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Aluno
faca um breve resumo Chamamos ‘lixo’ a uma grande diversid...
faca um breve resumo
Chamamos ‘lixo’ a uma grande
diversidade de resíduos sólidos
de diferentes procedências,
dentre eles o resíduo sólido urbano
gerado em nossas residências. A taxa
de geração de resíduos sólidos urba-
nos está relacionada aos hábitos de
consumo de cada cultura, onde se nota
uma correlação estreita entre a
produção de lixo e o poder econômico
de uma dada população. O lixo faz
parte da história do homem, já que a
sua produção é inevitável. Para Teixeira
e Bidone (1999), o lixo é definido de
acordo com a conveniência e pre-
ferência de cada um. O IPT/CEMPRE
(1995), define-o como restos das
atividades humanas, consideradas
pelos geradores como inúteis, indese-
jáveis ou descartáveis. Normalmente
apresentam-se em estado sólido,
semi-sólido ou semilíquido (com
quantidade de líquido insuficiente para
que possa fluir livremente). São tam-
bém classificados como resíduos sóli-
dos vários resíduos industriais,
resíduos nucleares e lodo de esgoto
desidratado, conforme aponta Mata-
Alvarez et al. (2000).
O lixo sempre acompanhou a
história do homem. Na Idade Média
acumulava-se pelas ruas e imediações
das cidades, provocando sérias epide-
mias e causando a morte de milhões
de pessoas (Branco, 1983). A partir da
Revolução Industrial iniciou-se o pro-
cesso de urbanização, provocando um
êxodo do homem do campo para as
cidades. Observou-se assim um verti-
ginoso crescimento populacional, favo-
recido também pelo avanço da medi-
cina e conseqüente aumento da expec-
tativa de vida. A partir de então, os
impactos ambientais passaram a ter
um grau de magnitude alto, devido aos
mais diversos tipos de poluição, dentre
eles a poluição gerada pelo lixo. O fato
é que o lixo passou a ser encarado co-
mo um problema, o qual deveria ser
combatido e escondido da população.
A solução para o lixo naquele momento
não foi encarada como algo complexo,
pois bastava simples-
mente afastá-lo, des-
cartando-o em áreas
mais distantes dos
centros urbanos, de-
nominados ‘lixões’.
Nos dias atuais,
com a maioria das
pessoas vivendo nas
cidades e com o avanço mundial da
indústria provocando mudanças nos
hábitos de consumo da população,
vem-se gerando um lixo diferente em
quantidade e diversidade. Até mesmo
nas zonas rurais encontram-se frascos
e sacos plásticos acumulando-se
devido a formas inadequadas de elimi-
nação (IPT/CEMPRE, 1995). Para
Bidone (1999), em um passado não
muito distante a produção de resíduos
era de algumas dezenas de quilos por
habitante/ano; no entanto, hoje, países
altamente industrializados como os
Estados Unidos produzem mais de
700 kg/hab/ano. No Brasil, o valor mé-
dio verificado nas cidades mais popu-
losas é da ordem de 180 kg/hab/ano.
A produção elevada de lixo norte-
americano deve-se ao alto grau de in-
dustrialização e aos bens de consumo
descartáveis produzidos e ampla-
mente utilizados pela maioria da popu-
lação. No caso do Brasil, a geração do
lixo ainda é, em sua maioria, de pro-
cedência orgânica;
contudo, nos últimos
anos vem se incorpo-
rando o modo de con-
sumo de países ricos,
o que tem levado a
uma intensificação do
uso de produtos des-
cartáveis.
Sem dúvida, a associação do cres-
cimento populacional à intensa urba-
nização e às mudanças de consumo
estão mudando o perfil do lixo brasilei-
ro. Porém, essa ‘modernidade’ não es-
tá sendo acompanhada das medidas
necessárias para dar ao lixo gerado umUma das características da diges-
tão anaeróbia é a obtenção de um pro-
duto, o gás metano, que encerra um
conteúdo energético relativamente al-
to, que pode ser utilizado para movi-
mentar veículos, gerar eletricidade ou
propiciar aquecimento. Tal conteúdo
energético é fruto da baixa liberação
de energia observada durante a meta-
nogênese, energia conservada no pro-
duto, conforme pode ser inferido a par-
tir da comparação entre as reações 1
e 6.
A viabilidade econômica do uso do
metano como fonte de energia é ainda
questionável devido à presença no gás
de impurezas como o H2
S, que pode
ocasionar corrosão em motores de
combustão interna. Em aterros sani-
tários, os gases de compostos redu-
zidos são queimados, minimizando-se
assim o mau cheiro do H2
S e o efeito
estufa relacionado à emissão de me-
tano, que apresenta um potencial de
absorção de radiação infravermelha e
aquecimento da atmosfera muito maior
do que o observado para o CO2
. Como
efeito dessa queima ocorre também a
emissão de SO2
, o que representa um
incremento na incidência de chuvas
ácidas.
Compostagem de resíduos
O processo aeróbio pode ser em-
pregado no tratamento de resíduos só-
lidos municipais urbanos de origem
orgânica e também no tratamento de
tais resíduos dispostos conjuntamente
com lodo gerado em estações de tra-
tamento de esgotos domésticos. Tais
processos envolvem a preparação de
pilhas na forma de leiras, nas quais se
injeta ar por meio de tubos perfurados
introduzidos no resíduo, ou então por
meio do constante revolvimento do ma-
terial submetido à compostagem.
Durante o processo aeróbio da
compostagem, atua uma sucessão de
microorganismos facultativos e aeró-
bios estritos. Na fase inicial, bactérias
mesofílicas são observadas em maior
proporção e à medida que a tempe-
ratura vai aumentando, as termofílicas
começam a predominar. Fungos ter-
mofílicos aparecem depois de 5 a 10
dias e, no estágio final do processo,
conhecido como período de cura, acti-
nomicetos e fungos filamentosos co-
meçam a surgir. Como nem todo resí-
duo é rico em microorganismos, alguns
tipos de materiais, como papéis,
exigem a adição de um inóculo apro-
priado para iniciar-se o processo. Tal
inóculo pode ser resíduo de outras fon-
tes ou de lodo de esgoto.
Compostos obtidos a partir de resí-
duos de diferentes origens podem ser
misturados de modo a se obterem
razões C/N ótimas, que permitam sua
incorporação ao solo, como fertili-
zantes. Contudo, o uso de compostos
como fertilizantes exige um cuidadoso
estudo das características microbioló-
gicas e ecotoxicológicas, bem como a
escolha da cultura que será desenvol-
vida, antes da tomada da decisão de
aplicação em solos.
A relação carbono/nitrogênio
Um fator crítico para a compos-
tagem de resíduos é a relação C/N,
cuja faixa ótima é de 20-25 para 1.
Espécies químicas que contêm nitro-
gênio atuam como nutrientes nos
processos de degradação da matéria
orgânica. Resíduos pobres em nitro-
gênio, como jornais, que apresentam
relação C/N de aproximadamente 980,
devem ser misturados a outros resí-
duos mais ricos em nitrogênio. Em
processos de compostagem, a relação
C/N comumente diminui ao longo do
tempo, pois o carbono é eliminado
para a atmosfera na forma de CO2
e/
ou CH4
. O aumento da quantidade
relativa de nitrogênio, um importante
nutriente para culturas agrícolas, torna
o composto potencialmente utilizável
como fertilizante agrícola, desde que
observados outros parâmetros sanitá-
rios de interesse, como presença de
organismos patogênicos, metais pesa-
dos e substâncias orgânicas tóxicas.
O Programa R3 – redução de consumo,
reutilização e reciclagem do lixo
A Agenda 21 trata, em seu capítulo
21, do ‘manejo ambientalmente sau-
dável dos resíduos sólidos e questões
relacionadas com os esgotos’ e
propõe, no item 21.4, a utilização de
um manejo integrado nas questões
relacionadas aos resíduos, conforme
segue:
• O manejo ambientalmente sau-
dável dos resíduos deve ir além do sim-
ples depósito ou aproveitamento por
métodos seguros dos resEm alguns casos, pode ser viável a
queima em incineradores com rigoroso
controle da qualidade dos gases emi-
tidos e dos resíduos remanescentes,
ou ainda a combustão em fornos de
fabricantes de cimento. Alternativas co-
mo compostagem aeróbia e disposi-
ção em aterros sanitários ou industriais
também são viáveis. Contudo, inú-
meros impactos ambientais poderiam
ser associados a cada uma das
opções de tratamento citadas ou a
qualquer outra que venha a ser criada.
O verdadeiro desafio pertinente à
questão do lixo, seja ele de que natu-
reza for, diz respeito a como não gerar
tal lixo ou, ao menos, minimizar a ge-
ração. Havendo essa opção, assume-
se que o melhor seria não gerar lixo,
mas essa é uma alternativa nem sem-
pre viável, uma vez que o modelo de
vida adotado globalmente é pautado
na produção e no consumo, que têm
como conseqüência a geração de resí-
duos. Contudo, com alguma reflexão
e auxílio de programas de educação
ambiental, podemos nos habituar en-
quanto consumidores a exercer deter-
minados tipos de escolha de emba-
lagens de produtos, rejeitando por
exemplo aqueles que possuem invólu-
cros múltiplos e às vezes desneces-
sários e dando preferência a embala-
gens retornáveis em detrimento às des-
cartáveis, bem como minimizando des-
perdícios dentro de casa. A recusa de
tais produtos com múltiplas em-
balagens representa a consolidação
de um quarto e importante ‘R’ ao pro-
grama, que força a indústria a ter uma
atitude ambientalmente
responsável por pressão
do mercado consumidor.
Atitudes como essas, se-
gundo um recente estudo
realizado por Teixeira
(1999), podem reduzir em
até 50% a quantidade de
resíduos sólidos domés-
ticos encaminhados aos aterros. Uma
vez minimizada a geração, parte-se
para a avaliação do reuso dos resí-
duos, que se nas nossas casas apre-
senta um leque de opções relati-
vamente limitado, pode apresentar maior número de opções em relação
a resíduos industriais e agrícolas.
A terceira etapa da minimização do
descarte envolve a reciclagem, que é
facilmente explicada pela já difundida
teoria de que resíduo nada mais é do
que um material não adequadamente
localizado no espaço e no tempo. Ou
seja, aquilo que é considerado um resí-
duo hoje pode não sê-lo amanhã,
assim como o que uma determinada
pessoa ou grupo de pessoas classifica
como resíduo pode ser matéria-prima
para outra. O entendimento da neces-
sidade da segregação na fonte, ou
seja, da separação adequada dos ti-
pos de resíduos por seus geradores,
é essencial para facilitar o trabalho do
reciclador, assim como a colocação do
material reciclado no mercado, en-
quanto matéria-prima ou produto aca-
bado.
Reciclagem
É o resultado de uma série de ativi-
dades através das quais materiais que
se tornariam lixo ou estão no lixo são
desviados, sendo coletados, sepa-
rados e processados para uso como
matéria-prima na manufatura de bens,
feitos anteriormente apenas com ma-
téria-prima virgem.
Benefícios da reciclagem
• diminui a quantidade de lixo a ser
aterrado (conseqüentemente aumenta
a vida útil dos aterros sanitários);
• preserva os recursos naturais;
• economiza energia;
• diminui a poluição do ar e das
águas;
• gera empregos, através da cria-
ção de indústrias recicladoras.
A reciclagem, no
entanto, não pode
ser vista como a prin-
cipal solução para o
lixo. É uma atividade
econômica que deve
ser encarada como
um elemento dentro
de um conjunto de
soluções. Estas são integradas no
gerenciamento do lixo, já que nem
todos os materiais são técnica ou
economicamente recicláveis. A separa-
ção de materiais do lixo aumenta a
oferta de materiais recicláveis. Entre-
tanto, se não houver demanda de pro-
dutos reciclados por parte da socie-
dade o processo é interrompido, os
materiais abarrotam os depósitos e,
por fim, são aterra-
dos ou incinerados
como rejeitos (IPT-
CEMPRE, 1995).
Apenas quando
estiverem esgotadas
as alternativas de
redução de consu-
mo, reuso e recicla-
gem é que se deve
fazer a opção pelo
tratamento, levando-
se em consideração o ônus ambiental
de cada alternativa que possa vir a ser
adotada. O mesmo raciocínio vale para
o setor produtivo, onde a busca por
tecnologias menos impactantes, cha-
madas também ‘limpas’, é essencial
para a manutenção da qualidade de
vida no planeta. Tais tecnologias devem
ser avaliadas dentro de uma ótica do
ciclo de vida dos produtos, ou seja,
levando-se em conta todos os impac-
tos ambientais envolvidos desde a
primeira etapa de obtenção da maté-
ria-prima, passando-se pela fabrica-
ção, utilização, alternativa de reuso, re-
ciclagem e alternativas de disposição
final do produto quando o mesmo não
se prestar mais a fim algum.
Agenda 21 e desenvolvimento A
sustentável
A Agenda 21 é um documento que
surgiu a partir de discussões condu-
zidas durante a Con-
ferência das Nações
Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvol-
vimento, a ECO-92,
realizada no Rio de
Janeiro entre 3 e 14 de
junho de 1992. É um
programa de ação
abrangente, a ser im-
plementado pelos governos, agências
de desenvolvimento, organizações das
Nações Unidas e grupos setoriais
independentes em cada área onde a
atividade humana afeta o meio ambien-
te, visando atingir o chamado de-
senvolvimento sustentável. Segundo a
Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento, “O de-
senvolvimento sustentável é aquele
que atende às necessi-
dades do presente sem
comprometer a possi-
bilidade de as gera-
ções futuras satisfa-
zerem suas próprias
necessidades”
Dentro de tal enfo-
que, considera-se que:
• as necessidades
dos pobres são prio-
ritárias;
• por desenvolvimento entende-se
o progresso humano, em todas as
suas facetas – cultural, econômica, so-
cial e política –, que deve ser possível
em todos os países;
• essa sustentabilidade não é rígi-
da; antes, deve admitir a possibilidade
de mudanças, às quais se reage com
adaptações;
• está implícita uma preocupação
com a igualdade social entre as pes-soas de uma mesma geração e entre as pessoas de uma geração Cooperativas de catadores
A formação de associações e coo-
perativas de catadores de lixo representa a alternativa de saída do homem dos lixões e o resgate da sua condição de cidadão, com direito a benefícios sociais, educação para os filhos, autonomia administrativa e possibilidade de ascensão social. A cooperativa deve oferecer aos seus membros assistên-lcia jurídica, cursos de aperfeiçoamentoe acesso ao lazer/esporte, desenvol-vendo no catador criticidade e maturidade para tomar posição nas deci-
sões dentro da cooperativa
faca um breve resumo
Chamamos ‘lixo’ a uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles o resíduo sólido urbano gerado em nossas residências. A taxa de geração de resíduos sólidos urba- nos está relacionada aos hábitos de consumo de cada cultura, onde se nota uma correlação estreita entre a produção de lixo e o poder econômico de uma dada população. O lixo faz parte da história do homem, já que a sua produção é inevitável. Para Teixeira e Bidone (1999), o lixo é definido de acordo com a conveniência e pre- ferência de cada um. O IPT/CEMPRE (1995), define-o como restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inúteis, indese- jáveis ou descartáveis. Normalmente apresentam-se em estado sólido, semi-sólido ou semilíquido (com quantidade de líquido insuficiente para que possa fluir livremente). São tam- bém classificados como resíduos sóli- dos vários resíduos industriais, resíduos nucleares e lodo de esgoto desidratado, conforme aponta Mata- Alvarez et al. (2000). O lixo sempre acompanhou a história do homem. Na Idade Média acumulava-se pelas ruas e imediações das cidades, provocando sérias epide- mias e causando a morte de milhões de pessoas (Branco, 1983). A partir da Revolução Industrial iniciou-se o pro- cesso de urbanização, provocando um êxodo do homem do campo para as cidades. Observou-se assim um verti- ginoso crescimento populacional, favo- recido também pelo avanço da medi- cina e conseqüente aumento da expec- tativa de vida. A partir de então, os impactos ambientais passaram a ter um grau de magnitude alto, devido aos mais diversos tipos de poluição, dentre eles a poluição gerada pelo lixo. O fato é que o lixo passou a ser encarado co- mo um problema, o qual deveria ser combatido e escondido da população. A solução para o lixo naquele momento não foi encarada como algo complexo, pois bastava simples- mente afastá-lo, des- cartando-o em áreas mais distantes dos centros urbanos, de- nominados ‘lixões’. Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mudanças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando um lixo diferente em quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a formas inadequadas de elimi- nação (IPT/CEMPRE, 1995). Para Bidone (1999), em um passado não muito distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos por habitante/ano; no entanto, hoje, países altamente industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/hab/ano. No Brasil, o valor mé- dio verificado nas cidades mais popu- losas é da ordem de 180 kg/hab/ano. A produção elevada de lixo norte- americano deve-se ao alto grau de in- dustrialização e aos bens de consumo descartáveis produzidos e ampla- mente utilizados pela maioria da popu- lação. No caso do Brasil, a geração do lixo ainda é, em sua maioria, de pro- cedência orgânica; contudo, nos últimos anos vem se incorpo- rando o modo de con- sumo de países ricos, o que tem levado a uma intensificação do uso de produtos des- cartáveis. Sem dúvida, a associação do cres- cimento populacional à intensa urba- nização e às mudanças de consumo estão mudando o perfil do lixo brasilei- ro. Porém, essa ‘modernidade’ não es- tá sendo acompanhada das medidas necessárias para dar ao lixo gerado umUma das características da diges- tão anaeróbia é a obtenção de um pro- duto, o gás metano, que encerra um conteúdo energético relativamente al- to, que pode ser utilizado para movi- mentar veículos, gerar eletricidade ou propiciar aquecimento. Tal conteúdo energético é fruto da baixa liberação de energia observada durante a meta- nogênese, energia conservada no pro- duto, conforme pode ser inferido a par- tir da comparação entre as reações 1 e 6. A viabilidade econômica do uso do metano como fonte de energia é ainda questionável devido à presença no gás de impurezas como o H2 S, que pode ocasionar corrosão em motores de combustão interna. Em aterros sani- tários, os gases de compostos redu- zidos são queimados, minimizando-se assim o mau cheiro do H2 S e o efeito estufa relacionado à emissão de me- tano, que apresenta um potencial de absorção de radiação infravermelha e aquecimento da atmosfera muito maior do que o observado para o CO2 . Como efeito dessa queima ocorre também a emissão de SO2 , o que representa um incremento na incidência de chuvas ácidas. Compostagem de resíduos O processo aeróbio pode ser em- pregado no tratamento de resíduos só- lidos municipais urbanos de origem orgânica e também no tratamento de tais resíduos dispostos conjuntamente com lodo gerado em estações de tra- tamento de esgotos domésticos. Tais processos envolvem a preparação de pilhas na forma de leiras, nas quais se injeta ar por meio de tubos perfurados introduzidos no resíduo, ou então por meio do constante revolvimento do ma- terial submetido à compostagem. Durante o processo aeróbio da compostagem, atua uma sucessão de microorganismos facultativos e aeró- bios estritos. Na fase inicial, bactérias mesofílicas são observadas em maior proporção e à medida que a tempe- ratura vai aumentando, as termofílicas começam a predominar. Fungos ter- mofílicos aparecem depois de 5 a 10 dias e, no estágio final do processo, conhecido como período de cura, acti- nomicetos e fungos filamentosos co- meçam a surgir. Como nem todo resí- duo é rico em microorganismos, alguns tipos de materiais, como papéis, exigem a adição de um inóculo apro- priado para iniciar-se o processo. Tal inóculo pode ser resíduo de outras fon- tes ou de lodo de esgoto. Compostos obtidos a partir de resí- duos de diferentes origens podem ser misturados de modo a se obterem razões C/N ótimas, que permitam sua incorporação ao solo, como fertili- zantes. Contudo, o uso de compostos como fertilizantes exige um cuidadoso estudo das características microbioló- gicas e ecotoxicológicas, bem como a escolha da cultura que será desenvol- vida, antes da tomada da decisão de aplicação em solos. A relação carbono/nitrogênio Um fator crítico para a compos- tagem de resíduos é a relação C/N, cuja faixa ótima é de 20-25 para 1. Espécies químicas que contêm nitro- gênio atuam como nutrientes nos processos de degradação da matéria orgânica. Resíduos pobres em nitro- gênio, como jornais, que apresentam relação C/N de aproximadamente 980, devem ser misturados a outros resí- duos mais ricos em nitrogênio. Em processos de compostagem, a relação C/N comumente diminui ao longo do tempo, pois o carbono é eliminado para a atmosfera na forma de CO2 e/ ou CH4 . O aumento da quantidade relativa de nitrogênio, um importante nutriente para culturas agrícolas, torna o composto potencialmente utilizável como fertilizante agrícola, desde que observados outros parâmetros sanitá- rios de interesse, como presença de organismos patogênicos, metais pesa- dos e substâncias orgânicas tóxicas. O Programa R3 – redução de consumo, reutilização e reciclagem do lixo A Agenda 21 trata, em seu capítulo 21, do ‘manejo ambientalmente sau- dável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos’ e propõe, no item 21.4, a utilização de um manejo integrado nas questões relacionadas aos resíduos, conforme segue: • O manejo ambientalmente sau- dável dos resíduos deve ir além do sim- ples depósito ou aproveitamento por métodos seguros dos resEm alguns casos, pode ser viável a queima em incineradores com rigoroso controle da qualidade dos gases emi- tidos e dos resíduos remanescentes, ou ainda a combustão em fornos de fabricantes de cimento. Alternativas co- mo compostagem aeróbia e disposi- ção em aterros sanitários ou industriais também são viáveis. Contudo, inú- meros impactos ambientais poderiam ser associados a cada uma das opções de tratamento citadas ou a qualquer outra que venha a ser criada. O verdadeiro desafio pertinente à questão do lixo, seja ele de que natu- reza for, diz respeito a como não gerar tal lixo ou, ao menos, minimizar a ge- ração. Havendo essa opção, assume- se que o melhor seria não gerar lixo, mas essa é uma alternativa nem sem- pre viável, uma vez que o modelo de vida adotado globalmente é pautado na produção e no consumo, que têm como conseqüência a geração de resí- duos. Contudo, com alguma reflexão e auxílio de programas de educação ambiental, podemos nos habituar en- quanto consumidores a exercer deter- minados tipos de escolha de emba- lagens de produtos, rejeitando por exemplo aqueles que possuem invólu- cros múltiplos e às vezes desneces- sários e dando preferência a embala- gens retornáveis em detrimento às des- cartáveis, bem como minimizando des- perdícios dentro de casa. A recusa de tais produtos com múltiplas em- balagens representa a consolidação de um quarto e importante ‘R’ ao pro- grama, que força a indústria a ter uma atitude ambientalmente responsável por pressão do mercado consumidor. Atitudes como essas, se- gundo um recente estudo realizado por Teixeira (1999), podem reduzir em até 50% a quantidade de resíduos sólidos domés- ticos encaminhados aos aterros. Uma vez minimizada a geração, parte-se para a avaliação do reuso dos resí- duos, que se nas nossas casas apre- senta um leque de opções relati- vamente limitado, pode apresentar maior número de opções em relação a resíduos industriais e agrícolas. A terceira etapa da minimização do descarte envolve a reciclagem, que é facilmente explicada pela já difundida teoria de que resíduo nada mais é do que um material não adequadamente localizado no espaço e no tempo. Ou seja, aquilo que é considerado um resí- duo hoje pode não sê-lo amanhã, assim como o que uma determinada pessoa ou grupo de pessoas classifica como resíduo pode ser matéria-prima para outra. O entendimento da neces- sidade da segregação na fonte, ou seja, da separação adequada dos ti- pos de resíduos por seus geradores, é essencial para facilitar o trabalho do reciclador, assim como a colocação do material reciclado no mercado, en- quanto matéria-prima ou produto aca- bado. Reciclagem É o resultado de uma série de ativi- dades através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo são desviados, sendo coletados, sepa- rados e processados para uso como matéria-prima na manufatura de bens, feitos anteriormente apenas com ma- téria-prima virgem. Benefícios da reciclagem • diminui a quantidade de lixo a ser aterrado (conseqüentemente aumenta a vida útil dos aterros sanitários); • preserva os recursos naturais; • economiza energia; • diminui a poluição do ar e das águas; • gera empregos, através da cria- ção de indústrias recicladoras. A reciclagem, no entanto, não pode ser vista como a prin- cipal solução para o lixo. É uma atividade econômica que deve ser encarada como um elemento dentro de um conjunto de soluções. Estas são integradas no gerenciamento do lixo, já que nem todos os materiais são técnica ou economicamente recicláveis. A separa- ção de materiais do lixo aumenta a oferta de materiais recicláveis. Entre- tanto, se não houver demanda de pro- dutos reciclados por parte da socie- dade o processo é interrompido, os materiais abarrotam os depósitos e, por fim, são aterra- dos ou incinerados como rejeitos (IPT- CEMPRE, 1995). Apenas quando estiverem esgotadas as alternativas de redução de consu- mo, reuso e recicla- gem é que se deve fazer a opção pelo tratamento, levando- se em consideração o ônus ambiental de cada alternativa que possa vir a ser adotada. O mesmo raciocínio vale para o setor produtivo, onde a busca por tecnologias menos impactantes, cha- madas também ‘limpas’, é essencial para a manutenção da qualidade de vida no planeta. Tais tecnologias devem ser avaliadas dentro de uma ótica do ciclo de vida dos produtos, ou seja, levando-se em conta todos os impac- tos ambientais envolvidos desde a primeira etapa de obtenção da maté- ria-prima, passando-se pela fabrica- ção, utilização, alternativa de reuso, re- ciclagem e alternativas de disposição final do produto quando o mesmo não se prestar mais a fim algum. Agenda 21 e desenvolvimento A sustentável A Agenda 21 é um documento que surgiu a partir de discussões condu- zidas durante a Con- ferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvol- vimento, a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de junho de 1992. É um programa de ação abrangente, a ser im- plementado pelos governos, agências de desenvolvimento, organizações das Nações Unidas e grupos setoriais independentes em cada área onde a atividade humana afeta o meio ambien- te, visando atingir o chamado de- senvolvimento sustentável. Segundo a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, “O de- senvolvimento sustentável é aquele que atende às necessi- dades do presente sem comprometer a possi- bilidade de as gera- ções futuras satisfa- zerem suas próprias necessidades” Dentro de tal enfo- que, considera-se que: • as necessidades dos pobres são prio- ritárias; • por desenvolvimento entende-se o progresso humano, em todas as suas facetas – cultural, econômica, so- cial e política –, que deve ser possível em todos os países; • essa sustentabilidade não é rígi- da; antes, deve admitir a possibilidade de mudanças, às quais se reage com adaptações; • está implícita uma preocupação com a igualdade social entre as pes-soas de uma mesma geração e entre as pessoas de uma geração Cooperativas de catadores A formação de associações e coo- perativas de catadores de lixo representa a alternativa de saída do homem dos lixões e o resgate da sua condição de cidadão, com direito a benefícios sociais, educação para os filhos, autonomia administrativa e possibilidade de ascensão social. A cooperativa deve oferecer aos seus membros assistên-lcia jurídica, cursos de aperfeiçoamentoe acesso ao lazer/esporte, desenvol-vendo no catador criticidade e maturidade para tomar posição nas deci- sões dentro da cooperativa