Todo mundo tinha uma avó, a avó de um conhecido ou algum amigo ou amiga que “receitou” um chazinho quando estava doente ou com mal estar. E, incrivelmente, após tomar o chá, o desconforto melhorou! Isso porque os chás, infusões, xaropes, compressas e outros tipos de preparação usam como base as plantas medicinais. Elas possuem tal denominação por se tratarem de remédios que recebem extratos diretos da planta, e não após o processamento industrial.
No mundo, existem milhares de espécies catalogadas como medicinais e muitas delas possuem comprovação científica de sua eficácia. No Brasil, elas já fazem parte de um saber popular, uma herança geracional. Inclusive, os povos originários usam algumas há séculos e, portanto, fazem parte de um saber tradicional. Pode-se dizer, então, que as plantas medicinais são parte da cultura brasileira!
Contudo, antes de sair se automedicando, é importante conhecer as propriedades das plantas medicinais, pois algumas possuem efeitos colaterais indesejados ou mesmo contraindicações.
As Plantas Medicinais
Como muitos dos usos de plantas medicinais apenas passaram de uma geração à outra, não existe uma fórmula precisa de como usá-las – pelo menos não no saber popular. O que se aprende é que determinada planta auxilia para tal queixa e não pra outras e que partes dela devem ser usadas e de que forma. Dificilmente há como manter um padrão a respeito da dosagem usada, por exemplo. Para muitas preparações, isso não chega a ser uma questão. Mas, quando se trata de pessoas idosas, crianças e gestantes, o uso indiscriminado pode levar à intoxicação. Algumas preparações, inclusive, chegam a ser abortivas.
Além disso, o uso associado de mais de uma planta com propriedade medicinal ou em consonância com medicamentos industrializados pode levar a interações indesejadas. Outro problema associado ao assunto e muito comum é a identificação da planta feita de forma errada, podendo levar à intoxicação ou à ausência de efeitos.
Mas eu não vim aqui pra pesar o clima nem pra demonizar as plantas medicinais! Muito pelo contrário! Além do fato de serem parte da cultura do nosso povo, O próprio Sistema Único de Saúde (SUS) estimula o seu uso, por serem uma alternativa barata e muito disponível de tratamento. E foi a partir de pesquisas com plantas medicinais que desenvolveram os medicamentos fitoterápicos. Hoje, no Brasil, o SUS disponibiliza gratuitamente à população doze medicamentos deste tipo. Vamos conhecê-los melhor a seguir?
Medicamentos Fitoterápicos
Assim como as plantas medicinais “in natura”, os medicamentos fitoterápicos têm sua ação a partir da interação de compostos químicos com o organismo. Porém, os fitoterápicos consistem em produtos industrializados que têm como matéria prima uma ou mais plantas medicinais. Por conta da industrialização, eles passam por testes laboratoriais que comprovam sua segurança e sua eficácia e, para chegarem ao comércio, devem possuir liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Portanto, seu uso pode ser feito de forma muito mais controlada. São, inclusive, prescritos por médicos.
Por conta de seu reconhecimento como medicamentos com eficácia semelhante à dos sintéticos, o SUS incluiu doze medicamentos fitoterápicos em sua Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). São eles:
O reconhecimento de plantas medicinais como portadoras de princípios ativos com capacidades terapêuticas, com comprovações científicas e licenças emitidas por órgãos reguladores como a ANVISA só demonstram o quanto o saber popular e a cultura do nosso país devem ser valorizados. Se você se interessou pelo tema ou gostaria de expandir seus conhecimentos a respeito de plantas que habitam o imaginário do brasileiro, convido-o a ler também este texto.
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