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objetivos A U L A Multiculturalismo na sala de aula 2 Meta da aula Analisar a importância do estudo da História da África e do negro no Brasil na sala de aula multicultural 8 Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de identificar a importância do conhecimento da história da África no Brasil reconhecer a necessidade do estudo da história da África em sala de aula 94 C E D E R J Metodologia do Ensino da História Multiculturalismo na sala de aula 2 INTRODUÇÃO A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil Ela povoouo como se fosse uma religião natu ral e viva com os seus mitos suas legendas seus encantamentos É ela o suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites do norte NABUCO 1900 Imagine a seguinte situação você está entrando em uma sala de aula um banco ou um ônibus repleto de gente Como você imaginaria estas pessoas De que cor elas seriam Qual seria a sua religião Como se vestiriam Provavelmente você imaginou um grupo de indivíduos de várias cores várias religiões vários gostos e costumes Não é à toa você vive no Brasil um país no qual a diversidade cultural é a regra MUlTIcUlTURalIsMO bRasIlEIRO Quando pensamos em um conjunto de indivíduos brasileiros geralmente temos em mente uma grande gama de grupos culturais que têm origens étnicas e religiões distintas valores educacionais diversificados Afinal o povo brasileiro é formado por pessoas vindas dos quatro cantos do mundo Américas Europa África Ásia além dos indígenas que aqui já estavam quando os portugueses chegaram De todos esses imigrantes o grupo dos africanos trazidos para o Brasil entre os séculos XVI e XIX tem algumas especificidades em primeiro lugar eles foram muitos como você verá adiante mas principalmente eles vieram escravizados ou seja contra sua vontade O objetivo desta aula é chamar a sua atenção para a importância de se levar em conta esses aspectos ao estudar e ao ensinar a História e a cultura brasileiras 1 O quadro reproduzido a seguir foi pintado por Tarsila do Amaral em 1933 A partir da observação da imagem escreva um pequeno texto sobre a diversidade da população brasileira ATIVIDADE C E D E R J 95 AULA 8 Figura 281 Tarsila do Amaral Operários 1933 RESPOSTA COMENTADA O objetivo desta atividade é fazer com que você reflita sobre a composição múltipla da população brasileira que tem origens africanas indígenas européias e asiáticas É importante que você perceba que neste quadro são retratados negros brancos japoneses mestiços homens mulheres e crianças de várias idades O quadro é um verdadeiro painel do povo brasileiro que na época começava a trabalhar nas fábricas 96 C E D E R J Metodologia do Ensino da História Multiculturalismo na sala de aula 2 Gráfico 281 Número de africanos importados para o Brasil Por causa do tráfico de escravos chegaram ao Brasil africanos vindos de várias regiões Embora a maior parte tenha vindo da área conhecida como CongoAngola na região centroocidental da África muitos também vieram do golfo do Benin no sudoeste da atual Nigéria desembarcando na Bahia e outros tantos foram trazidos da região de Moçambique a EscRavIDÃO caRacTERísTIca NacIONal Durante mais de três séculos cerca de quatro milhões de africanos escravizados chegaram ao Brasil influenciando além da composição demográfica da população brasileira a nossa cultura séculos 1800000 1600000 1400000 1200000 1000000 800000 600000 400000 200000 0 Número 600000 1300000 1600000 100000 XVIII XIX até 1850 XVI XVII C E D E R J 97 AULA 8 Estes africanos não só falavam línguas diferentes como tinham costumes e religiões distintos Como afirmou o historiador João José Reis 1900 Era grande a variedade de termos que designavam os grupos negros no Brasil Entretanto mesmo confundidos sob uma única denominação étnica cada africano conservava a sua tradição cultural ou seja sabia que tinha sua terra A maioria destas denominações foram adquiridas no circuito do tráfico mas com freqüência acabaram adotadas e reconstruídas no Brasil pelos próprios escravos As denominações étnicas além de não serem as mesmas na África e no Brasil variavam dentro do próprio país Os nagôs jejes hauçás e outros grupos eram identificados como minas no Rio de Janeiro Minas Gerais São Paulo e Rio Grande do Sul Esses africanos declaravam não só que tinham sua terra mas também declaravam saber que viviam em terra de branco onde as chances de escapar pacificamente da escravidão embora existissem eram poucas Esta certeza deu nascimento ao anseio de liberdade e em conseqüência aos movimentos e às tentativas de resistência à escravidão Figura 282 Mapa da África com destaque para Nigéria Angola e Moçambique Fonte IBGE Nigéria Angola Meridiano de Greenwich Moçambique BRASIL 98 C E D E R J Metodologia do Ensino da História Multiculturalismo na sala de aula 2 2 A imagem a seguir foi feita pelo pintor Debret que veio para o Brasil na primeira metade do século XIX Um de seus principais temas foi o cotidiano dos escravos na cidade do Rio de Janeiro Analise a imagem enfatizando a maneira como o pintor retrata as diferenças culturais entre as escravas retratadas RESPOSTA COMENTADA Nesta atividade é importante que você observe as diferenças entre as escravas retratadas visíveis principalmente nos adereços utilizados por elas Tanto as roupas quanto o penteado ou os panos usados designam diferentes origens étnicas ou seja uma matriz cultural específica Neste sentido é importante que você entenda que a pluralidade cultural brasileira não advém somente do fato de o Brasil ter recebido imigrantes de vários continentes mas também da própria diversidade étnica africana ATIVIDADE Figura 283 Mulheres africanas por JeanBaptiste Debret C E D E R J 99 AULA 8 a HIsTóRIa Da ÁFRIca Nas EscOlas Como você viu até aqui distintas origens marcaram a cultura brasileira No caso dos vários grupos africanos que ajudaram a povoar o Brasil é fácil identificar sinais dessas influências eles estão na música na dança nas comidas nas palavras e até nos trejeitos de cada um de nós A capoeira o samba a feijoada são apenas alguns dos exemplos de características marcantes da cultura brasileira criadas por escravos e seus descendentes Portanto seria de se esperar que esses sinais também estivessem presentes na escola mais precisamente nas aulas de História Não é isso no entanto o que acontece Vejamos por exemplo a maneira como o conteúdo de História é tradicionalmente organizado nas escolas As principais etapas da cronologia histórica são a Antigüidade geralmente concebida até o século V Idade Média aproximadamente do século V ao século XV Idade Moderna século XV a 1789 e Contemporânea 1789 em diante Os marcos para delimitar essas etapas referemse todos à história da Europa como por exemplo o ano de 1789 data da Revolução Francesa A História que ensinamos nas escolas portanto é eurocêntrica Não queremos aqui negar a importância da Europa para a História do Brasil mas para que a pluralidade cultural da nossa sociedade seja efetivamente representada no ensino da nossa história é fundamental que a história da África seja abordada com a mesma profundidade que a história européia Ao mesmo tempo é importante que os alunos entrem em contato com as experiências concretas de criação e transformação cultural aprendendo como os elementos africanos em conjunto com outros foram aos poucos formando aquilo que hoje denominamos cultura brasileira Como é possível fazer isso Incorporando nos currículos escolares estudos sobre as festas populares os terreiros de candomblé a capoeira etc e principalmente aproximando a História do Brasil da História da África Em janeiro de 2003 um importante passo foi tomado neste sentido o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em uma das primeiras medidas de seu mandato assinou a Lei 10639 que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afrobrasileiras nas escolas 100 C E D E R J Metodologia do Ensino da História Multiculturalismo na sala de aula 2 A lei diz expressamente que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos a luta dos negros no Brasil a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social econômica e política pertinentes à História do Brasil BRASIL Lei 10639 2003 3 O texto a seguir relata a experiência do Projeto BrasilÁfrica Olhares Cruzados da ONG Imagem da Vida a partir do intercâmbio entre crianças de Maputo capital de Moçambique Porto Alegre Cabinda em Angola e Rio de Janeiro Analise a experiência e reflita sobre as formas pelas quais ela poderia contribuir para uma percepção mais aprofundada das influências africanas no cotidiano brasileiro De Maputo Moçambique para Porto Alegre no Brasil De Cabinda em Angola para o Morro da Chacrinha no Rio de Janeiro E viceversa Ligadas pela história e pela língua separadas pelo Atlântico as crianças desses lugares vivem realidades marcadas por semelhanças e por diferenças Ainda que tão distantes agora elas se conhecem um pouco mais de perto O retrato de ambos os lados está estampado em fotografias de Cabinda fotografias de Maputo e cartas que meninos e meninas de cá e de lá produziram e trocaram durante o Projeto Brasil África Olhares Cruzados da ONG Imagem da Vida O intercâmbio entre o Brasil e os países africanos nasceu do trabalho Os olhos do bairro realizado pelo fotógrafo africano Mauro Pinto com crianças do bairro de Hulene em Maputo Ampliado o projeto contou com a participação do fotógrafo gaúcho Ricardo Teles que fez a conexão entre Cabinda e Rio de Janeiro Para promover as atividades os fotógrafos tiveram o apoio de associações comunitárias locais que ajudaram na seleção das crianças Com os grupos formados Mauro e Ricardo fizeram breves introduções sobre o país e a cidade para onde as fotos e cartas seriam enviadas Com isso pude saber qual era a expectativa que a meninada tinha sobre o outro país que idéia faziam da outra cultura conta Ricardo Em seguida ambos promoveram oficinas de fotografia e de texto As crianças aprenderam noções básicas da técnica e em duplas portando uma câmara bem simples saíram clicando ATIVIDADE C E D E R J 101 AULA 8 a família a casa o bairro a comunidade as brincadeiras os amigos Nossa sugestão se pautava em dois pontos simples primeiro fotografar livremente como se vê a vida o cotidiano o entorno segundo o que se deveria mostrar tanto de bom como de ruim para amigos desconhecidos do outro lado do oceano explica Ricardo Nas oficinas de texto as crianças foram estimuladas a trocar correspondências contando sobre sua realidade e dizendo que curiosidades tinham sobre o país destinatário ACHCAR 2005 RESPOSTA COMENTADA Esta atividade tem dois objetivos possibilitar o reconhecimento de influências africanas em nosso cotidiano e a aproximação do cotidiano brasileiro com o africano a partir das experiências de crianças de locais tão distantes como Cabinda e Porto Alegre Uma das formas de utilização deste projeto em sala de aula é por meio da análise das informações históricas geográficas artísticas e lingüísticas trazidas nas cartas e nas fotografias Assim os alunos podem ser instigados a tirar fotografias de seu bairro de sua cidade e de suas atividades cotidianas depois devem comparálas com as tiradas pelas crianças de Cabinda ou Maputo refletindo sobre as semelhanças e as diferenças entre as realidades observadas e a deles 102 C E D E R J Metodologia do Ensino da História Multiculturalismo na sala de aula 2 cONclUsÃO cOMbaTENDO O RacIsMO Nas EscOlas A obrigatoriedade do ensino de História da África é importante para o aprofundamento do conhecimento sobre a cultura brasileira mas esta medida é insuficiente para acabar com um problema que infelizmente ainda afeta boa parte de nossas escolas a discriminação racial na Educação O preconceito não aparece geralmente em atitudes explícitas mas em pequenos gestos ou atividades que contribuem para o sentimento de inferioridade das crianças negras em relação às brancas Como é possível reverter este quadro Seguem algumas dicas de atitudes que podem ser tomadas para contribuir para o fortalecimento da identidade cultural dos descendentes de africanos em primeiro lugar reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de valorização da cultura africana utilizar narrativas de histórias nas quais personagens negros apareçam como protagonistas e não apenas como coadjuvantes da história trabalhar com contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade sem abordar a história dos negros somente a partir da experiência da escravidão não abordar a história da África apenas a partir dos seus estereótipos como o exotismo dos animais selvagens a miséria as doenças etc principalmente enfatizar que as questões racial e da pluralidade cultural não dizem respeito somente a professores negros e alunos negros o estudo da história da África e dos negros no Brasil diz respeito a toda a sociedade brasileira aTIvIDaDE FINal Faça uma lista dos heróis e heroínas conhecidos por você tanto reais personagens históricas quanto inventados personagens de contos de fadas histórias em quadrinhos televisão etc Peça que outras pessoas façam o mesmo Quantos desses personagens eram negros Quantos deles principalmente os de contos de fadas pertencem a histórias cujas matrizes são européias Reflita sobre esse assunto C E D E R J 103 AULA 8 RESPOSTA COMENTADA Nas listas elaboradas na atividade provavelmente os personagens de cor branca e matriz européia serão maioria O objetivo desta atividade é que você perceba que muitas vezes atitudes discriminatórias são tomadas sem que a escola reflita sobre elas No caso dos personagens e heróis seria interessante que você como futuro professor estimulasse sua turma a pesquisar mais sobre figuras emblemáticas da História e das tradições brasileiras A população brasileira é formada por uma grande variedade de influências demográficas étnicas e culturais Uma das mais importantes é a influência dos negros descendentes de africanos que chegaram ao Brasil escravizados entre os séculos XVI e XIX Apesar da sua grande importância para a cultura brasileira a História da África e dos negros no Brasil até pouco tempo não era muito estudada nas escolas Hoje em dia a obrigatoriedade do estudo desses conteúdos fixada pela Lei 10639 está criando uma nova sensibilidade para essas questões permitindo que o racismo nas escolas seja finalmente combatido R E s U M O Kiriku e a Feiticeira França 1998 71 minutos Distribuído em vídeo pela Cult Filmes Longametragem de animação próprio para crianças sobre uma tradicional lenda africana A história versa sobre um menino minúsculo nascido na África Ocidental cujo tamanho não alcança nem o joelho de um adulto Ele tem um destino enfrentar a poderosa e malvada feiticeira Karabá que secou a fonte dágua da aldeia de Kiriku engoliu todos os homens que foram enfrentála e ainda pegou todo o ouro que tinham Para isso o herói enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares onde somente pessoas pequeninas poderiam entrar Todos os personagens da história são negros MOMENTO PIPOCA 104 C E D E R J Metodologia do Ensino da História Multiculturalismo na sala de aula 2 SITES REcOMENDaDOs IbGE wwwibgegovbr Site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com informações gerais e estatísticas sobre a população brasileira mapas etc Destaque para a seção IBGE Teen que contém informações sobre o censo de 2000 e textos sobre os 500 anos de povoamento do Brasil academia brasileira de letras Joaquim Nabuco httpwwwacademiaorgbrimortaiscads27nabuco2htm Neste site você encontrará trechos da obra de Joaquim Nabuco como o citado no início da aula principalmente relativos a seus ideais abolicionistas Debate Multiculturalismo e Educação httpwwwtvebrasilcombrsaltoboletins2002meemee0htm Série de textos sobre multiculturalismo e educação que embasaram programa sobre o assunto transmitido pela TVE Projeto olhares cruzados entre brasil e África httpnovaescolaabrilcombrnoticiasmai0525 Acesse o site para conhecer alguns dos resultados do projeto como fotografias e cartas produzidas por crianças de Cabinda e para ler a reportagem na íntegra INFORMaÇÃO sObRE a PRóXIMa aUla Como as próximas aulas serão as últimas desta disciplina daremos uma paradinha e faremos uma revisão de tudo o que foi estudado