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Como a economia mundial entra em crise De que maneira uma crise chamada de financeira pela mídia se traduz em redução da produção e em desemprego Essa crise é igual a dos anos 1930 Quais foram os traços característicos da economia mundial no período aberto pelos anos 1980 De que maneira essa construção determinava o investimento o emprego e as relações de trabalho O imenso volume de capital fictício gerado nesse período é fruto de um desvio do capitalismo ou decorrente de sua lógica inexorável Essas e outras questões são abordadas neste livro Áreas de interesse Economia Política Sociologia História Administração Comunicação Social Serviço Social Relações Internacionais O QUE É CAPITAL FICTÍCIO E SUA CRISE Apresentação 7 O capital em geral e o capital fictício 9 A hipertrofia do capital fictício e sua crise 50 Indicações para leitura 76 Bibliografia 79 Sobre os autores 82 APRESENTAÇÃO Este livro trata do capital fictício A importância desse tema vai além da mera curiosidade científica e acadêmica de querer se aprofundar sobre a forma mais perversa assumida pelo capital Isso porque esse capital esteve no coração das determinações econômicas e sociais que dominaram o mundo nesses últimos trinta anos e que promoveram o mercado como o único lugar do fazer econômico Foi esse capital que ao readquirir liberdade de voo para atuar em qualquer país e em qualquer mercado abriu as portas para as grandes indústrias e empresas atacadistas atuarem na China nos países antes sob a influência da União Soviética entre outros fazendo com que os trabalhadores ficassem pela primeira vez em verdadeira concorrência mundial Esse mesmo capital é o principal responsável pela crise econômica iniciada no final dos anos 20072008 que fez a crise de 1929 ser relembrada de forma a perder sua característica histórica de que não mais voltaria Para tratar desse assunto o livro foi estruturado em três partes a saber o capital em geral e o capital fictício a crise de 1929 e a crise contemporânea Na primeira parte escrevese sobre a origem do dinheiro e sobre como ele se transforma em capital como o capital pode aumentar a geração do excedente da maisvalia base do lucro como esse excedente é distribuído entre os capitalistas o papel do capital comercial e do capital de emprestímo e as formas assumidas pelo capital fictício Na segunda parte abordase a crise de 1929 com destaque para suas raizes em diferentes interpretações sua dimensão e as políticas adotadas para fazer frente a seus efeitos Finalmente na terceira parte explorase a crise contemporânea os seus desdobramentos as medidas realizadas pelos governos principalmente dos Estados Unidos e suas características como crise de superprodução Boa leitura O capital é antes de tudo uma relação social Isso significa que o capital é produto de uma determinada formação social e econômica isto é que um específico desenvolvimento das forças produtivas bem como das relações que se estabelecem entre os homens no processo produtivo que lhe é característico resulta no surgimento do capital Dito de outra maneira o capital somente existe como forma dominante em uma determinada sociedade não sendo portanto uma categoria econômica comum a todos os modos de produção Contudo essa forma de definir o capital é embora correta insuficiente para esclarecer de que forma o capital é formado O valor aparece assim como uma abstração Para salientála foi necessário desconsiderar colocar entre parênteses fazer abstração de todas as determinações concretas ligadas ao valor de uso das mercadorias à sua materialidade e a seus usos sociais as necessidades que elas satisfazem assim como os trabalhos particulares que le puderam Mas não se trata por outro lado de uma simples abstração mental ainda menos de uma invenção ou de uma ficção do espíritoOp cit p 79 tradução nossa Ele aparece assim como a mercadoria que a partir de sua própria natureza de suas próprias qualidades possui a capacidade de se trocar com todas as mercadorias como a mercadoria que possui em uma palavra a forma intercambiável imediata e universal O que remete ao fetichismo monetárioOp cit p 88 tradução nossa Com a instituição da moeda tudo se passa como se o caráter de valor de todas as mercadorias tivesses destacado delas para se condensar no corpo desta única mercadoria que faz o trabalho de equivalente geral na qual o valor se instala doravante independente frente a todos os valores de uso o desligamento íntimo de todo mercadoria em valor de uso torna a forma exterior e visível mesmo logo do desligamento da mercadoria em valor da moeda Op cit p 88 tradução nossa Rosa Maria Marques e Paulo Nakatani O CAPITAL INDUSTRIAL O CAPITAL COMERCIAL E O CAPITAL PORTADOR DE JUROS O CAPITAL PRODUTOR DE MERCADORIAS QUADRO I Transformação do valor em preço de produção O CAPITAL COMERCIAL Como resultado da divisão de trabalho que se acelera sob o modo de produção capitalista alguns empresários passam a se dedicar à exploração da atividade comercial constituindose em grandes atacadistas Esses empresários compram as mercadorias dos capitalistas produtores e as distribuem fazendo as mercadorias chegarem às mãos dos consumidores finais Essa especialização resultado da divisão do trabalho que incidiu sobre o próprio capital significou um grande avanço para o desenvolvimento do capitalismo Isso porque do ponto de vista do capitalista produtor de mercadorias a venda de sua produção a um atacadista significa que ele poderia retornar a produção pois sua mercadoria já foi vendida e portanto seu lucro já foi realizado Nos termos de Marx isso resulta no aumento da rotação do capital o capital que estava sob a forma de dinheiro é trocado por máquinas matériasprimas e contratou mão de obra assalariada e resultado após a produção em mercadorias as quais ao serem vendidas assumem novamente a forma dinheiro agora acrescido de maisvalia Esquematicamente isso se resume a D M máquinas matériasprimas e contratação de trabalho assalariado processo de produção M mercadorias D Nas relação que se estabeleceu entre o capitalista produtor de mercadorias e os atacadistas o capitalista atacadista recebe lucro igual ao dos capitalistas produtores de mercadorias Esse lucro decorre da importância social de sua atividade que impulsiona o desenvolvimento da produção mediante a aceleração da rotatividade do capital função Essa atividade portanto ocorre na esfera da circulação e não na produção de mercadorias A taxa de lucro do atacadista não pode ser diferente daquela do capitalista produtor de mercadorias pois se isso ocorresse haveria uma tendência do deslocamento do capital para o setor mais lucrativo Mas como pode o atacadista receber lucro se sua atividade não gera maisvalia e se não tem sentido que ele use o expediente de compra barato para vender mais caro Ele recebe lucro uma taxa igual à dos capitalistas produtores de mercadorias porque a maisvalia produzida no processo de produção dessas últimas é dividida de fato não só entre os capitalistas industriais mas entre esses e os atacadistas e os varejistas E isto somente é possível se os capitalistas industriais vendem sua mercadoria aos atacadistas a um preço abaixo do preço de produção tal como pode ser visto no Quadro 2 Quadro 2 Redução do preço de produção frente ao capital comercial O preço de oferta do capital comercial não é calculado porque fugiria do objeto central dessa parte do texto Os trabalhadores assalariados envolvidos na atividade atacadista são pagos tais como os demais trabalhadores a um salário que guarda alguma relação a seu valor cujo preço se situa acima ou abaixo desse a depender da correlação de forças entre os capitalistas e os assalariados Seu trabalho que faz com que o negócio atacadista ocorra é que garante que o capitalista atacadista receba taxa de lucro igual aos capitalistas produtores de mercadorias O CAPITAL PORTADOR DE JUROS Da mesma forma que o capital comercial a divisão de trabalho levou a que um grupo de capitalistas se especializasse na atividade de adiantar dinheiro tanto para os capitalistas produtores de mercadorias como para aqueles envolvidos com a atividade comercial Para que essa atividade se desenvolvesse foi necessário antes de tudo que indivíduos reunissem uma quantidade de dinheiro substancial sob a forma de tesouro o que é no jargão dos economistas chamado de enfatamento Enquanto dinheiro acumulado sob a forma de tesouro ele não é capital mas na medida em que pode ser emprestado ao capital produtor de mercadorias e ao capital comercial ele é capital potencial É um capital vazio à espera de aplicação MARX Livro III volume V capítulo XIX Dessa forma o dinheiro expressão autônoma de certa soma de valor assume outro valor de uso o de produzir lucro uma vez transformado em capital O dinheiro é capital devido à sua conexão com o movimento total do capital é na forma dinheiro que se inicia o processo capitalista de produção quando um empresário compra máquinas matériaprima e emprega mão de obra para dar início ou prosseguimento à produção de mercadorias Nas palavras de Marx O dono do dinheiro para valorizar seu dinheiro como capital cedeo a terceiro lançao na circulação faz dele a mercadoria capital capital não só para si mas também para os outros e capital para quem cede e a priori para o cessionário é valor que possui o valor de uso de obter maisvalia lucro valor que se conserva no processo e volta concluído seu papel para quem o desempenhou primeiro no caso o proprietário do dinheiro O dinheiro portanto que se afasta do dono por algum tempo passando de suas mãos para as do capitalista ativo não é dado em pagamento nem vendido mas apenas emprestado só é cedido sob a condição de voltar depois de determinado prazo ao ponto de partida e ainda de retornar como capital realizado positivando seu valor de uso de produzir maisvalia MARX Livro III vol V cap XXI p 397 Assim quando o proprietário do capitaldinheiro empresta seu capital a um capitalista industrial ou a um atacadista ele não está com esse ato realizando nenhuma parte do ciclo pelo qual o capital passa na produção capitalista Com esse fato não está ocorrendo uma metamorfose tal como aquela quando o capitalista produtor de mercadoria contrata o trabalhador assalariado e o põe a trabalhar na sua empresa processo de produção também não está acontecendo nem compra nem venda de mercadoria quando o atacadista compra a mercadoria do capitalista produtor de mercadorias E o retorno do dinheiro emprestado às mãos do seu proprietário apenas completa o ato por ele realizado isto é a cessão do dinheiro por um determinado tempo Mais é nesse momento que o dinheiro assume outro valor de uso o lucro que produz uma vez transformado em capital É na qualidade de capital potencial de meio de produzir lucro que se torna uma mercadoria de gênero particular a posse do capitaldinheiro concede a seu proprietário no momento do empréstimo direito a parte do lucro do capital comercial ou industrial o que se consubstancia sob a forma de juros Dessa forma os juros constituem dedução do lucro tendo origem na maisvalia Contudo do ponto de vista de quem está emprestando a simples posse do dinheiro lhe confere o direito de exigir juros independentemente do resultado de sua aplicação pelo capital industrial ou comercial Dinheiro que gera dinheiro valor que se valoriza à si mesmo sem o processo intermediário que liga os dois extremos MARX Livro III volume V capítulo XXIV isto é sem as agruras do processo de produção Por isso Marx diz que essa é a forma mais reificada mais fetichista do capital Para o proprietário do dinheiro sua simples posse é razão de juros não lhe passa pela cabeça que esse é dedução do lucro Para ele é natural que seu capitaldinheiro renda juros tal como se espera que uma pereira dê peras parafraseando Marx O CAPITAL FICTÍCIO Entre os princípios teóricos da economia somente Marx trata do capital fictício Mas a categoria capital fictício está pouco elaborada no livro III dO Capital de Marx que foi organizado e editado por Engels Entretanto esse conceito pode ser considerado uma das chaves para a compreensão da crise atual do capital Não há no livro III uma definição de capital fictício o que existem são pistas das diversas possibilidades da evolução das formas que podem ser assumidas pelo capital por ocasião de juros Há inclusive formas de capital fictício que surgem em um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas e que desaparecem quando o próprio desenvolvimento dessas forças suprime as bases do surgimento dessa forma específica de capital fictício Encontramos em Marx três grandes formas de capital fictício o capital bancário a dívida pública e o capital acionário todos os três expressando as formas desenvolvidas na época em que escreve A eles agregamos o atual mercado de derivados termos então quase todo o capital fictício que impulsiona a acumulação de capital e forma o conjunto de capitais que comandam o processo de acumulação em geral e as formas particulares de gestão de unidades individuais de capital nesta fase do capitalismo financeirizado Rosa Maria Marques e Paulo Nakata Entretanto uma das características das sociedades anônimas Os derivativos são divididos em dois grupos principais hedge e swap A CRISE DE 1929 Entre todas as crises econômicas e sociais que a humanidade presenciou sob o capitalismo a crise aberta pela queda da Bolsa de Nova York em 1929 ocupa um lugar de destaque Suas imagens mais conhecidas pelo grande público de filas intermináveis de desempregados esperando sua vez para pegar um prato de sopa e de pessoas desesperadas pulando dos altos edifícios de Nova York por terem visto seu patrimônio virar pó são emblemáticas Em 24 de outubro de 1929 os preços das ações negociadas na Bolsa de Nova York caíram bruscamente Depois de uma semana de estabilidade caíram novamente na segundafeira em 28 de outubro Na terça 164 milhões de ações foram postas à venda e as ações eram negociadas a um valor 80 menor do que no período anterior à crise Nos próximos três anos apesar das variações o valor das ações somente caiu A crise de 1929 também chamada de Grande Depressão atingiu todos os países capitalistas Nas grandes economias o produto industrial europeu quedas nunca antes vistas Nos Estados Unidos entre 1929 e 1931 a produção industrial que respondia por 42 da produção industrial mundial caiu cerca de um terço Mais ou menos o mesmo aconteceu na Alemanha Um ano depois a produção industrial norteamericana estava 42 abaixo do nível de 1913 a alemã 35 e a inglesa 10 para a mesma base de comparação O preço de produtos primários e de matériasprimas principal fonte da exportação de diversos países tais como a Argentina a Austrália a Bolívia o Brasil e tantos outros despencou ladeira abaixo O desemprego atingiu em 19321933 22 da força de trabalho britânica 23 da belga 23 da sueca 27 da norteamericana 29 da austríaca 31 da norueguesa 32 da dinamarquesa e 44 da alemã HOBSBAWM 1995 Nos Estados Unidos o sistema bancário principal fornecedor de crédito teve 14 mil estabelecimentos fechados durante o período que durou a crise Agricultores que normalmente tomavam empréstimos junto aos bancos para financiarem seu plantio não puderam pagar os juros e perderam suas terras Esses ao lado dos milhões de trabalhadores desempregados passaram a ser os principais afetados pela crise econômica do final dos anos 1920 Entre 1929 e 1933 os preços dos produtos industrializados em geral caíram em cerca de 25 e o preço dos produtos agropecuários caiu em cerca de 50 AS MEDIDAS DE COMBATE À RECESSÃO NOS ESTADOS UNIDOS A primeira medidas de combate à recessão e de ajuda aos milhões de necessitados sem emprego eou ocupação foram dadas pelo então recémeleito presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt em 1933 Em sessão especial o Congresso norteamericano aprovou por iniciativa de Roosevelt uma série de leis que passaram a ser chamadas de New Deal Segundo uma das interpretações essas leis garantiam ajuda social às famílias e pessoas necessitadas prevendo a geração de emprego a partir da parceria entre governo e empresas na construção de escolas hospitais represas pontes e aerop O New Deal não foi inicialmente uma tentativa de estimular a economia e provocar a recuperação por meio da despesa pública uma ideia que pouco estava presente no início da década de 1930 Pelo contrário consistiu em medidas de salvamento e resgate ad hoc motivadas sobretudo pela ajuda aos negócios associada a programas de apoio ao emprego FOSTER e MacCHESNEY 2009 A dominância do capital portador de juros na economia contemporânea e o desenvolvimento do capital fictício foi resultado de vários fatores Entre eles se destacam a o papel assumido pelos Estados Unidos e pela Inglaterra na desregulamentação financeira na descompartimentalização dos mercados financeiros nacionais e na desintermediação financeira Durante todo esse período os eurodólares não deixaram de se expandir Em parte porque eram alimentados por lucros não repatriados e não reinvestidos de empresas transnacionais norteamericanas Isso é particularmente marcante no momento em que o regime de acumulação do pósguerra começa a manifestar seu esgotamento aumento temporário do preço do barril de petróleo são aplicadas na City pelos potentados árabes e sua reciclagem toma a forma de empréstimos dos bancos internacionais a governos do Terceiro Mundo principalmente da América Latina Essa dívida irá crescer exponencialmente a partir do momento em que os Estados Unidos decidiram aumentar sobremaneira a sua taxa básica de juros em 1979 cialmente dos países industrializados como das instituições que centralizavam a poupança das empresas e das famílias Por outro lado a constituição de um mercado de obrigações aberto aos investidores estrangeiros permitiu o financiamento dos déficits orçamentários mediante colocação de bônus do Tesouro e outros compromissos da dívida no mercado financeiro Esse processo é chamado de securitização da dívida pública A gestão desses capitais passou a ser feita pelos fundos de investimentos pelos fundos de hedge ou por instituições bancárias que por um lado captavam recursos de empresas de outras instituições como os fundos de pensão e de qualquer pessoa física que dispusesse de alguma poupança individual por outro buscavam todas as formas possíveis de aplicações que oferecessem o melhor rendimento Os ABSs Assetbacked Securities e os CLOs Collateralised Loan Obligations ambas para a proteção dos bancos e investidores dos riscos de inadimplência Toda essa construção financeira produziu a aparência da redução dos riscos associados aos derivativos Entretanto o que aconteceu foi simplesmente a transferência dos riscos de uma instituição para outra sem nenhuma redução deles A CRISE CONTEMPORÂNEA Na imprensa em geral e mesmo entre alguns economistas a crise atual do capitalismo absolutamente escamcrada em 2008 é caracterizada como uma crise financeira que teria contaminado o lado real da economia Esse entendimento tem origem no não entendimento do processo vivido pelo capitalismo nas últimas décadas quando o capital portador de juros e em particular o capital fictício assumiu a dominância nas relações econômicas e políticas Essa dominância como visto anteriormente longe de ser uma distorção constitui o desdobramento lógico do capitalismo O desenrolar da crise e as medidas adotadas nos EUA A crise atual apresentou seus sinais muito antes de assumir as manchetes dos jornais tal como uma grande erupção vulcânica anuncia a explosão da cratera mediante o lançamento de enxofre e abalos sísmicos No curso dos quinze anos que precedem agosto de 2007 diversas crises financeiras ocorreram a crise mexicana de 19941995 a crise asiática de 19971998 a quase falência do fundo Long Term Capital Management nos Estados Unidos as crises da Rússia e do Brasil em 2001 e a queda da Nasdaq em 20012002 Em cada momento dessas crises parte do capital sob a forma dinheiro foi liquidada destruída Antes disso a crise das dívidas externas da década de 1980 já havia desvalorizado parte desse capital mesmo com um montante de US 24 bilhões seguido pelo Banco Central do Japão num total de US 84 bilhões Esse conjunto de operações coordenadas e quase simultâneas ultrapassou os US 350 bilhões após cinco dias de intervenção Durante todo o segundo semestre de 2007 o comportamento dos mercados financeiros ficou extremamente volátil reagindo a cada anúncio das perdas registradas pelos grandes bancos norteamericanos como o Citigroup ou Morgan Stanley Enquanto isso o Banco da Inglaterra socorria o Northern Rock que enfrentava uma corrida bancária a primeira em um país desenvolvido após quase um século antes de nacionalizálo em fevereiro de 2008 Vinte e um de janeiro de 2008 foi outro dia de pânico para a finança mundial logo após a descoberta de uma fraude relacionada em outro banco francês o Société Générale As bolsas despencaram 72 em Frankfurt 66 em São Paulo 63 em Paris 55 em Londres 54 no México 51 em Xangai 39 em Tóquio etc Nas dias seguintes o FED reduziu agressivamente sua taxa básica de juros de 425 para 35 e a 30 em apenas dez dias Em setembro de 2008 os bancos de investimento Lehman Brothers e Merryl Lynch praticamente foram à falência tendo sido comprados pelos Citigroup e pelo Bank of America respectivamente Ao mesmo tempo a seguradora AIG American International Group a maior do mundo na época teve que buscar recursos junto ao FED e foi posteriormente estatizada ao custo de US 85 bilhões Em dezembro de 2008 o FED baixou a taxa nominal de juros para 025 ao ano o que foi mantido até o momento em que este livro estava sendo escrito fevereiro de 2009 Ao mesmo tempo os principais bancos centrais do mundo procuraram coordenar suas intervenções oferecendo linhas de crédito privilegiadas aos bancos e reduzindo continuamente suas taxas de juros Quase ao mesmo tempo Henry Paulson Secretário do Tesouro dos Estados Unidos e Ben Bernanke Presidente do FED organizaram um gigantesco pacote de socorro ao sistema financeiro num total de US 700 bilhões para a compra dos títulos desvalorizados ou podres dos ativos bancários Inicialmente o projeto foi rejeitado na Câmara mas após várias alterações foi aprovado no Senado As principais alterações foram a forma de ajuda aos bancos que passou a ser por meio da compra de ações a extensão da ajuda para outras empresas e o aumento da soma envolvida que ficou em US 850 bilhões Desse total foram aplicados cerca de US 500 bilhões até o final do mandato de George W Bush inclusive com os empréstimos de US 134 bilhões e US 4 bilhões para salvar da falência a General Motors e a Chrysler respectivamente duas das maiores empresas automobilísticas do mundo Em fevereiro de 2009 no final do prazo concedido para que essas empresas apresentassem um plano de reestruturação e recuperação a GM que teve um prejuízo de US 309 bilhões em 2008 solicitou mais US 166 bilhões e a Chrysler mais US 5 bilhões para não declararem falência Um dos resultados anunciados da reestruturação dessas empresas é a demissão de 52 mil trabalhadores Após as eleições presidenciais nos Estados Unidos e a substituição de George W Bush por Barack Obama foi submetido ao Congresso norteamericano outro plano anticrise elaborado pela equipe econômica do novo presidente Os principais nomes dessa equipe Larry Summers Conselheiro da Casa Branca expresidente Banco Mundial e exsecretário do Tesouro no governo de Clinton que foi obrigado a se demitir da presidência da Universidade de Harvard por seu comentário depreciativo contra a menor participação feminina entre os cientistas Timothy Geithner secretário do Tesouro que ficou pra FMI onde entrou por meio de Paul Volcker foi secretário adjunto de Larry Summers e de Robert Rubin e também presidente do FED de Nova York Paul Volcker escolhido pra presidir o FED entre 1979 e 1987 executor da mudança na mento socialista ou Robin Hood o presidente Obama não esqueceu os ricos banqueiros investidores e especuladores do mercado financeiro na justificativa da proposta apresentada ao Congresso Se as condições econômicas piorarem o governo pode usar mais US 750 bilhões em operações de compra de ativos de entidades em dificuldades ou trocando em miúdos em ações de nacionalização temporária Folha de SPaulo 272009 Apesar disso o mercado financeiro não se acalmou e o projeto foi motivo de várias críticas O déficit fiscal previsto para o ano de 2009 deverá chegar a 123 do PIB norteamericano ou US 175 trilhão e diminuir para US 117 trilhão em 2010 Uma crise de superprodução Entre 2007 e 2009 os bancos centrais de todo o mundo continuaram tentando reativar a oferta de crédito com mais empréstimos aos bancos Contudo a crise inicialmente financeira rapidamente transformouse em crise de superprodução afetando a produção o emprego e o comércio internacional Em uma situação como essa na hipótese das instituições financeiras não estarem alimentando comprometidos com capital fictício ou que não é o caso o aumento da oferta de moeda por parte dos bancos centrais não se traduz em aumento de crédito pois os bancos não estão seguros sobre a capacidade dos tomadores pagarem seus empréstimos INDICAÇÕES PARA LEITURA Um livro introdutório sobre a economia política em Marx é o de José Paulo Netto e Marcelo Braz Economia política uma introdução crítica São Paulo Cortez 2006 No capítulo 7 em particular o autor procura explicar as crises capitalistas de forma mais simplificada e resumida Nelson Rosas Ribeiro no livro A crise econômica uma visão marxista João Pessoa UFPBEditora Universitária 2008 indica de forma bastante detalhada e didática o que se pode encontrar em Marx sobre a teoria das crises capitalistas Infelizmente nesse trabalho ele não avança o questionamento do desenvolvimento da esfera financeira e das manifestações financeiras das crises Para um estudo mais aprofundado a leitura obrigatória é o próprio O Capital de Karl Marx editado inicialmente pela editora Civilização Brasileira Rosa Maria Marques e Paulo Nakatani BIBLIOGRAFIA AGLIETA Michel Regulación y crisis Del capitalismo México Siglo Veintiuno 1979 BARAN Paul e SWEZY Paul O capitalismo monopolista Rio de Janeiro Zahar 1974 BARBER C On the origins of the Great Depression Southern Economic Journal vol 44 1978 BIHR Alain La reproduction du capital prolégomènes à une théorie générale du capitalism Paris Page Deux 2001 CHESNAIS François O capital portador de juros acumula SOBRE OS AUTORES Rosa Maria Marques é graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul mestre em Economia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutora pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo Fez pósdoutorado na Faculté de Sciences Économiques de lUniversité Pierre Mendès France de Grenoble na França Professora titular do Departamento de Economia e do programa de pósgraduação em Economia Política da PUCSP é autora e organizadora de vários livros entre eles A automação microeletrônica e os trabalhadores e A proteção social e o mundo do trabalho editados pela Bienal em 1990 e 1997 Desafios para o Brasil como retomar o crescimento econômico nacional e O Brasil sob a nova ordem editado pela Saraiva em 2005 e 2009 Aborto Ação Cultural Acupuntura Administração Adolesência Agricultura Sustentável AIDS AIDS 2º Visão Alcoolismo Alienação Alquimia Anarquismo Angústia Apatriação Apocalipse Arquitetura Arte Assentamentos Rurais Assessoria de Imprensa Astrologia Astronomia Ator Autonomia Operária Aventura Baralho Beleza Benfício Biblioteca Biética Biologia Bolsa de Valores Brinquedo Budismo Budgética Capital Capital Internacional Capitalismo Ceticismo Cidadania Cidade Ciências Cognitivas Cinema Computador Comunicação Comunicação Empresarial Comunicação Rural Comunidade Eclesial de Base Comunidades Alternativas Constitutínio Conto Contracpção Contratualura Cooperativismo Corpo Corporaltria Criança Crime Cultura Cultura Popular Darwinismo Defesa do Consumidor Deficiência Democracia Depressão Deputado Design Desobediência Civil Dialética Diplomacia Direito Direito Autoral Direitos da Pessoa Direitos Humanos Direitos Humanos da Mulher Documentação Dramática Ecologia Justiça Lazer Legalização das Drogas Leitura Lesbianismo Liberdade Língua Linguística Literatura Infantil Literatura de Coopel LivroReprtagem Lixo Loucura Magia MaisValia Marketing Marketing Político Marxismo Materialismo Dialético Mediação de Conflitos Medicina Alternativa Medicina Popular Medicina Preventiva Meio Ambiente Menor Método Paulo Freire Mito Moral Morte Multinacionais Museu Música Música Brasileira Música Sertaneja Natureza Nazismo Negretude Neleiforse Nordestne Brasileiro Oceanografia OnG Opinião Pública Orientação Sexual Panfletal Parlamentarismo Parlamentarismo Maranhense Participação Participação Política Patrimônio Cultural Imaterial Patrimônio Histórico Pedagogia Pena de Morte Pênis Periferia Urbana Pessoas Deficientes Poder Poder Legislativo Poder Local Política Política Cultural Política Educacional Política Nuclear Política Social Poluição Química PósModerno Positivismo Pragmatismo Prevenção de Drogas Programação Propaganda Ideológica Psicanálise 2º Visão Psicodrama Psicologia Psicologia Comunitária Psicologia Social Psicoterapia de Família Psicoterapia Alternativa Psiquiatria Forense Punk Questão Agrária Questão da Dívida Externa Química Racismo Rádio em Ondas Curtas Radioatividade Realidade Recessão Recursos Humanos Reforma Agrária Relações Internacionais Remédio Rétórica Revolução Robótica Romance Policial Segurança do Trabalho Semiótica Serviço Social Sindicalismo Sociobiologia Sociologia Sociologia do Esporte Stress Subdesenvolvimento Suicídio Superstição Tabu Tarô Taylorismo Teatro Teatro Infantil Teatro no Tecnologia Televisão Teoria Toxicomânia Tradução Trânsito Transporte Urbano Transsexualidade Trotskismo Universidade Urbanismo Utopia Velhice Vereador Vídeo Violência Violência Contra a Mulher Xadrez Zen Zoologia