RAD – Um dos principais desafios ecológicos da Terra é a degradação dos habitats terrestres. Essa degradação, muitas vezes, causada pelo desmatamento e desertificação resultantes do manejo insustentável dos recursos naturais.
Primeiramente, a restauração da terra busca reverter essa tendência e reparar os ecossistemas para melhorar a saúde. Dessa maneira, os povos indígenas e as comunidades locais têm um papel fundamental na realização da restauração sustentável da terra a longo prazo. Assim, as comunidades locais e indígenas geralmente têm conhecimento íntimo dos ecossistemas locais e interesse em preservar os serviços ecossistêmicos.
O que é degradação ?
Além disso, a degradação da terra é um processo ambiental em que a qualidade química, física e biológica da terra e do solo piora progressivamente. Do mesmo modo, essa perda causada por erosão, desmatamento, salinização, compactação do solo e perda de conteúdo orgânico do solo, dentre outros(Cowie et al., 2018; Keesstra et al., 2018).
Igualmente, a degradação geralmente resulta da gestão insustentável dos recursos naturais e muitas vezes impulsionada pela superexploração agrícola (Barbier e Hochard, 2018). Esses impactos podem ser ainda mais exacerbados pelas mudanças climáticas, incluindo seca e desertificação (Han et al., 2021).
Portanto, a degradação da terra reduz a biodiversidade, a integridade do ecossistema e a produtividade e pode liberar carbono do solo na atmosfera, o que contribui para a mudança climática.
Em síntese, a degradação da terra é um dos nossos desafios ecológicos mais prementes, com mais de 75% da terra em todo o mundo atualmente impactada. Essas perdas afetam cerca de 3,2 bilhões de pessoas que dependem de terras degradadas para alimentação, água e outros serviços ecossistêmicos essenciais. Juntamente com as mudanças climáticas, a degradação da terra está minando o sustento das comunidades locais, deslocando populações de terras tradicionais e causando uma perda rápida e generalizada de biodiversidade (Hermans e McLeman, 2021).
Recuperação de Área Degradada – RAD
Primeiramente, o RAD visa iniciar e acelerar a recuperação da terra. As estratégias d RAD variam de acordo com o ecossistema afetado e a causa da degradação. O reflorestamento em locais naturais ou de plantação pode restaurar os ecossistemas florestais (Gastauer et al., 2020). A nova semeadura pode fornecer cobertura vegetal e prevenir a erosão e a desertificação das pastagens. O cultivo de conservação, nutrientes e reposição orgânica podem restaurar solos pobres. Enquanto a restauração de áreas úmidas visa recuperar a hidrologia natural de rios e lagoas.
Apesar desses esforços, a restauração dos ecossistemas é difícil. Estratégias de restauração eficazes são específicas para um local, e os sucessos em uma região ou ecossistema podem não ser transferidos para outro local. A restauração requer esforços comprometidos e coordenados ao longo de muitos anos e, dependendo dos objetivos, a restauração bem-sucedida requer décadas a séculos com gerenciamento contínuo frequentemente necessário. Por exemplo, a restauração de carbono orgânico nas camadas do solo pode levar muitos anos a mais para se recuperar do que a biomassa de pastagens acima do solo.
Terras restauradas e reabilitadas podem fornecer agricultura sustentável e agropecuária, alimentos, remédios e turismo podem trazer benefícios de longo prazo para as comunidades locais. No entanto, para alcançar a restauração, os ecossistemas precisão ser geridos de forma sustentável e não superexplorados.
Esse uso sustentável pode contrariar as expectativas, e a comunicação local deve ser investida para reconhecer a legitimidade dos esforços de restauração para garantir essas soluções sustentáveis de longo prazo. Esse reconhecimento dos sistemas de valores das comunidades locais requer o fortalecimento da governança colaborativa por meio de colaborações institucionais e participação cidadã.
Como é feito um RAD?
As pesquisas sobre recuperação de áreas degradadas geralmente voltadas para a recuperação da funcionalidade ambiental com base na seleção e na introdução de leguminosas arbóreas e arbustivas capazes de crescer sob condições adversas. O êxito dessa tecnologia está na associação entre planta, rizóbios e fungos micorrízicos. Essa relação permite um rápido crescimento das espécies, independentemente da disponibilidade de nitrogênio no solo, aumentando a quantidade de matéria orgânica disponível e a atividade biológica do solo, por meio do aporte de material vegetal via serrapilheira.
A tecnologia utilizada para a contenção de encostas em áreas urbanas, diminuindo o risco de deslizamentos de terra durante os períodos chuvosos do ano. Também usada para a recuperação de áreas degradadas por mineração ou erosão severa do solo.
Atualmente existem mais de cem espécies de leguminosas arbóreas e arbustivas recomendadas para plantio nos biomas Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Caatinga (EMBRAPA, 2022). Para cada uma delas foram identificadas e selecionadas tipos rizóbio visando à inoculação em viveiro, junto com a aplicação de uma mistura de fungos.
Plano de Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas (PRAD)
Concebido inicialmente para atividades de mineração e previsto em lei, o PRAD – Plano de Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas é um instrumento que consiste em um estudo com programas e ações voltados para minimizar o impacto ambiental provocado por algum empreendimento e/ou atividade produtiva.
Esse plano de recuperação de áreas degradadas costuma ser solicitado por órgãos ambientais durante o processo de licenciamento de atividades degradadoras ou passíveis de causarem modificações no meio ambiente.
O estudo detalhado deve conter informações, diagnósticos e levantamentos completos a fim de que seja possível avaliar a degradação ocorrida na área em questão; implementar ações de controle e recuperação ambiental. Além de verificar que medidas serão mais adequadas para sua recuperação e criar atrativos para a fauna local nas áreas recuperadas, por exemplo. Tudo isso com um monitoramento dessas regiões e com uma avaliação constante para avaliar a efetividade das ações executadas.
Técnicas para Recuperação de Áreas Degradadas – RAD
Há diversas técnicas para recuperação de áreas degradadas (RAD) que variam de acordo com os problemas do local, como a presença de substâncias químicas ou resíduos, instabilidade no solo, processos de desertificação, entre outros.
- Plantio de mudas: técnica bastante efetiva, o plantio de mudas costuma apresentar alto índice de crescimento e restabelecimento da flora após cerca de dois anos;
- Plantio por sementes: a técnica é baseada na disposição direta de sementes no solo. Por isso, ele deve ter as condições ideais para que a germinação aconteça;
- Condição da regeneração natural: procedimento de baixo custo baseado em ações mais simples como o cercamento da região, contenção de plantas invasoras e uso de sementes para colonização do local, por exemplo;
- Recuperação com espécies pioneiras: ideal para aplicação em áreas vizinhas ou bem próximas a algum fragmento florestal. Já que nessas áreas são suficientes os ajustes naturais para promoção do enriquecimento natural, o que reduz os investimentos em plantio de enriquecimento complementares.
A restauração da terra é um método fundamental para reverter a degradação dos habitats terrestres e restaurar a saúde do ecossistema; no entanto, a restauração é um processo demorado e desafiador. A restauração requer um envolvimento próximo com as comunidades locais e indígenas que compartilham o interesse em conservar e restaurar terras.
As comunidades locais abrigam conhecimento tradicional e valores culturais que podem informar a gestão da terra, monitorar o progresso da restauração e melhorar a recuperação e maior biodiversidade. No entanto, para obter esse sucesso, é necessário um alinhamento estreito entre cientistas, governos e comunidades locais para garantir que os incentivos e benefícios sejam compartilhados.
Referências:
- https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fcosc.2022.873659/full
- Barbier e Hochard, 2018
- Cowie et al., 2018
- EMBRAPA
- Gastauer et al., 2020
- GreenView
- Han et al., 2021
- Hermans e McLeman, 2021
- Keesstra et al., 2018