior. Assim, por hoje, é isso, vamos tratar de figuras de linguagem mais uma vez no próximo, até lá!