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Resenha\n\nJosé Maria de Oliveira Silva*\n\nOBRA: \"CANUDOS - O POVO DA TERRA\". São Paulo. Editora Ática, 1995, p. 155.\nAUTOR: Marco Antonio Villa.\n\nDepois de quase cem anos do término da Guerra de Canudos, a ser \"comemorado\" em 1997, o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, é revisitado, agora, como uma obra que se constituiu numa \"barreira\" para o conhecimento da realidade histórica da Comunidade de Belo Monte, funda-da por Antônio Conselheiro.\n\nPara Marco Antonio Villa que expressa essa opinião e pretende, com o seu livro, reabrir o debate sobre o assunto, é falsa a ideia de que, sem aquela obra, a luta no arraial teria sido esquecida pois \"Euclides da Cunha só produziu o livro vingador porque os conselheiristas forneceram a matéria-bruta: sem ela, não teríamos Os Sertões\" (p. 10).\n\nEste seu ponto de partida, de certo modo, é corroborado pela pesquisa que realiza em outras fontes, como jornais, livros, romances, depoimentos de sobreviventes, Anais do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, Relatórios do Ministério da Guerra e de outros organismos, procurando reconstruir a vida dos conselheiristas e da Comunidade de Belo Monte.\n\nEmbora Os Sertões seja utilizado apenas como uma fonte secundária, sobretudo nos capítulos sobre a guerra, Villa escreve um apêndice sobre a figura de Euclides da Cunha como correspondente de guerra. Informa, contrariando vários biógrafos e euclidianos, sobre o pouco tempo - cerca de 16 dias da quarta expedição - em que ele teria realmente acompanhado a luta em Canudos (tendo-se aproximado duas vezes das trincheiras e permanecendo a maior parte do tempo em conversas com os oficiais e o comandan-te Artur Oscar). Não teria nem mesmo assistido ao assalto final das forças do exército e a queda do arraial, aspectos tão bem descritos na sua obra. A reconstrução desses detalhes não implica numa desqualificação da obra.\n*Universidade Federal de Sergipe.\n\nRev. Bras. de Hist. S. Paulo v. 16, n° 31e 32 pp. 375-376 1996\n375 prima que é Os Sertões mas ela repõe, com outros elementos, a polêmica sobre a natureza ficcional ou histórica do livro.\n\nNesse sentido, ao longo dos cinco capítulos de seu estudo, Villa utiliza outras fontes para tratar de temas, alguns já por demais estudados por outros autores, como a vida de peregrino de Antonio Conselheiro, a organização socioeconômica de Belo Monte, as várias expedições militares, entre outros, visando a reconstruir o passado histórico na sua complexidade. Questões importantes e não contempladas pela historiografia contemporânea, en-tretanto, como a religiosidade sertaneja e a influência judaico-cristã no Nor-deste, são vistas rapidamente ou de maneira genérica, sendo, sobretudo, equi-vocada sua versão de que Ibiapina não sofrera também pressões contra sua atividade missionária por parte de seus superiores. Uma crítica a sua análise, nesse sentido, é que ao adotar um viés descritivo-analítico espécie, na maioria das vezes, por um excessivo fatalismo narrativo.\n\nPor outro lado, Vila resgata informações novas como o relatório de prestação de contas do intendente de Monte Santo, João Cordeiro de Andrade, manuscrito de 1894 e documento inédito, no qual aparece claramente como na região do Sertão de Canudos (Cumbe, Uauá, Monte Sano e outras populações vizinhas), os sertanejos, devido à influência do conselheirismo, se recu-savam a pagar os impostos republicanos.\n\nA sua tese de que \"a comunidade desenvolveu formas organizativas com base na tradição sertaneja, possibilitando a sobrevivência de milhares de conselheiristas à margem do sistema de dominação coronelístico\" (p.11) reabre a discussão com outras interpretações tradicionais sobre Canudos, como a do marxismo ortodoxo de uma comunidade utópica socialista e de uma versão mais recente, que tende contraditoriamente identificar Canudos como o último quilombo do Brasil. Ao descartar totalmente as leituras passadas que enfocavam a comunidade sob o ângulo de messianismo, seba-stianismo, milenarismo, isto é, como uma comunidade messiânica (ver-são euclidiana que predomina em vários estudiosos contemporâneos), sente-se a força do \"livro vingador\" como o grande interlocutor do presente, devi-do ao seu impacto nos rumos da historiografia deste século.\n\nSobre vários outros assuntos, o livro se debruça no sentido de des-vendar o \"enigma\" que é Canudos, um tema, como o próprio Vila assinala, dos mais importantes (e apaixonantes) da história do Brasil do século XIX. Neste debate, que traz para o nosso presente a rebeldia radical de Canudos, somos novamente despertados para o sentimento de que o sofrimento do sertanejo ainda tem muitas identidades com o passado e que a sua históri-a, num certo sentido, permanece \"imóvel\" no tempo, como acreditava Euclides da Cunha.\n\n376
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