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Engenharia Ambiental ·
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PEDOLOGIA FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Profa Larissa Donato PEDOLOGIA MaríliaSP 2023 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais visando à geração sistematização e disseminação do conhecimento para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social econômico e cultural da comunidade em que está inserida Missão da Faculdade Católica Paulista Av Cristo Rei 305 Banzato CEP 17515200 Marília São Paulo wwwucaedubr Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização Todos os gráficos tabelas e elementos são creditados à autoria salvo quando indicada a referência sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos Diretor Geral Valdir Carrenho Junior PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 07 16 22 30 39 50 59 70 78 87 101 109 117 125 132 INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA INTERDISCIPLINARIDADE NA PEDOLOGIA AGENTES FORMADORES DO SOLO FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DO SOLO PODZOLIZAÇÃO LATERIZAÇÃO SALINIZAÇÃO E GLEIZAÇÃO PROPRIEDADES DOS SOLOS O PERFIL DO SOLO DESIGNAÇÃO DE CAMADAS E HORIZONTES O PERFIL DO SOLO MORFOLOGIA E TÉCNICAS DE ANÁLISE MEDIDAS DE PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS SOLOS CONSERVAÇÃO DOS SOLOS TIPOS E USOS DOS SOLOS EROSÃO MECANISMOS FORMADORES E FATORES INTERVENIENTES TOLERÂNCIA DE PERDA DE SOLO ROCHAS SOLOS E FÓSSEIS ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA II PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 6 INTRODUÇÃO Quando nos referimos à Pedologia direcionamos os estudos para o solo e todas as suas condições Em Pedologia estudamos a origem a transformação o desenvolvimento a localização e os usos desse recurso natural que é o solo E talvez aqui neste nosso primeiro parágrafo já esteja a importância e a justificativa de se estudar pedologia o solo é um recurso natural mineral que se origina a partir do desgaste rochoso e que os seres vivos animais e vegetais utilizamos como meio de garantir de vida É do solo que retiramos os principais nutrientes uma vez que é nele que produzimos a grande e absoluta maioria dos alimentos consumidos Sendo assim nesta disciplina estudaremos não somente a sua origem e formação mas também a sua importância Para além disso focaremos também nos estudos do meio e no solo como substrato base afinal além de alimento o solo também é alicerce Desde a introdução à pedologia com a história dos estudos sobre os tipos de solos passando pelos fatores que influenciam na formação do solo e suas principais propriedades faremos análise de perfis do solo com designação das camadas e horizontes com medidas de prevenção e recuperação dos solos afinal não podemos danificar poluir ou perder esse bem natural Para isso faremos o reconhecimento da localização dos usos dos solos no Brasil e no mundo aprenderemos sobre sua conservação para evitar erosão que ultrapassam a tolerância de perda de solo Um tema dinâmico articulado com outras ciências e em constante transformação não tem nem origem nem futuro estático por isso demanda de atualização e estudos recorrentes PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 7 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA À ciência que estuda o solo sua origem morfologia classificação e mapeamento é dado o nome de Pedologia De acordo com Queiroz Neto 2011 a palavra Pedologia é formada por dois termos gregos pedon que significa solo e logia traduzida como estudo Para Lepsch 2011 a Pedologia é uma subdivisão da Ciência do Solo e dedicase a analisar os aspectos genéticos do solo sua organização morfológica resultante da atuação dos fatores de formação seu mapeamento e a distribuição dos solos na paisagem O autor acrescenta que a Pedologia tem importantes aplicações diretas e indiretas fornece conhecimento básico a respeito da estrutura química mineralógica física e morfológica de um dado solo algo fundamental para futuras aplicações agrícolas geotécnicas e mesmo ecológicas possibilita a diferenciação de classes de solo e portanto sua categorização permite a construção de mapas e modelos de evolução na paisagem facilitando o entendimento a respeito da distribuição dos solos no planeta LEPSCH 2011 p 61 Os solos são considerados um dos mais preciosos recursos naturais da Terra e seu estudo é constitui a base de diversos ramos da ciência O conjunto de solos de todo o planeta é denominado pedosfera sendo que sua formação depende da interseção de quatro fatores hidrosfera atmosfera biosfera e litosfera Nas palavras de Lepsch 2010 p 20 O limite superior do solo é a biosfera e a atmosfera com as quais se entrelaça Lateralmente ele pode passar para corpos dágua rocha desnuda gelo ou areias de praias costeiras ou de dunas movediças O limite inferior é mais difícil de ser estabelecido porque ele passa progressivamente à rocha dura ou a material geológico inconsolidado Portanto ao se situar na interface entre a litosfera biosfera atmosfera e hidrosfera outro nome para o conjunto de solos da Terra é a pedosfera figura 1 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 8 Figura 1 Pedosfera Fonte httpsoldscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0100204X2016000900001 Lepsch 2011 p 63 afirma que o solo não é somente um conjunto de minerais matéria orgânica água e ar mas o resultado dessas interações Citando o Manual de Levantamento de Solos o autor descreve o solo como sendo A coleção de corpos naturais que ocupam partes da superfície terrestre os quais constituem um meio para o desenvolvimento das plantas e que possuem propriedades resultantes do efeito integrado do clima e dos organismos vivos agindo sobre o material de origem e condicionado pelo relevo durante certo período de tempo Queiroz Neto 2011 lembra que o solo só é encontrado onde 1 não existe cobertura permanente de gelo 115 da superfície terrestre e 2 onde existe água suficiente para manter atividades biológicas 85 de desertos não há atividade biológica Nesse sentido o solo ocupa 80 da parte emersa na crosta terrestre Para Lepsch 2011 o solo representa o maior reservatório de biodiversidade do planeta pois milhares de espécies de artrópodes vertebrados crustáceos moluscos anelídeos e outros grupos de animais apresentam ao menos uma parte de seu ciclo de vida associada ao solo Complexas teias ecológicas existem nos inúmeros tipos de solos nos mais variados ambientes da Terra O autor afirma que cerca de 95 de toda a biodiversidade do planeta encontrase no solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 9 O solo constituise em um recurso natural extremamente utilizado pelo homem sendo que Queiroz Neto 2011 menciona que os principais usos que o homem faz deste elemento revelamse em duas formas sendo elas meio de produção de bens e espaço para assentamento permanente 1 Meio de produção de bens como elemento do biótipo seres vivos animais e vegetais apropriação produção agropecuária e florestal como elemento da litosfera apropriação da produção mineral 2 Espaço para assentamento permanente para atividades não produtivas moradia edificações vias de circulação e vias de comunicação para atividades produtivas atividade industrial figura 2 Figura 2 Esquema das demandas atuais dos solos segundo as necessidades humanas à esquerda e conservação dos ecossistemas à direita Fonte Lepsch 2010 Lepsch 2010 menciona que há mais ou menos 30 mil anos atrás os povos primitivos enxergavam o solo de uma maneira simplória ou seja este era visto apenas como um lugar que permitia sua locomoção a produção de seus alimentos e lhes fornecia barro para confeccionar objetos de cerâmica e pigmentos para suas pinturas rupestres Entretanto após a última era glacial cerca de 10 mil anos atrás os homens começaram a se fixarem nos lugares iniciando o cultivo de seus alimentos de forma sistemática figura 3 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 10 Então de nômade passou a se fixar e a defender determinada porção de terra cujo solo além de suportar a vegetação nativa podia servir para colocar sementes que em condições favoráveis germinariam cresceriam e produziriam alimentos Assim à medida que surgiam as cidades aumentava o interesse pela agricultura e consequentemente pelo conhecimento do solo Lepsch 2010 p 11 grifo nosso Figura 3 Pintura rupestre em parede de caverna representando uma arara Fonte Lepsch 2010 O desenvolvimento das primeiras civilizações esteve portanto atrelado à qualidade dos solos em que o homem se estabeleceu Assim muitos dos pequenos grupos humanos apresentaram maior crescimento populacional porque suas cidades situavam se em áreas com solos férteis e próximas a fontes de água MUMFORD 1982 Ainda de acordo com Mumford 1982 as primeiras civilizações datadas de 3500 aC na Mesopotâmia às margens dos rios Tigre e Eufrates figura 4 seguidas pelas cidades criadas no Vale do Rio Nilo 3100 aC Vale do Rio Indo 2500 aC na região do Paquistão e Vale do Rio Amarelo 1550 aC na China localizavamse próximas à vales de rios o que proporcionava o manejo do solo principalmente para a alimentação humana PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 11 Figura 4 Localização das primeiras civilizações De acordo com Lepsch 2010 os registros agrícolas deixados pelas grandes civilizações da Antiguidade apontavam que a diferenciação do solo se dava de acordo com seu nível de produtividade fato este que vinculava o reconhecimento do solo como um meio para o desenvolvimento das plantas ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O projeto RADAM Radar da Amazônia teve como objetivo levantar um banco de dados de imagens aéreas por meio de fotografias em aviões para reconhecimento integrado de recursos naturais de uma área de 1500000 km² com inicio na deácad de 1970 Em 1975 se estendeu para o Brasil com dados de registros fotográficos obtidos nas pesquisas de campo que geraram cartas temáticas divididas basicamente em cinco seções Geologia Geomorfologia Solos Vegetação Uso e Potencial da Terra PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 12 Fonte ftpgeoftpibgegovbrmapastematicosvegetacao Conheça mais sobre o projeto no site do IBGE ftpgeoftpibgegovbrmapastematicosvegetacao Na China há cerca de 6600 anos as terras foram divididas em nove grupos de acordo com sua produtividade na Grécia há 2500 anos nos trabalhos de Hipócrates encontrase a afirmação de que a terra está relacionada com as plantas tal como o estômago com os animais na América do Sul os indígenas brasileiros obtinham alguns de seus alimentos com a derrubada e queima de pequenas porções da floresta tropical úmida para ali cultivar durante dois ou três anos o solo recémfertilizado pelas cinzas da queimada nos Andes civilizações mais desenvolvidas como a dos Incas adotavam uma agricultura mais permanente e eficiente irrigando o solo em várzeas e em terraços construídos nas escarpas das íngremes montanhas Lepsch 2010 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 13 Segundo Espindola 2018 várias menções aos solos são encontradas até mesmo em civilizações já extintas O autor cita um roteirista e apresentador de documentários da BBC de Londres que mencionou povos anteriores a 50 mil anos os quais teriam derrubado florestas para a prática da agricultura em áreas de terras por vezes inundadas mas de solos muito produtivos Como você pode ver no século XIX o conhecimento a respeito do solo já estava bastante desenvolvido em diversos países entretanto ainda não existia uma ciência específica para tratar do assunto de maneira sistematizada É nesse cenário que desponta o cientista russo Vassilii Vasilevich Dokuchaev 18461903 formado em 1871 pela Universidade de São Petersburgo Dokuchaev foi convocado pelo Czar da Rússia para estudar os efeitos de uma grande seca que havia ocorrido em uma importante área de exportação na Ucrânia onde o clima era muito frio e relativamente seco Para a realização deste trabalho o cientista organizou uma equipe multidisciplinar com pesquisadores de diversos países A produção científica resultante dessa investigação rendeu a Dokuchaev o título de Pai da Pedologia Espindola 2018 Lepsh 2011 menciona que partir dos estudos de Dokuchaev o solo passou a ser considerado um corpo distinto diferente das rochas e dos sedimentos os quais dão origem ao solo com influências do clima da vegetação do relevo e do tempo A partir dessa ideia Dokuchaev figura 5 criou a primeira classificação de solos Iniciavase assim um novo ramo da ciência a Pedologia No que tange o surgimento da Pedologia enquanto ciência o Manual Técnico de Pedologia do IBGE 2015 p 35 assevera que As bases da Pedologia ramo do conhecimento relativamente recente ou Ciência do Solo como também é chamada foram lançadas em 1880 na União Soviética pelo cientista V V Dokuchaev 18461903 ao reconhecer que o solo não era um simples amontoado de materiais não consolidados em diferentes estádios de alteração mas resultava de uma complexa interação de inúmeros fatores genéticos clima organismos e topografia os quais agindo durante certo período de tempo sobre o material de origem produziam o solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 14 Figura 5 Vassilii Vasilevich Dokuchaev Fonte httpecossamcombr20210612vasilydokuchaevopaidacienciadosolo Em 1875 o Governo Russo contratou Dokuchaev para construir um mapa de solos da parte europeia da Rússia Com isso o cientista criou a primeira Classificação de Solos e sua Descrição a Chernozem Chernozem b Clay Soils Solo Argiloso c Sand Solo Arenoso d Loan or Sandy Loan Solo Formado de Sedimentos e Silty Soil Solo Siltoso f Saline Soil Solo Salino g Chalk Soil Solo de Sedimento Argiloso de Cor Clara h Stony Soil Solo Pedregoso UFPR online PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 15 A preocupação de Dokuchaev em explicar a formação dos solos e estabelecer um sistema de classificação era também uma preocupação em definir uma nova área de estudo e delimitar o espaço dentro do contexto do campo da ciência De acordo com o Manual Técnico de Pedologia do IBGE 2015 p 35 a expansão dos estudos pedológicos decorreu principalmente da necessidade de corrigir a fertilidade natural dos solos elevar sua fertilidade natural neutralizar a acidez do solo agrupar solos apropriados para determinadas culturas e preservar os solos contra os perigos da erosão Entretanto Lepsch 2010 pontua que as descobertas de Dokuchaev demoraram para chegar à Europa e às Américas em razão das dificuldades da língua russa Somente em 1914 Glinka um dos seguidores da Escola Russa traduziu os conhecimentos de Dokuchaev para a língua alemã Posteriormente ao conhecer o trabalho traduzido por Glinka o geógrafo americano Marbut fez a tradução do texto para o inglês o que ajudou a promover as descobertas da escola russa para o resto do mundo ISTO ESTÁ NA REDE Não deixe de conhecer o primeiro material técnico de pedologia no brasil Ele foi feito pela Embrapa e tem versões atualizadas disponíveis em meio digital httpswwwembrapabrsolossibcsformacaodosolo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 16 CAPÍTULO 2 INTERDISCIPLINARIDADE NA PEDOLOGIA A formação do solo é muito dinâmica assim como a sua utilização ainda veremos como acontece esse processo da sua formação na natureza e o quanto o ser humano pode influenciar No entanto já podemos compreender que os solos são utilizados para produção da grande maioria dos alimentos onde plantamos colhemos e nos alimentamos assim como outros animais É no solo que estão edificadas as construções civis e também é no solo que criamos animais É ainda no solo ou abaixo dele na camada rochosa que encontramos recursos minerais como metais carvão pedras preciosas e a própria água assim como fósseis que nos permite conhecer o mundo geológico antigo No processo de formação do solo dividimos alguns deles chamados de processo pedogenéticos figura 6 entre eles Adição pela chuva pelo ar ou pela vegetação como acréscimo vertical descendente iluviação e laterais de soluções provenientes de outros solos ou mesmo verticais ascendentes a partir do lençol freático e por evapotranspiração Remoção ocorre quando a precipitação é maior que a evapotranspiração e os materiais do solo são lavados para baixo ou para fora dele O agente principal de remoção é a água e o processo denominase lixiviação e eluviação Translocação movimento de materiais e substâncias dentro do perfil do solo produzindo acumulações e modificações visíveis da distribuição desses materiais no perfil É o principal processo responsável pela diferenciação do solo em horizontes Transformação podem ser separadas em transformações físico ou mecânica e por intemperização físicoquímicomineralógicas e em alguns casos biológicas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 17 Figura 6 Principais processos pedogenéticos Fonte modificado de Brady Weil 1996 httpswwwresearchgatenetpublication344493599GeneseePropriedadesdoSolofigureslo1 Por isso o solo é estudado em várias áreas do conhecimento científico veremos as principais ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O conhecimento nunca se finda Para conhecer mais sobre o mundo da pedologia em diversas outras ciências busque por elas e faça um mapa mental com as principais informações O processo de colocar as ideias no papel facilita na sua aprendizagem e o fato de buscar por usos em outras ciências te dá um conhecimento amplo e interdisciplinar para propor soluções e qualidade no seu trabalho PEDOLOGIA AQUÁTICA PEDOLOGIA PARA ENGENHARIA AMBIENTAL PEDOLOGIA NA ENGENHARIA AGRÍCOLA PEDOLOGIA NA ENGENHARIA CIVIL PEDOLOGIA NA GEOGRAFIA PEDOLOGIA NA PALEONTOLOGIA PEDOLOGIA NA BIOLOGIA PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 18 Dados atualizados e divulgados pela FAOUNESCO indicam que cerca 12 dos tipos de solos do planeta Terra são possíveis de serem usados como cultivados um total de aproximadamente 16 milhões de quilômetros quadrados Nos trópicos úmidos com solos do tipo Ferralsos Acrisols e Lixisols e Nitisols o modelo de agricultura utilizado é mais extensiva com grandes plantações de soja e canadeaçúcar já nas regiões temperadas a agricultura é intensiva boa parte em solos de Fluvisols Os mapas dos solos do mundo permitem avaliar o potencial para a produção agrícola sendo apenas entre 25 a 30 da superfície terrestre apta para cultivo Por estes motivos o ideal é pensar a aptidão de cada solo e utilizar conforme suas características fazendo com que não haja desperdício e muito menos poluição os desgaste do solo No meio urbano o mesmo já é impermeabilizado compactado e modificado fazendo com que haja mudanças em suas características A engenharia desenvolveu a Mecânica dos Solos um direcionamento aos estudos dirigidos para prever o comportamento de maciços terrosos o solo quando sujeitos a forças provocadas por obras de engenharia como edificações e estradas Nesse sentido percebemos as diversas áreas utilizando desse elemento solo para os trabalhos de engenharia como estradas aterros sanitários lagoas de decantação de efluentes de esgotos Para tal o conhecimento de Climatologia Hidrografia Biologia Quimica Mineralogia entre outros são necessários para que haja uso correto O solo é um recurso natural da superfície da Terra considerase sua formação classificação e seu mapeamento além disso seus atributos físicos químicos e biológicos Existem várias especializações que estudam os diversos ramos da Ciência do Solo como a Pedologia e a Edafologia Nesse sentido os engenheiros agrônomos químicos geólogos geógrafos microbiologistas entre outros profissionais contribuem para o avanço da Ciência do Solo ISTO ESTÁ NA REDE Que tal ouvir um podcast No programa Sedmo Solos Ecologia e Dinâmica da Matéria Orgânica com vários episódios Jadson Belem de Moura debate sobre nutrientes formação desgastes e soluções em solos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 19 A consistência a coloração e a granulometria são um dos atributos do solo e referemse à características do material do solo para com a manipulações ou estresses mecânicos ou seja na consistência por exemplo referese à aplicação de força em estágios de umidade de grande interesse aos trabalhos de engenharia A redução da porosidade do solo proporciona o aumento de densidade global pois amplia a resistência da estrutura por meio da pressão no solo processo desejado na engenharia para as fundações das construções A coloração referese ao elemento ou aos elementos de sua composição de origem e ainda de desenvolvimento assim como a granulometria depende do processo de intemperismo e quebra rochosa Veremos tudo isso adiante Perceba que diversas análises assuntos e conhecimento são debatidos e verificados quando estudamos os solos por isso sua efetiva e importante interdisciplinaridade Segundo Campos 2022 existe uma real e importante interfaces entre o estudo de Pedologia e o conhecimento de Arqueologia que serão aqui debatidos mais ao final do nosso material O autor explica que ao considerar a interdisciplinaridade entre as áreas percebe o avanço e a qualidades dos trabalhos desenvolvidos no decorrer de anos e por isso realiza um artigo de análise entre diversos referenciais que provam essa integração SAIBA MAIS Leia o artigo completo sobre o assunto de Arqueologia e Solos com base em revisão de diversos trabalho em httpswwwrevistasuspbrrevmaearticleview162265 Vejamos uma parte muito importante de sua análise A ampla possibilidade de definições e utilizações do termo solo está relacionada com a particularidade e o interesse de cada uma das áreas que tentam definilo ou têm o solo como objeto de estudo Enquanto para o engenheiro esse solo é o material onde se fixam as bases e fundações para uma obra para o agrônomo e agricultor ele é o meio necessário para que as plantas se desenvolvam Para o geólogo é o produto da alteração das rochas que afloram na superfície ao passo que para o arqueólogo é o meio onde seus materiais de pesquisa estão imersos e temse o registro de civilizações passadas Ratzel 1990 argumenta que o solo pode ser considerado como o elemento primordial de um povo É a base sob a qual o Estado se desenvolve e estende seu poder a unidade básica para que uma sociedade se desenvolva e crie laços com o local que ocupa De certa forma para este autor é um dos principais componentes do espaço vital das sociedades CAMPOS 2022 p 249 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 20 Nesta análise percebemos que o solo assim como todo o restante do todo é regido pelo capital ou seja o seu interesse e a sua própria conceituação é diferenciado quando pautado em áreas diferentes Isso mostra não apenas como o estudo da pedologia pode atender aos mais variados interesses de diversas áreas moldandose às necessidades de cada uma delas e sem definições restritas e universais do seu significado Na verdade talvez essa variação não esteja simplesmente no significado de seu termo semântico mas sim no significado e entendimento que cada ser possui acerca dos solos como elemento presente em nosso dia a dia Seja com viés científico ou como parte corriqueira da vida de cada um esse entendimento pessoal pode estar diretamente associado à relação estabelecida com o solo e com a importância deste nas atividades individuais ou sociais sejam elas de pesquisa ou da vida cotidiana CAMPOS 2022 p 250 A Pedologia é então uma ciência muito importante e presente na maioria das áreas profissionais que estão ligadas aos assuntos ambientais Ela necessita diretamente de análises atentas que permitam o uso de critérios e padrões de todos que os estudam É possível afirmar que os elementos que compõem toda a natureza o meio ambiente em que a vida está inserida são muitos e também são detalhados em especificidades além disso todos esses elementos são conectados e interligados entre si por isso considerar diversas áreas do conhecimento e ainda diversos olhares é imprescindível para os estudos qualitativos dos solos Campo 2022 finaliza o seu trabalho com a seguinte conclusão que fica aqui também como uma espécie de ideal e um convite para pensar Essa interação entre áreas do conhecimento certamente tende a ser benéfica para a construção de saberes cada vez mais consolidados e embasados em conceitos e técnicas que por mais que possam parecer distintos e desconexos podem e devem interagir para servir como fonte de informações cada vez mais confiáveis A construção desse conhecimento por meio de fortes e múltiplas bases quando realizada de maneira correta poderá resultar em uma ciência ainda mais forte e estruturada É algo fundamental em um período da nossa história onde cientistas e pesquisadores são praticamente forçados a demonstrar a qualquer custo sua importância PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 21 A interdisciplinaridade é importante e em todas as áreas deve ser levada em consideração Uma equipe plural e multi científica só traz o aumento e a melhoria das práticas efetivas e de interesse também amplo e justo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 22 CAPÍTULO 3 AGENTES FORMADORES DO SOLO O solo é um organismo natural que segundo Lima e Lima 2001 p 1 demora para nascer não se reproduz e morre com facilidade Dada sua relevância para o planeta e para a sociedade é necessário preserválo sendo que para isso é fundamental entender seu processo de formação e quais elementos participam deste processo Como você viu nas aulas anteriores até meados do século XIX acreditavase que o solo era somente um manto de fragmentos de rocha e produtos de sua mutação sendo que sua composição era o reflexo da própria rocha Foi nesse período que o cientista russo Dokuchaev definiu alguns conceitos básicos que mudaram essa visão em relação ao solo Dokuchaev percebeu que existem fenômenos que ocorrem não no material de origem do solo mas no próprio solo sendo assim o cientista passou a entender o solo como um produto das influencias ambientais Rocha 2014 lembra que embora tenha sido Dokuchaev o responsável pela elaboração da ideia principal dos fatores de constituição do solo foi o químico suíço Hans Jenny que sistematizou as idéias de Dokuchaev gerando uma equação que se constitui a base de todos os trabalhos de gênese de solo desde 1941 Segue a equação dos fatores de formação dos solos Solo f m r o c v t F função M material de origem R relevo O organismos C clima T tempo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 23 Conforme ilustra a figura a seguir o clima e os organismos são considerados fatores ativos enquanto o relevo o material de origem e o tempo são fatores passivos Figura 7 Figura 7 Representação esquemática dos fatores de formação do solo Fonte Rocha 2014 Clima O fator clima tende a ser colocado em evidência sobre todos os outros fatores de formação do solo pois isoladamente o clima é o fator que mais contribui para a formação dos solos O clima exerce influência na formação dos solos principalmente através da precipitação e temperatura esses dois elementos regulam o tipo e a intensidade tanto do crescimento dos organismos como do intemperismo das rochas Segundo Lepsch 2010 p 480 é o clima que controla o tipo de vegetação e os processos geomorfológicos que operam na paisagem e que podem resultar em erosões e deposições No que tange à precipitação Rocha 2014 p 72 menciona que As chuvas disponibilizam água necessária para as reações químicas acelerando o processo de decomposição das rochas e alteração dos diversos constituintes do solo A água influencia também o estabelecimento dos organismos que participam do intemperismo químico físico ou biológico criando condições adequadas para seu desenvolvimento e multiplicação Corroborando com a importância da precipitação para o processo de formação do solo Lima e Lima 2001 afirmam que a ausência de água em estado líquido dificulta e até mesmo impede a formação do solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 24 Em relação à temperatura Rocha 2014 p 73 aponta que esta influencia o processo de formação do solo de duas maneiras A primeira é seu efeito na velocidade das reações químicas pois se acredita que a cada 10º C que se eleva na temperatura as reações duplicam ou triplicam sua velocidade A outra influencia sobre o processo de evaporação da água impedindo que os produtos do intemperismo sejam lixiviados Neste sentido quanto mais quente e úmido for o clima mais rápido será o processo de decomposição das rochas Assim as regiões tropicais apresentam fatores favoráveis à formação de solos muito intemperizados profundos e pobres o que resulta em acidez e baixa fertilidade Em regiões áridas e semiáridas os solos são menos intemperizados mais rasos e apresentam melhor fertilidade LIMA LIMA 2001 Consequentemente a distribuição da vegetação no planeta está atrelada diretamente ao clima figura 8 Nas zonas tropicais quentes e úmidas localizamse florestas que permanecem constantemente verdes nas zonas temperadas e úmidas verificase a existência de florestas de coníferas e árvores que só florescem em determinadas estações do ano e nas zonas temperadas e secas prevalece a vegetação de pradarias Figura 8 Principais zonas climáticas do globo Fonte Lepsch 2010 Organismos Entendese que todas as formas de vida existentes no solo influenciam na sua formação Assim vegetais minhocas bactérias fungos insetos e até mesmo o homem exercem papel importante na sua formação Os vegetais são os principais organismos envolvidos no processo de formação do solo De acordo com Rocha 2014 a cobertura vegetal reduz a amplitude térmica o que reduz o impacto direto da precipitação sobre o PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 25 solo evitando a erosão Além disso as raízes das árvores contribuem para o aumento da infiltração de água no solo evitando a remoção de solo por erosão Organismos como as minhocas besouros formigas cupins dentre outros trituram restos de vegetais cavam galerias e misturam materiais dos diversos horizontes do solo Além disso seus resíduos contribuem para a formação do húmus e dos agregados do solo Já os fungos e as bactérias realizam o ataque microbiano produzindo húmus sendo que este possui grande capacidade de retenção de água e nutrientes figura 9 LIMA LIMA 2001 Figura 9 Ciclo de movimentação com adição de nutrientes do solo Fonte Lepsch 2010 Material de Origem A matériaprima dos solos é chamada de material de origem podendo ser de natureza mineral rochas eou sedimentos ou orgânica resíduos vegetais Os materiais rochosos são os mais importantes neste processo pois ocupam grandes extensões Quadro 1 Principais tipos de rochas Fonte Lima e Lima 2001 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 26 O material de origem influencia profundamente as características do solo figura 10 De acordo com Rocha 2014 os solos originados de rochas graníticas ou de arenito tendem a apresentar elevados teores de areia baixos teores de óxidos de ferro e de bases Ca Mg e K enquanto materiais como o basalto e o argilito tendem a formar solos com elevados teores de bases óxidos de ferro e argila Entretanto como já mencionamos o solo é resultado da interação de diversos fatores de formação sendo que nenhum fator isoladamente é capaz de definir qualquer característica do solo Figura 10 Solos de acordo com seu material de origem Fonte Lepsch 2011 Outra questão importante referente ao material e origem é que uma mesma rocha poderá originar solos muito diferentes Por exemplo um granito em região de clima seco e quente origina solos rasos e pedregosos em virtude da reduzida quantidade de chuvas Já em clima úmido e quente essa mesma rocha dará origem a solos mais profundos nãopedregosos e mais pobres LIMA LIMA 2001 p 3 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Conheça mais sobre os processos de formação dos solos e os tipos de solo do Brasil em outro material da Embrapa httpswwwembrapabrtemasolosbrasileirossolosdobrasil PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 27 Relevo Entendemos o relevo como a parte externa do solo Enquanto fator de formação do solo o relevo produz diferenças perceptíveis neste como as variações da cor O relevo interfere na distribuição da água da chuva no terreno da luz do calor do sol e da erosão ocasionadas também por diferenças de altitude formato declividade e posição do terreno LEPSCH 2011 O relevo direciona a energia do processo de formação do solo figura 11 acelerando ou retardando a velocidade das águas das precipitações facilitando ou dificultando a erosão Nas palavras de Lepsch 2010 p 72 As águas das chuvas caem de forma homogénea em um terreno relativamente pequeno conjunto de duas colinas por exemplo Contudo parte dessa água escoa para as partes mais baixas e planas que por isso recebem mais água do que as partes mais altas e declivosas Consequentemente os solos das partes mais baixas serão diferentes dos solos das mais elevadas Figura 11 O relevo na distribuição da precipitação Fonte Lepsch 2010 Tempo De acordo com Rocha 2014 é difícil definir a gênese da formação do solo entretanto de modo geral ela ocorre quando uma rocha sã começa a ser alterada ou um evento de sedimentação se encerra PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 28 Na pedologia o conceito de tempo não está relacionado à cronologia mas à maturidade do solo ou seja o grau de desenvolvimento deste solo Neste sentido quando falamos em solo jovem significa que sua pedogênese foi pouco intensa ou ainda que a erosão foi maior que a pedogênese formando um solo pouco espesso e rico em minerais quando nos referimos a um solo velho significa um solo espesso e quimicamente pobre em minerais ROCHA 2014 Portanto a mais óbvia característica influenciada pelo tempo é a espessura pois solos mais jovens são normalmente menos espessos que os mais velhos LEPSCH 2010 p 491 O tempo que um solo leva para se formar vai depender do tipo de material de origem do clima e do relevo Lima e Lima 2001 afirmam que os solos gerados a partir de rochas com tendência ao intemperismo se formam mais rápido quando comparados com aqueles cujo material de origem é uma rocha de difícil alteração Por exemplo os solos derivados de quartzito rocha rica em quartzo demoram mais tempo para se formarem do que os solos originados de diabásio rocha rica em ferro por ser o mineral quartzo muito resistente ao intemperismo alteração LIMA LIMA 2001 p 6 Solos com diferentes graus de desenvolvimento podem existir próximos um ao outro mesmo sob as mesmas condições de fatores como o relevo e o material de origem Isso ocorre porque as superfícies do terreno destes solos têm idades diferentes figura 12 Ou seja topos encostas ravinas entre outras foram formadas em períodos distintos Figura 12 Evolução temporal do solo Fonte Lepsch 2011 O tempo necessário para que um solo passe do estágio jovem para o maduro varia com o tipo de material de origem as condições de clima e o grau de erosão este último condicionado principalmente pelo relevo e pela vegetação PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 29 Entender os fatores de formação que originam o solo é muito importante uma vez que esse material condiciona muitas das propriedades do solo e que de acordo com a sua composição os processos de gênese são facilitados ou não Você pode ainda entender que o solo é um recurso insubstituível não renovável e leva milhares de anos para se formar ISTO ESTÁ NA REDE Olha só que interessante este site de um projeto sobre solos da USP Universidade de São Paulo A seguir a imagem do próprio site para que você possa buscar ainda mais informações Um vídeo sobre a formação dos solos maio 23 2014 Os solos são diferentes entre si e essas diferenças são causadas por diferentes fatores como relevo em que ele se encontra e a rocha que deu origem a ele Cada fator na formação dos solos é muito decisivo para entender as características de cada um Vamos ver um pouco mais sobre isso neste vídeo Acesse aqui httpswwwyoutubecomwatchv1VcU8pK9hg Este é um vídeo produzido pela equipe de comunicação do Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef em parceria com o Núcleo de Divulgação Científica da UFV no ano de 2012 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 30 CAPÍTULO 4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DO SOLO PODZOLIZAÇÃO LATERIZAÇÃO SALINIZAÇÃO E GLEIZAÇÃO 41 Fatores que influenciam na formação do solo A formação dos solos acontece por meio de processos biológicos físicos e químicos que contribuem para conceder cor textura porosidade e tantas outras propriedades que são importantes para compreender essas características Nesse sentido alguns fatores influenciam nesse processo de formação como a podzolização a laterização a salinização e a gleização os quais vamos aprender nos próximos itens 42 Podzolização Quando estudamos pedologia alguns nomes diferentes aparecem nesse trajeto no sentido de lermos e não compreendermos o que significa em um primeiro momento Este é o caso da podzolização processo que está associado a perda de materiais entre as camadas do solo pois lembrese que o solo está organizado por camadas sendo que cada uma contem nutrientes e componentes químicos que podem ser carregados e transferidos pela ação da água e do vento Para compreendermos esse processo de forma mais técnica e científica Lepsch 2011 p470 afirma que o processo de podzolização acontece por meio da migração química de ferro alumínio e húmus resultando em empobrecimento de Fe e AI na camada eluviada As causas de fenômeno podem ser impulsionadas por processos naturais ou humanos os quais resultam em problemas para a camada A superior e para camada B inferior Primeiro é importante evidenciarmos que todo solo precisa de elementos químicos e nutriente de acordo com as suas quantidades naturais Nesse sentido um solo que perde ou recebe muitos desses elementos está em uma condição diferente da sua PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 31 natural o que precisará de manejos e técnicas agrárias para que seja possível o uso quando necessário No caso da podzolização a camada superior perder muito ferro alumínio e húmus o que a deixa pobre em relação a esses elementos químicos e ao contrário acontece na camada inferior que recebe muitos desses elementos químicos e por fim acaba excedendo o necessário para existência de um solo saudável Há ambientes mais propícios para acontecer a podzolização é o caso dos lugares mais frios da Terra isso porque os derretimentos do gelo e da neve fazem com que a água percole de forma mais intensa no solo o que configura a dinâmica que explicamos anteriormente ao carregar elementos químicos para as camadas inferiores do solo intensificando o processo Além disso também acontece em ambientes em que há grande volumes de chuvas em que água que escoa na superfície demora para evaporar Esse processo da água que está constantemente no solo é denominado de hidromorfia o qual está saturado por água o que provocaria a mobilização redistribuição e exportação do ferro sílica alumínio e outros elementos químicos HERPIN ROSOLEN 2008 p 484 Assim a podzolização e a hidromorfia estão associadas sendo que a primeira depende da segunda para acontecer pois sem a infiltração dos elementos químicos no solo não podemos definir o fenômeno Para ficar ainda mais evidente como isso acontece podemos mencionar as restingas áreas que estão próximas ao mar e que por esse motivo está sempre em contato com a água o que contribui para acontecer o processo hidromórfico Observe a seguir a cor e as características de um solo de restinga presente na figura 13 Figura 13 Restinga Fonte httpscommonswikimediaorgwikiFileRestingamarujajpg PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 32 Entretanto apesar de parecer que a podzolização pode acontecer em qualquer solo alguns ainda são mais resistentes as ações do intemperismo físico e químico isso dependerá da textura do solo se ele é mais poroso ou não permitindo assim a infiltração da água e de outros elementos Lepsch 2011 p471 afirma que alguns processos podem até mesmo transformar a cor do solo no sentido que envolve dissolução de óxidos de ferro e alumínio com concentração residual de sílica e que se reflete em um solo com cores cinzentas e horizonte iluvial bem destacado Observe a imagem da figura 14 a seguir que demonstra a diferença de cor entre as camadas do solo Figura 14 Processo de Podzolização do Solo Fonte httpscommonswikimediaorgwikiFileRWbiJPG É neste contexto que a sociedade aprimorou as técnicas para que fosse possível aproveitar diferentes solos Podemos pensar que no período das primeiras civilizações não havia haviam técnicas avançadas para o manejo do solo como conhecemos atualmente em que as plantações duram mais tempo não são atingidas por pragas os solos são cuidados com técnicas e até mesmo sabemos informações detalhadas desses elementos naturais por meios de imagens de satélites e banco de dados ANOTE ISSO Quando estudamos sobre tecnologias é sempre importante lembrar que elas não são apenas aquelas que modernas com telas digitais hologramas inteligência artificial etc civilizações mais antigas também desenvolveram tecnologias mas de acordo com os matérias dos seus períodos em que viveram pois conseguiram desenvolver algo para melhorar o cotidiano PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 33 Desse modo a podzolização não pode ser considerada um processo ruim pois deve ser compreendida como um processo da natureza e que se a sociedade tem como objetivo utilizar o solo par cultivo é necessário criar meios sustentáveis de técnicas que permitam essa dinâmica O mesmo acontece sobre o processo de hidromorfia que precisa ser compreendido para assim ser manejada da forma mais adequada No próximo item vamos aprender sobre outros processo de formação do solo a laterização 43 Laterização A laterização é um processo que também pode ser denominado de latossolização porque ele é o principale responsável na formação do latossolo assim você poderá encontrar esses dois termos na bibliografia com a mesma explicação Nesse sentido ao contrário do processo anterior que precisava de uma quantidade significativa de água para acontecer esse gera solos mais secos e com altas quantidades de ferro Por exemplo a remoção de sílica ocorre tanto em solos formados por processo de podzolização como de latossolização no entanto nos primeiros ela é mínima ao passo que nos segundos ela apresenta um máximo grau de expressão LEPSCH 2011 p473 O contexto para acontecer a laterização é prioritariamente em climas quentes e úmido que transformam os minerais e removem os íons básicos e as sílicas elementos importantes para o processo de umidificação assim resultam em solos com quantidades significativas de óxidos de ferro e alumínio ambiente propício para o surgimento de ninhos de cupins e formigas dinâmica que deixa o solo ainda mais poroso Outras características da formação desses solos é a cor avermelhada conforme a imagem da figura 15 a seguir que acontece devido aos elementos presentes neles como ferro e o alumínio LEPSCH 2011 Figura 15 Latossolo Fonte httpscommonswikimediaorgwikiFileLatossoloaoladodaRodoviaMG173ConceiC3A7C3A3odosOurosjpg PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 34 ANOTE ISSO A sílica é uma substância química que absorve umidade por isso que um solo sem esse elemento possui características mais secadas e formam texturas pedregosas Consequentemente os solos oriundos da laterização são ácidos devido ao constante processo de intemperismo mais especificamente de lixiviação que resulta em solos com poucas matéria orgânica na superfície Isso está relacionado com fatores naturais e humanos Os fator natural é a exposição desse ambiente ao sol que faz dele ainda mais seco e com menos infiltração Por outro lado sabemos que alguns processos naturais podem ser intensificados pela ação da sociedade principalmente quando envolve a produção de algo relacionada aos recursos naturais como é o caso dos solos Assim podemos mencionar algumas ações que podem acelerar o processos de laterização como o desmatamento a irrigação as queimadas e o uso incorreto do solo Todas as ações mencionadas acima estão associadas com a preservação da natureza entretanto com o avanço da agropecuária em algumas regiões brasileiras esses processes acontecem com mais frequência Assim podemos dividir em dos grupos um referente as ações não ambientais e outro as ações da agricultura isto é o modo como ela se relaciona com o solo para produzir As ações não ambientais que são criações antrópicas não consideram a preservação da natureza como algo importante assim são consideradas o desmatamento e as queimadas O desmatamento acelera o processo pela retirada da vegetação parte superior do solo pois como se não há uma proteção esse ambiente fica exposto a qualquer tipo de ação natural e antrópica As queimadas também retiram a cobertura vegetal do solo porém além disso deixam esse ambiente mais ácido e seco As ações da agricultura podem ser divididas entre irrigação e uso incorreto do solo A irrigação contribui para intensificar a lavagem lixiviação do solo ao carregar os principais nutrientes e deixar apenas os elementos químicos metálicos E o uso incorreto do solo ao não utiliza técnicas que permitem a regeneração do solo como alterar as culturas e curvas de nível no relevo técnica denomina de terraceamento e que controla a erosão do solo conforme exemplo da imagem da figura 16 a seguir PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 35 Figura 16 Técnica de Terreceamento Fonte httpspixabaycomptphotosmontanhacampoterrac3a7osarrozsolo6576362 Desse modo conforme aprendemos no item anterior as técnicas sustentáveis são necessárias para que seja possível preservar o que é natural e também conceder espaço para produção adequada dentro do que a sociedade precisa não apenas em uma velocidade que transforme o solo em uma superfície em vida No próximo item aprenderemos outro fator que influencia na formação do solo a salinização 44 Salinização A salinização talvez seja o fator mais fácil de identificar quando lemos a palavra pois está relacionada a disponibilidade de sais minerais no solo provocado pela ação da água principalmente da chuva dos oceanos e também pelo processo de irrigação Assim é um fator que pode causar alguns problemas ambientais como aprenderemos nesse item Nesse sentido Lepsch 2011 p469 afirma que a sanilização acontece quando há o acúmulo de sais solúveis tais como sulfatos e cloretos de cálcio magnésio sódio e potássio em horizontes salinos Esse ambiente forma uma paisagem com solos de cores mais brancas e acinzentadas um exemplo o Mar de Aral em que secou devido há ações humanas e econômicas é um local em que há um processo de salinização ISTO ESTÁ NA REDE Para conhecer mais sobre o Mar de Aral clique nos links a seguir Links dos vídeos httpsyoutube4W2tTOi2LY e httpsyoutubePvsO8Cnkyc PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 36 Lepsch 2011 ainda afirma que o processo de salinização acontece por meio da translocação quando neste caso há o transporte de água da parte inferior para parte superior ao carregar mais sais minerais que intensificam o processo conforme detalha no trecho a seguir Translocações laterais e de baixo para cima também podem ocorrer mesmo em regiões semiáridas Solos na parte mais baixa do relevo podem permanecer com lençol freático elevado Nesse caso a evaporação de água na superfície faz ela moverse para cima por capilaridade essa água ao moverse pode depositar sais na superfície à medida que evapora formando uma crosta salina Esse processo de salinização pode ocorrer tanto em condições naturais como ser provocado pelo homem quando este irriga o solo com água de má qualidade salobra e sem executar obras adequadas de drenagem LEPSCH 2011 p477 Assim como os fatores anteriores a salinização também pode ser afetada pelos processo de irrigação assim note que a produção da agricultura precisa ser planejada para que não agrida as condições naturais do solo Por esse motivo técnicas são importantes para a conversação desses ambientes Em algumas regiões do mundo estão acontecendo processo de salinização de modo amplo devido a irrigação de modo incorreto como na Georgia no sudeste da Rússia e no Usbequistão planícies próximas aos mares Negro Cáspio e Arai LEPSCH 2011 p672 Interessante notar que na região Nordeste do Brasil os solos apresentam sérias limitações para a agricultura a maior delas relacionada à pouca espessura do solum e ao regime incerto e escasso das chuvas por isso as partes mais baixas e planas podem também apresentar problemas ligados ao excesso de sais LEPSCH 2010 p631 A imagem da figura 17 a seguir demonstra um processo de salinização que pode acontecer pela associação entre uma irrigação inadequada somada aos sais do lençol freático PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 37 Figura 17 Processo de Salinização Fonte LEPSCH 2010 Desse modo conforme explicamos desde o primeiro item a forma de irrigação e as técnicas evoluíram com o tempo o que permitiu o desenvolvimento das civilizações e consequentemente a disponibilidade de alimentos pois é por meio do cultivo e da conservação do solo que as plantações podem evoluir de modo saudável e sustentável caso contrário muitas sociedades desapareceriam como aconteceu com alguns do passado que não conseguiram se perpetuar Para concluirmos os nossos estudos vamos aprender sobre mais um fator de formação do solo gleização 45 Gleização Todos os fatores que estudamos até o momento estão associados aos processos de intemperismo os quais tem relação direta com a ação da água e do vento principalmente desse primeiro Nesse sentido a gleização não é diferente em que é a redução do ferro Fe e sob condições de excesso de água com a produção de cores acinzentadas LEPSCH 2011 p470 Perceba que em todo solo que há infiltração das água no seu interior ou que os nutriente são carregados de alguma forma há mudanças de cor as quais podem acontecer de modo mais intenso ou brando isto é cores mais fortes ou claras característica que explica a condição do solo no momento e quais são os elementos químicos e nutrientes presentes nele PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 38 No caso da gleização o excesso de água é uma característica como aprendemos o que contribui para mudança da cor do solo e os materiais que são encontrados nele contexto que acontece principalmente em áreas mais úmidas próximas a rios conforme afirma Santos e Zaroni 2021 Comumente desenvolvemse em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos dágua e em materiais colúvioaluviais sujeitos a condições de hidromorfia ambientes de influência de água podendo formarse também em áreas de relevo plano de terraços fluviais lacustres ou marinhos como também em materiais residuais em áreas abaciadas e depressões São eventualmente formados em áreas inclinadas sob influência do afloramento de água subterrânea surgentes São solos que ocorrem sob vegetação hidrófila ou higrófila herbácea arbustiva ou arbórea SANTOS ZARONI 2021 eletrônico Entretanto apesar de parecer que esse tipo de fator não é favorável para o desenvolvimento de agricultura há os seus benefícios pois as suas características também são importantes para preservação ambiental as quais apresentam potencial ao uso agrícola desde que não apresentem teores elevados de alumínio sódio e de enxofre SANTOS ZARONI 2021 eletrônico Algumas plantações são propicias neste solo devido o seu excesso de água como o caso do arro entretanto o seu manejo precisa ser algo com técnicas aprimoradas para que não aconteça de minerais pesados serem absorvidos pela planta e assim prejudicar a produção Portanto esse fator de influencia do solo está associado a forma como a água está presente na superfície e nas camadas mais inferiores do solo sendo que as técnicas aplicadas devem estar de acordo com o objetivo e as intenções que esses solos serão utilizados Assim podemos pensar também que todos os fatores que aprendemos possuem pontos positivos e negativos e que ao depender do contexto podemse utilizar técnicas para que transformem a sua estrutura e consequentemente criem possibuliade de uso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 39 CAPÍTULO 5 PROPRIEDADES DOS SOLOS 51 Propriedades dos solos Quando observamos um solo logo identificamos que ele possui características próprias e diferentes se comparados com outros essas diferenças denominamos de propriedades do solo que são definidas entre textura estrutura densidade porosidade permeabilidade e fluxo de água ar e calor as quais vamos aprender nos próximos itens 52 Textura A textura de algo está relacionada ao aspecto de algum objeto assim podemos identificálo se ele é áspero macio rugoso onduloso etc o que permite conhecermos as propriedades que formam esses aspectos Assim quando estudamos os solo não é diferente pois pense que quando você vai a praia a areia possui uma textura diferente em relação a outros tipos de solos isso é uma forma de identificar a estrutura Nesse sentido a textura de um solo é expressa pela proporção dos componentes granulométricos da fase mineral do solo areia silte e argila EMBRAPA é portanto os tamanhos que cada grãos possuem na superfície que quando estão juntos formam a textura do solo Para chegar a essa concepção existem testes laboratoriais que permitem a compreensão sobre os tamanhos dos grão No Brasil há uma classificação do tamanho das partículas conforme a tabela da figura 18 seguir Figura 18 Granulometria dos Solos Fonte Embrapa 1979 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 40 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Quando você estiver em algum local em que o solo esteja exposto pegue ele na mão e faça a análise do tamanho dos grãos desse solo assim se você observar com atenção perceberá que os grãos possuem uma textura quando comparados a outros tipos de solo isso permitirá que você compreenda as distinções entre as texturas dos solos de modo rápido Todo esse processo é denominado de análise granulométrica que passa por testes laboratoriais com equipamentos específicos até concluir que qual é a textura do solo principalmente por meio da quantidade de grão com a mesma espessura A seguir a imagem da figura 19 representa o triângulo textural que é uma forma de identificar a textura do solo a partir de materiais como a areia a argila e o silte Figura 19 Triângulo textural Fonte Manuais Técnicos em Geociência IBGE 2015 Nesse sentido a textura é definida pela quantidade de areia a argila e o silte no solo em que o triângulo textural é um dos critérios para definir quais sãos as características desse solo Conforme explica Lepsch 2010 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 41 Por exemplo uma amostra é classificada de arenosa se tiver mais de 85 de frações de tamanho areia argilosa se houver mais de 35 de argila e média ou franca se tiver as três frações em quantidades relativamente equilibradas Algumas vezes para fins práticos ossolos arenosos são referidos como de textura grosseira os de textura média como barrentos os argilosos como de textura fina ou pesada expressão que advém do fato de os horizontes argilosos em muitos casos serem menos permeáveis e mais pesados para serem trabalhados no cultivo das lavouras do que os arenosos ou os de textura média LEPSCH 2010 p40 Portanto a conclusão da textura de um solo acontece por meio da comparação dos grãos e a quantidade disponível no solo que demonstra assim o tamanho dos seus grãos pois apesar de ser possível identificar as diferenças apenas por análises visuais e cotidianas é necessário testes laboratoriais em que utilizam metodologias que geram laudos e documentos de comprovação 53 Estrutura A estrutura de um solo está relacionada como os grãos estão juntos e formam o solo ou seja quando pensamos na palavra estrutura logo vem a mente algo que concede suporte isso significa que os grãos dos solos podem estar mais unidos ou separados o que forma consequentemente a porosidade dos solos Isso será de acordo com o ambiente em que cada um se desenvolve Todo esse processo acontece de modo natural por isso possuem características diferentes as quais surgem a partir da agregação que estão relacionados a aspectos biológicos físicos e químicos que assim definem a estrutura do solo conforme afirma Lepsch 2011 A estrutura do solo referese ao tamanho e formato dos poros e ao arranjo das partículas sólidas do solo Os sólidos podem ser visualizados como organizados em unidades maiores e essa organização se dá pelo processo denominado agregação o qual forma agregados que podem ter tamanhos formas e graus variados de estabilidade conforme as forças de coesão e adesão nos pontos de contato das partículas sólidas argilas siltes areias etc LEPSCH 2011 p219 A imagem da figura 20 a seguir demostra a diferença entre os agregados e como eles podem ser identificados em um primeiro momento pela agregação de partículas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 42 que podem estar próximas umas as outras ou espaçadas o que concede a umidade do solo e sua estrutura Figura 20 Formação de Agregados do Solo Fonte Manuais Técnicos em Geociência IBGE 2015 Nesse sentido essas estruturas são caracterizadas por meio de três aspectos sendo tipo laminar prismática colunar blocos angulares blocos subangulares granular tamanho muito pequena pequena média grande muito grande e grau de desenvolvimento solta fraca moderada forte EMPRABA Essas características permitem compreender as estrutura do solo em que são causadas por dois fatores a ajuntamento das partículas unitárias argila silte e areia e b aparecimento de fendas que separam as unidades estruturais LEPSCH 2010 p42 Essa característica do solo é fundamental para a infiltração de microrganismos e elementos químicos em seus interior pois se é muito poroso esse processo pode acontecer de modo mais intenso ao contrário de solo que não são tão porosos dinâmica que tem relação direta com a agregação das partícula 54 Densidade A densidade do solo também pode ser denominada de consistência que o grau de possibilidade que as partículas tem se quebrarem por meio da ação da água do vento e até mesmo da ação antrópica assim é possível constar que existem solo mais resistentes duro enquanto outros são mais macios Essa característica dependerá dos elementos químicos que estão no interior do solo bem como as suas propriedades orgânicas as quais também estão associadas a textura e estrutura como aprendemos anteriormente conforme afirma Lepsch 2011 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 43 No interior dos agregados as partículas de areia silte e argila aderem umas às outras sendo assim mantidas com maior ou menor grau de coesão o que os torna mais macios ou mais duros Em estado natural a resistência do material do solo a alguma força que tende a rompêlos é conhecida como consistência e na prática é estimada pressionandose um agregado ou torrão de determinado horizonte do solo entre os dedos LEPSCH 2011 p43 Nesse sentido a densidade pode ser definida por meio de três aspectos de umidade sendo a seca ao ser classificada em solta macia ligeiramente dura dura muito dura extremamente dura a úmida em que define como é possível de esfarelar sendo classificada em em solta muito friável friável firme muito firme extremamente firme e as saturadas em que podem ser analisadas na mãos por meio da sua plasticidade classificadas não plástica ligeiramente plástica e muito plástica e a pegajosidade capacidade de aderência em três tipos não pegajosa ligeiramente pegajosa e muito pegajosa EMBRAPA Isso está relacionado a densidade das partículas que quando estão aglomeradas formam massa que representem a sua consistência como afirma Lepsch 2011 A densidade de partículas corresponde à massa por unidade de volume de uma amostra de solo seco ou melhor à média da densidade de todas as partículas do solo sem considerar os espaços porosos Ao contrário da densidade do solo a densidade de partículas independe da estrutura ou da compactação do solo pois é função unicamente do tipo de partículas sólidas do solo Sendo assim é natural um solo mineral ter densidade maior que um orgânico porque um determinado volume de matéria orgânica pesa muito menos que o mesmo volume de material mineral LEPSCH 2011 p226 Desse modo a densidade de um solo está associada o quão as particular que o formam são consistentes por meio da ação de dinâmicas naturais principalmente em relação a disponibilidade de água em determinados ambientes ao tornalo mais ou menos resistente 55 Porosidade A porosidade do solo pode ser confundida com outras propriedades como a textura que é um elemento que contribui para a porosidade pois é a partir do tamanhão dos grãos que o solo será definido mais ou menos poroso Assim esse processo tem relação direta em como a água irá percorrer no interior do solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 44 Além disso é também os espaços que há entre os agregados que formam o solo e como isso afeta na densidade e no volume dele no sentido de que é definido pelo espaço entre e dentro dos agregados ocupado pelo ar ou pela água do solo Um horizonte mineral do solo com boa porosidade terá cerca de 50 de seu volume ocupado pelos poros LEPSCH 2011 p227 Nesse sentido pense em um solo que está encharcado com muita água disponível no seu interior ele está nessa condição pelos vazios que existem entre as partículas o que define como mais ou menos poroso Ao contrário acontece em um solo seco em que os espaços entre do solo são ocupados com ar Assim um solo nunca está vazio sempre há um elemento natural que o preenche ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Para compreender melhor o que é um elemento poroso faça o teste da esponja ao diferenciar uma esponja de banho e uma esponja de lavar geralmente a primeira tem poros maiores e a segunda poros menores Isso acontece porque a atividade utilizada na segunda pode contrair mais sustâncias sólidas em um processo de absorção por isso seus poros são menores Essa análise pode ser feita com outros tipos de objetos que possuem as mesmas características Desse modo um solo poroso tem as suas vantagens e desvantagens principalmente para agricultura pois a percolação da água no interior das camadas dos solo é importante para o desenvolvimento das plantas que precisam de água nas partes mais profundas por exemplo nas raízes por outro lado um solo que está sempre encharcado pode atrapalhar o cultivo de determinadas culturas que não se desenvolvem com excesso de água 56 Permeabilidade Associada a porosidade está a permeabilidade que significa o quanto o solo pode absorver a água e ela se infiltrar para as partes mais inferiores das suas camadas assim são as possibilidades atribuídas a cada tipo de solo pela forma como ele consegue percorrer Aprendemos que existem diferentes tipos de textura estrutura densidade e porosidade propriedades que são importantes para a absorção e o escoamento da água e que permitem um solo mais ou menos permeável PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 45 Nesse sentido a permeabilidade do solo está associada a disponibidade de água nele conforme afirma Lepsch 2011 O fluxo saturado acontece quando a água se move no momento em que o poros maiores do solo estão totalmente cheios de água Ele corresponde à água que primeiro se move no solo depois de este estar saturado de água depende portanto mais da força da gravidade do que das tensões matriciais Em outras palavras tratase da permeabilidade de todos os poros de qualquer tamanho completamente preenchidos com água LEPSCH 2011 p226 Outro fato interessante da permeabilidade de água no solo é a possibilidade da contribuição com o ciclo da água em que se há um solo com alta disponibilidade água é possível contribuir com o processo de formação dos aquíferos bolsões de água que se formam no interior das rochas e dos solos e também com o processo de absorção de água pelas plantas que consequentemente contribuirão para a transpiração LACERDA 2007 ISTO ESTÁ NA REDE Para conhecer como se formam as águas subterrâneas assista o vídeo a seguir Link do vídeo httpswwwyoutubecomwatchv8LvS62bmWNE Além disso a permeabilidade do solo é importante para a construção civil no sentido de que é necessário conhecer se é possível construir em determinado local pois um solo que é muito permeável precisa de técnicas para ser possível utilizalo Para isso são realizados testes como o ensaio de permeabilidade que medirá o coeficiente de permeabilidade do solo por meio de sondagens e que utilizam amostras enviadas para laboratório As produções agrícolas também se preocupam com a permeabilidade em que a forma como a água será absorvida no solo poderá afetar ou não o plantio de determinada cultura pois há plantas que precisam de mais água e outras menos me seus processos de crescimento por isso o produtor precisa ficar atento a essa propriedade PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 46 ANOTE ISSO A ciência e o conhecimento são interdisciplinares isto é nenhum acontece isolado Assim quando estudamos sobre os solos sempre aprendemos sobre as técnicas e como elas podem impactar o ambiente no sentido de que a elaboração delas e a compreensão de como aplicalas passar por diferentes áreas do conhecimento Desse modo a permeabilidade é uma propriedade importante do solo associada a forma como a água irá infiltrar no interior do solo e entre as partículas bem como a disponibilidade de absorção que acontecerá dentro desse processo Assim a compreensão dessa dinâmica é necessária para diferentes áreas profissionais e do conhecimento 57 Fluxo de água ar e calor A água o ar e o calor também são propriedade do solo e que contribuem para as suas características sendo fundamentais para a dinâmica de todas as outras propriedades que aprendemos nos itens anteriores pois reflita que todas estão associadas com alguns elementos naturais que a transforma ou que contribui para formação do seu processo Nesse sentido a água é um dos elementos mais presentes nas transformações dos solos ela está em diferentes locais dos solos como na superfície no interior dos e entre as partículas Além disso ela é encontrada em estados distintos como gasoso liquido e sólido os quais também contribuem para as propriedades dos solos Por isso é considerada um dos elementos mais importantes da Terra pela sua regeneração e disponibilidade Isso está associado ao ciclo da água dinâmica que acontece no mundo inteiro e é responsável por manter a vida na Terra e consequentemente importante para a existência e sobrevivência do solo É todo esse processo que é responsável pela chuva que escoa na superfície terrestre e que infiltra no solo carregando nutrientes e elementos químicos conforme afirma Lepsch 2011 A importância da relação soloáguaplanta tem sido ressaltada há muito tempo Ecologicamente a água é importante por carregar nutrientes que alimentam organismos vivos Pedologicamente é um fator essencial em certos processos pedogenéticos como intemperismo formação do húmus mobilização e transporte de substâncias tanto em solução como em suspensão de uma parte do perfil para outra LEPSCH 2011 p240 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 47 ANOTE ISSO A água do mundo irá acabar Muitas pessoas fazem essa pergunta ela é comum no cotidiano entretanto a resposta para ela é não a água não acabará pois o ciclo da água não pode ser interrompido Entretanto a água potável pode ficar escassa ou seja a água própria para consumo poderá ficar cada vez mais difícil de ser encontrada devido aos problemas ambientais que geram poluentes químicos para os corpos hídricos A imagem da Figura 21 a seguir demonstra os processos que a água realiza como solo e as plantas por meio da transpiração evaporação infiltração escoamento drenagem e outros fatores que são fundamentais para transformação do solo sendo que a intensidade e como esses processos acontecerão dependerá das características do ambiente e do solo tais como textura estrutura quantidade e tamanho dos poros e a forma como os horizontes estão dispostos no perfil do solo LEPSCH 2011 p241 Figura 21 Processo da água com o solo e as plantas Fonte Reichardt 1985 apud Lepsch 2011 O ar também é um elemento importante para o solo ele é responsável por processos associados ao aspecto ecológico para respiração das plantas e microorganismos como nos processos pedogenéticos para controle de processos de oxidação e redução PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 48 LEPSCH 2011 p232 Nesse sentido em um primeiro momento pode parecer que não há importância a interferência do ar no solo No entanto podemos pensar por exemplo sobre a importância do ar quando as plantações estão murchas e assim precisam de água para sobreviver A explicação para esse fenômeno é que com a falta de água disponível o ar entre no interior do solo e faz com que as plantas fiquem nesse estado por isso quando chove acontece o chamado cheiro de chuva pois o ar que estava no interior sobre para atmosfera A imagem da figura 22 a seguir demonstra o processo de troca de gases entre a atmosfera e o solo Figura 22 Dinâmica de gases entre a atmosfera e o solo Fonte Reichardt 1985 apud Lepsch 2011 Outro fator importante para composição do solo é a temperatura essa depende principalmente da incidência do sol e de características como latitude altitude horário inclinação da Terra e cobertura vegetal os quais poderão absorver e transferir mais ou menos para solos seja para superfície ou para o interior O solo é um elemento de retenção de energia ou seja todo calor recebido ele consegue reter por longos períodos sobretudo em ambientes em que há cobertura vegetal o calor consegue se reter por mais tempo é ao contrário do que acontece nos desertos em que a noite a temperatura é mais baixa pela falta de elementos naturais que podem reter esse calor conforme explica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 49 Os valores da temperatura do solo tanto no espaço como no tempo determinam as trocas de massa e de energia com a atmosfera Trata se de um indicativo da quantidade de energia que foi absorvida pela superfície e transferida para os horizontes dos solos O solo armazena e transfere tanto água como calor e sua capacidade de fazêlo é determinada tanto pelas propriedades térmicas do solo como pelas condições climáticas LEPSCH 2011 p275 Desse modo a água o ar e a temperatura não são propriedades isoladas elas acontecem associadas entre elas mas também com outros elementos naturais como nutrientes elementos químicos vegetais e microrganismos Todos essas formam e transformam os solo que existem nas superfície terrestre ISTO ESTÁ NA REDE Para conhecer a Política Nacional de Desenvolvimento Regional PNDR clique no link a seguir Link da PNDR httpswwwplanaltogovbrccivil03ato201920222019decretod9810htm PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 50 CAPÍTULO 6 O PERFIL DO SOLO DESIGNAÇÃO DE CAMADAS E HORIZONTES 11 Identificando os horizontes do Solo Caroa alunoa nós vimos que sob a ação de um conjunto de fenômenos biológicos físicos e químicos os solos começam a se formar As rochas da litosfera quando expostas à atmosfera se submetem às ações da temperatura e da água provocando inúmeros processos de desgaste na rocha A esse processo natural essencial para a formação dos solos mas também para formação do conjunto da paisagem denominamos intemperismo Nesse sentido o solo é sempre dinâmico e se forma pela ação dos processos pedogenéticos no qual as rochas vão se transformando com a ação do intemperismo em um material friável que abriga uma série de plantas e microrganismos que se decompõe e formam o húmus Nesse mesmo processo formamse as argilas que vão se deslocando em profundidades diferentes por conta da ação da água A respeito do processo de formação dos solos Lepsch 2002 p30 explica que A ação dos processos físicos químicos e biológicos não é uniforme ao longo de uma rocha em transformação As transformações e remoções ocasionadas pelo intemperismo e principalmente pelas adições dos restos vegetais ocorrem com maior intensidade na sua parte superior escurecendoa com o húmus Além disso certas substâncias sólidas se translocam sob a ação da água e da gravidade de uma parte para outra Tudo isso resulta em camadas empobrecidas que se sobrepõem a outras enriquecidas de compostos minerais ou orgânicos tornandoas diferentes na aparência LEPSCH 2002 p 30 E complementa Todos esses fenômenos de transformações remoções adições e translocações provocam uma organização do regolito em diferentes bandas horizontais que se tornam mais diferenciadas em relação à rocha mãe à medida que se distanciam dela LEPSCH 2002 p 31 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 51 Assim a partir de uma rocha e saprólito relativamente homogéneos surge uma série de camadas paralelas à superfície e de aspecto e constituição diferentes paralelas à superfície denominadas horizontes de solo Segundo Lepsch 2002 essas camadas estão sobrepostas de forma sequencial apesar de a transição entre elas nem sempre ser bem distinta Os horizontes que se sucedem da rocha base até a camada mais superficial caracterizam o perfil do solo conforme podemos observar no exemplo da figura 23 Figura 23 Perfil pedológico com horizontes delimitados Fonte httpwwwescolaagrariasufprbrarquivospdfperfilsolopdf De acordo com o IBGE 2015 para a designação dos horizontes e camadas do solo são empregadas letras maiúsculas minúsculas e números arábicos As letras maiúsculas são usadas para designar os horizontes encontrados em um perfil de solo Dessa forma os horizontes são classificados para facilitar a análise do solo e os mais comumente encontrados e que estão associados a solos bem desenvolvidos são os horizontes O A E B e C e são chamados de horizontes principais Figura 23 Porém nem sempre esses horizontes estão presentes em um determinado perfil A ausência de horizontes E ou o B por exemplo pode representar que o solo é pouco desenvolvido A figura 24 ilustra um perfil de solo que não tem o horizonte B sobre a rocha possuindo apenas o A PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 52 Figura 24 Modelo de Chinelo Fonte httpspixabaycomptincrC3ADvelmardeandamanfundobaC3ADa2412614 Além dos horizontes representados por letras maiúsculas há também subdivisões representadas por letras minúsculas que são usadas como sufixos para qualificar distinções específicas dos horizontes como por exemplo Oo que significa horizonte composto por matéria orgânica mal ou não decomposta enquanto a designação Od indica que a matéria orgânica desse horizonte apresenta acentuada decomposição A figura 25 traz uma relação com alguns desses sufixos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 53 Figura 25 Sufixos aplicados aos símbolos de horizontes principais do solo Fonte IBGE 2015 apud Lepsch 2009 p 340 Quando os horizontes são muito espessos podem ser subdivididos pela introdução de números arábicos A divisão é feita a partir da parte superior do horizonte de forma sucessiva sendo o símbolo numérico colocado após todas as letras usadas para designar o horizonte por exemplo A1 A2 Bt1 Bt2 etc A figura 26 apresenta um perfil contendo os horizontes principais do solo O horizonte O é o horizonte orgânico do solo e corresponde à primeira e mais superficial camada Por estar mais próximo da superfície e da atmosfera tem maior contato com a matéria orgânica que acaba morrendo depositando e se decompondo Tratase de uma camada composta então por restos orgânicos típica de regiões com cobertura vegetal acentuada Por isso caracterizase como um horizonte estreito e de coloração escura Na parte mais superficial desse horizonte encontramse detritos recém caídos e não decompostos com a designação Oo que sobrepõem os detritos mais antigos e já decompostos ou em estado de decomposição denominados sub horizonte Od PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 54 Figura 26 Perfil pedológico com horizontes delimitados Fonte httpsigeologicocombrintemperismoesolos modificado pelo autor ANOTE ISSO Nos solos utilizados pela agricultura quando não há o manejo adequado o horizonte O é eliminado tanto pela erosão laminar quanto pelo próprio processo de preparo do solo para o plantio inibindo o potencial fértil natural desse solo O horizonte A por sua vez é a camada mineral do solo mais superficial Sua principal característica é o acúmulo de matéria orgânica lançada no horizonte O porém que PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 55 já passaram por um processo de decomposição e se transformaram em húmus que se deslocou da camada adjacente acima portanto apresenta coloração mais escura É uma mistura entre matéria orgânica e sedimentos especialmente argilas e areias O horizonte A pode ser subdividido em A1 no qual apresenta acúmulo de matéria orgânica humificada junto a partículas minerais com coloração castanha e A2 que apresenta características típicas dos horizontes A e B sendo caracterizada como uma área de transição do A para o B porém ainda com predomínio de características do horizonte A Em alguns solos observase o horizonte E cuja textura é predominantemente arenosa de coloração clara Este horizonte se caracteriza por apresentar material altamente lixiviado resultando na perda de minerais como argila óxido de alumínio óxido de ferro além de húmus translocados para o horizonte B O horizonte B situase abaixo do A ou do E a depender do tipo de solo apresenta cores mais intensas pelo fato de apresentar acúmulo de materiais como minerais de argila óxido de ferro e alumínio húmus translocados por lixiviação dos horizontes acima Sua cor varia a depender da existência do elemento ferro assim se houver grande concentração sua cor é mais avermelhada se não houver é amarelada Abaixo do B situase o horizonte C que corresponde ao sprólito isto é a rocha pouco alterada pelos processos de formação do solo apresentando características mais próximas do material que deu origem à formação do solo Não há matéria orgânica nesse horizonte e é uma zona de transição entre o solo e a rochamãe Por fim o horizonte R corresponde à própria rochamãe ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Caroa alunoa uma forma interessante de demonstrar aos seus alunos como são organizados os horizontes de solo é encontrando alguma área na qual houve uma remoção recente de solo como em trincheiras cortes de estrada área com terraplanagem para edificação por exemplo Mas tome cuidado é importante que o local de solo exposto seja recente pois com o passar do tempo e pelas ações de intempéries as suas condições são modificadas não tornando mais visíveis as delimitações dos horizontes PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 56 Figura 27 perfil de solo exposto possibilitando observar as camadas em campo Fonte httpsblogportaleducacaocombrhorizontesdosoloentendamaissobreoassunto 12 Descrição do Solo em campo Caroa alunoa as técnicas de campo que serão descritas neste e no próximo capítulo são aplicáveis tanto por pesquisadores em campo quanto por professores de geografia em aulas de campo realizadas com alunos das mais variadas faixas etárias Algumas técnicas são mais simples outras mais complexas mas cabe ao professor adaptar as técnicas de acordo com o interesse da aula e de acordo com a faixa etária e perfil dos estudantes As técnicas de campo e a descrição do perfil de solo são fundamentais para os estudos em pedologia Como o perfil de solo corresponde ao conjunto de horizontes mais ou menos paralelas à superfície do terreno e como cada horizonte possui características próprias é necessária descrição de cada um deles da forma mais detalhada possível VENTURI 2011 Primeiramente é necessário selecionar o local onde será realizada a descrição do solo Para fins didáticos geralmente são utilizadas áreas onde os solos já estão expostos destacandose locais como barrancos de estrada Caso não seja possível recomendase então a abertura de trincheiras ou tradagens para que se possa observar os horizontes de um perfil de solo Essas duas últimas técnicas descritas são muito utilizadas por pesquisadores para coletar amostras de solo em profundidade em diversos pontos amostrais A tradagem é uma técnica mais utilizada quando há um número maior de amostras a serem coletadas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 57 ANOTE ISSO Entendese como tradagem a coleta do solo em profundidade utilizando um trado Elas são utilizadas para realização de análises de solo onde não há exposição do solo São muito utilizadas para a retirada de vários pontos de amostra Figura 28 trado com material retirada para amostra de solo Fonte httpswwwcatispgovbrportalthemesunifyarquivosprodutoseservicoscartilhasefolderesAnaliseSoloAnaliseSolopdf Se a descrição do solo for realizada em um barranco devese realizar a limpa das paredes do barranco com enxada para que se retire o material superficial que já sofreu alterações por conta da exposição com a atmosfera Devese cavar então a uma profundidade horizontalmente a qual se possa ver o solo com as características não alteradas Essa profundidade costuma ser de cerca de 1 metro VENTURI 2011 Os materiais utilizados em campo são basicamente enxadas pá faca martelo trenas lupa de bolso caderneta de campo sacos plásticos para coleta utilização de tabelas de cores veremos na próxima aula e pedocomparador Na figura 29 observamos de cima para baixo e da esquerda para a direita os seguintes itens pedocomparador enxadão e tratado borrifador de água pá de jardim martelo saco plástico etiquetado para coleta de amostras faca régua e manual de descrição de coleta de solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 58 Figura 29 Material usado para a descrição morfológica dos horizontes de solo em campo Fonte LEPSCH 2002 p 31 A descrição da morfologia do solo requer as seguintes análises de campo identificação da transição entre os horizontes cor textura estrutura porosidade e consistência dos solos Estas são as principais com elas o pesquisador consegue tirar uma série de informações pertinentes ao seu estudo Além do que as análises de campo muitas vezes servem de apoio e podem detalhar informações importantes para análises posteriores de laboratório No próximo capítulo iremos nos debruçar sobre a descrição morfológica dos horizontes do solo quais as principais características a serem observadas em campo e as principais técnicas para análise PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 59 CAPÍTULO 7 O PERFIL DO SOLO MORFOLOGIA E TÉCNICAS DE ANÁLISE 11 Identificando a morfologia dos solos Agora que já sabemos identificar e caracterizar os diferentes horizontes de um solo é necessário a verificação de sua morfologia pois apenas a identificação dos perfis em campo não possibilita uma classificação precisa Nesse sentido a morfologia dos solos corresponde à observância das características dos horizontes pela descrição realizada em campo mas em alguns casos também é necessária análise de laboratório pois às vezes é preciso aferir com maior precisão os dados coletados em campo De acordo com Lepsch 2002 p35 Morfologia do solo significa o estudo da sua aparência no meio ambiente natural e sua descrição segundo as características perceptíveis visíveis a olho nu ou sensíveis ao tato Portanto corresponde à anatomia do solo O conjunto de características morfológicas constitui a base fundamental para identificar o solo que é completada com as análises de laboratório Caroa alunoa devemos sempre ter em mente que o solo é um corpo natural dinâmico e integrado à paisagem e não estático Por isso é essencial que as formas de um solo sejam descritas primeiramente em análises de campo antes que sejam retiradas amostras para análises posteriores em laboratório A observação do geógrafo é processo fundamental para compreender a paisagem de forma conjunta e não fragmentada Segundo Lepsch 2002 As principais características observadas na descrição morfológica de um perfil é a cor a textura a estrutura a consistência porosidade a transição dos horizontes e a espessura dos horizontes A cor é a característica mais perceptível em campo e as diversas tonalidades no perfil são úteis para identificar e delimitar os horizontes mas também auxiliam na indicação de fatores relevantes a PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 60 serem observados em campo A cor avermelhada relacionase a solos naturalmente bem drenados e com altos teores de óxidos de ferro da mesma forma que solos com a cor mais escura costumam indicar grande quantidade de matéria orgânica em decomposição ou decomposta assim como a cor acinzentada pode indicar ausência de ferro e excesso de água como nas beiras de rios A amostra de solo deve ter sua cor corretamente descrita na etapa de campo sob a luz do sol para que se possa enxergar detalhadamente as tonalidades de cores que às vezes são muito próximas umas das outras Para realização das análises de campo e posteriores laboratório retiramos as amostras de solo em cada um dos pontos amostrais definidos pelo pesquisador e objetivos da pesquisa Essas amostras devem ser acomodadas em um pedocomparador Figura 30 geralmente feito de madeira contendo fileiras de caixinhas pequenas construídas com papel cartão onde se colocam cada uma das amostras retiradas em campo Figura 30 Pedocomparador utilizado para comparar as diferentes cores do solo Fonte Venturi 2011 p 88 Como forma de padronização nos estudos pedológicos à nível mundial as cores são descritas utilizando o sistema Munsell de cores e utiliza uma tabela denominada Munsell soil color charts que segundo Lepsch 2002 p 37 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 61 consiste em cerca de 170 pequenos retângulos com colorações diversas arranjadas sistematicamente num livro de folhas destacáveis A anotação da cor do solo é feita pela comparação de um fragmento de um determinado horizonte com esses retângulos Uma vez que se ache o retângulo de colorido mais próximo anotam se os três elementos básicos que compõem uma determinada cor matiz valor e croma O matiz corresponde à cor dominante vermelho amarelo azul verde e púrpura cujos números variam nos seguintes intervalos 25 5 75 e 10 são representadas pelos símbolos 10R 25YR 5YR 75YR 10YR 25Y e 5Y que são formados pelas iniciais em inglês das cores que entram em sua composição R red 100 vermelho Y yellow 100 amarelo e YR yellowred 50 vermelho 50 amarelo Nos solos brasileiros as cores vermelhas amarelas e vermelhoamareladas são as mais comuns VENTURI 2011 O valor referese à tonalidade da cor é a medida do grau da claridade da luz ou tons de cinza presentes entre o branco e o preto variando de 0 para o preto absoluto e 10 para o branco puro O croma por sua vez se refere proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade de cinza também variando de 0 a 10 ISTO ESTÁ NA REDE Confira nesse vídeo a utilização prática da Carta de Munsell para identificação da cor do solo Vale a pena conferir httpswwwyoutubecomwatchvrbXKimZx14k PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 62 Figura 31 Esquema de interpretação da Carta de Munsell Fonte Santos et al 2005 retirado de Venturi 2011 p88 Uma questão importante a ser verificada em campo é quando o solo apresenta mais de uma cor sendo necessário descrever a cor da matriz cor predominante do material e de todas as eventuais manchas cores secundárias em meio ao material Isso só é possível pela quebra do torrão do solo retirado para amostra verificando se a cor do seu interior é a mesma da superfície Essa quebra deve ser feita com as mãos aproveitando para realizar outras análises que descreveremos mais adiante Dessa forma segundo Venturi 2011 as manchas quando encontradas no material devem ser descritas quanto à quantidade pouco área 2 da superfície do horizonte comum de 2 a 20 E abundante 20 da superfície do horizonte ao tamanho pequeno eixo maior 5 mm médio eixo maior de 5 a 15 mm e grande eixo maior 15mm e ao contraste de cores das manchas em relação à cor dominante da matriz difuso pouca variação da cor das manchas em relação à matriz distinto manchas facilmente visíveis e proeminente grande diferença entre as manchas e a cor da matriz do solo A textura do solo é outra observação relevante a ser realizada parcialmente ainda em campo Parcialmente pelo fato de conseguirmos observar apenas algumas propriedades em campo sendo que grande parte dessa análise é realizada em laboratório por meio de análise granulométricas Em campo é possível ver apenas as frações de areia e silte a olho nu ou utilizando lupa A fração de argila por exemplo só é possível ser vista com microscópio eletrônico PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 63 ANOTE ISSO O termo granulometria é utilizado quando se faz referência ao conjunto de todas as frações ou partículas do solo incluindo desde as mais finas de natureza coloidal argilas até as mais grosseiras calhaus e cascalhos A granulometria ou textura referese à proporção de argila silte e areia do solo O solo apresenta frações granulométricas quanto ao tamanho das partículas conforme demostrado na tabela 1 As texturas maiores calhaus e cascalho são muito grandes para determinar a textura do solo em campo portanto apara análise preliminar importa mais a observação da argila silte e areia Fração Diâmetro médio calhaus ou pedras 200 a 20 mm cascalho de 20 a 2 mm areia de 2 a 005 mm silte ou limo 005 a 0002 mm argila menor que 0002 mm Tabela 1 Frações granulométricas presentes no solo Fonte adaptada de Lepsch 2002 p 39 De acordo com Lepsch 2002 a fração areia ainda pode ser subdividida em cinco subfrações sendo a areia muito grossa 2 a 1 mm b areia grossa 1 a 05 mm c areia média 05 a 025 mm d areia fina 025 mm a 01 mm e areia muito fina 01 a 0005 mm Um horizonte não é composto por uma única textura mas sim pelo conjunto das classes granulométricas Dessa forma o solo será classificado a partir do predomínio de uma classe sobre as demais O diagrama triangular para determinação das classes de textura do solo Figura 32 é muito utilizado para isso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 64 Figura 32 Diagrama triangula para determinação das classes de textura do solo Fonte adaptado de Lepsch 2002 p29 Assim quando falamos em textura do solo nos referimos à proporção relativa das frações granulométricas areia silte e argila em um material de solo A combinação dessas três frações define a classe de textura conforme pode se observar no diagrama da figura 32 Repare que por exemplo consideramos um solo arenoso quando tiver mais de 70 de frações do tamanho de areia consideramos argiloso quando houver mais de 35 de argila e muito argilosa quando essa composição representar valores superiores a 60 da composição dos solos ISTO ACONTECE NA PRÁTICA As técnicas de campo para verificar a diferença da textura do solo se dá pelo tato De acordo com Venturi 2011 a técnica mais utilizada e que mais resulta em boas análises é utilizando um borrifador de água pois é necessário molhar a amostra PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 65 até que ela se torne homogênea e possa ser possível modelála em nossas mãos Após borrifar água na amostra em mãos devese tentar fazer um cilindro de 6 a 7 cm de comprimento por 1 cm de diâmetro aproximadamente A figura 33 traz os três resultados possíveis desse experimento atextura arenosa b textura muito argilosa c textura argilosa Figura 33 experimento de textura do solo em campo Fonte adaptado de httpspermaculturapedagogicablogspotcom201112antoniorobertomendespereiranaturezahtml Conforme observamos na figura x se não for possível fazer o cilindro indica que a textura é arenosa Figura 33a Porém se for possível fazer o cilindro mas ele se desfizer a textura é media não indicando que há fração predominante Ao continuar moldando o cilindro sempre borrifando para a umidade não sair e ele se rachar ao tentar dobrar ou formar um círculo indica que sua textura é argilosa Figura 33c mas se for possível fechar o círculo ou dobrar sem que o molde se fragmente indicará que a textura é muito argilosa Figura 33b Devemos lembrar que a proporção granulométrica só será determinada com precisão mediante análises de laboratório no intenta as inferências de campo são fundamentais para as análises Além disso é possível sentir a textura dos grãos ao manipular as amostras apresentando a áreia uma textura mais grosseira e áspera podendo sentir arranhar entre os dedos enquanto o silte tem uma textura mais suave semelhante a um talco e a argila é facilmente moldável PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 66 Outra característica relevante a ser observadas na descrição morfológica de um perfil é a estrutura do solo Ela corresponde ao arranjo das partículas primárias do solo areia argila e silte formando aglomerados denominados agregados Figura 34 Sua formação se dá por uma série de fatores entre eles ajuntamento das partículas de argila silte e areia provocado pela ação das argilas óxidos de ferro e húmus e aparecimento de fendas que separam as unidades estruturais ocasionados pela expansão e contração física do material Figura 34 Foto de um agregado Fonte httpsagroposcombrestruturadosolo Conforme já estudamos uma série de propriedades físicas químicas e processos biológicos são afetados pela forma tamanho e grau de desenvolvimento ou de coesão dentro e entre os agregados Isso vai influenciar por exemplo na porosidade do solo e na maior ou menor permeabilidade da água facilidade de penetração ou não das raízes e o grau de aeração Para examinar e descrever a estrutura de um horizonte do solo devese retirar um bloco ou torrão com uma faca ou martelo Depois que estiverem separados verifica se variáveis acima mencionadas forma tamanho e grau de desenvolvimento De acordo com Venturi 2011 quando um torrão é submetido a uma pressão entre os dedos por exemplo ele se quebra em torrões menores de acordo com seu plano de fraqueza O grau de desenvolvimento da estrutura vai determinar a facilidade ou dificuldade com que uma amostra se quebra Se ela for fraca os agregados se desfazem predominando material solto se for moderada eles se desfazem com pouco material solto e forte quando os agregados se desfazem não restando material solto Quanto à forma Figura 35 os agregados podem ser classificados em arredondados com estrutura granular grãos simples no caso de solos arenosos ou microagregada no caso de solos argilosos angulosos blocos angulares subangulares prismáticos e colunares e laminares PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 67 Figura 35 Tipos de estruturas presentes nos perfis de um solo Fonte httpsagroposcombrestruturadosolo Quanto ao tamanho variando nas classes muito pequena média grande e muito grande Os agregados granulares laminares e grumosos possuem tamanho menor do que os agregados prismáticos colunares e blocos angulares e sub angulares Isso pode ser observado na tabela da figura 36 Figura 36 Tipos e tamanhos dos agregados de solo Fonte Venturi 2011 p 93 A porosidade do solo é outra característica que pode ser observada em campo tanto a olho nu quanto por meio de auxílio de uma lupa Ela se refere ao espaço PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 68 do solo ocupado por água ar ou seres vivos Eles são classificados em microporos quando sua expessura em diâmetro não ultrapassa 0005 mm e macroporos quando são maiores que esse valor A descrição dela se dá pela observância da forma do tipo do tamanho e da quantidade Quanto ao tipo a porosidade pode ter sua origem relacionada à herança da alteração do material de origem do solo porosidade de alteração à textura do solo porosidade textural à estrutura dos agregados porosidade estrutural ou à ação da fauna e florado solo porosidade biológica VENTURI 2011 p 94 ANOTE ISSO Caroa aluno a não confundir porosidade com permeabilidade A porosidade é o espaço do solo ocupado por água ar ou seres vivos A permeabilidade por sua vez é a capacidade que um sólido tem de deixar o fluido atravessar os seus espaços Nesse sentido saber a porosidade do solo ou da rocha é fundamental para compreender a capacidade de absorção de água no solo mas não traz informações sobre a velocidade em que a água pode fluir pelos poros Tomemos como exemplo um sedimento argiloso no qual possui alta porosidade mas é praticamente impermeável haja vista que seus poros são muito pequenos e a água acaba ficando presa Outro exemplo diz respeito aos derrames basálticos onde não há porosidade alguma da rocha no entanto são abundantes as fraturas abertas podendo deixar a rocha altamente permeável Neste último exemplo podemos inferir que a rocha é altamente permeável mas não possui porosidade alguma No que se refere ao tamanho a porosidade pode ser classificada em poros não visíveis poros muito pequenos quando são inferiores a 1 mm de diâmetro pequenos de 1 a 2 mm de diâmetro médios quando possuem de 2 a 5 mm grandes de 5 a 10 mm e muito grandes quando superior à 10 mm de diâmetro Em relação à quantidade os poros podem ser classificados em a poucos em horizontes com porosidade pouco visível b comuns horizontes de textura argilosa e estrutura em blocos c muitos em horizontes com textura arenosa VENTURI 2011 Por fim podemos medir a consistência de um horizonte que está relacionada à resistência do solo a alguma força que tende a rompêlo Conseguimos estimar a resistência pressionado um torrão agregado entre os dedos LEPSCH 2002 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 69 Dessa forma podemos determinar a consistência do solo observando três estados de umidade A seco para estimar a dureza B úmido para estimar a friabilidade c molhado para estimar a plasticidade do solo Figura 37 Figura 37 Técnicas de campo para determinar a consistência de agregados do solo Fonte Venturi 2011 p 95 De forma breve podemos inferir que a consistência do solo seco é verificada comprimindose um torrão do solo entre o dedo polegar e o indicador e vai indicar a dureza do material variando de solta a extremamente dura Obtémse a consistência do solo úmido utilizando o torrão de solo umedecido usado para estimar a friabilidade do solo variando de solta a extremamente firme A amostra deve ser submetida a uma pressão entre o polegar e o indicador Por outro lado a consistência do solo molhado é verificada com uma amostra de solo molhada e manipulada para se estimar a plasticidade e a pegajosidade da amostra A amostra deve ser molhada até atingir sua saturação Portanto caroa alunoa consegue perceber a necessidade da realização da coleta de campo Com técnicas simples de análise conseguimos inferir uma série de informações que poderão auxiliar nas etapas posteriores da pesquisa O melhor disso tudo é que você futuro professora de Geografia consegue reproduzir essas técnicas com certa facilidade com alunos de todas as idades PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 70 CAPÍTULO 8 MEDIDAS DE PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS SOLOS 81 As atividades humanas e seus efeitos no solo Caroa alunoa sabemos que o solo e a vegetação caminham juntos Os vegetais que ali vivem são completamente dependentes dele assim como também auxiliam o solo a manter suas principais características e propriedades A conservação dos solos é um tema de grande importância para a sustentabilidade ambiental e para a segurança alimentar da população mundial Os solos devem ser compreendidos como um recurso natural finito e essencial para a produção de alimentos fibras e biocombustíveis bem como para a manutenção dos ecossistemas terrestres No entanto ele está sujeito às degradações impostas pelos seres humanos em suas atividades econômicas principalmente em relação à agricultura Uma das principais causas da degradação dos solos é a erosão que pode ser causada por diversos fatores como o vento a água o manejo inadequado do solo a falta de vegetação entre outros Além disso a compactação do solo o desmatamento o uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes a salinização a acidificação e a contaminação por metais pesados também podem contribuir para a sua degradação Outros fatores que podem causar a degradação do solo incluem o seu uso intensivo para atividades de agropecuária sem práticas adequadas de conservação a urbanização desordenada e a mineração que pode causar a destruição e a contaminação do solo Assim a degradação dos solos podem impactar negativos na produção agrícola na qualidade da água e do ar na biodiversidade e no meio ambiente como um todo Trata se de um problema global que afeta milhões de hectares de terra em todo o mundo causando prejuízos econômicos e sociais além de ameaçar a segurança alimentar das populações mais vulneráveis Por isso é fundamental implementar práticas de conservação do solo como o manejo adequado da vegetação o controle da erosão o uso de técnicas de agricultura sustentável e a recuperação de áreas degradadas Essas medidas contribuem para a manutenção da fertilidade do solo a preservação da biodiversidade a redução da poluição e a mitigação das mudanças climáticas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 71 82 Práticas de conservação dos solos As plantas melhor se desenvolvem quando lançam a maior parte de suas raízes no horizonte A pois ele tem uma estrutura facilmente penetrável pelas raízes e é cheio de nutrientes onde os resíduos orgânicos se acumulam As argilas se movem para o horizonte B que tem uma maior capacidade de armazenar água Essa combinação criada pela natureza de um horizonte A mais poroso e fértil sobre um B mais adensado mas que pode reter mais água é um ambiente muito apropriado para o cultivo das plantas LEPSCH 2010 p 197 Porém os processos erosivos principalmente os causados pelas atividades agrícolas pode remover o horizonte A expondo o B no qual as plantas terão dificuldade para crescer Por isso é tão necessária a proteção do horizonte A como forma de conservação do conjunto dos horizontes do solo Essa proteção pode ser feita com um conjunto de técnicas isoladas ou simultâneas denominadas práticas de conservação dos solos Elas permitem controlar a erosão não necessariamente eliminála mas evitar que se tomem maiores proporções Outra ação direta importante dessas práticas é a absorção dos impactos da água no solo evitando que a água caia diretamente nele e escoe superficialmente de modo que a enxurrada arranque o horizonte A Dessa forma a água penetrando lentamente no solo os rios não são sobrecarregados e são evitadas as inundações erosões e assoreamentos De maneira didática existem três formas de conservação dos solos as práticas de caráter edáfico mecânico e vegetativo A seguir iremos ver de forma mais detalhada cada uma dessas formas É bom reforçar que embora vistas de forma separadas elas podem ocorrer simultaneamente e sua implementação dependem muito das condições ambientais e de solo de cada área 821 Práticas edáficas Essas práticas ou técnicas dizem respeito às ações que visam manter ou melhorar a fertilidade dos solos principalmente no que diz respeito à adequada disponibilidade de nutrientes para as plantas São três as principais formas de manuseio do solo ligados às técnicas edáficas controle de queimadas adubações e rotação de culturas As queimadas Figura 38 são uma das mais antigas e rudimentares técnicas de preparo do solo para a limpeza do terreno de restos de culturas anteriores vegetação seca e outros detritos que possam estar no local Isso facilita a preparação do solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 72 para o plantio Outra função das queimadas é o controle de pragas e doenças pois permite eliminar insetos ácaros e outras pragas que se alojam no solo ou nas plantas bem como esporos de fungos e bactérias que podem causar doenças nelas Figura 38 Prática de Queimada do Solo Fonte httpsdireitoambientalcombrprodutorruralxincendioflorestal Além disso permite a melhoria da fertilidade do solo liberando nutrientes tornandoo mais fértil para o plantio No entanto uma das funções principais da prática de queimadas ainda muito utilizada na atualidade em grandes culturas como cana deaçúcar é a preparação de áreas para pastagem no qual a queimada elimina a vegetação indesejada e estimula o crescimento de gramíneas Embora a queimada possua alguns benefícios anteriormente citados se ela for efetuada com muita frequência deixa o solo desnudo o que aumenta a erosão volatiliza elementos úteis à nutrição das plantas e contribui para a poluição atmosférica Além de trazer outras consequências negativas como a perda de biodiversidade e o risco de incêndios florestais descontrolados Por isso ela deve ser minimizada de forma que seja realizada de maneira consciente e responsável seguindo as normas e regulamentações ambientais aplicáveis ou que seja preferencialmente eliminada sobretudo nas grandes culturas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 73 ISTO ESTÁ NA REDE Assista ao documentário Cinzas da Floresta É uma produção que mistura arte ativismo e ciência É possível seguir a página dos elaboradores nas redes sociais de mesmo nome e acompanhar todo processo de estudo e criação deste material que é dividido em etapas e capítulos cada vez mais preocupantes sobre as queimadas das matas e consequentemente dos solos httpswwwgooglecomsearchqdocumentC3A1riocinzasdaflorestarlz1C1FCXMptPTBR931BR931oqdocumentC3A1riocinzasdaf lorestaaqschrome69i57j69i608057j0j4sourceidchromeieUTF8fpstateivevldcidc00593c4vidO66Yh10P3RA A adubação e correção do solo visa a adição de nutrientes que faltam aos solos para o melhor desenvolvimento das plantas em uma lavoura Segundo Lepsch 2010 p 199 Além de corrigirem as deficiências naturais do solo repõem os nutrientes removidos com as colheitas e corrigem sua acidez Para saber como efetuar a adubação o agricultor moderno retira uma amostra do solo e a envia para um laboratório para que seja analisada Com base na análise serão indicados os corretivos e fertilizantes que devem ser usados Um dos corretivos mais utilizados é o calcário que serve para diminuir a acidez do solo mas também para fornecer os macronutrientes cálcio e magnésio Os fertilizantes são utilizados para fornecer outros elementos nutritivos entre eles os principais nitrogênio potássio e fósforo Em alguns tipos de agricultura mais extensivas e de subsistência utilizamse adubos orgânicos feitos de esterco de animais ou compostos formados pela decomposição de restos orgânicos Figura 39 Adubação do Solo Fonte httpsagroposcombradubacao PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 74 A rotação de culturas Figura 40 é uma prática agrícola que consiste em alternar diferentes tipos de cultivos em uma mesma área de plantio em ciclos de anos ou estações Essa técnica é importante para a manutenção da qualidade do solo o controle de doenças e pragas e a otimização da produtividade da área cultivada Figura 40 Rotação de Culturas Fonte httpinformativococaricombrpaginainicial20200605agro A rotação de cultura pode beneficiar os solos nos seguintes aspectos 1 Melhoria na qualidade do solo as diferentes culturas utilizam diferentes nutrientes do solo e algumas delas como as leguminosas têm a capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico no solo A rotação de culturas portanto ajuda a manter o solo rico em nutrientes e a prevenir a exaustão de nutrientes específicos 2 Controle de pragas e doenças algumas pragas e doenças são específicas de certos tipos de culturas e ao alternar os cultivos elas têm menos chance de se instalarem permanentemente no solo e se proliferarem 3 Aumento da produtividade a rotação de culturas pode aumentar a produtividade da área cultivada pois permite o estabelecimento de diferentes culturas maximizando o uso do solo e evitando o desperdício de recursos 4 Auxilia na preservação do meio ambiente auxilia na redução da erosão evita o esgotamento dos recursos naturais e promove a conservação da biodiversidade na área cultivada 822 Práticas de caráter mecânico De acordo com Lepsch 2010 as práticas de caráter mecânico estão relacionadas ao trabalho de conservação dos solos com a utilização de maquinários que introduzem alguma alteração na topografia da área para evitar enxurradas e erosão PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 75 Entre as principais práticas mecânicas de conservação estão o terraceamento que consiste na construção de terraços em áreas com declive acentuado que ajudam a reduzir a erosão e a aumentar a infiltração de água no solo e o plantio em curvas de nível Figura x que consiste em cultivar as plantas em faixas niveladas no solo reduzindo a velocidade da água e minimizando a erosão ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Caroa alunoa terraceamento e curva de nível são duas técnicas utilizadas na agricultura e na engenharia civil para controle de erosão do solo e de enxurradas Apesar de ambas serem muito parecidas e estarem relacionadas ao mesmo objetivo elas possuem diferenças importantes O terraceamento é uma técnica de construção de terraços em terrenos com declive com o objetivo de diminuir a erosão do solo e permitir o cultivo em áreas antes impróprias para a agricultura O processo envolve a construção de paredes de contenção geralmente de pedra madeira ou concreto ao longo das curvas de nível formando degraus em diferentes níveis no terreno Cada degrau é plano e nivelado permitindo o plantio em áreas que antes eram íngremes demais para a agricultura Figura 41 Técnica de Terraceamento em uma área agrícola Fonte httpswwwnacaoagrocombrnoticiasduvidasobreterraceamentoosenarspresponde Já o cultivo em curvas de nível é uma técnica de plantio em que as linhas de cultivo seguem as curvas de nível do terreno Essa técnica ajuda a diminuir a erosão do solo pois as curvas de nível atuam como barreiras para a água e os PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 76 nutrientes permitindo que eles sejam absorvidos pelo solo antes de escorrerem para outras áreas O plantio em curvas de nível figura 42 também ajuda a reduzir a compactação do solo e a aumentar a sua capacidade de retenção de água Figura 42 Técnica de plantio em curva de nível em uma área agrícola Fonte httpswwwnacaoagrocombrnoticiasduvidasobreterraceamentoosenarspresponde Ou seja enquanto o terraceamento consiste na construção de degraus artificiais em diferentes níveis para permitir o cultivo em áreas íngremes o cultivo em curvas de nível envolve o plantio seguindo as curvas de nível do terreno para diminuir a erosão do solo e aumentar sua capacidade de retenção de água Outra técnica utilizada é a aração da terra que consiste em semear a cultura diretamente no solo sem preparação prévia o que reduz a erosão e a compactação do solo a construção de barreiras físicas como cordões de pedra para evitar a erosão e a perda de solo e a adoção de técnicas que consistem em evitar a compactação do solo como o uso de equipamentos agrícolas com pneus mais largos ou a redução do tráfego de máquinas agrícolas em áreas sensíveis Figura 43 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 77 Figura 43 Erosão causada por maquinário agrícola Fonte httpsagroposcombrcompactacaodosolo No próximo capítulo iremos ver mais um pouco acerca da conservação dos solos e quais as medidas mais eficazes de caráter vegetativo para a manutenção e proteção dos solos contra os processos erosivos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 78 CAPÍTULO 9 CONSERVAÇÃO DOS SOLOS 81 Práticas de caráter vegetativo para a conservação dos solos De acordo com Lepsch 2010 as práticas vegetativas para manejo do solo são métodos de cultivo eficazes que têm como objetivo controlar a erosão com o aumento da cobertura do solo As mais comuns são reflorestamento formação e manejo adequado de pastagens cultivos em faixas controle das capinas faixas de árvores em formação de quebraventos cobertura do solo com palha e adoção de sistemas agroflorestais para agricultura extensiva utilizadas geralmente em pequenas propriedades Uma vez que o solo se encontra coberto por vegetação tais como folhagens árvores resíduos vegetais entre outros ele estará protegido da força da água da chuva pela ação da interceptação de parte da água que iria cair direto no solo e pela diminuição da velocidade do escoamento superficial Além disso um solo coberto por vegetação fornece matéria orgânica e sombreamento O aumento da matéria orgânica atrai uma microfauna capaz de produzirem compostos químicos uteis ao solo e minhocas que provocam a diminuição da lixiviação que leva os elementos nutritivos do solo para os horizontes mais profundos Para alguns tipos de solos altamente suscetíveis à erosão recomendase o reflorestamento Figura 44 que pode ser feito com a utilização de espécies nativas ou exóticas dependendo da área onde se encontram e da legislação pertinente Figura 44 Plantação de mudas ilustrando a prática de reflorestamento Fonte httpssitesustentavelcombrreflorestamento PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 79 Por exemplo as áreas ciliares que conformam as Áreas de Preservação Permanente APP devem ser preferencialmente reflorestadas utilizandose espécies nativas e servem para a proteção das margens dos rios contra o desbarrancamento Em outros casos onde o solo se apresenta enfraquecido podese optar por um tipo de reflorestamento utilizando espécies como eucalipto ou pinus que podem inclusive serem comercializados por meio da extração de madeira Outra forma de técnica vegetativa utilizada para a conservação dos solos é o cultivo em faixa Figura 45 Tratase de uma técnica na qual as plantas são cultivadas em faixas paralelas no terreno Elas podem ser criadas por meio da remoção do solo entre as faixas formando pequenos terraços elevados Essa técnica é geralmente usada em solos com declives suaves e ajuda a prevenir a erosão pois as faixas reduzem a velocidade da água da chuva e aumentam a infiltração no solo Figura 45 Cultivo em Faixa Fonte httpseoscomptblogcultivoemfaixas Assim No cultivo em faixas as lavouras são estabelecidas em porções alternadas de 20 a 40 m de largura de modo que a cada ano cultivos pouco densos se alternem com outros mais densos É uma prática que combina plantio em contorno com rotação de cultura e frequentemente com terraços O efeito de controle à erosão advém tanto do parcelamento das encostas com cultivos de diferentes coberturas como das suas disposições em contorno As faixas que cobrem mais o solo ajudam a interceptar melhor as enxurradas LEPSCH 2010 p 203 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 80 O Controle de capinas Figura 46 é o processo de gerenciamento e eliminação de plantas invasoras em áreas cultivadas como plantações agrícolas jardins parques entre outros As plantas invasoras também conhecidas como ervas daninhas podem competir com as culturas plantadas por nutrientes água e espaço além de hospedar pragas e doenças que afetam negativamente a produção agrícola Ele pode ser feito de diversas formas tais como Controle mecânico que envolve a remoção manual das plantas invasoras com o uso de ferramentas como enxadas foices roçadeiras ou tratores Controle químico que utiliza herbicidas para eliminar as plantas invasoras Os herbicidas podem ser aplicados diretamente nas plantas no solo ou nas sementes das ervas daninhas Controle biológico que envolve o uso de organismos naturais como insetos ácaros ou fungos que atacam e controlam as plantas invasoras Figura 46 Controle das capinas Fonte httpswwwjardineironetmetodosdecontroledeplantasdaninhashtml Outra técnica utilizada para a conservação de solos agrícolas é a prática de árvores em formação de quebraventos Tratase de uma técnica de manejo do solo que envolve o plantio estratégico de árvores ou arbustos em fileiras com o objetivo de reduzir a erosão do solo causada pela ação do vento Essa técnica é amplamente utilizada em áreas onde o solo é vulnerável à erosão Figura 47 As árvores enfileiradas ajudam a proteger o solo pois reduzem a velocidade do vento o que diminui a força da erosão Além disso as raízes das árvores ajudam a estabilizar o solo impedindo que o vento o carregue A cobertura vegetal também PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 81 ajuda a proteger o solo contra a chuva pois absorve parte da água impedindo que ela penetre no solo e cause erosão Figura 47 Faixa de árvores formando quebra vento Fonte httpswwwmanejebemcombrpublicacaonovidadescomofazereutilizarquebraventos Nos sistemas tradicionais de lavouras anuais como soja milho e trigo o horizonte A do solo é revolvido anualmente o que é importante para controlar o crescimento de ervas daninhas incorporar os resíduos de cultivos anteriores e afofar o solo para as semeaduras No entanto essa ação provoca a compactação da camada de solo imediatamente abaixo da removida e expõe a superfície do solo à ação direta dos raios solares e gotas de chuva o que acelera sua a erosão PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 82 ANOTE ISSO Revolver a terra significa inverter as camadas do solo com o uso de arado para que o plantio seja feito Para evitar esse revolvimento podese utilizar herbicidas para a remoção das ervas daninhas ou utilizar a técnica de plantio direto na palha Figura 48 que consiste na inserção de sementes abaixo da palha dos restos de cultivos anteriores com o uso de máquinas especiais Lepsch 2010 p 204 detalha bem esse processo Em uma só operação elas cortam longas e estreitas fendas alinhadas em curvas paralelas e de mesmo nível sob a palha que de certa forma imita a serrapilheira horizonte O das matas Ao mesmo tempo sementes e fertilizantes são colocados alguns centímetros abaixo da palha Tais operações substituem vantajosamente o revolvimento do solo pelo arado Ao permanecer coberto pela palha o horizonte superficial terá aumentada sua capacidade de reter a umidade e a sombra o que diminui o efeito indesejável de altas temperaturas Assim o aumento da absorção de água é maior e o arraste das partículas do solo pela erosão diminui significativamente Figura 48 Plantio direto na palha Fonte httpswwwembrapabrbuscadeimagensmidia3492001plantiodiretonapalha PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 83 Em comparação com o cultivo convencional o sistema de plantio direto na palha possui vantagens e desvantagens porém as vantagens se sobressaem Como desvantagem podemos destacar os altos custos dos herbicidas e a dificuldade de obter grande quantidade de palha para a realização da técnica Porém essas dificuldades se justificam pela alta possibilidade de controle de erosão e maior retenção da umidade pelo solo principalmente em épocas de seca aliado aos benefícios econômicos de economia de maquinário e mão de obra 82 Sistemas Agroflorestais para a conservação dos solos De acordo com Nair 1989 os sistemas agroflorestais SAF são sistemas de uso da terra em que as árvores interagem com os cultivos agrícolas eou animais simultânea ou sequencialmente de modo a aumentar a produtividade total de plantas e animais de forma sustentável por unidade de área Dessa forma as SAF são sistemas produtivos que podem se basear na sucessão ecológica da mesma forma que ocorre nos ecossistemas naturais em que árvores exóticas ou nativas são combinadas com culturas agrícolas trepadeiras forrageiras arbustivas de acordo com um arranjo espacial e temporal préestabelecido com alta diversidade de espécies e interações entre elas Assim podese dizer que a agrofloresta é uma forma de uso da terra onde árvores ou arbustos são utilizados em conjunto com a agricultura e com animais numa mesma área podendo ser plantados de uma só vez ou numa sequência de tempo Ela procura imitar uma floresta no sentido de deixar o solo sempre coberto pela vegetação e com muitos tipos de plantas juntas umas ajudando as outras Nestes sistemas em geral são realizados plantios de sementes eou de mudas onde os recursos e o retorno da produção são gerados permanentemente e em diversos estratos da formação florestal As SAF otimizam o uso da terra conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola Figura 49 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 84 Figura 49 Ilustração de uma Agrofloresta com diversidade de espécies Fonte httpsipoemaorgbrconceitosdeagrofloresta Esses sistemas possuem uma série de benefícios para a conservação dos solos entre os quais destacamse Proteção contra erosão a cobertura vegetal proporcionada pelas árvores e arbustos ajuda a proteger o solo contra a erosão causada pela chuva e pelo vento Melhora da qualidade do solo a presença de árvores e arbustos em agroflorestas pode aumentar a matéria orgânica do solo e melhorar sua estrutura aumentando sua capacidade de retenção de água e nutrientes Redução da compactação do solo as raízes profundas das árvores ajudam a evitar a compactação do solo e facilitar a infiltração da água Aumento da biodiversidade do solo proporcionam aumento dos nutrientes para a microfauna do solo incluindo microrganismos insetos e outros animais aumentando a biodiversidade do solo Redução do uso de insumos químicos as agroflorestas podem reduzir a necessidade de insumos químicos como fertilizantes e pesticidas que podem ter impactos negativos na saúde do solo As agroflorestas também podem contribuir para a mitigação das mudanças climáticas a produção de alimentos saudáveis e a promoção da segurança alimentar PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 85 Figura 50 melhoria do solo utilizando sistemas agroflorestais Fonte httpsg1globocommsmatogrossodosulnoticia20220629oqueeosistemaagroflorestalquejovetantoqueraplicarnasfazendasdezeleoncio ghtml Por isso eles têm sido apontados como alternativa fundamental para as políticas de incentivo à recuperação de áreas já desmatadas possibilitando assim a sustentabilidade dos recursos naturais e a produção com vantagens sociais econômicas e ambientais Isso se dá pelo fato de que sua produção diversificada favorece a recuperação da produtividade dos solos degradados por meio da utilização de espécies arbóreas leguminosas que adubam o solo sem a necessidade de grande utilização de insumos externos diminuindo os impactos ambientais do uso de fertilizantes artificiais e reduzindo também os custos de produção Perceba caroa alunoa que são diversas as práticas utilizadas que visam a conservação dos solos e o uso sustentável da terra Infelizmente os interesses PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 86 econômicos se sobressaem e prevalecem as técnicas de cultivo convencionais que no geral são menos custosas a curto prazo Mas isso vem mudando nos últimos anos pois além dos ganhos ambientais dessas práticas de conservação elas permitem maior durabilidade dos solos e melhoria no rendimento agrícola a longo prazo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 87 CAPÍTULO 10 TIPOS E USOS DOS SOLOS 101 Tipos de Solos Sistema Brasileiro de Classificação Os solos são recursos naturais essenciais para a produção de alimentos biomassa matériasprimas e muitos outros produtos que sustentam a economia global Além disso desempenham um papel fundamental na proteção da qualidade da água e do ar na mitigação das mudanças climáticas e na conservação da biodiversidade A qualidade do solo no entanto é determinada pela sua composição física química e biológica que varia de acordo com suas características específicas Por isso é importante estudar e entender os diferentes tipos de solo bem como as condições que afetam sua formação para garantir que sejam utilizados de forma sustentável Por exemplo algumas atividades humanas como a agricultura a mineração e a construção civil podem causar impactos negativos significativos no solo incluindo a erosão a compactação a contaminação e a perda de nutrientes Esses impactos podem levar a uma redução na produtividade do solo e afetar negativamente o meio ambiente e a saúde humana Assim conhecer os diferentes tipos de solo e suas características auxiliar no planejamento e implementação de formas de uso do solo que minimizem esses impactos e promovam a sustentabilidade do uso Nesse caso podese escolher as culturas mais adequadas para cada tipo de solo adotar técnicas de conservação do solo usar tecnologias de baixo impacto ambiental na mineração e na construção civil entre outras medidas Caroa alunoa sabendo então que o estudo dos tipos de solo é fundamental para garantir o uso e a ocupação adequados do solo pelas atividades humanas nessa primeira parte do capítulo iremos trazer os principais tipos de solo e suas características de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos EMBRAPA 2018 Em âmbito nacional o Brasil tem um padrão de classificação de solo que é uma adaptação de outros países e que foi adaptada às características do nosso país A última atualização do sistema brasileiro de classificação dos solos SiBCS aconteceu em 2006 sob coordenação da EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que possui em seu quadro de pesquisa inúmeros profissionais especializados em pedologia PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 88 que buscam agregar novos dados sobre os solos brasileiros e sempre publicam atualizações Esse sistema é dividido em 13 ordens que é o primeiro nível categórico do solo são eles Argissolo Cambissolo Chernossolo Espodossolo Gleissolo Latossolo Luvissolo Neossolo Nitossolo Organossolo Planossolo Plintossolo e Vertissolo ANOTE ISSO Dentro das ordens de solos existem subclassificações que indicam exatamente uma categoria de solo específica Por exemplo quando nos referimos ao subgrupo Latossolo Vermelho Eutroférrico Típico estamos apontando que a palavra Latossolo indica a ordem em que o solo se encontra Vermelho indica a subordem de cor vermelha do horizonte B indicando presença de mineral férrico hematita Eurtoférrico indica que há elevada saturação por base e teores de ferro bastante elevados Típico se refere ao subgrupo nesse caso indicando que esse solo não apresenta características intermediárias Fonte LEPSCH 2003 Os Neossolos são solos jovens sem horizonte B formados em ambiente sem excesso de água Como são solos muito heterogêneos estes podem ser divididos considerando o segundo nível categórico No geral devido às suas características são considerados frágeis e sensíveis à erosão Sua utilização para fins agrícolas pode ser limitada pela baixa fertilidade natural e pela pouca espessura Porém esses solos podem ser utilizados para fins de pastagem reflorestamento turismo e lazer desde que sejam adotadas práticas de manejo adequadas para minimizar os impactos ambientais Os Neossolos Regolíticos Figura 51 costumam apresentar horizontes na sequência ACR São solos associados a locais de relevo movimentado onde a taxa de pedogênese é baixa Apresenta horizonte A pouco desenvolvido ou ausente e uma camada superficial pouco espessa formada por material orgânico e mineral que se acumulam sobre as rochas expostas Possui uma camada superficial de material inconsolidado regolito composta por fragmentos de rocha pedras e areia que se sobrepõe às rochas subjacentes Possuem baixa fertilidade natural devido à pouca espessura da camada de solo e à baixa capacidade de retenção de nutrientes São comuns em áreas de relevo íngreme e rochas resistentes e geralmente estão associados a encostas colinas e morros PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 89 Figura 51 Perfil de um Neossolo Regolítico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcsneossolosneossolosregoliticos Os Neossolos Quartzarênicos Figura 52 por sua vez costumam apresentar uma sequência de horizontes ACR sendo que as texturas dos horizontes A e C são arenosas 70 de areia São solos associados a áreas de litologia de arenitos e quartzitos bastante comuns no semiárido algumas áreas do sul e do cerrado brasileiro Apresenta baixa capacidade de retenção de água e nutrientes devido à dominância da camada de areia o que pode limitar o crescimento de plantas Essa baixa capacidade de retenção de nutrientes e a pouca espessura do solo fazem com que os Neossolos Quartzarênicos apresentem baixa fertilidade natural Apresentam alta acidez PH ácido devido à presença de alumínio e outros elementos tóxicos em sua composição Figura 52 Perfil de um Neossolo Quartzarênico Fonte httpswwwagriculturaprgovbrPronasolosPRPaginaNEOSSOLOQUARTZARENICONABACIAHIDROGRAFICAPARANAlllPOSICIONAMENTONA PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 90 Há também os Neossolos Flúvicos Figura 53 que são formados por camadas de sedimentos aluviais depositados pelos rios e ocorrem em todo o Brasil em áreas mais úmidas próximas de rios e córregos No geral apresentam uma estratificação muito marcante com camadas horizontais que refletem a deposição dos sedimentos pelo rio ao longo do tempo Por ser um solo que apresenta boa drenagem devido sua porosidade costuma apresentar alta fertilidade por causa da deposição de matéria orgânica e nutrientes trazidos pelos corpos dágua e por isso é muito utilizado para fins agrícolas especialmente para culturas irrigadas devido à sua boa drenagem e fertilidade Porém devido à sua natureza pouco consolidada é vulnerável à erosão especialmente quando a vegetação nativa é removida para dar lugar a atividades humanas Figura 53 Neossolo Flúvico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicaterritoriosterritoriomatasulpernambucanacaracteristicasdoterritoriorecursos naturaissolosneossolosfluvicos Ainda há os Neossolos Litólicos Figura 54 cuja sequência de horizontes costuma ser AR ou ACR sendo que no segundo caso a espessura dos horizontes AC deve ser 50 cm Ocorrem pontualmente por todo o território nacional tendendo a se concentrar em áreas de relevo bastante movimentado A principal limitação a seu uso agrícola é sua pequena espessura Suas características de fertilidade e textura estão diretamente relacionadas às características do material de origem PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 91 Figura 54 Perfil de um Neossolo Litólico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasolosneossoloslitolicos Os Organossolos Figura 55 são solos altamente orgânicos onde os materiais orgânicos são preponderantes sobre os minerais Geralmente com sequência de horizontes OABC ou HC São solos que apresentam horizonte hístico O ou H com no mínimo 40 cm de espessura Podem ser encontrados em antigas planícies de inundação de rios paleo planícies pelo longo período de acúmulo de húmus A grande quantidade de matéria orgânica os torna naturalmente férteis embora a disponibilidade de nutrientes possa ser afetada pela acidez do solo A drenagem pode ser muito ruim devido à sua porosidade baixa o que pode levar à formação de solos pantanosos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 92 Figura 55 Perfil de um Organossolo Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcsorganossolosorganossoloshaplicos Por conta dessas características os Organossolos são geralmente usados para pastagens produção de culturas de subsistência e são importantes para a conservação da biodiversidade pois são habitats naturais de muitas espécies de plantas e animais Os Greissolos possuem sequência de horizontes HCg com H 40 cm ou AC São solos que ocorrem somente em áreas encharcadas O horizonte A é muito escuro e está sobre um horizonte C bem claro com possível presença de mosqueados Esse tipo de solo é encontrado em áreas de várzeas veredas e mangues Figura 56 Gleissolos Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicaterritoriosterritoriomatasulpernambucanacaracteristicasdoterritoriorecursos naturaissolosgleissolos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 93 Os Chernossolos Figura 57 geralmente apresentam sequência de horizontes AR ACR e ABCR São solos altamente férteis devido à alta concentração de matéria orgânica e nutrientes como cálcio magnésio potássio e fósforo logo as condições para o enraizamento em profundidade são muito boas principalmente se a profundidade do solo for adequada Ocorrem em quase todas as regiões do Brasil em pequenas extensões geralmente associados às rochas pouco ácidas em climas com estação seca acentuada Devido a essas características é muito utilizado para a produção agrícola de culturas como milho trigo soja arroz batata entre outras Também é utilizado para pastagem e para a produção de madeira Figura 57 Perfil de um Chernossolo Fonte httpswwwembrapabrdocuments5805722366922426Chernargort000gnaj84q502wx5ok0liq1mqjf3mbgtjpgac5cb1bbe9cfd5205854 cd23496bed54t163904957606 Caracterizados por sua alta fertilidade natural e profundidade estão os Nitossolos Figura 58 desenvolvendose principalmente em regiões tropicais e subtropicais Apresentam horizonte B rico em argilas trazidas pela água de horizontes superficiais A cor varia de vermelho a amarelo dependendo da presença de óxidos de ferro e alumínio em sua composição Apresentam geralmente uma estrutura em blocos com boa estabilidade o que permite um bom desenvolvimento das raízes das plantas tanto é que são utilizados para a produção agrícola de culturas como soja milho trigo entre outras Um exemplo desse solo é a Terra Roxa antiga nomenclatura oriunda da decomposição mineral do basalto PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 94 Figura 58 Perfil de Nitossolo Vermelho Fonte httpswwwagriculturaprgovbrPronasolosPRPaginaNITOSSOLOVERMELHODOSUBPLANALTOCASCAVELcaracteristicasepotencialdeuso Os Luvissolos Figura 59 possuim o horizonte B rico em potássio cálcio magnésio Sódio e Argila É relativamente comum no sertão e agreste nordestino e ocupa cerca de 15 da área do semiárido predominando na região mais seca o sertão Figura 59 Perfil de Luvissolos Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasolosluvissolos Os Planossolos Figura 60 são solos compostos por horizontes A e B podendo também podendo também existir o horizonte E com nítida diferenciação motivada pela desargilização das camadas superiores e deposição no horizonte B o que por outro lado caracteriza uma redução de permeabilidade dessa camada Com isso é comum a ocorrência de mudança textural abrupta gerando impermeabilização natural o que pode acarretar a formação de um nível freático temporário suspenso no período chuvoso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 95 Figura 60 Perfil de Planossolos Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasolosplanossolos No caso dos Cambissolos Figura 61 a possível sequência de horizontes é ABiC É um tipo de solo relativamente jovem com horizonte B muito delgado indicando que ele ainda se encontra em processo de formação Está presente em todo o país e é intensamente utilizado pela agricultura quando em área plana pois está associado a áreas de relevo movimentado e que normalmente é muito suscetível à erosão Figura 61 Perfil de Cambissolo Háplico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasoloscambissolos Por fim os Latossolos Figura 62 sob o ponto de vista pedogenético são os solos mais desenvolvidos da crosta terrestre São antigos e profundos apresentando sequência de horizonte A B e C com predominância de transições difusas e graduais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 96 entre os subhorizontes A profundidade do horizonte A B normalmente é superior a dois metros com fertilidade incipiente demandando adubação para produção agrícola Figura 62 Perfil de Latossolo Amarelo Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcslatossoloslatossolosamarelos Eles representam cerca de 50 dos solos do Brasil sendo predominantes os Latossolos amarelos nas regiões Norte e Nordeste e os Latossolos vermelhos nas regiões CentroOeste Sudeste e Sul 102 Ocupação e Uso do Solo no Brasil São diversos os usos do solo no Brasil que variam de acordo com a região as características do solo e a atividade econômica predominante Entre os principais tipos de uso do solo podemos destacar o uso agrícola destinado à produção agrícola como cultivo de grãos frutas hortaliças canadeaçúcar entre outros o uso pecuário destinado à criação de animais para a produção de carne leite e produtos derivados o uso florestal Silvicultura destinado à produção de madeira papel celulose e outros produtos florestais o uso urbano uso industrial destinado à instalação de indústrias como fábricas refinarias siderúrgicas entre outras atividades produtivas uso mineral destinado à exploração de recursos minerais como minério de ferro ouro carvão petróleo e gás e o uso de preservação ambiental referente a espaços eou territórios à conservação dos diferentes ecossistemas como Unidades de Conservação UC Reservas Legais RL Áreas de Proteção Permanente APP e Terras Indígenas TI Segundo o portal Embrapa 2022 os principais tipos de uso do solo no Brasil estão ligados ao uso agropecuário 302 englobando áreas de pastagens nativas e plantadas lavouras e florestas plantadas Por outro lado há uma grande parcela de 663 referente à áreas destinadas à vegetação protegida e preservada englobando as Unidades de Conservação Terras Indígenas e todo tipo de vegetação nativa em terras devolutas e não cadastradas no Cadastro Ambiental Rural CAR Figura 63 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 97 Figura 63 Perfil de Latossolo Amarelo Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcslatossoloslatossolosamarelos Por meio desse gráfico é possível observar a centralidade do uso agropecuário em nosso país e mediante a isso a necessidade de ações de planejamento do uso do solo Cada tipo de uso do solo pode ter impactos positivos ou negativos no meio ambiente e na sociedade por isso é importante que seja feito um planejamento adequado e uma gestão sustentável do uso do solo visando a garantia da produção econômica e da conservação ambiental Segundo Lepsch 2003 p 205 Cada solo tem um limite máximo de possibilidade de uso além do qual não poderá ser explorado sem riscos de degradação pela erosão Ou seja as culturas certas devem estar nos lugares certos Os solos com declive muito acentuado por exemplo têm capacidade no máximo para pastagem ou reflorestamento e o uso com culturas anuais que necessitam de revolvimento anual com o arado é desaconselhável Por outro lado os solos profundos permeáveis com declives suaves podem ter várias utilizações pois a suscetibilidade à erosão é pequena Em seus estudos Lepsch 2003 utiliza oito categorias de uso do solo que são relacionados à capacidade de uso do solo ou seja ligados ao grau de risco de degradação e à indicação do seu melhor uso agrícola Esse tipo de estudo envolve uma série de dados não apenas pedológicos mas hipsométrico de declividade e PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 98 geomorfológico haja vista que os fenômenos físicos são integrados e não ocorrem de forma isolada Dessa maneira segundo o autor Para diagnosticar a capacidade de uso das terras de uma propriedade agrícola deve se fazer um mapa detalhado de seus solos Nesse mapa devem constar além dos diferentes solos e suas classificações pedológicas os aspectos da topografia ou classes de declive e outros atributos físicos da terra com destaque aos danos já sofridos com a erosão Ao interpretar esse mapa distinguem se as classes e unidades de capacidade de uso a partir das quais se fazem as recomendações de sistemas de plantio de acordo com o que as terras possam suportar no mais elevado nível de produção sem se degradar pela erosão e os fatores econômicos demandas de mercados custos de produtos agrícolas etc LEPSCH 2003 p 205 As oito classes sugeridas por Lepsch 2003 são identificadas por algarismos romanos I II III IV V VI VII e VIII Figura 64 e podem ser agrupadas em três subdivisões A B e C onde A representa terras próprias para todo tipo de uso inclusive cultivos intensivos B Terras impróprias para cultivos intensivos mas aptas para pastagens e reflorestamento ou manutenção da vegetação natural C C Terras impróprias para cultivo recomendadas devido às condições físicas para a proteção da flora fauna ou ao ecoturismo Figura 64 Classes de uso do solo de acordo com LEPSCH 2003 Fonte httpsimagesslideplayercombr4611624226slidesslide14jpg PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 99 A tabela da figura 65 ilustra as limitações e risco de acordo com o aumento da intensidade de uso do solo baseandose nas classes de capacidade de uso do solo proposto pelo autor Figura 65 Classes de uso do solo de acordo com LEPSCH 2003 Fonte httpsimagesslideplayercombr4611624226slidesslide14jpg Para ajudar a fixar esses conceitos trazemos brevemente um estudo de caso de Paganotto et al 2018 aplicado à região da Alta bacia do Arroio Quilombo localizado em Pelotas no Estado do Rio Grande do Sul Nesse estudo os autores buscaram verificar a adequabilidade dos usos da terra na área de interesse para tal foi elaborado um mapa de coberturas e usos da terra e posteriormente cruzado com o mapa de capacidade de uso da terra As três classes identificadas para a alta bacia do Arroio Quilombo são III IV e VIII e as subclasses são s relacionada à solos com limitações e indicativo de suscetibilidade erosiva correspondendo às seguintes denominações a IIIse limitações quanto aos cultivos b IVse limitações quanto aos cultivos intensivos c VIIIse forte limitação aos cultivos intensivos Nesse sentido os autores confeccionaram um mapa de uso e cobertura da terra e utilizandose os critérios estabelecidos por Lepsch 2003 comparam com outro mapa de capacidade de uso para propor adequações quanto ao uso do solo Figura 66 Dentre diversos resultados alcançados pelos autores destacase que a classe IIIse ocupa 157 da área total da bacia e se localiza integralmente na parte norte apresentando adequabilidade de uso de cerca de 506 A área apresenta todas as classes de uso porém com predomínio da cultura temporária de fumo 485 que além de retirar a cobertura vegetal desencadeia altos impactos ao meio ambiente PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 100 como a contaminação do solo e da água através da aplicação de agrotóxicos Na região a cultura do fumo ocorre predominantemente em áreas de declive acentuado com ausência de práticas de conservação do solo e com intenso revolvimento anual do solo Figura 66 Mapas de uso e cobertura da terra e de capacidade de uso Fonte httpswwwsinageoorgbr2018trabalhos1010277161html Outro constatação importante é o caso da classe IVse que ocupa 641 da área da bacia e abrange a área central Ela apresenta usos adequados do solo como culturas permanentes e áreas de silvicultura Porém verificase que quase metade dessa área apresenta cultivo de fumo sendo esta cultura incompatível com essa referida classe Perceba caroa alunoa que o planejamento do uso do solo é essencial ao equilíbrio do meio ambiente mas também às atividades econômicas humanas haja vista que o mau uso da terra coloca em risco inclusive a produção agropecuária PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 101 CAPÍTULO 11 EROSÃO MECANISMOS FORMADORES E FATORES INTERVENIENTES A erosão é caracterizada como um processo no qual o solo sofre desgaste transporte e sedimentação De forma natural o intemperismo químico físico ou biológico causa desgaste no solo e nas rochas desagregação de partículasque são transportadas por gravidade das partes mais altas para as partes mais baixas Estas partículas também chamadas de sedimentos são depositadas nas áreas de menores altitudes concluindo o processo de sedimentação Estes fatores podem ser observados na Figura 67 Figura 67 Erosão e sedimentação do solo Fonte httpsmundoeducacaouolcombrgeografiaerosaohtm O processo de erosão é responsável pela modelação do relevo como observado no esquema apresentado o sedimento da área de maior altitude foi deslocado para a área de menor altitude Como estudado na aula 5 as propriedades físicas textura estrutura densidade porosidade permeabilidade químicas biológicas e mineralógicas do solo influenciam no processo de erosão Por exemplo um solo de textura arenosa é mais poroso o que permite uma rápida infiltração devido ao tamanho das partículas que o compõem Um solo formado por uma quantidade maior de matéria orgânica terá maior agregação e conexão das partículas e irá reter mais água PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 102 Na aula 7 estudamos os tipos de solo podemos relembrar que Latossolos são solos que apresentam alta porosidade e profundidade o que lhes comete maior resistência a perda de partículas Já Argissolos são mais suscetíveis a erosão por apresentar maior acúmulo de argila em profundidade o que limita sua infiltração de água CALDERANO FILHO et al 2014 Outro fator de importância é a espessura solos com menor profundidade e ineficiência da cobertura vegetal acontece a rápida saturação dos horizontes superiores tornando estes mais suscetíveis a erosão CALDERANO FILHO et al 2014 A exemplo disto se tem os Neossolos Litólicos Quanto à sua origem a erosão pode ser dividida em Geológica e Acelerada Quando ocorre de forma natural esse processo é chamado de Erosão Geológica o qual se desenvolve de forma lenta e gradativa e é responsável por modificações do relevo como por exemplo esculpir um vale de rio Quando intensificada e desencadeada por ações humanas esta é chamada de Erosão Acelerada e pode ser desencadeada e intensificada por ações humanas A retirada de vegetação a construções em áreas onde as condições do terreno são propícias a erodibilidade o manejo incorreto do solo em plantações são exemplos de ações antrópicas que aceleram o processo de erosão e causam danos extremos aos solos Quanto aos agentes erosivos o processo se divide em Eólico e Hídrico e suas subdivisões Erosão Eólica o vento é o agente erosivo Há o desprendimento das partículas o transporte e a deposição É influenciada pelo clima o tipo de solo e vegetação da área figura 68 Figura 68 Erosão eólica Fonte httpsrevistasuminhoptindexphpphysisterraearticleview22472707 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 103 A imagem é de um famoso ponto turístico do Paraná O parque de Vila Velha onde há formações rochosas esculpidas pela erosão eólica nos grandes blocos de arenito Erosão hídrica Ocorre pelo impacto direto da água com o solo ou pelo atrito da água escorrendo que pode ser mais ou menos intensa conforme o volume O principal tipo de erosão causada pela água é a erosão pluvial É o famoso ditado popular água mole em pedra dura tanto bate ate que fura Isso ocorre devido às diferentes durezas na resistência de cada rocha ou solo Erosão Pluvial É aquela causada pela ação da chuva Uma das formas de manifestação dessa erosão é o efeito splash provocado a partir das gotas de água da chuva que caem e com impacto sobre o solo descoberto ou desprotegido acaba ocorrendo o espalhamento das partículas de terra BERTONI et al 1990 figura 69 e 70 Figuras 69 e 70 efeito splash Fonte httpseoscomptblogerosaohidrica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 104 Esse tipo de erosão geralmente é ocasionada quando o solo está exposto ou seja sem vegetação uma vez que a vegetação funciona como uma barreira amenizando a chegada da água no solo ou ainda diminuindo o atrito Além disso as raízes da vegetação têm papel fundamental no processo de erosão pois elas ajudam a segurar o solo diminuindo o desgaste e fixandoo No vídeo disponibilizado no slides da aula você pode observar uma experiência demonstrando a ação da água no processo de erosão e a forma como a vegetação influencia neste processo A imagem a seguir figura 71 é um esquema representativo disso Figura 71 Experiência e relação entre solo e infiltração da água Fonte httpswwwcaranguejoorgbrwpcontentsimages201412atividade176jpg É perceptível na experiência que com o impacto das gotas de água o solo sem vegetação sofre mais desagregação do que o solo com vegetação Este processo desencadeado pelas águas da chuva ocorre em quase todas as partes do mundo em especial nos trópicos onde os índices pluviométricos são mais elevados a partir dos efeitos das águas na superfície dos terrenos considerando diversos fatores como a intensidade da chuva da infiltração da água da topografia declive mais acentuado ou não do tipo de solo e da quantidade de vegetação existente o processo de erosão irá ocorrer de diferentes formas GUERRA 1999Quanto a intensidade da erosão está se divide em sulcos ravinas e voçorocas Sulcos são feições alongadas e rasas inferiores a 50 cm PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 105 Figura 72 Sulcos no solo Fonte httpsbrasilescolauolcombrgeografiaerosaohtm Ravinas são feições de maior porte de profundidade variável de forma alongada e não atingem o lençol de água subterrânea Voçoroca tem dimensões superiores às ravinas e atingem o lençol de água subterrânea pesquisas apontam a ocorrência de erosão por voçorocas em todo o Brasil por influência de processos geomorfológicos climas variados tipos de solos e uso e manejo da terra inadequados GUERRA et al 2018 figura 73 Figura 73 Transformação de Ravina e Voçoroca ou Boçoroca Fonte httpswwwembrapabragenciadeinformacaotecnologicatematicasagriculturaemeioambientemanejoreabilitacaodeareasprincipaisvocorocas Segundo Guerra 2016 o escoamento superficial difuso produz a erosão laminar muitas vezes mais drástica do que as outras formas de erosão como as ravinas e PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 106 voçorocas as ravinas incisões obliterados por máquinas agrícolas e as voçorocas incisões que impedem o trabalho de máquinas Quanto à origem as voçorocas podem surgir por retrabalhamento do escoamento superficial concentrado em antigas cicatrizes de deslizamentos de terra ou de escorregamentos FIQUE LIGADO A agricultura está diretamente ligada ao processo de ravinamento e que podem se transformar em grandes Voçorocas Saiba mais sobre isso no site da EMBRAPA httpswwwembrapabragenciadeinformacaotecnologicatematicasagricultura emeioambientemanejoreabilitacaodeareasprincipaisvocorocas Pesquisas apontam que práticas incorretas de agricultura geram desgastessérios para o solo e este fator é o que mais tem contribuídopara a improdutividade dos solos no Brasil e facilitado a erosão hídricaacelerada BERTONI LOMBARDI NETO 1990 Existem outras formas de erosão causadas pela água São essas Marinha Fluvial e Glacial Erosão Marinha provocada pelo mar há o desgaste de rochas e solo litorâneo Processo responsável pela formação das paisagens litorâneas figura 74 Figura 74 Erosão marinha Fonte httpsbrasilescolauolcombrgeografiatiposerosaohtm PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 107 Erosão Fluvial Causada pelas águas dos rios geralmente há a escavação e aprofundamento dos cursos dos rios formando vales profundos figura 75 Figura 75 Erosão fluvial Fonte httpsmundoeducacaouolcombrgeografiaerosaohtm Erosão Glacial é causada pela ação do gelo O congelamento e derretimento da água causam alterações em rochas e solos figura 76 Figura 76 Erosão glacial Fonte httpssuportegeografico77blogspotcom201912erosaoglacialhtml PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 108 É importante compreender que as erosões são na maioria das vezes naturais ou seja ocorrem pela ação da natureza No entanto o ser humano pode acelerar esse processo ou ainda criar outros mecanismos erosivos como os de maquinário pisoteamento do gado químico em poluição entre outros Nesta etapa analisamos os principais agentes erosivos naturais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 109 CAPÍTULO 12 TOLERÂNCIA DE PERDA DE SOLO Quando falamos em perda do solo nos referimos a duas questões importantes a perda do peso em massa e quantidade do solo mas principalmente da perda dos nutrientes que esse solo pode perder por lixiviação processo de lavagem do solo pela água da chuva É importante compreender que esses dois processos são distintos mas que podem acontecer de forma combinada Veja bem Quando chove e o solo é lavado lixiviado em seus nutrientes um perfil uma camada ou um local onde solo está localizado perde esses nutrientes minerais deixando apenas a massa no entanto essa massa também pode ser transportada dependendo do processo e da força da lixiviação Na maioria dos casos a perda da massa é importante uma vez que pode deixar o local desfalcado de solo e até mesmo diferenciar as curvas de nível do local mas a grande preocupação é em relação aos nutrientes No entanto cabe ressaltar que na natureza nada se perde ela se transforma ou seja os nutrientes que ali estavam foram transportados para outros local o que já estudamos que é chamado de erosão A erosão tem efeitos na produtividade agrícola e consequências ambientais O transporte de terra ocorre pelas enxurradas poluindo as águas os reservatórios e os cursos de água colocando em risco a saúde humana animal e a fauna aquática Nesse sentido existe a estimativa da quantidade de solo que pode ser perdido pela erosão Que seria uma quantidade dentro dos padrões considerados normais no ambiente natural ou entronizado Essa escala vai depender de diversos fatores entre eles espessura da massa granulometria irradiação solar quantidade de chuva topografia e relevo e até mesmo o tipo de rocha base Outro nível de importância para analisar este fator é o uso do solo Um dos principais uma vez que dependendo do uso que que se PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 110 dá aquele solo naquele ambiente a preocupação com a perda principalmente de nutrientes passa a ser maior Considerando essas informações o cálculo de tolerância de perda do solo São utilizados principalmente para fins de conservação do solo e planejamento de melhor manejo onde seja adequado aquele ambiente afim de que possa prever os impactos antes da prática agrícola ser implantada e pensar ações que evitem a erosão e diminuam as perdas As principais para ações dentro do padrão e que diminuem as perdas são relacionadas às taxas iniciais de infiltração da água no colo que pode ser aumentada pela absorção da água por parte das plantas na superficial do solo Também se refere às copas das árvores que podem retêm a energia das gotas da chuva pela barreira diminuindo assim o processo lixiviação e efeito splash A redução da velocidade das enxurradas pelas plantas e seus resíduos pois servem como barreira na condução do solo que está sendo drenado e erodido e ainda a estabilidade que pode ser aumentada pelas raízes das plantas e a atividade biológica Para analisar a quantidade que um solo pode ou não ser perdido dentro dos padrões considerados comuns em determinado ambiente existe um modelo que pode descrever matematicamente o processo de desprendimento do solo além disso o transporte e a deposição do material erodido A Equação Universal de Perda de Solos é muito utilizada e foi desenvolvida por Wishmeier e Smith em 1965 A equação é expressa da seguinte forma A R K L S C P Onde A letra A indica a perda de solo calculada por unidade de área e expressa em thá O R indica o índice de erosão pela chuva de acordo com a intensidade média de chuva em 30 minutos MJhá mmhá K significa erodibilidade O L representa o comprimento da rampadeclividade compara a perda de solo S é grau de declive A letra C significa o uso e o manejo E a letra P indica o fator prática conservacionista relacionada as perdas de solo A Equação Universal de Perda de Solo possui algumas vantagens como determinar a perda média anual de terra provocada pela erosão A equação apresentase como uma ferramenta para avaliar o comportamento da erosão e contribui para a preparação de técnicas de manejo que reduzam os efeitos negativos da agricultura PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 111 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Na prática estes cálculos matemáticos podem ser realizados com base em programas e práticas de coleta de campo Você pode ler mais sobre o assunto no texto a seguir httpswwwinfraestruturameioambientespgovbrinstitutoflorestalwpcontent uploadssites234200401IFc08pdf CAMPOS e Cardoso Calculo do Fator LS da A Equação Universal de Perda de Solos sd Outro artigo muito interessante é o de ALBUQUERQUE et al Determinação de fatores da equação universal de perda de solo em Sumé PB 2005 Disponível para leitura em httpswwwscielobrjrbeaaatXJLLQvQxGwLy6FmkG3VXjClangpt Para compreender mais especificamente o processo e a quantidade de perda permitida analisamos o quadro da figura 77 a seguir Figura 77 tolerância de perda de solo em alguns modelos Fonte Bertoni e Lombardi Neto 1990 p 32 É possível perceber que dependendo do local e do tipo de solo a perda é diferenciada considerada dentro ou fora do padrão natural O mais importante para a nossa formação é compreender que existem práticas que evitam essa perda sendo elas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 112 Praticas que evitam a perda Redução do desmatamento Sistema Plantio Direto Rotação de culturas Adubação verde Terraceamento Cultivo em contorno Precisão na aplicação de fertilizantes Irrigação de forma correta Essas práticas conservacionistas são divididas em 3 formatos Vegetativas aquelas que usam de vegetais plantas raízes e superfície coberta por vegetais para garantir a diminuição da perda entre elas podemos destacar segundo a EMBRAPA Edáficas aquelas ligadas às próprias características do solo material químico formato granulometria entre outros ligados às características físicas e químicas Mecânicas aquelas relacionadas ao processo de plantio formato da produção e distribuição geográfica do processo no terreno Acabam por ser as mais utilizadas ANOTE ISSO As principais formas de conservar o solo são chamadas de vegetativas edáficas e mecânicas Figura 78 Práticas conservacionistas do solo Fonte httpsagrotegcombrcomoevitaraerosaodosolonaagricultura PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 113 Leia mais em um material superinteressante e prático em que todas essas possibilidades podem ser analisadas httpwwwbibliotecaflorestalufvbrbitstreamhandle12345678910512 EPAMIGPrE1ticasconservacionistasvegetativasedE1ficasmecE2nicas pdfsequence1textDe20maneira20geral20existem20trC3AAsas20 edC3A1ficas20e20as20mecC3A2nicas Atualmente esses estudos estão sendo muito realizados e em alto nível de prática e potencial científico com real preocupação por parte dos produtores afinal sem solo e sem águas a produção passa a não ser vantajosa A busca pelo entendimento das dinâmicas envolvidas com a perda de solos por processos erosivos objetivando sua mensuração e manejo conservacionista vem ganhando espaço no meio científico devido aos problemas socioeconômicos e ambientais resultantes deste tipo de degradação Para isso discutese a importância de considerar tanto os aspectos naturais que possam favorecem a perda de solo como também os impactos decorrentes das práticas agrícolas BALDASSARINI e NUNES 2018 p 1 Segundo os próprios autores Cerca de 33 dos solos do mundo são considerados degradados sendo que na América Latina 50 apresentam algum tipo de degradação Só a erosão é responsável pela perda de 25 a 40 bilhões de toneladas de solo por ano reduzindo drasticamente a produtividade agrícola a segurança alimentar e a capacidade de armazenamento de água e nutrientes FAO 2015 No caso do estado de São Paulo estimase uma perda de mais de 200 milhões de toneladas de solos cultiváveis por ano sendo que 70 destes chegam aos mananciais na forma de sedimentos ZOCCAL 2007 A perda do solo tanto física quanto de potencial agrícola como já vimos pode interferir em todo o processo de produção rural animal e vegetal causando danos econômicos e sociais Os autores estudam que o processo é dinâmico havendo períodos sazonais onde o solo é perdido e outro que é recomposto de forma incluidve natural Por este motivo o manejo e o planejamento do uso do solo deve ser feito de maneira prática e efetiva para garantir qualidade e sustento real do solo na produção local A grande problemática está na lentidão do processo de recuperação que é lenta e impossível em escala humana PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 114 A degradação do solo deve ser impedida porque ela não é recuperável na escala humana alerta a organização no vídeo Isso porque para gerar 1 centímetro de solo fértil levamse 1000 anos O problema é agravado pela expansão urbana responsável pela constante impermeabilização do solo Na Europa por exemplo 11 hectares de solo são impermeabilizados a cada hora segundo a FAO ONG AKATU Segundo a EMBRAPA a única forma de garantir o uso e o manejo é com planejamento de reconhecimento dos processos de perdas dos solos com efetivas ações e políticas públicas que garantam a continuidade desse bem Entre elas estão ações de preservação da paisagem com áreas de preservação ambiental com reservas e proteções que garantam a viabilidade natural do sistema Estudiosos explicam que a desertificação também está atrelada a este processo de perda de nutrientes do solo Ao ser lixiviado o solo antes fértil e com minerais e materiais orgânicos passa a ser transformado em areia o que leva a desertificação do local No Rio Grande do Sul e na Bahia por exemplo são dois estados brasileiros com alto índice deste processo A formação de desertos não é rápida mas demora ainda mais para ser contida A pesquisadora Dirce Maria Antunes Suertegaray é renome internacional neste assunto e segundo suas pesquisas A desertificação é a degradação das terras nas zonas secas do mundo tendo como causas tanto a ação do clima como as atividades humanas No Brasil a região do Cariri paraibano além das fortes estiagens a que está submetida tem sido palco de um processo secular de desertificação atingindo principalmente as caatingas existentes o que compromete atualmente a maior parte do seu território Os solos a exceção de algumas áreas submetidas a irrigação a despeito das modificações intensas que tem ocorrido na cobertura vegetal devido as suas características naturais e elevada presença de Pavimento Desértico permanecem com os níveis de fertilidade química sem grandes alterações embora aspectos relacionados as modificações da sua temperatura em virtude do desmatamento intenso e os efeitos desse processo na vegetação devam ser levados em consideração ao se pensar numa regeneração espontânea das caatingas e o uso dessas terras para empreendimentos agropecuários SOUZA SUERTEGARAY E LIMA 2009 p1 Desde 1984 existe uma campanha internacional para diminuir a desertificação e as perdas de nutrientes do solo A campanha brasileira firmou contrato de ações até 2015 mas até então a economia e a aceleração nas grandes áreas de produção agrícolas com enfoque no capital tem ganhado força e as práticas conservacionistas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 115 sendo deixadas de lado A preocupação ambiental é mundial mas a prática efetiva não acontece como deveria No Brasil em 2023 retomaramse diversas ações mas desde a mudança do novo código florestal muito foi perdido É preciso atenção e praticidade efetiva na ciência de preocupação com os solos pois as consequências podem ser drásticas Por fim o que é de nosso interesse nesta disciplina é compreender que existem sim perdas naturais mas que elas precisam ser analisadas e planejadas junto ao uso e manejo para evitar problemas posteriores que são irreparáveis e não viáveis inclusive economicamente e ambientalmente causando também danos sociais Sugiro para ampliar os conhecimentos a leitura da teoria dos três pilares da sustentabilidade figura 79 Figura 79 Pilares da sustentabilidade Fonte fileCUsersUserDownloads1615Texto20do20Artigo425260291020190130pdf O conceito do Triple Bottom Line surgido do estudo realizado por Elkington 1994 no inglês é conhecido por 3P People Planet e Profit no português seria PPL Pessoas Planeta e Lucro Analisandoos separadamente temse Econômico cujo propósito é a criação de empreendimentos viáveis atraentes para os investidores Ambiental cujo objetivo é analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos permanentes e Social que se preocupa com o estabelecimento de ações justas para trabalhadores parceiros e sociedade Juntos no entanto estes três pilares se relacionam de tal forma que a interseção entre dois pilares resulta em viável justo e vivível e dos três resultaria no alcance da sustentabilidade ELKINGTON 1994 apud OLIVEIRA et al 2012 p73 apud Batista1 et al 2019 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 116 Alguns autores analisam que a sustentabilidade seria muito além a estes critérios com a performance cultural entre outras no entanto a teoria é bem simples e eficácia mostrando a necessidade de juntar o justo o viável e social com prática efetivas entre o meio ambiente a economia e a sociedade PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 117 CAPÍTULO 13 ROCHAS SOLOS E FÓSSEIS As rochas são definidas como agregados naturais consolidados resultantes da junção de um ou mais minerais cuja associação representa um processo pedogenético As rochas são classificadas de acordo com o seu processo de formação podendo ser ígneas ou magmáticas sedimentares e metamórficas figura 80 Figura 80 Classificação das rochas Fonte Damasceno 2017 De acordo com Leinz e Amaral 2003 a crosta terrestre é constituída essencialmente de rochas cujos constituintes predominantes são os minerais podendo ainda apresentar os denominados mineraloides De acordo com os autores 647 das rochas presentes na crosta terrestre são ígneas 274 são metamórficas e 79 são sedimentares ROCHAS ÍGNEAS Também são conhecidas como rochas magmáticas São rochas resultantes da solidificação de material rochoso ou seja do magma gerado no interior da crosta terrestre Segundo Guerra e Guerra 2011 as rochas ígneas podem conter jazidas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 118 de vários metais como ouro platina cobre ou estanho Essas jazidas fornecem importantes informações sobre as regiões profundas da crosta terrestre e do manto As rochas ígneas distinguemse em dois grandes tipos com base no tamanho de seus cristais podendo ser intrusivas ou extrusivas As rochas ígneas intrusivas solidificamse quando o magma intrude em uma massa de rocha não fundida em profundidade na crosta terrestre Assim cristais grandes crescem enquanto o magma esfria produzindo rochas de granulação grossa Portanto as rochas ígneas são resultados de um lento processo de resfriamento e solidificação do magma O granito sienito e diorito figura 81 constituem exemplos de rochas ígneas intrusivas GUERRA GUERRA 2011 Figura 81 Granito Fonte httpsptwikipediaorgwikiRochaintrusiva As rochas ígneas extrusivas são formadas pelo rápido resfriamento do magma que chega à superfície por meio de erupções vulcânicas O rápido resfriamento resulta em material vítreo ou cristalino de granulação fina O basalto e o riolito figura 82 são exemplos de rochas ígneas extrusivas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 119 Figura 82 Basalto Fonte httpswwwmegatimescombr201501basaltorochaigneacompactahtml ANOTE ISSO Os fósseis são encontrados nas rochas sedimentares rochas formadas a partir de sedimentos fragmentos de outras rochas que são transportados através de agentes como vento e rios e se depositam em um determinado local Portanto a gênese de um fóssil está muitas vezes diretamente relacionada à gênese da rocha sedimentar a qual está incorporado É na rocha que estão as informações sobre o ambiente habitado pelo ser vivo ou no caso de ter havido transporte do material biológico o ambiente em que foi soterrado httpswwwufrgsbr museupaleontopageid735 Leia todo o artigo disponível no link httpswwwufrgsbrmuseupaleontopageid735 De acordo com a NBR 6502 apud SILVA 2014 p 29 existe ainda outra classificação de rocha ígnea Esse tipo de rocha ocorre em função da profundidade de origem e recebe a denominação de rocha hipoabissal Estas rochas originamse em profundidades intermediárias entre as plutônicas e as vulcânicas tendo ocorrência em forma tubular dique camada sill ou soleira ou filonar Por exemplo apito diabásio pegmatito ROCHAS METAMÓRFICAS As rochas metamórficas são derivações de rochas preexistente Essas rochas são formadas quando as altas temperaturas e pressões do interior da crosta terrestre atuam em qualquer tipo de rocha ígnea sedimentar ou outra rocha metamórfica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 120 mudando sua mineralogia textura ou composição química mantendo contudo a sua forma sólida BERTOLINO 2012 Dentre as rochas metamórficas temos o mármore o quartzo o gnaisse a ardósia e o filito figura 83 Foto 83 Rochas Metamórficas Fonte httpswwwtodamateriacombrtiposderochas ROCHAS SEDIMENTARES As rochas sedimentares de acordo com Press 2006 são originadas a partir da solidificação de sedimentos Estes sedimentos são materiais resultantes da ação do intemperismo da erosão e do consequente transporte de uma rocha da precipitação química ou da ação biogênica acúmulo de matéria orgânica As rochas sedimentares figura 84 são caracterizadas por sua estratificação pois são geralmente formadas por camadas superpostas que podem diferir uma das outras em composição textura espessura cor resistência dentre outros DAMASCENO 2017 Figura 84 Rochas Sedimentares Fonte Lepsch 2011 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 121 O processo que transforma os sedimentos em rocha sólida é denominado de litificação Esse processo pode ocorrer através da compactação gerada a partir da ação do peso das camadas de sedimentos originando uma massa mais densa que a original e da cimentação quando os minerais precipitamse ao redor das partículas depositadas e se agregam PRESS 2006 O autor supracitado menciona ainda que pelo fato de serem formadas por processos superficiais as rochas sedimentares recobrem grande parte dos continentes e do assoalho oceânico Contudo como mencionado a proporção dessas rochas é menor em relação às demais rochas As rochas sedimentares são subdivididas em clásticas e não clásticas Para Bertolino et al 2012 as rochas clásticas são em geral denominadas segundo o tamanho dos grãos de conglomerado e de brecha mais de 25 dos grãos com tamanho 2 mm de arenito mais de 50 dos grãos com tamanho entre 2 e 006 mm de siltito 006 e 0004 mm e de argilito Os minerais mais abundantes nas rochas sedimentares clásticas são o quartzo o feldspato e os argilominerais As rochas não clásticas também chamadas de rochas sedimentares químicas são os calcários e os dolomitos formados por mais de 50 de minerais carbonáticos que podem ser a calcita ou a dolomita Essas rochas figura 85 são muito utilizadas como matériasprimas para nas indústrias de cimento vidro na siderurgia e como corretivo de solo Figura 85 Tipos de rochas sedimentares Fonte httpsptlinkedincompulserochasalmircarvalho PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 122 As rochas sedimentares traduzemse como um importante registro da história da Terra pois pode nelas podemos encontrar os fósseis Os fósseis são restos ou vestígios de animais plantas ou outros seres vivos preservados em rochas sedimentos gelo ou âmbar Segundo Press 2006 as rochas sedimentares abrigam fósseis porque ao contrário da maioria das rochas ígneas e metamórficas elas se formam a temperaturas e pressões que não destroem os restos fósseis figura 86 Figura 86 Fósseis em rocha sedimentar Fonte httpphoenixorgbrwfosseisperiodosgeologicos ISSO ESTÁ NA REDE O IBGE classifica as rochas brasileiras em uma atlas geológico e ele pode ser analisado no link a seguir httpsatlasescolaribgegovbrimagesatlasmapasbrasilbrasilesbocogeologico pdf A figura 87 a seguir representa um exemplo de fossilização que pode ocorrer durante a formação de rochas sedimentares PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 123 Figura 87 Processo de fossilização em rocha sedimentar Fonte httpswww2bauruspgovbrarquivosarquivossitesec Uma importante descoberta feita este ano na cidade de Búzios RJ evidencia a importância das rochas em relação à história do planeta Terra No Quilombo da Baía Formosa em Búzios uma descoberta chama atenção um pedaço da África Geológica que está localizada na estrada que leva à sede da comunidade quilombola Tratase de um afloramento rochoso que faz conexão entre a ciência e a ancestralidade O conjunto de rochas identificado conta a história da colisão África América do Sul e da separação que ocorreu posteriormente ROCHA 2023 online PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 124 Figura 88 Afloramento rochoso da África Geológica Fonte httpsrc24hcombrumpedacodaafricageologicaedescobertonoquilombodebaiaformosaembuzios ISSO ACONTECE NA PRÁTICA Desde a água até as rochas desde os vales às montanhas e dos profundos oceanos até o espaço por onde quer que olhamos encontramos geologia Esta é ciência da Terra que acima de tudo nos proporciona um ponto de referência para compreender o passado presente e futuro deste maravilhoso planeta Historia registrada nas rochas este é o tema de um dos programa de série sobre a natureza do Origens Assista em httpswwwyoutubecomwatchvGaJNMvY1mLU PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 125 CAPÍTULO 14 ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA Caro aluno e aluna a Revista Engenharia Sanitária e Ambiental tem por objetivo a publicação de contribuições técnicas e científicas originais nas áreas de saneamento e do meio ambiente e em suas interfaces Nesta aula vamos discorrer sobre dois estudos de caso que abordaram a questão do uso e ocupação do solo com objetivo de percebermos que a ciência envolve o nosso processo de evolução do diaadia e nos dá base real para evoluir e melhorar quanto às soluções de problemas O primeiro artigo é de Nascimento et al e tem como título Variação sazonal de indicadores físicoquímicos e fitotoxicológicos em lixiviado de aterro sanitário localizado no semiárido brasileiro Antes de iniciarmos a análise do presente artigo precisamos entender o que é a lixiviação do solo De acordo com o site Terra de Cultivo a lixiviação do solo pode ser definida como o movimento de materiais solúveis na matriz do solo acarretado principalmente pelo efeito da água que escorre e provoca erosão ou a água que infiltra no solo em direção ao lençol freático Apesar da água das chuvas ser um dos principais agentes do processo de lixiviação do solo existem outros condicionantes importantes como a tipologia do solo a característica climática da região e os elementos químicos presentes neste solo Quando o solo se encontra desprotegido ou seja sem cobertura vegetal as águas de uma precipitação intensa provocam a destruição de agregados em partículas primárias areia silte e argila Quando a capacidade de infiltração do solo é insuficiente para uma precipitação acontece o escoamento superficial sendo que esse escoamento carrega as partículas mais finas de solo bem como a matéria orgânica o calcário e os fertilizantes deste A lixiviação é um processo natural contudo pode ser potencializada pela ação antrópica Segundo o site Terra de Cultivo a principal consequência da lixiviação é o empobrecimento do solo pois neste processo parcela considerável de nutrientes pedológicos são carregados pela água influenciando na qualidade do solo Além disso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 126 a lixiviação figura 89 provoca a alteração da estrutura física pedológica favorecendo o processo de erosão do solo Figura 89 Processo de lixiviação do solo Fonte httpswwwbiosulcomnoticiaconsequenciasdoexcessodechuvasnainteracaoplantasolo Nosso primeiro artigo analisa o processo dos valores quantitativos de elementos físicoquímicos e fitotoxicológicos provenientes da lixiviação de um aterro sanitário localizado na área rural do Distrito de Catolé de Boa Vista município de Campina Grande estado da Paraíba De acordo com os autores a lixiviação revelase em um dos maiores problemas relacionados ao meio ambiente de aterros sanitários em razão da composição complexa e variável ao longo de sua vida útil A variabilidade e a composição dos efluentes lixiviados estão relacionadas diretamente com os fatores climáticos operacionais e estruturais Fatores como a idade do aterro sanitário e o volume de precipitação influenciam diretamente nas características físicoquímicas e toxicológicas do material lixiviado No caso do aterro sanitário em questão que fica localizado em uma região semiárida a produção de lixiviado sofre interferência das baixas precipitações e das elevadas taxas de evapotranspiração resultando em efluentes concentrados e com baixo volume De acordo com Nascimento et al 2021 em razão da toxidade ocasionada pelo processo de lixiviação do solo de aterros sanitários é importante PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 127 monitorar continuamente para se entender as mudanças ocorridas ao longo da operação do aterro sanitário bem como avaliar o potencial de poluição e os riscos de contaminação Usualmente esse monitoramento é realizado por meio da determinação de indicadores físicoquímicas como pH DQO DBO5 sólidos totais ST nitrogênio amoniacal total NAT e cloretos no entanto Zagatto 2014 sugere analisar a toxidade de efluentes utilizando as análises ecotoxicológicas em conjunto com as análises físicoquímicas pois esta última por si só não retrata o impacto ambiental nem os efeitos sobre o ecossistema causado por poluentes NASCIMENTO et al 2021 p 2 Figura 90 Lixiviado de aterro sanitário Fonte httpswwwambientelegalcombrpoluentesorganicospersistentesnolixiviadodeaterrossanitarios A toxicidade de lixiviados de aterros sanitários precisa levar em consideração dois aspectos a idade do aterro pois de acordo com Kalcikova et al apud NASCIMENTO et al 2021 o lixiviado gerado em célula em operação é mais tóxico quando comparado ao lixiviado de células já encerradas O segundo aspecto diz respeito ao tipo do organismo escolhido para o ensaio pois dependendo da escolha os custos de implementação se tornam inviáveis Dessa maneira a fitotoxicidade na avaliação da toxicidade de PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 128 efluentes tem sido bastante utilizada por apresentar baixo custo e rápido resultado NASCIMENTO et al 2021 p 2 Como mencionado a área de estudo do presente artigo está localizada no do Distrito rural de Catolé de Boa Vista município de Campina Grande estado da Paraíba O aterro sanitário entrou em operação no ano de 2015 e durante o ano de 2019 fase de estudo desta pesquisa recebeu aproximadamente 600 toneladas de resíduos sólidos urbanos RSU por dia provenientes de 28 munícipios paraibanos De acordo com os autores da pesquisa o município de Campina Grande encontra se em uma região de clima quente e úmido e regime pluviométrico concentrado em uma única estação do ano fato este que ocasiona déficits hídricos no restante do ano Além disso a área de estudo localizase no semiárido brasileiro região caracterizada por precipitação média anual de 800 mm aridez e com risco de seca prolongada Após as análises realizadas pelos pesquisadores concluíram que a precipitação não afetou as variações dos indicadores químicos bem como da toxicidade do material lixiviado Entretanto o lixiviado em concentrações acima de 10 mostrouse fitotóxico para as sementes que foram analisadas em detrimento da redução do crescimento das mesmas revelando o material lixiviado pode alterar significativamente o ecossistema existente Nosso segundo estudo de caso tem como título Interdependências bilaterais entre usos da água e do solo e a disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do Rio Grande dos pesquisadores Marcelo Santana e José Anderson do Nascimento Batista O objetivo dos pesquisadores foi demonstrar os impactos do uso do solo distribuídos ao longo do tempo sobre o comportamento dos recursos hídricos bem como estabelecer as interdependências entre o sistema água energia alimento com base na vazão dos cursos dágua na Bacia do Rio Grande Segundo os autores as alterações no uso e ocupação do solo bem como as maiores demandas pelos recursos hídricos no Brasil têm provocado inúmeros conflitos entre diversos atores A área de estudo desta pesquisa concentrouse na região de drenagem do Rio Grande que pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Paraná figura 91 A Bacia Hidrográfica do Rio Grande BHRG situase na Região Sudeste do Brasil na divisa entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo possui área de drenagem de 14343779 km² sendo 5709236 Km² 3980 no estado de São Paulo e 8634543 6020 em Minas Gerais Possui população de aproximadamente 86 milhões de habitantes 2010 distribuídos em 393 municípios dos quais 325 com área totalmente inserida na bacia ARPA RIO GRANDE online PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 129 Figura 91 Bacia Hidrográfica do Rio Grande Fonte httpsarpariograndeorgbrbhrg A delimitação da bacia hidrográfica da pesquisa corresponde à área de drenagem da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha figura 92 por ser o posto fluviométrico mais próximo da foz do Rio Grande Figura 92 Usina Hidrelétrica de Água Vermelha Fonte httpswwwmaravilhasdoriograndecombratrativoouroesteusinahidreletrica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 130 De acordo com os pesquisadores essa área tem passado por um aumento na frequência dos eventos de seca o que aumenta a chance de conflitos pelo uso da água Para eles o mapeamento desses conflitos pode ser efetuado mediante entendimento de variáveis que afetam o sistema águaenergiaalimento SANTANA BATISTA 2022 p 1254 Figura 93 Baixo nível do reservatório de Água Vermelha Fonte httpsg1globocomspsaojosedoriopretoaracatubanoticia20201129niveldoreservatoriodeaguavermelhanointeriordespeomaisbaixodo paisapontaonsghtml Com a realização da pesquisa os autores concluíram que entre os usos mais impactantes para os recursos hídricos na bacia a canadeaçúcar mostrouse o mais significativo seguido pelas pastagens As duas atividades apresentaram impactos negativos em relação à disponibilidade hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio Grande Sobre o uso da água os autores verificaram que a dessedentação animal mostrou se mais impactante no escoamento superficial seguida da irrigação Nas análises realizadas foi considerado que O fato de tais usos mostrarem significante correlação com pastagens e canadeaçúcar respectivamente explica o mecanismo pelo qual a substituição de culturas promoveu a redução da oferta hídrica A análise de correlações efetuada neste estudo destaca modificações na área de estudo e aponta regiões com potenciais conflitos pelo uso da água SANTANA BATISTA 2022 p 1261 Nesse sentido fazse de extrema importância a realização de um de recursos hídricos pois este recurso vai além dos problemas a ele relacionados envolvendo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 131 questões de uso e ocupação do solo planejamento bem como ao desenvolvimento econômico e social Faremos ainda na nossa próxima e última aula outra análise de pesquisas realizadas na mesma perspectiva Isso fazse importante para compreendermos os caminhos em que a ciência pedológica tem atendido a demanda das questões ambientais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 132 CAPÍTULO 15 ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA II Dando continuidade aos nossos estudos de caso para conhecer e verificar o quanto a ciência tem ampliado e trazido suporte para manter a qualidade ambiental continuamos com conhecimento sobre resíduos sólidos Muitas vezes quando falamos sobre uso do solo nos remetemos inicialmente ao uso agropecuário seguido do uso urbano e nos preocupamos com a agricultura de precisão com a impermeabilização do solo e com o uso não sustentáveis e responsáveis dos recursos O que esquecemos na realidade é que um dos maiores problemas da humanidade atualmente está relacionado ao lixo que na realidade são os resíduos Resíduos são todos os materiais considerados sem serventia para o processo empresarial ou então que chegaram ao término de sua vida útil Segundo a ABNT NBR 100042004 resíduos sólidos são aqueles que resultam de atividades de origem industrial doméstica hospitalar comercial agrícola de serviços e de varrição Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição bem como determinados líquidos cuja particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível NBR 2004 Podemos compreender também que Em seu último relatório sobre o asusnto a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais Abrelpe destaca que as cidades brasileiras geraram em 2018 cerca de 79 milhões de toneladas de RSU cuja coleta chegou a 92 desse total equivalentes a pouco mais de 72 milhões de toneladas dos quais apenas 433 milhões de toneladas 595 do coletado foi disposto em aterros sanitários O montante de 295 milhões de toneladas de resíduos 405 do total coletado foi despejado inadequadamente em lixões ou aterros controlados1 e ainda cerca de 63 milhões de toneladas geradas anualmente continuam sem ao menos serem coletadas e seguem sendo depositadas sem controle mesmo quando a legislação determina a destinação para tratamento e em último caso para aterros sanitários SZIGETHYe ANTENOR 2004 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 133 Se compararmos o Brasil com outros países percebemos que Brasil está entre os países que menos reciclam porém o que mais destina os resíduos para um aterro mesmo que sem especificação Ou seja estamos destinando os resíduos para um local comum porém sem a adequação correta e a reutilização reciclagem necessária Algumas questões brasileiras são pautadas na falta de interesse em uso de tecnologias para reciclagem de alguns produtos Por exemplo o isopor quase não é reciclado em nenhum local do Brasil diferente do alumínio latinha que tem seu contingente quase que totalmente reciclado sendo um dos maiores do mundo Figura 94 destino dos resíduos em alguns países Fonte httpswwwipeagovbrctsptcentraldeconteudoartigosartigos217residuossolidosurbanosnobrasildesafiostecnologicospoliticoseeconomicos Esses dados mostram que o Brasil está avançado em alguns critérios de destinação correta dos seus resíduos porém muito atrasado em outros como a diminuição e a reutilização Não basta destinar o lixo em um local controlado É necessário dar uma utilização e reciclagem Para resolver essas questões são necessárias políticas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 134 públicas estatais que garantam leis e aplicabilidade da responsabilidade tanto dos criadores dos resíduos normalmente industrias e empresas como também sociedade e Estado Neste sentido sabemos que No Brasil após uma discussão de cerca de 20 anos em meio a uma situação que seguia sem controle o governo federal promulgou em 2010 a lei 12305 que estabeleceu a PNRS marco regulatório que prevê a gestão integrada e o gerenciamento de resíduos sólidos incluindo originalmente um prazo de quatro anos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos cabendo aos municípios a responsabilidade pelos resíduos gerados em seus territórios Embora tenha expirado em 2014 o prazo inicial para que os municípios se adequassem à legislação dados da Abrelpe mostram que mais da metade das cidades do país algo em torno de 53 ainda não cumpriram a determinação legal SZIGETHY e ANTENOR 2004 Um dos maiores dilemas contemporâneos da questão ambiental diz respeito à destinação dos resíduos sólidos A partir da decomposição destes resíduos somada à infiltração das águas das chuvas no solo dos aterros sanitários temos o que chamamos de percolado popularmente conhecido como chorume O chorume é um líquido que possui uma alta concentração de contaminantes Por esta razão se faz tão necessário o tratamento dos resíduos sólidos para evitar a contaminação dos subsolos e aquíferos De acordo com a ABNT 2004 resíduos sólidos são aqueles materiais resultantes de atividades industriais domésticas hospitalares comerciais agrícolas e de serviços Em relação aos resíduos sólidos urbanos Castilhos et al 2003 afirmam que constituemse naqueles produzidos pelas atividades desenvolvidas nas cidades abrangendo resíduos residencial comercial industrial de estabelecimentos de saúde limpeza pública e construção civil Para todo e qualquer resíduo gerado seguimos a classificação de acordo com as classes conforme apresenta a figura x Primeiramente é necessário compreender se o resíduo é de origem conhecida ou seja sabemos de onde ele vem e do que ele é composto Nele estão presentes apenas elementos conhecidos ou pode ser que não Por exemplo em uma indústria de alimentos se o efluente é de origem de lavagem de um maquinário sabemos que pode conter restos alimentícios ou ainda algum óleo ou graxa deste equipamento dependendo a lavagem Em contrapartida não sabemos a origem de um efluente de esgoto sua composição e seus responsáveis PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 135 Figura 95 Classificação dos resíduos Conforme aponta Franceschet 2006 p 19 a destinação dos resíduos sólidos urbanos se traduz em um dos grandes problemas ambientais atuais haja vista que muitos municípios principalmente os pequenos ainda fazem uso de lixões ou seja locais em que o lixo é lançado diretamente sobre o solo sem qualquer tipo de controle e sem cuidados ambientais poluindo tanto o solo quanto o ar e as águas subterrâneas e superficiais das vizinhanças Além de problemas ambientais os lixões desencadeiam problemas sociais pois atraem catadores que veem do lixo seu meio de sobrevivência Destarte a única solução para a destinação dos resíduos sólidos é através dos aterros a despeito de serem controlados ou sanitários O aterro controlado é o local onde são destinados resíduos sanitários gerados por hospitais clínicas clínicas veterinárias etc Contudo nos aterros sanitários não existe a preparação solo nem o tratamento para efluentes líquidos por isso é considerado uma solução intermediária entre o lixão e o aterro sanitário No Brasil conforme afirma Jucá 2003 apesar dos esforços em reduzir reciclar e reutilizar os aterros sanitários ainda são o principal destino dos resíduos sólidos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 136 Existe uma desigualdade geográfica muito grande no que se refere à questão dos aterros sanitários ou seja enquanto no Sul e Sudeste há uma enorme concentração destes nas demais regiões do país eles são praticamente inexistentes ANOTE ISSO Fique por dentro dos assuntos sobre aterros saneamento e a quantidade de resíduos que vem causando problemas ambientais em todo o mundo Para isso seguem alguns links que podem te ajudar a compreender ainda mais esta análise importante Veja a dimensão do volume de lixo produzido aqui httpswwwreciclasampacombrartigolixodomundodobraradevolumeate 2025textTodas20as20cidades20do20planetabilhC3B5es20de20 toneladas20atC3A9202025 Como a produção de lixo contribui para o aquecimento global httpswwwusebobcombrblogsnewscomoaproducaodelixocontribuiparao aquecimentoglobalgclidCjwKCAjwrdmhBhBBEiwA4Hx5gztIyNOX6RD6jC7kiogbJJ d5zrjV8jMbqC3oPTeCde7KRpZp33GoWhoC7cQAvDBwE Aterro Sanitário definição e valore httpwww1rcunespbrigceaplicadaeadresiduosres13 htmltextAterro20SanitC3A1rio202D20DefiniC3A7C3A3o20 e20ConfiguraC3A7C3A3otextTC3A9cnica20de20 disposiC3A7C3A3o20de20resC3ADduosambientais20IPT2C20 1995 Para evidenciar a importância dos aterros sanitários e sua relação com os tipos de solos Meire Franceschet defendeu sua dissertação de mestrado intitulada Estudo dos solos utilizados em camadas de base e cobertura em aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos de Santa Catarina na qual realizou três estudos de caso sendo estes nos municípios de Timbó Chapecó e Curitibanos Segundo a autora a primeira etapa do trabalho consistiu na caracterização dos solos posteriormente passouse à montagem dos permeâmetros para simular a percolação do líquido no solo e por último o monitoramento da permeabilidade que ocorreu durante 180 dias com análise semanal dos parâmetros físicoquímicos do líquido percolado PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 137 Franceschet 2006 concluiu que nas áreas a serem implantadas um aterro sanitário é preciso que exista um depósito natural de solo de baixa permeabilidade k 107 cms para isolar os resíduos sólidos e o líquido percolado ou seja o chorume tanto na base do aterro como nas laterais atuando como uma espécie de barreira para proteger o solo e evitar a contaminação do subsolo Além da escolha do tipo de solo utilizado para a camada de base em aterros sanitários devese atentar também para o tipo de solo utilizado na camada de cobertura pois quanto mais impermeável for menor será a quantidade de água que irá infiltrar nas células do aterro e com isso menor será o volume de líquido percolado gerado FRANCESCHET 2006 p 129 A partir da realização de sua pesquisa Franceschet 2006 apontou que o líquido percolado apresenta quantidades significativas de material orgânico e impurezas indicando a importância de utilizar um solo apropriado para proteger o solo o subsolo e o lençol freático Como já vimos independente da origem do tipo e da classificação do resíduo o mesmo precisa ser destinado corretamente no entanto antes disso devemos pensar nos 3 Rs Reduzir Reutilizar e Reciclar nesta ordem de prioridade Partimos então do princípio de que o resíduo já foi reduzido ao máximo na sua necessidade Ou seja a proporção de resíduo é realmente o que sobre de uma produção necessária Do contrário é sempre necessário pensar soluções que minimizem a quantidade de resíduos Na sequência chegamos à reutilização Uma vez produzido o mínimo de resíduos quanto dele podemos reutilizar no próprio processo ou em outros meios sem que seja necessária nenhuma transformação do mesmo Após isso caso mesmo assim existem resíduos quais tipos de reciclagem são possíveis para estas substâncias Para por fim destinar o final corretamente Uma das alternativas na reutilização ou ainda para a reciclagem são as políticas reversas Ela ocorre quando compramos um produto em que a embalagem é aproveitada podendo sofrer mudança no valor econ6omico do produto caso esta embalagem seja devolvida na hora da compra de um novo produto Como exemplo temos o gás de cozinha quando trocamos o botijão vazio juntamente com o dinheiro na hora da compra Com o galão de água com a cerveja de garrafa e com algumas pilhas lâmpadas e baterias PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 138 A política reversa depende de incentivo econômico mas também público e cultural Existem legislações que legalizam esse processo como obrigatório em alguns produtos e outros que incentivam e valorizam Antes de produzir a indústria precisa ter a responsabilidade pelo resíduo que está gerando depois disso a responsabilidade também chega ao consumidor mas este não é o que fará a diferença mas sim o produtor industrial O lixo como chamamos também pode ser efluente ou se liquido que é gerado a partir do próprio resíduo sólido Todo e qualquer resíduo precisa ser tratado e destinado corretamente uma vez que ele aumenta drasticamente os problemas ambientais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 139 CONCLUSÃO Com todo este estudo sobre pedologia e os processos pedológicos concluímos que os solos são um dos elementos que compõem o meio ambiente e que sua formação depende justamente da interação entre eles Clima relevo rochas hidrografia formam o processo pedogenético e juntos compõem a paisagem do meio ambiente Por este motivo cada região compõe uma tipologia de diferentes tipos de solos e o tempo de formação depende também das características de cada local Cada solo mantém um índice de material orgânico de minerais e características quantitativas que devem ser conhecidas para garantir melhor índice com uso de responsabilidade e precisão Por este motivo a agricultura de precisão é importante para manter qualidade do solo menores perdas e um desenvolvimento ambiental amplo O uso do solo não é apenas na produção agropecuária A urbanização e as áreas de proteção dos ecossistemas também precisam ser estudados e reconhecidos para garantir manejo e desenvolvimento real Nós estudiosos desse meio precisamos exigir e fazer cumprir leis e políticas públicas que garantam de todos os níveis públicos e privados responsabilidade ambiental O ambiente deve manter ecossistema e qualidade de vida a todos os seres vivos e a nós cabe entender e articular o desenvolvimento entre o social o econômico e o ambiental Os estudos dos solos são específicos e diferenciados devido às suas peculiaridades regionais Por isso não se findam aqui Busque pelos materiais indicados leia sobre o assunto conheça os artigos de pesquisas práticas e estudo o solo como um dos elementos presentes no todo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 140 ELEMENTOS COMPLEMENTARES LIVRO Título Antonio José Teixeira Guerra Maria do Carmo Oliveira Jorge Ano 2014 Editora Inserir Editora Sinopse Degradação dos solos no Brasil preenche uma lacuna no estudo do tema em todas as regiões brasileiras Os autores provam como a degradação ocorre não só no passado mas também nos dias de hoje considerando as variáveis do meio físico e os muitos tipos de manejo dos espaços rural e urbano Composto por estudos de caso fotografias mapas tabelas e gráficos o livro facilita a visualização da realidade do solo no país explicitando as medidas possíveis para evitar esses danos que tanto contribuem para os desequilíbrios socioambientais do Brasil FILME Solo Fértil Direção Rebecca Harrell Tickell e Josh Tickell Ano 2020 Sinopse Cientistas ativistas fazendeiros e políticos mostram como o solo da Terra pode ser fundamental para o combate às mudanças climáticas e a preservação do planeta PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 141 WEB A EMBRAPA é um dos órgãos que analisam e apresentam a classificação dos solos de maneira didática e científica httpswwwembrapabrsolossibcsclassificacaodesolos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 142 REFERÊNCIAS CAMPOS T A Interfaces entre Pedologia e Arqueologia Compreendendo a interdisciplinaridade entre as áreas com base em revisões bibliográficas Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia S l n 39 p 249259 2022 DOI 1011606 issn24481750revmae2022162265 Disponível em httpswwwrevistasuspbr revmaearticleview162265 Acesso em 11 mar 2023 ESPINDOLA C R Histórico das pesquisas sobre solos até meados do século XX com ênfase no Brasil Revista do Instituto Geológico São Paulo n 39 v 2 p 2770 2018 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Manual técnico de pedologia Rio de Janeiro IBGE 2015 LEPSCH I F 19 lições de pedologia São Paulo Oficina de Textos 2011 LEPSCH I F Formação e conservação dos solos São Paulo Oficina de Textos 2010 UFPR Universidade Federal do Paraná Dokuchaev o cientista russo que fundou a ciência que estuda o solo Projeto Solo na Escola Disponível em httpwwwescola agrariasufprbrarquivospdfpaipedologiapdf Acesso em 21 fev2023 LEPSCH I F 19 lições de pedologia São Paulo Oficina de Textos 2011 LEPSCH I F Formação e conservação dos solos São Paulo Oficina de Textos 2010 LIMA V C LIMA M R de Formação do solo In Fundamentos de pedologia Curitiba Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Agrárias Departamento de Solos e Engenharia Agrícola 2001 MUMFORD L A cidade na história São Paulo Martins Fontes 1982 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 143 QUEIROZ NETO J P de Pedologia conceito método e aplicações Revista do Departamento de Geografia v 3 p 95102 2011 ROCHA J L A Fundamentos de geologia e pedologia Campina Grande UFCG 2014 NASCIMENTO S C et al Variação sazonal de indicadores físicoquímicos e fitotoxicológicos em lixiviado de aterro sanitário localizado no semiárido brasileiro Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental v 27 n 1 setout 2022 p 18 SANTANA M BATISTA J A do N Interdependências bilaterais entre usos da água e do solo e a disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do Rio Grande Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental v 27 n 6 novdez 2022 p 12531262 SOUZA Bartolomeu Israel SUERTEGARAY Dirce Maria Antunes LIMA Eduardo Rodrigues Viana de DESERTIFICAÇÃO E SEUS EFEITOS NA VEGETAÇÃO E SOLOS DO CARIRI PARAIBANO desertification and its effects over the vegetation and soils of the cariri region of Paraíba Brazil Mercator Fortaleza v 8 n 16 p 217 a 232 oct 2009 ISSN 19842201 Available at httpwwwmercatorufcbrmercatorarticle view250 Date accessed 05 apr 2023 BERTOLINO L C et al Geologia In ALMEIDA S L M LUZ A B da Manual de agregados para construção civil Rio de Janeiro CETEMMCTI 2012 DAMASCENO G C Geologia mineração e meio ambiente Cruz das Almas UFRB 2017 GUERRA A T GUERRA A J T Novo dicionário geológicogeomorfológico Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2011 LEINZ V AMARAL S E Geologia geral São Paulo Nacional 2003 PRESS S et al Para entender a Terra Porto Alegre Bookman 2006 ROCHA L Um pedaço da África Geológica é descoberto no Quilombo de Baía Formosa em Búzios Disponível em httpsrc24hcombrumpedacodaafrica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 144 geologicaedescobertonoquilombodebaiaformosaembuzios Acesso em 13 mar 2023 SILVA C C da Rochas na construção civil tipos aplicações e critérios de seleção Monografia Especialização em Construção Civil UFMG Belo Horizonte 2014 IBGE 2020 Acessado em Abril de 2021 Disponível em httpswwwibgegovbr appsmonitoramentocoberturausoterrav1home PAGANOTTO VD Adequabilidade da ocupação espacial da alta bacia do arroio Quilombo PelotasRS às classes de capacidade de uso da terra Anais SINAGEO Disponível em httpswwwsinageoorgbr2018trabalhos1010277161html Acessado em Janeiro 2023 CALDERANO FILHO B CARVALHO JÚNIOR W CALDERANO SB GUERRA AJTSUSCETIBILIDADE DOS SOLOS À EROSÃO NA ÁREA DE ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE TOMBOS MG REVISTA GEONORTE Edição Especial 4 V10 N10 p476 481 2014 GUERRA AJT 1999 O Inicio do Processo Erosivo ln Erosão eConservação dos Solos Orgs AJT Guerra Da Silva A S e BOTELHORGM Editora Bertrand Brasil Rio de Janeiro 1750 BERTONI J LOMBARDINETO F Conservação do solo São Paulo Ícone 1990 368p GUERRA AJT FULLEN MA BEZERRA JFR JORGE M CO GullyErosionand Land Degradation in Brazil A Case Studyfrom São Luís Municipality Maranhão State In Dagar JagdishChander Singh Anil Kumar Organizadores Ravine Lands Greening for Livelihoodand Environmental Security 1edCingapura Springer Singapore v 1 p 195216 2018 GUERRA AJT Erosão dos Solos e Movimentos de Massa Abordagens Geográficas 1a ed Curitiba CRV Editora 222p 2016 NAIR P K R Ed Agroforestry systems in the tropics Dordrecht Kluwer Academic Publishers ICRAF 1989 664 p Forestry sciences PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 145 BATISTA et al Gestão Ambiental nas Universidades Públicas Federais A Apropriação do Conceito de Desenvolvimento Sustentável a Partir da Agenda Ambiental na Administração Pública V13 N 44 p 276292 2019 ISSN 19811179 Edição eletrônica em httpidonlineemnuvenscombrid Acessado em Fevereirol de 2023
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PEDOLOGIA FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Profa Larissa Donato PEDOLOGIA MaríliaSP 2023 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais visando à geração sistematização e disseminação do conhecimento para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social econômico e cultural da comunidade em que está inserida Missão da Faculdade Católica Paulista Av Cristo Rei 305 Banzato CEP 17515200 Marília São Paulo wwwucaedubr Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização Todos os gráficos tabelas e elementos são creditados à autoria salvo quando indicada a referência sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos Diretor Geral Valdir Carrenho Junior PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 07 16 22 30 39 50 59 70 78 87 101 109 117 125 132 INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA INTERDISCIPLINARIDADE NA PEDOLOGIA AGENTES FORMADORES DO SOLO FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DO SOLO PODZOLIZAÇÃO LATERIZAÇÃO SALINIZAÇÃO E GLEIZAÇÃO PROPRIEDADES DOS SOLOS O PERFIL DO SOLO DESIGNAÇÃO DE CAMADAS E HORIZONTES O PERFIL DO SOLO MORFOLOGIA E TÉCNICAS DE ANÁLISE MEDIDAS DE PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS SOLOS CONSERVAÇÃO DOS SOLOS TIPOS E USOS DOS SOLOS EROSÃO MECANISMOS FORMADORES E FATORES INTERVENIENTES TOLERÂNCIA DE PERDA DE SOLO ROCHAS SOLOS E FÓSSEIS ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA II PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 6 INTRODUÇÃO Quando nos referimos à Pedologia direcionamos os estudos para o solo e todas as suas condições Em Pedologia estudamos a origem a transformação o desenvolvimento a localização e os usos desse recurso natural que é o solo E talvez aqui neste nosso primeiro parágrafo já esteja a importância e a justificativa de se estudar pedologia o solo é um recurso natural mineral que se origina a partir do desgaste rochoso e que os seres vivos animais e vegetais utilizamos como meio de garantir de vida É do solo que retiramos os principais nutrientes uma vez que é nele que produzimos a grande e absoluta maioria dos alimentos consumidos Sendo assim nesta disciplina estudaremos não somente a sua origem e formação mas também a sua importância Para além disso focaremos também nos estudos do meio e no solo como substrato base afinal além de alimento o solo também é alicerce Desde a introdução à pedologia com a história dos estudos sobre os tipos de solos passando pelos fatores que influenciam na formação do solo e suas principais propriedades faremos análise de perfis do solo com designação das camadas e horizontes com medidas de prevenção e recuperação dos solos afinal não podemos danificar poluir ou perder esse bem natural Para isso faremos o reconhecimento da localização dos usos dos solos no Brasil e no mundo aprenderemos sobre sua conservação para evitar erosão que ultrapassam a tolerância de perda de solo Um tema dinâmico articulado com outras ciências e em constante transformação não tem nem origem nem futuro estático por isso demanda de atualização e estudos recorrentes PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 7 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA À ciência que estuda o solo sua origem morfologia classificação e mapeamento é dado o nome de Pedologia De acordo com Queiroz Neto 2011 a palavra Pedologia é formada por dois termos gregos pedon que significa solo e logia traduzida como estudo Para Lepsch 2011 a Pedologia é uma subdivisão da Ciência do Solo e dedicase a analisar os aspectos genéticos do solo sua organização morfológica resultante da atuação dos fatores de formação seu mapeamento e a distribuição dos solos na paisagem O autor acrescenta que a Pedologia tem importantes aplicações diretas e indiretas fornece conhecimento básico a respeito da estrutura química mineralógica física e morfológica de um dado solo algo fundamental para futuras aplicações agrícolas geotécnicas e mesmo ecológicas possibilita a diferenciação de classes de solo e portanto sua categorização permite a construção de mapas e modelos de evolução na paisagem facilitando o entendimento a respeito da distribuição dos solos no planeta LEPSCH 2011 p 61 Os solos são considerados um dos mais preciosos recursos naturais da Terra e seu estudo é constitui a base de diversos ramos da ciência O conjunto de solos de todo o planeta é denominado pedosfera sendo que sua formação depende da interseção de quatro fatores hidrosfera atmosfera biosfera e litosfera Nas palavras de Lepsch 2010 p 20 O limite superior do solo é a biosfera e a atmosfera com as quais se entrelaça Lateralmente ele pode passar para corpos dágua rocha desnuda gelo ou areias de praias costeiras ou de dunas movediças O limite inferior é mais difícil de ser estabelecido porque ele passa progressivamente à rocha dura ou a material geológico inconsolidado Portanto ao se situar na interface entre a litosfera biosfera atmosfera e hidrosfera outro nome para o conjunto de solos da Terra é a pedosfera figura 1 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 8 Figura 1 Pedosfera Fonte httpsoldscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0100204X2016000900001 Lepsch 2011 p 63 afirma que o solo não é somente um conjunto de minerais matéria orgânica água e ar mas o resultado dessas interações Citando o Manual de Levantamento de Solos o autor descreve o solo como sendo A coleção de corpos naturais que ocupam partes da superfície terrestre os quais constituem um meio para o desenvolvimento das plantas e que possuem propriedades resultantes do efeito integrado do clima e dos organismos vivos agindo sobre o material de origem e condicionado pelo relevo durante certo período de tempo Queiroz Neto 2011 lembra que o solo só é encontrado onde 1 não existe cobertura permanente de gelo 115 da superfície terrestre e 2 onde existe água suficiente para manter atividades biológicas 85 de desertos não há atividade biológica Nesse sentido o solo ocupa 80 da parte emersa na crosta terrestre Para Lepsch 2011 o solo representa o maior reservatório de biodiversidade do planeta pois milhares de espécies de artrópodes vertebrados crustáceos moluscos anelídeos e outros grupos de animais apresentam ao menos uma parte de seu ciclo de vida associada ao solo Complexas teias ecológicas existem nos inúmeros tipos de solos nos mais variados ambientes da Terra O autor afirma que cerca de 95 de toda a biodiversidade do planeta encontrase no solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 9 O solo constituise em um recurso natural extremamente utilizado pelo homem sendo que Queiroz Neto 2011 menciona que os principais usos que o homem faz deste elemento revelamse em duas formas sendo elas meio de produção de bens e espaço para assentamento permanente 1 Meio de produção de bens como elemento do biótipo seres vivos animais e vegetais apropriação produção agropecuária e florestal como elemento da litosfera apropriação da produção mineral 2 Espaço para assentamento permanente para atividades não produtivas moradia edificações vias de circulação e vias de comunicação para atividades produtivas atividade industrial figura 2 Figura 2 Esquema das demandas atuais dos solos segundo as necessidades humanas à esquerda e conservação dos ecossistemas à direita Fonte Lepsch 2010 Lepsch 2010 menciona que há mais ou menos 30 mil anos atrás os povos primitivos enxergavam o solo de uma maneira simplória ou seja este era visto apenas como um lugar que permitia sua locomoção a produção de seus alimentos e lhes fornecia barro para confeccionar objetos de cerâmica e pigmentos para suas pinturas rupestres Entretanto após a última era glacial cerca de 10 mil anos atrás os homens começaram a se fixarem nos lugares iniciando o cultivo de seus alimentos de forma sistemática figura 3 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 10 Então de nômade passou a se fixar e a defender determinada porção de terra cujo solo além de suportar a vegetação nativa podia servir para colocar sementes que em condições favoráveis germinariam cresceriam e produziriam alimentos Assim à medida que surgiam as cidades aumentava o interesse pela agricultura e consequentemente pelo conhecimento do solo Lepsch 2010 p 11 grifo nosso Figura 3 Pintura rupestre em parede de caverna representando uma arara Fonte Lepsch 2010 O desenvolvimento das primeiras civilizações esteve portanto atrelado à qualidade dos solos em que o homem se estabeleceu Assim muitos dos pequenos grupos humanos apresentaram maior crescimento populacional porque suas cidades situavam se em áreas com solos férteis e próximas a fontes de água MUMFORD 1982 Ainda de acordo com Mumford 1982 as primeiras civilizações datadas de 3500 aC na Mesopotâmia às margens dos rios Tigre e Eufrates figura 4 seguidas pelas cidades criadas no Vale do Rio Nilo 3100 aC Vale do Rio Indo 2500 aC na região do Paquistão e Vale do Rio Amarelo 1550 aC na China localizavamse próximas à vales de rios o que proporcionava o manejo do solo principalmente para a alimentação humana PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 11 Figura 4 Localização das primeiras civilizações De acordo com Lepsch 2010 os registros agrícolas deixados pelas grandes civilizações da Antiguidade apontavam que a diferenciação do solo se dava de acordo com seu nível de produtividade fato este que vinculava o reconhecimento do solo como um meio para o desenvolvimento das plantas ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O projeto RADAM Radar da Amazônia teve como objetivo levantar um banco de dados de imagens aéreas por meio de fotografias em aviões para reconhecimento integrado de recursos naturais de uma área de 1500000 km² com inicio na deácad de 1970 Em 1975 se estendeu para o Brasil com dados de registros fotográficos obtidos nas pesquisas de campo que geraram cartas temáticas divididas basicamente em cinco seções Geologia Geomorfologia Solos Vegetação Uso e Potencial da Terra PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 12 Fonte ftpgeoftpibgegovbrmapastematicosvegetacao Conheça mais sobre o projeto no site do IBGE ftpgeoftpibgegovbrmapastematicosvegetacao Na China há cerca de 6600 anos as terras foram divididas em nove grupos de acordo com sua produtividade na Grécia há 2500 anos nos trabalhos de Hipócrates encontrase a afirmação de que a terra está relacionada com as plantas tal como o estômago com os animais na América do Sul os indígenas brasileiros obtinham alguns de seus alimentos com a derrubada e queima de pequenas porções da floresta tropical úmida para ali cultivar durante dois ou três anos o solo recémfertilizado pelas cinzas da queimada nos Andes civilizações mais desenvolvidas como a dos Incas adotavam uma agricultura mais permanente e eficiente irrigando o solo em várzeas e em terraços construídos nas escarpas das íngremes montanhas Lepsch 2010 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 13 Segundo Espindola 2018 várias menções aos solos são encontradas até mesmo em civilizações já extintas O autor cita um roteirista e apresentador de documentários da BBC de Londres que mencionou povos anteriores a 50 mil anos os quais teriam derrubado florestas para a prática da agricultura em áreas de terras por vezes inundadas mas de solos muito produtivos Como você pode ver no século XIX o conhecimento a respeito do solo já estava bastante desenvolvido em diversos países entretanto ainda não existia uma ciência específica para tratar do assunto de maneira sistematizada É nesse cenário que desponta o cientista russo Vassilii Vasilevich Dokuchaev 18461903 formado em 1871 pela Universidade de São Petersburgo Dokuchaev foi convocado pelo Czar da Rússia para estudar os efeitos de uma grande seca que havia ocorrido em uma importante área de exportação na Ucrânia onde o clima era muito frio e relativamente seco Para a realização deste trabalho o cientista organizou uma equipe multidisciplinar com pesquisadores de diversos países A produção científica resultante dessa investigação rendeu a Dokuchaev o título de Pai da Pedologia Espindola 2018 Lepsh 2011 menciona que partir dos estudos de Dokuchaev o solo passou a ser considerado um corpo distinto diferente das rochas e dos sedimentos os quais dão origem ao solo com influências do clima da vegetação do relevo e do tempo A partir dessa ideia Dokuchaev figura 5 criou a primeira classificação de solos Iniciavase assim um novo ramo da ciência a Pedologia No que tange o surgimento da Pedologia enquanto ciência o Manual Técnico de Pedologia do IBGE 2015 p 35 assevera que As bases da Pedologia ramo do conhecimento relativamente recente ou Ciência do Solo como também é chamada foram lançadas em 1880 na União Soviética pelo cientista V V Dokuchaev 18461903 ao reconhecer que o solo não era um simples amontoado de materiais não consolidados em diferentes estádios de alteração mas resultava de uma complexa interação de inúmeros fatores genéticos clima organismos e topografia os quais agindo durante certo período de tempo sobre o material de origem produziam o solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 14 Figura 5 Vassilii Vasilevich Dokuchaev Fonte httpecossamcombr20210612vasilydokuchaevopaidacienciadosolo Em 1875 o Governo Russo contratou Dokuchaev para construir um mapa de solos da parte europeia da Rússia Com isso o cientista criou a primeira Classificação de Solos e sua Descrição a Chernozem Chernozem b Clay Soils Solo Argiloso c Sand Solo Arenoso d Loan or Sandy Loan Solo Formado de Sedimentos e Silty Soil Solo Siltoso f Saline Soil Solo Salino g Chalk Soil Solo de Sedimento Argiloso de Cor Clara h Stony Soil Solo Pedregoso UFPR online PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 15 A preocupação de Dokuchaev em explicar a formação dos solos e estabelecer um sistema de classificação era também uma preocupação em definir uma nova área de estudo e delimitar o espaço dentro do contexto do campo da ciência De acordo com o Manual Técnico de Pedologia do IBGE 2015 p 35 a expansão dos estudos pedológicos decorreu principalmente da necessidade de corrigir a fertilidade natural dos solos elevar sua fertilidade natural neutralizar a acidez do solo agrupar solos apropriados para determinadas culturas e preservar os solos contra os perigos da erosão Entretanto Lepsch 2010 pontua que as descobertas de Dokuchaev demoraram para chegar à Europa e às Américas em razão das dificuldades da língua russa Somente em 1914 Glinka um dos seguidores da Escola Russa traduziu os conhecimentos de Dokuchaev para a língua alemã Posteriormente ao conhecer o trabalho traduzido por Glinka o geógrafo americano Marbut fez a tradução do texto para o inglês o que ajudou a promover as descobertas da escola russa para o resto do mundo ISTO ESTÁ NA REDE Não deixe de conhecer o primeiro material técnico de pedologia no brasil Ele foi feito pela Embrapa e tem versões atualizadas disponíveis em meio digital httpswwwembrapabrsolossibcsformacaodosolo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 16 CAPÍTULO 2 INTERDISCIPLINARIDADE NA PEDOLOGIA A formação do solo é muito dinâmica assim como a sua utilização ainda veremos como acontece esse processo da sua formação na natureza e o quanto o ser humano pode influenciar No entanto já podemos compreender que os solos são utilizados para produção da grande maioria dos alimentos onde plantamos colhemos e nos alimentamos assim como outros animais É no solo que estão edificadas as construções civis e também é no solo que criamos animais É ainda no solo ou abaixo dele na camada rochosa que encontramos recursos minerais como metais carvão pedras preciosas e a própria água assim como fósseis que nos permite conhecer o mundo geológico antigo No processo de formação do solo dividimos alguns deles chamados de processo pedogenéticos figura 6 entre eles Adição pela chuva pelo ar ou pela vegetação como acréscimo vertical descendente iluviação e laterais de soluções provenientes de outros solos ou mesmo verticais ascendentes a partir do lençol freático e por evapotranspiração Remoção ocorre quando a precipitação é maior que a evapotranspiração e os materiais do solo são lavados para baixo ou para fora dele O agente principal de remoção é a água e o processo denominase lixiviação e eluviação Translocação movimento de materiais e substâncias dentro do perfil do solo produzindo acumulações e modificações visíveis da distribuição desses materiais no perfil É o principal processo responsável pela diferenciação do solo em horizontes Transformação podem ser separadas em transformações físico ou mecânica e por intemperização físicoquímicomineralógicas e em alguns casos biológicas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 17 Figura 6 Principais processos pedogenéticos Fonte modificado de Brady Weil 1996 httpswwwresearchgatenetpublication344493599GeneseePropriedadesdoSolofigureslo1 Por isso o solo é estudado em várias áreas do conhecimento científico veremos as principais ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O conhecimento nunca se finda Para conhecer mais sobre o mundo da pedologia em diversas outras ciências busque por elas e faça um mapa mental com as principais informações O processo de colocar as ideias no papel facilita na sua aprendizagem e o fato de buscar por usos em outras ciências te dá um conhecimento amplo e interdisciplinar para propor soluções e qualidade no seu trabalho PEDOLOGIA AQUÁTICA PEDOLOGIA PARA ENGENHARIA AMBIENTAL PEDOLOGIA NA ENGENHARIA AGRÍCOLA PEDOLOGIA NA ENGENHARIA CIVIL PEDOLOGIA NA GEOGRAFIA PEDOLOGIA NA PALEONTOLOGIA PEDOLOGIA NA BIOLOGIA PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 18 Dados atualizados e divulgados pela FAOUNESCO indicam que cerca 12 dos tipos de solos do planeta Terra são possíveis de serem usados como cultivados um total de aproximadamente 16 milhões de quilômetros quadrados Nos trópicos úmidos com solos do tipo Ferralsos Acrisols e Lixisols e Nitisols o modelo de agricultura utilizado é mais extensiva com grandes plantações de soja e canadeaçúcar já nas regiões temperadas a agricultura é intensiva boa parte em solos de Fluvisols Os mapas dos solos do mundo permitem avaliar o potencial para a produção agrícola sendo apenas entre 25 a 30 da superfície terrestre apta para cultivo Por estes motivos o ideal é pensar a aptidão de cada solo e utilizar conforme suas características fazendo com que não haja desperdício e muito menos poluição os desgaste do solo No meio urbano o mesmo já é impermeabilizado compactado e modificado fazendo com que haja mudanças em suas características A engenharia desenvolveu a Mecânica dos Solos um direcionamento aos estudos dirigidos para prever o comportamento de maciços terrosos o solo quando sujeitos a forças provocadas por obras de engenharia como edificações e estradas Nesse sentido percebemos as diversas áreas utilizando desse elemento solo para os trabalhos de engenharia como estradas aterros sanitários lagoas de decantação de efluentes de esgotos Para tal o conhecimento de Climatologia Hidrografia Biologia Quimica Mineralogia entre outros são necessários para que haja uso correto O solo é um recurso natural da superfície da Terra considerase sua formação classificação e seu mapeamento além disso seus atributos físicos químicos e biológicos Existem várias especializações que estudam os diversos ramos da Ciência do Solo como a Pedologia e a Edafologia Nesse sentido os engenheiros agrônomos químicos geólogos geógrafos microbiologistas entre outros profissionais contribuem para o avanço da Ciência do Solo ISTO ESTÁ NA REDE Que tal ouvir um podcast No programa Sedmo Solos Ecologia e Dinâmica da Matéria Orgânica com vários episódios Jadson Belem de Moura debate sobre nutrientes formação desgastes e soluções em solos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 19 A consistência a coloração e a granulometria são um dos atributos do solo e referemse à características do material do solo para com a manipulações ou estresses mecânicos ou seja na consistência por exemplo referese à aplicação de força em estágios de umidade de grande interesse aos trabalhos de engenharia A redução da porosidade do solo proporciona o aumento de densidade global pois amplia a resistência da estrutura por meio da pressão no solo processo desejado na engenharia para as fundações das construções A coloração referese ao elemento ou aos elementos de sua composição de origem e ainda de desenvolvimento assim como a granulometria depende do processo de intemperismo e quebra rochosa Veremos tudo isso adiante Perceba que diversas análises assuntos e conhecimento são debatidos e verificados quando estudamos os solos por isso sua efetiva e importante interdisciplinaridade Segundo Campos 2022 existe uma real e importante interfaces entre o estudo de Pedologia e o conhecimento de Arqueologia que serão aqui debatidos mais ao final do nosso material O autor explica que ao considerar a interdisciplinaridade entre as áreas percebe o avanço e a qualidades dos trabalhos desenvolvidos no decorrer de anos e por isso realiza um artigo de análise entre diversos referenciais que provam essa integração SAIBA MAIS Leia o artigo completo sobre o assunto de Arqueologia e Solos com base em revisão de diversos trabalho em httpswwwrevistasuspbrrevmaearticleview162265 Vejamos uma parte muito importante de sua análise A ampla possibilidade de definições e utilizações do termo solo está relacionada com a particularidade e o interesse de cada uma das áreas que tentam definilo ou têm o solo como objeto de estudo Enquanto para o engenheiro esse solo é o material onde se fixam as bases e fundações para uma obra para o agrônomo e agricultor ele é o meio necessário para que as plantas se desenvolvam Para o geólogo é o produto da alteração das rochas que afloram na superfície ao passo que para o arqueólogo é o meio onde seus materiais de pesquisa estão imersos e temse o registro de civilizações passadas Ratzel 1990 argumenta que o solo pode ser considerado como o elemento primordial de um povo É a base sob a qual o Estado se desenvolve e estende seu poder a unidade básica para que uma sociedade se desenvolva e crie laços com o local que ocupa De certa forma para este autor é um dos principais componentes do espaço vital das sociedades CAMPOS 2022 p 249 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 20 Nesta análise percebemos que o solo assim como todo o restante do todo é regido pelo capital ou seja o seu interesse e a sua própria conceituação é diferenciado quando pautado em áreas diferentes Isso mostra não apenas como o estudo da pedologia pode atender aos mais variados interesses de diversas áreas moldandose às necessidades de cada uma delas e sem definições restritas e universais do seu significado Na verdade talvez essa variação não esteja simplesmente no significado de seu termo semântico mas sim no significado e entendimento que cada ser possui acerca dos solos como elemento presente em nosso dia a dia Seja com viés científico ou como parte corriqueira da vida de cada um esse entendimento pessoal pode estar diretamente associado à relação estabelecida com o solo e com a importância deste nas atividades individuais ou sociais sejam elas de pesquisa ou da vida cotidiana CAMPOS 2022 p 250 A Pedologia é então uma ciência muito importante e presente na maioria das áreas profissionais que estão ligadas aos assuntos ambientais Ela necessita diretamente de análises atentas que permitam o uso de critérios e padrões de todos que os estudam É possível afirmar que os elementos que compõem toda a natureza o meio ambiente em que a vida está inserida são muitos e também são detalhados em especificidades além disso todos esses elementos são conectados e interligados entre si por isso considerar diversas áreas do conhecimento e ainda diversos olhares é imprescindível para os estudos qualitativos dos solos Campo 2022 finaliza o seu trabalho com a seguinte conclusão que fica aqui também como uma espécie de ideal e um convite para pensar Essa interação entre áreas do conhecimento certamente tende a ser benéfica para a construção de saberes cada vez mais consolidados e embasados em conceitos e técnicas que por mais que possam parecer distintos e desconexos podem e devem interagir para servir como fonte de informações cada vez mais confiáveis A construção desse conhecimento por meio de fortes e múltiplas bases quando realizada de maneira correta poderá resultar em uma ciência ainda mais forte e estruturada É algo fundamental em um período da nossa história onde cientistas e pesquisadores são praticamente forçados a demonstrar a qualquer custo sua importância PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 21 A interdisciplinaridade é importante e em todas as áreas deve ser levada em consideração Uma equipe plural e multi científica só traz o aumento e a melhoria das práticas efetivas e de interesse também amplo e justo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 22 CAPÍTULO 3 AGENTES FORMADORES DO SOLO O solo é um organismo natural que segundo Lima e Lima 2001 p 1 demora para nascer não se reproduz e morre com facilidade Dada sua relevância para o planeta e para a sociedade é necessário preserválo sendo que para isso é fundamental entender seu processo de formação e quais elementos participam deste processo Como você viu nas aulas anteriores até meados do século XIX acreditavase que o solo era somente um manto de fragmentos de rocha e produtos de sua mutação sendo que sua composição era o reflexo da própria rocha Foi nesse período que o cientista russo Dokuchaev definiu alguns conceitos básicos que mudaram essa visão em relação ao solo Dokuchaev percebeu que existem fenômenos que ocorrem não no material de origem do solo mas no próprio solo sendo assim o cientista passou a entender o solo como um produto das influencias ambientais Rocha 2014 lembra que embora tenha sido Dokuchaev o responsável pela elaboração da ideia principal dos fatores de constituição do solo foi o químico suíço Hans Jenny que sistematizou as idéias de Dokuchaev gerando uma equação que se constitui a base de todos os trabalhos de gênese de solo desde 1941 Segue a equação dos fatores de formação dos solos Solo f m r o c v t F função M material de origem R relevo O organismos C clima T tempo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 23 Conforme ilustra a figura a seguir o clima e os organismos são considerados fatores ativos enquanto o relevo o material de origem e o tempo são fatores passivos Figura 7 Figura 7 Representação esquemática dos fatores de formação do solo Fonte Rocha 2014 Clima O fator clima tende a ser colocado em evidência sobre todos os outros fatores de formação do solo pois isoladamente o clima é o fator que mais contribui para a formação dos solos O clima exerce influência na formação dos solos principalmente através da precipitação e temperatura esses dois elementos regulam o tipo e a intensidade tanto do crescimento dos organismos como do intemperismo das rochas Segundo Lepsch 2010 p 480 é o clima que controla o tipo de vegetação e os processos geomorfológicos que operam na paisagem e que podem resultar em erosões e deposições No que tange à precipitação Rocha 2014 p 72 menciona que As chuvas disponibilizam água necessária para as reações químicas acelerando o processo de decomposição das rochas e alteração dos diversos constituintes do solo A água influencia também o estabelecimento dos organismos que participam do intemperismo químico físico ou biológico criando condições adequadas para seu desenvolvimento e multiplicação Corroborando com a importância da precipitação para o processo de formação do solo Lima e Lima 2001 afirmam que a ausência de água em estado líquido dificulta e até mesmo impede a formação do solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 24 Em relação à temperatura Rocha 2014 p 73 aponta que esta influencia o processo de formação do solo de duas maneiras A primeira é seu efeito na velocidade das reações químicas pois se acredita que a cada 10º C que se eleva na temperatura as reações duplicam ou triplicam sua velocidade A outra influencia sobre o processo de evaporação da água impedindo que os produtos do intemperismo sejam lixiviados Neste sentido quanto mais quente e úmido for o clima mais rápido será o processo de decomposição das rochas Assim as regiões tropicais apresentam fatores favoráveis à formação de solos muito intemperizados profundos e pobres o que resulta em acidez e baixa fertilidade Em regiões áridas e semiáridas os solos são menos intemperizados mais rasos e apresentam melhor fertilidade LIMA LIMA 2001 Consequentemente a distribuição da vegetação no planeta está atrelada diretamente ao clima figura 8 Nas zonas tropicais quentes e úmidas localizamse florestas que permanecem constantemente verdes nas zonas temperadas e úmidas verificase a existência de florestas de coníferas e árvores que só florescem em determinadas estações do ano e nas zonas temperadas e secas prevalece a vegetação de pradarias Figura 8 Principais zonas climáticas do globo Fonte Lepsch 2010 Organismos Entendese que todas as formas de vida existentes no solo influenciam na sua formação Assim vegetais minhocas bactérias fungos insetos e até mesmo o homem exercem papel importante na sua formação Os vegetais são os principais organismos envolvidos no processo de formação do solo De acordo com Rocha 2014 a cobertura vegetal reduz a amplitude térmica o que reduz o impacto direto da precipitação sobre o PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 25 solo evitando a erosão Além disso as raízes das árvores contribuem para o aumento da infiltração de água no solo evitando a remoção de solo por erosão Organismos como as minhocas besouros formigas cupins dentre outros trituram restos de vegetais cavam galerias e misturam materiais dos diversos horizontes do solo Além disso seus resíduos contribuem para a formação do húmus e dos agregados do solo Já os fungos e as bactérias realizam o ataque microbiano produzindo húmus sendo que este possui grande capacidade de retenção de água e nutrientes figura 9 LIMA LIMA 2001 Figura 9 Ciclo de movimentação com adição de nutrientes do solo Fonte Lepsch 2010 Material de Origem A matériaprima dos solos é chamada de material de origem podendo ser de natureza mineral rochas eou sedimentos ou orgânica resíduos vegetais Os materiais rochosos são os mais importantes neste processo pois ocupam grandes extensões Quadro 1 Principais tipos de rochas Fonte Lima e Lima 2001 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 26 O material de origem influencia profundamente as características do solo figura 10 De acordo com Rocha 2014 os solos originados de rochas graníticas ou de arenito tendem a apresentar elevados teores de areia baixos teores de óxidos de ferro e de bases Ca Mg e K enquanto materiais como o basalto e o argilito tendem a formar solos com elevados teores de bases óxidos de ferro e argila Entretanto como já mencionamos o solo é resultado da interação de diversos fatores de formação sendo que nenhum fator isoladamente é capaz de definir qualquer característica do solo Figura 10 Solos de acordo com seu material de origem Fonte Lepsch 2011 Outra questão importante referente ao material e origem é que uma mesma rocha poderá originar solos muito diferentes Por exemplo um granito em região de clima seco e quente origina solos rasos e pedregosos em virtude da reduzida quantidade de chuvas Já em clima úmido e quente essa mesma rocha dará origem a solos mais profundos nãopedregosos e mais pobres LIMA LIMA 2001 p 3 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Conheça mais sobre os processos de formação dos solos e os tipos de solo do Brasil em outro material da Embrapa httpswwwembrapabrtemasolosbrasileirossolosdobrasil PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 27 Relevo Entendemos o relevo como a parte externa do solo Enquanto fator de formação do solo o relevo produz diferenças perceptíveis neste como as variações da cor O relevo interfere na distribuição da água da chuva no terreno da luz do calor do sol e da erosão ocasionadas também por diferenças de altitude formato declividade e posição do terreno LEPSCH 2011 O relevo direciona a energia do processo de formação do solo figura 11 acelerando ou retardando a velocidade das águas das precipitações facilitando ou dificultando a erosão Nas palavras de Lepsch 2010 p 72 As águas das chuvas caem de forma homogénea em um terreno relativamente pequeno conjunto de duas colinas por exemplo Contudo parte dessa água escoa para as partes mais baixas e planas que por isso recebem mais água do que as partes mais altas e declivosas Consequentemente os solos das partes mais baixas serão diferentes dos solos das mais elevadas Figura 11 O relevo na distribuição da precipitação Fonte Lepsch 2010 Tempo De acordo com Rocha 2014 é difícil definir a gênese da formação do solo entretanto de modo geral ela ocorre quando uma rocha sã começa a ser alterada ou um evento de sedimentação se encerra PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 28 Na pedologia o conceito de tempo não está relacionado à cronologia mas à maturidade do solo ou seja o grau de desenvolvimento deste solo Neste sentido quando falamos em solo jovem significa que sua pedogênese foi pouco intensa ou ainda que a erosão foi maior que a pedogênese formando um solo pouco espesso e rico em minerais quando nos referimos a um solo velho significa um solo espesso e quimicamente pobre em minerais ROCHA 2014 Portanto a mais óbvia característica influenciada pelo tempo é a espessura pois solos mais jovens são normalmente menos espessos que os mais velhos LEPSCH 2010 p 491 O tempo que um solo leva para se formar vai depender do tipo de material de origem do clima e do relevo Lima e Lima 2001 afirmam que os solos gerados a partir de rochas com tendência ao intemperismo se formam mais rápido quando comparados com aqueles cujo material de origem é uma rocha de difícil alteração Por exemplo os solos derivados de quartzito rocha rica em quartzo demoram mais tempo para se formarem do que os solos originados de diabásio rocha rica em ferro por ser o mineral quartzo muito resistente ao intemperismo alteração LIMA LIMA 2001 p 6 Solos com diferentes graus de desenvolvimento podem existir próximos um ao outro mesmo sob as mesmas condições de fatores como o relevo e o material de origem Isso ocorre porque as superfícies do terreno destes solos têm idades diferentes figura 12 Ou seja topos encostas ravinas entre outras foram formadas em períodos distintos Figura 12 Evolução temporal do solo Fonte Lepsch 2011 O tempo necessário para que um solo passe do estágio jovem para o maduro varia com o tipo de material de origem as condições de clima e o grau de erosão este último condicionado principalmente pelo relevo e pela vegetação PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 29 Entender os fatores de formação que originam o solo é muito importante uma vez que esse material condiciona muitas das propriedades do solo e que de acordo com a sua composição os processos de gênese são facilitados ou não Você pode ainda entender que o solo é um recurso insubstituível não renovável e leva milhares de anos para se formar ISTO ESTÁ NA REDE Olha só que interessante este site de um projeto sobre solos da USP Universidade de São Paulo A seguir a imagem do próprio site para que você possa buscar ainda mais informações Um vídeo sobre a formação dos solos maio 23 2014 Os solos são diferentes entre si e essas diferenças são causadas por diferentes fatores como relevo em que ele se encontra e a rocha que deu origem a ele Cada fator na formação dos solos é muito decisivo para entender as características de cada um Vamos ver um pouco mais sobre isso neste vídeo Acesse aqui httpswwwyoutubecomwatchv1VcU8pK9hg Este é um vídeo produzido pela equipe de comunicação do Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef em parceria com o Núcleo de Divulgação Científica da UFV no ano de 2012 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 30 CAPÍTULO 4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DO SOLO PODZOLIZAÇÃO LATERIZAÇÃO SALINIZAÇÃO E GLEIZAÇÃO 41 Fatores que influenciam na formação do solo A formação dos solos acontece por meio de processos biológicos físicos e químicos que contribuem para conceder cor textura porosidade e tantas outras propriedades que são importantes para compreender essas características Nesse sentido alguns fatores influenciam nesse processo de formação como a podzolização a laterização a salinização e a gleização os quais vamos aprender nos próximos itens 42 Podzolização Quando estudamos pedologia alguns nomes diferentes aparecem nesse trajeto no sentido de lermos e não compreendermos o que significa em um primeiro momento Este é o caso da podzolização processo que está associado a perda de materiais entre as camadas do solo pois lembrese que o solo está organizado por camadas sendo que cada uma contem nutrientes e componentes químicos que podem ser carregados e transferidos pela ação da água e do vento Para compreendermos esse processo de forma mais técnica e científica Lepsch 2011 p470 afirma que o processo de podzolização acontece por meio da migração química de ferro alumínio e húmus resultando em empobrecimento de Fe e AI na camada eluviada As causas de fenômeno podem ser impulsionadas por processos naturais ou humanos os quais resultam em problemas para a camada A superior e para camada B inferior Primeiro é importante evidenciarmos que todo solo precisa de elementos químicos e nutriente de acordo com as suas quantidades naturais Nesse sentido um solo que perde ou recebe muitos desses elementos está em uma condição diferente da sua PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 31 natural o que precisará de manejos e técnicas agrárias para que seja possível o uso quando necessário No caso da podzolização a camada superior perder muito ferro alumínio e húmus o que a deixa pobre em relação a esses elementos químicos e ao contrário acontece na camada inferior que recebe muitos desses elementos químicos e por fim acaba excedendo o necessário para existência de um solo saudável Há ambientes mais propícios para acontecer a podzolização é o caso dos lugares mais frios da Terra isso porque os derretimentos do gelo e da neve fazem com que a água percole de forma mais intensa no solo o que configura a dinâmica que explicamos anteriormente ao carregar elementos químicos para as camadas inferiores do solo intensificando o processo Além disso também acontece em ambientes em que há grande volumes de chuvas em que água que escoa na superfície demora para evaporar Esse processo da água que está constantemente no solo é denominado de hidromorfia o qual está saturado por água o que provocaria a mobilização redistribuição e exportação do ferro sílica alumínio e outros elementos químicos HERPIN ROSOLEN 2008 p 484 Assim a podzolização e a hidromorfia estão associadas sendo que a primeira depende da segunda para acontecer pois sem a infiltração dos elementos químicos no solo não podemos definir o fenômeno Para ficar ainda mais evidente como isso acontece podemos mencionar as restingas áreas que estão próximas ao mar e que por esse motivo está sempre em contato com a água o que contribui para acontecer o processo hidromórfico Observe a seguir a cor e as características de um solo de restinga presente na figura 13 Figura 13 Restinga Fonte httpscommonswikimediaorgwikiFileRestingamarujajpg PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 32 Entretanto apesar de parecer que a podzolização pode acontecer em qualquer solo alguns ainda são mais resistentes as ações do intemperismo físico e químico isso dependerá da textura do solo se ele é mais poroso ou não permitindo assim a infiltração da água e de outros elementos Lepsch 2011 p471 afirma que alguns processos podem até mesmo transformar a cor do solo no sentido que envolve dissolução de óxidos de ferro e alumínio com concentração residual de sílica e que se reflete em um solo com cores cinzentas e horizonte iluvial bem destacado Observe a imagem da figura 14 a seguir que demonstra a diferença de cor entre as camadas do solo Figura 14 Processo de Podzolização do Solo Fonte httpscommonswikimediaorgwikiFileRWbiJPG É neste contexto que a sociedade aprimorou as técnicas para que fosse possível aproveitar diferentes solos Podemos pensar que no período das primeiras civilizações não havia haviam técnicas avançadas para o manejo do solo como conhecemos atualmente em que as plantações duram mais tempo não são atingidas por pragas os solos são cuidados com técnicas e até mesmo sabemos informações detalhadas desses elementos naturais por meios de imagens de satélites e banco de dados ANOTE ISSO Quando estudamos sobre tecnologias é sempre importante lembrar que elas não são apenas aquelas que modernas com telas digitais hologramas inteligência artificial etc civilizações mais antigas também desenvolveram tecnologias mas de acordo com os matérias dos seus períodos em que viveram pois conseguiram desenvolver algo para melhorar o cotidiano PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 33 Desse modo a podzolização não pode ser considerada um processo ruim pois deve ser compreendida como um processo da natureza e que se a sociedade tem como objetivo utilizar o solo par cultivo é necessário criar meios sustentáveis de técnicas que permitam essa dinâmica O mesmo acontece sobre o processo de hidromorfia que precisa ser compreendido para assim ser manejada da forma mais adequada No próximo item vamos aprender sobre outros processo de formação do solo a laterização 43 Laterização A laterização é um processo que também pode ser denominado de latossolização porque ele é o principale responsável na formação do latossolo assim você poderá encontrar esses dois termos na bibliografia com a mesma explicação Nesse sentido ao contrário do processo anterior que precisava de uma quantidade significativa de água para acontecer esse gera solos mais secos e com altas quantidades de ferro Por exemplo a remoção de sílica ocorre tanto em solos formados por processo de podzolização como de latossolização no entanto nos primeiros ela é mínima ao passo que nos segundos ela apresenta um máximo grau de expressão LEPSCH 2011 p473 O contexto para acontecer a laterização é prioritariamente em climas quentes e úmido que transformam os minerais e removem os íons básicos e as sílicas elementos importantes para o processo de umidificação assim resultam em solos com quantidades significativas de óxidos de ferro e alumínio ambiente propício para o surgimento de ninhos de cupins e formigas dinâmica que deixa o solo ainda mais poroso Outras características da formação desses solos é a cor avermelhada conforme a imagem da figura 15 a seguir que acontece devido aos elementos presentes neles como ferro e o alumínio LEPSCH 2011 Figura 15 Latossolo Fonte httpscommonswikimediaorgwikiFileLatossoloaoladodaRodoviaMG173ConceiC3A7C3A3odosOurosjpg PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 34 ANOTE ISSO A sílica é uma substância química que absorve umidade por isso que um solo sem esse elemento possui características mais secadas e formam texturas pedregosas Consequentemente os solos oriundos da laterização são ácidos devido ao constante processo de intemperismo mais especificamente de lixiviação que resulta em solos com poucas matéria orgânica na superfície Isso está relacionado com fatores naturais e humanos Os fator natural é a exposição desse ambiente ao sol que faz dele ainda mais seco e com menos infiltração Por outro lado sabemos que alguns processos naturais podem ser intensificados pela ação da sociedade principalmente quando envolve a produção de algo relacionada aos recursos naturais como é o caso dos solos Assim podemos mencionar algumas ações que podem acelerar o processos de laterização como o desmatamento a irrigação as queimadas e o uso incorreto do solo Todas as ações mencionadas acima estão associadas com a preservação da natureza entretanto com o avanço da agropecuária em algumas regiões brasileiras esses processes acontecem com mais frequência Assim podemos dividir em dos grupos um referente as ações não ambientais e outro as ações da agricultura isto é o modo como ela se relaciona com o solo para produzir As ações não ambientais que são criações antrópicas não consideram a preservação da natureza como algo importante assim são consideradas o desmatamento e as queimadas O desmatamento acelera o processo pela retirada da vegetação parte superior do solo pois como se não há uma proteção esse ambiente fica exposto a qualquer tipo de ação natural e antrópica As queimadas também retiram a cobertura vegetal do solo porém além disso deixam esse ambiente mais ácido e seco As ações da agricultura podem ser divididas entre irrigação e uso incorreto do solo A irrigação contribui para intensificar a lavagem lixiviação do solo ao carregar os principais nutrientes e deixar apenas os elementos químicos metálicos E o uso incorreto do solo ao não utiliza técnicas que permitem a regeneração do solo como alterar as culturas e curvas de nível no relevo técnica denomina de terraceamento e que controla a erosão do solo conforme exemplo da imagem da figura 16 a seguir PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 35 Figura 16 Técnica de Terreceamento Fonte httpspixabaycomptphotosmontanhacampoterrac3a7osarrozsolo6576362 Desse modo conforme aprendemos no item anterior as técnicas sustentáveis são necessárias para que seja possível preservar o que é natural e também conceder espaço para produção adequada dentro do que a sociedade precisa não apenas em uma velocidade que transforme o solo em uma superfície em vida No próximo item aprenderemos outro fator que influencia na formação do solo a salinização 44 Salinização A salinização talvez seja o fator mais fácil de identificar quando lemos a palavra pois está relacionada a disponibilidade de sais minerais no solo provocado pela ação da água principalmente da chuva dos oceanos e também pelo processo de irrigação Assim é um fator que pode causar alguns problemas ambientais como aprenderemos nesse item Nesse sentido Lepsch 2011 p469 afirma que a sanilização acontece quando há o acúmulo de sais solúveis tais como sulfatos e cloretos de cálcio magnésio sódio e potássio em horizontes salinos Esse ambiente forma uma paisagem com solos de cores mais brancas e acinzentadas um exemplo o Mar de Aral em que secou devido há ações humanas e econômicas é um local em que há um processo de salinização ISTO ESTÁ NA REDE Para conhecer mais sobre o Mar de Aral clique nos links a seguir Links dos vídeos httpsyoutube4W2tTOi2LY e httpsyoutubePvsO8Cnkyc PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 36 Lepsch 2011 ainda afirma que o processo de salinização acontece por meio da translocação quando neste caso há o transporte de água da parte inferior para parte superior ao carregar mais sais minerais que intensificam o processo conforme detalha no trecho a seguir Translocações laterais e de baixo para cima também podem ocorrer mesmo em regiões semiáridas Solos na parte mais baixa do relevo podem permanecer com lençol freático elevado Nesse caso a evaporação de água na superfície faz ela moverse para cima por capilaridade essa água ao moverse pode depositar sais na superfície à medida que evapora formando uma crosta salina Esse processo de salinização pode ocorrer tanto em condições naturais como ser provocado pelo homem quando este irriga o solo com água de má qualidade salobra e sem executar obras adequadas de drenagem LEPSCH 2011 p477 Assim como os fatores anteriores a salinização também pode ser afetada pelos processo de irrigação assim note que a produção da agricultura precisa ser planejada para que não agrida as condições naturais do solo Por esse motivo técnicas são importantes para a conversação desses ambientes Em algumas regiões do mundo estão acontecendo processo de salinização de modo amplo devido a irrigação de modo incorreto como na Georgia no sudeste da Rússia e no Usbequistão planícies próximas aos mares Negro Cáspio e Arai LEPSCH 2011 p672 Interessante notar que na região Nordeste do Brasil os solos apresentam sérias limitações para a agricultura a maior delas relacionada à pouca espessura do solum e ao regime incerto e escasso das chuvas por isso as partes mais baixas e planas podem também apresentar problemas ligados ao excesso de sais LEPSCH 2010 p631 A imagem da figura 17 a seguir demonstra um processo de salinização que pode acontecer pela associação entre uma irrigação inadequada somada aos sais do lençol freático PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 37 Figura 17 Processo de Salinização Fonte LEPSCH 2010 Desse modo conforme explicamos desde o primeiro item a forma de irrigação e as técnicas evoluíram com o tempo o que permitiu o desenvolvimento das civilizações e consequentemente a disponibilidade de alimentos pois é por meio do cultivo e da conservação do solo que as plantações podem evoluir de modo saudável e sustentável caso contrário muitas sociedades desapareceriam como aconteceu com alguns do passado que não conseguiram se perpetuar Para concluirmos os nossos estudos vamos aprender sobre mais um fator de formação do solo gleização 45 Gleização Todos os fatores que estudamos até o momento estão associados aos processos de intemperismo os quais tem relação direta com a ação da água e do vento principalmente desse primeiro Nesse sentido a gleização não é diferente em que é a redução do ferro Fe e sob condições de excesso de água com a produção de cores acinzentadas LEPSCH 2011 p470 Perceba que em todo solo que há infiltração das água no seu interior ou que os nutriente são carregados de alguma forma há mudanças de cor as quais podem acontecer de modo mais intenso ou brando isto é cores mais fortes ou claras característica que explica a condição do solo no momento e quais são os elementos químicos e nutrientes presentes nele PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 38 No caso da gleização o excesso de água é uma característica como aprendemos o que contribui para mudança da cor do solo e os materiais que são encontrados nele contexto que acontece principalmente em áreas mais úmidas próximas a rios conforme afirma Santos e Zaroni 2021 Comumente desenvolvemse em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos dágua e em materiais colúvioaluviais sujeitos a condições de hidromorfia ambientes de influência de água podendo formarse também em áreas de relevo plano de terraços fluviais lacustres ou marinhos como também em materiais residuais em áreas abaciadas e depressões São eventualmente formados em áreas inclinadas sob influência do afloramento de água subterrânea surgentes São solos que ocorrem sob vegetação hidrófila ou higrófila herbácea arbustiva ou arbórea SANTOS ZARONI 2021 eletrônico Entretanto apesar de parecer que esse tipo de fator não é favorável para o desenvolvimento de agricultura há os seus benefícios pois as suas características também são importantes para preservação ambiental as quais apresentam potencial ao uso agrícola desde que não apresentem teores elevados de alumínio sódio e de enxofre SANTOS ZARONI 2021 eletrônico Algumas plantações são propicias neste solo devido o seu excesso de água como o caso do arro entretanto o seu manejo precisa ser algo com técnicas aprimoradas para que não aconteça de minerais pesados serem absorvidos pela planta e assim prejudicar a produção Portanto esse fator de influencia do solo está associado a forma como a água está presente na superfície e nas camadas mais inferiores do solo sendo que as técnicas aplicadas devem estar de acordo com o objetivo e as intenções que esses solos serão utilizados Assim podemos pensar também que todos os fatores que aprendemos possuem pontos positivos e negativos e que ao depender do contexto podemse utilizar técnicas para que transformem a sua estrutura e consequentemente criem possibuliade de uso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 39 CAPÍTULO 5 PROPRIEDADES DOS SOLOS 51 Propriedades dos solos Quando observamos um solo logo identificamos que ele possui características próprias e diferentes se comparados com outros essas diferenças denominamos de propriedades do solo que são definidas entre textura estrutura densidade porosidade permeabilidade e fluxo de água ar e calor as quais vamos aprender nos próximos itens 52 Textura A textura de algo está relacionada ao aspecto de algum objeto assim podemos identificálo se ele é áspero macio rugoso onduloso etc o que permite conhecermos as propriedades que formam esses aspectos Assim quando estudamos os solo não é diferente pois pense que quando você vai a praia a areia possui uma textura diferente em relação a outros tipos de solos isso é uma forma de identificar a estrutura Nesse sentido a textura de um solo é expressa pela proporção dos componentes granulométricos da fase mineral do solo areia silte e argila EMBRAPA é portanto os tamanhos que cada grãos possuem na superfície que quando estão juntos formam a textura do solo Para chegar a essa concepção existem testes laboratoriais que permitem a compreensão sobre os tamanhos dos grão No Brasil há uma classificação do tamanho das partículas conforme a tabela da figura 18 seguir Figura 18 Granulometria dos Solos Fonte Embrapa 1979 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 40 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Quando você estiver em algum local em que o solo esteja exposto pegue ele na mão e faça a análise do tamanho dos grãos desse solo assim se você observar com atenção perceberá que os grãos possuem uma textura quando comparados a outros tipos de solo isso permitirá que você compreenda as distinções entre as texturas dos solos de modo rápido Todo esse processo é denominado de análise granulométrica que passa por testes laboratoriais com equipamentos específicos até concluir que qual é a textura do solo principalmente por meio da quantidade de grão com a mesma espessura A seguir a imagem da figura 19 representa o triângulo textural que é uma forma de identificar a textura do solo a partir de materiais como a areia a argila e o silte Figura 19 Triângulo textural Fonte Manuais Técnicos em Geociência IBGE 2015 Nesse sentido a textura é definida pela quantidade de areia a argila e o silte no solo em que o triângulo textural é um dos critérios para definir quais sãos as características desse solo Conforme explica Lepsch 2010 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 41 Por exemplo uma amostra é classificada de arenosa se tiver mais de 85 de frações de tamanho areia argilosa se houver mais de 35 de argila e média ou franca se tiver as três frações em quantidades relativamente equilibradas Algumas vezes para fins práticos ossolos arenosos são referidos como de textura grosseira os de textura média como barrentos os argilosos como de textura fina ou pesada expressão que advém do fato de os horizontes argilosos em muitos casos serem menos permeáveis e mais pesados para serem trabalhados no cultivo das lavouras do que os arenosos ou os de textura média LEPSCH 2010 p40 Portanto a conclusão da textura de um solo acontece por meio da comparação dos grãos e a quantidade disponível no solo que demonstra assim o tamanho dos seus grãos pois apesar de ser possível identificar as diferenças apenas por análises visuais e cotidianas é necessário testes laboratoriais em que utilizam metodologias que geram laudos e documentos de comprovação 53 Estrutura A estrutura de um solo está relacionada como os grãos estão juntos e formam o solo ou seja quando pensamos na palavra estrutura logo vem a mente algo que concede suporte isso significa que os grãos dos solos podem estar mais unidos ou separados o que forma consequentemente a porosidade dos solos Isso será de acordo com o ambiente em que cada um se desenvolve Todo esse processo acontece de modo natural por isso possuem características diferentes as quais surgem a partir da agregação que estão relacionados a aspectos biológicos físicos e químicos que assim definem a estrutura do solo conforme afirma Lepsch 2011 A estrutura do solo referese ao tamanho e formato dos poros e ao arranjo das partículas sólidas do solo Os sólidos podem ser visualizados como organizados em unidades maiores e essa organização se dá pelo processo denominado agregação o qual forma agregados que podem ter tamanhos formas e graus variados de estabilidade conforme as forças de coesão e adesão nos pontos de contato das partículas sólidas argilas siltes areias etc LEPSCH 2011 p219 A imagem da figura 20 a seguir demostra a diferença entre os agregados e como eles podem ser identificados em um primeiro momento pela agregação de partículas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 42 que podem estar próximas umas as outras ou espaçadas o que concede a umidade do solo e sua estrutura Figura 20 Formação de Agregados do Solo Fonte Manuais Técnicos em Geociência IBGE 2015 Nesse sentido essas estruturas são caracterizadas por meio de três aspectos sendo tipo laminar prismática colunar blocos angulares blocos subangulares granular tamanho muito pequena pequena média grande muito grande e grau de desenvolvimento solta fraca moderada forte EMPRABA Essas características permitem compreender as estrutura do solo em que são causadas por dois fatores a ajuntamento das partículas unitárias argila silte e areia e b aparecimento de fendas que separam as unidades estruturais LEPSCH 2010 p42 Essa característica do solo é fundamental para a infiltração de microrganismos e elementos químicos em seus interior pois se é muito poroso esse processo pode acontecer de modo mais intenso ao contrário de solo que não são tão porosos dinâmica que tem relação direta com a agregação das partícula 54 Densidade A densidade do solo também pode ser denominada de consistência que o grau de possibilidade que as partículas tem se quebrarem por meio da ação da água do vento e até mesmo da ação antrópica assim é possível constar que existem solo mais resistentes duro enquanto outros são mais macios Essa característica dependerá dos elementos químicos que estão no interior do solo bem como as suas propriedades orgânicas as quais também estão associadas a textura e estrutura como aprendemos anteriormente conforme afirma Lepsch 2011 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 43 No interior dos agregados as partículas de areia silte e argila aderem umas às outras sendo assim mantidas com maior ou menor grau de coesão o que os torna mais macios ou mais duros Em estado natural a resistência do material do solo a alguma força que tende a rompêlos é conhecida como consistência e na prática é estimada pressionandose um agregado ou torrão de determinado horizonte do solo entre os dedos LEPSCH 2011 p43 Nesse sentido a densidade pode ser definida por meio de três aspectos de umidade sendo a seca ao ser classificada em solta macia ligeiramente dura dura muito dura extremamente dura a úmida em que define como é possível de esfarelar sendo classificada em em solta muito friável friável firme muito firme extremamente firme e as saturadas em que podem ser analisadas na mãos por meio da sua plasticidade classificadas não plástica ligeiramente plástica e muito plástica e a pegajosidade capacidade de aderência em três tipos não pegajosa ligeiramente pegajosa e muito pegajosa EMBRAPA Isso está relacionado a densidade das partículas que quando estão aglomeradas formam massa que representem a sua consistência como afirma Lepsch 2011 A densidade de partículas corresponde à massa por unidade de volume de uma amostra de solo seco ou melhor à média da densidade de todas as partículas do solo sem considerar os espaços porosos Ao contrário da densidade do solo a densidade de partículas independe da estrutura ou da compactação do solo pois é função unicamente do tipo de partículas sólidas do solo Sendo assim é natural um solo mineral ter densidade maior que um orgânico porque um determinado volume de matéria orgânica pesa muito menos que o mesmo volume de material mineral LEPSCH 2011 p226 Desse modo a densidade de um solo está associada o quão as particular que o formam são consistentes por meio da ação de dinâmicas naturais principalmente em relação a disponibilidade de água em determinados ambientes ao tornalo mais ou menos resistente 55 Porosidade A porosidade do solo pode ser confundida com outras propriedades como a textura que é um elemento que contribui para a porosidade pois é a partir do tamanhão dos grãos que o solo será definido mais ou menos poroso Assim esse processo tem relação direta em como a água irá percorrer no interior do solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 44 Além disso é também os espaços que há entre os agregados que formam o solo e como isso afeta na densidade e no volume dele no sentido de que é definido pelo espaço entre e dentro dos agregados ocupado pelo ar ou pela água do solo Um horizonte mineral do solo com boa porosidade terá cerca de 50 de seu volume ocupado pelos poros LEPSCH 2011 p227 Nesse sentido pense em um solo que está encharcado com muita água disponível no seu interior ele está nessa condição pelos vazios que existem entre as partículas o que define como mais ou menos poroso Ao contrário acontece em um solo seco em que os espaços entre do solo são ocupados com ar Assim um solo nunca está vazio sempre há um elemento natural que o preenche ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Para compreender melhor o que é um elemento poroso faça o teste da esponja ao diferenciar uma esponja de banho e uma esponja de lavar geralmente a primeira tem poros maiores e a segunda poros menores Isso acontece porque a atividade utilizada na segunda pode contrair mais sustâncias sólidas em um processo de absorção por isso seus poros são menores Essa análise pode ser feita com outros tipos de objetos que possuem as mesmas características Desse modo um solo poroso tem as suas vantagens e desvantagens principalmente para agricultura pois a percolação da água no interior das camadas dos solo é importante para o desenvolvimento das plantas que precisam de água nas partes mais profundas por exemplo nas raízes por outro lado um solo que está sempre encharcado pode atrapalhar o cultivo de determinadas culturas que não se desenvolvem com excesso de água 56 Permeabilidade Associada a porosidade está a permeabilidade que significa o quanto o solo pode absorver a água e ela se infiltrar para as partes mais inferiores das suas camadas assim são as possibilidades atribuídas a cada tipo de solo pela forma como ele consegue percorrer Aprendemos que existem diferentes tipos de textura estrutura densidade e porosidade propriedades que são importantes para a absorção e o escoamento da água e que permitem um solo mais ou menos permeável PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 45 Nesse sentido a permeabilidade do solo está associada a disponibidade de água nele conforme afirma Lepsch 2011 O fluxo saturado acontece quando a água se move no momento em que o poros maiores do solo estão totalmente cheios de água Ele corresponde à água que primeiro se move no solo depois de este estar saturado de água depende portanto mais da força da gravidade do que das tensões matriciais Em outras palavras tratase da permeabilidade de todos os poros de qualquer tamanho completamente preenchidos com água LEPSCH 2011 p226 Outro fato interessante da permeabilidade de água no solo é a possibilidade da contribuição com o ciclo da água em que se há um solo com alta disponibilidade água é possível contribuir com o processo de formação dos aquíferos bolsões de água que se formam no interior das rochas e dos solos e também com o processo de absorção de água pelas plantas que consequentemente contribuirão para a transpiração LACERDA 2007 ISTO ESTÁ NA REDE Para conhecer como se formam as águas subterrâneas assista o vídeo a seguir Link do vídeo httpswwwyoutubecomwatchv8LvS62bmWNE Além disso a permeabilidade do solo é importante para a construção civil no sentido de que é necessário conhecer se é possível construir em determinado local pois um solo que é muito permeável precisa de técnicas para ser possível utilizalo Para isso são realizados testes como o ensaio de permeabilidade que medirá o coeficiente de permeabilidade do solo por meio de sondagens e que utilizam amostras enviadas para laboratório As produções agrícolas também se preocupam com a permeabilidade em que a forma como a água será absorvida no solo poderá afetar ou não o plantio de determinada cultura pois há plantas que precisam de mais água e outras menos me seus processos de crescimento por isso o produtor precisa ficar atento a essa propriedade PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 46 ANOTE ISSO A ciência e o conhecimento são interdisciplinares isto é nenhum acontece isolado Assim quando estudamos sobre os solos sempre aprendemos sobre as técnicas e como elas podem impactar o ambiente no sentido de que a elaboração delas e a compreensão de como aplicalas passar por diferentes áreas do conhecimento Desse modo a permeabilidade é uma propriedade importante do solo associada a forma como a água irá infiltrar no interior do solo e entre as partículas bem como a disponibilidade de absorção que acontecerá dentro desse processo Assim a compreensão dessa dinâmica é necessária para diferentes áreas profissionais e do conhecimento 57 Fluxo de água ar e calor A água o ar e o calor também são propriedade do solo e que contribuem para as suas características sendo fundamentais para a dinâmica de todas as outras propriedades que aprendemos nos itens anteriores pois reflita que todas estão associadas com alguns elementos naturais que a transforma ou que contribui para formação do seu processo Nesse sentido a água é um dos elementos mais presentes nas transformações dos solos ela está em diferentes locais dos solos como na superfície no interior dos e entre as partículas Além disso ela é encontrada em estados distintos como gasoso liquido e sólido os quais também contribuem para as propriedades dos solos Por isso é considerada um dos elementos mais importantes da Terra pela sua regeneração e disponibilidade Isso está associado ao ciclo da água dinâmica que acontece no mundo inteiro e é responsável por manter a vida na Terra e consequentemente importante para a existência e sobrevivência do solo É todo esse processo que é responsável pela chuva que escoa na superfície terrestre e que infiltra no solo carregando nutrientes e elementos químicos conforme afirma Lepsch 2011 A importância da relação soloáguaplanta tem sido ressaltada há muito tempo Ecologicamente a água é importante por carregar nutrientes que alimentam organismos vivos Pedologicamente é um fator essencial em certos processos pedogenéticos como intemperismo formação do húmus mobilização e transporte de substâncias tanto em solução como em suspensão de uma parte do perfil para outra LEPSCH 2011 p240 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 47 ANOTE ISSO A água do mundo irá acabar Muitas pessoas fazem essa pergunta ela é comum no cotidiano entretanto a resposta para ela é não a água não acabará pois o ciclo da água não pode ser interrompido Entretanto a água potável pode ficar escassa ou seja a água própria para consumo poderá ficar cada vez mais difícil de ser encontrada devido aos problemas ambientais que geram poluentes químicos para os corpos hídricos A imagem da Figura 21 a seguir demonstra os processos que a água realiza como solo e as plantas por meio da transpiração evaporação infiltração escoamento drenagem e outros fatores que são fundamentais para transformação do solo sendo que a intensidade e como esses processos acontecerão dependerá das características do ambiente e do solo tais como textura estrutura quantidade e tamanho dos poros e a forma como os horizontes estão dispostos no perfil do solo LEPSCH 2011 p241 Figura 21 Processo da água com o solo e as plantas Fonte Reichardt 1985 apud Lepsch 2011 O ar também é um elemento importante para o solo ele é responsável por processos associados ao aspecto ecológico para respiração das plantas e microorganismos como nos processos pedogenéticos para controle de processos de oxidação e redução PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 48 LEPSCH 2011 p232 Nesse sentido em um primeiro momento pode parecer que não há importância a interferência do ar no solo No entanto podemos pensar por exemplo sobre a importância do ar quando as plantações estão murchas e assim precisam de água para sobreviver A explicação para esse fenômeno é que com a falta de água disponível o ar entre no interior do solo e faz com que as plantas fiquem nesse estado por isso quando chove acontece o chamado cheiro de chuva pois o ar que estava no interior sobre para atmosfera A imagem da figura 22 a seguir demonstra o processo de troca de gases entre a atmosfera e o solo Figura 22 Dinâmica de gases entre a atmosfera e o solo Fonte Reichardt 1985 apud Lepsch 2011 Outro fator importante para composição do solo é a temperatura essa depende principalmente da incidência do sol e de características como latitude altitude horário inclinação da Terra e cobertura vegetal os quais poderão absorver e transferir mais ou menos para solos seja para superfície ou para o interior O solo é um elemento de retenção de energia ou seja todo calor recebido ele consegue reter por longos períodos sobretudo em ambientes em que há cobertura vegetal o calor consegue se reter por mais tempo é ao contrário do que acontece nos desertos em que a noite a temperatura é mais baixa pela falta de elementos naturais que podem reter esse calor conforme explica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 49 Os valores da temperatura do solo tanto no espaço como no tempo determinam as trocas de massa e de energia com a atmosfera Trata se de um indicativo da quantidade de energia que foi absorvida pela superfície e transferida para os horizontes dos solos O solo armazena e transfere tanto água como calor e sua capacidade de fazêlo é determinada tanto pelas propriedades térmicas do solo como pelas condições climáticas LEPSCH 2011 p275 Desse modo a água o ar e a temperatura não são propriedades isoladas elas acontecem associadas entre elas mas também com outros elementos naturais como nutrientes elementos químicos vegetais e microrganismos Todos essas formam e transformam os solo que existem nas superfície terrestre ISTO ESTÁ NA REDE Para conhecer a Política Nacional de Desenvolvimento Regional PNDR clique no link a seguir Link da PNDR httpswwwplanaltogovbrccivil03ato201920222019decretod9810htm PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 50 CAPÍTULO 6 O PERFIL DO SOLO DESIGNAÇÃO DE CAMADAS E HORIZONTES 11 Identificando os horizontes do Solo Caroa alunoa nós vimos que sob a ação de um conjunto de fenômenos biológicos físicos e químicos os solos começam a se formar As rochas da litosfera quando expostas à atmosfera se submetem às ações da temperatura e da água provocando inúmeros processos de desgaste na rocha A esse processo natural essencial para a formação dos solos mas também para formação do conjunto da paisagem denominamos intemperismo Nesse sentido o solo é sempre dinâmico e se forma pela ação dos processos pedogenéticos no qual as rochas vão se transformando com a ação do intemperismo em um material friável que abriga uma série de plantas e microrganismos que se decompõe e formam o húmus Nesse mesmo processo formamse as argilas que vão se deslocando em profundidades diferentes por conta da ação da água A respeito do processo de formação dos solos Lepsch 2002 p30 explica que A ação dos processos físicos químicos e biológicos não é uniforme ao longo de uma rocha em transformação As transformações e remoções ocasionadas pelo intemperismo e principalmente pelas adições dos restos vegetais ocorrem com maior intensidade na sua parte superior escurecendoa com o húmus Além disso certas substâncias sólidas se translocam sob a ação da água e da gravidade de uma parte para outra Tudo isso resulta em camadas empobrecidas que se sobrepõem a outras enriquecidas de compostos minerais ou orgânicos tornandoas diferentes na aparência LEPSCH 2002 p 30 E complementa Todos esses fenômenos de transformações remoções adições e translocações provocam uma organização do regolito em diferentes bandas horizontais que se tornam mais diferenciadas em relação à rocha mãe à medida que se distanciam dela LEPSCH 2002 p 31 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 51 Assim a partir de uma rocha e saprólito relativamente homogéneos surge uma série de camadas paralelas à superfície e de aspecto e constituição diferentes paralelas à superfície denominadas horizontes de solo Segundo Lepsch 2002 essas camadas estão sobrepostas de forma sequencial apesar de a transição entre elas nem sempre ser bem distinta Os horizontes que se sucedem da rocha base até a camada mais superficial caracterizam o perfil do solo conforme podemos observar no exemplo da figura 23 Figura 23 Perfil pedológico com horizontes delimitados Fonte httpwwwescolaagrariasufprbrarquivospdfperfilsolopdf De acordo com o IBGE 2015 para a designação dos horizontes e camadas do solo são empregadas letras maiúsculas minúsculas e números arábicos As letras maiúsculas são usadas para designar os horizontes encontrados em um perfil de solo Dessa forma os horizontes são classificados para facilitar a análise do solo e os mais comumente encontrados e que estão associados a solos bem desenvolvidos são os horizontes O A E B e C e são chamados de horizontes principais Figura 23 Porém nem sempre esses horizontes estão presentes em um determinado perfil A ausência de horizontes E ou o B por exemplo pode representar que o solo é pouco desenvolvido A figura 24 ilustra um perfil de solo que não tem o horizonte B sobre a rocha possuindo apenas o A PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 52 Figura 24 Modelo de Chinelo Fonte httpspixabaycomptincrC3ADvelmardeandamanfundobaC3ADa2412614 Além dos horizontes representados por letras maiúsculas há também subdivisões representadas por letras minúsculas que são usadas como sufixos para qualificar distinções específicas dos horizontes como por exemplo Oo que significa horizonte composto por matéria orgânica mal ou não decomposta enquanto a designação Od indica que a matéria orgânica desse horizonte apresenta acentuada decomposição A figura 25 traz uma relação com alguns desses sufixos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 53 Figura 25 Sufixos aplicados aos símbolos de horizontes principais do solo Fonte IBGE 2015 apud Lepsch 2009 p 340 Quando os horizontes são muito espessos podem ser subdivididos pela introdução de números arábicos A divisão é feita a partir da parte superior do horizonte de forma sucessiva sendo o símbolo numérico colocado após todas as letras usadas para designar o horizonte por exemplo A1 A2 Bt1 Bt2 etc A figura 26 apresenta um perfil contendo os horizontes principais do solo O horizonte O é o horizonte orgânico do solo e corresponde à primeira e mais superficial camada Por estar mais próximo da superfície e da atmosfera tem maior contato com a matéria orgânica que acaba morrendo depositando e se decompondo Tratase de uma camada composta então por restos orgânicos típica de regiões com cobertura vegetal acentuada Por isso caracterizase como um horizonte estreito e de coloração escura Na parte mais superficial desse horizonte encontramse detritos recém caídos e não decompostos com a designação Oo que sobrepõem os detritos mais antigos e já decompostos ou em estado de decomposição denominados sub horizonte Od PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 54 Figura 26 Perfil pedológico com horizontes delimitados Fonte httpsigeologicocombrintemperismoesolos modificado pelo autor ANOTE ISSO Nos solos utilizados pela agricultura quando não há o manejo adequado o horizonte O é eliminado tanto pela erosão laminar quanto pelo próprio processo de preparo do solo para o plantio inibindo o potencial fértil natural desse solo O horizonte A por sua vez é a camada mineral do solo mais superficial Sua principal característica é o acúmulo de matéria orgânica lançada no horizonte O porém que PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 55 já passaram por um processo de decomposição e se transformaram em húmus que se deslocou da camada adjacente acima portanto apresenta coloração mais escura É uma mistura entre matéria orgânica e sedimentos especialmente argilas e areias O horizonte A pode ser subdividido em A1 no qual apresenta acúmulo de matéria orgânica humificada junto a partículas minerais com coloração castanha e A2 que apresenta características típicas dos horizontes A e B sendo caracterizada como uma área de transição do A para o B porém ainda com predomínio de características do horizonte A Em alguns solos observase o horizonte E cuja textura é predominantemente arenosa de coloração clara Este horizonte se caracteriza por apresentar material altamente lixiviado resultando na perda de minerais como argila óxido de alumínio óxido de ferro além de húmus translocados para o horizonte B O horizonte B situase abaixo do A ou do E a depender do tipo de solo apresenta cores mais intensas pelo fato de apresentar acúmulo de materiais como minerais de argila óxido de ferro e alumínio húmus translocados por lixiviação dos horizontes acima Sua cor varia a depender da existência do elemento ferro assim se houver grande concentração sua cor é mais avermelhada se não houver é amarelada Abaixo do B situase o horizonte C que corresponde ao sprólito isto é a rocha pouco alterada pelos processos de formação do solo apresentando características mais próximas do material que deu origem à formação do solo Não há matéria orgânica nesse horizonte e é uma zona de transição entre o solo e a rochamãe Por fim o horizonte R corresponde à própria rochamãe ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Caroa alunoa uma forma interessante de demonstrar aos seus alunos como são organizados os horizontes de solo é encontrando alguma área na qual houve uma remoção recente de solo como em trincheiras cortes de estrada área com terraplanagem para edificação por exemplo Mas tome cuidado é importante que o local de solo exposto seja recente pois com o passar do tempo e pelas ações de intempéries as suas condições são modificadas não tornando mais visíveis as delimitações dos horizontes PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 56 Figura 27 perfil de solo exposto possibilitando observar as camadas em campo Fonte httpsblogportaleducacaocombrhorizontesdosoloentendamaissobreoassunto 12 Descrição do Solo em campo Caroa alunoa as técnicas de campo que serão descritas neste e no próximo capítulo são aplicáveis tanto por pesquisadores em campo quanto por professores de geografia em aulas de campo realizadas com alunos das mais variadas faixas etárias Algumas técnicas são mais simples outras mais complexas mas cabe ao professor adaptar as técnicas de acordo com o interesse da aula e de acordo com a faixa etária e perfil dos estudantes As técnicas de campo e a descrição do perfil de solo são fundamentais para os estudos em pedologia Como o perfil de solo corresponde ao conjunto de horizontes mais ou menos paralelas à superfície do terreno e como cada horizonte possui características próprias é necessária descrição de cada um deles da forma mais detalhada possível VENTURI 2011 Primeiramente é necessário selecionar o local onde será realizada a descrição do solo Para fins didáticos geralmente são utilizadas áreas onde os solos já estão expostos destacandose locais como barrancos de estrada Caso não seja possível recomendase então a abertura de trincheiras ou tradagens para que se possa observar os horizontes de um perfil de solo Essas duas últimas técnicas descritas são muito utilizadas por pesquisadores para coletar amostras de solo em profundidade em diversos pontos amostrais A tradagem é uma técnica mais utilizada quando há um número maior de amostras a serem coletadas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 57 ANOTE ISSO Entendese como tradagem a coleta do solo em profundidade utilizando um trado Elas são utilizadas para realização de análises de solo onde não há exposição do solo São muito utilizadas para a retirada de vários pontos de amostra Figura 28 trado com material retirada para amostra de solo Fonte httpswwwcatispgovbrportalthemesunifyarquivosprodutoseservicoscartilhasefolderesAnaliseSoloAnaliseSolopdf Se a descrição do solo for realizada em um barranco devese realizar a limpa das paredes do barranco com enxada para que se retire o material superficial que já sofreu alterações por conta da exposição com a atmosfera Devese cavar então a uma profundidade horizontalmente a qual se possa ver o solo com as características não alteradas Essa profundidade costuma ser de cerca de 1 metro VENTURI 2011 Os materiais utilizados em campo são basicamente enxadas pá faca martelo trenas lupa de bolso caderneta de campo sacos plásticos para coleta utilização de tabelas de cores veremos na próxima aula e pedocomparador Na figura 29 observamos de cima para baixo e da esquerda para a direita os seguintes itens pedocomparador enxadão e tratado borrifador de água pá de jardim martelo saco plástico etiquetado para coleta de amostras faca régua e manual de descrição de coleta de solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 58 Figura 29 Material usado para a descrição morfológica dos horizontes de solo em campo Fonte LEPSCH 2002 p 31 A descrição da morfologia do solo requer as seguintes análises de campo identificação da transição entre os horizontes cor textura estrutura porosidade e consistência dos solos Estas são as principais com elas o pesquisador consegue tirar uma série de informações pertinentes ao seu estudo Além do que as análises de campo muitas vezes servem de apoio e podem detalhar informações importantes para análises posteriores de laboratório No próximo capítulo iremos nos debruçar sobre a descrição morfológica dos horizontes do solo quais as principais características a serem observadas em campo e as principais técnicas para análise PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 59 CAPÍTULO 7 O PERFIL DO SOLO MORFOLOGIA E TÉCNICAS DE ANÁLISE 11 Identificando a morfologia dos solos Agora que já sabemos identificar e caracterizar os diferentes horizontes de um solo é necessário a verificação de sua morfologia pois apenas a identificação dos perfis em campo não possibilita uma classificação precisa Nesse sentido a morfologia dos solos corresponde à observância das características dos horizontes pela descrição realizada em campo mas em alguns casos também é necessária análise de laboratório pois às vezes é preciso aferir com maior precisão os dados coletados em campo De acordo com Lepsch 2002 p35 Morfologia do solo significa o estudo da sua aparência no meio ambiente natural e sua descrição segundo as características perceptíveis visíveis a olho nu ou sensíveis ao tato Portanto corresponde à anatomia do solo O conjunto de características morfológicas constitui a base fundamental para identificar o solo que é completada com as análises de laboratório Caroa alunoa devemos sempre ter em mente que o solo é um corpo natural dinâmico e integrado à paisagem e não estático Por isso é essencial que as formas de um solo sejam descritas primeiramente em análises de campo antes que sejam retiradas amostras para análises posteriores em laboratório A observação do geógrafo é processo fundamental para compreender a paisagem de forma conjunta e não fragmentada Segundo Lepsch 2002 As principais características observadas na descrição morfológica de um perfil é a cor a textura a estrutura a consistência porosidade a transição dos horizontes e a espessura dos horizontes A cor é a característica mais perceptível em campo e as diversas tonalidades no perfil são úteis para identificar e delimitar os horizontes mas também auxiliam na indicação de fatores relevantes a PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 60 serem observados em campo A cor avermelhada relacionase a solos naturalmente bem drenados e com altos teores de óxidos de ferro da mesma forma que solos com a cor mais escura costumam indicar grande quantidade de matéria orgânica em decomposição ou decomposta assim como a cor acinzentada pode indicar ausência de ferro e excesso de água como nas beiras de rios A amostra de solo deve ter sua cor corretamente descrita na etapa de campo sob a luz do sol para que se possa enxergar detalhadamente as tonalidades de cores que às vezes são muito próximas umas das outras Para realização das análises de campo e posteriores laboratório retiramos as amostras de solo em cada um dos pontos amostrais definidos pelo pesquisador e objetivos da pesquisa Essas amostras devem ser acomodadas em um pedocomparador Figura 30 geralmente feito de madeira contendo fileiras de caixinhas pequenas construídas com papel cartão onde se colocam cada uma das amostras retiradas em campo Figura 30 Pedocomparador utilizado para comparar as diferentes cores do solo Fonte Venturi 2011 p 88 Como forma de padronização nos estudos pedológicos à nível mundial as cores são descritas utilizando o sistema Munsell de cores e utiliza uma tabela denominada Munsell soil color charts que segundo Lepsch 2002 p 37 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 61 consiste em cerca de 170 pequenos retângulos com colorações diversas arranjadas sistematicamente num livro de folhas destacáveis A anotação da cor do solo é feita pela comparação de um fragmento de um determinado horizonte com esses retângulos Uma vez que se ache o retângulo de colorido mais próximo anotam se os três elementos básicos que compõem uma determinada cor matiz valor e croma O matiz corresponde à cor dominante vermelho amarelo azul verde e púrpura cujos números variam nos seguintes intervalos 25 5 75 e 10 são representadas pelos símbolos 10R 25YR 5YR 75YR 10YR 25Y e 5Y que são formados pelas iniciais em inglês das cores que entram em sua composição R red 100 vermelho Y yellow 100 amarelo e YR yellowred 50 vermelho 50 amarelo Nos solos brasileiros as cores vermelhas amarelas e vermelhoamareladas são as mais comuns VENTURI 2011 O valor referese à tonalidade da cor é a medida do grau da claridade da luz ou tons de cinza presentes entre o branco e o preto variando de 0 para o preto absoluto e 10 para o branco puro O croma por sua vez se refere proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade de cinza também variando de 0 a 10 ISTO ESTÁ NA REDE Confira nesse vídeo a utilização prática da Carta de Munsell para identificação da cor do solo Vale a pena conferir httpswwwyoutubecomwatchvrbXKimZx14k PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 62 Figura 31 Esquema de interpretação da Carta de Munsell Fonte Santos et al 2005 retirado de Venturi 2011 p88 Uma questão importante a ser verificada em campo é quando o solo apresenta mais de uma cor sendo necessário descrever a cor da matriz cor predominante do material e de todas as eventuais manchas cores secundárias em meio ao material Isso só é possível pela quebra do torrão do solo retirado para amostra verificando se a cor do seu interior é a mesma da superfície Essa quebra deve ser feita com as mãos aproveitando para realizar outras análises que descreveremos mais adiante Dessa forma segundo Venturi 2011 as manchas quando encontradas no material devem ser descritas quanto à quantidade pouco área 2 da superfície do horizonte comum de 2 a 20 E abundante 20 da superfície do horizonte ao tamanho pequeno eixo maior 5 mm médio eixo maior de 5 a 15 mm e grande eixo maior 15mm e ao contraste de cores das manchas em relação à cor dominante da matriz difuso pouca variação da cor das manchas em relação à matriz distinto manchas facilmente visíveis e proeminente grande diferença entre as manchas e a cor da matriz do solo A textura do solo é outra observação relevante a ser realizada parcialmente ainda em campo Parcialmente pelo fato de conseguirmos observar apenas algumas propriedades em campo sendo que grande parte dessa análise é realizada em laboratório por meio de análise granulométricas Em campo é possível ver apenas as frações de areia e silte a olho nu ou utilizando lupa A fração de argila por exemplo só é possível ser vista com microscópio eletrônico PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 63 ANOTE ISSO O termo granulometria é utilizado quando se faz referência ao conjunto de todas as frações ou partículas do solo incluindo desde as mais finas de natureza coloidal argilas até as mais grosseiras calhaus e cascalhos A granulometria ou textura referese à proporção de argila silte e areia do solo O solo apresenta frações granulométricas quanto ao tamanho das partículas conforme demostrado na tabela 1 As texturas maiores calhaus e cascalho são muito grandes para determinar a textura do solo em campo portanto apara análise preliminar importa mais a observação da argila silte e areia Fração Diâmetro médio calhaus ou pedras 200 a 20 mm cascalho de 20 a 2 mm areia de 2 a 005 mm silte ou limo 005 a 0002 mm argila menor que 0002 mm Tabela 1 Frações granulométricas presentes no solo Fonte adaptada de Lepsch 2002 p 39 De acordo com Lepsch 2002 a fração areia ainda pode ser subdividida em cinco subfrações sendo a areia muito grossa 2 a 1 mm b areia grossa 1 a 05 mm c areia média 05 a 025 mm d areia fina 025 mm a 01 mm e areia muito fina 01 a 0005 mm Um horizonte não é composto por uma única textura mas sim pelo conjunto das classes granulométricas Dessa forma o solo será classificado a partir do predomínio de uma classe sobre as demais O diagrama triangular para determinação das classes de textura do solo Figura 32 é muito utilizado para isso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 64 Figura 32 Diagrama triangula para determinação das classes de textura do solo Fonte adaptado de Lepsch 2002 p29 Assim quando falamos em textura do solo nos referimos à proporção relativa das frações granulométricas areia silte e argila em um material de solo A combinação dessas três frações define a classe de textura conforme pode se observar no diagrama da figura 32 Repare que por exemplo consideramos um solo arenoso quando tiver mais de 70 de frações do tamanho de areia consideramos argiloso quando houver mais de 35 de argila e muito argilosa quando essa composição representar valores superiores a 60 da composição dos solos ISTO ACONTECE NA PRÁTICA As técnicas de campo para verificar a diferença da textura do solo se dá pelo tato De acordo com Venturi 2011 a técnica mais utilizada e que mais resulta em boas análises é utilizando um borrifador de água pois é necessário molhar a amostra PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 65 até que ela se torne homogênea e possa ser possível modelála em nossas mãos Após borrifar água na amostra em mãos devese tentar fazer um cilindro de 6 a 7 cm de comprimento por 1 cm de diâmetro aproximadamente A figura 33 traz os três resultados possíveis desse experimento atextura arenosa b textura muito argilosa c textura argilosa Figura 33 experimento de textura do solo em campo Fonte adaptado de httpspermaculturapedagogicablogspotcom201112antoniorobertomendespereiranaturezahtml Conforme observamos na figura x se não for possível fazer o cilindro indica que a textura é arenosa Figura 33a Porém se for possível fazer o cilindro mas ele se desfizer a textura é media não indicando que há fração predominante Ao continuar moldando o cilindro sempre borrifando para a umidade não sair e ele se rachar ao tentar dobrar ou formar um círculo indica que sua textura é argilosa Figura 33c mas se for possível fechar o círculo ou dobrar sem que o molde se fragmente indicará que a textura é muito argilosa Figura 33b Devemos lembrar que a proporção granulométrica só será determinada com precisão mediante análises de laboratório no intenta as inferências de campo são fundamentais para as análises Além disso é possível sentir a textura dos grãos ao manipular as amostras apresentando a áreia uma textura mais grosseira e áspera podendo sentir arranhar entre os dedos enquanto o silte tem uma textura mais suave semelhante a um talco e a argila é facilmente moldável PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 66 Outra característica relevante a ser observadas na descrição morfológica de um perfil é a estrutura do solo Ela corresponde ao arranjo das partículas primárias do solo areia argila e silte formando aglomerados denominados agregados Figura 34 Sua formação se dá por uma série de fatores entre eles ajuntamento das partículas de argila silte e areia provocado pela ação das argilas óxidos de ferro e húmus e aparecimento de fendas que separam as unidades estruturais ocasionados pela expansão e contração física do material Figura 34 Foto de um agregado Fonte httpsagroposcombrestruturadosolo Conforme já estudamos uma série de propriedades físicas químicas e processos biológicos são afetados pela forma tamanho e grau de desenvolvimento ou de coesão dentro e entre os agregados Isso vai influenciar por exemplo na porosidade do solo e na maior ou menor permeabilidade da água facilidade de penetração ou não das raízes e o grau de aeração Para examinar e descrever a estrutura de um horizonte do solo devese retirar um bloco ou torrão com uma faca ou martelo Depois que estiverem separados verifica se variáveis acima mencionadas forma tamanho e grau de desenvolvimento De acordo com Venturi 2011 quando um torrão é submetido a uma pressão entre os dedos por exemplo ele se quebra em torrões menores de acordo com seu plano de fraqueza O grau de desenvolvimento da estrutura vai determinar a facilidade ou dificuldade com que uma amostra se quebra Se ela for fraca os agregados se desfazem predominando material solto se for moderada eles se desfazem com pouco material solto e forte quando os agregados se desfazem não restando material solto Quanto à forma Figura 35 os agregados podem ser classificados em arredondados com estrutura granular grãos simples no caso de solos arenosos ou microagregada no caso de solos argilosos angulosos blocos angulares subangulares prismáticos e colunares e laminares PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 67 Figura 35 Tipos de estruturas presentes nos perfis de um solo Fonte httpsagroposcombrestruturadosolo Quanto ao tamanho variando nas classes muito pequena média grande e muito grande Os agregados granulares laminares e grumosos possuem tamanho menor do que os agregados prismáticos colunares e blocos angulares e sub angulares Isso pode ser observado na tabela da figura 36 Figura 36 Tipos e tamanhos dos agregados de solo Fonte Venturi 2011 p 93 A porosidade do solo é outra característica que pode ser observada em campo tanto a olho nu quanto por meio de auxílio de uma lupa Ela se refere ao espaço PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 68 do solo ocupado por água ar ou seres vivos Eles são classificados em microporos quando sua expessura em diâmetro não ultrapassa 0005 mm e macroporos quando são maiores que esse valor A descrição dela se dá pela observância da forma do tipo do tamanho e da quantidade Quanto ao tipo a porosidade pode ter sua origem relacionada à herança da alteração do material de origem do solo porosidade de alteração à textura do solo porosidade textural à estrutura dos agregados porosidade estrutural ou à ação da fauna e florado solo porosidade biológica VENTURI 2011 p 94 ANOTE ISSO Caroa aluno a não confundir porosidade com permeabilidade A porosidade é o espaço do solo ocupado por água ar ou seres vivos A permeabilidade por sua vez é a capacidade que um sólido tem de deixar o fluido atravessar os seus espaços Nesse sentido saber a porosidade do solo ou da rocha é fundamental para compreender a capacidade de absorção de água no solo mas não traz informações sobre a velocidade em que a água pode fluir pelos poros Tomemos como exemplo um sedimento argiloso no qual possui alta porosidade mas é praticamente impermeável haja vista que seus poros são muito pequenos e a água acaba ficando presa Outro exemplo diz respeito aos derrames basálticos onde não há porosidade alguma da rocha no entanto são abundantes as fraturas abertas podendo deixar a rocha altamente permeável Neste último exemplo podemos inferir que a rocha é altamente permeável mas não possui porosidade alguma No que se refere ao tamanho a porosidade pode ser classificada em poros não visíveis poros muito pequenos quando são inferiores a 1 mm de diâmetro pequenos de 1 a 2 mm de diâmetro médios quando possuem de 2 a 5 mm grandes de 5 a 10 mm e muito grandes quando superior à 10 mm de diâmetro Em relação à quantidade os poros podem ser classificados em a poucos em horizontes com porosidade pouco visível b comuns horizontes de textura argilosa e estrutura em blocos c muitos em horizontes com textura arenosa VENTURI 2011 Por fim podemos medir a consistência de um horizonte que está relacionada à resistência do solo a alguma força que tende a rompêlo Conseguimos estimar a resistência pressionado um torrão agregado entre os dedos LEPSCH 2002 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 69 Dessa forma podemos determinar a consistência do solo observando três estados de umidade A seco para estimar a dureza B úmido para estimar a friabilidade c molhado para estimar a plasticidade do solo Figura 37 Figura 37 Técnicas de campo para determinar a consistência de agregados do solo Fonte Venturi 2011 p 95 De forma breve podemos inferir que a consistência do solo seco é verificada comprimindose um torrão do solo entre o dedo polegar e o indicador e vai indicar a dureza do material variando de solta a extremamente dura Obtémse a consistência do solo úmido utilizando o torrão de solo umedecido usado para estimar a friabilidade do solo variando de solta a extremamente firme A amostra deve ser submetida a uma pressão entre o polegar e o indicador Por outro lado a consistência do solo molhado é verificada com uma amostra de solo molhada e manipulada para se estimar a plasticidade e a pegajosidade da amostra A amostra deve ser molhada até atingir sua saturação Portanto caroa alunoa consegue perceber a necessidade da realização da coleta de campo Com técnicas simples de análise conseguimos inferir uma série de informações que poderão auxiliar nas etapas posteriores da pesquisa O melhor disso tudo é que você futuro professora de Geografia consegue reproduzir essas técnicas com certa facilidade com alunos de todas as idades PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 70 CAPÍTULO 8 MEDIDAS DE PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS SOLOS 81 As atividades humanas e seus efeitos no solo Caroa alunoa sabemos que o solo e a vegetação caminham juntos Os vegetais que ali vivem são completamente dependentes dele assim como também auxiliam o solo a manter suas principais características e propriedades A conservação dos solos é um tema de grande importância para a sustentabilidade ambiental e para a segurança alimentar da população mundial Os solos devem ser compreendidos como um recurso natural finito e essencial para a produção de alimentos fibras e biocombustíveis bem como para a manutenção dos ecossistemas terrestres No entanto ele está sujeito às degradações impostas pelos seres humanos em suas atividades econômicas principalmente em relação à agricultura Uma das principais causas da degradação dos solos é a erosão que pode ser causada por diversos fatores como o vento a água o manejo inadequado do solo a falta de vegetação entre outros Além disso a compactação do solo o desmatamento o uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes a salinização a acidificação e a contaminação por metais pesados também podem contribuir para a sua degradação Outros fatores que podem causar a degradação do solo incluem o seu uso intensivo para atividades de agropecuária sem práticas adequadas de conservação a urbanização desordenada e a mineração que pode causar a destruição e a contaminação do solo Assim a degradação dos solos podem impactar negativos na produção agrícola na qualidade da água e do ar na biodiversidade e no meio ambiente como um todo Trata se de um problema global que afeta milhões de hectares de terra em todo o mundo causando prejuízos econômicos e sociais além de ameaçar a segurança alimentar das populações mais vulneráveis Por isso é fundamental implementar práticas de conservação do solo como o manejo adequado da vegetação o controle da erosão o uso de técnicas de agricultura sustentável e a recuperação de áreas degradadas Essas medidas contribuem para a manutenção da fertilidade do solo a preservação da biodiversidade a redução da poluição e a mitigação das mudanças climáticas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 71 82 Práticas de conservação dos solos As plantas melhor se desenvolvem quando lançam a maior parte de suas raízes no horizonte A pois ele tem uma estrutura facilmente penetrável pelas raízes e é cheio de nutrientes onde os resíduos orgânicos se acumulam As argilas se movem para o horizonte B que tem uma maior capacidade de armazenar água Essa combinação criada pela natureza de um horizonte A mais poroso e fértil sobre um B mais adensado mas que pode reter mais água é um ambiente muito apropriado para o cultivo das plantas LEPSCH 2010 p 197 Porém os processos erosivos principalmente os causados pelas atividades agrícolas pode remover o horizonte A expondo o B no qual as plantas terão dificuldade para crescer Por isso é tão necessária a proteção do horizonte A como forma de conservação do conjunto dos horizontes do solo Essa proteção pode ser feita com um conjunto de técnicas isoladas ou simultâneas denominadas práticas de conservação dos solos Elas permitem controlar a erosão não necessariamente eliminála mas evitar que se tomem maiores proporções Outra ação direta importante dessas práticas é a absorção dos impactos da água no solo evitando que a água caia diretamente nele e escoe superficialmente de modo que a enxurrada arranque o horizonte A Dessa forma a água penetrando lentamente no solo os rios não são sobrecarregados e são evitadas as inundações erosões e assoreamentos De maneira didática existem três formas de conservação dos solos as práticas de caráter edáfico mecânico e vegetativo A seguir iremos ver de forma mais detalhada cada uma dessas formas É bom reforçar que embora vistas de forma separadas elas podem ocorrer simultaneamente e sua implementação dependem muito das condições ambientais e de solo de cada área 821 Práticas edáficas Essas práticas ou técnicas dizem respeito às ações que visam manter ou melhorar a fertilidade dos solos principalmente no que diz respeito à adequada disponibilidade de nutrientes para as plantas São três as principais formas de manuseio do solo ligados às técnicas edáficas controle de queimadas adubações e rotação de culturas As queimadas Figura 38 são uma das mais antigas e rudimentares técnicas de preparo do solo para a limpeza do terreno de restos de culturas anteriores vegetação seca e outros detritos que possam estar no local Isso facilita a preparação do solo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 72 para o plantio Outra função das queimadas é o controle de pragas e doenças pois permite eliminar insetos ácaros e outras pragas que se alojam no solo ou nas plantas bem como esporos de fungos e bactérias que podem causar doenças nelas Figura 38 Prática de Queimada do Solo Fonte httpsdireitoambientalcombrprodutorruralxincendioflorestal Além disso permite a melhoria da fertilidade do solo liberando nutrientes tornandoo mais fértil para o plantio No entanto uma das funções principais da prática de queimadas ainda muito utilizada na atualidade em grandes culturas como cana deaçúcar é a preparação de áreas para pastagem no qual a queimada elimina a vegetação indesejada e estimula o crescimento de gramíneas Embora a queimada possua alguns benefícios anteriormente citados se ela for efetuada com muita frequência deixa o solo desnudo o que aumenta a erosão volatiliza elementos úteis à nutrição das plantas e contribui para a poluição atmosférica Além de trazer outras consequências negativas como a perda de biodiversidade e o risco de incêndios florestais descontrolados Por isso ela deve ser minimizada de forma que seja realizada de maneira consciente e responsável seguindo as normas e regulamentações ambientais aplicáveis ou que seja preferencialmente eliminada sobretudo nas grandes culturas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 73 ISTO ESTÁ NA REDE Assista ao documentário Cinzas da Floresta É uma produção que mistura arte ativismo e ciência É possível seguir a página dos elaboradores nas redes sociais de mesmo nome e acompanhar todo processo de estudo e criação deste material que é dividido em etapas e capítulos cada vez mais preocupantes sobre as queimadas das matas e consequentemente dos solos httpswwwgooglecomsearchqdocumentC3A1riocinzasdaflorestarlz1C1FCXMptPTBR931BR931oqdocumentC3A1riocinzasdaf lorestaaqschrome69i57j69i608057j0j4sourceidchromeieUTF8fpstateivevldcidc00593c4vidO66Yh10P3RA A adubação e correção do solo visa a adição de nutrientes que faltam aos solos para o melhor desenvolvimento das plantas em uma lavoura Segundo Lepsch 2010 p 199 Além de corrigirem as deficiências naturais do solo repõem os nutrientes removidos com as colheitas e corrigem sua acidez Para saber como efetuar a adubação o agricultor moderno retira uma amostra do solo e a envia para um laboratório para que seja analisada Com base na análise serão indicados os corretivos e fertilizantes que devem ser usados Um dos corretivos mais utilizados é o calcário que serve para diminuir a acidez do solo mas também para fornecer os macronutrientes cálcio e magnésio Os fertilizantes são utilizados para fornecer outros elementos nutritivos entre eles os principais nitrogênio potássio e fósforo Em alguns tipos de agricultura mais extensivas e de subsistência utilizamse adubos orgânicos feitos de esterco de animais ou compostos formados pela decomposição de restos orgânicos Figura 39 Adubação do Solo Fonte httpsagroposcombradubacao PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 74 A rotação de culturas Figura 40 é uma prática agrícola que consiste em alternar diferentes tipos de cultivos em uma mesma área de plantio em ciclos de anos ou estações Essa técnica é importante para a manutenção da qualidade do solo o controle de doenças e pragas e a otimização da produtividade da área cultivada Figura 40 Rotação de Culturas Fonte httpinformativococaricombrpaginainicial20200605agro A rotação de cultura pode beneficiar os solos nos seguintes aspectos 1 Melhoria na qualidade do solo as diferentes culturas utilizam diferentes nutrientes do solo e algumas delas como as leguminosas têm a capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico no solo A rotação de culturas portanto ajuda a manter o solo rico em nutrientes e a prevenir a exaustão de nutrientes específicos 2 Controle de pragas e doenças algumas pragas e doenças são específicas de certos tipos de culturas e ao alternar os cultivos elas têm menos chance de se instalarem permanentemente no solo e se proliferarem 3 Aumento da produtividade a rotação de culturas pode aumentar a produtividade da área cultivada pois permite o estabelecimento de diferentes culturas maximizando o uso do solo e evitando o desperdício de recursos 4 Auxilia na preservação do meio ambiente auxilia na redução da erosão evita o esgotamento dos recursos naturais e promove a conservação da biodiversidade na área cultivada 822 Práticas de caráter mecânico De acordo com Lepsch 2010 as práticas de caráter mecânico estão relacionadas ao trabalho de conservação dos solos com a utilização de maquinários que introduzem alguma alteração na topografia da área para evitar enxurradas e erosão PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 75 Entre as principais práticas mecânicas de conservação estão o terraceamento que consiste na construção de terraços em áreas com declive acentuado que ajudam a reduzir a erosão e a aumentar a infiltração de água no solo e o plantio em curvas de nível Figura x que consiste em cultivar as plantas em faixas niveladas no solo reduzindo a velocidade da água e minimizando a erosão ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Caroa alunoa terraceamento e curva de nível são duas técnicas utilizadas na agricultura e na engenharia civil para controle de erosão do solo e de enxurradas Apesar de ambas serem muito parecidas e estarem relacionadas ao mesmo objetivo elas possuem diferenças importantes O terraceamento é uma técnica de construção de terraços em terrenos com declive com o objetivo de diminuir a erosão do solo e permitir o cultivo em áreas antes impróprias para a agricultura O processo envolve a construção de paredes de contenção geralmente de pedra madeira ou concreto ao longo das curvas de nível formando degraus em diferentes níveis no terreno Cada degrau é plano e nivelado permitindo o plantio em áreas que antes eram íngremes demais para a agricultura Figura 41 Técnica de Terraceamento em uma área agrícola Fonte httpswwwnacaoagrocombrnoticiasduvidasobreterraceamentoosenarspresponde Já o cultivo em curvas de nível é uma técnica de plantio em que as linhas de cultivo seguem as curvas de nível do terreno Essa técnica ajuda a diminuir a erosão do solo pois as curvas de nível atuam como barreiras para a água e os PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 76 nutrientes permitindo que eles sejam absorvidos pelo solo antes de escorrerem para outras áreas O plantio em curvas de nível figura 42 também ajuda a reduzir a compactação do solo e a aumentar a sua capacidade de retenção de água Figura 42 Técnica de plantio em curva de nível em uma área agrícola Fonte httpswwwnacaoagrocombrnoticiasduvidasobreterraceamentoosenarspresponde Ou seja enquanto o terraceamento consiste na construção de degraus artificiais em diferentes níveis para permitir o cultivo em áreas íngremes o cultivo em curvas de nível envolve o plantio seguindo as curvas de nível do terreno para diminuir a erosão do solo e aumentar sua capacidade de retenção de água Outra técnica utilizada é a aração da terra que consiste em semear a cultura diretamente no solo sem preparação prévia o que reduz a erosão e a compactação do solo a construção de barreiras físicas como cordões de pedra para evitar a erosão e a perda de solo e a adoção de técnicas que consistem em evitar a compactação do solo como o uso de equipamentos agrícolas com pneus mais largos ou a redução do tráfego de máquinas agrícolas em áreas sensíveis Figura 43 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 77 Figura 43 Erosão causada por maquinário agrícola Fonte httpsagroposcombrcompactacaodosolo No próximo capítulo iremos ver mais um pouco acerca da conservação dos solos e quais as medidas mais eficazes de caráter vegetativo para a manutenção e proteção dos solos contra os processos erosivos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 78 CAPÍTULO 9 CONSERVAÇÃO DOS SOLOS 81 Práticas de caráter vegetativo para a conservação dos solos De acordo com Lepsch 2010 as práticas vegetativas para manejo do solo são métodos de cultivo eficazes que têm como objetivo controlar a erosão com o aumento da cobertura do solo As mais comuns são reflorestamento formação e manejo adequado de pastagens cultivos em faixas controle das capinas faixas de árvores em formação de quebraventos cobertura do solo com palha e adoção de sistemas agroflorestais para agricultura extensiva utilizadas geralmente em pequenas propriedades Uma vez que o solo se encontra coberto por vegetação tais como folhagens árvores resíduos vegetais entre outros ele estará protegido da força da água da chuva pela ação da interceptação de parte da água que iria cair direto no solo e pela diminuição da velocidade do escoamento superficial Além disso um solo coberto por vegetação fornece matéria orgânica e sombreamento O aumento da matéria orgânica atrai uma microfauna capaz de produzirem compostos químicos uteis ao solo e minhocas que provocam a diminuição da lixiviação que leva os elementos nutritivos do solo para os horizontes mais profundos Para alguns tipos de solos altamente suscetíveis à erosão recomendase o reflorestamento Figura 44 que pode ser feito com a utilização de espécies nativas ou exóticas dependendo da área onde se encontram e da legislação pertinente Figura 44 Plantação de mudas ilustrando a prática de reflorestamento Fonte httpssitesustentavelcombrreflorestamento PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 79 Por exemplo as áreas ciliares que conformam as Áreas de Preservação Permanente APP devem ser preferencialmente reflorestadas utilizandose espécies nativas e servem para a proteção das margens dos rios contra o desbarrancamento Em outros casos onde o solo se apresenta enfraquecido podese optar por um tipo de reflorestamento utilizando espécies como eucalipto ou pinus que podem inclusive serem comercializados por meio da extração de madeira Outra forma de técnica vegetativa utilizada para a conservação dos solos é o cultivo em faixa Figura 45 Tratase de uma técnica na qual as plantas são cultivadas em faixas paralelas no terreno Elas podem ser criadas por meio da remoção do solo entre as faixas formando pequenos terraços elevados Essa técnica é geralmente usada em solos com declives suaves e ajuda a prevenir a erosão pois as faixas reduzem a velocidade da água da chuva e aumentam a infiltração no solo Figura 45 Cultivo em Faixa Fonte httpseoscomptblogcultivoemfaixas Assim No cultivo em faixas as lavouras são estabelecidas em porções alternadas de 20 a 40 m de largura de modo que a cada ano cultivos pouco densos se alternem com outros mais densos É uma prática que combina plantio em contorno com rotação de cultura e frequentemente com terraços O efeito de controle à erosão advém tanto do parcelamento das encostas com cultivos de diferentes coberturas como das suas disposições em contorno As faixas que cobrem mais o solo ajudam a interceptar melhor as enxurradas LEPSCH 2010 p 203 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 80 O Controle de capinas Figura 46 é o processo de gerenciamento e eliminação de plantas invasoras em áreas cultivadas como plantações agrícolas jardins parques entre outros As plantas invasoras também conhecidas como ervas daninhas podem competir com as culturas plantadas por nutrientes água e espaço além de hospedar pragas e doenças que afetam negativamente a produção agrícola Ele pode ser feito de diversas formas tais como Controle mecânico que envolve a remoção manual das plantas invasoras com o uso de ferramentas como enxadas foices roçadeiras ou tratores Controle químico que utiliza herbicidas para eliminar as plantas invasoras Os herbicidas podem ser aplicados diretamente nas plantas no solo ou nas sementes das ervas daninhas Controle biológico que envolve o uso de organismos naturais como insetos ácaros ou fungos que atacam e controlam as plantas invasoras Figura 46 Controle das capinas Fonte httpswwwjardineironetmetodosdecontroledeplantasdaninhashtml Outra técnica utilizada para a conservação de solos agrícolas é a prática de árvores em formação de quebraventos Tratase de uma técnica de manejo do solo que envolve o plantio estratégico de árvores ou arbustos em fileiras com o objetivo de reduzir a erosão do solo causada pela ação do vento Essa técnica é amplamente utilizada em áreas onde o solo é vulnerável à erosão Figura 47 As árvores enfileiradas ajudam a proteger o solo pois reduzem a velocidade do vento o que diminui a força da erosão Além disso as raízes das árvores ajudam a estabilizar o solo impedindo que o vento o carregue A cobertura vegetal também PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 81 ajuda a proteger o solo contra a chuva pois absorve parte da água impedindo que ela penetre no solo e cause erosão Figura 47 Faixa de árvores formando quebra vento Fonte httpswwwmanejebemcombrpublicacaonovidadescomofazereutilizarquebraventos Nos sistemas tradicionais de lavouras anuais como soja milho e trigo o horizonte A do solo é revolvido anualmente o que é importante para controlar o crescimento de ervas daninhas incorporar os resíduos de cultivos anteriores e afofar o solo para as semeaduras No entanto essa ação provoca a compactação da camada de solo imediatamente abaixo da removida e expõe a superfície do solo à ação direta dos raios solares e gotas de chuva o que acelera sua a erosão PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 82 ANOTE ISSO Revolver a terra significa inverter as camadas do solo com o uso de arado para que o plantio seja feito Para evitar esse revolvimento podese utilizar herbicidas para a remoção das ervas daninhas ou utilizar a técnica de plantio direto na palha Figura 48 que consiste na inserção de sementes abaixo da palha dos restos de cultivos anteriores com o uso de máquinas especiais Lepsch 2010 p 204 detalha bem esse processo Em uma só operação elas cortam longas e estreitas fendas alinhadas em curvas paralelas e de mesmo nível sob a palha que de certa forma imita a serrapilheira horizonte O das matas Ao mesmo tempo sementes e fertilizantes são colocados alguns centímetros abaixo da palha Tais operações substituem vantajosamente o revolvimento do solo pelo arado Ao permanecer coberto pela palha o horizonte superficial terá aumentada sua capacidade de reter a umidade e a sombra o que diminui o efeito indesejável de altas temperaturas Assim o aumento da absorção de água é maior e o arraste das partículas do solo pela erosão diminui significativamente Figura 48 Plantio direto na palha Fonte httpswwwembrapabrbuscadeimagensmidia3492001plantiodiretonapalha PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 83 Em comparação com o cultivo convencional o sistema de plantio direto na palha possui vantagens e desvantagens porém as vantagens se sobressaem Como desvantagem podemos destacar os altos custos dos herbicidas e a dificuldade de obter grande quantidade de palha para a realização da técnica Porém essas dificuldades se justificam pela alta possibilidade de controle de erosão e maior retenção da umidade pelo solo principalmente em épocas de seca aliado aos benefícios econômicos de economia de maquinário e mão de obra 82 Sistemas Agroflorestais para a conservação dos solos De acordo com Nair 1989 os sistemas agroflorestais SAF são sistemas de uso da terra em que as árvores interagem com os cultivos agrícolas eou animais simultânea ou sequencialmente de modo a aumentar a produtividade total de plantas e animais de forma sustentável por unidade de área Dessa forma as SAF são sistemas produtivos que podem se basear na sucessão ecológica da mesma forma que ocorre nos ecossistemas naturais em que árvores exóticas ou nativas são combinadas com culturas agrícolas trepadeiras forrageiras arbustivas de acordo com um arranjo espacial e temporal préestabelecido com alta diversidade de espécies e interações entre elas Assim podese dizer que a agrofloresta é uma forma de uso da terra onde árvores ou arbustos são utilizados em conjunto com a agricultura e com animais numa mesma área podendo ser plantados de uma só vez ou numa sequência de tempo Ela procura imitar uma floresta no sentido de deixar o solo sempre coberto pela vegetação e com muitos tipos de plantas juntas umas ajudando as outras Nestes sistemas em geral são realizados plantios de sementes eou de mudas onde os recursos e o retorno da produção são gerados permanentemente e em diversos estratos da formação florestal As SAF otimizam o uso da terra conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola Figura 49 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 84 Figura 49 Ilustração de uma Agrofloresta com diversidade de espécies Fonte httpsipoemaorgbrconceitosdeagrofloresta Esses sistemas possuem uma série de benefícios para a conservação dos solos entre os quais destacamse Proteção contra erosão a cobertura vegetal proporcionada pelas árvores e arbustos ajuda a proteger o solo contra a erosão causada pela chuva e pelo vento Melhora da qualidade do solo a presença de árvores e arbustos em agroflorestas pode aumentar a matéria orgânica do solo e melhorar sua estrutura aumentando sua capacidade de retenção de água e nutrientes Redução da compactação do solo as raízes profundas das árvores ajudam a evitar a compactação do solo e facilitar a infiltração da água Aumento da biodiversidade do solo proporcionam aumento dos nutrientes para a microfauna do solo incluindo microrganismos insetos e outros animais aumentando a biodiversidade do solo Redução do uso de insumos químicos as agroflorestas podem reduzir a necessidade de insumos químicos como fertilizantes e pesticidas que podem ter impactos negativos na saúde do solo As agroflorestas também podem contribuir para a mitigação das mudanças climáticas a produção de alimentos saudáveis e a promoção da segurança alimentar PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 85 Figura 50 melhoria do solo utilizando sistemas agroflorestais Fonte httpsg1globocommsmatogrossodosulnoticia20220629oqueeosistemaagroflorestalquejovetantoqueraplicarnasfazendasdezeleoncio ghtml Por isso eles têm sido apontados como alternativa fundamental para as políticas de incentivo à recuperação de áreas já desmatadas possibilitando assim a sustentabilidade dos recursos naturais e a produção com vantagens sociais econômicas e ambientais Isso se dá pelo fato de que sua produção diversificada favorece a recuperação da produtividade dos solos degradados por meio da utilização de espécies arbóreas leguminosas que adubam o solo sem a necessidade de grande utilização de insumos externos diminuindo os impactos ambientais do uso de fertilizantes artificiais e reduzindo também os custos de produção Perceba caroa alunoa que são diversas as práticas utilizadas que visam a conservação dos solos e o uso sustentável da terra Infelizmente os interesses PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 86 econômicos se sobressaem e prevalecem as técnicas de cultivo convencionais que no geral são menos custosas a curto prazo Mas isso vem mudando nos últimos anos pois além dos ganhos ambientais dessas práticas de conservação elas permitem maior durabilidade dos solos e melhoria no rendimento agrícola a longo prazo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 87 CAPÍTULO 10 TIPOS E USOS DOS SOLOS 101 Tipos de Solos Sistema Brasileiro de Classificação Os solos são recursos naturais essenciais para a produção de alimentos biomassa matériasprimas e muitos outros produtos que sustentam a economia global Além disso desempenham um papel fundamental na proteção da qualidade da água e do ar na mitigação das mudanças climáticas e na conservação da biodiversidade A qualidade do solo no entanto é determinada pela sua composição física química e biológica que varia de acordo com suas características específicas Por isso é importante estudar e entender os diferentes tipos de solo bem como as condições que afetam sua formação para garantir que sejam utilizados de forma sustentável Por exemplo algumas atividades humanas como a agricultura a mineração e a construção civil podem causar impactos negativos significativos no solo incluindo a erosão a compactação a contaminação e a perda de nutrientes Esses impactos podem levar a uma redução na produtividade do solo e afetar negativamente o meio ambiente e a saúde humana Assim conhecer os diferentes tipos de solo e suas características auxiliar no planejamento e implementação de formas de uso do solo que minimizem esses impactos e promovam a sustentabilidade do uso Nesse caso podese escolher as culturas mais adequadas para cada tipo de solo adotar técnicas de conservação do solo usar tecnologias de baixo impacto ambiental na mineração e na construção civil entre outras medidas Caroa alunoa sabendo então que o estudo dos tipos de solo é fundamental para garantir o uso e a ocupação adequados do solo pelas atividades humanas nessa primeira parte do capítulo iremos trazer os principais tipos de solo e suas características de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos EMBRAPA 2018 Em âmbito nacional o Brasil tem um padrão de classificação de solo que é uma adaptação de outros países e que foi adaptada às características do nosso país A última atualização do sistema brasileiro de classificação dos solos SiBCS aconteceu em 2006 sob coordenação da EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que possui em seu quadro de pesquisa inúmeros profissionais especializados em pedologia PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 88 que buscam agregar novos dados sobre os solos brasileiros e sempre publicam atualizações Esse sistema é dividido em 13 ordens que é o primeiro nível categórico do solo são eles Argissolo Cambissolo Chernossolo Espodossolo Gleissolo Latossolo Luvissolo Neossolo Nitossolo Organossolo Planossolo Plintossolo e Vertissolo ANOTE ISSO Dentro das ordens de solos existem subclassificações que indicam exatamente uma categoria de solo específica Por exemplo quando nos referimos ao subgrupo Latossolo Vermelho Eutroférrico Típico estamos apontando que a palavra Latossolo indica a ordem em que o solo se encontra Vermelho indica a subordem de cor vermelha do horizonte B indicando presença de mineral férrico hematita Eurtoférrico indica que há elevada saturação por base e teores de ferro bastante elevados Típico se refere ao subgrupo nesse caso indicando que esse solo não apresenta características intermediárias Fonte LEPSCH 2003 Os Neossolos são solos jovens sem horizonte B formados em ambiente sem excesso de água Como são solos muito heterogêneos estes podem ser divididos considerando o segundo nível categórico No geral devido às suas características são considerados frágeis e sensíveis à erosão Sua utilização para fins agrícolas pode ser limitada pela baixa fertilidade natural e pela pouca espessura Porém esses solos podem ser utilizados para fins de pastagem reflorestamento turismo e lazer desde que sejam adotadas práticas de manejo adequadas para minimizar os impactos ambientais Os Neossolos Regolíticos Figura 51 costumam apresentar horizontes na sequência ACR São solos associados a locais de relevo movimentado onde a taxa de pedogênese é baixa Apresenta horizonte A pouco desenvolvido ou ausente e uma camada superficial pouco espessa formada por material orgânico e mineral que se acumulam sobre as rochas expostas Possui uma camada superficial de material inconsolidado regolito composta por fragmentos de rocha pedras e areia que se sobrepõe às rochas subjacentes Possuem baixa fertilidade natural devido à pouca espessura da camada de solo e à baixa capacidade de retenção de nutrientes São comuns em áreas de relevo íngreme e rochas resistentes e geralmente estão associados a encostas colinas e morros PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 89 Figura 51 Perfil de um Neossolo Regolítico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcsneossolosneossolosregoliticos Os Neossolos Quartzarênicos Figura 52 por sua vez costumam apresentar uma sequência de horizontes ACR sendo que as texturas dos horizontes A e C são arenosas 70 de areia São solos associados a áreas de litologia de arenitos e quartzitos bastante comuns no semiárido algumas áreas do sul e do cerrado brasileiro Apresenta baixa capacidade de retenção de água e nutrientes devido à dominância da camada de areia o que pode limitar o crescimento de plantas Essa baixa capacidade de retenção de nutrientes e a pouca espessura do solo fazem com que os Neossolos Quartzarênicos apresentem baixa fertilidade natural Apresentam alta acidez PH ácido devido à presença de alumínio e outros elementos tóxicos em sua composição Figura 52 Perfil de um Neossolo Quartzarênico Fonte httpswwwagriculturaprgovbrPronasolosPRPaginaNEOSSOLOQUARTZARENICONABACIAHIDROGRAFICAPARANAlllPOSICIONAMENTONA PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 90 Há também os Neossolos Flúvicos Figura 53 que são formados por camadas de sedimentos aluviais depositados pelos rios e ocorrem em todo o Brasil em áreas mais úmidas próximas de rios e córregos No geral apresentam uma estratificação muito marcante com camadas horizontais que refletem a deposição dos sedimentos pelo rio ao longo do tempo Por ser um solo que apresenta boa drenagem devido sua porosidade costuma apresentar alta fertilidade por causa da deposição de matéria orgânica e nutrientes trazidos pelos corpos dágua e por isso é muito utilizado para fins agrícolas especialmente para culturas irrigadas devido à sua boa drenagem e fertilidade Porém devido à sua natureza pouco consolidada é vulnerável à erosão especialmente quando a vegetação nativa é removida para dar lugar a atividades humanas Figura 53 Neossolo Flúvico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicaterritoriosterritoriomatasulpernambucanacaracteristicasdoterritoriorecursos naturaissolosneossolosfluvicos Ainda há os Neossolos Litólicos Figura 54 cuja sequência de horizontes costuma ser AR ou ACR sendo que no segundo caso a espessura dos horizontes AC deve ser 50 cm Ocorrem pontualmente por todo o território nacional tendendo a se concentrar em áreas de relevo bastante movimentado A principal limitação a seu uso agrícola é sua pequena espessura Suas características de fertilidade e textura estão diretamente relacionadas às características do material de origem PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 91 Figura 54 Perfil de um Neossolo Litólico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasolosneossoloslitolicos Os Organossolos Figura 55 são solos altamente orgânicos onde os materiais orgânicos são preponderantes sobre os minerais Geralmente com sequência de horizontes OABC ou HC São solos que apresentam horizonte hístico O ou H com no mínimo 40 cm de espessura Podem ser encontrados em antigas planícies de inundação de rios paleo planícies pelo longo período de acúmulo de húmus A grande quantidade de matéria orgânica os torna naturalmente férteis embora a disponibilidade de nutrientes possa ser afetada pela acidez do solo A drenagem pode ser muito ruim devido à sua porosidade baixa o que pode levar à formação de solos pantanosos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 92 Figura 55 Perfil de um Organossolo Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcsorganossolosorganossoloshaplicos Por conta dessas características os Organossolos são geralmente usados para pastagens produção de culturas de subsistência e são importantes para a conservação da biodiversidade pois são habitats naturais de muitas espécies de plantas e animais Os Greissolos possuem sequência de horizontes HCg com H 40 cm ou AC São solos que ocorrem somente em áreas encharcadas O horizonte A é muito escuro e está sobre um horizonte C bem claro com possível presença de mosqueados Esse tipo de solo é encontrado em áreas de várzeas veredas e mangues Figura 56 Gleissolos Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicaterritoriosterritoriomatasulpernambucanacaracteristicasdoterritoriorecursos naturaissolosgleissolos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 93 Os Chernossolos Figura 57 geralmente apresentam sequência de horizontes AR ACR e ABCR São solos altamente férteis devido à alta concentração de matéria orgânica e nutrientes como cálcio magnésio potássio e fósforo logo as condições para o enraizamento em profundidade são muito boas principalmente se a profundidade do solo for adequada Ocorrem em quase todas as regiões do Brasil em pequenas extensões geralmente associados às rochas pouco ácidas em climas com estação seca acentuada Devido a essas características é muito utilizado para a produção agrícola de culturas como milho trigo soja arroz batata entre outras Também é utilizado para pastagem e para a produção de madeira Figura 57 Perfil de um Chernossolo Fonte httpswwwembrapabrdocuments5805722366922426Chernargort000gnaj84q502wx5ok0liq1mqjf3mbgtjpgac5cb1bbe9cfd5205854 cd23496bed54t163904957606 Caracterizados por sua alta fertilidade natural e profundidade estão os Nitossolos Figura 58 desenvolvendose principalmente em regiões tropicais e subtropicais Apresentam horizonte B rico em argilas trazidas pela água de horizontes superficiais A cor varia de vermelho a amarelo dependendo da presença de óxidos de ferro e alumínio em sua composição Apresentam geralmente uma estrutura em blocos com boa estabilidade o que permite um bom desenvolvimento das raízes das plantas tanto é que são utilizados para a produção agrícola de culturas como soja milho trigo entre outras Um exemplo desse solo é a Terra Roxa antiga nomenclatura oriunda da decomposição mineral do basalto PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 94 Figura 58 Perfil de Nitossolo Vermelho Fonte httpswwwagriculturaprgovbrPronasolosPRPaginaNITOSSOLOVERMELHODOSUBPLANALTOCASCAVELcaracteristicasepotencialdeuso Os Luvissolos Figura 59 possuim o horizonte B rico em potássio cálcio magnésio Sódio e Argila É relativamente comum no sertão e agreste nordestino e ocupa cerca de 15 da área do semiárido predominando na região mais seca o sertão Figura 59 Perfil de Luvissolos Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasolosluvissolos Os Planossolos Figura 60 são solos compostos por horizontes A e B podendo também podendo também existir o horizonte E com nítida diferenciação motivada pela desargilização das camadas superiores e deposição no horizonte B o que por outro lado caracteriza uma redução de permeabilidade dessa camada Com isso é comum a ocorrência de mudança textural abrupta gerando impermeabilização natural o que pode acarretar a formação de um nível freático temporário suspenso no período chuvoso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 95 Figura 60 Perfil de Planossolos Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasolosplanossolos No caso dos Cambissolos Figura 61 a possível sequência de horizontes é ABiC É um tipo de solo relativamente jovem com horizonte B muito delgado indicando que ele ainda se encontra em processo de formação Está presente em todo o país e é intensamente utilizado pela agricultura quando em área plana pois está associado a áreas de relevo movimentado e que normalmente é muito suscetível à erosão Figura 61 Perfil de Cambissolo Háplico Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicasbiomacaatingasoloscambissolos Por fim os Latossolos Figura 62 sob o ponto de vista pedogenético são os solos mais desenvolvidos da crosta terrestre São antigos e profundos apresentando sequência de horizonte A B e C com predominância de transições difusas e graduais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 96 entre os subhorizontes A profundidade do horizonte A B normalmente é superior a dois metros com fertilidade incipiente demandando adubação para produção agrícola Figura 62 Perfil de Latossolo Amarelo Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcslatossoloslatossolosamarelos Eles representam cerca de 50 dos solos do Brasil sendo predominantes os Latossolos amarelos nas regiões Norte e Nordeste e os Latossolos vermelhos nas regiões CentroOeste Sudeste e Sul 102 Ocupação e Uso do Solo no Brasil São diversos os usos do solo no Brasil que variam de acordo com a região as características do solo e a atividade econômica predominante Entre os principais tipos de uso do solo podemos destacar o uso agrícola destinado à produção agrícola como cultivo de grãos frutas hortaliças canadeaçúcar entre outros o uso pecuário destinado à criação de animais para a produção de carne leite e produtos derivados o uso florestal Silvicultura destinado à produção de madeira papel celulose e outros produtos florestais o uso urbano uso industrial destinado à instalação de indústrias como fábricas refinarias siderúrgicas entre outras atividades produtivas uso mineral destinado à exploração de recursos minerais como minério de ferro ouro carvão petróleo e gás e o uso de preservação ambiental referente a espaços eou territórios à conservação dos diferentes ecossistemas como Unidades de Conservação UC Reservas Legais RL Áreas de Proteção Permanente APP e Terras Indígenas TI Segundo o portal Embrapa 2022 os principais tipos de uso do solo no Brasil estão ligados ao uso agropecuário 302 englobando áreas de pastagens nativas e plantadas lavouras e florestas plantadas Por outro lado há uma grande parcela de 663 referente à áreas destinadas à vegetação protegida e preservada englobando as Unidades de Conservação Terras Indígenas e todo tipo de vegetação nativa em terras devolutas e não cadastradas no Cadastro Ambiental Rural CAR Figura 63 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 97 Figura 63 Perfil de Latossolo Amarelo Fonte httpswwwembrapabrenagenciadeinformacaotecnologicatematicassolostropicaissibcschavedosibcslatossoloslatossolosamarelos Por meio desse gráfico é possível observar a centralidade do uso agropecuário em nosso país e mediante a isso a necessidade de ações de planejamento do uso do solo Cada tipo de uso do solo pode ter impactos positivos ou negativos no meio ambiente e na sociedade por isso é importante que seja feito um planejamento adequado e uma gestão sustentável do uso do solo visando a garantia da produção econômica e da conservação ambiental Segundo Lepsch 2003 p 205 Cada solo tem um limite máximo de possibilidade de uso além do qual não poderá ser explorado sem riscos de degradação pela erosão Ou seja as culturas certas devem estar nos lugares certos Os solos com declive muito acentuado por exemplo têm capacidade no máximo para pastagem ou reflorestamento e o uso com culturas anuais que necessitam de revolvimento anual com o arado é desaconselhável Por outro lado os solos profundos permeáveis com declives suaves podem ter várias utilizações pois a suscetibilidade à erosão é pequena Em seus estudos Lepsch 2003 utiliza oito categorias de uso do solo que são relacionados à capacidade de uso do solo ou seja ligados ao grau de risco de degradação e à indicação do seu melhor uso agrícola Esse tipo de estudo envolve uma série de dados não apenas pedológicos mas hipsométrico de declividade e PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 98 geomorfológico haja vista que os fenômenos físicos são integrados e não ocorrem de forma isolada Dessa maneira segundo o autor Para diagnosticar a capacidade de uso das terras de uma propriedade agrícola deve se fazer um mapa detalhado de seus solos Nesse mapa devem constar além dos diferentes solos e suas classificações pedológicas os aspectos da topografia ou classes de declive e outros atributos físicos da terra com destaque aos danos já sofridos com a erosão Ao interpretar esse mapa distinguem se as classes e unidades de capacidade de uso a partir das quais se fazem as recomendações de sistemas de plantio de acordo com o que as terras possam suportar no mais elevado nível de produção sem se degradar pela erosão e os fatores econômicos demandas de mercados custos de produtos agrícolas etc LEPSCH 2003 p 205 As oito classes sugeridas por Lepsch 2003 são identificadas por algarismos romanos I II III IV V VI VII e VIII Figura 64 e podem ser agrupadas em três subdivisões A B e C onde A representa terras próprias para todo tipo de uso inclusive cultivos intensivos B Terras impróprias para cultivos intensivos mas aptas para pastagens e reflorestamento ou manutenção da vegetação natural C C Terras impróprias para cultivo recomendadas devido às condições físicas para a proteção da flora fauna ou ao ecoturismo Figura 64 Classes de uso do solo de acordo com LEPSCH 2003 Fonte httpsimagesslideplayercombr4611624226slidesslide14jpg PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 99 A tabela da figura 65 ilustra as limitações e risco de acordo com o aumento da intensidade de uso do solo baseandose nas classes de capacidade de uso do solo proposto pelo autor Figura 65 Classes de uso do solo de acordo com LEPSCH 2003 Fonte httpsimagesslideplayercombr4611624226slidesslide14jpg Para ajudar a fixar esses conceitos trazemos brevemente um estudo de caso de Paganotto et al 2018 aplicado à região da Alta bacia do Arroio Quilombo localizado em Pelotas no Estado do Rio Grande do Sul Nesse estudo os autores buscaram verificar a adequabilidade dos usos da terra na área de interesse para tal foi elaborado um mapa de coberturas e usos da terra e posteriormente cruzado com o mapa de capacidade de uso da terra As três classes identificadas para a alta bacia do Arroio Quilombo são III IV e VIII e as subclasses são s relacionada à solos com limitações e indicativo de suscetibilidade erosiva correspondendo às seguintes denominações a IIIse limitações quanto aos cultivos b IVse limitações quanto aos cultivos intensivos c VIIIse forte limitação aos cultivos intensivos Nesse sentido os autores confeccionaram um mapa de uso e cobertura da terra e utilizandose os critérios estabelecidos por Lepsch 2003 comparam com outro mapa de capacidade de uso para propor adequações quanto ao uso do solo Figura 66 Dentre diversos resultados alcançados pelos autores destacase que a classe IIIse ocupa 157 da área total da bacia e se localiza integralmente na parte norte apresentando adequabilidade de uso de cerca de 506 A área apresenta todas as classes de uso porém com predomínio da cultura temporária de fumo 485 que além de retirar a cobertura vegetal desencadeia altos impactos ao meio ambiente PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 100 como a contaminação do solo e da água através da aplicação de agrotóxicos Na região a cultura do fumo ocorre predominantemente em áreas de declive acentuado com ausência de práticas de conservação do solo e com intenso revolvimento anual do solo Figura 66 Mapas de uso e cobertura da terra e de capacidade de uso Fonte httpswwwsinageoorgbr2018trabalhos1010277161html Outro constatação importante é o caso da classe IVse que ocupa 641 da área da bacia e abrange a área central Ela apresenta usos adequados do solo como culturas permanentes e áreas de silvicultura Porém verificase que quase metade dessa área apresenta cultivo de fumo sendo esta cultura incompatível com essa referida classe Perceba caroa alunoa que o planejamento do uso do solo é essencial ao equilíbrio do meio ambiente mas também às atividades econômicas humanas haja vista que o mau uso da terra coloca em risco inclusive a produção agropecuária PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 101 CAPÍTULO 11 EROSÃO MECANISMOS FORMADORES E FATORES INTERVENIENTES A erosão é caracterizada como um processo no qual o solo sofre desgaste transporte e sedimentação De forma natural o intemperismo químico físico ou biológico causa desgaste no solo e nas rochas desagregação de partículasque são transportadas por gravidade das partes mais altas para as partes mais baixas Estas partículas também chamadas de sedimentos são depositadas nas áreas de menores altitudes concluindo o processo de sedimentação Estes fatores podem ser observados na Figura 67 Figura 67 Erosão e sedimentação do solo Fonte httpsmundoeducacaouolcombrgeografiaerosaohtm O processo de erosão é responsável pela modelação do relevo como observado no esquema apresentado o sedimento da área de maior altitude foi deslocado para a área de menor altitude Como estudado na aula 5 as propriedades físicas textura estrutura densidade porosidade permeabilidade químicas biológicas e mineralógicas do solo influenciam no processo de erosão Por exemplo um solo de textura arenosa é mais poroso o que permite uma rápida infiltração devido ao tamanho das partículas que o compõem Um solo formado por uma quantidade maior de matéria orgânica terá maior agregação e conexão das partículas e irá reter mais água PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 102 Na aula 7 estudamos os tipos de solo podemos relembrar que Latossolos são solos que apresentam alta porosidade e profundidade o que lhes comete maior resistência a perda de partículas Já Argissolos são mais suscetíveis a erosão por apresentar maior acúmulo de argila em profundidade o que limita sua infiltração de água CALDERANO FILHO et al 2014 Outro fator de importância é a espessura solos com menor profundidade e ineficiência da cobertura vegetal acontece a rápida saturação dos horizontes superiores tornando estes mais suscetíveis a erosão CALDERANO FILHO et al 2014 A exemplo disto se tem os Neossolos Litólicos Quanto à sua origem a erosão pode ser dividida em Geológica e Acelerada Quando ocorre de forma natural esse processo é chamado de Erosão Geológica o qual se desenvolve de forma lenta e gradativa e é responsável por modificações do relevo como por exemplo esculpir um vale de rio Quando intensificada e desencadeada por ações humanas esta é chamada de Erosão Acelerada e pode ser desencadeada e intensificada por ações humanas A retirada de vegetação a construções em áreas onde as condições do terreno são propícias a erodibilidade o manejo incorreto do solo em plantações são exemplos de ações antrópicas que aceleram o processo de erosão e causam danos extremos aos solos Quanto aos agentes erosivos o processo se divide em Eólico e Hídrico e suas subdivisões Erosão Eólica o vento é o agente erosivo Há o desprendimento das partículas o transporte e a deposição É influenciada pelo clima o tipo de solo e vegetação da área figura 68 Figura 68 Erosão eólica Fonte httpsrevistasuminhoptindexphpphysisterraearticleview22472707 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 103 A imagem é de um famoso ponto turístico do Paraná O parque de Vila Velha onde há formações rochosas esculpidas pela erosão eólica nos grandes blocos de arenito Erosão hídrica Ocorre pelo impacto direto da água com o solo ou pelo atrito da água escorrendo que pode ser mais ou menos intensa conforme o volume O principal tipo de erosão causada pela água é a erosão pluvial É o famoso ditado popular água mole em pedra dura tanto bate ate que fura Isso ocorre devido às diferentes durezas na resistência de cada rocha ou solo Erosão Pluvial É aquela causada pela ação da chuva Uma das formas de manifestação dessa erosão é o efeito splash provocado a partir das gotas de água da chuva que caem e com impacto sobre o solo descoberto ou desprotegido acaba ocorrendo o espalhamento das partículas de terra BERTONI et al 1990 figura 69 e 70 Figuras 69 e 70 efeito splash Fonte httpseoscomptblogerosaohidrica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 104 Esse tipo de erosão geralmente é ocasionada quando o solo está exposto ou seja sem vegetação uma vez que a vegetação funciona como uma barreira amenizando a chegada da água no solo ou ainda diminuindo o atrito Além disso as raízes da vegetação têm papel fundamental no processo de erosão pois elas ajudam a segurar o solo diminuindo o desgaste e fixandoo No vídeo disponibilizado no slides da aula você pode observar uma experiência demonstrando a ação da água no processo de erosão e a forma como a vegetação influencia neste processo A imagem a seguir figura 71 é um esquema representativo disso Figura 71 Experiência e relação entre solo e infiltração da água Fonte httpswwwcaranguejoorgbrwpcontentsimages201412atividade176jpg É perceptível na experiência que com o impacto das gotas de água o solo sem vegetação sofre mais desagregação do que o solo com vegetação Este processo desencadeado pelas águas da chuva ocorre em quase todas as partes do mundo em especial nos trópicos onde os índices pluviométricos são mais elevados a partir dos efeitos das águas na superfície dos terrenos considerando diversos fatores como a intensidade da chuva da infiltração da água da topografia declive mais acentuado ou não do tipo de solo e da quantidade de vegetação existente o processo de erosão irá ocorrer de diferentes formas GUERRA 1999Quanto a intensidade da erosão está se divide em sulcos ravinas e voçorocas Sulcos são feições alongadas e rasas inferiores a 50 cm PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 105 Figura 72 Sulcos no solo Fonte httpsbrasilescolauolcombrgeografiaerosaohtm Ravinas são feições de maior porte de profundidade variável de forma alongada e não atingem o lençol de água subterrânea Voçoroca tem dimensões superiores às ravinas e atingem o lençol de água subterrânea pesquisas apontam a ocorrência de erosão por voçorocas em todo o Brasil por influência de processos geomorfológicos climas variados tipos de solos e uso e manejo da terra inadequados GUERRA et al 2018 figura 73 Figura 73 Transformação de Ravina e Voçoroca ou Boçoroca Fonte httpswwwembrapabragenciadeinformacaotecnologicatematicasagriculturaemeioambientemanejoreabilitacaodeareasprincipaisvocorocas Segundo Guerra 2016 o escoamento superficial difuso produz a erosão laminar muitas vezes mais drástica do que as outras formas de erosão como as ravinas e PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 106 voçorocas as ravinas incisões obliterados por máquinas agrícolas e as voçorocas incisões que impedem o trabalho de máquinas Quanto à origem as voçorocas podem surgir por retrabalhamento do escoamento superficial concentrado em antigas cicatrizes de deslizamentos de terra ou de escorregamentos FIQUE LIGADO A agricultura está diretamente ligada ao processo de ravinamento e que podem se transformar em grandes Voçorocas Saiba mais sobre isso no site da EMBRAPA httpswwwembrapabragenciadeinformacaotecnologicatematicasagricultura emeioambientemanejoreabilitacaodeareasprincipaisvocorocas Pesquisas apontam que práticas incorretas de agricultura geram desgastessérios para o solo e este fator é o que mais tem contribuídopara a improdutividade dos solos no Brasil e facilitado a erosão hídricaacelerada BERTONI LOMBARDI NETO 1990 Existem outras formas de erosão causadas pela água São essas Marinha Fluvial e Glacial Erosão Marinha provocada pelo mar há o desgaste de rochas e solo litorâneo Processo responsável pela formação das paisagens litorâneas figura 74 Figura 74 Erosão marinha Fonte httpsbrasilescolauolcombrgeografiatiposerosaohtm PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 107 Erosão Fluvial Causada pelas águas dos rios geralmente há a escavação e aprofundamento dos cursos dos rios formando vales profundos figura 75 Figura 75 Erosão fluvial Fonte httpsmundoeducacaouolcombrgeografiaerosaohtm Erosão Glacial é causada pela ação do gelo O congelamento e derretimento da água causam alterações em rochas e solos figura 76 Figura 76 Erosão glacial Fonte httpssuportegeografico77blogspotcom201912erosaoglacialhtml PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 108 É importante compreender que as erosões são na maioria das vezes naturais ou seja ocorrem pela ação da natureza No entanto o ser humano pode acelerar esse processo ou ainda criar outros mecanismos erosivos como os de maquinário pisoteamento do gado químico em poluição entre outros Nesta etapa analisamos os principais agentes erosivos naturais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 109 CAPÍTULO 12 TOLERÂNCIA DE PERDA DE SOLO Quando falamos em perda do solo nos referimos a duas questões importantes a perda do peso em massa e quantidade do solo mas principalmente da perda dos nutrientes que esse solo pode perder por lixiviação processo de lavagem do solo pela água da chuva É importante compreender que esses dois processos são distintos mas que podem acontecer de forma combinada Veja bem Quando chove e o solo é lavado lixiviado em seus nutrientes um perfil uma camada ou um local onde solo está localizado perde esses nutrientes minerais deixando apenas a massa no entanto essa massa também pode ser transportada dependendo do processo e da força da lixiviação Na maioria dos casos a perda da massa é importante uma vez que pode deixar o local desfalcado de solo e até mesmo diferenciar as curvas de nível do local mas a grande preocupação é em relação aos nutrientes No entanto cabe ressaltar que na natureza nada se perde ela se transforma ou seja os nutrientes que ali estavam foram transportados para outros local o que já estudamos que é chamado de erosão A erosão tem efeitos na produtividade agrícola e consequências ambientais O transporte de terra ocorre pelas enxurradas poluindo as águas os reservatórios e os cursos de água colocando em risco a saúde humana animal e a fauna aquática Nesse sentido existe a estimativa da quantidade de solo que pode ser perdido pela erosão Que seria uma quantidade dentro dos padrões considerados normais no ambiente natural ou entronizado Essa escala vai depender de diversos fatores entre eles espessura da massa granulometria irradiação solar quantidade de chuva topografia e relevo e até mesmo o tipo de rocha base Outro nível de importância para analisar este fator é o uso do solo Um dos principais uma vez que dependendo do uso que que se PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 110 dá aquele solo naquele ambiente a preocupação com a perda principalmente de nutrientes passa a ser maior Considerando essas informações o cálculo de tolerância de perda do solo São utilizados principalmente para fins de conservação do solo e planejamento de melhor manejo onde seja adequado aquele ambiente afim de que possa prever os impactos antes da prática agrícola ser implantada e pensar ações que evitem a erosão e diminuam as perdas As principais para ações dentro do padrão e que diminuem as perdas são relacionadas às taxas iniciais de infiltração da água no colo que pode ser aumentada pela absorção da água por parte das plantas na superficial do solo Também se refere às copas das árvores que podem retêm a energia das gotas da chuva pela barreira diminuindo assim o processo lixiviação e efeito splash A redução da velocidade das enxurradas pelas plantas e seus resíduos pois servem como barreira na condução do solo que está sendo drenado e erodido e ainda a estabilidade que pode ser aumentada pelas raízes das plantas e a atividade biológica Para analisar a quantidade que um solo pode ou não ser perdido dentro dos padrões considerados comuns em determinado ambiente existe um modelo que pode descrever matematicamente o processo de desprendimento do solo além disso o transporte e a deposição do material erodido A Equação Universal de Perda de Solos é muito utilizada e foi desenvolvida por Wishmeier e Smith em 1965 A equação é expressa da seguinte forma A R K L S C P Onde A letra A indica a perda de solo calculada por unidade de área e expressa em thá O R indica o índice de erosão pela chuva de acordo com a intensidade média de chuva em 30 minutos MJhá mmhá K significa erodibilidade O L representa o comprimento da rampadeclividade compara a perda de solo S é grau de declive A letra C significa o uso e o manejo E a letra P indica o fator prática conservacionista relacionada as perdas de solo A Equação Universal de Perda de Solo possui algumas vantagens como determinar a perda média anual de terra provocada pela erosão A equação apresentase como uma ferramenta para avaliar o comportamento da erosão e contribui para a preparação de técnicas de manejo que reduzam os efeitos negativos da agricultura PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 111 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Na prática estes cálculos matemáticos podem ser realizados com base em programas e práticas de coleta de campo Você pode ler mais sobre o assunto no texto a seguir httpswwwinfraestruturameioambientespgovbrinstitutoflorestalwpcontent uploadssites234200401IFc08pdf CAMPOS e Cardoso Calculo do Fator LS da A Equação Universal de Perda de Solos sd Outro artigo muito interessante é o de ALBUQUERQUE et al Determinação de fatores da equação universal de perda de solo em Sumé PB 2005 Disponível para leitura em httpswwwscielobrjrbeaaatXJLLQvQxGwLy6FmkG3VXjClangpt Para compreender mais especificamente o processo e a quantidade de perda permitida analisamos o quadro da figura 77 a seguir Figura 77 tolerância de perda de solo em alguns modelos Fonte Bertoni e Lombardi Neto 1990 p 32 É possível perceber que dependendo do local e do tipo de solo a perda é diferenciada considerada dentro ou fora do padrão natural O mais importante para a nossa formação é compreender que existem práticas que evitam essa perda sendo elas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 112 Praticas que evitam a perda Redução do desmatamento Sistema Plantio Direto Rotação de culturas Adubação verde Terraceamento Cultivo em contorno Precisão na aplicação de fertilizantes Irrigação de forma correta Essas práticas conservacionistas são divididas em 3 formatos Vegetativas aquelas que usam de vegetais plantas raízes e superfície coberta por vegetais para garantir a diminuição da perda entre elas podemos destacar segundo a EMBRAPA Edáficas aquelas ligadas às próprias características do solo material químico formato granulometria entre outros ligados às características físicas e químicas Mecânicas aquelas relacionadas ao processo de plantio formato da produção e distribuição geográfica do processo no terreno Acabam por ser as mais utilizadas ANOTE ISSO As principais formas de conservar o solo são chamadas de vegetativas edáficas e mecânicas Figura 78 Práticas conservacionistas do solo Fonte httpsagrotegcombrcomoevitaraerosaodosolonaagricultura PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 113 Leia mais em um material superinteressante e prático em que todas essas possibilidades podem ser analisadas httpwwwbibliotecaflorestalufvbrbitstreamhandle12345678910512 EPAMIGPrE1ticasconservacionistasvegetativasedE1ficasmecE2nicas pdfsequence1textDe20maneira20geral20existem20trC3AAsas20 edC3A1ficas20e20as20mecC3A2nicas Atualmente esses estudos estão sendo muito realizados e em alto nível de prática e potencial científico com real preocupação por parte dos produtores afinal sem solo e sem águas a produção passa a não ser vantajosa A busca pelo entendimento das dinâmicas envolvidas com a perda de solos por processos erosivos objetivando sua mensuração e manejo conservacionista vem ganhando espaço no meio científico devido aos problemas socioeconômicos e ambientais resultantes deste tipo de degradação Para isso discutese a importância de considerar tanto os aspectos naturais que possam favorecem a perda de solo como também os impactos decorrentes das práticas agrícolas BALDASSARINI e NUNES 2018 p 1 Segundo os próprios autores Cerca de 33 dos solos do mundo são considerados degradados sendo que na América Latina 50 apresentam algum tipo de degradação Só a erosão é responsável pela perda de 25 a 40 bilhões de toneladas de solo por ano reduzindo drasticamente a produtividade agrícola a segurança alimentar e a capacidade de armazenamento de água e nutrientes FAO 2015 No caso do estado de São Paulo estimase uma perda de mais de 200 milhões de toneladas de solos cultiváveis por ano sendo que 70 destes chegam aos mananciais na forma de sedimentos ZOCCAL 2007 A perda do solo tanto física quanto de potencial agrícola como já vimos pode interferir em todo o processo de produção rural animal e vegetal causando danos econômicos e sociais Os autores estudam que o processo é dinâmico havendo períodos sazonais onde o solo é perdido e outro que é recomposto de forma incluidve natural Por este motivo o manejo e o planejamento do uso do solo deve ser feito de maneira prática e efetiva para garantir qualidade e sustento real do solo na produção local A grande problemática está na lentidão do processo de recuperação que é lenta e impossível em escala humana PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 114 A degradação do solo deve ser impedida porque ela não é recuperável na escala humana alerta a organização no vídeo Isso porque para gerar 1 centímetro de solo fértil levamse 1000 anos O problema é agravado pela expansão urbana responsável pela constante impermeabilização do solo Na Europa por exemplo 11 hectares de solo são impermeabilizados a cada hora segundo a FAO ONG AKATU Segundo a EMBRAPA a única forma de garantir o uso e o manejo é com planejamento de reconhecimento dos processos de perdas dos solos com efetivas ações e políticas públicas que garantam a continuidade desse bem Entre elas estão ações de preservação da paisagem com áreas de preservação ambiental com reservas e proteções que garantam a viabilidade natural do sistema Estudiosos explicam que a desertificação também está atrelada a este processo de perda de nutrientes do solo Ao ser lixiviado o solo antes fértil e com minerais e materiais orgânicos passa a ser transformado em areia o que leva a desertificação do local No Rio Grande do Sul e na Bahia por exemplo são dois estados brasileiros com alto índice deste processo A formação de desertos não é rápida mas demora ainda mais para ser contida A pesquisadora Dirce Maria Antunes Suertegaray é renome internacional neste assunto e segundo suas pesquisas A desertificação é a degradação das terras nas zonas secas do mundo tendo como causas tanto a ação do clima como as atividades humanas No Brasil a região do Cariri paraibano além das fortes estiagens a que está submetida tem sido palco de um processo secular de desertificação atingindo principalmente as caatingas existentes o que compromete atualmente a maior parte do seu território Os solos a exceção de algumas áreas submetidas a irrigação a despeito das modificações intensas que tem ocorrido na cobertura vegetal devido as suas características naturais e elevada presença de Pavimento Desértico permanecem com os níveis de fertilidade química sem grandes alterações embora aspectos relacionados as modificações da sua temperatura em virtude do desmatamento intenso e os efeitos desse processo na vegetação devam ser levados em consideração ao se pensar numa regeneração espontânea das caatingas e o uso dessas terras para empreendimentos agropecuários SOUZA SUERTEGARAY E LIMA 2009 p1 Desde 1984 existe uma campanha internacional para diminuir a desertificação e as perdas de nutrientes do solo A campanha brasileira firmou contrato de ações até 2015 mas até então a economia e a aceleração nas grandes áreas de produção agrícolas com enfoque no capital tem ganhado força e as práticas conservacionistas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 115 sendo deixadas de lado A preocupação ambiental é mundial mas a prática efetiva não acontece como deveria No Brasil em 2023 retomaramse diversas ações mas desde a mudança do novo código florestal muito foi perdido É preciso atenção e praticidade efetiva na ciência de preocupação com os solos pois as consequências podem ser drásticas Por fim o que é de nosso interesse nesta disciplina é compreender que existem sim perdas naturais mas que elas precisam ser analisadas e planejadas junto ao uso e manejo para evitar problemas posteriores que são irreparáveis e não viáveis inclusive economicamente e ambientalmente causando também danos sociais Sugiro para ampliar os conhecimentos a leitura da teoria dos três pilares da sustentabilidade figura 79 Figura 79 Pilares da sustentabilidade Fonte fileCUsersUserDownloads1615Texto20do20Artigo425260291020190130pdf O conceito do Triple Bottom Line surgido do estudo realizado por Elkington 1994 no inglês é conhecido por 3P People Planet e Profit no português seria PPL Pessoas Planeta e Lucro Analisandoos separadamente temse Econômico cujo propósito é a criação de empreendimentos viáveis atraentes para os investidores Ambiental cujo objetivo é analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos permanentes e Social que se preocupa com o estabelecimento de ações justas para trabalhadores parceiros e sociedade Juntos no entanto estes três pilares se relacionam de tal forma que a interseção entre dois pilares resulta em viável justo e vivível e dos três resultaria no alcance da sustentabilidade ELKINGTON 1994 apud OLIVEIRA et al 2012 p73 apud Batista1 et al 2019 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 116 Alguns autores analisam que a sustentabilidade seria muito além a estes critérios com a performance cultural entre outras no entanto a teoria é bem simples e eficácia mostrando a necessidade de juntar o justo o viável e social com prática efetivas entre o meio ambiente a economia e a sociedade PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 117 CAPÍTULO 13 ROCHAS SOLOS E FÓSSEIS As rochas são definidas como agregados naturais consolidados resultantes da junção de um ou mais minerais cuja associação representa um processo pedogenético As rochas são classificadas de acordo com o seu processo de formação podendo ser ígneas ou magmáticas sedimentares e metamórficas figura 80 Figura 80 Classificação das rochas Fonte Damasceno 2017 De acordo com Leinz e Amaral 2003 a crosta terrestre é constituída essencialmente de rochas cujos constituintes predominantes são os minerais podendo ainda apresentar os denominados mineraloides De acordo com os autores 647 das rochas presentes na crosta terrestre são ígneas 274 são metamórficas e 79 são sedimentares ROCHAS ÍGNEAS Também são conhecidas como rochas magmáticas São rochas resultantes da solidificação de material rochoso ou seja do magma gerado no interior da crosta terrestre Segundo Guerra e Guerra 2011 as rochas ígneas podem conter jazidas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 118 de vários metais como ouro platina cobre ou estanho Essas jazidas fornecem importantes informações sobre as regiões profundas da crosta terrestre e do manto As rochas ígneas distinguemse em dois grandes tipos com base no tamanho de seus cristais podendo ser intrusivas ou extrusivas As rochas ígneas intrusivas solidificamse quando o magma intrude em uma massa de rocha não fundida em profundidade na crosta terrestre Assim cristais grandes crescem enquanto o magma esfria produzindo rochas de granulação grossa Portanto as rochas ígneas são resultados de um lento processo de resfriamento e solidificação do magma O granito sienito e diorito figura 81 constituem exemplos de rochas ígneas intrusivas GUERRA GUERRA 2011 Figura 81 Granito Fonte httpsptwikipediaorgwikiRochaintrusiva As rochas ígneas extrusivas são formadas pelo rápido resfriamento do magma que chega à superfície por meio de erupções vulcânicas O rápido resfriamento resulta em material vítreo ou cristalino de granulação fina O basalto e o riolito figura 82 são exemplos de rochas ígneas extrusivas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 119 Figura 82 Basalto Fonte httpswwwmegatimescombr201501basaltorochaigneacompactahtml ANOTE ISSO Os fósseis são encontrados nas rochas sedimentares rochas formadas a partir de sedimentos fragmentos de outras rochas que são transportados através de agentes como vento e rios e se depositam em um determinado local Portanto a gênese de um fóssil está muitas vezes diretamente relacionada à gênese da rocha sedimentar a qual está incorporado É na rocha que estão as informações sobre o ambiente habitado pelo ser vivo ou no caso de ter havido transporte do material biológico o ambiente em que foi soterrado httpswwwufrgsbr museupaleontopageid735 Leia todo o artigo disponível no link httpswwwufrgsbrmuseupaleontopageid735 De acordo com a NBR 6502 apud SILVA 2014 p 29 existe ainda outra classificação de rocha ígnea Esse tipo de rocha ocorre em função da profundidade de origem e recebe a denominação de rocha hipoabissal Estas rochas originamse em profundidades intermediárias entre as plutônicas e as vulcânicas tendo ocorrência em forma tubular dique camada sill ou soleira ou filonar Por exemplo apito diabásio pegmatito ROCHAS METAMÓRFICAS As rochas metamórficas são derivações de rochas preexistente Essas rochas são formadas quando as altas temperaturas e pressões do interior da crosta terrestre atuam em qualquer tipo de rocha ígnea sedimentar ou outra rocha metamórfica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 120 mudando sua mineralogia textura ou composição química mantendo contudo a sua forma sólida BERTOLINO 2012 Dentre as rochas metamórficas temos o mármore o quartzo o gnaisse a ardósia e o filito figura 83 Foto 83 Rochas Metamórficas Fonte httpswwwtodamateriacombrtiposderochas ROCHAS SEDIMENTARES As rochas sedimentares de acordo com Press 2006 são originadas a partir da solidificação de sedimentos Estes sedimentos são materiais resultantes da ação do intemperismo da erosão e do consequente transporte de uma rocha da precipitação química ou da ação biogênica acúmulo de matéria orgânica As rochas sedimentares figura 84 são caracterizadas por sua estratificação pois são geralmente formadas por camadas superpostas que podem diferir uma das outras em composição textura espessura cor resistência dentre outros DAMASCENO 2017 Figura 84 Rochas Sedimentares Fonte Lepsch 2011 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 121 O processo que transforma os sedimentos em rocha sólida é denominado de litificação Esse processo pode ocorrer através da compactação gerada a partir da ação do peso das camadas de sedimentos originando uma massa mais densa que a original e da cimentação quando os minerais precipitamse ao redor das partículas depositadas e se agregam PRESS 2006 O autor supracitado menciona ainda que pelo fato de serem formadas por processos superficiais as rochas sedimentares recobrem grande parte dos continentes e do assoalho oceânico Contudo como mencionado a proporção dessas rochas é menor em relação às demais rochas As rochas sedimentares são subdivididas em clásticas e não clásticas Para Bertolino et al 2012 as rochas clásticas são em geral denominadas segundo o tamanho dos grãos de conglomerado e de brecha mais de 25 dos grãos com tamanho 2 mm de arenito mais de 50 dos grãos com tamanho entre 2 e 006 mm de siltito 006 e 0004 mm e de argilito Os minerais mais abundantes nas rochas sedimentares clásticas são o quartzo o feldspato e os argilominerais As rochas não clásticas também chamadas de rochas sedimentares químicas são os calcários e os dolomitos formados por mais de 50 de minerais carbonáticos que podem ser a calcita ou a dolomita Essas rochas figura 85 são muito utilizadas como matériasprimas para nas indústrias de cimento vidro na siderurgia e como corretivo de solo Figura 85 Tipos de rochas sedimentares Fonte httpsptlinkedincompulserochasalmircarvalho PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 122 As rochas sedimentares traduzemse como um importante registro da história da Terra pois pode nelas podemos encontrar os fósseis Os fósseis são restos ou vestígios de animais plantas ou outros seres vivos preservados em rochas sedimentos gelo ou âmbar Segundo Press 2006 as rochas sedimentares abrigam fósseis porque ao contrário da maioria das rochas ígneas e metamórficas elas se formam a temperaturas e pressões que não destroem os restos fósseis figura 86 Figura 86 Fósseis em rocha sedimentar Fonte httpphoenixorgbrwfosseisperiodosgeologicos ISSO ESTÁ NA REDE O IBGE classifica as rochas brasileiras em uma atlas geológico e ele pode ser analisado no link a seguir httpsatlasescolaribgegovbrimagesatlasmapasbrasilbrasilesbocogeologico pdf A figura 87 a seguir representa um exemplo de fossilização que pode ocorrer durante a formação de rochas sedimentares PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 123 Figura 87 Processo de fossilização em rocha sedimentar Fonte httpswww2bauruspgovbrarquivosarquivossitesec Uma importante descoberta feita este ano na cidade de Búzios RJ evidencia a importância das rochas em relação à história do planeta Terra No Quilombo da Baía Formosa em Búzios uma descoberta chama atenção um pedaço da África Geológica que está localizada na estrada que leva à sede da comunidade quilombola Tratase de um afloramento rochoso que faz conexão entre a ciência e a ancestralidade O conjunto de rochas identificado conta a história da colisão África América do Sul e da separação que ocorreu posteriormente ROCHA 2023 online PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 124 Figura 88 Afloramento rochoso da África Geológica Fonte httpsrc24hcombrumpedacodaafricageologicaedescobertonoquilombodebaiaformosaembuzios ISSO ACONTECE NA PRÁTICA Desde a água até as rochas desde os vales às montanhas e dos profundos oceanos até o espaço por onde quer que olhamos encontramos geologia Esta é ciência da Terra que acima de tudo nos proporciona um ponto de referência para compreender o passado presente e futuro deste maravilhoso planeta Historia registrada nas rochas este é o tema de um dos programa de série sobre a natureza do Origens Assista em httpswwwyoutubecomwatchvGaJNMvY1mLU PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 125 CAPÍTULO 14 ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA Caro aluno e aluna a Revista Engenharia Sanitária e Ambiental tem por objetivo a publicação de contribuições técnicas e científicas originais nas áreas de saneamento e do meio ambiente e em suas interfaces Nesta aula vamos discorrer sobre dois estudos de caso que abordaram a questão do uso e ocupação do solo com objetivo de percebermos que a ciência envolve o nosso processo de evolução do diaadia e nos dá base real para evoluir e melhorar quanto às soluções de problemas O primeiro artigo é de Nascimento et al e tem como título Variação sazonal de indicadores físicoquímicos e fitotoxicológicos em lixiviado de aterro sanitário localizado no semiárido brasileiro Antes de iniciarmos a análise do presente artigo precisamos entender o que é a lixiviação do solo De acordo com o site Terra de Cultivo a lixiviação do solo pode ser definida como o movimento de materiais solúveis na matriz do solo acarretado principalmente pelo efeito da água que escorre e provoca erosão ou a água que infiltra no solo em direção ao lençol freático Apesar da água das chuvas ser um dos principais agentes do processo de lixiviação do solo existem outros condicionantes importantes como a tipologia do solo a característica climática da região e os elementos químicos presentes neste solo Quando o solo se encontra desprotegido ou seja sem cobertura vegetal as águas de uma precipitação intensa provocam a destruição de agregados em partículas primárias areia silte e argila Quando a capacidade de infiltração do solo é insuficiente para uma precipitação acontece o escoamento superficial sendo que esse escoamento carrega as partículas mais finas de solo bem como a matéria orgânica o calcário e os fertilizantes deste A lixiviação é um processo natural contudo pode ser potencializada pela ação antrópica Segundo o site Terra de Cultivo a principal consequência da lixiviação é o empobrecimento do solo pois neste processo parcela considerável de nutrientes pedológicos são carregados pela água influenciando na qualidade do solo Além disso PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 126 a lixiviação figura 89 provoca a alteração da estrutura física pedológica favorecendo o processo de erosão do solo Figura 89 Processo de lixiviação do solo Fonte httpswwwbiosulcomnoticiaconsequenciasdoexcessodechuvasnainteracaoplantasolo Nosso primeiro artigo analisa o processo dos valores quantitativos de elementos físicoquímicos e fitotoxicológicos provenientes da lixiviação de um aterro sanitário localizado na área rural do Distrito de Catolé de Boa Vista município de Campina Grande estado da Paraíba De acordo com os autores a lixiviação revelase em um dos maiores problemas relacionados ao meio ambiente de aterros sanitários em razão da composição complexa e variável ao longo de sua vida útil A variabilidade e a composição dos efluentes lixiviados estão relacionadas diretamente com os fatores climáticos operacionais e estruturais Fatores como a idade do aterro sanitário e o volume de precipitação influenciam diretamente nas características físicoquímicas e toxicológicas do material lixiviado No caso do aterro sanitário em questão que fica localizado em uma região semiárida a produção de lixiviado sofre interferência das baixas precipitações e das elevadas taxas de evapotranspiração resultando em efluentes concentrados e com baixo volume De acordo com Nascimento et al 2021 em razão da toxidade ocasionada pelo processo de lixiviação do solo de aterros sanitários é importante PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 127 monitorar continuamente para se entender as mudanças ocorridas ao longo da operação do aterro sanitário bem como avaliar o potencial de poluição e os riscos de contaminação Usualmente esse monitoramento é realizado por meio da determinação de indicadores físicoquímicas como pH DQO DBO5 sólidos totais ST nitrogênio amoniacal total NAT e cloretos no entanto Zagatto 2014 sugere analisar a toxidade de efluentes utilizando as análises ecotoxicológicas em conjunto com as análises físicoquímicas pois esta última por si só não retrata o impacto ambiental nem os efeitos sobre o ecossistema causado por poluentes NASCIMENTO et al 2021 p 2 Figura 90 Lixiviado de aterro sanitário Fonte httpswwwambientelegalcombrpoluentesorganicospersistentesnolixiviadodeaterrossanitarios A toxicidade de lixiviados de aterros sanitários precisa levar em consideração dois aspectos a idade do aterro pois de acordo com Kalcikova et al apud NASCIMENTO et al 2021 o lixiviado gerado em célula em operação é mais tóxico quando comparado ao lixiviado de células já encerradas O segundo aspecto diz respeito ao tipo do organismo escolhido para o ensaio pois dependendo da escolha os custos de implementação se tornam inviáveis Dessa maneira a fitotoxicidade na avaliação da toxicidade de PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 128 efluentes tem sido bastante utilizada por apresentar baixo custo e rápido resultado NASCIMENTO et al 2021 p 2 Como mencionado a área de estudo do presente artigo está localizada no do Distrito rural de Catolé de Boa Vista município de Campina Grande estado da Paraíba O aterro sanitário entrou em operação no ano de 2015 e durante o ano de 2019 fase de estudo desta pesquisa recebeu aproximadamente 600 toneladas de resíduos sólidos urbanos RSU por dia provenientes de 28 munícipios paraibanos De acordo com os autores da pesquisa o município de Campina Grande encontra se em uma região de clima quente e úmido e regime pluviométrico concentrado em uma única estação do ano fato este que ocasiona déficits hídricos no restante do ano Além disso a área de estudo localizase no semiárido brasileiro região caracterizada por precipitação média anual de 800 mm aridez e com risco de seca prolongada Após as análises realizadas pelos pesquisadores concluíram que a precipitação não afetou as variações dos indicadores químicos bem como da toxicidade do material lixiviado Entretanto o lixiviado em concentrações acima de 10 mostrouse fitotóxico para as sementes que foram analisadas em detrimento da redução do crescimento das mesmas revelando o material lixiviado pode alterar significativamente o ecossistema existente Nosso segundo estudo de caso tem como título Interdependências bilaterais entre usos da água e do solo e a disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do Rio Grande dos pesquisadores Marcelo Santana e José Anderson do Nascimento Batista O objetivo dos pesquisadores foi demonstrar os impactos do uso do solo distribuídos ao longo do tempo sobre o comportamento dos recursos hídricos bem como estabelecer as interdependências entre o sistema água energia alimento com base na vazão dos cursos dágua na Bacia do Rio Grande Segundo os autores as alterações no uso e ocupação do solo bem como as maiores demandas pelos recursos hídricos no Brasil têm provocado inúmeros conflitos entre diversos atores A área de estudo desta pesquisa concentrouse na região de drenagem do Rio Grande que pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Paraná figura 91 A Bacia Hidrográfica do Rio Grande BHRG situase na Região Sudeste do Brasil na divisa entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo possui área de drenagem de 14343779 km² sendo 5709236 Km² 3980 no estado de São Paulo e 8634543 6020 em Minas Gerais Possui população de aproximadamente 86 milhões de habitantes 2010 distribuídos em 393 municípios dos quais 325 com área totalmente inserida na bacia ARPA RIO GRANDE online PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 129 Figura 91 Bacia Hidrográfica do Rio Grande Fonte httpsarpariograndeorgbrbhrg A delimitação da bacia hidrográfica da pesquisa corresponde à área de drenagem da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha figura 92 por ser o posto fluviométrico mais próximo da foz do Rio Grande Figura 92 Usina Hidrelétrica de Água Vermelha Fonte httpswwwmaravilhasdoriograndecombratrativoouroesteusinahidreletrica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 130 De acordo com os pesquisadores essa área tem passado por um aumento na frequência dos eventos de seca o que aumenta a chance de conflitos pelo uso da água Para eles o mapeamento desses conflitos pode ser efetuado mediante entendimento de variáveis que afetam o sistema águaenergiaalimento SANTANA BATISTA 2022 p 1254 Figura 93 Baixo nível do reservatório de Água Vermelha Fonte httpsg1globocomspsaojosedoriopretoaracatubanoticia20201129niveldoreservatoriodeaguavermelhanointeriordespeomaisbaixodo paisapontaonsghtml Com a realização da pesquisa os autores concluíram que entre os usos mais impactantes para os recursos hídricos na bacia a canadeaçúcar mostrouse o mais significativo seguido pelas pastagens As duas atividades apresentaram impactos negativos em relação à disponibilidade hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio Grande Sobre o uso da água os autores verificaram que a dessedentação animal mostrou se mais impactante no escoamento superficial seguida da irrigação Nas análises realizadas foi considerado que O fato de tais usos mostrarem significante correlação com pastagens e canadeaçúcar respectivamente explica o mecanismo pelo qual a substituição de culturas promoveu a redução da oferta hídrica A análise de correlações efetuada neste estudo destaca modificações na área de estudo e aponta regiões com potenciais conflitos pelo uso da água SANTANA BATISTA 2022 p 1261 Nesse sentido fazse de extrema importância a realização de um de recursos hídricos pois este recurso vai além dos problemas a ele relacionados envolvendo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 131 questões de uso e ocupação do solo planejamento bem como ao desenvolvimento econômico e social Faremos ainda na nossa próxima e última aula outra análise de pesquisas realizadas na mesma perspectiva Isso fazse importante para compreendermos os caminhos em que a ciência pedológica tem atendido a demanda das questões ambientais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 132 CAPÍTULO 15 ESTUDO DE CASO PRÁTICAS DE PESQUISA II Dando continuidade aos nossos estudos de caso para conhecer e verificar o quanto a ciência tem ampliado e trazido suporte para manter a qualidade ambiental continuamos com conhecimento sobre resíduos sólidos Muitas vezes quando falamos sobre uso do solo nos remetemos inicialmente ao uso agropecuário seguido do uso urbano e nos preocupamos com a agricultura de precisão com a impermeabilização do solo e com o uso não sustentáveis e responsáveis dos recursos O que esquecemos na realidade é que um dos maiores problemas da humanidade atualmente está relacionado ao lixo que na realidade são os resíduos Resíduos são todos os materiais considerados sem serventia para o processo empresarial ou então que chegaram ao término de sua vida útil Segundo a ABNT NBR 100042004 resíduos sólidos são aqueles que resultam de atividades de origem industrial doméstica hospitalar comercial agrícola de serviços e de varrição Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição bem como determinados líquidos cuja particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível NBR 2004 Podemos compreender também que Em seu último relatório sobre o asusnto a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais Abrelpe destaca que as cidades brasileiras geraram em 2018 cerca de 79 milhões de toneladas de RSU cuja coleta chegou a 92 desse total equivalentes a pouco mais de 72 milhões de toneladas dos quais apenas 433 milhões de toneladas 595 do coletado foi disposto em aterros sanitários O montante de 295 milhões de toneladas de resíduos 405 do total coletado foi despejado inadequadamente em lixões ou aterros controlados1 e ainda cerca de 63 milhões de toneladas geradas anualmente continuam sem ao menos serem coletadas e seguem sendo depositadas sem controle mesmo quando a legislação determina a destinação para tratamento e em último caso para aterros sanitários SZIGETHYe ANTENOR 2004 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 133 Se compararmos o Brasil com outros países percebemos que Brasil está entre os países que menos reciclam porém o que mais destina os resíduos para um aterro mesmo que sem especificação Ou seja estamos destinando os resíduos para um local comum porém sem a adequação correta e a reutilização reciclagem necessária Algumas questões brasileiras são pautadas na falta de interesse em uso de tecnologias para reciclagem de alguns produtos Por exemplo o isopor quase não é reciclado em nenhum local do Brasil diferente do alumínio latinha que tem seu contingente quase que totalmente reciclado sendo um dos maiores do mundo Figura 94 destino dos resíduos em alguns países Fonte httpswwwipeagovbrctsptcentraldeconteudoartigosartigos217residuossolidosurbanosnobrasildesafiostecnologicospoliticoseeconomicos Esses dados mostram que o Brasil está avançado em alguns critérios de destinação correta dos seus resíduos porém muito atrasado em outros como a diminuição e a reutilização Não basta destinar o lixo em um local controlado É necessário dar uma utilização e reciclagem Para resolver essas questões são necessárias políticas PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 134 públicas estatais que garantam leis e aplicabilidade da responsabilidade tanto dos criadores dos resíduos normalmente industrias e empresas como também sociedade e Estado Neste sentido sabemos que No Brasil após uma discussão de cerca de 20 anos em meio a uma situação que seguia sem controle o governo federal promulgou em 2010 a lei 12305 que estabeleceu a PNRS marco regulatório que prevê a gestão integrada e o gerenciamento de resíduos sólidos incluindo originalmente um prazo de quatro anos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos cabendo aos municípios a responsabilidade pelos resíduos gerados em seus territórios Embora tenha expirado em 2014 o prazo inicial para que os municípios se adequassem à legislação dados da Abrelpe mostram que mais da metade das cidades do país algo em torno de 53 ainda não cumpriram a determinação legal SZIGETHY e ANTENOR 2004 Um dos maiores dilemas contemporâneos da questão ambiental diz respeito à destinação dos resíduos sólidos A partir da decomposição destes resíduos somada à infiltração das águas das chuvas no solo dos aterros sanitários temos o que chamamos de percolado popularmente conhecido como chorume O chorume é um líquido que possui uma alta concentração de contaminantes Por esta razão se faz tão necessário o tratamento dos resíduos sólidos para evitar a contaminação dos subsolos e aquíferos De acordo com a ABNT 2004 resíduos sólidos são aqueles materiais resultantes de atividades industriais domésticas hospitalares comerciais agrícolas e de serviços Em relação aos resíduos sólidos urbanos Castilhos et al 2003 afirmam que constituemse naqueles produzidos pelas atividades desenvolvidas nas cidades abrangendo resíduos residencial comercial industrial de estabelecimentos de saúde limpeza pública e construção civil Para todo e qualquer resíduo gerado seguimos a classificação de acordo com as classes conforme apresenta a figura x Primeiramente é necessário compreender se o resíduo é de origem conhecida ou seja sabemos de onde ele vem e do que ele é composto Nele estão presentes apenas elementos conhecidos ou pode ser que não Por exemplo em uma indústria de alimentos se o efluente é de origem de lavagem de um maquinário sabemos que pode conter restos alimentícios ou ainda algum óleo ou graxa deste equipamento dependendo a lavagem Em contrapartida não sabemos a origem de um efluente de esgoto sua composição e seus responsáveis PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 135 Figura 95 Classificação dos resíduos Conforme aponta Franceschet 2006 p 19 a destinação dos resíduos sólidos urbanos se traduz em um dos grandes problemas ambientais atuais haja vista que muitos municípios principalmente os pequenos ainda fazem uso de lixões ou seja locais em que o lixo é lançado diretamente sobre o solo sem qualquer tipo de controle e sem cuidados ambientais poluindo tanto o solo quanto o ar e as águas subterrâneas e superficiais das vizinhanças Além de problemas ambientais os lixões desencadeiam problemas sociais pois atraem catadores que veem do lixo seu meio de sobrevivência Destarte a única solução para a destinação dos resíduos sólidos é através dos aterros a despeito de serem controlados ou sanitários O aterro controlado é o local onde são destinados resíduos sanitários gerados por hospitais clínicas clínicas veterinárias etc Contudo nos aterros sanitários não existe a preparação solo nem o tratamento para efluentes líquidos por isso é considerado uma solução intermediária entre o lixão e o aterro sanitário No Brasil conforme afirma Jucá 2003 apesar dos esforços em reduzir reciclar e reutilizar os aterros sanitários ainda são o principal destino dos resíduos sólidos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 136 Existe uma desigualdade geográfica muito grande no que se refere à questão dos aterros sanitários ou seja enquanto no Sul e Sudeste há uma enorme concentração destes nas demais regiões do país eles são praticamente inexistentes ANOTE ISSO Fique por dentro dos assuntos sobre aterros saneamento e a quantidade de resíduos que vem causando problemas ambientais em todo o mundo Para isso seguem alguns links que podem te ajudar a compreender ainda mais esta análise importante Veja a dimensão do volume de lixo produzido aqui httpswwwreciclasampacombrartigolixodomundodobraradevolumeate 2025textTodas20as20cidades20do20planetabilhC3B5es20de20 toneladas20atC3A9202025 Como a produção de lixo contribui para o aquecimento global httpswwwusebobcombrblogsnewscomoaproducaodelixocontribuiparao aquecimentoglobalgclidCjwKCAjwrdmhBhBBEiwA4Hx5gztIyNOX6RD6jC7kiogbJJ d5zrjV8jMbqC3oPTeCde7KRpZp33GoWhoC7cQAvDBwE Aterro Sanitário definição e valore httpwww1rcunespbrigceaplicadaeadresiduosres13 htmltextAterro20SanitC3A1rio202D20DefiniC3A7C3A3o20 e20ConfiguraC3A7C3A3otextTC3A9cnica20de20 disposiC3A7C3A3o20de20resC3ADduosambientais20IPT2C20 1995 Para evidenciar a importância dos aterros sanitários e sua relação com os tipos de solos Meire Franceschet defendeu sua dissertação de mestrado intitulada Estudo dos solos utilizados em camadas de base e cobertura em aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos de Santa Catarina na qual realizou três estudos de caso sendo estes nos municípios de Timbó Chapecó e Curitibanos Segundo a autora a primeira etapa do trabalho consistiu na caracterização dos solos posteriormente passouse à montagem dos permeâmetros para simular a percolação do líquido no solo e por último o monitoramento da permeabilidade que ocorreu durante 180 dias com análise semanal dos parâmetros físicoquímicos do líquido percolado PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 137 Franceschet 2006 concluiu que nas áreas a serem implantadas um aterro sanitário é preciso que exista um depósito natural de solo de baixa permeabilidade k 107 cms para isolar os resíduos sólidos e o líquido percolado ou seja o chorume tanto na base do aterro como nas laterais atuando como uma espécie de barreira para proteger o solo e evitar a contaminação do subsolo Além da escolha do tipo de solo utilizado para a camada de base em aterros sanitários devese atentar também para o tipo de solo utilizado na camada de cobertura pois quanto mais impermeável for menor será a quantidade de água que irá infiltrar nas células do aterro e com isso menor será o volume de líquido percolado gerado FRANCESCHET 2006 p 129 A partir da realização de sua pesquisa Franceschet 2006 apontou que o líquido percolado apresenta quantidades significativas de material orgânico e impurezas indicando a importância de utilizar um solo apropriado para proteger o solo o subsolo e o lençol freático Como já vimos independente da origem do tipo e da classificação do resíduo o mesmo precisa ser destinado corretamente no entanto antes disso devemos pensar nos 3 Rs Reduzir Reutilizar e Reciclar nesta ordem de prioridade Partimos então do princípio de que o resíduo já foi reduzido ao máximo na sua necessidade Ou seja a proporção de resíduo é realmente o que sobre de uma produção necessária Do contrário é sempre necessário pensar soluções que minimizem a quantidade de resíduos Na sequência chegamos à reutilização Uma vez produzido o mínimo de resíduos quanto dele podemos reutilizar no próprio processo ou em outros meios sem que seja necessária nenhuma transformação do mesmo Após isso caso mesmo assim existem resíduos quais tipos de reciclagem são possíveis para estas substâncias Para por fim destinar o final corretamente Uma das alternativas na reutilização ou ainda para a reciclagem são as políticas reversas Ela ocorre quando compramos um produto em que a embalagem é aproveitada podendo sofrer mudança no valor econ6omico do produto caso esta embalagem seja devolvida na hora da compra de um novo produto Como exemplo temos o gás de cozinha quando trocamos o botijão vazio juntamente com o dinheiro na hora da compra Com o galão de água com a cerveja de garrafa e com algumas pilhas lâmpadas e baterias PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 138 A política reversa depende de incentivo econômico mas também público e cultural Existem legislações que legalizam esse processo como obrigatório em alguns produtos e outros que incentivam e valorizam Antes de produzir a indústria precisa ter a responsabilidade pelo resíduo que está gerando depois disso a responsabilidade também chega ao consumidor mas este não é o que fará a diferença mas sim o produtor industrial O lixo como chamamos também pode ser efluente ou se liquido que é gerado a partir do próprio resíduo sólido Todo e qualquer resíduo precisa ser tratado e destinado corretamente uma vez que ele aumenta drasticamente os problemas ambientais PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 139 CONCLUSÃO Com todo este estudo sobre pedologia e os processos pedológicos concluímos que os solos são um dos elementos que compõem o meio ambiente e que sua formação depende justamente da interação entre eles Clima relevo rochas hidrografia formam o processo pedogenético e juntos compõem a paisagem do meio ambiente Por este motivo cada região compõe uma tipologia de diferentes tipos de solos e o tempo de formação depende também das características de cada local Cada solo mantém um índice de material orgânico de minerais e características quantitativas que devem ser conhecidas para garantir melhor índice com uso de responsabilidade e precisão Por este motivo a agricultura de precisão é importante para manter qualidade do solo menores perdas e um desenvolvimento ambiental amplo O uso do solo não é apenas na produção agropecuária A urbanização e as áreas de proteção dos ecossistemas também precisam ser estudados e reconhecidos para garantir manejo e desenvolvimento real Nós estudiosos desse meio precisamos exigir e fazer cumprir leis e políticas públicas que garantam de todos os níveis públicos e privados responsabilidade ambiental O ambiente deve manter ecossistema e qualidade de vida a todos os seres vivos e a nós cabe entender e articular o desenvolvimento entre o social o econômico e o ambiental Os estudos dos solos são específicos e diferenciados devido às suas peculiaridades regionais Por isso não se findam aqui Busque pelos materiais indicados leia sobre o assunto conheça os artigos de pesquisas práticas e estudo o solo como um dos elementos presentes no todo PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 140 ELEMENTOS COMPLEMENTARES LIVRO Título Antonio José Teixeira Guerra Maria do Carmo Oliveira Jorge Ano 2014 Editora Inserir Editora Sinopse Degradação dos solos no Brasil preenche uma lacuna no estudo do tema em todas as regiões brasileiras Os autores provam como a degradação ocorre não só no passado mas também nos dias de hoje considerando as variáveis do meio físico e os muitos tipos de manejo dos espaços rural e urbano Composto por estudos de caso fotografias mapas tabelas e gráficos o livro facilita a visualização da realidade do solo no país explicitando as medidas possíveis para evitar esses danos que tanto contribuem para os desequilíbrios socioambientais do Brasil FILME Solo Fértil Direção Rebecca Harrell Tickell e Josh Tickell Ano 2020 Sinopse Cientistas ativistas fazendeiros e políticos mostram como o solo da Terra pode ser fundamental para o combate às mudanças climáticas e a preservação do planeta PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 141 WEB A EMBRAPA é um dos órgãos que analisam e apresentam a classificação dos solos de maneira didática e científica httpswwwembrapabrsolossibcsclassificacaodesolos PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 142 REFERÊNCIAS CAMPOS T A Interfaces entre Pedologia e Arqueologia Compreendendo a interdisciplinaridade entre as áreas com base em revisões bibliográficas Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia S l n 39 p 249259 2022 DOI 1011606 issn24481750revmae2022162265 Disponível em httpswwwrevistasuspbr revmaearticleview162265 Acesso em 11 mar 2023 ESPINDOLA C R Histórico das pesquisas sobre solos até meados do século XX com ênfase no Brasil Revista do Instituto Geológico São Paulo n 39 v 2 p 2770 2018 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Manual técnico de pedologia Rio de Janeiro IBGE 2015 LEPSCH I F 19 lições de pedologia São Paulo Oficina de Textos 2011 LEPSCH I F Formação e conservação dos solos São Paulo Oficina de Textos 2010 UFPR Universidade Federal do Paraná Dokuchaev o cientista russo que fundou a ciência que estuda o solo Projeto Solo na Escola Disponível em httpwwwescola agrariasufprbrarquivospdfpaipedologiapdf Acesso em 21 fev2023 LEPSCH I F 19 lições de pedologia São Paulo Oficina de Textos 2011 LEPSCH I F Formação e conservação dos solos São Paulo Oficina de Textos 2010 LIMA V C LIMA M R de Formação do solo In Fundamentos de pedologia Curitiba Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Agrárias Departamento de Solos e Engenharia Agrícola 2001 MUMFORD L A cidade na história São Paulo Martins Fontes 1982 PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 143 QUEIROZ NETO J P de Pedologia conceito método e aplicações Revista do Departamento de Geografia v 3 p 95102 2011 ROCHA J L A Fundamentos de geologia e pedologia Campina Grande UFCG 2014 NASCIMENTO S C et al Variação sazonal de indicadores físicoquímicos e fitotoxicológicos em lixiviado de aterro sanitário localizado no semiárido brasileiro Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental v 27 n 1 setout 2022 p 18 SANTANA M BATISTA J A do N Interdependências bilaterais entre usos da água e do solo e a disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do Rio Grande Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental v 27 n 6 novdez 2022 p 12531262 SOUZA Bartolomeu Israel SUERTEGARAY Dirce Maria Antunes LIMA Eduardo Rodrigues Viana de DESERTIFICAÇÃO E SEUS EFEITOS NA VEGETAÇÃO E SOLOS DO CARIRI PARAIBANO desertification and its effects over the vegetation and soils of the cariri region of Paraíba Brazil Mercator Fortaleza v 8 n 16 p 217 a 232 oct 2009 ISSN 19842201 Available at httpwwwmercatorufcbrmercatorarticle view250 Date accessed 05 apr 2023 BERTOLINO L C et al Geologia In ALMEIDA S L M LUZ A B da Manual de agregados para construção civil Rio de Janeiro CETEMMCTI 2012 DAMASCENO G C Geologia mineração e meio ambiente Cruz das Almas UFRB 2017 GUERRA A T GUERRA A J T Novo dicionário geológicogeomorfológico Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2011 LEINZ V AMARAL S E Geologia geral São Paulo Nacional 2003 PRESS S et al Para entender a Terra Porto Alegre Bookman 2006 ROCHA L Um pedaço da África Geológica é descoberto no Quilombo de Baía Formosa em Búzios Disponível em httpsrc24hcombrumpedacodaafrica PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 144 geologicaedescobertonoquilombodebaiaformosaembuzios Acesso em 13 mar 2023 SILVA C C da Rochas na construção civil tipos aplicações e critérios de seleção Monografia Especialização em Construção Civil UFMG Belo Horizonte 2014 IBGE 2020 Acessado em Abril de 2021 Disponível em httpswwwibgegovbr appsmonitoramentocoberturausoterrav1home PAGANOTTO VD Adequabilidade da ocupação espacial da alta bacia do arroio Quilombo PelotasRS às classes de capacidade de uso da terra Anais SINAGEO Disponível em httpswwwsinageoorgbr2018trabalhos1010277161html Acessado em Janeiro 2023 CALDERANO FILHO B CARVALHO JÚNIOR W CALDERANO SB GUERRA AJTSUSCETIBILIDADE DOS SOLOS À EROSÃO NA ÁREA DE ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE TOMBOS MG REVISTA GEONORTE Edição Especial 4 V10 N10 p476 481 2014 GUERRA AJT 1999 O Inicio do Processo Erosivo ln Erosão eConservação dos Solos Orgs AJT Guerra Da Silva A S e BOTELHORGM Editora Bertrand Brasil Rio de Janeiro 1750 BERTONI J LOMBARDINETO F Conservação do solo São Paulo Ícone 1990 368p GUERRA AJT FULLEN MA BEZERRA JFR JORGE M CO GullyErosionand Land Degradation in Brazil A Case Studyfrom São Luís Municipality Maranhão State In Dagar JagdishChander Singh Anil Kumar Organizadores Ravine Lands Greening for Livelihoodand Environmental Security 1edCingapura Springer Singapore v 1 p 195216 2018 GUERRA AJT Erosão dos Solos e Movimentos de Massa Abordagens Geográficas 1a ed Curitiba CRV Editora 222p 2016 NAIR P K R Ed Agroforestry systems in the tropics Dordrecht Kluwer Academic Publishers ICRAF 1989 664 p Forestry sciences PEDOLOGIA PROFa LARISSA DONATO FACULDADE CATÓLICA PAULISTA 145 BATISTA et al Gestão Ambiental nas Universidades Públicas Federais A Apropriação do Conceito de Desenvolvimento Sustentável a Partir da Agenda Ambiental na Administração Pública V13 N 44 p 276292 2019 ISSN 19811179 Edição eletrônica em httpidonlineemnuvenscombrid Acessado em Fevereirol de 2023