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2005 by Circe Maria Fernandes Bittencourt Direitos de publicação CORTEZ EDITORA Rua Monte Alegre 1074 Perdizes 05014000 São Paulo SP Tel 11 38640111 Fax 11 38644290 editorcortezeditoracombr wwwcortezeditoracombr Direção José Xavier Cortez Editor Amir Piedade Preparação Alexandre Soares Santana Revisão Oneide M M Espinosa Edição de Arte Maurício Rindekens Seolin Papeis de capa Atelier Luiz Fernando Machado Ilustração de capa António Carlos de Pídua Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Bittencourt Circe Maria Fernandes Ensino de história fundamentos e métodos Circe Maria Fernandes Bittencourt 2 ed São Paulo Cortez 2008 Coleção docência em formação Série ensino fundamental coordenação António Joaquim Severino Selma Garrido Pimenta ISBN 9788524910692 Bibliografia 1 HistóriaEstudo e ensino I Severino António Joaquim II Pimenta Selma Garrido III Título IV Série 045240 CDD907 Índices para catálogo sistemático 1 História Ensino 907 Impresso no Brasil setembro de 2008 Capítulo II Conteúdos e métodos de ensino de História breve abordagem histórica A História enquanto disciplina escolar possui uma longa história permeada de conflitos e controvérsias na elaboração de seus conteúdos e métodos A história do ensino de História tem sido objeto de estudos de vários pesquisadores brasileiros notamente a partir da década de 80 do século passado quando se debatia a reforma curricular que visava subtrair os Estudos Sociais pela História e Geografia A História escolar é apresentada por essas pesquisas como abordagens diferentes predominando uma análise preocupada em denunicar o caráter ideológico da disciplina e a forma pela qual o poder institucional manipula ou tem o poder de manipular o ensino submetendoo aos interesses de determinados setores da sociedade Outros estudos sem o caráter ideológico preocupamse com contradições manifestadas entre a História apresentada nos currículos oficiais e nos vivida por professores e alunos buscando incorporar as problemáticas epistemológicas da disciplina na cultura escolar A abordagem apresentada neste capítulo fundamentase nessas pesquisas para fazer um levantamento acerca das mudanças e permanências dos métodos de ensino e aprendizagem apresentada como parte integrante dos currículos e dos objetivos educacionais mais amplos propostos para a escola primária ou elementar como era anteriormente denominada para a escola secundária A criação de escolas primárias complementares ocorreu de forma muito limitada existindo apenas em alguns centros urbanos mais desenvolvidos Com a introdução do regime político republicano e do direito de voto para os alfabetizados as políticas educacionais procuraram proporcionar a escolarização para um contingente social mais amplo e novos programas curriculares buscavam sedimentar uma identidade nacional por meio da homogeneização da cultura escolar no que diz respeito à existência de um passado único na constituição da Nação várias cidades das Escolas Modernas inspiradas na pedagogia do espanhol Francisco Ferrer y Guardia em que o ensino se voltava contra a exacerbação do patriotismo e o culto à pátria os quais entre outros propósitos incentivavam o militarismo e as guerras Entre os anarquistas havia a corrente pacifista opositora frontal à Primeira Guerra Mundial que desde 1914 levava a morte milhares de pessoas com a utilização de armas cada vez mais sofisticadas Tais grupos questionavam o sentido da civilização que a maioria dos europeus procurava impor ao restante do mundo No transcorrer das primeiras décadas do século XX nas áreas urbanas e rurais havia uma diversidade de escolas primárias de escolas públicas que seguiam o modelo dos grupos escolares e de muitas outras mais precárias além de escolas particulares confessionais ou criadas por grupos diversos de imigrantes e outros setores laicos que muitas vezes atendiam alunos trabalhadores em sua maioria adultos Essas escolas diferentes com horários e tempos pedagógicos diferentes e cada vez mais controlados pelo poder estatal assim como o fechamento daquelas organizadas pelos anarquistas e de muitas escolas de imigrantes completaram no fim dos anos 30 um período de confrontos sobre que conteúdos históricos deveriam ser ensinados A Língua Portuguesa a História do Brasil acompanhada da Educação Moral e Cívica juntamente com a Geografia constituíram os conteúdos fundamentais para a formação nacionalista e patriótica sedimentando o culto aos heróis e a criação de tradições nacionais nas aulas e nas festas cívicas A memorização era a tônica do processo de aprendizagem e a principal capacidade exigida dos alunos para o sucesso escolar Aprender era memorizar Tal concepção de aprendizado fundamentada no desenvolvimento da capacidade do aluno em memorizar criava uma série de atividades para o exercício da memória constituindo os chamados métodos mnemônicos Um método mnemônico muito difundido no ensino de História foi proposto pelo historiador francês Ernest Lavisse cuja obra didática serviu de modelo para a confecção da produção pedagógica nacional Lavisse pretendia desenvolver a inteligência da criança por intermédio da capacidade de memorização sendo esta construída ao se estabelecer a relação entre a palavra escrita e as imagens Para isso em seus livros didáticos para a escola primária francesa no fim do século XIX apresentou uma série de imagens acompanhadas de exercícios e atividades cuja finalidade principal era o reforço para uma memorização histórica Na prática no entanto parece ter prevalecido não exatamente a preocupação com uma memorização ativa mas simplesmente com a decoração de nomes e datas dos grandes heróis e dos principais acontecimentos da história nacional Era como a recitação de poesias que incentivavam o patriotismo como a do Olavo Bilac Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste Criança não haverá país nenhum como este Evidentemente as críticas a esse método foram inevitáveis Desde o fim do século XIX podiase encontrar uma literatura pedagógica que sugeria a necessidade de novos métodos baseados em autores como Montessori por intermédio dos quais se introduziam propostas dos denominados métodos ativos que incentivavam a participação e o envolvimento dos alunos na aprendizagem Uma obra interessante a Metodologia da História na aula primária escrita em 1917 pelo professor Jonathas Serrano da escola normal do Rio de Janeiro indicava as possibilidades de mudanças no método de ensino de História para alunos a partir de 7 anos Sem deixar de exaltar o ensino da História pátria e o culto aos heróis o autor considerava que para tornar mais eficiente a história biográfica era preciso preparar melhor o professor Este deveria escolher muito bem as narrativas que pudessem despertar o interesse dos alunos e também atentar para a importância do uso de outros materiais como mapas e gravuras Nas escolas dos anarquistas sabemos que a pedagogia de Ferrer e Guardia como foi apontado anteriormente propunha métodos diferenciados incentivando saídas e excursões com os alunos como meios de aprendizado A crítica ao aprender de cor que não podemos confundir com a memorização consciente tem sido portanto desde o fim do século XIX Chamando a atenção exatamente a persistência de tais críticas ainda nos dias atuais o que indica tratarse de um problema que ainda se mantém como aspecto das argumentações queiosamente foram considerarão inepto excusarse de entender a aprendizagem origem africana As histórias narradas que posteriormente estariam em posse do mundo erudito porque seriam escritas deixando de pertencer à cultura ágrara eram aprendidas pela oralidade contadas por narradores durante as tardes e noites nas fazendas nas povoações nos sertões Repetiamse contos e histórias quase que diariamente para crianças a fim de fazêlas dormir ou entretêlas Histórias e contos repetidos infinitas vezes O púlpito das igrejas era outro lugar da repetição do aprendizado pela oralidade As preces e a história sagrada eram aprendidas pela repetição diária das palavras pelas festividades cíclicas marcadas pelo calendário cristão A instituição escolar nasceu para propor uma nova forma de comunicação o conhecimento pela escrita mas não pode nem eliminar as relações sociais e suas formas de transmissão de saber tradicionalmente estabelecidas nem afastarse delas Os métodos criados pela escola foram obrigados a submeterse a mecanismos já existentes para impor o saber que ela pretendia disseminar Da mesma forma que na atualidade não se pode ignorar a importância da comunicação audiovisual das mídias a comunicação oral pela repetição foi incorporada pelos métodos de ensino os quais evidentemente foram sendo considerados ultrapassados em razão das mudanças dos hábitos culturais mas também devido ao uso da memória como simples repetição da decoração de uma lição 13 ESTUDOS SOCIAIS E OS MÉTODOS ATIVOS A partir dos anos 30 do século passado começaram a surgir as propostas de Estudos Sociais em substituição aos conteúdos e métodos de ensino de História e da Geografia e ao Civilismo para as escolas primárias O princípio básico dos Estudos Sociais inspirado em escolas norteamericanas visava a integração do indivíduo na sociedade devendo os conteúdos dessa área auxiliar a inserção do aluno da forma mais adequada possível em sua comunidade Os programas de Estudos Sociais fundamentaramse nos estudos da psicologia cognitiva que se desenvolveu sobretudo a partir dos anos 30 e aperfeiçoouse nos anos 50 pelos estudos pedagógicos Essa fundamentação psicológica apresentava os Estudos Sociais para as crianças de forma progressiva introduzindo os alunos nos temas da sociedade de modo com a faixa etária Propunha que os estudos fossem iniciados com base nas realidades próximas das crianças tanto no tempo como no espaço Nessa perspectiva o passado mais próximo era antes de tudo o imediato o familiar o local o escolar A partir dos anos 9 anos a criança teria condições psicológicas e motivacionais que lhe permitiriam ampliar o raio de ação das percepções de outros tempos mais recuados ou outros espaços por meio de aventuras e narrações mais realistas Os Estudos Sociais foram adotados em algumas denominadas experiências ou vocacionais ocorrendo da década de 60 e depois do reforme educacional na fase da ditadura militar pela Lei 5692 de agosto de 1971 a área foi introduzida em todos os cursos do ensino fundamental 2 ENSINO DE HISTÓRIA NO SECUNDÁRIO A História foi uma disciplina incluída no plano de estudos do Colégio Pedro II a escola secundária pública modelar criada pelo governo imperial em 1837 Embora o nível secundário tenha sofrido transformações constantes do século XIX ao atual a História permaneceu como ensino obrigatório integrando tanto os currículos das humanidades clássicas como os currículos científicos Nesse percurso os conteúdos selecionados e os métodos variaram bastante sem contudo deixaras as características fundamentais na constituição de identidades nacionais A História a Geografia e o currículo humanístico viam o secundário no Brasil caracterizouse como um curso oferecido pelo setor público no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro capital do Império e da República em liceus provinciais em ginásios estaduais republicanos e pelo setor privado A rede particular de escolas para esse nível escolar desempenhou e continua a desempenhar importante papel levandose em conta que o secundário foi criado para atender à formação dos setores de elite As escolas confessionais de ordens religiosas de origem europeia nos séculos XIX e XX foram muito importantes e responsáveis pelo estabelecimento de um sistema de ensino bastante amplo com externatos e internatos tanto para meninas quanto para meninos A presença dos colégios confessionais foi constante até aos 50 do século passado quando começaram a sofrer intensa concorrência de escolas não confessionais que passaram a proliferar à medida que se ampliava o público escolar secundário no processo de crescimento da classe média urbana que o jovem secundarista fizesse citações e usasse expressões características de um grupo social diferenciado do povo letrado Os conteúdos propostos serviam também para uma formação moral baseada no ideário de civilização cujos valores eram disseminados como universais mas praticados com exclusividade pela elite A seleção de textos literários realizavase tendo em vista a apreensão de valores como a prudência a justiça a coragem e a moderação As disciplinas foram sendo organizadas para atender portanto a tais objetivos sociais e de formação de valores Historadores do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil IHGB haviam fornecido no decorrer do século XIX as bases de uma história nacional dividida em períodos definidos pela ação política a descoberta do Brasil o nascimento da nação que era notadamente branca europeia e cristã foi constituído no período da colonização a Independência e o estado monárquico que possibilitaram a integração territorial e o surgimento de uma grande nação A história do Brasil dos programas curriculares e dos livros didáticos possuía o mesmo arcabouço mas na prática escolar paradoxalmente foi um conteúdo complementar na configuração de uma identidade nacional A história da genealogia da nação baseavase na inserção do Brasil no mundo europeu e era este mundo a matriz ou o berço da Nação dedicado ao seu ensino Ficou estabelecido que o secundário teria dois níveis o curso ginasial de quatro anos e o curso colegial separado em curso clássico e curso científico de caráter propedêutico com mais três anos Esse momento correspondia a uma fase de redefinição do secundário O objetivo maior era favorecer o desenvolvimento de um setor terciário consumidor e urbano capacitado para as tarefas necessárias à modernização e para as atividades urbanas A divisão do nível secundário atendia a essa demanda da configuração de uma classe média Para determinados setores da classe média era suficiente o curso ginasial e para os setores em ascensão e para as elites existia o colegial que conduziria estes grupos selecionados aos cursos de nível superior O conteúdo ligado à História e Geografia de caráter dogmático passou a prevalecer nos oito anos do primeiro grau No segundo grau apesar de a História subsistir a diminuição da carga didática comprometeu qualquer mudança significativa capaz de substituir um conteúdo erudito e enciclopédico por outro mais adequado à formação de uma geração proveniente de culturas e condições sociais múltiplas Houve tentativas determinadas formas de resistência de professores e até mesmo espaços de poder institucionalizado Quadro Sinóptico da Lição X D João III D Sebastião D Catarina da Áustria Duarte da Costa Pedro Fernandes Sardinha Bispo do Brasil A introdução do currículo científico não afetou significativamente os métodos de ensino uma vez que disciplinas como Química Física e Biologia as quais eram inicialmente mais experimentais se transformaram em conteúdos mais abstratos A História assim continuou com o mesmo método passando os livros didáticos cada vez mais a indicar os rumos da aula É importante destacar que não existiam cursos de formação de professores secundários e os livros didáticos eram ferramentas fundamentais para o desempenho da função docente a concretização dos objetivos de uma formação intelectu al patriótico e humanitária segundo os pressupostos de Dewey A tese tecia uma crítica à História que havia servido apenas como treino de memória e propunha que o papel do estudo dos fatos históricos deveria estar relacionado ao desenvolvimento de outros aspectos da inteligência tais como o raciocínio imaginação construtiva julgamento crítico etc Essa proposta poderia impedir o envolvimento do professor em confrontos ideológicos embora seja fácil constatar contrariamente a posição da autora sobre a função da disciplina na formação de um indivíduo apto para o exercício da democracia liberal em oposição a uma formação fundada em princípios do comunismo ou do socialism o A História deve se iniciar por pequenos contos históricos que serviriam para despertar a curiosidade dos alunos interessados nos litos gênero de estudos depois vêm as notas biográficas dos personagens célebres episódios importantes da história de cada povo noções sobre a origem vida e costumes de cada um um esboço geral da história universal com o desenvolvimento de certas épocas que mereçam estudos especiais Proposta de um educador sobre o ensino de História para as escolas elementares em 1879 Inicialmente pelo seu cadern o informativo amplia a visão intelectual fornece conhecimentos novos Por outro lado sendo matéria essencialmente expositiva desenvolve habilidades de expressão e sistematização do pensamento O aluno aprende a expressarse a formular suas ideias com clareza e método O aproveitamento da História nesse sentido depende evidentemente da orientação seguida pelo professor O uso e o abuso de perguntas nas sabatinas e exames o que facilita sem dúvida algum o trabalho de correção é esse respeito pouco produtivo A exposição oral contribui para dar segurança ao aluno domínio e controle de si mesmo hábito de falar em público Diminui inibições Dessa forma estamos contribuindo para a formação de sua personalidade A História ainda pode também desenvolver o raciocínio Educa a imaginação Capítulo III História nas atuais propostas curriculares 1 Renovações curriculares Para esse modelo capitalista criouse uma sociedade do conhecimento que exige além de habilidades intelectuais mais complexas formas de manejar informações provenientes de intenso sistema de meios de comunicação e de se organizar mais autônoma individualizada e competitivamente nas relações de trabalho Quanto às concepções de currículo os autores mais importantes são Ivor Goodson Michel Apple Jimeno Sacristán Antonio Flávio Moreira Tomás Tadeu da Silva e Thomas Popkewitz entre outros cujas obras principais constam da Bibliografia do Capítulo 1 deste De acordo com os currículos mais recentes os conteúdos escolares correspondem à integração dos vários conhecimentos adquiridos na escola Deste modo consiste em como conteúdo escolar tanto os conteúdos explícitos de cada uma das disciplinas como a aquisição de valores habilidades e competências que fazem parte das práticas escolares e os computadores segundo alguns especialistas de estudos de linguagens revolucionaram ou estão revolucionando mais do que a televisão a forma de conhecimento escolar por sua capacidade e poder de estabelecer comunicações mais pessoais e interativas televisões filmes jogos de videogame correspondem a uma realidade da vida moderna com a qual crianças e jovens têm total identificação e tais suportes merecem atenção redobrada e métodos rigorosos que formem práticas de não alienado princípio que o aluno é sujeito ativo no processo de aprendizagem presente buscando em tempos passados as respostas para as indagações feitas A problematização do estudo histórico iniciase sempre pelo local que se torna objeto de análise constante e não mais em apenas uma das séries dependendo do tema a ser estudado Para efetivar o estudo do local a proposta fundamentase na história do cotidiano e apropriase de seus métodos com o objetivo de inserir as ações de pessoas comuns homens mulheres crianças e velhos na constituição histórica e não exclusivamente às ações de políticos e das elites sociais As articulações entre a concepção de História acadêmica e a História escolar diferenças essas implícitas em várias propostas e explícitas com mais detalhes pelos PCN aparecem em dois outros tópicos dos currículos Os métodos de ensino são destacados como elementos decorrentes de uma concepção de história associada a uma concepção de aprendizagem e disso advém a apresentação dos limites do uso dos livros didáticos como instrumentos pedagógicos exclusivos e a necessidade de recorrer a documentos portadores de outras linguagens sendo comuns as sugestões de utilização da literatura de textos de jornais das imagens música etc nas aulas de História A ênfase dos textos dos PCN reside na articulação entre os conteúdos expressos em informações e conceitos e de como proceder para compreendêlos e analisalos demonstrando de um saber escolar como o saber fazer ao mesmo tempo que admite e inclui como pressuposto o ser explicitado que se saber não é neutro Desta forma a intrínseca do conteúdo programático da cada disciplina é inclusao de atitudes e valores habilitados a serem trabalhadas na prática escolar a mudanças tanto no próprio sistema seletivo para o ingresso no ensino superior como no complexo sistema de avaliação da escola Outro aspecto que tem sido debatido é a proposta controversa dos PCN sobre o papel das disciplinas na constituição dos saberes escolares Os PCN são expressados por áreas de conhecimento e nesse sentido a História ao lado da Geografia da Sociologia da Antropologia da Política e da Filosofia é parte integrante das denominadas ciências humanas e suas tecnologias Uma interpretação dessa proposta detecta a diluição dos conhecimentos das ciências humanas em diversos conteúdos não disciplinares e a perda do aprofundamento dos conceitos informações e métodos que fazem parte de cada uma das disciplinas A indefinição do conceito de interdisciplinaridade acarreta problemas porque em inúmeras situações a construção e a definição das grades curriculares nas escolas e a distribuição das cargas didáticas de cada área do disciplina escolar dependem da visão que as autoridades educacionais têm sobre a relação entre área de conhecimento e disciplinas escolares Além de prejuízos no que diz respeito ao aprofundamento de conceitos os diversos componentes das áreas há reflexos a longo e médio prazo na própria formação dos docentes 22 SOBRE OS OBJETIVOS DO ENSINO DE HISTÓRIA As propostas curriculares para todos os níveis de ensino têmse preocupado em responder à pergunta Por que estudar História Estudarse História para compreender o presente e criar os problemas do futuro é uma das frases mais repetidas por professores em suas explicações inicias sobre o porquê da disciplina na escola As finalidades do ensino de História não se limitam a essa frase contudo evidentemente mais complexas algumas propostas curriculares procuram explicitálas Como foi apresentado em capítulo anterior a História serviu inicialmente para legitimar um passado que explicasse a formação do Estadonação e para desenvolver o espírito patriótico ou nacionalista A contribuição do ensino para a constituição da identidade permanece mas já não se limita a constituir e forjar uma identidade nacional Um dos objetivos centrais do ensino de História na atualidade relacionase à sua construção na constituição de identidades A identidade nacional nessa perspectiva é uma das identidades a ser constituídas pela História escolar mas por outro lado enfrenta ainda o desafio de ser entendida em suas relações com o local e o mundial A constituição de identidades associase à formação da cidadania problema essencial na atualidade ao se levar em conta as finalidades educacionais mais amplas e o papel da escola em particular A contribuição da História temse dado na formação da cidadania nesta mais explicitamente a de cidadania política Nesse sentido é que se encontra em inúmeras propostas curriculares a afirmação de que a História deverá contribuir para a formação do cidadão crítico termo vago mas indicativo da importância política da disciplina A formação de um cidadão crítico conduz ainda a explicações sobre a História escolar como afirmado por Segal forma cidadãos comuns indivíduos que vivem um presente contraditório Esse indivíduo que vive o presente deve pelo ensino de História ainda segundo Segal ver condições de refletir sobre suas ações contextualizálas em um tempo conjuntural e estrutural estabelecer relações entre os diversos fatos de ordem política econômica e cultural de maneira que fique preservado das reações primárias a cólera impotente e a abundância fatalista da força do destino Assim a finalidade de uma formação política atribuída ao ensino de História está articulada a outra significativa finalidade a da formação intelectual A formação intelectual pelo ensino da disciplina ocorre por intermédio de um compromisso de criação de instrumentos cognitivos para o desenvolvimento de um pensamento crítico o qual se constituiu pelo desenvolvimento da capacidade de observar e descobrir estabelecer relações entre presentepassadopresente fazer comparações e identificar semelhanças e diferenças entre a diversidade de acontecimentos no presente e no passado Na proposta dos PCN além das duas finalidades foi acrescida uma mais geral a formação humanística dos educandos Em documento sobre as finalidades do ensino na educação de jovens e adultos EJA a preocupação com uma formação humanística para as atuais gerações corresponde a compromissos gerais da sociedade e essa formação não pode ser confundida com a formação das humanidades de períodos anteriores promotora de uma educação escolástica destinada a determinadas esferas economicamente favorecidas e a constituição de uma elite iluminada única responsável pelas desigualdades sociais de direitos A moderna concepção de formação humanística tem como pressupostos outros valores e compromissos Uma formação humanística moderna abrange reflexões e estudos sobre as atuais condições humanas mas que se fundamentam nas singularidades e no respeito pelas diferenças étnicas religiosas sexuais das diversas sociedades A perspectiva histórica permite uma visão não apenas abrangente ao estabelecer relações entre passadopresente na busca de explicações do atual estágio da humanidade como permite identificar as semelhanças e diferenças que têm marcado a trajetória dos homens no planeta Terra significa rever as relações entre homem e natureza e também situar no tempo as permanências e em diferentes locais dentro das casas das favelas nos grandes centros urbanos nas áreas rurais ou em campos de batalha Os temas de ensino de História propostos pelos PCN são por outro lado articulados aos temas transversais meio ambiente ética pluralidade cultural saúde educação sexual trabalho e consumo Essa proposta de temas interdisciplinares gera novos desafios para o ensino de História Um deles é articular os conteúdos tradicionais como os de uma história política ou econômica com conteúdos característicos de outras disciplinas como é o caso do meio ambiente ou questões de saúde As propostas atuais dessa forma exigem um trabalho intenso do professor uma concepção diferenciada desse profissional como um trabalhador intelectual que juntamente com seus alunos deve pesquisar estudar organizar e sistematizar materiais didáticos apropriados para as diversas condições escolares REVELTAS Andrea Identidade nacional mexicana In SILLER Javier Perez et al Identidad en el imaginario nacional rescriturar y enseñanza de la historia Puebla México Instituto de Ciencias Sociales y Humanidades Braunschweig Alemanha Institut Georg Eckert 1997 ainda gera descontentamento entre os alunos saturados de um tema único no decorrer de todo o ano escolar A organização do estudo de História por temas produz assim vários problemas que precisam ser esclarecidos Um deles é o de distinguir entre História temática tal qual os historiadores a concebem na realização de suas pesquisas e História ensinada por eixos temáticos Essa distinção fundamental tem sido pouco explicitada nas propostas curriculares o que induz a vários equívocos na prática escolar A História temática normalmente produzida pela pesquisa de historiadores que estabelecem o tema a ser investigado e delimitam o objeto o tempo o espaço e as fontes documentais a serem analisadas caracteriza a produção histórica acadêmica Cada tema é pesquisado em profundidade sendo a análise verticalizada em meio às diversas possibilidades oferecidas por intermédio de um máximo de documentação a ser selecionada segundo critérios próprios a qual é interpretada de acordo com determinadas categorias e princípios metodológicos O tema é precedido por exaustivas leituras bibliográficas e por críticas tanto da bibliografia quanto da documentação MOREIRA Antonio Flávio SILVA Tomaz Tadeu da Org Currículo cultura e sociedade São Paulo Cortez 1994 POPKEWITZ Thomas S História do currículo regulação social e poder In SILVA T Tadeu da Org O sujeito da educação estudos foucaultianos Petrópolis Vozes 1994 RIO DE JANEIRO Estado Secretaria de Estado de Educação Plano básico de estudos anos iniciais da escola básica Rio de Janeiro COGPCoeb 1994 ROCHA Ubiratan História currículo e cotidiano escolar São Paulo Cortez 2002 SACRISTÁN J Gimeno O currículo uma reflexão sobre a prática Porto Alegre Artes Médicas 1998 SILLER Javier Perez et al Identidad en el imaginario nacional reescritura y enseñanza de la historia Puebla México Instituto de Ciencias Sociales y Humanidades Braunschweig Alemanha Institut GeorgEckert 1997 2ª Parte Métodos e conteúdos escolares uma relação necessária