·
Educação Física ·
Educação Física
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Prefere sua atividade resolvida por um tutor especialista?
- Receba resolvida até o seu prazo
- Converse com o tutor pelo chat
- Garantia de 7 dias contra erros
Recomendado para você
2
Concurso Público 49
Educação Física
UMG
3
Relatório 1 Metodologia do Ensino da Ginástica
Educação Física
UMG
4
Treino-em-circuito-para-definição
Educação Física
UMG
7
Teoria e Metodologia da Ginástica Av2
Educação Física
UMG
6
Atividade Física Saúde e Qualidade de Vida Estácio
Educação Física
UMG
9
Previa 1 Ginastica e Movimento
Educação Física
UMG
8
Introdução à Educação Física Av1
Educação Física
UMG
4
Sde4621 - Teoria e Pratica de Recreação e Lazer
Educação Física
UMG
4
Aula 1 - Corporeidade e Motricidade
Educação Física
UMG
4
Simulado - Ginástica Geral e Artística
Educação Física
UMG
Texto de pré-visualização
ANTONIO CARLOS GOMES 2 ª E DIÇ Ã O TREINAMENTO DESPORTIVO ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO G633t Gomes Antonio Carlos Treinamento desportivo recurso eletrônico estruturação e periodização Antonio Carlos Gomes 2ed Dados eletrônicos Porto Alegre Artmed 2009 Editado também como livro impresso em 2009 ISBN 9788536320885 1 Esporte 2 Treinamento esportivo 3 Resistência I Título CDU 796015 Catalogação na publicação Renata de Souza Borges CRB101922 TREINAMENTO DESPORTIVO 2a EDIÇÃO ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO ANTONIO CARLOS GOMES Doutor em Ciência do Treinamento Desportivo de Alto Rendimento pela Universidade Nacional de Educação Física e Desporto de Moscou Rússia Mestre em Ciência do Treinamento Desportivo pelo Instituto Estatal de Cultura Física de Moscou Rússia Professor do Curso de PósGraduação em Metodologia do Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP Consultor Científi co do Comitê Olímpico Brasileiro e da Confederação Brasileira de Triatlon 2009 Artmed Editora SA 2009 Capa Tatiana Sperhacke TAT studio Ilustração de capa iStockphotocomfilo Ilustrações Juliano DallAgnol Preparação do original Paulo Ricardo dos Santos Leitura final Sandra da Câmara Godoy Supervisão editorial Laura Ávila de Souza Projeto e editoração Armazém Digital Editoração Eletrônica Roberto Carlos Moreira Vieira Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa à ARTMED EDITORA SA Av Jerônimo de Ornelas 670 Santana 90040340 Porto Alegre RS Fone 51 30277000 Fax 51 30277070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume no todo ou em parte sob quaisquer formas ou por quaisquer meios eletrônico mecânico gravação fotocópia distribuição na Web e outros sem permissão expressa da Editora SÃO PAULO Av Angélica 1091 Higienópolis 01227100 São Paulo SP Fone 11 36651100 Fax 11 36671333 SAC 0800 7033444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL In memoriam Antonio Gomes Lourdes Moreira Gomes Meus queridos pais motivo de todo o esforço que fiz na vida para me tornar um profissional na área da Educação Física e dos Desportos Leev Pavilovitch Matveev Meu orientador científico durante o Curso de Mestrado e Doutorado na Universidade Nacional de Educação Física da Rússia 7 Treinamento desportivo AGRADECIMENTOS Ao Professor Doutor Paulo Roberto de Oliveira por ter sido a pessoa que mais me incentivou e motivou a tornarme um pro fissional na área do Treinamento Desporti vo Desde a década de 1970 sempre este ve ao meu lado e com seus ensinamentos como professor técnico e amigo procurou mostrarme os melhores caminhos para o sucesso pessoal e profissional À Professora Doutora Tatiana Ger mnova Fomitchenko pelo apoio pela orientação e pela amizade durante todo o período de minha estada no programa de pósgraduação na Rússia Ao Professor Doutor Yuri Verkho shanski pela amizade e pelo carinho que sempre teve comigo orientandome para o desenvolvimento do senso crítico em todos os trabalhos que desenvolvemos juntos Ao Professor Abdallah Achour Ju nior pela colaboração na revisão técnica desta obra e pela grande amizade e apoio que demonstrou ao longo desses anos de nossa convivência Aos Professores Marcio Teixeira e Ney Pereira de A Filho pelo incentivo na produção desta obra e pela manifestação de companheirismo amizade e solidarie dade durante todo o tempo de nossa con vivência pessoal e profissional A todos os meus atletas que duran te muitos anos me permitiram colocar em prática muitas das experiências que são relatadas nesta obra APRESENTAçãO Sergio Gregório da Silva Mais uma vez tenho o prazer de apre sentar esta obra agora em edição ampliada e atualizada e não tenho dúvida de que ela permanece sendo uma leitura obrigatória para todos aqueles que se dedicam à arte do treinamento desportivo uma vez que fornece todos os passos necessários para tornar nosso trabalho mais científico por meio do planejamento da estruturação e do controle do treinamento A preparação do atleta para a com petição compreende muitos aspectos desde a descoberta do talento desportivo passando pelas etapas de iniciação des portiva até os detalhes da preparação de alto rendimento culminando em um cam peonato de nível mundial Durante esse processo de desenvolvimento do atleta observamos que o processo de treinamen to deve estar devidamente fundamenta do por áreas como fisiologia psicologia biomecânica e outras matérias norteadas pela ciência Entretanto o programa de treinamento também deve representar a experiência a intuição a coragem do téc nico e a sua habilidade de obter o melhor do atleta em treinamento e em competi ção Portanto o treinamento desportivo transcende o nível da ciência e remete nos à arte de preparar indivíduos para o desporto Nesta segunda edição além da atua lização de todos os capítulos o Professor Antonio Carlos Gomes adicionou um tema muito importante para os especialistas que trabalham na área do treinamento despor tivo o desenvolvimento e o aperfeiçoamen to das capacidades motoras assunto de suma importância para o treinador prepa rar melhor os seus atletas Além disso tais informações consistem em um referencial teórico importante para os professores uni versitários que ministram aulas nas disci plinas relacionadas ao tema Ao apresentar a primeira edição des taquei a importância desta obra naquele momento pelo fato de treinadores profes sores e outros especialistas prescreverem atividades de treino sem a utilização de pre ceitos científicos e de métodos atualizados Evoluímos muito nesse aspecto nos últimos anos e agora o destaque está na realização da Copa do Mundo de futebol programada para o ano de 2014 em nosso país e princi palmente na possibilidade de sermos sede dos Jogos Olímpicos de 2016 Esses dois eventos estabelecem definitivamente a era científica do desporto nacional O autor tem uma formação extrema mente sólida e especializada fundamen Professor Doutor da Universidade Federal do Para ná Consultor Científico em Fisiologia do Exercício x Apresentação tada em uma combinação de resultados de muitos anos dentro das pistas e das quadras como atleta e depois como técnico despor tivo e preparador físico de diversas modali dades desportivas Além de sua experiência profissional e formação acadêmica nos úl timos anos Antonio Carlos Gomes confir mou sua competência com resultados de destaque na modalidade de futebol atuan do como diretor científico de uma grande equipe da primeira divisão brasileira Atual mente ele colabora com o Comitê Olímpico Brasileiro e sem dúvida esta obra será um dos instrumentos teóricos que sustentarão o novo sistema de preparação dos atletas bra sileiros em busca da medalha de ouro nos próximos Jogos Olímpicos Esta segunda edição de Treinamen to desportivo estruturação e periodização apresenta os caminhos e as ferramentas de trabalho para organizar a atividade de treinamento de uma maneira clara e fácil pela riqueza de detalhes exposta pelo au tor Nesse particular o Professor Antonio Carlos Gomes consegue não só nos trazer uma brilhante combinação de dezenas de anos de estudos dos cientistas do Leste Europeu como também propor uma me todologia muito adequada ao desporto brasileiro utilizando suas experiências pessoais principalmente como cientista e treinador de alto nível ensinandonos a colocar nossos sentimentos nessa ativida de que nos traz tantas alegrias e prazer PREFáCIO à SEGUNDA EDIçãO Oscar Amauri Erichsen Esta nova edição de Treinamento des portivo estruturação e periodização man tém o objetivo da anterior que é discutir as tendências modernas do treinamento Seu objetivo não é determinar a atividade a ser realizada mas sim discutir e entender os fatores e os mecanismos fundamentais envolvidos na pre paração do desportista Temos certeza de que é um material para leitores sérios que pretendem entender com profundidade os conceitos práticos e científicos da preparação do desportista A influência de autores e de pesqui sadores da antiga União Soviética no tra balho do Professor Antonio Carlos Gomes justificase pelos longos anos de estudos e trabalhos ao lado dos maiores nomes da ciência da preparação desportiva em ní vel mundial daquele país Para aqueles que consideram o trei namento desportivo arte e ciência este livro vem ao encontro de um aspecto fun damental entender e combi nar os elemen tos científicos para resolver os problemas do diaadia do treina mento A organização do material procura estabelecer uma sequência de entendi mento do conteúdo proposto O Capítu lo 1 Princípios científicos da preparação desportiva permite ao leitor orientarse com relação a leis e regras princípios pe dagógicos e biológicos que fundamentam os conheci mentos necessários ao técnico desportivo O Capítulo 2 Sistema de competi ções desportivas trata da classificação das competições desportivas do calendário desportivo e do sistema individua lizado das competições Por meio da identifica ção desses elementos é possível que o técnico desportivo prepare seus atletas de acordo com as características específicas da competição No Capítulo 3 Meios e métodos da preparação desportiva está muito bem caracterizada a pedagogia da prepara ção desportiva Classificar exercí cios e adequálos a métodos de influência práti ca verbal ou demonstrativa é o elemento fundamental do processo evolutivo da as similação e da adapta ção do gesto despor tivo a respostas propostas pelas cargas de treinamento adotadas Depois de ser discutida a questão pedagógica o Capítulo 4 Carga de treina mento trata dos elementos da adaptação e dos efeitos do treinamento Identificar o conteúdo o volume e a organização de cargas de treinamento parece ser uma ta refa fácil após a leitura desse capítulo Professor Doutor da Universidade Estadual de Lon drina Coordenador Científico do Clube Atlético Pa ranaense O Capítulo 5 Treinamento e aperfei çoamento das capacidades físicas aborda parâmetros importantes na concepção do treinamento desportivo nos quais é ob servado de forma clara e objetiva todo o processo de aperfeiçoamento das capaci dades motoras bem como suas especifici dades para cada grupo de desportos O Capítulo 6 Estruturação e periodi zação do treinamento desportivo é o mais longo deste livro Justificase pela com plexidade do tema mas principalmente pela discussão profunda das possibilida des levantadas por grandes estudiosos da preparação desportiva O Capítulo 7 Modelos de periodiza ção nos desportos concentra a dis cussão do tema desde a origem e evolução dos pressupostos teóricos do planejamento do treinamento até as propostas mais moder nas Esse capítulo não tem a intenção de apresentar receitas de treinamento des portivo mas sim debater uma experiência viva e atual dos conceitos moder nos na preparação desportiva Todo profissional da área do treina mento desportivo precisa obter conheci mentos do desenvolvimento da prepara ção em um contexto global O Capítulo 8 Planejamento do treinamento desportivo na infância e na ado lescência permite ao leitor visualizar elementos importantes no desenvolvi mento da vida do atleta A partir desses conhecimentos é possível es tabelecer um planejamento a longo prazo evitandose assim fatos comuns como por exemplo o treina mento precoce Como elemento conclusivo o Capí tulo 9 Projeto de treinamento des portivo discute as etapas de desenvolvimento do planejamento de prepara ção desportiva São tratados nesse capítulo os aspectos mais importantes que devem ser levados em consideração na elaboração de um plane jamento Tenho certeza de que este livro for nece informações importantes tanto ao técnico em sua prática diária quanto aos pesquisadores e aos estudiosos da área xii Prefácio 13 Treinamento desportivo SUMáRIO INTRODUçãO 19 1 PRINCíPIOS CIENTíFICOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 21 preparação desportiva leis e regras 21 princípios pedagógicos da preparação desportiva 21 princípios especiais da preparação desportiva 22 princípio da continuidade no processo da atividade competitiva 23 Combinação das cargas de treinamento no processo de preparação desportiva 24 Carga ondulatória durante o processo de preparação desportiva 28 integração das diferentes partes da preparação do desportista 33 2 SISTEMA DE COMPETIçõES DESPORTIvAS 37 Classificação das competições desportivas 38 Calendário desportivo e sistema individualizado das competições 42 prática competitiva do desportista a longo prazo 47 participação dos desportistas nas competições 50 3 MEIOS E MéTODOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 55 meios pedagógicos da preparação desportiva 55 Classificação dos exercícios 56 exercício competitivo 58 exercício preparatório especial 58 exercício preparatório geral 58 métodos pedagógicos de preparação desportiva 60 método de influência prática programado 60 métodos de ensino da técnica de ações motoras 61 métodos de treino das capacidades motoras 63 Método de exercício de carga contínua 63 Método de exercício de carga intervalada 63 Método de exercício de carga mista intervalado e contínuo 63 método competitivo 68 14 Sumário método de jogo 68 métodos de influência verbal 69 métodos de influência demonstrativa 69 4 CARGA DE TREINAMENTO 71 Carga de treinamento e suas formas de ação 71 Características da carga de treinamento 71 adaptação no treinamento desportivo 72 efeitos de treinamento 75 efeito imediato de treinamento 76 efeito posterior de treinamento 76 efeito somatório de treinamento 76 efeito acumulativo a longo prazo de treinamento 76 Carga de treinamento e seus aspectos determinantes 76 Conteúdo da carga 76 volume da carga 77 organização da carga 79 Carga especializada 79 orientação da carga 81 Intensidade da carga 81 Duração do exercício 84 Duração dos intervalos de descanso 84 Intervalo rígido de descanso 86 Intervalo curto de descanso 86 Intervalo completo de descanso ordinário 86 Intervalo supercompensatório 86 Intervalo prolongado de descanso 86 Caráter de descanso 86 Cargas ótimas 87 5 TREINAMENTO E APERFEIçOAMENTO DAS CAPACIDADES FíSICAS 91 sistema de treinamento e preparação física 91 Treinamento e aperfeiçoamento da resistência 93 Treinamento da resistência aeróbia 95 Treinamento da resistência anaeróbia glicolítica 99 Treinamento da resistência anaeróbia alática 101 Treinamento das capacidades de força 103 Aspectos neuromusculares relacionados com a manifestação das capacidades de força 104 metodologia do treinamento das capacidades de força 106 Treinamento da capacidade de força concêntrica 108 Treinamento das capacidades de velocidade e de força 110 Treinamento da resistência de força 111 Treinamento da capacidade de força isocinética 112 Treinamento das capacidades de força excêntrica e combinada 113 15 Sumário Treinamento das capacidades de força isométrica e combinada dinâmicoestático 117 Treinamento da capacidade de velocidade 122 Meios de treinamento de velocidade 123 Metodologia do treinamento da velocidade 127 Treinamento da capacidade de flexibilidade 134 Metodologia do treinamento da flexibilidade 135 Treinamento das capacidades de coordenação 141 Meios e particularidades do método de treinamento 142 Treinamento da precisão na reprodução dos parâmetros de força espaço tempo e ritmo nos movimentos 142 Treinamento da capacidade de equilíbrio 145 Controle do nível de preparação física 146 6 ESTRUTURAçãO E PERIODIzAçãO DO TREINAMENTO DESPORTIvO 149 Bases teóricas da periodização do treinamento desportivo 149 estrutura e preparação do atleta 150 estrutura geral da preparação desportiva a longo prazo 151 estrutura e conteúdo da preparação do atleta a longo prazo 152 períodos sensíveis e desenvolvimento das capacidades motoras 155 Carga de treinamento e seu crescimento constante 157 meios e métodos de preparação desportiva e sua relação com a hereditariedade 158 etapas de preparação a longo prazo 159 etapa de preparação preliminar 160 etapa de especialização desportiva inicial 161 etapa de especialização profunda 163 etapa de resultados superiores 165 etapa de manutenção dos resultados 166 estrutura e organização do treinamento no ciclo olímpico 167 estrutura da sessão semana de treinamento 171 sessão de treinamento 171 Parte preparatória 172 Parte principal 174 Sessões complexas de treinamento 176 Parte final 177 estrutura e organização do treinamento no microciclo 179 microciclos de preparação 180 Microciclo ordinário 180 Microciclo de choque 180 Microciclo estabilizador 181 Microciclo de manutenção 181 Microciclo recuperativo 183 Microciclo de controle 183 16 Sumário Microciclo précompetitivo 184 Microciclo competitivo 184 Carga de treinamento no microciclo e suas diversas combinações 185 estrutura e organização do treinamento no mesociclo 190 Classificação dos mesociclos 190 Mesociclo inicial 192 Mesociclo básico 192 Mesociclo de desenvolvimento 192 Mesociclo estabilizador 193 Mesociclo recuperativo 193 Mesociclo de controle 193 Mesociclo précompetitivo 193 Mesociclo competitivo 193 Composição dos microciclos na estrutura do mesociclo 194 mesociclo de preparação para mulheres 194 estrutura do mesociclo précompetitivo 196 estrutura e organização do treinamento no ciclo anual e macrociclo 199 estrutura do ciclo anual de preparação em vários desportos 203 planejamento do treinamento em diferentes períodos do macrociclo 203 período preparatório 204 período competitivo 205 período transitório 207 7 MODElOS DE PERIODIzAçãO NOS DESPORTOS 209 modelos de treinamento 209 modelos tradicionais 210 modelos contemporâneos 213 modelos de treinamento em bloco 214 modelo integrador 220 modelo de cargas seletivas 220 organização e planejamento do treinamento na modalidade de futebol 226 planejamento do treinamento para velocistas na modalidade de atletismo 229 organização do processo de treinamento 229 8 PlANEjAMENTO DO TREINAMENTO DESPORTIvO NA INFâNCIA E NA ADOlESCêNCIA 233 Treinamento desportivo na infância e na adolescência 233 especialização desportiva 233 desenvolvimento multilateral 234 desporto na escola 234 aperfeiçoamento desportivo 234 Técnico desportivo 235 17 Sumário organização das competições 236 Forma de organização das competições 237 Formação e educação dos atletas 240 Clube desportivo 241 Função educativa do treinador 241 seleção de talentos nos desportos 244 aptidões hereditárias 245 etapas da seleção de talentos 246 Primeira etapa preliminar 246 Segunda etapa observação pedagógica 247 Terceira etapa orientação desportiva 248 9 PROjETO DE TREINAMENTO DESPORTIvO 255 análise dos resultados da temporada anterior 256 elaboração do planejamento da preparação desportiva 261 etapas de desenvolvimento do planejamento da preparação desportiva 261 planejamento a longo prazo 264 planejamento de treinamento do ciclo anual 266 CONSIDERAçõES FINAIS 271 REFERêNCIAS 273 19 Treinamento desportivo INTRODUçãO A preparação desportiva é um pro cesso tão complexo que o resultado fi nal só pode ser atingido com a união de diversos fatores cujas explicações e cujo entendimento não dependem apenas do domínio do conhecimento do conteúdo de treinamento mas também da arte e da intuição do treinador Dessa forma é possível considerar que o desenvolvimen to do processo de preparação desportiva de qualquer modalidade está diretamente relacionado com as evidências empíricas diagnosticadas na prática pelo treinador No entanto é necessário cada vez mais o fundamento teórico proveniente da inves tigação científica nas diferentes áreas re lacionadas com as ciências do desporto O conhecimento da teoria e da meto dologia do treinamento desportivo temse tornado o maior artifício para o treinador e o sucesso está relacionado com as in vestigações científicas no domínio do des porto e por que não em diversas outras áreas de atuação A área da pedagogia do desporto tem dado sua contribuição destacandose consideravelmente como componente essencial na preparação do atleta moderno A experiência na área do desporto tanto como atleta quanto como treinador e a atuação na área de pesquisa permi temme afirmar que uma das dificuldades enfrentadas pelo treinador está relaciona da com a estruturação a organização e a periodização do treinamento desportivo As informações colhidas na literatura na cional ainda não respondem a todas as dúvidas que o treinador apresenta na sua prática de estruturação do processo de preparação do desportista A teoria de preparação desportiva formulada nos últimos anos tem como base as experiências de treinadores e de estudiosos oriundos de países do Leste Europeu os quais de modo sensacional sugerem formas muito específicas de or ganização e de estruturação do processo de treinamento sempre com o objetivo de preparar seus desportistas para obterem resultados em um sistema de competição que difere muito da realidade latinoame ricana Ao apresentar nesta obra os diver sos modelos de estruturação da carga de treinamento no processo de preparação a longo prazo procurouse oferecer al ternativas que venham atender de forma concreta às manifestações do calendário desportivo brasileiro A expressão preparação desportiva PD demonstrada na Figura 1 a seguir compreende todos os fatores relacionados com a preparação do atleta e que podem leválo ao desenvolvimento de uma boa 20 Antonio Carlos Gomes performance no desporto praticado Dessa maneira a PD é composta por três sistemas que de uma forma integrada facilitam a preparação do desportista São eles n Sistema de competições indica todas as manifestações da competição des de sua forma de disputa até o diagnós tico das ações motoras realizadas pelo atleta na atividade competitiva do des porto praticado n Sistema de treinamento está relacio nado com o desenvolvimento e com o aperfeiçoamento de capacidades mo toras tais como força velocidade re sistência coordenação e flexibilidade A estruturação do sistema de treina mento depende do sistema de compe tições em alguns desportos o sistema de treinamento é de fundamental im portância todavia em outros não As sim a construção do processo de trei namento apresenta particularidades de um desporto para outro n Sistema de fatores complementares tratase de todos os meios que auxiliam na preparação do atleta principalmen te os relacionados com a recuperação após cargas de treinamento e com os meios utilizados para a mobilização do atleta para a competição Estão incluí das as áreas da psicologia medicina fisioterapia nutrição e massoterapia dentre outras A expressão treinamento desportivo tem relação direta com a adaptação psi comorfofuncional que se altera durante toda a temporada de treinamento A or ganização a estruturação e o controle do treinamento podem auxiliar de forma de cisiva no ganho de performance de alto rendimento Como definição podemos nos referir ao treino desportivo como um conjunto de procedimentos que devem ser considerados com o objetivo de aperfeiçoar as capacidades motoras até um estado óti mo mantendo sempre o equilíbrio entre os sistemas biológico psicológico e social Esta obra apresenta em 9 capítulos os temas mais pertinentes e fundamenta dores do raciocínio científico relaciona dos com a estruturação e a periodização do treinamento desportivo com exemplos concretos nos desportos respeitando suas particularidades e principalmente o ca lendário desportivo que determina o pro cesso de treinamento de nossos atletas FiGurA 1 Sistema de preparação desportiva e seu subsistema Matveev 1999 suas variantes e em função da variante escolhida e das condições concretas levar a diferentes resultados O efeito da apli cação dos mesmos meios e métodos de preparação desportiva diante de situações distintas não é o mesmo Devido a isso atribuise um significado especial na bus ca dos objeti vos à realização consequente dos princípios determinados ou seja das teses que no estado ideal revelam suas regras fundamentais e ao mesmo tempo orientam de um modo mais preciso como se deve observálas nas condições típicas da prática desportiva Assim a observação das regras de preparação desportiva está ligada à elaboração dos princípios que a regulamentam Os princípios são adequados somen te quando revelam objetiva mente as re gras e não são aleatoriamente deduzidos Nisso consiste a interação dos princípios e das regras em questão as regras são pri márias e os princípios enquanto repre sentação das regras secundários PriNCÍPiOS PEDAGÓGiCOS DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA Na literatura especializada Go mes 1999 ao expor os princípios para a orientação exata da atividade do técnico PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA LEiS E rEGrAS O treinamento desportivo moderno como um processo pedagógico ocorre sob a orientação dos conhecidos princípios científicos que podem ser subdivididos em dois grupos fundamentais gerais e es pecíficos Siff Verkhoshanski 2004 O primeiro grupo inclui os princípios pedagógicos didáticos gerais que repre sentam todo o processo pedagógico como atitude consciência caráter personalida de do atleta etc O segundo grupo está relacionado diretamente com a especifici dade do treinamento desportivo que re flete as características essenciais inerentes à modalidade desportiva A teoria do trei namento desportivo defende que o conhe cimento dos princípios científicos comu mente chamados de leis e regras pode na prática orientar o caminho para o sucesso As regras representam por si mesmas vín culos essenciais objetivos dependências e relações na esfera da atividade desportiva Somente elas compõem o fundamento só lido de obtenção de resultados no despor to dei xando de ser subjetivas A diferença entre as manifestações inconscientes das leis e as regras da ativi dade compreendida aqui também a des portiva dá liberdade de optar por uma de PRINCíPIOS CIENTíFICOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 1 22 Antonio Carlos Gomes desportivo comumente mencionase em primeiro lugar os princípios pedagógicos ge rais com os didáticos incluídos os quais se configuram na esfera da pedagogia geral que une os conhecimen tos aplicados refe rentes às regras do ensino e da educação em outras palavras são conhecidos pela denominação dos princípios da consciência e da ativida de da intuitividade e da acessi bilidade do caráter sistemático etc Isso é adequado à medida que os princípios desse gênero elaborados corretamente reflitam as regras universais do ensino e da educa ção que permeiam a preparação do atleta Entretanto tais princípios naturalmente não refletem suas regras específicas e con sequentemente não podem ser utilizados na preparação do atleta Destacamse também os princípios elaborados na teoria e na metodologia da educação física São os princípios que asse guram o caráter permanente do processo de educação física sua alternância sistemá tica de cargas com intervalos de descanso o aumento consecutivo das influências do treinamen to e a construção cíclica do siste ma de treinos e sua orientação adaptável a diferentes objetivos adequada aos perío dos de desenvolvimento físico mo tor do indivíduo Matveev 1991 Tais princípios refletindo integral mente as regras especiais da educação física são adequados também em rela ção ao treinamento desportivo confor me constituam uma das variedades do processo de educação física Porém eles não são igualmente potentes em sua tota lidade como os princípios especiais sendo aconselhável considerar somente os que reflitam suas regras específicas Princípios especiais da preparação desportiva Os princípios especiais da prepa ração do desportista sustentados pela identi ficação de suas regras básicas pas saram ao longo da história do desporto por muitos erros nas suas práticas Em bora o processo de conhecimento seja inquestionavelmente infinito há funda mentos para confirmar que a abundân cia de resultados da experiência prática e o material da pesquisa científica permitem não só avaliar com segurança uma série de regras fundamentais da preparação desportiva como formular os princípios que a regulamentam Devemos concentrar a atenção uma vez mais no que se deve entender por regras de preparação do desportista As principais são as que representam unem e condicionam mutuamente os fatores da preparação que exercem sua influência nas alterações dos sistemas do organismo do atleta em razão do resultado do treina mento e do grau de preparação em geral É impossível entender as regras em ques tão sem a aceitação de tal condição Assim ocorre principalmente quando se trata de condicionar uma regra aparente da prepa ração desportiva limitandose à obser vação de algumas mudanças morfofun cionais do atleta e deixando de lado o que aconteceu nessa mesma preparação e que condicionou as mudanças observadas Tal enfoque equivale à tentativa de explicar algo que é consequência das causas deter minadas sem saber quais são elas Graças aos esforços realizados por muitos especialistas a teoria e a prática do desporto em geral estão avançando com sucesso pelo caminho do co nhecimento cada vez mais aprofundado e pelo uso apropriado das regras com base nas quais se assegura o progresso desportivo porém ainda não são conhecidas com a plenitu de e a exatidão necessárias A maior par te delas está descrita somente de forma aproximada No complexo geral das regras de preparação do desportista as de treina mento desportivo são as mais estudadas Apesar disso nas representações referen 23 Treinamento desportivo tes às regras e aos princípios da preparação desportiva que serão discutidas a seguir a atenção é concentrada não somente no treinamento mas também nas esferas de preparação fora do treinamento e na pro blemática da interação da ativida de prepa ratória e competitiva do desportista Princípio da continuidade no processo da atividade competitiva Como se sabe o princípio da conti nuidade é reconhecido há tempos como um dos mais importantes na área da edu cação Os estudos que explicitam sua es sência foram elaborados detalhadamente com base na teoria e na metodologia da educação física como apoio aos dados de pesquisa sobre as regras do processo de ensino dos movimentos locomotores e de formação das capacidades motoras Ma tveev 1991 O problema da continuidade do processo de treino destinado a assegu rar a mudança progressiva da capacidade de trabalho dos que praticam desporto surge em primeiro lugar por causa do caráter transitório das mudanças morfo funcionais ocorridas com a sessão de trei namento Logo após o término da sessão iniciase o processo de restabelecimento do nível funcional inicial Outras ao se transformarem durante um longo perío do de tempo restabe lecimento e super compensação dos recursos bioenergéticos modificações plásticas dos tecidos etc são também como se nivelassem com o tempo e pudessem desaparecer por com pleto se por acaso não houver sequên cia nas sessões de treinamento as quais origi nam mudanças Nas condições de treinamento regu lar realizados a longo prazo bastam al guns dias de interrupção do treinamento para que comece a diminuir o grau de treinabilidade de preparação ou no míni mo da manutenção do nível alcançado É necessário garantir na sequência das ses sões a sucessão ininterrupta de seu efeito ou seja não admitir entre elas intervalos que não permitam a soma acúmulo dos efeitos que levem ao desenvolvimento ou destruam o efeito do treinamento obtido Disso derivam como princípios as diretri zes para a frequência suficiente e a rela ção e duração das sessões no período Nis so consiste a essência geral do princípio da continuidade e é portanto adequado à preparação do desportista Com isso a ideia da continuidade está em processo de concretização refletindo a especificidade das regras do desenvolvimento da ativida de desportiva As características da continuidade do processo de atividade desportiva estão condicionadas principalmente à ideia de realização máxima das condi ções do des portista pelo nível elevado das cargas de treinamento e de compe tição em conjun to e além disso pela estrutura cíclica do processo de desen volvimento da ativida de competitiva e preparatória Devido a esses fatores a preparação para as com petições e a prática competitiva do atleta desenvol vemse como processo de senti do único preparatóriocompetitivo cuja continuidade se caracteriza plenamente pelos seguintes traços n a atividade desportiva preparatória e competitiva desenvolvese na práti ca no decorrer de um ano completo e de muitos anos assim Seu regime permanente assegura a aquisição a conservação e o desenvolvimento da treinabilidade n a conexão desse processo é assegurada pela sucessão ininterrupta dos efeitos das sessões anteriores e posteriores em conformidade com as diversas etapas mas com uma tendência comum à ele vação do nível de treinabilidade e do grau de preparação em geral 24 Antonio Carlos Gomes n o intervalo entre as sessões de treina mento reduzse de acordo com o desen volvimento da treinabilidade o que dá origem à redução do regime geral das sessões acompanhada pelo acúmulo de seus efeitos Ao mesmo tempo os intervalos recuperativos nas séries das sessões competitivas e de treinamento são regulados de tal maneira que não ocorra superesgotamento ou treina mento excessivo Na Figura 11 é demonstrada a de pendência do efeito das sessões de trei namento em relação à sua quantidade Com o aumento do volume das sessões de treinamento tornase primeiramente mais ativa a dinâmica de seus efeitos mais próximos e os dos vestígios recentes que ocorrem em perío do de tempo relativa mente curto neste caso ocorre o restabe lecimento ime diato das fontes de energia o esgotamento e o restabelecimento da capacida de de trabalho etc Com isso se o aumento da quantidade de sessões de treinamento for constante ocorre um acúmulo dos efeitos do treinamento de longa duração o que acontece no estabe lecimento e na perfeição das habilidades motoras no desenvolvimento da treina bilidade no aumento das possibilidades funcionais do atleta etc Do ponto de vista metodológico de vese observar tudo isso o que signifi ca pôr em prática o princípio da continuidade da preparação desportiva Sua manifestação típica no desporto moderno encontrase na prática nas sessões desportivas orga nizadas diariamente durante todo o ano ao longo de muitos anos Paralelamente os que passaram o período de preparação de forma adequada treinam não apenas diariamente mas também com intervalos ainda mais reduzidos ou seja duas vezes ao dia ou mais o nú mero total de sessões em algumas etapas alcança 18 ou mais por semana Graças a isso o processo de treinamento da mesma forma que todo o processo de desenvolvimento da atividade desportiva reduzse o que pos sibilita as mudanças essenciais ao desenvolvimento da treinabilidade e à realização das possi bilidades do atleta O efeito positivo de todos esses fa tores que influenciam do treino ao de senvolvimento ocorre desde que sejam observados todos os princípios da cons trução do sistema de preparação do des portista Dentre eles está o prin cípio de continuidade que apresenta um vínculo particularmente estreito com o princípio do desenvolvimento cíclico da prepara ção juntamente com o sistema de compe tições Matveev Meerson 1984 COMBiNAÇÃO DAS CArGAS DE TrEiNAMENTO NO PrOCESSO DE PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA No desporto objetivase o desen volvimento máximo das capacidades do des portista Isso está relacionado ao in cremento máximo das cargas de treina mento e de competição à complexidade das tarefas executadas no processo de preparação desportiva e à superação das crescentes dificuldades Há muito consta touse que as capacidades do indivíduo se desenvolvem melhor com sua exposição a atividades que requeiram esforços pouco ordinários No desporto tal regra é revelada amplamente Ela é observada principal mente durante a análise comparativa da dinâmica das cargas de treinamento dos desportistas de alto rendimento Assim a quilometragem do treinamento anual dos corredores de distâncias de meio fundo mais destacados da Europa durante o me sociclo cresceu em mais de 15 vezes no ano de 1938 era de 430 km aproximada mente realizada pelo recordista mundial em corrida de 800 m Rudolfo Harbig e 25 Treinamento desportivo FiGurA 11 Efeito acumulado da sessão de treinamento A Três sessões consecutivas seguidas de recuperação ativa B seis sessões consecutivas seguidas de recuperação ativa Matveev 1996 26 Antonio Carlos Gomes os corredores de meio fundo contempo râneos de alto rendimento têm alcança do o nível de 65007000 km ou mais A qui lometragem anual de treinamento de natação dos principais nadadores após os anos 50 cresceu em ritmo ainda mais acelerado muitos nadadores con temporâneos em alguns dias nadam du rante o treinamento uma quilo metragem maior que a que seus antecessores dos anos 50 atingiam em um mês No total os parâmetros máximos das cargas dos principais desportistas são tão significati vos que comparativamente até recente mente seria pouco provável que alguém pudesse afirmar que eram verdadeiras Matveev 1977 Na realidade tais fatos demonstram que existe uma dependência cons tante dos resultados desportivos em relação aos parâmetros das cargas no processo de preparação desportiva Isso é evidenciado nas pesquisas experi mentais que manifes tam que para aproximar a atividade fun cional das condi ções ideais é necessário estimular transformações progressivas no organismo que levem ao aumento dessas capacidades funcionais para desenvolver o máximo de trabalho Por sua vez fa tos desse tipo propiciam a adaptação do princípio das cargas máximas na atividade desportiva O que é ainda necessário ser com preendido pela combinação dos termos carga máxima ou carga limite está re lacionado com a representação sobre a carga até certo ponto até o gasto total da capacidade de trabalho A compreen são da carga máxima reflete parcialmente seus índices com adap tação somente para alguns casos deixando de lado os índices de uso essenciais na prática sob o ponto de vista metodológico Para identificar mos isso basta imaginar o seguinte exem plo suponhamos que o desportista nova to consiga suportar parâmetros de cargas de treinamento nas sessões isoladas até o nível que praticam os desportistas de alto rendimento que possuem a experiência de treinamento a longo prazo No treinamento a ideia do uso das cargas máximas é conduzida com eficá cia Certamente não pois a nãocorres pondência das cargas às possibi lidades adaptativas do desportista estimula o surgimento da tensão excessiva o estado de supertreinamento ou de outros efeitos similares Nesse caso não se deve falar de carga máxima admissível mas de carga além do limite No que diz respeito à carga máxima adequada metodologica mente é justi ficada somente aquela que mobiliza totalmente as capacidades fun cionais do desportista sem sair dos limites de suas possibilidades adaptativas Seu traço característico consiste também em não prejudicar a normalização do estado geral do atleta depois da carga e em con dições determinadas ser um fator espe cialmente potente que estimula o cresci mento da capacidade de trabalho O período em que devemos usar tais cargas está condicionado em muitos aspectos à preparação realizada ante riormente durante a qual se assegura o crescimento mais ou menos constante das cargas de treinamento A gradua ção é nesse caso uma tendência ao incremen to das cargas que segundo o tempo de terminado quanto maior forem e quanto mais rápido for o aumento de uma para a outra menor será a medida da gradu ação e ao contrário quanto menor for seu incremento no tempo mais alta será a medida da graduação em sua dinâmica A medida necessária da graduação depen de das possibilidades adaptativas do orga nismo do atleta uma vez que o aumen to de novas cargas elevadas deve ocorrer de acordo com a adaptação às anteriormente propostas No primeiro estágio do desen volvimento dos pro cessos adaptativos o estágio da assim chamada adaptação de urgência a reação do organismo no 27 Treinamento desportivo que diz respeito às cargas nãousuais não é completamente adequada e é exces sivamente ativa Platonov 1987 Uma das condições para atingir o estágio conhecido como estágio da adap tação estável quando a reação às cargas propostas é adequada econô mica e está vel é a ocorrência da estabilização dos parâmetros da carga Dessa maneira o organismo do atleta assimila a carga de treinamento pos sibilitando o crescimento desta ou ainda a evolução do seu rendi mento desportivo individual Assim deduzse que no processo de direcionamento das cargas preparatórias desportivas é necessário combinar duas tendências que parece riam incompatíveis ou seja a graduação e a maximização das cargas de treinamento O aumento gradu al de carga facilita a adaptação contribui para a consolidação das reestruturações adaptativas geradas e ajuda a criar adapta ções ao novo nível elevado das cargas Por sua vez o uso em etapas das cargas má ximas correspondentes às possibilidades adaptativas do atleta permite de maneira eficaz dinamizar o progresso da treinabili dade sair dos limites do status adaptativo configurado nas etapas anteriores e gerar um impulso fortíssimo para o desenvolvi mento Por isso não se deve contra por a graduação e a maximização na dinâmica das cargas preparatórias des portivas como incompatíveis Devese considerálas ten dências mu tuamente correlacionadas e condicionadas no sentido da realização completa das possibilidades de sucesso do desportista O princípio da conexão permanente de graduação e de maximização na dinâ mica dos fatores de treinamento fornece a seguinte orientação devese combi nar sistematicamente as tendências de graduação e de maximização adaptativa adequadas ao incremento das cargas pro postas pela influência que exercem tais fa tores tanto durante a execução dos exer cícios preparató rios como no aumento da utilização dos meios do ambiente natural e de outros meios de preparação É preciso regulamentar a carga for mada durante uma série de sessões de etapas e de períodos de preparação do atleta com adaptações à dinâmica in dividual de sua treinabilidade levando em consideração os índices concre tos de adaptação às cargas que tenham exerci do e que estejam exercendo influência no organismo Não é correto considerar ade quada cada carga imposta ao desportista quando sua aplicação for de uma ou de poucas vezes em caso de sua reprodução múltipla de uma sessão para outra En quanto isso no processo de reprodução regular podem ocorrer somente as cargas que correspondam ao nível presente das capacidades adaptativas do des portista ou seja aquelas às quais ele é capaz de se adaptar sem ter índices de tensão excessi va ou de supertreinamento A partir disso as cargas elevadas adquirem o controle minucioso de seu efeito acumulado o fato de determinar segundo seus índices as tendências do desenvolvimento da pre paração desportiva e de corrigir enquan to surgir a necessidade a carga somada em várias sessões ou semanas de treina mento para evitar tal estado resultado do supertrei namento É preciso levar em conta o considerá vel aumento cumulativo dos parâ metros de várias cargas de treinamento princi palmente após os resultados da adaptação às cargas propostas anteriormente come çarem a diminuir as mudanças funcionais originadas por elas As possibilidades de utilização das cargas máximas adequadas são mais consideráveis quanto mais altos forem o nível de preparação física geral e o grau de treinabilidade específico obti dos pelo desportista Deles depende tam bém a duração do tempo ao longo do qual é normal aumentar a carga que é somada em várias sessões de treinamento 28 Antonio Carlos Gomes Dependendo do grau de incremen to de uma sequência de carga de treina mento e do processo de adaptação a ela como momentos imprescindíveis da re gulagem de sua dinâmica ocorrem às vezes a estabilização eou a diminuição temporária de seu nível A última é justi ficada preponderante mente quando o in cremento anterior do volume e da inten sidade das cargas passou por um período de tempo relativamente longo com rit mos acelerados e frequentemente esteve conjugado com a mobilização máxima ou aproxima da das possibilidades funcionais e adaptativas do desportista Carga ondulatória durante o processo de preparação desportiva A combinação das cargas de treina mento pode ocorrer de diferentes formas principalmente no que concerne a duas variantes relacionadas com a dinâ mica das cargas preparatórias desportivas Uma delas expressase na dinâmi ca das cargas principais como se adquirissem a forma de degrauselos e a outra a forma ondulatória Figura 12 Na dinâmica das cargas do primei ro tipo os momentos de incremento são demarcados e localizados estritamente no tempo e o período de estabilização de seus parâmetros é ampliado apresentando as condições prévias para sua adaptação A diferença entre esta e a dinâmica de on das está na manipulação das cargas pois nas escalonadas em degraus o cresci mento é constante Na forma ondula tória as cargas sofrem uma diminuição periódi ca antes de um novo pico de carga Essa necessidade é assegurada pelo aumento das influências de desenvolvimento distri buído no tempo pelas alterações no volu me e na intensidade diferenciada e não paralelamente pela diminuição no tempo FiGurA 12 Alteração das cargas de treinamento nos microciclos Matveev 1996 Legenda a Setas contínuas alterações dos volumes fundamentais das cargas b Setas pontilhadas alteração de sua intensidade 29 Treinamento desportivo do nível geral das cargas após terem al cançado o nível de pico No processo de preparação despor tiva a forma escalonada da dinâmica das cargas é preferível nas primeiras etapas da atividade desportiva no início dos ci clos longos de treinamento e em algumas outras situações quando é necessário as segurar uma graduação especial no desen volvimento das influências das cargas A forma parecida mas com o incremento da carga expresso ostensivamente como um salto pode servir também no alto ren dimento do aperfeiçoamento desportivo como fator que torna o desenvolvimento da treinabilidade mais dinâmico Em geral para a dinâmica das cargas de um atleta de alto rendimento que aspire à realização de suas possibilidades de sucesso em ritmo acelerado é característica em maior grau a utilização da forma ondulatória do de senvolvimento Isso tornase claro se con siderarmos suas particularidades já men cionadas graças às quais se combinam de forma natural a vertente do incremento de tais influências com ritmos bastante ele vados e a vertente que tende à prevenção da acumulação excessiva do efeito das car gas crônicas o papel profilático principal é desempenhado na fase de descarga na dinâmica ondulatória das cargas Certamente encontramse na lite ratura especializada análises diferentes sobre seu caráter ondulatório As opiniões vão principalmente no sentido de que o caráter ondulatório estudado está funda mentado não tanto nas razões regulares mas nas causais e de que enquanto for ma dominante das cargas preparatórias desportivas tem de ser outra segundo o critério de alguns autores dinâmica aos saltos e de outros no entanto retilínea etc Nessa relação salvo o que já foi men cionado devese levar em conta que de vido ao seu caráter ondulatório as cargas de treinamento no processo de preparação desportiva apresentam três formas n Curtas caracterizam as cargas ondu latórias nos microciclos semanas de treinamento n Médias tratase das cargas expostas em uma série de microciclos compon do assim o treinamento mensal me sociclo n Longas são as cargas que se manifestam em séries de ciclos médios que compõem etapas e períodos do macrociclo conhe cidos como temporada de treinamento e competições Figura 13 As modificações ondulatórias na di nâmica das cargas desportivas prepara tórias não estão suficientemente claras porém adquirem um caráter regular Isso não está sujeito a dúvidas com a análise objetiva dos que exercem influência na estrutura do processo de preparação des portiva As mudanças ondulatórias das car gas nos microciclos são inevitáveis quan do o nível geral do treinamento alcança magnitudes bastante grandes A dinâmica ondulatória surge diante da necessidade de alternar adequadamente as fases prin cipais de acúmulo nos microciclos em que é assegurado o acúmulo progressivo dos efeitos das cargas e as fases de des carga relativa de descanso recuperador e profilático visando a excluir o perigo do acúmulo excessivo e capaz de submeter o organismo do desportista ao estado de subtreinamento Normalmente ocorre na última fase do microciclo o descanso am pliado não somente passivo mas também ativo que pode estar relacionado com o volume considerável de carga de baixa in tensidade Zakharov Gomes 1992 Nos ciclos médios com o crescimen to da carga em várias sessões ao longo de uma série de microciclos cedo ou tarde surge a necessidade de mudar sua tendên cia geral paralelamente à diminuição no tempo do nível de cargas que foram acres cidas com a atividade principal Em pri 30 Antonio Carlos Gomes FiGurA 13 Alterações das cargas fundamentais de treinamento nos macrociclos Matveev 1996 legenda a Curvas onduladas contínuas alteração do volume das cargas nos ciclos médios e nos períodos dos macrociclos b Setas pontilhadas tendência geral da alteração da intensidade preponderantemente nos exercícios preparatórios especiais 31 Treinamento desportivo meiro lugar isso é necessário para excluir a transformação do efeito acumulado das cargas crônicas no estado de treinamento excessivo e em outros fenômenos pareci dos para não entrar em contradição pe rigosa com as possibilidades adaptativas do organismo para facilitar a evolução dos processos adaptativos no estágio de adaptação estável e para garantir com isso as condições para assimilação dos novos parâmetros das cargas de treina mento para o desenvolvimento no meso ciclo seguinte Assim a dinâmica está co ordenada com as regras da transformação da acumulação das cargas preparatórias a longo prazo no efeito do incremento dos resultados desportivos Isso se expressa no fenômeno da transformação tardia Shaposhnikova 1984 Em relação aos ritmos de aumento do volume sumário da carga o fenôme no da transformação tardia revelase no ritmo lento de rendimento desportivo A melhora do resultado é observada não no mesmo momento em que o volume das cargas preparatórias alcança sua maior magnitude mas algum tempo depois que este se estabiliza ou diminui temporaria mente Figura 14 Esse fenômeno já foi bem estudado e explicase pela contradi ção entre os incrementos de volume e de intensidade das cargas As tendências gerais das mudanças das cargas ondulatórias durante os ciclos longos são asseguradas em maior medi da pelas regras segundo as quais se di reciona tanto a forma desportiva como o estado ótimo de preparação do desportis ta para os sucessos desportivos no âmbito do macrociclo ou seja pelas regras com as quais se assegura o estabelecimento da forma desportiva no momento das com petições mais importantes de sua possí vel manutenção ao longo de todo o perío do além da passagem ao ciclo seguinte de preparação Desde o início outros fatores FiGurA 14 Fenômeno da eficiência competitiva das altas cargas de treinamento Matveev 1996 32 Antonio Carlos Gomes e circunstâncias influenciam a dinâmica das cargas nos macrociclos mas isso de forma alguma elimina o caráter regular de seu desenvolvimento total O caráter ondulatório não é caracte rístico de todas as cargas preparatórias des portivas mas preponderantemente da quelas que estão relacionadas com o uso progressivo dos meios básicos que in fluenciam o treinamento no processo de desenvolvimento segundo as etapas de preparação Ao mesmo tempo nem todos os parâmetros dessas cargas submetemse uniformemente às oscilações ondulató rias Costa 1968 Existem parâmetros que no processo da preparação de mui tos anos alcançam certos níveis e logo se estabilizam por um período longo Entre eles estão por exemplo os índices de vo lume sumário das cargas o número total de sessões de treinamento e o tempo gas to nelas se tais índices alcançam o limite natural quando as sessões se organizam todos os dias e mais de uma vez por dia ou se limitam de forma relativamente es tável pelas condições gerais permanentes de vida Na essência de alguns parâme tros estáveis da carga tem lugar a modifi cação dinâmica de outros que asseguram o crescimento dos sucessos desportivos sobretudo dos índices parciais do volume e da intensidade da carga em diferentes grupos e em subgrupos dos exercícios pre paratórios Em geral os diferentes parâmetros da carga no processo de desenvolvimento da preparação desportiva não permane cem constantes Uma das causas principais são as discrepâncias na dinâmica de seu volume e na intensidade durante o au mento Os parâmetros de seu volume e de sua intensidade podem por algum tempo crescer simultaneamente então quando se aproximam de um nível bastante alto o aumento tornase possível sob condição de estabilização presente e logo também da diminuição da intensidade que passa a ser condição para o aumento do volu me Devido a isso em diferentes etapas da preparação desportiva devese variar diferentemente tais parâmetros de carga o que a seu modo influencia o caráter ondulatório de sua dinâmica Portanto a forma ondulatória das cargas adquire maior significado quan to mais elevado for o nível comum Com isso o grau das mudanças ondulatórias de uns ou de outros parâmetros das car gas depende também de outros elementos específicos das sessões de treinamento no desporto Assim a dinâmica das cargas principais nos desportos de forçaveloci dade distinguese pela predominância da tendência ao aumento da intensidade ab soluta das ações competitivas e dos exer cícios preparatórios mais próximos com sua duração comparativamente menor Isso condiciona o caráter ondulatório re lativamente bem definido na mudança de volume das cargas preparatórias especiais principais Figura 13A No entanto nos desportos de resistência o nível geral da intensidade das cargas fundamentais é consideravelmente mais baixo frequen temente está dentro das zonas de potên cia fisiológica moderada e grande do tra balho muscular Seu volume é sumário e alcança de uma vez magnitudes abso lutas maiores o que condiciona o caráter ondulatório menos definido na dinâmica comum das cargas Figura 13B Em geral a grande quantidade de fatores e de circunstâncias dentre elas os controlados os parcialmente controlados e os nãocontrolados acessórios casuais influencia na dinâmica das cargas prepa ratórias desportivas e competitivas A úl tima pode alterar as formas objetivamen te necessárias da dinâmica das cargas A habilidade de direcionála é um dos ele mentos fundamentais da arte com a qual se elabora a preparação desportiva ótima Isso pressupõe a habilidade para delinear as tendências imprescindíveis à dinâmica 33 Treinamento desportivo das cargas nos micro meso e macrociclos para comensurar e para regular adequa damente as alterações ondulatórias de seus parâmetros no processo da atividade na medida do aumento das cargas iNTEGrAÇÃO DAS DiFErENTES PArTES DA PrEPArAÇÃO DO DESPOrTiSTA Na caracterização geral do conteúdo da preparação multilateral do desportista a preparação física a técnica a tática e a psíquica a preparação geral e a específi ca além de outras devem ser controladas a fim de não entrarem em contradição quando afirmamos que o aumento ex cessivo do volume de algumas partes da preparação física pode prejudicar a pre paração técnica Apesar disso por mais diferentes que possam ser as partes as regras relacionadas com os resultados desportivos obrigam a garantir uma es truturação da preparação desportiva co ordenada integralmente que leve a um resultado unificado ou seja ao estado de preparação do atleta para o sucesso de pleno valor O princípio da tendência seletiva e da unidade das diferentes par tes da preparação do desportista orienta racionalmente tal processo Esse princípio fundamentase na uti lização direcionada das interdependências e das correlações naturais conhecidas que unem diferentes qualidades capacidades destrezas e hábitos do desportista no pro cesso de sua manifestação de sua for mação e de seu desenvolvimento Todos incluídas também as capacidades nor malmente denominadas físicas moto ras e psicomotoras correlacionamse ou estabelecem outras relações de unida de devido a unidades naturais do organis mo à indissolubilidade de suas estruturas e de funções corporais Sabese além dis so que essas relações sob determinadas condições revelamse como interações de sentido único e que se caracterizam em particular por categorias como a pas sagem positiva e negativa dos hábitos a passagem dos avanços no processo de desenvolvimento dos diferentes tipos de capacidades a passagem seletiva e nãodi ferenciada dos componentes de treinabi lidade etc Matveev 1996 Durante a preparação desportiva condicionam de forma seletiva a passagem positiva ou negativa dos efeitos parciais acumulados O problema aqui consiste no fato de uti lizar totalmente a passagem positiva dos efeitos parciais da preparação assegura dos segundo as partes em direção única que leve aos sucessos desportivos e à pre venção ou à superação dos momentos de passagem negativa que impedem o avan ço esperado Pareceria que para prever o perigo da passagem negativa seria melhor ex cluir totalmente da preparação do atleta tudo o que dela estivesse impregnado No entanto na realidade os momentos normalmente surgem como resultado do processo de muitos anos de progressos desportivos individuais como via de re gra todo o processo de desenvolvimento de formação de aperfeiçoamento indivi dual tem por essência o caráter dialético e de contradições internas compreende momentos de cooperação recíproca mas também de resistência mútua Em parti cular temos as influências recíprocas das transformações funcionais e morfofun cionais que ocorrem durante o desenvol vimento das capacidades físicas do des portista força e velocidade resistência aeróbia e anaeróbia e outras cuja me lhoria é imprescindível para os resultados de qualquer desporto de movimento ati vo Frequentemente a passagem negativa surge também no processo de formação primária ou na transformação dos hábi tos desenvolvidos durante os exercícios preparatórios ou no aprendizado inicial e no aperfeiçoamento da técnica das ações 34 Antonio Carlos Gomes competitivas Isso ocorre principalmen te quando se formam simultaneamente os hábitos na estrutura de coordenação nos quais juntamente com os elementos semelhantes estão os essencialmente di ferentes p ex no hábito de corrida rasa e com barreiras no salto mortal de costas agrupado e no giro de costas estendido Devese superar tal passagem também chamada interferência negativa dos hábi tos mais frequentemente na preparação técnica dos desportos no corpo de ações competitivas de objetivo múltiplo e que se renova sistematicamente ginástica olím pica patinação artística etc Nessa relação surge como um dos aspectos mais importantes da construção do programa da preparação desportiva a distribuição no tempo de alguns de seus componentes cuja concentração simul tânea aumenta a probabilidade do efeito que diminuiria a passagem negativa dos hábitos ou das mudanças de diferentes ti pos no desenvolvimento das capacidades do desportista Se por exemplo na mesma etapa do treinamento concentramse exercícios preparatórios que requerem a mobiliza ção completa do potencial aeróbio e anaeróbio do desportista é provável o surgimento do conflito dentre os efeitos acumulados de tais exercícios Sabese que a elevação do nível de consumo máximo de oxigênio CMO pode ser acompanhada da dimi nuição do nível do assim chamado limiar do metabolismo anaeróbio LMAN Por outro lado quando o LMAN cresce pode diminuir o CMO Caso esses e outros exer cícios sem serem excluídos totalmente do treinamento concentremse em etapas o aumento das possibilidades aeróbias ob tido inicialmente é capaz de se converter em uma das premissas básicas que contri buem para o desenvolvimento da resistên cia específica que inclui os componentes anaeróbios Expresso de forma figurativa mudase o sentido da translação com a consequência determinada das influên cias do treinamento O mesmo referese também à interferência dos hábitos Provavelmente as primeiras condi ções para a superação da passagem nega tiva sejam o aprendizado distribuído no tempo e o treinamento das ações por meio dos exercícios preparatórios diferenciados Para poder resistir a ela exigemse nas ações motoras de coordenação complexa a expressão pouco comum das capacida des de movimento coordenado e o que regularmente se exercita ativando o de senvolvimento em si Discutindose a ordem de combina ção das diferentes partes da preparação do desportista sobretudo daquelas como a geral e a especial a física e a técnica frequentemente se faz uma pergunta elas devem ser conduzidas paralelamente ou uma após a outra A rigor tal maneira de elaborar o problema é incorreta em es sência e em forma O princípio da continui dade é apropriado respectivamente para todas as partes fundamentais da prepara ção desportiva e nessa relação todas as partes mais longas desenvol vemse sin cronicamente Com isso diferentes com ponentes de conteúdo de métodos e de proporções das partes incluído também o problema de que peso específico tem cada parte da preparação em épocas dis tintas mudam frequentemente Devido a isso as noções de paralelismo ou não paralelismo pouco significam e podem orientar erroneamente É importante em princípio o fato de que com a continuidade do processo de preparação do desportista sua somatória incluídas as proporções de diferentes par tes é regulada conforme a lei segundo a sequência dos estágios dos períodos e das etapas na estrutura cíclica Ao mesmo tempo fica assegurada nos limites dos ciclos longos a transformação do proces so preparatório com o qual ela se desen volve segundo a lógica do processo de 35 Treinamento desportivo criação e de otimização das premissas dos sucessos do desportista Isso significa em particular que a forma como estão rela cionadas entre si as partes fundamentais da preparação desportiva até que ponto elas se diferenciam uma da outra ou se unem além de outros fatores depende de sua posição na estrutura cíclica do pro cesso de atividade desportiva que se de senvolve de forma dinâmica ou seja de pende em que estágios períodos e etapas desse processo constróise a preparação Uma coisa é construíla quando os resul tados objetivados ainda não ocorreram outra coisa é quando precisa ser criada para assegurar a elevação do nível das possibilidades funcionais do desportista a formação dos novos ou a renovação e o aperfeiçoamento dos hábitos e das destre zas desenvolvidos anteriormente Desde o início as modificações par ticularmente consideráveis no conteúdo e nas proporções de diferentes partes da preparação do atleta acontecem nos está gios longos básico de realização máxima e final No primeiro estágio geralmente está representada com maior plenitude a preparação geral Isso tem fundamentos legais dos quais o principal consiste em que as perspectivas individuais dos su cessos desportivos estão primordialmente condicionadas pelo desenvolvimento físi co e psíquico do indivíduo pelo nível ge ral de suas possibilidades funcionais com o enriquecimento sistemático do indiví duo dos conhecimentos das destrezas e dos hábitos Na realidade as fases ulte riores e o término dependerão de até que ponto se consegue assegurar a base no primeiro estágio da atividade desportiva de muitos anos À medida que a especialidade des portiva se aprofunda deve crescer o peso da preparação especial orientada à perfeição no desporto escolhido como o exigem as regras de crescimento da perfor mance condicionadas pelo limite natural da duração de vida Consequentemente a unidade da preparação geral e especial do atleta ainda que mutável na proporção em princípio não perde significado em qualquer das etapas Não o perde porque não existe a etapa em que se poderia me nosprezar a necessidade da preparação geral sem danificar de alguma forma o de senvolvimento unilateral do desportista e de suas perspectivas desportivas Durante os ciclos longos de prepara ção de tipo anual e semestral vai se mo dificando consideravelmente a ênfase do trabalho geral e especial e isso depende da concretização dos trabalhos realizados no período de preparação fundamental Com o começo do ciclo são relativamen te mais marcantes as partes que exercem influência seletiva no desenvolvimento das capacidades físicas ou outras do des portista Dentre elas está o progresso as segurado insuficientemente pela especia lização desportiva mas necessário como premissa para avançar em novo nível de rendimento Assim com a mesma dife renciação são assegurados a formação de novos a reestruturação e o aperfei çoamento dos componentes da técnica e da tática desportivas adquiridas anterior mente E à medida que se aproximam as competições principais devese aumentar a participação dos exercícios especiais que juntamente com as competições pro piciam um ganho de performance de alto rendimento Graças a isso acreditase em seu gênero em torno do qual ocorre a inte gração a unidade de todas as partes da preparação desportiva à proporção de seu desenvolvimento nos macrociclos No total suas partes não perdem o signi ficado relativamente independente mas durante o ciclo algumas tornamse cada vez mais unidas praticamente insepará veis como os componentes principais da preparação física psíquica técnica e táti ca especiais realizados à base da modela 36 Antonio Carlos Gomes ção da atividade competitiva e da prática competitiva Outras adquirem geralmen te as funções complementares como os componentes da preparação física geral usada no período das competições princi pais para manter a treinabilidade geral e para contribuir nos processos recuperati vos Meerson Pshennikova 1988 Devese destacar que o princípio da orientação seletiva e da unidade das di ferentes partes da preparação desportiva não estabelece de forma alguma normas universais para suas correlações quantita tivas Não somente devido às mudanças na dinâmica da atividade desportiva a longo prazo mas também à lei e à dispersão de sua variação dependendo das particulari dades individuais de desenvolvimento do atleta e de sua especialização desportiva do pressuposto concreto de tempo que o atleta despende para o desporto e do esti lo de vida de uma série de outros fatores e de circunstâncias mutáveis Por isso se ria interessante tentarse deduzir algumas normas universais O sistema de competições repre senta uma série de confrontos oficiais e nãooficiais incluídos no sistema de pre paração do desportista Determinada práti ca competitiva pode ser encarada como um sistema de competições quando as compe tições das quais o desportista ou a equipe participa apresenta uma ligação lógica en tre si e outros elementos de preparação que visam à obtenção do aperfeiçoamento na preparação do desportista Keller 1995 O sistema de competições despor tivas é o elemento central em qualquer gênero de competição e representa o sis tema de organização de metodologia e de preparação do desportista visando ao resultado nas ações competitivas Sem a competição não é possível aperfeiçoar plenamente as capacidades competitivas de alto rendimento Por isso o desporto olímpico é visto como uma esfera de de senvolvimento das ações competitivas De forma geral sobre a essência com petitiva do atleta devemos ressaltar que diferentes competições desportivas com características comuns possuem também diferentes especificidades distinguindo se por suas particularidades papel que desempenham na esfera do desporto e por suas formas de organização de cons trução e de realização Para ordenálas devemos considerar os fatores e circuns tâncias fundamentais que justificam as competições de um ou de outro tipo as suas correlações e as suas consequências O objetivo das competições desporti vas consiste na revelação das capacidades de atingir o resultado desportivo Matveev 1977 Consiste além disso na satisfação das necessidades pessoais e sociais na es fera do desporto Tais características estão presentes em qualquer competição des portiva Não obstante devido ao caráter multifuncional do desporto em geral e das condições em que se organizam as compe tições algumas de suas funções isoladas podemse destacar de forma desigual Al gumas se tornam por si mesmas domi nantes e determinantes em particular as que satisfazem as necessidades de espetá culo ou de propaganda ou até mesmo de interesses comerciais Isso influi nas for mas da organização e nas características específicas das competições Destacando no momento as causas e as circunstâncias que condicionam as particularidades das distintas competições no desporto consideramos o seguinte n nível de prestígio e escala da competi ção local regional estadual nacional ou mais abrangente n características dos participantes quan tidade idade sexo qualificação etc 2 SISTEMA DE COMPETIçõES DESPORTIvAS 38 Antonio Carlos Gomes n condições de acesso à participação se estão ou não previstas as eliminatórias prévias se o acesso é condicionado pela manifestação prévia do sucesso determinado ou se não se introduz tal condição etc n forma pela qual se determina o resul tado da competição a definição dos vencedores e a classificação dos de mais participantes o regulamento ordem de organização e seu regime estabelecido de fato com a eliminação ou não dos competidores no transcor rer da competição dependendo dos seus resultados participações simultâ neas de uma vez ou em duas ou mais etapas n condições de tempo de lugar de abas tecimento técnicomaterial e de arbi tragem da competição os espectado res e o ambiente social e emocional formado em torno da competição e do desporto praticado Devido a esse condicionamento múl tiplo e a suas variações as competições inclusive no âmbito do mesmo desporto frequentemente se diferenciam de forma radical Para compreender os princípios dessa diversidade e colocálos em prática é importante dispor de uma classificação pre cisa segundo seus principais indicadores CLASSiFiCAÇÃO DAS COMPETiÇõES DESPOrTiVAS Encontramse na literatura especia lizada várias tentativas de classificação das competições apesar de ser uma tarefa difícil Até o presente momento no entan to não se conseguiu estruturar uma clas sificação única abrangente e satisfatória em todas as especificidades e que não sus cite nenhuma surpresa ao se considerar a diversidade real de suas formas e manei ras de organização Para se chegar a ela exerce papel fundamental a elaboração de uma série de classificações que abranjam o complexo de diferentes indicadores que caracterizam as competições desportivas em sua totalidade Suslov 1995 Para formular a classificação geral das competições é necessário partir do ponto de vista metodológico de duas exi gências Inicialmente devese tomar os índices objetivamente essenciais para o desporto como um todo Por outro lado não se deve construir tal classificação de forma linear mas com muitos níveis muitos andares demonstrandoa em di ferentes níveis de indicadores adicionais ou de uma série deles As primeiras já fo ram denominadas competições desporti vas próprias e as segundas paradespor tivas A seguir elas serão caracterizadas mais detalhadamente Briankin 1983 As competições desportivas próprias representam a atividade competitiva pró pria com todo o complexo de especiali dades e o status oficial São estruturadas organizadas dirigidas e realizadas de tal forma que sejam assegurados os objetivos dos competidores a unificação do corpo de ações competitivas das condições de execução e dos métodos de avaliação dos resultados a regulamentação do compor tamento dos competidores segundo os princípios da concorrência nãoantago nista e a incorporação oficial no sistema de ações desportivas que determinam a graduação dos resultados desportivos O status oficial da competição no desporto contemporâneo é outorgado em confor midade com o seguinte n fazem parte do calendário desporti vo oficial a escala e o local campeo natos desportivos locais regionais ou de nível maior disputas de copas ou de outros prêmios desportivos de interesses diferentes etc que são compostos e confirmados previamen te pelas organizações desportivas o 39 Treinamento desportivo que ocorre de costume com um ano de antecedência n estão organizadas segundo o regula mento de competição oficial Estão regulamentadas pelo documento nor mativo formalizado com precisão nos padrões da Carta olímpica adotada normalmente ou que se confirma ou se aprova antes da competição no qual em conformidade com o destino con creto da competição são determinados o corpo de participantes a ordem de acesso e a participação nas competi ções concretizamse o regime e os cri térios do término da competição outras partes e condições de sua organização e resumo dos resultados e n desenvolvemse segundo as regras das competições adotadas oficialmen te nos desportos e asseguradas pela ar bitragem desportiva qualificada A rigor não se consideram oficiais as competições que não correspondam a todo o complexo dessas teses de regula mentação ainda que possam ser semio ficiais quando p ex ocorrem segundo o seu regulamento oficial Como se sabe as competições de primazia regionais nacionais e internacionais os campeo natos dos desportos que ordinariamente incluem uma série de etapas sucessivas e as competições complexas de alto ren dimento constituem as competições des portivas mais importantes Nas últimas décadas temse realizado também com petições de várias etapas como as copas com prova de etapa realizadas em escala global e continental e também as copas de federações desportivas internacionais Somente o resumo dos resultados das participações nessas e em outras com petições desportivas próprias determina oficialmente o nível de qualificação do atleta sua graduação correspondente o seu prestígio desportivo e a sua classifi cação Platonov 1987 Precisamente pela classificação colo cação dos competidores pelos luga resgraduação registrados oficial mente na dependência direta dos resul tados obtidos em condições unificadas da competição desportiva as competições desportivas próprias distinguemse das paradesportivas Em síntese ela pode ser denominada classificação competiti va desportiva No papel que o desporto desempenha segundo as classificações desportivas manifestase sua função de padrão competitivo e a ele devem ser sub metidos o mecanismo da competição desportiva própria e as formas de sua or ganização e de sua realização Por sua vez tais competições subdi videmse em uma série de variantes Os indicadores do agrupamento de classifica ção em diferentes níveis de sistematiza ção podem ter graus diferentes de fato res comuns É por meio da qualidade dos indicadores mais comuns que devemos considerar a escala das competições e seu significado amplamente reconhecido Por isso há razões para se subdividir as com petições desportivas próprias como um dos primeiros níveis de classificação con forme ilustrado na Figura 21 Matveev 1977 Os indicadores tecnológicos despor tivos referindose ao regulamento da forma de determinação do resultado da competição de seu regime e de sua or ganização em geral revelamse nos níveis de classificação a seguir Assim faz senti do destacar tais indicadores aplicandoos não a todos os desportos mas aos grupos isolados ou a grupos de desportos dado que seus indicadores não são universais Assim em uma série de desportos estão entre os indicadores tecnológicos essen ciais o caráter físico das competições ou a sua ausência quando a competição é de um ato e celebrada simultaneamente como p ex na corrida com distância úni ca para todos os participantes Aqui está 40 Antonio Carlos Gomes o indicador da ordem de eliminação dos participantes no transcorrer da competi ção dependendo do nível de resultados obtidos ou sem tal eliminação quando todos os participantes da competição nela intervêm desde o princípio até o final A partir disso as competições distinguemse por serem conduzidas em encontros ro tativos pela eliminação consecutiva por etapas dos participantes que possuem um grau menor de capacidade de concor rer em quartasdefinal semifinais etc e pela forma combinada que inclui en contros rotativos na primeira etapa e o procedimento com a eliminação posta em prática nas etapas seguintes o que ocorre em maior ou menor escala nos jo gos desportivos As competições paradesportivas também podem ser subdivididas segundo a sua classificação em vários grupos Fi gura 21 Nelas estão as competições que não apresentam a função de distribuição bemdefinida segundo a graduação des portiva e consequentemente necessitam da função reveladora do resultado despor tivo máximo mas têm uma função parti cular definida de forma preponderante Às vezes é particularmente característi ca a função preparatória relativamente às competições desportivas próprias a condicional demonstrativa quando a competição é organizada em forma de um espetáculo teatral ou familiar etc a de recreação quando tem caráter preponde rante de descansodiversão ou outra fun ção que não seja a desportiva própria É claro que denominandose tais competições de paradesportivas não se deve imputar ao termo uma conota ção depreciativa Frequentemente elas podem exercer um papel importante na vida desportiva Portanto as competições preparatórias usadas em sistemas cons tituem um dos meios fundamentais que adquire conserva e aperfeiçoa o estado de preparação competitiva específica do desportista As competições demonstrati vas têm um papel essencial na propagan da do desporto no seu início massivo e as recreativas na organização do descanso saudável rico em conteúdo Algumas delas ocupam um lugar es pecial no complexo comum das competi ções desportivas que às vezes são organi zadas de forma episódica e em condições determinadas podem ou não ser despor tivas próprias Por isso são competições amistosas eliminatórias ou outras cujo destino varia de acordo com as condições de organização Quando elas se organi zam sob princípios totalmente oficiais ad quirem o caráter de competições despor tivas próprias e quando não são oficiais ou são amadoras perdem tal caráter essa natureza mutável também é apresentada na Figura 21 É importante considerandose a sistematização prática das competições correlacionarmos o enfoque de classifica ção que reflita a relação dos personagens principais do desporto Partindo das posi ções dos desportistas e dos especialistas que diretamente garantem a otimização do processo de aperfeiçoamento despor tivo dos técnicos dos auxiliares técnicos dos médicos e de outros profissionais é lógica a subdivisão prévia das competições planejadas para o ciclo de um ano ou mais de atividade desportiva em competições básicas e nas preparatórias A diferença é determinada pela atitude subjetiva dos desportistas e de seus técnicos e pelas par ticularidades objetivas do papel e do lugar das competições no sistema da atividade desportiva do atleta e da equipe Com re lação às competições básicas elaborase a preparação précompetitiva especial du rante a qual se modificam de modo espe cial o conteúdo e a estrutura do processo de treinamento E com relação às competi ções preparatórias não se pratica a prepa 41 Treinamento desportivo ração especial pois elas constituem um de seus procedimentos Além disso elas fre quentemente ocorrem próximas das somas de cargas antecedentes não destacando os altos resultados do desportista legalmen te esses resultados são mais baixos que os obtidos anteriormente Dentre as competições básicas é pos sível destacar a competição principal e as secundárias Figura 21 Na maioria dos casos as últimas compreendem as oficiais programadas Como uma das principais para o desportista pode ocorrer a chama da competição eliminatória se ele com seus resultados anteriores não conquistou o direito de estar na seleção desportiva se o seu resultado for mais alto do que o de qualquer outro pretendente à incorporação na seleção a fase eliminatória praticamen te perde para ele o significado de básica Na prática estão compreendidas dentre as competições básicas nos desportos cole tivos também as competições amistosas e outras que se organizam de forma especial que não são comparativamente de grande escala e seu término tem o significado FiGurA 21 Classificação das competições Matveev 1977 42 Antonio Carlos Gomes de princípio para a próxima participação na competição geral No entanto com tal determinação da classificatória existe o perigo de prevalecerem os princípios pura mente subjetivos na avaliação de seu sig nificado O complexo das competições prepa ratórias do atleta da equipe é formado pelo número de competições oficiais e nãooficiais que por circunstâncias exte riores à sua organização apresentam um caráter predominantemente preparatório incluindo o treinamento que contribui na elevação do nível do estado condicionado pelo treinamento ou de suas partes indi vidualmente a adaptação que contribui com a acomodação às condições exterio res análogas às das competições básicas e principalmente às principais e o controle que possibilita acompanhar o estado de preparação do atleta em sua totalidade ou com relação a algumas de suas partes in dividualmente Essas competições podem ser deno minadas treinamento preparatório pois exercem um papel primordial no proces so de elevação do nível de preparação dos desportistas diante de condições co nhecidas isso supõe uma alternância sis temática em série nos limites do período determinado de tempo com intervalos que contribuem para a acumulação dos efeitos das cargas competitivas Assim ao se elaborarem representações regula res sobre a diversidade das competições praticadas no desporto é preciso viabili zálas considerando todas as suas face tas e perseguindo consecutivamente suas qualidades e correlações sob o ponto de vista escolhido na estruturação sistemá tica da atividade competitiva Conside randose que as posições ocupadas pelos participantes do movimento desportivo não coincidem com os diferentes níveis de organização quando se planeja e se constrói um sistema concreto das com petições desportivas existe o problema comum de coordenação das posições É extremamente importante para solucio nar o problema mencionado aterse às determinações do calendário desportivo comum e das variantes individualizadas do sistema de competições Gomes et al 1999 CALENDáriO DESPOrTiVO E SiSTEMA iNDiViDuALizADO DAS COMPETiÇõES Denominase calendário desportivo uma relação mais ou menos sistemati zada de competições planejadas e oficia lizadas pelas organizações desportivas federações comitês clubes etc com indicação de datas lugares e denomina ções adaptadas às competições segundo os grupos de desporto Os calendários desportivos únicos podem ser os seleti vos combinados que em nível organi zacional selecionam os calendários das competições de diferentes desportos de grupos desportivos e de grupo de des portistas iniciados em um determinado desporto destinados aos grupos isolados de desportistas diferenciados segundo o nível de qualificação desportiva ida de sexo e outros atributos Todos eles podem ser também compostos por dife rentes escalas demográficas territoriais local regional nacional continental ou mundial ou sob o aspecto das estruturas organizativas desportivas sociedades desportivas federações etc Em qual quer de suas variantes o calendário des portivo não substitui o plano individual da participação do atleta nas competições compostas por ele e por seus treinadores considerando o calendário desportivo comum Tampouco se deve confundir o plano da participação em competições com o sistema real que se estabelece sob a influência da multiplicidade de fatores 43 Treinamento desportivo dentre os quais os mutáveis de caráter provável Shaposhnikova 1984 As exigências fundamentais para o calendário unificado comum das competi ções no desporto contemporâneo estabe lecem o seguinte n as regras de competições de tipos e de graduações diferentes que permitiriam aos desportistas sair frequentemente dos longos ciclos do processo competi tivo e de treinamento de tipo anual ou semestral Prevê em muitos despor tos certo número e certa frequên cia de competições nos longos ciclos das quais os desportistas suficientemen te preparados tenham a possibilidade de participar semanalmente na maior parte do ano n o envolvimento dos desportistas de destaque de diferentes idade e sexo n a sucessão na distribuição das competi ções de menor e maior grau de tal for ma que as de menor nível antecedam via de regra as de maior n a proporção dos intervalos entre as com petições de prestígio importantes para todos e as magnitudes reduzidas até os indicadores médios de tempo neces sários objetivamente para adquirir ou preservar a forma ótima desportiva para os resultados pelos participantes mais prováveis dessas competições Tal exigência é de suma importância quan do se é obrigado a realizar simultane amente duas ou mais competições de relevo no mesmo ciclo de treinamento competitivo p ex campeonato nacio nal e continental ou campeonato mun dial e jogos olímpicos n a estabilidade do calendário garan tindo que seus pontos fundamentais confirmados não serão submetidos à mudança exceto por extrema necessi dade e além disso a reprodução tra dicional de um ano para outro do que se justifica na prática e não contraria as tendências do crescimento do des porto O limite para se realizar tais exigên cias depende na prática de uma série de fatores entre eles o econômico e o mate rial O fato é que a qualidade do calendá rio desportivo determina a prática compe titiva de diferentes atletas no calendário e as condições de sua realização também a qualidade do sistema complexo individua lizado de treinamento e das competições organizadas pelo técnico e pelo desportis ta individualmente Por outro lado seria incoerente exi gir resultado do atleta em todas as com petições previstas no calendário comum suficientemente sobrecarregado dedica do a um ou a outro tipo de desporto Uma exigência dessas também pode tornarse incoerente até no caso em que o calendário for composto calculandose somente o grupo seletivo do desportis ta digamos para todos os candidatos prováveis à seleção nacional de algum desporto Se apesar disso ocorrer tal exigência o fato prova a ignorância das diferenças que existem entre dois cami nhos individuais visando ao mesmo fim a participação com sucesso na competição principal Nos casos em que competições im portantes prevêem a participação do mesmo grupo de atletas planejase um calendário comum de tal modo que se contraponham regras de aquisição e de conservação da forma desportiva Por isso é extremamente difícil assegurar o programa desportivo comum com o siste ma individualizado das competições Isso ocorre particularmente quando se planeja uma quantidade muito grande de compe tições importantes e sua distribuição no tempo não permite a possibilidade de uma preparação adequada Nessa situação o 44 Antonio Carlos Gomes calendário desportivo perde seu signifi cado organizador positivo contribuindo para a desorganização da atividade des portiva Consequentemente é necessário compor o calendário desportivo com base na participação eficaz obrigatória em uma série de competições importantes do mesmo grupo de desportistas tendo em vista as regras do desenvolvimento da for ma desportiva A possibilidade de que apareçam contradições entre o calendário desporti vo comum o sistema individualizado de competições e a possibilidade de neu tralizar as contradições depende do con teúdo do calendário e do modo como se regula a atitude dos desportistas com re lação às competições nele previstas Caso os órgãos que dirigem o desporto e dos quais dependem de uma ou outra manei ra o comportamento e a condição dos des portistas os obriguem a atuar em várias competições previstas pelo calendário exigindo continuamente o resultado má ximo os atletas e seus treinadores esta rão constantemente em situação difícil Tal situação poderá prejudicar seriamente o processo de construção do sistema in dividualizado de competições enquanto o desportista não se negar a cumprir tais exigências Entretanto se os desportis tas e os seus treinadores tiverem o direito de participação seletiva em uma série de competições previstas pelo calendário e se puderem variar os resultados nas mes mas conforme o plano individual de pre paração para as competições de maior im portância então a probabilidade de que apareça um impedimento por parte do calendário desportivo comum se reduzirá ao mínimo até nos casos em que ele não seja perfeito A experiência acumulada na orga nização do desporto com as outras espe cificidades distinguese pela separação coordenada de um número mínimo de competições principais obrigatórias para um grupo determinado compreendida entre elas a de maior importância e que representa o objetivo de todos e pela ou torga aos desportistas e técnicos da pos sibilidade de variar amplamente os pla nos individualizados de participações no restante das competições excluindo as eliminatórias exceto as principais indica das de acordo com as variantes individu ais da construção do programa de prepa ração para a competição principal Além disso devese considerar que para chegar ao objetivo desportivo principal p ex para os desportistas mais importantes é a participação nos jogos olímpicos ou no campeonato mundial às vezes é sensato negarse a participar de competições an tecedentes muito grandes e prestigiadas p ex no campeonato continental se a preparação para atuar e a participação em si obrigam o atleta a desviar da va riante ótima segundo a qual se constrói a preparação para a competição mais im portante Na composição dos calendários des portivos modernos incluídos os sinópti cos gerais é cada vez mais marcante a tendência a diferenciálos para os des portistas de distintos níveis de classifica ção desportiva Isso se justifica por várias razões pois contribui para a intensifica ção da concorrência desportiva das com petições e para o incremento de sua atra ção espetacular e de sua rentabilidade econômica entre outras No entanto tal tendência favorece o progresso do des porto em sua totalidade No sistema individualizado de com petições a diferença do calendário des portivo comum levanos a refletir sobre os pontos determinados do calendário unificado e sobre as particularidades do sistema de competições adequado ao atle ta É necessário construílo sempre de um modo individualizado considerandose o nível de preparação do desportista as orientações de objetivo as possibilidades 45 Treinamento desportivo de sua realização a variante seletora do sistema de construção de treinamento as singularidades individuais da reação às cargas competitivas e de treinamento as particularidades do regime de atividade vital e outras que se diferenciam de modo específico É por isso que ocorrem diver gências entre o calendário desportivo co mum e o sistema individualizado de com petições Harre 1982 A estruturação do sistema indivi dualizado das competições desportivas e a otimização de todo o processo com petitivo de treinamento nos limites dos ciclos anuais ou outros mais longos ao final estão fundamentadas nas regras que dirigem o desenvolvimento da forma desportiva nas várias manifestações con dicionadas individualmente consideran do as condições concretas da atividade desportiva Isso significa que decidindo participar ou não de uma ou outra com petição e fixando os parâmetros da ativi dade competitiva do desportista segundo os períodos do ciclo competitivo de trei namento longo número de participações competitivas sua frequência nível dos resultados competitivos e outras especifi cidades do sistema de competições vale a pena considerar somente as decisões que contribuírem para o seguinte n no primeiro período do ciclo prepara tório ao estabelecimento da forma desportiva n no segundo período competições principais à sua conservação e à sua materialização nos resultados despor tivos e n no terceiro período transitório à criação das condições favoráveis para o início do novo ciclo de desenvolvi mento da forma desportiva Somente com essa posição empre gando os critérios que concordem com ela podese determinar quais variantes da prática favorecem o incremento dos sucessos desportivos e quais medidas se distinguem pelas características contrá rias A ordem das participações do atleta nas competições elaboradas a partir dis so exige desde o início uma correlação no tempo dos pontos selecionados do ca lendário desportivo comum com os pra zos fixos de tais competições nas quais o desportista se dispõe a participar o que será ponto de referência na construção do sistema individualizado de treinamento e das competições Naturalmente nos dife rentes grupos de desportos o problema da coincidência entre o plano individua lizado das participações competitivas e o calendário desportivo comum é solucio nado de forma não completamente uni forme sobretudo com os assim chamados desportos individuais e de equipe Nos desportos individuais é muito mais fácil solucionar tais problemas pois quando o desportista não está incluído permanen temente na mesma equipe desportiva seu acesso à competição seguinte não depen de do resultado da competição anterior podendo dispor de liberdade maior na seleção das competições do que os que se especializam nos desportos coletivos Já nos desportos coletivos a solução é dificultada em grande medida pela in corporação permanente de desportistas na equipe pela participação duradoura e frequente em sua composição segundo o calendário desportivo unificado princi palmente quando sua parte mais impor tante é composta por campeonatos de várias etapas que duram muitos meses como acontece no torneio nacional de fu tebol hóquei e outros desportos coletivos No entanto não se deduz que o sistema individualizado de competições esteja excluído por completo Ele tornase pos sível pela variação individual e de micro grupos como por exemplo os grupos de jogos desportivos na composição da equi pe pela substituição periódica e episódica 46 Antonio Carlos Gomes dos membros da equipe em uma ou outra competição Além disso é necessário va riar o sistema de competições de equipes finalistas mediante a introdução de com petições que não estejam previstas no ca lendário desportivo comum Dentre elas estão as competições de treinamento pre paratório as adaptativas e as de controle indispensáveis à orientação do desenvol vimento da forma desportiva da equipe Considerandose que as participações do atleta nas competições estão condiciona das ao nível e à dinâmica de seu estado de preparação a atividade competitiva nos diferentes períodos do ciclo competi tivo de treinamento modificase significa tivamente Por sua vez os parâmetros do sistema individualizado de competições também transformamse periodicamen te As especificidades necessárias de tais modificações serão abordadas detalhada mente na sequência No primeiro período do ciclo compe titivo de treinamento sobretudo quando é garantida a preparação multilateral do atleta é dada a orientação preparatória às competições O conteúdo as formas o número e a frequência das competições devem estar regulamentados de tal modo que contribuam para o estabelecimento da forma desportiva não obstruindo o processo de sua formação no novo nível Considerandose a dificuldade causada pela repetição das ações competitivas gerais nesse aspecto e com o mesmo re sultado obtido durante o longo ciclo do período preparatório justificase o dese jo de disputa nos exercícios competitivos modificados p ex os corredores compe tem nas corridas de cross os lançadores no lançamento dos aparelhos desportivos ligeiros ou mais pesados e em outros exercícios de preparação especial ou ge ral básica A partir desse raciocínio de pendendo das características dos grupos dos desportos empregamse também ou tros procedimentos da prática desportiva Em particular participamse de competi ções com regras modificadas em relação às padronizadas por exemplo nos jogos desportivos competese em quadra redu zida de jogo com uma maior exigência de ações motoras utilizandose um menor período de tempo como no torneiore lâmpago etc Em todo caso a preparação plena para as competições principais desse pe ríodo exige que a prática competitiva não seja prejudicial mas que esteja submetida à lógica do desenvolvimento do proces so de treinamento com o incremento dos volumes e da intensidade das cargas de treinamento de forma planejada Porém próximo ao final do período pode ser oportuno para os desportistas suficiente mente treinados organizar a participação em competições preparatórias semelhan tes a séries de sessões de treinamento al ternadas em curtos intervalos de restabele cimento Graças às qualidades específicas mobilizadoras do processo de disputas e à acumulação do efeito de influências com petitivas tal regime de cargas é capaz de estimular de forma extremamente pode rosa o aumento do nível de treinamento e o desenvolvimento da capacidade com petitiva cristalizando as possibilidades de sucesso do desportista A exemplo disso pesquisas experimentais revelam que a participação em séries sucessivas ao lon go de várias semanas com intervalos de três dias entre as competições dos atletas de alto rendimento que atuam em exercí cios competitivos de potência submáxima pode apresentar uma melhora significati va do resultado desportivo No período das competições princi pais do ciclo competitivo de treinamento a longo prazo toda a atividade realizada pelo atleta tornase competição oficial aqui ela está orientada para assegurar a participação eficaz para aperfeiçoar e para conservar a forma desportiva necessária Em princípio esse período deve ser sobre 47 Treinamento desportivo carregado de competições se as condições permitirem aos desportistas até mesmo os que não são de alto rendimento competir todas as semanas variando as orientações competitivas concretas de acordo com a significação pessoal e oficial em disputas distintas No entanto a participação do desportista nas competições depende tam bém das condições que facilitam a apro ximação a elas e da duração do período Quando for bastante longo dura algumas vezes de 4 a 5 meses ou mais compreen de competições básicas em ambas as fases e com isso as mais importantes são elimi nadas Devese destacar em seus limites a etapa ou as várias etapas entre grandes competições livres das mais importantes É necessário utilizar tal período para ativar as influências competitivas que assegurem a conservação ou a aquisição constante da forma desportiva no momento da disputa principal No período transitório que culmina o ciclo as competições oficiais estão ausen tes na maioria dos casos Ocorrem nesse período as competições nãooficiais com finalidade recreativa ou demonstrativa É preciso identificar até que ponto essas competições são mesmo necessárias o que pode ser verificado pela reação do or ganismo do atleta à quantidade de cargas competitivas e de treinamento apresenta das no período anterior O temperamen to do atleta o seu meio mais próximo e outras circunstâncias são também impor tantes Em geral tal período está desti nado principalmente ao descanso ativo e efetivo que exclui o perigo do estado de treinamento excessivo e que desenvolve as condições para o início eficaz do novo ciclo longo do processo competitivo de treinamento Essas são as características do sistema de competições aceitas nos limites do ciclo considerado Conforme podese verificar não é fácil construílo bem Para se con seguir completálo tanto o técnico como o desportista devem dispor de um domí nio muito bom das habilidades práticas Portanto o fato de construir um sistema individualizado de competições constitui um dos avanços fundamentais da arte de orientar o progresso da forma desportiva Infelizmente apenas alguns conseguem dominar completamente tal arte Uma tes temunha indireta desse fenômeno é o fato preocupante de há não muito tempo so mente um número relativamente pequeno de desportistas ter conseguido concretizar seus melhores resultados durante as com petições principais e de maior prestígio incluídos os jogos olímpicos e os campe onatos mundiais Concomitantemente os demais participantes 80 ou mais não conseguiram repetir nem superar seus re sultados anteriores É verdade porém que as equipes desportivas de vários países na mesma situação têm melhorado nas últi mas décadas Tabela 21 PráTiCA COMPETiTiVA DO DESPOrTiSTA A LONGO PrAzO Não há dúvidas de que o sistema in dividualizado de competições desportivas a longo prazo seja mutável Ele se altera com as modificações da prática competi tiva do atleta naquilo que contribui para sua atividade competitiva e para o seu regime total sob a influência do incre mento do nível que determina o estado de preparação desportiva do passado e da experiência desportiva da idade da dinâ mica das condições vitais concretas e de outros fatores e circunstâncias Isso tam bém reflete na elaboração dos programas desportivos calculados para abranger di ferentes grupos de atletas Na primeira fase da atividade des portiva a longo prazo que compreende a fase de preparação básica assim chamada quando as classes desportivas iniciam a tempo e são adequadamente preparadas 48 Antonio Carlos Gomes segundo a metodologia moderna é nor mal assegurar a prática competitiva de motivação dos atletas e conceder a cada um a possibilidade de provar suas capaci dades desportivas nas competições de vá rias modalidades compreendidas as que se diferenciam na essência e que estão próximas ao objeto pretendido ou já es colhido da especialização desportiva Tal ato permite evitar os erros na seleção do objeto de especialização desportiva pre servando o atleta das possíveis desilusões Com isso já nos primeiros anos da ativi dade desportiva é possível assegurar um volume considerável de práticas competi tivas que aceleram sem esforço excessivo a materialização das potencialidades de sucesso do atleta Matveev 1996 Nas primeiras fases da preparação desportiva o volume total das participa ções em competições normalmente cresce de forma considerável No entanto quan do os parâmetros das cargas competitivas alcançam certa magnitude as tendências de transformação ulterior de grupos de terminados de atletas em princípio não coincidem A divisão dos grupos de que tratamos é determinada pelo nível de pos sibilidades de conseguir um sucesso des portivo que se manifeste e por sua orien tação à esfera básica da atividade vital Por isso alguns atletas continuam prati cando desportos nos limites de sua orien tação enquanto outros passam às esferas superiores É evidente que a partir das posições sociais gerais ou pessoais seria absoluta mente injustificável que a atividade com petitiva desportiva assim como todas as atividades desportivas desempenhadas por uma multidão de atletas ocupasse o lugar dominante na atividade vital pre judicando as esferas de ensino básico a formação profissional o trabalho criativo o serviço ou outras esferas da atividade vital das pessoas Excluindose um grupo relativamente pequeno de atletas a ativi dade desportiva de um grande número de pessoas iniciadas no desporto ocupa um lugar subordinado a outra atividade prin cipal Diante de tais condições o uso do tempo e da força destinados à atividade desportiva é rigidamente limitado o que naturalmente limita também os parâme tros da prática competitiva Assim os des portistas que organizam participações em competições nos limites do desporto em uma frequência razoável apresentam um volume de cargas competitivas bem redu zidas que num período de tempo mais TABELA 21 Número de membros da equipe em relação a toda a equipe que obtiveram resultados individuais nas competições de natação nos jogos olímpicos de 1988 dados oficiais de desportistas que obtiveram resultado individual de alto rendimento Equipes Na ala masculina Na ala feminina nacionais Na equipe toda da equipe da equipe RDA 447 45 444 Hungria 435 444 40 Austrália 383 44 318 Rússia 359 25 533 Inglaterra 31 40 25 China 31 56 50 Suíça 261 333 182 Canadá 227 20 263 Itália 20 21 188 França 195 217 167 EUA 158 241 72 49 Treinamento desportivo ou menos longo se estabiliza desde o iní cio com variações individuais e de etapas Normalmente à medida que se inicia a involução natural da idade no que con cerne às possibilidades adaptativas e à treinabilidade os interesses desportivos transformados passam para a esfera da cultura física de apoio condicionado em que o volume da atividade competitiva é reduzido ao mínimo e as sessões organi zamse para esse tipo de treinamento Os parâmetros da prática competiti va a longo prazo dos atletas que atingem alto rendimento e que em condições co nhecidas nela se profissionalizam bem como o volume total das participações competitivas e a carga referentes a esses atletas aumentam muitíssimo durante as etapas de preparação a longo prazo al cançando magnitudes de limites na fase da realização máxima das potencialidades desportivas Dessa forma há os desportis tas jovens que atingem o sucesso muito cedo mas que ainda não são suficiente mente maduros para a chamada idade dos resultados desportivos superiores A idade da maioria dos que se especiali zam nos desportos é bastante constante aproximase na média à idade de 20 a 26 anos com variação de 4 a 6 anos Tabela 22 e o volume das cargas competiti vas é bastante considerável com dezenas de competições durante o ano em alguns desportos Por sua vez o número de par ticipações em competições nas quais in tervêm os desportistas mais fortes e a sua concentração no tempo alcançam mag nitudes tão grandes que há pouco tempo era difícil imaginálas Tabela 23 Aproximandose do máximo o vo lume das cargas competitivas nos ciclos longos de treinamentos a que se sujei tam os desportistas de alto rendimento estabilizase e permanece durante vários anos oscilando periodicamente Com isso a intensidade da atividade compe titiva não se estabiliza até o momento em que se abandona o objetivo pessoal orientado aos sucessos absolutos e se di minui a avidez do confronto competitivo Constatase que mais cedo ou mais tar de iniciase o processo de redução das cargas competitivas também dos despor tistas de nível mais alto Isso ocorre em geral primeiramente com a diminuição da quantidade de participações nas com petições relativamente menos significati vas para o atleta de menor destaque não somente por razões de prestígio mas também por outras razões incluindo a premiação Vale salientar que a redução do volume da atividade competitiva no desporto de alto rendimento que fre quentemente se observa nos desportistas relativamente jovens entre 5 e 6 anos é condicionada não pelo esgotamento das reservas biológicas de sua capacidade desportiva de trabalho mas por outras ra zões como as demandas exageradas que buscam a concentração máxima das car gas competitivas e de treinamento diante das possibilidades de adaptação e de mo bilização da treinabilidade além da carga psíquica permanente que pode tornarse exorbitante inclusive para o desportista destacado sob influência da grandeza das competições principais O sistema de competições dos des portistas que passaram à esfera do des porto comercial profissional se estabelece de modo distinto Ele se forma segundo as regras de superação dos resultados desportivos e as condições que possibili tam empregar o conhecimento desportivo acumulado com a finalidade de perceber os maiores sucessos financeiros possíveis A maioria dos desportos aqui praticados está frequentemente relacionada com as competições organizadas sob a forma de espetáculos teatralizados e com a exten são dos ciclos durante os quais elas se realizam E perante os desportistas que tentam participar paralelamente nas com petições do desporto comercial e nãoco 50 Antonio Carlos Gomes TABELA 22 idade dos desportistas homens e mulheres que ocupam os primeiros lugares no desporto mundial Os dados referemse aos participantes dos 17 jogos olímpicos contemporâneos com um total de 57747 pessoas segundo os documentos elaborados pelos colaboradores do Instituto de Pesquisa Científica de Cultura Física da Rússia Desportos idade das desportistas femininas anos idade dos desportistas masculinos anos Das líderes Das 10 primeiras Dos líderes Dos 10 primeiros MíN MéD MáX MíN MéD MáX MíN MéD MáX MíN MéD MáX Natação Olímpica 14 194 24 14 195 27 19 225 28 17 218 28 Halterofilismo Categ peso até 75 kg 20 224 27 17 233 31 Categ peso mais de 75 kg 25 274 32 19 241 32 Saltos atléticos Altura Distância 23 245 26 18 25 30 21 24 27 20 247 32 lançamento de Disco Peso 25 255 26 19 262 34 26 27 28 22 291 38 Corrida velocidade 100 200 29 29 29 23 265 31 21 248 27 21 248 28 MeioFundo 800 1500 25 30 35 22 269 35 28 28 28 22 265 32 Fundo 510 km e Maratona 24 266 28 21 289 38 21 237 26 21 275 33 idade dos participantes na totalidade dos participantes dos jogos por faixa etária Até 20 anos 12 de 21 a 25 anos 33 de 26 a 30 anos e mais em geral até 35 anos 55 mercial de alto rendimento ultimamente apareceram tais desportistas em quanti dade no mundo surge o problema dos sistemas de competições adaptados ao desporto profissionalizado Tais tenta tivas são frequentemente frustradas se apreciadas segundo o nível de eficiência manifestado pelos desportistas nas com petições Durante as últimas décadas as seleções russas de futebol e de hóquei participaram nos campeonatos mundiais e continentais com a inclusão na equipe de atletas profissionais Ao finalizarem sua carreira desporti va principal frequentemente os despor tistas que possuem a capacidade com petitiva extraordinariamente acentuada não deixam de participar regularmente das competições dentre elas as oficiais orientandose para os sucessos superio res Levandose em consideração tudo isso não somente na escala local mas também em nível de organizações des portivas internacionais são aprovados os programas desportivos para os esportistas de idade madura e mais velhos Os resul tados mundiais expressos até pelos atletas mais velhos são impressionantes Isso comprova uma vez mais quão infinitas são na prática as possibilidades humanas de se obter resultado Contudo não vale a pena abusar em sua exploração Apesar das particularidades indivi duais o risco de danificar a saúde na busca de re sultados desportivos aumenta com a ida de até chegar ao ponto em que se torna inviável tentar conseguilos PArTiCiPAÇÃO DOS DESPOrTiSTAS NAS COMPETiÇõES Nos últimos anos o número de com petições desportivas que constitui o prin cipal fator na melhora da performance dos atletas de alto rendimento tem aumenta 51 Treinamento desportivo do De uma forma geral Platonov 1997 classificaas como n Competição preparatória esse tipo de competição apresenta como prin cipal tarefa o aperfeiçoamento da téc nica e da tática das ações competitivas do desportista Além disso propicia a adaptação do organismo nos vários sistemas relacionados com as cargas competitivas n Competição de controle permite a avaliação tanto do nível de preparação atingida pelo desportista nos aspectos tático e técnico como do aperfeiçoa mento das capacidade motoras físi cas e psíquicas Os resultados obtidos nesse tipo de competição permitem ao treinador fazer a correção de todo o processo de treinamento n Competição simulada a tarefa mais importante desse tipo de competição é a preparação direta do desportista para a competição principal seja no ciclo anual no macrociclo ou mesmo no ciclo olímpico Essas competições são organizadas de forma especial durante o sistema de preparação do atleta podendo estar dentro do ca lendário oficial Elas devem simular a competiçãoalvo na totalidade ou em parte n Competição seletiva nesse tipo de competição o desportista deve mos trar o seu melhor potencial resulta do Normalmente essas competições ou torneios existem com o objetivo de selecionar os atletas para as equipes representantes dos estados do país ou até mesmo em alguns casos para representar o continente Tratase de competições oficiais ou programadas para esse fim n Competição principal a competição principal é aquela em que o despor tista obrigatoriamente deve atingir o seu melhor resultado deve competir visando ao recorde caso do desporto individual ou à sua melhor participa ção no desporto coletivo A mobiliza ção pessoal e a da equipe devem ser máximas sendo de grande influência a preparação psicológica além evi dentemente de um alto rendimento TABELA 23 Quantidade máxima de dias oficiais de competição e de participação dos desportistas de alto rendimento Quantidade de Quantidade de Desportos dias de competição participações Ginástica desportiva 2030 150200 Saltos ornamentais 2030 250320 Salto em altura 3545 120180 Salto em distância 3545 120180 lançamento do martelo 3545 120180 Corrida de curta distância 100 e 200 m 2226 2832 Corrida de meia distância 800 e 1500 m 2025 2025 Corrida de longa distância 5000 e 10000 m 1520 1520 Corrida de maratona 46 46 Futebol 7085 7085 Tênis de mesa 7580 380420 Polo aquático 5055 7085 Handebol 7080 7080 luta livre 3040 5070 Boxe 2530 2530 levantamento de peso 1012 5077 52 Antonio Carlos Gomes de aperfeiçoamento das capacidades e qualidades físicas técnica e tática Atualmente os especialistas procu ram controlar o nível de aperfeiçoamento dos atletas durante o processo de treina mento por meio do controle de participa ções em competições O agrupamento dos desportos procurando respeitar suas ca racterísticas motoras e fisiológicas facilita um maior acompanhamento Na teoria dos desportos estudiosos tentaram mais de uma vez classificar as modalidades existentes porém a grande diversidade de composição e de estrutu ra de atuação de várias modalidades e de provas em separado dificulta aos autores destacarem um único indício de classifica ção Até o momento todas as abordagens para a sua resolução apresentaram certas deficiências e não permitiram a nosso ver uma classificação completa das modalida des desportivas Mesmo assim levando em consideração a necessidade prática de uma classificação para a orientação nas questões específicas de preparação é necessário assumir uma classificação ao menos aproximada das modalidades des portivas Uma das abordagens mais divul gadas e que se justifica do ponto de vista prático é a organização das modalidades desportivas referentes à esfera da educa ção física segundo o objetivo das compe tições e os requisitos predominantes em relação às capacidades físicas motoras do desportista Com esses aspectos é pos sível classificar os desportos em oito gru pos de modalidades desportivas Zakha rov Gomes 1992 n Grupo I Modalidades complexas de coordenação são as que exigem a expressividade estética e artística na execução de exercícios competiti vos tais como ginástica artística nado sincronizado patinação artística salto ornamental ginástica rítmica desporti va etc Keller Platonov 1983 n Grupo II Modalidades de força e de velocidade exigem as caracterís ticas acíclica e mista dos movimentos em que os atletas procuram alcançar resultados máximos expressos em me didas exatas de deslocamento saltos de atletismo arremessos halterofilis mo n Grupo III Modalidades de alvo aqui a atividade motora é pequena a maior evidência está em poder avaliar corretamente a condição de atirar em um alvo utilizando armas desportivas arco e flecha tiro com pistola dardo etc n Grupo IV Modalidades de condu ção a atividade motora está preferen cialmente ligada à direção condução dos meios de locomoção corridas de automóvel motocicleta vela hipismo etc n Grupo V Modalidades cíclicas manifestamse preferencialmente nas provas de corrida no atletismo no ci clismo na natação no remo no esqui na patinação no triatlo com caracte rísticas destacadas para a resistência n Grupo VI Jogos desportivos desta camse as modalidades com bola e as coletivas tais como futebol voleibol basquetebol tênis handebol hóquei etc n Grupo VII Modalidades de com bates a tática está ligada à condição técnica à preparação física à caracte rística de contato e de golpes e impõe vantagens sobre o adversário luta grecoromana luta livre judô caratê boxe esgrima etc n Grupo VIII Provas combinadas a característica é determinada com base na combinação tática na qual tais mo dalidades proporcionam pontos que representam o resultado final pentatlo 53 Treinamento desportivo moderno decatlo na modalidade de atletismo biatlo na de esqui etc A atividade competitiva nesses gru pos de desportos apresentase de forma muito diferenciada pois ainda é possível classificálos em desportos individuais e coletivos ou mesmo pelas manifestações fisiológicas como aeróbios anaeróbios e mistos ou ainda pela biomecânica con siderados cíclicos e acíclicos além de ou tras formas de classificação MEiOS PEDAGÓGiCOS DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA Durante todo o processo da ativida de motora do indivíduo deve ser resolvi do um grande número de tarefas motoras A solução dessas tarefas correlacionase com a percepção da atividade motora AM A atividade motora que faz parte da atividade integral do indivíduo deve ser sempre consciente e orientada A dife rença do princípio da atividade motora e do movimento como função do organismo humano manifestase por meio da loco moção motora humana sob duas formas n manutenção constante da posição cor poral postura n deslocamento do corpo em relação ao meio circundante ou deslocamento de algumas de suas partes em relação a outra Schimidt 1985 As ações motoras constituem um meio integrante e específico da prepa ração do atleta e cada tipo de atividade desportiva caracterizase por seu conjun to de ações motoras Como regra um movimento articular por si não constitui ainda uma AM indepen dente A ação com a qual o atleta resolve a tarefa motora é composta de movimentos articulares distribuídos e interligados no es paço e no tempo Em cada AM podemse distinguir condicionalmente movimentos isolados Assim no salto em altura desta camse impulso ação conjugada da movi mentação da perna para cima sobre a barra e aterrissagem Boguem 1985 O exercício físico constitui a base da preparação do atleta como processo peda gógico Por conseguinte os exercícios físi cos são a forma principal de utilização das ações motoras na preparação desportiva O exercício físico integrado no proces so de preparação do atleta pode ser definido como a atividade motora inclusa no sistema geral das possíveis influências pedagógicas orientadas para a solução das tarefas de preparação do atleta A corrida por exem plo adquire significado no exercício físico quando utilizada de acordo com os requisi tos justificados do ponto de vista da prepa ração do desportista Gomes 1997b O exercício físico está obrigatoria mente ligado ao método uma vez que o processo organizado objetivando o aper feiçoamento de qualquer qualidade do in divíduo e pressupondo um sistema estável de ações repetidas possui interligações necessárias para a solução de tarefas pre vistas e não somente num conjunto casual de operações Por conseguinte tais ações em sua essência formam um método 3 MEIOS E MéTODOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 56 Antonio Carlos Gomes Na linguagem desportiva o termo meio significa o que se utiliza e o termo método como se utiliza o meio no pro cesso de obtenção do objetivo da prepara ção Dessa forma o exercício físico repre senta o meio e o modo de sua utilização representa o método Juntamente com as ações motoras referemse aos meios muitos outros fato res cuja utilização orientada determina a eficiência da preparação do atleta Por exemplo na qualidade de meios de prepa ração do atleta devem ser considerados n Equipamentos especiais o material desportivo as instalações desportivas os aparelhos de treino desportivos os aparelhos de ginástica barra de ferro aparelhagem de diagnóstico testes piscinas etc n Fatores da natureza a influência do ar e da água radiação solar condições climáticas das zonas montanhosas n Condições sociais e ecológicas de vida dos atletas as condições de vida cotidiana o regime de sono os estudos o trabalho os fatores social econômico e cultural etc n Alimentação do atleta deve ser vista como fator importante na preparação o que determina no organismo a re cepção das quantidades necessárias de substâncias ricas de energia água mi croelementos vitaminas e sais n Fatores de recuperação a massagem os preparados farmacológicos a fisio terapia a sauna etc n Influências informativas a informa ção verbal e visual do técnico a obser vação como forma de obter dados etc É costume caracterizar o exercício fí sico pela forma e pelo conteúdo A forma do exercício físico é determinada pelos pa râmetros dinâmicos e cinemáticos A cine mática fornece a ideia do aspecto externo dos movimentos do atleta e caracterizase pelos seguintes parâmetros n Espaço a posição do corpo e de suas partes e a amplitude do movimento n Tempo a duração do exercício n Espaço e tempo a velocidade a ace leração e a desaceleração As características dinâmicas forne cem a ideia das forças que exercem in fluências sobre o movimento do corpo Esses parâmetros são influenciados pelas forças correlativas ao movimento A ideia integral sobre a forma do exercício físico é expressa na técnica do exercício físico O conteúdo do exercício físico revelase no processo da atividade locomotora imediata do indivíduo e ca racterizase pela sua carga Há a necessidade de se orientar na diversidade de exercícios físicos aquele que melhor corresponde num volume mais completo às tarefas da preparação Podem ser observadas abaixo algumas formas de classificação do exercício físico fundamentadas em diferentes indícios Classificação dos exercícios De acordo com o regime de contra ção muscular no movimento a contração muscular no exercício físico pode ser está tica ou dinâmica Os exercícios físicos es táticos são os que estão relacionados com a manutenção da posição tomada como por exemplo a posição do corpo no exer cício ginástico nas argolas em cruz Os exercícios físicos dinâmicos estão ligados ao deslocamento do corpo do atleta ou de suas partes p ex os exercícios de corri da e os de saltos A divisão dos exercícios em dinâmico e estático é muito conven cional pois a maioria dos movimentos se realiza combinando os regimes dinâmico 57 Treinamento desportivo e estático com contrações de diferentes músculos Assim para executar o mo vimento dinâmico da mão ou da perna todos os músculos do tronco devem pri meiro assegurar a tomada de uma deter minada posição estática Por outro lado para manter a posição é preciso que em resposta a qualquer ação que perturbe tal posição realizemse os correspondentes movimentos dinâmicos compensatórios Schimidt 1985 Em relação à estrutura do movimen to os exercícios dinâmicos dividemse em cíclico acíclico e misto Zatsiorski 1970 Os exercícios cíclicos caracterizamse pela repetição múltipla dos ciclos de movimen tos em relação à estrutura biomecânica Ao fim de cada ciclo de movimentos todas as partes do corpo do atleta voltam à posi ção inicial corrida natação ciclismo o que proporciona a possibilidade de repe tir durante muito tempo os movimentos Os exercícios acíclicos caracterizamse pela variação no final do movimento em comparação com a inicial o que exclui a possibilidade da repetição reiterada e liga da de tais movimentos p ex arremessos e ações motoras nos jogos desportivos Quanto aos exercícios mistos são os que combinam os movimentos do tipo cíclico e acíclico p ex o salto com vara Dependendo do volume da massa muscular ativa que participa no movi mento os exercícios físicos classificamse em exercícios localizados regionais e glo bais Sudakov 1984 Os exercícios locais são aqueles em cuja realização participa até um terço de toda a massa muscular do corpo do atleta p ex o exercício fei to apenas com os músculos do braço ou da perna Os regionais são os exercícios cuja realização envolve de um terço a dois terços de toda a massa muscular p ex exercícios com halteres deitado Os exer cícios globais são os que envolvem mais de dois terços de toda a massa muscular natação corrida esqui etc Essa classi ficação é de suma importância do ponto de vista do sistema energético do exer cício Com todas as condições iguais os exercícios globais têm valor energético maior O aperfeiçoamento físico do indiví duo adquire uma orientação especial de preparação somente quando os exercícios são escolhidos considerandose sua signi ficância para o aperfeiçoamento da ativi dade motora na modalidade desportiva praticada A orientação especial constitui o pivô metódico que determina a estrutura e o conteúdo dos meios de preparação do atleta É por isso que se utiliza mais ampla mente na teoria e na prática de preparação dos atletas a classificação dos exercícios fí sicos segundo a medida de semelhança das características cinemáticas e dinâmicas das ações motoras que compõem o exercício físico dado com as ações motoras que ba seiam a modalidade escolhida da atividade competitiva De acordo com esse indício todos os exercícios físicos dividemse em exercício competitivo preparatório espe cial e preparatório geral conforme apre sentado na Tabela 31 Matveev 1991 TABELA 31 Caracterização dos exercícios de treinamento Exercícios Aspectos motores Aspectos fisiológicos Competitivo C Preparatório especial PE Preparatório geral PG 58 Antonio Carlos Gomes Exercício competitivo É uma atividade motora integral dirigida no sentido da solução da tarefa locomotora que constitui o objeto da com petição e realizada de acordo com as re gras da modalidade desportiva É importante distinguir os exercícios propriamente competitivos realizados em condições reais com todos os requisitos próprios das competições A forma de trei no modelo do exercício competitivo coin cide com a primeira forma pelas principais características cinemáticas e dinâmicas dos movimentos mas cumprese nas condições do treino e é dirigida para a solução das tarefas deste Como exemplo podemos mencionar o combate no boxe ou a corrida na distância igual à de competição objeti vando obter o resultado máximo etc Os exercícios competitivos conhecidos tam bém como fundamentais podem ainda ser classificados conforme apresentado na Ta bela 32 Exercício preparatório especial Representa o exercício que é mui to parecido pelo seu parâmetro com os competitivos A especialização é um princípio im portantíssimo de aperfeiçoamento em qualquer tipo de atuação É por isso que tais exercícios representam o principal meio que condiciona as melhoras dos re sultados desportivos É necessário destacar que os exercícios preparatórios especiais não são idênticos aos exercícios competiti vos do contrário não haveria razão algu ma para recorrer a eles Tais exercícios são utilizados para assegurar a influência sele tiva e mais considerável que corresponde aos parâmetros determinados do exercício competitivo integral Matveev 1991 Os exercícios preparatórios especiais representam a modelagem seletiva dos componentes da atividade competitiva Eles têm importância muito grande na preparação especializada do atleta pois nas etapas iniciais de preparação é inacessível o cumprimento integral do exercício competitivo devido ao baixo nível de condição Mas existe a possibili dade de modelar no processo de treino alguns parâmetros com a reprodução li mitada simultânea de outros Tudo isso torna acessível a realização do exercí cio Os exercícios preparatórios especiais aproximamse paulatinamente pelos seus parâmetros dos competitivos Como exemplo de tal modelagem parcial pode servir o de um ciclista quando pedala em ritmo de competição mas com as trans missões baixas ou nas corridas com uma motocicleta líder Nesse caso um parâmetro correspon de completamente ao parâmetro orien tado ao ritmo de movimentos e o outro limitase ao regime de força do exercício Nas modalidades cíclicas desportivas são muito difundidos os exercícios prepa ratórios especiais em que se planifica o cumprimento de distâncias mais curtas do que a distância de competição mas com a velocidade de competição ou pelo con trário trechos mais longos mas com a ve locidade abaixo da de competição Nas modalidades complexas de co ordenação como por exemplo na ginás tica pode ser utilizado o exercício com a execução de toda a combinação de compe tição mas com a distribuição mais prolon gada no tempo dos elementos do que no exercício de competição competitivo Exercício preparatório geral É o exercício que tem ou não se melhança com os principais exercícios competitivos Uma vez que o organismo humano representa algo único o desen volvimento de algumas qualidades não ocorre isoladamente do desenvolvimento 59 Treinamento desportivo TABELA 32 Classificação dos exercícios competitivos fundamentais Matveev 1991 Classe de exercícios Grupos Subgrupos e tipos de exercícios Exercícios pluriestruturais 1 Exercícios de velocidade A Saltos em atletismo e outros formas relativamente estáveis e de força desportos B lançamentos dardo disco martelo peso etc C levantamento de pesos exercícios de triatlo D Sprint exercícios de atletismo e outros cíclicos de máxima potência 2 locomoção cíclica para A locomoção de potência submáxima desenvolvimento da corridas de distâncias médias resistência provas de natação de 100400 metros etc B locomoção de grande e moderada potência corridas de 3 a 5 km e mais provas de natação de 500 metros e mais etc Slalom e descida de velocidade em esquis Exercícios poliestruturais 3 jogos desportivos A jogos que se caracterizam pela formas alternadas que elevação da intensidade e pela variam segundo as possibilidade de exclusão periódica condições da competição durante o processo de jogo basquetebol handebol etc B jogos que se caracterizam pela sua relativa continuidade e prolongamento da participação nas competições futebol hóquei escandinavo etc 4 Corpo a corpo desportivo A Esgrima B Boxe e luta Série de exercícios 5 Duatlo e provas combinadas A Provas combinadas homogêneas competitivos duatlo e com um conteúdo renovável tetratlo de patinagem triatlo de provas combinadas 6 Duatlo e provas combinadas esquis de montanha etc com renovação periódica B Diatlo e provas combinadas do conteúdo heterogêneas pentatlo e decatlo no atletismo pentatlo moderno etc C Arte desportiva ginástica desportiva acrobacia saltos ornamentais etc das outras A especialização extremamen te estreita quando se ignora o necessário desenvolvimento multilateral contradiz o desenvolvimento natural do organismo É extremamente importante levar isso em consideração nas idades infantil e juve nil Toda a experiência da preparação dos atletas mostra que a especialização despor tiva bemsucedida em certa modalidade é condicionada em grande medida pelo desenvolvimento físico multilateral De acordo com essa disposição a melhora do nível geral das habilidades funcionais do organismo do atleta possui um significado 60 Antonio Carlos Gomes primordial para a especialização desporti va bemsucedida Essa importante tarefa de preparação é resolvida com a ajuda dos exercícios preparatórios gerais A prática do desporto acumulou du rante toda a sua história enorme quan tidade de exercícios preparatórios gerais No entanto ao resolver as tarefas de pre paração considerando sua orientação es pecial escolhese a composição dos meios de preparação geral do atleta de modo que se possa contribuir justamente para o desenvolvimento das qualidades que têm significado dominante na modalidade desportiva escolhida praticada Todos os meios de treinamento des portivo até agora apontados não são ape nas formas de preparação física mas de preparação técnica tática e psicológica Ao mesmo tempo em que se utilizam os meios específicos empregamse formas variáveis de preparação intelectual mo ral e estética Na sequência são descritos exemplos de exercícios para o desenvolvi mento das capacidades motoras MéTODOS PEDAGÓGiCOS DE PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA O método de preparação desportiva está diretamente ligado ao objetivo pre tendido o qual representa um sistema es tável de ações consecutivas direcionadas para a solução de tarefas programadas anteriormente A preparação integral do atleta pres supõe a obtenção de vários objetivos que determinam os mais diversos meios e mé todos de preparação desportiva Para cada componente do siste ma de preparação do atleta existe uma composição de métodos Na sequência é abordada apenas a característica geral dos métodos de influência pedagógica Tais métodos para podermos estudar com profundidade serão divididos em três grupos influência prática verbal e demonstrativa conforme a Figura 31 Matveev 1977 A especificidade da preparação do atleta pressupõe a orientação predominan te das influências sobre o aperfeiçoamento das capacidades locomotoras do organismo humano que determina o significado do minante dos métodos de influência prática No processo de preparação do atleta tais métodos são apresentados preferencial mente pelos métodos de exercício físico Os dois outros grupos de métodos influên cia verbal e demonstrativa são complemen tares para a ótima realização dos métodos práticos Zakharov Gomes 1992 Os métodos de influência prática são referendados pelos métodos de exercício físico conhecidos como programados de jogos e competitivos Método de influência prática programado A programação constitui a condição indispensável de influência orientada dos meios de treinamento que contribuem para a solução eficiente das tarefas de preparação Qualquer método tem grau determinado de programação variando apenas seu grau e parâmetros Os métodos de exercício programa dos regulamentados são muito diversifi cados O aspecto interno do conteúdo de cada um dos métodos apresenta caráter muito específico Convém comparar a ca racterística de cada método com o objetivo concreto de preparação dos atletas Cada método apresenta uma série de variáveis que são utilizadas à medida que cresce a exigência das tarefas motoras Por isso apresentaremos a seguir apenas a classi ficação geral dos métodos com base nos indícios externos do exercício Todos os 61 Treinamento desportivo métodos do exercício programado podem dividirse em dois subgrupos n Métodos orientados para o ensino da técnica das ações motoras n Métodos orientados para o treinamen to das capacidades motoras Essa divisão acertadamente é consi derada convencional pois qualquer execu ção prática do exercício exerce influência conjugada sobre diversos aspectos de pre paração do atleta Dessa forma tal classi ficação permite distinguir os diversos ele mentos que são próprios desses métodos Métodos de ensino da técnica de ações motoras Destacamse dois enfoques metodo lógicos principais do ensino da técnica das ações motoras o integral e o dividido a Método de ensino integral Pressupõe o estudo da técnica das ações motoras de uma só vez e em caráter integral A sua principal vantagem é que a téc nica da atividade motora pode ser assimi FiGurA 31 Métodos pedagógicos de preparação desportiva 62 Antonio Carlos Gomes lada de forma integral à interação perma nente de suas fases o que permite manter o ritmo das ações e sua estrutura geral Quanto às deficiências podemos destacar n a dificuldade de aplicar o método no ensino das ações motoras complexas n as dificuldades na correção dos erros pois o técnico não é capaz de corrigir imediatamente todos os erros cometi dos durante a realização do exercício n a dificuldade de prestar atenção sele tiva ao aperfeiçoamento de certos ele mentos das Ações Motoras AM n o rápido cansaço do atleta promovido pela múltipla repetição do exercício Tal método é utilizado na aprendiza gem inicial das ações motoras relativamen te fáceis quanto à técnica ou das ações que não podem ser divididas sem a desfiguração das fases e dos elementos destacados Apli case amplamente na etapa de consolidação e no aperfeiçoamento da técnica da AM O método da execução integral múl tipla da AM pode ser utilizado nas seguin tes variantes Maznitchenko 1977 a execução repetida da AM com o conse quente aperfeiçoamento dos elemen tos e dos detalhes b repetição múltipla da AM nas condi ções permanentes com o objetivo de sua consolidação c execução com as condições crescentes que se aproximam das realizadas em competição d execução nas condições complexas com muito cansaço com a presença do adversário com as condições climá ticas etc b Método de ensino dividido analíticosintético Representa a divisão da atividade motora em elementos ou em fases relati vamente independentes que podem ser aprendidos de modo autônomo com sua posterior ligação globalizada A possibilidade de concentrar a atenção dos atletas de modo mais com pleto na fase destacada e seu aperfei çoamento mais detalhado constitui o seu aspecto positivo Durante o trabalho com os componentes da técnica exclui se a execução repetida das partes e das fases ainda não assimiladas Com isso podese evitar que surjam erros estáveis o que é destaque no método de ensino integral A execução das partes isoladas é menos cansativa do que a execução da ação integral Por conseguinte é possível o aumento do número de repetições de elementos em ação Convém dividir a atividade motora a fim de que haja o menor número possível de desfigurações das partes destacadas A sua assimilação não deve ser levada até o automatismo nível de hábito Uma das deficiências consideráveis desse método é que ele não deve ser apli cado nos casos em que a AM não possa ser dividida p ex nos saltos na ginás tica no chute na bola ou não possa ser dividida sem consideráveis desfigurações das partes destacadas Mesmo nas cir cunstâncias mais favoráveis quando na técnica da AM destacaramse as partes ou as fases relativamente independentes não se consegue manter por completo na composição da AM integral as carac terísticas próprias As deficiências do método de en sino dividido diminuem quando as partes destacadas da atividade motora apresentamse sob a forma de exercícios chamados exercícios parecidos Eles representam variantes simplificadas das ações trabalhadas ou partes destacadas transformadas nas AM integrais Ach manin 1990 As principais variantes desse método são 63 Treinamento desportivo a o estudo separado dos elementos da ação com posterior ligação para o mo vimento total b o ensino consequente dos elementos da técnica da AM com sua ligação gra dativa ensino da técnica da AM com o método de intensificação c o destaque dos elementos da AM para curto período de tempo para sua pre cisão d o aperfeiçoamento dos elementos da AM sob a forma de exercícios Métodos de treino das capacidades motoras Na classificação geral dos métodos orientados para o treinamento das ca pacidades motoras há alguns indícios externos do exercício Assim o exercício pode ser executado no regime contínuo permanente intervalado ou misto Cada uma das variantes podese caracterizar pelos parâmetros constantes ou variáveis do exercício Assim sendo destacamse os seguintes métodos do exercício progra mado aplicáveis ao aperfeiçoamento das capacidades motoras Figura 32 Método de exercício de carga contínua Caracterizase pela execução prolon gada do exercício sem alteração frequente do ritmo As mudanças no ritmo de car ga são programadas anteriormente e po dem ser enfocadas na prática de diversas formas Esse tipo de capacidade aeróbia VO2 máx nos desportos principalmen te nas modalidades em que a performance depende dessa fonte de energia como a natação o ciclismo o atletismo o remo a canoagem entre outros Figura 33 O método de exercício contínuo pode ser controlado na sua intensidade pelos parâmetros de frequência cardíaca concentração de lactato e velocidade mé dia de execução do exercício o volume é controlado pelo tempo de duração ou mesmo pela metragem total da atividade O importante é que o treinador observe com qual dinâmica de carga ele pretende ministrar o trabalho pois isso tem relação direta com o nível que apresenta o des portista Método de exercício de carga intervalada O exercício de carga intervalada deve ser estruturado levando em consi deração o objetivo do treino Esse tipo de exercício auxilia no desenvolvimento ae róbio anaeróbio alático anaeróbio lático nos trabalhos de flexibilidade de força técnico e na coordenação de movimentos Ao organizar a sessão de treinamento o treinador seleciona a dinâmica da carga coerente com seu objetivo de treino de terminando assim as dinâmicas a serem utilizadas ou mesmo o número de repeti ções ou séries que deverão compor o pro grama de treinamento A intensidade e o volume estão diretamente relacionados com o tipo de desporto Os exercícios in tervalados devem ser prioridades nos des portos de luta jogos coletivos e em uma série de outros desportos de curta dura ção Figura 34 Método de exercício de carga mista intervalado e contínuo Na Figura 35 apresentamos dinâmi cas de cargas mistas em que a prioridade é sempre iniciar com cargas intervaladas terminando com as cargas contínuas Na prática é muito comum o treinador re solver por exemplo no início do treino o treinamento do sistema anaeróbio alático e terminar o treino com o sistema aeró bio podendo compor os trabalhos de di 64 Antonio Carlos Gomes FiGurA 32 Método do exercício programado 65 Treinamento desportivo FiGurA 33 Dinâmica das cargas do método de exercício contínuo Legenda I Intensidade v volume 66 Antonio Carlos Gomes FiGurA 34 Dinâmica das cargas do método de exercício intervalado Legenda I Intensidade v volume 67 Treinamento desportivo FiGurA 35 Dinâmica das cargas do método de exercícios mistos Legenda I Intensidade v volume versas formas dependendo do desporto e da prioridade da sessão de treinamento Os métodos abordados não abran gem toda a multiformidade dos meios de solução das tarefas de preparação dos atletas Na prática temse utilizado larga mente diversas variantes de combinação dos métodos ou seja os chamados mé todos combinados A estruturação dos treinos com base em métodos combina dos permite frequentemente resolver com mais sucesso as tarefas de preparação 68 Antonio Carlos Gomes pois isso tem ampliado as possibilidades de prescrição dos exercícios Método competitivo O método competitivo deve ter os in dícios próprios das competições A compe tição é a expressão mais brilhante do mé todo competitivo que possui uma esfera muito ampla de aplicação e pode ser uti lizado em qualquer modalidade com base nos exercícios físicos A subordinação da atuação do atleta à tarefa de vencer os ad versários ou de superar o resultado atingi do anteriormente é o índice mais caracte rístico do método competitivo Semelhante tarefa orientada representa um poderoso impulso para a mobilização máxima das potencialidades físicas e psíquicas do atle ta O fator de rivalidade cria condições emocionais nas quais se reforçam as mu danças funcionais no organismo do atleta Nas condições do método competitivo o efeito de treino fica mais expresso do que no caso de utilização de outros métodos É justamente com isso que se explica o signi ficado particular do método na preparação dos atletas de alto nível A deficiência desse método está na limitação de direção do atleta no processo de execução do exercício sob forma com petitiva assim como na dificuldade de do sagem e no controle da carga O método competitivo aplicase com o objetivo de resolver diversas tarefas de preparação dos atletas assegurando a influência complexa conjugada sobre diferentes aspectos de preparação e por isso é de grande eficiência na etapa de aperfeiçoamento desportivo A aplicação do método competitivo na etapa inicial de aprendizagem da técnica da AM ou com baixo nível de desenvolvimento das capa cidades motoras não é aconselhável pois o resultado pode ser negativo Método de jogo O método de jogo realizase não apenas por meio dos jogos habituais vo leibol futebol basquetebol etc mas é muito mais amplo pelos meios e formas de realização A principal particularidade do método de jogo consiste em desenvol ver a atividade locomotora do indivíduo Como base de desenvolvimento podem servir as situações imaginadas de vida jogos de imitação alguns movimentos e ações característicos da prática labo ral e militar do homem Por exemplo se o aperfeiçoamento de deslocamento em equilíbrio tem como desenvolver a for ma de travessia do rio por uma ponte estreita nesse caso aplicase o método de jogo Se o mesmo exercício não tem semelhante sentido de desenvolvimento e se subordina por completo à tarefa de aperfeiçoamento da técnica da ação ou da rapidez de deslocamento nesse caso é aplicado o método de exercício programa do ou o método competitivo No método de jogo sempre há um confronto entre os participantes do jogo mas está subordi nado ao desenvolvimento do exercício Só no caso em que um jogo desportivo tornase o conteúdo do exercício realiza do à base do método de jogo e segundo o seu resultado realizase a competição e desaparecem as diferenças entre os dois métodos Achmanin 1990 Juntamente com a forma a falta de programação rigorosa e a emotividade claramente expressa da atividade dos jo gadores são os indícios mais característi cos do método de jogo A diversidade das situações de jogo exige independência criadora na escolha das soluções mais eficazes das tarefas mo toras Nesse sentido geralmente no jogo se manifesta o complexo de diversos há bitos e capacidades motoras Todas essas características elevam o valor do método 69 Treinamento desportivo de jogo no processo de preparação dos jo vens desportistas Ao aplicar o método de jogo é preci so ter em vista que ele não permite dosar com precisão a carga pois não há possibi lidade de prever as ações de cada um dos participantes Métodos de influência verbal A própria denominação desse mé todo deixa claro o tipo de interação en tre técnico e atleta que ele envolve A solução de qualquer que seja a tarefa de preparação do atleta é impossível sem a utilização das formas verbais de con tato Dentre os métodos de influência verbal podem ser citados a explicação a conversa o comando a indicação cor retiva a análise verbal a avaliação etc Convém relevar o conteúdo emocional e o sentido lógico informativo de cada método verbal O alto nível pedagógico do técnico manifestase em grande medida na ma neira como são tratados os atletas sa bendo utilizar a palavra para a ativação e para a direção eficiente da sua atuação É muito difícil falar dos caminhos concre tos de aplicação de tal ou qual método pois são demasiadamente diversificadas as situações que determinam a escolha do processo pedagógico O técnico apoiase frequentemente em critérios de difícil detecção e ligados à intuição à experiência pessoal ao conhe cimento das particularidades individuais do atleta à situação concreta etc Não poderíamos neste livro analisar todas as situações possíveis e os métodos de in fluência verbal ligados a elas É por isso que temos de nos limitar à constatação geral do papel do método na preparação dos atletas Métodos de influência demonstrativa Ao tratar da demonstração temos em vista a utilização no processo de trei namento do atleta das possibilidades de diferentes sistemas sensoriais do homem Destacamse três grupos de métodos de influência demonstrativa a métodos demonstrativos visuais b métodos demonstrativos auditivos c métodos demonstrativos motores ci nestésicos a Os métodos demonstrativos visuais podem ser divididos em apresentação da atividade motora demonstração de mate riais didáticos e orientação visual A demonstração da atividade moto ra é o método mais divulgado de ensino que se aplica na etapa de aprendizagem Na base do ensino com a ajuda da de monstração está a imitação É de particu lar importância a utilização desse método no trabalho com crianças pois elas têm capacidade de imitação muito desenvolvi da O método demonstrativo visual sem pre combina com o método de influência verbal Para criar uma ideia geral aplica se a demonstração integral porém para apresentar detalhadamente as particulari dades da AM recorrese à demonstração adaptada Nela os movimentos são apre sentados em ritmo lento e na medida do possível destacandose expressivamente as posições do corpo com as paradas A demonstração dos materiais di dáticos proporciona possibilidades com plementares para que o atleta perceba o meio de solucionar a tarefa motora Em pregamse para tal fim gravações de ví deo cartazes desenhos esquemas etc A orientação visual ajuda a executar corretamente o movimento no espaço e no tempo Como pontos visuais de refe 70 Antonio Carlos Gomes rência utilizamse objetos ou marcações de acordo com os quais o atleta tem de construir seu movimento p ex os sal tadores de altura utilizam amplamente a marcação que determina o comprimento a direção do impulso e a colocação dos pés Para a orientação visual utilizam se diversos engenhos técnicos p ex o aparelho de treino com lâmpadas que acendem em diversos pontos do quadro especial para o treinamento de rapidez e para a precisão do impulso ou a onda luminosa ao longo da pista de corrida ou na borda da piscina b Os métodos demonstrativos auditivos sonoros criam os pontos sonoros de re ferência necessários ao início e ao fim do movimento ou de seus elementos Com um sinal sonoro combinado de antemão pode se indicar o momento do esforço principal p ex a curva do corpo na execução de um elemento ginástico no aparelho Com a ajuda da demonstração sonora assimila se bem o ritmo das ações motoras utilizan dose para isso um líder sonoro c Os métodos demonstrativos motores cinestésicos visam à organização da percepção pelo atleta das sensações vin das do aparelho motor Como exemplo de demonstração motora podemos citar a ajuda dirigente o técnico guia a mão do atleta no ensino dos golpes do tênis A técnica de fixação das posições do corpo ou de suas partes em momentos separados da AM p ex a fixação da postura corre ta do ciclista ou da posição do pugilista ajuda também no ensino desta Ao apro veitar a técnica de fixação das posições será muito útil que o atleta sinta a posição correta comparada com a incorreta CArGA DE TrEiNAMENTO E SuAS FOrMAS DE AÇÃO A relação entre a condição do atleta e a carga de treinamento constitui o pro blema central da teoria e da técnica de planejamento do treinamento Tratase de um assunto que requer atenção por parte dos especialistas e uma investigação cien tífica contínua e permanente Durante a prática desportiva os es tímulos utilizados determinam a carga de trabalho à qual o desportista é submetido Antes de examinar os aspectos práticos en tre a carga e a condição do atleta quere mos apresentar alguns conceitos de carga de treinamento e seus efeitos Inicialmen te podemos definir carga de treinamen to como o resultado da relação entre o volume total de trabalho e a qualidade do trabalho ou seja a intensidade Para compreendermos melhor o componente da carga de treinamento devemos enten der que se trata de um trabalho muscu lar que implica em si mesmo o potencial de treinamento oriundo da condição do desportista o qual produz um efeito de treinamento que leva a um processo de adaptação Zakharov Gomes 1992 O conceito de carga de treinamen to é muito discutido na literatura inter nacional O pesquisador Verkhoshanski por exemplo defende que a carga de treinamento não existe tratase de uma função de trabalho muscular típica da ati vidade de treinamento e de competição do desporto praticado É propriamente o trabalho muscular em si mesmo Em con sequência também propicia o efeito de treinamento que é determinado em gran de medida pela condição atual do atleta Verkhoshanski 1990 Portanto a relação entre a condição do atleta e a carga de treinamento é mui to complexa depende de muitos fatores e determinase por um grande número de variáveis lamentavelmente devemos admitir que existem poucos dados obje tivos sobre essa relação As investigações desenvolvidas em todo o mundo nesse campo ainda ocorrem de forma isolada e incompleta não permitem chegar a re sultados absolutos e de certa forma são incompatíveis e contraditórias CArACTErÍSTiCAS DA CArGA DE TrEiNAMENTO Na base do treinamento desportivo fundamentado pela fisiologia verificase que qualquer influência sobre o organis mo humano provoca reações e conse quentemente uma adaptação A reação à 4 CARGA DE TREINAMENTO 72 Antonio Carlos Gomes influência exterior é a condição biológica natural da existência de qualquer organis mo vivo na natureza Essas reações de res posta de adaptação estão ligadas à noção de adaptação Pelo termo carga de treinamen to entendese a medida quantitativa do trabalho de treinamento desenvolvido Geralmente distinguemse os conceitos de carga externa de carga interna e de carga psicológica A primeira trata da quantidade de trabalho desenvolvido a segunda do efeito que propicia sobre o organismo e a terceira trata de como isso é visto psicologicamente pelo atleta Essas variáveis já foram discutidas pelo Profes sor Matveev em 1964 e confirmadas pelo bioquímico Volkov em 1989 Eles chama vam de índices gerais de controle das car gas utilizados até hoje conhecido como volume e intensidade Ozolin 1949 Com o objetivo de controlar os níveis de adaptação à carga de treinamento sur gem várias classificações que levam em con ta a especificidade motora dos desportos a intensidade do trabalho muscular as tarefas pedagógicas que se desenvolvem durante o treinamento a influência dos processos de recuperação o efeito sobre o trabalho su cessivo e a interação de um trabalho com diferentes orientações Tudo isso estudado já nos anos 1950 e 1960 são indicadores de controle da carga de treinamento em que o objetivo é propiciar uma boa adaptação Apesar disso nenhuma dessas classifica ções levadas a cabo individualmente apre sentase como a melhor forma de solucionar os problemas da programação do processo de treinamento com tudo isso ainda falta uma aproximação em que se possa prever as exigências especiais para a evolução da carga de treinamento e principalmente que considere os critérios de classificação citados anteriormente com base em outras formas de sistematização O conceito de carga compreende em primeiro lugar a medida fisiológica do or ganismo provocado evidentemente por um trabalho muscular específico que no organismo se expressa na forma concreta de reações funcionais de uma certa inten sidade e duração Precisamente por isso surge a necessidade de sucessivo desen volvimento sobre a ideia de carga externa e interna e da introdução dos conceitos de potencial de treinamento e seu efeito que permitam uma definição mais concreta da relação estímuloefeito que ofereça uma maior precisão O resultado do estímulo produzido pela carga sobre o organismo pode expres sarse pelo efeito do treinamento e pode ser identificado sobretudo na base dos valores que variam da condição do atle ta Na literatura a forma de manifestação do efeito do treinamento é interpretada equivocadamente Em geral reduzse a representação linear de como se manifes tam os estímulos de treinamento citados por Zatsiorski em 1966 ou seja a carga imediata a carga posterior e a carga acu mulativa são as primeiras formas que se referem à sessão de treinamento O efeito imediato é a reação atual do organismo à carga física ou seja são as manifestações do organismo no momento da prática do exercício Já o efeito retardado são as tro cas que ocorrem no organismo e que po dem ser observadas depois da sessão de treinamento o cansaço muscular a fadiga muscular estabelecida póstreinamento o processo de recuperação e o efeito acu mulativo são o resultado da soma dessas cargas que ocorreram no organismo após algumas sessões de treino ADAPTAÇÃO NO TrEiNAMENTO DESPOrTiVO A dinâmica dos processos adapta tivos tem sido tema de estudo científico Weigert citado por Zhelyazkov 2001 comprovou em seus estudos que quan 73 Treinamento desportivo FiGurA 41 Processo de adaptação supercompensação Legenda T Tempo do o músculo suspende sua atividade e com isso detém a degradação ativa de suas substâncias os processos de ressín tese iniciam com tanta intensidade que os recursos energéticos gastos durante certo período depois do trabalho carga alcan çam um nível mais alto do que o inicial Esse estado é chamado pelo autor de fase de supercompensação Figura 41 Con sequentemente somente depois da excita ção após o estado de trabalho da matéria viva se observa um intenso metabolismo o qual auxilia o organismo a se recuperar e autorrenovar em um nível estrutural e funcional qualitativamente mais alto A adaptação em resposta às influên cias externas essenciais à integridade do organismo e ligadas ao desenvolvimento consequente das mudanças no organismo passou a chamarse síndrome de adapta ção geral estresse e reação O desenvolvi mento do estresse e da reação de acordo com o tempo pode ser dirigido segundo a concepção clássica de G Selie em três fatores Selie 1960 a reação de alarme b fases de resistência c fases de esgotamento Na fase de alarme surgem respostas ao fator choque Com o estresse cresce a velocidade do consumo de energia e au mentam as necessidades do organismo em ATP A essência dos processos na pri meira fase do estresse e da reação consis te na intensificação do metabolismo para o crescimento da produção de energia Esses processos têm início com o sinal do sistema nervoso central sobre o início do estresse e com o crescimento da velocida de de síntese de hormônios os quais por sua vez estimulam uma série de reações químicas O resultado disso é a acelera ção dos processos de síntese dos substra tos energéticos que satisfazem as neces 74 Antonio Carlos Gomes sidades do organismo Não se consegue porém obter o equilíbrio do organismo pois isso ocorre devido ao surgimento dos grandes mecanismos consumidores de energia de adaptação imediata Se a ação do fator de estresse não diminui verifica se o esgotamento paulatino dos recursos de adaptação imediata e surge a reação defensiva do organismo percebida sub jetivamente pelo indivíduo como fadiga uma forte fadiga ligada a mudanças subs tanciais na condição do organismo impe dindo de continuar o contato com o agen te estressante Mais adiante se a ação do estresse repetese sistematicamente o processo de adaptação entra na fase de resistência O tempo de obtenção dessa fase é de semanas ou meses e depende da re ceptividade do organismo e da intensida de dos fatores de estresse em ação A es sência da fase de resistência consiste na substituição dos mecanismos urgentes de adaptação do organismo pelas mudanças estruturais e funcionais a longo prazo o que permite satisfazer as necessidades de energia De acordo com os requisitos apresentados ocorre não só a mobiliza ção dos recursos energéticos e plásticos estruturais do organismo mas também a redistribuição desses recursos para o sis tema dominante do organismo respon sável pela adaptação A adaptação a longo prazo do orga nismo do atleta ao processo de treina mento pode ocorrer de várias formas Meerson 1986 Meerson Pshennikova 1988 Platonov 1988 1 acúmulo de elementos estruturais dos órgãos e dos tecidos que asseguram o crescimento de suas reservas funcio nais tais como o aumento do volume de massa muscular o crescimento do consumo máximo de oxigênio etc 2 aperfeiçoamento da estrutura coorde nadora dos movimentos 3 aperfeiçoamento dos mecanismos re guladores que asseguram a atividade de diversos componentes do sistema funcional do organismo 4 adaptação psicológica às particulari dades da atividade competitiva aos meios de influência de treinamento e às condições do treinamento em com petição A obtenção da fase de resistência às cargas específicas constitui o objetivo principal do processo de treinamento sendo seu índice integral a elevação do nível dos resultados desportivos Se a ação de estresse for prolongada ou as exigências em relação às possibili dades de adaptação do organismo forem extremamente altas pode aparecer a ter ceira fase que é o esgotamento A manu tenção da produção elevada de energia que surge na fase anterior exige gasto maior de proteína mas a velocidade de sua síntese é lenta em relação às neces sidades Assim verificase sua deficiência crônica As estruturas das células que não têm substituição dos elementos intracelu lares utilizados modificamse As células após as mudanças perdem a capacidade de funcionar em regime normal e surge o estado conhecido como patológico O processo de adaptação pode ser in terrompido nessa fase a ação do estresse é afrouxada ou cessa Se no entanto nas fases anteriores for possível o retorno do organismo ao estado inicial na fase de es gotamento mesmo o desaparecimento do estresse deixará mudanças irreversíveis nas estruturas celulares É por isso que no processo de treinamento não se deve atingir a fase de esgotamento Do ponto de vista biológico convém ver o treino desportivo como um processo de direção das adaptações do organismo do atleta habitualmente conhecido como carga São as causas que provocam as al 75 Treinamento desportivo terações de adaptação no organismo do desportista No processo de preparação os exercícios físicos são o principal fator específico que caracteriza a carga De acordo com a classificação dos exercícios físicos convém distinguir a carga de treinamento condicionada pela influência sobre o organismo dos diver sos tipos de exercícios preparatórios e a carga competitiva condicionada pela exe cução do próprio exercício competitivo Juntamente com isso devese levar em consideração que a carga é determinada também por toda uma série de fatores concomitantes à execução dos exercícios físicos fatores psicológicos condições ambientais etc os quais também devem ser considerados como componentes da carga As alterações que ocorrem no orga nismo como consequência da carga são conhecidas como efeitos do treinamento EFEiTOS DE TrEiNAMENTO A influência da carga sobre o organis mo não se restringe ao tempo de execução do exercício de treinamento mas abrange também o período de descanso após o tra balho O efeito de treinamento atingido como resultado da aplicação da carga não permanece constante pelos seus parâme tros mas se altera em função da continui dade do descanso entre as influências e o acúmulo de efeitos de novas cargas No entanto destacamse os seguintes tipos de efeitos de treinamento Figura 42 FiGurA 42 Tipos de efeitos de treinamento zakharov Gomes 1992 76 Antonio Carlos Gomes Efeito imediato de treinamento Caracteriza as alterações que ocor rem no organismo do atleta imediatamen te no período da execução do exercício ou na sua conclusão As mudanças funcionais no organismo ocorrem de acordo com o mecanismo de adaptação imediata e o de senvolvimento dos processos de fadiga Efeito posterior de treinamento É o que caracteriza as alterações no organismo do atleta no período de recu peração até o próximo treinamento As alterações funcionais no organismo ocor rem de acordo com as leis naturais dos processos de recuperação Efeito somatório de treinamento É o resultado da soma dos efeitos de várias cargas de treinamento As altera ções funcionais no organismo são deter minadas pelas condições de interação dos efeitos das cargas aplicadas Efeito acumulativo a longo prazo de treinamento É o resultado da junção dos efeitos de alguns ciclos de influências e caracteri zase pelas consideráveis reestruturações de adaptação a longo prazo dos sistemas funcionais A eficiência do processo de treina mento está condicionada pela compre ensão da essência da relação carga efeito de treinamen to O saber dirigir o processo de treinamento está relacionado com o saber obter o necessário efeito de treinamento por intermédio da seleção e da complexidade das respectivas cargas A complexidade desse problema explica se por um grande número de variáveis e pela multiformidade de fatores extre mamente complexos que determinam as relações consequentes da carga e de seu efeito Uma vez que as cargas dos atletas são muito diversificadas surge a necessi dade de destacar seus principais indícios Dentre os indícios essenciais da carga te mos o caráter especializado o dirigido a grandeza a complexidade psicológica e coordenativa Godik 1980 CArGA DE TrEiNAMENTO E SEuS ASPECTOS DETErMiNANTES Para selecionar uma ótima carga de trabalho devese levar em consideração alguns aspectos que serão discutidos a seguir Figura 43 Conteúdo da carga A carga pode ser determinada por dois aspectos do treinamento o primeiro é o nível de especificidade e o segundo é o potencial de treinamento a Nível de especificidade ocorre pela maior ou menor similaridade ao exer cício competitivo Isso permite englo bar os exercícios em dois grupos os de preparação especial e os de preparação geral b Potencial de treinamento definese como a forma em que a carga estimu la a condição do atleta O potencial de treinamento dos exercícios reduzse com o crescimento da capacidade de rendimento por isso surge a necessi dade de variar os exercícios e usase a intensidade para seguir alcançando implementos em seu rendimento Os exercícios utilizados devem ser au mentados gradativamente observan do a consequência lógica de forma 77 Treinamento desportivo FiGurA 43 índices e critérios da carga de treinamento verkhoshanski 1990 que os utilizados em primeiro lugar devem criar as condições favoráveis para aqueles utilizados posteriormente Viru 1995 Volume da carga É determinado pelo aspecto quanti tativo do estímulo utilizado no processo de treinamento Nesse aspecto a carga distinguese da seguinte forma Gomes Filho 1991 a magnitude da carga b intensidade da carga c duração da carga a Magnitude do volume e da carga Tratase da medida quantitativa glo bal das cargas de treinamento de diferen tes orientações funcionais que se desen volvem em uma sessão em um microciclo em um mesociclo ou em um macrociclo A magnitude é determinada pelo nível de treinamento do atleta e pelo momento da preparação a que se pretende chegar Mas nem sempre se cumpre o maior volume de trabalho correspondente para o rendi mento É certo que durante as primeiras etapas da vida desportiva o aumento do volume vai auxiliar na melhora do ren dimento porém uma vez que se chega ao alto nível nem sempre há correspon dência entre o incremento do volume e a melhora do resultado e muitas vezes o aumento exagerado do volume pode di minuir a capacidade de rendimento do atleta b Intensidade da carga A intensidade da carga trata do seu aspecto qualitativo Assim como o que ocorreria com a magnitude a intensidade está relacionada com o nível do desportis ta e evidentemente ao momento em que ele se encontra na temporada Definese intensidade como a força de estímulo que manifesta o desportista durante o esforço Grossen Starischa 1988 78 Antonio Carlos Gomes No trabalho de força uma pessoa nãotreinada deve utilizar pesos entre 30 e 40 de sua força máxima para conseguir um aumento consecutivo do rendimento Já um desportista treinado necessita tra balhar com cargas acima de 70 Alguns estudos destacam os seguintes aspectos na intensidade para o trabalho de força 1 A relação entre as repetições com que se trabalha a intensidade máxima e os resultados obtidos ou seja o aumento progressivo do número dessas repeti ções favorece a melhora dos resulta dos mas alcançados certos valores os efeitos começam a ser negativos 2 A utilização de repetições de alta in tensidade superiores a 90 não me lhora os resultados Atualmente o treinamento de halterofilismo iniciase com grandes cargas de trabalho ou seja com intensidade alta algo que também coincide com estudos de Ra mon em 1988 inclinandose por uma maior proporção de trabalho efetuado na zona de intensidade de 70 a 80 Outros tantos ocorrem nos desportos de resistência As pessoas sedentárias realizam esforços de 30 minutos com batimentos cardíacos de aproximada mente 130 bpm e produzem adapta ções no entanto os desportistas que praticam provas de fundo necessitam incrementar a velocidade de corrida e fazer grandes volumes para conseguir melhoras em sua capacidade funcional ou em seu rendimento As formas de controlar as intensidades da carga va riam de uma modalidade desportiva para outra c Duração da carga A duração da carga de treinamento é um aspecto fundamental do volume A distância percorrida e o tempo total gas to para completar toda a carga em uma sessão de treinamento devem ser conside rados também como uma carga caracte rizada pela sua duração Hoje em dia é sabido que as cargas de diferentes características apresentam limites a partir dos quais a carga não pro voca melhoras no rendimento Nesse sen tido as cargas aeróbias provocam em um mês um aumento significativo dos índi ces de rendimento aeróbio Mais adiante o incremento é mais lento até os três me ses de treinamento aproximadamente in dependentemente do volume os índices não variam substancialmente mantendo se os níveis adquiridos Já a respeito das cargas anaeróbias o ritmo de melhora da capacidade de rendimento não evolui tanto quanto a capacidade aeróbia Para conseguiremse valores máximos de capa cidade anaeróbia é necessário de três a quatro meses de trabalho precedidos por um considerável trabalho aeróbio Suslov 1976 Zatsiorski 1966 A força explosiva estabiliza o seu crescimento em três ou quatro meses po rém se no processo de treinamento as cargas de força explosiva forem aplicadas mais espaçadamente essa condição pode continuar crescendo até por volta de 10 meses A magnitude da carga segundo con sideram alguns autores é um novo fator da densidade do estímulo A densidade do estímulo está dire tamente relacionada com o esforço e com o descanso em uma unidade de trabalho dentre aquelas que se organiza no trei namento As pausas entre os estímulos descansos cumprem duas finalidades reduzir o cansaço pausas completas e permitir os processos de adaptação pau sas incompletas Essas pausas podem ser utilizadas de duas maneiras ativas ou passivas As ativas aplicadas corretamen te e em alguns casos aceleram o processo de recuperação Por exemplo depois de 79 Treinamento desportivo elevadas cargas anaeróbioláticas a ve locidade de eliminação do lactato com recuperações passivas é de 002 a 003 gramaslitro por minuto aumentando a velocidade de eliminação para 008 a 009 gramaslitro por minuto Ao realizar uma recuperação ativa de uma intensidade que corresponde de 50 a 60 do VO2 máx isso adquire uma importância especial do desporto moderno em que os atletas são submetidos a elevadas cargas de trabalho de 600 a 800 sessões de treinamento 70 a 120 competições por ano Zakharov Go mes 1992 Organização da carga Entendese por organização de car ga a sistematização no período de tempo determinado A base dessa sistematização deve ser realizada com a obtenção de um efeito acumulado de treinamento positivo de cargas de diferentes orientações Isso nos obriga a considerar dois aspectos den tro do processo organizacional a a distribuição da carga durante o tempo b a interconexão dessas cargas a Pela distribuição das cargas no tempo entendese de que forma colocamse as diferentes cargas nas partes em que tradicionalmente dividese o processo de treinamento por exem plo sessão dia microciclo mesociclo ou macrociclo Na atualidade existem duas formas de sugerir as cargas de treinamento em re lação ao tempo de trabalho as formas diluídas e as formas concentradas b A interconexão indica a relação que as cargas de diferentes orientações apre sentam entre si Uma combinação das cargas de diferentes características as segura a obtenção do efeito acumula tivo de treinamento Alguns exemplos desse efeito entre as cargas de dife rentes orientações relacionadas com o treinamento de resistência são n Positivo os exercícios de caráter aeróbio são executados depois das cargas do tipo anaeróbio alático Os exercícios de caráter aeróbio são executados depois de exercícios anaeróbio láticos de baixo volume Os exercícios de caráter anaeróbio lático são executados depois de car gas anaeróbio aláticas n Negativo os exercícios de orien tação anaeróbio alática são exe cutados depois de um trabalho de orientação anaeróbio lática Se executam exercícios de orientação anaeróbio lática depois de realizar grandes volumes do tipo aeróbio Devemos manter todos esses crité rios na hora de determinar a carga adequada de trabalho tendo como finalidade conseguir que o despor tista atinja a forma ótima de rendi mento durante o período competi tivo Powers Howley 2001 Carga especializada A especialização da carga sendo um de seus indícios reflete o grau de seme lhança da carga do exercício aplicado e da carga no exercício competitivo do atleta Todas as cargas de acordo com tal indí cio são classificadas em especializadas e nãoespecializadas Godik 1980 Para avaliar o grau de especialização devemos levar em consideração diversos critérios que refletem as características bioquími cas fisiológicas e psicológicas Quanto maior o grau de coincidência tanto mais especializada poderá ser considerada uma determinada carga As cargas especializadas asseguram o desenvolvimento predominante das ca 80 Antonio Carlos Gomes pacidades e das habilidades funcionais do organismo do atleta que determinam o nível das realizações nessa ou naquela modalidade desportiva Por essa razão o conteúdo das cargas especializadas em seu volume completo apresentase como importante característica do processo de treinamento que por sua vez determina os ritmos do crescimento e o nível dos re sultados desportivos A influência das cargas nãoespecia lizadas é extremamente importante na estratégia geral de preparação durante muitos anos Essas cargas foram a base funcional para a posterior preparação es pecializada As cargas nãoespecializadas exercem influência diversificada sobre o organismo do indivíduo permitem conse guir um aumento das possibilidades dos sistemas funcionais sem a aplicação dos meios específicos de preparação de ação forte e ampliam a base de hábitos e as capacidades motoras A violação de de terminadas proporções na correlação das cargas especializadas e nãoespecializa das em diferentes etapas de preparação de muitos anos refletese negativamente no nível dos resultados dos atletas Na determinação do grau de especiali zação de tal ou qual exercício cometemse frequentemente erros Por exemplo du rante muito tempo os arremessadores de peso utilizavam os exercícios com amortecedor de borracha como principal meio especializado de elevação das capa cidades de velocidade e de força Entre tanto pesquisas mais recentes revelaram que os exercícios com amortecedor e os movimentos competitivos reais dos arre messadores de peso são pouco parecidos em seus parâmetros dinâmicos internos embora sejam parecidos na amplitude e na trajetória do movimento Nos exercí cios com amortecedor a velocidade dimi nui na fase final ao passo que aumenta a necessidade de aplicação de maiores capacidades de força Mas no exercício competitivo tudo ocorre ao contrário Por conseguinte a utilização de tais exer cícios nos treinos não irá desenvolver as capacidades de velocidade e de força necessárias ao arremessador de peso A mudança na escolha dos exercícios nesse caso traduziuse na brusca elevação dos resultados Semelhantes erros são ampla mente difundidos também em outras mo dalidades desportivas O exemplo apresentado mostra que na determinação do grau de especializa ção da carga não devemos orientarnos apenas no sentido do aspecto externo do movimento mas também no caráter da estrutura coordenativa do funcionamento dos músculos no abastecimento energéti co do exercício nas reações vegetativas etc Juntamente com isso não se deve esquecer que atualmente nem sempre é possível definir com precisão o valor quantitativo do grau de especialização de qualquer meio de treinamento Se nas modalidades cíclicas essa ta refa pode de certo modo ser resolvida nas modalidades desportivas de coorde nação complexa surgem sérias dificulda des O caminho mais eficiente pode ser a ordenação parcial dos exercícios por um especialista que defina o grau de especia lização deles Em diferentes modalidades despor tivas o coeficiente de especialização da carga é definido como a relação do volu me de exercícios especializados e do vo lume total p ex o volume da carga de treinamento 500 horas o volume de exercícios especializados 300 horas O coeficiente será de 60 Controlando o processo de treinamento com a ajuda desse coeficiente podese acompanhar a dinâmica de cargas especializadas em diferentes etapas de preparação Godik 1988 O nível de especialização das cargas depende do nível do atleta Sabese que a estrutura de preparação do atleta que 81 Treinamento desportivo assegura a atividade competitiva eficien te difere substancialmente em diversas etapas de aperfeiçoamento durante mui tos anos tanto entre atletas de diferentes níveis inclusive os de alto nível como entre atletas de alto nível Orientação da carga O critério pressupõe a divisão de to das as cargas de treinamento em função do seu grau de influência sobre o aperfeiço amento de diversos aspectos qualitativos de preparação dos atletas A preparação do atleta é uma noção complexa determi nada pelo desenvolvimento de diversas capacidades motoras pelo aperfeiçoa mento da técnica e da tática e pela pronti dão psicológica Diferentes cargas de trei namento exercem diferentes influên cias sobre os sistemas do organismo do atleta determinando o nível de manifestação de diversos aspectos de preparação As cargas podem ser de orientação seletiva e complexa As cargas de orien tação seletiva estão predominantemente ligadas à influência sobre um sistema fun cional que assegura o nível de manifesta ção de tal ou qual qualidade ou capaci dade As cargas de orientação complexa prevêem a garantia de trabalho de dois ou mais sistemas funcionais É necessário considerar que não se pode assegurar com os meios de treina mento desportivos a influência seletiva rígida sobre certo órgão ou sistema funcio nal Qualquer ação motora envolve no seu funcionamento os mais diversos mecanis mos reguladores e executivos A aplicação da influência seletiva das cargas porém permite provocar a máxima mobilização de alguns desses mecanismos que assegu ram uma função concreta com um grau bastante baixo de participação de outros O técnico ao dar determinadas tare fas aos componentes do exercício procu ra obter o efeito de treinamento imediato cuja soma no futuro levará às corres pondentes reestruturações de adaptação a longo prazo e à melhora do resultado desportivo A orientação da carga pode ser regulada por meio de alterações dos parâmetros do exercício Figura 44 Intensidade da carga É bastante específica e é por isso que na escolha dos critérios de intensi dade devemos levar em consideração as particularidades de diferentes modalida des desportivas Nas modalidades cíclicas de despor to é a velocidade de deslocamento do atleta que constitui o parâmetro externo de intensidade da carga Existe certa in terligação da velocidade de deslocamen to no processo de execução do exercício com a orientação do efeito de treinamen to Se a velocidade dos exercícios físicos não for alta o consumo do oxigênio du rante o trabalho satisfaz por completo as necessidades do organismo e os gas tos de energia são relativamente baixos O trabalho com tal intensidade passou a chamarse subcrítico Com o aumento da velocidade de execução do exercício vem o momen to em que a demanda de oxigênio e seu consumo tornamse iguais Isso acontece quando o consumo corrente do oxigênio pelo atleta atinge o nível de suas possi bilidades aeróbias máximas O trabalho com tal intensidade chamase crítico E finalmente a intensidade sobrecrítica condiciona a superação substancial da de manda de oxigênio em relação ao consu mo Esse trabalho ocorre com o aumento brusco dos gastos energéticos Kots Vino gradova 1981 É bastante divulgada na prática des portiva a determinação da intensidade relativa do exercício Nesse caso a velo 82 Antonio Carlos Gomes FiGurA 44 Formas de alterações dos parâmetros do exercício cidade média do atleta na distância com petitiva é tomada como índice de inten sidade absoluta Assim se o ciclista tem o resultado de cinco minutos na distância de quatro quilômetros a média será de 133 mseg A intensidade relativa é de terminada em porcentagem relativamente à absoluta Vamos supor que o mesmo ci clista tenha percorrido a distância de um quilômetro em um minuto e 20 segundos com a velocidade média de 125 mseg nesse caso a intensidade relativa da car ga será de 80 A intensidade média do treinamento apresentase como a soma da intensidade dos exercícios em separado Para a elevação da intensidade de carga existem diferentes critérios fisioló gicos os índices de frequência cardíaca e o teor de lactato no sangue Com base na medição da frequência cardíaca FC fo ram propostos muitos métodos diferentes da avaliação da intensidade Assim para determinar a intensidade relativa empre gase a seguinte fórmula 83 Treinamento desportivo n FC de repouso medese de manhã após o sono em posição deitada n FC máxima medese num teste veloer gométrico crescente em graus com o trabalho até a exaustão Exemplo um indivíduo que apresen ta uma frequência cardíaca de repouso de 50 batimentos por minuto e no teste de esforço máximo chegou a 188 batimen tos por minuto bpm trabalhando com frequência de 160 bpm estará trabalhan do em que intensidade intensidade Nessas classificações procu ram ligar diferentes índices que caracte rizam o sistema energético do trabalho o grau de alterações nos sistemas fun cionais a velocidade de deslocamento a duração do trabalho etc A nosso ver a variante mais apropriada de classifica ção é a proposta na Tabela 41 As zonas de intensidade permitemnos determinar a orientação das cargas dependendo da sua intensidade Alterando a intensida de de trabalho podese contribuir para a mobilização predominante de determina das fontes de asseguramento energético intensificar de forma diferente a atividade dos sistemas funcionais e influir sobre o aperfeiçoamento de preparação técnica do atleta Zakharov Gomes 1992 Nos jogos desportivos e nas lutas o controle de intensidade é difícil de ser re alizado pois os exercícios nessas moda lidades desportivas têm caráter variável O principal significado cabe ao controle do número de ações numa unidade de tempo e aos índices ligados à frequência cardíaca Nas modalidades desportivas de ve locidade e de força por exemplo no hal terofilismo é mais difundido o índice de peso médio dos halteres que é a relação da soma de quilos levantados e do núme ro de repetições e o índice de intensidade I 100 FC máxima FC de repouso FC da carga FC de repouso Ao utilizar o índice da FC convém considerar que ele não é correto para diagnosticar o trabalho nas condições anaeróbias Nesse último caso o índice mais objetivo será o teor de lactato no sangue Volkov 1989 Os especialistas em treinamento desportivo mais de uma vez tentaram classificar as cargas segundo as zonas de I 188 50 160 50 100 I 7971 TABELA 41 Classificação de cargas pelas zonas de intensidade Critérios Fisiológicos em de Lactato Duração máxima No zonas FC por min VO2 máx mmolL de trabalho I Aeróbia até 140 4060 até 2 Algumas horas II Aeróbia de limiar 140160 6085 até 4 Mais de 2 horas III Mista 160180 7095 46 30 min2 h aeróbiaanaeróbia 68 1030 min Iv Anaeróbia glicolítica mais de 180 9510095 815 510 min 1018 25 min 1420 e mais até 2 min v Anaeróbia alática 9590 1015 s 84 Antonio Carlos Gomes relativa é calculado em porcentagem com base na comparação do peso de halteres do dado exercício de treinamento com o peso recorde no exercício Por exemplo o atleta tem o resultado máximo no aga chamento com 150 quilos nos ombros No exercício de treinamento executou o mes mo movimento com o peso de 120 quilos Por conseguinte o índice de intensidade relativa do exercício será de 80 Nas modalidades complexas de co ordenação por exemplo na ginástica empregamse os seguintes índices para a avaliação da intensidade Godik 1988 n densidade do trabalho exprimese em porcentagem como relação do tempo líquido do trabalho nos tipos de polia tlo com o tempo geral n número de elementos em uma combi nação movimento em uma sessão de treino n relação do número de elementos de elevada complexidade e do número total de elementos Duração do exercício Está estritamente ligada à intensida de de sua realização pois os exercícios de diferentes durações são assegurados por diferentes mecanismos energéticos As sim se o trabalho é curto entre um e dois minutos com a intensidade máxima esse trabalho está sendo realizado por conta das fontes anaeróbias de energia Com a duração maior do trabalho começam a se desenrolar forçadamente os processos respiratórios ligados à formação aeróbia de energia A influência do número de repeti ções pode ser vista facilmente no exemplo do treinamento intervalado Por exem plo o atleta tinha como tarefa o exercí cio de 16 x 500 m de corrida A análise do nível do lactato no sangue durante a execução do exercício mostra que a cor rida intervalada dos primeiros tiros com a velocidade alta mobiliza primeiro as possibilidades aláticas No entanto após algumas repetições com intervalo rígido de descanso acumulase no sangue uma quantidade considerável de lactato e os esforços posteriores irão contribuir predo minantemente para a elevação das pos sibilidades anaeróbioglicolíticas Dentro de certo período de tempo o mecanismo glicolítico de síntese de ATP esgotará es sencialmente as suas possibilidades e o trabalho posterior já começará a realizar se por conta das reações aeróbias Godik 1980 Volkov 1989 Desse modo ao al terar o número de repetições podese efetuar o aperfeiçoamento tanto seletivo como complexo de certos mecanismos de asseguramento energético Duração dos intervalos de descanso As fases separadas da carga determi nam num grau substancial sua orientação Logo após o fim da execução do exercício começam a ocorrer no organismo as mu danças oriundas da atividade de diversos sistemas funcionais e antes de mais nada dos sistemas que asseguram a realização do dado exercício Todo o conjunto de mu danças nesse período pode ser entendido pela noção de recuperação O processo de recuperação tem caráter de fases Para obter determinado efeito de treinamento a duração das pausas entre certas doses de cargas deve ser planejada levando em consideração as fases de recu peração Figura 45 A primeira fase de recuperação pas sou a chamarse recuperação imediata pois abrange os primeiros minutos de descanso após o trabalho e caracterizase pelo ritmo alto de reações recuperativas ligadas à eliminação dos produtos dos processos anaeróbios que se acumulam 85 Treinamento desportivo FiGurA 45 Modificação da capacidade de trabalho e do período de recuperação durante a execução do exercício e à re posição do débito de O2 que se formou Assim a maior parte desse débito de O2 recompõese nos primeiros 2 ou 3 minu tos de recuperação A segunda fase de recuperação ou recuperação lenta pode levar muitas ho ras de descanso dependendo do caráter do exercício executado Essa fase caracte rizase pelo reforço dos processos de tro ca plástica e de restauração do equilíbrio iônico e endócrino no organismo pertur bado durante o exercício Kots Vinogra dova 1981 No período de recuperação lenta ocorre o regresso à norma dos re cursos energéticos do organismo e refor çase a síntese de estruturas de proteína destruídas durante o trabalho Convém considerar que os processos recuperati vos depois de quaisquer cargas decor rem heterocronicamente Por isso só se pode fazer ideia do fim do processo de recuperação geral após o retorno ao nível inicial antes do trabalho pelos índices que se recuperam mais lentamente e não pelos índices isolados e mesmo por alguns índices limitados Recuperamse mais rapidamente as reservas de O2 e de creatinafosfato nos músculos que participam do traba lho mais tarde as reservas glicogênicas nos músculos e no fígado e por último as reservas de gordura e as estruturas de proteína destruídas durante o trabalho Volkov 1989 A intensidade da realização dos pro cessos de recuperação e os tempos de recuperação das reservas energéticas do organismo dependem da intensidade de seu consumo durante a execução do exer cício do grau de treino do atleta das par ticularidades individuais do organismo do estado emocional do atleta e de outros fatores 86 Antonio Carlos Gomes Depois de algum tempo após a recu peração completa as reservas energéticas podem superar o nível verificado antes do trabalho Tal fenômeno é chamado de super compensação Kots Vinogradova 1981 Volkov 1989 O grau de superação do nível inicial e a duração da fase de super compensação dependem da duração total da execução do trabalho e da profundi dade de mobilização das reservas funcio nais do organismo Essa fase vem muito rapidamente depois do trabalho potente e de curta duração mas acaba também de forma rápida Nesse caso a superrecu peração das reservas intramusculares de glicogênio ocorre dentro de 3 a 4 horas de descanso e termina 12 horas após o tra balho Depois do trabalho duradouro de potência moderada a supercompensação chega dentro de 12 horas e se observa du rante 48 a 72 horas Volkov 1989 A continuação posterior do descan so leva o retorno paulatino das reservas energéticas ao nível inicial Considerando as fases de recuperação podemse desta car cinco tipos de intervalos de descanso Intervalo rígIdo de descanso Pressupõe que uma parte da carga re torna ao período de redução considerável da capacidade de trabalho que correspon de à primeira fase de recuperação O uso de tal tipo de intervalo leva ao desenvolvi mento da fadiga em progressão rápida Intervalo curto de descanso Pressupõe que uma parte da carga retorna à segunda fase do período de re cuperação quando a capacidade de tra balho ainda não se restabeleceu mas já se aproxima do nível que antecede o tra balho Embora tal intervalo de descanso leve à fadiga em progressão os ritmos de seu aumento são consideravelmente mais baixos do que no primeiro caso Isso per mite realizar um volume bastante maior de trabalho Intervalo completo de descanso ordInárIo A duração do descanso assegura no momento da carga repetida a recuperação completa ou quase completa Esse interva lo permite utilizar a carga repetida com o estado relativamente estável do atleta Intervalo supercompensatórIo Pressupõe que a duração do descan so assegure a supercompensação e antes de tudo as fontes energéticas Nesse caso é possível a manifestação da capacidade de trabalho elevada com a mesma reação de resposta do organismo Intervalo prolongado de descanso Pressupõe uma duração do descanso que supere essencialmente a duração de recuperação completa Significa o retorno ao nível inicial da capacidade de trabalho No caso de um descanso demasiadamen te prolongado poderão surgir mudanças que podem implicar a redução da capaci dade de trabalho Caráter de descanso Ainda em 1903 nas experiências do eminente fisiólogo russo Ivan Setchenov foi mostrado que a recuperação cada vez mais rápida e substancial da capacidade de trabalho não é assegurada pelo des canso passivo mas pela passagem a outro tipo de atividade pela inclusão de outros grupos de músculos que antes não esta 87 Treinamento desportivo vam envolvidos na atividade ou seja pelo descanso ativo O efeito positivo do descanso ati vo manifestase também na execução do mesmo tipo de trabalho mas com intensi dade menor Um exemplo disso é a passa gem da corrida de grande velocidade para a corrida de trote resulta em eficiente tra balho para a aceleração dos processos de recuperação do atleta Observase o efeito do descanso ativo de modo bastante ex presso durante a execução dos exercícios de potência submáxima ou máxima Nesse caso o lactato acumulado no sangue é eliminado muito mais rapida mente no processo de execução dos exer cícios de baixa potência aeróbia do que com o descanso passivo Isso se explica pelo fato de que cerca de 70 do lactato é eliminado no processo de sua oxidação nos músculos do esqueleto Kots Vino gradova 1981 Nos exercícios de coordenação com plexa e nos de intensidade máxima é preferível o caráter passivo de descanso Os exercícios de relaxamento contribuem também para a aceleração da recupera ção sendo que em uma série de casos proporcionam um efeito maior que o pró prio trabalho em ritmo lento Cargas ótimas A discussão sobre as cargas de trei namento tem contribuído em grande me dida no esclarecimento de sua influên cia formativa Ainda existe uma série de problemas relacionados a esse tema por falta de estudos práticos e científicoexpe rimentais que sejam convincentes Dessa forma um grande número de especialis tas afirma que no desporto moderno só é possível atingir altos resultados com a aplicação de cargas máximas sistematica mente no processo de treinamento Essa concepção tem base na conhecida lei bio lógica da força de estímulo quer dizer a reação ou resposta do organismo é pro porcional à carga física Nesse caso é im portante verificarmos até que ponto esse processo se destaca na teoria e na meto dologia do treinamento com base na ideia exposta anteriormente Há muitos anos é sabido que para manter uma determinada forma funcio nal é necessário certo nível de carga físi ca Quando a carga é realizada exagerada mente acima do nível crítico a capacidade funcional a forma física do organismo diminui É natural que quanto mais alto for o nível de estado de treinamento tan to mais alto será o limite inferior de sua manutenção Quando a carga física aumenta pro gressivamente ocorrem simultaneamen te modificações funcionais nitidamente manifestadas Esse fenômeno ocorre com base em duas questões n É linear o vínculo entre carga física externa e seu efeito construtivo n Podem aumentar de forma ilimitada as trocas adaptativas positivas do orga nismo Sobre a primeira questão existem es tudos suficientes que afirmam que com o aumento das cargas físicas as modifi cações funcionais positivas ocorrem com rapidez Mas a manutenção dessas cargas depois de um tempo já não é suficiente para produzir melhoras Em outros ter mos verificase que existe um limite in dividual de adaptação em que o ritmo de crescimento das funções condutoras pau latinamente diminui com a manutenção da mesma carga de treinamento As tenta tivas na prática de aplicação de cargas ex tremas provocam uma reação negativa na adaptação Como consequência o proces so adaptativo é uma função nãolinear da carga física A Figura 46 demonstra onde a dependência doseefeito é ilustrada 88 Antonio Carlos Gomes FiGurA 46 Fases básicas da dependência doseefeito no processo de treinamento volkov 1986 por uma curva Volkov 1986 Esta apon ta cinco tipos básicos de interconexões entre a magnitude da carga e o incremen to das respectivas funções do organismo Sendo assim na fase inicial do processo adaptativo fragmento1 a dependência entre estímulo e efeito é exponencial Na sequência o nível de aplicação da carga cresce de forma linear demonstrando que o nível de adaptação ainda não foi alcan çado e a carga pode ir aumentando sem perigo para o organismo fragmento 2 Com a aproximação às cargas máximas a dependência doseefeito diminui frag mento 3 o que sugere uma preocupação com o crescimento da carga pelo perigo de entrar no estado de sobretreinamento e fracassar o processo adaptativo Nesse caso é necessário uma maior prudência no intervalo das cargas limites fragmen to 4 onde a dependência já descrita ad quire caráter parabólico Nesse nível de carga zona as mo dificações funcionais positivas se definem e se a carga continua crescendo o efeito alcançado diminui bruscamente frag mento 5 A diminuição dos ritmos de carga pro picia o aparecimento dos processos adap tativos aumenta o estado de trei namento assim como outros fatores que auxiliam nos processos de recuperação como o nutricional o fisioterapêutico o medicamentoso etc Estudos científicos e a prática desportiva nos últimos anos têm mostrado que um controle eficiente da re cuperação rápida do organismo depois de cargas extremas se faz necessário pois a continuidade destas pode provocar danos irreparáveis no organismo do atleta 89 Treinamento desportivo FiGurA 47 valores e faixaslimite da carga segundo Milanovich 1997 Uma observação importante é que cada organismo reage diferentemente à mesma carga Os estudos apontam três ti pos de carga que se caracterizam duran te o treinamento desportivo sendo elas as cargas positivas crescente quando a dose realiza uma nova influência no orga nismo do atleta as cargas neutras sem trocas quando a dose é realizada em nível médio ou baixo não estimulando o organismo a uma nova adaptação e sim se tratando de uma carga de manutenção do estado adquirido e as cargas negativas descendente quando a dose é realiza da fora de uma carga débil ou demasia damente forte o que conduz a um efeito negativo No primeiro caso débil está relacionada com a perda de adaptações ganhas e no segundo caso muito forte pode levar o organismo do atleta ao esta do de sobretreinamento Para a teoria e metodologia do trei namento desportivo é interessante so mente o primeiro tipo de carga quando a influência é positiva crescente Assim quando visualizamos a carga do ponto de vista pedagógico ela se divide em máxima 90100 submáxima 7590 média 6075 moderada 4560 baixa 3045 e insignificante até 30 e cada um desses estímulos apresenta suas características específicas Na prática des portiva deve ser dada uma atenção espe cial a cada um deles Figura 47 SiSTEMA DE TrEiNAMENTO E PrEPArAÇÃO FÍSiCA A preparação física é um compo nente do sistema de treinamento do des portista e tem como objetivo propiciar o bom desenvolvimento e aperfeiçoamento em um nível máximo ótimo para o de sempenho na modalidade específica Para uma melhor compreensão é necessário definir o termo capacidade física como um sistema que constitui o ponto inicial para uma análise filosófica da categoria capa cidade O estudo dos sistemas está relaciona do antes de tudo com o esclarecimento dos elementos que os compõem e de sua interligação Se analisarmos o organismo como um sistema geral é possível desta car muitos elementos como estruturas morfológicas órgãos etc os quais ficam de certa forma interligados e ordenados Qualquer que seja a tarefa funcional que o organismo deva desempenhar ela ocor re graças à interação existente entre seus elementos essa interação não é livre mas determinada pela função que o organismo realiza o que permite destacar o sistema funcional como uma forma de autoorga nização que permite reunir seletivamente diferentes órgãos e sistemas do organis mo humano visando à obtenção do resul tado O organismo ao interagir com o meio ambiente responde internamente com diferentes capacidades proprieda des O organismo humano possui uma variedade de capacidades uma vez que em diferentes condições de contato com o meio ambiente revela diversas capacida des funcionais Dessa forma essas capaci dades do homem podem se definir como o conjunto de propriedades do organismo que se apresentam no processo de sua interação com o meio ambiente Nesse caso podem distinguirse na história do homem algumas propriedades comuns do organismo que permitem com sucesso determinado tipo e solicitação de tarefa motora Assim sendo podemos destacar cinco tipos de capacidades funcionais reunidas pela noção conhecida como ca pacidades físicas n resistência n força n velocidade n flexibilidade e n coordenação Ao estudar as capacidades físicas normalmente os autores procedem de for 5 TREINAMENTO E APERFEIçOAMENTO DAS CAPACIDADE FíSICAS 92 Antonio Carlos Gomes ma didática analisandoas isoladamente É importante salientar que essas capaci dades por mais que apresentem seus li mites convencionais não se desenvolvem ou se aperfeiçoam separadamente mas mantêm entre si e com outras proprie dades do organismo humano certas rela ções e ligações Esse enfoque na prática se justifica pois permite ao técnico fazer uma ideia inicial da estrutura de prepara ção do atleta e definir os caminhos de seu aperfeiçoamento A seleção dos meios de treinamento e dos métodos de preparação física deve ser determinada pelas exigências do siste ma de preparação a longo prazo muitos anos da modalidade desportiva e pelo ní vel do desenvolvimento individual das ca pacidades fisiológicas do desportista Den tro desse panorama podemse distinguir dois níveis de objetivos para a preparação física O primeiro tem como tarefa propi ciar o desenvolvimento multilateral geral das capacidades físicas o qual se funda menta na ideia do desenvolvimento har monioso do homem e no sentido da cria ção de uma base para o aperfeiçoamento na modalidade desportiva praticada Para atingir esse objetivo fazse a opção da preparação física geral O segundo nível de objetivos da preparação física está re lacionado com as exigências máximas em relação ao desenvolvimento das capacida des físicas destacando assim a especifi cidade do gênero da atividade desportiva Nesse caso utilizase a preparação física especial manifestada nas diversas capaci dades Figura 51 FiGurA 51 Manifestações das capacidades físicas 93 Treinamento desportivo Treinamento e aperfeiçoamento da resistência A resistência pode ser definida como um trabalho psicofísico prolongado man tendo os parâmetros musculares de dado movimento A realização de qualquer ati vidade exige diferentes gastos de energia o que pode ser ilustrado por uma corrida de maratona ou mesmo por uma ativida de moderada e que se prolonga algumas horas no diaadia das pessoas comuns ou mesmo de atletas A fonte direta de ener gia para a contração muscular é o adeno sina trifosfato ATP Para que os filamen tos musculares possam trabalhar durante muito tempo é necessária a recuperação ressíntese permanente do ATP A ressín tese do ATP ocorre em consequência de reações bioquímicas com base em três mecanismos energéticos n Mecanismo aeróbio ocorre por con ta da oxidação ou seja com a parti cipação direta de O2 de hidratos de carbono e de gorduras disponíveis no organismo n Mecanismo anaeróbio láctico glico lítico ocorre a dissociação anaeróbia sem ou com pouca participação de O2 do glicogênio com a formação do lactato n Mecanismo anaeróbio alático está li gado à utilização dos fosfogênios pre sentes nos músculos em atividade prin cipalmente do fosfato de creatina CrF Cada mecanismo referido acima pode ser caracterizado com a ajuda dos critérios bioquímicos de potência capaci dade e eficiência Viru Kyrgue 1983 Os critérios de potência refletem a velocidade de liberação da energia nos processos me tabólicos Os critérios de capacidade re fletem as dimensões das fontes de energia acessíveis para serem usadas ou o volume total de mudanças metabólicas no orga nismo ocorridas durante o exercício Os critérios de eficiência determinam em que medida a energia liberada nos processos metabólicos é utilizada para a realização do trabalho específico Na sequência de forma muito breve discorreremos sobre os principais mecanismos de sistema de energia O mecanismo fosfogênico anaeró bio alático possui maior potência e per mite assegurar a energia aos músculos em atividade já nos primeiros segundos do trabalho É por isso que desempenha um importante papel no asseguramento energético de exercícios de curta duração potência máxima A capacidade do sis tema fosfogênico é limitada pelas reservas de ATP e CP nos músculos e devido a esse fato é capaz de sustentar o trabalho com a potência máxima apenas durante 6 a 10 segundos sendo que aos 30 segundos as reservas de CP praticamente se esgotam e não contribuem para a ressíntese do ATP Leninger 1985 A glicólise anaeróbia atinge a potên cia máxima depois de aproximadamente 30 a 45 segundos após o início do traba lho A potência do mecanismo anaeróbio glicolítico é menor do que a do fosfogê nio no entanto graças à sua capacida de energética mais substancial esse me canismo constitui a principal fonte para manter o trabalho com a duração máxima de 30 segundos até 2 a 5 minutos Sua ca pacidade é limitada principalmente pela concentração de lactato no sangue uma vez que durante o trabalho muscular nas condições anaeróbias não ocorre o esgo tamento completo de glicogênio nos mús culos em atividade Os processos aeróbios são as prin cipais fontes de formação de energia du rante a realização do trabalho prolonga do cuja duração poderá ser de algumas horas O desenvolvimento dos processos aeróbios ocorre gradualmente podendo atingir o valor máximo nunca antes da 94 Antonio Carlos Gomes faixa de 2 a 5 minutos após o início do trabalho O metabolismo oxidante não é capaz de garantir por completo as neces sidades de energia do organismo durante a realização do trabalho de grande potên cia mas sua capacidade energética supera consideravelmente outras fontes energéti cas graças às grandes reservas de hidra tos de carbono e gorduras no organismo A capacidade de resistir à fadiga du rante um tempo prolongado no trabalho aeróbio é determinada pela quantidade máxima de consumo do oxigênio VO2 máx que durante o trabalho muscular pode ser absorvido do ar inspirado trans portado para os músculos em atividade e utilizado nos processos de oxidação A correlação entre os substratos energéti cos oxidados depende da intensidade do trabalho em porcentagem do VO2 máx Na realização do trabalho com intensi dade menor que 50 a 60 do VO2 máx e de duração até algumas horas a parte substancial da energia é formada graças à oxidação de gorduras lipólise Durante o trabalho com a intensidade superior em média a 60 do VO2 máx os hidratos de carbono constituem a fonte predominante de energia O papel de cada um dos mecanismos de asseguramento energético se altera em função das exigências apresentadas ao or ganismo do atleta durante o processo de treinamento Ao apontar a contribuição predominante de diversas fontes para a manutenção energética destacamse três tipos de resistência aeróbia anaeróbia glicolítica lática e anaeróbia alática Em diversos tipos de situações des tacando a ligação entre formas diferentes de manifestação das capacidades físicas e sua especificidade na estrutura de pre paração do desportista distinguemse a resistência de força a resistência de veloci dade a resistência de coordenação e alguns outros tipos No entanto uma vez que em qualquer caso o caráter de asseguramen to energético constitui o fator decisivo de influência na duração da realização do trabalho muscular parecenos racional examinar as particularidades da metodo logia do treinamento da resistência con siderando em primeiro lugar o mecanis mo de manutenção energética O grande problema enfrentado pelo treinador ao selecionar os meios para o treinamento da resistência está na deter minação dos níveis de intensidade e no tempo de duração do exercício o qual é necessário para uma influência orientada sobre os sistemas funcionais determinan tes do nível de revelação da resistência Diversas opiniões são apresentadas pelos especialistas no que se refere aos fatores que limitam a resistência É difícil concordar com os especialistas que desta cam somente um fator como a causa li mitadora do nível de resistência e selecio nam apenas um dos meios de treinamento para seu aperfeiçoamento A melhora da resistência como aliás de outras capa cidades físicas está ligada não somente à elevação das possibilidades funcionais de certos órgãos ou sistemas mas também de todo um complexo de mudanças inter ligadas no organismo humano Acompanhando o raciocínio acima as cargas de treinamento subdividemse em várias zonas de intensidade A princí pio o direcionamento mais difundido é a classificação em primeiro lugar pelo VO2 máx depois pelo limiar anaeróbio e mais tarde pelo limiar aeróbio Kots Vinogra dova 1981 O controle da intensidade de trabalho deve ser realizado na prática segundo os dados da frequência cardíaca e da concentração de lactato Entretanto devido ao fato de a reação da frequência cardíaca à carga ser bastante individuali zada e além disso de a frequência car díaca nos exercícios de caráter anaeróbio nem sempre permitir a definição precisa da intensidade de carga o índice mais in formativo é a concentração de lactato no 95 Treinamento desportivo sangue Considerando a dependência en tre a intensidade de cargas e a concentra ção de lactato podemse distinguir cinco zonas de intensidade de cargas Quadro 41 Capítulo 4 O processo de aperfei çoamento da resistência tem relação com a mobilização das capacidades funcionais do organismo nas condições em que o desportista deve continuar a realizar a atividade motora apesar da fadiga cres cente A duração do exercício o número de repetições e a duração dos intervalos de recuperação entre os diferentes exer cícios devem porém ser selecionados de acordo com os mecanismos de fadiga que determinam a orientação do efeito de treinamento Para aperfeiçoar a capacidade de resistência podem ser utilizados os exer cícios mais diversificados por sua forma desde que apresentem condições que permitam garantir o efeito necessário de treino Os exercícios cíclicos são os meios mais propagados na literatura do treina mento com vários tipos de resistência a corrida a natacão o ciclismo o remo a canoagem o esqui etc entretanto para a solução das tarefas relacionadas com o treinamento dos tipos específicos de re sistência podem ser utilizados quaisquer exercícios que se executem com as repeti ções múltiplas interligadas Por exemplo no treinamento de lutadores utilizamse para o treinamento da resistência as sé ries de lançamento dos manequins nas lu tas na ginástica empregamse os comple xos especiais de exercícios que abrangem os saltos prolongados de tramp e as repe tições múltiplas de exercícios acrobáticos entre outros Treinamento da resistência aeróbia A maioria dos estudos apresenta o treinamento da resistência aeróbia como fundamental para a maior parte das mo dalidades desportivas sem exceção pois a elevação do nível das possibilidades aeróbias do organismo forma a base fun cional necessária para o aperfeiçoamento de diversos aspectos de preparação do desportista É por isso que esse tipo de resistência é chamada frequentemente de resistência geral A melhora do nível de resistência aeróbia deve se realizar com atenção às exigências de cada modalidade desportiva Esse tipo de resistência é de grande valia para as modalidades cíclicas em que o resultado competitivo depende das capacidade aeróbias do atleta Nas diversas outras modalidades como a de coordenação complexa de ve locidade de força etc a resistência ae róbia manifestase de forma indireta em particular nos processos de recuperação entre os exercícios e no aumento funda mentado no volume total das cargas nas sessões e nos ciclos de treino Nesse sen tido os exercícios que visam ao aumento das capacidades aeróbias do desportista devem ser realizados apenas num volu me que garanta as premissas funcionais para a eficiência do trabalho específico O abuso no volume de cargas de orien tação aeróbia pode provocar mudanças no organismo do atleta que dificultam o crescimento das capacidades de velocida de e coordenação e da excelência técnico tática A metodologia do treinamento da resistência aeróbia representa a combi nação equilibrada dos exercícios nos re gimes aeróbios e anaeróbios É muito im portante o método de realização contínuo e permanente dos exercícios aeróbios A aplicação dessas cargas durante um perí odo prolongado de tempo garante as mu danças favoráveis e estáveis de adaptação a todos os níveis do organismo do homem e cria o estado de aperfeiçoamento das capacidades do sistema de respiração e do sistema cardiovascular Com o aumen to do volume do sangue em circulação no organismo alterase sua composição 96 Antonio Carlos Gomes ocorre a elevação da intensidade da cor rente sanguínea e sua redistribuição entre os músculos e órgãos ativos e nãoativos crescem as possibilidades de assimilação do oxigênio nos músculos etc Não há necessidade de explorar detalhadamente todos os fatores fisiológicos relacionados com o aumento das possibilidades aeró bias do organismo humano pois estes já foram objeto de análise detalhada em literatura especial dedicada a esse tema Howald 1982 No sistema de treinamento da re sistência é considerada mais eficiente a execução dos exercícios no nível do limiar anaeróbio lactato 34 mMolL O esta do do organismo que corresponde a essa intensidade da carga passou a se chamar crítico ou estado estável máximo Nessa in tensidade de trabalho é possível manter a atividade durante um tempo prolongado e o nível dos índices dos sistemas funcio nais do organismo relativamente estável VO2 FC pH etc Entre os iniciantes o estado estável máximo pode ser verifica do durante 15 a 30 minutos com inten sidade de exercício em 40 a 50 do VO2 máx sendo que nos atletas de alto ren dimento especializados nas modalidades cíclicas esse índice já é de 1 a 2 horas com intensidade de 80 a 85 de VO2 máx A frequência de contrações cardíacas que corresponde ao limiar anaeróbio pode va riar numa ampla faixa dependendo das reações individuais do organismo do atle ta e da etapa de preparação Assim nos atletas de alto nível a frequência cardí aca no nível do limiar anaeróbio pode constituir na etapa inicial do período pre paratório 150 a 160 bpm ao passo que no estado de prontidão superior 175 a 185 bpm Suslov 1987 Os treinamentos realizados no nível do limiar anaeróbio são considerados como base de prepara ção dos desportistas de alto rendimento principalmente nas modalidades de ações motoras cíclicas Essas cargas constituem em algumas modalidades mais de 50 do volume total anual Com a melhora do estado de trei namento do desportista ocorre também paulatinamente a elevação da intensida de absoluta dos exercícios a qual o atleta é capaz de manter no nível do limiar ana eróbio p ex a velocidade da corrida A intensidade e a duração de realização do trabalho no limiar anaeróbio é o critério mais informativo do nível de resistência aeróbia do desportista Howald 1982 A prática dos exercícios aeróbios re alizados com intensidade inferior a 70 do nível do limiar anaeróbio e com dura ção de 1 a 15 horas embora úteis como meio de atividade física recreativa não ga rantem um bom efeito de treinamento ao desportista de alto rendimento É por isso que durante os treinamentos essas cargas são utilizadas principalmente como meios auxiliares para auxiliar na recuperação Os exercícios aeróbios de longa du ração quando utilizados caracterizam na prática uma economia no aproveita mento do potencial energético do orga nismo Isso tem relação com a elevação das possibilidades do organismo em uti lizar as gorduras como fonte de energia Costill 1984 O crescimento da parcela de oxidação das gorduras aumenta con sideravelmente a potência energética do sistema aeróbio do organismo A utiliza ção das gorduras como fonte energética é objeto de atenção na preparação e no trei namento das mulheres De acordo com a opinião de alguns especialistas as mu lheres não somente dispõem de reservas substanciais de tecido adiposo no organis mo mas também são capazes de passar com maior facilidade do que os homens a utilizar as fontes energéticas de gordu ra Sologub 1987 Essa particularidade do organismo feminino tem relação com alguns prognósticos feitos por especialis 97 Treinamento desportivo tas no estabelecimento dos recordes nas distâncias superlongas Para aperfeiçoar as capacidades de utilização das gorduras é necessário rea lizar regularmente exercícios prolongados durante algumas horas com intensidade não superior ao nível do limiar anaeróbio do atleta lactato 4 mMolL O trabalho com uma intensidade que produza a con centração do lactato no sangue bloqueia o metabolismo de gordura adiposo e o asseguramento energético segue o ca minho de aproveitamento de hidratos de carbono Quanto maior o nível de resis tência dos atletas maior o grau de apro ximação que se verifica nas interrelações recíprocas de hidrato de carbonogordu ras no metabolismo Viru Iurimiae Smir nova 1988 Embora o método do exercício con tínuo permanente constitua o fundamen to do treinamento de resistência aeróbia este não deve se limitar exclusivamente à sua aplicação Devemos salientar que são mais eficientes os métodos contínu os variáveis e os métodos intervalados construídos com base nos exercícios dos regimes misto aeróbiosanaeróbios e os anaeróbios Desse modo se o treinador tem como objetivo melhorar as capacida des do atleta em realizar o trabalho com intensidade superior ao limiar anaeróbio pode ser racional a utilização do método de exercício contínuo variável conhecido e divulgado pela literatura mais antiga como fartlek A duração das fases inten sivas do exercício nesse caso deve ser selecionada conforme as capacidades do atleta em manter determinado nível de consumo de oxigênio Aplicando porém o método de exercício contínuo é muito difícil garantir a dose necessária de in fluências de treino no nível de consumo máximo de oxigênio a um estado mais elevado Os desportistas mesmo os bem treinados não são capazes de manter por mais de 20 a 30 minutos a intensidade de 90 a 95 do VO2 máx isso significa que só podem trabalhar 6 a 10 minutos no nível próximo do consumo máximo de oxigênio O método de treinamento inter valado oferece melhores possibilidades na criação das influências de treinamento que visam ao aumento das possibilidades de o atleta trabalhar no nível do VO2 máx Sabese que um dos principais fatores li mitadores do VO2 máx são as capacidades funcionais do sistema cardiovascular e em particular as capacidades do coração Saltin 1985 O consumo máximo de oxi gênio depende diretamente das grandezas máximas do volume corrente de sangue por minuto a quantidade de sangue que o coração pode injetar na aorta por minu to Por sua vez as diferenças individuais nesse volume por minuto dependem das dimensões das cavidades do coração di latação e das propriedades de contração do músculo cardíaco miocárdio As ca pacidades funcionais do coração podem ser substancialmente aumentadas apli candose o método intervalado de treinos cuja variante foi proposta ainda nos anos 1950 por H Reindeli e W Gerschler Na base desse método está a particularidade funcional do coração segundo a qual no início do intervalo de repouso o volume de choque do coração fica durante algum tempo em nível máximo dependendo da velocidade de redistribuição do déficit de oxigênio Assim sendo no início do perío do de repouso o coração sofre a influên cia de treinamento específico que não difere essencialmente da influência verifi cada durante a atividade muscular ativa O principal fator fisiológico que exerce influência de treinamento imediato sobre o coração é o volume de choque do san gue Esse volume tem seu máximo com frequên cia cardíaca FC de cerca de 120 bpm e se mantém nesse nível na execução do exercício com a FC até 175185 bpm O 98 Antonio Carlos Gomes aumento mais significativo da FC dificul ta o enchimento completo das cavidades do coração devido à fase muito curta de diás tole Por conseguinte ao determinar a intensidade da carga que visa ao aumen to das capacidades funcionais do coração antes de tudo o aumento do volume de suas cavidades convém orientarse pelo índice da FC que não deve superar 175 a 185 bpm no fim da fase ativa do exercício nem ser menor que 120 bpm no fim da pausa de descanso A duração da fase ati va do exercício p ex o tempo de corri da de uma distância é habitualmente de 1 a 2 minutos O intervalo de repouso é determinado conforme a duração da fase ativa e da velocidade de recuperação da FC que via de regra fica na faixa de 45 a 90 segundos Em uma sessão de treino pode haver até 30 a 40 repetições As capacidades funcionais do coração dependem como já foi dito do volume de suas cavidades e da capacidade de contra ção do miocárdio Dependendo da inten sidade das cargas aplicadas pode ocorrer influência seletiva sobre diferentes pos sibilidades funcionais do coração Assim a aplicação de cargas aeróbias contribui predominantemente para a dilatação do coração mas não garante a alta força da contração do miocárdio Por isso durante um trabalho de grande intensidade o co ração sofre sobrecarga o que poderá cau sar a limitação da capacidade de trabalho A utilização dos exercícios apenas com in tensidade alta produz o efeito contrário a hipertrofia substancial das paredes do co ração adquire força maior mas não exerce influências consideráveis sobre a elevação do volume de choque Karpman Khru chev Borissova 1978 Por conseguinte apenas a combinação racional de cargas de diferentes intensidades permite obter aumento das capacidades funcionais do coração Nesse sentido ganha importân cia o método intervalado de treinamento na etapa preparatória especial Treinadores mais experientes ao selecionarem o método intervalado têm como objetivo caracterizar na prática o modelo da atividade competitiva pro curando assim assegurar o maior grau de adaptação do desportista Porém nas primeiras etapas de preparação para as competições principais o atleta não apre senta condições de modelar por completo a atividade motora especialmente orien tada p ex correr uma distância com o resultado determinado Só é possível modelar o exercício orientado fazendo algumas adaptações em particular di vidindo o exercício em partes alternadas por intervalos de repouso Segundo esse enfoque para o treinamento da resistência especial por exemplo de ciclistas que se preparam para a corrida de 100 km por equipe a distância é dividida em percur sos p ex de 4 x 25 km com intervalo de descanso sob a forma de corrida lenta du rante 10 minutos Cada um dos percursos é superado com a velocidade competitiva média predeterminada Passo a passo de um treino a outro o grau de semelhança entre o exercício de treino e o competitivo orientado se aproxima graças ao aumento dos percursos de distância p ex 3 x 33 km 2 x 50 km e à diminuição dos inter valos de descanso O método intervalado na modelagem do exercício competitivo orientado apresenta numerosas varian tes que refletem a capacidade criativa dos treinadores em diversas modalidades desportivas Uma vez que a economia do traba lho depende de certa forma da parcela do mecanismo aeróbio a elevação da ve locidade de inclusão dos sistemas funcio nais de asseguramento energético e da duração da manutenção de sua atividade em um nível alto passa a ser o objetivo das tarefas atuais do treinamento de re sistência Para cumprir a primeira tarefa utilizase o método de repetição As influ ências de treinamento nesse caso estão 99 Treinamento desportivo na ativação múltipla de inclusão do sis tema de asseguramento energético aeró bio quando o VO2 cresce rapidamente chegando próximo do máximo no início da execução do exercício A intensidade da carga deve corresponder à zona III ae róbiaanaeróbia A intensidade mais alta da carga é pouco justificada pois provoca rápido acúmulo de lactato e pressão das reações de oxidação no organismo Quan do o objetivo do treinamento visa apenas ao aperfeiçoamento do mecanismo de in clusão a duração da fase intensiva é de 2 a 3 minutos Os exercícios devem ser re petidos após o intervalo a fim de se obter descanso suficiente para a recuperação do organismo até o nível próximo do início do novo esforço Essas repetições múltiplas de contraste contribuem para a melhoria da coordenação da atividade dos sistemas funcionais do organismo que garantem a velocidade de mobilização de seu poten cial aeróbio O número de repetições de pende do nível do estado de treinamento do desportista e da velocidade de acúmu lo do lactato Dessa forma a possibilidade de manutenção do alto nível de VO2 ocor rerá em exercícios com duração de 6 a 10 minutos apesar disso a concentração de lactato não será tão significativa Treinamento da resistência anaeróbia glicolítica A concentração de lactato é o prin cipal fator limitante da capacidade de trabalho na execução dos exercícios de caráter anaeróbio glicolítico Ela leva à diminuição das propriedades de con tração dos músculos e exerce influência sobre outros sistemas do organismo do desportista Quando ocorre uma concen tração de lactato no sangue próxima do nível máximo para o nível do seu estado de treinamento as pessoas nãotreinadas apresentam o estado de fadiga Isso ocor re já com concentrações não superiores a 1012 mMolL ao passo que nos atletas especializados em modalidades que exi gem alto nível de resistência glicolítica esse índice pode superar os 30 mMolL O nível de concentração de lactato no sangue comprova a grandeza da energia que é formada como resultado da glicólise anaeróbia e da estabilidade do organismo em relação à alteração do equilíbrio áci doalcalino pH no organismo Por isso o índice do teor de lactato no sangue serve como principal critério na orientação das cargas anaeróbioglicolíticas e do nível do estado de treinamento do atleta O ritmo de execução do exercício na prática determina a quantidade e a grandeza do acúmulo de lactato Figura 52 Com o aumento da intensidade da carga até 50 a 60 do VO2 máx a con centração de lactato no sangue do atleta pouco se altera e não supera 4 mMolL sendo que entre os desportistas altamen te qualificados a concentração de lactato pode se manter também com a intensi dade do exercício em 70 a 85 do VO2 máx O efeito anaeróbioglicolítico mais expressivo é observado como resultado da aplicação de cargas com a concentração de lactato de mais de 8 mMol zona IV de intensidade Ao prescrever o tempo de duração do exercício de treino devese conside rar que a potência máxima do mecanismo anaeróbioglicolítico atinge valores má ximos nunca antes de 30 a 45 segundos após o início do trabalho com a intensi dade máxima e se mantém nesse nível durante 2 a 3 minutos Boiko 1987 Em uma série de pesquisas constatouse um teor aproximadamente igual de lactato no sangue independentemente da duração do trabalho na faixa de 1 a 7 minutos Porém se a duração do trabalho máximo aumenta até 10 minutos ou mais a con centração do lactato diminui considera velmente Gollnik Hermansen 1982 100 Antonio Carlos Gomes Quando o objetivo for o de treinar a resistência anaeróbia glicolítica podem ser utilizadas diversas variantes dos mé todos intervalado e contínuo Na utiliza ção do método intervalado aplicamse com mais frequência os exercícios com a duração da fase intensiva de 30 segundos até 3 minutos Tabela 51 Os intervalos de descanso pressupõem a realização do exercício repetido com alto déficit de oxi gênio Nesse sentido a redução das pau sas de descanso eleva o acúmulo do ácido láctico no sangue e ocorre a fadiga Se os intervalos de repouso forem correspon dentes à duração das fases de trabalho na razão de 11 ou 115 e representarem 15 a 2 minutos o número total de repe tições do exercício com a intensidade má xima diminui devido à rápida fadiga em evolução até 3 a 4 vezes Volkov 1986 Neste regime conseguese a maior velo cidade de glicólise anaeróbia nos múscu los em atividade e se verificam os índices mais altos do acúmulo máximo de ácido láctico no sangue Para consolidar o efeito do treinamento geralmente o trabalho é realizado em 3 a 4 séries com intervalos prolongados de repouso de l0 a 15 minu tos ou mais Os intervalos de descanso prolonga dos e não regulamentados permitem di minuir o nível de concentração de lactato FiGurA 5 2 Relação da concentração de lactato no sangue com a intensidade relativa do trabalho em de vO2 máx Modificada de Hermansen 1971 101 Treinamento desportivo e reproduzir em cada repetição o efeito necessário de treino O número de repe tições do exercício é limitado pela con centração do lactato Uma vez que nem sempre se pode controlar nas condições práticas o valor da carga segundo os índi ces de lactato cada desportista deve saber que sensações acompanham o estado de alta concentração de lactato no organis mo e controlar de acordo com essas sen sações o regime de cargas Ao planejar o número total de repetições convém con siderar que à medida que aumenta conti nuamente o volume de trabalho realiza do o caminho glicolítico da ressíntese de ATP vai sendo substituído paulatinamente pelo aeróbio Na realização dos exercícios em série com intervalos consideráveis de descanso entre eles isso não é verificado e o trabalho é executado predominante mente graças à glicólise anaeróbia Os atletas que apresentam alto nível de treinabilidade efetuam durante um treinamento até 30 a 40 esforços de meio minuto de duração até 20 a 30 esforços de um minuto de duração e em certos casos ainda mais do que isso Platonov 1986 Ao utilizar o método intervalado é muito importante levar em consideração que a concentração do lactato no sangue se reduz muito mais rápido se em vez do descanso passivo for realizado um traba lho físico com intensidade da ordem de 50 a 60 de VO2 máx com caráter ativo de re cuperação nesse caso a parcela de lactato utilizada pela via aeróbia aumenta pois sua parte maior sofre oxidação nos mús culos esqueléticos Deve ser realizado um trabalho leve com participação de grande volume muscular aumentando assim a velocidade de remoção do lactato Treinamento da resistência anaeróbia alática Os mecanismos fisiológicos que fun damentam a resistência anaeróbia alática são em grande parte parecidos com os que determinam o nível das capacida des de velocidade e força do atleta Por conseguinte o aperfeiçoamento dessas capacidades efetuase também em uma unidade No entanto o aumento da po tência do sistema alático apresenta uma particularidade em comparação com ou tras fontes energéticas As reservas de ATP e de CP nos músculos não são grandes e são utilizadas já nos primeiros segundos após o início do trabalho com intensidade máxima A rápida diminuição do teor de CP nos músculos em atividade é observada com as cargas superiores a 75 de VO2 máx A concentração da CP no músculo após o trabalho de curta duração pode cair quase a zero ao passo que o teor de ATP diminui até 50 a 70 do nível inicial Sob o efeito das influências regulares de treino pode ser verificado certo aumento TABELA 51 utilização do método intervalado e os parâmetros das cargas orientadas para o treinamento da resistência anaeróbio glicolítica Duração da Número de intervalo de Número total fase intensiva fases descanso entre intervalo de Número de de fases do exercício intensivas fases intensivas descanso entre séries na intensivas min na série na série min séries min sessão na sessão 3 1 812 68 2 23 23 1012 26 1015 1 36 36 1015 38 2030 05 48 48 1015 410 3040 102 Antonio Carlos Gomes FiGurA 53 Dependência da força e da velocidade de execução do exercício Legenda I zona de manifestação das capacidades de velocidade II zona de manifestação das capacidades de velocidade e força III zona de manifestação das capacidades de força 20 a 30 da concentração de fosfogê nios nos músculos em atividade e a eleva ção da atividade de fermentos que deter minam a velocidade de sua dissociação e da ressíntese O aumento da concentração das fontes anaeróbias aláticas constitui um dos fatores que permite fazer crescer a duração do trabalho de intensidade má xima Com esses objetivos o regime de influências de treinamento deve visar ao esgotamento máximo das reservas da CP nos músculos em atividade para estimular sua superrecuperação posterior O pro grama de treino é construído com base no método de exercício intervalado Levando em consideração a velocidade de consu mo das reservas da CP a duração de um exercício representa 10 a 15 segundos Alguns especialistas porém consideram que com a aplicação de tais cargas não se pode conseguir o esgotamento das re servas da CP nos músculos maior do que 50 O efeito mais considerável segun do a opinião deles é proporcionado pelos exercícios de intensidade máxima durante 60 a 90 segundos ou seja essencialmente o trabalho de caráter anaeróbioglicolítico Prampero Dilimas Sassi1980 Os intervalos de descanso entre as repetições não devem ser menores do que 2 a 3 minutos os quais propiciam uma recuperação bastante completa de fosfatos macroenergéticos gastos duran te o trabalho Figura 53 A diminuição dos intervalos de descanso com a manu 103 Treinamento desportivo tenção da mesma duração do exercício é acompanhada do rápido acúmulo de lactato e leva à ativação da glicólise Isso ocorre devido ao fato de na terceira ou quarta repetição o teor do lactato aumen tar significativamente Convém portanto realizar o treinamento com 2 a 3 séries e 3 a 6 repetições em cada uma das séries prevendose o intervalo de 5 a 8 minutos para descanso entre as séries O esgota mento das reservas de CP nos músculos em atividade manifestase na redução substancial da potência máxima do traba lho p ex a diminuição da velocidade de corrida Geralmente conseguese o refe rido estado já com 8 a 12 repetições do exercício de intensidade de 95 a l00 da máxima Esse número de repetições pode ser considerado ótimo para a maioria dos atletas Caso o número de repetições seja aumentado as influências de treino irão adquirir passo a passo a orientação anae róbioglicolítica e aeróbia Treinamento das capacidades de força A força do homem como capacida de física relacionase com a capacidade de superação da resistência externa e de ação oposta a essa resistência por meio dos esforços musculares Matveev 1991 As capacidades de força do desportista não podem reduzirse apenas às proprie dades contráteis dos músculos pois a ma nifestação direta dos esforços musculares é assegurada pela interação de diferentes sistemas funcionais do organismo mus cular vegetativo hormonal mobilização das qualidades psíquicas etc Os esforços musculares constituem a condição necessária para a realização de qualquer ação gesto motora embora o caráter de manifestação da força possa ser muito diferente Isso é verificado de maneira mais evidente na atividade des portiva Basta comparar as formas de re velação da força durante a maratona no levantamento de peso máximo no chute do futebolista ou ao observar o ginasta que fixa a posição do corpo em parada de mãos Em todos esses exemplos os des portistas revelam diversos tipos de capa cidades de força que dependem do valor do peso carga superado da velocidade de movimento e da duração do exercício O gráfico apresentado na Figura 53 mos tra que à medida que diminui o peso au menta a velocidade do movimento mas a força muscular reduzse De acordo com os estudos de teóricos do treinamento des portivo podemse distinguir os seguintes tipos de capacidades de força n Força máxima revelada pelo nível de força que o atleta é capaz de atingir em consequência da tensão muscular máxima n Capacidades de velocidade e de for ça caracterizadas pela capacidade de superar no menor tempo possível a re sistência A força de explosão repre senta a manifestação das capacidades de velocidade e de força relacionadas com o esforço único saltos lançamen tos etc n Resistência de força caracterizada pela capacidade do atleta de realizar durante um tempo prolongado os exercícios com pesos mantendo os pa râmetros do movimento O regime de contração dos músculos determina a metodologia de treinamento da capacidade de força Se a grandeza da força que o músculo desenvolve permi te superar a resistência externa o mús culo se reduz Esse regime de contração muscular chamase superação conhecido também como regime miométrico ou con cêntrico Nesse caso o movimento na ar ticulação ocorre com o aceleramento Nos casos em que o movimento ocorre com velocidade constante esse regime recebe 104 Antonio Carlos Gomes o nome de isocinético se a tensão mus cular desenvolvida não permite superar a carga externa e sob a ação dessa carga o músculo se alonga o regime é chama do de cedente pliométrico ou excêntri co Nesse caso se a carga não for muito grande o movimento na articulação ocor re com a diminuição afrouxamento da velocidade Todos os regimes em que os músculos alteram seu comprimento refe remse à forma dinâmica de manifestação das capacidades de força As condições em que os músculos desenvolvem a tensão e mantêm o com primento constante relacionamse com o regime de manutenção isométrico e referemse à forma estática de manifesta ção das capacidades de força Na prática da atividade desportiva é quase impos sível encontrar a manifestação exclusiva de um regime de tensão muscular Na execução de qualquer ação motora di nâmica alguns músculos trabalham em regime de superação e outros em regime cedente ou de manutenção Por exemplo no exercício de flexão do antebraço os músculos da superfície anterior do coto velo realizam o trabalho de superação ao passo que os extensores do ombro efe tuam o trabalho cedente É pouco pro vável que possa existir a contração pu ramente isométrica dos músculos pois nas condições da atividade desportiva não se consegue fixar absolutamente a articulação excluindo a alteracão com pleta do comprimento do músculo Dessa forma nas condições reais da atividade muscular prevalece o regime misto au xotônico ou anisotônico Aspectos neuromusculares relacionados com a manifestação das capacidades de força Antes de analisarmos as particula ridades metodológicas do treino da ca pacidade de força devemos discutir de forma breve alguns fatores que deter minam o nível de manifestação da força A compreensão do papel desses fatores define a seleção de um ou outro mé todo faz com que sua aplicação tenha caráter racional e por conseguinte seja mais eficiente Hipertrofia muscular o músculo esque lético é composto de filamentos muscu lares A força desenvolvida pelo músculo representa a soma das forças de determi nados filamentos A força máxima depen de do número de filamentos musculares que compõem o músculo e da espessu ra deles Se o número de filamentos no músculo humano é condicionado geneti camente como afirmam os especialistas ele praticamente não se altera durante o treinamento mas a espessura desses fila mentos pode aumentar substancialmente Platonov 1988 Esse aumento transver sal dos músculos é conhecido como hiper trofia muscular No desenvolvimento dos trabalhos na prática é comum distinguirse dois ti pos de hipertrofia das fibras musculares n Primeiro tipo sarcoplasmático o engrossamento da fibra verificase pela parte nãocontrátil do tecido mus cular que é o sarcoplasma Esse tipo de hipertrofia influi pouco na melhora do crescimento da força máxima mas aumenta essencialmente a capacidade para um trabalho duradouro ou seja o trabalho que exige a manifestação da resistência n Segundo tipo miofibrilar esse tipo de hipertrofia está ligado ao aumento do número e do volume de miofibrilas ou seja do próprio aparelho contrá til do tecido muscular Nesse sentido cresce principalmente a densidade da disposição das miofibrilas no tecido muscular Esse tipo de hipertrofia leva 105 Treinamento desportivo ao crescimento substancial da força máxima na prática do treinamento desportivo A hipertrofia das fibras musculares representa a combinação dos dois tipos referidos O desenvolvimento predomi nante de um ou outro tipo de hipertrofia é determinado pelo caráter das influências de treinamento Os hormônios desempenham um papel importante no ganho de massa muscular Assim os homens têm no or ganismo uma quantidade de androgênios hormônios masculinos maior do que as mulheres o que os favorece na melhora das capacidades de força Lukin 1990 Composição do tecido muscular Na composição do tecido muscular dentro do próprio músculo distinguemse dois tipos principais de fibras musculares a de contração lenta ST slow twitch e a de contração rápida FT fast twitch As fibras musculares rápidas podem ser por sua vez divididas em dois subtipos FTa e FTb Prampero Dilimas Sassi 1980 As fibras lentas ST têm uma rede rica de capilares e um elevado teor de mioglobina e frequentemente são chama das de vermelhas o que lhes permite re ceber uma grande quantidade de oxigênio no sangue e assegurar o transporte deste dentro das células musculares As fibras ST distinguemse também por apresenta rem um grande número de mitocôndrias Esses indícios morfológicos demonstram que as fibras musculares lentas são mais adaptadas para assegurar as contrações musculares relativamente pequenas pela força porém são duradouras As fibras rápidas FT têm a rede ca pilar menos desenvolvida e um número menor de mitocôndrias sendo a atividade dessas fibras ligada em maior grau à uti lização das vias energéticas anaeróbias As fibras do subtipo FTa distinguemse pela capacidade de oxidação relativamen te mais alta do que as fibras FTb e ocupam uma posição de certo modo intermediária entre as fibras ST e FTb As fibras mus culares rápidas são em geral mais adap tadas para as contrações musculares de curta duração e que exigem consideráveis manifestações força e rapidez A contração das fibras musculares ocorre em resposta ao impulso nervoso que vai pelo axônio a partir das células nervosas especiais motoneurônios O motoneurônio sua axe e as fibras mus culares inervadas por essa axe represen tam em conjunto uma unidade motora Os motoneurônios das fibras muscu lares lentas e rápidas diferem pelo limiar de excitação velocidade de impulsos e estabilidade de impulsos As unidades motoras rápidas são as de limiar mais alto e menos excitáveis A contribuição de las para a força total desenvolvida pelo músculo é grande pois cada fibra muscu lar tem mais miofribilas e é mais espessa do que as fibras musculares lentas Por conseguinte as capacidades de força do desportista dependem da correlação das fibras ST e FT nos músculos condiciona dos geneticamente Como resultado de in fluências orientadas de treinamento tornase possível a hipertrofia seletiva das fibras musculares de diferentes tipos o que por sua vez leva ao crescimento res pectivo das capacidades de força Assim a hipertrofia das fibras lentas leva ao acrés cimo da força isométrica e da resistência de força ao passo que a hipertrofia das fi bras rápidas traduzse no crescimento das capacidades de velocidade e de força Coordenação neuromuscular A execu ção do movimento caracterizase por de terminada ordem de ativação das unidades motoras no músculo e pela interação de di ferentes músculos A ordem sequência da ativação das unidades motoras e o número total das unidades envolvidas numa única 106 Antonio Carlos Gomes contração muscular são determinadas pelo mecanismo da coordenação intramuscu lar O número das unidades motoras que podem ser mobilizadas no caso de contra ções musculares de forças máximas não supera geralmente entre os homens não treinados 25 a 30 do número total sen do que entre desportistas treinados e acos tumados às cargas de força esse número pode chegar a 80 a 90 Verkhoshanski 1988 Os resultados das pesquisas mos tram que a força a ser desenvolvida pelo músculo constitui o fator que determina a quantidade e o tipo das unidades motoras recrutadas Costill 1980 Ao iniciar o trabalho as unidades motoras de contrações lentas são as pri meiras a entrar em ação Quando elas já não são capazes de desenvolver a força necessária ocorre o recrutamento das unidades motoras de contração rápida Por exemplo quando se realiza um exer cício com peso baixo num ritmo lento a maior parte do esforço é assegurada pelas fibras ST Mas com o aumento da veloci dade e da força as fibras FT envolvemse no trabalho Na necessidade de manifestar a for ça máxima incorporamse as fibras FTa Com velocidades baixas e pesos conside ráveis as fibras musculares de ambos os tipos se contraem de modo sincronizado contribuindo no conjunto para a força de tração mas à medida que aumenta a ve locidade de contração diminui cada vez mais a participação das fibras lentas que já não conseguem se contrair e a força total de tração do músculo diminui O trabalho muscular prolongado que re quer a manifestação da resistência está ligado ao envolvimento alternado de di versas unidades motoras preferencial mente lenta Quando algumas unidades se can sam entram em cena as outras Se o cará ter do trabalho não admite tal substituição mútua a manutenção da capacidade de trabalho fica ligada ao reforço de impulsos nervosos Platonov 1988 Dessa forma ao regular a carga do peso e a velocidade de execução do exercício podese efetuar a influência seletiva de treinamento sobre diferentes tipos de unidades motoras Outro indício de perfeição da coor denação neuromuscular determinante da revelação das capacidades de força é a concordância da tensão e do relaxamento dos músculos durante a execução do mo vimento coordenação intermuscular Os músculos cuja ação conjunta condiciona a possibilidade de realização de um de terminado movimento são chamados de sinergistas os outros músculos antago nistas graças a seu tono ou ação em di reção contrária ao movimento asseguram sua suavidade e protegem a articulação de um traumatismo A prática sistemática de exercícios em regime específico leva à eliminação da tensão excessiva dos músculos antago nistas na execução desses movimentos e assegura ao mesmo tempo o trabalho simultâneo dos músculos sinergistas A eliminação das perdas de força dos mús culos ligadas à sua interação ineficiente durante a execução dos movimentos leva à elevação do significado resultante da força O nível de manifestação das capaci dades de força depende também de vários outros fatores como a manutenção ener gética e das propriedades elásticas dos músculos em ação o grau de mobilização psicológica do desportista e alguns ou tros Esses fatores devem ser levados em consideração no processo do treinamento das capacidades de força Metodologia do treinamento das capacidades de força No processo de treinamento das ca pacidades de força utilizamse numero 107 Treinamento desportivo sos exercícios cuja execução requer eleva da tensão dos músculos O principal fator que estimula essa tensão é a grandeza da carga resistência ao movimento Segun do as particularidades da carga os exercí cios se dividem em 1 exercícios com carga externa 2 exercícios com o próprio peso corporal A carga externa é o que é somado ao próprio peso do corpo do atleta resistên cia criada pelo parceiro pelos aparelhos de treino pelo meio ambiente pelo peso do aparelho etc Nos exercícios com o próprio peso corporal a influência de trei namento sobre os músculos é assegurada pelo peso do próprio corpo do atleta ou da resistência criada pelos músculos an tagonistas Ao selecionar os exercícios de for ça é preciso verificar se ficarão ativos os músculos cuja força deve ser aumentada As mudanças nãosignificativas da posi ção do corpo podem alterar a atividade dos músculos A dependência entre o número limite de repetições dos exercícios e a grandeza do peso superado tem gran de importância prática para a definição dos parâmetros dos exercícios de treino com objetivo de aumentar a força Figura 54 O númerolimite das repetições pos síveis numa tentativa com o referido peso FiGurA 54 Número máximo de repetições possíveis e a grandeza da carga em do peso máximo superado no trabalho de força Matveev 1991 108 Antonio Carlos Gomes chamase repetição máxima RM Apesar das oscilações individuais ligadas à espe cificidade de preparação de força do atle ta ao grau de mobilização psicológica etc essa dependência permite definir ra pidamente a grandeza do peso adequado às tarefas de preparação de força dele As particularidades da metodologia de treinamento das capacidades de força devem ser examinadas conforme os dife rentes regimes de contração dos músculos no treinamento Treinamento da capacidade de força concêntrica Uma vez que o regime concêntrico da atividade muscular é mais característi co em diversos tipos de atividade motora do homem a ele está ligado o maior nú mero de métodos do treinamento da ca pacidade de força O treinamento da força máxima A me todologia do treinamento da força má xima apresenta a combinação de duas abordagens que a princípio se baseiam em diferentes mecanismos fisiológicos O primeiro mecanismo pressupõe a cresci mento do nível da força máxima com o aperfeiçoamento da coordenação neuro muscular O segundo tratase da elevação do nível da força máxima por meio do au mento da massa muscular hipertrofia das fibras musculares Ao comparar as duas formas possí veis de aumentar as capacidades de força do atleta deve ser destacado os elemen tos positivos e negativos relacionados com a utilização dessas formas O aper feiçoamento do mecanismo da coordena ção neuromuscular permite melhorar os índices de força em curto prazo de tempo o efeito pode ser obtido dentro de alguns treinos Essa abordagem enfoque cha ma a atenção dos especialistas nas moda lidades em que é de fundamental impor tância o crescimento dos índices de força sem os acréscimos de peso do desportista Lamentavelmente havendo limitações das influências de treinamento verifica se de modo muito rápido a perda do nível de força alcançado Para obter aumento de força por meio da hipertrofia das fibras musculares é necessário um período bas tante longo de influências de treinamento porém as mudanças de adaptação nesse caso acabam tornandose mais estáveis no tempo Considerando essas aborda gens vejamos os principais direciona mentos da metodologia do treinamento da força máxima Com o objetivo de melhorar a força máxima dos músculos são indicados os exercícios com o volume de peso na fai xa de 70 a 95 do máximo A execução dos exercícios até a fadiga com o peso de cerca de 95 do máximo 2 a 3 RM exige o envolvimento do número máximo das unidades motoras numa única tensão coordenação intramuscular e contribui para a formação da interação máxima dos músculos durante a realização do exer cício A utilização dos pesos na faixa de 70 a 80 8 a 12 RM estimula em uma medida maior os processos de síntese de proteína que estão na base da hipertrofia das fibras musculares A utilização particular de pesos má ximos 1 RM para o treino da força má xima não permite obter o efeito de trei namento necessário pois numa sessão de treinamento não devem ser executados mais de 1 a 2 movimentos Além disso a aplicação de pesos máximos exige a mobi lização psicológica completa e eleva o ris co de um traumatismo Porém em algu mas modalidades desportivas como por exemplo no halterofilismo é necessária a aplicação de pesos máximos em algumas etapas da preparação Dedvedev 1986 O ritmo de execução ótimo para o treinamento e o aperfeiçoamento da co 109 Treinamento desportivo ordenação motora deve ser conduzido lentamente cada movimento com dura ção de 15 a 25 segundos Quando o ob jetivo for o aumento da massa muscular o ritmo dos movimentos deverá ser ain da mais lento de 4 a 6 segundos para o exercício sendo 2 segundos para a fase de superação do movimento e 4 segundos para a fase cedente O alto ritmo é pouco eficaz pois nesse caso a tensão máxima dos músculos terá lugar somente na fase inicial ou final do movimento sendo que nos outros ângulos da amplitude do mo vimento os músculos não terão a neces sária tensão devido à inércia Além disso o trabalho em ritmo alto não permite o envolvimento das fibras musculares len tas o que reduz significativamente o nível de manifestação da força O número de repetições numa série para a melhoria da coordenação muscular varia geralmen te de 2 a 6 Se o objetivo for aumentar a força por meio do acréscimo da massa muscular os exercícios devem ser efetu ados durante 30 a 60 segundos com 8 a 12 repetições A duração do intervalo entre as re petições no caso do trabalho com o ob jetivo de melhorar a coordenação neuro muscular deve assegurar a recuperação quase completa antes do início do exer cício seguinte Geralmente a duração das pausas é de 2 a 3 minutos entre as re petições e de 5 a 8 minutos entre as sé ries e depende principalmente do volu me dos músculos envolvidos no trabalho O sentido subjetivo de prontidão para a execução do exercício é um indicador bastante exato na determinação do tem po de repouso A metodologia pressupõe que o aumento da massa muscular exi ge pausas mais curtas entre as séries de 15 a 30 segundos entre os exercícios de caráter local 20 a 45 segundos entre os exercícios de caráter regional e 40 a 60 segundos entre os exercícios de caráter global Verkhoshanski 1988 O número total de repetições na sessão depende do caráter dos exercícios e da metodologia de elevação da força máxima Se os exercícios pressupõem o envolvimento no trabalho de grandes volumes musculares o número de repe tições durante o treino não é grande até 10 a 15 repetições No caso do aperfei çoamento da coordenação neuromuscular para cada grupo de músculos realizam se 2 a 3 repetições no caso do aumento da massa muscular esse número será de 3 a 5 repetições Habitualmente na ses são de treino são exercitados 3 a 5 grupos musculares De uma sessão para outra as cargas referentes aos grupos de músculos alternamse de modo que o descanso para esses grupos seja de 48 a 72 horas Essa circunstância tem um significado parti cular devido aos processos de síntese de proteínas nos músculos Verkhoshanski 1988 Meerson 1986 Ao determinar os parâmetros dos exercícios orientados para o treino da for ça máxima devem ser obrigatoriamente levados em consideração o sexo e a idade do desportista A preparação de força das mulheres desportistas utilizando exercí cios com pesos altos poderá provocar o aumento da pressão intraabdominal e outros efeitos indesejáveis em relação aos orgãos internos da mulher Um dos meios mais simples de redução da pres são intraabdominal provocada pela gran de tensão de força é a alteração da posi ção inicial na execução dos exercícios de caráter de força Por exemplo podemse mencionar os exercícios nos aparelhos es peciais de treinamento ou o levantamento de halter com uma ou duas pernas fican do a desportista deitada de costas Fican do nessa posição inicial a atleta poderá levantar um peso várias vezes superior ao peso com que ela poderia fazer as flexões sem que se verifique o aumento significa tivo da pressão intraabdominal Para a di minuição dessa pressão e do efeito sobre a 110 Antonio Carlos Gomes coluna vertebral recomendase também a utilização do cinto especial Nas sessões com jovens não devem ser aplicados exercícios com pesos altos pois o efeito de treinamento necessário pode ser obtido com pesos de 50 a 60 do máximo para o jovem atleta tal efei to pode ser conseguido aumentandose o número de repetições em cada série até 15 a 20 em 3 a 5 séries São bastante efi cientes diversos exercícios com peso cor poral com a resistência do parceiro com a utilização de halteres de medicine ball e outros exercícios acessíveis Treinamento das capacidades de velocidade e de força O nível e a manifestação das capaci dades de velocidade e de força caracteri zam a possibilidade de revelar a força má xima F máx no menor tempo possível T máx Figura 55 As capacidades de velocidade e de força podem manifestar se também com diferente correlação dos componentes de força e de velocidade A carga a ser utilizada é determina da considerandose a complexidade de coordenação e a velocidade do exercício competitivo podese considerar ótima a correlação que não produza deformações consideráveis na estrutura dos movimen tos Na prática utilizamse habitualmente as cargas da ordem de 25 a 50 do má ximo podendo ir até 70 a 80 se for ne cessário influenciar predominantemente o componente de força ou baixar até 5 a 10 sendo necessário estimular o desen volvimento do componente de velocida de Nesse caso é preciso levar em consi deração que a utilização de cargas altas FiGurA 55 Dinamograma de repulsão durante o salto vertical sem impulso aceleramento o exemplo de mani festação da força de explosão zatsiorski 1981 111 Treinamento desportivo leva à diminuição da velocidade dos mo vimentos e à perturbação dos mecanismos específicos de coordenação muscular Se durante o treino forem utilizadas cargas próximas das máximas a melhora da for ça poderá não obter o efeito positivo no exercício de velocidade e de força Sabe se por exemplo que para o desportista atingir a força máxima são necessários pelo menos 08 a 10 segundo Prus Za jac 1988 sendo a duração de repulsão na corrida dos melhores velocistas de 009 a 011 segundo a repulsão nos sal tos em distância de 015 a 018 segundo no salto em altura cerca de 025 segundo e o esforço final no lançamento do dardo cerca de 015 segundo Vorobiev 1987 Em todos esses casos os atletas não têm tempo para manifestar sua força máxi ma Por conseguinte o aperfeiçoamento das capacidades de velocidade e de força deve ser realizado nas mesmas condições do exercício competitivo O tempo de duração do exercício de treinamento deve garantir a possibilidade de sua execução sem a redução da veloci dade O número de repetições pode variar de uma repetição no caso do aperfeiçoa mento da força nos movimentos acíclicos p ex os esforços iniciais ou os esforços finais nos lançamentos até 5 a 6 repeti ções e sua duração não deve ser superior a 6 a 8 segundos Os intervalos de descanso devem propiciar a recuperação completa da ca pacidade de trabalho a cada nova série Na sessão de treinamento a duração total dos exercícios orientados para o treina mento das capacidades de velocidade e força não supera habitualmente 25 a 30 minutos Treinamento da resistência de força A resistência de força manifestase em várias modalidades desportivas Por esse motivo durante o treino da resistência de força devemse levar em consideração as condições específicas de sua manifestação sendo de grande importância as influên cias da grandeza do peso Enquanto a ten são muscular desenvolvida for de 5 a 20 da máxima a corrente de sangue no mús culo crescerá proporcionalmente à força da resistência Com as tensões superiores em média a 40 da máxima a corrente de sangue nos músculos em atividade reduz bruscamente devido à pressão dos vasos arteriais o que é acompanhado de hipo xia local e o músculo passa a trabalhar por conta das fontes energéticas anaeróbias Mellenberg 1991 Por conseguinte se o aumento da resistência de força em uma certa modalidade desportiva está ligado predominantemente ao crescimento das possibilidades aeróbias das fibras muscula res devese utilizar a carga na faixa de 10 a 40 do máximo No entanto tratando se das possibilidades anaeróbias tornase possível a aplicação de cargas a 70 a 80 do máximo Badillo Serna 2002 A duração de cada exercício depen de da grandeza da carga e via de regra é de 30 segundos a 5 a 6 minutos O ritmo e o número de repetições são seleciona dos conforme os parâmetros do exercício competitivo Por exemplo na preparação de força do tetracampeão olímpico de na tação Salnikov da antiga URSS obser vavase rigorosamente a especificidade da superação de sua principal distância com petitiva que era de 1500 metros No seu programa de treinamento estavam incluí dos correspondentemente exercícios de força no aparelho de treinamento com força 15 x 1 minuto o que na soma cor respondia ao tempo de passagem da dis tância competitiva básica controlandose durante os treinos o ritmo e a potência dos movimentos dos braços Platonov Fessenko 1990 O aumento da carga du rante as sessões que visam ao treino da resistência de força não deve seguir o au 112 Antonio Carlos Gomes mento do ritmo mas realizase por meio do aumento paulatino da resistência diminuindose os intervalos entre certas repetições ou por meio do aumento da duração total dos exercícios Para resolver as tarefas de treino relacionadas com a resistência de força recorrese frequentemente à organização dos treinos sob a forma de treinamento circular do tipo circuito O número dos exercícios incluídos no programa de trei namento em circuito pode ser diferente Geralmente ele inclui 8 a 12 exercícios de força estações mas na natação por exemplo esse treinamento poderá incluir até 25 estações A composição dos exercí cios deve ser selecionada tendo em vista influenciar diferentes grupos musculares com a utilização de diversos aparelhos de treino e diferentes pesos halteres amor tecedores barras de ferro resistência do parceiro etc Em cada uma das esta ções efetuamse de 20 a 40 repetições O volume do peso é escolhido de modo que no fim do exercício o desportista sinta grande fadiga muscular O regime do tra balho é estabelecido em função do nível do estado de preparação dos atletas e das tarefas da respectiva etapa de preparação Na preparação dos atletas de alto nível por exemplo pode ser utilizado o seguin te regime trabalho durante 50 segundos descanso e passagem para outra estação de 25 segundos A duração do trabalho e do repouso é controlada pelo sinal do trei nador A duração total do treinamento em circuito será de 45 a 60 minutos podendo o atleta durante esse tempo passar 2 a 3 vezes O descanso depois de cada pas sagem deve ser de 5 a 7 minutos Para o treino da resistência especial de força em diversas modalidades desportivas utilizamse os exercícios com pesos com plementares em condições aproximadas ao máximo das específicas Por exemplo aplicase na natação a resistência comple mentar que contribui para o crescimento da resistência de força o que é garanti do por meio da utilização de cordões de borracha roldana palmares especiais nadadeiras de mão amortecedores etc Zenov 1986 Esses exercícios juntamente com o treino da resistência de força auxiliam no aperfeiçoamento da técnica Treinamento da capacidade de força isocinética Na realização dos exercícios de for ça como no regime tradicional de supe ração da contração dos músculos o peso da barra de ferro continua o mesmo no decurso de todo o movimento Ao mesmo tempo a grandeza máxima da força reve lada pelo desportista em diversos pontos da trajetória do movimento não pode ser constante devido à alteração das condições biomecânicas da tensão dos músculos al teração do ângulo de tração e do braço de alavanca do músculo Além disso duran te a execução dos movimentos com alta velocidade o esforço máximo desenvolvi do no início do movimento proporciona a aceleração do corpo do desportista e do peso em exercício como barra de ferro lançamento remo natação etc e por isso nas fases anteriores do movimento os músculos não sentem a influência do treinamento ótimo para o treino da capa cidade de força Por conseguinte aprovei tando apenas os regimes tradicionais dos exercícios tornase difícil e muitas vezes impossível conseguir o grau necessário de influência efeito de treinamento sobre os músculos em diversas fases do movi mento O aumento da força ocorre como resultado da aplicação de tais regimes de trabalho dos músculos embora nem sem pre proporcione o correspondente acrés cimo da força no exercício competitivo Segundo a opinião dos principais espe cialistas a transferência das capacidades 113 Treinamento desportivo de força adquiridas nos exercícios de trei namento para os exercícios competitivos constitui o principal problema metodoló gico da preparação moderna de força dos desportistas Cousillman 1982 A busca de solução para esse proble ma tem sido relacionada durante muitos anos com a elaboração de diversos equi pamentos de treinamento dos quais os mais eficientes são aqueles que garantem o regime isocinético de trabalho muscular Figura 56 O regime isocinético prevê a velocidade constante de movimento Gra ças às particularidades construtivas dos aparelhos de treinos isocinéticos a resis tência exterior se altera dependendo da força de tração dos músculos em diversas fases do movimento e à medida que evo lui a fadiga Dessa forma é dada a veloci dade de execução do movimento e não a grandeza do peso como nos métodos tra dicionais Essa particularidade do méto do isocinético de treinamento da capaci dade de força assegura a carga otimizada sobre os músculos em toda a amplitude do movimento Ao dirigir os parâmetros dos exercícios isocinéticos podese imitar com alta precisão a dinâmica dos esforços do desportista no exercício competitivo A especificidade das influências de treina mento assegura um grau muito alto de transferência do nível das possibilidades de força para os exercícios competitivos A possibilidade de selecionar um número maior de exercícios de influências locais e a diminuição do perigo de sofrer um trau matismo constituem uma vantagem dos aparelhos de treinamento isocinéticos Todos esses fatores garantem uma grande eficácia do regime isocinético de treino da capacidade de força Treinamento das capacidades de força excêntrica e combinada Os exercícios no regime pliométrico aplicamse esporadicamente nos treinos desportivos como um meio auxiliar para o treino da força máxima Os movimentos de carárer excêntrico são executados com pesos de 10 a 40 superiores aos máxi mos na execução do exercício análogo no regime de superação A título de exemplo desse tipo de exercícios pode ser mencio nada a flexão do joelho com a barra de fer FiGurA 56 Aparelho de treinamento para braços e tronco 114 Antonio Carlos Gomes ro nos ombros sendo o peso da barra na ordem de 120 do peso máximo com que o atleta pode levantarse da posição de se miflexão para colocar a barra nos ombros utilizamse os montantes Os exercícios com a extensão forçada dos músculos são executados com velocidade baixa em 4 a 6 segundos para cada movimento com 3 a 4 repetições em três séries sendo o intervalo de repouso entre as séries de 3 a 5 minutos em função do volume dos músculos en volvidos no trabalho Para a execução dos exercícios nesse regime é necessário equi pamento especial ou o auxílio do técnico para maior segurança e para fazer o peso regressar à posição inicial A utilização dos exercícios no regime pliométrico com pesos supermáximos apresenta algumas limitações Tais exer cícios somente podem ser recomendados para pessoas que tenham alto nível de preparação de força nas modalidades des portivas em que a atividade competitiva requeira a capacidade máxima da força Uma vez que a execução desses exercícios cria cargas muito altas em articulações e ligamentos eles são aplicados uma vez a cada 7 a 10 dias Na prática do treinamento desporti vo são muito difundidos os métodos de preparação de força elaborados com base na combinação dos regimes excêntrico e de superação do trabalho dos músculos Os mais populares são os exercícios de saltos Esses exercícios são aproveitados com êxito para o treino da força de explo são dos músculos das pernas chamada springness em diversas modalidades du rante os treinos dos atletas com diferen tes níveis de preparação Os exercícios de saltos são executados com impulsão única ou múltipla repetida com uma ou duas pernas Os saltos múltiplos com potência máxima abrangem geralmente em uma série 3 a 8 impulsões sem aceleração ou com pequena aceleração p ex cinco saltos em uma perna de uma perna para outra ou em duas pernas os saltos atra vés dos bancos bolas barreiras etc A duração dos intervalos de descanso entre os exercícios é de 10 a 20 segundos e ge ralmente fica condicionada pelo tempo de regresso do desportista à posição inicial para a execução do exercício O número de repetições em uma série é de 3 a 4 sendo o intervalo entre as séries de 3 a 5 minutos Em cada sessão são efetuadas não mais do que 2 a 3 séries no treina mento da força explosiva e de 6 a 10 sé ries no treino da resistência de saltos No treinamento da força explosiva de diferentes grupos musculares o mais eficaz é o método de choque As va riantes dos exercícios com o aproveita mento desse método estão apresentadas na Figura 57 Esse método baseiase no aproveitamento do efeito que surge no momento da passagem rápida do traba lho muscular do regime excêntrico para o regime concêntrico nas condições da tensão máxima dos músculos A exten são preliminar dos músculos na fase de amortecimento provoca sua deformação contrátil energia de deformação contrá til e garante o acúmulo de certo poten cial nos músculos que aumenta seu efeito de trabalho com o início da fase de su peração p ex o momento de impulsão nos saltos Danskoi Zatisiorski 1979 A capacidade dos músculos de acumular a energia da deformação contrátil elás tica e utilizála eficientemente ocorre apenas na condição da passagem rápida do regime excêntrico para o regime con cêntrico do trabalho muscular Caso con trário esse efeito não é observado Dessa forma o resultado do salto sem acele ração por exemplo feito da posição de flexão após uma pausa será pior do que no caso do salto após a flexão prévia sem pausa Verkhoshanski 1988 Para o treino da força explosiva dos músculos das pernas utilizase a impul são depois do salto em profundidade Fi 115 Treinamento desportivo gura 58 Uma das principais condições metodológicas que determinam a eficácia desses exercícios como já foi referido é a passagem rápida do regime cedente para o regime concêntrico e por isso as fases de amortecimento e de impulsão devem ser executadas pelo atleta como algo úni co com potente esforço concentrado A duração da fase amortecedora depende da altura de onde se faz o salto e do ní vel de força do atleta Quanto maior for a altura de onde se cai tanto maior será a fase de amortecimento necessária para amortecer a energia cinética acumulada no corpo durante a queda e viceversa Assim os desportistas velocistas de alto nível quando saltam da altura de 1 me tro têm o tempo de apoio em média de 0295 segundo nos saltos de altura de 14 metro de 0375 segundo Serov 1988 Os princípios metodológicos que fundamentam o treino das capacidades de velocidade e de força com a utiliza ção do método de choque foram estu dados de maneira mais profunda por Verkhoshanski 1988 Com base nes sas recomendações devese levar em consi deração algumas particularidades da téc nica do salto em profundidade Durante o salto o desportista não deve impulsionarse com as duas pernas é preciso fazer como se fosse realizar um passo com um pé e juntar a outra perna no início da queda Antes de saltar o atle FiGurA 57 variante dos exercícios com a aplicação do método de choque 116 Antonio Carlos Gomes FiGurA 58 Exercícios com a aplicação do método de choque para os músculos das pernas verkhoshanski1988 a b c 117 Treinamento desportivo ta não deve flexionar as pernas pernas verticais nem impulsionar o corpo para a frente a trajetória da queda deve ser brusca Aterrissase com as duas pernas na parte dianteira da planta do pé com o apoio posterior dos calcanhares No momento da aterrissagem as pernas são levemente flexionadas nos joelhos A ater rissagem deve ser elástica com a passa gem gradual para o amortecimento Com o objetivo de suavizar o im pacto convém ter no local de aterris sagem uma placa de borracha integral de 25 a 3 cm de espessura As mãos no momento do salto ficam atrás para baixo e no momento da impulsão aju dam o salto com um balanço enérgico A posição de impulsão deve ser escolhida considerando a correspondência da po sição em que se desenvolve o esforço de trabalho no exercício competitivo Para a ativação da impulsão no ponto mais alto do voo seria desejável ter um ponto de orientação a ser alcançado pelo atle ta p ex as argolas de ginástica ou o arco do basquete Figura 58c A altura dos saltos varia habitual mente de 50 a 75 cm dependendo do ní vel de força dos desportistas Em alguns casos essa altura poderá ser aumenta da em certos exercícios chegando até 10 a 110 m Na realização dos treinos recomendase praticar os exercícios de choque no volume de 3 a 4 séries tendo cada uma delas de 8 a 10 saltos para os atletas bem preparados e de 2 a 3 séries com 6 a 8 saltos para os atletas menos preparados O repouso entre as séries é de 5 a 8 minutos No intervalo de repouso seria desejável realizar os exercícios de rela xamento ou uma corrida solta Os saltos em profundidade no volume referido não devem ser praticados mais de 3 vezes por semana pois exercem forte influência so bre o aparelho de apoio e por isso sua aplicação deve ser limitada e estar ligada somente às etapas determinadas de pre paração dos atletas No período competi tivo esses saltos podem ser aproveitados como meio de manutenção do nível atin gido de velocidade e da forma física Nes ses objetivos os saltos são incluídos nos treinos uma vez em 10 a 14 dias e no má ximo até 7 a 8 dias antes das competições Suslov 1987 Para o treino da força ex plosiva dos músculos da cintura escapular ombros são recomendados os impulsos com as mãos na posição deitada sobre diferentes grupos musculares Figura 59 A carga de choque pode também ser obtida com a superação da ação do peso em queda no aparelho de treinamento de roldana Figura 57 No começo o peso baixa livremente e na posiçãolimite bai xa levantase bruscamente com a trans missão ativa dos músculos para o trabalho concêntrico k grandeza da carga de cho que que é determinada pelo peso e pela altura de sua queda Treinamento das capacidades de força isométrica e combinada dinâmicaestática Os exercícios isométricos desempe nham no sistema de preparação da for ça uma função auxiliar Sua aplicação em determinada proporção em relação aos exercícios dinâmicos não são mais de 10 é bastante eficaz para o aperfeiço amento da força máxima e da resistência de força Os exercícios isométricos permi tem exercer influências locais sobre certos grupos musculares em determinadas po sições o que é impossível conseguir com os exercícios dinâmicos pliométricos Nesses exercícios a tensão máxima é con seguida apenas em certos momentos do movimento às vezes tratase apenas de frações de segundo No regime isométri co tornase possível durante um período relativamente longo manter a tensão de grupos musculares específicos o que é 118 Antonio Carlos Gomes FiGurA 59 Exercícios com o regime de choque para os músculos dos braços necessário para obter a influência efeito do treinamento As regras métodológicas do trei namento isométrico tradicional da for ça máxima pressupõem a execução dos exercícios com o acréscimo constante das tensões dos grupos musculares em treina mento até o nível máximo e a manuten ção dessa tensão durante 5 a 6 segundos O número de repetições em cada sé rie é de 3 a 4 com intervalo entre as ten sões de 8 a 10 segundos Após cada tensão os músculos que foram acionados devem ficar relaxados Em cada posição devem a b c 119 Treinamento desportivo ser realizadas 3 a 4 séries com intervalos de 2 a 3 minutos entre elas O tempo to tal dos exercícios isométricos em cada sessão de treino é habitualmente de 20 a 30 minutos Para a elevação da capacida de de potência muscular devese recorrer ao acréscimo rápido do esforço e não ao gradual até o valor máximo mantendoo posteriormente durante 2 a 3 segundos A execução das tensões isométricas dos músculos combina com a respiração em um ritmo determinado no início do exercício o atleta inspira e detém a respi ração por alguns segundos durante a ten são e na parte final seguese a expiração lenta Para evitar eventuais perturbações funcionais ligadas ao aumento da pres são torácica não se deve no momento da maior tensão fazer inspiração profunda preliminar Mikhailov 1983 Durante a prática dos exercícios iso métricos devese dar atenção especial à seleção da posição e aos valores dos ângulos das articulações Esse requisito metodológico está relacionado com a li mitação considerável na transmissão da força alcançada no regime isométrico do treinamento para os exercícios dinâmicos O acréscimo expresso da força verificase somente em relação à parte da trajetória do movimento que corresponde aos parâ metros do exercício isométrico praticado É conveniente executar as tensões isomé tricas nas posições que correspondam ao momento da revelação do esforço máxi mo no exercício competitivo Nesse caso verificase a transferência mais expressa da força O índice da força máxima nos exercícios isométricos depende do valor do ângulo articular Os especialistas destacam a eficácia dos exercícios que combinam as tensões isométricas e o regime dinâmico concên trico do trabalho muscular como por exemplo levantar a barra de ferro até a altura dos joelhos e mantêla nessa posi ção durante 5 a 6 segundos continuando em seguida o movimento Nessa fixação isométrica da posição o atleta pode obter a acentuação da influência do treinamento sobre os músculos na fase do movimento que lhe é necessária para ter sensações musculares mais exatas dos principais ele mentos da técnica Com o objetivo de melhorar a re sistência isométrica de força é prevista a manutenção da tensão muscular mais prolongada dependendo da especificida de do exercício competitivo A resistência isométrica é determinada principalmente pela capacidade dos músculos no trabalho que aliás assegura a manutenção prolon gada da posição estática e não pelo nível da força máxima ligada à atividade sin cronizada pelos músculos Por isso a apli cação das tensões máximas não é eficaz para o treino da resistência isométrica de força do atleta Nas modalidades despor tivas em que a especificidade da atividade competitiva requer a manutenção prolon gada da posição estática com o valor da tensão isométrica não muito elevado p ex no tiro devemse utilizar esforços que constituam 20 a 40 do máximo Em outras modalidades em que as tensões es táticas são mais curtas mas exigem um grau mais elevado de manifestação de for ça p ex ginástica luta a grandeza do esforço de treinamento representa de 50 a 80 do valor máximo O chamado método sem carga re ferese aos métodos complementares de preparação de força Esses métodos com plementares preveem a execução dos exer cícios no regime isométrico Já o método com carga baseiase na contração acentu ada dos músculos antagônicos do atleta sem os pesos exteriores Na utilização des se método podese assegurar tanto o regi me estático como os regimes concêntrico e excêntrico Levando em consideração as pesquisas modernas esse método pode ser utilizado pelos atletas para o aperfei çoamento muscular e para a manutenção 120 Antonio Carlos Gomes do nível de desenvolvimento da força de certos grupos musculares o que é muito valioso no período de inatividade do des portista além de contribuir para a aprendi zagem dos conhecimentos de dosagem de tensões de diversos grupos musculares Entre os fatores complementares de preparacão da força destacase o méto do de eletroestimulação eletromuscular MEE Kots Vinogradova 1986 Esse método baseiase no efeito da influência de correntes elétricas de determinada fre quência sobre os músculos do atleta A ex citacão elétrica sistemática dos músculos provoca o aumento do número máximo das unidades motoras e contribui para a hipertrofia expressa das fibras musculares O efeito do MEE manifestase por meio de uma elevação do nível das capacidades de força do atleta em até 20 a 30 Aliás foi observado que o nível adquirido das capa cidades de força se mantém por cerca de 15 dias diminuindo mais tarde mas ape sar dessa queda gradual permanece aci ma do nível inicial durante 2 a 4 meses O efeito do MEE permite alcançar o aumento da força em um período relativa mente curto de tempo sem que haja ne cessidade de recorrer aos exercícios com grandes pesos Ao mesmo tempo garante a influência seletiva sobre certos múscu los O aumento da força com a ajuda do MEE não exerce influências e efeitos ne gativos sobre a técnica dos movimentos dos atletas O regime mais eficaz do MEE é a ses são com 10 contrações provocadas com a duração de 10 segundos havendo inter valos de 50 segundos de descanso entre as contrações Seria conveniente prever 20 a 25 sessões do MEE que devem ser realizadas 3 a 4 vezes por semana Essas sessões devem ser combinadas com outros métodos de preparação pois o aumento das capacidades de força como já se evidenciou é determinado pela inte ração de diversos sistemas do organismo inclusive daqueles sobre os quais o MEE não pode exercer as influências de treino Devese também levar em consideração que os ritmos de acréscimo das capaci dades de força dos músculos sob o efeito do MEE aumentam consideravelmente a elevação das respectivas propriedades do aparelho ligamentar Essa nãocorrespon dência leva com frequência às lesões dos desportistas especialmente nos casos em que o MEE é utilizado pelos atletas sem a preparação de força básica Dessa forma além de apresentar vantagens e benefí cios esse método pode ser utilizado como meio complementar seletivo sobre certos músculos considerados mais importantes A distribuição das cargas de treina mento de força durante a temporada de preparação dos atletas tem grande impor tância na obtenção do nível necessário do estado de treinamento de força Em várias modalidades desportivas temse utilizado o treinamento de força quase em todas as sessões O efeito de treino mais expressivo é conseguido quando a solução das tare fas ligadas ao treino de certas capacidades de trabalho resolvese nas sessões com plementares de treinamento Porém se durante o treino pretendese realizar os exercícios que visam ao aperfeiçoamento de algumas capacidades de força realiza se em primeiro lugar os exercícios que exigem a manifestação da força explosi va depois a força máxima e finalmente a resistência da força Somente após a con clusão dos exercícios de uma determinada orientação devese passar aos exercícios que contribuem para o desenvolvimento de outra capacidade Caso contrário são possíveis algumas contradições substan ciais no desenvolvimento das reações de adaptação sobre as cargas propostas No microciclo semana o número das sessões de treinamento que apresen tam grande volume de exercícios e visam à melhora da resistência de força poderá ser de 4 a 5 As influências de treino que 121 Treinamento desportivo contribuem para o crescimento das capa cidades de velocidade e de força máxima não são utilizadas mais de 2 a 3 vezes por semana No entanto se é prevista a alter nância dos exercícios que exercem influ ências sobre diferentes grupos musculares o que é característico no halterofilismo o número de treinamentos na orientação estabelecida poderá ser aumentado para até 5 a 6 no ciclo semanal O treinamento das capacidades de velocidade e de força máxima não devem ser planejados no es tado de fadiga do atleta A distribuição das cargas de orienta ção de força no ciclo anual tem grande importância para a obtenção do efeito acumulativo necessário O volume total das cargas de força representa habitual mente na preparação dos atletas de alto nível a média de 150 a 250 horas por ano Podemse destacar duas variantes principais de distribuição de todo esse vo lume no ciclo anual n Regular essa variante prevê a distri buição relativamente regular das car gas de força ao longo dos períodos preparatório e competitivo no volume da ordem de 9 a 12 por mês do valor anual n Concentrado essa variante prevê a re alização da carga de força concentrada em duas etapas no ciclo anual repre sentando 23 a 25 do volume das in fluências de força no ciclo anual Os experimentos em diversas modali dades desportivas mostraram as vantagens da variante concentrada de aplicação das cargas de força Essa variante assegura as mudanças de adaptação no nível de prepa ração da força do desportista de alto nível mais consideráveis do que no caso de dis tribuição relativamente regular de cargas Na Figura 510 apresentamos um exemplo da dinâmica da preparação de velocidade e de força do atleta no caso da aplicação da carga de força concentrada dois meses antes do início das principais competições A duração da etapa de cargas concentradas foi nesse caso de quatro semanas Após o treino de força foram aplicados os saltos FiGurA 510 Aplicação das cargas de força concentradas verkhoshanski1985 122 Antonio Carlos Gomes em profundidade Esse complexo de carga provovou o aumento rápido dos índices de velocidade e de força no início da primeira semana os quais mais tarde se estabiliza ram durante todo o período de cargas con centradas O volume dos exercícios de for ça deve ser selecionado individualmente A concentração exagerada da carga de força pode levar ao fracasso das possibilidades de adaptação do atleta É necessário considerar que no pe ríodo de aplicação das cargas de força concentradas particularmente de caráter nãoespecífico tem ocorrido frequente mente a perturbação da estrutura da co ordenação dos movimentos diminuindo a mobilidade das articulações e piorando as percepções musculares No final das cargas de força concentradas no período do acréscimo intensivo dos indicadores de velocidade e de força temse obtido a recuperação da estrutura de coordena ção dos movimentos A técnica do atleta passa gradualmente a corresponder ao novo nível de suas capacidades de força Para a realização do efeito da carga con centrada de força é importante prever o período de recuperação suficiente t2 Durante esse período não se pode permi tir que haja um aumento substancial do volume de treinos O mais favorável para esse período é o trabalho de caráter es pecial de intensidade em aumento grada tivo O tempo de manifestação do efeito acumulativo t3 é mais ou menos igual pela duração do tempo de aplicação da carga concentrada de força t1 Essa nor ma verificase com a duração da etapa de preparação de força de 4 até 12 semanas Verkhoshanski 1985 Devese planejar a etapa de cargas de força concentradas de forma que o crescimento estável dos indícios do estado de preparação de força coincida com o período de participação do atleta nas principais competições A variante concentrada de distribui ção de cargas de força é mais eficaz nas modalidades desportivas com número re lativamente pequeno de componentes de preparação que determinam os resultados desportivos e com o caráter relativamen te homogêneo da atividade competitiva modalidades cíclicas de velocidade e de força Nos jogos desportivos e nas lutas bem como na preparação dos jovens esse tipo de método nem sempre se justifica É preferível a distribuição regular das car gas de força Treinamento da capacidade de velocidade A capacidade de velocidade manifes tase na possibilidade de o atleta executar as ações motoras no menor tempo possí vel em determinado percurso Devese distinguir a compreensão da capacidade de velocidade da compre ensão de rapidez A rapidez representa apenas um dos componentes determinan tes da capacidade de velocidade do atleta Geralmente distinguemse duas formas principais de manifestação da rapidez 1 rapidez da reação motora compreen de reações motoras simples e complexas 2 rapidez dos movimentos pode ma nifestarse tanto no movimento único quanto no movimento repetido várias vezes No último caso costumase fa lar de frequência ou ritmo dos movi mentos Os estudos demonstram que entre as formas de manifestação da rapidez a interligação é insignificante Isso signifi ca por exemplo que o desportista pode apresentar uma reação motora durante um período muito curto e não mostrar resultados altos no sprint devido à baixa frequência dos movimentos na distância Na preparação física é necessário compreender que a rapidez apenas cria 123 Treinamento desportivo as premissas para a manifestação do nível necessário da capacidade de velocidade A rapidez em todas as suas manifesta ções representa uma grandeza determi nada geneticamente pelo atleta Por isso as possibilidades de seu aperfeiçoamento são extremamente limitadas Ao contrá rio a capacidade de velocidade pode ser aperfeiçoada em um nível muito amplo pois o nível de sua manifestação é deter minado não somente pela rapidez mas também por todo um complexo de outras capacidades força resistência flexibi lidade e coordenação Assim no exem plo do sprint sabese que a velocidade de aceleração de largada não é determinada senão em um grau menor pela frequência de passadas uma das formas da rapidez mas pela amplitude delas o que é condi cionado pelo nível da força máxima e ex plosiva dos músculos O treinamento das capacidades de velocidade deve ser realizado de manei ra diferenciada levando em considera ção a especificidade de cada modalidade desportiva e destacando os componentes mais significativos A seguir destacaremos mais detalhadamente os métodos que ser vem como base para o treinamento das capacidades de velocidade em diversas formas de sua manifestação Meios de treinamento da velocidade O tempo da ação motora é medido pelo intervalo entre o surgimento do sinal e o início da ação de resposta A reação motora compõese das seguintes fases 1 excitação nos receptores em resposta ao estímulo sinal 2 transmissão da excitação ao sistema nervoso central 3 processamento do sinal nos centros nervosos e formação do sinal efetuador de resposta comando aos músculos 4 saída do sinal eferente em direção aos músculos em atividade 5 desenvolvimento da excitação do mús culo e superação da inércia para a ati vidade mecânica do segmento corporal Ilhin 1983 As quatro primeiras fases da reação formam o período latente ou sensorial e a quinta fase forma o período motor Distinguemse três formas de reações motoras simples complexa e reflexa Se a reação se efetua com um movimento conhecido para o atleta a um sinal co nhecido anteriormente mas repetido essa reação motora é chamada simples A título de exemplo dessa reação simples podese mencionar a reação do velocista ao tiro de largada Figura 511a Entre os melhores velocistas o tempo entre o tiro de largada e o início do movimento é de cerca de 01 segundo Considerase que o tempo de reação das mulheres é 10 a 15 maior do que entre os homens Porém a comparação entre os melhores velocistas homens e mulheres não permite observar diferenças tão significativas Os atletas fi nalistas da prova de 100 metros nos Jogos Olímpicos de 1988 em Seul tiveram os seguintes índices de tempo entre o tiro de largada e o início do movimento tem po latente de reação em segundos B Jonson 0132 K Lews 0136 L Kristi 0138 Smith 0176 D Mitchel 0186 enquanto isso as mulheres finalistas re gistraram os seguintes resultados E GriffitsJoiner 0131 E Echford 0176 H Dreksler 0143 G Jackson 0168 K Torrens 0148 Além disso o índice médio do tempo latente da reação entre as mulheres foi melhor do que entre os homens mulheres 0151 e os homens 0153 segundo Esses dados comprovam que o tempo latente da reação motora das atletas é muito próximo ao dos índices correspondentes dos homens Quanto às pessoas que não praticam o esporte o ín 124 Antonio Carlos Gomes dice do tempo latente da reação varia de 02 a 04 segundo A duração do período latente da reação motora simples consti tui 60 a 65 do tempo de reação e o do componente motor 35 a 40 A rapidez da reação motora comple xa é caracterizada pelo tempo de reação sem o atleta conhecer o sinal da ação de resposta As reações motoras complexas são mais características de jogos comba tes boxe luta esgrima corridas de au tomóveis e de motos Nessas modalidades o atleta se vê frequentemente obrigado a reagir ao objeto em movimento bola ad versário arma Figura 511b ou a esco lher entre algumas ações eventuais uma única a mais eficiente na situação da dis puta desportiva reação de seleção ou de opção Figura 511c A reação reflexa ocorre sem a par ticipação da consciência p ex o refle xo do joelho No treinamento desporti vo esse tipo de reação geralmente não é analisado No entanto devese considerar que com o aperfeiçoamento prolongado as reações simples aos estímulos podem também ocorrer segundo um princípio parecido com o reflexor Durante o treinamento da reação motora simples é mais aplicado o método de estímulos repetitivos utilizandose na medida do possível de um sinal determi nado mas que aparece repentinamente aparecimento do alvo as ações do par ceiro o sinal de partida etc Na etapa inicial de aperfeiçoamento esse método proporciona uma melhora muito rápida dos resultados Nesse caso devemos levar em consideração que a rapidez em todas as suas manifestações pode ser aperfei çoada com grandes dificuldades Assim o tempo da reação simples pode ser melho rado durante os treinamentos não mais do que em 01 segundo Devemos observar na prática algu mas condições na execução dos exercícios com o objetivo de reduzir o tempo de re ação A concentração e a orientação da atenção representam um fator substancial que determina a rapidez de reação ao si nal O desportista reage mais rapidamente ao sinal esperado p ex após o comando de Atenção e mais lentamente ao ines perado Além disso se a atenção está di rigida ao próximo movimento tipo motor de reação o tempo de reação é menor do que no caso em que a atenção está dirigida para a percepção do sinal tipo sensorial de reação O tempo da reação depende também da duração em que se espera o sinal o tempo ótimo de espera entre os comandos preliminares e a execução da partida deve ser de 1 a 15 segundo O período demasiadamente longo na espera induz a diminuição da concentração de excitação no sistema nervoso central e di minui o tempo de reação O período latente depende do tipo do sinal ou seja a sensibilidade de diversos analisadores é diferente e por isso o perí odo latente aos sinais sonoros é um pouco mais curto do que no caso de sinais visuais Tabela 52 Por sua vez a duração do pe ríodo latente à cor vermelha é mais curto do que às cores verde e azul no caso da utilização de cores Ilhin 1983 O tempo da reação depende da in tensidade do sinal quanto mais intenso for até certos limites tanto menor será o tempo de reação Entretanto os sinais extremamente fortes freiam a reação de resposta O período motor do tempo de reação depende do grau de excitação dos TABELA 52 Tempo de reação motora simples com diferentes estímulos Caráter do Tempo de Contingente Sinal reação s Desportistas Som 005016 luz 010020 Nãodesportistas Som 015025 e mais luz 020035 e mais 125 Treinamento desportivo FiGurA 511 Tipos de reações motoras c reação reflexora a reação simples b reação complexa objeto em movimento músculos assim como de que forças da inércia dispõem vários membros Por isso na reação de diversos membros ao sinal o tempo de reação será diferente O tem po de reação melhora com determinada tensão do aparelho muscular executor É por isso que se recomenda que os atletas velocistas não pisem com grande esforço no bloco de partida durante a largada A reação ao objeto em movimento é encontrada mais frequentemente nos jogos desportivos e nas modalidades de combate Por exemplo no futebol na re ação do goleiro à bola chutada podemse distinguir os seguintes componentes a a fixação visual da bola objeto em mo vimento 126 Antonio Carlos Gomes b a avaliação da direção e da velocidade da bola c a escolha do plano de ações e d o início da execução das ações São dessas fases que se constitui nesse caso específico o período de reação ao objeto em movimento A metodologia do treinamento pressupõe duas orienta ções principais 1 Aperfeiçoamento da velocidade de reação e da respectiva ação motora Para esse objetivo utilizamse como principais meios de treinamento exer cícios que exigem a redução do tempo de reação com os seguintes elementos n aparecimento inesperado de obje tos essas condições no voleibol podem ser criadas com a substitui ção da rede normal por uma outra feita de um material opaco que não permite ver e acompanhar as ações do adversário e a fase inicial de voo da bola n aumento da velocidade de objetos com esse objetivo utilizamse nos treinamentos os aparelhos de treino em forma de catapultas au tomáticas que passam a bola em diferentes direções com frequên cia e velocidade diferentes n diminuição da distância o combate em distâncias curtas no boxe a rea ção à bola à pequena distância 2 Aperfeiçoamento da capacidade de fixação do objeto e sua manutenção no campo visual A reação ao objeto em movimento com seu aparecimento repentino leva de 025 a 1 segundo A parcela funda mental desse tempo até 80 cabe à primeira fase que é a fixação visual do objeto em movimento As pesquisas rea lizadas no futebol mostraram que o sucesso da interceptação e do desvio rechaço da bola depende do tem po durante o qual o desportista pode acompanhar o voo da bola quanto maior for o tempo do acompanha mento maior será o êxito das ações Levando em consideração essa circuns tância no treinamento da velocidade de reação ao objeto em movimento devese dar atenção à diminuição do tempo do componente inicial da rea ção à distinção e à fixação do objeto no campo visual Além disso devese dar maior atenção a esse aspecto de aperfeiçoamento da velocidade de reação nas etapas iniciais de prepara ção nos treinos com os jovens para os quais é característica a distração espe cialmente sob o efeito da fadiga Porém nas condições de competi ção a fixação prolongada do objeto fica frequentemente dificultada O objeto pode aparecer de repente a uma distân cia muito curta e com grande velocidade em algumas modalidades até 50 ou mais metros por segundo Nessas condições a reação direta ao objeto é impossível pois o tempo é extremamente limitado Essa situação típica pode ser vista por exem plo na execução de grandes penalidades no futebol ou no handebol O goleiro não é capaz de reagir à bola com um chute lance forte pois a bola entrará na rede antes que o goleiro salte para pegála Nesse caso a reação do goleiro experien te baseiase mais no acompanhamento das ações preparatórias do adversário do que no movimento da bola Na maioria das ações bemsucedidas os goleiros anteci pam a direção do chute O aperfeiçoamen to dessa capacidade realizase no âmbito do treinamento da velocidade de reação Os atletas experientes demonstram frequentemente uma surpreendente capa cidade de prever as ações do adversário e reagem oportunamente a elas Essa capa 127 Treinamento desportivo cidade pode ser desenvolvida Com esse propósito durante os treinamentos os atletas são estimulados a reagir acompa nhando a mímica as ações preparatórias a pose a maneira geral de comportamen to etc Nesses casos tem grande impor tância o conhecimento do adversário e de suas técnicas prediletas O tempo da reação de seleção de pende estritamente da quantidade de va riantes alternativas das ações sendo que apenas uma deve ser escolhida Se o des portista está certo de que em uma situa ção o adversário utilizará somente uma ação de ataque então presume que esta ação corresponde a uma ação simples Em uma outra situação quando é difícil prever que ações o adversário realizará o tempo de reação aumenta A análise da situação competitiva que abrange todo o conjunto de fatores que determinam a escolha da ação constitui importante componente Por exemplo se um automobilista vê na curva algum obstáculo inesperado deve avaliar no mesmo instante a distância até o obstáculo a velocidade do carro o raio da curva o estado de pavimentação da estrada a presença de alguns outros obs táculos entre outros aspectos Somente depois da análise de todos esses fatores poderá reagir corretamente uma vez que nessas circunstâncias é necessária não so mente a velocidade de reação mas tam bém a velocidade de reação em relação à tomada da decisão eficaz Apesar de toda a diversidade de situ ações que podem ser encontradas na prá tica desportiva a maior parte delas pode ser reduzida a uma quantidade de varian tes típicas padrão O aperfeiçoamento da velocidade de reação nessas situações típicas constitui a base sobre a qual se constrói a metodologia do treinamento da reação de escolha Durante os treinamentos em que as reações simples atingem alto grau de perfeição as tarefas passam a ser mais complicadas sugerindose que o atleta reaja de formas diferentes Por exemplo podese colocar a tarefa de recorrer a de terminadas ações defensivas em resposta a duas ou três ações de ataque A quanti dade de variantes gradualmente aumen ta aproximandose das exigências reais da atividade competitiva Quanto maior for o volume de situações típicas treina das mais curto será o tempo de reação nas situações que tenham elementos das técnicas Por isso o aperfeiçoamento da reação de escolha deve ser realizado para lelamente à preparação técnica e tática No processo de aperfeiçoamento da reação de escolha a possibilidade de antecipar eventuais ações do adversário reação de antecipação mantém seu sig nificado importante Para elevar a eficácia do treinamento da reação complexa utili zamse os complexos especiais de treina mento que orientam diversas situações e permitem obter a informação operacional sobre a velocidade de reação do atleta Metodologia do treinamento da velocidade A composição concreta dos meios e métodos de treino que visam ao aperfei çoamento das capacidades de velocidade é determinada pelas particularidades da modalidade e pelas tarefas de cada etapa de preparação a longo prazo Nas etapas iniciais de preparação convém dar prefe rência aos meios de preparação de cará ter geral Nas sessões com crianças de 8 a 12 anos a prioridade cabe ao método de jogo O conteúdo das sessões de treino deve se basear principalmente no apro veitamento de jogos desportivos e outros jogos especialmente selecionados de re vezamentos diversificados A atividade de jogo corresponde às peculiaridades da psique infantil e por isso mantém o inte resse das crianças estimulandoas muitas 128 Antonio Carlos Gomes vezes a revelar capacidades de velocida de de diversas formas A idade de 12 anos caracterizase pelo impetuoso desenvolvimento das ca pacidades de coordenação o que assegu ra ritmos mais altos de acréscimo de velo cidade dos movimentos nessa faixa etária Na idade de 13 a 14 anos tais índices de velocidade como o tempo de reação a ve locidade de um movimento sem peso e a frequência dos movimentos aproximam se dos seus valores absolutos correspon dentes à fase adulta Nas etapas posteriores da prepa ração a longo prazo ocorre o aumento gradual das influências de treinamento para os exercícios de orientação especial O método de jogo tem cedido paulatina mente seu lugar ao método de exercício rigorosamente regulamentado antes de tudo no regime do exercício intervalado e ao método competitivo Como meios de treinamento das ca pacidades de velocidade são utilizados os exercícios que podem ser executados com a velocidade máxima Na seleção desses exercícios devemos nos orientar pelos se guintes critérios n a técnica de execução desses exercícios deve ser executada com a velocidade máxima n os exercícios devem ser tão bem domi nados pelos atletas que durante sua execução não haja necessidade de um controle complementar da consciência assimilação em termos de habilidade n a duração do exercício deve ser de tal forma que no final de sua execução a velocidade não diminua devido à fa diga A metodologia de aperfeiçoamento das capacidades de velocidade apresentam duas condições que à primeira vista podem parecer contraditórias tipicidade e varieda de das influências de treino A necessidade de considerar essas condições no processo de preparação explicase por determinadas normas e leis de aperfeiçoamento das ca pacidades de velocidade Sabese bem que a adaptação no desporto resulta das influ ências sistemáticas dos exercícios de certa orientação sobre os sistemas funcionais do organismo do atleta Essa exigência repre senta a condição necessária do aperfeiçoa mento não somente de velocidade mas de todas as capacidades físicas Por isso a re petição múltipla dos exercícios típicos com as exigências máximas relativas à revelação das capacidades de velocidade constitui a primeira orientação no treinamento da ca pacidade de velocidade As capacidades de velocidade são determinadas pelas possibilidades de os mecanismos bioquímicos mobilizaremse mais rapidamente sob o efeito do estí mulo nervoso e da ressíntese das fontes anaeróbias de energia O mecanismo fos fato de creatina atinge a potência máxima em 2 a 3 segundos de trabalho Devido no entanto à pequena capacidade dessa fonte de energia o asseguramento das necessidades energéticas dos músculos com o fosfato de creatina somente ocorre durante alguns segundos desenvolvendo se ativamente a seguir o outro processo anaeróbio conhecido como glicolítico O principal meio de desenvolvi mento das possibilidades funcionais do organismo base da manifestação das capacidades de velocidade é a execução intervalada dos exercícios com a duração de até 8 a 10 segundos Tabela 53 O limiar do volume dos exercícios com a velocidade máxima é determinado pela diminuição da concentração do fosfato de creatina nos músculos em atividade abaixo do nível crítico em que já não é possível manter a velocidade máxima dos movimentos Devese levar em con sideração que a execução múltipla dos exercícios de velocidade leva rapidamen te à fadiga e à redução das capacidades 129 Treinamento desportivo de trabalho Para aumentar o volume dos exercícios de velocidade sem a alteração da orientação das influências de treina mento ocorre a sua unificação em séries com o aumento de intervalos de descan so entre elas Os exercícios do atleta em nível de excitação nervosa ótima constituem im portante exigência metodológica no trei namento das capacidades de velocidade Devese evitar a execução de exercícios que visem ao treinamento das capaci dades de velocidade quando o músculo apresentar fadiga com exceção dos casos em que forem colocadas tarefas específi cas de preparação Embora o método de exercício in tervalado seja eficaz na experiência da prática desportiva numerosas pesquisas mostram que existem sérios limites em sua aplicação Durante algum tempo esse método proporciona acréscimo das capa cidades de velocidade mas a perturbação de determinadas proporções em sua apli cação leva a que o acréscimo das capaci dades de velocidade venha a ser substi tuído pela estabilização da velocidade sendo que a posterior repetição múltipla dos exercícios consolida o estereótipo for mado dos movimentos Esse fenômeno passou a ser chamado barreira de veloci dade A causa de seu aparecimento está ligada à formação de laços condicionados refletores entre a estrutura dos movimen tos e as capacidades físicas que se mani festam Se a estabilização da velocidade acontece há duas maneiras de superar a barreira de velocidade amortecimento e destruição O método de amortecimen to está fundamentado no fato de que ao terminar o treino as velocidades de amortecimento de alguns movimentos de estereótipo dinâmico são diferentes Em particular as características de espaço do movimento são mais estáveis do que as de tempo Por isso se durante algum tempo o exercício básico deixar de ser praticado a barreira da velocidade poderá desapa recer ao passo que a estrutura dos mo vimentos permanecerá Se nesse mesmo período o nível das capacidades de velo cidade e de força for aumentado com a ajuda de outros meios após o intervalo poderá atingir a melhoria dos resultados O método de destruição consiste em criar no processo de treinamento condi ções que o desportista repita várias vezes para que possa superar a barreira de ve locidade e recordar essas novas sensações musculares de alta velocidade Para evitar o surgimento da barreira de velocidade é necessário que sejam res peitadas certas exigências metodológicas cuja essência consiste na necessidade de variação das influências de treinamento meios métodos condições Utilizase para esse fim todo um conjunto de méto dos que serão abordados mais detalhada mente na sequência A melhoria da capacidade de veloci dade do atleta está substancialmente liga TABELA 53 Principais parâmetros de cargas dirigidas para o treinamento das capacidades de velocidade Número de Número intervalo de Número máximo repetições total de descanso entre as intervalo das fases intensivas do série nas fases intensivas dos de descanso Número de intensivas exercício fases exercícios na entre as séries séries na do exercício segundos intensivas série smin minutos sessão na sessão Até 23 610 302 810 24 3040 56 46 23 810 23 1020 810 34 35 810 23 412 130 Antonio Carlos Gomes da ao aperfeiçoamento do componente de força dos movimentos Essa ligação ma nifestase de maneira mais evidente nos movimentos em que o desportista encon trase obrigado a superar pesos exteriores consideráveis nos lançamentos o peso do dardo o disco etc na luta tratase do peso ou da resistência do adversário etc A tarefa de elevação do nível de ve locidade nesses movimentos resolvese em grande medida no processo de prepa ração de força que foi objeto de análise na seção Treinamento das capacidades de força Nesse caso falaremos apenas em alguns aspectos referentes a esse pro blema relacionados com o efeito estimu lador de pósefeito dos exercícios com pesos para a ativação dos esforços mus culares na estrutura dos movimentos de caráter de velocidade A execução do volume ótimo dos exercícios com pesos provoca os fenôme nos positivos que mantêm algum efeito durante certo tempo após a conclusão desses exercícios O efeito de conse quência positiva manifestase na influência geral tonificante sobre o aparelho motor e na melhora da coordenação e da rapidez de inclusão dos músculos no trabalho o que contribui para a elevação dos resultados de velocidade e de força Nas ações moto ras relacionadas com a velocidade de rea ção ao sinal exterior os movimentos com pesos contribuem para a diminuição do tempo de seu componente motor Em uma série de pesquisas é destacada também a redução do período latente da reação mo tora Verkhoshanski 1988 O efeito pode manifestarse sob a forma de consequência imediata logo após cessar a influência estimuladora ou sob a forma de consequência retardada isto é 4 a 8 horas ou mais após o fim da influência Zakharov 1985 O peso que pode ser considerado ótimo é aquele que não provoca deformações substanciais na estrutura dos movimentos A maioria dos especialistas opina que para a obtenção do efeito estimulador que faz aumentar a velocidade e a frequência dos movimen tos sem carga o peso da carga não deve superar 15 a 20 do máximo O efeito de consequência imediata manifestase por exemplo no crescimento da velocidade de golpes do pugilista depois de arre messos da medicine ball de 5 a 10 kg ou golpes de imitação com halteres de 4 kg Verkhoshanski 1988 no crescimento da velocidade da aceleração de partida e da corrida logo após a execução da série de exercícios breves de saltos entre os ve locistas Ozolon 1986 etc O efeito de consequência retardada também é aplicado no treino desportivo com a finalidade de melhorar o estado funcional do aparelho neuromuscular do atleta na preparação para as competições e para a elevação da eficiência das sessões de treinamento de orientação da velocida de Em várias modalidades desportivas foi constatado o efeito positivo dos exercícios especialmente selecionados de força no volume de 25 do máximo A consequên cia retardada de tais exercícios contribui após um intervalo de 6 horas de descan so para o melhoramento dos índices de velocidade do tempo do movimento iso lado 2 a 6 da frequência máxima de movimentos 2 a 3 e da capacidade de trabalho competitiva 2 a 0 Zakharov 1986 O destaque do método de exercício variável está na criação do efeito de con traste de sensações musculares e na execu ção dos exercícios em condições alternadas facilitadas normais próximas das compe titivas e com a carga do movimento A va riação das influências prevê o surgimento da barreira de velocidade e na passagem para as condições normais permite repro duzir as características de velocidade e outras do movimento que tiveram lugar nas condições alteradas Durante a exe cução dos exercícios no regime variável 131 Treinamento desportivo é necessário respeitar rigorosamente os graus medidas de variação quantitativos quantidade de movimentos realizados em diferentes condições e qualitativos grau de diferença do exercício em comparação com o competitivo p ex a diferença de pesos dos dardos no caso dos lançadores A alteração do grau de variação tem exer cido uma influência significativa sobre o efeito de treinamento O maior efeito para a preparação de velocidade é proporciona do pelo grau máximo de variação 11 Existem diversos meios de variação das condições de execução dos exercícios Por exemplo durante a preparação dos atletas velocistas um bom efeito é propor cionado pela combinação da corrida na pista com a corrida em declive e da corrida em local plano com a corrida em subida O esquema da sessão de treino nesse caso pode ser o seguinte 30 m na subida duas vezes de 30 m no térreo plano e 30 m na descida quanto aos saltadores eles efe tuam após um salto com peso 2 a 3 saltos sem peso depois de 2 a 3 saltos com peso 4 a 6 saltos sem peso O método variável tem sido aplicado amplamente nos lança mentos e consiste na alternância dos lança mentos dos pesos com diferentes cargas na seguinte sequência com peso maior com peso normal com peso reduzido e com peso normal Nanova 1987 A execução periódica dos exercícios com velocidade superior à dominada re presenta um dos importantes caminhos metodológicos de treinamento das capa cidades de velocidade A facilidade das condições do exercício competitivo con siste na eliminação artificial de determi nada parcela da resistência externa ao movimento o que cria premissas para o aumento da velocidade dos movimentos É com isso que se intensifica o processo de adaptação dos sistemas funcionais que as seguram os movimentos em alta velocida de Esse método torna possível ao atleta experimentar as sensações corresponden tes ao novo regime de velocidade e criar uma imagem sensóriomotora dela Existem no treinamento desportivo algumas abordagens metodológicas sobre o problema de facilidade das condições da prática dos exercícios com velocidade su perior à dominada A diminuição de uma carga exterior como a velocidade normal mente manifestase em conjunto com a força A diminuição do peso constitui um meio eficaz para criar condições no senti do de elevar a velocidade dos movimentos Na prática desportiva essa diminuição é obtida pela utilização de pesos dardos e martelos de peso inferior ao competitivo mas pode ocorrer também pela aplicação de implementos especiais que reduzem a influência do peso do desportista sobre a velocidade dos movimentos nas modalida des em que o próprio peso do atleta cons titui a carga Visando a esses objetivos foi elaborada uma suspensão que se move li vremente em uma traveguia Figura 512 Essa suspensão assegura a tração regulada pela força dirigida para cima Graças a isso o desportista é capaz de superar em 5 a 7 suas possibilidades habituais de velocida de tornando possível manter esse regime de corrida em velocidade superior à domi nada por mais tempo diferentemente das condições naturais A utilização da força complementar de tração é favorável ao deslocamento do atleta Como exemplo desses exercícios podemse melhorar a perseguição ao líder no ciclismo a corrida com vento favorá vel a corrida com reboque etc São am plamente difundidos aparelhos de treino que asseguram a correspondente força de tração Podese observar na Figura 513 o implemento utilizado nos treinamentos dos nadadores O treinador tem a possi bilidade de influenciar o atleta tanto na partida como ao longo da distância O volume do esforço de tração representa geralmente 05 a 2 km o que é inteira mente suficiente para que o atleta consi 132 Antonio Carlos Gomes FiGurA 512 Aparelho de treinamento da velocidade para atletas corredores de provas de velocidade no atletismo FiGurA 513 Aparelho de treinamento da força de tração para nadadores 133 Treinamento desportivo ga o regime mais elevado de velocidade Porém a utilização dos exercícios com a força complementar de tração deve con jugarse com os exercícios nas condições normais pois sob o efeito do mecanismo de reboque verificase frequentemente a nãocoordenação dos movimentos e por conseguinte poderia ocorrer a deforma ção da técnica O aproveitamento do efeito de ve locidade inicial nos exercícios contribui também para o aperfeiçoamento da capa cidade de velocidade do desportista Du rante a preparação de ciclistas especialistas em provas de velocidade utilizase como apoio ao treinamento um líder que com uma motocicleta imprime um ritmo de ve locidade competitivo ou superior o qual o atleta deve acompanhar com o objetivo de aperfeiçoar suas capacidades competitivas Os saltadores em distância obtêm o efeito de treinamento necessário graças ao arran que na pista declinada com a passagem à pista horizontal na fase final Os lançado res do martelo podem usar o martelo com a corda mais curta aumentando assim a velocidade de rotação Os métodos complementares para o treinamento das capacidade de velocida de eliminam alguns fatores que limitam a revelação máxima das capacidades de velocidade A capacidade do atleta de re laxar os músculos exerce influência sobre o nível das capacidades de velocidade que se revelam sob a forma de frequência dos movimentos Sabese que a velocidade com que o músculo passa do estado excitado ao rela xado é geralmente menor que a passagem do relaxamento à excitação Por isso com o crescimento da frequência dos movimen tos chega o momento em que o músculo não consegue relaxarse por completo Isso reduz bruscamente a frequência e a veloci dade dos movimentos Levando em consi deração essa circunstância o processo de treino das capacidades de velocidade deve incluir os exercícios para o aperfeiçoa mento da capacidade de relaxamento dos músculos Utilizamse com esse objetivo exercícios especiais que preveem a passa gem dos músculos do estado excitado ao estado relaxado exercícios para o relaxa mento de alguns músculos com a manu tenção da tensão dos outros movimentos com os músculos relaxados etc Alguns treinadores utilizam méto dos próprios que contribuem para o trei namento dessa capacidade entre os des portistas Assim os técnicos de atletismo propõem que seus alunos corram algumas vezes com a velocidade máxima tendo na boca um tubinho de papel Esse exercício simples permite evitar o cansaço exage rado dos músculos Para evitar o estresse exagerado dos músculos da cintura esca pular podese praticar o exercício de cor rida com fósforos entre os dedos polegar e indicador ou com o bastão de reveza mento Outro método de aperfeiçoamento da frequência dos movimentos concebi do com base no fenômeno chamado em fisiologia domínio do ritmo é aplicado no treinamento dos velocistas Para fazer crescer a frequência das passadas utiliza se primeiramente um líder sonoro que comanda o ritmo dos movimentos corres pondentes ao ritmo competitivo Em se guida à medida que domina esse ritmo o atleta corre com a frequência estabele cida e sem a ajuda do líder sonoro Com esse mesmo objetivo utilizamse as pistas luminosas sob a forma de lâmpadas que acendem uma após outra ao longo da pis ta de corrida ou da piscina São possíveis também outros meios e métodos para o treinamento da velo cidade Ao avaliar porém a diversidade de tais métodos é conveniente salientar mais uma vez que nenhum deles isolada mente poderá ser considerado eficaz A obtenção das capacidades de velocidade máxima do atleta poderá ser assegurada 134 Antonio Carlos Gomes como consequência da aplicação de diver sos meios e métodos de preparação com a observação e o respeito aos princípios mencionados de sua combinação no siste ma de preparação a longo prazo levando em consideração a especificidade de cada modalidade desportiva Treinamento da capacidade de flexibilidade A flexibilidade é uma capacidade físi ca do organismo humano que condiciona a obtenção de grande amplitude durante a execução dos movimentos Examinando as manifestações da flexibilidade em uma determinada articulação empregase fre quentemente o termo mobilidade su bentendendose com isso o deslocamen to de uma parte da articulacão em relação à outra Junior 2009 Distinguemse as formas ativa e pas siva de manifestação da flexibilidade A flexibilidade ativa se caracteriza pela ob tenção de grandes amplitudes de movi mento por conta da atividade dos próprios grupos musculares do desportista que as seguram um determinado movimento A flexibilidade passiva é determinada pela maior amplitude do movimento conse guida por meio de influências exteriores utilização de pesos utilização da força de outros grupos musculares o próprio peso do desportista esforços do parceiro etc A grandeza da flexibilidade passiva está estreitamente interligada com a flexibili dade ativa ultrapassando sempre os índi ces correspondentes dessa última Quanto maior for a grandeza da mobilidade pas siva na articulação maiores serão as re servas para o aumento da amplitude do movimento ativo A flexibilidade passiva aproximase pelos seus valores de mobili dade nas articulações da mobilidade ana tômica verídica ou esquelética constituin do a estrutura das respectivas articulações o limite dessa mobilidade A grandeza da flexibilidade passiva depende em grande medida da extensibilidade dos músculos e ligamentos assim como da grandeza individual do limiar de dor do desportis ta Na execução de movimentos comuns o indivíduo utiliza apenas pequena parte da mobilidade máxima possível Durante as competições em certas modalidades desportivas as exigências com relação à mobilidade nas articulações podem atin gir 85 a 95 da anatômica A capacidade de executar os movi mentos com grande amplitude é condicio nada por uma série de fatores que devem ser levados em consideração no processo de aperfeiçoamento da flexibilidade A forma da superfície da articulação dos ossos limita a amplitude de movi mentos Um papel essencial na limitação da amplitude dos movimentos é desem penhado pelas propriedades elásticas do aparelho muscular e a resistência mútua dos músculos em torno da articulação As sim a contração dos músculos no ciclo de movimento é acompanhada da extensão dos músculos antagônicos corresponden tes que causam o efeito de frenagem de caráter protetor A resistência que surge está ligada ao aumento do tônus dos mús culos estendidos o que leva à redução da amplitude do movimento A supera ção desse fator de limitação representa o principal problema de aperfeiçoamento da flexibilidade As possibilidades de aperfeiçoamento da flexibilidade são determinadas em mui tos aspectos pelo sexo e pela idade As di ferenças de sexo condicionam a suprema cia na mobilidade articular das mulheres de todas as idades de 20 a 30 em média em comparação com os homens Popov 1986 Porém esses dados não signifi cam de modo algum que os homens bem treinados e dotados no sentido motor não 135 Treinamento desportivo sejam capazes de revelar altos índices de flexibilidade A título de exemplo podem se mencionar os ginastas de alto nível que apresentam mobilidade nas articulações superior à média das mulheres No caso da planificação de muitos anos de preparação é importante destacar que o efeito de aperfeiçoamento da flexi bilidade está estritamente ligado à idade do desportista Se as influências dirigidas de treinamento coincidem com o período de amadurecimento natural do homem pe ríodo sensível verificase o acréscimo acelerado dessa capacidade Do ponto de vista metodológico é evidente o fato de que na infância é muito mais fácil aper feiçoar a flexibilidade do que na idade avançada Os ritmos mais altos de acrésci mo verificamse na idade de 9 a 14 anos Considerase a idade de 15 a 17 anos a mais tardia quando ainda se podem con seguir consideráveis êxitos no treinamen to da flexibilidade Na idade avançada a amplitude de movimentos diminui devido a processos etários irreversíveis embora a execução de exercícios especiais possa contribuir para a prevenção e a diminui ção essencial dos ritmos de redução da flexibilidade No aperfeiçoamento da flexibilidade deve ser levado em consideração o fator de oscilação horária do dia Assim pela manhã a flexibilidade é consideravelmen te reduzida Em consequência é preciso praticar o aquecimento minucioso antes do treinamento que cumpre as tarefas de aperfeiçoamento da flexibilidade pela ma nhã e pela tarde Os índices superiores de flexibilidade são registrados entre 12 e 17 horas sendo que quanto mais jovem for o organismo maiores serão as oscilações horárias Entre os desportistas as oscila ções horárias são expressas em um grau menor do que no caso de pessoas que não praticam nenhum tipo de desporto As oscilações nos índices de flexibili dade são determinadas também por uma série de outros fatores n a temperatura do corpo e do meio am biente n o nível de fadiga n o grau de excitação emocional n o aquecimento e seu conteúdo e n a capacidade de relaxamento dos mús culos Assim sob a influência do cansaço local os índices de flexibilidade ativa di minuem em média 116 ao passo que a passiva aumenta 95 A diminuição da flexibilidade ativa ocorre como resultado da diminuição da força dos músculos sen do que a flexibilidade passiva explicase pela melhora da elasticidade dos múscu los que limitam a amplitude do movimen to É de grande importância na obtenção da amplitude máxima a capacidade dos desportistas de relaxamento dos músculos em extensão o que leva ao crescimento da mobilidade em até 12 a 14 Popov 1986 É importante destacar também que no estado de excitação emocional por exemplo os índices de flexibilidade podem aumentar na etapa imediatamente precedente às competições A massagem preliminar dos grupos musculares corres pondentes e a sauna juntamente com os fatores mencionados contribuem para a elevação da mobilidade nas articulações Metodologia do treinamento da flexibilidade A seleção dos meios e dos métodos de treinamento da flexibilidade é determi nada antes de tudo pelo nível individual de desenvolvimento dessa capacidade en tre os desportistas e sua correspondência com as exigências de determinada moda 136 Antonio Carlos Gomes lidade desportiva Nas modalidades em que a mobilidade das articulações não constitui o fator principal mas apenas determina a condição geral do atleta p ex a maratona as corridas de esqui o ci clismo etc não se exigem geralmente tarefas acentuadas de aperfeiçoamento da flexibilidade Nesse caso os exercícios de flexibilidade são utilizados como meio au xiliar fazem parte do conteúdo do aque cimento correlacionandose com os exer cícios de outra orientação Em algumas modalidades em que o nível de desenvolvimento da flexibilidade determina em grande medida o resultado da competição p ex ginástica desportiva acrobacia caratê patinação artística e algu mas outras apresentamse exigências mais elevadas e diversificadas em relação ao ní vel de desenvolvimento dessa capacidade Em uma série de modalidades exigese amplitude máxima de movimentos apenas em alguns segmentos do aparelho motor de suporte p ex nas articulações escapulares entre os lançadores de dardo nas articula ções escapulares do quadril e plantar entre os nadadores e na articulação ilíaca entre os corredores de barreiras Por conseguinte para definir o círcu lo de tarefas específicas ligadas ao aper feiçoamento posterior da flexibilidade é necessário estabelecer a correspondência do desenvolvimento da flexibilidade e da mobilidade em certas articulações com as amplitudes direções e o caráter de mo vimentos específicos de um determina do tipo de atividade desportiva Convém aperfeiçoar a flexibilidade somente até o nível necessário ao domínio da técni ca desportiva racional Podese conside rar suficiente o nível de desenvolvimento dessa capacidade quando a amplitude do movimento ativo acessível ao desportista em diferentes articulações ultrapassa em determinados valores os índices de fle xibilidade que caracterizam a execução eficaz dos exercícios competitivos Essa diferença costuma ser chamada de reser va de flexibilidade Ao colocar durante os treinos a tarefa de obtenção de determi nada reserva de flexibilidade não se deve procurar uma mobilidade extrema nas ar ticulações mesmo que isso não perturbe seu funcionamento normal A demasiada flexibilidade pode refletirse negativa mente na eficiência do exercício compe titivo Assim a mobilidade extremamente desenvolvida na articulação escapular entre os halterofilistas exige uma tensão muscular complementar à limitação dos graus excessivos de liberdade da articula ção durante a fixação do haltere Os exercícios físicos que asseguram a extensão do aparelho muscular e liga mentar do atleta e a obtenção da amplitu de máxima de movimentos constituem o principal meio de treinamento da flexibi lidade Os exercícios de extensão podem ter as formas ativa e passiva e ser execu tados nos regimes dinâmico e estático de trabalho muscular Seria interessante executar os exer cícios de extensão dos músculos sob a forma passiva com a fixação das posições correspondentes à maior amplitude do movimento utilizamse exercícios demo rados com ajuda do parceiro por conta dos esforços de outros grupos musculares ou o peso do próprio atleta com a ajuda de vários implementos especiais imple mentos de roldana amortecedor de bor racha etc Os exercícios passivos geral mente são executados em 3 a 4 séries de 10 a 40 repetições As posições passivas estáticas são mantidas em 3 a 4 séries de 6 a 10 repetições sendo que a suspensão relaxada é executada em 3 a 4 séries com a duração de 15 a 20 segundos Os exercícios dinâmicos ativos p ex balanço flexões rotações etc devem ser executados com amplitude cada vez maior evitandose neles movimentos bruscos e arranques Os exercícios com movimentos livres de balanço são pouco eficientes para 137 Treinamento desportivo o aperfeiçoamento da flexibilidade Isso explicase pelo fato de que nesses exer cicios a extensão depende da inércia dos membros que executam os movimentos de balanço e está ligada à necessidade do cumprimento desses exercícios em um rit mo rápido Os movimentos rápidos estimu lam a manifestação de um reflexo que limi ta a extensão e leva ao estresse dos grupos musculares em extensão Por isso é mais eficiente a execução dos exercícios em ve locidades reduzidas Somente os exercícios conclusivos podem ser executados brusca mente Nesse caso os músculos que já se adaptaram a extensões encontramse em um estado relaxado e não criam uma con tração para a obtenção da amplitude máxi ma do movimento O aumento da flexibilidade ocorre como resultado do crescimento da ampli tude dos movimentos e da duração do es tado estendido do aparelho muscular e li gamentar do atleta Nas primeiras sessões dos exercícios dinâmicos recomendase praticar para cada membro em média 10 a 15 repetições em 2 a 3 séries Mais adiante podemos aumentar o número de repetições para até 40 a 50 ou aumentar o número de séries para até 5 a 6 Nos exercícios estáticos o crescimento vai de 5 a 6 segundos nas etapas iniciais até 30 a 40 segundos de manutenção dos múscu los no estado de extensão Popov 1986 Recomendase que entre as repetições e em cada uma das séries os desportistas relaxem os músculos ou pratiquem exer cícios de direção contrária Os intervalos entre as séries duram de 2 a 25 minutos Convém relaxar e descansar passivamente no primeiro minuto executando depois 3 a 5 movimentos para o lado oposto esti mular os músculos antagonistas e logo a seguir executar 3 a 5 movimentos de balanços livres por conta do trabalho do grupo muscular em treinamento Nos 20 a 40 segundos restantes os músculos de vem ser relaxados Os meios de aperfeiçoamento da fle xibilidade aplicados na prática atingem diferentes resultados Foi comprovado ex perimentalmente que para a obtenção de um alto nível de desenvolvimento da fle xibilidade é necessária a utilização com plexa dos exercícios de caráter dinâmico sob as formas ativa e passiva e estático A utilização seletiva de algum meio con tribui para o desenvolvimento unilateral da flexibilidade A combinação mais efi ciente é a seguinte 40 de exercícios de caráter ativo 40 de caráter passivo e 20 de caráter estático Nos últimos anos tornouse muito popular no mundo o método conhecido sob o nome stretching Nesse método aplicamse os exercícios dinâmicos ativos e passivos em um ritmo lento em combi nação com as posições pesos estáticas Os exercícios são executados em sequên cia determinada Assim em uma das va riantes do stretching utilizase primeiro a forma passiva do exercício stretching pas sivo Figura 514 a Nesse caso o grupo estendido de músculos deve ficar relaxa do ao máximo Depois disso durante 5 a 6 segundos esses músculos sofrem resis tência quando as forças externas par ceiro implementos especiais dificultam o movimento da articulação Figura 514 b Assim o músculo sofre a tensão estáti ca isométrica devido à qual reduzse um pouco As posições iniciais para as tensões devem corresponder às fases da maior amplitude de movimentos e responder às exigências do movimento racional De pois o músculo deve ser relaxado por um período de 2 a 4 segundos e por conta da extensão passiva repetida podese conse guir um aumento ainda maior da mobili dade na articulação O efeito acumulativo do emprego das tensões isométricas dos músculos previamente estendidos mani festase como um acréscimo essencial dos índices da flexibilidade dinâmicoativa durante o primeiro mês de treinamento 138 Antonio Carlos Gomes A continuação da aplicação desse método contribui para a manutenção do nível de flexibilidade atingido Os níveis de atividade de diferentes músculos do ser humano encontramse interligados e intercondicionados Devido a essa característica o crescimento da ati vidade de qualquer músculo ou do grupo muscular do sistema muscular integral é acompanhado da redução da ativida de de músculos em outra zona Levando em consideração essa disposição aplica se uma metodologia própria que permite superar a excessiva tensão de músculos antagonistas que limitam a mobilidade na articulação O meio de elevação da mobi lidade nas articulações ilíacas pode servir como exemplo de sua realização Visando a esse objetivo durante a execução da fle xão ativa em abdução na articulação ilí FiGurA 514 O stretching com a tensão isométrica dos músculos previamente estendidos Legenda a Extensão passiva com a ajuda do parceiro b Tensão isométrica do músculo previamente estendido 139 Treinamento desportivo aca pressupõese ativar o bíceps do bra ço por meio da eletroestimulação ou da tensão isométrica dos músculos do braço O método proposto de redistribuição da atividade dos músculos reduz considera velmente o tempo do desenvolvimento da mobilidade articular pois após a primei ra influência a mobilidade da articulação ilíaca poderá aumentar 12 a 14 Após o final da estimulação o fundo residual de aumento da mobilidade é bastante alto Ao utilizar exercícios de extensão é necessário estar ciente de que diferentes zonas dos músculos podem estenderse durante a execução do exercício de modo desigual em todo o comprimento Isso é confirmado pelos dados das pesquisas ele tromiográficas e pelas sensações subjeti vas de dor do desportista por exemplo na execução de exercícios como flexão do tronco à frente flexão das pernas em po sição deitada flexão passiva e desvio de quadris coxas Durante a realização do movimento com a perna estendida a dor surge na parte inferior ou seja na par te distal dos músculos Se o desportista flexiona levemente a perna a dor passa à parte média do músculo sendo que com a perna flexionada as sensações de dor aproximamse da parte próxima dos músculos em extensão Para a extensão completa dos músculos é necessário uti lizar exercícios que visem à extensão de todas as partes dos músculos A utilização de exercícios uniformes de extensão dos músculos em dosagem diferente tem re sultado insuficiente para a obtenção de altos índices de flexibilidade A realização mais completa das reservas de aperfeiço amento da flexibilidade somente pode ser conseguida caso seja utilizado o conjunto de exercícios que estendam ao máximo as partes distal medial e proximal dos mús culos Essa metodologia permite reduzir a sensação de dor e evitar lesões pois o alongamento máximo não se estende a apenas uma parte mas a três partes e em consequência disso o comprimento total do músculo aumenta A estimulação biomecânica da ativi dade muscular é um método eficiente de elevação da mobilidade nas articulações Nazarov 1981 Caracterizase como uma influência complementar sobre os músculos em trabalho com impulsos me cânicos de pequena amplitude que se guem ao longo dos filamentos musculares A frequência dos impulsos coordenase com os parâmetros de oscilações vibra ções naturais dos músculos próprias de seu regime máximo ou submáximo Com a ajuda da estimulação biomecânica os filamentos musculares entram em um re gime artificial de oscilação vibração de trabalho o que provoca mudanças favorá veis no aparelho muscular do desportista juntamente com o crescimento dos índi ces de flexibilidade Observase também melhora do fluxo sanguíneo nos músculos em estimulação e a inervação dos múscu los é melhorada Quanto aos parâmetros de influência que asseguram a elevação da mobilidade das articulações dos membros superiores eles podem ser a estimulação com a amplitude de 1 mm com a frequên cia de 25 Hertz e a duração de influência de 1 minuto Obtémse o principal acrés cimo durante 3 a 4 sessões de estimulação biomecânica O valor concreto do acrés cimo está ligado à reserva de mobilidade anatômica nas articulações Na estrutura do macrociclo de pre paração a solução da tarefa de treino da flexibilidade geralmente pressupõe duas etapas consecutivas n o aumento da flexibilidade e n a manutenção do nível obtido de de senvolvimento dessa capacidade Na primeira fase ocorre a altera ção da correlação dos meios e métodos 140 Antonio Carlos Gomes de treinamento da flexibilidade Durante os primeiros microciclos de treinamento prevalecem os meios que contribuem para o desenvolvimento da flexibilidade passi va o que cria uma base para o aperfeiço amento posterior da flexibilidade em um regime ativo de movimentos Mais adian te essa correlação alterase aumentando o volume dos exercícios que contribuem para o desenvolvimento da flexibilidade ativa A duração da fase do volume ele vado de cargas que contribuem para o desenvolvimento da flexibilidade não ul trapassa geralmente 6 a 10 semanas Se gundo especialistas Matveev 1977 esse tempo é eficiente para realizar o potencial de acréscimo nas articulações o qual de pende do melhoramento da elasticidade do aparelho muscular e ligamentar As in fluências posteriores concentradas sobre o desenvolvimento da elasticidade levam apenas a um acréscimo insignificante da capacidade pois estão ligadas à adapta ção prolongada do aparelho ósseo e liga mentar Os exercícios que visam ao aperfei çoamento da flexibilidade proporcionam maior efeito quando executados concen tradamente diariamente e às vezes duas ou mais vezes por dia O mesmo volu me de cargas disperso no tempo provoca efeito consideravelmente menor O tempo dispendido por dia para o aperfeiçoamen to da flexibilidade varia geralmente de 45 a 90 minutos dependendo das tarefas de preparação e das particularidades indivi duais do desportista Esse trabalho pode ser distribuído de maneira diferente du rante o dia recomendase habitualmen te incluir 20 a 30 do volume total na ginástica matinal e no aquecimento antes do treinamento sendo que os outros exer cícios ficam incluídos nos próprios treinos Os exercícios que visam ao treinamento da flexibilidade tanto podem compor o con teúdo de sessões específicas de trei no como podem ser incluídos nas sessões complexas durante as quais juntamente com o aperfeiçoamento da flexibilidade são desempenhadas outras tarefas de pre paração Convém levar em consideração que o treino da flexibilidade ativa seja planejado para a fase inicial da sessão enquanto o da flexibilidade passiva fica para o final da sessão Isso é explicado pelo fato de que durante o cansaço a fle xibilidade ativa é menor devido à redução da força dos músculos que efetuam o mo vimento sendo que a flexibilidade passi va ao contrário cresce devido à elevação da elasticidade dos músculos resultante do aquecimento De acordo com essa ob servação os exercícios que visam ao au mento da flexibilidade ativa não devem ser executados após considerável redução dos índices de força A tarefa de manutenção do nível de desenvolvimento da flexibilidade alcan çado é resolvida na segunda metade do período preparatório e no período compe titivo Se não for possível manter o nível atingido durante o período competitivo prolongado poderão ser utilizados os ci clos especializados que contêm o volume concentrado de efeitos de treinamento e que estimulam a elevação da mobilidade nas articulações limitadoras da atividade motora do desportista Na fase de manu tenção do nível atingido as sessões podem ser efetuadas de 3 a 4 vezes por semana podendo o volume de trabalho ser dimi nuído um pouco Nas modalidades em que a flexibilidade não é um componen te determinante da preparação do atleta podese considerar suficiente a inclusão no aquecimento diário de um conjunto de exercícios de flexibilidade de 20 a 30 minutos No entanto não se deve excluir por completo em nenhuma das etapas da preparação anual o trabalho de desenvol vimento da flexibilidade Quando ocorre a parada completa das influências de treina 141 Treinamento desportivo mento de flexibilidade esta regride rapida mente ao nível inicial ou próximo a ele Treinamento das capacidades de coordenação A coordenação como capacidade fí sica representa a capacidade de dirigir os movimentos de acordo com as soluções de tarefas motoras As capacidades de co ordenação são diversificadas e represen tam as tarefas motoras que o homem deve desenvolver O nível de revelação dessas capacidades é determinado por diversos sistemas sensoriais Devido às particu laridades do desenvolvimento biológico desses sistemas os ritmos mais altos de acréscimo das capacidades de coordena ção verificamse na idade de 4 a 5 anos sendo que no período entre 7 e 12 anos encerrase a formação dos sistemas fun cionais do organismo que determinam a coordenação dos movimentos Por conse guinte a idade infantil apresentase como a mais favorável para o treinamento das capacidades de coordenação As capacidades de condução dos movimentos baseiamse predominante mente na precisão das percepções moto ras cinestésicas que se apresentam em combinação com as percepções visuais e auditivas Com pouca experiência moto ra as percepções e sensações do homem não permitem diferenciar nitidamente os parâmetros do espaço do tempo e da for ça do movimento Por isso as capacida des de coordenação formamse antes de tudo no processo de treinamento de di versificadas ações técnicas e táticas Com a execução racional dos movimentos so mente ficam em estado de excitação ten são os grupos musculares que participam diretamente de tais movimentos perma necendo os outros grupos musculares em estado relaxado A concordância e corres pondência da tensão e do relaxamento dos músculos caracterizamse como já se destacou anteriormente pela coordena ção neuromuscular Na realização pela primeira vez ou em condições incomuns de uma ação mo tora a tensão involuntária dos músculos elevase o relaxamento completo destes inexiste e sua coordenação perturbase A excessiva tensão muscular aparece ge ralmente na etapa inicial de treino assim como sob a influência da fadiga da sensa ção de dor e do estresse psicológico como o provocado pela participação nas com petições A perturbação da coordenação neuromuscular refletese negativamente na capacidade e nos resultados da realiza ção dos exercícios Na atividade que exige a revelação de resistência a tensão mus cular elevada possibilita o aumento de gastos energéticos e consequentemente a fadiga Nos exercícios de velocidade a coordenação motora limita a velocidade máxima Já nos exercícios de força ela re duz a grandeza da força aplicada Na primeira execução de um movi mento os músculos antagonistas intervêm ativamente freiandoo o que permite in troduzir as correções necessárias no pro cesso de sua execução Segundo a teoria clássica de N Bernstein o aperfeiçoamen to do mecanismo de direção do movimento pressupõe a superação gradual dos graus excedentes de liberdade do órgão em mo vimento À medida que se eleva a capa cidade de direção do movimento ocorre passo a passo a eliminação da tensão ex cessiva dos músculos o aumento da velo cidade e da precisão dos movimentos e a redução dos gastos energéticos A direção do movimento é um pro cesso complexo que compreende muitos níveis e cada um deles tem suas funções A coordenação das ações motoras pode manifestarse em níveis sistemáticos di ferentes pelo grau de participação da 142 Antonio Carlos Gomes consciência do homem intramuscular intermuscular e muscular sensorial A mais complexa é a coordenação muscular sensorial pois está ligada à coordenação dos movimentos do atleta no tempo e no espaço de acordo com a situação criada contraação do adversário alteração das condições do apoio etc Esse tipo de co ordenação exige uma rápida análise fina dos sinais exteriores visuais auditivos cinestésicos e a constituição na base de toda essa informação de um programa da ação motora e de sua realização As capacidades de coordenação ca racterizamse pela multiformidade das manifestações entre as quais podem ser assinaladas a capacidade de reestruturar rapidamente os movimentos conforme as condições alteradas de solução de tarefas motoras a precisão de reprodução dos pa râmetros de espaço força tempo e ritmo do movimento a capacidade de manter o equilíbrio etc Meios e particularidades do método de treinamento Para o treinamento da capacidade de coordenação podem ser utilizados exercí cios físicos diversificados desde que a exe cução destes esteja ligada à superação de dificuldades significativas de coordenação O desportista sempre tem que superar essas dificuldades no processo de domínio das técnicas de qualquer ação motora nova ou na execução do movimento em condições incomuns para o atleta À medida que essa ação tornase costumeira ela apresenta menos dificuldade no que diz respeito à coordenação e por isso estimula cada vez menos o desenvolvimento das capacidades de coordenação Liakh 1989 As capacidades de coordenação são muito específicas o que deve obrigatoria mente ser levado em consideração na se leção dos meios de preparação física espe cial Com objetivo de solucionar as tarefas relacionadas à preparação física geral uti lizamse exercícios de ginástica e de jogos Na atividade desportiva as capacidades de coordenação desenvolvemse geralmente de um modo interligado e simultâneo com as outras capacidades físicas Juntamente com o meio de treinamento selecionado de forma correta permitem influenciar acen tuadamente uma dessas capacidades A capacidade de reestruturação das ações motoras manifestase na alteração oportuna de parâmetros diferentes do movimento Isso está ligado mais fre quentemente à atividade nas condições de limite do tempo e por isso depende em grau significativo da rapidez da rea ção motora Porém a estrutura de coor denação dos movimentos pode se alterar também sob o efeito da fadiga o que em uma série de casos contribui para a rea lização mais econômica do trabalho Pla tonov 1986 Treinamento da precisão na reprodução dos parâmetros de força espaço tempo e ritmo nos movimentos Os exercícios de reprodução de mo vimentos do homem nos quais os pa râmetros de posição do corpo e de seus membros são dados pelo treinador consti tuem meios que contribuem para o desen volvimento da precisão de reprodução dos parâmetros de espaço dos movimentos O treinamento da precisão das sensações espaciais é efetuado em várias etapas Na primeira estimulase o atleta com exercí cios simples ao avaliar a posição no espa ço de certos membros do corpo p ex o desvio do braço em 45 graus ou a inclina ção do corpo sob o ângulo de 90 graus O controle dos movimentos pode ser fei to com mapas graduados Figura 515 Na segunda etapa prevêse a reprodução de diferentes movimentos segundo indi 143 Treinamento desportivo FiGurA 515 Controle da precisão da reprodução dos parâmetros de espaço dos movimentos com a ajuda de escalas liakh 1989 a b c 144 Antonio Carlos Gomes cações do treinador Para complicar a ta refa a reprodução dos movimentos é feita em combinação com os deslocamentos Por exemplo durante a marcha os atletas param a um sinal do treinador e tomam a posição necessária Na terceira etapa o aperfeiçoamento da precisão dos desloca mentos no espaço é conseguida por meio da escolha autônoma de posição ou do in forme verbal do atleta sobre os parâmetros da ação efetuada O treinador avalia o grau de correspondência dos parâmetros reais da posição com a informação do atleta As dificuldades das tarefas de trei namento aumentam com a complicação da estrutura dos exercícios manuntenção dos parâmetros de alguns membros e não de um somente com a reprodução da pose com o desligamento do analisador visual execução do exercício de olhos fe chados com a utilização de pesos etc Em último caso é preciso observar que os esforços musculares que representam até 5 do esforço máximo melhoram a preci são os que representam até 30 a 40 do esforço máximo quase não a perturbam e com o esforço acima de 40 verifica se a diminuição da precisão espacial dos movimentos Os principais exercícios que desen volvem a precisão de diferenciação dos parâmetros de força do movimento são aqueles em que a grandeza da tensão mus cular é rigorosamente dosada Na base da metodologia de reprodução da precisão de diferentes parâmetros de força do mo vimento está o método de tarefas de con traste A essência desse método consiste na alternância de determinados exercícios que diferem pelos parâmetros de força por exemplo a alternância de lances de bola e as diferentes distâncias no basque te os saltos em distância e em altura com a reprodução precisa Figura 516 A precisão e reprodução dos parâ metros do exercício tem um significado particular nas modalidades cíclicas de desporto inclusive o sprint A capacidade de reproduzir nitidamente os intervalos temporários relacionase com a percep ção temporal O treinamento da capaci dade de reproduzir os intervalos de tem po prevê a realização dos exercícios em três etapas Na primeira delas os desportistas cumprem os exercícios p ex as corridas de 200 metros Após cada esforço o trei nador informa o atleta sobre o resultado Na segunda etapa sugerese a autoavalia ção do resultado pelo atleta a qual logo é comparada com o resultado fixado pelo treinador A comparação constante de suas sensações com o resultado fixado na dis tância contribui para o aperfeiçoamento da percepção precisa do tempo Quando a autoavaliação começa a coincidir com os resultados acusados de fato passase à etapa final Nessa terceira etapa intro duzemse tarefas que exigem a reprodu ção do tempo de passagem da distância Essas tarefas variam contribuindo para o treinamento do desportista no sentido da percepção mais precisa e exata dos inter valos de tempo Na prática desportiva entendese por percepção de ritmo a capacidade de reproduzir exatamente o ritmo dado da ação motora ou alterálo adequadamente devido à mudança das condições Liakh 1989 O ritmo reflete o grau de preci são dos esforços aplicados e a alternân cia das fases de tensão e de relaxamento A percepção de ritmo é muito específica O desportista pode possuir percepção re lativamente alta do ritmo por exemplo na corrida mas não ter a capacidade su ficientemente formada para reproduzir o ritmo de exercícios de dança ou de ginás tica É por isso que se deve educar a per cepção de ritmo aplicado às ações moto ras específicas da modalidade desportiva praticada pelo atleta 145 Treinamento desportivo FiGurA 516 Exercício para precisão e reprodução dos parâmetros de força do movimento A tarefa da formação do ritmo corre to surge já na etapa de aprendizagem ini cial da técnica da ação motora O treina mento deve fazer com que o atleta tenha uma ideiapadrão da estrutura rítmica da ação motora nova É útil reproduzir o ritmo dado com a ajuda de acompanha mento musical e de contagem em voz alta ou para si próprio Elevase signifi cativamente a eficiência do treinamento da percepção de ritmo graças à utilização de aparelhagem sonora ou luminosa es pecial uma espécie de líderes sonoros e luminosos que reproduzem o ritmo dos movimentos com os respectivos sinais O treino especial com o emprego dos meios de informação objetiva permite elevar substancialmente a capacidade de repro dução do ritmo dos movimentos Treinamento da capacidade de equilíbrio O equilíbrio como forma de reve lação das capacidades de coordenação é caracterizado pela capacidade de manter a posição estável estabelecida pelo corpo Distinguemse o equilíbrio estático e o equi líbrio dinâmico O equilíbrio estático ocor re durante a manutenção de determinadas posições do homem p ex parada de mão na ginástica Conseguese o aperfeiçoa mento do equilíbrio estático com posturas 146 Antonio Carlos Gomes em que o centro de gravidade do corpo muda sua posição em relação ao ponto de apoio e com a manutenção dessas posições estabelecidas durante período prolongado As metodologias mais eficientes são a uti lização de um apoio instável a limitação da superfície de apoio a conservação do equilíbrio nas condições de interação com o parceiro ou com um peso complementar assim como com o desligamento temporá rio do analisador visual Esse em muitos casos desempenha um papel significativo na orientação e no sentido do equilíbrio otimizado na posição graças à qual o equi líbrio se restabelece gradualmente e não no sentido da fixação rígida dessa posição Zakharov 1990 Contribui para a ma nutenção do equilíbrio a fixação do olhar em um objeto que fica no nível dos olhos paralelamente à superfície de apoio Os movimentos que corrigem a posição do equilíbrio estático ocorrem nas articula ções próximas à superfície de apoio p ex na articulação da perna e da planta do pé na posição com apoio em um pé Para a adaptação às dificuldades psíqui cas os exercícios são realizados em con dições de dificuldade elevada Utilizamse como meio de treina mento do equilíbrio dinâmico exercícios diversificados que criam influências com plementares sobre o vestíbulo do despor tista por exemplo a corrida no banco ginástico após uma série de cambalhotas Para isso são utilizados largamente vários aparelhos de treino balanços centrífu gas looping etc Controle do nível de preparação física O controle das mudanças de adapta ção no organismo do desportista constitui uma das mais importantes condições no direcionamento da preparação do atleta Somente a informação objetiva e exata sobre as mudanças do estado do atleta permite introduzir as correções necessá rias nos parâmetros de cargas de treina mento Costumamse distinguir três tipos de controle controle por etapas controle corrente e controle operacional cada um deles relacionandose com o tipo corres pondente dos efeitos influências de treinamento n Controle por etapas permite avaliar o estado do atleta resultante do efei to acumulativo de treinamento e ma nifestase apenas em escala da etapa prolongada de preparação n Controle corrente contínuo visa a avaliar os estados que resultem da soma de cargas de séries de sessões reunidas nos períodos relativamente curtos de preparação tipo de macro ciclos n Controle operacional prevê a avalia ção do efeito imediato de treinamento durante uma sessão ou no período de recuperação após essa O nível de preparação do atleta é uma noção complexa cujo indicador mais in formativo é o resultado no exercício com petitivo porém nem sempre se pode apro veitar esse indicador durante os treinos Além disso esse indicador depende de um grande número de fatores o que não per mite julgar objetivamente o nível de de senvolvimento de certas capacidades físi cas e os aspectos do estado de preparação do desportista Por isso utilizamse vários exercícios de teste com a finalidade de controlar tais fatores Esses exercícios per mitem ter uma ideia mais exata de compo nentes concretos do estado de preparação Os testes utilizados para o controle da pre paração física do atleta devem satisfazer as exigências metodológicas com seguran ça e informação Godik 1988 A segurança do teste permite julgar o grau de coincidência estabilidade con 147 Treinamento desportivo formidade equivalência dos resultados dos mesmos desportistas com testes re petidos A informação validade do tes te comprova a exatidão com que se pode avaliar a capacidade física determinada ou o aspecto de preparação do atleta Na maioria dos casos o controle do nível de preparação física dos desportistas é feito com a ajuda de testes cuja segurança e informação já foram comprovadas pelos especialistas na metodologia desportiva A objetividade do controle exige um enfo que diferenciado da medição de diversas formas de manifestação das capacidades físicas levando em consideração a espe cificidade de cada uma das modalidades desportivas e distinguindo nessa relação dois grupos de testes específicos e não específicos Específicos são os exercícios de tes te cuja estrutura de realização é próxima à competitiva Por exemplo podem ser considerados testes específicos corridas na esteira rolante para os corredores e no veloergômetro para os ciclistas Os testes específicos em comparação com os não específicos proporcionam mais informa ção Assim o consumo máximo de oxi gênio medido como um dos indicadores de resistência do desportista no teste dos ciclistas no veloergômetro é 33 a 49 maior do que durante a corrida Entre os esquiadores durante o deslocamento imitando a corrida de esqui o consumo máximo de oxigênio é em média 115 maior do que durante o trabalho no velo ergômetro FiGurA 517 Teste específico para o controle da resistência especial dos basquetebolistas shuttle run 148 Antonio Carlos Gomes Seria conveniente avaliar o nível do desenvolvimento das capacidades físicas específicas do atleta durante a realiza ção dos movimentos de imitação próxi mos pela forma e pelas particularidades do funcionamento de diversos sistemas do organismo do exercício competitivo Por exemplo para o controle da resis tência especial do basquetebolista é conveniente utilizar o teste chamado de corrida lançada shuttle run e não a corrida regular na distância padronizada Figura 517 Atualmente em cada mo dalidade desportiva existem conjuntos de testes que permitem avaliar diversos aspectos do estado de preparação espe cífica dos atletas Na utilização desses testes devese levar em consideração que eles via de regra não são informa tivos em relação a outras modalidades desportivas Na base dos testes nãoespecíficos estão os exercícios de preparação geral Entre os testes nãoespecíficos são bas tante difundidos os chamados testes pa dronizados do tipo PWC170 teste de 12 minutos do cooper steptest entre outros Os testes nãoespecíficos aplicamse no controle do nível de desenvolvimento das capacidades físicas em várias modalida des mas o nível informativo deles não é muito alto em comparação com os espe cíficos especialmente quando se trata de desportistas de alto nível BASES TEÓriCAS DA PEriODizAÇÃO DO TrEiNAMENTO DESPOrTiVO A questão da estruturação e perio dização do treinamento dos desportistas de alto rendimento é um assunto muito atual devido à crescente profissionaliza ção e comercialização do desporto de uma forma geral O crescimento constante do calendário de competições e o aumento dos prêmios pagos por elas produzem uma grande intensificação nos aspectos relacio nados à preparação desportiva e conse quentemente uma evolução nos enfoques teóricometo dológicos e de soluções tecno lógicas com o objetivo de buscar cada vez mais o máximo do aperfeiçoamento des portivo Isso de certa forma mostra uma mudança na forma de pensar e realizar as ideias tradicionais que discutem a dinâmi ca das cargas do treinamento por sua mag nitude seu caráter e sua orientação além de diferentes formações estruturais em toda a hierarquia do treinamento moder no ciclos períodos etapas macrociclos mesociclos etc Zhelyazkov 2001 A discussão promovida na literatura internacional tem levado em consideração uma série de fatores objetivos e subjetivos n A grande diferença das atividades mo toras nos desportos e as respectivas exigências relacionadas com a especia lização morfofuncional do organismo n A estrutura da atividade competitiva eliminatória de turnos de pontos cor ridos etc n A organização técnicomaterial e finan ceira de preparação desportiva como premissa para participar em diversos tipos de competições n As concepções teóricometodológicas e a experiência prática dos grandes es pecialistas do desporto n As formatações em entendimento dos princípios métodos e formas de cons trução do processo de treinamento Esses e outros enfoques têm sido estudados e com muita dificuldade têm evoluído em sua história e vêm se dis tinguindo em uma sucessão de diversas etapas A periodização do processo de treina mento desportivo consiste antes de tudo em criar um sistema de planos para distin tos períodos que perseguem um conjunto de objetivos mutuamente vinculados O plano de treinamento constitui um sério 6 ESTRUTURAçãO E PERIODIzAçãO DO TREINAMENTO DESPORTIvO 150 Antonio Carlos Gomes trabalho científico que prevê perspectivas possíveis a curto médio e longo prazo A periodização do treinamento não é uma parte isolada do todo ou seja o planejamento do treino mas sim uma fase do processo de elaboração do pla nejamento e procura responder à neces sidade de unir todas as variáveis o que envolve um programa de preparação dos atletas Na programação do treinamento na prática as decisões são tomadas com base em uma premissa lógica Isso quer dizer que quando se tem uma tarefa qualquer concreta e determinada quantitativamen te devese perguntar o que é necessário realizar na prática e de que forma solucio nar a tarefa A seguir vamos examinar quais são as razões objetivas que permitem tomar decisões no processo da periodização e da programação do treinamento despor tivo Os fundamentos foram extraídos de experiências válidas na prática desportiva Matveev 1977 ESTruTurA DE PrEPArAÇÃO DO ATLETA A estrutura de preparação do atleta é compreendida pelas formas de siste matização do conteúdo do treinamento em que o conjunto de ligações entre os elementos do sistema de treinamento devem assegurar sua integridade e orien tação especial visando ao resultado des portivo A estrutura de preparação interessa nos antes de tudo do ponto de vista de sua direção como sistema À direção dos sistemas dinâmicos complexos dentre os quais estão os sistemas de treinamento ligamse alguns níveis estruturais de or ganização Ao destacar esses níveis no sistema de preparação do atleta devese levar em consideração que cada um deles deve manter a especificidade qualitativa do sistema integral Caso contrário não se pode falar de sistema dirigido Ao destacar o nível mais simples da organização do processo de preparação do atleta seria conveniente fazer uma analo gia com a estrutura dos biossistemas na qual com base em uma atitude cibernéti ca geral podese destacar os seguintes ní veis de organização biológica estruturas moleculares subcelulares célula tecido órgão sistema de órgãos e organismo A célula é um sistema biológico ele mentar com todo o conjunto de proprie dades do ser vivo embora composta por sua vez de estruturas moleculares a cé lula já não pode ser dividida em partes capazes de existir independentemente A célula é uma unidade do organismo e o nível estrutural mais simples de sua orga nização Hohmann 1993 Tal abordagem permite destacar os ní veis estruturais do sistema de treinamento do atleta no qual a sessão de treinamento representa o nível mais simples de organi zação Tratase do sistema pedagógico mais simples que possui a especificidade qua litativa de todo o processo de preparação do atleta A sessão de treino é dotada de propriedades que permitem o seu funciona mento orientado especial como um sistema integral que assegura a solução de tarefas de seu nível de direção do processo de pre paração do atleta A sessão de treinamento já não pode ser dividida em partes que pos sam funcionar separadamente Juntamente com a sessão de treino a competição tam bém deve ser considerada como um ele mento específico de preparação do atleta Na estrutura de preparação do atle ta convém destacar sete níveis de organi zação conforme a Figura 61 Em cada um desses níveis a prepara ção do atleta visa à obtenção de objetivos específicos Quanto mais alto o nível tanto mais significativo será o objetivo e menos generalizadas as tarefas Mas o principal ob 151 Treinamento desportivo jetivo resolvese em nível superior Os obje tivos e as tarefas dos níveis mais baixos têm papel auxiliar em relação ao objetivo geral No processo de preparação do atleta um dos problemas mais complicados que o técnico deve resolver está relacionado com a segurança do aperfeiçoamento con sequente e orientado de diversos aspectos dessa preparação Sem estar apoiado em uma ideia clara e sem levar em conta to dos os seus níveis não é possível dirigir efetivamente esse processo o treinamen to não é capaz de sempre tomar conta de toda a diversidade de componentes de fatores e de condições que determinam o aperfeiçoamento eficiente do nível des portivo Dessa forma procuraremos exa minar as principais particularidades me todológicas da estrutura de preparação do atleta em diferentes níveis estruturais de sua organização ESTruTurA GErAL DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA A LONGO PrAzO Um ciclo de preparação de muitos anos é acompanhado habitualmente por projetos científicos que consta na ela boração de um plano de perspectiva que dura de 8 a 12 anos tendo a duração de 2 a 3 ciclos olímpicos Tal plano pressu FiGurA 61 Níveis de organização do sistema de preparação treinamento de atletas 152 Antonio Carlos Gomes põe percorrer integral e minuciosamente os degraus modelos formativos desde a seleção na idade infantil até a obtenção do alto rendimento desportivo Entendese que nesse tipo de ciclo prolongado já existe um potencial de alto rendimento nos atletas inseridos nele Os recursos desses atletas principalmente genéticos ainda não foram devidamente colocados à prova da metodologia do trei namento ou ainda estão em estágio de cres cimento Esse procedimento se elabora para as equipes jovens juvenis e juniores com talento desportivo Na estrutura desse pla nejamento estão vários macrociclos que se guem no decorrer do estágio de preparação normalmente com duração de 2 a 4 anos O nível dos resultados desportivos na atualidade é tão alto que somente os atletas que se dedicam à atividade despor tiva durante muitos anos são capazes de superar esse nível e mesmo aproximarse dele Por isso à medida que crescem os resultados desportivos e acumulamse os conhecimentos multiformes referentes à preparação do atleta tornase evidente a necessidade de se definir os caminhos me todológicos de preparação a longo prazo do atleta Gomes 1998 O treinamento a longo prazo muitos anos representa o nível estrutural supe rior em que são traçadas as tarefas mais gerais que determinam a estratégia para a conquista da medalha de ouro no despor to Na sua estruturação coerente devemos levar em consideração muitos fatores e leis naturais de obtenção de resultados máxi mos Discutiremos alguns deles os quais determinam em grau maior a estrutura e o conteúdo da preparação a longo prazo Estrutura e conteúdo da preparação do atleta a longo prazo Ao estruturar o programa de prepa ração a longo prazo o primeiro passo deve ser o estabelecimento de limites etários otimizados em que são acusados os resul tados desportivos superiores O estudo da participação dos atletas durante muitos anos nas maiores competições como os campeonatos mundiais e os jogos olímpi cos testemunha a estabilidade relativa da idade dos atletas que integram o grupo de elite Matveev 1977 Platonov 1987 De acordo com vários estudos relacionados com a especialização precoce no despor to ainda é insuficiente a fundamentação científica sobre o assunto e só se justifica em certas modalidades como ginástica saltos ornamentais patinação artística natação esgrima e algumas outras A precocidade de resultados verifi cada nessas modalidades está relacionada com diversos fatores como por exemplo a alteração dos regulamentos das compe tições a especialização que começa mais cedo a inclusão dos atletas na esfera do desporto profissional etc Em outras mo dalidades as faixas etárias têm permane cido no mesmo nível durante as últimas duas ou três décadas Tal fato permitenos concluir que somente os atletas cuja preparação de muitos anos é construída de modo que a dinâmica de cargas de treinamento asse gure a obtenção de resultados superiores na idade otimizada são capazes de conse guir esses resultados máximos Na Tabela 61 são apresentadas as faixas etárias e os seus resultados máximos característicos de algumas modalidades Para a estruturação do processo de preparação a longo prazo é importante saber os ritmos ótimos de crescimento dos resultados desportivos assim como o período total de obtenção de altos resulta dos desportivos A Figura 62 indica os pe ríodos característicos de algumas modali dades no que diz respeito à formação do alto rendimento desportivo Os ritmos de crescimento não são regulares Nas etapas iniciais de aperfeiçoamento desportivo o 153 Treinamento desportivo TABELA 61 Faixas etárias e suas relações com os resultados desportivos Filin 1987 zona dos primeiros zona de alto zona de manutenção grandes resultados rendimento dos resultados Modalidade desportiva idade idade idade Homens Corrida 100 metros 1921 2224 2526 Corrida 800 metros 2122 2325 2627 Corrida 10000 metros 2223 2426 2729 Saltos altura 1920 2124 2526 lançamento de dardo 2123 2426 2728 Natação 1416 1721 2224 Ginástica esportiva 1820 2124 2526 luta 1921 2226 2730 Halterofilismo 1921 2124 2527 Boxe 1820 2125 2628 Remo acadêmico 1720 2125 2628 Basquetebol 1921 2226 2628 Futebol 2021 2226 2728 Patinação artística gelo 1316 1725 2628 Esqui 2022 2328 2930 Hóquei sobre o gelo 2023 2428 2930 Mulheres Corrida 100 metros 1719 2022 2325 Corrida 800 metros 1921 2224 2526 Saltos altura 1718 1922 2324 lançamento de dardo 2022 2324 2526 Natação 1215 1618 1920 Ginástica esportiva 1315 1618 1920 Basquetebol 1618 1924 2526 Patinação artística gelo 1315 1624 2526 Esqui 1820 2125 2627 ritmo decresce mais rápido sendo que nas finais é mais lento Existem diferen ças substanciais no que se refere ao sexo e ao tipo de especialização desportiva As mulheres utilizam de 2 a 3 anos menos para a obtenção de altos resultados des portivos em comparação aos homens Os períodos etários não significam de modo algum que certos atletas talen tosos não sejam capazes de mostrar resul tados de destaque superando de certa maneira os índices etários médios Mes mo assim a prática do desporto mostra infelizmente que o resultado desporti vo precoce relativamente alto é em sua maioria consequência de uma prepara ção forçada Assim a análise comparativa da dinâmica de muitos anos de resultados desportivos mostrou que na idade juve nil os ritmos de crescimento dos resulta dos dos corredores russos em distâncias médias são essencialmente mais altos do que os dos melhores atletas do mundo Entretanto na passagem da categoria de juniores para a de adultos os resultados dos atletas russos se estabilizam enquanto a cúpula internacional continua a crescer o que lhes possibilita ocupar posições de liderança no ranking desportivo interna cional A dinâmica revelada do crescimen to dos resultados desportivos testemunha que pelo visto mesmo os primeiros cor redores russos não evitaram a preparação precoce na idade infantil e juvenil As diferenças na idade e nos ritmos de obtenção dos resultados desportivos 154 Antonio Carlos Gomes bem como as particularidades etárias do desenvolvimento das capacidades moto ras exigem a definição clara do momento de início da prática regular da modalidade escolhida Tais períodos podem ser calcu lados com base em uma simples operação aritmética o índice da idade média de re sultados superiores em determinada mo dalidade desportiva é diminuído em valor médio do índice de duração de formação do alto rendimento desportivo O resulta do obtido dá uma ideia da idade em que seria desejável começar a prática regular nessa modalidade Temse verificado nos últimos anos a tendência a diminuir a ida de de início da prática desportiva Essa ten dência porém não se aplica de maneira igual a todas as modalidades Mais ainda nem sempre está ligada às exigências do sistema de preparação de muitos anos Uma vez que se trata da definição da idade ótima para iniciar as sessões de treinamento é de interesse a análise da preparação de muitos anos dos nadado res mais destacados do mundo Plato nov Fessenko 1990 Segundo os dados disponíveis a maior parte dos nadadores de alto rendimento começou a treinar na idade ótima conforme consideram os es pecialistas entre os 8 e os 12 anos no caso dos homens 703 dos entrevista dos e entre os 6 e os 10 anos no caso das mulheres 926 E mesmo assim o leque de idades em que os melhores na dadores do mundo começaram a praticar regularmente a natação é bastante am plo de 3 a 16 anos A idade de início da prática da natação e outras modalidades é determinada por um grande número de fatores que frequentemente não se rela FiGurA 62 Períodos anos necessários para se atingir resultados superiores em várias modalidades desportivas adaptado de volkov Filin 1983 155 Treinamento desportivo cionam com as leis naturais da formação desportiva É necessário mencionar antes de mais nada a influência das tradições exis tentes no desporto infantil em diferentes países as condições climáticas favoráveis a disponibilidade de equipamentos e as instalações desportivas É por essas ra zões que se explica o fato de os nadado res americanos e australianos começarem muito cedo a praticar natação Há nesses países uma grande popularidade dessa modalidade e também um grande núme ro de piscinas o que contribui para que muitas crianças se acostumem à prática da natação na idade de 3 a 6 anos Foi jus tamente nessa idade que iniciaram na na tação os desportistas australianos Holland e Gaulde o brasileiro Ricardo Prado e al guns nadadores alemães Da mesma forma muitos desportis tas o que é característico dos nadadores velocistas começaram muito tarde sua preparação Por exemplo somente na ida de de 15 anos começaram a especializarse em sprint os melhores nadadores na dis tância de 50 metros Peng Ziv Ang Filipi nas K Kirchner EUA D Natzat Suíça e Fernando Scherer Brasil enquanto o campeão olímpico M Biondi passou a de dicarse por completo à natação já com 16 anos de idade Platonov Fessenko 1990 Mas é importante salientar que a maioria dos atletas que começaram a especializar se muito tarde e alcançaram resultados de destaque anteriormente já tinham prepa ração em outras modalidades PErÍODOS SENSÍVEiS E DESENVOLViMENTO DAS CAPACiDADES MOTOrAS No desenvolvimento do organismo humano verificamse mudanças morfo funcionais naturais As pesquisas mostra ram determinado heterossincronismo na formação de diferentes órgãos e sistemas do organismo característica de diversos períodos etários As particularidades etá rias do amadurecimento de diferentes sistemas funcionais refletemse na efi ciência do ensino da técnica das ações motoras e no aperfeiçoamento das capa cidades físicas A prática pedagógica mostrou há muito tempo que o efeito do ensino além de outros fatores depende da ida de dos alunos Na infância é mais fácil ensinar a andar de bicicleta nadar exe cutar exercícios de acrobacia do que na idade adulta pois é na idade infantil que se desenvolvem ativamente as estruturas psicofisiológicas do organismo que asse guram a revelação das capacidades de co ordenação e ao mesmo tempo ainda são pouco expressas as relações de defesa re lacionadas com o sentido do medo A de pendência entre a idade e a eficiência do ensino alterase na medida da alternân cia dos períodos que se distinguem pelo nível diferente de aprendizagem aceita ção de influências de treino e de proces samento da informação O mesmo se vê também quanto ao aperfeiçoamento das capacidades motoras físicas Na Tabela 62 são apresentados os dados referentes às alterações de alguns índices de desen volvimento das capacidades físicas entre as crianças e os jovens Definir os limites etários dos períodos sensíveis orientandose apenas pela idade cronológica é bastante difícil e por isso recomendase levar em conta também a idade biológica que é determinada pelo nível do desenvolvimento fisiológico pelas capacidades motoras das crianças pelas fa ses de amadurecimento sexual e pelo grau de calcificação do esqueleto substituição do tecido cartilaginoso pelo tecido ósseo A idade cronológica pode distinguirse consideravelmente da biológica Diversas capacidades motoras atin gem o desenvolvimento máximo em dife 156 Antonio Carlos Gomes rentes idades dependendo dos ritmos de amadurecimento dos sistemas funcionais que asseguram sua manifestação É com tal fator que se relacionam em grande medida a idade ótima para o início dos treinos nessa ou naquela modalidade e a orientação predominante dos efeitos de treinos bem como os limites aproximados orientadores dos resultados superiores O aperfeiçoamento das capacidades de coordenação e de flexibilidade está re lacionado com a idade de 6 a 10 anos e atinge os níveis máximos entre os 14 e os 15 anos entre as mulheres e um ou dois anos mais tarde entre os rapazes Gujalo vski 1980 O maior acréscimo de velocidade in fluenciado pelos treinos ocorre na idade de 9 a 12 anos e na idade de 13 a 15 anos segundo algumas manifestações atinge os níveis máximos Nesse período a vantagem das crianças treinadas em relação às que não tiveram treinos é es pecialmente grande Se nessa idade não for dada atenção ao aperfeiçoamento da velocidade será difícil superar o atraso nos anos posteriores As capacidades de força dos jovens atletas estão intimamente ligadas ao cres cimento dos tecidos ósseo e muscular e ao desenvolvimento do aparelho articular O maior acréscimo da força de certos múscu los ocorre no período entre 14 e 17 anos Em geral a força muscular e a resistência ao trabalho dinâmico podem aumentar até 25 a 30 anos ou mais As alterações das capacidades mo toras no período de amadurecimento se xual constituem uma particularidade do desenvolvimento etário As capacidades de força e de velocidade crescem inten samente sendo que as capacidades de coordenação em particular a precisão da diferenciação e da reprodução dos es forços podem até diminuir Isso se deve à reestruturação hormonal observada no organismo dos jovens adolescentes a qual leva ao crescimento da excitação e ao crescimento da mobilidade dos proces sos nervosos Convém também levar em considera ção as mudanças anatomomorfológicas que se efetuam no organismo nesse perío do O crescimento do comprimento do corpo e TABELA 62 Períodos sensíveis do desenvolvimento das capacidades físicas adaptado de zakharov Gomes 1992 Capacidades físicas Sexo idade 78 89 910 1011 1112 1213 1314 1415 1516 1617 velocidade Masculino 3 2 3 3 Feminino 3 3 3 3 2 2 2 velocidadeForça Masculino 2 2 2 3 3 Feminino 2 2 1 3 2 Força Masculino 1 1 3 3 2 2 3 Feminino 1 1 3 1 2 Coordenação Masculino 1 1 3 2 1 2 Feminino 3 3 2 2 2 Flexibilidade Masculino 1 1 3 1 1 2 Feminino 2 1 1 1 1 1 2 2 Resistência Masculino 1 2 2 3 1 Feminino 2 2 1 Período de baixa sensibilidade de desenvolvimento 2 período de média sensibilidade de desenvolvimento 3 período de alta sensibilidade de desenvolvimento 157 Treinamento desportivo dos membros leva à alteração da estrutu ra biomecânica dos movimentos exigindo novas coordenações o que é acompanha do da deterioração da proporcionalidade e da concordância dos movimentos Assim por exemplo a diminuição da capacida de de salto entre as mulheres de 15 a 17 anos explicase pelo fato da diminuição da velocidade dos movimentos por um lado e por outro do aumento do peso o que se deve essencialmente ao aumento da massa passiva gordura Isso leva à diminuição da força relativa das mulheres CArGA DE TrEiNAMENTO E SEu CrESCiMENTO CONSTANTE A elevação constante e gradual das influências de treinamento é uma das pri meiras condições determinantes do rendi mento desportivo no processo de prepara ção a longo prazo Essa tese metodológica determina antes de tudo a influência ge ral na escala de preparação durante muitos anos Para as influências nos períodos de tempo mais curtos desde o microciclo até o ciclo anual de preparação aliás confor me comentário anterior é mais caracterís tica a dinâmica ondulatória o que é condi cionado pelas leis naturais de adaptação Na estruturação da preparação a longo prazo o técnico deve prever a ele vação contínua das influências de treino de um ano para outro A estabilização das influên cias de treino de determinado ca ráter na etapa conclusiva da preparação a longo prazo quando é proposta uma tare fa da manutenção dos resultados desporti vos obtidos pode constituir uma eventual exceção O treino deve exercer influência positiva das possibilidades morfofuncio nais dos desportistas e levar em conta as leis de formação do nível desportivo na referida modalidade desportiva Os primeiros anos de preparação caracterizamse predominantemente pelo aumento do volume do trabalho de trei no Mais adiante tem lugar uma elevação gradativa da parcela do trabalho intensi vo no volume total O aumento da influência de treino constitui uma condição importante pois determina as particularidades de reação dos sistemas do organismo à carga em crescimento O crescimento demasiada mente lento da carga pode não estimular as correspondentes mudanças de adapta ção no organismo O aumento anual do volume de trabalho pode oscilar em um diapasão bastante largo dependendo da etapa da preparação a longo prazo Nas etapas iniciais quando a grandeza total de influências de treinamento está longe dos limites máximos o aumento do volume de treinamento pode representar até 30 a 40 levando em consideração o desen volvimento etário do atleta Na etapa do nível superior desportivo a aproximação dos parâmetros máximos de influências e o aumento do volume do trabalho é de 15 a 20 e a intensidade de 6 a 15 Na teoria e na prática da preparação dos atletas de alto rendimento temse dis cutido ativamente a questão relacionada com a possibilidade de aumento por sal tos da carga de treinamento em certos anos da preparação a longo prazo Alguns especialistas Vaitsekhovski 1985 consi deram eficiente a variante na qual durante os primeiros anos da preparação o volume da carga aumenta gradualmente mas com a aproximação da etapa de resultados su periores aumenta bruscamente às vezes de 80 a 100 em todas as direções Assim o nadador brasileiro Ricardo Prado com a idade de 16 anos aumen tou durante um ano o volume de treinos de 2110 para 3272 km melhorando o resultado na distância de 400 m combi nado de 4 min e 318 s para 4 min e 226 s Os desportistas que utilizam a variante por saltos da dinâmica de cargas se carac terizam por um período muito curto de 158 Antonio Carlos Gomes atuação em nível superior sendo frequen temente de apenas 1 a 2 anos Pelo visto o custo estrutural de adaptação com o acréscimo por saltos de cargas é tão alto que o organismo fica sem reservas de adaptação para o crescimento posterior e como consequência os resultados estabi lizamse ou até começam a baixar Mesmo assim não vale negar por completo a possibilidade de combinação de um aumento gradativo de influências com a dinâmica por saltos em certas etapas da preparação a longo prazo É ne cessária uma elaborada fundamentação científica e metodológica com recomen dações quanto aos parâmetros de aumen to de cargas volume que não provoque consequências negativas Na Figura 63 observase a dinâmica do volume percentual de trabalho que realiza o desportista moderno nas diver sas etapas de preparação a longo prazo nas provas de natação ciclismo e atletis mo Platonov 1997 MEiOS E MéTODOS DE PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA E SuA rELAÇÃO COM A HErEDiTAriEDADE Cada meio de treinamento ou méto do de preparação caracterizase por seu potencial de treinamento ou seja pela capacidade de causar mudanças adapta cionais no organismo tais mudanças de terminam o progresso nos resultados des portivos do atleta À medida que se utiliza um meio de treino ou método de prepara ção a reação de resposta do organismo a tal influência diminui e sua aplicação por muito tempo não assegura a melhora dos resultados Não existem meios e métodos de treinamento com um efeito fisiológico absoluto O efeito de treinamento de de terminada influência deveria ser avaliado conforme o nível de preparação do atleta a sua idade biológica as particularidades da modalidade desportiva etc Assim as possibilidades de um acréscimo perma FiGurA 63 Dinâmica do volume percentual de trabalho nas diversas faixas etárias de atletas do sexo masculino Platonov 1997 1 Natação provas de 400 e 1500 m 2 Ciclismo provas de estrada 3 atletismo corrida de longa distância 159 Treinamento desportivo TABELA 63 Volume de cargas anuais e a correlação da preparação física geral e especial em diferentes etapas da preparação a longo prazo Etapas i ii iii iV V volume total de trabalho anual em horas 100300 300500 5001000 10001500 10001500 Preparação específica 1025 2550 5075 7585 8590 Preparação geral 9075 7550 5025 2515 1510 nente dos resultados desportivos durante a preparação a longo prazo do desportista deveriam ser relacionadas com a elabora ção de um sistema real de influências de treino de muitos anos e não com as espe ranças em algum meio absoluto de treino ou em um método supereficiente Nesse sentido é de grande impor tância a continuidade de meios e de mé todos de treino no processo de preparação de muitos anos do atleta À medida que o efeito de um meio de treino se reduz é necessário incluir ou tros meios relativamente mais eficientes A continuidade dos meios de treino nas primeiras etapas de preparação é alta mente eficiente É inaceitável interromper esse processo por duas razões principais n O organismo do desportista iniciante não está funcionalmente preparado para tais influências que podem provo car a intensificação de certos sistemas funcionais Timakova 1985 Filin 1987 n A aplicação oportuna de meios com potencial absoluto de treino não mui to alto é capaz de assegurar os ritmos ótimos de crescimento dos resultados desportivos nas primeiras etapas de preparação de muitos anos asseguran do as mudanças gradativas e multilate rais de adaptação que criam premissas favoráveis ao futuro aperfeiçoamento desportivo Em cada modalidade formouse um arsenal de meios de treino e de métodos de preparação Ao planejar a preparação durante muitos anos o treinador deve distribuir os meios e os métodos segundo a lógica determinada pela influência de treino A tendência geral desse processo caracterizase pela alteração gradual da correlação dos meios de preparação física geral PFG e de preparação física espe cializada PFE no processo da prepara ção a longo prazo Tabela 63 A violação dessa norma impede a obtenção dos resultados máximos e po tencialmente possíveis do atleta A vontade de alguns técnicos de con seguir o mais rápido possível e por vias mais simples uma boa atuação de seus atletas nas competições leva a crer que na prática da preparação dos desportistas jovens devemos sugerir meios e métodos mais potentes de treinamento moderno aplicados na preparação dos atletas de alto nível Isso provoca o crescimento acelerado dos resultados de determina dos êxitos nas competições infantis e de juniores mas ao mesmo tempo provoca a perda da perspectiva de obtenção de al tos resultados na idade ótima Tais tipos de treinos estão frequentemente ligados a sérias perturbações da saúde dos jovens desportistas à preparação técnica e fun cional unilateral e a fracassos psíquicos Em consequência a sua longevidade des portiva não é grande Filin 1987 ETAPAS DE PrEPArAÇÃO A LONGO PrAzO Cada uma está relacionada com a solução de determinadas tarefas de pre 160 Antonio Carlos Gomes FiGurA 64 Etapas de preparação a longo prazo paração do desportista A preparação a longo prazo racionalmente estruturada pressupõe uma sequência rigorosa na solução dessas tarefas condicionada pe las particularidades biológicas de desen volvimento do organismo humano pelas leis naturais de formação do alto nível desportivo numa modalidade desportiva pela eficiência dos meios de treinamento e dos métodos de preparação etc As etapas de preparação a longo pra zo não têm limites nítidos e duração fixa Seu início e fim podem variar dependen do dos fatores que exercem influência so bre os ritmos individuais de formação de alto rendimento desportivo A passagem do atleta de uma etapa para outra carac terizase antes de tudo pelo grau de so lução das tarefas da etapa precedente Ve jamos algumas disposições metodológicas que determinam a estrutura e o conteúdo da preparação em cada uma das etapas Figura 64 A preparação a longo prazo subdividese em cinco etapas Etapa de preparação preliminar Na etapa de preparação preliminar as principais tarefas são assegurar a pre paração física multilateral e a formação harmoniosa do organismo em desenvolvi mento ensinar diferentes gestos motores necessários à vida do indivíduo corrida saltos lançamentos natação etc inclu sive gestos básicos para futuras sessões desportivas A formação do interesse pela prática de exercícios físicos e o regime desportivo os treinos regulares a combi nação dos estudos escolares e dos treinos a higiene etc são tarefas importantes nessa etapa No processo de preparação prelimi nar não devemos nos apressar com a es pecialização desportiva Seria mais corre to proporcionar ao desportista iniciante a possibilidade de experimentar diferentes exercícios desportivos e somente depois disso definir o tipo da futura especializa ção Os grupos de preparação física geral em que não se coloca para as crianças a tarefa de obtenção de resultados desporti vos em determinada modalidade são uma forma ideal de organização dos treinos na etapa preliminar A análise retrospectiva da prepa ração da maioria dos desportistas desta cados comprova que as sessões dos pri meiros dois ou três anos tiveram caráter expressamente recreativo com base na ampla utilização de elementos de diversas modalidades sendo preferencial o méto do de jogos Os especialistas no desporto infantil e juvenil têm frisado insistentemente que o método de jogos é mais justificado no trabalho com os jovens desportistas e que a eficiência desse trabalho está estreita 161 Treinamento desportivo mente ligada às buscas constantes de vias para a criação nos treinos de um fundo emocional positivo Filin 1987 Zakharov 1986 Ovanessian Ovanessian 1986 Nesse sentido é característica a ex periência de preparação preliminar do excampeão do mundo de natação M Gross Alemanha Durante os primeiros anos tinha aulas na piscina 2 a 3 vezes por semana durante 45 a 50 minutos percorrendo nessas aulas de 1 a 2 qui lômetros Fora da piscina praticou princi palmente o futebol e o tênis assim como o crosscountry O programa era composto em conformidade com o seu interesse e sua disposição de ânimo sendo que o en sino das técnicas de natação realizavase por meio de jogos especialmente selecio nados Platonov Fessenko 1990 O aperfeiçoamento das capacidades motoras na etapa de preparação prelimi nar deve construirse em rigorosa concor dância com o estado psicofisiológico da criança e ter caráter diversificado Deve ser prestada especial atenção ao desenvol vimento da rapidez e das qualidades de coordenação que servem de base para o domínio das ações complexas no sentido motor nas etapas posteriores da prepara ção desportiva de muitos anos As crianças devem saber dosar seus esforços subme ter o movimento a um determinado ritmo evitar movimentos desnecessários etc Na etapa de preparação prelimi nar ainda não se formou a estrutura do ciclo anual característica das etapas posteriores O período preparatório pro longado composto de microciclos rela tivamente padronizados cujo conteúdo pode variar em função das estações do ano e das condições climáticas deve ser a base da preparação Na preparação de muitos atletas destacados são caracterís ticos nos primeiros anos de treinos os períodos prolongados de descanso e as mudanças dos tipos de atividade moto ra que representam frequentemente 2 a 3 meses ou mais O microciclo semanal deve ser composto geralmente de 2 a 4 treinos com a duração de 30 a 60 minu tos cada um O volume total anual é de 100 a 300 horas ou 10 a 15 do volume da etapa de resultados superiores A du ração da etapa de preparação preliminar é habitualmente de 2 a 3 anos e depende da idade de início da prática desportiva Se a criança começa a praticar o esporte relativamente cedo a preparação preli minar dura quatro anos ou mais mas se o início for tarde a etapa pode reduzirse de um a um ano e meio Etapa de especialização desportiva inicial O início dessa etapa deve estar re lacionado condicionalmente com a mo dalidade desportiva em que se supõe a especialização do atleta no processo de preparação a longo prazo A especializa ção inicial do atleta realizase geralmen te nas escolas desportivas nas categorias infantojuvenil Gomes Machado 2001 Garantir a preparação geral multi lateral dos jovens desportistas deve ser considerada a tarefa mais importante da etapa de especialização inicial Toda a vasta experiência prática e as pesquisas científicas comprovam que essa aborda gem do problema é que assegura a pre paração básica sobre a qual mais adiante se constrói o aperfeiçoamento eficaz das capacidades especiais do atleta O organismo do homem apresenta se como uma unidade e o atraso ou o de senvolvimento desproporcional de alguns órgãos ou sistemas funcionais se reflete inevitavelmente na atividade de todo o organismo e em particular nas condições extremas da competição Por isso a orien tação para o fortalecimento da saúde e a contribuição para o desenvolvimento de pleno valor multilateral têm de constituir 162 Antonio Carlos Gomes a disposição metodológica que determina a estrutura e o conteúdo da preparação dos jovens nessa etapa Na maioria das modalidades des portivas a etapa de especialização ini cial coincide com o período da puberda de condicionado pelo desenvolvimento impetuoso do organismo aumento da estatura e da massa corporal mudanças hormonais etc Nessa época o organis mo em desenvolvimento do jovem atleta recebe uma grande carga biológica além da de treino Por conseguinte os parâ metros das influências de treino têm de ser rigorosamente dosados levandose em consideração os ritmos individuais de desenvolvimento do organismo dos ado lescentes O aperfeiçoamento das capacidades motoras dos jovens desportistas deve se guir o seu desenvolvimento natural Além de dar atenção à velocidade e às capacida des de coordenação não se deve esquecer também o aperfeiçoamento da resistência capacidade motora necessária aos despor tistas de diversas modalidades As crianças e os adolescentes têm frequentemente ex periências muito tardias com as cargas que visam ao aperfeiçoamento da resistência o que provoca um prejuízo essencial ao de senvolvimento físico multilateral da criança e não permite fazer com que o organismo seja preparado gradualmente para grandes cargas de treino nas etapas posteriores de preparação a longo prazo Na etapa de especialização inicial convém prestar atenção ao desenvolvi mento da força muscular dos jovens Os exercícios que contribuem para o desen volvimento da força têm de ser acompa nhados de tensões mínimas excluindo os esforços e as consideráveis tensões prolon gadas As crianças geralmente apresentam deficiências nos músculos abdominais nos do quadril nos músculos posteriores da coxa nos abdutores das pernas e nos músculos da zona escapular Aqui os exercícios de preparação geral são os meios dominantes Sua por centagem no volume geral diminui no final da etapa de 80 a 50 Tabela 63 A diminuição dos meios de preparação geral facilitam o crescimento dos meios mais específicos caracterizandose como um dos indícios de conclusão da etapa de especialização inicial Uma das tarefas centrais da etapa de especialização inicial consiste no domínio das técnicas da modalidade escolhida É necessário que os desportistas iniciantes passem a aprender as bases da técnica de ações motoras e que seja mais ampla a variedade de hábitos e de experiências motoras Isso assegurará no período pos terior o aperfeiçoamento mais bemsuce dido da técnica desportiva A estrutura do ciclo anual de prepa ração adquire ao fim da etapa de espe cialização inicial os indícios de periodiza ção tradicional ou seja juntamente com os períodos preparatórios prolongados e transitórios começam a formarse os mi crociclos de tipo competitivo que podem ser encarados como base do período com petitivo A estrutura e o conteúdo do ciclo anual geralmente submetemse ao re gime das aulas escolares dos jovens O maior volume de treinos ocorre no perí odo das férias escolares Figura 65 Isso leva ao aparecimento de microciclos e de mesociclos durante as férias No período de férias de verão estruturamse dois a três mesociclos de quase um mês de du ração cada um A preparação durante as férias muito frequentemente deve levar em conta o fato de as crianças estarem nos acampamentos desportivos onde o número de sessões de treinamento no mi crociclo pode aumentar significativamen te A regra geral é a realização de duas sessões de treinamento por dia o que leva ao aumento brusco do volume de treina mento nesse período O volume de traba 163 Treinamento desportivo lho de treinamento durante o mesociclo de um mês nas férias escolares pode re presentar 80 a 90 horas Em comparação com o volume habitual de 30 a 40 horas 3 a 4 sessões por semana durante o ano letivo tal volume representa um aumento de mais de 100 do volume de cargas de treinamento Esse aumento significativo de volu me porém justificase metodologicamen te e não contradiz o princípio da continui dade Durante as férias não há carga escolar que crie um fundo considerável de fadiga psíquica e física portanto há espaço para o aumento da carga de trei namento O aumento do volume de car ga ocorre predominantemente por conta da utilização dos exercícios de intensida de moderada ou baseados no método de jogo As sessões de treinamento realizam se com momentos de recuperação com pleta e combinam com o descanso ativo natação jogos passeios etc Tais fato res criam um fundo emocional favorável o que facilita substancialmente a adapta ção do organismo do jovem a tal aumento de cargas A atividade competitiva na etapa de especialização inicial tem caráter auxiliar e é representada principalmente pelas competições preparatórias e de controle a maioria das quais realizadas na escola desportiva ou no clube As competições têm um programa simplificado nos in dividuais as distâncias são mais curtas e nos jogos os tempos são reduzidos entre outros aspectos O volume total do traba lho de treinamento no ciclo anual é de 300 a 600 horas Etapa de especialização profunda A etapa de especialização profunda é a continuação natural da etapa anterior de preparação inicial e visa à criação da FiGurA 65 volume geral da carga de treinamento levando em consideração as férias escolares na etapa de especialização inicial 164 Antonio Carlos Gomes base especializada de preparação do atle ta A preparação nessa etapa exige um aumento substancial do tempo de traba lho e objetiva a obtenção de resultados desportivos É por isso que somente os desportistas que dispõem de potencial funcional suficiente para conseguir altos resultados desportivos numa referida modalidade podem começar a etapa de especialização profunda A formação de uma motivação estável para a obtenção de altos resultados desportivos constitui tarefa importante dessa etapa Uma das principais peculiaridades metodológicas da etapa de especialização profunda é a elevação invariável do vo lume dos meios especializados de prepa ração em correlação tanto absoluta como relativa com os meios da preparação física geral No aperfeiçoamento das capacida des motoras merece considerável atenção a preparação da força e da velocidade do atleta pois permitem exercer influências específicas sobre os grupos de músculos que por sua vez asseguram a manifesta ção das possibilidades de força na moda lidade praticada Nas sessões de treina mento aparecem os exercícios com peso quase máximo e até máximo embora o volume desses exercícios deva ser relati vamente pequeno Durante a preparação de velocidade e de força convém utilizar diversos exercícios de saltos com peso e exercícios especiais de corrida Para evitar a estabilização do nível da capacidade de velocidade o aparecimento da barreira de velocidade as influências de treina mento têm de ter caráter de contraste A partir da idade de 15 a 16 anos crescem intensivamente o interesse e a ca pacidade de vontade o que se deve ao au mento do vigor do sistema nervoso crian do premissas para maior enfoque durante a etapa de especialização profunda no aperfeiçoamento da resistência especial No início da etapa de especialização pro funda os desportistas já devem dominar as bases da técnica da modalidade esco lhida e é por isso que aos jovens atletas se propõe a tarefa da consolidação firme das técnicas As ações motoras formadas na etapa precedente são levadas até o es tágio de hábitos firmes e sólidos Resol vemse as tarefas de aperfeiçoamento das técnicas desportivas e certos detalhes das ações motoras devido ao crescimento da condição física do atleta Na etapa da especialização profun da na modalidade escolhida o método competitivo passa a desempenhar papel substancial no aperfeiçoamento das téc nicas desportivas Desse modo o jovem atleta aperfeiçoa suas capacidades táticas Nos jogos procedese à distribuição dos desportistas segundo as funções desempe nhadas ataque defesa etc e à indivi dualização dos treinos em conformidade com tais funções A transição para a etapa de especiali zação profunda entre muitos desportistas está ligada ao início da preparação nas es colas infantojuvenis Graças a isso a pre paração começa a se processar nos termos de um regime especializado que permite ter ao fim da etapa 2 a 3 sessões de trei no por dia 10 a 14 treinos no microciclo semanal e assistese a um aumento subs tancial do volume de treinos que na dinâ mica segundo os anos da etapa de prepa ração representa de 600 a 1000 horas por ano sendo que em algumas modalidades o número pode ser maior A estrutura do ciclo anual de pre paração compreende os períodos prepa ratório o competitivo e o transitório O período preparatório inclui as etapas de preparação geral e especial O período competitivo tem duração mais curta do que nas etapas posteriores O microciclo competitivo como regra geral alterna com os microciclos de treinamento e de recuperação O número de competições representa 40 a 70 na etapa de resul 165 Treinamento desportivo tados superiores Os desportistas compe tem em diversas distâncias em poliatlos desempenhando papéis diferentes nos jo gos Na Tabela 64 pode ser observado o volume de treinamento na modalidade de levantamento de peso nas mais diversas faixas etárias Etapa de resultados superiores O objetivo dessa etapa é a obten ção de resultados superiores máximos individuais na modalidade escolhida A duração coincide com os limites da idade ótima correspondente ao período de re sultados superiores O objetivo da realização do potencial funcional acumulado em resultados des portivos determina a estrutura e o conteú do da preparação do ciclo anual Na etapa de resultados superiores o volume de trei namentos atinge parâmetros máximos de 1000 a 1500 horas anuais e em certos ca sos de até 1800 horas Cresce substancial mente a parcela da preparação especial no volume geral de treinamento e aproxima se dos índices máximos 80 a 85 Cresce também o número de micro ciclos de choque inclusive com cargas concentradas apenas em um objetivo fi siológico O número total de sessões pode ser de 15 a 20 no microciclo semanal das quais 5 a 8 sessões com cargas altas Go mes 1997b Nas modalidades não relacionadas com as condições climáticas do local a preparação no ciclo anual constróise com base em dois ou três macrociclos Reduzse a duração do período prepara tório e aumentase o período competitivo em até 6 a 10 meses por ano Aumenta respectivamente a quantidade de dias de competição representando em muitas modalidades de 60 a 120 dias por ano Utilizamse amplamente as competições em série umas após as outras com curto intervalo de recuperação O destaque da etapa de resultados superiores é a exis tência do mesociclo competitivo de 4 a 8 semanas de duração no período que pre cede imediatamente as principais compe tições do ano A utilização máxima do potencial de treinamento dos meios e dos métodos ca pazes de mobilizar as reservas latentes do crescimento dos resultados desportivos dos atletas constitui em princípio uma importante tarefa metodológica Os especialistas em diversas moda lidades destacam a estabilização dos ín dices qualitativos e vêem reservas para o crescimento posterior dos resultados na etapa de resultados superiores no aperfei çoamento das características qualitativas de preparação elevação da porcentagem TABELA 64 Volume do treinamento anual em jovens na faixa etária de 13 a 18 anos do sexo masculino na modalidade de levantamento de peso Podskotsikii Ermakov 1981 Carga de treinamento e sua relação com a idade dos desportistas Número Volume da intensidade idade do Dias de de sessões carga geral de do treinamento Quantidade desportista treinamento de treinamento treinamento ton de competições 1314 200 200 10000 7075 34 1415 244 260 11000 7075 4 1516 272 324 12000 7075 5 1617 272 266 13000 7075 5 1718 277 391 1400015000 7077 68 166 Antonio Carlos Gomes de cargas intensivas correlação ótima na utilização de diferentes meios e métodos aplicação de novas influências altamente eficientes etc Na etapa de resultados su periores utilizase amplamente a prepara ção na altitude ou seja diferentes meios de preparação e de meios que assegurem a adaptação favorável do organismo às cargas máximas Um efeito significativo é proporcionado pela utilização de apare lhos de treino e em particular de apare lhos de treino isocinéticos que permitem elevar consideravelmente a eficiência da preparação de força conjugandoa com o aperfeiçoamento técnico do atleta As exigências máximas em relação a diferentes componentes de preparação do atleta na etapa de resultados superiores requerem condições correspondentes de organização e técnicomateriais Por isso a preparação do atleta como regra reali zase nos clubes profissionais nas escolas de alto rendimento desportivo nos cen tros de preparação olímpica e nas seleções nacionais Zakharov 1990 Etapa de manutenção dos resultados A principal tarefa de preparação é a manutenção do alto nível de resultados desportivos Está longe de ser grande o número de atletas que no processo de pre paração a longo prazo atinge essa etapa A maioria termina sua carreira desportiva nas etapas precedentes devido a diferentes circunstâncias Tratase no entanto da di minuição do nível de resultados desporti vos ocasionada pelos erros metodológicos cometidos pela necessidade de abandonar a prática desportiva por motivos profissio nais familiares etc O principal contingen te de atletas que teve preparação orientada na etapa de manutenção de resultados são os desportistas de alta qualificação e que atuaram muito tempo e até continuaram a atuar em suas seleções nacionais e em equipes de clubes desportivos jogos des portivos Esses atletas podem ser profis sionais ou amadores Apesar de a etapa de manutenção de resultados ir além dos limites da zona oti mizada de resultados superiores os des portistas frequentemente têm demons trado resultados satisfatórios durante a etapa em questão ganhando as maiores competições É interessante assinalar que o estabelecimento de recordes mundiais é um caso muito raro para tais atletas Eles vencem mais seguidamente devido ao alto nível técnico e à estabilidade psicoló gica e não por terem vantagem em nível de preparação funcional embora ela es teja num nível alto Como se vê tratase da combinação de qualidades obtidas por atletas de grande experiência sendo deci siva em condições de pressão psicológica intensa O sistema de preparação dos despor tistas na etapa de manutenção de resul tados apresenta detalhes puramente indi viduais A grande experiência desportiva ajudaos a estudar em todos os aspectos suas possibilidades e a condição dos ad versários além de encontrar os caminhos mais eficientes de controle de sua forma desportiva Nessa etapa é característica a esta bilização do volume total de cargas e até sua redução insignificante em 5 a 10 Não tiveram êxito as tentativas de alguns desportistas que durante alguns anos competiram em nível superior para obter um novo salto nos resultados pela ele vação substancial do volume geral de trei namento Evidentemente o organismo nessa etapa já não tem reservas de adap tação para dominar o novo volume de influências do treinamento Para a manu tenção do nível de resultados contribuem a alteração na correlação do volume de componentes de carga e em particular a elevação da intensidade de influências Mas nesse sentido convém levar em con 167 Treinamento desportivo ta que os atletas que atuam no nível su perior durante 6 a 8 anos estão adapta dos geralmente aos meios e aos métodos de preparação mais diversificados e por isso as influências anteriormente empre gadas já não asseguram o efeito devido tornandose necessária sua renovação ou uma nova combinação mais eficiente Na etapa de conservação de resul tados tem havido casos bastante fre quentes de efeitos positivos de intervalos prolongados entre os treinos ativos e na prática competitiva Tais intervalos moti vados por exemplo pelo nascimento de um filho por traumatismo ou por outras razões cuja duração às vezes é de um ano ou um ano e meio contribuíam mais tarde depois do reinício dos treinos não somente para o retorno ao nível anterior mente alcançado mas também para a su peração do mesmo O tempo de atuação do atleta na etapa de manutenção de resultados de pende muito da modalidade Quanto mais complexa a estrutura da atividade compe titiva quanto maior o número de fatores relativamente iguais que determinam sua eficiência quanto menor a influência da idade sobre tais fatores tanto mais pro longada poderá ser a etapa de manuten ção de resultados Por exemplo nos jogos desportivos na vela no hipismo na es grima no tiro e em algumas outras mo dalidades a etapa em questão pode durar muitos anos A história dos jogos olímpi cos pode nos dar muitos exemplos brilhan tes de longevidade desportiva O famoso iatista norueguês Magnuss Konov esteve nos Jogos de 1908 1912 1920 1936 e 1948 e ganhou duas medalhas de ouro e uma de prata classificandose duas vezes na quarta posição O atleta americano A Orter disco obteve um resultado único no gênero tendo ganho quatro medalhas de ouro O sueco G Fredriksson canoa o húngaro R Karpati sabre os atletas soviéticos V Saneev e V Golubnitchi par ticiparam quatro vezes dos jogos olímpi cos Os canoístas soviéticos L Panaeva e V Morozov o soviético V Ivanov remo o soviético M Medved luta livre e o pu gilista húngaro Laslo Papp venceram três vezes os jogos olímpicos Poderíamos tor nar essa lista mais representativa se nela fossem incluídos atletas de várias modali dades desportivas ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO CiCLO OLÍMPiCO O ciclo olímpico de treinamento se para uma olimpíada da outra Com quatro anos de duração são muitas as formas de estruturar o treinamento nos mais diver sos desportos que compõem o calendário olímpico de competições Alguns atletas da história da olimpíada chegaram a par ticipar de 4 a 5 olimpíadas totalizando 16 a 20 anos de alto rendimento desportivo Por mais talentoso que seja o atleta esse nível de performance só é possível com a execução de exercícios rigorosamente se lecionados e no tempo correto durante os vários ciclos olímpicos de treinamento As particularidades apresentadas na estruturação do ciclo olímpico são carac terizadas pelos tipos de desportos que determinam o tempo de duração de cada período e de cada etapa de treinamento Existem duas variantes de estruturação do ciclo olímpico A primeira tratase da preparação do desportista para a primei ra olimpíada e a segunda é a estrutura de carga a ser utilizada com atletas que já participaram de jogos olímpicos Os grupos de exercícios devem ser distribuídos na temporada de treinamen to respeitando as etapas de trabalho com seus devidos enfoques fisiológicos A teoria do treinamento desportivo defende a tese de que o período preparató rio composto pelas etapas geral e especial deve ter o tempo suficiente para ministrar 168 Antonio Carlos Gomes cargas que possam influenciar em um novo estado de adaptação biológica isto é de 3 a 5 meses No atual calendário esporti vo que obriga os atletas a participarem de um elevado número de competições da temporada o tempo de duração fica bas tante diminuído não permitindo uma boa preparação inicial para a temporada O pe ríodo competitivo que apresenta também duas etapas précompetitiva e competitiva propriamente dita tornouse nos últimos anos bem mais longo até mesmo nos des portos individuais Além dos dois períodos citados destacase o período de transição ou de descanso ativo que pode ocorrer tanto no meio da temporada como no final do ciclo anual Ele pode ser composto por um ou mais macrociclos dependendo dos objetivos competitivos almejados na tem porada Nos desportos individuais o período preparatório é de grande importância e tem um tempo de duração maior pois é nele que se forma a base concreta para o bom desenvolvimento no período compe titivo Já no período competitivo normal mente estruturado por uma curta duração ocorre o aperfeiçoamento das capacidades específicas facilitando o grande momento conhecido como forma desportiva de alto rendimento Nos desportos coletivos o período preparatório tem menor importância sendo bem mais curto do que no esporte individual O ganho da forma desportiva nos desportos coletivos depende muito do período competitivo o qual facilita o aperfeiçoamento das capacidades técni cas táticas psicológicas e físicas no nível ótimo de performance A determinação do tempo de dura ção do período preparatório e competiti vo nos desportos é uma discussão entre vários pesquisadores do mundo A ciên cia ainda não conseguiu explicar qual é o tempo necessário a ser destinado a cada período A tendência atual mostra que a correlação de conteúdo do treinamento em cada etapa de preparação pode facili tar as influências de adaptação de forma mais eficiente em cada tipo de esporte A Tabela 65 mostra a importância dos perí odos de treinamento nos desportos indivi duais e coletivos A composição do ciclo olímpico dife re entre os países e isso tem relação com a importância dada ao calendário inter nacional de competições As experiências científicas mostram tendências de orga nização do processo de treinamento que obtiveram resultados de alto rendimento a cada ano do ciclo De uma forma geral o período de preparação no primeiro ano do ciclo olímpico deve durar cinco meses na temporada já no segundo ano o pe ríodo de preparação diminui para quatro meses aumentando para sete o período de competição e no terceiro ano são estru turados dois macrociclos na temporada No primeiro macrociclo os períodos de preparação e competitivo têm três meses no segundo macrociclo apenas dois e o competitivo três meses O objetivo prin cipal no terceiro ano do ciclo olímpico é desenvolver o máximo das capacidades competitivas e a resistência de participa ções em competições dos desportistas O quarto ano do ciclo competitivo também estruturado com dois macrociclos visa à preparação do atleta diretamente TABELA 65 Períodos de treinamento e sua importância nos desportos Desporto Período preparatório Período competitivo Período transitório INDIvIDUAl Muito importante Importante Importante COlETIvO Importante Muito importante Importante 169 Treinamento desportivo para as competições O período preparató rio do primeiro macrociclo é de apenas dois meses destinando três meses ao competi tivo O segundo macrociclo inicia com um mês de preparação no qual o conteúdo do treinamento se mantém de forma especial destinando então os próximos cinco meses para o período de competição em que deve acontecer o maior rendimento possível do atleta combinado com a participação nos jogos olímpicos Figura 66 A construção do ciclo olímpico deve levar em consideração o tipo de despor to e suas particularidades o exemplo demonstrado na Figura 66 trata da dinâ mica geral de organização das cargas de treinamento Quando se tratar do ciclo olímpico em desportos coletivos devemos encurtar o período de preparação dando maior ênfase ao período competitivo Um exemplo claro de tempo de duração dos períodos e a correlação do volume de trei namento a ser ministrado nos desportos individuais de combate podem ser anali sados na Tabela 66 Os grupos de desportos propostos nesta obra facilitam a organização do ci clo olímpico de treinamento Nesse caso elaboramse modelos que atendam na sua estrutura e no seu conteúdo a todos os desportos que fazem parte do progra ma olímpico Estruturar o sistema de preparação no ciclo olímpico para atletas de alto ren dimento não é uma tarefa fácil para o trei nador pois a diversidade de modalidades desportivas e funções exercidas pelo des portista dificulta a elaboração do plano Nesse contexto a experiência apresenta da na literatura internacional por alguns estudiosos pode servir como um ponto de partida facilitando assim o trabalho do treinador na atualidade A Tabela 67 apresenta o volume de trabalho distri TABELA 66 Particularidades do plano de treinamento no ciclo olímpico nos desportos de combate Correlação do volume Quantidade de Períodos do Duração em Preparação Preparação treinamentos Quantidade ANO ciclo anual meses geral especial por semana de competições 1 Preparação 50 80 20 56 3 Competição 55 40 60 57 7 Transição 15 90 10 34 2 Preparação 50 70 30 68 3 Competição 55 35 65 79 8 Transição 15 90 10 45 3 Preparação 25 60 40 79 23 Competição 25 30 70 89 4 Transição 05 95 5 45 Preparação 07 55 45 79 1 Competição 35 25 75 810 5 Transição 15 90 10 45 4 Preparação 25 60 40 710 2 Competição 30 25 75 710 5 Transição 05 95 5 56 Preparação 15 50 50 810 1 Competição 35 20 80 811 2 Transição 10 95 5 95 No 1o e 2o anos a periodização é simples com apenas um pico competitivo já no 3o e 4o anos apresenta dois picos competitivos caracterizando a periodização dupla 170 Antonio Carlos Gomes FiGurA 66 Ciclo olímpico de treinamento e sua composição 171 Treinamento desportivo buído no ciclo olímpico e realizado por um ciclista de alto rendimento ESTruTurA DA SESSÃO SEMANA DE TrEiNAMENTO A sessão de treinamento é o elemento integral inicial da estrutura de preparação do atleta representando um sistema de exercícios relativamente isolado no tempo que visa à solução de tarefas de dado mi crociclo da preparação do desportista A teoria e a metodologia referentes à estrutura coerente e ao conteúdo da ses são de treinamento baseiamse nos princí pios pedagógicos de estruturação de uma sessão mas têm também algumas parti cularidades específicas próprias do treina mento desportivo Na classificação das sessões de trei namento deve ser levada em considera ção uma série de fatores dentre os quais convém destacar os objetivos e as tarefas os meios de organização dos atletas a composição dos meios de treinamento e a grandeza da carga da sessão Levando em consideração seus obje tivos os treinos podem ser divididos em treinamentos propriamente ditos e sessões de controle Os treinos visam a aumentar o nível do estado de treinamento do atleta e podem resolver diversos problemas a for mação das capacidades básicas e a educa ção da personalidade do atleta o ensino da técnica das ações motoras o domínio de sistemas táticos etc As sessões de con trole pressupõem a avaliação preferencial da eficácia do processo de treinamento Tais sessões podem visar tanto o controle do nível de certos aspectos do estado de treinamento como pressupor também a avaliação complexa do estado de treina mento do atleta De acordo com a orienta ção escolhida para a sessão de treinamen to selecionamse os exercícios que devem ser incluídos nela Sessão de treinamento A sessão de treino pode ser tratada como unidade de tempo didático inde pendente com objetivos e tarefas ope racionais bem definidas como unidade cíclica diurna 2 a 3 treinos por dia com diferentes objetivos operacionais Se a intenção é realizar um trabalho eficaz a sessão de treinamento deve estar cons tituída como um todo funcional junto a cada uma de suas partes Seus métodos e conteúdos não devem ser programados aleatoriamente e sim devem estar inter ligados com o objetivo de resolver a de ficiência apresentada pelo atleta ou pela equipe TABELA 67 Volume do treinamento nos ciclos olímpicos realizados por ciclistas especializados na prova de 4 km Polischuk 1993 Ciclo olímpico anos Parâmetros da carga Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quantidade de dias de treinamento 320 325 330 335 Quantidade de sessões de treinamento 590 620 640 650 volume de treinamento horas 1100 1200 1250 1300 volume geral de preparação física horas 120 120 120 120 volume de preparação física especial km 29000 33000 35000 35000 volume realizado na competição km 700 1200 1300 1300 Quantidade de dias de competição 35 45 48 48 Quantidade de provas na competição 55 70 75 75 172 Antonio Carlos Gomes Em cada treinamento é comum des tacaremse três partes devidamente inter ligadas preparatória principal e final A divisão da sessão em três partes está con dicionada pelas particularidades do esta do funcional do atleta Parte preparatória Na fase preparatória da sessão de vem ser criadas premissas para a atividade eficiente dos desportistas na parte princi pal Com tal objetivo podemos destacar a fase de organização e o aquecimento Na fase de organização reúnese todo o grupo e explicamse as tarefas a serem realizadas na sessão preparandose os equipamentos a serem utilizados Devese chamar a atenção dos desportistas e moti válos para desenvolver a atividade O aquecimento deve assegurar a passagem do organismo do atleta do es tado de repouso relativo ao estado de trabalho o que permite resolver efeti vamente as tarefas de preparação durante a parte principal do treinamento A fun damentação fisiológica do aquecimento está ligada à superação da inércia dos sistemas do organismo humano que não começam a funcionar imediatamente com o crescimento do nível da atividade mo tora É necessário algum tempo para que tais sistemas passem do estado de repou so ao estado adequado de mobilização e de coordenação recíprocas Assim por exemplo o volume de sangue por minu to a ventilação pulmonar e o consumo de oxigênio atingem um nível ótimo 3 a 5 minutos após o início do trabalho No iní cio de qualquer trabalho intensivo ocor re hipoxia insuficiência de oxigênio pois os órgãos de respiração e o sistema cardiovascular não podem assegurar de imediato o envio de oxigênio aos órgãos de trabalho nas quantidades necessárias Por conseguinte se um atleta participar da competição sem aquecimento poderá chegar no final do exercício competitivo sem revelar suas potencialidades Nesse caso o resultado desportivo será inferior ao potencial A realização dos exercícios de treinamento antes da conclusão do processo de preparação do organismo é também pouco eficaz No aquecimento é necessário des tacar a parte geral e a especial O efeito interior da parte geral do aquecimento re lacionase com a elevação da temperatura corporal o que está diretamente ligado à ativação do metabolismo à atividade dos sistemas cardiovascular e respiratório do aparelho motor etc O aumento de tem peratura no processo de aquecimento é conseguido mediante a execução de exer cícios cíclicos em ritmo calmo Na maioria das modalidades desportivas utilizase a corrida para isso sendo exceção a nata ção o ciclismo o esqui e algumas outras modalidades pois nesses casos recorre se a exercícios cíclicos especiais O grau necessário de aquecimento é determi nado pelo surgimento da transpiração A duração do aquecimento depende das particularidades individuais do atleta da temperatura do ar e da umidade Nos dias quentes a duração da parte geral habi tualmente diminui sendo que nos dias frios ela é mais prolongada Após os exercícios cíclicos a maio ria dos desportistas executam exercícios especialmente para os grupos musculares e ligamentos que não se aqueceram sufi cientemente Recomendase que se inicie pelos exercícios de braços pela zona es capular e depois pelos exercícios para o tronco e para o quadril finalizando com exercícios para as pernas coxa perna e pé Esse trabalho muscular de cima para baixo pode ser repetido algumas vezes Primeiro devem ser realizados os exercí cios para os grupos musculares menores 173 Treinamento desportivo e depois para os grupos grandes Cada exercício é geralmente repetido de 10 a 15 vezes Todo o conjunto de exercício contém de 10 a 15 exercícios Em seguida vêm os exercícios que melhoram a mobilidade das articulações que têm amplitude cada vez maior e que contribuem para a extensão dos músculos que vão intervir ativamente nos próprios movimentos A sua amplitude não deve ultrapassar muito a do movimento com petitivo pois a função do aquecimento é a preparação dos músculos e dos ligamentos para futuros movimentos e a profilaxia de traumatismos e não o aumento da flexi bilidade do atleta O número de exercícios e sua orientação dependem da atividade futura e das particularidades individuais dos atletas idade nível de traumatismos sofridos etc A parte especial do aquecimento deve ter correspondência com a atividade específica do aparelho motor e das fun ções vegetativas do organismo além do estado psíquico do atleta solicitadas na parte principal da sessão Todo o aquecimento dura habitual mente de 20 a 40 minutos O intervalo ótimo entre o aquecimento e a parte prin cipal da sessão não deve ser superior a 15 minutos durante os quais ainda mantém se o efeito do aquecimento No caso de intervalos mais prolongados o efeito do aquecimento desaparece passo a passo O aquecimento que antecede a com petição merece atenção especial pois continua sendo o principal método de mobilização da capacidade do atleta antes do seu início Sua estrutura a orientação e a duração ótimas do descanso após o aquecimento contribuem para que o orga nismo do atleta atinja o estado de maior prontidão no momento inicial da compe tição É conveniente iniciar o aquecimento para as competições com 40 minutos ou até uma hora e 20 minutos de antecedên cia deixando ainda tempo para o descan so antes da chamada para o início Mui tos atletas reservam algum tempo após o aquecimento para a massagem e para a preparação psicológica A primeira parte do aquecimento préinicial distinguese do aquecimen to nas sessões de treino O aquecimen to antes do início é conseguido com a execução mais prolongada e calma dos exercícios habituais A segunda parte do aquecimento especial é a preparação para o trabalho a realizar O conteúdo dessa parte deve ser específico em rela ção à próxima atuação Nesse trabalho devem participar os mesmos sistemas do organismo e nos mesmos regimes que na realização do exercício competitivo De vem ser incluídos os elementos da técnica e a imitação dos exercícios de competição que asseguram a prontidão do despor tista Com tal objetivo por exemplo os futebolistas preparamse para o jogo rea lizando exercícios com a bola no campo os pugilistas imitam o exercício compe titivo que é o combate com a sombra e os ginastas executam as combinações e os elementos mais complexos Quanto mais complexa for a técnica e mais curto o tempo de competição tanto mais mi nuciosa deverá ser a preparação para o esforço a efetuar Os desportistas devem treinar mui to frequentemente algumas vezes por dia com intervalos de 20 a 60 minutos a algumas horas Nesse caso cada treino deverá ser antecedido de um aquecimen to adequado durante 10 a 15 minutos Tratase geralmente da execução de exer cícios preparatórios especiais num ritmo lento durante 5 a 8 minutos com uma leve aceleração no final e da preparação psicológica para a próxima disputa Com intervalos curtos de até 10 minutos con servase o aquecimento no corpo 174 Antonio Carlos Gomes Em várias modalidades desportivas o caráter do aquecimento pode distinguir se substancialmente Assim nas modali dades de velocidade e de força é prefe rível o aquecimento de caráter variável alternado com corridas curtas de inten sidade próxima da máxima mas não do limite Podese obter aumento substancial do efeito do aquecimento antes dos exer cícios de velocidade e de força combina dos com diferentes fatores complementa res de preparação estimulação elétrica de certos grupos musculares massagem etc O tempo ótimo de prontidão para o início é o período entre o 6o e o 10o minu to após o aquecimento Nas modalidades que exigem pre dominantemente a manifestação de re sistência convém utilizar durante o aquecimento o trabalho de intensidade moderada aumentandoo paulatinamen te até o nível do competitivo No final do aquecimento nos desportos em que há corrida os atletas percorrem 1 a 2 trechos com velocidade alta o que lhes permite uma melhor preparação para a atividade a executar melhorando também a per cepção de velocidade específica O conteúdo e a duração do aqueci mento em todas as modalidades depen dem do estado individual de prontidão dos atletas e do tempo disponível para tal Quando o atleta atinge o estado de elevada excitabilidade antes do início é mais conveniente o trabalho mais pro longado e de intensidade moderada no caso do estado de apatia a intensidade do aquecimento deverá ser mais elevada Ao planejar o conteúdo do aquecimento é necessário considerar a recuperação por completo do atleta após o término do aquecimento preparandoo para o mo mento inicial da competição Nas competições que duram algu mas horas corridas em distâncias longas ciclismo de estrada triatlo corridas de es qui etc o efeito positivo do aquecimen to não é tão significativo pois são outros os fatores que determinam o resultado Devese observar que nas temperaturas altas podese verificar até uma influência negativa do aquecimento sobre a termor regulação do organismo do atleta que so fre um forte gasto de energia O regime de aquecimento antes do início da competição oficial deve basear se na experiência pessoal do atleta O sen timento subjetivo que o desportista tem durante e após o aquecimento constitui o principal critério de prontidão antes da competição A temperatura o tônus mus cular e outros índices psicofisiológicos po dem servir de critérios suplementares da prontidão superior do atleta Parte principal Nessa parte devem ser resolvidas as principais tarefas almejadas Os exercí cios realizados podem ser dirigidos para o aperfeiçoamento de qualquer componente da preparação do atleta Dependendo da quantidade das tarefas e das particularida des metodológicas a resolver a parte bá sica pode ter duas principais variantes de estrutura Quando se resolve apenas uma tarefa a sessão de treinamento é chama da de seletiva entretanto será complexa se houver necessidade de resolverse na parte básica algumas tarefas Na prática do treinamento despor tivo aplicamse amplamente sessões que contribuem para o desenvolvimento de uma capacidade tipos determinados de resistência de força de rapidez etc Pode haver sessões orientadas no sentido do aperfeiçoamento técnico ou tático do desportista Na solução de uma tarefa existem diferentes abordagens metodoló gicas do conteúdo da sessão Assim em alguns casos a tarefa pode ser resolvida mediante a utilização de apenas um meio de treinamento que será estável ao longo 175 Treinamento desportivo de toda a parte principal da sessão Em outros casos tal tarefa pode ser resolvi da pela utilização de um amplo círculo de meios de treinamento de uma orientação aplicados no regime de um método Por exemplo o aperfeiçoamento da resistên cia aeróbia pode resolverse no primei ro caso apenas mediante a utilização da corrida num regime correspondente e no outro caso com base na aplicação de re petição de alguns exercícios cíclicos mar cha corrida natação trabalho em veloer gômetro etc A seleção de uma ou outra variante depende do objetivo da sessão e do lugar que ela ocupa no sistema de preparação de muitos anos do desportista As ses sões com diferentes meios que visam ao desenvolvimento de uma mesma capaci dade elevam a eficiência da preparação multilateral do atleta pois influenciam diferentes funções do organismo que de terminam a revelação da referida capaci dade Nas sessões de meios diversificados de uma mesma orientação os jovens re velam uma capacidade de trabalho con sideravelmente maior sem o risco de es gotamento psíquico do que no caso da utilização de um só meio Na preparação dos atletas de alto rendimento essa va riante da sessão de treinamento raramen te é empregada principalmente com o objetivo de retirar a tensão psíquica resul tante do trabalho monótono precedente À medida que crescem a preparação e o nível desportivo as sessões de uma direção estruturadas com base em um só meio de treinamento adquirem sig nificado cada vez maior Isso está ligado principalmente a três condições metodo lógicas de preparação dos atletas de alto rendimento 1 As possibilidades de adaptação do or ganismo do desportista aumentam à medida que diminui o número de fa tores a que o atleta tem que se adap tar Por conseguinte a diminuição da diversidade motora das sessões de treinamento leva à especialização mais concreta dos sistemas funcio nais Se os exercícios são escolhidos e estão de acordo com a especificidade da modalidade desportiva verificase o rápido crescimento dos resultados desportivos 2 A condição metodológica está ligada à interação dos efeitos de treinamento de cargas de diferente direção Tal in teração pode ter caráter positivo neu tro ou negativo A interação negativa dos efeitos de algumas cargas obriga a seguir a variante de sessões de treina mento com uma direção 3 A condição metodológica está ligada à necessidade de elevação gradual de influências de treino concentradas na referida sessão Caso contrário torna se impossível o crescimento posterior dos resultados desportivos Nesse ponto particular as condições naturais de vida do indivíduo alimenta ção sono cumprimento das funções so ciais não permitem aumentar a duração das sessões de treinamento A saída está ligada à elevação da parcela das sessões em uma direção que permita concentrar o volume necessário de influências de treinamento Dessa forma passou ao re gime de 2 a 3 sessões diárias de treina mento No treinamento dos atletas de alto nível as sessões com objetivo seletivo constituem um dos principais fatores que estimulam a melhora dos resultados desportivos Nos treinos dos jovens a utilização de uma grande quantidade de sessões de direção seletiva com um meio nem sempre é justificada pois está ligada à exploração ativa das possibilidades de adaptação do organismo e poderá levar à supertensão dos sintomas funcionais 176 Antonio Carlos Gomes Sessões complexas de treinamento Existem dois enfoques metodológicos da estruturação das sessões quando se pre tende resolver algumas tarefas O primeiro pressupõe a solução simultânea durante a sessão de treinamento Como exemplo podese mencionar a sessão em cuja parte principal executase o exercício de corrida de 10 x 400 metros com a velocidade de 85 a 90 da máxima nessa distância e pausas de descanso de 45 segundos Ele contribui por um lado para a elevação do nível de resistência aeróbia e por outro apresenta altas exigências ao sistema glicolítico esti mulando a elevação da resistência durante o trabalho de orientação anaeróbia Plato nov 1986 Durante as sessões não é raro resolveremse simultaneamente tarefas de aperfeiçoamento técnico e tático o que é particularmente característico dos jogos desportivos e dos combates O segundo enfoque está no programa da parte principal da sessão que se divide em fases relativamente independentes cada uma das quais visando à solução de determinada tarefa Durante essa sessão de treinamento as tarefas resolvemse de modo consequente Por exemplo no início da parte principal da sessão o trabalho visa ao aumento das capacidades de velo cidade depois de força e na conclusão à elevação da resistência ou ainda primei ramente resolvese a tarefa de ensino de elementos técnicos depois vem a prepa ração física e no fim o aperfeiçoamento do nível técnico dos desportistas O principal problema metodológico de estruturação das sessões complexas consiste na determinação de uma sequên cia de aplicação de treino que exclua uma interação negativa de seus efeitos Só se pode conseguir a interação positiva dos próximos efeitos de treino em uma ses são com a combinação determinada de cargas de diferentes direções e volumes Tabela 68 É conveniente executar no início da parte principal os exercícios que visam ao treino da força máxima e explosiva e de diversas manifestações de velocidade e de técnica Podese planejar para o fim da sessão a consolidação do hábito das ações técnicotáticas antes assimiladas domina das após a execução de um grande vo lume de exercícios de outra orientação É também lógico planejar para o fim da parte principal da sessão o treino de resis tência de força e os exercícios de orienta ção aeróbia em um volume alto É melhor planejar para a parte inicial da sessão o treino da flexibilidade ativa para obter se maior eficiência sendo a flexibilidade passiva deixada para a sua parte final Os exercícios que visam ao aumento da flexi bilidade ativa não devem ser executados depois da redução substancial dos índices de força Quando não for possível conse guir uma interação positiva dos efeitos de treinamento de cargas de diferentes orien tações as sessões de treinamento devem ser estruturadas seguindo o princípio de influência de uma das cargas As sessões de orientação complexa com a solução consequente das tarefas têm sido utilizadas amplamente na pre paração de atletas iniciantes e exercem influên cia otimizada sobre as esferas fun cional e psíquica do organismo de acor do com as tarefas de preparação a longo prazo As sessões complexas com pro gramas diversificados emocionalmente ricos e com uma soma de cargas muito altas constituem um bom meio de des canso ativo e podem ser utilizadas como meios complementares para acelerar os processos de recuperação após os treinos com as cargas máximas de orientação se letiva Nas modalidades desportivas em que a preparação do atleta apresenta a estrutura de muitos componentes jogos desportivos combates ginástica etc os treinos complexos continuam a ser a prin cipal forma de treinamento 177 Treinamento desportivo Na prática encontrase uma grande dificuldade de se orientar no sentido de controlar o efeito da carga de treinamen to Existem várias formas de organização das sessões que objetivam o trabalho com plexo de treinamento A Figura 67 apre senta algumas variantes de organização da sessão de treinamento Parte final Devese criar condições favoráveis para a recuperação do organismo Muito frequentemente a atividade do despor tista na parte principal da sessão está ligada a uma grande tensão física e emo cional Em consequência surge a neces sidade de serem criadas condições para a diminuição gradual da atividade dos sis temas funcionais do organismo Se o des portista por exemplo após a corrida em ritmo máximo em uma distância curta parar imediatamente e iniciar o descanso passivo a pressão sanguínea máxima cai bruscamente O corredor especialmente aquele pouco treinado poderá até perder os sentidos choque de pressão Tal exem plo confirma que logo após um trabalho intenso não se pode passar ao descanso passivo A transição brusca do treino para o descanso refletese desfavoravelmente nos processos de recuperação e no estado psíquico do desportista Se a carga for re duzida paulatinamente não surgirão rea ções negativas Na parte final da sessão o melhor meio é a execução de exercícios cíclicos num ritmo calmo e moderado durante 8 a 10 minutos com frequência cardíaca não superior a 130 bpm Sendo TABELA 68 Combinações de cargas de diferentes orientações na sessão de treinamento Modelo de sessão Exemplo de composição dos trabalhos 1 Treinamento da técnica desportiva Treinamento da resistência aeróbia 2 Treinamento da força explosiva Treinamento da velocidade Treinamento da resistência anaeróbialática 3 Treinamento da flexibilidade Treinamento da força máxima Treinamento da resistência aeróbia 4 Treinamento da velocidade Treinamento técnicotático Treinamento da flexibilidade 5 Treinamento da resistência anaeróbialática Treinamento da resistência aeróbia 6 Treinamento da força máxima Treinamento da resistência aeróbia 7 Treinamento técnico Treinamento da resistência da velocidade 8 Treinamento técnico Treinamento da flexibilidade Treinamento da resistência 9 Treinamento da resistência de força Treinamento da flexibilidade 10 Treinamento da resistência aeróbia Treinamento da flexibilidade 178 Antonio Carlos Gomes FiGurA 67 variantes de sessões de treinamento com características complexas na organização dos exercícios Platonov 1986 esse trabalho pouco cansativo não deixa que os capilares se fechem o que permite o fornecimento intensivo de oxigênio aos músculos que trabalharam auxiliando na recuperação Na parte final da sessão recomenda se também os exercícios de relaxamento e os respiratórios Às vezes é natural que na parte final dos treinos dos jovens atletas sejam praticados exercícios de jogo espe cialmente nos casos em que a parte prin cipal da sessão contenha exercícios extre mamente monótonos Um jogo de 5 a 10 minutos de duração poderá contribuir para a criação de um estado psicológico favorá vel no desportista Porém mesmo nesses casos os treinos devem terminar com exer cícios executados em ritmo moderado A preocupação com as medidas de recuperação deverão sempre estar na 179 Treinamento desportivo TABELA 69 Medidas de recuperação após um treinamento ou uma competição Depois da realização da carga de treinamento Cargas executadas e competição Ações práticas Nutrição Cargas de resistências Exercícios de relaxamento Automassagem Dieta de hidratos de com alto volume técnicas de alongamento banhos quentes carbono vitaminas muito líquido Cargas de força Corridas com velocidade Massagem Dieta rica em com alto volume decrescente relaxamento banhos quentes proteínas e vitaminas técnicas de alongamento Cargas competitivas de jogos Corridas com velocidade Massagem líquidos e vitaminas decrescente relaxamento banhos quentes técnicas de alongamento pauta do treinador pois é necessária uma aplicação sistemática de meios que pos sam auxiliar nesse processo Esses meios variam segundo o grau de desgaste que pode ser minimizado por meio de medi das físicas relaxamento e uma correta nu trição Keul 1978 Tabela 69 ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO MiCrOCiCLO Os microciclos se configuram como um conjunto de várias sessões semanais Na prática utilizamse os microciclos curtos e os longos cuja razão de ser é a alternância entre esforçorecuperação de forma que o atleta evite estar permanen temente em estado de cansaço crônico fí sico ou psíquico principalmente quando realiza um volume grande de trabalho O microciclo representa o elemento da estrutura de preparação do atleta que inclui uma série de sessões de treino ou de com petições visando à solução das tarefas do mesociclo referido etapa de preparação Sendo elemento da estrutura geral de preparação o microciclo resolve as ta refas de preparação dentro do correspon dente período de tempo A sua duração varia de 3 a 14 dias Na prática do despor to têmse utilizado mais frequentemente os microciclos de 7 dias porque no re gime semanal é consideravelmente mais fácil coordenar a vida normal do indiví duo com diferentes fatores que determi nam o processo de sua preparação como desportista p ex com o regime de es tudos ou de trabalho do atleta com o ex pediente das instalações desportivas com a participação nas competições etc Os microciclos de maior duração são utiliza dos às vezes no processo de preparação dos atletas de alto rendimento e podem estar ligados à participação num torneio prolongado ou pressupõem a utilização das condições específicas de preparação A estrutura e o conteúdo do micro ciclo apresentam características diferen tes que estão condicionadas por uma série de fatores A análise de microciclos que se verificam na prática permitiu des tacar alguns indícios gerais que lhes são próprios em diferentes modalidades des portivas e com base nisso classificálos Convém destacar como principal indício de classificação a tarefa que se resolve em determinado microciclo assim como a composição dos meios e dos métodos de treinamento a grandeza e a orientação predominante das cargas que constituem seu conteúdo Levando em consideração 180 Antonio Carlos Gomes os indícios mencionados destacamos a seguir os principais tipos de microciclos Microciclos de preparação Possuem a tarefa principal ligada à criação do efeito sumário de treinamento Sua reprodução numa série de microci clos de treinamento garante as mudanças de adaptação a longo prazo no organismo do atleta as quais estão na base do aper feiçoamento de diversos aspectos de sua preparação Segundo a composição predominan te dos meios de treinamento utilizados podemse destacar os microciclos de trei namento preparatórios gerais e especiais Dependendo do conteúdo predominante das cargas os microciclos de treinamento e de competição podem classificarse con forme demonstrado na Figura 68 Microciclo ordinário Caracterizase por uma soma de car gas mais moderadas cerca de 60 a 80 em relação às máximas O microciclo or dinário de treinamento representa a base da forma estrutural do processo de treino dos atletas de diferentes níveis de rendi mento O conteúdo específico desses mi crociclos constitui de 2 a 6 sessões de trei no com cargas constantes Figura 69 Microciclo de choque Caracterizase pela soma de cargas máximas ou próxima das máximas o que representa 80 a 100 relativamen te à carga que exige em dada etapa do treinamento a mobilização máxima das reservas do organismo A carga do micro ciclo de choque constitui o fator de maior influência que estimula no organismo do atleta o processo ativo de adaptação Esse microciclo é muito utilizado na pre paração dos atletas de alto rendimento O conteúdo específico dos microciclos de choque representa de 2 a 5 cargas de cho que na semana O grande número de cargas próxi mas das máximas unidas em um micro ciclo é a causa de parte dos treinamentos ocorrer no fundo da subrecuperação ou da fadiga em progressão de uma sessão de treinamento para outra Por isso a aplicação dos microciclos de choque deve ser acompanhada de um controle rigoroso do estado do atleta para evitar a demasia da sobrecarga dos sistemas funcionais do organismo sendo necessário assim alter FiGurA 68 Classificação dos microciclos de treinamento e de competição 181 Treinamento desportivo FiGurA 69 Estrutura do microciclo ordinário nar as cargas de choque com outros tipos de cargas Figura 610 Microciclo estabilizador É aplicado com o objetivo de assegu rar a estabilidade do estado do organismo do atleta Esse microciclo vem geralmente substituir os microciclos de choque e o or dinário sendo utilizado para a estabiliza ção das mudanças de adaptação obtidas nesses microciclos O microciclo estabili zador pode ser planejado no período de aclimatação aguda da fase inicial de trei namento na altitude assim como para a solução de outras tarefas semelhantes As sessões de treinamento com carga que varia de 40 a 60 em relação à máxima constituem o conteúdo predominante do microciclo Os microciclos de tipo estabilizador asseguram condições mais favoráveis para os processos de recuperação do organismo do atleta Na estrutura dos grandes ciclos de preparação eles aparecem geralmente após as competições tensas ou são intro duzidos no fim da série de microciclos de treinamento sendo chamados de micro ciclos de manutenção ou recuperativos Figura 611 Microciclo de manutenção Tem a tarefa de assegurar a recupe ração do atleta e contando com o hetero cronismo desse processo manter o nível de certos aspectos de sua preparação e de sua condição integral A utilização do mi crociclo de manutenção auxilia na redu ção considerável dos ritmos de perda de 182 Antonio Carlos Gomes FiGurA 611 Estrutura do microciclo estabilizador FiGurA 610 Estrutura do microciclo de choque A e B 183 Treinamento desportivo FiGurA 612 Estrutura do microciclo de manutenção preparação do atleta assegurando com isso a recuperação efetiva dos sistemas que ficam num estado reprimido Tal mi crociclo é utilizado nos períodos de prepa ração quando é necessário reduzir subs tancialmente a grandeza das somas das cargas e não deixar que se reduza brus camente o nível do estado de treinamento do atleta A carga de treino no microciclo de manutenção representa 30 a 40 em relação à máxima Figura 612 Microciclo recuperativo Caracterizase pelos parâmetros mí nimos de soma das cargas 10 a 20 em relação às máximas A estrutura e o con teúdo do microciclo recuperativo são su bordinados à tarefa de assegurar a recupe ração mais completa e eficiente do atleta Isso pode explicar a presença no microciclo de um grande número de sessões de treino com cargas baixas Figura 613 Microciclo de controle É planejado geralmente no fim das etapas de treino e visa a verificar o nível de preparação do atleta e a avaliar a eficiên cia do trabalho na etapa precedente O microciclo preparatório de controle apre senta as características dos microciclos de treinamento e de competição Combinase o trabalho de treinamento com a parti cipação em competições de controle e com a execução de exercícios de teste Os procedimentos de teste são acompanha dos frequentemente de exames médicos cujos dados permitem tirar uma conclu são mais objetiva do estado do atleta e da eficiência do trabalho precedente De acordo com os resultados obtidos fazse 184 Antonio Carlos Gomes a correção para as etapas posteriores de preparação do atleta As cargas variam num diapasão vasto e podem alcançar as grandezas máximas Figura 614 Microciclo précompetitivo É estruturado conforme as competi ções principais O objetivo desse microciclo consiste em assegurar o estado de ótima prontidão para o dia das competições gra ças à mobilização de todas as capacidades potenciais do atleta acumuladas no proces so de preparação precedente e a adapta ção às condições específicas dessas compe tições O microciclo précompetitivo inclui alguns dias geralmente 5 a 10 antes das competições principais Seu conteúdo é de terminado pelo estado individual do atleta pelo trabalho de treino precedente e pelas condições das próximas competições Nele as principais tarefas são geralmente as de recuperação válida a disposição psicológi ca a mobilização das reservas latentes de preparação a entrada do atleta no regime das próximas competições etc No micro ciclo précompetitivo não se admite a uti lização de cargas máximas Os exercícios de alta intensidade alternamse obrigato riamente com fatores de recuperação com pleta A Figura 614 mostra alguns exem plos que deverão ser adaptados conforme a modalidade e o sistema de competição Microciclo competitivo Consiste em assegurar a realização do estado de preparação conseguido pelo atle ta no decorrer das competições A estrutura e a duração do microciclo são determina FiGurA 613 Estrutura do microciclo recuperativo 185 Treinamento desportivo das em conformidade com o regulamento das competições e com a especificidade da modalidade desportiva Quando as compe tições são realizadas durante alguns dias ou semanas e divididas por pausas prolon gadas de tempo o microciclo pode incluir duas partes a propriamente competitiva e a referente ao perío do entre os jogos Essa última pressupõe a realização de sessões de treino com cargas moderadas e diferen tes formas de descanso O chamado microciclo simulador modelo é utilizado visando à prepara ção mais completa e válida do atleta para as principais competições do ciclo anual Durante esse período podese modelar o conteúdo dos que antecedem as competi ções assim como o regime e o programa das próprias competições principais No caso da preparação para competições de extrema importância como por exem plo os jogos olímpicos ou os campeona tos mundiais procurase reproduzir nos microciclosmodelo as condições do fluxo horário os fatores climáticos as particu laridades técnicotáticas dos principais adversários as peculiaridades dos lugares de realização das competições e outros fatores significativos que compõem as principais condições É por isso que o mi crociclo simulador modelo tem sido re alizado frequentemente no local das futu ras competições principais Figura 615 CArGA DE TrEiNAMENTO NO MiCrOCiCLO E SuAS DiVErSAS COMBiNAÇõES A estruturação dos microciclos é de terminada por toda uma série de fatores Dentre eles destacase o caráter do efeito FiGurA 614 Estrutura do microciclo de controle Microciclo précompetitivo 186 Antonio Carlos Gomes de treinamento das cargas aplicadas no microciclo Um dos problemas mais com plexos da teoria e da metodologia da pre paração é a descoberta de uma correla ção ótima de cargas no microciclo com o objetivo de obter o devido efeito sumário que permita resolver com sucesso tarefas de aperfeiçoamento de diversos aspectos da preparação do atleta No aspecto histó rico de formação da teoria do treinamen to desportivo podemse destacar duas abordagens do princípio da correlação de cargas no microciclo Platonov 1986 A primeira preferencialmente nas décadas de 1950 a 1960 constituía a base teórica da estruturação dos microciclos de treinamento Consideravase que a intera ção dos efeitos de treinamento somente contribuía para uma dinâmica ascendente do crescimento do nível de treinamento do atleta no caso de a carga repetida no microciclo referirse à fase de supercom pensação depois da influência precedente ou à fase de recuperação consolidada A execução da sessão de treinamento com uma grande carga no fundo de subrecu peração era considerada um sério erro metodológico que causava o sobretreina mento Convém assinalar que tal aborda gem ainda hoje apresenta determinado significado metodológico sendo aplicada em particular na preparação dos atletas iniciantes Nas décadas seguintes foram rece bidos numerosos dados testemunhando que os processos de recuperação após o trabalho físico são heterocrônicos ou seja a recuperação e a supercompensa ção de diferentes funções do organismo não ocorrem simultaneamente sendo que a presença da fase de supercompen sação não constitui condição obrigatória para a obtenção de mudanças da adap tação positiva Numa série de casos a recuperação da capacidade de trabalho ocorre somente até o nível inicial fazen do com que a fase de supercompensação fique ausente As pesquisas realizadas Platonov 1986 mostram que mesmo com um regime de treinamento muito FiGurA 615 Estrutura do microciclo competitivo A e B A B 187 Treinamento desportivo rígido a capacidade de trabalho diminui notavelmente somente com a primeira dose significativa de carga Mais adian te à medida que o exercício é repetido verificase a diminuição e a estabilização prolongada da capacidade de trabalho do indivíduo Dessa forma o organismo mesmo nas condições de subrecuperação expressa é capaz de manter um bom ní vel de trabalho embora seja menos alto Em relação à preparação do atleta tais dados podem servir de fundamento fi siológico de que a realização dentro de certos limites de um regime rígido de combinação de cargas nos microciclos pode levar ao aumento do nível de trei namento do atleta A alta exigência das possibilidades do atleta consequência do intenso traba lho sob determinada orientação não sig nifica de modo algum que ele não seja capaz de manifestar alta capacidade de trabalho na esfera de uma outra orien tação realizada predominantemente por outros órgãos e mecanismos funcionais Por exemplo uma forte fadiga do siste ma funcional que determina o nível das capacidades de velocidade ou de força máxima do atleta não impede que ele passadas algumas horas revele uma alta capacidade de trabalho na atividade ae róbia Platonov 1987 Tais dados e a necessidade de eleva ção posterior dos resultados desportivos determinaram a segunda abordagem re lacionada com a questão da alternância de cargas de grandeza e orientação dife rentes no microciclo Apoiandose nesses pontos de vista ocorreu nos anos 70 o aumento substancial quase duas vezes do volume geral de cargas em diversas modalidades inclusive o volume de exer cícios de alta intensidade Na maioria dos casos a preparação passou a constituirse na base de duas ou três sessões de treina mento por dia com o volume de trabalho de treinamento no microciclo semanal de até 32 a 38 horas Nos últimos anos as ca racterísticas qualitativas dos microciclos adquiriram tendência à estabilização de seus parâmetros O aperfeiçoamento fu turo da estrutura e do conteúdo do micro ciclo será pelo visto relacionado com as buscas de combinação otimizada de ses sões de treino de grandeza e de orienta ção diferentes Isso somente será possível com base em ideias claras sobre os meca nismos que determinam a combinação de diferentes cargas Considerando a frágil base teórica das abordagens metodológicas referen tes à questão da estrutura e do conteúdo do microciclo vejamos a seguir algumas disposições imediatas que se formaram na prática atual do treinamento despor tivo e foram confirmadas por resultados positivos No microciclo de treinamento sessões com uma orientação predominan te podem ser combinadas com sessões de diferentes orientações Na preparação dos atletas de alto rendimento é bastante eficiente a aplica ção do microciclo com a carga chamada concentrada isto é que tem praticamente uma orientação de influências de treino Têm sido utilizados mais amplamente microciclos de cargas concentradas aeró bias e de força assim como microciclos que visam exclusivamente à solução das tarefas de preparação técnica O signifi cado metodológico dessa abordagem de microciclo consiste na criação de uma in fluência forte de orientação restrita o que estimula profundas alterações funcionais que servem de premissa para a passagem posterior do organismo do atleta ao nível mais alto de treinamento Tal variante do conteúdo do microciclo pode porém ser utilizada durante um período de tempo limitado pois não assegura a necessária influência em outros aspectos de prepa ração do atleta No microciclo de uma orientação predominante a combinação das sessões com a carga máxima requer 188 Antonio Carlos Gomes uma atenção especial Quando ocorre a segunda sessão com a carga próxima da máxima a mesma realizada no fundo de subrecuperação ocorre também o agra vamento significativo da fadiga da orien tação correspondente Nesse sentido a capacidade de trabalho do atleta na se gunda sessão resulta consideravelmente diminuída e ele geralmente não pode cumprir mais do que 75 a 80 do traba lho proposto Platonov 1986 Levando em consideração essa circunstância con vém planejar com muito cuidado duas sessões seguidas com cargas de choque no microciclo somente para atletas qualifica dos e bem treinados A introdução no microciclo das ses sões com cargas estabilizadoras e recu perativas na fase de alta fadiga após as sessões de orientação seletiva exerce normalmente influência favorável na adaptação do organismo do atleta Não é conveniente utilizar duas ses sões de orientação de velocidade com o volume máximo de exercícios pois ao re petir a sessão perturbamse as principais disposições metodológicas que condicio nam o aperfeiçoamento das capacidades de velocidade Durante o aperfeiçoamen to das capacidades de força seria conve niente prever na segunda sessão outros grupos musculares com a manutenção da orientação geral de força das sessões Na prática do treinamento desporti vo são mais difundidos os microciclos de caráter complexo que permitem exercer influências equilibradas sobre diferen tes aspectos da preparação do atleta em conformidade com as tarefas da etapa de preparação Nas modalidades de coorde nação complexas nos jogos desportivos e nos combates que se distinguem pela diversidade de ações motoras e por um grande número de fatores determinantes da atividade competitiva o microciclo constitui a única forma aceitável de cons trução do processo de treinamento A estruturação do microciclo com o objetivo de solucionar tarefas comple xas apresenta dificuldades metodológicas muito sérias relacionadas com a defini ção da combinação das sessões de dife rentes cargas Se no microciclo de caráter concentrado a carga orientada para so lucionar uma tarefa constitui o principal fator no microciclo complexo o número de fatores aumenta proporcionalmente ao número de tarefas a solucionar A soma de efeitos das cargas de di ferente orientação no microciclo tem im portante significado para a determinação dos parâmetros de influência de treino sobre o organismo do atleta Na literatura especializada não se conseguiu encontrar dados convincentes sobre o efeito posi tivo da combinação direta de cargas de choque de diferente orientação O espe cialista Platonov 1986 procura explicá lo com o fato de a carga máxima exigir a mobilização das reservas profundas do organismo do atleta e a redistribuição da atividade dos processos que ocorrem no organismo de acordo com a orientação da carga Devido à fadiga que se desenvol veu tal processo possui uma estabilização significativa A aplicação da carga de ou tra orientação exige também mobilização máxima mas já de outros sistemas o que é pouco conveniente do ponto de vista da formação das reestruturações de adapta ção a longo prazo Tal combinação pode provocar descoordenação dos processos de adaptação e mesmo falha de adapta ção Por isso seria conveniente alternar no microciclo as cargas próximas das má ximas com as cargas de grandeza mode rada No processo de preparação dos atletas de alta qualificação deparase frequentemente com um problema a utilização de microciclos para solucio nar tarefas complexas não assegura que influências de diferentes orientações se jam suficientemente capazes de estimu 189 Treinamento desportivo lar o aperfeiçoamento posterior imediato de alguns componentes da preparação do atleta Nesse caso há necessidade de atribuir ao microciclo complexo pelo seu conteúdo determinado acento que expri me a orientação predominante de cargas em conformidade com as tarefas da etapa referida de preparação A eficiência de direção do processo de treinamento no microciclo é condicionada em grau considerável pela dinâmica do volume e da intensidade da carga A aná lise dos microciclos de sete dias com seis dias de treino que são os mais difundidos na prática do treinamento de atletas qua lificados permite destacar variantes com a dinâmica de um dois e três picos de volume e de intensidade de cargas Figura 616 Como regra no primeiro dia do mi crociclo não se planeja a carga máxima principalmente nos casos em que o micro ciclo precedente termina com um dia de descanso Para justificar tal recomendação podemse apresentar dois argumentos 1 Não é desejável que ocorra no orga nismo uma brusca mudança que po derá ser provocada pela passagem do FiGurA 616 variação na estruturação dos microciclos com diferentes dinâmicas de volume e de intensidade de carga A B C D 190 Antonio Carlos Gomes estado de descanso a uma atividade que exija a completa mobilização das reservas do organismo 2 O período de recuperação depois de cargas próximas das máximas dura al guns dias e por conseguinte todas as sessões posteriores de treino vão se rea lizar tendo como objetivo a subrecupe ração o que pode refletir negativamen te na eficiência geral do microciclo Por isso recomendase no primeiro dia do microciclo a carga com parâmetros não superiores a 60 ou 70 das máximas Quando o objetivo no microciclo for o de exigir alta intensidade de carga p ex o aperfeiçoamento das capacida des máximas de velocidade relacionada com um grande volume de exercícios de intensidade moderada p ex o aperfei çoamento da resistência aeróbia o cará ter geral das cargas poderá ter a dinâmica representada na Figura 616 A B C Seria preferível planejar as cargas de alta intensidade ligadas ao aperfeiçoamento das capacidades de velocidade de força explosiva assim como o ensino inicial das ações motoras complexas para o 1o e 2o dia do microciclo ou para o dia seguin te após a sessão de treino recuperativo Quanto aos exercícios com alto volume de carga orientada para o treinamento da re sistência aeróbia anaeróbia glicolítica e de força seria conveniente planejálos de modo que o pico de intensidade adiante em tempo o pico do volume de cargas O aumento do volume da carga além das grandezas determinadas provoca inevita velmente a redução da intensidade Na Fi gura 616 D está representada a varian te com elevado volume de cargas quando a intensidade fica num nível mínimo ao longo de todo o microciclo Com relação às particularidades dos processos recuperativos que determinam a estrutura do microciclo convém levar em conta o fato de que a duração de recu peração após as cargas máximas de di versas orientações apresenta diferenças substanciais As possibilidades dos siste mas funcionais que asseguram o nível das capacidades de velocidade de coor denação a força máxima e de impulso se restabelecem de uma e meia a duas vezes mais rápido do que as capacidades dos sistemas funcionais que determinam o nível de resistência aeróbia e anaeró biaglicolítica Na construção do microciclo convém levar em consideração que as capacidades de recuperação do organismo humano após um trabalho intenso modificamse substancialmente sob a influência do trei namento Os atletas de alto rendimento não só superam os menos qualificados nos resultados desportivos e nas capacidades funcionais de diferentes sistemas como também na capacidade de se restabele cerem rapidamente O treinador não deve esquecer também das particularidades estritamente individuais do organismo de diferentes atletas relacionadas com a duração da recuperação na Figura 617 verificouse o tempo de recuperação das diversas capacidades de treinamento ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO MESOCiCLO Classificação dos mesociclos O mesociclo trata da estrutura de carga que varia de 3 a 6 semanas e repre senta o elemento da estrutura de prepara ção do atleta orientado para a solução das tarefas de determinado macrociclo perí odo de preparação Quanto aos indícios que permitem classificar os mesociclos podemse des tacar n a principal tarefa a ser resolvida pelo mesociclo no sistema de preparação 191 Treinamento desportivo FiGurA 617 Tempo de recuperação das capacidades de treinamento após estímulos em diversas fontes energéti cas Platonov 1986 n o momento do referido mesociclo na estrutura do macrociclo de prepara ção n a composição dos meios e dos métodos de treino aplicados no mesociclo n os tipos de microciclos que compõem o conteúdo predominante do mesociclo estabelecido n a grandeza das cargas e sua dinâmica no mesociclo Legenda v Capacidade de velocidadeforça AN Capacidade de resistência anaeróbia A Capacidade de resistência aeróbia 1 velocidadeforça 2 Resistência anaeróbia 3 Resistência aeróbia 192 Antonio Carlos Gomes FiGurA 618 Classificação dos mesociclos de treinamento Com base nos referidos indícios a Figura 618 destaca os seguintes tipos de mesociclos Mesociclo inicial Geralmente inicia o período prepara tório do macrociclo de preparação A sua tarefa consiste em assegurar a passagem paulatina do organismo do atleta do esta do reduzido da atividade de treinamento para o nível competitivo a altos parâme tros frequentemente próximos das cargas máximas de treinamento nos mesociclos posteriores O conteúdo do mesociclo ini cial é composto por 2 a 3 microciclos do tipo recuperativo ou inicial e concluídos com o microciclo recuperativo Para o mesociclo inicial é característica a inten sidade relativamente baixa com aumento gradual do volume geral de exercícios Mesociclo básico Reúne alguns tipos de mesociclos em que se realiza o principal trabalho de trei namento quanto ao aperfeiçoamento de diversos aspectos da preparação do atleta Pela composição dos meios de treino os mesociclos dividemse em preparatórios gerais e preparatórios especiais sendo que pela grandeza das cargas dividemse em desenvolvimento e estabilizadores mesocIclo de desenvolvImento É a forma principal de organização das influências de treinamento que visam à obtenção do efeito acumulativo de trei no que está na base da elevação do nível de treino do atleta Tal ciclo caracterizase pela grandeza considerável de cargas ge ralmente próxima da máxima para dado 193 Treinamento desportivo nível de preparação Mais adiante ana lisaremos algumas das particularidades metodológicas de construção desse tipo de mesociclo mesocIclo estabIlIzador Visa à consolidação das mudanças ob tidas anteriormente que são asseguradas pela redução insignificante ou pela estabili zação das cargas atingidas anteriormente Mesociclo recuperativo Aplicase no período transitório de preparação quando têm importância pre dominante as tarefas de recuperação com pleta do atleta após um período prolonga do de cargas máximas de treinamento e de competição O mesociclo recuperativo é importante para a adaptação do organis mo do atleta pois permite prevenir a trans formação da fase de resistência na fase de profundo esgotamento e de fracasso de adaptação O mesociclo caracterizase pela redução do volume e da intensidade das cargas geralmente 20 a 30 em rela ção aos parâmetros do mesociclo básico de desenvolvimento Têm sido aplicadas diferentes formas de descanso ativo que contribuem para a descarga psicológica do atleta natação jogos passeios nas montanhas etc No processo de prepara ção de atletas qualificados incluemse no mesociclo recuperativo vários tratamen tos fisioterapêuticos que visam à elimina ção das consequências de traumatismos sofridos e a profilaxia de doenças Nesse mesociclo seria conveniente efetuar uma análise médica aprofundada que permita avaliar o estado de saúde do atleta Mesociclo de controle Geralmente conclui o período prepa ratório A sua principal tarefa consiste em assegurar um controle multiforme da efi ciência dos mesociclos básicos anteriores e a adaptação paulatina do atleta às exigên cias dos mesociclos competitivos posterio res O conteúdo dos mesociclos deve apre sentar diferentes formas de observações pedagógicas e médicas por etapas O trei namento é combinado com a participação em competições e desempenha a função preparatória e de controle Durante este mesociclo eventuais deficiências na pre paração do atleta podem ser corrigidas Mesociclo précompetitivo Destacase como um componen te estrutural que assegura a preparação imediata para a competição principal do macrociclo Durante este mesociclo resolvese todo um conjunto de tarefas que incluem a recuperação após a eta pa precedente de competições seletivas a manutenção e a eventual elevação do nível atingido a eliminação de pequenos defeitos da preparação a solução do es tado psíquico do atleta a adaptação às condições de realização das competições principais etc A necessidade de solução dessas tarefas condiciona a inclusão na estrutura do mesociclo précompetitivo de diferentes tipos de microciclos cujo conteúdo poderá variar dependendo do estado do atleta As particularidades da estrutura e da dinâmica geral das cargas no mesociclo précompetitivo serão ana lisadas mais adiante Mesociclo competitivo Representa a base do período com petitivo de preparação do atleta A sua estrutura e o seu conteúdo são determi nados pela especificidade da modalidade desportiva pelo sistema de preparação competitiva pelas particularidades do 194 Antonio Carlos Gomes calendário de competições pelo nível da qualificação do atleta e por outros fatores A duração do período competitivo poderá ser de 6 até 8 meses o que é característico por exemplo para os jogos desportivos Nesse período destacamse geralmente 4 a 6 mesociclos competitivos Nesses casos quando as competições se realizam du rante 1 a 2 meses é conveniente destacar o mesociclo de competições principais e os mesociclos competitivos que resolvem outras tarefas o mesociclo de compe tições seletivos os preparatórios etc Dependendo do número de participações do intervalo entre elas e da importância das competições podem ser incluídos na estrutura do mesociclo competitivo além dos microciclos competitivos outros tipos de microciclos A sua função é contribuir para a recuperação e assegurar a manu tenção do alto nível de capacidade de tra balho do atleta durante todo o mesociclo competitivo COMPOSiÇÃO DOS MiCrOCiCLOS NA ESTruTurA DO MESOCiCLO Dependendo das tarefas objetivadas no mesociclo e do nível de preparação do atleta a carga dos microciclos pode variar num leque bastante amplo Dependendo do número de sessões de treino com car gas de choque e ordinárias e de sua dis tribuição nos microciclos o processo de recuperação das possibilidades funcionais do organismo depois da soma da carga do microciclo poderá terminar dentro de algumas horas após a última sessão ou demorar alguns dias Assim o microciclo seguinte poderá realizarse no período de recuperação depois da soma da carga do microciclo precedente ou no momento da fadiga residual Tabela 610 No Quadro 64 estão representadas algumas variantes de distribuição de mi crociclos nos mesociclos A dinâmica de cargas pressupõe a execução do trabalho de treino no terceiro microciclo no nível da fadiga do microciclo anterior sendo que o microciclo de choque é planificado durante a recuperação relativa Grossen Starischa 1988 Manso Valdivielso Ca ballero 1996 Mesociclo de preparação para mulheres Ao planejar as cargas do mesociclo para as mulheres convém levar em con sideração a influência dos biorritmos Existem muitos estudos que comprovam a oscilação da capacidade de trabalho do indivíduo em função das fases dos bior ritmos mensais Agdjanian Chabatura 1989 Chapochnikova 1984 A alteração do estado funcional que depende do ciclo biológico específico cha mado ovulatóriomenstrual constitui uma particularidade do organismo feminino A duração desse ciclo oscila dentro da nor ma fisiológica em média de 21 a 36 dias Em 60 das mulheres é de 28 dias Ko rop Kononenko 1983 Sologub 1987 Todo o ciclo é geralmente dividido em cinco fases a primeira a menstrual do 1o ao 3o dia a segunda a pósmenstrual do 4o ao 12o dia a terceira a ovulatória do 13o ao 14o dia a quarta a pósovu latória do 15o ao 25o dia e a quinta a prémenstrual do 26o ao 28o dia A duração da primeira metade do ci clo ovulatóriomenstrual até a ovulação é diferente e está ligada às particularidades individuais do organismo feminino sendo que a duração da segunda metade é sempre constante de 14 dias Tendo em vista que a duração dos ciclos ovulatóriomenstruais entre as desportistas é diferente tornase indispensável saber os dias prováveis do início da ovulação com o ciclo de 21 dias a ovulação começa do 7o ao 9o dia com o ciclo de 28 dias a ovulação chega no in tervalo entre o 12o e o 16o dia do ciclo ao 195 Treinamento desportivo passo que com o ciclo de 36 dias entre o 19o e o 23o dia do ciclo Em condições normais nas diferentes fases do ciclo ovulatóriomenstrual ocor rem a modificação da atividade hormonal e a alteração do estado funcional de to dos os sistemas do organismo A maioria dos especialistas defende a existência de uma interligação estável das fases do ciclo menstrual com o nível de manifestação da capacidade de trabalho desportivo Ko rop Kononenko 1983 Keizer 1986 Os índices superiores da capacidade de traba lho durante esse ciclo são característicos das fases pósmenstrual e pósovulatória Pode ocorrer uma diminuição considerá vel do nível da capacidade de trabalho fí sico nas fases ovulatória prémenstrual e menstrual Tais variações têm caráter ex pressamente individual e manifestamse em função da especialização desportiva Em considerável número de desportistas verificase nessas fases a diminuição das capacidades de força de velocidade de resistência especial e também pertur bações na coordenação dos movimentos Nas fases prémenstrual e menstrual do ciclo ovulatóriomenstrual a irritabilida de e a instabilidade emocional das atletas elevamse Agdjanian Chabatura 1989 A literatura apresenta abordagens relacionadas com o problema da estru turação da preparação desportiva das mulheres Continua a ser bastante dis cutido o ponto de vista dos técnicos que estruturam a preparação desportiva das mulheres idêntica à dos homens ou seja desconsideram as mudanças do estado funcional e as oscilações da capacidade de trabalho desportivo das mulheres du rante o ciclo ovulatóriomenstrual Como principal argumento aludem nesse caso ao fato de que as atletas obrigamse a par ticipar das competições em diversas fases do ciclo Pelo visto tal argumento já não pode satisfazer às exigências modernas da preparação das atletas altamente qua lificadas Devese dar atenção especial às variações individuais do estado funcional das atletas em diversas fases do ciclo ovu latóriomenstrual Parece mais justificada a abordagem que se propõe a encarar o ciclo biológico feminino como uma for mação estrutural integral mesociclo da preparação das desportistas Nesse caso convém que na planificação do mesociclo seja tomado como base o ciclo ovulatório menstrual individual da atleta e seus mi crociclos sejam relacionados com as fases do ciclo ovulatóriomenstrual Partindo dessa posição a dinâmica das cargas de treinamento deve corresponder às oscila ções ondulatórias rítmicas da capacidade de trabalho durante o ciclo menstrual Levando em consideração o estado funcional da mulher devese resolver em TABELA 610 Composição dos microciclos nos diversos tipos de mesociclo Mesociclos Microciclos Inicial R O R Básico CH O CH R Desenvolvimento CH CH CH R CH O CH EST CH R Estabilizador EST O EST R Recuperativo R R R Controle R PC EST PC Précompetitivo CH CH CH CO R PC Competições Competições Competitivo C R C EST PC C R Recuperativo CH Choque O Ordinário EST Estabilizador CO Controle PC Précompetitivo C Competitivo 196 Antonio Carlos Gomes cada fase as tarefas correspondentes de terminando os meios de treinamento mais apropriados Para os períodos de elevada capacidade de trabalho os microciclos devem ser planejados com cargas maiores ordinárias e de choque para os perío dos de capacidade reduzida de trabalho os microciclos devem ter cargas predomi nantemente de caráter recuperativo Uma vez que as oscilações mais acentuadas das funções fisiológicas do organismo da mulher verificamse nas fases ovulatória prémenstrual e menstrual seria conve niente destacar no mesociclo dois mi crociclos especiais o primeiro incluindo a fase de ovulação possível e o segundo abrangendo o período de 1 a 2 dias antes da menstruação O mesociclo do treina mento inclui juntamente com dois micro ciclos especiais respectivamente mais 2 a 3 microciclos de treino O número e a duração dos microciclos devem ser plani ficados em função da duração individual do ciclo e de suas fases Exemplo do me sociclo de 28 dias na Tabela 611 No caso do ciclo curto de 21 dias é necessário prever no primeiro microciclo a redução considerável da grandeza da carga dos dias de provável ovulação entre as atletas com ciclo ovulatóriomenstrual reduzido e o principal programa de trei namentos deverá ser realizado na segun da metade do mesociclo No período do microciclo especial recomendase reduzir o volume total e a intensidade de cargas As cargas mais aceitáveis são as que visam à manutenção da preparação técnica e da flexibilidade sendo que as cargas aeróbias em pequenos volumes exercem influência favorável As cargas estáticas e dinâmicas globais sobre os músculos da zona pélvica e abdominal são contraindicadas Estrutura do mesociclo précompetitivo As competições principais consti tuem o alvo da preparação do atleta pois da atuação nessas competições depende o resultado final da preparação precedente por vezes de muitos anos de treinos Durante a etapa que antecede às compe tições principais a preparação do atleta é orientada no sentido de criar as condi ções mais favoráveis para a realização do nível alcançado de treinabilidade em re sultados desportivos de alto rendimento durante tais competições O fato porém de o atleta ter o nível necessário de trei nabilidade não significa que a qualquer momento seja capaz de mostrar tais re sultados altos Na prática desportiva há muitos exemplos em que durante as competições principais os atletas apre sentavam resultados mais baixos que não correspondiam aos resultados dos testes de treinabilidade Segundo dados dos especialistas Zakharov 1985 Platonov 1986 25 a 60 dos atletas demonstram os seus melhores resultados nas competi ções principais A causa de falhas reside frequentemente na má estruturação do mesociclo précompetitivo TABELA 611 Variação da carga no mesociclo considerando a duração do ciclo menstrual 28 dias Dia Fase Característica da carga Tipo de microciclo 1o3o Menstrual Média Ordinário 4o12o Pósmenstrual Média Choque 13o14o Ovulatória Média Estabilizador 15o25o Pósovulatória Alta Choque 26o28o Prémenstrual Baixa Recuperativo 197 Treinamento desportivo Apesar da atenção dada pelos es pecialistas ao problema da preparação précompetitiva para as competições prin cipais os dados ainda são insuficientes para explicar o problema A causa disso reside na complexidade objetiva do con trole dos parâmetros de cargas aplicadas pelos atletas de destaque e nas considerá veis diferenças individuais da preparação précompetitiva É desse modo que podem ser explicadas também as recomendações insuficientes e em muitos casos contra ditórias quanto à estrutura e ao conteúdo da preparação précompetitiva Mesmo assim nos últimos anos formaramse de terminados modelos de preparação pré competitiva com base predominantemen te nos estudos das modalidades cíclicas de desporto Dependendo da duração do intervalo entre as principais competições seletivas e as principais do ano podemse destacar duas variantes do mesociclo pré competitivo A primeira variante de estruturação da preparação précompetitiva pressupõe um intervalo prolongado 5 a 8 semanas entre as competições seletivas e as princi pais A vantagem dessa variante está na possibilidade de uma aproximação mais eficiente do atleta equipe das compe tições principais mas também conside rando a duração suficiente de prepara ção précompetitiva assegura a elevação complementar do nível dos resultados em comparação com as competições seletivas Vejamos como exemplo a variante da es trutura e da dinâmica geral de cargas no mesociclo composto de seis microciclos Figura 619 O primeiro microciclo compreende alguns dias geralmente 5 ou 6 depois das competições e é dedicado ao des canso ativo e à recuperação psicológi ca e física após as competições Depois planejamse dois microciclos de choque de treinamento cuja duração total é ge ralmente de 14 a 20 dias O objetivo des ses microciclos é a criação da influência total de treinamento capaz de mobilizar as reservas funcionais do organismo do atleta Isso somente é possível com a apli cação das cargas máximas ou próximas a elas O volume do trabalho de treinamen to atinge os parâmetros máximos para o dado microciclo com aumento paulatino do volume de cargas de alta intensidade qualidade de treino Nos microciclos de choque deve ser dada atenção à preparação de força Po dem ser planejados os microciclos de car gas concentradas de força A utilização de diversos fatores complementares que re forçam o efeito das influências de treinos contribui para a mobilização das reservas de preparação do atleta como treinamen to em altitude etc O volume máximo de cargas de alta intensidade concentrase no 4o microci clo nesse sentido o volume total de car gas reduzse ao nível correspondente a 50 e 60 do máximo Com o objetivo de ele var a especialização dos efeitos dos treina mentos e controlar o nível de preparação nesse microciclo o atleta deve participar de uma série de competições intermediá rias Em tais competições não se objetiva mostrar resultados elevados Por conse guinte esse microciclo pode ser encarado como de controle de preparação O 5o e o 6o microciclos abrangem o período chamado frequentemente de redução Cousillman 1982 Nesses mi crociclos reduzse o nível de cargas para recuperar completamente o organismo do atleta e obter a preparação ótima para o dia do início das competições principais Anteriormente descrevemos as particula ridades dos microciclos recuperativos de manutenção e précompetitivo A duração do período de redução é variável e depen de de muitos fatores sendo geralmente de 10 a 14 dias Nesse aspecto são tão importantes o nível das próximas compe tições e as condições de aclimatação quan 198 Antonio Carlos Gomes to o grau de intensidade e a duração de toda a preparação precedente do atleta mas o fator principal são as particularida des individuais de resposta do organismo do atleta Juntamente com a variante analisa da da preparação précompetitiva encon trase frequentemente na prática outra variante Sua principal peculiaridade é que as competições seletivas realizamse na véspera das competições principais habitualmente de 10 a 14 dias antes das competições principais Assim o atleta participa das competições seletivas e das principais como se estivesse no auge da forma desportiva O mesociclo précom petitivo é planejado para 4 a 6 semanas antes das principais competições seleti vas sendo que a preparação no intervalo entre as competições seletivas e as prin cipais visa manter o nível de preparação atingido e a adaptação às condições das competições principais A enorme tensão nervosa e física que cada um dos atletas passa durante o curto espaço de tempo em que se concentram as competições constitui um problema negativo dessa variante de preparação précompetitiva E isso nem sempre per mite que os atletas mostrem nas compe tições principais o alto resultado plane jado Tal variante é inaceitável quando é necessário completar a equipe em confor midade com os resultados das competi ções seletivas e assegurar a devida intera ção técnica e tática dos atletas A experiência de muitos anos de preparação de atletas de alto rendimento mostra que seria conveniente definir 90 a 95 dos participantes das competições FiGurA 619 Estrutura do mesociclo précompetitivo no desporto individual 199 Treinamento desportivo principais até 4 a 6 semanas antes do iní cio das competições principais e apenas 5 a 10 dos atletas podem ser incluídos na composição da equipe mais tarde se gundo a decisão do técnico e levando em conta a situação formada no seu processo de preparação ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO CiCLO ANuAL E MACrOCiCLO A estrutura de preparação do atle ta equipe durante o ano é uma tarefa difícil de ser resolvida pelo treinador Se lecionar o conteúdo do treinamento bem como controlar a influência dos diversos tipos de cargas no organismo do atleta é um desafio que a ciência desportiva ainda não conseguiu vencer na sua totalidade Por isso ao estruturar o ciclo anual de preparação na primeira etapa da prepa ração a longo prazo muitos anos deve mos fundamentalmente dirigir o processo de preparação para o desenvolvimento físico para as condições de saúde para a técnica e para o sistema funcional crian do assim premissas para o aperfeiçoa mento efetivo na sequência dos trabalhos a serem realizados principalmente na etapa de desenvolvimento e na realização das capacidades máximas do indivíduo Na primeira e na segunda etapa da preparação a longo prazo devemos fun damentar todo o sistema de treinamento no aperfeiçoamento técnicotático físico e psicológico do desportista Na sequência das etapas principalmente quando a tare fa é o desenvolvimento das capacidades máximas do desportista ou seja o alcan ce dos resultados de alto rendimento a estrutura de preparação anual apresenta um caráter bem mais complexo além de vários fatores Em geral a forma despor tiva diz respeito à correlação ótima de to dos os aspectos componentes da prepa ração do desportista numa determinada modalidade A forma desportiva é adquirida num processo de preparação desportiva relati vamente prolongado Na sua base estão as leis de adaptação do organismo hu mano Numerosas pesquisas comprovam que o processo de desenvolvimento da forma desportiva tem o caráter de fase Tal processo decorre numa sequência de três fases a aquisição a manutenção es tabilização relativa e a perda temporária Matveev 1977 A unidade das três fases de desen volvimento da forma desportiva na estru tura de preparação do atleta está ligada à compreensão de macrociclo de prepa ração Na estruturação do ciclo anual de preparação as três fases citadas podem se repetir mais de uma vez na temporada dependendo dos objetivos traçados no iní cio do ano O ciclo anual pode apresentar mais de um pico de performance a cons trução do processo de treino para atingir tal pico é chamado de macrociclo Estu diosos estão de acordo que o planejamen to anual pode ter um macrociclo quer dizer apenas se visa a uma competição importante ou a dois macrociclos quan do o objetivo for a participação em duas competições ou mesmo três macrociclos quando se objetiva por exemplo competi ções regionais estaduais e nacionais Nos últimos anos encontramos outras varian tes de planejamento da carga de treina mento de 4 5 e até 6 ciclos competitivos no ano Cada macrociclo é composto por três períodos o preparatório o competi tivo e o de transição No caso em que se repete mais de um macrociclo durante o ano obrigatoriamente se desta cam os pe ríodos preparatório e competi tivo sendo que o período de transição pode desapa recer em alguns macrociclos na tempora da Isso ocorre principalmente quando de um ciclo para outro temse pouco tempo e o treinador não deve deixar diminuir 200 Antonio Carlos Gomes substancialmente a performance adquirida no ciclo anterior Cada período apresenta suas tarefas a serem cumpridas 1 O período preparatório deve assegurar o desenvolvimento das capacidades funcionais do desportista e pressupõe a solução das tarefas de aperfeiçoa mento de vários aspectos específicos do estado de preparação podendose destacar nesse período as etapas de preparação geral e as de preparação especial 2 O período competitivo deve criar condi ções para o aperfeiçoamento de diver sos fatores da preparação desportiva A preparação deve ser integral e ocorre numa sequência lógica de conteúdos distribuídos na etapa précompetitiva e competitiva propriamente dita 3 O período transitório contribui para a recuperação completa do potencial de adaptação do organismo do desportis ta e serve de ligação entre os macroci clos de preparação O problema relacionado com a es truturação do ciclo anual ocupa um dos lugares centrais na teoria de preparação do atleta Ainda nos anos 60 formouse o sistema de opiniões quanto à periodiza ção do treinamento desportivo exposta de maneira mais completa nos trabalhos de L P Matveev A eficácia da estrutura ção do treinamento com base na perio dização proposta com tarefas próprias de cada período seus meios e métodos de preparação teve sua confirmação em diversas modalidades desportivas Porém as tendências do desenvolvimento des portivo moderno o aumento de duração do calendário das competições para até 9 a 10 meses por ano um número consi derável de competições de responsabili dade ao longo de quase todo o ano e o aparecimento de grande número de com petições de caráter comercial e de alguns outros fatores contribuíram para o cresci mento das visões metodológicas dos prin cípios de estruturação da preparação dos desportistas altamente qualificados no ciclo anual O principal objetivo das no vas buscas metodológicas visa assegurar a prontidão do atleta para a obtenção de resultados altos no maior número possível de competições durante o ciclo anual Na maioria das modalidades despor tivas formaramse modelos determinados de estruturação do ciclo anual A estrutu ra esquemática de variantes do ciclo anual de preparação mais difundida na prepa ração dos atletas de alto rendimento é apresentada na Figura 620 A escolha da variante é determinada por numerosos fa tores dentre os quais devemse destacar n o objetivo de preparação no macrociclo determinado condicionado pelo calen dário de competições prazos de reali zação das competições principais sua quantidade e distribuição no período n a quantidade de componentes do esta do de preparação qualidades hábitos que exige aperfeiçoamento especial em diversos períodos do macrociclo n os ritmos de aperfeiçoamento dos as pectos dominantes de preparação n o lugar do macrociclo referido no siste ma de preparação de muitos anos n as particularidades individuais do de senvolvimento da forma desportiva n as condições climáticas e técnicas e os materiais de preparação A estruturação da preparação com base no macrociclo anual variante A mantém seu significado nas chamadas modalidades de estação esqui esqui de montanha patins remo e outras Os fato res substanciais que influem na estrutura de preparação dessas modalidades são as condições climáticas de estação No en tanto o progresso das condições técnicas e materiais de preparação aparecimento 201 Treinamento desportivo FiGurA 620 Modelos de ciclo anual de preparação adaptado de Platonov 1986 de grande quantidade de ginásios cober tos campos pistas de gelo artificial pis tas com cobertura artificial etc poderá em um futuro muito próximo diminuir a influência dos fatores naturais exteriores sobre a estrutura da preparação As mo dalidades de estação distinguemse pelo período preparatório prolongado 6 a 7 meses e pelo período competitivo rela tivamente curto 4 a 5 meses A prepa ração em algumas modalidades de jogos também se constrói com base no macro ciclo anual quando o campeonato ocorre durante uma estação temporada compe titiva futebol hóquei sobre o gelo mas o período competitivo dessas modalida des é consideravelmente mais prolongado até 8 a 9 meses Gomes 2008 Muitos especialistas continuam a se guir a variante do macrociclo anual nos casos em que se exige um período prolon gado para o aperfeiçoamento de alguns aspectos da preparação do desportista e a constituição da forma desportiva Tal variante é aplicada na prática da prepa ração para as competições de maior im portância como por exemplo os jogos olímpicos ou na assimilação domínio de um novo programa complexo na gi nástica ou na patinação artística assim como após prolongados intervalos força dos da preparação p ex devido a um traumatismo A estruturação do preparo com base nos macrociclos anuais permite assegu rar uma preparação profunda orientada para as principais competições do ano Sabese que para a obtenção de mudan ças na adaptação de longo prazo é neces sária a duração ótima de influências de Legenda A um ciclo PP período preparatório B dois ciclos PC período competitivo C três ciclos PT período de transição D dois ciclos incompletos E três ciclos incompletos 202 Antonio Carlos Gomes treinamento O mecanismo de formação do efeito acumulativo só se verifica nos casos em que a soma das influências de treinamento de determinada orientação adquire caráter relativamente estável firme Para tal efeito são necessárias normalmente nunca menos de 4 a 6 se manas Verkhoshanski 1985 Meerson 1986 Mischenko 1985 A acumulação consequente dos efeitos do treinamento de cargas de diferente orientação exige uma duração maior e depende do número de aspectos da preparação e de sua inte ração O período necessário para a criação de premissas funcionais estáveis a fim de alcançar um nível mais alto de resultados desportivos do que no macrociclo prece dente corresponde aproximadamente de 16 a 22 semanas Verkhoshanski 1985 Zakharov 1990 Suslov 1987 Tendo em vista as variações individuais do desenvol vimento da forma desportiva esse tempo pelo visto pode ser tomado como base para a determinação da duração do perío do preparatório O período preparatório mais curto permite aperfeiçoar apenas certos aspectos da preparação do despor tista ou recuperar o nível anteriormente conseguido de preparação Quanto mais baixo for o nível de preparação no início do macrociclo mais prolongado será o pe ríodo preparatório As variantes de estruturação do ci clo anual com base em alguns macrociclos são bastante diversificadas e apresentam variações essenciais de parâmetros mes mo nos quadros da mesma modalidade desportiva O destaque de alguns ma crociclos no ano está relacionado com o número de competições de importância em que se pretende obter resultados ele vados A duração dos períodos em cada macrociclo é condicionada pelo objetivo da preparação assim como pelas leis de aquisição e de manutenção da forma des portiva Geralmente mesmo a estrutura ção de dois ciclos variantes B e D e de três ciclos variantes C e E de preparação Figura 620 pressupõe a submissão das tarefas e do conteúdo do primeiro e do segundo macrociclos no caso da varian te de três ciclos aos objetivos da prepa ração para as competições principais A participação nas competições principais está habitualmente ligada ao último ma crociclo que conclui o ciclo anual O pri meiro macrociclo tem geralmente caráter básico Um lugar significativo nesse ma crociclo é dado aos meios de preparação geral A participação nas competições não é antecedida de uma preparação précom petitiva especial No segundo macrociclo o processo de treinamento adquire cará ter mais especializado e nele se prevê a preparação orientada para as competições de destaque seletivas No terceiro ma crociclo a preparação visa à obtenção do resultado máximo nas principais competi ções do ano As tendências modernas no sentido da profissionalização do desporto apoia das na existência de condições para a preparação eficiente durante todo o ano permitiram que alguns treinadores e espe cialistas fundamentassem e verificassem na prática a concepção metodológica que tem alguns traços distintos em compara ção com a abordagem já examinada da estruturação do ciclo anual São os prin cipais indícios dessa concepção o volume do trabalho de treinamento mesmo se gundo critérios modernos até 1800 ho ras por ano a distribuição relativamente igual de cargas no ciclo anual a inexistên cia de mudanças significativas na orien tação de cargas com o teor percentual elevado de influências especializadas e a vasta prática competitiva durante 10 a 11 meses por ano caracterizandose a parti cipação nas competições pela orientação permanente no sentido da obtenção dos mais altos resultados Há adeptos desse ponto de vista no ciclismo na natação no halterofilismo e em alguns jogos despor 203 Treinamento desportivo tivos Vorobiev 1987 Ivoilov Tchuksin Schubin 1986 Makhailov Minitchenko 1982 Não se deve encarar como uma contraposição a existência de duas abor dagens metodológicas de princípio do problema da estruturação do ciclo anual de preparação dos atletas de alto rendi mento Ambas as variantes permitem que os desportistas obtenham altos resultados desportivos e cada uma delas apresenta vantagens e deficiências Por conseguinte devese avaliar a eficiência de cada uma dessas variantes levandose em conta os objetivos colocados ao desportista ou à equipe no ciclo anual determinado ESTruTurA DO CiCLO ANuAL DE PrEPArAÇÃO EM VáriOS DESPOrTOS É muito difícil dizer qual sistema de preparação deve ser utilizado durante o ciclo anual um ciclo dois ciclos etc O planejamento do ciclo anual depende do calendário de competições de determina do tipo de esporte além das leis objetivas que levam o organismo a uma adaptação satisfatória Dessa forma o tipo de ciclo a ser utilizado deve ser aquele que favoreça o bom desenvolvimento na preparação levando o desportista a alcançar a melhor forma desportiva nas principais competi ções do ano Por exemplo no futebol é muito comum utilizar apenas um ciclo anual O período de preparação dura no máximo 8 semanas e o competitivo é longo pois em algumas situações dura mais de 9 meses já o período de transição normalmente é planejado para o período de 4 semanas No período de preparação os traba lhos são dirigidos com base na prepara ção física técnicotática e psicológica No período competitivo o sistema de treina mento tornase mais complexo pois deve atender as várias partes do treinamento sempre procurando habilitar as ações competitivas além de estimular o despor tista a desenvolver ao máximo suas capa cidades específicas sem deixar diminuir o nível da preparação física geral Durante 4 a 6 semanas no mesociclo competitivo os jogos oficiais podem atin gir 8 a 10 dias o que torna difícil manter em alto nível as preparações física técnica e tática Todo o trabalho nesse momento de jogos deve ocorrer com uma carga não muito alta e a prioridade deve ser dada ao treinamento técnicotático que man tém as capacidades fisiológicas especiais e propicia um bom estado psicológico tanto de mobilização para a competição como de recuperação entre os jogos Na sequência dos trabalhos o volu me de treinamento deve ser organizado com base no resultado obtido nesse pri meiro momento do período competitivo PLANEJAMENTO DO TrEiNAMENTO EM DiFErENTES PErÍODOS DO MACrOCiCLO O rendimento desportivo do atle ta em grande parte é determinado pelo caráter da distribuição dinâmica no ciclo anual das cargas de treinamento e de competição O efeito acumulativo de cargas de certa orientação de treinamento propicia uma adaptação funcional favorá vel para as cargas que apresentam outra orientação Como resultado tal combina ção assegura a obtenção dos objetivos da preparação no determinado macrociclo em particular a coincidência do pico da forma desportiva com o período das prin cipais competições Para a estruturação do ciclo anual é importante considerar a so lução de diferentes tarefas da preparação do atleta equipe Com base nas informa ções colhidas na literatura especializada e na experiência de preparação dos atletas de alto rendimento em diversas modali dades podemse destacar alguns aspectos 204 Antonio Carlos Gomes comuns da estruturação de diferentes pe ríodos do macrociclo de preparação Período preparatório Em muitos tipos de desportos o pe ríodo preparatório destacase pelo tempo de duração de seu conteúdo Nesse perío do deve ser construída a base funcional que assegurará um volume alto de traba lho especial do atleta na temporada de competições A preparação do aparelho locomotor e do sistema vegetativo do organismo deve ser estimulada com ati vidades que têm como objetivo o aperfei çoamento técnicotático bem como das capacidades físicas e psicológicas O sistema moderno de preparação do desportista independente da idade e do nível desde o primeiro dia do período pre paratório constróise com exercícios que devem resolver a preparação física psicoló gica técnica e tática de forma especial A seleção dos exercícios deve res peitar a forma de execução da atividade competitiva bem como imitar o regime de funcionamento da fibra muscular e o sistema energético predominante Isso é possível quando selecionamos exercícios oriundos da própria modalidade despor tiva já no período preparatório O período preparatório é normal mente subdividido em duas etapas a ge ral e a especial Na etapa geral do período preparató rio o mesociclo inicial e o mesociclo bá sico de preparação prevêse a orientação no sentido de elevação do organismo para a execução eficaz do trabalho com ênfa se no sistema aeróbio Na estruturação da preparação segundo o princípio de um macrociclo anual o volume da carga ae róbia aumenta gradualmente durante 10 a 12 semanas e atinge o seu máximo em 4 a 5 meses antes das principais competi ções No caso de um período preparatório mais curto tal elevação ocorre durante 6 a 8 semanas O trabalho de aperfeiçoamento da resistência aeróbia deve combinarse obri gatoriamente com exercícios de orienta ção de força no regime de manutenção 5 a 8 por mês do valor anual Os exer cícios de preparação geral são utilizados predominantemente como meios de pre paração de força Convém assinalar que já no início do período preparatório muitos técnicos consideram necessário destinar 2 a 3 do tempo para os exercícios do tipo sprint Considerase que após o período transi tório que antecede o período preparató rio no início do macrociclo o desportista encontrase em condição favorável para o aperfeiçoamento de suas capacidades de velocidade Nos mesociclos essa possibi lidade é dificultada pois a realização de grandes volumes de trabalho de orienta ção para o aperfeiçoamento de diversos tipos de resistência cria um nível desfavo rável à revelação máxima das capacidades de velocidade As altas capacidades aeróbias asse guram vantagens somente nas distâncias de fundo Para obter sucesso nas distân cias de meiofundo e curtas nas acelera ções e no trecho final o desportista tem de dispor de altas capacidades anaeróbias É por isso que na segunda etapa do período preparatório os mesociclos preparatório especial básico e preparatório de contro le aumenta significativamente o volume de exercícios preparatórios especiais de caráter misto aeróbioanaeróbio À me dida que se aproximam as competições incluemse no regime competitivo espe cífico em volume cada vez maior exer cícios intensivos Os volumes mais altos de cargas no sistema energético aeróbio anaeróbio misto devem ser enfatizados no final do período preparatório Para atingir a potência máxima de funcionamento do sistema anaeróbiogli 205 Treinamento desportivo colítico bastam geralmente 6 a 10 treinos de choque de correspondente orientação realizados durante 2 a 3 semanas Os grandes volumes de cargas de orientação anaeróbioglicolítica são atingidos nunca antes de 4 a 5 semanas que antecedem as principais competições A aplicação de masiadamente prematura e excessiva de cargas anaeróbioglicolíticas reduz o nível das capacidades funcionais do organismo prejudicando o sistema de preparação A correlação geral de cargas executa das em diversas zonas de intensidade no ciclo anual de preparação está em média na proporção de 70 a 75 da orientação aeróbia 12 a 20 da orientação aeróbia anaeróbia e 4 a 10 da orientação anae róbia Tais correlações sofrem alterações dependendo do tipo de desporto Assim por exemplo na preparação dos atletas especializados em maratona a participa ção da carga aeróbia representa 85 a 87 do volume total anual As cargas de orientação de força dessa etapa devem ser aplicadas na va riante uniformizada ou concentrada Na preparação dos atletas de alto rendimen to têm sido utilizados nos últimos anos com bastante frequência os mesociclos com volume elevado concentrado de cargas de força na ordem de 23 a 25 do volume geral anual Tal trabalho orien tado assegura o nível de preparação de força do atleta para o momento das prin cipais competições A etapa com elevado teor de cargas de força dura geralmente de 3 a 8 semanas segundo alguns dados até 12 semanas Verkhoshanski 1985 dependendo da duração do período pre paratório e dos períodos de realização das principais competições No período de aplicação de cargas concentradas de força e de realização de seu efeito deve ser reduzido o volume do trabalho de outra orientação O efeito mais favorável é proporcionado nesse período pelo vo lume moderado de exercícios especiais com intensidade em elevação gradual Como os exercícios de força utilizam predominantemente meios preparatórios especiais p ex corrida saltada corrida subindo montanha trabalho nos apare lhos especiais de força para nadadores os ciclistas praticam subindo a montanha ou andando de bicicleta com catraca pe sada etc o trabalho de força no perío do de sua aplicação concentrada deve ter caráter predominantemente aeróbio A correlação geral dos meios de prepara ção de força dos atletas das modalidades cíclicas está em média na proporção de 70 resistência de força de 20 quali dades de velocidade e de força inclusive força de explosão e de 10 força máxi ma Meerson 1986 Na etapa especial dáse prioridade ao trabalho direto dos elementos técnicos ao aperfeiçoamento de elementos ante riormente dominados e que devem fazer parte da composição do novo programa competitivo A preparação física nessa etapa deve contribuir para a solução das tarefas de aperfeiçoamento técnico Os exercícios de preparação física adquirem orientação cada vez mais especializada e já se apresentam como exercícios prepa ratórios especiais Iniciase o controle do nível de di versos aspectos de preparação do atleta com sua respectiva correção A prepara ção técnica visa à consolidação dos hábi tos adquiridos e à elevação do nível com petitivo Período competitivo Diversos aspectos da preparação do atleta no período competitivo merecem atenção especial A preparação realizase em rigorosa conformidade com o calendá rio das competições em que os períodos de realização das principais competições têm significado especial No caso se o objetivo 206 Antonio Carlos Gomes da preparação consistir na apresentação e na participação bemsucedida nas princi pais competições realizadas em períodos curtos o período competitivo poderá ser dividido em três etapas Portman 1986 Etapa I Précompetitiva constituição da forma desportiva A participação nas competições du rante essa etapa está ligada principal mente ao aperfeiçoamento de diversos aspectos específicos da preparação do atleta ou da equipe A participação nas competições alternase com ciclos de trei namento Não se deve procurar conseguir a elevação das possibilidades funcionais dos principais sistemas do organismo re correndo a um volume elevado de influên cias de treinos A principal tarefa consiste na obtenção da concordância da unidade harmônica de diversos aspectos da prepa ração e da estabilidade dos parâmetros do exercício constitutivo nas condições apro ximadas ao máximo das de competição Etapa II Competitiva a forma desportiva das principais competições O objetivo é assegurar a obtenção do resultado desportivo nas principais com petições do macrociclo O início da etapa pode ser considerado a participação nas competições seletivas Para os atletas de alto rendimento esse é geralmente o campeonato nacional Mais adiante a etapa é concluída com a participação nas principais competições dependendo da duração da etapa das condições metodo lógicas de manutenção do estado da for ma desportiva superior A manutenção do nível da forma des portiva uma vez que o período competi tivo pode continuar também após as prin cipais competições é um assunto a tual relacionado com a preparação do atleta de alto rendimento A participação com êxito em outras competições e torneios na temporada pode ser mantida com a alternância de microciclos competitivos estabilizadores e recuperativos manuten ção na estrutura de preparação Nos jogos desportivos o período competitivo abrange o período entre o primeiro e o último jogo das principais competições do calendário A diversidade de variantes eventuais de estruturação do período competitivo nos jogos desporti vos dificulta a elaboração de recomen dações gerais referentes à dinâmica de cargas Em diferentes modalidades des portivas jogos efetuando uma análise muito geral podemse distinguir duas variantes de estrutura do período compe titivo A primeira é construída completa mente com base no sistema de definição do vencedor após os jogos de cada um dos participantes e por isso tal variante é homogênea em sua estrutura Todos os ciclos semanais são semelhantes e ca racterizamse pela alternância regular de jogo de calendário e de intervalos entre eles Nesse caso no período competitivo as cargas não têm caráter ondulatório cla ramente expresso As influências de trei namentos são bastante homogêneas em sua composição e são orientadas princi palmente para a manutenção do nível dos principais componentes da preparação dos jogadores Na segunda variante a estrutura do período competitivo é construída segun do o princípio de voltas com intervalos de algumas semanas entre elas Dependendo da duração da fase intercompetitiva a preparação adquire os traços de etapas separadas do período preparatório Ante cipando a redução do nível das capacida des físicas durante o período competitivo prolongado prevêse em geral uma sé rie de microciclos de choque que visam à manutenção do nível de desenvolvimento 207 Treinamento desportivo das capacidades físicas e até a certo cres cimento das mesmas Uma atenção espe cial é dada às capacidades de velocidade e de força dos jogadores Dependendo do caráter dos próximos jogos podem ser in cluídas na composição da preparação as mais diversas tarefas de treinamento Período transitório A duração do período transitório depende da estrutura do ciclo anual e do grau de tensão dos períodos transcorridos do macrociclo O período transitório que conclui o ciclo anual poderá ser o mais prolongado e sua duração pode ser de 3 a 8 semanas Existem pontos de vista diferentes quanto à estrutura e ao conteúdo da pre paração dos desportistas de alto rendi mento no período transitório Os especia listas que consideram primordial a tarefa de recuperação psíquica dos desportistas dão preferência ao descanso passivo Nes se caso após o final da temporada compe titiva o atleta deixa de treinar e descansa durante um mês ou um mês e meio O descanso prolongado permite recuperar por completo o estado psíquico do despor tista mas ao mesmo tempo leva à redu ção bastante significativa da sua condição física o que exige no início do macroci clo seguinte um longo trabalho para que ele possa voltar ao nível inicial Por ou tro lado há aqueles que não consideram apropriado cessar por completo os treinos no período transitório pois isso perturba o ritmo habitual da vida dos atletas e se reflete negativamente no nível de seu es tado físico Nesse período são preferíveis as formas ativas de recuperação Prevêse o sistema de influências mais diversas que permitam assegurar o descanso valoroso e a manutenção da condição física geral do atleta levandose em conta o seu es tado individual O mesociclo recuperativo constitui a base da estrutura do período Recomendase aplicar ao desportista no período transitório meios nãoespecíficos que criem um fundo emocional positivo diversos jogos passeios natação exercí cios de dança etc Mas não se deve excluir por completo da preparação os exercícios de manutenção do nível das capacidades de força de flexibilidade e de resistência aeróbia O efeito profilático positivo é proporcionado pela combinação do des canso ativo com tratamentos fisioterapêu ticos que contribuam para a eliminação das consequências de traumatismos e su pertensões sofridas pelo atleta O volume total de cargas de treinamento no perío do transitório reduzse significativamen te excluindose as sessões de treino com grandes cargas A Figura 621 demonstra como exemplo a estrutura do ciclo anual com dois macrociclos 208 Antonio Carlos Gomes Legenda A Etapa de preparação geral período preparatório B Etapa de preparação especial período preparatório C Período de competição D Período de transição FiGurA 621 Estrutura da carga anual de treinamento representada na periodização dupla dois macrociclos No século XX e início do século XXI mais precisamente nos últimos 60 anos a periodização do treinamento desportivo passou por conceitos que se modificaram frequentemente com a evolução e as trans formações ocorridas nos mais diversos desportos Um modelo implica um esque ma teórico do sistema ou da realidade que se elabora com o objetivo de facilitar sua compreensão seu estudo e sua organiza ção Ao realizarse a análise dos diferen tes modelos apresentados pela literatura ao longo dos anos verificase que alguns já não são suficientes para explicar os re quisitos do calendário desportivo atual Os modelos tradicionais fundamentados na teoria geral do desporto deixaram de ser únicos e verdadeiros na estruturação do conteúdo a ser proposto no desporto moderno Metodologicamente podemos distinguir três fases ou etapas que carac terizam a história dos modelos de plane jamento desportivo Manso Valdivielso Caballero 1996 a desde sua origem até 1950 quando se inicia a sistematização do treinamen to b de 1950 até 1970 quando se inicia o questionamento dos modelos clássicos do planejamento e aparecem novas propostas c de 1970 até a atualidade quando se vive uma grande evolução dos conhe cimentos MODELOS DE TrEiNAMENTO A origem do trabalho orientado no sentido de aumentar as capacidades de rendimento na atividade física é tão an tiga como o próprio desporto Na antiga Grécia acreditavase na possibilidade de converter um indivíduo comum em um perfeito desportista utilizandose apenas treinamento sistematizado Os candidatos às mais diversas competições desportivas eram submetidos por um longo período de tempo que às vezes durava até 10 me ses a um processo de treinamento diário intenso que terminava com a realização de trabalhos específicos durante um mês Os gregos já dividiam o processo de treinamento em planos de quatro dias muito similar ao que hoje em dia chama mos de microciclo mesociclo e macrociclo Durantez 1975 A carga de treinamen to no primeiro dia era leve no segundo intensificada no terceiro utilizavam carga média com exercício de curta duração e no quarto dia bem suave Essa estrutura era utilizada de forma rígida pela maior parte dos treinadores da época antiga 7 MODElOS DE PERIODIzAçãO NOS DESPORTOS 210 Antonio Carlos Gomes O grande renascimento da atividade física foi estimulado pelos humanistas ita lianos ainda nos séculos XV e XVI embo ra toda a referência do desporto moderno e de seu desenvolvimento técnico e condi cional se deva aos ingleses que no sécu lo XVI publicaram alguns trabalhos que se referiam à organização da atividade física A evolução dos pressupostos teóri cos relacionados com o planejamento do treinamento desportivo está indicada na Tabela 71 que apresenta a referência da evolução dos modelos e o sistema do trei namento desportivo Modelos tradicionais O modelo tradicional conhecido em algumas regiões do mundo como moder no foi divulgado ainda nos anos 50 pelo cientista emérito russo Professor Doutor Leev Pavlovtchi Matveev que com seus postulados popularizou a teoria da pe riodização no mundo todo Matveev con siderado o pai da periodização moderna do treinamento desportivo fundamentou suas explicações na teoria da Síndrome Geral da Adaptação SELYE lei que se tornou uma norma na busca da forma desportiva por meio do treinamento Ele atualizou e aprofundou os conhe cimentos apresentados pelos teóricos até os anos 50 e defendeu as suas próprias ideias sobre o planejamento do treinamento des portivo com os seguintes pressupostos a afirma que as condições climáticas são fatores determinantes na periodização do treinamento desportivo b entende que o calendário de competi ções influi na organização do processo de treinamento c argumenta que as leis biológicas de vem servir como base para a periodi zação no treinamento d propõe que a unidade de formação es pecial e geral do desportista deve ser respeitada e demonstra que o caráter contínuo do processo de treinamento deve combi nar sistematicamente carga e recupe ração f defende o aumento progressivo e má ximo dos esforços de treinamento e g reafirma a colocação de Ozolin 1949 sobre a variação ondulante das cargas de treinamento etc Manso Valdiviel so Caballero 1996 No final dos anos 50 e início dos 60 surgem alguns especialistas Portman 1986 que criticam o sistema proposto por Matveev e seus colaboradores fundamen tando a sua crítica nos seguintes aspectos 1 excessivo trabalho de preparação ge ral 2 desenvolvimento simultâneo de dife rentes capacidades em um mesmo pe ríodo de tempo 3 cargas repetitivas durante períodos de tempo prolongado e 4 pouca importância destinada aos tra balhos específicos O Professor Matveev não aceitou totalmente as críticas mas admitiu a ne cessidade de revisar a teoria proposta até aquele momento e deu sequência aos seus estudos defendendo a ideia de normati zar o treinamento desportivo utilizando se de algumas leis 1 O princípio da unidade entre preparação geral e especial do atleta Esse princí pio prevê três posições básicas n a indissolubilidade entre prepara ção geral e especial n a interdependência dos conteúdos o conteúdo da preparação especial 211 Treinamento desportivo TABELA 71 Evolução dos pressupostos teóricos do planejamento do treinamento e suas referências Ano Autor referência teórica 1902 KRAEvKI As contribuições desses autores permitemnos identificálos como 1902 TAUSMEv estudiosos que deram início à transição do planejamento desportivo 1905 OlSHANIK 1906 SKOTAR 1908 SHTlIEST 1913 MURPHY 1916 KOTOv Deu origem à concepção de treinamento interrompido e dividido em três ciclos treinamento geral preparatório e especial Destacou a manutenção do universalismo desportivo formação multidesportiva 1922 GORINEvSKI Escreveu o primeiro livro com o título Bases fundamentais do treinamento 1930 PIHKAlA Escreveu o manual de Fundamentos gerais do treinamento considerado uma obra clássica de estudo na área do treinamento desportivo que juntamente com a obra de Gorinevski serviu como fonte de conhecimento para os principais teóricos tradicionais Propôs na época que a carga de treinamento semanal mensal e anual deveria manter um caráter ondulatório alternando trabalho e recuperação Além disso salientou que a carga de treinamento deve diminuir de volume e aumentar a intensidade e que o treinamento específico deve ocorrer após um amplo trabalho de condição física geral 1939 GRANTYN Propôs os conteúdos e os princípios gerais do planejamento do treinamento desportivo Alertou sobre a manutenção da união entre especialização desportiva e formação geral e polidesportiva Confirmou a divisão da temporada em três ciclos o principal a preparação e a transição 1949 OzOlIN Defendeu a ideia do treinamento a longo prazo 15 a 20 anos Afirmou que os períodos e as etapas da temporada devem ter a mesma duração mas a distribuição do conteúdo difere para todos os desportos Defendeu a adaptação nas diferentes situações climáticas Propôs que o período preparatório deve ter duas etapas a preparação geral e a especial cada uma delas com duração de 6 a 7 semanas Dividiu o período competitivo em seis etapas 1 competitivo inicial 2 competitivo propriamente dito 3 descarga 4 preparação imediata 5 conclusiva e 6 competição principal Defendeu que o descanso total deve ocorrer somente em casos especiais e por pouco tempo 5 a 7 dias Os calendários competitivos devem ditar as etapas de treinamento 1950 lETONOv Criticou os modelos utilizados na época Iniciou os conceitos sobre a adaptação biológica e os modelos de planificação desportiva Alertou sobre a individualidade dos processos de adaptação Dividiu a temporada em três ciclos o treinamento geral e o específico a forma competitiva e a diminuição do nível de treinamento 212 Antonio Carlos Gomes do atleta depende dos pressupostos criados pela preparação geral e n a necessidade de dividir o treino em preparação geral e especial 2 A dinâmica da carga de treinamento Nesse caso o autor afirma que desde o início da temporada de treinamento devemos sugerir treinos específicos em volumes aceitáveis dependendo do desenvolvimento geral do atleta 3 Os parâmetros da forma desportiva e a estrutura dos macrociclos de treinamen to Eles sofrem modificações profun das Com as mudanças ocorridas nos calendários de competição os despor tistas são obrigados a participar de um grande número de competições o que modifica todo o sistema de planeja mento do treinamento na temporada Ainda nesse período tradicional surgem várias outras propostas de organi zação da carga de treinamento O sistema conhecido como pêndulo Manso Valdi vielso Caballero 1996 surge em 1976 inovando os desportos de combate judô boxe etc O treinamento nesse sistema é distribuído em dois microciclos conhecidos como principal e regulador na tempora da anual diferenciandose do tradicional quando no início desenvolve a tarefa de treinamento técnicotático Isso ocorre com o autocontrole do próprio desportista O número dos microciclos que se al ternam na temporada dependerá da dura ção do processo de treinamento portanto o número de pares consecutivos de que se necessita para atingir o efeito de impulso de pêndulo não deve ser inferior a três e nem superior a cinco ou seis As diferenças entre os microciclos principais e reguladores são facilmente notáveis n Os microciclos principais têm como objetivo aperfeiçoar a capacidade de trabalho especial do desportista n Os reguladores têm como função re cuperar a capacidade especial de tra balho e aumentar a preparação física geral do desportista Apesar das críticas sofridas e dos no vos modelos de treinamento propostos o Professor Matveev continuou defendendo o sistema tradicional como o melhor ca minho para se organizar a carga de treina mento na temporada A Figura 71 mostra a dinâmica da carga de treinamento no ciclo anual proposta por Matveev ainda na década de 1950 As principais críticas sofridas por Matveev provinham de estudiosos que afirmavam ser impossível seguir um es quema único de organização das cargas de treinamento para todos os desportos pois cada grupo apresenta características diferentes Outro aspecto de discussão so bre o sistema tradicional de treinamento desportivo nasce do conceito multifacéti co O treinamento multifacético no des porto de alto nível é um conceito relativo pois a preparação multilateral está rela cionada com a preparação geral Nesse caso opõese aos postulados de Matveev principalmente em suas primeiras publi cações onde defende a preparação físi ca geral como um requisito fundamen tal para o alto nível de aperfeiçoamento desportivo Para os estudiosos da época Vorobiev 1974 a base de qualquer des porto constituise com preparação espe cializada pois com ela podem ser criadas as condições de adaptação do organismo do desportista coerentemente às exigên cias do desporto praticado Ao longo dos anos surgem outras propostas que de forma muito parecida à anteriormente referida sugerem o mode lo de adaptação biológica do desportista que se fundamenta na teoria de sistemas Tschiene 1990 A proposta consiste em distribuir a carga de treinamento da tem porada de forma ondulatória alternando 213 Treinamento desportivo o volume e a intensidade sem baixar os níveis de 80 de seus potenciais máximos de carga ou seja o uso contínuo de uma elevada intensidade a utilização predo minante de trabalho específico de com petição e a utilização de intervalos pro filáticos motivados pelo uso elevado de treinamentos de alta qualidade e peque na diferença entre volume e intensidade Manso Valdivielso Caballero 1996 As propostas surgidas até então ca racterizam as crises do sistema tradicio nal e apesar de surgirem vários sistemas de organização da carga de treinamento a mensagem mais forte da época ainda fi cou sendo o sistema de Matveev pai da periodização do treinamento desportivo Modelos contemporâneos Os modelos tradicionais contribuí ram de forma positiva para os modelos contemporâneos que evoluíram muito no aspecto qualitativo dando origem às pro postas específicas para cada modalidade desportiva Os estudos demonstram que de finitivamente o raciocínio científico da periodização do treinamento desportivo deve respeitar os desportos em suas di mensões específicas no que se refere ao sistema de competição No início os pla nos modernos de treinamento passaram a exigir uma metodologia idealizada sepa radamente para os desportos individuais e para os coletivos Em segundo plano surge o respeito ao sistema energético em que o desporto ou a modalidade estão in seridos no momento competitivo A bio mecânica destaca a especificidade do ges to motor referindose ao trabalho cíclico e acíclico enquanto a psicologia defende a preparação do desportista procurando resolver as questões específicas da resis tência psicológica no que concerne ao treinamento e à competição Dessa forma os ditos modelos con temporâneos podem ser discutidos com base em quatro aspectos 1 A individualização das cargas de treina mento justificada pela capacidade indi vidual de adaptação do organismo FiGurA 71 Dinâmica da carga de treinamento no ciclo anual considerando os indícios de volume e de intensidade 214 Antonio Carlos Gomes 2 A concentração das cargas de treina mento da mesma orientação em pe ríodos de curta duração e a necessi dade de conhecer profundamente o efeito que produz cada tipo de carga de trabalho e sua distribuição no ciclo médio de treinamento mesociclo 3 O desenvolvimento consecutivo de ca pacidades utilizando o efeito residual de cargas já trabalhadas 4 A ênfase no trabalho específico de trei namento As adaptações necessárias para o desporto moderno só são pos síveis com a realização na prática de cargas especiais Nos últimos anos surgiram várias teorias relacionadas com a organização do processo do treinamento desportivo utilizando os aspectos citados para desen volver suas próprias metodologias O Professor Dr Yuri Vitale Verkho shans ki não utiliza os termos planejamento e nem planificação defendendo a ideia de que o processo de treinamento deve base arse em um sistema que defina os concei tos de programação de organização e de controle conforme mostra a Figura 72 As leis específicas que caracterizam a capacidade de rendimento desportivo são oriundas do processo de adaptação a longo prazo do desportista estão ligadas diretamente ao trabalho muscular intenso e têm relação direta com o volume e com a duração do estresse fisiológico Os conceitos que sustentam a sua te oria já foram mostrados na Figura 72 e podem ser melhor compreendidos com os seguintes conceitos a Programação é compreendida por uma primeira determinação da estra tégia do conteúdo e da forma de es truturar o processo de treinamento b Organização tratase da realização prática do programa considerandose as condições reais e as possibilidades concretas do desportista c Controle são os critérios estabelecidos previamente com o objetivo de infor mar periodicamente o nível de adapta ção apresentado pelo desportista O autor critica o trabalho sequencial de microciclos de diferentes orientações Propõe um método programado que se inicia com a utilização de tarefas concre tas exclui do seu vocabulário a palavra período substituindoa por etapa que se prolonga por 3 a 5 meses de preparação seguida de um programa de treinamento e de competições garantindo o alcance da forma desportiva Tal sistema carac terizouse como o de carga concentrada que para alguns estudiosos só é possível para desportos de força Modelo de treinamento em bloco Esse modelo proposto por Verkho shanski exemplifica a distribuição de car gas concentradas ao longo do ciclo anual de treinamento Na Figura 73 verificase a dinâmica da velocidade performance ao longo da temporada de treinamento e de competição O ciclo anual estruturado com 52 semanas apresentado na Figura 73 a mostra a periodização simples na qual a concentração das competições principais encontrase no bloco C enquanto as se cundárias estão distribuídas na tempo rada no bloco A e B A variante b de monstra uma periodização dupla visando ao primeiro nível de forma desportiva na primeira etapa bloco C e o principal ob jetivo está no bloco C da segunda etapa Na variante c da figura verificase a temporada com 3 ciclos cuja primeira etapa é composta pelos blocos A B e C na segunda etapa estão os blocos A e C e 215 Treinamento desportivo FiGurA 72 Sistema de programação de organização e de controle da carga de treinamento verkhoshanski 2001 216 Antonio Carlos Gomes na terceira estão os blocos B e C O tempo de duração de cada bloco é diminuído na periodização com 2 e 3 ciclos anuais O conteúdo do treinamento no blo co A no qual se objetiva o maior volume de toda a temporada deve ser suficiente para desestabilizar os níveis de performan ce adaptados na temporada anterior e para criar novas premissas para a temporada atual Normalmente esse bloco dura por volta de 12 semanas Seu objetivo princi pal é preparar o aparelho locomotor no mi crobloco A1 com exercícios de multissaltos de musculação etc Já no microbloco A2 visase ao aumento do impulso nervoso utilizandose de exercícios de força rápida e de treinamento de cargas mistas na mus culação No microbloco A3 devese aumen tar a influência das cargas no organismo pois o volume ainda continua alto Cada microbloco tem uma duração de quatro se manas aproximadamente FiGurA 73 Dinâmica da velocidade performance durante a temporada anual nos desportos de forçavelocidade a b c verkhoshanski 1990 217 Treinamento desportivo O bloco B que dura por volta de dois e meio a três meses deve ser estruturado de forma que diminua o volume até os ní veis ótimos permitindo o aperfeiçoamen to das capacidades competitivas dos des portistas preparandoos para o bloco C no qual se encontram as principais com petições da temporada conforme mostra a Figura 74 As lutas desportivas apresentam no seu alto rendimento um complexo de ca pacidades físicas técnicas e táticas que merecem destaque na organização e no controle da carga O ponto mais impor tante é a atenção que se deve ter com o aspecto técnico durante todo o ciclo de competições A Figura 75 apresenta o modelo da dinâmica das cargas de trei namento em um sistema de três ciclos de competição na temporada anual Na ter ceira etapa quando estão programadas as principais competições notase que a força explosiva deve ser mais enfatizada o que propiciará um aumento substan cial da velocidade de contração da fibra muscular aperfeiçoada pela melhora do sistema neuromuscular O controle deve ser rigoroso no que se refere à técnica desportiva ou seja ao ocorrerem pertur bações negativas na sua evolução o trei nador deve rever o volume e o enfoque do treinamento das capacidades físicas Nas provas de resistência fundo o resultado desportivo depende de fatores como altitude clima alimentação gené tica etc No entanto a organização das cargas na temporada assume atualmente papel decisivo na melhora dos recordes Atualmente o técnico desportivo com preende bem a necessidade de se enfatizar no processo de treinamento o fator velo cidade especial com o objetivo de aperfei çoar o ritmo competitivo Na Figura 76 observamos o modelo da dinâmica de cada capacidade física e sua alteração no ciclo duplo de competições durante o ano No modelo de treinamento em bloco idealizado pelo Professor Yuri Verkhoshanski notase que sempre existe uma concentração de cargas Com gran de volume no bloco A o conteúdo dos exercícios apresenta uma característica similar ao competitivo chamado por ele de preparação especial em que sustenta a tese de que a principal capacidade física responsável pelo resultado desportivo é a velocidade que deve ser criteriosamente credenciada pelo enfoque do treinamen FiGurA 74 Dinâmica do volume de treinamento na temporada competitiva 218 Antonio Carlos Gomes FiGurA 75 Modelo para lutas desportivas 3 ciclos verkhoshanski 1990 219 Treinamento desportivo FiGurA 76 Modelo para os desportos de resistência fundo verkhoshanski 1990 220 Antonio Carlos Gomes to das diversas outras capacidades de pendendo do desporto ou da modalidade prova a ser treinado Modelo integrador Os atletas russos na modalidade de atletismo mais especificamente na prova de lançamento de martelo destacaramse nos últimos anos com resultados conside rados surpreendentes em nível mundial O modelo proposto por Bondarchuk que divide a temporada de preparação em três fases desenvolvimento manutenção e descanso fundamentase nas caracterís ticas de adaptação individual apresentadas pelos atletas Sendo assim verificouse que cada desportista atinge sua forma despor tiva em momentos diferentes Ele diagnos ticou na prática dos campeões olímpicos que o pico de performance pode ser atin gido com um período de treinamento que varia de 2 a 8 meses dependendo do grau de treinamento do desportista da idade dos anos de treinamento e de suas próprias características Bondarchuk 1988 O planejamento do treino está subme tido à resposta adaptativa do organismo do desportista que consequentemente deve ditar a forma de organização da temporada competitiva O modelo integrador proposto por Bondarchuk pode ser colocado em prá tica por algumas variantes de macrociclo como pode ser visto na Figura 77 As variáveis de 1a a 8a são utiliza das com atletas que apresentam a forma desportiva dois meses depois do período destinado ao descanso Da 9a variante à 13a são estruturas indicadas para atletas que respondem bem ao treino de desen volvimento da forma desportiva três me ses depois do período de descanso As da 14a à 16a são aplicadas aos desportistas que apresentam ótimas performances com 4 meses de preparação após o período de descanso As da 17a à 19a são destinadas aos desportistas que melhoram suas mar cas após 5 meses de preparação depois do período de descanso Da 20a à 22a são variáveis com 6 7 e 8 meses de trabalho após o descanso A 23a variante é destina da ao atleta capaz de apresentar boa for ma desportiva de 3 em 3 meses interca lados com períodos de descanso Já a 24a tem a mesma ideia mas sem período de descanso entre elas sendo portanto para os atletas de alta qualificação desportiva Na 25a variante a forma aparece depois de 6 meses de trabalho com um longo pe ríodo posterior de manutenção das cargas adaptadas A 26a variante apresenta ape nas 3 meses no primeiro período de desen volvimento da forma desportiva seguido de descanso e então iniciase um longo período de desenvolvimento de 6 meses buscando o pico de performance no último mês da temporada A 27a e 28a variante com 4 e 5 meses de preparação respecti vamente apresentam na sequência um período de manutenção que propicia a elevação do nível de forma desportiva retornando ao treinamento normal como forma de preparação para a competição seguinte Nas variantes 27a e 28a o atle ta acumula experiências para o início da próxima temporada Fica evidente que os vários modelos apresentados por Bondarchuk devem ser selecionados levando em consideração a resposta da adaptação apresentada pelo organismo do atleta nos primeiros anos e é claro está ligado diretamente ao calen dário desportivo principalmente em des portos individuais Modelo de cargas seletivas Esse modelo foi organizado com o ob jetivo de atender o calendário dos despor tos coletivos em especial a modalidade de futebol que por apresentar uma grande quantidade de jogos na temporada difi 221 Treinamento desportivo FiGurA 77 Estrutura da periodização do treinamento desportivo com diferentes ciclos de forma desportiva 222 Antonio Carlos Gomes culta a distribuição das cargas de treina mento no macrociclo O modelo nasce em virtude de o futebol não apresentar tempo suficiente para uma boa preparação dos atletas antes do início dos jogos oficiais Como os desportos coletivos de forma geral não exigem o desenvolvimento das capacidades máximas e sim submáximas nos últimos anos elaboramos um modelo de organização de cargas na temporada que permanece durante todo o ciclo com o volume inalterado procurando uma forma de qualificação durante toda a temporada e alternando as capacidades de treinamento a cada mês durante o ciclo competitivo Nesse sistema de cargas seletivas a exemplo do anterior sistema de cargas em bloco o alvo do aperfeiçoamento no treino está nas capacidades de velocidade Na prá tica verificase que o ciclo anual de 52 se manas deve ser subdividido em duas etapas caracterizando assim uma periodização dupla com duração de 26 semanas cada No futebol moderno o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento pois o calendário apresen ta uma grande quantidade de jogos em âmbito regional nacional e internacional que devem ser disputados com alto ren dimento devido aos sistemas utilizados na classificação Na Figura 78 apresen tamos o ciclo de periodização anual com suas etapas e fases A Figura 78 mostra que o volume do treinamento oscila muito pouco du rante todo o ciclo anual de competições consequentemente a forma desportiva apresenta uma tendência de melhora du rante toda a etapa diminuindo na fase de prétemporada em razão de uma pequena redução do volume no início da segunda etapa competitiva O período competitivo no futebol varia de 8 a 10 meses no ano com uma quantidade de 75 a 85 jogos na temporada Com esse panorama não é possível organizar a carga de treinamento no sistema contemporâneo defensor da organização de períodos que permitem a aplicação de conteúdos do treinamento em momentos diferenciados na temporada FiGurA 78 Periodização anual na modalidade de futebol 223 Treinamento desportivo obtendose um alto nível de adaptação por se tratar de desporto coletivo A essência da prática nesse tipo de desporto não exige o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das capacidades motoras no seu máximo Por outro lado tratase de um desporto que na sua atividade competitiva caracteriza se pelos esforços intermitentes executados em velocidade com alto volume de diver sas ações motoras e que exige capacidade anaeróbia e aeróbia mista Além da força e da resistência especial utiliza também a flexibilidade para a execução de movimen tos técnicos exigidos pelo jogo A Figura 79 demonstra como devem ser treinadas as capacidades físicas motoras durante a temporada de 6 meses A distribuição do treinamento das capacidades físicas a cada fase e a cada mês de trabalho pode ser visualizada na Tabela 72 Observase na Figura 79 a dinâmi ca das capacidades de treinamento que se modifica com o passar dos meses no macrociclo No primeiro mês verificase uma predominância no treinamento da resistência especial com o objetivo de melhorar os aspectos funcionais já no se gundo mês e na sequência é dada priori dade ao treinamento do sistema nervoso muscular procurando assim intensificar o aperfeiçoamento da velocidade de mo vimento considerada atualmente com a capacidade motora de fundamental im portância na evolução da performance A estruturação das cargas de treina mento no futebol deve ser organizada de acordo com os seguintes fatores a número de sessões na semana b tempo destinado ao treinamento no macrociclo e c total de horas destinadas ao mesoci clomacrociclo Em nossa prática utilizamos a dis tribuição das capacidades de treinamen to considerando a carga horária semanal FiGurA 79 Distribuição das capacidades de treinamento no macrociclo de competições 224 Antonio Carlos Gomes TABELA 72 Distribuição das capacidades de treinamento no macrociclo Capacidades de treinamento 1 2 3 4 5 6 Resistência especial 25 20 15 15 15 15 Flexibilidade 25 20 15 15 10 10 Força 20 25 25 15 15 15 velocidade 15 20 25 25 25 25 Técnicotática 15 15 20 30 35 35 Fase Prétemporada Competitiva Distribuição meses Isso facilita a periodização do número de sessões destinadas a cada semanamês do macrociclo Veja na Figura 710 o micro ciclo com um jogo na semana A distribuição mensal do treina mento das capacidades físicas motoras FiGurA 710 Estrutura do microciclo com um jogo semanal no futebol estimadas em minutos conforme Figura 710 pode ser observada na Tabela 73 A Tabela 72 mostra a distribuição do treinamento em uma temporada de 6 me ses O término dela deve coincidir com o final das competições no primeiro semes 225 Treinamento desportivo FiGurA 711 Estrutura e conteúdo do microciclo na modalidade de futebol com um jogo por semana Platonov 1997 tre pois após o descanso ativo iniciase a nova prétemporada preparando para o segundo semestre de competições Outro ponto de suma importância a ser observado está relacionado com a or ganização do treinamento no microciclo principalmente no que se refere à sequên cia a ser respeitada no treinamento das capacidades físicas e técnicas Nas Figuras 711 e 712 com um e dois jogos sema nais podemos observar um modelo de estruturação das cargas de treinamento a cada sessão do microciclo de competição Nas Figuras 711 e 712 verificase a distribuição das capacidades especiais de treinamento A velocidade considerada a principal capacidade física motora res ponsável pela performance do desportista é resolvida no processo de treinamento pela manifestação de reação de acelera TABELA 73 Distribuição mensal das capacidades de treinamento Capacidades de treinamento 1 2 3 4 5 6 Resistência especial 780 624 468 468 468 468 Flexibilidade 780 624 468 468 312 312 Força 624 780 780 468 468 468 velocidade 468 624 780 780 780 780 Técnicotática 468 468 624 936 1092 1092 Fase Prétemporada Competitiva Distribuição das capacidades de treinamento a cada mês em minutos 226 Antonio Carlos Gomes ção máxima e de resistência tendo como prioridades no treinamento a velocidade de reação e a aceleração devido à exigên cia específica do futebol de movimento acíclico e de curta duração A capacidade de resistência especial resolvese no âm bito do treinamento coletivo técnicotáti co e quando sugerido fora dessas ações o treino deve respeitar o sistema energéti co manifestado no jogo além da dinâmica de movimentos reduzidos pelo jogador de futebol na atividade competitiva O treinamento da força deve se con centrar nos movimentos rápidos como os multissaltos a corrida tracionada a corri da curta em morros etc A utilização dos pesos musculação deve ter uma ação de fortalecimento muscular mas isso se tra ta de um trabalho complementar de força máxima ou submáxima A prioridade deve estar nos trabalhos de força rápida na maior quantidade de sessões possíveis Os exercícios técnicos e os táticos devem estar inseridos em todo o processo do treinamento destinando a maior parte do tempo a essas ações pois é nelas que ocorrerá o aperfeiçoamento ótimo das ca pacidades competitivas do desportista OrGANizAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TrEiNAMENTO NA MODALiDADE DE FuTEBOL Com base no calendário do campeo nato brasileiro de futebol edição 2001 FiGurA 712 Estrutura e conteúdo do microciclo na modalidade de futebol com dois jogos por semana Platonov 1997 227 Treinamento desportivo elaborouse o projeto de treinamento e de competição da equipe do Clube Atlético Paranaense O desenvolvimento dos tra balhos ocorreram na cidade de Curitiba no Estado do Paraná Brasil Os procedimentos tomados seguem uma sequência considerada lógica para atender os objetivos propostos inicial mente A elaboração da temporada de trei namento de competição ocorreu após a análise do calendário de competições no qual se verificou que cada equipe partici pante da competição seria submetida a 27 jogos na primeira fase classificandose as 8 melhores equipes Dessa forma o início dos trabalhos ocorreu na segunda semana do mês de junho e o término na primei ra semana de dezembro Participaram da competição 28 clubes O programa caracterizouse por uma temporada de 27 semanas O início da prétemporada foi na segunda semana de junho terminando na última semana de ju lho totalizando 7 semanas que foram des tinadas a exame médico e a testes físicos tanto no laboratório como no campo além de priorizar a preparação física especial O período de competições foi subdi vidido em duas etapas A primeira etapa teve início na primeira semana de agosto e terminou na última de setembro tota lizando 9 semanas Já a segunda etapa composta por 11 semanas iniciou na pri meira semana de outubro e foi até a pri meira de dezembro A periodização do treinamento foi estruturada com base no controle da evo lução da preparação técnicotática TT conforme mostra a Figura 713 Na Figura 714 pode ser observada a distribuição semanal de todo o conteú do de treinamento bem como suas prio ridades a cada etapa de treinamento e de competição A carga destinada às capacidades de resistência força e velocidade foi subme tida a um controle criterioso para que a FiGurA 713 Dinâmica das cargas na temporada de treinamento e competição 228 Antonio Carlos Gomes FiGurA 714 Distribuição do conteúdo de treinamento na temporada 2001 Campeonato Brasileiro de Futebol 229 Treinamento desportivo influência das mesmas no organismo dos jogadores não interferisse na carga espe cífica caracterizada na prática pelo trei namento TT PLANEJAMENTO DO TrEiNAMENTO PArA VELOCiSTAS NA MODALiDADE DE ATLETiSMO Os esportes individuais apresentam particularidades na organização do trei namento pois a alta especialização das provas requer do treinador uma atenção especial ao prescrever o treinamento para os atletas dessas modalidades A Tabela 74 apresenta um modelo de plano de treinamento no microciclo inserido no macrociclo dentro do período de prepa ração do atleta OrGANizAÇÃO DO PrOCESSO DE TrEiNAMENTO A organização e o planejamento do treino são assuntos complexos e requerem uma maior quantidade de experimentos científicos para explicar alguns fenôme nos que ocorrem na prática dos desportos A seguir relatamos alguns aspectos que o treinador deve conhecer com profundida de para facilitar todo o processo pedagó gico de ensino e de desenvolvimento do treino dos futuros campeões a Educação física e o desporto A educação física é um processo pe dagógico que objetiva instruir e despertar o gosto pela prática de exercícios físicos procurando assim desenvolver a cultura da sociedade para a melhora da qualidade da saúde e do bemestar psicossocial O desporto deve ser encarado como uma atividade regulamentada pelas re gras sendo possível alcançar um alto rendimento somente com um treinamen to sistematizado e especializado durante muitos anos Dessa forma o desenvolvi mento na prática das capacidades físicas técnicas táticas etc tornase imprescin dível para a preparação do atleta que bus ca um resultado de alto rendimento b Desenvolvimento do desporto que se pretende praticar Aqui é necessário que o treinador passe ao seu campeão em potencial todo o conhecimento geral sobre a modalidade desportiva escolhida A abordagem deve ser desde o surgimento do desporto pas sando por sua história até a atualidade isso facilita o aprendizado e desperta um maior contato do aluno com aquilo que pode fazer parte de um longo período de sua vida c Funcionamento do organismo do desportista Além de se discutir o funcionamento normal do organismo devese aqui tam bém entender quais são as mudanças fun cionais que o treinamento pode provocar no organismo do atleta Tais assuntos de vem ser abordados pelo treinador durante as sessões de treinamento de uma forma bem clara e objetiva facilitando assim o entendimento pelo desportista d Hábitos de higiene e alimentação do desportista Outro fator que facilitará muito as sessões de treinamento é a conscientiza ção do jovem atleta de que a higiene é indispensável e que a alimentação espe cializada exerce influência significativa 230 Antonio Carlos Gomes Manhã Tarde TABELA 74 Plano de treinamento para velocistas 100 m na modalidade de atletismo Dias da semana Período Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Força e coordenação 30 saltos alterna dos horizontais 70 saltos alterna dos horizontais com corrida 50 saltos saindo da posição de meio agacha mento 4x20 m saída em pé repouso repouso repouso repouso repouso repouso Coordenação técnica velocida de e resistência da velocidade 2x1030 m bloco 4x20 m bloco 4x40 m bloco 6x60 m 63 120 m 122 180 m 195 Pausa de 4 entre os tiros Velocidade e resistência da velocidade 4x2040 m saindo da posição em pé 2 séries de 4x60 m 66 3x300 m 335 Coordenação velocidade e resistência da velocidade 2 séries de 2x20 40 m 2 séries de 2x40 60 m 6x100 m 106 108 Pausa correspon dente ao objetivo Coordenação 4x20 m corrida saltada 6x20 m corrida saindo de meia flexão das pernas 2 séries de 4x80 m 4x20 m corrida saltada Técnica veloci dade e resistência da velocidade 4x100 m bloco 4x20 m bloco 4x40 m bloco 3 séries de 4x50 m 5x120 m para 122 pausa 3 Trote do min Força musculação com 45 exercícios carga de 70 200 repetições em séries Força musculação com 45 exercícios carga de 85 200 repetições em séries 150 lançamentos com bola de areia de 3 kg 231 Treinamento desportivo no aperfeiçoamento de suas capacidades competitivas e Controle médico O controle médico no desporto assu me a responsabilidade de manter o bom estado de saúde do praticante no período de treinamento destinado ao alto rendi mento f Bases fisiológicas do treinamento A fisiologia do exercício fundamen ta o desenvolvimento morfofuncional nos atletas durante o processo de preparação a longo prazo As leis biológicas assumem um papel regulador em seus sistemas de treinamento g Preparação física geral e especial Em alguns desportos a preparação física assume o papel de maior importân cia como é o caso de grande parte dos desportos individuais entretanto nos desportos coletivos a preparação física assume apenas um papel complementar sendo primordial a preparação técnicotá tica a psicológica etc Nesse caso é bom que esses conceitos teóricos sejam de co nhecimento de toda a equipe h Preparação técnicotática É compreendida por alguns autores como o elemento que desenha toda a lo comoção motora dos atletas na quadra desportiva A técnica juntamente com a tática constituem a principal essência dos desportos principalmente dos coletivos em que é possível através da tática trei nar diversos sistemas como o defensivo o de ataque etc i Preparação moral e psicológica A preparação moral de um despor tista desenvolvese no processo da própria prática desportiva e está associada ao alto nível de preparação psicológica Isso aju da o atleta a concentrarse para o jogo além de despertar a motivação e o espí rito de coletividade otimizando a prática competitiva j Métodos de treinamento Os métodos que auxiliam na prepara ção dos atletas são os verbais os demons trativos e os de influência prática Esse úl timo é o mais utilizado pelos treinadores que mediante os métodos de jogos os intervalados os contínuos e os competiti vos facilitam o aperfeiçoamento das ca pacidades competitivas dos atletas l Organização e realização das competições Ao estruturar as sessões de treina mento o treinador deve prestar atenção ao calendário de competições e ao mes mo tempo selecionar as mais importan tes para a sua realidade isso facilitará a realização e o alcance de um alto nível de forma desportiva m Local e equipamentos de treinamento Têm influência direta na programa ção do treinamento Quanto mais sofisti cados forem os locais de treinamento e os equipamentos melhor será a otimização do treino TrEiNAMENTO DESPOrTiVO NA iNFâNCiA E NA ADOLESCêNCiA O início precoce dos jovens no espor te tem sido visto pelas diversas áreas como uma boa iniciativa da sociedade O jovem inserido na prática desportiva ocupa seu tempo em uma atividade cujos benefícios podem ser enumerados em vários aspec tos integração social do jovem determi nação de regras que se estende por toda a vida capacidade de raciocínio rápido espírito de cooperação etc Dessa forma o que a ciência acadêmica tem discutido é o conceito de iniciação precoce no esporte com o conceito de treinamento precoce A iniciação no esporte na ótica da formação global do jovem é uma iniciativa louvável dos pais professores e outras pes soas envolvidas no processo de formação do ser humano Já o treinamento precoce envolve uma série de debates nos quais os especialistas têm discutido os prejuízos fu turos que podem ocorrer com o praticante no ponto de vista psicomotor Alguns conceitos precisam ser com preendidos pelo professortreinador en volvido com a prática do treinamento desportivo na infância e na adolescência Entre eles destacamos os fundamentais n Especialização treinamento orienta do para uma determinada modalidade desportiva com o objetivo de alcançar a alta capacidade competitiva na sua função n Especialização precoce ocorre nor malmente de forma antecipada quan do o treinador almeja o resultado des portivo muito cedo especializando assim o jovem praticante em uma função específica dentro do desporto levando em consideração sua idade cronológica n Especialização prematura ocorre a especialização antecipada sem a devi da atenção à maturação biológica n Adolescência tratase do período pós púbere quando o jovem apresenta características de muita responsabili dade individual e seu aspecto motor inicia um crescimento significativo de aumento de força e capacidade psico física para suportar fadiga ESPECiALizAÇÃO DESPOrTiVA O termo especialização precoce no desporto tem ocasionado na prática er ros substanciais pois ele não é sinônimo de iniciação e de encaminhamento no des porto mas se trata de um modelo de pre paração dirigida para o aperfeiçoamento das capacidades competitivas em ciclos de médio e longo prazo 8 PlANEjAMENTO DO TREINAMENTO DESPORTIvO NA INFâNCIA E NA ADOlESCêNCIA 234 Antonio Carlos Gomes Esse processo se não apresentar uma característica de desenvolvimento de tra balhos multilaterais em que o aprendiza do técnico possa ocorrer acompanhando o crescimento motor ao invés de dar ênfase no aperfeiçoamento das capacidades mo toras físicas pode apresentar problemas futuros e não constitui a melhor forma de se aumentar as cargas de treinamento du rante a vida desportiva Desenvolvimento multilateral A multilateralidade é a ocorrência do desenvolvimento fisiológico contí nuo e gradual das capacidades motoras realizado de forma adequada para cada jovem praticante Não se pode confun dir com os treinamentos genéricos sem objetivos pois os trabalhos devem estar bem estruturados de forma a atender as fases sensíveis do desenvolvimento mo tor Na preparação multilateral os objeti vos são diversos e devem ser organizados em cada faixa etária e de acordo com a maturação biológica além de sem dúvi da considerar o desenvolvimento motor Manno 2000 DESPOrTO NA ESCOLA A preparação dos atletas jovens deve acontecer nas escolas de educação em ge ral e nas desportivas Essa estrutura or ganizacional garante a condição para a preparação a longo prazo dos atletas de iniciantes a atletas de classe internacional A educação física nas escolas deve ser realizada tanto nas aulas como no pro cesso de atividades praticadas nos clubes desportivos Neles o objetivo é a prepa ração para a competição As competições realizamse no grupo entre grupos e de outras formas O programa de competição deve estar relacionado com o conteúdo ministrado nas aulas de educação física Nos bairros as competições escolares são formadas por vários tipos de modalidades desportivas Os participantes são de dife rentes faixas etárias O clube desportivo deve organizar constantemente vários eventos com o objetivo de preparar os jo vens instrutores e os futuros árbitros des portivos Filin 1996 APErFEiÇOAMENTO DESPOrTiVO As escolas desportivas exercem um papel importante no sistema de prepa ração dos atletas jovens propiciando o aperfeiçoamento das qualidades físicas a preparação geral dos estudantes e a pre paração dos atletas de alto nível A escola desportiva é um dos princi pais métodos na prática do desporto dos estudantes nas escolas de formação geral Os atletas iniciantes são matriculados nas escolas desportivas de acordo com o seu nível atlético e sua idade Tabela 81 Durante o trabalho nas escolas des portivas dáse maior atenção à seleção das crianças bemdotadas atenção que é enfatizada nas aulas de educação física nas escolas e em outras instituições estudantis nas competições desportivas e no contro le do nível da preparação especial e geral dos estudantes Os grupos de treinamento completamse pelos resultados da seleção e do número de crianças que passaram pela preparação inicial e alcançaram os índices para a preparação geral e especial de acor do com o programa de exigência em dado desporto Filin 1996 O programa escolar é constituído por partes teóricas e práticas e dividese em grupos de preparação inicial de ins trução de aperfeiçoamento desportivo e de alto nível As principais estratégias utilizadas nas sessões de treinamento nas escolas desportivas são sessão teórica aprecia 235 Treinamento desportivo ção de filmes slides e outros sessão de treinamento por grupo treinamento em plano individual e participação nas com petições O trabalho pode ser planejado com os seguintes componentes plano ge ral anual plano individual plano de tra balho temático de grupo e plano de cada aula treino TéCNiCO DESPOrTiVO No trabalho com jovens é de funda mental importância a atuação do técnico desportivo treinador que na maioria dos casos deve atuar como um pedagogo reunindo conhecimento nas várias áreas da atividade humana Atualmente os clu bes de fomento do desporto na infância e na adolescência criam formas objetivas de avaliar a qualidade de trabalho do treina dor As mais comuns são 1 Nos grupos de preparação preliminar com o controle da estabilidade da composição dos grupos estudantis e do nível de assimilação dos alunos das es colas infantis desportivas 2 Nos grupos de treinamento pela estabi lidade da composição dos grupos pe los critérios da preparação especial dos alunos e pelos resultados atingidos nas competições 3 Nos grupos de aperfeiçoamento despor tivo com a avaliação dos programas exigidos realizados pelos praticantes e também pelo nível de preparação des portiva 4 Nos grupos de alto rendimento com a avaliação da quantidade dos atletas preparados para as seleções nacionais e dos resultados das suas participações nas competições internacionais Tal sistema de avaliação permite controlar a efetividade da sua atividade e em consequência lhe é atribuída uma categoria qualificação correspondente Muitas vezes a eficácia da atividade do treinador da escola desportiva é avalia TABELA 81 idade dos jovens que se matriculam nas escolas desportivas idade mínima anos idade mínima Grupos de Grupos de Grupos de Grupos de preparação iniciação preparação iniciação Desporto anos preliminar desportiva Desporto preliminar desportiva Acrobática 7 10 Natação 7 10 Basquetebol 8 11 Saltos ornamentais 7 10 Boxe 10 13 Rúgbi 9 12 luta 10 13 Handebol 9 12 Ciclismo 10 13 Trenó 10 13 Polo aquático 10 13 Nado sincronizado 7 10 voleibol 9 12 Arco e flecha 10 13 Ginástica desportiva Tiro 10 13 Meninos 6 9 Pentatlo moderno 10 13 Meninas 7 10 Tênis de campo 7 10 Ginástica artística 6 9 Tênis de mesa 7 10 Remo acadêmico 10 13 Halterofilismo 10 13 Remo em canoas 10 13 Esgrima 10 13 Patinação 9 12 Patinação artística 6 9 Hipismo 11 14 Futebol 8 11 Atletismo 9 12 Hóquei 9 12 Esqui 9 12 Regatas vela 9 12 236 Antonio Carlos Gomes da pelo resultado das competições infan tis e juvenis Nessa situação o professor necessita forçar o treinamento especia lizado e levar frequentemente os atletas aos resultados somente nas competições infantis e juvenis Muitos treinadores es quecem que o objetivo principal do des porto juvenil é a formação de condições favoráveis para o alcance de resultados de nível internacional na idade ideal para cada desporto Frequentemente os treinadores não consideram a faixa etária ótima para atingir os altos resultados e em consequ ência inadmissivelmente forçam a pre paração dos seus atletas preocupandose em leválos ao alto resultado já na idade juvenil sem pensar no futuro do atleta du rante a passagem de juvenil para adulto É necessário destacar que a preparação anual de determinada quantidade de desportistas deve ser o objetivo principal e determinan te a estenderse na avaliação do trabalho do treinador e do educador O alcance de altos resultados na idade infantil e na ju venil em muitos casos não garante que o adolescente irá progredir posteriormente alcançando um desenvolvimento máxi mo e altos resultados O critério principal do trabalho do treinador é o resultado a longo prazo avaliado pelo nível de pre paração dos atletas formados nas escolas infantojuvenis Gomes Junior 1998 Uma das formas mais efetivas de organizar a preparação dos atletas são as sessões especializadas em cada tipo de desporto Nas sessões desportivas esta belecese o contato simples entre os pro fessores e os treinadoreseducadores No processo de treinamento das escolasin ternatos desportivas aplicamse métodos de treinamento utilizamse métodos téc nicos e aparelhos de treino e com isso os alunos assimilam a intensidade da carga devida de treinamento e de competição As formas principais desse processo são os treinamentos em grupo as sessões teóri cas e práticas as individuais e a prepara ção em competições desportivas OrGANizAÇÃO DAS COMPETiÇõES As competições são de suma importân cia para todos os atletas sem a participação nelas não há desporto nem educação para eles As competições constituem o ápice do processo de treinamento não só sintetizan do os resultados do treinamento desportivo mas também apresentando meios objetivos para avaliar a sua efetividade A atividade competitiva moderna é extremamente intensa Por exemplo os corredores de alto nível em distâncias mé dias participam de competições 50 a 60 vezes no ano os nadadores de 120 a 140 e os ciclistas de velódromo de 160 a 180 O volume da atividade competitiva dos atletas de elite não é só condicionado pela necessidade da participação com sucesso na competição mas também é utilizado para a estimulação da adaptação do or ganismo do atleta As competições cons tituem a parte principal da preparação integral dando possibilidades de reunir a técnica a tática a preparação física e a psicológica em um único sistema dirigido ao alcance de altos resultados Somente no processo de competição os atletas po dem alcançar o nível máximo funcional permitido pelo organismo e executar a carga que no processo das sessões de trei namento nem sempre é possível Builina Kupamshina 1981 A competição é a parte principal da preparação desportiva das crianças e dos adolescentes Deve fazer parte do plano da escola desportiva e contribui para o alcance de objetivos como melhoria da saúde aperfeiçoamento da função do or ganismo em crescimento desenvolvimen to das qualidades físicas engajamento 237 Treinamento desportivo dos estudantes e dos jovens trabalhadores na atividade desportiva regular e desen volvimento de vários tipos de desportos na educação geral das escolas Forma de organização das competições Pela forma de organização diferen ciamse os seguintes tipos 1 Competição de final de temporada na escola ou no clube desportivo em que participam atletas vinculados àquela instituição 2 Competição aberta em que podem participar equipes e atletas oriundos de diferentes clubes 3 Encontros amistosos entre equipes es colas clubes etc 4 Competição entre turmas escolas clu bes desportivos clubes de educação física da região cidade etc O sistema de competição pode fun cionar nos seguintes grupos etários n Grupo I meninos e meninas nas fai xas etárias de 7 a 8 9 a 10 11 a 12 e 13 a 14 anos de clubes desportivos de escolas estaduais e municipais e de escolas desportivas especializadas n Grupo II meninos e meninas nas fai xas etárias de 15 a 16 e 17 a 18 anos passagem para a preparação sistemá tica em clubes desportivos e escolas desportivas n Grupo III juniores nas faixas etárias de 19 a 21 e 22 a 24 anos aperfeiço amento do alto nível nos clubes des portivos nas escolas superiores de treinamento desportivo nas aulas de aperfeiçoamento dos estabelecimentos escolares Esse grupo etário é divido em vários desportos boxe luta fute bol basquete etc n Grupo IV atletas adultos É difícil a determinação do siste ma de planejamento e de condução das competições A sua base constituise na direção da estrutura organizacional dos movimentos de educação física e das escolas desportivas Ela é aperfeiçoada constantemente com o desenvolvimento da ciência e da prática desportiva com o aumento do número de praticantes e com o aprimoramento do nível dos atletas Por isso as competições são parte integrante do processo de treinamento e seu cará ter e sua forma de desenvolvimento de vem ser planificados com antecedência O documento básico do planejamento e da condução da competição é o calendário que deve ser elaborado pela organização responsável pela sua condução O plane jamento deve ser tradicional e estável permitindo ao técnico e ao atleta aperfei çoarem o processo de treinamento a fim de que se atinjam altos resultados no pe ríodo das competições principais No processo de planejamento e na realização da competição ocorrem as se guintes posições metodológicas as com petições longas são os estímulos ótimos que provocam uma ação significativa no jovem atleta A participação nas competi ções está ligada à elevada perda de ener gia e às altas tensões nervosas e físicas Devemos levar em consideração a ação das cargas competitivas nos atletas jovens pelo seu planejamento convém manter o princípio do crescimento gradual Duran te a elaboração dos planos individuais devemos dar atenção às particularidades fisiológicas dos atletas jovens em relação à sua preparação e a partir disso planejar o número determinado de competições por ano A duração da preparação das crianças para participar nas competições iniciais da prática desportiva não deve ser inferior a um ano As crianças participam em competições de ginástica desportiva artística e acrobática nas disciplinas do 238 Antonio Carlos Gomes atletismo de velocidadeforça e de bas quetebol depois de um ano a um ano e meio de prática especializada na natação saltos ornamentais depois de dois anos a dois anos e meio de prática As competições devem ser planifica das de tal maneira que sua direção e seu grau de dificuldade correspondam aos ob jetivos propostos na etapa de preparação a longo prazo Devese permitir a partici pação dos atletas jovens em competições somente quando eles pelo nível de prepa ração forem capazes de atingir determi nados resultados Dependendo da etapa do treinamento a longo prazo o papel da atividade competitiva pode ser alterado Assim nas etapas iniciais somente são planejadas as competições de prepara ção e de controle O objetivo principal da competição é controlar a efetividade do treinamento em foco propiciar a aquisi ção de experiência competitiva e motivar o processo de treinamento À medida que cresce o nível dos jo vens nas etapas seguintes da preparação a longo prazo a quantidade das compe tições aumenta Nos programas de com petições das crianças e jovens devemos utilizar racionalmente diferentes tipos de provas combinadas O sistema de compe tição combinada deve alterarse de acor do com a idade e a preparação dos atle tas além das particularidades do tipo de desporto Assim por exemplo o conteúdo do programa de competição dos atletas de provas combinadas é diferente do dos velocistas barreiristas corredores de mé dias e longas distâncias saltadores e lan çadores É conveniente que se organize a competição com várias provas especia lizadas incluindo 2 a 3 tipos de provas do atletismo e 2 a 5 exercícios de contro le Com a melhoria do nível dos atletas jovens o programa das provas variadas tornase mais especializado As regras situação sobre as compe tições constituem o documento principal regulamentando a condição e a ordem da realização da competição Cada parte dessa regra deve ser cuidadosamente pen sada e nitidamente exposta A regra com põese na base do plano de calendário e do regulamento de competição do despor to em questão A regra é constituída pelas seguintes partes objetivo lugar e época de realização e participantes direção de preparação e condução da prova progra ma norma e determinação dos vencedo res concessão de prêmios aos vencedores época e ordem para a entrega do pedido e recepção dos participantes Os conteúdos a serem cobrados nas competições depen dem do tipo e da escala da prova A determinação dos vencedores pode ocorrer por vários meios 1 Pela menor soma dos lugares consegui dos pelos participantes nos vários tipos de competição 2 Por maior soma dos pontos 3 Por menor soma do tempo nos vários tipos de desporto nos quais o resulta do desportivo determina precisamen te tais índices Nesse caso simulase o tempo de todos os participantes da competição O vencedor de acordo com o programa da competição reve lase pela soma dos lugares pontos conseguidos pelas equipes nos vários tipos de competição 4 Pela tabela de resultados nos vários ti pos de desportos separadamente Nes ses casos todos os resultados possíveis são transferidos em pontos e o clube vencedor é determinado pela maior soma obtida pelos participantes em to das as provas As normas de utilização das cargas são elaboradas na base dos dados das investigações científicas e da experiência avançada dos pedagogos e 239 Treinamento desportivo treinadores que consideram o resultado desportivo da vida atlética e a diferença de sexo dos atletas A determinação da quantidade ideal de competições é de grande significado para os atletas jovens e dá possibilidade aos treinadores de conduzirem sistemati camente a preparação dos estudantes das escolas desportivas não forçando e com isso possibilitando altos resultados nas competições principais Nos desportos em que a participação nas competições dura pouco tempo e depois delas o atleta re cupera rapidamente restabelece a sua força a quantidade de competições pode ser aumentada Poucas vezes ocorrem nos vários ti pos de desporto participações de jovens em competição de resistência e maior in tensidade durante um tempo longo Cada início competitivo exige maiores perdas de energia e tensões nervosas e psicológi cas do jovem atleta quando houver par ticipacão é necessária uma recuperação relativa Por isso competições frequentes podem influenciar negativamente o esta do de preparação do atleta A quantidade das competições depen de também das particularidades individuais do jovem atleta da sua preparação técni ca do longo período de recuperação do organismo e do aumento da excitabilidade nervosa A excelente preparação técnica a recuperação rápida e o sistema nervoso equilibrado permitem ao atleta participar frequentemente de competições Devese aumentar racionalmente a quantidade das competições organizadas dentro da escola do bairro etc estabele cendose a quantidade de competições por ano de cada tipo de desporto e levandose em conta as idades e as particularidades individuais dos atletas jovens e a especi ficidade do desporto As competições de vem ocorrer regularmente na escola en tre turmas e regiões da cidade desde que não atrapalhem o processo de treinamen to É necessário que cada escola tenha o seu calendário anual de competições des portivas No início da etapa inicial da es pecialização desportiva a quantidade de competições no desporto escolhido é de 6 a 8 e no fim de 10 a 12 por ano Nes sa etapa a maior atenção deve ser dada para as competições de preparação físi ca geral que devem ser de 3 a 6 no ciclo anual dependendo do tipo de desporto Na etapa de treinamento profundo o nú mero de competições é demonstrado na Tabela 82 No período preparatório os atletas jovens participam obrigatoriamente de competições que apresentam significados educativos e de controle e que não exi gem preparação especial como no período competitivo O programa inclui exercícios para o aumento da preparação física ge ral e especial O período competitivo as competições os controles e as sessões de treinamento com grandes cargas têm um papel importante A participação nas com petições habituais não exige grande alte ração no regime de treinamento do atleta É necessário somente diminuir o volume da carga e ao mesmo tempo aumentar a sua intensidade na última semana antes da competição o atleta terá de descansar de 1 a 2 dias antes do seu início É neces sário diminuir o volume geral do traba lho realizado no período competitivo Nas competições longas convém aplicar exer cícios dirigidos à manutenção do nível de treinamento atingido pelo atleta Com tal objetivo no programa de treinamento entra uma quantidade de exercícios de preparação especial às vezes extrema mente diferentes dos competitivos Para a manutenção do nível de treinamento contribuem também os mesociclos com 240 Antonio Carlos Gomes estrutura pêndula ou seja a construção do treinamento quando o mesociclo é constituído por alguns microciclos Deve mos selecionar um deles normalmente na penúltima semana antes da competição e prescrever exercícios competitivos de pre paração especial próximo à competição Na etapa de preparação imediata à competição précompetitiva devese enfatizar a preparação tática O nível de habilidade técnica atingida e a prepara ção psicológica e física permitem passar para a preparação tática com maior apro ximação das condições exigidas na ativi dade competitiva A escolha de uma ou de outra variante tática a sua elaboração e a realização na atividade competitiva es tão condicionadas ao nível da habilidade técnica do atleta e ao desenvolvimento das qualidades físicas das possibilidades funcionais do organismo e da preparação psicológica A preparação psicológica é de gran de importância nela propõese obter informações sobre as competições os principais adversários o nível de treina mento do atleta e as particularidades do seu estado na etapa determinada de pre paração a determinação do objetivo da ação do programa nas competições a esti mulação das regras pessoais e os motivos gerais A preparação psicológica especial imediatamente anterior à competição in clui o ajustamento psicológico e a direção do estado do jovem atleta garantindo a preparação e o desenvolvimento do esfor ço máximo A preparação efetiva para as compe tições está ligada à atenção concentrada nas principais ações das atividades moto ras ao pensamento ao sentimento e ao desvio dos fatores estranhos Por isso o treinador conduz o trabalho orientado escrupulosamente e junto com os alunos atletas estuda cuidadosamente os prin cipais concorrentes as particularidades das suas técnicas e táticas e os pontos for tes e fracos apresentando ao aluno a clas sificação na competição e as condições para o aquecimento Como resultado o jovem atleta apresenta boa preparação própria a tornálo capaz de competir e pode concentrar a atenção não nos fato res externos mas sim no domínio do seu estado interno FOrMAÇÃO E EDuCAÇÃO DOS ATLETAS Devese dar muita atenção à for mação da personalidade do indivíduo considerandose os aspectos morais inte lectuais e a educação estética e física O papel da educação física como meio de educação das crianças e dos adolescentes vai ao encontro do aumento da exigência do trabalho educativo nas escolas des portivas A ênfase dada na realização do TABELA 82 Exemplo do número de competições na etapa de treinamento profundo de acordo com o tipo de desporto Desporto idade Meninos Meninas 1516 1718 1516 1718 Corrida de meia distância 1012 1215 1012 1215 Canoagem 68 68 68 68 lançamentos atletismo 1516 2225 1316 2225 Esqui 1723 2430 1723 2430 voleibol 3540 4550 3540 4550 241 Treinamento desportivo trabalho educativo com atletas deve ser a união das ações educativas O resulta do da educação é determinado pelo rela cionamento entre o treino e os estudos como é realizada a missão social portan to criase a disciplina e desenvolvese a amizade e o interrelacionamento Devese considerar que na esco la desportiva os atletas frequentemente apresentam dificuldades morais básicas e de caráter Por isso o treinador e o clu be no qual se inicia a carreira desporti va terão não só que se preocupar com o aperfeiçoamento positivo moral da perso nalidade mas também reeducar o atleta constantemente O papel importante da educação moral dos atletas pertence ao treinadorpedagogo Matveev 1983 O método de convicção tem sua im portância na formação do conhecimento moral Um dos métodos da educação é o castigo expresso pela censura e pela ava liação negativa das ações e dos procedi mentos dos atletas São muitos os tipos de castigo O incentivo e o castigo devem ser utilizados não como procedimentos ca suais mas como resultado de todos os procedimentos A manifestação de desin teresse é muito natural nos atletas como natural também é a oscilação da sua ca pacidade de trabalho O melhor meio para superar os momentos em que ocor re o desinteresse é desafiar o atleta para tentar realizar exercícios novos e difíceis Os exercícios exigidos na superação dos momentos difíceis devem estar de acordo com as possibilidades individuais CLuBE DESPOrTiVO No desporto o clube desportivo é um fator importante na educação moral e é indispensável na formação da personali dade do atleta Os atletas trabalham como instrutores árbitros capitães de equipes etc O trabalho social é uma excelente es cola para a experiência moral positiva A formação do clube é um processo peda gógico difícil em que o treinador desem penha um papel importante No clube surgem e desenvolvemse formas de rela cionamento do atleta com o clube entre os membros da equipe e entre os adversá rios Filin e Fomin 1980 salientam que a realização do clube a organização da exigência do homem a organização das intenções reais vivas e objetivas em con junto com o clube devem constituir o con teúdo do nosso trabalho educativo Uma das principais condições para a realização com sucesso das ações educa tivas no clube está na formação e na ma nutenção das tradições positivas Todos os clubes desportivos devem aplicarse na formação de um sistema de aprovação e de premiação dos atletas Mas em ne nhum caso a questão sobre a premiação deve ser resolvida pelo treinador sem a aprovação do clube FuNÇÃO EDuCATiVA DO TrEiNADOr A principal figura em todo trabalho educativo é o treinador que não limita a sua função educativa somente à orienta ção do atleta no momento do treinamento e da competição A utilização do princípio do treinador no ensino inclui a solução dos objetivos educativos difíceis Tal prin cípio baseiase no processo das sessões de treino e na formação da uma situação agradável e da influência positiva no pro cesso educativo O sucesso da educação dos atletas jovens depende muito da ca pacidade do treinador A efetividade da preparação e da formação geral constitui a educação do atleta e é possível somente quando o treinador está em contato cons tante com a escola com os pais e com todos os que influenciam no desenvolvi mento da personalidade do atleta O trei nador deve preocuparse com o aumento 242 Antonio Carlos Gomes do círculo de interesses dos atletas anali sar constantemente a sua condução e con seguir separar as dificuldades surgidas na sua própria vida Dentre as características do bom treinador estão o talento pedagó gico a rigidez e o entusiasmo No geral é fundamental uma boa formação do treinador para garantir orga nização e conteúdo no processo de treina mento Outra questão é que o treinador deve sempre conscientizar o atleta para o objetivo principal que é o desenvolvi mento motor e intelectual Por isso nas primeiras etapas de preparação a longo prazo devese dar ênfase ao ensino e ao aperfeiçoamento dos principais hábitos motores posteriormente orientar o atle ta no trabalho ativo e no aperfeiçoamento geral da sua preparação no sentido de su perar as dificuldades e assimilar os altos volumes e intensidades das cargas de trei no e de competição A autoeducação não pode ser isola da das ações pedagógicas e sociais Esse processo deve fazer parte da estrutura organizacional de todo o sistema de edu cação Na primeira etapa devese alertar os atletas para a ideia de autoeducação e o treinador deve diagnosticar a persona lidade do atleta Na segunda etapa deve ser organizada a atividade prática dos atletas e dos treinadores na aplicação dos métodos efetivos de autoeducação indivi dual e de grupo Na autoeducação entra também a autoobrigação com o objetivo de ativar e de determinar o complexo das qualidades e propriedades passíveis de aperfeiçoamento ou de correção Filin Fomin 1980 A educação das qualidades volitivas é de grande importância na atividade do treinador As qualidades volitivas são for madas no processo consciente de supera ção das dificuldades e possuem caráter subjetivo e objetivo Para a sua superação utilizamse tensões volitivas nãohabituais ou seja máxima para um dado estado do atleta Por isso o principal método de educação das qualidades volitivas implica dificultar gradualmente os objetivos rea lizados no processo de treinamento e de competição O treinamento sistematiza do e a participação em competições são os meios mais efetivos da educação das qualidades volitivas dos atletas jovens Durante as sessões desportivas deve ser observado o desenvolvimento das quali dades volitivas como a orientação para um objetivo disciplina iniciativa deci são insistência persistência no sentido de alcançar os objetivos e estabilidade Os principais meios e métodos que orientam para um objetivo consistem no aumento e no aprofundamento das ses sões teóricas nas aulas de educação física principalmente para o desporto específico selecionado Os atletas devem saber como são planificados os treinos não só pelo volume e pela intensidade mas também pela ligação com o objetivo concreto de cada etapa qual a avaliação que análise dos erros foi feita e quais as razões dos êxitos no processo de treinamento A dis ciplina deve ser iniciada na primeira ses são desportiva A rigorosa manutenção das regras do treinamento e a participação em competições além do cumprimento das ordens do treinador e boa condução nos treinos na escola e em casa devem ser sempre objetos de observação do pe dagogo A intuição deve estar associada à ca pacidade de ação volitiva independente Para o desenvolvimento da intuição uti lizamse jogos recreativos e desportivos e outros tipos de atividades motoras em que o praticante deve rapidamente e de forma correta avaliar as situações surgi das de repente pensar e escolher um pla no de ação em cada situação e resolver as ações por si próprio A estabilidade é uma qualidade que surge em situações muito difíceis Os seus componentes principais são a maturida 243 Treinamento desportivo de a persistência no sentido de alcançar o objetivo determinado o autodomínio e a vontade de vitória Um dos métodos da educação é a organização dos treinos e competições que apresentam dificulda des significativas para os atletas jovens Apesar de tudo é necessário ensinar a treinar e a participar de competições em condições difíceis É necessário educar constantemente a vontade o atleta deve aprender a autossuperação e apesar do cansaço deve continuar a realizar os exer cícios propostos A decisão é uma expressão ativa do atleta é a preparação para agir sem osci lação Ela é educada no processo de uti lização de exercícios que devem conter sempre elementos novos e imprevistos e também de difícil superação que estão li gados à necessidade de decisão A educação pela insistência e pela persistência no sentido de alcançar os objetivos é uma das principais metas na preparação do atleta Para o aperfeiçoa mento dessas qualidades é necessário não só a aspiração aos objetivos mas também a crença no seu resultado O atleta deve estar consciente de que sem a superação das dificuldades no treino não poderá atingir o alto nível desportivo É muito importante desde o início das sessões desportivas confirmar a assi duidade capacidade de superação das dificuldades específicas que é atingida por meio da realização sistemática dos treinos ligados com o crescimento das cargas Durante os treinos destacase a importância da educação intelectual que tem como objetivo a assimilação de conhecimentos especiais da teoria e da prática do treino de higiene e de outras áreas a educação do saber analisar ob jetivamente a experiência adquirida e a participação nas competições A educação intelectual se adquire através de seminá rios das conferências e de leitura sistemá tica de livros A composição dos planos no proces so educativo é um assunto difícil porque eles predeterminam a ação do treinador e dos atletas num período de tempo O planejamento e o controle dos índices da efetividade do trabalho educativo deve ser parte importante na atividade do trei nador na escola desportiva Para o planejamento e para a forma ção do trabalho educativo é necessário determinar o seu objetivo e selecionar os principais meios que ajudam a alcançar os resultados a controlar o tempo necessá rio para a utilização dos meios educativos selecionados e a determinar a ordem da sua aplicação a elaborar as ações educa tivas de temáticas sucessivas nas sessões de treinamentos e competições no regime da vida do jovem atleta e a determinar a sucessão metodológica para os atletas conteúdo dos encontros exigência esco lha de exercício O planejamento do tra balho na escola desportiva deve ocorrer nas seguintes ocasiões n na temporada toda de ensino n no plano de trabalho educativo anual mensal n no plano educativo do trabalho do trei nador Durante a elaboração dos planos devese considerar a exigência do traba lho educativo e determinar a posição das escolas desportivas e dos programas de ensino nos vários tipos de desporto No trabalho educativo devese planejar le vandose em consideração a idade o sexo a preparação desportiva do jovem atleta e as condições reais da atividade desportiva nas escolas O plano de trabalho do trei nador deve garantir a realização sucessiva do plano anual com determinado grupo de atletas O treinador deve preparar o plano anual e o plano de trabalho para o período de 1 a 3 meses Tal plano deve conter medidas concretas com prazos 244 Antonio Carlos Gomes indicados de prática e determinar os ob jetivos das medidas planejadas e a meto dologia da sua preparação e ainda uma pequena análise dos resultados processo educativo das medidas aplicadas O controle da efetividade do treina mento tem grande significado no clube e constitui a parte principal do controle pedagógico no andamento do processo educativo O conteúdo principal é o estu do dos índices da efetividade do trabalho educativo no clube desportivo a análise dos resultados desse trabalho durante o período determinado revelando insuces sos dificuldades e insuficiências A educação laboral constitui o pivô de todos os sistemas de educação do atle ta Os critérios da educação na atividade laboral implicam alta consciência efetivi dade e qualidade durante a realização de qualquer trabalho O controle efetivo do trabalho edu cativo nas escolas desportivas é realizado por meio da observação pedagógica e de medidas de estudo de materiais escritos e gravados Os dados obtidos devem ser comparados com os índices planificados nesse trabalho que é a base do nível da educação do atleta Diferenciamse três formas de cálculo o preliminar o corren te e o global O controle preliminar é rea lizado antes do início dos treinos ou antes do início dos períodos e das etapas de trei namento o controle corrente no desen volvimento do treinamento e o global no fim dos períodos e das etapas O controle preliminar é indispensá vel para o planejamento correto do pro cesso educativo e para a composição dos dados seguintes corrente e global com o nível inicial educativo que permite diri gir racionalmente a educação Os dados do controle global devem ser utilizados para a avaliação do nível atingido no desenvolvimento da personalidade e na avaliação da qualidade do processo edu cativo O corrente garante a inclusão das alterações urgentes nas ações educativas controle das suas efetividades e ativação na autoeducação do atleta Todas as for mas de controle se complementam Na batni 1982 A prática de todos os tipos de contro le é relativamente simples O controle pre liminar e o global geralmente são realiza dos frontalmente ou seja são estudados ao mesmo tempo e a educação de todos os atletas do clube é avaliada concomitan temente No início do trabalho devese levar em conta a forte expressão dos índi ces caracterizados na personalidade dos atletas Durante o desenvolvimento das sessões a avaliação geral deve estar em consonância com os dados das observa ções diárias e com a renovação dos objeti vos no processo de treinamento SELEÇÃO DE TALENTOS NOS DESPOrTOS O papel principal na preparação das escolas desportivas pertence ao sistema de seleção dos atletas jovens com talento A análise da participação dos atletas nos jogos olímpicos e em outras grandes com petições mostrou que alcançam resultados significativos aqueles que possuem alto nível de desenvolvimento das qualidades morais e volitivas os quais dominam com perfeição a técnica e a tática e também possuem alto nível de estabilidade dos fa tores competitivos Daí a necessidade de seleção especial dos indivíduos possuido res das qualidades mencionadas e capazes de atingir êxitos nas várias especialidades desportivas Matveev 1977 A capacidade desportiva é o conjun to de particularidades de várias formas morfológicas funcionais e outras com as quais estão ligadas as possibilidades de alcançar os altos resultados e os recordes nos vários desportos A questão mais atual é o surgimento ao seu tempo de crianças 245 Treinamento desportivo e de adolescentes com capacidades assim como a formação e o desenvolvimento do organismo as capacidades motoras e psi cológicas diferenciamse as diferenças do seu surgimento tornamse menos interliga das O sistema da seleção e da orientação desportiva permite revelar as capacidades das crianças e dos adolescentes formar condições prévias agradáveis para a me lhor abertura das possibilidades potenciais e para o alcance da perfeição física e espi ritual Nabatni 1982 A avaliação objetiva das capacida des individuais ocorre na base das obser vações das crianças e dos adolescentes assim como não existe nenhum outro critério de aptidão desportiva Os exames isolados dos índices morfológicos funcio nais pedagógicos e psicológicos são insufi cientes para a prática da seleção desporti va Só na base da metodologia a presença das capacidades e inclinações genéticas é indispensável para o domínio do alto rendimento desportivo É possível realizar efetivamente a se leção das crianças e dos adolescentes para a prática desportiva Justamente com a seleção moderna das crianças e dos ado lescentes nas escolas desportivas o pro cesso pedagógico é de grande importân cia Sua etapa inicial predetermina todo o processo posterior do aperfeiçoamento desportivo No entanto é necessário de terminar o que é seleção e orientação des portiva Filin Fomin 1980 A seleção desportiva é o sistema de or ganização metodológica das medidas e também dos métodos de observação peda gógica sociológica psicológica médicobio lógica na base do qual revelamse as ap tidões e as capacidades das crianças e dos adolescentes para a especialização em determinado tipo de desporto O objetivo principal é o estudo total e a revelação das capacidades que devem corresponder em grande escala às exigências de um ou ou tro tipo de desporto Alguns especialistas utilizam o termo revelação das aptidões desportivas Assim entendese a impor tância do sistema de determinação dos meios e métodos e da avaliação das ap tidões e capacidades do indivíduo o que é de grande significado para o sucesso na especialidade em questão A orientação desportiva é o sistema de organização metodológica das medidas em cuja base determinase a apropriada especialização do indivíduo no tipo determinado de des porto A análise e a conclusão teórica dos resultados dos vários experimentos per mitem formular posições básicas da teoria da seleção desportiva A existência dos mais diversos tipos de desportos aumenta as possibilidades do indivíduo no sentido de atingir um alto nível no desporto O re duzido surgimento presença de qualida des pessoais e de capacidades específicas relativas ao desporto não pode ser consi derado como falta de capacidade despor tiva Sinais pouco evidentes em um deter minado tipo de desporto podem tornarse relevantes e garantir em outro tipo altos resultados Consequentemente o prog nóstico das capacidades desportivas deve ser realizado levandose em consideração a modalidade de desporto ou os grupos desportivos em vista das posições gerais caracterizadas para o sistema de seleção Aptidões hereditárias As capacidades desportivas depen dem muito das aptidões hereditárias que se mostram diferentes na estabilidade e na conservação Por isso durante o prognósti co das capacidades convém prestar aten ção antes de tudo nos sinais instáveis que condicionam os êxitos na atividade des portiva futura porquanto o papel da he reditariedade é condicionado pelos sinais índices manifestadamente reveladores máximos pela presença de altas exigências 246 Antonio Carlos Gomes no organismo do praticante É necessário então que a orientação para os altos níveis de resultado se faça pela realização da ati vidade do jovem atleta Matveev 1983 A ordem do estudo dos prognósticos das capacidades propõe a revelação de tais índices que podem alterarse sob a influência do treinamento Por isso para o aumento do grau de exatidão do prog nóstico é necessário ter em vista tanto o crescimento dos índices como o seu nível inicial O desenvolvimento das funções separadas e as particularidades qualitati vas possuem determinadas diferenças na estrutura do surgimento das capacidades dos atletas em diferentes grupos de ida des Tais diferenças são observadas nos praticantes de técnicas difíceis em que os altos resultados são atingidos ainda na infância e em toda a preparação do atle ta da iniciação ao alto nível ocorrem no desenvolvimento dos processos difíceis da formação do jovem atleta O problema da seleção deve ser resol vido na base da aplicação dos métodos de observação médicobiológica pedagógica psicológica e sociológica Os métodos pe dagógicos permitem avaliar o nível de de senvolvimento das qualidades físicas das capacidades coordenativas e da habilidade técnica desportiva Na base da aplicação dos métodos médicobiológicos aparecem as particularidades morfofuncionais o ní vel do desenvolvimento físico o estado do organismo e o estado de saúde do atleta O psicológico determina o estado psíquico influencia na solução dos objetivos indivi duais e do clube e também avalia a compa tibilidade psicológica dos atletas durante a perseguição dos objetivos postos perante a equipe Volkov Filin 1983 Os métodos sociológicos permitem colher dados sobre os interesses das crianças em relação ao desporto e desco brir as ligações das razões desse interes se consequência da formação da moti vação para a longa prática desportiva e para o alcance de altos resultados des portivos O processo de seleção dividese em três etapas conforme Tabela 83 Etapas da seleção de talentos Primeira etapa preliminar Tem como objetivo o aproveitamen to da maior quantidade de talentos É quando ocorrem o exame preliminar e a organização da preparação inicial Os cri térios que determinam o aproveitamento das crianças e dos adolescentes na prática de vários tipos de desportos relacionam se com a altura com o peso e com as par ticularidades da constituição do corpo da criança A observação do treinador e do professor de educação física tem grande importância para uma seleção correta no decorrer das aulas sessões desportivas nas várias competições e no momento dos controles Para escolher dois ou três gru pos de 20 jovens para a escola desportiva devemse observar mais de 100 crianças Pelos dados estatísticos de 60 mil crianças que são observadas nas piscinas somen te uma entrará no nível dos resultados de classe internacional Por conseguinte somente um dos muitos atletas de elite tornase campeão nos jogos olímpicos A prática desportiva testemunha que na primeira etapa é impossível revelar o tipo ideal das crianças possuidoras das qualidades morfológicas funcionais e psi cológicas indispensáveis para a posterior especialidade As diferenças individuais existentes no desenvolvimento biológico dos iniciantes dificultam tal objetivo Por isso convém utilizar como orientação os dados obtidos nessa etapa O ingresso na primeira etapa é destinado a crianças e a adolescentes com exame médico em or dem e sem problemas de saúde No final da primeira etapa devem ser observados os experimentos de controle e 247 Treinamento desportivo TABELA 83 Sistema de seleção de talentos na escola desportiva Etapa Objetivos principais Métodos de seleção I Seleção preliminar 1 Observação pedagógica 2 Testes de controle 3 Mostra diagnóstico nos vários tipos de desportos 4 Observação sociológica 5 Observação médica II Aprofundamento da revisão em 1 Observação pedagógica correspondência à exigência dos 2 Testes de controle contingentes selecionados dos 3 Competições e provas de controle praticantes apresentação dos êxitos 4 Observação psicológica na especialidade escolhida 5 Observação médicobiológica Matrícula das crianças e dos adolescentes nas escolas desportivas III Sistema de ensino a longo prazo para 1 Observação pedagógica cada praticante na escola desportiva com 2 Testes de controle objetivo da determinação final da sua 3 Competições e provas de controle especialidade desportiva individual etapa 4 Observação psicológica de orientação desportiva 5 Observação médicobiológica de competições Para que se determine o maior grau das possibilidades potenciais das crianças e dos adolescentes é neces sário o nível inicial da sua preparação e o ritmo do seu crescimento No sistema de seleção dos experimentos de controle deve ser observado o resultado para deter minar não só o que eles já sabem ao in gressar mas também o que poderão fazer posteriormente ou seja revelar suas capa cidades na resolução dos objetivos ativos e saber dirigir os seus movimentos O poten cial do resultado desportivo do atleta de pende não só do nível do desenvolvimen to das qualidades físicas mas também do ritmo do crescimento dessas qualidades no processo do treinamento especial O desenvolvimento físico das crian ças é avaliado pelos sinais índices ex ternos altura peso proporção do corpo forma da coluna vertebral e caixa toráxi ca forma da pélvis e pernas Depois disso utilizamse as capacidades motoras das crianças Na Tabela 84 estão apresen tados os controles pedagógicos e os de critérios para a avaliação do nível do de senvolvimento das qualidades físicas que orientam durante a seleção dos iniciantes para a prática desportiva Segunda etapa observação pedagógica Realizase a observação aprofundada dos contingentes de praticantes seleciona dos O treinador estuda profundamente as possibilidades dos praticantes com base nas observações pedagógicas no processo do treinamento nos testes de controle nas competições e nas provas de controle completamse os grupos de treinamento e o número das crianças e dos adolescentes mais capazes Os principais critérios para o prognóstico constituemse nos ritmos do desenvolvimento das qualidades físicas e na formação dos hábitos motores O ritmo da formação dos hábitos motores e o de senvolvimento das qualidades possibilitam prever as perspectivas do aperfeiçoamento desportivo dos praticantes no futuro O objetivo da segunda etapa é a de terminação do grau correspondente dos 248 Antonio Carlos Gomes dados individuais que serão apresenta dos na etapa de aperfeiçoamento São de grande importância os testes de controle a competição as observações médicobio lógicas e as psicológicas O treinador deve prestar maior aten ção no surgimento das crianças mais in dependentes com decisão e capacidade de mobilizarse no andamento da com petição ativas e persistentes na disputa desportiva etc Deve também levar em consideração a necessidade do estado ge ral da personalidade do atleta e não suas capacidades individualizadas Por isso a avaliação deve darse no processo de vá rias atividades competição treinamento em experimentos de laboratórios No final da segunda etapa a comis são sob orientação do diretor da escola desportiva examina o pedido dos pais e resolve as questões relacionadas com as matrículas na escola Os resultados das competições dos testes de controle das características do treinador e da conclusão do médico devem ser discutidos durante a matrícula das crianças e dos adolescentes na escola desportiva Terceira etapa orientação desportiva É o estudo sistemático a longo pra zo de cada escola para a determinação fi nal da sua especialidade individual O es tudo a longo prazo aumenta a segurança do atleta na determinação da sua especia lidade Aqui realizamse as observações pedagógicas médicobiológicas psicoló gicas e os testes de controle com objetivo de determinar os pontos fortes e fracos da preparação dos praticantes Nesse mo mento deve ser resolvida definitivamente a questão da orientação desportiva indivi dual dos praticantes Os principais métodos da terceira etapa são as observações antropométricas e os experimentos pedagógicos psicológi cos fisiológicos médicobiológicos e so ciológicos Durante as observações antro pométricas alguns candidatos podem ser indicados para ingressar na escola despor tiva desde que apresentem características para um dado desporto Os testes pedagógicos têm um papel importante nos resultados que geralmen te formam o conceito da existência das TABELA 84 Avaliação do nível das capacidades físicas das crianças resultado dos testes 9 anos 10 anos Teste de controle Meninos Meninas Meninos Meninas Frequência do movimento passos s 55 58 60 62 Corrida de 20 m com marcha s 35 33 33 31 Corrida de 60 m com partida alta s 96 93 92 90 Salto em distância com os dois pés cm 155 160 165 170 Salto vertical sem deslocamento cm 32 34 36 38 lançamento da bola medicinal 1 kg com 65 70 70 75 as duas mãos de trás da cabeça para a frente m Abdominal saindo deitado para a posição sentado número de repetições 25 30 30 35 Corrida 300 m s 65 62 60 58 Corrida 500 m min 1560 2040 1480 1550 Pendurarse na barra com os braços fletidos s 12 18 16 22 Apertar dinamômetro kg 40 45 45 50 Inclinação do tronco para a frente flexibilidade cm 7 5 8 5 249 Treinamento desportivo qualidades físicas e das capacidades do indivíduo indispensáveis para a especia lidade de qualquer tipo de desporto Por exemplo para a revelação do nível de de senvolvimento da velocidade utilizase a corrida de 30 m para a revelação da força utilizase a medida da força com ajuda do dinamômetro etc O processo de seleção está ligado às etapas da pre paração desportiva e às particularidades dos desportos São caracterizados em ge ral quatro grupos nos seguintes critérios velocidadeforça técnica dos desportos mais complexos combate singular des portivo e jogos desportivos Nos desportos de velocidadefor ça no processo seletivo são avaliadas as crianças e os adolescentes com alto nível de desenvolvimento de velocidade de força e qualidades de força rápida Por exemplo é importante que os saltadores de distância com corrida possuam um alto nível de desenvolvimento das qualidades de velocidadeforça É sabido que é im possível os homens realizarem salto em distância de 710 a 720 m sem atingirem uma velocidade final de corrida de 9 a 10 metros por segundo A alta velocidade da corrida supõe a capacidade de o atleta realizar o impulso com a potência máxi ma Foi estabelecida a correlação entre os índices iniciais do desenvolvimento das qualidades da velocidade e da velocida deforça e o resultado nos saltos em dis tância com corrida durante quatro anos e meio de treinamento Para o prognóstico seguro das possibilidades potenciais do saltador é muito importante controlar o nível do desenvolvimento das principais qualidades físicas e de seus ritmos de de senvolvimento Na seleção de atletas de distâncias curtas convém selecionar as crianças e os adolescentes de altura média ou superior à média com bom desenvolvimento mus cular e particularidades constitucionais favoráveis correlação do comprimen to das pernas tronco Nesse processo devemos estimular o tempo de reação ao sinal de partida o nível de desenvol vimento da velocidade e da velocidade força o nível da capacidade de coordena ção Devemos orientar também os índices integrais caracterizados pelo ritmo de de senvolvimento das principais qualidades físicas das crianças e dos adolescentes nos primeiros anos um ano e meio de trei namento Matveev 1983 As condições potenciais do futuro de pendem em menor grau do nível inicial das qualidades físicas e em maior grau dos ritmos de crescimento e do desenvol vimento dessas qualidades Como regra o nível inicial só em 13 do geral coincide com os resultados na corrida de 100 m de pois de alguns anos de treino Já os ritmos somáticos nos primeiros anos um ano e meio em 89 do geral coincidem com os resultados nos 100 m depois de alguns anos de treinamento Os ritmos de desenvolvimento das principais qualidades físicas têm grande importância durante o prognóstico dos resultados dos atletas somente se o nível do seu desenvolvimento for alto se for baixo os altos ritmos de desenvolvimen to não permitirão aumentar o resultado até o nível esperado em determinados períodos etários de desenvolvimento Devemos prestar atenção nos ritmos de crescimento durante o processo de se leção que justifica a si mesmo durante o controle das particularidades indivi duais da idade biológica das crianças e dos adolescentes Dessa maneira a exis tência relativa do desenvolvimento das qualidades físicas e do ritmo ótimo do seu desenvolvimento relacionado com a idade biológica darão a possibilidade de fazer o prognóstico sobre os resultados de um ou outro atleta No processo de seleção para o atletismo devese utilizar os testes e critérios de controle apresen tados nas Tabelas 85 e 86 250 Antonio Carlos Gomes TABELA 85 Testes com o objetivo de selecionar crianças e adolescentes na modalidade de atletismo corredores de distâncias curtas e barreiristas Testes de controle resultado dos testes 11 anos 12 anos Meninos Meninas Meninos Meninas 1 Corrida de 30 m com caminhada s 38 40 36 38 2 Corrida de 60 m com partida alta s 85 88 83 86 3 Corrida de 300 m s 52 55 48 51 4 Salto em distância saindo com os dois pés rã cm 190 180 200 195 5 Inclinação do tronco para a frente flexibilidade cm 7 9 8 10 TABELA 86 Testes com o objetivo de selecionar crianças e adolescentes na modalidade de atletismo saltadores de distância Testes de controle resultado dos testes 11 anos 12 anos Meninos Meninas Meninos Meninas 1 Corrida de 30 m com caminhada s 39 41 37 39 2 Salto em distância saindo com os dois pés rã cm 200 190 205 195 3 Salto triplo saindo da posição parada cm 65 58 68 62 4 Salto vertical saindo da posição parada cm 40 35 45 40 5 Inclinação do tronco para a frente flexibilidade cm 8 10 10 12 6 Elevação do tronco da posição deitado para a 40 35 45 40 posição sentada número de repetições abdominal Os métodos seletivos são aplicados nos desportos complexos de coordenação por exemplo na ginástica desportiva As potencialidades do ginasta e sua perspec tiva podem determinar em elevado grau os seguintes fatores particularidades morfológicas do organismo habilidade técnica desportiva preparação física geral e especial e particularidades psicológicas As particularidades da composição corpo ral dos ginastas constituem os fatores de caráter endogênico ou seja hereditário isto é resultado por um lado do seu gê nero espontâneo da seleção por outro do seu grau de especialização desportiva Builina Kupamshina 1981 Durante o prognóstico das capacida des dos ginastas os critérios são de gran de importância caracterizando o nível e o ritmo do crescimento das qualidades físi cas em cada grupo etário força velocida deforça força de resistência e flexibilida de É estabelecida a conservação relativa da força muscular e da flexibilidade e seu alto prognóstico pela seleção das crianças para a prática da ginástica desportiva Foi revelado que ginastas separados de dife rentes grupos etários possuem também os índices de força muscular relativa e a movimentação nas articulações como nos desportistas de classe internacional Tais índices têm uma estreita coligação com o crescimento da especialização e da técni ca desportiva e conservam seu significa do em diferentes períodos etários sendo portanto critérios seguros para a deter 251 Treinamento desportivo minação das perspectivas dos ginastas A habilidade técnica do ginasta é deter minada pelos resultados das competições e de programa qualificado além dos re sultados dos testes de controle na prepa ração técnica O significado dos testes de controle com o aumento de qualificação desportiva melhora A seleção nos desportos de combates realizase na base dos seguintes critérios assiduidade existência de caracteres como decisão insistência maturidade rápida assimilação do conhecimento e formação dos hábitos motores e existência de ele mentos criadores no processo de ensino e aperfeiçoamento da técnica Por isso no processo de seleção para a luta nas esco las desportivas convém levar em conta o estado de saúde os sistemas analisadores do organismo os sinais morfológicos o nível da preparação física e a capacidade de coordenação fatores que influenciam a realização dos movimentos com maior exatidão no tempo no espaço e com pou co esforço e a existência da capacidade de passar rapidamente para outros objetivos motores Na seleção utilizamse testes de controle e normativos que estão registra dos na Tabela 87 Platonov 1984 Nos jogos coletivos as perspectivas dos atletas devem ser determinadas com base na análise das qualidades específicas garantindo com êxito a solução dos objeti vos técnicotáticos no processo da ativida de desportiva O prognóstico incontestá vel das capacidades das crianças nos jogos desportivos realizase na base do estudo do complexo das propriedades individuais da personalidade características morfo funcionais do atleta estado dos órgãos e sistemas analisadores do organismo nível do desenvolvimento das qualidades físicas de preferência a de velocidadeforça capacidades de coordenação capacidades TABELA 87 Testes de controle com o objetivo de selecionar crianças e adolescentes praticantes de luta em escolas desportivas Teste de desenvolvimento das qualidades de velocidadeforça nos adolescentes de 12 anos Avaliação dos resultados Testes de controle início do ano Final do ano 1 Corrida de 30 m com partida alta s 54 excelente 51 excelente 55 bom 52 bom 56 suficiente 53 suficiente 58 fraco 55 fraco 2 Salto em distância saindo com os dois pés rã cm 160 excelente 180 excelente 155 bom 175 bom 150 suficiente 170 suficiente 140 fraco 160 fraco 3 Tempo de manutenção da posição no ângulo de 90º 4 excelente 7 excelente pendurado nas argolas s 3 bom 5 bom 2 suficiente 3 suficiente 0 fraco 0 fraco 4 Flexão dos braços com o apoio das pernas em um 6 excelente 15 excelente banco com altura de 60 cm número de vezes 4 bom 12 bom 2 suficiente 8 suficiente 0 fraco 4 fraco 5 Exercícios na barra fixa ginástica ou nas argolas 4 excelente 6 excelente até o nível do queixo número de vezes 3 bom 5 bom 2 suficiente 4 suficiente 1 fraco 2 fraco 252 Antonio Carlos Gomes de solução operativa dos objetivos moto res e pensamento tático escolha e reali zação das recepções e meios de condução da competição desportiva capacidades de controle dos esforços neuromusculares e de direção dos seus estados emocionais em situações extremas O prognóstico seguro das capacida des nos jogos desportivos propõe os testes de observações pedagógicas no desenvol vimento das qualidades e das proprieda des da personalidade do atleta A segu rança no prognóstico depende de longa observação As características qualitativas condi cionadas nas atividades motoras nos jogos desportivos na etapa inicial da especiali zação são relativamente independentes Durante a determinação das capacidades das crianças pelos critérios é necessário sugerir a aproximação diferencial e estu dar os progressos individuais no desen volvimento de cada qualidade importante para a especialidade nos jogos desporti vos Como exemplo apresentamos na Ta bela 88 os critérios utilizados durante a seleção na modalidade de basquetebol na escola desportiva Tabela 88 A determinação dos candidatos às seleções nacionais deve ocorrer com base no controle do potencial motor nas pos sibilidades do desenvolvimento posterior das qualidades físicas no aumento das possibilidades funcionais do organismo do atleta na assimilação dos novos hábi tos motores na capacidade para a realiza ção de cargas de grandes volumes e altas intensidades e na estabilidade psicológica dos atletas nas competições No processo de seleção consideramse os seguintes componentes índices morfológicos ní vel de preparação física especial nível da preparação técnica tática e psicológica possibilidades funcionais do organismo do atleta e capacidade de recuperação depois de grandes cargas físicas e psicoló gicas A principal forma de seleção são as competições Por isso devemos levar em conta não só os resultados e sua dinâmica durante os últimos 2 a 3 anos mas tam bém a dinâmica dos resultados no decor rer do anoestágio das sessões regulares em correspondência com os principais componentes da preparação e do desen volvimento físicos no tipo de desporto em questão Matveev 1977 253 Treinamento desportivo TABELA 88 Testes de controle com o objetivo de seleção na modalidade de basquetebol Corrida de 20 ms Salto em distância Salto vertical saindo pés unidos Corrida de 60 ms idade anos Sufic Bom Excel Sufic Bom Excel Sufic Bom Excel Sufic Bom Excel MENiNOS 10 4244 3941 38 143155 156168 169 2735 3440 41 100104 9499 93 11 4042 3739 36 154162 163171 172 3337 3842 43 96101 9095 89 12 3942 3538 34 164178 179193 190 3540 4146 47 9398 8392 82 MENiNAS 10 4244 3941 38 133147 148162 163 2732 3338 39 108115 100107 99 11 4143 3840 37 140154 155169 170 3135 3640 41 102107 96101 95 12 4043 3639 35 159173 174188 189 3540 4146 47 98105 9097 89 O técnico desportivo além de dirigir todo o processo de treinos também é res ponsável pela estruturação do projeto de treinamento Naturalmente o treinador como chefe da equipe comissão técnica antes de iniciar a tempo rada competitiva realiza com todo o pessoal de apoio uma reunião preliminar para determinar os ob jetivos a serem atingidos na temporada e as estratégias a serem utilizadas na opera cionalização do projeto Não há dúvidas de que para o téc nico desportivo ou outro especialista da área do desporto não é fácil proceder à elaboração de um plano de treina mento numa atividade muito complexa e sujei ta às mais variadas influências como é a desportiva Todo planejamento deve iniciar com uma meticulosa análise do processo de treinamento a que foi submetido o atle ta ou a equipe e com base nesses dados deve ser estruturado todo o processo de preparação Ao iniciar o projeto de treinamento devemos prestar atenção em dois pontos importantes O primeiro referese aos princípios do planejamento do treina mento desportivo que não são diferentes daqueles discutidos em várias outras áre as da atividade humana O segundo está relacionado ao papel do treinador que há muito deixou de se limitar apenas à organi zação e à coordenação direta das ativida des e sim ampliouse atingindo outras preocupações resolvidas com a ajuda das mais diversas áreas É importante salientar que o proces so de treinamento apresenta na sua com posição elementos que resultam de uma atividade cuidadosamente or ganizada O objetivo principal do planejamento con siste exatamente em con seguir que os ele mentos resultantes da atividade organiza da se destaquem facilitando o controle e o resultado final objetivado Gomes Tei xeira 1997 Para caminharmos com maior segu rança na eliminação dos erros é ne cessário que o treinador ao elaborar o plano de preparação da sua equipe ou atleta tenha bem definido mediante estudo anterior o controle da vasta gama de fatores que sobre ele irão exercer influência Isso tam bém é válido para poder resolver o seu problema central e fundamental que é descobrir caminhos e possibilidades para obter resultados possíveis com a equipe ou com os desportistas Na literatura encontramse referên cias mais ou menos dispersas sobre muitos dos fatores que exercem influência sobre o planejamento do treina mento O difícil porém é encontrálas todas juntas devido à sua enorme variedade O que se preten de é de acordo com critérios concretos abordar a problemática do planejamento do treinamento propriamente dito 9 PROjETO DE TREINAMENTO DESPORTIvO 256 Antonio Carlos Gomes No entanto vale destacar que não estão aqui enumerados todos os fatores pois certamente alguns não foram obser vados Além disso devese fazer uma ad vertência parecenos evidente que nem todos eles terão o mesmo peso variando muito de uma situação para outra Ou seja enquanto um determinado treinador num clube grande tem ótimas condições de trabalho à sua disposição outro num pequeno clube não as tem Mas não po demos esquecer que ambos têm a mesma obrigação Após a abordagem inicial passamos a enunciar os diversos fatores pro curando assim fazer comentários acerca de cada um deles além de expor alguns exemplos ANáLiSE DOS rESuLTADOS DA TEMPOrADA ANTEriOr Ao iniciar o planejamento devemos começar por aquilo que constitui exata mente o ponto de partida isto é a análise da situação ocorrida Essa deve ser a mais completa possível abrangendo todos os as pectos desde os técnicos até os administra tivos incluindo também uma análise do rendimento do grupo e dos desportistas individualmente no ano precedente bem como uma apreciação acerca dos resultados desportivos obtidos Curado 1982 Na análise devemos diagnosticar os fatores ocorridos que possibilitaram o prog nóstico da temporada seguinte portanto nesse caso devemos seguir alguns passos relatados a seguir Conhecer o nível de rendimento do atleta ou da equipe na temporada anterior Obter o resultado da evolução da for ma desportiva do atleta talvez dos testes físicos técnicos psicológicos e de rendi mento da competição dados que podem explicar qual o comportamento e a dinâ mica de evolução da perfor mance da tem porada Conhecer o nível de realização dos objetivos previstos No caso do desporto individual verifi car a evolução das marcas e a classifica ção nas mais diversas competições comparan doas com o objetivo proposto no início da temporada precedente Conhecer o volume e a qualidade de treinamento realizados na temporada Recolher da agenda de anotações e das planilhas propostas de treinamento os volumes realizados de treino e suas carac terísticas fisiológicas além da carga men sal e semanal qualidade de dias de treino qualidade de sessões carga utilizada dias de folga etc Isso facilitará a compreensão do treinador na dosagem e na distribuição das cargas futuras Conhecer o perfil da condição apresentada pelo desportista A verificação no laboratório e no campo da condição psicomorfofuncional do desportista antes de iniciar um novo programa é fundamental pois o prová vel nível de performance a ser atingido depende do nível em que se encontra o atleta no início da temporada Conhecer os recursos à disposição como humanos materiais equipamen tos locais e financeiros A análise da qualidade da equipe que fará parte da comissão técnica tornase im 257 Treinamento desportivo portante para que o treinador delegue as tarefas para cada elemento dela O levan tamento da qualidade dos materiais e dos equipamentos pode facilitar a prescrição e o controle do treino O aspecto financeiro quando positivo dá ao treinador a tranqui lidade suficiente para a operacionalização do plano Competições em que se pretende participar São aquelas a que o calendário com petitivo oficial obriga a participar como forma de preparação Dessa maneira tere mos competições regionais nacionais e in ternacionais oficiais e de preparação Nível de preparação do treinador Não se pode ensinar o que ainda não se domina com suficiente seguran ça Acres centaremos aqui que à medida que nos aproximamos da procura de alto rendimen to é cada vez mais importante conseguir uma boa combina ção entre os conhecimen tos do treinador e os dos desportistas Evolução da respectiva modalidade e suas tendências de desenvolvimento Isso não é determinado pela ne cessidade de estar a par da moda ou de copiála mas para que cada treinador seja permanentemente capaz de enten der o porquê das modificações que aparecem na prática mais avançada da sua modali dade e conseguir igualmente identificar o caminho a ser seguido Modelo do desporto praticado Em relação a tal aspecto e mais do que destacar o seu enorme interesse de vemos nos preocupar fundamentalmente com a indicação de elementos que terão de figurar na elaboração de qualquer mo delo competitivo Na im possibilidade de o fazermos de forma mais ampla apresen tamos na sequência elementos para um modelo de jogo na modalidade de basquete bol Assim entre outras coisas deverá con ter os dados indicados na Figura 91 Os modelos competitivos devem in cluir o maior número possível de ele mentos o que facilitará a intervenção da estatística a fim de ordenar todos os dados e possibilitar uma explicação para o com portamento das equipes no treinamento e nas competições Godik 1996 Modelo de preparação Podemos afirmar que ele será uma consequência lógica e natural da elabora ção do modelo de jogo Em função da sua contribuição para a obtenção dos mais al tos resultados desportivos cada um dos componentes do modelo de treinamento ganhará um peso maior ou menor no pro cesso de preparação Adiantamos também alguns elementos para a elaboração de um modelo de treinamento continuamos com o exemplo da modalidade de basquetebol Figura 92 Como se pode observar o modelo deverá conter indicadores quan titativos estágio mínimo de preparação para um ano e qualitativos aspectos específicos e íntimos da respectiva modali dade Matveev 1996 resultados e objetivos que se pretendem alcançar Devemos definilos desde muito cedo tanto os secundários como os princi pais o que permitirá uma correta orientação na direção que imprimimos ao processo de preparação 258 Antonio Carlos Gomes FiGurA 91 Elaboração do modelo de jogo na modalidade de basquetebol Número de piques realizados Dribles Bloqueios Passes mais utilizados Contato físico Efi ciência das ações Número de jogadores utilizados Número de arremessos livres Número de faltas pessoais Quantidade de saltos Distância percorrida no jogo Número de ações táticas individuais e coletivas Bolas perdidas Passe de bola Número de fases de ataque e defesa Alternância entre ataque e defesa Tempo de ataque e defesa Situações defensivas Ataque e contraataque Arremessos Constituição da equipe Modelo de jogo 259 Treinamento desportivo Meios de recuperação Uma das bases do processo de trei no corretamente dirigido deverá ser cons tituída por uma alternância equilibrada entre a aplicação das cargas de trei no e os adequados períodos de recuperação Ma thews Fox 1979 Aqui surgem algumas questões com plicadas como por exemplo o que fazer para ajudar ou acelerar a recuperação Da qui o pensamento vai rapida mente para os meios mais ou menos sofisticados mais ou menos secretos ou milagrosos alguns já mais tradicionais outros ultramodernos os diferen tes tipos de sauna e outros meios FiGurA 92 Estrutura do modelo de treinamento no ciclo anual para a modalidade de basquetebol Número de dias de treinamento Número de sessões de treinamento Número de jogos oficiais e de preparação Tempo gasto em viagens Número de dias livres Número de lançamentos ao cesto por posição Número de lançamentos livres Quantidade de saltos livres e com sobrecargas Quantidade de contraataques Número de repetições 1x1 2x2 3x3 etc Número de ações táticas de ataque e defesa Tempo de trabalho nas ações táticas coletivas com diferentes sistemas de ataque e defesa Quantidade de jogo de 5 x 5 em toda a quadra Quantidade de jogo de 5 x 5 em toda a quadra Tonelagem total e por segmentos no treinamento da força Quilometragem dividido pelos diferentes tipos de espaço Estrutura do modelo de treinamento 260 Antonio Carlos Gomes hidroterapêuticos as massagens as subs tâncias farmacológicas a eletroestimula ção o esteroide etc Sem negarmos a necessidade e a im portância de tais meios ao mais alto nível da prática desportiva o que pressupõe o seu perfeito conhecimento e domínio por especialistas qualificados não podemos no entanto sabendo da realidade das condições de trabalho da maioria dos trei nadores deixar de destacar uma questão será que todos já dominam perfeitamente os recursos mais simples e os meios natu rais auxiliares de recuperação É possível que estejamos ainda muito longe disso O que fazemos no sentido de acon selhar e esclarecer o que deverá ser um regime de vida adequado a uma correta prática desportiva Que esclarecimentos prestamos acerca dos problemas da higiene individual Que conselhos daremos sobre o uso e a manutenção do equipamento pes soal E que indicações fornecemos para que os nossos desportistas sigam um regi me alimentar equilibrado Será que acon selhamos o desportista a fazer uma refeição diferente ela acontece após uma sessão de treino de força ou a uma de resistên cia E sobre o regime de sono E sobre a utilização dos meios naturais no fortale cimento do organismo O que se faz no sentido de adequar o seu regime alimentar às características dominantes e às exigên cias do esforço específico da respectiva mo dalidade O que fazemos para diminuir ou evitar a monotonia do treino Bem de certa forma referimonos a uma razoável quantidade de meios auxilia res de recuperação o que priva os treinado res de terem de se preocupar com o estudo dos efeitos fisiológicos bioquímicos e psico lógicos provocados pelos diferentes conteú dos das diversas sessões de treinamento e de respeita rem da melhor maneira possível o intervalo de tempo e a aplicação de cada uma delas relacionamento com outros especialistas médico desportivo psicólogo biome cânico nutricionista fisiologista estatístico etc Para se atingir o alto nível tal relação tornase imprescindível pois o técnico trei nador não reúne conhecimentos profun dos em todas as áreas que na atualidade atuam no processo de treinamento e de competição informações sobre as pesquisas na área Vivemos em uma era de revolução científica e técnica e nós treinadores não podemos estar de fora vendo as coisas acontecerem tampouco podemos pura e simplesmente ignorálas Precisamos re correr dentre outras fontes às revistas especializadas que tratam de uma forma mais aprofundada te mas que diretamente nos interessam e relativamente aos quais a pesquisa na área do desporto é deficitá ria p ex dinâmica de grupos técni cas de comunicação etc Há também as re vistas dedicadas à investigação no domínio de educação física e do desporto além da internet que é um meio rápido e eficaz Será quase impossível que de todas essas fontes não reco lhamos elementos que ajudarão a estruturar o trabalho que queremos realizar com os nossos despor tistas Novos elementos na preparação Referimosnos aqui mais diretamen te aos aspectos técnicos e táticos introdu zidos pelas melhores equipes ou pelos melhores desportistas São de fato no vidades ou não passarão de modas bre ves É real mente algo novo devida mente fundamen tado Ou não passa de apenas uma mania de um ou outro treinador 261 Treinamento desportivo Tratase na verdade de uma nova execu ção técnica cuja imitação se aconselha ou será apenas algo a que as características individuais de um determinado despor tista obrigam Da maneira como forem respondidas essas e outras perguntas de penderá a sua adoção ou rejeição e a res pectiva inclusão ou não no nosso plano de trabalho com os desportistas Controle sistemático e anotações Qualquer treinador deverá ter um sistema de registros bemorganizado fi chas dossiês cadernos etc que lhe per mita em qualquer momento saber o que já se fez e o que ainda há para fazer Tudo isso constituirá por assim dizer o contro le do treinador Quanto ao controle periódico não poderemos separálo daquilo que já disse mos a propósito da necessidade da avalia ção uma vez que existe entre ambos os aspectos uma estreita relação O contro le em diferentes momen tos dos efeitos provocados pelo processo de preparação é uma condição indispensável para poder mos conhecer com mais profundidade e segurança a maneira como está ocorren do o processo de adaptação Em função dos resultados das observações uma vez que todo e qualquer plano deverá possuir um certo grau de flexibilidade poderemos avaliar a necessidade ou não de algumas pequenas alterações Motivação Os aspectos da preparação psicológi ca e nela os da motivação tanto intrín seca como extrínseca ganham uma im portância cada vez maior na prepara ção desportiva mesmo para aqueles que estão atualmente orientados com os esforços de uma boa parte dos pesquisadores Por tudo isso devemos incluir a motivação nos fa tores que influenciam o planejamento do treinamento uma vez que dentre outras coisas ela está diretamente implicada na fixação dos objetivos intermediários indi viduais e coletivos A abordagem anterior não se esgo ta por exemplo não destacamos fatores como influências sociais e culturais os aspectos referentes ao clima etc A análise desses fatores e as suas influências espe cíficas e bastante variáveis de modalidade para modalidade cabe a cada treinador dentro da sua espe cificidade esportiva ELABOrAÇÃO DO PLANEJAMENTO DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA A realização do plano fundamental mente trata dos principais problemas me todológicos a serem elaborados nos vários tipos de preparação desportiva Existem aspectos comuns relacionados às adapta ções a um plano de preparação anual e a um plano de preparação a longo prazo Analisaremos na sequência o plano de preparação em cada etapa de seu de senvolvimento ETAPAS DE DESENVOLViMENTO DO PLANEJAMENTO DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA As etapas do planejamento da pre paração desportiva têm muito a ver com praticamente tudo aquilo que devemos fa zer antes de chegarmos ao final da elabo ração de qualquer plano e como é óbvio devemos darlhe forma escrevendoo Es sas etapas estão profundamente ligadas aos problemas relacionados com os fatores que influenciam o planejamento Zakharov Gomes 1992 É importante montar e organizar as diferentes peças que uma vez devida mente 262 Antonio Carlos Gomes harmonizadas entre si irão constituir o plano propriamente dito Devese proce der a uma vastíssima gama de operações por vezes bem diferentes entre si Estu dar analisar comparar caracterizar indi víduos constituir baterias de testes eou provas de controle etc são alguns fatores que não devemos esquecer como os des tacados a seguir 1 Análise da situação anterior Já pro cedemos à respectiva abordagem an teriormente 2 Conhecimento detalhado dos mode los de jogo e de preparação 3 Caracterização de cada desportista e do grupo respectivo Tal caracteriza ção resulta da comparação dos da dos dos dois fatores anteriores mo delos de jogo e de preparação com os resultados da análise da situação anterior 4 Dessa comparação teremos os dados do que fazer a seguir a Estabelecer os objetivos de prepa ração elementos fundamentais de ordem física tática técnica psi cológica e teóricometodológica Os objetivos de preparação po dem ser determinados para gru pos de desportistas e individual mente b Estabelecer os objetivos de perfor mance classificação na competição promoções aos níveis superio res convocação de jogadores para as seleções estadual nacional e inter nacional etc c Estabelecer a concepção de jogo no caso dos jogos desportivos Será em função dos objetivos estabelecidos e da concepção de jogo definida que iremos ver qual o tempo necessário para realizálos 5 Conhecimento do calendário compe titivo No caso da elaboração de um plano de preparação é necessário co nhecer apenas as competições princi pais que irão permitir estabelecer a periodização concreta Para elaborar um plano de pre paração anual é necessário con tudo conhecer todas as competi ções em que os desportistas irão participar independentemente da sua natureza Depois de termos estabelecido o calendário competitivo anual comple to passamos à determi nação da ordem de importância dos jogos ou das competições É a ordem de importância que irá constituir a fundamen tação da periodização do processo anual da preparação e da determina ção dos diferentes mesociclos de treino cada um deles com a sua especificidade própria 6 Programação dos índices de forma ção desportiva Sendo a forma des portiva a resultante qualitativa do processo de preparação parecenos evidente que ela não deverá continu ar sendo avaliada por meio de frases como sintome em forma hoje não me sinto bem etc Quantas ve zes nós os treinadores já ouvimos essas frases ou outras semelhantes que procuram demonstrar que o pra ticante se sente ou não capaz de le var adiante deter minadas tarefas no treinamento ou mesmo diretamente na competição A forma desportiva é o alvo do trei namento e é fundamental nos tor nar mos capazes de identificála O desenvolvimento tecnológico em 263 Treinamento desportivo plena era da informática nos facilita tal ação Desse modo a forma desportiva deverá expressarse tanto quanto possí vel mediante dados objetivos obtidos nos diagnósticos médico biológicos bem como por meio dos dados específicos fornecidos pela própria competição Assim poderemos ter a resultados nas provas de controle específico b valores dos índices funcionais consumo máximo de oxigênio capa cidade de esforço anaeróbio c resultados do comportamento psí quico 7 Estabelecer indicadores de preparação para cada mesociclo o número de dias de preparação sessões de treino jogos e competições dias livres etc 8 Testes É necessário determinar os momentos em que será oportuno e útil aplicálos em função da divisão em mesociclos obtidos na sequência da determinação da ordem de im portância dos jogos e das diferentes compe tições Os resultados são regis trados em fichas individuais 9 Controle médico Pode ser geral ou parcial Deverão ser fixadas as datas em que será efetuado Além disso as datas não poderão ser escolhidas ao acaso existem momentos em que o controle médico é obrigatório e ou tros em que é aconselhável Eis al guns exemplos antes do início da preparação antes de um período de competi ções difíceis para saber em que estado se encontram os despor tistas antes do período de transição para se saber como organizar tal período para cada desportista 10 Meios de manutenção e de recupera ção da capacidade de esforço Serão específicos em função das caracterís ticas dos mesociclos em que tiverem de ser utilizados 11 Assistência científicometodológica Terá igualmente um caráter específi co em função dos diferentes tipos de mesociclos e pode ser a investigação de laboratório p ex determinações bioquími cas b investigação no campo p ex ob servação e coleta de dados para tratamento estatístico tanto sobre a própria equipe como acerca dos futuros adversários controle do treinamento por meio de recursos telemétricos 12 Aspectos materiais e administrativos São aqueles que ao fim permi tem ou não a realização do plano Preci samos ter uma ideia muito clara da quilo com que podemos contar Essa é também a área por exce lência para uma estreita e eficiente colabo ração com os dirigentes des portivos 13 Escrever o plano não esquecendo nenhum dos documentos que deve rão acompanhálo fichas dos des portistas principais grupos de meios a utilizar no processo de treino ca dernos de treino aspectos relativos à individuali zação do treino etc Como qualquer plano terá ne cessariamente uma parte descritiva e outra gráfica cada treinador deverá conceber um certo número de fichas para os planos de mesociclo de mi crociclo de sessões de treino fichas dos despor tistas etc 264 Antonio Carlos Gomes PLANEJAMENTO A LONGO PrAzO Não há realmente muito mais a es perar dos planos de curto prazo atualmen te o que aliás é comum a quase todos os aspectos da nossa vida Parece não haver nada melhor do que os exemplos Cas tillo 1994 Alemanha Canadá e Cuba três paí ses que embora em termos de popula ção não façam parte do grupo das grandes potências mundiais estão de fato no do mínio da atividade desportiva de alto ren dimento E se muitos e variados tiverem sido os fatores que contribuíram para tal situação necessariamente diferentes num e noutro caso o certo é que tais países têm se beneficiado extremamente da exis tência de planos de treino a longo prazo Em relação ao plano de preparação a longo prazo existem duas alternativas para a sua elaboração A primeira refere se à prepa ração dos desportistas de um clube e a segunda à dos componentes das diferentes seleções Não se realiza portanto para toda e qualquer categoria de desportistas abrangendo apenas cole tivos devidamente selecionados Tais planos têm em geral uma du ração de quatro anos influência dos ci clos olímpicos mas podem também ser elaborados para um período de tempo mais curto dois ou três anos como por exemplo no caso da preparação destina da à ultrapassagem do baixo nível de qua lidade dos desportistas de um determina do clube ou para um período de tempo mais longo por exem plo planos com a duração de seis anos para a preparação de jovens despor tistas Um plano de preparação a longo prazo compreenderá os seguintes compo nentes 1 Conjuntos de dados preliminares par te descritiva a Caracterização do valor atual da res pectiva modalidade e estudo das suas tendências de desenvolvimento O conhecimento dos modelos e a análise da situação anterior são aspectos que também têm muito a ver com outros a que já nos referi mos anteriormente Além disso teremos também de estudar muito atentamente quais os aspectos que são fundamentais e decisivos para a obtenção dos re sultados de alto nível para cada um dos componentes do processo de treinamento físico técnico psico lógico Outros aspectos referemse à ne cessidade de realizar um prognósti co de resultados e estabelecer a hierarquia de valores da respectiva modalidade b Composição do grupo e caracteri zação individual e detalhada dos desportistas Aqui deverão aparecer os ele mentos que nos permitirão formar uma primeira imagem sobre o ma terial humano à nossa disposição Sobre cada desportista devemos possuir informações as mais com pletas possíveis relacionadas com idade peso estatura clube em que joga funções que desempenha prin cipal alternativa tempo de prá tica desportiva origem de onde vem antigos treinadores índices morfológicos e funcionais uma curta anaminese da qual ressaltem dados relevantes pa râ metros do esforço que o des portista suportou até então ele mentos referentes ao último período imediatamente anterior 265 Treinamento desportivo ao do plane jamento estado de saúde traumatismos sofridos e características fundamentais do processo de preparação a que foi submetido Todos esses elementos podem e de vem ser registrados em fichas c Elementos novos na preparação Devemos estar atentos às novida des e o aspecto mais importante é sabermos exatamente como e quan do poderemos auxiliar e enrique cer efetivamente o nosso próprio pro cesso de treinamento 2 Elementos de conteúdo da parte grá fica a Fixação dos objetivos Os objetivos serão divididos em ge rais por grupos e individuais Para alcançarmos os objetivos fixados é necessário resolver determi nados problemas ao longo do processo de preparação Para uma me lhor e mais eficiente organização do tra balho é bom que tenhamos uma divisão muito clara dos problemas a serem resolvidos Assim uns di rão respeito à aprendizagem ou tros à correção de um ou de outro pormenor e outros ainda apenas ao seu aperfeiçoamento Parecenos necessário ressaltar algumas considerações sobre a me todologia a seguir para a fixação de objetivos Assim essa começará por uma análise do rendimento da equipe e dos atletas no ano despor tivo precedente assim como uma apreciação dos resultados desporti vos alcançados Quanto aos objetivos de perfor mance estes poderão ser de várias ordens Assim poderemos ter den tre outros possíveis os seguintes classificações das diferentes com petições as principais em que a equipe ou o desportista irá participar No caso da equipe deverá ser estabelecido o nú mero de pontos com o qual será possível obter o lugar desejado Para o desportista individual de verá ser feito um prognóstico do resultado necessário promoção de um a dez despor tistas para equipe nacional Sobre os objetivos de preparação deverão aumentar de um ano para o outro e compreender os elemen tos fundamentais que permitirão alcançar o modelo e os objetivos finais Os objetivos para cada com ponente do processo de trei no des portivo devem ser estabelecidos preparação física geral e especial preparação técnica preparação tác tica preparação psicológica e pre paração teórica e para cada ano da sua duração b Calendário competitivo Inclui apenas as competições princi pais campeonato nacional provas internacionais oficiais taça de acor do com as quais serão elaborados c Formas e locais de preparação As formas de preparação podem ser estágios na altitude no lito ral etc torneios de vários dias estágios especiais de preparação prepa ração normal no clube es tágios comuns de preparação com equipes de clubes ou seleções de outros países etc As formas e os locais de prepara ção são escolhidos em função das possibilidades materiais existentes dos objetivos propostos da pe riodização do processo de treino e das exigências da recuperação 266 Antonio Carlos Gomes d Diagnóstico e exames médicos São importantes para conhecermos a evolução dos índices forma des portiva e Parâmetros da preparação Deverão aparecer nesse ítem os da dos mais significativos e decisivos para a obtenção de progresso nú mero de sessões de treino com a equipe com grupos de desportistas individualmente número de jogos eou competições número de dias de preparação número de dias gas tos com viagens número de dias li vres tempo destinado à preparação física tática e técnica etc PLANEJAMENTO DE TrEiNAMENTO DO CiCLO ANuAL O plano anual é um documento obri gatório para qualquer categoria de des portista Portanto pode decorrer ou não de um plano de preparação de longo pra zo Nesse caso servirá para a realização gradual dos objetivos fixados em segundo plano e deverá incluir os elementos com influência direta no que diz respeito à preparação dos desportistas tanto para as exigências correntes quanto para as de longo prazo Um plano de preparação anual deve rá compreender 1 Conjunto de dados preliminares parte descritiva a Equipe de especialistas Serão assinaladas apenas as mu danças que possam ter ocorrido e será estudada a eventual conse quência sobre as diferentes formas de colaboração e a dinâmica do relacionamento que deverá existir entre os diversos componentes da equipe b Composição do grupo de despor tistas c Fixação dos objetivos d Calendário competitivo Em relação ao plano de prepara ção de longo prazo devese levar em consideração todos os jogos ou competições em que a equipe ou os desportistas irão tomar parte inde pendentemente da sua natureza O calendário competitivo comple to fornecenos a periodização do proces so de treinamento Estabeleceremos em seguida a or dem de importância dos jogos e das diferentes competições uma vez que conhecemos para cada um deles os adversários e o seu valor o local onde se enfrentam e os objetivos visados o que nos permite ter uma ideia acerca do provável resultado A ordem de importância dos jo gos e das diferentes competições conduznos à divisão do processo de preparação em diferentes me sociclos cada um deles com uma especificidade própria e bemde terminada a Formas e locais de preparação b Parâmetros da preparação e do esforço Escalonados por mesociclos com um registro e um controle rigoroso sobre a relação exis tente entre o planejado e o rea lizado c Provas de controle Controle médico Direção da forma desportiva d Meios de recuperação e de es forço e Assistência metodológicocien tífica investigatório registros controle do treino etc f Aspectos materiais e adminis trativos 267 Treinamento desportivo 2 Forma de realização Análise detalhada da situação anterior dos desportistas e da equipe Proce dese tal como foi indicado no plano de preparação a longo prazo A seguir na Tabela 91 e nas Figuras 93 94 e 95 a e b são apresentados alguns modelos de Planilhas para a ela boração do plano de treinamento em dife rentes níveis e modalidades 05012009 Segundafeira Aquecimento 20 min com alongamentos de baixa intensidade Corrida de 10 km variando ritmo com frequência cardíaca entre 140180 bpm Terminar com alongamento de baixa intensidade Aquecimento 20 min com exercícios de coordenação específicos para corrida Realizar 5 x 2000 m para 8 min com pausa de 130200 minutos pausa de forma ativa Terminar com alongamento de baixa intensidade durante 15 minutos TABELA 91 Modelo de planilha para a estruturação da sessão de treinamento no período de preparação para um atleta da modalidade de atletismo especializado na prova de 5000 metros Data Dia Período Conteúdo do treinamento Manhã Tarde 15 minutos de aquecimento geral com trote e alongamento Realizar 20 x 400 metros para 6870 minutos com pausas de 4560 minutos Finalizar com trote leve de 20 minutos Data 05 06 07 08 09 10 11 Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Dia feira feira feira feira feira Sábado Domingo Conteúdo Período da manhã Período da tarde FiGurA 93 Modelo de planilha para a elaboração do plano semanal de treinamento 268 Antonio Carlos Gomes FiGurA 94 Modelo de planilha para elaboração do plano mensal Data Dia Período da manhã Período da tarde 01 Domingo Corrida de 15 km variando ritmo com frequências cardíacas variando entre 140180 bpm 02 Segundafeira 03 Terçafeira 04 Quartafeira 05 Quintafeira 06 Sextafeira 07 Sábado 08 Domingo 09 Segundafeira 10 Terçafeira 11 Quartafeira 12 Quintafeira 13 Sextafeira Treino intervalado 8 x 1000 m ritmo de 345 minkm pausa de 1 min 14 Sábado 15 Domingo 16 Segundafeira 17 Terçafeira 18 Quartafeira 19 Quintafeira 20 Sextafeira 21 Sábado 22 Domingo Corrida de 12 km na pista procurando manter a FC em 160180 bpm 23 Segundafeira 24 Terçafeira 25 Quartafeira 26 Quintafeira 27 Sextafeira 28 Sábado 29 Domingo 30 Segundafeira 31 Terçafeira 269 Treinamento desportivo Meses 1 2 3 4 5 6 Competições Secundárias importante Superimportante Forma desportiva Baixa Média Alta Alto rendimento Baixa Etapas Geral Especial Précompetitiva Competitivo Regenerativa Período Preparatório Competitivo Transitório FiGurA 95 A Modelo de planilha para a estruturação do macrociclo de treinamento semestral FiGurA 95 B Modelo de planilha para a organização da periodização simples com um período de competição 1 Ciclos Anual 2 Períodos Preparatório Competitivo Transitório 3 Etapas Preparação Preparação Competições Competições geral especial secundárias principais regenerativa 4 Mesociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 5 indicação das competições 6 Dias de competição 7 indicação do dias de treinamento 8 Número de treinamento a cada mês 9 Número de horas a cada mês 10 Volume 11 intensidade 12 Horas de preparação física geral 13 Horas de preparação física especial 14 Testes de controle Nesta segunda edição acrescentei um novo capítulo sobre o treinamento e aperfeiçoamento das capacidades moto ras mas não deixei de dar atenção ao as pecto relacionado com o calendário des portivo atual A literatura nacional ainda não apresenta dados suficientes para que se possa construir um instrumento teórico que responda às exigências do des porto moderno O número de participações dos atle tas em competições oficiais nos últimos 50 anos vem crescendo muito Essas com petições que apresentam caráter de es petáculo p ex apresentações shows competições que visam ao resultado de alto nível muito bem representadas pelos Jogos Olímpicos Campeonatos Mundiais Jogos Continentais etc exigem do des portista um sistema de treinamento muito bem organizado planejado e com uma forma de controle que possa auxiliar o treinador na prescrição correta das cargas diárias de treino bem como na sua dosa gem durante os prolongados e exigentes ciclos de competição O panorama atual relacionado com a atividade competitiva do atleta exige um controle minucioso de todas as variáveis envolvidas direta ou indiretamente com o processo de preparação desportiva Ao planejar o treino o técnico desportivo deve sempre levar em consideração os princípios pedagó gicos da Educação Físi ca além das leis biológicas que regem o treinamento especializado quando rela cionados com o esporte de rendimento A arte de organizar o treino tornase fascinante quando técnico e des portistas têm bem claro quais são os objetivos a se rem atingidos na tempora da e qual a com petição considerada alvo o que facilitará a periodização do treinamento Nesse aspec to não podemos deixar de abordar as dife renças naturais que apresentam os despor tos individuais dos coletivos os primeiros primam pelo desenvolvimento das suas ca pacidades máximas enquanto os coletivos buscam atingir níveis de adaptação ótima o que nos mostra um caminho bastante diferente a ser seguido na estruturação da metodologia de treinamento O período de treinamento proposto no século XX teve sua divulgação no mun do no início da década de 1950 Apesar de existirem estudos anteriores que pre conizavam nomes bastante diferentes o consenso maior entre os autores é a sub divisão da temporada de treinamento em período de preparação período de compe tição e período de transição Cada período apresenta suas etapas que permitem o controle da quantidade e da qualidade do treino mais conhecidas na literatura con temporânea como volume e intensidade Nos esportes individuais é de gran de importância o período de prepara ção pois quanto mais longo for maior será a CONSIDERAçõES FINAIS 272 Antonio Carlos Gomes possibilidade de adaptação em um estado novo das capacidades morfofuncionais O período competitivo nor malmente é cur to e é quando a resposta ao treinamento deve ser aferida com precisão No despor to coletivo o período de preparação não exerce gran de influência pois é normal mente de curta duração quando são cria das as primeiras premissas de adaptação em um nível baixo O período competitivo é que determinará a elevação paulatina do nível de performance Nesse caso o treinador deve ter muito claros e objetivos os indicadores de controle da performan ce do desportista pois isso facilitará uma maior ou menor atenção na evolução das capacidades motoras O período de transição é o momen to que o treinador desportivo utiliza para regenerar recuperar a capacidade de trabalho do desportista Já existe um con senso entre os estudiosos de que nesse momento o desportista deve descansar por um período não muito longo e ao mesmo tempo não deve abandonar to talmente a atividade procurando assim manter um certo nível de performance atingido anteriormente A respeito da questão do rendimento desportivo em um processo a longo prazo muitos anos países do Leste Europeu há muitas décadas desenvol veram pro gramas que permitiram formar atletas olímpicos Tais programas têm origem na seleção de talentos depois na iniciação desportiva no aperfeiçoamen to desportivo e por último no rendimento desportivo As leis naturais de desenvolvimento do ser humano com seus estudos apurados e confirmados cien tificamente permi temnos estruturar um plano a longo pra zo respeitando os períodos sensíveis do desenvolvimento motor e procurando a cada mo mento implementar cargas de treinos especiais que permitam a adapta ção do organismo do atleta de forma sau dável convergindo então para um alto rendimento desportivo A tarefa do treinador evidentemen te não é fácil pois as variáveis a serem controladas são muitas As confirmações científicas nas diversas áre as ajudam nes se processo mas não podemos descartar a habilidade do treina dor que somada à experiência prática pode resolver ques tões momentâneas que são muito parti culares nos desportos as quais dependem do momento emocional que se vive e que ainda não encontram explicações sufi cientes nos pressupostos teóricos ACHMARIN B Teoria e metodologia da educação físi ca manual para os institutos pedagógicos Moscou Prosveschenie 1990 AGDJANIAN N CHABATURA N Os biorritmos es porte saúde Moscou Fizcultura y Sport 1989 p 208 BADILLO C J J SERMA R J Bases de la progra macion del entrenamiento de fuerza Barcelona Inde 2002 BOGUEM M O ensino das ações motoras Moscou Fizcultura y Sport 1985 BOIKO V O desenvolvimento orientado das capacida des motoras do homem Moscou Fizcultura e Sport 1987 p 144 BONDARCHUK A Periodización del entrenamiento deportivo en los lanzamientos atléticos Madrid Con sejo Científico Metodológico del Comité Estatal de Cultura Física y Deportes 1988 BRIANKIN S V Estrutura e função do esporte mo derno Moscou Instituto de Cultura Física de Mos cou1983 BUILINA I F KUPAMSHINA I F Teoria da prepa ração de desportistas jovens Moscou Fizcultura y Sport 1981 CASTILLO E M O treinamento desportivo Cuba Sn 1994 CHAPOCHNIKOVA V A individualização e o prognós tico no esporte Moscou Fizcultura y Sport 1984 COSTA L P Introdução à moderna ciência do treina mento desportivo Brasília DF Divisão de Educa ção Física do MEC 1968 COSTILL D SHARP R TROUP J Muscle strength contribution to sprint swimming Biokinetic Strength Training v 1 p 5559 1980 COSTILL P L Energy suply in endurance activities International Journal of Sports Medicine v 5 p 19 21 1984 COUSILLMAN D A Natação esportiva Moscou Fiz cultura y Sport 1982 p 208 CRISTIENSEN E HEDMAN R SALTIN B Intermit tent and continuous runing a further contribution to the physiology of intermittent work Acta Physiologica Scandinavica v 50 n34 p 269286 1960 CURADO J Planejamento do treino e preparação do treinador Lisboa Caminho 1982 DEDVEDEV A O sistema de muitos anos no halte rofilismo compêndio para os treinadores Moscou Fizcultura e Sport 1986 p 214 DONSKOI D ZATISIORSKI V Biomecânica manual para os institutos de cultura física Moscou Fizcultu ra e Sport 1979 p 264 DURANTEZ C Olímpia y los juegos olímpicos anti guos Pamplona Delegación Nacional de Educación Física y Deportes Comitê Olímpico Español 1975 FILIN VP A teoria e a metódica do esporte juvenil Moscou Fizcultura y Sport 1987 FILIN VP Desporto juvenil teoria e prática Londri na Centro de Informações Desportivas 1996 FILIN VP FOMIN N A Fundamentos do desporto de jovens Moscou Fizcultura y Sport 1980 GODIK M A Controle da carga de treino e competi ção Moscou Fizcultura y Sport 1980 GODIK M A Futebol preparação dos futebolistas de alto nível Rio de Janeiro Palestra Sport 1996 GODIK M A Metodologia esportiva manual para os institutos de educação física Moscou Fizcultura y Sport 1988 GOLLNIK F HERMANSEN L Adaptação bioquími ca aos exercícios metabolismo anaeróbio a ciência e o esporte Moscou Fizcultura e Sport 1982 p 1459 GOMES A C Formação do sistema de treinamento de desportistas brasileiros com base na teoria e prática do esporte internacional no material de corrida Tese REFERêNCIAS Doutorado em Teoria e Metodologia da Educação Física e Treinamento Desportivo Academia Nacio nal de Cultura Física da Rússia Moscou 1997b GOMES A C Futebol treinamento desportivo de alto rendimento Porto Alegre Artmed 2008 GOMES A C Princípios científicos do treinamento desportivo João Pessoa Idéia 1997a GOMES A C Treinamento desportivo princípios meios e métodos Londrina Treinamento Desporti vo 1999 GOMES A C Treinamento desportivo processo de muitos anos de preparação João Pessoa Ed Uni versitária 1998 GOMES A C FILHO N P A Cross training uma abordagem metodológica Londrina Apef 1991 GOMES A C et al Aná lises das ações motoras de deslocamento da equipe de voleibol feminino En contro Anual de Iniciação Desportiva PIBICCNPq VIII 1999 Anais v II 1999 p 377378 GOMES A C JUNIOR A A Seleção de talentos nos desportos fundamentos teóricos Âmbito me dicina desportiva São Paulo ano 4 n 40 p 11177 1998 GOMES A C MACHADO J A Futsal metodologia e planejamento na infância e adolescência Londri na Midograf 2001 GOMES A C TEIXEIRA M Esportes projeto de treinamento Londrina Cid Centro de Informações Desportivas 1997 GROSSEN M STARISCHA S Principios del entrena miento deportivo Barcelona Martinez Roca 1988 GUJALOVSKI A As etapas do desenvolvimento das capacidades físicas motoras e o problema de otimi zação da preparação física das crianças de idade esco lar Tese Doutorado Moscou 1980 p 43 HARRE D Special problems in preparing for atletic competitions principles on sports training Berlin Spongverlag 1982 p 216227 HOHMANN A Grundalagem der trainingssteuerung im sportspiel Hamburg Czwalina 1993 HOWALD H Traininginduced morphological and functional changes in skeletal muscle International Journal Sports Medicine v 3 n 1 p 112 1982 ILHIN E Psicologia da educação física Moscou Pros veschenie 1983 p 199 IVOILOV A TCHUKSIN I SCHUBIN I A prepa ração poli competitiva dos desportistas Teoria e a prática da cultura física n 2 p 3335 1986 JUNIOR A A Flexibilidade e alongamento saúde e bemestar São Paulo Manole 2009 KARPMAN V KHRUCHEV S BORISSOVA I O co ração e a capacidade de trabalho do atleta Moscou Fizcultura e Sport 1978 p 120 KEIZER H A Exercise and training induced menstrual cycle irregularies International Journal Sports Medicine v 7 Suppl p 3844 1986 KELLER V S Atividades competitivas no sistema de preparação desportiva sistema moderno de prepara ção desportiva Moscou Fizcultura e Sport 1995 p 4149 KELLER V S PLATONOV V N Teoria e metodologia da preparação de desportistas Linov 1983 p 270 KEUL J Training und regeneration im hochleistun gssport Leistungssport v 8 n 3 p 236246 1978 KOROP I KONONENKO I A natação feminina par ticularidades e perspectivas Kiev Zdorovie 1983 KOTS I VINOGRADOVA O A fisiologia do aparelho nervoso muscular manual para institutos da cultura física Moscou 1982 KOTS I VINOGRADOVA O método de saturação de hidratos de carbono Moscou Fizcultura e Sport 1981 KOTS I VINOGRADOVA O O método de saturação de hidratos de carbono Moscou Fizcultura e Sport 1969 LENINGUER A As bases da bioquímica Moscou Mir 1985 LIAKH V As capacidades de coordenação dos escola res Minsk Polimia 1989 p 112 LUKIN I A metódica de planificação da carga de trei no de orientação de velocidade e de força no sistema de preparação anual e de muitos anos de futebolistas Tese Doutorado Moscou 1990 p 21 MAKHAILOV V MINITCHENKO V A distribuição da carga de treino nos ciclos anuais de prepara ção dos esportistas Teoria e a prática da educação física n 3 p 2326 1982 MANNO R Fundamentos del entrenamiento deporti vo Barcelona Editorial Paidotribo 2000 MANSO J M G VALDIVIELSO M N CABALLE RO J A R Planificacion del entrenamiento deporti vo Madrid Gymnos Editorial 1996 MATHEWS D K FOX E L Bases fisiológicas da educação física e dos desportos Rio de Janeiro Gua nabara 1979 MATVEEV L P MEERSON F Princípios de la teoría del entrenamiento y las tesis actuales de la teoría de la adaptación a las físicas In MATVEEV L P ME ERSON F Esbozos de la teoría de la cultura física Moscou Fizcultura e Sport 1984 MATVEEV L P Fundamento do treino desportivo manual para os institutos de cultura física Mos cou Fizcultura y Sport 1977 MATVEEV L P Fundamento geral da teoria do des porto e sistema de preparação dos desportistas Kiev Literatura Olímpica 1999 274 Referências MATVEEV L P Introdução à teoria da cultura física Moscou Fizcultura y Sport 1983 MATVEEV L P Preparação desportiva São Paulo FMU 1996 MATVEEV L P Problema da periodização do treina mento desportivo Fizitiskoi culture Moscou n 1 1964 MATVEEV L P Teoria e a metodologia da cultura físi ca manual para os institutos da cultura física Mos cou Fizcultura y Sport 1991 MAZNITCHENKO V O ensino das ações motoras as bases da teoria da cultura física Moscou Fizcultura y Sport 1977 MEERSON F Principais leis naturais de adaptação individual fisiologia dos processos de adaptação Moscou Fizcultura y Sport 1986 MEERSON F Z PSHENNIKOVA M C Adaptación a las situaciones de stres y las cargas físicas Moscou Editora Medicina 1988 MELLENBERG G Os princípios motores regionais de elevação da qualidade do processo cíclico com a orien tação para o desenvolvimento da resistência teoria e prática da cultura física Moscou Fizcultura e Sport 1991 p 2324 MIKHAILOV V A respiração do esportista Moscou Fizcultura e Sport 1983 p 103 MILANOVICH D Prirucnik za Sportske Trenere Za greb Faculdade de Cultura Física da Universidade de Zagreb 1997 MISCHENKO V Os mecanismos fisiológicos de adap tação duradoura do sistema respiratório do homem sob a influência da atividade muscular tensa Tese Doutorado Kiev 1985 p 23 NABATNI Kovoi M I Fundamentos da preparação de esportistas jovens Moscou Fizcultura y Sport 1982 NANOVA L A variação na preparação de lançadores Moscou Fizcultura e Sport 1987 p 112 NAZAROV V T KISELEV V G Biomechanical stimu lation on muscle activity in sport rehabilition abstr International Congress of Biomechanical 8 1981 Nagoya p 28 1981 OVANESSIAN A OVANESSIAN I Pedagogia do es porte Kiev Zdorovie 1986 OZOLIN N G Treinamento de atletismo Moscou Fizcultura e Sport 1949 OZOLON E Corrida de Sprint Moscou Fizcultura e Sport 1986 p 154 PLATONOV V N Teoria del deporte manual para os institutos de cultura física Kiev Vysha skola 1987 cap 8 PLATONOV V Adaptação no esporte Kiev Sdarovie 1988 PLATONOV V N Teoria e metodologia do treinamento desportivo manual de estudos para os estudantes de cultura física Kiev Escola Superior 1984 PLATONOV V N Teoria geral de preparação de des portistas no esporte olímpico Kiev Literatura Olím pica 1997 PLATONOV V Teoria do esporte Kiev Editora Vis cha Scola 1987 p 216 PLATONOV V FESSENKO S Os nadadores mais for tes do mundo Moscou Fizcultura y Sport 1990 PLATONOV VN A preparação dos esportistas quali ficados Moscou Fizcultura e Sport 1986 PODSKOTSIKII B N ERMAKOV A D Exemplo de planejamento de treinamento de levantamento de peso dois meses antes da competição Moscou Le vantamento de peso 1981 p 1720 POLISCHUK D A Ciclismo Barcelona Paidotribo 1993 p 514 POPOV V A educação da flexibilidade as bases da teoria e da metódica de cultura física Moscou Fiz cultura e Sport 1986 p 95102 PORTMAN M Planification et periodisation des programmes dentrainement et de compétition Jou nal de Lathetisme n 30 p 515 1986 POWERS S K HOWLEY T E Fisiologia do exercí cio teoria e aplicação ao condicionamento e ao de sempenho São Paulo Manole 2001 PRAMPERO P E LIMAS F P SASSI G Maximal Muscular Power Aerobic and Anaerobic in II6 Ath letes performing at the XlXth Olympic Games in Me xico Ergonomics v 13 n 6 p 665674 1970 PRUS G ZAJAC A Treinamento de sprinters meto dologia principal do esporte de alto nível Moscou Fizcultura e Sport 1988 p 3946 SALTIN B Malleability of the system in overcoming itmitation functional elements The Journal of Expe rimental Biology v 1 n 15 p 345354 1985 SCHMIDT R Os sistemas motores fisiologia do ho mem Moscou Sn 1985 v 4 SELIE G Síndrome de adaptação Moscou Medguiz 1960 p 124 SEROV S Os exercícios pliométricos como meio de preparação de velocidade e de força dos atlletas na etapa de preparação especial Tese doutorado Le ningrado 1988 SHAPOSHNIKOVA VI Individualización y prog nostico en el deporte Moscou Fizcultura y Sport 1984 SIFF C M VERKHOSHANSKY Y Super entrena miento Barcelona Editorial PaidoTribo 2004 SOLOGUB E As bases fisiológicas do treino esportivo da mulher materiais metodológicos Leningra do S n 1987 275 Referências SUDAKOV K Teoria geral dos sistemas funcionais Moscou Editora Medicina 1984 SUSLOV F Acerca del aumento de la efectividade del entrenamiento deportivo en condiciones de altura média Teoria e Prática da Cultura Física Moscou v 12 p 1850 1976 SUSLOV F P Preparação Competitiva e calendário de competições Sistema moderno de preparação desportiva Moscou 1995 p 7379 SUSLOV F Sobre o fundamento especial de preparação nas modalidades cíclicas de esporte o desenvolvimen to da resistência nas modalidades cíclicas Moscou s n 1987 p3940 TIMAKOVA T A A preparação de muitos anos de na dadores e sua individualização aspectos biológi cos Moscou Fizcultura y Sport 1985 TSCHIENE P El estado actual de la teoría del entrena miento Roma Scuola Dello Sport 1990 TSVETAN Z Bases del Entrenamiento Deportivo Bar celona Editorial Paidotribo 2001 VAITSEKHOVSKI S O sistema de preparação despor tiva dos nadadores para os Jogos Olímpicos teoria metodologia prática Tese Doutorado Moscou Instituto Central da Cultura Física 1985 p 22 VERKHOSHANSKI Y V A programação e organiza ção do processo de treino Moscou Fizcultura e Sport 1985 VERKHOSHANSKI Y V As bases da preparação física especial dos desportistas Moscou Fizcultura e Sport 1988 p 331 VERKHOSHANSKI Y V Entrenamiento deportivo planificación y programación Barcelona Martinez Roca 1990 VERKHOSHANSKI Y V Treinamento desportivo teo ria e metodologia Porto Alegre Artmed 2001 VIRU A M Biochemical and hormonal responses to training International Journal of Sports Science Coaching v 1 n 2 p 2535 1995 VIRU A IURIMIAE T SMIRNOVA T Os exercícios aeróbios Moscou Fizcultura e Sport 1988 p 142 VIRU A Kyrgue P Hormônios e a capacidade de tra balho desportivo Moscou Fizcultura e Sport 1983 p 159 VOLKOV N Bionergética de la actividad muscular in tensa del hombre y métodos para el aumento de la ca pacidad laboral de los deportistas Dissertação Mes trado Moscou 1990 VOLKOV N Bioquímica do esporte Moscou Fizcultu ra e Sport 1989 p 267347 VOLKOV V M FILIN VP Seleção desportiva Moscou Fizcultura y Sport 1983 VOROBIEV A N Halterofilia ensayo sobre fisiologia y entrenamiento deportivo México Libros de Mé xico 1974 VOROBIEV A Teoria e da prática Coletânea científi ca n 1 p 910 1987 ZAKHAROV A A GOMES A C Ciência do trei namento desportivo Rio de Janeiro Palestra Sport1992 ZAKHAROV A O efeito imediato afastado da carga de força como fator de aumento do resultado nas compe tições Tese Doutorado Moscou 1985 p 23 ZAKHAROV A O método de jogo de ensino de jovens ciclistas ciclismo Moscou Fizcultura e Sport 1986 p7074 ZAKHAROV A Os aspectos metódicos de organização da preparação dos ciclistas de alta competição nas con dições do centro de preparação olímpica recomen dações práticas Moscou Sovietiski Sport 1990 ZATSIORSKI V As qualidades físicas do atleta Mos cou Fizcultura y Sport 1970 ZENOV B A preparação física especial do nadador em terra e água Moscou Fizcultura e Sport 1986 p 79 ZHELYAZKOV T Bases del entrenamiento Barcelona Editorial Paidotribo 2001 276 Referências
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora
Recomendado para você
2
Concurso Público 49
Educação Física
UMG
3
Relatório 1 Metodologia do Ensino da Ginástica
Educação Física
UMG
4
Treino-em-circuito-para-definição
Educação Física
UMG
7
Teoria e Metodologia da Ginástica Av2
Educação Física
UMG
6
Atividade Física Saúde e Qualidade de Vida Estácio
Educação Física
UMG
9
Previa 1 Ginastica e Movimento
Educação Física
UMG
8
Introdução à Educação Física Av1
Educação Física
UMG
4
Sde4621 - Teoria e Pratica de Recreação e Lazer
Educação Física
UMG
4
Aula 1 - Corporeidade e Motricidade
Educação Física
UMG
4
Simulado - Ginástica Geral e Artística
Educação Física
UMG
Texto de pré-visualização
ANTONIO CARLOS GOMES 2 ª E DIÇ Ã O TREINAMENTO DESPORTIVO ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO G633t Gomes Antonio Carlos Treinamento desportivo recurso eletrônico estruturação e periodização Antonio Carlos Gomes 2ed Dados eletrônicos Porto Alegre Artmed 2009 Editado também como livro impresso em 2009 ISBN 9788536320885 1 Esporte 2 Treinamento esportivo 3 Resistência I Título CDU 796015 Catalogação na publicação Renata de Souza Borges CRB101922 TREINAMENTO DESPORTIVO 2a EDIÇÃO ESTRUTURAÇÃO E PERIODIZAÇÃO ANTONIO CARLOS GOMES Doutor em Ciência do Treinamento Desportivo de Alto Rendimento pela Universidade Nacional de Educação Física e Desporto de Moscou Rússia Mestre em Ciência do Treinamento Desportivo pelo Instituto Estatal de Cultura Física de Moscou Rússia Professor do Curso de PósGraduação em Metodologia do Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP Consultor Científi co do Comitê Olímpico Brasileiro e da Confederação Brasileira de Triatlon 2009 Artmed Editora SA 2009 Capa Tatiana Sperhacke TAT studio Ilustração de capa iStockphotocomfilo Ilustrações Juliano DallAgnol Preparação do original Paulo Ricardo dos Santos Leitura final Sandra da Câmara Godoy Supervisão editorial Laura Ávila de Souza Projeto e editoração Armazém Digital Editoração Eletrônica Roberto Carlos Moreira Vieira Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa à ARTMED EDITORA SA Av Jerônimo de Ornelas 670 Santana 90040340 Porto Alegre RS Fone 51 30277000 Fax 51 30277070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume no todo ou em parte sob quaisquer formas ou por quaisquer meios eletrônico mecânico gravação fotocópia distribuição na Web e outros sem permissão expressa da Editora SÃO PAULO Av Angélica 1091 Higienópolis 01227100 São Paulo SP Fone 11 36651100 Fax 11 36671333 SAC 0800 7033444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL In memoriam Antonio Gomes Lourdes Moreira Gomes Meus queridos pais motivo de todo o esforço que fiz na vida para me tornar um profissional na área da Educação Física e dos Desportos Leev Pavilovitch Matveev Meu orientador científico durante o Curso de Mestrado e Doutorado na Universidade Nacional de Educação Física da Rússia 7 Treinamento desportivo AGRADECIMENTOS Ao Professor Doutor Paulo Roberto de Oliveira por ter sido a pessoa que mais me incentivou e motivou a tornarme um pro fissional na área do Treinamento Desporti vo Desde a década de 1970 sempre este ve ao meu lado e com seus ensinamentos como professor técnico e amigo procurou mostrarme os melhores caminhos para o sucesso pessoal e profissional À Professora Doutora Tatiana Ger mnova Fomitchenko pelo apoio pela orientação e pela amizade durante todo o período de minha estada no programa de pósgraduação na Rússia Ao Professor Doutor Yuri Verkho shanski pela amizade e pelo carinho que sempre teve comigo orientandome para o desenvolvimento do senso crítico em todos os trabalhos que desenvolvemos juntos Ao Professor Abdallah Achour Ju nior pela colaboração na revisão técnica desta obra e pela grande amizade e apoio que demonstrou ao longo desses anos de nossa convivência Aos Professores Marcio Teixeira e Ney Pereira de A Filho pelo incentivo na produção desta obra e pela manifestação de companheirismo amizade e solidarie dade durante todo o tempo de nossa con vivência pessoal e profissional A todos os meus atletas que duran te muitos anos me permitiram colocar em prática muitas das experiências que são relatadas nesta obra APRESENTAçãO Sergio Gregório da Silva Mais uma vez tenho o prazer de apre sentar esta obra agora em edição ampliada e atualizada e não tenho dúvida de que ela permanece sendo uma leitura obrigatória para todos aqueles que se dedicam à arte do treinamento desportivo uma vez que fornece todos os passos necessários para tornar nosso trabalho mais científico por meio do planejamento da estruturação e do controle do treinamento A preparação do atleta para a com petição compreende muitos aspectos desde a descoberta do talento desportivo passando pelas etapas de iniciação des portiva até os detalhes da preparação de alto rendimento culminando em um cam peonato de nível mundial Durante esse processo de desenvolvimento do atleta observamos que o processo de treinamen to deve estar devidamente fundamenta do por áreas como fisiologia psicologia biomecânica e outras matérias norteadas pela ciência Entretanto o programa de treinamento também deve representar a experiência a intuição a coragem do téc nico e a sua habilidade de obter o melhor do atleta em treinamento e em competi ção Portanto o treinamento desportivo transcende o nível da ciência e remete nos à arte de preparar indivíduos para o desporto Nesta segunda edição além da atua lização de todos os capítulos o Professor Antonio Carlos Gomes adicionou um tema muito importante para os especialistas que trabalham na área do treinamento despor tivo o desenvolvimento e o aperfeiçoamen to das capacidades motoras assunto de suma importância para o treinador prepa rar melhor os seus atletas Além disso tais informações consistem em um referencial teórico importante para os professores uni versitários que ministram aulas nas disci plinas relacionadas ao tema Ao apresentar a primeira edição des taquei a importância desta obra naquele momento pelo fato de treinadores profes sores e outros especialistas prescreverem atividades de treino sem a utilização de pre ceitos científicos e de métodos atualizados Evoluímos muito nesse aspecto nos últimos anos e agora o destaque está na realização da Copa do Mundo de futebol programada para o ano de 2014 em nosso país e princi palmente na possibilidade de sermos sede dos Jogos Olímpicos de 2016 Esses dois eventos estabelecem definitivamente a era científica do desporto nacional O autor tem uma formação extrema mente sólida e especializada fundamen Professor Doutor da Universidade Federal do Para ná Consultor Científico em Fisiologia do Exercício x Apresentação tada em uma combinação de resultados de muitos anos dentro das pistas e das quadras como atleta e depois como técnico despor tivo e preparador físico de diversas modali dades desportivas Além de sua experiência profissional e formação acadêmica nos úl timos anos Antonio Carlos Gomes confir mou sua competência com resultados de destaque na modalidade de futebol atuan do como diretor científico de uma grande equipe da primeira divisão brasileira Atual mente ele colabora com o Comitê Olímpico Brasileiro e sem dúvida esta obra será um dos instrumentos teóricos que sustentarão o novo sistema de preparação dos atletas bra sileiros em busca da medalha de ouro nos próximos Jogos Olímpicos Esta segunda edição de Treinamen to desportivo estruturação e periodização apresenta os caminhos e as ferramentas de trabalho para organizar a atividade de treinamento de uma maneira clara e fácil pela riqueza de detalhes exposta pelo au tor Nesse particular o Professor Antonio Carlos Gomes consegue não só nos trazer uma brilhante combinação de dezenas de anos de estudos dos cientistas do Leste Europeu como também propor uma me todologia muito adequada ao desporto brasileiro utilizando suas experiências pessoais principalmente como cientista e treinador de alto nível ensinandonos a colocar nossos sentimentos nessa ativida de que nos traz tantas alegrias e prazer PREFáCIO à SEGUNDA EDIçãO Oscar Amauri Erichsen Esta nova edição de Treinamento des portivo estruturação e periodização man tém o objetivo da anterior que é discutir as tendências modernas do treinamento Seu objetivo não é determinar a atividade a ser realizada mas sim discutir e entender os fatores e os mecanismos fundamentais envolvidos na pre paração do desportista Temos certeza de que é um material para leitores sérios que pretendem entender com profundidade os conceitos práticos e científicos da preparação do desportista A influência de autores e de pesqui sadores da antiga União Soviética no tra balho do Professor Antonio Carlos Gomes justificase pelos longos anos de estudos e trabalhos ao lado dos maiores nomes da ciência da preparação desportiva em ní vel mundial daquele país Para aqueles que consideram o trei namento desportivo arte e ciência este livro vem ao encontro de um aspecto fun damental entender e combi nar os elemen tos científicos para resolver os problemas do diaadia do treina mento A organização do material procura estabelecer uma sequência de entendi mento do conteúdo proposto O Capítu lo 1 Princípios científicos da preparação desportiva permite ao leitor orientarse com relação a leis e regras princípios pe dagógicos e biológicos que fundamentam os conheci mentos necessários ao técnico desportivo O Capítulo 2 Sistema de competi ções desportivas trata da classificação das competições desportivas do calendário desportivo e do sistema individua lizado das competições Por meio da identifica ção desses elementos é possível que o técnico desportivo prepare seus atletas de acordo com as características específicas da competição No Capítulo 3 Meios e métodos da preparação desportiva está muito bem caracterizada a pedagogia da prepara ção desportiva Classificar exercí cios e adequálos a métodos de influência práti ca verbal ou demonstrativa é o elemento fundamental do processo evolutivo da as similação e da adapta ção do gesto despor tivo a respostas propostas pelas cargas de treinamento adotadas Depois de ser discutida a questão pedagógica o Capítulo 4 Carga de treina mento trata dos elementos da adaptação e dos efeitos do treinamento Identificar o conteúdo o volume e a organização de cargas de treinamento parece ser uma ta refa fácil após a leitura desse capítulo Professor Doutor da Universidade Estadual de Lon drina Coordenador Científico do Clube Atlético Pa ranaense O Capítulo 5 Treinamento e aperfei çoamento das capacidades físicas aborda parâmetros importantes na concepção do treinamento desportivo nos quais é ob servado de forma clara e objetiva todo o processo de aperfeiçoamento das capaci dades motoras bem como suas especifici dades para cada grupo de desportos O Capítulo 6 Estruturação e periodi zação do treinamento desportivo é o mais longo deste livro Justificase pela com plexidade do tema mas principalmente pela discussão profunda das possibilida des levantadas por grandes estudiosos da preparação desportiva O Capítulo 7 Modelos de periodiza ção nos desportos concentra a dis cussão do tema desde a origem e evolução dos pressupostos teóricos do planejamento do treinamento até as propostas mais moder nas Esse capítulo não tem a intenção de apresentar receitas de treinamento des portivo mas sim debater uma experiência viva e atual dos conceitos moder nos na preparação desportiva Todo profissional da área do treina mento desportivo precisa obter conheci mentos do desenvolvimento da prepara ção em um contexto global O Capítulo 8 Planejamento do treinamento desportivo na infância e na ado lescência permite ao leitor visualizar elementos importantes no desenvolvi mento da vida do atleta A partir desses conhecimentos é possível es tabelecer um planejamento a longo prazo evitandose assim fatos comuns como por exemplo o treina mento precoce Como elemento conclusivo o Capí tulo 9 Projeto de treinamento des portivo discute as etapas de desenvolvimento do planejamento de prepara ção desportiva São tratados nesse capítulo os aspectos mais importantes que devem ser levados em consideração na elaboração de um plane jamento Tenho certeza de que este livro for nece informações importantes tanto ao técnico em sua prática diária quanto aos pesquisadores e aos estudiosos da área xii Prefácio 13 Treinamento desportivo SUMáRIO INTRODUçãO 19 1 PRINCíPIOS CIENTíFICOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 21 preparação desportiva leis e regras 21 princípios pedagógicos da preparação desportiva 21 princípios especiais da preparação desportiva 22 princípio da continuidade no processo da atividade competitiva 23 Combinação das cargas de treinamento no processo de preparação desportiva 24 Carga ondulatória durante o processo de preparação desportiva 28 integração das diferentes partes da preparação do desportista 33 2 SISTEMA DE COMPETIçõES DESPORTIvAS 37 Classificação das competições desportivas 38 Calendário desportivo e sistema individualizado das competições 42 prática competitiva do desportista a longo prazo 47 participação dos desportistas nas competições 50 3 MEIOS E MéTODOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 55 meios pedagógicos da preparação desportiva 55 Classificação dos exercícios 56 exercício competitivo 58 exercício preparatório especial 58 exercício preparatório geral 58 métodos pedagógicos de preparação desportiva 60 método de influência prática programado 60 métodos de ensino da técnica de ações motoras 61 métodos de treino das capacidades motoras 63 Método de exercício de carga contínua 63 Método de exercício de carga intervalada 63 Método de exercício de carga mista intervalado e contínuo 63 método competitivo 68 14 Sumário método de jogo 68 métodos de influência verbal 69 métodos de influência demonstrativa 69 4 CARGA DE TREINAMENTO 71 Carga de treinamento e suas formas de ação 71 Características da carga de treinamento 71 adaptação no treinamento desportivo 72 efeitos de treinamento 75 efeito imediato de treinamento 76 efeito posterior de treinamento 76 efeito somatório de treinamento 76 efeito acumulativo a longo prazo de treinamento 76 Carga de treinamento e seus aspectos determinantes 76 Conteúdo da carga 76 volume da carga 77 organização da carga 79 Carga especializada 79 orientação da carga 81 Intensidade da carga 81 Duração do exercício 84 Duração dos intervalos de descanso 84 Intervalo rígido de descanso 86 Intervalo curto de descanso 86 Intervalo completo de descanso ordinário 86 Intervalo supercompensatório 86 Intervalo prolongado de descanso 86 Caráter de descanso 86 Cargas ótimas 87 5 TREINAMENTO E APERFEIçOAMENTO DAS CAPACIDADES FíSICAS 91 sistema de treinamento e preparação física 91 Treinamento e aperfeiçoamento da resistência 93 Treinamento da resistência aeróbia 95 Treinamento da resistência anaeróbia glicolítica 99 Treinamento da resistência anaeróbia alática 101 Treinamento das capacidades de força 103 Aspectos neuromusculares relacionados com a manifestação das capacidades de força 104 metodologia do treinamento das capacidades de força 106 Treinamento da capacidade de força concêntrica 108 Treinamento das capacidades de velocidade e de força 110 Treinamento da resistência de força 111 Treinamento da capacidade de força isocinética 112 Treinamento das capacidades de força excêntrica e combinada 113 15 Sumário Treinamento das capacidades de força isométrica e combinada dinâmicoestático 117 Treinamento da capacidade de velocidade 122 Meios de treinamento de velocidade 123 Metodologia do treinamento da velocidade 127 Treinamento da capacidade de flexibilidade 134 Metodologia do treinamento da flexibilidade 135 Treinamento das capacidades de coordenação 141 Meios e particularidades do método de treinamento 142 Treinamento da precisão na reprodução dos parâmetros de força espaço tempo e ritmo nos movimentos 142 Treinamento da capacidade de equilíbrio 145 Controle do nível de preparação física 146 6 ESTRUTURAçãO E PERIODIzAçãO DO TREINAMENTO DESPORTIvO 149 Bases teóricas da periodização do treinamento desportivo 149 estrutura e preparação do atleta 150 estrutura geral da preparação desportiva a longo prazo 151 estrutura e conteúdo da preparação do atleta a longo prazo 152 períodos sensíveis e desenvolvimento das capacidades motoras 155 Carga de treinamento e seu crescimento constante 157 meios e métodos de preparação desportiva e sua relação com a hereditariedade 158 etapas de preparação a longo prazo 159 etapa de preparação preliminar 160 etapa de especialização desportiva inicial 161 etapa de especialização profunda 163 etapa de resultados superiores 165 etapa de manutenção dos resultados 166 estrutura e organização do treinamento no ciclo olímpico 167 estrutura da sessão semana de treinamento 171 sessão de treinamento 171 Parte preparatória 172 Parte principal 174 Sessões complexas de treinamento 176 Parte final 177 estrutura e organização do treinamento no microciclo 179 microciclos de preparação 180 Microciclo ordinário 180 Microciclo de choque 180 Microciclo estabilizador 181 Microciclo de manutenção 181 Microciclo recuperativo 183 Microciclo de controle 183 16 Sumário Microciclo précompetitivo 184 Microciclo competitivo 184 Carga de treinamento no microciclo e suas diversas combinações 185 estrutura e organização do treinamento no mesociclo 190 Classificação dos mesociclos 190 Mesociclo inicial 192 Mesociclo básico 192 Mesociclo de desenvolvimento 192 Mesociclo estabilizador 193 Mesociclo recuperativo 193 Mesociclo de controle 193 Mesociclo précompetitivo 193 Mesociclo competitivo 193 Composição dos microciclos na estrutura do mesociclo 194 mesociclo de preparação para mulheres 194 estrutura do mesociclo précompetitivo 196 estrutura e organização do treinamento no ciclo anual e macrociclo 199 estrutura do ciclo anual de preparação em vários desportos 203 planejamento do treinamento em diferentes períodos do macrociclo 203 período preparatório 204 período competitivo 205 período transitório 207 7 MODElOS DE PERIODIzAçãO NOS DESPORTOS 209 modelos de treinamento 209 modelos tradicionais 210 modelos contemporâneos 213 modelos de treinamento em bloco 214 modelo integrador 220 modelo de cargas seletivas 220 organização e planejamento do treinamento na modalidade de futebol 226 planejamento do treinamento para velocistas na modalidade de atletismo 229 organização do processo de treinamento 229 8 PlANEjAMENTO DO TREINAMENTO DESPORTIvO NA INFâNCIA E NA ADOlESCêNCIA 233 Treinamento desportivo na infância e na adolescência 233 especialização desportiva 233 desenvolvimento multilateral 234 desporto na escola 234 aperfeiçoamento desportivo 234 Técnico desportivo 235 17 Sumário organização das competições 236 Forma de organização das competições 237 Formação e educação dos atletas 240 Clube desportivo 241 Função educativa do treinador 241 seleção de talentos nos desportos 244 aptidões hereditárias 245 etapas da seleção de talentos 246 Primeira etapa preliminar 246 Segunda etapa observação pedagógica 247 Terceira etapa orientação desportiva 248 9 PROjETO DE TREINAMENTO DESPORTIvO 255 análise dos resultados da temporada anterior 256 elaboração do planejamento da preparação desportiva 261 etapas de desenvolvimento do planejamento da preparação desportiva 261 planejamento a longo prazo 264 planejamento de treinamento do ciclo anual 266 CONSIDERAçõES FINAIS 271 REFERêNCIAS 273 19 Treinamento desportivo INTRODUçãO A preparação desportiva é um pro cesso tão complexo que o resultado fi nal só pode ser atingido com a união de diversos fatores cujas explicações e cujo entendimento não dependem apenas do domínio do conhecimento do conteúdo de treinamento mas também da arte e da intuição do treinador Dessa forma é possível considerar que o desenvolvimen to do processo de preparação desportiva de qualquer modalidade está diretamente relacionado com as evidências empíricas diagnosticadas na prática pelo treinador No entanto é necessário cada vez mais o fundamento teórico proveniente da inves tigação científica nas diferentes áreas re lacionadas com as ciências do desporto O conhecimento da teoria e da meto dologia do treinamento desportivo temse tornado o maior artifício para o treinador e o sucesso está relacionado com as in vestigações científicas no domínio do des porto e por que não em diversas outras áreas de atuação A área da pedagogia do desporto tem dado sua contribuição destacandose consideravelmente como componente essencial na preparação do atleta moderno A experiência na área do desporto tanto como atleta quanto como treinador e a atuação na área de pesquisa permi temme afirmar que uma das dificuldades enfrentadas pelo treinador está relaciona da com a estruturação a organização e a periodização do treinamento desportivo As informações colhidas na literatura na cional ainda não respondem a todas as dúvidas que o treinador apresenta na sua prática de estruturação do processo de preparação do desportista A teoria de preparação desportiva formulada nos últimos anos tem como base as experiências de treinadores e de estudiosos oriundos de países do Leste Europeu os quais de modo sensacional sugerem formas muito específicas de or ganização e de estruturação do processo de treinamento sempre com o objetivo de preparar seus desportistas para obterem resultados em um sistema de competição que difere muito da realidade latinoame ricana Ao apresentar nesta obra os diver sos modelos de estruturação da carga de treinamento no processo de preparação a longo prazo procurouse oferecer al ternativas que venham atender de forma concreta às manifestações do calendário desportivo brasileiro A expressão preparação desportiva PD demonstrada na Figura 1 a seguir compreende todos os fatores relacionados com a preparação do atleta e que podem leválo ao desenvolvimento de uma boa 20 Antonio Carlos Gomes performance no desporto praticado Dessa maneira a PD é composta por três sistemas que de uma forma integrada facilitam a preparação do desportista São eles n Sistema de competições indica todas as manifestações da competição des de sua forma de disputa até o diagnós tico das ações motoras realizadas pelo atleta na atividade competitiva do des porto praticado n Sistema de treinamento está relacio nado com o desenvolvimento e com o aperfeiçoamento de capacidades mo toras tais como força velocidade re sistência coordenação e flexibilidade A estruturação do sistema de treina mento depende do sistema de compe tições em alguns desportos o sistema de treinamento é de fundamental im portância todavia em outros não As sim a construção do processo de trei namento apresenta particularidades de um desporto para outro n Sistema de fatores complementares tratase de todos os meios que auxiliam na preparação do atleta principalmen te os relacionados com a recuperação após cargas de treinamento e com os meios utilizados para a mobilização do atleta para a competição Estão incluí das as áreas da psicologia medicina fisioterapia nutrição e massoterapia dentre outras A expressão treinamento desportivo tem relação direta com a adaptação psi comorfofuncional que se altera durante toda a temporada de treinamento A or ganização a estruturação e o controle do treinamento podem auxiliar de forma de cisiva no ganho de performance de alto rendimento Como definição podemos nos referir ao treino desportivo como um conjunto de procedimentos que devem ser considerados com o objetivo de aperfeiçoar as capacidades motoras até um estado óti mo mantendo sempre o equilíbrio entre os sistemas biológico psicológico e social Esta obra apresenta em 9 capítulos os temas mais pertinentes e fundamenta dores do raciocínio científico relaciona dos com a estruturação e a periodização do treinamento desportivo com exemplos concretos nos desportos respeitando suas particularidades e principalmente o ca lendário desportivo que determina o pro cesso de treinamento de nossos atletas FiGurA 1 Sistema de preparação desportiva e seu subsistema Matveev 1999 suas variantes e em função da variante escolhida e das condições concretas levar a diferentes resultados O efeito da apli cação dos mesmos meios e métodos de preparação desportiva diante de situações distintas não é o mesmo Devido a isso atribuise um significado especial na bus ca dos objeti vos à realização consequente dos princípios determinados ou seja das teses que no estado ideal revelam suas regras fundamentais e ao mesmo tempo orientam de um modo mais preciso como se deve observálas nas condições típicas da prática desportiva Assim a observação das regras de preparação desportiva está ligada à elaboração dos princípios que a regulamentam Os princípios são adequados somen te quando revelam objetiva mente as re gras e não são aleatoriamente deduzidos Nisso consiste a interação dos princípios e das regras em questão as regras são pri márias e os princípios enquanto repre sentação das regras secundários PriNCÍPiOS PEDAGÓGiCOS DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA Na literatura especializada Go mes 1999 ao expor os princípios para a orientação exata da atividade do técnico PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA LEiS E rEGrAS O treinamento desportivo moderno como um processo pedagógico ocorre sob a orientação dos conhecidos princípios científicos que podem ser subdivididos em dois grupos fundamentais gerais e es pecíficos Siff Verkhoshanski 2004 O primeiro grupo inclui os princípios pedagógicos didáticos gerais que repre sentam todo o processo pedagógico como atitude consciência caráter personalida de do atleta etc O segundo grupo está relacionado diretamente com a especifici dade do treinamento desportivo que re flete as características essenciais inerentes à modalidade desportiva A teoria do trei namento desportivo defende que o conhe cimento dos princípios científicos comu mente chamados de leis e regras pode na prática orientar o caminho para o sucesso As regras representam por si mesmas vín culos essenciais objetivos dependências e relações na esfera da atividade desportiva Somente elas compõem o fundamento só lido de obtenção de resultados no despor to dei xando de ser subjetivas A diferença entre as manifestações inconscientes das leis e as regras da ativi dade compreendida aqui também a des portiva dá liberdade de optar por uma de PRINCíPIOS CIENTíFICOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 1 22 Antonio Carlos Gomes desportivo comumente mencionase em primeiro lugar os princípios pedagógicos ge rais com os didáticos incluídos os quais se configuram na esfera da pedagogia geral que une os conhecimen tos aplicados refe rentes às regras do ensino e da educação em outras palavras são conhecidos pela denominação dos princípios da consciência e da ativida de da intuitividade e da acessi bilidade do caráter sistemático etc Isso é adequado à medida que os princípios desse gênero elaborados corretamente reflitam as regras universais do ensino e da educa ção que permeiam a preparação do atleta Entretanto tais princípios naturalmente não refletem suas regras específicas e con sequentemente não podem ser utilizados na preparação do atleta Destacamse também os princípios elaborados na teoria e na metodologia da educação física São os princípios que asse guram o caráter permanente do processo de educação física sua alternância sistemá tica de cargas com intervalos de descanso o aumento consecutivo das influências do treinamen to e a construção cíclica do siste ma de treinos e sua orientação adaptável a diferentes objetivos adequada aos perío dos de desenvolvimento físico mo tor do indivíduo Matveev 1991 Tais princípios refletindo integral mente as regras especiais da educação física são adequados também em rela ção ao treinamento desportivo confor me constituam uma das variedades do processo de educação física Porém eles não são igualmente potentes em sua tota lidade como os princípios especiais sendo aconselhável considerar somente os que reflitam suas regras específicas Princípios especiais da preparação desportiva Os princípios especiais da prepa ração do desportista sustentados pela identi ficação de suas regras básicas pas saram ao longo da história do desporto por muitos erros nas suas práticas Em bora o processo de conhecimento seja inquestionavelmente infinito há funda mentos para confirmar que a abundân cia de resultados da experiência prática e o material da pesquisa científica permitem não só avaliar com segurança uma série de regras fundamentais da preparação desportiva como formular os princípios que a regulamentam Devemos concentrar a atenção uma vez mais no que se deve entender por regras de preparação do desportista As principais são as que representam unem e condicionam mutuamente os fatores da preparação que exercem sua influência nas alterações dos sistemas do organismo do atleta em razão do resultado do treina mento e do grau de preparação em geral É impossível entender as regras em ques tão sem a aceitação de tal condição Assim ocorre principalmente quando se trata de condicionar uma regra aparente da prepa ração desportiva limitandose à obser vação de algumas mudanças morfofun cionais do atleta e deixando de lado o que aconteceu nessa mesma preparação e que condicionou as mudanças observadas Tal enfoque equivale à tentativa de explicar algo que é consequência das causas deter minadas sem saber quais são elas Graças aos esforços realizados por muitos especialistas a teoria e a prática do desporto em geral estão avançando com sucesso pelo caminho do co nhecimento cada vez mais aprofundado e pelo uso apropriado das regras com base nas quais se assegura o progresso desportivo porém ainda não são conhecidas com a plenitu de e a exatidão necessárias A maior par te delas está descrita somente de forma aproximada No complexo geral das regras de preparação do desportista as de treina mento desportivo são as mais estudadas Apesar disso nas representações referen 23 Treinamento desportivo tes às regras e aos princípios da preparação desportiva que serão discutidas a seguir a atenção é concentrada não somente no treinamento mas também nas esferas de preparação fora do treinamento e na pro blemática da interação da ativida de prepa ratória e competitiva do desportista Princípio da continuidade no processo da atividade competitiva Como se sabe o princípio da conti nuidade é reconhecido há tempos como um dos mais importantes na área da edu cação Os estudos que explicitam sua es sência foram elaborados detalhadamente com base na teoria e na metodologia da educação física como apoio aos dados de pesquisa sobre as regras do processo de ensino dos movimentos locomotores e de formação das capacidades motoras Ma tveev 1991 O problema da continuidade do processo de treino destinado a assegu rar a mudança progressiva da capacidade de trabalho dos que praticam desporto surge em primeiro lugar por causa do caráter transitório das mudanças morfo funcionais ocorridas com a sessão de trei namento Logo após o término da sessão iniciase o processo de restabelecimento do nível funcional inicial Outras ao se transformarem durante um longo perío do de tempo restabe lecimento e super compensação dos recursos bioenergéticos modificações plásticas dos tecidos etc são também como se nivelassem com o tempo e pudessem desaparecer por com pleto se por acaso não houver sequên cia nas sessões de treinamento as quais origi nam mudanças Nas condições de treinamento regu lar realizados a longo prazo bastam al guns dias de interrupção do treinamento para que comece a diminuir o grau de treinabilidade de preparação ou no míni mo da manutenção do nível alcançado É necessário garantir na sequência das ses sões a sucessão ininterrupta de seu efeito ou seja não admitir entre elas intervalos que não permitam a soma acúmulo dos efeitos que levem ao desenvolvimento ou destruam o efeito do treinamento obtido Disso derivam como princípios as diretri zes para a frequência suficiente e a rela ção e duração das sessões no período Nis so consiste a essência geral do princípio da continuidade e é portanto adequado à preparação do desportista Com isso a ideia da continuidade está em processo de concretização refletindo a especificidade das regras do desenvolvimento da ativida de desportiva As características da continuidade do processo de atividade desportiva estão condicionadas principalmente à ideia de realização máxima das condi ções do des portista pelo nível elevado das cargas de treinamento e de compe tição em conjun to e além disso pela estrutura cíclica do processo de desen volvimento da ativida de competitiva e preparatória Devido a esses fatores a preparação para as com petições e a prática competitiva do atleta desenvol vemse como processo de senti do único preparatóriocompetitivo cuja continuidade se caracteriza plenamente pelos seguintes traços n a atividade desportiva preparatória e competitiva desenvolvese na práti ca no decorrer de um ano completo e de muitos anos assim Seu regime permanente assegura a aquisição a conservação e o desenvolvimento da treinabilidade n a conexão desse processo é assegurada pela sucessão ininterrupta dos efeitos das sessões anteriores e posteriores em conformidade com as diversas etapas mas com uma tendência comum à ele vação do nível de treinabilidade e do grau de preparação em geral 24 Antonio Carlos Gomes n o intervalo entre as sessões de treina mento reduzse de acordo com o desen volvimento da treinabilidade o que dá origem à redução do regime geral das sessões acompanhada pelo acúmulo de seus efeitos Ao mesmo tempo os intervalos recuperativos nas séries das sessões competitivas e de treinamento são regulados de tal maneira que não ocorra superesgotamento ou treina mento excessivo Na Figura 11 é demonstrada a de pendência do efeito das sessões de trei namento em relação à sua quantidade Com o aumento do volume das sessões de treinamento tornase primeiramente mais ativa a dinâmica de seus efeitos mais próximos e os dos vestígios recentes que ocorrem em perío do de tempo relativa mente curto neste caso ocorre o restabe lecimento ime diato das fontes de energia o esgotamento e o restabelecimento da capacida de de trabalho etc Com isso se o aumento da quantidade de sessões de treinamento for constante ocorre um acúmulo dos efeitos do treinamento de longa duração o que acontece no estabe lecimento e na perfeição das habilidades motoras no desenvolvimento da treina bilidade no aumento das possibilidades funcionais do atleta etc Do ponto de vista metodológico de vese observar tudo isso o que signifi ca pôr em prática o princípio da continuidade da preparação desportiva Sua manifestação típica no desporto moderno encontrase na prática nas sessões desportivas orga nizadas diariamente durante todo o ano ao longo de muitos anos Paralelamente os que passaram o período de preparação de forma adequada treinam não apenas diariamente mas também com intervalos ainda mais reduzidos ou seja duas vezes ao dia ou mais o nú mero total de sessões em algumas etapas alcança 18 ou mais por semana Graças a isso o processo de treinamento da mesma forma que todo o processo de desenvolvimento da atividade desportiva reduzse o que pos sibilita as mudanças essenciais ao desenvolvimento da treinabilidade e à realização das possi bilidades do atleta O efeito positivo de todos esses fa tores que influenciam do treino ao de senvolvimento ocorre desde que sejam observados todos os princípios da cons trução do sistema de preparação do des portista Dentre eles está o prin cípio de continuidade que apresenta um vínculo particularmente estreito com o princípio do desenvolvimento cíclico da prepara ção juntamente com o sistema de compe tições Matveev Meerson 1984 COMBiNAÇÃO DAS CArGAS DE TrEiNAMENTO NO PrOCESSO DE PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA No desporto objetivase o desen volvimento máximo das capacidades do des portista Isso está relacionado ao in cremento máximo das cargas de treina mento e de competição à complexidade das tarefas executadas no processo de preparação desportiva e à superação das crescentes dificuldades Há muito consta touse que as capacidades do indivíduo se desenvolvem melhor com sua exposição a atividades que requeiram esforços pouco ordinários No desporto tal regra é revelada amplamente Ela é observada principal mente durante a análise comparativa da dinâmica das cargas de treinamento dos desportistas de alto rendimento Assim a quilometragem do treinamento anual dos corredores de distâncias de meio fundo mais destacados da Europa durante o me sociclo cresceu em mais de 15 vezes no ano de 1938 era de 430 km aproximada mente realizada pelo recordista mundial em corrida de 800 m Rudolfo Harbig e 25 Treinamento desportivo FiGurA 11 Efeito acumulado da sessão de treinamento A Três sessões consecutivas seguidas de recuperação ativa B seis sessões consecutivas seguidas de recuperação ativa Matveev 1996 26 Antonio Carlos Gomes os corredores de meio fundo contempo râneos de alto rendimento têm alcança do o nível de 65007000 km ou mais A qui lometragem anual de treinamento de natação dos principais nadadores após os anos 50 cresceu em ritmo ainda mais acelerado muitos nadadores con temporâneos em alguns dias nadam du rante o treinamento uma quilo metragem maior que a que seus antecessores dos anos 50 atingiam em um mês No total os parâmetros máximos das cargas dos principais desportistas são tão significati vos que comparativamente até recente mente seria pouco provável que alguém pudesse afirmar que eram verdadeiras Matveev 1977 Na realidade tais fatos demonstram que existe uma dependência cons tante dos resultados desportivos em relação aos parâmetros das cargas no processo de preparação desportiva Isso é evidenciado nas pesquisas experi mentais que manifes tam que para aproximar a atividade fun cional das condi ções ideais é necessário estimular transformações progressivas no organismo que levem ao aumento dessas capacidades funcionais para desenvolver o máximo de trabalho Por sua vez fa tos desse tipo propiciam a adaptação do princípio das cargas máximas na atividade desportiva O que é ainda necessário ser com preendido pela combinação dos termos carga máxima ou carga limite está re lacionado com a representação sobre a carga até certo ponto até o gasto total da capacidade de trabalho A compreen são da carga máxima reflete parcialmente seus índices com adap tação somente para alguns casos deixando de lado os índices de uso essenciais na prática sob o ponto de vista metodológico Para identificar mos isso basta imaginar o seguinte exem plo suponhamos que o desportista nova to consiga suportar parâmetros de cargas de treinamento nas sessões isoladas até o nível que praticam os desportistas de alto rendimento que possuem a experiência de treinamento a longo prazo No treinamento a ideia do uso das cargas máximas é conduzida com eficá cia Certamente não pois a nãocorres pondência das cargas às possibi lidades adaptativas do desportista estimula o surgimento da tensão excessiva o estado de supertreinamento ou de outros efeitos similares Nesse caso não se deve falar de carga máxima admissível mas de carga além do limite No que diz respeito à carga máxima adequada metodologica mente é justi ficada somente aquela que mobiliza totalmente as capacidades fun cionais do desportista sem sair dos limites de suas possibilidades adaptativas Seu traço característico consiste também em não prejudicar a normalização do estado geral do atleta depois da carga e em con dições determinadas ser um fator espe cialmente potente que estimula o cresci mento da capacidade de trabalho O período em que devemos usar tais cargas está condicionado em muitos aspectos à preparação realizada ante riormente durante a qual se assegura o crescimento mais ou menos constante das cargas de treinamento A gradua ção é nesse caso uma tendência ao incremen to das cargas que segundo o tempo de terminado quanto maior forem e quanto mais rápido for o aumento de uma para a outra menor será a medida da gradu ação e ao contrário quanto menor for seu incremento no tempo mais alta será a medida da graduação em sua dinâmica A medida necessária da graduação depen de das possibilidades adaptativas do orga nismo do atleta uma vez que o aumen to de novas cargas elevadas deve ocorrer de acordo com a adaptação às anteriormente propostas No primeiro estágio do desen volvimento dos pro cessos adaptativos o estágio da assim chamada adaptação de urgência a reação do organismo no 27 Treinamento desportivo que diz respeito às cargas nãousuais não é completamente adequada e é exces sivamente ativa Platonov 1987 Uma das condições para atingir o estágio conhecido como estágio da adap tação estável quando a reação às cargas propostas é adequada econô mica e está vel é a ocorrência da estabilização dos parâmetros da carga Dessa maneira o organismo do atleta assimila a carga de treinamento pos sibilitando o crescimento desta ou ainda a evolução do seu rendi mento desportivo individual Assim deduzse que no processo de direcionamento das cargas preparatórias desportivas é necessário combinar duas tendências que parece riam incompatíveis ou seja a graduação e a maximização das cargas de treinamento O aumento gradu al de carga facilita a adaptação contribui para a consolidação das reestruturações adaptativas geradas e ajuda a criar adapta ções ao novo nível elevado das cargas Por sua vez o uso em etapas das cargas má ximas correspondentes às possibilidades adaptativas do atleta permite de maneira eficaz dinamizar o progresso da treinabili dade sair dos limites do status adaptativo configurado nas etapas anteriores e gerar um impulso fortíssimo para o desenvolvi mento Por isso não se deve contra por a graduação e a maximização na dinâmica das cargas preparatórias des portivas como incompatíveis Devese considerálas ten dências mu tuamente correlacionadas e condicionadas no sentido da realização completa das possibilidades de sucesso do desportista O princípio da conexão permanente de graduação e de maximização na dinâ mica dos fatores de treinamento fornece a seguinte orientação devese combi nar sistematicamente as tendências de graduação e de maximização adaptativa adequadas ao incremento das cargas pro postas pela influência que exercem tais fa tores tanto durante a execução dos exer cícios preparató rios como no aumento da utilização dos meios do ambiente natural e de outros meios de preparação É preciso regulamentar a carga for mada durante uma série de sessões de etapas e de períodos de preparação do atleta com adaptações à dinâmica in dividual de sua treinabilidade levando em consideração os índices concre tos de adaptação às cargas que tenham exerci do e que estejam exercendo influência no organismo Não é correto considerar ade quada cada carga imposta ao desportista quando sua aplicação for de uma ou de poucas vezes em caso de sua reprodução múltipla de uma sessão para outra En quanto isso no processo de reprodução regular podem ocorrer somente as cargas que correspondam ao nível presente das capacidades adaptativas do des portista ou seja aquelas às quais ele é capaz de se adaptar sem ter índices de tensão excessi va ou de supertreinamento A partir disso as cargas elevadas adquirem o controle minucioso de seu efeito acumulado o fato de determinar segundo seus índices as tendências do desenvolvimento da pre paração desportiva e de corrigir enquan to surgir a necessidade a carga somada em várias sessões ou semanas de treina mento para evitar tal estado resultado do supertrei namento É preciso levar em conta o considerá vel aumento cumulativo dos parâ metros de várias cargas de treinamento princi palmente após os resultados da adaptação às cargas propostas anteriormente come çarem a diminuir as mudanças funcionais originadas por elas As possibilidades de utilização das cargas máximas adequadas são mais consideráveis quanto mais altos forem o nível de preparação física geral e o grau de treinabilidade específico obti dos pelo desportista Deles depende tam bém a duração do tempo ao longo do qual é normal aumentar a carga que é somada em várias sessões de treinamento 28 Antonio Carlos Gomes Dependendo do grau de incremen to de uma sequência de carga de treina mento e do processo de adaptação a ela como momentos imprescindíveis da re gulagem de sua dinâmica ocorrem às vezes a estabilização eou a diminuição temporária de seu nível A última é justi ficada preponderante mente quando o in cremento anterior do volume e da inten sidade das cargas passou por um período de tempo relativamente longo com rit mos acelerados e frequentemente esteve conjugado com a mobilização máxima ou aproxima da das possibilidades funcionais e adaptativas do desportista Carga ondulatória durante o processo de preparação desportiva A combinação das cargas de treina mento pode ocorrer de diferentes formas principalmente no que concerne a duas variantes relacionadas com a dinâ mica das cargas preparatórias desportivas Uma delas expressase na dinâmi ca das cargas principais como se adquirissem a forma de degrauselos e a outra a forma ondulatória Figura 12 Na dinâmica das cargas do primei ro tipo os momentos de incremento são demarcados e localizados estritamente no tempo e o período de estabilização de seus parâmetros é ampliado apresentando as condições prévias para sua adaptação A diferença entre esta e a dinâmica de on das está na manipulação das cargas pois nas escalonadas em degraus o cresci mento é constante Na forma ondula tória as cargas sofrem uma diminuição periódi ca antes de um novo pico de carga Essa necessidade é assegurada pelo aumento das influências de desenvolvimento distri buído no tempo pelas alterações no volu me e na intensidade diferenciada e não paralelamente pela diminuição no tempo FiGurA 12 Alteração das cargas de treinamento nos microciclos Matveev 1996 Legenda a Setas contínuas alterações dos volumes fundamentais das cargas b Setas pontilhadas alteração de sua intensidade 29 Treinamento desportivo do nível geral das cargas após terem al cançado o nível de pico No processo de preparação despor tiva a forma escalonada da dinâmica das cargas é preferível nas primeiras etapas da atividade desportiva no início dos ci clos longos de treinamento e em algumas outras situações quando é necessário as segurar uma graduação especial no desen volvimento das influências das cargas A forma parecida mas com o incremento da carga expresso ostensivamente como um salto pode servir também no alto ren dimento do aperfeiçoamento desportivo como fator que torna o desenvolvimento da treinabilidade mais dinâmico Em geral para a dinâmica das cargas de um atleta de alto rendimento que aspire à realização de suas possibilidades de sucesso em ritmo acelerado é característica em maior grau a utilização da forma ondulatória do de senvolvimento Isso tornase claro se con siderarmos suas particularidades já men cionadas graças às quais se combinam de forma natural a vertente do incremento de tais influências com ritmos bastante ele vados e a vertente que tende à prevenção da acumulação excessiva do efeito das car gas crônicas o papel profilático principal é desempenhado na fase de descarga na dinâmica ondulatória das cargas Certamente encontramse na lite ratura especializada análises diferentes sobre seu caráter ondulatório As opiniões vão principalmente no sentido de que o caráter ondulatório estudado está funda mentado não tanto nas razões regulares mas nas causais e de que enquanto for ma dominante das cargas preparatórias desportivas tem de ser outra segundo o critério de alguns autores dinâmica aos saltos e de outros no entanto retilínea etc Nessa relação salvo o que já foi men cionado devese levar em conta que de vido ao seu caráter ondulatório as cargas de treinamento no processo de preparação desportiva apresentam três formas n Curtas caracterizam as cargas ondu latórias nos microciclos semanas de treinamento n Médias tratase das cargas expostas em uma série de microciclos compon do assim o treinamento mensal me sociclo n Longas são as cargas que se manifestam em séries de ciclos médios que compõem etapas e períodos do macrociclo conhe cidos como temporada de treinamento e competições Figura 13 As modificações ondulatórias na di nâmica das cargas desportivas prepara tórias não estão suficientemente claras porém adquirem um caráter regular Isso não está sujeito a dúvidas com a análise objetiva dos que exercem influência na estrutura do processo de preparação des portiva As mudanças ondulatórias das car gas nos microciclos são inevitáveis quan do o nível geral do treinamento alcança magnitudes bastante grandes A dinâmica ondulatória surge diante da necessidade de alternar adequadamente as fases prin cipais de acúmulo nos microciclos em que é assegurado o acúmulo progressivo dos efeitos das cargas e as fases de des carga relativa de descanso recuperador e profilático visando a excluir o perigo do acúmulo excessivo e capaz de submeter o organismo do desportista ao estado de subtreinamento Normalmente ocorre na última fase do microciclo o descanso am pliado não somente passivo mas também ativo que pode estar relacionado com o volume considerável de carga de baixa in tensidade Zakharov Gomes 1992 Nos ciclos médios com o crescimen to da carga em várias sessões ao longo de uma série de microciclos cedo ou tarde surge a necessidade de mudar sua tendên cia geral paralelamente à diminuição no tempo do nível de cargas que foram acres cidas com a atividade principal Em pri 30 Antonio Carlos Gomes FiGurA 13 Alterações das cargas fundamentais de treinamento nos macrociclos Matveev 1996 legenda a Curvas onduladas contínuas alteração do volume das cargas nos ciclos médios e nos períodos dos macrociclos b Setas pontilhadas tendência geral da alteração da intensidade preponderantemente nos exercícios preparatórios especiais 31 Treinamento desportivo meiro lugar isso é necessário para excluir a transformação do efeito acumulado das cargas crônicas no estado de treinamento excessivo e em outros fenômenos pareci dos para não entrar em contradição pe rigosa com as possibilidades adaptativas do organismo para facilitar a evolução dos processos adaptativos no estágio de adaptação estável e para garantir com isso as condições para assimilação dos novos parâmetros das cargas de treina mento para o desenvolvimento no meso ciclo seguinte Assim a dinâmica está co ordenada com as regras da transformação da acumulação das cargas preparatórias a longo prazo no efeito do incremento dos resultados desportivos Isso se expressa no fenômeno da transformação tardia Shaposhnikova 1984 Em relação aos ritmos de aumento do volume sumário da carga o fenôme no da transformação tardia revelase no ritmo lento de rendimento desportivo A melhora do resultado é observada não no mesmo momento em que o volume das cargas preparatórias alcança sua maior magnitude mas algum tempo depois que este se estabiliza ou diminui temporaria mente Figura 14 Esse fenômeno já foi bem estudado e explicase pela contradi ção entre os incrementos de volume e de intensidade das cargas As tendências gerais das mudanças das cargas ondulatórias durante os ciclos longos são asseguradas em maior medi da pelas regras segundo as quais se di reciona tanto a forma desportiva como o estado ótimo de preparação do desportis ta para os sucessos desportivos no âmbito do macrociclo ou seja pelas regras com as quais se assegura o estabelecimento da forma desportiva no momento das com petições mais importantes de sua possí vel manutenção ao longo de todo o perío do além da passagem ao ciclo seguinte de preparação Desde o início outros fatores FiGurA 14 Fenômeno da eficiência competitiva das altas cargas de treinamento Matveev 1996 32 Antonio Carlos Gomes e circunstâncias influenciam a dinâmica das cargas nos macrociclos mas isso de forma alguma elimina o caráter regular de seu desenvolvimento total O caráter ondulatório não é caracte rístico de todas as cargas preparatórias des portivas mas preponderantemente da quelas que estão relacionadas com o uso progressivo dos meios básicos que in fluenciam o treinamento no processo de desenvolvimento segundo as etapas de preparação Ao mesmo tempo nem todos os parâmetros dessas cargas submetemse uniformemente às oscilações ondulató rias Costa 1968 Existem parâmetros que no processo da preparação de mui tos anos alcançam certos níveis e logo se estabilizam por um período longo Entre eles estão por exemplo os índices de vo lume sumário das cargas o número total de sessões de treinamento e o tempo gas to nelas se tais índices alcançam o limite natural quando as sessões se organizam todos os dias e mais de uma vez por dia ou se limitam de forma relativamente es tável pelas condições gerais permanentes de vida Na essência de alguns parâme tros estáveis da carga tem lugar a modifi cação dinâmica de outros que asseguram o crescimento dos sucessos desportivos sobretudo dos índices parciais do volume e da intensidade da carga em diferentes grupos e em subgrupos dos exercícios pre paratórios Em geral os diferentes parâmetros da carga no processo de desenvolvimento da preparação desportiva não permane cem constantes Uma das causas principais são as discrepâncias na dinâmica de seu volume e na intensidade durante o au mento Os parâmetros de seu volume e de sua intensidade podem por algum tempo crescer simultaneamente então quando se aproximam de um nível bastante alto o aumento tornase possível sob condição de estabilização presente e logo também da diminuição da intensidade que passa a ser condição para o aumento do volu me Devido a isso em diferentes etapas da preparação desportiva devese variar diferentemente tais parâmetros de carga o que a seu modo influencia o caráter ondulatório de sua dinâmica Portanto a forma ondulatória das cargas adquire maior significado quan to mais elevado for o nível comum Com isso o grau das mudanças ondulatórias de uns ou de outros parâmetros das car gas depende também de outros elementos específicos das sessões de treinamento no desporto Assim a dinâmica das cargas principais nos desportos de forçaveloci dade distinguese pela predominância da tendência ao aumento da intensidade ab soluta das ações competitivas e dos exer cícios preparatórios mais próximos com sua duração comparativamente menor Isso condiciona o caráter ondulatório re lativamente bem definido na mudança de volume das cargas preparatórias especiais principais Figura 13A No entanto nos desportos de resistência o nível geral da intensidade das cargas fundamentais é consideravelmente mais baixo frequen temente está dentro das zonas de potên cia fisiológica moderada e grande do tra balho muscular Seu volume é sumário e alcança de uma vez magnitudes abso lutas maiores o que condiciona o caráter ondulatório menos definido na dinâmica comum das cargas Figura 13B Em geral a grande quantidade de fatores e de circunstâncias dentre elas os controlados os parcialmente controlados e os nãocontrolados acessórios casuais influencia na dinâmica das cargas prepa ratórias desportivas e competitivas A úl tima pode alterar as formas objetivamen te necessárias da dinâmica das cargas A habilidade de direcionála é um dos ele mentos fundamentais da arte com a qual se elabora a preparação desportiva ótima Isso pressupõe a habilidade para delinear as tendências imprescindíveis à dinâmica 33 Treinamento desportivo das cargas nos micro meso e macrociclos para comensurar e para regular adequa damente as alterações ondulatórias de seus parâmetros no processo da atividade na medida do aumento das cargas iNTEGrAÇÃO DAS DiFErENTES PArTES DA PrEPArAÇÃO DO DESPOrTiSTA Na caracterização geral do conteúdo da preparação multilateral do desportista a preparação física a técnica a tática e a psíquica a preparação geral e a específi ca além de outras devem ser controladas a fim de não entrarem em contradição quando afirmamos que o aumento ex cessivo do volume de algumas partes da preparação física pode prejudicar a pre paração técnica Apesar disso por mais diferentes que possam ser as partes as regras relacionadas com os resultados desportivos obrigam a garantir uma es truturação da preparação desportiva co ordenada integralmente que leve a um resultado unificado ou seja ao estado de preparação do atleta para o sucesso de pleno valor O princípio da tendência seletiva e da unidade das diferentes par tes da preparação do desportista orienta racionalmente tal processo Esse princípio fundamentase na uti lização direcionada das interdependências e das correlações naturais conhecidas que unem diferentes qualidades capacidades destrezas e hábitos do desportista no pro cesso de sua manifestação de sua for mação e de seu desenvolvimento Todos incluídas também as capacidades nor malmente denominadas físicas moto ras e psicomotoras correlacionamse ou estabelecem outras relações de unida de devido a unidades naturais do organis mo à indissolubilidade de suas estruturas e de funções corporais Sabese além dis so que essas relações sob determinadas condições revelamse como interações de sentido único e que se caracterizam em particular por categorias como a pas sagem positiva e negativa dos hábitos a passagem dos avanços no processo de desenvolvimento dos diferentes tipos de capacidades a passagem seletiva e nãodi ferenciada dos componentes de treinabi lidade etc Matveev 1996 Durante a preparação desportiva condicionam de forma seletiva a passagem positiva ou negativa dos efeitos parciais acumulados O problema aqui consiste no fato de uti lizar totalmente a passagem positiva dos efeitos parciais da preparação assegura dos segundo as partes em direção única que leve aos sucessos desportivos e à pre venção ou à superação dos momentos de passagem negativa que impedem o avan ço esperado Pareceria que para prever o perigo da passagem negativa seria melhor ex cluir totalmente da preparação do atleta tudo o que dela estivesse impregnado No entanto na realidade os momentos normalmente surgem como resultado do processo de muitos anos de progressos desportivos individuais como via de re gra todo o processo de desenvolvimento de formação de aperfeiçoamento indivi dual tem por essência o caráter dialético e de contradições internas compreende momentos de cooperação recíproca mas também de resistência mútua Em parti cular temos as influências recíprocas das transformações funcionais e morfofun cionais que ocorrem durante o desenvol vimento das capacidades físicas do des portista força e velocidade resistência aeróbia e anaeróbia e outras cuja me lhoria é imprescindível para os resultados de qualquer desporto de movimento ati vo Frequentemente a passagem negativa surge também no processo de formação primária ou na transformação dos hábi tos desenvolvidos durante os exercícios preparatórios ou no aprendizado inicial e no aperfeiçoamento da técnica das ações 34 Antonio Carlos Gomes competitivas Isso ocorre principalmen te quando se formam simultaneamente os hábitos na estrutura de coordenação nos quais juntamente com os elementos semelhantes estão os essencialmente di ferentes p ex no hábito de corrida rasa e com barreiras no salto mortal de costas agrupado e no giro de costas estendido Devese superar tal passagem também chamada interferência negativa dos hábi tos mais frequentemente na preparação técnica dos desportos no corpo de ações competitivas de objetivo múltiplo e que se renova sistematicamente ginástica olím pica patinação artística etc Nessa relação surge como um dos aspectos mais importantes da construção do programa da preparação desportiva a distribuição no tempo de alguns de seus componentes cuja concentração simul tânea aumenta a probabilidade do efeito que diminuiria a passagem negativa dos hábitos ou das mudanças de diferentes ti pos no desenvolvimento das capacidades do desportista Se por exemplo na mesma etapa do treinamento concentramse exercícios preparatórios que requerem a mobiliza ção completa do potencial aeróbio e anaeróbio do desportista é provável o surgimento do conflito dentre os efeitos acumulados de tais exercícios Sabese que a elevação do nível de consumo máximo de oxigênio CMO pode ser acompanhada da dimi nuição do nível do assim chamado limiar do metabolismo anaeróbio LMAN Por outro lado quando o LMAN cresce pode diminuir o CMO Caso esses e outros exer cícios sem serem excluídos totalmente do treinamento concentremse em etapas o aumento das possibilidades aeróbias ob tido inicialmente é capaz de se converter em uma das premissas básicas que contri buem para o desenvolvimento da resistên cia específica que inclui os componentes anaeróbios Expresso de forma figurativa mudase o sentido da translação com a consequência determinada das influên cias do treinamento O mesmo referese também à interferência dos hábitos Provavelmente as primeiras condi ções para a superação da passagem nega tiva sejam o aprendizado distribuído no tempo e o treinamento das ações por meio dos exercícios preparatórios diferenciados Para poder resistir a ela exigemse nas ações motoras de coordenação complexa a expressão pouco comum das capacida des de movimento coordenado e o que regularmente se exercita ativando o de senvolvimento em si Discutindose a ordem de combina ção das diferentes partes da preparação do desportista sobretudo daquelas como a geral e a especial a física e a técnica frequentemente se faz uma pergunta elas devem ser conduzidas paralelamente ou uma após a outra A rigor tal maneira de elaborar o problema é incorreta em es sência e em forma O princípio da continui dade é apropriado respectivamente para todas as partes fundamentais da prepara ção desportiva e nessa relação todas as partes mais longas desenvol vemse sin cronicamente Com isso diferentes com ponentes de conteúdo de métodos e de proporções das partes incluído também o problema de que peso específico tem cada parte da preparação em épocas dis tintas mudam frequentemente Devido a isso as noções de paralelismo ou não paralelismo pouco significam e podem orientar erroneamente É importante em princípio o fato de que com a continuidade do processo de preparação do desportista sua somatória incluídas as proporções de diferentes par tes é regulada conforme a lei segundo a sequência dos estágios dos períodos e das etapas na estrutura cíclica Ao mesmo tempo fica assegurada nos limites dos ciclos longos a transformação do proces so preparatório com o qual ela se desen volve segundo a lógica do processo de 35 Treinamento desportivo criação e de otimização das premissas dos sucessos do desportista Isso significa em particular que a forma como estão rela cionadas entre si as partes fundamentais da preparação desportiva até que ponto elas se diferenciam uma da outra ou se unem além de outros fatores depende de sua posição na estrutura cíclica do pro cesso de atividade desportiva que se de senvolve de forma dinâmica ou seja de pende em que estágios períodos e etapas desse processo constróise a preparação Uma coisa é construíla quando os resul tados objetivados ainda não ocorreram outra coisa é quando precisa ser criada para assegurar a elevação do nível das possibilidades funcionais do desportista a formação dos novos ou a renovação e o aperfeiçoamento dos hábitos e das destre zas desenvolvidos anteriormente Desde o início as modificações par ticularmente consideráveis no conteúdo e nas proporções de diferentes partes da preparação do atleta acontecem nos está gios longos básico de realização máxima e final No primeiro estágio geralmente está representada com maior plenitude a preparação geral Isso tem fundamentos legais dos quais o principal consiste em que as perspectivas individuais dos su cessos desportivos estão primordialmente condicionadas pelo desenvolvimento físi co e psíquico do indivíduo pelo nível ge ral de suas possibilidades funcionais com o enriquecimento sistemático do indiví duo dos conhecimentos das destrezas e dos hábitos Na realidade as fases ulte riores e o término dependerão de até que ponto se consegue assegurar a base no primeiro estágio da atividade desportiva de muitos anos À medida que a especialidade des portiva se aprofunda deve crescer o peso da preparação especial orientada à perfeição no desporto escolhido como o exigem as regras de crescimento da perfor mance condicionadas pelo limite natural da duração de vida Consequentemente a unidade da preparação geral e especial do atleta ainda que mutável na proporção em princípio não perde significado em qualquer das etapas Não o perde porque não existe a etapa em que se poderia me nosprezar a necessidade da preparação geral sem danificar de alguma forma o de senvolvimento unilateral do desportista e de suas perspectivas desportivas Durante os ciclos longos de prepara ção de tipo anual e semestral vai se mo dificando consideravelmente a ênfase do trabalho geral e especial e isso depende da concretização dos trabalhos realizados no período de preparação fundamental Com o começo do ciclo são relativamen te mais marcantes as partes que exercem influência seletiva no desenvolvimento das capacidades físicas ou outras do des portista Dentre elas está o progresso as segurado insuficientemente pela especia lização desportiva mas necessário como premissa para avançar em novo nível de rendimento Assim com a mesma dife renciação são assegurados a formação de novos a reestruturação e o aperfei çoamento dos componentes da técnica e da tática desportivas adquiridas anterior mente E à medida que se aproximam as competições principais devese aumentar a participação dos exercícios especiais que juntamente com as competições pro piciam um ganho de performance de alto rendimento Graças a isso acreditase em seu gênero em torno do qual ocorre a inte gração a unidade de todas as partes da preparação desportiva à proporção de seu desenvolvimento nos macrociclos No total suas partes não perdem o signi ficado relativamente independente mas durante o ciclo algumas tornamse cada vez mais unidas praticamente insepará veis como os componentes principais da preparação física psíquica técnica e táti ca especiais realizados à base da modela 36 Antonio Carlos Gomes ção da atividade competitiva e da prática competitiva Outras adquirem geralmen te as funções complementares como os componentes da preparação física geral usada no período das competições princi pais para manter a treinabilidade geral e para contribuir nos processos recuperati vos Meerson Pshennikova 1988 Devese destacar que o princípio da orientação seletiva e da unidade das di ferentes partes da preparação desportiva não estabelece de forma alguma normas universais para suas correlações quantita tivas Não somente devido às mudanças na dinâmica da atividade desportiva a longo prazo mas também à lei e à dispersão de sua variação dependendo das particulari dades individuais de desenvolvimento do atleta e de sua especialização desportiva do pressuposto concreto de tempo que o atleta despende para o desporto e do esti lo de vida de uma série de outros fatores e de circunstâncias mutáveis Por isso se ria interessante tentarse deduzir algumas normas universais O sistema de competições repre senta uma série de confrontos oficiais e nãooficiais incluídos no sistema de pre paração do desportista Determinada práti ca competitiva pode ser encarada como um sistema de competições quando as compe tições das quais o desportista ou a equipe participa apresenta uma ligação lógica en tre si e outros elementos de preparação que visam à obtenção do aperfeiçoamento na preparação do desportista Keller 1995 O sistema de competições despor tivas é o elemento central em qualquer gênero de competição e representa o sis tema de organização de metodologia e de preparação do desportista visando ao resultado nas ações competitivas Sem a competição não é possível aperfeiçoar plenamente as capacidades competitivas de alto rendimento Por isso o desporto olímpico é visto como uma esfera de de senvolvimento das ações competitivas De forma geral sobre a essência com petitiva do atleta devemos ressaltar que diferentes competições desportivas com características comuns possuem também diferentes especificidades distinguindo se por suas particularidades papel que desempenham na esfera do desporto e por suas formas de organização de cons trução e de realização Para ordenálas devemos considerar os fatores e circuns tâncias fundamentais que justificam as competições de um ou de outro tipo as suas correlações e as suas consequências O objetivo das competições desporti vas consiste na revelação das capacidades de atingir o resultado desportivo Matveev 1977 Consiste além disso na satisfação das necessidades pessoais e sociais na es fera do desporto Tais características estão presentes em qualquer competição des portiva Não obstante devido ao caráter multifuncional do desporto em geral e das condições em que se organizam as compe tições algumas de suas funções isoladas podemse destacar de forma desigual Al gumas se tornam por si mesmas domi nantes e determinantes em particular as que satisfazem as necessidades de espetá culo ou de propaganda ou até mesmo de interesses comerciais Isso influi nas for mas da organização e nas características específicas das competições Destacando no momento as causas e as circunstâncias que condicionam as particularidades das distintas competições no desporto consideramos o seguinte n nível de prestígio e escala da competi ção local regional estadual nacional ou mais abrangente n características dos participantes quan tidade idade sexo qualificação etc 2 SISTEMA DE COMPETIçõES DESPORTIvAS 38 Antonio Carlos Gomes n condições de acesso à participação se estão ou não previstas as eliminatórias prévias se o acesso é condicionado pela manifestação prévia do sucesso determinado ou se não se introduz tal condição etc n forma pela qual se determina o resul tado da competição a definição dos vencedores e a classificação dos de mais participantes o regulamento ordem de organização e seu regime estabelecido de fato com a eliminação ou não dos competidores no transcor rer da competição dependendo dos seus resultados participações simultâ neas de uma vez ou em duas ou mais etapas n condições de tempo de lugar de abas tecimento técnicomaterial e de arbi tragem da competição os espectado res e o ambiente social e emocional formado em torno da competição e do desporto praticado Devido a esse condicionamento múl tiplo e a suas variações as competições inclusive no âmbito do mesmo desporto frequentemente se diferenciam de forma radical Para compreender os princípios dessa diversidade e colocálos em prática é importante dispor de uma classificação pre cisa segundo seus principais indicadores CLASSiFiCAÇÃO DAS COMPETiÇõES DESPOrTiVAS Encontramse na literatura especia lizada várias tentativas de classificação das competições apesar de ser uma tarefa difícil Até o presente momento no entan to não se conseguiu estruturar uma clas sificação única abrangente e satisfatória em todas as especificidades e que não sus cite nenhuma surpresa ao se considerar a diversidade real de suas formas e manei ras de organização Para se chegar a ela exerce papel fundamental a elaboração de uma série de classificações que abranjam o complexo de diferentes indicadores que caracterizam as competições desportivas em sua totalidade Suslov 1995 Para formular a classificação geral das competições é necessário partir do ponto de vista metodológico de duas exi gências Inicialmente devese tomar os índices objetivamente essenciais para o desporto como um todo Por outro lado não se deve construir tal classificação de forma linear mas com muitos níveis muitos andares demonstrandoa em di ferentes níveis de indicadores adicionais ou de uma série deles As primeiras já fo ram denominadas competições desporti vas próprias e as segundas paradespor tivas A seguir elas serão caracterizadas mais detalhadamente Briankin 1983 As competições desportivas próprias representam a atividade competitiva pró pria com todo o complexo de especiali dades e o status oficial São estruturadas organizadas dirigidas e realizadas de tal forma que sejam assegurados os objetivos dos competidores a unificação do corpo de ações competitivas das condições de execução e dos métodos de avaliação dos resultados a regulamentação do compor tamento dos competidores segundo os princípios da concorrência nãoantago nista e a incorporação oficial no sistema de ações desportivas que determinam a graduação dos resultados desportivos O status oficial da competição no desporto contemporâneo é outorgado em confor midade com o seguinte n fazem parte do calendário desporti vo oficial a escala e o local campeo natos desportivos locais regionais ou de nível maior disputas de copas ou de outros prêmios desportivos de interesses diferentes etc que são compostos e confirmados previamen te pelas organizações desportivas o 39 Treinamento desportivo que ocorre de costume com um ano de antecedência n estão organizadas segundo o regula mento de competição oficial Estão regulamentadas pelo documento nor mativo formalizado com precisão nos padrões da Carta olímpica adotada normalmente ou que se confirma ou se aprova antes da competição no qual em conformidade com o destino con creto da competição são determinados o corpo de participantes a ordem de acesso e a participação nas competi ções concretizamse o regime e os cri térios do término da competição outras partes e condições de sua organização e resumo dos resultados e n desenvolvemse segundo as regras das competições adotadas oficialmen te nos desportos e asseguradas pela ar bitragem desportiva qualificada A rigor não se consideram oficiais as competições que não correspondam a todo o complexo dessas teses de regula mentação ainda que possam ser semio ficiais quando p ex ocorrem segundo o seu regulamento oficial Como se sabe as competições de primazia regionais nacionais e internacionais os campeo natos dos desportos que ordinariamente incluem uma série de etapas sucessivas e as competições complexas de alto ren dimento constituem as competições des portivas mais importantes Nas últimas décadas temse realizado também com petições de várias etapas como as copas com prova de etapa realizadas em escala global e continental e também as copas de federações desportivas internacionais Somente o resumo dos resultados das participações nessas e em outras com petições desportivas próprias determina oficialmente o nível de qualificação do atleta sua graduação correspondente o seu prestígio desportivo e a sua classifi cação Platonov 1987 Precisamente pela classificação colo cação dos competidores pelos luga resgraduação registrados oficial mente na dependência direta dos resul tados obtidos em condições unificadas da competição desportiva as competições desportivas próprias distinguemse das paradesportivas Em síntese ela pode ser denominada classificação competiti va desportiva No papel que o desporto desempenha segundo as classificações desportivas manifestase sua função de padrão competitivo e a ele devem ser sub metidos o mecanismo da competição desportiva própria e as formas de sua or ganização e de sua realização Por sua vez tais competições subdi videmse em uma série de variantes Os indicadores do agrupamento de classifica ção em diferentes níveis de sistematiza ção podem ter graus diferentes de fato res comuns É por meio da qualidade dos indicadores mais comuns que devemos considerar a escala das competições e seu significado amplamente reconhecido Por isso há razões para se subdividir as com petições desportivas próprias como um dos primeiros níveis de classificação con forme ilustrado na Figura 21 Matveev 1977 Os indicadores tecnológicos despor tivos referindose ao regulamento da forma de determinação do resultado da competição de seu regime e de sua or ganização em geral revelamse nos níveis de classificação a seguir Assim faz senti do destacar tais indicadores aplicandoos não a todos os desportos mas aos grupos isolados ou a grupos de desportos dado que seus indicadores não são universais Assim em uma série de desportos estão entre os indicadores tecnológicos essen ciais o caráter físico das competições ou a sua ausência quando a competição é de um ato e celebrada simultaneamente como p ex na corrida com distância úni ca para todos os participantes Aqui está 40 Antonio Carlos Gomes o indicador da ordem de eliminação dos participantes no transcorrer da competi ção dependendo do nível de resultados obtidos ou sem tal eliminação quando todos os participantes da competição nela intervêm desde o princípio até o final A partir disso as competições distinguemse por serem conduzidas em encontros ro tativos pela eliminação consecutiva por etapas dos participantes que possuem um grau menor de capacidade de concor rer em quartasdefinal semifinais etc e pela forma combinada que inclui en contros rotativos na primeira etapa e o procedimento com a eliminação posta em prática nas etapas seguintes o que ocorre em maior ou menor escala nos jo gos desportivos As competições paradesportivas também podem ser subdivididas segundo a sua classificação em vários grupos Fi gura 21 Nelas estão as competições que não apresentam a função de distribuição bemdefinida segundo a graduação des portiva e consequentemente necessitam da função reveladora do resultado despor tivo máximo mas têm uma função parti cular definida de forma preponderante Às vezes é particularmente característi ca a função preparatória relativamente às competições desportivas próprias a condicional demonstrativa quando a competição é organizada em forma de um espetáculo teatral ou familiar etc a de recreação quando tem caráter preponde rante de descansodiversão ou outra fun ção que não seja a desportiva própria É claro que denominandose tais competições de paradesportivas não se deve imputar ao termo uma conota ção depreciativa Frequentemente elas podem exercer um papel importante na vida desportiva Portanto as competições preparatórias usadas em sistemas cons tituem um dos meios fundamentais que adquire conserva e aperfeiçoa o estado de preparação competitiva específica do desportista As competições demonstrati vas têm um papel essencial na propagan da do desporto no seu início massivo e as recreativas na organização do descanso saudável rico em conteúdo Algumas delas ocupam um lugar es pecial no complexo comum das competi ções desportivas que às vezes são organi zadas de forma episódica e em condições determinadas podem ou não ser despor tivas próprias Por isso são competições amistosas eliminatórias ou outras cujo destino varia de acordo com as condições de organização Quando elas se organi zam sob princípios totalmente oficiais ad quirem o caráter de competições despor tivas próprias e quando não são oficiais ou são amadoras perdem tal caráter essa natureza mutável também é apresentada na Figura 21 É importante considerandose a sistematização prática das competições correlacionarmos o enfoque de classifica ção que reflita a relação dos personagens principais do desporto Partindo das posi ções dos desportistas e dos especialistas que diretamente garantem a otimização do processo de aperfeiçoamento despor tivo dos técnicos dos auxiliares técnicos dos médicos e de outros profissionais é lógica a subdivisão prévia das competições planejadas para o ciclo de um ano ou mais de atividade desportiva em competições básicas e nas preparatórias A diferença é determinada pela atitude subjetiva dos desportistas e de seus técnicos e pelas par ticularidades objetivas do papel e do lugar das competições no sistema da atividade desportiva do atleta e da equipe Com re lação às competições básicas elaborase a preparação précompetitiva especial du rante a qual se modificam de modo espe cial o conteúdo e a estrutura do processo de treinamento E com relação às competi ções preparatórias não se pratica a prepa 41 Treinamento desportivo ração especial pois elas constituem um de seus procedimentos Além disso elas fre quentemente ocorrem próximas das somas de cargas antecedentes não destacando os altos resultados do desportista legalmen te esses resultados são mais baixos que os obtidos anteriormente Dentre as competições básicas é pos sível destacar a competição principal e as secundárias Figura 21 Na maioria dos casos as últimas compreendem as oficiais programadas Como uma das principais para o desportista pode ocorrer a chama da competição eliminatória se ele com seus resultados anteriores não conquistou o direito de estar na seleção desportiva se o seu resultado for mais alto do que o de qualquer outro pretendente à incorporação na seleção a fase eliminatória praticamen te perde para ele o significado de básica Na prática estão compreendidas dentre as competições básicas nos desportos cole tivos também as competições amistosas e outras que se organizam de forma especial que não são comparativamente de grande escala e seu término tem o significado FiGurA 21 Classificação das competições Matveev 1977 42 Antonio Carlos Gomes de princípio para a próxima participação na competição geral No entanto com tal determinação da classificatória existe o perigo de prevalecerem os princípios pura mente subjetivos na avaliação de seu sig nificado O complexo das competições prepa ratórias do atleta da equipe é formado pelo número de competições oficiais e nãooficiais que por circunstâncias exte riores à sua organização apresentam um caráter predominantemente preparatório incluindo o treinamento que contribui na elevação do nível do estado condicionado pelo treinamento ou de suas partes indi vidualmente a adaptação que contribui com a acomodação às condições exterio res análogas às das competições básicas e principalmente às principais e o controle que possibilita acompanhar o estado de preparação do atleta em sua totalidade ou com relação a algumas de suas partes in dividualmente Essas competições podem ser deno minadas treinamento preparatório pois exercem um papel primordial no proces so de elevação do nível de preparação dos desportistas diante de condições co nhecidas isso supõe uma alternância sis temática em série nos limites do período determinado de tempo com intervalos que contribuem para a acumulação dos efeitos das cargas competitivas Assim ao se elaborarem representações regula res sobre a diversidade das competições praticadas no desporto é preciso viabili zálas considerando todas as suas face tas e perseguindo consecutivamente suas qualidades e correlações sob o ponto de vista escolhido na estruturação sistemá tica da atividade competitiva Conside randose que as posições ocupadas pelos participantes do movimento desportivo não coincidem com os diferentes níveis de organização quando se planeja e se constrói um sistema concreto das com petições desportivas existe o problema comum de coordenação das posições É extremamente importante para solucio nar o problema mencionado aterse às determinações do calendário desportivo comum e das variantes individualizadas do sistema de competições Gomes et al 1999 CALENDáriO DESPOrTiVO E SiSTEMA iNDiViDuALizADO DAS COMPETiÇõES Denominase calendário desportivo uma relação mais ou menos sistemati zada de competições planejadas e oficia lizadas pelas organizações desportivas federações comitês clubes etc com indicação de datas lugares e denomina ções adaptadas às competições segundo os grupos de desporto Os calendários desportivos únicos podem ser os seleti vos combinados que em nível organi zacional selecionam os calendários das competições de diferentes desportos de grupos desportivos e de grupo de des portistas iniciados em um determinado desporto destinados aos grupos isolados de desportistas diferenciados segundo o nível de qualificação desportiva ida de sexo e outros atributos Todos eles podem ser também compostos por dife rentes escalas demográficas territoriais local regional nacional continental ou mundial ou sob o aspecto das estruturas organizativas desportivas sociedades desportivas federações etc Em qual quer de suas variantes o calendário des portivo não substitui o plano individual da participação do atleta nas competições compostas por ele e por seus treinadores considerando o calendário desportivo comum Tampouco se deve confundir o plano da participação em competições com o sistema real que se estabelece sob a influência da multiplicidade de fatores 43 Treinamento desportivo dentre os quais os mutáveis de caráter provável Shaposhnikova 1984 As exigências fundamentais para o calendário unificado comum das competi ções no desporto contemporâneo estabe lecem o seguinte n as regras de competições de tipos e de graduações diferentes que permitiriam aos desportistas sair frequentemente dos longos ciclos do processo competi tivo e de treinamento de tipo anual ou semestral Prevê em muitos despor tos certo número e certa frequên cia de competições nos longos ciclos das quais os desportistas suficientemen te preparados tenham a possibilidade de participar semanalmente na maior parte do ano n o envolvimento dos desportistas de destaque de diferentes idade e sexo n a sucessão na distribuição das competi ções de menor e maior grau de tal for ma que as de menor nível antecedam via de regra as de maior n a proporção dos intervalos entre as com petições de prestígio importantes para todos e as magnitudes reduzidas até os indicadores médios de tempo neces sários objetivamente para adquirir ou preservar a forma ótima desportiva para os resultados pelos participantes mais prováveis dessas competições Tal exigência é de suma importância quan do se é obrigado a realizar simultane amente duas ou mais competições de relevo no mesmo ciclo de treinamento competitivo p ex campeonato nacio nal e continental ou campeonato mun dial e jogos olímpicos n a estabilidade do calendário garan tindo que seus pontos fundamentais confirmados não serão submetidos à mudança exceto por extrema necessi dade e além disso a reprodução tra dicional de um ano para outro do que se justifica na prática e não contraria as tendências do crescimento do des porto O limite para se realizar tais exigên cias depende na prática de uma série de fatores entre eles o econômico e o mate rial O fato é que a qualidade do calendá rio desportivo determina a prática compe titiva de diferentes atletas no calendário e as condições de sua realização também a qualidade do sistema complexo individua lizado de treinamento e das competições organizadas pelo técnico e pelo desportis ta individualmente Por outro lado seria incoerente exi gir resultado do atleta em todas as com petições previstas no calendário comum suficientemente sobrecarregado dedica do a um ou a outro tipo de desporto Uma exigência dessas também pode tornarse incoerente até no caso em que o calendário for composto calculandose somente o grupo seletivo do desportis ta digamos para todos os candidatos prováveis à seleção nacional de algum desporto Se apesar disso ocorrer tal exigência o fato prova a ignorância das diferenças que existem entre dois cami nhos individuais visando ao mesmo fim a participação com sucesso na competição principal Nos casos em que competições im portantes prevêem a participação do mesmo grupo de atletas planejase um calendário comum de tal modo que se contraponham regras de aquisição e de conservação da forma desportiva Por isso é extremamente difícil assegurar o programa desportivo comum com o siste ma individualizado das competições Isso ocorre particularmente quando se planeja uma quantidade muito grande de compe tições importantes e sua distribuição no tempo não permite a possibilidade de uma preparação adequada Nessa situação o 44 Antonio Carlos Gomes calendário desportivo perde seu signifi cado organizador positivo contribuindo para a desorganização da atividade des portiva Consequentemente é necessário compor o calendário desportivo com base na participação eficaz obrigatória em uma série de competições importantes do mesmo grupo de desportistas tendo em vista as regras do desenvolvimento da for ma desportiva A possibilidade de que apareçam contradições entre o calendário desporti vo comum o sistema individualizado de competições e a possibilidade de neu tralizar as contradições depende do con teúdo do calendário e do modo como se regula a atitude dos desportistas com re lação às competições nele previstas Caso os órgãos que dirigem o desporto e dos quais dependem de uma ou outra manei ra o comportamento e a condição dos des portistas os obriguem a atuar em várias competições previstas pelo calendário exigindo continuamente o resultado má ximo os atletas e seus treinadores esta rão constantemente em situação difícil Tal situação poderá prejudicar seriamente o processo de construção do sistema in dividualizado de competições enquanto o desportista não se negar a cumprir tais exigências Entretanto se os desportis tas e os seus treinadores tiverem o direito de participação seletiva em uma série de competições previstas pelo calendário e se puderem variar os resultados nas mes mas conforme o plano individual de pre paração para as competições de maior im portância então a probabilidade de que apareça um impedimento por parte do calendário desportivo comum se reduzirá ao mínimo até nos casos em que ele não seja perfeito A experiência acumulada na orga nização do desporto com as outras espe cificidades distinguese pela separação coordenada de um número mínimo de competições principais obrigatórias para um grupo determinado compreendida entre elas a de maior importância e que representa o objetivo de todos e pela ou torga aos desportistas e técnicos da pos sibilidade de variar amplamente os pla nos individualizados de participações no restante das competições excluindo as eliminatórias exceto as principais indica das de acordo com as variantes individu ais da construção do programa de prepa ração para a competição principal Além disso devese considerar que para chegar ao objetivo desportivo principal p ex para os desportistas mais importantes é a participação nos jogos olímpicos ou no campeonato mundial às vezes é sensato negarse a participar de competições an tecedentes muito grandes e prestigiadas p ex no campeonato continental se a preparação para atuar e a participação em si obrigam o atleta a desviar da va riante ótima segundo a qual se constrói a preparação para a competição mais im portante Na composição dos calendários des portivos modernos incluídos os sinópti cos gerais é cada vez mais marcante a tendência a diferenciálos para os des portistas de distintos níveis de classifica ção desportiva Isso se justifica por várias razões pois contribui para a intensifica ção da concorrência desportiva das com petições e para o incremento de sua atra ção espetacular e de sua rentabilidade econômica entre outras No entanto tal tendência favorece o progresso do des porto em sua totalidade No sistema individualizado de com petições a diferença do calendário des portivo comum levanos a refletir sobre os pontos determinados do calendário unificado e sobre as particularidades do sistema de competições adequado ao atle ta É necessário construílo sempre de um modo individualizado considerandose o nível de preparação do desportista as orientações de objetivo as possibilidades 45 Treinamento desportivo de sua realização a variante seletora do sistema de construção de treinamento as singularidades individuais da reação às cargas competitivas e de treinamento as particularidades do regime de atividade vital e outras que se diferenciam de modo específico É por isso que ocorrem diver gências entre o calendário desportivo co mum e o sistema individualizado de com petições Harre 1982 A estruturação do sistema indivi dualizado das competições desportivas e a otimização de todo o processo com petitivo de treinamento nos limites dos ciclos anuais ou outros mais longos ao final estão fundamentadas nas regras que dirigem o desenvolvimento da forma desportiva nas várias manifestações con dicionadas individualmente consideran do as condições concretas da atividade desportiva Isso significa que decidindo participar ou não de uma ou outra com petição e fixando os parâmetros da ativi dade competitiva do desportista segundo os períodos do ciclo competitivo de trei namento longo número de participações competitivas sua frequência nível dos resultados competitivos e outras especifi cidades do sistema de competições vale a pena considerar somente as decisões que contribuírem para o seguinte n no primeiro período do ciclo prepara tório ao estabelecimento da forma desportiva n no segundo período competições principais à sua conservação e à sua materialização nos resultados despor tivos e n no terceiro período transitório à criação das condições favoráveis para o início do novo ciclo de desenvolvi mento da forma desportiva Somente com essa posição empre gando os critérios que concordem com ela podese determinar quais variantes da prática favorecem o incremento dos sucessos desportivos e quais medidas se distinguem pelas características contrá rias A ordem das participações do atleta nas competições elaboradas a partir dis so exige desde o início uma correlação no tempo dos pontos selecionados do ca lendário desportivo comum com os pra zos fixos de tais competições nas quais o desportista se dispõe a participar o que será ponto de referência na construção do sistema individualizado de treinamento e das competições Naturalmente nos dife rentes grupos de desportos o problema da coincidência entre o plano individua lizado das participações competitivas e o calendário desportivo comum é solucio nado de forma não completamente uni forme sobretudo com os assim chamados desportos individuais e de equipe Nos desportos individuais é muito mais fácil solucionar tais problemas pois quando o desportista não está incluído permanen temente na mesma equipe desportiva seu acesso à competição seguinte não depen de do resultado da competição anterior podendo dispor de liberdade maior na seleção das competições do que os que se especializam nos desportos coletivos Já nos desportos coletivos a solução é dificultada em grande medida pela in corporação permanente de desportistas na equipe pela participação duradoura e frequente em sua composição segundo o calendário desportivo unificado princi palmente quando sua parte mais impor tante é composta por campeonatos de várias etapas que duram muitos meses como acontece no torneio nacional de fu tebol hóquei e outros desportos coletivos No entanto não se deduz que o sistema individualizado de competições esteja excluído por completo Ele tornase pos sível pela variação individual e de micro grupos como por exemplo os grupos de jogos desportivos na composição da equi pe pela substituição periódica e episódica 46 Antonio Carlos Gomes dos membros da equipe em uma ou outra competição Além disso é necessário va riar o sistema de competições de equipes finalistas mediante a introdução de com petições que não estejam previstas no ca lendário desportivo comum Dentre elas estão as competições de treinamento pre paratório as adaptativas e as de controle indispensáveis à orientação do desenvol vimento da forma desportiva da equipe Considerandose que as participações do atleta nas competições estão condiciona das ao nível e à dinâmica de seu estado de preparação a atividade competitiva nos diferentes períodos do ciclo competi tivo de treinamento modificase significa tivamente Por sua vez os parâmetros do sistema individualizado de competições também transformamse periodicamen te As especificidades necessárias de tais modificações serão abordadas detalhada mente na sequência No primeiro período do ciclo compe titivo de treinamento sobretudo quando é garantida a preparação multilateral do atleta é dada a orientação preparatória às competições O conteúdo as formas o número e a frequência das competições devem estar regulamentados de tal modo que contribuam para o estabelecimento da forma desportiva não obstruindo o processo de sua formação no novo nível Considerandose a dificuldade causada pela repetição das ações competitivas gerais nesse aspecto e com o mesmo re sultado obtido durante o longo ciclo do período preparatório justificase o dese jo de disputa nos exercícios competitivos modificados p ex os corredores compe tem nas corridas de cross os lançadores no lançamento dos aparelhos desportivos ligeiros ou mais pesados e em outros exercícios de preparação especial ou ge ral básica A partir desse raciocínio de pendendo das características dos grupos dos desportos empregamse também ou tros procedimentos da prática desportiva Em particular participamse de competi ções com regras modificadas em relação às padronizadas por exemplo nos jogos desportivos competese em quadra redu zida de jogo com uma maior exigência de ações motoras utilizandose um menor período de tempo como no torneiore lâmpago etc Em todo caso a preparação plena para as competições principais desse pe ríodo exige que a prática competitiva não seja prejudicial mas que esteja submetida à lógica do desenvolvimento do proces so de treinamento com o incremento dos volumes e da intensidade das cargas de treinamento de forma planejada Porém próximo ao final do período pode ser oportuno para os desportistas suficiente mente treinados organizar a participação em competições preparatórias semelhan tes a séries de sessões de treinamento al ternadas em curtos intervalos de restabele cimento Graças às qualidades específicas mobilizadoras do processo de disputas e à acumulação do efeito de influências com petitivas tal regime de cargas é capaz de estimular de forma extremamente pode rosa o aumento do nível de treinamento e o desenvolvimento da capacidade com petitiva cristalizando as possibilidades de sucesso do desportista A exemplo disso pesquisas experimentais revelam que a participação em séries sucessivas ao lon go de várias semanas com intervalos de três dias entre as competições dos atletas de alto rendimento que atuam em exercí cios competitivos de potência submáxima pode apresentar uma melhora significati va do resultado desportivo No período das competições princi pais do ciclo competitivo de treinamento a longo prazo toda a atividade realizada pelo atleta tornase competição oficial aqui ela está orientada para assegurar a participação eficaz para aperfeiçoar e para conservar a forma desportiva necessária Em princípio esse período deve ser sobre 47 Treinamento desportivo carregado de competições se as condições permitirem aos desportistas até mesmo os que não são de alto rendimento competir todas as semanas variando as orientações competitivas concretas de acordo com a significação pessoal e oficial em disputas distintas No entanto a participação do desportista nas competições depende tam bém das condições que facilitam a apro ximação a elas e da duração do período Quando for bastante longo dura algumas vezes de 4 a 5 meses ou mais compreen de competições básicas em ambas as fases e com isso as mais importantes são elimi nadas Devese destacar em seus limites a etapa ou as várias etapas entre grandes competições livres das mais importantes É necessário utilizar tal período para ativar as influências competitivas que assegurem a conservação ou a aquisição constante da forma desportiva no momento da disputa principal No período transitório que culmina o ciclo as competições oficiais estão ausen tes na maioria dos casos Ocorrem nesse período as competições nãooficiais com finalidade recreativa ou demonstrativa É preciso identificar até que ponto essas competições são mesmo necessárias o que pode ser verificado pela reação do or ganismo do atleta à quantidade de cargas competitivas e de treinamento apresenta das no período anterior O temperamen to do atleta o seu meio mais próximo e outras circunstâncias são também impor tantes Em geral tal período está desti nado principalmente ao descanso ativo e efetivo que exclui o perigo do estado de treinamento excessivo e que desenvolve as condições para o início eficaz do novo ciclo longo do processo competitivo de treinamento Essas são as características do sistema de competições aceitas nos limites do ciclo considerado Conforme podese verificar não é fácil construílo bem Para se con seguir completálo tanto o técnico como o desportista devem dispor de um domí nio muito bom das habilidades práticas Portanto o fato de construir um sistema individualizado de competições constitui um dos avanços fundamentais da arte de orientar o progresso da forma desportiva Infelizmente apenas alguns conseguem dominar completamente tal arte Uma tes temunha indireta desse fenômeno é o fato preocupante de há não muito tempo so mente um número relativamente pequeno de desportistas ter conseguido concretizar seus melhores resultados durante as com petições principais e de maior prestígio incluídos os jogos olímpicos e os campe onatos mundiais Concomitantemente os demais participantes 80 ou mais não conseguiram repetir nem superar seus re sultados anteriores É verdade porém que as equipes desportivas de vários países na mesma situação têm melhorado nas últi mas décadas Tabela 21 PráTiCA COMPETiTiVA DO DESPOrTiSTA A LONGO PrAzO Não há dúvidas de que o sistema in dividualizado de competições desportivas a longo prazo seja mutável Ele se altera com as modificações da prática competi tiva do atleta naquilo que contribui para sua atividade competitiva e para o seu regime total sob a influência do incre mento do nível que determina o estado de preparação desportiva do passado e da experiência desportiva da idade da dinâ mica das condições vitais concretas e de outros fatores e circunstâncias Isso tam bém reflete na elaboração dos programas desportivos calculados para abranger di ferentes grupos de atletas Na primeira fase da atividade des portiva a longo prazo que compreende a fase de preparação básica assim chamada quando as classes desportivas iniciam a tempo e são adequadamente preparadas 48 Antonio Carlos Gomes segundo a metodologia moderna é nor mal assegurar a prática competitiva de motivação dos atletas e conceder a cada um a possibilidade de provar suas capaci dades desportivas nas competições de vá rias modalidades compreendidas as que se diferenciam na essência e que estão próximas ao objeto pretendido ou já es colhido da especialização desportiva Tal ato permite evitar os erros na seleção do objeto de especialização desportiva pre servando o atleta das possíveis desilusões Com isso já nos primeiros anos da ativi dade desportiva é possível assegurar um volume considerável de práticas competi tivas que aceleram sem esforço excessivo a materialização das potencialidades de sucesso do atleta Matveev 1996 Nas primeiras fases da preparação desportiva o volume total das participa ções em competições normalmente cresce de forma considerável No entanto quan do os parâmetros das cargas competitivas alcançam certa magnitude as tendências de transformação ulterior de grupos de terminados de atletas em princípio não coincidem A divisão dos grupos de que tratamos é determinada pelo nível de pos sibilidades de conseguir um sucesso des portivo que se manifeste e por sua orien tação à esfera básica da atividade vital Por isso alguns atletas continuam prati cando desportos nos limites de sua orien tação enquanto outros passam às esferas superiores É evidente que a partir das posições sociais gerais ou pessoais seria absoluta mente injustificável que a atividade com petitiva desportiva assim como todas as atividades desportivas desempenhadas por uma multidão de atletas ocupasse o lugar dominante na atividade vital pre judicando as esferas de ensino básico a formação profissional o trabalho criativo o serviço ou outras esferas da atividade vital das pessoas Excluindose um grupo relativamente pequeno de atletas a ativi dade desportiva de um grande número de pessoas iniciadas no desporto ocupa um lugar subordinado a outra atividade prin cipal Diante de tais condições o uso do tempo e da força destinados à atividade desportiva é rigidamente limitado o que naturalmente limita também os parâme tros da prática competitiva Assim os des portistas que organizam participações em competições nos limites do desporto em uma frequência razoável apresentam um volume de cargas competitivas bem redu zidas que num período de tempo mais TABELA 21 Número de membros da equipe em relação a toda a equipe que obtiveram resultados individuais nas competições de natação nos jogos olímpicos de 1988 dados oficiais de desportistas que obtiveram resultado individual de alto rendimento Equipes Na ala masculina Na ala feminina nacionais Na equipe toda da equipe da equipe RDA 447 45 444 Hungria 435 444 40 Austrália 383 44 318 Rússia 359 25 533 Inglaterra 31 40 25 China 31 56 50 Suíça 261 333 182 Canadá 227 20 263 Itália 20 21 188 França 195 217 167 EUA 158 241 72 49 Treinamento desportivo ou menos longo se estabiliza desde o iní cio com variações individuais e de etapas Normalmente à medida que se inicia a involução natural da idade no que con cerne às possibilidades adaptativas e à treinabilidade os interesses desportivos transformados passam para a esfera da cultura física de apoio condicionado em que o volume da atividade competitiva é reduzido ao mínimo e as sessões organi zamse para esse tipo de treinamento Os parâmetros da prática competiti va a longo prazo dos atletas que atingem alto rendimento e que em condições co nhecidas nela se profissionalizam bem como o volume total das participações competitivas e a carga referentes a esses atletas aumentam muitíssimo durante as etapas de preparação a longo prazo al cançando magnitudes de limites na fase da realização máxima das potencialidades desportivas Dessa forma há os desportis tas jovens que atingem o sucesso muito cedo mas que ainda não são suficiente mente maduros para a chamada idade dos resultados desportivos superiores A idade da maioria dos que se especiali zam nos desportos é bastante constante aproximase na média à idade de 20 a 26 anos com variação de 4 a 6 anos Tabela 22 e o volume das cargas competiti vas é bastante considerável com dezenas de competições durante o ano em alguns desportos Por sua vez o número de par ticipações em competições nas quais in tervêm os desportistas mais fortes e a sua concentração no tempo alcançam mag nitudes tão grandes que há pouco tempo era difícil imaginálas Tabela 23 Aproximandose do máximo o vo lume das cargas competitivas nos ciclos longos de treinamentos a que se sujei tam os desportistas de alto rendimento estabilizase e permanece durante vários anos oscilando periodicamente Com isso a intensidade da atividade compe titiva não se estabiliza até o momento em que se abandona o objetivo pessoal orientado aos sucessos absolutos e se di minui a avidez do confronto competitivo Constatase que mais cedo ou mais tar de iniciase o processo de redução das cargas competitivas também dos despor tistas de nível mais alto Isso ocorre em geral primeiramente com a diminuição da quantidade de participações nas com petições relativamente menos significati vas para o atleta de menor destaque não somente por razões de prestígio mas também por outras razões incluindo a premiação Vale salientar que a redução do volume da atividade competitiva no desporto de alto rendimento que fre quentemente se observa nos desportistas relativamente jovens entre 5 e 6 anos é condicionada não pelo esgotamento das reservas biológicas de sua capacidade desportiva de trabalho mas por outras ra zões como as demandas exageradas que buscam a concentração máxima das car gas competitivas e de treinamento diante das possibilidades de adaptação e de mo bilização da treinabilidade além da carga psíquica permanente que pode tornarse exorbitante inclusive para o desportista destacado sob influência da grandeza das competições principais O sistema de competições dos des portistas que passaram à esfera do des porto comercial profissional se estabelece de modo distinto Ele se forma segundo as regras de superação dos resultados desportivos e as condições que possibili tam empregar o conhecimento desportivo acumulado com a finalidade de perceber os maiores sucessos financeiros possíveis A maioria dos desportos aqui praticados está frequentemente relacionada com as competições organizadas sob a forma de espetáculos teatralizados e com a exten são dos ciclos durante os quais elas se realizam E perante os desportistas que tentam participar paralelamente nas com petições do desporto comercial e nãoco 50 Antonio Carlos Gomes TABELA 22 idade dos desportistas homens e mulheres que ocupam os primeiros lugares no desporto mundial Os dados referemse aos participantes dos 17 jogos olímpicos contemporâneos com um total de 57747 pessoas segundo os documentos elaborados pelos colaboradores do Instituto de Pesquisa Científica de Cultura Física da Rússia Desportos idade das desportistas femininas anos idade dos desportistas masculinos anos Das líderes Das 10 primeiras Dos líderes Dos 10 primeiros MíN MéD MáX MíN MéD MáX MíN MéD MáX MíN MéD MáX Natação Olímpica 14 194 24 14 195 27 19 225 28 17 218 28 Halterofilismo Categ peso até 75 kg 20 224 27 17 233 31 Categ peso mais de 75 kg 25 274 32 19 241 32 Saltos atléticos Altura Distância 23 245 26 18 25 30 21 24 27 20 247 32 lançamento de Disco Peso 25 255 26 19 262 34 26 27 28 22 291 38 Corrida velocidade 100 200 29 29 29 23 265 31 21 248 27 21 248 28 MeioFundo 800 1500 25 30 35 22 269 35 28 28 28 22 265 32 Fundo 510 km e Maratona 24 266 28 21 289 38 21 237 26 21 275 33 idade dos participantes na totalidade dos participantes dos jogos por faixa etária Até 20 anos 12 de 21 a 25 anos 33 de 26 a 30 anos e mais em geral até 35 anos 55 mercial de alto rendimento ultimamente apareceram tais desportistas em quanti dade no mundo surge o problema dos sistemas de competições adaptados ao desporto profissionalizado Tais tenta tivas são frequentemente frustradas se apreciadas segundo o nível de eficiência manifestado pelos desportistas nas com petições Durante as últimas décadas as seleções russas de futebol e de hóquei participaram nos campeonatos mundiais e continentais com a inclusão na equipe de atletas profissionais Ao finalizarem sua carreira desporti va principal frequentemente os despor tistas que possuem a capacidade com petitiva extraordinariamente acentuada não deixam de participar regularmente das competições dentre elas as oficiais orientandose para os sucessos superio res Levandose em consideração tudo isso não somente na escala local mas também em nível de organizações des portivas internacionais são aprovados os programas desportivos para os esportistas de idade madura e mais velhos Os resul tados mundiais expressos até pelos atletas mais velhos são impressionantes Isso comprova uma vez mais quão infinitas são na prática as possibilidades humanas de se obter resultado Contudo não vale a pena abusar em sua exploração Apesar das particularidades indivi duais o risco de danificar a saúde na busca de re sultados desportivos aumenta com a ida de até chegar ao ponto em que se torna inviável tentar conseguilos PArTiCiPAÇÃO DOS DESPOrTiSTAS NAS COMPETiÇõES Nos últimos anos o número de com petições desportivas que constitui o prin cipal fator na melhora da performance dos atletas de alto rendimento tem aumenta 51 Treinamento desportivo do De uma forma geral Platonov 1997 classificaas como n Competição preparatória esse tipo de competição apresenta como prin cipal tarefa o aperfeiçoamento da téc nica e da tática das ações competitivas do desportista Além disso propicia a adaptação do organismo nos vários sistemas relacionados com as cargas competitivas n Competição de controle permite a avaliação tanto do nível de preparação atingida pelo desportista nos aspectos tático e técnico como do aperfeiçoa mento das capacidade motoras físi cas e psíquicas Os resultados obtidos nesse tipo de competição permitem ao treinador fazer a correção de todo o processo de treinamento n Competição simulada a tarefa mais importante desse tipo de competição é a preparação direta do desportista para a competição principal seja no ciclo anual no macrociclo ou mesmo no ciclo olímpico Essas competições são organizadas de forma especial durante o sistema de preparação do atleta podendo estar dentro do ca lendário oficial Elas devem simular a competiçãoalvo na totalidade ou em parte n Competição seletiva nesse tipo de competição o desportista deve mos trar o seu melhor potencial resulta do Normalmente essas competições ou torneios existem com o objetivo de selecionar os atletas para as equipes representantes dos estados do país ou até mesmo em alguns casos para representar o continente Tratase de competições oficiais ou programadas para esse fim n Competição principal a competição principal é aquela em que o despor tista obrigatoriamente deve atingir o seu melhor resultado deve competir visando ao recorde caso do desporto individual ou à sua melhor participa ção no desporto coletivo A mobiliza ção pessoal e a da equipe devem ser máximas sendo de grande influência a preparação psicológica além evi dentemente de um alto rendimento TABELA 23 Quantidade máxima de dias oficiais de competição e de participação dos desportistas de alto rendimento Quantidade de Quantidade de Desportos dias de competição participações Ginástica desportiva 2030 150200 Saltos ornamentais 2030 250320 Salto em altura 3545 120180 Salto em distância 3545 120180 lançamento do martelo 3545 120180 Corrida de curta distância 100 e 200 m 2226 2832 Corrida de meia distância 800 e 1500 m 2025 2025 Corrida de longa distância 5000 e 10000 m 1520 1520 Corrida de maratona 46 46 Futebol 7085 7085 Tênis de mesa 7580 380420 Polo aquático 5055 7085 Handebol 7080 7080 luta livre 3040 5070 Boxe 2530 2530 levantamento de peso 1012 5077 52 Antonio Carlos Gomes de aperfeiçoamento das capacidades e qualidades físicas técnica e tática Atualmente os especialistas procu ram controlar o nível de aperfeiçoamento dos atletas durante o processo de treina mento por meio do controle de participa ções em competições O agrupamento dos desportos procurando respeitar suas ca racterísticas motoras e fisiológicas facilita um maior acompanhamento Na teoria dos desportos estudiosos tentaram mais de uma vez classificar as modalidades existentes porém a grande diversidade de composição e de estrutu ra de atuação de várias modalidades e de provas em separado dificulta aos autores destacarem um único indício de classifica ção Até o momento todas as abordagens para a sua resolução apresentaram certas deficiências e não permitiram a nosso ver uma classificação completa das modalida des desportivas Mesmo assim levando em consideração a necessidade prática de uma classificação para a orientação nas questões específicas de preparação é necessário assumir uma classificação ao menos aproximada das modalidades des portivas Uma das abordagens mais divul gadas e que se justifica do ponto de vista prático é a organização das modalidades desportivas referentes à esfera da educa ção física segundo o objetivo das compe tições e os requisitos predominantes em relação às capacidades físicas motoras do desportista Com esses aspectos é pos sível classificar os desportos em oito gru pos de modalidades desportivas Zakha rov Gomes 1992 n Grupo I Modalidades complexas de coordenação são as que exigem a expressividade estética e artística na execução de exercícios competiti vos tais como ginástica artística nado sincronizado patinação artística salto ornamental ginástica rítmica desporti va etc Keller Platonov 1983 n Grupo II Modalidades de força e de velocidade exigem as caracterís ticas acíclica e mista dos movimentos em que os atletas procuram alcançar resultados máximos expressos em me didas exatas de deslocamento saltos de atletismo arremessos halterofilis mo n Grupo III Modalidades de alvo aqui a atividade motora é pequena a maior evidência está em poder avaliar corretamente a condição de atirar em um alvo utilizando armas desportivas arco e flecha tiro com pistola dardo etc n Grupo IV Modalidades de condu ção a atividade motora está preferen cialmente ligada à direção condução dos meios de locomoção corridas de automóvel motocicleta vela hipismo etc n Grupo V Modalidades cíclicas manifestamse preferencialmente nas provas de corrida no atletismo no ci clismo na natação no remo no esqui na patinação no triatlo com caracte rísticas destacadas para a resistência n Grupo VI Jogos desportivos desta camse as modalidades com bola e as coletivas tais como futebol voleibol basquetebol tênis handebol hóquei etc n Grupo VII Modalidades de com bates a tática está ligada à condição técnica à preparação física à caracte rística de contato e de golpes e impõe vantagens sobre o adversário luta grecoromana luta livre judô caratê boxe esgrima etc n Grupo VIII Provas combinadas a característica é determinada com base na combinação tática na qual tais mo dalidades proporcionam pontos que representam o resultado final pentatlo 53 Treinamento desportivo moderno decatlo na modalidade de atletismo biatlo na de esqui etc A atividade competitiva nesses gru pos de desportos apresentase de forma muito diferenciada pois ainda é possível classificálos em desportos individuais e coletivos ou mesmo pelas manifestações fisiológicas como aeróbios anaeróbios e mistos ou ainda pela biomecânica con siderados cíclicos e acíclicos além de ou tras formas de classificação MEiOS PEDAGÓGiCOS DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA Durante todo o processo da ativida de motora do indivíduo deve ser resolvi do um grande número de tarefas motoras A solução dessas tarefas correlacionase com a percepção da atividade motora AM A atividade motora que faz parte da atividade integral do indivíduo deve ser sempre consciente e orientada A dife rença do princípio da atividade motora e do movimento como função do organismo humano manifestase por meio da loco moção motora humana sob duas formas n manutenção constante da posição cor poral postura n deslocamento do corpo em relação ao meio circundante ou deslocamento de algumas de suas partes em relação a outra Schimidt 1985 As ações motoras constituem um meio integrante e específico da prepa ração do atleta e cada tipo de atividade desportiva caracterizase por seu conjun to de ações motoras Como regra um movimento articular por si não constitui ainda uma AM indepen dente A ação com a qual o atleta resolve a tarefa motora é composta de movimentos articulares distribuídos e interligados no es paço e no tempo Em cada AM podemse distinguir condicionalmente movimentos isolados Assim no salto em altura desta camse impulso ação conjugada da movi mentação da perna para cima sobre a barra e aterrissagem Boguem 1985 O exercício físico constitui a base da preparação do atleta como processo peda gógico Por conseguinte os exercícios físi cos são a forma principal de utilização das ações motoras na preparação desportiva O exercício físico integrado no proces so de preparação do atleta pode ser definido como a atividade motora inclusa no sistema geral das possíveis influências pedagógicas orientadas para a solução das tarefas de preparação do atleta A corrida por exem plo adquire significado no exercício físico quando utilizada de acordo com os requisi tos justificados do ponto de vista da prepa ração do desportista Gomes 1997b O exercício físico está obrigatoria mente ligado ao método uma vez que o processo organizado objetivando o aper feiçoamento de qualquer qualidade do in divíduo e pressupondo um sistema estável de ações repetidas possui interligações necessárias para a solução de tarefas pre vistas e não somente num conjunto casual de operações Por conseguinte tais ações em sua essência formam um método 3 MEIOS E MéTODOS DA PREPARAçãO DESPORTIvA 56 Antonio Carlos Gomes Na linguagem desportiva o termo meio significa o que se utiliza e o termo método como se utiliza o meio no pro cesso de obtenção do objetivo da prepara ção Dessa forma o exercício físico repre senta o meio e o modo de sua utilização representa o método Juntamente com as ações motoras referemse aos meios muitos outros fato res cuja utilização orientada determina a eficiência da preparação do atleta Por exemplo na qualidade de meios de prepa ração do atleta devem ser considerados n Equipamentos especiais o material desportivo as instalações desportivas os aparelhos de treino desportivos os aparelhos de ginástica barra de ferro aparelhagem de diagnóstico testes piscinas etc n Fatores da natureza a influência do ar e da água radiação solar condições climáticas das zonas montanhosas n Condições sociais e ecológicas de vida dos atletas as condições de vida cotidiana o regime de sono os estudos o trabalho os fatores social econômico e cultural etc n Alimentação do atleta deve ser vista como fator importante na preparação o que determina no organismo a re cepção das quantidades necessárias de substâncias ricas de energia água mi croelementos vitaminas e sais n Fatores de recuperação a massagem os preparados farmacológicos a fisio terapia a sauna etc n Influências informativas a informa ção verbal e visual do técnico a obser vação como forma de obter dados etc É costume caracterizar o exercício fí sico pela forma e pelo conteúdo A forma do exercício físico é determinada pelos pa râmetros dinâmicos e cinemáticos A cine mática fornece a ideia do aspecto externo dos movimentos do atleta e caracterizase pelos seguintes parâmetros n Espaço a posição do corpo e de suas partes e a amplitude do movimento n Tempo a duração do exercício n Espaço e tempo a velocidade a ace leração e a desaceleração As características dinâmicas forne cem a ideia das forças que exercem in fluências sobre o movimento do corpo Esses parâmetros são influenciados pelas forças correlativas ao movimento A ideia integral sobre a forma do exercício físico é expressa na técnica do exercício físico O conteúdo do exercício físico revelase no processo da atividade locomotora imediata do indivíduo e ca racterizase pela sua carga Há a necessidade de se orientar na diversidade de exercícios físicos aquele que melhor corresponde num volume mais completo às tarefas da preparação Podem ser observadas abaixo algumas formas de classificação do exercício físico fundamentadas em diferentes indícios Classificação dos exercícios De acordo com o regime de contra ção muscular no movimento a contração muscular no exercício físico pode ser está tica ou dinâmica Os exercícios físicos es táticos são os que estão relacionados com a manutenção da posição tomada como por exemplo a posição do corpo no exer cício ginástico nas argolas em cruz Os exercícios físicos dinâmicos estão ligados ao deslocamento do corpo do atleta ou de suas partes p ex os exercícios de corri da e os de saltos A divisão dos exercícios em dinâmico e estático é muito conven cional pois a maioria dos movimentos se realiza combinando os regimes dinâmico 57 Treinamento desportivo e estático com contrações de diferentes músculos Assim para executar o mo vimento dinâmico da mão ou da perna todos os músculos do tronco devem pri meiro assegurar a tomada de uma deter minada posição estática Por outro lado para manter a posição é preciso que em resposta a qualquer ação que perturbe tal posição realizemse os correspondentes movimentos dinâmicos compensatórios Schimidt 1985 Em relação à estrutura do movimen to os exercícios dinâmicos dividemse em cíclico acíclico e misto Zatsiorski 1970 Os exercícios cíclicos caracterizamse pela repetição múltipla dos ciclos de movimen tos em relação à estrutura biomecânica Ao fim de cada ciclo de movimentos todas as partes do corpo do atleta voltam à posi ção inicial corrida natação ciclismo o que proporciona a possibilidade de repe tir durante muito tempo os movimentos Os exercícios acíclicos caracterizamse pela variação no final do movimento em comparação com a inicial o que exclui a possibilidade da repetição reiterada e liga da de tais movimentos p ex arremessos e ações motoras nos jogos desportivos Quanto aos exercícios mistos são os que combinam os movimentos do tipo cíclico e acíclico p ex o salto com vara Dependendo do volume da massa muscular ativa que participa no movi mento os exercícios físicos classificamse em exercícios localizados regionais e glo bais Sudakov 1984 Os exercícios locais são aqueles em cuja realização participa até um terço de toda a massa muscular do corpo do atleta p ex o exercício fei to apenas com os músculos do braço ou da perna Os regionais são os exercícios cuja realização envolve de um terço a dois terços de toda a massa muscular p ex exercícios com halteres deitado Os exer cícios globais são os que envolvem mais de dois terços de toda a massa muscular natação corrida esqui etc Essa classi ficação é de suma importância do ponto de vista do sistema energético do exer cício Com todas as condições iguais os exercícios globais têm valor energético maior O aperfeiçoamento físico do indiví duo adquire uma orientação especial de preparação somente quando os exercícios são escolhidos considerandose sua signi ficância para o aperfeiçoamento da ativi dade motora na modalidade desportiva praticada A orientação especial constitui o pivô metódico que determina a estrutura e o conteúdo dos meios de preparação do atleta É por isso que se utiliza mais ampla mente na teoria e na prática de preparação dos atletas a classificação dos exercícios fí sicos segundo a medida de semelhança das características cinemáticas e dinâmicas das ações motoras que compõem o exercício físico dado com as ações motoras que ba seiam a modalidade escolhida da atividade competitiva De acordo com esse indício todos os exercícios físicos dividemse em exercício competitivo preparatório espe cial e preparatório geral conforme apre sentado na Tabela 31 Matveev 1991 TABELA 31 Caracterização dos exercícios de treinamento Exercícios Aspectos motores Aspectos fisiológicos Competitivo C Preparatório especial PE Preparatório geral PG 58 Antonio Carlos Gomes Exercício competitivo É uma atividade motora integral dirigida no sentido da solução da tarefa locomotora que constitui o objeto da com petição e realizada de acordo com as re gras da modalidade desportiva É importante distinguir os exercícios propriamente competitivos realizados em condições reais com todos os requisitos próprios das competições A forma de trei no modelo do exercício competitivo coin cide com a primeira forma pelas principais características cinemáticas e dinâmicas dos movimentos mas cumprese nas condições do treino e é dirigida para a solução das tarefas deste Como exemplo podemos mencionar o combate no boxe ou a corrida na distância igual à de competição objeti vando obter o resultado máximo etc Os exercícios competitivos conhecidos tam bém como fundamentais podem ainda ser classificados conforme apresentado na Ta bela 32 Exercício preparatório especial Representa o exercício que é mui to parecido pelo seu parâmetro com os competitivos A especialização é um princípio im portantíssimo de aperfeiçoamento em qualquer tipo de atuação É por isso que tais exercícios representam o principal meio que condiciona as melhoras dos re sultados desportivos É necessário destacar que os exercícios preparatórios especiais não são idênticos aos exercícios competiti vos do contrário não haveria razão algu ma para recorrer a eles Tais exercícios são utilizados para assegurar a influência sele tiva e mais considerável que corresponde aos parâmetros determinados do exercício competitivo integral Matveev 1991 Os exercícios preparatórios especiais representam a modelagem seletiva dos componentes da atividade competitiva Eles têm importância muito grande na preparação especializada do atleta pois nas etapas iniciais de preparação é inacessível o cumprimento integral do exercício competitivo devido ao baixo nível de condição Mas existe a possibili dade de modelar no processo de treino alguns parâmetros com a reprodução li mitada simultânea de outros Tudo isso torna acessível a realização do exercí cio Os exercícios preparatórios especiais aproximamse paulatinamente pelos seus parâmetros dos competitivos Como exemplo de tal modelagem parcial pode servir o de um ciclista quando pedala em ritmo de competição mas com as trans missões baixas ou nas corridas com uma motocicleta líder Nesse caso um parâmetro correspon de completamente ao parâmetro orien tado ao ritmo de movimentos e o outro limitase ao regime de força do exercício Nas modalidades cíclicas desportivas são muito difundidos os exercícios prepa ratórios especiais em que se planifica o cumprimento de distâncias mais curtas do que a distância de competição mas com a velocidade de competição ou pelo con trário trechos mais longos mas com a ve locidade abaixo da de competição Nas modalidades complexas de co ordenação como por exemplo na ginás tica pode ser utilizado o exercício com a execução de toda a combinação de compe tição mas com a distribuição mais prolon gada no tempo dos elementos do que no exercício de competição competitivo Exercício preparatório geral É o exercício que tem ou não se melhança com os principais exercícios competitivos Uma vez que o organismo humano representa algo único o desen volvimento de algumas qualidades não ocorre isoladamente do desenvolvimento 59 Treinamento desportivo TABELA 32 Classificação dos exercícios competitivos fundamentais Matveev 1991 Classe de exercícios Grupos Subgrupos e tipos de exercícios Exercícios pluriestruturais 1 Exercícios de velocidade A Saltos em atletismo e outros formas relativamente estáveis e de força desportos B lançamentos dardo disco martelo peso etc C levantamento de pesos exercícios de triatlo D Sprint exercícios de atletismo e outros cíclicos de máxima potência 2 locomoção cíclica para A locomoção de potência submáxima desenvolvimento da corridas de distâncias médias resistência provas de natação de 100400 metros etc B locomoção de grande e moderada potência corridas de 3 a 5 km e mais provas de natação de 500 metros e mais etc Slalom e descida de velocidade em esquis Exercícios poliestruturais 3 jogos desportivos A jogos que se caracterizam pela formas alternadas que elevação da intensidade e pela variam segundo as possibilidade de exclusão periódica condições da competição durante o processo de jogo basquetebol handebol etc B jogos que se caracterizam pela sua relativa continuidade e prolongamento da participação nas competições futebol hóquei escandinavo etc 4 Corpo a corpo desportivo A Esgrima B Boxe e luta Série de exercícios 5 Duatlo e provas combinadas A Provas combinadas homogêneas competitivos duatlo e com um conteúdo renovável tetratlo de patinagem triatlo de provas combinadas 6 Duatlo e provas combinadas esquis de montanha etc com renovação periódica B Diatlo e provas combinadas do conteúdo heterogêneas pentatlo e decatlo no atletismo pentatlo moderno etc C Arte desportiva ginástica desportiva acrobacia saltos ornamentais etc das outras A especialização extremamen te estreita quando se ignora o necessário desenvolvimento multilateral contradiz o desenvolvimento natural do organismo É extremamente importante levar isso em consideração nas idades infantil e juve nil Toda a experiência da preparação dos atletas mostra que a especialização despor tiva bemsucedida em certa modalidade é condicionada em grande medida pelo desenvolvimento físico multilateral De acordo com essa disposição a melhora do nível geral das habilidades funcionais do organismo do atleta possui um significado 60 Antonio Carlos Gomes primordial para a especialização desporti va bemsucedida Essa importante tarefa de preparação é resolvida com a ajuda dos exercícios preparatórios gerais A prática do desporto acumulou du rante toda a sua história enorme quan tidade de exercícios preparatórios gerais No entanto ao resolver as tarefas de pre paração considerando sua orientação es pecial escolhese a composição dos meios de preparação geral do atleta de modo que se possa contribuir justamente para o desenvolvimento das qualidades que têm significado dominante na modalidade desportiva escolhida praticada Todos os meios de treinamento des portivo até agora apontados não são ape nas formas de preparação física mas de preparação técnica tática e psicológica Ao mesmo tempo em que se utilizam os meios específicos empregamse formas variáveis de preparação intelectual mo ral e estética Na sequência são descritos exemplos de exercícios para o desenvolvi mento das capacidades motoras MéTODOS PEDAGÓGiCOS DE PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA O método de preparação desportiva está diretamente ligado ao objetivo pre tendido o qual representa um sistema es tável de ações consecutivas direcionadas para a solução de tarefas programadas anteriormente A preparação integral do atleta pres supõe a obtenção de vários objetivos que determinam os mais diversos meios e mé todos de preparação desportiva Para cada componente do siste ma de preparação do atleta existe uma composição de métodos Na sequência é abordada apenas a característica geral dos métodos de influência pedagógica Tais métodos para podermos estudar com profundidade serão divididos em três grupos influência prática verbal e demonstrativa conforme a Figura 31 Matveev 1977 A especificidade da preparação do atleta pressupõe a orientação predominan te das influências sobre o aperfeiçoamento das capacidades locomotoras do organismo humano que determina o significado do minante dos métodos de influência prática No processo de preparação do atleta tais métodos são apresentados preferencial mente pelos métodos de exercício físico Os dois outros grupos de métodos influên cia verbal e demonstrativa são complemen tares para a ótima realização dos métodos práticos Zakharov Gomes 1992 Os métodos de influência prática são referendados pelos métodos de exercício físico conhecidos como programados de jogos e competitivos Método de influência prática programado A programação constitui a condição indispensável de influência orientada dos meios de treinamento que contribuem para a solução eficiente das tarefas de preparação Qualquer método tem grau determinado de programação variando apenas seu grau e parâmetros Os métodos de exercício programa dos regulamentados são muito diversifi cados O aspecto interno do conteúdo de cada um dos métodos apresenta caráter muito específico Convém comparar a ca racterística de cada método com o objetivo concreto de preparação dos atletas Cada método apresenta uma série de variáveis que são utilizadas à medida que cresce a exigência das tarefas motoras Por isso apresentaremos a seguir apenas a classi ficação geral dos métodos com base nos indícios externos do exercício Todos os 61 Treinamento desportivo métodos do exercício programado podem dividirse em dois subgrupos n Métodos orientados para o ensino da técnica das ações motoras n Métodos orientados para o treinamen to das capacidades motoras Essa divisão acertadamente é consi derada convencional pois qualquer execu ção prática do exercício exerce influência conjugada sobre diversos aspectos de pre paração do atleta Dessa forma tal classi ficação permite distinguir os diversos ele mentos que são próprios desses métodos Métodos de ensino da técnica de ações motoras Destacamse dois enfoques metodo lógicos principais do ensino da técnica das ações motoras o integral e o dividido a Método de ensino integral Pressupõe o estudo da técnica das ações motoras de uma só vez e em caráter integral A sua principal vantagem é que a téc nica da atividade motora pode ser assimi FiGurA 31 Métodos pedagógicos de preparação desportiva 62 Antonio Carlos Gomes lada de forma integral à interação perma nente de suas fases o que permite manter o ritmo das ações e sua estrutura geral Quanto às deficiências podemos destacar n a dificuldade de aplicar o método no ensino das ações motoras complexas n as dificuldades na correção dos erros pois o técnico não é capaz de corrigir imediatamente todos os erros cometi dos durante a realização do exercício n a dificuldade de prestar atenção sele tiva ao aperfeiçoamento de certos ele mentos das Ações Motoras AM n o rápido cansaço do atleta promovido pela múltipla repetição do exercício Tal método é utilizado na aprendiza gem inicial das ações motoras relativamen te fáceis quanto à técnica ou das ações que não podem ser divididas sem a desfiguração das fases e dos elementos destacados Apli case amplamente na etapa de consolidação e no aperfeiçoamento da técnica da AM O método da execução integral múl tipla da AM pode ser utilizado nas seguin tes variantes Maznitchenko 1977 a execução repetida da AM com o conse quente aperfeiçoamento dos elemen tos e dos detalhes b repetição múltipla da AM nas condi ções permanentes com o objetivo de sua consolidação c execução com as condições crescentes que se aproximam das realizadas em competição d execução nas condições complexas com muito cansaço com a presença do adversário com as condições climá ticas etc b Método de ensino dividido analíticosintético Representa a divisão da atividade motora em elementos ou em fases relati vamente independentes que podem ser aprendidos de modo autônomo com sua posterior ligação globalizada A possibilidade de concentrar a atenção dos atletas de modo mais com pleto na fase destacada e seu aperfei çoamento mais detalhado constitui o seu aspecto positivo Durante o trabalho com os componentes da técnica exclui se a execução repetida das partes e das fases ainda não assimiladas Com isso podese evitar que surjam erros estáveis o que é destaque no método de ensino integral A execução das partes isoladas é menos cansativa do que a execução da ação integral Por conseguinte é possível o aumento do número de repetições de elementos em ação Convém dividir a atividade motora a fim de que haja o menor número possível de desfigurações das partes destacadas A sua assimilação não deve ser levada até o automatismo nível de hábito Uma das deficiências consideráveis desse método é que ele não deve ser apli cado nos casos em que a AM não possa ser dividida p ex nos saltos na ginás tica no chute na bola ou não possa ser dividida sem consideráveis desfigurações das partes destacadas Mesmo nas cir cunstâncias mais favoráveis quando na técnica da AM destacaramse as partes ou as fases relativamente independentes não se consegue manter por completo na composição da AM integral as carac terísticas próprias As deficiências do método de en sino dividido diminuem quando as partes destacadas da atividade motora apresentamse sob a forma de exercícios chamados exercícios parecidos Eles representam variantes simplificadas das ações trabalhadas ou partes destacadas transformadas nas AM integrais Ach manin 1990 As principais variantes desse método são 63 Treinamento desportivo a o estudo separado dos elementos da ação com posterior ligação para o mo vimento total b o ensino consequente dos elementos da técnica da AM com sua ligação gra dativa ensino da técnica da AM com o método de intensificação c o destaque dos elementos da AM para curto período de tempo para sua pre cisão d o aperfeiçoamento dos elementos da AM sob a forma de exercícios Métodos de treino das capacidades motoras Na classificação geral dos métodos orientados para o treinamento das ca pacidades motoras há alguns indícios externos do exercício Assim o exercício pode ser executado no regime contínuo permanente intervalado ou misto Cada uma das variantes podese caracterizar pelos parâmetros constantes ou variáveis do exercício Assim sendo destacamse os seguintes métodos do exercício progra mado aplicáveis ao aperfeiçoamento das capacidades motoras Figura 32 Método de exercício de carga contínua Caracterizase pela execução prolon gada do exercício sem alteração frequente do ritmo As mudanças no ritmo de car ga são programadas anteriormente e po dem ser enfocadas na prática de diversas formas Esse tipo de capacidade aeróbia VO2 máx nos desportos principalmen te nas modalidades em que a performance depende dessa fonte de energia como a natação o ciclismo o atletismo o remo a canoagem entre outros Figura 33 O método de exercício contínuo pode ser controlado na sua intensidade pelos parâmetros de frequência cardíaca concentração de lactato e velocidade mé dia de execução do exercício o volume é controlado pelo tempo de duração ou mesmo pela metragem total da atividade O importante é que o treinador observe com qual dinâmica de carga ele pretende ministrar o trabalho pois isso tem relação direta com o nível que apresenta o des portista Método de exercício de carga intervalada O exercício de carga intervalada deve ser estruturado levando em consi deração o objetivo do treino Esse tipo de exercício auxilia no desenvolvimento ae róbio anaeróbio alático anaeróbio lático nos trabalhos de flexibilidade de força técnico e na coordenação de movimentos Ao organizar a sessão de treinamento o treinador seleciona a dinâmica da carga coerente com seu objetivo de treino de terminando assim as dinâmicas a serem utilizadas ou mesmo o número de repeti ções ou séries que deverão compor o pro grama de treinamento A intensidade e o volume estão diretamente relacionados com o tipo de desporto Os exercícios in tervalados devem ser prioridades nos des portos de luta jogos coletivos e em uma série de outros desportos de curta dura ção Figura 34 Método de exercício de carga mista intervalado e contínuo Na Figura 35 apresentamos dinâmi cas de cargas mistas em que a prioridade é sempre iniciar com cargas intervaladas terminando com as cargas contínuas Na prática é muito comum o treinador re solver por exemplo no início do treino o treinamento do sistema anaeróbio alático e terminar o treino com o sistema aeró bio podendo compor os trabalhos de di 64 Antonio Carlos Gomes FiGurA 32 Método do exercício programado 65 Treinamento desportivo FiGurA 33 Dinâmica das cargas do método de exercício contínuo Legenda I Intensidade v volume 66 Antonio Carlos Gomes FiGurA 34 Dinâmica das cargas do método de exercício intervalado Legenda I Intensidade v volume 67 Treinamento desportivo FiGurA 35 Dinâmica das cargas do método de exercícios mistos Legenda I Intensidade v volume versas formas dependendo do desporto e da prioridade da sessão de treinamento Os métodos abordados não abran gem toda a multiformidade dos meios de solução das tarefas de preparação dos atletas Na prática temse utilizado larga mente diversas variantes de combinação dos métodos ou seja os chamados mé todos combinados A estruturação dos treinos com base em métodos combina dos permite frequentemente resolver com mais sucesso as tarefas de preparação 68 Antonio Carlos Gomes pois isso tem ampliado as possibilidades de prescrição dos exercícios Método competitivo O método competitivo deve ter os in dícios próprios das competições A compe tição é a expressão mais brilhante do mé todo competitivo que possui uma esfera muito ampla de aplicação e pode ser uti lizado em qualquer modalidade com base nos exercícios físicos A subordinação da atuação do atleta à tarefa de vencer os ad versários ou de superar o resultado atingi do anteriormente é o índice mais caracte rístico do método competitivo Semelhante tarefa orientada representa um poderoso impulso para a mobilização máxima das potencialidades físicas e psíquicas do atle ta O fator de rivalidade cria condições emocionais nas quais se reforçam as mu danças funcionais no organismo do atleta Nas condições do método competitivo o efeito de treino fica mais expresso do que no caso de utilização de outros métodos É justamente com isso que se explica o signi ficado particular do método na preparação dos atletas de alto nível A deficiência desse método está na limitação de direção do atleta no processo de execução do exercício sob forma com petitiva assim como na dificuldade de do sagem e no controle da carga O método competitivo aplicase com o objetivo de resolver diversas tarefas de preparação dos atletas assegurando a influência complexa conjugada sobre diferentes aspectos de preparação e por isso é de grande eficiência na etapa de aperfeiçoamento desportivo A aplicação do método competitivo na etapa inicial de aprendizagem da técnica da AM ou com baixo nível de desenvolvimento das capa cidades motoras não é aconselhável pois o resultado pode ser negativo Método de jogo O método de jogo realizase não apenas por meio dos jogos habituais vo leibol futebol basquetebol etc mas é muito mais amplo pelos meios e formas de realização A principal particularidade do método de jogo consiste em desenvol ver a atividade locomotora do indivíduo Como base de desenvolvimento podem servir as situações imaginadas de vida jogos de imitação alguns movimentos e ações característicos da prática labo ral e militar do homem Por exemplo se o aperfeiçoamento de deslocamento em equilíbrio tem como desenvolver a for ma de travessia do rio por uma ponte estreita nesse caso aplicase o método de jogo Se o mesmo exercício não tem semelhante sentido de desenvolvimento e se subordina por completo à tarefa de aperfeiçoamento da técnica da ação ou da rapidez de deslocamento nesse caso é aplicado o método de exercício programa do ou o método competitivo No método de jogo sempre há um confronto entre os participantes do jogo mas está subordi nado ao desenvolvimento do exercício Só no caso em que um jogo desportivo tornase o conteúdo do exercício realiza do à base do método de jogo e segundo o seu resultado realizase a competição e desaparecem as diferenças entre os dois métodos Achmanin 1990 Juntamente com a forma a falta de programação rigorosa e a emotividade claramente expressa da atividade dos jo gadores são os indícios mais característi cos do método de jogo A diversidade das situações de jogo exige independência criadora na escolha das soluções mais eficazes das tarefas mo toras Nesse sentido geralmente no jogo se manifesta o complexo de diversos há bitos e capacidades motoras Todas essas características elevam o valor do método 69 Treinamento desportivo de jogo no processo de preparação dos jo vens desportistas Ao aplicar o método de jogo é preci so ter em vista que ele não permite dosar com precisão a carga pois não há possibi lidade de prever as ações de cada um dos participantes Métodos de influência verbal A própria denominação desse mé todo deixa claro o tipo de interação en tre técnico e atleta que ele envolve A solução de qualquer que seja a tarefa de preparação do atleta é impossível sem a utilização das formas verbais de con tato Dentre os métodos de influência verbal podem ser citados a explicação a conversa o comando a indicação cor retiva a análise verbal a avaliação etc Convém relevar o conteúdo emocional e o sentido lógico informativo de cada método verbal O alto nível pedagógico do técnico manifestase em grande medida na ma neira como são tratados os atletas sa bendo utilizar a palavra para a ativação e para a direção eficiente da sua atuação É muito difícil falar dos caminhos concre tos de aplicação de tal ou qual método pois são demasiadamente diversificadas as situações que determinam a escolha do processo pedagógico O técnico apoiase frequentemente em critérios de difícil detecção e ligados à intuição à experiência pessoal ao conhe cimento das particularidades individuais do atleta à situação concreta etc Não poderíamos neste livro analisar todas as situações possíveis e os métodos de in fluência verbal ligados a elas É por isso que temos de nos limitar à constatação geral do papel do método na preparação dos atletas Métodos de influência demonstrativa Ao tratar da demonstração temos em vista a utilização no processo de trei namento do atleta das possibilidades de diferentes sistemas sensoriais do homem Destacamse três grupos de métodos de influência demonstrativa a métodos demonstrativos visuais b métodos demonstrativos auditivos c métodos demonstrativos motores ci nestésicos a Os métodos demonstrativos visuais podem ser divididos em apresentação da atividade motora demonstração de mate riais didáticos e orientação visual A demonstração da atividade moto ra é o método mais divulgado de ensino que se aplica na etapa de aprendizagem Na base do ensino com a ajuda da de monstração está a imitação É de particu lar importância a utilização desse método no trabalho com crianças pois elas têm capacidade de imitação muito desenvolvi da O método demonstrativo visual sem pre combina com o método de influência verbal Para criar uma ideia geral aplica se a demonstração integral porém para apresentar detalhadamente as particulari dades da AM recorrese à demonstração adaptada Nela os movimentos são apre sentados em ritmo lento e na medida do possível destacandose expressivamente as posições do corpo com as paradas A demonstração dos materiais di dáticos proporciona possibilidades com plementares para que o atleta perceba o meio de solucionar a tarefa motora Em pregamse para tal fim gravações de ví deo cartazes desenhos esquemas etc A orientação visual ajuda a executar corretamente o movimento no espaço e no tempo Como pontos visuais de refe 70 Antonio Carlos Gomes rência utilizamse objetos ou marcações de acordo com os quais o atleta tem de construir seu movimento p ex os sal tadores de altura utilizam amplamente a marcação que determina o comprimento a direção do impulso e a colocação dos pés Para a orientação visual utilizam se diversos engenhos técnicos p ex o aparelho de treino com lâmpadas que acendem em diversos pontos do quadro especial para o treinamento de rapidez e para a precisão do impulso ou a onda luminosa ao longo da pista de corrida ou na borda da piscina b Os métodos demonstrativos auditivos sonoros criam os pontos sonoros de re ferência necessários ao início e ao fim do movimento ou de seus elementos Com um sinal sonoro combinado de antemão pode se indicar o momento do esforço principal p ex a curva do corpo na execução de um elemento ginástico no aparelho Com a ajuda da demonstração sonora assimila se bem o ritmo das ações motoras utilizan dose para isso um líder sonoro c Os métodos demonstrativos motores cinestésicos visam à organização da percepção pelo atleta das sensações vin das do aparelho motor Como exemplo de demonstração motora podemos citar a ajuda dirigente o técnico guia a mão do atleta no ensino dos golpes do tênis A técnica de fixação das posições do corpo ou de suas partes em momentos separados da AM p ex a fixação da postura corre ta do ciclista ou da posição do pugilista ajuda também no ensino desta Ao apro veitar a técnica de fixação das posições será muito útil que o atleta sinta a posição correta comparada com a incorreta CArGA DE TrEiNAMENTO E SuAS FOrMAS DE AÇÃO A relação entre a condição do atleta e a carga de treinamento constitui o pro blema central da teoria e da técnica de planejamento do treinamento Tratase de um assunto que requer atenção por parte dos especialistas e uma investigação cien tífica contínua e permanente Durante a prática desportiva os es tímulos utilizados determinam a carga de trabalho à qual o desportista é submetido Antes de examinar os aspectos práticos en tre a carga e a condição do atleta quere mos apresentar alguns conceitos de carga de treinamento e seus efeitos Inicialmen te podemos definir carga de treinamen to como o resultado da relação entre o volume total de trabalho e a qualidade do trabalho ou seja a intensidade Para compreendermos melhor o componente da carga de treinamento devemos enten der que se trata de um trabalho muscu lar que implica em si mesmo o potencial de treinamento oriundo da condição do desportista o qual produz um efeito de treinamento que leva a um processo de adaptação Zakharov Gomes 1992 O conceito de carga de treinamen to é muito discutido na literatura inter nacional O pesquisador Verkhoshanski por exemplo defende que a carga de treinamento não existe tratase de uma função de trabalho muscular típica da ati vidade de treinamento e de competição do desporto praticado É propriamente o trabalho muscular em si mesmo Em con sequência também propicia o efeito de treinamento que é determinado em gran de medida pela condição atual do atleta Verkhoshanski 1990 Portanto a relação entre a condição do atleta e a carga de treinamento é mui to complexa depende de muitos fatores e determinase por um grande número de variáveis lamentavelmente devemos admitir que existem poucos dados obje tivos sobre essa relação As investigações desenvolvidas em todo o mundo nesse campo ainda ocorrem de forma isolada e incompleta não permitem chegar a re sultados absolutos e de certa forma são incompatíveis e contraditórias CArACTErÍSTiCAS DA CArGA DE TrEiNAMENTO Na base do treinamento desportivo fundamentado pela fisiologia verificase que qualquer influência sobre o organis mo humano provoca reações e conse quentemente uma adaptação A reação à 4 CARGA DE TREINAMENTO 72 Antonio Carlos Gomes influência exterior é a condição biológica natural da existência de qualquer organis mo vivo na natureza Essas reações de res posta de adaptação estão ligadas à noção de adaptação Pelo termo carga de treinamen to entendese a medida quantitativa do trabalho de treinamento desenvolvido Geralmente distinguemse os conceitos de carga externa de carga interna e de carga psicológica A primeira trata da quantidade de trabalho desenvolvido a segunda do efeito que propicia sobre o organismo e a terceira trata de como isso é visto psicologicamente pelo atleta Essas variáveis já foram discutidas pelo Profes sor Matveev em 1964 e confirmadas pelo bioquímico Volkov em 1989 Eles chama vam de índices gerais de controle das car gas utilizados até hoje conhecido como volume e intensidade Ozolin 1949 Com o objetivo de controlar os níveis de adaptação à carga de treinamento sur gem várias classificações que levam em con ta a especificidade motora dos desportos a intensidade do trabalho muscular as tarefas pedagógicas que se desenvolvem durante o treinamento a influência dos processos de recuperação o efeito sobre o trabalho su cessivo e a interação de um trabalho com diferentes orientações Tudo isso estudado já nos anos 1950 e 1960 são indicadores de controle da carga de treinamento em que o objetivo é propiciar uma boa adaptação Apesar disso nenhuma dessas classifica ções levadas a cabo individualmente apre sentase como a melhor forma de solucionar os problemas da programação do processo de treinamento com tudo isso ainda falta uma aproximação em que se possa prever as exigências especiais para a evolução da carga de treinamento e principalmente que considere os critérios de classificação citados anteriormente com base em outras formas de sistematização O conceito de carga compreende em primeiro lugar a medida fisiológica do or ganismo provocado evidentemente por um trabalho muscular específico que no organismo se expressa na forma concreta de reações funcionais de uma certa inten sidade e duração Precisamente por isso surge a necessidade de sucessivo desen volvimento sobre a ideia de carga externa e interna e da introdução dos conceitos de potencial de treinamento e seu efeito que permitam uma definição mais concreta da relação estímuloefeito que ofereça uma maior precisão O resultado do estímulo produzido pela carga sobre o organismo pode expres sarse pelo efeito do treinamento e pode ser identificado sobretudo na base dos valores que variam da condição do atle ta Na literatura a forma de manifestação do efeito do treinamento é interpretada equivocadamente Em geral reduzse a representação linear de como se manifes tam os estímulos de treinamento citados por Zatsiorski em 1966 ou seja a carga imediata a carga posterior e a carga acu mulativa são as primeiras formas que se referem à sessão de treinamento O efeito imediato é a reação atual do organismo à carga física ou seja são as manifestações do organismo no momento da prática do exercício Já o efeito retardado são as tro cas que ocorrem no organismo e que po dem ser observadas depois da sessão de treinamento o cansaço muscular a fadiga muscular estabelecida póstreinamento o processo de recuperação e o efeito acu mulativo são o resultado da soma dessas cargas que ocorreram no organismo após algumas sessões de treino ADAPTAÇÃO NO TrEiNAMENTO DESPOrTiVO A dinâmica dos processos adapta tivos tem sido tema de estudo científico Weigert citado por Zhelyazkov 2001 comprovou em seus estudos que quan 73 Treinamento desportivo FiGurA 41 Processo de adaptação supercompensação Legenda T Tempo do o músculo suspende sua atividade e com isso detém a degradação ativa de suas substâncias os processos de ressín tese iniciam com tanta intensidade que os recursos energéticos gastos durante certo período depois do trabalho carga alcan çam um nível mais alto do que o inicial Esse estado é chamado pelo autor de fase de supercompensação Figura 41 Con sequentemente somente depois da excita ção após o estado de trabalho da matéria viva se observa um intenso metabolismo o qual auxilia o organismo a se recuperar e autorrenovar em um nível estrutural e funcional qualitativamente mais alto A adaptação em resposta às influên cias externas essenciais à integridade do organismo e ligadas ao desenvolvimento consequente das mudanças no organismo passou a chamarse síndrome de adapta ção geral estresse e reação O desenvolvi mento do estresse e da reação de acordo com o tempo pode ser dirigido segundo a concepção clássica de G Selie em três fatores Selie 1960 a reação de alarme b fases de resistência c fases de esgotamento Na fase de alarme surgem respostas ao fator choque Com o estresse cresce a velocidade do consumo de energia e au mentam as necessidades do organismo em ATP A essência dos processos na pri meira fase do estresse e da reação consis te na intensificação do metabolismo para o crescimento da produção de energia Esses processos têm início com o sinal do sistema nervoso central sobre o início do estresse e com o crescimento da velocida de de síntese de hormônios os quais por sua vez estimulam uma série de reações químicas O resultado disso é a acelera ção dos processos de síntese dos substra tos energéticos que satisfazem as neces 74 Antonio Carlos Gomes sidades do organismo Não se consegue porém obter o equilíbrio do organismo pois isso ocorre devido ao surgimento dos grandes mecanismos consumidores de energia de adaptação imediata Se a ação do fator de estresse não diminui verifica se o esgotamento paulatino dos recursos de adaptação imediata e surge a reação defensiva do organismo percebida sub jetivamente pelo indivíduo como fadiga uma forte fadiga ligada a mudanças subs tanciais na condição do organismo impe dindo de continuar o contato com o agen te estressante Mais adiante se a ação do estresse repetese sistematicamente o processo de adaptação entra na fase de resistência O tempo de obtenção dessa fase é de semanas ou meses e depende da re ceptividade do organismo e da intensida de dos fatores de estresse em ação A es sência da fase de resistência consiste na substituição dos mecanismos urgentes de adaptação do organismo pelas mudanças estruturais e funcionais a longo prazo o que permite satisfazer as necessidades de energia De acordo com os requisitos apresentados ocorre não só a mobiliza ção dos recursos energéticos e plásticos estruturais do organismo mas também a redistribuição desses recursos para o sis tema dominante do organismo respon sável pela adaptação A adaptação a longo prazo do orga nismo do atleta ao processo de treina mento pode ocorrer de várias formas Meerson 1986 Meerson Pshennikova 1988 Platonov 1988 1 acúmulo de elementos estruturais dos órgãos e dos tecidos que asseguram o crescimento de suas reservas funcio nais tais como o aumento do volume de massa muscular o crescimento do consumo máximo de oxigênio etc 2 aperfeiçoamento da estrutura coorde nadora dos movimentos 3 aperfeiçoamento dos mecanismos re guladores que asseguram a atividade de diversos componentes do sistema funcional do organismo 4 adaptação psicológica às particulari dades da atividade competitiva aos meios de influência de treinamento e às condições do treinamento em com petição A obtenção da fase de resistência às cargas específicas constitui o objetivo principal do processo de treinamento sendo seu índice integral a elevação do nível dos resultados desportivos Se a ação de estresse for prolongada ou as exigências em relação às possibili dades de adaptação do organismo forem extremamente altas pode aparecer a ter ceira fase que é o esgotamento A manu tenção da produção elevada de energia que surge na fase anterior exige gasto maior de proteína mas a velocidade de sua síntese é lenta em relação às neces sidades Assim verificase sua deficiência crônica As estruturas das células que não têm substituição dos elementos intracelu lares utilizados modificamse As células após as mudanças perdem a capacidade de funcionar em regime normal e surge o estado conhecido como patológico O processo de adaptação pode ser in terrompido nessa fase a ação do estresse é afrouxada ou cessa Se no entanto nas fases anteriores for possível o retorno do organismo ao estado inicial na fase de es gotamento mesmo o desaparecimento do estresse deixará mudanças irreversíveis nas estruturas celulares É por isso que no processo de treinamento não se deve atingir a fase de esgotamento Do ponto de vista biológico convém ver o treino desportivo como um processo de direção das adaptações do organismo do atleta habitualmente conhecido como carga São as causas que provocam as al 75 Treinamento desportivo terações de adaptação no organismo do desportista No processo de preparação os exercícios físicos são o principal fator específico que caracteriza a carga De acordo com a classificação dos exercícios físicos convém distinguir a carga de treinamento condicionada pela influência sobre o organismo dos diver sos tipos de exercícios preparatórios e a carga competitiva condicionada pela exe cução do próprio exercício competitivo Juntamente com isso devese levar em consideração que a carga é determinada também por toda uma série de fatores concomitantes à execução dos exercícios físicos fatores psicológicos condições ambientais etc os quais também devem ser considerados como componentes da carga As alterações que ocorrem no orga nismo como consequência da carga são conhecidas como efeitos do treinamento EFEiTOS DE TrEiNAMENTO A influência da carga sobre o organis mo não se restringe ao tempo de execução do exercício de treinamento mas abrange também o período de descanso após o tra balho O efeito de treinamento atingido como resultado da aplicação da carga não permanece constante pelos seus parâme tros mas se altera em função da continui dade do descanso entre as influências e o acúmulo de efeitos de novas cargas No entanto destacamse os seguintes tipos de efeitos de treinamento Figura 42 FiGurA 42 Tipos de efeitos de treinamento zakharov Gomes 1992 76 Antonio Carlos Gomes Efeito imediato de treinamento Caracteriza as alterações que ocor rem no organismo do atleta imediatamen te no período da execução do exercício ou na sua conclusão As mudanças funcionais no organismo ocorrem de acordo com o mecanismo de adaptação imediata e o de senvolvimento dos processos de fadiga Efeito posterior de treinamento É o que caracteriza as alterações no organismo do atleta no período de recu peração até o próximo treinamento As alterações funcionais no organismo ocor rem de acordo com as leis naturais dos processos de recuperação Efeito somatório de treinamento É o resultado da soma dos efeitos de várias cargas de treinamento As altera ções funcionais no organismo são deter minadas pelas condições de interação dos efeitos das cargas aplicadas Efeito acumulativo a longo prazo de treinamento É o resultado da junção dos efeitos de alguns ciclos de influências e caracteri zase pelas consideráveis reestruturações de adaptação a longo prazo dos sistemas funcionais A eficiência do processo de treina mento está condicionada pela compre ensão da essência da relação carga efeito de treinamen to O saber dirigir o processo de treinamento está relacionado com o saber obter o necessário efeito de treinamento por intermédio da seleção e da complexidade das respectivas cargas A complexidade desse problema explica se por um grande número de variáveis e pela multiformidade de fatores extre mamente complexos que determinam as relações consequentes da carga e de seu efeito Uma vez que as cargas dos atletas são muito diversificadas surge a necessi dade de destacar seus principais indícios Dentre os indícios essenciais da carga te mos o caráter especializado o dirigido a grandeza a complexidade psicológica e coordenativa Godik 1980 CArGA DE TrEiNAMENTO E SEuS ASPECTOS DETErMiNANTES Para selecionar uma ótima carga de trabalho devese levar em consideração alguns aspectos que serão discutidos a seguir Figura 43 Conteúdo da carga A carga pode ser determinada por dois aspectos do treinamento o primeiro é o nível de especificidade e o segundo é o potencial de treinamento a Nível de especificidade ocorre pela maior ou menor similaridade ao exer cício competitivo Isso permite englo bar os exercícios em dois grupos os de preparação especial e os de preparação geral b Potencial de treinamento definese como a forma em que a carga estimu la a condição do atleta O potencial de treinamento dos exercícios reduzse com o crescimento da capacidade de rendimento por isso surge a necessi dade de variar os exercícios e usase a intensidade para seguir alcançando implementos em seu rendimento Os exercícios utilizados devem ser au mentados gradativamente observan do a consequência lógica de forma 77 Treinamento desportivo FiGurA 43 índices e critérios da carga de treinamento verkhoshanski 1990 que os utilizados em primeiro lugar devem criar as condições favoráveis para aqueles utilizados posteriormente Viru 1995 Volume da carga É determinado pelo aspecto quanti tativo do estímulo utilizado no processo de treinamento Nesse aspecto a carga distinguese da seguinte forma Gomes Filho 1991 a magnitude da carga b intensidade da carga c duração da carga a Magnitude do volume e da carga Tratase da medida quantitativa glo bal das cargas de treinamento de diferen tes orientações funcionais que se desen volvem em uma sessão em um microciclo em um mesociclo ou em um macrociclo A magnitude é determinada pelo nível de treinamento do atleta e pelo momento da preparação a que se pretende chegar Mas nem sempre se cumpre o maior volume de trabalho correspondente para o rendi mento É certo que durante as primeiras etapas da vida desportiva o aumento do volume vai auxiliar na melhora do ren dimento porém uma vez que se chega ao alto nível nem sempre há correspon dência entre o incremento do volume e a melhora do resultado e muitas vezes o aumento exagerado do volume pode di minuir a capacidade de rendimento do atleta b Intensidade da carga A intensidade da carga trata do seu aspecto qualitativo Assim como o que ocorreria com a magnitude a intensidade está relacionada com o nível do desportis ta e evidentemente ao momento em que ele se encontra na temporada Definese intensidade como a força de estímulo que manifesta o desportista durante o esforço Grossen Starischa 1988 78 Antonio Carlos Gomes No trabalho de força uma pessoa nãotreinada deve utilizar pesos entre 30 e 40 de sua força máxima para conseguir um aumento consecutivo do rendimento Já um desportista treinado necessita tra balhar com cargas acima de 70 Alguns estudos destacam os seguintes aspectos na intensidade para o trabalho de força 1 A relação entre as repetições com que se trabalha a intensidade máxima e os resultados obtidos ou seja o aumento progressivo do número dessas repeti ções favorece a melhora dos resulta dos mas alcançados certos valores os efeitos começam a ser negativos 2 A utilização de repetições de alta in tensidade superiores a 90 não me lhora os resultados Atualmente o treinamento de halterofilismo iniciase com grandes cargas de trabalho ou seja com intensidade alta algo que também coincide com estudos de Ra mon em 1988 inclinandose por uma maior proporção de trabalho efetuado na zona de intensidade de 70 a 80 Outros tantos ocorrem nos desportos de resistência As pessoas sedentárias realizam esforços de 30 minutos com batimentos cardíacos de aproximada mente 130 bpm e produzem adapta ções no entanto os desportistas que praticam provas de fundo necessitam incrementar a velocidade de corrida e fazer grandes volumes para conseguir melhoras em sua capacidade funcional ou em seu rendimento As formas de controlar as intensidades da carga va riam de uma modalidade desportiva para outra c Duração da carga A duração da carga de treinamento é um aspecto fundamental do volume A distância percorrida e o tempo total gas to para completar toda a carga em uma sessão de treinamento devem ser conside rados também como uma carga caracte rizada pela sua duração Hoje em dia é sabido que as cargas de diferentes características apresentam limites a partir dos quais a carga não pro voca melhoras no rendimento Nesse sen tido as cargas aeróbias provocam em um mês um aumento significativo dos índi ces de rendimento aeróbio Mais adiante o incremento é mais lento até os três me ses de treinamento aproximadamente in dependentemente do volume os índices não variam substancialmente mantendo se os níveis adquiridos Já a respeito das cargas anaeróbias o ritmo de melhora da capacidade de rendimento não evolui tanto quanto a capacidade aeróbia Para conseguiremse valores máximos de capa cidade anaeróbia é necessário de três a quatro meses de trabalho precedidos por um considerável trabalho aeróbio Suslov 1976 Zatsiorski 1966 A força explosiva estabiliza o seu crescimento em três ou quatro meses po rém se no processo de treinamento as cargas de força explosiva forem aplicadas mais espaçadamente essa condição pode continuar crescendo até por volta de 10 meses A magnitude da carga segundo con sideram alguns autores é um novo fator da densidade do estímulo A densidade do estímulo está dire tamente relacionada com o esforço e com o descanso em uma unidade de trabalho dentre aquelas que se organiza no trei namento As pausas entre os estímulos descansos cumprem duas finalidades reduzir o cansaço pausas completas e permitir os processos de adaptação pau sas incompletas Essas pausas podem ser utilizadas de duas maneiras ativas ou passivas As ativas aplicadas corretamen te e em alguns casos aceleram o processo de recuperação Por exemplo depois de 79 Treinamento desportivo elevadas cargas anaeróbioláticas a ve locidade de eliminação do lactato com recuperações passivas é de 002 a 003 gramaslitro por minuto aumentando a velocidade de eliminação para 008 a 009 gramaslitro por minuto Ao realizar uma recuperação ativa de uma intensidade que corresponde de 50 a 60 do VO2 máx isso adquire uma importância especial do desporto moderno em que os atletas são submetidos a elevadas cargas de trabalho de 600 a 800 sessões de treinamento 70 a 120 competições por ano Zakharov Go mes 1992 Organização da carga Entendese por organização de car ga a sistematização no período de tempo determinado A base dessa sistematização deve ser realizada com a obtenção de um efeito acumulado de treinamento positivo de cargas de diferentes orientações Isso nos obriga a considerar dois aspectos den tro do processo organizacional a a distribuição da carga durante o tempo b a interconexão dessas cargas a Pela distribuição das cargas no tempo entendese de que forma colocamse as diferentes cargas nas partes em que tradicionalmente dividese o processo de treinamento por exem plo sessão dia microciclo mesociclo ou macrociclo Na atualidade existem duas formas de sugerir as cargas de treinamento em re lação ao tempo de trabalho as formas diluídas e as formas concentradas b A interconexão indica a relação que as cargas de diferentes orientações apre sentam entre si Uma combinação das cargas de diferentes características as segura a obtenção do efeito acumula tivo de treinamento Alguns exemplos desse efeito entre as cargas de dife rentes orientações relacionadas com o treinamento de resistência são n Positivo os exercícios de caráter aeróbio são executados depois das cargas do tipo anaeróbio alático Os exercícios de caráter aeróbio são executados depois de exercícios anaeróbio láticos de baixo volume Os exercícios de caráter anaeróbio lático são executados depois de car gas anaeróbio aláticas n Negativo os exercícios de orien tação anaeróbio alática são exe cutados depois de um trabalho de orientação anaeróbio lática Se executam exercícios de orientação anaeróbio lática depois de realizar grandes volumes do tipo aeróbio Devemos manter todos esses crité rios na hora de determinar a carga adequada de trabalho tendo como finalidade conseguir que o despor tista atinja a forma ótima de rendi mento durante o período competi tivo Powers Howley 2001 Carga especializada A especialização da carga sendo um de seus indícios reflete o grau de seme lhança da carga do exercício aplicado e da carga no exercício competitivo do atleta Todas as cargas de acordo com tal indí cio são classificadas em especializadas e nãoespecializadas Godik 1980 Para avaliar o grau de especialização devemos levar em consideração diversos critérios que refletem as características bioquími cas fisiológicas e psicológicas Quanto maior o grau de coincidência tanto mais especializada poderá ser considerada uma determinada carga As cargas especializadas asseguram o desenvolvimento predominante das ca 80 Antonio Carlos Gomes pacidades e das habilidades funcionais do organismo do atleta que determinam o nível das realizações nessa ou naquela modalidade desportiva Por essa razão o conteúdo das cargas especializadas em seu volume completo apresentase como importante característica do processo de treinamento que por sua vez determina os ritmos do crescimento e o nível dos re sultados desportivos A influência das cargas nãoespecia lizadas é extremamente importante na estratégia geral de preparação durante muitos anos Essas cargas foram a base funcional para a posterior preparação es pecializada As cargas nãoespecializadas exercem influência diversificada sobre o organismo do indivíduo permitem conse guir um aumento das possibilidades dos sistemas funcionais sem a aplicação dos meios específicos de preparação de ação forte e ampliam a base de hábitos e as capacidades motoras A violação de de terminadas proporções na correlação das cargas especializadas e nãoespecializa das em diferentes etapas de preparação de muitos anos refletese negativamente no nível dos resultados dos atletas Na determinação do grau de especiali zação de tal ou qual exercício cometemse frequentemente erros Por exemplo du rante muito tempo os arremessadores de peso utilizavam os exercícios com amortecedor de borracha como principal meio especializado de elevação das capa cidades de velocidade e de força Entre tanto pesquisas mais recentes revelaram que os exercícios com amortecedor e os movimentos competitivos reais dos arre messadores de peso são pouco parecidos em seus parâmetros dinâmicos internos embora sejam parecidos na amplitude e na trajetória do movimento Nos exercí cios com amortecedor a velocidade dimi nui na fase final ao passo que aumenta a necessidade de aplicação de maiores capacidades de força Mas no exercício competitivo tudo ocorre ao contrário Por conseguinte a utilização de tais exer cícios nos treinos não irá desenvolver as capacidades de velocidade e de força necessárias ao arremessador de peso A mudança na escolha dos exercícios nesse caso traduziuse na brusca elevação dos resultados Semelhantes erros são ampla mente difundidos também em outras mo dalidades desportivas O exemplo apresentado mostra que na determinação do grau de especializa ção da carga não devemos orientarnos apenas no sentido do aspecto externo do movimento mas também no caráter da estrutura coordenativa do funcionamento dos músculos no abastecimento energéti co do exercício nas reações vegetativas etc Juntamente com isso não se deve esquecer que atualmente nem sempre é possível definir com precisão o valor quantitativo do grau de especialização de qualquer meio de treinamento Se nas modalidades cíclicas essa ta refa pode de certo modo ser resolvida nas modalidades desportivas de coorde nação complexa surgem sérias dificulda des O caminho mais eficiente pode ser a ordenação parcial dos exercícios por um especialista que defina o grau de especia lização deles Em diferentes modalidades despor tivas o coeficiente de especialização da carga é definido como a relação do volu me de exercícios especializados e do vo lume total p ex o volume da carga de treinamento 500 horas o volume de exercícios especializados 300 horas O coeficiente será de 60 Controlando o processo de treinamento com a ajuda desse coeficiente podese acompanhar a dinâmica de cargas especializadas em diferentes etapas de preparação Godik 1988 O nível de especialização das cargas depende do nível do atleta Sabese que a estrutura de preparação do atleta que 81 Treinamento desportivo assegura a atividade competitiva eficien te difere substancialmente em diversas etapas de aperfeiçoamento durante mui tos anos tanto entre atletas de diferentes níveis inclusive os de alto nível como entre atletas de alto nível Orientação da carga O critério pressupõe a divisão de to das as cargas de treinamento em função do seu grau de influência sobre o aperfeiço amento de diversos aspectos qualitativos de preparação dos atletas A preparação do atleta é uma noção complexa determi nada pelo desenvolvimento de diversas capacidades motoras pelo aperfeiçoa mento da técnica e da tática e pela pronti dão psicológica Diferentes cargas de trei namento exercem diferentes influên cias sobre os sistemas do organismo do atleta determinando o nível de manifestação de diversos aspectos de preparação As cargas podem ser de orientação seletiva e complexa As cargas de orien tação seletiva estão predominantemente ligadas à influência sobre um sistema fun cional que assegura o nível de manifesta ção de tal ou qual qualidade ou capaci dade As cargas de orientação complexa prevêem a garantia de trabalho de dois ou mais sistemas funcionais É necessário considerar que não se pode assegurar com os meios de treina mento desportivos a influência seletiva rígida sobre certo órgão ou sistema funcio nal Qualquer ação motora envolve no seu funcionamento os mais diversos mecanis mos reguladores e executivos A aplicação da influência seletiva das cargas porém permite provocar a máxima mobilização de alguns desses mecanismos que assegu ram uma função concreta com um grau bastante baixo de participação de outros O técnico ao dar determinadas tare fas aos componentes do exercício procu ra obter o efeito de treinamento imediato cuja soma no futuro levará às corres pondentes reestruturações de adaptação a longo prazo e à melhora do resultado desportivo A orientação da carga pode ser regulada por meio de alterações dos parâmetros do exercício Figura 44 Intensidade da carga É bastante específica e é por isso que na escolha dos critérios de intensi dade devemos levar em consideração as particularidades de diferentes modalida des desportivas Nas modalidades cíclicas de despor to é a velocidade de deslocamento do atleta que constitui o parâmetro externo de intensidade da carga Existe certa in terligação da velocidade de deslocamen to no processo de execução do exercício com a orientação do efeito de treinamen to Se a velocidade dos exercícios físicos não for alta o consumo do oxigênio du rante o trabalho satisfaz por completo as necessidades do organismo e os gas tos de energia são relativamente baixos O trabalho com tal intensidade passou a chamarse subcrítico Com o aumento da velocidade de execução do exercício vem o momen to em que a demanda de oxigênio e seu consumo tornamse iguais Isso acontece quando o consumo corrente do oxigênio pelo atleta atinge o nível de suas possi bilidades aeróbias máximas O trabalho com tal intensidade chamase crítico E finalmente a intensidade sobrecrítica condiciona a superação substancial da de manda de oxigênio em relação ao consu mo Esse trabalho ocorre com o aumento brusco dos gastos energéticos Kots Vino gradova 1981 É bastante divulgada na prática des portiva a determinação da intensidade relativa do exercício Nesse caso a velo 82 Antonio Carlos Gomes FiGurA 44 Formas de alterações dos parâmetros do exercício cidade média do atleta na distância com petitiva é tomada como índice de inten sidade absoluta Assim se o ciclista tem o resultado de cinco minutos na distância de quatro quilômetros a média será de 133 mseg A intensidade relativa é de terminada em porcentagem relativamente à absoluta Vamos supor que o mesmo ci clista tenha percorrido a distância de um quilômetro em um minuto e 20 segundos com a velocidade média de 125 mseg nesse caso a intensidade relativa da car ga será de 80 A intensidade média do treinamento apresentase como a soma da intensidade dos exercícios em separado Para a elevação da intensidade de carga existem diferentes critérios fisioló gicos os índices de frequência cardíaca e o teor de lactato no sangue Com base na medição da frequência cardíaca FC fo ram propostos muitos métodos diferentes da avaliação da intensidade Assim para determinar a intensidade relativa empre gase a seguinte fórmula 83 Treinamento desportivo n FC de repouso medese de manhã após o sono em posição deitada n FC máxima medese num teste veloer gométrico crescente em graus com o trabalho até a exaustão Exemplo um indivíduo que apresen ta uma frequência cardíaca de repouso de 50 batimentos por minuto e no teste de esforço máximo chegou a 188 batimen tos por minuto bpm trabalhando com frequência de 160 bpm estará trabalhan do em que intensidade intensidade Nessas classificações procu ram ligar diferentes índices que caracte rizam o sistema energético do trabalho o grau de alterações nos sistemas fun cionais a velocidade de deslocamento a duração do trabalho etc A nosso ver a variante mais apropriada de classifica ção é a proposta na Tabela 41 As zonas de intensidade permitemnos determinar a orientação das cargas dependendo da sua intensidade Alterando a intensida de de trabalho podese contribuir para a mobilização predominante de determina das fontes de asseguramento energético intensificar de forma diferente a atividade dos sistemas funcionais e influir sobre o aperfeiçoamento de preparação técnica do atleta Zakharov Gomes 1992 Nos jogos desportivos e nas lutas o controle de intensidade é difícil de ser re alizado pois os exercícios nessas moda lidades desportivas têm caráter variável O principal significado cabe ao controle do número de ações numa unidade de tempo e aos índices ligados à frequência cardíaca Nas modalidades desportivas de ve locidade e de força por exemplo no hal terofilismo é mais difundido o índice de peso médio dos halteres que é a relação da soma de quilos levantados e do núme ro de repetições e o índice de intensidade I 100 FC máxima FC de repouso FC da carga FC de repouso Ao utilizar o índice da FC convém considerar que ele não é correto para diagnosticar o trabalho nas condições anaeróbias Nesse último caso o índice mais objetivo será o teor de lactato no sangue Volkov 1989 Os especialistas em treinamento desportivo mais de uma vez tentaram classificar as cargas segundo as zonas de I 188 50 160 50 100 I 7971 TABELA 41 Classificação de cargas pelas zonas de intensidade Critérios Fisiológicos em de Lactato Duração máxima No zonas FC por min VO2 máx mmolL de trabalho I Aeróbia até 140 4060 até 2 Algumas horas II Aeróbia de limiar 140160 6085 até 4 Mais de 2 horas III Mista 160180 7095 46 30 min2 h aeróbiaanaeróbia 68 1030 min Iv Anaeróbia glicolítica mais de 180 9510095 815 510 min 1018 25 min 1420 e mais até 2 min v Anaeróbia alática 9590 1015 s 84 Antonio Carlos Gomes relativa é calculado em porcentagem com base na comparação do peso de halteres do dado exercício de treinamento com o peso recorde no exercício Por exemplo o atleta tem o resultado máximo no aga chamento com 150 quilos nos ombros No exercício de treinamento executou o mes mo movimento com o peso de 120 quilos Por conseguinte o índice de intensidade relativa do exercício será de 80 Nas modalidades complexas de co ordenação por exemplo na ginástica empregamse os seguintes índices para a avaliação da intensidade Godik 1988 n densidade do trabalho exprimese em porcentagem como relação do tempo líquido do trabalho nos tipos de polia tlo com o tempo geral n número de elementos em uma combi nação movimento em uma sessão de treino n relação do número de elementos de elevada complexidade e do número total de elementos Duração do exercício Está estritamente ligada à intensida de de sua realização pois os exercícios de diferentes durações são assegurados por diferentes mecanismos energéticos As sim se o trabalho é curto entre um e dois minutos com a intensidade máxima esse trabalho está sendo realizado por conta das fontes anaeróbias de energia Com a duração maior do trabalho começam a se desenrolar forçadamente os processos respiratórios ligados à formação aeróbia de energia A influência do número de repeti ções pode ser vista facilmente no exemplo do treinamento intervalado Por exem plo o atleta tinha como tarefa o exercí cio de 16 x 500 m de corrida A análise do nível do lactato no sangue durante a execução do exercício mostra que a cor rida intervalada dos primeiros tiros com a velocidade alta mobiliza primeiro as possibilidades aláticas No entanto após algumas repetições com intervalo rígido de descanso acumulase no sangue uma quantidade considerável de lactato e os esforços posteriores irão contribuir predo minantemente para a elevação das pos sibilidades anaeróbioglicolíticas Dentro de certo período de tempo o mecanismo glicolítico de síntese de ATP esgotará es sencialmente as suas possibilidades e o trabalho posterior já começará a realizar se por conta das reações aeróbias Godik 1980 Volkov 1989 Desse modo ao al terar o número de repetições podese efetuar o aperfeiçoamento tanto seletivo como complexo de certos mecanismos de asseguramento energético Duração dos intervalos de descanso As fases separadas da carga determi nam num grau substancial sua orientação Logo após o fim da execução do exercício começam a ocorrer no organismo as mu danças oriundas da atividade de diversos sistemas funcionais e antes de mais nada dos sistemas que asseguram a realização do dado exercício Todo o conjunto de mu danças nesse período pode ser entendido pela noção de recuperação O processo de recuperação tem caráter de fases Para obter determinado efeito de treinamento a duração das pausas entre certas doses de cargas deve ser planejada levando em consideração as fases de recu peração Figura 45 A primeira fase de recuperação pas sou a chamarse recuperação imediata pois abrange os primeiros minutos de descanso após o trabalho e caracterizase pelo ritmo alto de reações recuperativas ligadas à eliminação dos produtos dos processos anaeróbios que se acumulam 85 Treinamento desportivo FiGurA 45 Modificação da capacidade de trabalho e do período de recuperação durante a execução do exercício e à re posição do débito de O2 que se formou Assim a maior parte desse débito de O2 recompõese nos primeiros 2 ou 3 minu tos de recuperação A segunda fase de recuperação ou recuperação lenta pode levar muitas ho ras de descanso dependendo do caráter do exercício executado Essa fase caracte rizase pelo reforço dos processos de tro ca plástica e de restauração do equilíbrio iônico e endócrino no organismo pertur bado durante o exercício Kots Vinogra dova 1981 No período de recuperação lenta ocorre o regresso à norma dos re cursos energéticos do organismo e refor çase a síntese de estruturas de proteína destruídas durante o trabalho Convém considerar que os processos recuperati vos depois de quaisquer cargas decor rem heterocronicamente Por isso só se pode fazer ideia do fim do processo de recuperação geral após o retorno ao nível inicial antes do trabalho pelos índices que se recuperam mais lentamente e não pelos índices isolados e mesmo por alguns índices limitados Recuperamse mais rapidamente as reservas de O2 e de creatinafosfato nos músculos que participam do traba lho mais tarde as reservas glicogênicas nos músculos e no fígado e por último as reservas de gordura e as estruturas de proteína destruídas durante o trabalho Volkov 1989 A intensidade da realização dos pro cessos de recuperação e os tempos de recuperação das reservas energéticas do organismo dependem da intensidade de seu consumo durante a execução do exer cício do grau de treino do atleta das par ticularidades individuais do organismo do estado emocional do atleta e de outros fatores 86 Antonio Carlos Gomes Depois de algum tempo após a recu peração completa as reservas energéticas podem superar o nível verificado antes do trabalho Tal fenômeno é chamado de super compensação Kots Vinogradova 1981 Volkov 1989 O grau de superação do nível inicial e a duração da fase de super compensação dependem da duração total da execução do trabalho e da profundi dade de mobilização das reservas funcio nais do organismo Essa fase vem muito rapidamente depois do trabalho potente e de curta duração mas acaba também de forma rápida Nesse caso a superrecu peração das reservas intramusculares de glicogênio ocorre dentro de 3 a 4 horas de descanso e termina 12 horas após o tra balho Depois do trabalho duradouro de potência moderada a supercompensação chega dentro de 12 horas e se observa du rante 48 a 72 horas Volkov 1989 A continuação posterior do descan so leva o retorno paulatino das reservas energéticas ao nível inicial Considerando as fases de recuperação podemse desta car cinco tipos de intervalos de descanso Intervalo rígIdo de descanso Pressupõe que uma parte da carga re torna ao período de redução considerável da capacidade de trabalho que correspon de à primeira fase de recuperação O uso de tal tipo de intervalo leva ao desenvolvi mento da fadiga em progressão rápida Intervalo curto de descanso Pressupõe que uma parte da carga retorna à segunda fase do período de re cuperação quando a capacidade de tra balho ainda não se restabeleceu mas já se aproxima do nível que antecede o tra balho Embora tal intervalo de descanso leve à fadiga em progressão os ritmos de seu aumento são consideravelmente mais baixos do que no primeiro caso Isso per mite realizar um volume bastante maior de trabalho Intervalo completo de descanso ordInárIo A duração do descanso assegura no momento da carga repetida a recuperação completa ou quase completa Esse interva lo permite utilizar a carga repetida com o estado relativamente estável do atleta Intervalo supercompensatórIo Pressupõe que a duração do descan so assegure a supercompensação e antes de tudo as fontes energéticas Nesse caso é possível a manifestação da capacidade de trabalho elevada com a mesma reação de resposta do organismo Intervalo prolongado de descanso Pressupõe uma duração do descanso que supere essencialmente a duração de recuperação completa Significa o retorno ao nível inicial da capacidade de trabalho No caso de um descanso demasiadamen te prolongado poderão surgir mudanças que podem implicar a redução da capaci dade de trabalho Caráter de descanso Ainda em 1903 nas experiências do eminente fisiólogo russo Ivan Setchenov foi mostrado que a recuperação cada vez mais rápida e substancial da capacidade de trabalho não é assegurada pelo des canso passivo mas pela passagem a outro tipo de atividade pela inclusão de outros grupos de músculos que antes não esta 87 Treinamento desportivo vam envolvidos na atividade ou seja pelo descanso ativo O efeito positivo do descanso ati vo manifestase também na execução do mesmo tipo de trabalho mas com intensi dade menor Um exemplo disso é a passa gem da corrida de grande velocidade para a corrida de trote resulta em eficiente tra balho para a aceleração dos processos de recuperação do atleta Observase o efeito do descanso ativo de modo bastante ex presso durante a execução dos exercícios de potência submáxima ou máxima Nesse caso o lactato acumulado no sangue é eliminado muito mais rapida mente no processo de execução dos exer cícios de baixa potência aeróbia do que com o descanso passivo Isso se explica pelo fato de que cerca de 70 do lactato é eliminado no processo de sua oxidação nos músculos do esqueleto Kots Vino gradova 1981 Nos exercícios de coordenação com plexa e nos de intensidade máxima é preferível o caráter passivo de descanso Os exercícios de relaxamento contribuem também para a aceleração da recupera ção sendo que em uma série de casos proporcionam um efeito maior que o pró prio trabalho em ritmo lento Cargas ótimas A discussão sobre as cargas de trei namento tem contribuído em grande me dida no esclarecimento de sua influên cia formativa Ainda existe uma série de problemas relacionados a esse tema por falta de estudos práticos e científicoexpe rimentais que sejam convincentes Dessa forma um grande número de especialis tas afirma que no desporto moderno só é possível atingir altos resultados com a aplicação de cargas máximas sistematica mente no processo de treinamento Essa concepção tem base na conhecida lei bio lógica da força de estímulo quer dizer a reação ou resposta do organismo é pro porcional à carga física Nesse caso é im portante verificarmos até que ponto esse processo se destaca na teoria e na meto dologia do treinamento com base na ideia exposta anteriormente Há muitos anos é sabido que para manter uma determinada forma funcio nal é necessário certo nível de carga físi ca Quando a carga é realizada exagerada mente acima do nível crítico a capacidade funcional a forma física do organismo diminui É natural que quanto mais alto for o nível de estado de treinamento tan to mais alto será o limite inferior de sua manutenção Quando a carga física aumenta pro gressivamente ocorrem simultaneamen te modificações funcionais nitidamente manifestadas Esse fenômeno ocorre com base em duas questões n É linear o vínculo entre carga física externa e seu efeito construtivo n Podem aumentar de forma ilimitada as trocas adaptativas positivas do orga nismo Sobre a primeira questão existem es tudos suficientes que afirmam que com o aumento das cargas físicas as modifi cações funcionais positivas ocorrem com rapidez Mas a manutenção dessas cargas depois de um tempo já não é suficiente para produzir melhoras Em outros ter mos verificase que existe um limite in dividual de adaptação em que o ritmo de crescimento das funções condutoras pau latinamente diminui com a manutenção da mesma carga de treinamento As tenta tivas na prática de aplicação de cargas ex tremas provocam uma reação negativa na adaptação Como consequência o proces so adaptativo é uma função nãolinear da carga física A Figura 46 demonstra onde a dependência doseefeito é ilustrada 88 Antonio Carlos Gomes FiGurA 46 Fases básicas da dependência doseefeito no processo de treinamento volkov 1986 por uma curva Volkov 1986 Esta apon ta cinco tipos básicos de interconexões entre a magnitude da carga e o incremen to das respectivas funções do organismo Sendo assim na fase inicial do processo adaptativo fragmento1 a dependência entre estímulo e efeito é exponencial Na sequência o nível de aplicação da carga cresce de forma linear demonstrando que o nível de adaptação ainda não foi alcan çado e a carga pode ir aumentando sem perigo para o organismo fragmento 2 Com a aproximação às cargas máximas a dependência doseefeito diminui frag mento 3 o que sugere uma preocupação com o crescimento da carga pelo perigo de entrar no estado de sobretreinamento e fracassar o processo adaptativo Nesse caso é necessário uma maior prudência no intervalo das cargas limites fragmen to 4 onde a dependência já descrita ad quire caráter parabólico Nesse nível de carga zona as mo dificações funcionais positivas se definem e se a carga continua crescendo o efeito alcançado diminui bruscamente frag mento 5 A diminuição dos ritmos de carga pro picia o aparecimento dos processos adap tativos aumenta o estado de trei namento assim como outros fatores que auxiliam nos processos de recuperação como o nutricional o fisioterapêutico o medicamentoso etc Estudos científicos e a prática desportiva nos últimos anos têm mostrado que um controle eficiente da re cuperação rápida do organismo depois de cargas extremas se faz necessário pois a continuidade destas pode provocar danos irreparáveis no organismo do atleta 89 Treinamento desportivo FiGurA 47 valores e faixaslimite da carga segundo Milanovich 1997 Uma observação importante é que cada organismo reage diferentemente à mesma carga Os estudos apontam três ti pos de carga que se caracterizam duran te o treinamento desportivo sendo elas as cargas positivas crescente quando a dose realiza uma nova influência no orga nismo do atleta as cargas neutras sem trocas quando a dose é realizada em nível médio ou baixo não estimulando o organismo a uma nova adaptação e sim se tratando de uma carga de manutenção do estado adquirido e as cargas negativas descendente quando a dose é realiza da fora de uma carga débil ou demasia damente forte o que conduz a um efeito negativo No primeiro caso débil está relacionada com a perda de adaptações ganhas e no segundo caso muito forte pode levar o organismo do atleta ao esta do de sobretreinamento Para a teoria e metodologia do trei namento desportivo é interessante so mente o primeiro tipo de carga quando a influência é positiva crescente Assim quando visualizamos a carga do ponto de vista pedagógico ela se divide em máxima 90100 submáxima 7590 média 6075 moderada 4560 baixa 3045 e insignificante até 30 e cada um desses estímulos apresenta suas características específicas Na prática des portiva deve ser dada uma atenção espe cial a cada um deles Figura 47 SiSTEMA DE TrEiNAMENTO E PrEPArAÇÃO FÍSiCA A preparação física é um compo nente do sistema de treinamento do des portista e tem como objetivo propiciar o bom desenvolvimento e aperfeiçoamento em um nível máximo ótimo para o de sempenho na modalidade específica Para uma melhor compreensão é necessário definir o termo capacidade física como um sistema que constitui o ponto inicial para uma análise filosófica da categoria capa cidade O estudo dos sistemas está relaciona do antes de tudo com o esclarecimento dos elementos que os compõem e de sua interligação Se analisarmos o organismo como um sistema geral é possível desta car muitos elementos como estruturas morfológicas órgãos etc os quais ficam de certa forma interligados e ordenados Qualquer que seja a tarefa funcional que o organismo deva desempenhar ela ocor re graças à interação existente entre seus elementos essa interação não é livre mas determinada pela função que o organismo realiza o que permite destacar o sistema funcional como uma forma de autoorga nização que permite reunir seletivamente diferentes órgãos e sistemas do organis mo humano visando à obtenção do resul tado O organismo ao interagir com o meio ambiente responde internamente com diferentes capacidades proprieda des O organismo humano possui uma variedade de capacidades uma vez que em diferentes condições de contato com o meio ambiente revela diversas capacida des funcionais Dessa forma essas capaci dades do homem podem se definir como o conjunto de propriedades do organismo que se apresentam no processo de sua interação com o meio ambiente Nesse caso podem distinguirse na história do homem algumas propriedades comuns do organismo que permitem com sucesso determinado tipo e solicitação de tarefa motora Assim sendo podemos destacar cinco tipos de capacidades funcionais reunidas pela noção conhecida como ca pacidades físicas n resistência n força n velocidade n flexibilidade e n coordenação Ao estudar as capacidades físicas normalmente os autores procedem de for 5 TREINAMENTO E APERFEIçOAMENTO DAS CAPACIDADE FíSICAS 92 Antonio Carlos Gomes ma didática analisandoas isoladamente É importante salientar que essas capaci dades por mais que apresentem seus li mites convencionais não se desenvolvem ou se aperfeiçoam separadamente mas mantêm entre si e com outras proprie dades do organismo humano certas rela ções e ligações Esse enfoque na prática se justifica pois permite ao técnico fazer uma ideia inicial da estrutura de prepara ção do atleta e definir os caminhos de seu aperfeiçoamento A seleção dos meios de treinamento e dos métodos de preparação física deve ser determinada pelas exigências do siste ma de preparação a longo prazo muitos anos da modalidade desportiva e pelo ní vel do desenvolvimento individual das ca pacidades fisiológicas do desportista Den tro desse panorama podemse distinguir dois níveis de objetivos para a preparação física O primeiro tem como tarefa propi ciar o desenvolvimento multilateral geral das capacidades físicas o qual se funda menta na ideia do desenvolvimento har monioso do homem e no sentido da cria ção de uma base para o aperfeiçoamento na modalidade desportiva praticada Para atingir esse objetivo fazse a opção da preparação física geral O segundo nível de objetivos da preparação física está re lacionado com as exigências máximas em relação ao desenvolvimento das capacida des físicas destacando assim a especifi cidade do gênero da atividade desportiva Nesse caso utilizase a preparação física especial manifestada nas diversas capaci dades Figura 51 FiGurA 51 Manifestações das capacidades físicas 93 Treinamento desportivo Treinamento e aperfeiçoamento da resistência A resistência pode ser definida como um trabalho psicofísico prolongado man tendo os parâmetros musculares de dado movimento A realização de qualquer ati vidade exige diferentes gastos de energia o que pode ser ilustrado por uma corrida de maratona ou mesmo por uma ativida de moderada e que se prolonga algumas horas no diaadia das pessoas comuns ou mesmo de atletas A fonte direta de ener gia para a contração muscular é o adeno sina trifosfato ATP Para que os filamen tos musculares possam trabalhar durante muito tempo é necessária a recuperação ressíntese permanente do ATP A ressín tese do ATP ocorre em consequência de reações bioquímicas com base em três mecanismos energéticos n Mecanismo aeróbio ocorre por con ta da oxidação ou seja com a parti cipação direta de O2 de hidratos de carbono e de gorduras disponíveis no organismo n Mecanismo anaeróbio láctico glico lítico ocorre a dissociação anaeróbia sem ou com pouca participação de O2 do glicogênio com a formação do lactato n Mecanismo anaeróbio alático está li gado à utilização dos fosfogênios pre sentes nos músculos em atividade prin cipalmente do fosfato de creatina CrF Cada mecanismo referido acima pode ser caracterizado com a ajuda dos critérios bioquímicos de potência capaci dade e eficiência Viru Kyrgue 1983 Os critérios de potência refletem a velocidade de liberação da energia nos processos me tabólicos Os critérios de capacidade re fletem as dimensões das fontes de energia acessíveis para serem usadas ou o volume total de mudanças metabólicas no orga nismo ocorridas durante o exercício Os critérios de eficiência determinam em que medida a energia liberada nos processos metabólicos é utilizada para a realização do trabalho específico Na sequência de forma muito breve discorreremos sobre os principais mecanismos de sistema de energia O mecanismo fosfogênico anaeró bio alático possui maior potência e per mite assegurar a energia aos músculos em atividade já nos primeiros segundos do trabalho É por isso que desempenha um importante papel no asseguramento energético de exercícios de curta duração potência máxima A capacidade do sis tema fosfogênico é limitada pelas reservas de ATP e CP nos músculos e devido a esse fato é capaz de sustentar o trabalho com a potência máxima apenas durante 6 a 10 segundos sendo que aos 30 segundos as reservas de CP praticamente se esgotam e não contribuem para a ressíntese do ATP Leninger 1985 A glicólise anaeróbia atinge a potên cia máxima depois de aproximadamente 30 a 45 segundos após o início do traba lho A potência do mecanismo anaeróbio glicolítico é menor do que a do fosfogê nio no entanto graças à sua capacida de energética mais substancial esse me canismo constitui a principal fonte para manter o trabalho com a duração máxima de 30 segundos até 2 a 5 minutos Sua ca pacidade é limitada principalmente pela concentração de lactato no sangue uma vez que durante o trabalho muscular nas condições anaeróbias não ocorre o esgo tamento completo de glicogênio nos mús culos em atividade Os processos aeróbios são as prin cipais fontes de formação de energia du rante a realização do trabalho prolonga do cuja duração poderá ser de algumas horas O desenvolvimento dos processos aeróbios ocorre gradualmente podendo atingir o valor máximo nunca antes da 94 Antonio Carlos Gomes faixa de 2 a 5 minutos após o início do trabalho O metabolismo oxidante não é capaz de garantir por completo as neces sidades de energia do organismo durante a realização do trabalho de grande potên cia mas sua capacidade energética supera consideravelmente outras fontes energéti cas graças às grandes reservas de hidra tos de carbono e gorduras no organismo A capacidade de resistir à fadiga du rante um tempo prolongado no trabalho aeróbio é determinada pela quantidade máxima de consumo do oxigênio VO2 máx que durante o trabalho muscular pode ser absorvido do ar inspirado trans portado para os músculos em atividade e utilizado nos processos de oxidação A correlação entre os substratos energéti cos oxidados depende da intensidade do trabalho em porcentagem do VO2 máx Na realização do trabalho com intensi dade menor que 50 a 60 do VO2 máx e de duração até algumas horas a parte substancial da energia é formada graças à oxidação de gorduras lipólise Durante o trabalho com a intensidade superior em média a 60 do VO2 máx os hidratos de carbono constituem a fonte predominante de energia O papel de cada um dos mecanismos de asseguramento energético se altera em função das exigências apresentadas ao or ganismo do atleta durante o processo de treinamento Ao apontar a contribuição predominante de diversas fontes para a manutenção energética destacamse três tipos de resistência aeróbia anaeróbia glicolítica lática e anaeróbia alática Em diversos tipos de situações des tacando a ligação entre formas diferentes de manifestação das capacidades físicas e sua especificidade na estrutura de pre paração do desportista distinguemse a resistência de força a resistência de veloci dade a resistência de coordenação e alguns outros tipos No entanto uma vez que em qualquer caso o caráter de asseguramen to energético constitui o fator decisivo de influência na duração da realização do trabalho muscular parecenos racional examinar as particularidades da metodo logia do treinamento da resistência con siderando em primeiro lugar o mecanis mo de manutenção energética O grande problema enfrentado pelo treinador ao selecionar os meios para o treinamento da resistência está na deter minação dos níveis de intensidade e no tempo de duração do exercício o qual é necessário para uma influência orientada sobre os sistemas funcionais determinan tes do nível de revelação da resistência Diversas opiniões são apresentadas pelos especialistas no que se refere aos fatores que limitam a resistência É difícil concordar com os especialistas que desta cam somente um fator como a causa li mitadora do nível de resistência e selecio nam apenas um dos meios de treinamento para seu aperfeiçoamento A melhora da resistência como aliás de outras capa cidades físicas está ligada não somente à elevação das possibilidades funcionais de certos órgãos ou sistemas mas também de todo um complexo de mudanças inter ligadas no organismo humano Acompanhando o raciocínio acima as cargas de treinamento subdividemse em várias zonas de intensidade A princí pio o direcionamento mais difundido é a classificação em primeiro lugar pelo VO2 máx depois pelo limiar anaeróbio e mais tarde pelo limiar aeróbio Kots Vinogra dova 1981 O controle da intensidade de trabalho deve ser realizado na prática segundo os dados da frequência cardíaca e da concentração de lactato Entretanto devido ao fato de a reação da frequência cardíaca à carga ser bastante individuali zada e além disso de a frequência car díaca nos exercícios de caráter anaeróbio nem sempre permitir a definição precisa da intensidade de carga o índice mais in formativo é a concentração de lactato no 95 Treinamento desportivo sangue Considerando a dependência en tre a intensidade de cargas e a concentra ção de lactato podemse distinguir cinco zonas de intensidade de cargas Quadro 41 Capítulo 4 O processo de aperfei çoamento da resistência tem relação com a mobilização das capacidades funcionais do organismo nas condições em que o desportista deve continuar a realizar a atividade motora apesar da fadiga cres cente A duração do exercício o número de repetições e a duração dos intervalos de recuperação entre os diferentes exer cícios devem porém ser selecionados de acordo com os mecanismos de fadiga que determinam a orientação do efeito de treinamento Para aperfeiçoar a capacidade de resistência podem ser utilizados os exer cícios mais diversificados por sua forma desde que apresentem condições que permitam garantir o efeito necessário de treino Os exercícios cíclicos são os meios mais propagados na literatura do treina mento com vários tipos de resistência a corrida a natacão o ciclismo o remo a canoagem o esqui etc entretanto para a solução das tarefas relacionadas com o treinamento dos tipos específicos de re sistência podem ser utilizados quaisquer exercícios que se executem com as repeti ções múltiplas interligadas Por exemplo no treinamento de lutadores utilizamse para o treinamento da resistência as sé ries de lançamento dos manequins nas lu tas na ginástica empregamse os comple xos especiais de exercícios que abrangem os saltos prolongados de tramp e as repe tições múltiplas de exercícios acrobáticos entre outros Treinamento da resistência aeróbia A maioria dos estudos apresenta o treinamento da resistência aeróbia como fundamental para a maior parte das mo dalidades desportivas sem exceção pois a elevação do nível das possibilidades aeróbias do organismo forma a base fun cional necessária para o aperfeiçoamento de diversos aspectos de preparação do desportista É por isso que esse tipo de resistência é chamada frequentemente de resistência geral A melhora do nível de resistência aeróbia deve se realizar com atenção às exigências de cada modalidade desportiva Esse tipo de resistência é de grande valia para as modalidades cíclicas em que o resultado competitivo depende das capacidade aeróbias do atleta Nas diversas outras modalidades como a de coordenação complexa de ve locidade de força etc a resistência ae róbia manifestase de forma indireta em particular nos processos de recuperação entre os exercícios e no aumento funda mentado no volume total das cargas nas sessões e nos ciclos de treino Nesse sen tido os exercícios que visam ao aumento das capacidades aeróbias do desportista devem ser realizados apenas num volu me que garanta as premissas funcionais para a eficiência do trabalho específico O abuso no volume de cargas de orien tação aeróbia pode provocar mudanças no organismo do atleta que dificultam o crescimento das capacidades de velocida de e coordenação e da excelência técnico tática A metodologia do treinamento da resistência aeróbia representa a combi nação equilibrada dos exercícios nos re gimes aeróbios e anaeróbios É muito im portante o método de realização contínuo e permanente dos exercícios aeróbios A aplicação dessas cargas durante um perí odo prolongado de tempo garante as mu danças favoráveis e estáveis de adaptação a todos os níveis do organismo do homem e cria o estado de aperfeiçoamento das capacidades do sistema de respiração e do sistema cardiovascular Com o aumen to do volume do sangue em circulação no organismo alterase sua composição 96 Antonio Carlos Gomes ocorre a elevação da intensidade da cor rente sanguínea e sua redistribuição entre os músculos e órgãos ativos e nãoativos crescem as possibilidades de assimilação do oxigênio nos músculos etc Não há necessidade de explorar detalhadamente todos os fatores fisiológicos relacionados com o aumento das possibilidades aeró bias do organismo humano pois estes já foram objeto de análise detalhada em literatura especial dedicada a esse tema Howald 1982 No sistema de treinamento da re sistência é considerada mais eficiente a execução dos exercícios no nível do limiar anaeróbio lactato 34 mMolL O esta do do organismo que corresponde a essa intensidade da carga passou a se chamar crítico ou estado estável máximo Nessa in tensidade de trabalho é possível manter a atividade durante um tempo prolongado e o nível dos índices dos sistemas funcio nais do organismo relativamente estável VO2 FC pH etc Entre os iniciantes o estado estável máximo pode ser verifica do durante 15 a 30 minutos com inten sidade de exercício em 40 a 50 do VO2 máx sendo que nos atletas de alto ren dimento especializados nas modalidades cíclicas esse índice já é de 1 a 2 horas com intensidade de 80 a 85 de VO2 máx A frequência de contrações cardíacas que corresponde ao limiar anaeróbio pode va riar numa ampla faixa dependendo das reações individuais do organismo do atle ta e da etapa de preparação Assim nos atletas de alto nível a frequência cardí aca no nível do limiar anaeróbio pode constituir na etapa inicial do período pre paratório 150 a 160 bpm ao passo que no estado de prontidão superior 175 a 185 bpm Suslov 1987 Os treinamentos realizados no nível do limiar anaeróbio são considerados como base de prepara ção dos desportistas de alto rendimento principalmente nas modalidades de ações motoras cíclicas Essas cargas constituem em algumas modalidades mais de 50 do volume total anual Com a melhora do estado de trei namento do desportista ocorre também paulatinamente a elevação da intensida de absoluta dos exercícios a qual o atleta é capaz de manter no nível do limiar ana eróbio p ex a velocidade da corrida A intensidade e a duração de realização do trabalho no limiar anaeróbio é o critério mais informativo do nível de resistência aeróbia do desportista Howald 1982 A prática dos exercícios aeróbios re alizados com intensidade inferior a 70 do nível do limiar anaeróbio e com dura ção de 1 a 15 horas embora úteis como meio de atividade física recreativa não ga rantem um bom efeito de treinamento ao desportista de alto rendimento É por isso que durante os treinamentos essas cargas são utilizadas principalmente como meios auxiliares para auxiliar na recuperação Os exercícios aeróbios de longa du ração quando utilizados caracterizam na prática uma economia no aproveita mento do potencial energético do orga nismo Isso tem relação com a elevação das possibilidades do organismo em uti lizar as gorduras como fonte de energia Costill 1984 O crescimento da parcela de oxidação das gorduras aumenta con sideravelmente a potência energética do sistema aeróbio do organismo A utiliza ção das gorduras como fonte energética é objeto de atenção na preparação e no trei namento das mulheres De acordo com a opinião de alguns especialistas as mu lheres não somente dispõem de reservas substanciais de tecido adiposo no organis mo mas também são capazes de passar com maior facilidade do que os homens a utilizar as fontes energéticas de gordu ra Sologub 1987 Essa particularidade do organismo feminino tem relação com alguns prognósticos feitos por especialis 97 Treinamento desportivo tas no estabelecimento dos recordes nas distâncias superlongas Para aperfeiçoar as capacidades de utilização das gorduras é necessário rea lizar regularmente exercícios prolongados durante algumas horas com intensidade não superior ao nível do limiar anaeróbio do atleta lactato 4 mMolL O trabalho com uma intensidade que produza a con centração do lactato no sangue bloqueia o metabolismo de gordura adiposo e o asseguramento energético segue o ca minho de aproveitamento de hidratos de carbono Quanto maior o nível de resis tência dos atletas maior o grau de apro ximação que se verifica nas interrelações recíprocas de hidrato de carbonogordu ras no metabolismo Viru Iurimiae Smir nova 1988 Embora o método do exercício con tínuo permanente constitua o fundamen to do treinamento de resistência aeróbia este não deve se limitar exclusivamente à sua aplicação Devemos salientar que são mais eficientes os métodos contínu os variáveis e os métodos intervalados construídos com base nos exercícios dos regimes misto aeróbiosanaeróbios e os anaeróbios Desse modo se o treinador tem como objetivo melhorar as capacida des do atleta em realizar o trabalho com intensidade superior ao limiar anaeróbio pode ser racional a utilização do método de exercício contínuo variável conhecido e divulgado pela literatura mais antiga como fartlek A duração das fases inten sivas do exercício nesse caso deve ser selecionada conforme as capacidades do atleta em manter determinado nível de consumo de oxigênio Aplicando porém o método de exercício contínuo é muito difícil garantir a dose necessária de in fluências de treino no nível de consumo máximo de oxigênio a um estado mais elevado Os desportistas mesmo os bem treinados não são capazes de manter por mais de 20 a 30 minutos a intensidade de 90 a 95 do VO2 máx isso significa que só podem trabalhar 6 a 10 minutos no nível próximo do consumo máximo de oxigênio O método de treinamento inter valado oferece melhores possibilidades na criação das influências de treinamento que visam ao aumento das possibilidades de o atleta trabalhar no nível do VO2 máx Sabese que um dos principais fatores li mitadores do VO2 máx são as capacidades funcionais do sistema cardiovascular e em particular as capacidades do coração Saltin 1985 O consumo máximo de oxi gênio depende diretamente das grandezas máximas do volume corrente de sangue por minuto a quantidade de sangue que o coração pode injetar na aorta por minu to Por sua vez as diferenças individuais nesse volume por minuto dependem das dimensões das cavidades do coração di latação e das propriedades de contração do músculo cardíaco miocárdio As ca pacidades funcionais do coração podem ser substancialmente aumentadas apli candose o método intervalado de treinos cuja variante foi proposta ainda nos anos 1950 por H Reindeli e W Gerschler Na base desse método está a particularidade funcional do coração segundo a qual no início do intervalo de repouso o volume de choque do coração fica durante algum tempo em nível máximo dependendo da velocidade de redistribuição do déficit de oxigênio Assim sendo no início do perío do de repouso o coração sofre a influên cia de treinamento específico que não difere essencialmente da influência verifi cada durante a atividade muscular ativa O principal fator fisiológico que exerce influência de treinamento imediato sobre o coração é o volume de choque do san gue Esse volume tem seu máximo com frequên cia cardíaca FC de cerca de 120 bpm e se mantém nesse nível na execução do exercício com a FC até 175185 bpm O 98 Antonio Carlos Gomes aumento mais significativo da FC dificul ta o enchimento completo das cavidades do coração devido à fase muito curta de diás tole Por conseguinte ao determinar a intensidade da carga que visa ao aumen to das capacidades funcionais do coração antes de tudo o aumento do volume de suas cavidades convém orientarse pelo índice da FC que não deve superar 175 a 185 bpm no fim da fase ativa do exercício nem ser menor que 120 bpm no fim da pausa de descanso A duração da fase ati va do exercício p ex o tempo de corri da de uma distância é habitualmente de 1 a 2 minutos O intervalo de repouso é determinado conforme a duração da fase ativa e da velocidade de recuperação da FC que via de regra fica na faixa de 45 a 90 segundos Em uma sessão de treino pode haver até 30 a 40 repetições As capacidades funcionais do coração dependem como já foi dito do volume de suas cavidades e da capacidade de contra ção do miocárdio Dependendo da inten sidade das cargas aplicadas pode ocorrer influência seletiva sobre diferentes pos sibilidades funcionais do coração Assim a aplicação de cargas aeróbias contribui predominantemente para a dilatação do coração mas não garante a alta força da contração do miocárdio Por isso durante um trabalho de grande intensidade o co ração sofre sobrecarga o que poderá cau sar a limitação da capacidade de trabalho A utilização dos exercícios apenas com in tensidade alta produz o efeito contrário a hipertrofia substancial das paredes do co ração adquire força maior mas não exerce influências consideráveis sobre a elevação do volume de choque Karpman Khru chev Borissova 1978 Por conseguinte apenas a combinação racional de cargas de diferentes intensidades permite obter aumento das capacidades funcionais do coração Nesse sentido ganha importân cia o método intervalado de treinamento na etapa preparatória especial Treinadores mais experientes ao selecionarem o método intervalado têm como objetivo caracterizar na prática o modelo da atividade competitiva pro curando assim assegurar o maior grau de adaptação do desportista Porém nas primeiras etapas de preparação para as competições principais o atleta não apre senta condições de modelar por completo a atividade motora especialmente orien tada p ex correr uma distância com o resultado determinado Só é possível modelar o exercício orientado fazendo algumas adaptações em particular di vidindo o exercício em partes alternadas por intervalos de repouso Segundo esse enfoque para o treinamento da resistência especial por exemplo de ciclistas que se preparam para a corrida de 100 km por equipe a distância é dividida em percur sos p ex de 4 x 25 km com intervalo de descanso sob a forma de corrida lenta du rante 10 minutos Cada um dos percursos é superado com a velocidade competitiva média predeterminada Passo a passo de um treino a outro o grau de semelhança entre o exercício de treino e o competitivo orientado se aproxima graças ao aumento dos percursos de distância p ex 3 x 33 km 2 x 50 km e à diminuição dos inter valos de descanso O método intervalado na modelagem do exercício competitivo orientado apresenta numerosas varian tes que refletem a capacidade criativa dos treinadores em diversas modalidades desportivas Uma vez que a economia do traba lho depende de certa forma da parcela do mecanismo aeróbio a elevação da ve locidade de inclusão dos sistemas funcio nais de asseguramento energético e da duração da manutenção de sua atividade em um nível alto passa a ser o objetivo das tarefas atuais do treinamento de re sistência Para cumprir a primeira tarefa utilizase o método de repetição As influ ências de treinamento nesse caso estão 99 Treinamento desportivo na ativação múltipla de inclusão do sis tema de asseguramento energético aeró bio quando o VO2 cresce rapidamente chegando próximo do máximo no início da execução do exercício A intensidade da carga deve corresponder à zona III ae róbiaanaeróbia A intensidade mais alta da carga é pouco justificada pois provoca rápido acúmulo de lactato e pressão das reações de oxidação no organismo Quan do o objetivo do treinamento visa apenas ao aperfeiçoamento do mecanismo de in clusão a duração da fase intensiva é de 2 a 3 minutos Os exercícios devem ser re petidos após o intervalo a fim de se obter descanso suficiente para a recuperação do organismo até o nível próximo do início do novo esforço Essas repetições múltiplas de contraste contribuem para a melhoria da coordenação da atividade dos sistemas funcionais do organismo que garantem a velocidade de mobilização de seu poten cial aeróbio O número de repetições de pende do nível do estado de treinamento do desportista e da velocidade de acúmu lo do lactato Dessa forma a possibilidade de manutenção do alto nível de VO2 ocor rerá em exercícios com duração de 6 a 10 minutos apesar disso a concentração de lactato não será tão significativa Treinamento da resistência anaeróbia glicolítica A concentração de lactato é o prin cipal fator limitante da capacidade de trabalho na execução dos exercícios de caráter anaeróbio glicolítico Ela leva à diminuição das propriedades de con tração dos músculos e exerce influência sobre outros sistemas do organismo do desportista Quando ocorre uma concen tração de lactato no sangue próxima do nível máximo para o nível do seu estado de treinamento as pessoas nãotreinadas apresentam o estado de fadiga Isso ocor re já com concentrações não superiores a 1012 mMolL ao passo que nos atletas especializados em modalidades que exi gem alto nível de resistência glicolítica esse índice pode superar os 30 mMolL O nível de concentração de lactato no sangue comprova a grandeza da energia que é formada como resultado da glicólise anaeróbia e da estabilidade do organismo em relação à alteração do equilíbrio áci doalcalino pH no organismo Por isso o índice do teor de lactato no sangue serve como principal critério na orientação das cargas anaeróbioglicolíticas e do nível do estado de treinamento do atleta O ritmo de execução do exercício na prática determina a quantidade e a grandeza do acúmulo de lactato Figura 52 Com o aumento da intensidade da carga até 50 a 60 do VO2 máx a con centração de lactato no sangue do atleta pouco se altera e não supera 4 mMolL sendo que entre os desportistas altamen te qualificados a concentração de lactato pode se manter também com a intensi dade do exercício em 70 a 85 do VO2 máx O efeito anaeróbioglicolítico mais expressivo é observado como resultado da aplicação de cargas com a concentração de lactato de mais de 8 mMol zona IV de intensidade Ao prescrever o tempo de duração do exercício de treino devese conside rar que a potência máxima do mecanismo anaeróbioglicolítico atinge valores má ximos nunca antes de 30 a 45 segundos após o início do trabalho com a intensi dade máxima e se mantém nesse nível durante 2 a 3 minutos Boiko 1987 Em uma série de pesquisas constatouse um teor aproximadamente igual de lactato no sangue independentemente da duração do trabalho na faixa de 1 a 7 minutos Porém se a duração do trabalho máximo aumenta até 10 minutos ou mais a con centração do lactato diminui considera velmente Gollnik Hermansen 1982 100 Antonio Carlos Gomes Quando o objetivo for o de treinar a resistência anaeróbia glicolítica podem ser utilizadas diversas variantes dos mé todos intervalado e contínuo Na utiliza ção do método intervalado aplicamse com mais frequência os exercícios com a duração da fase intensiva de 30 segundos até 3 minutos Tabela 51 Os intervalos de descanso pressupõem a realização do exercício repetido com alto déficit de oxi gênio Nesse sentido a redução das pau sas de descanso eleva o acúmulo do ácido láctico no sangue e ocorre a fadiga Se os intervalos de repouso forem correspon dentes à duração das fases de trabalho na razão de 11 ou 115 e representarem 15 a 2 minutos o número total de repe tições do exercício com a intensidade má xima diminui devido à rápida fadiga em evolução até 3 a 4 vezes Volkov 1986 Neste regime conseguese a maior velo cidade de glicólise anaeróbia nos múscu los em atividade e se verificam os índices mais altos do acúmulo máximo de ácido láctico no sangue Para consolidar o efeito do treinamento geralmente o trabalho é realizado em 3 a 4 séries com intervalos prolongados de repouso de l0 a 15 minu tos ou mais Os intervalos de descanso prolonga dos e não regulamentados permitem di minuir o nível de concentração de lactato FiGurA 5 2 Relação da concentração de lactato no sangue com a intensidade relativa do trabalho em de vO2 máx Modificada de Hermansen 1971 101 Treinamento desportivo e reproduzir em cada repetição o efeito necessário de treino O número de repe tições do exercício é limitado pela con centração do lactato Uma vez que nem sempre se pode controlar nas condições práticas o valor da carga segundo os índi ces de lactato cada desportista deve saber que sensações acompanham o estado de alta concentração de lactato no organis mo e controlar de acordo com essas sen sações o regime de cargas Ao planejar o número total de repetições convém con siderar que à medida que aumenta conti nuamente o volume de trabalho realiza do o caminho glicolítico da ressíntese de ATP vai sendo substituído paulatinamente pelo aeróbio Na realização dos exercícios em série com intervalos consideráveis de descanso entre eles isso não é verificado e o trabalho é executado predominante mente graças à glicólise anaeróbia Os atletas que apresentam alto nível de treinabilidade efetuam durante um treinamento até 30 a 40 esforços de meio minuto de duração até 20 a 30 esforços de um minuto de duração e em certos casos ainda mais do que isso Platonov 1986 Ao utilizar o método intervalado é muito importante levar em consideração que a concentração do lactato no sangue se reduz muito mais rápido se em vez do descanso passivo for realizado um traba lho físico com intensidade da ordem de 50 a 60 de VO2 máx com caráter ativo de re cuperação nesse caso a parcela de lactato utilizada pela via aeróbia aumenta pois sua parte maior sofre oxidação nos mús culos esqueléticos Deve ser realizado um trabalho leve com participação de grande volume muscular aumentando assim a velocidade de remoção do lactato Treinamento da resistência anaeróbia alática Os mecanismos fisiológicos que fun damentam a resistência anaeróbia alática são em grande parte parecidos com os que determinam o nível das capacida des de velocidade e força do atleta Por conseguinte o aperfeiçoamento dessas capacidades efetuase também em uma unidade No entanto o aumento da po tência do sistema alático apresenta uma particularidade em comparação com ou tras fontes energéticas As reservas de ATP e de CP nos músculos não são grandes e são utilizadas já nos primeiros segundos após o início do trabalho com intensidade máxima A rápida diminuição do teor de CP nos músculos em atividade é observada com as cargas superiores a 75 de VO2 máx A concentração da CP no músculo após o trabalho de curta duração pode cair quase a zero ao passo que o teor de ATP diminui até 50 a 70 do nível inicial Sob o efeito das influências regulares de treino pode ser verificado certo aumento TABELA 51 utilização do método intervalado e os parâmetros das cargas orientadas para o treinamento da resistência anaeróbio glicolítica Duração da Número de intervalo de Número total fase intensiva fases descanso entre intervalo de Número de de fases do exercício intensivas fases intensivas descanso entre séries na intensivas min na série na série min séries min sessão na sessão 3 1 812 68 2 23 23 1012 26 1015 1 36 36 1015 38 2030 05 48 48 1015 410 3040 102 Antonio Carlos Gomes FiGurA 53 Dependência da força e da velocidade de execução do exercício Legenda I zona de manifestação das capacidades de velocidade II zona de manifestação das capacidades de velocidade e força III zona de manifestação das capacidades de força 20 a 30 da concentração de fosfogê nios nos músculos em atividade e a eleva ção da atividade de fermentos que deter minam a velocidade de sua dissociação e da ressíntese O aumento da concentração das fontes anaeróbias aláticas constitui um dos fatores que permite fazer crescer a duração do trabalho de intensidade má xima Com esses objetivos o regime de influências de treinamento deve visar ao esgotamento máximo das reservas da CP nos músculos em atividade para estimular sua superrecuperação posterior O pro grama de treino é construído com base no método de exercício intervalado Levando em consideração a velocidade de consu mo das reservas da CP a duração de um exercício representa 10 a 15 segundos Alguns especialistas porém consideram que com a aplicação de tais cargas não se pode conseguir o esgotamento das re servas da CP nos músculos maior do que 50 O efeito mais considerável segun do a opinião deles é proporcionado pelos exercícios de intensidade máxima durante 60 a 90 segundos ou seja essencialmente o trabalho de caráter anaeróbioglicolítico Prampero Dilimas Sassi1980 Os intervalos de descanso entre as repetições não devem ser menores do que 2 a 3 minutos os quais propiciam uma recuperação bastante completa de fosfatos macroenergéticos gastos duran te o trabalho Figura 53 A diminuição dos intervalos de descanso com a manu 103 Treinamento desportivo tenção da mesma duração do exercício é acompanhada do rápido acúmulo de lactato e leva à ativação da glicólise Isso ocorre devido ao fato de na terceira ou quarta repetição o teor do lactato aumen tar significativamente Convém portanto realizar o treinamento com 2 a 3 séries e 3 a 6 repetições em cada uma das séries prevendose o intervalo de 5 a 8 minutos para descanso entre as séries O esgota mento das reservas de CP nos músculos em atividade manifestase na redução substancial da potência máxima do traba lho p ex a diminuição da velocidade de corrida Geralmente conseguese o refe rido estado já com 8 a 12 repetições do exercício de intensidade de 95 a l00 da máxima Esse número de repetições pode ser considerado ótimo para a maioria dos atletas Caso o número de repetições seja aumentado as influências de treino irão adquirir passo a passo a orientação anae róbioglicolítica e aeróbia Treinamento das capacidades de força A força do homem como capacida de física relacionase com a capacidade de superação da resistência externa e de ação oposta a essa resistência por meio dos esforços musculares Matveev 1991 As capacidades de força do desportista não podem reduzirse apenas às proprie dades contráteis dos músculos pois a ma nifestação direta dos esforços musculares é assegurada pela interação de diferentes sistemas funcionais do organismo mus cular vegetativo hormonal mobilização das qualidades psíquicas etc Os esforços musculares constituem a condição necessária para a realização de qualquer ação gesto motora embora o caráter de manifestação da força possa ser muito diferente Isso é verificado de maneira mais evidente na atividade des portiva Basta comparar as formas de re velação da força durante a maratona no levantamento de peso máximo no chute do futebolista ou ao observar o ginasta que fixa a posição do corpo em parada de mãos Em todos esses exemplos os des portistas revelam diversos tipos de capa cidades de força que dependem do valor do peso carga superado da velocidade de movimento e da duração do exercício O gráfico apresentado na Figura 53 mos tra que à medida que diminui o peso au menta a velocidade do movimento mas a força muscular reduzse De acordo com os estudos de teóricos do treinamento des portivo podemse distinguir os seguintes tipos de capacidades de força n Força máxima revelada pelo nível de força que o atleta é capaz de atingir em consequência da tensão muscular máxima n Capacidades de velocidade e de for ça caracterizadas pela capacidade de superar no menor tempo possível a re sistência A força de explosão repre senta a manifestação das capacidades de velocidade e de força relacionadas com o esforço único saltos lançamen tos etc n Resistência de força caracterizada pela capacidade do atleta de realizar durante um tempo prolongado os exercícios com pesos mantendo os pa râmetros do movimento O regime de contração dos músculos determina a metodologia de treinamento da capacidade de força Se a grandeza da força que o músculo desenvolve permi te superar a resistência externa o mús culo se reduz Esse regime de contração muscular chamase superação conhecido também como regime miométrico ou con cêntrico Nesse caso o movimento na ar ticulação ocorre com o aceleramento Nos casos em que o movimento ocorre com velocidade constante esse regime recebe 104 Antonio Carlos Gomes o nome de isocinético se a tensão mus cular desenvolvida não permite superar a carga externa e sob a ação dessa carga o músculo se alonga o regime é chama do de cedente pliométrico ou excêntri co Nesse caso se a carga não for muito grande o movimento na articulação ocor re com a diminuição afrouxamento da velocidade Todos os regimes em que os músculos alteram seu comprimento refe remse à forma dinâmica de manifestação das capacidades de força As condições em que os músculos desenvolvem a tensão e mantêm o com primento constante relacionamse com o regime de manutenção isométrico e referemse à forma estática de manifesta ção das capacidades de força Na prática da atividade desportiva é quase impos sível encontrar a manifestação exclusiva de um regime de tensão muscular Na execução de qualquer ação motora di nâmica alguns músculos trabalham em regime de superação e outros em regime cedente ou de manutenção Por exemplo no exercício de flexão do antebraço os músculos da superfície anterior do coto velo realizam o trabalho de superação ao passo que os extensores do ombro efe tuam o trabalho cedente É pouco pro vável que possa existir a contração pu ramente isométrica dos músculos pois nas condições da atividade desportiva não se consegue fixar absolutamente a articulação excluindo a alteracão com pleta do comprimento do músculo Dessa forma nas condições reais da atividade muscular prevalece o regime misto au xotônico ou anisotônico Aspectos neuromusculares relacionados com a manifestação das capacidades de força Antes de analisarmos as particula ridades metodológicas do treino da ca pacidade de força devemos discutir de forma breve alguns fatores que deter minam o nível de manifestação da força A compreensão do papel desses fatores define a seleção de um ou outro mé todo faz com que sua aplicação tenha caráter racional e por conseguinte seja mais eficiente Hipertrofia muscular o músculo esque lético é composto de filamentos muscu lares A força desenvolvida pelo músculo representa a soma das forças de determi nados filamentos A força máxima depen de do número de filamentos musculares que compõem o músculo e da espessu ra deles Se o número de filamentos no músculo humano é condicionado geneti camente como afirmam os especialistas ele praticamente não se altera durante o treinamento mas a espessura desses fila mentos pode aumentar substancialmente Platonov 1988 Esse aumento transver sal dos músculos é conhecido como hiper trofia muscular No desenvolvimento dos trabalhos na prática é comum distinguirse dois ti pos de hipertrofia das fibras musculares n Primeiro tipo sarcoplasmático o engrossamento da fibra verificase pela parte nãocontrátil do tecido mus cular que é o sarcoplasma Esse tipo de hipertrofia influi pouco na melhora do crescimento da força máxima mas aumenta essencialmente a capacidade para um trabalho duradouro ou seja o trabalho que exige a manifestação da resistência n Segundo tipo miofibrilar esse tipo de hipertrofia está ligado ao aumento do número e do volume de miofibrilas ou seja do próprio aparelho contrá til do tecido muscular Nesse sentido cresce principalmente a densidade da disposição das miofibrilas no tecido muscular Esse tipo de hipertrofia leva 105 Treinamento desportivo ao crescimento substancial da força máxima na prática do treinamento desportivo A hipertrofia das fibras musculares representa a combinação dos dois tipos referidos O desenvolvimento predomi nante de um ou outro tipo de hipertrofia é determinado pelo caráter das influências de treinamento Os hormônios desempenham um papel importante no ganho de massa muscular Assim os homens têm no or ganismo uma quantidade de androgênios hormônios masculinos maior do que as mulheres o que os favorece na melhora das capacidades de força Lukin 1990 Composição do tecido muscular Na composição do tecido muscular dentro do próprio músculo distinguemse dois tipos principais de fibras musculares a de contração lenta ST slow twitch e a de contração rápida FT fast twitch As fibras musculares rápidas podem ser por sua vez divididas em dois subtipos FTa e FTb Prampero Dilimas Sassi 1980 As fibras lentas ST têm uma rede rica de capilares e um elevado teor de mioglobina e frequentemente são chama das de vermelhas o que lhes permite re ceber uma grande quantidade de oxigênio no sangue e assegurar o transporte deste dentro das células musculares As fibras ST distinguemse também por apresenta rem um grande número de mitocôndrias Esses indícios morfológicos demonstram que as fibras musculares lentas são mais adaptadas para assegurar as contrações musculares relativamente pequenas pela força porém são duradouras As fibras rápidas FT têm a rede ca pilar menos desenvolvida e um número menor de mitocôndrias sendo a atividade dessas fibras ligada em maior grau à uti lização das vias energéticas anaeróbias As fibras do subtipo FTa distinguemse pela capacidade de oxidação relativamen te mais alta do que as fibras FTb e ocupam uma posição de certo modo intermediária entre as fibras ST e FTb As fibras mus culares rápidas são em geral mais adap tadas para as contrações musculares de curta duração e que exigem consideráveis manifestações força e rapidez A contração das fibras musculares ocorre em resposta ao impulso nervoso que vai pelo axônio a partir das células nervosas especiais motoneurônios O motoneurônio sua axe e as fibras mus culares inervadas por essa axe represen tam em conjunto uma unidade motora Os motoneurônios das fibras muscu lares lentas e rápidas diferem pelo limiar de excitação velocidade de impulsos e estabilidade de impulsos As unidades motoras rápidas são as de limiar mais alto e menos excitáveis A contribuição de las para a força total desenvolvida pelo músculo é grande pois cada fibra muscu lar tem mais miofribilas e é mais espessa do que as fibras musculares lentas Por conseguinte as capacidades de força do desportista dependem da correlação das fibras ST e FT nos músculos condiciona dos geneticamente Como resultado de in fluências orientadas de treinamento tornase possível a hipertrofia seletiva das fibras musculares de diferentes tipos o que por sua vez leva ao crescimento res pectivo das capacidades de força Assim a hipertrofia das fibras lentas leva ao acrés cimo da força isométrica e da resistência de força ao passo que a hipertrofia das fi bras rápidas traduzse no crescimento das capacidades de velocidade e de força Coordenação neuromuscular A execu ção do movimento caracterizase por de terminada ordem de ativação das unidades motoras no músculo e pela interação de di ferentes músculos A ordem sequência da ativação das unidades motoras e o número total das unidades envolvidas numa única 106 Antonio Carlos Gomes contração muscular são determinadas pelo mecanismo da coordenação intramuscu lar O número das unidades motoras que podem ser mobilizadas no caso de contra ções musculares de forças máximas não supera geralmente entre os homens não treinados 25 a 30 do número total sen do que entre desportistas treinados e acos tumados às cargas de força esse número pode chegar a 80 a 90 Verkhoshanski 1988 Os resultados das pesquisas mos tram que a força a ser desenvolvida pelo músculo constitui o fator que determina a quantidade e o tipo das unidades motoras recrutadas Costill 1980 Ao iniciar o trabalho as unidades motoras de contrações lentas são as pri meiras a entrar em ação Quando elas já não são capazes de desenvolver a força necessária ocorre o recrutamento das unidades motoras de contração rápida Por exemplo quando se realiza um exer cício com peso baixo num ritmo lento a maior parte do esforço é assegurada pelas fibras ST Mas com o aumento da veloci dade e da força as fibras FT envolvemse no trabalho Na necessidade de manifestar a for ça máxima incorporamse as fibras FTa Com velocidades baixas e pesos conside ráveis as fibras musculares de ambos os tipos se contraem de modo sincronizado contribuindo no conjunto para a força de tração mas à medida que aumenta a ve locidade de contração diminui cada vez mais a participação das fibras lentas que já não conseguem se contrair e a força total de tração do músculo diminui O trabalho muscular prolongado que re quer a manifestação da resistência está ligado ao envolvimento alternado de di versas unidades motoras preferencial mente lenta Quando algumas unidades se can sam entram em cena as outras Se o cará ter do trabalho não admite tal substituição mútua a manutenção da capacidade de trabalho fica ligada ao reforço de impulsos nervosos Platonov 1988 Dessa forma ao regular a carga do peso e a velocidade de execução do exercício podese efetuar a influência seletiva de treinamento sobre diferentes tipos de unidades motoras Outro indício de perfeição da coor denação neuromuscular determinante da revelação das capacidades de força é a concordância da tensão e do relaxamento dos músculos durante a execução do mo vimento coordenação intermuscular Os músculos cuja ação conjunta condiciona a possibilidade de realização de um de terminado movimento são chamados de sinergistas os outros músculos antago nistas graças a seu tono ou ação em di reção contrária ao movimento asseguram sua suavidade e protegem a articulação de um traumatismo A prática sistemática de exercícios em regime específico leva à eliminação da tensão excessiva dos músculos antago nistas na execução desses movimentos e assegura ao mesmo tempo o trabalho simultâneo dos músculos sinergistas A eliminação das perdas de força dos mús culos ligadas à sua interação ineficiente durante a execução dos movimentos leva à elevação do significado resultante da força O nível de manifestação das capaci dades de força depende também de vários outros fatores como a manutenção ener gética e das propriedades elásticas dos músculos em ação o grau de mobilização psicológica do desportista e alguns ou tros Esses fatores devem ser levados em consideração no processo do treinamento das capacidades de força Metodologia do treinamento das capacidades de força No processo de treinamento das ca pacidades de força utilizamse numero 107 Treinamento desportivo sos exercícios cuja execução requer eleva da tensão dos músculos O principal fator que estimula essa tensão é a grandeza da carga resistência ao movimento Segun do as particularidades da carga os exercí cios se dividem em 1 exercícios com carga externa 2 exercícios com o próprio peso corporal A carga externa é o que é somado ao próprio peso do corpo do atleta resistên cia criada pelo parceiro pelos aparelhos de treino pelo meio ambiente pelo peso do aparelho etc Nos exercícios com o próprio peso corporal a influência de trei namento sobre os músculos é assegurada pelo peso do próprio corpo do atleta ou da resistência criada pelos músculos an tagonistas Ao selecionar os exercícios de for ça é preciso verificar se ficarão ativos os músculos cuja força deve ser aumentada As mudanças nãosignificativas da posi ção do corpo podem alterar a atividade dos músculos A dependência entre o número limite de repetições dos exercícios e a grandeza do peso superado tem gran de importância prática para a definição dos parâmetros dos exercícios de treino com objetivo de aumentar a força Figura 54 O númerolimite das repetições pos síveis numa tentativa com o referido peso FiGurA 54 Número máximo de repetições possíveis e a grandeza da carga em do peso máximo superado no trabalho de força Matveev 1991 108 Antonio Carlos Gomes chamase repetição máxima RM Apesar das oscilações individuais ligadas à espe cificidade de preparação de força do atle ta ao grau de mobilização psicológica etc essa dependência permite definir ra pidamente a grandeza do peso adequado às tarefas de preparação de força dele As particularidades da metodologia de treinamento das capacidades de força devem ser examinadas conforme os dife rentes regimes de contração dos músculos no treinamento Treinamento da capacidade de força concêntrica Uma vez que o regime concêntrico da atividade muscular é mais característi co em diversos tipos de atividade motora do homem a ele está ligado o maior nú mero de métodos do treinamento da ca pacidade de força O treinamento da força máxima A me todologia do treinamento da força má xima apresenta a combinação de duas abordagens que a princípio se baseiam em diferentes mecanismos fisiológicos O primeiro mecanismo pressupõe a cresci mento do nível da força máxima com o aperfeiçoamento da coordenação neuro muscular O segundo tratase da elevação do nível da força máxima por meio do au mento da massa muscular hipertrofia das fibras musculares Ao comparar as duas formas possí veis de aumentar as capacidades de força do atleta deve ser destacado os elemen tos positivos e negativos relacionados com a utilização dessas formas O aper feiçoamento do mecanismo da coordena ção neuromuscular permite melhorar os índices de força em curto prazo de tempo o efeito pode ser obtido dentro de alguns treinos Essa abordagem enfoque cha ma a atenção dos especialistas nas moda lidades em que é de fundamental impor tância o crescimento dos índices de força sem os acréscimos de peso do desportista Lamentavelmente havendo limitações das influências de treinamento verifica se de modo muito rápido a perda do nível de força alcançado Para obter aumento de força por meio da hipertrofia das fibras musculares é necessário um período bas tante longo de influências de treinamento porém as mudanças de adaptação nesse caso acabam tornandose mais estáveis no tempo Considerando essas aborda gens vejamos os principais direciona mentos da metodologia do treinamento da força máxima Com o objetivo de melhorar a força máxima dos músculos são indicados os exercícios com o volume de peso na fai xa de 70 a 95 do máximo A execução dos exercícios até a fadiga com o peso de cerca de 95 do máximo 2 a 3 RM exige o envolvimento do número máximo das unidades motoras numa única tensão coordenação intramuscular e contribui para a formação da interação máxima dos músculos durante a realização do exer cício A utilização dos pesos na faixa de 70 a 80 8 a 12 RM estimula em uma medida maior os processos de síntese de proteína que estão na base da hipertrofia das fibras musculares A utilização particular de pesos má ximos 1 RM para o treino da força má xima não permite obter o efeito de trei namento necessário pois numa sessão de treinamento não devem ser executados mais de 1 a 2 movimentos Além disso a aplicação de pesos máximos exige a mobi lização psicológica completa e eleva o ris co de um traumatismo Porém em algu mas modalidades desportivas como por exemplo no halterofilismo é necessária a aplicação de pesos máximos em algumas etapas da preparação Dedvedev 1986 O ritmo de execução ótimo para o treinamento e o aperfeiçoamento da co 109 Treinamento desportivo ordenação motora deve ser conduzido lentamente cada movimento com dura ção de 15 a 25 segundos Quando o ob jetivo for o aumento da massa muscular o ritmo dos movimentos deverá ser ain da mais lento de 4 a 6 segundos para o exercício sendo 2 segundos para a fase de superação do movimento e 4 segundos para a fase cedente O alto ritmo é pouco eficaz pois nesse caso a tensão máxima dos músculos terá lugar somente na fase inicial ou final do movimento sendo que nos outros ângulos da amplitude do mo vimento os músculos não terão a neces sária tensão devido à inércia Além disso o trabalho em ritmo alto não permite o envolvimento das fibras musculares len tas o que reduz significativamente o nível de manifestação da força O número de repetições numa série para a melhoria da coordenação muscular varia geralmen te de 2 a 6 Se o objetivo for aumentar a força por meio do acréscimo da massa muscular os exercícios devem ser efetu ados durante 30 a 60 segundos com 8 a 12 repetições A duração do intervalo entre as re petições no caso do trabalho com o ob jetivo de melhorar a coordenação neuro muscular deve assegurar a recuperação quase completa antes do início do exer cício seguinte Geralmente a duração das pausas é de 2 a 3 minutos entre as re petições e de 5 a 8 minutos entre as sé ries e depende principalmente do volu me dos músculos envolvidos no trabalho O sentido subjetivo de prontidão para a execução do exercício é um indicador bastante exato na determinação do tem po de repouso A metodologia pressupõe que o aumento da massa muscular exi ge pausas mais curtas entre as séries de 15 a 30 segundos entre os exercícios de caráter local 20 a 45 segundos entre os exercícios de caráter regional e 40 a 60 segundos entre os exercícios de caráter global Verkhoshanski 1988 O número total de repetições na sessão depende do caráter dos exercícios e da metodologia de elevação da força máxima Se os exercícios pressupõem o envolvimento no trabalho de grandes volumes musculares o número de repe tições durante o treino não é grande até 10 a 15 repetições No caso do aperfei çoamento da coordenação neuromuscular para cada grupo de músculos realizam se 2 a 3 repetições no caso do aumento da massa muscular esse número será de 3 a 5 repetições Habitualmente na ses são de treino são exercitados 3 a 5 grupos musculares De uma sessão para outra as cargas referentes aos grupos de músculos alternamse de modo que o descanso para esses grupos seja de 48 a 72 horas Essa circunstância tem um significado parti cular devido aos processos de síntese de proteínas nos músculos Verkhoshanski 1988 Meerson 1986 Ao determinar os parâmetros dos exercícios orientados para o treino da for ça máxima devem ser obrigatoriamente levados em consideração o sexo e a idade do desportista A preparação de força das mulheres desportistas utilizando exercí cios com pesos altos poderá provocar o aumento da pressão intraabdominal e outros efeitos indesejáveis em relação aos orgãos internos da mulher Um dos meios mais simples de redução da pres são intraabdominal provocada pela gran de tensão de força é a alteração da posi ção inicial na execução dos exercícios de caráter de força Por exemplo podemse mencionar os exercícios nos aparelhos es peciais de treinamento ou o levantamento de halter com uma ou duas pernas fican do a desportista deitada de costas Fican do nessa posição inicial a atleta poderá levantar um peso várias vezes superior ao peso com que ela poderia fazer as flexões sem que se verifique o aumento significa tivo da pressão intraabdominal Para a di minuição dessa pressão e do efeito sobre a 110 Antonio Carlos Gomes coluna vertebral recomendase também a utilização do cinto especial Nas sessões com jovens não devem ser aplicados exercícios com pesos altos pois o efeito de treinamento necessário pode ser obtido com pesos de 50 a 60 do máximo para o jovem atleta tal efei to pode ser conseguido aumentandose o número de repetições em cada série até 15 a 20 em 3 a 5 séries São bastante efi cientes diversos exercícios com peso cor poral com a resistência do parceiro com a utilização de halteres de medicine ball e outros exercícios acessíveis Treinamento das capacidades de velocidade e de força O nível e a manifestação das capaci dades de velocidade e de força caracteri zam a possibilidade de revelar a força má xima F máx no menor tempo possível T máx Figura 55 As capacidades de velocidade e de força podem manifestar se também com diferente correlação dos componentes de força e de velocidade A carga a ser utilizada é determina da considerandose a complexidade de coordenação e a velocidade do exercício competitivo podese considerar ótima a correlação que não produza deformações consideráveis na estrutura dos movimen tos Na prática utilizamse habitualmente as cargas da ordem de 25 a 50 do má ximo podendo ir até 70 a 80 se for ne cessário influenciar predominantemente o componente de força ou baixar até 5 a 10 sendo necessário estimular o desen volvimento do componente de velocida de Nesse caso é preciso levar em consi deração que a utilização de cargas altas FiGurA 55 Dinamograma de repulsão durante o salto vertical sem impulso aceleramento o exemplo de mani festação da força de explosão zatsiorski 1981 111 Treinamento desportivo leva à diminuição da velocidade dos mo vimentos e à perturbação dos mecanismos específicos de coordenação muscular Se durante o treino forem utilizadas cargas próximas das máximas a melhora da for ça poderá não obter o efeito positivo no exercício de velocidade e de força Sabe se por exemplo que para o desportista atingir a força máxima são necessários pelo menos 08 a 10 segundo Prus Za jac 1988 sendo a duração de repulsão na corrida dos melhores velocistas de 009 a 011 segundo a repulsão nos sal tos em distância de 015 a 018 segundo no salto em altura cerca de 025 segundo e o esforço final no lançamento do dardo cerca de 015 segundo Vorobiev 1987 Em todos esses casos os atletas não têm tempo para manifestar sua força máxi ma Por conseguinte o aperfeiçoamento das capacidades de velocidade e de força deve ser realizado nas mesmas condições do exercício competitivo O tempo de duração do exercício de treinamento deve garantir a possibilidade de sua execução sem a redução da veloci dade O número de repetições pode variar de uma repetição no caso do aperfeiçoa mento da força nos movimentos acíclicos p ex os esforços iniciais ou os esforços finais nos lançamentos até 5 a 6 repeti ções e sua duração não deve ser superior a 6 a 8 segundos Os intervalos de descanso devem propiciar a recuperação completa da ca pacidade de trabalho a cada nova série Na sessão de treinamento a duração total dos exercícios orientados para o treina mento das capacidades de velocidade e força não supera habitualmente 25 a 30 minutos Treinamento da resistência de força A resistência de força manifestase em várias modalidades desportivas Por esse motivo durante o treino da resistência de força devemse levar em consideração as condições específicas de sua manifestação sendo de grande importância as influên cias da grandeza do peso Enquanto a ten são muscular desenvolvida for de 5 a 20 da máxima a corrente de sangue no mús culo crescerá proporcionalmente à força da resistência Com as tensões superiores em média a 40 da máxima a corrente de sangue nos músculos em atividade reduz bruscamente devido à pressão dos vasos arteriais o que é acompanhado de hipo xia local e o músculo passa a trabalhar por conta das fontes energéticas anaeróbias Mellenberg 1991 Por conseguinte se o aumento da resistência de força em uma certa modalidade desportiva está ligado predominantemente ao crescimento das possibilidades aeróbias das fibras muscula res devese utilizar a carga na faixa de 10 a 40 do máximo No entanto tratando se das possibilidades anaeróbias tornase possível a aplicação de cargas a 70 a 80 do máximo Badillo Serna 2002 A duração de cada exercício depen de da grandeza da carga e via de regra é de 30 segundos a 5 a 6 minutos O ritmo e o número de repetições são seleciona dos conforme os parâmetros do exercício competitivo Por exemplo na preparação de força do tetracampeão olímpico de na tação Salnikov da antiga URSS obser vavase rigorosamente a especificidade da superação de sua principal distância com petitiva que era de 1500 metros No seu programa de treinamento estavam incluí dos correspondentemente exercícios de força no aparelho de treinamento com força 15 x 1 minuto o que na soma cor respondia ao tempo de passagem da dis tância competitiva básica controlandose durante os treinos o ritmo e a potência dos movimentos dos braços Platonov Fessenko 1990 O aumento da carga du rante as sessões que visam ao treino da resistência de força não deve seguir o au 112 Antonio Carlos Gomes mento do ritmo mas realizase por meio do aumento paulatino da resistência diminuindose os intervalos entre certas repetições ou por meio do aumento da duração total dos exercícios Para resolver as tarefas de treino relacionadas com a resistência de força recorrese frequentemente à organização dos treinos sob a forma de treinamento circular do tipo circuito O número dos exercícios incluídos no programa de trei namento em circuito pode ser diferente Geralmente ele inclui 8 a 12 exercícios de força estações mas na natação por exemplo esse treinamento poderá incluir até 25 estações A composição dos exercí cios deve ser selecionada tendo em vista influenciar diferentes grupos musculares com a utilização de diversos aparelhos de treino e diferentes pesos halteres amor tecedores barras de ferro resistência do parceiro etc Em cada uma das esta ções efetuamse de 20 a 40 repetições O volume do peso é escolhido de modo que no fim do exercício o desportista sinta grande fadiga muscular O regime do tra balho é estabelecido em função do nível do estado de preparação dos atletas e das tarefas da respectiva etapa de preparação Na preparação dos atletas de alto nível por exemplo pode ser utilizado o seguin te regime trabalho durante 50 segundos descanso e passagem para outra estação de 25 segundos A duração do trabalho e do repouso é controlada pelo sinal do trei nador A duração total do treinamento em circuito será de 45 a 60 minutos podendo o atleta durante esse tempo passar 2 a 3 vezes O descanso depois de cada pas sagem deve ser de 5 a 7 minutos Para o treino da resistência especial de força em diversas modalidades desportivas utilizamse os exercícios com pesos com plementares em condições aproximadas ao máximo das específicas Por exemplo aplicase na natação a resistência comple mentar que contribui para o crescimento da resistência de força o que é garanti do por meio da utilização de cordões de borracha roldana palmares especiais nadadeiras de mão amortecedores etc Zenov 1986 Esses exercícios juntamente com o treino da resistência de força auxiliam no aperfeiçoamento da técnica Treinamento da capacidade de força isocinética Na realização dos exercícios de for ça como no regime tradicional de supe ração da contração dos músculos o peso da barra de ferro continua o mesmo no decurso de todo o movimento Ao mesmo tempo a grandeza máxima da força reve lada pelo desportista em diversos pontos da trajetória do movimento não pode ser constante devido à alteração das condições biomecânicas da tensão dos músculos al teração do ângulo de tração e do braço de alavanca do músculo Além disso duran te a execução dos movimentos com alta velocidade o esforço máximo desenvolvi do no início do movimento proporciona a aceleração do corpo do desportista e do peso em exercício como barra de ferro lançamento remo natação etc e por isso nas fases anteriores do movimento os músculos não sentem a influência do treinamento ótimo para o treino da capa cidade de força Por conseguinte aprovei tando apenas os regimes tradicionais dos exercícios tornase difícil e muitas vezes impossível conseguir o grau necessário de influência efeito de treinamento sobre os músculos em diversas fases do movi mento O aumento da força ocorre como resultado da aplicação de tais regimes de trabalho dos músculos embora nem sem pre proporcione o correspondente acrés cimo da força no exercício competitivo Segundo a opinião dos principais espe cialistas a transferência das capacidades 113 Treinamento desportivo de força adquiridas nos exercícios de trei namento para os exercícios competitivos constitui o principal problema metodoló gico da preparação moderna de força dos desportistas Cousillman 1982 A busca de solução para esse proble ma tem sido relacionada durante muitos anos com a elaboração de diversos equi pamentos de treinamento dos quais os mais eficientes são aqueles que garantem o regime isocinético de trabalho muscular Figura 56 O regime isocinético prevê a velocidade constante de movimento Gra ças às particularidades construtivas dos aparelhos de treinos isocinéticos a resis tência exterior se altera dependendo da força de tração dos músculos em diversas fases do movimento e à medida que evo lui a fadiga Dessa forma é dada a veloci dade de execução do movimento e não a grandeza do peso como nos métodos tra dicionais Essa particularidade do méto do isocinético de treinamento da capaci dade de força assegura a carga otimizada sobre os músculos em toda a amplitude do movimento Ao dirigir os parâmetros dos exercícios isocinéticos podese imitar com alta precisão a dinâmica dos esforços do desportista no exercício competitivo A especificidade das influências de treina mento assegura um grau muito alto de transferência do nível das possibilidades de força para os exercícios competitivos A possibilidade de selecionar um número maior de exercícios de influências locais e a diminuição do perigo de sofrer um trau matismo constituem uma vantagem dos aparelhos de treinamento isocinéticos Todos esses fatores garantem uma grande eficácia do regime isocinético de treino da capacidade de força Treinamento das capacidades de força excêntrica e combinada Os exercícios no regime pliométrico aplicamse esporadicamente nos treinos desportivos como um meio auxiliar para o treino da força máxima Os movimentos de carárer excêntrico são executados com pesos de 10 a 40 superiores aos máxi mos na execução do exercício análogo no regime de superação A título de exemplo desse tipo de exercícios pode ser mencio nada a flexão do joelho com a barra de fer FiGurA 56 Aparelho de treinamento para braços e tronco 114 Antonio Carlos Gomes ro nos ombros sendo o peso da barra na ordem de 120 do peso máximo com que o atleta pode levantarse da posição de se miflexão para colocar a barra nos ombros utilizamse os montantes Os exercícios com a extensão forçada dos músculos são executados com velocidade baixa em 4 a 6 segundos para cada movimento com 3 a 4 repetições em três séries sendo o intervalo de repouso entre as séries de 3 a 5 minutos em função do volume dos músculos en volvidos no trabalho Para a execução dos exercícios nesse regime é necessário equi pamento especial ou o auxílio do técnico para maior segurança e para fazer o peso regressar à posição inicial A utilização dos exercícios no regime pliométrico com pesos supermáximos apresenta algumas limitações Tais exer cícios somente podem ser recomendados para pessoas que tenham alto nível de preparação de força nas modalidades des portivas em que a atividade competitiva requeira a capacidade máxima da força Uma vez que a execução desses exercícios cria cargas muito altas em articulações e ligamentos eles são aplicados uma vez a cada 7 a 10 dias Na prática do treinamento desporti vo são muito difundidos os métodos de preparação de força elaborados com base na combinação dos regimes excêntrico e de superação do trabalho dos músculos Os mais populares são os exercícios de saltos Esses exercícios são aproveitados com êxito para o treino da força de explo são dos músculos das pernas chamada springness em diversas modalidades du rante os treinos dos atletas com diferen tes níveis de preparação Os exercícios de saltos são executados com impulsão única ou múltipla repetida com uma ou duas pernas Os saltos múltiplos com potência máxima abrangem geralmente em uma série 3 a 8 impulsões sem aceleração ou com pequena aceleração p ex cinco saltos em uma perna de uma perna para outra ou em duas pernas os saltos atra vés dos bancos bolas barreiras etc A duração dos intervalos de descanso entre os exercícios é de 10 a 20 segundos e ge ralmente fica condicionada pelo tempo de regresso do desportista à posição inicial para a execução do exercício O número de repetições em uma série é de 3 a 4 sendo o intervalo entre as séries de 3 a 5 minutos Em cada sessão são efetuadas não mais do que 2 a 3 séries no treina mento da força explosiva e de 6 a 10 sé ries no treino da resistência de saltos No treinamento da força explosiva de diferentes grupos musculares o mais eficaz é o método de choque As va riantes dos exercícios com o aproveita mento desse método estão apresentadas na Figura 57 Esse método baseiase no aproveitamento do efeito que surge no momento da passagem rápida do traba lho muscular do regime excêntrico para o regime concêntrico nas condições da tensão máxima dos músculos A exten são preliminar dos músculos na fase de amortecimento provoca sua deformação contrátil energia de deformação contrá til e garante o acúmulo de certo poten cial nos músculos que aumenta seu efeito de trabalho com o início da fase de su peração p ex o momento de impulsão nos saltos Danskoi Zatisiorski 1979 A capacidade dos músculos de acumular a energia da deformação contrátil elás tica e utilizála eficientemente ocorre apenas na condição da passagem rápida do regime excêntrico para o regime con cêntrico do trabalho muscular Caso con trário esse efeito não é observado Dessa forma o resultado do salto sem acele ração por exemplo feito da posição de flexão após uma pausa será pior do que no caso do salto após a flexão prévia sem pausa Verkhoshanski 1988 Para o treino da força explosiva dos músculos das pernas utilizase a impul são depois do salto em profundidade Fi 115 Treinamento desportivo gura 58 Uma das principais condições metodológicas que determinam a eficácia desses exercícios como já foi referido é a passagem rápida do regime cedente para o regime concêntrico e por isso as fases de amortecimento e de impulsão devem ser executadas pelo atleta como algo úni co com potente esforço concentrado A duração da fase amortecedora depende da altura de onde se faz o salto e do ní vel de força do atleta Quanto maior for a altura de onde se cai tanto maior será a fase de amortecimento necessária para amortecer a energia cinética acumulada no corpo durante a queda e viceversa Assim os desportistas velocistas de alto nível quando saltam da altura de 1 me tro têm o tempo de apoio em média de 0295 segundo nos saltos de altura de 14 metro de 0375 segundo Serov 1988 Os princípios metodológicos que fundamentam o treino das capacidades de velocidade e de força com a utiliza ção do método de choque foram estu dados de maneira mais profunda por Verkhoshanski 1988 Com base nes sas recomendações devese levar em consi deração algumas particularidades da téc nica do salto em profundidade Durante o salto o desportista não deve impulsionarse com as duas pernas é preciso fazer como se fosse realizar um passo com um pé e juntar a outra perna no início da queda Antes de saltar o atle FiGurA 57 variante dos exercícios com a aplicação do método de choque 116 Antonio Carlos Gomes FiGurA 58 Exercícios com a aplicação do método de choque para os músculos das pernas verkhoshanski1988 a b c 117 Treinamento desportivo ta não deve flexionar as pernas pernas verticais nem impulsionar o corpo para a frente a trajetória da queda deve ser brusca Aterrissase com as duas pernas na parte dianteira da planta do pé com o apoio posterior dos calcanhares No momento da aterrissagem as pernas são levemente flexionadas nos joelhos A ater rissagem deve ser elástica com a passa gem gradual para o amortecimento Com o objetivo de suavizar o im pacto convém ter no local de aterris sagem uma placa de borracha integral de 25 a 3 cm de espessura As mãos no momento do salto ficam atrás para baixo e no momento da impulsão aju dam o salto com um balanço enérgico A posição de impulsão deve ser escolhida considerando a correspondência da po sição em que se desenvolve o esforço de trabalho no exercício competitivo Para a ativação da impulsão no ponto mais alto do voo seria desejável ter um ponto de orientação a ser alcançado pelo atle ta p ex as argolas de ginástica ou o arco do basquete Figura 58c A altura dos saltos varia habitual mente de 50 a 75 cm dependendo do ní vel de força dos desportistas Em alguns casos essa altura poderá ser aumenta da em certos exercícios chegando até 10 a 110 m Na realização dos treinos recomendase praticar os exercícios de choque no volume de 3 a 4 séries tendo cada uma delas de 8 a 10 saltos para os atletas bem preparados e de 2 a 3 séries com 6 a 8 saltos para os atletas menos preparados O repouso entre as séries é de 5 a 8 minutos No intervalo de repouso seria desejável realizar os exercícios de rela xamento ou uma corrida solta Os saltos em profundidade no volume referido não devem ser praticados mais de 3 vezes por semana pois exercem forte influência so bre o aparelho de apoio e por isso sua aplicação deve ser limitada e estar ligada somente às etapas determinadas de pre paração dos atletas No período competi tivo esses saltos podem ser aproveitados como meio de manutenção do nível atin gido de velocidade e da forma física Nes ses objetivos os saltos são incluídos nos treinos uma vez em 10 a 14 dias e no má ximo até 7 a 8 dias antes das competições Suslov 1987 Para o treino da força ex plosiva dos músculos da cintura escapular ombros são recomendados os impulsos com as mãos na posição deitada sobre diferentes grupos musculares Figura 59 A carga de choque pode também ser obtida com a superação da ação do peso em queda no aparelho de treinamento de roldana Figura 57 No começo o peso baixa livremente e na posiçãolimite bai xa levantase bruscamente com a trans missão ativa dos músculos para o trabalho concêntrico k grandeza da carga de cho que que é determinada pelo peso e pela altura de sua queda Treinamento das capacidades de força isométrica e combinada dinâmicaestática Os exercícios isométricos desempe nham no sistema de preparação da for ça uma função auxiliar Sua aplicação em determinada proporção em relação aos exercícios dinâmicos não são mais de 10 é bastante eficaz para o aperfeiço amento da força máxima e da resistência de força Os exercícios isométricos permi tem exercer influências locais sobre certos grupos musculares em determinadas po sições o que é impossível conseguir com os exercícios dinâmicos pliométricos Nesses exercícios a tensão máxima é con seguida apenas em certos momentos do movimento às vezes tratase apenas de frações de segundo No regime isométri co tornase possível durante um período relativamente longo manter a tensão de grupos musculares específicos o que é 118 Antonio Carlos Gomes FiGurA 59 Exercícios com o regime de choque para os músculos dos braços necessário para obter a influência efeito do treinamento As regras métodológicas do trei namento isométrico tradicional da for ça máxima pressupõem a execução dos exercícios com o acréscimo constante das tensões dos grupos musculares em treina mento até o nível máximo e a manuten ção dessa tensão durante 5 a 6 segundos O número de repetições em cada sé rie é de 3 a 4 com intervalo entre as ten sões de 8 a 10 segundos Após cada tensão os músculos que foram acionados devem ficar relaxados Em cada posição devem a b c 119 Treinamento desportivo ser realizadas 3 a 4 séries com intervalos de 2 a 3 minutos entre elas O tempo to tal dos exercícios isométricos em cada sessão de treino é habitualmente de 20 a 30 minutos Para a elevação da capacida de de potência muscular devese recorrer ao acréscimo rápido do esforço e não ao gradual até o valor máximo mantendoo posteriormente durante 2 a 3 segundos A execução das tensões isométricas dos músculos combina com a respiração em um ritmo determinado no início do exercício o atleta inspira e detém a respi ração por alguns segundos durante a ten são e na parte final seguese a expiração lenta Para evitar eventuais perturbações funcionais ligadas ao aumento da pres são torácica não se deve no momento da maior tensão fazer inspiração profunda preliminar Mikhailov 1983 Durante a prática dos exercícios iso métricos devese dar atenção especial à seleção da posição e aos valores dos ângulos das articulações Esse requisito metodológico está relacionado com a li mitação considerável na transmissão da força alcançada no regime isométrico do treinamento para os exercícios dinâmicos O acréscimo expresso da força verificase somente em relação à parte da trajetória do movimento que corresponde aos parâ metros do exercício isométrico praticado É conveniente executar as tensões isomé tricas nas posições que correspondam ao momento da revelação do esforço máxi mo no exercício competitivo Nesse caso verificase a transferência mais expressa da força O índice da força máxima nos exercícios isométricos depende do valor do ângulo articular Os especialistas destacam a eficácia dos exercícios que combinam as tensões isométricas e o regime dinâmico concên trico do trabalho muscular como por exemplo levantar a barra de ferro até a altura dos joelhos e mantêla nessa posi ção durante 5 a 6 segundos continuando em seguida o movimento Nessa fixação isométrica da posição o atleta pode obter a acentuação da influência do treinamento sobre os músculos na fase do movimento que lhe é necessária para ter sensações musculares mais exatas dos principais ele mentos da técnica Com o objetivo de melhorar a re sistência isométrica de força é prevista a manutenção da tensão muscular mais prolongada dependendo da especificida de do exercício competitivo A resistência isométrica é determinada principalmente pela capacidade dos músculos no trabalho que aliás assegura a manutenção prolon gada da posição estática e não pelo nível da força máxima ligada à atividade sin cronizada pelos músculos Por isso a apli cação das tensões máximas não é eficaz para o treino da resistência isométrica de força do atleta Nas modalidades despor tivas em que a especificidade da atividade competitiva requer a manutenção prolon gada da posição estática com o valor da tensão isométrica não muito elevado p ex no tiro devemse utilizar esforços que constituam 20 a 40 do máximo Em outras modalidades em que as tensões es táticas são mais curtas mas exigem um grau mais elevado de manifestação de for ça p ex ginástica luta a grandeza do esforço de treinamento representa de 50 a 80 do valor máximo O chamado método sem carga re ferese aos métodos complementares de preparação de força Esses métodos com plementares preveem a execução dos exer cícios no regime isométrico Já o método com carga baseiase na contração acentu ada dos músculos antagônicos do atleta sem os pesos exteriores Na utilização des se método podese assegurar tanto o regi me estático como os regimes concêntrico e excêntrico Levando em consideração as pesquisas modernas esse método pode ser utilizado pelos atletas para o aperfei çoamento muscular e para a manutenção 120 Antonio Carlos Gomes do nível de desenvolvimento da força de certos grupos musculares o que é muito valioso no período de inatividade do des portista além de contribuir para a aprendi zagem dos conhecimentos de dosagem de tensões de diversos grupos musculares Entre os fatores complementares de preparacão da força destacase o méto do de eletroestimulação eletromuscular MEE Kots Vinogradova 1986 Esse método baseiase no efeito da influência de correntes elétricas de determinada fre quência sobre os músculos do atleta A ex citacão elétrica sistemática dos músculos provoca o aumento do número máximo das unidades motoras e contribui para a hipertrofia expressa das fibras musculares O efeito do MEE manifestase por meio de uma elevação do nível das capacidades de força do atleta em até 20 a 30 Aliás foi observado que o nível adquirido das capa cidades de força se mantém por cerca de 15 dias diminuindo mais tarde mas ape sar dessa queda gradual permanece aci ma do nível inicial durante 2 a 4 meses O efeito do MEE permite alcançar o aumento da força em um período relativa mente curto de tempo sem que haja ne cessidade de recorrer aos exercícios com grandes pesos Ao mesmo tempo garante a influência seletiva sobre certos múscu los O aumento da força com a ajuda do MEE não exerce influências e efeitos ne gativos sobre a técnica dos movimentos dos atletas O regime mais eficaz do MEE é a ses são com 10 contrações provocadas com a duração de 10 segundos havendo inter valos de 50 segundos de descanso entre as contrações Seria conveniente prever 20 a 25 sessões do MEE que devem ser realizadas 3 a 4 vezes por semana Essas sessões devem ser combinadas com outros métodos de preparação pois o aumento das capacidades de força como já se evidenciou é determinado pela inte ração de diversos sistemas do organismo inclusive daqueles sobre os quais o MEE não pode exercer as influências de treino Devese também levar em consideração que os ritmos de acréscimo das capaci dades de força dos músculos sob o efeito do MEE aumentam consideravelmente a elevação das respectivas propriedades do aparelho ligamentar Essa nãocorrespon dência leva com frequência às lesões dos desportistas especialmente nos casos em que o MEE é utilizado pelos atletas sem a preparação de força básica Dessa forma além de apresentar vantagens e benefí cios esse método pode ser utilizado como meio complementar seletivo sobre certos músculos considerados mais importantes A distribuição das cargas de treina mento de força durante a temporada de preparação dos atletas tem grande impor tância na obtenção do nível necessário do estado de treinamento de força Em várias modalidades desportivas temse utilizado o treinamento de força quase em todas as sessões O efeito de treino mais expressivo é conseguido quando a solução das tare fas ligadas ao treino de certas capacidades de trabalho resolvese nas sessões com plementares de treinamento Porém se durante o treino pretendese realizar os exercícios que visam ao aperfeiçoamento de algumas capacidades de força realiza se em primeiro lugar os exercícios que exigem a manifestação da força explosi va depois a força máxima e finalmente a resistência da força Somente após a con clusão dos exercícios de uma determinada orientação devese passar aos exercícios que contribuem para o desenvolvimento de outra capacidade Caso contrário são possíveis algumas contradições substan ciais no desenvolvimento das reações de adaptação sobre as cargas propostas No microciclo semana o número das sessões de treinamento que apresen tam grande volume de exercícios e visam à melhora da resistência de força poderá ser de 4 a 5 As influências de treino que 121 Treinamento desportivo contribuem para o crescimento das capa cidades de velocidade e de força máxima não são utilizadas mais de 2 a 3 vezes por semana No entanto se é prevista a alter nância dos exercícios que exercem influ ências sobre diferentes grupos musculares o que é característico no halterofilismo o número de treinamentos na orientação estabelecida poderá ser aumentado para até 5 a 6 no ciclo semanal O treinamento das capacidades de velocidade e de força máxima não devem ser planejados no es tado de fadiga do atleta A distribuição das cargas de orienta ção de força no ciclo anual tem grande importância para a obtenção do efeito acumulativo necessário O volume total das cargas de força representa habitual mente na preparação dos atletas de alto nível a média de 150 a 250 horas por ano Podemse destacar duas variantes principais de distribuição de todo esse vo lume no ciclo anual n Regular essa variante prevê a distri buição relativamente regular das car gas de força ao longo dos períodos preparatório e competitivo no volume da ordem de 9 a 12 por mês do valor anual n Concentrado essa variante prevê a re alização da carga de força concentrada em duas etapas no ciclo anual repre sentando 23 a 25 do volume das in fluências de força no ciclo anual Os experimentos em diversas modali dades desportivas mostraram as vantagens da variante concentrada de aplicação das cargas de força Essa variante assegura as mudanças de adaptação no nível de prepa ração da força do desportista de alto nível mais consideráveis do que no caso de dis tribuição relativamente regular de cargas Na Figura 510 apresentamos um exemplo da dinâmica da preparação de velocidade e de força do atleta no caso da aplicação da carga de força concentrada dois meses antes do início das principais competições A duração da etapa de cargas concentradas foi nesse caso de quatro semanas Após o treino de força foram aplicados os saltos FiGurA 510 Aplicação das cargas de força concentradas verkhoshanski1985 122 Antonio Carlos Gomes em profundidade Esse complexo de carga provovou o aumento rápido dos índices de velocidade e de força no início da primeira semana os quais mais tarde se estabiliza ram durante todo o período de cargas con centradas O volume dos exercícios de for ça deve ser selecionado individualmente A concentração exagerada da carga de força pode levar ao fracasso das possibilidades de adaptação do atleta É necessário considerar que no pe ríodo de aplicação das cargas de força concentradas particularmente de caráter nãoespecífico tem ocorrido frequente mente a perturbação da estrutura da co ordenação dos movimentos diminuindo a mobilidade das articulações e piorando as percepções musculares No final das cargas de força concentradas no período do acréscimo intensivo dos indicadores de velocidade e de força temse obtido a recuperação da estrutura de coordena ção dos movimentos A técnica do atleta passa gradualmente a corresponder ao novo nível de suas capacidades de força Para a realização do efeito da carga con centrada de força é importante prever o período de recuperação suficiente t2 Durante esse período não se pode permi tir que haja um aumento substancial do volume de treinos O mais favorável para esse período é o trabalho de caráter es pecial de intensidade em aumento grada tivo O tempo de manifestação do efeito acumulativo t3 é mais ou menos igual pela duração do tempo de aplicação da carga concentrada de força t1 Essa nor ma verificase com a duração da etapa de preparação de força de 4 até 12 semanas Verkhoshanski 1985 Devese planejar a etapa de cargas de força concentradas de forma que o crescimento estável dos indícios do estado de preparação de força coincida com o período de participação do atleta nas principais competições A variante concentrada de distribui ção de cargas de força é mais eficaz nas modalidades desportivas com número re lativamente pequeno de componentes de preparação que determinam os resultados desportivos e com o caráter relativamen te homogêneo da atividade competitiva modalidades cíclicas de velocidade e de força Nos jogos desportivos e nas lutas bem como na preparação dos jovens esse tipo de método nem sempre se justifica É preferível a distribuição regular das car gas de força Treinamento da capacidade de velocidade A capacidade de velocidade manifes tase na possibilidade de o atleta executar as ações motoras no menor tempo possí vel em determinado percurso Devese distinguir a compreensão da capacidade de velocidade da compre ensão de rapidez A rapidez representa apenas um dos componentes determinan tes da capacidade de velocidade do atleta Geralmente distinguemse duas formas principais de manifestação da rapidez 1 rapidez da reação motora compreen de reações motoras simples e complexas 2 rapidez dos movimentos pode ma nifestarse tanto no movimento único quanto no movimento repetido várias vezes No último caso costumase fa lar de frequência ou ritmo dos movi mentos Os estudos demonstram que entre as formas de manifestação da rapidez a interligação é insignificante Isso signifi ca por exemplo que o desportista pode apresentar uma reação motora durante um período muito curto e não mostrar resultados altos no sprint devido à baixa frequência dos movimentos na distância Na preparação física é necessário compreender que a rapidez apenas cria 123 Treinamento desportivo as premissas para a manifestação do nível necessário da capacidade de velocidade A rapidez em todas as suas manifesta ções representa uma grandeza determi nada geneticamente pelo atleta Por isso as possibilidades de seu aperfeiçoamento são extremamente limitadas Ao contrá rio a capacidade de velocidade pode ser aperfeiçoada em um nível muito amplo pois o nível de sua manifestação é deter minado não somente pela rapidez mas também por todo um complexo de outras capacidades força resistência flexibi lidade e coordenação Assim no exem plo do sprint sabese que a velocidade de aceleração de largada não é determinada senão em um grau menor pela frequência de passadas uma das formas da rapidez mas pela amplitude delas o que é condi cionado pelo nível da força máxima e ex plosiva dos músculos O treinamento das capacidades de velocidade deve ser realizado de manei ra diferenciada levando em considera ção a especificidade de cada modalidade desportiva e destacando os componentes mais significativos A seguir destacaremos mais detalhadamente os métodos que ser vem como base para o treinamento das capacidades de velocidade em diversas formas de sua manifestação Meios de treinamento da velocidade O tempo da ação motora é medido pelo intervalo entre o surgimento do sinal e o início da ação de resposta A reação motora compõese das seguintes fases 1 excitação nos receptores em resposta ao estímulo sinal 2 transmissão da excitação ao sistema nervoso central 3 processamento do sinal nos centros nervosos e formação do sinal efetuador de resposta comando aos músculos 4 saída do sinal eferente em direção aos músculos em atividade 5 desenvolvimento da excitação do mús culo e superação da inércia para a ati vidade mecânica do segmento corporal Ilhin 1983 As quatro primeiras fases da reação formam o período latente ou sensorial e a quinta fase forma o período motor Distinguemse três formas de reações motoras simples complexa e reflexa Se a reação se efetua com um movimento conhecido para o atleta a um sinal co nhecido anteriormente mas repetido essa reação motora é chamada simples A título de exemplo dessa reação simples podese mencionar a reação do velocista ao tiro de largada Figura 511a Entre os melhores velocistas o tempo entre o tiro de largada e o início do movimento é de cerca de 01 segundo Considerase que o tempo de reação das mulheres é 10 a 15 maior do que entre os homens Porém a comparação entre os melhores velocistas homens e mulheres não permite observar diferenças tão significativas Os atletas fi nalistas da prova de 100 metros nos Jogos Olímpicos de 1988 em Seul tiveram os seguintes índices de tempo entre o tiro de largada e o início do movimento tem po latente de reação em segundos B Jonson 0132 K Lews 0136 L Kristi 0138 Smith 0176 D Mitchel 0186 enquanto isso as mulheres finalistas re gistraram os seguintes resultados E GriffitsJoiner 0131 E Echford 0176 H Dreksler 0143 G Jackson 0168 K Torrens 0148 Além disso o índice médio do tempo latente da reação entre as mulheres foi melhor do que entre os homens mulheres 0151 e os homens 0153 segundo Esses dados comprovam que o tempo latente da reação motora das atletas é muito próximo ao dos índices correspondentes dos homens Quanto às pessoas que não praticam o esporte o ín 124 Antonio Carlos Gomes dice do tempo latente da reação varia de 02 a 04 segundo A duração do período latente da reação motora simples consti tui 60 a 65 do tempo de reação e o do componente motor 35 a 40 A rapidez da reação motora comple xa é caracterizada pelo tempo de reação sem o atleta conhecer o sinal da ação de resposta As reações motoras complexas são mais características de jogos comba tes boxe luta esgrima corridas de au tomóveis e de motos Nessas modalidades o atleta se vê frequentemente obrigado a reagir ao objeto em movimento bola ad versário arma Figura 511b ou a esco lher entre algumas ações eventuais uma única a mais eficiente na situação da dis puta desportiva reação de seleção ou de opção Figura 511c A reação reflexa ocorre sem a par ticipação da consciência p ex o refle xo do joelho No treinamento desporti vo esse tipo de reação geralmente não é analisado No entanto devese considerar que com o aperfeiçoamento prolongado as reações simples aos estímulos podem também ocorrer segundo um princípio parecido com o reflexor Durante o treinamento da reação motora simples é mais aplicado o método de estímulos repetitivos utilizandose na medida do possível de um sinal determi nado mas que aparece repentinamente aparecimento do alvo as ações do par ceiro o sinal de partida etc Na etapa inicial de aperfeiçoamento esse método proporciona uma melhora muito rápida dos resultados Nesse caso devemos levar em consideração que a rapidez em todas as suas manifestações pode ser aperfei çoada com grandes dificuldades Assim o tempo da reação simples pode ser melho rado durante os treinamentos não mais do que em 01 segundo Devemos observar na prática algu mas condições na execução dos exercícios com o objetivo de reduzir o tempo de re ação A concentração e a orientação da atenção representam um fator substancial que determina a rapidez de reação ao si nal O desportista reage mais rapidamente ao sinal esperado p ex após o comando de Atenção e mais lentamente ao ines perado Além disso se a atenção está di rigida ao próximo movimento tipo motor de reação o tempo de reação é menor do que no caso em que a atenção está dirigida para a percepção do sinal tipo sensorial de reação O tempo da reação depende também da duração em que se espera o sinal o tempo ótimo de espera entre os comandos preliminares e a execução da partida deve ser de 1 a 15 segundo O período demasiadamente longo na espera induz a diminuição da concentração de excitação no sistema nervoso central e di minui o tempo de reação O período latente depende do tipo do sinal ou seja a sensibilidade de diversos analisadores é diferente e por isso o perí odo latente aos sinais sonoros é um pouco mais curto do que no caso de sinais visuais Tabela 52 Por sua vez a duração do pe ríodo latente à cor vermelha é mais curto do que às cores verde e azul no caso da utilização de cores Ilhin 1983 O tempo da reação depende da in tensidade do sinal quanto mais intenso for até certos limites tanto menor será o tempo de reação Entretanto os sinais extremamente fortes freiam a reação de resposta O período motor do tempo de reação depende do grau de excitação dos TABELA 52 Tempo de reação motora simples com diferentes estímulos Caráter do Tempo de Contingente Sinal reação s Desportistas Som 005016 luz 010020 Nãodesportistas Som 015025 e mais luz 020035 e mais 125 Treinamento desportivo FiGurA 511 Tipos de reações motoras c reação reflexora a reação simples b reação complexa objeto em movimento músculos assim como de que forças da inércia dispõem vários membros Por isso na reação de diversos membros ao sinal o tempo de reação será diferente O tem po de reação melhora com determinada tensão do aparelho muscular executor É por isso que se recomenda que os atletas velocistas não pisem com grande esforço no bloco de partida durante a largada A reação ao objeto em movimento é encontrada mais frequentemente nos jogos desportivos e nas modalidades de combate Por exemplo no futebol na re ação do goleiro à bola chutada podemse distinguir os seguintes componentes a a fixação visual da bola objeto em mo vimento 126 Antonio Carlos Gomes b a avaliação da direção e da velocidade da bola c a escolha do plano de ações e d o início da execução das ações São dessas fases que se constitui nesse caso específico o período de reação ao objeto em movimento A metodologia do treinamento pressupõe duas orienta ções principais 1 Aperfeiçoamento da velocidade de reação e da respectiva ação motora Para esse objetivo utilizamse como principais meios de treinamento exer cícios que exigem a redução do tempo de reação com os seguintes elementos n aparecimento inesperado de obje tos essas condições no voleibol podem ser criadas com a substitui ção da rede normal por uma outra feita de um material opaco que não permite ver e acompanhar as ações do adversário e a fase inicial de voo da bola n aumento da velocidade de objetos com esse objetivo utilizamse nos treinamentos os aparelhos de treino em forma de catapultas au tomáticas que passam a bola em diferentes direções com frequên cia e velocidade diferentes n diminuição da distância o combate em distâncias curtas no boxe a rea ção à bola à pequena distância 2 Aperfeiçoamento da capacidade de fixação do objeto e sua manutenção no campo visual A reação ao objeto em movimento com seu aparecimento repentino leva de 025 a 1 segundo A parcela funda mental desse tempo até 80 cabe à primeira fase que é a fixação visual do objeto em movimento As pesquisas rea lizadas no futebol mostraram que o sucesso da interceptação e do desvio rechaço da bola depende do tem po durante o qual o desportista pode acompanhar o voo da bola quanto maior for o tempo do acompanha mento maior será o êxito das ações Levando em consideração essa circuns tância no treinamento da velocidade de reação ao objeto em movimento devese dar atenção à diminuição do tempo do componente inicial da rea ção à distinção e à fixação do objeto no campo visual Além disso devese dar maior atenção a esse aspecto de aperfeiçoamento da velocidade de reação nas etapas iniciais de prepara ção nos treinos com os jovens para os quais é característica a distração espe cialmente sob o efeito da fadiga Porém nas condições de competi ção a fixação prolongada do objeto fica frequentemente dificultada O objeto pode aparecer de repente a uma distân cia muito curta e com grande velocidade em algumas modalidades até 50 ou mais metros por segundo Nessas condições a reação direta ao objeto é impossível pois o tempo é extremamente limitado Essa situação típica pode ser vista por exem plo na execução de grandes penalidades no futebol ou no handebol O goleiro não é capaz de reagir à bola com um chute lance forte pois a bola entrará na rede antes que o goleiro salte para pegála Nesse caso a reação do goleiro experien te baseiase mais no acompanhamento das ações preparatórias do adversário do que no movimento da bola Na maioria das ações bemsucedidas os goleiros anteci pam a direção do chute O aperfeiçoamen to dessa capacidade realizase no âmbito do treinamento da velocidade de reação Os atletas experientes demonstram frequentemente uma surpreendente capa cidade de prever as ações do adversário e reagem oportunamente a elas Essa capa 127 Treinamento desportivo cidade pode ser desenvolvida Com esse propósito durante os treinamentos os atletas são estimulados a reagir acompa nhando a mímica as ações preparatórias a pose a maneira geral de comportamen to etc Nesses casos tem grande impor tância o conhecimento do adversário e de suas técnicas prediletas O tempo da reação de seleção de pende estritamente da quantidade de va riantes alternativas das ações sendo que apenas uma deve ser escolhida Se o des portista está certo de que em uma situa ção o adversário utilizará somente uma ação de ataque então presume que esta ação corresponde a uma ação simples Em uma outra situação quando é difícil prever que ações o adversário realizará o tempo de reação aumenta A análise da situação competitiva que abrange todo o conjunto de fatores que determinam a escolha da ação constitui importante componente Por exemplo se um automobilista vê na curva algum obstáculo inesperado deve avaliar no mesmo instante a distância até o obstáculo a velocidade do carro o raio da curva o estado de pavimentação da estrada a presença de alguns outros obs táculos entre outros aspectos Somente depois da análise de todos esses fatores poderá reagir corretamente uma vez que nessas circunstâncias é necessária não so mente a velocidade de reação mas tam bém a velocidade de reação em relação à tomada da decisão eficaz Apesar de toda a diversidade de situ ações que podem ser encontradas na prá tica desportiva a maior parte delas pode ser reduzida a uma quantidade de varian tes típicas padrão O aperfeiçoamento da velocidade de reação nessas situações típicas constitui a base sobre a qual se constrói a metodologia do treinamento da reação de escolha Durante os treinamentos em que as reações simples atingem alto grau de perfeição as tarefas passam a ser mais complicadas sugerindose que o atleta reaja de formas diferentes Por exemplo podese colocar a tarefa de recorrer a de terminadas ações defensivas em resposta a duas ou três ações de ataque A quanti dade de variantes gradualmente aumen ta aproximandose das exigências reais da atividade competitiva Quanto maior for o volume de situações típicas treina das mais curto será o tempo de reação nas situações que tenham elementos das técnicas Por isso o aperfeiçoamento da reação de escolha deve ser realizado para lelamente à preparação técnica e tática No processo de aperfeiçoamento da reação de escolha a possibilidade de antecipar eventuais ações do adversário reação de antecipação mantém seu sig nificado importante Para elevar a eficácia do treinamento da reação complexa utili zamse os complexos especiais de treina mento que orientam diversas situações e permitem obter a informação operacional sobre a velocidade de reação do atleta Metodologia do treinamento da velocidade A composição concreta dos meios e métodos de treino que visam ao aperfei çoamento das capacidades de velocidade é determinada pelas particularidades da modalidade e pelas tarefas de cada etapa de preparação a longo prazo Nas etapas iniciais de preparação convém dar prefe rência aos meios de preparação de cará ter geral Nas sessões com crianças de 8 a 12 anos a prioridade cabe ao método de jogo O conteúdo das sessões de treino deve se basear principalmente no apro veitamento de jogos desportivos e outros jogos especialmente selecionados de re vezamentos diversificados A atividade de jogo corresponde às peculiaridades da psique infantil e por isso mantém o inte resse das crianças estimulandoas muitas 128 Antonio Carlos Gomes vezes a revelar capacidades de velocida de de diversas formas A idade de 12 anos caracterizase pelo impetuoso desenvolvimento das ca pacidades de coordenação o que assegu ra ritmos mais altos de acréscimo de velo cidade dos movimentos nessa faixa etária Na idade de 13 a 14 anos tais índices de velocidade como o tempo de reação a ve locidade de um movimento sem peso e a frequência dos movimentos aproximam se dos seus valores absolutos correspon dentes à fase adulta Nas etapas posteriores da prepa ração a longo prazo ocorre o aumento gradual das influências de treinamento para os exercícios de orientação especial O método de jogo tem cedido paulatina mente seu lugar ao método de exercício rigorosamente regulamentado antes de tudo no regime do exercício intervalado e ao método competitivo Como meios de treinamento das ca pacidades de velocidade são utilizados os exercícios que podem ser executados com a velocidade máxima Na seleção desses exercícios devemos nos orientar pelos se guintes critérios n a técnica de execução desses exercícios deve ser executada com a velocidade máxima n os exercícios devem ser tão bem domi nados pelos atletas que durante sua execução não haja necessidade de um controle complementar da consciência assimilação em termos de habilidade n a duração do exercício deve ser de tal forma que no final de sua execução a velocidade não diminua devido à fa diga A metodologia de aperfeiçoamento das capacidades de velocidade apresentam duas condições que à primeira vista podem parecer contraditórias tipicidade e varieda de das influências de treino A necessidade de considerar essas condições no processo de preparação explicase por determinadas normas e leis de aperfeiçoamento das ca pacidades de velocidade Sabese bem que a adaptação no desporto resulta das influ ências sistemáticas dos exercícios de certa orientação sobre os sistemas funcionais do organismo do atleta Essa exigência repre senta a condição necessária do aperfeiçoa mento não somente de velocidade mas de todas as capacidades físicas Por isso a re petição múltipla dos exercícios típicos com as exigências máximas relativas à revelação das capacidades de velocidade constitui a primeira orientação no treinamento da ca pacidade de velocidade As capacidades de velocidade são determinadas pelas possibilidades de os mecanismos bioquímicos mobilizaremse mais rapidamente sob o efeito do estí mulo nervoso e da ressíntese das fontes anaeróbias de energia O mecanismo fos fato de creatina atinge a potência máxima em 2 a 3 segundos de trabalho Devido no entanto à pequena capacidade dessa fonte de energia o asseguramento das necessidades energéticas dos músculos com o fosfato de creatina somente ocorre durante alguns segundos desenvolvendo se ativamente a seguir o outro processo anaeróbio conhecido como glicolítico O principal meio de desenvolvi mento das possibilidades funcionais do organismo base da manifestação das capacidades de velocidade é a execução intervalada dos exercícios com a duração de até 8 a 10 segundos Tabela 53 O limiar do volume dos exercícios com a velocidade máxima é determinado pela diminuição da concentração do fosfato de creatina nos músculos em atividade abaixo do nível crítico em que já não é possível manter a velocidade máxima dos movimentos Devese levar em con sideração que a execução múltipla dos exercícios de velocidade leva rapidamen te à fadiga e à redução das capacidades 129 Treinamento desportivo de trabalho Para aumentar o volume dos exercícios de velocidade sem a alteração da orientação das influências de treina mento ocorre a sua unificação em séries com o aumento de intervalos de descan so entre elas Os exercícios do atleta em nível de excitação nervosa ótima constituem im portante exigência metodológica no trei namento das capacidades de velocidade Devese evitar a execução de exercícios que visem ao treinamento das capaci dades de velocidade quando o músculo apresentar fadiga com exceção dos casos em que forem colocadas tarefas específi cas de preparação Embora o método de exercício in tervalado seja eficaz na experiência da prática desportiva numerosas pesquisas mostram que existem sérios limites em sua aplicação Durante algum tempo esse método proporciona acréscimo das capa cidades de velocidade mas a perturbação de determinadas proporções em sua apli cação leva a que o acréscimo das capaci dades de velocidade venha a ser substi tuído pela estabilização da velocidade sendo que a posterior repetição múltipla dos exercícios consolida o estereótipo for mado dos movimentos Esse fenômeno passou a ser chamado barreira de veloci dade A causa de seu aparecimento está ligada à formação de laços condicionados refletores entre a estrutura dos movimen tos e as capacidades físicas que se mani festam Se a estabilização da velocidade acontece há duas maneiras de superar a barreira de velocidade amortecimento e destruição O método de amortecimen to está fundamentado no fato de que ao terminar o treino as velocidades de amortecimento de alguns movimentos de estereótipo dinâmico são diferentes Em particular as características de espaço do movimento são mais estáveis do que as de tempo Por isso se durante algum tempo o exercício básico deixar de ser praticado a barreira da velocidade poderá desapa recer ao passo que a estrutura dos mo vimentos permanecerá Se nesse mesmo período o nível das capacidades de velo cidade e de força for aumentado com a ajuda de outros meios após o intervalo poderá atingir a melhoria dos resultados O método de destruição consiste em criar no processo de treinamento condi ções que o desportista repita várias vezes para que possa superar a barreira de ve locidade e recordar essas novas sensações musculares de alta velocidade Para evitar o surgimento da barreira de velocidade é necessário que sejam res peitadas certas exigências metodológicas cuja essência consiste na necessidade de variação das influências de treinamento meios métodos condições Utilizase para esse fim todo um conjunto de méto dos que serão abordados mais detalhada mente na sequência A melhoria da capacidade de veloci dade do atleta está substancialmente liga TABELA 53 Principais parâmetros de cargas dirigidas para o treinamento das capacidades de velocidade Número de Número intervalo de Número máximo repetições total de descanso entre as intervalo das fases intensivas do série nas fases intensivas dos de descanso Número de intensivas exercício fases exercícios na entre as séries séries na do exercício segundos intensivas série smin minutos sessão na sessão Até 23 610 302 810 24 3040 56 46 23 810 23 1020 810 34 35 810 23 412 130 Antonio Carlos Gomes da ao aperfeiçoamento do componente de força dos movimentos Essa ligação ma nifestase de maneira mais evidente nos movimentos em que o desportista encon trase obrigado a superar pesos exteriores consideráveis nos lançamentos o peso do dardo o disco etc na luta tratase do peso ou da resistência do adversário etc A tarefa de elevação do nível de ve locidade nesses movimentos resolvese em grande medida no processo de prepa ração de força que foi objeto de análise na seção Treinamento das capacidades de força Nesse caso falaremos apenas em alguns aspectos referentes a esse pro blema relacionados com o efeito estimu lador de pósefeito dos exercícios com pesos para a ativação dos esforços mus culares na estrutura dos movimentos de caráter de velocidade A execução do volume ótimo dos exercícios com pesos provoca os fenôme nos positivos que mantêm algum efeito durante certo tempo após a conclusão desses exercícios O efeito de conse quência positiva manifestase na influência geral tonificante sobre o aparelho motor e na melhora da coordenação e da rapidez de inclusão dos músculos no trabalho o que contribui para a elevação dos resultados de velocidade e de força Nas ações moto ras relacionadas com a velocidade de rea ção ao sinal exterior os movimentos com pesos contribuem para a diminuição do tempo de seu componente motor Em uma série de pesquisas é destacada também a redução do período latente da reação mo tora Verkhoshanski 1988 O efeito pode manifestarse sob a forma de consequência imediata logo após cessar a influência estimuladora ou sob a forma de consequência retardada isto é 4 a 8 horas ou mais após o fim da influência Zakharov 1985 O peso que pode ser considerado ótimo é aquele que não provoca deformações substanciais na estrutura dos movimentos A maioria dos especialistas opina que para a obtenção do efeito estimulador que faz aumentar a velocidade e a frequência dos movimen tos sem carga o peso da carga não deve superar 15 a 20 do máximo O efeito de consequência imediata manifestase por exemplo no crescimento da velocidade de golpes do pugilista depois de arre messos da medicine ball de 5 a 10 kg ou golpes de imitação com halteres de 4 kg Verkhoshanski 1988 no crescimento da velocidade da aceleração de partida e da corrida logo após a execução da série de exercícios breves de saltos entre os ve locistas Ozolon 1986 etc O efeito de consequência retardada também é aplicado no treino desportivo com a finalidade de melhorar o estado funcional do aparelho neuromuscular do atleta na preparação para as competições e para a elevação da eficiência das sessões de treinamento de orientação da velocida de Em várias modalidades desportivas foi constatado o efeito positivo dos exercícios especialmente selecionados de força no volume de 25 do máximo A consequên cia retardada de tais exercícios contribui após um intervalo de 6 horas de descan so para o melhoramento dos índices de velocidade do tempo do movimento iso lado 2 a 6 da frequência máxima de movimentos 2 a 3 e da capacidade de trabalho competitiva 2 a 0 Zakharov 1986 O destaque do método de exercício variável está na criação do efeito de con traste de sensações musculares e na execu ção dos exercícios em condições alternadas facilitadas normais próximas das compe titivas e com a carga do movimento A va riação das influências prevê o surgimento da barreira de velocidade e na passagem para as condições normais permite repro duzir as características de velocidade e outras do movimento que tiveram lugar nas condições alteradas Durante a exe cução dos exercícios no regime variável 131 Treinamento desportivo é necessário respeitar rigorosamente os graus medidas de variação quantitativos quantidade de movimentos realizados em diferentes condições e qualitativos grau de diferença do exercício em comparação com o competitivo p ex a diferença de pesos dos dardos no caso dos lançadores A alteração do grau de variação tem exer cido uma influência significativa sobre o efeito de treinamento O maior efeito para a preparação de velocidade é proporciona do pelo grau máximo de variação 11 Existem diversos meios de variação das condições de execução dos exercícios Por exemplo durante a preparação dos atletas velocistas um bom efeito é propor cionado pela combinação da corrida na pista com a corrida em declive e da corrida em local plano com a corrida em subida O esquema da sessão de treino nesse caso pode ser o seguinte 30 m na subida duas vezes de 30 m no térreo plano e 30 m na descida quanto aos saltadores eles efe tuam após um salto com peso 2 a 3 saltos sem peso depois de 2 a 3 saltos com peso 4 a 6 saltos sem peso O método variável tem sido aplicado amplamente nos lança mentos e consiste na alternância dos lança mentos dos pesos com diferentes cargas na seguinte sequência com peso maior com peso normal com peso reduzido e com peso normal Nanova 1987 A execução periódica dos exercícios com velocidade superior à dominada re presenta um dos importantes caminhos metodológicos de treinamento das capa cidades de velocidade A facilidade das condições do exercício competitivo con siste na eliminação artificial de determi nada parcela da resistência externa ao movimento o que cria premissas para o aumento da velocidade dos movimentos É com isso que se intensifica o processo de adaptação dos sistemas funcionais que as seguram os movimentos em alta velocida de Esse método torna possível ao atleta experimentar as sensações corresponden tes ao novo regime de velocidade e criar uma imagem sensóriomotora dela Existem no treinamento desportivo algumas abordagens metodológicas sobre o problema de facilidade das condições da prática dos exercícios com velocidade su perior à dominada A diminuição de uma carga exterior como a velocidade normal mente manifestase em conjunto com a força A diminuição do peso constitui um meio eficaz para criar condições no senti do de elevar a velocidade dos movimentos Na prática desportiva essa diminuição é obtida pela utilização de pesos dardos e martelos de peso inferior ao competitivo mas pode ocorrer também pela aplicação de implementos especiais que reduzem a influência do peso do desportista sobre a velocidade dos movimentos nas modalida des em que o próprio peso do atleta cons titui a carga Visando a esses objetivos foi elaborada uma suspensão que se move li vremente em uma traveguia Figura 512 Essa suspensão assegura a tração regulada pela força dirigida para cima Graças a isso o desportista é capaz de superar em 5 a 7 suas possibilidades habituais de velocida de tornando possível manter esse regime de corrida em velocidade superior à domi nada por mais tempo diferentemente das condições naturais A utilização da força complementar de tração é favorável ao deslocamento do atleta Como exemplo desses exercícios podemse melhorar a perseguição ao líder no ciclismo a corrida com vento favorá vel a corrida com reboque etc São am plamente difundidos aparelhos de treino que asseguram a correspondente força de tração Podese observar na Figura 513 o implemento utilizado nos treinamentos dos nadadores O treinador tem a possi bilidade de influenciar o atleta tanto na partida como ao longo da distância O volume do esforço de tração representa geralmente 05 a 2 km o que é inteira mente suficiente para que o atleta consi 132 Antonio Carlos Gomes FiGurA 512 Aparelho de treinamento da velocidade para atletas corredores de provas de velocidade no atletismo FiGurA 513 Aparelho de treinamento da força de tração para nadadores 133 Treinamento desportivo ga o regime mais elevado de velocidade Porém a utilização dos exercícios com a força complementar de tração deve con jugarse com os exercícios nas condições normais pois sob o efeito do mecanismo de reboque verificase frequentemente a nãocoordenação dos movimentos e por conseguinte poderia ocorrer a deforma ção da técnica O aproveitamento do efeito de ve locidade inicial nos exercícios contribui também para o aperfeiçoamento da capa cidade de velocidade do desportista Du rante a preparação de ciclistas especialistas em provas de velocidade utilizase como apoio ao treinamento um líder que com uma motocicleta imprime um ritmo de ve locidade competitivo ou superior o qual o atleta deve acompanhar com o objetivo de aperfeiçoar suas capacidades competitivas Os saltadores em distância obtêm o efeito de treinamento necessário graças ao arran que na pista declinada com a passagem à pista horizontal na fase final Os lançado res do martelo podem usar o martelo com a corda mais curta aumentando assim a velocidade de rotação Os métodos complementares para o treinamento das capacidade de velocida de eliminam alguns fatores que limitam a revelação máxima das capacidades de velocidade A capacidade do atleta de re laxar os músculos exerce influência sobre o nível das capacidades de velocidade que se revelam sob a forma de frequência dos movimentos Sabese que a velocidade com que o músculo passa do estado excitado ao rela xado é geralmente menor que a passagem do relaxamento à excitação Por isso com o crescimento da frequência dos movimen tos chega o momento em que o músculo não consegue relaxarse por completo Isso reduz bruscamente a frequência e a veloci dade dos movimentos Levando em consi deração essa circunstância o processo de treino das capacidades de velocidade deve incluir os exercícios para o aperfeiçoa mento da capacidade de relaxamento dos músculos Utilizamse com esse objetivo exercícios especiais que preveem a passa gem dos músculos do estado excitado ao estado relaxado exercícios para o relaxa mento de alguns músculos com a manu tenção da tensão dos outros movimentos com os músculos relaxados etc Alguns treinadores utilizam méto dos próprios que contribuem para o trei namento dessa capacidade entre os des portistas Assim os técnicos de atletismo propõem que seus alunos corram algumas vezes com a velocidade máxima tendo na boca um tubinho de papel Esse exercício simples permite evitar o cansaço exage rado dos músculos Para evitar o estresse exagerado dos músculos da cintura esca pular podese praticar o exercício de cor rida com fósforos entre os dedos polegar e indicador ou com o bastão de reveza mento Outro método de aperfeiçoamento da frequência dos movimentos concebi do com base no fenômeno chamado em fisiologia domínio do ritmo é aplicado no treinamento dos velocistas Para fazer crescer a frequência das passadas utiliza se primeiramente um líder sonoro que comanda o ritmo dos movimentos corres pondentes ao ritmo competitivo Em se guida à medida que domina esse ritmo o atleta corre com a frequência estabele cida e sem a ajuda do líder sonoro Com esse mesmo objetivo utilizamse as pistas luminosas sob a forma de lâmpadas que acendem uma após outra ao longo da pis ta de corrida ou da piscina São possíveis também outros meios e métodos para o treinamento da velo cidade Ao avaliar porém a diversidade de tais métodos é conveniente salientar mais uma vez que nenhum deles isolada mente poderá ser considerado eficaz A obtenção das capacidades de velocidade máxima do atleta poderá ser assegurada 134 Antonio Carlos Gomes como consequência da aplicação de diver sos meios e métodos de preparação com a observação e o respeito aos princípios mencionados de sua combinação no siste ma de preparação a longo prazo levando em consideração a especificidade de cada modalidade desportiva Treinamento da capacidade de flexibilidade A flexibilidade é uma capacidade físi ca do organismo humano que condiciona a obtenção de grande amplitude durante a execução dos movimentos Examinando as manifestações da flexibilidade em uma determinada articulação empregase fre quentemente o termo mobilidade su bentendendose com isso o deslocamen to de uma parte da articulacão em relação à outra Junior 2009 Distinguemse as formas ativa e pas siva de manifestação da flexibilidade A flexibilidade ativa se caracteriza pela ob tenção de grandes amplitudes de movi mento por conta da atividade dos próprios grupos musculares do desportista que as seguram um determinado movimento A flexibilidade passiva é determinada pela maior amplitude do movimento conse guida por meio de influências exteriores utilização de pesos utilização da força de outros grupos musculares o próprio peso do desportista esforços do parceiro etc A grandeza da flexibilidade passiva está estreitamente interligada com a flexibili dade ativa ultrapassando sempre os índi ces correspondentes dessa última Quanto maior for a grandeza da mobilidade pas siva na articulação maiores serão as re servas para o aumento da amplitude do movimento ativo A flexibilidade passiva aproximase pelos seus valores de mobili dade nas articulações da mobilidade ana tômica verídica ou esquelética constituin do a estrutura das respectivas articulações o limite dessa mobilidade A grandeza da flexibilidade passiva depende em grande medida da extensibilidade dos músculos e ligamentos assim como da grandeza individual do limiar de dor do desportis ta Na execução de movimentos comuns o indivíduo utiliza apenas pequena parte da mobilidade máxima possível Durante as competições em certas modalidades desportivas as exigências com relação à mobilidade nas articulações podem atin gir 85 a 95 da anatômica A capacidade de executar os movi mentos com grande amplitude é condicio nada por uma série de fatores que devem ser levados em consideração no processo de aperfeiçoamento da flexibilidade A forma da superfície da articulação dos ossos limita a amplitude de movi mentos Um papel essencial na limitação da amplitude dos movimentos é desem penhado pelas propriedades elásticas do aparelho muscular e a resistência mútua dos músculos em torno da articulação As sim a contração dos músculos no ciclo de movimento é acompanhada da extensão dos músculos antagônicos corresponden tes que causam o efeito de frenagem de caráter protetor A resistência que surge está ligada ao aumento do tônus dos mús culos estendidos o que leva à redução da amplitude do movimento A supera ção desse fator de limitação representa o principal problema de aperfeiçoamento da flexibilidade As possibilidades de aperfeiçoamento da flexibilidade são determinadas em mui tos aspectos pelo sexo e pela idade As di ferenças de sexo condicionam a suprema cia na mobilidade articular das mulheres de todas as idades de 20 a 30 em média em comparação com os homens Popov 1986 Porém esses dados não signifi cam de modo algum que os homens bem treinados e dotados no sentido motor não 135 Treinamento desportivo sejam capazes de revelar altos índices de flexibilidade A título de exemplo podem se mencionar os ginastas de alto nível que apresentam mobilidade nas articulações superior à média das mulheres No caso da planificação de muitos anos de preparação é importante destacar que o efeito de aperfeiçoamento da flexi bilidade está estritamente ligado à idade do desportista Se as influências dirigidas de treinamento coincidem com o período de amadurecimento natural do homem pe ríodo sensível verificase o acréscimo acelerado dessa capacidade Do ponto de vista metodológico é evidente o fato de que na infância é muito mais fácil aper feiçoar a flexibilidade do que na idade avançada Os ritmos mais altos de acrésci mo verificamse na idade de 9 a 14 anos Considerase a idade de 15 a 17 anos a mais tardia quando ainda se podem con seguir consideráveis êxitos no treinamen to da flexibilidade Na idade avançada a amplitude de movimentos diminui devido a processos etários irreversíveis embora a execução de exercícios especiais possa contribuir para a prevenção e a diminui ção essencial dos ritmos de redução da flexibilidade No aperfeiçoamento da flexibilidade deve ser levado em consideração o fator de oscilação horária do dia Assim pela manhã a flexibilidade é consideravelmen te reduzida Em consequência é preciso praticar o aquecimento minucioso antes do treinamento que cumpre as tarefas de aperfeiçoamento da flexibilidade pela ma nhã e pela tarde Os índices superiores de flexibilidade são registrados entre 12 e 17 horas sendo que quanto mais jovem for o organismo maiores serão as oscilações horárias Entre os desportistas as oscila ções horárias são expressas em um grau menor do que no caso de pessoas que não praticam nenhum tipo de desporto As oscilações nos índices de flexibili dade são determinadas também por uma série de outros fatores n a temperatura do corpo e do meio am biente n o nível de fadiga n o grau de excitação emocional n o aquecimento e seu conteúdo e n a capacidade de relaxamento dos mús culos Assim sob a influência do cansaço local os índices de flexibilidade ativa di minuem em média 116 ao passo que a passiva aumenta 95 A diminuição da flexibilidade ativa ocorre como resultado da diminuição da força dos músculos sen do que a flexibilidade passiva explicase pela melhora da elasticidade dos múscu los que limitam a amplitude do movimen to É de grande importância na obtenção da amplitude máxima a capacidade dos desportistas de relaxamento dos músculos em extensão o que leva ao crescimento da mobilidade em até 12 a 14 Popov 1986 É importante destacar também que no estado de excitação emocional por exemplo os índices de flexibilidade podem aumentar na etapa imediatamente precedente às competições A massagem preliminar dos grupos musculares corres pondentes e a sauna juntamente com os fatores mencionados contribuem para a elevação da mobilidade nas articulações Metodologia do treinamento da flexibilidade A seleção dos meios e dos métodos de treinamento da flexibilidade é determi nada antes de tudo pelo nível individual de desenvolvimento dessa capacidade en tre os desportistas e sua correspondência com as exigências de determinada moda 136 Antonio Carlos Gomes lidade desportiva Nas modalidades em que a mobilidade das articulações não constitui o fator principal mas apenas determina a condição geral do atleta p ex a maratona as corridas de esqui o ci clismo etc não se exigem geralmente tarefas acentuadas de aperfeiçoamento da flexibilidade Nesse caso os exercícios de flexibilidade são utilizados como meio au xiliar fazem parte do conteúdo do aque cimento correlacionandose com os exer cícios de outra orientação Em algumas modalidades em que o nível de desenvolvimento da flexibilidade determina em grande medida o resultado da competição p ex ginástica desportiva acrobacia caratê patinação artística e algu mas outras apresentamse exigências mais elevadas e diversificadas em relação ao ní vel de desenvolvimento dessa capacidade Em uma série de modalidades exigese amplitude máxima de movimentos apenas em alguns segmentos do aparelho motor de suporte p ex nas articulações escapulares entre os lançadores de dardo nas articula ções escapulares do quadril e plantar entre os nadadores e na articulação ilíaca entre os corredores de barreiras Por conseguinte para definir o círcu lo de tarefas específicas ligadas ao aper feiçoamento posterior da flexibilidade é necessário estabelecer a correspondência do desenvolvimento da flexibilidade e da mobilidade em certas articulações com as amplitudes direções e o caráter de mo vimentos específicos de um determina do tipo de atividade desportiva Convém aperfeiçoar a flexibilidade somente até o nível necessário ao domínio da técni ca desportiva racional Podese conside rar suficiente o nível de desenvolvimento dessa capacidade quando a amplitude do movimento ativo acessível ao desportista em diferentes articulações ultrapassa em determinados valores os índices de fle xibilidade que caracterizam a execução eficaz dos exercícios competitivos Essa diferença costuma ser chamada de reser va de flexibilidade Ao colocar durante os treinos a tarefa de obtenção de determi nada reserva de flexibilidade não se deve procurar uma mobilidade extrema nas ar ticulações mesmo que isso não perturbe seu funcionamento normal A demasiada flexibilidade pode refletirse negativa mente na eficiência do exercício compe titivo Assim a mobilidade extremamente desenvolvida na articulação escapular entre os halterofilistas exige uma tensão muscular complementar à limitação dos graus excessivos de liberdade da articula ção durante a fixação do haltere Os exercícios físicos que asseguram a extensão do aparelho muscular e liga mentar do atleta e a obtenção da amplitu de máxima de movimentos constituem o principal meio de treinamento da flexibi lidade Os exercícios de extensão podem ter as formas ativa e passiva e ser execu tados nos regimes dinâmico e estático de trabalho muscular Seria interessante executar os exer cícios de extensão dos músculos sob a forma passiva com a fixação das posições correspondentes à maior amplitude do movimento utilizamse exercícios demo rados com ajuda do parceiro por conta dos esforços de outros grupos musculares ou o peso do próprio atleta com a ajuda de vários implementos especiais imple mentos de roldana amortecedor de bor racha etc Os exercícios passivos geral mente são executados em 3 a 4 séries de 10 a 40 repetições As posições passivas estáticas são mantidas em 3 a 4 séries de 6 a 10 repetições sendo que a suspensão relaxada é executada em 3 a 4 séries com a duração de 15 a 20 segundos Os exercícios dinâmicos ativos p ex balanço flexões rotações etc devem ser executados com amplitude cada vez maior evitandose neles movimentos bruscos e arranques Os exercícios com movimentos livres de balanço são pouco eficientes para 137 Treinamento desportivo o aperfeiçoamento da flexibilidade Isso explicase pelo fato de que nesses exer cicios a extensão depende da inércia dos membros que executam os movimentos de balanço e está ligada à necessidade do cumprimento desses exercícios em um rit mo rápido Os movimentos rápidos estimu lam a manifestação de um reflexo que limi ta a extensão e leva ao estresse dos grupos musculares em extensão Por isso é mais eficiente a execução dos exercícios em ve locidades reduzidas Somente os exercícios conclusivos podem ser executados brusca mente Nesse caso os músculos que já se adaptaram a extensões encontramse em um estado relaxado e não criam uma con tração para a obtenção da amplitude máxi ma do movimento O aumento da flexibilidade ocorre como resultado do crescimento da ampli tude dos movimentos e da duração do es tado estendido do aparelho muscular e li gamentar do atleta Nas primeiras sessões dos exercícios dinâmicos recomendase praticar para cada membro em média 10 a 15 repetições em 2 a 3 séries Mais adiante podemos aumentar o número de repetições para até 40 a 50 ou aumentar o número de séries para até 5 a 6 Nos exercícios estáticos o crescimento vai de 5 a 6 segundos nas etapas iniciais até 30 a 40 segundos de manutenção dos múscu los no estado de extensão Popov 1986 Recomendase que entre as repetições e em cada uma das séries os desportistas relaxem os músculos ou pratiquem exer cícios de direção contrária Os intervalos entre as séries duram de 2 a 25 minutos Convém relaxar e descansar passivamente no primeiro minuto executando depois 3 a 5 movimentos para o lado oposto esti mular os músculos antagonistas e logo a seguir executar 3 a 5 movimentos de balanços livres por conta do trabalho do grupo muscular em treinamento Nos 20 a 40 segundos restantes os músculos de vem ser relaxados Os meios de aperfeiçoamento da fle xibilidade aplicados na prática atingem diferentes resultados Foi comprovado ex perimentalmente que para a obtenção de um alto nível de desenvolvimento da fle xibilidade é necessária a utilização com plexa dos exercícios de caráter dinâmico sob as formas ativa e passiva e estático A utilização seletiva de algum meio con tribui para o desenvolvimento unilateral da flexibilidade A combinação mais efi ciente é a seguinte 40 de exercícios de caráter ativo 40 de caráter passivo e 20 de caráter estático Nos últimos anos tornouse muito popular no mundo o método conhecido sob o nome stretching Nesse método aplicamse os exercícios dinâmicos ativos e passivos em um ritmo lento em combi nação com as posições pesos estáticas Os exercícios são executados em sequên cia determinada Assim em uma das va riantes do stretching utilizase primeiro a forma passiva do exercício stretching pas sivo Figura 514 a Nesse caso o grupo estendido de músculos deve ficar relaxa do ao máximo Depois disso durante 5 a 6 segundos esses músculos sofrem resis tência quando as forças externas par ceiro implementos especiais dificultam o movimento da articulação Figura 514 b Assim o músculo sofre a tensão estáti ca isométrica devido à qual reduzse um pouco As posições iniciais para as tensões devem corresponder às fases da maior amplitude de movimentos e responder às exigências do movimento racional De pois o músculo deve ser relaxado por um período de 2 a 4 segundos e por conta da extensão passiva repetida podese conse guir um aumento ainda maior da mobili dade na articulação O efeito acumulativo do emprego das tensões isométricas dos músculos previamente estendidos mani festase como um acréscimo essencial dos índices da flexibilidade dinâmicoativa durante o primeiro mês de treinamento 138 Antonio Carlos Gomes A continuação da aplicação desse método contribui para a manutenção do nível de flexibilidade atingido Os níveis de atividade de diferentes músculos do ser humano encontramse interligados e intercondicionados Devido a essa característica o crescimento da ati vidade de qualquer músculo ou do grupo muscular do sistema muscular integral é acompanhado da redução da ativida de de músculos em outra zona Levando em consideração essa disposição aplica se uma metodologia própria que permite superar a excessiva tensão de músculos antagonistas que limitam a mobilidade na articulação O meio de elevação da mobi lidade nas articulações ilíacas pode servir como exemplo de sua realização Visando a esse objetivo durante a execução da fle xão ativa em abdução na articulação ilí FiGurA 514 O stretching com a tensão isométrica dos músculos previamente estendidos Legenda a Extensão passiva com a ajuda do parceiro b Tensão isométrica do músculo previamente estendido 139 Treinamento desportivo aca pressupõese ativar o bíceps do bra ço por meio da eletroestimulação ou da tensão isométrica dos músculos do braço O método proposto de redistribuição da atividade dos músculos reduz considera velmente o tempo do desenvolvimento da mobilidade articular pois após a primei ra influência a mobilidade da articulação ilíaca poderá aumentar 12 a 14 Após o final da estimulação o fundo residual de aumento da mobilidade é bastante alto Ao utilizar exercícios de extensão é necessário estar ciente de que diferentes zonas dos músculos podem estenderse durante a execução do exercício de modo desigual em todo o comprimento Isso é confirmado pelos dados das pesquisas ele tromiográficas e pelas sensações subjeti vas de dor do desportista por exemplo na execução de exercícios como flexão do tronco à frente flexão das pernas em po sição deitada flexão passiva e desvio de quadris coxas Durante a realização do movimento com a perna estendida a dor surge na parte inferior ou seja na par te distal dos músculos Se o desportista flexiona levemente a perna a dor passa à parte média do músculo sendo que com a perna flexionada as sensações de dor aproximamse da parte próxima dos músculos em extensão Para a extensão completa dos músculos é necessário uti lizar exercícios que visem à extensão de todas as partes dos músculos A utilização de exercícios uniformes de extensão dos músculos em dosagem diferente tem re sultado insuficiente para a obtenção de altos índices de flexibilidade A realização mais completa das reservas de aperfeiço amento da flexibilidade somente pode ser conseguida caso seja utilizado o conjunto de exercícios que estendam ao máximo as partes distal medial e proximal dos mús culos Essa metodologia permite reduzir a sensação de dor e evitar lesões pois o alongamento máximo não se estende a apenas uma parte mas a três partes e em consequência disso o comprimento total do músculo aumenta A estimulação biomecânica da ativi dade muscular é um método eficiente de elevação da mobilidade nas articulações Nazarov 1981 Caracterizase como uma influência complementar sobre os músculos em trabalho com impulsos me cânicos de pequena amplitude que se guem ao longo dos filamentos musculares A frequência dos impulsos coordenase com os parâmetros de oscilações vibra ções naturais dos músculos próprias de seu regime máximo ou submáximo Com a ajuda da estimulação biomecânica os filamentos musculares entram em um re gime artificial de oscilação vibração de trabalho o que provoca mudanças favorá veis no aparelho muscular do desportista juntamente com o crescimento dos índi ces de flexibilidade Observase também melhora do fluxo sanguíneo nos músculos em estimulação e a inervação dos múscu los é melhorada Quanto aos parâmetros de influência que asseguram a elevação da mobilidade das articulações dos membros superiores eles podem ser a estimulação com a amplitude de 1 mm com a frequên cia de 25 Hertz e a duração de influência de 1 minuto Obtémse o principal acrés cimo durante 3 a 4 sessões de estimulação biomecânica O valor concreto do acrés cimo está ligado à reserva de mobilidade anatômica nas articulações Na estrutura do macrociclo de pre paração a solução da tarefa de treino da flexibilidade geralmente pressupõe duas etapas consecutivas n o aumento da flexibilidade e n a manutenção do nível obtido de de senvolvimento dessa capacidade Na primeira fase ocorre a altera ção da correlação dos meios e métodos 140 Antonio Carlos Gomes de treinamento da flexibilidade Durante os primeiros microciclos de treinamento prevalecem os meios que contribuem para o desenvolvimento da flexibilidade passi va o que cria uma base para o aperfeiço amento posterior da flexibilidade em um regime ativo de movimentos Mais adian te essa correlação alterase aumentando o volume dos exercícios que contribuem para o desenvolvimento da flexibilidade ativa A duração da fase do volume ele vado de cargas que contribuem para o desenvolvimento da flexibilidade não ul trapassa geralmente 6 a 10 semanas Se gundo especialistas Matveev 1977 esse tempo é eficiente para realizar o potencial de acréscimo nas articulações o qual de pende do melhoramento da elasticidade do aparelho muscular e ligamentar As in fluências posteriores concentradas sobre o desenvolvimento da elasticidade levam apenas a um acréscimo insignificante da capacidade pois estão ligadas à adapta ção prolongada do aparelho ósseo e liga mentar Os exercícios que visam ao aperfei çoamento da flexibilidade proporcionam maior efeito quando executados concen tradamente diariamente e às vezes duas ou mais vezes por dia O mesmo volu me de cargas disperso no tempo provoca efeito consideravelmente menor O tempo dispendido por dia para o aperfeiçoamen to da flexibilidade varia geralmente de 45 a 90 minutos dependendo das tarefas de preparação e das particularidades indivi duais do desportista Esse trabalho pode ser distribuído de maneira diferente du rante o dia recomendase habitualmen te incluir 20 a 30 do volume total na ginástica matinal e no aquecimento antes do treinamento sendo que os outros exer cícios ficam incluídos nos próprios treinos Os exercícios que visam ao treinamento da flexibilidade tanto podem compor o con teúdo de sessões específicas de trei no como podem ser incluídos nas sessões complexas durante as quais juntamente com o aperfeiçoamento da flexibilidade são desempenhadas outras tarefas de pre paração Convém levar em consideração que o treino da flexibilidade ativa seja planejado para a fase inicial da sessão enquanto o da flexibilidade passiva fica para o final da sessão Isso é explicado pelo fato de que durante o cansaço a fle xibilidade ativa é menor devido à redução da força dos músculos que efetuam o mo vimento sendo que a flexibilidade passi va ao contrário cresce devido à elevação da elasticidade dos músculos resultante do aquecimento De acordo com essa ob servação os exercícios que visam ao au mento da flexibilidade ativa não devem ser executados após considerável redução dos índices de força A tarefa de manutenção do nível de desenvolvimento da flexibilidade alcan çado é resolvida na segunda metade do período preparatório e no período compe titivo Se não for possível manter o nível atingido durante o período competitivo prolongado poderão ser utilizados os ci clos especializados que contêm o volume concentrado de efeitos de treinamento e que estimulam a elevação da mobilidade nas articulações limitadoras da atividade motora do desportista Na fase de manu tenção do nível atingido as sessões podem ser efetuadas de 3 a 4 vezes por semana podendo o volume de trabalho ser dimi nuído um pouco Nas modalidades em que a flexibilidade não é um componen te determinante da preparação do atleta podese considerar suficiente a inclusão no aquecimento diário de um conjunto de exercícios de flexibilidade de 20 a 30 minutos No entanto não se deve excluir por completo em nenhuma das etapas da preparação anual o trabalho de desenvol vimento da flexibilidade Quando ocorre a parada completa das influências de treina 141 Treinamento desportivo mento de flexibilidade esta regride rapida mente ao nível inicial ou próximo a ele Treinamento das capacidades de coordenação A coordenação como capacidade fí sica representa a capacidade de dirigir os movimentos de acordo com as soluções de tarefas motoras As capacidades de co ordenação são diversificadas e represen tam as tarefas motoras que o homem deve desenvolver O nível de revelação dessas capacidades é determinado por diversos sistemas sensoriais Devido às particu laridades do desenvolvimento biológico desses sistemas os ritmos mais altos de acréscimo das capacidades de coordena ção verificamse na idade de 4 a 5 anos sendo que no período entre 7 e 12 anos encerrase a formação dos sistemas fun cionais do organismo que determinam a coordenação dos movimentos Por conse guinte a idade infantil apresentase como a mais favorável para o treinamento das capacidades de coordenação As capacidades de condução dos movimentos baseiamse predominante mente na precisão das percepções moto ras cinestésicas que se apresentam em combinação com as percepções visuais e auditivas Com pouca experiência moto ra as percepções e sensações do homem não permitem diferenciar nitidamente os parâmetros do espaço do tempo e da for ça do movimento Por isso as capacida des de coordenação formamse antes de tudo no processo de treinamento de di versificadas ações técnicas e táticas Com a execução racional dos movimentos so mente ficam em estado de excitação ten são os grupos musculares que participam diretamente de tais movimentos perma necendo os outros grupos musculares em estado relaxado A concordância e corres pondência da tensão e do relaxamento dos músculos caracterizamse como já se destacou anteriormente pela coordena ção neuromuscular Na realização pela primeira vez ou em condições incomuns de uma ação mo tora a tensão involuntária dos músculos elevase o relaxamento completo destes inexiste e sua coordenação perturbase A excessiva tensão muscular aparece ge ralmente na etapa inicial de treino assim como sob a influência da fadiga da sensa ção de dor e do estresse psicológico como o provocado pela participação nas com petições A perturbação da coordenação neuromuscular refletese negativamente na capacidade e nos resultados da realiza ção dos exercícios Na atividade que exige a revelação de resistência a tensão mus cular elevada possibilita o aumento de gastos energéticos e consequentemente a fadiga Nos exercícios de velocidade a coordenação motora limita a velocidade máxima Já nos exercícios de força ela re duz a grandeza da força aplicada Na primeira execução de um movi mento os músculos antagonistas intervêm ativamente freiandoo o que permite in troduzir as correções necessárias no pro cesso de sua execução Segundo a teoria clássica de N Bernstein o aperfeiçoamen to do mecanismo de direção do movimento pressupõe a superação gradual dos graus excedentes de liberdade do órgão em mo vimento À medida que se eleva a capa cidade de direção do movimento ocorre passo a passo a eliminação da tensão ex cessiva dos músculos o aumento da velo cidade e da precisão dos movimentos e a redução dos gastos energéticos A direção do movimento é um pro cesso complexo que compreende muitos níveis e cada um deles tem suas funções A coordenação das ações motoras pode manifestarse em níveis sistemáticos di ferentes pelo grau de participação da 142 Antonio Carlos Gomes consciência do homem intramuscular intermuscular e muscular sensorial A mais complexa é a coordenação muscular sensorial pois está ligada à coordenação dos movimentos do atleta no tempo e no espaço de acordo com a situação criada contraação do adversário alteração das condições do apoio etc Esse tipo de co ordenação exige uma rápida análise fina dos sinais exteriores visuais auditivos cinestésicos e a constituição na base de toda essa informação de um programa da ação motora e de sua realização As capacidades de coordenação ca racterizamse pela multiformidade das manifestações entre as quais podem ser assinaladas a capacidade de reestruturar rapidamente os movimentos conforme as condições alteradas de solução de tarefas motoras a precisão de reprodução dos pa râmetros de espaço força tempo e ritmo do movimento a capacidade de manter o equilíbrio etc Meios e particularidades do método de treinamento Para o treinamento da capacidade de coordenação podem ser utilizados exercí cios físicos diversificados desde que a exe cução destes esteja ligada à superação de dificuldades significativas de coordenação O desportista sempre tem que superar essas dificuldades no processo de domínio das técnicas de qualquer ação motora nova ou na execução do movimento em condições incomuns para o atleta À medida que essa ação tornase costumeira ela apresenta menos dificuldade no que diz respeito à coordenação e por isso estimula cada vez menos o desenvolvimento das capacidades de coordenação Liakh 1989 As capacidades de coordenação são muito específicas o que deve obrigatoria mente ser levado em consideração na se leção dos meios de preparação física espe cial Com objetivo de solucionar as tarefas relacionadas à preparação física geral uti lizamse exercícios de ginástica e de jogos Na atividade desportiva as capacidades de coordenação desenvolvemse geralmente de um modo interligado e simultâneo com as outras capacidades físicas Juntamente com o meio de treinamento selecionado de forma correta permitem influenciar acen tuadamente uma dessas capacidades A capacidade de reestruturação das ações motoras manifestase na alteração oportuna de parâmetros diferentes do movimento Isso está ligado mais fre quentemente à atividade nas condições de limite do tempo e por isso depende em grau significativo da rapidez da rea ção motora Porém a estrutura de coor denação dos movimentos pode se alterar também sob o efeito da fadiga o que em uma série de casos contribui para a rea lização mais econômica do trabalho Pla tonov 1986 Treinamento da precisão na reprodução dos parâmetros de força espaço tempo e ritmo nos movimentos Os exercícios de reprodução de mo vimentos do homem nos quais os pa râmetros de posição do corpo e de seus membros são dados pelo treinador consti tuem meios que contribuem para o desen volvimento da precisão de reprodução dos parâmetros de espaço dos movimentos O treinamento da precisão das sensações espaciais é efetuado em várias etapas Na primeira estimulase o atleta com exercí cios simples ao avaliar a posição no espa ço de certos membros do corpo p ex o desvio do braço em 45 graus ou a inclina ção do corpo sob o ângulo de 90 graus O controle dos movimentos pode ser fei to com mapas graduados Figura 515 Na segunda etapa prevêse a reprodução de diferentes movimentos segundo indi 143 Treinamento desportivo FiGurA 515 Controle da precisão da reprodução dos parâmetros de espaço dos movimentos com a ajuda de escalas liakh 1989 a b c 144 Antonio Carlos Gomes cações do treinador Para complicar a ta refa a reprodução dos movimentos é feita em combinação com os deslocamentos Por exemplo durante a marcha os atletas param a um sinal do treinador e tomam a posição necessária Na terceira etapa o aperfeiçoamento da precisão dos desloca mentos no espaço é conseguida por meio da escolha autônoma de posição ou do in forme verbal do atleta sobre os parâmetros da ação efetuada O treinador avalia o grau de correspondência dos parâmetros reais da posição com a informação do atleta As dificuldades das tarefas de trei namento aumentam com a complicação da estrutura dos exercícios manuntenção dos parâmetros de alguns membros e não de um somente com a reprodução da pose com o desligamento do analisador visual execução do exercício de olhos fe chados com a utilização de pesos etc Em último caso é preciso observar que os esforços musculares que representam até 5 do esforço máximo melhoram a preci são os que representam até 30 a 40 do esforço máximo quase não a perturbam e com o esforço acima de 40 verifica se a diminuição da precisão espacial dos movimentos Os principais exercícios que desen volvem a precisão de diferenciação dos parâmetros de força do movimento são aqueles em que a grandeza da tensão mus cular é rigorosamente dosada Na base da metodologia de reprodução da precisão de diferentes parâmetros de força do mo vimento está o método de tarefas de con traste A essência desse método consiste na alternância de determinados exercícios que diferem pelos parâmetros de força por exemplo a alternância de lances de bola e as diferentes distâncias no basque te os saltos em distância e em altura com a reprodução precisa Figura 516 A precisão e reprodução dos parâ metros do exercício tem um significado particular nas modalidades cíclicas de desporto inclusive o sprint A capacidade de reproduzir nitidamente os intervalos temporários relacionase com a percep ção temporal O treinamento da capaci dade de reproduzir os intervalos de tem po prevê a realização dos exercícios em três etapas Na primeira delas os desportistas cumprem os exercícios p ex as corridas de 200 metros Após cada esforço o trei nador informa o atleta sobre o resultado Na segunda etapa sugerese a autoavalia ção do resultado pelo atleta a qual logo é comparada com o resultado fixado pelo treinador A comparação constante de suas sensações com o resultado fixado na dis tância contribui para o aperfeiçoamento da percepção precisa do tempo Quando a autoavaliação começa a coincidir com os resultados acusados de fato passase à etapa final Nessa terceira etapa intro duzemse tarefas que exigem a reprodu ção do tempo de passagem da distância Essas tarefas variam contribuindo para o treinamento do desportista no sentido da percepção mais precisa e exata dos inter valos de tempo Na prática desportiva entendese por percepção de ritmo a capacidade de reproduzir exatamente o ritmo dado da ação motora ou alterálo adequadamente devido à mudança das condições Liakh 1989 O ritmo reflete o grau de preci são dos esforços aplicados e a alternân cia das fases de tensão e de relaxamento A percepção de ritmo é muito específica O desportista pode possuir percepção re lativamente alta do ritmo por exemplo na corrida mas não ter a capacidade su ficientemente formada para reproduzir o ritmo de exercícios de dança ou de ginás tica É por isso que se deve educar a per cepção de ritmo aplicado às ações moto ras específicas da modalidade desportiva praticada pelo atleta 145 Treinamento desportivo FiGurA 516 Exercício para precisão e reprodução dos parâmetros de força do movimento A tarefa da formação do ritmo corre to surge já na etapa de aprendizagem ini cial da técnica da ação motora O treina mento deve fazer com que o atleta tenha uma ideiapadrão da estrutura rítmica da ação motora nova É útil reproduzir o ritmo dado com a ajuda de acompanha mento musical e de contagem em voz alta ou para si próprio Elevase signifi cativamente a eficiência do treinamento da percepção de ritmo graças à utilização de aparelhagem sonora ou luminosa es pecial uma espécie de líderes sonoros e luminosos que reproduzem o ritmo dos movimentos com os respectivos sinais O treino especial com o emprego dos meios de informação objetiva permite elevar substancialmente a capacidade de repro dução do ritmo dos movimentos Treinamento da capacidade de equilíbrio O equilíbrio como forma de reve lação das capacidades de coordenação é caracterizado pela capacidade de manter a posição estável estabelecida pelo corpo Distinguemse o equilíbrio estático e o equi líbrio dinâmico O equilíbrio estático ocor re durante a manutenção de determinadas posições do homem p ex parada de mão na ginástica Conseguese o aperfeiçoa mento do equilíbrio estático com posturas 146 Antonio Carlos Gomes em que o centro de gravidade do corpo muda sua posição em relação ao ponto de apoio e com a manutenção dessas posições estabelecidas durante período prolongado As metodologias mais eficientes são a uti lização de um apoio instável a limitação da superfície de apoio a conservação do equilíbrio nas condições de interação com o parceiro ou com um peso complementar assim como com o desligamento temporá rio do analisador visual Esse em muitos casos desempenha um papel significativo na orientação e no sentido do equilíbrio otimizado na posição graças à qual o equi líbrio se restabelece gradualmente e não no sentido da fixação rígida dessa posição Zakharov 1990 Contribui para a ma nutenção do equilíbrio a fixação do olhar em um objeto que fica no nível dos olhos paralelamente à superfície de apoio Os movimentos que corrigem a posição do equilíbrio estático ocorrem nas articula ções próximas à superfície de apoio p ex na articulação da perna e da planta do pé na posição com apoio em um pé Para a adaptação às dificuldades psíqui cas os exercícios são realizados em con dições de dificuldade elevada Utilizamse como meio de treina mento do equilíbrio dinâmico exercícios diversificados que criam influências com plementares sobre o vestíbulo do despor tista por exemplo a corrida no banco ginástico após uma série de cambalhotas Para isso são utilizados largamente vários aparelhos de treino balanços centrífu gas looping etc Controle do nível de preparação física O controle das mudanças de adapta ção no organismo do desportista constitui uma das mais importantes condições no direcionamento da preparação do atleta Somente a informação objetiva e exata sobre as mudanças do estado do atleta permite introduzir as correções necessá rias nos parâmetros de cargas de treina mento Costumamse distinguir três tipos de controle controle por etapas controle corrente e controle operacional cada um deles relacionandose com o tipo corres pondente dos efeitos influências de treinamento n Controle por etapas permite avaliar o estado do atleta resultante do efei to acumulativo de treinamento e ma nifestase apenas em escala da etapa prolongada de preparação n Controle corrente contínuo visa a avaliar os estados que resultem da soma de cargas de séries de sessões reunidas nos períodos relativamente curtos de preparação tipo de macro ciclos n Controle operacional prevê a avalia ção do efeito imediato de treinamento durante uma sessão ou no período de recuperação após essa O nível de preparação do atleta é uma noção complexa cujo indicador mais in formativo é o resultado no exercício com petitivo porém nem sempre se pode apro veitar esse indicador durante os treinos Além disso esse indicador depende de um grande número de fatores o que não per mite julgar objetivamente o nível de de senvolvimento de certas capacidades físi cas e os aspectos do estado de preparação do desportista Por isso utilizamse vários exercícios de teste com a finalidade de controlar tais fatores Esses exercícios per mitem ter uma ideia mais exata de compo nentes concretos do estado de preparação Os testes utilizados para o controle da pre paração física do atleta devem satisfazer as exigências metodológicas com seguran ça e informação Godik 1988 A segurança do teste permite julgar o grau de coincidência estabilidade con 147 Treinamento desportivo formidade equivalência dos resultados dos mesmos desportistas com testes re petidos A informação validade do tes te comprova a exatidão com que se pode avaliar a capacidade física determinada ou o aspecto de preparação do atleta Na maioria dos casos o controle do nível de preparação física dos desportistas é feito com a ajuda de testes cuja segurança e informação já foram comprovadas pelos especialistas na metodologia desportiva A objetividade do controle exige um enfo que diferenciado da medição de diversas formas de manifestação das capacidades físicas levando em consideração a espe cificidade de cada uma das modalidades desportivas e distinguindo nessa relação dois grupos de testes específicos e não específicos Específicos são os exercícios de tes te cuja estrutura de realização é próxima à competitiva Por exemplo podem ser considerados testes específicos corridas na esteira rolante para os corredores e no veloergômetro para os ciclistas Os testes específicos em comparação com os não específicos proporcionam mais informa ção Assim o consumo máximo de oxi gênio medido como um dos indicadores de resistência do desportista no teste dos ciclistas no veloergômetro é 33 a 49 maior do que durante a corrida Entre os esquiadores durante o deslocamento imitando a corrida de esqui o consumo máximo de oxigênio é em média 115 maior do que durante o trabalho no velo ergômetro FiGurA 517 Teste específico para o controle da resistência especial dos basquetebolistas shuttle run 148 Antonio Carlos Gomes Seria conveniente avaliar o nível do desenvolvimento das capacidades físicas específicas do atleta durante a realiza ção dos movimentos de imitação próxi mos pela forma e pelas particularidades do funcionamento de diversos sistemas do organismo do exercício competitivo Por exemplo para o controle da resis tência especial do basquetebolista é conveniente utilizar o teste chamado de corrida lançada shuttle run e não a corrida regular na distância padronizada Figura 517 Atualmente em cada mo dalidade desportiva existem conjuntos de testes que permitem avaliar diversos aspectos do estado de preparação espe cífica dos atletas Na utilização desses testes devese levar em consideração que eles via de regra não são informa tivos em relação a outras modalidades desportivas Na base dos testes nãoespecíficos estão os exercícios de preparação geral Entre os testes nãoespecíficos são bas tante difundidos os chamados testes pa dronizados do tipo PWC170 teste de 12 minutos do cooper steptest entre outros Os testes nãoespecíficos aplicamse no controle do nível de desenvolvimento das capacidades físicas em várias modalida des mas o nível informativo deles não é muito alto em comparação com os espe cíficos especialmente quando se trata de desportistas de alto nível BASES TEÓriCAS DA PEriODizAÇÃO DO TrEiNAMENTO DESPOrTiVO A questão da estruturação e perio dização do treinamento dos desportistas de alto rendimento é um assunto muito atual devido à crescente profissionaliza ção e comercialização do desporto de uma forma geral O crescimento constante do calendário de competições e o aumento dos prêmios pagos por elas produzem uma grande intensificação nos aspectos relacio nados à preparação desportiva e conse quentemente uma evolução nos enfoques teóricometo dológicos e de soluções tecno lógicas com o objetivo de buscar cada vez mais o máximo do aperfeiçoamento des portivo Isso de certa forma mostra uma mudança na forma de pensar e realizar as ideias tradicionais que discutem a dinâmi ca das cargas do treinamento por sua mag nitude seu caráter e sua orientação além de diferentes formações estruturais em toda a hierarquia do treinamento moder no ciclos períodos etapas macrociclos mesociclos etc Zhelyazkov 2001 A discussão promovida na literatura internacional tem levado em consideração uma série de fatores objetivos e subjetivos n A grande diferença das atividades mo toras nos desportos e as respectivas exigências relacionadas com a especia lização morfofuncional do organismo n A estrutura da atividade competitiva eliminatória de turnos de pontos cor ridos etc n A organização técnicomaterial e finan ceira de preparação desportiva como premissa para participar em diversos tipos de competições n As concepções teóricometodológicas e a experiência prática dos grandes es pecialistas do desporto n As formatações em entendimento dos princípios métodos e formas de cons trução do processo de treinamento Esses e outros enfoques têm sido estudados e com muita dificuldade têm evoluído em sua história e vêm se dis tinguindo em uma sucessão de diversas etapas A periodização do processo de treina mento desportivo consiste antes de tudo em criar um sistema de planos para distin tos períodos que perseguem um conjunto de objetivos mutuamente vinculados O plano de treinamento constitui um sério 6 ESTRUTURAçãO E PERIODIzAçãO DO TREINAMENTO DESPORTIvO 150 Antonio Carlos Gomes trabalho científico que prevê perspectivas possíveis a curto médio e longo prazo A periodização do treinamento não é uma parte isolada do todo ou seja o planejamento do treino mas sim uma fase do processo de elaboração do pla nejamento e procura responder à neces sidade de unir todas as variáveis o que envolve um programa de preparação dos atletas Na programação do treinamento na prática as decisões são tomadas com base em uma premissa lógica Isso quer dizer que quando se tem uma tarefa qualquer concreta e determinada quantitativamen te devese perguntar o que é necessário realizar na prática e de que forma solucio nar a tarefa A seguir vamos examinar quais são as razões objetivas que permitem tomar decisões no processo da periodização e da programação do treinamento despor tivo Os fundamentos foram extraídos de experiências válidas na prática desportiva Matveev 1977 ESTruTurA DE PrEPArAÇÃO DO ATLETA A estrutura de preparação do atleta é compreendida pelas formas de siste matização do conteúdo do treinamento em que o conjunto de ligações entre os elementos do sistema de treinamento devem assegurar sua integridade e orien tação especial visando ao resultado des portivo A estrutura de preparação interessa nos antes de tudo do ponto de vista de sua direção como sistema À direção dos sistemas dinâmicos complexos dentre os quais estão os sistemas de treinamento ligamse alguns níveis estruturais de or ganização Ao destacar esses níveis no sistema de preparação do atleta devese levar em consideração que cada um deles deve manter a especificidade qualitativa do sistema integral Caso contrário não se pode falar de sistema dirigido Ao destacar o nível mais simples da organização do processo de preparação do atleta seria conveniente fazer uma analo gia com a estrutura dos biossistemas na qual com base em uma atitude cibernéti ca geral podese destacar os seguintes ní veis de organização biológica estruturas moleculares subcelulares célula tecido órgão sistema de órgãos e organismo A célula é um sistema biológico ele mentar com todo o conjunto de proprie dades do ser vivo embora composta por sua vez de estruturas moleculares a cé lula já não pode ser dividida em partes capazes de existir independentemente A célula é uma unidade do organismo e o nível estrutural mais simples de sua orga nização Hohmann 1993 Tal abordagem permite destacar os ní veis estruturais do sistema de treinamento do atleta no qual a sessão de treinamento representa o nível mais simples de organi zação Tratase do sistema pedagógico mais simples que possui a especificidade qua litativa de todo o processo de preparação do atleta A sessão de treino é dotada de propriedades que permitem o seu funciona mento orientado especial como um sistema integral que assegura a solução de tarefas de seu nível de direção do processo de pre paração do atleta A sessão de treinamento já não pode ser dividida em partes que pos sam funcionar separadamente Juntamente com a sessão de treino a competição tam bém deve ser considerada como um ele mento específico de preparação do atleta Na estrutura de preparação do atle ta convém destacar sete níveis de organi zação conforme a Figura 61 Em cada um desses níveis a prepara ção do atleta visa à obtenção de objetivos específicos Quanto mais alto o nível tanto mais significativo será o objetivo e menos generalizadas as tarefas Mas o principal ob 151 Treinamento desportivo jetivo resolvese em nível superior Os obje tivos e as tarefas dos níveis mais baixos têm papel auxiliar em relação ao objetivo geral No processo de preparação do atleta um dos problemas mais complicados que o técnico deve resolver está relacionado com a segurança do aperfeiçoamento con sequente e orientado de diversos aspectos dessa preparação Sem estar apoiado em uma ideia clara e sem levar em conta to dos os seus níveis não é possível dirigir efetivamente esse processo o treinamen to não é capaz de sempre tomar conta de toda a diversidade de componentes de fatores e de condições que determinam o aperfeiçoamento eficiente do nível des portivo Dessa forma procuraremos exa minar as principais particularidades me todológicas da estrutura de preparação do atleta em diferentes níveis estruturais de sua organização ESTruTurA GErAL DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA A LONGO PrAzO Um ciclo de preparação de muitos anos é acompanhado habitualmente por projetos científicos que consta na ela boração de um plano de perspectiva que dura de 8 a 12 anos tendo a duração de 2 a 3 ciclos olímpicos Tal plano pressu FiGurA 61 Níveis de organização do sistema de preparação treinamento de atletas 152 Antonio Carlos Gomes põe percorrer integral e minuciosamente os degraus modelos formativos desde a seleção na idade infantil até a obtenção do alto rendimento desportivo Entendese que nesse tipo de ciclo prolongado já existe um potencial de alto rendimento nos atletas inseridos nele Os recursos desses atletas principalmente genéticos ainda não foram devidamente colocados à prova da metodologia do trei namento ou ainda estão em estágio de cres cimento Esse procedimento se elabora para as equipes jovens juvenis e juniores com talento desportivo Na estrutura desse pla nejamento estão vários macrociclos que se guem no decorrer do estágio de preparação normalmente com duração de 2 a 4 anos O nível dos resultados desportivos na atualidade é tão alto que somente os atletas que se dedicam à atividade despor tiva durante muitos anos são capazes de superar esse nível e mesmo aproximarse dele Por isso à medida que crescem os resultados desportivos e acumulamse os conhecimentos multiformes referentes à preparação do atleta tornase evidente a necessidade de se definir os caminhos me todológicos de preparação a longo prazo do atleta Gomes 1998 O treinamento a longo prazo muitos anos representa o nível estrutural supe rior em que são traçadas as tarefas mais gerais que determinam a estratégia para a conquista da medalha de ouro no despor to Na sua estruturação coerente devemos levar em consideração muitos fatores e leis naturais de obtenção de resultados máxi mos Discutiremos alguns deles os quais determinam em grau maior a estrutura e o conteúdo da preparação a longo prazo Estrutura e conteúdo da preparação do atleta a longo prazo Ao estruturar o programa de prepa ração a longo prazo o primeiro passo deve ser o estabelecimento de limites etários otimizados em que são acusados os resul tados desportivos superiores O estudo da participação dos atletas durante muitos anos nas maiores competições como os campeonatos mundiais e os jogos olímpi cos testemunha a estabilidade relativa da idade dos atletas que integram o grupo de elite Matveev 1977 Platonov 1987 De acordo com vários estudos relacionados com a especialização precoce no despor to ainda é insuficiente a fundamentação científica sobre o assunto e só se justifica em certas modalidades como ginástica saltos ornamentais patinação artística natação esgrima e algumas outras A precocidade de resultados verifi cada nessas modalidades está relacionada com diversos fatores como por exemplo a alteração dos regulamentos das compe tições a especialização que começa mais cedo a inclusão dos atletas na esfera do desporto profissional etc Em outras mo dalidades as faixas etárias têm permane cido no mesmo nível durante as últimas duas ou três décadas Tal fato permitenos concluir que somente os atletas cuja preparação de muitos anos é construída de modo que a dinâmica de cargas de treinamento asse gure a obtenção de resultados superiores na idade otimizada são capazes de conse guir esses resultados máximos Na Tabela 61 são apresentadas as faixas etárias e os seus resultados máximos característicos de algumas modalidades Para a estruturação do processo de preparação a longo prazo é importante saber os ritmos ótimos de crescimento dos resultados desportivos assim como o período total de obtenção de altos resulta dos desportivos A Figura 62 indica os pe ríodos característicos de algumas modali dades no que diz respeito à formação do alto rendimento desportivo Os ritmos de crescimento não são regulares Nas etapas iniciais de aperfeiçoamento desportivo o 153 Treinamento desportivo TABELA 61 Faixas etárias e suas relações com os resultados desportivos Filin 1987 zona dos primeiros zona de alto zona de manutenção grandes resultados rendimento dos resultados Modalidade desportiva idade idade idade Homens Corrida 100 metros 1921 2224 2526 Corrida 800 metros 2122 2325 2627 Corrida 10000 metros 2223 2426 2729 Saltos altura 1920 2124 2526 lançamento de dardo 2123 2426 2728 Natação 1416 1721 2224 Ginástica esportiva 1820 2124 2526 luta 1921 2226 2730 Halterofilismo 1921 2124 2527 Boxe 1820 2125 2628 Remo acadêmico 1720 2125 2628 Basquetebol 1921 2226 2628 Futebol 2021 2226 2728 Patinação artística gelo 1316 1725 2628 Esqui 2022 2328 2930 Hóquei sobre o gelo 2023 2428 2930 Mulheres Corrida 100 metros 1719 2022 2325 Corrida 800 metros 1921 2224 2526 Saltos altura 1718 1922 2324 lançamento de dardo 2022 2324 2526 Natação 1215 1618 1920 Ginástica esportiva 1315 1618 1920 Basquetebol 1618 1924 2526 Patinação artística gelo 1315 1624 2526 Esqui 1820 2125 2627 ritmo decresce mais rápido sendo que nas finais é mais lento Existem diferen ças substanciais no que se refere ao sexo e ao tipo de especialização desportiva As mulheres utilizam de 2 a 3 anos menos para a obtenção de altos resultados des portivos em comparação aos homens Os períodos etários não significam de modo algum que certos atletas talen tosos não sejam capazes de mostrar resul tados de destaque superando de certa maneira os índices etários médios Mes mo assim a prática do desporto mostra infelizmente que o resultado desporti vo precoce relativamente alto é em sua maioria consequência de uma prepara ção forçada Assim a análise comparativa da dinâmica de muitos anos de resultados desportivos mostrou que na idade juve nil os ritmos de crescimento dos resulta dos dos corredores russos em distâncias médias são essencialmente mais altos do que os dos melhores atletas do mundo Entretanto na passagem da categoria de juniores para a de adultos os resultados dos atletas russos se estabilizam enquanto a cúpula internacional continua a crescer o que lhes possibilita ocupar posições de liderança no ranking desportivo interna cional A dinâmica revelada do crescimen to dos resultados desportivos testemunha que pelo visto mesmo os primeiros cor redores russos não evitaram a preparação precoce na idade infantil e juvenil As diferenças na idade e nos ritmos de obtenção dos resultados desportivos 154 Antonio Carlos Gomes bem como as particularidades etárias do desenvolvimento das capacidades moto ras exigem a definição clara do momento de início da prática regular da modalidade escolhida Tais períodos podem ser calcu lados com base em uma simples operação aritmética o índice da idade média de re sultados superiores em determinada mo dalidade desportiva é diminuído em valor médio do índice de duração de formação do alto rendimento desportivo O resulta do obtido dá uma ideia da idade em que seria desejável começar a prática regular nessa modalidade Temse verificado nos últimos anos a tendência a diminuir a ida de de início da prática desportiva Essa ten dência porém não se aplica de maneira igual a todas as modalidades Mais ainda nem sempre está ligada às exigências do sistema de preparação de muitos anos Uma vez que se trata da definição da idade ótima para iniciar as sessões de treinamento é de interesse a análise da preparação de muitos anos dos nadado res mais destacados do mundo Plato nov Fessenko 1990 Segundo os dados disponíveis a maior parte dos nadadores de alto rendimento começou a treinar na idade ótima conforme consideram os es pecialistas entre os 8 e os 12 anos no caso dos homens 703 dos entrevista dos e entre os 6 e os 10 anos no caso das mulheres 926 E mesmo assim o leque de idades em que os melhores na dadores do mundo começaram a praticar regularmente a natação é bastante am plo de 3 a 16 anos A idade de início da prática da natação e outras modalidades é determinada por um grande número de fatores que frequentemente não se rela FiGurA 62 Períodos anos necessários para se atingir resultados superiores em várias modalidades desportivas adaptado de volkov Filin 1983 155 Treinamento desportivo cionam com as leis naturais da formação desportiva É necessário mencionar antes de mais nada a influência das tradições exis tentes no desporto infantil em diferentes países as condições climáticas favoráveis a disponibilidade de equipamentos e as instalações desportivas É por essas ra zões que se explica o fato de os nadado res americanos e australianos começarem muito cedo a praticar natação Há nesses países uma grande popularidade dessa modalidade e também um grande núme ro de piscinas o que contribui para que muitas crianças se acostumem à prática da natação na idade de 3 a 6 anos Foi jus tamente nessa idade que iniciaram na na tação os desportistas australianos Holland e Gaulde o brasileiro Ricardo Prado e al guns nadadores alemães Da mesma forma muitos desportis tas o que é característico dos nadadores velocistas começaram muito tarde sua preparação Por exemplo somente na ida de de 15 anos começaram a especializarse em sprint os melhores nadadores na dis tância de 50 metros Peng Ziv Ang Filipi nas K Kirchner EUA D Natzat Suíça e Fernando Scherer Brasil enquanto o campeão olímpico M Biondi passou a de dicarse por completo à natação já com 16 anos de idade Platonov Fessenko 1990 Mas é importante salientar que a maioria dos atletas que começaram a especializar se muito tarde e alcançaram resultados de destaque anteriormente já tinham prepa ração em outras modalidades PErÍODOS SENSÍVEiS E DESENVOLViMENTO DAS CAPACiDADES MOTOrAS No desenvolvimento do organismo humano verificamse mudanças morfo funcionais naturais As pesquisas mostra ram determinado heterossincronismo na formação de diferentes órgãos e sistemas do organismo característica de diversos períodos etários As particularidades etá rias do amadurecimento de diferentes sistemas funcionais refletemse na efi ciência do ensino da técnica das ações motoras e no aperfeiçoamento das capa cidades físicas A prática pedagógica mostrou há muito tempo que o efeito do ensino além de outros fatores depende da ida de dos alunos Na infância é mais fácil ensinar a andar de bicicleta nadar exe cutar exercícios de acrobacia do que na idade adulta pois é na idade infantil que se desenvolvem ativamente as estruturas psicofisiológicas do organismo que asse guram a revelação das capacidades de co ordenação e ao mesmo tempo ainda são pouco expressas as relações de defesa re lacionadas com o sentido do medo A de pendência entre a idade e a eficiência do ensino alterase na medida da alternân cia dos períodos que se distinguem pelo nível diferente de aprendizagem aceita ção de influências de treino e de proces samento da informação O mesmo se vê também quanto ao aperfeiçoamento das capacidades motoras físicas Na Tabela 62 são apresentados os dados referentes às alterações de alguns índices de desen volvimento das capacidades físicas entre as crianças e os jovens Definir os limites etários dos períodos sensíveis orientandose apenas pela idade cronológica é bastante difícil e por isso recomendase levar em conta também a idade biológica que é determinada pelo nível do desenvolvimento fisiológico pelas capacidades motoras das crianças pelas fa ses de amadurecimento sexual e pelo grau de calcificação do esqueleto substituição do tecido cartilaginoso pelo tecido ósseo A idade cronológica pode distinguirse consideravelmente da biológica Diversas capacidades motoras atin gem o desenvolvimento máximo em dife 156 Antonio Carlos Gomes rentes idades dependendo dos ritmos de amadurecimento dos sistemas funcionais que asseguram sua manifestação É com tal fator que se relacionam em grande medida a idade ótima para o início dos treinos nessa ou naquela modalidade e a orientação predominante dos efeitos de treinos bem como os limites aproximados orientadores dos resultados superiores O aperfeiçoamento das capacidades de coordenação e de flexibilidade está re lacionado com a idade de 6 a 10 anos e atinge os níveis máximos entre os 14 e os 15 anos entre as mulheres e um ou dois anos mais tarde entre os rapazes Gujalo vski 1980 O maior acréscimo de velocidade in fluenciado pelos treinos ocorre na idade de 9 a 12 anos e na idade de 13 a 15 anos segundo algumas manifestações atinge os níveis máximos Nesse período a vantagem das crianças treinadas em relação às que não tiveram treinos é es pecialmente grande Se nessa idade não for dada atenção ao aperfeiçoamento da velocidade será difícil superar o atraso nos anos posteriores As capacidades de força dos jovens atletas estão intimamente ligadas ao cres cimento dos tecidos ósseo e muscular e ao desenvolvimento do aparelho articular O maior acréscimo da força de certos múscu los ocorre no período entre 14 e 17 anos Em geral a força muscular e a resistência ao trabalho dinâmico podem aumentar até 25 a 30 anos ou mais As alterações das capacidades mo toras no período de amadurecimento se xual constituem uma particularidade do desenvolvimento etário As capacidades de força e de velocidade crescem inten samente sendo que as capacidades de coordenação em particular a precisão da diferenciação e da reprodução dos es forços podem até diminuir Isso se deve à reestruturação hormonal observada no organismo dos jovens adolescentes a qual leva ao crescimento da excitação e ao crescimento da mobilidade dos proces sos nervosos Convém também levar em considera ção as mudanças anatomomorfológicas que se efetuam no organismo nesse perío do O crescimento do comprimento do corpo e TABELA 62 Períodos sensíveis do desenvolvimento das capacidades físicas adaptado de zakharov Gomes 1992 Capacidades físicas Sexo idade 78 89 910 1011 1112 1213 1314 1415 1516 1617 velocidade Masculino 3 2 3 3 Feminino 3 3 3 3 2 2 2 velocidadeForça Masculino 2 2 2 3 3 Feminino 2 2 1 3 2 Força Masculino 1 1 3 3 2 2 3 Feminino 1 1 3 1 2 Coordenação Masculino 1 1 3 2 1 2 Feminino 3 3 2 2 2 Flexibilidade Masculino 1 1 3 1 1 2 Feminino 2 1 1 1 1 1 2 2 Resistência Masculino 1 2 2 3 1 Feminino 2 2 1 Período de baixa sensibilidade de desenvolvimento 2 período de média sensibilidade de desenvolvimento 3 período de alta sensibilidade de desenvolvimento 157 Treinamento desportivo dos membros leva à alteração da estrutu ra biomecânica dos movimentos exigindo novas coordenações o que é acompanha do da deterioração da proporcionalidade e da concordância dos movimentos Assim por exemplo a diminuição da capacida de de salto entre as mulheres de 15 a 17 anos explicase pelo fato da diminuição da velocidade dos movimentos por um lado e por outro do aumento do peso o que se deve essencialmente ao aumento da massa passiva gordura Isso leva à diminuição da força relativa das mulheres CArGA DE TrEiNAMENTO E SEu CrESCiMENTO CONSTANTE A elevação constante e gradual das influências de treinamento é uma das pri meiras condições determinantes do rendi mento desportivo no processo de prepara ção a longo prazo Essa tese metodológica determina antes de tudo a influência ge ral na escala de preparação durante muitos anos Para as influências nos períodos de tempo mais curtos desde o microciclo até o ciclo anual de preparação aliás confor me comentário anterior é mais caracterís tica a dinâmica ondulatória o que é condi cionado pelas leis naturais de adaptação Na estruturação da preparação a longo prazo o técnico deve prever a ele vação contínua das influências de treino de um ano para outro A estabilização das influên cias de treino de determinado ca ráter na etapa conclusiva da preparação a longo prazo quando é proposta uma tare fa da manutenção dos resultados desporti vos obtidos pode constituir uma eventual exceção O treino deve exercer influência positiva das possibilidades morfofuncio nais dos desportistas e levar em conta as leis de formação do nível desportivo na referida modalidade desportiva Os primeiros anos de preparação caracterizamse predominantemente pelo aumento do volume do trabalho de trei no Mais adiante tem lugar uma elevação gradativa da parcela do trabalho intensi vo no volume total O aumento da influência de treino constitui uma condição importante pois determina as particularidades de reação dos sistemas do organismo à carga em crescimento O crescimento demasiada mente lento da carga pode não estimular as correspondentes mudanças de adapta ção no organismo O aumento anual do volume de trabalho pode oscilar em um diapasão bastante largo dependendo da etapa da preparação a longo prazo Nas etapas iniciais quando a grandeza total de influências de treinamento está longe dos limites máximos o aumento do volume de treinamento pode representar até 30 a 40 levando em consideração o desen volvimento etário do atleta Na etapa do nível superior desportivo a aproximação dos parâmetros máximos de influências e o aumento do volume do trabalho é de 15 a 20 e a intensidade de 6 a 15 Na teoria e na prática da preparação dos atletas de alto rendimento temse dis cutido ativamente a questão relacionada com a possibilidade de aumento por sal tos da carga de treinamento em certos anos da preparação a longo prazo Alguns especialistas Vaitsekhovski 1985 consi deram eficiente a variante na qual durante os primeiros anos da preparação o volume da carga aumenta gradualmente mas com a aproximação da etapa de resultados su periores aumenta bruscamente às vezes de 80 a 100 em todas as direções Assim o nadador brasileiro Ricardo Prado com a idade de 16 anos aumen tou durante um ano o volume de treinos de 2110 para 3272 km melhorando o resultado na distância de 400 m combi nado de 4 min e 318 s para 4 min e 226 s Os desportistas que utilizam a variante por saltos da dinâmica de cargas se carac terizam por um período muito curto de 158 Antonio Carlos Gomes atuação em nível superior sendo frequen temente de apenas 1 a 2 anos Pelo visto o custo estrutural de adaptação com o acréscimo por saltos de cargas é tão alto que o organismo fica sem reservas de adaptação para o crescimento posterior e como consequência os resultados estabi lizamse ou até começam a baixar Mesmo assim não vale negar por completo a possibilidade de combinação de um aumento gradativo de influências com a dinâmica por saltos em certas etapas da preparação a longo prazo É ne cessária uma elaborada fundamentação científica e metodológica com recomen dações quanto aos parâmetros de aumen to de cargas volume que não provoque consequências negativas Na Figura 63 observase a dinâmica do volume percentual de trabalho que realiza o desportista moderno nas diver sas etapas de preparação a longo prazo nas provas de natação ciclismo e atletis mo Platonov 1997 MEiOS E MéTODOS DE PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA E SuA rELAÇÃO COM A HErEDiTAriEDADE Cada meio de treinamento ou méto do de preparação caracterizase por seu potencial de treinamento ou seja pela capacidade de causar mudanças adapta cionais no organismo tais mudanças de terminam o progresso nos resultados des portivos do atleta À medida que se utiliza um meio de treino ou método de prepara ção a reação de resposta do organismo a tal influência diminui e sua aplicação por muito tempo não assegura a melhora dos resultados Não existem meios e métodos de treinamento com um efeito fisiológico absoluto O efeito de treinamento de de terminada influência deveria ser avaliado conforme o nível de preparação do atleta a sua idade biológica as particularidades da modalidade desportiva etc Assim as possibilidades de um acréscimo perma FiGurA 63 Dinâmica do volume percentual de trabalho nas diversas faixas etárias de atletas do sexo masculino Platonov 1997 1 Natação provas de 400 e 1500 m 2 Ciclismo provas de estrada 3 atletismo corrida de longa distância 159 Treinamento desportivo TABELA 63 Volume de cargas anuais e a correlação da preparação física geral e especial em diferentes etapas da preparação a longo prazo Etapas i ii iii iV V volume total de trabalho anual em horas 100300 300500 5001000 10001500 10001500 Preparação específica 1025 2550 5075 7585 8590 Preparação geral 9075 7550 5025 2515 1510 nente dos resultados desportivos durante a preparação a longo prazo do desportista deveriam ser relacionadas com a elabora ção de um sistema real de influências de treino de muitos anos e não com as espe ranças em algum meio absoluto de treino ou em um método supereficiente Nesse sentido é de grande impor tância a continuidade de meios e de mé todos de treino no processo de preparação de muitos anos do atleta À medida que o efeito de um meio de treino se reduz é necessário incluir ou tros meios relativamente mais eficientes A continuidade dos meios de treino nas primeiras etapas de preparação é alta mente eficiente É inaceitável interromper esse processo por duas razões principais n O organismo do desportista iniciante não está funcionalmente preparado para tais influências que podem provo car a intensificação de certos sistemas funcionais Timakova 1985 Filin 1987 n A aplicação oportuna de meios com potencial absoluto de treino não mui to alto é capaz de assegurar os ritmos ótimos de crescimento dos resultados desportivos nas primeiras etapas de preparação de muitos anos asseguran do as mudanças gradativas e multilate rais de adaptação que criam premissas favoráveis ao futuro aperfeiçoamento desportivo Em cada modalidade formouse um arsenal de meios de treino e de métodos de preparação Ao planejar a preparação durante muitos anos o treinador deve distribuir os meios e os métodos segundo a lógica determinada pela influência de treino A tendência geral desse processo caracterizase pela alteração gradual da correlação dos meios de preparação física geral PFG e de preparação física espe cializada PFE no processo da prepara ção a longo prazo Tabela 63 A violação dessa norma impede a obtenção dos resultados máximos e po tencialmente possíveis do atleta A vontade de alguns técnicos de con seguir o mais rápido possível e por vias mais simples uma boa atuação de seus atletas nas competições leva a crer que na prática da preparação dos desportistas jovens devemos sugerir meios e métodos mais potentes de treinamento moderno aplicados na preparação dos atletas de alto nível Isso provoca o crescimento acelerado dos resultados de determina dos êxitos nas competições infantis e de juniores mas ao mesmo tempo provoca a perda da perspectiva de obtenção de al tos resultados na idade ótima Tais tipos de treinos estão frequentemente ligados a sérias perturbações da saúde dos jovens desportistas à preparação técnica e fun cional unilateral e a fracassos psíquicos Em consequência a sua longevidade des portiva não é grande Filin 1987 ETAPAS DE PrEPArAÇÃO A LONGO PrAzO Cada uma está relacionada com a solução de determinadas tarefas de pre 160 Antonio Carlos Gomes FiGurA 64 Etapas de preparação a longo prazo paração do desportista A preparação a longo prazo racionalmente estruturada pressupõe uma sequência rigorosa na solução dessas tarefas condicionada pe las particularidades biológicas de desen volvimento do organismo humano pelas leis naturais de formação do alto nível desportivo numa modalidade desportiva pela eficiência dos meios de treinamento e dos métodos de preparação etc As etapas de preparação a longo pra zo não têm limites nítidos e duração fixa Seu início e fim podem variar dependen do dos fatores que exercem influência so bre os ritmos individuais de formação de alto rendimento desportivo A passagem do atleta de uma etapa para outra carac terizase antes de tudo pelo grau de so lução das tarefas da etapa precedente Ve jamos algumas disposições metodológicas que determinam a estrutura e o conteúdo da preparação em cada uma das etapas Figura 64 A preparação a longo prazo subdividese em cinco etapas Etapa de preparação preliminar Na etapa de preparação preliminar as principais tarefas são assegurar a pre paração física multilateral e a formação harmoniosa do organismo em desenvolvi mento ensinar diferentes gestos motores necessários à vida do indivíduo corrida saltos lançamentos natação etc inclu sive gestos básicos para futuras sessões desportivas A formação do interesse pela prática de exercícios físicos e o regime desportivo os treinos regulares a combi nação dos estudos escolares e dos treinos a higiene etc são tarefas importantes nessa etapa No processo de preparação prelimi nar não devemos nos apressar com a es pecialização desportiva Seria mais corre to proporcionar ao desportista iniciante a possibilidade de experimentar diferentes exercícios desportivos e somente depois disso definir o tipo da futura especializa ção Os grupos de preparação física geral em que não se coloca para as crianças a tarefa de obtenção de resultados desporti vos em determinada modalidade são uma forma ideal de organização dos treinos na etapa preliminar A análise retrospectiva da prepa ração da maioria dos desportistas desta cados comprova que as sessões dos pri meiros dois ou três anos tiveram caráter expressamente recreativo com base na ampla utilização de elementos de diversas modalidades sendo preferencial o méto do de jogos Os especialistas no desporto infantil e juvenil têm frisado insistentemente que o método de jogos é mais justificado no trabalho com os jovens desportistas e que a eficiência desse trabalho está estreita 161 Treinamento desportivo mente ligada às buscas constantes de vias para a criação nos treinos de um fundo emocional positivo Filin 1987 Zakharov 1986 Ovanessian Ovanessian 1986 Nesse sentido é característica a ex periência de preparação preliminar do excampeão do mundo de natação M Gross Alemanha Durante os primeiros anos tinha aulas na piscina 2 a 3 vezes por semana durante 45 a 50 minutos percorrendo nessas aulas de 1 a 2 qui lômetros Fora da piscina praticou princi palmente o futebol e o tênis assim como o crosscountry O programa era composto em conformidade com o seu interesse e sua disposição de ânimo sendo que o en sino das técnicas de natação realizavase por meio de jogos especialmente selecio nados Platonov Fessenko 1990 O aperfeiçoamento das capacidades motoras na etapa de preparação prelimi nar deve construirse em rigorosa concor dância com o estado psicofisiológico da criança e ter caráter diversificado Deve ser prestada especial atenção ao desenvol vimento da rapidez e das qualidades de coordenação que servem de base para o domínio das ações complexas no sentido motor nas etapas posteriores da prepara ção desportiva de muitos anos As crianças devem saber dosar seus esforços subme ter o movimento a um determinado ritmo evitar movimentos desnecessários etc Na etapa de preparação prelimi nar ainda não se formou a estrutura do ciclo anual característica das etapas posteriores O período preparatório pro longado composto de microciclos rela tivamente padronizados cujo conteúdo pode variar em função das estações do ano e das condições climáticas deve ser a base da preparação Na preparação de muitos atletas destacados são caracterís ticos nos primeiros anos de treinos os períodos prolongados de descanso e as mudanças dos tipos de atividade moto ra que representam frequentemente 2 a 3 meses ou mais O microciclo semanal deve ser composto geralmente de 2 a 4 treinos com a duração de 30 a 60 minu tos cada um O volume total anual é de 100 a 300 horas ou 10 a 15 do volume da etapa de resultados superiores A du ração da etapa de preparação preliminar é habitualmente de 2 a 3 anos e depende da idade de início da prática desportiva Se a criança começa a praticar o esporte relativamente cedo a preparação preli minar dura quatro anos ou mais mas se o início for tarde a etapa pode reduzirse de um a um ano e meio Etapa de especialização desportiva inicial O início dessa etapa deve estar re lacionado condicionalmente com a mo dalidade desportiva em que se supõe a especialização do atleta no processo de preparação a longo prazo A especializa ção inicial do atleta realizase geralmen te nas escolas desportivas nas categorias infantojuvenil Gomes Machado 2001 Garantir a preparação geral multi lateral dos jovens desportistas deve ser considerada a tarefa mais importante da etapa de especialização inicial Toda a vasta experiência prática e as pesquisas científicas comprovam que essa aborda gem do problema é que assegura a pre paração básica sobre a qual mais adiante se constrói o aperfeiçoamento eficaz das capacidades especiais do atleta O organismo do homem apresenta se como uma unidade e o atraso ou o de senvolvimento desproporcional de alguns órgãos ou sistemas funcionais se reflete inevitavelmente na atividade de todo o organismo e em particular nas condições extremas da competição Por isso a orien tação para o fortalecimento da saúde e a contribuição para o desenvolvimento de pleno valor multilateral têm de constituir 162 Antonio Carlos Gomes a disposição metodológica que determina a estrutura e o conteúdo da preparação dos jovens nessa etapa Na maioria das modalidades des portivas a etapa de especialização ini cial coincide com o período da puberda de condicionado pelo desenvolvimento impetuoso do organismo aumento da estatura e da massa corporal mudanças hormonais etc Nessa época o organis mo em desenvolvimento do jovem atleta recebe uma grande carga biológica além da de treino Por conseguinte os parâ metros das influências de treino têm de ser rigorosamente dosados levandose em consideração os ritmos individuais de desenvolvimento do organismo dos ado lescentes O aperfeiçoamento das capacidades motoras dos jovens desportistas deve se guir o seu desenvolvimento natural Além de dar atenção à velocidade e às capacida des de coordenação não se deve esquecer também o aperfeiçoamento da resistência capacidade motora necessária aos despor tistas de diversas modalidades As crianças e os adolescentes têm frequentemente ex periências muito tardias com as cargas que visam ao aperfeiçoamento da resistência o que provoca um prejuízo essencial ao de senvolvimento físico multilateral da criança e não permite fazer com que o organismo seja preparado gradualmente para grandes cargas de treino nas etapas posteriores de preparação a longo prazo Na etapa de especialização inicial convém prestar atenção ao desenvolvi mento da força muscular dos jovens Os exercícios que contribuem para o desen volvimento da força têm de ser acompa nhados de tensões mínimas excluindo os esforços e as consideráveis tensões prolon gadas As crianças geralmente apresentam deficiências nos músculos abdominais nos do quadril nos músculos posteriores da coxa nos abdutores das pernas e nos músculos da zona escapular Aqui os exercícios de preparação geral são os meios dominantes Sua por centagem no volume geral diminui no final da etapa de 80 a 50 Tabela 63 A diminuição dos meios de preparação geral facilitam o crescimento dos meios mais específicos caracterizandose como um dos indícios de conclusão da etapa de especialização inicial Uma das tarefas centrais da etapa de especialização inicial consiste no domínio das técnicas da modalidade escolhida É necessário que os desportistas iniciantes passem a aprender as bases da técnica de ações motoras e que seja mais ampla a variedade de hábitos e de experiências motoras Isso assegurará no período pos terior o aperfeiçoamento mais bemsuce dido da técnica desportiva A estrutura do ciclo anual de prepa ração adquire ao fim da etapa de espe cialização inicial os indícios de periodiza ção tradicional ou seja juntamente com os períodos preparatórios prolongados e transitórios começam a formarse os mi crociclos de tipo competitivo que podem ser encarados como base do período com petitivo A estrutura e o conteúdo do ciclo anual geralmente submetemse ao re gime das aulas escolares dos jovens O maior volume de treinos ocorre no perí odo das férias escolares Figura 65 Isso leva ao aparecimento de microciclos e de mesociclos durante as férias No período de férias de verão estruturamse dois a três mesociclos de quase um mês de du ração cada um A preparação durante as férias muito frequentemente deve levar em conta o fato de as crianças estarem nos acampamentos desportivos onde o número de sessões de treinamento no mi crociclo pode aumentar significativamen te A regra geral é a realização de duas sessões de treinamento por dia o que leva ao aumento brusco do volume de treina mento nesse período O volume de traba 163 Treinamento desportivo lho de treinamento durante o mesociclo de um mês nas férias escolares pode re presentar 80 a 90 horas Em comparação com o volume habitual de 30 a 40 horas 3 a 4 sessões por semana durante o ano letivo tal volume representa um aumento de mais de 100 do volume de cargas de treinamento Esse aumento significativo de volu me porém justificase metodologicamen te e não contradiz o princípio da continui dade Durante as férias não há carga escolar que crie um fundo considerável de fadiga psíquica e física portanto há espaço para o aumento da carga de trei namento O aumento do volume de car ga ocorre predominantemente por conta da utilização dos exercícios de intensida de moderada ou baseados no método de jogo As sessões de treinamento realizam se com momentos de recuperação com pleta e combinam com o descanso ativo natação jogos passeios etc Tais fato res criam um fundo emocional favorável o que facilita substancialmente a adapta ção do organismo do jovem a tal aumento de cargas A atividade competitiva na etapa de especialização inicial tem caráter auxiliar e é representada principalmente pelas competições preparatórias e de controle a maioria das quais realizadas na escola desportiva ou no clube As competições têm um programa simplificado nos in dividuais as distâncias são mais curtas e nos jogos os tempos são reduzidos entre outros aspectos O volume total do traba lho de treinamento no ciclo anual é de 300 a 600 horas Etapa de especialização profunda A etapa de especialização profunda é a continuação natural da etapa anterior de preparação inicial e visa à criação da FiGurA 65 volume geral da carga de treinamento levando em consideração as férias escolares na etapa de especialização inicial 164 Antonio Carlos Gomes base especializada de preparação do atle ta A preparação nessa etapa exige um aumento substancial do tempo de traba lho e objetiva a obtenção de resultados desportivos É por isso que somente os desportistas que dispõem de potencial funcional suficiente para conseguir altos resultados desportivos numa referida modalidade podem começar a etapa de especialização profunda A formação de uma motivação estável para a obtenção de altos resultados desportivos constitui tarefa importante dessa etapa Uma das principais peculiaridades metodológicas da etapa de especialização profunda é a elevação invariável do vo lume dos meios especializados de prepa ração em correlação tanto absoluta como relativa com os meios da preparação física geral No aperfeiçoamento das capacida des motoras merece considerável atenção a preparação da força e da velocidade do atleta pois permitem exercer influências específicas sobre os grupos de músculos que por sua vez asseguram a manifesta ção das possibilidades de força na moda lidade praticada Nas sessões de treina mento aparecem os exercícios com peso quase máximo e até máximo embora o volume desses exercícios deva ser relati vamente pequeno Durante a preparação de velocidade e de força convém utilizar diversos exercícios de saltos com peso e exercícios especiais de corrida Para evitar a estabilização do nível da capacidade de velocidade o aparecimento da barreira de velocidade as influências de treina mento têm de ter caráter de contraste A partir da idade de 15 a 16 anos crescem intensivamente o interesse e a ca pacidade de vontade o que se deve ao au mento do vigor do sistema nervoso crian do premissas para maior enfoque durante a etapa de especialização profunda no aperfeiçoamento da resistência especial No início da etapa de especialização pro funda os desportistas já devem dominar as bases da técnica da modalidade esco lhida e é por isso que aos jovens atletas se propõe a tarefa da consolidação firme das técnicas As ações motoras formadas na etapa precedente são levadas até o es tágio de hábitos firmes e sólidos Resol vemse as tarefas de aperfeiçoamento das técnicas desportivas e certos detalhes das ações motoras devido ao crescimento da condição física do atleta Na etapa da especialização profun da na modalidade escolhida o método competitivo passa a desempenhar papel substancial no aperfeiçoamento das téc nicas desportivas Desse modo o jovem atleta aperfeiçoa suas capacidades táticas Nos jogos procedese à distribuição dos desportistas segundo as funções desempe nhadas ataque defesa etc e à indivi dualização dos treinos em conformidade com tais funções A transição para a etapa de especiali zação profunda entre muitos desportistas está ligada ao início da preparação nas es colas infantojuvenis Graças a isso a pre paração começa a se processar nos termos de um regime especializado que permite ter ao fim da etapa 2 a 3 sessões de trei no por dia 10 a 14 treinos no microciclo semanal e assistese a um aumento subs tancial do volume de treinos que na dinâ mica segundo os anos da etapa de prepa ração representa de 600 a 1000 horas por ano sendo que em algumas modalidades o número pode ser maior A estrutura do ciclo anual de pre paração compreende os períodos prepa ratório o competitivo e o transitório O período preparatório inclui as etapas de preparação geral e especial O período competitivo tem duração mais curta do que nas etapas posteriores O microciclo competitivo como regra geral alterna com os microciclos de treinamento e de recuperação O número de competições representa 40 a 70 na etapa de resul 165 Treinamento desportivo tados superiores Os desportistas compe tem em diversas distâncias em poliatlos desempenhando papéis diferentes nos jo gos Na Tabela 64 pode ser observado o volume de treinamento na modalidade de levantamento de peso nas mais diversas faixas etárias Etapa de resultados superiores O objetivo dessa etapa é a obten ção de resultados superiores máximos individuais na modalidade escolhida A duração coincide com os limites da idade ótima correspondente ao período de re sultados superiores O objetivo da realização do potencial funcional acumulado em resultados des portivos determina a estrutura e o conteú do da preparação do ciclo anual Na etapa de resultados superiores o volume de trei namentos atinge parâmetros máximos de 1000 a 1500 horas anuais e em certos ca sos de até 1800 horas Cresce substancial mente a parcela da preparação especial no volume geral de treinamento e aproxima se dos índices máximos 80 a 85 Cresce também o número de micro ciclos de choque inclusive com cargas concentradas apenas em um objetivo fi siológico O número total de sessões pode ser de 15 a 20 no microciclo semanal das quais 5 a 8 sessões com cargas altas Go mes 1997b Nas modalidades não relacionadas com as condições climáticas do local a preparação no ciclo anual constróise com base em dois ou três macrociclos Reduzse a duração do período prepara tório e aumentase o período competitivo em até 6 a 10 meses por ano Aumenta respectivamente a quantidade de dias de competição representando em muitas modalidades de 60 a 120 dias por ano Utilizamse amplamente as competições em série umas após as outras com curto intervalo de recuperação O destaque da etapa de resultados superiores é a exis tência do mesociclo competitivo de 4 a 8 semanas de duração no período que pre cede imediatamente as principais compe tições do ano A utilização máxima do potencial de treinamento dos meios e dos métodos ca pazes de mobilizar as reservas latentes do crescimento dos resultados desportivos dos atletas constitui em princípio uma importante tarefa metodológica Os especialistas em diversas moda lidades destacam a estabilização dos ín dices qualitativos e vêem reservas para o crescimento posterior dos resultados na etapa de resultados superiores no aperfei çoamento das características qualitativas de preparação elevação da porcentagem TABELA 64 Volume do treinamento anual em jovens na faixa etária de 13 a 18 anos do sexo masculino na modalidade de levantamento de peso Podskotsikii Ermakov 1981 Carga de treinamento e sua relação com a idade dos desportistas Número Volume da intensidade idade do Dias de de sessões carga geral de do treinamento Quantidade desportista treinamento de treinamento treinamento ton de competições 1314 200 200 10000 7075 34 1415 244 260 11000 7075 4 1516 272 324 12000 7075 5 1617 272 266 13000 7075 5 1718 277 391 1400015000 7077 68 166 Antonio Carlos Gomes de cargas intensivas correlação ótima na utilização de diferentes meios e métodos aplicação de novas influências altamente eficientes etc Na etapa de resultados su periores utilizase amplamente a prepara ção na altitude ou seja diferentes meios de preparação e de meios que assegurem a adaptação favorável do organismo às cargas máximas Um efeito significativo é proporcionado pela utilização de apare lhos de treino e em particular de apare lhos de treino isocinéticos que permitem elevar consideravelmente a eficiência da preparação de força conjugandoa com o aperfeiçoamento técnico do atleta As exigências máximas em relação a diferentes componentes de preparação do atleta na etapa de resultados superiores requerem condições correspondentes de organização e técnicomateriais Por isso a preparação do atleta como regra reali zase nos clubes profissionais nas escolas de alto rendimento desportivo nos cen tros de preparação olímpica e nas seleções nacionais Zakharov 1990 Etapa de manutenção dos resultados A principal tarefa de preparação é a manutenção do alto nível de resultados desportivos Está longe de ser grande o número de atletas que no processo de pre paração a longo prazo atinge essa etapa A maioria termina sua carreira desportiva nas etapas precedentes devido a diferentes circunstâncias Tratase no entanto da di minuição do nível de resultados desporti vos ocasionada pelos erros metodológicos cometidos pela necessidade de abandonar a prática desportiva por motivos profissio nais familiares etc O principal contingen te de atletas que teve preparação orientada na etapa de manutenção de resultados são os desportistas de alta qualificação e que atuaram muito tempo e até continuaram a atuar em suas seleções nacionais e em equipes de clubes desportivos jogos des portivos Esses atletas podem ser profis sionais ou amadores Apesar de a etapa de manutenção de resultados ir além dos limites da zona oti mizada de resultados superiores os des portistas frequentemente têm demons trado resultados satisfatórios durante a etapa em questão ganhando as maiores competições É interessante assinalar que o estabelecimento de recordes mundiais é um caso muito raro para tais atletas Eles vencem mais seguidamente devido ao alto nível técnico e à estabilidade psicoló gica e não por terem vantagem em nível de preparação funcional embora ela es teja num nível alto Como se vê tratase da combinação de qualidades obtidas por atletas de grande experiência sendo deci siva em condições de pressão psicológica intensa O sistema de preparação dos despor tistas na etapa de manutenção de resul tados apresenta detalhes puramente indi viduais A grande experiência desportiva ajudaos a estudar em todos os aspectos suas possibilidades e a condição dos ad versários além de encontrar os caminhos mais eficientes de controle de sua forma desportiva Nessa etapa é característica a esta bilização do volume total de cargas e até sua redução insignificante em 5 a 10 Não tiveram êxito as tentativas de alguns desportistas que durante alguns anos competiram em nível superior para obter um novo salto nos resultados pela ele vação substancial do volume geral de trei namento Evidentemente o organismo nessa etapa já não tem reservas de adap tação para dominar o novo volume de influências do treinamento Para a manu tenção do nível de resultados contribuem a alteração na correlação do volume de componentes de carga e em particular a elevação da intensidade de influências Mas nesse sentido convém levar em con 167 Treinamento desportivo ta que os atletas que atuam no nível su perior durante 6 a 8 anos estão adapta dos geralmente aos meios e aos métodos de preparação mais diversificados e por isso as influências anteriormente empre gadas já não asseguram o efeito devido tornandose necessária sua renovação ou uma nova combinação mais eficiente Na etapa de conservação de resul tados tem havido casos bastante fre quentes de efeitos positivos de intervalos prolongados entre os treinos ativos e na prática competitiva Tais intervalos moti vados por exemplo pelo nascimento de um filho por traumatismo ou por outras razões cuja duração às vezes é de um ano ou um ano e meio contribuíam mais tarde depois do reinício dos treinos não somente para o retorno ao nível anterior mente alcançado mas também para a su peração do mesmo O tempo de atuação do atleta na etapa de manutenção de resultados de pende muito da modalidade Quanto mais complexa a estrutura da atividade compe titiva quanto maior o número de fatores relativamente iguais que determinam sua eficiência quanto menor a influência da idade sobre tais fatores tanto mais pro longada poderá ser a etapa de manuten ção de resultados Por exemplo nos jogos desportivos na vela no hipismo na es grima no tiro e em algumas outras mo dalidades a etapa em questão pode durar muitos anos A história dos jogos olímpi cos pode nos dar muitos exemplos brilhan tes de longevidade desportiva O famoso iatista norueguês Magnuss Konov esteve nos Jogos de 1908 1912 1920 1936 e 1948 e ganhou duas medalhas de ouro e uma de prata classificandose duas vezes na quarta posição O atleta americano A Orter disco obteve um resultado único no gênero tendo ganho quatro medalhas de ouro O sueco G Fredriksson canoa o húngaro R Karpati sabre os atletas soviéticos V Saneev e V Golubnitchi par ticiparam quatro vezes dos jogos olímpi cos Os canoístas soviéticos L Panaeva e V Morozov o soviético V Ivanov remo o soviético M Medved luta livre e o pu gilista húngaro Laslo Papp venceram três vezes os jogos olímpicos Poderíamos tor nar essa lista mais representativa se nela fossem incluídos atletas de várias modali dades desportivas ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO CiCLO OLÍMPiCO O ciclo olímpico de treinamento se para uma olimpíada da outra Com quatro anos de duração são muitas as formas de estruturar o treinamento nos mais diver sos desportos que compõem o calendário olímpico de competições Alguns atletas da história da olimpíada chegaram a par ticipar de 4 a 5 olimpíadas totalizando 16 a 20 anos de alto rendimento desportivo Por mais talentoso que seja o atleta esse nível de performance só é possível com a execução de exercícios rigorosamente se lecionados e no tempo correto durante os vários ciclos olímpicos de treinamento As particularidades apresentadas na estruturação do ciclo olímpico são carac terizadas pelos tipos de desportos que determinam o tempo de duração de cada período e de cada etapa de treinamento Existem duas variantes de estruturação do ciclo olímpico A primeira tratase da preparação do desportista para a primei ra olimpíada e a segunda é a estrutura de carga a ser utilizada com atletas que já participaram de jogos olímpicos Os grupos de exercícios devem ser distribuídos na temporada de treinamen to respeitando as etapas de trabalho com seus devidos enfoques fisiológicos A teoria do treinamento desportivo defende a tese de que o período preparató rio composto pelas etapas geral e especial deve ter o tempo suficiente para ministrar 168 Antonio Carlos Gomes cargas que possam influenciar em um novo estado de adaptação biológica isto é de 3 a 5 meses No atual calendário esporti vo que obriga os atletas a participarem de um elevado número de competições da temporada o tempo de duração fica bas tante diminuído não permitindo uma boa preparação inicial para a temporada O pe ríodo competitivo que apresenta também duas etapas précompetitiva e competitiva propriamente dita tornouse nos últimos anos bem mais longo até mesmo nos des portos individuais Além dos dois períodos citados destacase o período de transição ou de descanso ativo que pode ocorrer tanto no meio da temporada como no final do ciclo anual Ele pode ser composto por um ou mais macrociclos dependendo dos objetivos competitivos almejados na tem porada Nos desportos individuais o período preparatório é de grande importância e tem um tempo de duração maior pois é nele que se forma a base concreta para o bom desenvolvimento no período compe titivo Já no período competitivo normal mente estruturado por uma curta duração ocorre o aperfeiçoamento das capacidades específicas facilitando o grande momento conhecido como forma desportiva de alto rendimento Nos desportos coletivos o período preparatório tem menor importância sendo bem mais curto do que no esporte individual O ganho da forma desportiva nos desportos coletivos depende muito do período competitivo o qual facilita o aperfeiçoamento das capacidades técni cas táticas psicológicas e físicas no nível ótimo de performance A determinação do tempo de dura ção do período preparatório e competiti vo nos desportos é uma discussão entre vários pesquisadores do mundo A ciên cia ainda não conseguiu explicar qual é o tempo necessário a ser destinado a cada período A tendência atual mostra que a correlação de conteúdo do treinamento em cada etapa de preparação pode facili tar as influências de adaptação de forma mais eficiente em cada tipo de esporte A Tabela 65 mostra a importância dos perí odos de treinamento nos desportos indivi duais e coletivos A composição do ciclo olímpico dife re entre os países e isso tem relação com a importância dada ao calendário inter nacional de competições As experiências científicas mostram tendências de orga nização do processo de treinamento que obtiveram resultados de alto rendimento a cada ano do ciclo De uma forma geral o período de preparação no primeiro ano do ciclo olímpico deve durar cinco meses na temporada já no segundo ano o pe ríodo de preparação diminui para quatro meses aumentando para sete o período de competição e no terceiro ano são estru turados dois macrociclos na temporada No primeiro macrociclo os períodos de preparação e competitivo têm três meses no segundo macrociclo apenas dois e o competitivo três meses O objetivo prin cipal no terceiro ano do ciclo olímpico é desenvolver o máximo das capacidades competitivas e a resistência de participa ções em competições dos desportistas O quarto ano do ciclo competitivo também estruturado com dois macrociclos visa à preparação do atleta diretamente TABELA 65 Períodos de treinamento e sua importância nos desportos Desporto Período preparatório Período competitivo Período transitório INDIvIDUAl Muito importante Importante Importante COlETIvO Importante Muito importante Importante 169 Treinamento desportivo para as competições O período preparató rio do primeiro macrociclo é de apenas dois meses destinando três meses ao competi tivo O segundo macrociclo inicia com um mês de preparação no qual o conteúdo do treinamento se mantém de forma especial destinando então os próximos cinco meses para o período de competição em que deve acontecer o maior rendimento possível do atleta combinado com a participação nos jogos olímpicos Figura 66 A construção do ciclo olímpico deve levar em consideração o tipo de despor to e suas particularidades o exemplo demonstrado na Figura 66 trata da dinâ mica geral de organização das cargas de treinamento Quando se tratar do ciclo olímpico em desportos coletivos devemos encurtar o período de preparação dando maior ênfase ao período competitivo Um exemplo claro de tempo de duração dos períodos e a correlação do volume de trei namento a ser ministrado nos desportos individuais de combate podem ser anali sados na Tabela 66 Os grupos de desportos propostos nesta obra facilitam a organização do ci clo olímpico de treinamento Nesse caso elaboramse modelos que atendam na sua estrutura e no seu conteúdo a todos os desportos que fazem parte do progra ma olímpico Estruturar o sistema de preparação no ciclo olímpico para atletas de alto ren dimento não é uma tarefa fácil para o trei nador pois a diversidade de modalidades desportivas e funções exercidas pelo des portista dificulta a elaboração do plano Nesse contexto a experiência apresenta da na literatura internacional por alguns estudiosos pode servir como um ponto de partida facilitando assim o trabalho do treinador na atualidade A Tabela 67 apresenta o volume de trabalho distri TABELA 66 Particularidades do plano de treinamento no ciclo olímpico nos desportos de combate Correlação do volume Quantidade de Períodos do Duração em Preparação Preparação treinamentos Quantidade ANO ciclo anual meses geral especial por semana de competições 1 Preparação 50 80 20 56 3 Competição 55 40 60 57 7 Transição 15 90 10 34 2 Preparação 50 70 30 68 3 Competição 55 35 65 79 8 Transição 15 90 10 45 3 Preparação 25 60 40 79 23 Competição 25 30 70 89 4 Transição 05 95 5 45 Preparação 07 55 45 79 1 Competição 35 25 75 810 5 Transição 15 90 10 45 4 Preparação 25 60 40 710 2 Competição 30 25 75 710 5 Transição 05 95 5 56 Preparação 15 50 50 810 1 Competição 35 20 80 811 2 Transição 10 95 5 95 No 1o e 2o anos a periodização é simples com apenas um pico competitivo já no 3o e 4o anos apresenta dois picos competitivos caracterizando a periodização dupla 170 Antonio Carlos Gomes FiGurA 66 Ciclo olímpico de treinamento e sua composição 171 Treinamento desportivo buído no ciclo olímpico e realizado por um ciclista de alto rendimento ESTruTurA DA SESSÃO SEMANA DE TrEiNAMENTO A sessão de treinamento é o elemento integral inicial da estrutura de preparação do atleta representando um sistema de exercícios relativamente isolado no tempo que visa à solução de tarefas de dado mi crociclo da preparação do desportista A teoria e a metodologia referentes à estrutura coerente e ao conteúdo da ses são de treinamento baseiamse nos princí pios pedagógicos de estruturação de uma sessão mas têm também algumas parti cularidades específicas próprias do treina mento desportivo Na classificação das sessões de trei namento deve ser levada em considera ção uma série de fatores dentre os quais convém destacar os objetivos e as tarefas os meios de organização dos atletas a composição dos meios de treinamento e a grandeza da carga da sessão Levando em consideração seus obje tivos os treinos podem ser divididos em treinamentos propriamente ditos e sessões de controle Os treinos visam a aumentar o nível do estado de treinamento do atleta e podem resolver diversos problemas a for mação das capacidades básicas e a educa ção da personalidade do atleta o ensino da técnica das ações motoras o domínio de sistemas táticos etc As sessões de con trole pressupõem a avaliação preferencial da eficácia do processo de treinamento Tais sessões podem visar tanto o controle do nível de certos aspectos do estado de treinamento como pressupor também a avaliação complexa do estado de treina mento do atleta De acordo com a orienta ção escolhida para a sessão de treinamen to selecionamse os exercícios que devem ser incluídos nela Sessão de treinamento A sessão de treino pode ser tratada como unidade de tempo didático inde pendente com objetivos e tarefas ope racionais bem definidas como unidade cíclica diurna 2 a 3 treinos por dia com diferentes objetivos operacionais Se a intenção é realizar um trabalho eficaz a sessão de treinamento deve estar cons tituída como um todo funcional junto a cada uma de suas partes Seus métodos e conteúdos não devem ser programados aleatoriamente e sim devem estar inter ligados com o objetivo de resolver a de ficiência apresentada pelo atleta ou pela equipe TABELA 67 Volume do treinamento nos ciclos olímpicos realizados por ciclistas especializados na prova de 4 km Polischuk 1993 Ciclo olímpico anos Parâmetros da carga Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quantidade de dias de treinamento 320 325 330 335 Quantidade de sessões de treinamento 590 620 640 650 volume de treinamento horas 1100 1200 1250 1300 volume geral de preparação física horas 120 120 120 120 volume de preparação física especial km 29000 33000 35000 35000 volume realizado na competição km 700 1200 1300 1300 Quantidade de dias de competição 35 45 48 48 Quantidade de provas na competição 55 70 75 75 172 Antonio Carlos Gomes Em cada treinamento é comum des tacaremse três partes devidamente inter ligadas preparatória principal e final A divisão da sessão em três partes está con dicionada pelas particularidades do esta do funcional do atleta Parte preparatória Na fase preparatória da sessão de vem ser criadas premissas para a atividade eficiente dos desportistas na parte princi pal Com tal objetivo podemos destacar a fase de organização e o aquecimento Na fase de organização reúnese todo o grupo e explicamse as tarefas a serem realizadas na sessão preparandose os equipamentos a serem utilizados Devese chamar a atenção dos desportistas e moti válos para desenvolver a atividade O aquecimento deve assegurar a passagem do organismo do atleta do es tado de repouso relativo ao estado de trabalho o que permite resolver efeti vamente as tarefas de preparação durante a parte principal do treinamento A fun damentação fisiológica do aquecimento está ligada à superação da inércia dos sistemas do organismo humano que não começam a funcionar imediatamente com o crescimento do nível da atividade mo tora É necessário algum tempo para que tais sistemas passem do estado de repou so ao estado adequado de mobilização e de coordenação recíprocas Assim por exemplo o volume de sangue por minu to a ventilação pulmonar e o consumo de oxigênio atingem um nível ótimo 3 a 5 minutos após o início do trabalho No iní cio de qualquer trabalho intensivo ocor re hipoxia insuficiência de oxigênio pois os órgãos de respiração e o sistema cardiovascular não podem assegurar de imediato o envio de oxigênio aos órgãos de trabalho nas quantidades necessárias Por conseguinte se um atleta participar da competição sem aquecimento poderá chegar no final do exercício competitivo sem revelar suas potencialidades Nesse caso o resultado desportivo será inferior ao potencial A realização dos exercícios de treinamento antes da conclusão do processo de preparação do organismo é também pouco eficaz No aquecimento é necessário des tacar a parte geral e a especial O efeito interior da parte geral do aquecimento re lacionase com a elevação da temperatura corporal o que está diretamente ligado à ativação do metabolismo à atividade dos sistemas cardiovascular e respiratório do aparelho motor etc O aumento de tem peratura no processo de aquecimento é conseguido mediante a execução de exer cícios cíclicos em ritmo calmo Na maioria das modalidades desportivas utilizase a corrida para isso sendo exceção a nata ção o ciclismo o esqui e algumas outras modalidades pois nesses casos recorre se a exercícios cíclicos especiais O grau necessário de aquecimento é determi nado pelo surgimento da transpiração A duração do aquecimento depende das particularidades individuais do atleta da temperatura do ar e da umidade Nos dias quentes a duração da parte geral habi tualmente diminui sendo que nos dias frios ela é mais prolongada Após os exercícios cíclicos a maio ria dos desportistas executam exercícios especialmente para os grupos musculares e ligamentos que não se aqueceram sufi cientemente Recomendase que se inicie pelos exercícios de braços pela zona es capular e depois pelos exercícios para o tronco e para o quadril finalizando com exercícios para as pernas coxa perna e pé Esse trabalho muscular de cima para baixo pode ser repetido algumas vezes Primeiro devem ser realizados os exercí cios para os grupos musculares menores 173 Treinamento desportivo e depois para os grupos grandes Cada exercício é geralmente repetido de 10 a 15 vezes Todo o conjunto de exercício contém de 10 a 15 exercícios Em seguida vêm os exercícios que melhoram a mobilidade das articulações que têm amplitude cada vez maior e que contribuem para a extensão dos músculos que vão intervir ativamente nos próprios movimentos A sua amplitude não deve ultrapassar muito a do movimento com petitivo pois a função do aquecimento é a preparação dos músculos e dos ligamentos para futuros movimentos e a profilaxia de traumatismos e não o aumento da flexi bilidade do atleta O número de exercícios e sua orientação dependem da atividade futura e das particularidades individuais dos atletas idade nível de traumatismos sofridos etc A parte especial do aquecimento deve ter correspondência com a atividade específica do aparelho motor e das fun ções vegetativas do organismo além do estado psíquico do atleta solicitadas na parte principal da sessão Todo o aquecimento dura habitual mente de 20 a 40 minutos O intervalo ótimo entre o aquecimento e a parte prin cipal da sessão não deve ser superior a 15 minutos durante os quais ainda mantém se o efeito do aquecimento No caso de intervalos mais prolongados o efeito do aquecimento desaparece passo a passo O aquecimento que antecede a com petição merece atenção especial pois continua sendo o principal método de mobilização da capacidade do atleta antes do seu início Sua estrutura a orientação e a duração ótimas do descanso após o aquecimento contribuem para que o orga nismo do atleta atinja o estado de maior prontidão no momento inicial da compe tição É conveniente iniciar o aquecimento para as competições com 40 minutos ou até uma hora e 20 minutos de antecedên cia deixando ainda tempo para o descan so antes da chamada para o início Mui tos atletas reservam algum tempo após o aquecimento para a massagem e para a preparação psicológica A primeira parte do aquecimento préinicial distinguese do aquecimen to nas sessões de treino O aquecimen to antes do início é conseguido com a execução mais prolongada e calma dos exercícios habituais A segunda parte do aquecimento especial é a preparação para o trabalho a realizar O conteúdo dessa parte deve ser específico em rela ção à próxima atuação Nesse trabalho devem participar os mesmos sistemas do organismo e nos mesmos regimes que na realização do exercício competitivo De vem ser incluídos os elementos da técnica e a imitação dos exercícios de competição que asseguram a prontidão do despor tista Com tal objetivo por exemplo os futebolistas preparamse para o jogo rea lizando exercícios com a bola no campo os pugilistas imitam o exercício compe titivo que é o combate com a sombra e os ginastas executam as combinações e os elementos mais complexos Quanto mais complexa for a técnica e mais curto o tempo de competição tanto mais mi nuciosa deverá ser a preparação para o esforço a efetuar Os desportistas devem treinar mui to frequentemente algumas vezes por dia com intervalos de 20 a 60 minutos a algumas horas Nesse caso cada treino deverá ser antecedido de um aquecimen to adequado durante 10 a 15 minutos Tratase geralmente da execução de exer cícios preparatórios especiais num ritmo lento durante 5 a 8 minutos com uma leve aceleração no final e da preparação psicológica para a próxima disputa Com intervalos curtos de até 10 minutos con servase o aquecimento no corpo 174 Antonio Carlos Gomes Em várias modalidades desportivas o caráter do aquecimento pode distinguir se substancialmente Assim nas modali dades de velocidade e de força é prefe rível o aquecimento de caráter variável alternado com corridas curtas de inten sidade próxima da máxima mas não do limite Podese obter aumento substancial do efeito do aquecimento antes dos exer cícios de velocidade e de força combina dos com diferentes fatores complementa res de preparação estimulação elétrica de certos grupos musculares massagem etc O tempo ótimo de prontidão para o início é o período entre o 6o e o 10o minu to após o aquecimento Nas modalidades que exigem pre dominantemente a manifestação de re sistência convém utilizar durante o aquecimento o trabalho de intensidade moderada aumentandoo paulatinamen te até o nível do competitivo No final do aquecimento nos desportos em que há corrida os atletas percorrem 1 a 2 trechos com velocidade alta o que lhes permite uma melhor preparação para a atividade a executar melhorando também a per cepção de velocidade específica O conteúdo e a duração do aqueci mento em todas as modalidades depen dem do estado individual de prontidão dos atletas e do tempo disponível para tal Quando o atleta atinge o estado de elevada excitabilidade antes do início é mais conveniente o trabalho mais pro longado e de intensidade moderada no caso do estado de apatia a intensidade do aquecimento deverá ser mais elevada Ao planejar o conteúdo do aquecimento é necessário considerar a recuperação por completo do atleta após o término do aquecimento preparandoo para o mo mento inicial da competição Nas competições que duram algu mas horas corridas em distâncias longas ciclismo de estrada triatlo corridas de es qui etc o efeito positivo do aquecimen to não é tão significativo pois são outros os fatores que determinam o resultado Devese observar que nas temperaturas altas podese verificar até uma influência negativa do aquecimento sobre a termor regulação do organismo do atleta que so fre um forte gasto de energia O regime de aquecimento antes do início da competição oficial deve basear se na experiência pessoal do atleta O sen timento subjetivo que o desportista tem durante e após o aquecimento constitui o principal critério de prontidão antes da competição A temperatura o tônus mus cular e outros índices psicofisiológicos po dem servir de critérios suplementares da prontidão superior do atleta Parte principal Nessa parte devem ser resolvidas as principais tarefas almejadas Os exercí cios realizados podem ser dirigidos para o aperfeiçoamento de qualquer componente da preparação do atleta Dependendo da quantidade das tarefas e das particularida des metodológicas a resolver a parte bá sica pode ter duas principais variantes de estrutura Quando se resolve apenas uma tarefa a sessão de treinamento é chama da de seletiva entretanto será complexa se houver necessidade de resolverse na parte básica algumas tarefas Na prática do treinamento despor tivo aplicamse amplamente sessões que contribuem para o desenvolvimento de uma capacidade tipos determinados de resistência de força de rapidez etc Pode haver sessões orientadas no sentido do aperfeiçoamento técnico ou tático do desportista Na solução de uma tarefa existem diferentes abordagens metodoló gicas do conteúdo da sessão Assim em alguns casos a tarefa pode ser resolvida mediante a utilização de apenas um meio de treinamento que será estável ao longo 175 Treinamento desportivo de toda a parte principal da sessão Em outros casos tal tarefa pode ser resolvi da pela utilização de um amplo círculo de meios de treinamento de uma orientação aplicados no regime de um método Por exemplo o aperfeiçoamento da resistên cia aeróbia pode resolverse no primei ro caso apenas mediante a utilização da corrida num regime correspondente e no outro caso com base na aplicação de re petição de alguns exercícios cíclicos mar cha corrida natação trabalho em veloer gômetro etc A seleção de uma ou outra variante depende do objetivo da sessão e do lugar que ela ocupa no sistema de preparação de muitos anos do desportista As ses sões com diferentes meios que visam ao desenvolvimento de uma mesma capaci dade elevam a eficiência da preparação multilateral do atleta pois influenciam diferentes funções do organismo que de terminam a revelação da referida capaci dade Nas sessões de meios diversificados de uma mesma orientação os jovens re velam uma capacidade de trabalho con sideravelmente maior sem o risco de es gotamento psíquico do que no caso da utilização de um só meio Na preparação dos atletas de alto rendimento essa va riante da sessão de treinamento raramen te é empregada principalmente com o objetivo de retirar a tensão psíquica resul tante do trabalho monótono precedente À medida que crescem a preparação e o nível desportivo as sessões de uma direção estruturadas com base em um só meio de treinamento adquirem sig nificado cada vez maior Isso está ligado principalmente a três condições metodo lógicas de preparação dos atletas de alto rendimento 1 As possibilidades de adaptação do or ganismo do desportista aumentam à medida que diminui o número de fa tores a que o atleta tem que se adap tar Por conseguinte a diminuição da diversidade motora das sessões de treinamento leva à especialização mais concreta dos sistemas funcio nais Se os exercícios são escolhidos e estão de acordo com a especificidade da modalidade desportiva verificase o rápido crescimento dos resultados desportivos 2 A condição metodológica está ligada à interação dos efeitos de treinamento de cargas de diferente direção Tal in teração pode ter caráter positivo neu tro ou negativo A interação negativa dos efeitos de algumas cargas obriga a seguir a variante de sessões de treina mento com uma direção 3 A condição metodológica está ligada à necessidade de elevação gradual de influências de treino concentradas na referida sessão Caso contrário torna se impossível o crescimento posterior dos resultados desportivos Nesse ponto particular as condições naturais de vida do indivíduo alimenta ção sono cumprimento das funções so ciais não permitem aumentar a duração das sessões de treinamento A saída está ligada à elevação da parcela das sessões em uma direção que permita concentrar o volume necessário de influências de treinamento Dessa forma passou ao re gime de 2 a 3 sessões diárias de treina mento No treinamento dos atletas de alto nível as sessões com objetivo seletivo constituem um dos principais fatores que estimulam a melhora dos resultados desportivos Nos treinos dos jovens a utilização de uma grande quantidade de sessões de direção seletiva com um meio nem sempre é justificada pois está ligada à exploração ativa das possibilidades de adaptação do organismo e poderá levar à supertensão dos sintomas funcionais 176 Antonio Carlos Gomes Sessões complexas de treinamento Existem dois enfoques metodológicos da estruturação das sessões quando se pre tende resolver algumas tarefas O primeiro pressupõe a solução simultânea durante a sessão de treinamento Como exemplo podese mencionar a sessão em cuja parte principal executase o exercício de corrida de 10 x 400 metros com a velocidade de 85 a 90 da máxima nessa distância e pausas de descanso de 45 segundos Ele contribui por um lado para a elevação do nível de resistência aeróbia e por outro apresenta altas exigências ao sistema glicolítico esti mulando a elevação da resistência durante o trabalho de orientação anaeróbia Plato nov 1986 Durante as sessões não é raro resolveremse simultaneamente tarefas de aperfeiçoamento técnico e tático o que é particularmente característico dos jogos desportivos e dos combates O segundo enfoque está no programa da parte principal da sessão que se divide em fases relativamente independentes cada uma das quais visando à solução de determinada tarefa Durante essa sessão de treinamento as tarefas resolvemse de modo consequente Por exemplo no início da parte principal da sessão o trabalho visa ao aumento das capacidades de velo cidade depois de força e na conclusão à elevação da resistência ou ainda primei ramente resolvese a tarefa de ensino de elementos técnicos depois vem a prepa ração física e no fim o aperfeiçoamento do nível técnico dos desportistas O principal problema metodológico de estruturação das sessões complexas consiste na determinação de uma sequên cia de aplicação de treino que exclua uma interação negativa de seus efeitos Só se pode conseguir a interação positiva dos próximos efeitos de treino em uma ses são com a combinação determinada de cargas de diferentes direções e volumes Tabela 68 É conveniente executar no início da parte principal os exercícios que visam ao treino da força máxima e explosiva e de diversas manifestações de velocidade e de técnica Podese planejar para o fim da sessão a consolidação do hábito das ações técnicotáticas antes assimiladas domina das após a execução de um grande vo lume de exercícios de outra orientação É também lógico planejar para o fim da parte principal da sessão o treino de resis tência de força e os exercícios de orienta ção aeróbia em um volume alto É melhor planejar para a parte inicial da sessão o treino da flexibilidade ativa para obter se maior eficiência sendo a flexibilidade passiva deixada para a sua parte final Os exercícios que visam ao aumento da flexi bilidade ativa não devem ser executados depois da redução substancial dos índices de força Quando não for possível conse guir uma interação positiva dos efeitos de treinamento de cargas de diferentes orien tações as sessões de treinamento devem ser estruturadas seguindo o princípio de influência de uma das cargas As sessões de orientação complexa com a solução consequente das tarefas têm sido utilizadas amplamente na pre paração de atletas iniciantes e exercem influên cia otimizada sobre as esferas fun cional e psíquica do organismo de acor do com as tarefas de preparação a longo prazo As sessões complexas com pro gramas diversificados emocionalmente ricos e com uma soma de cargas muito altas constituem um bom meio de des canso ativo e podem ser utilizadas como meios complementares para acelerar os processos de recuperação após os treinos com as cargas máximas de orientação se letiva Nas modalidades desportivas em que a preparação do atleta apresenta a estrutura de muitos componentes jogos desportivos combates ginástica etc os treinos complexos continuam a ser a prin cipal forma de treinamento 177 Treinamento desportivo Na prática encontrase uma grande dificuldade de se orientar no sentido de controlar o efeito da carga de treinamen to Existem várias formas de organização das sessões que objetivam o trabalho com plexo de treinamento A Figura 67 apre senta algumas variantes de organização da sessão de treinamento Parte final Devese criar condições favoráveis para a recuperação do organismo Muito frequentemente a atividade do despor tista na parte principal da sessão está ligada a uma grande tensão física e emo cional Em consequência surge a neces sidade de serem criadas condições para a diminuição gradual da atividade dos sis temas funcionais do organismo Se o des portista por exemplo após a corrida em ritmo máximo em uma distância curta parar imediatamente e iniciar o descanso passivo a pressão sanguínea máxima cai bruscamente O corredor especialmente aquele pouco treinado poderá até perder os sentidos choque de pressão Tal exem plo confirma que logo após um trabalho intenso não se pode passar ao descanso passivo A transição brusca do treino para o descanso refletese desfavoravelmente nos processos de recuperação e no estado psíquico do desportista Se a carga for re duzida paulatinamente não surgirão rea ções negativas Na parte final da sessão o melhor meio é a execução de exercícios cíclicos num ritmo calmo e moderado durante 8 a 10 minutos com frequência cardíaca não superior a 130 bpm Sendo TABELA 68 Combinações de cargas de diferentes orientações na sessão de treinamento Modelo de sessão Exemplo de composição dos trabalhos 1 Treinamento da técnica desportiva Treinamento da resistência aeróbia 2 Treinamento da força explosiva Treinamento da velocidade Treinamento da resistência anaeróbialática 3 Treinamento da flexibilidade Treinamento da força máxima Treinamento da resistência aeróbia 4 Treinamento da velocidade Treinamento técnicotático Treinamento da flexibilidade 5 Treinamento da resistência anaeróbialática Treinamento da resistência aeróbia 6 Treinamento da força máxima Treinamento da resistência aeróbia 7 Treinamento técnico Treinamento da resistência da velocidade 8 Treinamento técnico Treinamento da flexibilidade Treinamento da resistência 9 Treinamento da resistência de força Treinamento da flexibilidade 10 Treinamento da resistência aeróbia Treinamento da flexibilidade 178 Antonio Carlos Gomes FiGurA 67 variantes de sessões de treinamento com características complexas na organização dos exercícios Platonov 1986 esse trabalho pouco cansativo não deixa que os capilares se fechem o que permite o fornecimento intensivo de oxigênio aos músculos que trabalharam auxiliando na recuperação Na parte final da sessão recomenda se também os exercícios de relaxamento e os respiratórios Às vezes é natural que na parte final dos treinos dos jovens atletas sejam praticados exercícios de jogo espe cialmente nos casos em que a parte prin cipal da sessão contenha exercícios extre mamente monótonos Um jogo de 5 a 10 minutos de duração poderá contribuir para a criação de um estado psicológico favorá vel no desportista Porém mesmo nesses casos os treinos devem terminar com exer cícios executados em ritmo moderado A preocupação com as medidas de recuperação deverão sempre estar na 179 Treinamento desportivo TABELA 69 Medidas de recuperação após um treinamento ou uma competição Depois da realização da carga de treinamento Cargas executadas e competição Ações práticas Nutrição Cargas de resistências Exercícios de relaxamento Automassagem Dieta de hidratos de com alto volume técnicas de alongamento banhos quentes carbono vitaminas muito líquido Cargas de força Corridas com velocidade Massagem Dieta rica em com alto volume decrescente relaxamento banhos quentes proteínas e vitaminas técnicas de alongamento Cargas competitivas de jogos Corridas com velocidade Massagem líquidos e vitaminas decrescente relaxamento banhos quentes técnicas de alongamento pauta do treinador pois é necessária uma aplicação sistemática de meios que pos sam auxiliar nesse processo Esses meios variam segundo o grau de desgaste que pode ser minimizado por meio de medi das físicas relaxamento e uma correta nu trição Keul 1978 Tabela 69 ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO MiCrOCiCLO Os microciclos se configuram como um conjunto de várias sessões semanais Na prática utilizamse os microciclos curtos e os longos cuja razão de ser é a alternância entre esforçorecuperação de forma que o atleta evite estar permanen temente em estado de cansaço crônico fí sico ou psíquico principalmente quando realiza um volume grande de trabalho O microciclo representa o elemento da estrutura de preparação do atleta que inclui uma série de sessões de treino ou de com petições visando à solução das tarefas do mesociclo referido etapa de preparação Sendo elemento da estrutura geral de preparação o microciclo resolve as ta refas de preparação dentro do correspon dente período de tempo A sua duração varia de 3 a 14 dias Na prática do despor to têmse utilizado mais frequentemente os microciclos de 7 dias porque no re gime semanal é consideravelmente mais fácil coordenar a vida normal do indiví duo com diferentes fatores que determi nam o processo de sua preparação como desportista p ex com o regime de es tudos ou de trabalho do atleta com o ex pediente das instalações desportivas com a participação nas competições etc Os microciclos de maior duração são utiliza dos às vezes no processo de preparação dos atletas de alto rendimento e podem estar ligados à participação num torneio prolongado ou pressupõem a utilização das condições específicas de preparação A estrutura e o conteúdo do micro ciclo apresentam características diferen tes que estão condicionadas por uma série de fatores A análise de microciclos que se verificam na prática permitiu des tacar alguns indícios gerais que lhes são próprios em diferentes modalidades des portivas e com base nisso classificálos Convém destacar como principal indício de classificação a tarefa que se resolve em determinado microciclo assim como a composição dos meios e dos métodos de treinamento a grandeza e a orientação predominante das cargas que constituem seu conteúdo Levando em consideração 180 Antonio Carlos Gomes os indícios mencionados destacamos a seguir os principais tipos de microciclos Microciclos de preparação Possuem a tarefa principal ligada à criação do efeito sumário de treinamento Sua reprodução numa série de microci clos de treinamento garante as mudanças de adaptação a longo prazo no organismo do atleta as quais estão na base do aper feiçoamento de diversos aspectos de sua preparação Segundo a composição predominan te dos meios de treinamento utilizados podemse destacar os microciclos de trei namento preparatórios gerais e especiais Dependendo do conteúdo predominante das cargas os microciclos de treinamento e de competição podem classificarse con forme demonstrado na Figura 68 Microciclo ordinário Caracterizase por uma soma de car gas mais moderadas cerca de 60 a 80 em relação às máximas O microciclo or dinário de treinamento representa a base da forma estrutural do processo de treino dos atletas de diferentes níveis de rendi mento O conteúdo específico desses mi crociclos constitui de 2 a 6 sessões de trei no com cargas constantes Figura 69 Microciclo de choque Caracterizase pela soma de cargas máximas ou próxima das máximas o que representa 80 a 100 relativamen te à carga que exige em dada etapa do treinamento a mobilização máxima das reservas do organismo A carga do micro ciclo de choque constitui o fator de maior influência que estimula no organismo do atleta o processo ativo de adaptação Esse microciclo é muito utilizado na pre paração dos atletas de alto rendimento O conteúdo específico dos microciclos de choque representa de 2 a 5 cargas de cho que na semana O grande número de cargas próxi mas das máximas unidas em um micro ciclo é a causa de parte dos treinamentos ocorrer no fundo da subrecuperação ou da fadiga em progressão de uma sessão de treinamento para outra Por isso a aplicação dos microciclos de choque deve ser acompanhada de um controle rigoroso do estado do atleta para evitar a demasia da sobrecarga dos sistemas funcionais do organismo sendo necessário assim alter FiGurA 68 Classificação dos microciclos de treinamento e de competição 181 Treinamento desportivo FiGurA 69 Estrutura do microciclo ordinário nar as cargas de choque com outros tipos de cargas Figura 610 Microciclo estabilizador É aplicado com o objetivo de assegu rar a estabilidade do estado do organismo do atleta Esse microciclo vem geralmente substituir os microciclos de choque e o or dinário sendo utilizado para a estabiliza ção das mudanças de adaptação obtidas nesses microciclos O microciclo estabili zador pode ser planejado no período de aclimatação aguda da fase inicial de trei namento na altitude assim como para a solução de outras tarefas semelhantes As sessões de treinamento com carga que varia de 40 a 60 em relação à máxima constituem o conteúdo predominante do microciclo Os microciclos de tipo estabilizador asseguram condições mais favoráveis para os processos de recuperação do organismo do atleta Na estrutura dos grandes ciclos de preparação eles aparecem geralmente após as competições tensas ou são intro duzidos no fim da série de microciclos de treinamento sendo chamados de micro ciclos de manutenção ou recuperativos Figura 611 Microciclo de manutenção Tem a tarefa de assegurar a recupe ração do atleta e contando com o hetero cronismo desse processo manter o nível de certos aspectos de sua preparação e de sua condição integral A utilização do mi crociclo de manutenção auxilia na redu ção considerável dos ritmos de perda de 182 Antonio Carlos Gomes FiGurA 611 Estrutura do microciclo estabilizador FiGurA 610 Estrutura do microciclo de choque A e B 183 Treinamento desportivo FiGurA 612 Estrutura do microciclo de manutenção preparação do atleta assegurando com isso a recuperação efetiva dos sistemas que ficam num estado reprimido Tal mi crociclo é utilizado nos períodos de prepa ração quando é necessário reduzir subs tancialmente a grandeza das somas das cargas e não deixar que se reduza brus camente o nível do estado de treinamento do atleta A carga de treino no microciclo de manutenção representa 30 a 40 em relação à máxima Figura 612 Microciclo recuperativo Caracterizase pelos parâmetros mí nimos de soma das cargas 10 a 20 em relação às máximas A estrutura e o con teúdo do microciclo recuperativo são su bordinados à tarefa de assegurar a recupe ração mais completa e eficiente do atleta Isso pode explicar a presença no microciclo de um grande número de sessões de treino com cargas baixas Figura 613 Microciclo de controle É planejado geralmente no fim das etapas de treino e visa a verificar o nível de preparação do atleta e a avaliar a eficiên cia do trabalho na etapa precedente O microciclo preparatório de controle apre senta as características dos microciclos de treinamento e de competição Combinase o trabalho de treinamento com a parti cipação em competições de controle e com a execução de exercícios de teste Os procedimentos de teste são acompanha dos frequentemente de exames médicos cujos dados permitem tirar uma conclu são mais objetiva do estado do atleta e da eficiência do trabalho precedente De acordo com os resultados obtidos fazse 184 Antonio Carlos Gomes a correção para as etapas posteriores de preparação do atleta As cargas variam num diapasão vasto e podem alcançar as grandezas máximas Figura 614 Microciclo précompetitivo É estruturado conforme as competi ções principais O objetivo desse microciclo consiste em assegurar o estado de ótima prontidão para o dia das competições gra ças à mobilização de todas as capacidades potenciais do atleta acumuladas no proces so de preparação precedente e a adapta ção às condições específicas dessas compe tições O microciclo précompetitivo inclui alguns dias geralmente 5 a 10 antes das competições principais Seu conteúdo é de terminado pelo estado individual do atleta pelo trabalho de treino precedente e pelas condições das próximas competições Nele as principais tarefas são geralmente as de recuperação válida a disposição psicológi ca a mobilização das reservas latentes de preparação a entrada do atleta no regime das próximas competições etc No micro ciclo précompetitivo não se admite a uti lização de cargas máximas Os exercícios de alta intensidade alternamse obrigato riamente com fatores de recuperação com pleta A Figura 614 mostra alguns exem plos que deverão ser adaptados conforme a modalidade e o sistema de competição Microciclo competitivo Consiste em assegurar a realização do estado de preparação conseguido pelo atle ta no decorrer das competições A estrutura e a duração do microciclo são determina FiGurA 613 Estrutura do microciclo recuperativo 185 Treinamento desportivo das em conformidade com o regulamento das competições e com a especificidade da modalidade desportiva Quando as compe tições são realizadas durante alguns dias ou semanas e divididas por pausas prolon gadas de tempo o microciclo pode incluir duas partes a propriamente competitiva e a referente ao perío do entre os jogos Essa última pressupõe a realização de sessões de treino com cargas moderadas e diferen tes formas de descanso O chamado microciclo simulador modelo é utilizado visando à prepara ção mais completa e válida do atleta para as principais competições do ciclo anual Durante esse período podese modelar o conteúdo dos que antecedem as competi ções assim como o regime e o programa das próprias competições principais No caso da preparação para competições de extrema importância como por exem plo os jogos olímpicos ou os campeona tos mundiais procurase reproduzir nos microciclosmodelo as condições do fluxo horário os fatores climáticos as particu laridades técnicotáticas dos principais adversários as peculiaridades dos lugares de realização das competições e outros fatores significativos que compõem as principais condições É por isso que o mi crociclo simulador modelo tem sido re alizado frequentemente no local das futu ras competições principais Figura 615 CArGA DE TrEiNAMENTO NO MiCrOCiCLO E SuAS DiVErSAS COMBiNAÇõES A estruturação dos microciclos é de terminada por toda uma série de fatores Dentre eles destacase o caráter do efeito FiGurA 614 Estrutura do microciclo de controle Microciclo précompetitivo 186 Antonio Carlos Gomes de treinamento das cargas aplicadas no microciclo Um dos problemas mais com plexos da teoria e da metodologia da pre paração é a descoberta de uma correla ção ótima de cargas no microciclo com o objetivo de obter o devido efeito sumário que permita resolver com sucesso tarefas de aperfeiçoamento de diversos aspectos da preparação do atleta No aspecto histó rico de formação da teoria do treinamen to desportivo podemse destacar duas abordagens do princípio da correlação de cargas no microciclo Platonov 1986 A primeira preferencialmente nas décadas de 1950 a 1960 constituía a base teórica da estruturação dos microciclos de treinamento Consideravase que a intera ção dos efeitos de treinamento somente contribuía para uma dinâmica ascendente do crescimento do nível de treinamento do atleta no caso de a carga repetida no microciclo referirse à fase de supercom pensação depois da influência precedente ou à fase de recuperação consolidada A execução da sessão de treinamento com uma grande carga no fundo de subrecu peração era considerada um sério erro metodológico que causava o sobretreina mento Convém assinalar que tal aborda gem ainda hoje apresenta determinado significado metodológico sendo aplicada em particular na preparação dos atletas iniciantes Nas décadas seguintes foram rece bidos numerosos dados testemunhando que os processos de recuperação após o trabalho físico são heterocrônicos ou seja a recuperação e a supercompensa ção de diferentes funções do organismo não ocorrem simultaneamente sendo que a presença da fase de supercompen sação não constitui condição obrigatória para a obtenção de mudanças da adap tação positiva Numa série de casos a recuperação da capacidade de trabalho ocorre somente até o nível inicial fazen do com que a fase de supercompensação fique ausente As pesquisas realizadas Platonov 1986 mostram que mesmo com um regime de treinamento muito FiGurA 615 Estrutura do microciclo competitivo A e B A B 187 Treinamento desportivo rígido a capacidade de trabalho diminui notavelmente somente com a primeira dose significativa de carga Mais adian te à medida que o exercício é repetido verificase a diminuição e a estabilização prolongada da capacidade de trabalho do indivíduo Dessa forma o organismo mesmo nas condições de subrecuperação expressa é capaz de manter um bom ní vel de trabalho embora seja menos alto Em relação à preparação do atleta tais dados podem servir de fundamento fi siológico de que a realização dentro de certos limites de um regime rígido de combinação de cargas nos microciclos pode levar ao aumento do nível de trei namento do atleta A alta exigência das possibilidades do atleta consequência do intenso traba lho sob determinada orientação não sig nifica de modo algum que ele não seja capaz de manifestar alta capacidade de trabalho na esfera de uma outra orien tação realizada predominantemente por outros órgãos e mecanismos funcionais Por exemplo uma forte fadiga do siste ma funcional que determina o nível das capacidades de velocidade ou de força máxima do atleta não impede que ele passadas algumas horas revele uma alta capacidade de trabalho na atividade ae róbia Platonov 1987 Tais dados e a necessidade de eleva ção posterior dos resultados desportivos determinaram a segunda abordagem re lacionada com a questão da alternância de cargas de grandeza e orientação dife rentes no microciclo Apoiandose nesses pontos de vista ocorreu nos anos 70 o aumento substancial quase duas vezes do volume geral de cargas em diversas modalidades inclusive o volume de exer cícios de alta intensidade Na maioria dos casos a preparação passou a constituirse na base de duas ou três sessões de treina mento por dia com o volume de trabalho de treinamento no microciclo semanal de até 32 a 38 horas Nos últimos anos as ca racterísticas qualitativas dos microciclos adquiriram tendência à estabilização de seus parâmetros O aperfeiçoamento fu turo da estrutura e do conteúdo do micro ciclo será pelo visto relacionado com as buscas de combinação otimizada de ses sões de treino de grandeza e de orienta ção diferentes Isso somente será possível com base em ideias claras sobre os meca nismos que determinam a combinação de diferentes cargas Considerando a frágil base teórica das abordagens metodológicas referen tes à questão da estrutura e do conteúdo do microciclo vejamos a seguir algumas disposições imediatas que se formaram na prática atual do treinamento despor tivo e foram confirmadas por resultados positivos No microciclo de treinamento sessões com uma orientação predominan te podem ser combinadas com sessões de diferentes orientações Na preparação dos atletas de alto rendimento é bastante eficiente a aplica ção do microciclo com a carga chamada concentrada isto é que tem praticamente uma orientação de influências de treino Têm sido utilizados mais amplamente microciclos de cargas concentradas aeró bias e de força assim como microciclos que visam exclusivamente à solução das tarefas de preparação técnica O signifi cado metodológico dessa abordagem de microciclo consiste na criação de uma in fluência forte de orientação restrita o que estimula profundas alterações funcionais que servem de premissa para a passagem posterior do organismo do atleta ao nível mais alto de treinamento Tal variante do conteúdo do microciclo pode porém ser utilizada durante um período de tempo limitado pois não assegura a necessária influência em outros aspectos de prepa ração do atleta No microciclo de uma orientação predominante a combinação das sessões com a carga máxima requer 188 Antonio Carlos Gomes uma atenção especial Quando ocorre a segunda sessão com a carga próxima da máxima a mesma realizada no fundo de subrecuperação ocorre também o agra vamento significativo da fadiga da orien tação correspondente Nesse sentido a capacidade de trabalho do atleta na se gunda sessão resulta consideravelmente diminuída e ele geralmente não pode cumprir mais do que 75 a 80 do traba lho proposto Platonov 1986 Levando em consideração essa circunstância con vém planejar com muito cuidado duas sessões seguidas com cargas de choque no microciclo somente para atletas qualifica dos e bem treinados A introdução no microciclo das ses sões com cargas estabilizadoras e recu perativas na fase de alta fadiga após as sessões de orientação seletiva exerce normalmente influência favorável na adaptação do organismo do atleta Não é conveniente utilizar duas ses sões de orientação de velocidade com o volume máximo de exercícios pois ao re petir a sessão perturbamse as principais disposições metodológicas que condicio nam o aperfeiçoamento das capacidades de velocidade Durante o aperfeiçoamen to das capacidades de força seria conve niente prever na segunda sessão outros grupos musculares com a manutenção da orientação geral de força das sessões Na prática do treinamento desporti vo são mais difundidos os microciclos de caráter complexo que permitem exercer influências equilibradas sobre diferen tes aspectos da preparação do atleta em conformidade com as tarefas da etapa de preparação Nas modalidades de coorde nação complexas nos jogos desportivos e nos combates que se distinguem pela diversidade de ações motoras e por um grande número de fatores determinantes da atividade competitiva o microciclo constitui a única forma aceitável de cons trução do processo de treinamento A estruturação do microciclo com o objetivo de solucionar tarefas comple xas apresenta dificuldades metodológicas muito sérias relacionadas com a defini ção da combinação das sessões de dife rentes cargas Se no microciclo de caráter concentrado a carga orientada para so lucionar uma tarefa constitui o principal fator no microciclo complexo o número de fatores aumenta proporcionalmente ao número de tarefas a solucionar A soma de efeitos das cargas de di ferente orientação no microciclo tem im portante significado para a determinação dos parâmetros de influência de treino sobre o organismo do atleta Na literatura especializada não se conseguiu encontrar dados convincentes sobre o efeito posi tivo da combinação direta de cargas de choque de diferente orientação O espe cialista Platonov 1986 procura explicá lo com o fato de a carga máxima exigir a mobilização das reservas profundas do organismo do atleta e a redistribuição da atividade dos processos que ocorrem no organismo de acordo com a orientação da carga Devido à fadiga que se desenvol veu tal processo possui uma estabilização significativa A aplicação da carga de ou tra orientação exige também mobilização máxima mas já de outros sistemas o que é pouco conveniente do ponto de vista da formação das reestruturações de adapta ção a longo prazo Tal combinação pode provocar descoordenação dos processos de adaptação e mesmo falha de adapta ção Por isso seria conveniente alternar no microciclo as cargas próximas das má ximas com as cargas de grandeza mode rada No processo de preparação dos atletas de alta qualificação deparase frequentemente com um problema a utilização de microciclos para solucio nar tarefas complexas não assegura que influências de diferentes orientações se jam suficientemente capazes de estimu 189 Treinamento desportivo lar o aperfeiçoamento posterior imediato de alguns componentes da preparação do atleta Nesse caso há necessidade de atribuir ao microciclo complexo pelo seu conteúdo determinado acento que expri me a orientação predominante de cargas em conformidade com as tarefas da etapa referida de preparação A eficiência de direção do processo de treinamento no microciclo é condicionada em grau considerável pela dinâmica do volume e da intensidade da carga A aná lise dos microciclos de sete dias com seis dias de treino que são os mais difundidos na prática do treinamento de atletas qua lificados permite destacar variantes com a dinâmica de um dois e três picos de volume e de intensidade de cargas Figura 616 Como regra no primeiro dia do mi crociclo não se planeja a carga máxima principalmente nos casos em que o micro ciclo precedente termina com um dia de descanso Para justificar tal recomendação podemse apresentar dois argumentos 1 Não é desejável que ocorra no orga nismo uma brusca mudança que po derá ser provocada pela passagem do FiGurA 616 variação na estruturação dos microciclos com diferentes dinâmicas de volume e de intensidade de carga A B C D 190 Antonio Carlos Gomes estado de descanso a uma atividade que exija a completa mobilização das reservas do organismo 2 O período de recuperação depois de cargas próximas das máximas dura al guns dias e por conseguinte todas as sessões posteriores de treino vão se rea lizar tendo como objetivo a subrecupe ração o que pode refletir negativamen te na eficiência geral do microciclo Por isso recomendase no primeiro dia do microciclo a carga com parâmetros não superiores a 60 ou 70 das máximas Quando o objetivo no microciclo for o de exigir alta intensidade de carga p ex o aperfeiçoamento das capacida des máximas de velocidade relacionada com um grande volume de exercícios de intensidade moderada p ex o aperfei çoamento da resistência aeróbia o cará ter geral das cargas poderá ter a dinâmica representada na Figura 616 A B C Seria preferível planejar as cargas de alta intensidade ligadas ao aperfeiçoamento das capacidades de velocidade de força explosiva assim como o ensino inicial das ações motoras complexas para o 1o e 2o dia do microciclo ou para o dia seguin te após a sessão de treino recuperativo Quanto aos exercícios com alto volume de carga orientada para o treinamento da re sistência aeróbia anaeróbia glicolítica e de força seria conveniente planejálos de modo que o pico de intensidade adiante em tempo o pico do volume de cargas O aumento do volume da carga além das grandezas determinadas provoca inevita velmente a redução da intensidade Na Fi gura 616 D está representada a varian te com elevado volume de cargas quando a intensidade fica num nível mínimo ao longo de todo o microciclo Com relação às particularidades dos processos recuperativos que determinam a estrutura do microciclo convém levar em conta o fato de que a duração de recu peração após as cargas máximas de di versas orientações apresenta diferenças substanciais As possibilidades dos siste mas funcionais que asseguram o nível das capacidades de velocidade de coor denação a força máxima e de impulso se restabelecem de uma e meia a duas vezes mais rápido do que as capacidades dos sistemas funcionais que determinam o nível de resistência aeróbia e anaeró biaglicolítica Na construção do microciclo convém levar em consideração que as capacidades de recuperação do organismo humano após um trabalho intenso modificamse substancialmente sob a influência do trei namento Os atletas de alto rendimento não só superam os menos qualificados nos resultados desportivos e nas capacidades funcionais de diferentes sistemas como também na capacidade de se restabele cerem rapidamente O treinador não deve esquecer também das particularidades estritamente individuais do organismo de diferentes atletas relacionadas com a duração da recuperação na Figura 617 verificouse o tempo de recuperação das diversas capacidades de treinamento ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO MESOCiCLO Classificação dos mesociclos O mesociclo trata da estrutura de carga que varia de 3 a 6 semanas e repre senta o elemento da estrutura de prepara ção do atleta orientado para a solução das tarefas de determinado macrociclo perí odo de preparação Quanto aos indícios que permitem classificar os mesociclos podemse des tacar n a principal tarefa a ser resolvida pelo mesociclo no sistema de preparação 191 Treinamento desportivo FiGurA 617 Tempo de recuperação das capacidades de treinamento após estímulos em diversas fontes energéti cas Platonov 1986 n o momento do referido mesociclo na estrutura do macrociclo de prepara ção n a composição dos meios e dos métodos de treino aplicados no mesociclo n os tipos de microciclos que compõem o conteúdo predominante do mesociclo estabelecido n a grandeza das cargas e sua dinâmica no mesociclo Legenda v Capacidade de velocidadeforça AN Capacidade de resistência anaeróbia A Capacidade de resistência aeróbia 1 velocidadeforça 2 Resistência anaeróbia 3 Resistência aeróbia 192 Antonio Carlos Gomes FiGurA 618 Classificação dos mesociclos de treinamento Com base nos referidos indícios a Figura 618 destaca os seguintes tipos de mesociclos Mesociclo inicial Geralmente inicia o período prepara tório do macrociclo de preparação A sua tarefa consiste em assegurar a passagem paulatina do organismo do atleta do esta do reduzido da atividade de treinamento para o nível competitivo a altos parâme tros frequentemente próximos das cargas máximas de treinamento nos mesociclos posteriores O conteúdo do mesociclo ini cial é composto por 2 a 3 microciclos do tipo recuperativo ou inicial e concluídos com o microciclo recuperativo Para o mesociclo inicial é característica a inten sidade relativamente baixa com aumento gradual do volume geral de exercícios Mesociclo básico Reúne alguns tipos de mesociclos em que se realiza o principal trabalho de trei namento quanto ao aperfeiçoamento de diversos aspectos da preparação do atleta Pela composição dos meios de treino os mesociclos dividemse em preparatórios gerais e preparatórios especiais sendo que pela grandeza das cargas dividemse em desenvolvimento e estabilizadores mesocIclo de desenvolvImento É a forma principal de organização das influências de treinamento que visam à obtenção do efeito acumulativo de trei no que está na base da elevação do nível de treino do atleta Tal ciclo caracterizase pela grandeza considerável de cargas ge ralmente próxima da máxima para dado 193 Treinamento desportivo nível de preparação Mais adiante ana lisaremos algumas das particularidades metodológicas de construção desse tipo de mesociclo mesocIclo estabIlIzador Visa à consolidação das mudanças ob tidas anteriormente que são asseguradas pela redução insignificante ou pela estabili zação das cargas atingidas anteriormente Mesociclo recuperativo Aplicase no período transitório de preparação quando têm importância pre dominante as tarefas de recuperação com pleta do atleta após um período prolonga do de cargas máximas de treinamento e de competição O mesociclo recuperativo é importante para a adaptação do organis mo do atleta pois permite prevenir a trans formação da fase de resistência na fase de profundo esgotamento e de fracasso de adaptação O mesociclo caracterizase pela redução do volume e da intensidade das cargas geralmente 20 a 30 em rela ção aos parâmetros do mesociclo básico de desenvolvimento Têm sido aplicadas diferentes formas de descanso ativo que contribuem para a descarga psicológica do atleta natação jogos passeios nas montanhas etc No processo de prepara ção de atletas qualificados incluemse no mesociclo recuperativo vários tratamen tos fisioterapêuticos que visam à elimina ção das consequências de traumatismos sofridos e a profilaxia de doenças Nesse mesociclo seria conveniente efetuar uma análise médica aprofundada que permita avaliar o estado de saúde do atleta Mesociclo de controle Geralmente conclui o período prepa ratório A sua principal tarefa consiste em assegurar um controle multiforme da efi ciência dos mesociclos básicos anteriores e a adaptação paulatina do atleta às exigên cias dos mesociclos competitivos posterio res O conteúdo dos mesociclos deve apre sentar diferentes formas de observações pedagógicas e médicas por etapas O trei namento é combinado com a participação em competições e desempenha a função preparatória e de controle Durante este mesociclo eventuais deficiências na pre paração do atleta podem ser corrigidas Mesociclo précompetitivo Destacase como um componen te estrutural que assegura a preparação imediata para a competição principal do macrociclo Durante este mesociclo resolvese todo um conjunto de tarefas que incluem a recuperação após a eta pa precedente de competições seletivas a manutenção e a eventual elevação do nível atingido a eliminação de pequenos defeitos da preparação a solução do es tado psíquico do atleta a adaptação às condições de realização das competições principais etc A necessidade de solução dessas tarefas condiciona a inclusão na estrutura do mesociclo précompetitivo de diferentes tipos de microciclos cujo conteúdo poderá variar dependendo do estado do atleta As particularidades da estrutura e da dinâmica geral das cargas no mesociclo précompetitivo serão ana lisadas mais adiante Mesociclo competitivo Representa a base do período com petitivo de preparação do atleta A sua estrutura e o seu conteúdo são determi nados pela especificidade da modalidade desportiva pelo sistema de preparação competitiva pelas particularidades do 194 Antonio Carlos Gomes calendário de competições pelo nível da qualificação do atleta e por outros fatores A duração do período competitivo poderá ser de 6 até 8 meses o que é característico por exemplo para os jogos desportivos Nesse período destacamse geralmente 4 a 6 mesociclos competitivos Nesses casos quando as competições se realizam du rante 1 a 2 meses é conveniente destacar o mesociclo de competições principais e os mesociclos competitivos que resolvem outras tarefas o mesociclo de compe tições seletivos os preparatórios etc Dependendo do número de participações do intervalo entre elas e da importância das competições podem ser incluídos na estrutura do mesociclo competitivo além dos microciclos competitivos outros tipos de microciclos A sua função é contribuir para a recuperação e assegurar a manu tenção do alto nível de capacidade de tra balho do atleta durante todo o mesociclo competitivo COMPOSiÇÃO DOS MiCrOCiCLOS NA ESTruTurA DO MESOCiCLO Dependendo das tarefas objetivadas no mesociclo e do nível de preparação do atleta a carga dos microciclos pode variar num leque bastante amplo Dependendo do número de sessões de treino com car gas de choque e ordinárias e de sua dis tribuição nos microciclos o processo de recuperação das possibilidades funcionais do organismo depois da soma da carga do microciclo poderá terminar dentro de algumas horas após a última sessão ou demorar alguns dias Assim o microciclo seguinte poderá realizarse no período de recuperação depois da soma da carga do microciclo precedente ou no momento da fadiga residual Tabela 610 No Quadro 64 estão representadas algumas variantes de distribuição de mi crociclos nos mesociclos A dinâmica de cargas pressupõe a execução do trabalho de treino no terceiro microciclo no nível da fadiga do microciclo anterior sendo que o microciclo de choque é planificado durante a recuperação relativa Grossen Starischa 1988 Manso Valdivielso Ca ballero 1996 Mesociclo de preparação para mulheres Ao planejar as cargas do mesociclo para as mulheres convém levar em con sideração a influência dos biorritmos Existem muitos estudos que comprovam a oscilação da capacidade de trabalho do indivíduo em função das fases dos bior ritmos mensais Agdjanian Chabatura 1989 Chapochnikova 1984 A alteração do estado funcional que depende do ciclo biológico específico cha mado ovulatóriomenstrual constitui uma particularidade do organismo feminino A duração desse ciclo oscila dentro da nor ma fisiológica em média de 21 a 36 dias Em 60 das mulheres é de 28 dias Ko rop Kononenko 1983 Sologub 1987 Todo o ciclo é geralmente dividido em cinco fases a primeira a menstrual do 1o ao 3o dia a segunda a pósmenstrual do 4o ao 12o dia a terceira a ovulatória do 13o ao 14o dia a quarta a pósovu latória do 15o ao 25o dia e a quinta a prémenstrual do 26o ao 28o dia A duração da primeira metade do ci clo ovulatóriomenstrual até a ovulação é diferente e está ligada às particularidades individuais do organismo feminino sendo que a duração da segunda metade é sempre constante de 14 dias Tendo em vista que a duração dos ciclos ovulatóriomenstruais entre as desportistas é diferente tornase indispensável saber os dias prováveis do início da ovulação com o ciclo de 21 dias a ovulação começa do 7o ao 9o dia com o ciclo de 28 dias a ovulação chega no in tervalo entre o 12o e o 16o dia do ciclo ao 195 Treinamento desportivo passo que com o ciclo de 36 dias entre o 19o e o 23o dia do ciclo Em condições normais nas diferentes fases do ciclo ovulatóriomenstrual ocor rem a modificação da atividade hormonal e a alteração do estado funcional de to dos os sistemas do organismo A maioria dos especialistas defende a existência de uma interligação estável das fases do ciclo menstrual com o nível de manifestação da capacidade de trabalho desportivo Ko rop Kononenko 1983 Keizer 1986 Os índices superiores da capacidade de traba lho durante esse ciclo são característicos das fases pósmenstrual e pósovulatória Pode ocorrer uma diminuição considerá vel do nível da capacidade de trabalho fí sico nas fases ovulatória prémenstrual e menstrual Tais variações têm caráter ex pressamente individual e manifestamse em função da especialização desportiva Em considerável número de desportistas verificase nessas fases a diminuição das capacidades de força de velocidade de resistência especial e também pertur bações na coordenação dos movimentos Nas fases prémenstrual e menstrual do ciclo ovulatóriomenstrual a irritabilida de e a instabilidade emocional das atletas elevamse Agdjanian Chabatura 1989 A literatura apresenta abordagens relacionadas com o problema da estru turação da preparação desportiva das mulheres Continua a ser bastante dis cutido o ponto de vista dos técnicos que estruturam a preparação desportiva das mulheres idêntica à dos homens ou seja desconsideram as mudanças do estado funcional e as oscilações da capacidade de trabalho desportivo das mulheres du rante o ciclo ovulatóriomenstrual Como principal argumento aludem nesse caso ao fato de que as atletas obrigamse a par ticipar das competições em diversas fases do ciclo Pelo visto tal argumento já não pode satisfazer às exigências modernas da preparação das atletas altamente qua lificadas Devese dar atenção especial às variações individuais do estado funcional das atletas em diversas fases do ciclo ovu latóriomenstrual Parece mais justificada a abordagem que se propõe a encarar o ciclo biológico feminino como uma for mação estrutural integral mesociclo da preparação das desportistas Nesse caso convém que na planificação do mesociclo seja tomado como base o ciclo ovulatório menstrual individual da atleta e seus mi crociclos sejam relacionados com as fases do ciclo ovulatóriomenstrual Partindo dessa posição a dinâmica das cargas de treinamento deve corresponder às oscila ções ondulatórias rítmicas da capacidade de trabalho durante o ciclo menstrual Levando em consideração o estado funcional da mulher devese resolver em TABELA 610 Composição dos microciclos nos diversos tipos de mesociclo Mesociclos Microciclos Inicial R O R Básico CH O CH R Desenvolvimento CH CH CH R CH O CH EST CH R Estabilizador EST O EST R Recuperativo R R R Controle R PC EST PC Précompetitivo CH CH CH CO R PC Competições Competições Competitivo C R C EST PC C R Recuperativo CH Choque O Ordinário EST Estabilizador CO Controle PC Précompetitivo C Competitivo 196 Antonio Carlos Gomes cada fase as tarefas correspondentes de terminando os meios de treinamento mais apropriados Para os períodos de elevada capacidade de trabalho os microciclos devem ser planejados com cargas maiores ordinárias e de choque para os perío dos de capacidade reduzida de trabalho os microciclos devem ter cargas predomi nantemente de caráter recuperativo Uma vez que as oscilações mais acentuadas das funções fisiológicas do organismo da mulher verificamse nas fases ovulatória prémenstrual e menstrual seria conve niente destacar no mesociclo dois mi crociclos especiais o primeiro incluindo a fase de ovulação possível e o segundo abrangendo o período de 1 a 2 dias antes da menstruação O mesociclo do treina mento inclui juntamente com dois micro ciclos especiais respectivamente mais 2 a 3 microciclos de treino O número e a duração dos microciclos devem ser plani ficados em função da duração individual do ciclo e de suas fases Exemplo do me sociclo de 28 dias na Tabela 611 No caso do ciclo curto de 21 dias é necessário prever no primeiro microciclo a redução considerável da grandeza da carga dos dias de provável ovulação entre as atletas com ciclo ovulatóriomenstrual reduzido e o principal programa de trei namentos deverá ser realizado na segun da metade do mesociclo No período do microciclo especial recomendase reduzir o volume total e a intensidade de cargas As cargas mais aceitáveis são as que visam à manutenção da preparação técnica e da flexibilidade sendo que as cargas aeróbias em pequenos volumes exercem influência favorável As cargas estáticas e dinâmicas globais sobre os músculos da zona pélvica e abdominal são contraindicadas Estrutura do mesociclo précompetitivo As competições principais consti tuem o alvo da preparação do atleta pois da atuação nessas competições depende o resultado final da preparação precedente por vezes de muitos anos de treinos Durante a etapa que antecede às compe tições principais a preparação do atleta é orientada no sentido de criar as condi ções mais favoráveis para a realização do nível alcançado de treinabilidade em re sultados desportivos de alto rendimento durante tais competições O fato porém de o atleta ter o nível necessário de trei nabilidade não significa que a qualquer momento seja capaz de mostrar tais re sultados altos Na prática desportiva há muitos exemplos em que durante as competições principais os atletas apre sentavam resultados mais baixos que não correspondiam aos resultados dos testes de treinabilidade Segundo dados dos especialistas Zakharov 1985 Platonov 1986 25 a 60 dos atletas demonstram os seus melhores resultados nas competi ções principais A causa de falhas reside frequentemente na má estruturação do mesociclo précompetitivo TABELA 611 Variação da carga no mesociclo considerando a duração do ciclo menstrual 28 dias Dia Fase Característica da carga Tipo de microciclo 1o3o Menstrual Média Ordinário 4o12o Pósmenstrual Média Choque 13o14o Ovulatória Média Estabilizador 15o25o Pósovulatória Alta Choque 26o28o Prémenstrual Baixa Recuperativo 197 Treinamento desportivo Apesar da atenção dada pelos es pecialistas ao problema da preparação précompetitiva para as competições prin cipais os dados ainda são insuficientes para explicar o problema A causa disso reside na complexidade objetiva do con trole dos parâmetros de cargas aplicadas pelos atletas de destaque e nas considerá veis diferenças individuais da preparação précompetitiva É desse modo que podem ser explicadas também as recomendações insuficientes e em muitos casos contra ditórias quanto à estrutura e ao conteúdo da preparação précompetitiva Mesmo assim nos últimos anos formaramse de terminados modelos de preparação pré competitiva com base predominantemen te nos estudos das modalidades cíclicas de desporto Dependendo da duração do intervalo entre as principais competições seletivas e as principais do ano podemse destacar duas variantes do mesociclo pré competitivo A primeira variante de estruturação da preparação précompetitiva pressupõe um intervalo prolongado 5 a 8 semanas entre as competições seletivas e as princi pais A vantagem dessa variante está na possibilidade de uma aproximação mais eficiente do atleta equipe das compe tições principais mas também conside rando a duração suficiente de prepara ção précompetitiva assegura a elevação complementar do nível dos resultados em comparação com as competições seletivas Vejamos como exemplo a variante da es trutura e da dinâmica geral de cargas no mesociclo composto de seis microciclos Figura 619 O primeiro microciclo compreende alguns dias geralmente 5 ou 6 depois das competições e é dedicado ao des canso ativo e à recuperação psicológi ca e física após as competições Depois planejamse dois microciclos de choque de treinamento cuja duração total é ge ralmente de 14 a 20 dias O objetivo des ses microciclos é a criação da influência total de treinamento capaz de mobilizar as reservas funcionais do organismo do atleta Isso somente é possível com a apli cação das cargas máximas ou próximas a elas O volume do trabalho de treinamen to atinge os parâmetros máximos para o dado microciclo com aumento paulatino do volume de cargas de alta intensidade qualidade de treino Nos microciclos de choque deve ser dada atenção à preparação de força Po dem ser planejados os microciclos de car gas concentradas de força A utilização de diversos fatores complementares que re forçam o efeito das influências de treinos contribui para a mobilização das reservas de preparação do atleta como treinamen to em altitude etc O volume máximo de cargas de alta intensidade concentrase no 4o microci clo nesse sentido o volume total de car gas reduzse ao nível correspondente a 50 e 60 do máximo Com o objetivo de ele var a especialização dos efeitos dos treina mentos e controlar o nível de preparação nesse microciclo o atleta deve participar de uma série de competições intermediá rias Em tais competições não se objetiva mostrar resultados elevados Por conse guinte esse microciclo pode ser encarado como de controle de preparação O 5o e o 6o microciclos abrangem o período chamado frequentemente de redução Cousillman 1982 Nesses mi crociclos reduzse o nível de cargas para recuperar completamente o organismo do atleta e obter a preparação ótima para o dia do início das competições principais Anteriormente descrevemos as particula ridades dos microciclos recuperativos de manutenção e précompetitivo A duração do período de redução é variável e depen de de muitos fatores sendo geralmente de 10 a 14 dias Nesse aspecto são tão importantes o nível das próximas compe tições e as condições de aclimatação quan 198 Antonio Carlos Gomes to o grau de intensidade e a duração de toda a preparação precedente do atleta mas o fator principal são as particularida des individuais de resposta do organismo do atleta Juntamente com a variante analisa da da preparação précompetitiva encon trase frequentemente na prática outra variante Sua principal peculiaridade é que as competições seletivas realizamse na véspera das competições principais habitualmente de 10 a 14 dias antes das competições principais Assim o atleta participa das competições seletivas e das principais como se estivesse no auge da forma desportiva O mesociclo précom petitivo é planejado para 4 a 6 semanas antes das principais competições seleti vas sendo que a preparação no intervalo entre as competições seletivas e as prin cipais visa manter o nível de preparação atingido e a adaptação às condições das competições principais A enorme tensão nervosa e física que cada um dos atletas passa durante o curto espaço de tempo em que se concentram as competições constitui um problema negativo dessa variante de preparação précompetitiva E isso nem sempre per mite que os atletas mostrem nas compe tições principais o alto resultado plane jado Tal variante é inaceitável quando é necessário completar a equipe em confor midade com os resultados das competi ções seletivas e assegurar a devida intera ção técnica e tática dos atletas A experiência de muitos anos de preparação de atletas de alto rendimento mostra que seria conveniente definir 90 a 95 dos participantes das competições FiGurA 619 Estrutura do mesociclo précompetitivo no desporto individual 199 Treinamento desportivo principais até 4 a 6 semanas antes do iní cio das competições principais e apenas 5 a 10 dos atletas podem ser incluídos na composição da equipe mais tarde se gundo a decisão do técnico e levando em conta a situação formada no seu processo de preparação ESTruTurA E OrGANizAÇÃO DO TrEiNAMENTO NO CiCLO ANuAL E MACrOCiCLO A estrutura de preparação do atle ta equipe durante o ano é uma tarefa difícil de ser resolvida pelo treinador Se lecionar o conteúdo do treinamento bem como controlar a influência dos diversos tipos de cargas no organismo do atleta é um desafio que a ciência desportiva ainda não conseguiu vencer na sua totalidade Por isso ao estruturar o ciclo anual de preparação na primeira etapa da prepa ração a longo prazo muitos anos deve mos fundamentalmente dirigir o processo de preparação para o desenvolvimento físico para as condições de saúde para a técnica e para o sistema funcional crian do assim premissas para o aperfeiçoa mento efetivo na sequência dos trabalhos a serem realizados principalmente na etapa de desenvolvimento e na realização das capacidades máximas do indivíduo Na primeira e na segunda etapa da preparação a longo prazo devemos fun damentar todo o sistema de treinamento no aperfeiçoamento técnicotático físico e psicológico do desportista Na sequência das etapas principalmente quando a tare fa é o desenvolvimento das capacidades máximas do desportista ou seja o alcan ce dos resultados de alto rendimento a estrutura de preparação anual apresenta um caráter bem mais complexo além de vários fatores Em geral a forma despor tiva diz respeito à correlação ótima de to dos os aspectos componentes da prepa ração do desportista numa determinada modalidade A forma desportiva é adquirida num processo de preparação desportiva relati vamente prolongado Na sua base estão as leis de adaptação do organismo hu mano Numerosas pesquisas comprovam que o processo de desenvolvimento da forma desportiva tem o caráter de fase Tal processo decorre numa sequência de três fases a aquisição a manutenção es tabilização relativa e a perda temporária Matveev 1977 A unidade das três fases de desen volvimento da forma desportiva na estru tura de preparação do atleta está ligada à compreensão de macrociclo de prepa ração Na estruturação do ciclo anual de preparação as três fases citadas podem se repetir mais de uma vez na temporada dependendo dos objetivos traçados no iní cio do ano O ciclo anual pode apresentar mais de um pico de performance a cons trução do processo de treino para atingir tal pico é chamado de macrociclo Estu diosos estão de acordo que o planejamen to anual pode ter um macrociclo quer dizer apenas se visa a uma competição importante ou a dois macrociclos quan do o objetivo for a participação em duas competições ou mesmo três macrociclos quando se objetiva por exemplo competi ções regionais estaduais e nacionais Nos últimos anos encontramos outras varian tes de planejamento da carga de treina mento de 4 5 e até 6 ciclos competitivos no ano Cada macrociclo é composto por três períodos o preparatório o competi tivo e o de transição No caso em que se repete mais de um macrociclo durante o ano obrigatoriamente se desta cam os pe ríodos preparatório e competi tivo sendo que o período de transição pode desapa recer em alguns macrociclos na tempora da Isso ocorre principalmente quando de um ciclo para outro temse pouco tempo e o treinador não deve deixar diminuir 200 Antonio Carlos Gomes substancialmente a performance adquirida no ciclo anterior Cada período apresenta suas tarefas a serem cumpridas 1 O período preparatório deve assegurar o desenvolvimento das capacidades funcionais do desportista e pressupõe a solução das tarefas de aperfeiçoa mento de vários aspectos específicos do estado de preparação podendose destacar nesse período as etapas de preparação geral e as de preparação especial 2 O período competitivo deve criar condi ções para o aperfeiçoamento de diver sos fatores da preparação desportiva A preparação deve ser integral e ocorre numa sequência lógica de conteúdos distribuídos na etapa précompetitiva e competitiva propriamente dita 3 O período transitório contribui para a recuperação completa do potencial de adaptação do organismo do desportis ta e serve de ligação entre os macroci clos de preparação O problema relacionado com a es truturação do ciclo anual ocupa um dos lugares centrais na teoria de preparação do atleta Ainda nos anos 60 formouse o sistema de opiniões quanto à periodiza ção do treinamento desportivo exposta de maneira mais completa nos trabalhos de L P Matveev A eficácia da estrutura ção do treinamento com base na perio dização proposta com tarefas próprias de cada período seus meios e métodos de preparação teve sua confirmação em diversas modalidades desportivas Porém as tendências do desenvolvimento des portivo moderno o aumento de duração do calendário das competições para até 9 a 10 meses por ano um número consi derável de competições de responsabili dade ao longo de quase todo o ano e o aparecimento de grande número de com petições de caráter comercial e de alguns outros fatores contribuíram para o cresci mento das visões metodológicas dos prin cípios de estruturação da preparação dos desportistas altamente qualificados no ciclo anual O principal objetivo das no vas buscas metodológicas visa assegurar a prontidão do atleta para a obtenção de resultados altos no maior número possível de competições durante o ciclo anual Na maioria das modalidades despor tivas formaramse modelos determinados de estruturação do ciclo anual A estrutu ra esquemática de variantes do ciclo anual de preparação mais difundida na prepa ração dos atletas de alto rendimento é apresentada na Figura 620 A escolha da variante é determinada por numerosos fa tores dentre os quais devemse destacar n o objetivo de preparação no macrociclo determinado condicionado pelo calen dário de competições prazos de reali zação das competições principais sua quantidade e distribuição no período n a quantidade de componentes do esta do de preparação qualidades hábitos que exige aperfeiçoamento especial em diversos períodos do macrociclo n os ritmos de aperfeiçoamento dos as pectos dominantes de preparação n o lugar do macrociclo referido no siste ma de preparação de muitos anos n as particularidades individuais do de senvolvimento da forma desportiva n as condições climáticas e técnicas e os materiais de preparação A estruturação da preparação com base no macrociclo anual variante A mantém seu significado nas chamadas modalidades de estação esqui esqui de montanha patins remo e outras Os fato res substanciais que influem na estrutura de preparação dessas modalidades são as condições climáticas de estação No en tanto o progresso das condições técnicas e materiais de preparação aparecimento 201 Treinamento desportivo FiGurA 620 Modelos de ciclo anual de preparação adaptado de Platonov 1986 de grande quantidade de ginásios cober tos campos pistas de gelo artificial pis tas com cobertura artificial etc poderá em um futuro muito próximo diminuir a influência dos fatores naturais exteriores sobre a estrutura da preparação As mo dalidades de estação distinguemse pelo período preparatório prolongado 6 a 7 meses e pelo período competitivo rela tivamente curto 4 a 5 meses A prepa ração em algumas modalidades de jogos também se constrói com base no macro ciclo anual quando o campeonato ocorre durante uma estação temporada compe titiva futebol hóquei sobre o gelo mas o período competitivo dessas modalida des é consideravelmente mais prolongado até 8 a 9 meses Gomes 2008 Muitos especialistas continuam a se guir a variante do macrociclo anual nos casos em que se exige um período prolon gado para o aperfeiçoamento de alguns aspectos da preparação do desportista e a constituição da forma desportiva Tal variante é aplicada na prática da prepa ração para as competições de maior im portância como por exemplo os jogos olímpicos ou na assimilação domínio de um novo programa complexo na gi nástica ou na patinação artística assim como após prolongados intervalos força dos da preparação p ex devido a um traumatismo A estruturação do preparo com base nos macrociclos anuais permite assegu rar uma preparação profunda orientada para as principais competições do ano Sabese que para a obtenção de mudan ças na adaptação de longo prazo é neces sária a duração ótima de influências de Legenda A um ciclo PP período preparatório B dois ciclos PC período competitivo C três ciclos PT período de transição D dois ciclos incompletos E três ciclos incompletos 202 Antonio Carlos Gomes treinamento O mecanismo de formação do efeito acumulativo só se verifica nos casos em que a soma das influências de treinamento de determinada orientação adquire caráter relativamente estável firme Para tal efeito são necessárias normalmente nunca menos de 4 a 6 se manas Verkhoshanski 1985 Meerson 1986 Mischenko 1985 A acumulação consequente dos efeitos do treinamento de cargas de diferente orientação exige uma duração maior e depende do número de aspectos da preparação e de sua inte ração O período necessário para a criação de premissas funcionais estáveis a fim de alcançar um nível mais alto de resultados desportivos do que no macrociclo prece dente corresponde aproximadamente de 16 a 22 semanas Verkhoshanski 1985 Zakharov 1990 Suslov 1987 Tendo em vista as variações individuais do desenvol vimento da forma desportiva esse tempo pelo visto pode ser tomado como base para a determinação da duração do perío do preparatório O período preparatório mais curto permite aperfeiçoar apenas certos aspectos da preparação do despor tista ou recuperar o nível anteriormente conseguido de preparação Quanto mais baixo for o nível de preparação no início do macrociclo mais prolongado será o pe ríodo preparatório As variantes de estruturação do ci clo anual com base em alguns macrociclos são bastante diversificadas e apresentam variações essenciais de parâmetros mes mo nos quadros da mesma modalidade desportiva O destaque de alguns ma crociclos no ano está relacionado com o número de competições de importância em que se pretende obter resultados ele vados A duração dos períodos em cada macrociclo é condicionada pelo objetivo da preparação assim como pelas leis de aquisição e de manutenção da forma des portiva Geralmente mesmo a estrutura ção de dois ciclos variantes B e D e de três ciclos variantes C e E de preparação Figura 620 pressupõe a submissão das tarefas e do conteúdo do primeiro e do segundo macrociclos no caso da varian te de três ciclos aos objetivos da prepa ração para as competições principais A participação nas competições principais está habitualmente ligada ao último ma crociclo que conclui o ciclo anual O pri meiro macrociclo tem geralmente caráter básico Um lugar significativo nesse ma crociclo é dado aos meios de preparação geral A participação nas competições não é antecedida de uma preparação précom petitiva especial No segundo macrociclo o processo de treinamento adquire cará ter mais especializado e nele se prevê a preparação orientada para as competições de destaque seletivas No terceiro ma crociclo a preparação visa à obtenção do resultado máximo nas principais competi ções do ano As tendências modernas no sentido da profissionalização do desporto apoia das na existência de condições para a preparação eficiente durante todo o ano permitiram que alguns treinadores e espe cialistas fundamentassem e verificassem na prática a concepção metodológica que tem alguns traços distintos em compara ção com a abordagem já examinada da estruturação do ciclo anual São os prin cipais indícios dessa concepção o volume do trabalho de treinamento mesmo se gundo critérios modernos até 1800 ho ras por ano a distribuição relativamente igual de cargas no ciclo anual a inexistên cia de mudanças significativas na orien tação de cargas com o teor percentual elevado de influências especializadas e a vasta prática competitiva durante 10 a 11 meses por ano caracterizandose a parti cipação nas competições pela orientação permanente no sentido da obtenção dos mais altos resultados Há adeptos desse ponto de vista no ciclismo na natação no halterofilismo e em alguns jogos despor 203 Treinamento desportivo tivos Vorobiev 1987 Ivoilov Tchuksin Schubin 1986 Makhailov Minitchenko 1982 Não se deve encarar como uma contraposição a existência de duas abor dagens metodológicas de princípio do problema da estruturação do ciclo anual de preparação dos atletas de alto rendi mento Ambas as variantes permitem que os desportistas obtenham altos resultados desportivos e cada uma delas apresenta vantagens e deficiências Por conseguinte devese avaliar a eficiência de cada uma dessas variantes levandose em conta os objetivos colocados ao desportista ou à equipe no ciclo anual determinado ESTruTurA DO CiCLO ANuAL DE PrEPArAÇÃO EM VáriOS DESPOrTOS É muito difícil dizer qual sistema de preparação deve ser utilizado durante o ciclo anual um ciclo dois ciclos etc O planejamento do ciclo anual depende do calendário de competições de determina do tipo de esporte além das leis objetivas que levam o organismo a uma adaptação satisfatória Dessa forma o tipo de ciclo a ser utilizado deve ser aquele que favoreça o bom desenvolvimento na preparação levando o desportista a alcançar a melhor forma desportiva nas principais competi ções do ano Por exemplo no futebol é muito comum utilizar apenas um ciclo anual O período de preparação dura no máximo 8 semanas e o competitivo é longo pois em algumas situações dura mais de 9 meses já o período de transição normalmente é planejado para o período de 4 semanas No período de preparação os traba lhos são dirigidos com base na prepara ção física técnicotática e psicológica No período competitivo o sistema de treina mento tornase mais complexo pois deve atender as várias partes do treinamento sempre procurando habilitar as ações competitivas além de estimular o despor tista a desenvolver ao máximo suas capa cidades específicas sem deixar diminuir o nível da preparação física geral Durante 4 a 6 semanas no mesociclo competitivo os jogos oficiais podem atin gir 8 a 10 dias o que torna difícil manter em alto nível as preparações física técnica e tática Todo o trabalho nesse momento de jogos deve ocorrer com uma carga não muito alta e a prioridade deve ser dada ao treinamento técnicotático que man tém as capacidades fisiológicas especiais e propicia um bom estado psicológico tanto de mobilização para a competição como de recuperação entre os jogos Na sequência dos trabalhos o volu me de treinamento deve ser organizado com base no resultado obtido nesse pri meiro momento do período competitivo PLANEJAMENTO DO TrEiNAMENTO EM DiFErENTES PErÍODOS DO MACrOCiCLO O rendimento desportivo do atle ta em grande parte é determinado pelo caráter da distribuição dinâmica no ciclo anual das cargas de treinamento e de competição O efeito acumulativo de cargas de certa orientação de treinamento propicia uma adaptação funcional favorá vel para as cargas que apresentam outra orientação Como resultado tal combina ção assegura a obtenção dos objetivos da preparação no determinado macrociclo em particular a coincidência do pico da forma desportiva com o período das prin cipais competições Para a estruturação do ciclo anual é importante considerar a so lução de diferentes tarefas da preparação do atleta equipe Com base nas informa ções colhidas na literatura especializada e na experiência de preparação dos atletas de alto rendimento em diversas modali dades podemse destacar alguns aspectos 204 Antonio Carlos Gomes comuns da estruturação de diferentes pe ríodos do macrociclo de preparação Período preparatório Em muitos tipos de desportos o pe ríodo preparatório destacase pelo tempo de duração de seu conteúdo Nesse perío do deve ser construída a base funcional que assegurará um volume alto de traba lho especial do atleta na temporada de competições A preparação do aparelho locomotor e do sistema vegetativo do organismo deve ser estimulada com ati vidades que têm como objetivo o aperfei çoamento técnicotático bem como das capacidades físicas e psicológicas O sistema moderno de preparação do desportista independente da idade e do nível desde o primeiro dia do período pre paratório constróise com exercícios que devem resolver a preparação física psicoló gica técnica e tática de forma especial A seleção dos exercícios deve res peitar a forma de execução da atividade competitiva bem como imitar o regime de funcionamento da fibra muscular e o sistema energético predominante Isso é possível quando selecionamos exercícios oriundos da própria modalidade despor tiva já no período preparatório O período preparatório é normal mente subdividido em duas etapas a ge ral e a especial Na etapa geral do período preparató rio o mesociclo inicial e o mesociclo bá sico de preparação prevêse a orientação no sentido de elevação do organismo para a execução eficaz do trabalho com ênfa se no sistema aeróbio Na estruturação da preparação segundo o princípio de um macrociclo anual o volume da carga ae róbia aumenta gradualmente durante 10 a 12 semanas e atinge o seu máximo em 4 a 5 meses antes das principais competi ções No caso de um período preparatório mais curto tal elevação ocorre durante 6 a 8 semanas O trabalho de aperfeiçoamento da resistência aeróbia deve combinarse obri gatoriamente com exercícios de orienta ção de força no regime de manutenção 5 a 8 por mês do valor anual Os exer cícios de preparação geral são utilizados predominantemente como meios de pre paração de força Convém assinalar que já no início do período preparatório muitos técnicos consideram necessário destinar 2 a 3 do tempo para os exercícios do tipo sprint Considerase que após o período transi tório que antecede o período preparató rio no início do macrociclo o desportista encontrase em condição favorável para o aperfeiçoamento de suas capacidades de velocidade Nos mesociclos essa possibi lidade é dificultada pois a realização de grandes volumes de trabalho de orienta ção para o aperfeiçoamento de diversos tipos de resistência cria um nível desfavo rável à revelação máxima das capacidades de velocidade As altas capacidades aeróbias asse guram vantagens somente nas distâncias de fundo Para obter sucesso nas distân cias de meiofundo e curtas nas acelera ções e no trecho final o desportista tem de dispor de altas capacidades anaeróbias É por isso que na segunda etapa do período preparatório os mesociclos preparatório especial básico e preparatório de contro le aumenta significativamente o volume de exercícios preparatórios especiais de caráter misto aeróbioanaeróbio À me dida que se aproximam as competições incluemse no regime competitivo espe cífico em volume cada vez maior exer cícios intensivos Os volumes mais altos de cargas no sistema energético aeróbio anaeróbio misto devem ser enfatizados no final do período preparatório Para atingir a potência máxima de funcionamento do sistema anaeróbiogli 205 Treinamento desportivo colítico bastam geralmente 6 a 10 treinos de choque de correspondente orientação realizados durante 2 a 3 semanas Os grandes volumes de cargas de orientação anaeróbioglicolítica são atingidos nunca antes de 4 a 5 semanas que antecedem as principais competições A aplicação de masiadamente prematura e excessiva de cargas anaeróbioglicolíticas reduz o nível das capacidades funcionais do organismo prejudicando o sistema de preparação A correlação geral de cargas executa das em diversas zonas de intensidade no ciclo anual de preparação está em média na proporção de 70 a 75 da orientação aeróbia 12 a 20 da orientação aeróbia anaeróbia e 4 a 10 da orientação anae róbia Tais correlações sofrem alterações dependendo do tipo de desporto Assim por exemplo na preparação dos atletas especializados em maratona a participa ção da carga aeróbia representa 85 a 87 do volume total anual As cargas de orientação de força dessa etapa devem ser aplicadas na va riante uniformizada ou concentrada Na preparação dos atletas de alto rendimen to têm sido utilizados nos últimos anos com bastante frequência os mesociclos com volume elevado concentrado de cargas de força na ordem de 23 a 25 do volume geral anual Tal trabalho orien tado assegura o nível de preparação de força do atleta para o momento das prin cipais competições A etapa com elevado teor de cargas de força dura geralmente de 3 a 8 semanas segundo alguns dados até 12 semanas Verkhoshanski 1985 dependendo da duração do período pre paratório e dos períodos de realização das principais competições No período de aplicação de cargas concentradas de força e de realização de seu efeito deve ser reduzido o volume do trabalho de outra orientação O efeito mais favorável é proporcionado nesse período pelo vo lume moderado de exercícios especiais com intensidade em elevação gradual Como os exercícios de força utilizam predominantemente meios preparatórios especiais p ex corrida saltada corrida subindo montanha trabalho nos apare lhos especiais de força para nadadores os ciclistas praticam subindo a montanha ou andando de bicicleta com catraca pe sada etc o trabalho de força no perío do de sua aplicação concentrada deve ter caráter predominantemente aeróbio A correlação geral dos meios de prepara ção de força dos atletas das modalidades cíclicas está em média na proporção de 70 resistência de força de 20 quali dades de velocidade e de força inclusive força de explosão e de 10 força máxi ma Meerson 1986 Na etapa especial dáse prioridade ao trabalho direto dos elementos técnicos ao aperfeiçoamento de elementos ante riormente dominados e que devem fazer parte da composição do novo programa competitivo A preparação física nessa etapa deve contribuir para a solução das tarefas de aperfeiçoamento técnico Os exercícios de preparação física adquirem orientação cada vez mais especializada e já se apresentam como exercícios prepa ratórios especiais Iniciase o controle do nível de di versos aspectos de preparação do atleta com sua respectiva correção A prepara ção técnica visa à consolidação dos hábi tos adquiridos e à elevação do nível com petitivo Período competitivo Diversos aspectos da preparação do atleta no período competitivo merecem atenção especial A preparação realizase em rigorosa conformidade com o calendá rio das competições em que os períodos de realização das principais competições têm significado especial No caso se o objetivo 206 Antonio Carlos Gomes da preparação consistir na apresentação e na participação bemsucedida nas princi pais competições realizadas em períodos curtos o período competitivo poderá ser dividido em três etapas Portman 1986 Etapa I Précompetitiva constituição da forma desportiva A participação nas competições du rante essa etapa está ligada principal mente ao aperfeiçoamento de diversos aspectos específicos da preparação do atleta ou da equipe A participação nas competições alternase com ciclos de trei namento Não se deve procurar conseguir a elevação das possibilidades funcionais dos principais sistemas do organismo re correndo a um volume elevado de influên cias de treinos A principal tarefa consiste na obtenção da concordância da unidade harmônica de diversos aspectos da prepa ração e da estabilidade dos parâmetros do exercício constitutivo nas condições apro ximadas ao máximo das de competição Etapa II Competitiva a forma desportiva das principais competições O objetivo é assegurar a obtenção do resultado desportivo nas principais com petições do macrociclo O início da etapa pode ser considerado a participação nas competições seletivas Para os atletas de alto rendimento esse é geralmente o campeonato nacional Mais adiante a etapa é concluída com a participação nas principais competições dependendo da duração da etapa das condições metodo lógicas de manutenção do estado da for ma desportiva superior A manutenção do nível da forma des portiva uma vez que o período competi tivo pode continuar também após as prin cipais competições é um assunto a tual relacionado com a preparação do atleta de alto rendimento A participação com êxito em outras competições e torneios na temporada pode ser mantida com a alternância de microciclos competitivos estabilizadores e recuperativos manuten ção na estrutura de preparação Nos jogos desportivos o período competitivo abrange o período entre o primeiro e o último jogo das principais competições do calendário A diversidade de variantes eventuais de estruturação do período competitivo nos jogos desporti vos dificulta a elaboração de recomen dações gerais referentes à dinâmica de cargas Em diferentes modalidades des portivas jogos efetuando uma análise muito geral podemse distinguir duas variantes de estrutura do período compe titivo A primeira é construída completa mente com base no sistema de definição do vencedor após os jogos de cada um dos participantes e por isso tal variante é homogênea em sua estrutura Todos os ciclos semanais são semelhantes e ca racterizamse pela alternância regular de jogo de calendário e de intervalos entre eles Nesse caso no período competitivo as cargas não têm caráter ondulatório cla ramente expresso As influências de trei namentos são bastante homogêneas em sua composição e são orientadas princi palmente para a manutenção do nível dos principais componentes da preparação dos jogadores Na segunda variante a estrutura do período competitivo é construída segun do o princípio de voltas com intervalos de algumas semanas entre elas Dependendo da duração da fase intercompetitiva a preparação adquire os traços de etapas separadas do período preparatório Ante cipando a redução do nível das capacida des físicas durante o período competitivo prolongado prevêse em geral uma sé rie de microciclos de choque que visam à manutenção do nível de desenvolvimento 207 Treinamento desportivo das capacidades físicas e até a certo cres cimento das mesmas Uma atenção espe cial é dada às capacidades de velocidade e de força dos jogadores Dependendo do caráter dos próximos jogos podem ser in cluídas na composição da preparação as mais diversas tarefas de treinamento Período transitório A duração do período transitório depende da estrutura do ciclo anual e do grau de tensão dos períodos transcorridos do macrociclo O período transitório que conclui o ciclo anual poderá ser o mais prolongado e sua duração pode ser de 3 a 8 semanas Existem pontos de vista diferentes quanto à estrutura e ao conteúdo da pre paração dos desportistas de alto rendi mento no período transitório Os especia listas que consideram primordial a tarefa de recuperação psíquica dos desportistas dão preferência ao descanso passivo Nes se caso após o final da temporada compe titiva o atleta deixa de treinar e descansa durante um mês ou um mês e meio O descanso prolongado permite recuperar por completo o estado psíquico do despor tista mas ao mesmo tempo leva à redu ção bastante significativa da sua condição física o que exige no início do macroci clo seguinte um longo trabalho para que ele possa voltar ao nível inicial Por ou tro lado há aqueles que não consideram apropriado cessar por completo os treinos no período transitório pois isso perturba o ritmo habitual da vida dos atletas e se reflete negativamente no nível de seu es tado físico Nesse período são preferíveis as formas ativas de recuperação Prevêse o sistema de influências mais diversas que permitam assegurar o descanso valoroso e a manutenção da condição física geral do atleta levandose em conta o seu es tado individual O mesociclo recuperativo constitui a base da estrutura do período Recomendase aplicar ao desportista no período transitório meios nãoespecíficos que criem um fundo emocional positivo diversos jogos passeios natação exercí cios de dança etc Mas não se deve excluir por completo da preparação os exercícios de manutenção do nível das capacidades de força de flexibilidade e de resistência aeróbia O efeito profilático positivo é proporcionado pela combinação do des canso ativo com tratamentos fisioterapêu ticos que contribuam para a eliminação das consequências de traumatismos e su pertensões sofridas pelo atleta O volume total de cargas de treinamento no perío do transitório reduzse significativamen te excluindose as sessões de treino com grandes cargas A Figura 621 demonstra como exemplo a estrutura do ciclo anual com dois macrociclos 208 Antonio Carlos Gomes Legenda A Etapa de preparação geral período preparatório B Etapa de preparação especial período preparatório C Período de competição D Período de transição FiGurA 621 Estrutura da carga anual de treinamento representada na periodização dupla dois macrociclos No século XX e início do século XXI mais precisamente nos últimos 60 anos a periodização do treinamento desportivo passou por conceitos que se modificaram frequentemente com a evolução e as trans formações ocorridas nos mais diversos desportos Um modelo implica um esque ma teórico do sistema ou da realidade que se elabora com o objetivo de facilitar sua compreensão seu estudo e sua organiza ção Ao realizarse a análise dos diferen tes modelos apresentados pela literatura ao longo dos anos verificase que alguns já não são suficientes para explicar os re quisitos do calendário desportivo atual Os modelos tradicionais fundamentados na teoria geral do desporto deixaram de ser únicos e verdadeiros na estruturação do conteúdo a ser proposto no desporto moderno Metodologicamente podemos distinguir três fases ou etapas que carac terizam a história dos modelos de plane jamento desportivo Manso Valdivielso Caballero 1996 a desde sua origem até 1950 quando se inicia a sistematização do treinamen to b de 1950 até 1970 quando se inicia o questionamento dos modelos clássicos do planejamento e aparecem novas propostas c de 1970 até a atualidade quando se vive uma grande evolução dos conhe cimentos MODELOS DE TrEiNAMENTO A origem do trabalho orientado no sentido de aumentar as capacidades de rendimento na atividade física é tão an tiga como o próprio desporto Na antiga Grécia acreditavase na possibilidade de converter um indivíduo comum em um perfeito desportista utilizandose apenas treinamento sistematizado Os candidatos às mais diversas competições desportivas eram submetidos por um longo período de tempo que às vezes durava até 10 me ses a um processo de treinamento diário intenso que terminava com a realização de trabalhos específicos durante um mês Os gregos já dividiam o processo de treinamento em planos de quatro dias muito similar ao que hoje em dia chama mos de microciclo mesociclo e macrociclo Durantez 1975 A carga de treinamen to no primeiro dia era leve no segundo intensificada no terceiro utilizavam carga média com exercício de curta duração e no quarto dia bem suave Essa estrutura era utilizada de forma rígida pela maior parte dos treinadores da época antiga 7 MODElOS DE PERIODIzAçãO NOS DESPORTOS 210 Antonio Carlos Gomes O grande renascimento da atividade física foi estimulado pelos humanistas ita lianos ainda nos séculos XV e XVI embo ra toda a referência do desporto moderno e de seu desenvolvimento técnico e condi cional se deva aos ingleses que no sécu lo XVI publicaram alguns trabalhos que se referiam à organização da atividade física A evolução dos pressupostos teóri cos relacionados com o planejamento do treinamento desportivo está indicada na Tabela 71 que apresenta a referência da evolução dos modelos e o sistema do trei namento desportivo Modelos tradicionais O modelo tradicional conhecido em algumas regiões do mundo como moder no foi divulgado ainda nos anos 50 pelo cientista emérito russo Professor Doutor Leev Pavlovtchi Matveev que com seus postulados popularizou a teoria da pe riodização no mundo todo Matveev con siderado o pai da periodização moderna do treinamento desportivo fundamentou suas explicações na teoria da Síndrome Geral da Adaptação SELYE lei que se tornou uma norma na busca da forma desportiva por meio do treinamento Ele atualizou e aprofundou os conhe cimentos apresentados pelos teóricos até os anos 50 e defendeu as suas próprias ideias sobre o planejamento do treinamento des portivo com os seguintes pressupostos a afirma que as condições climáticas são fatores determinantes na periodização do treinamento desportivo b entende que o calendário de competi ções influi na organização do processo de treinamento c argumenta que as leis biológicas de vem servir como base para a periodi zação no treinamento d propõe que a unidade de formação es pecial e geral do desportista deve ser respeitada e demonstra que o caráter contínuo do processo de treinamento deve combi nar sistematicamente carga e recupe ração f defende o aumento progressivo e má ximo dos esforços de treinamento e g reafirma a colocação de Ozolin 1949 sobre a variação ondulante das cargas de treinamento etc Manso Valdiviel so Caballero 1996 No final dos anos 50 e início dos 60 surgem alguns especialistas Portman 1986 que criticam o sistema proposto por Matveev e seus colaboradores fundamen tando a sua crítica nos seguintes aspectos 1 excessivo trabalho de preparação ge ral 2 desenvolvimento simultâneo de dife rentes capacidades em um mesmo pe ríodo de tempo 3 cargas repetitivas durante períodos de tempo prolongado e 4 pouca importância destinada aos tra balhos específicos O Professor Matveev não aceitou totalmente as críticas mas admitiu a ne cessidade de revisar a teoria proposta até aquele momento e deu sequência aos seus estudos defendendo a ideia de normati zar o treinamento desportivo utilizando se de algumas leis 1 O princípio da unidade entre preparação geral e especial do atleta Esse princí pio prevê três posições básicas n a indissolubilidade entre prepara ção geral e especial n a interdependência dos conteúdos o conteúdo da preparação especial 211 Treinamento desportivo TABELA 71 Evolução dos pressupostos teóricos do planejamento do treinamento e suas referências Ano Autor referência teórica 1902 KRAEvKI As contribuições desses autores permitemnos identificálos como 1902 TAUSMEv estudiosos que deram início à transição do planejamento desportivo 1905 OlSHANIK 1906 SKOTAR 1908 SHTlIEST 1913 MURPHY 1916 KOTOv Deu origem à concepção de treinamento interrompido e dividido em três ciclos treinamento geral preparatório e especial Destacou a manutenção do universalismo desportivo formação multidesportiva 1922 GORINEvSKI Escreveu o primeiro livro com o título Bases fundamentais do treinamento 1930 PIHKAlA Escreveu o manual de Fundamentos gerais do treinamento considerado uma obra clássica de estudo na área do treinamento desportivo que juntamente com a obra de Gorinevski serviu como fonte de conhecimento para os principais teóricos tradicionais Propôs na época que a carga de treinamento semanal mensal e anual deveria manter um caráter ondulatório alternando trabalho e recuperação Além disso salientou que a carga de treinamento deve diminuir de volume e aumentar a intensidade e que o treinamento específico deve ocorrer após um amplo trabalho de condição física geral 1939 GRANTYN Propôs os conteúdos e os princípios gerais do planejamento do treinamento desportivo Alertou sobre a manutenção da união entre especialização desportiva e formação geral e polidesportiva Confirmou a divisão da temporada em três ciclos o principal a preparação e a transição 1949 OzOlIN Defendeu a ideia do treinamento a longo prazo 15 a 20 anos Afirmou que os períodos e as etapas da temporada devem ter a mesma duração mas a distribuição do conteúdo difere para todos os desportos Defendeu a adaptação nas diferentes situações climáticas Propôs que o período preparatório deve ter duas etapas a preparação geral e a especial cada uma delas com duração de 6 a 7 semanas Dividiu o período competitivo em seis etapas 1 competitivo inicial 2 competitivo propriamente dito 3 descarga 4 preparação imediata 5 conclusiva e 6 competição principal Defendeu que o descanso total deve ocorrer somente em casos especiais e por pouco tempo 5 a 7 dias Os calendários competitivos devem ditar as etapas de treinamento 1950 lETONOv Criticou os modelos utilizados na época Iniciou os conceitos sobre a adaptação biológica e os modelos de planificação desportiva Alertou sobre a individualidade dos processos de adaptação Dividiu a temporada em três ciclos o treinamento geral e o específico a forma competitiva e a diminuição do nível de treinamento 212 Antonio Carlos Gomes do atleta depende dos pressupostos criados pela preparação geral e n a necessidade de dividir o treino em preparação geral e especial 2 A dinâmica da carga de treinamento Nesse caso o autor afirma que desde o início da temporada de treinamento devemos sugerir treinos específicos em volumes aceitáveis dependendo do desenvolvimento geral do atleta 3 Os parâmetros da forma desportiva e a estrutura dos macrociclos de treinamen to Eles sofrem modificações profun das Com as mudanças ocorridas nos calendários de competição os despor tistas são obrigados a participar de um grande número de competições o que modifica todo o sistema de planeja mento do treinamento na temporada Ainda nesse período tradicional surgem várias outras propostas de organi zação da carga de treinamento O sistema conhecido como pêndulo Manso Valdi vielso Caballero 1996 surge em 1976 inovando os desportos de combate judô boxe etc O treinamento nesse sistema é distribuído em dois microciclos conhecidos como principal e regulador na tempora da anual diferenciandose do tradicional quando no início desenvolve a tarefa de treinamento técnicotático Isso ocorre com o autocontrole do próprio desportista O número dos microciclos que se al ternam na temporada dependerá da dura ção do processo de treinamento portanto o número de pares consecutivos de que se necessita para atingir o efeito de impulso de pêndulo não deve ser inferior a três e nem superior a cinco ou seis As diferenças entre os microciclos principais e reguladores são facilmente notáveis n Os microciclos principais têm como objetivo aperfeiçoar a capacidade de trabalho especial do desportista n Os reguladores têm como função re cuperar a capacidade especial de tra balho e aumentar a preparação física geral do desportista Apesar das críticas sofridas e dos no vos modelos de treinamento propostos o Professor Matveev continuou defendendo o sistema tradicional como o melhor ca minho para se organizar a carga de treina mento na temporada A Figura 71 mostra a dinâmica da carga de treinamento no ciclo anual proposta por Matveev ainda na década de 1950 As principais críticas sofridas por Matveev provinham de estudiosos que afirmavam ser impossível seguir um es quema único de organização das cargas de treinamento para todos os desportos pois cada grupo apresenta características diferentes Outro aspecto de discussão so bre o sistema tradicional de treinamento desportivo nasce do conceito multifacéti co O treinamento multifacético no des porto de alto nível é um conceito relativo pois a preparação multilateral está rela cionada com a preparação geral Nesse caso opõese aos postulados de Matveev principalmente em suas primeiras publi cações onde defende a preparação físi ca geral como um requisito fundamen tal para o alto nível de aperfeiçoamento desportivo Para os estudiosos da época Vorobiev 1974 a base de qualquer des porto constituise com preparação espe cializada pois com ela podem ser criadas as condições de adaptação do organismo do desportista coerentemente às exigên cias do desporto praticado Ao longo dos anos surgem outras propostas que de forma muito parecida à anteriormente referida sugerem o mode lo de adaptação biológica do desportista que se fundamenta na teoria de sistemas Tschiene 1990 A proposta consiste em distribuir a carga de treinamento da tem porada de forma ondulatória alternando 213 Treinamento desportivo o volume e a intensidade sem baixar os níveis de 80 de seus potenciais máximos de carga ou seja o uso contínuo de uma elevada intensidade a utilização predo minante de trabalho específico de com petição e a utilização de intervalos pro filáticos motivados pelo uso elevado de treinamentos de alta qualidade e peque na diferença entre volume e intensidade Manso Valdivielso Caballero 1996 As propostas surgidas até então ca racterizam as crises do sistema tradicio nal e apesar de surgirem vários sistemas de organização da carga de treinamento a mensagem mais forte da época ainda fi cou sendo o sistema de Matveev pai da periodização do treinamento desportivo Modelos contemporâneos Os modelos tradicionais contribuí ram de forma positiva para os modelos contemporâneos que evoluíram muito no aspecto qualitativo dando origem às pro postas específicas para cada modalidade desportiva Os estudos demonstram que de finitivamente o raciocínio científico da periodização do treinamento desportivo deve respeitar os desportos em suas di mensões específicas no que se refere ao sistema de competição No início os pla nos modernos de treinamento passaram a exigir uma metodologia idealizada sepa radamente para os desportos individuais e para os coletivos Em segundo plano surge o respeito ao sistema energético em que o desporto ou a modalidade estão in seridos no momento competitivo A bio mecânica destaca a especificidade do ges to motor referindose ao trabalho cíclico e acíclico enquanto a psicologia defende a preparação do desportista procurando resolver as questões específicas da resis tência psicológica no que concerne ao treinamento e à competição Dessa forma os ditos modelos con temporâneos podem ser discutidos com base em quatro aspectos 1 A individualização das cargas de treina mento justificada pela capacidade indi vidual de adaptação do organismo FiGurA 71 Dinâmica da carga de treinamento no ciclo anual considerando os indícios de volume e de intensidade 214 Antonio Carlos Gomes 2 A concentração das cargas de treina mento da mesma orientação em pe ríodos de curta duração e a necessi dade de conhecer profundamente o efeito que produz cada tipo de carga de trabalho e sua distribuição no ciclo médio de treinamento mesociclo 3 O desenvolvimento consecutivo de ca pacidades utilizando o efeito residual de cargas já trabalhadas 4 A ênfase no trabalho específico de trei namento As adaptações necessárias para o desporto moderno só são pos síveis com a realização na prática de cargas especiais Nos últimos anos surgiram várias teorias relacionadas com a organização do processo do treinamento desportivo utilizando os aspectos citados para desen volver suas próprias metodologias O Professor Dr Yuri Vitale Verkho shans ki não utiliza os termos planejamento e nem planificação defendendo a ideia de que o processo de treinamento deve base arse em um sistema que defina os concei tos de programação de organização e de controle conforme mostra a Figura 72 As leis específicas que caracterizam a capacidade de rendimento desportivo são oriundas do processo de adaptação a longo prazo do desportista estão ligadas diretamente ao trabalho muscular intenso e têm relação direta com o volume e com a duração do estresse fisiológico Os conceitos que sustentam a sua te oria já foram mostrados na Figura 72 e podem ser melhor compreendidos com os seguintes conceitos a Programação é compreendida por uma primeira determinação da estra tégia do conteúdo e da forma de es truturar o processo de treinamento b Organização tratase da realização prática do programa considerandose as condições reais e as possibilidades concretas do desportista c Controle são os critérios estabelecidos previamente com o objetivo de infor mar periodicamente o nível de adapta ção apresentado pelo desportista O autor critica o trabalho sequencial de microciclos de diferentes orientações Propõe um método programado que se inicia com a utilização de tarefas concre tas exclui do seu vocabulário a palavra período substituindoa por etapa que se prolonga por 3 a 5 meses de preparação seguida de um programa de treinamento e de competições garantindo o alcance da forma desportiva Tal sistema carac terizouse como o de carga concentrada que para alguns estudiosos só é possível para desportos de força Modelo de treinamento em bloco Esse modelo proposto por Verkho shanski exemplifica a distribuição de car gas concentradas ao longo do ciclo anual de treinamento Na Figura 73 verificase a dinâmica da velocidade performance ao longo da temporada de treinamento e de competição O ciclo anual estruturado com 52 semanas apresentado na Figura 73 a mostra a periodização simples na qual a concentração das competições principais encontrase no bloco C enquanto as se cundárias estão distribuídas na tempo rada no bloco A e B A variante b de monstra uma periodização dupla visando ao primeiro nível de forma desportiva na primeira etapa bloco C e o principal ob jetivo está no bloco C da segunda etapa Na variante c da figura verificase a temporada com 3 ciclos cuja primeira etapa é composta pelos blocos A B e C na segunda etapa estão os blocos A e C e 215 Treinamento desportivo FiGurA 72 Sistema de programação de organização e de controle da carga de treinamento verkhoshanski 2001 216 Antonio Carlos Gomes na terceira estão os blocos B e C O tempo de duração de cada bloco é diminuído na periodização com 2 e 3 ciclos anuais O conteúdo do treinamento no blo co A no qual se objetiva o maior volume de toda a temporada deve ser suficiente para desestabilizar os níveis de performan ce adaptados na temporada anterior e para criar novas premissas para a temporada atual Normalmente esse bloco dura por volta de 12 semanas Seu objetivo princi pal é preparar o aparelho locomotor no mi crobloco A1 com exercícios de multissaltos de musculação etc Já no microbloco A2 visase ao aumento do impulso nervoso utilizandose de exercícios de força rápida e de treinamento de cargas mistas na mus culação No microbloco A3 devese aumen tar a influência das cargas no organismo pois o volume ainda continua alto Cada microbloco tem uma duração de quatro se manas aproximadamente FiGurA 73 Dinâmica da velocidade performance durante a temporada anual nos desportos de forçavelocidade a b c verkhoshanski 1990 217 Treinamento desportivo O bloco B que dura por volta de dois e meio a três meses deve ser estruturado de forma que diminua o volume até os ní veis ótimos permitindo o aperfeiçoamen to das capacidades competitivas dos des portistas preparandoos para o bloco C no qual se encontram as principais com petições da temporada conforme mostra a Figura 74 As lutas desportivas apresentam no seu alto rendimento um complexo de ca pacidades físicas técnicas e táticas que merecem destaque na organização e no controle da carga O ponto mais impor tante é a atenção que se deve ter com o aspecto técnico durante todo o ciclo de competições A Figura 75 apresenta o modelo da dinâmica das cargas de trei namento em um sistema de três ciclos de competição na temporada anual Na ter ceira etapa quando estão programadas as principais competições notase que a força explosiva deve ser mais enfatizada o que propiciará um aumento substan cial da velocidade de contração da fibra muscular aperfeiçoada pela melhora do sistema neuromuscular O controle deve ser rigoroso no que se refere à técnica desportiva ou seja ao ocorrerem pertur bações negativas na sua evolução o trei nador deve rever o volume e o enfoque do treinamento das capacidades físicas Nas provas de resistência fundo o resultado desportivo depende de fatores como altitude clima alimentação gené tica etc No entanto a organização das cargas na temporada assume atualmente papel decisivo na melhora dos recordes Atualmente o técnico desportivo com preende bem a necessidade de se enfatizar no processo de treinamento o fator velo cidade especial com o objetivo de aperfei çoar o ritmo competitivo Na Figura 76 observamos o modelo da dinâmica de cada capacidade física e sua alteração no ciclo duplo de competições durante o ano No modelo de treinamento em bloco idealizado pelo Professor Yuri Verkhoshanski notase que sempre existe uma concentração de cargas Com gran de volume no bloco A o conteúdo dos exercícios apresenta uma característica similar ao competitivo chamado por ele de preparação especial em que sustenta a tese de que a principal capacidade física responsável pelo resultado desportivo é a velocidade que deve ser criteriosamente credenciada pelo enfoque do treinamen FiGurA 74 Dinâmica do volume de treinamento na temporada competitiva 218 Antonio Carlos Gomes FiGurA 75 Modelo para lutas desportivas 3 ciclos verkhoshanski 1990 219 Treinamento desportivo FiGurA 76 Modelo para os desportos de resistência fundo verkhoshanski 1990 220 Antonio Carlos Gomes to das diversas outras capacidades de pendendo do desporto ou da modalidade prova a ser treinado Modelo integrador Os atletas russos na modalidade de atletismo mais especificamente na prova de lançamento de martelo destacaramse nos últimos anos com resultados conside rados surpreendentes em nível mundial O modelo proposto por Bondarchuk que divide a temporada de preparação em três fases desenvolvimento manutenção e descanso fundamentase nas caracterís ticas de adaptação individual apresentadas pelos atletas Sendo assim verificouse que cada desportista atinge sua forma despor tiva em momentos diferentes Ele diagnos ticou na prática dos campeões olímpicos que o pico de performance pode ser atin gido com um período de treinamento que varia de 2 a 8 meses dependendo do grau de treinamento do desportista da idade dos anos de treinamento e de suas próprias características Bondarchuk 1988 O planejamento do treino está subme tido à resposta adaptativa do organismo do desportista que consequentemente deve ditar a forma de organização da temporada competitiva O modelo integrador proposto por Bondarchuk pode ser colocado em prá tica por algumas variantes de macrociclo como pode ser visto na Figura 77 As variáveis de 1a a 8a são utiliza das com atletas que apresentam a forma desportiva dois meses depois do período destinado ao descanso Da 9a variante à 13a são estruturas indicadas para atletas que respondem bem ao treino de desen volvimento da forma desportiva três me ses depois do período de descanso As da 14a à 16a são aplicadas aos desportistas que apresentam ótimas performances com 4 meses de preparação após o período de descanso As da 17a à 19a são destinadas aos desportistas que melhoram suas mar cas após 5 meses de preparação depois do período de descanso Da 20a à 22a são variáveis com 6 7 e 8 meses de trabalho após o descanso A 23a variante é destina da ao atleta capaz de apresentar boa for ma desportiva de 3 em 3 meses interca lados com períodos de descanso Já a 24a tem a mesma ideia mas sem período de descanso entre elas sendo portanto para os atletas de alta qualificação desportiva Na 25a variante a forma aparece depois de 6 meses de trabalho com um longo pe ríodo posterior de manutenção das cargas adaptadas A 26a variante apresenta ape nas 3 meses no primeiro período de desen volvimento da forma desportiva seguido de descanso e então iniciase um longo período de desenvolvimento de 6 meses buscando o pico de performance no último mês da temporada A 27a e 28a variante com 4 e 5 meses de preparação respecti vamente apresentam na sequência um período de manutenção que propicia a elevação do nível de forma desportiva retornando ao treinamento normal como forma de preparação para a competição seguinte Nas variantes 27a e 28a o atle ta acumula experiências para o início da próxima temporada Fica evidente que os vários modelos apresentados por Bondarchuk devem ser selecionados levando em consideração a resposta da adaptação apresentada pelo organismo do atleta nos primeiros anos e é claro está ligado diretamente ao calen dário desportivo principalmente em des portos individuais Modelo de cargas seletivas Esse modelo foi organizado com o ob jetivo de atender o calendário dos despor tos coletivos em especial a modalidade de futebol que por apresentar uma grande quantidade de jogos na temporada difi 221 Treinamento desportivo FiGurA 77 Estrutura da periodização do treinamento desportivo com diferentes ciclos de forma desportiva 222 Antonio Carlos Gomes culta a distribuição das cargas de treina mento no macrociclo O modelo nasce em virtude de o futebol não apresentar tempo suficiente para uma boa preparação dos atletas antes do início dos jogos oficiais Como os desportos coletivos de forma geral não exigem o desenvolvimento das capacidades máximas e sim submáximas nos últimos anos elaboramos um modelo de organização de cargas na temporada que permanece durante todo o ciclo com o volume inalterado procurando uma forma de qualificação durante toda a temporada e alternando as capacidades de treinamento a cada mês durante o ciclo competitivo Nesse sistema de cargas seletivas a exemplo do anterior sistema de cargas em bloco o alvo do aperfeiçoamento no treino está nas capacidades de velocidade Na prá tica verificase que o ciclo anual de 52 se manas deve ser subdividido em duas etapas caracterizando assim uma periodização dupla com duração de 26 semanas cada No futebol moderno o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento pois o calendário apresen ta uma grande quantidade de jogos em âmbito regional nacional e internacional que devem ser disputados com alto ren dimento devido aos sistemas utilizados na classificação Na Figura 78 apresen tamos o ciclo de periodização anual com suas etapas e fases A Figura 78 mostra que o volume do treinamento oscila muito pouco du rante todo o ciclo anual de competições consequentemente a forma desportiva apresenta uma tendência de melhora du rante toda a etapa diminuindo na fase de prétemporada em razão de uma pequena redução do volume no início da segunda etapa competitiva O período competitivo no futebol varia de 8 a 10 meses no ano com uma quantidade de 75 a 85 jogos na temporada Com esse panorama não é possível organizar a carga de treinamento no sistema contemporâneo defensor da organização de períodos que permitem a aplicação de conteúdos do treinamento em momentos diferenciados na temporada FiGurA 78 Periodização anual na modalidade de futebol 223 Treinamento desportivo obtendose um alto nível de adaptação por se tratar de desporto coletivo A essência da prática nesse tipo de desporto não exige o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das capacidades motoras no seu máximo Por outro lado tratase de um desporto que na sua atividade competitiva caracteriza se pelos esforços intermitentes executados em velocidade com alto volume de diver sas ações motoras e que exige capacidade anaeróbia e aeróbia mista Além da força e da resistência especial utiliza também a flexibilidade para a execução de movimen tos técnicos exigidos pelo jogo A Figura 79 demonstra como devem ser treinadas as capacidades físicas motoras durante a temporada de 6 meses A distribuição do treinamento das capacidades físicas a cada fase e a cada mês de trabalho pode ser visualizada na Tabela 72 Observase na Figura 79 a dinâmi ca das capacidades de treinamento que se modifica com o passar dos meses no macrociclo No primeiro mês verificase uma predominância no treinamento da resistência especial com o objetivo de melhorar os aspectos funcionais já no se gundo mês e na sequência é dada priori dade ao treinamento do sistema nervoso muscular procurando assim intensificar o aperfeiçoamento da velocidade de mo vimento considerada atualmente com a capacidade motora de fundamental im portância na evolução da performance A estruturação das cargas de treina mento no futebol deve ser organizada de acordo com os seguintes fatores a número de sessões na semana b tempo destinado ao treinamento no macrociclo e c total de horas destinadas ao mesoci clomacrociclo Em nossa prática utilizamos a dis tribuição das capacidades de treinamen to considerando a carga horária semanal FiGurA 79 Distribuição das capacidades de treinamento no macrociclo de competições 224 Antonio Carlos Gomes TABELA 72 Distribuição das capacidades de treinamento no macrociclo Capacidades de treinamento 1 2 3 4 5 6 Resistência especial 25 20 15 15 15 15 Flexibilidade 25 20 15 15 10 10 Força 20 25 25 15 15 15 velocidade 15 20 25 25 25 25 Técnicotática 15 15 20 30 35 35 Fase Prétemporada Competitiva Distribuição meses Isso facilita a periodização do número de sessões destinadas a cada semanamês do macrociclo Veja na Figura 710 o micro ciclo com um jogo na semana A distribuição mensal do treina mento das capacidades físicas motoras FiGurA 710 Estrutura do microciclo com um jogo semanal no futebol estimadas em minutos conforme Figura 710 pode ser observada na Tabela 73 A Tabela 72 mostra a distribuição do treinamento em uma temporada de 6 me ses O término dela deve coincidir com o final das competições no primeiro semes 225 Treinamento desportivo FiGurA 711 Estrutura e conteúdo do microciclo na modalidade de futebol com um jogo por semana Platonov 1997 tre pois após o descanso ativo iniciase a nova prétemporada preparando para o segundo semestre de competições Outro ponto de suma importância a ser observado está relacionado com a or ganização do treinamento no microciclo principalmente no que se refere à sequên cia a ser respeitada no treinamento das capacidades físicas e técnicas Nas Figuras 711 e 712 com um e dois jogos sema nais podemos observar um modelo de estruturação das cargas de treinamento a cada sessão do microciclo de competição Nas Figuras 711 e 712 verificase a distribuição das capacidades especiais de treinamento A velocidade considerada a principal capacidade física motora res ponsável pela performance do desportista é resolvida no processo de treinamento pela manifestação de reação de acelera TABELA 73 Distribuição mensal das capacidades de treinamento Capacidades de treinamento 1 2 3 4 5 6 Resistência especial 780 624 468 468 468 468 Flexibilidade 780 624 468 468 312 312 Força 624 780 780 468 468 468 velocidade 468 624 780 780 780 780 Técnicotática 468 468 624 936 1092 1092 Fase Prétemporada Competitiva Distribuição das capacidades de treinamento a cada mês em minutos 226 Antonio Carlos Gomes ção máxima e de resistência tendo como prioridades no treinamento a velocidade de reação e a aceleração devido à exigên cia específica do futebol de movimento acíclico e de curta duração A capacidade de resistência especial resolvese no âm bito do treinamento coletivo técnicotáti co e quando sugerido fora dessas ações o treino deve respeitar o sistema energéti co manifestado no jogo além da dinâmica de movimentos reduzidos pelo jogador de futebol na atividade competitiva O treinamento da força deve se con centrar nos movimentos rápidos como os multissaltos a corrida tracionada a corri da curta em morros etc A utilização dos pesos musculação deve ter uma ação de fortalecimento muscular mas isso se tra ta de um trabalho complementar de força máxima ou submáxima A prioridade deve estar nos trabalhos de força rápida na maior quantidade de sessões possíveis Os exercícios técnicos e os táticos devem estar inseridos em todo o processo do treinamento destinando a maior parte do tempo a essas ações pois é nelas que ocorrerá o aperfeiçoamento ótimo das ca pacidades competitivas do desportista OrGANizAÇÃO E PLANEJAMENTO DO TrEiNAMENTO NA MODALiDADE DE FuTEBOL Com base no calendário do campeo nato brasileiro de futebol edição 2001 FiGurA 712 Estrutura e conteúdo do microciclo na modalidade de futebol com dois jogos por semana Platonov 1997 227 Treinamento desportivo elaborouse o projeto de treinamento e de competição da equipe do Clube Atlético Paranaense O desenvolvimento dos tra balhos ocorreram na cidade de Curitiba no Estado do Paraná Brasil Os procedimentos tomados seguem uma sequência considerada lógica para atender os objetivos propostos inicial mente A elaboração da temporada de trei namento de competição ocorreu após a análise do calendário de competições no qual se verificou que cada equipe partici pante da competição seria submetida a 27 jogos na primeira fase classificandose as 8 melhores equipes Dessa forma o início dos trabalhos ocorreu na segunda semana do mês de junho e o término na primei ra semana de dezembro Participaram da competição 28 clubes O programa caracterizouse por uma temporada de 27 semanas O início da prétemporada foi na segunda semana de junho terminando na última semana de ju lho totalizando 7 semanas que foram des tinadas a exame médico e a testes físicos tanto no laboratório como no campo além de priorizar a preparação física especial O período de competições foi subdi vidido em duas etapas A primeira etapa teve início na primeira semana de agosto e terminou na última de setembro tota lizando 9 semanas Já a segunda etapa composta por 11 semanas iniciou na pri meira semana de outubro e foi até a pri meira de dezembro A periodização do treinamento foi estruturada com base no controle da evo lução da preparação técnicotática TT conforme mostra a Figura 713 Na Figura 714 pode ser observada a distribuição semanal de todo o conteú do de treinamento bem como suas prio ridades a cada etapa de treinamento e de competição A carga destinada às capacidades de resistência força e velocidade foi subme tida a um controle criterioso para que a FiGurA 713 Dinâmica das cargas na temporada de treinamento e competição 228 Antonio Carlos Gomes FiGurA 714 Distribuição do conteúdo de treinamento na temporada 2001 Campeonato Brasileiro de Futebol 229 Treinamento desportivo influência das mesmas no organismo dos jogadores não interferisse na carga espe cífica caracterizada na prática pelo trei namento TT PLANEJAMENTO DO TrEiNAMENTO PArA VELOCiSTAS NA MODALiDADE DE ATLETiSMO Os esportes individuais apresentam particularidades na organização do trei namento pois a alta especialização das provas requer do treinador uma atenção especial ao prescrever o treinamento para os atletas dessas modalidades A Tabela 74 apresenta um modelo de plano de treinamento no microciclo inserido no macrociclo dentro do período de prepa ração do atleta OrGANizAÇÃO DO PrOCESSO DE TrEiNAMENTO A organização e o planejamento do treino são assuntos complexos e requerem uma maior quantidade de experimentos científicos para explicar alguns fenôme nos que ocorrem na prática dos desportos A seguir relatamos alguns aspectos que o treinador deve conhecer com profundida de para facilitar todo o processo pedagó gico de ensino e de desenvolvimento do treino dos futuros campeões a Educação física e o desporto A educação física é um processo pe dagógico que objetiva instruir e despertar o gosto pela prática de exercícios físicos procurando assim desenvolver a cultura da sociedade para a melhora da qualidade da saúde e do bemestar psicossocial O desporto deve ser encarado como uma atividade regulamentada pelas re gras sendo possível alcançar um alto rendimento somente com um treinamen to sistematizado e especializado durante muitos anos Dessa forma o desenvolvi mento na prática das capacidades físicas técnicas táticas etc tornase imprescin dível para a preparação do atleta que bus ca um resultado de alto rendimento b Desenvolvimento do desporto que se pretende praticar Aqui é necessário que o treinador passe ao seu campeão em potencial todo o conhecimento geral sobre a modalidade desportiva escolhida A abordagem deve ser desde o surgimento do desporto pas sando por sua história até a atualidade isso facilita o aprendizado e desperta um maior contato do aluno com aquilo que pode fazer parte de um longo período de sua vida c Funcionamento do organismo do desportista Além de se discutir o funcionamento normal do organismo devese aqui tam bém entender quais são as mudanças fun cionais que o treinamento pode provocar no organismo do atleta Tais assuntos de vem ser abordados pelo treinador durante as sessões de treinamento de uma forma bem clara e objetiva facilitando assim o entendimento pelo desportista d Hábitos de higiene e alimentação do desportista Outro fator que facilitará muito as sessões de treinamento é a conscientiza ção do jovem atleta de que a higiene é indispensável e que a alimentação espe cializada exerce influência significativa 230 Antonio Carlos Gomes Manhã Tarde TABELA 74 Plano de treinamento para velocistas 100 m na modalidade de atletismo Dias da semana Período Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Força e coordenação 30 saltos alterna dos horizontais 70 saltos alterna dos horizontais com corrida 50 saltos saindo da posição de meio agacha mento 4x20 m saída em pé repouso repouso repouso repouso repouso repouso Coordenação técnica velocida de e resistência da velocidade 2x1030 m bloco 4x20 m bloco 4x40 m bloco 6x60 m 63 120 m 122 180 m 195 Pausa de 4 entre os tiros Velocidade e resistência da velocidade 4x2040 m saindo da posição em pé 2 séries de 4x60 m 66 3x300 m 335 Coordenação velocidade e resistência da velocidade 2 séries de 2x20 40 m 2 séries de 2x40 60 m 6x100 m 106 108 Pausa correspon dente ao objetivo Coordenação 4x20 m corrida saltada 6x20 m corrida saindo de meia flexão das pernas 2 séries de 4x80 m 4x20 m corrida saltada Técnica veloci dade e resistência da velocidade 4x100 m bloco 4x20 m bloco 4x40 m bloco 3 séries de 4x50 m 5x120 m para 122 pausa 3 Trote do min Força musculação com 45 exercícios carga de 70 200 repetições em séries Força musculação com 45 exercícios carga de 85 200 repetições em séries 150 lançamentos com bola de areia de 3 kg 231 Treinamento desportivo no aperfeiçoamento de suas capacidades competitivas e Controle médico O controle médico no desporto assu me a responsabilidade de manter o bom estado de saúde do praticante no período de treinamento destinado ao alto rendi mento f Bases fisiológicas do treinamento A fisiologia do exercício fundamen ta o desenvolvimento morfofuncional nos atletas durante o processo de preparação a longo prazo As leis biológicas assumem um papel regulador em seus sistemas de treinamento g Preparação física geral e especial Em alguns desportos a preparação física assume o papel de maior importân cia como é o caso de grande parte dos desportos individuais entretanto nos desportos coletivos a preparação física assume apenas um papel complementar sendo primordial a preparação técnicotá tica a psicológica etc Nesse caso é bom que esses conceitos teóricos sejam de co nhecimento de toda a equipe h Preparação técnicotática É compreendida por alguns autores como o elemento que desenha toda a lo comoção motora dos atletas na quadra desportiva A técnica juntamente com a tática constituem a principal essência dos desportos principalmente dos coletivos em que é possível através da tática trei nar diversos sistemas como o defensivo o de ataque etc i Preparação moral e psicológica A preparação moral de um despor tista desenvolvese no processo da própria prática desportiva e está associada ao alto nível de preparação psicológica Isso aju da o atleta a concentrarse para o jogo além de despertar a motivação e o espí rito de coletividade otimizando a prática competitiva j Métodos de treinamento Os métodos que auxiliam na prepara ção dos atletas são os verbais os demons trativos e os de influência prática Esse úl timo é o mais utilizado pelos treinadores que mediante os métodos de jogos os intervalados os contínuos e os competiti vos facilitam o aperfeiçoamento das ca pacidades competitivas dos atletas l Organização e realização das competições Ao estruturar as sessões de treina mento o treinador deve prestar atenção ao calendário de competições e ao mes mo tempo selecionar as mais importan tes para a sua realidade isso facilitará a realização e o alcance de um alto nível de forma desportiva m Local e equipamentos de treinamento Têm influência direta na programa ção do treinamento Quanto mais sofisti cados forem os locais de treinamento e os equipamentos melhor será a otimização do treino TrEiNAMENTO DESPOrTiVO NA iNFâNCiA E NA ADOLESCêNCiA O início precoce dos jovens no espor te tem sido visto pelas diversas áreas como uma boa iniciativa da sociedade O jovem inserido na prática desportiva ocupa seu tempo em uma atividade cujos benefícios podem ser enumerados em vários aspec tos integração social do jovem determi nação de regras que se estende por toda a vida capacidade de raciocínio rápido espírito de cooperação etc Dessa forma o que a ciência acadêmica tem discutido é o conceito de iniciação precoce no esporte com o conceito de treinamento precoce A iniciação no esporte na ótica da formação global do jovem é uma iniciativa louvável dos pais professores e outras pes soas envolvidas no processo de formação do ser humano Já o treinamento precoce envolve uma série de debates nos quais os especialistas têm discutido os prejuízos fu turos que podem ocorrer com o praticante no ponto de vista psicomotor Alguns conceitos precisam ser com preendidos pelo professortreinador en volvido com a prática do treinamento desportivo na infância e na adolescência Entre eles destacamos os fundamentais n Especialização treinamento orienta do para uma determinada modalidade desportiva com o objetivo de alcançar a alta capacidade competitiva na sua função n Especialização precoce ocorre nor malmente de forma antecipada quan do o treinador almeja o resultado des portivo muito cedo especializando assim o jovem praticante em uma função específica dentro do desporto levando em consideração sua idade cronológica n Especialização prematura ocorre a especialização antecipada sem a devi da atenção à maturação biológica n Adolescência tratase do período pós púbere quando o jovem apresenta características de muita responsabili dade individual e seu aspecto motor inicia um crescimento significativo de aumento de força e capacidade psico física para suportar fadiga ESPECiALizAÇÃO DESPOrTiVA O termo especialização precoce no desporto tem ocasionado na prática er ros substanciais pois ele não é sinônimo de iniciação e de encaminhamento no des porto mas se trata de um modelo de pre paração dirigida para o aperfeiçoamento das capacidades competitivas em ciclos de médio e longo prazo 8 PlANEjAMENTO DO TREINAMENTO DESPORTIvO NA INFâNCIA E NA ADOlESCêNCIA 234 Antonio Carlos Gomes Esse processo se não apresentar uma característica de desenvolvimento de tra balhos multilaterais em que o aprendiza do técnico possa ocorrer acompanhando o crescimento motor ao invés de dar ênfase no aperfeiçoamento das capacidades mo toras físicas pode apresentar problemas futuros e não constitui a melhor forma de se aumentar as cargas de treinamento du rante a vida desportiva Desenvolvimento multilateral A multilateralidade é a ocorrência do desenvolvimento fisiológico contí nuo e gradual das capacidades motoras realizado de forma adequada para cada jovem praticante Não se pode confun dir com os treinamentos genéricos sem objetivos pois os trabalhos devem estar bem estruturados de forma a atender as fases sensíveis do desenvolvimento mo tor Na preparação multilateral os objeti vos são diversos e devem ser organizados em cada faixa etária e de acordo com a maturação biológica além de sem dúvi da considerar o desenvolvimento motor Manno 2000 DESPOrTO NA ESCOLA A preparação dos atletas jovens deve acontecer nas escolas de educação em ge ral e nas desportivas Essa estrutura or ganizacional garante a condição para a preparação a longo prazo dos atletas de iniciantes a atletas de classe internacional A educação física nas escolas deve ser realizada tanto nas aulas como no pro cesso de atividades praticadas nos clubes desportivos Neles o objetivo é a prepa ração para a competição As competições realizamse no grupo entre grupos e de outras formas O programa de competição deve estar relacionado com o conteúdo ministrado nas aulas de educação física Nos bairros as competições escolares são formadas por vários tipos de modalidades desportivas Os participantes são de dife rentes faixas etárias O clube desportivo deve organizar constantemente vários eventos com o objetivo de preparar os jo vens instrutores e os futuros árbitros des portivos Filin 1996 APErFEiÇOAMENTO DESPOrTiVO As escolas desportivas exercem um papel importante no sistema de prepa ração dos atletas jovens propiciando o aperfeiçoamento das qualidades físicas a preparação geral dos estudantes e a pre paração dos atletas de alto nível A escola desportiva é um dos princi pais métodos na prática do desporto dos estudantes nas escolas de formação geral Os atletas iniciantes são matriculados nas escolas desportivas de acordo com o seu nível atlético e sua idade Tabela 81 Durante o trabalho nas escolas des portivas dáse maior atenção à seleção das crianças bemdotadas atenção que é enfatizada nas aulas de educação física nas escolas e em outras instituições estudantis nas competições desportivas e no contro le do nível da preparação especial e geral dos estudantes Os grupos de treinamento completamse pelos resultados da seleção e do número de crianças que passaram pela preparação inicial e alcançaram os índices para a preparação geral e especial de acor do com o programa de exigência em dado desporto Filin 1996 O programa escolar é constituído por partes teóricas e práticas e dividese em grupos de preparação inicial de ins trução de aperfeiçoamento desportivo e de alto nível As principais estratégias utilizadas nas sessões de treinamento nas escolas desportivas são sessão teórica aprecia 235 Treinamento desportivo ção de filmes slides e outros sessão de treinamento por grupo treinamento em plano individual e participação nas com petições O trabalho pode ser planejado com os seguintes componentes plano ge ral anual plano individual plano de tra balho temático de grupo e plano de cada aula treino TéCNiCO DESPOrTiVO No trabalho com jovens é de funda mental importância a atuação do técnico desportivo treinador que na maioria dos casos deve atuar como um pedagogo reunindo conhecimento nas várias áreas da atividade humana Atualmente os clu bes de fomento do desporto na infância e na adolescência criam formas objetivas de avaliar a qualidade de trabalho do treina dor As mais comuns são 1 Nos grupos de preparação preliminar com o controle da estabilidade da composição dos grupos estudantis e do nível de assimilação dos alunos das es colas infantis desportivas 2 Nos grupos de treinamento pela estabi lidade da composição dos grupos pe los critérios da preparação especial dos alunos e pelos resultados atingidos nas competições 3 Nos grupos de aperfeiçoamento despor tivo com a avaliação dos programas exigidos realizados pelos praticantes e também pelo nível de preparação des portiva 4 Nos grupos de alto rendimento com a avaliação da quantidade dos atletas preparados para as seleções nacionais e dos resultados das suas participações nas competições internacionais Tal sistema de avaliação permite controlar a efetividade da sua atividade e em consequência lhe é atribuída uma categoria qualificação correspondente Muitas vezes a eficácia da atividade do treinador da escola desportiva é avalia TABELA 81 idade dos jovens que se matriculam nas escolas desportivas idade mínima anos idade mínima Grupos de Grupos de Grupos de Grupos de preparação iniciação preparação iniciação Desporto anos preliminar desportiva Desporto preliminar desportiva Acrobática 7 10 Natação 7 10 Basquetebol 8 11 Saltos ornamentais 7 10 Boxe 10 13 Rúgbi 9 12 luta 10 13 Handebol 9 12 Ciclismo 10 13 Trenó 10 13 Polo aquático 10 13 Nado sincronizado 7 10 voleibol 9 12 Arco e flecha 10 13 Ginástica desportiva Tiro 10 13 Meninos 6 9 Pentatlo moderno 10 13 Meninas 7 10 Tênis de campo 7 10 Ginástica artística 6 9 Tênis de mesa 7 10 Remo acadêmico 10 13 Halterofilismo 10 13 Remo em canoas 10 13 Esgrima 10 13 Patinação 9 12 Patinação artística 6 9 Hipismo 11 14 Futebol 8 11 Atletismo 9 12 Hóquei 9 12 Esqui 9 12 Regatas vela 9 12 236 Antonio Carlos Gomes da pelo resultado das competições infan tis e juvenis Nessa situação o professor necessita forçar o treinamento especia lizado e levar frequentemente os atletas aos resultados somente nas competições infantis e juvenis Muitos treinadores es quecem que o objetivo principal do des porto juvenil é a formação de condições favoráveis para o alcance de resultados de nível internacional na idade ideal para cada desporto Frequentemente os treinadores não consideram a faixa etária ótima para atingir os altos resultados e em consequ ência inadmissivelmente forçam a pre paração dos seus atletas preocupandose em leválos ao alto resultado já na idade juvenil sem pensar no futuro do atleta du rante a passagem de juvenil para adulto É necessário destacar que a preparação anual de determinada quantidade de desportistas deve ser o objetivo principal e determinan te a estenderse na avaliação do trabalho do treinador e do educador O alcance de altos resultados na idade infantil e na ju venil em muitos casos não garante que o adolescente irá progredir posteriormente alcançando um desenvolvimento máxi mo e altos resultados O critério principal do trabalho do treinador é o resultado a longo prazo avaliado pelo nível de pre paração dos atletas formados nas escolas infantojuvenis Gomes Junior 1998 Uma das formas mais efetivas de organizar a preparação dos atletas são as sessões especializadas em cada tipo de desporto Nas sessões desportivas esta belecese o contato simples entre os pro fessores e os treinadoreseducadores No processo de treinamento das escolasin ternatos desportivas aplicamse métodos de treinamento utilizamse métodos téc nicos e aparelhos de treino e com isso os alunos assimilam a intensidade da carga devida de treinamento e de competição As formas principais desse processo são os treinamentos em grupo as sessões teóri cas e práticas as individuais e a prepara ção em competições desportivas OrGANizAÇÃO DAS COMPETiÇõES As competições são de suma importân cia para todos os atletas sem a participação nelas não há desporto nem educação para eles As competições constituem o ápice do processo de treinamento não só sintetizan do os resultados do treinamento desportivo mas também apresentando meios objetivos para avaliar a sua efetividade A atividade competitiva moderna é extremamente intensa Por exemplo os corredores de alto nível em distâncias mé dias participam de competições 50 a 60 vezes no ano os nadadores de 120 a 140 e os ciclistas de velódromo de 160 a 180 O volume da atividade competitiva dos atletas de elite não é só condicionado pela necessidade da participação com sucesso na competição mas também é utilizado para a estimulação da adaptação do or ganismo do atleta As competições cons tituem a parte principal da preparação integral dando possibilidades de reunir a técnica a tática a preparação física e a psicológica em um único sistema dirigido ao alcance de altos resultados Somente no processo de competição os atletas po dem alcançar o nível máximo funcional permitido pelo organismo e executar a carga que no processo das sessões de trei namento nem sempre é possível Builina Kupamshina 1981 A competição é a parte principal da preparação desportiva das crianças e dos adolescentes Deve fazer parte do plano da escola desportiva e contribui para o alcance de objetivos como melhoria da saúde aperfeiçoamento da função do or ganismo em crescimento desenvolvimen to das qualidades físicas engajamento 237 Treinamento desportivo dos estudantes e dos jovens trabalhadores na atividade desportiva regular e desen volvimento de vários tipos de desportos na educação geral das escolas Forma de organização das competições Pela forma de organização diferen ciamse os seguintes tipos 1 Competição de final de temporada na escola ou no clube desportivo em que participam atletas vinculados àquela instituição 2 Competição aberta em que podem participar equipes e atletas oriundos de diferentes clubes 3 Encontros amistosos entre equipes es colas clubes etc 4 Competição entre turmas escolas clu bes desportivos clubes de educação física da região cidade etc O sistema de competição pode fun cionar nos seguintes grupos etários n Grupo I meninos e meninas nas fai xas etárias de 7 a 8 9 a 10 11 a 12 e 13 a 14 anos de clubes desportivos de escolas estaduais e municipais e de escolas desportivas especializadas n Grupo II meninos e meninas nas fai xas etárias de 15 a 16 e 17 a 18 anos passagem para a preparação sistemá tica em clubes desportivos e escolas desportivas n Grupo III juniores nas faixas etárias de 19 a 21 e 22 a 24 anos aperfeiço amento do alto nível nos clubes des portivos nas escolas superiores de treinamento desportivo nas aulas de aperfeiçoamento dos estabelecimentos escolares Esse grupo etário é divido em vários desportos boxe luta fute bol basquete etc n Grupo IV atletas adultos É difícil a determinação do siste ma de planejamento e de condução das competições A sua base constituise na direção da estrutura organizacional dos movimentos de educação física e das escolas desportivas Ela é aperfeiçoada constantemente com o desenvolvimento da ciência e da prática desportiva com o aumento do número de praticantes e com o aprimoramento do nível dos atletas Por isso as competições são parte integrante do processo de treinamento e seu cará ter e sua forma de desenvolvimento de vem ser planificados com antecedência O documento básico do planejamento e da condução da competição é o calendário que deve ser elaborado pela organização responsável pela sua condução O plane jamento deve ser tradicional e estável permitindo ao técnico e ao atleta aperfei çoarem o processo de treinamento a fim de que se atinjam altos resultados no pe ríodo das competições principais No processo de planejamento e na realização da competição ocorrem as se guintes posições metodológicas as com petições longas são os estímulos ótimos que provocam uma ação significativa no jovem atleta A participação nas competi ções está ligada à elevada perda de ener gia e às altas tensões nervosas e físicas Devemos levar em consideração a ação das cargas competitivas nos atletas jovens pelo seu planejamento convém manter o princípio do crescimento gradual Duran te a elaboração dos planos individuais devemos dar atenção às particularidades fisiológicas dos atletas jovens em relação à sua preparação e a partir disso planejar o número determinado de competições por ano A duração da preparação das crianças para participar nas competições iniciais da prática desportiva não deve ser inferior a um ano As crianças participam em competições de ginástica desportiva artística e acrobática nas disciplinas do 238 Antonio Carlos Gomes atletismo de velocidadeforça e de bas quetebol depois de um ano a um ano e meio de prática especializada na natação saltos ornamentais depois de dois anos a dois anos e meio de prática As competições devem ser planifica das de tal maneira que sua direção e seu grau de dificuldade correspondam aos ob jetivos propostos na etapa de preparação a longo prazo Devese permitir a partici pação dos atletas jovens em competições somente quando eles pelo nível de prepa ração forem capazes de atingir determi nados resultados Dependendo da etapa do treinamento a longo prazo o papel da atividade competitiva pode ser alterado Assim nas etapas iniciais somente são planejadas as competições de prepara ção e de controle O objetivo principal da competição é controlar a efetividade do treinamento em foco propiciar a aquisi ção de experiência competitiva e motivar o processo de treinamento À medida que cresce o nível dos jo vens nas etapas seguintes da preparação a longo prazo a quantidade das compe tições aumenta Nos programas de com petições das crianças e jovens devemos utilizar racionalmente diferentes tipos de provas combinadas O sistema de compe tição combinada deve alterarse de acor do com a idade e a preparação dos atle tas além das particularidades do tipo de desporto Assim por exemplo o conteúdo do programa de competição dos atletas de provas combinadas é diferente do dos velocistas barreiristas corredores de mé dias e longas distâncias saltadores e lan çadores É conveniente que se organize a competição com várias provas especia lizadas incluindo 2 a 3 tipos de provas do atletismo e 2 a 5 exercícios de contro le Com a melhoria do nível dos atletas jovens o programa das provas variadas tornase mais especializado As regras situação sobre as compe tições constituem o documento principal regulamentando a condição e a ordem da realização da competição Cada parte dessa regra deve ser cuidadosamente pen sada e nitidamente exposta A regra com põese na base do plano de calendário e do regulamento de competição do despor to em questão A regra é constituída pelas seguintes partes objetivo lugar e época de realização e participantes direção de preparação e condução da prova progra ma norma e determinação dos vencedo res concessão de prêmios aos vencedores época e ordem para a entrega do pedido e recepção dos participantes Os conteúdos a serem cobrados nas competições depen dem do tipo e da escala da prova A determinação dos vencedores pode ocorrer por vários meios 1 Pela menor soma dos lugares consegui dos pelos participantes nos vários tipos de competição 2 Por maior soma dos pontos 3 Por menor soma do tempo nos vários tipos de desporto nos quais o resulta do desportivo determina precisamen te tais índices Nesse caso simulase o tempo de todos os participantes da competição O vencedor de acordo com o programa da competição reve lase pela soma dos lugares pontos conseguidos pelas equipes nos vários tipos de competição 4 Pela tabela de resultados nos vários ti pos de desportos separadamente Nes ses casos todos os resultados possíveis são transferidos em pontos e o clube vencedor é determinado pela maior soma obtida pelos participantes em to das as provas As normas de utilização das cargas são elaboradas na base dos dados das investigações científicas e da experiência avançada dos pedagogos e 239 Treinamento desportivo treinadores que consideram o resultado desportivo da vida atlética e a diferença de sexo dos atletas A determinação da quantidade ideal de competições é de grande significado para os atletas jovens e dá possibilidade aos treinadores de conduzirem sistemati camente a preparação dos estudantes das escolas desportivas não forçando e com isso possibilitando altos resultados nas competições principais Nos desportos em que a participação nas competições dura pouco tempo e depois delas o atleta re cupera rapidamente restabelece a sua força a quantidade de competições pode ser aumentada Poucas vezes ocorrem nos vários ti pos de desporto participações de jovens em competição de resistência e maior in tensidade durante um tempo longo Cada início competitivo exige maiores perdas de energia e tensões nervosas e psicológi cas do jovem atleta quando houver par ticipacão é necessária uma recuperação relativa Por isso competições frequentes podem influenciar negativamente o esta do de preparação do atleta A quantidade das competições depen de também das particularidades individuais do jovem atleta da sua preparação técni ca do longo período de recuperação do organismo e do aumento da excitabilidade nervosa A excelente preparação técnica a recuperação rápida e o sistema nervoso equilibrado permitem ao atleta participar frequentemente de competições Devese aumentar racionalmente a quantidade das competições organizadas dentro da escola do bairro etc estabele cendose a quantidade de competições por ano de cada tipo de desporto e levandose em conta as idades e as particularidades individuais dos atletas jovens e a especi ficidade do desporto As competições de vem ocorrer regularmente na escola en tre turmas e regiões da cidade desde que não atrapalhem o processo de treinamen to É necessário que cada escola tenha o seu calendário anual de competições des portivas No início da etapa inicial da es pecialização desportiva a quantidade de competições no desporto escolhido é de 6 a 8 e no fim de 10 a 12 por ano Nes sa etapa a maior atenção deve ser dada para as competições de preparação físi ca geral que devem ser de 3 a 6 no ciclo anual dependendo do tipo de desporto Na etapa de treinamento profundo o nú mero de competições é demonstrado na Tabela 82 No período preparatório os atletas jovens participam obrigatoriamente de competições que apresentam significados educativos e de controle e que não exi gem preparação especial como no período competitivo O programa inclui exercícios para o aumento da preparação física ge ral e especial O período competitivo as competições os controles e as sessões de treinamento com grandes cargas têm um papel importante A participação nas com petições habituais não exige grande alte ração no regime de treinamento do atleta É necessário somente diminuir o volume da carga e ao mesmo tempo aumentar a sua intensidade na última semana antes da competição o atleta terá de descansar de 1 a 2 dias antes do seu início É neces sário diminuir o volume geral do traba lho realizado no período competitivo Nas competições longas convém aplicar exer cícios dirigidos à manutenção do nível de treinamento atingido pelo atleta Com tal objetivo no programa de treinamento entra uma quantidade de exercícios de preparação especial às vezes extrema mente diferentes dos competitivos Para a manutenção do nível de treinamento contribuem também os mesociclos com 240 Antonio Carlos Gomes estrutura pêndula ou seja a construção do treinamento quando o mesociclo é constituído por alguns microciclos Deve mos selecionar um deles normalmente na penúltima semana antes da competição e prescrever exercícios competitivos de pre paração especial próximo à competição Na etapa de preparação imediata à competição précompetitiva devese enfatizar a preparação tática O nível de habilidade técnica atingida e a prepara ção psicológica e física permitem passar para a preparação tática com maior apro ximação das condições exigidas na ativi dade competitiva A escolha de uma ou de outra variante tática a sua elaboração e a realização na atividade competitiva es tão condicionadas ao nível da habilidade técnica do atleta e ao desenvolvimento das qualidades físicas das possibilidades funcionais do organismo e da preparação psicológica A preparação psicológica é de gran de importância nela propõese obter informações sobre as competições os principais adversários o nível de treina mento do atleta e as particularidades do seu estado na etapa determinada de pre paração a determinação do objetivo da ação do programa nas competições a esti mulação das regras pessoais e os motivos gerais A preparação psicológica especial imediatamente anterior à competição in clui o ajustamento psicológico e a direção do estado do jovem atleta garantindo a preparação e o desenvolvimento do esfor ço máximo A preparação efetiva para as compe tições está ligada à atenção concentrada nas principais ações das atividades moto ras ao pensamento ao sentimento e ao desvio dos fatores estranhos Por isso o treinador conduz o trabalho orientado escrupulosamente e junto com os alunos atletas estuda cuidadosamente os prin cipais concorrentes as particularidades das suas técnicas e táticas e os pontos for tes e fracos apresentando ao aluno a clas sificação na competição e as condições para o aquecimento Como resultado o jovem atleta apresenta boa preparação própria a tornálo capaz de competir e pode concentrar a atenção não nos fato res externos mas sim no domínio do seu estado interno FOrMAÇÃO E EDuCAÇÃO DOS ATLETAS Devese dar muita atenção à for mação da personalidade do indivíduo considerandose os aspectos morais inte lectuais e a educação estética e física O papel da educação física como meio de educação das crianças e dos adolescentes vai ao encontro do aumento da exigência do trabalho educativo nas escolas des portivas A ênfase dada na realização do TABELA 82 Exemplo do número de competições na etapa de treinamento profundo de acordo com o tipo de desporto Desporto idade Meninos Meninas 1516 1718 1516 1718 Corrida de meia distância 1012 1215 1012 1215 Canoagem 68 68 68 68 lançamentos atletismo 1516 2225 1316 2225 Esqui 1723 2430 1723 2430 voleibol 3540 4550 3540 4550 241 Treinamento desportivo trabalho educativo com atletas deve ser a união das ações educativas O resulta do da educação é determinado pelo rela cionamento entre o treino e os estudos como é realizada a missão social portan to criase a disciplina e desenvolvese a amizade e o interrelacionamento Devese considerar que na esco la desportiva os atletas frequentemente apresentam dificuldades morais básicas e de caráter Por isso o treinador e o clu be no qual se inicia a carreira desporti va terão não só que se preocupar com o aperfeiçoamento positivo moral da perso nalidade mas também reeducar o atleta constantemente O papel importante da educação moral dos atletas pertence ao treinadorpedagogo Matveev 1983 O método de convicção tem sua im portância na formação do conhecimento moral Um dos métodos da educação é o castigo expresso pela censura e pela ava liação negativa das ações e dos procedi mentos dos atletas São muitos os tipos de castigo O incentivo e o castigo devem ser utilizados não como procedimentos ca suais mas como resultado de todos os procedimentos A manifestação de desin teresse é muito natural nos atletas como natural também é a oscilação da sua ca pacidade de trabalho O melhor meio para superar os momentos em que ocor re o desinteresse é desafiar o atleta para tentar realizar exercícios novos e difíceis Os exercícios exigidos na superação dos momentos difíceis devem estar de acordo com as possibilidades individuais CLuBE DESPOrTiVO No desporto o clube desportivo é um fator importante na educação moral e é indispensável na formação da personali dade do atleta Os atletas trabalham como instrutores árbitros capitães de equipes etc O trabalho social é uma excelente es cola para a experiência moral positiva A formação do clube é um processo peda gógico difícil em que o treinador desem penha um papel importante No clube surgem e desenvolvemse formas de rela cionamento do atleta com o clube entre os membros da equipe e entre os adversá rios Filin e Fomin 1980 salientam que a realização do clube a organização da exigência do homem a organização das intenções reais vivas e objetivas em con junto com o clube devem constituir o con teúdo do nosso trabalho educativo Uma das principais condições para a realização com sucesso das ações educa tivas no clube está na formação e na ma nutenção das tradições positivas Todos os clubes desportivos devem aplicarse na formação de um sistema de aprovação e de premiação dos atletas Mas em ne nhum caso a questão sobre a premiação deve ser resolvida pelo treinador sem a aprovação do clube FuNÇÃO EDuCATiVA DO TrEiNADOr A principal figura em todo trabalho educativo é o treinador que não limita a sua função educativa somente à orienta ção do atleta no momento do treinamento e da competição A utilização do princípio do treinador no ensino inclui a solução dos objetivos educativos difíceis Tal prin cípio baseiase no processo das sessões de treino e na formação da uma situação agradável e da influência positiva no pro cesso educativo O sucesso da educação dos atletas jovens depende muito da ca pacidade do treinador A efetividade da preparação e da formação geral constitui a educação do atleta e é possível somente quando o treinador está em contato cons tante com a escola com os pais e com todos os que influenciam no desenvolvi mento da personalidade do atleta O trei nador deve preocuparse com o aumento 242 Antonio Carlos Gomes do círculo de interesses dos atletas anali sar constantemente a sua condução e con seguir separar as dificuldades surgidas na sua própria vida Dentre as características do bom treinador estão o talento pedagó gico a rigidez e o entusiasmo No geral é fundamental uma boa formação do treinador para garantir orga nização e conteúdo no processo de treina mento Outra questão é que o treinador deve sempre conscientizar o atleta para o objetivo principal que é o desenvolvi mento motor e intelectual Por isso nas primeiras etapas de preparação a longo prazo devese dar ênfase ao ensino e ao aperfeiçoamento dos principais hábitos motores posteriormente orientar o atle ta no trabalho ativo e no aperfeiçoamento geral da sua preparação no sentido de su perar as dificuldades e assimilar os altos volumes e intensidades das cargas de trei no e de competição A autoeducação não pode ser isola da das ações pedagógicas e sociais Esse processo deve fazer parte da estrutura organizacional de todo o sistema de edu cação Na primeira etapa devese alertar os atletas para a ideia de autoeducação e o treinador deve diagnosticar a persona lidade do atleta Na segunda etapa deve ser organizada a atividade prática dos atletas e dos treinadores na aplicação dos métodos efetivos de autoeducação indivi dual e de grupo Na autoeducação entra também a autoobrigação com o objetivo de ativar e de determinar o complexo das qualidades e propriedades passíveis de aperfeiçoamento ou de correção Filin Fomin 1980 A educação das qualidades volitivas é de grande importância na atividade do treinador As qualidades volitivas são for madas no processo consciente de supera ção das dificuldades e possuem caráter subjetivo e objetivo Para a sua superação utilizamse tensões volitivas nãohabituais ou seja máxima para um dado estado do atleta Por isso o principal método de educação das qualidades volitivas implica dificultar gradualmente os objetivos rea lizados no processo de treinamento e de competição O treinamento sistematiza do e a participação em competições são os meios mais efetivos da educação das qualidades volitivas dos atletas jovens Durante as sessões desportivas deve ser observado o desenvolvimento das quali dades volitivas como a orientação para um objetivo disciplina iniciativa deci são insistência persistência no sentido de alcançar os objetivos e estabilidade Os principais meios e métodos que orientam para um objetivo consistem no aumento e no aprofundamento das ses sões teóricas nas aulas de educação física principalmente para o desporto específico selecionado Os atletas devem saber como são planificados os treinos não só pelo volume e pela intensidade mas também pela ligação com o objetivo concreto de cada etapa qual a avaliação que análise dos erros foi feita e quais as razões dos êxitos no processo de treinamento A dis ciplina deve ser iniciada na primeira ses são desportiva A rigorosa manutenção das regras do treinamento e a participação em competições além do cumprimento das ordens do treinador e boa condução nos treinos na escola e em casa devem ser sempre objetos de observação do pe dagogo A intuição deve estar associada à ca pacidade de ação volitiva independente Para o desenvolvimento da intuição uti lizamse jogos recreativos e desportivos e outros tipos de atividades motoras em que o praticante deve rapidamente e de forma correta avaliar as situações surgi das de repente pensar e escolher um pla no de ação em cada situação e resolver as ações por si próprio A estabilidade é uma qualidade que surge em situações muito difíceis Os seus componentes principais são a maturida 243 Treinamento desportivo de a persistência no sentido de alcançar o objetivo determinado o autodomínio e a vontade de vitória Um dos métodos da educação é a organização dos treinos e competições que apresentam dificulda des significativas para os atletas jovens Apesar de tudo é necessário ensinar a treinar e a participar de competições em condições difíceis É necessário educar constantemente a vontade o atleta deve aprender a autossuperação e apesar do cansaço deve continuar a realizar os exer cícios propostos A decisão é uma expressão ativa do atleta é a preparação para agir sem osci lação Ela é educada no processo de uti lização de exercícios que devem conter sempre elementos novos e imprevistos e também de difícil superação que estão li gados à necessidade de decisão A educação pela insistência e pela persistência no sentido de alcançar os objetivos é uma das principais metas na preparação do atleta Para o aperfeiçoa mento dessas qualidades é necessário não só a aspiração aos objetivos mas também a crença no seu resultado O atleta deve estar consciente de que sem a superação das dificuldades no treino não poderá atingir o alto nível desportivo É muito importante desde o início das sessões desportivas confirmar a assi duidade capacidade de superação das dificuldades específicas que é atingida por meio da realização sistemática dos treinos ligados com o crescimento das cargas Durante os treinos destacase a importância da educação intelectual que tem como objetivo a assimilação de conhecimentos especiais da teoria e da prática do treino de higiene e de outras áreas a educação do saber analisar ob jetivamente a experiência adquirida e a participação nas competições A educação intelectual se adquire através de seminá rios das conferências e de leitura sistemá tica de livros A composição dos planos no proces so educativo é um assunto difícil porque eles predeterminam a ação do treinador e dos atletas num período de tempo O planejamento e o controle dos índices da efetividade do trabalho educativo deve ser parte importante na atividade do trei nador na escola desportiva Para o planejamento e para a forma ção do trabalho educativo é necessário determinar o seu objetivo e selecionar os principais meios que ajudam a alcançar os resultados a controlar o tempo necessá rio para a utilização dos meios educativos selecionados e a determinar a ordem da sua aplicação a elaborar as ações educa tivas de temáticas sucessivas nas sessões de treinamentos e competições no regime da vida do jovem atleta e a determinar a sucessão metodológica para os atletas conteúdo dos encontros exigência esco lha de exercício O planejamento do tra balho na escola desportiva deve ocorrer nas seguintes ocasiões n na temporada toda de ensino n no plano de trabalho educativo anual mensal n no plano educativo do trabalho do trei nador Durante a elaboração dos planos devese considerar a exigência do traba lho educativo e determinar a posição das escolas desportivas e dos programas de ensino nos vários tipos de desporto No trabalho educativo devese planejar le vandose em consideração a idade o sexo a preparação desportiva do jovem atleta e as condições reais da atividade desportiva nas escolas O plano de trabalho do trei nador deve garantir a realização sucessiva do plano anual com determinado grupo de atletas O treinador deve preparar o plano anual e o plano de trabalho para o período de 1 a 3 meses Tal plano deve conter medidas concretas com prazos 244 Antonio Carlos Gomes indicados de prática e determinar os ob jetivos das medidas planejadas e a meto dologia da sua preparação e ainda uma pequena análise dos resultados processo educativo das medidas aplicadas O controle da efetividade do treina mento tem grande significado no clube e constitui a parte principal do controle pedagógico no andamento do processo educativo O conteúdo principal é o estu do dos índices da efetividade do trabalho educativo no clube desportivo a análise dos resultados desse trabalho durante o período determinado revelando insuces sos dificuldades e insuficiências A educação laboral constitui o pivô de todos os sistemas de educação do atle ta Os critérios da educação na atividade laboral implicam alta consciência efetivi dade e qualidade durante a realização de qualquer trabalho O controle efetivo do trabalho edu cativo nas escolas desportivas é realizado por meio da observação pedagógica e de medidas de estudo de materiais escritos e gravados Os dados obtidos devem ser comparados com os índices planificados nesse trabalho que é a base do nível da educação do atleta Diferenciamse três formas de cálculo o preliminar o corren te e o global O controle preliminar é rea lizado antes do início dos treinos ou antes do início dos períodos e das etapas de trei namento o controle corrente no desen volvimento do treinamento e o global no fim dos períodos e das etapas O controle preliminar é indispensá vel para o planejamento correto do pro cesso educativo e para a composição dos dados seguintes corrente e global com o nível inicial educativo que permite diri gir racionalmente a educação Os dados do controle global devem ser utilizados para a avaliação do nível atingido no desenvolvimento da personalidade e na avaliação da qualidade do processo edu cativo O corrente garante a inclusão das alterações urgentes nas ações educativas controle das suas efetividades e ativação na autoeducação do atleta Todas as for mas de controle se complementam Na batni 1982 A prática de todos os tipos de contro le é relativamente simples O controle pre liminar e o global geralmente são realiza dos frontalmente ou seja são estudados ao mesmo tempo e a educação de todos os atletas do clube é avaliada concomitan temente No início do trabalho devese levar em conta a forte expressão dos índi ces caracterizados na personalidade dos atletas Durante o desenvolvimento das sessões a avaliação geral deve estar em consonância com os dados das observa ções diárias e com a renovação dos objeti vos no processo de treinamento SELEÇÃO DE TALENTOS NOS DESPOrTOS O papel principal na preparação das escolas desportivas pertence ao sistema de seleção dos atletas jovens com talento A análise da participação dos atletas nos jogos olímpicos e em outras grandes com petições mostrou que alcançam resultados significativos aqueles que possuem alto nível de desenvolvimento das qualidades morais e volitivas os quais dominam com perfeição a técnica e a tática e também possuem alto nível de estabilidade dos fa tores competitivos Daí a necessidade de seleção especial dos indivíduos possuido res das qualidades mencionadas e capazes de atingir êxitos nas várias especialidades desportivas Matveev 1977 A capacidade desportiva é o conjun to de particularidades de várias formas morfológicas funcionais e outras com as quais estão ligadas as possibilidades de alcançar os altos resultados e os recordes nos vários desportos A questão mais atual é o surgimento ao seu tempo de crianças 245 Treinamento desportivo e de adolescentes com capacidades assim como a formação e o desenvolvimento do organismo as capacidades motoras e psi cológicas diferenciamse as diferenças do seu surgimento tornamse menos interliga das O sistema da seleção e da orientação desportiva permite revelar as capacidades das crianças e dos adolescentes formar condições prévias agradáveis para a me lhor abertura das possibilidades potenciais e para o alcance da perfeição física e espi ritual Nabatni 1982 A avaliação objetiva das capacida des individuais ocorre na base das obser vações das crianças e dos adolescentes assim como não existe nenhum outro critério de aptidão desportiva Os exames isolados dos índices morfológicos funcio nais pedagógicos e psicológicos são insufi cientes para a prática da seleção desporti va Só na base da metodologia a presença das capacidades e inclinações genéticas é indispensável para o domínio do alto rendimento desportivo É possível realizar efetivamente a se leção das crianças e dos adolescentes para a prática desportiva Justamente com a seleção moderna das crianças e dos ado lescentes nas escolas desportivas o pro cesso pedagógico é de grande importân cia Sua etapa inicial predetermina todo o processo posterior do aperfeiçoamento desportivo No entanto é necessário de terminar o que é seleção e orientação des portiva Filin Fomin 1980 A seleção desportiva é o sistema de or ganização metodológica das medidas e também dos métodos de observação peda gógica sociológica psicológica médicobio lógica na base do qual revelamse as ap tidões e as capacidades das crianças e dos adolescentes para a especialização em determinado tipo de desporto O objetivo principal é o estudo total e a revelação das capacidades que devem corresponder em grande escala às exigências de um ou ou tro tipo de desporto Alguns especialistas utilizam o termo revelação das aptidões desportivas Assim entendese a impor tância do sistema de determinação dos meios e métodos e da avaliação das ap tidões e capacidades do indivíduo o que é de grande significado para o sucesso na especialidade em questão A orientação desportiva é o sistema de organização metodológica das medidas em cuja base determinase a apropriada especialização do indivíduo no tipo determinado de des porto A análise e a conclusão teórica dos resultados dos vários experimentos per mitem formular posições básicas da teoria da seleção desportiva A existência dos mais diversos tipos de desportos aumenta as possibilidades do indivíduo no sentido de atingir um alto nível no desporto O re duzido surgimento presença de qualida des pessoais e de capacidades específicas relativas ao desporto não pode ser consi derado como falta de capacidade despor tiva Sinais pouco evidentes em um deter minado tipo de desporto podem tornarse relevantes e garantir em outro tipo altos resultados Consequentemente o prog nóstico das capacidades desportivas deve ser realizado levandose em consideração a modalidade de desporto ou os grupos desportivos em vista das posições gerais caracterizadas para o sistema de seleção Aptidões hereditárias As capacidades desportivas depen dem muito das aptidões hereditárias que se mostram diferentes na estabilidade e na conservação Por isso durante o prognósti co das capacidades convém prestar aten ção antes de tudo nos sinais instáveis que condicionam os êxitos na atividade des portiva futura porquanto o papel da he reditariedade é condicionado pelos sinais índices manifestadamente reveladores máximos pela presença de altas exigências 246 Antonio Carlos Gomes no organismo do praticante É necessário então que a orientação para os altos níveis de resultado se faça pela realização da ati vidade do jovem atleta Matveev 1983 A ordem do estudo dos prognósticos das capacidades propõe a revelação de tais índices que podem alterarse sob a influência do treinamento Por isso para o aumento do grau de exatidão do prog nóstico é necessário ter em vista tanto o crescimento dos índices como o seu nível inicial O desenvolvimento das funções separadas e as particularidades qualitati vas possuem determinadas diferenças na estrutura do surgimento das capacidades dos atletas em diferentes grupos de ida des Tais diferenças são observadas nos praticantes de técnicas difíceis em que os altos resultados são atingidos ainda na infância e em toda a preparação do atle ta da iniciação ao alto nível ocorrem no desenvolvimento dos processos difíceis da formação do jovem atleta O problema da seleção deve ser resol vido na base da aplicação dos métodos de observação médicobiológica pedagógica psicológica e sociológica Os métodos pe dagógicos permitem avaliar o nível de de senvolvimento das qualidades físicas das capacidades coordenativas e da habilidade técnica desportiva Na base da aplicação dos métodos médicobiológicos aparecem as particularidades morfofuncionais o ní vel do desenvolvimento físico o estado do organismo e o estado de saúde do atleta O psicológico determina o estado psíquico influencia na solução dos objetivos indivi duais e do clube e também avalia a compa tibilidade psicológica dos atletas durante a perseguição dos objetivos postos perante a equipe Volkov Filin 1983 Os métodos sociológicos permitem colher dados sobre os interesses das crianças em relação ao desporto e desco brir as ligações das razões desse interes se consequência da formação da moti vação para a longa prática desportiva e para o alcance de altos resultados des portivos O processo de seleção dividese em três etapas conforme Tabela 83 Etapas da seleção de talentos Primeira etapa preliminar Tem como objetivo o aproveitamen to da maior quantidade de talentos É quando ocorrem o exame preliminar e a organização da preparação inicial Os cri térios que determinam o aproveitamento das crianças e dos adolescentes na prática de vários tipos de desportos relacionam se com a altura com o peso e com as par ticularidades da constituição do corpo da criança A observação do treinador e do professor de educação física tem grande importância para uma seleção correta no decorrer das aulas sessões desportivas nas várias competições e no momento dos controles Para escolher dois ou três gru pos de 20 jovens para a escola desportiva devemse observar mais de 100 crianças Pelos dados estatísticos de 60 mil crianças que são observadas nas piscinas somen te uma entrará no nível dos resultados de classe internacional Por conseguinte somente um dos muitos atletas de elite tornase campeão nos jogos olímpicos A prática desportiva testemunha que na primeira etapa é impossível revelar o tipo ideal das crianças possuidoras das qualidades morfológicas funcionais e psi cológicas indispensáveis para a posterior especialidade As diferenças individuais existentes no desenvolvimento biológico dos iniciantes dificultam tal objetivo Por isso convém utilizar como orientação os dados obtidos nessa etapa O ingresso na primeira etapa é destinado a crianças e a adolescentes com exame médico em or dem e sem problemas de saúde No final da primeira etapa devem ser observados os experimentos de controle e 247 Treinamento desportivo TABELA 83 Sistema de seleção de talentos na escola desportiva Etapa Objetivos principais Métodos de seleção I Seleção preliminar 1 Observação pedagógica 2 Testes de controle 3 Mostra diagnóstico nos vários tipos de desportos 4 Observação sociológica 5 Observação médica II Aprofundamento da revisão em 1 Observação pedagógica correspondência à exigência dos 2 Testes de controle contingentes selecionados dos 3 Competições e provas de controle praticantes apresentação dos êxitos 4 Observação psicológica na especialidade escolhida 5 Observação médicobiológica Matrícula das crianças e dos adolescentes nas escolas desportivas III Sistema de ensino a longo prazo para 1 Observação pedagógica cada praticante na escola desportiva com 2 Testes de controle objetivo da determinação final da sua 3 Competições e provas de controle especialidade desportiva individual etapa 4 Observação psicológica de orientação desportiva 5 Observação médicobiológica de competições Para que se determine o maior grau das possibilidades potenciais das crianças e dos adolescentes é neces sário o nível inicial da sua preparação e o ritmo do seu crescimento No sistema de seleção dos experimentos de controle deve ser observado o resultado para deter minar não só o que eles já sabem ao in gressar mas também o que poderão fazer posteriormente ou seja revelar suas capa cidades na resolução dos objetivos ativos e saber dirigir os seus movimentos O poten cial do resultado desportivo do atleta de pende não só do nível do desenvolvimen to das qualidades físicas mas também do ritmo do crescimento dessas qualidades no processo do treinamento especial O desenvolvimento físico das crian ças é avaliado pelos sinais índices ex ternos altura peso proporção do corpo forma da coluna vertebral e caixa toráxi ca forma da pélvis e pernas Depois disso utilizamse as capacidades motoras das crianças Na Tabela 84 estão apresen tados os controles pedagógicos e os de critérios para a avaliação do nível do de senvolvimento das qualidades físicas que orientam durante a seleção dos iniciantes para a prática desportiva Segunda etapa observação pedagógica Realizase a observação aprofundada dos contingentes de praticantes seleciona dos O treinador estuda profundamente as possibilidades dos praticantes com base nas observações pedagógicas no processo do treinamento nos testes de controle nas competições e nas provas de controle completamse os grupos de treinamento e o número das crianças e dos adolescentes mais capazes Os principais critérios para o prognóstico constituemse nos ritmos do desenvolvimento das qualidades físicas e na formação dos hábitos motores O ritmo da formação dos hábitos motores e o de senvolvimento das qualidades possibilitam prever as perspectivas do aperfeiçoamento desportivo dos praticantes no futuro O objetivo da segunda etapa é a de terminação do grau correspondente dos 248 Antonio Carlos Gomes dados individuais que serão apresenta dos na etapa de aperfeiçoamento São de grande importância os testes de controle a competição as observações médicobio lógicas e as psicológicas O treinador deve prestar maior aten ção no surgimento das crianças mais in dependentes com decisão e capacidade de mobilizarse no andamento da com petição ativas e persistentes na disputa desportiva etc Deve também levar em consideração a necessidade do estado ge ral da personalidade do atleta e não suas capacidades individualizadas Por isso a avaliação deve darse no processo de vá rias atividades competição treinamento em experimentos de laboratórios No final da segunda etapa a comis são sob orientação do diretor da escola desportiva examina o pedido dos pais e resolve as questões relacionadas com as matrículas na escola Os resultados das competições dos testes de controle das características do treinador e da conclusão do médico devem ser discutidos durante a matrícula das crianças e dos adolescentes na escola desportiva Terceira etapa orientação desportiva É o estudo sistemático a longo pra zo de cada escola para a determinação fi nal da sua especialidade individual O es tudo a longo prazo aumenta a segurança do atleta na determinação da sua especia lidade Aqui realizamse as observações pedagógicas médicobiológicas psicoló gicas e os testes de controle com objetivo de determinar os pontos fortes e fracos da preparação dos praticantes Nesse mo mento deve ser resolvida definitivamente a questão da orientação desportiva indivi dual dos praticantes Os principais métodos da terceira etapa são as observações antropométricas e os experimentos pedagógicos psicológi cos fisiológicos médicobiológicos e so ciológicos Durante as observações antro pométricas alguns candidatos podem ser indicados para ingressar na escola despor tiva desde que apresentem características para um dado desporto Os testes pedagógicos têm um papel importante nos resultados que geralmen te formam o conceito da existência das TABELA 84 Avaliação do nível das capacidades físicas das crianças resultado dos testes 9 anos 10 anos Teste de controle Meninos Meninas Meninos Meninas Frequência do movimento passos s 55 58 60 62 Corrida de 20 m com marcha s 35 33 33 31 Corrida de 60 m com partida alta s 96 93 92 90 Salto em distância com os dois pés cm 155 160 165 170 Salto vertical sem deslocamento cm 32 34 36 38 lançamento da bola medicinal 1 kg com 65 70 70 75 as duas mãos de trás da cabeça para a frente m Abdominal saindo deitado para a posição sentado número de repetições 25 30 30 35 Corrida 300 m s 65 62 60 58 Corrida 500 m min 1560 2040 1480 1550 Pendurarse na barra com os braços fletidos s 12 18 16 22 Apertar dinamômetro kg 40 45 45 50 Inclinação do tronco para a frente flexibilidade cm 7 5 8 5 249 Treinamento desportivo qualidades físicas e das capacidades do indivíduo indispensáveis para a especia lidade de qualquer tipo de desporto Por exemplo para a revelação do nível de de senvolvimento da velocidade utilizase a corrida de 30 m para a revelação da força utilizase a medida da força com ajuda do dinamômetro etc O processo de seleção está ligado às etapas da pre paração desportiva e às particularidades dos desportos São caracterizados em ge ral quatro grupos nos seguintes critérios velocidadeforça técnica dos desportos mais complexos combate singular des portivo e jogos desportivos Nos desportos de velocidadefor ça no processo seletivo são avaliadas as crianças e os adolescentes com alto nível de desenvolvimento de velocidade de força e qualidades de força rápida Por exemplo é importante que os saltadores de distância com corrida possuam um alto nível de desenvolvimento das qualidades de velocidadeforça É sabido que é im possível os homens realizarem salto em distância de 710 a 720 m sem atingirem uma velocidade final de corrida de 9 a 10 metros por segundo A alta velocidade da corrida supõe a capacidade de o atleta realizar o impulso com a potência máxi ma Foi estabelecida a correlação entre os índices iniciais do desenvolvimento das qualidades da velocidade e da velocida deforça e o resultado nos saltos em dis tância com corrida durante quatro anos e meio de treinamento Para o prognóstico seguro das possibilidades potenciais do saltador é muito importante controlar o nível do desenvolvimento das principais qualidades físicas e de seus ritmos de de senvolvimento Na seleção de atletas de distâncias curtas convém selecionar as crianças e os adolescentes de altura média ou superior à média com bom desenvolvimento mus cular e particularidades constitucionais favoráveis correlação do comprimen to das pernas tronco Nesse processo devemos estimular o tempo de reação ao sinal de partida o nível de desenvol vimento da velocidade e da velocidade força o nível da capacidade de coordena ção Devemos orientar também os índices integrais caracterizados pelo ritmo de de senvolvimento das principais qualidades físicas das crianças e dos adolescentes nos primeiros anos um ano e meio de trei namento Matveev 1983 As condições potenciais do futuro de pendem em menor grau do nível inicial das qualidades físicas e em maior grau dos ritmos de crescimento e do desenvol vimento dessas qualidades Como regra o nível inicial só em 13 do geral coincide com os resultados na corrida de 100 m de pois de alguns anos de treino Já os ritmos somáticos nos primeiros anos um ano e meio em 89 do geral coincidem com os resultados nos 100 m depois de alguns anos de treinamento Os ritmos de desenvolvimento das principais qualidades físicas têm grande importância durante o prognóstico dos resultados dos atletas somente se o nível do seu desenvolvimento for alto se for baixo os altos ritmos de desenvolvimen to não permitirão aumentar o resultado até o nível esperado em determinados períodos etários de desenvolvimento Devemos prestar atenção nos ritmos de crescimento durante o processo de se leção que justifica a si mesmo durante o controle das particularidades indivi duais da idade biológica das crianças e dos adolescentes Dessa maneira a exis tência relativa do desenvolvimento das qualidades físicas e do ritmo ótimo do seu desenvolvimento relacionado com a idade biológica darão a possibilidade de fazer o prognóstico sobre os resultados de um ou outro atleta No processo de seleção para o atletismo devese utilizar os testes e critérios de controle apresen tados nas Tabelas 85 e 86 250 Antonio Carlos Gomes TABELA 85 Testes com o objetivo de selecionar crianças e adolescentes na modalidade de atletismo corredores de distâncias curtas e barreiristas Testes de controle resultado dos testes 11 anos 12 anos Meninos Meninas Meninos Meninas 1 Corrida de 30 m com caminhada s 38 40 36 38 2 Corrida de 60 m com partida alta s 85 88 83 86 3 Corrida de 300 m s 52 55 48 51 4 Salto em distância saindo com os dois pés rã cm 190 180 200 195 5 Inclinação do tronco para a frente flexibilidade cm 7 9 8 10 TABELA 86 Testes com o objetivo de selecionar crianças e adolescentes na modalidade de atletismo saltadores de distância Testes de controle resultado dos testes 11 anos 12 anos Meninos Meninas Meninos Meninas 1 Corrida de 30 m com caminhada s 39 41 37 39 2 Salto em distância saindo com os dois pés rã cm 200 190 205 195 3 Salto triplo saindo da posição parada cm 65 58 68 62 4 Salto vertical saindo da posição parada cm 40 35 45 40 5 Inclinação do tronco para a frente flexibilidade cm 8 10 10 12 6 Elevação do tronco da posição deitado para a 40 35 45 40 posição sentada número de repetições abdominal Os métodos seletivos são aplicados nos desportos complexos de coordenação por exemplo na ginástica desportiva As potencialidades do ginasta e sua perspec tiva podem determinar em elevado grau os seguintes fatores particularidades morfológicas do organismo habilidade técnica desportiva preparação física geral e especial e particularidades psicológicas As particularidades da composição corpo ral dos ginastas constituem os fatores de caráter endogênico ou seja hereditário isto é resultado por um lado do seu gê nero espontâneo da seleção por outro do seu grau de especialização desportiva Builina Kupamshina 1981 Durante o prognóstico das capacida des dos ginastas os critérios são de gran de importância caracterizando o nível e o ritmo do crescimento das qualidades físi cas em cada grupo etário força velocida deforça força de resistência e flexibilida de É estabelecida a conservação relativa da força muscular e da flexibilidade e seu alto prognóstico pela seleção das crianças para a prática da ginástica desportiva Foi revelado que ginastas separados de dife rentes grupos etários possuem também os índices de força muscular relativa e a movimentação nas articulações como nos desportistas de classe internacional Tais índices têm uma estreita coligação com o crescimento da especialização e da técni ca desportiva e conservam seu significa do em diferentes períodos etários sendo portanto critérios seguros para a deter 251 Treinamento desportivo minação das perspectivas dos ginastas A habilidade técnica do ginasta é deter minada pelos resultados das competições e de programa qualificado além dos re sultados dos testes de controle na prepa ração técnica O significado dos testes de controle com o aumento de qualificação desportiva melhora A seleção nos desportos de combates realizase na base dos seguintes critérios assiduidade existência de caracteres como decisão insistência maturidade rápida assimilação do conhecimento e formação dos hábitos motores e existência de ele mentos criadores no processo de ensino e aperfeiçoamento da técnica Por isso no processo de seleção para a luta nas esco las desportivas convém levar em conta o estado de saúde os sistemas analisadores do organismo os sinais morfológicos o nível da preparação física e a capacidade de coordenação fatores que influenciam a realização dos movimentos com maior exatidão no tempo no espaço e com pou co esforço e a existência da capacidade de passar rapidamente para outros objetivos motores Na seleção utilizamse testes de controle e normativos que estão registra dos na Tabela 87 Platonov 1984 Nos jogos coletivos as perspectivas dos atletas devem ser determinadas com base na análise das qualidades específicas garantindo com êxito a solução dos objeti vos técnicotáticos no processo da ativida de desportiva O prognóstico incontestá vel das capacidades das crianças nos jogos desportivos realizase na base do estudo do complexo das propriedades individuais da personalidade características morfo funcionais do atleta estado dos órgãos e sistemas analisadores do organismo nível do desenvolvimento das qualidades físicas de preferência a de velocidadeforça capacidades de coordenação capacidades TABELA 87 Testes de controle com o objetivo de selecionar crianças e adolescentes praticantes de luta em escolas desportivas Teste de desenvolvimento das qualidades de velocidadeforça nos adolescentes de 12 anos Avaliação dos resultados Testes de controle início do ano Final do ano 1 Corrida de 30 m com partida alta s 54 excelente 51 excelente 55 bom 52 bom 56 suficiente 53 suficiente 58 fraco 55 fraco 2 Salto em distância saindo com os dois pés rã cm 160 excelente 180 excelente 155 bom 175 bom 150 suficiente 170 suficiente 140 fraco 160 fraco 3 Tempo de manutenção da posição no ângulo de 90º 4 excelente 7 excelente pendurado nas argolas s 3 bom 5 bom 2 suficiente 3 suficiente 0 fraco 0 fraco 4 Flexão dos braços com o apoio das pernas em um 6 excelente 15 excelente banco com altura de 60 cm número de vezes 4 bom 12 bom 2 suficiente 8 suficiente 0 fraco 4 fraco 5 Exercícios na barra fixa ginástica ou nas argolas 4 excelente 6 excelente até o nível do queixo número de vezes 3 bom 5 bom 2 suficiente 4 suficiente 1 fraco 2 fraco 252 Antonio Carlos Gomes de solução operativa dos objetivos moto res e pensamento tático escolha e reali zação das recepções e meios de condução da competição desportiva capacidades de controle dos esforços neuromusculares e de direção dos seus estados emocionais em situações extremas O prognóstico seguro das capacida des nos jogos desportivos propõe os testes de observações pedagógicas no desenvol vimento das qualidades e das proprieda des da personalidade do atleta A segu rança no prognóstico depende de longa observação As características qualitativas condi cionadas nas atividades motoras nos jogos desportivos na etapa inicial da especiali zação são relativamente independentes Durante a determinação das capacidades das crianças pelos critérios é necessário sugerir a aproximação diferencial e estu dar os progressos individuais no desen volvimento de cada qualidade importante para a especialidade nos jogos desporti vos Como exemplo apresentamos na Ta bela 88 os critérios utilizados durante a seleção na modalidade de basquetebol na escola desportiva Tabela 88 A determinação dos candidatos às seleções nacionais deve ocorrer com base no controle do potencial motor nas pos sibilidades do desenvolvimento posterior das qualidades físicas no aumento das possibilidades funcionais do organismo do atleta na assimilação dos novos hábi tos motores na capacidade para a realiza ção de cargas de grandes volumes e altas intensidades e na estabilidade psicológica dos atletas nas competições No processo de seleção consideramse os seguintes componentes índices morfológicos ní vel de preparação física especial nível da preparação técnica tática e psicológica possibilidades funcionais do organismo do atleta e capacidade de recuperação depois de grandes cargas físicas e psicoló gicas A principal forma de seleção são as competições Por isso devemos levar em conta não só os resultados e sua dinâmica durante os últimos 2 a 3 anos mas tam bém a dinâmica dos resultados no decor rer do anoestágio das sessões regulares em correspondência com os principais componentes da preparação e do desen volvimento físicos no tipo de desporto em questão Matveev 1977 253 Treinamento desportivo TABELA 88 Testes de controle com o objetivo de seleção na modalidade de basquetebol Corrida de 20 ms Salto em distância Salto vertical saindo pés unidos Corrida de 60 ms idade anos Sufic Bom Excel Sufic Bom Excel Sufic Bom Excel Sufic Bom Excel MENiNOS 10 4244 3941 38 143155 156168 169 2735 3440 41 100104 9499 93 11 4042 3739 36 154162 163171 172 3337 3842 43 96101 9095 89 12 3942 3538 34 164178 179193 190 3540 4146 47 9398 8392 82 MENiNAS 10 4244 3941 38 133147 148162 163 2732 3338 39 108115 100107 99 11 4143 3840 37 140154 155169 170 3135 3640 41 102107 96101 95 12 4043 3639 35 159173 174188 189 3540 4146 47 98105 9097 89 O técnico desportivo além de dirigir todo o processo de treinos também é res ponsável pela estruturação do projeto de treinamento Naturalmente o treinador como chefe da equipe comissão técnica antes de iniciar a tempo rada competitiva realiza com todo o pessoal de apoio uma reunião preliminar para determinar os ob jetivos a serem atingidos na temporada e as estratégias a serem utilizadas na opera cionalização do projeto Não há dúvidas de que para o téc nico desportivo ou outro especialista da área do desporto não é fácil proceder à elaboração de um plano de treina mento numa atividade muito complexa e sujei ta às mais variadas influências como é a desportiva Todo planejamento deve iniciar com uma meticulosa análise do processo de treinamento a que foi submetido o atle ta ou a equipe e com base nesses dados deve ser estruturado todo o processo de preparação Ao iniciar o projeto de treinamento devemos prestar atenção em dois pontos importantes O primeiro referese aos princípios do planejamento do treina mento desportivo que não são diferentes daqueles discutidos em várias outras áre as da atividade humana O segundo está relacionado ao papel do treinador que há muito deixou de se limitar apenas à organi zação e à coordenação direta das ativida des e sim ampliouse atingindo outras preocupações resolvidas com a ajuda das mais diversas áreas É importante salientar que o proces so de treinamento apresenta na sua com posição elementos que resultam de uma atividade cuidadosamente or ganizada O objetivo principal do planejamento con siste exatamente em con seguir que os ele mentos resultantes da atividade organiza da se destaquem facilitando o controle e o resultado final objetivado Gomes Tei xeira 1997 Para caminharmos com maior segu rança na eliminação dos erros é ne cessário que o treinador ao elaborar o plano de preparação da sua equipe ou atleta tenha bem definido mediante estudo anterior o controle da vasta gama de fatores que sobre ele irão exercer influência Isso tam bém é válido para poder resolver o seu problema central e fundamental que é descobrir caminhos e possibilidades para obter resultados possíveis com a equipe ou com os desportistas Na literatura encontramse referên cias mais ou menos dispersas sobre muitos dos fatores que exercem influência sobre o planejamento do treina mento O difícil porém é encontrálas todas juntas devido à sua enorme variedade O que se preten de é de acordo com critérios concretos abordar a problemática do planejamento do treinamento propriamente dito 9 PROjETO DE TREINAMENTO DESPORTIvO 256 Antonio Carlos Gomes No entanto vale destacar que não estão aqui enumerados todos os fatores pois certamente alguns não foram obser vados Além disso devese fazer uma ad vertência parecenos evidente que nem todos eles terão o mesmo peso variando muito de uma situação para outra Ou seja enquanto um determinado treinador num clube grande tem ótimas condições de trabalho à sua disposição outro num pequeno clube não as tem Mas não po demos esquecer que ambos têm a mesma obrigação Após a abordagem inicial passamos a enunciar os diversos fatores pro curando assim fazer comentários acerca de cada um deles além de expor alguns exemplos ANáLiSE DOS rESuLTADOS DA TEMPOrADA ANTEriOr Ao iniciar o planejamento devemos começar por aquilo que constitui exata mente o ponto de partida isto é a análise da situação ocorrida Essa deve ser a mais completa possível abrangendo todos os as pectos desde os técnicos até os administra tivos incluindo também uma análise do rendimento do grupo e dos desportistas individualmente no ano precedente bem como uma apreciação acerca dos resultados desportivos obtidos Curado 1982 Na análise devemos diagnosticar os fatores ocorridos que possibilitaram o prog nóstico da temporada seguinte portanto nesse caso devemos seguir alguns passos relatados a seguir Conhecer o nível de rendimento do atleta ou da equipe na temporada anterior Obter o resultado da evolução da for ma desportiva do atleta talvez dos testes físicos técnicos psicológicos e de rendi mento da competição dados que podem explicar qual o comportamento e a dinâ mica de evolução da perfor mance da tem porada Conhecer o nível de realização dos objetivos previstos No caso do desporto individual verifi car a evolução das marcas e a classifica ção nas mais diversas competições comparan doas com o objetivo proposto no início da temporada precedente Conhecer o volume e a qualidade de treinamento realizados na temporada Recolher da agenda de anotações e das planilhas propostas de treinamento os volumes realizados de treino e suas carac terísticas fisiológicas além da carga men sal e semanal qualidade de dias de treino qualidade de sessões carga utilizada dias de folga etc Isso facilitará a compreensão do treinador na dosagem e na distribuição das cargas futuras Conhecer o perfil da condição apresentada pelo desportista A verificação no laboratório e no campo da condição psicomorfofuncional do desportista antes de iniciar um novo programa é fundamental pois o prová vel nível de performance a ser atingido depende do nível em que se encontra o atleta no início da temporada Conhecer os recursos à disposição como humanos materiais equipamen tos locais e financeiros A análise da qualidade da equipe que fará parte da comissão técnica tornase im 257 Treinamento desportivo portante para que o treinador delegue as tarefas para cada elemento dela O levan tamento da qualidade dos materiais e dos equipamentos pode facilitar a prescrição e o controle do treino O aspecto financeiro quando positivo dá ao treinador a tranqui lidade suficiente para a operacionalização do plano Competições em que se pretende participar São aquelas a que o calendário com petitivo oficial obriga a participar como forma de preparação Dessa maneira tere mos competições regionais nacionais e in ternacionais oficiais e de preparação Nível de preparação do treinador Não se pode ensinar o que ainda não se domina com suficiente seguran ça Acres centaremos aqui que à medida que nos aproximamos da procura de alto rendimen to é cada vez mais importante conseguir uma boa combina ção entre os conhecimen tos do treinador e os dos desportistas Evolução da respectiva modalidade e suas tendências de desenvolvimento Isso não é determinado pela ne cessidade de estar a par da moda ou de copiála mas para que cada treinador seja permanentemente capaz de enten der o porquê das modificações que aparecem na prática mais avançada da sua modali dade e conseguir igualmente identificar o caminho a ser seguido Modelo do desporto praticado Em relação a tal aspecto e mais do que destacar o seu enorme interesse de vemos nos preocupar fundamentalmente com a indicação de elementos que terão de figurar na elaboração de qualquer mo delo competitivo Na im possibilidade de o fazermos de forma mais ampla apresen tamos na sequência elementos para um modelo de jogo na modalidade de basquete bol Assim entre outras coisas deverá con ter os dados indicados na Figura 91 Os modelos competitivos devem in cluir o maior número possível de ele mentos o que facilitará a intervenção da estatística a fim de ordenar todos os dados e possibilitar uma explicação para o com portamento das equipes no treinamento e nas competições Godik 1996 Modelo de preparação Podemos afirmar que ele será uma consequência lógica e natural da elabora ção do modelo de jogo Em função da sua contribuição para a obtenção dos mais al tos resultados desportivos cada um dos componentes do modelo de treinamento ganhará um peso maior ou menor no pro cesso de preparação Adiantamos também alguns elementos para a elaboração de um modelo de treinamento continuamos com o exemplo da modalidade de basquetebol Figura 92 Como se pode observar o modelo deverá conter indicadores quan titativos estágio mínimo de preparação para um ano e qualitativos aspectos específicos e íntimos da respectiva modali dade Matveev 1996 resultados e objetivos que se pretendem alcançar Devemos definilos desde muito cedo tanto os secundários como os princi pais o que permitirá uma correta orientação na direção que imprimimos ao processo de preparação 258 Antonio Carlos Gomes FiGurA 91 Elaboração do modelo de jogo na modalidade de basquetebol Número de piques realizados Dribles Bloqueios Passes mais utilizados Contato físico Efi ciência das ações Número de jogadores utilizados Número de arremessos livres Número de faltas pessoais Quantidade de saltos Distância percorrida no jogo Número de ações táticas individuais e coletivas Bolas perdidas Passe de bola Número de fases de ataque e defesa Alternância entre ataque e defesa Tempo de ataque e defesa Situações defensivas Ataque e contraataque Arremessos Constituição da equipe Modelo de jogo 259 Treinamento desportivo Meios de recuperação Uma das bases do processo de trei no corretamente dirigido deverá ser cons tituída por uma alternância equilibrada entre a aplicação das cargas de trei no e os adequados períodos de recuperação Ma thews Fox 1979 Aqui surgem algumas questões com plicadas como por exemplo o que fazer para ajudar ou acelerar a recuperação Da qui o pensamento vai rapida mente para os meios mais ou menos sofisticados mais ou menos secretos ou milagrosos alguns já mais tradicionais outros ultramodernos os diferen tes tipos de sauna e outros meios FiGurA 92 Estrutura do modelo de treinamento no ciclo anual para a modalidade de basquetebol Número de dias de treinamento Número de sessões de treinamento Número de jogos oficiais e de preparação Tempo gasto em viagens Número de dias livres Número de lançamentos ao cesto por posição Número de lançamentos livres Quantidade de saltos livres e com sobrecargas Quantidade de contraataques Número de repetições 1x1 2x2 3x3 etc Número de ações táticas de ataque e defesa Tempo de trabalho nas ações táticas coletivas com diferentes sistemas de ataque e defesa Quantidade de jogo de 5 x 5 em toda a quadra Quantidade de jogo de 5 x 5 em toda a quadra Tonelagem total e por segmentos no treinamento da força Quilometragem dividido pelos diferentes tipos de espaço Estrutura do modelo de treinamento 260 Antonio Carlos Gomes hidroterapêuticos as massagens as subs tâncias farmacológicas a eletroestimula ção o esteroide etc Sem negarmos a necessidade e a im portância de tais meios ao mais alto nível da prática desportiva o que pressupõe o seu perfeito conhecimento e domínio por especialistas qualificados não podemos no entanto sabendo da realidade das condições de trabalho da maioria dos trei nadores deixar de destacar uma questão será que todos já dominam perfeitamente os recursos mais simples e os meios natu rais auxiliares de recuperação É possível que estejamos ainda muito longe disso O que fazemos no sentido de acon selhar e esclarecer o que deverá ser um regime de vida adequado a uma correta prática desportiva Que esclarecimentos prestamos acerca dos problemas da higiene individual Que conselhos daremos sobre o uso e a manutenção do equipamento pes soal E que indicações fornecemos para que os nossos desportistas sigam um regi me alimentar equilibrado Será que acon selhamos o desportista a fazer uma refeição diferente ela acontece após uma sessão de treino de força ou a uma de resistên cia E sobre o regime de sono E sobre a utilização dos meios naturais no fortale cimento do organismo O que se faz no sentido de adequar o seu regime alimentar às características dominantes e às exigên cias do esforço específico da respectiva mo dalidade O que fazemos para diminuir ou evitar a monotonia do treino Bem de certa forma referimonos a uma razoável quantidade de meios auxilia res de recuperação o que priva os treinado res de terem de se preocupar com o estudo dos efeitos fisiológicos bioquímicos e psico lógicos provocados pelos diferentes conteú dos das diversas sessões de treinamento e de respeita rem da melhor maneira possível o intervalo de tempo e a aplicação de cada uma delas relacionamento com outros especialistas médico desportivo psicólogo biome cânico nutricionista fisiologista estatístico etc Para se atingir o alto nível tal relação tornase imprescindível pois o técnico trei nador não reúne conhecimentos profun dos em todas as áreas que na atualidade atuam no processo de treinamento e de competição informações sobre as pesquisas na área Vivemos em uma era de revolução científica e técnica e nós treinadores não podemos estar de fora vendo as coisas acontecerem tampouco podemos pura e simplesmente ignorálas Precisamos re correr dentre outras fontes às revistas especializadas que tratam de uma forma mais aprofundada te mas que diretamente nos interessam e relativamente aos quais a pesquisa na área do desporto é deficitá ria p ex dinâmica de grupos técni cas de comunicação etc Há também as re vistas dedicadas à investigação no domínio de educação física e do desporto além da internet que é um meio rápido e eficaz Será quase impossível que de todas essas fontes não reco lhamos elementos que ajudarão a estruturar o trabalho que queremos realizar com os nossos despor tistas Novos elementos na preparação Referimosnos aqui mais diretamen te aos aspectos técnicos e táticos introdu zidos pelas melhores equipes ou pelos melhores desportistas São de fato no vidades ou não passarão de modas bre ves É real mente algo novo devida mente fundamen tado Ou não passa de apenas uma mania de um ou outro treinador 261 Treinamento desportivo Tratase na verdade de uma nova execu ção técnica cuja imitação se aconselha ou será apenas algo a que as características individuais de um determinado despor tista obrigam Da maneira como forem respondidas essas e outras perguntas de penderá a sua adoção ou rejeição e a res pectiva inclusão ou não no nosso plano de trabalho com os desportistas Controle sistemático e anotações Qualquer treinador deverá ter um sistema de registros bemorganizado fi chas dossiês cadernos etc que lhe per mita em qualquer momento saber o que já se fez e o que ainda há para fazer Tudo isso constituirá por assim dizer o contro le do treinador Quanto ao controle periódico não poderemos separálo daquilo que já disse mos a propósito da necessidade da avalia ção uma vez que existe entre ambos os aspectos uma estreita relação O contro le em diferentes momen tos dos efeitos provocados pelo processo de preparação é uma condição indispensável para poder mos conhecer com mais profundidade e segurança a maneira como está ocorren do o processo de adaptação Em função dos resultados das observações uma vez que todo e qualquer plano deverá possuir um certo grau de flexibilidade poderemos avaliar a necessidade ou não de algumas pequenas alterações Motivação Os aspectos da preparação psicológi ca e nela os da motivação tanto intrín seca como extrínseca ganham uma im portância cada vez maior na prepara ção desportiva mesmo para aqueles que estão atualmente orientados com os esforços de uma boa parte dos pesquisadores Por tudo isso devemos incluir a motivação nos fa tores que influenciam o planejamento do treinamento uma vez que dentre outras coisas ela está diretamente implicada na fixação dos objetivos intermediários indi viduais e coletivos A abordagem anterior não se esgo ta por exemplo não destacamos fatores como influências sociais e culturais os aspectos referentes ao clima etc A análise desses fatores e as suas influências espe cíficas e bastante variáveis de modalidade para modalidade cabe a cada treinador dentro da sua espe cificidade esportiva ELABOrAÇÃO DO PLANEJAMENTO DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA A realização do plano fundamental mente trata dos principais problemas me todológicos a serem elaborados nos vários tipos de preparação desportiva Existem aspectos comuns relacionados às adapta ções a um plano de preparação anual e a um plano de preparação a longo prazo Analisaremos na sequência o plano de preparação em cada etapa de seu de senvolvimento ETAPAS DE DESENVOLViMENTO DO PLANEJAMENTO DA PrEPArAÇÃO DESPOrTiVA As etapas do planejamento da pre paração desportiva têm muito a ver com praticamente tudo aquilo que devemos fa zer antes de chegarmos ao final da elabo ração de qualquer plano e como é óbvio devemos darlhe forma escrevendoo Es sas etapas estão profundamente ligadas aos problemas relacionados com os fatores que influenciam o planejamento Zakharov Gomes 1992 É importante montar e organizar as diferentes peças que uma vez devida mente 262 Antonio Carlos Gomes harmonizadas entre si irão constituir o plano propriamente dito Devese proce der a uma vastíssima gama de operações por vezes bem diferentes entre si Estu dar analisar comparar caracterizar indi víduos constituir baterias de testes eou provas de controle etc são alguns fatores que não devemos esquecer como os des tacados a seguir 1 Análise da situação anterior Já pro cedemos à respectiva abordagem an teriormente 2 Conhecimento detalhado dos mode los de jogo e de preparação 3 Caracterização de cada desportista e do grupo respectivo Tal caracteriza ção resulta da comparação dos da dos dos dois fatores anteriores mo delos de jogo e de preparação com os resultados da análise da situação anterior 4 Dessa comparação teremos os dados do que fazer a seguir a Estabelecer os objetivos de prepa ração elementos fundamentais de ordem física tática técnica psi cológica e teóricometodológica Os objetivos de preparação po dem ser determinados para gru pos de desportistas e individual mente b Estabelecer os objetivos de perfor mance classificação na competição promoções aos níveis superio res convocação de jogadores para as seleções estadual nacional e inter nacional etc c Estabelecer a concepção de jogo no caso dos jogos desportivos Será em função dos objetivos estabelecidos e da concepção de jogo definida que iremos ver qual o tempo necessário para realizálos 5 Conhecimento do calendário compe titivo No caso da elaboração de um plano de preparação é necessário co nhecer apenas as competições princi pais que irão permitir estabelecer a periodização concreta Para elaborar um plano de pre paração anual é necessário con tudo conhecer todas as competi ções em que os desportistas irão participar independentemente da sua natureza Depois de termos estabelecido o calendário competitivo anual comple to passamos à determi nação da ordem de importância dos jogos ou das competições É a ordem de importância que irá constituir a fundamen tação da periodização do processo anual da preparação e da determina ção dos diferentes mesociclos de treino cada um deles com a sua especificidade própria 6 Programação dos índices de forma ção desportiva Sendo a forma des portiva a resultante qualitativa do processo de preparação parecenos evidente que ela não deverá continu ar sendo avaliada por meio de frases como sintome em forma hoje não me sinto bem etc Quantas ve zes nós os treinadores já ouvimos essas frases ou outras semelhantes que procuram demonstrar que o pra ticante se sente ou não capaz de le var adiante deter minadas tarefas no treinamento ou mesmo diretamente na competição A forma desportiva é o alvo do trei namento e é fundamental nos tor nar mos capazes de identificála O desenvolvimento tecnológico em 263 Treinamento desportivo plena era da informática nos facilita tal ação Desse modo a forma desportiva deverá expressarse tanto quanto possí vel mediante dados objetivos obtidos nos diagnósticos médico biológicos bem como por meio dos dados específicos fornecidos pela própria competição Assim poderemos ter a resultados nas provas de controle específico b valores dos índices funcionais consumo máximo de oxigênio capa cidade de esforço anaeróbio c resultados do comportamento psí quico 7 Estabelecer indicadores de preparação para cada mesociclo o número de dias de preparação sessões de treino jogos e competições dias livres etc 8 Testes É necessário determinar os momentos em que será oportuno e útil aplicálos em função da divisão em mesociclos obtidos na sequência da determinação da ordem de im portância dos jogos e das diferentes compe tições Os resultados são regis trados em fichas individuais 9 Controle médico Pode ser geral ou parcial Deverão ser fixadas as datas em que será efetuado Além disso as datas não poderão ser escolhidas ao acaso existem momentos em que o controle médico é obrigatório e ou tros em que é aconselhável Eis al guns exemplos antes do início da preparação antes de um período de competi ções difíceis para saber em que estado se encontram os despor tistas antes do período de transição para se saber como organizar tal período para cada desportista 10 Meios de manutenção e de recupera ção da capacidade de esforço Serão específicos em função das caracterís ticas dos mesociclos em que tiverem de ser utilizados 11 Assistência científicometodológica Terá igualmente um caráter específi co em função dos diferentes tipos de mesociclos e pode ser a investigação de laboratório p ex determinações bioquími cas b investigação no campo p ex ob servação e coleta de dados para tratamento estatístico tanto sobre a própria equipe como acerca dos futuros adversários controle do treinamento por meio de recursos telemétricos 12 Aspectos materiais e administrativos São aqueles que ao fim permi tem ou não a realização do plano Preci samos ter uma ideia muito clara da quilo com que podemos contar Essa é também a área por exce lência para uma estreita e eficiente colabo ração com os dirigentes des portivos 13 Escrever o plano não esquecendo nenhum dos documentos que deve rão acompanhálo fichas dos des portistas principais grupos de meios a utilizar no processo de treino ca dernos de treino aspectos relativos à individuali zação do treino etc Como qualquer plano terá ne cessariamente uma parte descritiva e outra gráfica cada treinador deverá conceber um certo número de fichas para os planos de mesociclo de mi crociclo de sessões de treino fichas dos despor tistas etc 264 Antonio Carlos Gomes PLANEJAMENTO A LONGO PrAzO Não há realmente muito mais a es perar dos planos de curto prazo atualmen te o que aliás é comum a quase todos os aspectos da nossa vida Parece não haver nada melhor do que os exemplos Cas tillo 1994 Alemanha Canadá e Cuba três paí ses que embora em termos de popula ção não façam parte do grupo das grandes potências mundiais estão de fato no do mínio da atividade desportiva de alto ren dimento E se muitos e variados tiverem sido os fatores que contribuíram para tal situação necessariamente diferentes num e noutro caso o certo é que tais países têm se beneficiado extremamente da exis tência de planos de treino a longo prazo Em relação ao plano de preparação a longo prazo existem duas alternativas para a sua elaboração A primeira refere se à prepa ração dos desportistas de um clube e a segunda à dos componentes das diferentes seleções Não se realiza portanto para toda e qualquer categoria de desportistas abrangendo apenas cole tivos devidamente selecionados Tais planos têm em geral uma du ração de quatro anos influência dos ci clos olímpicos mas podem também ser elaborados para um período de tempo mais curto dois ou três anos como por exemplo no caso da preparação destina da à ultrapassagem do baixo nível de qua lidade dos desportistas de um determina do clube ou para um período de tempo mais longo por exem plo planos com a duração de seis anos para a preparação de jovens despor tistas Um plano de preparação a longo prazo compreenderá os seguintes compo nentes 1 Conjuntos de dados preliminares par te descritiva a Caracterização do valor atual da res pectiva modalidade e estudo das suas tendências de desenvolvimento O conhecimento dos modelos e a análise da situação anterior são aspectos que também têm muito a ver com outros a que já nos referi mos anteriormente Além disso teremos também de estudar muito atentamente quais os aspectos que são fundamentais e decisivos para a obtenção dos re sultados de alto nível para cada um dos componentes do processo de treinamento físico técnico psico lógico Outros aspectos referemse à ne cessidade de realizar um prognósti co de resultados e estabelecer a hierarquia de valores da respectiva modalidade b Composição do grupo e caracteri zação individual e detalhada dos desportistas Aqui deverão aparecer os ele mentos que nos permitirão formar uma primeira imagem sobre o ma terial humano à nossa disposição Sobre cada desportista devemos possuir informações as mais com pletas possíveis relacionadas com idade peso estatura clube em que joga funções que desempenha prin cipal alternativa tempo de prá tica desportiva origem de onde vem antigos treinadores índices morfológicos e funcionais uma curta anaminese da qual ressaltem dados relevantes pa râ metros do esforço que o des portista suportou até então ele mentos referentes ao último período imediatamente anterior 265 Treinamento desportivo ao do plane jamento estado de saúde traumatismos sofridos e características fundamentais do processo de preparação a que foi submetido Todos esses elementos podem e de vem ser registrados em fichas c Elementos novos na preparação Devemos estar atentos às novida des e o aspecto mais importante é sabermos exatamente como e quan do poderemos auxiliar e enrique cer efetivamente o nosso próprio pro cesso de treinamento 2 Elementos de conteúdo da parte grá fica a Fixação dos objetivos Os objetivos serão divididos em ge rais por grupos e individuais Para alcançarmos os objetivos fixados é necessário resolver determi nados problemas ao longo do processo de preparação Para uma me lhor e mais eficiente organização do tra balho é bom que tenhamos uma divisão muito clara dos problemas a serem resolvidos Assim uns di rão respeito à aprendizagem ou tros à correção de um ou de outro pormenor e outros ainda apenas ao seu aperfeiçoamento Parecenos necessário ressaltar algumas considerações sobre a me todologia a seguir para a fixação de objetivos Assim essa começará por uma análise do rendimento da equipe e dos atletas no ano despor tivo precedente assim como uma apreciação dos resultados desporti vos alcançados Quanto aos objetivos de perfor mance estes poderão ser de várias ordens Assim poderemos ter den tre outros possíveis os seguintes classificações das diferentes com petições as principais em que a equipe ou o desportista irá participar No caso da equipe deverá ser estabelecido o nú mero de pontos com o qual será possível obter o lugar desejado Para o desportista individual de verá ser feito um prognóstico do resultado necessário promoção de um a dez despor tistas para equipe nacional Sobre os objetivos de preparação deverão aumentar de um ano para o outro e compreender os elemen tos fundamentais que permitirão alcançar o modelo e os objetivos finais Os objetivos para cada com ponente do processo de trei no des portivo devem ser estabelecidos preparação física geral e especial preparação técnica preparação tác tica preparação psicológica e pre paração teórica e para cada ano da sua duração b Calendário competitivo Inclui apenas as competições princi pais campeonato nacional provas internacionais oficiais taça de acor do com as quais serão elaborados c Formas e locais de preparação As formas de preparação podem ser estágios na altitude no lito ral etc torneios de vários dias estágios especiais de preparação prepa ração normal no clube es tágios comuns de preparação com equipes de clubes ou seleções de outros países etc As formas e os locais de prepara ção são escolhidos em função das possibilidades materiais existentes dos objetivos propostos da pe riodização do processo de treino e das exigências da recuperação 266 Antonio Carlos Gomes d Diagnóstico e exames médicos São importantes para conhecermos a evolução dos índices forma des portiva e Parâmetros da preparação Deverão aparecer nesse ítem os da dos mais significativos e decisivos para a obtenção de progresso nú mero de sessões de treino com a equipe com grupos de desportistas individualmente número de jogos eou competições número de dias de preparação número de dias gas tos com viagens número de dias li vres tempo destinado à preparação física tática e técnica etc PLANEJAMENTO DE TrEiNAMENTO DO CiCLO ANuAL O plano anual é um documento obri gatório para qualquer categoria de des portista Portanto pode decorrer ou não de um plano de preparação de longo pra zo Nesse caso servirá para a realização gradual dos objetivos fixados em segundo plano e deverá incluir os elementos com influência direta no que diz respeito à preparação dos desportistas tanto para as exigências correntes quanto para as de longo prazo Um plano de preparação anual deve rá compreender 1 Conjunto de dados preliminares parte descritiva a Equipe de especialistas Serão assinaladas apenas as mu danças que possam ter ocorrido e será estudada a eventual conse quência sobre as diferentes formas de colaboração e a dinâmica do relacionamento que deverá existir entre os diversos componentes da equipe b Composição do grupo de despor tistas c Fixação dos objetivos d Calendário competitivo Em relação ao plano de prepara ção de longo prazo devese levar em consideração todos os jogos ou competições em que a equipe ou os desportistas irão tomar parte inde pendentemente da sua natureza O calendário competitivo comple to fornecenos a periodização do proces so de treinamento Estabeleceremos em seguida a or dem de importância dos jogos e das diferentes competições uma vez que conhecemos para cada um deles os adversários e o seu valor o local onde se enfrentam e os objetivos visados o que nos permite ter uma ideia acerca do provável resultado A ordem de importância dos jo gos e das diferentes competições conduznos à divisão do processo de preparação em diferentes me sociclos cada um deles com uma especificidade própria e bemde terminada a Formas e locais de preparação b Parâmetros da preparação e do esforço Escalonados por mesociclos com um registro e um controle rigoroso sobre a relação exis tente entre o planejado e o rea lizado c Provas de controle Controle médico Direção da forma desportiva d Meios de recuperação e de es forço e Assistência metodológicocien tífica investigatório registros controle do treino etc f Aspectos materiais e adminis trativos 267 Treinamento desportivo 2 Forma de realização Análise detalhada da situação anterior dos desportistas e da equipe Proce dese tal como foi indicado no plano de preparação a longo prazo A seguir na Tabela 91 e nas Figuras 93 94 e 95 a e b são apresentados alguns modelos de Planilhas para a ela boração do plano de treinamento em dife rentes níveis e modalidades 05012009 Segundafeira Aquecimento 20 min com alongamentos de baixa intensidade Corrida de 10 km variando ritmo com frequência cardíaca entre 140180 bpm Terminar com alongamento de baixa intensidade Aquecimento 20 min com exercícios de coordenação específicos para corrida Realizar 5 x 2000 m para 8 min com pausa de 130200 minutos pausa de forma ativa Terminar com alongamento de baixa intensidade durante 15 minutos TABELA 91 Modelo de planilha para a estruturação da sessão de treinamento no período de preparação para um atleta da modalidade de atletismo especializado na prova de 5000 metros Data Dia Período Conteúdo do treinamento Manhã Tarde 15 minutos de aquecimento geral com trote e alongamento Realizar 20 x 400 metros para 6870 minutos com pausas de 4560 minutos Finalizar com trote leve de 20 minutos Data 05 06 07 08 09 10 11 Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Dia feira feira feira feira feira Sábado Domingo Conteúdo Período da manhã Período da tarde FiGurA 93 Modelo de planilha para a elaboração do plano semanal de treinamento 268 Antonio Carlos Gomes FiGurA 94 Modelo de planilha para elaboração do plano mensal Data Dia Período da manhã Período da tarde 01 Domingo Corrida de 15 km variando ritmo com frequências cardíacas variando entre 140180 bpm 02 Segundafeira 03 Terçafeira 04 Quartafeira 05 Quintafeira 06 Sextafeira 07 Sábado 08 Domingo 09 Segundafeira 10 Terçafeira 11 Quartafeira 12 Quintafeira 13 Sextafeira Treino intervalado 8 x 1000 m ritmo de 345 minkm pausa de 1 min 14 Sábado 15 Domingo 16 Segundafeira 17 Terçafeira 18 Quartafeira 19 Quintafeira 20 Sextafeira 21 Sábado 22 Domingo Corrida de 12 km na pista procurando manter a FC em 160180 bpm 23 Segundafeira 24 Terçafeira 25 Quartafeira 26 Quintafeira 27 Sextafeira 28 Sábado 29 Domingo 30 Segundafeira 31 Terçafeira 269 Treinamento desportivo Meses 1 2 3 4 5 6 Competições Secundárias importante Superimportante Forma desportiva Baixa Média Alta Alto rendimento Baixa Etapas Geral Especial Précompetitiva Competitivo Regenerativa Período Preparatório Competitivo Transitório FiGurA 95 A Modelo de planilha para a estruturação do macrociclo de treinamento semestral FiGurA 95 B Modelo de planilha para a organização da periodização simples com um período de competição 1 Ciclos Anual 2 Períodos Preparatório Competitivo Transitório 3 Etapas Preparação Preparação Competições Competições geral especial secundárias principais regenerativa 4 Mesociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 5 indicação das competições 6 Dias de competição 7 indicação do dias de treinamento 8 Número de treinamento a cada mês 9 Número de horas a cada mês 10 Volume 11 intensidade 12 Horas de preparação física geral 13 Horas de preparação física especial 14 Testes de controle Nesta segunda edição acrescentei um novo capítulo sobre o treinamento e aperfeiçoamento das capacidades moto ras mas não deixei de dar atenção ao as pecto relacionado com o calendário des portivo atual A literatura nacional ainda não apresenta dados suficientes para que se possa construir um instrumento teórico que responda às exigências do des porto moderno O número de participações dos atle tas em competições oficiais nos últimos 50 anos vem crescendo muito Essas com petições que apresentam caráter de es petáculo p ex apresentações shows competições que visam ao resultado de alto nível muito bem representadas pelos Jogos Olímpicos Campeonatos Mundiais Jogos Continentais etc exigem do des portista um sistema de treinamento muito bem organizado planejado e com uma forma de controle que possa auxiliar o treinador na prescrição correta das cargas diárias de treino bem como na sua dosa gem durante os prolongados e exigentes ciclos de competição O panorama atual relacionado com a atividade competitiva do atleta exige um controle minucioso de todas as variáveis envolvidas direta ou indiretamente com o processo de preparação desportiva Ao planejar o treino o técnico desportivo deve sempre levar em consideração os princípios pedagó gicos da Educação Físi ca além das leis biológicas que regem o treinamento especializado quando rela cionados com o esporte de rendimento A arte de organizar o treino tornase fascinante quando técnico e des portistas têm bem claro quais são os objetivos a se rem atingidos na tempora da e qual a com petição considerada alvo o que facilitará a periodização do treinamento Nesse aspec to não podemos deixar de abordar as dife renças naturais que apresentam os despor tos individuais dos coletivos os primeiros primam pelo desenvolvimento das suas ca pacidades máximas enquanto os coletivos buscam atingir níveis de adaptação ótima o que nos mostra um caminho bastante diferente a ser seguido na estruturação da metodologia de treinamento O período de treinamento proposto no século XX teve sua divulgação no mun do no início da década de 1950 Apesar de existirem estudos anteriores que pre conizavam nomes bastante diferentes o consenso maior entre os autores é a sub divisão da temporada de treinamento em período de preparação período de compe tição e período de transição Cada período apresenta suas etapas que permitem o controle da quantidade e da qualidade do treino mais conhecidas na literatura con temporânea como volume e intensidade Nos esportes individuais é de gran de importância o período de prepara ção pois quanto mais longo for maior será a CONSIDERAçõES FINAIS 272 Antonio Carlos Gomes possibilidade de adaptação em um estado novo das capacidades morfofuncionais O período competitivo nor malmente é cur to e é quando a resposta ao treinamento deve ser aferida com precisão No despor to coletivo o período de preparação não exerce gran de influência pois é normal mente de curta duração quando são cria das as primeiras premissas de adaptação em um nível baixo O período competitivo é que determinará a elevação paulatina do nível de performance Nesse caso o treinador deve ter muito claros e objetivos os indicadores de controle da performan ce do desportista pois isso facilitará uma maior ou menor atenção na evolução das capacidades motoras O período de transição é o momen to que o treinador desportivo utiliza para regenerar recuperar a capacidade de trabalho do desportista Já existe um con senso entre os estudiosos de que nesse momento o desportista deve descansar por um período não muito longo e ao mesmo tempo não deve abandonar to talmente a atividade procurando assim manter um certo nível de performance atingido anteriormente A respeito da questão do rendimento desportivo em um processo a longo prazo muitos anos países do Leste Europeu há muitas décadas desenvol veram pro gramas que permitiram formar atletas olímpicos Tais programas têm origem na seleção de talentos depois na iniciação desportiva no aperfeiçoamen to desportivo e por último no rendimento desportivo As leis naturais de desenvolvimento do ser humano com seus estudos apurados e confirmados cien tificamente permi temnos estruturar um plano a longo pra zo respeitando os períodos sensíveis do desenvolvimento motor e procurando a cada mo mento implementar cargas de treinos especiais que permitam a adapta ção do organismo do atleta de forma sau dável convergindo então para um alto rendimento desportivo A tarefa do treinador evidentemen te não é fácil pois as variáveis a serem controladas são muitas As confirmações científicas nas diversas áre as ajudam nes se processo mas não podemos descartar a habilidade do treina dor que somada à experiência prática pode resolver ques tões momentâneas que são muito parti culares nos desportos as quais dependem do momento emocional que se vive e que ainda não encontram explicações sufi cientes nos pressupostos teóricos ACHMARIN B Teoria e metodologia da educação físi ca manual para os institutos pedagógicos Moscou Prosveschenie 1990 AGDJANIAN N CHABATURA N Os biorritmos es porte saúde Moscou Fizcultura y Sport 1989 p 208 BADILLO C J J SERMA R J Bases de la progra macion del entrenamiento de fuerza Barcelona Inde 2002 BOGUEM M O ensino das ações motoras Moscou Fizcultura y Sport 1985 BOIKO V O desenvolvimento orientado das capacida des motoras do homem Moscou Fizcultura e Sport 1987 p 144 BONDARCHUK A Periodización del entrenamiento deportivo en los lanzamientos atléticos Madrid Con sejo Científico Metodológico del Comité Estatal de Cultura Física y Deportes 1988 BRIANKIN S V Estrutura e função do esporte mo derno Moscou Instituto de Cultura Física de Mos cou1983 BUILINA I F KUPAMSHINA I F Teoria da prepa ração de desportistas jovens Moscou Fizcultura y Sport 1981 CASTILLO E M O treinamento desportivo Cuba Sn 1994 CHAPOCHNIKOVA V A individualização e o prognós tico no esporte Moscou Fizcultura y Sport 1984 COSTA L P Introdução à moderna ciência do treina mento desportivo Brasília DF Divisão de Educa ção Física do MEC 1968 COSTILL D SHARP R TROUP J Muscle strength contribution to sprint swimming Biokinetic Strength Training v 1 p 5559 1980 COSTILL P L Energy suply in endurance activities International Journal of Sports Medicine v 5 p 19 21 1984 COUSILLMAN D A Natação esportiva Moscou Fiz cultura y Sport 1982 p 208 CRISTIENSEN E HEDMAN R SALTIN B Intermit tent and continuous runing a further contribution to the physiology of intermittent work Acta Physiologica Scandinavica v 50 n34 p 269286 1960 CURADO J Planejamento do treino e preparação do treinador Lisboa Caminho 1982 DEDVEDEV A O sistema de muitos anos no halte rofilismo compêndio para os treinadores Moscou Fizcultura e Sport 1986 p 214 DONSKOI D ZATISIORSKI V Biomecânica manual para os institutos de cultura física Moscou Fizcultu ra e Sport 1979 p 264 DURANTEZ C Olímpia y los juegos olímpicos anti guos Pamplona Delegación Nacional de Educación Física y Deportes Comitê Olímpico Español 1975 FILIN VP A teoria e a metódica do esporte juvenil Moscou Fizcultura y Sport 1987 FILIN VP Desporto juvenil teoria e prática Londri na Centro de Informações Desportivas 1996 FILIN VP FOMIN N A Fundamentos do desporto de jovens Moscou Fizcultura y Sport 1980 GODIK M A Controle da carga de treino e competi ção Moscou Fizcultura y Sport 1980 GODIK M A Futebol preparação dos futebolistas de alto nível Rio de Janeiro Palestra Sport 1996 GODIK M A Metodologia esportiva manual para os institutos de educação física Moscou Fizcultura y Sport 1988 GOLLNIK F HERMANSEN L Adaptação bioquími ca aos exercícios metabolismo anaeróbio a ciência e o esporte Moscou Fizcultura e Sport 1982 p 1459 GOMES A C Formação do sistema de treinamento de desportistas brasileiros com base na teoria e prática do esporte internacional no material de corrida Tese REFERêNCIAS Doutorado em Teoria e Metodologia da Educação Física e Treinamento Desportivo Academia Nacio nal de Cultura Física da Rússia Moscou 1997b GOMES A C Futebol treinamento desportivo de alto rendimento Porto Alegre Artmed 2008 GOMES A C Princípios científicos do treinamento desportivo João Pessoa Idéia 1997a GOMES A C Treinamento desportivo princípios meios e métodos Londrina Treinamento Desporti vo 1999 GOMES A C Treinamento desportivo processo de muitos anos de preparação João Pessoa Ed Uni versitária 1998 GOMES A C FILHO N P A Cross training uma abordagem metodológica Londrina Apef 1991 GOMES A C et al Aná lises das ações motoras de deslocamento da equipe de voleibol feminino En contro Anual de Iniciação Desportiva PIBICCNPq VIII 1999 Anais v II 1999 p 377378 GOMES A C JUNIOR A A Seleção de talentos nos desportos fundamentos teóricos Âmbito me dicina desportiva São Paulo ano 4 n 40 p 11177 1998 GOMES A C MACHADO J A Futsal metodologia e planejamento na infância e adolescência Londri na Midograf 2001 GOMES A C TEIXEIRA M Esportes projeto de treinamento Londrina Cid Centro de Informações Desportivas 1997 GROSSEN M STARISCHA S Principios del entrena miento deportivo Barcelona Martinez Roca 1988 GUJALOVSKI A As etapas do desenvolvimento das capacidades físicas motoras e o problema de otimi zação da preparação física das crianças de idade esco lar Tese Doutorado Moscou 1980 p 43 HARRE D Special problems in preparing for atletic competitions principles on sports training Berlin Spongverlag 1982 p 216227 HOHMANN A Grundalagem der trainingssteuerung im sportspiel Hamburg Czwalina 1993 HOWALD H Traininginduced morphological and functional changes in skeletal muscle International Journal Sports Medicine v 3 n 1 p 112 1982 ILHIN E Psicologia da educação física Moscou Pros veschenie 1983 p 199 IVOILOV A TCHUKSIN I SCHUBIN I A prepa ração poli competitiva dos desportistas Teoria e a prática da cultura física n 2 p 3335 1986 JUNIOR A A Flexibilidade e alongamento saúde e bemestar São Paulo Manole 2009 KARPMAN V KHRUCHEV S BORISSOVA I O co ração e a capacidade de trabalho do atleta Moscou Fizcultura e Sport 1978 p 120 KEIZER H A Exercise and training induced menstrual cycle irregularies International Journal Sports Medicine v 7 Suppl p 3844 1986 KELLER V S Atividades competitivas no sistema de preparação desportiva sistema moderno de prepara ção desportiva Moscou Fizcultura e Sport 1995 p 4149 KELLER V S PLATONOV V N Teoria e metodologia da preparação de desportistas Linov 1983 p 270 KEUL J Training und regeneration im hochleistun gssport Leistungssport v 8 n 3 p 236246 1978 KOROP I KONONENKO I A natação feminina par ticularidades e perspectivas Kiev Zdorovie 1983 KOTS I VINOGRADOVA O A fisiologia do aparelho nervoso muscular manual para institutos da cultura física Moscou 1982 KOTS I VINOGRADOVA O método de saturação de hidratos de carbono Moscou Fizcultura e Sport 1981 KOTS I VINOGRADOVA O O método de saturação de hidratos de carbono Moscou Fizcultura e Sport 1969 LENINGUER A As bases da bioquímica Moscou Mir 1985 LIAKH V As capacidades de coordenação dos escola res Minsk Polimia 1989 p 112 LUKIN I A metódica de planificação da carga de trei no de orientação de velocidade e de força no sistema de preparação anual e de muitos anos de futebolistas Tese Doutorado Moscou 1990 p 21 MAKHAILOV V MINITCHENKO V A distribuição da carga de treino nos ciclos anuais de prepara ção dos esportistas Teoria e a prática da educação física n 3 p 2326 1982 MANNO R Fundamentos del entrenamiento deporti vo Barcelona Editorial Paidotribo 2000 MANSO J M G VALDIVIELSO M N CABALLE RO J A R Planificacion del entrenamiento deporti vo Madrid Gymnos Editorial 1996 MATHEWS D K FOX E L Bases fisiológicas da educação física e dos desportos Rio de Janeiro Gua nabara 1979 MATVEEV L P MEERSON F Princípios de la teoría del entrenamiento y las tesis actuales de la teoría de la adaptación a las físicas In MATVEEV L P ME ERSON F Esbozos de la teoría de la cultura física Moscou Fizcultura e Sport 1984 MATVEEV L P Fundamento do treino desportivo manual para os institutos de cultura física Mos cou Fizcultura y Sport 1977 MATVEEV L P Fundamento geral da teoria do des porto e sistema de preparação dos desportistas Kiev Literatura Olímpica 1999 274 Referências MATVEEV L P Introdução à teoria da cultura física Moscou Fizcultura y Sport 1983 MATVEEV L P Preparação desportiva São Paulo FMU 1996 MATVEEV L P Problema da periodização do treina mento desportivo Fizitiskoi culture Moscou n 1 1964 MATVEEV L P Teoria e a metodologia da cultura físi ca manual para os institutos da cultura física Mos cou Fizcultura y Sport 1991 MAZNITCHENKO V O ensino das ações motoras as bases da teoria da cultura física Moscou Fizcultura y Sport 1977 MEERSON F Principais leis naturais de adaptação individual fisiologia dos processos de adaptação Moscou Fizcultura y Sport 1986 MEERSON F Z PSHENNIKOVA M C Adaptación a las situaciones de stres y las cargas físicas Moscou Editora Medicina 1988 MELLENBERG G Os princípios motores regionais de elevação da qualidade do processo cíclico com a orien tação para o desenvolvimento da resistência teoria e prática da cultura física Moscou Fizcultura e Sport 1991 p 2324 MIKHAILOV V A respiração do esportista Moscou Fizcultura e Sport 1983 p 103 MILANOVICH D Prirucnik za Sportske Trenere Za greb Faculdade de Cultura Física da Universidade de Zagreb 1997 MISCHENKO V Os mecanismos fisiológicos de adap tação duradoura do sistema respiratório do homem sob a influência da atividade muscular tensa Tese Doutorado Kiev 1985 p 23 NABATNI Kovoi M I Fundamentos da preparação de esportistas jovens Moscou Fizcultura y Sport 1982 NANOVA L A variação na preparação de lançadores Moscou Fizcultura e Sport 1987 p 112 NAZAROV V T KISELEV V G Biomechanical stimu lation on muscle activity in sport rehabilition abstr International Congress of Biomechanical 8 1981 Nagoya p 28 1981 OVANESSIAN A OVANESSIAN I Pedagogia do es porte Kiev Zdorovie 1986 OZOLIN N G Treinamento de atletismo Moscou Fizcultura e Sport 1949 OZOLON E Corrida de Sprint Moscou Fizcultura e Sport 1986 p 154 PLATONOV V N Teoria del deporte manual para os institutos de cultura física Kiev Vysha skola 1987 cap 8 PLATONOV V Adaptação no esporte Kiev Sdarovie 1988 PLATONOV V N Teoria e metodologia do treinamento desportivo manual de estudos para os estudantes de cultura física Kiev Escola Superior 1984 PLATONOV V N Teoria geral de preparação de des portistas no esporte olímpico Kiev Literatura Olím pica 1997 PLATONOV V Teoria do esporte Kiev Editora Vis cha Scola 1987 p 216 PLATONOV V FESSENKO S Os nadadores mais for tes do mundo Moscou Fizcultura y Sport 1990 PLATONOV VN A preparação dos esportistas quali ficados Moscou Fizcultura e Sport 1986 PODSKOTSIKII B N ERMAKOV A D Exemplo de planejamento de treinamento de levantamento de peso dois meses antes da competição Moscou Le vantamento de peso 1981 p 1720 POLISCHUK D A Ciclismo Barcelona Paidotribo 1993 p 514 POPOV V A educação da flexibilidade as bases da teoria e da metódica de cultura física Moscou Fiz cultura e Sport 1986 p 95102 PORTMAN M Planification et periodisation des programmes dentrainement et de compétition Jou nal de Lathetisme n 30 p 515 1986 POWERS S K HOWLEY T E Fisiologia do exercí cio teoria e aplicação ao condicionamento e ao de sempenho São Paulo Manole 2001 PRAMPERO P E LIMAS F P SASSI G Maximal Muscular Power Aerobic and Anaerobic in II6 Ath letes performing at the XlXth Olympic Games in Me xico Ergonomics v 13 n 6 p 665674 1970 PRUS G ZAJAC A Treinamento de sprinters meto dologia principal do esporte de alto nível Moscou Fizcultura e Sport 1988 p 3946 SALTIN B Malleability of the system in overcoming itmitation functional elements The Journal of Expe rimental Biology v 1 n 15 p 345354 1985 SCHMIDT R Os sistemas motores fisiologia do ho mem Moscou Sn 1985 v 4 SELIE G Síndrome de adaptação Moscou Medguiz 1960 p 124 SEROV S Os exercícios pliométricos como meio de preparação de velocidade e de força dos atlletas na etapa de preparação especial Tese doutorado Le ningrado 1988 SHAPOSHNIKOVA VI Individualización y prog nostico en el deporte Moscou Fizcultura y Sport 1984 SIFF C M VERKHOSHANSKY Y Super entrena miento Barcelona Editorial PaidoTribo 2004 SOLOGUB E As bases fisiológicas do treino esportivo da mulher materiais metodológicos Leningra do S n 1987 275 Referências SUDAKOV K Teoria geral dos sistemas funcionais Moscou Editora Medicina 1984 SUSLOV F Acerca del aumento de la efectividade del entrenamiento deportivo en condiciones de altura média Teoria e Prática da Cultura Física Moscou v 12 p 1850 1976 SUSLOV F P Preparação Competitiva e calendário de competições Sistema moderno de preparação desportiva Moscou 1995 p 7379 SUSLOV F Sobre o fundamento especial de preparação nas modalidades cíclicas de esporte o desenvolvimen to da resistência nas modalidades cíclicas Moscou s n 1987 p3940 TIMAKOVA T A A preparação de muitos anos de na dadores e sua individualização aspectos biológi cos Moscou Fizcultura y Sport 1985 TSCHIENE P El estado actual de la teoría del entrena miento Roma Scuola Dello Sport 1990 TSVETAN Z Bases del Entrenamiento Deportivo Bar celona Editorial Paidotribo 2001 VAITSEKHOVSKI S O sistema de preparação despor tiva dos nadadores para os Jogos Olímpicos teoria metodologia prática Tese Doutorado Moscou Instituto Central da Cultura Física 1985 p 22 VERKHOSHANSKI Y V A programação e organiza ção do processo de treino Moscou Fizcultura e Sport 1985 VERKHOSHANSKI Y V As bases da preparação física especial dos desportistas Moscou Fizcultura e Sport 1988 p 331 VERKHOSHANSKI Y V Entrenamiento deportivo planificación y programación Barcelona Martinez Roca 1990 VERKHOSHANSKI Y V Treinamento desportivo teo ria e metodologia Porto Alegre Artmed 2001 VIRU A M Biochemical and hormonal responses to training International Journal of Sports Science Coaching v 1 n 2 p 2535 1995 VIRU A IURIMIAE T SMIRNOVA T Os exercícios aeróbios Moscou Fizcultura e Sport 1988 p 142 VIRU A Kyrgue P Hormônios e a capacidade de tra balho desportivo Moscou Fizcultura e Sport 1983 p 159 VOLKOV N Bionergética de la actividad muscular in tensa del hombre y métodos para el aumento de la ca pacidad laboral de los deportistas Dissertação Mes trado Moscou 1990 VOLKOV N Bioquímica do esporte Moscou Fizcultu ra e Sport 1989 p 267347 VOLKOV V M FILIN VP Seleção desportiva Moscou Fizcultura y Sport 1983 VOROBIEV A N Halterofilia ensayo sobre fisiologia y entrenamiento deportivo México Libros de Mé xico 1974 VOROBIEV A Teoria e da prática Coletânea científi ca n 1 p 910 1987 ZAKHAROV A A GOMES A C Ciência do trei namento desportivo Rio de Janeiro Palestra Sport1992 ZAKHAROV A O efeito imediato afastado da carga de força como fator de aumento do resultado nas compe tições Tese Doutorado Moscou 1985 p 23 ZAKHAROV A O método de jogo de ensino de jovens ciclistas ciclismo Moscou Fizcultura e Sport 1986 p7074 ZAKHAROV A Os aspectos metódicos de organização da preparação dos ciclistas de alta competição nas con dições do centro de preparação olímpica recomen dações práticas Moscou Sovietiski Sport 1990 ZATSIORSKI V As qualidades físicas do atleta Mos cou Fizcultura y Sport 1970 ZENOV B A preparação física especial do nadador em terra e água Moscou Fizcultura e Sport 1986 p 79 ZHELYAZKOV T Bases del entrenamiento Barcelona Editorial Paidotribo 2001 276 Referências