Lixo eletrônico: Sabe qual é o problema?

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Primeiramente, com o avanço tecnológico, a vida cotidiana é modificada constantemente pela presença e evolução tecnológica de equipamentos eletrônicos. Assim, a cada ano, novos produtos lançados no mercado e rapidamente adotados pela população. Porém, junto com o aumento da tecnologia, também surge um problema: o lixo eletrônico. Neste texto, vamos explorar os problemas relacionados ao lixo eletrônico e como eles afetam o meio ambiente e a sociedade.

Assim, o lixo eletrônico, também conhecido como e-lixo, é composto por equipamentos eletrônicos descartados, tais como telefones celulares, computadores, tablets, televisores e outros dispositivos. Dessa maneira, esses equipamentos possuem em sua composição substâncias altamente tóxicas, como chumbo, mercúrio e cádmio, que podem causar graves impactos ao meio ambiente e à saúde humana.

Nesse sentido, o descarte inadequado desses equipamentos pode levar à contaminação do solo, água e ar, o que pode afetar a saúde de pessoas, animais e plantas. Além disso, muitos equipamentos contêm materiais valiosos, como metais preciosos, que podem ser recuperados e reutilizados em novos produtos.

Classificação do lixo eletrônico

Podemos dividir esse tipo de resíduo em quatro categorias:

  • Linha verde: pilhas, baterias, celulares, tablets, fones de ouvido, carregadores, computadores, câmera digital e notebooks.
  • Linha marrom: televisores com tubo, dispositivos DVDs e acessórios de áudio.
  • Linha branca: máquinas de lavar roupa e louça, geladeiras, fogão, ar-condicionado e micro-ondas.
  • Linha azul: aparelhos de utilidades domésticas, como secadores de cabelo, cafeteiras, ferro de passar roupa, liquidificadores e aspiradores de pó.
lixo eletrônico
E-lixo: pilhas e baterias podem ser mais tóxicas. Por isso, é importante manter esses materiais separados e muito bem guardados antes do descarte correto (Fonte).

Descarte incorreto do lixo eletrônico

Um dos principais problemas do lixo eletrônico é a quantidade produzida. De acordo com a ONU, a quantidade de lixo eletrônico gerada no mundo aumentou em 21% nos últimos cinco anos e deverá chegar a 74 milhões de toneladas até 2030. Assim, infelizmente, grande parte desse lixo – descartada de forma inadequada – em aterros sanitários ou incineradores, sem a devida separação e tratamento.

Relatório aponta que apenas 2% do lixo eletrônico brasileiro é reciclado (Fonte).

Assim, outro problema é a falta de legislação adequada para o gerenciamento do lixo eletrônico em muitos países, o que leva à ausência de incentivos para a reciclagem e reutilização desses equipamentos. No Brasil, por exemplo, a legislação sobre o descarte de lixo eletrônico ainda é recente e precisa ser ampliada.

Do mesmo modo a obsolescência programada, prática adotada por algumas empresas para limitar a vida útil dos equipamentos eletrônicos e incentivar a compra de novos produtos. Essa prática não só contribui para o aumento da produção de lixo eletrônico, como também afeta a economia e a sociedade como um todo, já que muitas vezes os consumidores – forçados a comprar produtos que não precisam – geram grande impacto financeiro.

Riscos Ambientais

lixo eletrônico e a poluição
Descarte incorreto provoca liberação de componentes tóxicos no meio ambiente.

O lixo eletrônico pode ser tóxico, não é biodegradável e se acumula no meio ambiente, no solo, no ar, na água e nos seres vivos. Por exemplo, a queima ao ar livre e os banhos de ácido usados para recuperar materiais valiosos de componentes eletrônicos liberam materiais tóxicos que se infiltram no meio ambiente.

Dessa maneira, essas práticas também podem expor os trabalhadores a altos níveis de contaminantes, como chumbo, mercúrio, berílio, tálio, cádmio e arsênico, e também retardadores de chama bromados (BFRs) e bifenilos policlorados, que podem levar a efeitos irreversíveis à saúde, incluindo câncer, abortos espontâneos, danos neurológicos.

Efeitos para as Mudanças Climáticas

É importante, também, considerar os efeitos que os produtos eletrônicos têm sobre as mudanças climáticas. Cada dispositivo já produzido tem uma pegada de carbono e está contribuindo para o aquecimento global causado pelo homem. Fabricar uma tonelada de laptops leva a emissão de 10 toneladas de CO2. Sendo considerado o dióxido de carbono liberado durante a vida útil de um dispositivo. Porém, ele ocorre predominantemente durante a produção, antes que os consumidores comprem um produto. Isso faz com que os processos e insumos de baixo carbono na fase de fabricação (como o uso de matérias-primas recicladas) e a vida útil do produto sejam os principais determinantes do impacto ambiental geral.

Aumento do consumo

O lixo eletrônico continua crescendo e crescendo: hoje as pessoas estão comprando cada vez mais aparelhos eletrônicos e os aparelhos eletrônicos estão sendo descartados mais rapidamente. Por exemplo, os celulares costumam ter uma vida útil de 18 a 24 meses.

Como notíciado pela IAB: “Em 2021, as vendas de aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e componentes dispararam. No primeiro semestre, a quantidade de compras “eletrônicas” pela internet no mundo cresceu 34%. Os brasileiros estão à frente da tendência. Eles aumentaram seus gastos com eletrônicos em 455% e o número de pedidos em 319%.

Mais da metade dos equipamentos eletrônicos é substituída devido à obsolescência programada (Fonte).

Falta de Reuso e Reciclagem

As taxas de reciclagem globalmente são baixas. A União Europeia lidera o mundo na reciclagem de lixo eletrônico, apenas 35% do lixo eletrônico oficialmente relatado como devidamente coletado e reciclado.

Globalmente, a média é de 20%; os 80% restantes não são documentados, com muitos terminando enterrados sob o solo por séculos como aterros sanitários. O lixo eletrônico não é biodegradável. A falta de reciclagem pesa muito na indústria eletrônica global e, à medida que os dispositivos se tornam mais numerosos, menores e mais complexos, o problema aumenta.

Atualmente, reciclar alguns tipos de lixo eletrônico e recuperar materiais e metais é um processo caro. A massa restante de lixo eletrônico – principalmente plásticos misturados com metais e produtos químicos – representa um problema de solução de complexas.

Apesar disso, a reciclagem de lixo eletrônico ainda – pouco difundida na sociedade – muitas pessoas ainda não têm consciência da importância da separação e descarte correto desses equipamentos.

A exportação ilegal de lixo eletrônico

Enviam-se toneladas de lixo para o exterior, sendo que, muitos desses deixados no ferro-velho para poluir o meio ambiente ou queimado como sucata por crianças. Dessa forma, os mercados informais de reciclagem na China, Índia, Paquistão, Vietnã e Filipinas lidam com algo entre 50% e 80% do lixo eletrônico do mundo. Em Guiyu, na China, um dos maiores aterros de lixo eletrônico do mundo. Assim, quando os dispositivos eletrônicos descartados nesses países em desenvolvimento, o impacto é prejudicial ao meio ambiente do país e à saúde das pessoas.

O Brasil também é vítma da importação clandestina.

Logística Reversa e Economia Circular

É necessária uma nova visão para a produção e consumo de bens eletrônicos e elétricos. É fácil enquadrar o lixo eletrônico como um problema pós-consumo, mas a questão abrange o ciclo de vida dos dispositivos que todos usam. Dessa maneira, designers, fabricantes, investidores, comerciantes, mineradores, produtores de matérias-primas, consumidores, formuladores de políticas e outros têm um papel crucial a desempenhar na redução do desperdício, retendo o valor dentro do sistema, estendendo a vida econômica e física de um item, bem como sua capacidade de ser reparado, reciclado e reutilizado.

lixo eletrônico
Segundo dados da ONU, 99% dos produtos comprados são descartados após 6 meses, gerando assim mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos a cada ano.

Mudanças na tecnologia, como computação em nuvem e internet das coisas (IoT), podem ter o potencial de “desmaterializar” a indústria eletrônica. A ascensão de modelos de negócios de serviços e melhor rastreamento e recuperação de produtos podem levar a cadeias de valor circulares globais.

Eficiência de materiais, infraestrutura de reciclagem e aumento do volume e da qualidade dos materiais reciclados para atender às necessidades das cadeias de suprimentos de eletrônicos serão essenciais. Se o setor apoiar-se à combinação certa de políticas e administrado da maneira certa, também poderá levar à criação de milhões de empregos decentes em todo o mundo.

E a solução para o lixo eletrônico?

Para solucionar o problema do lixo eletrônico, é necessário um esforço conjunto de governos, empresas e sociedade civil. O primeiro passo é implementar leis e políticas que incentivem a reciclagem e reutilização de equipamentos eletrônicos, bem como a adoção de práticas sustentáveis na produção desses produtos.

As empresas também têm um papel importante a desempenhar no gerenciamento do lixo eletrônico, adotando práticas de produção sustentáveis e investindo em tecnologias de reciclagem e reutilização de materiais. Além disso, é fundamental que as empresas incentivem a conscientização dos consumidores sobre a importância da separação e descarte correto de equipamentos eletrônicos. Nesse sentido para reduzir a quantidade de lixo eletrônico a adoção de práticas de consumo consciente é uma ferramenta importante. Isso inclui a escolha de equipamentos mais duráveis e com menor impacto ambiental, a manutenção adequada e a doação ou reciclagem dos equipamentos antigos.

Já a sociedade civil pode contribuir de diversas maneiras para o gerenciamento adequado do lixo eletrônico. É possível começar adotando práticas simples, como a doação de equipamentos eletrônicos usados para organizações sem fins lucrativos ou para programas de reciclagem. Também é importante que as pessoas se informem sobre a legislação do seu país em relação ao lixo eletrônico e cobrem dos governos e empresas a adoção de práticas mais sustentáveis.

Por fim, é preciso que todos trabalhem juntos para reduzir a produção de lixo eletrônico, promover a reciclagem e reutilização de materiais e adotar práticas sustentáveis na produção de equipamentos eletrônicos. Só assim será possível garantir um futuro mais sustentável para o planeta e para as próximas gerações.

Referências:

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