·

Agronomia ·

Hidrologia

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta
Equipe Meu Guru

Prefere sua atividade resolvida por um tutor especialista?

  • Receba resolvida até o seu prazo
  • Converse com o tutor pelo chat
  • Garantia de 7 dias contra erros

Texto de pré-visualização

ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA CURSO DE AGRONOMIA RELAÇÕES HÍDRICAS NO AMBIENTE PROFESSORA LUCIENE PIMENTEL DA SILVA PhD PROVA 1 11052023 Entrega Até 1025 do dia 13052023 Leia o texto a seguir Agrometeorologia dos Cultivos Informações para uma Agricultura Sustentável 1 INTRODUÇÃO Paulo Cesar Sentelhas1 José Eduardo Boffino de Almeida Monteiro2 A agricultura é a atividade econômica mais dependente das condições climáticas Os elementos meteorológicos afetam não só os processos metabólicos das plantas diretamente relacionados à produção vegetal como também as mais diversas atividades no campo De acordo com Petr 1990 e Fageria 1992 citados por Hoogenboom 2000 ao redor de 80 da variabilidade da produção agrícola no mundo devemse à variabilidade das condições meteorológicas durante o ciclo de cultivo especialmente para as culturas de sequeiro já que os agricultores não podem exercer nenhum controle sobre tais fenômenos naturais Além de influenciar o crescimento o desenvolvimento e a produtividade das culturas o clima afeta também a relação das plantas com microorganismos insetos fungos e bactérias favorecendo ou não a ocorrência de pragas e doenças o que demanda medidas de controle adequadas Muitas práticas agrícolas de campo como o preparo do solo a semeadura a adubação a irrigação as pulverizações a colheita dentre outras dependem também de condições específicas de tempo e de umidade no solo para que possam ser realizadas de forma e ciente PEREIRA et al 2002 Dada a grande importância do clima para a produção agrícola o uso de informações meteorológicas e climáticas é fundamental para que a agricultura se torne uma atividade sustentável SIVAKUMAR et al 2000 Nesse contexto a agrometeorologia ciência interdisciplinar que estuda a influência do tempo e do clima na produção de alimentos fibras e energia assume papel estratégico no entendimento e na solução dos problemas enfrentados pela agricultura MAVI E TUPPER 2004 A preocupação crescente com o aumento da população mundial com a degradação dos recursos naturais e com a sustentabilidade da agricultura tem exigido esforços no desenvolvimento de estratégias e práticas adequadas de uso do solo a partir do melhor entendimento das relações entre a agricultura e o clima Nesse sentido o desenvolvimento de ferramentas que auxiliem o planejamento e o processo de tomadas de decisão que resulte em menores impactos ambientais e no aumento da resiliência da agricultura tem sido um dos objetivos das instituições governamentais ligadas à agricultura ao ambiente e aos recursos naturais Para que tais ferramentas sejam desenvolvidas e disponibilizadas aos agricultores é necessário conhecer os impactos do tempo e do clima sobre cada cultura sendo este o principal objetivo desta obra denominada Agrometeorologia dos Cultivos 2 AGROMETEOROLOGIA DOS CULTIVOS O conhecimento das relações entre as condições físicas do ambiente em especial solo e atmosfera e as diversas espécies cultivadas permite a obtenção de informações mais precisas acerca da influência do tempo e do clima no crescimento no desenvolvimento e na produtividade das culturas A essa influência específica das condições ambientais em uma dada cultura agrícola e suas particularidades denominase Agrometeorologia dos Cultivos De modo geral as principais variáveis meteorológicas que afetam o crescimento o desenvolvimento e a produtividade das culturas são chuva temperatura do ar e radiação solar HOOGENBOOM 2000 havendo ainda a influência do fotoperíodo da umidade do ar e do solo da velocidade e da direção do vento PEREIRA et al 2002 MAVI E TUPPER 2004 A radiação solar provê a energia necessária aos processos associados à fotossíntese afetando assim a produção de carboidratos e consequentemente o crescimento da biomassa das plantas A fotossíntese responde também à temperatura do ar que afeta a taxa das reações metabólicas das plantas regulando o crescimento e o desenvolvimento vegetal Temperaturas crescentes induzem ao aumento da taxa de fotossíntese invertendose porém a relação sob temperaturas muito elevadas A temperatura também afeta uma série de outros processos nas plantas como a respiração de manutenção a transpiração o repouso vegetativo a duração das fases fenológicas das culturas a indução ao crescimento o conteúdo de óleo em grãos a taxa de germinação de sementes etc PEREIRA et al 2002 MAVI E TUPPER 2004 Tantas interferências tornam a temperatura a principal variável meteorológica a ser considerada nos zoneamentos agroclimáticos juntamente com a chuva CAMARGO et al 1974 1977 Diretamente a chuva não afeta nenhum dos processos metabólicos das plantas Contudo ela age indiretamente afetando tanto o crescimento quanto o desenvolvimento das culturas HOOGENBOOM 2000 além da disponibilidade hídrica dos solos que por sua vez influencia a absorção de água pelas raízes e o status hídrico das culturas Em períodos de poucas chuvas a seca induz as plantas ao fechamento de seus estômatos fixando menos CO2 afetando negativamente a fotossíntese Por outro lado períodos com chuvas excessivas levam à redução da oxigenação dos solos diminuindo a atividade radicular e a absorção de água e nutrientes pelas plantas Tanto as secas quanto o encharcamento dos solos levam à redução da produtividade das culturas O fotoperíodo é uma variável do ambiente que interfere tanto no crescimento quanto no desenvolvimento das culturas No contexto do crescimento o fotoperíodo corresponde ao tempo em que as plantas realizam o processo da fotossíntese Assim nas maiores latitudes onde o fotoperíodo é mais longo durante a estação de cultivo a produtividade é maior já que a fotossíntese ocorre por mais tempo Além deste efeito quantitativo algumas culturas têm seu desenvolvimento afetado pelo fotoperíodo sendo por isso consideradas plantas fotossensíveis Um exemplo clássico é a soja que só atinge a fase reprodutiva caso o fotoperíodo crítico seja atingido O vento é outra variável que afeta indiretamente as culturas Sua influência pode ser positiva ou negativa dependendo de sua velocidade De acordo com Pereira et al 2002 em velocidades baixas a moderadas o vento contribui para a renovação do suprimento de CO2 e para a manutenção da transpiração das plantas No entanto em velocidades excessivas o vento é responsável pelo aumento demasiado da transpiração das plantas levando ao fechamento dos estômatos à redução do número de folhas e da área foliar resultando em queda brusca da fotossíntese Além disso ventos intensos provocam danos mecânicos nas plantas como acamamento queda de folhas e quebra de galhos e troncos Finalmente a umidade do ar é outra variável que atua de diversas formas indiretas sobre as culturas afetando inclusive o poder evaporante do ar e condicionando a transpiração Ambientes muito secos levam ao aumento excessivo da transpiração na maioria das plantas Em outros casos podem provocar danos indiretos resultantes de desordens fisiológicas Além destes aspectos a umidade do ar é muito importante na interação entre as plantas e os microorganismos especialmente fungos e bactérias causadores de doenças Em condições de alta umidade onde a duração do período de molhamento foliar é mais prolongada há o favorecimento da ocorrência de doenças que afetam o desempenho das culturas reduzindo a quantidade e a qualidade dos produtos agrícolas SENTELHAS 2004 Na realidade a interação entre os elementos meteorológicos e a cultura pode ser complexa resultando em uma variedade de reações biológicas e de condições ambientais em constante mudança Além disso a diversidade de espécies cultivadas comercialmente no Brasil é muito grande ultrapassando uma centena Considerandose apenas as 30 culturas de maior importância econômica ainda assim chegase a uma lista tão diversa que vai da cebola à canadeaçúcar dentre os cultivos temporários e do sisal ao café dentre os perenes Ademais as informações importantes para uma cultura não o são necessariamente para outra Enquanto a temperatura é crítica para a definição do comprimento e da espessura das fibras em formação na maçã do algodoeiro a deficiência hídrica é particularmente importante para o arroz de sequeiro durante a formação e a emissão da panícula enquanto o fotoperíodo é fator determinante para o início da fase reprodutiva da soja Além destes existem vários outros exemplos Por isso o entendimento das particularidades de cada cultura e das condições do ambiente físico é fundamental para um sistema de produção mais eficiente e sustentável SIVAKUMAR et al 2000Esforços nesse sentido vêm sendo feitos há alguns anos A Organização Meteorológica Mundial OMM por meio de sua Divisão de Agrometeorologia publicou em 1982 o Guia de Práticas Agrometeorológicas GAMP Guide for Agricultural Meteorological Practices com capítulos referentes à influência dos elementos meteorológicos em diferentes culturas agrícolas de interesse mundial Esse guia foi reeditado recentemente encontrandose disponível na internet WMO 2009 Outra publicação que reúne informações gerais sobre a agrometeorologia de diferentes culturas é o Boletim de Irrigação e Drenagem no 33 da FAO intitulado Efeito da Água no Rendimento das Culturas DOORENBOS E KASSAM 1994 Nesse boletim constam informações gerais sobre os requerimentos térmicos e hídricos de 26 diferentes culturas sendo uma das principais fontes de informação para o planejamento agrícola e para métodos de estimativa da produtividade No Brasil não existem até o momento publicações que reúnam informações agrometeorológicas sobre as diversas culturas de interesse nacional Tais conhecimentos reunidos em um só livro facilitarão o acesso a informações fundamentais para o estudo o ensino e a pesquisa do tema sendo do interesse de produtores rurais e de profissionais do setor agropecuário além de grande utilidade para a operação dos serviços agrometeorológicos públicos ou privados 3 AGROMETEOROLOGIA PLANEJAMENTO E TOMADA DE DECISÃO NA AGRICULTURA Informações agrometeorológicas são aquelas que consideram os dados meteorológicos associados aos requerimentos dos cultivos com o objetivo de estimar os respectivos impactos sobre as culturas e as práticas agrícolas tanto no âmbito do planejamento quanto da tomada de decisão Por isso segundo Rijks e Baradas 2000 os Serviços Nacionais de Meteorologia têm muito a contribuir com a economia nacional por meio da divulgação e do uso e ciente de tais informações As informações agrometeorológicas de acordo com Mavi e Tupper 2004 podem ser empregadas de diferentes maneiras na agricultura Primeiramente tais informações podem ser utilizadas para o planejamento dos cultivos componente estratégica tanto na escala macroclimática quanto topoclimática Além disso essas informações podem ser empregadas no processo de tomada de decisão quanto ao melhor momento para a execução de diferentes práticas agrícolas componente tática Finalmente as informações agrometeorológicas também podem permitir aos sistemas agrícolas adquirir maior capacidade para enfrentar condições meteorológicas adversas tornandoos mais resilientes Nesse contexto as informações quando associadas aos avanços nas áreas de agrometeorologia climatologia meteorologia sensoriamento remoto geoprocessamento e informática têm melhorado substancialmente a possibilidade dos agricultores ajustarem suas atividades às variabilidades e mudanças do clima levando à redução dos riscos na agricultura No entanto ainda há muito a ser feito para facilitar a adoção deste conhecimento e difundir sua aplicação prática na produção agrícola A informação agrometeorológica pode ser categorizada em três graus de complexidade As informações de primeiro grau mais simples são geralmente numéricas a exemplo dos dados meteorológicos puros ou derivados de cálculos simples como os do balanço hídrico climatológico que indicam a disponibilidade ou a de ciência hídrica do solo Informações de segundo grau são produzidas a partir de dados meteorológicos e parâmetros específicos da cultura Em geral expressam o estado ou a resposta da cultura à condição meteorológica observada O estado da cultura pode ser descrito de diferentes formas como por exemplo em relação ao seu desenvolvimento ou seja o estádio fenológico da cultura Tal estado pode ser caracterizado também em função da satisfação de suas necessidades hídricas e ou térmicas ou mesmo quanto ao desempenho esperado em função da radiação solar disponível em dado período Pode ainda informar qual o dano provável provocado pela ação de ventos intensos geadas granizo ou qualquer outro evento meteorológico adverso Outros modelos e técnicas podem considerar um segundo componente biológico e passam a estimar danos causados por pragas e doenças A análise conjunta de todos os fatores que afetam o crescimento da cultura permite reduzilos a um único índice que se correlaciona diretamente com a produtividade Por outro lado a análise em separado de cada fator permite identificar quais os limitantes do sistema para cada local estação de cultivo ou cultura analisada Por m as informações de terceiro grau são aquelas que indicam qual a ação de manejo mais adequada para o estado no qual a cultura se encontra em dado momento Devem ser o resultado da adequação das informações de uma escala nacional ou regional para as particularidades das condições locais Geralmente a geração de tais informações agrometeorológicas requer a participação de profissionais experientes e capacitados para interpretar a informação e aplicála no contexto local A seguir serão apresentados alguns exemplos de como as informações agrometeorológicas podem ser empregadas no planejamento na tomada de decisão e na obtenção de resiliência na agricultura 31 Planejamento Agrícola O planejamento agrícola diz respeito às ações a serem realizadas antes do estabelecimento da cultura ou seja quando o empreendimento agrícola começa a ser programado Em função disso o planejamento fundamentase basicamente nas informações do clima e de sua variabilidade interanual no local de interesse Dentre as informações agrometeorológicas empregadas no planejamento agrícola o zoneamento agroclimático é a mais conhecida O zoneamento agroclimático é a determinação da aptidão climática das regiões de um País Estado ou Município Assim em cada região de nese a aptidão de cada área para o cultivo de determinada espécie de interesse agrícola considerando as exigências agroclimáticas dos cultivos e as informações macroclimáticas O macroclima ou clima regional é condicionado pelos fatores determinantes da macroescala ou escala geográfica como latitude altitude continentalidade massas de ar entre outros Visto que o macroclima não pode ser alterado pelo homem para se adequar às necessidades dos cultivos essa informação deve ser a primeira considerada no planejamento de um empreendimento agrícola PEREIRA et al 2002 O zoneamento agrícola pode ser empregado não somente para a delimitação de áreas aptas marginais ou inaptas às culturas como realizado por Camargo et al 1974 para o Estado de São Paulo mas também para o estabelecimento das melhores épocas de semeadura com base em informações probabilísticas ALFONSI et al 1995 das zonas de maturação de frutos SENTELHAS et al 1995 do risco climático associado aos impactos do déficit hídrico nas culturas FARIAS et al 2001 de áreas de escape de doenças ORTOLANI et al 1986 do potencial produtivo e da qualidade dos produtos ORTOLANI 2001 Como se vê há uma variedade de informações que podem ser organizadas pelo método do zoneamento que nada mais é que a espacialização de uma ou mais informações combinadas Dada sua importância o zoneamento agrometeorológico vem sendo empregado por bancos e seguradoras para subsidiar as ações de financiamento e seguro agrícolas ROSSETTI 2001 As Figuras a seguir apresentam alguns exemplos de mapas de zoneamento agroclimático Na Figura 1 observase o zoneamento agrometeorológico da cultura do pêssego no Estado do Paraná realizado pelo IAPAR Nesse caso são identificadas três zonas de cultivo uma inapta outra apta para variedades com baixa exigência em horas de frio e uma última apta para variedades exigentes em horas de frio Na Figura 2 para o Estado do Rio Grande do Sul temse o zoneamento agroclimático realizado pela Embrapa Trigo para a cultura da cevada cervejeira com as melhores épocas de semeadura para cada Município Este tipo de zoneamento combina tanto a aptidão da região quanto o período mais recomendável para semeadura Na Figura 3 encontrase o zoneamento de risco climático produzido pela Embrapa Arroz e Feijão para a cultura do feijão no Estado de Goiás considerandose a semeadura entre 11 e 20 de janeiro Finalmente a Figura 4 apresenta o zoneamento agroclimático para a qualidade da bebida do café no Estado de São Paulo ORTOLANI 2001 podendose observar que as melhores bebidas são produzidas no extremo nordeste do Estado especificamente na região Além do zoneamento agroclimático as informações agrometeorológicas assumem também papel importante no planejamento da agricultura irrigada sendo o balanço hídrico climatológico a principal informação a ser considerada PEREIRA et al 2002 Assim identificandose os períodos com excedente hídrico e de eficiência hídrica e suas respectivas intensidades Figura 5 definese o tipo de sistema de cultivo a ser empregado sequeiro ou irrigado e o período em que cada um deles deve ser conduzido Quando as necessidades hídricas específicas da cultura representadas pelo coe ciente de cultivo Kc são consideradas o balanço hídrico climatológico passa a ser denominado de balanço hídrico de cultura sendo neste caso considerado o balanço entre a chuva e a evapotranspiração máxima da cultura ETc Quando empregado dessa forma o balanço hídrico possibilitará estabelecer em termos médios a lâmina de água a ser aplicada o turno de rega e o número médio de irrigações informações que auxiliarão no dimensionamento dos equipamentos de irrigação e posterior manejo Apesar de o zoneamento agroclimático ser uma ferramenta importante no planejamento agrícola em macroescala tal recurso não considera as variações provocadas pelo relevo Dentro de uma mesma região ou macroclima podem existir diferentes condições topoclimáticas estabelecidas em função do relevo local PEREIRA et al 2002 e MAVI e TUPPER 2004 Em muitos casos fazse necessário que o planejamento agrícola também seja realizado de acordo com o topoclima ou seja considerando as posições do relevo da propriedade agrícola Nessa escala a configuração e a exposição do terreno irão induzir a diferenças térmicas e de exposição à radiação solar Um exemplo típico do efeito do relevo é o acúmulo de ar frio em certas posições do terreno Em regiões sujeitas às geadas latitude 20oS deve se evitar o cultivo de lavouras perenes nas áreas de baixada nos terrenos planos e nas faces voltadas para o sul com menor exposição aos raios solares onde as temperaturas são mais baixas 32 Tomada de Decisão na Agricultura Tomada de decisão segundo Oliveira 2004 é a conversão das informações disponíveis em ação ou seja decisão é a ação tomada com base na apreciação de informações Decidir é recomendar entre os vários caminhos alternativos que levam a determinado resultado Na produção agrícola tratase das ações a serem realizadas durante o ciclo das culturas nos momentos mais favoráveis de modo a maximizar a produtividade e ou melhorar o aproveitamento de insumos De acordo com Peche Filho 2009 não há dúvidas quanto à importância do processo de tomada de decisões na moderna administração principalmente naquelas empresas que utilizam a filosofia da qualidade total Na agricultura não é diferente Sendo assim tomar decisões corretas representa eficiência e competitividade Em termos agrometeorológicos a tomada de decisão é feita de acordo com as condições do tempo e a disponibilidade de água no solo Além disso as informações da previsão do tempo podem ser utilizadas para antecipar decisões e obter resultados ainda melhores Para que o resultado de uma decisão seja o melhor as informações sobre a resposta das culturas às condições do tempo e clima devem ser precisas e realistas inclusive sobre sua fenologia e práticas de manejo necessárias É por isso que de acordo com Mavi e Tupper 2004 a tomada de decisão com base nas condições meteorológicas tem por objetivo criar flexibilidade nos sistemas agrícolas ou seja avaliar quais as opções adequadas para cada caso frente à grande variabilidade das condições climáticas Isso se dá tanto em termos de produtividade da cultura quanto de eficácia na realização das práticas agrícolas Existem várias práticas agrícolas que podem se bene ciar do uso e ciente das informações agrometeorológicas destacandose o preparo do solo a semeadura a adubação a irrigação o controle fitossanitário a colheita etc RIJKS E BARADAS 2000 As estimativas da produtividade e da qualidade da produção assim como da ocorrência de doenças também assumem papel importantíssimo no processo de tomada de decisão Para que os agricultores tomem decisões precisas com base no tempo há necessidade de que os dados meteorológicos sejam transformados em informações agrometeorológicas úteis que possam ser disseminadas de tal forma que os usuários finais possam extrair delas o máximo benefício possível no contexto de suas atividades WEISS et al 2000 Serviços dessa natureza são normalmente prestados por órgãos governamentais constituindo os Sistemas de Informações Agrometeorológicas SISMAs Atualmente o Brasil conta com diversos SISMAs em operação disponibilizando basicamente as informações de primeiro grau e algumas de segundo grau Os mais conhecidos são o Sistema AGRITEMPOEMBRAPA que tem abrangência nacional o Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas do Instituto Agronômico de Campinas CIIAGROIAC no Estado de São Paulo o Sistema de Informações Agrometeorológicas do IAPAR no Estado do Paraná dentre outros Nestes sistemas as informações agrometeorológicas são divulgadas semanalmente contemplando os elementos meteorológicos e o balanço hídrico que auxiliam na previsão de safra e na indicação das condições para manejo do solo bem como para irrigação e controle fitossanitário Apesar da importância destes sistemas ainda existe uma carência muito grande de sistemas mais específicos que contemplem as mais diversas culturas e que auxiliem os agricultores mais efetivamente em suas tomadas de decisão Para que os SISMAs sejam mais efetivos é indispensável conhecer a influência de cada variável meteorológica na produtividade de cada cultura considerando os aspectos de importância para cada espécie em suas diferentes fases fenológicas 33 Resiliência nos Sistemas Agrícolas Resiliência é um conceito da física utilizado primeiramente pela engenharia que se refere à capacidade de um material sofrer tensão e recuperar seu estado normal quando suspenso o estado de risco Na agricultura o conceito foi adaptado referindose à capacidade e habilidade dos sistemas agrícolas em enfrentar e superar condições adversas como clima desfavorável epidemias pragas e doenças oscilações de mercados e de custos de produção MAVI E TUPPER 2004 Em termos agrometeorológicos a resiliência depende da adoção de estratégias que reduzam os efeitos adversos do clima nas culturas como secas geadas altas temperaturas ventos intensos etc Sendo assim as informações relativas aos efeitos do tempo e do clima nas culturas são cruciais para a definição das melhores estratégias de ação Nesse sentido as estratégias mais utilizadas e seus respectivos efeitos são as seguintes a Diversificação de culturas cultivares e datas de semeadura reduz a exposição das culturas às condições meteorológicas adversas em fases fenológicas críticas tal como florescimento e enchimento dos grãos b Escolha de cultivares ou variedades variedades e cultivares de uma mesma espécie apresentam diferentes suscetibilidades aos eventos meteorológicos adversos c Definição da densidade populacional da cultura em condições de clima adverso como seca uma menor densidade populacional resulta em menor competição intraespecífica d Utilização do cultivo mínimo ou do plantio direto reduz a evaporação da água do solo resultando em melhor uso da água pelas culturas dando mais flexibilidade para o escalonamento das semeaduras e Preparo do solo em profundidade favorece o crescimento do sistema radicular das culturas permitindo explorar um volume maior do solo tendo uma maior disponibilidade de água f Correção das deficiências nutricionais e controle integrado de pragas e doenças melhoram o vigor das culturas permitindo maior tolerância às condições meteorológicas adversas g Uso de quebraventos reduz a evapotranspiração das plantas melhorando a eficiência do uso da água além de reduzir o potencial de danos mecânicos à cultura h Uso da irrigação reduz o estresse hídrico e favorece a estabilidade da produção agrícola Deve ser empregada especialmente nos períodos mais críticos das culturas como no estabelecimento florescimento e frutificação i Uso de telados e coberturas plásticas reduz os danos causados pela ocorrência de granizo j Uso de medidas de controle das geadas arborização ventilação irrigação aquecimento nebulização etc minimiza os danos em anos com geadas mais intensas k Alocação de culturas e cultivares adequados a diferentes posições do relevo alocar espécies e cultivares mais resistentes ao vento nos locais de maior altitude e os menos sensíveis à geada nas regiões de baixada l Utilização de reguladores de crescimento vegetal permite inibir acelerar retardar ou uniformizar o crescimento vegetativo o radicular e o florescimento segundo as necessidades 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no exposto podese concluir que o conhecimento da agrometeorologia dos cultivos é essencial para a geração de informações meteorológicas e climatológicas adequadas às particularidades das diferentes culturas Tais informações aplicadas ao planejamento ao processo de tomada de decisão e ao aumento da resiliência da produção possibilitam uma agricultura mais eficiente mais produtiva com menor risco de perdas e maior sustentabilidade Nesse contexto os Serviços Nacionais de Meteorologia são essenciais não apenas como fornecedores de dados meteorológicos ou de previsões do tempo e do clima mas também como geradores de produtos agrometeorológicos específicos para cada tipo de cultura valendose para isso dos Sistemas de Informações agrometeorológicas Ilustrações e lista de referências podem ser obtidas a partir de httpswwwembrapabrdocuments135529137056285BasesclimatolC3B3gic asGRCUNHALivroAgrometeorologiadoscultivospdf13d616f5cbd17261 b157351eaa31188dversion10 Acesso em 08052023 A partir da leitura do texto responda às seguintes questões 1a Questão Observe a seguir as normais climatológicas de temperatura média do ar e de precipitações mensais para Maceió Obtido da publicação Normais Climatológicas do INMET Essas variações das normais climatológicas de temperatura e de precipitação mensal favorecem à atividade agrícola Sim ou não Quais seriam as implicações das mudanças das normais climatológicas de temperatura e precipitação para as atividades agrícolas relacionadas às relações hídricas no ambiente E o comportamento das temperaturas e das precipitações são compatíveis 2a Questão Observe os valores de temperatura e umidade relativa registrados no dia 08032023 na FEGA em Fazenda Rio Grande Observase que no caso da umidade relativa que há um período de indiferença um salto em torno de 8 e 9 horas e valores altos próximos a 100 no final do período de observação Esse comportamento era esperado Sim Não Será que a estação apresentou uma falha de funcionamento nesse dia Comente O que justificaria esse comportamento da umidade relativa E o comportamento das temperaturas e das umidades relativas são compatíveis 3a Questão Observe as seguintes leituras no tanque evaporimétrico classe A em Curitiba Calcule os valores da evaporação tanque ECA considerando um coeficiente redutor de 30 por conta do aquecimento das paredes do tanque Suponha uma borda livre de 70 mm Carderneta de Campo Data Leitura anterior Leitura atual Precipitação Evaporação ECA mm mm mm mm 31122022 6000 6254 50 01012023 6254 6464 00 02012023 6464 6490 20 03012023 6490 5044 150 04012023 6000 4210 00 05012023 6000 6220 00 06012023 6220 6596 00 07012023 6596 7046 00 08012023 7046 7412 00 09012023 6000 6350 100 10012023 6350 6724 00 11012023 6724 6948 00 12012023 6948 7138 00 13012023 7138 6938 50 14012023 6938 5604 50 15012023 5604 4014 50 16012023 6000 5030 00 17012023 5030 5086 250 18012023 5086 5256 120 19012023 5256 4290 150 20012023 6000 4356 00 21012023 6000 6184 00 22012023 6184 6310 00 23012023 6310 6490 00 24012023 6490 6746 00 25012023 6746 7136 00 26012023 7136 7606 00 27012023 6000 6404 00 28012023 6404 6794 00 29012023 6794 7104 00 30012023 7104 5654 00 31012023 5654 4734 00 01022023 6000 6120 00 Qual teria sido o total evaporado no período mais curto sem chuvas