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O fenômeno desigual da urbanização\n\nMesmo que a população urbana no mundo venha aumentando de modo contínuo ao longo dos últimos dois séculos, é preciso ressaltar que o processo de urbanização tem ocorrido de maneira bastante desigual entre as diferentes regiões e países do mundo.\n\nSe existem países muito urbanizados, com mais de 90% de seus habitantes residindo em cidades, ainda temos países agrários com populações predominantemente rurais, devido ao processo de urbanização nesses países vir ocorrendo de modo acelerado. Observe o mapa abaixo.\n\nMundo: taxa de urbanização – 2014\n\nFonte: UNITED Nations Population Division, World Urbanization Prospects 2015. Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wup/. Acesso em: 17 ago. 2015.\n\n150\n\nUrbanização nos países desenvolvidos\n\nComo se pode constatar no mapa acima, os países mais urbanizados do mundo, salvo algumas exceções, são aqueles que se encontravam nas regiões mais desenvolvidas e industrializadas. O processo de urbanização nesses países ocorre há mais tempo, tendo se iniciado há mais de dois séculos com as revoluções industriais.\n\nDesde os séculos XVIII e XIX, à medida que esses países foram se industrializando, as cidades geraram novos postos de trabalho não apenas na indústria, como também nas atividades do comércio e dos serviços, sendo boa parte da mão de obra até então empregada no campo. Com a indústria, houve também uma revolução agrícola, listou, e uma modernização do campo derivada, principalmente, da mecanização das lavouras, que, como vimos, expulsou muitos trabalhadores das áreas agrícolas. Nos países onde ocorreram esses processos, sobretudo no continente europeu, as cidades tiveram um crescimento muito acelerado, o que levou à degradação das áreas urbanas e à deterioração da qualidade de vida das populações urbanas.\n\nAinda no século XIX, as grandes cidades industriais europeias, como Londres e Manchester (Inglaterra), Glasgow (Escócia) e Paris (França), caracterizavam-se pela presença de bairros carentes e pelas condições insalubres que favoreciam a proliferação de doenças e epidemias, dada a falta de saneamento básico (água encanada, rede de esgoto) e de serviços de limpeza e coleta de lixo.\n\nO texto a seguir descreve algumas dessas características dos centros urbanos industriais daquela época.\n\nNas novas condições industriais, estavam ausentes as tradições mais elementares de serviços públicos municipais. Bairros inteiros às vezes ficavam sem água ao mesmo dia básico locais. Vez por outra, os pobres tinham de sair de casa, nos bairros de classe média, a pedir água, como poderiam pedir pão durante uma crise de alimentos. Com essa falta de água para beber e lavar, não admira que se acumulassem imundícies. Os esgotos abertos, não obstante a maior escolha que produziam, inclinam relativa prosperidade municipal. Urbanização nos países subdesenvolvidos\n\nNos países subdesenvolvidos, a urbanização teve características bem diferentes, se comparada com a forma clássica ocorrida no mundo desenvolvido. Embora o processo de urbanização desses países seja considerado tardio, iniciado a partir da segunda metade do século XX, ele ocorreu de forma mais intensa e homogênea que nos países desenvolvidos.\n\nO aumento da população urbana nesses países se deu em poucas décadas pelo exôdo rural. Em quase todos eles, a transferência em massa da população do campo para as cidades foi desencadeada por fatores epolivéticos – típicos dos países subdesenvolvidos – que levaram boa parte da população rural a abandonar o campo. Esses fatores estavam ligados às péssimas condições de vida no campo, decorrentes do aumento da concentração fundiária, da falta de apoio tínico e financeiro aos pequenos produtores, da baixa produtividade das lavouras, das dificuldades econômicas etc.\n\nA urbanização em países de industrialização tardia\n\nNos países subdesenvolvidos de industrialização tardia, o processo de urbanização também impulsionou pelo avanço da atividade econômica e grande contingente de mão de obra do campo para os centros urbanos e, ao mesmo tempo, se tornaram acelerados, acompanhando as carências dos trabalhadores. Com isso, o êxodo rural se intensificou acentuadamente. A situação no Brasil, no México e na Argentina, é uma taxa de urbanização igual ou acima de 70% desses países subdesenvolvidos.\n\nTodos os países subdesenvolvidos, nécessariamente, passaram por um processo de urbanização que pode ter se dado por variáveis muito diferentes de determinados, ou em momentos muito distantes. Tal situação é observada até mesmo em algumas grandes metrópoles, sendo a importância desse crescimento relativo da população urbana e a imigração. Contexto geográfico\nPonto de vista\nSaturação das metrópoles\n[...] Daqui para frente, projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam para um aumento significativo da taxa de urbanização nas próximas décadas, que deve atingir 59,7%, em 2030 e 69,6%, em 2050. Os novos e antigos centros urbanos vão observar a maior parte do crescimento que está por vir.\n\nTal transformação em larga escala vai afetar, sobretudo, as regiões pobres e emergentes mais populosas. Já fortemente urbanizados, os países mais desenvolvidos devem experimentar um aumento relativamente pequeno do índice de população urbana: dos 74% atuais para cerca de 85% em meus deste século, implicando possibilidades de exceção ao planejamento urbano. O mesmo vale para a América Latina, em razão de sua urbanização acelerada desde o século XX, e diferente daquelas dos países ricos.\n\nPor outro lado, a África e a Ásia vão experimentar, a nível global, uma ruptura de equilíbrio. A população africana, que foi multiplicada por mais de dez vezes em 1960 (33 milhões para 373 milhões), pode alcançar 1,2 bilhão em 2050. Na Ásia, a Índia atingirá 237 milhões de meios de desenvolvimento urbano, onde o olhar deverá mais do que dobrar. Dessa forma, mais da metade das metrópoles globais será de países em desenvolvimento.\n\n[...] Enfrentamento, a urbanização desafia nossa capacidade de produzir bens públicos, tornando-se, portanto, a expressão das necessidades individuais.\n\n[...] Problemas urbanos nos países subdesenvolvidos\nO intenso êxodo rural ocorrido nos países subdesenvolvidos levou ao crescimento acelerado de muitas cidades, sobretudo dos maiores centros urbanos, para onde os migrantes se dirigem em busca de oportunidades de trabalho e melhores condições de vida. Para essas pessoas, as grandes cidades ofereciam a possibilidade de uma vida mais fácil, com acesso a bens materiais e culturais, enfim, maiores possibilidades de progresso social.\n\nAo se tornarem ponto de chegada de trabalhadores vindos do campo e dos pequenos centros urbanos, essas cidades passaram a crescer em ritmo muito acelerado. Com isso, a balança passa ficou marcada pela formação de metrópoles gigantescas.\n\nEm 1950, havia oitocentos cidades de modo concorrente, com população acima de 5 milhões de habitantes. Em 2025, o mundo terá 92 cidades com esse mesmo número de habitantes, 71 delas localizadas nos países subdesenvolvidos, várias com mais de 10 milhões de habitantes, geralmente em áreas de localização das cidades emergentes.\n\nO crescimento dessas cidades imensas, porém, ocorreu de maneira desordenada, com a formação de loteamentos e bairros periféricos distantes, muitas vezes desprovidos de infraestrutura e serviços básicos. Essa expansão preferia-se deu em grande parte pela especulação imobiliária, em que agentes imobiliários e grandes construtoras passaram a adquirir vastas áreas no entorno das cidades com o objetivo de aguardar a sua valorização para então vendê-las a preços bem mais elevados, após a implantação de serviços públicos e outras benfeitorias.\n\nCom isso, a paisagem dessas metrópoles e de outras grandes cidades nos países subdesenvolvidos teve como característica a formação de bairros extremamente pobres e deteriorados, erguidos muitas vezes em áreas de risco, como nas encostas de morros, sujeitos a consequências de enchentes, como em muitas cidades brasileiras. Esses bairros também são marcados pela falta de moradias adequadas e pela ausência de serviços essenciais, como saneamento básico, limpeza pública, iluminação, segurança pública etc. Nessas grandes cidades, o ritmo de expansão das atividades econômicas, tanto da indústria como do comércio e dos serviços, não foi capaz de absorver o grande aumento da mão de obra. Essa situação gerou um problema duplo: por um lado, aumento as taxas de desemprego, agravando ainda mais a situação socioeconômica da população mais pobre; por outro, provocou o \"inchado\" da economia informal ao aumentar o contingente de trabalhadores empregados em atividades de baixa remuneração, como vendedores ambulantes, catadores de papel e sucata etc.\n\nDesse modo, podemos dizer que o processo de urbanização nos países subdesenvolvidos tem como característica a deterioração da qualidade da vida, especialmente nas grandes metrópoles. Com muitas dessas cidades continuam crescendo de maneira acelerada, a situação urbana nesses países é um dos problemas mais complexos e preocupantes a serem enfrentados.\n\nAmérica Latina: habitação e favelas\nCerca de 11 milhões de pessoas vivem em favelas nos países da América Latina, alerta a ONU (Organização das Nações Unidas) [...] no estudo \"Estado das Cidades da América Latina e Caribe\" a Nacionalidade é promovida pelo ONU Habitat (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano) e informa que, em 2050, 90% da população da América Latina estará \"habitacionalmente\" habitado à custa do déficit habitacional do país.\n\nEstima-se que cerca de 58 milhões sejam expulsos, tendo 8,5 milhões de moradias. Assim, habitando áreas marginais onde suas habitações refletidas mostram todos os aspectos que envolvem a dinâmica de habitação precária em Lima, Peru como exemplo, descrevendo a situação dos erros o volume de moradias precárias e falta de infraest, como na foto abaixo. Rede e hierarquia urbana\nO processo de urbanização ligado ao desenvolvimento industrial acaba por formar uma rede urbana, ou seja, um conjunto de cidades interligadas umas às outras pelos sistemas de transportes e comunicações, por meio dos quais circulam fluxos de pessoas, mercadorias, informações, capitais etc. \nNo início, essas redes se estruturavam no interior dos países conforme eles se urbanizavam e se desenvolviam economicamente. Mas, à medida que o processo de urbanização se difundiu pelo mundo, formou-se uma rede urbana mundial, decorrente do aumento crescente dos fluxos no espaço geográfico planetário, o que se deu com o advento da globalização (assunto que será tratado no volume 3), que tomou impulso com a entrada do capitalismo em sua fase informacional.\n\nDesenvolvimento econômico e redes urbanas\nQuanto mais complexa é desenvolvida a economia de um país ou de uma região, e quanto maior a sua taxa de urbanização, maiores serão os fluxos que circulam entre as cidades e, consequentemente, menores será a articulação entre elas. Para isso, as redes devem ser mais amplas e mais complexas, independente do modelo de industrialização e urbanização dos países. De acordo com o norte e o sul, os Estados Unidos, na proporção do seu desenvolvimento, se tornaram um grande laboratório para a essência das redes urbanas. \n\nAo lado, imagem de satélite noturna da rede urbana formada entre as cidades de Antuérpia e Bruxelas, na Bélgica, em 2014. A hierarquia urbana\nAs relações que as cidades estabelecem entre si no interior de uma rede urbana são hierárquicas, com cidades que estão na base dessa hierarquia e outras que estão no topo. Nessa hierarquia urbana, a posição de uma cidade vai depender do papel que ela desempenha como centro polarizador, influenciando uma área maior ou menor, conforme seu poder de atração. Esse poder é determinado, principalmente, pela quantidade e pela complexidade de bens, serviços e equipamentos oferecidos por essa cidade polarizadora.\n\nSendo assim, na base dessa hierarquia urbana, encontram-se as cidades menores, que existem em grande número e que, em geral, oferecem os serviços mais restritos, enquanto a influência restrita sobre as áreas mais próximas. No topo da hierarquia, estão as cidades que exercem influência sobre outras cidades, por centros médico-hospitalares complexos, centros tecnológicos e financeiros, universidades, institutos de pesquisas etc.\n\nDo século XIX à metade da década de 1970, a concepção da hierarquia urbana utilizada se baseava em um modelo rigidificado, verticalizado, em que uma vila seria influenciada por uma cidade maior, cuja influência era por maior ainda (figura A).\n\nOs constantes avanços tecnológicos ocorridos com a revolução técnico-científica das últimas décadas alterou profundamente as relações de cidades. Essas ações tecnológicas promovem a intensa modernização nos sistemas de telecomunicações e de transportes cada vez mais rápidos a custos cada vez menores tornaram mais intensas e mais complexas as relações entre as diferentes localidades geográficas.\n\nIsso levou à configuração de uma nova hierarquia urbana, em que os núcleos urbanos menores (vilas, povoados, cidades pequenas) podem se relacionar não apenas com a cidade de maior mais próxima, mas também com uma metrópole, mesmo ela estando a muitos quilômetros de distância. Caso os moradores desses núcleos tenham acesso a certos recursos tecnológicos, como sistemas de telefonia – fixa e/ou móvel –, internet, antena parabólica etc., eles podem estar mais integrados à grande metrópole do que os próprios moradores dessas grandes aglomerações que não disponham de tais recursos.