Mais ou menos… mas é por aí. Enquanto eu vagava pelas minhas leituras diárias, me deparei com esse título: “Parts of tropical rainforests could get too hot for photosynthesis, study suggests” (Partes das florestas tropicais podem ficar muito quentes para a fotossíntese, sugere estudo). Pronto, o título conseguiu captar toda a minha atenção! Como assim? Será possível que fique “muito quente” a ponto de impedir a fotossíntese? Nunca tinha ouvido algo desse tipo. Sabemos que os efeitos do aquecimento global podem ser catastróficos. Esses títulos “alarmantes” estão se tornando cada vez mais comuns e o pior é que muitos deles não são apenas para chamar clickbaits.
Explorar e compreender tópicos como esse nos ajuda a reconhecer a importância de proteger nossos ecossistemas e a tomar medidas para mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas. Dessa maneira, a ciência desempenha um papel fundamental nesse processo, fornecendo dados e insights que nos auxiliam a enfrentar esses desafios globais de maneira informada e consciente. Vaamos, hoje, dá uma olhada nesse estudo publicado na Nature que trouxe à tona esse assunto alarmante.
As florestas tropicais estão se aproximando de limites críticos de temperatura
Algumas folhas nas florestas tropicais, que se estendem da América do Sul ao Sudeste Asiático, estão alcançando temperaturas tão elevadas que podem não ser mais capazes de realizar a fotossíntese, o que acarreta implicações significativas para as florestas globais, de acordo com um novo estudo.
Assim, a capacidade das folhas de realizar a fotossíntese, um processo pelo qual geram energia a partir do dióxido de carbono, da luz solar e da água, começa a enfraquecer quando a temperatura atinge aproximadamente 46,7ºC.
Embora essa temperatura possa parecer elevada, o relatório enfatiza que as folhas podem se aquecer muito mais do que a temperatura ambiente. Esse relatório foi elaborado por um grupo de cientistas provenientes de países como os EUA, Austrália e Brasil.
Como foi feito o estudo?
Os cientistas basearam-se em dados de temperatura obtidos por sensores térmicos de satélite na Estação Espacial Internacional, localizada a 400 quilômetros acima da Terra. Essas informações foram combinadas com observações locais de experimentos de aquecimento das folhas. Onde os cientistas subiram nas copas das árvores para adicionar meticulosamente sensores às folhas.
Em vez de considerar apenas as temperaturas médias, os cientistas se concentraram nos extremos. E assim descobriram que, embora as temperaturas médias nas copas das florestas tenham atingido um pico de 34ºC, algumas delas ultrapassaram os 40ºC.
Atualmente, 0,01% das folhas estão ultrapassando o limite crítico de temperatura, além do qual a sua capacidade de fotossintetizar é prejudicada, concluiu o relatório. E assim, potencialmente matando a folha e a árvore.
Essa porcentagem, embora pequena, é projetada para aumentar à medida que o mundo se aquece, conforme indicado pelo relatório, representando uma ameaça para as florestas tropicais globais – que abrangem aproximadamente 12% do planeta e abrigam mais da metade das espécies mundiais.
Essas florestas desempenham também um papel crucial na absorção e armazenamento de carbono, além de contribuírem significativamente para a regulação do clima global. Quando você começa a perder porções das florestas, mesmo que sejam apenas folhas de árvores individuais, há toda uma série de feedbacks potenciais.
As florestas tropicais podem…
O estudo revelou que as florestas tropicais podem suportar um aumento de cerca de 4ºC no aquecimento global antes de atingirem um ponto crítico em termos de capacidade de fotossíntese. Caso o aquecimento ultrapasse essa marca, a proporção de folhas que ultrapassam os limites críticos de temperatura poderá elevar-se para 1,4%, potencialmente resultando na perda generalizada de folhas e, consequentemente, na morte de árvores inteiras.
Embora o nível de aquecimento projetado esteja além das atuais políticas climáticas. Que têm como objetivo limitar o aumento a 2,7ºC em relação aos níveis pré-industriais. Porém, enquadra-se nos cenários mais pessimistas caso o consumo contínuo de combustíveis fósseis persista.
Apesar de tais percentagens parecerem pequenas, nota-se o risco, dada a relevância das árvores tropicais para a vida, o equilíbrio climático e o planeta como um todo. Afinal, é crucial lembrar que quase toda a vida, incluindo os seres humanos, depende direta ou indiretamente da fotossíntese para alimentação.
Por fim…
As descobertas destacam que o aquecimento global está ameaçando a fotossíntese que é um processo vital. Contudo, existem preocupações mais imediatas envolvendo as florestas tropicais, incluindo a desflorestação, incêndios florestais e secas.
Sabendo que, apesar de ter havido uma ênfase significativa nos impactos das secas na perda de árvores, este artigo aponta que não se trata apenas da seca. Devemos estar preocupados também com as temperaturas que as folhas estão alcançando.
Na opinião desse humilde que vos fala, as porcentagens do relatório são modestas, creio que é mais importante o conceito de que folhas resistem a essas condições de altas temperaturas, com que frequência isso ocorre, por quanto tempo persiste e qual é o real significado disso do que focar nessas porcentagens.
Entretanto, considera-se o solo da Floresta Amazônica, ao contrário do Cerrado, como um solo “jovem”. Além disso, dada a proporção modesta de folhas que ultrapassam o limiar de temperatura crítico e o nível de aquecimento necessário antes de um ponto de virada, isso sugere que, teoricamente, as florestas tropicais podem ser bastante resilientes às mudanças climáticas e possuem margem para aclimatação.
Já que esse estudo possui um modelo simplificado, e a dinâmica das árvores e das florestas é muito mais complexa do que isso. Os autores do relatório afirmaram que, apesar das incertezas, a pesquisa fornece informações relevantes sobre como as florestas tropicais responderão às mudanças climáticas, apesar de ser algo novo, é mais um fato que devemos nos atentar ou melhor ficar em alerta!
Referências:
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