O polvo se destaca pela sua inteligência, aspecto este que chama a atenção dos cientistas. Nesse sentido, um grupo de pesquisadores descobriu uma nova semelhança entre o cérebro do polvo e humano.
Trata-se da alta prevalência de microRNAs (ou miRNA) no tecido cerebral, o que é incomum entre os invertebrados. Ou seja o polvo é o único animal marinho com essa característica. O estudo foi publicado na renomada revista Science, onde você pode conferir clicando aqui.
Além dessa semelhança com os humanos, os cérebros dos polvos também contêm um grande número de transposons, ou “genes saltadores”, que podem ser encontrados em qualquer parte do DNA.
Para chegar neste resultado, a instalação de pesquisa marítima italiana Stazione Zoologica Anton Dohrn analisou 18 amostras de cefalópodes mortos. Posteriormente, o RNA dos animais foi sequenciado, fornecendo os dados para investigar os RNAs mensageiros e microRNAs envolvidos em seus processos genéticos.
O termo cefalópode, que quer dizer “cabeça” ou “cérebro” nos pés, se dá pela maneira que uma quantidade substancial de seus 500 milhões de neurônios estão dispersos por seus tentáculos. Isto torna o seu sistema neurológico bastante incomum.
Anteriormente, já havia sido descoberto algumas evidências de que os polvos podem sonhar, o que é praticamente inexistente entre os invertebrados.
Mesmo depois de separados do corpo, cada tentáculo tem a capacidade de operar de forma autônoma e responder a estímulos. O fato de que eles podem modificar seu RNA à vontade para se adaptar ao ambiente ainda intriga os cientistas atualmente. Diferente dos outros animais, os cefalópodes contornam o DNA, onde esse processo normalmente começa.
Relação entre RNA e intelecto dos Polvos
De acordo com os estudos, os polvos contêm um número inesperadamente alto de microRNA, ou miRNA. O polvo-comum tem 164 desses genes organizados em 138 famílias de RNA, enquanto o polvo-da-Califórnia apresenta 162 das mesmas 138 famílias. 42 deles, predominantemente no cérebro e no tecido neural, eram de famílias novas.
Por sua vez, as moléculas de miRNA funcionam na expressão gênica ligando-se a moléculas de RNA maiores para ajudar a regular as proteínas produzidas, uma vez que são moléculas não codificantes. Ou seja, elas não se convertem em proteínas.
Embora não o entendamos completamente, a abundância dessas moléculas nos polvos mostra que elas desempenham um papel significativo na biologia dos cefalópodes. As ostras, que também são moluscos, obtiveram apenas 5 novas famílias de seu ancestral comum com os polvos, enquanto os polvos adquiriram 90. tornando esse crescimento de famílias de miRNA o terceiro maior em todo o reino animal.
Embora ocorram em várias escalas, tais expansões só foram vistas em vertebrados. Cerca de 2.600 miRNAs maduros são encontrados no genoma humano; os polvos têm números comparáveis aos das galinhas e das rãs. Isso mostra que esse aumento de miRNA pode estar ligado ao intelecto apurado desses animais.
A importância do microRNA em cefalópodes deve continuar sendo estudada pelos cientistas, uma vez que pode estar associada a atividades neurais especializadas e necessárias para o crescimento de cérebros destes animais.
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