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62 INTRODUçãO Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 4316267 janfev 2010 ArtigoArticle Perfil epidemiológico da hanseníase em um município brasileiro no período de 2000 a 2006 Epidemiological profile of leprosy in a Brazilian municipality between 2000 and 2006 Sybelle de Souza Castro Miranzi1 Lívia Helena de Morais Pereira2 e Altacílio Aparecido Nunes3 RESUMO Introdução A hanseníase é considerada um grande problema de saúde pública nos países em desenvolvimento Estimase que somente 13 dos doentes sejam notificados e que dentre esses muitos fazem tratamento irregular ou o abandonam aumentando o impacto da doença Assim o objetivo desse artigo foi descrever o perfil epidemiológico da população com diagnóstico de hanseníase no município de Uberaba Estado de Minas Gerais Brasil no período de 2000 a 2006 Métodos Tratase de um estudo retrospectivo que utilizou os dados secundários de notificação de casos hanseníase do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde do Brasil Resultados Foram registrados 455 casos da doença sendo 554 do sexo masculino a faixa etária dos 34 a 49 anos 314 foi a mais afetada houve registro de nove 2 casos de hanseníase em menores de 15 anos A forma clínica prevalente foi a dimorfa 691 e a classe operacional foi a multibacilar 87 Tais achados são preocupantes considerandose que são de faixa etária economicamente ativa e potencialmente os principais disseminadores da doença Conclusões O relato de que a maioria dos casos eram multibacilares indica diagnósticos tardios assim tornase necessário descentralizar o serviço de hanseníase e capacitar mais profissionais para possibilitar diagnóstico e tratamentos mais precoces Palavraschaves Hanseníase Epidemiologia Prevalência Incidência ABSTRACT Introduction Leprosy is considered to be a major public health problem in developing countries It is estimated that notifications are issued only in relation to 13 of the patients and that among these patients many undergo irregular treatment or drop out thus increasing the impact of the disease The objective this paper was to describe the epidemiological profile of the population with a diagnosis of leprosy in the municipality of Uberaba State of Minas Gerais Brazil between 2000 and 2006 Methods This was a retrospective study using data from notifications of leprosy cases in the Notifiable Disease Information System of the Brazilian Ministry of Health Results There were 455 recorded cases of leprosy and 554 of these were among males The most affected age group was 34 to 49 years 314 while nine cases of leprosy 2 were found in children under the age of 15 years The commonest clinical form was the borderline type 691 and the operational class was multibacillary 87 These findings are a matter of concern considering that the age group that is most economically active is potentially the principal group spreading the disease Conclusions The finding that 87 of the cases were multibacillary indicates that the diagnoses were late It is therefore necessary to decentralize the leprosy care services and train more professionals to enable earlier diagnosis and treatment Keywords Leprosy Epidemiology Prevalence Incidence 1 Departamento de Medicina Social Universidade Federal do Triângulo Mineiro Uberaba MG 2 PósGraduação Universidade Federal do Triângulo Mineiro Uberaba MG 3 Departamento de Medicina Social Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Endereço para correspondência Dra Sybelle de Souza Castro Miranzi Depto de Medicina SocialUFTM Rua Constituição 920 Bairro Abadia 38026280 Uberaba MG Tel 55 34 33185572 email sybellemednetcombr Recebido para publicação em 27052009 Aceito em 22122009 A hanseníase é considerada um grande problema de saúde pública nos países em desenvolvimento1 Em 1991 a Assembléia Mundial de Saúde determinou que a prevalência de hanseníase em países endêmicos chegasse a menos de 110000 até o ano de 20002 Obtevese uma redução da prevalência em aproximadamente 85 dos casos em todo mundo porém não alcançou a meta inicial proposta34 Com o intuito de reduzir ainda mais os valores de detecção e prevalência da doença e reparar as questões não resolvidas no Plano de Eliminação a Organização Mundial de Saúde OMS foi lançado A Estratégia Global para Maior Redução da Carga da Hanseníase e a Sustentação das Atividades de Controle da Hanseníase proposta para 20062010 Os resultados esperados ao fim de 2010 são a diminuição dos níveis da hanseníase para valores muito baixos uma elevação da qualidade dos serviços de saúde com profissionais mais capacitados para detecção da doença melhor sistema de gestão melhora da qualidade dos registros dos casos e acessibilidade a serviços especializados recursos para garantir a prevenção de incapacidades e a reabilitação quando necessárias e promover a integração e parcerias com outras instituições Atualmente as taxas de hanseníase mundial reduziram em aproximadamente 90 quando comparadas há duas décadas atrás observandose uma queda de 378 na incidência da doença no Brasil entre 1998 e 20034 Entretanto devido ao esforço do Ministério da Saúde em dois anos houve uma diminuição em 243 dos casos de hanseníase e em 2005 a taxa de incidência foi de 21 casos em 10000 Isso em parte devese ao aumento de 411 dos serviços de diagnóstico e tratamento no sistema público de saúde5 A história da hanseníase no Brasil mostra que a prevalência da doença teve uma redução importante ainda que a taxa de detecção não tenha diminuído efetivamente apresentando uma elevação do ano de 63 Miranzi SSC cols Perfil epidemiológico da hanseníase MÉTODOS RESULTADOS 2005 para 2006 O quadro devese à endemia oculta pois é insipiente a busca ativa dos doentes nas áreas endêmicas aos diagnósticos tardios deficiência nos programas públicoassistenciais precariedade dos serviços de saúde abandono do tratamento baixo nível de esclarecimento da população ao preconceito e estigma que recaem sobre a doença167 Estimase que somente 13 dos portadores do bacilo de Hansen esteja notificado e que dentre esses muitos fazem um tratamento irregular ou o abandonam tendo como conseqüência bacilos resistentes às medicações e que podem levar a dificuldades no tratamento da doença aumentando o problema nacional da hanseníase78 Apesar da eficiência em reduzir casos de hanseníase os planos de eliminação não foram suficientes para desclassificar a doença como problema de Saúde Pública O Plano de Eliminação Nacional de Hanseníase em âmbito municipal 20062010 tem a meta de eliminação da doença até 2010 com ações como a redução da prevalência para valores abaixo de 110000 monitorização dos registros de casos novos o fortalecimento da vigilância epidemiológica capacitação dos profissionais de saúde e uma rede eficiente de referência e contrareferência5 O Estado de Minas Gerais apresenta um quadro melhor comparado ao Brasil A taxa de incidência foi de 15 casos por 10 mil habitantes no ano de 2005 Esse valor decai em 2006 e chega a 1210000 Um dado interessante é que Minas Gerais é o primeiro estado a ter uma legislação específica para a doença a Política de Educação Preventiva Contra a Hanseníase e de Combate ao Preconceito sua questão principal é desestigmatizar a doença visto que ela possui cura e se diagnosticada precocemente evita sequelas9 Apesar dos bons índices verificados em Minas Gerais não significa que a doença será erradicada por completo e ações de combate à eliminação da hanseníase devem continuar intensificadas nos municípios mais atingidos no estado como Uberaba Uberlândia Paracatu Governador Valadares Ituiutaba10 Uberaba apresenta uma queda dos níveis de prevalência entretanto seus valores ainda ultrapassam os de Minas Gerais que em 2006 teve uma taxa de 102 por 10000 habitantes que a classifica como de alto nível endêmico e de média magnitude em contrapartida o estado apresentava uma taxa de 0836 Para contribuir com a monitorização da doença e com o fortalecimento da vigilância epidemiológica considerouse importante descrever o perfil epidemiológico da hanseníase em UberabaMG com o intuito caracterizar a tendência e a magnitude da doença no município Este foi um estudo epidemiológico observacional retrospectivo que utilizou o sistema informatizado de dados das notificações de hanseníase vinculado à Secretaria Municipal de Saúde e ao DATASUS abrangendo o período entre 2000 e 2006 Esse banco de dados é constituído por todos os casos de hanseníase notificados e confirmados em residentes de Uberaba através da Ficha Individual de NotificaçãoInvestigação de Hanseníase arquivada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação SINAN As variáveis do estudo foram divididas em sete categorias de análise caracterização do caso sociodemográficos antecedentes epidemiológicos dados clínicos de atendimento laboratoriais de tratamento e medidas de controle Os indicadores utilizados para o estudo foram os coeficientes de incidência e de prevalência por 100000 ou 10000 habitantes respectivamente Critérios de inclusão e exclusão Foram incluídos no estudo todos os casos notificados e com diagnóstico confirmado de hanseníase Contudo foram excluídos da análise todos os casos que apesar de notificados não apresentavam confirmação diagnóstica ou que continha inconsistências Análise estatística Foram realizadas análises exploratórias descritivas dos dados a partir da apuração de frequências simples absolutas e percentuais para as variáveis categóricas e organização dos resultados em tabelas e gráficos Para comparação de diferenças e distribuição entre proporções foram empregados os testes quiquadrado e Z Para verificação de associação entre variáveis empregouse como estimador de magnitude o odds ratio OR e seu intervalo de confiança a 95 IC95 O nível de significância adotado em todas as análises foi de 5 p 005 Os dados foram gerenciados no software Epiinfo 2000 e analisados no SPSS versão 100 Ética O Projeto de Pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Foram registrados 455 casos de hanseníase no período entre 2000 e 2006 pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba com uma média de 65 casos novos por ano com média anual de taxa de incidência de 27 casos100000 habitantes Figura 1 Sendo que em 2004 ano com o maior número de notificações 205 do total registrouse 93 casos com coeficiente de incidência de 322 casos100000 habitantes Fontes SINAN 2006 Secretaria Municipal de Saúde UberabaMG 2006 FIgURA 1 Distribuição dos casos de hanseníase diagnosticados no período de 2000 a 2006 no município de UberabaMg A detecção entre os anos de 2000 e 2006 foi feita em 556 dos casos pela forma de encaminhamento e 353 por demanda espontânea A porcentagem de pacientes que obtiveram cura foi de 839 A distribuição dos casos por gênero revelou que 252 554 portadores da doença eram homens p 005 Quanto ao local de moradia 828 moravam na zona urbana p 005 Na avaliação da raçacor os pardos foram a maioria com 334 dos casos seguidos pelos brancos com 298 p 037 com a raça negra apresentando a menor proporção de casos quando comparada às outras p 005 A forma clínica prevalente em todos os anos analisados foi 64 Rev Soc Bras Med Trop 4316267 janfev 2010 a tipo dimorfa 691 seguida do tipo virchowiana 171 que comparadas com as formas indeterminadas e tuberculóide apresentaram diferença significativa p 005 A forma multibacilar foi a predominante e em relação à paucibacilar apresentou diferença p 005 importante Tabela 1 Com relação à distribuição etária Tabela 2 as faixas de 5 a 9 anos e 50 a 64 anos apresentaram distribuição igual entre os sexos enquanto dos 15 aos 19 anos predominou o sexo feminino com 727 dos casos p 005 Nas demais faixas etárias o sexo masculino teve uma maior porcentagem sendo que na análise geral o sexo masculino representou 554 do total p 005 Com relação aos menores de 15 anos foram notificados nove casos de hanseníase seis desses eram dimorfos dois indeterminados e um tuberculóide A maioria dos portadores de hanseníase estudou em média de quatro a sete anos 349 A faixa de 20 a 34 anos foi a que TABELA 1 Distribuição dos registros segundo sexo zona de residência raça cor classificação operacional atual forma clínica modo de detecção e tipo de alta entre os casos de hanseníase UberabaMg 2000 a 2006 Características Número Percentagem p Sexo masculino 252 554 005 feminino 203 446 total 455 1000 Zona de residência urbana 377 828 005 rural 6 13 ignoradabranco 72 158 total 455 1000 Raçacor ignoradabranca 128 281 005 branca 136 298 preta 39 85 parda 152 334 037 total 455 1000 Classificação operacional atual paucibacilar 59 129 005 multibacilar 396 871 total 455 1000 Forma clínica indeterminada 24 53 005 tuberculóide 36 79 dimorfa 317 697 virchowiana 78 171 091 total 455 1000 Modo de detecção encaminhamento 253 556 005 demanda espontânea 161 353 exame coletividade 2 04 total 416 913 Tipo de alta cura 382 839 005 erro diagnóstico 1 02 total 383 841 comparação entre população urbana e rural comparação entre todas as raças comparação entre raça branca e parda comparação entre todas as formas clínicas comparação entre formas clínicas indeterminada e tuberculóide TABELA 2 Distribuição dos percentuais quanto à classificação operacional atual versus sexo faixa etária e escolaridade em portadores de hanseníase UberabaMg 2000 a 2006 Feminino Masculino Características no no OR IC95 p Classificação atual X sexo paucibacilar 12 60 55 217 44 22 90 005 multibacilar 191 940 197 783 Faixa etária ano X sexo 1 1 1000 0 5 a 9 2 500 2 500 10 a 14 1 250 3 750 15 a 19 8 727 3 273 20 a 34 34 340 66 660 35 a 49 69 480 74 520 50 a 64 64 500 64 500 65 a 79 21 375 35 625 80 3 375 5 625 Escolaridade anos de estudo nenhuma 24 119 25 99 169 053 548 005 1 a 3 34 168 31 123 148 049 0 457 005 4 a 7 65 320 94 373 235 085 663 005 8 a 11 27 133 41 163 247 081 760 005 12 13 64 8 32 10 referência ignorada 40 196 53 21 OR odds ratio com intervalo de confiança a 95 apresentou mais anos de estudo 8 a 11 anos A população de oitenta anos ou mais em sua maioria 625 não estudou nenhum ano Segundo a Tabela 2 dos portadores de hanseníase que não tiveram nenhuma escolaridade 118 eram mulheres e 99 eram homens De 8 a 11 anos de estudos os homens são responsáveis por 163 dos casos e as mulheres por 133 Porém com 12 anos e mais de estudo houve predomínio de mulheres 64 em detrimento dos homens 32 Observouse que no total dos anos a classe multibacilar representou 853 e a paucibacilar 129 dos casos sendo que houve uma associação significativa entre a classificação multibacilar e o sexo feminino com uma chance quatro vezes superior em relação aos homens OR 44 IC95 222 905 p 005 A baciloscopia mostrouse negativa na maioria dos casos ao longo dos anos 521 A baciloscopia positiva foi verificada em 341 dos casos Não foi realizado o exame de baciloscopia em 207 dos casos em 2003 e em 107 dos casos de 2006 foram assinalados como ignorados ou em branco Em todos os casos em 1 1519 e 80 anos e mais ocorreu a hanseníase na forma multibacilar Em todas as faixas etárias a classificação de multibacilar prevaleceu em mais de 75 dos casos exceto a de 5 a 9 anos que houve uma porcentagem de 50 para multibacilar e paucibacilar Na faixa etária mais acometida pela hanseníase 35 a 49 anos 314 dos casos apresentaram incapacidade de grau zero e 112 apresentaram incapacidade grau I Na população de 15 a 19 anos 182 apresentou incapacidade grau I Tabela 3 Trinta e três vírgula oito por cento das pessoas que tiveram a sua avaliação de incapacidade ignorada ou deixada em branco tiveram mais que 5 lesões Das que possuíam grau zero de incapacidade 297 tinham lesão única e 299 tinham mais que cinco lesões Os portadores de incapacidade grau I tiveram 65 TABELA 3 Distribuição percentual dos casos de hanseníase por faixa etária segundo grau de incapacidade na alta UberabaMg 2000 e 2006 Grau de incapacidade Grau Zero Grau I Grau II Faixa etária X incapacidade de cura na altaano no no no 1 5 a 9 2 500 10 a 14 3 750 15 a 19 4 364 2 182 1 91 20 a 34 20 200 8 80 1 10 35 a 49 45 315 16 112 6 42 50 a 64 41 320 16 125 5 39 65 a 79 13 232 14 250 3 54 80 2 250 1 125 a mesma porcentagem 293 para nenhuma lesão e para mais que cinco lesões Quarenta e um vírgula dois por cento dos acometidos por incapacidade de grau II não possuíam nenhuma lesão Houve um maior índice de pessoas acometidas com mais de cinco lesões entre aqueles que fizeram uso de PQT de 12 323 e de 24 379 doses Trinta e três vírugula três por cento dos pacientes que fizeram tratamento com PQT de 24 doses tiveram sua avaliação quanto a lesões ignoradas ou deixadas em branco A maioria dos portadores de hanseníase estudou em média de 4 a 7 anos 349 A faixa de 20 a 34 anos foi a que apresentou mais anos de estudo 8 a 11 anos A população de oitenta anos ou mais em sua maioria 625 não estudou nenhum ano Segundo a Tabela 2 dos portadores de hanseníase que não tiveram nenhuma escolaridade 118 eram mulheres e 99 eram homens De 8 a 11 anos de estudos os homens são responsáveis por 163 dos casos e as mulheres por 133 Porém com 12 anos e mais de estudo houve predomínio de mulheres 64 em detrimento dos homens 32 Apresentaram lesão única 783 de pessoas que fizeram uso de esquema poliquimioterápico de seis doses Houve um maior índice de pessoas acometidas com mais de cinco lesões entre aqueles que fizeram uso de PQT de 12323 e de 24 doses 379 Trinta e três por cento dos pacientes que fizeram tratamento com PQT de 24 doses tiveram sua avaliação quanto a lesões ignoradas ou deixadas em branco DISCUSSãO Observouse uma elevação dos casos de hanseníase principalmente em 2004 com 93 casos quase o dobro de 2002 Achados descritos por outros autores41112 apontam que os índices de hanseníase atingiram seu pico em 2002 Inferese que em 2004 a elevação dos casos foi decorrente da busca ativa feita pela Secretaria Municipal de Saúde na comunidade com o intuito de alcançar o proposto pelo Plano de Eliminação da Hanseníase 2000 2005 Os administradores de saúde precisam conhecer o quadro epidemiológico de sua região e elencarem ações de acordo com as prioridades de sua população4 Além de definirem áreas de risco para que diretrizes epidemiológicas sejam implantadas especificamente para aqueles problemas13 Este fator também pode estar relacionado com a grande imigração de trabalhadores cortadores de cana advindos do norte nordeste e centrooeste do país cujas regiões revelaram índices de prevalência de hanseníase em 2004 de 48 e 20 e 3810000 habitantes respectivamente9 As precárias condições de saúde a falta de higiene a falta de saneamento básico ou seja fatores sociais e condições socioeconômicas a que essa população está sujeita corroboram para que ela seja propensa à hanseníase1415 Apesar de o estudo ter como enfoque os residentes em Uberaba nosso município é referência no serviço de saúde para municípios vizinhos que controlam este tipo de mão de obra Consequentemente o município absorve uma parcela dessa população que pode estar contaminada por hanseníase e expõe aos seus moradores o contato com indivíduos possivelmente de risco Das pessoas acometidas 314 estavam entre a faixa etária de 34 a 49 anos e ainda 534 representam o somatório da faixa etária de 20 a 49 anos Isso nos indica que a população economicamente ativa é a mais afetada pela hanseníase o que pode prejudicar a economia do município visto que essa faixa da população pode vir a desenvolver incapacidades lesões estados reacionais afastarse da atividade produtiva e gerar um custo social demasiado1315 Associada a essa questão está o fato de a forma clínica mais comum em todos os afetados ser a dimorfa 69116 de grande poder de transmissão seguida pela virchowiana 171 alto poder de transmissão e alto poder de incapacidade o que está de acordo com Goulart cols17 O que nos faz inferir que os indivíduos economicamente produtivos estão comprometidos com a doença e são os grandes responsáveis pela transmissão no município de modo que a faixa etária entre 20 e 49 anos representa 117735 do total da população de Uberaba ou seja 467 A classificação operacional da hanseníase revelou que a ocorrência de casos de multibacilares no município foi predominante e teve uma relação diretamente proporcional com o aumento da idade semelhante a estudos anteriores4121618 exceto nos menores de dez anos Essa relação da forma clínica com a idade pode ser decorrente do longo período de incubação da doença somado ao não diagnóstico precoce A frequência encontrada com relação à cor zona de residência e sexo está de acordo com a literatura141920 De todo período avaliado os homens somam 554 dos casos de um modo geral podemos inferir que os homens são os maiores responsáveis pela transmissão da hanseníase assim como descrito por Curto e Paschoal9 Ao se analisar as características entre os gêneros apesar de a hanseníase ser mais prevalente em homens no presente estudo constatouse uma chance superior a quatro vezes OR 44 p 005 de se encontrar a doença multibacilar entre as mulheres fato também observado em outro estudo1 Alguns estudos mostram que a hanseníase afeta mais homens que mulheres1 no entanto há exceções como em Governador Valadares MG em que 553 dos acometidos são mulheres21 bem como no estudo de Gomes cols realizado em Fortaleza Ceará22 O sexo masculino prevaleceu em praticamente todos os anos avaliados exceto em 2005 e 2006 em que as mulheres apresentaram um aumento de 12 e 36 respectivamente fato semelhante é descrito por Campos cols23 em estudo realizado em Sobral CE23 Essa pequena elevação dos índices pode ser decorrente do aumento de mulheres infectadas ou devido a uma maior identificação dessas portadoras pelo fato de terem mais acesso ao serviço de saúde e serem mais preocupadas com a autoimagem do que os homens123 A baciloscopia foi realizada em 392 862 pessoas e 155 341 delas apresentaram valores positivos indicando um grande risco de transmissão da doença conforme descrito por Hinrichsen cols1 Um fator agravante é a detecção de hanseníase em menores de 15 anos que é entendido como um indicador da alta transmissão da Miranzi SSC cols Perfil epidemiológico da hanseníase 66 doença ocasionado muitas vezes pelos familiares principalmente na infância em que há uma maior exposição ao bacilo1213 Neste estudo encontrouse nove casos de hanseníase em menores de 15 anos seis deles eram dimorfos o que significa que essas crianças estão sendo avaliadas tardiamente já com a capacidade de transmissão da doença com possíveis incapacidades13 O que aumenta o número de disseminadores da doença pelo fato dessa faixa populacional estar em contato com um grande número de outros jovens nas escolas em torno de cinco horas em muitos dias do ano Devese ter uma avaliação ativa dessa faixa etária para detectar inicialmente a hanseníase ainda na fase indeterminada para tentar impedir reações da infecção tardia bem como os preconceitos sociais e problemas psicológicos101224 Ao cruzarmos sexo e faixa etária percebemos que o sexo masculino prevalece em quase todas as faixas etárias porém de 15 a 19 anos o sexo feminino predominou com 73 dos casos Nos anos de 2005 e 2006 o número de casos femininos ultrapassou o masculino Essa elevação de casos femininos também é relatada por outros autores151920 Hinrichsen cols17 encontraram em sua pesquisa que o sexo masculino foi predominante em todas as faixas etárias porém de 18 a 34 anos os valores se igualaram O modelo cultural sociológico pode ser um meio de explicar as diferenças da hanseníase quando se compara o sexo14 Os valores elevados de 15 a 19 anos merecem atenção visto que as incapacidades e deformações que a doença pode ocasionar gerariam grandes efeitos na autoestima e na autoimagem dessas adolescentes Na avaliação da incapacidade de cura os dados deste estudo revelaram que 488 dos casos foram ignorados ou deixados em branco o que dificulta a visualização da gravidade das consequências da hanseníase e demonstra que a qualidade do preenchimento das Fichas Individuais de Investigação FII deve ser melhorada O grau zero foi o que prevaleceu em todas as faixas etárias assim como é descrito no trabalho de Gomes cols16 Nos pacientes que fizeram tratamento com esquema PQT de 24 doses 379 apresentaram em média cinco lesões pelo corpo esse dado pode significar uma reação negativa do organismo à droga do tratamento A questão da escolaridade que é muito importante para se realizar a educação em saúde dessa população revelou que 34 dos avaliados haviam estudado no máximo até a sexta série no ensino fundamental O que pode dificultar a apreensão das orientações sobre o tratamento e cuidados necessários Porém acima de 12 anos de estudos houve predomínio do sexo feminino o que poderia ser explicado pela procura espontânea aos serviços de saúde pelas mulheres com maior escolaridade Observouse que 353 dos diagnósticos foram feitos através da demanda espontânea ou seja a população que procura o serviço de saúde também observado por Lana cols21 Os exames coletivos são responsáveis por apenas 04 dos diagnósticos e os exames de contato por 24 valores muito baixos assim como observado em estudos de Opromolla cols na Cidade de Fortaleza CE4 Estes dois últimos são tidos como os principais instrumentos de avaliação da hanseníase de modo que auxiliam na detecção mais precisa e mais precoce dos casos ou seja contribuem para diminuir os casos de prevalência oculta e diminuir as incapacidades1321 Estes dados sugerem que a busca ativa é pouco implementada nos serviços de saúde do município de Uberaba revelando uma falha no tratamento e na aplicação das diretrizes do plano de Eliminação da Hanseníase 20002005 e também do novo Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase de 20062010 Cabe ressaltar a grande importância dessa atividade em crianças menores de 15 anos7 pois de acordo com os dados encontrados nove crianças apresentaram hanseníase e seis delas do tipo dimorfa Selvasekar cols12 discorrem sobre a eficácia e importância da busca ativa pois colabora com a identificação inicial de hanseníase e também com o controle de regiões afetadas pela doença12 O município é considerado pólo no serviço de saúde para 27 municípios vizinhos O serviço de saúde está iniciando a descentralização da assistência aos portadores de hanseníase o que colabora para um aumento da área de abrangência do serviço e fica mais próximo à população A hanseníase no município parece caminhar para o alcance do índice proposto pela OMS 110000 Porém este índice deve ser considerado com cautela se considerarmos que casos podem estar ocultos prevalência oculta visto que a maioria é de portadores da doença multibacilar seguido pela virchowiana ou seja disseminadores da doença A busca ativa é falha no município o que acarreta dados subnotificados no Sistema de Informação e Agravo de Notificação SINAN Ela é uma ferramenta muito importante no combate à doença pois identifica precocemente os casos na comunidade evita um aumento do número de casos identifica os acometidos que abandonaram o tratamento bem como detecta a doença na fase inicial indeterminada contribuindo para que reduza a presença de incapacidades exclusão social e estigma Em um estudo feito em São Paulo através da busca ativa eles identificaram um número de portadores cem vezes mais do que os números oficiais do Ministério da Saúde9 Entretanto somente a busca ativa não resolverá o problema da hanseníase ela ajuda com uma identificação mais completa dos casos porém ainda se faz importante uma continuação das ações São necessárias intervenções como uma educação continuada com abordagem clara simples e objetiva do tema com adequação ao nível social da clientela expansão da cobertura do atendimento com auxílio das Estratégias de Saúde da Família acarretando na capacitação desses profissionais atuantes nessa área e a busca tratamento e acompanhamento dos familiares dos portadores Outro fator de extrema relevância é o fato de a hanseníase ser tida como uma doença estigmatizadora O pouco conhecimento que a população detém dificulta a aceitação até mesmo dos próprios portadores que abandonam ou se recusam a realizar o tratamento além de não admitirem que possuem a doença Logo urge que o tema tenha uma abordagem ampla perante a população que haja um planejamento de uma educação continuada com o intuito de informar esclarecer e educar essa comunidade 1 Hinrichsen SL Pinheiro MRS Juca MB Rolim H Danda GJN Danda DMR Aspectos epidemiológicos da hanseníase na cidade de Recife PE em 2002 Anais Bras Dermatol 2004 79 413421 2 Moreira TA Panorama sobre a hanseníase quadro atual e perspectivas Hist Cienc Saude Manguinhos 2003 10 291307 3 Opromolla PA Dalben I Cardim M Análise da distribuição espacial da hanseníase no Estado de São Paulo 19912002 Rev Bras Epidemiol 2005 8 356364 REFERÊNCIAS Rev Soc Bras Med Trop 4316267 janfev 2010 CONFLITO DE INTERESSE Os autores declaram não haver nenhum tipo de conflito de interesse 67 4 Opromolla PA Dalben I Cardim M Análise geoestatística de casos de hanseníase Rev Saúde Pública 2006 40 907913 5 Ministério da saúde Casos de hanseníase caem 2427 em dois anos Portal da Saúde 2006 Disponível em httpportalsaudegovbrportalaplicacoes buscabuscarcfm Acesso em 17 maio de 2007 6 Curto M Paschoal VD Uma década de acompanhamento dos portadores de hanseníase no ambulatório de dermatologia de um hospitalescola Arq Cienc Saude 2005 12 183195 7 Lana FCF Amaral EP Lanza FM Lima PL Carvalho ACN Diniz LG Hanseníase em menores de 15 anos no Vale do Jequitinhonha Minas Gerais Brasil Rev Bras Enferm 2007 60 696700 8 Loureiro VB Alessi SS Maragno L Margarido LC Campanha voluntária em comunidades carentes para diagnóstico precoce da moléstia de Hansen integração docente discente e assistencial Rev Med São Paulo 2006 85 50 57 9 Ministério da Saúde Departamento de Informação e Informática do SUS DATASUS Informações de Saúde Epidemiológicas e Morbidades 2006 Disponível em httptabnetdatasusgovbrcgitabcgiexehanshanswMG def Acesso em 27 de maio de 2007 10 Mahajan PM Jogaikar DG Mehta JM Study of deformities in children with leprosy an urban experience Indian J Lepr 1995 67 405409 11 Noordeen SK Elimination of leprosy as a public health problem Progress and prospects Bull World Health Organ 1995 73 16 12 Selvasekar A Geetha J Nisha K Manimozhi N Jesudasan K Rao PS Childhood leprosy in endemic area Lepr Rev 1999 1 2127 13 Lana FCF Amaral EP Franco MS Lanza FM Estimativa da prevalência oculta da hanseníase no Vale do Jequitinhonha Minas Gerais Rev Min Enferm 2004 8 295300 14 Helene LMF Salum MJL A reprodução social da hanseníase um estudo do perfil de doentes com hanseníase no Município de São Paulo Cad Saúde Pública 2002 18 101113 15 Araújo MG Hanseníase no Brasil Rev Soc Bras Med Trop 2003 36 373382 16 Gomes CCD Pontes MAA Gonçalves HS Penna GO Perfil clínico epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase em um centro de referência na região nordeste do Brasil Anais Bras Dermatol 2005 8 supl 3 283288 17 Goulart IMB Arbex GL Carneiro MH Rodrigues MS Gadia R Efeitos adversos da poliquimioterapia em pacientes com hanseníase um levantamento de cinco anos em um Centro de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia Rev Soc Bras Med Trop 2002 35 453460 18 Bechelli LM Dominguez VM Patwary KM WHO Epidemiologic random sample surveys of leprosy in Northern Nigeria Katsina Cameroon and Thailand Khon Kaen Int J Lepr Other Mycobact Dis 1966 34223243 19 Aquino DMC Caldas AJM Silva AAM Costa JML Perfil dos pacientes com hanseníase em área hiperendêmica da Amazônia do Maranhão Brasil Rev Soc Bras Med Trop 2003 36 5764 20 Ferreira IN Alvarez RRA Hanseníase em menores de quinze anos no município de Paracatu MG 1994 a 2001 Rev Bras Epidemiol 2005 8 4149 21 Lana FCF Lanza FM VelásquezMelendez G Branco AC Teixeira S Malaquias LCC Distribuição da hanseníase segundo sexo no Município de Governador Valadares Minas Gerais Brasil Hansenol Int 2003 28 131137 22 Figueiredo IA Detecção da hanseníase em São LuísMaranhão de 1993 a 1998 Dissertação de Mestrado Universidade Federal do Maranhão São Luís MA 2001 23 Campos SSL Ramos AN KerrPontes LRS Heukelbach J Epidemiologia da hanseníase no Município de Sobral Estado do CearáBrasil no Período de 1997 a 2003 Hansenol Int 2005 30 167175 24 Lastoria JC Putinatti MSMA Utilização de busca ativa de hanseníase relato de uma experiência de abordagem na detecção de casos novos Hansenol Int 2004 29 611 Miranzi SSC cols Perfil epidemiológico da hanseníase
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62 INTRODUçãO Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 4316267 janfev 2010 ArtigoArticle Perfil epidemiológico da hanseníase em um município brasileiro no período de 2000 a 2006 Epidemiological profile of leprosy in a Brazilian municipality between 2000 and 2006 Sybelle de Souza Castro Miranzi1 Lívia Helena de Morais Pereira2 e Altacílio Aparecido Nunes3 RESUMO Introdução A hanseníase é considerada um grande problema de saúde pública nos países em desenvolvimento Estimase que somente 13 dos doentes sejam notificados e que dentre esses muitos fazem tratamento irregular ou o abandonam aumentando o impacto da doença Assim o objetivo desse artigo foi descrever o perfil epidemiológico da população com diagnóstico de hanseníase no município de Uberaba Estado de Minas Gerais Brasil no período de 2000 a 2006 Métodos Tratase de um estudo retrospectivo que utilizou os dados secundários de notificação de casos hanseníase do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde do Brasil Resultados Foram registrados 455 casos da doença sendo 554 do sexo masculino a faixa etária dos 34 a 49 anos 314 foi a mais afetada houve registro de nove 2 casos de hanseníase em menores de 15 anos A forma clínica prevalente foi a dimorfa 691 e a classe operacional foi a multibacilar 87 Tais achados são preocupantes considerandose que são de faixa etária economicamente ativa e potencialmente os principais disseminadores da doença Conclusões O relato de que a maioria dos casos eram multibacilares indica diagnósticos tardios assim tornase necessário descentralizar o serviço de hanseníase e capacitar mais profissionais para possibilitar diagnóstico e tratamentos mais precoces Palavraschaves Hanseníase Epidemiologia Prevalência Incidência ABSTRACT Introduction Leprosy is considered to be a major public health problem in developing countries It is estimated that notifications are issued only in relation to 13 of the patients and that among these patients many undergo irregular treatment or drop out thus increasing the impact of the disease The objective this paper was to describe the epidemiological profile of the population with a diagnosis of leprosy in the municipality of Uberaba State of Minas Gerais Brazil between 2000 and 2006 Methods This was a retrospective study using data from notifications of leprosy cases in the Notifiable Disease Information System of the Brazilian Ministry of Health Results There were 455 recorded cases of leprosy and 554 of these were among males The most affected age group was 34 to 49 years 314 while nine cases of leprosy 2 were found in children under the age of 15 years The commonest clinical form was the borderline type 691 and the operational class was multibacillary 87 These findings are a matter of concern considering that the age group that is most economically active is potentially the principal group spreading the disease Conclusions The finding that 87 of the cases were multibacillary indicates that the diagnoses were late It is therefore necessary to decentralize the leprosy care services and train more professionals to enable earlier diagnosis and treatment Keywords Leprosy Epidemiology Prevalence Incidence 1 Departamento de Medicina Social Universidade Federal do Triângulo Mineiro Uberaba MG 2 PósGraduação Universidade Federal do Triângulo Mineiro Uberaba MG 3 Departamento de Medicina Social Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Endereço para correspondência Dra Sybelle de Souza Castro Miranzi Depto de Medicina SocialUFTM Rua Constituição 920 Bairro Abadia 38026280 Uberaba MG Tel 55 34 33185572 email sybellemednetcombr Recebido para publicação em 27052009 Aceito em 22122009 A hanseníase é considerada um grande problema de saúde pública nos países em desenvolvimento1 Em 1991 a Assembléia Mundial de Saúde determinou que a prevalência de hanseníase em países endêmicos chegasse a menos de 110000 até o ano de 20002 Obtevese uma redução da prevalência em aproximadamente 85 dos casos em todo mundo porém não alcançou a meta inicial proposta34 Com o intuito de reduzir ainda mais os valores de detecção e prevalência da doença e reparar as questões não resolvidas no Plano de Eliminação a Organização Mundial de Saúde OMS foi lançado A Estratégia Global para Maior Redução da Carga da Hanseníase e a Sustentação das Atividades de Controle da Hanseníase proposta para 20062010 Os resultados esperados ao fim de 2010 são a diminuição dos níveis da hanseníase para valores muito baixos uma elevação da qualidade dos serviços de saúde com profissionais mais capacitados para detecção da doença melhor sistema de gestão melhora da qualidade dos registros dos casos e acessibilidade a serviços especializados recursos para garantir a prevenção de incapacidades e a reabilitação quando necessárias e promover a integração e parcerias com outras instituições Atualmente as taxas de hanseníase mundial reduziram em aproximadamente 90 quando comparadas há duas décadas atrás observandose uma queda de 378 na incidência da doença no Brasil entre 1998 e 20034 Entretanto devido ao esforço do Ministério da Saúde em dois anos houve uma diminuição em 243 dos casos de hanseníase e em 2005 a taxa de incidência foi de 21 casos em 10000 Isso em parte devese ao aumento de 411 dos serviços de diagnóstico e tratamento no sistema público de saúde5 A história da hanseníase no Brasil mostra que a prevalência da doença teve uma redução importante ainda que a taxa de detecção não tenha diminuído efetivamente apresentando uma elevação do ano de 63 Miranzi SSC cols Perfil epidemiológico da hanseníase MÉTODOS RESULTADOS 2005 para 2006 O quadro devese à endemia oculta pois é insipiente a busca ativa dos doentes nas áreas endêmicas aos diagnósticos tardios deficiência nos programas públicoassistenciais precariedade dos serviços de saúde abandono do tratamento baixo nível de esclarecimento da população ao preconceito e estigma que recaem sobre a doença167 Estimase que somente 13 dos portadores do bacilo de Hansen esteja notificado e que dentre esses muitos fazem um tratamento irregular ou o abandonam tendo como conseqüência bacilos resistentes às medicações e que podem levar a dificuldades no tratamento da doença aumentando o problema nacional da hanseníase78 Apesar da eficiência em reduzir casos de hanseníase os planos de eliminação não foram suficientes para desclassificar a doença como problema de Saúde Pública O Plano de Eliminação Nacional de Hanseníase em âmbito municipal 20062010 tem a meta de eliminação da doença até 2010 com ações como a redução da prevalência para valores abaixo de 110000 monitorização dos registros de casos novos o fortalecimento da vigilância epidemiológica capacitação dos profissionais de saúde e uma rede eficiente de referência e contrareferência5 O Estado de Minas Gerais apresenta um quadro melhor comparado ao Brasil A taxa de incidência foi de 15 casos por 10 mil habitantes no ano de 2005 Esse valor decai em 2006 e chega a 1210000 Um dado interessante é que Minas Gerais é o primeiro estado a ter uma legislação específica para a doença a Política de Educação Preventiva Contra a Hanseníase e de Combate ao Preconceito sua questão principal é desestigmatizar a doença visto que ela possui cura e se diagnosticada precocemente evita sequelas9 Apesar dos bons índices verificados em Minas Gerais não significa que a doença será erradicada por completo e ações de combate à eliminação da hanseníase devem continuar intensificadas nos municípios mais atingidos no estado como Uberaba Uberlândia Paracatu Governador Valadares Ituiutaba10 Uberaba apresenta uma queda dos níveis de prevalência entretanto seus valores ainda ultrapassam os de Minas Gerais que em 2006 teve uma taxa de 102 por 10000 habitantes que a classifica como de alto nível endêmico e de média magnitude em contrapartida o estado apresentava uma taxa de 0836 Para contribuir com a monitorização da doença e com o fortalecimento da vigilância epidemiológica considerouse importante descrever o perfil epidemiológico da hanseníase em UberabaMG com o intuito caracterizar a tendência e a magnitude da doença no município Este foi um estudo epidemiológico observacional retrospectivo que utilizou o sistema informatizado de dados das notificações de hanseníase vinculado à Secretaria Municipal de Saúde e ao DATASUS abrangendo o período entre 2000 e 2006 Esse banco de dados é constituído por todos os casos de hanseníase notificados e confirmados em residentes de Uberaba através da Ficha Individual de NotificaçãoInvestigação de Hanseníase arquivada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação SINAN As variáveis do estudo foram divididas em sete categorias de análise caracterização do caso sociodemográficos antecedentes epidemiológicos dados clínicos de atendimento laboratoriais de tratamento e medidas de controle Os indicadores utilizados para o estudo foram os coeficientes de incidência e de prevalência por 100000 ou 10000 habitantes respectivamente Critérios de inclusão e exclusão Foram incluídos no estudo todos os casos notificados e com diagnóstico confirmado de hanseníase Contudo foram excluídos da análise todos os casos que apesar de notificados não apresentavam confirmação diagnóstica ou que continha inconsistências Análise estatística Foram realizadas análises exploratórias descritivas dos dados a partir da apuração de frequências simples absolutas e percentuais para as variáveis categóricas e organização dos resultados em tabelas e gráficos Para comparação de diferenças e distribuição entre proporções foram empregados os testes quiquadrado e Z Para verificação de associação entre variáveis empregouse como estimador de magnitude o odds ratio OR e seu intervalo de confiança a 95 IC95 O nível de significância adotado em todas as análises foi de 5 p 005 Os dados foram gerenciados no software Epiinfo 2000 e analisados no SPSS versão 100 Ética O Projeto de Pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Foram registrados 455 casos de hanseníase no período entre 2000 e 2006 pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba com uma média de 65 casos novos por ano com média anual de taxa de incidência de 27 casos100000 habitantes Figura 1 Sendo que em 2004 ano com o maior número de notificações 205 do total registrouse 93 casos com coeficiente de incidência de 322 casos100000 habitantes Fontes SINAN 2006 Secretaria Municipal de Saúde UberabaMG 2006 FIgURA 1 Distribuição dos casos de hanseníase diagnosticados no período de 2000 a 2006 no município de UberabaMg A detecção entre os anos de 2000 e 2006 foi feita em 556 dos casos pela forma de encaminhamento e 353 por demanda espontânea A porcentagem de pacientes que obtiveram cura foi de 839 A distribuição dos casos por gênero revelou que 252 554 portadores da doença eram homens p 005 Quanto ao local de moradia 828 moravam na zona urbana p 005 Na avaliação da raçacor os pardos foram a maioria com 334 dos casos seguidos pelos brancos com 298 p 037 com a raça negra apresentando a menor proporção de casos quando comparada às outras p 005 A forma clínica prevalente em todos os anos analisados foi 64 Rev Soc Bras Med Trop 4316267 janfev 2010 a tipo dimorfa 691 seguida do tipo virchowiana 171 que comparadas com as formas indeterminadas e tuberculóide apresentaram diferença significativa p 005 A forma multibacilar foi a predominante e em relação à paucibacilar apresentou diferença p 005 importante Tabela 1 Com relação à distribuição etária Tabela 2 as faixas de 5 a 9 anos e 50 a 64 anos apresentaram distribuição igual entre os sexos enquanto dos 15 aos 19 anos predominou o sexo feminino com 727 dos casos p 005 Nas demais faixas etárias o sexo masculino teve uma maior porcentagem sendo que na análise geral o sexo masculino representou 554 do total p 005 Com relação aos menores de 15 anos foram notificados nove casos de hanseníase seis desses eram dimorfos dois indeterminados e um tuberculóide A maioria dos portadores de hanseníase estudou em média de quatro a sete anos 349 A faixa de 20 a 34 anos foi a que TABELA 1 Distribuição dos registros segundo sexo zona de residência raça cor classificação operacional atual forma clínica modo de detecção e tipo de alta entre os casos de hanseníase UberabaMg 2000 a 2006 Características Número Percentagem p Sexo masculino 252 554 005 feminino 203 446 total 455 1000 Zona de residência urbana 377 828 005 rural 6 13 ignoradabranco 72 158 total 455 1000 Raçacor ignoradabranca 128 281 005 branca 136 298 preta 39 85 parda 152 334 037 total 455 1000 Classificação operacional atual paucibacilar 59 129 005 multibacilar 396 871 total 455 1000 Forma clínica indeterminada 24 53 005 tuberculóide 36 79 dimorfa 317 697 virchowiana 78 171 091 total 455 1000 Modo de detecção encaminhamento 253 556 005 demanda espontânea 161 353 exame coletividade 2 04 total 416 913 Tipo de alta cura 382 839 005 erro diagnóstico 1 02 total 383 841 comparação entre população urbana e rural comparação entre todas as raças comparação entre raça branca e parda comparação entre todas as formas clínicas comparação entre formas clínicas indeterminada e tuberculóide TABELA 2 Distribuição dos percentuais quanto à classificação operacional atual versus sexo faixa etária e escolaridade em portadores de hanseníase UberabaMg 2000 a 2006 Feminino Masculino Características no no OR IC95 p Classificação atual X sexo paucibacilar 12 60 55 217 44 22 90 005 multibacilar 191 940 197 783 Faixa etária ano X sexo 1 1 1000 0 5 a 9 2 500 2 500 10 a 14 1 250 3 750 15 a 19 8 727 3 273 20 a 34 34 340 66 660 35 a 49 69 480 74 520 50 a 64 64 500 64 500 65 a 79 21 375 35 625 80 3 375 5 625 Escolaridade anos de estudo nenhuma 24 119 25 99 169 053 548 005 1 a 3 34 168 31 123 148 049 0 457 005 4 a 7 65 320 94 373 235 085 663 005 8 a 11 27 133 41 163 247 081 760 005 12 13 64 8 32 10 referência ignorada 40 196 53 21 OR odds ratio com intervalo de confiança a 95 apresentou mais anos de estudo 8 a 11 anos A população de oitenta anos ou mais em sua maioria 625 não estudou nenhum ano Segundo a Tabela 2 dos portadores de hanseníase que não tiveram nenhuma escolaridade 118 eram mulheres e 99 eram homens De 8 a 11 anos de estudos os homens são responsáveis por 163 dos casos e as mulheres por 133 Porém com 12 anos e mais de estudo houve predomínio de mulheres 64 em detrimento dos homens 32 Observouse que no total dos anos a classe multibacilar representou 853 e a paucibacilar 129 dos casos sendo que houve uma associação significativa entre a classificação multibacilar e o sexo feminino com uma chance quatro vezes superior em relação aos homens OR 44 IC95 222 905 p 005 A baciloscopia mostrouse negativa na maioria dos casos ao longo dos anos 521 A baciloscopia positiva foi verificada em 341 dos casos Não foi realizado o exame de baciloscopia em 207 dos casos em 2003 e em 107 dos casos de 2006 foram assinalados como ignorados ou em branco Em todos os casos em 1 1519 e 80 anos e mais ocorreu a hanseníase na forma multibacilar Em todas as faixas etárias a classificação de multibacilar prevaleceu em mais de 75 dos casos exceto a de 5 a 9 anos que houve uma porcentagem de 50 para multibacilar e paucibacilar Na faixa etária mais acometida pela hanseníase 35 a 49 anos 314 dos casos apresentaram incapacidade de grau zero e 112 apresentaram incapacidade grau I Na população de 15 a 19 anos 182 apresentou incapacidade grau I Tabela 3 Trinta e três vírgula oito por cento das pessoas que tiveram a sua avaliação de incapacidade ignorada ou deixada em branco tiveram mais que 5 lesões Das que possuíam grau zero de incapacidade 297 tinham lesão única e 299 tinham mais que cinco lesões Os portadores de incapacidade grau I tiveram 65 TABELA 3 Distribuição percentual dos casos de hanseníase por faixa etária segundo grau de incapacidade na alta UberabaMg 2000 e 2006 Grau de incapacidade Grau Zero Grau I Grau II Faixa etária X incapacidade de cura na altaano no no no 1 5 a 9 2 500 10 a 14 3 750 15 a 19 4 364 2 182 1 91 20 a 34 20 200 8 80 1 10 35 a 49 45 315 16 112 6 42 50 a 64 41 320 16 125 5 39 65 a 79 13 232 14 250 3 54 80 2 250 1 125 a mesma porcentagem 293 para nenhuma lesão e para mais que cinco lesões Quarenta e um vírgula dois por cento dos acometidos por incapacidade de grau II não possuíam nenhuma lesão Houve um maior índice de pessoas acometidas com mais de cinco lesões entre aqueles que fizeram uso de PQT de 12 323 e de 24 379 doses Trinta e três vírugula três por cento dos pacientes que fizeram tratamento com PQT de 24 doses tiveram sua avaliação quanto a lesões ignoradas ou deixadas em branco A maioria dos portadores de hanseníase estudou em média de 4 a 7 anos 349 A faixa de 20 a 34 anos foi a que apresentou mais anos de estudo 8 a 11 anos A população de oitenta anos ou mais em sua maioria 625 não estudou nenhum ano Segundo a Tabela 2 dos portadores de hanseníase que não tiveram nenhuma escolaridade 118 eram mulheres e 99 eram homens De 8 a 11 anos de estudos os homens são responsáveis por 163 dos casos e as mulheres por 133 Porém com 12 anos e mais de estudo houve predomínio de mulheres 64 em detrimento dos homens 32 Apresentaram lesão única 783 de pessoas que fizeram uso de esquema poliquimioterápico de seis doses Houve um maior índice de pessoas acometidas com mais de cinco lesões entre aqueles que fizeram uso de PQT de 12323 e de 24 doses 379 Trinta e três por cento dos pacientes que fizeram tratamento com PQT de 24 doses tiveram sua avaliação quanto a lesões ignoradas ou deixadas em branco DISCUSSãO Observouse uma elevação dos casos de hanseníase principalmente em 2004 com 93 casos quase o dobro de 2002 Achados descritos por outros autores41112 apontam que os índices de hanseníase atingiram seu pico em 2002 Inferese que em 2004 a elevação dos casos foi decorrente da busca ativa feita pela Secretaria Municipal de Saúde na comunidade com o intuito de alcançar o proposto pelo Plano de Eliminação da Hanseníase 2000 2005 Os administradores de saúde precisam conhecer o quadro epidemiológico de sua região e elencarem ações de acordo com as prioridades de sua população4 Além de definirem áreas de risco para que diretrizes epidemiológicas sejam implantadas especificamente para aqueles problemas13 Este fator também pode estar relacionado com a grande imigração de trabalhadores cortadores de cana advindos do norte nordeste e centrooeste do país cujas regiões revelaram índices de prevalência de hanseníase em 2004 de 48 e 20 e 3810000 habitantes respectivamente9 As precárias condições de saúde a falta de higiene a falta de saneamento básico ou seja fatores sociais e condições socioeconômicas a que essa população está sujeita corroboram para que ela seja propensa à hanseníase1415 Apesar de o estudo ter como enfoque os residentes em Uberaba nosso município é referência no serviço de saúde para municípios vizinhos que controlam este tipo de mão de obra Consequentemente o município absorve uma parcela dessa população que pode estar contaminada por hanseníase e expõe aos seus moradores o contato com indivíduos possivelmente de risco Das pessoas acometidas 314 estavam entre a faixa etária de 34 a 49 anos e ainda 534 representam o somatório da faixa etária de 20 a 49 anos Isso nos indica que a população economicamente ativa é a mais afetada pela hanseníase o que pode prejudicar a economia do município visto que essa faixa da população pode vir a desenvolver incapacidades lesões estados reacionais afastarse da atividade produtiva e gerar um custo social demasiado1315 Associada a essa questão está o fato de a forma clínica mais comum em todos os afetados ser a dimorfa 69116 de grande poder de transmissão seguida pela virchowiana 171 alto poder de transmissão e alto poder de incapacidade o que está de acordo com Goulart cols17 O que nos faz inferir que os indivíduos economicamente produtivos estão comprometidos com a doença e são os grandes responsáveis pela transmissão no município de modo que a faixa etária entre 20 e 49 anos representa 117735 do total da população de Uberaba ou seja 467 A classificação operacional da hanseníase revelou que a ocorrência de casos de multibacilares no município foi predominante e teve uma relação diretamente proporcional com o aumento da idade semelhante a estudos anteriores4121618 exceto nos menores de dez anos Essa relação da forma clínica com a idade pode ser decorrente do longo período de incubação da doença somado ao não diagnóstico precoce A frequência encontrada com relação à cor zona de residência e sexo está de acordo com a literatura141920 De todo período avaliado os homens somam 554 dos casos de um modo geral podemos inferir que os homens são os maiores responsáveis pela transmissão da hanseníase assim como descrito por Curto e Paschoal9 Ao se analisar as características entre os gêneros apesar de a hanseníase ser mais prevalente em homens no presente estudo constatouse uma chance superior a quatro vezes OR 44 p 005 de se encontrar a doença multibacilar entre as mulheres fato também observado em outro estudo1 Alguns estudos mostram que a hanseníase afeta mais homens que mulheres1 no entanto há exceções como em Governador Valadares MG em que 553 dos acometidos são mulheres21 bem como no estudo de Gomes cols realizado em Fortaleza Ceará22 O sexo masculino prevaleceu em praticamente todos os anos avaliados exceto em 2005 e 2006 em que as mulheres apresentaram um aumento de 12 e 36 respectivamente fato semelhante é descrito por Campos cols23 em estudo realizado em Sobral CE23 Essa pequena elevação dos índices pode ser decorrente do aumento de mulheres infectadas ou devido a uma maior identificação dessas portadoras pelo fato de terem mais acesso ao serviço de saúde e serem mais preocupadas com a autoimagem do que os homens123 A baciloscopia foi realizada em 392 862 pessoas e 155 341 delas apresentaram valores positivos indicando um grande risco de transmissão da doença conforme descrito por Hinrichsen cols1 Um fator agravante é a detecção de hanseníase em menores de 15 anos que é entendido como um indicador da alta transmissão da Miranzi SSC cols Perfil epidemiológico da hanseníase 66 doença ocasionado muitas vezes pelos familiares principalmente na infância em que há uma maior exposição ao bacilo1213 Neste estudo encontrouse nove casos de hanseníase em menores de 15 anos seis deles eram dimorfos o que significa que essas crianças estão sendo avaliadas tardiamente já com a capacidade de transmissão da doença com possíveis incapacidades13 O que aumenta o número de disseminadores da doença pelo fato dessa faixa populacional estar em contato com um grande número de outros jovens nas escolas em torno de cinco horas em muitos dias do ano Devese ter uma avaliação ativa dessa faixa etária para detectar inicialmente a hanseníase ainda na fase indeterminada para tentar impedir reações da infecção tardia bem como os preconceitos sociais e problemas psicológicos101224 Ao cruzarmos sexo e faixa etária percebemos que o sexo masculino prevalece em quase todas as faixas etárias porém de 15 a 19 anos o sexo feminino predominou com 73 dos casos Nos anos de 2005 e 2006 o número de casos femininos ultrapassou o masculino Essa elevação de casos femininos também é relatada por outros autores151920 Hinrichsen cols17 encontraram em sua pesquisa que o sexo masculino foi predominante em todas as faixas etárias porém de 18 a 34 anos os valores se igualaram O modelo cultural sociológico pode ser um meio de explicar as diferenças da hanseníase quando se compara o sexo14 Os valores elevados de 15 a 19 anos merecem atenção visto que as incapacidades e deformações que a doença pode ocasionar gerariam grandes efeitos na autoestima e na autoimagem dessas adolescentes Na avaliação da incapacidade de cura os dados deste estudo revelaram que 488 dos casos foram ignorados ou deixados em branco o que dificulta a visualização da gravidade das consequências da hanseníase e demonstra que a qualidade do preenchimento das Fichas Individuais de Investigação FII deve ser melhorada O grau zero foi o que prevaleceu em todas as faixas etárias assim como é descrito no trabalho de Gomes cols16 Nos pacientes que fizeram tratamento com esquema PQT de 24 doses 379 apresentaram em média cinco lesões pelo corpo esse dado pode significar uma reação negativa do organismo à droga do tratamento A questão da escolaridade que é muito importante para se realizar a educação em saúde dessa população revelou que 34 dos avaliados haviam estudado no máximo até a sexta série no ensino fundamental O que pode dificultar a apreensão das orientações sobre o tratamento e cuidados necessários Porém acima de 12 anos de estudos houve predomínio do sexo feminino o que poderia ser explicado pela procura espontânea aos serviços de saúde pelas mulheres com maior escolaridade Observouse que 353 dos diagnósticos foram feitos através da demanda espontânea ou seja a população que procura o serviço de saúde também observado por Lana cols21 Os exames coletivos são responsáveis por apenas 04 dos diagnósticos e os exames de contato por 24 valores muito baixos assim como observado em estudos de Opromolla cols na Cidade de Fortaleza CE4 Estes dois últimos são tidos como os principais instrumentos de avaliação da hanseníase de modo que auxiliam na detecção mais precisa e mais precoce dos casos ou seja contribuem para diminuir os casos de prevalência oculta e diminuir as incapacidades1321 Estes dados sugerem que a busca ativa é pouco implementada nos serviços de saúde do município de Uberaba revelando uma falha no tratamento e na aplicação das diretrizes do plano de Eliminação da Hanseníase 20002005 e também do novo Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase de 20062010 Cabe ressaltar a grande importância dessa atividade em crianças menores de 15 anos7 pois de acordo com os dados encontrados nove crianças apresentaram hanseníase e seis delas do tipo dimorfa Selvasekar cols12 discorrem sobre a eficácia e importância da busca ativa pois colabora com a identificação inicial de hanseníase e também com o controle de regiões afetadas pela doença12 O município é considerado pólo no serviço de saúde para 27 municípios vizinhos O serviço de saúde está iniciando a descentralização da assistência aos portadores de hanseníase o que colabora para um aumento da área de abrangência do serviço e fica mais próximo à população A hanseníase no município parece caminhar para o alcance do índice proposto pela OMS 110000 Porém este índice deve ser considerado com cautela se considerarmos que casos podem estar ocultos prevalência oculta visto que a maioria é de portadores da doença multibacilar seguido pela virchowiana ou seja disseminadores da doença A busca ativa é falha no município o que acarreta dados subnotificados no Sistema de Informação e Agravo de Notificação SINAN Ela é uma ferramenta muito importante no combate à doença pois identifica precocemente os casos na comunidade evita um aumento do número de casos identifica os acometidos que abandonaram o tratamento bem como detecta a doença na fase inicial indeterminada contribuindo para que reduza a presença de incapacidades exclusão social e estigma Em um estudo feito em São Paulo através da busca ativa eles identificaram um número de portadores cem vezes mais do que os números oficiais do Ministério da Saúde9 Entretanto somente a busca ativa não resolverá o problema da hanseníase ela ajuda com uma identificação mais completa dos casos porém ainda se faz importante uma continuação das ações São necessárias intervenções como uma educação continuada com abordagem clara simples e objetiva do tema com adequação ao nível social da clientela expansão da cobertura do atendimento com auxílio das Estratégias de Saúde da Família acarretando na capacitação desses profissionais atuantes nessa área e a busca tratamento e acompanhamento dos familiares dos portadores Outro fator de extrema relevância é o fato de a hanseníase ser tida como uma doença estigmatizadora O pouco conhecimento que a população detém dificulta a aceitação até mesmo dos próprios portadores que abandonam ou se recusam a realizar o tratamento além de não admitirem que possuem a doença Logo urge que o tema tenha uma abordagem ampla perante a população que haja um planejamento de uma educação continuada com o intuito de informar esclarecer e educar essa comunidade 1 Hinrichsen SL Pinheiro MRS Juca MB Rolim H Danda GJN Danda DMR Aspectos epidemiológicos da hanseníase na cidade de Recife PE em 2002 Anais Bras Dermatol 2004 79 413421 2 Moreira TA Panorama sobre a hanseníase quadro atual e perspectivas Hist Cienc Saude Manguinhos 2003 10 291307 3 Opromolla PA Dalben I Cardim M Análise da distribuição espacial da hanseníase no Estado de São Paulo 19912002 Rev Bras Epidemiol 2005 8 356364 REFERÊNCIAS Rev Soc Bras Med Trop 4316267 janfev 2010 CONFLITO DE INTERESSE Os autores declaram não haver nenhum tipo de conflito de interesse 67 4 Opromolla PA Dalben I Cardim M Análise geoestatística de casos de hanseníase Rev Saúde Pública 2006 40 907913 5 Ministério da saúde Casos de hanseníase caem 2427 em dois anos Portal da Saúde 2006 Disponível em httpportalsaudegovbrportalaplicacoes buscabuscarcfm Acesso em 17 maio de 2007 6 Curto M Paschoal VD Uma década de acompanhamento dos portadores de hanseníase no ambulatório de dermatologia de um hospitalescola Arq Cienc Saude 2005 12 183195 7 Lana FCF Amaral EP Lanza FM Lima PL Carvalho ACN Diniz LG Hanseníase em menores de 15 anos no Vale do Jequitinhonha Minas Gerais Brasil Rev Bras Enferm 2007 60 696700 8 Loureiro VB Alessi SS Maragno L Margarido LC Campanha voluntária em comunidades carentes para diagnóstico precoce da moléstia de Hansen integração docente discente e assistencial Rev Med São Paulo 2006 85 50 57 9 Ministério da Saúde Departamento de Informação e Informática do SUS DATASUS Informações de Saúde Epidemiológicas e Morbidades 2006 Disponível em httptabnetdatasusgovbrcgitabcgiexehanshanswMG def Acesso em 27 de maio de 2007 10 Mahajan PM Jogaikar DG Mehta JM Study of deformities in children with leprosy an urban experience Indian J Lepr 1995 67 405409 11 Noordeen SK Elimination of leprosy as a public health problem Progress and prospects Bull World Health Organ 1995 73 16 12 Selvasekar A Geetha J Nisha K Manimozhi N Jesudasan K Rao PS Childhood leprosy in endemic area Lepr Rev 1999 1 2127 13 Lana FCF Amaral EP Franco MS Lanza FM Estimativa da prevalência oculta da hanseníase no Vale do Jequitinhonha Minas Gerais Rev Min Enferm 2004 8 295300 14 Helene LMF Salum MJL A reprodução social da hanseníase um estudo do perfil de doentes com hanseníase no Município de São Paulo Cad Saúde Pública 2002 18 101113 15 Araújo MG Hanseníase no Brasil Rev Soc Bras Med Trop 2003 36 373382 16 Gomes CCD Pontes MAA Gonçalves HS Penna GO Perfil clínico epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase em um centro de referência na região nordeste do Brasil Anais Bras Dermatol 2005 8 supl 3 283288 17 Goulart IMB Arbex GL Carneiro MH Rodrigues MS Gadia R Efeitos adversos da poliquimioterapia em pacientes com hanseníase um levantamento de cinco anos em um Centro de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia Rev Soc Bras Med Trop 2002 35 453460 18 Bechelli LM Dominguez VM Patwary KM WHO Epidemiologic random sample surveys of leprosy in Northern Nigeria Katsina Cameroon and Thailand Khon Kaen Int J Lepr Other Mycobact Dis 1966 34223243 19 Aquino DMC Caldas AJM Silva AAM Costa JML Perfil dos pacientes com hanseníase em área hiperendêmica da Amazônia do Maranhão Brasil Rev Soc Bras Med Trop 2003 36 5764 20 Ferreira IN Alvarez RRA Hanseníase em menores de quinze anos no município de Paracatu MG 1994 a 2001 Rev Bras Epidemiol 2005 8 4149 21 Lana FCF Lanza FM VelásquezMelendez G Branco AC Teixeira S Malaquias LCC Distribuição da hanseníase segundo sexo no Município de Governador Valadares Minas Gerais Brasil Hansenol Int 2003 28 131137 22 Figueiredo IA Detecção da hanseníase em São LuísMaranhão de 1993 a 1998 Dissertação de Mestrado Universidade Federal do Maranhão São Luís MA 2001 23 Campos SSL Ramos AN KerrPontes LRS Heukelbach J Epidemiologia da hanseníase no Município de Sobral Estado do CearáBrasil no Período de 1997 a 2003 Hansenol Int 2005 30 167175 24 Lastoria JC Putinatti MSMA Utilização de busca ativa de hanseníase relato de uma experiência de abordagem na detecção de casos novos Hansenol Int 2004 29 611 Miranzi SSC cols Perfil epidemiológico da hanseníase