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Medicina Veterinária ·

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Gametogênese e fertilização Profª Ivina Rocha Brito Descrição A formação e o amadurecimento dos gametas masculino e feminino processo definido como gametogênese e os eventos que envolvem a fertilização como mecanismos fundamentais para a manutenção das espécies Propósito O conhecimento sobre a gametogênese e a fertilização é indispensável para médicos veterinários da área de reprodução uma vez que são fundamentais para a manutenção das espécies bem como para o estudo do desenvolvimento animal já que falhas na gametogênese podem resultar no surgimento de doenças Ainda é essencial para a aplicação de biotecnologias usadas para acelerar o melhoramento genético aumentando a produção de espécies de interesse econômico e para o manejo reprodutivo de animais ameaçados de extinção ou de cativeiro entre outros Objetivos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 1 Gametogênese Reconhecer a estrutura dos gametas e o processo de gametogênese masculina e feminina Módulo 2 O processo de fertilização Analisar os eventos que envolvem a capacitação espermática e as etapas da fertilização Introdução A reprodução é uma característica fundamental dos seres vivos pois se refere à sua capacidade de gerar descendentes Portanto é um mecanismo importante para garantir a manutenção de todas as espécies viventes Por meio da reprodução é possível gerar indivíduos geneticamente idênticos no caso da reprodução assexuada ou geneticamente diferentes e com características herdadas de seus progenitores no caso da reprodução sexuada Esta última ocorre em todos os animais vertebrados e envolve a participação de um gameta feminino o ovócito e um masculino o espermatozoide Neste conteúdo estudaremos os aspectos relacionados à reprodução sexuada Para isso precisamos conhecer os gametas e todo o seu processo de formação que é chamado gametogênese Entenderemos como cada gameta o feminino e o masculino contribui com metade das características genéticas do novo indivíduo que será gerado ou seja com a metade da quantidade de cromossomos Quando os gametas feminino e masculino de animais da mesma espécie se encontram tem início o processo de fertilização Em algumas espécies a fertilização acontece dentro do corpo da fêmea fertilização interna enquanto em outras espécies a fertilização ocorre no ambiente externo fertilização externa Independentemente da espécie o encontro dos gametas desencadeia uma série de eventos tanto no espermatozoide quanto no ovócito que os tornam capazes de formar o zigoto O zigoto dará origem a um novo indivíduo geneticamente diferente dos seus genitores Dessa forma acontece o milagre da vida Ao longo deste conteúdo abordaremos ainda de que forma todo esse conhecimento acerca da reprodução pode ser importante para a aplicação de biotécnicas visando preservar ou melhorar a capacidade reprodutiva dos animais 1 Gametogênese Ao final deste módulo você será capaz de reconhecer a estrutura dos gametas e o processo de gametogênese masculina e feminina Introdução aos conceitos básicos Células somáticas são todas as células de um indivíduo exceto os gametas Nas células somáticas os cromossomos se organizam aos pares sendo uma cópia materna e uma paterna Nessa condição podemos dizer que esta célula é diploide ou 2n Para formar o par de cromossomos uma cópia deve ser herdada da mãe por meio do ovócito e a outra cópia é recebida do pai por meio do espermatozoide Assim para obter uma célula diploide após a fertilização os gametas devem conter apenas um cromossomo de cada par Nesse caso dizemos que os gametas são células haploides ou n ou seja os gametas contêm apenas metade do número de cromossomos presente nas células somáticas nas células somáticas Além disso ao contrário das células somáticas os gametas de um mesmo indivíduo são todos geneticamente diferentes entre si e a cada evento de fertilização são gerados indivíduos diferentes Em outras palavras é por isso que ninguém é igual a ninguém somos geneticamente diferentes Em resumo os gametas são células haploides contendo uma cópia de cada cromossomo enquanto as células somáticas são diploides contendo duas cópias de cada cromossomo uma de origem materna e outra paterna Veja a imagem a seguir Os gametas e as células somáticas Mas como é possível que a cada fertilização sejam gerados indivíduos diferentes Resposta Isso acontece porque as divisões das células somáticas ocorrem por mitose que transfere para cada uma das célulasfilhas cópias exatas de todos os cromossomos da célulamãe O resultado então são células diploides idênticas entre si Já na gametogênese os mecanismos especiais da meiose são responsáveis por reduzir a quantidade de cromossomos das célulasfilhas pela metade ao mesmo tempo que promovem recombinação do material genético produzindo assim células haploides e geneticamente diferentes entre si Observe a imagem a seguir e veja que na mitose são produzidas célulasfilhas idênticas com a mesma quantidade de cromossomos da célulasfilhas idênticas com a mesma quantidade de cromossomos da célulamãe ou seja células diploides Já na meiose ocorre a recombinação gênica misturando partes dos cromossomos paterno e materno do mesmo par e a redução da quantidade de cromossomos pela metade gerando células haploides Mitose produz células diploides Meiose recombinação gênica gera células haploides Agora estamos prontos para conhecer os gametas Estrutura dos gametas Espermatozoide Cada espermatozoide consiste em um núcleo haploide um sistema de propulsão para movimentar o núcleo e um saco de enzimas que facilitam a entrada do núcleo no ovócito para que ocorra a fertilização A maior parte do citoplasma do espermatozoide é eliminada durante o seu amadurecimento permanecendo apenas um conjunto de organelas modificadas para exercer a função espermática A cabeça do espermatozoide contém o núcleo que determina o formato da cabeça Ao longo do processo de amadurecimento o núcleo haploide se torna muito aerodinâmico e o seu DNA fica altamente condensado Na porção anterior do núcleo está a vesícula acrossômica acrossomo derivada do complexo de Golgi contendo enzimas que digerem proteínas e açúcares complexos além de serem usadas para romper os revestimentos do ovócito durante a fertilização O movimento dos espermatozoides é impulsionado pelo flagelo que é formado por uma peça intermediária contendo uma porção motora chamada axonema Um axonema consiste em dois microtúbulos centrais circundados por nove pares de microtúbulos O axonema se estende da peça intermediária passando pela peça principal até o início da peça terminal do flagelo A força de propulsão dos espermatozoides é proporcionada pela proteína motora dineína que se associa aos microtúbulos e utiliza a energia fornecida pelas mitocôndrias arranjadas em torno do axonema da peça intermediária Veja na imagem a estrutura do espermatozoide A estrutura de um espermatozoide A estrutura de um espermatozoide A morfologia da cabeça do espermatozoide e o comprimento do gameta dependem da espécie variando de aproximadamente 60μm no cachaço a 75μm no touro Saiba mais Conhecer a morfologia dos espermatozoides é importante porque espermatozoides anormais também são produzidos e dependendo da quantidade podem comprometer a fertilidade do animal Anomalias podem dificultar ou impedir o movimento do espermatozoide ou ainda diminuir sua capacidade de fertilizar o ovócito Alterações morfológicas dos espermatozoides como cabeças ou caudas duplas prejudicam sua motilidade Já as variações na forma e no tamanho da cabeça dos espermatozoides indicam alterações como ausência do acrossomo condensação insuficiente da cromatina e até mutações no material genético Veja a imagem sobre as alterações morfológicas a seguir Diferentes tipos de alterações morfológicas nos espermatozoides Ovócito O ovócito consiste em uma célula grande com núcleo e citoplasma volumosos Ao contrário do espermatozoide que elimina a maior parte do seu citoplasma durante seu amadurecimento o ovócito não só conserva o seu material como continua a acumulálo ativamente Todo o material necessário para o início do desenvolvimento do futuro embrião deve estar armazenado no ovócito Portanto o citoplasma do ovócito contém um material complexo chamado vitelo rico em ovócito contém um material complexo chamado vitelo rico em fosfolipídios glicídios gorduras neutras e proteínas A quantidade acumulada de vitelo varia de espécie para espécie e influencia a forma como o futuro embrião realizará suas clivagens Em algumas espécies como os ouriçosdomar o núcleo já é haploide no momento da fertilização Em outras espécies incluindo a maioria dos mamíferos o núcleo do ovócito ainda é diploide e a entrada do espermatozoide estimula a finalização das divisões meióticas O citoplasma do ovócito é envolto por uma membrana plasmática Externamente à membrana encontrase uma estrutura glicoproteica o envoltório vitelínico que é fundamental para a ligação espécie específica do espermatozoide Em mamíferos o envoltório vitelínico é bastante espesso e é chamado zona pelúcida Internamente adjacente à membrana plasmática encontrase uma região chamada córtex onde o citoplasma é mais denso e onde se situam os grânulos da cortical Esses grânulos contêm proteínas e mucopolissacarídeos que atuam evitando a entrada de mais de um espermatozoide polispermia Ao ser ovulado o ovócito de peixes e anfíbios está encapsulado em uma substância gelatinosa formada no momento da sua passagem pelo oviduto Já nos répteis nas aves e em alguns peixes também no oviduto o ovócito é envolto por camadas de albúmen por cápsulas membranosas ou calcárias ou ainda por cascas Em mamíferos o ovócito ovulado é circundado por um conjunto de células foliculares formando a corona radiata Observe na imagem a seguir a estrutura do ovócito A estrutura do ovócito de mamíferos Independentemente da espécie nos ovários de vertebrados os ovócitos encontramse rodeados por células derivadas do epitélio ovariano e que juntamente com o ovócito formam uma estrutura chamada folículo ovariano As células que compõem os folículos ovarianos são diferenciadas em células da granulosa e células da teca e são fundamentais para garantir o crescimento e a maturação do ovócito Esses folículos se desenvolvem em um processo denominado foliculogênese que acontece junto com a ovogênese Curiosidade O ovócito possui uma competência própria para iniciar o desenvolvimento embrionário ou seja ele contém todos os fatores necessários para iniciar e manter o metabolismo e o desenvolvimento inicial do embrião até que este possa obter sua nutrição de uma fonte externa Portanto além de contribuir com o material genético o ovócito é também um reservatório de enzimas citoplasmáticas mRNAs organelas e substratos metabólicos Essa habilidade particular do ovócito é utilizada na biotecnologia especialmente na clonagem por transferência de núcleo Nessa biotécnica o núcleo do ovócito é substituído pelo núcleo de uma célula somática doadora do indivíduo a ser clonado Em seguida o citoplasma somática doadora do indivíduo a ser clonado Em seguida o citoplasma do ovócito inicia o desenvolvimento embrionário controlado pelo genoma da célula doadora do núcleo Saiba mais A clonagem por transferência de núcleo de células somáticas vem sendo realizada em diversos países inclusive no Brasil para fins experimentais ou até mesmo comerciais O interesse por essa biotécnica é explicado por sua gama de aplicações em ciência básica conservação animal transgenia produção animal e medicina humana Utilização do ovócito em biotecnologia reprodutiva para clonagem A seguir vamos conhecer um pouco mais sobre como é realizada a biotécnica de clonagem e suas aplicações Gametogênese masculina Agora que conhecemos os gametas vamos entender como e onde eles são produzidos A gametogênese masculina é chamada espermatogênese e inclui todos os eventos envolvidos na formação dos espermatozoides que ocorre no interior dos túbulos seminíferos dos testículos Esse processo pode ser subdividido em diferentes fases processo pode ser subdividido em diferentes fases Espermatocitogênese O desenvolvimento dos espermatócitos a partir das espermatogônias Meiose As duas divisões meióticas dos espermatócitos Espermiogênese A diferenciação das espermátides em espermatozoides Vamos entender cada fase Espermatocitogênese Inicialmente durante a vida embrionária do animal células germinativas indiferenciadas se dividem por mitose dando origem a células menores chamadas espermatogônias tipo A Tais espermatogônias se tornam dormentes até a entrada na puberdade quando são novamente estimuladas a sofrer mitose Ao se dividir a espermatogônia tipo A dá origem a uma espermatogônia tipo A de reserva célulastronco e a uma espermatogônia que irá se diferenciar no tipo B e seguir o processo de formação do gameta O fato de espermatogônias tipo A de reserva serem produzidas a cada divisão mitótica garante uma população perpétua dessas células e consequentemente a produção de espermatozoides durante toda a vida do animal As espermatogônias de tipo B passam por alguns ciclos de divisões mitóticas em que as célulasfilhas não se separam completamente e ao final dessas divisões originam espermatócitos primários Os espermatócitos primários são as maiores células da linhagem espermatócitos primários são as maiores células da linhagem espermatogênica e encontramse localizados próximo à lâmina basal no interior dos túbulos seminíferos Meiose Cada espermatócito primário entra em uma prófase prolongada cuja duração varia conforme a espécie seguida pelo término rápido da meiose I resultando na formação de duas células menores contendo a metade da quantidade de cromossomos da espécie os espermatócitos secundários Entretanto os cromossomos ainda se encontram na forma de cromátides duplas Assim cada espermatócito secundário entra na segunda divisão da meiose originando duas células as espermátides que são células haploides Dessa maneira ou seja por meiose são formadas células com a metade da quantidade de DNA das outras células somáticas do organismo Veja na imagem a seguir as etapas da espermatogênese Diferentes etapas da espermatogênese que acontece no interior dos túbulos seminíferos Espermiogênese Como ilustrado na imagem a espermátide haploide é uma célula redonda não flagelada que não se parece com o espermatozoide maduro dos vertebrados Assim após a meiose II as espermátides iniciam um processo de maturação chamado espermiogênese que promove modificações na célula espermática que permitirão que ela se movimente e se ligue ao ovócito A partir desse momento não ocorrem mais divisões celulares Tais modificações incluem 1 A formação do acrossomo a partir do complexo de Golgi 2 A condensação da cromatina e o alongamento do núcleo 3 A formação do flagelo 4 A eliminação de grande parte do citoplasma com as mitocôndrias formando um anel em volta da peça intermediária do flagelo O resultado final é o espermatozoide maduro que é liberado no lúmen do túbulo seminífero A espermiogênese engloba quatro fases de Golgi de capuchão de acrossomo e de maturação Conheça cada uma delas Durante a fase de Golgi o complexo de Golgi produz grânulos acrossômicos que se fundem para produzir um único grande Fase de Golgi acrossômicos que se fundem para produzir um único grande grânulo acrossômico no interior de uma vesícula limitada por membrana chamada vesícula acrossômica localizada próximo ao núcleo Além disso iniciase a formação do axonema que resultará no flagelo Na fase de capuchão a vesícula e o grânulo acrossômico se achatam sobre a metade anterior do núcleo como um capuz e passam a ser chamados inicialmente de capuz acrossômico Na fase de acrossomo acontece a condensação da cromatina e o alongamento do núcleo Enquanto isso o capuz acrossômico se estende ainda mais recobrindo a maior parte do núcleo sendo chamado agora de acrossomo O acrossomo contém enzimas como hialuronidase neuraminidase e fosfatase ácida importantes para a penetração do espermatozoide nos revestimentos do ovócito durante a fertilização Ainda parte do citoplasma é deslocada para o desenvolvimento da cauda e as mitocôndrias são arranjadas em torno do axonema em crescimento Durante a fase de maturação a maior parte do citoplasma das espermátides incluindo as organelas é desprendida formando os corpos residuais que são fagocitados pelas células de Sertoli Ao longo de todas as divisões desde as espermatogônias até a Fase de capuchão Fase de acrossomo Fase de maturação Ao longo de todas as divisões desde as espermatogônias até a formação das espermátides a citocinese não é completa ou seja as célulasfilhas permanecem conectadas por pontes citoplasmáticas As espermátides somente são desconectadas umas das outras na fase de maturação da espermiogênese quando os espermatozoides são então liberados no lúmen do túbulo Veja na imagem todas as etapas da espermiogênese Todas as etapas da espermiogênese até a formação do espermatozoide Gametogênese feminina A gametogênese feminina é conhecida como ovogênese e acontece nos ovários as gônadas femininas Como vimos os ovócitos se desenvolvem juntamente com um conjunto de células circundantes formando os folículos ovarianos Assim a gametogênese feminina envolve não só a ovogênese mas também a foliculogênese Com essa informação em mente vamos entender agora como esses dois processos acontecem quase simultaneamente Da mesma forma como a espermatogênese ocorre nos machos a ovogênese inicia ainda durante o desenvolvimento do embrionário das fêmeas quando as células germinativas primordiais realizam várias divisões mitóticas e dão origem às ovogônias As ovogônias permanecem sofrendo mitose mas sem se separarem completamente até que se diferenciam em ovócitos primários e já iniciam a meiose I Tudo isso acontece antes da fêmea nascer Entretanto a meiose I é bloqueada ainda no começo no estágio de prófase I não progredindo para as próximas fases até a chegada da puberdade da fêmea Os ovócitos primários são então revestidos por células somáticas derivadas do epitélio do ovário formando os primeiros folículos ovarianos Esse evento marca o início da foliculogênese Os primeiros folículos a surgirem são os folículos primordiais caracterizados pela presença de poucas células achatadas ao redor do ovócito primário Os folículos primordiais constituem o estoque de gametas feminino Em outras palavras as fêmeas já nascem com uma quantidade predefinida dessas estruturas e não produzem mais durante toda sua vida Atenção É importante lembrar que o número de folículos primordiais que uma fêmea consegue produzir varia bastante conforme a espécie Uma parte desses folículos primordiais é gradativamente recrutada para crescimento e ovulação ao longo da vida reprodutiva da fêmea mas a maioria deles morre por um processo degenerativo fisiológico chamado atresia Isso explica o motivo de as fêmeas deixarem de ovular a partir de certa idade Nas grandes espécies domésticas o crescimento folicular também é iniciado durante a vida fetal Assim com a ativação do folículo primordial as células foliculares começam a proliferar formando uma camada completa de células cuboides ao redor do ovócito primário Nesse momento temos o folículo primário e as células foliculares são agora chamadas de células da granulosa A ativação do folículo primordial também inicia o crescimento do ovócito o qual sofre muitas modificações incluindo o desenvolvimento dos grânulos da cortical e a aquisição da competência para retomar a meiose e sustentar o desenvolvimento embrionário após a fertilização As células da granulosa continuam a se multiplicar para formar várias camadas em torno do ovócito estrutura essa que passa a ser conhecida como folículo secundário Nesse estágio o ovócito primário e as células da granulosa produzem os componentes que formarão o envoltório vitelínico ou zona pelúcida Enquanto isso células do ovário se diferenciam em células da teca e passam a circundar as células da granulosa Esses dois conjuntos de células são responsáveis por produzir os hormônios sexuais femininos o estrógeno e a progesterona À medida que o desenvolvimento folicular continua começam a aparecer espaços preenchidos por líquido entre as células da granulosa os quais se unem formando uma única cavidade o antro caracterizando o folículo terciário Somente quando a fêmea atingir a puberdade esse folículo continuará seu desenvolvimento e caso seja selecionado para ovulação entrará no estágio de folículo préovulatório iniciando a fase final da maturação folicular e ovocitária Nesse momento na maioria dos mamíferos a meiose I é retomada no ovócito primário dando origem a duas células haploides distintas uma célula grande e ativa o ovócito secundário e uma célula afuncional e quase sem citoplasma o primeiro corpúsculo polar O corpúsculo polar situado entre o ovócito secundário e a zona pelúcida irá degenerar Ao terminar a meiose I o ovócito secundário já inicia a meiose II que é bloqueada novamente mas agora na fase de metáfase II Esse ovócito secundário é então ovulado e somente se ele for fertilizado a meiose II é retomada até o final originando mais uma vez duas células desiguais o segundo corpúsculo polar a célula afuncional e o ovócito secundário fecundado Este último dará origem ao zigoto Ao ser ovulado o ovócito secundário leva consigo as células foliculares que estavam ao seu redor formando a corona radiata O espermatozoide precisa ultrapassar essas células para fertilizar o ovócito Enquanto isso a maior parte das células do folículo que ovulou permanecem no ovário e se diferenciam em células luteínicas formando uma estrutura chamada corpo lúteo A imagem a seguir mostra as etapas da ovogênese As etapas da ovogênese que acontecem na maioria dos mamíferos Observe na imagem a seguir o desenvolvimento folicular até a ovulação O desenvolvimento folicular até a ovulação com posterior formação do corpo lúteo O desenvolvimento folicular até a ovulação com posterior formação do corpo lúteo Ciclo estral Agora você deve estar se perguntando O que acontece na puberdade que faz com que a gametogênese tanto masculina quanto feminina seja retomada O início da puberdade é marcado pela maturidade dos sistemas endócrino e nervoso quando ocorrem mudanças e ajustes na liberação de hormônios que irão agir nas gônadas fazendo com que elas entrem em atividade de liberação de hormônios sexuais testosterona nos machos e estrógeno e progesterona nas fêmeas e de gametas espermatozoide e ovócito Nas fêmeas essas mudanças hormonais têm uma importância ainda maior pois além de estimular a produção de gametas também preparam todo o seu sistema reprodutor para a fecundação e posterior gestação no caso dos mamíferos Atenção A entrada na puberdade portanto significa que o hipotálamo iniciou a liberação de GnRH hormônio liberador de gonadotrofinas o qual estimula a hipófise anterior a secretar as gonadotrofinas FSH hormônio folículo estimulante e LH hormônio luteinizante Estas atuam sobre os ovários estimulando a produção de estrógeno e progesterona Veja na imagem a seguir a integração dos sistemas nervoso endócrino e reprodutivo na produção dos hormônios reguladores da reprodução A integração dos sistemas nervoso endócrino e reprodutivo para produzir os hormônios reguladores da reprodução A secreção de GnRH e então FSH e LH é influenciada por estímulos visuais olfatórios auditivos e táteis do ambiente e também por sistemas de regulação no próprio animal Porém é somente na puberdade que o sistema nervoso central alcança maturidade suficiente para permitir a integração complexa de todos esses sinais Então com que idade a fêmea atinge a puberdade e pode começar a reprodução Isso varia bastante Vamos dar uma olhada no quadro a seguir que nos mostra a idade da puberdade em algumas espécies de animais domésticos Entretanto é preciso considerar que além da idade outros fatores influenciam a entrada na puberdade como peso corporal raça nutrição doenças e em algumas espécies estação do ano e proximidade ao macho Espécie Idade na puberdade Vaca 818 meses Vaca 818 meses Égua 1024 meses Porca 68 meses Ovelha 615 meses Cabra 48 meses Cadela 620 meses Gata 512 meses Quadro Idade da puberdade em algumas espécies de animais domésticos Adaptado de HYTTEL P SINOWATZ F VEJLSTED M2012 p455 A partir da puberdade a liberação dos hormônios reprodutivos na fêmea começa a acontecer de forma cíclica e por isso chamamos de ciclo estral O ciclo estral é subdividido em quatro fases principais proestro estro ou cio metaestro e diestro Em algumas espécies pode se observar mais uma fase o anestro Vamos conhecêlas O estrógeno que começa a ser liberado pelos folículos em crescimento estimula o início da preparação do trato reprodutivo especialmente do útero para manter a gestação A elevação dos níveis de estrógeno na maioria das espécies produzidos pelos folículos ovarianos durante o proestro estimula uma maior secreção de GnRH pelo hipotálamo durante o estro desencadeando o pico de LH e a ovulação A gata e a camela são exemplos de espécies entre as domésticas em que o pico de GnRH que possibilita a ovulação é induzido pela cópula Nessas espécies a cópula provoca um reflexo nervoso Proestro Estro cópula Nessas espécies a cópula provoca um reflexo nervoso que atua sobre o hipotálamo estimulando a liberação de GnRH e consequentemente o pico de LH É também durante essa fase que as fêmeas apresentam receptividade sexual em resposta à alta concentração de estrógeno Com a ovulação ainda sob efeito do LH as células foliculares que permaneceram no ovário passam por um processo de luteinização ou seja se diferenciam formando o corpo lúteo que começa a secretar progesterona Essa fase é caracterizada pela diminuição do estrógeno e elevação da progesterona já que as células da granulosa se diferenciaram e passaram a ser células produtoras de progesterona Este hormônio também atua sobre o útero estimulando a finalização da preparação do endométrio O corpo lúteo alcança sua produção máxima de progesterona que se torna o hormônio predominante A alta secreção de progesterona exerce um efeito de bloqueio no hipotálamo inibindo a liberação de GnRH Consequentemente a hipófise anterior também não libera FSH e LH suficiente para atuar sobre os ovários e por isso o desenvolvimento folicular fica parado Nesse momento o útero está pronto para garantir uma gestação Se o ovócito ovulado for fertilizado e se implantar no útero a progesterona é o principal hormônio responsável por manter a prenhez Caso essa gestação não aconteça o corpo lúteo entra em regressão até parar de secretar progesterona o que desbloqueia o hipotálamo e reinicia o ciclo estral Metaestro Diestro Anestro Essa fase é caracterizada por ser um período de inatividade reprodutiva mesmo quando continua havendo atividade hormonal e desenvolvimento folicular uma vez que o estímulo é insuficiente para que ocorra a maturação folicular e a ovulação Ao longo dessa fase não há alterações comportamentais ou morfológicas nas fêmeas Mas quanto tempo dura um ciclo estral A duração do ciclo estral varia com a espécie como podemos observar no quadro a seguir Contudo também pode haver variação na duração do ciclo dentro da mesma espécie Isso acontece por influência de vários fatores como alterações hormonais temperatura estresse e nutrição Espécie Duração do ciclo Tipo de ciclo Cabra 21 dias Policíclica estacional Cadela 6 meses Monocíclica Camundonga 4 a 6 dias Policíclica não estacional variável pois tem ovulação induzida dependente da ocorrência da cópula e por isso sem cópula há a tendência de aumento da fase do estro Quadro Duração e tipo de ciclo estral em diferentes espécies de animais Adaptado de Vanderley e Santana 2015 As espécies podem ainda ser classificadas de acordo com a frequência com que apresentam seus ciclos estrais em policíclicas não estacionais policíclicas estacionais e monocíclicas Veja a seguir Policíclicas não estacionais As raças domésticas de suínos e bovinos são animais policíclicos não estacionais o que significa que as porcas e as vacas experimentam uma atividade cíclica recorrente durante o ano Nessas espécies o anestro aparecerá apenas em casos de processos fisiológicos como gestação ou amamentação ou Égua 19 a 25 dias Policíclica estacional Gata 14 a 21 dias Policíclica estacional Ovelha 16 a 17 dias Policíclica estacional Porca 19 a 21 dias Policíclica não estacional Vaca 21 dias Policíclica não estacional variável pois tem ovulação induzida dependente da ocorrência da cópula e por isso sem cópula há a tendência de aumento da fase do estro apenas em casos de processos fisiológicos como gestação ou amamentação ou devido a condições patológicas que interrompam a ciclicidade Policíclicas estacionais A égua a ovelha a cabra e a gata são animais policíclicos estacionais ou seja a atividade cíclica delas é profundamente influenciada pela quantidade e duração da luminosidade do dia Nesses casos o anestro é muito importante pois limita a estação reprodutiva de forma que os partos ocorram na época do ano provavelmente mais favorável para a sobrevivência dos filhotes Monocíclicas As cadelas as lobas e as raposas são monocíclicas e apresentam longos períodos com um único estro Normalmente um ou dois algumas vezes três períodos estrais são observados por ano separados por longos períodos de anestro Em geral a fase de receptividade sexual das espécies monocíclicas é muito longa para garantir a fecundação No caso das cadelas a reprodução pode acontecer em qualquer época do ano portanto não são consideradas estacional Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 A gametogênese é o processo de formação e desenvolvimento das células germinativas preparandoas para a fertilização Com relação à gametogênese assinale a alternativa correta A A produção de espermatozoides ocorre apenas durante o período embrionário B Os folículos ovarianos permitem o crescimento e a maturação dos ovócitos C As ovogônias são produzidas durante toda a vida reprodutiva da fêmea Parabéns A alternativa B está correta Os folículos ovarianos são estruturas localizadas no córtex ovariano e formadas pelo ovócito circundado por células da granulosa e células da teca Essas células são responsáveis por secretar diversas substâncias que fornecerão um ambiente adequado para o crescimento e a maturação do ovócito Questão 2 Em mamíferos após a ovulação ocorre a formação do corpo lúteo no ovário Em caso de gestação o corpo lúteo permanecerá funcional mantendo essa gestação até o estabelecimento da placenta Porém se o corpo lúteo regredir logo no início da gestação esta será interrompida em virtude reprodutiva da fêmea D Na espermatogênese para cada espermatócito é produzido apenas um espermatozoide E A gametogênese inicia quando o animal entra na puberdade A da formação precoce da placenta B da deficiência do hormônio FSH C do aumento da taxa de gonadotrofina coriônica Parabéns A alternativa D está correta Após a ovulação sob influência do LH as células foliculares que permaneceram no ovário se diferenciam e formam o corpo lúteo Este é responsável por secretar progesterona que manterá a gestação até o estabelecimento da placenta quando ela assume a função e só então o corpo lúteo regride Caso o corpo lúteo entre em regressão no início da gestação antes do desenvolvimento da placenta a concentração de progesterona diminuirá e não será mais suficiente para manter a gestação que será interrompida D da deficiência do hormônio progesterona E do aumento de LH liberado pela neurohipófise 2 O processo de fertilização Ao final deste módulo você será capaz de analisar os eventos que envolvem a capacitação espermática e as etapas da fertilização Fertilização Uma vez que os gametas foram produzidos o próximo passo é a fertilização Na fertilização os gametas masculino e feminino haploides devem se fundir para dar origem ao zigoto uma célula diploide e geneticamente única que formará um novo indivíduo um organismo multicelular Portanto para que ocorra a fecundação os gametas precisam se encontrar Quando pensamos em animais de fecundação interna aquela que ocorre dentro do trato reprodutor da fêmea como em répteis aves e mamíferos esse encontro pode ser relativamente fácil pois o espaço que o espermatozoide tem para percorrer é limitado Mas existem animais como peixes e anfíbios cuja fecundação é externa ou seja acontece no ambiente externo no caso a água o que torna o encontro dos gametas um evento mais complexo e com menores chances de sucesso Esse ambiente externo para o encontro dos gametas feminino e masculino pode ser tão pequeno quanto uma poça de maré ou tão grande quanto um rio ou mesmo um oceano Devemos lembrar também que outras espécies compartilham o mesmo ambiente e podem ter o mesmo período para a reprodução Então como os gametas de animais da mesma espécie conseguem se encontrar Hoje já se sabe da existência de dois mecanismos principais para contornar esse problema a atração e a ativação espécieespecífica do espermatozoide Veja a seguir Em animais de fecundação externa a atração acontece por meio de substâncias presentes na cápsula gelatinosa que envolve o ovócito as quais têm a capacidade de atrair o espermatozoide mediante um processo espécieespecífico chamado quimiotaxia Quando o espermatozoide finalmente encontra o ovócito e encosta na sua cápsula gelatinosa inicia o seu processo de ativação que envolve o reconhecimento e a posterior entrada desse espermatozoide Em animais de fecundação interna o espermatozoide também é atraído por quimiotaxia até o oviduto local em que encontra o ovócito ovócito Vamos entender um pouco sobre os eventos que ocorrem em animais de fertilização interna a seguir Transporte dos espermatozoides na fertilização interna Ao serem ejaculados no trato reprodutor feminino nem todos os espermatozoides conseguirão chegar ao local da fertilização Isso acontece porque durante o percurso vários espermatozoides são perdidos mediante dois mecanismos principais a perda retrógrada e a fagocitose por neutrófilos A perda retrógrada de espermatozoides pelo trato genital feminino consiste no refluxo do sêmen que depende de vários fatores sendo os mais importantes o volume e a natureza física do ejaculado e o local de sua deposição dentro do trato genital feminino Saiba mais Em alguns animais como vacas ovelhas coelhos primatas cães e gatos o macho ejacula o sêmen na porção cranial da vagina Nesses animais ocorre maior perda retrógrada Em cães o volume total do ejaculado varia amplamente de acordo com a raça 1ml a 80ml Esse volume é dividido em três frações com características diferentes Apenas a segunda fração é rica em espermatozoides e a última fração é liberada com alta pressão forçando a fração rica em espermatozoides em direção ao útero Já em porcas e éguas o sêmen é liberado diretamente no colo do útero O porco ejacula um grande volume de sêmen 200ml a 400ml com concentração relativamente baixa de espermatozoides Esse com concentração relativamente baixa de espermatozoides Esse grande volume permite que o ejaculado flua para o interior do útero A primeira fração do ejaculado contém poucos espermatozoides e consiste principalmente em secreções das glândulas sexuais acessórias enquanto a segunda fração é rica em espermatozoides Em cavalos a ejaculação ocorre em uma série de jatos Os primeiros jatos representam a fração rica em espermatozoides contendo cerca de 80 dos espermatozoides e são liberados com alta pressão Já os últimos jatos são de menor pressão e contêm menos espermatozoides O plasma seminal é viscoso e serve para minimizar a perda retrógrada de espermatozoides pelo trato genital da fêmea Além da perda retrógrada muitos espermatozoides são fagocitados por neutrófilos que são células do sistema imunológico especializadas em fagocitar células estranhas como microrganismos e espermatozoides Lembrese de que os espermatozoides não fazem parte do conjunto de células pertencentes às fêmeas portanto são considerados células estranhas Assim durante o estro sob influência do estrógeno os neutrófilos são recrutados para a mucosa do trato reprodutor da fêmea especialmente da vagina e do útero e fagocitam ativamente os espermatozoides vivos e mortos Embora os neutrófilos contribuam para a perda de espermatozoides após a ejaculação a presença dessas células também é importante para a prevenção de infecções no células também é importante para a prevenção de infecções no aparelho reprodutivo das fêmeas Diante dessa grande perda de espermatozoides a habilidade da fêmea em reter espermatozoides viáveis é crucial para o sucesso da fertilização Assim o transporte dos espermatozoides até o oviduto é resultado principalmente do tônus e da motilidade musculares do trato genital feminino Esse transporte pode ser dividido em duas fases uma fase rápida e uma fase sustentada de transporte Vamos entender cada fase Fase rápida Corresponde à chegada dos espermatozoides no oviduto em poucos minutos após a cópula Embora os gametas masculinos estejam próximos ao ovócito após um período bastante curto esses espermatozoides não são viáveis e não participam da fertilização Para a fertilização ser bemsucedida a fase sustentada do transporte espermático é verdadeiramente importante Fase sustentada de transporte Os espermatozoides são transportados para os ovidutos a partir de reservatórios na cérvix ou na junção entre o útero e o oviduto durante um período prolongado liberandoos de maneira mais uniforme Em ruminantes e em menor importância na égua a cérvix possui um sistema intrincado de dobras e sulcos sendo um importante reservatório de espermatozoides Como em outras espécies domésticas o epitélio da cérvix de ruminantes produz um muco altamente viscoso que impede a penetração dos espermatozoides pelo canal cervical durante a maior parte do ciclo estral Somente durante o estro a viscosidade do muco se modifica e ele se torna mais fluido nas regiões basais das dobras cervicais porém permanecendo viscoso nas porções apicais dessas dobras No ambiente com baixa viscosidade das regiões basais das dobras os espermatozoides se movem mais facilmente em direção ao útero A habilidade do espermatozoide em se mover depende da sua habilidade em nadar pelas criptas da cérvix os espermatozoides imóveis não são capazes de fazêlo e são eliminados pelo caminho imóveis não são capazes de fazêlo e são eliminados pelo caminho Consequentemente a cérvix age como um filtro para a remoção de espermatozoides inviáveis Atenção A importância do transporte sustentado está no fato de que assim que chega ao trato reprodutor feminino os espermatozoides ainda não estão aptos a fertilizar o ovócito Para isso é necessário que os espermatozoides permaneçam um tempo no aparelho reprodutor da fêmea onde deve acontecer uma série de modificações na membrana plasmática e no citoplasma desses espermatozoides em um processo chamado capacitação espermática Vamos entender com mais detalhes o processo de capacitação espermática Capacitação espermática A capacitação espermática é um processo gradual e essencial para a fertilização que começa quando os espermatozoides entram em contato com as secreções do aparelho genital da fêmea e termina no oviduto Durante a capacitação espermática ocorrem etapas importantes são elas Remoção da cobertura de proteínas e glicoproteínas do plasma seminal Enquanto os espermatozoides estão no trato reprodutor masculino moléculas do sêmen como proteínas e glicoproteínas se ligam à sua superfície protegendoos contra danos na membrana e no DNA Essas moléculas são conhecidas como agentes decapacitantes e além de proteger o espermatozoide também bloqueiam os locais de proteger o espermatozoide também bloqueiam os locais de reconhecimento da zona pelúcida Portanto mesmo sendo o primeiro a chegar se o espermatozoide não tiver completado a remoção dessas proteínas ele não será capaz de fertilizar o ovócito Veja na imagem a seguir enquanto estão no aparelho reprodutor masculino os espermatozoides acumulam uma cobertura proteica decapacitante que só será gradativamente perdida ao adentrar no trato reprodutor feminino Cobertura proteica decapacitante gradativamente perdida no trato reprodutor feminino Início da cascata de eventos que induz a reação acrossômica Ao chegar no trato reprodutor feminino uma série de alterações químicas ocorrem no citoplasma e na membrana do espermatozoide resultando na ativação de proteínas envolvidas na reação acrossômica e na ligação do espermatozoide à zona pelúcida Alterações na motilidade dos flagelos Essas alterações químicas causam uma hiperativação dos flagelos fazendo com que o espermatozoide passe a nadar com maior fazendo com que o espermatozoide passe a nadar com maior velocidade e gerando maior força para a penetração na zona pelúcida E no caso da fertilização in vitro como os espermatozoides são capacitados se não entram em contato com o trato reprodutor da fêmea Resposta A fertilização in vitro é uma biotécnica reprodutiva muito utilizada Todos os eventos da capacitação podem ser realizados em laboratório incubando os espermatozoides em meio de cultivo que contenha todas as substâncias necessárias para induzir a capacitação A fertilização in vitro e in vivo e suas aplicações na Medicina Veterinária Para entender mais sobre a fertilização in vitro e in vivo e suas aplicações vamos assistir ao vídeo É importante destacar que os espermatozoides capacitados não apresentam mudanças morfológicas eles apenas se tornam mais ativos e desenvolvem a capacidade de fundirse com a membrana plasmática do ovócito Uma vez capacitados os espermatozoides que chegam ao ovócito ovulado estão aptos a participar dos eventos que ocorrem durante a fertilização Etapas da fertilização Etapas da fertilização Em mamíferos a fertilização envolve basicamente quatro etapas Vamos conhecêlas Interação entre espermatozoide e ovócito A primeira etapa da fertilização consiste no contato e reconhecimento entre espermatozoide e ovócito da mesma espécie Isso acontece quando o espermatozoide chega à zona pelúcida do ovócito e consegue se ligar a ela por meio de receptores espécieespecíficos presentes nessa zona que o reconhecem Uma vez ligado o espermatozoide inicia a reação acrossômica A reação acrossômica corresponde à fusão da membrana plasmática do espermatozoide com a membrana externa do acrossomo Esse processo é induzido pela ligação com a zona pelúcida quando algumas glicoproteínas interagem com a membrana plasmática na região sobre o capuz acrossômico do espermatozoide Essa interação causa alterações temporárias na permeabilidade da membrana plasmática do espermatozoide aos íons Ca2 extracelulares A entrada de Ca2 causa dois efeitos principais Efeito 1 Efeito 2 Altera a composição iônica intracelular estimulando a entrada e a saída de outros íons o que resulta na alteração do pH intracelular e na ativação de diferentes vias de sinalização Resulta na despolimerização da membrana plasmática induzindo a formação de múltiplos sítios de fusão com a membrana externa do acrossomo Com isso ocorre a formação de muitas vesículas pequenas em um processo chamado vesiculação Logo após o conteúdo enzimático do acrossoma é disperso e o núcleo espermático permanece coberto somente pela membrana acrossomal interna O acrossomo contém cerca de 20 enzimas hidrolíticas entre elas encontramos esterases neuraminidases fosfatases colagenases fosfolipase C hialuronidase e acrosina Essas enzimas digerem a zona pelúcida permitindo a penetração do espermatozoide Entrada do espermatozoide no ovócito Ao atravessar a zona pelúcida o espermatozoide entra em contato com a membrana plasmática do ovócito e então as suas membranas se fundem permitindo a entrada do espermatozoide incluindo sua cauda Mas o que impede que vários espermatozoides entrem no ovócito ao mesmo tempo Resposta Esse contato entre as membranas plasmáticas do espermatozoide e do ovócito promove mudanças na zona pelúcida que alteram a sua permeabilidade bloqueando a polispermia ou seja bloqueando a entrada de outros espermatozoides Esse evento é conhecido como reação zonal Nós já vimos que internamente na região próxima à membrana plasmática do ovócito encontramse vários grânulos da cortical O conteúdo desses grânulos inclui proteases fosfatases ácidas peroxidases mucopolissacarídeos e ativadores de plasminogênio O contato do primeiro espermatozoide com o ovócito já estimula a contato do primeiro espermatozoide com o ovócito já estimula a liberação dessas substâncias que agem sobre a zona pelúcida inativando os receptores de ligação para os outros espermatozoides Dessa forma apenas um espermatozoide consegue entrar no ovócito Observe a imagem a seguir Ao tocar a zona pelúcida do ovócito o espermatozoide inicia a reação acrossômica liberando suas enzimas 1 Quando o espermatozoide consegue finalmente penetrar na zona pelúcida ele atinge a membrana plasmática do ovócito e estimula a reação zonal 2 E se mais de um espermatozoide conseguir entrar no ovócito o que acontece Em mamíferos a polispermia gera um indivíduo poliploide ou seja com uma quantidade de cromossomos anormal Isso resulta em um desenvolvimento inadequado do zigoto levando à morte embrionária Alguns fatores aumentam as chances de ocorrência desse fenômeno como a fertilização de ovócitos envelhecidos idade materna avançada ou anormalidades durante a reação zonal ou na própria estrutura da zona pelúcida Em outros animais como em alguns peixes e em répteis e aves a Em outros animais como em alguns peixes e em répteis e aves a polispermia ocorre de forma fisiológica Contudo apenas um único espermatozoide consegue unir seu prónúcleo com o prónúcleo feminino Os demais espermatozoides são destruídos no citoplasma Ativação do ovócito e fusão do material genético Após a entrada do espermatozoide o ovócito é ativado e então reinicia a meiose II que estava parada em metáfase II Ao completar sua divisão formase o segundo corpúsculo polar e o ovócito secundário fertilizado Nesse momento o núcleo do ovócito passa a se chamar prónúcleo feminino Da mesma forma o núcleo do espermatozoide se descondensa para formar o prónúcleo masculino A cauda do espermatozoide destacase e degenerase Os prónúcleos masculino e feminino se aproximam e enquanto isso suas membranas nucleares se dissolvem permitindo que os genomas haploides masculino e feminino se unam Essa mistura é referida como cariogamia e dá origem ao zigoto Ativação do metabolismo do zigoto A fertilização inicia o rearranjo do citoplasma do ovócito deslocando determinadas moléculas morfogenéticas que ficarão segregadas em células específicas durante as clivagens Essas moléculas serão responsáveis pela ativação e repressão de certos genes garantindo a diferenciação correta das células Portanto a distribuição exata dessas moléculas no momento da fertilização é crucial para o desenvolvimento adequado do embrião Uma vez finalizadas todas as etapas da adequado do embrião Uma vez finalizadas todas as etapas da fertilização temos finalmente um zigoto pronto para continuar o seu desenvolvimento Observe a imagem a seguir A entrada do espermatozoide induz a finalização da meiose II no ovócito com a liberação do segundo corpúsculo polar 1 Em seguida são formados os prónúcleos masculino e feminino 2 que irão se unir 3 para formar o zigoto 4 E se não houver fertilização o que acontece com os gametas liberados Ao serem liberados no aparelho reprodutor feminino os gametas têm uma vida útil relativamente curta Veja no quadro a seguir Espécie Duração da fertilidade horas Ovócito Espermatozoide Coelhos 68 3036 Bovinos 812 2850 Ovinos 1624 3048 Quadro Duração da fertilidade em ambos os gametas e da motilidade espermática para diferentes espécies de animais Extraído de SILVA E I C 2020 p16 Logo após a ovulação ou a ejaculação começa um processo de envelhecimento dos gametas Os espermatozoides começam a sofrer com a diminuição da sua capacidade fertilizante e posteriormente da sua motilidade Já o ovócito reduz sua capacidade de bloquear a polispermia aumentando as chances de embriões anormais Portanto o ideal é que o ovócito seja fertilizado poucas horas após a ovulação Caso isso não aconteça as chances de gestação vão diminuindo com o envelhecimento dos gametas até tornar inviável a fertilização Esses gametas então irão degenerar Ratos 812 14 Equinos 68 144 Suínos 810 2448 Homem 624 2448 Falta pouco para atingir seus objetivos Vamos praticar alguns conceitos Questão 1 A fertilização compreende as etapas desde o contato direto entre o ovócito e o espermatozoide até a mistura dos cromossomos maternos e paternos Sobre os eventos envolvidos no processo de fertilização assinale a alternativa correta A A passagem dos espermatozoides pela zona pelúcida é facilitada por enzimas secretadas pelos grânulos da cortical B A entrada do primeiro espermatozoide na zona pelúcida promove alterações químicas que facilitam a passagem de outros espermatozoides para o interior do ovócito Parabéns A alternativa C está correta O contato do primeiro espermatozoide com a membrana do ovócito estimula a ativação do ovócito o que resulta na liberação dos grânulos da cortical para bloqueio da polispermia reação zonal e na finalização da meiose II no ovócito gerando um ovócito secundário fecundado e o segundo corpúsculo polar Questão 2 Espermatozoides de mamíferos ao serem ejaculados precisam passar por um processo de capacitação Sobre a capacitação espermática podemos afirmar que C O contato do espermatozoide com a membrana plasmática do ovócito estimula o término da meiose II pelo ovócito gerando um ovócito secundário fecundado e o segundo corpúsculo polar D A fertilização ocorre normalmente quando o ovócito chega ao útero onde encontra os espermatozoides E A penetração de um espermatozoide na zona pelúcida induz a reação acrossômica evento responsável pelo bloqueio da polispermia A consiste na adição de uma cobertura de glicoproteínas proteínas e colesterol na superfície do espermatozoide resulta em alterações morfológicas no Parabéns A alternativa D está correta Ao serem ejaculados no trato reprodutor feminino os espermatozoides sofrem modificações químicas e não morfológicas como a remoção de uma cobertura de proteínas e glicoproteínas que bloqueia a sua ligação com a zona pelúcida Portanto a capacitação possibilita a ligação espécieespecífica do espermatozoide com a zona pelúcida do ovócito o que desencadeia a reação acrossômica Considerações finais Neste conteúdo aprendemos que a gametogênese é fundamental para garantir a existência das espécies pois é por meio dela que os gametas são produzidos e disponibilizados para a fertilização Além disso vimos B espermatozoide tornandoo mais eficiente para a fertilização C seleciona os melhores espermatozoides causando a degeneração dos demais D torna o espermatozoide capaz de se ligar à zona pelúcida e realizar a reação acrossômica E inicia no aparelho reprodutor masculino quando os espermatozoides entram em contato com a secreção das glândulas seminais são produzidos e disponibilizados para a fertilização Além disso vimos que todos os gametas produzidos são geneticamente diferentes uns dos outros e esse é um mecanismo essencial para garantir a variabilidade genética das espécies Sabemos também que contudo não basta serem produzidos os gametas feminino e masculino precisam se encontrar e realizar a fertilização Esse encontro é marcado por eventos complexos que devem acontecer tanto no espermatozoide quanto no ovócito Se tudo correr bem o resultado então será o início da geração de um novo indivíduo um organismo multicelular Por fim percebemos que a compreensão desses mecanismos pode ser útil para a aplicação e o desenvolvimento de biotecnologias reprodutivas capazes de melhorar a produção de animais economicamente importantes ou até mesmo atuar na conservação das espécies Podcast Para finalizar ouça este podcast sobre os fatores que influenciam a gametogênese masculina e feminina como estresse nutrição e idade do animal além das possíveis consequências dos erros provocados por esses fatores na produção dos gametas Explore Confira a indicação que separamos especialmente para você Para conhecer mais sobre as biotecnologias a fim de melhorar a reprodução animal leia o artigo Biotecnologias da reprodução animal de Aristóteles à edição gênica de José Luiz Rodrigues e Marcelo Bertolini publicado na Revista Brasileira de Reprodução Animal v 43 n 2 2019 Referências GILBERT S F Biologia do desenvolvimento 5 ed Ribeirão Preto SP FUNPEC Editora 2003 HYTTEL P SINOWATZ F VEJLSTED M Embriologia veterinária Tradução de Essentials of domestic animal embryology Rio de Janeiro Elsevier 2012 JUNQUEIRA L C CARNEIRO J Histologia básica 13 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2017 MOURA A A et al Proteínas do plasma seminal funções espermáticas e marcadores moleculares da fertilidade Revista Brasileira de Reprodução Animal v 35 n 2 p 139144 abrjun 2011 SENGER P L Spermatozoa in the female tract transport capacitation fertilization In SENGER P L Pathways to pregnancy and parturition 2 ed Moscow Current Conceptions Inc 2003 p 266283 SILVA E I C da Fisiologia da reprodução animal fecundação e gestação Recife S n 2020 SOUZA F A et al Ativação e fecundação do oócito de mamíferos Revista Ciência Animal v 1 n 7 p 4357 2014 VANDERLEY C S B S SANTANA I C H Histologia e embriologia animal comparada 2 ed Fortaleza EdUECE 2015 Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF Download material O que você achou do conteúdo Relatar problema