Uma onda de calor é um período prolongado de temperaturas excepcionalmente altas e, muitas vezes, de alta umidade. Prevê-se que se tornem mais frequentes e mais graves no futuro devido às alterações climáticas. As pessoas afetadas pelas ondas de calor podem sofrer choques, ficar desidratadas e desenvolver doenças graves causadas pelo calor. As ondas de calor também podem agravar doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas.
Em todo o mundo, os dias quentes estão cada vez mais quentes e frequentes, ao mesmo tempo que temos menos dias frios. Em julho de 2023, a Terra quebrou ou empatou o recorde do dia mais quente já registrado, quatro dias consecutivos.
A onda de calor que atingiu o hemisfério Norte no primeiro semestre – literalmente queimando regiões inteiras do Canadá à Grécia – chegou ao Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), quatro capitais bateram o recorde de temperatura do ano no dia 24/09/2023: Rio de Janeiro (39,9ºC), Belo Horizonte (37,1ºC), São Paulo (36,5ºC) e Curitiba (33,1ºC). Este que voz fala mora no Rio de Janeiro e em alguns pontos da cidade a sensação térmica passou de 46ºC.
Mas qual seria o motivo de uma onda de calor?
De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, o aquecimento global já está aproximadamente 1 °C acima da média do período 1850-1900. Com o aumento da temperatura, é mais provável a ocorrência de ondas de calor, que deverão aumentar em duração, frequência e intensidade devido às alterações climáticas. Essa onda de temperaturas altas pode ter por causa o El Niño (que para o nosso desespero, ou pelo menos o meu, ainda não chegou no seu auge), mudanças climáticas e anomalias de calor no Atlântico Sul.
As ondas de calor podem ter múltiplas implicações, sociais, econômicas e ecológicas. Uma das principais consequências do calor extremo é na saúde das pessoas, causando doenças relacionadas ao calor ou até mesmo a morte. Numerosos estudos demonstraram maiores riscos de mortalidade e morbidade para ondas de calor mais intensas e mais longas.
Os impactos das ondas de calor dependem das características regionais. Algumas populações podem estar mais bem adaptadas às ondas de calor, enquanto outras podem observar alterações no risco de mortalidade mesmo com pequenas variações de temperatura. Por esta razão, é fundamental estudar as ondas de calor localmente, a fim de avaliar os seus impactos específicos numa região, permitindo a definição de estratégias locais de mitigação e adaptação.
As ondas de calor são mais perigosas quando combinadas com alta umidade. A combinação de temperatura e umidade é medida pelo índice de calor. Um estudo recente projeta que o número anual de dias com um índice de calor acima dos 38ºC irá duplicar, e os dias com um índice de calor acima dos 40ºC irão triplicar, a nível nacional, quando comparado com o final do século XX.
Uma onda de calor, também afeta o ambiente
O calor extremo pode aumentar o risco de outros tipos de desastres. Assim, o calor pode agravar a seca e as condições quentes e secas podem, por sua vez, criar condições de incêndio florestal. Edifícios, estradas e infraestruturas absorvem calor, levando a temperaturas que podem ser 1 a 7ºC mais quentes nas áreas urbanas do que nas áreas periféricas – um fenômeno conhecido como efeito de ilha de calor urbano.
Dessa maneira, este impacto é mais intenso durante o dia, mas a lenta libertação de calor da infraestrutura (ou de uma ilha de calor atmosférico) durante a noite pode manter as cidades muito mais quentes do que as áreas circundantes. Assim, o aumento das temperaturas em todo o país representa uma ameaça para as pessoas, os ecossistemas e a economia.
Efeitos na Saúde humana
O calor extremo é uma das principais causas de mortes relacionadas com o clima nos países como Estados Unidos e Europeus. Mas devemos ficar atentos nos países tropicais, apesar de já sermos acostumados ao calor.
O estresse térmico ocorre em humanos quando o corpo não consegue se resfriar de maneira eficaz. Normalmente, o corpo pode resfriar-se através da transpiração, mas quando a umidade é alta, o suor não evapora tão rapidamente, podendo causar insolação. A alta umidade e as temperaturas noturnas elevadas são provavelmente ingredientes chave para causar doenças e mortalidade relacionadas ao calor. Quando não há descanso do calor durante a noite, pode causar desconforto e levar a problemas de saúde, especialmente para aqueles que não têm acesso a refrigeração, que muitas vezes são pessoas que têm baixos rendimentos. Outros grupos particularmente vulneráveis ao stress térmico incluem os idosos, os bebés e as crianças, as pessoas com problemas de saúde crónicos e os trabalhadores ao ar livre.
Os dias quentes também estão associados ao aumento de doenças relacionadas ao calor, incluindo complicações cardiovasculares e respiratórias e doenças renais.
Em temperaturas extremas, a qualidade do ar também é afetada. Os dias quentes e ensolarados podem aumentar a produção de ozônio troposférico, um poluente nocivo que é o principal componente da poluição atmosférica, que pode danificar o sistema respiratório e é particularmente prejudicial para quem tem asma. Além disso, uma maior utilização do ar condicionado requer mais eletricidade que, dependendo da fonte de eletricidade, emite outros tipos de poluição, incluindo partículas que também têm impacto na qualidade do ar. Estes aumentos no ozono e nas partículas podem representar sérios riscos para as pessoas, especialmente para os mesmos grupos vulneráveis directamente afetados pelo calor acima mencionados.
Onda de calor: Como se previnir?
O Ministério da saúde destaca os quais principais efeitos de uma onda de calor na saúde e formas de preveni-los:
Desidratação: ocorre quando o corpo perde mais líquidos do que recebe. É essencial beber água regularmente, mesmo antes de sentir sede, para prevenir a desidratação.
Exaustão ou fadiga pelo calor: A exposição prolongada ao calor pode levar à exaustão, caracterizada por mal-estar, fraqueza, náuseas, síncope (desmaio), taquicardia e hipotensão. Pode haver aumento da temperatura corporal (> 40°C) e alteração do estado mental. Isso pode levar a insuficiência de órgãos, incluindo pulmões, coração e fígado. Evitar a exposição prolongada ao calor e buscar sombra ou locais mais frescos é fundamental para prevenir essas complicações.
Grupos vulneráveis: Crianças e idosos são mais suscetíveis aos efeitos adversos do calor. Eles têm maior probabilidade de desenvolver complicações com maior rapidez e gravidade. Portanto, é crucial garantir que esses grupos recebam hidratação adicional e permaneçam em ambientes bem ventilados ou refrigerados.
Alimentação adequada: Evitar alimentos gordurosos e de difícil digestão ajuda a minimizar o desconforto durante o calor. Optar por alimentos leves, ricos em água e sais minerais, como vegetais e frutas, é aconselhável.
Atividade Física: Realizar atividades físicas nas horas mais frescas do dia, como no início da manhã ou no final da tarde e noite, é mais seguro. Lembre-se sempre da necessidade de hidratação e considere reduzir a intensidade e a duração dos exercícios em dias de calor intenso.
Efeitos na Agricultura!
As altas temperaturas podem ser prejudiciais à agricultura. O crescimento das plantas é afetado negativamente pelas altas temperaturas diurnas e algumas culturas requerem temperaturas noturnas frescas. Dessa maneira, as ondas de calor também aumentam as chances de o gado sofrer estresse térmico, especialmente quando as temperaturas noturnas permanecem altas e os animais não conseguem se refrescar.
Assim, o gado estressado pelo calor pode sofrer declínios na produção de leite, crescimento mais lento e taxas de concepção reduzidas. Além disso, uma onda de calor pode agravar as secas e os incêndios florestais, o que pode levar a impactos negativos no setor agrícola.
E a onda de calor não para por ai…
Os episódios de onda de calor já estão sobrecarregando as redes elétricas em todo o mundo e, o aumento na demanda por ar condicionado pode levar os sistemas atuais ao limite. Em alguns estados dos Estados Unidos, o uso do ar condicionado já corresponde a mais de 70% do pico da demanda residencial de eletricidade em dias de calor extremo, impactando na rede elétrica. Será que o Brasil tem uma rede para suportar? Teremos apagões? A resposta não é simples, mas houve apagões e falta de energia resgitrado em São Paulo. Posso afirmar, que as quedas de energia, aqui no Rio de Janeiro são corriqueiras no “verão” (lembrando que acabamos de entrar na primavera, sim, semana pasada -antes de 22/09/2023- ainda era inverno).
Referências:
- https://www.who.int/news-room/questions-and-answers/item/heatwaves-how-to-stay-cool
- https://www.c2es.org/content/heat-waves-and-climate-change/
- https://www.who.int/india/heat-waves
- https://www.epa.gov/climate-indicators/climate-change-indicators-heat-waves
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