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Gestão de Produção

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XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E AÇÕES DE PL EM UMA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO Evandro Bezerra Soares Universidade Estadual de Maringá Felipe Facco Mendes Ferreira Universidade Estadual de Maringá Priscila Pasti Barbosa Universidade Estadual de Maringá No cenário atual o Brasil está enquadrado na posição de 5º maior produtor têxtil do mundo classificado atrás apenas da China Índia Estados Unidos e Paquistão Esse fator apresenta grande importância com relação ao efetivo quadro de empregos disponibilizados pelo setor em torno dos seus polos de fabricação Por outro lado o elevado índice de produção que as empresas estão expondo acaba utilizando uma grande quantidade de recursos naturais do País No caso das indústrias de confecção seus resíduos podem causar significativos impactos ambientais no entanto por meio de uso de Sistemas de Gestão Ambiental é possível reduzir a degradação e poluição ambiental Desta forma o presente estudo fez uso da aplicação do Sistema de Gestão Ambiental SGA atrelado a metodologia da Produção mais Limpa para sanar os problemas ambientais de uma confecção situada no noroeste do estado do Paraná Após a implementação do SGA constatouse importantes ganhos ambientais e sociais como a destinação de resíduos de papel papelão plástico e de latas de tinta usadas em serigrafia para uma Associação de coletores da cidade e utilização de retalhos de tecido em confecção de produtos para petshop resíduos estes destinados à um grupo de mulheres artesãs também da cidade O estudo também promoveu a redução desperdícios de retalhos maiores da confecção ao destinálos para a confecção de subprodutos que pudessem ser comercializados a preços populares Assim podese constatar a efetividade na implantação do SGA para a empresa fazendoa cumprir sua política ambiental e agregando ganhos sociais à mesma Palavraschave SGA ganhos ambientais produção mais limpa reciclagem têxtil XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 1 1 Introdução O seguimento têxtil no Brasil começou no século XIX conquistando um elevado crescimento devido ao aumento do mercado interno decorrente da Primeira Guerra Mundial A fabricação têxtil teve uma grande importância para o desenvolvimento da política industrial nacional atualmente composta por empresas de diversos portes ARAUJO FONTANA 2017 Segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e Confecção ABIT o Brasil está classificado como o 5º maior produtor de vestuários do mundo com uma produção média de 9 bilhões de peças por ano A concentração de empresas de confecção no Brasil ultrapassa o número de 30 mil espalhadas por todo o território nacional ARAUJO FONTANA 2017 O maior aglomerado dessas empresas é estabelecido nas regiões sul no estado de Santa Catarina sudeste nos estados de São Paulo e Minas Gerais e Nordeste nos estados de Pernambuco Bahia e Ceará Apresentando com a união de todas as regiões aproximadamente 10 milhões de empregos diretos e indiretos ARAUJO FONTANA 2017 As indústrias do ramo têxtil estão definidas como uma das mais poluidoras do mundo Esse apontamento é reflexo do ciclo de vida dos materiais utilizados para a fabricação de vestuários que estão titulados como o quarto produto com maior impacto ao meio ambiente Em uma visão Global 3 de todas as emissões de gases do efeito estufa são decorrentes da fabricação de materiais têxteis NORUP et al 2018 A produção de vestuários está diretamente envolvida com um importante custo em termos de consumo de energia água produtos químicos e nutrientes resultando também nos impactos das áreas terrestres que estão relacionados ao cultivo do algodão NORUP et al 2018 Diante do cenário ambiental apresentado no mundo atual as indústrias de vestuário estão procurando alternativas cada vez mais inovadoras para reduzir sua agressão ao meio ambiente Isso se deve por conta do impacto que o ramo têxtil causa no ecossistema desde a extração da matéria prima seus processos de fabricação e manutenção até originar o produto acabado ARMSTRONG et al 2015 O grande uso de recursos naturais junto ao enorme desperdício e o elevado número de resíduos sólidos que são gerados dentro dos processos de fabricação são alguns dos principais desafios enfrentados no desenvolvimento ambiental do setor ARMSTRONG et al 2015 O mercado têxtil está muito saturado no qual uma parcela dos resíduos gerados é destinada para doações e empresas que comercializam uma linha de produtos não conformes Devido ao XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 2 baixo preço e a grande competição do ramo as empresas voltam seu foco para o aumento da produtividade Por conta desse fator muitos produtos não conseguem ser reutilizados e acabam sendo descartados de forma incorreta ARMSTRONG et al 2015 O processo de confecção é abordado como sendo a movimentação dos materiais em um tempo e espaço até que aconteça a transformação do insumo em um produto totalmente acabado SENAI 2007 A análise de um processo de produção verifica o fluxo do material ou produto sua sequência de operações o trabalho desempenhado em relação aos produtos e os desperdícios que estão sendo causados consequentemente por todos os processos envolvidos SENAI 2007 Entre as principais etapas do processo de confecção estão considerados as matérias primas essenciais para a produção e seus principais resíduos gerados A descrição dos processos começa a ser definida a partir do planejamento do pedido etapa que gera como resíduo o papel do pedido e vias do cliente SENAI 2007 Dentro da etapa de corte estão relacionados os processos de risco da modelagem de corte e enfesto do tecido e o corte gerando respectivamente como resíduos as sobras de papel Kraft tubetes de papel ou plástico e retalhos de tecido SENAI 2007 Na sequência do processo as peças cortadas entram para o setor de serigrafia ou sublimação no qual é realizado o processo de gravação da arte nas peças de vestuário Dentro desse setor de fabricação são gerados como resíduos o papel descartado da sublimação e as sobras de tintas que saem na lavagem dos quadros SENAI 2007 Por fim o produto chega ao processo de costura em que será realizado o fechamento da peça tornando seu acabamento e originando ao produto final Na etapa de costura são gerados resíduos como peças com defeitos rebarbas de tecido sobras de linha e óleo Depois do setor de costura a peça está pronta para ser embalada e entregue para o cliente SENAI 2007 Por outro lado o desenvolvimento industrial incorporou padrões de geração de resíduos por conta de o grande volume descarregado na natureza ser menor do que a capacidade de absorção Uma vez que se torna impossível a absorção e reciclagem do meio ambiente dessa imensa quantidade de resíduos destinados ARAUJO FONTANA 2017 Amaral et al 2018 em sua pesquisa intitulada Reciclagem industrial e reuso têxtil no Brasil Estudo de caso e considerações referentes à economia circular ressalta que uma alternativa que pode vir a ser extremamente viável tanto para os setores industriais quanto para o meio XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 3 ambiente é a reciclagem dos resíduos têxteis que ocorre por meio da trituração dos tecidos formando novamente a fibra que pode ser reutilizado para fabricação de novos fios de tecidos 2 Referencial Teórico 21 Histórico do desenvolvimento sustentável O termo Sistema de Gestão Integrada SGI surgiu em 2000 atuando para a responsabilidade da cadeia produtiva das organizações Deste modo a avaliação do ciclo de vida começou a ser um novo parceiro tanto da indústria como da sociedade por conta do crescente ambiental do momento Isso ocasionou o surgimento de uma estrutura socialmente organizacional GUSMÃO MARTINI 2009 A conferência de Bali que ocorreu na Indonésia em 2007 estabeleceu propósitos ainda mais ambiciosos do que o protocolo de Quioto com relação aos efeitos causados pelos gases do efeito estufa A conferência resultou no mapa do caminho no qual ficou definido a data de dezembro de 2009 para definir as porcentagens de redução e a concretização do acordo efetivo BRASIL 2012 Em 2011 foi realizado em Durban na África do Sul um evento que reuniu representantes de 190 nações que possuíam o propósito de decidir a renovação do protocolo de Quioto Ao final foi lançado as bases de um futuro acordo que realizará o controle da poluição em 2015 entrando em vigor a partir de 2020 Outro assunto definido foi a do Fundo Verde do Clima que a partir do mesmo ano fornecerá suporte financeiro para iniciativas de combate às mudanças do clima mundial BRASIL 2012 Em 2012 mais de 45 mil constituintes entre chefes de governo e sociedade civil se reuniram na cidade do Rio de Janeiro Os 188 países presentes na Rio 20 se comprometeram a investir cerca de US 513 bilhões em projetos programas e ações nos próximos dez anos nas áreas de economia verde transporte proteção ambiental mudanças climáticas entre outras BRASIL 2012 Neste âmbito surgiu uma série de normas que visam determinar diretrizes para garantir a gestão ambiental dentro das empresas Como dito anteriormente na década de 90 a ISO International Organization for Standardization viu a necessidade de se desenvolverem normas que tratassem das questões ambientais e tivessem como intuito a padronização dos processos de empresas que utilizassem recursos extraídos da natureza ou causassem algum dano ambiental recorrente de suas atividades CARDOSO BRISOT 2013 XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 4 Em 1993 a ISO cria então um comitê intitulado Comitê Técnico TC 207 que teve como objetivo desenvolver as normas da série 14000 A ISO 14000 trabalha como um conjunto de diretrizes que estabelecem como princípio uma base comunitária para a gestão ambiental CARDOSO BRISOT 2013 A aplicação de uma ISO 14000 está fundamentada por conta da definição de metas que devem ser atingidas em todos os setores do processo de produção da empresa desde o administrativo até o produtivo Por meio da sua abrangência e complexidade a ISO é direcionada para empresas que já possuem um certo sistema de gestão SEIFFERT 2011 O princípio da ISO 14000 proporciona diretrizes completas para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental SGA com relação ao atendimento e monitoramento de leis e regulamentações ambientais Deste modo evidenciando que a grande maioria das instituições estão com foco no processo de melhoria contínua CARDOSO BRISOT 2013 22 Sistema de Gestão Ambiental SGA Dentro dessa série de normas da 14000 encontrase a ISO 14001 que trata sobre Sistema de Gestão Ambiental e suas especificações e diretrizes para uso Esta norma exige que a organização estabeleça um procedimento para identificar e acessar a legislação e a outros requisitos por ela subscrito aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades produtos e serviços MACENO et al 2013 A primeira etapa do Sistema de Gestão Ambiental trata da definição da política ambiental da empresa Nesta etapa existe um requisito específico para formalizar um compromisso em atender à legislação relativa à organização Todavia os critérios de certificação exigem que a empresa se adeque à legislação Esta questão é tratada na etapa dois do SGA CARDOSO BRISOT 2013 Um ponto de partida para qualquer empresa no Brasil são as leis federais começando pela constituição as resoluções do CONAMA e as normas ABNT que servem como base para pesquisa e verificação da legislação aplicável ao empreendimento da empresa A Lei Federal n 6938 Lei da Política Nacional do Meio Ambiente de 31 de agosto de 1981 juntamente com a Resolução n 237 do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA estabeleceu o Licenciamento como um dos instrumentos de Gestão Ambiental BRASIL 1981 No entanto para o caso das atividades de confecção de peças e acessórios do vestuário roupas XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 5 profissionais peças interiores fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos para vestuários estão dispensadas do licenciamento Para tanto os interessados precisam apenas comparecer ao órgão ambiental e solicitar o Certificado de Dispensa de Licença CDL Somente para o caso das malharias ou seja indústrias que fabricam tecidos de malha que contemplam outros materiais além da própria malha estas requerem a Licença Ambiental pois são consideradas fontes poluidoras Quanto aos resíduos sólidos a NBR 100042004 estabelece que a periculosidade de um resíduo é dividida em razão de suas propriedades físicas químicas ou infectocontagiosas podendo apresentar riscos à saúde pública provocando mortalidade incidência de doenças ou acentuando seus índices ou riscos ao meio ambiente quando o resíduo for gerenciado de forma incorreta ABNT 2004 A NBR 100042004 também classifica os resíduos em Classe I Perigosos Classe II A Não inertes e Classe II B inertes Os resíduos de Classe I Perigosos são aqueles que apresentam risco a saúde pública ou que de alguma forma possam aumentar a taxa de mortalidade ou a incidência de doenças Estes resíduos podem apresentar características como inflamabilidade corrosividade reatividade toxicidade ou patogenicidade ABNT 2004 Como resíduos sólidos de Classe I Perigosos provenientes do setor de confecção podese destacar as lâmpadas solventes usados para a limpeza de peças de maquinários óleo lubrificante das máquinas costura ou corte usado ou contaminado panos e estopas contaminadas com óleo lubrificante usado ou contaminado ABNT 2004 Já os resíduos de Classe II A Não Inertes são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos de Classe I perigosos ou Classe II B inertes nos termos da norma 100042004 Estes resíduos possuem propriedades como biodegradabilidade combustibilidade ou solubilidade em água Como resíduos Classe II A Não Inertes provenientes do setor de confecção podese destacar os resíduos têxteis como retalhos e aparas de tecidos os resíduos plásticos de embalagens de rolos de tecidos por exemplo os papeis e papelão os resíduos de linhas de costuras e fios e ainda os resíduos de restos de alimentos provenientes da cozinha ou refeitório da empresa ABNT 2004 E por fim os resíduos de Classe II B Inertes que se trata de quaisquer resíduos que quando XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 6 amostrados de uma forma representativa de acordo com a NBR 100072004 e submetidos a um contato dinâmico estático com a água destilada à temperatura ambiente conforme NBR 100062004 não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água excetuandose aspecto cor turbidez dureza e sabor ABNT 2004 Os resíduos Classe II B Inertes provenientes do setor de confecção são os resíduos de vidro e sobras de botões ABNT 2004 A Lei Estadual nº 19261 de 07 de 2017 possui como principal atribuição os mesmos princípios e diretrizes da Lei Federal no 123052010 no qual seu principal objetivo é a gestão integrada de resíduos utilizando todas as ferramentas e instituições de controle e fiscalização para realizar o desenvolvimento da gestão de resíduos Ainda dentro da segunda etapa do SGA após se verificar a legislação são definidas as metas com base nos objetivos que se pretende alcançar Posteriormente a terceira etapa trata da execução do planejamento da etapa anterior Na fase de execução encontrase o treinamento de todo pessoal envolvido e a preocupação com as informações que será crucial para a fase de coleta de dados CARDOSO BRISOT 2013 A quarta etapa segue com a verificação do que foi implementado na fase anterior nesta etapa são avaliados os números apontados para cada indicador meta e assim são analisadas e definidas as ações corretivas necessárias CARDOSO BRISOT 2013 Por fim a última etapa de um SGA trata da auditoria interna que deve ser realizada pela alta gestão da empresa a fim de verificar o desempenho do sistema aplicado Os principais dados a serem avaliados nas auditorias internas estão associados às atividades executadas nos processos que tenham influência sobre os aspectos ambientais e que possam gerar impacto ambientais significativos ao meio SEIFFER 2011 O sistema de gestão ambiental SGA pode ser integrado a ações de Produção mais limpa PL Para tanto podese fazer uso da metodologia de PL logo após ser realizado o diagnóstico ambiental da segunda fase do SGA O alinhamento do padrão de desempenho do SGA à PL é um requisito indispensável para a redução efetiva dos impactos ambientais dos empreendimentos não só no que tange à redução da poluição emissões atmosféricas efluentes hídricos esgotos e resíduos sólidos mas particularmente no nível de consumo dos recursos naturais MACENO et al 2013 XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 7 3 Metodologia Na análise para determinar as oportunidades de otimização das atividades ambientais da empresa foi utilizado um Sistema de Gestão Ambiental SGA em todos os processos Deste modo foi exposto para os envolvidos temas significativos sobre a relações com o meio ambiente Posteriormente foi abordado com os membros da alta gestão da empresa e responsáveis por cada setor um questionário constituído por meio das diretrizes de um sistema de gestão ambiental Com isso a metodologia de implantação do SGA foi elaborada diante das etapas da Figura 1 Figura 1 Metodologia SGA integrado à PL Fonte O autor 2021 Com relação a primeira etapa apresentada na Figura 1 referese a política ambiental Nesta etapa a alta gestão definiu qual seria o seu comprometimento com as questões ambientais Seguindo para a etapa 2 foi abordado o planejamento Dentro do planejamento foi definido a XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 8 aplicação de uma produção mais limpa que terá como princípio atuar na otimização dos desperdícios de recursos econômicos e ambientais da empresa Seguindo a Figura 1 na etapa 3 foi realizada a implantação da produção mais limpa em cada um dos processos de fabricação da indústria E posteriormente na etapa 4 foi aplicada a verificação da efetividade desta implantação Por fim na última etapa do SGA foi exposto a análise crítica da alta gestão da empresa sobre a apresentação dos dados anteriores a aplicação e dos resultados obtidos ao fim do trabalho 4 Resultados e discussões A empresa X abordada no estudo é uma indústria do ramo de confecção Está situada na região noroeste do estado do Paraná desde 2010 possuindo como principal atividade a produção de vestuário personalizado O processo de produção funciona por meio de quatro setores que estão definidos como Corte serigrafia sublimação e costura Entre a gama de produtos da indústria estão camisetas simples camisetas polo conjuntos esportivos shorts coletes calças aventais moletons agasalhos jaquetas e jalecos O sistema de produção caracterizado na empresa X é a produção puxada na qual o cliente realiza e pedido e posteriormente o pedido segue para as etapas de fabricação até ser finalizando durante um determinado tempo de fabricação A empresa em questão não apresentava nenhuma Política Ambiental definida Desta forma a primeira etapa tratou de elaborar uma Política Ambiental em conjunto com a Alta Gerência da empresa A Política Ambiental definida foi A Empresa X tem o compromisso com a melhoria contínua de seus processos e produtos Como visão a empresa busca aplicar os princípios da gestão ambiental por meio da melhoria ambiental contínua A partir do desenvolvimento sustentável está orientado seu plano estratégico de sustentabilidade traçando objetivos metas e indicadoras para buscar novos resultados A segunda etapa de aplicação de um SGA trata da identificação dos aspectos ambientais requisitos legais e definição de objetivos e metas Para este estudo optouse em fazer o uso da metodologia da Produção mais Limpa PL nesta etapa Desta forma na terceira etapa que consiste na implementação e operações foi realizada a XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 9 identificação dos aspectos ambientais da empresa e em seguida determinado o plano de ação que consistiu na aplicação da PL Os aspectos ambientais encontrados na empresa se encontram no Quadro 1 Quadro 1 Aspectos Ambientais identificados no estudo Aspecto Ambiental Origem Classificação na NBR 100042004 Impacto Ambiental Ação Proposta Plástico Cones de linha Embalagens de aviamentos Sacolas em geral Classe II A Ocupação de espaço em aterros Contaminação de solo e água Reciclagem Externa Papel papelão Tubetes de Tecido Caixas de papelão sem uso Papel proveniente de risco de enfesto Classe II A Ocupação de espaço em aterros Contaminação de solo e água Reciclagem Externa Sobras de tecidos em tamanho ainda de corte Setor de corte Classe II A Ocupação de espaço em aterros Contaminação de solo e água Reutilização Interna Sobras de tecidos retalhos Classe II A Ocupação de espaço em aterros Contaminação de solo e água Reciclagem Externa Óleo lubrificante de máquinas de costura Setor de costura Classe I Perigoso Ocupação de espaço em aterros Contaminação de solo e água Encaminhamento para aterro industrial Restos de tela madeira Setor de serigrafia Classe I Perigoso Ocupação de espaço em aterros Contaminação de solo e água Reciclagem Externa Latas de tinta e solventes Classe I Perigoso Ocupação de espaço em aterros Contaminação de solo e água Reciclagem Externa Efluentes gerados Classe I Perigoso Contaminação de solo e água Construção de uma estação de tratamento Fonte O autor 2021 Para a aplicação da PL a primeira ação a ser tomada foi a de identificar os resíduos gerados no processo e em seguida caracterizálos de acordo com a Norma Brasileira NBR 10004 2004 De acordo com a norma em questão os resíduos são classificados em Classe I Perigosos e Classe II A Não Inerte e Classe II B Inertes Na categoria de resíduos Classe I Perigosos foi encontrado na empresa óleo lubrificante de máquinas de costura e retalhos de tecidos contaminados com óleo que foram usados para limpeza das máquinas no momento de lubrificação latas de tintas e solventes do setor de estamparia e telas de serigrafia para descarte Na categoria de resíduos Classe II A Não inerte foram identificados resíduos têxteis ou seja retalhos de tecidos provenientes do setor de corte da empresa resíduos plásticos como sacos de embalagem dos tecidos cones de sustentação do rolo de tecido e sacolas em geral resíduos de papeis e papelão provenientes de caixas de papelão em desuso e papeis de riscos de enfestos do XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 10 corte que foram descartados e resíduos de linhas e fios do setor da costura Já para a categoria de resíduos Classe II B Inertes nenhum resíduo foi identificado na empresa Seguindo então a metodologia da PL após identificados os resíduos definiuse dois caminhos de ações para os mesmos a redução desses resíduos e a reciclagem E para auxiliar na triagem destes resíduos foi realizada a aplicação da metodologia Housekeeping O housekeeping tratase de uma ferramenta utilizada pelas empresas para garantir um ambiente mais agradável para os funcionários e trazer maior retorno de produtividade para empresa incluindo eliminação de desperdícios limpeza e arrumação O housekeeping é uma versão do programa 5s consolidado no Japão Neste cenário a primeira etapa do housekeeping trata da triagem para descarte Nesta etapa os resíduos foram separados em resíduos para reuso reciclagem interna e resíduos para reciclagem Para a reciclagem foi determinado com a alta gerência da empresa quais os resíduos seriam reciclados externamente e quais seria reciclado internamente ou seja voltariam para o processo A Figura 2 ilustra os resíduos levantados e definidos nesta etapa Figura 2 PL Fase de destino dos resíduos Fonte O autor 2021 Assim os retalhos de tecidos encontrados que possuíam um tamanho aceitável para corte de peças voltaram para o processo de corte com a finalidade de serem confeccionadas peças pequenas para vendas em promoção Já os demais retalhos que não possuíam tamanho ideal para aproveitamento foram destinados para a reciclagem externa Os retalhos passaram a ser doados para um grupo de mulheres da cidade que confeccionam artesanato e acessórios como lacinhos e bandanas para venda nos petshops Figura 3 XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 11 Figura 3 Produtos de petshop confeccionados com retalhos dos tecidos Fonte O autor 2021 Os resíduos de plásticos como cones de linha e sacolas e embalagens telas e as latas de tintas da serigrafia Figura 4 foram destinados à uma associação de coletores de Goioerê a ATA Ação Tratamento Ambiental Figura 4 Descarte de resíduos de papel papelão e telas de serigrafia Fonte O autor 2021 Já os resíduos de papel papelão que eram os tubetes de tecidos papelão de caixas e papel resultante do processo de sublimação começaram a ser armazenados em bigbags e recolhido diariamente por um coletor individual da cidade Figura 5 Descarte de papeis do processo de sublimação Fonte O autor 2021 XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 12 Por fim o efluente gerado no processo de serigrafia no qual é destinado à rede de esgoto da cidade foi realizada uma reunião com a alta gerência e explanado sobre os impactos ambientais gerados por este efluente e sugerida a construção de uma estação pequena de tratamento na empresa Estes efluentes gerados apresentam uma alta concentração de cor presente em seus efluentes logo foi proposto um sistema de tratamento de efluentes por coagulação floculação Posteriormente a realização da implementação das ações propostas foi realizada a quarta etapa do SGA que tratou da verificação e das ações corretivas Nesta etapa foi verificada pela alta gestão da empresa a efetividade do SGA implantado Constatouse que em relação a segregação e destinação dos resíduos sólidos encaminhados para a reciclagem o programa apresentou um impacto positivo com relação a sustentabilidade e começou assim a atender a política ambiental proposta pela empresa Também é importante salientar o imenso ganho ambiental uma vez que antes da implantação do SGA os resíduos eram encaminhados para a coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos e tinham como destino final o aterro Outro aspecto verificado pela alta gestão foi a melhora na organização da empresa após a aplicação do housekeeping como ilustra a Figura 6 Figura 6 Organização da empresa após a aplicação do housekeeping Fonte O autor 2021 Por fim nesta etapa salientouse a importância de auditorias ambientais programadas para serem realizadas ao longo do ano e ainda ficou programada reuniões trimestrais da alta gerência da empresa para efetuar a análise crítica do SGA lembrando que o mesmo trata de um ciclo contínuo que deve estar sempre sendo aprimorado XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 13 5 Conclusão No presente estudo foi abordado questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável de uma indústria de confecção têxtil evidenciando todos os pontos de fraquezas das etapas produtivas da empresa A partir da análise dos resíduos e impactos negativos que estavam sendo gerados na fabricação do produto final foi aplicado a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental atrelado a metodologia de produção mais limpa no processo com a finalidade de atender a política ambiental proposta pela empresa Após o levantamento dos aspectos ambientais foi realizado a execução das melhorias estruturais e organizacionais dos processos junto a base do housekeeping O resultado obtido com esse método foi extremamente efetivo aumentando o tempo produtivo dos colaboradores por conta da organização dos materiais utilizados nas operações e dos indicadores estabelecidos com relação aos resíduos apontados dentro do processo e os impactos que estavam sendo gerados por eles Também a partir dos aspectos ambientais e com o auxílio da metodologia da PL foram direcionados resíduos tanto para reciclagem interna da empresa quanto para a externa implicando em significativos ganhos ambientais e sociais Em suma com este estudo foi possível concluir a efetividade da aplicação do Sistema de Gestão Ambiental até mesmo em microempresas fazendo com que estas também possam cumprir suas políticas ambientais e estarem de acordo com políticas públicas como a Política Nacional dos Resíduos Sólidos de forma efetiva REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT NBR 10004 Resíduos Sólidos Classificação Rio de Janeiro ABNT 2004 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT NBR ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental Diretrizes gerais para implementação Rio de Janeiro ABNT 2016 AMARAL M C ZONATTI W F SILVA K L JUNIOR D K NETO J A RAMOS J B Reciclagem industrial e reuso têxtil no Brasil estudo de caso e considerações referentes à economia circular Gestão Produção v 25 p 431443 2018 ARAUJO W C FONTANA M E Análise do gerenciamento dos resíduos de tecidos gerados XLII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Contribuição da Engenharia de Produção para a Transformação Digital da Indústria Brasileira Foz do Iguaçu Paraná Brasil 04 a 07 de outubro de 2022 14 pela indústria de confecções do agreste de Pernambuco ResearchGate v 6 p 101124 2017 ARMSTRONG C M NIINIMAKI K KUJALA S LANG C Sustainable productservice systems for clothing exploring consumer perceptions of consumption alternatives in Finland Journal of Cleaner Production v 97 p 3039 2015 BRASIL Decreto n 1633 Institui incentivos fiscais à exportação de manufaturados por empresas exportadoras de serviços e dá outras providências Rio de Janeiro 1978 BRASIL Decreto n 6938 Lei da Política Nacional do Meio Ambiente Rio de Janeiro 1981 BRASIL Lei n 12305 Política Nacional de Resíduos Sólidos Rio de Janeiro 2010 BRASIL Relatório Planeta Vivo 2012 A caminho da Rio 20 2012 Disponível em httpsd3nehc6yl9qzo4cloudfrontnetimgcapasumariolprport44069jpg Acesso em 20 de maio de 2022 CARDOSO F B BRISOT V G ISO 14001 na prática Sistema de Gestão Ambiental Viena 2013 CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS SENAI Produção mais limpa em confecções Porto Alegre 2007 GUSMÃO A C MARTINI L C Gestão ambiental na indústria SMS Digital Rio de Janeiro 2009 MACENO M C VELOZO T G CANEDO P L SILVA M C Proposta de Implementação de SGA e Ações PL em uma indústria de Máquinas Têxteis Internacional Workshop Advances in Clean Production v 4 p 110 2013 MURPHY S PINCETL S Zero waste in Los Angeles Is the emperor wearing any clothes Resources Conservation and Recycling v 81 p 4051 2013 NORUP N PIHL K DAMGAARD A SCHEUTZ C 2018 Development and testing of a sorting and quality assessment method for textile waste Waste Management v 79 p 821 2018 PAUL B D A history of the concept of sustainable development Literature review Economic Science Series v 2 p 581585 2008 RATTNER H Meio ambiente saúde e desenvolvimento sustentável Ciência Saúde Coletiva v 6 p 19651971 2009 SEIFFERT M E Sistema de Gestão Ambiental SGAISO 14001 Atlas v 1 p 112 2011