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Educação Física ·
Epidemiologia
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PROFESSORES Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Dr Diego Augusto Santos Silva Quando identificar o ícone QRCODE utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online O download do aplicativo está disponível nas plataformas Acesse o seu livro também disponível na versão digital Google Play App Store EPIDEMIOLOGIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA 2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av Guedner 1610 Bloco 4 Jd Aclimação Cep 87050900 Maringá Paraná Brasil wwwunicesumaredubr 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de PósGraduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenadora de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes Projeto Gráfico José Jhonny Coelho Editoração Lucas Pinna Silveira Lima Designer Educacional Rossana Costa Giani Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância SILVA Diego Augusto Santos BRUSCO Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Epidemiologia na Educação Física Diego Augusto Santos Silva Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Maringá PRUnicesumar 2021 202 p Graduação em Educação Física EaD 1Epidemiologia 2Educação 3Física EaD I Título ISBN 9786556152264 CDD 22ª Ed 6144 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não somente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e também no exterior com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a qualidade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boasvindas Prezadoa Acadêmicoa bemvindoa à Comunidade do Conhecimento Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos professores e pela nossa sociedade Porém é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático repetitivo local e elitizado mas de um conhecimento dinâmico renovável em minutos atemporal global democratizado transformado pelas tecnologias digitais e virtuais De fato as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas lugares informações da educação por meio da conectividade via internet do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares As redes sociais os sites blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos A apropriação dessa nova forma de conhecer transformouse hoje em um dos principais fatores de agregação de valor de superação das desigualdades propagação de trabalho qualificado e de bemestar Logo como agente social convido você a saber cada vez mais a conhecer entender selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer as tecnologias atuais e suas novas ferramentas equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós Então priorizar o conhecimento hoje por meio da Educação a Distância EAD significa possibilitar o contato com ambientes cativantes ricos em informações e interatividade É um processo desafiador que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades Como já disse Sócrates a vida sem desafios não vale a pena ser vivida É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer Willian V K de Matos Silva PróReitor da Unicesumar EaD Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportunidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica contribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das discussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica boasvindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin PróReitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pósgraduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Doutora e Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Ca tarina UFSC Especialista em Anatomia e Histologia Humana e graduada em Educação Física ambas pela Universidade Estadual de Maringá UEM Atual mente é Professora no Centro Universitário de Maringá Unicesumar Educa ção a Distância Revisora de diferentes periódicos nacionais e internacionais Tem experiência na área de Educação Física e Saúde Pública com ênfase em cineantropometria e atividade física e saúde atuando principalmente no tema relacionado a fatores de risco à saúde Currículo Lattes disponível em httplattescnpqbr4282923137916528 Dr Diego Augusto Santos Silva Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe Mestrado e Doutorado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina PósDoutorado no Childrens Hospital of Eastern Ontario Research Institute Department of Pediatrics University of Ottawa Canadá Professor Visitante no Childrens Hospital of Eastern Ontario Research Institute Department of Pediatrics University of Ottawa Canadá Professor Visitante no Departamento de Saúde Pública e Doenças Infecciosas da Sapienza University of Roma Itália Servidor público federal no cargo de Professor Associado lotado no Departa mento de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Permanente orientador de mestrado doutorado e supervisor de pósdoutorado do Programa de PósGraduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq Currículo Lattes disponível em httplattescnpqbr8188066843033561 apresentação do material Epidemiologia na Educação Física Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco e Dr Diego Augusto Santos Silva Olá discente seja bemvindoa a nossa jornada acadêmica sobre a Epidemiologia na Atividade Física É um prazer imenso ter você aqui Esta obra foi escrita com muito carinho reunindo e apresentando os principais conteúdos que abrangem a epidemiologia e a relação que ela tem com a atividade física Você acha mesmo que a Epidemiologia se relaciona com a Atividade Física Já parou para pensar nisso Se a resposta for sim de qual maneira será que isso acontece Como você acha que a atividade física pode contribuir com os dados epidemiológicos Para responder a todos esses questionamentos dividimos esta obra em cinco unidades as quais abrangem desde o conceito tradicional de Epidemiologia até como o profissional de Educação Física deve atuar no âmbito da saúde pública Portanto em um primeiro momento abordaremos temas como a história da Epidemiologia os conceitos de Epidemiologia que encontramos na literatura o conceito de saúde os indicadores de saúde e as medidas epidemiológicas que nos proporcionam avaliar as doenças e agravos à saúde da população Após você ter aprendido sobre essas temáticas abordaremos sobre os padrões de adoecimento da população Então você fará uma viagem ao passado e conhecerá os tipos de transições demográfica e epidemiológica que a sociedade passou e digamos que ainda passa atualmente Você perceberá que esses processos possibilitaram o aparecimento de doenças e agravos à saúde como o caso da inatividade física agravo que tam bém será discutido apresentando os padrões da prática de atividade física no mundo Em um terceiro momento você será direcionado a conhecer as evidências científicas que permeiam os estudos de associação entre atividade física e diferentes marcadores de saúde Isso te proporcionará entender que a atividade física de fato auxilia na prevenção e na promoção de saúde Inclusive nesta mesma unidade apresentaremos os Programas de Promoção da atividade física em saúde pública Após você ter acesso a esse conteúdo abordaremos um pouco sobre a his tória do nosso sistema de saúde o Sistema Único de Saúde SUS destacando seus princípios e diretrizes Além disso discutiremos sobre o Núcleo de Apoio à Saúde da Família a Estratégia Saúde da Família e a Atenção em Saúde Você apresentação do material verá quão amplo este assunto é Para finalizar nossa jornada acadêmica espe cificaremos a abordagem sobre a Atenção Primária à Saúde abrangendo seus conceitos e diretrizes bem como a Política Nacional de Promoção da Saúde Aqui de fato você sairá sabendo a diferença entre a prevenção e a promoção da saúde assim eu espero Ainda conhecerá sobre a atuação dos profissionais na promoção da saúde especialmente o profissional de Educação Física destacando a necessidade de uma formação continuada para garantir saúde e bemestar para toda a popu lação Eu desejo que sua jornada seja leve dinâmica e repleta de novos saberes e conhecimentos Divirtase Bons estudos Bons estudos sumário UNIDADE I INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMIOLÓGICAS PREVA LÊNCIA INCIDÊNCIA MORBIDADE E MORTALIDADE 14 Breve história do surgimento da epidemiologia 19 Epidemiologia atividade física e saúde 21 Indicadores e medidas epidemiológicas UNIDADE II PADRÕES DE ADOECIMENTO DA POPULAÇÃO 54 Padrões de adoecimento da população 69 Atividade física definições e padrões na população UNIDADE III ATIVIDADE FÍSICA PROGRAMAS EM SAÚDE PÚBLICA E MARCADORES DE SAÚDE 90 Relação da atividade física com marcadores de saúde 94 Atividade física e todas as causas de mortalidade na população 112 Programas de promoção da atividade física em saúde pública UNIDADE IV SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS 130 Uma breve história dos serviços de saúde 135 Sistema Único de Saúde SUS 142 Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB UNIDADE V PROMOÇÃO DA SAÚDE E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA 160 Atenção primária à saúde prevenção e promoção da saúde 170 Política Nacional de Promoção da Saúde 174 Atuação do profissional na Promoção da Saúde Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Breve história do surgimento da Epidemiologia Epidemiologia atividade física e saúde Indicadores e Medidas epidemiológicas Objetivos de Aprendizagem Apresentar brevemente a trajetória histórica da epidemiologia Discutir sobre os conceitos da epidemiologia da atividade física da saúde e a relação entre essas Apresentar os indicadores e medidas de frequência INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMI OLÓGICAS PREVALÊNCIA INCIDÊNCIA MORBIDADE E MORTALIDADE unidade I INTRODUÇÃO O lá caro a alunoa espero que você esteja bem e preparado para iniciarmos nossos estudos que irão abordar este primei ro ensaio Esta unidade será dividida em três tópicos os quais tratarão sobre a história da epidemiologia a relação entre a epidemiologia e o conceito de saúde e atividade física e os indicadores e medidas epidemiológicas existentes Desta forma primeiramente será resgatado de forma sucinta o sur gimento da epidemiologia apresentando os relatos históricos e os estudos que permearam a difusão das pesquisas epidemiológicas Nesse sentido veremos quem foram os pioneiros e quais foram as pesquisas mais im portantes neste campo Na sequência conheceremos sobre os conceitos referentes à epidemiologia Você notará que o conceito de epidemiologia pode abranger um grande campo Além disso aprofundaremos um pouco sobre a relação que existe entre epidemiologia e atividade física Assim poderemos com preender as características de cada uma e como elas caminham juntas Após serão apresentados os indicadores e medidas de frequência Você notará que este tópico será dividido em vários outros isso por que você poderá conhecer especificamente as medidas de frequência co nhecidas como prevalência e incidência bem como quando você deverá utilizar cada uma delas Além disso você poderá ler sobre os diferentes indicadores de saú de e notará que eles podem ser embasados em indicadores de saúde de mortalidade e indicadores de saúde de morbidade encerrando assim o nosso primeiro tópico Todos os fatores abordados nesta unidade nos darão subsídios para os nossos próximos encontros Não deixe de fazer suas anotações destacando os pontos primordiais Desejo bons estudos unidade II 14 Breve história do surgimento da epidemiologia 15 EDUCAÇÃO FÍSICA perceber que a maioria das vezes que o termo doença for mencionado ele estará acompanhado de agravo à saúde porque não necessariamente a epidemiologia trata apenas das doenças mas também de agravos à saúde como o caso da inatividade física A área de atuação da epidemiologia é sempre des tinada à população humana ou seja os estudos epide miológicos são realizados com indivíduos que podem ser definidos em termos sociodemográficos Assim ge ralmente a população de um estudo epidemiológico é determinada pela área ou país em um certo período de tempo Isso forma a base para a definição de subgrupo que constituirá o estudo separados por sexo faixa etária etnia ou outros fatores É importante frisar que as estru turas populacionais variam conforme a área geográfica e o tempo Isso deve ser levado em consideração nas análi ses epidemiológicas por exemplo um grupo de pessoas sedentárias ou um grupo de atletas pode constituir uma unidade de estudo Diferentemente da clínica que estuda o processo saúdedoença nos sujeitos que objetiva especificamente o tratamento e a cura de casos isolados a epidemiologia se preocupa com o processo de ocorrência de doenças mortes quaisquer outros agravos e situações de risco à saúde seja propriamente na comunidade ou em grupos dessa com a finalidade de propor estratégias que melho rem o nível de saúde das pessoas que compõem essa co munidade Para você entender a diferença entre o diag nóstico clínico ou seja especificamente o atendimento de casos isolados e o diagnóstico comunitário de saúde aquele que possibilita o conhecimento do processo saú dedoença na comunidade analise a Figura 1 a seguir Antes de aprendermos sobre os indicadores e tipos de medidas epidemiológicas mais utilizadas é importante que saibamos de fato o que é onde nasceu e como se fundamentou a epidemiologia Ela está relacionada ao estudo da distribuição das doenças nas populações e dos fatores que influenciam ou determinam essa distribui ção passando por três eixos fundamentais e associados a Clínica a Estatística e a Medicina Social Portanto a epidemiologia parte do pressuposto de que as doenças as moléstias ou até mesmo a ausência de doença não ocorrem ao acaso em uma população O que determina as doenças ou agravos à saúde podem estar lincados a fatores genéticos resultantes de exposição a perigos am bientais a exposição a algumas atividades de trabalho ou atividades cotidianas e até mesmo pela forma como a sociedade se organiza A epidemiologia foi definida por Last 2001 como o estudo da distribuição e dos determinantes de eventos ou estados relacionados à saúde em populações espe cíficas e sua aplicação na prevenção e no controle dos problemas de saúde Portanto ela é uma ciência que estuda o processo saúdedoença na população huma na analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva propondo medidas específicas de pre venção controle e erradicação da doença e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento à administração e à avaliação das ações de saúde ROU QUAYROL SILVA 2013 Isso demonstra a interrelação da epidemiologia não apenas com o estado de doença ou morte mas também com a melhoria dos indicadores de saúde e a maneira de como promover saúde Assim você irá 16 Figura 1 Diferenças entre diagnóstico clínico e diagnóstico comunitário Fonte adaptada de Vaughan e Morrow 1992 p 184 Descrição da Imagem A Figura 1 é composta por um quadro que consta a diferença das características de um diagnóstico clínico para um diagnós tico comunitário como objetivos informações necessárias tipo de diagnóstico plano de ações e avaliação A primeira linha do quadro possui duas imagens A imagem da coluna esquerda é composta por um médico em atendimento individual ao paciente Nessa coluna apresenta o diagnóstico clínico Tem como objetivo curar a doença ou agravo à saúde do indivíduo prevenção da saúde as informações necessárias deste diagnóstico são histórico clínico exames físicos e exames complementares O tipo de diagnóstico é individual Tem o tratamento eou a reabilitação como plano de ações e por último a avaliação que é o acompanhamento clínico melhora da saúdecura da doença ou agravo A coluna da direita apresenta uma imagem que consta várias pessoas demonstrando ser uma comunidade Nessa coluna está o diagnóstico co munitário Tem como objetivo melhorar o nível da saúde da comunidade promoção da saúde Dados gerais sobre a população doençasagravos à saúde existentes casos de morte e serviços de saúde são as informações necessárias desse diagnóstico Como o nome já diz é um diagnóstico comunitário O plano de ações são problemas de saúde coletiva que sejam prioritários e mudanças no estado de saúde da população é a avaliação Diagnóstico Clínico Objetivos Informações necessárias Plano de ações Curar a doença ou agravo à saúde do indivíduo prevenção da saúde Histórico clínico Exames físicos Exames complementares Tipos de diagnóstico Avaliação Diagnóstico individual Tratamentoreabilitação Acompanhamento clínico melhora da saúdecura da doença ou agravo Diagnóstico comunitário Melhorar o nível da saúde da comunidade promoção da saúde Dados gerais sobre a população Doençasagravos à saúde existentes Casos de morte Serviços de saúde Diagnóstico comunitário Problemas de saúde coletiva que sejam prioritários Mudanças no estado de saúde da população 17 EDUCAÇÃO FÍSICA RELATOS HISTÓRICOS DA EPIDEMIOLOGIA Na Grécia Antiga Asclépio era cultuado como o deus da Medicina tanto que representa até hoje o símbolo da profissão médica e da farmácia e tinha duas filhas cha madas Panacéia e Higéia que representavam o antago nismo entre a medicina individual e a medicina coletiva A primeira filha retratava a medicina curativa prática terapêutica baseada em intervenções sobre pessoas do entes por meio de encantamentos e uso de medicamen tos A segunda era adorada por quem considerava a saú de como resultado de uma harmonia entre o homem e o ambiente buscando promover essa harmonia por meio de ações preventivas e que mantinham o perfeito equilí brio entre os elementos água ar fogo e terra MEDRO NHO 2009 Podemos observar então o surgimento da medicina individual e da medicina coletiva A maioria dos textos que abordam sobre as raízes históricas da epidemiologia afirmam que ela se originou há mais de 2000 anos com os estudos de Hipócrates Isso porque os escritos hipocráticos sobre as epidemias e en fermidades antecipam o chamado raciocínio epidemio lógico ou seja já demonstravam discernimento sobre o que seria futuramente a epidemiologia confirmando que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças Na Roma Antiga a principal contribuição para a epi demiologia foi o início de um registro compulsório de nascimentos e óbitos registrado pelo Imperador conheci do como Marco Aurélio que mais tarde seria conhecido como estatísticas vitais um tipo de indicador de saúde O século XIX é conhecido como o período em que se estabeleceram as bases históricas da moderna epi demiologia isso porque como consequência da revo lução industrial as cidades cresciam e as condições da vida humana pioravam A maioria das pessoas vivia em ambientes extremamente poluídos e sem saneamento básico muito semelhante às condições de vida atuais da maioria das cidades de países de classe baixa Nesta época foi consolidada a primeira era da epidemiolo gia moderna baseada no miasma Este termo da teoria miasmática defendia que as doenças eram adquiridas por meio de emanações ambientais provenientes do solo do ar ou da água A década de 50 foi determinante para a epidemiolo gia devido aos achados do inglês John Snow Em 1954 ele descobriu que o risco de contrair cólera em Londres esta va relacionado ao consumo de água de uma determinada companhia impulsionando outras novas grandes desco bertas epidemiológicas Além de John Snow William Farr na Inglaterra e Louis René Villermé na França também se destacaram com seus achados relacionados à área da epidemiologia ALMEIDA FILHO 2003 O inglês John Snow identificou o local de mo radia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres entre os anos de 18481849 e 18531854 Ele notou que existia uma asso ciação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes ocorridas A partir de en tão Snow iniciou a comparação do núme ro de casos de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias de fornecimento de água e identificou que a taxa de morte foi mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark Assim o inglês construiu a teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era dissemi nada por meio da água contaminada O fato proporcionou a melhoria no suprimento de água mesmo anteriormente a descoberta do microrganismo causador da cólera Ademais seu estudo contribuiu diretamente sobre as políticas públicas de saúde CONCEITUANDO 18 Os estudos de Snow foram apenas uma parte de uma série abrangente de investigações que incluiu o exame de processos químicos biológicos físicos políticos e so ciais como o estudo de Louis Pasteur no final do sécu lo XIX Ele demonstrou que os organismos vivos eram agentes de epidemias como a tuberculose e a leptospi rose Portanto esse período ficou conhecido como a era das doenças infecciosas causadas por germes Em meados do século XX surge a era das doen ças crônicas degenerativas Os estudos de casocontro le e coorte sobre câncer pulmonar e a relação com o consumo de cigarro e as pesquisas preliminares sobre doença arterial coronariana que estabeleceram o há bito de fumar e o colesterol como fatores de risco para seu desenvolvimento demonstraram a força deste tipo de método de estudo Entre vários epidemiologistas da época os britânicos Jeremy Morris Richard Doll e Thomas McKeown se destacaram com seus achados MEDRONHO 2009 E então você deve estar se perguntando tudo bem mas o que isso tem a ver com a atividade física Eu vou ex plicar para você no próximo tópico O estudo casocontrole é caracterizado por ser um tipo de estudo observacional que se inicia com a seleção de um grupo de pessoas portadoras de uma determinada doença que são classificados como os casos e um outro grupo de pessoas que não sofrem dessa doença que serão classificados como os controles O objetivo principal desse tipo de estudo é identi ficar características específicas que ocorrem em maior ou menor frequência entre os casos do que entre os controles Em contrapartida os estudos de coorte são estudos de caráter ob servacional ou seja a situação dos participantes em relação à exposição de interesse podendo ser por exemplo o sedentarismo determina sua seleção para o estudo As pessoas são mo nitoradas durante toda a duração do estudo para avaliar a incidência do desfecho EXPLORANDO IDEIAS 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Nós já aprendemos sobre o conceito e o significado de epidemiologia Agora é importante sabermos sobre a atividade física e a saúde para então entendermos a re lação que existe entre elas Você com certeza já leu sobre a definição de ativi dade física que é qualquer movimento corporal pro duzido pela musculatura esquelética e que resulta em gasto energético Assim é importante destacar que a atividade física pode ir além abordando componen tes e determinantes de ordem biopsicossocial cultural e comportamental e pode ser praticada de várias for mas como danças esportes atividades laborais deslo camentos jogos e exercícios físicos Você irá aprender mais afundo sobre as definições e padrões da atividade física da população na Unidade 2 O conceito de saúde é descrito como multiplicidade de aspectos do comportamento humano direcionados a um estado de completo bem estar físico mental e social Portanto saúde vai muito além de ausência de doenças Ela é uma condição humana com dimensões física so cial e psicológica SILVA SCHRAIBER MOTA 2019 Epidemiologia atividade física e saúde 20 A relação epidemiologia atividade física e saúde teve início em meados do século XX a era epidemiológica das doenças crônicas degenerativas citada anteriormen te Isso porque os achados dos estudos sobre as doenças identificaram e continuam identificando que o se dentarismo é um fator determinante de agravos à saú de Esse momento coincide com a chamada transição epidemiológica que foi a inversão das causas de mor te As pessoas deixaram de morrer apenas por doenças infecciosas e começaram a adoecer por doenças cardio vasculares Assim ocorreram modificações drásticas no padrão demográfico e no perfil de doenças e mortali dade da população caracterizandose como processos de transição demográfica transição epidemiológica e transição nutricional padrões que serão analisados mais afundo nos próximos capítulos A transição epidemiológica envolve uma evolução gradual dos problemas relacionados à saúde os quais determinam mudanças nas taxas populacionais ou seja alta morbidade e mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis DCNT em detrimento das doenças in fecciosas e parasitárias No Brasil essa transição pode ser observada a partir dos anos 80 com o predomínio das causas de óbito por DCNT em comparação com as doenças infecciosas e parasitárias Podemos usar esse mesmo período dos anos 80 no Brasil para caracterizarmos a transição demográfica Nessa época o número de idosos acima de 80 anos au mentou devido à queda da taxa de mortalidade e da fe cundidade no país Com o acréscimo do envelhecimen to populacional houve um aumento da probabilidade de manifestação das DCNT A transição nutricional abrange os processos de transição demográfica e epidemiológica Essa transição é caracterizada por modificações constantes e sequenciais no padrão nutricional da população devido às transfor mações sociais demográficas econômicas e sanitárias 21 EDUCAÇÃO FÍSICA Você deve ter notado que falamos anteriormente sobre taxas de mortalidade morbidade e outros indicadores de saúde Descreveremos sobre essas medidas de frequ ência e indicadores de saúde mais utilizados na área da epidemiologia para que você possa entender cada um e ao assistir alguma reportagem sobre medidas epide miológicas ou ler uma pesquisa e se deparar com algum indicador de saúde já saberá sobre o que se trata A forma mais básica de se determinar a frequência de uma doença ou agravo à saúde é por meio da simples contagem das pessoas afetadas Contudo para a área da epidemiologia essa forma pouco informa sobre a popu lação de referência Em estudos epidemiológicos é ne cessário saber o tamanho da população ou grupo que deu origem aos casos e em que período de tempo o fato aconteceu Portanto são utilizadas medidas relativas que relacionam o número de casos da doença ou agravo à saúde com a população ou grupo Em geral existem três medidas matemáticas básicas que podem ser utilizadas para expressar a relação entre o número de casos da doença ou agravo com a popula ção ou grupo de origem a razão a proporção e a taxa KLEINBAUM KUPPER MORGENSTERN 1982 A razão é a simples divisão de uma quantidade pela outra e não há necessidade de relação em denominador e numerador Indicadores e medidas epidemiológicas 22 Portanto é um termo geral em que acaba por in cluir outras medidas como proporção porcenta gem e taxa A medida matemática conhecida como proporção caracterizase como um tipo de razão em que há necessidade de relação entre o nume rador e o denominador A taxa é um tipo especial de razão em que o denominador obrigatoriamente será composto por uma medida de tempo HEN NEKENS BURING 1987 Observase na literatura médica o termo taxa bem como os termos coeficiente e índice sendo usados de maneira sinônima e referindose tanto a razões como proporções ou taxas propriamente ditas Contudo foi demonstrado que os três termos razão taxa e propor ção representam medidas distintas Assim é muito im portante que fique bem claro para você a diferença entre cada um deles para que não haja erros de interpretações em estudos epidemiológicos futuros que você for realizar O uso de sinônimo não acontece apenas com as me didas matemáticas citadas anteriormente Isso também acontece com os termos indicador e índice portanto é necessário caracterizálos Indicador é uma medida que reflete uma característica ou aspecto particular geral mente não sujeitos à observação direta ou seja inclui apenas um aspecto relativo ao que se deseja medir Um indicador de saúde tem como objetivo refletir a situação 23 EDUCAÇÃO FÍSICA de saúde de um sujeito ou de uma população como a medida da pressão arterial a avaliação do próprio esta do de saúde assim como o nível de atividade física No âmbito populacional os coeficientes de mortalidade são um dos exemplos de indicadores de saúde os quais se rão abordados mais adiante Um índice por sua vez condensa em uma única medida diferentes dimensões do atributo de interesse Os escores gerados por meio dos instrumentos para ava liação da qualidade de vida relacionada à saúde que en globam múltiplos itens relacionados com uma ou mais dimensões é um exemplo Além deste o índice de de senvolvimento humano IDH também pode ser citado MEDIDAS DE FREQUÊNCIA As medidas de frequência são definidas a partir de dois conceitos epidemiológicos fundamentais designados de prevalência e incidência A prevalência expressa o número de casos existentes de uma determinada do ença ou fator estudado em um determinado momento Incidência referese à frequência com que novos casos de uma doença surgem dentro de um intervalo de tem po MEDRONHO 2009 A relação entre prevalência e incidência varia entre as doenças ou agravos Uma mesma doença ou agravo à saúde pode apresentar baixa incidência e alta preva lência como o caso do diabetes ou alta incidência e baixa prevalência como um resfriado comum O res friado ocorre mais frequentemente do que o diabetes mas por um curto período de tempo enquanto que o diabetes é menos frequente porém demanda um longo período Outras medidas muito utilizadas na área da epidemiologia e da saúde pública como as de morta lidade letalidade e sobrevida podem ser entendidas como variações do conceito de incidência Entendere mos um pouco mais sobre prevalência e incidência e mortalidade mais adiante A expressão matemática das medidas de frequên cia de doençasagravos à saúde é diversa e depende do conceito epidemiológico subjacente assim como de algumas características das populações a que se refere Essas expressões podem ser apresentadas como frequ ências absolutas ou relativas As frequências relativas são as mais comuns sendo fundamentais quando o objetivo do estudo é comparar frequências de ocorrência de pro blemas de saúde entre duas populações ao longo de um mesmo período eou em uma mesma população po rém em momentos diferentes Independentemente da medida de frequência utilizada é importante enfatizar que deve necessariamente estar referida às dimensões do espaço da população e do tempo A seguir discutiremos sobre os conceitos das medi das de frequência e os indicadores de saúde 24 Prevalência Prevalência pode ser definida como a frequência de ca sos existentes de uma determinada doença ou agravo à saúde em uma determinada população e em um dado momento Portanto podese considerar que esta medi da de frequência possibilita a determinação do número total de casos existentes identificados como casos pre valentes de uma doença ou agravo à saúde em um perí odo de tempo e população específica ou seja tratase do total de casos existentes desconsiderando se são casos novos ou não Diante disso a prevalência é tratada como um indicador da magnitude da presença de uma doença ou agravo à saúde na população Para que você possa entender melhor podemos dizer que os casos prevalentes são aqueles indivíduos que ado eceram ou obtiveram o agravo em algum momento do passado casos antigos conjuntamente com possíveis ca sos novos e que estão vivos quando é realizada a obser vação Então podemos pensar no conceito de prevalên cia como uma fotografia na qual registramos a fração de indivíduos doentes ou com algum agravo à saúde naquele instante de tempo Consequentemente é uma medida de frequência estática em relação ao processo dinâmico do adoecimento pois os indivíduos componentes da amos tra que se deseja estudar são observados uma única vez 25 EDUCAÇÃO FÍSICA Os estudos de prevalência são os estudos descriti vos populacionais mais propagados em epidemiologia caracterizados como estudo transversal Estes também permitem investigar associações entre fatores de risco e doença porém é necessário frisar que este tipo de deline amento não é o mais eficiente para se estudar causalida de mas assim podem ser classificados como analíticos A taxa de prevalência pode ser estimada pela fór mula P Número de pessoas com o evento de interesse infecção doença agravo à saúde População sob o risco de apresentar o evento de interesse em determinado período de tempo x 100 A população do numerador destinase ao número de pessoas que durante a observação obteve ou já obtinha a doença ou agravo à saúde A população apresentada no denominador ou seja àquela que está sob risco de adoecer designase à população do estudo É importante frisarmos que existem diferentes tipos de medidas de prevalência O tipo citado anteriormente é conhecido como prevalência pontual Portanto todas as vezes que você observar o termo prevalência e ele não for especificado fazse então referência à medida deno minada de prevalência pontual A prevalência pontual ou também chamada de prevalência instantânea mede a frequência de uma doença ou problema de saúde em um dado instante de tempo Essa é a medida mais utilizada nos estudos epidemiológicos seccionais ou transversais A prevalência de uma doença ou agravo à saú de é determinada pela sua incidência e duração assim como pelos movimentos migratórios Portanto quanto mais elevada a incidência eou a duração da doença ou agravo maior será a sua prevalência Entretanto uma alta taxa de incidência não implica necessariamente em altas proporções de prevalência particularmente quan do a duração do problema de saúde em questão é curta SZKLO NIETO 2000 É o que acontece com algumas doenças infecciosas agudas em que os pacientes acome tidos evoluem para a cura ou óbito em um curto perí odo de tempo Portanto mesmo apresentando elevados níveis de incidência nos períodos epidêmicos os casos de doenças como dengue se mantêm por pouco tempo e assim não podem ser devidamente detectados nos es tudos de prevalência instantânea Em contrapartida altas proporções de prevalência podem se sobrepor a baixos níveis de incidência quan do a duração do agravo é longa como as doenças crôni cas degenerativas Por exemplo por mais que os casos novos de esclerose múltipla que surgem a cada intervalo de tempo sejam poucos os pacientes podem sobreviver por um longo período sendo possível identificálos du rante um estudo transversal Incidência Do ponto de vista epidemiológico há grande interesse em identificar especificamente quantos novos casos de uma doença ou agravo à saúde surgem em uma mesma população durante um período de tempo Mais especi ficamente é importante conhecer quantos novos casos surgem de uma população que está em risco de sofrer uma determinada doença ou agravo à saúde isso é um indicador da velocidade de mudança do processo dinâ mico de saúde e doença de uma população Assim inci dência caracterizase como a frequência de casos novos de uma determinada doença ou agravo num determina do período de tempo advindos de uma população sob risco de adoecimento no início da observação Portanto tratase da ocorrência do primeiro episódio da doença ou agravo à saúde em questão Este caso é necessaria 26 mente relacionado a doenças infecciosas que deman dam imunidade permanente e de algumas doenças crô nicas como o diabetes mellitus MEDRONHO 2009 Em determinadas circunstâncias podese computar múltiplas ocorrências de uma doença em uma mesma pessoa ao longo de um intervalo de tempo Esta me dida é caracterizada como incidência total e pode ser utilizada em estudos de doenças agudas na ausência de imunidade adquirida ou até mesmo na identificação de doenças não infecciosas como o caso do infarto agudo do miocárdio ROTHMAN GREENLAND 1998 A incidência de um agravo qualquer pode ser medi da ou estimada por meio de maneiras diferentes A mais simples é o número de casos incidentes geralmente de nominados incidência Por exemplo entre 1975 e 2016 foram notificados aproximadamente 124 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos com obesidade ao redor do mundo NCD RISK FACTOR COLLABO RATION 2017 Tratase de uma medida adimensional cujos valores possíveis variam de zero a infinito Contu do o tamanho da população sob risco de adoecimento determina o limite máximo possível do número de ca sos incidentes Ainda assim notase que a referência a uma população e período determinados se faz presente mesmo que indiretamente neste caso o período de tem po 1975 a 2016 e a população população mundial de crianças e adolescentes Devo esclarecer que embora o cálculo da incidên cia pareça ser simples e você verá isso mais adiante o número de casos incidentes por si só não permite comparações da incidência entre diferentes populações ou entre diferentes períodos Os 124 milhões de jovens obesos no mundo notificados no mesmo período teriam um significado epidemiológico diferente se referidos à metade da população mundial ou se referidos a um pe ríodo mais curto como entre 1975 e 2010 A taxa de incidência é a expressão da frequência com que surjam novos casos de uma doença ou agravo à saúde por unidade de tempo e relacionada ao tamanho de uma determinada população em questão Assim ela é calculada como a razão entre o número de casos novos da doença ou agravo à saúde e o total de pessoatempo gerado a partir da população de estudo acompanhada A taxa de incidência pode ser estimada pela fórmula I Número de casos novos da doençaagravo à saúde em uma população durante um intervalo de tempo Número de pessoas sucessíveis ao risco da doençaagravo à saúde durante o referido intervalo de tempo x 105 A taxa é expressa em relação a uma determinada quan tidade de pessoasano de exposição ao risco de ado ecimento representada pela estimativa da população geralmente residentes ou habitantes de determinadas cidades e período em questão assumida a premissa da estabilidade Note que há uma multiplicação x 105 na fórmula a qual permite a inferência do resultado sobre a quantia de 100000 habitantes 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando devese usar a prevalência e quando devese usar a incidência A escolha entre o uso da incidência ou prevalência de pende de alguns fatores Geralmente quando tratamos de doenças agudas pesquisas etiológicas estudos de prognóstico aqueles estudos que tratam de questões clí nicas de um modo semelhante aos estudos de coorte em relação ao desfecho de doenças ou análise da eficácia de ações terapêuticas e preventivas a incidência é mais utilizada Para doenças crônicas como as cardiovascu lares ou fatores de risco à saúde a determinação da pre valência é mais indicada Por isso que dificilmente você verá estudos relatando a incidência da inatividade física sedentarismo ou obesidade por exemplo A prevalência também é mais utilizada quando o assunto se refere ao planejamento e administração de serviços Ilustrei uma representação gráfica para que você consiga observar a diferença entre as medidas de preva lência e incidência 28 01 de Janeiro 31 de Dezembro Legenda Início da doença Duração da doença Término da doença População 100 pacientes Casos incidentes 6 Casos prevalentes 11 Coefciente de incidência 7 por 100 pacientes Coefciente de prevalência 11 por 100 pacientes Figura 2 Representação gráfica de casos da doença X início desenvolvimento e fim de 01 de janeiro a 31 de dezembro em um grupo de 100 pacientes internados em um hospital Y Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 2 é uma representação gráfica de um estudo hipotético sobre uma doença que foi analisada entre os dias 01 de janeiro a 31 de dezembro Na data de 01 de janeiro há uma linha na vertical representando o início do estudo e em 31 de dezembro há outra linha na vertical representando o final do estudo Dentre essas duas linhas estão dispostas as pessoas que já tinham a doença ou que adquiriram a doença durante esse período representando graficamente a diferença entre prevalência e incidência 29 EDUCAÇÃO FÍSICA Vamos observar a Figura 2 Notase que no dia 01 de janeiro cinco pacientes de uma mesma clínica hipotéti ca tinha a doença X Assim a prevalência dessa doença X no dia 01 de janeiro é de 5100 que é igual a 005 Esse valor também pode ser expresso em percentual o qual representaria 5 do grupo de pacientes Durante o período de 01 de janeiro a 31 de dezem bro ocorreram seis novos casos da doençaagravo Con siderando que entre os 100 pacientes da clínica cinco já haviam desenvolvido a doençaagravo X no início do estudo então somente 95 estavam em risco de desenvol ver a doença Portanto a incidência cumulativa da do ença X nesse hospital deve ser calculada como sendo 595 que resultaria em 0053 ou 53 ao ano INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM MEDIDAS DE MORTALIDADE A mortalidade pode ser caracterizada como um caso particular do conceito de incidência quando o evento de interesse é a morte e não o adoecimento Portanto essa medida pode ser referida a um problema de saú de específico por exemplo o câncer de mama ou a um grupo de problemas como as doenças cardiovasculares Quando relacionada a todas as causas é denominada de mortalidade geral diferente do termo letalidade que se refere à uma medida de mortalidade restrita aos sujeitos que apresentam um determinado problema de saúde A letalidade expressa a frequência de óbitos por uma doença ou agravo à saúde x entre os próprios indivíduos que apresentam essa determinada doença ou agravo à saúde x CONCEITUANDO É importante que você entenda que a magni tude da mortalidade por uma doença ou agra vo à saúde em uma determinada população é dependente da letalidade e da incidência Por exemplo uma doença altamente letal porém rara apresentará baixa mortalidade O mesmo fato ocorrerá caso a incidência seja alta porém a letalidade baixa e quando ambas forem baixas Em contrapartida quando a mortalidade é alta a letalidade e a incidência também serão altas EXPLORANDO IDEIAS 30 Semelhante à medida de frequência incidência estu dada anteriormente a mortalidade pode ser medida por meio de taxas ou proporções A interpretação da taxa e da proporção de mortalidade é parecida com as medidas de incidência A diferença é que substi tuímos o evento do adoecimento pela morte Os indicadores de saúde baseados em dados sobre mortalidade são classificados em dois tipos WHO 1957 indicadores globais como coefi ciente geral de mortalidade razão de mortalidade proporcional ou índice de Swaroop e Uemura e a esperança de vida ao nascer e os específicos como os coeficientes de mortalidade infantil e de mortali dade por doenças transmissíveis Primeiramente serão apresentados os indicado res baseados em medidas de frequência no caso o coeficiente geral de mortalidade e aqueles baseados em informações relativas à causa da morte e à ida de ou o período da vida em que o óbito ocorre Em seguida são apresentados os indicadores expressos segundo unidades de tempo de vida Coeficiente Geral de Mortalidade O coeficiente geral de mortalidade aqui denomina do de CGM também conhecido como taxa bruta de mortalidade referese a toda uma população ou seja é o quociente entre o total de óbitos e a população de uma área em um determinado período de tempo A população no denominador do CGM é referida ao período em questão É importante deixar claro que aqui há uma pressuposição que a distribuição de nascimentos óbitos e migrações é homogênea Ge ralmente o valor final resultante da equação é mul tiplicado por 1000 Assim o CGM por uma doença agravo à saúde é estimado pela equação CGM M x1000 P Em que M representa o número de mortes e P representa a quantidade de pessoas da população durante o estudo Vou te dar um exemplo utilizando a equação anterior para que você possa entender melhor o cálculo Suponha que no ano de 2018 tenham sido registrados 900000 óbitos em todo o Brasil e em 1º de julho deste mesmo ano a população brasilei ra era constituída de 190000000 Considerando a equação anterior o CGM relativo ao Brasil no ano de 2018 foi cerca de 47 óbitos por 1000 habitantes Assim o CGM expressa o risco de morte na popu lação brasileira em 2018 para cada 1000 habitantes cerca de 47 faleceram neste ano Um dos benefícios de se utilizar o CGM é a pos sibilidade de relacionar o nível de saúde de diferen tes áreas no tempo por meio de dados mais fide dignos do que aqueles que compõem os coeficientes específicos geralmente mais difíceis de serem ob tidos Esse fato é devido à facilidade do cálculo do CGM requerendo apenas o conhecimento do nú mero de óbitos ocorridos em uma população em um determinado ano sem a necessidade de informações específicas adicionais como o sexo ou a idade dos sujeitos falecidos ou até mesmo a causa da morte É importante destacar que o CGM está sujeito a erros que podem incidir no seu numerador eou no seu denominador subestimando ou superesti mando os valores No numerador a subenumeração de óbitos ou seja valores abaixo do real são encon tradas frequentemente em áreas menos desenvol vidas devido principalmente às falhas no registro de óbitos Entre os anos de 1997 e 2001 por exem 31 EDUCAÇÃO FÍSICA plo estimouse um subregistro de óbitos no Brasil em torno de 18 chegando a 26 no Norte e 34 no Nordeste ambas regiões menos desenvolvidas quando comparadas às outras do país LAURENTI MELLO GOTLIEB 2005 A subenumeração de óbitos pode estar relacio nada a erros no registro de dados como o local de residência levando a uma evasão de mortes os quais deixam de ser considerados no cômputo do CGM de suas respectivas populações de origem Caso não corrigida a subestimação de óbitos proporcionará a subestimação do CGM RIPSA 2002 Em contrapartida à evasão é possível que haja uma invasão de óbitos erroneamente classificados como de residentes em uma determinada localidade É o caso de localidades com maior oferta de serviços de saúde pois tendem a atender a demanda da assis tência médica provenientes de outras áreas Esse fato possibilita a superestimação dos valores de CGM Em relação ao denominador a fonte principal de erro é decorrente das estimativas incorretas dos con tingentes populacionais principalmente nos perío dos de anos censitários ou seja os anos em que são realizados censos a fim de obter informações de di versos fatores sobre aquela determinada população Esses erros se tornam ainda mais prováveis de ocor rer quanto maiores forem as mudanças na dinâmica populacional à medida que aumenta o tempo trans corrido desde a realização do último censo Quan do os contingentes populacionais são subestimados o CGM será superestimado Em contrapartida no caso das estimativas populacionais estiverem acima da realidade o CGM será subestimado LAUREN TI MELLO GOTLIEB 2005 Para quaisquer populações é esperado que o va lor do CGM varie entre 6 e 10 óbitos por mil habitan tes LAURENTI MELLO GOTLIEB 2005 Caso os valores do CGM sejam inferiores a seis óbitos por 1000 habitantesano é necessário considerar a pou ca fidedignidade dos dados coletados especialmente a possibilidade de subregistro de óbitos Indicadores de Mortalidade segundo a Causa de Óbito Você já se perguntou como vem se comportando a mortalidade por infarto no Estado do Paraná nos últimos 20 anos E sobre a frequência de óbi tos causados pelas doenças coronarianas Será que esta é homogênea nas diferentes regiões do Brasil Do que se morre mais atualmente no país de do enças infecciosas ou cardiovasculares As respostas a todas essas perguntas anteriores dependem das medidas de mortalidade segundo a causa basean dose no conceito de causa morte o qual é definido como aquelas doenças estados mórbidos ou lesões que conduziram à morte e às circunstâncias do aci Será que é possível comparar CGMs em di ferentes populações Quando o uso do CGM for objetivando comparações é necessário muito cautela na interpretação e divulgação dos resultados uma vez que o seu valor é de pendente da composição da população por idade por sexo e por outras características relacionadas ao risco de morte Além disso a estrutura etária da população influi nos valores do CGM portanto este corresponde a uma média ponderada dos coeficientes específicos por faixas etárias em que os fatores de ponde ração correspondem às proporções de sujeitos em cada grupo etário em relação à população geral Assim o CGM em sua forma bruta não deve ser empregado em comparações entre populações com faixas etárias diferentes PENSANDO JUNTOS 32 dente ou da violência que produziu estas lesões WHO 1993 É importante identificar corretamente o conceito de causa de morte pois a uniformização desta definição e da classificação das causas de morte são necessárias para fins comparativos das estatísticas de mortalidade A mortalidade pode ser analisada por meio de três maneiras distintas por causa específica por exemplo hi pertensão arterial por agrupamento de causas afins por exemplo doenças isquêmicas do coração e grandes agru pamentos de causas como doenças do aparelho cardiovas cular MEDRONHO 2009 Você sabe como é feita a determinação da causa de morte A causa básica é realizada a partir das informa ções sobre as causas da morte registradas no atestado de óbito Causa básica de morte é descrita como a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patoló gicos que conduziram diretamente à morte Ela também pode ser definida como as circunstâncias do acidente ou da violência que produziu a lesão fatal WHO 1993 As demais causas preenchidas pelo médico no atestado de óbito irão formar o conjunto das causas associadas Principalmente para a área da saúde como é o caso da Educação Física é de extrema importância aplicar a me todologia das causas múltiplas de morte ou seja analisar não apenas a mortalidade segundo a causa básica morrer por uma doença ou agravo específico mas também co nhecer as complicações da causa básica e as causas asso ciadas declaradas no atestado de óbito morrer com uma doença Isso é essencial principalmente quando relacio nado à análise das doenças crônicas não transmissíveis LAURENTI MELLO GOTLIEB 2004 uma vez que auxilia no desenvolvimento de pesquisas para possíveis ações relacionadas à melhoria no estilo e hábitos de vida Além do número absoluto de óbitos a mortalidade segundo a causa pode ser analisada a partir de frequên cias relativas como taxas e proporções 33 EDUCAÇÃO FÍSICA Taxa de mortalidade por causa do óbito Mortalidade proporcional segundo a causa do óbito Mortalidade materna Mortalidade por causas mal definidas Indicadores de mortalidade por causa do óbito Figura 3 Exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito Fonte a autora Mortalidade segundo a Idade e os Períodos da Vida Os indicadores específicos por idade ou relativos a determinados períodos da vida são os mais conhecidos indicadores de mortalidade e considerados mais importantes no quesito de comparabilidade internacional Descrição da Imagem A figura 3 apresenta os exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito Dentre elas estão a taxa de mortalidade por causa do óbito mortalidade materna mortalidade por causas mal definidas e mortalidade proporcional segundo a causa do óbito 34 Mortalidade infantil Mortalidade fetal Mortalidade perinatal Mortalidade em menores de cinco anos de idade Mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade Mortalidade segundo a idade e os períodos da vida Figura 4 Exemplos de indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida Fonte a autora Descrição da Imagem A imagem da figura 4 apresenta os indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida São cinco indicadores mortalidade infantil mortalidade fetal mortalidade perinatal mortalidade em menores de cinco anos de idade e mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade 35 EDUCAÇÃO FÍSICA Basicamente a mortalidade infantil se refere aos óbitos ocorridos ao longo do primeiro ano de vida antes mes mo da criança completar 1 ano de idade Geralmente a mortalidade infantil é medida por meio da taxa de mor talidade infantil Contudo ela também pode ser avaliada pela proporção de óbitos de menores de um ano de vida com relação ao total de óbitos registrados em uma deter minada área e período A mortalidade fetal é caracterizada pela inexistência de qualquer sinal de vida seja respiração pulsação do cordão umbilical batimentos cardíacos ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária WHO 1995 A mortalidade perinatal se destina a um indicador de saúde maternoinfantil Esse indicador possibilita a identificação das condições de saúde reprodutiva e da qualidade da assistência prénatal parto e neonatal FONSECA COUTINHO 2004 A taxa de mortalidade é caracterizada como a razão entre o número de óbitos em menores de cinco anos de idade e o total de nascidos vivos Essa taxa é relati vamente recente e foi criada basicamente porque até o início da década de 80 a mortalidade de crianças de 0 a 4 anos de idade vinha sendo expressa pela mortalidade infantil e a mortalidade de 1 a 4 anos Entretanto existia diferença entre os denominadores nascidos vivos para a mortalidade infantil e população de 1 a 4 anos de idade para a mortalidade de 1 a 4 anos Por fim a mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade também conhecida como razão de mor talidade proporcional destinase à proporção de óbitos de indivíduos com idade igual ou maior que 50 anos em relação ao total de óbitos Por exemplo se a taxa de mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade for igual a 80 significa dizer que quatro em cada cinco óbitos ocorridos foram de sujeitos com idade igual ou maior que 50 anos Indicadores baseados em medidas de tempo de vida Os indicadores expressos até aqui abrangem a dimensão da frequência com que ocorrem os óbitos Um outro con junto de medidas incorpora além da dimensão da frequ ência a do tempo de vida Assim para esses indicadores a idade em que as mortes ocorrem é o fator principal Dois indicadores baseados em medidas do tempo de vida são amplamente utilizados em estudos epide miológicos relacionados à saúde a expectativa de vida e os anos potenciais de vida perdidos O primeiro des tinase à medida do número esperado de anos a serem vividos em média pelos sujeitos que compõem uma de terminada população Esse indicador é amplamente re conhecido como um bom indicativo de saúde O segun do nomeado como anos potenciais de vida perdidos expressa o efeito das mortes ocorridas precocemente em relação à duração esperada da vida Tem como objeti vo permitir a comparação da importância relativa das diferentes causas de óbitos ROMEDER McWHINNIE 1988 subsidiando a definição de prioridades no âmbito da saúde pública INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM MEDIDAS DE MORBIDADE A morbidade pode ser definida como qualquer afasta mento de um estado de bemestar psicológico ou fisio lógico averiguado de forma subjetiva ou direta LAST 1988 Portanto ela identifica as causas que determinam o adoecer Assim as pesquisas sobre os dados de morbi dade são fundamentais para as análises de causaefeito das doenças FRANCO LAÉRCIO COSTA 2011 Quando relacionado ao nível do organismo o con ceito de doença diz respeito a uma disfunção de natu 36 reza fisiológica ou psicológica FORATTINI 1992 e é caracterizada por ao menos dois dos três critérios a se guir um agente etiológico reconhecido um conjunto de sinais e sintomas e alterações anatômicas consistentes PEREIRA 1995 Quando relacionamos morbidade ao nível indivi dual o conceito passa a ser voltado à enfermidade rela tivo à percepção da anormalidade no estado de saúde do próprio indivíduo A enfermidade é caracterizada por queixas pelo incômodo ou sofrimento físico ou mental ou por qualquer outro motivo que faça com o que sujei to se preocupe com a saúde Em âmbito social o entendimento de morbidade é expressado pelas atitudes e comportamentos assumidos pelos sujeitos ao se perceberem doentes ou enfermos As sim a morbidade neste campo corresponde ao conceito de anormalidade e é medida por fatores de ordem cultural re lacionados aos juízos de valor próprios de cada sociedade ou grupo social Um exemplo é a pessoa se afastar do tra balho devido a um problema de saúde havendo uma mu dança relacionada a um papel social da pessoa acometida Identificando os três níveis citados anteriormente entendese que a expressão da morbidade pode se dar por meio das suas diferentes dimensões organismo in dividual e social simultaneamente ou de forma sepa rada Para que você entenda melhor uma pessoa pode estar doente mais ainda na fase préclínica da história natural da doença e assim não se sentir enferma e nem expressar qualquer anormalidade Em contrapartida um sujeito pode manifestar incômodo sem que seja diagnosticada qualquer doença Ademais mesmo do ente e enfermo o indivíduo pode não manifestar cer tos comportamentos sociais esperados mantendo por exemplo suas atividades laborais inalteradas O conceito mais genérico de morbidade e comu mente utilizado em epidemiologia é a medida da fre quência de determinada doençaagravo à saúde inde pendentemente de sua evolução ou seja cura morte ou periodicidade da doença FORATTINI 1992 Portanto observase que a mortalidade é incluída na definição de morbidade Assim os estudos da morbidade a partir de dados sobre mortalidade acabam por ser incompletos e parciais com exclusão daqueles casos de doençasagra vos altamente letais Considerando que os indicadores de saúde baseados em medidas de mortalidade foram apresentados anteriormente neste capítulo falaremos nesta seção sobre indicadores de morbidade referentes aos problemas de saúde não fatais e suas consequências particularmente relacionados à atividade física Os indicadores de morbidade consistem essencial mente em medidas de prevalência e incidência já des critas anteriormente neste capítulo Contudo recente mente os indicadores baseados em medidas do tempo vida utilizados em análise de mortalidade fazem parte das diferentes dimensões do conceito de morbidade Os indicadores de morbidade são utilizados para comparações que envolvem diferentes populações e ou períodos expressando a magnitude da ocorrência de doençasagravos nas populações e servindo para a ava liação de programas e serviços de saúde Indicadores para avaliação das consequências de problemas de saúde não fatais Considerando a crescente tendência a problemas de saú de de natureza crônica as pesquisas têm voltado à aten ção para o desenvolvimento de estudos referente ao fato Assim vários modelos teóricos serviram como referência para a concepção de indicadores que avaliassem as conse quências dos problemas de saúde não fatais destacandose o modelo biomédico o modelo da OMS o modelo utilita rista e o da qualidade de vida COSTA 2006 Segue um infográfico de alguns indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais 37 EDUCAÇÃO FÍSICA MODELO BIOMÉDICO Restringe a aspectos anatômicos bioquímicos e fisiológicos baseandose em diagnósticos MODELO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE Condições decorrentes da doença descritas como sequência linear doença deficiência incapacidade desvantagem MODELO UTILITARISTA Voltado para análises de custoefetividade e custoutilidade aplicadas à avaliação de projetos e investimentos na área da saúde MODELO DE QUALIDADE DE VIDA Expressam as preferências pelo tempo vivido em cada estado de saúde servindo como fatores de ajuste em relação ao tempo de vida com plena saúde INDICADORES VOLTADOS PARA A AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DOS PROBLEMAS DE SAÚDE NÃOFATAIS Figura 5 Exemplos de indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais Fonte a autora Descrição da Imagem A imagem da figura 5 apresenta os indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais Da esquerda para a direita aparece o modelo biomédico que restringe a aspectos anatômicos bioquímicos e fisiológicos baseandose em diagnósticos O segundo é o modelo da Organização Mundial da Saúde com condições decorrentes da doença descritas como sequência linear doença deficiência incapacidade desvantagem O terceiro é o modelo utilitarista que é voltado para análises de custoefetividade e custoutilidade aplicadas à avaliação de projetos e investimentos na área da saúde E por último o modelo de qualidade de vida que expressam as preferências pelo tempo vivido em cada estado de saúde servindo como fatores de ajuste em relação ao tempo de vida com plena saúde Focaremos nesta seção na medida de avaliação de nominada qualidade de vida considerando que esta é uma medida muito utilizada nos estudos relacionados à Educação Física Conceituar a qualidade de vida é algo complexo uma vez que a expressão apresenta vários sig nificados e envolve conhecimentos valores percepções e experiências diversas Saúde bemestar e nível funcional são termos ge ralmente utilizados como sinônimos de qualidade de vida OLIVEIRA 2004 Um conceito amplo e muito utilizado é o da Organização Mundial da Saúde WHO 1995 que afirma que a qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre a sua própria posição na vida rela cionada ao âmbito cultural de vivência e em relação aos objetivos e expectativas próprias O conceito de quali dade de vida relacionado à saúde para Patrick e Erick son 1993 relacionase ao valor atribuído à duração da vida modificado em função de deficiências percepções 38 estados funcionais e oportunidades sociais os quais são influenciados pela ocorrência de doenças agravos intervenções ou políticas públicas Portanto o termo qualidade de vida se refere ao impacto do estado de saú de na função ou na habilidade do sujeito e à percepção de bemestar nos domínios físicos mentais e sociais da vida OLIVEIRA 2004 A mensuração dos níveis de qualidade de vida rela cionada à saúde é realizada por meio de instrumentos que abrangem diferentes dimensões ou domínios com postos por uma quantidade variada de itens As respos tas relacionadas a essas questões geram escores que po dem ser considerados globais ou específicos para cada domínio resultando em índices agregados ou perfis de qualidade de vida relacionada à saúde Os domínios primários da qualidade de vida rela cionada à saúde são os da atividade física atividade psi cológica atividade social grau de satisfação com a vida ou bemestar e a percepção do estado de saúde Domí nios secundários ou adicionais acabam por ser consi derados de acordo com o objetivo do estudo incluindo entre outros fatores a atividade sexual o sono a identifi cação de sintomas fatores relacionados à religiosidade e espiritualidade OLIVEIRA 2004 O Quadro 1 mostra os domínios e respectivas face tas abordados no instrumento de avaliação da qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde WHOQOL World Health Organization Quality of life na versão abreviada WHOQOL Bref desenvolvido para ava liação da qualidade de vida em diferentes contextos so cioculturais É importante frisar que para cada domínio abordado no instrumento os escores mais baixos repre sentam as avaliações menos favoráveis da qualidade de vida ou seja quanto mais baixo o escore menor será a avaliação dada para aquele domínio Domínios Facetas Físico Dor e desconforto Energia e fadiga Sono e repouso Mobilidade Atividades da vida cotidiana Dependência de medicação ou de tratamentos Capacidade de trabalho Psicológico Sentimentos positivos Pensar aprender memória e concentração Autoestima Imagem corporal e aparência Sentimentos negativos Espiritualidadereligiãocrenças pessoais Descrição de quadro O Quadro 1 representa os domínios e facetas incluídos no instrumento WHOQOLBref para avaliação da qualidade de vida São 4 domínios e 4 facetas O domínio físico é representado por dor e desconforto energia e fadiga sono e repouso mobilidade atividades da vida cotidiana dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho O domínio psicológico apresenta sentimentos positivos pensar aprender memória e concentração autoestima imagem corporal e aparência sentimentos negativos espiritualidadereligiãocrenças pessoais O domínio das relações sociais é representado por relações pessoais suporte apoio social e atividade sexual E por último segurança física e proteção ambiente no lar recursos financeiros cuidados de saúde e sociais disponibilidade e qualidade oportunidades de adquirir novas informações e ha bilidades participação em e oportunidades de recreaçãolazer ambiente físico poluiçãoruídotrânsitoclima e transporte que são representados pelo domínio do meio ambiente 39 EDUCAÇÃO FÍSICA Relações sociais Relações pessoais Suporte apoio social Atividade sexual Meio ambiente Segurança física e proteção Ambiente no lar Recursos financeiros Cuidados de saúde e sociais disponibilidade e qualidade Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades Participação em e oportunidades de recreaçãolazer Ambiente físico poluiçãoruídotrânsitoclima Transporte Quadro 1 Domínios e facetas incluídos no instrumento WHOQOLBref para avaliação da qualidade de vida Fonte Moreno et al 2003 p 2587 O WHOQOL100 versão inicial é um instrumento de avaliação da qualidade de vida criado pela Or ganização Mundial da Saúde em que consiste em 100 perguntas referentes a seis domínios físico psicológico nível de independência relações sociais meio ambiente e espiritualidadereligiosidade crenças pessoais A necessidade de um instrumento mais curto mas que preservasse as características satisfatórias fez com que o grupo de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL100 o WHOQOLBref Para você ter acesso a ambos instrumentos basta acessar o site httpswwwufrgsbrqualidepqualidadedevidaprojetowhoqol100 CONECTESE É importante que o desenvolvimento de instrumentos para avaliação da qualidade de vida seja muito crite rioso focando nos diferentes aspectos relacionados à validade da aferição da qualidade de vida Igualmente a adaptação transcultural destes instrumentos requer o desenvolvimento de estudos específicos baseando se em rígidos protocolos de investigação REICHE NHEIM MORAES 2002 Ambos modelos o biomédico e o da Organização Mundial da Saúde descritos na Figura 5 particularmen te em sua versão inicial baseada na Classificação Inter nacional de Deficiências Incapacidades e Desvantagens CIDID WHO 1980 caracterizamse pelo enfoque de aspectos negativos relacionados às consequências dos problemas de saúde não fatais Os outros modelos por sua vez permitem abordagens dos aspectos tanto positi vos como negativos do conceito de saúde Indicadores para avaliação das limitações e restrições da atividade física Analisar a dimensão da atividade física é fundamental na avaliação das consequências dos agravos e doenças crônicas Isso porque é crescente a tendência ao envelhe cimento populacional e à falta de movimentação física extremamente prejudicial à saúde Assim cresce grada 40 tivamente o desenvolvimento de pesquisas e estudos ba seados em medidas de disfunção ou incapacidade física Os primeiros indicadores de deficiências físicas fo ram baseados em medidas geradas a partir de avaliações clínicas padronizadas Assim dois fatos impulsionaram o desenvolvimento de medidas para avaliação de inca pacidades funcionais primeiro o fato de as deficiências não apresentarem relação clara com as necessidades de saúde Segundo pela importância progressiva dada à independência funcional de pacientes que são de pro gramas de reabilitação Diante disso os métodos de ava liação passaram a incorporar as atividades passíveis de desenvolvimento por uma pessoa considerando a sua capacidade física As escalas de avaliação das atividades diárias da vida e das atividades instrumentais diárias da vida são exemplos desses métodos As atividades da vida diária caracterizamse pelos cuidados pessoais como alimentarse vestirse tomar banho movimentarse em casa SADANA 2002 ou seja aquelas em que a execução depende da habilidade física e cognitiva da pessoa As atividades instrumentais da vida diária acabam por ser um segmento das ativida des da vida diária incluindo assim além das habilidades físicas a avaliação da reintegração dos sujeitos acome tidos ao meio social As escalas de avaliação das atividades instrumentais da vida diária permitiram a avaliação de incapacidades consideradas de baixo grau geralmente encontradas na população em geral Para que você consiga entender me lhor as atividades instrumentais da vida diária tem foco na habilidade da pessoa ou seja habilidades complexas necessárias para se viver de maneira independente isso envolve o viver em seu próprio meio compreendendo as limitações que existem no quesito por exemplo de co zinhar fazer os trabalhos domésticos tomar remédios cozinhar e fazer compras COSTA 2006 Existem alguns indicadores que podem ser baseados nas escalas das atividades da vida diária ou nas escalas das atividades instrumentais da vida diária Um exemplo são as medidas de prevalência de incapacidade de desenvol ver ao menos uma das atividades avaliadas um tipo de indicador muito utilizado em estudos de base populacio nal sobre avaliação funcional de idosos PATRICK ERI CKSON 1993 Outros tipos de indicadores são aqueles baseados em medidas genéricas de limitações e restrições das atividades BARBOTTE et al 2001 Entendese por limitações das atividades a redução por longo prazo da capacidade de uma pessoa desenvolver as atividades espe radas para os sujeitos da mesma faixa etária ou seja os papéis sociais ou atividades princi pais O conceito das restrições das atividades referese à redução das atividades abaixo da capacidade de um sujeito em um prazo rela tivamente curto PATRICK ERICKSON 1993 CONCEITUANDO 41 considerações finais Prezadoa alunoa concluímos aqui a sua primeira jornada ao universo da epidemiologia da atividade física Se realizarmos um breve resgate dos conteúdos abordados você notará que nossa primeira conversa se referiu à contextualização histórica da epidemiologia Pode mos entender como se deu a inserção da epidemiologia por meio das primeiras pesquisas realizadas Neste contexto vimos que os estudos de John Snow William Farr e Louis René Villermé contribuíram grandemente para o campo epidemiológico Podemos ainda entender e discutir sobre o conceito da epidemiologia e a relação desta com a saúde e assim consequentemente com a atividade física Vimos que essa relação se deu devido às pesquisas que identificaram o sedentarismo como um fator determinante para o desenvolvimento de doenças e agravos à saúde Você pôde ler também sobre a transição epidemiológica caracterizada pela inversão das causas de morte em que anteriormente as pessoas vinham a óbito por doenças infecciosas e então começaram a adoecer por doenças de caráter cardiovascular Para finalizar o conteúdo foi abordado sobre os indicadores e medidas de frequência Estudamos sobre os conceitos de prevalência e incidência e quando devemos utilizar cada uma destas Você pôde notar que se trata de conceitos diferentes em que prevalência se destina à frequência de casos existentes de uma determinada doença ou agravo à saúde e incidência são os casos novos que surgem dessa determinada doença Referente aos indicadores de saúde vimos que estes podem ser baseados em duas vertentes A primeira foi sobre os indicadores de saúde baseados em medidas de mortalidade A segunda foi sobre os indicadores de saúde baseados em medidas de morbidade Você percebeu que existem diferentes indicadores e que estes podem fornecer infor mações distintas mas que muitas vezes complementamse entre si Portanto com essas considerações encerramos este nosso primeiro encontro Até o próximo 42 atividades de estudo 1 Suponha que em 01012019 existiam 2700 casos de câncer de mama em trata mento na cidade de Maringá no estado do Paraná Durante o passar do ano fo ram notificados 960 casos novos de câncer e 830 pacientes obtiveram alta por cura Todos os pacientes foram tratados por meio do tratamento aqui nomeado como x que teve duração de seis meses A população residente em Maringá no ano de 2019 era de cerca de 450000 habitantes Considerando as informações calcule a prevalência de câncer de mama no início e no final de 2019 e a taxa de incidência de câncer de mama em 2019 na referida cidade 2 A epidemiologia é uma área da ciência que estuda o processo saúdedoença na população humana analisando a distribuição e os fatores que determinam a enfermidade Considerando o exposto assinale V para as afirmativas ver dadeiras e F para as falsas A epidemiologia se baseia nos fatores clínicos individuais do processo de saúde Por meio dos estudos epidemiológicos é possível prevenir controlar e poste riormente tratar possíveis doenças ou agravos à saúde do indivíduo Curar a doença é um dos objetivos do diagnóstico clínico o qual faz parte das premissas da epidemiologia As descobertas epidemiológicas sobre as doenças crônicas degenerativas foram fundamentais para o maior entendimento sobre a tríade epidemiolo gia saúde e atividade física A sequência correta é a V V F V b F V F V c F F V F d V F F F e V V V F 3 Suponha que você deseja realizar um estudo para identificar o coeficiente ge ral de mortalidade do Brasil e dos EUA no ano de 2017 Após pesquisa realiza da nas bases de dados populacionais você obteve as seguintes informações 43 atividades de estudo Brasil Estados Unidos Faixa etária População Óbitos População Óbitos 0 a 4 anos 25984067 109799 24766167 43540 5 a 19 anos 57543281 53098 62227678 29750 20 a 44 anos 78344055 181908 112339058 191877 45 a 64 anos 23976685 209860 54888345 426067 65 anos ou mais 22367760 412076 39430909 2256230 Total 208215848 966741 293652157 2947464 Com as informações compostas no quadro calcule o coeficiente geral de mor talidade por mil habitantes para o Brasil e para os EUA no ano de 2017 e interprete os resultados 4 Os indicadores de saúde permitem a análise de fatores relacionados à morta lidade e a morbidade Especificamente sobre a mortalidade existem os indi cadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida Considerando o exposto associe os números às devidas lacunas 1 Mortalidade infantil 2 Mortalidade fetal 3 Mortalidade perinatal 4 Mortalidade em menores de cinco anos de idade 5 Mortalidade proporcional com 50 anos ou mais Permite identificar as condições de saúde da reprodução humana Caracterizado pela inexistência para qualquer sinal de vida Proporção de óbitos ocorridos no primeiro ano de vida razão da mortalidade de indivíduos de meia idade ou mais Proporção de óbitos nos primeiros anos de vida A sequência correta é a 5 2 3 1 4 b 4 3 2 1 5 c 3 2 1 5 4 d 2 1 3 5 4 e 1 2 3 5 4 44 atividades de estudo 5 Os indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais são fundamentais para analisar os problemas de saúde de natureza crônica Para tanto foram criados alguns modelos teóricos que ser viram como referência para a concepção desses indicadores Considerando o exposto avalie as afirmativas I O modelo biomédico foi criado a fim de avaliar projetos e investimentos volta dos para a saúde II O modelo da Organização Mundial da Saúde se associa à prevenção de do enças III O modelo de qualidade de vida é voltado para a promoção da saúde As afirmativas corretas são a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I e III apenas 45 LEITURA COMPLEMENTAR Um artigo recentemente publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia descreve sobre a prevalência e a incidência de um vírus que causou uma verdadeira pandemia em todo o mundo o coronavírus 2019 COVID19 Intitulado como Medidas de frequência cal culando prevalência e incidência na era do COVID19 o manuscrito descreve sobre a doença e apresenta valiosas informações sobre a prevalência e a incidência Medidas de frequência calculando prevalência e incidência na era do COVID19 Por Marcia Margaret Menezes Pizzichini Cecilia Maria Patino Juliana Carvalho Ferreira Cenário prático A doença coronavírus 2019 COVID19 causada pelo coronavírus denominado SARS CoV2 tornouse uma pandemia apesar dos esforços globais para impedir sua propa gação O primeiro caso confirmado de COVID19 no Brasil foi relatado em 26 de feverei ro de 2020 Até 11 de maio de 2020 um total de 168331 brasileiros tinham diagnóstico confirmado de COVID19 dos quais 89429 531 ainda estavam infectados 67384 40 estavam curados e 11519 68 foram a óbito O número de novos casos em 11 de maio foi de 5632 e a incidência relatada foi de 801100000 habitantes 1 Medidas de morbidade e mortalidade do COVID19 Contar os números de casos leves a graves e assintomáticos de COVID19 é essencial para descrever e interpretar as respostas epidêmicas locais Nesse cenário estimativas repetidas de prevalência e incidência informam as tendências de trajetória da doença e orientam o processo de tomada de decisões relacionadas às medidas de controle e de alocação de recursos2 Prevalência é definida como a proporção de uma população que tem a doença em um determinado momento Tabela 1 Estudos transversais são comumente utilizados para realizar estudos de prevalência porque examinam a doença em um determinado mo mento A prevalência de casos confirmados de COVID19 em 11 de maio foi de 008 46 LEITURA COMPLEMENTAR estimada como o número de casos de COVID19 naquele dia dividido pela população em risco população brasileira1 Como as medidas de prevalência incluem tanto os novos ca sos e os casos existentes elas não fornecem uma imagem completa da história natural da doença Além disso o cálculo da prevalência da COVID19 no Brasil em 11 de maio pode não ser preciso pois os dados relatados pelo Ministério da Saúde do Brasil não incluem uma testagem ampla para SARSCoV2 em todo o espectro da gravidade da doença portan to o número de casos relatados provavelmente representa aqueles mais graves uma vez que a maioria dos testes foi realizada em indivíduos sintomáticos e não na população em geral e como consequência subestimando a prevalência real da doença Medidas Definições Como calcular Equações Resultados Prevalência Casos existentes da doença em um de terminado momento dividido pela popula ção em risco de ter a doença Casos de COVID19 em 11 de maio População em risco 168331 210 mi 008 Incidência Novos casos da doen ça em uma população definida durante um período específico um dia por exemplo dividido pela popula ção em risco Novos casos de CO VID19 em um dia População em risco em 11 de maioa 5632 209837301 27100000 Legenda mi milhões população brasileira a População brasileira menos o número total de casos confirmados em 11 de maio Quadro 1 Incidência e prevalência do COVID19 em 11 de maio de 2020 no Brasil 1 Incidência é uma medida da ocorrência de novos casos durante um período especificado em uma população em risco de ter a doença Enquanto a prevalência se refere a casos novos e casos existentes da doença a incidência enfoca apenas os casos novos Quadro 1 Para estimar a incidência todos os indivíduos no denominador população em risco 47 LEITURA COMPLEMENTAR devem ter o potencial de estar no numerador aqueles que desenvolvem a doença As es timativas de incidência requerem acompanhamento longitudinal por exemplo em horas dias ou anos O desenho do estudo de escolha é estudo de coorte envolvendo indivíduos em risco de desenvolver a doença sem a doença na inclusão e que são acompanhados ao longo do tempo e avaliados em relação ao desenvolvimento da doença Finalmente a inci dência também depende da frequência da doença da definição dos casos e da população em risco No cenário brasileiro a incidência de casos confirmados de COVID19 em 11 de maio foi de 27100000 habitantes em risco Quadro 1 Pontoschave para interpretar estimativas de prevalência e incidência Definições precisas de casos e não casos são essenciais para definir prevalência e incidência As estimativas de prevalência e incidência podem ser enganosas se o número de casos for subestimado devido a barreiras no acesso a informações sobre o diagnóstico e as práticas de cuidados de saúde ou se apenas pacientes com doença grave forem submetidos a testes diagnósticos O momento das estimativas de prevalência e incidência deve ser levado em consideração ao interpretar essas medidas Por exemplo as estimativas podem ser mais baixas no início de um surto quando comparadas com a epidemia posteriormente Referências 1 Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde homepage on the Inter net Brasília Ministério da Saúde c2020 cited 2020 May 11 COVID19 Painel Coronavírus Available from https covidsaudegovbr 2 Lipsitch M Hayden FG Cowling BJ Leung GM How to maintain surveillance for novel influenza A H1N1 when there are too many cases to count Lancet 200937496961209 1211 httpsdoiorg101016 S0140673609613775 Fonte Pizzichini Patino e Ferreira 2020 online 48 material complementar Epidemiologia Saúde Fundamento Métodos Aplicações Naomar de Almeida Filho Maurício L Barreto Editora Guanabara Koogan Sinopse o livro foi elaborado com o objetivo de explorar a Epidemiologia median te a articulação dos seus aspectos teóricometodológicos etapas de produção do conhecimento sistemático e validado e tecnológicos aplicação do conhecimen to distribuídos em quatro planos níveis de determinação etapas do ciclo vital grupos de problemas de saúde e aplicações a sistemas de saúde Desse modo buscase revelar a Epidemiologia como um campo disciplinar próprio já reconhe cido como gerador de conhecimentos e tecnologias capazes de subsidiar avanços concretos na situação social de saúde Resident Evil O Hóspede Maldito Ano 2002 Sinopse um terrível vírus é criminosamente solto nas dependências da Umbrella Corporation a mais poderosa empresa do mundo que secretamente desenvolve pesquisas biológicas Infectados seus funcionários são transformados em zumbis e Alice é chamada para averiguar os acontecimentos Indicação para Assistir Indicação para Ler 49 gabarito 1 Início de 2019 P 2700 casos 450000 habitantes x 100 006 ou 6 casos por 10000 habitantes Final de 2019 P 2700 960 830 casos 450000 habi tantes x 100 06 ou 6 casos por 10000 ha bitantes Incidência taxa de incidência I 960450000 2700 x 105 21462 casos por 100000 pessoasano 2 B 3 Brasil CGM MP x 1000 CGM 966741 208215848 x 1000 CGM 464 por 1000 habitantes EUA CGM MPx 1000 CGM 2947464 293652157 x 1000 CGM 1003 por 1000 habitantes 4 C 5 C Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Padrões de adoecimento da população Atividade física definições e padrões na população Objetivos de Aprendizagem Apresentar os padrões de adoecimento da população e identificar os indicadores de saúde na transição demográfica e na transição epidemiológica Discutir sobre os conceitos definições e apresentar os padrões da atividade física na população PADRÕES DE ADOECIMENTO DA POPULAÇÃO Unicesumar INTRODUÇÃO S eja bemvindo ao segundo tópico da nossa jornada acadêmica sobre a Epidemiologia da Educação Física Eu espero que você tenha realmente aprendido o conteúdo que foi trabalhado na unidade anterior pois foi a partir dele que construí os tópicos que abordam este nosso segundo encontro Quero que você termine a leitura desta Unidade 2 aprendendo sobre dois principais conteúdos O primeiro conteúdo trabalhado será sobre os padrões de adoecimento da população Mas como assim Professora pa drões de adoecimento da população Isso mesmo Se formos analisar epi demiologicamente a população adoece devido a alguns fatores que cha maremos aqui de transições Lendo sobre o conteúdo abordado nesta unidade você notará que a população passou e posso dizer que continua e continuará passando por duas transições a transição demográfica e a transição epidemioló gica Esses dois processos possibilitaram o aparecimento e desenvolvi mento de algumas doenças específicas fazendo com que a população adoecesse Além disso você perceberá que cada uma dessas transições apresenta indicadores de diferentes tipos os quais nos permitem analisar precocemente o desenvolvimento de possíveis doenças e agravos à saúde incluindo a inatividade física Portanto aqui também abordarei sobre as definições da atividade fí sica e quais são os padrões de prática da atividade física na população As sim você finaliza a leitura conseguindo identificar as populações que mais praticam bem como aquelas que menos praticam atividade física Tenho certeza que você terá grandes surpresas ao finalizar este nosso tópico Portanto desejo uma ótima e proveitosa leitura 54 Padrões de adoecimento da população 55 EDUCAÇÃO FÍSICA PADRÕES DE ADOECIMENTO DA POPULAÇÃO Na unidade anterior você teve um breve contato sobre os termos relacionados à transição demográfica e transição epidemiológica Pois então agora para que você consiga entender melhor sobre os padrões de adoecimento da população analisaremos a fundo o que de fato significa e como se deu essas transições Isso porque a transição demográfica e epidemiológica está intimamente relacio nada com os padrões de adoecimento da população Para iniciarmos vamos analisar o que significa a palavra transição Ela vem do latim transitione e tem como significado atos efeitos ou modos de passar lenta mente de um lugar estado ou assunto para o outro Por tanto esse termo remete à noção de passagem trajeto ou trajetória sobressaindo a ideia de movimento Quando relacionamos o termo transição com a saúde pública agregase então diferentes movimentos que percorrem a história da população humana As sim nesta unidade será focado sobre o fenômeno nos contextos demográfico e epidemiológico visando apre sentar alguns movimentos transicionais ocorridos nas populações humanas de uma forma geral e também no Brasil destacandose os processos conceituados como transição demográfica e transição epidemiológica Transição demográfica Atualmente estimase que a população mundial que representa o total de humanos vivendo no planeta Ter ra chegou a 77 bilhões de pessoas Para atingir esse número em 200000 anos a taxa média de crescimento anual deveria ter sido em torno de 0011 ao ano ou seja 11 seres humanos a mais ao ano a cada 1000 ha bitantes na terra BAVEL 2013 Contudo sabese que essa proporção é incorreta pois a população cresceu em ritmos diferentes ao longo de todo período histórico Aproximadamente 8 mil anos antes da Era Cristã período em que a caça e a agricultura eram a sobrevi vência da população o mundo era composto por cerca de 8 milhões de habitantes BERQUÓ 1980 No ano I dC esse número subiu para 300 milhões Passados 1237 anos os 300 milhões foram duplicados e por volta de 1750 a população mundial atingia os 800 milhões de habitantes No início do século 19 o número de 1 bilhão de pessoas foi alcançado pela primeira vez na história Posteriormente o crescimento acelerou e o número de 2 bilhões de pessoas foi superado 1920 Em 1950 a população chegou a 2536431 habitantes Em 2000 a população mundial era de 6085572 habitantes um crescimento de 25 vezes em 50 anos com estimativa de um total de 10875394 para o ano de 2100 NAÇÕES UNIDAS 2019 A Figura 1 apresenta uma estimativa da tendência geral de crescimento populacional no mundo do ano de 1950 ao ano 2100 56 POPULAÇÃO TOTAL Ano Medium variant Intervalo de previsão de 95 POPULAÇÃO TOTAL BILHÕES 1950 1975 2000 2025 2050 2075 2100 2 3 4 5 6 7 8 9 0 11 12 13 Figura 1 Crescimento histórico da população mundial desde o ano de 1950 Fonte adaptado das Nações Unidas 2019 Apesar do aparente crescimento populacional gradativo desde do ano I dC é importante frisar que foi a partir do século XVIII que ocorreu um incremento acelerado na população mundial em um ritmo e dimensão diversos de todas as épocas históricas anteriores Isso porque nesse período de universalização do capitalismo industrial ocorreu o desenvolvimento das forças produtivas que foi desencadeada pelo advento do capitalismo industrial e o modelo de sociedade por ele gerado Esse processo possibilitou o crescimento da população e da riqueza o desenvolvimento da ciência moderna e da técnica com um maior domínio sobre a natureza incluindo as doenças epidemias e a própria fecundidade humana ocasionando transformações culturais profundas nas sociedades refletindo sobre a natalidade a mortalidade e o ritmo de crescimento populacional Descrição da Imagem A figura 1 apresenta um gráfico sobre o crescimento histórico da população mundial desde o ano de 1950 a 2100 A linha crescente em azul destaca que em 1950 a população mundial era em média de 25 bilhões de pessoas aumentando no ano de 1975 para aproximadamente 4 bilhões No ano de 2000 o mundo era habitado por cerca de 6 bilhões de pessoas A expectativa é que em 2025 a população ultrapasse 8 bilhões de habitantes e inicie uma tendência a estagnação de crescimento populacional mantendose por volta de 11 bilhões de pessoas ao final da curva ano de 2110 57 EDUCAÇÃO FÍSICA O surgimento da teoria da transição demográfica se deu no século XX com base nas modifica ções observadas no continente europeu Procurava relacionar as transformações demográficas par ticularmente os coeficientes de natalidade e mortalidade com o processo de industrialização Assim em diversas etapas do desenvolvimento da sociedade pré e pósindustrial poderiam ser identifica dos particulares comportamentos da mortalidade e natalidade com reflexos no tamanho e compo sição da população Foram identificados três períodos principais nesse processo de transição clássico Figura 2 que tomou a industrialização como ponto de referência MEDRONHO 2009 FASE PRÉINDUSTRIAL Crescimento populacional lento FASE DE INDUSTRIALIZAÇÃO Crescimento populacional intenso FASE DA CONSOLIDAÇÃO DA SOCIEDADE INDUSTRIAL Crescimento populacional estável ou regressivo Figura 2 Fases de transição populacional durante o período de industrialização Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 2 apresenta três imagens distintas que caracterizam os três períodos principais do processo de transição Na primeira imagem o desenho demonstra um crescimento populacional lento contendo um máximo de 3 pes soas caracterizando a fase préindustrial Na segunda imagem o desenho é composto por várias pessoas demonstrando um crescimento populacional intenso característica da fase de industrialização O último desenho é composto por grupos distintos com a mesma quantidade de pessoas o que demonstra um crescimento populacional estável ou regressivo Esse fato é uma característica da fase da consolidação da sociedade industrial 58 A teoria da transição demográfica foi considerada como um modelo o qual possibilitou a explicação das diver sas mudanças demográficas no decorrer da história Isso porque observouse que as altas taxas de fecundi dade mundial eram encontradas nas populações rurais não industriais em que o número elevado de filhos se associava a uma maior mão de obra Contrariamente era encontrado neste mesmo cenário taxas elevadas de mortalidade ou seja quanto maior a industrialização e a urbanização menores eram as taxas de fecundidade Então nesta passagem de contextos populacionais foi conceituado a transição demográfica Portanto o con ceito da transição demográfica é caracterizado como a passagem de um contexto populacional onde prevale cem altos coeficientes de natalidade e mortalidade ou onde esses coeficientes alcançam valores extremamente reduzidos MEDRONHO 2009 Você notou que apresentei anteriormente três fases que caracterizaram as mudanças populacionais durante o processo de industrialização Entretanto esquemati camente para Thompson 1929 o modelo da transição demográfica demonstra que uma sociedade passa em termos demográficos por quatro fases ou estágios antes de se postular como uma sociedade pós industrial Preste atenção na figura 3 a seguir que você irá entender como funcionou essas fases 59 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 3 Fases da transição demográfica Fonte adaptada de Medronho 2009 Descrição da Imagem A Figura 3 é composta por uma pirâmide invertida iniciando pela fase 1 A fase 1 é típica das sociedades préindustriais Esta fase caracterizase por coeficientes de natalidade e mortalidade principalmente a mortalidade infantil muito altos acarretando em um crescimento populacional lento Perpetuou desde as origens da humanidade até meados do século XVIII período da Revolução Industrial e de suas transforma ções A fase 2 é própria dos países em processo de industrialização esta fase é conhecida como intermediária O coeficiente de mortalidade reduz drasticamente porém o coeficiente de natalidade continua elevado gerando aumento populacional Logo abaixo da fase 2 na pirâmide encontrase a fase 3 Nesta o coeficiente de natalidade começa a decair conjuntamente com o decréscimo do coeficiente da mortalidade iniciada na fase 2 Portanto o crescimento demográfico aqui continua sendo alto A característica mais importante é o envelhecimento populacional Por fim a última fase 4 ao final da pirâmide invertida é caracterizada pelas sociedades pósindustriais Também conhecida como fase da modernidade ou fase da póstransição aqui encontrase os coeficientes de natalidade e mortalidade reduzidos e consequentemente o crescimento populacional volta a entrar em equilíbrio A estabilização é representada pela aproximação dos níveis de fecundidade com os de reposição gerando aumento da expectativa de vida e envelhecimento da população geral principalmente devido a participação das mulheres 60 Indicadores de Transição demográfica Neste tópico veremos sobre alguns dos indicadores que ilustram o processo de transição demográfica no Brasil Digo no Brasil porque cada localidade apresenta uma determinada transição demográfica e portanto indi cadores específicos para a caracterização Os principais indicadores relacionados à transição demográfica no Brasil são os coeficientes de fecundidade natalidade mortalidade geral e infantil a taxa de crescimento po pulacional e os indicadores relacionados ao envelheci mento da população esperança de vida ao nascer idade mediana e estrutura por idade e sexo A fecundidade indica o desempenho reprodutivo efetivo de um grupo de mulheres que já completaram o período reprodutivo período compreendido entre 15 e 49 anos completos em uma determinada população referindose ao número médio de filhos por mulher ou seja é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria até os 49 anos completos CAVENA GHI CABELLA 2014 A natalidade conjuntamente com a mortalidade determina o crescimento vegetativo de uma popula ção Ela indica a relação entre o número de nascimen tos com referência à população total Portanto o coefi ciente geral da natalidade representa a frequência com que ocorrem os nascimentos em uma determinada po pulação O cálculo é a divisão do número de nascidos vivos de um determinado período e local pela popula ção específica deste mesmo local e período Em geral é expresso na base 1000 A mortalidade geral é caracterizada pela probabilidade de morrer em uma certa população O coeficiente é calcu lado por meio da divisão do número total de óbitos pela mesma população Em geral também é expresso na base 1000 O coeficiente de mortalidade infantil indica a pro babilidade de morrer antes de completar um ano de vida O cálculo se dá pela divisão do número de óbitos em me nores de um ano pelos nascidos vivos da mesma popula ção e período Em geral também é expresso na base 1000 A taxa de crescimento populacional é determinada pelo percentual de aumento médio anual da população residente em uma localidade e período Assim é impor tante frisar que a taxa de crescimento é influenciada di retamente pela dinâmica da natalidade e da mortalidade Entendese por crescimento vegetativo a di ferença entre os coeficientes de natalidade e de mortalidade em um determinado período Portanto referese ao crescimento popula cional em um território com base no número de pessoas que nasceram em um período es pecífico em comparação com o número de falecimentos Isso indica a expansão natural da população em um dado local Identificar o crescimento vegetativo de uma população é importante pois possibilita verificar a capa cidade desta população de se manter está vel expandirse ou reduzir numericamente Na Europa por exemplo as baixas taxas de crescimento vegetativo e as elevadas taxas de migração permeiam previsões relacionadas às mudanças no perfil étnico da população futura CONCEITUANDO 61 EDUCAÇÃO FÍSICA O conceito do envelhecimento demográfico ou en velhecimento da população é o acúmulo progressivo de maiores contingentes populacionais nas faixas etá rias mais avançadas Assim podese caracterizar pela queda da fecundidade a qual levaria a uma diminuição gradativa das faixas etárias mais jovens e consequente envelhecimento populacional especialmente associada a baixos níveis de mortalidade A idade mediana é literalmente a idade que separa a distribuição etária em dois blocos de 50 cada A espe rança de vida ao nascer destinase ao número médio de anos de vida esperados para um recémnascido manti do o padrão de mortalidade existente na população em questão em determinado período e espaço geográfico BRASIL 2008 As pirâmides populacionais são resul tado da observação de uma população com relação à idade e ao sexo Essas pirâmides etárias sofrem estrei tamento de base com relação à densidade de população jovem ou idosa MARTINS et al 2018 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA Devido ao desenvolvimento industrial por volta de 1950 iniciaram grandes modificações no perfil epidemiológi co nos grandes centros da economia mundial ARAÚ JO 2012 Essas mudanças aconteceram devido a dois principais fatores O primeiro fator condicionante foram as alterações associadas à estrutura etária da população ocasionadas durante o processo de transição demográ fica conforme visto anteriormente O segundo fator se deu pelas alterações de longa duração nos padrões de morbidade e mortalidade ocorrendo assim a substitui ção gradual das doenças infecciosas e parasitárias e das deficiências nutricionais pelas doenças crônicodegene rativas e aquelas relacionadas a causas externas como vimos na Unidade I Assim a transição epidemiológica pode ser carac terizada como as mudanças ocorridas no tempo nos padrões de mortalidade e morbidade da população em questão que geralmente ocorrem concomitantemente com transformações demográficas sociais e econômi cas OMRAM 2001 A passagem desse processo acopla três mudanças básicas a substituição das doenças para sitárias e infecciosas para as doenças crônicodegenera tivas o deslocamento da carga de morbimortalidade de grupos mais jovens para grupos mais idosos e a mu dança do predomínio da mortalidade para a morbidade SCHRAMM et al 2004 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 62 Considerando as mudanças básicas vinculadas à transição epidemiológica citadas Lerner 1973 afirma que o conceito ou a definição da transição epidemioló gica deve ser amplo como transição da saúde que inclui elementos das concepções e comportamentos sociais o que corresponde aos aspectos básicos da saúde nas di ferentes populações Para Schramm et al 2004 enten dese como transição epidemiológica as transformações nos padrões de morbidade mortalidade e invalidez as quais caracterizam uma população específica e ocorrem conjuntamente com outras transformações sociais de mográficas e econômicas A teoria da transição epidemiológica foi proposta por Abdel Omran no ano de 1971 Ele apresentou pos síveis respostas às importantes e complexas mudanças na saúde das populações nos países industrializados em diferentes períodos históricos partindo da premissa de que as sociedades apresentavam mudanças regulares no perfil de mortalidade e no padrão de doenças Omran 1971 propôs três grandes eras para a tran sição epidemiológica as quais resumem de certa forma a transição demográfica durante o período da industria lização a Era da Pestilência e da Fome a Era do Declí nio das Pandemias e a Era das Doenças Degenerativas e das Provocadas pelo Homem A Era da Pestilência e da Fome foi caracterizada por uma mortalidade elevada predominando a desnu trição as doenças infecciosas e parasitárias Nesta Era que se estendeu até o final da Idade Média a fecundida de era alta e os coeficientes de natalidade apresentavam níveis moderados ou elevados levando a uma expectati va de vida abaixo dos 30 anos de idade A Era do Declínio das Pandemias iniciouse no período da Renascença e se estendeu até o início da Revolução Industrial Apesar das doenças infecciosas e parasitárias continuarem a ser uma das principais cau sas de morte observase uma redução progressiva das grandes pandemias e epidemias havendo uma melhoria do padrão de vida com um aumento da esperança de vida para 40 a 50 anos de idade Isso porque ocorreu um decréscimo constante dos coeficientes de mortalidade Na Era das Doenças Degenerativas e das Provoca das pelo Homem houve uma redução ou estabilização da mortalidade em níveis baixos devido à queda relativa da importância das doenças infecciosas e parasitárias e também pelo fato das doenças crônicodegenerativas e as causas externas se tornarem cada vez mais frequentes Nesse período houve a descoberta dos agentes etioló gicos antibióticos e vacinas Além disso ocorreu uma acentuada queda da fecundidade proporcionando o aumento da expectativa de vida a qual ultrapassou os 50 anos de idade tendendo com o tempo para idades acima dos 70 anos Essa Era se estendeu da Revolução Industrial até o período contemporâneo As melhorias nas condições de vida se iniciaram durante o decorrer do século XX devido basicamente à ampliação das ações de saneamento urbano a melhoria nas condições de nutrição o desenvolvimento de novas tecnologias direcionadas à saúde e o aumento do grau de escolaridade Contudo é necessário afirmar que os padrões de saúde não obedecem aos mesmos parâme tros em diferentes regiões A transição epidemiológica no Brasil não segue o mesmo modelo dos países industrializados e grandes centros do capitalismo porque a substituição das doen ças infecciosas e parasitárias por doenças crônicode generativas foi e continua sendo diferente Observa se uma transição prolongada e polarizada de doenças infecciosas e parasitárias juntamente com o aumento das doenças crônicodegenerativas e causas externas A reintrodução de processos infecciosos como a cólera a malária a tuberculose e a dengue mostra uma nature za que não segue uma direção constante Entre os anos de 2010 e 2017 foram notificados 10578337 casos de 63 EDUCAÇÃO FÍSICA adoecimento por doenças infecciosas e parasitárias cor respondendo a uma taxa bruta de 521872 casos por 100000 habitantes A dengue foi responsável por quase 70 dos adoecimentos SOUZA 2020 Além disso novas doenças continuam a surgir de for ma sem precedentes como a COVID19 doença respi ratória aguda causada pelo coronavírus da síndrome res piratória aguda grave 2 SARSCoV2 em que teve seu primeiro caso reportado em 31 de dezembro de 2019 OR GANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE 2019 O Brasil é um exemplo a ser dado para esse processo de polarização epidemiológica segundo Araújo 2012 porque há uma certa equivalência nas altas taxas de in cidências de doenças infecciosas e parasitárias e as altas taxas de morbidade e mortalidade por doenças crôni codegenerativas e os constantes níveis diferentes de grupos sociais Apesar do declínio da morbimortalidade desde a década de 60 as doenças infecciosas e parasitá rias ainda persistem WHO 2017 O fato se apresenta como um indicador indireto de que as doenças infecciosas e parasitárias continuam a apresentar um papel relevante em termos de morbidade evidenciando a persistência de uma situação de polari zação epidemiológica no país Diferentes aspectos estão associados a esse contexto Discrepâncias econômicas e sociais processo migratório para grandes cidades e pro blemas ambientais são alguns dos exemplos SOUZA 2020 Todo esse processo bem como a maneira heterogê nea como ele vem ocorrendo nas diversas regiões do país decorrente das desigualdades sociais e econômicas tor nase um grande e complexo desafio para a saúde pública Indicadores da Transição Epidemiológica no Brasil Como dito no tópico passado a transição epidemiológi ca aconteceu e acontece de maneira diferente nos pa íses Assim para Medronho 2009 alguns indicadores podem responder à transiçãopopularização epidemio lógica especificamente no Brasil 64 Transição nutricional Transição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias para outros agravos Transição desigual Perfl das causas de internação Era das Persistências Predominância das doenças infecciosas e parasitárias Doenças infecciosas persistentes emergentes e reemergentes Figura 4 Exemplos de indicadores da transiçãopolarização epidemiológica no Brasil segundo Medronho 2009 Fonte a autora Descrição da Imagem A imagem da figura 4 apresenta os exemplos de seis indicadores da transiçãopolarização epidemiológica no Brasil segundo Medronho 2009 Os seis indicadores estão divididos em três linhas duas colunas e em pares Começando da esquerda para a direita é apresentado a transição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias para outros agravos e ao lado a Era das persistências predominância das doenças infecciosas e parasitárias Abaixo segue o perfil das causas de internação e as doenças infecciosas persistentes emergentes e reemergentes Por último finalizamos com a transição nutricional e a transição desigual A caracterização da Era das pestilências Predominância das doenças Infecciosas e Parasitárias é equivalente a Era da Pestilência e da Fome defendida por Omram 1971 Nesse período prevaleciamse principalmente a febre amarela e doenças como a malária ancilostomose tu berculose hanseníase tracoma esquistossomose cólera leishmaniose e doença de Chagas descoberta em 1909 A mortalidade proporcional por causas pela dispo nibilidade de uma longa série histórica de dados desde a década de 30 representa um dos indicadores que me lhor evidenciam as mudanças dos contextos epidemio lógicos brasileiros Esse indicador está representado na 65 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 4 como Transição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias para outros agravos Nessa transição destacase a tendência da redução da morta lidade por doenças infecciosas e parasitárias com o au mento correspondente das doenças crônicodegenerati vas e das causas externas como acidentes e violências O perfil das causas de internação é outro indicador que pode ser utilizado para ilustrar o processo de tran sição epidemiológica do Brasil De certa forma a des crição das principais causas de internação confirmam em termos de morbidade as evidências apresentadas em relação ao perfil de mortalidade Figura 5 Proporção das internações segundo cinco grupos de causas no Brasil no período de maio de 2020 Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 5 apresenta graficamente a proporção das internações segundo cinco grupos de causas no Brasil no período de maio de 2020 As cinco causas são representadas no gráfico por barras horizontais de cores distintas A cor azul escuro representa as causas exter nas de internação A cor amarela representa as doenças do aparelho respiratório A cinza é caracterizada pelas doenças do aparelho circulatório As internações devido a doenças infecciosas e parasitárias está destacada na cor azul claro A cor laranja expressa as neoplasias tumores Assim percebese graficamente que as causas externas é a maior causa de internação em comparação com as outras seguido das doenças infecciosas e parasitárias e após as doenças do aparelho circulatório Em quarto lugar das maiores causas de internação no Brasil em maio de 2020 foram as neoplasias tumores Por fim as que menos causaram internação foram as doenças do aparelho respiratório A Figura 5 mostra o grupo das cinco principais causas de internação no período de maio de 2020 último período disponível pelo DATASUS no Brasil Observase que as doenças por causas externas representaram o primeiro grupo de causas de internações Em segundo lugar en contramos as doenças infecciosas e parasitárias seguidas das doenças do aparelho circulatório Em quarto lugar observase as neoplasias e por fim o gráfico apresenta as doenças do aparelho respiratório como a quinta posição do perfil das causas de internações hospitalares no Brasil 66 No sentido de orientar as ações de controle o Mi nistério da Saúde classificou as doenças infecciosas e parasitárias em três grupos as doenças com tendência decrescente as com quadro de persistência as emergen tes e reemergentes representando o indicador doenças infecciosas persistentes emergentes e reemergentes no Brasil constante na Figura 4 As doenças com tendência decrescente são aquelas que apresentam reduções drásticas nos coeficientes de incidência como as doenças imunopreveníveis varí ola poliomielite sarampo raiva tétano rubéola entre outras Essas doenças foram controladas pelo Programa Nacional de Imunizações PNI criado em 1973 Entre as doenças caracterizadas com tendência de persistência incluemse a malária a tuberculose as leishmanioses visceral e tegumentar a esquistossomose a doença de Chagas a febre amarela silvestre e as hepati tes virais B e C dentre outras Algumas dessas doenças ainda apresentam níveis elevados de incidência No caso das doenças emergentes e reemergentes a partir do início da década de 80 algumas doenças infec ciosas e parasitárias passaram a ser registradas ou foram reintroduzidas no país como o caso da Aids em 1980 e da dengue em 1982 O Brasil apresenta uma situação contraditória con siderando a existência de indicadores econômicos em níveis incompatíveis com os dos seus indicadores so ciais incluindose os de saúde por exemplo os coefi cientes de mortalidade infantil e a expectativa de vida ao nascer MEDRONHO 2009 Mesmo observando uma tendência de melhoria de alguns indicadores de saúde no país a diferença dessas tendências propicia a persistência ou até mesmo a ampliação das desigualda des regionais Esse fato representa o indicador intitulado como Transição desigual da Figura 4 A polarização epidemiológica geográfica e a per sistência das desigualdades demonstramse evidentes quando analisamos a mortalidade proporcional por causas nas diferentes regiões do Brasil Figura 6 Assim em 2018 as regiões mais ricas e desenvolvidas do Brasil apresentaram a maior participação no grupo de óbitos devidos a doenças do aparelho circulatório e neoplasias consideradas as doenças da modernidade região Su deste doenças do aparelho circulatório 2791 região Sul neoplasias 2119 Nas regiões mais pobres como o Norte as doenças do aparelho circulatório e as neoplasias foram relati vamente menores respectivamente 2284 e 1380 No Nordeste a prevalência das doenças do aparelho circulatório foi muito similar às regiões mais ricas 2726 Contudo para as neoplasias a taxa foi signi ficativamente menor 1467 quando comparadas às regiões mais desenvolvidas A região Centrooeste apresentou uma tendência de mortalidade semelhante à da região Nordeste com maiores prevalências de mortalidade para doenças do aparelho circulatório 2665 neoplasias 1709 causas externas de morbidade e mortalidade 1479 e doenças do aparelho respiratório 1123 respecti vamente A região em que a mortalidade por causas ex ternas de morbidade e mortalidade se apresentou mais elevado foi a região Norte 1823 67 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 6 Mortalidade proporcional por quatro causas de óbitos nas regiões do Brasil 2018 Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 6 descreve a mortalidade proporcional por quatro causas de óbitos nas regiões do Brasil em 2018 As causas de óbito estão distribuídas em colunas de acordo com a região brasileira representadas da esquerda para a direita pela região norte região nordeste sudeste sul e por último a centrooeste As doenças do aparelho circulatório estão representadas pela cor verde claro As neoplasias estão repre sentadas pela cor laranja A cor azul escuro caracteriza os óbitos por causas externas de morbidade e mortalidade Por fim as doenças do aparelho respiratório são apresentadas em verde escuro O gráfico demonstra que em todas as regiões norte nordeste sudeste sul e centrooeste a maior prevalência de óbitos foi devido às doenças do aparelho circulatório representando 2284 das mortes na região norte 2726 na região nordeste 2791 na região sudeste 2681 na região sul e 2665 na região centrooeste Quando analisamos separadamente as regiões a segunda maior causa de mortes na região norte foi devido às causas externas de morbidade e mortalidade 1823 A terceira maior causa foi pelas neoplasias 1380 seguido das doenças do aparelho respiratório 1025 Na região Nordeste a segunda maior prevalência de morte foi devido às neoplasias 1467 seguido das causas externas de morbidade e mortalidade 1430 e das doenças do aparelho respiratório 1047 Na região Sudeste a segunda maior causa de óbitos foi pelas neoplasias tumores representando 1802 Em terceiro lugar temse as doenças do aparelho respiratório 1276 e por fim as causas externas de morbidade e mortalidade 881 A região Sul foi semelhante à região Sudeste tendo a segunda terceira e quarta causas de óbitos as neoplasias tumores 2119 as doenças do aparelho respiratório 1200 e as causas externas de morbidade e mortalidade 1019 respectivamente Por fim em segundo lugar morreram mais pessoas devido às neoplasias na região centrooeste 1709 seguido das causas externas de morbidade e mortalidade 1479 e das doenças do aparelho respiratório 1123 68 A transição nutricional pode ser definida como um fe nômeno caracterizado por grandes modificações no padrão de nutrição e consumo da população devido às modificações da ingestão alimentar como consequência de mudanças econômicas sociais e demográficas OR GANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE 2000 No Brasil principalmente nos últimos 50 anos ocorre ram inúmeras alterações na qualidade e na quantidade dos alimentos juntamente com mudanças no estilo de vida Isso porque inverteramse as ocupações demográ ficas do espaço físico De uma população basicamente rural em torno de 66 passamos à condição de um país urbano com mais de 80 das pessoas habitando as cida des PATARRA 2000 A inserção da mulher no mercado de trabalho prin cipalmente na década de 70 foi outro fator que influen ciou a transição nutricional Perdese a figura da mulher dona do lar cuidadora e a responsável pelos afazeres domésticos Isso pode ser considerado como um dos fatores que transformaram a qualidade da alimentação considerando que a mulher não dispõe de tanto tempo para preparar as refeições com qualidade optando por alimentos industrializados e até mesmo a realização das refeições fora do lar em restaurantes pensões e fas tfoods MENDONÇA ANJOS 2004 provocando o aumento do consumo de alimentos ricos em calorias como açúcares e ácidos graxos e em contrapartida uma redução nas frutas verduras e legumes Concomitantemente às mudanças nos padrões ali mentares observouse drástica redução do nível de ati vidade física Muitos fatores podem explicar este fato como a distribuição das ocupações setoriais agricultura para indústria o aumento do número de trabalhos com redução do esforço físico ocupacional devido ao desen volvimento tecnológico modificações nas atividades de lazer priorizando atividades com comportamento se dentário videogame computador celular e televisão Como consequência ocorreram alterações no padrão alimentar da população e diminuição excessiva na prá tica de atividades físicas ocasionando a transição nutri cional ou seja alterações no perfil de saúde da popula ção brasileira trazendo consigo elevadas prevalências de sobrepeso e obesidade COUTINHO et al 2008 69 EDUCAÇÃO FÍSICA Atividade física definições e padrões na população 70 CONTEXTUALIZANDO A ATIVIDADE FÍSICA A atividade física está ligada à saúde e à longevidade desde os tempos mais antigos Os primeiros registros de exercícios programados realizados com o objeti vo de promoção da saúde foram encontrados na Chi na por volta de 2500 aC Contudo foram os médicos gregos do final do quinto e do início do quarto século aC que estabeleceram uma tradição de manutenção de uma saúde digamos que positiva por meio do que eles chamavam de regime que seria a combinação de uma alimentação saúde com a prática regular de exercícios físicos HARDMAN STENSEL 2009 A definição da atividade física caracterizase como qualquer tipo de movimento corporal produzido pelos músculos resultando num dispêndio energético maior que os registrados durante o repouso CASPERSEN 71 EDUCAÇÃO FÍSICA POWELL CHRISTERSO 1985 Incluemse atividades da vida diária banharse vestirse atividades realiza das no trabalho andar levantar carregar objetos e ati vidades de lazer exercitarse praticar esportes dançar As atividades podem ser classificadas de acordo com a intensidade leve até 29 METS moderada 3 59 METS e vigorosa 6METS AINSWORTH et al 2000 É possível também analisar o comportamento relacionado à atividade física em função dos domínios que ela apresenta lazer tempo livre trabalho ocupa cional afazeres domésticos e deslocamento transporte a pé ou de bicicleta As formas mais comuns de atividade física do ser humano podem ser divididas em atividades de trabalho e atividades de lazer NAHAS 1997 Esta distinção auxi lia no aprimoramento dos estudos epidemiológicos pelo fato que as evidências sugerem diferentes formas de ativi dade física associadas a diferentes aspectos da saúde Há mais de 20 anos o Colégio Americano de Medici na do Esporte American College of Sports Medicine ACSM uma das diretrizes amplamente adotadas em A sigla MET vem do inglês metabolic equivalent intensity level ou simplesmente equivalente metabólico Essa unidade mede a intensidade em múltiplos da taxa metabólica de repouso representado pelo consumo máximo de oxigê nio VO2 de aproximadamente 35 mlkgmin Portanto representa o número de vezes pelo qual o metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade Por exemplo tarefas domésticas leves exigem cerca de 25 METs uma caminhada muito rápida a 64 kmh exige cerca de 4 METs Fonte adaptado de Ainsworth et al 2000 EXPLORANDO IDEIAS todo o mundo juntamente com o Centro de Prevenção de Doenças CDC e outros órgãos americanos emiti ram publicações que marcaram a história da atividade física e saúde O objetivo principal desses relatórios foi esclarecer para os profissionais da saúde e para o público em geral sobre a quantidade e intensidade da atividade física necessária para aprimorar a saúde diminuir as chances de desenvolvimento de morbidades e diminuir a mortalidade precoce PATE et al 1995 Além disso esses documentos relataram sobre a relação doseres posta entre atividade física e saúde Em 1995 Colégio Americano de Medicina do Es porte e o Centro de Prevenção de Doenças apresen taram as recomendações em que enfatizava que todo adulto norteamericano deveria acumular 30 minutos ou mais de atividade física moderada preferencialmen te todos os dias da semana PATE et al 1995 O ob jetivo da recomendação foi aumentar a conscientização pública sobre a importância dos benefícios relacionados à saúde da atividade física de intensidade moderada De lá pra cá algumas atualizações foram realizadas especi ficando ainda mais as recomendações Atualmente as recomendações do Colégio Ame ricano de Medicina do Esporte direciona que todos os adultos saudáveis com idade entre 18 e 65 anos devem realizar atividades físicas aeróbicas de intensidade mo derada por pelo menos 30 minutos com frequência mí nima de cinco dias na semana ou atividades aeróbicas de intensidade vigorosa por no mínimo 20 minutos três vezes por semana Além disso todo adulto deve realizar atividades específicas para o fortalecimento muscu lar com exercícios de força e resistência por no míni mo dois dias na semana AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE 2018 As recomendações globais da prática de atividade física também foram documentadas pela Organização Mundial da Saúde e são adotadas por diversos países O 72 órgão orienta que adultos 18 a 64 anos pratiquem pelo menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de atividade física de intensidade vigorosa em sessões de pelo menos 10 minutos de duração WHO 2010 Independentemete do cumprimento de uma recomendação ou outra os benefícios da prática regular de atividade física estão muito bem evidenciados na literatura e incluem menor risco de complicações cardiovasculares hipertensão arterial diabetes e diferentes tipos de câncer Além disso a atividade física tem efeitos positivos sobre a saúde mental e auxilia na manutenção de um peso corporal saudável INTERNATIONAL SOCIETY FOR PHYSICAL ACTIVITY AND HEALTH 2017 PADRÕES DE ATIVIDADE FÍSICA DA POPULAÇÃO Apesar da extensa literatura sobre os inúmeros benefícios da prática regular de ativida de física uma em cada quatro pessoas no mundo não pratica atividade física suficiente GUTHOLD et al 2018 Esse fato é preocupante pois segundo a Organização Mundial da Saúde WHO 2010 a inatividade física está associada fortemente com os índices de mortalidade precoce Além disso ela é considerada o quarto maior fator de risco para a mortalida de prematura por todas as causas e pode ser responsável por 7 de diabetes do tipo 2 6 da carga de doença cardíaca coronária 10 de câncer de mama e 10 de câncer de cólon No mais se a inatividade física diminuísse em cerca de 25 mais de 13 mi lhão de mortes prematuras poderiam ser evitadas por ano em todo o mundo WHO 2010 Figura 7 73 EDUCAÇÃO FÍSICA No mais se a inatividade física diminuísse em cerca de 25 mais de 13 milhão de mortes prematuras poderiam ser evitadas por ano em todo o mundo A INATIVIDADE FÍSICA É CONSIDERADA O 4º MAIOR FATOR DE RISCO PARA A MORTALIDADE PREMATURA E pode ser responsável por 7 de diabetes do tipo 2 6 da carga de doença cardíaca coronária 10 de cãncer de mama 10 de cãncer de cólon WHO 2010 Figura 7 Inatividade física é o quarto maior fator de risco para a mortalidade prematura Descrição da Imagem Na figura 7 consta uma ilustração de uma mulher grávida e contém os dados sobre a inatividade física A informação des creve que a inatividade física é considerada o quarto maior fator de risco para a mortalidade prematura por todas as causas e pode ser responsável por 7 de diabetes do tipo 2 6 da carga de doença cardíaca coronária 10 de câncer de mama e 10 de câncer de cólon Se a inatividade física diminuísse em cerca de 25 mais de 13 milhão de mortes prematuras poderiam ser evitadas por ano em todo o mundo WHO 2010 A prevalência da inatividade física varia consideravel mente a depender da localidade Em alguns países os ní veis de atividade física podem ser influenciados por va lores culturais sendo que em algumas regiões meninas mulheres idosos grupos desfavorecidos pessoas com deficiência ou doenças crônicas apresentam menores oportunidades de acesso aos programas e lugares para a prática de atividade física WHO 2018 Além disso estimativas afirmam que os níveis de atividade física po dem chegar a 70 em alguns países GUTHOLD et al 2018 devido à mudança dos padrões de transporte a pé para carro aumento do uso de tecnologia televisão vídeo game computador e celular e urbanização Os pesquisadores da Organização Mundial da Saú de realizaram estudo de impacto global sobre os níveis da prática de atividade física de 168 países represen tando 96 da população mundial Essa pesquisa nos possibilita o embasamento sobre os padrões da ativi dade física em toda a população GUTHOLD et al 2018 O estudo é o primeiro a apresentar as tendências da prática insuficiente de atividade física de acordo com as regiões globais 74 Analisando dados da inatividade física global de 2001 a 2016 observase uma diminuição insigni ficante da prática insuficiente de atividade física no mundo todo A prevalência global de inatividade física em 2001 era de 285 No ano de 2016 houve diminuição de apenas um ponto percentual 275 GUTHOLD et al 2018 conforme demonstrado na Tabela 1 Percentual total de indi víduos insuficientemen te ativos Percentual de ho mens insuficiente mente ativos Percentual de mu lheres insuficiente mente ativas Total dos países 275 234 317 Ásia Central Oriente Médio e Norte da África 328 259 399 Europa Central e Oriental 234 220 247 Leste e Sudeste da Ásia 173 176 169 ÁsiaPacífico de renda alta 357 330 383 Países Ocidentais de renda alta 368 312 423 América Latina e Caribe 391 343 437 Oceania 163 123 203 Sul da Ásia 330 235 430 África Subsaariana 214 179 248 Tabela 1 Prevalência da atividade física insuficiente no ano de 2016 Fonte adaptada de Guthold et al 2018 Descrição da Imagem A Tabela 1 apresenta a prevalência da atividade física praticada de forma insuficiente no ano de 2016 em países de todo o mundo Esta tabela está distribuída em quatro colunas e 10 linhas A primeira coluna da esquerda para a direita encontrase os países do estudo sendo distribuída como total dos países Ásia Central Oriente Médio e Norte da África Europa Central e Oriental Leste e Sudeste da Ásia ÁsiaPacífico de renda alta Países Ocidentais de renda altaAmérica Latina e Caribe Oceania Sul da Ásia e África Subsaariana Na segunda coluna apresentase o percentual total de indivíduos insuficien temente ativos A terceira coluna é destacada pelo percentual de homens insuficientemente ativos e a última coluna temse o percentual de mulheres insuficientemente ativas Assim a tabela demonstra que do total de países 275 dos indivíduos são insuficientemente ativos Quando estratificado por sexo 234 dos homens e 317 das mulheres são insuficientemente ativos Quando analisamos a Ásia Central Oriente Médio e Norte da África 328 da população total são insuficientemente ativos sendo que 259 dos homens e 399 das mulheres não praticam atividade física suficiente Para a Europa Central e Oriental 234 da população não pratica atividade física de forma suficiente Quando estratificado por sexo 220 dos homens e 247 das mulheres são insuficientemente ativos respectivamente No Leste e Sudeste da Ásia a proporção total de insuficientemente ativos é de 173 sendo 176 dos homens e 169 das mulheres Na região da ÁsiaPacífico de renda exclusivamente alta 357 330 e 383 da população total dos homens e das mulheres são insuficientemente ativos respectivamente Cerca de 368 da população dos Países Ocidentais de renda alta não praticam suficientemente atividade física sendo 312 dos homens e 423 das mulheres A América Latina e o Caribe foram os locais em que apresentaram maior prevalência de prática insuficiente de atividade física sendo 391 para a população total e 343 e 437 dos homens e mulheres respectivamente Em contrapartida a Oceania apresentou as menores prevalências para a população total 163 Total de 123 dos homens e 203 das mulheres eram insuficientemente ativos No Sul da Ásia encontramos 330 dos indivíduos inativos sendo que 235 são homens e 430 são mulheres Por fim a África Subsaariana possui 214 da população inativa e 179 dos homens e 248 das mulheres considerados insuficientemente ativos 75 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando analisamos as tendências globais estratifica das por sexo os dados comprovam que as mulheres geralmente são menos ativas que os homens Em 2001 315 das mulheres praticavam atividade física de for ma insuficiente Em 2016 essa prevalência se manteve praticamente igual 317 Os homens no ano de 2001 255 não praticavam atividade física de acordo com as recomendações para a saúde Em 2016 essa prevalência diminui para 234 GUTHOLD et al 2018 A Oceania foi a região que apresentou o menor percentual 163 de prática de atividade física in suficiente ou seja os habitantes desta região são mais ativos fisicamente Em contrapartida a América Latina e o Caribe são os locais que praticam menos ativida de física ou quase nada sendo que aproximadamente quatro em cada 10 latinos 391 e caribenhos não praticam atividade física de forma suficiente Tabela 1 GUTHOLD et al 2018 76 Descrição da Imagem A Figura 8 apresenta o mapa mundial da prevalência da prática insuficiente de atividade física primeiramente dos homens e depois das mulheres Os países estão diferenciados por cores Em ambas imagens os países destacados em amarelo claro apresentam uma prevalência de prática insuficiente de atividade física menor que 20 Os países pintados em cor amarelo forte têm prevalência de 200 a 299 de prática insuficiente de atividade física Os locais destacados em rosa apresentam prevalência entre 300 a 399 A prevalência para os países de cor laranja é de 400 a 499 Para aquelas regiões destacadas em vermelho escuro a prevalência de prática insuficiente de atividade física é maior ou igual a 500 Os países que estão destacados em cinza não possuem dados Notase que de 400 a 499 dos homens brasileiros praticam atividade física de forma insuficiente Para os Estados Unidos da América Japão Colômbia Argentina e Portugal entre 300 a 399 dos homens não praticam atividade física suficientemente A prevalência da prática insuficiente de atividade física dos homens no Equador Chile México Canadá Espanha Índia África do Sul e Austrália é de 200 a 299 A China e a Rússia são os locais que apresentaram menores prevalências de prática insuficiente de atividade física para o sexo masculino estando abaixo dos 20 Dos países citados anteriormente as mulheres brasileiras são as mais inativas fisicamente estando com prevalência igual ou maior a 50 As mulheres dos Estados Unidos da América Argentina Índia África do Sul Portugal e Colômbia apresentaram prevalência entre 400 a 499 Em seguida com prevalência de atividade física insuficiente entre 300 a 399 estão as mulheres do México Austrália Canadá Japão e Espanha O Equador e o Chile apresentaram prevalência de 200 a 299 das mulheres inativas fisi camente Por fim novamente a China e a Rússia foram os países que apresentam menores prevalências de prática insuficiente de atividade física também para as mulheres estando abaixo de 200 77 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 8 Mapa mundial da prática insuficiente de atividade física a Mapa dos homens e b Mapa das mulheres Fonte Guthold et al 2018 p 1083 Dentre os países da América Latina e Caribe o Brasil é o que apresenta a maior prevalência total de ativida de física insuficiente com 47 Quando analisamos o mapa mundial da prática de atividade física insuficien te Figura 8 percebemos que essa prevalência é ain da maior para as mulheres ultrapassando os 50 Em comparação com todas as outras regiões a prevalência total do Brasil perde apenas para Kuwait Ásia Ociden tal 670 e Samoa Americana Oceania 534 Em contrapartida o país que apresenta a menor população insuficientemente ativa é o Uganda na África com 55 GUTHOLD et al 2018 De acordo com todos esses dados sobre prevalên cia da prática de atividade física insuficiente é extrema mente necessário o desenvolvimento de políticas e ações públicas para estimular as populações à prática regular de atividade física independentemente dos domínios que a englobam tempo livre ocupacional afazeres do mésticos ou deslocamento Melhorias na infraestrutura de pistas de caminhadas ciclismo e o desenvolvimento de programas de saúde que incentivem a prática regular de atividade física são fundamentais para o aumento da saúde populacional 78 considerações finais Chegamos ao final da nossa segunda Unidade Aqui pudemos transcorrer sobre os con teúdos que abordam os processos e mudanças populacionais e que acabam por acometer em doenças e agravos à saúde das pessoas Assim discorremos sobre a dinâmica do cres cimento da população decorrente da revolução industrial que foi a chamada transição demográfica Após discutido sobre a transição demográfica conhecemos sobre as fases que a compõe e alguns dos indicadores que nos permitem avaliála A fecundidade a natalidade e a mortalidade foram alguns dos indicadores que estuda mos relacionados a essa teoria Pudemos perceber que além da transição demográfica houveram grandes modificações nos padrões de morbidade e mortalidade da sociedade caracterizando a chamada transição epidemiológica a qual é dividida em três fases a Era da Pestilência e da Fome a Era do Declínio das Pandemias e a Era das Doenças Degenerativas e das Provocadas pelo Homem cada uma com suas particularidades Essas fases nos auxiliaram a entender os padrões de adoecimento da população Após esses aprendizados iniciamos nossos conteúdos voltados à área da atividade física aprendendo sobre as definições conceitos e como a população tem praticado atividade física atualmente Você percebeu que infelizmente muitos países ainda estão em falta no que diz respeito à prática regular de atividade física e o Brasil é um deles Esse fato é muito prejudicial uma vez que a atividade física proporciona inúmeros benefícios à saúde e à prevenção de inúmeras doenças Portanto é preciso incentivo e promoção de programas públicos que possibilitem a prática regular de atividade física para que possamos ter uma população realmente considerada saudável Assim finalizo aqui este nosso encontro e aguardo você no próximo 79 atividades de estudo 1 O gráfico a seguir representa a transição demográfica vivenciada pelo Brasil durante o processo de industrialização Ao analisálo você pode notar que três diferentes padrões do crescimento populacional são percebidos durante o decorrer do tempo Assim cite e caracterize respectivamente esses três di ferentes processos Transição demográfca Tempo P o p u l a ç ã o 2 Analise o gráfico e as afirmativas que o descrevem Tempo Taxa de natalidade Taxa de mortalidade 80 atividades de estudo I O círculo representado pela cor vermelha apresenta as mesmas característi cas do círculo amarelo Ambos respondem à fase 3 da transição demográfica postulada por Thompson 1929 II O círculo representado pela cor preta apresenta as características da fase 1 da transição demográfica defendida por Thompson 1929 ou seja altas taxas de natalidade e mortalidade III O círculo rosa pode expressar a fase 2 da transição demográfica de Thompson 1929 em que o coeficiente de mortalidade se reduz mas o coeficiente de natalidade se mantém constante É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e III apenas e II e III apenas 3 Com relação à transição epidemiológica e demográfica analise as afirmativas I A transição epidemiológica é dependente da transição demográfica uma vez que é afetada pelas mudanças no processo do crescimento populacional e da urbanização II No Brasil a diferença da proporção de doenças crônicodegenerativas para as doenças infecciosas e parasitárias é drástica predominando as doenças crônicas III As diferentes regiões brasileiras não afetam o processo saúdedoença pois o processo epidemiológico é o mesmo para todo o país É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I e III apenas 81 atividades de estudo 4 Sobre a prática regular de atividade física na população assinale a afirmativa correta a O Brasil é considerado um país suficientemente ativo b O México apresenta maior percentual de prática insuficiente de atividade físi ca independente do sexo c Os japoneses apresentam um dos menores índices de inatividade física d A prática de atividade física é influenciada pela renda e é diferente a depender do sexo e Um em cada 10 espanhóis não pratica atividade física de forma suficiente 5 A atividade física está intimamente relacionada com a epidemiologia uma vez que o sedentarismo é um indicador de morbidade Assim assinale as alterna tivas com V para as verdadeiras e F para as falsas sobre a atividade física O tipo de movimentação que a pessoa realiza pode ser elencado em algum dos domínios que compõem a atividade física É possível avaliar a intensidade da atividade física analisando o equivalente metabólico Uma pessoa que pratica atividades de intensidade vigorosa por 20 minutos três vezes na semana é considerada uma pessoa ativa fisicamente A atividade física pode ser dividida em cinco domínios lazer transporte afa zeres domésticos atividades realizadas no trabalho e exercícios físicos pro gramados A sequência correta das afirmativas é respectivamente a V F V F b F F V F c V V F F d V V V F e F V V F 82 LEITURA COMPLEMENTAR A atividade física insuficiente é uma das principais causas de risco para a morte precoce em todo o mundo É o principal fator que predispõe às doenças crônicas não transmissíveis DCNT como doenças cardiovasculares cânceres e diabetes As pessoas insatisfatoriamen te ativas têm de 20 a 30 de risco aumentado de morte em comparação com pessoas efeti vamente ativas As evidências científicas têm mostrado os benefícios da atividade física tanto para a saúde física quanto mental mas ainda assim o alcance da meta para esta prática está bem abaixo do esperado em todo o mundo sendo que um em cada cinco adultos não pratica atividade física suficiente o que tem se tornando um desafio para a saúde pública Dada a importância da atividade física para a saúde pública o Brasil tem desenvolvido desde 2006 a mensuração deste desempenho para o enfrentamento das DCNT por meio do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inqué rito Telefônico conhecido como Vigitel Esse sistema dispõe de fatores que determinam os riscos e proteção para doenças crônicas entre eles a prática de atividade física em todos os domínios para todas as capitais e o Distrito Federal o que torna o Brasil um dos poucos países de renda média e baixa a apresentar dados nacionais sobre essa atividade Sendo assim Ide Martins e Segri 2020 realizaram um estudo para analisar a tendência dos diferentes domínios da atividade física de acordo com o sexo faixa etária e escolarida de no Brasil no período de 2006 a 2016 Os resultados gerais encontrados apontaram tendência crescente para prática de atividade física no lazer dos homens das mulheres e quando a amostra foi analisada na sua totali dade No ano de 2006 149 da população adulta brasileira praticava atividade física no lazer Já no ano de 2016 10 anos depois esse número subiu para 208 apresentando um aumento anual de 36 Quando a atividade física foi analisada no domínio deslocamento as análises se mostraram estacionárias ou seja não houve uma diferença significativa na tendência anual para a amostra analisada na sua totalidade e quando estratificada por sexo Em relação a atividade física no trabalho os homens apresentaram tendência anual decrescente 06 demonstrando que a cada ano menos homens se movimentam fisica mente no trabalho Para a atividade física no trabalho doméstico o estudo apresentou uma tendência decrescente para o sexo feminino 19 ou seja as mulheres também estão se movimentando menos quando o assunto é a realização dos afazeres de casa 83 LEITURA COMPLEMENTAR A tendência anual crescente da prática de atividade física no lazer analisada no artigo é um resultado bom o que demonstra que as pessoas podem estar tomando consciência dos benefícios que o exercício físico traz ao corpo Porém se fizermos uma conta básica ana lisando a prevalência da prática de atividade física no lazer no ano de 2006 notamos que apenas duas a cada 10 pessoas praticam atividade física de forma suficiente Essa prevalên cia ainda é baixa se considerarmos os inúmeros fatores de risco à saúde relacionados ao sedentarismo Portanto é importante continuar estimulando a prática de atividade física Existem no Brasil programas como o Agita São Paulo que têm como objetivo aumentar o conhecimento sobre os benefícios e também o nível de atividade física da população sendo incentivada em todos os domínios por meio de ações estratégicas como eventos reunião de colegiado treinamento de multiplicadores mostra de boas práticas entre ou tras Outro programa é a Academia da Saúde instituída em 2011 para todos os municípios brasileiros e que tem como objetivo promover práticas corporais e atividade física incenti vo à alimentação saudável educação em saúde entre outros Outra estratégia que tem sido aplicada é o plano de ação mundial da Organização Mundial da Saúde OMS sobre atividade física e saúde 20182030 com a temática pessoas mais ativas para um mundo mais saudável Esse plano de ação aponta como os países podem diminuir em 15 até 2030 a inatividade física em adultos e adolescentes visando uma so ciedade mais ativa por meio da melhoria dos ambientes e oportunidades para a prática de atividade física Especificamente no Brasil existem ações setoriais e intersetoriais voltadas para a prevenção e o controle das doenças crônicas sendo denominado Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT para o período de 20112022 Fonte Ide Martins e Segri 2020 84 material complementar Epidemiologia Roberto Medronho e Colaboradores Editora Atheneu Sinopse este livro contém 37 capítulos distribuídos em cinco seções a primeira seção apresenta os conceitos fundamentais para a compreensão da Epidemiolo gia a segunda detalha o método epidemiológico a terceira mostra a contribuição da estatística para a Epidemiologia a quarta apresenta diversos tópicos relevan tes e atuais para a área e a quinta seção expõe alguns conceitos avançados em Epidemiologia Contágio Ano 2011 Sinopse pouco depois de voltar de uma viagem de negócios Beth Emhoff mor re de uma suposta gripe Enquanto a epidemia mortal se espalha os médicos precisam identificar o vírus para conseguir combatêlo e acabar com o pânico da população Indicação para Assistir Indicação para Ler A evolução da população humana foi muito bem demonstrada por um vídeo elaborado pelo Museu de História Natural norteamericano O período demonstrado no vídeo vai desde o surgimento do Homo Sapiens até os dias atuais httpswwwyoutubecomwatchtimecontinue2vPUwmA3Q0OEfeatureembtitle Indicação para Acessar 85 gabarito 1 Os processos apresentados no gráfico são caracterizados pelas três fases de transição vivenciadas no período da Revolução Indus trial a fase préindustrial a fase de industria lização e a fase da consolidação da sociedade industrial respectivamente A justificativa é que o gráfico apresenta inicialmente uma leve tendência de crescimento populacional fato que caracteriza a fase préindustrial Após esse período notase um crescimento intenso da população o que ocorreu na fase da industrialização Por fim percebese uma estagnação do crescimento população enfa tizando que se trata da fase da consolidação da sociedade industrial 2 B 3 A 4 D 5 D Professor Dr Diego Augusto Santos Silva Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Relação da atividade física com marcadores de saúde Atividade física e todas as causas de mortalidade na população Programas de Promoção da Atividade Física em Saúde Pública Objetivos de Aprendizagem Proporcionar que o aluno compreenda a relação da atividade física com marcadores de saúde da população Descrever estudos de associação entre atividade física e todas as causas de mortalidade atividade física e câncer atividade física e diabetes mellitus tipo 2 atividade física e doenças cardiovasculares Proporcionar que o aluno entenda o que são Programas de Promoção da Atividade Física em Saúde Pública e descrever exemplos de Programas de Promoção da Atividade Física em Saúde Pública ATIVIDADE FÍSICA PROGRAMAS EM SAÚDE PÚBLICA E MARCADORES DE SAÚDE unidade III INTRODUÇÃO C aroa alunoa seja bemvindo a essa nova unidade de apren dizagem O seu envolvimento durante essa unidade é funda mental para um melhor aproveitamento do conteúdo Dessa vez é importante que você entenda que o comportamento hu mano é influenciado por mudanças sociais econômicas e culturais que ocorrem com o passar do tempo Diversos fatores contribuem para dimi nuição dos níveis de atividade física e do aumento do tempo diário em atividades sedentárias por exemplo o processo de urbanização o avanço tecnológico e os meios de comunicação que ganham cada vez mais espa ço nos dias atuais Para o seu conhecimento nesta unidade é importante que entenda que a atividade física é um comportamento complexo e multidimensio nal o qual envolve movimento humano e que resulta em atributos fisio lógicos que inclui gasto de energia e aumento na aptidão física Diariamente você verifica várias informações nos meios de comu nicação reportando a relevância da prática de atividade física para a saúde As evidências sobre essa área deixam claro que a atividade física regular é importante para todas as faixas etárias e traz benefícios à saú de física mental e social das populações Por essa razão é importante que você compreenda que há diversos estudos que testaram a associa ção entre atividade física e diversos marcadores de saúde evidenciando que a atividade física regular pode prevenir e auxiliar no tratamento de algumas enfermidades Promover atividades físicas para a população é um desafio pois além dos aspectos de quantidade e intensidade preconizados pelas organiza ções de saúde aspectos de qualidade dos tipos de atividades propostas devem ser levados em consideração para auxiliar no desenvolvimento e no gosto pela atividade física Dessa forma esta unidade tem como objetivo geral propiciar que o alu no assimile as evidências científicas advindas dos estudos de associação entre atividade física e diferentes marcadores de saúde para que possa en tender como a atividade física auxilia na prevenção e no tratamento dessas enfermidades e que você compreenda o que são Programas de Promoção da atividade física em saúde pública Esses conhecimentos permitirão que você seja ator de promoção de atividade física na população 90 Relação da atividade física com marcadores de saúde 91 EDUCAÇÃO FÍSICA Em crianças e adolescentes de cinco a 17 anos de idade recomendase que a atividade física seja praticada dia riamente em intensidade de moderada a vigorosa com duração de pelo menos 60 minutos WHO 2010 Es sas atividades devem ser diversificadas respeitandose o nível de desenvolvimento motor e cognitivo no qual a criança e o jovem se encontram WHO 2010 Para adultos de 18 a 64 anos de idade recomendase 150 minutos por semana de atividades físicas de intensidade moderada ou ao menos 75 minutos de atividades físicas de intensidade vigorosa ou o equivalente da combina ção de atividades físicas de intensidade moderada a vi gorosa WHO 2010 Para benefícios adicionais os adultos devem aumen tar as atividades de intensidade moderada para 300 mi nutos por semana Além disso atividades físicas de força muscular que envolva grandes grupamentos muscula res devem ser realizadas ao menos duas vezes por se mana WHO 2010 Para idosos com idade de 65 anos ou mais recomendase 150 minutos por semana de ati vidades físicas de intensidade moderada ou ao menos 75 minutos de atividades físicas de intensidade vigorosa ou o equivalente da combinação de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa WHO 2010 Para benefícios adicionais os idosos devem aumentar as atividades de intensidade moderada para 300 minutos por semana Além disso os idosos com baixa mobilidade devem trabalhar o equilíbrio corporal por no mínimo três vezes por semana Ademais eles devem se engajar em atividades físicas de força muscular que envolve grandes grupamentos musculares ao menos duas vezes por sema na WHO 2010 Todas essas recomendações são impor tantes para prevenir doenças e agravos não transmissíveis à saúde e aumentar a expectativa de vida das pessoas Na Figura 1 encontramse exemplos de atividades físicas conforme as diferentes intensidades Figura 1 Exemplos de atividades físicas de diferentes intensidades Fonte o autor Descrição da Imagem a Figura 1 mostra os exemplos de atividades físicas de diferentes intensidades leve moderada e vigorosa Para intensidade leve por exemplo caminhar em ritmo lento atividades como cozinhar em pé digitar na posição de pé Para intensidade moderada a caminhada em ritmo rápido varrer a casa jardinagem e limpeza do jardim e o exemplo da intensidade vigorosa são corrida exercícios de ginástica aeróbica carregar caixas pesadas subindo escadas cortar grama com cortador manual ATIVIDADE FÍSICA INTENSIDADE CAMINHAR EM RITMO LENTO ATIVIDADES COMO COZINHAR EM PÉ DIGITAR NA POSIÇÃO DE PÉ CAMINHADA EM RITMO RÁPIDO VARRER A CASA JARDINAGEM LIMPEZA DO JARDIM CORRIDA EXERCÍCIOS DE GINÁSTICA AERÓBICA CARREGAR CAIXAS PESADAS SUBINDO ESCADAS CORTAR GRAMA COM CORTADOR MANUAL LEVE MODERADA VIGOROSA 92 As recomendações de atividade física foram traçadas com intuito de as pessoas se beneficiarem da prática de atividade física ou seja praticando o mínimo recomen dado de atividade física as pessoas podem se prevenir contra doenças e agravos não transmissíveis à saúde e evitar a mortalidade precoce Quanto mais atividade física se pratica melhor para a saúde Nesse sentido atender as recomendações em atividade física significa que as pessoas terão melhores marcadores de saúde As sim vamos nos mexer diariamente No Quadro 1 en contramse resumidamente os benefícios da prática de atividade física em diferentes faixas etárias Você sabia como são determinadas as intensi dades da atividade física Elas correspondem à taxa de gasto energético requerida para a reali zação da atividade física Ela pode ser mensura da nas seguintes unidades METS equivalente metabólico quilocalorias joules ou consumo de oxigênio A unidade mais utilizada nas reco mendações de atividade física são os METs A partir dos METS podemse classificar as ativi dades físicas em três intensidades 1 atividade física de intensidade leve de 16 a 30 METs 2 atividade física de intensidade moderada de 30 a 60 METs 3 atividade física de intensidade vigorosa de 60 METs EXPLORANDO IDEIAS Crianças e adolescentes Melhora da saúde óssea Melhora do estado nutricional Melhora da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular Melhora da saúde cardíaca e metabólica Melhora da cognição Reduz o risco de depressão Adultos e idosos Diminuição do risco de todas as causas de mortali dade Diminuição do risco de mortalidade cardiovascular Diminuição do risco de doenças cardiovasculares Diminuição do risco de diabetes mellitus Diminuição do risco de alguns tipos de cânceres Diminuição do risco de demência Melhora do sono Redução e controle do ganho de peso corporal Melhora da saúde óssea Melhora da função física Diminuição do risco de quedas Quadro 1 Benefícios da prática regular de atividade física em marcadores de saúde de crianças adolescentes adultos e ido sos Fonte adaptado de US Department of Health and Human Services 2018 Descrição do quadro o Quadro 1 apresenta os benefícios da prá tica de atividade física em diferentes faixas etárias desde crianças adolescentes adultos e idosos A prática regular de exercício para as crianças e os adolescentes são necessários para a melhora da saúde óssea do estado nutricional da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular da saúde cardíaca e metabólica e da cognição além disso reduz o risco de depressão Para adultos e idosos a prática regular da atividade física diminui o risco de todas as causas de mortalidade de mortalidade cardiovascular de doenças cardiovasculares de diabetes mellitus de alguns tipos de cânceres e do risco de demência além disso melhora o sono reduz e controla o ganho de peso corporal melhora a saúde óssea da função física e diminui o risco de quedas 93 EDUCAÇÃO FÍSICA Crianças e adolescentes Melhora da saúde óssea Melhora do estado nutricional Melhora da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular Melhora da saúde cardíaca e metabólica Melhora da cognição Reduz o risco de depressão Adultos e idosos Diminuição do risco de todas as causas de mortali dade Diminuição do risco de mortalidade cardiovascular Diminuição do risco de doenças cardiovasculares Diminuição do risco de diabetes mellitus Diminuição do risco de alguns tipos de cânceres Diminuição do risco de demência Melhora do sono Redução e controle do ganho de peso corporal Melhora da saúde óssea Melhora da função física Diminuição do risco de quedas Quadro 1 Benefícios da prática regular de atividade física em marcadores de saúde de crianças adolescentes adultos e ido sos Fonte adaptado de US Department of Health and Human Services 2018 Descrição do quadro o Quadro 1 apresenta os benefícios da prá tica de atividade física em diferentes faixas etárias desde crianças adolescentes adultos e idosos A prática regular de exercício para as crianças e os adolescentes são necessários para a melhora da saúde óssea do estado nutricional da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular da saúde cardíaca e metabólica e da cognição além disso reduz o risco de depressão Para adultos e idosos a prática regular da atividade física diminui o risco de todas as causas de mortalidade de mortalidade cardiovascular de doenças cardiovasculares de diabetes mellitus de alguns tipos de cânceres e do risco de demência além disso melhora o sono reduz e controla o ganho de peso corporal melhora a saúde óssea da função física e diminui o risco de quedas 94 Atividade física e todas as causas de mortalidade na população 95 EDUCAÇÃO FÍSICA Muitos estudos têm demonstrado redução da mortali dade precoce e morbidade nas pessoas que praticam ati vidade física de forma regular BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Essas análises focaram em duas di mensões da atividade física atividade física no tempo de lazer e atividade física ocupacional Desde então vários estudos prospectivos de coorte sobre atividade física versus inatividade foram realizados e publicados tendo vários indicadores de saúde como desfecho cân cer diabetes acidente vascular encefálico etc Para entender o papel da atividade física na preven ção da mortalidade precoce é importante compreender que cada pessoa que nasce tem uma expectativa de vida que significa quantos anos em média essa pessoa irá vi ver O cálculo de expectativa de vida leva em considera ção o país e as condições de vida da localidade em que a pessoa nasce Assim diferentes países têm diferentes anos de expectativa de vida Em geral quanto mais de senvolvido é o país melhores são as condições de vida e mais anos de vida a pessoa terá para viver O Quadro 2 apresenta a expectativa de vida ao nascer dos residentes em diferentes países no ano de 2017 INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION 2017 Descrição do quadro o Quadro 2 apresenta a expectativa de vida ao nascer idade em anos em diferentes países no ano de 2017 O Brasil tem uma média de 761 para o feminino e 698 para o masculino Outros países como Afeganistão consta uma média de 582 para o feminino e 552 masculino a Albânia 767 feminino e 704 masculino a Alemanha 819 feminino e 752 masculino a Angola feminino 683 e 641 masculino a Argentina feminino 775 e 711 masculino a Bélgica feminino 823 e 756 masculino a Bolívia feminino 734 e 678 mascu lino o Canadá feminino 822 e 755 masculino o Chile feminino 787 e 722 masculino a Colômbia feminino 750 e 689 masculino a China feminino 773 e 710 masculino a Dinamarca 832 feminino e 764 masculino a República Dominicana 737 feminino e 680 masculino o Equador 750 feminino e 689 masculino Etiópia 613 feminino e 582 masculino os Estados Unidos da América com 818 feminino e 751 masculino a Finlândia 826 feminino e 758 masculino a França com 818 feminino e 751 masculino a Grécia 805 feminino e 738 mascu lino Gana com 715 feminino e 665 masculino a Islândia com 828 feminino e 761 masculino a Índia com 721 feminino e 669 masculino a Itália com 813 feminino e 746 masculino o Japão com 818 feminino e 751 masculino a Noruega com 829 feminino e 762 masculino a Nigéria com 699 feminino e 653 masculino e por fim o Reino Unido com 813 feminino e 746 masculino Expectativa de vida idade em anos Sexo Feminino Masculino Afeganistão 582 552 Albânia 767 704 Alemanha 819 752 Angola 683 641 Argentina 775 711 Bélgica 823 756 Bolívia 734 678 Brasil 761 698 Canadá 822 755 Chile 787 722 Colômbia 750 689 China 773 710 Dinamarca 832 764 República Domini cana 737 680 Equador 750 689 Etiópia 613 582 Estados Unidos da América 818 751 Finlândia 826 758 França 818 751 Grécia 805 738 Gana 715 665 96 Islândia 828 761 Índia 721 669 Itália 813 746 Japão 818 751 Noruega 829 762 Nigéria 699 653 Reino Unido 813 746 Quadro 2 Expectativa de vida ao nascer idade em anos em diferentes países Fonte o autor A prática de atividade física regular ajudará a pessoa a atingir a expectativa de vida daquela determinada localidade Por outro lado pessoas que não praticam atividade física de forma regular tendem a morrer pre cocemente ou seja morrem antes de atingir os anos estimados para a expectativa de vida BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 As causas dessas mortes precoces podem ser diversas por exemplo doenças infecto contagiosas doenças e agravos crônicos não transmissíveis doenças cardiovasculares hipertensão arterial diabetes câncer acidente vascular cerebral doenças respiratórias etc e também causas violentas como assassinatos e acidentes de trânsito A prática de atividade física regular não tem nenhu ma relação com as causas violentas e nem evidências su ficientes de relação com as doenças infectocontagiosas As evidências científicas são consistentes em informar que a prática de atividade física diminui a mortalidade precoce e a morbidade em decorrência das doenças e agravos crônicos não transmissíveis Em 2008 o quadro de especialistas responsável por determinar as evidências da interrelação atividade físi ca e saúde para as recomendações de prática de ativida de física para a população NorteAmericana informou que das evidências cumulativas de 73 estudos publica dos após 1996 o comitê relatou que 67 estudos encon traram uma relação inversa significativa entre atividade física e taxas de mortalidade por todas as causas BOU CHARD BLAIR HASKELL 2012 O risco relativo mediano RR comparando os in divíduos mais ativos com os menos ativos foi de 069 em todos os estudos indicando uma redução de 31 no risco com a atividade física Isso foi semelhante para ho mens RR mediano 071 e mulheres RR mediano 067 e para estudos em que ambos os sexos foram anali 97 EDUCAÇÃO FÍSICA sados juntos RR mediano 068 Associações inversas foram observadas para pessoas com idade 65 anos e para aqueles com 65 anos ou mais Adicionalmente um estudo de metanálise com 38 pesquisas publicadas em 2009 relatou achados essen cialmente similares observando que homens altamente ativos apresentavam 22 RR 078 intervalo de confian ça de 95 IC 072084 menor risco de mortalidade por todas as causas em comparação com homens pouco ativos enquanto mulheres altamente ativas tinham um risco 31 menor RR 069 IC 95 053090 Enquan to isso homens e mulheres moderadamente ativos apre sentaram riscos 19 e 24 menores respectivamente indicativos de uma relação inversa doseresposta BOU CHARD BLAIR HASKELL 2012 ATIVIDADE FÍSICA E OBESIDADE A obesidade é um fator de risco principal para mortali dade prematura e inúmeras condições crônicas de saúde que reduzem a qualidade de vida geral A prevalência da obesidade aumentou para proporções epidêmicas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento nas últimas duas a três décadas e essa condição afeta praticamen te todas as idades raças e grupos socioeconômicos em ambos os sexos A obesidade reflete um balanço energé tico positivo contínuo que é acompanhado por ganho de peso prejudicial e está associado à inatividade física BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Algumas estimativas sugerem que até 2030 mais de três bilhões de pessoas estarão com sobrepeso ou obesidade KELLY et al 2008 Em muitos países governos e agências de saúde estão promovendo for temente a prática de atividade física regular como um meio de impedir o acúmulo de gordura que leva ao ga nho de peso e à obesidade Em termos conceituais a obesidade é uma condição de acúmulo excessivo de gordura que pode prejudicar a Para identificar as principais evidências de atividade física e saúde você pode acessar o site da Organização Mundial da Saúde https wwwwhointnewsroomfactsheetsdetail physicalactivity CONECTESE 98 saúde A doença subjacente reflete um balanço energéti co positivo contínuo que é acompanhado por um ganho de peso indesejável O balanço energético está associado ao quanto de energia é ingerida em geral por meio de alimentos e o quanto de energia está sendo gasta pelo organismo Quando o balanço energético é positivo quer dizer que o organismo está ingerindo mais ener gia do que gastando Por outro lado quando o balanço energético é negativo quer dizer que o organismo está gastando mais energia do que ingerindo BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 No entanto o grau de excesso de gordura sua distri buição no corpo e as consequências associadas à saúde variam consideravelmente entre os obesos Sobrepeso e obesidade são comumente avaliados na pesquisa e na clínica usando o índice de massa corporal IMC um simples índice de massa corporal pela estatura IMC massa corporal kg estatura m2 O sistema de classi ficação de IMC globalmente aceito para adultos é mos trado na Figura 2 WHO 1998 Esse sistema de classificação é baseado nas relações entre IMC mortalidade e doenças crônicas Obser ve que os valores do IMC são independentes da idade e são os mesmos para homens e mulheres Os valores correspondentes ao sobrepeso e a obesidade estão mais associados ao surgimento de outras doenças como as cardiovasculares câncer diabetes etc Baixo peso 185 Peso normal 185 249 Sobrepeso 250 Préobesidade 250 299 Obesidade grau I 30 349 Obesidade grau II 350 399 Obesidade grau III 400 Figura 2 Valores e classificação do índice de massa corporal IMC para pessoas adultas Fonte adaptada de Who 1998 Descrição da Imagem A Figura 2 apresenta sete pesos com seus valores e sua classificação do índice de massa corporal IMC para pessoas adultas Começando da esquerda para a direita temos o baixo peso que deve ser menor que 185 kgm² para peso normal o IMC deve ser de 185 kgm² a 249 kgm² o sobrepeso de um adulto deve ser maior ou igual a 250 para a préobesidade varia entre 250 kgm² a 299 kgm² para a obesidade grau um de 30 kgm² a 349 kgm² obesidade grau dois de 350 kgm² a 399 kgm² e por fim para a obesidade grau três maior ou igual a 400 kgm² 99 EDUCAÇÃO FÍSICA Além do IMC a circunferência da cintura pode ser usa da como um simples marcador antropométrico de so brepeso e obesidade Atualmente não há consenso sobre quais limiares de circunferência da cintura devem ser usados para denotar um aumento do risco à saúde Os pontos de corte mais usados em homens adultos são 94 cm o que indica um risco moderadamente aumen tado de complicações relacionadas à obesidade e 102 cm que denota um risco substancialmente aumentado de complicações relacionadas à obesidade Para mulhe res esses valores são 80 cm o que indica um risco mo deradamente aumentado de complicações relacionadas à obesidade e 88 cm que denota um risco substan cialmente aumentado de complicações relacionadas à obesidade WHO 1998 O sobrepeso e obesidade são os principais fatores de risco para mortalidade prematura e inúmeras condições crônicas de saúde que reduzem a qualidade de vida geral No Quadro 3 encontramse o risco de morbidade e mor talidade que a obesidade causa para determinadas situa ções de saúde BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Descrição do quadro O Quadro 3 apresenta riscos à saúde em indiví duos obesos Estes riscos podemos destacar mortalidade prematura doença arterial coronariana acidente vascular encefálico hipertensão arterial sistêmica embolia Pulmonar diabetes mellitus tipo 2 câncer colorretal câncer de mama câncer nos rins câncer no pâncreas asma osteoartrite e o risco aumentado em indivíduos obesos Para riscos de aproximadamente 25 a 50 mortalidade prematura acidente vascular encefálico câncer de mama câncer colorretal e asma Para Riscos de aproximadamente 200 câncer nos rins câncer no pân creas hipertensão arterial sistêmica e doença arterial coronariana Doenças como osteoartrite e embolia pulmonar são para risco aumen tado de aproximadamente 350 e o risco de 400 para a doença de diabetes mellitus tipo 2 Condição de Saúde Risco aumentado em indivíduos obesos Mortalidade prematura Doença arterial coronariana Acidente vascular encefálico Hipertensão arterial sistê mica Embolia Pulmonar Diabetes mellitus tipo 2 Câncer colorretal Câncer de mama Câncer nos rins Câncer no pâncreas Asma Osteoartrite Quadro 3 Risco à saúde em indivíduos obesos Fonte o autor Notas risco aumentado de aproximadamente 25 a 50 risco aumentado de aproximadamente 200 risco au mentado de aproximadamente 350 risco aumentado de aproximadamente 400 100 A obesidade resulta de um desequilíbrio crônico de energia pelo qual a ingestão excede o gasto Assim a hipótese de que a inatividade física tenha contribuí do para a epidemia da obesidade é bastante razoável No entanto as contribuições relativas da inatividade física versus consumo alimentar à epidemia de obe sidade não são claras e são difíceis de avaliar devido a mudanças temporais na maneira como esses com portamentos foram medidos em pesquisas de saúde As informações ecológicas obtidas no nível popu lacional sugerem que entre 1970 e 2000 a ingestão de energia permaneceu relativamente estável em crianças e jovens dos Estados Unidos e aumentou ligeiramente em adultos BRIEFEL JOHNSON 2004 Durante o mesmo período a atividade física no período de lazer diminuiu em crianças e jovens e aumentou em adultos KNUTH HALLAL 2009 Esses dados ecológicos não são con gruentes com o grande aumento na prevalência de obe sidade adulta e infantil que ocorreu nas últimas décadas Há várias explicações possíveis para essa inconsistência Entre esses estão os problemas metodológicos e técni cos do relato de atividade física e ingestão de alimentos que podem ter mudado ao longo do tempo Outro fator a considerar é o aumento da conscientização da população sobre os benefícios à saúde da atividade física Nos últimos anos aumentou o conhecimento de que atividades como caminhar contam como atividade física enquanto que no passado as pessoas entendiam apenas que atividades vigorosas como corrida ou nata ção contavam como atividade física A explicação mais provável no entanto é que as tendências da população na participação em atividades físicas se concentraram apenas na atividade física durante os períodos de lazer e portanto não são sensíveis a quaisquer mudanças que ocorreram nos níveis de atividade física fora do lazer Isso é essencial porque a atividade física no lazer repre senta uma pequena proporção do dia 1 horadia para a maioria das pessoas na maioria dos países do mundo e 101 EDUCAÇÃO FÍSICA consequentemente uma pequena proporção da produ ção diária total de energia Assim quando consideramos a obesidade também é necessário levar em considera ção o gasto de energia durante o restante do dia O papel independente da atividade física como es tratégia de tratamento para a obesidade tem recebido considerável atenção Revisões iniciais da literatura sugeriram que a redução no peso corporal 1 2 kg associada à atividade física de forma isolada ou seja sem nenhuma restrição calórica era bem pequena e portanto a atividade física na ausência de restrição ca lórica não era uma estratégia particularmente útil para o tratamento da obesidade NATIONAL INSTITU TES OF HEALTH NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE 1998 Posteriormente investigação cuidadosa dos estudos sobre prática de atividade física e obesidade revelou que na maioria dos casos poucos dos primeiros estudos fei tos sobre o tema prescrevem um programa de exercícios físicos que seria esperado que levasse a uma significa tiva perda de peso ROSS JANSSEN 2001 sobretudo porque não se preocupavam com o tipo a freqUência e intensidade da atividade física Por outro lado em estudos nos quais os programas de exercícios prescritos resultaram em um balanço energético negativo significativo a perda de peso foi substancial ROSS JANSSEN 2001 Em outras palavras a perda de peso está positivamente relacionada ao volume de atividade física realizada quanto mais tempo de atividade física por dia mais chances o sujeito tem de perder peso ATIVIDADE FÍSICA E CÂNCER Câncer é considerado a segunda maior causa de morta lidade no mundo ficando atrás apenas das doenças car diovasculares O câncer é de origem multifatorial com contribuições provenientes de componentes genéticos e ambientais Do ponto de vista da saúde pública determi nantes modificáveis do câncer são importantes porque esses fatores são passíveis de mudança Um determinan te ou fator de risco que recebeu muita atenção recente mente e é o foco deste capítulo é a atividade física Embora os mecanismos exatos que explicam a me nor incidência de câncer entre as pessoas fisicamente ativas sejam desconhecidos várias categorias amplas de mecanismos plausíveis foram propostas para explicar por que homens e mulheres fisicamente ativos podem estar em menor risco de desenvolver câncer BOU CHARD BLAIR HASKELL 2012 102 Um desses mecanismos biológicos tem a ver com os hor mônios sexuais Esses hormônios têm poderosos efeitos mitogênicos ie que provoca a divisão celular e proli ferativos e são importantes no desenvolvimento de cân ceres reprodutivos Os pesquisadores propuseram que a atividade física reduz o risco de desenvolver câncer de mama por meio dos efeitos na função menstrual e nos níveis de hormônios sexuais femininos As meninas que praticam atividade física de forma regular tendem a ter a menarca em idades mais velhas se comparadas às meni nas que não praticam atividades físicas de forma regular e também são mais propensas a ter ciclos anovulatórios ou seja quando os ovários não liberam um óvulo durante um ciclo menstrual Esses efeitos podem diminuir o risco de câncer de mama porque a idade mais avançada da menarca está associada a menor incidência de cân cer de mama enquanto os ciclos anovulatórios estão associados a níveis mais baixos do hormônio estrogênio BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 A atividade física também tem sido associada a al terações nos hormônios esteroides sexuais femininos em mulheres adultas Entre as mulheres adultas na pré e pósmenopausa níveis mais altos de atividade físi ca foram correlacionados com níveis mais baixos dos hormônios estrogênios e progesterona Além disso fo ram observadas concentrações aumentadas de globuli na de ligação ao hormônio sexual em mulheres fisica mente ativas Essas globulinas se ligam aos estrógenos na circulação levando a concentrações mais baixas dos hormônios ativos livres Tais mudanças nos níveis de estrogênio com atividade física também podem dimi nuir o risco de desenvolver câncer de endométrio entre mulheres fisicamente ativas porque níveis mais altos do hormônio estrogênio estão relacionados a maior inci dência de câncer de endométrio BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 EDUCAÇÃO FÍSICA 103 104 Nos homens foi estudada a relação entre atividade física e as concentrações dos hormônios androgênios para explicar o risco de câncer de próstata Embora os níveis dos hormônios androgênios possam ser aguda mente elevados após uma sessão de exercício aeróbio os níveis em repouso parecem mais baixos dentro da faixa fisiológica naqueles homens fisicamente ativos em com paração com homens que não são ativos fisicamente A quantidade de atividade física associada aos níveis mais baixos dos hormônios androgênios é alta por exem plo corredores de maratona de elite e ainda não está claro se níveis mais moderados de atividade física po dem diminuir os níveis desses hormônios androgênios Nesse sentido mais pesquisas precisam ser realizadas para explicar esse mecanismo BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Outro mecanismo biológico pelo qual a prática de atividade física pode influenciar no menor risco de câncer é por meio da influência na massa corporal e na gordura corporal Como a prática de atividade física re gular está associada a menores quantidades de gordura corporal ela pode reduzir o risco de desenvolver vários cânceres relacionados com a obesidade como o câncer de mama na pósmenopausa câncer endometrial e cân cer colorretal Entre as mulheres obesas na pósmeno pausa comparadas às mulheres com peso normal os níveis do hormônio estrogênio são mais altos porque o tecido adiposo pode converter precursores de estrogê nio no próprio hormônio estrogênio Dessa forma esses níveis mais altos de estrogênio aumentam o risco dos cânceres reprodutivos feminino BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 As pessoas que são fisicamente ativas apresentam maior probabilidade de perder gordura abdominal se comparadas às pessoas que não são fisicamente ativas A obesidade em especial a obesidade abdominal está associada à resistência à insulina hiperinsulinemia hi pertrigliceridemia e níveis mais elevados de fatores de crescimento semelhantes à insulina Esses fatores têm sido implicados na etiologia de vários tipos de câncer como câncer de mama próstata e cólon Assim isso pode representar uma terceira via pela qual a atividade física tem o potencial de influenciar o desenvolvimento do câncer BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Outro mecanismo biológico que pode explicar a in terrelação atividade física e câncer é o estado de infla mação do organismo Várias doenças inflamatórias crô nicas aumentam o risco de câncer Por exemplo pessoas com doença inflamatória intestinal têm maior risco de câncer colorretal enquanto aquelas com hepatite crôni ca têm maior risco de câncer hepatocelular Níveis ele vados de marcadores inflamatórios como a proteína C reativa PCR e níveis reduzidos de marcadores antiin flamatórios como a adiponectina têm sido associados a um risco aumentado de câncer A atividade física está associada a um estado inflamatório reduzido e isso tam bém pode ser resultado da diminuição da adiposidade BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Outro mecanismo comumente citado para menores taxas de câncer de cólon especificamente entre pesso as fisicamente ativas referese à mudança no tempo de trânsito intestinal Foi proposto que a atividade física acelera o tempo de trânsito no cólon diminuindo a ex posição a agentes cancerígenos ou promotores no fluxo fecal No entanto embora alguns estudos tenham mos trado um tempo de trânsito mais rápido entre pessoas fisicamente ativas nem todos os estudos apoiaram esse achado BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Finalmente a atividade física pode reduzir o risco de desenvolver câncer aprimorando o sistema imunoló gico inato responsável pela regulação da suscetibilidade ao desenvolvimento do câncer Em geral as evidências disponíveis sugerem que níveis moderados de atividade física podem melhorar o sistema imunológico No en 105 EDUCAÇÃO FÍSICA tanto exercícios prolongados e intensos por exemplo correr uma maratona podem ter o efeito oposto levan do a um período temporário de imunossupressão que dura dias a até duas semanas O Quadro 4 apresenta as principais conclusões so bre a interrelação da atividade física com alguns tipos de câncer BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Observe que para alguns tipos de câncer ainda não há evidência científica suficiente para afirmar que a atividade física é capaz de prevenilo Dessa forma os tipos de câncer que estão com Evidência forte significa que a prática de atividade física regular é capaz de pre venilos Para aqueles tipos de câncer em que há Evi dência moderada significa que a prática de atividade física pode prevenir em alguma magnitude tais tipos de câncer Para aqueles que têm Evidência limitada ou Evidência insuficiente maior quantidade de estudos se faz necessário para poder afirmar se a atividade física regular pode prevenilos Para aprender mais sobre os diferentes tipos de câncer obter dados epidemiológicos do Brasil visite o site do Instituto Nacional de Câncer do Ministério da Saúde httpswww incagovbr CONECTESE Descrição da Imagem O Quadro 4 apresenta os níveis de evidência da interrelação entre atividade física e alguns tipos de câncer Para câncer de bexiga de mama de cólon do endométrio do esôfago gástrico e renal têm fortes evidências de que que quanto maior a quantidade de atividades físicas menores são as chances desses tipos de cânceres Para o câncer de pulmão temos uma evidência mode rada Para câncer hematológico de cabeça e pescoço de ovário do pâncreas e da próstata as evidências entre as menores chances de surgimento desses tipos de cânceres com a prática de atividade física são limitados e por fim ainda há evidências insuficiente sobre a in terrelação atividade física e câncer cerebral Tipo de câncer Maior quantidade de atividade física diminui o risco de câncer Bexiga Evidência forte Mama Colón Endometrial Esôfago Gástrico Renal Pulmão Evidência moderada Hematológico Evidência limitada Cabeça e pescoço Ovário Pâncreas Próstata Cérebro Evidência Insuficiente Quadro 4 Nível de evidência da interrelação entre atividade física e alguns tipos de câncer Fonte o autor 106 ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES MELLITUS TIPO 2 Doença cerebrovascular Dano renal permanente Infecção nos pés e mãos Retinopatia e cegueira Ataque cardíaco Neuropatia periférica mãos e pés Figura 3 Complicações da diabetes mellitus Descrição da Imagem a Figura 3 apresenta o corpo humano e as partes onde se dão as complicações da diabetes mellitus Esta doença está relacionada com doenças cerebrovasculares danos renais permanentes infecções nos pés e nas mãos retinopatia e cegueira ataque cardíaco e neuropatia periférica O diabetes mellitus é uma doença crônica que engloba um grupo heterogêneo de distúrbios O distúrbio endó crino é o mais comum e afeta vários órgãos e funções do corpo causando sérias complicações à saúde como a insuficiência renal doenças cardíacas danos cerebrais acidente vascular encefálico e cegueira A diabetes melli tus se dá quando o corpo não pode controlar o nível de glicose na circulação sanguínea em decorrência da pro dução insuficiente de insulina ou de uma resposta ina dequada dos órgãos aos níveis circulantes de insulina Alguns dos sintomas mais característicos associados ao aparecimento do diabetes é a micção frequente sede ex cessiva perda de peso inexplicada e fadiga O diabetes é comumente diagnosticado quando o nível de glicose no sangue é igual ou superior a 126 mgdl ou 70 mmolL após jejum noturno ou quando 107 EDUCAÇÃO FÍSICA o nível de glicose no sangue excede 200 mgdl 2h após um teste de tolerância à glicose oral padronizado Foram definidos três tipos principais de diabetes diabetes tipo 1 diabetes tipo 2 e diabetes gestacional BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 No diabetes tipo 1 que é um distúrbio autoimune as células responsáveis pela liberação de insulina as célu las β pancreáticas são erroneamente reconhecidas pelo sistema imunológico como estranhas e seletivamente destruídas Como resultado as células β pancreáticas são eliminadas do corpo e os níveis circulantes de insu A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e tem como função metabolizar a glicose açúcar no sangue para produção de energia Ela atua como uma chave abrindo as fechaduras das células do corpo para que a glicose entre e seja usada para gerar energia Fonte adaptado de Bouchard Blair e Haskell 2012 CONCEITUANDO lina no sangue diminuem drasticamente ou até desapa recem Nessa situação injeções regulares de insulina se tornam necessárias para sustentar a vida do indivíduo O diabetes tipo 2 diferentemente do tipo 1 é um distúrbio metabólico no qual os níveis de insulina po dem ser normais elevados hiperinsulinemia ou até diminuídos hipoinsulinemia Entretanto nesse tipo de diabetes a hiperinsulinemia caracteriza a maioria dos pacientes Pelo menos nos estágios iniciais a maioria das pessoas com diabetes tipo 2 pode produzir insulina mas não pode usála efetivamente Dois componentes principais atuam nessa patologia disfunção das células β pancreáticas na qual essas células gradualmente não produzem insulina adequadamente em resposta aos níveis circulantes de glicose no sangue ou resistência à insulina na qual tecidos sensíveis à insulina como mús culo esquelético gordura e fígado se tornam em certa medida sem sensibilidade à insulina A resistência à insulina parece preceder e pelo me nos em parte ser responsável pela disfunção das células β pancreáticas O início do diabetes tipo 2 geralmente ocorre com o avanço da idade mas devido a fatores do estilo de vida como a nutrição e prática de atividade físi ca insuficiente está acometendo cada vez mais indivídu os mais jovens BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 O diabetes tipo 2 é causado principalmente por uma combinação de três situações anormais no organis mo 1 diminuição da secreção de insulina pelas célu las β pancreáticas 2 resistência à insulina nos tecidos periféricos e 3 aumento da produção de glicose no fí gado É amplamente aceito que a resistência à insulina desempenha um papel central na patogênese do diabe tes tipo 2 O termo resistência à insulina se refere à res posta subnormal a uma dada concentração de insulina pelos principais órgãos do corpo sensíveis à insulina ou seja músculo esquelético fígado e tecido adiposo Des sa forma se o músculo esquelético está envolvido nessa 108 situação o exercício físico tem papel fundamental para controle desse tipo de diabetes Quando o sujeito se alimenta um nível adequado de insulina é liberado nas refeições mas seu efeito dis posição da glicose é prejudicado Após um período de resistência à insulina compensada a tolerância à glicose diminuída eventualmente se desenvolve apesar das con centrações elevadas de insulina Finalmente após a ma nutenção de um estado hiperinsulinêmico ao longo do tempo a falha das células β pancreáticas resulta em dimi nuição da secreção de insulina Isso leva ao aparecimento de diabetes mellitus tipo 2 quando a resistência à insulina e a função das células β comprometidas ocorrem simulta neamente resultando em hiperglicemia em jejum Além da influência de alguns fatores genéticos im portantes a resistência à insulina é uma característica comum de indivíduos obesos principalmente quando o excesso de gordura está concentrado na região abdominal ou seja adiposidade central e particularmente em in divíduos pouco ativos fisicamente De fato um mecanis mo primário que causa resistência à insulina é o ganho de peso que se intensifica com os baixos níveis de atividade física e aumento do comportamento sedentário Os indivíduos que são diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2 mostram uma redução acentuada na se creção precoce de insulina ou seja a fase de secreção de insulina que ocorre imediatamente após a ingestão uma consequência do mau funcionamento das células β pancreáticas Os mecanismos moleculares e de sina lização detalhados subjacentes a esse defeito ainda não estão totalmente esclarecidos No entanto sabese que a progressão na deterioração da função das células β leva muito tempo portanto quando o diabetes mellitus tipo 2 é diagnosticado a disfunção das células β pode estar ocorrendo há mais de uma década O aumento do estado hiperglicêmico característico desse distúrbio metabólico é exacerbado em longo prazo pelos efeitos citotóxicos de altas concentrações de glicose no sangue BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Para manter a homeostase da glicose no corpo é necessária a coordenação de três eventos metabólicos diferentes 1 secreção adequada de insulina pelas cé lulas β pancreáticas 2 supressão da produção hepática de glicose e 3 estimulação da captação de glicose pelos tecidos sensíveis à insulina principalmente os músculos Durante um período agudo de exercícios a crescen te necessidade de combustível metabólico é atendida pelo aumento da utilização de carboidratos e gorduras no músculo esquelético A glicose é retirada do sangue para os músculos esqueléticos que funcionam por meio de transportadores de glicose Em pessoas que não têm diabetes a menos que o exercício seja de duração extre mamente longa as concentrações de glicose no sangue não diminuem consideravelmente Este é o caso porque a produção de glicose no fígado é precisamente compa tível com a captação de glicose no músculo e porque a secreção de insulina pelas células β do pâncreas é reduzi da em resposta a níveis mais baixos de glicose no sangue Em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 com hiper glicemia moderada e resistentes à insulina as concentra ções de glicose ainda podem ser efetivamente diminuí das com atividade física de intensidade moderada um importante benefício para a saúde do paciente diabético Conforme definido anteriormente a resistência à insulina é a incapacidade dos tecidosalvos periféricos especialmente músculo tecido adiposo e fígado de responder adequadamente às concentrações circulantes normais de insulina A resistência à insulina pode ser encontrada em pacientes mais de uma década antes do aparecimento do diabetes e é o melhor preditor para o desenvolvimento posterior da doença Um tratamento para melhorar a resistência à insulina é a prática regular de atividade física Uma única sessão de exercício físico pode aumentar o transporte e o metabo 109 EDUCAÇÃO FÍSICA lismo da glicose no músculo esquelético e também pode ter efeitos profundos no metabolismo do glicogênio Es sas alterações metabólicas ocorrem no músculo esquelé tico e podem melhorar a homeostase da glicose em pesso as com resistência à insulina Além disso essas alterações metabólicas podem ser responsáveis pela capacidade da atividade física de prevenir ou retardar o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2 Nesse sentido a prática frequen te de atividade física é capaz de auxiliar no tratamento e na prevenção do diabetes mellitus tipo 2 BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Os benefícios terapêuticos da prática regular de atividade física no tratamento da diabetes mellitus tipo 2 são reconhecidos há muito tempo Em 1919 foi relatado que o exercício físico diminui as concen trações de glicose no sangue e melhorou a tolerância à glicose em pacientes diabéticos Na edição de 1935 de The Treatment of Diabetes Mellitus o exercício físico era recomendado no tratamento diário do dia betes BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS CARDIO VASCULARES As doenças cardiovasculares incluindo doença isquê mica do coração infarto agudo do miocárdio hiperten são arterial sistêmica febre reumática defeitos cardíacos congênitos insuficiência cardíaca congestiva e doença vascular periférica são as principais causas de morte em homens e mulheres em países industrializados Em geral as manifestações clínicas das doenças cardiovas culares têm início a partir da meiaidade e se intensifica com o avanço da idade No entanto evidência científica Para aprender mais sobre o diabetes mellitus e obter dados científicos sobre a doença visite o site da Sociedade Brasileira de Diabetes httpswwwdiabetesorgbr CONECTESE 110 confirma que as doenças cardiovasculares se iniciam na infância de modo que os tecidos que envolvem as coro nárias são afetados desde a infância no processo infla matório FORD 2003 A patogênese mais encontrada nas doenças cardio vasculares é a aterosclerose Ela é considerada uma do ença oriunda da disfunção endotelial e de inflamação Essa inflamação causa liberação de substâncias anticoa gulantes que prejudicam as funções do coração e podem acarretar vasoconstrição trombose e inflamação aguda e crônica SANTOS et al 2008 O mecanismo biológico pelo qual a prática de atividade física regular diminui as chances de adquirir hiperten são arterial sistêmica pode ser raciocinado da seguinte forma a pressão arterial sanguínea é determinada pelo débito cardíaco volume de sangue bombeado pelo co ração e pela resistência periférica total dos vasos san guíneos determinada pela viscosidade do sangue e o comprimento dos vasos sanguíneos As reduções no débito cardíaco não ocorrem após o treinamento físico indicando que uma redução na resis tência periférica total é o principal mecanismo pelo qual a atividade física reduz a pressão arterial sanguínea em repouso As alterações na resistência periférica total por sua vez são principalmente mediadas por alterações no diâmetro dos vasos sanguíneos Várias alterações neu rais e locais ocorrem em resposta à participação crônica da atividade física que reduz o estado vasoconstritivo da musculatura periférica e ao fazêlo diminui a resistên cia periférica total e a pressão arterial sanguínea SAN TOS et al 2008 Existem vários mecanismos biológicos plausíveis pelos quais a atividade física reduz o risco de doença isquêmica do coração acidente vascular encefálico e doença vascular periférica Esses mecanismos são se 111 EDUCAÇÃO FÍSICA melhantes para essas três formas de doença A atividade física reduz a pressão arterial sanguínea como demons trado no parágrafo anterior melhora o perfil lipídico do sangue por exemplo diminui os triglicerídeos aumenta a lipoproteína de alta densidade ou o colesterol bom e diminui a inflamação sistêmica por exemplo diminui os níveis sanguíneos de proteína C reativa PCR e ao fazêlo diminui os danos e a aterosclerose dos vasos san guíneos cardíacos cerebrais e periféricos A atividade física também melhora a função endote lial por exemplo melhora as propriedades de vasodila tação e vasoconstrição dos vasos sanguíneos e tem um efeito antitrombótico por exemplo reduz a coagulação do sangue o que reduz ainda mais o risco de eventos cardíacos e cerebrovasculares adversos BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Para aprender mais sobre as doenças car diovasculares e obter dados científicos so bre essas doenças visite o site da Sociedade Brasileira de Cardiologia httpswwwportal cardiolbr CONECTESE 112 Programas de promoção da atividade física em saúde pública 113 EDUCAÇÃO FÍSICA A saúde pública é um campo multidisciplinar cujo ob jetivo é promover a saúde da população por meio de esforços comunitários organizados ASCHENGRAU SEAGE 2020 Ao contrário da medicina que se con centra principalmente no tratamento de doenças em in divíduos a saúde pública se concentra na prevenção de doenças na populaçãocomunidade As principais atividades de saúde pública incluem a avaliação do estado de saúde da população o diagnósti co dos problemas a busca pelas causas desses problemas e o desenvolvimento de soluções para eles As soluções geralmente envolvem intervenções no nível da comuni dade que controlam ou impedem a causa do problema Por exemplo as intervenções de saúde pública incluem o estabelecimento de programas educacionais para de sencorajar os adolescentes de fumar a implementação de programas de triagem para a detecção precoce do câncer e a aprovação de leis que exigem que motoristas e passageiros de automóveis usem cintos de segurança ASCHENGRAU SEAGE 2020 Infelizmente é difícil reconhecer as realizações em saúde pública porque é difícil identificar pessoas que foram poupadas de doenças por meio de ações em saú de pública Por esse motivo o campo da Saúde Pública recebeu menos atenção e menos recursos do que o cam po da Medicina No entanto a Saúde Pública tem um efeito maior na saúde das populações do que a medicina Por exemplo desde a virada do século XX a expectati va média de vida das pessoas vem aumentando Entre outros fatores para esse aumento na expectativa média de vida destacamse as melhorias na saúde pública As realizações em saúde pública que são responsáveis por melhorias na saúde e na expectativa de vida incluem o uso rotineiro de vacinas para doenças infecciosas me lhorias na segurança de veículos automotores e locais de trabalho controle de doenças infecciosas por meio de melhorias no saneamento básico e saúde ASCHEN GRAU SEAGE 2020 As atividades do sistema de saúde pública em pes quisa educação e implementação de programas torna ram essas realizações possíveis Esse sistema inclui agên cias federais estaduais e municipais além de instituições acadêmicas Esse complexo conjunto de instituições somente alcança o sucesso em saúde pública por meio de ações políticas e ganhos em conhecimento científico Dessa forma a política entra no processo de saúde pú blica quando as agências advogam por recursos desen volvem políticas e planos para melhorar a saúde de uma comunidade e trabalham para garantir que serviços necessários para a proteção da saúde pública estejam à disposição de todos A ação política é necessária porque o governo geralmente tem a responsabilidade de desen volver as atividades necessárias para proteger a saúde pública e promover a saúde da população ASCHEN GRAU SEAGE 2020 Para que você compreenda melhor o que vem a ser a Saúde Pública em si e para que entenda o que vem a ser Programas de Promoção de Atividade Física em Saú de Pública o Quadro 5 apresenta as diferenças entre os campos de pesquisa Básica Clínica e em Saúde Pública 114 Característica Pesquisa Básica Pesquisa Clínica Pesquisa em Saúde Pú blica O que e quem é estudado Células tecidos animais em laboratórios Pacientes com diagnóstico de doenças Populações ou comunida des Objetivos da pes quisa Entendendo os mecanis mos de doenças e os efei tos de substâncias tóxicas Melhora no diagnóstico e no tratamento de doenças Prevenção de doenças e promoção da saúde Exemplos Toxicologia imunologia Pediatria Medicina interna Epidemiologia saúde ambiental Quadro 5 Características das pesquisas Básicas Clínicas e em Saúde Pública Fonte adaptado de Aschengrau e Seage 2020 p 5 Descrição do quadro O Quadro 5 apresenta as características de diferentes tipos de pesquisa São descritas informações sobre os seguintes tipos de pesquisa Pesquisa básica Pesquisa Clínica e Pesquisa em Saúde Pública As características descritas são as seguintes o que e quem é estudado em cada tipo de pesquisa os objetivos de cada um dos tipos de pesquisa e exemplos para cada um dos tipos de pesquisa Na Pesquisa Básica são estudados as células os tecidos e animais em laboratórios O objetivo da Pesquisa Básica é entender os mecanismos de doenças e os efeitos de substâncias tóxicas Alguns exemplos de Pesquisa Básica são a toxicologia e a imunologia Na Pesquisa Clínica são estudados os pacientes com diagnóstico de doenças O objetivo da Pesquisa Clínica é a melhora no diagnóstico e no tratamento de doenças Alguns exemplos de Pesquisa Clínica são a pediatria e a medicina interna Na Pesquisa em Saúde Pública são estudadas as populações e comunidades O objetivo da Pesquisa em Saúde Pública é a prevenção de doenças e promoção da saúde Alguns exemplos da Pesquisa em Saúde Pública são a epidemiologia e saúde ambiental 115 EDUCAÇÃO FÍSICA Como a Saúde Pública diz respeito a comunidades e po pulações o sistema de saúde do Brasil Sistema Único de Saúde é um dos meios pelo qual tais Programas de Promoção de Atividade Física podem chegar às popu lações As ações de promoção de atividades físicas em Saúde Pública perpassam pela Política Nacional de Pro moção da Saúde Contudo antes da publicação da Políti ca Nacional de Promoção da Saúde o governo do Brasil divulgou em 2002 a ação chamada Hiperdia que tinha o propósito de acompanhar pacientes com diagnóstico de diabetes e hipertensão BENEDETTI et al 2014 No ano de 2003 foi lançada a Estratégia Mundial so bre Alimentação Saudável Atividade Física e Saúde que teve alcance em todo o mundo Com esse lançamento o tema que envolvia a atividade física e promoção da saúde foi colocado como prioridade para a saúde das popula ções A importância dessas recomendações internacio nais fez com que o Brasil por meio do Ministério da Saú de colocase a atividade física em evidência Em 2006 a Política Nacional de Promoção da Saúde foi publicada e os repasses financeiros referentes a essa política foram destinados a Estados e Municípios para que valorizassem ações de atividade física no Sistema Único de Saúde do Brasil BOUCHARD BLAIR HASKELL 2014 O Brasil lançou em 2007 o Plano Nacional de Ativi dade Física que previa dentre outras coisas a dissemina ção do tema atividade física e saúde junto à população por meio de projetos e campanhas de incentivo à prática de atividade física em todas as idades No ano de 2011 o Brasil atualizou esse plano e publicou mais uma ree dição BENEDETTI et al 2014 Todas essas ações di zem respeito à promoção de atividade física em termos de saúde pública pois estabelece uma relação entre os setores políticos de saúde e da população Em 2008 o Ministério da Saúde do Brasil retomou as ações de comunicação social para a prática de ativida de física em termos comunitários desta vez atrelada ao tema do Dia Mundial da Saúde Em 2011 o Ministro da Saúde do Brasil lançou o Programa Academia da Saúde que é gerenciado pelo Ministério da Saúde do Brasil até os dias atuais BENEDETTI et al 2014 O programa Academia da Saúde é uma estratégia de promoção e produção do cuidado com a saúde a partir da implantação de espaços públicos O objetivo desse programa é promover práticas corporais e atividade fí sica promoção da alimentação saudável educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população Para tanto o Programa promove a im plantação de polos do Academia da Saúde que são espa ços públicos dotados de infraestrutura equipamentos e profissionais qualificados BRASIL 2020 O Programa Academia da Saúde é para toda a popu lação e tem como ação o entendimento de que a saúde integral do usuário do sistema de saúde deve ser atingida nas perspectivas de realização de práticas corporais ativi dades físicas e alimentação saudável Além disso os espa ços do programa são também destinados a ações culturais para o melhor uso da população BRASIL 2020 Um tema que ainda carece de mais aprofundamento são os Programas de Promoção de Atividade Física em termos de Saúde Pública para crianças e adolescentes O projeto de pesquisa intitulado Report Card Brazil tem como objetivo mapear os programas existentes para esse público no Brasil Esse indicador trata sobre estratégias e investimentos governamentais para a promoção da atividade física de crianças e adolescentes No Brasil há algumas iniciativas para crianças e adolescentes que podem ser destacadas no Quadro 6 116 Programa Ano de Criação Ministério Objetivo principal Dimensão Centros de Artes e Esportes Unifi cados 2011 Cultura Integrar num mesmo espaço progra mas e ações culturais práticas esporti vas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioassistenciais políticas de preven ção à violência e de inclusão digital Infraestrutura física Forças no Es porte 2003 Defesa Democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte e promover o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes oferecendo atividades esportivas educacionais lazer e ativida des complementares Infraestrutura física e de pessoal Mais Educação 2007 Educação Não informado Não informado Segundo Tempo 2003 Esporte Democratizar o acesso de crianças e adolescentes aos conteúdos das práticas corporais por meio do esporte educacional de qualidade Infraestrutura de pes soal material esporti vo e uniforme Esporte e Lazer da Cidade 2011 Esporte Democratizar o lazer e o esporte recre ativo Infraestrutura de pessoal Descrição do quadro O Quadro 6 apresenta o nome dos programas do Governo do Brasil até 2018 que tratavam em alguma instância da promoção da atividade física em crianças e adolescentes Nesse quadro está o ano de criação dos programas o ministério brasileiro responsável pelo programa o objetivo principal do programa e a dimensão do programa O primeiro programa citado se chama Centros de Artes e Esportes Unificados que foi criado em 2011 e é de responsabilidade do Ministério da Cultura tem como objetivo principal integrar em um mesmo espaço programas e ações culturais práticas esportivas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioassistenciais políticas de prevenção à violência e de inclusão digital e abrange a dimensão de infraestrutura física O segundo programa citado se chama Forças no Esporte que foi criado em 2003 é de responsabilidade do Ministério da Defesa e tem como objetivo principal democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte e pro mover o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes oferecendo atividades esportivas educacionais lazer e atividades complementares e abrange a dimensão de infraestrutura física e de pessoal O terceiro programa citado é o Mais Educação que foi criado em 2007 é de responsabilidade do Ministério da Educação não apresenta informação do objetivo principal e também não apresenta informação sobre a dimensão que abrange O quarto programa citado se chama Segundo Tempo que foi criado em 2003 é de responsabilidade do Ministério do Esporte tem como principal objetivo democratizar o acesso de crianças e adolescentes aos conteúdos das práticas corporais por meio do esporte educacional de qualidade e abrange a dimensão de infraestrutura de pessoal material esportivo e uniforme O quinto programa citado é o Esporte e Lazer da Cidade que foi criado em 2011 é de responsabilidade do Ministério do Esporte tem como objetivo principal democratizar o lazer e o esporte recreativo e abrange a dimensão de infraestrutura de pessoal O sexto programa citado se chama Centro de Iniciação ao Esporte que foi criado em 2013 é de responsabi lidade do Ministério do Esporte tem como objetivo principal ampliar a oferta de infraestrutura de equipamento público esportivo qualificado incen tivando a iniciação esportiva em territórios de vulnerabilidade social das grandes cidades brasileiras e abrange a dimensão de infraestrutura física O sétimo programa citado se chama Academia de Saúde que foi criado em 2011 é de responsabilidade do Ministério da Saúde tem como objetivo principal promover práticas corporais e atividade física promoção da alimentação saudável educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população e abrange a dimensão de infraestrutura física e de pessoal 117 EDUCAÇÃO FÍSICA Centro de Inicia ção ao Esporte 2013 Esporte Ampliar a oferta de infraestrutura de equipamento público esportivo qualifi cado incentivando a iniciação esportiva em territórios de vulnerabilidade social das grandes cidades brasileiras Infraestrutura física Academia da saúde 2011 Saúde Promover práticas corporais e atividade física promoção da alimentação saudá vel educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população Infraestrutura física e de pessoal Quadro 6 Programas do Governo do Brasil até 2018 que tratavam em alguma instância da promoção da atividade física em crian ças e adolescentes Fonte adaptado de Silva et al 2018 Algumas características desses programas se destacam SILVA et al 2018 1 nenhum desses programas têm como objetivo principal a promoção da atividade física de crianças e adolescentes tal objetivo é secundário nes ses programas 2 não foi disponibilizado a quantidade de recursos financeiros que é destinada por cada progra ma por ano para cada estado da federação para que se pudesse verificar se o investimento em atividade física é apropriado 3 não há informações nas fontes de consul ta sobre a avaliação da efetividades desses programas no que concerne à promoção da atividade física de crianças e adolescentes 4 não há informações sobre o impacto desses programas nos níveis de atividade física de crian ças e adolescentes 5 não há informações sobre o plane jamento eou perspectivas futuras investimentos am pliação desses programas no que concerne à promoção da atividade física de crianças e adolescentes Nesse sen tido Programas de Promoção de atividade física efetivos para crianças e adolescentes do Brasil ainda são escassos Para isso reflita sobre quais atividades físicas a sua co munidade prática com frequência e se essa atividade pode ser praticada por todos independentemente do nível econômico e social Além disso reflita se o espaço físico existente no seu bairro é apropriado para a ativi dade Após essas reflexões converse com a associação de moradores do seu bairro com a secretaria de saúde do município e com a imprensa sobre a necessidade de promover atividade física para todos Antes de 2006 não existia no Brasil uma política nacional que tivesse como foco a promoção da atividade física em termos de Saúde Pública Dessa forma esse campo é recente na área da atividade física no Brasil e muito aprofunda mento ainda precisa ser dado para encontrar melhores estratégias de promoção da atividade física em termos comunitários Que tal você pensar como a sua comunidade poderia ela borar Programas de Promoção da Atividade Física que sirva para todos EXPLORANDO IDEIAS 118 considerações finais Nessa unidade foi informado sobre a relação da prática de atividade física com mar cadores de saúde para tanto foi mostrado que todas as pessoas devem fazer atividades físicas regulares A quantidade recomendada de atividade física para trazer benefícios à saúde varia conforme a faixa etária e todos devem se atentar a isso Crianças e ado lescentes têm recomendações específicas adultos e idosos também Dessa forma ao trabalhar com cada público em específico devese atentar às recomendações específicas A prática regular de atividades físicas evita a mortalidade precoce e o surgimento de diversas doenças como a obesidade o câncer o diabetes mellitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares Diversos estudos foram mostrados nesta unidade com evidências dos benefícios da prática de atividade física A atividade física pode ser empregada na prevenção e também como auxílio no tratamento dessas enfermidades de modo que ela é essencial no controle desses agravos Uma das formas de proporcionar atividades físicas para a população é por meio dos Programas de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública Esses programas são voltados a toda a população e tem como objetivo principal educar a população para um estilo de vida ativo e saudável No Brasil diversas iniciativas de Programas de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública foram aplicadas a partir de 2006 de modo que esse marco foi possível por causa da Política Nacional de Promoção da Saúde Atualmente o maior programa do Brasil de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública é a Academia da Saúde que é destinado a toda a população Apesar do exposto anteriormente algumas faixas etárias como as crianças e os ado lescentes dispõem de poucas oportunidades voltadas diretamente a eles pois os programas existentes não focam na educação em saúde 119 atividades de estudo 1 Para entender o papel da atividade física na prevenção da mortalidade pre coce e promoção da saúde é importante compreender que cada pessoa que nasce tem uma expectativa de vida que significa quantos anos em média essa pessoa irá viver Com base nesse exposto leia as afimativas a seguir e depois assinale a alternativa correta I Quanto mais desenvolvido é o país piores são as condições de vida daquele país II O cálculo de expectativa de vida leva em consideração o país e as condições de vida da localidade em que a pessoa nasce III A prática de atividade física regular ajudará a pessoa a atingir a expectativa de vida daquela determinada localidade IV As evidências científicas são consistentes em informar que a prática de ativi dade física diminui a mortalidade precoce É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c I apenas d II III e IV apenas e I II III e IV 2 A obesidade é um fator de risco principal para mortalidade prematura e inú meras condições crônicas de saúde que reduzem a qualidade de vida geral A prevalência da obesidade aumentou para proporções epidêmicas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento nas últimas duas a três décadas e essa condição afeta praticamente todas as idades raças e grupos socioeconômicos em ambos os sexos Com base no tema da obesidade analise as afirmativas a seguir e depois assinale a alternativa correta I A obesidade é uma condição de acúmulo excessivo de gordura que não prejudica a saúde II Quando o balanço energético é positivo quer dizer que o organismo está ingerin do mais energia do que gastando III Quando o balanço energético é negativo quer dizer que o organismo está gas tando mais energia do que ingerindo IV A perda de peso não está relacionada ao volume de atividade física realizada 120 atividades de estudo É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c I apenas d II III e IV apenas e I II III e IV 3 O câncer é de origem multifatorial com contribuições provenientes de com ponentes genéticos e ambientais Do ponto de vista da saúde pública deter minantes modificáveis do câncer são importantes porque esses fatores são passíveis de mudança Um determinante ou fator de risco que recebeu muita atenção recentemente é a atividade física Considerando o exposto marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas Câncer é considerado a segunda maior causa de mortalidade no mundo fi cando atrás apenas das doenças cardiovasculares A atividade física reduz o risco de desenvolver câncer de mama por meio dos efeitos na função menstrual e nos níveis de hormônios sexuais femininos A atividade física diminui o tempo de trânsito intestinal no cólon o que reduz o risco de câncer A sequência correta é a V V F b F F V c V F V d F F F e V V V 121 atividades de estudo 4 A diabetes mellitus se dá quando o corpo não pode controlar o nível de glicose na circulação sanguínea em decorrência da produção insuficiente de insulina ou de uma resposta inadequada dos órgãos aos níveis circulantes de insulina Com base no tema da diabetes mellitus assinale V para as afirmativas verda deiras e F para as afirmativas falsas O diabetes mellitus é uma doença infectocontagiosa que engloba um grupo heterogêneo de distúrbios Uma única sessão de exercício físico pode diminuir o transporte e o metabo lismo da insulina no músculo esquelético o que ajuda a controlar o diabetes mellitus tipo 2 Durante um período agudo de exercícios a crescente necessidade de com bustível metabólico é atendida pelo aumento da utilização de carboidratos e gorduras no músculo esquelético A sequência correta é a V V F b F F V c V F V d F F F e V V V 5 Cite cinco Programas de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública para crianças e adolescentes que existem no Brasil e descreva o objetivo de cada um deles 122 LEITURA COMPLEMENTAR Um artigo recentemente publicado na Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempe nho Humano pelos autores Renata Aparecida Rodrigues de Oliveira Osvaldo Costa Moreira Rômulo José Mota Júnior e João Carlos Bouzas Marins intitulado como Associação entre ín dice de adiposidade corporal e fatores de risco cardiovasculares em professores teve como objetivo investigar a associação entre adiposidade corporal e fatores de risco cardiovascula res em professores Os autores analisaram 495 professores de ambos os sexos sendo 324 mulheres e 171 homens Uma série de avaliações antropométricas foi realizada nos profes sores para investigar se eles tinham os níveis de gordura corporal elevados ou não Do total da amostra foi encontrado que 321 dos professores tinham adiposidade corporal elevada Um dos principais resultados que os autores encontraram foi que os professores que tinham excesso de gordura corporal ou seja obesidade também tinha níveis elevados de gordura corporal na região do abdômen valores de glicose em jejum elevados e o colesterol total elevado Esses resultados demonstram que a obesidade é fator de risco para glicose elevada que tem relação direta com a diabetes mellitus e com outros fatores de risco cardiovascula res como o colesterol total que é um dos responsáveis pela aterosclerose Como foi visto ao longo da unidade a atividade física regular auxilia no controle e na pre venção de todas essas doenças como a obesidade diabetes mellitus e doenças cardiovas culares ou seja é um fator preponderante para evitar esses agravos à saúde Dessa manei ra no artigo citado a prática de atividade física regular é discutida como um dos principais meios para melhorar a saúde dos professores investigados Essas atividades físicas podem ser do tipo aeróbias de força ou uma combinação de ambas desde que sejam praticadas regularmente Fonte adaptado de Oliveira et al 2020 online 123 material complementar Atividade Física Saúde e Qualidade de Vida Carlos Aparecido Zamai Editora Paco Editorial Sinopse o livro destaca o tema da atividade física relacionada à saúde focan do nos seguintes aspectos teorias modelos e determinantes da atividade física em adultos Saúde e qualidade de vida de militares Avaliação da qualidade de vida em crianças análise dos instrumentos Kidscreen O basquete em cadeira de rodas na qualidade de vida de pessoas com lesão medular Musculação como elemento importante para saúde e qualidade de vida de crianças e adolescentes entre outros pontos Indicação para Ler 124 gabarito 1 D 2 B 3 A 4 B 5 Os programas e os objetivos estão descritos no Quadro 6 Programa Centros de Artes e Esportes Unifica dos tem como objetivo integrar num mesmo espaço programas e ações culturais práticas esportivas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioas sistenciais políticas de prevenção à violência e de inclusão digital Programa Forças no Esporte tem como objeti vo democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte e promover o desenvolvimento in tegral de crianças e adolescentes oferecendo atividades esportivas educacionais lazer e ati vidades complementares Programa Mais Educação não informado Programa Segundo Tempo tem como ob jetivo democratizar o acesso de crianças e adolescentes aos conteúdos das práticas cor porais por meio do esporte educacional de qualidade Programa Esporte e Lazer da Cidade tem como objetivo democratizar o lazer e o espor te recreativo Programa Centro de Iniciação ao Esporte tem como objetivo ampliar a oferta de infraestru tura de equipamento público esportivo quali ficado incentivando a iniciação esportiva em territórios de vulnerabilidade social das gran des cidades brasileiras Programa Academia da saúde tem como ob jetivo promover práticas corporais e atividade física promoção da alimentação saudável educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população UNIDADE IV Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Uma breve história dos serviços de saúde Sistema Único de Saúde SUS Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB Objetivos de Aprendizagem Apresentar uma breve história do surgimento dos Sistemas Públicos da Saúde Identificar os conceitos princípios e diretrizes que regem o Sistema Único de Saúde Discutir sobre os preceitos e diretrizes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS unidade IV INTRODUÇÃO S eja bemvindoa ao nosso quarto encontro sobre a epidemio logia na atividade física O objetivo aqui será apresentar um pouco da história que antecedeu a criação do Sistema Único de Saúde SUS Voltaremos lá nos primórdios do século XVIII e passaremos por toda a história até chegar na criação do SUS Você irá notar que houve ram muitas transformações e reivindicações para que o SUS pudesse ser o que é hoje Além disso discutiremos sobre os princípios e diretrizes que regem esse sistema brasileiro e o motivo que faz com que ele leve no nome o termo único Para finalizar a temática sobre o SUS apresentaremos as abordagens sobre a Estratégia Saúde da Família e a Atenção em Saúde incluindo seus níveis de complexidade Você perceberá que dentro de um nível específico de complexidade da Atenção à Saúde encontraremos um programa chamado NASF Nú cleo de Apoio à Saúde da Família Então discutiremos sobre os conceitos e preceitos que o regem Além disso você conhecerá também um pouco da história desse programa de como quando e o porquê ele foi criado e ao final você irá identificar o motivo pelo qual abordaremos especifica mente sobre este programa neste nosso livro Vou te dar um spoiler o profissional de Educação Física tem grande representatividade neste programa e faz a diferença na vida dos usuá rios Eu tenho certeza que você terá uma ótima leitura Desejo desde já bons estudos 130 Uma breve história dos serviços de saúde 131 EDUCAÇÃO FÍSICA Antes de discutirmos efetivamente sobre o Sistema Úni co de Saúde SUS vamos entender um pouco sobre os modelos assistenciais e o serviço público de saúde uma vez que os sistemas de saúde as organizações de saúde e as formas de interagir são distintas quando observamos ao longo da história nas diversas localidades Na Idade Média os hospitais eram geridos pela igre ja a qual era responsável pelo cuidado das pessoas ca rentes órfãos e doentes Como os hospitais ficavam pró ximos às igrejas eles recebiam todo tipo de pessoa que necessitasse de qualquer ajuda ou seja os hospitais não recebiam apenas doentes mas incapacitados pobres pe regrinos vagabundos órfãos e idosos COELHO 2008 Entre os Séculos XVIII e primeira metade do Sécu lo XIX os hospitais gradativamente perderam a gestão da igreja e passaram a ser gerido pelo Estado Assim no final do século XIX o hospital começa a realmente se tornar uma organização complexa deixando de ser um lugar de abrigo onde os pobres aguardavam a morte passando a ser considerado lugar onde se procura a cura para as doenças e frequentado não apenas por pobres mas por todas as classes sociais Então os hospitais se tornaram centro de estudo aprendizagem e pesquisa entrelaçando a relação hospitalmedicina e auxiliando nos problemas sanitários e na construção de sistemas de saúde COELHO 2008 Apesar do ambiente hospitalar e a relação hospital medicina fosse semelhante a quase todos os países do ocidente incluindo os países socialistas as maneiras de gerenciar esses serviços e disponibilizálos à popu lação apresentou grandes variações desde o início do século XX gerando diferentes modelos assistenciais Enquanto nos países socialistas e também na maioria dos países europeus se organizaram os modelos assis tenciais conhecidos como Sistemas Nacionais Públicos de Saúde nos Estados Unidos da América e outros paí ses expandiuse o Modelo Liberal Privatista ou também conhecido como Modelo liberal Privado 132 O modelo assistencial é entendido como diferentes combinações tecnológicas com finalidades distintas como solucionar problemas e atender necessidades e or ganizar serviços de saúde considerando sempre o perfil epidemiológico da comunidade ou seja investigando as doenças e agravos à saúde PAIM 2003 Portanto é uma forma de organização e articulação entre os dife rentes recursos físicos tecnológicos e humanos disponí veis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma população SILVA JUNIOR ALVES 2007 Em termos gerais o que caracteriza os Sistemas Nacionais Públicos de Saúde é o fato dele ser universal regulado e financiado pelo aparato estatal Além disso os serviços são disponibilizados para a população di retamente pelo Estado ou por meio da terceirização de profissionais e organizações privadas Em contraparti da no Modelo Liberal Privatista a população compra os serviços de saúde diretamente dos prestadores por meio de diferentes tipos de associações que podem ser desde o mutualismo até de empresas que interligam a relação entre os usuários e os serviços que geralmente são prestadores privados de assistência à saúde COE LHO 2008 A amplitude da assistência à saúde a toda a população na maioria dos países deuse objetivando disponibili Mutualismo é uma relação harmônica entre dois grupos que se associam e se beneficiam dessa interação No contexto do nosso con teúdo quer dizer uma entidade mútua em que há contribuição de todos para benefício individual de cada um dos contribuintes CONCEITUANDO zar médicos e hospitais para a população aumentando a procura pelos serviços hospitalares Em decorrência disso até a década de 60 ocorreu um disparo no núme ro de hospitais leitos hospitalares funcionários ligados à saúde e número de serviços prestados Assim a saúde passou a ser um direito pautado constitucionalmente de responsabilidade do Estado COELHO 2008 Nos anos 70 a junção do aumento da clientela e da ampliação do acesso aos serviços de saúde ocasionada pela implementação do direito à saúde como política da maioria dos países e o aumento dos gastos devido a uma medicina hospitalar mais especializada e tecnológica resultou em um drástico aumento do gasto com assis tência médica com o passar dos anos Apesar dos altos custos financeiros advindos com a assistência médica muitas pesquisas demonstravam que os indicadores de saúde não melhoravam na mesma proporção Assim a importância a legitimidade do hospital e o processo de especialização médica começaram a ser questionados no que diz respeito à capacidade de melhorar a qualida de de vida e os indicadores de saúde No fim dos anos 70 a crise dos modelos assistenciais em saúde se aprofunda ainda mais principalmente devi do às insuficiências para suprir as demandas de saúde e as notícias sobre possíveis desvios de verbas Justamente nesse cenário de efervescência marcado por uma per cepção de cidadania que colocava as questões de saúde na agenda política e no centro das discussões indicati vos de uma Reforma Sanitária Brasileira apareciam Articulada entre os anos 70 e 80 no Brasil o movi mento da Reforma Sanitária teve como principal ob jetivo o reconhecimento da saúde como direito social que deveria ser garantido pelo Estado Seu ápice se deu com a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986 promovida pelo Ministério da Saúde 133 EDUCAÇÃO FÍSICA SILVA MIRANDA 2014 Com o tema Saúde Direi to de Todos Dever do Estado a 8ª conferência contou com a participação de diferentes setores organizados da sociedade como delegados eleitos representações sindi cais associações de profissionais de saúde movimentos populares em saúde Associação Brasileira de PósGra duação em Saúde Coletiva ABRASCO entre outros NORONHA LIMA MACHADO 2008 Três dos principais assuntos abordados na Conferência de 1989 foram saúde como direito de cidadania refor mulação do Sistema Nacional de Saúde e financiamen to do setor O relatório da Conferência determinou que haveria a necessidade da criação de uma Instituição da saúde como direito de cidadania e dever do Estado compreensão da determinação social do processo saú dedoença e reorganização do sistema de atenção com a criação do Sistema Único de Saúde SUS A Figura 1 demonstra alguns marcos na história do Sistema SUS O movimento da Reforma Sanitária nasceu no início da década de 70 em um contexto de luta contra a ditadura Essa expressão de Reforma Sanitária foi literalmente utilizada para se referir ao conjunto de ideia que se tinha em relação às mudanças e transforma ções necessárias à área da saúde Portanto foi um processo de amplas mobilizações da sociedade brasileira pela redemocratização expressando a indignação da sociedade frente a mercantilização da saúde Fonte adaptado de Arouca 1986 CONCEITUANDO 134 1988 A Constituição Brasileira reconhece o direito de acesso universal à saúde a toda a população por meio do SUS Registro do último caso de poliomielite 1989 Leis n 8080 e n 8142 regulamentaram os serviços a participação da sociedade e as bases de funcionamento do SUS 1990 1991 Estruturação da rede de atenção básica em saúde com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde 1992 Aprovação da Norma Operacional Básica NOB 011992 Programa de Reorganização dos Serviços de Saúde 1993 Descentralização e municipalização dos serviços e a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social Inamps Estruturação da Saúde da Família com equipes multidisciplinares atuando nas comunidades 1994 1995 Regulamentação do Sistema Nacional de Auditoria no âmbito do SUS Acesso e distribuição de medicamentos aos portadores de HIVaids e a redefinição do modelo de gestão do SUS que disciplina as relações entre União estados municípios e Distrito Federal 1996 1999 Criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa uma nova etapa no registro e fiscalização de medicamentos e alimentos e também a Política Nacional dos Medicamentos Genéricos Criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar Regulamentação do setor privado de saúde 2000 Figura 1 Marcos na história da construção do Sistema Único de Saúde Fonte a autora Descrição da Imagem a Figura 1 apresenta uma linha do tempo dos principais acontecimentos que marcaram a história da construção do Siste ma Único de Saúde SUS iniciando com o ano de 1988 em que a Constituição Brasileira reconhece o direito de acesso universal à saúde a toda a população por meio do SUS No ano de 1989 foi registrado o último caso de poliomielite Em 1990 as Leis n 8080 e n 8142 regulamentaram os serviços a participação da sociedade e as bases de funcionamento do SUS Em 1991 houve a estruturação da rede de atenção básica em saúde com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde Em 1992 aconteceu a aprovação da Norma Operacional Básica NOB 011992 Programa de Reorganização dos Serviços de Saúde No ano de 1993 aconteceu a descentralização e municipalização dos serviços e a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social Inamps Em 1994 houve a estruturação da Saúde da Família com equipes multidisciplinares atuando nas comunidades No ano seguinte 1995 há a regulamentação do Sistema Nacional de Auditoria no âmbito do SUS Em 1996 temos o acesso e distribuição de medicamentos aos portadores de HIVaids e a redefinição do modelo de gestão do SUS que disciplina as relações entre União estados municípios e Distrito Federal Em 1999 houve a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa uma nova etapa no registro e fiscalização de medicamentos e alimentos e também a Política Nacional dos Medicamentos Genéricos 135 EDUCAÇÃO FÍSICA Sistema Único de Saúde SUS 136 A 8ª Conferência Nacional de Saúde realizada em março de 1986 em Brasília foi um marco na história da saúde pública brasileira A Conferência consolidou os princí pios prescritos pelo Movimento da Reforma Sanitária concretizando um processo democrático em que a pro posta política se enfatizava no conceito abrangente de saúde e no reconhecimento como um direito do cidadão de responsabilidade do Estado BRASIL 1998 BECCHI et al 2013 Esse conceito de direito à saúde e dever do Estado foi legalizado na Constituição Federal de 1988 garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção proteção e recuperação BRASIL 1988 p 32 nascendo o Sistema Único de Saúde SUS O SUS é definido na Constituição Federal de 1988 como um conjunto de ações e serviços de saúde organi zado em rede regionalizada e hierarquizada em que o di reito à saúde deve se efetivar por meio da implementação das políticas de saúde BRASIL 1988 Assim três docu mentos forneceram as bases para a organização do SUS 1 A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 2 A Lei Orgânica da Saúde de 19 de setembro de 1990 3 A Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Entretanto antes de você conhecer a fundo sobre o SUS vamos entender como esse sistema funciona Bom pri meiramente sistema pode ser considerado como um aglomerado de elementos que estão interrelacionados ou seja interagemse entre si para desempenhar uma determinada função No caso do sistema brasileiro o SUS o objetivo é oferecer cuidados de saúde à popula ção que visem ações preventivas curativas de reabilita ção e de promoção SOLHA 2014 Observe a Figura 2 137 EDUCAÇÃO FÍSICA RECURSOS FINANCEIROS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE OBJETIVO OFERECER CUIDADOS DE SAÚDE PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA ASSISTÊNCIA À SAÚDE ENSINO PESQUISA VIGILÂNCIA À SAÚDE RECURSOS HUMANOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAIS DE APOIO INFRAESTRUTURA FÍSICA E DE EQUIPAMENTOS UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE AMBULATÓRIOS HOSPITAIS LABORATÓRIOS VEÍCULOS Figura 2 Elementos que compõe o Sistema Único de Saúde Fonte adaptada de Solha 2014 Descrição da Imagem a Figura 2 apresenta os elementos que compõe o Sistema Único de Saúde SUS que tem como objetivo oferecer cuidados de saúde para a população brasileira Os elementos são Recursos financeiros Infraestrutura física e de equipamentos Unidade Básica de saúde ambulatórios hospitais laboratórios veículos Assistência à saúde ensino pesquisa e vigilância à saúde recursos humanos profissionais de saúde profissionais de administração e profissionais de apoio O elemento recursos financeiros diz respeito aos ativos que custeiam monetariamente o funcionamento desse sistema Esses recursos provêm do pagamento de impos tos pela sociedade Os recursos humanos se destinam ao conjunto de colaboradores desse sistema como os pro fissionais de saúde os profissionais da área da adminis tração e os profissionais de apoio Isso envolve médicos enfermeiros técnicos de enfermagem fisioterapeutas psicólogos administradores auxiliar de limpeza entre tantos outros O setor da infraestrutura física e de equipamentos corresponde ao local em que os profissionais atuam e os usuários têm acesso aos serviços prestados O ensi no e pesquisa são eixos fundamentais que orientam os serviços do SUS pois possibilitam o desenvolvimento de pesquisas sobre saúde permitindo uma assistência à saúde qualificada Em relação a vigilância em saúde esta é responsável pelas ações de vigilância prevenção e con trole de doenças isto é a análise da situação de saúde da população brasileira como um todo 138 Como todo sistema precisa de regras para garantir o seu funcionamento o SUS também possui seus prin cípios e diretrizes sendo que os princípios éticos con duzem o sistema e as diretrizes organizacionais ajudam a administrálo possibilitando que os princípios sejam colocados em prática Perceba na Figura 3 os princípios que regem o SUS Universalidade Equidade Integralidade Figura 3 Princípios do SUS Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 3 apresenta os três princípios que regem o SUS e que estão interligados São eles universalidade equi dade e integralidade O princípio da universalidade é o que garante o acesso de toda a população aos serviços de saúde abrangendo todos os níveis de assistência sem restrição Esse prin cípio talvez seja o maior desafio do SUS o de garantir o direito à saúde a uma população de mais de 211 milhões de habitantes IBGE 2020 tornando o Brasil pratica mente como o único país do mundo que se propôs en frentar tamanho obstáculo A Lei 80801990 em seu artigo 7º IV contempla de modo explícito o princípio da equidade proclamando a igualdade da assistência à saúde sem preconceitos ou privilégios de qualquer natureza BRASIL 1990 onli ne Isto é o objetivo desse princípio requer que as ações e serviços sejam ofertados a todos os cidadãos de forma igualitária sem privilégios ou barreiras A integralidade é entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos individuais e coletivos exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema BRASIL 1990 online Portanto para que haja inte gralidade da assistência à saúde é necessária a intrínseca relação entre prevenção promoção e recuperação no que se refere aos cuidados para com os atendidos pelo SUS Além disso é notório a preocupação não apenas com a saúde individual mas também com a saúde co letiva Assim quando se fala em complexidade do sis tema diz respeito não apenas à necessidade de organi zação e atenção aos serviços de pequena média e alta complexidade dimensão horizontal mas também a percepção da saúde para além do aspecto biológico isto é a importância também do aspecto afetivo espiritual e sociocultural dimensão vertical CARVALHO 2006 Como o SUS é um sistema nacional que atua em um país com regiões extremamente diferentes entre si di retrizes foram criadas para garantir um funcionamento uniforme do sistema em todo o Brasil as quais devem ser seguidas por todos os municípios e estados 139 EDUCAÇÃO FÍSICA A descentralização corresponde à distribuição das responsabilidades pelas ações e serviços de saúde para os municípios tornando as três esferas federal estadual e municipal responsáveis pelo desenvolvimento pela co ordenação pela implantação e pela avaliação dos progra mas de saúde SOLHA 2014 Isso porque anteriormen te as ações de saúde eram todas centralizadas no nível federal e então os programas de saúde eram criados e re alizados de acordo com o perfil epidemiológico do país e executados pelos estados e municípios Contudo você viu nas unidades anteriores que o perfil de adoecimento e mortalidade é diferente a depender da região Assim as estratégias de saúde não estavam sendo específicas Por tanto as ações foram distribuídas a nível federal estadual e municipal para que os estados e os municípios pudes sem ter a liberdade de definir seus próprios programas de acordo com a realidade regional e receberem apoio técnico e suporte financeiro do nível federal A regionalização se destina à delimitação de ter ritórios para que os gestores locais possam atuar sobre eles de forma planejada e organizada Em determinados casos isso só acontece com a ajuda das Secretarias Es taduais de Saúde que devem apoiar os municípios no processo Para isso existem algumas comissões especí ficas de município estado e até governo federal em que são discutidas as necessidades de saúde da região e as possíveis soluções SOLHA 2014 O SUS leva a nomenclatura de único pois seus princípios e diretrizes regem a organização dos serviços nas três esferas do governo federal estadual e munici pal Esses princípios demonstram os ideais que regem a criação e implementação do SUS e são específicos para as bases do conceito geral de saúde que você estudou lá na Unidade I e seu reconhecimento como direito SIL VA MIRANDA 2014 O objetivo principal do SUS é criar e executar uma política nacional de saúde que seja focada em promover condições de vida saudável para a população que possi bilite a prevenção de riscos doenças e agravos à saúde e possa garantir um acesso igualitário a todos dos servi ços assistenciais que garantem atenção integral à saúde BRASIL 2011 A atuação do sistema brasileiro abrange um conjun to de serviços e ações CAMPOS et al 2009 como Assistência que integra a atenção básica primá ria atenção especializada ambulatorial secun dária e atenção hospitalar terciária nos varia dos níveis de complexidade Vigilância em saúde inclui vigilância ambiental vigilância sanitária vigilância epidemiológica e vigilância nutricional Assistência terapêutica integral com destaque para a assistência farmacêutica Formulação e execução da política de sangue e a coordenação das redes de hemocentros Regulação da prestação de serviços privados de assistência à saúde Regulação da formação dos profissionais de saúde Promoção da saúde em articulação interseto rial com outras áreas e órgãos governamentais Apoio diagnóstico e de terapia na assistência à saúde e nas investigações de interesse da vigilân cia em saúde pública Definição e implementação de políticas de Ciên cia e Tecnologia para o setor saúde incluindo a definição de normas e padrões para a incorpora ção tecnológica 140 O SuperSUS é um aplicativo para celular de senvolvido pelo Grupo de pesquisa Saberes e Práticas em Saúde da Fiocruz que propor ciona a divulgação da rede que compõe o sistema e as conquistas que envolveram sua criação No game o SUS é um superherói e precisa superar desafios na rede pública de saúde Baixe agora mesmo no seu celular e divirtase ao mesmo tempo que você aprende sobre o sistema brasileiro de saúde https supersusfiocruzbr CONECTESE A assistência à saúde disponibilizada pelo SUS é dividida em níveis de Atenção à Saúde Esses níveis basicamen te destinamse à capacidade que uma unidade de saú de tem para prestar assistência à população A Atenção Primária ou Básica é uma assistência generalista consi derada de baixa complexidade tecnológica e portanto tem foco na promoção e prevenção de saúde A Aten ção Secundária apresenta um maior nível tecnológico com incorporação de mais especialistas e já passa a ter um nível médio de complexidade A Atenção Terciária é de alto nível tecnológico e alta complexidade ou seja é mais especializada Figura 4 ATENÇÃO PRIMÁRIA ATENÇÃO SECUNDÁRIA ATENÇÃO TERCIÁRIA SERVIÇOS HOSPITALARES DE MAIOR COMPLEXIDADE Hospitais terciários e quaternários de caráter regional estadual e nacional SERVIÇOS HOSPITALARES DE MAIOR COMPLEXIDADE SERVIÇOS AMBULATORIAIS Serviços ambulatoriais com especialidades clínicas e cirúrgicas serviços de apoio diagnóstico e terapêutico Serviços de atendimento de urgência e emergência os HOSPITAIS GERAIS UNIDADES DE SAÚDE Atenção Primária à grupos populacionais situados em uma área de abrangência delimitada as Unidades de Saúde PORTA DE ENTRADA do sistema para os níveis superiores de maior complexidade Descrição da Imagem a Figura 4 apresenta os níveis de complexidade da Atenção à Saúde Nela encontramos uma pirâmide separada por quatro níveis Na base da pirâmide consta o primeiro nível que é a Atenção primária Esta é a porta de entrada do sistema para os níveis superiores de maior complexidade Ela é destinada a grupos populacionais situados em uma área de abrangência delimitada as Unidades de Saúde O segundo nível da pirâmide se destina à Atenção Secundária que são os serviços ambulatoriais com especialidades clínicas e cirúrgicas os serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e os serviços de atendimento de urgência e emergência os Hospitais gerais O terceiro nível é a Atenção Terciária sendo especificamente para os serviços hospitalares de maior complexidade E por fim o último nível da pirâmide que são os serviços hospitalares de maior complexidade como hospitais terciários e quaternários de caráter regional estadual e nacional Figura 4 Níveis de complexidade da Atenção à Saúde Fonte adaptada de Lima 2016 online 141 EDUCAÇÃO FÍSICA A Atenção Primária à Saúde ou Atenção Bá sica à saúde é o primeiro nível de atenção em saúde é a porta de entrada do SUS Caracteri zase por ser um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo que abrange a proteção prevenção e promoção da saúde CAMPOS et al 2009 A Estratégia Saúde da Família é a vertente brasileira da Atenção Básica à Saúde portan to é uma iniciativa criada para implementar e fortalecer a atenção básica em saúde Quando essa estratégia foi criada no Brasil no ano de 1994 tinha a nomenclatura de Programa Saú de da Família e era composta por um médico generalista um enfermeiro dois auxiliares de enfermagem e de quatro a seis agentes comu nitários Posteriormente o cirurgiãodentista o técnico de saúde dental e o auxiliar de con sultório dentário também fizeram parte da equipe PINHO et al 2012 No ano de 2008 com o objetivo de am pliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica apoiando a inserção da estra tégia de Saúde da Família na rede de serviços e o processo de territorialização e regionaliza ção a partir da atenção básica BRASIL 2008 nasceu o Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF o qual você notará no próximo tó pico que teve sua nomenclatura atualizada para Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB 142 Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB 143 EDUCAÇÃO FÍSICA Embora a Estratégia Saúde da Família tenha tido boa aceitação e expansão demonstrando resultados positi vos até internacionalmente ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE 2011 muitos desafios se encontravam pela frente Dentre eles o processo em curso de redefinição e qualifi cação da atenção básica na ordenação das redes de atenção e na sua capacidade efetiva de gestão do cuidado por meio do aumento do escopo das ações da ampliação de formatos de equipes de ações que auxiliem na expansão da resolutividade e da arti culação e suporte comde outros pontos de atenção da Rede de atenção à saúde BRASIL 2014 p 15 Tentando responder a esses objetivos e desafios o Mi nistério da Saúde em 2008 criou o Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF BRASIL 2009 para ampliar a abrangência e as ações da Atenção Básica e reforçar o processo de territorialização e regionalização em saúde Portanto os NASFs são uma das principais estruturas de apoio matricial às Estratégias de Saúde da Família estabelecendo o papel fundamental de ampliar o escopo das ações e aumentar a resolutividade dos problemas de saúde vivenciados na Atenção Primária à Saúde De modo a romper com a visão fragmentada tra dicional da atenção à saúde no Brasil o NASF atua de forma integrada prestando apoio matricial às equipes de Saúde da Família O que seria um modelo matricial O modelo de apoio matricial é considerado um novo modo de produzir saúde em que em um processo de construção compartilhada duas ou mais equipes elabo ram uma proposta de assistência pedagógica e terapêu tica como acontece nos consultórios de rua nas ações a populações ribeirinhas e fluviais ou no próprio Progra ma Academia da Saúde programa que visa a promoção da saúde e produção do cuidado por meio da implanta ção de espaços públicos BRASIL 2014 Quando relacionado à Atenção Primária à Saúde este modelo aborda uma estratégia de organização do trabalho em saúde articulada a partir da necessidade de ampliar o escopo de atuação da Estratégia Saúde da Família trazendo uma equipe multiprofissional que irá prestar assistência e cuidados em saúde de forma interdisciplinar aumentando o potencial de integrali dade e de resolutividade dos atendimentos SANTOS UCHÔAFIGUEIREDO LIMA 2017 O modelo do apoio matricial é o principal modelo de cuidados colaborativos no Brasil e portanto tem a finalidade de a partir da prática integrada à Atenção Pri mária à Saúde estimular a construção de saberes cen trando a ação no sujeito e não na doença Neste aspecto as especialidadesespecificidades adotam um lugar de apoio em contradição a uma lógica fragmentada e hie rárquica de trabalho CAMPOS DOMITTI 2007 Revendo a história de implantação do NASF en quanto política a primeira experiência surgiu em julho de 2005 com os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família NAISF formado por quatro modalidades de ação em saúde alimentaçãonutrição e atividade fí sica saúde mental e reabilitação BRASIL 2013 A por taria de criação do NAISF foi reformulada integrando novas áreas de atuação e novas diretrizes para organiza ção do trabalho Como mencionado anteriormente o NASF foi cria do em 2008 pela Portaria nº 15408 14 anos após a cria ção da estratégia saúde da família e intenso processo de discussões e negociações no âmbito federal influenciado por algumas experiências municipais de transformações no campo da saúde coletiva e de reivindicações corpo rativas MELO et al 2018 Desde então as estratégias foram ampliadas para atividade física práticas corporais práticas integrativas e complementares saúde mental re abilitação serviço social saúde da criança saúde da mu lher e assistência farmacêutica BRASIL 2008 144 Com a implantação da Portaria nº 248811 que abrange a Política Nacional da Atenção Básica várias modificações foram impostas no que diz respeito à am pliação das categorias profissionais que podem ser cre denciadas Além disso os critérios de adesão aos municí pios o número de equipes de saúde da família assistida e alguns outros temas também foram incorporados Ana lisando os 12 anos de implementação do NASF perce bese grande crescimento e expansão fato que incenti vou também a ampliação da rede de Atenção Primária à Saúde Medidas como incorporação de modalidades de equipes equipes ribeirinhas e fluviais e os consultórios na Rua implementação do Programa de Requalifica ção da Unidade Básica de Saúde ampliações reformas construções melhorias tecnológicas e informativas Te lessaúde e Programa de Melhoria do Acesso e da Quali dade e Programa Mais Médicos são alguns dos exemplos de expansão da Atenção Básica MELO et al 2018 A portaria nº 3124 de 28 de dezembro de 2012 re define alguns parâmetros no NASF Houve modificações na vinculação das modalidades 1 e 2 e a criação de mais uma a modalidade 3 contemplando municípios de pe queno porte Além disso novos profissionais foram in corporados às equipes BRASIL 2012 A partir da portaria de 2012 temse três modalidades de NASF financiados e reconhecidos formalmente pelo Ministério da Saúde O Quadro 1 apresenta a divisão 145 EDUCAÇÃO FÍSICA MODALIDADES NÚMERO DE EQUIPES VINCULADAS TOTAL DAS CARGAS HORÁRIAS PROFISSIONAIS NASF 1 5 a 9 Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para popu lações específicas Equipe de consultó rio nas ruas equipe ribeirinha e fluvial Mínimo 200 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 80h de carga horária semanal NSAF 2 3 a 4 Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para popu lações específicas Equipe de consultó rio nas ruas equipe ribeirinha e fluvial Mínimo 120 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 40h de carga horária semanal NASF 3 1 a 2 Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para popu lações específicas Equipe de consultó rio nas ruas equipe ribeirinha e fluvial Mínimo 80 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 40h de carga horária semanal Quadro 1 Modalidades do NASF conforme a Portaria nº 31242012 Fonte BRASIL 2020 online Descrição da Imagem o Quadro 1 apresenta as modalidades do NASF bem como o número de equipes vinculadas e o total das cargas horárias profissionais de cada uma O NASF 1 é composto por cinco a nove equipes sendo as equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para populações específicas Equipe de consultório nas ruas equipe ribeirinha e fluvial O total das cargas horárias profissionais é de no mínimo 200 horas semanais sendo que cada ocupação deve ter no mínimo 20 horas e no máximo 80 horas de carga horária semanal O NASF 2 possui de três a quatro equipes vinculadas podendo ser as Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para populações específicas equipe de consultório nas ruas equipe ribeirinha e fluvial O total das cargas horárias profissionais é de no mínimo 120 horas semanais sendo que cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 40h de carga horária semanal Por fim o NASF 3 possui de uma a duas Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para populações específicas equipe de consultório nas ruas equipe ribeirinha e fluvial tendo o mínimo de 80 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20 horas e no máximo 40 horas de carga horária semanal 146 Você notou a diferença entre as modalidades 1 2 e 3 apre sentadas no Quadro 1 A diferenciação se relaciona com a quantidade e tipo de profissional carga horária e núme ro de equipes apoiadas A composição exata das equipes deve ser definida pelos gestores municipais considerando as necessidades locais e a disponibilidade de profissionais de cada uma das ocupações BRASIL 2013 Você deve estar se perguntando afinal o que é o NASF então De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica BRASIL 2011 os NASFs são equipes multiprofissionais que são compostas por profissionais de diferentes profissões que atuam conjuntamente com os profissionais das equipes de Saúde da Família e das equipes de Atenção Básica para populações específicas Consultórios na Rua equipes ribeirinhas e fluviais Con tudo no ano de 2017 após a revisão da Política Nacional da Atenção Básica o NASF teve sua nomenclatura reformu lada passando a ser nomeado Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB BRASIL 2017 Uma equipe do NASFAB pode ser composta pelas seguintes profissões Assistente social profissional de Educação Física farmacêutico fisioterapeuta fonoau diólogo profissional com formação em arte e educação arte educador nutricionista psicólogo terapeuta ocu pacional médico ginecologistaobstetra médico ho meopata médico pediatra médico veterinário médico psiquiatra médico geriatra médico internista clínica médica médico do trabalho médico acupunturista e profissional de saúde sanitarista ou seja profissional graduado na área de saúde com pósgraduação em saú de pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas BRASIL 2014 As diretrizes que regem o NASFAB afirmam que os profissionais que compõem as equipes NASFAB conjuntamente com as equipes de Saúde da Família de vem priorizar intervenções interdisciplinares adotando sempre o atendimento compartilhado a construção de projetos terapêuticos singulares as ações comuns no ter ritório desenvolvendo o projeto de saúde do território em conjunto com os equipamentos sociais e comunitá rios SANTOS 2012 As intervenções específicas com os usuários em forma de atendimento individualizado devem ocorrer em casos claramente específicos BRA SIL 2009 BRASIL 2014 O profissional de Educação Física está presente em quase metade das equipes do NASF demonstrando uma importante representatividade SANTOS 2012 Pesquisas que abrangem sobre a inserção do profissional de Educa ção Física no NASFAB têm evidenciado que as atividades estão centradas na formação de grupos educativos para re alização de atividades físicas SOUZA LOCH 2011 O profissional de Educação Física que atua no NAS FAB deve saber coordenar planejar realizar treinamen tos especializados e participar de equipes multidiscipli nares e interdisciplinares Assim as atividades devem ser pautadas em desenvolver ações individuais e coletivas que abordem as práticas integrativas e complementa res veicular informação que priorize pela prevenção diminuição dos riscos e a proteção à vulnerabilidade buscando a produção do autocuidado incentivar a cria ção de espaços de inclusão social referentes às práticas integrativas e complementares proporcionar educação permanente em práticas integrativas e complementares juntamente com as equipes de saúde da família basean dose na coparticipação acompanhamento supervisio nado e discussão de caso abordando a educação perma nente articular ações de forma integrada às equipes de saúde da família sobre o conjunto de prioridades locais em saúde que incluam os diversos setores da adminis tração pública colaborar para a ampliação e a valoriza ção da utilização dos espaços públicos de convivência social com enfoque ao combate da violência identificar profissionais eou membros da comunidade com poten cial para o desenvolvimento do trabalho educativo em 147 EDUCAÇÃO FÍSICA práticas integrativas e complementares em conjunto com as equipes de saúde da família capacitar os pro fissionais como os agentes comunitários de saúde para atuarem como facilitadores no processo de divulgação e educação em saúde referente às práticas integrativas e complementares promover ações que estejam interliga das às práticas integrativas e complementares juntamen te com os demais equipamentos públicos presentes no território escolas creches e outros e realizar atividades clínicas pertinentes a sua responsabilidade profissional BONFIM 2012 148 considerações finais Chegamos ao fim do nosso penúltimo encontro dentro dessa abordagem sobre saúde pública Aqui nós conversamos sobre a história do Sistema Único de Saúde SUS e sobre os Núcleos de Apoio à Saúde da Família NASF Você pôde notar que antes da efetivação do SUS o processo de saúde passou por inúmeras trans formações Por exemplo o hospital que vemos atualmente não tinha o mesmo objetivo no passado Assim a implantação do SUS foi um processo que envolveu a participação efetiva da população Além disso você pôde conhecer sobre as diretrizes e princípios que regem esse sistema buscando sempre levar saúde para a população de forma gratuita e de qualidade Sabemos que na prática encontramos muitas dificuldades e desafios para que isso realmente ocorra mas precisamos pensar que o Brasil atualmente possui mais de 209 milhões de habitantes Então dar assistência médica a toda essa população de forma totalmente gratuita claro com os impostos que a população paga é uma tarefa árdua Portanto precisamos de fato valorizar esse serviço que é único Depois que conhecemos a história e os princípios do SUS pudemos aprofundar nossos conhecimentos em um dos programas que compõem esse sistema o Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF atualmente chamado de Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB Abordamos sobre as diretrizes desse programa e como ele atua dentro da Estratégia de Saúde da Família Além disso relatamos sobre os profissionais que compõe as equipes NASFAB especialmente sobre o profissional de Educação Física Por fim discutimos sobre os objetivos deste profissional junto ao NASFAB e quais ações são executadas com foco na população E agora o que será que abordaremos no nosso último capítulo do livro Você tem alguma ideia Tenho certeza que você não se arrependerá de ler Portanto encontro você daqui a pouco para finalizarmos a jornada de estudos sobre a epidemiologia da atividade física Até mais 149 atividades de estudo 1 A história dos serviços públicos de saúde nos apresenta diferentes fatos po dendo observar que a assistência à saúde nem sempre foi a mesma com o passar dos anos Portanto assinale a alternativa correta sobre a história dos serviços de saúde I Na antiguidade a função dos hospitais era abrigar os doentes que não tinham condições financeiras de ter acesso à saúde a qual era paga II A Igreja teve grande poder sobre a assistência à saúde na Antiguidade III A organização dos modelos assistenciais em saúde foi semelhante em todos os países É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I e III apenas 2 Ao ler sobre o Sistema Único de Saúde você notou que ele é regido por dire trizes e princípios Assim cite e descreva sobre os principais princípios deste sistema 3 O Sistema Único de Saúde leva essa nomenclatura pois a É um sistema considerado público b Abrange vários programas de saúde c É regido pelas três esferas do governo d Apresenta diretrizes únicas e Apresenta princípios únicos 150 atividades de estudo 4 Sobre a Atenção em Saúde responda as afirmativas com V para as verdadei ras e F para as falsas A Atenção básica é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde e é compos to pelas Unidades Básicas de Saúde e pelos Serviços Ambulatoriais A Atenção terciária tem maior complexidade quando comparada à atenção primária e secundária de saúde As especialidades clínica e cirúrgicas são abrangidas pela Atenção Secundária A Atenção Primária à Saúde tem o objetivo de proteção promoção e preven ção da saúde Assinale a alternativa correta a V V F F b F V V F c V F V F d F V V V e V F F F 5 O NASF é um programa destinado a levar a promoção da saúde para a popula ção Assim avalie as afirmativas a seguir sobre o NASF e a atual do profissional de Educação Física I O NASF se baseia no modelo de apoio matricial estimulando a troca de sabe res entre as equipes II Atualmente o NASF possui 3 modalidades de equipes sendo que um dos as pectos que diferencia uma modalidade da outra é a quantidade de profissionais III O profissional de Educação Física deve saber elaborar e prescrever treinamen tos especializados dentro do NASF podendo ser ações pautadas coletivamen te ou individualmente É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I II e III 151 LEITURA COMPLEMENTAR Em 28 de janeiro de 2020 o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica que acaba com a obrigatoriedade das equipes multidisciplinares estarem vinculadas ao modelo do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB Na prática significa que os ges tores municipais ficam livres para compor essas equipes da forma como quiserem e não mais seguindo os parâmetros dessa iniciativa criada para ampliar o trabalho conjunto e integrado de profissionais de diferentes áreas do conhecimento na Saúde da Família A mu dança foi publicada na Nota Técnica nº 3 do Departamento de Saúde da Família vinculado à Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde O texto diz ainda que a partir de 2020 o Ministério não realizará mais o credenciamento de NASFAB FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ 2020 A nota técnica Nº 32020DESFSAPSMS BRASIL 2020 1 ASSUNTO 11 Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB e Programa Previne Brasil 2 ANÁLISE 21 Com o novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde APS instituído pelo Programa Previne Brasil por meio da Portaria n 2979 de 12 de novembro de 2019 alguns instrumentos normativos foram revogados dentre os quais as normas que definem os parâmetros e custeio do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB Seção II do Capítulo II do Anexo XXII da Portaria de Consolidação nº 2GMMS de 28 de setembro de 2017 e Seção II do Capítulo I do Título II da Portaria de Consolidação nº 6GMMS de 28 de setembro de 2017 22 Dessa forma a composição de equipes multiprofissionais deixa de estar vinculada às tipologias de equipes NASFAB Com essa desvinculação o gestor municipal passa a ter autonomia para compor suas equipes multiprofissionais definindo os profissio nais a carga horária e os arranjos de equipe O gestor municipal pode então cadastrar esses profissionais diretamente nas equipes de Saúde da Família eSF e equipes de Atenção Primária eAP ampliando sua composição mínima Poderá ainda manter os profissionais cadastrados no SCNES como equipe NASFAB ou cadastrar os profis sionais apenas no estabelecimento de atenção primária sem vinculação a nenhuma equipe 152 LEITURA COMPLEMENTAR 23 A revogação das referidas normas também impacta no credenciamento de novas equipes NASFAB A partir de janeiro de 2020 o Ministério da Saúde não realizará mais o credenciamento de NASFAB e as solicitações enviadas até o momento serão arquivadas 24 Compreendendo que o novo financiamento da APS é focado na pessoa assistida nenhum componente deste novo modelo é exclusivo de determinado profissional ou equipe pelo contrário as equipes multiprofissionais são importantes para o desem penho da atenção primária do município em todos os componentes A melhoria dos indicadores em saúde por exemplo está diretamente relacionada à capacidade re solutiva das equipes às ações e serviços que ofertam e aos profissionais que as com põem Dessa forma quanto mais apropriada for a composição da equipe para resol ver os problemas de saúde da população melhor será o desempenho dessa equipe caso ela trabalhe de maneira integrada e efetiva 25 Nesse cenário diante da responsabilidade de garantir a melhoria e o cumprimen to gradual desses indicadores é importante que a gestão estruture a APS de modo a promover a atuação articulada entre as diversas categorias profissionais que influen ciam qualitativamente todos os serviços da APS Esse trabalho estruturado deve am pliar de fato a capacidade de cuidado e incidir sobre a melhoria da situação sanitária e epidemiológica da população além de favorecer a vigilância das condições de saúde 26 O novo modelo de financiamento da APS permite ainda que gestores municipais conheçam melhor as necessidades em saúde da população e sua demanda local com base no cadastro da população e no resultado dos indicadores que definem respec tivamente os valores de repasse da captação ponderada e do pagamento por de sempenho Vale pontuar também que a partir de 2021 conforme Portaria nº 3222 de 10 de dezembro de 2019 haverá um indicador relacionado à atuação de equipes 28012020 SEIMS 0013259951 Nota Técnica httpsseisaudegovbrseicontro ladorphpacaodocumentoimprimirwebacaoorigemarvorevisualizariddocu mento14608557infrasi 22 mulprofissionais na APS incorporado ao rol de indica dores monitorados para o pagamento por desempenho 27 Destacase ainda que na transição para o novo modelo de financiamento não haverá prejuízo nos valores transferidos para os municípios quando comparados aos valores repassados anteriormente Para os municípios que apresentam manutenção 153 LEITURA COMPLEMENTAR ou acréscimo de valores considerando as projeções de repasse com as novas regras em comparação aos repasses de 2019 esse comparativo já considerou os valores de 2019 referentes aos NASFAB Ou seja quando comparados aos valores repassados em 2019 incluindo os valores de NASFAB os repasses previstos para 2020 são supe riores Já para os municípios que apresentaram decréscimo dos valores com a pros pecção das novas regras a estratégia de transição impede que tenham prejuízos em relação aos valores de 2019 visto que receberão ao longo de todo o ano de 2020 o maior valor entre aqueles transferidos em 2019 para o Piso de Atenção Básica o que inclui os valores relativos ao NASFAB 3 CONCLUSÃO 31 Vale acrescentar que conforme definido pela Portaria n 2979 de 12 de novem bro de 2019 que institui o Previne Brasil em seu Argo 12N os gestores municipais e estaduais têm autonomia na aplicação dos incentivos de custeio federal referente ao financiamento de que trata o Programa desde que sejam destinados a ações e serviços da APS e que se respeite o disposto na Lei Complementar nº 141 de 13 de janeiro de 2012 e na Lei Orgânica da Saúde Ou seja tais recursos de financiamento de custeio da APS podem ser aplicados pelo gestor municipal no custeio de equipes multiprofissionais no formato que for mais apropriado às necessidades locais Fonte Brasil 2020 online 154 material complementar Legislação do SUS Comentada e esquematizada Colorido Revisa do Ampliado e com novos esquemas Coordenadora e Autora Natale Oliveira de Souza Autores Jakeline Borges e Yara Cardoso Coletto Editora Sanar Sinopse o livro Legislação do SUS comentada e esquematizada para concursos e residências 3 Edição é o livro de cabeceira de todo profissional da saúde no Brasil O livro dobrou de tamanho conta com tudo que você precisa saber revisar e praticar As Leis Orgânicas de Saúde são as leis que regulamentam o Sistema Único de Saúde SUS e além de ser conteúdo fundamental para qualquer profis sional atuante no mercado de trabalho é assunto certeiro em todos os editais de concursos e residências Por meio destas leis as ações de saúde passaram a ser regulamentadas em todo o território nacional Por isso todos os profissionais que desejam fazer concursos e residências multiprofissionais em órgãos cuja atuação envolve esse sistema têm de dominar a legislação aplicada ao SUS Até 25 das questões de provas destes órgãos são de assuntos da legislação aplicada ao SUS Indicação para Ler 155 gabarito 1 B 2 São 3 principais princípios princípio da uni versalidade da equidade e da integralidade O princípio da universalidade é o que garante o acesso de toda a população aos serviços de saúde abrangendo todos os níveis de assis tência sem restrição O princípio da equidade rege que as ações e serviços sejam ofertados a todos os cidadãos de forma igualitária sem privilégios ou barreiras O princípio da inte gralidade se refere à assistência ampliada transformadora centrada no indivíduo aten dendo todas as suas necessidades 3 C 4 D 5 E Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Atenção Primária à Saúde Prevenção e Promoção da Saúde Política Nacional de Promoção da Saúde Atuação do Profissional na Promoção da Saúde Objetivos de Aprendizagem Apresentar os conceitos e diretrizes da Atenção Primária à Saúde como foco na promoção da saúde Discutir sobre a Política Nacional de Promoção da Saúde Identificar como o profissional da saúde pode atuar na promoção da saúde com enfoque para o profissional de Educação Física PROMOÇÃO DA SAÚDE E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA unidad V INTRODUÇÃO O lá alunoa Para finalizarmos nossa jornada de estudos sobre a epidemiologia na atividade física iremos aprofundar nossos conhecimentos sobre a promoção da saúde Esta unidade será dividida em três tópicos os quais tratarão sobre a Atenção Primária à saúde e os conceitos inerentes a ela Abordaremos ainda so bre a Política Nacional de Promoção da Saúde e sobre a atuação do pro fissional de saúde nesta área Desta forma primeiramente iremos refletir sobre a reestruturação do sistema de saúde a partir da valorização da Atenção Primária voltada para saúde definiremos qual o papel deste nível de atenção e as ações envolvidas Para a compreensão deste processo serão conceituados im portantes termos como prevenção em saúde promoção da saúde saúde amplificada e os determinantes de saúde Na sequência conheceremos sobre a principal política criada para fortalecer a promoção da saúde trazendo breve histórico e seus objetivos Por fim iremos refletir a partir desse novo contexto de saúde pública como será a atuação para os profissionais de saúde e especificamente qual o papel do profissional de Educação Física nos serviços de saúde Para auxiliar nessa compreensão destacaremos quais as habilidades esses profissionais precisam desenvolver e quais ferramentas poderão ser utilizadas durante este processo de aprendizagem Você irá observar que este campo de trabalho é dinâmico Desta forma a formação para a sua atuação precisará ser continuada para garantir o serviço de qualidade Esta unidade irá portanto encerrar a temática proposta para este livro Não deixe de fazer suas anotações e se precisar retorne aos con teúdos das unidades anteriores para relembrar possíveis conhecimentos primordiais Desejo bons estudos 160 Atenção primária à saúde prevenção e promoção da saúde 161 EDUCAÇÃO FÍSICA Como discutimos na Unidade 4 sobre os níveis de Atenção à Saúde primário secundário e terciário nes ta unidade iremos nos aprofundar no nível de Atenção Primária à Saúde que tem como foco ações de preven ção e promoção da saúde Nós vimos anteriormente que a Atenção Primária à Saúde é considerada a porta de entrada do sistema de saúde portanto deve ser de fácil acesso para que os de mais níveis organizacionais do sistema de saúde funcio nem Dessa forma esperase que o primeiro contato que é realizado com o médico de Atenção Primária facilite a seleção da melhor forma de atenção para os usuários Consideramos então que a Atenção Primária à Saú de é a base do sistema englobando ações mais generalis tas e de baixa complexidade Neste nível de atendimento a atenção é fornecida para todas as novas necessidades e problemas com foco da atenção sobre a pessoa no de correr do tempo e não direcionada para a enfermidade como ocorre nos demais níveis atenção secundário e terciário O papel da Atenção Primária à Saúde como sistema de atenção é oferecer atendimento acessível e aceitável para os pacientes com valores regidos pela dignidade humana e solidariedade assegurar a distribuição equi tativa de recursos de saúde integrar e coordenar servi ços curativos paliativos preventivos e promotores de saúde centrar nas pessoas de forma que permita que os usuários influenciem os serviços de saúde e assumam a responsabilidade por sua própria saúde controlar de forma racional a tecnologia da atenção secundária e os medicamentos e aumentar a relação custoefetividade dos serviços STARFIELD 2002 Dentre os fatores que contribuem para garantir a boa relação entre custo e efetividade na Atenção Primá ria à Saúde podemos destacar a presença de uma equipe multidisciplinar que visa trabalhar com visão holística ou seja considerando aspectos físicos psicológicos so ciais dos usuários do sistema e de suas famílias e comu nidade Além disso neste nível de atenção há caráter acessível que não restringe faixas etárias ou tipos de problemas e condições de saúde Esta acessibilidade deve garantir que independen temente do usuário ter uma condição de enfermidade que necessite de intervenção imediata como ocorre na maioria dos casos de pacientes na Atenção Secundária e Terciária o atendimento multidisciplinar estará dispos to a prestar assistência continuada àquela pessoa e sua família A partir do exposto resumidamente os serviços na Atenção Primária à Saúde devem resolver a maioria dos problemas de saúde organizar o atendimento aos usuários e ser responsável pela saúde desses indivíduos ou seja baseiase em três funções resolução organiza ção e responsabilização MENDES 2011 Para ilustrar o funcionamento e organização da Aten ção Primária à Saúde demonstramos na Figura 1 as prin cipais diferenças no atendimento quando comparamos a Atenção Primária ao modelo tradicional de saúde 162 Figura 1 Da atenção médica primária à atenção primária à saúde Fonte adaptada de Vuori 1985 Descrição da Imagem A Figura 1 compara os dois modelos tradicional versus atenção primária em relação a quatro parâmetros 1 enfoque 2 conteúdo 3 organização e 4 responsabilidade No primeiro parâmetro é citado o enfoque do modelo tradicional que é a doença e a cura versus a atenção primária que é a saúde prevenção atenção e cura No segundo parâmetro é citado o conteúdo do modelo tradicional que é o tratamen to atenção por episódio e problemas específicos versus a atenção primária que é a promoção da saúde a atenção continuada e abrangente No terceiro parâmetro é citada a organização do modelo tradicional que é composto por especialistas médicos e com consultório individual versus a atenção primária que é composta por clínicos gerais grupos de outros profissionais e atendimento em equipe No quarto parâmetro é citada a responsabilidade do modelo tradicional que é apenas do setor da saúde domínio pelo profissional e recepção passiva versus atenção primária que tem colaboração intersetorial participação da comunidade e autorresponsabilidade MODELO TRADICIONAL ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Enfoque Doença Cura Saúde Prevenção atenção e cura Conteúdo Tratamento Atenção por episódio Problemas específicos Promoção da saúde Atenção continuada Atenção abrangente Especialistas Médicos Consultório individual Clínicas gerais Grupos de outros profissionais Equipes Apenas setor de saúde Domínio pelo profissional Recepção passiva Colaboração intersetorial Participação da comunidade Autorresponsabilidade Organização Responsabilidade 163 EDUCAÇÃO FÍSICA Ao analisar as diferenças de atenção à saúde podemos refletir o porquê das ações no nível de Atenção Primá ria terem recebido maior enfoque no planejamento de ações do sistema de saúde Um dos fatores que já des tacamos é que o modelo tradicional necessita de maior especialização de atendimento e possui custo mais ele vado ao sistema de saúde e aos indivíduos tornandose menos acessível STARFIELD 2002 Outro fator de destaque é que os usuários aten didos no nível primário têm múltiplos diagnósticos e queixas que não se encaixam em tratamento específico portanto a atuação neste nível é voltada para ações que melhorem a qualidade global de vida desse usuário por meio de variedade de serviços ofertado pela equipe multiprofissional STARFIELD 2002 Essa forma de atuação é o que garante equidade ou seja atendimen to de forma mais igualitária liberando recursos mate riais e financeiros que seriam utilizados para reduzir as disparidades na saúde O processo de saúdeadoecimento da população tem mostrado que a saúde depende do contexto histórico dos indivíduos sendo que a forma de organização da produção do trabalho e da sociedade determinam o es tado de saúde desses indivíduos BRASIL 2010 Nesse sentido modelos de atenção centrados na enfermidade Você consegue perceber de que forma os servi ços prestados pela Atenção Primária contribui para redefinir o cenário atual do sistema de saúde Que tipo de propostas tem sido utili zado pelas políticas de saúde para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos para a população Refletiremos sobre estas questões que iremos discutir sobre as ações enfatizadas na Atenção Primária PENSANDO JUNTOS não conseguem modificar os determinantes desse pro cesso Por isso foi preciso pensar em outros caminhos para garantir a saúde da população como o desenvolvi mento de ações de promoção da saúde A promoção da saúde não é considerada como con ceito novo visto que foi incorporado desde o surgimento da medicina preventiva CAPONI 2003 A Organiza ção Mundial da Saúde no ano de 1978 já lançava o seu programa Saúde para todos no ano 2000 baseado na prevenção das doenças e na promoção da saúde pressu pondo a participação comunitária a intersetorialidade para abordar os determinantes sociais das doenças e a atuação de equipes multidisciplinares BRASIL 2010 Ainda nos anos 70 o Relatório de Lalonde enfatizou as mudanças propostas nas ações sobre os estilos de vidas dos diversos grupos populacionais em função dos riscos a que se expõem em função de suas escolhas comporta mentais Em 1986 na Conferência de Ottawa a promo ção da saúde surge com enfoque político e técnico para a compreensão e intervenção sobre o processo de saúde e doença Neste contexto foram consideradas para melho ria da qualidade de vida o desenvolvimento de políticas públicas saudáveis e de ações intersetoriais BUSS 2009 Diante do exposto podemos destacar que no con texto internacional o surgimento do enfoque da promo ção da saúde é caracterizado pela busca de alternativas à crise dos sistemas de saúde em que as práticas de saúde existentes não eram suficientes e nem adequadas para acompanhar as modificações sociodemográficas epi demiológicas políticas e culturais da sociedade Ainda havia a necessidade de controlar os custos crescentes com a assistência exclusivamente médica para o enfren tamento dos problemas de saúde especialmente das doenças crônicas em decorrência do envelhecimento da população BUSS 2009 Apesar do conceito de promoção da saúde já exis tir há décadas houve evolução deste conceito desde a 164 concepção por Henry Sigerist na medicina preventiva Esta evolução ocorreu em decorrência da ampliação do conceito de saúde e da diversificação de políticas e práti cas voltadas para a promoção da saúde No momento de revalorização da promoção da saúde o conceito reforçou as relações entre saúde e condições de vida valorizando um conjunto de valores como solidariedade equidade democracia cidadania desenvolvimento sustentável entre outros que combinassem ações envolvendo o Es tado a comunidade os indivíduos o sistema de saúde e parcerias com outras instituições BUSS 2009 O que observamos neste conceito é o fortalecimen to da ideia da autonomia dos sujeitos e dos grupos so ciais Esta autonomia é reforçada no sentido de ser um processo de construção que estimula a livre escolha a partir do momento que o ambiente se torna propício para facilitar essas escolhas ou seja que não incentive a culpabilização dos indivíduos pela condição de saúde visto que essa é dependente dos determinantes sociais econômicos e culturais que trataremos mais adiante nesta unidade No Brasil este conceito de promoção da saúde se torna ainda mais expressivo em virtude da dimensão ter ritorial da diversidade cultural e desigualdades sociais Portanto quando pensamos em outros caminhos para ga rantir a saúde da população brasileira tivemos que pensar em uma forma de redemocratizar o país e a constituição do sistema de saúde Neste contexto a garantia da saúde implicaria em assegurar o acesso universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde reduzindo as desi gualdades sociais e regionais como previsto na Constitui ção Federal de 1988 BRASIL 2010 A promoção da saúde é vista então como estratégia de articulação transversal em que os fatores que colocam a saúde da população em risco e as diferenças territoriais e culturais ganham visibilidade A partir daí são cria das estratégias para reduzir as vulnerabilidades garantir equidade e aumentar a participação social nas políticas públicas No SUS essas estratégias de promoção de saú de são reforçadas a partir da possibilidade de enfatizar os aspectos que determinam o processo saúde e doença no País como o desemprego a falta de saneamento básico a violência a fome entre outras BRASIL 2010 Um exemplo desse tipo de atuação é observado no contexto brasileiro na década de 90 pela incorpo ração das Cidades Saudáveis baseadas no modelo canadense no âmbito municipal Neste modelo as necessidades de saúde da população eram realizadas pela ampliação de ações sociais reforçando o enfreta mento dos problemas extrapolando o âmbito de ação do sistema de saúde resultando em importante inova ção conceitual e organizacional da promoção da saúde NORONHA et al 2000 No âmbito nacional a principal estratégia de mode lo organizativo utilizado foi o Programa Saúde da Fa mília PSF criado em 1994 FUHRMANN 2003 O objetivo do PSF era reorganizar a atenção primária no País e todo o sistema de saúde Para tal cada equipe de trabalho formada inicialmente por um médico gene ralista um enfermeiro um auxiliar ou técnico de enfer magem e cinco a seis agentes comunitários de saúde era responsabilizada pela saúde de cerca de mil famílias de um território subdividido em microáreas As famílias consideradas o núcleo central da atenção básica eram cadastradas e inscritas por equipe onde passavam a manter vínculos entre usuários e profissionais de saúde O processo de trabalho para estas equipes deveria en volver a atenção à saúde a vigilância a abordagem dos grupos com maiores riscos de adoecimento e produção da saúde FUHRMANN 2003 O PSF hoje não é considerado como programa mas sim uma estratégia que visa prestar atendimento à saú de de forma qualificada e resolutiva por isso o termo PSF foi substituído por Estratégia Saúde da Família Em 165 EDUCAÇÃO FÍSICA 2006 o PSF foi consolidado como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica Neste mesmo período foi criada a Política Nacional de Promoção da Saúde que será abordada de forma mais aprofundada no decorrer desta unidade BRASIL 2018 Conside ramos assim importante período para a valorização da promoção da saúde O contexto de revalorização da promoção da saúde e definição como principal estratégia para modificar o sistema de saúde deu espaço para a problematização das diferenças entre os termos que compunham esse novo sistema a prevenção em saúde e a promoção da saúde Dessa forma neste momento iremos reforçar a distin ção entre esses dois conceitos pois assim compreende remos o contexto das transformações que ocorreram no discurso de saúde pública Este conceito se fundamenta na epidemiologia em que o risco é baseado na probabilidade de ocorrência de um evento em um determinado período na população ex posta a determinado fator de risco ALMEIDA FILHO 1997 De forma geral o objetivo da prevenção é o con trole da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos es pecíficos sendo que para atingir este objetivo as ações de prevenção são realizadas a partir de divulgação de in As ações preventivas se definem como inter venções voltadas a evitar o surgimento de doenças específicas com redução de sua in cidência e prevalência ALMEIDA FILHO 1997 Neste sentido quando falamos em prevenção em saúde exige ação antecipada a partir do conhecimento a fim de tornar menos possível o progresso de determinada doença CONCEITUANDO formação científica e de recomendações normativas de mudanças de hábitos Nessas intervenções são atendi das subpopulações com fatores de risco relacionados ao estilo de vida tendo maior influência de determinantes sociais da saúde proximais CNDSS 2008 A melhoria do estado de saúde se dá a partir do fortale cimento da capacidade individual e coletiva para lidar com a multiplicidade dos condicionantes da saúde O que notamos nas ações de promoção da saúde é que há ênfase na transformação das condições de vida e de tra balho das pessoas que estejam relacionados aos proble mas de saúde Portanto vão além da aplicação técnica e normativa mas buscam a construção da capacidade de escolha dos indivíduos bem como a utilização do co nhecimento para discernir durante este processo de estí mulo à autonomia Nessas intervenções o atendimento se dá para a população total tendo maior influência dos determinantes sociais da saúde intermediários e distais CNDSS 2008 Apesar da diferença entre os conceitos de ações pre ventivas e ações de promoção da saúde observamos que ambos consideram a saúde como componente comple xo resultante da influência de determinantes sociais e que estes são exteriores ao sistema que considera apenas o tratamento das doenças A partir dessas considerações iremos discutir a ampliação do termo saúde A promoção da saúde se define de forma mais ampla visto que é direcionada para a melhoria do estado de bemestar e da qua lidade de vida dos indivíduos além de focar nos macrodeterminantes do processo saú dedoença e transformálos na direção da saúde BUSS 2009 CONCEITUANDO 166 A reformulação do sistema de saúde trouxe consigo a necessidade de pensar na saúde no sentido positivo do conceito e não mais como a definição restrita de ausência de doenças que reduzia o corpo humano a aspectos morfológicos e funcionais O corpo acabou sendo desconectado de todo o con junto de relações que constituem os signi ficados da vida MENDES GONÇALVES 1994 Assim os termos saúde e doença não deveriam ser tratados como situações opos tas mas relacionadas entre si em que se move de um polo para o outro de modo di nâmico e interdependente envolvendo todo o aspecto social Neste sentido o pensamento científico buscou ampliar e valorizar a compreensão da interação entre as partes na direção da totalidade do ser humano ROUQUAYROL GURGEL 2017 Esse bemestar é caracte rizado por polos positivo e negativo sendo que a saúde positiva seria o funcionamento máximo para atender aos desafios da vida enquanto a saúde negativa estaria associada à morbidade e no extremo com a mortali dade BOUCHARD et al 1990 Diante deste novo conceito de saúde am pliada a participação ativa dos sujeitos envolvi dos é exigida para sua produção a fim de con tribuir na análise e formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de vida Para isso na prática novas abordagens para traçar a saúde da comunidade deverão ser estimula das não considerando apenas as enfermidades diagnosticadas mas que considere essa pers pectiva mais ampla da saúde como proposto pela abordagem da Figura 2 ESTADO DE SAÚDE RESULTADO DA ATENÇÃO LONGEVIDADE ATIVIDADE DESCONFORTO PERCEPÇÃO DE BEMESTAR CAPACIDADE DE RECUPERAÇÃO VULNERABILIDADE ALCANCE ENFERMIDADE EXPECTATIVA NORMAL DE VIDA MORTE FUNCIONAL INCAPACITADO CONFORTÁVEL DESCONFORTÁVEL SATISFEITO INSATISFEITO MAIOR RECUPERAÇÃO MENOR RECUPERAÇÃO MENOS VULNERÁVEL MAIS VULNERÁVEL ALCANÇADO NÃO ALCANÇADO NENHUMA DETECTÁVEL MÚLTIPLAS Tabela 1 Estado de saúderesultado da atenção Fonte adaptada de Starfield 1974 Descrição da tabela na Tabela 1 são apresentadas oito linhas com os aspectos que podem compor a perspectiva mais ampla de saúde em uma escala de clas sificação de cada uma Na linha um está a longevidade que pode ser classificada desde expectativa normal de vida até a morte na linha dois está a atividade que pode ser classificada desde funcional até incapacitado na linha três está o des conforto que pode ser classificado desde confortável a desconfortável na linha quatro está a percepção de bemestar que pode ser classificada desde satisfeito até insatisfeito na linha cinco está a capacidade de recuperação que pode ser classificada desde maior recuperação até menor recuperação na linha seis está a vulnerabilidade que pode ser classificada desde menos vulnerável a mais vul nerável na linha 7 está o alcance que pode ser classificado desde alcançado até não alcançado e na linha 8 está a enfermidade que pode ser classificada desde nenhuma detectável a múltiplas 167 EDUCAÇÃO FÍSICA O que observamos seria uma proposta de quais com ponentes deveriam ser considerados para determinar a condição de saúde a longevidade que seria a ex pectativa de vida b atividade capacidade de realizar as atividades diárias c desconforto dor ou sensações que interfiram em suas atividades d percepção de bemestar como a pessoa classifica a própria saúde e o nível de satisfação e capacidade de recuperação ca pacidade de responder ao estresse físico e psicológico f vulnerabilidade características que diminuem a capacidade de se precaver contra ameaças à saúde g alcance se os papéis sociais estão sendo desempenha dos normalmente e h enfermidade presença de pro blemas ou patologias físicas ou psíquicas McDOWELL NEWELL 1996 Pelo que vimos neste novo conceito de saúde mais amplo a saúde de um indivíduo ou população não pode ser entendida de forma isolada Possui portan to a combinação de determinantes genéticos que são modificados pelo ambiente e por comportamentos que são culturalmente ou socialmente construídos e ainda pelo próprio tipo de atenção à saúde que estes indiví duos recebem como ilustrado na Figura 2 seguir Figura 2 Determinantes do estado de saúde Fonte Starfield 1973 p 132 Descrição da Imagem Na Figura 2 temos três círculos dentro deles estão contidas as três estruturas diferentes sendo que em um estão contidas as características culturais e comportamentais da população e dos pacientes em o outro está o ambiente social e físico e no outro círculo a prática médica Os três círculos se relacionam apresentando uma intersecção entre eles As partes em que dois círculos se relacionam são considerados como processo e a parte em que os três círculos se relacionam são considerados como resultados GENÓTIPO Características culturais e comportamentais da população e dos pacientes Prática médica Ambiente social e físico Atenção processo Resultados Estrutura 168 O que isto quer dizer Podemos dizer que as desigualda des sociais nível de educação oportunidades de traba lho e nível de renda por exemplo interferem na quali dade de vida e saúde das pessoas E que dependendo da natureza desse ambiente distintos grupos sociais terão experiências diferentes em relação ao apoio psicossocial condições materiais e opções de comportamentos que repercutiram nas situações de saúde tornando mais ou menos vulneráveis à saúde positiva WHO 2008 De forma geral quanto maior a vulnerabilidade do indiví duo mais próximo de uma condição de saúde negativa este indivíduo estará Quando nos aprofundamos nas características cul turais e o ambiente social e físico destacados anterior mente podemos observar que existe hierarquia entre esses determinantes de saúde sendo que os indivíduos estão na base do modelo com suas características indivi duais de idade sexo e fatores genéticos que não podem ser modificados Os fatores mais distais são aqueles re lacionados aos aspectos sociais econômicos e políticos considerados como macrodeterminantes pois têm for te influência sobre as demais camadas Os fatores mais proximais estão relacionados ao estilo de vida que são comportamentos adotados individualmente e repercu tem diretamente na qualidade da saúde dos indivíduos Figura 3 Determinantes sociais modelo de Dahlgren e Whitehead Fonte CNDSS 2008 p 14 Descrição da Imagem Na Figura 3 temos um semicírculo que é subdividido em quatro níveis de determinantes sociais No meio do semicírculo que é considerado como uma base temos os determinantes biológicos contendo idade sexo e fatores hereditários acima deste nível temos um arco que representa o estilo de vida dos indivíduos acima deste nível temos outro arco que são as redes sociais e comunitárias no arco acima temos as condições de vida e trabalho contendo ambiente de trabalho educação produção agrícola de alimentos desemprego água e esgoto serviços sociais de saúde e habitação e no último arco mais afastado da base temos as condições socioeconômicas culturais e ambientais gerais IDADE SEXO E FATORES HEREDITÁRIOS PRODUÇÃO AGRÍCOLA DE ALIMENTOS EDUCAÇÃO AMBIENTE DE TRABALHO CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO DESEMPREGO ÁGUA E ESGOTO SERVIÇOS SOCIAIS DE SAÚDE HABITAÇÃO IDADE SEXO E 169 EDUCAÇÃO FÍSICA Considerando todas estas relações existentes conseguimos compre ender o papel do poder público no acesso aos serviços de saúde o qual deveria criar estratégias para aten der as necessidades dessa população a partir dos seus determinantes a fim de aproximar a saúde para o polo mais positivo Assim a Organização Mundial da Saúde recomenda que os serviços de saúde desenvolvam refor mas estruturais integrando ações de saúde pública na Atenção Primária que garanta comunidades mais sau dáveis WHO 2008 atuando com ações de promoção da saúde além dos muros das unidades de saúde por exemplo nos espaços em que es sas pessoas vivem trabalham estu dam e se divertem pois dessa forma estarão ampliando as oportunidades de escolhas saudáveis dos indivíduos e sua comunidade Para atender esta nova demanda estrutural a criação da Política Nacional de Saúde foi in troduzida no SUS 170 Política Nacional de Promoção da Saúde 171 EDUCAÇÃO FÍSICA Você viu no nosso encontro passado que com a Refor ma Constitucional que possibilitou a criação do SUS a responsabilidade de programar os serviços de saúde ofe recidos foi transferida do âmbito federal para os muni cípios Assim a partir das definições constitucionais das deliberações das conferências nacionais de saúde da le gislação que regulamenta o SUS e do Plano Nacional de Saúde 2004 2007 o Ministério da Saúde propôs um movimento indutor para definição da Política Nacio nal de Promoção da Saúde PNPS representando uma tentativa no enfrentamento dos desafios da assistência à saúde BRASIL 2006 Assim em 2006 na Comissão Intergestores Tripartite nasceu a PNPS A PNPS foi instituída pela Portaria MSGM nº 687 de 30 de março de 2006 e reformulada pela Portaria nº 2446 de 11 de novembro de 2014 Contudo essa porta ria de 2014 foi revogada surgindo a Portaria de Conso lidação nº 2 de 28 de setembro de 2017 que consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS Assim a PNPS ratificou a responsabilidade sobre a am pliação e a qualificação de ações de promoção da saú de nos serviços e na gestão do SUS A partir de então o programa foi inserido na agenda estratégica dos gestores do SUS e nos Planos Nacionais de Saúde subsequentes ampliando as possibilidades das políticas públicas exis tentes BRASIL 2018 Você deve estar se perguntando por que tantas mo dificações e retificações nas portarias Pois então a ree laboração da PNPS aconteceu para estabelecer diálogo com os novos marcos nacionais e internacionais e as sim garantir os princípios e as diretrizes do SUS Além disso era necessário qualificar e atualizar as ações e os serviços prestados pelos gestores e pelos trabalhadores do SUS reformulando o papel do setor Saúde na articu lação e na indução de outras políticas públicas Ademais observouse a necessidade de avaliar como a promoção da saúde no SUS vinha sendo realizada nos territórios para rever de fato como a PNPS como política pública mobilizou os agentes na busca de sua efetivação práti ca Definiuse a importância de incluir novos elementos indutores para a sua concretização como a definição de temas transversais a explicitação de valores de eixos operacionais da adequação e da atualização dos temas prioritários da política os quais você verá mais adiante Assim a PNPS veio para estabelecer relação com as demais políticas públicas conquistadas pela população incluindo as relacionadas ao setor Saúde como Políti ca Nacional de Atenção Básica Pnab Política Nacional de Alimentação e Nutrição Pnan Política Nacional de Educação Popular em Saúde PnepSUS Política Nacio nal de Humanização HumanizaSUS Política Nacional de Gestão Estratégia e Participativa ParticipaSUS e Po lítica Nacional de Práticas BRASIL 2018 A Política Nacional de Promoção da Saúde BRASIL 2015 que consolida as normas sobre as políticas nacio nais de saúde do SUS apresenta os principais objetivos Objetivo Geral Promover a equidade e a melhoria das condições e dos modos de viver ampliando a potencialidade da saúde individual e coletiva e reduzindo vulne rabilidades e riscos à saúde decorrentes dos deter minantes sociais econômicos políticos culturais e ambientais Objetivos específicos Estimular a promoção da saúde como parte da integralidade do cuidado na Rede de Atenção à Saúde articulada às demais redes de proteção social Contribuir para a adoção de práticas sociais e de saúde centradas na equidade na partici pação e no controle social a fim de reduzir as desigualdades sistemáticas injustas e evitáveis respeitando as diferenças de classe social de gênero de orientação sexual e a identidade de gênero entre gerações étnicoraciais cultu 172 rais territoriais e relacionadas às pessoas com deficiências e necessidades especiais Favorecer a mobilidade humana e a acessibi lidade o desenvolvimento seguro saudável e sustentável Promover a cultura da paz em comunidades territórios e municípios Apoiar o desenvolvimento de espaços de pro dução social e ambientes saudáveis favoráveis ao desenvolvimento humano e ao bemviver Valorizar os saberes populares e tradicionais e as práticas integrativas e complementares Promover o empoderamento e a capacidade para a tomada de decisão e também a autono mia de sujeitos e de coletividades por meio do desenvolvimento de habilidades pessoais e de competências em promoção e defesa da saúde e da vida Promover processos de educação de formação profissional e de capacitação específicos em promoção da saúde de acordo com os princí pios e os valores expressos nesta Política para trabalhadores gestores e cidadãos Estabelecer estratégias de comunicação social e de mídia direcionadas tanto ao fortalecimen to dos princípios e das ações em promoção da saúde quanto à defesa de políticas públicas saudáveis Estimular a pesquisa a produção e a difusão de conhecimentos e de estratégias inovadoras no âmbito das ações de promoção da saúde Promover meios para a inclusão e a qualificação do registro de atividades de promoção da saúde e da equidade nos sistemas de informação e de inquéritos permitindo a análise o monitora mento a avaliação e o financiamento das ações Fomentar discussões sobre os modos de con sumo e de produção que estejam em conflito de interesses com os princípios e com os va lores da promoção da saúde e que aumentem vulnerabilidades e riscos à saúde Contribuir para a articulação de políticas pú blicas inter e intrassetoriais com as agendas nacionais e internacionais BRASIL 2015 p 11 e 12 Em consolidação com as outras políticas setores gover namentais e não governamentais e as especificidades sanitárias a PNPS apresenta alguns temas prioritários evidenciados pelas ações de promoção da saúde exe cutadas desde 2006 e inseridas na primeira versão da PNPS pelas normas e regulamentos vigentes no âmbi to federal e pelos acordos nacionais Plano Nacional de Saúde pactos interfederativos planejamento estratégico do MS e internacionais firmados pelo governo brasilei ro BRASIL 2015 Os temas prioritários são Formação e educação permanente Mobilizar sensibilizar e promover capacitações para ges tores trabalhadores da Saúde e de outros seto res para o desenvolvimento de ações de educa ção em promoção da saúde a fim de incluílas nos espaços de educação permanente Alimentação adequada e saudável Promover ações relativas à alimentação adequada e sau dável visando à promoção da saúde e à segu rança alimentar e nutricional contribuindo com as ações e com as metas de redução da po breza com a inclusão social e com a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável Práticas corporais e atividades físicas Promo ver ações aconselhamento e divulgação de práticas corporais e de atividades físicas incen tivando a melhoria das condições dos espaços públicos considerando a cultura local e incor porando brincadeiras jogos danças populares entre outras práticas Enfrentamento ao uso do tabaco e de seus de rivados Promover articular e mobilizar ações para redução e controle do uso do tabaco in cluindo ações educativas legislativas econô micas ambientais culturais e sociais 173 EDUCAÇÃO FÍSICA Enfrentamento do uso abusivo de álcool e de outras drogas Promover articular e mobilizar ações para redução do consumo abusivo de álcool e de outras drogas com corresponsabi lização e autonomia da população incluindo ações educativas legislativas econômicas am bientais culturais e sociais Promoção da mobilidade segura Buscar avan çar na articulação intersetorial e intrassetorial envolvendo a vigilância em saúde a atenção básica e as redes de urgência e emergência do território na produção do cuidado e na redução da morbimortalidade decorrente do trânsito Orientar ações integradas e interseto riais nos territórios incluindo ações de saúde educação trânsito fiscalização ambiente e nos demais setores envolvidos além da sociedade a fim de definir um planejamento integrado parcerias atribuições responsabilidades e es pecificidades de cada 23 setor para a promoção da mobilidade segura Avançar na promoção de ações educativas legislativas econômicas ambientais culturais e sociais fundamentadas em informação qualificada e em planejamento integrado para que garantam o trânsito seguro a redução de morbimortalidade e consequen temente a paz no trânsito Promoção da cultura da paz e dos direitos hu manos Promover articular e mobilizar ações que estimulem a convivência a solidariedade o respeito à vida e o fortalecimento de vínculos Desenvolver tecnologias sociais que favoreçam a mediação de conflitos o respeito às diversi dades e diferenças de gênero e de orientação sexual e à identidade de gênero entre gerações étnicoraciais culturais territoriais de classe social e em relação às pessoas com deficiências e necessidades especiais garantindo os direi tos humanos e as liberdades fundamentais Promover a articulação da Rede de Atenção à Saúde com as demais redes de proteção social produzindo informação qualificada e capaz de gerar intervenções individuais e coletivas con tribuindo para a redução das violências e para a cultura da paz Promoção do desenvolvimento sustentável Promover mobilizar e articular ações gover namentais e não governamentais incluindo o setor privado e a sociedade civil nos diferentes cenários cidadesmunicípios campo floresta águas bairros territórios comunidades habi tações escolas igrejas empresas e outros per mitindo a interação entre saúde meio ambien te e desenvolvimento sustentável na produção social da saúde em articulação com os demais temas prioritários BRASIL 2015 p 22 e 23 174 Atuação do profissional na Promoção da Saúde 175 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando falamos nos tópicos anteriores so bre as atualizações que foram necessárias para que os serviços de saúde evoluíssem o mes mo argumento se refere à atuação dos pro fissionais inseridos neste novo ambiente Se continuássemos acostumados a profissionais mais especializados para lidar com o volume de novas informações a visão fragmentada na área da saúde iria permanecer Diante do novo cenário do conceito mais amplo da saú de e da revalorização de ações de promoção da saúde os profissionais com competências em enfermidades específicas deveriam migrar para o conhecimento sobre a saúde geral das pessoas e seu ambiente se quisessem atuar na Atenção Primária à Saúde Um profissional da Atenção Primária deve ser capaz de observar a variedade de pro blemas de saúde no decorrer do tempo dife rentemente do especialista que atuaria dentro da sua área de competência mais apropriada para determinada enfermidade Essa visão ampla que o profissional da atenção primária deve desenvolver está relacionada a alguns dos princípios inerentes à Atenção Primária de Saúde por exemplo a integralidade e a in tersetorialidade BRASIL 2018 Descrição da Imagem A Figura 4 mostra a diferença en tre a integralidade e a intersetorialidade A integralidade é caracterizada por vários saberes na atenção individual ou coletiva no mesmo serviço ou linha A intersetoriali dade se destina a diferentes setores que acabam enfren tando o mesmo risco no mesmo território INTEGRALIDADE INTERSETORIALIDADE A integralidade é caracterizada por vários saberes na atenção individual ou coletiva no mesmo serviço ou linha A intersetorialidade se destina a diferentes setores que acabam enfrentando o mesmo risco no mesmo território Figura 4 Distinção entre integralidade e intersetorialidade Fonte a autora INTEGRALIDADE INTERSETORIALIDADE A integralidade é caracterizada por vários saberes na atenção individual ou coletiva no mesmo serviço ou linha A intersetorialidade se destina a diferentes setores que acabam enfrentando o mesmo risco no mesmo território 176 A integralidade e a intersetorialidade implicam em a articular estratégias de produção da saúde b ampliar o diálogo dos profissionais dos serviços de saúde na re lação com os usuários modificando a atenção restrita a doença e sintomas para o acolhimento de suas condi ções de vida e saúde c mobilizar recursos financeiros políticos e humanos extrapolando o âmbito da saúde d articular saberes linguagens planejamento e práti cas entre diversos setores envolvidos BRASIL 2018 Essas ações alteram os modos de atenção e de ges tão dos serviços de saúde Se prestarmos atenção aos usuários em sua totalidade da saúde e seus determi nantes é possível que um bom profissional da saúde seja capaz de traduzir o que não é aparente e nem dito em um primeiro contato com este indivíduo A proxi midade adquirida entre os profissionais de saúde da Atenção Primária e os usuários permite avaliar o papel dos múltiplos e interativos determinantes da doença e da saúde Este fato ocorre em virtude da característica de atenção continuada em que se examinam mais pa cientes antigos com problemas novos porque eles são responsáveis pela atenção ao paciente no decorrer do tempo e não por um problema específico Ademais quando os setores se relacionam uns aos outros saúde educação transporte segurança entre outros é possível organizar dados que se complemen tem visto que dados separados pouco contribuem para o conhecimento e para a ação eficiente na saúde comu nitária pois é preciso considerar não só o indivíduo mas tudo que o cerca o ambiente que influencia no estado de saúde desse usuário e comunidade Para que a integralidade e a intersetorialidade ocor ram neste novo ambiente de saúde algumas habilidades precisam ser desenvolvidas pelos profissionais que atua rão neste meio Podemos destacar que esses profissionais precisam conhecer instrumentos na gestão pública que o auxiliem por exemplo um fluxograma situacional 177 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 5 Planejamento estratégico situacional Fonte Rieg e Araújo Filho 2002 p 165 Descrição da Imagem Na Figura 5 são apresentados 4 círculos Dentro de cada círculo estão descritos os quatro momentos do planejamento estratégico situacional estes círculos estão organizados em um formato de círculo maior seguindo uma ordem cronológica entre os momentos 1 2 3 e 4 No círculo que está o momento 1 está descrito explicar como nasce e se desenvolve o problema explicar a realidade através da apreciação situacional No círculo do momento 2 está descrito fazer planos para atacar as causas do problema mediante operações conceber o plano através de apostas No círculo do momento 3 está descrito analisar a viabilidade do plano ou verificar o modo de se construir sua viabilidade definir o que é possível através da análise estratégica No círculo do momento 4 está descrito atacar o problema na prática realizando as operações planejadas utilizarse do cálculo ação e correção no dia a dia Os círculos estabelecem relações entre eles por setas que vão e voltam em todos os sentidos remetendo a interpretação de que mesmo que haja uma cronologia no planejamento os momentos podem ser reavaliados no decorrer do tempo independente da ordem MOMENTO 1 explicar como nasce e se desenvolve o problema explicar a realidade através da apreciação situacional MOMENTO 2 fazer planos para atacar as causas do problema mediante operações conceber o plano através de apostas MOMENTO 3 analisar a viabilidade do plano ou verificar o modo de se construir sua viabilidade definir o que é possível através da análise estratégica MOMENTO 4 atacar o problema na prática realizando as operações planejadas utilizarse do cálculo ação e correção no dia a dia Esta ferramenta é utilizada para realizar levantamento dos aspectos críticos e a partir daí elaborar o plano de ação RIEG 1999 Neste processo os profissionais des crevem os problemas apresentando os fatos constata dos quais seriam as possíveis consequências e as causas do problema para compreender a relação entre estes e fazer uma representação gráfica do problema para en tão propor estratégias para o planejamento de ação Outra habilidade a ser desenvolvida por esses pro fissionais é o treinamento da percepção sensorial pela abordagem da neurolinguística Neste processo o pro fissional aprende onde deve focar a atenção e quais for mas pode utilizar para modificar e ampliar os filtros a fim de observar novos aspectos que antes estavam des percebidos OCONNOR SEYMOUR 1995 O que isso quer dizer Muitas vezes os profissionais ficam con 178 dicionados a observar aquilo que lhe é natural ou seja ele capta as informações a partir da linguagem dos pen samentos e das experiências que ele viveu o que os leva a prestar mais atenção em algumas coisas do que a outras Como essas técnicas e instrumentos exemplifica dos acima são novos para estes profissionais a atuação na Atenção Primária voltada para a promoção da saúde deve fazer parte de um processo de qualificação contí nua das equipes dos programas de saúde pública em que sejam incorporados conteúdos e metodologias que subsidiem na qualidade do atendimento e superem os desafios deste novo sistema estrutural de saúde Para finalizar esta reflexão acerca da atuação do pro fissional de saúde iremos elencar alguns dos desafios que são impostos a estes profissionais para que a partir do conhecimento possam planejar ações para enfren tálos BRASIL 2018 Um dos desafios colocados por esse processo diz respeito ao planejamento organização e gerenciamento da ação intersetorial que do ponto de vista metodológico apresenta a necessidade de avançar no aperfeiçoamento dos métodos e técnicas a serem utilizados no processo de planejamento das ações in tersetoriais tendo em vista maior efetividade e impacto sobre os problemas e necessidades sociais Outro desafio voltado para o aspecto metodológico seria a definição de um modelo de identificação dos principais riscos à saúde com objetivo de estabelecer prioridades locais e regionais bem como a definição de agenda de pesquisas na área de vigilância Por fim construir estratégias para conceber a saúde no âmbito da atenção básica de forma mais solidária e menos punitiva visto que os indivíduos têm as condições de vida que são impostas e depende do poder público e o estilo de vida individual que depende da escolha do indivíduo portanto existem limites para que a atuação profissional não construa práticas autoritárias e prescritivas que em vez de produzir autonomia acabam reduzindoa 179 EDUCAÇÃO FÍSICA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCA ÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE Diante das habilidades e desafios que abordamos an teriormente para a atuação do profissional de saúde de equipes multidisciplinares da Atenção Primária à Saúde iremos refletir agora especificamente a atuação do pro fissional de Educação Física A implementação da PNPS deixou evidente o papel fundamental do profissional de Educação Física para a promoção da saúde BRASIL 2010 Assim além do que foi abordado os profissionais precisam compreender e ampliar visão de Promoção à Saúde principalmente a partir do diálogo com os outros profissionais da equipe e a própria comunidade os profissionais de Educação Física devem compreender a atividade física como com ponente principal para a promoção da saúde Os principais pontos que podemos destacar da PNPS para atuação específica para a atividade física são a ofertar práticas de atividade física como caminha das práticas lúdicas prescrição de exercícios esportivas e de lazer voltadas para a comunidade b mapear e for talecer as ações de práticas de atividade física existentes nos serviços de atenção básica c inserir a prática de atividade física nos locais em que não há ações princi palmente para populações mais vulneráveis d estimu lar a inclusão de pessoas com deficiências em projetos de práticas de atividades físicas e promover a interse torialidade principalmente voltadas para melhorias am bientais e dos espaços públicos urbanização dos espa ços públicos criação de ciclovias e pistas de caminhadas segurança outros com o objetivo de aumentar os níveis populacionais de atividade física BRASIL 2010 Quando abordamos ações que abrangem a atuação dos profissionais é interessante destacar instrumentos que auxiliem esses profissionais para o planejamento Um desses instrumentos é a plataforma Portal Saúde 180 Baseada em Evidências que disponibiliza banco de da dos gratuito contendo documentos científicos da área de saúde como fotos vídeos e outras ferramentas cal culadoras médicas e de análise estatística Esta platafor ma está disponível para os profissionais de saúde das 14 profissões regulamentadas no Ministério da Saúde in cluindo o profissional de Educação Física A utilização dessas ferramentas pelos profissionais de Educação Física pode garantir melhor atendimento prestado aos usuários dos serviços de saúde pois esti mula a tomada de decisão clínica e de gestão baseada em evidências científicas com validade interna e externa de boa qualidade Isto quer dizer que o planejamento será realizado com base em dados que têm apresentado re sultados positivos e prevê por exemplo o tipo de atua ções que não têm apresentado os resultados esperados para que sejam analisados com cautela Como o profissional de Educação Física faz para ingressar nesse mercado de trabalho Para entrada no SUS os profissionais devem passar por concurso pú blico que é realizado pelas Secretarias de Saúde O pro cesso conta no geral com realização de prova objetiva composta por conteúdos de conhecimento geral e es pecífico e prova de título comprovação de formação continuada como títulos de especialização mestrado e doutorado A partir de Fevereiro de 2020 o Ministério do Trabalho incluiu o profissional de Educação Física na Classificação Brasileira de Ocupações CBO para atu ação permanente na área de saúde especificamente nos programas de atenção básica do SUS Com essa inclusão os profissionais de Educação Física passam a ter maior clareza no reconhecimento para atuação dentro do SUS sendo que a partir deste reconhecimento assim como os outros profissionais de saúde o profissional de Educação Física passa a ter re muneração de acordo com as atividades exercidas espe cíficas às suas competências As exigências para atuação requerem que o profissional tenha formação superior em Educação Física e registro no Conselho Regional de Educação Física 181 considerações finais Prezadoa alunoa concluímos aqui a sua jornada ao universo da promoção da saúde Se recordarmos de forma sucinta o que abordamos você se lembrará que iniciamos nos aprofundando sobre o nível da Atenção Primária a Saúde Pudemos perceber que o foco neste nível de atenção mudou toda a estrutura de atendimento do sistema de saúde em que nós deixamos de olhar para a doença dos usuários e centralizamos o atendimento para a totalidade do indivíduo ou seja sua saúde geral Trouxemos ainda os principais conceitos que permeiam este novo cenário como as diferenças entre os termos prevenção em saúde e promoção de saúde a definição mais ampla de saúde e como os determinantes de saúde interferem no processo de saúdedo ença compreendendo que muitos fatores que interferem na saúde não são tratáveis A partir de todo esse novo contexto de saúde observamos que novas necessidades sur giram o que exigiu dos profissionais de saúde nova forma de atuação Os profissionais tiveram que acompanhar as modificações do sistema não mais utilizando abordagens de atenção fragmentada e especializada mas generalista integral e humana Você teve acesso a algumas ferramentas novas que têm sido utilizadas para auxiliálo nesta formação do profissional voltado para o atendimento à saúde pública Diante do que aprendeu você é capaz de compreender o contexto da promoção da saúde e como você pode se preparar para atuar nesta área Portanto encerramos por aqui esta unidade espero que tenha aproveitado este conhecimento que é apenas o início de sua jornada até a própria prática Desejo que esta teoria contribua para suas pró ximas experiências de atuação 182 atividades de estudo 1 A atenção Básica faz parte da Rede de Atenção à Saúde envolvendo pessoas com doenças crônicas e outros tipos de patologias Assim sobre as competên cias da Atenção Básica avalie as afirmativas I Diagnosticar rastrear e tratar a população de acordo com os protocolos e as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde II Realizar ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças de forma intersetorial III Prevenir diagnosticar e tratar precocemente as doenças e suas possíveis complicações É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I II e III 2 A integralidade da atenção básica à saúde é um dos seus princípios Assim uma atenção integral é voltada para a Descentralização equidade e atenção secundária b Descentralização equidade e atenção terciária c Cura dos sintomas d Promoção proteção e recuperação da saúde e Ausência de doenças 183 atividades de estudo 3 Com relação à Política Nacional de Promoção da Saúde avalie as afirmativas como verdadeiras V ou falsas F Promover de forma justa e igualitária a assistência à saúde individual e co letiva Promover espaços e ambientes saudáveis para o bemestar Dar voz à população valorizando as práticas integrativas Estimular discussões sobre o modo de consumo e produção relacionados a promoção da saúde A sequência correta é a V F F V b F V V V c V F F F d V F V V e V V V V 4 Descreva qual a relação entre a Política Nacional de Promoção da Saúde e o estímulo à prática de atividade física 5 Apresente detalhadamente como o profissional de Educação Física pode con tribuir para a promoção da saúde 184 LEITURA COMPLEMENTAR A Classificação Brasileira de Ocupações CBO publicou em 17 de fevereiro de 2020 o re conhecimento da categoria do Profissional de Educação Física na área da saúde por meio do código 224140 CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES 2020 Os profissionais passam então a serem Profissional de Educação Física na saúde e passam a integrar de forma específica as equipes dos Programas de Atenção Básica do Sistema Único de Saúde SUS possibilitando a inclusão na tabela de prestação de serviços do SUS O Conselho Fe deral de Educação Física CONFEF 2020 publicou uma nota que diz que O CÓDIGO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA SAÚDE FOI CRIADO E INCLUÍ DO NA CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES CBO 2020 VITÓRIA DA SOCIEDADE RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO E DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA O Sistema CONFEFCREF tem como uma de suas prioridades de ação o reconhecimen to e a legitimação da intervenção do Profissional de Educação Física na Saúde A recente publicação do código Permanente do Profissional de Educação Física na Saú de 224140 na CBO elaborada pelo Ministério da Economia por solicitação do Minis tério da Saúde representa a mais recente e importante conquista para a consolidação da atuação profissional na área da saúde Os principais significadosbenefícios do código Permanente são Favorece a contratação de Profissionais de Educação Física no setor público e priva do de saúde Consolida o Profissional de Educação Física como integrante de equipe de Saúde 185 LEITURA COMPLEMENTAR Reforça a inserção do Profissional de Educação Física na Saúde Fortalece a participação do Profissional de Educação Física no SUS Define atividades de competência do Profissional de Educação Física no setor saúde Acompanhe os principais fatos que contribuíram para essa valorização profissional 1997 Reconhecimento do Profissional de Educação Física entre as categorias de pro fissionais da Saúde pelo CNS 2008 Inclusão do Profissional de Educação Física nas Equipes de Saúde da Família do Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF 2013 Criação do Código Provisório 2241E1 pelo Ministério da Saúde 2013 CNS Código CBO obrigatório para Profissionais na Academia da Saúde 2013 Publicação da Lei 12864 que inclui a atividade física como fator determinante e condicionante da saúde 2020 CBO permanente do Profissional de Educação Física na saúde pelo Ministério da Economia Para pesquisar mais sobre o assunto acesse o código da CBO pelo site httpswwwcrefsc orgbrministeriodotrabalhoincluiprofissionaldeeducacaofisicanaareadasaude Fonte adaptado de CONFEF 2020 online 186 material complementar Saúde da Família Considerações Teóricas e aplicabilidades Elisabete Calabuig Chapina Ohara Raquel Xavier de Souza Saito Editora Martinari Sinopse este livro surgiu da necessidade de os docentes da disciplina Saúde da Família e Saúde Coletiva possuírem um material didático baseado no aprofunda mento de discussões e na construção de propostas para a atenção à saúde nos diferentes ciclos de vida de forma contextualizada e relacionada com as Políticas de Saúde vigentes Na construção do livro os docentes e discentes da Faculdade Santa Marcelina contribuíram além dos aspectos relacionados à área da biologia também com conteúdos de abordagem socioculturais que influenciam diretamen te e modificam as relações familiares e a sua avaliação Os capítulos propõem uma reflexão do modelo assistencial instituído elege como ponto central o estabeleci mento do vínculo e a criação de compromisso além de coresponsabilidade entre os profissionais de saúde e a população Contém uma proposta de contribuir para a melhora da qualidade assistencial na Atenção Primária e melhorar a capacidade resolutiva por meios de ações de promoção e prevenção Podemos dizer que o ma terial sistematizado é capaz de instrumentalizar para a prática com fundamentos científicos proporcionando uma visão holística do indivíduo e da família Indicação para Ler 187 referências AINSWORTH B E et al Compendium of physical activities an update of activity codes and MET intensities Medicine and science in sports and exercise v 32 n 9 Suppl p S498 2000 ALMEIDA FILHO N A clínica e a epidemiologia 2 ed Salvador APCEAbrasco 1997 ALMEIDA FILHO N Uma breve história da Epidemiologia In ROUQUAYROL M Z ALMEIDA FILHO N Epidemiologia Saúde 6 ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE Diretrizes do ACSM para os tes tes de esforço e sua prescrição Rio de Janeiro Guanabara Koogan 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289 p 326 1973 SZKLO M NIETO F J Epidemiology beyond the basics Maryland An Ashen Publication 2000 THOMPSON W S Population American Journal of Sociology 1929 34959975 US DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES Physical Activity Guidelines for Americans 2 ed Washington US Department of Health and Hu man Services 2018 VAUGHAN J P MORROW R H Epidemiologia para municípios manual para gerenciamento dos distritos sanitários São Paulo Hucitec 1992 VUORI H The role of schools of public health in the development of primary health care Health Policy v 4 p 22130 1985 WHO World Health Organization Closing the Gap in a Generation Commission on Social Determinants of Health Final Report Geneva WHO Press 2008 WHO World Health Organization Global action plan on physical activity 2018 2030 more active people for a healthier world Geneva WHOrganization 2018 WHO World Health Organization Global recommendations on physical activity for health Geneva World Health Organization 2010 WHO World Health 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health Geneva 1957 Techn Rep Serv 137 199 gabarito 1 E 2 D 3 E 4 Um dos temas prioritários da Política Nacional de Promoção da Saúde é o estímulo à prática de atividade física promovendo ações acon selhamento e divulgação de práticas corporais e de atividades físicas incentivando a melho ria das condições dos espaços públicos consi derando a cultura local e incorporando brinca deiras jogos danças populares entre outras práticas para a toda a população Além disso a Política Nacional de Promoção da Saúde per meia a disponibilidade de ambientes favorá veis à prática de atividade física e bemestar 5 O profissional de Educação Física proporciona a promoção de saúde quando oferta e estimu la práticas de atividade física como caminha das práticas lúdicas prescrição de exercícios práticas voltadas ao lazer e que possa abran ger toda a comunidade Além disso ele pode atuar no mapeamento e fortalecimento de ações de práticas de atividade física existentes nos serviços de atenção básica como ações dentro das Unidades Básicas de Saúde ou até mesmo específicas para populações mais vul neráveis No mais podese promover estraté gias intersetoriais que voltem a atenção para melhorias de espaços públicos como ciclovias e pistas de caminhadas que possibilitem uma prática segura e saudável conclusão geral É queridoa alunoa chegamos ao final do nosso percurso que buscou o enten dimento profundo sobre o tema da Epidemiologia associada à Educação Física Você pôde passar por vários caminhos neste processo Primeiro aprendeu os pontos básicos sobre Epidemiologia e os conteúdos que a cercam conhecendo a história e o surgimento da área da Epidemiologia e os indicadores que nos possi bilitam detectar o desenvolvimento de possíveis doenças ou agravos à saúde En tão conheceu como as doenças se instalaram na população e quais as mudanças populacionais afetadas por elas ocasionando as chamadas transições epidemio lógicas e demográficas Você notou que a inatividade física é um grande agravo à saúde e está entre as doenças que afetaram modificações populacionais Isso porque o comporta mento humano é influenciado por mudanças sociais econômicas e culturais que ocorrem com o passar do tempo tornando a atividade física um comportamento complexo e multidimensional Uma vez que a atividade física se enquadra na área da saúde você foi convi dado a entender um pouco sobre a história do Sistema Único de Saúde o sistema de saúde brasileiro Assim aprofundouse na história do sistema em como ele é regido e quais ações o norteiam Então uma vez que atividade física faz parte da saúde e o SUS é o sistema que nos representa nessa questão não poderíamos deixar de discutir sobre o NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família em que o profissional de Educação Física está inserido Você viu quantos profissionais podem compor o NASF Você já imaginou o impacto que essa ação multiprofis sional fornece em uma população carente de saúde Para finalizarmos com chave de ouro discutimos sobre a Atenção Primária à Saúde e atuação dos profissionais de saúde especificamente o profissional de Educação Física dentro do Sistema Único de Saúde Quanta coisa você aprendeu não é mesmo Agora você já tem conheci mento de sobra para defender com unhas e dentes a atuação do profissional de Educação Física em todo o ambiente que envolve saúde Isso porque nós pro fissionais de Educação Física levamos saúde por onde quer que passamos não apenas a ausência de doenças influencia drasticamente nos padrões de compor tamento da população Portanto é nosso dever atuarmos com dedicação res ponsabilidade e ética para que possamos promover saúde e prevenir doenças da melhor maneira possível Unicesumar
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PROFESSORES Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Dr Diego Augusto Santos Silva Quando identificar o ícone QRCODE utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online O download do aplicativo está disponível nas plataformas Acesse o seu livro também disponível na versão digital Google Play App Store EPIDEMIOLOGIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA 2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av Guedner 1610 Bloco 4 Jd Aclimação Cep 87050900 Maringá Paraná Brasil wwwunicesumaredubr 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de PósGraduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenadora de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes Projeto Gráfico José Jhonny Coelho Editoração Lucas Pinna Silveira Lima Designer Educacional Rossana Costa Giani Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância SILVA Diego Augusto Santos BRUSCO Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Epidemiologia na Educação Física Diego Augusto Santos Silva Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Maringá PRUnicesumar 2021 202 p Graduação em Educação Física EaD 1Epidemiologia 2Educação 3Física EaD I Título ISBN 9786556152264 CDD 22ª Ed 6144 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não somente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e também no exterior com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a qualidade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boasvindas Prezadoa Acadêmicoa bemvindoa à Comunidade do Conhecimento Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos professores e pela nossa sociedade Porém é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático repetitivo local e elitizado mas de um conhecimento dinâmico renovável em minutos atemporal global democratizado transformado pelas tecnologias digitais e virtuais De fato as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas lugares informações da educação por meio da conectividade via internet do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares As redes sociais os sites blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos A apropriação dessa nova forma de conhecer transformouse hoje em um dos principais fatores de agregação de valor de superação das desigualdades propagação de trabalho qualificado e de bemestar Logo como agente social convido você a saber cada vez mais a conhecer entender selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer as tecnologias atuais e suas novas ferramentas equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós Então priorizar o conhecimento hoje por meio da Educação a Distância EAD significa possibilitar o contato com ambientes cativantes ricos em informações e interatividade É um processo desafiador que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades Como já disse Sócrates a vida sem desafios não vale a pena ser vivida É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer Willian V K de Matos Silva PróReitor da Unicesumar EaD Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportunidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica contribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das discussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica boasvindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin PróReitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pósgraduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Doutora e Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Ca tarina UFSC Especialista em Anatomia e Histologia Humana e graduada em Educação Física ambas pela Universidade Estadual de Maringá UEM Atual mente é Professora no Centro Universitário de Maringá Unicesumar Educa ção a Distância Revisora de diferentes periódicos nacionais e internacionais Tem experiência na área de Educação Física e Saúde Pública com ênfase em cineantropometria e atividade física e saúde atuando principalmente no tema relacionado a fatores de risco à saúde Currículo Lattes disponível em httplattescnpqbr4282923137916528 Dr Diego Augusto Santos Silva Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe Mestrado e Doutorado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina PósDoutorado no Childrens Hospital of Eastern Ontario Research Institute Department of Pediatrics University of Ottawa Canadá Professor Visitante no Childrens Hospital of Eastern Ontario Research Institute Department of Pediatrics University of Ottawa Canadá Professor Visitante no Departamento de Saúde Pública e Doenças Infecciosas da Sapienza University of Roma Itália Servidor público federal no cargo de Professor Associado lotado no Departa mento de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Permanente orientador de mestrado doutorado e supervisor de pósdoutorado do Programa de PósGraduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq Currículo Lattes disponível em httplattescnpqbr8188066843033561 apresentação do material Epidemiologia na Educação Física Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco e Dr Diego Augusto Santos Silva Olá discente seja bemvindoa a nossa jornada acadêmica sobre a Epidemiologia na Atividade Física É um prazer imenso ter você aqui Esta obra foi escrita com muito carinho reunindo e apresentando os principais conteúdos que abrangem a epidemiologia e a relação que ela tem com a atividade física Você acha mesmo que a Epidemiologia se relaciona com a Atividade Física Já parou para pensar nisso Se a resposta for sim de qual maneira será que isso acontece Como você acha que a atividade física pode contribuir com os dados epidemiológicos Para responder a todos esses questionamentos dividimos esta obra em cinco unidades as quais abrangem desde o conceito tradicional de Epidemiologia até como o profissional de Educação Física deve atuar no âmbito da saúde pública Portanto em um primeiro momento abordaremos temas como a história da Epidemiologia os conceitos de Epidemiologia que encontramos na literatura o conceito de saúde os indicadores de saúde e as medidas epidemiológicas que nos proporcionam avaliar as doenças e agravos à saúde da população Após você ter aprendido sobre essas temáticas abordaremos sobre os padrões de adoecimento da população Então você fará uma viagem ao passado e conhecerá os tipos de transições demográfica e epidemiológica que a sociedade passou e digamos que ainda passa atualmente Você perceberá que esses processos possibilitaram o aparecimento de doenças e agravos à saúde como o caso da inatividade física agravo que tam bém será discutido apresentando os padrões da prática de atividade física no mundo Em um terceiro momento você será direcionado a conhecer as evidências científicas que permeiam os estudos de associação entre atividade física e diferentes marcadores de saúde Isso te proporcionará entender que a atividade física de fato auxilia na prevenção e na promoção de saúde Inclusive nesta mesma unidade apresentaremos os Programas de Promoção da atividade física em saúde pública Após você ter acesso a esse conteúdo abordaremos um pouco sobre a his tória do nosso sistema de saúde o Sistema Único de Saúde SUS destacando seus princípios e diretrizes Além disso discutiremos sobre o Núcleo de Apoio à Saúde da Família a Estratégia Saúde da Família e a Atenção em Saúde Você apresentação do material verá quão amplo este assunto é Para finalizar nossa jornada acadêmica espe cificaremos a abordagem sobre a Atenção Primária à Saúde abrangendo seus conceitos e diretrizes bem como a Política Nacional de Promoção da Saúde Aqui de fato você sairá sabendo a diferença entre a prevenção e a promoção da saúde assim eu espero Ainda conhecerá sobre a atuação dos profissionais na promoção da saúde especialmente o profissional de Educação Física destacando a necessidade de uma formação continuada para garantir saúde e bemestar para toda a popu lação Eu desejo que sua jornada seja leve dinâmica e repleta de novos saberes e conhecimentos Divirtase Bons estudos Bons estudos sumário UNIDADE I INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMIOLÓGICAS PREVA LÊNCIA INCIDÊNCIA MORBIDADE E MORTALIDADE 14 Breve história do surgimento da epidemiologia 19 Epidemiologia atividade física e saúde 21 Indicadores e medidas epidemiológicas UNIDADE II PADRÕES DE ADOECIMENTO DA POPULAÇÃO 54 Padrões de adoecimento da população 69 Atividade física definições e padrões na população UNIDADE III ATIVIDADE FÍSICA PROGRAMAS EM SAÚDE PÚBLICA E MARCADORES DE SAÚDE 90 Relação da atividade física com marcadores de saúde 94 Atividade física e todas as causas de mortalidade na população 112 Programas de promoção da atividade física em saúde pública UNIDADE IV SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS 130 Uma breve história dos serviços de saúde 135 Sistema Único de Saúde SUS 142 Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB UNIDADE V PROMOÇÃO DA SAÚDE E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA 160 Atenção primária à saúde prevenção e promoção da saúde 170 Política Nacional de Promoção da Saúde 174 Atuação do profissional na Promoção da Saúde Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Breve história do surgimento da Epidemiologia Epidemiologia atividade física e saúde Indicadores e Medidas epidemiológicas Objetivos de Aprendizagem Apresentar brevemente a trajetória histórica da epidemiologia Discutir sobre os conceitos da epidemiologia da atividade física da saúde e a relação entre essas Apresentar os indicadores e medidas de frequência INDICADORES E MEDIDAS EPIDEMI OLÓGICAS PREVALÊNCIA INCIDÊNCIA MORBIDADE E MORTALIDADE unidade I INTRODUÇÃO O lá caro a alunoa espero que você esteja bem e preparado para iniciarmos nossos estudos que irão abordar este primei ro ensaio Esta unidade será dividida em três tópicos os quais tratarão sobre a história da epidemiologia a relação entre a epidemiologia e o conceito de saúde e atividade física e os indicadores e medidas epidemiológicas existentes Desta forma primeiramente será resgatado de forma sucinta o sur gimento da epidemiologia apresentando os relatos históricos e os estudos que permearam a difusão das pesquisas epidemiológicas Nesse sentido veremos quem foram os pioneiros e quais foram as pesquisas mais im portantes neste campo Na sequência conheceremos sobre os conceitos referentes à epidemiologia Você notará que o conceito de epidemiologia pode abranger um grande campo Além disso aprofundaremos um pouco sobre a relação que existe entre epidemiologia e atividade física Assim poderemos com preender as características de cada uma e como elas caminham juntas Após serão apresentados os indicadores e medidas de frequência Você notará que este tópico será dividido em vários outros isso por que você poderá conhecer especificamente as medidas de frequência co nhecidas como prevalência e incidência bem como quando você deverá utilizar cada uma delas Além disso você poderá ler sobre os diferentes indicadores de saú de e notará que eles podem ser embasados em indicadores de saúde de mortalidade e indicadores de saúde de morbidade encerrando assim o nosso primeiro tópico Todos os fatores abordados nesta unidade nos darão subsídios para os nossos próximos encontros Não deixe de fazer suas anotações destacando os pontos primordiais Desejo bons estudos unidade II 14 Breve história do surgimento da epidemiologia 15 EDUCAÇÃO FÍSICA perceber que a maioria das vezes que o termo doença for mencionado ele estará acompanhado de agravo à saúde porque não necessariamente a epidemiologia trata apenas das doenças mas também de agravos à saúde como o caso da inatividade física A área de atuação da epidemiologia é sempre des tinada à população humana ou seja os estudos epide miológicos são realizados com indivíduos que podem ser definidos em termos sociodemográficos Assim ge ralmente a população de um estudo epidemiológico é determinada pela área ou país em um certo período de tempo Isso forma a base para a definição de subgrupo que constituirá o estudo separados por sexo faixa etária etnia ou outros fatores É importante frisar que as estru turas populacionais variam conforme a área geográfica e o tempo Isso deve ser levado em consideração nas análi ses epidemiológicas por exemplo um grupo de pessoas sedentárias ou um grupo de atletas pode constituir uma unidade de estudo Diferentemente da clínica que estuda o processo saúdedoença nos sujeitos que objetiva especificamente o tratamento e a cura de casos isolados a epidemiologia se preocupa com o processo de ocorrência de doenças mortes quaisquer outros agravos e situações de risco à saúde seja propriamente na comunidade ou em grupos dessa com a finalidade de propor estratégias que melho rem o nível de saúde das pessoas que compõem essa co munidade Para você entender a diferença entre o diag nóstico clínico ou seja especificamente o atendimento de casos isolados e o diagnóstico comunitário de saúde aquele que possibilita o conhecimento do processo saú dedoença na comunidade analise a Figura 1 a seguir Antes de aprendermos sobre os indicadores e tipos de medidas epidemiológicas mais utilizadas é importante que saibamos de fato o que é onde nasceu e como se fundamentou a epidemiologia Ela está relacionada ao estudo da distribuição das doenças nas populações e dos fatores que influenciam ou determinam essa distribui ção passando por três eixos fundamentais e associados a Clínica a Estatística e a Medicina Social Portanto a epidemiologia parte do pressuposto de que as doenças as moléstias ou até mesmo a ausência de doença não ocorrem ao acaso em uma população O que determina as doenças ou agravos à saúde podem estar lincados a fatores genéticos resultantes de exposição a perigos am bientais a exposição a algumas atividades de trabalho ou atividades cotidianas e até mesmo pela forma como a sociedade se organiza A epidemiologia foi definida por Last 2001 como o estudo da distribuição e dos determinantes de eventos ou estados relacionados à saúde em populações espe cíficas e sua aplicação na prevenção e no controle dos problemas de saúde Portanto ela é uma ciência que estuda o processo saúdedoença na população huma na analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva propondo medidas específicas de pre venção controle e erradicação da doença e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento à administração e à avaliação das ações de saúde ROU QUAYROL SILVA 2013 Isso demonstra a interrelação da epidemiologia não apenas com o estado de doença ou morte mas também com a melhoria dos indicadores de saúde e a maneira de como promover saúde Assim você irá 16 Figura 1 Diferenças entre diagnóstico clínico e diagnóstico comunitário Fonte adaptada de Vaughan e Morrow 1992 p 184 Descrição da Imagem A Figura 1 é composta por um quadro que consta a diferença das características de um diagnóstico clínico para um diagnós tico comunitário como objetivos informações necessárias tipo de diagnóstico plano de ações e avaliação A primeira linha do quadro possui duas imagens A imagem da coluna esquerda é composta por um médico em atendimento individual ao paciente Nessa coluna apresenta o diagnóstico clínico Tem como objetivo curar a doença ou agravo à saúde do indivíduo prevenção da saúde as informações necessárias deste diagnóstico são histórico clínico exames físicos e exames complementares O tipo de diagnóstico é individual Tem o tratamento eou a reabilitação como plano de ações e por último a avaliação que é o acompanhamento clínico melhora da saúdecura da doença ou agravo A coluna da direita apresenta uma imagem que consta várias pessoas demonstrando ser uma comunidade Nessa coluna está o diagnóstico co munitário Tem como objetivo melhorar o nível da saúde da comunidade promoção da saúde Dados gerais sobre a população doençasagravos à saúde existentes casos de morte e serviços de saúde são as informações necessárias desse diagnóstico Como o nome já diz é um diagnóstico comunitário O plano de ações são problemas de saúde coletiva que sejam prioritários e mudanças no estado de saúde da população é a avaliação Diagnóstico Clínico Objetivos Informações necessárias Plano de ações Curar a doença ou agravo à saúde do indivíduo prevenção da saúde Histórico clínico Exames físicos Exames complementares Tipos de diagnóstico Avaliação Diagnóstico individual Tratamentoreabilitação Acompanhamento clínico melhora da saúdecura da doença ou agravo Diagnóstico comunitário Melhorar o nível da saúde da comunidade promoção da saúde Dados gerais sobre a população Doençasagravos à saúde existentes Casos de morte Serviços de saúde Diagnóstico comunitário Problemas de saúde coletiva que sejam prioritários Mudanças no estado de saúde da população 17 EDUCAÇÃO FÍSICA RELATOS HISTÓRICOS DA EPIDEMIOLOGIA Na Grécia Antiga Asclépio era cultuado como o deus da Medicina tanto que representa até hoje o símbolo da profissão médica e da farmácia e tinha duas filhas cha madas Panacéia e Higéia que representavam o antago nismo entre a medicina individual e a medicina coletiva A primeira filha retratava a medicina curativa prática terapêutica baseada em intervenções sobre pessoas do entes por meio de encantamentos e uso de medicamen tos A segunda era adorada por quem considerava a saú de como resultado de uma harmonia entre o homem e o ambiente buscando promover essa harmonia por meio de ações preventivas e que mantinham o perfeito equilí brio entre os elementos água ar fogo e terra MEDRO NHO 2009 Podemos observar então o surgimento da medicina individual e da medicina coletiva A maioria dos textos que abordam sobre as raízes históricas da epidemiologia afirmam que ela se originou há mais de 2000 anos com os estudos de Hipócrates Isso porque os escritos hipocráticos sobre as epidemias e en fermidades antecipam o chamado raciocínio epidemio lógico ou seja já demonstravam discernimento sobre o que seria futuramente a epidemiologia confirmando que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças Na Roma Antiga a principal contribuição para a epi demiologia foi o início de um registro compulsório de nascimentos e óbitos registrado pelo Imperador conheci do como Marco Aurélio que mais tarde seria conhecido como estatísticas vitais um tipo de indicador de saúde O século XIX é conhecido como o período em que se estabeleceram as bases históricas da moderna epi demiologia isso porque como consequência da revo lução industrial as cidades cresciam e as condições da vida humana pioravam A maioria das pessoas vivia em ambientes extremamente poluídos e sem saneamento básico muito semelhante às condições de vida atuais da maioria das cidades de países de classe baixa Nesta época foi consolidada a primeira era da epidemiolo gia moderna baseada no miasma Este termo da teoria miasmática defendia que as doenças eram adquiridas por meio de emanações ambientais provenientes do solo do ar ou da água A década de 50 foi determinante para a epidemiolo gia devido aos achados do inglês John Snow Em 1954 ele descobriu que o risco de contrair cólera em Londres esta va relacionado ao consumo de água de uma determinada companhia impulsionando outras novas grandes desco bertas epidemiológicas Além de John Snow William Farr na Inglaterra e Louis René Villermé na França também se destacaram com seus achados relacionados à área da epidemiologia ALMEIDA FILHO 2003 O inglês John Snow identificou o local de mo radia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres entre os anos de 18481849 e 18531854 Ele notou que existia uma asso ciação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes ocorridas A partir de en tão Snow iniciou a comparação do núme ro de casos de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias de fornecimento de água e identificou que a taxa de morte foi mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark Assim o inglês construiu a teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era dissemi nada por meio da água contaminada O fato proporcionou a melhoria no suprimento de água mesmo anteriormente a descoberta do microrganismo causador da cólera Ademais seu estudo contribuiu diretamente sobre as políticas públicas de saúde CONCEITUANDO 18 Os estudos de Snow foram apenas uma parte de uma série abrangente de investigações que incluiu o exame de processos químicos biológicos físicos políticos e so ciais como o estudo de Louis Pasteur no final do sécu lo XIX Ele demonstrou que os organismos vivos eram agentes de epidemias como a tuberculose e a leptospi rose Portanto esse período ficou conhecido como a era das doenças infecciosas causadas por germes Em meados do século XX surge a era das doen ças crônicas degenerativas Os estudos de casocontro le e coorte sobre câncer pulmonar e a relação com o consumo de cigarro e as pesquisas preliminares sobre doença arterial coronariana que estabeleceram o há bito de fumar e o colesterol como fatores de risco para seu desenvolvimento demonstraram a força deste tipo de método de estudo Entre vários epidemiologistas da época os britânicos Jeremy Morris Richard Doll e Thomas McKeown se destacaram com seus achados MEDRONHO 2009 E então você deve estar se perguntando tudo bem mas o que isso tem a ver com a atividade física Eu vou ex plicar para você no próximo tópico O estudo casocontrole é caracterizado por ser um tipo de estudo observacional que se inicia com a seleção de um grupo de pessoas portadoras de uma determinada doença que são classificados como os casos e um outro grupo de pessoas que não sofrem dessa doença que serão classificados como os controles O objetivo principal desse tipo de estudo é identi ficar características específicas que ocorrem em maior ou menor frequência entre os casos do que entre os controles Em contrapartida os estudos de coorte são estudos de caráter ob servacional ou seja a situação dos participantes em relação à exposição de interesse podendo ser por exemplo o sedentarismo determina sua seleção para o estudo As pessoas são mo nitoradas durante toda a duração do estudo para avaliar a incidência do desfecho EXPLORANDO IDEIAS 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Nós já aprendemos sobre o conceito e o significado de epidemiologia Agora é importante sabermos sobre a atividade física e a saúde para então entendermos a re lação que existe entre elas Você com certeza já leu sobre a definição de ativi dade física que é qualquer movimento corporal pro duzido pela musculatura esquelética e que resulta em gasto energético Assim é importante destacar que a atividade física pode ir além abordando componen tes e determinantes de ordem biopsicossocial cultural e comportamental e pode ser praticada de várias for mas como danças esportes atividades laborais deslo camentos jogos e exercícios físicos Você irá aprender mais afundo sobre as definições e padrões da atividade física da população na Unidade 2 O conceito de saúde é descrito como multiplicidade de aspectos do comportamento humano direcionados a um estado de completo bem estar físico mental e social Portanto saúde vai muito além de ausência de doenças Ela é uma condição humana com dimensões física so cial e psicológica SILVA SCHRAIBER MOTA 2019 Epidemiologia atividade física e saúde 20 A relação epidemiologia atividade física e saúde teve início em meados do século XX a era epidemiológica das doenças crônicas degenerativas citada anteriormen te Isso porque os achados dos estudos sobre as doenças identificaram e continuam identificando que o se dentarismo é um fator determinante de agravos à saú de Esse momento coincide com a chamada transição epidemiológica que foi a inversão das causas de mor te As pessoas deixaram de morrer apenas por doenças infecciosas e começaram a adoecer por doenças cardio vasculares Assim ocorreram modificações drásticas no padrão demográfico e no perfil de doenças e mortali dade da população caracterizandose como processos de transição demográfica transição epidemiológica e transição nutricional padrões que serão analisados mais afundo nos próximos capítulos A transição epidemiológica envolve uma evolução gradual dos problemas relacionados à saúde os quais determinam mudanças nas taxas populacionais ou seja alta morbidade e mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis DCNT em detrimento das doenças in fecciosas e parasitárias No Brasil essa transição pode ser observada a partir dos anos 80 com o predomínio das causas de óbito por DCNT em comparação com as doenças infecciosas e parasitárias Podemos usar esse mesmo período dos anos 80 no Brasil para caracterizarmos a transição demográfica Nessa época o número de idosos acima de 80 anos au mentou devido à queda da taxa de mortalidade e da fe cundidade no país Com o acréscimo do envelhecimen to populacional houve um aumento da probabilidade de manifestação das DCNT A transição nutricional abrange os processos de transição demográfica e epidemiológica Essa transição é caracterizada por modificações constantes e sequenciais no padrão nutricional da população devido às transfor mações sociais demográficas econômicas e sanitárias 21 EDUCAÇÃO FÍSICA Você deve ter notado que falamos anteriormente sobre taxas de mortalidade morbidade e outros indicadores de saúde Descreveremos sobre essas medidas de frequ ência e indicadores de saúde mais utilizados na área da epidemiologia para que você possa entender cada um e ao assistir alguma reportagem sobre medidas epide miológicas ou ler uma pesquisa e se deparar com algum indicador de saúde já saberá sobre o que se trata A forma mais básica de se determinar a frequência de uma doença ou agravo à saúde é por meio da simples contagem das pessoas afetadas Contudo para a área da epidemiologia essa forma pouco informa sobre a popu lação de referência Em estudos epidemiológicos é ne cessário saber o tamanho da população ou grupo que deu origem aos casos e em que período de tempo o fato aconteceu Portanto são utilizadas medidas relativas que relacionam o número de casos da doença ou agravo à saúde com a população ou grupo Em geral existem três medidas matemáticas básicas que podem ser utilizadas para expressar a relação entre o número de casos da doença ou agravo com a popula ção ou grupo de origem a razão a proporção e a taxa KLEINBAUM KUPPER MORGENSTERN 1982 A razão é a simples divisão de uma quantidade pela outra e não há necessidade de relação em denominador e numerador Indicadores e medidas epidemiológicas 22 Portanto é um termo geral em que acaba por in cluir outras medidas como proporção porcenta gem e taxa A medida matemática conhecida como proporção caracterizase como um tipo de razão em que há necessidade de relação entre o nume rador e o denominador A taxa é um tipo especial de razão em que o denominador obrigatoriamente será composto por uma medida de tempo HEN NEKENS BURING 1987 Observase na literatura médica o termo taxa bem como os termos coeficiente e índice sendo usados de maneira sinônima e referindose tanto a razões como proporções ou taxas propriamente ditas Contudo foi demonstrado que os três termos razão taxa e propor ção representam medidas distintas Assim é muito im portante que fique bem claro para você a diferença entre cada um deles para que não haja erros de interpretações em estudos epidemiológicos futuros que você for realizar O uso de sinônimo não acontece apenas com as me didas matemáticas citadas anteriormente Isso também acontece com os termos indicador e índice portanto é necessário caracterizálos Indicador é uma medida que reflete uma característica ou aspecto particular geral mente não sujeitos à observação direta ou seja inclui apenas um aspecto relativo ao que se deseja medir Um indicador de saúde tem como objetivo refletir a situação 23 EDUCAÇÃO FÍSICA de saúde de um sujeito ou de uma população como a medida da pressão arterial a avaliação do próprio esta do de saúde assim como o nível de atividade física No âmbito populacional os coeficientes de mortalidade são um dos exemplos de indicadores de saúde os quais se rão abordados mais adiante Um índice por sua vez condensa em uma única medida diferentes dimensões do atributo de interesse Os escores gerados por meio dos instrumentos para ava liação da qualidade de vida relacionada à saúde que en globam múltiplos itens relacionados com uma ou mais dimensões é um exemplo Além deste o índice de de senvolvimento humano IDH também pode ser citado MEDIDAS DE FREQUÊNCIA As medidas de frequência são definidas a partir de dois conceitos epidemiológicos fundamentais designados de prevalência e incidência A prevalência expressa o número de casos existentes de uma determinada do ença ou fator estudado em um determinado momento Incidência referese à frequência com que novos casos de uma doença surgem dentro de um intervalo de tem po MEDRONHO 2009 A relação entre prevalência e incidência varia entre as doenças ou agravos Uma mesma doença ou agravo à saúde pode apresentar baixa incidência e alta preva lência como o caso do diabetes ou alta incidência e baixa prevalência como um resfriado comum O res friado ocorre mais frequentemente do que o diabetes mas por um curto período de tempo enquanto que o diabetes é menos frequente porém demanda um longo período Outras medidas muito utilizadas na área da epidemiologia e da saúde pública como as de morta lidade letalidade e sobrevida podem ser entendidas como variações do conceito de incidência Entendere mos um pouco mais sobre prevalência e incidência e mortalidade mais adiante A expressão matemática das medidas de frequên cia de doençasagravos à saúde é diversa e depende do conceito epidemiológico subjacente assim como de algumas características das populações a que se refere Essas expressões podem ser apresentadas como frequ ências absolutas ou relativas As frequências relativas são as mais comuns sendo fundamentais quando o objetivo do estudo é comparar frequências de ocorrência de pro blemas de saúde entre duas populações ao longo de um mesmo período eou em uma mesma população po rém em momentos diferentes Independentemente da medida de frequência utilizada é importante enfatizar que deve necessariamente estar referida às dimensões do espaço da população e do tempo A seguir discutiremos sobre os conceitos das medi das de frequência e os indicadores de saúde 24 Prevalência Prevalência pode ser definida como a frequência de ca sos existentes de uma determinada doença ou agravo à saúde em uma determinada população e em um dado momento Portanto podese considerar que esta medi da de frequência possibilita a determinação do número total de casos existentes identificados como casos pre valentes de uma doença ou agravo à saúde em um perí odo de tempo e população específica ou seja tratase do total de casos existentes desconsiderando se são casos novos ou não Diante disso a prevalência é tratada como um indicador da magnitude da presença de uma doença ou agravo à saúde na população Para que você possa entender melhor podemos dizer que os casos prevalentes são aqueles indivíduos que ado eceram ou obtiveram o agravo em algum momento do passado casos antigos conjuntamente com possíveis ca sos novos e que estão vivos quando é realizada a obser vação Então podemos pensar no conceito de prevalên cia como uma fotografia na qual registramos a fração de indivíduos doentes ou com algum agravo à saúde naquele instante de tempo Consequentemente é uma medida de frequência estática em relação ao processo dinâmico do adoecimento pois os indivíduos componentes da amos tra que se deseja estudar são observados uma única vez 25 EDUCAÇÃO FÍSICA Os estudos de prevalência são os estudos descriti vos populacionais mais propagados em epidemiologia caracterizados como estudo transversal Estes também permitem investigar associações entre fatores de risco e doença porém é necessário frisar que este tipo de deline amento não é o mais eficiente para se estudar causalida de mas assim podem ser classificados como analíticos A taxa de prevalência pode ser estimada pela fór mula P Número de pessoas com o evento de interesse infecção doença agravo à saúde População sob o risco de apresentar o evento de interesse em determinado período de tempo x 100 A população do numerador destinase ao número de pessoas que durante a observação obteve ou já obtinha a doença ou agravo à saúde A população apresentada no denominador ou seja àquela que está sob risco de adoecer designase à população do estudo É importante frisarmos que existem diferentes tipos de medidas de prevalência O tipo citado anteriormente é conhecido como prevalência pontual Portanto todas as vezes que você observar o termo prevalência e ele não for especificado fazse então referência à medida deno minada de prevalência pontual A prevalência pontual ou também chamada de prevalência instantânea mede a frequência de uma doença ou problema de saúde em um dado instante de tempo Essa é a medida mais utilizada nos estudos epidemiológicos seccionais ou transversais A prevalência de uma doença ou agravo à saú de é determinada pela sua incidência e duração assim como pelos movimentos migratórios Portanto quanto mais elevada a incidência eou a duração da doença ou agravo maior será a sua prevalência Entretanto uma alta taxa de incidência não implica necessariamente em altas proporções de prevalência particularmente quan do a duração do problema de saúde em questão é curta SZKLO NIETO 2000 É o que acontece com algumas doenças infecciosas agudas em que os pacientes acome tidos evoluem para a cura ou óbito em um curto perí odo de tempo Portanto mesmo apresentando elevados níveis de incidência nos períodos epidêmicos os casos de doenças como dengue se mantêm por pouco tempo e assim não podem ser devidamente detectados nos es tudos de prevalência instantânea Em contrapartida altas proporções de prevalência podem se sobrepor a baixos níveis de incidência quan do a duração do agravo é longa como as doenças crôni cas degenerativas Por exemplo por mais que os casos novos de esclerose múltipla que surgem a cada intervalo de tempo sejam poucos os pacientes podem sobreviver por um longo período sendo possível identificálos du rante um estudo transversal Incidência Do ponto de vista epidemiológico há grande interesse em identificar especificamente quantos novos casos de uma doença ou agravo à saúde surgem em uma mesma população durante um período de tempo Mais especi ficamente é importante conhecer quantos novos casos surgem de uma população que está em risco de sofrer uma determinada doença ou agravo à saúde isso é um indicador da velocidade de mudança do processo dinâ mico de saúde e doença de uma população Assim inci dência caracterizase como a frequência de casos novos de uma determinada doença ou agravo num determina do período de tempo advindos de uma população sob risco de adoecimento no início da observação Portanto tratase da ocorrência do primeiro episódio da doença ou agravo à saúde em questão Este caso é necessaria 26 mente relacionado a doenças infecciosas que deman dam imunidade permanente e de algumas doenças crô nicas como o diabetes mellitus MEDRONHO 2009 Em determinadas circunstâncias podese computar múltiplas ocorrências de uma doença em uma mesma pessoa ao longo de um intervalo de tempo Esta me dida é caracterizada como incidência total e pode ser utilizada em estudos de doenças agudas na ausência de imunidade adquirida ou até mesmo na identificação de doenças não infecciosas como o caso do infarto agudo do miocárdio ROTHMAN GREENLAND 1998 A incidência de um agravo qualquer pode ser medi da ou estimada por meio de maneiras diferentes A mais simples é o número de casos incidentes geralmente de nominados incidência Por exemplo entre 1975 e 2016 foram notificados aproximadamente 124 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos com obesidade ao redor do mundo NCD RISK FACTOR COLLABO RATION 2017 Tratase de uma medida adimensional cujos valores possíveis variam de zero a infinito Contu do o tamanho da população sob risco de adoecimento determina o limite máximo possível do número de ca sos incidentes Ainda assim notase que a referência a uma população e período determinados se faz presente mesmo que indiretamente neste caso o período de tem po 1975 a 2016 e a população população mundial de crianças e adolescentes Devo esclarecer que embora o cálculo da incidên cia pareça ser simples e você verá isso mais adiante o número de casos incidentes por si só não permite comparações da incidência entre diferentes populações ou entre diferentes períodos Os 124 milhões de jovens obesos no mundo notificados no mesmo período teriam um significado epidemiológico diferente se referidos à metade da população mundial ou se referidos a um pe ríodo mais curto como entre 1975 e 2010 A taxa de incidência é a expressão da frequência com que surjam novos casos de uma doença ou agravo à saúde por unidade de tempo e relacionada ao tamanho de uma determinada população em questão Assim ela é calculada como a razão entre o número de casos novos da doença ou agravo à saúde e o total de pessoatempo gerado a partir da população de estudo acompanhada A taxa de incidência pode ser estimada pela fórmula I Número de casos novos da doençaagravo à saúde em uma população durante um intervalo de tempo Número de pessoas sucessíveis ao risco da doençaagravo à saúde durante o referido intervalo de tempo x 105 A taxa é expressa em relação a uma determinada quan tidade de pessoasano de exposição ao risco de ado ecimento representada pela estimativa da população geralmente residentes ou habitantes de determinadas cidades e período em questão assumida a premissa da estabilidade Note que há uma multiplicação x 105 na fórmula a qual permite a inferência do resultado sobre a quantia de 100000 habitantes 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando devese usar a prevalência e quando devese usar a incidência A escolha entre o uso da incidência ou prevalência de pende de alguns fatores Geralmente quando tratamos de doenças agudas pesquisas etiológicas estudos de prognóstico aqueles estudos que tratam de questões clí nicas de um modo semelhante aos estudos de coorte em relação ao desfecho de doenças ou análise da eficácia de ações terapêuticas e preventivas a incidência é mais utilizada Para doenças crônicas como as cardiovascu lares ou fatores de risco à saúde a determinação da pre valência é mais indicada Por isso que dificilmente você verá estudos relatando a incidência da inatividade física sedentarismo ou obesidade por exemplo A prevalência também é mais utilizada quando o assunto se refere ao planejamento e administração de serviços Ilustrei uma representação gráfica para que você consiga observar a diferença entre as medidas de preva lência e incidência 28 01 de Janeiro 31 de Dezembro Legenda Início da doença Duração da doença Término da doença População 100 pacientes Casos incidentes 6 Casos prevalentes 11 Coefciente de incidência 7 por 100 pacientes Coefciente de prevalência 11 por 100 pacientes Figura 2 Representação gráfica de casos da doença X início desenvolvimento e fim de 01 de janeiro a 31 de dezembro em um grupo de 100 pacientes internados em um hospital Y Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 2 é uma representação gráfica de um estudo hipotético sobre uma doença que foi analisada entre os dias 01 de janeiro a 31 de dezembro Na data de 01 de janeiro há uma linha na vertical representando o início do estudo e em 31 de dezembro há outra linha na vertical representando o final do estudo Dentre essas duas linhas estão dispostas as pessoas que já tinham a doença ou que adquiriram a doença durante esse período representando graficamente a diferença entre prevalência e incidência 29 EDUCAÇÃO FÍSICA Vamos observar a Figura 2 Notase que no dia 01 de janeiro cinco pacientes de uma mesma clínica hipotéti ca tinha a doença X Assim a prevalência dessa doença X no dia 01 de janeiro é de 5100 que é igual a 005 Esse valor também pode ser expresso em percentual o qual representaria 5 do grupo de pacientes Durante o período de 01 de janeiro a 31 de dezem bro ocorreram seis novos casos da doençaagravo Con siderando que entre os 100 pacientes da clínica cinco já haviam desenvolvido a doençaagravo X no início do estudo então somente 95 estavam em risco de desenvol ver a doença Portanto a incidência cumulativa da do ença X nesse hospital deve ser calculada como sendo 595 que resultaria em 0053 ou 53 ao ano INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM MEDIDAS DE MORTALIDADE A mortalidade pode ser caracterizada como um caso particular do conceito de incidência quando o evento de interesse é a morte e não o adoecimento Portanto essa medida pode ser referida a um problema de saú de específico por exemplo o câncer de mama ou a um grupo de problemas como as doenças cardiovasculares Quando relacionada a todas as causas é denominada de mortalidade geral diferente do termo letalidade que se refere à uma medida de mortalidade restrita aos sujeitos que apresentam um determinado problema de saúde A letalidade expressa a frequência de óbitos por uma doença ou agravo à saúde x entre os próprios indivíduos que apresentam essa determinada doença ou agravo à saúde x CONCEITUANDO É importante que você entenda que a magni tude da mortalidade por uma doença ou agra vo à saúde em uma determinada população é dependente da letalidade e da incidência Por exemplo uma doença altamente letal porém rara apresentará baixa mortalidade O mesmo fato ocorrerá caso a incidência seja alta porém a letalidade baixa e quando ambas forem baixas Em contrapartida quando a mortalidade é alta a letalidade e a incidência também serão altas EXPLORANDO IDEIAS 30 Semelhante à medida de frequência incidência estu dada anteriormente a mortalidade pode ser medida por meio de taxas ou proporções A interpretação da taxa e da proporção de mortalidade é parecida com as medidas de incidência A diferença é que substi tuímos o evento do adoecimento pela morte Os indicadores de saúde baseados em dados sobre mortalidade são classificados em dois tipos WHO 1957 indicadores globais como coefi ciente geral de mortalidade razão de mortalidade proporcional ou índice de Swaroop e Uemura e a esperança de vida ao nascer e os específicos como os coeficientes de mortalidade infantil e de mortali dade por doenças transmissíveis Primeiramente serão apresentados os indicado res baseados em medidas de frequência no caso o coeficiente geral de mortalidade e aqueles baseados em informações relativas à causa da morte e à ida de ou o período da vida em que o óbito ocorre Em seguida são apresentados os indicadores expressos segundo unidades de tempo de vida Coeficiente Geral de Mortalidade O coeficiente geral de mortalidade aqui denomina do de CGM também conhecido como taxa bruta de mortalidade referese a toda uma população ou seja é o quociente entre o total de óbitos e a população de uma área em um determinado período de tempo A população no denominador do CGM é referida ao período em questão É importante deixar claro que aqui há uma pressuposição que a distribuição de nascimentos óbitos e migrações é homogênea Ge ralmente o valor final resultante da equação é mul tiplicado por 1000 Assim o CGM por uma doença agravo à saúde é estimado pela equação CGM M x1000 P Em que M representa o número de mortes e P representa a quantidade de pessoas da população durante o estudo Vou te dar um exemplo utilizando a equação anterior para que você possa entender melhor o cálculo Suponha que no ano de 2018 tenham sido registrados 900000 óbitos em todo o Brasil e em 1º de julho deste mesmo ano a população brasilei ra era constituída de 190000000 Considerando a equação anterior o CGM relativo ao Brasil no ano de 2018 foi cerca de 47 óbitos por 1000 habitantes Assim o CGM expressa o risco de morte na popu lação brasileira em 2018 para cada 1000 habitantes cerca de 47 faleceram neste ano Um dos benefícios de se utilizar o CGM é a pos sibilidade de relacionar o nível de saúde de diferen tes áreas no tempo por meio de dados mais fide dignos do que aqueles que compõem os coeficientes específicos geralmente mais difíceis de serem ob tidos Esse fato é devido à facilidade do cálculo do CGM requerendo apenas o conhecimento do nú mero de óbitos ocorridos em uma população em um determinado ano sem a necessidade de informações específicas adicionais como o sexo ou a idade dos sujeitos falecidos ou até mesmo a causa da morte É importante destacar que o CGM está sujeito a erros que podem incidir no seu numerador eou no seu denominador subestimando ou superesti mando os valores No numerador a subenumeração de óbitos ou seja valores abaixo do real são encon tradas frequentemente em áreas menos desenvol vidas devido principalmente às falhas no registro de óbitos Entre os anos de 1997 e 2001 por exem 31 EDUCAÇÃO FÍSICA plo estimouse um subregistro de óbitos no Brasil em torno de 18 chegando a 26 no Norte e 34 no Nordeste ambas regiões menos desenvolvidas quando comparadas às outras do país LAURENTI MELLO GOTLIEB 2005 A subenumeração de óbitos pode estar relacio nada a erros no registro de dados como o local de residência levando a uma evasão de mortes os quais deixam de ser considerados no cômputo do CGM de suas respectivas populações de origem Caso não corrigida a subestimação de óbitos proporcionará a subestimação do CGM RIPSA 2002 Em contrapartida à evasão é possível que haja uma invasão de óbitos erroneamente classificados como de residentes em uma determinada localidade É o caso de localidades com maior oferta de serviços de saúde pois tendem a atender a demanda da assis tência médica provenientes de outras áreas Esse fato possibilita a superestimação dos valores de CGM Em relação ao denominador a fonte principal de erro é decorrente das estimativas incorretas dos con tingentes populacionais principalmente nos perío dos de anos censitários ou seja os anos em que são realizados censos a fim de obter informações de di versos fatores sobre aquela determinada população Esses erros se tornam ainda mais prováveis de ocor rer quanto maiores forem as mudanças na dinâmica populacional à medida que aumenta o tempo trans corrido desde a realização do último censo Quan do os contingentes populacionais são subestimados o CGM será superestimado Em contrapartida no caso das estimativas populacionais estiverem acima da realidade o CGM será subestimado LAUREN TI MELLO GOTLIEB 2005 Para quaisquer populações é esperado que o va lor do CGM varie entre 6 e 10 óbitos por mil habitan tes LAURENTI MELLO GOTLIEB 2005 Caso os valores do CGM sejam inferiores a seis óbitos por 1000 habitantesano é necessário considerar a pou ca fidedignidade dos dados coletados especialmente a possibilidade de subregistro de óbitos Indicadores de Mortalidade segundo a Causa de Óbito Você já se perguntou como vem se comportando a mortalidade por infarto no Estado do Paraná nos últimos 20 anos E sobre a frequência de óbi tos causados pelas doenças coronarianas Será que esta é homogênea nas diferentes regiões do Brasil Do que se morre mais atualmente no país de do enças infecciosas ou cardiovasculares As respostas a todas essas perguntas anteriores dependem das medidas de mortalidade segundo a causa basean dose no conceito de causa morte o qual é definido como aquelas doenças estados mórbidos ou lesões que conduziram à morte e às circunstâncias do aci Será que é possível comparar CGMs em di ferentes populações Quando o uso do CGM for objetivando comparações é necessário muito cautela na interpretação e divulgação dos resultados uma vez que o seu valor é de pendente da composição da população por idade por sexo e por outras características relacionadas ao risco de morte Além disso a estrutura etária da população influi nos valores do CGM portanto este corresponde a uma média ponderada dos coeficientes específicos por faixas etárias em que os fatores de ponde ração correspondem às proporções de sujeitos em cada grupo etário em relação à população geral Assim o CGM em sua forma bruta não deve ser empregado em comparações entre populações com faixas etárias diferentes PENSANDO JUNTOS 32 dente ou da violência que produziu estas lesões WHO 1993 É importante identificar corretamente o conceito de causa de morte pois a uniformização desta definição e da classificação das causas de morte são necessárias para fins comparativos das estatísticas de mortalidade A mortalidade pode ser analisada por meio de três maneiras distintas por causa específica por exemplo hi pertensão arterial por agrupamento de causas afins por exemplo doenças isquêmicas do coração e grandes agru pamentos de causas como doenças do aparelho cardiovas cular MEDRONHO 2009 Você sabe como é feita a determinação da causa de morte A causa básica é realizada a partir das informa ções sobre as causas da morte registradas no atestado de óbito Causa básica de morte é descrita como a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patoló gicos que conduziram diretamente à morte Ela também pode ser definida como as circunstâncias do acidente ou da violência que produziu a lesão fatal WHO 1993 As demais causas preenchidas pelo médico no atestado de óbito irão formar o conjunto das causas associadas Principalmente para a área da saúde como é o caso da Educação Física é de extrema importância aplicar a me todologia das causas múltiplas de morte ou seja analisar não apenas a mortalidade segundo a causa básica morrer por uma doença ou agravo específico mas também co nhecer as complicações da causa básica e as causas asso ciadas declaradas no atestado de óbito morrer com uma doença Isso é essencial principalmente quando relacio nado à análise das doenças crônicas não transmissíveis LAURENTI MELLO GOTLIEB 2004 uma vez que auxilia no desenvolvimento de pesquisas para possíveis ações relacionadas à melhoria no estilo e hábitos de vida Além do número absoluto de óbitos a mortalidade segundo a causa pode ser analisada a partir de frequên cias relativas como taxas e proporções 33 EDUCAÇÃO FÍSICA Taxa de mortalidade por causa do óbito Mortalidade proporcional segundo a causa do óbito Mortalidade materna Mortalidade por causas mal definidas Indicadores de mortalidade por causa do óbito Figura 3 Exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito Fonte a autora Mortalidade segundo a Idade e os Períodos da Vida Os indicadores específicos por idade ou relativos a determinados períodos da vida são os mais conhecidos indicadores de mortalidade e considerados mais importantes no quesito de comparabilidade internacional Descrição da Imagem A figura 3 apresenta os exemplos de indicadores de mortalidade por causa do óbito Dentre elas estão a taxa de mortalidade por causa do óbito mortalidade materna mortalidade por causas mal definidas e mortalidade proporcional segundo a causa do óbito 34 Mortalidade infantil Mortalidade fetal Mortalidade perinatal Mortalidade em menores de cinco anos de idade Mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade Mortalidade segundo a idade e os períodos da vida Figura 4 Exemplos de indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida Fonte a autora Descrição da Imagem A imagem da figura 4 apresenta os indicadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida São cinco indicadores mortalidade infantil mortalidade fetal mortalidade perinatal mortalidade em menores de cinco anos de idade e mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade 35 EDUCAÇÃO FÍSICA Basicamente a mortalidade infantil se refere aos óbitos ocorridos ao longo do primeiro ano de vida antes mes mo da criança completar 1 ano de idade Geralmente a mortalidade infantil é medida por meio da taxa de mor talidade infantil Contudo ela também pode ser avaliada pela proporção de óbitos de menores de um ano de vida com relação ao total de óbitos registrados em uma deter minada área e período A mortalidade fetal é caracterizada pela inexistência de qualquer sinal de vida seja respiração pulsação do cordão umbilical batimentos cardíacos ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária WHO 1995 A mortalidade perinatal se destina a um indicador de saúde maternoinfantil Esse indicador possibilita a identificação das condições de saúde reprodutiva e da qualidade da assistência prénatal parto e neonatal FONSECA COUTINHO 2004 A taxa de mortalidade é caracterizada como a razão entre o número de óbitos em menores de cinco anos de idade e o total de nascidos vivos Essa taxa é relati vamente recente e foi criada basicamente porque até o início da década de 80 a mortalidade de crianças de 0 a 4 anos de idade vinha sendo expressa pela mortalidade infantil e a mortalidade de 1 a 4 anos Entretanto existia diferença entre os denominadores nascidos vivos para a mortalidade infantil e população de 1 a 4 anos de idade para a mortalidade de 1 a 4 anos Por fim a mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade também conhecida como razão de mor talidade proporcional destinase à proporção de óbitos de indivíduos com idade igual ou maior que 50 anos em relação ao total de óbitos Por exemplo se a taxa de mortalidade proporcional com 50 anos ou mais de idade for igual a 80 significa dizer que quatro em cada cinco óbitos ocorridos foram de sujeitos com idade igual ou maior que 50 anos Indicadores baseados em medidas de tempo de vida Os indicadores expressos até aqui abrangem a dimensão da frequência com que ocorrem os óbitos Um outro con junto de medidas incorpora além da dimensão da frequ ência a do tempo de vida Assim para esses indicadores a idade em que as mortes ocorrem é o fator principal Dois indicadores baseados em medidas do tempo de vida são amplamente utilizados em estudos epide miológicos relacionados à saúde a expectativa de vida e os anos potenciais de vida perdidos O primeiro des tinase à medida do número esperado de anos a serem vividos em média pelos sujeitos que compõem uma de terminada população Esse indicador é amplamente re conhecido como um bom indicativo de saúde O segun do nomeado como anos potenciais de vida perdidos expressa o efeito das mortes ocorridas precocemente em relação à duração esperada da vida Tem como objeti vo permitir a comparação da importância relativa das diferentes causas de óbitos ROMEDER McWHINNIE 1988 subsidiando a definição de prioridades no âmbito da saúde pública INDICADORES DE SAÚDE BASEADOS EM MEDIDAS DE MORBIDADE A morbidade pode ser definida como qualquer afasta mento de um estado de bemestar psicológico ou fisio lógico averiguado de forma subjetiva ou direta LAST 1988 Portanto ela identifica as causas que determinam o adoecer Assim as pesquisas sobre os dados de morbi dade são fundamentais para as análises de causaefeito das doenças FRANCO LAÉRCIO COSTA 2011 Quando relacionado ao nível do organismo o con ceito de doença diz respeito a uma disfunção de natu 36 reza fisiológica ou psicológica FORATTINI 1992 e é caracterizada por ao menos dois dos três critérios a se guir um agente etiológico reconhecido um conjunto de sinais e sintomas e alterações anatômicas consistentes PEREIRA 1995 Quando relacionamos morbidade ao nível indivi dual o conceito passa a ser voltado à enfermidade rela tivo à percepção da anormalidade no estado de saúde do próprio indivíduo A enfermidade é caracterizada por queixas pelo incômodo ou sofrimento físico ou mental ou por qualquer outro motivo que faça com o que sujei to se preocupe com a saúde Em âmbito social o entendimento de morbidade é expressado pelas atitudes e comportamentos assumidos pelos sujeitos ao se perceberem doentes ou enfermos As sim a morbidade neste campo corresponde ao conceito de anormalidade e é medida por fatores de ordem cultural re lacionados aos juízos de valor próprios de cada sociedade ou grupo social Um exemplo é a pessoa se afastar do tra balho devido a um problema de saúde havendo uma mu dança relacionada a um papel social da pessoa acometida Identificando os três níveis citados anteriormente entendese que a expressão da morbidade pode se dar por meio das suas diferentes dimensões organismo in dividual e social simultaneamente ou de forma sepa rada Para que você entenda melhor uma pessoa pode estar doente mais ainda na fase préclínica da história natural da doença e assim não se sentir enferma e nem expressar qualquer anormalidade Em contrapartida um sujeito pode manifestar incômodo sem que seja diagnosticada qualquer doença Ademais mesmo do ente e enfermo o indivíduo pode não manifestar cer tos comportamentos sociais esperados mantendo por exemplo suas atividades laborais inalteradas O conceito mais genérico de morbidade e comu mente utilizado em epidemiologia é a medida da fre quência de determinada doençaagravo à saúde inde pendentemente de sua evolução ou seja cura morte ou periodicidade da doença FORATTINI 1992 Portanto observase que a mortalidade é incluída na definição de morbidade Assim os estudos da morbidade a partir de dados sobre mortalidade acabam por ser incompletos e parciais com exclusão daqueles casos de doençasagra vos altamente letais Considerando que os indicadores de saúde baseados em medidas de mortalidade foram apresentados anteriormente neste capítulo falaremos nesta seção sobre indicadores de morbidade referentes aos problemas de saúde não fatais e suas consequências particularmente relacionados à atividade física Os indicadores de morbidade consistem essencial mente em medidas de prevalência e incidência já des critas anteriormente neste capítulo Contudo recente mente os indicadores baseados em medidas do tempo vida utilizados em análise de mortalidade fazem parte das diferentes dimensões do conceito de morbidade Os indicadores de morbidade são utilizados para comparações que envolvem diferentes populações e ou períodos expressando a magnitude da ocorrência de doençasagravos nas populações e servindo para a ava liação de programas e serviços de saúde Indicadores para avaliação das consequências de problemas de saúde não fatais Considerando a crescente tendência a problemas de saú de de natureza crônica as pesquisas têm voltado à aten ção para o desenvolvimento de estudos referente ao fato Assim vários modelos teóricos serviram como referência para a concepção de indicadores que avaliassem as conse quências dos problemas de saúde não fatais destacandose o modelo biomédico o modelo da OMS o modelo utilita rista e o da qualidade de vida COSTA 2006 Segue um infográfico de alguns indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais 37 EDUCAÇÃO FÍSICA MODELO BIOMÉDICO Restringe a aspectos anatômicos bioquímicos e fisiológicos baseandose em diagnósticos MODELO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE Condições decorrentes da doença descritas como sequência linear doença deficiência incapacidade desvantagem MODELO UTILITARISTA Voltado para análises de custoefetividade e custoutilidade aplicadas à avaliação de projetos e investimentos na área da saúde MODELO DE QUALIDADE DE VIDA Expressam as preferências pelo tempo vivido em cada estado de saúde servindo como fatores de ajuste em relação ao tempo de vida com plena saúde INDICADORES VOLTADOS PARA A AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DOS PROBLEMAS DE SAÚDE NÃOFATAIS Figura 5 Exemplos de indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais Fonte a autora Descrição da Imagem A imagem da figura 5 apresenta os indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais Da esquerda para a direita aparece o modelo biomédico que restringe a aspectos anatômicos bioquímicos e fisiológicos baseandose em diagnósticos O segundo é o modelo da Organização Mundial da Saúde com condições decorrentes da doença descritas como sequência linear doença deficiência incapacidade desvantagem O terceiro é o modelo utilitarista que é voltado para análises de custoefetividade e custoutilidade aplicadas à avaliação de projetos e investimentos na área da saúde E por último o modelo de qualidade de vida que expressam as preferências pelo tempo vivido em cada estado de saúde servindo como fatores de ajuste em relação ao tempo de vida com plena saúde Focaremos nesta seção na medida de avaliação de nominada qualidade de vida considerando que esta é uma medida muito utilizada nos estudos relacionados à Educação Física Conceituar a qualidade de vida é algo complexo uma vez que a expressão apresenta vários sig nificados e envolve conhecimentos valores percepções e experiências diversas Saúde bemestar e nível funcional são termos ge ralmente utilizados como sinônimos de qualidade de vida OLIVEIRA 2004 Um conceito amplo e muito utilizado é o da Organização Mundial da Saúde WHO 1995 que afirma que a qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre a sua própria posição na vida rela cionada ao âmbito cultural de vivência e em relação aos objetivos e expectativas próprias O conceito de quali dade de vida relacionado à saúde para Patrick e Erick son 1993 relacionase ao valor atribuído à duração da vida modificado em função de deficiências percepções 38 estados funcionais e oportunidades sociais os quais são influenciados pela ocorrência de doenças agravos intervenções ou políticas públicas Portanto o termo qualidade de vida se refere ao impacto do estado de saú de na função ou na habilidade do sujeito e à percepção de bemestar nos domínios físicos mentais e sociais da vida OLIVEIRA 2004 A mensuração dos níveis de qualidade de vida rela cionada à saúde é realizada por meio de instrumentos que abrangem diferentes dimensões ou domínios com postos por uma quantidade variada de itens As respos tas relacionadas a essas questões geram escores que po dem ser considerados globais ou específicos para cada domínio resultando em índices agregados ou perfis de qualidade de vida relacionada à saúde Os domínios primários da qualidade de vida rela cionada à saúde são os da atividade física atividade psi cológica atividade social grau de satisfação com a vida ou bemestar e a percepção do estado de saúde Domí nios secundários ou adicionais acabam por ser consi derados de acordo com o objetivo do estudo incluindo entre outros fatores a atividade sexual o sono a identifi cação de sintomas fatores relacionados à religiosidade e espiritualidade OLIVEIRA 2004 O Quadro 1 mostra os domínios e respectivas face tas abordados no instrumento de avaliação da qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde WHOQOL World Health Organization Quality of life na versão abreviada WHOQOL Bref desenvolvido para ava liação da qualidade de vida em diferentes contextos so cioculturais É importante frisar que para cada domínio abordado no instrumento os escores mais baixos repre sentam as avaliações menos favoráveis da qualidade de vida ou seja quanto mais baixo o escore menor será a avaliação dada para aquele domínio Domínios Facetas Físico Dor e desconforto Energia e fadiga Sono e repouso Mobilidade Atividades da vida cotidiana Dependência de medicação ou de tratamentos Capacidade de trabalho Psicológico Sentimentos positivos Pensar aprender memória e concentração Autoestima Imagem corporal e aparência Sentimentos negativos Espiritualidadereligiãocrenças pessoais Descrição de quadro O Quadro 1 representa os domínios e facetas incluídos no instrumento WHOQOLBref para avaliação da qualidade de vida São 4 domínios e 4 facetas O domínio físico é representado por dor e desconforto energia e fadiga sono e repouso mobilidade atividades da vida cotidiana dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho O domínio psicológico apresenta sentimentos positivos pensar aprender memória e concentração autoestima imagem corporal e aparência sentimentos negativos espiritualidadereligiãocrenças pessoais O domínio das relações sociais é representado por relações pessoais suporte apoio social e atividade sexual E por último segurança física e proteção ambiente no lar recursos financeiros cuidados de saúde e sociais disponibilidade e qualidade oportunidades de adquirir novas informações e ha bilidades participação em e oportunidades de recreaçãolazer ambiente físico poluiçãoruídotrânsitoclima e transporte que são representados pelo domínio do meio ambiente 39 EDUCAÇÃO FÍSICA Relações sociais Relações pessoais Suporte apoio social Atividade sexual Meio ambiente Segurança física e proteção Ambiente no lar Recursos financeiros Cuidados de saúde e sociais disponibilidade e qualidade Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades Participação em e oportunidades de recreaçãolazer Ambiente físico poluiçãoruídotrânsitoclima Transporte Quadro 1 Domínios e facetas incluídos no instrumento WHOQOLBref para avaliação da qualidade de vida Fonte Moreno et al 2003 p 2587 O WHOQOL100 versão inicial é um instrumento de avaliação da qualidade de vida criado pela Or ganização Mundial da Saúde em que consiste em 100 perguntas referentes a seis domínios físico psicológico nível de independência relações sociais meio ambiente e espiritualidadereligiosidade crenças pessoais A necessidade de um instrumento mais curto mas que preservasse as características satisfatórias fez com que o grupo de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL100 o WHOQOLBref Para você ter acesso a ambos instrumentos basta acessar o site httpswwwufrgsbrqualidepqualidadedevidaprojetowhoqol100 CONECTESE É importante que o desenvolvimento de instrumentos para avaliação da qualidade de vida seja muito crite rioso focando nos diferentes aspectos relacionados à validade da aferição da qualidade de vida Igualmente a adaptação transcultural destes instrumentos requer o desenvolvimento de estudos específicos baseando se em rígidos protocolos de investigação REICHE NHEIM MORAES 2002 Ambos modelos o biomédico e o da Organização Mundial da Saúde descritos na Figura 5 particularmen te em sua versão inicial baseada na Classificação Inter nacional de Deficiências Incapacidades e Desvantagens CIDID WHO 1980 caracterizamse pelo enfoque de aspectos negativos relacionados às consequências dos problemas de saúde não fatais Os outros modelos por sua vez permitem abordagens dos aspectos tanto positi vos como negativos do conceito de saúde Indicadores para avaliação das limitações e restrições da atividade física Analisar a dimensão da atividade física é fundamental na avaliação das consequências dos agravos e doenças crônicas Isso porque é crescente a tendência ao envelhe cimento populacional e à falta de movimentação física extremamente prejudicial à saúde Assim cresce grada 40 tivamente o desenvolvimento de pesquisas e estudos ba seados em medidas de disfunção ou incapacidade física Os primeiros indicadores de deficiências físicas fo ram baseados em medidas geradas a partir de avaliações clínicas padronizadas Assim dois fatos impulsionaram o desenvolvimento de medidas para avaliação de inca pacidades funcionais primeiro o fato de as deficiências não apresentarem relação clara com as necessidades de saúde Segundo pela importância progressiva dada à independência funcional de pacientes que são de pro gramas de reabilitação Diante disso os métodos de ava liação passaram a incorporar as atividades passíveis de desenvolvimento por uma pessoa considerando a sua capacidade física As escalas de avaliação das atividades diárias da vida e das atividades instrumentais diárias da vida são exemplos desses métodos As atividades da vida diária caracterizamse pelos cuidados pessoais como alimentarse vestirse tomar banho movimentarse em casa SADANA 2002 ou seja aquelas em que a execução depende da habilidade física e cognitiva da pessoa As atividades instrumentais da vida diária acabam por ser um segmento das ativida des da vida diária incluindo assim além das habilidades físicas a avaliação da reintegração dos sujeitos acome tidos ao meio social As escalas de avaliação das atividades instrumentais da vida diária permitiram a avaliação de incapacidades consideradas de baixo grau geralmente encontradas na população em geral Para que você consiga entender me lhor as atividades instrumentais da vida diária tem foco na habilidade da pessoa ou seja habilidades complexas necessárias para se viver de maneira independente isso envolve o viver em seu próprio meio compreendendo as limitações que existem no quesito por exemplo de co zinhar fazer os trabalhos domésticos tomar remédios cozinhar e fazer compras COSTA 2006 Existem alguns indicadores que podem ser baseados nas escalas das atividades da vida diária ou nas escalas das atividades instrumentais da vida diária Um exemplo são as medidas de prevalência de incapacidade de desenvol ver ao menos uma das atividades avaliadas um tipo de indicador muito utilizado em estudos de base populacio nal sobre avaliação funcional de idosos PATRICK ERI CKSON 1993 Outros tipos de indicadores são aqueles baseados em medidas genéricas de limitações e restrições das atividades BARBOTTE et al 2001 Entendese por limitações das atividades a redução por longo prazo da capacidade de uma pessoa desenvolver as atividades espe radas para os sujeitos da mesma faixa etária ou seja os papéis sociais ou atividades princi pais O conceito das restrições das atividades referese à redução das atividades abaixo da capacidade de um sujeito em um prazo rela tivamente curto PATRICK ERICKSON 1993 CONCEITUANDO 41 considerações finais Prezadoa alunoa concluímos aqui a sua primeira jornada ao universo da epidemiologia da atividade física Se realizarmos um breve resgate dos conteúdos abordados você notará que nossa primeira conversa se referiu à contextualização histórica da epidemiologia Pode mos entender como se deu a inserção da epidemiologia por meio das primeiras pesquisas realizadas Neste contexto vimos que os estudos de John Snow William Farr e Louis René Villermé contribuíram grandemente para o campo epidemiológico Podemos ainda entender e discutir sobre o conceito da epidemiologia e a relação desta com a saúde e assim consequentemente com a atividade física Vimos que essa relação se deu devido às pesquisas que identificaram o sedentarismo como um fator determinante para o desenvolvimento de doenças e agravos à saúde Você pôde ler também sobre a transição epidemiológica caracterizada pela inversão das causas de morte em que anteriormente as pessoas vinham a óbito por doenças infecciosas e então começaram a adoecer por doenças de caráter cardiovascular Para finalizar o conteúdo foi abordado sobre os indicadores e medidas de frequência Estudamos sobre os conceitos de prevalência e incidência e quando devemos utilizar cada uma destas Você pôde notar que se trata de conceitos diferentes em que prevalência se destina à frequência de casos existentes de uma determinada doença ou agravo à saúde e incidência são os casos novos que surgem dessa determinada doença Referente aos indicadores de saúde vimos que estes podem ser baseados em duas vertentes A primeira foi sobre os indicadores de saúde baseados em medidas de mortalidade A segunda foi sobre os indicadores de saúde baseados em medidas de morbidade Você percebeu que existem diferentes indicadores e que estes podem fornecer infor mações distintas mas que muitas vezes complementamse entre si Portanto com essas considerações encerramos este nosso primeiro encontro Até o próximo 42 atividades de estudo 1 Suponha que em 01012019 existiam 2700 casos de câncer de mama em trata mento na cidade de Maringá no estado do Paraná Durante o passar do ano fo ram notificados 960 casos novos de câncer e 830 pacientes obtiveram alta por cura Todos os pacientes foram tratados por meio do tratamento aqui nomeado como x que teve duração de seis meses A população residente em Maringá no ano de 2019 era de cerca de 450000 habitantes Considerando as informações calcule a prevalência de câncer de mama no início e no final de 2019 e a taxa de incidência de câncer de mama em 2019 na referida cidade 2 A epidemiologia é uma área da ciência que estuda o processo saúdedoença na população humana analisando a distribuição e os fatores que determinam a enfermidade Considerando o exposto assinale V para as afirmativas ver dadeiras e F para as falsas A epidemiologia se baseia nos fatores clínicos individuais do processo de saúde Por meio dos estudos epidemiológicos é possível prevenir controlar e poste riormente tratar possíveis doenças ou agravos à saúde do indivíduo Curar a doença é um dos objetivos do diagnóstico clínico o qual faz parte das premissas da epidemiologia As descobertas epidemiológicas sobre as doenças crônicas degenerativas foram fundamentais para o maior entendimento sobre a tríade epidemiolo gia saúde e atividade física A sequência correta é a V V F V b F V F V c F F V F d V F F F e V V V F 3 Suponha que você deseja realizar um estudo para identificar o coeficiente ge ral de mortalidade do Brasil e dos EUA no ano de 2017 Após pesquisa realiza da nas bases de dados populacionais você obteve as seguintes informações 43 atividades de estudo Brasil Estados Unidos Faixa etária População Óbitos População Óbitos 0 a 4 anos 25984067 109799 24766167 43540 5 a 19 anos 57543281 53098 62227678 29750 20 a 44 anos 78344055 181908 112339058 191877 45 a 64 anos 23976685 209860 54888345 426067 65 anos ou mais 22367760 412076 39430909 2256230 Total 208215848 966741 293652157 2947464 Com as informações compostas no quadro calcule o coeficiente geral de mor talidade por mil habitantes para o Brasil e para os EUA no ano de 2017 e interprete os resultados 4 Os indicadores de saúde permitem a análise de fatores relacionados à morta lidade e a morbidade Especificamente sobre a mortalidade existem os indi cadores de mortalidade segundo a idade e os períodos da vida Considerando o exposto associe os números às devidas lacunas 1 Mortalidade infantil 2 Mortalidade fetal 3 Mortalidade perinatal 4 Mortalidade em menores de cinco anos de idade 5 Mortalidade proporcional com 50 anos ou mais Permite identificar as condições de saúde da reprodução humana Caracterizado pela inexistência para qualquer sinal de vida Proporção de óbitos ocorridos no primeiro ano de vida razão da mortalidade de indivíduos de meia idade ou mais Proporção de óbitos nos primeiros anos de vida A sequência correta é a 5 2 3 1 4 b 4 3 2 1 5 c 3 2 1 5 4 d 2 1 3 5 4 e 1 2 3 5 4 44 atividades de estudo 5 Os indicadores voltados para a avaliação das consequências dos problemas de saúde não fatais são fundamentais para analisar os problemas de saúde de natureza crônica Para tanto foram criados alguns modelos teóricos que ser viram como referência para a concepção desses indicadores Considerando o exposto avalie as afirmativas I O modelo biomédico foi criado a fim de avaliar projetos e investimentos volta dos para a saúde II O modelo da Organização Mundial da Saúde se associa à prevenção de do enças III O modelo de qualidade de vida é voltado para a promoção da saúde As afirmativas corretas são a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I e III apenas 45 LEITURA COMPLEMENTAR Um artigo recentemente publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia descreve sobre a prevalência e a incidência de um vírus que causou uma verdadeira pandemia em todo o mundo o coronavírus 2019 COVID19 Intitulado como Medidas de frequência cal culando prevalência e incidência na era do COVID19 o manuscrito descreve sobre a doença e apresenta valiosas informações sobre a prevalência e a incidência Medidas de frequência calculando prevalência e incidência na era do COVID19 Por Marcia Margaret Menezes Pizzichini Cecilia Maria Patino Juliana Carvalho Ferreira Cenário prático A doença coronavírus 2019 COVID19 causada pelo coronavírus denominado SARS CoV2 tornouse uma pandemia apesar dos esforços globais para impedir sua propa gação O primeiro caso confirmado de COVID19 no Brasil foi relatado em 26 de feverei ro de 2020 Até 11 de maio de 2020 um total de 168331 brasileiros tinham diagnóstico confirmado de COVID19 dos quais 89429 531 ainda estavam infectados 67384 40 estavam curados e 11519 68 foram a óbito O número de novos casos em 11 de maio foi de 5632 e a incidência relatada foi de 801100000 habitantes 1 Medidas de morbidade e mortalidade do COVID19 Contar os números de casos leves a graves e assintomáticos de COVID19 é essencial para descrever e interpretar as respostas epidêmicas locais Nesse cenário estimativas repetidas de prevalência e incidência informam as tendências de trajetória da doença e orientam o processo de tomada de decisões relacionadas às medidas de controle e de alocação de recursos2 Prevalência é definida como a proporção de uma população que tem a doença em um determinado momento Tabela 1 Estudos transversais são comumente utilizados para realizar estudos de prevalência porque examinam a doença em um determinado mo mento A prevalência de casos confirmados de COVID19 em 11 de maio foi de 008 46 LEITURA COMPLEMENTAR estimada como o número de casos de COVID19 naquele dia dividido pela população em risco população brasileira1 Como as medidas de prevalência incluem tanto os novos ca sos e os casos existentes elas não fornecem uma imagem completa da história natural da doença Além disso o cálculo da prevalência da COVID19 no Brasil em 11 de maio pode não ser preciso pois os dados relatados pelo Ministério da Saúde do Brasil não incluem uma testagem ampla para SARSCoV2 em todo o espectro da gravidade da doença portan to o número de casos relatados provavelmente representa aqueles mais graves uma vez que a maioria dos testes foi realizada em indivíduos sintomáticos e não na população em geral e como consequência subestimando a prevalência real da doença Medidas Definições Como calcular Equações Resultados Prevalência Casos existentes da doença em um de terminado momento dividido pela popula ção em risco de ter a doença Casos de COVID19 em 11 de maio População em risco 168331 210 mi 008 Incidência Novos casos da doen ça em uma população definida durante um período específico um dia por exemplo dividido pela popula ção em risco Novos casos de CO VID19 em um dia População em risco em 11 de maioa 5632 209837301 27100000 Legenda mi milhões população brasileira a População brasileira menos o número total de casos confirmados em 11 de maio Quadro 1 Incidência e prevalência do COVID19 em 11 de maio de 2020 no Brasil 1 Incidência é uma medida da ocorrência de novos casos durante um período especificado em uma população em risco de ter a doença Enquanto a prevalência se refere a casos novos e casos existentes da doença a incidência enfoca apenas os casos novos Quadro 1 Para estimar a incidência todos os indivíduos no denominador população em risco 47 LEITURA COMPLEMENTAR devem ter o potencial de estar no numerador aqueles que desenvolvem a doença As es timativas de incidência requerem acompanhamento longitudinal por exemplo em horas dias ou anos O desenho do estudo de escolha é estudo de coorte envolvendo indivíduos em risco de desenvolver a doença sem a doença na inclusão e que são acompanhados ao longo do tempo e avaliados em relação ao desenvolvimento da doença Finalmente a inci dência também depende da frequência da doença da definição dos casos e da população em risco No cenário brasileiro a incidência de casos confirmados de COVID19 em 11 de maio foi de 27100000 habitantes em risco Quadro 1 Pontoschave para interpretar estimativas de prevalência e incidência Definições precisas de casos e não casos são essenciais para definir prevalência e incidência As estimativas de prevalência e incidência podem ser enganosas se o número de casos for subestimado devido a barreiras no acesso a informações sobre o diagnóstico e as práticas de cuidados de saúde ou se apenas pacientes com doença grave forem submetidos a testes diagnósticos O momento das estimativas de prevalência e incidência deve ser levado em consideração ao interpretar essas medidas Por exemplo as estimativas podem ser mais baixas no início de um surto quando comparadas com a epidemia posteriormente Referências 1 Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde homepage on the Inter net Brasília Ministério da Saúde c2020 cited 2020 May 11 COVID19 Painel Coronavírus Available from https covidsaudegovbr 2 Lipsitch M Hayden FG Cowling BJ Leung GM How to maintain surveillance for novel influenza A H1N1 when there are too many cases to count Lancet 200937496961209 1211 httpsdoiorg101016 S0140673609613775 Fonte Pizzichini Patino e Ferreira 2020 online 48 material complementar Epidemiologia Saúde Fundamento Métodos Aplicações Naomar de Almeida Filho Maurício L Barreto Editora Guanabara Koogan Sinopse o livro foi elaborado com o objetivo de explorar a Epidemiologia median te a articulação dos seus aspectos teóricometodológicos etapas de produção do conhecimento sistemático e validado e tecnológicos aplicação do conhecimen to distribuídos em quatro planos níveis de determinação etapas do ciclo vital grupos de problemas de saúde e aplicações a sistemas de saúde Desse modo buscase revelar a Epidemiologia como um campo disciplinar próprio já reconhe cido como gerador de conhecimentos e tecnologias capazes de subsidiar avanços concretos na situação social de saúde Resident Evil O Hóspede Maldito Ano 2002 Sinopse um terrível vírus é criminosamente solto nas dependências da Umbrella Corporation a mais poderosa empresa do mundo que secretamente desenvolve pesquisas biológicas Infectados seus funcionários são transformados em zumbis e Alice é chamada para averiguar os acontecimentos Indicação para Assistir Indicação para Ler 49 gabarito 1 Início de 2019 P 2700 casos 450000 habitantes x 100 006 ou 6 casos por 10000 habitantes Final de 2019 P 2700 960 830 casos 450000 habi tantes x 100 06 ou 6 casos por 10000 ha bitantes Incidência taxa de incidência I 960450000 2700 x 105 21462 casos por 100000 pessoasano 2 B 3 Brasil CGM MP x 1000 CGM 966741 208215848 x 1000 CGM 464 por 1000 habitantes EUA CGM MPx 1000 CGM 2947464 293652157 x 1000 CGM 1003 por 1000 habitantes 4 C 5 C Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Padrões de adoecimento da população Atividade física definições e padrões na população Objetivos de Aprendizagem Apresentar os padrões de adoecimento da população e identificar os indicadores de saúde na transição demográfica e na transição epidemiológica Discutir sobre os conceitos definições e apresentar os padrões da atividade física na população PADRÕES DE ADOECIMENTO DA POPULAÇÃO Unicesumar INTRODUÇÃO S eja bemvindo ao segundo tópico da nossa jornada acadêmica sobre a Epidemiologia da Educação Física Eu espero que você tenha realmente aprendido o conteúdo que foi trabalhado na unidade anterior pois foi a partir dele que construí os tópicos que abordam este nosso segundo encontro Quero que você termine a leitura desta Unidade 2 aprendendo sobre dois principais conteúdos O primeiro conteúdo trabalhado será sobre os padrões de adoecimento da população Mas como assim Professora pa drões de adoecimento da população Isso mesmo Se formos analisar epi demiologicamente a população adoece devido a alguns fatores que cha maremos aqui de transições Lendo sobre o conteúdo abordado nesta unidade você notará que a população passou e posso dizer que continua e continuará passando por duas transições a transição demográfica e a transição epidemioló gica Esses dois processos possibilitaram o aparecimento e desenvolvi mento de algumas doenças específicas fazendo com que a população adoecesse Além disso você perceberá que cada uma dessas transições apresenta indicadores de diferentes tipos os quais nos permitem analisar precocemente o desenvolvimento de possíveis doenças e agravos à saúde incluindo a inatividade física Portanto aqui também abordarei sobre as definições da atividade fí sica e quais são os padrões de prática da atividade física na população As sim você finaliza a leitura conseguindo identificar as populações que mais praticam bem como aquelas que menos praticam atividade física Tenho certeza que você terá grandes surpresas ao finalizar este nosso tópico Portanto desejo uma ótima e proveitosa leitura 54 Padrões de adoecimento da população 55 EDUCAÇÃO FÍSICA PADRÕES DE ADOECIMENTO DA POPULAÇÃO Na unidade anterior você teve um breve contato sobre os termos relacionados à transição demográfica e transição epidemiológica Pois então agora para que você consiga entender melhor sobre os padrões de adoecimento da população analisaremos a fundo o que de fato significa e como se deu essas transições Isso porque a transição demográfica e epidemiológica está intimamente relacio nada com os padrões de adoecimento da população Para iniciarmos vamos analisar o que significa a palavra transição Ela vem do latim transitione e tem como significado atos efeitos ou modos de passar lenta mente de um lugar estado ou assunto para o outro Por tanto esse termo remete à noção de passagem trajeto ou trajetória sobressaindo a ideia de movimento Quando relacionamos o termo transição com a saúde pública agregase então diferentes movimentos que percorrem a história da população humana As sim nesta unidade será focado sobre o fenômeno nos contextos demográfico e epidemiológico visando apre sentar alguns movimentos transicionais ocorridos nas populações humanas de uma forma geral e também no Brasil destacandose os processos conceituados como transição demográfica e transição epidemiológica Transição demográfica Atualmente estimase que a população mundial que representa o total de humanos vivendo no planeta Ter ra chegou a 77 bilhões de pessoas Para atingir esse número em 200000 anos a taxa média de crescimento anual deveria ter sido em torno de 0011 ao ano ou seja 11 seres humanos a mais ao ano a cada 1000 ha bitantes na terra BAVEL 2013 Contudo sabese que essa proporção é incorreta pois a população cresceu em ritmos diferentes ao longo de todo período histórico Aproximadamente 8 mil anos antes da Era Cristã período em que a caça e a agricultura eram a sobrevi vência da população o mundo era composto por cerca de 8 milhões de habitantes BERQUÓ 1980 No ano I dC esse número subiu para 300 milhões Passados 1237 anos os 300 milhões foram duplicados e por volta de 1750 a população mundial atingia os 800 milhões de habitantes No início do século 19 o número de 1 bilhão de pessoas foi alcançado pela primeira vez na história Posteriormente o crescimento acelerou e o número de 2 bilhões de pessoas foi superado 1920 Em 1950 a população chegou a 2536431 habitantes Em 2000 a população mundial era de 6085572 habitantes um crescimento de 25 vezes em 50 anos com estimativa de um total de 10875394 para o ano de 2100 NAÇÕES UNIDAS 2019 A Figura 1 apresenta uma estimativa da tendência geral de crescimento populacional no mundo do ano de 1950 ao ano 2100 56 POPULAÇÃO TOTAL Ano Medium variant Intervalo de previsão de 95 POPULAÇÃO TOTAL BILHÕES 1950 1975 2000 2025 2050 2075 2100 2 3 4 5 6 7 8 9 0 11 12 13 Figura 1 Crescimento histórico da população mundial desde o ano de 1950 Fonte adaptado das Nações Unidas 2019 Apesar do aparente crescimento populacional gradativo desde do ano I dC é importante frisar que foi a partir do século XVIII que ocorreu um incremento acelerado na população mundial em um ritmo e dimensão diversos de todas as épocas históricas anteriores Isso porque nesse período de universalização do capitalismo industrial ocorreu o desenvolvimento das forças produtivas que foi desencadeada pelo advento do capitalismo industrial e o modelo de sociedade por ele gerado Esse processo possibilitou o crescimento da população e da riqueza o desenvolvimento da ciência moderna e da técnica com um maior domínio sobre a natureza incluindo as doenças epidemias e a própria fecundidade humana ocasionando transformações culturais profundas nas sociedades refletindo sobre a natalidade a mortalidade e o ritmo de crescimento populacional Descrição da Imagem A figura 1 apresenta um gráfico sobre o crescimento histórico da população mundial desde o ano de 1950 a 2100 A linha crescente em azul destaca que em 1950 a população mundial era em média de 25 bilhões de pessoas aumentando no ano de 1975 para aproximadamente 4 bilhões No ano de 2000 o mundo era habitado por cerca de 6 bilhões de pessoas A expectativa é que em 2025 a população ultrapasse 8 bilhões de habitantes e inicie uma tendência a estagnação de crescimento populacional mantendose por volta de 11 bilhões de pessoas ao final da curva ano de 2110 57 EDUCAÇÃO FÍSICA O surgimento da teoria da transição demográfica se deu no século XX com base nas modifica ções observadas no continente europeu Procurava relacionar as transformações demográficas par ticularmente os coeficientes de natalidade e mortalidade com o processo de industrialização Assim em diversas etapas do desenvolvimento da sociedade pré e pósindustrial poderiam ser identifica dos particulares comportamentos da mortalidade e natalidade com reflexos no tamanho e compo sição da população Foram identificados três períodos principais nesse processo de transição clássico Figura 2 que tomou a industrialização como ponto de referência MEDRONHO 2009 FASE PRÉINDUSTRIAL Crescimento populacional lento FASE DE INDUSTRIALIZAÇÃO Crescimento populacional intenso FASE DA CONSOLIDAÇÃO DA SOCIEDADE INDUSTRIAL Crescimento populacional estável ou regressivo Figura 2 Fases de transição populacional durante o período de industrialização Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 2 apresenta três imagens distintas que caracterizam os três períodos principais do processo de transição Na primeira imagem o desenho demonstra um crescimento populacional lento contendo um máximo de 3 pes soas caracterizando a fase préindustrial Na segunda imagem o desenho é composto por várias pessoas demonstrando um crescimento populacional intenso característica da fase de industrialização O último desenho é composto por grupos distintos com a mesma quantidade de pessoas o que demonstra um crescimento populacional estável ou regressivo Esse fato é uma característica da fase da consolidação da sociedade industrial 58 A teoria da transição demográfica foi considerada como um modelo o qual possibilitou a explicação das diver sas mudanças demográficas no decorrer da história Isso porque observouse que as altas taxas de fecundi dade mundial eram encontradas nas populações rurais não industriais em que o número elevado de filhos se associava a uma maior mão de obra Contrariamente era encontrado neste mesmo cenário taxas elevadas de mortalidade ou seja quanto maior a industrialização e a urbanização menores eram as taxas de fecundidade Então nesta passagem de contextos populacionais foi conceituado a transição demográfica Portanto o con ceito da transição demográfica é caracterizado como a passagem de um contexto populacional onde prevale cem altos coeficientes de natalidade e mortalidade ou onde esses coeficientes alcançam valores extremamente reduzidos MEDRONHO 2009 Você notou que apresentei anteriormente três fases que caracterizaram as mudanças populacionais durante o processo de industrialização Entretanto esquemati camente para Thompson 1929 o modelo da transição demográfica demonstra que uma sociedade passa em termos demográficos por quatro fases ou estágios antes de se postular como uma sociedade pós industrial Preste atenção na figura 3 a seguir que você irá entender como funcionou essas fases 59 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 3 Fases da transição demográfica Fonte adaptada de Medronho 2009 Descrição da Imagem A Figura 3 é composta por uma pirâmide invertida iniciando pela fase 1 A fase 1 é típica das sociedades préindustriais Esta fase caracterizase por coeficientes de natalidade e mortalidade principalmente a mortalidade infantil muito altos acarretando em um crescimento populacional lento Perpetuou desde as origens da humanidade até meados do século XVIII período da Revolução Industrial e de suas transforma ções A fase 2 é própria dos países em processo de industrialização esta fase é conhecida como intermediária O coeficiente de mortalidade reduz drasticamente porém o coeficiente de natalidade continua elevado gerando aumento populacional Logo abaixo da fase 2 na pirâmide encontrase a fase 3 Nesta o coeficiente de natalidade começa a decair conjuntamente com o decréscimo do coeficiente da mortalidade iniciada na fase 2 Portanto o crescimento demográfico aqui continua sendo alto A característica mais importante é o envelhecimento populacional Por fim a última fase 4 ao final da pirâmide invertida é caracterizada pelas sociedades pósindustriais Também conhecida como fase da modernidade ou fase da póstransição aqui encontrase os coeficientes de natalidade e mortalidade reduzidos e consequentemente o crescimento populacional volta a entrar em equilíbrio A estabilização é representada pela aproximação dos níveis de fecundidade com os de reposição gerando aumento da expectativa de vida e envelhecimento da população geral principalmente devido a participação das mulheres 60 Indicadores de Transição demográfica Neste tópico veremos sobre alguns dos indicadores que ilustram o processo de transição demográfica no Brasil Digo no Brasil porque cada localidade apresenta uma determinada transição demográfica e portanto indi cadores específicos para a caracterização Os principais indicadores relacionados à transição demográfica no Brasil são os coeficientes de fecundidade natalidade mortalidade geral e infantil a taxa de crescimento po pulacional e os indicadores relacionados ao envelheci mento da população esperança de vida ao nascer idade mediana e estrutura por idade e sexo A fecundidade indica o desempenho reprodutivo efetivo de um grupo de mulheres que já completaram o período reprodutivo período compreendido entre 15 e 49 anos completos em uma determinada população referindose ao número médio de filhos por mulher ou seja é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria até os 49 anos completos CAVENA GHI CABELLA 2014 A natalidade conjuntamente com a mortalidade determina o crescimento vegetativo de uma popula ção Ela indica a relação entre o número de nascimen tos com referência à população total Portanto o coefi ciente geral da natalidade representa a frequência com que ocorrem os nascimentos em uma determinada po pulação O cálculo é a divisão do número de nascidos vivos de um determinado período e local pela popula ção específica deste mesmo local e período Em geral é expresso na base 1000 A mortalidade geral é caracterizada pela probabilidade de morrer em uma certa população O coeficiente é calcu lado por meio da divisão do número total de óbitos pela mesma população Em geral também é expresso na base 1000 O coeficiente de mortalidade infantil indica a pro babilidade de morrer antes de completar um ano de vida O cálculo se dá pela divisão do número de óbitos em me nores de um ano pelos nascidos vivos da mesma popula ção e período Em geral também é expresso na base 1000 A taxa de crescimento populacional é determinada pelo percentual de aumento médio anual da população residente em uma localidade e período Assim é impor tante frisar que a taxa de crescimento é influenciada di retamente pela dinâmica da natalidade e da mortalidade Entendese por crescimento vegetativo a di ferença entre os coeficientes de natalidade e de mortalidade em um determinado período Portanto referese ao crescimento popula cional em um território com base no número de pessoas que nasceram em um período es pecífico em comparação com o número de falecimentos Isso indica a expansão natural da população em um dado local Identificar o crescimento vegetativo de uma população é importante pois possibilita verificar a capa cidade desta população de se manter está vel expandirse ou reduzir numericamente Na Europa por exemplo as baixas taxas de crescimento vegetativo e as elevadas taxas de migração permeiam previsões relacionadas às mudanças no perfil étnico da população futura CONCEITUANDO 61 EDUCAÇÃO FÍSICA O conceito do envelhecimento demográfico ou en velhecimento da população é o acúmulo progressivo de maiores contingentes populacionais nas faixas etá rias mais avançadas Assim podese caracterizar pela queda da fecundidade a qual levaria a uma diminuição gradativa das faixas etárias mais jovens e consequente envelhecimento populacional especialmente associada a baixos níveis de mortalidade A idade mediana é literalmente a idade que separa a distribuição etária em dois blocos de 50 cada A espe rança de vida ao nascer destinase ao número médio de anos de vida esperados para um recémnascido manti do o padrão de mortalidade existente na população em questão em determinado período e espaço geográfico BRASIL 2008 As pirâmides populacionais são resul tado da observação de uma população com relação à idade e ao sexo Essas pirâmides etárias sofrem estrei tamento de base com relação à densidade de população jovem ou idosa MARTINS et al 2018 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA Devido ao desenvolvimento industrial por volta de 1950 iniciaram grandes modificações no perfil epidemiológi co nos grandes centros da economia mundial ARAÚ JO 2012 Essas mudanças aconteceram devido a dois principais fatores O primeiro fator condicionante foram as alterações associadas à estrutura etária da população ocasionadas durante o processo de transição demográ fica conforme visto anteriormente O segundo fator se deu pelas alterações de longa duração nos padrões de morbidade e mortalidade ocorrendo assim a substitui ção gradual das doenças infecciosas e parasitárias e das deficiências nutricionais pelas doenças crônicodegene rativas e aquelas relacionadas a causas externas como vimos na Unidade I Assim a transição epidemiológica pode ser carac terizada como as mudanças ocorridas no tempo nos padrões de mortalidade e morbidade da população em questão que geralmente ocorrem concomitantemente com transformações demográficas sociais e econômi cas OMRAM 2001 A passagem desse processo acopla três mudanças básicas a substituição das doenças para sitárias e infecciosas para as doenças crônicodegenera tivas o deslocamento da carga de morbimortalidade de grupos mais jovens para grupos mais idosos e a mu dança do predomínio da mortalidade para a morbidade SCHRAMM et al 2004 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 62 Considerando as mudanças básicas vinculadas à transição epidemiológica citadas Lerner 1973 afirma que o conceito ou a definição da transição epidemioló gica deve ser amplo como transição da saúde que inclui elementos das concepções e comportamentos sociais o que corresponde aos aspectos básicos da saúde nas di ferentes populações Para Schramm et al 2004 enten dese como transição epidemiológica as transformações nos padrões de morbidade mortalidade e invalidez as quais caracterizam uma população específica e ocorrem conjuntamente com outras transformações sociais de mográficas e econômicas A teoria da transição epidemiológica foi proposta por Abdel Omran no ano de 1971 Ele apresentou pos síveis respostas às importantes e complexas mudanças na saúde das populações nos países industrializados em diferentes períodos históricos partindo da premissa de que as sociedades apresentavam mudanças regulares no perfil de mortalidade e no padrão de doenças Omran 1971 propôs três grandes eras para a tran sição epidemiológica as quais resumem de certa forma a transição demográfica durante o período da industria lização a Era da Pestilência e da Fome a Era do Declí nio das Pandemias e a Era das Doenças Degenerativas e das Provocadas pelo Homem A Era da Pestilência e da Fome foi caracterizada por uma mortalidade elevada predominando a desnu trição as doenças infecciosas e parasitárias Nesta Era que se estendeu até o final da Idade Média a fecundida de era alta e os coeficientes de natalidade apresentavam níveis moderados ou elevados levando a uma expectati va de vida abaixo dos 30 anos de idade A Era do Declínio das Pandemias iniciouse no período da Renascença e se estendeu até o início da Revolução Industrial Apesar das doenças infecciosas e parasitárias continuarem a ser uma das principais cau sas de morte observase uma redução progressiva das grandes pandemias e epidemias havendo uma melhoria do padrão de vida com um aumento da esperança de vida para 40 a 50 anos de idade Isso porque ocorreu um decréscimo constante dos coeficientes de mortalidade Na Era das Doenças Degenerativas e das Provoca das pelo Homem houve uma redução ou estabilização da mortalidade em níveis baixos devido à queda relativa da importância das doenças infecciosas e parasitárias e também pelo fato das doenças crônicodegenerativas e as causas externas se tornarem cada vez mais frequentes Nesse período houve a descoberta dos agentes etioló gicos antibióticos e vacinas Além disso ocorreu uma acentuada queda da fecundidade proporcionando o aumento da expectativa de vida a qual ultrapassou os 50 anos de idade tendendo com o tempo para idades acima dos 70 anos Essa Era se estendeu da Revolução Industrial até o período contemporâneo As melhorias nas condições de vida se iniciaram durante o decorrer do século XX devido basicamente à ampliação das ações de saneamento urbano a melhoria nas condições de nutrição o desenvolvimento de novas tecnologias direcionadas à saúde e o aumento do grau de escolaridade Contudo é necessário afirmar que os padrões de saúde não obedecem aos mesmos parâme tros em diferentes regiões A transição epidemiológica no Brasil não segue o mesmo modelo dos países industrializados e grandes centros do capitalismo porque a substituição das doen ças infecciosas e parasitárias por doenças crônicode generativas foi e continua sendo diferente Observa se uma transição prolongada e polarizada de doenças infecciosas e parasitárias juntamente com o aumento das doenças crônicodegenerativas e causas externas A reintrodução de processos infecciosos como a cólera a malária a tuberculose e a dengue mostra uma nature za que não segue uma direção constante Entre os anos de 2010 e 2017 foram notificados 10578337 casos de 63 EDUCAÇÃO FÍSICA adoecimento por doenças infecciosas e parasitárias cor respondendo a uma taxa bruta de 521872 casos por 100000 habitantes A dengue foi responsável por quase 70 dos adoecimentos SOUZA 2020 Além disso novas doenças continuam a surgir de for ma sem precedentes como a COVID19 doença respi ratória aguda causada pelo coronavírus da síndrome res piratória aguda grave 2 SARSCoV2 em que teve seu primeiro caso reportado em 31 de dezembro de 2019 OR GANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE 2019 O Brasil é um exemplo a ser dado para esse processo de polarização epidemiológica segundo Araújo 2012 porque há uma certa equivalência nas altas taxas de in cidências de doenças infecciosas e parasitárias e as altas taxas de morbidade e mortalidade por doenças crôni codegenerativas e os constantes níveis diferentes de grupos sociais Apesar do declínio da morbimortalidade desde a década de 60 as doenças infecciosas e parasitá rias ainda persistem WHO 2017 O fato se apresenta como um indicador indireto de que as doenças infecciosas e parasitárias continuam a apresentar um papel relevante em termos de morbidade evidenciando a persistência de uma situação de polari zação epidemiológica no país Diferentes aspectos estão associados a esse contexto Discrepâncias econômicas e sociais processo migratório para grandes cidades e pro blemas ambientais são alguns dos exemplos SOUZA 2020 Todo esse processo bem como a maneira heterogê nea como ele vem ocorrendo nas diversas regiões do país decorrente das desigualdades sociais e econômicas tor nase um grande e complexo desafio para a saúde pública Indicadores da Transição Epidemiológica no Brasil Como dito no tópico passado a transição epidemiológi ca aconteceu e acontece de maneira diferente nos pa íses Assim para Medronho 2009 alguns indicadores podem responder à transiçãopopularização epidemio lógica especificamente no Brasil 64 Transição nutricional Transição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias para outros agravos Transição desigual Perfl das causas de internação Era das Persistências Predominância das doenças infecciosas e parasitárias Doenças infecciosas persistentes emergentes e reemergentes Figura 4 Exemplos de indicadores da transiçãopolarização epidemiológica no Brasil segundo Medronho 2009 Fonte a autora Descrição da Imagem A imagem da figura 4 apresenta os exemplos de seis indicadores da transiçãopolarização epidemiológica no Brasil segundo Medronho 2009 Os seis indicadores estão divididos em três linhas duas colunas e em pares Começando da esquerda para a direita é apresentado a transição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias para outros agravos e ao lado a Era das persistências predominância das doenças infecciosas e parasitárias Abaixo segue o perfil das causas de internação e as doenças infecciosas persistentes emergentes e reemergentes Por último finalizamos com a transição nutricional e a transição desigual A caracterização da Era das pestilências Predominância das doenças Infecciosas e Parasitárias é equivalente a Era da Pestilência e da Fome defendida por Omram 1971 Nesse período prevaleciamse principalmente a febre amarela e doenças como a malária ancilostomose tu berculose hanseníase tracoma esquistossomose cólera leishmaniose e doença de Chagas descoberta em 1909 A mortalidade proporcional por causas pela dispo nibilidade de uma longa série histórica de dados desde a década de 30 representa um dos indicadores que me lhor evidenciam as mudanças dos contextos epidemio lógicos brasileiros Esse indicador está representado na 65 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 4 como Transição da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias para outros agravos Nessa transição destacase a tendência da redução da morta lidade por doenças infecciosas e parasitárias com o au mento correspondente das doenças crônicodegenerati vas e das causas externas como acidentes e violências O perfil das causas de internação é outro indicador que pode ser utilizado para ilustrar o processo de tran sição epidemiológica do Brasil De certa forma a des crição das principais causas de internação confirmam em termos de morbidade as evidências apresentadas em relação ao perfil de mortalidade Figura 5 Proporção das internações segundo cinco grupos de causas no Brasil no período de maio de 2020 Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 5 apresenta graficamente a proporção das internações segundo cinco grupos de causas no Brasil no período de maio de 2020 As cinco causas são representadas no gráfico por barras horizontais de cores distintas A cor azul escuro representa as causas exter nas de internação A cor amarela representa as doenças do aparelho respiratório A cinza é caracterizada pelas doenças do aparelho circulatório As internações devido a doenças infecciosas e parasitárias está destacada na cor azul claro A cor laranja expressa as neoplasias tumores Assim percebese graficamente que as causas externas é a maior causa de internação em comparação com as outras seguido das doenças infecciosas e parasitárias e após as doenças do aparelho circulatório Em quarto lugar das maiores causas de internação no Brasil em maio de 2020 foram as neoplasias tumores Por fim as que menos causaram internação foram as doenças do aparelho respiratório A Figura 5 mostra o grupo das cinco principais causas de internação no período de maio de 2020 último período disponível pelo DATASUS no Brasil Observase que as doenças por causas externas representaram o primeiro grupo de causas de internações Em segundo lugar en contramos as doenças infecciosas e parasitárias seguidas das doenças do aparelho circulatório Em quarto lugar observase as neoplasias e por fim o gráfico apresenta as doenças do aparelho respiratório como a quinta posição do perfil das causas de internações hospitalares no Brasil 66 No sentido de orientar as ações de controle o Mi nistério da Saúde classificou as doenças infecciosas e parasitárias em três grupos as doenças com tendência decrescente as com quadro de persistência as emergen tes e reemergentes representando o indicador doenças infecciosas persistentes emergentes e reemergentes no Brasil constante na Figura 4 As doenças com tendência decrescente são aquelas que apresentam reduções drásticas nos coeficientes de incidência como as doenças imunopreveníveis varí ola poliomielite sarampo raiva tétano rubéola entre outras Essas doenças foram controladas pelo Programa Nacional de Imunizações PNI criado em 1973 Entre as doenças caracterizadas com tendência de persistência incluemse a malária a tuberculose as leishmanioses visceral e tegumentar a esquistossomose a doença de Chagas a febre amarela silvestre e as hepati tes virais B e C dentre outras Algumas dessas doenças ainda apresentam níveis elevados de incidência No caso das doenças emergentes e reemergentes a partir do início da década de 80 algumas doenças infec ciosas e parasitárias passaram a ser registradas ou foram reintroduzidas no país como o caso da Aids em 1980 e da dengue em 1982 O Brasil apresenta uma situação contraditória con siderando a existência de indicadores econômicos em níveis incompatíveis com os dos seus indicadores so ciais incluindose os de saúde por exemplo os coefi cientes de mortalidade infantil e a expectativa de vida ao nascer MEDRONHO 2009 Mesmo observando uma tendência de melhoria de alguns indicadores de saúde no país a diferença dessas tendências propicia a persistência ou até mesmo a ampliação das desigualda des regionais Esse fato representa o indicador intitulado como Transição desigual da Figura 4 A polarização epidemiológica geográfica e a per sistência das desigualdades demonstramse evidentes quando analisamos a mortalidade proporcional por causas nas diferentes regiões do Brasil Figura 6 Assim em 2018 as regiões mais ricas e desenvolvidas do Brasil apresentaram a maior participação no grupo de óbitos devidos a doenças do aparelho circulatório e neoplasias consideradas as doenças da modernidade região Su deste doenças do aparelho circulatório 2791 região Sul neoplasias 2119 Nas regiões mais pobres como o Norte as doenças do aparelho circulatório e as neoplasias foram relati vamente menores respectivamente 2284 e 1380 No Nordeste a prevalência das doenças do aparelho circulatório foi muito similar às regiões mais ricas 2726 Contudo para as neoplasias a taxa foi signi ficativamente menor 1467 quando comparadas às regiões mais desenvolvidas A região Centrooeste apresentou uma tendência de mortalidade semelhante à da região Nordeste com maiores prevalências de mortalidade para doenças do aparelho circulatório 2665 neoplasias 1709 causas externas de morbidade e mortalidade 1479 e doenças do aparelho respiratório 1123 respecti vamente A região em que a mortalidade por causas ex ternas de morbidade e mortalidade se apresentou mais elevado foi a região Norte 1823 67 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 6 Mortalidade proporcional por quatro causas de óbitos nas regiões do Brasil 2018 Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 6 descreve a mortalidade proporcional por quatro causas de óbitos nas regiões do Brasil em 2018 As causas de óbito estão distribuídas em colunas de acordo com a região brasileira representadas da esquerda para a direita pela região norte região nordeste sudeste sul e por último a centrooeste As doenças do aparelho circulatório estão representadas pela cor verde claro As neoplasias estão repre sentadas pela cor laranja A cor azul escuro caracteriza os óbitos por causas externas de morbidade e mortalidade Por fim as doenças do aparelho respiratório são apresentadas em verde escuro O gráfico demonstra que em todas as regiões norte nordeste sudeste sul e centrooeste a maior prevalência de óbitos foi devido às doenças do aparelho circulatório representando 2284 das mortes na região norte 2726 na região nordeste 2791 na região sudeste 2681 na região sul e 2665 na região centrooeste Quando analisamos separadamente as regiões a segunda maior causa de mortes na região norte foi devido às causas externas de morbidade e mortalidade 1823 A terceira maior causa foi pelas neoplasias 1380 seguido das doenças do aparelho respiratório 1025 Na região Nordeste a segunda maior prevalência de morte foi devido às neoplasias 1467 seguido das causas externas de morbidade e mortalidade 1430 e das doenças do aparelho respiratório 1047 Na região Sudeste a segunda maior causa de óbitos foi pelas neoplasias tumores representando 1802 Em terceiro lugar temse as doenças do aparelho respiratório 1276 e por fim as causas externas de morbidade e mortalidade 881 A região Sul foi semelhante à região Sudeste tendo a segunda terceira e quarta causas de óbitos as neoplasias tumores 2119 as doenças do aparelho respiratório 1200 e as causas externas de morbidade e mortalidade 1019 respectivamente Por fim em segundo lugar morreram mais pessoas devido às neoplasias na região centrooeste 1709 seguido das causas externas de morbidade e mortalidade 1479 e das doenças do aparelho respiratório 1123 68 A transição nutricional pode ser definida como um fe nômeno caracterizado por grandes modificações no padrão de nutrição e consumo da população devido às modificações da ingestão alimentar como consequência de mudanças econômicas sociais e demográficas OR GANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE 2000 No Brasil principalmente nos últimos 50 anos ocorre ram inúmeras alterações na qualidade e na quantidade dos alimentos juntamente com mudanças no estilo de vida Isso porque inverteramse as ocupações demográ ficas do espaço físico De uma população basicamente rural em torno de 66 passamos à condição de um país urbano com mais de 80 das pessoas habitando as cida des PATARRA 2000 A inserção da mulher no mercado de trabalho prin cipalmente na década de 70 foi outro fator que influen ciou a transição nutricional Perdese a figura da mulher dona do lar cuidadora e a responsável pelos afazeres domésticos Isso pode ser considerado como um dos fatores que transformaram a qualidade da alimentação considerando que a mulher não dispõe de tanto tempo para preparar as refeições com qualidade optando por alimentos industrializados e até mesmo a realização das refeições fora do lar em restaurantes pensões e fas tfoods MENDONÇA ANJOS 2004 provocando o aumento do consumo de alimentos ricos em calorias como açúcares e ácidos graxos e em contrapartida uma redução nas frutas verduras e legumes Concomitantemente às mudanças nos padrões ali mentares observouse drástica redução do nível de ati vidade física Muitos fatores podem explicar este fato como a distribuição das ocupações setoriais agricultura para indústria o aumento do número de trabalhos com redução do esforço físico ocupacional devido ao desen volvimento tecnológico modificações nas atividades de lazer priorizando atividades com comportamento se dentário videogame computador celular e televisão Como consequência ocorreram alterações no padrão alimentar da população e diminuição excessiva na prá tica de atividades físicas ocasionando a transição nutri cional ou seja alterações no perfil de saúde da popula ção brasileira trazendo consigo elevadas prevalências de sobrepeso e obesidade COUTINHO et al 2008 69 EDUCAÇÃO FÍSICA Atividade física definições e padrões na população 70 CONTEXTUALIZANDO A ATIVIDADE FÍSICA A atividade física está ligada à saúde e à longevidade desde os tempos mais antigos Os primeiros registros de exercícios programados realizados com o objeti vo de promoção da saúde foram encontrados na Chi na por volta de 2500 aC Contudo foram os médicos gregos do final do quinto e do início do quarto século aC que estabeleceram uma tradição de manutenção de uma saúde digamos que positiva por meio do que eles chamavam de regime que seria a combinação de uma alimentação saúde com a prática regular de exercícios físicos HARDMAN STENSEL 2009 A definição da atividade física caracterizase como qualquer tipo de movimento corporal produzido pelos músculos resultando num dispêndio energético maior que os registrados durante o repouso CASPERSEN 71 EDUCAÇÃO FÍSICA POWELL CHRISTERSO 1985 Incluemse atividades da vida diária banharse vestirse atividades realiza das no trabalho andar levantar carregar objetos e ati vidades de lazer exercitarse praticar esportes dançar As atividades podem ser classificadas de acordo com a intensidade leve até 29 METS moderada 3 59 METS e vigorosa 6METS AINSWORTH et al 2000 É possível também analisar o comportamento relacionado à atividade física em função dos domínios que ela apresenta lazer tempo livre trabalho ocupa cional afazeres domésticos e deslocamento transporte a pé ou de bicicleta As formas mais comuns de atividade física do ser humano podem ser divididas em atividades de trabalho e atividades de lazer NAHAS 1997 Esta distinção auxi lia no aprimoramento dos estudos epidemiológicos pelo fato que as evidências sugerem diferentes formas de ativi dade física associadas a diferentes aspectos da saúde Há mais de 20 anos o Colégio Americano de Medici na do Esporte American College of Sports Medicine ACSM uma das diretrizes amplamente adotadas em A sigla MET vem do inglês metabolic equivalent intensity level ou simplesmente equivalente metabólico Essa unidade mede a intensidade em múltiplos da taxa metabólica de repouso representado pelo consumo máximo de oxigê nio VO2 de aproximadamente 35 mlkgmin Portanto representa o número de vezes pelo qual o metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade Por exemplo tarefas domésticas leves exigem cerca de 25 METs uma caminhada muito rápida a 64 kmh exige cerca de 4 METs Fonte adaptado de Ainsworth et al 2000 EXPLORANDO IDEIAS todo o mundo juntamente com o Centro de Prevenção de Doenças CDC e outros órgãos americanos emiti ram publicações que marcaram a história da atividade física e saúde O objetivo principal desses relatórios foi esclarecer para os profissionais da saúde e para o público em geral sobre a quantidade e intensidade da atividade física necessária para aprimorar a saúde diminuir as chances de desenvolvimento de morbidades e diminuir a mortalidade precoce PATE et al 1995 Além disso esses documentos relataram sobre a relação doseres posta entre atividade física e saúde Em 1995 Colégio Americano de Medicina do Es porte e o Centro de Prevenção de Doenças apresen taram as recomendações em que enfatizava que todo adulto norteamericano deveria acumular 30 minutos ou mais de atividade física moderada preferencialmen te todos os dias da semana PATE et al 1995 O ob jetivo da recomendação foi aumentar a conscientização pública sobre a importância dos benefícios relacionados à saúde da atividade física de intensidade moderada De lá pra cá algumas atualizações foram realizadas especi ficando ainda mais as recomendações Atualmente as recomendações do Colégio Ame ricano de Medicina do Esporte direciona que todos os adultos saudáveis com idade entre 18 e 65 anos devem realizar atividades físicas aeróbicas de intensidade mo derada por pelo menos 30 minutos com frequência mí nima de cinco dias na semana ou atividades aeróbicas de intensidade vigorosa por no mínimo 20 minutos três vezes por semana Além disso todo adulto deve realizar atividades específicas para o fortalecimento muscu lar com exercícios de força e resistência por no míni mo dois dias na semana AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE 2018 As recomendações globais da prática de atividade física também foram documentadas pela Organização Mundial da Saúde e são adotadas por diversos países O 72 órgão orienta que adultos 18 a 64 anos pratiquem pelo menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de atividade física de intensidade vigorosa em sessões de pelo menos 10 minutos de duração WHO 2010 Independentemete do cumprimento de uma recomendação ou outra os benefícios da prática regular de atividade física estão muito bem evidenciados na literatura e incluem menor risco de complicações cardiovasculares hipertensão arterial diabetes e diferentes tipos de câncer Além disso a atividade física tem efeitos positivos sobre a saúde mental e auxilia na manutenção de um peso corporal saudável INTERNATIONAL SOCIETY FOR PHYSICAL ACTIVITY AND HEALTH 2017 PADRÕES DE ATIVIDADE FÍSICA DA POPULAÇÃO Apesar da extensa literatura sobre os inúmeros benefícios da prática regular de ativida de física uma em cada quatro pessoas no mundo não pratica atividade física suficiente GUTHOLD et al 2018 Esse fato é preocupante pois segundo a Organização Mundial da Saúde WHO 2010 a inatividade física está associada fortemente com os índices de mortalidade precoce Além disso ela é considerada o quarto maior fator de risco para a mortalida de prematura por todas as causas e pode ser responsável por 7 de diabetes do tipo 2 6 da carga de doença cardíaca coronária 10 de câncer de mama e 10 de câncer de cólon No mais se a inatividade física diminuísse em cerca de 25 mais de 13 mi lhão de mortes prematuras poderiam ser evitadas por ano em todo o mundo WHO 2010 Figura 7 73 EDUCAÇÃO FÍSICA No mais se a inatividade física diminuísse em cerca de 25 mais de 13 milhão de mortes prematuras poderiam ser evitadas por ano em todo o mundo A INATIVIDADE FÍSICA É CONSIDERADA O 4º MAIOR FATOR DE RISCO PARA A MORTALIDADE PREMATURA E pode ser responsável por 7 de diabetes do tipo 2 6 da carga de doença cardíaca coronária 10 de cãncer de mama 10 de cãncer de cólon WHO 2010 Figura 7 Inatividade física é o quarto maior fator de risco para a mortalidade prematura Descrição da Imagem Na figura 7 consta uma ilustração de uma mulher grávida e contém os dados sobre a inatividade física A informação des creve que a inatividade física é considerada o quarto maior fator de risco para a mortalidade prematura por todas as causas e pode ser responsável por 7 de diabetes do tipo 2 6 da carga de doença cardíaca coronária 10 de câncer de mama e 10 de câncer de cólon Se a inatividade física diminuísse em cerca de 25 mais de 13 milhão de mortes prematuras poderiam ser evitadas por ano em todo o mundo WHO 2010 A prevalência da inatividade física varia consideravel mente a depender da localidade Em alguns países os ní veis de atividade física podem ser influenciados por va lores culturais sendo que em algumas regiões meninas mulheres idosos grupos desfavorecidos pessoas com deficiência ou doenças crônicas apresentam menores oportunidades de acesso aos programas e lugares para a prática de atividade física WHO 2018 Além disso estimativas afirmam que os níveis de atividade física po dem chegar a 70 em alguns países GUTHOLD et al 2018 devido à mudança dos padrões de transporte a pé para carro aumento do uso de tecnologia televisão vídeo game computador e celular e urbanização Os pesquisadores da Organização Mundial da Saú de realizaram estudo de impacto global sobre os níveis da prática de atividade física de 168 países represen tando 96 da população mundial Essa pesquisa nos possibilita o embasamento sobre os padrões da ativi dade física em toda a população GUTHOLD et al 2018 O estudo é o primeiro a apresentar as tendências da prática insuficiente de atividade física de acordo com as regiões globais 74 Analisando dados da inatividade física global de 2001 a 2016 observase uma diminuição insigni ficante da prática insuficiente de atividade física no mundo todo A prevalência global de inatividade física em 2001 era de 285 No ano de 2016 houve diminuição de apenas um ponto percentual 275 GUTHOLD et al 2018 conforme demonstrado na Tabela 1 Percentual total de indi víduos insuficientemen te ativos Percentual de ho mens insuficiente mente ativos Percentual de mu lheres insuficiente mente ativas Total dos países 275 234 317 Ásia Central Oriente Médio e Norte da África 328 259 399 Europa Central e Oriental 234 220 247 Leste e Sudeste da Ásia 173 176 169 ÁsiaPacífico de renda alta 357 330 383 Países Ocidentais de renda alta 368 312 423 América Latina e Caribe 391 343 437 Oceania 163 123 203 Sul da Ásia 330 235 430 África Subsaariana 214 179 248 Tabela 1 Prevalência da atividade física insuficiente no ano de 2016 Fonte adaptada de Guthold et al 2018 Descrição da Imagem A Tabela 1 apresenta a prevalência da atividade física praticada de forma insuficiente no ano de 2016 em países de todo o mundo Esta tabela está distribuída em quatro colunas e 10 linhas A primeira coluna da esquerda para a direita encontrase os países do estudo sendo distribuída como total dos países Ásia Central Oriente Médio e Norte da África Europa Central e Oriental Leste e Sudeste da Ásia ÁsiaPacífico de renda alta Países Ocidentais de renda altaAmérica Latina e Caribe Oceania Sul da Ásia e África Subsaariana Na segunda coluna apresentase o percentual total de indivíduos insuficien temente ativos A terceira coluna é destacada pelo percentual de homens insuficientemente ativos e a última coluna temse o percentual de mulheres insuficientemente ativas Assim a tabela demonstra que do total de países 275 dos indivíduos são insuficientemente ativos Quando estratificado por sexo 234 dos homens e 317 das mulheres são insuficientemente ativos Quando analisamos a Ásia Central Oriente Médio e Norte da África 328 da população total são insuficientemente ativos sendo que 259 dos homens e 399 das mulheres não praticam atividade física suficiente Para a Europa Central e Oriental 234 da população não pratica atividade física de forma suficiente Quando estratificado por sexo 220 dos homens e 247 das mulheres são insuficientemente ativos respectivamente No Leste e Sudeste da Ásia a proporção total de insuficientemente ativos é de 173 sendo 176 dos homens e 169 das mulheres Na região da ÁsiaPacífico de renda exclusivamente alta 357 330 e 383 da população total dos homens e das mulheres são insuficientemente ativos respectivamente Cerca de 368 da população dos Países Ocidentais de renda alta não praticam suficientemente atividade física sendo 312 dos homens e 423 das mulheres A América Latina e o Caribe foram os locais em que apresentaram maior prevalência de prática insuficiente de atividade física sendo 391 para a população total e 343 e 437 dos homens e mulheres respectivamente Em contrapartida a Oceania apresentou as menores prevalências para a população total 163 Total de 123 dos homens e 203 das mulheres eram insuficientemente ativos No Sul da Ásia encontramos 330 dos indivíduos inativos sendo que 235 são homens e 430 são mulheres Por fim a África Subsaariana possui 214 da população inativa e 179 dos homens e 248 das mulheres considerados insuficientemente ativos 75 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando analisamos as tendências globais estratifica das por sexo os dados comprovam que as mulheres geralmente são menos ativas que os homens Em 2001 315 das mulheres praticavam atividade física de for ma insuficiente Em 2016 essa prevalência se manteve praticamente igual 317 Os homens no ano de 2001 255 não praticavam atividade física de acordo com as recomendações para a saúde Em 2016 essa prevalência diminui para 234 GUTHOLD et al 2018 A Oceania foi a região que apresentou o menor percentual 163 de prática de atividade física in suficiente ou seja os habitantes desta região são mais ativos fisicamente Em contrapartida a América Latina e o Caribe são os locais que praticam menos ativida de física ou quase nada sendo que aproximadamente quatro em cada 10 latinos 391 e caribenhos não praticam atividade física de forma suficiente Tabela 1 GUTHOLD et al 2018 76 Descrição da Imagem A Figura 8 apresenta o mapa mundial da prevalência da prática insuficiente de atividade física primeiramente dos homens e depois das mulheres Os países estão diferenciados por cores Em ambas imagens os países destacados em amarelo claro apresentam uma prevalência de prática insuficiente de atividade física menor que 20 Os países pintados em cor amarelo forte têm prevalência de 200 a 299 de prática insuficiente de atividade física Os locais destacados em rosa apresentam prevalência entre 300 a 399 A prevalência para os países de cor laranja é de 400 a 499 Para aquelas regiões destacadas em vermelho escuro a prevalência de prática insuficiente de atividade física é maior ou igual a 500 Os países que estão destacados em cinza não possuem dados Notase que de 400 a 499 dos homens brasileiros praticam atividade física de forma insuficiente Para os Estados Unidos da América Japão Colômbia Argentina e Portugal entre 300 a 399 dos homens não praticam atividade física suficientemente A prevalência da prática insuficiente de atividade física dos homens no Equador Chile México Canadá Espanha Índia África do Sul e Austrália é de 200 a 299 A China e a Rússia são os locais que apresentaram menores prevalências de prática insuficiente de atividade física para o sexo masculino estando abaixo dos 20 Dos países citados anteriormente as mulheres brasileiras são as mais inativas fisicamente estando com prevalência igual ou maior a 50 As mulheres dos Estados Unidos da América Argentina Índia África do Sul Portugal e Colômbia apresentaram prevalência entre 400 a 499 Em seguida com prevalência de atividade física insuficiente entre 300 a 399 estão as mulheres do México Austrália Canadá Japão e Espanha O Equador e o Chile apresentaram prevalência de 200 a 299 das mulheres inativas fisi camente Por fim novamente a China e a Rússia foram os países que apresentam menores prevalências de prática insuficiente de atividade física também para as mulheres estando abaixo de 200 77 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 8 Mapa mundial da prática insuficiente de atividade física a Mapa dos homens e b Mapa das mulheres Fonte Guthold et al 2018 p 1083 Dentre os países da América Latina e Caribe o Brasil é o que apresenta a maior prevalência total de ativida de física insuficiente com 47 Quando analisamos o mapa mundial da prática de atividade física insuficien te Figura 8 percebemos que essa prevalência é ain da maior para as mulheres ultrapassando os 50 Em comparação com todas as outras regiões a prevalência total do Brasil perde apenas para Kuwait Ásia Ociden tal 670 e Samoa Americana Oceania 534 Em contrapartida o país que apresenta a menor população insuficientemente ativa é o Uganda na África com 55 GUTHOLD et al 2018 De acordo com todos esses dados sobre prevalên cia da prática de atividade física insuficiente é extrema mente necessário o desenvolvimento de políticas e ações públicas para estimular as populações à prática regular de atividade física independentemente dos domínios que a englobam tempo livre ocupacional afazeres do mésticos ou deslocamento Melhorias na infraestrutura de pistas de caminhadas ciclismo e o desenvolvimento de programas de saúde que incentivem a prática regular de atividade física são fundamentais para o aumento da saúde populacional 78 considerações finais Chegamos ao final da nossa segunda Unidade Aqui pudemos transcorrer sobre os con teúdos que abordam os processos e mudanças populacionais e que acabam por acometer em doenças e agravos à saúde das pessoas Assim discorremos sobre a dinâmica do cres cimento da população decorrente da revolução industrial que foi a chamada transição demográfica Após discutido sobre a transição demográfica conhecemos sobre as fases que a compõe e alguns dos indicadores que nos permitem avaliála A fecundidade a natalidade e a mortalidade foram alguns dos indicadores que estuda mos relacionados a essa teoria Pudemos perceber que além da transição demográfica houveram grandes modificações nos padrões de morbidade e mortalidade da sociedade caracterizando a chamada transição epidemiológica a qual é dividida em três fases a Era da Pestilência e da Fome a Era do Declínio das Pandemias e a Era das Doenças Degenerativas e das Provocadas pelo Homem cada uma com suas particularidades Essas fases nos auxiliaram a entender os padrões de adoecimento da população Após esses aprendizados iniciamos nossos conteúdos voltados à área da atividade física aprendendo sobre as definições conceitos e como a população tem praticado atividade física atualmente Você percebeu que infelizmente muitos países ainda estão em falta no que diz respeito à prática regular de atividade física e o Brasil é um deles Esse fato é muito prejudicial uma vez que a atividade física proporciona inúmeros benefícios à saúde e à prevenção de inúmeras doenças Portanto é preciso incentivo e promoção de programas públicos que possibilitem a prática regular de atividade física para que possamos ter uma população realmente considerada saudável Assim finalizo aqui este nosso encontro e aguardo você no próximo 79 atividades de estudo 1 O gráfico a seguir representa a transição demográfica vivenciada pelo Brasil durante o processo de industrialização Ao analisálo você pode notar que três diferentes padrões do crescimento populacional são percebidos durante o decorrer do tempo Assim cite e caracterize respectivamente esses três di ferentes processos Transição demográfca Tempo P o p u l a ç ã o 2 Analise o gráfico e as afirmativas que o descrevem Tempo Taxa de natalidade Taxa de mortalidade 80 atividades de estudo I O círculo representado pela cor vermelha apresenta as mesmas característi cas do círculo amarelo Ambos respondem à fase 3 da transição demográfica postulada por Thompson 1929 II O círculo representado pela cor preta apresenta as características da fase 1 da transição demográfica defendida por Thompson 1929 ou seja altas taxas de natalidade e mortalidade III O círculo rosa pode expressar a fase 2 da transição demográfica de Thompson 1929 em que o coeficiente de mortalidade se reduz mas o coeficiente de natalidade se mantém constante É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e III apenas e II e III apenas 3 Com relação à transição epidemiológica e demográfica analise as afirmativas I A transição epidemiológica é dependente da transição demográfica uma vez que é afetada pelas mudanças no processo do crescimento populacional e da urbanização II No Brasil a diferença da proporção de doenças crônicodegenerativas para as doenças infecciosas e parasitárias é drástica predominando as doenças crônicas III As diferentes regiões brasileiras não afetam o processo saúdedoença pois o processo epidemiológico é o mesmo para todo o país É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I e III apenas 81 atividades de estudo 4 Sobre a prática regular de atividade física na população assinale a afirmativa correta a O Brasil é considerado um país suficientemente ativo b O México apresenta maior percentual de prática insuficiente de atividade físi ca independente do sexo c Os japoneses apresentam um dos menores índices de inatividade física d A prática de atividade física é influenciada pela renda e é diferente a depender do sexo e Um em cada 10 espanhóis não pratica atividade física de forma suficiente 5 A atividade física está intimamente relacionada com a epidemiologia uma vez que o sedentarismo é um indicador de morbidade Assim assinale as alterna tivas com V para as verdadeiras e F para as falsas sobre a atividade física O tipo de movimentação que a pessoa realiza pode ser elencado em algum dos domínios que compõem a atividade física É possível avaliar a intensidade da atividade física analisando o equivalente metabólico Uma pessoa que pratica atividades de intensidade vigorosa por 20 minutos três vezes na semana é considerada uma pessoa ativa fisicamente A atividade física pode ser dividida em cinco domínios lazer transporte afa zeres domésticos atividades realizadas no trabalho e exercícios físicos pro gramados A sequência correta das afirmativas é respectivamente a V F V F b F F V F c V V F F d V V V F e F V V F 82 LEITURA COMPLEMENTAR A atividade física insuficiente é uma das principais causas de risco para a morte precoce em todo o mundo É o principal fator que predispõe às doenças crônicas não transmissíveis DCNT como doenças cardiovasculares cânceres e diabetes As pessoas insatisfatoriamen te ativas têm de 20 a 30 de risco aumentado de morte em comparação com pessoas efeti vamente ativas As evidências científicas têm mostrado os benefícios da atividade física tanto para a saúde física quanto mental mas ainda assim o alcance da meta para esta prática está bem abaixo do esperado em todo o mundo sendo que um em cada cinco adultos não pratica atividade física suficiente o que tem se tornando um desafio para a saúde pública Dada a importância da atividade física para a saúde pública o Brasil tem desenvolvido desde 2006 a mensuração deste desempenho para o enfrentamento das DCNT por meio do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inqué rito Telefônico conhecido como Vigitel Esse sistema dispõe de fatores que determinam os riscos e proteção para doenças crônicas entre eles a prática de atividade física em todos os domínios para todas as capitais e o Distrito Federal o que torna o Brasil um dos poucos países de renda média e baixa a apresentar dados nacionais sobre essa atividade Sendo assim Ide Martins e Segri 2020 realizaram um estudo para analisar a tendência dos diferentes domínios da atividade física de acordo com o sexo faixa etária e escolarida de no Brasil no período de 2006 a 2016 Os resultados gerais encontrados apontaram tendência crescente para prática de atividade física no lazer dos homens das mulheres e quando a amostra foi analisada na sua totali dade No ano de 2006 149 da população adulta brasileira praticava atividade física no lazer Já no ano de 2016 10 anos depois esse número subiu para 208 apresentando um aumento anual de 36 Quando a atividade física foi analisada no domínio deslocamento as análises se mostraram estacionárias ou seja não houve uma diferença significativa na tendência anual para a amostra analisada na sua totalidade e quando estratificada por sexo Em relação a atividade física no trabalho os homens apresentaram tendência anual decrescente 06 demonstrando que a cada ano menos homens se movimentam fisica mente no trabalho Para a atividade física no trabalho doméstico o estudo apresentou uma tendência decrescente para o sexo feminino 19 ou seja as mulheres também estão se movimentando menos quando o assunto é a realização dos afazeres de casa 83 LEITURA COMPLEMENTAR A tendência anual crescente da prática de atividade física no lazer analisada no artigo é um resultado bom o que demonstra que as pessoas podem estar tomando consciência dos benefícios que o exercício físico traz ao corpo Porém se fizermos uma conta básica ana lisando a prevalência da prática de atividade física no lazer no ano de 2006 notamos que apenas duas a cada 10 pessoas praticam atividade física de forma suficiente Essa prevalên cia ainda é baixa se considerarmos os inúmeros fatores de risco à saúde relacionados ao sedentarismo Portanto é importante continuar estimulando a prática de atividade física Existem no Brasil programas como o Agita São Paulo que têm como objetivo aumentar o conhecimento sobre os benefícios e também o nível de atividade física da população sendo incentivada em todos os domínios por meio de ações estratégicas como eventos reunião de colegiado treinamento de multiplicadores mostra de boas práticas entre ou tras Outro programa é a Academia da Saúde instituída em 2011 para todos os municípios brasileiros e que tem como objetivo promover práticas corporais e atividade física incenti vo à alimentação saudável educação em saúde entre outros Outra estratégia que tem sido aplicada é o plano de ação mundial da Organização Mundial da Saúde OMS sobre atividade física e saúde 20182030 com a temática pessoas mais ativas para um mundo mais saudável Esse plano de ação aponta como os países podem diminuir em 15 até 2030 a inatividade física em adultos e adolescentes visando uma so ciedade mais ativa por meio da melhoria dos ambientes e oportunidades para a prática de atividade física Especificamente no Brasil existem ações setoriais e intersetoriais voltadas para a prevenção e o controle das doenças crônicas sendo denominado Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT para o período de 20112022 Fonte Ide Martins e Segri 2020 84 material complementar Epidemiologia Roberto Medronho e Colaboradores Editora Atheneu Sinopse este livro contém 37 capítulos distribuídos em cinco seções a primeira seção apresenta os conceitos fundamentais para a compreensão da Epidemiolo gia a segunda detalha o método epidemiológico a terceira mostra a contribuição da estatística para a Epidemiologia a quarta apresenta diversos tópicos relevan tes e atuais para a área e a quinta seção expõe alguns conceitos avançados em Epidemiologia Contágio Ano 2011 Sinopse pouco depois de voltar de uma viagem de negócios Beth Emhoff mor re de uma suposta gripe Enquanto a epidemia mortal se espalha os médicos precisam identificar o vírus para conseguir combatêlo e acabar com o pânico da população Indicação para Assistir Indicação para Ler A evolução da população humana foi muito bem demonstrada por um vídeo elaborado pelo Museu de História Natural norteamericano O período demonstrado no vídeo vai desde o surgimento do Homo Sapiens até os dias atuais httpswwwyoutubecomwatchtimecontinue2vPUwmA3Q0OEfeatureembtitle Indicação para Acessar 85 gabarito 1 Os processos apresentados no gráfico são caracterizados pelas três fases de transição vivenciadas no período da Revolução Indus trial a fase préindustrial a fase de industria lização e a fase da consolidação da sociedade industrial respectivamente A justificativa é que o gráfico apresenta inicialmente uma leve tendência de crescimento populacional fato que caracteriza a fase préindustrial Após esse período notase um crescimento intenso da população o que ocorreu na fase da industrialização Por fim percebese uma estagnação do crescimento população enfa tizando que se trata da fase da consolidação da sociedade industrial 2 B 3 A 4 D 5 D Professor Dr Diego Augusto Santos Silva Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Relação da atividade física com marcadores de saúde Atividade física e todas as causas de mortalidade na população Programas de Promoção da Atividade Física em Saúde Pública Objetivos de Aprendizagem Proporcionar que o aluno compreenda a relação da atividade física com marcadores de saúde da população Descrever estudos de associação entre atividade física e todas as causas de mortalidade atividade física e câncer atividade física e diabetes mellitus tipo 2 atividade física e doenças cardiovasculares Proporcionar que o aluno entenda o que são Programas de Promoção da Atividade Física em Saúde Pública e descrever exemplos de Programas de Promoção da Atividade Física em Saúde Pública ATIVIDADE FÍSICA PROGRAMAS EM SAÚDE PÚBLICA E MARCADORES DE SAÚDE unidade III INTRODUÇÃO C aroa alunoa seja bemvindo a essa nova unidade de apren dizagem O seu envolvimento durante essa unidade é funda mental para um melhor aproveitamento do conteúdo Dessa vez é importante que você entenda que o comportamento hu mano é influenciado por mudanças sociais econômicas e culturais que ocorrem com o passar do tempo Diversos fatores contribuem para dimi nuição dos níveis de atividade física e do aumento do tempo diário em atividades sedentárias por exemplo o processo de urbanização o avanço tecnológico e os meios de comunicação que ganham cada vez mais espa ço nos dias atuais Para o seu conhecimento nesta unidade é importante que entenda que a atividade física é um comportamento complexo e multidimensio nal o qual envolve movimento humano e que resulta em atributos fisio lógicos que inclui gasto de energia e aumento na aptidão física Diariamente você verifica várias informações nos meios de comu nicação reportando a relevância da prática de atividade física para a saúde As evidências sobre essa área deixam claro que a atividade física regular é importante para todas as faixas etárias e traz benefícios à saú de física mental e social das populações Por essa razão é importante que você compreenda que há diversos estudos que testaram a associa ção entre atividade física e diversos marcadores de saúde evidenciando que a atividade física regular pode prevenir e auxiliar no tratamento de algumas enfermidades Promover atividades físicas para a população é um desafio pois além dos aspectos de quantidade e intensidade preconizados pelas organiza ções de saúde aspectos de qualidade dos tipos de atividades propostas devem ser levados em consideração para auxiliar no desenvolvimento e no gosto pela atividade física Dessa forma esta unidade tem como objetivo geral propiciar que o alu no assimile as evidências científicas advindas dos estudos de associação entre atividade física e diferentes marcadores de saúde para que possa en tender como a atividade física auxilia na prevenção e no tratamento dessas enfermidades e que você compreenda o que são Programas de Promoção da atividade física em saúde pública Esses conhecimentos permitirão que você seja ator de promoção de atividade física na população 90 Relação da atividade física com marcadores de saúde 91 EDUCAÇÃO FÍSICA Em crianças e adolescentes de cinco a 17 anos de idade recomendase que a atividade física seja praticada dia riamente em intensidade de moderada a vigorosa com duração de pelo menos 60 minutos WHO 2010 Es sas atividades devem ser diversificadas respeitandose o nível de desenvolvimento motor e cognitivo no qual a criança e o jovem se encontram WHO 2010 Para adultos de 18 a 64 anos de idade recomendase 150 minutos por semana de atividades físicas de intensidade moderada ou ao menos 75 minutos de atividades físicas de intensidade vigorosa ou o equivalente da combina ção de atividades físicas de intensidade moderada a vi gorosa WHO 2010 Para benefícios adicionais os adultos devem aumen tar as atividades de intensidade moderada para 300 mi nutos por semana Além disso atividades físicas de força muscular que envolva grandes grupamentos muscula res devem ser realizadas ao menos duas vezes por se mana WHO 2010 Para idosos com idade de 65 anos ou mais recomendase 150 minutos por semana de ati vidades físicas de intensidade moderada ou ao menos 75 minutos de atividades físicas de intensidade vigorosa ou o equivalente da combinação de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa WHO 2010 Para benefícios adicionais os idosos devem aumentar as atividades de intensidade moderada para 300 minutos por semana Além disso os idosos com baixa mobilidade devem trabalhar o equilíbrio corporal por no mínimo três vezes por semana Ademais eles devem se engajar em atividades físicas de força muscular que envolve grandes grupamentos musculares ao menos duas vezes por sema na WHO 2010 Todas essas recomendações são impor tantes para prevenir doenças e agravos não transmissíveis à saúde e aumentar a expectativa de vida das pessoas Na Figura 1 encontramse exemplos de atividades físicas conforme as diferentes intensidades Figura 1 Exemplos de atividades físicas de diferentes intensidades Fonte o autor Descrição da Imagem a Figura 1 mostra os exemplos de atividades físicas de diferentes intensidades leve moderada e vigorosa Para intensidade leve por exemplo caminhar em ritmo lento atividades como cozinhar em pé digitar na posição de pé Para intensidade moderada a caminhada em ritmo rápido varrer a casa jardinagem e limpeza do jardim e o exemplo da intensidade vigorosa são corrida exercícios de ginástica aeróbica carregar caixas pesadas subindo escadas cortar grama com cortador manual ATIVIDADE FÍSICA INTENSIDADE CAMINHAR EM RITMO LENTO ATIVIDADES COMO COZINHAR EM PÉ DIGITAR NA POSIÇÃO DE PÉ CAMINHADA EM RITMO RÁPIDO VARRER A CASA JARDINAGEM LIMPEZA DO JARDIM CORRIDA EXERCÍCIOS DE GINÁSTICA AERÓBICA CARREGAR CAIXAS PESADAS SUBINDO ESCADAS CORTAR GRAMA COM CORTADOR MANUAL LEVE MODERADA VIGOROSA 92 As recomendações de atividade física foram traçadas com intuito de as pessoas se beneficiarem da prática de atividade física ou seja praticando o mínimo recomen dado de atividade física as pessoas podem se prevenir contra doenças e agravos não transmissíveis à saúde e evitar a mortalidade precoce Quanto mais atividade física se pratica melhor para a saúde Nesse sentido atender as recomendações em atividade física significa que as pessoas terão melhores marcadores de saúde As sim vamos nos mexer diariamente No Quadro 1 en contramse resumidamente os benefícios da prática de atividade física em diferentes faixas etárias Você sabia como são determinadas as intensi dades da atividade física Elas correspondem à taxa de gasto energético requerida para a reali zação da atividade física Ela pode ser mensura da nas seguintes unidades METS equivalente metabólico quilocalorias joules ou consumo de oxigênio A unidade mais utilizada nas reco mendações de atividade física são os METs A partir dos METS podemse classificar as ativi dades físicas em três intensidades 1 atividade física de intensidade leve de 16 a 30 METs 2 atividade física de intensidade moderada de 30 a 60 METs 3 atividade física de intensidade vigorosa de 60 METs EXPLORANDO IDEIAS Crianças e adolescentes Melhora da saúde óssea Melhora do estado nutricional Melhora da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular Melhora da saúde cardíaca e metabólica Melhora da cognição Reduz o risco de depressão Adultos e idosos Diminuição do risco de todas as causas de mortali dade Diminuição do risco de mortalidade cardiovascular Diminuição do risco de doenças cardiovasculares Diminuição do risco de diabetes mellitus Diminuição do risco de alguns tipos de cânceres Diminuição do risco de demência Melhora do sono Redução e controle do ganho de peso corporal Melhora da saúde óssea Melhora da função física Diminuição do risco de quedas Quadro 1 Benefícios da prática regular de atividade física em marcadores de saúde de crianças adolescentes adultos e ido sos Fonte adaptado de US Department of Health and Human Services 2018 Descrição do quadro o Quadro 1 apresenta os benefícios da prá tica de atividade física em diferentes faixas etárias desde crianças adolescentes adultos e idosos A prática regular de exercício para as crianças e os adolescentes são necessários para a melhora da saúde óssea do estado nutricional da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular da saúde cardíaca e metabólica e da cognição além disso reduz o risco de depressão Para adultos e idosos a prática regular da atividade física diminui o risco de todas as causas de mortalidade de mortalidade cardiovascular de doenças cardiovasculares de diabetes mellitus de alguns tipos de cânceres e do risco de demência além disso melhora o sono reduz e controla o ganho de peso corporal melhora a saúde óssea da função física e diminui o risco de quedas 93 EDUCAÇÃO FÍSICA Crianças e adolescentes Melhora da saúde óssea Melhora do estado nutricional Melhora da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular Melhora da saúde cardíaca e metabólica Melhora da cognição Reduz o risco de depressão Adultos e idosos Diminuição do risco de todas as causas de mortali dade Diminuição do risco de mortalidade cardiovascular Diminuição do risco de doenças cardiovasculares Diminuição do risco de diabetes mellitus Diminuição do risco de alguns tipos de cânceres Diminuição do risco de demência Melhora do sono Redução e controle do ganho de peso corporal Melhora da saúde óssea Melhora da função física Diminuição do risco de quedas Quadro 1 Benefícios da prática regular de atividade física em marcadores de saúde de crianças adolescentes adultos e ido sos Fonte adaptado de US Department of Health and Human Services 2018 Descrição do quadro o Quadro 1 apresenta os benefícios da prá tica de atividade física em diferentes faixas etárias desde crianças adolescentes adultos e idosos A prática regular de exercício para as crianças e os adolescentes são necessários para a melhora da saúde óssea do estado nutricional da condição cardiorrespiratória e aptidão muscular da saúde cardíaca e metabólica e da cognição além disso reduz o risco de depressão Para adultos e idosos a prática regular da atividade física diminui o risco de todas as causas de mortalidade de mortalidade cardiovascular de doenças cardiovasculares de diabetes mellitus de alguns tipos de cânceres e do risco de demência além disso melhora o sono reduz e controla o ganho de peso corporal melhora a saúde óssea da função física e diminui o risco de quedas 94 Atividade física e todas as causas de mortalidade na população 95 EDUCAÇÃO FÍSICA Muitos estudos têm demonstrado redução da mortali dade precoce e morbidade nas pessoas que praticam ati vidade física de forma regular BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Essas análises focaram em duas di mensões da atividade física atividade física no tempo de lazer e atividade física ocupacional Desde então vários estudos prospectivos de coorte sobre atividade física versus inatividade foram realizados e publicados tendo vários indicadores de saúde como desfecho cân cer diabetes acidente vascular encefálico etc Para entender o papel da atividade física na preven ção da mortalidade precoce é importante compreender que cada pessoa que nasce tem uma expectativa de vida que significa quantos anos em média essa pessoa irá vi ver O cálculo de expectativa de vida leva em considera ção o país e as condições de vida da localidade em que a pessoa nasce Assim diferentes países têm diferentes anos de expectativa de vida Em geral quanto mais de senvolvido é o país melhores são as condições de vida e mais anos de vida a pessoa terá para viver O Quadro 2 apresenta a expectativa de vida ao nascer dos residentes em diferentes países no ano de 2017 INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION 2017 Descrição do quadro o Quadro 2 apresenta a expectativa de vida ao nascer idade em anos em diferentes países no ano de 2017 O Brasil tem uma média de 761 para o feminino e 698 para o masculino Outros países como Afeganistão consta uma média de 582 para o feminino e 552 masculino a Albânia 767 feminino e 704 masculino a Alemanha 819 feminino e 752 masculino a Angola feminino 683 e 641 masculino a Argentina feminino 775 e 711 masculino a Bélgica feminino 823 e 756 masculino a Bolívia feminino 734 e 678 mascu lino o Canadá feminino 822 e 755 masculino o Chile feminino 787 e 722 masculino a Colômbia feminino 750 e 689 masculino a China feminino 773 e 710 masculino a Dinamarca 832 feminino e 764 masculino a República Dominicana 737 feminino e 680 masculino o Equador 750 feminino e 689 masculino Etiópia 613 feminino e 582 masculino os Estados Unidos da América com 818 feminino e 751 masculino a Finlândia 826 feminino e 758 masculino a França com 818 feminino e 751 masculino a Grécia 805 feminino e 738 mascu lino Gana com 715 feminino e 665 masculino a Islândia com 828 feminino e 761 masculino a Índia com 721 feminino e 669 masculino a Itália com 813 feminino e 746 masculino o Japão com 818 feminino e 751 masculino a Noruega com 829 feminino e 762 masculino a Nigéria com 699 feminino e 653 masculino e por fim o Reino Unido com 813 feminino e 746 masculino Expectativa de vida idade em anos Sexo Feminino Masculino Afeganistão 582 552 Albânia 767 704 Alemanha 819 752 Angola 683 641 Argentina 775 711 Bélgica 823 756 Bolívia 734 678 Brasil 761 698 Canadá 822 755 Chile 787 722 Colômbia 750 689 China 773 710 Dinamarca 832 764 República Domini cana 737 680 Equador 750 689 Etiópia 613 582 Estados Unidos da América 818 751 Finlândia 826 758 França 818 751 Grécia 805 738 Gana 715 665 96 Islândia 828 761 Índia 721 669 Itália 813 746 Japão 818 751 Noruega 829 762 Nigéria 699 653 Reino Unido 813 746 Quadro 2 Expectativa de vida ao nascer idade em anos em diferentes países Fonte o autor A prática de atividade física regular ajudará a pessoa a atingir a expectativa de vida daquela determinada localidade Por outro lado pessoas que não praticam atividade física de forma regular tendem a morrer pre cocemente ou seja morrem antes de atingir os anos estimados para a expectativa de vida BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 As causas dessas mortes precoces podem ser diversas por exemplo doenças infecto contagiosas doenças e agravos crônicos não transmissíveis doenças cardiovasculares hipertensão arterial diabetes câncer acidente vascular cerebral doenças respiratórias etc e também causas violentas como assassinatos e acidentes de trânsito A prática de atividade física regular não tem nenhu ma relação com as causas violentas e nem evidências su ficientes de relação com as doenças infectocontagiosas As evidências científicas são consistentes em informar que a prática de atividade física diminui a mortalidade precoce e a morbidade em decorrência das doenças e agravos crônicos não transmissíveis Em 2008 o quadro de especialistas responsável por determinar as evidências da interrelação atividade físi ca e saúde para as recomendações de prática de ativida de física para a população NorteAmericana informou que das evidências cumulativas de 73 estudos publica dos após 1996 o comitê relatou que 67 estudos encon traram uma relação inversa significativa entre atividade física e taxas de mortalidade por todas as causas BOU CHARD BLAIR HASKELL 2012 O risco relativo mediano RR comparando os in divíduos mais ativos com os menos ativos foi de 069 em todos os estudos indicando uma redução de 31 no risco com a atividade física Isso foi semelhante para ho mens RR mediano 071 e mulheres RR mediano 067 e para estudos em que ambos os sexos foram anali 97 EDUCAÇÃO FÍSICA sados juntos RR mediano 068 Associações inversas foram observadas para pessoas com idade 65 anos e para aqueles com 65 anos ou mais Adicionalmente um estudo de metanálise com 38 pesquisas publicadas em 2009 relatou achados essen cialmente similares observando que homens altamente ativos apresentavam 22 RR 078 intervalo de confian ça de 95 IC 072084 menor risco de mortalidade por todas as causas em comparação com homens pouco ativos enquanto mulheres altamente ativas tinham um risco 31 menor RR 069 IC 95 053090 Enquan to isso homens e mulheres moderadamente ativos apre sentaram riscos 19 e 24 menores respectivamente indicativos de uma relação inversa doseresposta BOU CHARD BLAIR HASKELL 2012 ATIVIDADE FÍSICA E OBESIDADE A obesidade é um fator de risco principal para mortali dade prematura e inúmeras condições crônicas de saúde que reduzem a qualidade de vida geral A prevalência da obesidade aumentou para proporções epidêmicas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento nas últimas duas a três décadas e essa condição afeta praticamen te todas as idades raças e grupos socioeconômicos em ambos os sexos A obesidade reflete um balanço energé tico positivo contínuo que é acompanhado por ganho de peso prejudicial e está associado à inatividade física BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Algumas estimativas sugerem que até 2030 mais de três bilhões de pessoas estarão com sobrepeso ou obesidade KELLY et al 2008 Em muitos países governos e agências de saúde estão promovendo for temente a prática de atividade física regular como um meio de impedir o acúmulo de gordura que leva ao ga nho de peso e à obesidade Em termos conceituais a obesidade é uma condição de acúmulo excessivo de gordura que pode prejudicar a Para identificar as principais evidências de atividade física e saúde você pode acessar o site da Organização Mundial da Saúde https wwwwhointnewsroomfactsheetsdetail physicalactivity CONECTESE 98 saúde A doença subjacente reflete um balanço energéti co positivo contínuo que é acompanhado por um ganho de peso indesejável O balanço energético está associado ao quanto de energia é ingerida em geral por meio de alimentos e o quanto de energia está sendo gasta pelo organismo Quando o balanço energético é positivo quer dizer que o organismo está ingerindo mais ener gia do que gastando Por outro lado quando o balanço energético é negativo quer dizer que o organismo está gastando mais energia do que ingerindo BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 No entanto o grau de excesso de gordura sua distri buição no corpo e as consequências associadas à saúde variam consideravelmente entre os obesos Sobrepeso e obesidade são comumente avaliados na pesquisa e na clínica usando o índice de massa corporal IMC um simples índice de massa corporal pela estatura IMC massa corporal kg estatura m2 O sistema de classi ficação de IMC globalmente aceito para adultos é mos trado na Figura 2 WHO 1998 Esse sistema de classificação é baseado nas relações entre IMC mortalidade e doenças crônicas Obser ve que os valores do IMC são independentes da idade e são os mesmos para homens e mulheres Os valores correspondentes ao sobrepeso e a obesidade estão mais associados ao surgimento de outras doenças como as cardiovasculares câncer diabetes etc Baixo peso 185 Peso normal 185 249 Sobrepeso 250 Préobesidade 250 299 Obesidade grau I 30 349 Obesidade grau II 350 399 Obesidade grau III 400 Figura 2 Valores e classificação do índice de massa corporal IMC para pessoas adultas Fonte adaptada de Who 1998 Descrição da Imagem A Figura 2 apresenta sete pesos com seus valores e sua classificação do índice de massa corporal IMC para pessoas adultas Começando da esquerda para a direita temos o baixo peso que deve ser menor que 185 kgm² para peso normal o IMC deve ser de 185 kgm² a 249 kgm² o sobrepeso de um adulto deve ser maior ou igual a 250 para a préobesidade varia entre 250 kgm² a 299 kgm² para a obesidade grau um de 30 kgm² a 349 kgm² obesidade grau dois de 350 kgm² a 399 kgm² e por fim para a obesidade grau três maior ou igual a 400 kgm² 99 EDUCAÇÃO FÍSICA Além do IMC a circunferência da cintura pode ser usa da como um simples marcador antropométrico de so brepeso e obesidade Atualmente não há consenso sobre quais limiares de circunferência da cintura devem ser usados para denotar um aumento do risco à saúde Os pontos de corte mais usados em homens adultos são 94 cm o que indica um risco moderadamente aumen tado de complicações relacionadas à obesidade e 102 cm que denota um risco substancialmente aumentado de complicações relacionadas à obesidade Para mulhe res esses valores são 80 cm o que indica um risco mo deradamente aumentado de complicações relacionadas à obesidade e 88 cm que denota um risco substan cialmente aumentado de complicações relacionadas à obesidade WHO 1998 O sobrepeso e obesidade são os principais fatores de risco para mortalidade prematura e inúmeras condições crônicas de saúde que reduzem a qualidade de vida geral No Quadro 3 encontramse o risco de morbidade e mor talidade que a obesidade causa para determinadas situa ções de saúde BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Descrição do quadro O Quadro 3 apresenta riscos à saúde em indiví duos obesos Estes riscos podemos destacar mortalidade prematura doença arterial coronariana acidente vascular encefálico hipertensão arterial sistêmica embolia Pulmonar diabetes mellitus tipo 2 câncer colorretal câncer de mama câncer nos rins câncer no pâncreas asma osteoartrite e o risco aumentado em indivíduos obesos Para riscos de aproximadamente 25 a 50 mortalidade prematura acidente vascular encefálico câncer de mama câncer colorretal e asma Para Riscos de aproximadamente 200 câncer nos rins câncer no pân creas hipertensão arterial sistêmica e doença arterial coronariana Doenças como osteoartrite e embolia pulmonar são para risco aumen tado de aproximadamente 350 e o risco de 400 para a doença de diabetes mellitus tipo 2 Condição de Saúde Risco aumentado em indivíduos obesos Mortalidade prematura Doença arterial coronariana Acidente vascular encefálico Hipertensão arterial sistê mica Embolia Pulmonar Diabetes mellitus tipo 2 Câncer colorretal Câncer de mama Câncer nos rins Câncer no pâncreas Asma Osteoartrite Quadro 3 Risco à saúde em indivíduos obesos Fonte o autor Notas risco aumentado de aproximadamente 25 a 50 risco aumentado de aproximadamente 200 risco au mentado de aproximadamente 350 risco aumentado de aproximadamente 400 100 A obesidade resulta de um desequilíbrio crônico de energia pelo qual a ingestão excede o gasto Assim a hipótese de que a inatividade física tenha contribuí do para a epidemia da obesidade é bastante razoável No entanto as contribuições relativas da inatividade física versus consumo alimentar à epidemia de obe sidade não são claras e são difíceis de avaliar devido a mudanças temporais na maneira como esses com portamentos foram medidos em pesquisas de saúde As informações ecológicas obtidas no nível popu lacional sugerem que entre 1970 e 2000 a ingestão de energia permaneceu relativamente estável em crianças e jovens dos Estados Unidos e aumentou ligeiramente em adultos BRIEFEL JOHNSON 2004 Durante o mesmo período a atividade física no período de lazer diminuiu em crianças e jovens e aumentou em adultos KNUTH HALLAL 2009 Esses dados ecológicos não são con gruentes com o grande aumento na prevalência de obe sidade adulta e infantil que ocorreu nas últimas décadas Há várias explicações possíveis para essa inconsistência Entre esses estão os problemas metodológicos e técni cos do relato de atividade física e ingestão de alimentos que podem ter mudado ao longo do tempo Outro fator a considerar é o aumento da conscientização da população sobre os benefícios à saúde da atividade física Nos últimos anos aumentou o conhecimento de que atividades como caminhar contam como atividade física enquanto que no passado as pessoas entendiam apenas que atividades vigorosas como corrida ou nata ção contavam como atividade física A explicação mais provável no entanto é que as tendências da população na participação em atividades físicas se concentraram apenas na atividade física durante os períodos de lazer e portanto não são sensíveis a quaisquer mudanças que ocorreram nos níveis de atividade física fora do lazer Isso é essencial porque a atividade física no lazer repre senta uma pequena proporção do dia 1 horadia para a maioria das pessoas na maioria dos países do mundo e 101 EDUCAÇÃO FÍSICA consequentemente uma pequena proporção da produ ção diária total de energia Assim quando consideramos a obesidade também é necessário levar em considera ção o gasto de energia durante o restante do dia O papel independente da atividade física como es tratégia de tratamento para a obesidade tem recebido considerável atenção Revisões iniciais da literatura sugeriram que a redução no peso corporal 1 2 kg associada à atividade física de forma isolada ou seja sem nenhuma restrição calórica era bem pequena e portanto a atividade física na ausência de restrição ca lórica não era uma estratégia particularmente útil para o tratamento da obesidade NATIONAL INSTITU TES OF HEALTH NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE 1998 Posteriormente investigação cuidadosa dos estudos sobre prática de atividade física e obesidade revelou que na maioria dos casos poucos dos primeiros estudos fei tos sobre o tema prescrevem um programa de exercícios físicos que seria esperado que levasse a uma significa tiva perda de peso ROSS JANSSEN 2001 sobretudo porque não se preocupavam com o tipo a freqUência e intensidade da atividade física Por outro lado em estudos nos quais os programas de exercícios prescritos resultaram em um balanço energético negativo significativo a perda de peso foi substancial ROSS JANSSEN 2001 Em outras palavras a perda de peso está positivamente relacionada ao volume de atividade física realizada quanto mais tempo de atividade física por dia mais chances o sujeito tem de perder peso ATIVIDADE FÍSICA E CÂNCER Câncer é considerado a segunda maior causa de morta lidade no mundo ficando atrás apenas das doenças car diovasculares O câncer é de origem multifatorial com contribuições provenientes de componentes genéticos e ambientais Do ponto de vista da saúde pública determi nantes modificáveis do câncer são importantes porque esses fatores são passíveis de mudança Um determinan te ou fator de risco que recebeu muita atenção recente mente e é o foco deste capítulo é a atividade física Embora os mecanismos exatos que explicam a me nor incidência de câncer entre as pessoas fisicamente ativas sejam desconhecidos várias categorias amplas de mecanismos plausíveis foram propostas para explicar por que homens e mulheres fisicamente ativos podem estar em menor risco de desenvolver câncer BOU CHARD BLAIR HASKELL 2012 102 Um desses mecanismos biológicos tem a ver com os hor mônios sexuais Esses hormônios têm poderosos efeitos mitogênicos ie que provoca a divisão celular e proli ferativos e são importantes no desenvolvimento de cân ceres reprodutivos Os pesquisadores propuseram que a atividade física reduz o risco de desenvolver câncer de mama por meio dos efeitos na função menstrual e nos níveis de hormônios sexuais femininos As meninas que praticam atividade física de forma regular tendem a ter a menarca em idades mais velhas se comparadas às meni nas que não praticam atividades físicas de forma regular e também são mais propensas a ter ciclos anovulatórios ou seja quando os ovários não liberam um óvulo durante um ciclo menstrual Esses efeitos podem diminuir o risco de câncer de mama porque a idade mais avançada da menarca está associada a menor incidência de cân cer de mama enquanto os ciclos anovulatórios estão associados a níveis mais baixos do hormônio estrogênio BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 A atividade física também tem sido associada a al terações nos hormônios esteroides sexuais femininos em mulheres adultas Entre as mulheres adultas na pré e pósmenopausa níveis mais altos de atividade físi ca foram correlacionados com níveis mais baixos dos hormônios estrogênios e progesterona Além disso fo ram observadas concentrações aumentadas de globuli na de ligação ao hormônio sexual em mulheres fisica mente ativas Essas globulinas se ligam aos estrógenos na circulação levando a concentrações mais baixas dos hormônios ativos livres Tais mudanças nos níveis de estrogênio com atividade física também podem dimi nuir o risco de desenvolver câncer de endométrio entre mulheres fisicamente ativas porque níveis mais altos do hormônio estrogênio estão relacionados a maior inci dência de câncer de endométrio BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 EDUCAÇÃO FÍSICA 103 104 Nos homens foi estudada a relação entre atividade física e as concentrações dos hormônios androgênios para explicar o risco de câncer de próstata Embora os níveis dos hormônios androgênios possam ser aguda mente elevados após uma sessão de exercício aeróbio os níveis em repouso parecem mais baixos dentro da faixa fisiológica naqueles homens fisicamente ativos em com paração com homens que não são ativos fisicamente A quantidade de atividade física associada aos níveis mais baixos dos hormônios androgênios é alta por exem plo corredores de maratona de elite e ainda não está claro se níveis mais moderados de atividade física po dem diminuir os níveis desses hormônios androgênios Nesse sentido mais pesquisas precisam ser realizadas para explicar esse mecanismo BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Outro mecanismo biológico pelo qual a prática de atividade física pode influenciar no menor risco de câncer é por meio da influência na massa corporal e na gordura corporal Como a prática de atividade física re gular está associada a menores quantidades de gordura corporal ela pode reduzir o risco de desenvolver vários cânceres relacionados com a obesidade como o câncer de mama na pósmenopausa câncer endometrial e cân cer colorretal Entre as mulheres obesas na pósmeno pausa comparadas às mulheres com peso normal os níveis do hormônio estrogênio são mais altos porque o tecido adiposo pode converter precursores de estrogê nio no próprio hormônio estrogênio Dessa forma esses níveis mais altos de estrogênio aumentam o risco dos cânceres reprodutivos feminino BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 As pessoas que são fisicamente ativas apresentam maior probabilidade de perder gordura abdominal se comparadas às pessoas que não são fisicamente ativas A obesidade em especial a obesidade abdominal está associada à resistência à insulina hiperinsulinemia hi pertrigliceridemia e níveis mais elevados de fatores de crescimento semelhantes à insulina Esses fatores têm sido implicados na etiologia de vários tipos de câncer como câncer de mama próstata e cólon Assim isso pode representar uma terceira via pela qual a atividade física tem o potencial de influenciar o desenvolvimento do câncer BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Outro mecanismo biológico que pode explicar a in terrelação atividade física e câncer é o estado de infla mação do organismo Várias doenças inflamatórias crô nicas aumentam o risco de câncer Por exemplo pessoas com doença inflamatória intestinal têm maior risco de câncer colorretal enquanto aquelas com hepatite crôni ca têm maior risco de câncer hepatocelular Níveis ele vados de marcadores inflamatórios como a proteína C reativa PCR e níveis reduzidos de marcadores antiin flamatórios como a adiponectina têm sido associados a um risco aumentado de câncer A atividade física está associada a um estado inflamatório reduzido e isso tam bém pode ser resultado da diminuição da adiposidade BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Outro mecanismo comumente citado para menores taxas de câncer de cólon especificamente entre pesso as fisicamente ativas referese à mudança no tempo de trânsito intestinal Foi proposto que a atividade física acelera o tempo de trânsito no cólon diminuindo a ex posição a agentes cancerígenos ou promotores no fluxo fecal No entanto embora alguns estudos tenham mos trado um tempo de trânsito mais rápido entre pessoas fisicamente ativas nem todos os estudos apoiaram esse achado BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Finalmente a atividade física pode reduzir o risco de desenvolver câncer aprimorando o sistema imunoló gico inato responsável pela regulação da suscetibilidade ao desenvolvimento do câncer Em geral as evidências disponíveis sugerem que níveis moderados de atividade física podem melhorar o sistema imunológico No en 105 EDUCAÇÃO FÍSICA tanto exercícios prolongados e intensos por exemplo correr uma maratona podem ter o efeito oposto levan do a um período temporário de imunossupressão que dura dias a até duas semanas O Quadro 4 apresenta as principais conclusões so bre a interrelação da atividade física com alguns tipos de câncer BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Observe que para alguns tipos de câncer ainda não há evidência científica suficiente para afirmar que a atividade física é capaz de prevenilo Dessa forma os tipos de câncer que estão com Evidência forte significa que a prática de atividade física regular é capaz de pre venilos Para aqueles tipos de câncer em que há Evi dência moderada significa que a prática de atividade física pode prevenir em alguma magnitude tais tipos de câncer Para aqueles que têm Evidência limitada ou Evidência insuficiente maior quantidade de estudos se faz necessário para poder afirmar se a atividade física regular pode prevenilos Para aprender mais sobre os diferentes tipos de câncer obter dados epidemiológicos do Brasil visite o site do Instituto Nacional de Câncer do Ministério da Saúde httpswww incagovbr CONECTESE Descrição da Imagem O Quadro 4 apresenta os níveis de evidência da interrelação entre atividade física e alguns tipos de câncer Para câncer de bexiga de mama de cólon do endométrio do esôfago gástrico e renal têm fortes evidências de que que quanto maior a quantidade de atividades físicas menores são as chances desses tipos de cânceres Para o câncer de pulmão temos uma evidência mode rada Para câncer hematológico de cabeça e pescoço de ovário do pâncreas e da próstata as evidências entre as menores chances de surgimento desses tipos de cânceres com a prática de atividade física são limitados e por fim ainda há evidências insuficiente sobre a in terrelação atividade física e câncer cerebral Tipo de câncer Maior quantidade de atividade física diminui o risco de câncer Bexiga Evidência forte Mama Colón Endometrial Esôfago Gástrico Renal Pulmão Evidência moderada Hematológico Evidência limitada Cabeça e pescoço Ovário Pâncreas Próstata Cérebro Evidência Insuficiente Quadro 4 Nível de evidência da interrelação entre atividade física e alguns tipos de câncer Fonte o autor 106 ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES MELLITUS TIPO 2 Doença cerebrovascular Dano renal permanente Infecção nos pés e mãos Retinopatia e cegueira Ataque cardíaco Neuropatia periférica mãos e pés Figura 3 Complicações da diabetes mellitus Descrição da Imagem a Figura 3 apresenta o corpo humano e as partes onde se dão as complicações da diabetes mellitus Esta doença está relacionada com doenças cerebrovasculares danos renais permanentes infecções nos pés e nas mãos retinopatia e cegueira ataque cardíaco e neuropatia periférica O diabetes mellitus é uma doença crônica que engloba um grupo heterogêneo de distúrbios O distúrbio endó crino é o mais comum e afeta vários órgãos e funções do corpo causando sérias complicações à saúde como a insuficiência renal doenças cardíacas danos cerebrais acidente vascular encefálico e cegueira A diabetes melli tus se dá quando o corpo não pode controlar o nível de glicose na circulação sanguínea em decorrência da pro dução insuficiente de insulina ou de uma resposta ina dequada dos órgãos aos níveis circulantes de insulina Alguns dos sintomas mais característicos associados ao aparecimento do diabetes é a micção frequente sede ex cessiva perda de peso inexplicada e fadiga O diabetes é comumente diagnosticado quando o nível de glicose no sangue é igual ou superior a 126 mgdl ou 70 mmolL após jejum noturno ou quando 107 EDUCAÇÃO FÍSICA o nível de glicose no sangue excede 200 mgdl 2h após um teste de tolerância à glicose oral padronizado Foram definidos três tipos principais de diabetes diabetes tipo 1 diabetes tipo 2 e diabetes gestacional BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 No diabetes tipo 1 que é um distúrbio autoimune as células responsáveis pela liberação de insulina as célu las β pancreáticas são erroneamente reconhecidas pelo sistema imunológico como estranhas e seletivamente destruídas Como resultado as células β pancreáticas são eliminadas do corpo e os níveis circulantes de insu A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e tem como função metabolizar a glicose açúcar no sangue para produção de energia Ela atua como uma chave abrindo as fechaduras das células do corpo para que a glicose entre e seja usada para gerar energia Fonte adaptado de Bouchard Blair e Haskell 2012 CONCEITUANDO lina no sangue diminuem drasticamente ou até desapa recem Nessa situação injeções regulares de insulina se tornam necessárias para sustentar a vida do indivíduo O diabetes tipo 2 diferentemente do tipo 1 é um distúrbio metabólico no qual os níveis de insulina po dem ser normais elevados hiperinsulinemia ou até diminuídos hipoinsulinemia Entretanto nesse tipo de diabetes a hiperinsulinemia caracteriza a maioria dos pacientes Pelo menos nos estágios iniciais a maioria das pessoas com diabetes tipo 2 pode produzir insulina mas não pode usála efetivamente Dois componentes principais atuam nessa patologia disfunção das células β pancreáticas na qual essas células gradualmente não produzem insulina adequadamente em resposta aos níveis circulantes de glicose no sangue ou resistência à insulina na qual tecidos sensíveis à insulina como mús culo esquelético gordura e fígado se tornam em certa medida sem sensibilidade à insulina A resistência à insulina parece preceder e pelo me nos em parte ser responsável pela disfunção das células β pancreáticas O início do diabetes tipo 2 geralmente ocorre com o avanço da idade mas devido a fatores do estilo de vida como a nutrição e prática de atividade físi ca insuficiente está acometendo cada vez mais indivídu os mais jovens BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 O diabetes tipo 2 é causado principalmente por uma combinação de três situações anormais no organis mo 1 diminuição da secreção de insulina pelas célu las β pancreáticas 2 resistência à insulina nos tecidos periféricos e 3 aumento da produção de glicose no fí gado É amplamente aceito que a resistência à insulina desempenha um papel central na patogênese do diabe tes tipo 2 O termo resistência à insulina se refere à res posta subnormal a uma dada concentração de insulina pelos principais órgãos do corpo sensíveis à insulina ou seja músculo esquelético fígado e tecido adiposo Des sa forma se o músculo esquelético está envolvido nessa 108 situação o exercício físico tem papel fundamental para controle desse tipo de diabetes Quando o sujeito se alimenta um nível adequado de insulina é liberado nas refeições mas seu efeito dis posição da glicose é prejudicado Após um período de resistência à insulina compensada a tolerância à glicose diminuída eventualmente se desenvolve apesar das con centrações elevadas de insulina Finalmente após a ma nutenção de um estado hiperinsulinêmico ao longo do tempo a falha das células β pancreáticas resulta em dimi nuição da secreção de insulina Isso leva ao aparecimento de diabetes mellitus tipo 2 quando a resistência à insulina e a função das células β comprometidas ocorrem simulta neamente resultando em hiperglicemia em jejum Além da influência de alguns fatores genéticos im portantes a resistência à insulina é uma característica comum de indivíduos obesos principalmente quando o excesso de gordura está concentrado na região abdominal ou seja adiposidade central e particularmente em in divíduos pouco ativos fisicamente De fato um mecanis mo primário que causa resistência à insulina é o ganho de peso que se intensifica com os baixos níveis de atividade física e aumento do comportamento sedentário Os indivíduos que são diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2 mostram uma redução acentuada na se creção precoce de insulina ou seja a fase de secreção de insulina que ocorre imediatamente após a ingestão uma consequência do mau funcionamento das células β pancreáticas Os mecanismos moleculares e de sina lização detalhados subjacentes a esse defeito ainda não estão totalmente esclarecidos No entanto sabese que a progressão na deterioração da função das células β leva muito tempo portanto quando o diabetes mellitus tipo 2 é diagnosticado a disfunção das células β pode estar ocorrendo há mais de uma década O aumento do estado hiperglicêmico característico desse distúrbio metabólico é exacerbado em longo prazo pelos efeitos citotóxicos de altas concentrações de glicose no sangue BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Para manter a homeostase da glicose no corpo é necessária a coordenação de três eventos metabólicos diferentes 1 secreção adequada de insulina pelas cé lulas β pancreáticas 2 supressão da produção hepática de glicose e 3 estimulação da captação de glicose pelos tecidos sensíveis à insulina principalmente os músculos Durante um período agudo de exercícios a crescen te necessidade de combustível metabólico é atendida pelo aumento da utilização de carboidratos e gorduras no músculo esquelético A glicose é retirada do sangue para os músculos esqueléticos que funcionam por meio de transportadores de glicose Em pessoas que não têm diabetes a menos que o exercício seja de duração extre mamente longa as concentrações de glicose no sangue não diminuem consideravelmente Este é o caso porque a produção de glicose no fígado é precisamente compa tível com a captação de glicose no músculo e porque a secreção de insulina pelas células β do pâncreas é reduzi da em resposta a níveis mais baixos de glicose no sangue Em pessoas com diabetes mellitus tipo 2 com hiper glicemia moderada e resistentes à insulina as concentra ções de glicose ainda podem ser efetivamente diminuí das com atividade física de intensidade moderada um importante benefício para a saúde do paciente diabético Conforme definido anteriormente a resistência à insulina é a incapacidade dos tecidosalvos periféricos especialmente músculo tecido adiposo e fígado de responder adequadamente às concentrações circulantes normais de insulina A resistência à insulina pode ser encontrada em pacientes mais de uma década antes do aparecimento do diabetes e é o melhor preditor para o desenvolvimento posterior da doença Um tratamento para melhorar a resistência à insulina é a prática regular de atividade física Uma única sessão de exercício físico pode aumentar o transporte e o metabo 109 EDUCAÇÃO FÍSICA lismo da glicose no músculo esquelético e também pode ter efeitos profundos no metabolismo do glicogênio Es sas alterações metabólicas ocorrem no músculo esquelé tico e podem melhorar a homeostase da glicose em pesso as com resistência à insulina Além disso essas alterações metabólicas podem ser responsáveis pela capacidade da atividade física de prevenir ou retardar o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2 Nesse sentido a prática frequen te de atividade física é capaz de auxiliar no tratamento e na prevenção do diabetes mellitus tipo 2 BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Os benefícios terapêuticos da prática regular de atividade física no tratamento da diabetes mellitus tipo 2 são reconhecidos há muito tempo Em 1919 foi relatado que o exercício físico diminui as concen trações de glicose no sangue e melhorou a tolerância à glicose em pacientes diabéticos Na edição de 1935 de The Treatment of Diabetes Mellitus o exercício físico era recomendado no tratamento diário do dia betes BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS CARDIO VASCULARES As doenças cardiovasculares incluindo doença isquê mica do coração infarto agudo do miocárdio hiperten são arterial sistêmica febre reumática defeitos cardíacos congênitos insuficiência cardíaca congestiva e doença vascular periférica são as principais causas de morte em homens e mulheres em países industrializados Em geral as manifestações clínicas das doenças cardiovas culares têm início a partir da meiaidade e se intensifica com o avanço da idade No entanto evidência científica Para aprender mais sobre o diabetes mellitus e obter dados científicos sobre a doença visite o site da Sociedade Brasileira de Diabetes httpswwwdiabetesorgbr CONECTESE 110 confirma que as doenças cardiovasculares se iniciam na infância de modo que os tecidos que envolvem as coro nárias são afetados desde a infância no processo infla matório FORD 2003 A patogênese mais encontrada nas doenças cardio vasculares é a aterosclerose Ela é considerada uma do ença oriunda da disfunção endotelial e de inflamação Essa inflamação causa liberação de substâncias anticoa gulantes que prejudicam as funções do coração e podem acarretar vasoconstrição trombose e inflamação aguda e crônica SANTOS et al 2008 O mecanismo biológico pelo qual a prática de atividade física regular diminui as chances de adquirir hiperten são arterial sistêmica pode ser raciocinado da seguinte forma a pressão arterial sanguínea é determinada pelo débito cardíaco volume de sangue bombeado pelo co ração e pela resistência periférica total dos vasos san guíneos determinada pela viscosidade do sangue e o comprimento dos vasos sanguíneos As reduções no débito cardíaco não ocorrem após o treinamento físico indicando que uma redução na resis tência periférica total é o principal mecanismo pelo qual a atividade física reduz a pressão arterial sanguínea em repouso As alterações na resistência periférica total por sua vez são principalmente mediadas por alterações no diâmetro dos vasos sanguíneos Várias alterações neu rais e locais ocorrem em resposta à participação crônica da atividade física que reduz o estado vasoconstritivo da musculatura periférica e ao fazêlo diminui a resistên cia periférica total e a pressão arterial sanguínea SAN TOS et al 2008 Existem vários mecanismos biológicos plausíveis pelos quais a atividade física reduz o risco de doença isquêmica do coração acidente vascular encefálico e doença vascular periférica Esses mecanismos são se 111 EDUCAÇÃO FÍSICA melhantes para essas três formas de doença A atividade física reduz a pressão arterial sanguínea como demons trado no parágrafo anterior melhora o perfil lipídico do sangue por exemplo diminui os triglicerídeos aumenta a lipoproteína de alta densidade ou o colesterol bom e diminui a inflamação sistêmica por exemplo diminui os níveis sanguíneos de proteína C reativa PCR e ao fazêlo diminui os danos e a aterosclerose dos vasos san guíneos cardíacos cerebrais e periféricos A atividade física também melhora a função endote lial por exemplo melhora as propriedades de vasodila tação e vasoconstrição dos vasos sanguíneos e tem um efeito antitrombótico por exemplo reduz a coagulação do sangue o que reduz ainda mais o risco de eventos cardíacos e cerebrovasculares adversos BOUCHARD BLAIR HASKELL 2012 Para aprender mais sobre as doenças car diovasculares e obter dados científicos so bre essas doenças visite o site da Sociedade Brasileira de Cardiologia httpswwwportal cardiolbr CONECTESE 112 Programas de promoção da atividade física em saúde pública 113 EDUCAÇÃO FÍSICA A saúde pública é um campo multidisciplinar cujo ob jetivo é promover a saúde da população por meio de esforços comunitários organizados ASCHENGRAU SEAGE 2020 Ao contrário da medicina que se con centra principalmente no tratamento de doenças em in divíduos a saúde pública se concentra na prevenção de doenças na populaçãocomunidade As principais atividades de saúde pública incluem a avaliação do estado de saúde da população o diagnósti co dos problemas a busca pelas causas desses problemas e o desenvolvimento de soluções para eles As soluções geralmente envolvem intervenções no nível da comuni dade que controlam ou impedem a causa do problema Por exemplo as intervenções de saúde pública incluem o estabelecimento de programas educacionais para de sencorajar os adolescentes de fumar a implementação de programas de triagem para a detecção precoce do câncer e a aprovação de leis que exigem que motoristas e passageiros de automóveis usem cintos de segurança ASCHENGRAU SEAGE 2020 Infelizmente é difícil reconhecer as realizações em saúde pública porque é difícil identificar pessoas que foram poupadas de doenças por meio de ações em saú de pública Por esse motivo o campo da Saúde Pública recebeu menos atenção e menos recursos do que o cam po da Medicina No entanto a Saúde Pública tem um efeito maior na saúde das populações do que a medicina Por exemplo desde a virada do século XX a expectati va média de vida das pessoas vem aumentando Entre outros fatores para esse aumento na expectativa média de vida destacamse as melhorias na saúde pública As realizações em saúde pública que são responsáveis por melhorias na saúde e na expectativa de vida incluem o uso rotineiro de vacinas para doenças infecciosas me lhorias na segurança de veículos automotores e locais de trabalho controle de doenças infecciosas por meio de melhorias no saneamento básico e saúde ASCHEN GRAU SEAGE 2020 As atividades do sistema de saúde pública em pes quisa educação e implementação de programas torna ram essas realizações possíveis Esse sistema inclui agên cias federais estaduais e municipais além de instituições acadêmicas Esse complexo conjunto de instituições somente alcança o sucesso em saúde pública por meio de ações políticas e ganhos em conhecimento científico Dessa forma a política entra no processo de saúde pú blica quando as agências advogam por recursos desen volvem políticas e planos para melhorar a saúde de uma comunidade e trabalham para garantir que serviços necessários para a proteção da saúde pública estejam à disposição de todos A ação política é necessária porque o governo geralmente tem a responsabilidade de desen volver as atividades necessárias para proteger a saúde pública e promover a saúde da população ASCHEN GRAU SEAGE 2020 Para que você compreenda melhor o que vem a ser a Saúde Pública em si e para que entenda o que vem a ser Programas de Promoção de Atividade Física em Saú de Pública o Quadro 5 apresenta as diferenças entre os campos de pesquisa Básica Clínica e em Saúde Pública 114 Característica Pesquisa Básica Pesquisa Clínica Pesquisa em Saúde Pú blica O que e quem é estudado Células tecidos animais em laboratórios Pacientes com diagnóstico de doenças Populações ou comunida des Objetivos da pes quisa Entendendo os mecanis mos de doenças e os efei tos de substâncias tóxicas Melhora no diagnóstico e no tratamento de doenças Prevenção de doenças e promoção da saúde Exemplos Toxicologia imunologia Pediatria Medicina interna Epidemiologia saúde ambiental Quadro 5 Características das pesquisas Básicas Clínicas e em Saúde Pública Fonte adaptado de Aschengrau e Seage 2020 p 5 Descrição do quadro O Quadro 5 apresenta as características de diferentes tipos de pesquisa São descritas informações sobre os seguintes tipos de pesquisa Pesquisa básica Pesquisa Clínica e Pesquisa em Saúde Pública As características descritas são as seguintes o que e quem é estudado em cada tipo de pesquisa os objetivos de cada um dos tipos de pesquisa e exemplos para cada um dos tipos de pesquisa Na Pesquisa Básica são estudados as células os tecidos e animais em laboratórios O objetivo da Pesquisa Básica é entender os mecanismos de doenças e os efeitos de substâncias tóxicas Alguns exemplos de Pesquisa Básica são a toxicologia e a imunologia Na Pesquisa Clínica são estudados os pacientes com diagnóstico de doenças O objetivo da Pesquisa Clínica é a melhora no diagnóstico e no tratamento de doenças Alguns exemplos de Pesquisa Clínica são a pediatria e a medicina interna Na Pesquisa em Saúde Pública são estudadas as populações e comunidades O objetivo da Pesquisa em Saúde Pública é a prevenção de doenças e promoção da saúde Alguns exemplos da Pesquisa em Saúde Pública são a epidemiologia e saúde ambiental 115 EDUCAÇÃO FÍSICA Como a Saúde Pública diz respeito a comunidades e po pulações o sistema de saúde do Brasil Sistema Único de Saúde é um dos meios pelo qual tais Programas de Promoção de Atividade Física podem chegar às popu lações As ações de promoção de atividades físicas em Saúde Pública perpassam pela Política Nacional de Pro moção da Saúde Contudo antes da publicação da Políti ca Nacional de Promoção da Saúde o governo do Brasil divulgou em 2002 a ação chamada Hiperdia que tinha o propósito de acompanhar pacientes com diagnóstico de diabetes e hipertensão BENEDETTI et al 2014 No ano de 2003 foi lançada a Estratégia Mundial so bre Alimentação Saudável Atividade Física e Saúde que teve alcance em todo o mundo Com esse lançamento o tema que envolvia a atividade física e promoção da saúde foi colocado como prioridade para a saúde das popula ções A importância dessas recomendações internacio nais fez com que o Brasil por meio do Ministério da Saú de colocase a atividade física em evidência Em 2006 a Política Nacional de Promoção da Saúde foi publicada e os repasses financeiros referentes a essa política foram destinados a Estados e Municípios para que valorizassem ações de atividade física no Sistema Único de Saúde do Brasil BOUCHARD BLAIR HASKELL 2014 O Brasil lançou em 2007 o Plano Nacional de Ativi dade Física que previa dentre outras coisas a dissemina ção do tema atividade física e saúde junto à população por meio de projetos e campanhas de incentivo à prática de atividade física em todas as idades No ano de 2011 o Brasil atualizou esse plano e publicou mais uma ree dição BENEDETTI et al 2014 Todas essas ações di zem respeito à promoção de atividade física em termos de saúde pública pois estabelece uma relação entre os setores políticos de saúde e da população Em 2008 o Ministério da Saúde do Brasil retomou as ações de comunicação social para a prática de ativida de física em termos comunitários desta vez atrelada ao tema do Dia Mundial da Saúde Em 2011 o Ministro da Saúde do Brasil lançou o Programa Academia da Saúde que é gerenciado pelo Ministério da Saúde do Brasil até os dias atuais BENEDETTI et al 2014 O programa Academia da Saúde é uma estratégia de promoção e produção do cuidado com a saúde a partir da implantação de espaços públicos O objetivo desse programa é promover práticas corporais e atividade fí sica promoção da alimentação saudável educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população Para tanto o Programa promove a im plantação de polos do Academia da Saúde que são espa ços públicos dotados de infraestrutura equipamentos e profissionais qualificados BRASIL 2020 O Programa Academia da Saúde é para toda a popu lação e tem como ação o entendimento de que a saúde integral do usuário do sistema de saúde deve ser atingida nas perspectivas de realização de práticas corporais ativi dades físicas e alimentação saudável Além disso os espa ços do programa são também destinados a ações culturais para o melhor uso da população BRASIL 2020 Um tema que ainda carece de mais aprofundamento são os Programas de Promoção de Atividade Física em termos de Saúde Pública para crianças e adolescentes O projeto de pesquisa intitulado Report Card Brazil tem como objetivo mapear os programas existentes para esse público no Brasil Esse indicador trata sobre estratégias e investimentos governamentais para a promoção da atividade física de crianças e adolescentes No Brasil há algumas iniciativas para crianças e adolescentes que podem ser destacadas no Quadro 6 116 Programa Ano de Criação Ministério Objetivo principal Dimensão Centros de Artes e Esportes Unifi cados 2011 Cultura Integrar num mesmo espaço progra mas e ações culturais práticas esporti vas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioassistenciais políticas de preven ção à violência e de inclusão digital Infraestrutura física Forças no Es porte 2003 Defesa Democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte e promover o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes oferecendo atividades esportivas educacionais lazer e ativida des complementares Infraestrutura física e de pessoal Mais Educação 2007 Educação Não informado Não informado Segundo Tempo 2003 Esporte Democratizar o acesso de crianças e adolescentes aos conteúdos das práticas corporais por meio do esporte educacional de qualidade Infraestrutura de pes soal material esporti vo e uniforme Esporte e Lazer da Cidade 2011 Esporte Democratizar o lazer e o esporte recre ativo Infraestrutura de pessoal Descrição do quadro O Quadro 6 apresenta o nome dos programas do Governo do Brasil até 2018 que tratavam em alguma instância da promoção da atividade física em crianças e adolescentes Nesse quadro está o ano de criação dos programas o ministério brasileiro responsável pelo programa o objetivo principal do programa e a dimensão do programa O primeiro programa citado se chama Centros de Artes e Esportes Unificados que foi criado em 2011 e é de responsabilidade do Ministério da Cultura tem como objetivo principal integrar em um mesmo espaço programas e ações culturais práticas esportivas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioassistenciais políticas de prevenção à violência e de inclusão digital e abrange a dimensão de infraestrutura física O segundo programa citado se chama Forças no Esporte que foi criado em 2003 é de responsabilidade do Ministério da Defesa e tem como objetivo principal democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte e pro mover o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes oferecendo atividades esportivas educacionais lazer e atividades complementares e abrange a dimensão de infraestrutura física e de pessoal O terceiro programa citado é o Mais Educação que foi criado em 2007 é de responsabilidade do Ministério da Educação não apresenta informação do objetivo principal e também não apresenta informação sobre a dimensão que abrange O quarto programa citado se chama Segundo Tempo que foi criado em 2003 é de responsabilidade do Ministério do Esporte tem como principal objetivo democratizar o acesso de crianças e adolescentes aos conteúdos das práticas corporais por meio do esporte educacional de qualidade e abrange a dimensão de infraestrutura de pessoal material esportivo e uniforme O quinto programa citado é o Esporte e Lazer da Cidade que foi criado em 2011 é de responsabilidade do Ministério do Esporte tem como objetivo principal democratizar o lazer e o esporte recreativo e abrange a dimensão de infraestrutura de pessoal O sexto programa citado se chama Centro de Iniciação ao Esporte que foi criado em 2013 é de responsabi lidade do Ministério do Esporte tem como objetivo principal ampliar a oferta de infraestrutura de equipamento público esportivo qualificado incen tivando a iniciação esportiva em territórios de vulnerabilidade social das grandes cidades brasileiras e abrange a dimensão de infraestrutura física O sétimo programa citado se chama Academia de Saúde que foi criado em 2011 é de responsabilidade do Ministério da Saúde tem como objetivo principal promover práticas corporais e atividade física promoção da alimentação saudável educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população e abrange a dimensão de infraestrutura física e de pessoal 117 EDUCAÇÃO FÍSICA Centro de Inicia ção ao Esporte 2013 Esporte Ampliar a oferta de infraestrutura de equipamento público esportivo qualifi cado incentivando a iniciação esportiva em territórios de vulnerabilidade social das grandes cidades brasileiras Infraestrutura física Academia da saúde 2011 Saúde Promover práticas corporais e atividade física promoção da alimentação saudá vel educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população Infraestrutura física e de pessoal Quadro 6 Programas do Governo do Brasil até 2018 que tratavam em alguma instância da promoção da atividade física em crian ças e adolescentes Fonte adaptado de Silva et al 2018 Algumas características desses programas se destacam SILVA et al 2018 1 nenhum desses programas têm como objetivo principal a promoção da atividade física de crianças e adolescentes tal objetivo é secundário nes ses programas 2 não foi disponibilizado a quantidade de recursos financeiros que é destinada por cada progra ma por ano para cada estado da federação para que se pudesse verificar se o investimento em atividade física é apropriado 3 não há informações nas fontes de consul ta sobre a avaliação da efetividades desses programas no que concerne à promoção da atividade física de crianças e adolescentes 4 não há informações sobre o impacto desses programas nos níveis de atividade física de crian ças e adolescentes 5 não há informações sobre o plane jamento eou perspectivas futuras investimentos am pliação desses programas no que concerne à promoção da atividade física de crianças e adolescentes Nesse sen tido Programas de Promoção de atividade física efetivos para crianças e adolescentes do Brasil ainda são escassos Para isso reflita sobre quais atividades físicas a sua co munidade prática com frequência e se essa atividade pode ser praticada por todos independentemente do nível econômico e social Além disso reflita se o espaço físico existente no seu bairro é apropriado para a ativi dade Após essas reflexões converse com a associação de moradores do seu bairro com a secretaria de saúde do município e com a imprensa sobre a necessidade de promover atividade física para todos Antes de 2006 não existia no Brasil uma política nacional que tivesse como foco a promoção da atividade física em termos de Saúde Pública Dessa forma esse campo é recente na área da atividade física no Brasil e muito aprofunda mento ainda precisa ser dado para encontrar melhores estratégias de promoção da atividade física em termos comunitários Que tal você pensar como a sua comunidade poderia ela borar Programas de Promoção da Atividade Física que sirva para todos EXPLORANDO IDEIAS 118 considerações finais Nessa unidade foi informado sobre a relação da prática de atividade física com mar cadores de saúde para tanto foi mostrado que todas as pessoas devem fazer atividades físicas regulares A quantidade recomendada de atividade física para trazer benefícios à saúde varia conforme a faixa etária e todos devem se atentar a isso Crianças e ado lescentes têm recomendações específicas adultos e idosos também Dessa forma ao trabalhar com cada público em específico devese atentar às recomendações específicas A prática regular de atividades físicas evita a mortalidade precoce e o surgimento de diversas doenças como a obesidade o câncer o diabetes mellitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares Diversos estudos foram mostrados nesta unidade com evidências dos benefícios da prática de atividade física A atividade física pode ser empregada na prevenção e também como auxílio no tratamento dessas enfermidades de modo que ela é essencial no controle desses agravos Uma das formas de proporcionar atividades físicas para a população é por meio dos Programas de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública Esses programas são voltados a toda a população e tem como objetivo principal educar a população para um estilo de vida ativo e saudável No Brasil diversas iniciativas de Programas de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública foram aplicadas a partir de 2006 de modo que esse marco foi possível por causa da Política Nacional de Promoção da Saúde Atualmente o maior programa do Brasil de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública é a Academia da Saúde que é destinado a toda a população Apesar do exposto anteriormente algumas faixas etárias como as crianças e os ado lescentes dispõem de poucas oportunidades voltadas diretamente a eles pois os programas existentes não focam na educação em saúde 119 atividades de estudo 1 Para entender o papel da atividade física na prevenção da mortalidade pre coce e promoção da saúde é importante compreender que cada pessoa que nasce tem uma expectativa de vida que significa quantos anos em média essa pessoa irá viver Com base nesse exposto leia as afimativas a seguir e depois assinale a alternativa correta I Quanto mais desenvolvido é o país piores são as condições de vida daquele país II O cálculo de expectativa de vida leva em consideração o país e as condições de vida da localidade em que a pessoa nasce III A prática de atividade física regular ajudará a pessoa a atingir a expectativa de vida daquela determinada localidade IV As evidências científicas são consistentes em informar que a prática de ativi dade física diminui a mortalidade precoce É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c I apenas d II III e IV apenas e I II III e IV 2 A obesidade é um fator de risco principal para mortalidade prematura e inú meras condições crônicas de saúde que reduzem a qualidade de vida geral A prevalência da obesidade aumentou para proporções epidêmicas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento nas últimas duas a três décadas e essa condição afeta praticamente todas as idades raças e grupos socioeconômicos em ambos os sexos Com base no tema da obesidade analise as afirmativas a seguir e depois assinale a alternativa correta I A obesidade é uma condição de acúmulo excessivo de gordura que não prejudica a saúde II Quando o balanço energético é positivo quer dizer que o organismo está ingerin do mais energia do que gastando III Quando o balanço energético é negativo quer dizer que o organismo está gas tando mais energia do que ingerindo IV A perda de peso não está relacionada ao volume de atividade física realizada 120 atividades de estudo É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c I apenas d II III e IV apenas e I II III e IV 3 O câncer é de origem multifatorial com contribuições provenientes de com ponentes genéticos e ambientais Do ponto de vista da saúde pública deter minantes modificáveis do câncer são importantes porque esses fatores são passíveis de mudança Um determinante ou fator de risco que recebeu muita atenção recentemente é a atividade física Considerando o exposto marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas Câncer é considerado a segunda maior causa de mortalidade no mundo fi cando atrás apenas das doenças cardiovasculares A atividade física reduz o risco de desenvolver câncer de mama por meio dos efeitos na função menstrual e nos níveis de hormônios sexuais femininos A atividade física diminui o tempo de trânsito intestinal no cólon o que reduz o risco de câncer A sequência correta é a V V F b F F V c V F V d F F F e V V V 121 atividades de estudo 4 A diabetes mellitus se dá quando o corpo não pode controlar o nível de glicose na circulação sanguínea em decorrência da produção insuficiente de insulina ou de uma resposta inadequada dos órgãos aos níveis circulantes de insulina Com base no tema da diabetes mellitus assinale V para as afirmativas verda deiras e F para as afirmativas falsas O diabetes mellitus é uma doença infectocontagiosa que engloba um grupo heterogêneo de distúrbios Uma única sessão de exercício físico pode diminuir o transporte e o metabo lismo da insulina no músculo esquelético o que ajuda a controlar o diabetes mellitus tipo 2 Durante um período agudo de exercícios a crescente necessidade de com bustível metabólico é atendida pelo aumento da utilização de carboidratos e gorduras no músculo esquelético A sequência correta é a V V F b F F V c V F V d F F F e V V V 5 Cite cinco Programas de Promoção de Atividade Física em Saúde Pública para crianças e adolescentes que existem no Brasil e descreva o objetivo de cada um deles 122 LEITURA COMPLEMENTAR Um artigo recentemente publicado na Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempe nho Humano pelos autores Renata Aparecida Rodrigues de Oliveira Osvaldo Costa Moreira Rômulo José Mota Júnior e João Carlos Bouzas Marins intitulado como Associação entre ín dice de adiposidade corporal e fatores de risco cardiovasculares em professores teve como objetivo investigar a associação entre adiposidade corporal e fatores de risco cardiovascula res em professores Os autores analisaram 495 professores de ambos os sexos sendo 324 mulheres e 171 homens Uma série de avaliações antropométricas foi realizada nos profes sores para investigar se eles tinham os níveis de gordura corporal elevados ou não Do total da amostra foi encontrado que 321 dos professores tinham adiposidade corporal elevada Um dos principais resultados que os autores encontraram foi que os professores que tinham excesso de gordura corporal ou seja obesidade também tinha níveis elevados de gordura corporal na região do abdômen valores de glicose em jejum elevados e o colesterol total elevado Esses resultados demonstram que a obesidade é fator de risco para glicose elevada que tem relação direta com a diabetes mellitus e com outros fatores de risco cardiovascula res como o colesterol total que é um dos responsáveis pela aterosclerose Como foi visto ao longo da unidade a atividade física regular auxilia no controle e na pre venção de todas essas doenças como a obesidade diabetes mellitus e doenças cardiovas culares ou seja é um fator preponderante para evitar esses agravos à saúde Dessa manei ra no artigo citado a prática de atividade física regular é discutida como um dos principais meios para melhorar a saúde dos professores investigados Essas atividades físicas podem ser do tipo aeróbias de força ou uma combinação de ambas desde que sejam praticadas regularmente Fonte adaptado de Oliveira et al 2020 online 123 material complementar Atividade Física Saúde e Qualidade de Vida Carlos Aparecido Zamai Editora Paco Editorial Sinopse o livro destaca o tema da atividade física relacionada à saúde focan do nos seguintes aspectos teorias modelos e determinantes da atividade física em adultos Saúde e qualidade de vida de militares Avaliação da qualidade de vida em crianças análise dos instrumentos Kidscreen O basquete em cadeira de rodas na qualidade de vida de pessoas com lesão medular Musculação como elemento importante para saúde e qualidade de vida de crianças e adolescentes entre outros pontos Indicação para Ler 124 gabarito 1 D 2 B 3 A 4 B 5 Os programas e os objetivos estão descritos no Quadro 6 Programa Centros de Artes e Esportes Unifica dos tem como objetivo integrar num mesmo espaço programas e ações culturais práticas esportivas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioas sistenciais políticas de prevenção à violência e de inclusão digital Programa Forças no Esporte tem como objeti vo democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte e promover o desenvolvimento in tegral de crianças e adolescentes oferecendo atividades esportivas educacionais lazer e ati vidades complementares Programa Mais Educação não informado Programa Segundo Tempo tem como ob jetivo democratizar o acesso de crianças e adolescentes aos conteúdos das práticas cor porais por meio do esporte educacional de qualidade Programa Esporte e Lazer da Cidade tem como objetivo democratizar o lazer e o espor te recreativo Programa Centro de Iniciação ao Esporte tem como objetivo ampliar a oferta de infraestru tura de equipamento público esportivo quali ficado incentivando a iniciação esportiva em territórios de vulnerabilidade social das gran des cidades brasileiras Programa Academia da saúde tem como ob jetivo promover práticas corporais e atividade física promoção da alimentação saudável educação em saúde entre outros além de contribuir para a produção do cuidado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis da população UNIDADE IV Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Uma breve história dos serviços de saúde Sistema Único de Saúde SUS Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB Objetivos de Aprendizagem Apresentar uma breve história do surgimento dos Sistemas Públicos da Saúde Identificar os conceitos princípios e diretrizes que regem o Sistema Único de Saúde Discutir sobre os preceitos e diretrizes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS unidade IV INTRODUÇÃO S eja bemvindoa ao nosso quarto encontro sobre a epidemio logia na atividade física O objetivo aqui será apresentar um pouco da história que antecedeu a criação do Sistema Único de Saúde SUS Voltaremos lá nos primórdios do século XVIII e passaremos por toda a história até chegar na criação do SUS Você irá notar que houve ram muitas transformações e reivindicações para que o SUS pudesse ser o que é hoje Além disso discutiremos sobre os princípios e diretrizes que regem esse sistema brasileiro e o motivo que faz com que ele leve no nome o termo único Para finalizar a temática sobre o SUS apresentaremos as abordagens sobre a Estratégia Saúde da Família e a Atenção em Saúde incluindo seus níveis de complexidade Você perceberá que dentro de um nível específico de complexidade da Atenção à Saúde encontraremos um programa chamado NASF Nú cleo de Apoio à Saúde da Família Então discutiremos sobre os conceitos e preceitos que o regem Além disso você conhecerá também um pouco da história desse programa de como quando e o porquê ele foi criado e ao final você irá identificar o motivo pelo qual abordaremos especifica mente sobre este programa neste nosso livro Vou te dar um spoiler o profissional de Educação Física tem grande representatividade neste programa e faz a diferença na vida dos usuá rios Eu tenho certeza que você terá uma ótima leitura Desejo desde já bons estudos 130 Uma breve história dos serviços de saúde 131 EDUCAÇÃO FÍSICA Antes de discutirmos efetivamente sobre o Sistema Úni co de Saúde SUS vamos entender um pouco sobre os modelos assistenciais e o serviço público de saúde uma vez que os sistemas de saúde as organizações de saúde e as formas de interagir são distintas quando observamos ao longo da história nas diversas localidades Na Idade Média os hospitais eram geridos pela igre ja a qual era responsável pelo cuidado das pessoas ca rentes órfãos e doentes Como os hospitais ficavam pró ximos às igrejas eles recebiam todo tipo de pessoa que necessitasse de qualquer ajuda ou seja os hospitais não recebiam apenas doentes mas incapacitados pobres pe regrinos vagabundos órfãos e idosos COELHO 2008 Entre os Séculos XVIII e primeira metade do Sécu lo XIX os hospitais gradativamente perderam a gestão da igreja e passaram a ser gerido pelo Estado Assim no final do século XIX o hospital começa a realmente se tornar uma organização complexa deixando de ser um lugar de abrigo onde os pobres aguardavam a morte passando a ser considerado lugar onde se procura a cura para as doenças e frequentado não apenas por pobres mas por todas as classes sociais Então os hospitais se tornaram centro de estudo aprendizagem e pesquisa entrelaçando a relação hospitalmedicina e auxiliando nos problemas sanitários e na construção de sistemas de saúde COELHO 2008 Apesar do ambiente hospitalar e a relação hospital medicina fosse semelhante a quase todos os países do ocidente incluindo os países socialistas as maneiras de gerenciar esses serviços e disponibilizálos à popu lação apresentou grandes variações desde o início do século XX gerando diferentes modelos assistenciais Enquanto nos países socialistas e também na maioria dos países europeus se organizaram os modelos assis tenciais conhecidos como Sistemas Nacionais Públicos de Saúde nos Estados Unidos da América e outros paí ses expandiuse o Modelo Liberal Privatista ou também conhecido como Modelo liberal Privado 132 O modelo assistencial é entendido como diferentes combinações tecnológicas com finalidades distintas como solucionar problemas e atender necessidades e or ganizar serviços de saúde considerando sempre o perfil epidemiológico da comunidade ou seja investigando as doenças e agravos à saúde PAIM 2003 Portanto é uma forma de organização e articulação entre os dife rentes recursos físicos tecnológicos e humanos disponí veis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma população SILVA JUNIOR ALVES 2007 Em termos gerais o que caracteriza os Sistemas Nacionais Públicos de Saúde é o fato dele ser universal regulado e financiado pelo aparato estatal Além disso os serviços são disponibilizados para a população di retamente pelo Estado ou por meio da terceirização de profissionais e organizações privadas Em contraparti da no Modelo Liberal Privatista a população compra os serviços de saúde diretamente dos prestadores por meio de diferentes tipos de associações que podem ser desde o mutualismo até de empresas que interligam a relação entre os usuários e os serviços que geralmente são prestadores privados de assistência à saúde COE LHO 2008 A amplitude da assistência à saúde a toda a população na maioria dos países deuse objetivando disponibili Mutualismo é uma relação harmônica entre dois grupos que se associam e se beneficiam dessa interação No contexto do nosso con teúdo quer dizer uma entidade mútua em que há contribuição de todos para benefício individual de cada um dos contribuintes CONCEITUANDO zar médicos e hospitais para a população aumentando a procura pelos serviços hospitalares Em decorrência disso até a década de 60 ocorreu um disparo no núme ro de hospitais leitos hospitalares funcionários ligados à saúde e número de serviços prestados Assim a saúde passou a ser um direito pautado constitucionalmente de responsabilidade do Estado COELHO 2008 Nos anos 70 a junção do aumento da clientela e da ampliação do acesso aos serviços de saúde ocasionada pela implementação do direito à saúde como política da maioria dos países e o aumento dos gastos devido a uma medicina hospitalar mais especializada e tecnológica resultou em um drástico aumento do gasto com assis tência médica com o passar dos anos Apesar dos altos custos financeiros advindos com a assistência médica muitas pesquisas demonstravam que os indicadores de saúde não melhoravam na mesma proporção Assim a importância a legitimidade do hospital e o processo de especialização médica começaram a ser questionados no que diz respeito à capacidade de melhorar a qualida de de vida e os indicadores de saúde No fim dos anos 70 a crise dos modelos assistenciais em saúde se aprofunda ainda mais principalmente devi do às insuficiências para suprir as demandas de saúde e as notícias sobre possíveis desvios de verbas Justamente nesse cenário de efervescência marcado por uma per cepção de cidadania que colocava as questões de saúde na agenda política e no centro das discussões indicati vos de uma Reforma Sanitária Brasileira apareciam Articulada entre os anos 70 e 80 no Brasil o movi mento da Reforma Sanitária teve como principal ob jetivo o reconhecimento da saúde como direito social que deveria ser garantido pelo Estado Seu ápice se deu com a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986 promovida pelo Ministério da Saúde 133 EDUCAÇÃO FÍSICA SILVA MIRANDA 2014 Com o tema Saúde Direi to de Todos Dever do Estado a 8ª conferência contou com a participação de diferentes setores organizados da sociedade como delegados eleitos representações sindi cais associações de profissionais de saúde movimentos populares em saúde Associação Brasileira de PósGra duação em Saúde Coletiva ABRASCO entre outros NORONHA LIMA MACHADO 2008 Três dos principais assuntos abordados na Conferência de 1989 foram saúde como direito de cidadania refor mulação do Sistema Nacional de Saúde e financiamen to do setor O relatório da Conferência determinou que haveria a necessidade da criação de uma Instituição da saúde como direito de cidadania e dever do Estado compreensão da determinação social do processo saú dedoença e reorganização do sistema de atenção com a criação do Sistema Único de Saúde SUS A Figura 1 demonstra alguns marcos na história do Sistema SUS O movimento da Reforma Sanitária nasceu no início da década de 70 em um contexto de luta contra a ditadura Essa expressão de Reforma Sanitária foi literalmente utilizada para se referir ao conjunto de ideia que se tinha em relação às mudanças e transforma ções necessárias à área da saúde Portanto foi um processo de amplas mobilizações da sociedade brasileira pela redemocratização expressando a indignação da sociedade frente a mercantilização da saúde Fonte adaptado de Arouca 1986 CONCEITUANDO 134 1988 A Constituição Brasileira reconhece o direito de acesso universal à saúde a toda a população por meio do SUS Registro do último caso de poliomielite 1989 Leis n 8080 e n 8142 regulamentaram os serviços a participação da sociedade e as bases de funcionamento do SUS 1990 1991 Estruturação da rede de atenção básica em saúde com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde 1992 Aprovação da Norma Operacional Básica NOB 011992 Programa de Reorganização dos Serviços de Saúde 1993 Descentralização e municipalização dos serviços e a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social Inamps Estruturação da Saúde da Família com equipes multidisciplinares atuando nas comunidades 1994 1995 Regulamentação do Sistema Nacional de Auditoria no âmbito do SUS Acesso e distribuição de medicamentos aos portadores de HIVaids e a redefinição do modelo de gestão do SUS que disciplina as relações entre União estados municípios e Distrito Federal 1996 1999 Criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa uma nova etapa no registro e fiscalização de medicamentos e alimentos e também a Política Nacional dos Medicamentos Genéricos Criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar Regulamentação do setor privado de saúde 2000 Figura 1 Marcos na história da construção do Sistema Único de Saúde Fonte a autora Descrição da Imagem a Figura 1 apresenta uma linha do tempo dos principais acontecimentos que marcaram a história da construção do Siste ma Único de Saúde SUS iniciando com o ano de 1988 em que a Constituição Brasileira reconhece o direito de acesso universal à saúde a toda a população por meio do SUS No ano de 1989 foi registrado o último caso de poliomielite Em 1990 as Leis n 8080 e n 8142 regulamentaram os serviços a participação da sociedade e as bases de funcionamento do SUS Em 1991 houve a estruturação da rede de atenção básica em saúde com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde Em 1992 aconteceu a aprovação da Norma Operacional Básica NOB 011992 Programa de Reorganização dos Serviços de Saúde No ano de 1993 aconteceu a descentralização e municipalização dos serviços e a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social Inamps Em 1994 houve a estruturação da Saúde da Família com equipes multidisciplinares atuando nas comunidades No ano seguinte 1995 há a regulamentação do Sistema Nacional de Auditoria no âmbito do SUS Em 1996 temos o acesso e distribuição de medicamentos aos portadores de HIVaids e a redefinição do modelo de gestão do SUS que disciplina as relações entre União estados municípios e Distrito Federal Em 1999 houve a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa uma nova etapa no registro e fiscalização de medicamentos e alimentos e também a Política Nacional dos Medicamentos Genéricos 135 EDUCAÇÃO FÍSICA Sistema Único de Saúde SUS 136 A 8ª Conferência Nacional de Saúde realizada em março de 1986 em Brasília foi um marco na história da saúde pública brasileira A Conferência consolidou os princí pios prescritos pelo Movimento da Reforma Sanitária concretizando um processo democrático em que a pro posta política se enfatizava no conceito abrangente de saúde e no reconhecimento como um direito do cidadão de responsabilidade do Estado BRASIL 1998 BECCHI et al 2013 Esse conceito de direito à saúde e dever do Estado foi legalizado na Constituição Federal de 1988 garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção proteção e recuperação BRASIL 1988 p 32 nascendo o Sistema Único de Saúde SUS O SUS é definido na Constituição Federal de 1988 como um conjunto de ações e serviços de saúde organi zado em rede regionalizada e hierarquizada em que o di reito à saúde deve se efetivar por meio da implementação das políticas de saúde BRASIL 1988 Assim três docu mentos forneceram as bases para a organização do SUS 1 A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 2 A Lei Orgânica da Saúde de 19 de setembro de 1990 3 A Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Entretanto antes de você conhecer a fundo sobre o SUS vamos entender como esse sistema funciona Bom pri meiramente sistema pode ser considerado como um aglomerado de elementos que estão interrelacionados ou seja interagemse entre si para desempenhar uma determinada função No caso do sistema brasileiro o SUS o objetivo é oferecer cuidados de saúde à popula ção que visem ações preventivas curativas de reabilita ção e de promoção SOLHA 2014 Observe a Figura 2 137 EDUCAÇÃO FÍSICA RECURSOS FINANCEIROS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE OBJETIVO OFERECER CUIDADOS DE SAÚDE PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA ASSISTÊNCIA À SAÚDE ENSINO PESQUISA VIGILÂNCIA À SAÚDE RECURSOS HUMANOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAIS DE APOIO INFRAESTRUTURA FÍSICA E DE EQUIPAMENTOS UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE AMBULATÓRIOS HOSPITAIS LABORATÓRIOS VEÍCULOS Figura 2 Elementos que compõe o Sistema Único de Saúde Fonte adaptada de Solha 2014 Descrição da Imagem a Figura 2 apresenta os elementos que compõe o Sistema Único de Saúde SUS que tem como objetivo oferecer cuidados de saúde para a população brasileira Os elementos são Recursos financeiros Infraestrutura física e de equipamentos Unidade Básica de saúde ambulatórios hospitais laboratórios veículos Assistência à saúde ensino pesquisa e vigilância à saúde recursos humanos profissionais de saúde profissionais de administração e profissionais de apoio O elemento recursos financeiros diz respeito aos ativos que custeiam monetariamente o funcionamento desse sistema Esses recursos provêm do pagamento de impos tos pela sociedade Os recursos humanos se destinam ao conjunto de colaboradores desse sistema como os pro fissionais de saúde os profissionais da área da adminis tração e os profissionais de apoio Isso envolve médicos enfermeiros técnicos de enfermagem fisioterapeutas psicólogos administradores auxiliar de limpeza entre tantos outros O setor da infraestrutura física e de equipamentos corresponde ao local em que os profissionais atuam e os usuários têm acesso aos serviços prestados O ensi no e pesquisa são eixos fundamentais que orientam os serviços do SUS pois possibilitam o desenvolvimento de pesquisas sobre saúde permitindo uma assistência à saúde qualificada Em relação a vigilância em saúde esta é responsável pelas ações de vigilância prevenção e con trole de doenças isto é a análise da situação de saúde da população brasileira como um todo 138 Como todo sistema precisa de regras para garantir o seu funcionamento o SUS também possui seus prin cípios e diretrizes sendo que os princípios éticos con duzem o sistema e as diretrizes organizacionais ajudam a administrálo possibilitando que os princípios sejam colocados em prática Perceba na Figura 3 os princípios que regem o SUS Universalidade Equidade Integralidade Figura 3 Princípios do SUS Fonte a autora Descrição da Imagem A Figura 3 apresenta os três princípios que regem o SUS e que estão interligados São eles universalidade equi dade e integralidade O princípio da universalidade é o que garante o acesso de toda a população aos serviços de saúde abrangendo todos os níveis de assistência sem restrição Esse prin cípio talvez seja o maior desafio do SUS o de garantir o direito à saúde a uma população de mais de 211 milhões de habitantes IBGE 2020 tornando o Brasil pratica mente como o único país do mundo que se propôs en frentar tamanho obstáculo A Lei 80801990 em seu artigo 7º IV contempla de modo explícito o princípio da equidade proclamando a igualdade da assistência à saúde sem preconceitos ou privilégios de qualquer natureza BRASIL 1990 onli ne Isto é o objetivo desse princípio requer que as ações e serviços sejam ofertados a todos os cidadãos de forma igualitária sem privilégios ou barreiras A integralidade é entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos individuais e coletivos exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema BRASIL 1990 online Portanto para que haja inte gralidade da assistência à saúde é necessária a intrínseca relação entre prevenção promoção e recuperação no que se refere aos cuidados para com os atendidos pelo SUS Além disso é notório a preocupação não apenas com a saúde individual mas também com a saúde co letiva Assim quando se fala em complexidade do sis tema diz respeito não apenas à necessidade de organi zação e atenção aos serviços de pequena média e alta complexidade dimensão horizontal mas também a percepção da saúde para além do aspecto biológico isto é a importância também do aspecto afetivo espiritual e sociocultural dimensão vertical CARVALHO 2006 Como o SUS é um sistema nacional que atua em um país com regiões extremamente diferentes entre si di retrizes foram criadas para garantir um funcionamento uniforme do sistema em todo o Brasil as quais devem ser seguidas por todos os municípios e estados 139 EDUCAÇÃO FÍSICA A descentralização corresponde à distribuição das responsabilidades pelas ações e serviços de saúde para os municípios tornando as três esferas federal estadual e municipal responsáveis pelo desenvolvimento pela co ordenação pela implantação e pela avaliação dos progra mas de saúde SOLHA 2014 Isso porque anteriormen te as ações de saúde eram todas centralizadas no nível federal e então os programas de saúde eram criados e re alizados de acordo com o perfil epidemiológico do país e executados pelos estados e municípios Contudo você viu nas unidades anteriores que o perfil de adoecimento e mortalidade é diferente a depender da região Assim as estratégias de saúde não estavam sendo específicas Por tanto as ações foram distribuídas a nível federal estadual e municipal para que os estados e os municípios pudes sem ter a liberdade de definir seus próprios programas de acordo com a realidade regional e receberem apoio técnico e suporte financeiro do nível federal A regionalização se destina à delimitação de ter ritórios para que os gestores locais possam atuar sobre eles de forma planejada e organizada Em determinados casos isso só acontece com a ajuda das Secretarias Es taduais de Saúde que devem apoiar os municípios no processo Para isso existem algumas comissões especí ficas de município estado e até governo federal em que são discutidas as necessidades de saúde da região e as possíveis soluções SOLHA 2014 O SUS leva a nomenclatura de único pois seus princípios e diretrizes regem a organização dos serviços nas três esferas do governo federal estadual e munici pal Esses princípios demonstram os ideais que regem a criação e implementação do SUS e são específicos para as bases do conceito geral de saúde que você estudou lá na Unidade I e seu reconhecimento como direito SIL VA MIRANDA 2014 O objetivo principal do SUS é criar e executar uma política nacional de saúde que seja focada em promover condições de vida saudável para a população que possi bilite a prevenção de riscos doenças e agravos à saúde e possa garantir um acesso igualitário a todos dos servi ços assistenciais que garantem atenção integral à saúde BRASIL 2011 A atuação do sistema brasileiro abrange um conjun to de serviços e ações CAMPOS et al 2009 como Assistência que integra a atenção básica primá ria atenção especializada ambulatorial secun dária e atenção hospitalar terciária nos varia dos níveis de complexidade Vigilância em saúde inclui vigilância ambiental vigilância sanitária vigilância epidemiológica e vigilância nutricional Assistência terapêutica integral com destaque para a assistência farmacêutica Formulação e execução da política de sangue e a coordenação das redes de hemocentros Regulação da prestação de serviços privados de assistência à saúde Regulação da formação dos profissionais de saúde Promoção da saúde em articulação interseto rial com outras áreas e órgãos governamentais Apoio diagnóstico e de terapia na assistência à saúde e nas investigações de interesse da vigilân cia em saúde pública Definição e implementação de políticas de Ciên cia e Tecnologia para o setor saúde incluindo a definição de normas e padrões para a incorpora ção tecnológica 140 O SuperSUS é um aplicativo para celular de senvolvido pelo Grupo de pesquisa Saberes e Práticas em Saúde da Fiocruz que propor ciona a divulgação da rede que compõe o sistema e as conquistas que envolveram sua criação No game o SUS é um superherói e precisa superar desafios na rede pública de saúde Baixe agora mesmo no seu celular e divirtase ao mesmo tempo que você aprende sobre o sistema brasileiro de saúde https supersusfiocruzbr CONECTESE A assistência à saúde disponibilizada pelo SUS é dividida em níveis de Atenção à Saúde Esses níveis basicamen te destinamse à capacidade que uma unidade de saú de tem para prestar assistência à população A Atenção Primária ou Básica é uma assistência generalista consi derada de baixa complexidade tecnológica e portanto tem foco na promoção e prevenção de saúde A Aten ção Secundária apresenta um maior nível tecnológico com incorporação de mais especialistas e já passa a ter um nível médio de complexidade A Atenção Terciária é de alto nível tecnológico e alta complexidade ou seja é mais especializada Figura 4 ATENÇÃO PRIMÁRIA ATENÇÃO SECUNDÁRIA ATENÇÃO TERCIÁRIA SERVIÇOS HOSPITALARES DE MAIOR COMPLEXIDADE Hospitais terciários e quaternários de caráter regional estadual e nacional SERVIÇOS HOSPITALARES DE MAIOR COMPLEXIDADE SERVIÇOS AMBULATORIAIS Serviços ambulatoriais com especialidades clínicas e cirúrgicas serviços de apoio diagnóstico e terapêutico Serviços de atendimento de urgência e emergência os HOSPITAIS GERAIS UNIDADES DE SAÚDE Atenção Primária à grupos populacionais situados em uma área de abrangência delimitada as Unidades de Saúde PORTA DE ENTRADA do sistema para os níveis superiores de maior complexidade Descrição da Imagem a Figura 4 apresenta os níveis de complexidade da Atenção à Saúde Nela encontramos uma pirâmide separada por quatro níveis Na base da pirâmide consta o primeiro nível que é a Atenção primária Esta é a porta de entrada do sistema para os níveis superiores de maior complexidade Ela é destinada a grupos populacionais situados em uma área de abrangência delimitada as Unidades de Saúde O segundo nível da pirâmide se destina à Atenção Secundária que são os serviços ambulatoriais com especialidades clínicas e cirúrgicas os serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e os serviços de atendimento de urgência e emergência os Hospitais gerais O terceiro nível é a Atenção Terciária sendo especificamente para os serviços hospitalares de maior complexidade E por fim o último nível da pirâmide que são os serviços hospitalares de maior complexidade como hospitais terciários e quaternários de caráter regional estadual e nacional Figura 4 Níveis de complexidade da Atenção à Saúde Fonte adaptada de Lima 2016 online 141 EDUCAÇÃO FÍSICA A Atenção Primária à Saúde ou Atenção Bá sica à saúde é o primeiro nível de atenção em saúde é a porta de entrada do SUS Caracteri zase por ser um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo que abrange a proteção prevenção e promoção da saúde CAMPOS et al 2009 A Estratégia Saúde da Família é a vertente brasileira da Atenção Básica à Saúde portan to é uma iniciativa criada para implementar e fortalecer a atenção básica em saúde Quando essa estratégia foi criada no Brasil no ano de 1994 tinha a nomenclatura de Programa Saú de da Família e era composta por um médico generalista um enfermeiro dois auxiliares de enfermagem e de quatro a seis agentes comu nitários Posteriormente o cirurgiãodentista o técnico de saúde dental e o auxiliar de con sultório dentário também fizeram parte da equipe PINHO et al 2012 No ano de 2008 com o objetivo de am pliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica apoiando a inserção da estra tégia de Saúde da Família na rede de serviços e o processo de territorialização e regionaliza ção a partir da atenção básica BRASIL 2008 nasceu o Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF o qual você notará no próximo tó pico que teve sua nomenclatura atualizada para Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB 142 Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB 143 EDUCAÇÃO FÍSICA Embora a Estratégia Saúde da Família tenha tido boa aceitação e expansão demonstrando resultados positi vos até internacionalmente ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE 2011 muitos desafios se encontravam pela frente Dentre eles o processo em curso de redefinição e qualifi cação da atenção básica na ordenação das redes de atenção e na sua capacidade efetiva de gestão do cuidado por meio do aumento do escopo das ações da ampliação de formatos de equipes de ações que auxiliem na expansão da resolutividade e da arti culação e suporte comde outros pontos de atenção da Rede de atenção à saúde BRASIL 2014 p 15 Tentando responder a esses objetivos e desafios o Mi nistério da Saúde em 2008 criou o Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF BRASIL 2009 para ampliar a abrangência e as ações da Atenção Básica e reforçar o processo de territorialização e regionalização em saúde Portanto os NASFs são uma das principais estruturas de apoio matricial às Estratégias de Saúde da Família estabelecendo o papel fundamental de ampliar o escopo das ações e aumentar a resolutividade dos problemas de saúde vivenciados na Atenção Primária à Saúde De modo a romper com a visão fragmentada tra dicional da atenção à saúde no Brasil o NASF atua de forma integrada prestando apoio matricial às equipes de Saúde da Família O que seria um modelo matricial O modelo de apoio matricial é considerado um novo modo de produzir saúde em que em um processo de construção compartilhada duas ou mais equipes elabo ram uma proposta de assistência pedagógica e terapêu tica como acontece nos consultórios de rua nas ações a populações ribeirinhas e fluviais ou no próprio Progra ma Academia da Saúde programa que visa a promoção da saúde e produção do cuidado por meio da implanta ção de espaços públicos BRASIL 2014 Quando relacionado à Atenção Primária à Saúde este modelo aborda uma estratégia de organização do trabalho em saúde articulada a partir da necessidade de ampliar o escopo de atuação da Estratégia Saúde da Família trazendo uma equipe multiprofissional que irá prestar assistência e cuidados em saúde de forma interdisciplinar aumentando o potencial de integrali dade e de resolutividade dos atendimentos SANTOS UCHÔAFIGUEIREDO LIMA 2017 O modelo do apoio matricial é o principal modelo de cuidados colaborativos no Brasil e portanto tem a finalidade de a partir da prática integrada à Atenção Pri mária à Saúde estimular a construção de saberes cen trando a ação no sujeito e não na doença Neste aspecto as especialidadesespecificidades adotam um lugar de apoio em contradição a uma lógica fragmentada e hie rárquica de trabalho CAMPOS DOMITTI 2007 Revendo a história de implantação do NASF en quanto política a primeira experiência surgiu em julho de 2005 com os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família NAISF formado por quatro modalidades de ação em saúde alimentaçãonutrição e atividade fí sica saúde mental e reabilitação BRASIL 2013 A por taria de criação do NAISF foi reformulada integrando novas áreas de atuação e novas diretrizes para organiza ção do trabalho Como mencionado anteriormente o NASF foi cria do em 2008 pela Portaria nº 15408 14 anos após a cria ção da estratégia saúde da família e intenso processo de discussões e negociações no âmbito federal influenciado por algumas experiências municipais de transformações no campo da saúde coletiva e de reivindicações corpo rativas MELO et al 2018 Desde então as estratégias foram ampliadas para atividade física práticas corporais práticas integrativas e complementares saúde mental re abilitação serviço social saúde da criança saúde da mu lher e assistência farmacêutica BRASIL 2008 144 Com a implantação da Portaria nº 248811 que abrange a Política Nacional da Atenção Básica várias modificações foram impostas no que diz respeito à am pliação das categorias profissionais que podem ser cre denciadas Além disso os critérios de adesão aos municí pios o número de equipes de saúde da família assistida e alguns outros temas também foram incorporados Ana lisando os 12 anos de implementação do NASF perce bese grande crescimento e expansão fato que incenti vou também a ampliação da rede de Atenção Primária à Saúde Medidas como incorporação de modalidades de equipes equipes ribeirinhas e fluviais e os consultórios na Rua implementação do Programa de Requalifica ção da Unidade Básica de Saúde ampliações reformas construções melhorias tecnológicas e informativas Te lessaúde e Programa de Melhoria do Acesso e da Quali dade e Programa Mais Médicos são alguns dos exemplos de expansão da Atenção Básica MELO et al 2018 A portaria nº 3124 de 28 de dezembro de 2012 re define alguns parâmetros no NASF Houve modificações na vinculação das modalidades 1 e 2 e a criação de mais uma a modalidade 3 contemplando municípios de pe queno porte Além disso novos profissionais foram in corporados às equipes BRASIL 2012 A partir da portaria de 2012 temse três modalidades de NASF financiados e reconhecidos formalmente pelo Ministério da Saúde O Quadro 1 apresenta a divisão 145 EDUCAÇÃO FÍSICA MODALIDADES NÚMERO DE EQUIPES VINCULADAS TOTAL DAS CARGAS HORÁRIAS PROFISSIONAIS NASF 1 5 a 9 Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para popu lações específicas Equipe de consultó rio nas ruas equipe ribeirinha e fluvial Mínimo 200 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 80h de carga horária semanal NSAF 2 3 a 4 Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para popu lações específicas Equipe de consultó rio nas ruas equipe ribeirinha e fluvial Mínimo 120 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 40h de carga horária semanal NASF 3 1 a 2 Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para popu lações específicas Equipe de consultó rio nas ruas equipe ribeirinha e fluvial Mínimo 80 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 40h de carga horária semanal Quadro 1 Modalidades do NASF conforme a Portaria nº 31242012 Fonte BRASIL 2020 online Descrição da Imagem o Quadro 1 apresenta as modalidades do NASF bem como o número de equipes vinculadas e o total das cargas horárias profissionais de cada uma O NASF 1 é composto por cinco a nove equipes sendo as equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para populações específicas Equipe de consultório nas ruas equipe ribeirinha e fluvial O total das cargas horárias profissionais é de no mínimo 200 horas semanais sendo que cada ocupação deve ter no mínimo 20 horas e no máximo 80 horas de carga horária semanal O NASF 2 possui de três a quatro equipes vinculadas podendo ser as Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para populações específicas equipe de consultório nas ruas equipe ribeirinha e fluvial O total das cargas horárias profissionais é de no mínimo 120 horas semanais sendo que cada ocupação deve ter no mínimo 20h e no máximo 40h de carga horária semanal Por fim o NASF 3 possui de uma a duas Equipes de Saúde da Família eou Equipes de Atenção Básica para populações específicas equipe de consultório nas ruas equipe ribeirinha e fluvial tendo o mínimo de 80 horas semanais Cada ocupação deve ter no mínimo 20 horas e no máximo 40 horas de carga horária semanal 146 Você notou a diferença entre as modalidades 1 2 e 3 apre sentadas no Quadro 1 A diferenciação se relaciona com a quantidade e tipo de profissional carga horária e núme ro de equipes apoiadas A composição exata das equipes deve ser definida pelos gestores municipais considerando as necessidades locais e a disponibilidade de profissionais de cada uma das ocupações BRASIL 2013 Você deve estar se perguntando afinal o que é o NASF então De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica BRASIL 2011 os NASFs são equipes multiprofissionais que são compostas por profissionais de diferentes profissões que atuam conjuntamente com os profissionais das equipes de Saúde da Família e das equipes de Atenção Básica para populações específicas Consultórios na Rua equipes ribeirinhas e fluviais Con tudo no ano de 2017 após a revisão da Política Nacional da Atenção Básica o NASF teve sua nomenclatura reformu lada passando a ser nomeado Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB BRASIL 2017 Uma equipe do NASFAB pode ser composta pelas seguintes profissões Assistente social profissional de Educação Física farmacêutico fisioterapeuta fonoau diólogo profissional com formação em arte e educação arte educador nutricionista psicólogo terapeuta ocu pacional médico ginecologistaobstetra médico ho meopata médico pediatra médico veterinário médico psiquiatra médico geriatra médico internista clínica médica médico do trabalho médico acupunturista e profissional de saúde sanitarista ou seja profissional graduado na área de saúde com pósgraduação em saú de pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas BRASIL 2014 As diretrizes que regem o NASFAB afirmam que os profissionais que compõem as equipes NASFAB conjuntamente com as equipes de Saúde da Família de vem priorizar intervenções interdisciplinares adotando sempre o atendimento compartilhado a construção de projetos terapêuticos singulares as ações comuns no ter ritório desenvolvendo o projeto de saúde do território em conjunto com os equipamentos sociais e comunitá rios SANTOS 2012 As intervenções específicas com os usuários em forma de atendimento individualizado devem ocorrer em casos claramente específicos BRA SIL 2009 BRASIL 2014 O profissional de Educação Física está presente em quase metade das equipes do NASF demonstrando uma importante representatividade SANTOS 2012 Pesquisas que abrangem sobre a inserção do profissional de Educa ção Física no NASFAB têm evidenciado que as atividades estão centradas na formação de grupos educativos para re alização de atividades físicas SOUZA LOCH 2011 O profissional de Educação Física que atua no NAS FAB deve saber coordenar planejar realizar treinamen tos especializados e participar de equipes multidiscipli nares e interdisciplinares Assim as atividades devem ser pautadas em desenvolver ações individuais e coletivas que abordem as práticas integrativas e complementa res veicular informação que priorize pela prevenção diminuição dos riscos e a proteção à vulnerabilidade buscando a produção do autocuidado incentivar a cria ção de espaços de inclusão social referentes às práticas integrativas e complementares proporcionar educação permanente em práticas integrativas e complementares juntamente com as equipes de saúde da família basean dose na coparticipação acompanhamento supervisio nado e discussão de caso abordando a educação perma nente articular ações de forma integrada às equipes de saúde da família sobre o conjunto de prioridades locais em saúde que incluam os diversos setores da adminis tração pública colaborar para a ampliação e a valoriza ção da utilização dos espaços públicos de convivência social com enfoque ao combate da violência identificar profissionais eou membros da comunidade com poten cial para o desenvolvimento do trabalho educativo em 147 EDUCAÇÃO FÍSICA práticas integrativas e complementares em conjunto com as equipes de saúde da família capacitar os pro fissionais como os agentes comunitários de saúde para atuarem como facilitadores no processo de divulgação e educação em saúde referente às práticas integrativas e complementares promover ações que estejam interliga das às práticas integrativas e complementares juntamen te com os demais equipamentos públicos presentes no território escolas creches e outros e realizar atividades clínicas pertinentes a sua responsabilidade profissional BONFIM 2012 148 considerações finais Chegamos ao fim do nosso penúltimo encontro dentro dessa abordagem sobre saúde pública Aqui nós conversamos sobre a história do Sistema Único de Saúde SUS e sobre os Núcleos de Apoio à Saúde da Família NASF Você pôde notar que antes da efetivação do SUS o processo de saúde passou por inúmeras trans formações Por exemplo o hospital que vemos atualmente não tinha o mesmo objetivo no passado Assim a implantação do SUS foi um processo que envolveu a participação efetiva da população Além disso você pôde conhecer sobre as diretrizes e princípios que regem esse sistema buscando sempre levar saúde para a população de forma gratuita e de qualidade Sabemos que na prática encontramos muitas dificuldades e desafios para que isso realmente ocorra mas precisamos pensar que o Brasil atualmente possui mais de 209 milhões de habitantes Então dar assistência médica a toda essa população de forma totalmente gratuita claro com os impostos que a população paga é uma tarefa árdua Portanto precisamos de fato valorizar esse serviço que é único Depois que conhecemos a história e os princípios do SUS pudemos aprofundar nossos conhecimentos em um dos programas que compõem esse sistema o Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF atualmente chamado de Núcleo Ampliado de Saúde da Família NASFAB Abordamos sobre as diretrizes desse programa e como ele atua dentro da Estratégia de Saúde da Família Além disso relatamos sobre os profissionais que compõe as equipes NASFAB especialmente sobre o profissional de Educação Física Por fim discutimos sobre os objetivos deste profissional junto ao NASFAB e quais ações são executadas com foco na população E agora o que será que abordaremos no nosso último capítulo do livro Você tem alguma ideia Tenho certeza que você não se arrependerá de ler Portanto encontro você daqui a pouco para finalizarmos a jornada de estudos sobre a epidemiologia da atividade física Até mais 149 atividades de estudo 1 A história dos serviços públicos de saúde nos apresenta diferentes fatos po dendo observar que a assistência à saúde nem sempre foi a mesma com o passar dos anos Portanto assinale a alternativa correta sobre a história dos serviços de saúde I Na antiguidade a função dos hospitais era abrigar os doentes que não tinham condições financeiras de ter acesso à saúde a qual era paga II A Igreja teve grande poder sobre a assistência à saúde na Antiguidade III A organização dos modelos assistenciais em saúde foi semelhante em todos os países É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I e III apenas 2 Ao ler sobre o Sistema Único de Saúde você notou que ele é regido por dire trizes e princípios Assim cite e descreva sobre os principais princípios deste sistema 3 O Sistema Único de Saúde leva essa nomenclatura pois a É um sistema considerado público b Abrange vários programas de saúde c É regido pelas três esferas do governo d Apresenta diretrizes únicas e Apresenta princípios únicos 150 atividades de estudo 4 Sobre a Atenção em Saúde responda as afirmativas com V para as verdadei ras e F para as falsas A Atenção básica é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde e é compos to pelas Unidades Básicas de Saúde e pelos Serviços Ambulatoriais A Atenção terciária tem maior complexidade quando comparada à atenção primária e secundária de saúde As especialidades clínica e cirúrgicas são abrangidas pela Atenção Secundária A Atenção Primária à Saúde tem o objetivo de proteção promoção e preven ção da saúde Assinale a alternativa correta a V V F F b F V V F c V F V F d F V V V e V F F F 5 O NASF é um programa destinado a levar a promoção da saúde para a popula ção Assim avalie as afirmativas a seguir sobre o NASF e a atual do profissional de Educação Física I O NASF se baseia no modelo de apoio matricial estimulando a troca de sabe res entre as equipes II Atualmente o NASF possui 3 modalidades de equipes sendo que um dos as pectos que diferencia uma modalidade da outra é a quantidade de profissionais III O profissional de Educação Física deve saber elaborar e prescrever treinamen tos especializados dentro do NASF podendo ser ações pautadas coletivamen te ou individualmente É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I II e III 151 LEITURA COMPLEMENTAR Em 28 de janeiro de 2020 o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica que acaba com a obrigatoriedade das equipes multidisciplinares estarem vinculadas ao modelo do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB Na prática significa que os ges tores municipais ficam livres para compor essas equipes da forma como quiserem e não mais seguindo os parâmetros dessa iniciativa criada para ampliar o trabalho conjunto e integrado de profissionais de diferentes áreas do conhecimento na Saúde da Família A mu dança foi publicada na Nota Técnica nº 3 do Departamento de Saúde da Família vinculado à Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde O texto diz ainda que a partir de 2020 o Ministério não realizará mais o credenciamento de NASFAB FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ 2020 A nota técnica Nº 32020DESFSAPSMS BRASIL 2020 1 ASSUNTO 11 Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB e Programa Previne Brasil 2 ANÁLISE 21 Com o novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde APS instituído pelo Programa Previne Brasil por meio da Portaria n 2979 de 12 de novembro de 2019 alguns instrumentos normativos foram revogados dentre os quais as normas que definem os parâmetros e custeio do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NASFAB Seção II do Capítulo II do Anexo XXII da Portaria de Consolidação nº 2GMMS de 28 de setembro de 2017 e Seção II do Capítulo I do Título II da Portaria de Consolidação nº 6GMMS de 28 de setembro de 2017 22 Dessa forma a composição de equipes multiprofissionais deixa de estar vinculada às tipologias de equipes NASFAB Com essa desvinculação o gestor municipal passa a ter autonomia para compor suas equipes multiprofissionais definindo os profissio nais a carga horária e os arranjos de equipe O gestor municipal pode então cadastrar esses profissionais diretamente nas equipes de Saúde da Família eSF e equipes de Atenção Primária eAP ampliando sua composição mínima Poderá ainda manter os profissionais cadastrados no SCNES como equipe NASFAB ou cadastrar os profis sionais apenas no estabelecimento de atenção primária sem vinculação a nenhuma equipe 152 LEITURA COMPLEMENTAR 23 A revogação das referidas normas também impacta no credenciamento de novas equipes NASFAB A partir de janeiro de 2020 o Ministério da Saúde não realizará mais o credenciamento de NASFAB e as solicitações enviadas até o momento serão arquivadas 24 Compreendendo que o novo financiamento da APS é focado na pessoa assistida nenhum componente deste novo modelo é exclusivo de determinado profissional ou equipe pelo contrário as equipes multiprofissionais são importantes para o desem penho da atenção primária do município em todos os componentes A melhoria dos indicadores em saúde por exemplo está diretamente relacionada à capacidade re solutiva das equipes às ações e serviços que ofertam e aos profissionais que as com põem Dessa forma quanto mais apropriada for a composição da equipe para resol ver os problemas de saúde da população melhor será o desempenho dessa equipe caso ela trabalhe de maneira integrada e efetiva 25 Nesse cenário diante da responsabilidade de garantir a melhoria e o cumprimen to gradual desses indicadores é importante que a gestão estruture a APS de modo a promover a atuação articulada entre as diversas categorias profissionais que influen ciam qualitativamente todos os serviços da APS Esse trabalho estruturado deve am pliar de fato a capacidade de cuidado e incidir sobre a melhoria da situação sanitária e epidemiológica da população além de favorecer a vigilância das condições de saúde 26 O novo modelo de financiamento da APS permite ainda que gestores municipais conheçam melhor as necessidades em saúde da população e sua demanda local com base no cadastro da população e no resultado dos indicadores que definem respec tivamente os valores de repasse da captação ponderada e do pagamento por de sempenho Vale pontuar também que a partir de 2021 conforme Portaria nº 3222 de 10 de dezembro de 2019 haverá um indicador relacionado à atuação de equipes 28012020 SEIMS 0013259951 Nota Técnica httpsseisaudegovbrseicontro ladorphpacaodocumentoimprimirwebacaoorigemarvorevisualizariddocu mento14608557infrasi 22 mulprofissionais na APS incorporado ao rol de indica dores monitorados para o pagamento por desempenho 27 Destacase ainda que na transição para o novo modelo de financiamento não haverá prejuízo nos valores transferidos para os municípios quando comparados aos valores repassados anteriormente Para os municípios que apresentam manutenção 153 LEITURA COMPLEMENTAR ou acréscimo de valores considerando as projeções de repasse com as novas regras em comparação aos repasses de 2019 esse comparativo já considerou os valores de 2019 referentes aos NASFAB Ou seja quando comparados aos valores repassados em 2019 incluindo os valores de NASFAB os repasses previstos para 2020 são supe riores Já para os municípios que apresentaram decréscimo dos valores com a pros pecção das novas regras a estratégia de transição impede que tenham prejuízos em relação aos valores de 2019 visto que receberão ao longo de todo o ano de 2020 o maior valor entre aqueles transferidos em 2019 para o Piso de Atenção Básica o que inclui os valores relativos ao NASFAB 3 CONCLUSÃO 31 Vale acrescentar que conforme definido pela Portaria n 2979 de 12 de novem bro de 2019 que institui o Previne Brasil em seu Argo 12N os gestores municipais e estaduais têm autonomia na aplicação dos incentivos de custeio federal referente ao financiamento de que trata o Programa desde que sejam destinados a ações e serviços da APS e que se respeite o disposto na Lei Complementar nº 141 de 13 de janeiro de 2012 e na Lei Orgânica da Saúde Ou seja tais recursos de financiamento de custeio da APS podem ser aplicados pelo gestor municipal no custeio de equipes multiprofissionais no formato que for mais apropriado às necessidades locais Fonte Brasil 2020 online 154 material complementar Legislação do SUS Comentada e esquematizada Colorido Revisa do Ampliado e com novos esquemas Coordenadora e Autora Natale Oliveira de Souza Autores Jakeline Borges e Yara Cardoso Coletto Editora Sanar Sinopse o livro Legislação do SUS comentada e esquematizada para concursos e residências 3 Edição é o livro de cabeceira de todo profissional da saúde no Brasil O livro dobrou de tamanho conta com tudo que você precisa saber revisar e praticar As Leis Orgânicas de Saúde são as leis que regulamentam o Sistema Único de Saúde SUS e além de ser conteúdo fundamental para qualquer profis sional atuante no mercado de trabalho é assunto certeiro em todos os editais de concursos e residências Por meio destas leis as ações de saúde passaram a ser regulamentadas em todo o território nacional Por isso todos os profissionais que desejam fazer concursos e residências multiprofissionais em órgãos cuja atuação envolve esse sistema têm de dominar a legislação aplicada ao SUS Até 25 das questões de provas destes órgãos são de assuntos da legislação aplicada ao SUS Indicação para Ler 155 gabarito 1 B 2 São 3 principais princípios princípio da uni versalidade da equidade e da integralidade O princípio da universalidade é o que garante o acesso de toda a população aos serviços de saúde abrangendo todos os níveis de assis tência sem restrição O princípio da equidade rege que as ações e serviços sejam ofertados a todos os cidadãos de forma igualitária sem privilégios ou barreiras O princípio da inte gralidade se refere à assistência ampliada transformadora centrada no indivíduo aten dendo todas as suas necessidades 3 C 4 D 5 E Professora Dra Eliane Cristina de Andrade Gonçalves Brusco Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Atenção Primária à Saúde Prevenção e Promoção da Saúde Política Nacional de Promoção da Saúde Atuação do Profissional na Promoção da Saúde Objetivos de Aprendizagem Apresentar os conceitos e diretrizes da Atenção Primária à Saúde como foco na promoção da saúde Discutir sobre a Política Nacional de Promoção da Saúde Identificar como o profissional da saúde pode atuar na promoção da saúde com enfoque para o profissional de Educação Física PROMOÇÃO DA SAÚDE E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA unidad V INTRODUÇÃO O lá alunoa Para finalizarmos nossa jornada de estudos sobre a epidemiologia na atividade física iremos aprofundar nossos conhecimentos sobre a promoção da saúde Esta unidade será dividida em três tópicos os quais tratarão sobre a Atenção Primária à saúde e os conceitos inerentes a ela Abordaremos ainda so bre a Política Nacional de Promoção da Saúde e sobre a atuação do pro fissional de saúde nesta área Desta forma primeiramente iremos refletir sobre a reestruturação do sistema de saúde a partir da valorização da Atenção Primária voltada para saúde definiremos qual o papel deste nível de atenção e as ações envolvidas Para a compreensão deste processo serão conceituados im portantes termos como prevenção em saúde promoção da saúde saúde amplificada e os determinantes de saúde Na sequência conheceremos sobre a principal política criada para fortalecer a promoção da saúde trazendo breve histórico e seus objetivos Por fim iremos refletir a partir desse novo contexto de saúde pública como será a atuação para os profissionais de saúde e especificamente qual o papel do profissional de Educação Física nos serviços de saúde Para auxiliar nessa compreensão destacaremos quais as habilidades esses profissionais precisam desenvolver e quais ferramentas poderão ser utilizadas durante este processo de aprendizagem Você irá observar que este campo de trabalho é dinâmico Desta forma a formação para a sua atuação precisará ser continuada para garantir o serviço de qualidade Esta unidade irá portanto encerrar a temática proposta para este livro Não deixe de fazer suas anotações e se precisar retorne aos con teúdos das unidades anteriores para relembrar possíveis conhecimentos primordiais Desejo bons estudos 160 Atenção primária à saúde prevenção e promoção da saúde 161 EDUCAÇÃO FÍSICA Como discutimos na Unidade 4 sobre os níveis de Atenção à Saúde primário secundário e terciário nes ta unidade iremos nos aprofundar no nível de Atenção Primária à Saúde que tem como foco ações de preven ção e promoção da saúde Nós vimos anteriormente que a Atenção Primária à Saúde é considerada a porta de entrada do sistema de saúde portanto deve ser de fácil acesso para que os de mais níveis organizacionais do sistema de saúde funcio nem Dessa forma esperase que o primeiro contato que é realizado com o médico de Atenção Primária facilite a seleção da melhor forma de atenção para os usuários Consideramos então que a Atenção Primária à Saú de é a base do sistema englobando ações mais generalis tas e de baixa complexidade Neste nível de atendimento a atenção é fornecida para todas as novas necessidades e problemas com foco da atenção sobre a pessoa no de correr do tempo e não direcionada para a enfermidade como ocorre nos demais níveis atenção secundário e terciário O papel da Atenção Primária à Saúde como sistema de atenção é oferecer atendimento acessível e aceitável para os pacientes com valores regidos pela dignidade humana e solidariedade assegurar a distribuição equi tativa de recursos de saúde integrar e coordenar servi ços curativos paliativos preventivos e promotores de saúde centrar nas pessoas de forma que permita que os usuários influenciem os serviços de saúde e assumam a responsabilidade por sua própria saúde controlar de forma racional a tecnologia da atenção secundária e os medicamentos e aumentar a relação custoefetividade dos serviços STARFIELD 2002 Dentre os fatores que contribuem para garantir a boa relação entre custo e efetividade na Atenção Primá ria à Saúde podemos destacar a presença de uma equipe multidisciplinar que visa trabalhar com visão holística ou seja considerando aspectos físicos psicológicos so ciais dos usuários do sistema e de suas famílias e comu nidade Além disso neste nível de atenção há caráter acessível que não restringe faixas etárias ou tipos de problemas e condições de saúde Esta acessibilidade deve garantir que independen temente do usuário ter uma condição de enfermidade que necessite de intervenção imediata como ocorre na maioria dos casos de pacientes na Atenção Secundária e Terciária o atendimento multidisciplinar estará dispos to a prestar assistência continuada àquela pessoa e sua família A partir do exposto resumidamente os serviços na Atenção Primária à Saúde devem resolver a maioria dos problemas de saúde organizar o atendimento aos usuários e ser responsável pela saúde desses indivíduos ou seja baseiase em três funções resolução organiza ção e responsabilização MENDES 2011 Para ilustrar o funcionamento e organização da Aten ção Primária à Saúde demonstramos na Figura 1 as prin cipais diferenças no atendimento quando comparamos a Atenção Primária ao modelo tradicional de saúde 162 Figura 1 Da atenção médica primária à atenção primária à saúde Fonte adaptada de Vuori 1985 Descrição da Imagem A Figura 1 compara os dois modelos tradicional versus atenção primária em relação a quatro parâmetros 1 enfoque 2 conteúdo 3 organização e 4 responsabilidade No primeiro parâmetro é citado o enfoque do modelo tradicional que é a doença e a cura versus a atenção primária que é a saúde prevenção atenção e cura No segundo parâmetro é citado o conteúdo do modelo tradicional que é o tratamen to atenção por episódio e problemas específicos versus a atenção primária que é a promoção da saúde a atenção continuada e abrangente No terceiro parâmetro é citada a organização do modelo tradicional que é composto por especialistas médicos e com consultório individual versus a atenção primária que é composta por clínicos gerais grupos de outros profissionais e atendimento em equipe No quarto parâmetro é citada a responsabilidade do modelo tradicional que é apenas do setor da saúde domínio pelo profissional e recepção passiva versus atenção primária que tem colaboração intersetorial participação da comunidade e autorresponsabilidade MODELO TRADICIONAL ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Enfoque Doença Cura Saúde Prevenção atenção e cura Conteúdo Tratamento Atenção por episódio Problemas específicos Promoção da saúde Atenção continuada Atenção abrangente Especialistas Médicos Consultório individual Clínicas gerais Grupos de outros profissionais Equipes Apenas setor de saúde Domínio pelo profissional Recepção passiva Colaboração intersetorial Participação da comunidade Autorresponsabilidade Organização Responsabilidade 163 EDUCAÇÃO FÍSICA Ao analisar as diferenças de atenção à saúde podemos refletir o porquê das ações no nível de Atenção Primá ria terem recebido maior enfoque no planejamento de ações do sistema de saúde Um dos fatores que já des tacamos é que o modelo tradicional necessita de maior especialização de atendimento e possui custo mais ele vado ao sistema de saúde e aos indivíduos tornandose menos acessível STARFIELD 2002 Outro fator de destaque é que os usuários aten didos no nível primário têm múltiplos diagnósticos e queixas que não se encaixam em tratamento específico portanto a atuação neste nível é voltada para ações que melhorem a qualidade global de vida desse usuário por meio de variedade de serviços ofertado pela equipe multiprofissional STARFIELD 2002 Essa forma de atuação é o que garante equidade ou seja atendimen to de forma mais igualitária liberando recursos mate riais e financeiros que seriam utilizados para reduzir as disparidades na saúde O processo de saúdeadoecimento da população tem mostrado que a saúde depende do contexto histórico dos indivíduos sendo que a forma de organização da produção do trabalho e da sociedade determinam o es tado de saúde desses indivíduos BRASIL 2010 Nesse sentido modelos de atenção centrados na enfermidade Você consegue perceber de que forma os servi ços prestados pela Atenção Primária contribui para redefinir o cenário atual do sistema de saúde Que tipo de propostas tem sido utili zado pelas políticas de saúde para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos para a população Refletiremos sobre estas questões que iremos discutir sobre as ações enfatizadas na Atenção Primária PENSANDO JUNTOS não conseguem modificar os determinantes desse pro cesso Por isso foi preciso pensar em outros caminhos para garantir a saúde da população como o desenvolvi mento de ações de promoção da saúde A promoção da saúde não é considerada como con ceito novo visto que foi incorporado desde o surgimento da medicina preventiva CAPONI 2003 A Organiza ção Mundial da Saúde no ano de 1978 já lançava o seu programa Saúde para todos no ano 2000 baseado na prevenção das doenças e na promoção da saúde pressu pondo a participação comunitária a intersetorialidade para abordar os determinantes sociais das doenças e a atuação de equipes multidisciplinares BRASIL 2010 Ainda nos anos 70 o Relatório de Lalonde enfatizou as mudanças propostas nas ações sobre os estilos de vidas dos diversos grupos populacionais em função dos riscos a que se expõem em função de suas escolhas comporta mentais Em 1986 na Conferência de Ottawa a promo ção da saúde surge com enfoque político e técnico para a compreensão e intervenção sobre o processo de saúde e doença Neste contexto foram consideradas para melho ria da qualidade de vida o desenvolvimento de políticas públicas saudáveis e de ações intersetoriais BUSS 2009 Diante do exposto podemos destacar que no con texto internacional o surgimento do enfoque da promo ção da saúde é caracterizado pela busca de alternativas à crise dos sistemas de saúde em que as práticas de saúde existentes não eram suficientes e nem adequadas para acompanhar as modificações sociodemográficas epi demiológicas políticas e culturais da sociedade Ainda havia a necessidade de controlar os custos crescentes com a assistência exclusivamente médica para o enfren tamento dos problemas de saúde especialmente das doenças crônicas em decorrência do envelhecimento da população BUSS 2009 Apesar do conceito de promoção da saúde já exis tir há décadas houve evolução deste conceito desde a 164 concepção por Henry Sigerist na medicina preventiva Esta evolução ocorreu em decorrência da ampliação do conceito de saúde e da diversificação de políticas e práti cas voltadas para a promoção da saúde No momento de revalorização da promoção da saúde o conceito reforçou as relações entre saúde e condições de vida valorizando um conjunto de valores como solidariedade equidade democracia cidadania desenvolvimento sustentável entre outros que combinassem ações envolvendo o Es tado a comunidade os indivíduos o sistema de saúde e parcerias com outras instituições BUSS 2009 O que observamos neste conceito é o fortalecimen to da ideia da autonomia dos sujeitos e dos grupos so ciais Esta autonomia é reforçada no sentido de ser um processo de construção que estimula a livre escolha a partir do momento que o ambiente se torna propício para facilitar essas escolhas ou seja que não incentive a culpabilização dos indivíduos pela condição de saúde visto que essa é dependente dos determinantes sociais econômicos e culturais que trataremos mais adiante nesta unidade No Brasil este conceito de promoção da saúde se torna ainda mais expressivo em virtude da dimensão ter ritorial da diversidade cultural e desigualdades sociais Portanto quando pensamos em outros caminhos para ga rantir a saúde da população brasileira tivemos que pensar em uma forma de redemocratizar o país e a constituição do sistema de saúde Neste contexto a garantia da saúde implicaria em assegurar o acesso universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde reduzindo as desi gualdades sociais e regionais como previsto na Constitui ção Federal de 1988 BRASIL 2010 A promoção da saúde é vista então como estratégia de articulação transversal em que os fatores que colocam a saúde da população em risco e as diferenças territoriais e culturais ganham visibilidade A partir daí são cria das estratégias para reduzir as vulnerabilidades garantir equidade e aumentar a participação social nas políticas públicas No SUS essas estratégias de promoção de saú de são reforçadas a partir da possibilidade de enfatizar os aspectos que determinam o processo saúde e doença no País como o desemprego a falta de saneamento básico a violência a fome entre outras BRASIL 2010 Um exemplo desse tipo de atuação é observado no contexto brasileiro na década de 90 pela incorpo ração das Cidades Saudáveis baseadas no modelo canadense no âmbito municipal Neste modelo as necessidades de saúde da população eram realizadas pela ampliação de ações sociais reforçando o enfreta mento dos problemas extrapolando o âmbito de ação do sistema de saúde resultando em importante inova ção conceitual e organizacional da promoção da saúde NORONHA et al 2000 No âmbito nacional a principal estratégia de mode lo organizativo utilizado foi o Programa Saúde da Fa mília PSF criado em 1994 FUHRMANN 2003 O objetivo do PSF era reorganizar a atenção primária no País e todo o sistema de saúde Para tal cada equipe de trabalho formada inicialmente por um médico gene ralista um enfermeiro um auxiliar ou técnico de enfer magem e cinco a seis agentes comunitários de saúde era responsabilizada pela saúde de cerca de mil famílias de um território subdividido em microáreas As famílias consideradas o núcleo central da atenção básica eram cadastradas e inscritas por equipe onde passavam a manter vínculos entre usuários e profissionais de saúde O processo de trabalho para estas equipes deveria en volver a atenção à saúde a vigilância a abordagem dos grupos com maiores riscos de adoecimento e produção da saúde FUHRMANN 2003 O PSF hoje não é considerado como programa mas sim uma estratégia que visa prestar atendimento à saú de de forma qualificada e resolutiva por isso o termo PSF foi substituído por Estratégia Saúde da Família Em 165 EDUCAÇÃO FÍSICA 2006 o PSF foi consolidado como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica Neste mesmo período foi criada a Política Nacional de Promoção da Saúde que será abordada de forma mais aprofundada no decorrer desta unidade BRASIL 2018 Conside ramos assim importante período para a valorização da promoção da saúde O contexto de revalorização da promoção da saúde e definição como principal estratégia para modificar o sistema de saúde deu espaço para a problematização das diferenças entre os termos que compunham esse novo sistema a prevenção em saúde e a promoção da saúde Dessa forma neste momento iremos reforçar a distin ção entre esses dois conceitos pois assim compreende remos o contexto das transformações que ocorreram no discurso de saúde pública Este conceito se fundamenta na epidemiologia em que o risco é baseado na probabilidade de ocorrência de um evento em um determinado período na população ex posta a determinado fator de risco ALMEIDA FILHO 1997 De forma geral o objetivo da prevenção é o con trole da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos es pecíficos sendo que para atingir este objetivo as ações de prevenção são realizadas a partir de divulgação de in As ações preventivas se definem como inter venções voltadas a evitar o surgimento de doenças específicas com redução de sua in cidência e prevalência ALMEIDA FILHO 1997 Neste sentido quando falamos em prevenção em saúde exige ação antecipada a partir do conhecimento a fim de tornar menos possível o progresso de determinada doença CONCEITUANDO formação científica e de recomendações normativas de mudanças de hábitos Nessas intervenções são atendi das subpopulações com fatores de risco relacionados ao estilo de vida tendo maior influência de determinantes sociais da saúde proximais CNDSS 2008 A melhoria do estado de saúde se dá a partir do fortale cimento da capacidade individual e coletiva para lidar com a multiplicidade dos condicionantes da saúde O que notamos nas ações de promoção da saúde é que há ênfase na transformação das condições de vida e de tra balho das pessoas que estejam relacionados aos proble mas de saúde Portanto vão além da aplicação técnica e normativa mas buscam a construção da capacidade de escolha dos indivíduos bem como a utilização do co nhecimento para discernir durante este processo de estí mulo à autonomia Nessas intervenções o atendimento se dá para a população total tendo maior influência dos determinantes sociais da saúde intermediários e distais CNDSS 2008 Apesar da diferença entre os conceitos de ações pre ventivas e ações de promoção da saúde observamos que ambos consideram a saúde como componente comple xo resultante da influência de determinantes sociais e que estes são exteriores ao sistema que considera apenas o tratamento das doenças A partir dessas considerações iremos discutir a ampliação do termo saúde A promoção da saúde se define de forma mais ampla visto que é direcionada para a melhoria do estado de bemestar e da qua lidade de vida dos indivíduos além de focar nos macrodeterminantes do processo saú dedoença e transformálos na direção da saúde BUSS 2009 CONCEITUANDO 166 A reformulação do sistema de saúde trouxe consigo a necessidade de pensar na saúde no sentido positivo do conceito e não mais como a definição restrita de ausência de doenças que reduzia o corpo humano a aspectos morfológicos e funcionais O corpo acabou sendo desconectado de todo o con junto de relações que constituem os signi ficados da vida MENDES GONÇALVES 1994 Assim os termos saúde e doença não deveriam ser tratados como situações opos tas mas relacionadas entre si em que se move de um polo para o outro de modo di nâmico e interdependente envolvendo todo o aspecto social Neste sentido o pensamento científico buscou ampliar e valorizar a compreensão da interação entre as partes na direção da totalidade do ser humano ROUQUAYROL GURGEL 2017 Esse bemestar é caracte rizado por polos positivo e negativo sendo que a saúde positiva seria o funcionamento máximo para atender aos desafios da vida enquanto a saúde negativa estaria associada à morbidade e no extremo com a mortali dade BOUCHARD et al 1990 Diante deste novo conceito de saúde am pliada a participação ativa dos sujeitos envolvi dos é exigida para sua produção a fim de con tribuir na análise e formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de vida Para isso na prática novas abordagens para traçar a saúde da comunidade deverão ser estimula das não considerando apenas as enfermidades diagnosticadas mas que considere essa pers pectiva mais ampla da saúde como proposto pela abordagem da Figura 2 ESTADO DE SAÚDE RESULTADO DA ATENÇÃO LONGEVIDADE ATIVIDADE DESCONFORTO PERCEPÇÃO DE BEMESTAR CAPACIDADE DE RECUPERAÇÃO VULNERABILIDADE ALCANCE ENFERMIDADE EXPECTATIVA NORMAL DE VIDA MORTE FUNCIONAL INCAPACITADO CONFORTÁVEL DESCONFORTÁVEL SATISFEITO INSATISFEITO MAIOR RECUPERAÇÃO MENOR RECUPERAÇÃO MENOS VULNERÁVEL MAIS VULNERÁVEL ALCANÇADO NÃO ALCANÇADO NENHUMA DETECTÁVEL MÚLTIPLAS Tabela 1 Estado de saúderesultado da atenção Fonte adaptada de Starfield 1974 Descrição da tabela na Tabela 1 são apresentadas oito linhas com os aspectos que podem compor a perspectiva mais ampla de saúde em uma escala de clas sificação de cada uma Na linha um está a longevidade que pode ser classificada desde expectativa normal de vida até a morte na linha dois está a atividade que pode ser classificada desde funcional até incapacitado na linha três está o des conforto que pode ser classificado desde confortável a desconfortável na linha quatro está a percepção de bemestar que pode ser classificada desde satisfeito até insatisfeito na linha cinco está a capacidade de recuperação que pode ser classificada desde maior recuperação até menor recuperação na linha seis está a vulnerabilidade que pode ser classificada desde menos vulnerável a mais vul nerável na linha 7 está o alcance que pode ser classificado desde alcançado até não alcançado e na linha 8 está a enfermidade que pode ser classificada desde nenhuma detectável a múltiplas 167 EDUCAÇÃO FÍSICA O que observamos seria uma proposta de quais com ponentes deveriam ser considerados para determinar a condição de saúde a longevidade que seria a ex pectativa de vida b atividade capacidade de realizar as atividades diárias c desconforto dor ou sensações que interfiram em suas atividades d percepção de bemestar como a pessoa classifica a própria saúde e o nível de satisfação e capacidade de recuperação ca pacidade de responder ao estresse físico e psicológico f vulnerabilidade características que diminuem a capacidade de se precaver contra ameaças à saúde g alcance se os papéis sociais estão sendo desempenha dos normalmente e h enfermidade presença de pro blemas ou patologias físicas ou psíquicas McDOWELL NEWELL 1996 Pelo que vimos neste novo conceito de saúde mais amplo a saúde de um indivíduo ou população não pode ser entendida de forma isolada Possui portan to a combinação de determinantes genéticos que são modificados pelo ambiente e por comportamentos que são culturalmente ou socialmente construídos e ainda pelo próprio tipo de atenção à saúde que estes indiví duos recebem como ilustrado na Figura 2 seguir Figura 2 Determinantes do estado de saúde Fonte Starfield 1973 p 132 Descrição da Imagem Na Figura 2 temos três círculos dentro deles estão contidas as três estruturas diferentes sendo que em um estão contidas as características culturais e comportamentais da população e dos pacientes em o outro está o ambiente social e físico e no outro círculo a prática médica Os três círculos se relacionam apresentando uma intersecção entre eles As partes em que dois círculos se relacionam são considerados como processo e a parte em que os três círculos se relacionam são considerados como resultados GENÓTIPO Características culturais e comportamentais da população e dos pacientes Prática médica Ambiente social e físico Atenção processo Resultados Estrutura 168 O que isto quer dizer Podemos dizer que as desigualda des sociais nível de educação oportunidades de traba lho e nível de renda por exemplo interferem na quali dade de vida e saúde das pessoas E que dependendo da natureza desse ambiente distintos grupos sociais terão experiências diferentes em relação ao apoio psicossocial condições materiais e opções de comportamentos que repercutiram nas situações de saúde tornando mais ou menos vulneráveis à saúde positiva WHO 2008 De forma geral quanto maior a vulnerabilidade do indiví duo mais próximo de uma condição de saúde negativa este indivíduo estará Quando nos aprofundamos nas características cul turais e o ambiente social e físico destacados anterior mente podemos observar que existe hierarquia entre esses determinantes de saúde sendo que os indivíduos estão na base do modelo com suas características indivi duais de idade sexo e fatores genéticos que não podem ser modificados Os fatores mais distais são aqueles re lacionados aos aspectos sociais econômicos e políticos considerados como macrodeterminantes pois têm for te influência sobre as demais camadas Os fatores mais proximais estão relacionados ao estilo de vida que são comportamentos adotados individualmente e repercu tem diretamente na qualidade da saúde dos indivíduos Figura 3 Determinantes sociais modelo de Dahlgren e Whitehead Fonte CNDSS 2008 p 14 Descrição da Imagem Na Figura 3 temos um semicírculo que é subdividido em quatro níveis de determinantes sociais No meio do semicírculo que é considerado como uma base temos os determinantes biológicos contendo idade sexo e fatores hereditários acima deste nível temos um arco que representa o estilo de vida dos indivíduos acima deste nível temos outro arco que são as redes sociais e comunitárias no arco acima temos as condições de vida e trabalho contendo ambiente de trabalho educação produção agrícola de alimentos desemprego água e esgoto serviços sociais de saúde e habitação e no último arco mais afastado da base temos as condições socioeconômicas culturais e ambientais gerais IDADE SEXO E FATORES HEREDITÁRIOS PRODUÇÃO AGRÍCOLA DE ALIMENTOS EDUCAÇÃO AMBIENTE DE TRABALHO CONDIÇÕES DE VIDA E DE TRABALHO DESEMPREGO ÁGUA E ESGOTO SERVIÇOS SOCIAIS DE SAÚDE HABITAÇÃO IDADE SEXO E 169 EDUCAÇÃO FÍSICA Considerando todas estas relações existentes conseguimos compre ender o papel do poder público no acesso aos serviços de saúde o qual deveria criar estratégias para aten der as necessidades dessa população a partir dos seus determinantes a fim de aproximar a saúde para o polo mais positivo Assim a Organização Mundial da Saúde recomenda que os serviços de saúde desenvolvam refor mas estruturais integrando ações de saúde pública na Atenção Primária que garanta comunidades mais sau dáveis WHO 2008 atuando com ações de promoção da saúde além dos muros das unidades de saúde por exemplo nos espaços em que es sas pessoas vivem trabalham estu dam e se divertem pois dessa forma estarão ampliando as oportunidades de escolhas saudáveis dos indivíduos e sua comunidade Para atender esta nova demanda estrutural a criação da Política Nacional de Saúde foi in troduzida no SUS 170 Política Nacional de Promoção da Saúde 171 EDUCAÇÃO FÍSICA Você viu no nosso encontro passado que com a Refor ma Constitucional que possibilitou a criação do SUS a responsabilidade de programar os serviços de saúde ofe recidos foi transferida do âmbito federal para os muni cípios Assim a partir das definições constitucionais das deliberações das conferências nacionais de saúde da le gislação que regulamenta o SUS e do Plano Nacional de Saúde 2004 2007 o Ministério da Saúde propôs um movimento indutor para definição da Política Nacio nal de Promoção da Saúde PNPS representando uma tentativa no enfrentamento dos desafios da assistência à saúde BRASIL 2006 Assim em 2006 na Comissão Intergestores Tripartite nasceu a PNPS A PNPS foi instituída pela Portaria MSGM nº 687 de 30 de março de 2006 e reformulada pela Portaria nº 2446 de 11 de novembro de 2014 Contudo essa porta ria de 2014 foi revogada surgindo a Portaria de Conso lidação nº 2 de 28 de setembro de 2017 que consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS Assim a PNPS ratificou a responsabilidade sobre a am pliação e a qualificação de ações de promoção da saú de nos serviços e na gestão do SUS A partir de então o programa foi inserido na agenda estratégica dos gestores do SUS e nos Planos Nacionais de Saúde subsequentes ampliando as possibilidades das políticas públicas exis tentes BRASIL 2018 Você deve estar se perguntando por que tantas mo dificações e retificações nas portarias Pois então a ree laboração da PNPS aconteceu para estabelecer diálogo com os novos marcos nacionais e internacionais e as sim garantir os princípios e as diretrizes do SUS Além disso era necessário qualificar e atualizar as ações e os serviços prestados pelos gestores e pelos trabalhadores do SUS reformulando o papel do setor Saúde na articu lação e na indução de outras políticas públicas Ademais observouse a necessidade de avaliar como a promoção da saúde no SUS vinha sendo realizada nos territórios para rever de fato como a PNPS como política pública mobilizou os agentes na busca de sua efetivação práti ca Definiuse a importância de incluir novos elementos indutores para a sua concretização como a definição de temas transversais a explicitação de valores de eixos operacionais da adequação e da atualização dos temas prioritários da política os quais você verá mais adiante Assim a PNPS veio para estabelecer relação com as demais políticas públicas conquistadas pela população incluindo as relacionadas ao setor Saúde como Políti ca Nacional de Atenção Básica Pnab Política Nacional de Alimentação e Nutrição Pnan Política Nacional de Educação Popular em Saúde PnepSUS Política Nacio nal de Humanização HumanizaSUS Política Nacional de Gestão Estratégia e Participativa ParticipaSUS e Po lítica Nacional de Práticas BRASIL 2018 A Política Nacional de Promoção da Saúde BRASIL 2015 que consolida as normas sobre as políticas nacio nais de saúde do SUS apresenta os principais objetivos Objetivo Geral Promover a equidade e a melhoria das condições e dos modos de viver ampliando a potencialidade da saúde individual e coletiva e reduzindo vulne rabilidades e riscos à saúde decorrentes dos deter minantes sociais econômicos políticos culturais e ambientais Objetivos específicos Estimular a promoção da saúde como parte da integralidade do cuidado na Rede de Atenção à Saúde articulada às demais redes de proteção social Contribuir para a adoção de práticas sociais e de saúde centradas na equidade na partici pação e no controle social a fim de reduzir as desigualdades sistemáticas injustas e evitáveis respeitando as diferenças de classe social de gênero de orientação sexual e a identidade de gênero entre gerações étnicoraciais cultu 172 rais territoriais e relacionadas às pessoas com deficiências e necessidades especiais Favorecer a mobilidade humana e a acessibi lidade o desenvolvimento seguro saudável e sustentável Promover a cultura da paz em comunidades territórios e municípios Apoiar o desenvolvimento de espaços de pro dução social e ambientes saudáveis favoráveis ao desenvolvimento humano e ao bemviver Valorizar os saberes populares e tradicionais e as práticas integrativas e complementares Promover o empoderamento e a capacidade para a tomada de decisão e também a autono mia de sujeitos e de coletividades por meio do desenvolvimento de habilidades pessoais e de competências em promoção e defesa da saúde e da vida Promover processos de educação de formação profissional e de capacitação específicos em promoção da saúde de acordo com os princí pios e os valores expressos nesta Política para trabalhadores gestores e cidadãos Estabelecer estratégias de comunicação social e de mídia direcionadas tanto ao fortalecimen to dos princípios e das ações em promoção da saúde quanto à defesa de políticas públicas saudáveis Estimular a pesquisa a produção e a difusão de conhecimentos e de estratégias inovadoras no âmbito das ações de promoção da saúde Promover meios para a inclusão e a qualificação do registro de atividades de promoção da saúde e da equidade nos sistemas de informação e de inquéritos permitindo a análise o monitora mento a avaliação e o financiamento das ações Fomentar discussões sobre os modos de con sumo e de produção que estejam em conflito de interesses com os princípios e com os va lores da promoção da saúde e que aumentem vulnerabilidades e riscos à saúde Contribuir para a articulação de políticas pú blicas inter e intrassetoriais com as agendas nacionais e internacionais BRASIL 2015 p 11 e 12 Em consolidação com as outras políticas setores gover namentais e não governamentais e as especificidades sanitárias a PNPS apresenta alguns temas prioritários evidenciados pelas ações de promoção da saúde exe cutadas desde 2006 e inseridas na primeira versão da PNPS pelas normas e regulamentos vigentes no âmbi to federal e pelos acordos nacionais Plano Nacional de Saúde pactos interfederativos planejamento estratégico do MS e internacionais firmados pelo governo brasilei ro BRASIL 2015 Os temas prioritários são Formação e educação permanente Mobilizar sensibilizar e promover capacitações para ges tores trabalhadores da Saúde e de outros seto res para o desenvolvimento de ações de educa ção em promoção da saúde a fim de incluílas nos espaços de educação permanente Alimentação adequada e saudável Promover ações relativas à alimentação adequada e sau dável visando à promoção da saúde e à segu rança alimentar e nutricional contribuindo com as ações e com as metas de redução da po breza com a inclusão social e com a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável Práticas corporais e atividades físicas Promo ver ações aconselhamento e divulgação de práticas corporais e de atividades físicas incen tivando a melhoria das condições dos espaços públicos considerando a cultura local e incor porando brincadeiras jogos danças populares entre outras práticas Enfrentamento ao uso do tabaco e de seus de rivados Promover articular e mobilizar ações para redução e controle do uso do tabaco in cluindo ações educativas legislativas econô micas ambientais culturais e sociais 173 EDUCAÇÃO FÍSICA Enfrentamento do uso abusivo de álcool e de outras drogas Promover articular e mobilizar ações para redução do consumo abusivo de álcool e de outras drogas com corresponsabi lização e autonomia da população incluindo ações educativas legislativas econômicas am bientais culturais e sociais Promoção da mobilidade segura Buscar avan çar na articulação intersetorial e intrassetorial envolvendo a vigilância em saúde a atenção básica e as redes de urgência e emergência do território na produção do cuidado e na redução da morbimortalidade decorrente do trânsito Orientar ações integradas e interseto riais nos territórios incluindo ações de saúde educação trânsito fiscalização ambiente e nos demais setores envolvidos além da sociedade a fim de definir um planejamento integrado parcerias atribuições responsabilidades e es pecificidades de cada 23 setor para a promoção da mobilidade segura Avançar na promoção de ações educativas legislativas econômicas ambientais culturais e sociais fundamentadas em informação qualificada e em planejamento integrado para que garantam o trânsito seguro a redução de morbimortalidade e consequen temente a paz no trânsito Promoção da cultura da paz e dos direitos hu manos Promover articular e mobilizar ações que estimulem a convivência a solidariedade o respeito à vida e o fortalecimento de vínculos Desenvolver tecnologias sociais que favoreçam a mediação de conflitos o respeito às diversi dades e diferenças de gênero e de orientação sexual e à identidade de gênero entre gerações étnicoraciais culturais territoriais de classe social e em relação às pessoas com deficiências e necessidades especiais garantindo os direi tos humanos e as liberdades fundamentais Promover a articulação da Rede de Atenção à Saúde com as demais redes de proteção social produzindo informação qualificada e capaz de gerar intervenções individuais e coletivas con tribuindo para a redução das violências e para a cultura da paz Promoção do desenvolvimento sustentável Promover mobilizar e articular ações gover namentais e não governamentais incluindo o setor privado e a sociedade civil nos diferentes cenários cidadesmunicípios campo floresta águas bairros territórios comunidades habi tações escolas igrejas empresas e outros per mitindo a interação entre saúde meio ambien te e desenvolvimento sustentável na produção social da saúde em articulação com os demais temas prioritários BRASIL 2015 p 22 e 23 174 Atuação do profissional na Promoção da Saúde 175 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando falamos nos tópicos anteriores so bre as atualizações que foram necessárias para que os serviços de saúde evoluíssem o mes mo argumento se refere à atuação dos pro fissionais inseridos neste novo ambiente Se continuássemos acostumados a profissionais mais especializados para lidar com o volume de novas informações a visão fragmentada na área da saúde iria permanecer Diante do novo cenário do conceito mais amplo da saú de e da revalorização de ações de promoção da saúde os profissionais com competências em enfermidades específicas deveriam migrar para o conhecimento sobre a saúde geral das pessoas e seu ambiente se quisessem atuar na Atenção Primária à Saúde Um profissional da Atenção Primária deve ser capaz de observar a variedade de pro blemas de saúde no decorrer do tempo dife rentemente do especialista que atuaria dentro da sua área de competência mais apropriada para determinada enfermidade Essa visão ampla que o profissional da atenção primária deve desenvolver está relacionada a alguns dos princípios inerentes à Atenção Primária de Saúde por exemplo a integralidade e a in tersetorialidade BRASIL 2018 Descrição da Imagem A Figura 4 mostra a diferença en tre a integralidade e a intersetorialidade A integralidade é caracterizada por vários saberes na atenção individual ou coletiva no mesmo serviço ou linha A intersetoriali dade se destina a diferentes setores que acabam enfren tando o mesmo risco no mesmo território INTEGRALIDADE INTERSETORIALIDADE A integralidade é caracterizada por vários saberes na atenção individual ou coletiva no mesmo serviço ou linha A intersetorialidade se destina a diferentes setores que acabam enfrentando o mesmo risco no mesmo território Figura 4 Distinção entre integralidade e intersetorialidade Fonte a autora INTEGRALIDADE INTERSETORIALIDADE A integralidade é caracterizada por vários saberes na atenção individual ou coletiva no mesmo serviço ou linha A intersetorialidade se destina a diferentes setores que acabam enfrentando o mesmo risco no mesmo território 176 A integralidade e a intersetorialidade implicam em a articular estratégias de produção da saúde b ampliar o diálogo dos profissionais dos serviços de saúde na re lação com os usuários modificando a atenção restrita a doença e sintomas para o acolhimento de suas condi ções de vida e saúde c mobilizar recursos financeiros políticos e humanos extrapolando o âmbito da saúde d articular saberes linguagens planejamento e práti cas entre diversos setores envolvidos BRASIL 2018 Essas ações alteram os modos de atenção e de ges tão dos serviços de saúde Se prestarmos atenção aos usuários em sua totalidade da saúde e seus determi nantes é possível que um bom profissional da saúde seja capaz de traduzir o que não é aparente e nem dito em um primeiro contato com este indivíduo A proxi midade adquirida entre os profissionais de saúde da Atenção Primária e os usuários permite avaliar o papel dos múltiplos e interativos determinantes da doença e da saúde Este fato ocorre em virtude da característica de atenção continuada em que se examinam mais pa cientes antigos com problemas novos porque eles são responsáveis pela atenção ao paciente no decorrer do tempo e não por um problema específico Ademais quando os setores se relacionam uns aos outros saúde educação transporte segurança entre outros é possível organizar dados que se complemen tem visto que dados separados pouco contribuem para o conhecimento e para a ação eficiente na saúde comu nitária pois é preciso considerar não só o indivíduo mas tudo que o cerca o ambiente que influencia no estado de saúde desse usuário e comunidade Para que a integralidade e a intersetorialidade ocor ram neste novo ambiente de saúde algumas habilidades precisam ser desenvolvidas pelos profissionais que atua rão neste meio Podemos destacar que esses profissionais precisam conhecer instrumentos na gestão pública que o auxiliem por exemplo um fluxograma situacional 177 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 5 Planejamento estratégico situacional Fonte Rieg e Araújo Filho 2002 p 165 Descrição da Imagem Na Figura 5 são apresentados 4 círculos Dentro de cada círculo estão descritos os quatro momentos do planejamento estratégico situacional estes círculos estão organizados em um formato de círculo maior seguindo uma ordem cronológica entre os momentos 1 2 3 e 4 No círculo que está o momento 1 está descrito explicar como nasce e se desenvolve o problema explicar a realidade através da apreciação situacional No círculo do momento 2 está descrito fazer planos para atacar as causas do problema mediante operações conceber o plano através de apostas No círculo do momento 3 está descrito analisar a viabilidade do plano ou verificar o modo de se construir sua viabilidade definir o que é possível através da análise estratégica No círculo do momento 4 está descrito atacar o problema na prática realizando as operações planejadas utilizarse do cálculo ação e correção no dia a dia Os círculos estabelecem relações entre eles por setas que vão e voltam em todos os sentidos remetendo a interpretação de que mesmo que haja uma cronologia no planejamento os momentos podem ser reavaliados no decorrer do tempo independente da ordem MOMENTO 1 explicar como nasce e se desenvolve o problema explicar a realidade através da apreciação situacional MOMENTO 2 fazer planos para atacar as causas do problema mediante operações conceber o plano através de apostas MOMENTO 3 analisar a viabilidade do plano ou verificar o modo de se construir sua viabilidade definir o que é possível através da análise estratégica MOMENTO 4 atacar o problema na prática realizando as operações planejadas utilizarse do cálculo ação e correção no dia a dia Esta ferramenta é utilizada para realizar levantamento dos aspectos críticos e a partir daí elaborar o plano de ação RIEG 1999 Neste processo os profissionais des crevem os problemas apresentando os fatos constata dos quais seriam as possíveis consequências e as causas do problema para compreender a relação entre estes e fazer uma representação gráfica do problema para en tão propor estratégias para o planejamento de ação Outra habilidade a ser desenvolvida por esses pro fissionais é o treinamento da percepção sensorial pela abordagem da neurolinguística Neste processo o pro fissional aprende onde deve focar a atenção e quais for mas pode utilizar para modificar e ampliar os filtros a fim de observar novos aspectos que antes estavam des percebidos OCONNOR SEYMOUR 1995 O que isso quer dizer Muitas vezes os profissionais ficam con 178 dicionados a observar aquilo que lhe é natural ou seja ele capta as informações a partir da linguagem dos pen samentos e das experiências que ele viveu o que os leva a prestar mais atenção em algumas coisas do que a outras Como essas técnicas e instrumentos exemplifica dos acima são novos para estes profissionais a atuação na Atenção Primária voltada para a promoção da saúde deve fazer parte de um processo de qualificação contí nua das equipes dos programas de saúde pública em que sejam incorporados conteúdos e metodologias que subsidiem na qualidade do atendimento e superem os desafios deste novo sistema estrutural de saúde Para finalizar esta reflexão acerca da atuação do pro fissional de saúde iremos elencar alguns dos desafios que são impostos a estes profissionais para que a partir do conhecimento possam planejar ações para enfren tálos BRASIL 2018 Um dos desafios colocados por esse processo diz respeito ao planejamento organização e gerenciamento da ação intersetorial que do ponto de vista metodológico apresenta a necessidade de avançar no aperfeiçoamento dos métodos e técnicas a serem utilizados no processo de planejamento das ações in tersetoriais tendo em vista maior efetividade e impacto sobre os problemas e necessidades sociais Outro desafio voltado para o aspecto metodológico seria a definição de um modelo de identificação dos principais riscos à saúde com objetivo de estabelecer prioridades locais e regionais bem como a definição de agenda de pesquisas na área de vigilância Por fim construir estratégias para conceber a saúde no âmbito da atenção básica de forma mais solidária e menos punitiva visto que os indivíduos têm as condições de vida que são impostas e depende do poder público e o estilo de vida individual que depende da escolha do indivíduo portanto existem limites para que a atuação profissional não construa práticas autoritárias e prescritivas que em vez de produzir autonomia acabam reduzindoa 179 EDUCAÇÃO FÍSICA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCA ÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE Diante das habilidades e desafios que abordamos an teriormente para a atuação do profissional de saúde de equipes multidisciplinares da Atenção Primária à Saúde iremos refletir agora especificamente a atuação do pro fissional de Educação Física A implementação da PNPS deixou evidente o papel fundamental do profissional de Educação Física para a promoção da saúde BRASIL 2010 Assim além do que foi abordado os profissionais precisam compreender e ampliar visão de Promoção à Saúde principalmente a partir do diálogo com os outros profissionais da equipe e a própria comunidade os profissionais de Educação Física devem compreender a atividade física como com ponente principal para a promoção da saúde Os principais pontos que podemos destacar da PNPS para atuação específica para a atividade física são a ofertar práticas de atividade física como caminha das práticas lúdicas prescrição de exercícios esportivas e de lazer voltadas para a comunidade b mapear e for talecer as ações de práticas de atividade física existentes nos serviços de atenção básica c inserir a prática de atividade física nos locais em que não há ações princi palmente para populações mais vulneráveis d estimu lar a inclusão de pessoas com deficiências em projetos de práticas de atividades físicas e promover a interse torialidade principalmente voltadas para melhorias am bientais e dos espaços públicos urbanização dos espa ços públicos criação de ciclovias e pistas de caminhadas segurança outros com o objetivo de aumentar os níveis populacionais de atividade física BRASIL 2010 Quando abordamos ações que abrangem a atuação dos profissionais é interessante destacar instrumentos que auxiliem esses profissionais para o planejamento Um desses instrumentos é a plataforma Portal Saúde 180 Baseada em Evidências que disponibiliza banco de da dos gratuito contendo documentos científicos da área de saúde como fotos vídeos e outras ferramentas cal culadoras médicas e de análise estatística Esta platafor ma está disponível para os profissionais de saúde das 14 profissões regulamentadas no Ministério da Saúde in cluindo o profissional de Educação Física A utilização dessas ferramentas pelos profissionais de Educação Física pode garantir melhor atendimento prestado aos usuários dos serviços de saúde pois esti mula a tomada de decisão clínica e de gestão baseada em evidências científicas com validade interna e externa de boa qualidade Isto quer dizer que o planejamento será realizado com base em dados que têm apresentado re sultados positivos e prevê por exemplo o tipo de atua ções que não têm apresentado os resultados esperados para que sejam analisados com cautela Como o profissional de Educação Física faz para ingressar nesse mercado de trabalho Para entrada no SUS os profissionais devem passar por concurso pú blico que é realizado pelas Secretarias de Saúde O pro cesso conta no geral com realização de prova objetiva composta por conteúdos de conhecimento geral e es pecífico e prova de título comprovação de formação continuada como títulos de especialização mestrado e doutorado A partir de Fevereiro de 2020 o Ministério do Trabalho incluiu o profissional de Educação Física na Classificação Brasileira de Ocupações CBO para atu ação permanente na área de saúde especificamente nos programas de atenção básica do SUS Com essa inclusão os profissionais de Educação Física passam a ter maior clareza no reconhecimento para atuação dentro do SUS sendo que a partir deste reconhecimento assim como os outros profissionais de saúde o profissional de Educação Física passa a ter re muneração de acordo com as atividades exercidas espe cíficas às suas competências As exigências para atuação requerem que o profissional tenha formação superior em Educação Física e registro no Conselho Regional de Educação Física 181 considerações finais Prezadoa alunoa concluímos aqui a sua jornada ao universo da promoção da saúde Se recordarmos de forma sucinta o que abordamos você se lembrará que iniciamos nos aprofundando sobre o nível da Atenção Primária a Saúde Pudemos perceber que o foco neste nível de atenção mudou toda a estrutura de atendimento do sistema de saúde em que nós deixamos de olhar para a doença dos usuários e centralizamos o atendimento para a totalidade do indivíduo ou seja sua saúde geral Trouxemos ainda os principais conceitos que permeiam este novo cenário como as diferenças entre os termos prevenção em saúde e promoção de saúde a definição mais ampla de saúde e como os determinantes de saúde interferem no processo de saúdedo ença compreendendo que muitos fatores que interferem na saúde não são tratáveis A partir de todo esse novo contexto de saúde observamos que novas necessidades sur giram o que exigiu dos profissionais de saúde nova forma de atuação Os profissionais tiveram que acompanhar as modificações do sistema não mais utilizando abordagens de atenção fragmentada e especializada mas generalista integral e humana Você teve acesso a algumas ferramentas novas que têm sido utilizadas para auxiliálo nesta formação do profissional voltado para o atendimento à saúde pública Diante do que aprendeu você é capaz de compreender o contexto da promoção da saúde e como você pode se preparar para atuar nesta área Portanto encerramos por aqui esta unidade espero que tenha aproveitado este conhecimento que é apenas o início de sua jornada até a própria prática Desejo que esta teoria contribua para suas pró ximas experiências de atuação 182 atividades de estudo 1 A atenção Básica faz parte da Rede de Atenção à Saúde envolvendo pessoas com doenças crônicas e outros tipos de patologias Assim sobre as competên cias da Atenção Básica avalie as afirmativas I Diagnosticar rastrear e tratar a população de acordo com os protocolos e as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde II Realizar ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças de forma intersetorial III Prevenir diagnosticar e tratar precocemente as doenças e suas possíveis complicações É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c III apenas d I e II apenas e I II e III 2 A integralidade da atenção básica à saúde é um dos seus princípios Assim uma atenção integral é voltada para a Descentralização equidade e atenção secundária b Descentralização equidade e atenção terciária c Cura dos sintomas d Promoção proteção e recuperação da saúde e Ausência de doenças 183 atividades de estudo 3 Com relação à Política Nacional de Promoção da Saúde avalie as afirmativas como verdadeiras V ou falsas F Promover de forma justa e igualitária a assistência à saúde individual e co letiva Promover espaços e ambientes saudáveis para o bemestar Dar voz à população valorizando as práticas integrativas Estimular discussões sobre o modo de consumo e produção relacionados a promoção da saúde A sequência correta é a V F F V b F V V V c V F F F d V F V V e V V V V 4 Descreva qual a relação entre a Política Nacional de Promoção da Saúde e o estímulo à prática de atividade física 5 Apresente detalhadamente como o profissional de Educação Física pode con tribuir para a promoção da saúde 184 LEITURA COMPLEMENTAR A Classificação Brasileira de Ocupações CBO publicou em 17 de fevereiro de 2020 o re conhecimento da categoria do Profissional de Educação Física na área da saúde por meio do código 224140 CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES 2020 Os profissionais passam então a serem Profissional de Educação Física na saúde e passam a integrar de forma específica as equipes dos Programas de Atenção Básica do Sistema Único de Saúde SUS possibilitando a inclusão na tabela de prestação de serviços do SUS O Conselho Fe deral de Educação Física CONFEF 2020 publicou uma nota que diz que O CÓDIGO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA SAÚDE FOI CRIADO E INCLUÍ DO NA CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES CBO 2020 VITÓRIA DA SOCIEDADE RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO E DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA O Sistema CONFEFCREF tem como uma de suas prioridades de ação o reconhecimen to e a legitimação da intervenção do Profissional de Educação Física na Saúde A recente publicação do código Permanente do Profissional de Educação Física na Saú de 224140 na CBO elaborada pelo Ministério da Economia por solicitação do Minis tério da Saúde representa a mais recente e importante conquista para a consolidação da atuação profissional na área da saúde Os principais significadosbenefícios do código Permanente são Favorece a contratação de Profissionais de Educação Física no setor público e priva do de saúde Consolida o Profissional de Educação Física como integrante de equipe de Saúde 185 LEITURA COMPLEMENTAR Reforça a inserção do Profissional de Educação Física na Saúde Fortalece a participação do Profissional de Educação Física no SUS Define atividades de competência do Profissional de Educação Física no setor saúde Acompanhe os principais fatos que contribuíram para essa valorização profissional 1997 Reconhecimento do Profissional de Educação Física entre as categorias de pro fissionais da Saúde pelo CNS 2008 Inclusão do Profissional de Educação Física nas Equipes de Saúde da Família do Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF 2013 Criação do Código Provisório 2241E1 pelo Ministério da Saúde 2013 CNS Código CBO obrigatório para Profissionais na Academia da Saúde 2013 Publicação da Lei 12864 que inclui a atividade física como fator determinante e condicionante da saúde 2020 CBO permanente do Profissional de Educação Física na saúde pelo Ministério da Economia Para pesquisar mais sobre o assunto acesse o código da CBO pelo site httpswwwcrefsc orgbrministeriodotrabalhoincluiprofissionaldeeducacaofisicanaareadasaude Fonte adaptado de CONFEF 2020 online 186 material complementar Saúde da Família Considerações Teóricas e aplicabilidades Elisabete Calabuig Chapina Ohara Raquel Xavier de Souza Saito Editora Martinari Sinopse este livro surgiu da necessidade de os docentes da disciplina Saúde da Família e Saúde Coletiva possuírem um material didático baseado no aprofunda mento de discussões e na construção de propostas para a atenção à saúde nos diferentes ciclos de vida de forma contextualizada e relacionada com as Políticas de Saúde vigentes Na construção do livro os docentes e discentes da Faculdade Santa Marcelina contribuíram além dos aspectos relacionados à área da biologia também com conteúdos de abordagem socioculturais que influenciam diretamen te e modificam as relações familiares e a sua avaliação Os capítulos propõem uma reflexão do modelo assistencial instituído elege como ponto central o estabeleci mento do vínculo e a criação de compromisso além de coresponsabilidade entre os profissionais de saúde e a população Contém uma proposta de contribuir para a melhora da qualidade assistencial na Atenção Primária e melhorar a capacidade resolutiva por meios de ações de promoção e prevenção Podemos dizer que o ma terial sistematizado é capaz de instrumentalizar para a prática com fundamentos científicos proporcionando uma visão holística do indivíduo e da família Indicação para Ler 187 referências AINSWORTH B E et al Compendium of physical activities an update of activity codes and MET intensities Medicine and science in sports and exercise v 32 n 9 Suppl p S498 2000 ALMEIDA FILHO N A clínica e a epidemiologia 2 ed Salvador APCEAbrasco 1997 ALMEIDA FILHO N Uma breve história da Epidemiologia In ROUQUAYROL M Z ALMEIDA FILHO N Epidemiologia Saúde 6 ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE Diretrizes do ACSM para os tes tes de esforço e sua prescrição Rio de Janeiro Guanabara Koogan 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do Pensamento Epistemologia e método Rio de Janeiro Fiocruz 2002 RIEG D L Planejamento estratégico uso das metodologias mapeamento cogniti vo e planejamento estratégico situacional em uma situação concreta 130f Disser tação Mestrado em Engenharia de Produção Universidade Federal de São Carlos UFSCar São Carlos 1999 RIEG D L ARAÚJO FILHO O Uso das metodologias planejamento estratégico situacional e mapeamento cognitivo em uma situação concreta o caso da prórei toria de extensão da UFSCar Gestão Produção n 9 v 2 p 163179 2002 RIPSA Rede Interagencial de Informações para a Saúde Indicadores básicos de saú de no Brasil conceitos e aplicações Brasília Organização PanAmericana da Saúde 2002 ROMEDER J M McWHINNIE J R Años de vida potencial perdidos entre las enades de 1 a 70 años un indicador de mortalidad prematura para la planificacion de la salud In BUCK C LLOPIS A NÁJERA E TERRIS M El Desafio de la Epidemiologia Problemas e lecturas selecionadas Publicación científica No 505 Washington Opas 1988 25463 ROSS R JANSSEN I Physical activity total and regional obesity Doseresponse considerations Medicine and Science in Sports and Exercise v 33 n 6 p 521527 2001 ROTHMAN K J GREENLAND S Modern Epidemiology 2 Ed LippincottRa ven Publishers 1998 ROUQUAYROL M Z GURGEL M Epidemiologia e Saúde 8 ed Rio de Janeiro Medbook Editora Científica 2017 ROUQUAYROL M Z SILVA M G C Epidemiologia saúde 7 ed Rio de Janei ro MedBook 2013 196 referências SADANA R Development of standardized health descriptions In MURRAY C J L SALOMON J A MATHERS C D LOPEZ A D ed Summary measures of population health Concepts ethics measurement and applications World Health Organization p 31528 2002 SANTOS M PEGORARO M SANDRINI F MACUCO E Fatores de risco no desenvolvimento da aterosclerose na infância e adolescência Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 90 n 4 p 301308 2008 SANTOS R A B G UCHÔAFIGUEIREDO L R LIMA L C Apoio matricial e ações na atenção primária experiência de profissionais de ESF e Nasf Saúde debate v 41 n 114 2017 SANTOS S F S Núcleo de apoio à saúde da família no Brasil e a atuação do profis sional de educação física 2012 Dissertação Mestrado em Educação Física Uni versidade Federal de Santa Catarina Centro de Desportos 2012 SCHRAMM J M A et al Epidemiological transition and the study of burden of disease in Brazil Revista Ciência Saúde Coletiva v 9 n 4 pg 897904 2004 SILVA JUNIOR A G ALVES C A Modelos Assistenciais em Saúde desafios e perspectivas In MOROSINI M V G C CORBO A D A Orgs Modelos de atenção e a saúde da família Rio de Janeiro EPSJV Fiocruz 2007 p 2741 SILVA D A S CHRISTOFARO D G D FERRARI G L M SILVA K S NAR DO JR N SILVA R J S FERNANDES R A BARBOSA FILHO V C Boletim Brasil 2018 Está na hora de cuidar das crianças e dos adolescentes Relatório sobre atividades físicas em crianças e adolescentes brasileiros 1 ed Ottawa Active Heal thy Kids Global Alliance 2018 SILVA D J MIRANDA N A diferença de classe no Sistema Único de Saúde o que está em risco Revista Paradigma Ribeirão PretoSP a XIX n 23 p 97113 2014 SILVA M J S SCHRAIBER L B MOTA A O conceito de saúde na Saúde Coleti va contribuições a partir da crítica social e histórica da produção científica Physis Revista de Saúde Coletiva Rio de Janeiro v 29 n 1 e290102 2019 SOLHA R K T Saúde coletiva para iniciantes políticas e práticas profissionais 2 ed São Paulo Érica 2014 SOUZA H P Doenças infecciosas e parasitárias no Brasil de 2010 a 2017 aspectos para vigilância em saúde Rev Panam Salud Publica v 44 2020 197 referências SOUZA S C LOCH M R Intervenção do profissional de educação física nos Nú cleos de Apoio à Saúde da Família em municípios do norte do Paraná Revista Bra sileira de Atividade Física e Saúde v 16 n 1 p 510 2011 STARFIELD B Atenção primária equilíbrio entre necessidades de saúde serviços e tecnologia Brasília UNESCO 2002 STARFIELD B et al Measurement of outcome A proposed scheme Milbank Q v 52 p 3950 1974 STARFIELD B Health services research A working model N Engl J Med v 289 p 326 1973 SZKLO M NIETO F J Epidemiology beyond the basics Maryland An Ashen Publication 2000 THOMPSON W S Population American Journal of Sociology 1929 34959975 US DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES Physical Activity Guidelines for Americans 2 ed Washington US Department of Health and Hu man Services 2018 VAUGHAN J P MORROW R H Epidemiologia para municípios manual para gerenciamento dos distritos sanitários São Paulo Hucitec 1992 VUORI H The role of schools of public health in the development of primary health care Health Policy v 4 p 22130 1985 WHO World Health Organization Closing the Gap in a Generation Commission on Social Determinants of Health Final Report Geneva WHO Press 2008 WHO World Health Organization Global action plan on physical activity 2018 2030 more active people for a healthier world Geneva WHOrganization 2018 WHO World Health Organization Global recommendations on physical activity for health Geneva World Health Organization 2010 WHO World Health Organization Integrating neglected tropical diseases in glo bal health and development Fourth WHO report on neglected tropical diseases Genebra WHO 2017 Disponível em httpsunitingtocombatntdsorgwpcontent uploads2017114thwhontdreportpdf Acesso em 27 ago 2020 WHO World Health Organization International classification of impairment di sability and handicap Geneva 1980 198 referências WHO World Health Organization International Statistical Classification of Di seases and Related Health Problems 10 revision Genebra World Health Organi zation 1993 Traduzido para o português pelo Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 10 revisão São Paulo EDUSP 1995 WHO World Health Organization Obesity Preventing and managing the global epidemic Report of a WHO consultation on obesity WHONUT NCD981 Geneva World Health Organization 1998 WHO World Health Organization Study Group of measurement of levels of health Geneva 1957 Techn Rep Serv 137 199 gabarito 1 E 2 D 3 E 4 Um dos temas prioritários da Política Nacional de Promoção da Saúde é o estímulo à prática de atividade física promovendo ações acon selhamento e divulgação de práticas corporais e de atividades físicas incentivando a melho ria das condições dos espaços públicos consi derando a cultura local e incorporando brinca deiras jogos danças populares entre outras práticas para a toda a população Além disso a Política Nacional de Promoção da Saúde per meia a disponibilidade de ambientes favorá veis à prática de atividade física e bemestar 5 O profissional de Educação Física proporciona a promoção de saúde quando oferta e estimu la práticas de atividade física como caminha das práticas lúdicas prescrição de exercícios práticas voltadas ao lazer e que possa abran ger toda a comunidade Além disso ele pode atuar no mapeamento e fortalecimento de ações de práticas de atividade física existentes nos serviços de atenção básica como ações dentro das Unidades Básicas de Saúde ou até mesmo específicas para populações mais vul neráveis No mais podese promover estraté gias intersetoriais que voltem a atenção para melhorias de espaços públicos como ciclovias e pistas de caminhadas que possibilitem uma prática segura e saudável conclusão geral É queridoa alunoa chegamos ao final do nosso percurso que buscou o enten dimento profundo sobre o tema da Epidemiologia associada à Educação Física Você pôde passar por vários caminhos neste processo Primeiro aprendeu os pontos básicos sobre Epidemiologia e os conteúdos que a cercam conhecendo a história e o surgimento da área da Epidemiologia e os indicadores que nos possi bilitam detectar o desenvolvimento de possíveis doenças ou agravos à saúde En tão conheceu como as doenças se instalaram na população e quais as mudanças populacionais afetadas por elas ocasionando as chamadas transições epidemio lógicas e demográficas Você notou que a inatividade física é um grande agravo à saúde e está entre as doenças que afetaram modificações populacionais Isso porque o comporta mento humano é influenciado por mudanças sociais econômicas e culturais que ocorrem com o passar do tempo tornando a atividade física um comportamento complexo e multidimensional Uma vez que a atividade física se enquadra na área da saúde você foi convi dado a entender um pouco sobre a história do Sistema Único de Saúde o sistema de saúde brasileiro Assim aprofundouse na história do sistema em como ele é regido e quais ações o norteiam Então uma vez que atividade física faz parte da saúde e o SUS é o sistema que nos representa nessa questão não poderíamos deixar de discutir sobre o NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família em que o profissional de Educação Física está inserido Você viu quantos profissionais podem compor o NASF Você já imaginou o impacto que essa ação multiprofis sional fornece em uma população carente de saúde Para finalizarmos com chave de ouro discutimos sobre a Atenção Primária à Saúde e atuação dos profissionais de saúde especificamente o profissional de Educação Física dentro do Sistema Único de Saúde Quanta coisa você aprendeu não é mesmo Agora você já tem conheci mento de sobra para defender com unhas e dentes a atuação do profissional de Educação Física em todo o ambiente que envolve saúde Isso porque nós pro fissionais de Educação Física levamos saúde por onde quer que passamos não apenas a ausência de doenças influencia drasticamente nos padrões de compor tamento da população Portanto é nosso dever atuarmos com dedicação res ponsabilidade e ética para que possamos promover saúde e prevenir doenças da melhor maneira possível Unicesumar