Revolta de Manuel Congo
Em novembro de 1838, a freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Paty do Alferes, denominação da então Vila de Vassouras, foi palco de uma das maiores rebeliões escravas da história do Império. Mais conhecida pelo nome de seu líder, a Revolta de Manoel Congo é tida como um exemplo da resistência ao trabalho servil [...]
Nesta época, a região do Vale do Paraíba já se constituía como a principal produtora no cenário que ficou conhecido como "primeiro ciclo do café" e a atividade produtiva era realizada, basicamente, por mão de obra escrava. [...]
A rebelião teve início após o assassinato de um dos escravos pelo capataz da fazenda, fato não raro nas lavouras pelo Brasil afora. Porém, a articulação do movimento, que incluiu novas investidas às fazendas da região para arregimentar outros negros para o quilombo, sugere um prévio planejamento e organização.
As forças policiais locais [...] não puderam superar a resistência dos quilombolas [...], motivo pelo qual foi solicitado auxílio da Guarda Nacional, que alguns dias depois conseguiria destruir o quilombo e capturar os rebeldes.
O Congo afirma em seu interrogatório que era natural do Congo e exercia o ofício de ferreiro. A profissão oferecia relativa autonomia para circular pelas fazendas, fato que pode lhe ter conferido maior destaque e liderança sobre o grupo.
Assim como os líderes de outras revoltas escravas, Manoel Congo teve frustrado seu sonho de liberdade. Como líder da rebelião, foi processado e condenado à morte na força pelo crime de insurreição, previsto no Código Criminal de 1830, e foi executado em 6 de setembro de 1839. [...]
Os réus foram condenados a receber "seiscentos e cinquenta açoites cada um, dados a cinquenta por dia, na forma da lei e a andarem com ganchos de ferro no pescoço pelo período de três anos", o que servia de exemplo para os demais escravos sem privar os "homens-bons" de sua propriedade e força de trabalho.
DOCUMENTO sobre insurreição de escravos estará disponível para consulta online. PJE-RJ. Rio de Janeiro, 15 maio 2018. Disponível em: http://www.tjrj.jus.br/noticias/noticia/511210/547860. Acesso em: 13 maio 2022.