QUESTÃO 17
A poesia social de Castro Alves e de Sousândrade, o romance nordestino de Franklin Távora, a última ficção citadina de Alencar já diziam muito, embora em termos românticos, de um Brasil em crise. De fato, a partir da extinção do tráfico, em 1850, acelera-se a decadência da economia açucareira; deslocar-se do eixo de prestígio para o Sul e os anseios das classes médias urbanas compunham um quadro novo para a nação, propício ao fermento de ideias liberais, abolicionistas e republicanas. De 1870 a 1890 serão essas as teses expostas pela inteligência nacional, cada vez mais permeável ao pensamento europeu que na época se constelava em torno da filosofia positiva e do evolucionismo. [...]
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994. p. 163.
Ao relacionar as manifestações artísticas dos últimos românticos ao contexto político e econômico do Brasil da segunda metade do século XIX, o autor observa, na passagem do Romanticismo para o Realismo,
A que a poesia de escritores como Sousândrade e Castro Alves antecipa, na linguagem e em nos temas, aspectos que seriam tratados a fundo pelos realistas, aprimorando, nesse novo período, as discussões relativas à valorização da independência política nacional.
B a confluência de ideias importadas da Europa, como o cientificismo e o comtismo, que colocariam abaixo os princípios sociais de poetas românticos da terceira fase condoreira, renovando a ideologia liberal da nova geração de escritores realistas e naturalistas.
C que o deslocamento do centro político e cultural do país e o movimento econômico e migratório para o Sul ocasionaram mudanças na temática e nas formas literárias, predominando no Realismo o espaço urbano e as questões a ele vinculadas.
D o advento de ideias revolucionárias, que alimentam o espírito crítico, o ceticismo, o objetivismo e o determinismo de escritores e intelectuais do período realista, buscando pela renovação das formas literárias, assim como das estruturas político-sociais.
E parte de um sistema literário, em que os processos histórico-sociais, num país ainda agrário, elitista, escravista e monárquico, promovem mudanças culturais e ideológicas e o surgimento de uma nova expressão nas artes e na literatura.