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Unidade II Essas sequências para a realização do movimento, envolvendo cérebro, músculos e meio ambiente, caracterizam o comportamento motor, que consiste na aquisição de habilidades básicas que são combinadas e progridem para habilidades mais complexas ou refinadas a partir da aprendizagem motora. Observação O desenvolvimento motor é um processo contínuo, relacionado à idade e que acarreta mudanças sequenciais, influenciando os padrões de comportamento motor ao longo da vida. 5.1 Comportamento motor e os sistemas sensorial e perceptivo As capacidades motoras, como vimos anteriormente, podem ser classificadas em capacidades motoras condicionantes e capacidades motoras coordenativas, as quais também podem ser ponderadas como componentes da aptidão física. Considerando a denominação capacidades motoras, dentre os dois tipos de capacidades, as coordenativas são aquelas relacionadas com o comportamento e o controle motor, pois se referem à organização e à formação dos movimentos. Nesse sentido, as capacidades motoras coordenativas da detecção, da elaboração e do processamento de informações, que possibilitam o controle da execução dos movimentos por meio da contribuição do sistema sensorial: informações visuais, auditivas e cinestésicas (GUEDES, 2011). Na verdade, os movimentos podem ser categorizados como habilidades “perceptomotoras”, já o processo de saber onde e a posição ou localização do corpo no espaço serão fundamentais para a realização da ação motora. Lembrete As capacidades motoras condicionantes (força, velocidade, resistência e flexibilidade) estão relacionadas às ações musculares e à demanda, produção e utilização de energia do metabolismo. A informação sensorial e a perceptiva são altamente integradas e se comunicam com o ambiente (HAYWOOD; GETCHELL, 2004). Contudo, essa comunicação é estabelecida por meio de ações ou atitudes para permitir que os sistemas interajam. Para ver, é preciso olhar em direção ao que se quer enxergar; para ouvir, é preciso posicionar o ouvido em direção ao som; para sentirmos a textura de um material, é preciso tocá-lo, confirmando a interação dos sistemas com o ambiente. O sistema sensorial é composto de visão, audição e propriocepção ou sistema cinestésico. A visão é determinada pelos olhos, que são os receptores sensoriais desse sistema. Os receptores do ouvido são denominados de aparelho vestibular e estão localizados no ouvido interno. Já a propriocepção tem receptores proprioceptores localizados em todo o corpo, como nos músculos esqueléticos, nas junções musculotendíneas, nas cápsulas articulares e nos ligamentos. A propriocepção tem muitos receptores, pois ela produz diferentes informações, como ligamento: 60 EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE os movimentos corporais; a posição do corpo no espaço; a posição das partes do corpo relativas umas às outras; a natureza dos objetos com os quais o corpo estabelece contato (HAYWOOD; GETCHELL, 2004). Quadro 6 – Propriocepção: receptores e localização Receptor Localização Fusos musculares Músculos Órgãos tendinosos de Golgi Junções musculotendíneas Articulações Cápsulas articulares e ligamentos Canais semicirculares Ouvido interno Cutâneo Pele Adaptado de: Haywood e Getchell (2004). A percepção é a forma como interpretamos as informações dos sentidos. A visão, por exemplo, proporciona uma percepção sobre o espaço, a distância, a profundidade, a presença de objetos e a percepção do movimento (direção e velocidade). A audição permite a percepção da localização, a diferença entre sons semelhantes, ruídos ao fundo e padrões de sons. A propriocepção, por sua vez, promove localização tátil e consciência corporal (movimento dos segmentos, orientação espacial e direção). Essas percepções podem interagir ou se combinar para proporcionar um movimento mais preciso ou específico. O sistema sensorial e o perceptivo podem ser considerados formas de restrição à realização de movimentos, já que alterações nesses sistemas prejudicam a percepção e a execução das ações motoras. Para compreender melhor como o comportamento motor é alterado pelo envelhecimento, abordaremos brevemente o modelo das restrições do movimento, que demonstra como as interações dinâmicas e as mudanças que ocorrem de maneira continua ao longo da vida afetam o desenvolvimento motor. Lembrete O controle motor se refere à ação integrada e coordenada do sistema nervoso e dos músculos esqueléticos para a produção de movimentos de acordo com as demandas do ambiente. 61 EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE Unidade II A partir de agora, abordaremos os aspectos do campo de atuação da Educação Física, desde a produção do movimento (comportamento motor); o processo ensino-aprendizagem de habilidades motoras de indivíduos idosos; os modelos de intervenção em Educação Física para populações idosas; o planejamento e a aplicação de atividades físicas; até a forma de avaliar os idosos e os benefícios dessas práticas para eles (avaliação da capacidade funcional). Portanto, discutiremos a forma de trabalho e a contribuição da Educação Física para a terceira idade, considerando a implementação de um uso adequado e planejado para essa população. 5 COMPORTAMENTO MOTOR DURANTE O ENVELHECIMENTO O movimento é uma ação de deslocamento, de mudança de posição, seja do corpo, de uma parte dele ou de um objeto. Sempre que pensamos em movimento, pensamos no desejo de executá-lo ou não. Em alguns momentos, percebemos que não temos controle sobre algumas ações, que ocorrem de forma involuntária. Os movimentos voluntário e o involuntário fazem parte de um vasto repertório motor que é aprendido, desenvolvido, reforçado e aperfeiçoado ao longo da vida. Os movimentos, por mais simples, como o de levantar de uma cadeira e caminhar, não conseguimos imaginar todos os procedimentos que a musculatura esquelética e o cérebro desenvolveram para que o corpo se deslocasse, considerando as informações do meio externo. Dessa forma, o sistema motor teve que programar as sequências corretas do movimento, iniciá-las cada uma no momento certo, comandar os músculos apropriados, controlá-los para que a força, a velocidade e a direção dos movimentos fossem exatamente as necessárias, e interrompê-los um a um para que o seguinte se iniciasse (LENT, 2001). Veja as figuras: Figura 27 – O movimento 59 Unidade II 5.1.1 Desenvolvimento motor: modelo das restrições O modelo das restrições do movimento foi formulado por Newell (1985) e sugere que os movimentos ocorrem por meio da interação entre as características do indivíduo, do ambiente que o cerca e do objetivo de sua movimentação (HAYWOOD, GETCHELL, 2004). Veja a figura: Restrições do indivíduo Funcionais Estruturais Restrições da tarefa Restrições do ambiente Figura 28 - Modelo das restrições de Newell As restrições se referem: • Ao indivíduo: as estruturas e funções do corpo, nas diferentes fases da vida, podem favorecer ou não a realização de determinado movimento. A deficiência motora, por exemplo, é um fator limitante ou restritivo para algumas tarefas. • Ao ambiente: as restrições do ambiente ocorrem fora do corpo e podem ser físicas ou socioculturais. As restrições físicas referem-se à temperatura, quantidade de luz, umidade, gravidade e o tipo de superfície utilizada (pisos e paredes). As socioculturais estão associadas a padrões de comportamentos motores determinados por grupos ou lugares. Por exemplo, em um lugar que possua rios que propiciem a prática de remo, as pessoas naturalmente experimentarão essa modalidade esportiva. • Da tarefa: também ocorrem fora do corpo. As regras e o uso de equipamentos são formas de restrição da tarefa. Um exemplo é a regra do basquetebol que estabelece que os deslocamentos com bola devem ser realizados enquanto o jogador bate ou quica a bola no chão. Mudanças em qualquer um desses elementos podem acarretar restrições na realização do movimento. Considerando as características do envelhecimento, podemos supor que muitas restrições ocorrerão nessa fase. EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE 5.2 Comportamento motor e as fases do desenvolvimento motor A determinação do comportamento motor ocorre de acordo com o desenvolvimento motor, que consiste em mudanças contínuas e sequenciais ao longo da vida, envolvendo três classes gerais de comportamento motor: estabilidade (controle postural e equilíbrio), locomoção (deslocamento) e manipulação (objetos). O início do desenvolvimento motor, que determinará o comportamento motor, começa após a concepção, compreendendo todo o período de vida intrauterina através dos movimentos fetais (MANOEL, 1994). Após o nascimento, o bebê realiza movimentos reflexos até cerca de 1 ano de idade. Em seguida, os movimentos de estabilidade (controle postural), de locomoção e de manipulação passam a ser voluntários e adquirem um padrão de movimento rudimentar. A experimentação e a combinação desses movimentos caracterizam a fase de movimentos fundamentais. A fase de movimentos rudimentares e de movimentos fundamentais ocorrem, geralmente, entre os 2 e 7 anos de idade. A última fase, a fase dos movimentos especializados, se refere ao refinamento dos movimentos de estabilização, locomoção e manipulação (GALLAHUE; OZMUN, 2001). Apesar da fase de movimentos especializados ocorrer entre os 7 e os 14 anos de idade, esse processo de desenvolvimento e estabelecimento do comportamento motor continua com o decorrer da vida e é retratado no modelo da ampulheta de Gallahue (GALLAHUE; OZMUN, 2001): Figura 29 - O modelo da ampulheta de Gallahue À junção entre o modelo da ampulheta, que descreve as mudanças no padrão da tarefa, e o modelo das restrições, que apresenta as limitações à realização do movimento, constituem o modelo da ampulheta triangulada (GALLAHUE, OZMUN, GOODWAY, 2013). Esse modelo apresenta o processo/produto do desenvolvimento motor ao longo da vida. Veja: Unidade II A ampulheta: modelo de desenvolvimento motor durante o ciclo da vida de Gallahue Controle motor de competência motora Hereditariedade Ambiente Fatores Fase motora especializada Fase motora fundamental Fase motora rudimentar Fase motora reflexiva Figura 30 - O modelo da ampulheta triangulada Na velhice, as experiências motoras se tornam imprescindíveis, pois nessa etapa o idoso precisa se adaptar ao corpo em envelhecimento, aos declínios de funções e à modificação dos padrões de movimento. Curiosamente, apenas na década de 1980, o desenvolvimento motor foi entendido como um processo contínuo dentro do ciclo de vida, envolvendo ganhos e melhorias de desempenho motor, assim como perdas e reduções (SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA, 2004; ROBERTON, 1989). Nesse sentido, o aumento da eficiência no desempenho das habilidades motoras ocorreria até os 20 anos de idade e o declínio, dessas mesmas habilidades, entre os 70 e os 80 anos (WADE, 2000). Contudo, considerando o comportamento motor, será que esses declínios refletiriam em alterações no padrão dos movimentos? Nem sempre. Se analisarmos a marcha (movimento de locomoção), observaremos algumas alterações no padrão de movimento, principalmente dos idosos com mais de 70 anos. A marcha fica mais lenta, os passos ficam mais curtos, os pés quase não se levantam – se arrastam –, o equilíbrio fica difícil e o controle postural também se mostra prejudicado. Considerando a velocidade da marcha, Judge, Ounpuu e Davis (1996) constataram que a velocidade da marcha diminui entre 12% a 16% por década a partir dos 70 anos. Nesse momento, as alterações e/ou mudanças dos músculos esqueléticos (perda de massa, redução no número de fibras do tipo II e de inervação), assim como as do sistema nervoso (perda de neurônios, diminuição das sinapses, redução na velocidade do processamento das informações, etc.), estão mais pronunciadas. A sequência de planejamento, controle, ordenação e realização do movimento já não é tão rápida e eficaz, passando a ser algo mais “perceptível”. Essa dificuldade de andar é acompanhada por problemas para a EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE realização de outras tarefas. Inicialmente, o declínio das funções do organismo dificulta a execução de atividades da vida diária, reduzindo a capacidade funcional do indivíduo. Com o agravamento das perdas (pelo próprio envelhecimento, por falta de estímulos, inatividade física ou acometimento por doenças), o idoso passa a ter dificuldades de praticar atividades de autocuidado, reduzindo sua qualidade de vida, autonomia e independência e ficando vulnerável a quedas, acidentes domésticos, internação hospitalar e institucionalização. Diante desse quadro, uma das principais hipóteses para o declínio progressivo do desempenho motor do idoso estaria ligado à lentificação do processamento de informações, devido à diminuição da velocidade com que os sistemas sensorial, perceptivo e motor (sistema perceptomotor) seriam realizados (CERELLA, 1985). No entanto, outra corrente de pensamento tem sugerido que a redução do desempenho não ocorreria para as funções do sistema, perceptoração ou sensorio-motor que continuassem a ser praticadas durante o envelhecimento (KRAMPE; ERICSSON, 1996). O declínio do desempenho, desse modo, estaria relacionado de forma seletiva ao desuso de funções, movimentos ou assemelhados para os idosos ativos (FISK; ROGERS, 2000). Nesse sentido, os indivíduos permanecem realizando suas atividades sem apresentar grandes reduções menores no desempenho motor quando comparados às daqueles que pararam de fazer um pouco um movimento específico. Teixeira (2006) testou o desempenho perceptomotor ou sensório-motor de indivíduos fisicamente ativos entre 19 a 73 anos de idade em testes de tempo de reação, força máxima e condução de alvo no computador. Observou a redução no tempo de execução com a idade movendo cercavam faixas de idade diferentes, o mesmo vale para a queda do desempenho sensorio-motor em experimentar, onde se buscou demonstrar a idéia de que o desempenho motor ou tempo de reação, o declínio do desempenho foi observado diferentes tipos tarefa um exemplo da “experiência” enquanto crescia. Esse processo performance, possivelmente contribuído por!” foi recomendada por Barton (2001) para idosos. Entretanto, para onde se sugere que reduzido as dificuldades rencontré performance, mesmo entre centenários. Quando uma tarefa é absorvida pelas estruturas e funções do organismo do idoso, que parecem ocorrer através de uma interação entre a demanda da tarefa ou do movimento, os processos que envolvem esse movimento e o desempenho (SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA, 2004). O idoso seria capaz de ajustar o movimento de acordo com o grau de dificuldade exigido pela tarefa, usando sua experiência motora. Dessa forma, não haveria alteração do padrão de movimento em decorrência das alterações das estruturas e funções do organismo, e sim ajustes para se adequar às necessidades do movimento. Porém, é difícil dissociar alguma limitação do padrão de realização da tarefa. Por mais que haja adaptação, na maioria das vezes, ela é acompanhada de alguma restrição. Tarefas como arremessar ou chutar uma bola podem ser limitadas pela amplitude articular, interferindo no resultado da tarefa. Saiba mais Leia o artigo a seguir: TEIXEIRA, L. A. Declínio de desempenho motor no envelhecimento é especifico à tarefa. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n. 6, nov./dez., 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v12n6/ a10v12n6.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2018. Unidade II Vale ressaltar que a manutenção de uma vida ativa contribui para minimizar as perdas e grandes variações do comportamento motor observadas na velhice. A atividade física, mais uma vez, se apresenta como uma ferramenta fundamental para a manutenção da qualidade de vida. 6 PROCESSO ENSINO–APRENDIZAGEM DE HABILIDADES MOTORAS DE INDIVÍDUOS IDOSOS O processo ensino-aprendizagem de habilidades motoras envolve alguns conceitos importantes, como habilidade e aprendizagem motora, os quais são fundamentais para o entendimento desse processo. Começando pelo primeiro conceito: o que é habilidade motora? É qualquer atividade muscular dirigida para um objeto específico, ou seja, para o desempenho de uma tarefa. Essa tarefa pode ser correr, pular ou cozinhar. A habilidade motora também pode se relacionar às características que diferenciam um executante de alto nível de baixo nível. Dessa forma, a habilidade motora pode ser definida como o sucesso e qualidade do movimento que o executante possui (SCHMIDT; WIRSBERG, 2001). O quadro a seguir apresenta as características que distinguem diferentes tipos de habilidades motoras de acordo com: a forma de organização da tarefa; os elementos motores e cognitivos; e o nível de previsibilidade ambiental. Quadro 7 – Dimensões da habilidade motora Habilidade Características Classificação Exemplo Discreta Ação breve com início e fim Organização da tarefa Arremessar uma bola Seriada Várias ações em sequência Escovar os dentes Contínua Ação sem início ou fim definidos Nadar Motora Qualidade do movimento Importância dos elementos motores e Trocar pneu Cognitiva Qualidade da decisão cognitivos Jogar xadrez Aberta Ambiente imprevisível Previsibilidade ambiental Futebol Fechada Ambiente previsível Ginástica Adaptado de: Schmidt e Wrisberg (2001). A aprendizagem é um processo que ocorre a partir de estudos, experiências e observações e que resulta na aquisição ou modificação de conhecimentos, habilidades e competências. Considerando a atividade física, para se adquirir ou mudar um movimento é preciso aprendê-lo. Esse processo é denominado de aprendizagem motora, o qual desencadeia mudanças no estado interno do indivíduo, causando uma melhoria relativamente permanente (estável) no desempenho motor como resultado da prática (MAGILL, 2000). Dessa forma, a aprendizagem motora estabelece uma alteração no comportamento motor. EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE A aprendizagem motora está relacionada também ao desempenho motor, que se caracteriza pela tentativa de um indivíduo produzir uma determinada ação motora. O desempenho nesse movimento vai variar dependendo do nível de aprendizagem e de fatores como motivação, ativação, fadiga e condição física (SCHMIDT; WIRSBERG, 2001). Observação A aprendizagem motora pode ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento, dependendo do estado das estruturas e funções do organismo, que são capazes de contribuir ou não para a aquisição do novo movimento. O processo de aprendizagem e de desempenho de uma tarefa ou movimento é caracterizado por estágios que marcam a adaptação progressiva do organismo a um determinado estímulo. Se considerarmos o estágio inicial e o final da aprendizagem motora, poderemos observar que, no estágio inicial, o indivíduo busca, em suas tentativas, adquirir uma ideia geral do movimento ou entender o padrão básico de coordenação (NEWELL, 1985). Já o desempenho motor resiste à aprendizagem incerta, prática lentificada, inconsistência e aparência rígida. Após um período de prática, consolidam-se algumas capacidades adquiridas, motivação, ativação, dificuldade de tarefa e experiência prévia, o indivíduo pode alcançar um estágio em que o desempenho se torna mais preciso e consistente (franceses têm significado relevante). Nesse estágio, a pessoa já tem uma boa ideia do padrão básico de movimento, indicando o progresso na reestruturação da ação motora. O estágio seguinte, de automatização e consolidação das capacidades precisas, consistentes e confiantes, é finalizado. No quadro a seguir é possível observar as características do desempenho no estágio inicial, intermediário e final da aprendizagem. Quadro 8 – Estágios da aprendizagem e características do desempenho motor Aprendizagem início Aprendizagem meio Aprendizagem fim Aparência rígida Mais relaxado Automático Impreciso Mais preciso Preciso Inconsistente Mais consistente Consistente Lento Mais fluente Fluente Tímido Mais confiante Confiante Indeciso Mais decidido Decidido Inflexível Mais adaptável Adaptável Ineficiente Mais eficiente Eficiente Muitos erros Menos erros Reconhece erros Adaptado de: Schmidt e Wrisberg (2001). Unidade II Observação No estágio inicial da aprendizagem, a demanda cognitiva é grande, pois a pessoa precisa pensar (muito) para realizar o movimento. Com o decorrer do aprendizado, a demanda cognitiva diminui. Com a apresentação dos conceitos de habilidade e aprendizagem motora, podemos definir o processo de ensino-aprendizagem. Esse processo é o centro da educação e envolve estágios para o aprendizado e o desenvolvimento da tarefa, assim como a interação entre professor e aluno. No processo de ensino-aprendizagem, há uma troca constante e dinâmica entre os conhecimentos do professor e os do aluno. Nesse processo, o conteúdo referente ao currículo (formal) e os conteúdos únicos (vivências, história, individualidade) tanto do professor quanto do estudante interagem. Nessa troca de saberes, o professor deve entender como o aluno aprende e quais condições afetam sua aprendizagem, criando e adaptando estratégias para a melhor forma de aprendizado. Uma das abordagens do processo ensino-aprendizagem bastante utilizada é a abordagem baseada no problema (SCHMIDT; WRISBERG, 2001). Diante de um determinado problema motor, o indivíduo deve ser capaz de fazer as melhores escolhas, criando soluções rápidas. Isso ocorre após experimentação, tentativas e erros. Contudo, o grande ponto dessa abordagem se refere à capacidade de formular as perguntas certas, que no caso do movimento, são: Quem? Qual? Onde? Porém, o que significam essas perguntas? Quem se refere à pessoa, que tem capacidades, experiências prévias, nível de maturação ou limitações para realizar o movimento. Qual está associada à natureza da tarefa, por exemplo, uma tarefa sensório-motora. É preciso definir o que fazer e como fazer. A tomada de decisão pode ser determinante para um bom desempenho da atividade. Onde é o contexto no qual o movimento será realizado. Onde a pessoa quer realizar o movimento: em um lugar específico, em qualquer lugar, com ou sem plateia? O importante é dar oportunidades de prática em contextos diferentes para que o indivíduo desenvolva estratégias diferentes para a realização de problemas motores variados (veja a figura a seguir).
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Unidade II Essas sequências para a realização do movimento, envolvendo cérebro, músculos e meio ambiente, caracterizam o comportamento motor, que consiste na aquisição de habilidades básicas que são combinadas e progridem para habilidades mais complexas ou refinadas a partir da aprendizagem motora. Observação O desenvolvimento motor é um processo contínuo, relacionado à idade e que acarreta mudanças sequenciais, influenciando os padrões de comportamento motor ao longo da vida. 5.1 Comportamento motor e os sistemas sensorial e perceptivo As capacidades motoras, como vimos anteriormente, podem ser classificadas em capacidades motoras condicionantes e capacidades motoras coordenativas, as quais também podem ser ponderadas como componentes da aptidão física. Considerando a denominação capacidades motoras, dentre os dois tipos de capacidades, as coordenativas são aquelas relacionadas com o comportamento e o controle motor, pois se referem à organização e à formação dos movimentos. Nesse sentido, as capacidades motoras coordenativas da detecção, da elaboração e do processamento de informações, que possibilitam o controle da execução dos movimentos por meio da contribuição do sistema sensorial: informações visuais, auditivas e cinestésicas (GUEDES, 2011). Na verdade, os movimentos podem ser categorizados como habilidades “perceptomotoras”, já o processo de saber onde e a posição ou localização do corpo no espaço serão fundamentais para a realização da ação motora. Lembrete As capacidades motoras condicionantes (força, velocidade, resistência e flexibilidade) estão relacionadas às ações musculares e à demanda, produção e utilização de energia do metabolismo. A informação sensorial e a perceptiva são altamente integradas e se comunicam com o ambiente (HAYWOOD; GETCHELL, 2004). Contudo, essa comunicação é estabelecida por meio de ações ou atitudes para permitir que os sistemas interajam. Para ver, é preciso olhar em direção ao que se quer enxergar; para ouvir, é preciso posicionar o ouvido em direção ao som; para sentirmos a textura de um material, é preciso tocá-lo, confirmando a interação dos sistemas com o ambiente. O sistema sensorial é composto de visão, audição e propriocepção ou sistema cinestésico. A visão é determinada pelos olhos, que são os receptores sensoriais desse sistema. Os receptores do ouvido são denominados de aparelho vestibular e estão localizados no ouvido interno. Já a propriocepção tem receptores proprioceptores localizados em todo o corpo, como nos músculos esqueléticos, nas junções musculotendíneas, nas cápsulas articulares e nos ligamentos. A propriocepção tem muitos receptores, pois ela produz diferentes informações, como ligamento: 60 EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE os movimentos corporais; a posição do corpo no espaço; a posição das partes do corpo relativas umas às outras; a natureza dos objetos com os quais o corpo estabelece contato (HAYWOOD; GETCHELL, 2004). Quadro 6 – Propriocepção: receptores e localização Receptor Localização Fusos musculares Músculos Órgãos tendinosos de Golgi Junções musculotendíneas Articulações Cápsulas articulares e ligamentos Canais semicirculares Ouvido interno Cutâneo Pele Adaptado de: Haywood e Getchell (2004). A percepção é a forma como interpretamos as informações dos sentidos. A visão, por exemplo, proporciona uma percepção sobre o espaço, a distância, a profundidade, a presença de objetos e a percepção do movimento (direção e velocidade). A audição permite a percepção da localização, a diferença entre sons semelhantes, ruídos ao fundo e padrões de sons. A propriocepção, por sua vez, promove localização tátil e consciência corporal (movimento dos segmentos, orientação espacial e direção). Essas percepções podem interagir ou se combinar para proporcionar um movimento mais preciso ou específico. O sistema sensorial e o perceptivo podem ser considerados formas de restrição à realização de movimentos, já que alterações nesses sistemas prejudicam a percepção e a execução das ações motoras. Para compreender melhor como o comportamento motor é alterado pelo envelhecimento, abordaremos brevemente o modelo das restrições do movimento, que demonstra como as interações dinâmicas e as mudanças que ocorrem de maneira continua ao longo da vida afetam o desenvolvimento motor. Lembrete O controle motor se refere à ação integrada e coordenada do sistema nervoso e dos músculos esqueléticos para a produção de movimentos de acordo com as demandas do ambiente. 61 EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE Unidade II A partir de agora, abordaremos os aspectos do campo de atuação da Educação Física, desde a produção do movimento (comportamento motor); o processo ensino-aprendizagem de habilidades motoras de indivíduos idosos; os modelos de intervenção em Educação Física para populações idosas; o planejamento e a aplicação de atividades físicas; até a forma de avaliar os idosos e os benefícios dessas práticas para eles (avaliação da capacidade funcional). Portanto, discutiremos a forma de trabalho e a contribuição da Educação Física para a terceira idade, considerando a implementação de um uso adequado e planejado para essa população. 5 COMPORTAMENTO MOTOR DURANTE O ENVELHECIMENTO O movimento é uma ação de deslocamento, de mudança de posição, seja do corpo, de uma parte dele ou de um objeto. Sempre que pensamos em movimento, pensamos no desejo de executá-lo ou não. Em alguns momentos, percebemos que não temos controle sobre algumas ações, que ocorrem de forma involuntária. Os movimentos voluntário e o involuntário fazem parte de um vasto repertório motor que é aprendido, desenvolvido, reforçado e aperfeiçoado ao longo da vida. Os movimentos, por mais simples, como o de levantar de uma cadeira e caminhar, não conseguimos imaginar todos os procedimentos que a musculatura esquelética e o cérebro desenvolveram para que o corpo se deslocasse, considerando as informações do meio externo. Dessa forma, o sistema motor teve que programar as sequências corretas do movimento, iniciá-las cada uma no momento certo, comandar os músculos apropriados, controlá-los para que a força, a velocidade e a direção dos movimentos fossem exatamente as necessárias, e interrompê-los um a um para que o seguinte se iniciasse (LENT, 2001). Veja as figuras: Figura 27 – O movimento 59 Unidade II 5.1.1 Desenvolvimento motor: modelo das restrições O modelo das restrições do movimento foi formulado por Newell (1985) e sugere que os movimentos ocorrem por meio da interação entre as características do indivíduo, do ambiente que o cerca e do objetivo de sua movimentação (HAYWOOD, GETCHELL, 2004). Veja a figura: Restrições do indivíduo Funcionais Estruturais Restrições da tarefa Restrições do ambiente Figura 28 - Modelo das restrições de Newell As restrições se referem: • Ao indivíduo: as estruturas e funções do corpo, nas diferentes fases da vida, podem favorecer ou não a realização de determinado movimento. A deficiência motora, por exemplo, é um fator limitante ou restritivo para algumas tarefas. • Ao ambiente: as restrições do ambiente ocorrem fora do corpo e podem ser físicas ou socioculturais. As restrições físicas referem-se à temperatura, quantidade de luz, umidade, gravidade e o tipo de superfície utilizada (pisos e paredes). As socioculturais estão associadas a padrões de comportamentos motores determinados por grupos ou lugares. Por exemplo, em um lugar que possua rios que propiciem a prática de remo, as pessoas naturalmente experimentarão essa modalidade esportiva. • Da tarefa: também ocorrem fora do corpo. As regras e o uso de equipamentos são formas de restrição da tarefa. Um exemplo é a regra do basquetebol que estabelece que os deslocamentos com bola devem ser realizados enquanto o jogador bate ou quica a bola no chão. Mudanças em qualquer um desses elementos podem acarretar restrições na realização do movimento. Considerando as características do envelhecimento, podemos supor que muitas restrições ocorrerão nessa fase. EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE 5.2 Comportamento motor e as fases do desenvolvimento motor A determinação do comportamento motor ocorre de acordo com o desenvolvimento motor, que consiste em mudanças contínuas e sequenciais ao longo da vida, envolvendo três classes gerais de comportamento motor: estabilidade (controle postural e equilíbrio), locomoção (deslocamento) e manipulação (objetos). O início do desenvolvimento motor, que determinará o comportamento motor, começa após a concepção, compreendendo todo o período de vida intrauterina através dos movimentos fetais (MANOEL, 1994). Após o nascimento, o bebê realiza movimentos reflexos até cerca de 1 ano de idade. Em seguida, os movimentos de estabilidade (controle postural), de locomoção e de manipulação passam a ser voluntários e adquirem um padrão de movimento rudimentar. A experimentação e a combinação desses movimentos caracterizam a fase de movimentos fundamentais. A fase de movimentos rudimentares e de movimentos fundamentais ocorrem, geralmente, entre os 2 e 7 anos de idade. A última fase, a fase dos movimentos especializados, se refere ao refinamento dos movimentos de estabilização, locomoção e manipulação (GALLAHUE; OZMUN, 2001). Apesar da fase de movimentos especializados ocorrer entre os 7 e os 14 anos de idade, esse processo de desenvolvimento e estabelecimento do comportamento motor continua com o decorrer da vida e é retratado no modelo da ampulheta de Gallahue (GALLAHUE; OZMUN, 2001): Figura 29 - O modelo da ampulheta de Gallahue À junção entre o modelo da ampulheta, que descreve as mudanças no padrão da tarefa, e o modelo das restrições, que apresenta as limitações à realização do movimento, constituem o modelo da ampulheta triangulada (GALLAHUE, OZMUN, GOODWAY, 2013). Esse modelo apresenta o processo/produto do desenvolvimento motor ao longo da vida. Veja: Unidade II A ampulheta: modelo de desenvolvimento motor durante o ciclo da vida de Gallahue Controle motor de competência motora Hereditariedade Ambiente Fatores Fase motora especializada Fase motora fundamental Fase motora rudimentar Fase motora reflexiva Figura 30 - O modelo da ampulheta triangulada Na velhice, as experiências motoras se tornam imprescindíveis, pois nessa etapa o idoso precisa se adaptar ao corpo em envelhecimento, aos declínios de funções e à modificação dos padrões de movimento. Curiosamente, apenas na década de 1980, o desenvolvimento motor foi entendido como um processo contínuo dentro do ciclo de vida, envolvendo ganhos e melhorias de desempenho motor, assim como perdas e reduções (SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA, 2004; ROBERTON, 1989). Nesse sentido, o aumento da eficiência no desempenho das habilidades motoras ocorreria até os 20 anos de idade e o declínio, dessas mesmas habilidades, entre os 70 e os 80 anos (WADE, 2000). Contudo, considerando o comportamento motor, será que esses declínios refletiriam em alterações no padrão dos movimentos? Nem sempre. Se analisarmos a marcha (movimento de locomoção), observaremos algumas alterações no padrão de movimento, principalmente dos idosos com mais de 70 anos. A marcha fica mais lenta, os passos ficam mais curtos, os pés quase não se levantam – se arrastam –, o equilíbrio fica difícil e o controle postural também se mostra prejudicado. Considerando a velocidade da marcha, Judge, Ounpuu e Davis (1996) constataram que a velocidade da marcha diminui entre 12% a 16% por década a partir dos 70 anos. Nesse momento, as alterações e/ou mudanças dos músculos esqueléticos (perda de massa, redução no número de fibras do tipo II e de inervação), assim como as do sistema nervoso (perda de neurônios, diminuição das sinapses, redução na velocidade do processamento das informações, etc.), estão mais pronunciadas. A sequência de planejamento, controle, ordenação e realização do movimento já não é tão rápida e eficaz, passando a ser algo mais “perceptível”. Essa dificuldade de andar é acompanhada por problemas para a EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE realização de outras tarefas. Inicialmente, o declínio das funções do organismo dificulta a execução de atividades da vida diária, reduzindo a capacidade funcional do indivíduo. Com o agravamento das perdas (pelo próprio envelhecimento, por falta de estímulos, inatividade física ou acometimento por doenças), o idoso passa a ter dificuldades de praticar atividades de autocuidado, reduzindo sua qualidade de vida, autonomia e independência e ficando vulnerável a quedas, acidentes domésticos, internação hospitalar e institucionalização. Diante desse quadro, uma das principais hipóteses para o declínio progressivo do desempenho motor do idoso estaria ligado à lentificação do processamento de informações, devido à diminuição da velocidade com que os sistemas sensorial, perceptivo e motor (sistema perceptomotor) seriam realizados (CERELLA, 1985). No entanto, outra corrente de pensamento tem sugerido que a redução do desempenho não ocorreria para as funções do sistema, perceptoração ou sensorio-motor que continuassem a ser praticadas durante o envelhecimento (KRAMPE; ERICSSON, 1996). O declínio do desempenho, desse modo, estaria relacionado de forma seletiva ao desuso de funções, movimentos ou assemelhados para os idosos ativos (FISK; ROGERS, 2000). Nesse sentido, os indivíduos permanecem realizando suas atividades sem apresentar grandes reduções menores no desempenho motor quando comparados às daqueles que pararam de fazer um pouco um movimento específico. Teixeira (2006) testou o desempenho perceptomotor ou sensório-motor de indivíduos fisicamente ativos entre 19 a 73 anos de idade em testes de tempo de reação, força máxima e condução de alvo no computador. Observou a redução no tempo de execução com a idade movendo cercavam faixas de idade diferentes, o mesmo vale para a queda do desempenho sensorio-motor em experimentar, onde se buscou demonstrar a idéia de que o desempenho motor ou tempo de reação, o declínio do desempenho foi observado diferentes tipos tarefa um exemplo da “experiência” enquanto crescia. Esse processo performance, possivelmente contribuído por!” foi recomendada por Barton (2001) para idosos. Entretanto, para onde se sugere que reduzido as dificuldades rencontré performance, mesmo entre centenários. Quando uma tarefa é absorvida pelas estruturas e funções do organismo do idoso, que parecem ocorrer através de uma interação entre a demanda da tarefa ou do movimento, os processos que envolvem esse movimento e o desempenho (SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA, 2004). O idoso seria capaz de ajustar o movimento de acordo com o grau de dificuldade exigido pela tarefa, usando sua experiência motora. Dessa forma, não haveria alteração do padrão de movimento em decorrência das alterações das estruturas e funções do organismo, e sim ajustes para se adequar às necessidades do movimento. Porém, é difícil dissociar alguma limitação do padrão de realização da tarefa. Por mais que haja adaptação, na maioria das vezes, ela é acompanhada de alguma restrição. Tarefas como arremessar ou chutar uma bola podem ser limitadas pela amplitude articular, interferindo no resultado da tarefa. Saiba mais Leia o artigo a seguir: TEIXEIRA, L. A. Declínio de desempenho motor no envelhecimento é especifico à tarefa. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n. 6, nov./dez., 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v12n6/ a10v12n6.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2018. Unidade II Vale ressaltar que a manutenção de uma vida ativa contribui para minimizar as perdas e grandes variações do comportamento motor observadas na velhice. A atividade física, mais uma vez, se apresenta como uma ferramenta fundamental para a manutenção da qualidade de vida. 6 PROCESSO ENSINO–APRENDIZAGEM DE HABILIDADES MOTORAS DE INDIVÍDUOS IDOSOS O processo ensino-aprendizagem de habilidades motoras envolve alguns conceitos importantes, como habilidade e aprendizagem motora, os quais são fundamentais para o entendimento desse processo. Começando pelo primeiro conceito: o que é habilidade motora? É qualquer atividade muscular dirigida para um objeto específico, ou seja, para o desempenho de uma tarefa. Essa tarefa pode ser correr, pular ou cozinhar. A habilidade motora também pode se relacionar às características que diferenciam um executante de alto nível de baixo nível. Dessa forma, a habilidade motora pode ser definida como o sucesso e qualidade do movimento que o executante possui (SCHMIDT; WIRSBERG, 2001). O quadro a seguir apresenta as características que distinguem diferentes tipos de habilidades motoras de acordo com: a forma de organização da tarefa; os elementos motores e cognitivos; e o nível de previsibilidade ambiental. Quadro 7 – Dimensões da habilidade motora Habilidade Características Classificação Exemplo Discreta Ação breve com início e fim Organização da tarefa Arremessar uma bola Seriada Várias ações em sequência Escovar os dentes Contínua Ação sem início ou fim definidos Nadar Motora Qualidade do movimento Importância dos elementos motores e Trocar pneu Cognitiva Qualidade da decisão cognitivos Jogar xadrez Aberta Ambiente imprevisível Previsibilidade ambiental Futebol Fechada Ambiente previsível Ginástica Adaptado de: Schmidt e Wrisberg (2001). A aprendizagem é um processo que ocorre a partir de estudos, experiências e observações e que resulta na aquisição ou modificação de conhecimentos, habilidades e competências. Considerando a atividade física, para se adquirir ou mudar um movimento é preciso aprendê-lo. Esse processo é denominado de aprendizagem motora, o qual desencadeia mudanças no estado interno do indivíduo, causando uma melhoria relativamente permanente (estável) no desempenho motor como resultado da prática (MAGILL, 2000). Dessa forma, a aprendizagem motora estabelece uma alteração no comportamento motor. EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE A aprendizagem motora está relacionada também ao desempenho motor, que se caracteriza pela tentativa de um indivíduo produzir uma determinada ação motora. O desempenho nesse movimento vai variar dependendo do nível de aprendizagem e de fatores como motivação, ativação, fadiga e condição física (SCHMIDT; WIRSBERG, 2001). Observação A aprendizagem motora pode ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento, dependendo do estado das estruturas e funções do organismo, que são capazes de contribuir ou não para a aquisição do novo movimento. O processo de aprendizagem e de desempenho de uma tarefa ou movimento é caracterizado por estágios que marcam a adaptação progressiva do organismo a um determinado estímulo. Se considerarmos o estágio inicial e o final da aprendizagem motora, poderemos observar que, no estágio inicial, o indivíduo busca, em suas tentativas, adquirir uma ideia geral do movimento ou entender o padrão básico de coordenação (NEWELL, 1985). Já o desempenho motor resiste à aprendizagem incerta, prática lentificada, inconsistência e aparência rígida. Após um período de prática, consolidam-se algumas capacidades adquiridas, motivação, ativação, dificuldade de tarefa e experiência prévia, o indivíduo pode alcançar um estágio em que o desempenho se torna mais preciso e consistente (franceses têm significado relevante). Nesse estágio, a pessoa já tem uma boa ideia do padrão básico de movimento, indicando o progresso na reestruturação da ação motora. O estágio seguinte, de automatização e consolidação das capacidades precisas, consistentes e confiantes, é finalizado. No quadro a seguir é possível observar as características do desempenho no estágio inicial, intermediário e final da aprendizagem. Quadro 8 – Estágios da aprendizagem e características do desempenho motor Aprendizagem início Aprendizagem meio Aprendizagem fim Aparência rígida Mais relaxado Automático Impreciso Mais preciso Preciso Inconsistente Mais consistente Consistente Lento Mais fluente Fluente Tímido Mais confiante Confiante Indeciso Mais decidido Decidido Inflexível Mais adaptável Adaptável Ineficiente Mais eficiente Eficiente Muitos erros Menos erros Reconhece erros Adaptado de: Schmidt e Wrisberg (2001). Unidade II Observação No estágio inicial da aprendizagem, a demanda cognitiva é grande, pois a pessoa precisa pensar (muito) para realizar o movimento. Com o decorrer do aprendizado, a demanda cognitiva diminui. Com a apresentação dos conceitos de habilidade e aprendizagem motora, podemos definir o processo de ensino-aprendizagem. Esse processo é o centro da educação e envolve estágios para o aprendizado e o desenvolvimento da tarefa, assim como a interação entre professor e aluno. No processo de ensino-aprendizagem, há uma troca constante e dinâmica entre os conhecimentos do professor e os do aluno. Nesse processo, o conteúdo referente ao currículo (formal) e os conteúdos únicos (vivências, história, individualidade) tanto do professor quanto do estudante interagem. Nessa troca de saberes, o professor deve entender como o aluno aprende e quais condições afetam sua aprendizagem, criando e adaptando estratégias para a melhor forma de aprendizado. Uma das abordagens do processo ensino-aprendizagem bastante utilizada é a abordagem baseada no problema (SCHMIDT; WRISBERG, 2001). Diante de um determinado problema motor, o indivíduo deve ser capaz de fazer as melhores escolhas, criando soluções rápidas. Isso ocorre após experimentação, tentativas e erros. Contudo, o grande ponto dessa abordagem se refere à capacidade de formular as perguntas certas, que no caso do movimento, são: Quem? Qual? Onde? Porém, o que significam essas perguntas? Quem se refere à pessoa, que tem capacidades, experiências prévias, nível de maturação ou limitações para realizar o movimento. Qual está associada à natureza da tarefa, por exemplo, uma tarefa sensório-motora. É preciso definir o que fazer e como fazer. A tomada de decisão pode ser determinante para um bom desempenho da atividade. Onde é o contexto no qual o movimento será realizado. Onde a pessoa quer realizar o movimento: em um lugar específico, em qualquer lugar, com ou sem plateia? O importante é dar oportunidades de prática em contextos diferentes para que o indivíduo desenvolva estratégias diferentes para a realização de problemas motores variados (veja a figura a seguir).