
O eletrocardiograma (ECG) auxilia diretamente nas informações a respeito dos aspectos cardiológicos do paciente. Porém, o exame precisa de uma boa avaliação e interpretação para realmente funcionar, sobretudo devido sua complexidade de informações. Dentre os detalhes do exame, existem a possibilidade de se identificar os bloqueios atrioventriculares no ECG.
Portanto, vamos entender um pouco sobre esses bloqueios para não se confundir na leitura de exame!
Bloqueios Atrioventriculares no ECG
Primeiramente, devemos ter em mente que uma das possíveis informações obtidas é a presença de bloqueios atrioventriculares (BAV). Portanto, nosso precisamos identificar as possíveis alterações que podem justificar a bradicardia e bradiarritmias graves. Desse modo, é possível contornar essas complicações fatais.
Os BAVs são bloqueios a nível do nodo atrioventricular (AV), eventualmente retardam a condução e atrasam a estimulação ventricular. Assim sendo, são classificados em:
- bloqueios de 1º grau
- 2º grau 2:1
- Mobitz I 2º grau
- Mobitz II 2º grau
- bloqueios de 3º grau
Destaca-se que os 2 últimos são malignos e, na maioria das vezes, dependerão de um marcador de passagem. Na contramão, os primeiros dependem de medicamentos, como a atropina.
A partir do eletrocardiograma, esses bloqueios podem ser reconhecidos pelo intervalo PR aumentado, maior que 200 ms (ou em uma linguagem mais fácil: 5 quadradinhos). Esse intervalo PR indica a despolarização do átrio e o atraso fisiológico da condução do estímulo ao passar pelo nodo AV. Desse modo, acaba formando um atraso na condução, causando o aumento do intervalo PR.
Tipos de Bloqueios Atrioventriculares no ECG
Bloqueios Atrioventriculares de 1º Grau
Para o bloqueios de 1º Graus, os estímulos chegam devagar aos ventrículos, conforme o intervalo PR > 200 ms. Nisso, há uma onda P, conforme todos os complexos QRS e onda T.

2º Grau 2:1
Para esse tipo de bloqueio, alguns estímulos dos átrios não chegarão aos ventrículos, provocando o intervalo PR>200 ms e algumas ondas P bloqueadas. O 2:1 indica à presença de 2 ondas Ps a cada 1 complexo QRS.

2º Grau Mobitz I
Parecido com o 2º grau 2:1, sua diferença está no fato de que todos os estímulos atriais não chegarem aos ventrículos. Todavia, ocorre o alargamento progressivo do intervalo PR e, após, uma supressão do complexo QRS (fenômeno de Wenckebach). Sendo assim, aparece um indicativo de que o bloqueio vai acontecer, mas tendo o complexo QRS no próximo ciclo.

2º Grau Mobitz II
Para o 2º Grau Mobitz II, o intervalo PR aumenta de forma fixa, sendo que todos os ciclos apresentam o mesmo tamanho, associado à supressão de um complexo QRS (bloqueio). O complexo QRS poderá estar mais afastado (> 120 ms).

Bloqueios Atrioventriculares de 3º Grau, Avançado ou de Alto Grau
Para o 3º Grau, existem diferentes conduções atriais que não estimulam os ventrículos. Tendo isso em vista, observa-se mais de 2 ondas Ps bloqueadas sequencialmente, havendo ausência de complexos QRS. Portanto, ocorre uma dissociação entre os complexos QRS e onda P, conhecido como dissociação atrioventricular (um bloqueio de alto grau, que demanda uma rápida intervenção, podendo matar o paciente).

Após esse resumo simples e rápido, podemos destacar alguns aspectos de reconhecimento dos bloqueios! Mas não se esqueça: ao estudar o ECG, deverá sempre prestar atenção no conteúdo, pois qualquer erro na leitura, poderá atrapalhar o diagnóstico.