
Você já se perguntou como os animais se comunicam entre si? Desde os primórdios, os humanos tiveram um fascínio em compreender a comunicação entre os animais, sejam eles de estimação ou não. Se você também é curioso com isso, conheça o “Earth Species Project”, responsável por desenvolver e utilizar a IA para desvendar a comunicação dos animais. Continue a leitura para saber mais.
Ao longo dos anos, pesquisadores observaram e documentaram diversas formas de comunicação entre os animais, desde a vocalização de pássaros até as danças de abelhas.
O que antes parecia algo impossível, agora parece estar mais perto do que nunca devido a ajuda da inteligência artificial (IA). A nova tecnologia pode decifrar as formas complexas de comunicação entre os animais.
A Inteligência Artificial já é uma realidade, cujo seu avanço impulsiona e revoluciona o conhecimento, tecnologia e o nosso modo de viver. Agora, ela também pode nos auxiliar a desvendar mais esse mistério.
A descoberta da comunicação animal será importante para muitos propósitos. Será possível entender melhor a natureza e o comportamento da fauna. Além disso, também pode nos ajudar a proteger as espécies em perigo de extinção para a conservação da biodiversidade global.
Projeto “Earth Species Project”
O “Earth Species Project” (ESP) é o responsável por essa iniciativa ambiciosa. Trata-se de um grupo sem fins lucrativos, fundado na Califórnia, com pesquisadores atuando de forma remota no mundo todo.
Eles visam utilizar a inteligência artificial combinada com o machine learning (aprendizado de máquina) para decodificar a comunicação global entre os animais.
Com base na ideia de que a comunicação animal pode fornecer informações valiosas sobre o comportamento animal e a biodiversidade, os pesquisadores estão usando técnicas avançadas de machine learning para analisar dados acústicos de várias espécies animais.
A inspiração para o projeto vem da decodificação da linguagem humana com o uso do machine learning.
A tecnologia foi capaz de traduzir diferentes idiomas sem conhecimento prévio por meio de suas relações semânticas.
Seus algoritmos são capazes de medir a distância entre as palavras em um espaço geométrico, encontrando relações e formando frases.
Em outras palavras, “rei” está tão próximo de “homem” quanto “rainha” está de “mulher”.
O ESP pretende ser o primeiro projeto a utilizar esta tecnologia para avaliar automaticamente as atividades dos animais, como comer, socializar, descansar ou viajar. O sistema também vai identificar possíveis chamados associados a esses comportamentos usando dados de áudio.
Inicialmente, eles irão criar uma plataforma de dados aberta que possa ser usada por pesquisadores em todo o mundo para entender melhor a comunicação animal e ajudar a conservar espécies ameaçadas.
Posteriormente, irão reproduzir essas associações na comunicação animal e identificar se há alguma sobreposição com a linguagem humana.
Animais testados e outros estudos
Os pesquisadores sabem que há uma chance maior de compreender a comunicação de animais sociais. Portanto, a equipe está trabalhando com gravações de áudio e vídeo de baleias, elefantes, pássaros e primatas.
Uma das principais áreas de foco do projeto é a comunicação entre baleias. As baleias são conhecidas por sua comunicação complexa e sofisticada. Por isso, os pesquisadores do projeto estão trabalhando em estreita colaboração com especialistas em comportamento de baleias para entender melhor o significado dos sons que produzem.
A ESP já possui outro projeto que usa a inteligência artificial para criar novos chamados animais, tendo as baleias jubarte como espécie de teste.
A IA cria esses novos chamados pela divisão de vocalizações em microfonemas, unidades distintas de som com duração de um centésimo de segundo.
Dessa forma, é reproduzido o modelo de linguagem para “falar” como a baleia e ver a reação do animal.
Em resumo, a IA já é capaz de falar a língua, embora ainda não saibamos o que significa.
Portanto, a primeira etapa será aplicar a técnica aos dados de baleias jubarte, observando como elas se comunicam em grupo.
Posteriormente, eles esperam desenvolver a ferramenta pra que seja aplicável a todo o tipo de animal, podendo ser utilizada até em animais de estimação.
Até o momento, a equipe já foi capaz de desenvolver um modelo de IA que difere o chamado de um indivíduo dentro de um grupo de animais.
Ou seja, eles conseguem identificar qual macaco, golfinho ou morcego está emitindo o som dentre os primatas, cetacéos e quirópteros, respectivamente.
Desafios
Os especialistas reconhecem que a tarefa não será fácil, pois os animais não se comunicam somente através de vocalizações, mas também com gestos corporais.
A decodificação da comunicação depende de uma avaliação contextual, não basta apenas ouvir o animal, é necessário analisar seu comportamento e estabelecer conexões.
Além disso, a análise dos dados de comunicação animal é uma tarefa extremamente complexa e desafiadora.
Isso envolve treinar algoritmos para reconhecer padrões específicos nos sons dos animais e identificar padrões que possam estar relacionados a comportamentos específicos.
Para extrair os dados, os cientistas estão utilizando as mais recentes técnicas de machine learning e redes neurais para obter informações úteis.
Já para a análise de dados, a equipe do projeto está desenvolvendo uma série de ferramentas de software personalizadas para facilitar a visualização e o processamento dos dados.
Isso inclui ferramentas para exibir visualmente os sons produzidos pelos animais, bem como para ajudar a identificar padrões específicos nos dados.
Proteção da Biodiversidade
Ao entender melhor a comunicação animal e o comportamento, o Earth Species Project esperam ser capazes de desenvolver estratégias mais eficazes para promover a conservação e o bem-estar dos animais.
Nesse sentido, os pesquisadores estão em estreita colaboração com várias outras organizações e especialistas em ética e bem-estar animal para garantir que conduzam o processo de maneira responsável.
Uma das principais preocupações é o impacto das atividades humanas no meio ambiente e na biodiversidade.
É fundamental, portanto, que as descobertas do projeto sejam usadas para promover a conservação e o bem-estar dos animais, e não para fins prejudiciais, como a exploração de recursos naturais ou o comércio ilegal de animais.
Além disso, a equipe está se esforçando para envolver as comunidades locais e indígenas no processo de pesquisa e conservação.
Dessa forma, pretendem trabalhar com especialistas locais para entender melhor o comportamento animal e a sua cultura, bem como garantir que as comunidades sejam beneficiadas pelas descobertas da pesquisa.
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