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ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTIVAS E AS CIDADES Simone Rechia As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 2 1 A Cidade A cidade como paisagem artificial criada pelo homem é um mundo de ruas casas edifícios parques praças avenidas num misto entre espaço natural e criado formada por objetos e imagens movimentada pela dinâmica entre vida pública e privada onde se articulam tempoespaço política trabalho cultura consumo lazer entre outras dimensões Portanto o cotidiano das sociedades urbanas gira em torno de objetos fixos naturais ou criados aos quais fazem parte o trabalho e o lazer cruzados por fluxos de pessoas produtos mercadorias e ideias diversos em volume intensidade ritmo duração e sentido As grandes cidades contemporâneas constituemse em um denso espaço com funções diversas por meio das quais se estabelecem múltiplas práticas sociais Santos 2002 ressalta que as cidades se distinguem entre si justamente por objetos fixos e fluxos os quais conferem significação para os moradores Sendo assim para compreender a cidade não apenas como um grande objeto mas como produto obra e um modo de vida fazse necessário analisar as interfaces entre fixos e fluxos que combinados caracterizam cada formação social ou seja compreender a relação entre as estruturas físicas e as relações sociais que delas derivam Nessa perspectiva a problemática central que será abordada está pautada no seguinte questionamento As cidades brasileiras possuem espaços de convivência e lugares para experiências urbanas significativas que contribuem para o desenvolvimento humano dos cidadãos entre elas as atividades físicoesportivas Para buscar responder a tal questionamento serão abordadas as seguintes questões Quais elementos contribuem na proposição de políticas de intervenção no setor das AFEs1 considerando o enfoque do desenvolvimento humano como referência Como o tema tem sido abordado no campo acadêmico da área de Educação Física pelo menos nos últimos 10 anos no Brasil Como os espaços e equipamentos para AFEs se constituem em algumas cidades brasileiras Para essa análise partimos dos estudos do GEPLEC2 que adota como objetos de reflexão espaços públicos da cidade de Curitiba especificamente parques praças escolas e centros culturaisesportivos os quais representam 1 Atividades Físicas e Esportivas 2 Grupo de Estudos e Pesquisa em Lazer Espaço e Cidade situado no Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná UFPR As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 3 espaços fixos destinados entre outras coisas a vivências no âmbito do lazer ligadas muitas vezes às AFEs Neste texto o recorte adotado será a relação entre as práticas de AFEs e as cidades O objetivo é destacar a importância desses ambientes e as práticas sociais para a materialidade urbana das cidades os quais associam corpo sustentabilidade ambiental e experiências no âmbito do lazer possibilitando contato direto com a cidade e compondo com outros ambientes públicos a imagem de uma cidade mais humana A sociedade em que vivemos é configurada por características pós industriais com destaque para os avanços tecnológicos e seus desdobramentos que levaram a sensíveis transformações sociais entre elas uma acentuada transformação do meio urbano em que ruas são transformadas em avenidas grandes casarões em shoppings jardins em estacionamentos casas em prédios espaços de convivência em praças de alimentação brincadeiras nas ruas são substituídas por novas tecnologias encontro real pelo virtual natureza pelo concreto parques e praças por playgrounds em condomínios fechados infância pela vida adulta lazer pelo trabalho entre outras inúmeras transformações e substituições que têm gerado grandes problemas de sustentabilidade ambiental e social Conforme descreve Tonucci 1997 p 22 Todo ha cambiado en el curso de pocas décadas Ha habido una transformación tremenda rápida total como nunca antes se viera en nuestra sociedad al menos en ningún documento de la historia escrita Por una parte la ciudad ha perdido sus características se ha vuelto peligrosa y hostil por otra han surgido los verdes los ecologistas los defensores de los animales reivindicando el verde y el bosque En las últimas décadas y de manera clamorosa en los últimos cincuenta años la ciudad nacida como lugar de encuentro y de intercambio ha descubierto el valor comercial del espacio y ha trastornado todos los conceptos de equilibrio de bienestar y de convivencia para cultivar sólo programas a fin de obtener beneficios Os reflexos dessas transformações estão em diferentes dimensões da vida humana Aqui especificamente serão abordadas as influências de tais problemas no tempoespaço de lazer no meio urbano para a fruição da cultura corporal do As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 4 movimento e consequentemente para um pleno desenvolvimento humano da infância ao envelhecimento Compreendemos o lazer como uma dimensão da vida e portanto um fenômeno sociocultural amplo e complexo historicamente mutável central para a análise da sociedade o qual envolve questões identitárias políticas de sociabilidade e desenvolvimento dos sujeitos numa perspectiva orgânica e processual o que implica a análise de três polos distintos porém complementares espaço tempo e ludicidade potencializados nos ambientes públicos urbanos Presente como um dos direitos sociais o lazer está previsto no artigo 6º da Constituição brasileira de 1988 e dispõe que são direitos sociais a educação a saúde a alimentação o trabalho a moradia o lazer a segurança a previdência social a proteção à maternidade e à infância a assistência aos desamparados na forma desta Constituição BRASIL 1988 Sendo o Brasil um Estado democrático de direito e o lazer entendido desta forma sua amplitude deve alcançar todo território e ser extensivo a todos os cidadãos Neste sentido Marcelino 1995 aponta que a ação democratizadora precisa abranger além da construção de novos equipamentos em locais adequados e acessíveis a luta pela mudança da mentalidade na utilização dos equipamentos não específicos e a busca da participação da população na defesa do seu patrimônio ambiental urbano o que implica em preservar o espaço revitalizar construções e manter a riqueza da paisagem urbana podendo significar inclusive um elemento que se contraponha à homogeneidade cultural tão presente na vida dos habitantes das cidades em si mesmas os grandes espaços para a prática democrática do lazer MARCELINO 1995 p62 O lazer como um dos direitos sociais está ligado ao conceito de cidadania atrelado ao uso democrático dos seus espaços de lazer Assim para compreender a conexão entre cidade e lazer como representação universal de pessoas emancipadas e autônomas requer compreendêlo como um direito a ser conquistado Para oportunizar qualificar e viver experiências no âmbito do lazer nas cidades fazse necessário um processo constante de lutas em um esforço de todos para garantir a plenitude da vida a partir da efetivação desse direito social que transita As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 5 entre sonhar com uma vida que contemple espaço e tempo para essa experiência e a triste realidade da precarização do mundo do trabalho que muitas vezes não permite tal efetivação Quanto aos cidadãos e a relação com a cidade vale ressaltar que o direito ao lazer mantémse a partir do diálogo da parceria do interesse da luta do pacto entre direitos e deveres entre cidade e cidadão visando o conviver nos grandes centros urbanos Para tanto deve haver mútua confiança entre gestão pública e cidadãos para que possamos de fato passar desse sonho à realidade A partir desses pressupostos o foco central da discussão será apontar que existe uma conexão entre cultura corporal do movimento lazer e meio ambiente e que um desequilíbrio nesse tripé e também uma falta de valorização pelos recursos naturais do planeta poderá alterar a nossa relação sustentável com o meio social e natural nas grandes cidades Nessa direção o conceito de Sustentabilidade Ambiental tal como aplicado às cidades é amplo Para Gehl 2013 p 105 O consumo de energia e as emissões dos edifícios são apenas uma das suas preocupações Outros fatores cruciais são a atividade industrial o fornecimento de energia e o gerenciamento de água esgoto e transporte Transporte é um item particularmente relevante na contabilidade verde porque é responsável por um consumo massivo de energia pelas consequentes emissões de carbono e pela pesada poluição Ainda conforme Gehl 2013 p 105 Sustentabilidade Social é um conceito também amplo e desafiador pois Parte do seu foco é dar aos vários grupos da sociedade oportunidades iguais de acesso ao espaço público e também de se movimentar pela cidade Também tem uma importante dimensão democrática que prioriza acessos iguais para que encontremos outras pessoas no espaço público Um prérequisito geral é um espaço público bem acessível convidativo que sirva como cenário atraente para encontros organizados ou informais O discurso da sustentabilidade admite várias interpretações que correspondem a visões interesses e estratégias alternativas de desenvolvimento Leff 2001 p 319 pondera que por um lado as políticas neoliberais estão levando a capitalizar a natureza a ética e a cultura por outro os princípios de racionalidade As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 6 ambiental estão gerando novos projetos sociais fundados na reapropriação da natureza na resignificação das identidades individuais e coletivas e na renovação dos valores do humanismo Para se alcançar um razoável equilíbrio entre essas dimensões o planejamento urbano das cidades deve avançar e extrapolar a ideia de apenas construir estruturas físicas Para Gehl 2013 p 105 se o desafio é reinventar as cidades para que funcionem os esforços devem concentrarse em todos os aspectos do ambiente físico e das instituições sociais aos aspectos culturais menos óbvios que contemplam a forma como percebemos os bairros individuais e as sociedades urbanas Acreditamos que investir na potência das AFEs como um aspecto da cultura vivenciada em ambientes naturais preservados no meio urbano possa ser uma das saídas para essa complexa relação entre reapropriação da natureza resignificação das identidades individuais e coletivas e valores do humanismo LEFF 2001 Para reforçar essa ideia de uma cidade mais humana Lerner 2013 p XII no prólogo à edição brasileira do livro Cidade para as Pessoas salienta que se a vida como disse Vinicius de Moraes é a arte do encontro a cidade é o cenário desse encontro encontro das pessoas espaço de trocas que alimentam a centelha criativa do gênio humano Encontro deve se traduzir em qualquer momento de convivência com a cidade seja no trabalho no transporte e também no lazer Se as possibilidades desses encontros forem alteradas e deixada em segundo plano a dimensão humana e cultural essência do fenômeno lazer nos distanciamos de nós mesmos do outro da natureza e da busca por uma cidade melhor para todos Afirmamos isso baseados na ideia de Gehl 2013 p 63 de que existe uma conexão direta entre a oferta de melhorias para a vida das pessoas e os comportamentos coletivos para se obter cidades vivas seguras sustentáveis e saudáveis Esse autor salienta que as cidades devem ser mais atraentes que o espaço privado Devem ser acessíveis e abertas a diversidade e a sustentabilidade de modo a pensar nas gerações futuras 11 Atividades Físicas e Esportivas e as cidades conexões possíveis Como relacionar AFEs e cidade Como qualificar os espaços de lazer para tais práticas sociais a partir do olhar ampliado sobre a cidade em que vivemos e suas relações com os bens materiais simbólicos arquitetônicos educacionais acessíveis democráticos e ambientais Os parques das cidades brasileiras são As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 7 adequados para as pessoas São cidades ambientalmente corretas em que perspectiva É possível conectar conhecimentos das ciências sociais e naturais nos estudos e pesquisas sobre lazer e meio ambiente em busca de respostas para a complexidade do mundo atual Um caminho possível para elucidar tais questões seria pensar a cidade e sua arquitetura como produto e obra de uma prática social historicamente determinada relacionada à satisfação das necessidades de reprodução social da família da sociedade e da força de trabalho LEFEBVRE 2001 Porém conforme alerta Soares 2001 p 15 é preciso olhar atentamente para o aparato arquitetônico e material das cidades pois muitas vezes nos revelam uma padronização de atividades para as quais parcela significativa da população é educada a consumir como possibilidade única de colocar o corpo em movimento para além da atividade produtiva do mundo do trabalho Para a autora educação é um processo cultural no qual se está inserido cotidianamente Somos educados por tudo que nos rodeia da palavra à arquitetura de casas escolas prédios ruas e espaços destinados às práticas corporais as quais representam elas mesmas formas específicas de educação Assim uma discussão sobre uma boa cidade ou um bom modelo de espaço público para as AFEs não deve se prender a questões puramente estruturais Permanecer nesse terreno significa cair em certos desencontros e perder de vista o caráter social educacional e ambiental de um planejamento urbano Em outras palavras a produção dos espaços deve representar as práticas e valores sociais de cada época de cada bairro e de cada demanda social O que representa uma boa cidade um bom parque um bom espaço infantil para arquitetos e gestores não necessariamente é interpretado da mesma maneira pelos ambientalistas educadores pesquisadores e usuários Muitas vezes os usuários sejam pessoas ou instituições com necessidades experiências e opiniões diferentes sofrem as consequências dessas concepções principalmente ao serem obrigados a conviver com soluções urbanas problemáticas causadas por equívocos em projetos muitas vezes considerados adequados pelos tecnocratas Um exemplo típico dessa problemática é a concessão de uso do pavilhão de eventos do Parque Barigui STRESSER 2014 O projeto não resolveu problemas básicos dos usuários como precariedade dos equipamentos que dão suporte à permanência no local e falta de acesso qualificado às práticas corporais As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 8 Dessa maneira embora a beleza do espaço segundo Borja 2003 não seja um luxo mas um direito indispensável para que se efetive a justiça democrática devese sempre associar as transformações dos espaços aos interesses dos usuários no caso às práticas cotidianas já estabelecidas nos lugares de lazer Pesquisas anteriores sobre o Parque Barigui RECHIA 2003 OLIVEIRA 2009 já descreviam as práticas que ocorriam naquela época no local as condições dos equipamentos e quais demandas os usuários apontavam como necessárias Portanto concluise que as modificações ocorridas pósconcessão não potencializaram as formas de apropriação e até em alguns momentos criaram problemas para os usuários como a passarela construída que fica submersa na água em dias de chuva dificultando a prática da corrida caminhada ou o acesso dos que buscam conhecer o outro lado do parque Assim as mudanças de infraestrutura geradas pela concessão interferiram nas formas de apropriação do parque principalmente no âmbito das práticas corporais Privatizações como essa se tornam arriscadas para a população principalmente para aqueles com menor poder aquisitivo sujeitos a ter cada vez menos acesso aos espaços públicos e bens culturais Vale ressaltar que este estudo também conclui que privatizações como essa poderiam trazer benefícios para a cidade se fossem desenvolvidas para a cidade e não somente para os interesses dos concessionários É necessário que haja critérios mais claros para a efetivação dessas concessões e ampla divulgação e participação popular nesses processos Dessa forma entendese que as obras realizadas pelo poder público ou por concessões ao poder privado muitas vezes são somente maquiagens usadas basicamente para conseguir vender a boa imagem dos ambientes urbanos geralmente deixando os desejos do cidadão em segundo plano Para que haja uma conexão possível entre espaços de lazer cidades e as AFEs é necessário ouvir e respeitar as demandas oriundas do cidadão Mas por onde as políticas públicas urbanas poderiam começar para melhorar o acesso das pessoas ao lazer às AFEs e à cultura Uma das respostas que temos encontrado nas pesquisas realizadas no Brasil seria apostar em cidades mais sustentáveis com estruturas físicas qualificadas e na formação da criança para o desenvolvimento integral do cidadão pois uma infância mais plena pode garantir uma vida adulta também mais plena e um envelhecimento com mais qualidade e consciente no meio urbano As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 9 12 Parques públicos urbanos oportunidade para vivenciar as AFEs A arquitetura e as estruturas dos parques urbanos visam dentre vários motivos oportunizar aos sujeitos diferentes formas de apropriação a partir dos espaços de socialização de ambientes de contemplação de monumentos históricos que podem favorecer o sentimento de pertencimento ao lugar e a prática da cultura corporal do movimento Percebese certo modelo de equipamentos entre os grandes parques urbanos a partir da organização dos espaços que direcionam o usuário para realizar determinadas ações Um artigo publicado em 2015 pelo The Guardian principal jornal do Reino Unido de autoria do crítico de arquitetura Rowan Moore listou os dez melhores parques urbanos do mundo fornecendo informações sobre locais atrativos nos mais diversos países pelo mundo MOORE 2015 O artigo considera o Parque Ibirapuera Figura 1 em São PauloSP Brasil o melhor parque urbano do mundo por conter diversos dos elementos citados como reservas naturais de plantas nativas paisagens que combinou cubismo e inspiração surrealistas além de monumentos como a Oca e o pavilhão de artes da Bienal de São Paulo projetados por Oscar Niemeyer outro grande arquiteto brasileiro A lista ainda é composta com outros parques famosos pelo mundo que possuem estruturas semelhantes como o Buttes Chaumont de Paris Figura 2 o Boboli de Florença Figura 3 a High Line de Nova York Figura 4 Landschaftspark DuisburgNord Alemanha Figura 5 o Hampstead Heath de Londres Park Güell Barcelona Espanha Summer Palace Pequim China Olmsted Parks Buffalo Estados Unidos e Birkenhead Park Merseyside Inglaterra FIGURA 1 Parque Ibirapuera Fonte Wikimedia Commons 2017 LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileParqueIbirapueraOcajpg As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 10 FIGURA 2 ButtesChaumont Paris França Fonte Wikimedia Commons 2017 Link httpscommonswikimediaorgwikiFileTempleofSibylleButtesChaumontParis19ejpg FIGURA 3 Boboli Florença Itália Fonte Wikimedia Commons 2017 LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileBoboliisolottoandromeda02JPG FIGURA 1 High Line Nova York Estados Unidos 2009 Fonte Wikimedia Commons 2017 LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileHighLineParkthenewsecondsectionjpg As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 11 FIGURA 2 Landschaftspark DuisburgNord Alemanha Fonte Wikimedia Commons 2017 Link httpscommonswikimediaorgwikiFileLandschaftsparkDuisburgNord KletterwandErzbunkerjpg Vale ressaltar aqui inspirada nos estudos de Rechia Tschoke e Vieira 2012 que o grande interesse do poder público em manter tais ambientes muitas vezes turísticos deve ser pelos cidadãos que vivem nas cidades A valorização comercial desses espaços das cidades concede a esses ambientes uma preocupação com a manutenção com o intuito de preserválo como um núcleo comercial buscando sempre levar os turistas a ocuparem esses lugares p 56 Porém ao valorizar tais territórios deslocam porção significativa de pessoas para as periferias das cidades Ressaltase que as grandes cidades contemporâneas se constituem densos espaços com funções diversas por meio das quais se estabelecem múltiplas práticas sociais Gehl 2013 destaca que tais práticas sociais podem ser atividades necessárias tendo enfoque de obrigatoriedade atividades opcionais quando existe um desejo em realizálas e atividades sociais atividades em que há necessidade de outras pessoas nos espaços públicos podem ocorrer em vários espaços e devem ser espontâneas O referido autor ressalta ainda que os espaços influenciam esse tipo de atividade e vivência Ou seja os espaços podem influenciar as experiências cotidianas bem como as experiências de lazer dos citadinos Dessa maneira se o espaço público é de pouca qualidade as atividades realizadas dificilmente serão tão potencializadas quanto os espaços mais qualificados modificando as possibilidades de fruição do tempo de lazer e também as relações sociais Portanto a criação de um conjunto de parques praças e centros culturais com certa coerência arquitetônica ou seja um estilo padronizado de conceber espaços dessa natureza gerou dois momentos 1 ambiente urbano singular capaz de estabelecer uma espécie de comunicação imediata com a população o que pode As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 12 ter influenciado uma cultura voltada a vivências no âmbito do lazer em ambientes naturaisou construídos 2 projeção da cidade no cenário nacional e internacional Nessa direção Garcia 1997 ressalta que independentemente do tipo ou modelo de espaços públicos adotados pelas cidades o projeto de modernização do espaço urbano quase sempre incorpora como valor a ética e a estética do lazer Considerase interessante pensar que essas práticas sociais realizadas nos interstícios da vida cotidiana em espaços públicos destinados às vivências lúdicas e práticas corporais e esportivas podem significar certa linha de fuga ao tumultuado meio urbano Da mesma forma essas atividades podem possibilitar a aquisição de novos valores humanos os quais diferem de meras atividades compensatórias funcionalistas e consumistas Elas envolvem pelo menos aparentemente a relação ética com a natureza o convívio um pouco mais harmonioso com a diferença a autonomia e a vivência com a cultura local Podemos inferir que esse projeto de cidade que presevou a natureza inserindo espaços e equipamentos de lazer qualificados foi de fundamental importância pois gerou na população curitibana o amor à cidade o cuidado daquilo que é público ou seja que é de todos Nesses espaços não havia uma apropriação efetiva por parte da comunidade tanto adultos como crianças e isso mostrou que os moradores do entorno não tinham um sentido de pertencimento com os espaços pois além de não participarem da concepção dos equipamentos não contribuíam para a manutenção e segurança do local Isso mostra a necessidade de as lideranças comunitárias incentivarem e mobilizarem a comunidade a cuidar dos espaços e equipamentos e a participarem de fato da manutenção daquilo que é de todos para assim formar uma cidade de qualidade também para todos Uma cidade ambientalmente correta não se resume somente a espaços de habitação de trabalho ou de lazer Habitar trabalhar e viver de forma sustentável implica uma complexa rede de interações sociais e ambientais que integra as diferentes esferas de reprodução e pressupõe uma interação entre a ordem próxima e a ordem distante3 Não há como separálas Segundo Lefebvre 2001 p 47 a 3 Para Lefebvre 2001 p 52 a ordem próxima tem relação com as relações dos indivíduos em grupos mais ou menos amplos mais ou menos organizados e estruturados e as relações estabelecidas entre eles e a ordem distante a ordem da sociedade regida por grandes e poderosas instituições igreja Estado por um código jurídico formalizado ou não por uma cultura por conjuntos significantes As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 13 ordem distante penetra e regula o espaço da vida cotidiana ou seja se projeta na realidade práticosensível da ordem próxima Com estudos do GEPLEC foi possível realizar uma análise mais ampla e ao mesmo tempo verificar questões específicas sobre os espaços urbanos destinados a todas as fases desde a infância ao envelhecimento A princípio pelo fato de haver parques no meio urbano seria possível pensar que as cidades são ambientalmente corretas no entanto mais especificamente ao analisar qualitativamente seus equipamentos constatase que há necessidade de repensar os modelos adotados se a intenção for de fato garantir ao indivíduo em todas as suas fases de vida desde a infância até o envelhecimento os princípios da racionalidade ambiental apontados por Leff 2001 reapropriação da natureza resignificação das identidades individuais e coletivas e valores do humanismo Diante desse contexto discutir os espaços de lazer significa questionar se a cidade que se deseja é sustentável e para todos Essa problemática não pode mais permanecer restrita ao seleto grupo de arquitetos urbanistas e planejadores detentores do saber técnico Podemos citar o exemplo da cidade de São Paulo o qual possui Conselho Participativo Municipal CPM um organismo autônomo composto por conselheiros da sociedade civil de caráter consultivo e representado nas 32 Subprefeituras da Cidade de São Paulo LUZ BASTOS 2017 p 5 o qual apesar das muitas dificuldades de participação de seus mais de 1100 conselheiros continua sendo a forma mais democrática de participação popular Por meio dela os representantes acabam trazendo questões de seus bairros para conhecimento do Poder Público que podem auxiliar e muito no desenvolvimento de propostas a fim de proporcionar benefícios para suas regiões Portanto a pesquisa afirmou que não basta apenas o conhecimento técnico e territorial no desenvolvimento do planejamento e da gestão urbana visto que foi considerado que acima de tudo é preciso entender o contexto urbano a partir dos cidadãos que ali vivem e portanto aliar técnica e vivência para potencializar o conhecimento sobre o território a ser estudado LUZ BASTOS 2017 p 15 A gestão participativa é um problema complexo que impõe discutir o tipo de cidade e sociedade que desejamos Assim um bom espaço de lazer para o desenvolvimento de AFEs deve presumir o direito à cidade à vida urbana ao habitar em seu sentido amplo em que seja dado aos cidadãos urbanos o direito de participar interagir e se desenvolver durante todo o percurso da sua vida e de forma sustentável As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 14 A intenção das pesquisas intervenções políticas e comunitárias sobre esse tema deve investigar como os espaços públicos urbanos destinados às AFEs em diferentes contextos sociais atendem às necessidades das comunidades e como podem potencializar a relação lazermeio ambiente Mesmo que alguns autores brasileiros4 venham demonstrando interesse em discutir as formas de apropriação dos espaços e equipamentos de lazer e suas relações com as políticas públicas novos estudos podem trazer outras contribuições para pesquisas no campo do lazer e a possibilidade de gerar dados aplicáveis ao cotidiano das grandes cidades devido às especificidades a que se propõem e assim contribuir para a formulação de políticas públicas eficazes Os dados revelam que além do Brasil várias cidades do mundo têm problemas ambientais diversos dependendo do nível de desenvolvimento econômico e social Entretanto quanto à dimensão humana seguem quase que o mesmo padrão ou seja o descuido total com tal dimensão e sua relação com a questão ambiental Conforme relata Gehl 2013 p 229 Enquanto o descuido quase extinguiu a vida urbana em alguns países desenvolvidos a pressão de empreendimentos a empurrou para as mais adversas condições em muitos países com economias menos desenvolvidas Nos dois casos tornar viável a vida na cidade exigirá um cuidadoso trabalho com as condições para as pessoas caminharem pedalarem e utilizarem o espaço público Para o autor os pontos centrais para pensar a dimensão humana nas cidades são respeito pelo outro dignidade entusiasmo pela vida e pela cidade como lugar de encontro Tudo isso deve ser iniciado na infância se quisermos um mundo mais sustentável social e ambientalmente para todos Leff 2001 alerta que a vida foi transtornada pela lógica do mercado e pelo poder tecnológico levantando um problema ontológico epistemológico e ético sem precedentes Para reverter esse processo o ambientalista defende a tese de que novas formas de significação do mundo da vida e da natureza originam um mundo onde caibam muitos mundos Também enfatiza que a mudança nunca vem de cima mas de baixo quando há uma autêntica mobilização social p 108 Um bom exercício cidadão para a mobilização social em prol da defesa ambiental seria a apropriação dos espaços de lazer das cidades brasileiras 4 Tais como Amaral 2002 Bramante 1998 Marcellino 1998 Mascarenhas 2005 Pacheco 2006 Stigger 2002 entre outros Já no caso da realidade específica de Curitiba temos Cagnato 2007 França 2007 Gonçalves 2008 Gonzaga 2010 Oliveira 2009 Rechia 2003 Tschoke 2010 entre outros As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 15 Em resumo as pesquisas citadas apontam que até o momento o que existe no Brasil é uma realidade cruel uma conjuntura política intelectual e social que muitas vezes não está conectada com as demandas sociais a partir de políticas urbanas mais efetivas para que seja possível dar de fato aos cidadãos brasileiros a oportunidade e o direito de viver o lazer como um momento essencialmente criativo com potência educativa política e transformadora a partir das AFEs ou outras práticas sociais tão importantes quanto essas Pensar sobre direitos humanos e portanto coletivos sob o prisma de outra globalização que para Milton Santos 2001 pode proporcionar o real acesso à informação e sua difusão com vistas à emancipação humana é possível Porém é necessário que os responsáveis pelas políticas setoriais preparem as cidades para tal e lembremse de que além de todo o aparato para os possíveis negócios devem priorizar também as pessoas que realmente residem nas cidades brasileiras as quais têm direito ao ócio além do negócio 2 Meio ambiente urbano os espaços de lazer e as Atividades Físicas e Esportivas possibilidades para viver em cidades vivas no Brasil Para Lefebvre 2001 p 7798 meio urbano é o ponto de intersecção entre os níveis global representado pelo poder do Estado e dos homens misto que seria o nível urbano representado pela cidade e o particular onde se estabelecem as relações entre o habitat e o habitar do indivíduo A partir desse conjunto de ações e atores sociais podemos perceber o espaço como projeção das relações sociais Inferese que a limitação do espaço ocasionada pelas transformações ambientais e sociais do meio urbano gerou redução dos espaços de lazer especialmente ligados às práticas corporais principalmente para crianças que foram aos poucos se deslocando das ruas e quintais e se consolidando em espaços públicos ou privados de baixa qualidade limitados predeterminados com pouca diversidade e quantidade de oportunidades Tais fatos podem fragilizar as projeções das relações sociais analisadas por Lefebvre Autores já citados neste texto que analisam a constituição dos espaços urbanos ressaltam o desafio de viver em grandes cidades gerado pela complexidade dos fatores sociais econômicos ambientais e políticos que se entrelaçam cotidianamente e geram tensão em nossas vidas As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 16 O meio urbano estaria então para alguns mais voltado a trocas financeiras e econômicas porém muitos sujeitos que vivem nesses centros reivindicam outras demandas de uma cidade como viver com mais qualidade uma cidade viva e pulsante Vale ressaltar que viver com mais qualidade requer aspectos objetivos moradia adequada educação saúde trabalho mobilidade urbana espaços e equipamentos de lazer etc e subjetivos sentimento de segurança e pertencimento possibilidades de diversão consumo reinvenção e produção da cultura respeito à diversidade inclusão sociabilidade entre outros do cotidiano No Brasil no entanto vivemos em cidades com profundas diferenças econômicas culturais e educacionais tornando a efetivação desses aspectos possível somente para alguns geralmente aqueles que podem pagar por isso Nessa perspectiva para Lefebvre 2001 a sociedade atual chegou a um caos que exige a análise efetiva das necessidades que estão além dos imperativos econômicos das normas e dos valores sociais Podemos supor portanto que a crise ambiental e social vivida atualmente nos centros urbanos brasileiros sustentase em níveis diferenciados como resultado de uma série de processos que trazem consigo consequências gravíssimas entre elas doenças psicossomáticas violência solidão consumo exacerbado a lógica do descarte de pessoas e produtos miséria desperdício e outros males urbanos inclusive crescimento populacional em larga escala Na esteira dessa problemática o relatório Perspectivas da Urbanização Mundial da ONU 2014 apresenta as perspectivas de crescimento da urbanização mundial e aponta que atualmente 54 da população mundial vive nas cidades e que cerca de 453 milhões de pessoas vivem em 28 aglomerações urbanas A estimativa para 2050 é de que cerca de 66 da população seja urbana prevendose o maior crescimento nos países da Ásia e África De acordo com Touraine 1998 a partir dessas questões as cidades mundiais estão há muito tempo em um processo de desintegração porém mesmo diante desse cenário e da magnitude dos dados acima que nos revelam um processo complexo há emergência de buscar respostas Já em 1970 Lefebvre anunciava esses fatos e ressaltava que o futuro das sociedades urbanas estava em disputa Para o autor essa disputa transitava entre o domínio do poder público ou do poder privado e o uso da cidade por parte do cidadão pares dialéticos que ajudam a compreender o movimento da sociedade urbana Fica claro assim que a cidade é um processo social envolvido na lógica do desenvolvimento econômico O tempo do não trabalho por exemplo transformase As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 17 em tempo de consumo e não em tempo de vida tornandose muitas vezes palco de práticas econômicas cujo objetivo é viabilizar a circulação do capital e não o encontro entre pessoas Para Lefebvre 2001 esse processo gerou a concepção de espaço como geométrico e vazio a partir do qual tecnocratas passaram a definir estratégias e intervenções à parte das necessidades desejos e práticas sociais Ao contrário o uso do tempo foi fomentado de forma normativa e padronizada das formas de habitar do uso de espaços públicos das maneiras de realizar AFEs das definições dos espaços de circulação de trabalho definindose centralidades específicas No Brasil conforme descreve Alvarez 2015 p 5 no artigo intitulado Cidade em disputa a execução de diferentes planos urbanísticos ao longo das décadas privilegiou as vias de circulação e zoneamento favorecendo as propriedades de elites gerando segregação em alta escala Para a autora no Brasil a separação dos tempos da vida teve e tem caráter profundamente segregador porque a força do trabalho foi compelida a deslocamentos cada vez mais longos e cansativos realizados fundamentalmente para o trabalho A autora questiona Quem da periferia de São Paulo por exemplo pode vir ao centro da cidade em um dia de semana buscar um ingresso gratuito para assistir a uma apresentação no domingo pela manhã na Sala São Paulo Para Bramante 1998 p 9 a vivência do lazer está relacionada diretamente às oportunidades de acesso aos bens culturais Desse modo a distância desses bens pode ser um impeditivo à sua fruição Nos bairros periféricos das cidades em geral moram pessoas com menor poder aquisitivo dessa forma o fator renda exerce forte influência no acesso para a atividade de lazer pois para uma família inteira deslocarse para um determinado local de lazer significará um elevado gasto em tarifa de transporte público SILVA 2007 p 49 Nessa direção ficam também as questões Quem no Brasil tem acesso aos parques e às praças das grandes cidades para realizar AFEs Essas práticas podem ser realizadas nas periferias dos grandes centros urbanos Há espaços para isso Existem políticas públicas efetivas em relação a esse acesso A partir dos dados de pesquisa do GEPLEC verificase que de certa forma as cidades ainda mantêm ambientes propícios para restabelecer e superar esse processo porque a cidade muitas vezes é caótica mas é também lugar de realização da vida lugar de lutas e resistências Uma das brechas nesse tumultuado meio urbano são as práticas de AFEs pois geram espaços de encontro e sociabilidade os quais podem mantêla viva e pulsante As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 18 3 Do desenvolvimento da criança para o desenvolvimento do estilo de vida do cidadão urbano Os parques públicos as praças os centros culturaisesportivos e as escolas nas grandes metrópoles são na sociedade moderna espaços privilegiados para que as pessoas possam ter contato com o lúdico e vivenciálo durante toda a vida Conforme os dados levantados por Moro e sustentados teoricamente em Tuan 1983 que considera o espaço aberto e livre a representação da liberdade diversidade de possibilidades um convite à apropriação e à ação e que ao ser apropriado a partir de experiências significativas é transformado em lugar e se torna parte do sujeito gerando sentido de segurança e representatividade acreditamos que investir em espaços públicos infantis tais como praças bosques parques e escolas é apostar na transformação de espaços abertos e inseguros em lugares sustentáveis ambiental e socialmente para gerações futuras pressuposto básico quando se fala em sustentabilidade além de possibilitar uma vida de qualidade da infância ao envelhecimento em que as AFEs sejam contempladas no tempo da vida Porém para que haja um avanço nessa perspectiva no meio urbano não bastam investimentos somente em espaços públicos de lazer esporte e cultura é preciso pensar também nos espaços lúdicos escolares Conforme aponta Soares 2001 p 1516 no Brasil é dada certa ênfase aos espaços poliesportivos Na arquitetura das escolas brasileiras de ensino Fundamental e Médio mesmo as de estruturas arquitetônicas precárias os espaços destinados às práticas corporais são constituídos por quadras poliesportivas Até mesmo nas que têm arquitetura e equipamentos considerados ideais há quadras Embora a análise reforce a ideia de não haver problemas de a escola ter ou não espaços dessa natureza adverte que fica difícil pensar em práticas corporais diversificadas no meio urbano se na escola essas práticas já estão domesticadas pela cultura do treinamento esportivo e todo o seu aparato científico Talvez por isso aquele passeio num parque ou mesmo nas ruas do bairro onde se vive tornese agora somente exercício e não uma prática social que envolve contato consigo mesmo com o outro e com a natureza no meio urbano A arquitetura dos espaços urbanos tem possibilidade concreta de comunicação e muitas vezes define formas de uso e esse uso pode ser restritivo quando se fala em espaços para AFES urbanas Nesse sentido pode gerar o entendimento de que o uso se materializa somente a partir da prática dos esportes tradicionais voleibol basquetebol futebol handebol pois são esses os indicativos visualizados pelos códigos das linhas demarcatórias do campo tatuados nos As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 19 espaços como pode ser observado nas Figuras 6 e 7 comparando os espaços de uma escola e de uma praça de um mesmo bairro da periferia de Curitiba Tais demarcações espaciais são importantes pois constituem a cultura esportiva do país porém já não contemplam todos os interesses das práticas corporais urbanas FIGURA 6 Parquinho e quadras poliesportivas Escola Maria Marli Piovesan Bairro Uberaba Curitiba Paraná Fonte TSCHOKE 2010 FIGURA 7 Parquinho e quadras poliesportivas Praça do Cairo Bairro Uberaba Curitiba Paraná Fonte TSCHOKE 2010 Dessa maneira essas formas tradicionais de construir estruturas físico esportivas nas cidades muitas vezes organizam também quais AFEs devem ser realizadas nas associações de funcionários de empresas e indústrias nas escolas nas academias nas praças e nos parques Enfim em todos os espaços onde as AFEs serão vivenciadas Dados das pesquisas do GEPLEC revelam que muitas vezes esse fato gera o esvaziamento de tais ambientes no meio urbano pois determina uma forma de uso já superada eou resignificada pelo cidadãos As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 20 Para Jan Gehl 2013 nenhuma criança pede de Natal algo que não conheça e as pessoas nunca vão pedir que sejam feitas em suas cidades melhoras que já não estejam em seu repertório Dessa forma procurase incentivar que as pessoas inicialmente se informem sobre quais possibilidades de qualificação para os espaços desejariam ver concretizadas no meio urbano Nessa direção além das quadras esportivas começamos a visualizar nas cidades as calçadas as ciclovias ou seja há outros espaços considerados um contraponto a esse paradigma da cidade para carros surgem focos de resistência aos modelos tradicionais de urbanismo no sentido de perceber a cidade de forma mais próxima sem a armadura que o carro cria ou a velocidade da motocicleta que impedem de observar a cidade em seus detalhes Temos então a ascenção de projetos nesse sentido que buscam o caminhar o pedalar o andar de skate O estudo nacional Como anda detectou que os projetos que buscam o deslocamento ativo nas cidades nascem de maneira descentralizada de forma mais intensa a partir de 2013 E atuam no sentido de incentivar o deslocamento por meios não motorizados a pé de bicicleta por via do skate dentre outros Segundo Santana 2013 p 38 o uso da bicicleta vem se constituindo uma alternativa eficaz quando se há um desenvolvimento espacial político cultural e educacional eficiente e concreto em torno da mesma Longe de ser somente uma opção de lazer a bicicleta ganha cada vez mais destaque como meio de transporte associado a pratica corporal e a saúde e o poder público em diversos lugares começa a ficar atento para essa realidade ANDRADE 2014 Ainda conforme Andrade 2014 há atualmente no Brasil mais de 60 milhões de bicicletas e a metade delas é usada pela população para ir ao trabalho Segundo o relatório do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana SIMU divulgado pela Associação Nacional de Transportes Públicos ANTP com dados comparativos entre 2003 e 2014 vemos que em 10 anos o uso da bicicleta no Brasil dobrou Em 2004 o número de viagens realizadas utilizandose desse modal ativo era de 13 bilhão e em 2014 esse número aumentou para 26 bilhões ANTP 2016 As maiores reféns do trânsito são as grandes capitais mas essas já recebem algumas iniciativas Por exemplo as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro contam com um sistema de aluguel de bicicletas A Bike Sampa e Bike Rio resultado da parceria entre as prefeituras e iniciativas privadas Tais projetos vêm atraindo grande número de usuários No Rio de Janeiro a iniciativa aumentou o número de postos e bicicletas para atender à demanda As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 21 Curitiba também está criando alternativas para os ciclistas A cidade onde mais de 55 mil pessoas aderiram à bicicleta como meio de transporte recebe o projeto Via Calma que tem como objetivo criar ciclovias nas principais vias da cidade Os ciclistas estão transitando pelo lado direito das vias em áreas demarcadas Para evitar acidentes a velocidade foi reduzida para 30 km por hora e nos cruzamentos foram instalados Bikeboxes uma área especial de parada para bicicletas nos semáforos como forma de proteger e priorizar o ciclista quando o sinal abre O uso da bicicleta na cidade também é causa de conflitos Na zona leste de São Paulo a inserção de ciclovias incomodou os comerciantes que dizem ter uma queda de 70 nas vendas pela falta de estacionamentos E os ciclistas reclamam a presença de pedestres nas ciclovias GLOBO 2014 Conforme dados do artigo de Andrade 2014 algumas cidades já têm infraestrutura de ciclovias bem desenvolvida como por exemplo Bogotá que possui 359 km de ciclovia Nova York 675 km e Berlim 750 km Em Tóquio e na Holanda 25 dos trajetos são feitos de bicicleta ou seja esses países procuram além das ciclovias outras iniciativas para estimular o uso da bicicleta No Brasil dentre as capitais São Paulo é a que possui a maior malha rodoviária do país 4984 km Seguida por Rio de Janeiro e Brasília respectivamente com 4411 km e 4201 km Porém segundo Caldana o aumento da malha não tem sido feito de forma inteligente sem uma sistemática de planejamento cicloviárioGLOBO 2017 Em Salvador já iniciou um projeto experimental da Secretaria de Cidade Sustentável e Inovação que prevê que servidor municipal que pedalar de casa para o trabalho pelo menos em 15 dias úteis por mês ganhará uma folga mensalFOLHA 2017 Em Paris o Ptit Vélib terceiro maior serviço de compartilhamento de bicicletas do mundo vai oferecer 300 bicicletas de diferentes tamanhos a crianças de 2 a 10 anos de idade No Reino Unido o governo criou um sistema de vendas de bicicleta em parceria empresafuncionário chamado Cycle to Work que oferece valores mais acessíveis e descontos nos impostos para quem usa bicicleta para se deslocar até o trabalho Na Alemanha o projeto é ainda maior Preocupado em reduzir o congestionamento e a poluição o governo alemão pretende trocar carros e caminhões por bicicletas de carga Segundo o portavoz do ministério dos Transportes Birgitta Worringen o projeto é viável porque mais de 75 dos trajetos no país são para cobrir distâncias menores do que dez quilômetros A empresa de As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 22 logística UPS já realiza entregas em seis cidades alemãs usando bicicletas Entretanto o representante da empresa Lars Purkarthofer ressalta que a estrutura no país ainda não é ideal pois as ciclovias são estreitas e em alguns pontos faltam estacionamentos para guardar as bicicletas Essas leis de incentivo além de manter a população mais saudável e diminuir a poluição e os congestionamentos dos grandes centros urbanos chamam atenção para os diferentes benefícios do uso da bicicleta como transporte diário Segundo um estudo realizado em Nova York as vendas das lojas de rua tiveram aumentos de até 49 após a construção de ciclovias pois um ciclista tem menos barreiras para entrar numa loja local já que é mais fácil encontrar um ponto para prender a bicicleta do que estacionar o carro ANDRADE 2014 Outro fator frisado é a questão da segurança Um estudo feito pela Universidade do Colorado em Denver nos Estados Unidos mostra o contrário conforme dados levantados o aumento do número de bicicletas nas estradas reduz o número de acidentes de trânsito e torna o tráfego mais seguro O professor e coautor do estudo Wesley Marshall trabalha com a hipótese de que quando existe um número expressivo de ciclistas na estrada o motorista fica mais atento Portanto cidades com grande volume de ciclistas não são seguras apenas para os ciclistas mas para os carros também KELLY 2014 Assim incentivos ao uso da bicicleta são muito importantes desde que a cidade esteja adequada para comportar os ciclistas No Brasil por exemplo a situação das ruas e avenidas é muito precária O trabalhador quando não está espremido no transporte público está isolado no carro esperando o trânsito seguir Por isso a bicicleta vem se tornando uma importante alternativa onde a sociedade ganha como um todo por ter uma cidade mais humana e saudável e menos congestionada e poluída ANDRADE 2014 Especialistas em trânsito garantem que a construção de ciclovias é uma iniciativa que representa um enorme passo em direção à formação de cidades mais justas inclusivas e democráticas Além da bicicleta visualizamos também outros meios considerados mais radicais de se locomover pela cidade como por exemplo o skate Na última edição do Go Skate Day promovida em Curitiba em junho de 2016 15 mil skatistas ocuparam o centro da capital Mas quem são esses jovens que andam por parques e ruas equilibrandose em uma prancha com rodinhas e resignificam os espaços urbanos Segundo a pesquisa do Instituto DataFolha 2015 11 dos domicílios brasileiros possuem pelo As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 23 menos um morador que pratica ou anda de skate Com maior predominância entre os residentes nas regiões metropolitanas no Sudeste Em todos os locais pesquisados cresce a presença de skatistas Dentre as centenas de pistas espalhadas pelo país a Confederação Brasileira de Skate CBSk fez um ranking para eleger os dez melhores skate parks públicos do Brasil CATRACA LIVRE 2016 Esses espaços oferecem estruturas em que é possível conhecer novas possibilidades de movimento da cultura corporal não convencionais além de proporcionar novas formas de uso dos espaços nas cidades ampliação do acervo motor e desenvolvimento das habilidades motoras pela prática das AFEs Nessa direção em 2014 foi construído em São Paulo o primeiro Centro de Esportes Radicais considerado o maior da América Latina o qual conta com circuitos e pistas para skate Bike BMX patins inline patinete e parkour em 38 mil m² de área em plena Marginal Tietê Conforme relata Chagas 2015 p 325 a partir das experiências do parkour5 os praticantes podem reconhecer a cidade sob diferentes perspectivas além de reconhecer o espaço público como algo de domínio de todos Localizado na região do bairro paulistano Bom Retiro voltado para essas práticas com circuitos e pistas para todas as modalidades esse equipamento público conta ainda com ciclovias pista de caminhada área para shows e playground em local de fácil acesso tornandose assim mais um espaço de lazer e diversão para os paulistanos O acesso ao público é gratuito e os circuitos do Centro de Esportes Radicais atendem desde atletas experientes a jovens iniciantes Com uma área de 650 m² o circuito de parkour do Centro de Esportes Radicais conta com uma série de obstáculos horizontais e verticais de diferentes níveis para que o praticante os transponha utilizando apenas o corpo com técnicas de corrida salto equilíbrio e escalada PREFEITURA DE SÃO PAULO 2016 Em síntese temos no Brasil espaços para AFEs centrados em quadras esportivas as quais determinam práticas corporais tradicionais mas ao mesmo tempo surgem diferentes maneiras de reinventar o cotidiano das cidades com ampliação da cultura corporal do movimento que impõem à gestão pública novos modelos de espaços e equipamentos no meio urbano Vale ressaltar que raramente os desejos dos jovens brasileiros são atendidos principalmente os de baixo poder aquisitivo que em geral moram nas periferias das grandes cidades e não têm acesso a esses espaços e equipamentos diferenciados para AFEs 5 Prática corporal ou disciplina que concilia habilidades naturais como escalar correr saltar andar sobre quatro apoios equilibrarse com o principal objetivo de tornar o corpo mais ágil fluente e eficaz em qualquer espaço possível SERIKAWA 2006 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 24 Nos bairros mais afastados dos grandes centros urbanos brasileiros a problemática dos espaços de lazer pouco qualificados é ainda mais acentuada pois além de serem determinadas as formas de uso os espaços são também precários pouco iluminados o que aumenta a sensação de insegurança e facilita usos ilícitos como o uso de drogas A pesquisa sobre as Praças da Vila Nossa Senhora da Luz localizadas na Cidade Industrial em Curitiba GONÇALVES 2008 ilustra essa fragilidade do esvaziamento em espaços públicos mais distanciados dos grandes centros urbanos O autor fez um estudo detalhado dessa problemática e concluiu que o poder público muitas vezes negligencia bairros mais afastados e investe no núcleo central e econômico das cidades isto é pensa no negócio lucrativo de quem pode pagar e não nas práticas socioculturais consolidadas das comunidades com menos acesso aos bens culturais oferecendo a essas comunidades somente equipamentos poliesportivos e de baixa qualidade Sendo assim há necessidade de repensar o modelo arquitetônico e consequentemente a oferta de espaços públicos destinados às AFEs no Brasil Em 2010 houve certos avanços no planejamento desses espaços com por exemplo a proposição das Praças de Cultura e Esporte6 também chamadas de Centro de Artes e Esporte Unificados CEUs ou ainda Praças do PAC Esses locais objetivam agregar no mesmo espaço físico programas e ações culturais práticas esportivas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioassistenciais PORTAL BRASIL 2012 Os municípios proponentes tinham a possibilidade de seguir os projetos de referência propostos pelo governo federal ou elaborar os próprios porém sem perder sua característica intersetorial Segundo o então secretário executivo do Ministério da Cultura Vitor Ortiz a maior parte dos projetos tem três mil metros quadrados que conta com quadra poliesportiva pista de skate salas de oficinas bibliotecas e uma sala multiuso Figura 8 6 O projeto foi lançado pelo governo federal em 2010 por meio do Programa de Aceleração do Crescimento PAC 2 Um comitê gestor do programa ficou responsável pela seleção dos municípios que deveriam receber as Praças CEU Por meio da parceria entre a União e os municípios 98 unidades já foram concluídas e inauguradas e outras 243 seguem em construção NASCIMENTO 2016 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 25 FIGURA 8 Centro de Artes e Esportes Unificados do Recanto das Emas Distrito Federal FONTE By Agência Brasília CC BY 20 httpcreativecommonsorglicensesby20 via Wikimedia Commons LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileRecantodasEmasterC3A1oprimeiroCentrodeArtes eEsportesUnificadosdoDistritoFederal27718361830jpg Há em políticas como essa um possível caminho para projetos de espaços de lazer de qualidade para os cidadãos No entanto o que vemos efetivado na prática está aquém do proposto inicialmente A estimativa inicial era de que fossem construídas 800 praças entre 2011 e 2014 e no lançamento do projeto 359 municípios haviam concluído o processo de contratação PORTAL BRASIL 2012 Porém em 2016 apenas 98 unidades estavam concluídas e outras 243 estão em construção NASCIMENTO 2016 A preocupação em agregar diversos usos ao mesmo espaço nos leva à reflexão sobre a teoria dos usos principais e combinados de Jane Jacobs 2011 Em suma a autora mostra que a diversificação de uso dos espaços das cidades lhes confere maior potencial de vitalidade pois garante a presença de diferentes pessoas com diferentes objetivos no mesmo horário proporcionando o encontro com o outro Outro aspecto relevante é a questão da abrangência das políticas públicas para a infância e as fases de vida subsequentes Os espaços públicos de lazer destinados exclusivamente às brincadeiras infantis em parques e praças em Curitiba MORO 2012 não são valorizados pelo poder público ficando muitas vezes em segundo plano quanto a questões como acesso acessibilidade manutenção diversidade segurança e desenvolvimento das habilidades motoras básicas Esse As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 26 fato se repete em todas as capitais brasileiras com raríssimas exceções Também foi detectado em outra pesquisa sobre a temática TSCHOKE 2010 que existe um contraste entre centro e periferia das cidades quando se analisa a oferta de equipamentos para a prática de esportes lazer e cultura destinados aos jovens de determinadas regiões urbanas o que dificulta e até mesmo impede a apropriação desses ambientes Figuras 24 e 25 FIGURA 9 Parquinho da Praça Homero Morinobu Oguido periferia de Curitiba Fonte TSCHOKE 2010 FIGURA 10 Parquinho do Parque Passeio Público Centro de Curitiba Fonte MORO 2012 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 27 Ambas as pesquisas ressaltam que os espaços para as experiências no âmbito do lazer infantil e nas demais fases do desenvolvimento humano possuem diversos problemas referentes à organização e infraestrutura que podem influenciar negativamente as vivências lúdicas e claro as AFEs Outros problemas como violência uso abusivo de drogas e escassez de ações efetivas no âmbito de políticas públicas de lazer esporte e cultura tanto municipais e estaduais quanto federal assim como questões relacionadas à gestão e administração dos espaços e equipamentos também foram detectados como fatores inibidores para potencializar as AFEs no meio urbano para jovens MACHADO 2016 A falta de acessibilidade aos espaços e equipamentos de lazer em grande parte dos espaços públicos brasileiros dificulta o acesso de pessoas com mobilidade reduzida inibindo assim a possibilidade de escolha pois restringe a garantia do direito ao lazer esporte e cultura para todos os cidadãos no meio urbano CASSAPIAN 2011 No entanto os dados desses estudos também demonstram que é possível a construção de um senso de responsabilidade coletiva pelo direito ao lazer esporte e cultura no meio urbano a partir das forças sociais as quais possibilitam a construção de elos entre o poder público e os usuários dos espaços públicos Nessas pesquisas destacamse exemplos em que os moradores do entorno de alguns dos espaços de parques e praças em Curitiba uma vez organizados em associações minimizaram a distância entre o poder público e a população ou seja entre a oferta e a demanda no que tange aos anseios da comunidade recriando alguns espaços e transformando outros em obras coletivas FRANÇA 2007 SANTANA 2016 Quando discutimos questões de ordem sociológica referentes ao processo de desenvolvimento social e ambiental ao longo da vida não podemos deixar de contemplar aspectos ligados às diferentes dimensões do conhecimento nessa trajetória Para Leff 2001 p11 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 28 O mundo em que vivemos foi se tornando cada vez mais complexo como resultado da aplicação do conhecimento produzido ao longo da História Dito isso penso que a complexidade ambiental não é ecologização do mundo nem é apenas a incorporação da incerteza do caos e da possibilidade na ordem da natureza como colocou Prigoginel Ela é o entrelaçamento da ordem física biológica e cultural a hibridação entre a economia a tecnologia e a vida É o reconhecimento da outridade e de sentidos culturais diferenciados não só como uma ética mas como uma ontologia do ser plural e diverso Apreender a complexidade ambiental implica um processo de construção coletiva do saber no qual cada pessoa aprende a partir do seu ser particular Portanto ainda com base em Leff 2001 essa variedade de experiências e a interação com o meio nessas fases da vida podem gerar a ampliação da cultura lúdica nas grandes metrópoles e consequentemente melhor convívio social Para Gehl 2013 p 118 se as atividades básicas ligadas aos sentidos e ao aparelho motor humano puderem ocorrer em boas condições outras atividades relacionadas à vida deverão se desdobrar em todas as combinações possíveis na dimensão humana Assim a aquisição das habilidades motoras é relativamente simples a partir do momento que a criança tem a liberdade e o incentivo do meio em que vive para aprender a movimentarse e explorar o mundo ao seu redor Entretanto o que temos notado nas últimas décadas é totalmente o contrário um meio ambiente que proporciona cada vez menos oportunidades motoras devido às transformações urbanas e sociais radicais pelas quais a sociedade tem passado RECHIA LADEWIG 2014 No Gráfico 1 está demonstrado o número de horas trabalhadas pela população no geral apontada em pesquisa pelo IBGE 2015 A exemplo de uma parceria público privada podese citar a que ocorreu com a concessão do Pavilhão de eventos do Parque Barigui Poderia ter rendido muitas vantagens aos cidadãos que fazem uso do parque porém de acordo com Assis 2014 não foi o que ocorreu Apenas uma maquiagem teria sido realizada de forma que necessidades básicas como bebedouros e banheiros adequados não foram sanadas muito menos a diversificação e qualificação das estruturas já existentes no parque Nesse sentido vemos que é possível a coexistência da lógica capitalista que visa ao lucro com os anseios e direitos dos cidadãos como o acesso ao lazer Porém a mediação do Estado sob essa relação deve ser muito próxima a fim de garantir que o coletivo seja priorizado sob o individual e não o contrário As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 29 GRÁFICO 1 Número de horas trabalhadas pela população no geral Fonte IBGE Diretoria de Pesquisas Coordenação de Trabalho e Rendimento Pesquisa Nacional por amostra de Domicilios 2014 2015 Conforme pode ser observado no Gráfico 1 aproximadamente 60 da população trabalha mais de 15 horas por semana e a maioria na faixa de 40 a 44 horas Os pais estão trabalhando mais tempo fora de casa e consequentemente deixando os filhos aos cuidados da escola ou de cuidadores na própria casa inibindo assim o acesso dessas crianças a outros espaços da cidade para praticar AFEs de forma livre e criativa em parques bosques e ruas Considerando essa situação além do problema da falta de segurança que impede em parte as crianças de terem liberdade de sair de casa para brincar sem a supervisão de um adulto não são necessários dados específicos para observar que hoje uma das maneiras mais utilizadas de mantêlas em segurança no espaço privado é utilizando uma babá eletrônica televisão tablet ou videogame O avanço tecnológico tem proporcionado manter as crianças em casa deixandoas mais seguras Por outro lado esse senso de segurança tem trazido sérios problemas de saúde para as crianças Segundo a PNAD IBGE 2009a os casos de obesidade infantil de crianças entre 5 e 9 anos de idade mais do que quadruplicaram nos últimos 20 anos chegando a percentuais de 166 de meninos e 118 de meninas Segundo o Ministério da Saúde SBEM 2016 Porto Alegre é a capital com maior quantidade de pessoas com excesso de peso 554 seguida por Fortaleza 537 e Maceió 531 Já na lista das capitais com menor índice de pessoas com sobrepeso estão São Luís 398 Palmas 403 Teresina 445 e Aracaju As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 30 445 São Paulo apresenta 479 de pessoas com excesso de peso A proporção no Rio de Janeiro é de 496 e no Distrito Federal de 491 Já a capital com mais obesos é Macapá 214 seguida por Porto Alegre 196 Natal 185 e Fortaleza 184 As capitais com menor quantidade de obesos são Palmas 125 Teresina 128 e São Luís 129 Em São Paulo a proporção de obesos é de 155 no Rio de Janeiro o percentual é de 165 e no Distrito Federal os obesos representam 15 da população A obesidade se apresenta como uma epidemia a ser combatida e as AFEs realizadas no tempo e espaço de lazer podem ser um importante meio de reverter essa realidade Ainda de acordo com o Ministério da Saúde SBEM 2016 outro fato preocupante é a conclusão de que o sedentarismo aumenta com a idade Para a Dra Rosana Radominski presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Melabologia o dado agravante é o aumento de mais de 05 do excesso de peso e da obesidade em um ano Isso é alarmante se formos extrapolar os dados para os próximos dez anos alerta a especialista Esses dados revelam que as políticas públicas urbanas no Brasil precisam preparar as cidades para sanar tais problemáticas sociais planejando espaços públicos qualificados que possibilitem às pessoas em processo de envelhecimento a prática de AFEs Uma pesquisa realizada por Gomide 2002 com 825 crianças e adolescentes de Curitiba entre 7 e 17 anos de ambos os sexos revelou uma quantidade de 264 horas semanais em média passadas na frente da televisão no espaço privado Isso representa quase 4 horas diárias vivenciando estaticamente a dimensão lúdica de forma limitada O estudo sobre obesidade infantil ver dados no quadro a seguir concluiu que quanto maior o tempo que as crianças e adolescentes de 5 a 15 anos passavam assistindo à TV maior o IMC HANCOX MILNE POULTON 2004 Um estudo de Hancox Milne e Poulton 2004 que acompanharam o desenvolvimento de 980 crianças a cada 2 anos até completarem 21 anos de idade verificou que 17 dos casos de excesso de peso era consequência de exposição excessiva à TV durante a infância Os autores constataram uma relação entre o ato de assistir à TV e o IMC índice de massa corporal ou seja quanto maior o tempo que as crianças e adolescentes de 5 a 15 anos passavam assistindo à TV maior o IMC um significativo indicador da obesidade e suas relações com problemas de saúde As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 31 Podese então observar uma relação direta entre estilo de vida urbano obesidade e falta de AFEs cotidianas repercutindo na falta de habilidade motora e consequentemente estimulando a entrada em um círculo vicioso a criança não faz atividades motoras por isso ganha peso e fica com a saúde global comprometida e consequentemente não terá prazer em realizar práticas corporais fragilizando sua relação com o meio social e ambiental ao longo da vida Para Gehl 2013 a interação entre saúde e urbanismo é um tópico amplo pois houve na sociedade inúmeras mudanças que levaram a novos desafios nessas áreas O modelo criado não proporciona aos indivíduos a oportunidade natural de exercitar o corpo e gastar energia diariamente O autor ressalta que nos últimos dez anos em países com economias e sociedades similares houve problemas de saúde relacionados a estilo de vida A obesidade tornouse um problema no Canadá na Austrália e na Nova Zelândia e cresce na América Central na Europa e no Oriente Médio No Reino Unido atinge cerca de um quarto da população adulta enquanto que no México e na Arábia Saudita chega a um terço Gehl 2013 p 112 também afirma que o preço da falta de AFES como parte da vida cotidiana é alto pois gera diminuição da qualidade de vida significativo aumento nos custos da saúde e reduz a expectativa de vida Para ele uma resposta lógica e valiosa para esses novos desafios seria o poder público proporcionar oportunidades para exercícios físicos e para algum tipo de autoexpressão E aqui apontamos que investir em praças e parques públicos com equipamentos para crianças jovens adultos e idosos pensados e planejados a partir de estudos e pesquisas pode ser uma saída a essa complicada crise ambiental e social O ponto central é relativamente simples as cidades devem propiciar espaços lúdicos em boas condições para que as crianças caminhem corram parem sentemse observem conversem ouçam sintam a relação com a natureza e tornemse adultos mais ágeis motivados e inteirados com o meio em que vivem e claro em um ambiente saudável e sustentável Para Borja 2003 p 252 Los niños son sujetos de derechos desde su nacimiento y gozan de los mismos derechos que el resto de los ciudadanos Merecen protección apoyo y tutela en algunos supuestos pero nunca discriminación requieran equipamientos espacios públicos y servicios específicos pero no necesariamente separados del resto hay que contar con ellos en la formulación de programas e todo tipo As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 32 Esses compromissos passam por um planejamento urbano adequado Acreditamos que a partir de políticas públicas mais efetivas que busquem rever esses modelos de espaços e equipamentos qualificar os ambientes administrar conjuntamente com a comunidade tendo como meta um equilíbrio entre oferta e demanda preservação e manutenção educação e desenvolvimento lazer e natureza práticas corporais e ludicidade entre outras questões imprescindíveis para o desenvolvimento infantil apontadas nesses estudos terá que ser o caminho Segundo as pesquisas do GEPLEC os espaços de lazer das cidades especialmente os parques e especificamente os espaços destinados às crianças devem contemplar brinquedos que possibilitem desafios e desenvolvimento da cultura lúdica de forma ampla e ofereçam segurança e liberdade para que as crianças explorem o ambiente natural Tais espaços devem também despertar o desejo do encontro de estar com os diferentes de criar e de realizar tarefas motoras básicas como correr saltar arremessar subir descer quicar rebater etc como também contato próximo com elementos da natureza como por exemplo caminhar sobre troncos de árvores com diferentes alturas e espessuras ter contato direto com a água a terra o sol e as dimensões sensoriais despertadas Esses espaços devem ser acessíveis a todos e portanto muito mais inovadores e criativos Haveria assim um equilíbrio maior na relação cidadesujeitonatureza no meio urbano pressuposto básico da racionalidade ambiental defendida por Leff 2001 Conforme já citado anteriormente os parques da cidade francesa de Rennes buscam contemplar esse equilíbrio No Parque de Maurepas há espaços arborizados que oferecem sombra para as crianças que brincam estruturas em boas condições bancos para os adultos se acomodarem enquanto supervisionam os filhos espaços livres e obstáculos Outro exemplo na mesma cidade é o Parque do Thabor que conta com brinquedos com diversidade de formas de uso acessíveis às crianças pequenas com ou sem deficiências garantindo sua autonomia Figuras 11 12 e 13 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 33 FIGURA 11 Modelos de balanço europeu Barcelona Espanha Fonte RECHIA 2009 FIGURA 12 Modelos de escorregador europeu Barcelona Espanha Fonte RECHIA 2009 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 34 FIGURA 13 Modelo de brinquedo europeu brinquedo de sons Barcelona Espanha Fonte RECHIA 2009 No Brasil especificamente em Curitiba também há exemplos de locais em que as áreas infantis são potencializadas e proporcionam uma vida de mais qualidade aos pequenos cidadãos que deles se apropriam No Passeio Público Figura 14 o parque infantil possui boas condições de uso facilidade de supervisão dos adultos integração a elementos naturais e acessibilidade às crianças com ou sem deficiência FIGURA 14 Área infantil do passeio público Curitiba exemplos de brinquedos multifuncionais Fonte MORO 2012 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 35 Espaços como esses são de fundamental importância pois o corpo em movimento é também e talvez fundamentalmente um processo de educação estética de educação das sensibilidades o que pode permitir aos cidadãos urbanos desenvolverem o ato de observar refletir julgar e criticar a degradação ambiental a partir do corpo e do estabelecimento de novos olhares acerca da vida e da realidade No entanto Melo 2004 adverte que não se deve negligenciar que está ocorrendo um claro processo de empobrecimento das sensibilidades e isso tem relação com a redução da capacidade de pensar de se posicionar criticamente e de vivências no espaço público Conscientes de que a sustentabilidade depende de diversos fatores e que o meio urbano é simultaneamente caótico e integrador com suas relações objetivas e subjetivas acreditamos que um dos principais mantenedores dessa possibilidade de ampliar o acervo ambiental e cultural de crianças jovens adultos e idosos para que tenham um estilo de vida sustentável vida longa e saudável é o Estado tendo em vista seu compromisso na tarefa de oferecer educação formal e não formal CONCLUSÃO A HUMANIZAÇÃO DAS CIDADES A PARTIR DAS PRÁTICAS DE AFES Para compreender o fenômeno do espaço de lazer e suas múltiplas facetas é necessário analisar segundo Gomes 2011 a relação próxima com os processos históricos sociais políticos trabalhistas pedagógicos econômicos temporais espaciais ambientais simbólicos entre outros Para tanto a produção científica deve estar atenta às problemáticas citadas ampliando as análises e aprofundando os estudos e as pesquisas A pesquisa e a produção de conhecimentos sobre o lazer na América Latina estão ainda centradas No empirismo e na dimensão técnica da recreação em detrimento de fundamentos sociais históricos políticos e culturais entre outros Em geral esses aspectos vêm sendo sistematizados no campo de estudos acadêmicos sobre o lazer que é tratado como mais abrangente do que a recreação seja no Brasil ou em outros países do mundo Muitas vezes destacase a importância de se repensar criticamente estes aspectos pois os problemas sociais políticos e econômicos que marcam a região latinoamericana precisam ser enfrentados de modo urgente ao invés de serem simplesmente disfarçados ou amenizados por programas recreativos GOMES 2011 p 122 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 36 No plano concreto de ação vimos como exemplo de interrelação lazer espaço públicocidadão o elevado Presidente João Goulart em São Paulo muito conhecido como Minhocão7 Figura 15 Essa avenida fica interditada para veículos motorizados das 13 horas do sábado até as 6h30 da segundafeira a fim de resguardar a qualidade de vida dos moradores dos prédios do entorno Com a interdição para os carros ciclistas adultos e crianças e corredores foram se apropriando do local e aos poucos transformandoo em um espaço de lazer FIGURA 15 Elevado Presidente João Goulart Fonte By Lukaaz Own work CC BY 30 httpcreativecommonsorglicensesby30 or GFDL httpwwwgnuorgcopyleftfdlhtml via Wikimedia Commons LINK httpsuploadwikimediaorgwikipediacommonsaa3MinhocC3A3o ElevadoPresidenteCostaeSilvaJPG De acordo com a reportagem da Revista Galileu GALASTRI 2016 muito se fala da demolição dessa via em razão da desvalorização comercial dos imóveis da região Porém há movimentos sociais que defendem a formalização desse espaço como área de lazer para transformálo em um parque Entre o centro e a periferia das grandes cidades há diferenças nos quesitos manutenção segurança acesso e acessibilidade dos ambientes de lazer o que gera a apropriação de alguns e o esvaziamento de outros desrespeitando a máxima de que todos os espaços de lazer devem ser qualificados para potencializar o uso contínuo independentemente da área da cidade em que estejam localizados 7 Construído em 1970 pelo então prefeito Paulo Maluf o Elevado Presidente João Goulart nomeado anteriormente de Elevado Presidente Costa e Silva e popularmente conhecido como Minhocão começa no bairro de Perdizes na Zona Oeste da cidade e vai até a Praça Roosevelt no centro Com 34 quilômetros de extensão faz parte da ligação lesteoeste e passa sobre a Rua Amaral Gurgel e a Avenida São João As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 37 Em muitas cidades nos fins de semana principalmente aos domingos as ruas são abertas para o trânsito de pessoas em campanhas para desenvolver a cultura lúdicacorporal do movimento O domingo é um bom dia por dois motivos o tráfego de carros é reduzido e as pessoas normalmente têm mais tempo para se exercitar e experimentar GEHL 2013 por isso iniciativas como essas embora não bastem são bemvindas Em relação à infância a carência de incentivo do poder público para experiências significativas no âmbito do lazer para essa fase da vida tanto em relação à falta de equipamentos quanto à falta de espaços adequados o que pode influenciar a obtenção de hábitos em todo o percurso da vida Percebese ainda uma conexão entre algumas regiões mais valorizadas da cidade principais pontos turísticos e áreas de lazer o que pode estar relacionado com a ideia do citymarketing Para Sánchez 1997 p 270 os lugares públicos funcionam como se fossem vitrines idealizados para servirem de cenários de uma sociabilidade forçada uma estetização das relações sociais fazendo parte da cidade espetáculo Os projetos dos espaços públicos da cidade espetáculo fabricam na realidade uma identidade fake e celebram uma antimemória coletiva e uma imaginação na lógica redutora ao idêntico que esconde as marcas do tempo reprime as metamorfoses do espaço Esses espaços emblemáticos das cidades constituemse muitas vezes em uma marca identitária8 Dessa forma segundo as pesquisas a partir dessa marca da cidadeespetáculo o cidadão sentese pertencente a esses locais e mostrase satisfeito com suas características mas ainda participa pouco das tomadas de decisões referentes aos espaços e equipamentos públicos de lazer Considerando os benefícios e as transformações sociais que os espaços e equipamentos públicos de lazer podem proporcionar observase que quanto mais experiências significativas esses ambientes oferecerem maior será a probabilidade de serem frequentados e para que isso ocorra é preciso haver manutenção segurança opções diversificadas de atividades equipamentos e acessibilidade dentre outras características 8 Aqui a definição marca identitária é utilizada no sentido dado por Yázigi 2001 p 49 que entende a ideia identitária de um lugar como uma diferenciação espacial que reúna um conjunto de características fundamentada na geografia física em suas instituições sua vida econômica social e cultural com destaque para a paisagem construída Tratase de um fenômeno total não reduzível a uma única propriedade sob o risco de perda de seu caráter a identidade regional é acentuada pela natureza e a identidade local por todas as formas de construção arquitetônicourbanístico com tudo que comportam em si As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 38 Essa discussão remete à importância da participação da comunidade na hora de projetar desenvolver ou implantar programas de lazer e esporte em espaços públicos das cidades inclusive no que tange às questões orçamentárias Alguns problemas identificados nas pesquisas analisadas são o vazio a desapropriação e até mesmo a depredação dos locais Um dos motivos desses possíveis problemas está provavelmente no fato de que grande parte da população ainda não compreende o lazer como um direito social e o espaço público como seu Além disso pesquisas analisadas mostraram que quando a comunidade coparticipa da gestão dos espaços públicos a partir da organização coletiva cuida reivindica e busca seus direitos Identificase que os espaços públicos destinados às experiências no âmbito do lazer quando bem planejados com estrutura diversificada com boa manutenção e com a coparticipação comunitária tornamse atrativos ao uso O que comprova a importância da beleza do lugar não como um luxo mas segundo Borja 2003 como justiça democrática Assim investir na beleza do lugar a partir de cenários pensados e planejados pode potencializar o uso comunitário agradável e seguro desses ambientes gerando portanto uma vida de qualidade nas grandes cidades Compreendemos que uma vida de qualidade está sustentada em grande medida em direitos sociais imprescindíveis como saúde educação moradia saneamento básico entre outros como esporte lazer e cultura já garantidos pela constituição brasileira Tais direitos devem equilibrarse entre perspectivas objetivas e subjetivas da vida cotidiana No âmbito subjetivo uma vida de qualidade é ter o desejo de apropriarse de lugares adequados entendido como locais de descanso e reequilíbrio os quais devem estimular e desenvolver a potência humana Pensar numa cidade de qualidade remete a muitos fatores grande parte já citada neste estudo No tocante ao espaço citadino e ao lazer Gehl 2013 p158 aponta a questão de criar cidades vivas e saudáveis Para que isso se efetive é preciso o convite para que as pessoas se expressem joguem ou se exercitem no espaço urbano O autor ainda comenta as novas instalações do brincar eou boas cidades para o dia a dia confirmando que equipamentos e instalações para jogos e muitos tipos diferentes de academias esportivas pistas de caminhada de skate e parques temáticos ambiciosos com desafios físicos têm sido criado para crianças e entusiastas do esporte p 161 Todavia Gehl destaca a necessidade de garantir a qualidade e condições para caminhar e pedalar nas cidades para todas as horas e dias do ano As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 39 Se a discussão é proporcionar vida de qualidade é preciso haver espaços atrativos de qualidade que atendam a diferentes faixas etárias e estimulem as práticas corporais a criatividade e as atividades culturais Nesse sentido tornase de grande relevância social identificar por meio de estudos e pesquisas as características estruturais e culturais dos espaços e equipamentos para a prática de AFES de lazer para o estabelecimento de políticas públicas que efetivem tal direito e consequentemente o direito à cidade mais humanizada no Brasil Fazse necessário a luta para a conscientização da população por meio uma atuação mais intensa de órgãos das prefeituras como as Secretarias responsáveis pelas políticas públicas de esporte e lazer de que o espaço público não é terra de ninguém mas sim de todos Além disso é imprescindível o planejamento a manutenção e a gestão dos espaços e equipamentos para oferecer e estimular a prática da cultura corporal do movimento nos parques praças e ruas das cidades Sugerese para futuros estudos o acompanhamento dos processos de construções e revitalizações dos espaços públicos e a comparação entre diversos locais os quais possam gerar diagnósticos mais aprofundados das implicações desses ambientes para uma vida de qualidade nos centros urbanos no que tange à gestão dos espaços públicos para as práticas de Atividades Físicas Esportivas e consequentemente para a humanização das cidades As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTP Associação Nacional de Transporte Público Sistema de Informações da Mobilidade Urbana Relatório Comparativo 20032014 Sistema da informação em Mobilidade Urbana 2016 Disponível em httpfilesantporgbr201693sistemasinformacaomobilidade comparativo20032014pdf AMARAL S C F do Políticas públicas de lazer e participação cidadã entendendo o estudo de caso de Porto Alegre Campinas sn 2002 Tese de Doutorado ANDRADE W Incentivo ao uso da bicicleta uma tendência mundial 2014 Disponível em httpsustentarquicombrurbanismopaisagismoincentivoaouso dabicicletaumatendenciamundial Acesso em 21 nov 2016 ASSIS T S de A privatização no Parque Barigui possíveis influências na apropriação dos espaços e equipamentos de lazer 2014 Dissertação Mestrado em Educação Física Universidade Federal do Paraná Curitiba 2014 BAUMAN Z Identidade entrevista a Benedetto Vecchi Rio de Janeiro Zahar 2005 BORJA J La cuidad conquistada Madrid Alianza Editorial 2003 BRAMANTE A C Recreação e lazer o futuro em nossas mãos In GEBARA A MOREIRA W Org Educação Física e Esportes perspectivas do século XXI Campinas Papirus 1992 BRAMANTE A C Lazer concepções e significados Revista Licere do Centro de Estudos de Lazer e Recreação Belo Horizonte UFMG v 1 n 1 1998 CASSAPIAN M R Da cidade planejada ao lazer para todos as experiências no âmbito do lazer vividas pelos cadeirantes do grupo A união faz a força 2011 163 f Dissertação Mestrado em Educação Física Setor de Ciências Biológicas Universidade Federal do Paraná Curitiba 2011 CATRACA LIVRE Conheça as 10 melhores pistas de skate do Brasil 14 jan 2016 Disponível em httpsmovimentesecatracalivrecombrgeralqualidadede vidaindicacaoconhecaas10melhorespistasdeskatedobrasil Acesso em 6 dez 2016 CERTEAU M de A invenção do cotidiano Petrópoles RJ Vozes 1995 1 Artes de fazer As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 41 CHAGAS R Parkouritiba conexão entre corpo cidade e espaço Monografia Graduação em Educação Física Universidade Federal do Paraná Curitiba 2014 CERTEAU M A invenção do cotidiano Petrópoles RJ Vozes 1996 2 morar e cozinhar COSTA L C L R Participação popular e transformação do espaço a área de lazer Jardim Leblon Belo Horizonte Minas Gerais 2010 167 f Dissertação Mestrado em Lazer Escola de Educação Física Fisioterapia e Terapia Ocupacional Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2010 FOLHA Servidor que pedalar até o trabalho vai ganhar folga mensal em Salvador 2017 Disponível em httpwww1folhauolcombrcotidiano2017021857055 servidorquepedalarateotrabalhovaiganharfolgamensalemsalvadorshtml GALASTRI L Associação quer transformar o Minhocão em um parque Revista Galileu Disponível em httprevistagalileuglobocomRevistaCommon0EMI3412691777000 ASSOCIACAOQUERTRANSFORMAROMINHOCAOEMUMPARQUEhtml Acesso em 6 dez 2016 GARCIA R C Avaliação de Ações Governamentais pontos para um começo de conversa Brasília IPEACENDEC out 1997 GEHL J Cidades para as pessoas Tradução Anita Di Marco São Paulo Perspectiva 2013 GLOBO Faixas exclusivas para bicicletas causam polêmica em São Paulo 2014 Disponível em httpg1globocombomdiabrasilnoticia201409faixasexclusivas parabicicletascausampolemicaemsaopaulohtml GOMES C Pesquisas e produção de conhecimentos sobre o lazer na América Latina diagnóstico e perspectiva In MIRTES L P Lazer turismo e hospitalidade desafios para cidades sede e subsede de megaeventos esportivos Brasília Ideal 2011 GOMIDE P I C Crianças e adolescentes em frente à TV o que e quanto assistem de televisão Psicologia Argumento Curitiba v 19 n 30 p 1728 2002 GONÇALVES F S Espaços e equipamentos de lazer da Vila Nossa Senhora da Luz suas formas de apropriação no tempo espaço de lazer 2008 Dissertação Mestrado em Educação Física Setor de Ciências Biológicas Universidade Federal do Paraná Curitiba 2008 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 42 GONZAGA F Espaços públicos de lazer no centro de Curitiba a transformação da cidade urbana para cidade humana 20010 102 f Dissertação Mestrado em Educação Física Departamento de Educação Física Universidade Federal do Paraná Curitiba 2010 HANCOX R J MILNE B J POULTON R Association between child and adolescent television viewing and adult health a longitudinal birth cohort study The Lancet v 364 n 9430 p 257262 jul 2004 HARVEY D Condição PósModerna uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural 22 ed São Paulo Loyola 2012 IBGE Censo Demográfico 2000 Pessoas responsáveis pelos domicílios por sexo Disponível em httpibgegovbrhomeestatisticapopulacaoperfildamulhertabela012000shtm Acesso em 28 out 2016 IBGE Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios PNAD 2009a IBGE Pesquisa de Orçamentos Familiares 20082009 POF 2009b IBGE Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Síntese de Indicadores 2014 Rio de Janeiro IBGE 2015 Disponível em httpbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv94935pdf Acesso em 7 dez 2016 JACOBS J Morte e vida de grandes cidades 3 ed São Paulo Martins Fontes 2011 Coleção a KELLY D More cyclists on road mean fewer collisions CU Denver Today 24 jun 2014 Disponível em httpwwwcudenvertodayorgmorecyclistsonroadcan meanlesscollisions Acesso em 7 dez 2016 LAVILLE C DIONNE J A construção do saber Belo Horizonte UFMG 1999 340 p LEFEBVRE H O direito à cidade 5 ed São Paulo Centauro 2001 LEFF E Saber ambiental Petrópolis Vozes 2001 LERNER J Prólogo do livro Cidades para pessoas In GEHL J Cidades para pessoas Tradução Anita Di Marco São Paulo Perspectiva 2013 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 43 LUZ A P BASTOS V P A gestão participativa na cidade de São Paulo formulação da política urbana local Anais do XVII Encontro Nacional da Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional SÃO PAULO 22 a 26 de maio de 2017 MACHADO G C O Parque Bacacheri e seus arranjos sociais a relação entre o lazer e o uso da maconha Dissertação Mestrado em Educação Física Universidade Federa do Paraná Curitiba 2016 MAGNANI J G C Festa no pedaço cultura popular e lazer na cidade São Paulo Hucitec UNESP 2002 MARCELLINO N C Lazer concepções e significados In LICERE v1 n1 Setembro Belo Horizonte 1998 MASCARENHAS F Lazer e utopia limites e possibilidades de ação política Movimento Porto Alegre v11 n3 p155182 setdez de 2005 MASCARENHAS G Megaeventos esportivos papel das ciências do esporte Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte 17 e Congresso Internacional de Ciências do Esporte 4 Porto Alegre 2011 MATIELLO A M A sustentabilidade no planejamento e gestão de parques urbanos em Curitiba PR uma questão de paradigma Dissertação de mestrado UFSC Florianóplis 2001 MELO V A ALVES JÚNIOR E D Animação cultural conceitos In Introdução ao Lazer São Paulo Manole 2003 MELO V A Animação cultural In GOMES C L Org Dicionário Crítico do Lazer Belo Horizonte Autêntica 2004 p 1214 MOORE R The 10 best parks The Guardian 7 Aug 2015 Disponível em httpswwwtheguardiancomculture2015aug0710bestparksurbangreen spaceshighlinenewyorkhampsteadlondonparkguellbarcelona Acesso em 5 dez 2016 MORO L Conhecendo os parques de Curitiba e seus espaços públicos destinados às brincadeiras infantis 2012 148 f Dissertação Mestrado em Educação Física Setor de Ciências Biológicas Universidade Federal do Paraná Curitiba 2012 MORO L RECHIA S STRESSER T Conhecendo os parques públicos de Curitiba e seus espaços destinados às brincadeiras infantis um panorama geral Revista Pensar a Prática Belo Horizonte v 17 n 4 2014 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 44 NASCIMENTO L C Z 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R T B A escola pública e o lazer impasses e perspectivas In Padilha Valquíria orgs Dialética do lazer São Paulo Cortez 2006 POL E La apropriación del espacio cognición representación y apropriación del espacio Colleció Monografies PsicoSocio Ambientals 9 Publications Universitat de Barcelona Barcelona 1996 p 4562 PORTAL BRASIL Seminário promovido pelo governo federal apresenta projeto Praça dos Esportes e da Cultura 2012 Disponível em httpwwwbrasilgovbrcultura201206seminariopromovidopelogoverno federalapresentaprojetopracadosesportesedacultura Acesso em 21 nov 2016 PREFEITURA DE SÃO PAULO Bom Retiro ganha o primeiro Centro de Esportes Radicais 2016 Disponível em httpwwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasregionaissenoticiasp65101 RECHIA S Parques públicos de Curitiba a relação cidadenatureza nas experiências de lazer 2003 Tese Doutorado em Educação Física Faculdade de Educação Física Universidade Estadual de Campinas 2003 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de 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dourado e a realidade mais cruel In MARCELLINO N C Org Legados de megaeventos esportivos Campinas Papirus 2013 RECHIA S TSCHOKE A O lazer das crianças no bairro Uberaba em Curitiba a dialética entre os espaços de lazer e a problemática urbana na periferia Revista Brasileira de Ciências do Esporte v34 p01 2012 RECHIA S TSCHOKE A VIEIRA F G L Os espaços de lazer de Curitiba entre o colorido do centro e o preto e branco da periferia Revista Mineira de Educação Física Viçosa Edição Especial n 1 p 18041812 2012 ROLNIK R O que é cidade São Paulo Brasiliense 2004 SÁNCHEZ F E Cidade espetáculo política planejamento e city marketing Curitiba Palavra 1997 SÁNCHEZ F A reinvenção das cidades para um mercado mundial Chapecó Argos 2003 SANTANA D T Concepção e planejamento de áreas infantis de parques públicos da cidade de Rennes França 2013 Monografia Graduação em Licenciatura em Educação Física Universidade Federal do Paraná Curitiba 2013 SANTANA D T Praça de Bolso do Ciclista de CuritibaPR idealização cotidiano e o uso da bicicleta como forma de contestação 2016 Dissertação Mestrado em Educação Física Universidade Federal do Paraná Curitiba 2016 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 46 SANTOS M Território e Sociedade entrevista com Milton Santos 2 ed São Paulo Fundação Perseu Abramo 2001 SANTOS M Por uma outra globalização do pensamento único à consciência universal Rio de Janeiro Record 2002 SANTOS M O mundo global visto do lado de cá Documentário Produção de Silvio Tendler Caliban Produções Cinematográficas 2006 90 min DVD Ntsc son color SANTOS M A natureza do espaço técnicas e tempo razão e emoção 4 ed São Paulo Edusp 2008 SAYRE N E GALLAGHER J D The Young Child and the Environment issues related to health nutrition safety and physical activity Allyn and Bacon 2000 SBEM Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Números da Obesidade no Brasil Disponível em httpwwwendocrinoorgbrnumerosda obesidadenobrasil Acesso em 5 nov 2016 SERIKAWA C A força de membros inferiores em estudantes do ensino médio praticantes de Le Parkour 2006 Trabalho de Conclusão de Curso Faculdades Integradas de Santo André FEFISA Santo André 2006 SILVA Rui Marcos Teodósio Fatores condicionantes da escolha do modo de transporte e do local de consumo de pessoas de baixa renda 2007 Dissertação Mestrado em Engenharia de Transportes Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2007 SILVEIRA A C C Um olhar sobre a política urbana de Belo Horizonte há espaço para o lazer dentro do planejamento urbano 2010 132 f Dissertação Mestrado em Lazer Escola de Educação Física Fisioterapia e Terapia Ocupacional Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2010 SMOLKA A L B O impróprio e o impertinente na apropriação das práticas sociais Caderno Cedes Campinas v 20 n 50 abr 2000 SOUZA Eduardo Dez dicas para melhorar os espaços públicos das cidades Brasil ArchDaily 2012 Disponível em httpwwwarchdailycombrbr01 79108dezdicasparamelhorarosespacospublicosdascidades Acesso em 21 nov 2016 STIGGER Marco Paulo Esporte lazer e estilos de vida um estudo etnográfico SP Editora dos Autores Associados 2002 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 47 TOKUYOCHI J H Futebol de rua uma rede de sociabilidade 2006 160 f Dissertação Mestrado em Educação Física Programa de Pósgraduação em Educação Física Universidade de São Paulo São Paulo 2006 TONUCCI F La ciudad de los niños un modo nuevo de pensar la ciudad Madrid Fundación Germán Sánchez Ruipérez 1997 TOURAINE A Poderemos viver juntos iguais e diferentes Tradução de Jaime A Clasen e Ephraim F Alves Petrópolis Vozes 1998 TSCHOKE A Lazer na infância possibilidades e limites para vivência do lazer em espaços públicos na periferia de CuritibaParaná 2010 99 f Dissertação Mestrado em Educação Física Setor de Ciências Biológicas Universidade Federal do Paraná Curitiba 2010 TUAN Y Espaço e Lugar a perspectiva da experiência Tradução de Lívia de Oliveira São Paulo Difel 1983 VIEIRA F G L Espaços públicos de lazer no centro de Curitiba a transformação da cidade urbana para cidade humana 2010 96 f Dissertação Mestrado em Educação Física Setor de Ciências Biológicas Universidade Federal do Paraná Curitiba 2010 YÁZIGI E A alma do lugar turismo planejamento e cotidiano São Paulo Contexto 2001
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ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTIVAS E AS CIDADES Simone Rechia As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 2 1 A Cidade A cidade como paisagem artificial criada pelo homem é um mundo de ruas casas edifícios parques praças avenidas num misto entre espaço natural e criado formada por objetos e imagens movimentada pela dinâmica entre vida pública e privada onde se articulam tempoespaço política trabalho cultura consumo lazer entre outras dimensões Portanto o cotidiano das sociedades urbanas gira em torno de objetos fixos naturais ou criados aos quais fazem parte o trabalho e o lazer cruzados por fluxos de pessoas produtos mercadorias e ideias diversos em volume intensidade ritmo duração e sentido As grandes cidades contemporâneas constituemse em um denso espaço com funções diversas por meio das quais se estabelecem múltiplas práticas sociais Santos 2002 ressalta que as cidades se distinguem entre si justamente por objetos fixos e fluxos os quais conferem significação para os moradores Sendo assim para compreender a cidade não apenas como um grande objeto mas como produto obra e um modo de vida fazse necessário analisar as interfaces entre fixos e fluxos que combinados caracterizam cada formação social ou seja compreender a relação entre as estruturas físicas e as relações sociais que delas derivam Nessa perspectiva a problemática central que será abordada está pautada no seguinte questionamento As cidades brasileiras possuem espaços de convivência e lugares para experiências urbanas significativas que contribuem para o desenvolvimento humano dos cidadãos entre elas as atividades físicoesportivas Para buscar responder a tal questionamento serão abordadas as seguintes questões Quais elementos contribuem na proposição de políticas de intervenção no setor das AFEs1 considerando o enfoque do desenvolvimento humano como referência Como o tema tem sido abordado no campo acadêmico da área de Educação Física pelo menos nos últimos 10 anos no Brasil Como os espaços e equipamentos para AFEs se constituem em algumas cidades brasileiras Para essa análise partimos dos estudos do GEPLEC2 que adota como objetos de reflexão espaços públicos da cidade de Curitiba especificamente parques praças escolas e centros culturaisesportivos os quais representam 1 Atividades Físicas e Esportivas 2 Grupo de Estudos e Pesquisa em Lazer Espaço e Cidade situado no Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná UFPR As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 3 espaços fixos destinados entre outras coisas a vivências no âmbito do lazer ligadas muitas vezes às AFEs Neste texto o recorte adotado será a relação entre as práticas de AFEs e as cidades O objetivo é destacar a importância desses ambientes e as práticas sociais para a materialidade urbana das cidades os quais associam corpo sustentabilidade ambiental e experiências no âmbito do lazer possibilitando contato direto com a cidade e compondo com outros ambientes públicos a imagem de uma cidade mais humana A sociedade em que vivemos é configurada por características pós industriais com destaque para os avanços tecnológicos e seus desdobramentos que levaram a sensíveis transformações sociais entre elas uma acentuada transformação do meio urbano em que ruas são transformadas em avenidas grandes casarões em shoppings jardins em estacionamentos casas em prédios espaços de convivência em praças de alimentação brincadeiras nas ruas são substituídas por novas tecnologias encontro real pelo virtual natureza pelo concreto parques e praças por playgrounds em condomínios fechados infância pela vida adulta lazer pelo trabalho entre outras inúmeras transformações e substituições que têm gerado grandes problemas de sustentabilidade ambiental e social Conforme descreve Tonucci 1997 p 22 Todo ha cambiado en el curso de pocas décadas Ha habido una transformación tremenda rápida total como nunca antes se viera en nuestra sociedad al menos en ningún documento de la historia escrita Por una parte la ciudad ha perdido sus características se ha vuelto peligrosa y hostil por otra han surgido los verdes los ecologistas los defensores de los animales reivindicando el verde y el bosque En las últimas décadas y de manera clamorosa en los últimos cincuenta años la ciudad nacida como lugar de encuentro y de intercambio ha descubierto el valor comercial del espacio y ha trastornado todos los conceptos de equilibrio de bienestar y de convivencia para cultivar sólo programas a fin de obtener beneficios Os reflexos dessas transformações estão em diferentes dimensões da vida humana Aqui especificamente serão abordadas as influências de tais problemas no tempoespaço de lazer no meio urbano para a fruição da cultura corporal do As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 4 movimento e consequentemente para um pleno desenvolvimento humano da infância ao envelhecimento Compreendemos o lazer como uma dimensão da vida e portanto um fenômeno sociocultural amplo e complexo historicamente mutável central para a análise da sociedade o qual envolve questões identitárias políticas de sociabilidade e desenvolvimento dos sujeitos numa perspectiva orgânica e processual o que implica a análise de três polos distintos porém complementares espaço tempo e ludicidade potencializados nos ambientes públicos urbanos Presente como um dos direitos sociais o lazer está previsto no artigo 6º da Constituição brasileira de 1988 e dispõe que são direitos sociais a educação a saúde a alimentação o trabalho a moradia o lazer a segurança a previdência social a proteção à maternidade e à infância a assistência aos desamparados na forma desta Constituição BRASIL 1988 Sendo o Brasil um Estado democrático de direito e o lazer entendido desta forma sua amplitude deve alcançar todo território e ser extensivo a todos os cidadãos Neste sentido Marcelino 1995 aponta que a ação democratizadora precisa abranger além da construção de novos equipamentos em locais adequados e acessíveis a luta pela mudança da mentalidade na utilização dos equipamentos não específicos e a busca da participação da população na defesa do seu patrimônio ambiental urbano o que implica em preservar o espaço revitalizar construções e manter a riqueza da paisagem urbana podendo significar inclusive um elemento que se contraponha à homogeneidade cultural tão presente na vida dos habitantes das cidades em si mesmas os grandes espaços para a prática democrática do lazer MARCELINO 1995 p62 O lazer como um dos direitos sociais está ligado ao conceito de cidadania atrelado ao uso democrático dos seus espaços de lazer Assim para compreender a conexão entre cidade e lazer como representação universal de pessoas emancipadas e autônomas requer compreendêlo como um direito a ser conquistado Para oportunizar qualificar e viver experiências no âmbito do lazer nas cidades fazse necessário um processo constante de lutas em um esforço de todos para garantir a plenitude da vida a partir da efetivação desse direito social que transita As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 5 entre sonhar com uma vida que contemple espaço e tempo para essa experiência e a triste realidade da precarização do mundo do trabalho que muitas vezes não permite tal efetivação Quanto aos cidadãos e a relação com a cidade vale ressaltar que o direito ao lazer mantémse a partir do diálogo da parceria do interesse da luta do pacto entre direitos e deveres entre cidade e cidadão visando o conviver nos grandes centros urbanos Para tanto deve haver mútua confiança entre gestão pública e cidadãos para que possamos de fato passar desse sonho à realidade A partir desses pressupostos o foco central da discussão será apontar que existe uma conexão entre cultura corporal do movimento lazer e meio ambiente e que um desequilíbrio nesse tripé e também uma falta de valorização pelos recursos naturais do planeta poderá alterar a nossa relação sustentável com o meio social e natural nas grandes cidades Nessa direção o conceito de Sustentabilidade Ambiental tal como aplicado às cidades é amplo Para Gehl 2013 p 105 O consumo de energia e as emissões dos edifícios são apenas uma das suas preocupações Outros fatores cruciais são a atividade industrial o fornecimento de energia e o gerenciamento de água esgoto e transporte Transporte é um item particularmente relevante na contabilidade verde porque é responsável por um consumo massivo de energia pelas consequentes emissões de carbono e pela pesada poluição Ainda conforme Gehl 2013 p 105 Sustentabilidade Social é um conceito também amplo e desafiador pois Parte do seu foco é dar aos vários grupos da sociedade oportunidades iguais de acesso ao espaço público e também de se movimentar pela cidade Também tem uma importante dimensão democrática que prioriza acessos iguais para que encontremos outras pessoas no espaço público Um prérequisito geral é um espaço público bem acessível convidativo que sirva como cenário atraente para encontros organizados ou informais O discurso da sustentabilidade admite várias interpretações que correspondem a visões interesses e estratégias alternativas de desenvolvimento Leff 2001 p 319 pondera que por um lado as políticas neoliberais estão levando a capitalizar a natureza a ética e a cultura por outro os princípios de racionalidade As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 6 ambiental estão gerando novos projetos sociais fundados na reapropriação da natureza na resignificação das identidades individuais e coletivas e na renovação dos valores do humanismo Para se alcançar um razoável equilíbrio entre essas dimensões o planejamento urbano das cidades deve avançar e extrapolar a ideia de apenas construir estruturas físicas Para Gehl 2013 p 105 se o desafio é reinventar as cidades para que funcionem os esforços devem concentrarse em todos os aspectos do ambiente físico e das instituições sociais aos aspectos culturais menos óbvios que contemplam a forma como percebemos os bairros individuais e as sociedades urbanas Acreditamos que investir na potência das AFEs como um aspecto da cultura vivenciada em ambientes naturais preservados no meio urbano possa ser uma das saídas para essa complexa relação entre reapropriação da natureza resignificação das identidades individuais e coletivas e valores do humanismo LEFF 2001 Para reforçar essa ideia de uma cidade mais humana Lerner 2013 p XII no prólogo à edição brasileira do livro Cidade para as Pessoas salienta que se a vida como disse Vinicius de Moraes é a arte do encontro a cidade é o cenário desse encontro encontro das pessoas espaço de trocas que alimentam a centelha criativa do gênio humano Encontro deve se traduzir em qualquer momento de convivência com a cidade seja no trabalho no transporte e também no lazer Se as possibilidades desses encontros forem alteradas e deixada em segundo plano a dimensão humana e cultural essência do fenômeno lazer nos distanciamos de nós mesmos do outro da natureza e da busca por uma cidade melhor para todos Afirmamos isso baseados na ideia de Gehl 2013 p 63 de que existe uma conexão direta entre a oferta de melhorias para a vida das pessoas e os comportamentos coletivos para se obter cidades vivas seguras sustentáveis e saudáveis Esse autor salienta que as cidades devem ser mais atraentes que o espaço privado Devem ser acessíveis e abertas a diversidade e a sustentabilidade de modo a pensar nas gerações futuras 11 Atividades Físicas e Esportivas e as cidades conexões possíveis Como relacionar AFEs e cidade Como qualificar os espaços de lazer para tais práticas sociais a partir do olhar ampliado sobre a cidade em que vivemos e suas relações com os bens materiais simbólicos arquitetônicos educacionais acessíveis democráticos e ambientais Os parques das cidades brasileiras são As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 7 adequados para as pessoas São cidades ambientalmente corretas em que perspectiva É possível conectar conhecimentos das ciências sociais e naturais nos estudos e pesquisas sobre lazer e meio ambiente em busca de respostas para a complexidade do mundo atual Um caminho possível para elucidar tais questões seria pensar a cidade e sua arquitetura como produto e obra de uma prática social historicamente determinada relacionada à satisfação das necessidades de reprodução social da família da sociedade e da força de trabalho LEFEBVRE 2001 Porém conforme alerta Soares 2001 p 15 é preciso olhar atentamente para o aparato arquitetônico e material das cidades pois muitas vezes nos revelam uma padronização de atividades para as quais parcela significativa da população é educada a consumir como possibilidade única de colocar o corpo em movimento para além da atividade produtiva do mundo do trabalho Para a autora educação é um processo cultural no qual se está inserido cotidianamente Somos educados por tudo que nos rodeia da palavra à arquitetura de casas escolas prédios ruas e espaços destinados às práticas corporais as quais representam elas mesmas formas específicas de educação Assim uma discussão sobre uma boa cidade ou um bom modelo de espaço público para as AFEs não deve se prender a questões puramente estruturais Permanecer nesse terreno significa cair em certos desencontros e perder de vista o caráter social educacional e ambiental de um planejamento urbano Em outras palavras a produção dos espaços deve representar as práticas e valores sociais de cada época de cada bairro e de cada demanda social O que representa uma boa cidade um bom parque um bom espaço infantil para arquitetos e gestores não necessariamente é interpretado da mesma maneira pelos ambientalistas educadores pesquisadores e usuários Muitas vezes os usuários sejam pessoas ou instituições com necessidades experiências e opiniões diferentes sofrem as consequências dessas concepções principalmente ao serem obrigados a conviver com soluções urbanas problemáticas causadas por equívocos em projetos muitas vezes considerados adequados pelos tecnocratas Um exemplo típico dessa problemática é a concessão de uso do pavilhão de eventos do Parque Barigui STRESSER 2014 O projeto não resolveu problemas básicos dos usuários como precariedade dos equipamentos que dão suporte à permanência no local e falta de acesso qualificado às práticas corporais As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 8 Dessa maneira embora a beleza do espaço segundo Borja 2003 não seja um luxo mas um direito indispensável para que se efetive a justiça democrática devese sempre associar as transformações dos espaços aos interesses dos usuários no caso às práticas cotidianas já estabelecidas nos lugares de lazer Pesquisas anteriores sobre o Parque Barigui RECHIA 2003 OLIVEIRA 2009 já descreviam as práticas que ocorriam naquela época no local as condições dos equipamentos e quais demandas os usuários apontavam como necessárias Portanto concluise que as modificações ocorridas pósconcessão não potencializaram as formas de apropriação e até em alguns momentos criaram problemas para os usuários como a passarela construída que fica submersa na água em dias de chuva dificultando a prática da corrida caminhada ou o acesso dos que buscam conhecer o outro lado do parque Assim as mudanças de infraestrutura geradas pela concessão interferiram nas formas de apropriação do parque principalmente no âmbito das práticas corporais Privatizações como essa se tornam arriscadas para a população principalmente para aqueles com menor poder aquisitivo sujeitos a ter cada vez menos acesso aos espaços públicos e bens culturais Vale ressaltar que este estudo também conclui que privatizações como essa poderiam trazer benefícios para a cidade se fossem desenvolvidas para a cidade e não somente para os interesses dos concessionários É necessário que haja critérios mais claros para a efetivação dessas concessões e ampla divulgação e participação popular nesses processos Dessa forma entendese que as obras realizadas pelo poder público ou por concessões ao poder privado muitas vezes são somente maquiagens usadas basicamente para conseguir vender a boa imagem dos ambientes urbanos geralmente deixando os desejos do cidadão em segundo plano Para que haja uma conexão possível entre espaços de lazer cidades e as AFEs é necessário ouvir e respeitar as demandas oriundas do cidadão Mas por onde as políticas públicas urbanas poderiam começar para melhorar o acesso das pessoas ao lazer às AFEs e à cultura Uma das respostas que temos encontrado nas pesquisas realizadas no Brasil seria apostar em cidades mais sustentáveis com estruturas físicas qualificadas e na formação da criança para o desenvolvimento integral do cidadão pois uma infância mais plena pode garantir uma vida adulta também mais plena e um envelhecimento com mais qualidade e consciente no meio urbano As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 9 12 Parques públicos urbanos oportunidade para vivenciar as AFEs A arquitetura e as estruturas dos parques urbanos visam dentre vários motivos oportunizar aos sujeitos diferentes formas de apropriação a partir dos espaços de socialização de ambientes de contemplação de monumentos históricos que podem favorecer o sentimento de pertencimento ao lugar e a prática da cultura corporal do movimento Percebese certo modelo de equipamentos entre os grandes parques urbanos a partir da organização dos espaços que direcionam o usuário para realizar determinadas ações Um artigo publicado em 2015 pelo The Guardian principal jornal do Reino Unido de autoria do crítico de arquitetura Rowan Moore listou os dez melhores parques urbanos do mundo fornecendo informações sobre locais atrativos nos mais diversos países pelo mundo MOORE 2015 O artigo considera o Parque Ibirapuera Figura 1 em São PauloSP Brasil o melhor parque urbano do mundo por conter diversos dos elementos citados como reservas naturais de plantas nativas paisagens que combinou cubismo e inspiração surrealistas além de monumentos como a Oca e o pavilhão de artes da Bienal de São Paulo projetados por Oscar Niemeyer outro grande arquiteto brasileiro A lista ainda é composta com outros parques famosos pelo mundo que possuem estruturas semelhantes como o Buttes Chaumont de Paris Figura 2 o Boboli de Florença Figura 3 a High Line de Nova York Figura 4 Landschaftspark DuisburgNord Alemanha Figura 5 o Hampstead Heath de Londres Park Güell Barcelona Espanha Summer Palace Pequim China Olmsted Parks Buffalo Estados Unidos e Birkenhead Park Merseyside Inglaterra FIGURA 1 Parque Ibirapuera Fonte Wikimedia Commons 2017 LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileParqueIbirapueraOcajpg As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 10 FIGURA 2 ButtesChaumont Paris França Fonte Wikimedia Commons 2017 Link httpscommonswikimediaorgwikiFileTempleofSibylleButtesChaumontParis19ejpg FIGURA 3 Boboli Florença Itália Fonte Wikimedia Commons 2017 LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileBoboliisolottoandromeda02JPG FIGURA 1 High Line Nova York Estados Unidos 2009 Fonte Wikimedia Commons 2017 LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileHighLineParkthenewsecondsectionjpg As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 11 FIGURA 2 Landschaftspark DuisburgNord Alemanha Fonte Wikimedia Commons 2017 Link httpscommonswikimediaorgwikiFileLandschaftsparkDuisburgNord KletterwandErzbunkerjpg Vale ressaltar aqui inspirada nos estudos de Rechia Tschoke e Vieira 2012 que o grande interesse do poder público em manter tais ambientes muitas vezes turísticos deve ser pelos cidadãos que vivem nas cidades A valorização comercial desses espaços das cidades concede a esses ambientes uma preocupação com a manutenção com o intuito de preserválo como um núcleo comercial buscando sempre levar os turistas a ocuparem esses lugares p 56 Porém ao valorizar tais territórios deslocam porção significativa de pessoas para as periferias das cidades Ressaltase que as grandes cidades contemporâneas se constituem densos espaços com funções diversas por meio das quais se estabelecem múltiplas práticas sociais Gehl 2013 destaca que tais práticas sociais podem ser atividades necessárias tendo enfoque de obrigatoriedade atividades opcionais quando existe um desejo em realizálas e atividades sociais atividades em que há necessidade de outras pessoas nos espaços públicos podem ocorrer em vários espaços e devem ser espontâneas O referido autor ressalta ainda que os espaços influenciam esse tipo de atividade e vivência Ou seja os espaços podem influenciar as experiências cotidianas bem como as experiências de lazer dos citadinos Dessa maneira se o espaço público é de pouca qualidade as atividades realizadas dificilmente serão tão potencializadas quanto os espaços mais qualificados modificando as possibilidades de fruição do tempo de lazer e também as relações sociais Portanto a criação de um conjunto de parques praças e centros culturais com certa coerência arquitetônica ou seja um estilo padronizado de conceber espaços dessa natureza gerou dois momentos 1 ambiente urbano singular capaz de estabelecer uma espécie de comunicação imediata com a população o que pode As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 12 ter influenciado uma cultura voltada a vivências no âmbito do lazer em ambientes naturaisou construídos 2 projeção da cidade no cenário nacional e internacional Nessa direção Garcia 1997 ressalta que independentemente do tipo ou modelo de espaços públicos adotados pelas cidades o projeto de modernização do espaço urbano quase sempre incorpora como valor a ética e a estética do lazer Considerase interessante pensar que essas práticas sociais realizadas nos interstícios da vida cotidiana em espaços públicos destinados às vivências lúdicas e práticas corporais e esportivas podem significar certa linha de fuga ao tumultuado meio urbano Da mesma forma essas atividades podem possibilitar a aquisição de novos valores humanos os quais diferem de meras atividades compensatórias funcionalistas e consumistas Elas envolvem pelo menos aparentemente a relação ética com a natureza o convívio um pouco mais harmonioso com a diferença a autonomia e a vivência com a cultura local Podemos inferir que esse projeto de cidade que presevou a natureza inserindo espaços e equipamentos de lazer qualificados foi de fundamental importância pois gerou na população curitibana o amor à cidade o cuidado daquilo que é público ou seja que é de todos Nesses espaços não havia uma apropriação efetiva por parte da comunidade tanto adultos como crianças e isso mostrou que os moradores do entorno não tinham um sentido de pertencimento com os espaços pois além de não participarem da concepção dos equipamentos não contribuíam para a manutenção e segurança do local Isso mostra a necessidade de as lideranças comunitárias incentivarem e mobilizarem a comunidade a cuidar dos espaços e equipamentos e a participarem de fato da manutenção daquilo que é de todos para assim formar uma cidade de qualidade também para todos Uma cidade ambientalmente correta não se resume somente a espaços de habitação de trabalho ou de lazer Habitar trabalhar e viver de forma sustentável implica uma complexa rede de interações sociais e ambientais que integra as diferentes esferas de reprodução e pressupõe uma interação entre a ordem próxima e a ordem distante3 Não há como separálas Segundo Lefebvre 2001 p 47 a 3 Para Lefebvre 2001 p 52 a ordem próxima tem relação com as relações dos indivíduos em grupos mais ou menos amplos mais ou menos organizados e estruturados e as relações estabelecidas entre eles e a ordem distante a ordem da sociedade regida por grandes e poderosas instituições igreja Estado por um código jurídico formalizado ou não por uma cultura por conjuntos significantes As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 13 ordem distante penetra e regula o espaço da vida cotidiana ou seja se projeta na realidade práticosensível da ordem próxima Com estudos do GEPLEC foi possível realizar uma análise mais ampla e ao mesmo tempo verificar questões específicas sobre os espaços urbanos destinados a todas as fases desde a infância ao envelhecimento A princípio pelo fato de haver parques no meio urbano seria possível pensar que as cidades são ambientalmente corretas no entanto mais especificamente ao analisar qualitativamente seus equipamentos constatase que há necessidade de repensar os modelos adotados se a intenção for de fato garantir ao indivíduo em todas as suas fases de vida desde a infância até o envelhecimento os princípios da racionalidade ambiental apontados por Leff 2001 reapropriação da natureza resignificação das identidades individuais e coletivas e valores do humanismo Diante desse contexto discutir os espaços de lazer significa questionar se a cidade que se deseja é sustentável e para todos Essa problemática não pode mais permanecer restrita ao seleto grupo de arquitetos urbanistas e planejadores detentores do saber técnico Podemos citar o exemplo da cidade de São Paulo o qual possui Conselho Participativo Municipal CPM um organismo autônomo composto por conselheiros da sociedade civil de caráter consultivo e representado nas 32 Subprefeituras da Cidade de São Paulo LUZ BASTOS 2017 p 5 o qual apesar das muitas dificuldades de participação de seus mais de 1100 conselheiros continua sendo a forma mais democrática de participação popular Por meio dela os representantes acabam trazendo questões de seus bairros para conhecimento do Poder Público que podem auxiliar e muito no desenvolvimento de propostas a fim de proporcionar benefícios para suas regiões Portanto a pesquisa afirmou que não basta apenas o conhecimento técnico e territorial no desenvolvimento do planejamento e da gestão urbana visto que foi considerado que acima de tudo é preciso entender o contexto urbano a partir dos cidadãos que ali vivem e portanto aliar técnica e vivência para potencializar o conhecimento sobre o território a ser estudado LUZ BASTOS 2017 p 15 A gestão participativa é um problema complexo que impõe discutir o tipo de cidade e sociedade que desejamos Assim um bom espaço de lazer para o desenvolvimento de AFEs deve presumir o direito à cidade à vida urbana ao habitar em seu sentido amplo em que seja dado aos cidadãos urbanos o direito de participar interagir e se desenvolver durante todo o percurso da sua vida e de forma sustentável As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 14 A intenção das pesquisas intervenções políticas e comunitárias sobre esse tema deve investigar como os espaços públicos urbanos destinados às AFEs em diferentes contextos sociais atendem às necessidades das comunidades e como podem potencializar a relação lazermeio ambiente Mesmo que alguns autores brasileiros4 venham demonstrando interesse em discutir as formas de apropriação dos espaços e equipamentos de lazer e suas relações com as políticas públicas novos estudos podem trazer outras contribuições para pesquisas no campo do lazer e a possibilidade de gerar dados aplicáveis ao cotidiano das grandes cidades devido às especificidades a que se propõem e assim contribuir para a formulação de políticas públicas eficazes Os dados revelam que além do Brasil várias cidades do mundo têm problemas ambientais diversos dependendo do nível de desenvolvimento econômico e social Entretanto quanto à dimensão humana seguem quase que o mesmo padrão ou seja o descuido total com tal dimensão e sua relação com a questão ambiental Conforme relata Gehl 2013 p 229 Enquanto o descuido quase extinguiu a vida urbana em alguns países desenvolvidos a pressão de empreendimentos a empurrou para as mais adversas condições em muitos países com economias menos desenvolvidas Nos dois casos tornar viável a vida na cidade exigirá um cuidadoso trabalho com as condições para as pessoas caminharem pedalarem e utilizarem o espaço público Para o autor os pontos centrais para pensar a dimensão humana nas cidades são respeito pelo outro dignidade entusiasmo pela vida e pela cidade como lugar de encontro Tudo isso deve ser iniciado na infância se quisermos um mundo mais sustentável social e ambientalmente para todos Leff 2001 alerta que a vida foi transtornada pela lógica do mercado e pelo poder tecnológico levantando um problema ontológico epistemológico e ético sem precedentes Para reverter esse processo o ambientalista defende a tese de que novas formas de significação do mundo da vida e da natureza originam um mundo onde caibam muitos mundos Também enfatiza que a mudança nunca vem de cima mas de baixo quando há uma autêntica mobilização social p 108 Um bom exercício cidadão para a mobilização social em prol da defesa ambiental seria a apropriação dos espaços de lazer das cidades brasileiras 4 Tais como Amaral 2002 Bramante 1998 Marcellino 1998 Mascarenhas 2005 Pacheco 2006 Stigger 2002 entre outros Já no caso da realidade específica de Curitiba temos Cagnato 2007 França 2007 Gonçalves 2008 Gonzaga 2010 Oliveira 2009 Rechia 2003 Tschoke 2010 entre outros As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 15 Em resumo as pesquisas citadas apontam que até o momento o que existe no Brasil é uma realidade cruel uma conjuntura política intelectual e social que muitas vezes não está conectada com as demandas sociais a partir de políticas urbanas mais efetivas para que seja possível dar de fato aos cidadãos brasileiros a oportunidade e o direito de viver o lazer como um momento essencialmente criativo com potência educativa política e transformadora a partir das AFEs ou outras práticas sociais tão importantes quanto essas Pensar sobre direitos humanos e portanto coletivos sob o prisma de outra globalização que para Milton Santos 2001 pode proporcionar o real acesso à informação e sua difusão com vistas à emancipação humana é possível Porém é necessário que os responsáveis pelas políticas setoriais preparem as cidades para tal e lembremse de que além de todo o aparato para os possíveis negócios devem priorizar também as pessoas que realmente residem nas cidades brasileiras as quais têm direito ao ócio além do negócio 2 Meio ambiente urbano os espaços de lazer e as Atividades Físicas e Esportivas possibilidades para viver em cidades vivas no Brasil Para Lefebvre 2001 p 7798 meio urbano é o ponto de intersecção entre os níveis global representado pelo poder do Estado e dos homens misto que seria o nível urbano representado pela cidade e o particular onde se estabelecem as relações entre o habitat e o habitar do indivíduo A partir desse conjunto de ações e atores sociais podemos perceber o espaço como projeção das relações sociais Inferese que a limitação do espaço ocasionada pelas transformações ambientais e sociais do meio urbano gerou redução dos espaços de lazer especialmente ligados às práticas corporais principalmente para crianças que foram aos poucos se deslocando das ruas e quintais e se consolidando em espaços públicos ou privados de baixa qualidade limitados predeterminados com pouca diversidade e quantidade de oportunidades Tais fatos podem fragilizar as projeções das relações sociais analisadas por Lefebvre Autores já citados neste texto que analisam a constituição dos espaços urbanos ressaltam o desafio de viver em grandes cidades gerado pela complexidade dos fatores sociais econômicos ambientais e políticos que se entrelaçam cotidianamente e geram tensão em nossas vidas As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 16 O meio urbano estaria então para alguns mais voltado a trocas financeiras e econômicas porém muitos sujeitos que vivem nesses centros reivindicam outras demandas de uma cidade como viver com mais qualidade uma cidade viva e pulsante Vale ressaltar que viver com mais qualidade requer aspectos objetivos moradia adequada educação saúde trabalho mobilidade urbana espaços e equipamentos de lazer etc e subjetivos sentimento de segurança e pertencimento possibilidades de diversão consumo reinvenção e produção da cultura respeito à diversidade inclusão sociabilidade entre outros do cotidiano No Brasil no entanto vivemos em cidades com profundas diferenças econômicas culturais e educacionais tornando a efetivação desses aspectos possível somente para alguns geralmente aqueles que podem pagar por isso Nessa perspectiva para Lefebvre 2001 a sociedade atual chegou a um caos que exige a análise efetiva das necessidades que estão além dos imperativos econômicos das normas e dos valores sociais Podemos supor portanto que a crise ambiental e social vivida atualmente nos centros urbanos brasileiros sustentase em níveis diferenciados como resultado de uma série de processos que trazem consigo consequências gravíssimas entre elas doenças psicossomáticas violência solidão consumo exacerbado a lógica do descarte de pessoas e produtos miséria desperdício e outros males urbanos inclusive crescimento populacional em larga escala Na esteira dessa problemática o relatório Perspectivas da Urbanização Mundial da ONU 2014 apresenta as perspectivas de crescimento da urbanização mundial e aponta que atualmente 54 da população mundial vive nas cidades e que cerca de 453 milhões de pessoas vivem em 28 aglomerações urbanas A estimativa para 2050 é de que cerca de 66 da população seja urbana prevendose o maior crescimento nos países da Ásia e África De acordo com Touraine 1998 a partir dessas questões as cidades mundiais estão há muito tempo em um processo de desintegração porém mesmo diante desse cenário e da magnitude dos dados acima que nos revelam um processo complexo há emergência de buscar respostas Já em 1970 Lefebvre anunciava esses fatos e ressaltava que o futuro das sociedades urbanas estava em disputa Para o autor essa disputa transitava entre o domínio do poder público ou do poder privado e o uso da cidade por parte do cidadão pares dialéticos que ajudam a compreender o movimento da sociedade urbana Fica claro assim que a cidade é um processo social envolvido na lógica do desenvolvimento econômico O tempo do não trabalho por exemplo transformase As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 17 em tempo de consumo e não em tempo de vida tornandose muitas vezes palco de práticas econômicas cujo objetivo é viabilizar a circulação do capital e não o encontro entre pessoas Para Lefebvre 2001 esse processo gerou a concepção de espaço como geométrico e vazio a partir do qual tecnocratas passaram a definir estratégias e intervenções à parte das necessidades desejos e práticas sociais Ao contrário o uso do tempo foi fomentado de forma normativa e padronizada das formas de habitar do uso de espaços públicos das maneiras de realizar AFEs das definições dos espaços de circulação de trabalho definindose centralidades específicas No Brasil conforme descreve Alvarez 2015 p 5 no artigo intitulado Cidade em disputa a execução de diferentes planos urbanísticos ao longo das décadas privilegiou as vias de circulação e zoneamento favorecendo as propriedades de elites gerando segregação em alta escala Para a autora no Brasil a separação dos tempos da vida teve e tem caráter profundamente segregador porque a força do trabalho foi compelida a deslocamentos cada vez mais longos e cansativos realizados fundamentalmente para o trabalho A autora questiona Quem da periferia de São Paulo por exemplo pode vir ao centro da cidade em um dia de semana buscar um ingresso gratuito para assistir a uma apresentação no domingo pela manhã na Sala São Paulo Para Bramante 1998 p 9 a vivência do lazer está relacionada diretamente às oportunidades de acesso aos bens culturais Desse modo a distância desses bens pode ser um impeditivo à sua fruição Nos bairros periféricos das cidades em geral moram pessoas com menor poder aquisitivo dessa forma o fator renda exerce forte influência no acesso para a atividade de lazer pois para uma família inteira deslocarse para um determinado local de lazer significará um elevado gasto em tarifa de transporte público SILVA 2007 p 49 Nessa direção ficam também as questões Quem no Brasil tem acesso aos parques e às praças das grandes cidades para realizar AFEs Essas práticas podem ser realizadas nas periferias dos grandes centros urbanos Há espaços para isso Existem políticas públicas efetivas em relação a esse acesso A partir dos dados de pesquisa do GEPLEC verificase que de certa forma as cidades ainda mantêm ambientes propícios para restabelecer e superar esse processo porque a cidade muitas vezes é caótica mas é também lugar de realização da vida lugar de lutas e resistências Uma das brechas nesse tumultuado meio urbano são as práticas de AFEs pois geram espaços de encontro e sociabilidade os quais podem mantêla viva e pulsante As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 18 3 Do desenvolvimento da criança para o desenvolvimento do estilo de vida do cidadão urbano Os parques públicos as praças os centros culturaisesportivos e as escolas nas grandes metrópoles são na sociedade moderna espaços privilegiados para que as pessoas possam ter contato com o lúdico e vivenciálo durante toda a vida Conforme os dados levantados por Moro e sustentados teoricamente em Tuan 1983 que considera o espaço aberto e livre a representação da liberdade diversidade de possibilidades um convite à apropriação e à ação e que ao ser apropriado a partir de experiências significativas é transformado em lugar e se torna parte do sujeito gerando sentido de segurança e representatividade acreditamos que investir em espaços públicos infantis tais como praças bosques parques e escolas é apostar na transformação de espaços abertos e inseguros em lugares sustentáveis ambiental e socialmente para gerações futuras pressuposto básico quando se fala em sustentabilidade além de possibilitar uma vida de qualidade da infância ao envelhecimento em que as AFEs sejam contempladas no tempo da vida Porém para que haja um avanço nessa perspectiva no meio urbano não bastam investimentos somente em espaços públicos de lazer esporte e cultura é preciso pensar também nos espaços lúdicos escolares Conforme aponta Soares 2001 p 1516 no Brasil é dada certa ênfase aos espaços poliesportivos Na arquitetura das escolas brasileiras de ensino Fundamental e Médio mesmo as de estruturas arquitetônicas precárias os espaços destinados às práticas corporais são constituídos por quadras poliesportivas Até mesmo nas que têm arquitetura e equipamentos considerados ideais há quadras Embora a análise reforce a ideia de não haver problemas de a escola ter ou não espaços dessa natureza adverte que fica difícil pensar em práticas corporais diversificadas no meio urbano se na escola essas práticas já estão domesticadas pela cultura do treinamento esportivo e todo o seu aparato científico Talvez por isso aquele passeio num parque ou mesmo nas ruas do bairro onde se vive tornese agora somente exercício e não uma prática social que envolve contato consigo mesmo com o outro e com a natureza no meio urbano A arquitetura dos espaços urbanos tem possibilidade concreta de comunicação e muitas vezes define formas de uso e esse uso pode ser restritivo quando se fala em espaços para AFES urbanas Nesse sentido pode gerar o entendimento de que o uso se materializa somente a partir da prática dos esportes tradicionais voleibol basquetebol futebol handebol pois são esses os indicativos visualizados pelos códigos das linhas demarcatórias do campo tatuados nos As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 19 espaços como pode ser observado nas Figuras 6 e 7 comparando os espaços de uma escola e de uma praça de um mesmo bairro da periferia de Curitiba Tais demarcações espaciais são importantes pois constituem a cultura esportiva do país porém já não contemplam todos os interesses das práticas corporais urbanas FIGURA 6 Parquinho e quadras poliesportivas Escola Maria Marli Piovesan Bairro Uberaba Curitiba Paraná Fonte TSCHOKE 2010 FIGURA 7 Parquinho e quadras poliesportivas Praça do Cairo Bairro Uberaba Curitiba Paraná Fonte TSCHOKE 2010 Dessa maneira essas formas tradicionais de construir estruturas físico esportivas nas cidades muitas vezes organizam também quais AFEs devem ser realizadas nas associações de funcionários de empresas e indústrias nas escolas nas academias nas praças e nos parques Enfim em todos os espaços onde as AFEs serão vivenciadas Dados das pesquisas do GEPLEC revelam que muitas vezes esse fato gera o esvaziamento de tais ambientes no meio urbano pois determina uma forma de uso já superada eou resignificada pelo cidadãos As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 20 Para Jan Gehl 2013 nenhuma criança pede de Natal algo que não conheça e as pessoas nunca vão pedir que sejam feitas em suas cidades melhoras que já não estejam em seu repertório Dessa forma procurase incentivar que as pessoas inicialmente se informem sobre quais possibilidades de qualificação para os espaços desejariam ver concretizadas no meio urbano Nessa direção além das quadras esportivas começamos a visualizar nas cidades as calçadas as ciclovias ou seja há outros espaços considerados um contraponto a esse paradigma da cidade para carros surgem focos de resistência aos modelos tradicionais de urbanismo no sentido de perceber a cidade de forma mais próxima sem a armadura que o carro cria ou a velocidade da motocicleta que impedem de observar a cidade em seus detalhes Temos então a ascenção de projetos nesse sentido que buscam o caminhar o pedalar o andar de skate O estudo nacional Como anda detectou que os projetos que buscam o deslocamento ativo nas cidades nascem de maneira descentralizada de forma mais intensa a partir de 2013 E atuam no sentido de incentivar o deslocamento por meios não motorizados a pé de bicicleta por via do skate dentre outros Segundo Santana 2013 p 38 o uso da bicicleta vem se constituindo uma alternativa eficaz quando se há um desenvolvimento espacial político cultural e educacional eficiente e concreto em torno da mesma Longe de ser somente uma opção de lazer a bicicleta ganha cada vez mais destaque como meio de transporte associado a pratica corporal e a saúde e o poder público em diversos lugares começa a ficar atento para essa realidade ANDRADE 2014 Ainda conforme Andrade 2014 há atualmente no Brasil mais de 60 milhões de bicicletas e a metade delas é usada pela população para ir ao trabalho Segundo o relatório do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana SIMU divulgado pela Associação Nacional de Transportes Públicos ANTP com dados comparativos entre 2003 e 2014 vemos que em 10 anos o uso da bicicleta no Brasil dobrou Em 2004 o número de viagens realizadas utilizandose desse modal ativo era de 13 bilhão e em 2014 esse número aumentou para 26 bilhões ANTP 2016 As maiores reféns do trânsito são as grandes capitais mas essas já recebem algumas iniciativas Por exemplo as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro contam com um sistema de aluguel de bicicletas A Bike Sampa e Bike Rio resultado da parceria entre as prefeituras e iniciativas privadas Tais projetos vêm atraindo grande número de usuários No Rio de Janeiro a iniciativa aumentou o número de postos e bicicletas para atender à demanda As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 21 Curitiba também está criando alternativas para os ciclistas A cidade onde mais de 55 mil pessoas aderiram à bicicleta como meio de transporte recebe o projeto Via Calma que tem como objetivo criar ciclovias nas principais vias da cidade Os ciclistas estão transitando pelo lado direito das vias em áreas demarcadas Para evitar acidentes a velocidade foi reduzida para 30 km por hora e nos cruzamentos foram instalados Bikeboxes uma área especial de parada para bicicletas nos semáforos como forma de proteger e priorizar o ciclista quando o sinal abre O uso da bicicleta na cidade também é causa de conflitos Na zona leste de São Paulo a inserção de ciclovias incomodou os comerciantes que dizem ter uma queda de 70 nas vendas pela falta de estacionamentos E os ciclistas reclamam a presença de pedestres nas ciclovias GLOBO 2014 Conforme dados do artigo de Andrade 2014 algumas cidades já têm infraestrutura de ciclovias bem desenvolvida como por exemplo Bogotá que possui 359 km de ciclovia Nova York 675 km e Berlim 750 km Em Tóquio e na Holanda 25 dos trajetos são feitos de bicicleta ou seja esses países procuram além das ciclovias outras iniciativas para estimular o uso da bicicleta No Brasil dentre as capitais São Paulo é a que possui a maior malha rodoviária do país 4984 km Seguida por Rio de Janeiro e Brasília respectivamente com 4411 km e 4201 km Porém segundo Caldana o aumento da malha não tem sido feito de forma inteligente sem uma sistemática de planejamento cicloviárioGLOBO 2017 Em Salvador já iniciou um projeto experimental da Secretaria de Cidade Sustentável e Inovação que prevê que servidor municipal que pedalar de casa para o trabalho pelo menos em 15 dias úteis por mês ganhará uma folga mensalFOLHA 2017 Em Paris o Ptit Vélib terceiro maior serviço de compartilhamento de bicicletas do mundo vai oferecer 300 bicicletas de diferentes tamanhos a crianças de 2 a 10 anos de idade No Reino Unido o governo criou um sistema de vendas de bicicleta em parceria empresafuncionário chamado Cycle to Work que oferece valores mais acessíveis e descontos nos impostos para quem usa bicicleta para se deslocar até o trabalho Na Alemanha o projeto é ainda maior Preocupado em reduzir o congestionamento e a poluição o governo alemão pretende trocar carros e caminhões por bicicletas de carga Segundo o portavoz do ministério dos Transportes Birgitta Worringen o projeto é viável porque mais de 75 dos trajetos no país são para cobrir distâncias menores do que dez quilômetros A empresa de As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 22 logística UPS já realiza entregas em seis cidades alemãs usando bicicletas Entretanto o representante da empresa Lars Purkarthofer ressalta que a estrutura no país ainda não é ideal pois as ciclovias são estreitas e em alguns pontos faltam estacionamentos para guardar as bicicletas Essas leis de incentivo além de manter a população mais saudável e diminuir a poluição e os congestionamentos dos grandes centros urbanos chamam atenção para os diferentes benefícios do uso da bicicleta como transporte diário Segundo um estudo realizado em Nova York as vendas das lojas de rua tiveram aumentos de até 49 após a construção de ciclovias pois um ciclista tem menos barreiras para entrar numa loja local já que é mais fácil encontrar um ponto para prender a bicicleta do que estacionar o carro ANDRADE 2014 Outro fator frisado é a questão da segurança Um estudo feito pela Universidade do Colorado em Denver nos Estados Unidos mostra o contrário conforme dados levantados o aumento do número de bicicletas nas estradas reduz o número de acidentes de trânsito e torna o tráfego mais seguro O professor e coautor do estudo Wesley Marshall trabalha com a hipótese de que quando existe um número expressivo de ciclistas na estrada o motorista fica mais atento Portanto cidades com grande volume de ciclistas não são seguras apenas para os ciclistas mas para os carros também KELLY 2014 Assim incentivos ao uso da bicicleta são muito importantes desde que a cidade esteja adequada para comportar os ciclistas No Brasil por exemplo a situação das ruas e avenidas é muito precária O trabalhador quando não está espremido no transporte público está isolado no carro esperando o trânsito seguir Por isso a bicicleta vem se tornando uma importante alternativa onde a sociedade ganha como um todo por ter uma cidade mais humana e saudável e menos congestionada e poluída ANDRADE 2014 Especialistas em trânsito garantem que a construção de ciclovias é uma iniciativa que representa um enorme passo em direção à formação de cidades mais justas inclusivas e democráticas Além da bicicleta visualizamos também outros meios considerados mais radicais de se locomover pela cidade como por exemplo o skate Na última edição do Go Skate Day promovida em Curitiba em junho de 2016 15 mil skatistas ocuparam o centro da capital Mas quem são esses jovens que andam por parques e ruas equilibrandose em uma prancha com rodinhas e resignificam os espaços urbanos Segundo a pesquisa do Instituto DataFolha 2015 11 dos domicílios brasileiros possuem pelo As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 23 menos um morador que pratica ou anda de skate Com maior predominância entre os residentes nas regiões metropolitanas no Sudeste Em todos os locais pesquisados cresce a presença de skatistas Dentre as centenas de pistas espalhadas pelo país a Confederação Brasileira de Skate CBSk fez um ranking para eleger os dez melhores skate parks públicos do Brasil CATRACA LIVRE 2016 Esses espaços oferecem estruturas em que é possível conhecer novas possibilidades de movimento da cultura corporal não convencionais além de proporcionar novas formas de uso dos espaços nas cidades ampliação do acervo motor e desenvolvimento das habilidades motoras pela prática das AFEs Nessa direção em 2014 foi construído em São Paulo o primeiro Centro de Esportes Radicais considerado o maior da América Latina o qual conta com circuitos e pistas para skate Bike BMX patins inline patinete e parkour em 38 mil m² de área em plena Marginal Tietê Conforme relata Chagas 2015 p 325 a partir das experiências do parkour5 os praticantes podem reconhecer a cidade sob diferentes perspectivas além de reconhecer o espaço público como algo de domínio de todos Localizado na região do bairro paulistano Bom Retiro voltado para essas práticas com circuitos e pistas para todas as modalidades esse equipamento público conta ainda com ciclovias pista de caminhada área para shows e playground em local de fácil acesso tornandose assim mais um espaço de lazer e diversão para os paulistanos O acesso ao público é gratuito e os circuitos do Centro de Esportes Radicais atendem desde atletas experientes a jovens iniciantes Com uma área de 650 m² o circuito de parkour do Centro de Esportes Radicais conta com uma série de obstáculos horizontais e verticais de diferentes níveis para que o praticante os transponha utilizando apenas o corpo com técnicas de corrida salto equilíbrio e escalada PREFEITURA DE SÃO PAULO 2016 Em síntese temos no Brasil espaços para AFEs centrados em quadras esportivas as quais determinam práticas corporais tradicionais mas ao mesmo tempo surgem diferentes maneiras de reinventar o cotidiano das cidades com ampliação da cultura corporal do movimento que impõem à gestão pública novos modelos de espaços e equipamentos no meio urbano Vale ressaltar que raramente os desejos dos jovens brasileiros são atendidos principalmente os de baixo poder aquisitivo que em geral moram nas periferias das grandes cidades e não têm acesso a esses espaços e equipamentos diferenciados para AFEs 5 Prática corporal ou disciplina que concilia habilidades naturais como escalar correr saltar andar sobre quatro apoios equilibrarse com o principal objetivo de tornar o corpo mais ágil fluente e eficaz em qualquer espaço possível SERIKAWA 2006 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 24 Nos bairros mais afastados dos grandes centros urbanos brasileiros a problemática dos espaços de lazer pouco qualificados é ainda mais acentuada pois além de serem determinadas as formas de uso os espaços são também precários pouco iluminados o que aumenta a sensação de insegurança e facilita usos ilícitos como o uso de drogas A pesquisa sobre as Praças da Vila Nossa Senhora da Luz localizadas na Cidade Industrial em Curitiba GONÇALVES 2008 ilustra essa fragilidade do esvaziamento em espaços públicos mais distanciados dos grandes centros urbanos O autor fez um estudo detalhado dessa problemática e concluiu que o poder público muitas vezes negligencia bairros mais afastados e investe no núcleo central e econômico das cidades isto é pensa no negócio lucrativo de quem pode pagar e não nas práticas socioculturais consolidadas das comunidades com menos acesso aos bens culturais oferecendo a essas comunidades somente equipamentos poliesportivos e de baixa qualidade Sendo assim há necessidade de repensar o modelo arquitetônico e consequentemente a oferta de espaços públicos destinados às AFEs no Brasil Em 2010 houve certos avanços no planejamento desses espaços com por exemplo a proposição das Praças de Cultura e Esporte6 também chamadas de Centro de Artes e Esporte Unificados CEUs ou ainda Praças do PAC Esses locais objetivam agregar no mesmo espaço físico programas e ações culturais práticas esportivas e de lazer formação e qualificação para o mercado de trabalho serviços socioassistenciais PORTAL BRASIL 2012 Os municípios proponentes tinham a possibilidade de seguir os projetos de referência propostos pelo governo federal ou elaborar os próprios porém sem perder sua característica intersetorial Segundo o então secretário executivo do Ministério da Cultura Vitor Ortiz a maior parte dos projetos tem três mil metros quadrados que conta com quadra poliesportiva pista de skate salas de oficinas bibliotecas e uma sala multiuso Figura 8 6 O projeto foi lançado pelo governo federal em 2010 por meio do Programa de Aceleração do Crescimento PAC 2 Um comitê gestor do programa ficou responsável pela seleção dos municípios que deveriam receber as Praças CEU Por meio da parceria entre a União e os municípios 98 unidades já foram concluídas e inauguradas e outras 243 seguem em construção NASCIMENTO 2016 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 25 FIGURA 8 Centro de Artes e Esportes Unificados do Recanto das Emas Distrito Federal FONTE By Agência Brasília CC BY 20 httpcreativecommonsorglicensesby20 via Wikimedia Commons LINK httpscommonswikimediaorgwikiFileRecantodasEmasterC3A1oprimeiroCentrodeArtes eEsportesUnificadosdoDistritoFederal27718361830jpg Há em políticas como essa um possível caminho para projetos de espaços de lazer de qualidade para os cidadãos No entanto o que vemos efetivado na prática está aquém do proposto inicialmente A estimativa inicial era de que fossem construídas 800 praças entre 2011 e 2014 e no lançamento do projeto 359 municípios haviam concluído o processo de contratação PORTAL BRASIL 2012 Porém em 2016 apenas 98 unidades estavam concluídas e outras 243 estão em construção NASCIMENTO 2016 A preocupação em agregar diversos usos ao mesmo espaço nos leva à reflexão sobre a teoria dos usos principais e combinados de Jane Jacobs 2011 Em suma a autora mostra que a diversificação de uso dos espaços das cidades lhes confere maior potencial de vitalidade pois garante a presença de diferentes pessoas com diferentes objetivos no mesmo horário proporcionando o encontro com o outro Outro aspecto relevante é a questão da abrangência das políticas públicas para a infância e as fases de vida subsequentes Os espaços públicos de lazer destinados exclusivamente às brincadeiras infantis em parques e praças em Curitiba MORO 2012 não são valorizados pelo poder público ficando muitas vezes em segundo plano quanto a questões como acesso acessibilidade manutenção diversidade segurança e desenvolvimento das habilidades motoras básicas Esse As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 26 fato se repete em todas as capitais brasileiras com raríssimas exceções Também foi detectado em outra pesquisa sobre a temática TSCHOKE 2010 que existe um contraste entre centro e periferia das cidades quando se analisa a oferta de equipamentos para a prática de esportes lazer e cultura destinados aos jovens de determinadas regiões urbanas o que dificulta e até mesmo impede a apropriação desses ambientes Figuras 24 e 25 FIGURA 9 Parquinho da Praça Homero Morinobu Oguido periferia de Curitiba Fonte TSCHOKE 2010 FIGURA 10 Parquinho do Parque Passeio Público Centro de Curitiba Fonte MORO 2012 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 27 Ambas as pesquisas ressaltam que os espaços para as experiências no âmbito do lazer infantil e nas demais fases do desenvolvimento humano possuem diversos problemas referentes à organização e infraestrutura que podem influenciar negativamente as vivências lúdicas e claro as AFEs Outros problemas como violência uso abusivo de drogas e escassez de ações efetivas no âmbito de políticas públicas de lazer esporte e cultura tanto municipais e estaduais quanto federal assim como questões relacionadas à gestão e administração dos espaços e equipamentos também foram detectados como fatores inibidores para potencializar as AFEs no meio urbano para jovens MACHADO 2016 A falta de acessibilidade aos espaços e equipamentos de lazer em grande parte dos espaços públicos brasileiros dificulta o acesso de pessoas com mobilidade reduzida inibindo assim a possibilidade de escolha pois restringe a garantia do direito ao lazer esporte e cultura para todos os cidadãos no meio urbano CASSAPIAN 2011 No entanto os dados desses estudos também demonstram que é possível a construção de um senso de responsabilidade coletiva pelo direito ao lazer esporte e cultura no meio urbano a partir das forças sociais as quais possibilitam a construção de elos entre o poder público e os usuários dos espaços públicos Nessas pesquisas destacamse exemplos em que os moradores do entorno de alguns dos espaços de parques e praças em Curitiba uma vez organizados em associações minimizaram a distância entre o poder público e a população ou seja entre a oferta e a demanda no que tange aos anseios da comunidade recriando alguns espaços e transformando outros em obras coletivas FRANÇA 2007 SANTANA 2016 Quando discutimos questões de ordem sociológica referentes ao processo de desenvolvimento social e ambiental ao longo da vida não podemos deixar de contemplar aspectos ligados às diferentes dimensões do conhecimento nessa trajetória Para Leff 2001 p11 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 28 O mundo em que vivemos foi se tornando cada vez mais complexo como resultado da aplicação do conhecimento produzido ao longo da História Dito isso penso que a complexidade ambiental não é ecologização do mundo nem é apenas a incorporação da incerteza do caos e da possibilidade na ordem da natureza como colocou Prigoginel Ela é o entrelaçamento da ordem física biológica e cultural a hibridação entre a economia a tecnologia e a vida É o reconhecimento da outridade e de sentidos culturais diferenciados não só como uma ética mas como uma ontologia do ser plural e diverso Apreender a complexidade ambiental implica um processo de construção coletiva do saber no qual cada pessoa aprende a partir do seu ser particular Portanto ainda com base em Leff 2001 essa variedade de experiências e a interação com o meio nessas fases da vida podem gerar a ampliação da cultura lúdica nas grandes metrópoles e consequentemente melhor convívio social Para Gehl 2013 p 118 se as atividades básicas ligadas aos sentidos e ao aparelho motor humano puderem ocorrer em boas condições outras atividades relacionadas à vida deverão se desdobrar em todas as combinações possíveis na dimensão humana Assim a aquisição das habilidades motoras é relativamente simples a partir do momento que a criança tem a liberdade e o incentivo do meio em que vive para aprender a movimentarse e explorar o mundo ao seu redor Entretanto o que temos notado nas últimas décadas é totalmente o contrário um meio ambiente que proporciona cada vez menos oportunidades motoras devido às transformações urbanas e sociais radicais pelas quais a sociedade tem passado RECHIA LADEWIG 2014 No Gráfico 1 está demonstrado o número de horas trabalhadas pela população no geral apontada em pesquisa pelo IBGE 2015 A exemplo de uma parceria público privada podese citar a que ocorreu com a concessão do Pavilhão de eventos do Parque Barigui Poderia ter rendido muitas vantagens aos cidadãos que fazem uso do parque porém de acordo com Assis 2014 não foi o que ocorreu Apenas uma maquiagem teria sido realizada de forma que necessidades básicas como bebedouros e banheiros adequados não foram sanadas muito menos a diversificação e qualificação das estruturas já existentes no parque Nesse sentido vemos que é possível a coexistência da lógica capitalista que visa ao lucro com os anseios e direitos dos cidadãos como o acesso ao lazer Porém a mediação do Estado sob essa relação deve ser muito próxima a fim de garantir que o coletivo seja priorizado sob o individual e não o contrário As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 29 GRÁFICO 1 Número de horas trabalhadas pela população no geral Fonte IBGE Diretoria de Pesquisas Coordenação de Trabalho e Rendimento Pesquisa Nacional por amostra de Domicilios 2014 2015 Conforme pode ser observado no Gráfico 1 aproximadamente 60 da população trabalha mais de 15 horas por semana e a maioria na faixa de 40 a 44 horas Os pais estão trabalhando mais tempo fora de casa e consequentemente deixando os filhos aos cuidados da escola ou de cuidadores na própria casa inibindo assim o acesso dessas crianças a outros espaços da cidade para praticar AFEs de forma livre e criativa em parques bosques e ruas Considerando essa situação além do problema da falta de segurança que impede em parte as crianças de terem liberdade de sair de casa para brincar sem a supervisão de um adulto não são necessários dados específicos para observar que hoje uma das maneiras mais utilizadas de mantêlas em segurança no espaço privado é utilizando uma babá eletrônica televisão tablet ou videogame O avanço tecnológico tem proporcionado manter as crianças em casa deixandoas mais seguras Por outro lado esse senso de segurança tem trazido sérios problemas de saúde para as crianças Segundo a PNAD IBGE 2009a os casos de obesidade infantil de crianças entre 5 e 9 anos de idade mais do que quadruplicaram nos últimos 20 anos chegando a percentuais de 166 de meninos e 118 de meninas Segundo o Ministério da Saúde SBEM 2016 Porto Alegre é a capital com maior quantidade de pessoas com excesso de peso 554 seguida por Fortaleza 537 e Maceió 531 Já na lista das capitais com menor índice de pessoas com sobrepeso estão São Luís 398 Palmas 403 Teresina 445 e Aracaju As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 30 445 São Paulo apresenta 479 de pessoas com excesso de peso A proporção no Rio de Janeiro é de 496 e no Distrito Federal de 491 Já a capital com mais obesos é Macapá 214 seguida por Porto Alegre 196 Natal 185 e Fortaleza 184 As capitais com menor quantidade de obesos são Palmas 125 Teresina 128 e São Luís 129 Em São Paulo a proporção de obesos é de 155 no Rio de Janeiro o percentual é de 165 e no Distrito Federal os obesos representam 15 da população A obesidade se apresenta como uma epidemia a ser combatida e as AFEs realizadas no tempo e espaço de lazer podem ser um importante meio de reverter essa realidade Ainda de acordo com o Ministério da Saúde SBEM 2016 outro fato preocupante é a conclusão de que o sedentarismo aumenta com a idade Para a Dra Rosana Radominski presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Melabologia o dado agravante é o aumento de mais de 05 do excesso de peso e da obesidade em um ano Isso é alarmante se formos extrapolar os dados para os próximos dez anos alerta a especialista Esses dados revelam que as políticas públicas urbanas no Brasil precisam preparar as cidades para sanar tais problemáticas sociais planejando espaços públicos qualificados que possibilitem às pessoas em processo de envelhecimento a prática de AFEs Uma pesquisa realizada por Gomide 2002 com 825 crianças e adolescentes de Curitiba entre 7 e 17 anos de ambos os sexos revelou uma quantidade de 264 horas semanais em média passadas na frente da televisão no espaço privado Isso representa quase 4 horas diárias vivenciando estaticamente a dimensão lúdica de forma limitada O estudo sobre obesidade infantil ver dados no quadro a seguir concluiu que quanto maior o tempo que as crianças e adolescentes de 5 a 15 anos passavam assistindo à TV maior o IMC HANCOX MILNE POULTON 2004 Um estudo de Hancox Milne e Poulton 2004 que acompanharam o desenvolvimento de 980 crianças a cada 2 anos até completarem 21 anos de idade verificou que 17 dos casos de excesso de peso era consequência de exposição excessiva à TV durante a infância Os autores constataram uma relação entre o ato de assistir à TV e o IMC índice de massa corporal ou seja quanto maior o tempo que as crianças e adolescentes de 5 a 15 anos passavam assistindo à TV maior o IMC um significativo indicador da obesidade e suas relações com problemas de saúde As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 31 Podese então observar uma relação direta entre estilo de vida urbano obesidade e falta de AFEs cotidianas repercutindo na falta de habilidade motora e consequentemente estimulando a entrada em um círculo vicioso a criança não faz atividades motoras por isso ganha peso e fica com a saúde global comprometida e consequentemente não terá prazer em realizar práticas corporais fragilizando sua relação com o meio social e ambiental ao longo da vida Para Gehl 2013 a interação entre saúde e urbanismo é um tópico amplo pois houve na sociedade inúmeras mudanças que levaram a novos desafios nessas áreas O modelo criado não proporciona aos indivíduos a oportunidade natural de exercitar o corpo e gastar energia diariamente O autor ressalta que nos últimos dez anos em países com economias e sociedades similares houve problemas de saúde relacionados a estilo de vida A obesidade tornouse um problema no Canadá na Austrália e na Nova Zelândia e cresce na América Central na Europa e no Oriente Médio No Reino Unido atinge cerca de um quarto da população adulta enquanto que no México e na Arábia Saudita chega a um terço Gehl 2013 p 112 também afirma que o preço da falta de AFES como parte da vida cotidiana é alto pois gera diminuição da qualidade de vida significativo aumento nos custos da saúde e reduz a expectativa de vida Para ele uma resposta lógica e valiosa para esses novos desafios seria o poder público proporcionar oportunidades para exercícios físicos e para algum tipo de autoexpressão E aqui apontamos que investir em praças e parques públicos com equipamentos para crianças jovens adultos e idosos pensados e planejados a partir de estudos e pesquisas pode ser uma saída a essa complicada crise ambiental e social O ponto central é relativamente simples as cidades devem propiciar espaços lúdicos em boas condições para que as crianças caminhem corram parem sentemse observem conversem ouçam sintam a relação com a natureza e tornemse adultos mais ágeis motivados e inteirados com o meio em que vivem e claro em um ambiente saudável e sustentável Para Borja 2003 p 252 Los niños son sujetos de derechos desde su nacimiento y gozan de los mismos derechos que el resto de los ciudadanos Merecen protección apoyo y tutela en algunos supuestos pero nunca discriminación requieran equipamientos espacios públicos y servicios específicos pero no necesariamente separados del resto hay que contar con ellos en la formulación de programas e todo tipo As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 32 Esses compromissos passam por um planejamento urbano adequado Acreditamos que a partir de políticas públicas mais efetivas que busquem rever esses modelos de espaços e equipamentos qualificar os ambientes administrar conjuntamente com a comunidade tendo como meta um equilíbrio entre oferta e demanda preservação e manutenção educação e desenvolvimento lazer e natureza práticas corporais e ludicidade entre outras questões imprescindíveis para o desenvolvimento infantil apontadas nesses estudos terá que ser o caminho Segundo as pesquisas do GEPLEC os espaços de lazer das cidades especialmente os parques e especificamente os espaços destinados às crianças devem contemplar brinquedos que possibilitem desafios e desenvolvimento da cultura lúdica de forma ampla e ofereçam segurança e liberdade para que as crianças explorem o ambiente natural Tais espaços devem também despertar o desejo do encontro de estar com os diferentes de criar e de realizar tarefas motoras básicas como correr saltar arremessar subir descer quicar rebater etc como também contato próximo com elementos da natureza como por exemplo caminhar sobre troncos de árvores com diferentes alturas e espessuras ter contato direto com a água a terra o sol e as dimensões sensoriais despertadas Esses espaços devem ser acessíveis a todos e portanto muito mais inovadores e criativos Haveria assim um equilíbrio maior na relação cidadesujeitonatureza no meio urbano pressuposto básico da racionalidade ambiental defendida por Leff 2001 Conforme já citado anteriormente os parques da cidade francesa de Rennes buscam contemplar esse equilíbrio No Parque de Maurepas há espaços arborizados que oferecem sombra para as crianças que brincam estruturas em boas condições bancos para os adultos se acomodarem enquanto supervisionam os filhos espaços livres e obstáculos Outro exemplo na mesma cidade é o Parque do Thabor que conta com brinquedos com diversidade de formas de uso acessíveis às crianças pequenas com ou sem deficiências garantindo sua autonomia Figuras 11 12 e 13 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 33 FIGURA 11 Modelos de balanço europeu Barcelona Espanha Fonte RECHIA 2009 FIGURA 12 Modelos de escorregador europeu Barcelona Espanha Fonte RECHIA 2009 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 34 FIGURA 13 Modelo de brinquedo europeu brinquedo de sons Barcelona Espanha Fonte RECHIA 2009 No Brasil especificamente em Curitiba também há exemplos de locais em que as áreas infantis são potencializadas e proporcionam uma vida de mais qualidade aos pequenos cidadãos que deles se apropriam No Passeio Público Figura 14 o parque infantil possui boas condições de uso facilidade de supervisão dos adultos integração a elementos naturais e acessibilidade às crianças com ou sem deficiência FIGURA 14 Área infantil do passeio público Curitiba exemplos de brinquedos multifuncionais Fonte MORO 2012 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 35 Espaços como esses são de fundamental importância pois o corpo em movimento é também e talvez fundamentalmente um processo de educação estética de educação das sensibilidades o que pode permitir aos cidadãos urbanos desenvolverem o ato de observar refletir julgar e criticar a degradação ambiental a partir do corpo e do estabelecimento de novos olhares acerca da vida e da realidade No entanto Melo 2004 adverte que não se deve negligenciar que está ocorrendo um claro processo de empobrecimento das sensibilidades e isso tem relação com a redução da capacidade de pensar de se posicionar criticamente e de vivências no espaço público Conscientes de que a sustentabilidade depende de diversos fatores e que o meio urbano é simultaneamente caótico e integrador com suas relações objetivas e subjetivas acreditamos que um dos principais mantenedores dessa possibilidade de ampliar o acervo ambiental e cultural de crianças jovens adultos e idosos para que tenham um estilo de vida sustentável vida longa e saudável é o Estado tendo em vista seu compromisso na tarefa de oferecer educação formal e não formal CONCLUSÃO A HUMANIZAÇÃO DAS CIDADES A PARTIR DAS PRÁTICAS DE AFES Para compreender o fenômeno do espaço de lazer e suas múltiplas facetas é necessário analisar segundo Gomes 2011 a relação próxima com os processos históricos sociais políticos trabalhistas pedagógicos econômicos temporais espaciais ambientais simbólicos entre outros Para tanto a produção científica deve estar atenta às problemáticas citadas ampliando as análises e aprofundando os estudos e as pesquisas A pesquisa e a produção de conhecimentos sobre o lazer na América Latina estão ainda centradas No empirismo e na dimensão técnica da recreação em detrimento de fundamentos sociais históricos políticos e culturais entre outros Em geral esses aspectos vêm sendo sistematizados no campo de estudos acadêmicos sobre o lazer que é tratado como mais abrangente do que a recreação seja no Brasil ou em outros países do mundo Muitas vezes destacase a importância de se repensar criticamente estes aspectos pois os problemas sociais políticos e econômicos que marcam a região latinoamericana precisam ser enfrentados de modo urgente ao invés de serem simplesmente disfarçados ou amenizados por programas recreativos GOMES 2011 p 122 As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 36 No plano concreto de ação vimos como exemplo de interrelação lazer espaço públicocidadão o elevado Presidente João Goulart em São Paulo muito conhecido como Minhocão7 Figura 15 Essa avenida fica interditada para veículos motorizados das 13 horas do sábado até as 6h30 da segundafeira a fim de resguardar a qualidade de vida dos moradores dos prédios do entorno Com a interdição para os carros ciclistas adultos e crianças e corredores foram se apropriando do local e aos poucos transformandoo em um espaço de lazer FIGURA 15 Elevado Presidente João Goulart Fonte By Lukaaz Own work CC BY 30 httpcreativecommonsorglicensesby30 or GFDL httpwwwgnuorgcopyleftfdlhtml via Wikimedia Commons LINK httpsuploadwikimediaorgwikipediacommonsaa3MinhocC3A3o ElevadoPresidenteCostaeSilvaJPG De acordo com a reportagem da Revista Galileu GALASTRI 2016 muito se fala da demolição dessa via em razão da desvalorização comercial dos imóveis da região Porém há movimentos sociais que defendem a formalização desse espaço como área de lazer para transformálo em um parque Entre o centro e a periferia das grandes cidades há diferenças nos quesitos manutenção segurança acesso e acessibilidade dos ambientes de lazer o que gera a apropriação de alguns e o esvaziamento de outros desrespeitando a máxima de que todos os espaços de lazer devem ser qualificados para potencializar o uso contínuo independentemente da área da cidade em que estejam localizados 7 Construído em 1970 pelo então prefeito Paulo Maluf o Elevado Presidente João Goulart nomeado anteriormente de Elevado Presidente Costa e Silva e popularmente conhecido como Minhocão começa no bairro de Perdizes na Zona Oeste da cidade e vai até a Praça Roosevelt no centro Com 34 quilômetros de extensão faz parte da ligação lesteoeste e passa sobre a Rua Amaral Gurgel e a Avenida São João As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 37 Em muitas cidades nos fins de semana principalmente aos domingos as ruas são abertas para o trânsito de pessoas em campanhas para desenvolver a cultura lúdicacorporal do movimento O domingo é um bom dia por dois motivos o tráfego de carros é reduzido e as pessoas normalmente têm mais tempo para se exercitar e experimentar GEHL 2013 por isso iniciativas como essas embora não bastem são bemvindas Em relação à infância a carência de incentivo do poder público para experiências significativas no âmbito do lazer para essa fase da vida tanto em relação à falta de equipamentos quanto à falta de espaços adequados o que pode influenciar a obtenção de hábitos em todo o percurso da vida Percebese ainda uma conexão entre algumas regiões mais valorizadas da cidade principais pontos turísticos e áreas de lazer o que pode estar relacionado com a ideia do citymarketing Para Sánchez 1997 p 270 os lugares públicos funcionam como se fossem vitrines idealizados para servirem de cenários de uma sociabilidade forçada uma estetização das relações sociais fazendo parte da cidade espetáculo Os projetos dos espaços públicos da cidade espetáculo fabricam na realidade uma identidade fake e celebram uma antimemória coletiva e uma imaginação na lógica redutora ao idêntico que esconde as marcas do tempo reprime as metamorfoses do espaço Esses espaços emblemáticos das cidades constituemse muitas vezes em uma marca identitária8 Dessa forma segundo as pesquisas a partir dessa marca da cidadeespetáculo o cidadão sentese pertencente a esses locais e mostrase satisfeito com suas características mas ainda participa pouco das tomadas de decisões referentes aos espaços e equipamentos públicos de lazer Considerando os benefícios e as transformações sociais que os espaços e equipamentos públicos de lazer podem proporcionar observase que quanto mais experiências significativas esses ambientes oferecerem maior será a probabilidade de serem frequentados e para que isso ocorra é preciso haver manutenção segurança opções diversificadas de atividades equipamentos e acessibilidade dentre outras características 8 Aqui a definição marca identitária é utilizada no sentido dado por Yázigi 2001 p 49 que entende a ideia identitária de um lugar como uma diferenciação espacial que reúna um conjunto de características fundamentada na geografia física em suas instituições sua vida econômica social e cultural com destaque para a paisagem construída Tratase de um fenômeno total não reduzível a uma única propriedade sob o risco de perda de seu caráter a identidade regional é acentuada pela natureza e a identidade local por todas as formas de construção arquitetônicourbanístico com tudo que comportam em si As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 38 Essa discussão remete à importância da participação da comunidade na hora de projetar desenvolver ou implantar programas de lazer e esporte em espaços públicos das cidades inclusive no que tange às questões orçamentárias Alguns problemas identificados nas pesquisas analisadas são o vazio a desapropriação e até mesmo a depredação dos locais Um dos motivos desses possíveis problemas está provavelmente no fato de que grande parte da população ainda não compreende o lazer como um direito social e o espaço público como seu Além disso pesquisas analisadas mostraram que quando a comunidade coparticipa da gestão dos espaços públicos a partir da organização coletiva cuida reivindica e busca seus direitos Identificase que os espaços públicos destinados às experiências no âmbito do lazer quando bem planejados com estrutura diversificada com boa manutenção e com a coparticipação comunitária tornamse atrativos ao uso O que comprova a importância da beleza do lugar não como um luxo mas segundo Borja 2003 como justiça democrática Assim investir na beleza do lugar a partir de cenários pensados e planejados pode potencializar o uso comunitário agradável e seguro desses ambientes gerando portanto uma vida de qualidade nas grandes cidades Compreendemos que uma vida de qualidade está sustentada em grande medida em direitos sociais imprescindíveis como saúde educação moradia saneamento básico entre outros como esporte lazer e cultura já garantidos pela constituição brasileira Tais direitos devem equilibrarse entre perspectivas objetivas e subjetivas da vida cotidiana No âmbito subjetivo uma vida de qualidade é ter o desejo de apropriarse de lugares adequados entendido como locais de descanso e reequilíbrio os quais devem estimular e desenvolver a potência humana Pensar numa cidade de qualidade remete a muitos fatores grande parte já citada neste estudo No tocante ao espaço citadino e ao lazer Gehl 2013 p158 aponta a questão de criar cidades vivas e saudáveis Para que isso se efetive é preciso o convite para que as pessoas se expressem joguem ou se exercitem no espaço urbano O autor ainda comenta as novas instalações do brincar eou boas cidades para o dia a dia confirmando que equipamentos e instalações para jogos e muitos tipos diferentes de academias esportivas pistas de caminhada de skate e parques temáticos ambiciosos com desafios físicos têm sido criado para crianças e entusiastas do esporte p 161 Todavia Gehl destaca a necessidade de garantir a qualidade e condições para caminhar e pedalar nas cidades para todas as horas e dias do ano As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 39 Se a discussão é proporcionar vida de qualidade é preciso haver espaços atrativos de qualidade que atendam a diferentes faixas etárias e estimulem as práticas corporais a criatividade e as atividades culturais Nesse sentido tornase de grande relevância social identificar por meio de estudos e pesquisas as características estruturais e culturais dos espaços e equipamentos para a prática de AFES de lazer para o estabelecimento de políticas públicas que efetivem tal direito e consequentemente o direito à cidade mais humanizada no Brasil Fazse necessário a luta para a conscientização da população por meio uma atuação mais intensa de órgãos das prefeituras como as Secretarias responsáveis pelas políticas públicas de esporte e lazer de que o espaço público não é terra de ninguém mas sim de todos Além disso é imprescindível o planejamento a manutenção e a gestão dos espaços e equipamentos para oferecer e estimular a prática da cultura corporal do movimento nos parques praças e ruas das cidades Sugerese para futuros estudos o acompanhamento dos processos de construções e revitalizações dos espaços públicos e a comparação entre diversos locais os quais possam gerar diagnósticos mais aprofundados das implicações desses ambientes para uma vida de qualidade nos centros urbanos no que tange à gestão dos espaços públicos para as práticas de Atividades Físicas Esportivas e consequentemente para a humanização das cidades As informações e opiniões prestadas nesta publicação são de responsabilidade dos respectivos autores e não necessariamente refletem a opinião dos editores 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTP Associação Nacional de Transporte Público Sistema de Informações da Mobilidade Urbana Relatório Comparativo 20032014 Sistema da informação em Mobilidade Urbana 2016 Disponível em httpfilesantporgbr201693sistemasinformacaomobilidade comparativo20032014pdf AMARAL S C F do Políticas públicas de lazer e participação cidadã entendendo o estudo de caso de Porto Alegre Campinas sn 2002 Tese de Doutorado ANDRADE W Incentivo ao uso da bicicleta uma tendência mundial 2014 Disponível em httpsustentarquicombrurbanismopaisagismoincentivoaouso dabicicletaumatendenciamundial Acesso em 21 nov 2016 ASSIS T S de A privatização no Parque Barigui possíveis influências na apropriação dos espaços e equipamentos de lazer 2014 Dissertação Mestrado em Educação Física Universidade Federal do Paraná Curitiba 2014 BAUMAN Z Identidade entrevista a Benedetto Vecchi Rio de Janeiro Zahar 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