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Kauan
Leia o texto de Luís da Câmara Cascudo, sobre bebidas e alim...
Leia o texto de Luís da Câmara Cascudo, sobre bebidas e alimentos líquidos do cardápio indígena:
Documento 062
Os indígenas adoram os alimentos líquidos
Texto acadêmico
Os indígenas adoram os alimentos líquidos. Raízes e frutas fornecem bebidas que os antigos cronistas dos séculos XVI e XVII afirmavam fortificantes e deliciosas, apesar da repugnância instintiva por saber algumas sofrer mastigação prévia para ativar a fermentação.
(...)
Seriam alimentos líquidos característicos os mingaus, farinha, tapioca, carimã, fervidos e absorvidos quentes. Os caldos de carne e peixe, engrossados, depois de retirados das panelas, espécies de pirões ralos, viscosos, rescendentes, eram substanciais. Ainda hoje, nas peixadas do Norte, depois do prato de peixe cozido ou assado (frito), o primeiro com pirão (escaldado ou fervido) e o segundo com pirão ou arroz, é sempre oferecido o caldo de peixe final, que muitos fregueses espessam com farinha fina. É uma tradição indígena, dos tupis pescadores de igapebas e piperis, a jangada contemporânea.
Pelo século XVI alguns molhos foram denunciados e não desaparecidos da culinária nortista. O sumo da mandioca, eliminado o ácido prússico pela ebulição, passava a ser manipueira, o manipoi quinhentista. Dizia [Claude d’] Abbeville: ‘o suco, porém, misturado com a farinha de milho e a cassava (beiju) e alguns frutos chamados pacuri (palmeira bacuri, Platonia insignis Mart.), dá uma excelente sopa, também denominada manipoi, que tomam pela manhã e dão de costume às crianças de peito, tal qual fazemos com as papas’. Esse manipoi fez nascer os atuais tacacá, com caldo de peixe ou carne, alho, pimenta, sal, às vezes camarões secos, e também o molho de tucupi, ‘tucupi-apimentado’, ‘tucupi-pixuna’, apurado, escurecido pela demorada cocção, rei dos molhos para Stradelli, famoso acompanhante do pato e de certos peixes, abundantes de carnes. (...)
Sobre este documento
Título
Os indígenas adoram os alimentos líquidos
Tipo de documento
Texto acadêmico
Origem
CASCUDO, Luís da Câmara. "Os indígenas adoram os alimentos líquidos". História da alimentação no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967, pp. 134;141. Disponível em: https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/370/1/323%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf. Acesso em 26 mai. 2024.
Créditos
Luís da Câmara Cascudo.
Palavras-chave
cultura
história da alimentação
Continuar lendo
O autor do texto
Alternativas
(A) destaca a persistência de um saber indígena que hoje é resguardado pelas tacacazeiras – estas que tiveram o seu ofício reconhecido como patrimônio cultural imaterial do município de Belém.
(B) propõe a superação dos regionalismos ao eleger a mandioca como elemento centralizador da nacionalidade e os indígenas como unificadores dos costumes alimentares do Brasil.
(C) explica brevemente o que são os alimentos líquidos e, em seguida, oferece o exemplo de uma sopa denominada mani poi que, por sua vez, deu origem aos atuais tacacás.
(D) utiliza observações escritas de viajantes europeus – tais como as de autoria de Abbeville –, a fim de historicizar determinados elementos e práticas relacionados à alimentação no Brasil.
Leia o texto de Luís da Câmara Cascudo, sobre bebidas e alimentos líquidos do cardápio indígena:
Documento 062
Os indígenas adoram os alimentos líquidos Texto acadêmico Os indígenas adoram os alimentos líquidos. Raízes e frutas fornecem bebidas que os antigos cronistas dos séculos XVI e XVII afirmavam fortificantes e deliciosas, apesar da repugnância instintiva por saber algumas sofrer mastigação prévia para ativar a fermentação. (...) Seriam alimentos líquidos característicos os mingaus, farinha, tapioca, carimã, fervidos e absorvidos quentes. Os caldos de carne e peixe, engrossados, depois de retirados das panelas, espécies de pirões ralos, viscosos, rescendentes, eram substanciais. Ainda hoje, nas peixadas do Norte, depois do prato de peixe cozido ou assado (frito), o primeiro com pirão (escaldado ou fervido) e o segundo com pirão ou arroz, é sempre oferecido o caldo de peixe final, que muitos fregueses espessam com farinha fina. É uma tradição indígena, dos tupis pescadores de igapebas e piperis, a jangada contemporânea. Pelo século XVI alguns molhos foram denunciados e não desaparecidos da culinária nortista. O sumo da mandioca, eliminado o ácido prússico pela ebulição, passava a ser manipueira, o manipoi quinhentista. Dizia [Claude d’] Abbeville: ‘o suco, porém, misturado com a farinha de milho e a cassava (beiju) e alguns frutos chamados pacuri (palmeira bacuri, Platonia insignis Mart.), dá uma excelente sopa, também denominada manipoi, que tomam pela manhã e dão de costume às crianças de peito, tal qual fazemos com as papas’. Esse manipoi fez nascer os atuais tacacá, com caldo de peixe ou carne, alho, pimenta, sal, às vezes camarões secos, e também o molho de tucupi, ‘tucupi-apimentado’, ‘tucupi-pixuna’, apurado, escurecido pela demorada cocção, rei dos molhos para Stradelli, famoso acompanhante do pato e de certos peixes, abundantes de carnes. (...)
Sobre este documento Título Os indígenas adoram os alimentos líquidos
Tipo de documento Texto acadêmico
Origem CASCUDO, Luís da Câmara. "Os indígenas adoram os alimentos líquidos". História da alimentação no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967, pp. 134;141. Disponível em: https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/370/1/323%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf. Acesso em 26 mai. 2024.
Créditos Luís da Câmara Cascudo.
Palavras-chave cultura história da alimentação Continuar lendo O autor do texto
Alternativas
(A) destaca a persistência de um saber indígena que hoje é resguardado pelas tacacazeiras – estas que tiveram o seu ofício reconhecido como patrimônio cultural imaterial do município de Belém.
(B) propõe a superação dos regionalismos ao eleger a mandioca como elemento centralizador da nacionalidade e os indígenas como unificadores dos costumes alimentares do Brasil.
(C) explica brevemente o que são os alimentos líquidos e, em seguida, oferece o exemplo de uma sopa denominada mani poi que, por sua vez, deu origem aos atuais tacacás.
(D) utiliza observações escritas de viajantes europeus – tais como as de autoria de Abbeville –, a fim de historicizar determinados elementos e práticas relacionados à alimentação no Brasil.