Microclima: o processo de urbanização alterou a relação entre a sociedade e o ambiente natural. Como resultado direto dessa transformação, observa-se uma modificação nas características das superfícies urbanas. Contudo, a ausência de vegetação, por sua vez, influencia no aumento da temperatura do ar, devido ao aquecimento das superfícies, como pisos, fachadas e coberturas, ao longo do dia, e na redução de superfícies evaporativas que realizam trocas térmicas úmidas.
Além disso, outros fatores também contribuem para esse efeito, tais como mudanças na geometria do tecido urbano, o uso de materiais que armazenam grande parte do calor sensível devido às suas propriedades térmicas e a emissão de calor antropogênico gerado pela queima de combustíveis fósseis.
No microclima, a vegetação exerce seu efeito por meio de dois mecanismos: evapotranspiração e sombreamento. No entanto, o efeito da vegetação no microclima depende das características do ambiente urbano em que está inserida, incluindo não apenas as características das árvores, como densidade foliar e saúde da planta, mas também as condições locais, como a disponibilidade de água, e a forma urbana do entorno.
E por isso o título!
No microclima, o chão é lava! Mas, como isso acontece?
O concreto, o asfalto e as ilhas de calor urbanas desempenham papéis significativos no agravamento das ondas de calor nas áreas urbanas
Leva apenas uma fração de segundo para sofrer uma queimadura bastante grave. Além disso, o asfalto e o concreto expostos à luz solar direta frequentemente podem atingir temperaturas superficiais de até 82 Celsius nos dias mais quentes.
Assim, as temperaturas da superfície desempenham um papel crítico no aquecimento da área circundante e também apresentam um risco para a saúde durante eventos de calor extremo. Entretanto, durante as ondas de calor, uma quantidade substancial de energia solar é absorvida e refletida pelas superfícies expostas aos seus raios, fazendo com que suas temperaturas aumentem significativamente.
Estas superfícies quentes transferem, consequentemente, seu calor para o ar circundante, contribuindo para o aumento da temperatura geral do ar. Enquanto algumas superfícies permeáveis e húmidas, como a relva ou o solo, absorvem menos calor, outros materiais de construção, como o asfalto ou o betão, são capazes de absorver até 95% da energia solar, que é depois irradiada de volta para a atmosfera circundante.
Durante os dias em que o termômetro mostra 38°C, é importante observar que essa temperatura se refere à temperatura do ar, que os meteorologistas geralmente medem a uma altura de mais de um metro (vários pés) acima da superfície. No entanto, nesses dias quentes, as superfícies, como o asfalto ou o cimento, podem atingir temperaturas muito superiores, chegando a 65°C ou mais. Essas temperaturas extremamente elevadas representam um sério risco de causar queimaduras na pele. Portanto, é essencial estar consciente dessas temperaturas superficiais e tomar precauções adequadas para evitar lesões.
Microclima e Ilhas de Calor Urbanas
O processo de desenvolvimento urbano tem um profundo impacto na paisagem. Isso ocorre à medida que as superfícies naturais e permeáveis são substituídas por estruturas impermeáveis, como edifícios e estradas. Essa transformação resulta na formação do que os climatologistas denominam “ilhas de calor urbanas”, que são áreas dentro das cidades que experimentam temperaturas significativamente mais elevadas em comparação com as regiões rurais próximas.
Além disso, a presença de ilhas de calor urbano é uma realidade também em grandes centros urbanos no Brasil. Nessas áreas urbanas densamente povoadas, a combinação de construções impermeáveis, grande quantidade de veículos e a falta de áreas verdes contribui para o aumento das temperaturas locais. Isso é particularmente preocupante, visto que a densidade populacional é alta e muitos serviços essenciais, como escolas e hospitais, estão concentrados nessas regiões.
Contudo, a exposição da população a temperaturas extremamente elevadas em áreas urbanas brasileiras pode agravar os riscos à saúde, especialmente durante ondas de calor. Esses episódios podem causar desconforto, insolação, desidratação e afetar negativamente a qualidade de vida das pessoas. Portanto, a necessidade de abordar e mitigar os efeitos das ilhas de calor urbanas em centros urbanos brasileiros é uma questão de saúde pública e bem-estar da população, que se torna ainda mais crítica à medida que os impactos das mudanças climáticas se intensificam.
Referências:
- https://www.scielo.br/j/ac/a/YkYkMDM845SbD5YCHKFrKyy/
- https://www.reuters.com/graphics/CLIMATE-CHANGE/URBAN-HEAT/zgpormdkevd/
- https://www.epa.gov/heatislands
- https://education.nationalgeographic.org/resource/urban-heat-island/
- https://climatekids.nasa.gov/heat-islands/
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