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1 httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Artigo Original Rev Saude Publica 20215583 Perfil das internações por neoplasias no Sistema Único de Saúde estudo de séries temporais Analy da Silva MachadoI Anaely da Silva MachadoII Dirce Bellezi GuilhemIII I Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Programa de pósgraduação em Enfermagem Brasília DF Brasil II Universidade de Brasília Faculdade de Administração Contabilidade Economia e Gestão Pública Programa de PósGraduação em Economia Brasília DF Brasil III Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Departamento de Enfermagem Brasília DF Brasil RESUMO OBJETIVO Descrever o perfil das internações pelo Sistema Único de Saúde SUS por diagnóstico de câncer no Brasil no período de 2008 a 2018 MÉTODOS Estudo de séries temporais da taxa de internação por neoplasias malignas no SUS Os dados foram extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do DataSUS A tendência foi estimada por regressão linear generalizada aplicando o procedimento de PraisWinsten RESULTADOS No período de 2008 a 2018 a taxa de internação por neoplasias malignas apresentou tendência crescente no SUS com variação anual de 107 p 0001 IC 94117 Observouse tendência crescente de internações em todas as regiões do Brasil com exceção da região Norte que apresentou comportamento estacionário A região Nordeste foi a que apresentou maior variação anual 135 p 0001 enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação por 100 mil habitantes 506 e 325 respectivamente Observouse tendência crescente significativa nas internações de crianças de 0 a 9 anos de idade variação anual 109 p 0001 de jovens entre 10 e 19 anos variação anual 69 p 0001 e de idosos acima de 60 anos variação anual 79 p 0001 Entre as mulheres as internações ocorreram majoritariamente por neoplasia maligna de mama variação anual 132 p 0001 e entre os homens por neoplasia maligna de próstata variação anual 47 p 0001 CONCLUSÃO As internações por neoplasias malignas mostraram tendência crescente em consonância com o aumento da incidência de câncer em particular das neoplasias mais incidentes entre homens e mulheres Apesar da região Nordeste ter apresentado maior variação no período as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação do país Observouse também aumento das internações entre a população jovem entre 0 e 19 anos e mais idosa acima de 60 anos As internações por neoplasias de colo de útero nas mulheres embora ainda sejam a terceira causa de internações apresentaram comportamento decrescente DESCRITORES Neoplasias Hospitalização tendências Acesso aos Serviços de Saúde tendências Disparidades em Assistência à Saúde Estudos de Séries Temporais Correspondência Analy da Silva Machado Secretaria de PósGraduação Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Campus Darcy Ribeiro 70910900 Asa Norte Brasília DF Brasil Email analymachadogmailcom Recebido 28 set 2020 Aprovado 16 dez 2020 Como citar Machado AS Machado AS Guilhem D Perfil das internações por neoplasias no Sistema Único de Saúde estudo de séries temporais Rev Saude Publica 20215583 httpsdoiorg1011606s1518 87872021055003192 Copyright Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença de Atribuição Creative Commons que permite uso irrestrito distribuição e reprodução em qualquer meio desde que o autor e a fonte originais sejam creditados httpwwwrspfspuspbr 2 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 INTRODUÇÃO O câncer em conjunto com doenças cardiovasculares respiratórias e diabetes faz parte do conjunto de doenças crônicas não transmissíveis DCNT que mais causam mortes no mundo Atingindo indivíduos em todas as faixas etárias o câncer pode levar a incapacidades na população jovem economicamente ativa1 Atualmente o câncer ocupa o segundo lugar no ranking de mortalidade por DCNT com incidência de 243 milhões de casos novos em 2017 no mundo23 No biênio 20142015 foi estimada uma incidência de 576 mil novos casos de câncer por ano no Brasil Para os biênios 20182019 e 20202021 previamse incidências de mais de 600 mil e 625 mil novos casos de câncer respectivamente245 O Sistema Único de Saúde SUS criado pela Lei nº 80801990 garante universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis da assistência e a integralidade do cuidado no Brasil6 Para garantir esses princípios na assistência oncológica em 2013 foi publicada a Portaria nº 874 que instituiu a Política Nacional para Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas Essa portaria estabelece como objetivo reduzir a mortalidade e as incapacidades ocasionadas pelo câncer além de almejar diminuir a incidência de alguns tipos de câncer por meio de programas de rastreamento e diagnóstico precoce7 A Portaria nº 874 também estabelece os critérios para acesso e direcionamento dos pacientes aos serviços de saúde Em dezembro de 2019 a rede de atenção especializada ambulatorial e hospitalar em oncologia no SUS abrangia 419 serviços habilitados em alta complexidade oncológica 9 serviços isolados de radioterapia e 21 hospitais gerais com cirurgia oncológica8 Cabe notar ainda que as internações clínicas também ocorrem nos demais serviços SUS Tratamentos clínicos que incluem quimioterapia e radioterapia realizadas ambulatorialmente são registrados por Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade APAC e representam o maior percentual dos procedimentos relativos a tratamento oncológico no país As internações cirúrgicas de pacientes oncológicos ocorrem para realizar biópsias e tratamento cirúrgico enquanto as internações clínicas ocorrem para quimioterapias de infusão contínua ou para tratamento de complicações do câncer como nos casos das descompensações clínicas com necessidade de suporte pela internação Essas últimas podem ocorrer em qualquer tipo de hospital e não apenas nos especializados9 O tratamento oncológico apresenta alto custo em comparação com os demais tratamentos oferecidos pelo SUS Estudo realizado por Barros Reis10 demonstrou que o custo médio do tratamento oncológico no Brasil girou em torno de US 379600 por paciente em 2011 sendo que 30 estão relacionados a internações hospitalares e o restante abrange procedimentos ambulatoriais Em levantamento sobre custos do tratamento do câncer cervical nos serviços públicos em 2006 Novaes et al11 observaram que de um montante de US 104966045 cerca de 8 foram destinados a internações clínicas Em estudo mais recente observouse que os custos com hospitalizações de pacientes com câncer cervical chegaram a 22212 Evidências sugerem que internações por neoplasias malignas têm peso importante no tratamento de câncer e portanto estudar essa temática é relevante O estudo do comportamento das internações ajuda a entender a distribuição espacial desses atendimentos no SUS identificando se há concentração de internações ou vazios assistenciais em regiões do país Considerando esse contexto este estudo analisa tendências e descreve o perfil das internações no SUS por diagnóstico de câncer no Brasil entre 2008 e 2018 MÉTODOS Tratase de estudo descritivo de séries temporais realizado a partir de dados do Sistema de Informações Hospitalares SIH do Departamento de Informática do SUS DataSUS 3 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Agruparamse os dados por regiões geográficas e as frequências foram ajustadas para a população residente a fim de se obter a proporção adequada de indivíduos em cada grupo analisado1314 O SIH implantado pela Portaria nº 8961990 do Ministério da Saúde adota a Autorização de Internação Hospitalar como instrumento a ser utilizado por todos os gestores e prestadores de serviços do SUS para registrar e processar dados de identificação do paciente procedimentos realizados profissionais de saúde envolvidos e estrutura de hotelaria15 No presente estudo os dados extraídos do SIH foram tabulados no programa TabWin versão 415 As tabelas nacionais e arquivos de definição foram obtidos no site do DataSUS httpwww2datasusgovbrDATASUSindexphp Os dados extraídos em janeiro de 2020 e agregados por ano referemse às internações por neoplasias malignas ocorridas nos estabelecimentos de saúde que atenderam pelo SUS no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2018 Como o foco deste estudo são as internações por neoplasias malignas consideraramse apenas as internações correspondentes aos códigos C00C97 conforme Capítulo II da 10ª Classificação Internacional de Doenças CID É importante ressaltar que o mesmo paciente pode ter passado por várias internações no período de análise e que nem todos os pacientes com câncer passam por alguma internação no SUS Assim a proporção de óbitos não pode ser considerada como taxa de mortalidade de internações muito menos como taxa de mortalidade por câncer no SUS pois nem todos os pacientes evoluem a óbito durante uma internação Os dados referentes à população são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE e foram consultados no banco de tabelas estatísticas do instituto httpssidra ibgegovbrhomepmsbrasil Para o nível Brasil a taxa de internação foi calculada como a razão entre o número total de internações pela população total anual Para a análise estratificada por complexidade média e alta complexidade caráter da internação eletiva e urgência desfecho da internação alta e óbito dias de permanência e internação na UTI considerouse a razão entre o número de internações em cada estrato e a população total para cada ano Para os recortes de sexo faixa etária e unidade da Federação foi calculada a razão entre a taxa de internação e a população no mesmo estrato por ano por exemplo a taxa de incidência para o sexo feminino é a razão entre o número de internações de mulheres e a população feminina brasileira anual As taxas de incidência foram ajustadas por 100 mil habitantes Na análise das internações por códigosCID estratificadas por sexo consideraramse apenas os 20 códigosCID mais frequentes em 2018 para cada sexo Para analisar a tendência da taxa de internação padronizada aplicouse a metodologia de análise de séries de tempo descrita por Antunes e Cardoso14 e estimouse para o período de 2008 a 2018 o seguinte modelo de tendência logtaxat β0 β1t ut Onde taxat é a taxa de internação por neoplasias malignas no ano t e u é o erro da regressão O coeficiente β1 indica a tendência da série temporal de modo que o valor estimado representa a mudança em logtaxat para cada ano adicional t Assim se o coeficiente β1 é positivo a tendência da série é crescente e se for negativo a tendência é decrescente A logaritmização da taxa possibilita que a tendência seja expressa em termos percentuais e adicionalmente visa normalizar a distribuição e estabilizar a variância que é uma das suposições do modelo O modelo foi estimado por regressão linear generalizada por meio do método de PraisWinstein com variância robusta O método é indicado para ajustar a autocorrelação serial existente em análises de séries de tempo e obter estatísticas robustas à 4 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 heterocedasticidade A partir da variância robusta calculase o intervalo de confiança e o valor de p adequados para a inferência estatística Para obter a tendência da série medida pela variação média anual VMA em termos percentuais aplicouse a seguinte fórmula14 VMA 1 10β1 x 100 O intervalo de confiança da VMA foi calculado de forma similar utilizando os valores mínimo β1min e máximo β1max obtidos da estimação do modelo de tendência14 IC95 1 10β1min x 100 1 10 β1max x 100 Por fim reportouse se a variação média anual estimada foi estacionária p 005 decrescente p 005 e variação negativa ou crescente p 005 e variação positiva em cada estrato avaliado14 Os dados foram analisados no programa estatístico Stata versão 16 Por se tratar de um estudo cuja fonte de informações são dados secundários de domínio público não houve necessidade de submissão do projeto para análise de Comitê de Ética em Pesquisa conforme Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466 201216 RESULTADOS No período de janeiro de 2008 a dezembro de 2018 houve 5469895 internações de pacientes com diagnóstico de neoplasias malignas o equivalente a 44 de todas as internações pelo SUS no mesmo período Do total de internações por câncer 518 foram de pessoas do sexo feminino 797 de pacientes acima de 40 anos e 434 eram internações de alta complexidade Em relação ao caráter da internação 514 foram eletivas e 102 evoluíram para óbito Quanto ao tempo de permanência 509 das internações foram de até 3 dias 202 de entre 4 e 6 dias 115 de entre 7 e 9 dias e as demais acima de 10 dias de internação 172 A Figura 1 apresenta as taxas de internação estimadas e observadas por região A região Sul apresentou a maior taxa de internações do país com média de 391 internações a cada 100 mil habitantes por ano seguida de Sudeste 277 por 100 mil habitantes CentroOeste 211 Nordeste 188 e Norte 97 A Figura 2 apresenta as taxas de internação observadas e estimadas pelo modelo de tendência segundo perfil demográfico da população sexo e idade Em conjunto as Figuras 1 e 2 indicam que as séries históricas reais da taxa de internação têm comportamento próximo ao da série estimada pelo modelo de tendência linear As Tabelas de 1 a 3 apresentam os resultados da análise de tendência para o período de 2008 a 2018 e os valores das taxas de internação por neoplasias malignas observadas no período inicial 2008 e no período final 2018 da série histórica estudada A Tabela 1 apresenta a análise de tendência das internações por região e unidade da federação No Brasil a tendência foi crescente com variação média anual de 107 p 0000 Também se observou tendência crescente nas regiões Nordeste variação anual 135 p 0001 Sudeste variação anual 104 p 0001 Sul 132 p 0001 e CentroOeste 35 p 0043 Apenas o Norte apresentou tendência estacionária com variação anual de 28 p 0115 Em 2008 Tocantins tinha a maior taxa de internação do Norte mas ao longo dos anos essa taxa decresceu 6 por ano p 0023 enquanto Rondônia e Amapá apresentaram tendência crescente com variações anuais de 607 p 0001 e 23 p 0001 respectivamente 5 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 O Nordeste apresentou a maior variação percentual anual dentre as cinco regiões brasileiras Dos estados da região apenas Sergipe e Piauí apresentaram tendência estacionária com variações anuais de 12 p 0257 e 3 p 0307 Paraíba variação anual 239 p 0001 Pernambuco variação anual 216 p 0001 Alagoas variação anual 189 p 0001 e Rio Grande do Norte variação anual 186 p 0001 tiveram as variações médias anuais mais significativas observadas na região A Tabela 2 mostra a taxa de internação por perfil dos pacientes Tanto entre homens quanto entre mulheres a tendência foi crescente com variações anuais de 119 p 0001 e 94 p 0001 respectivamente Observouse tendência crescente também nas faixas etárias de 0 a 9 anos variação anual 109 p 0001 de 10 a 19 anos variação anual 69 p 0001 de 40 a 49 anos variação anual 19 p 0001 de 50 a 59 anos variação anual 64 p 0001 e acima de 60 anos variação anual 79 p 0001 Nas faixas etárias entre 20 e 39 anos a tendência foi estacionária Os demais recortes analisados apresentaram tendências crescentes com exceção da permanência acima de 25 dias que foi estacionária Não se observou tendência decrescente no perfil analisado em nenhum dos grupos estudados As internações de alta complexidade apresentaram variação anual de 178 ao ano p 0001 Esse fato pode estar relacionado ao aumento da taxa de internações em que os pacientes precisaram de UTI 151 ao ano p 0001 Esse dado associado ao fato de as internações com permanência de até três dias terem variado 159 ao ano p 0001 sugere aumento de internações com finalidades cirúrgicas 170 220 270 320 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Brasil 70 90 110 130 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Norte 70 120 170 220 270 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Nordeste 170 220 270 320 370 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sudeste 170 270 370 470 570 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sul 120 170 220 270 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 CentroOeste Taxa estimada Taxa real a A taxa de internações estimada foi calculada a partir a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 Figura 1 Série temporal da taxa de internação observada pontos e estimada linhaa por neoplasias malignas número de internações por 100 mil habitantes por região Brasil 2008 a 2018 6 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 A Tabela 3 representa as tendências de internação por neoplasias malignas no sexo feminino e masculino para os 20 códigosCID com maiores taxas de internação em 2018 para cada sexo a A taxa de internações estimada foi calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 Figura 2 Série temporal da taxa de internação observada pontos e estimada linhaa por neoplasias malignas número de internações por 100 mil habitantes por perfil demográfico Brasil 2008 a 2018 170 220 270 320 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sexo masculino 170 220 270 320 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sexo feminino 50 60 70 80 90 100 110 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 0 a 9 anos 50 55 60 65 70 75 80 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 10 a 19 anos 55 60 65 70 75 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 20 a 29 anos 100 105 110 115 120 125 130 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 30 a 39 anos 230 240 250 260 270 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 40 a 49 anos 300 350 400 450 500 550 600 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 50 a 59 anos 500 600 700 800 900 1000 1100 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 60 anos ou mais Taxa estimada Taxa real 7 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Entre as mulheres as taxas de internação mais frequentes apresentaram comportamento crescente com variação anual expressiva As internações por neoplasia maligna de mama foram de 364 por 100 mil mulheres em 2008 para 626 por 100 mil mulheres em 2018 com tendência de crescimento de 132 ao ano p 0001 Em seguida as internações mais frequentes em 2018 foram por neoplasias malignas de cólon com 231 por 100 mil mulheres variação anual 191 p 0001 colo do útero com 205 por 100 mil mulheres variação anual 47 p 0011 outras neoplasias malignas da pele Tabela 1 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência Brasil grandes regiões e estados 2008 a 2018 RegiãoEstado Taxa de internação por neoplasias malignas por 100 mil habitantesa Análise de tendência para o período de 2008 a 2018 2008 2018 Variação percentual anualb Intervalo de confiança 95 p Tendência Brasil 192 302 107 94 a 117 0001 Crescente Norte 96 109 28 09 a 67 0115 Estacionário Rondônia 35 206 607 507 a 714 0001 Crescente Acre 91 111 45 32 a 13 0223 Estacionário Amazonas 159 98 111 162 a 58 0001 Decrescente Roraima 32 143 211 153 a 73 0259 Estacionário Pará 65 86 64 36 a 172 0188 Estacionário Amapá 68 82 23 09 a 4 0006 Crescente Tocantins 221 158 60 109 a 11 0023 Decrescente Nordeste 143 238 135 122 a 146 0001 Crescente Maranhão 108 159 104 4 a 172 0005 Crescente Piauí 183 206 30 32 a 94 0307 Estacionário Ceará 166 219 54 35 a 72 0001 Crescente Rio Grande do Norte 192 377 186 143 a 233 0001 Crescente Paraíba 136 223 239 202 a 274 0001 Crescente Pernambuco 183 362 216 138 a 297 0001 Crescente Alagoas 112 249 189 146 a 23 0001 Crescente Sergipe 97 106 12 11 a 35 0257 Estacionário Bahia 118 204 132 89 a 175 0001 Crescente Sudeste 211 325 104 76 a 132 0001 Crescente Minas Gerais 212 351 127 104 a 151 0001 Crescente Espírito Santo 201 460 208 161 a 256 0001 Crescente Rio de Janeiro 172 240 57 35 a 79 0001 Crescente São Paulo 226 333 89 57 a 125 0001 Crescente Sul 279 506 132 112 a 153 0001 Crescente Paraná 190 553 191 79 a 315 0003 Crescente Santa Catarina 269 489 151 132 a 169 0001 Crescente Rio Grande do Sul 370 468 81 28 a 138 0007 Crescente CentroOeste 198 240 35 02 a 72 0043 Crescente Mato Grosso do Sul 216 233 52 21 a 81 0003 Crescente Mato Grosso 125 238 205 117 a 30 0001 Crescente Goiás 172 202 18 117 a 91 0702 Estacionário Distrito Federal 325 336 02 101 a 114 0980 Estacionário a Taxas padronizadas pela população brasileira de cada ano por região estado e total de acordo com o IBGE b Variação percentual média anual das taxas de internação calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 8 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 com 196 por 100 mil mulheres variação anual 279 p 0001 e ovário com 111 por 100 mil mulheres variação anual 125 p 0001 Nos homens observouse também tendência crescente na taxa de internações para os principais códigosCID Neste grupo as principais causas de internação foram as neoplasias malignas de próstata com 321 por 100 mil homens variação anual 47 p 0001 seguidas Tabela 2 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência por sexo faixa etária complexidade do procedimento caráter da internação desfecho da internação dias de permanência internação em UTI origem do paciente Brasil 2008 a 2018 Perfil das internações Taxa de internação por neoplasias malignas por 100 mil habitantesa Análise de tendência para o período de 2008 a 2018 2008 2018 Variação percentual anualb Intervalo de confiança 95 p Tendência Sexo Mulheres 201 300 94 89 a 102 0001 Crescente Homens 182 304 119 99 a 143 0001 Crescente Faixa etária 0 a 9 anos 65 99 109 94 a 125 0001 Crescente 10 a 19 anos 56 77 69 57 a 81 0001 Crescente 20 a 29 anos 70 71 02 34 a 40 0899 Estacionário 30 a 39 anos 117 125 16 05 a 40 0121 Estacionário 40 a 49 anos 237 262 19 09 a 26 0001 Crescente 50 a 59 anos 390 530 64 33 a 96 0001 Crescente 60 anos ou mais 648 956 79 47 a 112 0001 Crescente Complexidade do procedimento Média 121 159 57 50 a 64 0001 Crescente Alta 70 142 178 151 a 205 0001 Crescente Caráter da internação Eletivo 91 148 112 96 a 125 0001 Crescente Urgência 100 153 102 91 a 114 0001 Crescente Desfecho da internação Alta 173 271 107 96 a 117 0001 Crescente Óbito 19 31 112 86 a 135 0001 Crescente Faixa de permanência Até 3 dias 86 166 159 132 a 183 0001 Crescente 4 a 6 dias 46 56 47 42 a 5 0001 Crescente 7 a 9 dias 22 34 109 76 a 143 0001 Crescente 10 a 12 dias 11 14 50 38 a 62 0001 Crescente 13 a 15 dias 8 10 62 5 a 74 0001 Crescente 16 a 18 dias 5 6 69 52 a 86 0001 Crescente 19 a 21 dias 3 4 35 12 a 57 0007 Crescente Acima de 25 dias 12 12 05 18 a 28 0674 Estacionário UTI Sem UTI 177 274 102 91 a 112 0001 Crescente Com UTI 15 27 151 132 a 169 0001 Crescente a Taxas padronizadas pela população brasileira de cada ano de acordo com o IBGE Na análise por sexo e faixa etária a taxa foi padronizada pela população segundo o mesmo recorte Na análise por complexidade caráter da internação desfecho da internação e permanência a taxa foi padronizada pela população brasileira total b Variação percentual média anual das taxas de internação calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 9 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Tabela 3 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência por diagnóstico principal por sexo Brasil 2008 a 2018 CID Neoplasia maligna dea Taxa de internação por neoplasias malignas por 100 mil habitantesa Análise de tendência para o período de 2008 a 2018 2008 2018 Variação percentual anualb Intervalo de confiança 95 p Tendência SEXO FEMININO Mama 364 626 132 119 a 146 0001 Crescente Cólon 11 23 191 164 a 222 0001 Crescente Colo do útero 244 205 47 77 a 14 0011 Decrescente Outras neoplasias malignas da pele 62 196 279 233 a 324 0001 Crescente Ovário 68 111 125 102 a 151 0001 Crescente Brônquios e dos pulmões 5 10 186 138 a 236 0001 Crescente Reto 5 10 194 132 a 262 0001 Crescente Estômago 5 10 143 122 a 164 0001 Crescente Glândula tireoide 68 94 79 09 a 153 0030 Crescente Tecido conjuntivo e de outros tecidos moles 34 85 227 84 a 39 0004 Crescente Leucemia linfoide 45 82 146 109 a 18 0001 Crescente Corpo do útero 88 74 27 67 a 16 0192 Estacionário Encéfalo 47 64 67 52 a 81 0001 Crescente Leucemia mieloide 31 53 138 112 a 164 0001 Crescente Pâncreas 2 5 250 208 a 294 0001 Crescente Bexiga 21 45 178 13 a 227 0001 Crescente Fígado e das vias biliares intrahepáticas 2 4 205 146 a 268 0001 Crescente Neoplasia maligna secundária e não especificada dos gânglios linfáticos 22 41 161 99 a 227 0001 Crescente Esôfago 3 4 59 02 a 119 0045 Crescente Neoplasia maligna sem especificação de localização 43 35 54 84 a 23 0003 Decrescente SEXO MASCULINO Próstata 177 321 47 28 a 67 0001 Crescente Cólon 11 24 191 159 a 225 0001 Crescente Outras neoplasias malignas da pele 74 224 172 122 a 225 0001 Crescente Estômago 10 19 140 117 a 167 0001 Crescente Esôfago 9 14 79 12 a 151 0025 Crescente Leucemia linfoide 68 135 189 175 a 199 0001 Crescente Brônquios e dos pulmões 9 13 99 76 a 119 0001 Crescente Reto 5 12 242 146 a 346 0001 Crescente Bexiga 54 12 62 3 a 94 0001 Crescente Laringe 7 11 91 64 a 119 0001 Crescente Tecido conjuntivo e de outros tecidos moles 4 98 211 153 a 274 0001 Crescente Encéfalo 56 76 05 38 a 5 0775 Crescente Leucemia mieloide 39 64 156 138 a 172 0001 Crescente Continua 10 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 das neoplasias malignas de cólon com 24 por 100 mil homens variação anual 191 p 0001 outras neoplasias malignas de pele com 224 por 100 mil homens 172 p 0001 estômago com 19 por 100 mil homens variação anual 14 p 0001 e neoplasia maligna de esôfago com 14 por 100 mil homens variação anual 79 p 0025 DISCUSSÃO O banco de dados analisado representa as internações por neoplasias malignas pelo SUS A frequência de 509 de internações de até três dias se refere a internações cirúrgicas ou para realização de quimioterapia de administração contínua Internações mais longas geralmente estão relacionadas a complicações clínicas ou cirúrgicas As internações por neoplasias malignas tiveram tendência de aumento significativo no país ao longo do período analisado com uma variação anual de 107 A região Nordeste experimentou o maior aumento proporcional anual das internações 135 seguida por Sul 132 e Sudeste 86 Entretanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação em 2018 506 e 325 por 100 mil habitantes respectivamente Essas regiões contam com maior disponibilidade de serviços o que aumenta o acesso a diagnóstico tratamento e internação17 Para fins de comparação dos 449 estabelecimentos habilitados em algum serviço especializado oncológico 102 23 ficam no Sul e 220 49 no Sudeste Por outro lado a carência assistencial em oncologia no Norte e no Nordeste leva os pacientes a buscar serviços especializados nas regiões mais assistidas18 O aumento das internações entre crianças e jovens de até 19 anos deve ser observado uma vez que por se tratar de evento menos incidente nessa faixa etária há menor oferta de serviços especializados para esse público Estudo de Grabois et al demonstrou a necessidade de deslocamento de grandes distâncias para que jovens e crianças recebam assistência adequada18 Esse fator concentra os pacientes em determinados locais elevando a taxa de internações ou tratamentos em regiões específicas É necessário portanto planejar a distribuição adequada dos centros de referência considerando que se trata de eventos com menores taxas de incidência e portanto os serviços não serão disponibilizados com a mesma frequência daqueles relativos a neoplasias mais incidentes até mesmo para garantir a assistência qualificada e especializada para os mais jovens Para tanto é preciso que as redes de atenção à saúde funcionem de forma interligada a fim de direcionar o paciente ao serviço que oferta o tratamento indicado Tabela 3 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência por diagnóstico principal por sexo Brasil 2008 a 2018 Continuação Fígado e das vias biliares intrahepáticas 2 6 259 18 a 343 0001 Crescente Pâncreas 2 6 247 211 a 288 0001 Crescente Linfoma não Hodgkin difuso 33 54 42 14 a 72 0007 Crescente Neoplasia maligna secundária e não especificada dos gânglios linfáticos 26 49 47 82 a 11 0018 Crescente Rim exceto pelve renal 2 47 77 206 a 74 0266 Crescente Orofaringe 2 4 122 91 a 156 0001 Crescente Neoplasia maligna sem especificação de localização 5 42 262 205 a 321 0001 Decrescente a Taxas padronizadas pela população brasileira feminina de acordo com o IBGE b Variação percentual média anual das taxas de internação calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 11 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Estudo sobre internações hospitalares de crianças e adolescentes com neoplasias em Ribeirão Preto SP demonstrou que há pacientes das cinco regiões do país assistidos na cidade que é um local de referência para tratamento de doenças oncohematológicas contando com serviços e equipe especializada19 O estudo mostra que essa concentração dos serviços pode interferir no tratamento uma vez que nem sempre os pacientes retornam com a frequência adequada em virtude da distância ou de dificuldades financeiras19 Na presente pesquisa a maior taxa de internação entre as mulheres ocorreu por neoplasia maligna de mama seguida da neoplasia de cólon corroborando estimativas nacionais que demostram o câncer de mama como o mais incidente entre a população feminina2420 Observase tendência decrescente das internações por neoplasias malignas de colo do útero Esse declínio pode ser resultado da implementação de políticas de prevenção e diagnóstico precoce para esse tipo de câncer Estudo de Arbyn et al21 sobre câncer de colo do útero demonstra uma queda global na incidência dessa neoplasia com exceção de algumas regiões na África uma vez que ainda há dificuldade de acesso a medidas preventivas e diagnóstico precoce em regiões menos desenvolvidas22 Dentre os homens as internações por neoplasia maligna de próstata foram as mais incidentes seguidas das de cólon corroborando estimativas nacionais As neoplasias malignas de próstata estão intimamente relacionadas com a idade Tratase de um tipo de câncer que geralmente se desenvolve de forma lenta com sintomas que acometem basicamente o aparelho geniturinário e costumam levar a internações242023 Quanto ao câncer de pulmão um dos mais letais na atualidade cabe observar que ele apresentou baixas taxas de internação tanto entre homens quanto entre mulheres Esse tipo de câncer quando diagnosticado nas fases iniciais pode ser ressecado cirurgicamente mas seu diagnóstico geralmente ocorre em fases tardias quando apenas tratamentos clínicos quimioterapia e radioterapia são possíveis2425 o que leva a internações somente nos casos de descompensação clínica O códigoCID de outras neoplasias de pele apareceu como a terceira causa de internações entre os homens e a quarta entre as mulheres Estudos realizados localmente já apontavam para essa ocorrência A maioria das neoplasias que acometem a pele são tratadas em nível ambulatorial mesmo quando demandam tratamentos cirúrgicos A importância das taxas de internação por neoplasias de pele chama a atenção para o fato de que hábitos de vida como a proteção contra a radiação ultravioleta são fundamentais para evitar a ocorrência desse tipo de câncer Esses dados apontam para a necessidade de programas de prevenção voltados a sensibilizar a população sobre o assunto2627 O presente estudo teve como objetivo delinear o perfil das internações em decorrência do câncer em pacientes assistidos pelo SUS Observouse que as taxas de internação por câncer aumentaram significativamente no período estudado Destacamse os dados da região Nordeste com a maior variação média anual e das regiões Sul e Sudeste com as maiores taxas de internação por neoplasias malignas do país e a maior concentração de recursos especializados pelo SUS As internações em faixas etárias inferiores a 19 anos e acima dos 60 anos mostraram tendência crescente significativa no período As internações por neoplasias malignas de mama foram de forma isolada a principal causa de internação por câncer entre mulheres enquanto a neoplasia maligna de próstata ocupou também de forma isolada a primeira posição em taxa de internação entre homens Um ponto importante observado por este estudo é a existência de vazios assistenciais nas regiões mais carentes o que obriga os pacientes a se deslocarem para polos especializados distantes muitas vezes localizados em outros estados Destacase a necessidade de que mais estudos sobre esse assunto sejam realizados Dentre as limitações da pesquisa cabe notar que como os dados representam o número de internações hospitalares não é possível inferir a partir deles as taxas de incidência ou 12 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 de mortalidade por câncer Nem todos os pacientes diagnosticados com neoplasia maligna são internados e um mesmo paciente pode necessitar de mais de uma internação por ano a depender do quadro clínico e da evolução da doença É preciso considerar também os casos de neoplasia atendidos na assistência privada cujas informações não estão disponíveis na base de dados estudada Além disso devese considerar o fato de que o tratamento clínico oncológico realizado por meio de quimioterapias e radioterapias é processado pelo Sistema de Informações Ambulatoriais SIA que não foi usado neste estudo Outra limitação deste estudo é a ausência de análise das interações entre os diversos subgrupos analisados Um exemplo embora a tendência para a faixa etária de 20 a 29 anos seja estacionária é possível que o comportamento da série seja diferente para homens e mulheres no mesmo subgrupo Por se tratar de pesquisa realizada com dados secundários poderia haver certa limitação quanto à fidedignidade dos dados apresentados em razão de discrepâncias na coleta das informações ou no registro nos sistemas do SUS No entanto o Sistema de Informações Hospitalares é a base de dados oficial do Ministério da Saúde e seus dados embasam o planejamento assistencial e a formulação ou adequação de políticas públicas Dessa forma apesar de possíveis limitações podese considerar como válidos os dados analisados REFERÊNCIAS 1 World Health Organization Global Status Report on Noncommunicable Diseases 2014 Geneva CH WHO 2014 2 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2018 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2017 3 GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators Global regional and national incidence prevalence and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories 19902017 a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017 Lancet 20183921015901789858 httpsdoiorg101016S0140673618322797 4 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2014 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2014 5 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2020 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2019 6 Brasil Lei Nº 8080 de 19 de setembro de 1990 Lei Orgânica da Saúde Dispõe sobre as condições para a promoção proteção e recuperação da saúde a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências Diário Oficial da União 20 set 1990 Seção 118055 7 Ministério da Saúde BR Portaria Consolidação Nº 2 de 28 de setembro de 2017 Consolidação das normas sobre as políticas de saúde do Sistema Único de Saúde Anexo IX Institui a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS Brasília DF 2017 citado 5 fev 2020 Disponível em httpsbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2017prc000203102017html 8 Ministério da Saúde BR Departamento de Informática do SUS Tabnet Informações de Saúde CNES estabelecimentos por habilitação Brasil Brasília DF 2020 citado 5 fev 2020 Disponível em httptabnetdatasusgovbrcgitabcgiexecnescnvhabbrdef 9 Ministério da Saúde BR Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Regulação Avaliação e Controle Coordenação Geral de Sistemas de Informação SIASUS Sistema de Informações Ambulatoriais Manual de bases técnicas da oncologia 25 ed Brasilia DF 2019 citado 5 fev 2020 Disponível em httpsbradioterapiacombrwpcontentuploads201905 ManualOncologia25aedicaopdf 10 Reis CB Knust RE Pereira CCA Portela MC Factors associated with nonsmall cell lung cancer treatment costs in a Brazilian public hospital BMC Health Serv Res 201818124 httpsdoiorg101186s1291301829330 11 Novaes HMD Itria A Silva GA Sartori AMC Rama CH Soárez PC Annual national direct and indirect cost estimates of the prevention and treatment of cervical cancer in Brazil Clinics Sao Paulo 201570428995 httpsdoiorg106061clinics20150412 13 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 12 Santos CL Souza AI Figueiroa JN Vidal SA Estimation of the costs of invasive cervical cancer treatment in Brazil a microcosting study Rev Bras Ginecol Obstet 201941638793 httpsdoiorg101055s00391692412 13 Pereira MG Epidemiologia teoria e prática Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2015 Estudos Descritivos p 2712 14 Antunes JLF Cardoso MRA Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos Epidemiol Serv Saude 201524356576 httpsdoiorg105123S167949742015000300024 15 Ministério da Saúde BR SIH Sistema de Informação Hospitalar do SUS manual técnico operacional do Sistema Brasília DF 2017 16 Conselho Nacional de Saúde BR Resolução Nº 466 de 12 de dezembro de 2012 Resolve aprovar as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasília DF CNS 2012 citado 5 fev 2020 Disponível em httpsconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf 17 Oliveira MM Malta DC Guauche H Moura L Silva GA Estimativa de pessoas com diagnóstico de câncer no Brasil dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 Rev Bras Epidemiol 201518 Supl 214457 httpsdoiorg10159019805497201500060013 18 Grabois MF Oliveira EXG Carvalho MS Assistência ao câncer entre crianças e adolescentes mapeamento dos fluxos origemdestino no Brasil Rev Saude Publica 201347236878 httpsdoiorg101590s003489102013047004305 19 Pan R Marques AR Costa Júnior MLC Nascimento LC Characterization of the hospitalization of children and adolescents with cancer Rev Lat Am Enfermagem 2011196141320 httpsdoiorg101590s010411692011000600019 20 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2016 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2015 21 Arbyn M Weiderpass E Bruni L Sanjosé S Saraiya M Ferlay J et al Estimates of incidence and mortality of cervical cancer in 2018 a worldwide analysis Lancet Glob Health 202082e191203 httpsdoiorg101016S2214109X19304826 22 Tsuchiya CT Lawrence T Klen MS Fernandes RA Alves MR O câncer de colo do útero no Brasil uma retrospectiva sobre as políticas públicas voltadas à saúde da mulher J Bras Econ Saude 20179113747 httpsdoiorg1021115jbesv9n1p13747 23 Gnanaraj J Balakrishnan S Umar Z Antonarakis ES Pavlovich CP Wright SM et al Medical hospitalizations in prostate cancer survivors Med Oncol 201633781 httpsdoiorg101007s120320160796y 24 Nasim F Sabath BF Eapen GA Lung cancer Med Clin North Am 2019103346373 httpsdoiorg101016jmcna201812006 25 Algranti E Menezes AMB Achutti AC Lung cancer in Brazil Semin Oncol 200128214352 httpsdoiorg101016s0093775401900855 26 Dantas MM Pires DAL Schmitt DT Nascimento VS Turine CA Estudo ecológico das internações por neoplasias malignas da pele na região norte no período de 2000 a 2014 Rev Cereus 201682340 httpsdoiorg101860521757275cereusv8n2p2340 27 Guimarães RQ Oliveira LCM Calado VC Barbosa RNF Incidência de neoplasias malignas da pele no estado da Paraíba Rev Saude Cienc Online 201988694 httpsdoiorg1035572rscv8i246 Contribuição dos Autores Concepção e planejamento do estudo ASM ASM DBG Coleta análise e interpretação dos dados ASM ASM Elaboração ou revisão do manuscrito ASM ASM DBG Aprovação da versão final ASM ASM DBG Responsabilidade pública pelo conteúdo do artigo ASM ASM DBG Conflito de Interesses Os autores declaram não haver conflito de interesses
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1 httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Artigo Original Rev Saude Publica 20215583 Perfil das internações por neoplasias no Sistema Único de Saúde estudo de séries temporais Analy da Silva MachadoI Anaely da Silva MachadoII Dirce Bellezi GuilhemIII I Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Programa de pósgraduação em Enfermagem Brasília DF Brasil II Universidade de Brasília Faculdade de Administração Contabilidade Economia e Gestão Pública Programa de PósGraduação em Economia Brasília DF Brasil III Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Departamento de Enfermagem Brasília DF Brasil RESUMO OBJETIVO Descrever o perfil das internações pelo Sistema Único de Saúde SUS por diagnóstico de câncer no Brasil no período de 2008 a 2018 MÉTODOS Estudo de séries temporais da taxa de internação por neoplasias malignas no SUS Os dados foram extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do DataSUS A tendência foi estimada por regressão linear generalizada aplicando o procedimento de PraisWinsten RESULTADOS No período de 2008 a 2018 a taxa de internação por neoplasias malignas apresentou tendência crescente no SUS com variação anual de 107 p 0001 IC 94117 Observouse tendência crescente de internações em todas as regiões do Brasil com exceção da região Norte que apresentou comportamento estacionário A região Nordeste foi a que apresentou maior variação anual 135 p 0001 enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação por 100 mil habitantes 506 e 325 respectivamente Observouse tendência crescente significativa nas internações de crianças de 0 a 9 anos de idade variação anual 109 p 0001 de jovens entre 10 e 19 anos variação anual 69 p 0001 e de idosos acima de 60 anos variação anual 79 p 0001 Entre as mulheres as internações ocorreram majoritariamente por neoplasia maligna de mama variação anual 132 p 0001 e entre os homens por neoplasia maligna de próstata variação anual 47 p 0001 CONCLUSÃO As internações por neoplasias malignas mostraram tendência crescente em consonância com o aumento da incidência de câncer em particular das neoplasias mais incidentes entre homens e mulheres Apesar da região Nordeste ter apresentado maior variação no período as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação do país Observouse também aumento das internações entre a população jovem entre 0 e 19 anos e mais idosa acima de 60 anos As internações por neoplasias de colo de útero nas mulheres embora ainda sejam a terceira causa de internações apresentaram comportamento decrescente DESCRITORES Neoplasias Hospitalização tendências Acesso aos Serviços de Saúde tendências Disparidades em Assistência à Saúde Estudos de Séries Temporais Correspondência Analy da Silva Machado Secretaria de PósGraduação Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Campus Darcy Ribeiro 70910900 Asa Norte Brasília DF Brasil Email analymachadogmailcom Recebido 28 set 2020 Aprovado 16 dez 2020 Como citar Machado AS Machado AS Guilhem D Perfil das internações por neoplasias no Sistema Único de Saúde estudo de séries temporais Rev Saude Publica 20215583 httpsdoiorg1011606s1518 87872021055003192 Copyright Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença de Atribuição Creative Commons que permite uso irrestrito distribuição e reprodução em qualquer meio desde que o autor e a fonte originais sejam creditados httpwwwrspfspuspbr 2 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 INTRODUÇÃO O câncer em conjunto com doenças cardiovasculares respiratórias e diabetes faz parte do conjunto de doenças crônicas não transmissíveis DCNT que mais causam mortes no mundo Atingindo indivíduos em todas as faixas etárias o câncer pode levar a incapacidades na população jovem economicamente ativa1 Atualmente o câncer ocupa o segundo lugar no ranking de mortalidade por DCNT com incidência de 243 milhões de casos novos em 2017 no mundo23 No biênio 20142015 foi estimada uma incidência de 576 mil novos casos de câncer por ano no Brasil Para os biênios 20182019 e 20202021 previamse incidências de mais de 600 mil e 625 mil novos casos de câncer respectivamente245 O Sistema Único de Saúde SUS criado pela Lei nº 80801990 garante universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis da assistência e a integralidade do cuidado no Brasil6 Para garantir esses princípios na assistência oncológica em 2013 foi publicada a Portaria nº 874 que instituiu a Política Nacional para Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas Essa portaria estabelece como objetivo reduzir a mortalidade e as incapacidades ocasionadas pelo câncer além de almejar diminuir a incidência de alguns tipos de câncer por meio de programas de rastreamento e diagnóstico precoce7 A Portaria nº 874 também estabelece os critérios para acesso e direcionamento dos pacientes aos serviços de saúde Em dezembro de 2019 a rede de atenção especializada ambulatorial e hospitalar em oncologia no SUS abrangia 419 serviços habilitados em alta complexidade oncológica 9 serviços isolados de radioterapia e 21 hospitais gerais com cirurgia oncológica8 Cabe notar ainda que as internações clínicas também ocorrem nos demais serviços SUS Tratamentos clínicos que incluem quimioterapia e radioterapia realizadas ambulatorialmente são registrados por Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade APAC e representam o maior percentual dos procedimentos relativos a tratamento oncológico no país As internações cirúrgicas de pacientes oncológicos ocorrem para realizar biópsias e tratamento cirúrgico enquanto as internações clínicas ocorrem para quimioterapias de infusão contínua ou para tratamento de complicações do câncer como nos casos das descompensações clínicas com necessidade de suporte pela internação Essas últimas podem ocorrer em qualquer tipo de hospital e não apenas nos especializados9 O tratamento oncológico apresenta alto custo em comparação com os demais tratamentos oferecidos pelo SUS Estudo realizado por Barros Reis10 demonstrou que o custo médio do tratamento oncológico no Brasil girou em torno de US 379600 por paciente em 2011 sendo que 30 estão relacionados a internações hospitalares e o restante abrange procedimentos ambulatoriais Em levantamento sobre custos do tratamento do câncer cervical nos serviços públicos em 2006 Novaes et al11 observaram que de um montante de US 104966045 cerca de 8 foram destinados a internações clínicas Em estudo mais recente observouse que os custos com hospitalizações de pacientes com câncer cervical chegaram a 22212 Evidências sugerem que internações por neoplasias malignas têm peso importante no tratamento de câncer e portanto estudar essa temática é relevante O estudo do comportamento das internações ajuda a entender a distribuição espacial desses atendimentos no SUS identificando se há concentração de internações ou vazios assistenciais em regiões do país Considerando esse contexto este estudo analisa tendências e descreve o perfil das internações no SUS por diagnóstico de câncer no Brasil entre 2008 e 2018 MÉTODOS Tratase de estudo descritivo de séries temporais realizado a partir de dados do Sistema de Informações Hospitalares SIH do Departamento de Informática do SUS DataSUS 3 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Agruparamse os dados por regiões geográficas e as frequências foram ajustadas para a população residente a fim de se obter a proporção adequada de indivíduos em cada grupo analisado1314 O SIH implantado pela Portaria nº 8961990 do Ministério da Saúde adota a Autorização de Internação Hospitalar como instrumento a ser utilizado por todos os gestores e prestadores de serviços do SUS para registrar e processar dados de identificação do paciente procedimentos realizados profissionais de saúde envolvidos e estrutura de hotelaria15 No presente estudo os dados extraídos do SIH foram tabulados no programa TabWin versão 415 As tabelas nacionais e arquivos de definição foram obtidos no site do DataSUS httpwww2datasusgovbrDATASUSindexphp Os dados extraídos em janeiro de 2020 e agregados por ano referemse às internações por neoplasias malignas ocorridas nos estabelecimentos de saúde que atenderam pelo SUS no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2018 Como o foco deste estudo são as internações por neoplasias malignas consideraramse apenas as internações correspondentes aos códigos C00C97 conforme Capítulo II da 10ª Classificação Internacional de Doenças CID É importante ressaltar que o mesmo paciente pode ter passado por várias internações no período de análise e que nem todos os pacientes com câncer passam por alguma internação no SUS Assim a proporção de óbitos não pode ser considerada como taxa de mortalidade de internações muito menos como taxa de mortalidade por câncer no SUS pois nem todos os pacientes evoluem a óbito durante uma internação Os dados referentes à população são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE e foram consultados no banco de tabelas estatísticas do instituto httpssidra ibgegovbrhomepmsbrasil Para o nível Brasil a taxa de internação foi calculada como a razão entre o número total de internações pela população total anual Para a análise estratificada por complexidade média e alta complexidade caráter da internação eletiva e urgência desfecho da internação alta e óbito dias de permanência e internação na UTI considerouse a razão entre o número de internações em cada estrato e a população total para cada ano Para os recortes de sexo faixa etária e unidade da Federação foi calculada a razão entre a taxa de internação e a população no mesmo estrato por ano por exemplo a taxa de incidência para o sexo feminino é a razão entre o número de internações de mulheres e a população feminina brasileira anual As taxas de incidência foram ajustadas por 100 mil habitantes Na análise das internações por códigosCID estratificadas por sexo consideraramse apenas os 20 códigosCID mais frequentes em 2018 para cada sexo Para analisar a tendência da taxa de internação padronizada aplicouse a metodologia de análise de séries de tempo descrita por Antunes e Cardoso14 e estimouse para o período de 2008 a 2018 o seguinte modelo de tendência logtaxat β0 β1t ut Onde taxat é a taxa de internação por neoplasias malignas no ano t e u é o erro da regressão O coeficiente β1 indica a tendência da série temporal de modo que o valor estimado representa a mudança em logtaxat para cada ano adicional t Assim se o coeficiente β1 é positivo a tendência da série é crescente e se for negativo a tendência é decrescente A logaritmização da taxa possibilita que a tendência seja expressa em termos percentuais e adicionalmente visa normalizar a distribuição e estabilizar a variância que é uma das suposições do modelo O modelo foi estimado por regressão linear generalizada por meio do método de PraisWinstein com variância robusta O método é indicado para ajustar a autocorrelação serial existente em análises de séries de tempo e obter estatísticas robustas à 4 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 heterocedasticidade A partir da variância robusta calculase o intervalo de confiança e o valor de p adequados para a inferência estatística Para obter a tendência da série medida pela variação média anual VMA em termos percentuais aplicouse a seguinte fórmula14 VMA 1 10β1 x 100 O intervalo de confiança da VMA foi calculado de forma similar utilizando os valores mínimo β1min e máximo β1max obtidos da estimação do modelo de tendência14 IC95 1 10β1min x 100 1 10 β1max x 100 Por fim reportouse se a variação média anual estimada foi estacionária p 005 decrescente p 005 e variação negativa ou crescente p 005 e variação positiva em cada estrato avaliado14 Os dados foram analisados no programa estatístico Stata versão 16 Por se tratar de um estudo cuja fonte de informações são dados secundários de domínio público não houve necessidade de submissão do projeto para análise de Comitê de Ética em Pesquisa conforme Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466 201216 RESULTADOS No período de janeiro de 2008 a dezembro de 2018 houve 5469895 internações de pacientes com diagnóstico de neoplasias malignas o equivalente a 44 de todas as internações pelo SUS no mesmo período Do total de internações por câncer 518 foram de pessoas do sexo feminino 797 de pacientes acima de 40 anos e 434 eram internações de alta complexidade Em relação ao caráter da internação 514 foram eletivas e 102 evoluíram para óbito Quanto ao tempo de permanência 509 das internações foram de até 3 dias 202 de entre 4 e 6 dias 115 de entre 7 e 9 dias e as demais acima de 10 dias de internação 172 A Figura 1 apresenta as taxas de internação estimadas e observadas por região A região Sul apresentou a maior taxa de internações do país com média de 391 internações a cada 100 mil habitantes por ano seguida de Sudeste 277 por 100 mil habitantes CentroOeste 211 Nordeste 188 e Norte 97 A Figura 2 apresenta as taxas de internação observadas e estimadas pelo modelo de tendência segundo perfil demográfico da população sexo e idade Em conjunto as Figuras 1 e 2 indicam que as séries históricas reais da taxa de internação têm comportamento próximo ao da série estimada pelo modelo de tendência linear As Tabelas de 1 a 3 apresentam os resultados da análise de tendência para o período de 2008 a 2018 e os valores das taxas de internação por neoplasias malignas observadas no período inicial 2008 e no período final 2018 da série histórica estudada A Tabela 1 apresenta a análise de tendência das internações por região e unidade da federação No Brasil a tendência foi crescente com variação média anual de 107 p 0000 Também se observou tendência crescente nas regiões Nordeste variação anual 135 p 0001 Sudeste variação anual 104 p 0001 Sul 132 p 0001 e CentroOeste 35 p 0043 Apenas o Norte apresentou tendência estacionária com variação anual de 28 p 0115 Em 2008 Tocantins tinha a maior taxa de internação do Norte mas ao longo dos anos essa taxa decresceu 6 por ano p 0023 enquanto Rondônia e Amapá apresentaram tendência crescente com variações anuais de 607 p 0001 e 23 p 0001 respectivamente 5 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 O Nordeste apresentou a maior variação percentual anual dentre as cinco regiões brasileiras Dos estados da região apenas Sergipe e Piauí apresentaram tendência estacionária com variações anuais de 12 p 0257 e 3 p 0307 Paraíba variação anual 239 p 0001 Pernambuco variação anual 216 p 0001 Alagoas variação anual 189 p 0001 e Rio Grande do Norte variação anual 186 p 0001 tiveram as variações médias anuais mais significativas observadas na região A Tabela 2 mostra a taxa de internação por perfil dos pacientes Tanto entre homens quanto entre mulheres a tendência foi crescente com variações anuais de 119 p 0001 e 94 p 0001 respectivamente Observouse tendência crescente também nas faixas etárias de 0 a 9 anos variação anual 109 p 0001 de 10 a 19 anos variação anual 69 p 0001 de 40 a 49 anos variação anual 19 p 0001 de 50 a 59 anos variação anual 64 p 0001 e acima de 60 anos variação anual 79 p 0001 Nas faixas etárias entre 20 e 39 anos a tendência foi estacionária Os demais recortes analisados apresentaram tendências crescentes com exceção da permanência acima de 25 dias que foi estacionária Não se observou tendência decrescente no perfil analisado em nenhum dos grupos estudados As internações de alta complexidade apresentaram variação anual de 178 ao ano p 0001 Esse fato pode estar relacionado ao aumento da taxa de internações em que os pacientes precisaram de UTI 151 ao ano p 0001 Esse dado associado ao fato de as internações com permanência de até três dias terem variado 159 ao ano p 0001 sugere aumento de internações com finalidades cirúrgicas 170 220 270 320 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Brasil 70 90 110 130 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Norte 70 120 170 220 270 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Nordeste 170 220 270 320 370 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sudeste 170 270 370 470 570 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sul 120 170 220 270 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 CentroOeste Taxa estimada Taxa real a A taxa de internações estimada foi calculada a partir a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 Figura 1 Série temporal da taxa de internação observada pontos e estimada linhaa por neoplasias malignas número de internações por 100 mil habitantes por região Brasil 2008 a 2018 6 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 A Tabela 3 representa as tendências de internação por neoplasias malignas no sexo feminino e masculino para os 20 códigosCID com maiores taxas de internação em 2018 para cada sexo a A taxa de internações estimada foi calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 Figura 2 Série temporal da taxa de internação observada pontos e estimada linhaa por neoplasias malignas número de internações por 100 mil habitantes por perfil demográfico Brasil 2008 a 2018 170 220 270 320 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sexo masculino 170 220 270 320 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Sexo feminino 50 60 70 80 90 100 110 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 0 a 9 anos 50 55 60 65 70 75 80 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 10 a 19 anos 55 60 65 70 75 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 20 a 29 anos 100 105 110 115 120 125 130 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 30 a 39 anos 230 240 250 260 270 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 40 a 49 anos 300 350 400 450 500 550 600 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 50 a 59 anos 500 600 700 800 900 1000 1100 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 60 anos ou mais Taxa estimada Taxa real 7 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Entre as mulheres as taxas de internação mais frequentes apresentaram comportamento crescente com variação anual expressiva As internações por neoplasia maligna de mama foram de 364 por 100 mil mulheres em 2008 para 626 por 100 mil mulheres em 2018 com tendência de crescimento de 132 ao ano p 0001 Em seguida as internações mais frequentes em 2018 foram por neoplasias malignas de cólon com 231 por 100 mil mulheres variação anual 191 p 0001 colo do útero com 205 por 100 mil mulheres variação anual 47 p 0011 outras neoplasias malignas da pele Tabela 1 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência Brasil grandes regiões e estados 2008 a 2018 RegiãoEstado Taxa de internação por neoplasias malignas por 100 mil habitantesa Análise de tendência para o período de 2008 a 2018 2008 2018 Variação percentual anualb Intervalo de confiança 95 p Tendência Brasil 192 302 107 94 a 117 0001 Crescente Norte 96 109 28 09 a 67 0115 Estacionário Rondônia 35 206 607 507 a 714 0001 Crescente Acre 91 111 45 32 a 13 0223 Estacionário Amazonas 159 98 111 162 a 58 0001 Decrescente Roraima 32 143 211 153 a 73 0259 Estacionário Pará 65 86 64 36 a 172 0188 Estacionário Amapá 68 82 23 09 a 4 0006 Crescente Tocantins 221 158 60 109 a 11 0023 Decrescente Nordeste 143 238 135 122 a 146 0001 Crescente Maranhão 108 159 104 4 a 172 0005 Crescente Piauí 183 206 30 32 a 94 0307 Estacionário Ceará 166 219 54 35 a 72 0001 Crescente Rio Grande do Norte 192 377 186 143 a 233 0001 Crescente Paraíba 136 223 239 202 a 274 0001 Crescente Pernambuco 183 362 216 138 a 297 0001 Crescente Alagoas 112 249 189 146 a 23 0001 Crescente Sergipe 97 106 12 11 a 35 0257 Estacionário Bahia 118 204 132 89 a 175 0001 Crescente Sudeste 211 325 104 76 a 132 0001 Crescente Minas Gerais 212 351 127 104 a 151 0001 Crescente Espírito Santo 201 460 208 161 a 256 0001 Crescente Rio de Janeiro 172 240 57 35 a 79 0001 Crescente São Paulo 226 333 89 57 a 125 0001 Crescente Sul 279 506 132 112 a 153 0001 Crescente Paraná 190 553 191 79 a 315 0003 Crescente Santa Catarina 269 489 151 132 a 169 0001 Crescente Rio Grande do Sul 370 468 81 28 a 138 0007 Crescente CentroOeste 198 240 35 02 a 72 0043 Crescente Mato Grosso do Sul 216 233 52 21 a 81 0003 Crescente Mato Grosso 125 238 205 117 a 30 0001 Crescente Goiás 172 202 18 117 a 91 0702 Estacionário Distrito Federal 325 336 02 101 a 114 0980 Estacionário a Taxas padronizadas pela população brasileira de cada ano por região estado e total de acordo com o IBGE b Variação percentual média anual das taxas de internação calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 8 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 com 196 por 100 mil mulheres variação anual 279 p 0001 e ovário com 111 por 100 mil mulheres variação anual 125 p 0001 Nos homens observouse também tendência crescente na taxa de internações para os principais códigosCID Neste grupo as principais causas de internação foram as neoplasias malignas de próstata com 321 por 100 mil homens variação anual 47 p 0001 seguidas Tabela 2 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência por sexo faixa etária complexidade do procedimento caráter da internação desfecho da internação dias de permanência internação em UTI origem do paciente Brasil 2008 a 2018 Perfil das internações Taxa de internação por neoplasias malignas por 100 mil habitantesa Análise de tendência para o período de 2008 a 2018 2008 2018 Variação percentual anualb Intervalo de confiança 95 p Tendência Sexo Mulheres 201 300 94 89 a 102 0001 Crescente Homens 182 304 119 99 a 143 0001 Crescente Faixa etária 0 a 9 anos 65 99 109 94 a 125 0001 Crescente 10 a 19 anos 56 77 69 57 a 81 0001 Crescente 20 a 29 anos 70 71 02 34 a 40 0899 Estacionário 30 a 39 anos 117 125 16 05 a 40 0121 Estacionário 40 a 49 anos 237 262 19 09 a 26 0001 Crescente 50 a 59 anos 390 530 64 33 a 96 0001 Crescente 60 anos ou mais 648 956 79 47 a 112 0001 Crescente Complexidade do procedimento Média 121 159 57 50 a 64 0001 Crescente Alta 70 142 178 151 a 205 0001 Crescente Caráter da internação Eletivo 91 148 112 96 a 125 0001 Crescente Urgência 100 153 102 91 a 114 0001 Crescente Desfecho da internação Alta 173 271 107 96 a 117 0001 Crescente Óbito 19 31 112 86 a 135 0001 Crescente Faixa de permanência Até 3 dias 86 166 159 132 a 183 0001 Crescente 4 a 6 dias 46 56 47 42 a 5 0001 Crescente 7 a 9 dias 22 34 109 76 a 143 0001 Crescente 10 a 12 dias 11 14 50 38 a 62 0001 Crescente 13 a 15 dias 8 10 62 5 a 74 0001 Crescente 16 a 18 dias 5 6 69 52 a 86 0001 Crescente 19 a 21 dias 3 4 35 12 a 57 0007 Crescente Acima de 25 dias 12 12 05 18 a 28 0674 Estacionário UTI Sem UTI 177 274 102 91 a 112 0001 Crescente Com UTI 15 27 151 132 a 169 0001 Crescente a Taxas padronizadas pela população brasileira de cada ano de acordo com o IBGE Na análise por sexo e faixa etária a taxa foi padronizada pela população segundo o mesmo recorte Na análise por complexidade caráter da internação desfecho da internação e permanência a taxa foi padronizada pela população brasileira total b Variação percentual média anual das taxas de internação calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 9 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Tabela 3 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência por diagnóstico principal por sexo Brasil 2008 a 2018 CID Neoplasia maligna dea Taxa de internação por neoplasias malignas por 100 mil habitantesa Análise de tendência para o período de 2008 a 2018 2008 2018 Variação percentual anualb Intervalo de confiança 95 p Tendência SEXO FEMININO Mama 364 626 132 119 a 146 0001 Crescente Cólon 11 23 191 164 a 222 0001 Crescente Colo do útero 244 205 47 77 a 14 0011 Decrescente Outras neoplasias malignas da pele 62 196 279 233 a 324 0001 Crescente Ovário 68 111 125 102 a 151 0001 Crescente Brônquios e dos pulmões 5 10 186 138 a 236 0001 Crescente Reto 5 10 194 132 a 262 0001 Crescente Estômago 5 10 143 122 a 164 0001 Crescente Glândula tireoide 68 94 79 09 a 153 0030 Crescente Tecido conjuntivo e de outros tecidos moles 34 85 227 84 a 39 0004 Crescente Leucemia linfoide 45 82 146 109 a 18 0001 Crescente Corpo do útero 88 74 27 67 a 16 0192 Estacionário Encéfalo 47 64 67 52 a 81 0001 Crescente Leucemia mieloide 31 53 138 112 a 164 0001 Crescente Pâncreas 2 5 250 208 a 294 0001 Crescente Bexiga 21 45 178 13 a 227 0001 Crescente Fígado e das vias biliares intrahepáticas 2 4 205 146 a 268 0001 Crescente Neoplasia maligna secundária e não especificada dos gânglios linfáticos 22 41 161 99 a 227 0001 Crescente Esôfago 3 4 59 02 a 119 0045 Crescente Neoplasia maligna sem especificação de localização 43 35 54 84 a 23 0003 Decrescente SEXO MASCULINO Próstata 177 321 47 28 a 67 0001 Crescente Cólon 11 24 191 159 a 225 0001 Crescente Outras neoplasias malignas da pele 74 224 172 122 a 225 0001 Crescente Estômago 10 19 140 117 a 167 0001 Crescente Esôfago 9 14 79 12 a 151 0025 Crescente Leucemia linfoide 68 135 189 175 a 199 0001 Crescente Brônquios e dos pulmões 9 13 99 76 a 119 0001 Crescente Reto 5 12 242 146 a 346 0001 Crescente Bexiga 54 12 62 3 a 94 0001 Crescente Laringe 7 11 91 64 a 119 0001 Crescente Tecido conjuntivo e de outros tecidos moles 4 98 211 153 a 274 0001 Crescente Encéfalo 56 76 05 38 a 5 0775 Crescente Leucemia mieloide 39 64 156 138 a 172 0001 Crescente Continua 10 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 das neoplasias malignas de cólon com 24 por 100 mil homens variação anual 191 p 0001 outras neoplasias malignas de pele com 224 por 100 mil homens 172 p 0001 estômago com 19 por 100 mil homens variação anual 14 p 0001 e neoplasia maligna de esôfago com 14 por 100 mil homens variação anual 79 p 0025 DISCUSSÃO O banco de dados analisado representa as internações por neoplasias malignas pelo SUS A frequência de 509 de internações de até três dias se refere a internações cirúrgicas ou para realização de quimioterapia de administração contínua Internações mais longas geralmente estão relacionadas a complicações clínicas ou cirúrgicas As internações por neoplasias malignas tiveram tendência de aumento significativo no país ao longo do período analisado com uma variação anual de 107 A região Nordeste experimentou o maior aumento proporcional anual das internações 135 seguida por Sul 132 e Sudeste 86 Entretanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação em 2018 506 e 325 por 100 mil habitantes respectivamente Essas regiões contam com maior disponibilidade de serviços o que aumenta o acesso a diagnóstico tratamento e internação17 Para fins de comparação dos 449 estabelecimentos habilitados em algum serviço especializado oncológico 102 23 ficam no Sul e 220 49 no Sudeste Por outro lado a carência assistencial em oncologia no Norte e no Nordeste leva os pacientes a buscar serviços especializados nas regiões mais assistidas18 O aumento das internações entre crianças e jovens de até 19 anos deve ser observado uma vez que por se tratar de evento menos incidente nessa faixa etária há menor oferta de serviços especializados para esse público Estudo de Grabois et al demonstrou a necessidade de deslocamento de grandes distâncias para que jovens e crianças recebam assistência adequada18 Esse fator concentra os pacientes em determinados locais elevando a taxa de internações ou tratamentos em regiões específicas É necessário portanto planejar a distribuição adequada dos centros de referência considerando que se trata de eventos com menores taxas de incidência e portanto os serviços não serão disponibilizados com a mesma frequência daqueles relativos a neoplasias mais incidentes até mesmo para garantir a assistência qualificada e especializada para os mais jovens Para tanto é preciso que as redes de atenção à saúde funcionem de forma interligada a fim de direcionar o paciente ao serviço que oferta o tratamento indicado Tabela 3 Taxa de internação por neoplasias malignas e análise de tendência por diagnóstico principal por sexo Brasil 2008 a 2018 Continuação Fígado e das vias biliares intrahepáticas 2 6 259 18 a 343 0001 Crescente Pâncreas 2 6 247 211 a 288 0001 Crescente Linfoma não Hodgkin difuso 33 54 42 14 a 72 0007 Crescente Neoplasia maligna secundária e não especificada dos gânglios linfáticos 26 49 47 82 a 11 0018 Crescente Rim exceto pelve renal 2 47 77 206 a 74 0266 Crescente Orofaringe 2 4 122 91 a 156 0001 Crescente Neoplasia maligna sem especificação de localização 5 42 262 205 a 321 0001 Decrescente a Taxas padronizadas pela população brasileira feminina de acordo com o IBGE b Variação percentual média anual das taxas de internação calculada a partir do coeficiente β1 do modelo de tendência estimado por regressão linear generalizada pelo método de PraisWinsten13 11 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 Estudo sobre internações hospitalares de crianças e adolescentes com neoplasias em Ribeirão Preto SP demonstrou que há pacientes das cinco regiões do país assistidos na cidade que é um local de referência para tratamento de doenças oncohematológicas contando com serviços e equipe especializada19 O estudo mostra que essa concentração dos serviços pode interferir no tratamento uma vez que nem sempre os pacientes retornam com a frequência adequada em virtude da distância ou de dificuldades financeiras19 Na presente pesquisa a maior taxa de internação entre as mulheres ocorreu por neoplasia maligna de mama seguida da neoplasia de cólon corroborando estimativas nacionais que demostram o câncer de mama como o mais incidente entre a população feminina2420 Observase tendência decrescente das internações por neoplasias malignas de colo do útero Esse declínio pode ser resultado da implementação de políticas de prevenção e diagnóstico precoce para esse tipo de câncer Estudo de Arbyn et al21 sobre câncer de colo do útero demonstra uma queda global na incidência dessa neoplasia com exceção de algumas regiões na África uma vez que ainda há dificuldade de acesso a medidas preventivas e diagnóstico precoce em regiões menos desenvolvidas22 Dentre os homens as internações por neoplasia maligna de próstata foram as mais incidentes seguidas das de cólon corroborando estimativas nacionais As neoplasias malignas de próstata estão intimamente relacionadas com a idade Tratase de um tipo de câncer que geralmente se desenvolve de forma lenta com sintomas que acometem basicamente o aparelho geniturinário e costumam levar a internações242023 Quanto ao câncer de pulmão um dos mais letais na atualidade cabe observar que ele apresentou baixas taxas de internação tanto entre homens quanto entre mulheres Esse tipo de câncer quando diagnosticado nas fases iniciais pode ser ressecado cirurgicamente mas seu diagnóstico geralmente ocorre em fases tardias quando apenas tratamentos clínicos quimioterapia e radioterapia são possíveis2425 o que leva a internações somente nos casos de descompensação clínica O códigoCID de outras neoplasias de pele apareceu como a terceira causa de internações entre os homens e a quarta entre as mulheres Estudos realizados localmente já apontavam para essa ocorrência A maioria das neoplasias que acometem a pele são tratadas em nível ambulatorial mesmo quando demandam tratamentos cirúrgicos A importância das taxas de internação por neoplasias de pele chama a atenção para o fato de que hábitos de vida como a proteção contra a radiação ultravioleta são fundamentais para evitar a ocorrência desse tipo de câncer Esses dados apontam para a necessidade de programas de prevenção voltados a sensibilizar a população sobre o assunto2627 O presente estudo teve como objetivo delinear o perfil das internações em decorrência do câncer em pacientes assistidos pelo SUS Observouse que as taxas de internação por câncer aumentaram significativamente no período estudado Destacamse os dados da região Nordeste com a maior variação média anual e das regiões Sul e Sudeste com as maiores taxas de internação por neoplasias malignas do país e a maior concentração de recursos especializados pelo SUS As internações em faixas etárias inferiores a 19 anos e acima dos 60 anos mostraram tendência crescente significativa no período As internações por neoplasias malignas de mama foram de forma isolada a principal causa de internação por câncer entre mulheres enquanto a neoplasia maligna de próstata ocupou também de forma isolada a primeira posição em taxa de internação entre homens Um ponto importante observado por este estudo é a existência de vazios assistenciais nas regiões mais carentes o que obriga os pacientes a se deslocarem para polos especializados distantes muitas vezes localizados em outros estados Destacase a necessidade de que mais estudos sobre esse assunto sejam realizados Dentre as limitações da pesquisa cabe notar que como os dados representam o número de internações hospitalares não é possível inferir a partir deles as taxas de incidência ou 12 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 de mortalidade por câncer Nem todos os pacientes diagnosticados com neoplasia maligna são internados e um mesmo paciente pode necessitar de mais de uma internação por ano a depender do quadro clínico e da evolução da doença É preciso considerar também os casos de neoplasia atendidos na assistência privada cujas informações não estão disponíveis na base de dados estudada Além disso devese considerar o fato de que o tratamento clínico oncológico realizado por meio de quimioterapias e radioterapias é processado pelo Sistema de Informações Ambulatoriais SIA que não foi usado neste estudo Outra limitação deste estudo é a ausência de análise das interações entre os diversos subgrupos analisados Um exemplo embora a tendência para a faixa etária de 20 a 29 anos seja estacionária é possível que o comportamento da série seja diferente para homens e mulheres no mesmo subgrupo Por se tratar de pesquisa realizada com dados secundários poderia haver certa limitação quanto à fidedignidade dos dados apresentados em razão de discrepâncias na coleta das informações ou no registro nos sistemas do SUS No entanto o Sistema de Informações Hospitalares é a base de dados oficial do Ministério da Saúde e seus dados embasam o planejamento assistencial e a formulação ou adequação de políticas públicas Dessa forma apesar de possíveis limitações podese considerar como válidos os dados analisados REFERÊNCIAS 1 World Health Organization Global Status Report on Noncommunicable Diseases 2014 Geneva CH WHO 2014 2 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2018 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2017 3 GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators Global regional and national incidence prevalence and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories 19902017 a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017 Lancet 20183921015901789858 httpsdoiorg101016S0140673618322797 4 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2014 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2014 5 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2020 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2019 6 Brasil Lei Nº 8080 de 19 de setembro de 1990 Lei Orgânica da Saúde Dispõe sobre as condições para a promoção proteção e recuperação da saúde a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências Diário Oficial da União 20 set 1990 Seção 118055 7 Ministério da Saúde BR Portaria Consolidação Nº 2 de 28 de setembro de 2017 Consolidação das normas sobre as políticas de saúde do Sistema Único de Saúde Anexo IX Institui a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS Brasília DF 2017 citado 5 fev 2020 Disponível em httpsbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2017prc000203102017html 8 Ministério da Saúde BR Departamento de Informática do SUS Tabnet Informações de Saúde CNES estabelecimentos por habilitação Brasil Brasília DF 2020 citado 5 fev 2020 Disponível em httptabnetdatasusgovbrcgitabcgiexecnescnvhabbrdef 9 Ministério da Saúde BR Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Regulação Avaliação e Controle Coordenação Geral de Sistemas de Informação SIASUS Sistema de Informações Ambulatoriais Manual de bases técnicas da oncologia 25 ed Brasilia DF 2019 citado 5 fev 2020 Disponível em httpsbradioterapiacombrwpcontentuploads201905 ManualOncologia25aedicaopdf 10 Reis CB Knust RE Pereira CCA Portela MC Factors associated with nonsmall cell lung cancer treatment costs in a Brazilian public hospital BMC Health Serv Res 201818124 httpsdoiorg101186s1291301829330 11 Novaes HMD Itria A Silva GA Sartori AMC Rama CH Soárez PC Annual national direct and indirect cost estimates of the prevention and treatment of cervical cancer in Brazil Clinics Sao Paulo 201570428995 httpsdoiorg106061clinics20150412 13 Internações por neoplasias no SUS Machado AS et al httpsdoiorg1011606s151887872021055003192 12 Santos CL Souza AI Figueiroa JN Vidal SA Estimation of the costs of invasive cervical cancer treatment in Brazil a microcosting study Rev Bras Ginecol Obstet 201941638793 httpsdoiorg101055s00391692412 13 Pereira MG Epidemiologia teoria e prática Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2015 Estudos Descritivos p 2712 14 Antunes JLF Cardoso MRA Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos Epidemiol Serv Saude 201524356576 httpsdoiorg105123S167949742015000300024 15 Ministério da Saúde BR SIH Sistema de Informação Hospitalar do SUS manual técnico operacional do Sistema Brasília DF 2017 16 Conselho Nacional de Saúde BR Resolução Nº 466 de 12 de dezembro de 2012 Resolve aprovar as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasília DF CNS 2012 citado 5 fev 2020 Disponível em httpsconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf 17 Oliveira MM Malta DC Guauche H Moura L Silva GA Estimativa de pessoas com diagnóstico de câncer no Brasil dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 Rev Bras Epidemiol 201518 Supl 214457 httpsdoiorg10159019805497201500060013 18 Grabois MF Oliveira EXG Carvalho MS Assistência ao câncer entre crianças e adolescentes mapeamento dos fluxos origemdestino no Brasil Rev Saude Publica 201347236878 httpsdoiorg101590s003489102013047004305 19 Pan R Marques AR Costa Júnior MLC Nascimento LC Characterization of the hospitalization of children and adolescents with cancer Rev Lat Am Enfermagem 2011196141320 httpsdoiorg101590s010411692011000600019 20 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Estimativa 2016 incidência de câncer no Brasil Rio de Janeiro INCA 2015 21 Arbyn M Weiderpass E Bruni L Sanjosé S Saraiya M Ferlay J et al Estimates of incidence and mortality of cervical cancer in 2018 a worldwide analysis Lancet Glob Health 202082e191203 httpsdoiorg101016S2214109X19304826 22 Tsuchiya CT Lawrence T Klen MS Fernandes RA Alves MR O câncer de colo do útero no Brasil uma retrospectiva sobre as políticas públicas voltadas à saúde da mulher J Bras Econ Saude 20179113747 httpsdoiorg1021115jbesv9n1p13747 23 Gnanaraj J Balakrishnan S Umar Z Antonarakis ES Pavlovich CP Wright SM et al Medical hospitalizations in prostate cancer survivors Med Oncol 201633781 httpsdoiorg101007s120320160796y 24 Nasim F Sabath BF Eapen GA Lung cancer Med Clin North Am 2019103346373 httpsdoiorg101016jmcna201812006 25 Algranti E Menezes AMB Achutti AC Lung cancer in Brazil Semin Oncol 200128214352 httpsdoiorg101016s0093775401900855 26 Dantas MM Pires DAL Schmitt DT Nascimento VS Turine CA Estudo ecológico das internações por neoplasias malignas da pele na região norte no período de 2000 a 2014 Rev Cereus 201682340 httpsdoiorg101860521757275cereusv8n2p2340 27 Guimarães RQ Oliveira LCM Calado VC Barbosa RNF Incidência de neoplasias malignas da pele no estado da Paraíba Rev Saude Cienc Online 201988694 httpsdoiorg1035572rscv8i246 Contribuição dos Autores Concepção e planejamento do estudo ASM ASM DBG Coleta análise e interpretação dos dados ASM ASM Elaboração ou revisão do manuscrito ASM ASM DBG Aprovação da versão final ASM ASM DBG Responsabilidade pública pelo conteúdo do artigo ASM ASM DBG Conflito de Interesses Os autores declaram não haver conflito de interesses