·

Psicologia ·

Psicologia Institucional

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta
Equipe Meu Guru

Prefere sua atividade resolvida por um tutor especialista?

  • Receba resolvida até o seu prazo
  • Converse com o tutor pelo chat
  • Garantia de 7 dias contra erros

Texto de pré-visualização

Violencia e preconceitos na escola v s s Contribuicoes da Psicologia Pesquisa Violência e Preconceitos na Escola Relatório Final UFMTCuiabá 2015 Sistema de Bibliotecas da Universidade São Francisco USF Ficha catalográfica elaborada por Tatiana Santana Matias CRB088303 370153 Violência e preconceitos na escola contribuições da Psicologia V792 Organizadores Universidade Federal de Mato Grosso UFMT e Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira Fenpb Autores Universidade Federal de Mato Grosso UFMTet al Brasília DF Conselho Federal de Psicologia 2018 402 p ISBN 9788589208857 1 Psicologia 2 Psicologia escolar 3 Preconceito na escola 4 Violência na escola II Conselho Federal de Psicologia CFP III Associação Brasileira de Ensino de Psicologia ABEP IV Federa ção Nacional dos Psicólogos FENAPSI V Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional ABRAPEE Instituição Executora Universidade Federal de Mato Grosso UFMT Instituições Parceiras Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira FENPB Conselho Federal de Psicologia CFP Associação Brasileira de Ensino de Psicologia ABEP Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional ABRAPEE Federação Nacional dos Sindicatos de Psicólogos FENAPSI Universidades Federais Região Norte Universidade Federal do Pará UFPA Universidade Federal do Amazonas UFAM Região Nordeste Universidade Federal de Pernambuco UFPE Universidade Federal da Bahia UFBA Região CentroOeste Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS Universidade Federal de Mato Grosso UFMT Região Sudeste Universidade Federal de Uberlândia UFU Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Região Sul Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS UFMTCUIABÁ 2015 Coordenadora Geral da Pesquisa Sumaya Persona de Carvalho Instituto de EducaçãoDepartamento de Psicologia UFMT Coordenadora Científica da Pesquisa e Representante da ABEP Profa Dra Ângela Soligo UNICAMP CFP Prof Dr Celso Francisco Tondin Unochapecó Profa Dra Deise Maria do Nascimento Unisul Profa Dra Marilene Proença Rebello de Souza USP ABRAPEE Profa Dra Marilda Gonçalves Dias Facci UEM FENAPSI Profa Dra Mara Rosana Pedrinho Universidades Federais e Coordenadores UFPA Prof Dr Maurício Rodrigues de Souza UFAM Profa Dra Iolete Ribeiro da Silva UFPE Profa MSc Telma Costa de Avelar UFBA Profa Dra Marilena Ristum UFMS Profa Dra Sônia da Cunha Urt UFMT Profa Dra Sumaya Persona de Carvalho UFU Profa Dra Anamaria Silva Neves UFRJ Profa Dra Diva Lúcia Conde UFSC Profa Dra Denise Cord UFRGS Profa Dra Débora Dalbosco DellAglio Articulação Institucional Maria Lúcia Cavalli Neder Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça Yvone Magalhães Duarte Bolsista apoio à equipe gestora Tamyris Proença Bonilha CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA GESTÃO 2016 2019 DIRETORIA Rogério Giannini Presidente Ana Sandra Fernandes Arcoverde Nóbrega VicePresidenta Pedro Paulo Gastalho de Bicalho Secretário Norma Celiane Cosmo Tesoureira CONSELHEIRAS E CONSELHEIROS EFETIVOS CONSELHEIRAS E CONSELHEIROS SUPLENTES Iolete Ribeiro da Silva Secretária Região Norte Maria Márcia Badaró Bandeira Suplente Clarissa Paranhos Guedes Secretária Região Nordeste Daniela Sacramento Zanini Suplente Marisa Helena Alves Secretária Região Centro Oeste Paulo Roberto Martins Maldos Suplente Júnia Maria Campos Lara Secretária Região Sudeste Fabiana Itaci Corrêa de Araujo Suplente Rosane Lorena Granzotto Secretária Região Sul Jureuda Duarte Guerra Suplente Região Norte Fabian Javier Marin Rueda Conselheiro 1 Andréa Esmeraldo Câmara Suplente Região Nordeste Célia Zenaide da Silva Conselheira 2 Regina Lúcia Sucupira Pedroza Suplente Região Centro Oeste Sandra Elena Sposito Suplente Região Sudeste Cleia Oliveira Cunha Suplente Região Sul Elizabeth de Lacerda Barbosa Conselheira Suplente 1 Paulo José Barroso de Aguiar Pessoa Conselheiro Suplente 2 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO EM PSICOLOGIA ABEP GESTÃO 20172019 DIRETORIA Ângela Fátima Soligo Presidenta Eliz Marine Wiggers VicePresidenta João Eduardo Coin de Carvalho 1º Secretário Suenny Fonsêca de Oliveira 2ª Secretária Fernanda de Lourdes Freitas 1ª Tesoureira Sônia Maria Lemos 2ª Tesoureira DIRETORAS E DIRETORES Iraní Tomiatto de Oliveira Alayde Maria Pinto Digiovanni Verônica Chaves Carrazzone Flávia Cristina Silveira Lemos Mônica Ramos Daltro Celso Francisco Tondin COLABORADORAS E COLABORADORES Carla Biancha Angelucci Cinthia Cristina da Rosa Vilas Boas Dreyf de Assis Gonçalves Lazaro Edson de Souza ABRAPEE Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional Diretoria da ABRAPEE eleita para o Biênio 20182020 Alexandra Ayach Anache Universidade Federal do Mato Grosso do Sul MS Presidente Atual Roseli Fernandes Lins Caldas Universidade Presbiteriana Mackenzie SP Presidente Eleita Marilene Proença Rebello de Souza Universidade de São Paulo SP Presidente Anterior Silvia Maria Cintra da Silva Universidade Federal de Uberlândia MG 1ª Secretária Marilda Gonçalves Dias Facci Universidade Estadual de Maringá PR 2ª Secretária Tatiana Platzer do Amaral Universidade Mogi das Cruzes SP 1ª Tesoureira Jane Teresinha Domingues Cotrin Universidade Federal de Mato Grosso MT 2ª Tesoureira Conselho Fiscal Membros efetivos Gisele Toassa Universidade Federal de Goiás GO Herculano Ricardo Campos Universidade Federal do Rio Grande do Norte RN Fátima Regina Pires de Assis Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SP Sônia Mari Shima Barroco Universidade Estadual de Maringá PR Iolete Ribeiro da Silva Universidade Federal do Amazonas AM Membros Suplentes Iracema Neno Cecílio Tada Universidade Federal de Rondônia RO Delite Conceição Rocha Barros Lemos Instituto Dom Barreto PI Viviane Prado Buiatti Universidade Federal de Uberlândia MG FENAPSI Gestão 20172020 Direção Nacional Shirlene Queiroz de Lima Presidente Fernanda Lou Sans Magano Vicepresidente Enildo Calixto Louback Tesoureiro Marinaldo Silva Santos 1º tesoureiro César Rosário Fernandes Secretáriogeral Vânia Maria Machado 1ª Secretária Heitor Freitas de Andrade Secretário Jurídico Walkes Jacques Vargas Secretário de Relações de Trabalho Marta Santa da Cunha Secretário de Formação Marcelo Tourinho de Garcia Secretário de Comunicação Paulo Victor Telles Secretário de Políticas da Saúde Danielle do Nascimento Cezini Lacerda Secretária de Políticas Sociais André de Carvalho Barreto Secretário de Políticas Educacio nais Lucitânia Gomes de Oliveira Secretária de Políticas de Gênero Raça Deficiência e Geração Conselho Fiscal Leone Azevedo Gama da Rocha 1º conselheiro Leovane Gregório 2º conselheiro Elias Rodrigues de Souza 3º conselheiro Valéria Cristina Lopes Princz 1º suplente Sandra Lúcia Vitorino 2º suplente Lourdes Aparecida Machado 3º suplente Conselho Federal de Psicologia 11 PREFÁCIO A Pesquisa Violência e Preconceitos na Escola desen volvida entre os anos 2013 e 2015 representa uma relevante contribuição da Psicologia para pensarmos os fenômenos dos preconceitos e da violência no contexto escolar brasileiro Partindo da preocupação com esses fenômenos da cons tatação de que sua presença nas relações escolares demanda de docentes e gestores compreensão e saberes para construir estra tégias de enfrentamento o FENPB por meio de suas entidades voltadas à Educação e à profissão Associação Brasileira de En sino de Psicologia ABEP Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional ABRAPEE Conselho Federal de Psi cologia CFP e Federação Nacional dos Psicólogos FENAPSI apresentou ao Ministério da Educação MEC a proposta de pesquisa que se apresenta nesta publicação que foi desenvolvi da em parceria com dez universidades federais brasileiras A realidade social que estamos vivendo o crescimento e avanço de formas cada vez mais explícitas de preconceito de expressões e atos de violência são realidades que não podem ser ignoradas pelo conjunto da sociedade e de modo especial pelasos psicólogasos e pelasos educadorases Para além do mundo virtual das mídias oficiais e alterna tivas que têm sido propagadoras de visões preconceituosas de fobias sociais e violências que nos apresentam modelos de ser e estar no mundo que promovem a poucos e excluem a maioria da Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 12 população que criam ilusões de felicidade e produzem infinitas formas de tristeza é no cotidiano de todasos nós nas nossas relações que os preconceitos e as violências produzem e produ zirão as marcas mais profundas de sofrimento O espaço escolar que abriga e preenche a vida e grande parte do tempo de crianças e jovens vivido sem dúvida como lugar de realização de aprendizagens de encontros é também o espaço da vivência e aprendizagem dos preconceitos e da vio lência é também onde cada um aprende seu lugar social em um país marcado pela desigualdade Pensar esse espaço problematizar os fenômenos da vio lência e preconceitos recuperar conhecimentos já organizados por nossas ciências humanas e produzir escuta e voz da comuni dade escolar estudantes docentes pais uma das tarefas desse estudo assim como conhecer e difundir experiências e propostas de enfrentamento são certamente contribuições importantes que a Psicologia apresenta neste relatório à categoria à Educação e à sociedade em geral O Conselho Federal de Psicologia por meio da publica ção e divulgação da Pesquisa Violência e Preconceitos na Escola assume seu compromisso com o campo da Educação e com a di fusão de saberes psicológicos de relevância social que ao mesmo tempo contribuam com o aperfeiçoamento da atuação profissional e com a construção de relações sociais mais humanas e justas Rogério Giannini Presidente do Conselho Federal de Psicologia Conselho Federal de Psicologia 13 SUMÁRIO 1 Apresentação 13 2 Introdução 17 3 Objetivos 25 31 Objetivos Gerais 25 32 Objetivos específicos 25 4 Delineamento Metodológico 27 5 Parte1 Pesquisa Bibliográfica e Documental 39 51 Análise e Discussão 39 52 Análise quantitativa 39 6 Parte 2 Pesquisa de Campo 59 61 Escolas Participantes da Pesquisa 59 62 Caracterização dos Sujeitos 60 63 Oficinas com alunos da primeira etapa do Ensino Fundamental 60 631 Região Norte 60 632 Região Nordeste 61 633 Região Sudeste 61 634 Região CentroOeste 61 635 Região Sul 62 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 14 64 Oficinas com alunos da segunda etapa Ensino Fundamental 62 641 Região Norte 62 642 Região Nordeste 63 643 Região Sudeste 63 644 Região CentroOeste 63 645 Região Sul 64 65 Oficinas com alunos do Ensino Médio 64 651 Região Norte 64 652 Região Nordeste 65 653 Região Sudeste 65 654 Região CentroOeste 65 655 Região Sul 66 66 Rodas de Conversa com Equipe escolar 66 661 Região Norte 66 662 Região Nordeste 67 663 Região Sudeste 67 664 Região CentroOeste 68 665 Região Sul 68 67 Rodas de conversa com Paisresponsáveis 69 671 Região Norte 69 672 Região Nordeste 69 673 Região Sudeste 70 674 Região CentroOeste 70 675 Região Sul 70 7 Descrição e Análise das Rodas de Conversa com Professores 71 8 Descrição e Análise das Rodas de Conversa com Pais 97 Conselho Federal de Psicologia 15 9 Descrição e Análise dos Dados das Oficinas com Alunos 115 10 Descrição e análise dosdados colhidos nas urnas Baú daViolência e Jogue aqui o seu Preconceito 167 11 Propostas de Enfrentamento 189 Referências 215 Conselho Federal de Psicologia 17 1 APRESENTAÇÃO Ao longo de sua história a Psicologia brasileira consoli douse no campo da Educação por meio de sua produção cien tífica e da atuação dos psicólogos escolares A escola tomada em seu conjunto a partir da compreen são de seus atores das relações do contexto e da cultura tem sido lócus de atenção e trabalho da Psicologia em especial da Psicologia Escolar A partir desse compromisso da área com o campo da Educação o Fórum das Entidades Nacionais da Psicologia Bra sileira FENPB que reúne 26 entidades da Psicologia tem es tabelecido diálogos e iniciativas de cooperação com as políticas e gestores da Educação no país Com esse intuito no dia 03 de maio de 2012 represen tantes do Fórum particularmente aqueles ligados ao ensino ao campo educacional e à profissão Associação Brasileira de Psi cologia Escolar e Educacional ABRAPEE Associação Brasi leira de Ensino de Psicologia ABEP Conselho Federal de Psi cologia CFP Federação Nacional dos Psicólogos FENAPSI foram recebidos pelo então Ministro da Educação Nesse encon tro a Psicologia levava por meio de seus representantes Carta Manifesto que expressava suas experiências na área colocando se à disposição para contribuir com estudos e proposições de políticas públicas para a Educação Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 18 O MEC manifestou sua apreensão com a violência na escola e em especial aquela motivada por preconceitos ho mofobia racismo entre outros enfatizando a necessidade da produção de conhecimentos que auxiliassem no combate à vio lência na escola Tendo em vista a preocupação do MEC em relação a essa temática entidades do FENPB ligadas à Educação ABRA PEE ABEP CFP e FENAPSI tomaram a tarefa da elabora ção do Projeto que apresentado ao MEC teve sua importância reconhecida com recomendações de que Instituições Federais de Ensino Superior IFES pudessem em um trabalho coope rativo participar do esforço para o desenvolvimento do Projeto Violência e Preconceitos na Escola com a coordenação da Uni versidade Federal de Mato Grosso UFMT A partir da organização do projeto de abrangência nacional e composição da Equipe Gestora foram convidadas para participar e desenvolver as atividades de pesquisa 10 universidades brasilei ras UFAM UFPA UFPE UFBA UFRJ UFU UFMT UFMS UFSC e UFRGS Em cada uma dessas universidades constituiuse um gru po multidisciplinar composto por cinco pesquisadores sênior e dois pesquisadores juniores sob a coordenação de um membro com formação em Psicologia Em novembro de 2012 durante a 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia comemorativa dos 50 anos da Psicolo gia realizada no Centro de Convenções Anhembi na cidade de Conselho Federal de Psicologia 19 São Paulo o Ministro de Educação e o Presidente do Conselho Federal de Psicologia CFP que administrativamente represen tava todas as entidades do FENPB assinaram uma carta de in tenções referentes ao desenvolvimento do Projeto Com os grupos constituídos o que tomou certo tempo face aos trâmites necessários de cada Universidade foi realizado o Pri meiro Seminário de Pesquisa Violência e preconceito na escola em junho de 2013 na sede do Conselho Federal de Psicologia em Brasília com a participação das Secretarias de Educação Superior SESu e de Educação Continuada Alfabetização Diversidade e In clusão SECADI do MEC do representante do CFP da reitora da UFMT e dos coordenadores de cada instituição de ensino superior para integração dos grupos apresentação do Projeto pela equipe Ges tora esclarecimentos de dúvidas e organização dos passos seguintes da pesquisa O projeto foi submetido ao Comitê de Ética da UFMT preliminarmente e em seguida aos Comitês de Ética de cada Universidade envolvida obtendo parecer favorável A pesquisa documental primeira etapa do projeto foi realizada em 2013 Em dezembro do mesmo ano foi apresen tada ao MEC a préanálise dos dados documentais e em março de 2014 entregue o Relatório referente à pesquisa documental contendo as análises de caráter mais geral e em anexo os dados fornecidos pelos grupos de pesquisa É importante salientar que a realização dessa etapa gerou um banco de dados sobre as te máticas da violência e preconceitos que disponibilizado poderá ser fonte para novas investigações Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 20 No ano de 2014 foram desenvolvidas as atividades da pesquisa de campo que compõem a segunda etapa do projeto Como preparação para essa fase que envolveu estratégias parti cipativas como oficinas e rodas de conversa foi realizada Ofici na na sede do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo na cidade de São Paulo com os Coordenadores das 10 IFES tendo a participação da equipe da Ação Educativa A partir daí ouvindo os coordenadores em um trabalho coletivo da equipe gestora e coordenadores das IFES foi elabo rado o roteiro da pesquisa de campo e as equipes iniciaram seus trabalhos Também se decidiu que haveria um Coordenador Regio nal membro da Equipe Gestora para atender mais diretamente cada região além dos contatos diretos com as Coordenadoras Geral e Científica É importante ressaltar que quando se trata de pesquisa de campo em escolas há que se considerar a rotina a dinâmica administrativa e pedagógica de cada escolaEstado bem como os entraves ou dificuldades possibilidades ou facilidades do cotidiano escolar Esses aspectos também tiveram de ser compatibilizados com o cronograma das equipes de filmagem e com o número de escolas a serem investigadas que variou de acordo com os Estados de cada região Em novembro de 2014 foi realizado o Segundo Semi nário de Pesquisa Violência e preconceito na escola com a presença da Equipe Gestora e dos Coordenadores das 10 IFES Conselho Federal de Psicologia 21 para socialização dos resultados e tomadas de decisão quanto ao Relatório Final Entre novembro2014 e fevereiro2015 os gru pos entregaram os relatórios de campo sob sua responsabilidade A partir desses relatórios os Coordenadores Regionais compila ram os dados por Região para compor e orientar a organização dos dados gerais constantes deste Relatório Final Importante ressaltar também que no decorrer do pro cesso foram realizadas reuniões com a SECADI no intuito de informar sobre o andamento do projeto e receber sugestões e críticas Este Relatório Final é o resultado de um trabalho coope rativo na produção de um texto que revela ao mesmo tempo os conhecimentos já consolidados sobre as temáticas da violência e dos preconceitos bem como as visões e compreensões atuais dos atores escolares Especial atenção foi dada às vozes dos es tudantes que como evidencia a própria produção na área têm sido de maneira em geral silenciadas e esvanecidas quando se trata de discutir a violência e os preconceitos nas escolas Profa Dra Ângela Soligo Presidente da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia ABEP Conselho Federal de Psicologia 23 2 INTRODUÇÃO A Educação brasileira tem sido assunto constante dos debates políticos acadêmicos e da sociedade civil durante décadas e para caminharmos na direção de lhe conferir maior qualidade e abrangência muito ainda se tem de empreender para atingir esse objetivo Vários são os problemas que enfrenta a escola na tarefa de educar bem como os professores e estudantes na vivência do cotidiano escolar Um desses problemas diz respeito à violência escolar Denúncias registros matérias jornalísticas bem como pesquisas em diversas áreas de âmbito local e nacional apontam a violência como fenômeno recorrente no contexto da escola GUIMARÃES 2005 CANIATO 2009 Muitos são os episódios que cotidianamente são observados e relatados pelos atores escolares que descrevem o contexto da violência e dos preconceitos vandalismo contra os bens públicos contra os professores indisciplina desrespeito nas relações professoraluno alunoaluno equipe escolar aluno escolafamília bullying vivência de preconceitos Em muitas situações a culpa de tais fatos acaba recaindo sobre os alunos os pais os professores sem que se faça uma análise dos aspectos históricosociais que permeiam atos de violência no espaço escolar e que interferem em sua função de socializar os conhecimentos que segundo Saviani 2003 seria a função primeira da escola Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 24 Neste estudo entendemos os fenômenos da violência e dos preconceitos como problemáticas a serem pensadas a partir das condições desiguais e diferentes de existência social e cultural de todos os atores envolvidos na educação incluindo docentes discentes e seus familiares tendo em vista a importância da escola na formação e orientação da sociedade para o enfrentamento dos referidos problemas Não se trata portanto de buscar culpados mas sim de compreendê los à luz da história das condições sociais desiguais e da diversidade cultural observadas no espaço social das escolas para pensar em possibilidades de trabalhos inovadores em prol da defesa de educação com excelência para todos Tratase de aumentar a sensibilidade política de todos os envolvidos com o compromisso educativo por meio de práticas pedagógicas que possibilitem a todos o acesso às produções humanas construídas no âmbito das várias ciências artes e técnicas que a escola pode oferecer Os temas deste projeto foram pesquisados por diversos autores Spósito 2001 por exemplo ao fazer um balanço das pesquisas sobre as relações entre violência e escola no Brasil após 1980 identifica que as produções teóricas dissertações e teses em Educação de Universidades de São Paulo defendidas entre 1980 e 2000 traziam duas principais modalidades de violência ações contra o patrimônio mais direcionadas para a estrutura física da escola por meio de depredações e pichações por um lado e formas de agressão interpessoal principalmente aquelas praticadas entre os alunos Conselho Federal de Psicologia 25 O estudo realizado por Sastre 2010 Panorama dos Estudos Sobre Violência nas Escolas no Brasil 19802009 revela uma ampliação das pesquisas na área O autor realizou um levantamento de estudos artigos e trabalhos científicos produzidos entre 1980 e 2009 abrangendo pelo menos 11 áreas de conhecimento e constatou que muitas áreas de conhecimento saúde licenciaturas direito serviço social ciências sociais educação psicologia se preocuparam com essa temática O autor chama a atenção para o fato de que nas áreas da Educação e da Psicologia o tema tem ganhado além da representatividade numérica certa legitimidade e fazendo um recorte disciplinar analisa que a maioria dos trabalhos olha para o mesmo fenômeno sem atentar à sua complexidade mas sim às possibilidades que os instrumentos metodológicos e teóricos que cada disciplina oferece SASTRE 2010 p 4 ora sociologizando ora psicologizando o fenômeno muitas vezes negligenciando a influência das características sociais históricas e culturais ou então desconsiderando a subjetividade dos indivíduos ou mesmo caindo em um moralismo que nada contribui para descrever esses fenômenos tão complexos como são a violência e o preconceito Sastre 2010 p 11 pondera que Porém não se encontram evidências da existência de um diálogo entre essas disciplinas em torno de um tema que de fato demanda múltiplos olhares Assim o desenvolvimento do conhecimento nesta área enfrenta um dilema Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 26 de um lado a necessidade de aprofundamento desde o ponto de vista das diversas disciplinas e de outro a necessidade da produção de conhecimento interdisciplinar sobre o tema A alternativa disciplinar sendo por enquanto única e portanto hegemônica ainda não se esgota A alternativa interdisciplinar se coloca como necessária dadas as dimensões e características do problema E por essa razão não há grande visibilidade desse conjunto de conhecimentos uma vez que os vários estudos se perdem no conjunto de conhecimentos produzidos pelas áreas e não se forma uma comunidade científica em seu sentido estrito a partir da temática da violência SASTRE 2010 Esta pesquisa pretende avançar nessa análise buscando contemplar dialeticamente condições objetivas e subjetivas que produziram e têm produzido esses fenômenos nas escolas brasileiras na perspectiva multidisciplinar elaborando análises que evidenciam os elementos centrais da produção sobre o tema conferindo a eles a necessária visibilidade trazendo como contribuição o recorte da Psicologia Um documento que merece destaque também é aquele desenvolvido sobre as formas de violência contra a criança pela Organização das Nações Unidas ONU A pesquisa foi lidera da pelo Professor Paulo Sérgio Pinheiro em colaboração com o Alto Comissariado para os Direitos Humanos o Fundo das Na ções Unidas para a Infância UNICEF e a Organização Mundial de Saúde OMS São analisados ambientes em que a violência Conselho Federal de Psicologia 27 ocorre em casa e na família na escola nas instituições de prote ção e justiça juvenil em locais de trabalho e na comunidade O estudo apresenta informações de que no Exame Global de Saúde do Aluno realizado nos países em desenvolvimento entre 20 e 65 das crianças em idade escolar relataram que haviam sofrido algum tipo de abuso verbal ou físico nos primeiros 30 dias na escola Índices semelhantes de bullying foram registrados também em países industrializados PINHEIRO 2006 p 1112 Na perspectiva de produzir conhecimentos que desvelem os fundamentos dos problemas sociais que atingem principal mente os jovens na escola Abramovay Lima e Varella 2002 no livro Escola e Violência problematizam dados da pesquisa Cultivando vida desarmando violências de Castro et al 2001 que dá visibilidade às condições de pobreza vulnerabilidade e violência a que está submetida significativa parcela da popula ção brasileira Nesse trabalho as autoras destacam a preocupa ção com os problemas da violência na escola apontando que em geral os pesquisadores indicam que a violência na escola é multicausal e da mesma forma produz numerosas e distintas consequências O estudo concluiu que ações de prevenção que visem a potência dos grupos sociais mais vulneráveis e uma pe dagogia dialógica PEY 1988 são importantes estratégias para enfrentamento da violência Entendemos que a violência é constituída historicamen te a partir da forma como os homens se organizam na prática Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 28 social na materialidade das relações sociais Wieviorka 2006 expõe um novo paradigma da violência afirmando que a violên cia e suas formas de representações se modificam Há sempre um esforço em objetivar a violência seja em números estatís ticas perspectiva que o autor considera também subjetiva pois os números e os relatos expressam o que um determinado gru po num dado momento considera como tal Violência é uma palavravalor conforme Charlot 2002 e deve ser compreen dida numa perspectiva ética a partir de referências culturais e históricas É preciso compreendêla dentro de um determinado contexto em que um grupo uma sociedade ou uma instituição indica aquilo que suporta e o que não suporta e vai assim cha mar de violência Chauí 2000 ao abordar a relação entre ética e violência afirma que Evidentemente as várias culturas e sociedades não definiram e nem definem a violência da mesma maneira mas ao contrário dãolhe conteúdos diferentes segundo os tempos e os lugares No entanto malgrado as diferenças certos aspectos da violência são percebidos da mesma maneira nas várias culturas e sociedades formando o fundo comum contra o qual os valores éticos são erguidos Fundamentalmente a violência é percebida como exercício da força física e da coação psíquica para obrigar alguém a fazer alguma coisa contrária a si contrária aos seus interesses e desejos contrária ao seu corpo e à sua consciência causandolhe danos profundos e irreparáveis como a morte a loucura a auto agressão ou a agressão aos outros CHAUÍ 2000 p 432 Conselho Federal de Psicologia 29 Para a autora no Brasil a violência é entendida como o uso da força física e do constrangimento psíquico que levam alguém a agir de forma contrária à sua vontade A violência é a violação da integridade física e psíquica da dignidade humana de alguém CHAUÍ 2000 p 432 Ocorre nesse sentido uma transformação da pessoa em objeto uma transgressão dos direitos humanos da pessoa Vázquez 1977 p 374 afirma que a violência se manifesta onde o natural ou o humano como matéria ou objeto de sua ação resiste ao homem Ela altera uma legalidade natural e social Para essa destruição os homens usam da força física ou mesmo de ações que violam a vida psíquica com o objetivo de manter um domínio econômico e político ou de conseguir esses ou aqueles privilégios p 381 O uso da violência está portanto relacionado à propriedade privada e à divisão de classes às contradições entre classes antagônicas na busca de manter o que foi conquistado em outras palavras há falta de igualdade de acesso aos bens materiais e culturais produzidos pelos homens Como a violência e a não violência estão em constante movimento não podemos naturalizar esse fenômeno ou mesmo individualizálo A violência da atualidade segundo argumentos do campo sociológico tem novos contornos e dimensões espaço temporais ela é uma questão social mundial Ela é compreendida na sua microfísica como um dispositivo de podersaber uma prática disciplinar e regulatória que produz Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 30 um dano social e que se instaura como uma racionalidade específica desde a prescrição de estigmas até a exclusão efetiva ou simbólica A violência seria a relação social caracterizada pelo uso real ou virtual da força ou coerção que impede o reconhecimento do outro pessoa classe gênero ou raça provocando algum tipo de dano configurando o oposto das possibilidades da sociedade democrática SANTOS 2009 p 16 O fenômeno bullying que nos dias atuais vem sendo um conceito recorrentemente utilizado para descrever as situações de violência na escola tem sido abordado na perspectiva dos sujeitos individuais em suas características segundo o papel que desempenham no processo vítima agressor expectador FANTE 2005 Nessa vertente passa de mecanismo compreensivo para conceito classificatório e acaba por retirar das relações sociais o foco explicativo e nesse sentido encerra nos sujeitos a culpa e a responsabilidade por aquilo que ocorre na e sob as regras instituídas Observamos também que muitas formas de abuso entre iguais encontradas na escola ficam camufladas por um conceito que trata mais das manifestações chamadas ativas agressões xingamentos e as formas ditas passivas igualmente cruéis passam despercebidas de educadores e pesquisadores SALLES SILVA 2008 Estudos recentes vêm propondo que se compreenda o fenômeno em sua relação com a cultura com os modelos e padrões socialmente valorizados e com os grupos excluídos Conselho Federal de Psicologia 31 e desprezados Nessa perspectiva as representações sociais positivas e negativas os preconceitos estariam na base das muitas formas de bullying observadas na escola e na sociedade em geral TV UNICAMP 2010 O fenômeno remete portanto à questão da violência simbólica e institucional que vem ancorada em outra grande questão cuja importância somente nos últimos 80 anos no Bra sil foi amplamente reconhecida como problema o preconceito e suas várias manifestações e alvos Estudar o preconceito parece ser hoje um ponto de partida necessário e indispensável para a compreensão dos modos de constituição de subjetividades marcadas por sua proximidade ou distância dos modelos socialmente valorizados e para muitos pelo estigma da inferioridade assim como para entender como essas subjetividades articulamse com a cultura e com as experiências dos sujeitos concretos PATTO et al 2008 SOLIGO 2001 Se muitos preconceitos vêm sendo identificados no âmbito da escola e fora dela podemos reunir um conjunto de ações e representações que hoje atingem certos grupos específicos que longe de serem simples minorias têm sido alvo recorrente e constante de ações discriminatórias os negros os homossexuais e em alguns contextos as meninas e os deficientes AQUINO 1998 ALEXANDRINO 2009 SOLIGO WECHSLER 2002 Conforme Crochik 2006 o preconceito é parte das sociedades que se sustentam na injustiça e na desigualdade e Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 32 seu combate é fundamental principalmente com a finalidade de conter a violência O preconceito não é uma questão meramente individual em que pese sua manifestação via indivíduos e segundo afirma o autor é preciso buscar na sociedade o que leva o indivíduo a ser ou não preconceituoso Na perspectiva da Teoria Crítica Adorno e Horkheimer apud CROCHIK 2006 p 71 analisam esse fenômeno no interior das relações entre indivíduo e sociedade Considerando que o indivíduo é constituído por mediações sociais o que implica que se são analisadas as configurações individuais propícias ao desenvolvimento de atitudes hostis em relação aos que são tidos como frágeis é porque entendem que a sociedade se reproduz no que tem de violência atravessando os indivíduos Na esteira do preconceito emerge a discriminação sua visibilidade se expressa na violência contra negros indígenas pessoas com deficiência homossexuais obesos e tantos outros Abramovay et al 2012 p 58 grifo da autora afirma que a forma como a escola se organiza a constitui em espaço singular da interação entre os indivíduos A escola constitui um importante espaço de encontro e convivência onde se interpenetram diferentes valores crenças e visões de mundo Assim o ambiente escolar não apenas constrói novas dinâmicas de interação mas também reproduz as que permeiam a sociedade como as Conselho Federal de Psicologia 33 diversas formas de discriminação intimamente associadas à dificuldade de se lidar com aqueles tidos como diferentes da norma Uma instigante pesquisa realizada por Feitosa 2012 na Região Metropolitana de CampinasSP investigou as representações que crianças negras têm sobre a escola e sobre si mesmas no contexto escolar Utilizando variadas estratégias de aproximação a pesquisadora levantou os espaços de pertinência e localização das crianças negras suas identificações e aproximações bem como distanciamentos e problemas As crianças que possuíam entre oito e dez anos relataram inúmeros episódios de discriminação e violência de conotação racial eram crianças que mesmo sem serem diretamente questionadas sobre a questão racial afirmavam aqui nessa escola tem racismo Em estudos anteriores Soligo 2001 já havia constatado a presença marcante do preconceito na escola em que ao professora professor pode ser um agente reprodutor do racismo na medida em que representam de forma desigual as capacidades e possibilidades de crianças negras e brancas bem como de meninas e meninos tendendo a desqualificar tanto as crianças negras quanto as meninas Em uma pesquisa nacional acerca das representações sociais sobre o homem e a mulher negros a pesquisadora identificou o que chamou de guetos simbólicos os homens e mulheres negros são apenas reconhecidos na sociedade quando associados ao trabalho desqualificado braçal ao futebol ao sambacarnaval À mulher negra ainda se reserva o espaço da cozinha do cuidado de criança da satisfação do homem branco SOLIGO 2001 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 34 O preconceito também tem sido identificado nos discursos e práticas relativos aos homossexuais Alexandrino 2009 em uma pesquisaação voltada à questão da homossexualidade e das representações sociais dos professores da educação infantil e do ensino fundamental percebeu que os professores reproduzem os preconceitos homofóbicos aprendidos na cultura e pressupõem a homossexualidade de seus alunos a partir de indícios aparentes fenômeno que denominou suposta homossexualidade Em um curso de formação oferecido a esses professores o pesquisador constatou que em discussões de situaçõesproblema dilemas e filmes com a temática da homossexualidade os professores e professoras expressam seus preconceitos mas instigados à reflexão por meio de conversações debates estudos produzem ressignificações que apontam para a possibilidade de superação de preconceitos Como vimos discorrendo até este momento a violência e o preconceito vêm ocorrendo no espaço escolar As pesquisas apresentadas assim como a observação do cotidiano feita por educadores e profissionais que trabalham na educação denotam tal fato Não se trata somente de discorrer sobre o bullying conforme tem correntemente acontecido na escola Para compreendermos as dimensões da violência e do preconceito portanto é necessário considerar as relações sociais o que pressupõe superar a perspectiva expressa na abordagem do bullying como antes apontado que pasteuriza a multifatorialidade dos fenômenos e buscar em uma abordagem contextual e profunda as nuances e singularidades que revelam Conselho Federal de Psicologia 35 a complexidade da experiência da violência e do preconceito bem como os modos como esses dois conceitos se articulam Compactuamos com as ideias de Chauí 2000 e Vázquez 1977 e compreendemos como esse último pesquisador que só ao deixar de ser violenta a práxis social terá uma dimensão autenticamente humana VÁZQUEZ 1977 p 404 É o investimento nesta dimensão humana que esta pesquisa tem como foco a construção de ações na escola que busquem a emancipação de todos os homens e mulheres a apropriação do conhecimento e o desenvolvimento máximo das potencialidades dos alunos são os elementos que movem este estudo A meta é pensarmos como afirma Saviani 2003 na socialização dos conhecimentos e na humanização de todos os indivíduos que passam pela escola Nessa perspectiva esta pesquisa com amplo suporte da área da Psicologia propôsse a revisitar as temáticas da violência e preconceitos na escola entendendo que é pertinente atual e relevante do ponto de vista não somente da pesquisa acadêmica mas principalmente na perspectiva da adoção de políticas públicas que visem à promoção da igualdade e do respeito no contexto da escola e da sociedade como um todo Constatamos que na relação da Psicologia com a Educação assim como com outras ciências a produção nacional dos últimos 30 anos trouxe significativos conhecimentos a respeito das questões da aprendizagem e das relações no contexto da escola bem como das representações sociais em jogo no âmbito da cultura da cultura escolar das relações Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 36 entre os atores da educação SOUZA et al 2014 Violência e preconceito têm sido tratados por diversos autores da Psicologia e da Educação na perspectiva de compreender as subjetividades que se engendram na vivência da discriminação e das muitas faces da violência A Psicologia e a Educação constituemse na atualidade em potente referencial para a compreensão dos fenômenos da violência e dos preconceitos tratados por essas áreas e pelas áreas afins Defendemos a educação comprometida com o processo de humanização conforme destaca Saviani 2003 Uma educação que tem como finalidade socializar os conhecimentos produzidos pelos homens que defende a apropriação por todos os indivíduos do patrimônio gerado pela humanidade em todas as ciências Compreendemos que no espaço escolar na relação ensinoaprendizagem muitos fatos vão ocorrendo e constituindo a subjetividade daqueles que participam da rotina da escola pais alunos professores funcionários e que a violência e os preconceitos quando presentes na escola interferem na consecução do seu objetivo no sentido de desenvolver a potencialidade de todos os indivíduos por meio da apropriação dos conteúdos curriculares No entanto esses fenômenos embora interfiram no aprender e no ensinar não devem ser analisados somente como decorrentes da dinâmica estabelecida no espaço intraescolar Há que se compreender a produção social dessa violência e dos preconceitos que se reflete nas instituições educativas e considerar que é na coletividade que esses problemas serão enfrentados Políticas públicas investimento na educação projetos que auxiliem a Conselho Federal de Psicologia 37 prática pedagógica melhores condições objetivas de trabalho entre outros pontos são elementos necessários para a superação da problemática analisada nesta pesquisa Entendemos que se faz necessário compilar e organizar os conhecimentos produzidos na busca de sistematizar dados que permitam uma melhor e mais profunda compreensão desses fenômenos A pesquisa de Sastre 2010 realizada em 2009 conforme mencionado já demonstrou que os temas da violência e preconceitos na escola vêm ganhando destaque no nosso país É necessário e urgente agregar esses e outros conhecimentos elaborar um estado da arte que nos leve a uma compreensão menos localizada e mais articulada dos fenômenos esta foi uma das pretensões deste trabalho que acabou sendo efetivada considerando o banco de dados constituído a partir da pesquisa bibliográfica Consideramos ainda importante aprofundar esta análise a partir das vozes daqueles que protagonizam a escola e que se constituem em um contexto que apresenta situações de preconceito e de violência que não são a nosso ver inerentes aos indivíduos mas sim produzidas em contextos sociais e educacionais que precisariam ser revistos e modificados FEITOSA 2012 A consolidação e compilação desses conhecimentos são fundamentais para a reflexão acerca das demandas educacionais de hoje nas distintas regiões brasileiras e para a adoção de políticas públicas no campo da educação bem como das iniciativas intersetoriais enfrentamento dos problemas e busca Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 38 de soluções compartilhadas e coletivas que envolvam os atores da educação governos gestores professores alunos técnicos comunidade e os atores sociais Conselho Federal de Psicologia 39 3 OBJETIVOS 31 Objetivos Gerais Apresentar subsídios teóricos que possam contribuir para a proposição de políticas públicas que auxiliem no enfrentamento da violência e preconceitos na escola Construir fundamentos para a elaboração de um programa nacional de enfrentamento da violência e dos preconceitos na escola 32 Objetivos específicos Realizar um levantamento acerca de documentos e políticas públicas desenvolvidas pelos governos federal estadual e municipal sobre violência e preconceitos na escola Evidenciar o estado da arte sobre a violência e os preconceitos na escola destacando as concepções e abordagens sobre essas temáticas e as práticas exitosas na busca de enfrentamento a esses fenômenos Ouvir a comunidade escolar profissionais da educa ção estudantes e familiares sobre suas vivências e impressões a respeito da violência e dos preconceitos bem como sobre suas estratégias de enfrentamento desses problemas Conselho Federal de Psicologia 41 4 DELINEAMENTO METODOLÓGICO Tendo em vista a complexidade do tema referente às situações de violência enfrentadas no cotidiano escolar e as formas de preconceito presentes na escola muitas das quais geradoras das situações de violência buscamos contemplar na pesquisa tais temas enquanto objeto de estudo Para tanto partimos do princípio de que são temas investigados em diversos centros de pesquisa brasileiros e de que há quantidade expressiva de material publicado sobre estas questões em livros artigos científicos materiais oficiais de cunho ministerial estadual e municipal Além disso consideramos que a temática ora pesquisada necessitava ser complementada por informações atuais e focais daqueles que vivem o processo de escolarização e que estão no interior das situações em que vivências de preconceito e de violência comparecem no cotidiano Nesta pesquisa trabalhamos com um método de investigação que atualmente apresentase como importante tendência em Educação e em Psicologia da Educação e Escolar que busca a compreender o caráter mais geral da questão que consiste no levantamento de estado da arte sobre os temas quantificando a presença do fenômeno no campo de pesquisa nas diversas áreas em que se apresenta b aprofundar a compreensão do problema de pesquisa por meio de dados de cunho Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 42 qualitativo a saber de depoimentos percepções avaliações expectativas daqueles que vivem as questões e os problemas tematizados pela pesquisa Na realização desta empreitada por sua amplitude temática e abrangência do campo contamos com a participação de dez Universidades Federais sendo duas por região geográfica bem como pesquisadores indicados pelas entidades do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira FENPB Trata se portanto de pesquisa multicêntrica de abrangência nacional O projeto foi realizado por meio de pesquisa documental bibliográfica e de campo Neste relatório apresentamos os resultados de tais pesquisas Pesquisa Documental e Bibliográfica Na pesquisa documental e bibliográfica tivemos como objetivo identificar e sistematizar pesquisas sobre violência e preconceito na escola na profundidade de análise que a temática exige considerando a diversidade da escola brasileira nas suas distintas regiões do país os vários formatos que vem adquirindo o processo de escolarização na Educação Básica brasileira seus dilemas e soluções O levantamento desses estudos sobre o tema Violência e preconceitos na escola privilegiou o período de 1996 a 2012 considerando a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Conselho Federal de Psicologia 43 Educação Nacional como marco referencial temporal de análise Foram identificados trabalhos a partir dos centros de pesquisa sobre o tema universidades fundações institutos de pesquisa e bancos de teses e dados em que tais estudos se fazem presentes bem como aqueles solicitados pelos Ministérios da Educação Saúde Assistência Social Secretaria de Direitos Humanos sobre o tema Utilizamos como bancos de informações Secretaria Estadual de Educação Secretaria Municipal da capital do Estado Instituições de Ensino Superior IFES que possuem programa stricto sensu banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira INEP Organização para a Educação a Ciência e a Cultura das Nações Unidas UNESCO Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF e Organização Mundial de Saúde OMS Além disso foi feito levantamento de artigos nas Bases de Dados Scielo BVSPSI e ERIC As palavraschave para a busca dos materiais foram a violência escola e o tema norteador b preconceito escola e tema norteador As análises foram realizadas a partir dos seguintes temas norteadores Raça etnia e terra Diversidade sexual e gênero DSTAIDS homofobia lesbofo bia transfobia saúde reprodutiva Deficiências inclusãoexclusão e fracasso escolar Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 44 Temáticas emergentes e contemporâneas grupos urbanos re gionais aspectos geracionais e familiares institucionalização adolescentes cumprindo medidas socioeducativas MSE a perspectiva de professores que sofrem violência Álcool e drogas Transversalmente foram identificadas propostas e práti cas de enfrentamento da violência e dos preconceitos na escola Os temas norteadores foram divididos entre as Universidades de acordo com a amplitude do tema produção destacada na temática eou localização privilegiada para o estudo do tema Essa distribuição foi efetivada no primeiro encontro entre a Equipe Gestora e os grupos de pesquisadores das universidades parceiras A forma de distribuição das temáticas entre as universidades ficou assim definida a UFMS e UFMT Raça etnia e terra b UFRGS e UFSC Diversidade sexual e gênero DS TAIDS homofobia lesbofobia transfobia saúde reprodutiva c UFPE e UFRJ Deficiências inclusãoexclusão e fra casso escolar d UFPA UFU e UFBA Temáticas emergentes e con temporâneas grupos urbanos regionais aspectos geracionais e familiares institucionalização adolescentes cumprindo MSE a perspectiva de professores que sofrem violência e UFAM Álcool e drogas Conselho Federal de Psicologia 45 Para análise dos trabalhos identificados confeccionamos uma Ficha Analítica contendo os seguintes elementos 1 Caracterização do Documento a identificação da referência completa pela ABNT b modalidade do documento artigo capítulo de livro livro completo tese dissertação documento oficial governamental Centros de Pesquisa Pesquisa no Terceiro Setor c área de conhecimento d resumo do documento pesquisado 2 Análise de cada Documento sob três eixos a caráter e conceituação do fenômeno b análise do contexto produtor de situações de violência e preconceitos c práticas exitosas de enfrentamento da violência e preconceitos Os eixos b e c definidos acima foram relacionados a quatro chaves identificadoras amplitude local regional nacional sujeitos características gerais dos sujeitos pesquisados gênero coretnia origem nível socioeconômico Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 46 instituição pública privada confessional etapa da escolaridade educação infantil ensino fundamental I ou II ensino médio ensino técnico ensino superior educação de jovens e adultos Para a coleta de dados da pesquisa documental a equipe da UFMT elaborou um sistema para arquivamento e gerenciamento das informações coletadas hospedado no sítio da internet do Núcleo de Estudos sobre Simulação Bancos de Dados e Estatística NIDE com o objetivo de uniformizar a coleta das informações compilar uma base de dados normalizada e operacionalizar a leitura dos dados por meio de relatórios qualitativos e quantitativos Os relatórios quantitativos foram processados pelo software IBM SPSS 220 A inserção dos dados foi encerrada em meados de janeiro de 2014 e os relatórios gerados pelos grupos de pesquisa concluídos em meados de fevereiro2014 O relatório concernente à primeira etapa pesquisa documental e bibliográfica foi entregue oficialmente ao Ministério da Educação em junho de 2014 Pesquisa de Campo A pesquisa de campo teve como objetivo o aprofundamento das temáticas violência e preconceitos que efetivamente acontecem no cotidiano escolar e foi realizada nas Conselho Federal de Psicologia 47 várias regiões do país por meio de contatos com instituições escolares e Secretarias Municipais de Educação Essa fase trouxe ao centro da discussão as vozes daqueles que vivem o cotidiano da escola crianças adolescentes e também de gestores professores familiares funcionários técnicoadministrativos e operacionais da escola porteiro inspetor merendeira muitas vezes ausentes das pesquisas realizadas Considerar o que pensam como analisam as situações de preconceito e violência nada escola foi uma dimensão importante para melhor equacionar as questões postas no interior das dificuldades presentes na formação dos sujeitos no plano da Educação Básica Dessa maneira constituiuse elemento qualitativo da pesquisa de caráter empírico envolvendo produções dos atores da escola depoimentos e entrevistas Nesta fase da pesquisa cada uma das equipes apresentou um relatório final dos levantamentos realizados e dos depoimentos coletados em escolas e comunidades assim organizados a Região Norte equipe da UFPA coordenada por Maurí cio Rodrigues de Souza e que desenvolveu o trabalho no Pará Belém Amapá Macapá e Tocantins Palmas e equipe da UFAM coordenada por Iolete Ribeiro da Sil va cuja pesquisa desenvolveuse nos Estados de Ama zonas Manaus Rondônia Porto Velho Roraima Boa Vista e Acre Cruzeiro do Sul b Região Nordeste equipe da UFPE coordenada por Telma Costa de Avelar desenvolvendo a pesquisa nos Estados de Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 48 Pernambuco Recife Alagoas Maceió e Rio Grande do Norte Natal e equipe da UFBA coordenada por Marilena Ristum cuja pesquisa desenvolveuse nos Estados da Bahia Salvador Paraíba João Pessoa Sergipe Aracaju A co leta de dados nos Estados do Piauí Teresina e Ceará For taleza foram realizadas pela equipe de Mato Grosso que fez também a análise deste último A elaboração do relatório do Estado do Piauí ficou a cargo das pesquisadoras Mara Rosa na Pedrinho e Tamyris Proença Bonilha c Região CentroOeste equipe da UFMS coordenada por Sônia da Cunha Urt desenvolvendo pesquisa no Mato Grosso do Sul Campo Grande e Goiás Goiânia e equipe da UFMT coordenada por Sumaya Persona de Carvalho desenvolvida no Estado de Mato Grosso Cuiabá e no Distrito Federal Brasília d Região Sudeste equipe da UFU coordenada por Ana maria Silva Neves desenvolvendo pesquisa em Minas Gerais Uberlândia e São Paulo Ribeirão Preto e equi pe da UFRJ coordenada por Diva Lúcia Conde desen volvendo pesquisa dos Estados do Rio de Janeiro Rio de Janeiro e Espírito Santo Vitória e Região Sul equipe da UFRGS coordenada por Débora Dal bosco DellAglio desenvolvendo pesquisa no Rio Grande do Sul Porto Alegre e equipe da UFSC coordenada por De nise Cord desenvolvendo pesquisa no Estado de Santa Ca tarina Gaspar Pesquisadores da UFSC e Marilda Gonçal ves Dias Facci Equipe Coordenadora coletaram dados em Conselho Federal de Psicologia 49 Maringá Estado do Paraná As análises deste Estado foram feitas pela UFSC e UFRGS Para a consecução dessa etapa foram realizadas oficinas em escolas selecionadas segundo os seguintes critérios uma escola por Estado etapa da escolaridade fundamental e médio diversidade da população rural urbana presença de comunidades indígenas quilombolas assentamentos Nessa etapa não foi considerada a divisão temática entre as universidades realizada na primeira etapa Todos os grupos de pesquisa realizaram as mesmas oficinas pois a realidade em sua complexidade não permitiria um recorte temático a priori A realização da pesquisa de campo por meio de oficinas propiciou que toda a comunidade escolar se envolvesse no mesmo momento na discussão das temáticas mesmo que de modos diferenciados A oficina é um recurso bastante interessante por se constituir em um instrumento de investigação que possibilita dentre várias alternativas congregar em um mesmo espaço várias pessoas permitir a centralidade da análise por parte dos participantes quanto ao tema proposto introduzir linguagens expressivas gráficas cênicas que façam sentido para os participantes de diferentes faixas etárias criar um clima de cooperação e de articulação para a discussão do tema Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 50 Considerando que esta é uma pesquisa de caráter nacional as oficinas foram realizadas em 26 Estados do Brasil O Estado do Maranhão por dificuldade de contato não participou O critério de definição das escolas participantes considerou a solicitação de indicação pelas secretarias estaduais e municipais entendendo que é preciso consultar aqueles que em tese possuem maior conhecimento da realidade local o tipo de área administrativa acolhendo escolas de meios rurais e urbanos de pequenas e grandes cidades escolas que atendam a diferentes comunidades de acordo com o que for preponderante na região utilizandose dos dados do Censo Escolar para esta definição Outro item considerado na escolha das escolas participantes diz respeito à etapa da escolaridade o projeto contemplou ensino fundamental e ensino médio nesse critério a indicação de gestores estaduais e municipais foi ponderada Para a organização desta parte da pesquisa foi realizada em São Paulo uma oficina com a Equipe Gestora e com os coordenadores da pesquisa das 10 universidades participantes do Projeto ministrada pela Organização Não Governamental ONG Ação Educativa organização da sociedade civil que desenvolve atividades de formação e apoio a grupos de educadores de jovens e de agentes culturais Nesse encontro após sugestões e considerações dos pesquisadores foram definidos as dinâmicas e materiais utilizados nas oficinas com as crianças e adolescentes Os tópicos a seguir apresentam essas deliberações Conselho Federal de Psicologia 51 Temas abordados nas oficinas O que é uma boa escola Conte uma experiência boa na escola que aconteceu com você ou que você viu acontecer Conte uma experiência ruim na escola que aconteceu com você ou que você viu acontecer O que é preconceito Tem isso na sua escola O que é violência Tem isso na sua escola O que pode ser feito para melhorar a escola O que pode ser feito na escola para enfrentar o preconceito e a violência Estratégias Escolher escolas buscando a expressão de uma singularidade regional como população cultura grupo heterogêneo atividade área rural Escolher turma ou selecionar grupos de alunos de diferentes turmas Trabalhar em pequenos grupos de quatro ou cinco pessoas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 52 Socialização da produção dos pequenos grupos Discussão com todos os grupos para síntese MateriaisProcedimentos Desenho colagem dramatização música narrativa vídeo e livro infantil Colcha de retalhos Painel Tempestade de ideias Acróstico frases música escrever uma carta Filmagem com a concordância do grupo Disponibilizar por três dias duas urnas com banners contendo as frases Jogue aqui seu preconceito e Baú da violência Requisitos Definição do local e de sua logística de acesso Tempo de realização para a atividade em torno de uma hora e meia Conselho Federal de Psicologia 53 Definição de equipe mínimo de três pessoas Disponibilização de material para a atividade Acesso a equipamento de filmagem Empresa Latitude contratada Apoio técnico à edição da filmagem Material para registro de diário de campo durante ou logo após o processo Para a coleta de dados com a equipe escolar e com os pais a estratégia escolhida foi a roda de conversa que permitiu não apenas a expressão de ideias impressões experiências sentimentos mas o fez de forma compartilhada em que cada participante da roda teve a oportunidade de refletir com os outros sobre a temática abordada As questões norteadoras para as rodas de conversa foram Conte uma lembrança boa e uma lembrança ruim da época em que frequentou a escola Relato de Situações de violência e preconceito famílias e equipe escolar Discussão sobre como essas situações podem ser enfrentadas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 54 Registro dos dados coletados Gravação em áudio com a concordância do grupo Diário de campo registro a quente Gravação de depoimentos individuais o que mais gostaria de falar sobre a escola ou sobre os assuntos tratados Tempo de duração 1h30 previsão Para a realização da pesquisa de campo o Projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Mato Grosso obtendo aprovação para sua realização O referido Projeto também passou por submissão nos Comitês de Ética das universidades envolvidas recebendo parecer favorável As escolas participantes assinaram o Termo de Ciência e Concordância além disso todas as atividades que envolveram a participação das crianças jovens equipe escolar e famílias foram realizadas com a devida assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE Conselho Federal de Psicologia 55 Síntese das atividades realizadas em 2013 2014 e 2015 Ano de 2013 A título de explicitar as ações realizadas em 2013 apresentamos a figura 1 que representa o processo de concepção e planejamento da pesquisa a preparação dos envolvidos as ferramentas e a realização da pesquisa documental Figura 1 Etapas realizadas no ano de 2013 27 Síntese das atividades realizadas em 2013 2014 e 2015 Ano de 2013 A título de explicitar as ações realizadas em 2013 apresentamos a figura 1 que representa o processo de concepção e planejamento da pesquisa a preparação dos envolvidos as ferramentas e a realização da pesquisa documental Figura 1 Etapas realizadas no ano de 2013 AÇÕES REALIZADAS NO PROJETO DE PESQUISA 2013 Reuniões presenciais da equipe gestora 3 Reunião presencial e oficina com equipe de pesquisadores 2 Seminário de Lançamento da Pesquisa e assinatura do Termo de Cooperação 020FUFMT2013 Discussões por email entre equipe gestora e pesquisadores para esclarecimentos e encaminhamentos Inserção dos dados da pesquisa de levantamento no sistema NIDE pesquisadores Elaboração do relatório preliminar equipe gestora Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 56 ANO DE 2014 Apresentamos a seguir as etapas ações e produtos implementados no ano de 2014 que envolveram a elaboração de roteiros a análise qualiquanti da Fase 1 elaboração do Primeiro Relatório Parcial realização de todas as etapas da pesquisa de campo a produção do Segundo Relatório Parcial a finalização e análise das atividades do campo que foram apresentadas no Seminário de Pesquisa realizado nos dias 18 e 19 de novembro no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Figura 2 Etapas realizadas no ano de 2014 28 ANO DE 2014 Apresentamos a seguir as etapas ações e produtos implementados no ano de 2014 que envolveram a elaboração de roteiros a análise qualiquanti da Fase 1 elaboração do Primeiro Relatório Parcial realização de todas as etapas da pesquisa de campo a produção do Segundo Relatório Parcial a finalização e análise das atividades do campo que foram apresentadas no Seminário de Pesquisa realizado nos dias 18 e 19 de novembro no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Figura 2 Etapas realizadas no ano de 2014 Conselho Federal de Psicologia 57 ANO DE 2015 O ano de 2015 é o ano de finalização da pesquisa com a apresentação dos relatórios finais de cada uma das equipes par ticipantes das 10 Universidades polo do Brasil Esses relatórios foram então analisados pelos Coordenadores Regionais da Equi pe Gestora e tiveram seus dados integrados por região A partir dos dados organizados por região procedemos à análise geral e integrada dos dados de campo e entre esses e a pesquisa documental que compõe o presente relatório Assim foram desenvolvidas as seguintes atividades Figura 3 Etapas realizadas no ano de 2015 29 ANO DE 2015 O ano de 2015 é o ano de finalização da pesquisa com a apresentação dos relatórios finais de cada uma das equipes participantes das 10 Universidades polo do Brasil Esses relatórios foram então analisados pelos Coordenadores Regionais da Equipe Gestora e tiveram seus dados integrados por região A partir dos dados organizados por região procedemos à análise geral e integrada dos dados de campo e entre esses e a pesquisa documental que compõe o presente relatório Assim foram desenvolvidas as seguintes atividades Figura 3 Etapas realizadas no ano de 2015 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 58 Os relatórios das atividades de campo realizadas nesta pesquisa pelas dez universidades encontramse na íntegra ane xados neste documento no formato digital em CDROM Os re latos são ricos em detalhes e informações e demonstram a diver sidade da realidade local de cada uma das escolas participantes as necessidades e as dificuldades vividas no campo da pesquisa a importância de metodologias participativas para a compreen são da realidade local na sua complexidade e grandeza Conselho Federal de Psicologia 59 5 PARTE1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL 51 Análise e Discussão A tarefa de análise consiste precisamente em interpretar e extrair significado dos dados coletados Em suma é o conjunto de manipulações transformações operações reflexões e comprovações realizadas a partir dos dados pesquisados com o fim de extrair significado relevante com relação a um tema ou problema pesquisado DENZIN LINCOLN 2006 Em um primeiro momento apresentaremos dados gerais de caráter quantitativo e descritivo acerca da pesquisa realizada pelas dez Universidades em um segundo momento faremos a exposição de uma análise de natureza qualitativa tomando como referência os relatórios produzidos pelos dez grupos de pesquisadores das Universidades Federais 52 Análise quantitativa Na pesquisa documental conforme se pode ver no Gráfico 1 foram localizadas 1358 produções sendo que 502 trataram de Temáticas Emergentes como bullying adolescentes com problemas com a lei 183 referemse à ExclusãoInclusão e Fracasso escolar 159 referemse à Raça Etnia e Terra 107 à Diversidade Sexual e Gênero e 48 a Álcool e Drogas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 60 Essa distribuição deixa em destaque não apenas a ainda insuficiente quantidade de estudos referentes às questões raciais e de gênero mas também evidencia o aumento de estudos vinculados à temática do bullying Gráfico 1 Distribuição dos documentos segundo a temática estudada Quanto às modalidades das produções no Gráfico 2 constatamos que a fonte de maior divulgação das pesquisas realizadas encontrase no formato de artigo 494 seguida pela modalidade Dissertação responsável por 209 da produção A modalidade artigo é muito importante por ser uma das fontes de pesquisa em nível nacional e internacional Constatamos também que a produção referente a Documentos Oficiais responde por apenas 33 do total 32 Gráfico 1 Distribuição dos documentos segundo a temática estudada Quanto às modalidades das produções no Gráfico 2 constatamos que a fonte de maior divulgação das pesquisas realizadas encontrase no formato de artigo 494 seguida pela modalidade Dissertação responsável por 209 da produção A modalidade artigo é muito importante por ser uma das fontes de pesquisa em nível nacional e internacional Constatamos também que a produção referente a Documentos Oficiais responde por apenas 33 do total Gráfico 2 Distribuição das produções segundo a modalidade de documento Conselho Federal de Psicologia 61 Gráfico 2 Distribuição das produções segundo a modalidade de documento Quando distribuídos segundo os eixos temáticos norteadores da pesquisa como aparece no gráfico 3 verificamos que há uma predominância de artigos referentes às temáticas emergentes que pode ser explicada pela própria abrangência desse eixo mas também podese inferir um acréscimo decorrente das pesquisas sobre o fenômeno do bullying Chama atenção também o ainda restrito volume de produções relativas às questões da raça etnia e terra de gênero e daquelas vinculadas ao consumo de álcool e drogas Como veremos na análise qualitativa certas temáticas em especial aquelas ligadas à questão racial de gênero e orientação sexual são silenciadas na escola e também têm merecido menor atenção no âmbito acadêmico se comparadas a outras questões que envolvem a escola SOLIGO WECHSLER 2002 32 Gráfico 1 Distribuição dos documentos segundo a temática estudada Quanto às modalidades das produções no Gráfico 2 constatamos que a fonte de maior divulgação das pesquisas realizadas encontrase no formato de artigo 494 seguida pela modalidade Dissertação responsável por 209 da produção A modalidade artigo é muito importante por ser uma das fontes de pesquisa em nível nacional e internacional Constatamos também que a produção referente a Documentos Oficiais responde por apenas 33 do total Gráfico 2 Distribuição das produções segundo a modalidade de documento Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 62 33 Quando distribuídos segundo os eixos temáticos norteadores da pesquisa como aparece no gráfico 3 verificamos que há uma predominância de artigos referentes às temáticas emergentes que pode ser explicada pela própria abrangência desse eixo mas também podese inferir um acréscimo decorrente das pesquisas sobre o fenômeno do bullying Chama atenção também o ainda restrito volume de produções relativas às questões da raça etnia e terra de gênero e daquelas vinculadas ao consumo de álcool e drogas Como veremos na análise qualitativa certas temáticas em especial aquelas ligadas à questão racial de gênero e orientação sexual são silenciadas na escola e também têm merecido menor atenção no âmbito acadêmico se comparadas a outras questões que envolvem a escola SOLIGO WECHSLER 2002 Gráfico 3 Distribuição das modalidades dos documentos segundo eixos temáticos norteadores No Gráfico 4 acerca do nível de escolaridade investigado nas produções observamos o predomínio das pesquisas em nível do Ensino Fundamental seguido do Ensino Médio Essas parecem ser segundo as fontes estudadas as fases da escolaridade em que é maior a preocupação com os fenômenos estudados especialmente em relação a violência Gráfico 3 Distribuição das modalidades dos documentos segundo eixos temáticos norteadores No Gráfico 4 acerca do nível de escolaridade investigado nas produções observamos o predomínio das pesquisas em nível do Ensino Fundamental seguido do Ensino Médio Essas parecem ser segundo as fontes estudadas as fases da escolaridade em que é maior a preocupação com os fenômenos estudados especialmente em relação a violência Gráfico 4 Nível de escolaridade investigado nas produções 34 Gráfico 4 Nível de escolaridade investigado nas produções Quando considerados os eixos norteadores da pesquisa Gráfico 5 embora se mantenha a predominância do ensino fundamental nos eixos Álcool e Drogas e Diversidade sexual e gênero há um quase equilíbrio em relação ao volume de produção referente ao ensino fundamental e ao ensino médio já que a preocupação com essas temáticas incide exatamente nas questões historicamente ligadas a estudos sobre juventudes Gráfico 5 Distribuição das etapas da escolaridade segundo os eixos norteadores Conselho Federal de Psicologia 63 Quando considerados os eixos norteadores da pesquisa Gráfico 5 embora se mantenha a predominância do ensino fundamental nos eixos Álcool e Drogas e Diversidade sexual e gênero há um quase equilíbrio em relação ao volume de produção referente ao ensino fundamental e ao ensino médio já que a preocupação com essas temáticas incide exatamente nas questões historicamente ligadas a estudos sobre juventudes Gráfico 5 Distribuição das etapas da escolaridade segundo os eixos norteadores No que se refere às áreas de conhecimento Gráfico 6 obtivemos as seguintes informações a concentração das pesqui sas encontrase na área de Ciências Humanas 56 seguida da área de Ciências Exatas e da Terra 33 34 Gráfico 4 Nível de escolaridade investigado nas produções Quando considerados os eixos norteadores da pesquisa Gráfico 5 embora se mantenha a predominância do ensino fundamental nos eixos Álcool e Drogas e Diversidade sexual e gênero há um quase equilíbrio em relação ao volume de produção referente ao ensino fundamental e ao ensino médio já que a preocupação com essas temáticas incide exatamente nas questões historicamente ligadas a estudos sobre juventudes Gráfico 5 Distribuição das etapas da escolaridade segundo os eixos norteadores Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 64 Gráfico 6 Áreas de conhecimento Essas temáticas portanto apresentamse como grande preocupação no campo das Ciências Humanas que tem trazido significativas contribuições para a compreensão dos fenômenos da violência e do preconceito No Gráfico 7 são apresentados os dados segundo a amplitude das pesquisas e predominam aquelas de caráter local Podemos inferir que essa predominância esteja relacionada a opções metodológicas de caráter mais qualitativo a estudos de caso pesquisas etnográficas e também às próprias temáticas estudadas que demandam olhares mui tas vezes mais aprofundados e singularizados 35 No que se refere às áreas de conhecimento Gráfico 6 obtivemos as seguintes informações a concentração das pesquisas encontrase na área de Ciências Humanas 56 seguida da área de Ciências Exatas e da Terra 33 Gráfico 6 Áreas de conhecimento Essas temáticas portanto apresentamse como grande preocupação no campo das Ciências Humanas que tem trazido significativas contribuições para a compreensão dos fenômenos da violência e do preconceito No Gráfico 7 são apresentados os dados segundo a amplitude das pesquisas e predominam aquelas de caráter local Podemos inferir que essa predominância esteja relacionada a opções metodológicas de caráter mais qualitativo a estudos de caso pesquisas etnográficas e também às próprias temáticas estudadas que demandam olhares muitas vezes mais aprofundados e singularizados Conselho Federal de Psicologia 65 Gráfico 7 Distribuição dos eixos segundo a amplitude No Gráfico 8 apresentamos os percentuais referentes aos tipos de instituições em que os estudos se realizaram e fica evi dente a predominância das Instituições Universitárias Públicas como centros de referência da produção acadêmica brasileira em todas as temáticas estudadas 36 Gráfico 7 Distribuição dos eixos segundo a amplitude No Gráfico 8 apresentamos os percentuais referentes aos tipos de instituições em que os estudos se realizaram e fica evidente a predominância das Instituições Universitárias Públicas como centros de referência da produção acadêmica brasileira em todas as temáticas estudadas Gráfico 8 Eixos distribuídos por tipo de Instituição Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 66 Gráfico 8 Eixos distribuídos por tipo de Instituição Propostas e ações de enfrentamento também foram apre sentadas nas produções conforme o Gráfico 9 Podemos perce ber que discussões são realizadas sobre violência e preconceitos nas escolas que propostas são apresentadas em quase 50 dos trabalhos analisados mas poucas ações são relatadas Uma hipó tese que levantamos a esse respeito é a de que no espaço escolar muitas ações são desenvolvidas mas nem sempre são publica das deixando bem claro uma dicotomia entre teoria e prática aquele que realiza a ação geralmente não está vinculado a pro duções científicas e não divulga o que executa no espaço intraes colar Nesse sentido a pesquisa de campo poderá ser de grande valia para a ampliação dos conhecimentos acerca dos processos cotidianos de enfrentamento da violência e dos preconceitos 36 Gráfico 7 Distribuição dos eixos segundo a amplitude No Gráfico 8 apresentamos os percentuais referentes aos tipos de instituições em que os estudos se realizaram e fica evidente a predominância das Instituições Universitárias Públicas como centros de referência da produção acadêmica brasileira em todas as temáticas estudadas Gráfico 8 Eixos distribuídos por tipo de Instituição Conselho Federal de Psicologia 67 Gráfico 9 Propostas e ações de enfrentamento da violência e do preconceito Quanto às questões ligadas às identidades de gênero há certo equilíbrio entre as prevalências para objetos de estudo que abarcaram os gêneros masculino e feminino contudo ainda há pouca visibilida de das identidades trans nas pesquisas encontradas Gráfico 10 Gráfico 10 Pesquisas relacionadas às temáticas de Gênero 38 Gráfico 10 Pesquisas relacionadas às temáticas de Gênero Ao analisarmos a relação entre as identidades de gênero e os eixos temáticos o Gráfico 11 nos mostra a prevalência da perspectiva heteronormativa mas também um grande número de estudos em que a questão de gênero não é referenciada como nos eixos da Raça Etnia e Terra e das Temáticas Emergentes Gráfico 11 Distribuição dos estudos de identidade de gênero segundo os eixos temáticos 37 Propostas e ações de enfrentamento também foram apresentadas nas produções conforme o Gráfico 9 Podemos perceber que discussões são realizadas sobre violência e preconceitos nas escolas que propostas são apresentadas em quase 50 dos trabalhos analisados mas poucas ações são relatadas Uma hipótese que levantamos a esse respeito é a de que no espaço escolar muitas ações são desenvolvidas mas nem sempre são publicadas deixando bem claro uma dicotomia entre teoria e prática aquele que realiza a ação geralmente não está vinculado a produções científicas e não divulga o que executa no espaço intraescolar Nesse sentido a pesquisa de campo poderá ser de grande valia para a ampliação dos conhecimentos acerca dos processos cotidianos de enfrentamento da violência e dos preconceitos Gráfico 9 Propostas e ações de enfrentamento da violência e do preconceito Quanto às questões ligadas às identidades de gênero há certo equilíbrio entre as prevalências para objetos de estudo que abarcaram os gêneros masculino e feminino contudo ainda há pouca visibilidade das identidades trans nas pesquisas encontradas Gráfico 10 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 68 38 Gráfico 10 Pesquisas relacionadas às temáticas de Gênero Ao analisarmos a relação entre as identidades de gênero e os eixos temáticos o Gráfico 11 nos mostra a prevalência da perspectiva heteronormativa mas também um grande número de estudos em que a questão de gênero não é referenciada como nos eixos da Raça Etnia e Terra e das Temáticas Emergentes Gráfico 11 Distribuição dos estudos de identidade de gênero segundo os eixos temáticos Ao analisarmos a relação entre as identidades de gênero e os eixos temáticos o Gráfico 11 nos mostra a prevalência da perspectiva heteronormativa mas também um grande número de estudos em que a questão de gênero não é referenciada como nos eixos da Raça Etnia e Terra e das Temáticas Emergentes Gráfico 11 Distribuição dos estudos de identidade de gênero segundo os eixos temáticos Quanto à orientação sexual a categoria modal corres pondeu a textos nos quais esta não era identificada 81 para as demais possibilidades as diferenças foram pequenas sugerin do uma provável evasão do tema nas caracterizações sociode mográficas dos objetos de análise Gráfico 12 Conselho Federal de Psicologia 69 Gráfico 12 Orientação sexual estudada A relação entre os eixos temáticos e a orientação sexual descrita no Gráfico 13 revela que para todos os temas mesmo aqueles referentes à Diversidade Sexual e Gênero a orientação não tem sido questão de maior aprofundamento Podemos in ferir um silenciamento e invisibilidade da categoria orientação sexual cercada ainda de preconceitos que circulam na cultura e afetam as escolhas acadêmicas Como pondera Louro 2009 a partir de uma análise foucaultiana das relações de gênero na escola algumas circuns tâncias históricas culturais combinamse para que algo seja admitido como verdade ou verdadeiro e outras são apagadas omitidas Nessa linha de análise autora afirma que a condição de verdade está vinculada a relação de poder a suposta verdade que pode ser visível na escola é a heterossexualidade As demais orientações são apagadas escondidas sob a ótica da naturaliza ção da ordem heteronormativa 39 Quanto à orientação sexual a categoria modal correspondeu a textos nos quais esta não era identificada 81 para as demais possibilidades as diferenças foram pequenas sugerindo uma provável evasão do tema nas caracterizações sociodemográficas dos objetos de análise Gráfico 12 Gráfico 12 Orientação sexual estudada A relação entre os eixos temáticos e a orientação sexual descrita no Gráfico 13 revela que para todos os temas mesmo aqueles referentes à Diversidade Sexual e Gênero a orientação não tem sido questão de maior aprofundamento Podemos inferir um silenciamento e invisibilidade da categoria orientação sexual cercada ainda de preconceitos que circulam na cultura e afetam as escolhas acadêmicas Como pondera Louro 2009 a partir de uma análise foucaultiana das relações de gênero na escola algumas circunstâncias históricas culturais combinamse para que algo seja admitido como verdade ou verdadeiro e outras são apagadas omitidas Nessa linha de análise autora afirma que a condição de verdade está vinculada a relação de poder a suposta verdade que pode ser visível na escola é a heterossexualidade As demais orientações são apagadas escondidas sob a ótica da naturalização da ordem heteronormativa Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 70 40 Gráfico 13 Distribuição dos eixos temáticos segundo a orientação sexual A distribuição das prevalências quanto à corraçaetnia como temas quando mencionadas nos estudos obteve a categoria preto 29 seguida por branco 22 e indígena 19 Os estudos que abarcam o segmento negro perfazem 37 do total Um resultado que reporta de certa forma ao esforço da comunidade científica em estudar os grupos historicamente discriminados em uma tentativa de romper o silêncio que marcou os estudos nacionais até o final dos anos 80 SOLIGO 2001 Gráfico 14 Distribuição das prevalências quanto à corraçaetnia Gráfico 13 Distribuição dos eixos temáticos segundo a orientação sexual A distribuição das prevalências quanto à corraçaetnia como temas quando mencionadas nos estudos obteve a cate goria preto 29 seguida por branco 22 e indígena 19 Os estudos que abarcam o segmento negro perfazem 37 do total Um resultado que reporta de certa forma ao esforço da comunidade científica em estudar os grupos historicamente dis criminados em uma tentativa de romper o silêncio que marcou os estudos nacionais até o final dos anos 80 SOLIGO 2001 Conselho Federal de Psicologia 71 40 Gráfico 13 Distribuição dos eixos temáticos segundo a orientação sexual A distribuição das prevalências quanto à corraçaetnia como temas quando mencionadas nos estudos obteve a categoria preto 29 seguida por branco 22 e indígena 19 Os estudos que abarcam o segmento negro perfazem 37 do total Um resultado que reporta de certa forma ao esforço da comunidade científica em estudar os grupos historicamente discriminados em uma tentativa de romper o silêncio que marcou os estudos nacionais até o final dos anos 80 SOLIGO 2001 Gráfico 14 Distribuição das prevalências quanto à corraçaetnia Gráfico 14 Distribuição das prevalências quanto à corraçaetnia A distribuição da categoria corraçaetnia segundo os ei xos temáticos Gráfico 15 revela no entanto que a despeito dos esforços acima mencionados ainda predomina nas pesquisas o silêncio relativo às identidades raciais e étnicas em todas as te máticas estudadas A ideologia da democracia racial brasileira é um elemento cultural que perpassa a produção acadêmica e está na base desse silêncio que marca nossas relações e que chama mos de racismo camuflado SOLIGO 2001 FEITOSA 2012 BONILHA 2012 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 72 Gráfico 15 Distribuição dos estudos sobre corraçaetnia segun do os eixos temáticos De modo geral do conjunto de elementos postos em destaque pelos dados quantitativos destacamos a invisibilidade e o silêncio relativos às identidades de gênero à orientação sexual e às identidades raciais e étnicas que revelam o assexualismo e o daltonismo da pesquisa acadêmica brasileira que ao negar se a problematizar ou ao menos considerar esses componentes da subjetividade acabam por reforçar e perpetuar visões heteronormativas e eurocêntricas que engendram perspectivas racistas homofóbicas e excludentes 41 A distribuição da categoria corraçaetnia segundo os eixos temáticos Gráfico 15 revela no entanto que a despeito dos esforços acima mencionados ainda predomina nas pesquisas o silêncio relativo às identidades raciais e étnicas em todas as temáticas estudadas A ideologia da democracia racial brasileira é um elemento cultural que perpassa a produção acadêmica e está na base desse silêncio que marca nossas relações e que chamamos de racismo camuflado SOLIGO 2001 FEITOSA 2012 BONILHA 2012 Gráfico 15 Distribuição dos estudos sobre corraçaetnia segundo os eixos temáticos De modo geral do conjunto de elementos postos em destaque pelos dados quantitativos destacamos a invisibilidade e o silêncio relativos às identidades de gênero à orientação sexual e às identidades raciais e étnicas que revelam o assexualismo e o daltonismo da pesquisa acadêmica brasileira que ao negarse a problematizar ou ao menos considerar esses componentes da subjetividade acabam por reforçar e perpetuar visões heteronormativas e eurocêntricas que engendram perspectivas racistas homofóbicas e excludentes Conselho Federal de Psicologia 73 53 Análise qualitativa A análise qualitativa foi orientada por um Roteiro de Re latório elaborado pela Equipe Gestora que teve como objetivo organizar a apresentação dos dados coletados pelas IES Os relatórios produzidos pelas IFES seguiram parcial mente o roteiro considerando sua autonomia para apresentar os dados de acordo com as possibilidades que o próprio ma terial encontrado permitia Assim procuramos agrupar os da dos encontrados em um conjunto de saberes relevantes para a compreensão dos fenômenos da violência e dos preconceitos na escola a partir dos temas norteadores que se relacionam trans versalmente às temáticas Dois recortes foram produzidos a partir da proposta de análise um recorte vertical representado pelas análises reali zadas pelos grupos de pesquisa referentes às temáticas sob sua responsabilidade e que se encontram em anexo e um recorte horizontal realizado a partir de uma segunda leitura dos rela tórios dos grupos na busca de identificar para o conjunto dos dados os conceitos e contextos relativos à violência e precon ceitos na escola as abordagens predominantes nos estudos e as propostas de enfrentamento encontradas A seguir apresentamos essa segunda estratégia de análise Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 74 Sobre os conceitos e suas relações Quando tratamos da conceituação de violência se to marmos como referência a dicionarização observamos que a palavra violência vem do latim violentia cujo significado é vio lência ato de violência caráter violento ou bravio força MI CHAUD 1989 Referese segundo Russ 1994 ao recurso da força para submeter alguém contra sua vontade ou exercício da força praticado contra o direito Alguns estudos encontrados definem a violência como um fenômeno multifacetado mas não exploram essas diferentes facetas A violência portanto é de con ceituação polissêmica e controversa e é representada por ações realizadas por indivíduos grupos classes ou na ções que ocasionam danos físicos emocionais morais e ou espirituais a si próprios ou a outros Constatamos também que a violência muitas ve zes é tratada como sinônimo de agressão e como tal considerada como parte do desenvolvimento humano Entretanto muitos autores não chegam a conceituar a violência e a ação violenta é entendida como quaisquer danos a pessoas em graus variáveis seja em sua integri dade física seja em sua integridade moral A violência assim significa o emprego da força ou da dominação sem legitimidade isto é na impossibilidade do conflito e da resistência Conselho Federal de Psicologia 75 Muitos estudos ainda discutem que a violência não deve ser reduzida ao plano físico podendo se mani festar também por signos preconceitos metá foras desenhos isto é por qualquer coisa que pudesse ser interpretada como aviso de ameaça SALLES SILVA 2008 p 140 Isso indica certa convergência conceitual com um dos principais estudos referenciais na temática pois é exatamente nesse sentido que Abramovay Avancini e Oliveira 2006 p 79 defendem um conceito ampliado de violência relaciona do com contexto social histórico e cultural envolvendo sujeitos distintos alunos professores moradores da comunidade etc e a própria instituição escolar Os autores ampliam o conceito de modo a incluir não só os atos criminosos mas outras diversas formas de violência assim classificamna em violências duras atos considerados crimes micro violências ou incivilidades e violência simbólica Conflitos comportamentos e práticas institucionais incorpora das ao cotidiano dos estabelecimentos de ensino também são definidos como violência Nos materiais analisados nesta pesquisa constatouse que muitos trabalhos iniciaram suas discussões conceituando e discutindo violência em sentido amplo para no passo seguinte explicitar e delimitar a conceituação referindose à violência no ambiente escolar Muitos autores apoiaramse em referências nacionais ou estrangeiras como por exemplo usando a natureza da violência em Hannah Arendt e Michel Maffesoli e as ideias Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 76 de Eric Debarbieux e de outros autores dentre os quais Marília Spósito Vera Candau Eloísa Guimarães e Áurea M Guimarães A definição de Chauí 1995 embora não seja recente ainda tem sido usada em muitos trabalhos encontrados na litera tura compreendida como uso da força física e do constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário à sua natureza e ao seu ser A violência é violação da integridade física e psíquica da dignidade humana de alguém CHAUÍ 1995 p 337 Um ponto importante a destacar é que diversos estudos partiram da conceituação de violência definida pela Organiza ção Mundial de Saúde OMS 2002 como o uso intencio nal da força física ou do poder real ou em ameaça contra si pró prio outra pessoa ou um grupo ou comunidade que resulte ou tenha uma alta probabilidade de resultar em lesão morte dano psicológico mau desenvolvimento ou privação Tratase de um fenômeno complexo e multicausal que se insere na teia das re lações sociais políticas e econômicas atingindo tanto o espaço público quanto o privado Esse fenômeno se manifesta de for mas explícitas tais como os acidentes homicídios e suicídios além de modos subjetivos como a discriminação a exclusão social e a violência psíquica Quando se trata da conceituação de preconceito percebemos considerável utilização conjunta de conceitos como violência pre Conselho Federal de Psicologia 77 conceito e discriminação Essa opção teóricometodológica de aliar tais conceituações pode ser interpretada como mais um esforço para ampliar o conceito de violência Dito de outra forma a discrimina ção e o preconceito quando relacionados à violência são retratados como manifestações desta última Interações escolares envolvendo discriminações de gênero de raça na capacidade de aprendizagem derivadas de condições patológicas e de classe social foram aborda das como formas de violência na escola que fragilizam a sociabili dade e a aprendizagem repercutindo em mais intolerância e por isso mesmo comprometendo a construção de um ambiente escolar demo crático De modo geral no entanto a conceituação do preconceito como apontada no relatório da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS implica a negação da diferença a hierarquização dos grupos sociais bem como o apagamento desses elementos por meio de um discurso liberal e no caso do racismo por meio da ideologia da democracia racial BONILHA 2012 Mais especificamente no contexto escolar a violência envolve situações de vandalismo xingamentos ameaças bri gas furtos etc Além disso autores apontam diversas formas de expressão do fenômeno em questão sendo a violência vista como um dos indicadores de preconceito ou como a faceta mais forte e visível da discriminação Vários excertos destacam que a violência é um problema históricosocial que se atualiza no cotidiano das relações interpessoais Da mesma forma sobressai a ideia de que a violência está implicada às condições estruturais da sociedade em especial ao modelo familiar Nesse sentido tal fenômeno também estaria nos estudos levantados relacionado à desigualdade social e à pobreza Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 78 Quanto ao ambiente escolar percebemos que a produção de conhecimento sobre violência neste ambiente se dá por uma combinação muito grande dos conceitos de violência discrimi nação e preconceito definidos de várias maneiras com outros conceitos que definem muitas outras práticas de violência e de conflito em escolas Denotase portanto a polissemia e diversi dade de formas de abordagens a partir dos estudos Conforme análise realizada por pesquisadores da Uni versidade Federal de Uberlândia em grande parte dos estudos analisados o conceito parece incorporar a perversa compreen são de que a violência é parte inerente das práticas escolares Traduzida dessa forma a violência passa a ser diluída no coti diano da escola e deixa de ser um problema social passando a ser mais um componente do já imbricado ambiente caracterizado por inúmeras facetas interativas Explicitando melhor a crítica ao utilizar esse conceito muitos pesquisadores estabeleceram uma relação determinista entre violência e escola na medida em que adjetivaram tal prática com a nomenclatura escolar Isso não significa apenas pura adjetivação Muito pior do que isso signi fica atribuir à violência um lócus de sentido ou seja é na escola que essa violência se encaixa e se explica quase que como um componente curricular Sem questionar tal determinismo esse viés encontrado em muitas análises parece mesmo naturalizar a violência no ambiente da escola reforçando o sentimento de incapacidade institucional para compreender o fenômeno e o mais grave reduzindo tal problema ao cotidiano considerado nas práticas pedagógicas Conselho Federal de Psicologia 79 A violência na escola é caracterizada nos artigos como indisciplina delinquência problemas de relação professoralu no e alunoaluno entre outros Os conceitos pouco são tomados pela observação crítica primordial e teoricamente fundamen tada trabalhando com conceitos secundários e fragmentados por abstrações extraídas de ocorrências violentas dispersas por exemplo quando se restringe violência física ao castigo corpo ral ou se confundem manifestações variadas de indisciplina agressividade autoritarismo fobias com patologias da violên cia psicológica ou com expressões da violência simbólica sem precisar a definição conceitual e teórica de suporte para o uso desses conceitos e suas combinações Os temas correlacionados nem sempre são apropriados ou discutidos de uma forma crítica como é o caso do fenômeno do bullying em nítida apropriação do idioma inglês e de sua especificidade configuracional que foi uma das temáticas mais recorrentes de investigação na área de Educação e Psicologia quando se trata da violência na esco la Muitos estudos acabam restringindose a analisar as carac terísticas do bullying quem são as vítimas ou agressores quais suas características de personalidade quem já sofreu esse tipo de violência quem agride mais se homens ou mulheres pautan dose em dados estatísticos em escalas pesquisando números elevados de sujeitos mas raramente se discute a pertinência de seu uso nos contextos sociais diversos em que estão inseridas as escolas brasileiras ou mesmo a população que sofre todo tipo de violência quando não tem acesso a programas de saúde efi cazes a uma moradia minimamente propiciadora de qualidade de vida à possibilidade de ter comida para sanar a fome ou sua Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 80 inserção em grupos historicamente excluídos como negros in dígenas LGBTs Tal perspectiva pode implicar em aceitar que o bullyng é um fenômeno violento estritamente situado nas inte rações sociais escolares e seu enfrentamento poderia ter sucesso por meio de ações no âmbito exclusivo da escola desconside rando o quanto na escola são materializadas violências vividas no cotidiano de estudantes e pais Aqui se pode denotar que o aspecto individual é considerado como constituinte e formador da subjetividade e ao centralizarse no sujeito a culpa pelos seus atos violentos eximemse a sociedade e suas instituições da responsabilidade pela produção e reprodução das condições que criam e favorecem a dinâmica da violência como forma de relação entre os sujeitos Alguns estudos tentam avançar em direção a uma com preensão mais ampla do fenômeno da violência mas acabam circunscrevendo a pesquisa e a análise dos dados trazendo para o debate o entendimento de que a escola está vinculada não ape nas aos seus frequentadores cotidianos mas também à comuni dade em seu entorno aos problemas sociais e de seus morado res A violência aparece vinculada ao contexto e à comunidade escolar atuando sobre ela e sendo produzida por ela Aqui pode mos observar uma ampliação da compreensão mas o método de análise pode cair em um sociologismo sem analisar realmente as condições materiais que produzem a violência na escola Essa mesma forma de investigação pode ser observada quando se analisam as causas da violência na escola muitos estudos explicam esse fato como decorrente das relações fami Conselho Federal de Psicologia 81 liares propondo uma relação direta entre violência doméstica e violência na escola Reforçase desse modo a ideia reducionista de que todos os problemas e dificuldades dos alunos e suas con dutas nas escolas têm origem na família Fica evidente também certa inconsciência do caráter difuso da violência sua dimensão abrangente e inclusiva em toda a sociedade risco efetivo a que estão submetidos também os pesquisadores da violência Alguns estudos mais recentes destacam também o papel das mídias na produção e reprodução da violência trazendo para o cenário explicativo um debate atual sobre o modo como se dá a educação e a construção da cultura por meio dos veículos midiá ticos e interações midiatizadas GUARESCHI 2007 Ao analisarmos os conceitos de violência e preconceitos em referência a alguns eixos norteadores deste projeto pude mos aprofundar as formas de imbricação entre os conceitos e fenômenos estudados e depreender a existência de uma forma de violência que é ao mesmo tempo vigorosa e invisível Nos estudos referentes à questão da Exclusão e da In clusão na escola por exemplo a violência caracterizase em geral pelo silêncio e pelo apagamento No caso da exclusão das pessoas com deficiência alguns estudos mostram que os discur sos escolares negam a violência e preconceitos engendrados na escola e deslocam os problemas para as questões pedagógicas como material e formação do professor sem problematizar a reprodução dos preconceitos e da violência simbólica que es ses agentes historicamente representam CARVALHO 2005 Outros evidenciam as muitas formas de violência simbólica e Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 82 estrutural engendradas contra estas pessoas SOLIGO 2001 FEITOSA 2012 No entanto nos próprios artigos encontrados pratica mente nenhum define com clareza o conceito de deficiência Em geral a deficiência é tomada como algo supostamente conheci do cujo conceito todos os leitores compartilhariam e apenas se define o tipo de deficiência que se irá analisar mental visual auditiva motora etc em muitos não há sequer esta definição Apenas um artigo define a deficiência como a incapacidade do ser humano por acidente ou doença Chamanos atenção a defi nição de deficiência centrada na ideia de incapacidade e não de limitação eou de falta de condições de acessibilidade Diversos artigos centraramse em discussões teóricas focalizando o deba te entre inclusão e integração ou as consequências da deficiência sobre o sujeito AQUINO 1998 Mais evidente fica a violência simbólica engendrada nos processos de exclusão de homossexuais transexuais na forma de negação das identidades vistas como minoritárias ou desviantes De modo geral constatamos que no contexto da escola impera a or dem heteronormativa que nega outras possibilidades identitárias Do mesmo modo os próprios estudos e pesquisas encontrados em sua maioria assumem a ordem heteronormativa e sequer se inda gam sobre essa ordem Arriscando um salto maior nas suposições podemos pensar na própria cegueira epistemológica do pesquisa dor fruto de uma ciência que ainda pode ser considerada muito frequentemente como heteronormativa assim como euro e andro cêntrica ALEXANDRINO 2009 Conselho Federal de Psicologia 83 Nos estudos dedicados à pesquisa sobre gênero e homo fobia constatase a orientação heternormativa da vida a estig matização das sexualidades que fogem à norma heterossexual e a visão de violência associada ao mundo chamado masculino Decorrem dessa perspectiva os preconceitos e violências engen drados contra sujeitos não identificados com os modelos hetero e destacase entre os estudos o fenômeno do bullying Nestes últimos no entanto não se identificam perspectivas críticas rela tivas ao preconceito mas antes a tentativa de caracterizar perso nalidades de agressores e vítimas ALEXANDRINO SOLIGO 2013 Com relação à questão racial são novamente o silêncio e a invisibilidade que caracterizam as formas de exclusão do povo negro A prevalência do modelo identitário branco a recu sa em reconhecer elementos da cultura negra a imposição de re presentações negativas relativas ao segmento negro vão marcar a violência simbólica que dá suporte à exclusão de parte deste segmento Essa mesma invisibilidade caracteriza os estudos re ferentes às comunidades e etnias indígenas Nas pesquisas que tratam do preconceito e da violên cia ligados à raça etnia e terra o conceito de raça é tratado na perspectiva sociológica superando a visão biologicista de raça Raça portanto referese a condições identitárias produzidas no contexto das desigualdades associadas a características físicas mas não determinadas ou circunscritas a elas A escola aparece como reprodutora de relações precon ceituosas por meio da violência simbólica e de práticas discri Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 84 minatórias Os alunos vítimas de racismo percebem e expres sam sofrimento diante das situações de discriminação Como discutido por Feitosa 2012 a presença marcante do racismo no ambiente escolar produz sofrimento e compromete a relação ensinoaprendizagem uma vez que permeada pelo viés do pre conceito conduz alguns ao sucesso e outros ao fracasso O conceito de etnia pressupõe a visão antropológica de cul tura como produção e processos de significação humanos vistos de forma relacional Para Bandeira 1988 p 2324 etnia não é entendida como forma cultural autônoma e sim relacional A iden tidade étnica implica uma situação de alteridade em que o nós se define se afirma e se explica em oposição aos outros Na temática racial violência e preconceito aparecem também fortemente associados e se manifestam sob a forma de xingamentos provocações discriminação conflitos linguísticos e identitários bem como xenofobia Finalmente tomamos o tema Terra que historicamente tem se constituído um dos elementos centrais na produção de de sigualdade no Brasil Essa situação vem se prolongando desde o primeiro tratamento legal que se deu à terra no Brasil quando estando evidente a insustentabilidade do sistema de produção baseado no escravismo determinouse como norma que a única forma legal de obtenção de terra seria por intermédio da compra sem considerar qualquer possibilidade de formulação e imple mentação de política de acesso à terra aos milhões de negros que produziam toda riqueza material e em grande medida a imaterial sobre a qual a sociedade brasileira ainda se assenta nos dias atuais Conselho Federal de Psicologia 85 Compreendese que se trata de um tema complexo no que diz respeito à violência e preconceito na escola particularmente em regiões marcadas por conflitos agrários visto que na atualidade insuficientes avanços ainda têm sido registrados quanto à legali zação de terras de remanescentes de quilombos e de povos indíge nas assim como na implementação da reforma agrária De modo geral os estudos encontrados em sua maioria dizem respeito à questão racial e pouco ou quase nada se refere à questão indígena e da terra Essa diferença pode ser explicada pelas próprias iniciativas do povo negro que colocou a questão do racismo a partir de seus movimentos na pauta dos debates políticos e acadêmicos Nos textos referentes à temática de Álcool e Drogas constatamos que há poucas pesquisas e documentos que trazem a relação do tema com a violência e preconceitos e quando o fazem é na direção do consumo de álcool e drogas como fatores que promovem a violência A conceituação de drogas aparece associada à ideia de algo que não deve ser consumido que causa danos aos sujeitos prevalece nos documentos estudados quer seja nas pesquisas quer seja nos programas oficiais a perspectiva do amedronta mento e da contenção Consideramse assim os fatores extrín secos aos sujeitos apregoamse formas de criminalização e ju dicialização da questão porém não se encontram estudos que levem em conta as motivações e elementos das subjetividades bem como os aspectos políticos e sociais da questão A tônica nos estudos é a do impedimento Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 86 Observamos nesses estudos a cristalização de contextos de produção do sujeito que consome álcool e outras drogas em uma perspectiva normatizadora moralizante estigmatizante A construção desses espaços estigmatizadosestigmatizantes que não são apenas físicos mas ideológicos moldam não apenas sua arquitetura mas os sujeitos que frequentam determinados luga res Denominar por exemplo um espaço de quebrada traz consigo diversos significados a respeito das pessoas que convi vem nesses locais muitas vezes motivado por relações de poder determinadas por grupos dominantes com interesses escusos Pontuamos apenas o cuidado com a utilização de determinadas palavras para conceituarcaracterizar espaços pois elas já se en contram representadas nos discursos significados esses cons truídos para o estabelecimento muitas vezes de relações de po der conforme relatório da Universidade Federal do Amazonas Com relação às Temáticas emergentes e contemporâ neas Adolescentes cumprindo medidas socioeducativas MSE A perspectiva dos professores que sofrem violência e Violência entre alunos em alguns estudos o consumo de drogas foi asso ciado a grupos de adolescentes em conflito com a lei Depreendese da análise do material pesquisado que os conceitos de violência e preconceito podem encaminhar para uma normatização da violência tentativa de enquadrar este conceito em reduzidas formas velando um universo muito maior de práticas de violências que acontecem nos espaços pesquisa dos tendo como desdobramento a imposição de uma verdade mistificadora podem assim dirigir para uma visão estigmatiza Conselho Federal de Psicologia 87 dora dos espaços ou ainda para a compreensão da violência como construção histórica perspectiva que o grupo de pesquisa deste projeto de violência tenta abarcar Assim a conceituação de violência deve ser entendida levandose em conta o processo histórico que se insere na relação dialética do sujeito com o so cial tornando o homem único singular e histórico No entanto quando se trata da pesquisa sobre violên cia algumas dificuldades se colocam com maior intensidade A primeira referese à polissemia do conceito e aos problemas da definição de violência O que se observa nos artigos de modo geral é que as produções bibliográficas apresentam de forma geral uma fragilidade conceitual considerável na medida em que os autores são citados mas não se têm definidos claramente os conceitoschave dos trabalhos Não parece haver uma preocu pação entre os autores em definilos de modo claro cabendo ao leitor compreender o sentido atribuído no texto A violência é conceituada na literatura de muitas formas diferentes os vários rótulos e classificações são apresentados sem a especificação de critérios ou com critérios confusos de forma a dificultar seu uso por outros pesquisadores Consequentemente são muitas as dificuldades encontradas na complementação ou na comparação entre os dados de diferentes pesquisas A questão subjacente ao problema da definição segundo Emery e LaumannBillings 1998 reside no fato de a concei tuação de violência ser inerentemente dirigida pelo julgamen to social cuja pluralidade impede uma formulação consensual Além disso muitas definições são direcionadas pelos objetivos Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 88 do trabalho e pela aplicabilidade de seus resultados o que am plia o leque de variações Esta questão remete diretamente a ou tra dificuldade que se refere às controvérsias na delimitação do objeto da violência ou seja a questão dos limites muitas vezes tênues entre o que se considera ou não violência Aqui além das muitas formas que a violência pode assumir colocase ainda o problema da intensidade da violência estando na regência da referida delimitação as normas legais e culturais que orientam a classificação das ações humanas em violentas e não violentas e de sua variabilidade histórica Yves Michaud 1989 comenta que quando se estuda vio lência graves problemas teóricos podem ocorrer Em primeiro lu gar é preciso estar consciente de que os conceitos mesmo úteis não são isentos de pressupostos e também não apreendem o conjun to dos fenômenos Nesse sentido é preciso estar pronto para admitir que não haja um discurso nem um saber universal sobre a violência Cada sociedade está às voltas com a sua própria violência segundo seus próprios critérios e trata seus próprios problemas com maior ou menor êxito MICHAUD 1989 p 14 Concluindo este item sobre a conceituação de violência observamos que essa falta de uma conceituação específica úni ca do nosso ponto de vista advém de duas frentes de análise na primeira delas consideramos que existe uma amplitude de vertentes teóricas que embasam os trabalhos decorrendo disso uma visão polissêmica sobre a violência Aliado a isso o método de análise também pode ser diferenciado seja numa visão posi tivista seja em uma visão do materialismo históricodialético Conselho Federal de Psicologia 89 Outra frente de análise remete à consideração de que hoje na pósmodernidade temse uma grande defesa da não conceitua ção do relativismo da liberdade de compreensão e um temor de apresentar verdades acabadas com o recuo da teoria como diria Moraes 2001 Assim o que se pode constatar é que nem sempre se considera importante apresentar aos leitores a partir de qual olhar as análises estão sendo feitas quais os fundamentos teóricos que norteiam a compreensão dos fenômenos observados entre eles o preconceito e a violência na escola Os problemas observados na adoção de conceitos se re petem nas análises sobre as abordagens teóricas adotadas como não poderia deixar de ser Muitos estudos não apresentam abor dagens nomeadas e bem especificadas e adotam a citação eclé tica de autores como referencial conceitual e teórico Tal fato é explicado para tentar evitar abordagens fechadas com o objeti vo de alcançar interdisciplinaridade Por outro lado em muitos estudos esse procedimento pode levar a compreender que o fato de demarcar o fundamento teórico é considerado desnecessário porque o mais importante é descrever o fenômeno e não expli cálo o que é bem aceito em uma visão positivista Nesta linha o que se constatou é que muitos estudos são de caráter descritivo e exploratório não permitem identificar claramente a perspecti va teórica que os guia Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia no en tanto ao analisar o preconceito e a violência consideram três eixos de pesquisa o primeiro que compreende as pesquisas com aportes das perspectivas consideradas sociológicas e psicosso Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 90 ciológicas abarca trabalhos que se baseiam nas concepções da sociologia francesa que trata do tema sobretudo dos trabalhos de Debarbieux Charlot e Chamboredon o segundo é formado por estudos que se interessam por produzir uma descrição quan titativa do fenômeno nos quais foram aplicados questionários em um grande número de participantes os dados obtidos fo ram organizados como variáveis em pacotes estatísticos e sub metidos aos processos de análise que se mostraram adequados às características da amostra e às necessidades do estudo e no terceiro bloco encontramse os trabalhos que combinam refe rências e autores diversos das perspectivas psicanalíticas feno menológicas e dos estudos etnográficos Ao focar os contextos de produção alguns estudos podem trazer uma conceituação de violência em sua interface com o con texto escolar partindo de uma perspectiva pedagógica sobre o fe nômeno Trazem a abordagem partindo do papel social da escola como promotora de uma educação que priorize a qualidade e o bemestar do educando que almeje inserir o jovem na socieda de e no mercado de trabalho enfatizando o ideal de uma convi vência democrática e solidária no ambiente escolar As pesquisas com essa perspectiva abordam a questão da violência como um fenômeno atual e complexo que assume formas variadas e sutis podendo ser vivenciadas de diversos modos no contexto escolar Dentre as publicações consultadas embora muitas ex plicações para o fenômeno do preconceito e violência na escola apresentem uma visão individualizante acerca da violência e pre conceito na escola observase uma evidente preponderância de Conselho Federal de Psicologia 91 uma visão mais social e contextualizada da violência É importan te destacar que nenhuma das publicações assume claramente uma concepção naturalista do fenômeno embora se deva assinalar que muitos trabalhos não explicitem qualquer concepção ou definição Essa concepção social apresentada pela literatura mais atual é a nosso ver uma tendência bastante promissora no de senvolvimento dos estudos sobre a violência e que tem se refle tido na especificação que nos interessa neste projeto as violên cias nas escolas De modo geral quando analisamos o conjunto pesquisa do e visualizamos os diferentes modos como a questão da vio lência e do preconceito na escola foram teoricamente abordados constatamos o caráter multifatorial desses fenômenos como uma das suas principais características definidoras Constatase no entanto a consideração da violência não apenas em seu caráter ativo e físico mas também seu caráter simbólico e sua expressão nas formas de exclusão ABRAMOVAY 2002 Também foram evidenciados vários níveis que indicam os contextos de produção e reprodução da violência entre eles a família a escola a sociedade as mídias as políticas Esses po dem ser vistos isoladamente mas muitos estudos apontam uma imbricação entre todos esses níveis concepção que considera mos mais pertinente Cumpre salientar um aspecto importante evidenciado no conjunto dos estudos realizados que se refere às consequências para as pessoas em particular para os alunos e alunas da vivên Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 92 cia da violência e dos preconceitos Em sua quase totalidade os relatórios produzidos pelos grupos de pesquisa revelam conse quências negativas que incluem vulnerabilização dos sujeitos afastamento evasão desinteresse pela escola fracasso escolar rupturas na constituição identitária sentimentos negati vos e baixa autoestima sintomas físicos e problemas psicológicos De modo geral portanto a vivência da violência e do preconceito pelo aluno produz sofrimento psíquico e físico im pede ou dificulta os processos de aprendizagem tornandose obstáculo para que a escola realize sua tarefa o ato de educar Como várias concepções e autores consagrados nessa área foram referidos podemos considerar que inúmeras são as fontes e abordagens teóricas específicas que marcam o caráter polissêmico e plural da temática violência e preconceito Nesse sentido não se encontrou uma abordagem teórica predominante entre eles embora haja considerável número de estudos que adotam uma perspectiva históricocultural No entanto merece destacarse que em sua expressiva maioria os estudos sobre violência e preconceito evidenciam a necessária interface entre a Psicologia a Sociologia a Antropologia a Filosofia e a História e se fundamentam em perspectivas dialéticas psicossociais e construcionistas Conselho Federal de Psicologia 93 6 PARTE 2 PESQUISA DE CAMPO 61 Escolas Participantes da Pesquisa Participaram da pesquisa 40 escolas públicas representando as cinco regiões geográficas do país em sua maioria da rede estadual de ensino de forma a contemplar os níveis Fundamental I II e Médio assim organizadas NORTE Estados dos Acre Amazonas Rondônia Roraima Amapá Pará e Tocantins totalizando 16 escolas apenas uma delas da rede Municipal de Ensino e todas as demais da rede estadual abarcando os níveis Fundamental I e II e Médio NORDESTE Estados de Bahia Pernambuco Paraíba Rio Grande do Norte Ceará Piauí Alagoas Sergipe totalizando 10 escolas sete delas da rede estadual de ensino e três da rede municipal abarcando os níveis Educação Infantil Fundamental I II e Médio SUDESTE Estados de São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro e Espírito Santo totalizando quatro escolas da rede estadual de ensino níveis Fundamental I II e Médio CENTROOESTE Estados de Goiás Mato Grosso do Sul Mato Grosso e Distrito Federal totalizando seis escolas todas da rede estadual de ensino de níveis Fundamental I II e Médio Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 94 SUL Estados de Santa Catarina Paraná e Rio Grande do Sul totalizando quatro escolas da rede estadual de ensino níveis Fundamental I II e Médio A representatividade considerada neste estudo referese à presença de escolas de todas as Regiões Estados brasileiros e não à composição de uma amostra estatisticamente representativa a partir do número e características populacionais de cada um e se mostra coerente com a abordagem metodológica adotada 62 Caracterização dos Sujeitos Síntese Geral Tabela 1 Número total de participantes por Região Região Norte Nordeste Sudeste Centro Oeste Sul TOTAL Número total de participan tes 346 309 329 305 248 1537 Número de alunos parti cipantes do Ensino Funda mental 1 71 46 44 59 36 256 Conselho Federal de Psicologia 95 Número de alunos parti cipantes do Ensino Funda mental 2 86 112 80 78 66 422 Número de alunos partici pantes do En sino Médio 101 74 44 69 63 351 Número de participantes da equipe es colar 66 45 122 79 67 379 Número de paisrespon sáveis partici pantes 22 32 39 20 16 129 63 Oficinas com alunos da primeira etapa do Ensino Fundamental Número total de oficinas 22 Número total de participantes 246 Distribuição de sujeitos por sexo 5366 sexo feminino e 4634 sexo masculino Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 96 631 Região Norte Tabela 2 Número total de participantes por Estado Estados Número de alunos Feminino Masculino AC 13 8 5 AP 4 1 3 AM 8 6 2 PA 12 5 7 RO 12 4 8 RR 12 7 5 TO 10 7 3 Total 71 38 33 Distribuição percentual de participantes por sexo 5352 alunas e 4678 alunos 632 Região Nordeste Tabela 3 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino AL Não informado BA 9 5 4 CE Não ocorreu Não ocorreu MA Não ocorreu Não ocorreu PB 19 8 11 PE Ocorreu não informado PI 13 8 5 RN Não informado SE 5 5 Total 46 21 25 Conselho Federal de Psicologia 97 Distribuição percentual de participantes por sexo 4565 sexo feminino e 5435 sexo masculino 633 Região Sudeste Tabela 4 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino RJ 17 10 7 ES Não ocorreu Não ocorreu MG 13 5 8 SP 14 7 8 Total 44 22 22 Distribuição percentual de participantes por sexo 50 do sexo feminino e 50 do sexo masculino 634 Região CentroOeste Tabela 5 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino MT 20 14 6 DF 24 16 8 MS 9 8 1 GO 6 2 4 Total 59 40 19 Distribuição percentual de participantes por sexo 6779 do sexo feminino e 3221 do sexo masculino Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 98 635 Região Sul Tabela 6 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino RS 8 5 3 PR 10 6 4 SC 18 6 12 Total 36 17 19 Distribuição percentual de participantes por sexo 47 do sexo feminino e 53 do sexo masculino 64 Oficinas com alunos da segunda etapa Ensino Fundamental Número total de oficinas 26 sendo que em dois Estados foram desenvolvidas 2 oficinas Número total de participantes 422 Distribuição percentual de participantes por sexo 5521 do sexo feminino e 4479 do sexo masculino 641 Região Norte Tabela 7 Número total de participantes por Estado Estados Número de alunos Feminino Masculino AC 12 7 5 AP 10 7 3 AM 12 7 5 Conselho Federal de Psicologia 99 PA 20 8 12 RO 17 13 4 RR 6 6 TO 9 7 2 Total 86 55 31 Distribuição percentual de participantes por sexo 6395 do sexo feminino e 3605 do sexo masculino 642 Região Nordeste Tabela 8 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino AL Não informado BA 11 08 3 CE 12 6 6 MA Não ocorreu PB 19 10 9 PE 21 12 9 PI 28 17 11 RN Não informado SE 21 12 9 Total 112 65 47 Distribuição percentual de participantes por sexo 5804 do sexo feminino 4196 do sexo masculino Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 100 643 Região Sudeste Tabela 9 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino RJ 12 6º ano 15 9º ano 7 8 5 7 ES 3 5º e 6º ano 7 seriação permanece 1º a 8º 2 5 1 2 MG 21 10 11 SP 22 14 8 Total 80 46 34 Distribuição percentual de alunos e alunas 575 alunas e 425 alunos 644 Região CentroOeste Tabela 10 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino MT 27 12 15 DF 20 11 9 MS 19 08 11 GO 12 8 4 Total 78 39 39 Distribuição percentual de participantes por sexo 50 de sexo feminino e 50 do sexo masculino Conselho Federal de Psicologia 101 645 Região Sul Tabela 11 Número total de participantes por Estado Estado Número de alunos Feminino Masculino RS 29 10 19 PR 16 10 6 SC 21 8 13 Total 66 28 38 Distribuição percentual de participantes por sexo 42 do sexo feminino e 58 do sexo masculino 65 Oficinas com alunos do Ensino Médio Número total de oficinas 23 Número total de participantes 351 Distribuição percentual de participantes por sexo 5343 do sexo feminino e 4657 do sexo masculino 651 Região Norte Tabela 12 Número total de participantes por Estado Estados Número de alunos Feminino Masculino AC 17 10 7 AP 19 12 7 AM 15 9 6 PA 15 8 7 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 102 RO 12 9 3 RR 15 10 5 TO 08 4 4 Total 101 62 39 Distribuição percentual de participantes por sexo 6139 do sexo feminino e 3861 do sexo masculino 652 Região Nordeste Tabela 13 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino AL Não informado BA 13 11 2 CE 18 08 10 MA Não ocorreu Não ocorreu PB 4 2 2 PE Não informado PI 24 18 6 RN Não informado SE 15 7 8 Total 74 46 28 Distribuição percentual de participantes por sexo 6216 do sexo feminino 3784 do sexo masculino Conselho Federal de Psicologia 103 653 Região Sudeste Tabela 14 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino RJ 13 7 6 ES 2 2 MG 25 12 13 SP 4 4 Total 44 23 21 Distribuição percentual de participantes por sexo 5227 do sexo feminino e 4773 do sexo masculino 654 Região CentroOeste Tabela 15 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino MT 20 3 17 DF 20 10 10 MS 14 7 7 GO 15 9 6 Total 69 29 40 Distribuição percentual de participantes por sexo 4202 do sexo feminino e 5797 do sexo masculino 655 Região Sul Tabela 16 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino RS 31 PR 12 7 5 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 104 SC 19 4 15 Total 62 11 20 Distribuição percentual de participantes por sexo 3437 do sexo feminino e 6563 do sexo masculino 66 Rodas de Conversa com Equipe escolar Número total de rodas de conversas 23 Número total de participantes 379 Percentual de participação de professores 8922 Percentual de participação de membros da equipe gestora funcionários 1078 Distribuição de sujeitos por sexo 7062 do sexo feminino 2938 do sexo masculino Número de grupos que contaram com a participação de membros da equipe administrativa e de gestão 16 6957 Distribuição percentual de grupo compostos exclusivamente por professores 06 2609 661 Região Norte Tabela 17 Número total de participantes por Estado Estados total Feminino Masculino AC 10 5 professoras 5 professores Conselho Federal de Psicologia 105 AP 5 3 professoras 1 professor 1 funcionário AM 12 8 professoras 4 professores PA 7 4 professoras 2 professores 1 gestor RO 7 3 professoras 3 professores 1 funcionário RR 11 10 professoras 1 gestora TO 14 12 professoras 1 professor 1 gestor Total 66 46 20 Percentual de participação de professores 62 9394 Percentual de participação de membros da equipe admi nistrativa e de gestão 04 606 Distribuição percentual de participação por sexo 6969 do sexo feminino e 3031 do sexo masculino 662 Região Nordeste Tabela 18 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino AL Não consta BA 9 9 professoras CE 7 5 2 MA Não ocorreu PB 16 13 professoras 3 professores PE Não consta PI 9 6 professoras 3 professores RN Não consta SE 4 2 professoras 1 gestor 1 funcionário Total 45 35 10 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 106 Distribuição percentual de participação por sexo 777 35 do sexo feminino e 223 do sexo masculino 663 Região Sudeste Tabela 19 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino RJ 13 7 professoras 3 professores 3 funcionários ES 13 11 professoras 2 professores MG 47 39 professoras 5 professores 3 gestores SP 49 37 professoras 4 gestores 3 professores 5 funcionários Total 122 98 24 Distribuição percentual de participação por sexo 98 do sexo feminino 8033 e 24 do sexo masculino 1967 Percentual de participação de professores 110 9016 Percentual de participação de membros da equipe admi nistrativa e de gestão 12 983 664 Região CentroOeste Tabela 20 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino MT 14 13 professoras 1 funcionária administrativa Conselho Federal de Psicologia 107 DF 20 20 professoras MS 17 11 professoras 3 gestores 3 funcionários GO 20 15 professoras Depoimentos 1 diretora 3 coordenadoras 3 gestores 2 funcionários Depoimentos 2 professores 2 funcionários Total 79 67 12 Distribuição percentual de participação por sexo 8873 do sexo feminino e 1127 do sexo masculino Percentual de participação de professores 59 8310 Percentual de participação de membros da equipe admi nistrativa e de gestão 12 1690 665 Região Sul Tabela 21 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino RS 16 13 professoras 3 professores PR 41 34 33 professores e 8 funcionários 7 SC 10 7 8 professores e 2 gestores 3 Total 67 54 13 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 108 Distribuição percentual de participação por sexo 80 mulheres e 20 homens Percentual de participação de professores 57 8507 Percentual de participação de membros da equipe admi nistrativa e de gestão 10 1493 67 Rodas de conversa com Paisresponsáveis Número total de rodas de conversas 19 Número total de participantes 129 Distribuição de sujeitos por sexo 113 876 do sexo femi nino e 16 1240 do sexo masculino 671 Região Norte Tabela 22 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino AC Não aconteceu Não aconteceu AP 3 3 AM Não aconteceu Não aconteceu PA 1 1 RO 6 6 RR Não aconteceu Não aconteceu TO 12 12 Total 22 22 Conselho Federal de Psicologia 109 Distribuição percentual de participação por sexo 22 do sexo feminino 100 672 Região Nordeste Tabela 23 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino AL Não informado BA 6 4 2 CE Não aconteceu Não aconteceu MA Não aconteceu Não aconteceu PB 19 17 2 PE Não informado PI 1 1 RN Não informado SE 06 5 mães 1 avó Total 32 27 5 Distribuição percentual de participação por sexo 8437 do sexo feminino e 1563 do sexo masculino 673 Região Sudeste Tabela 24 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino RJ 12 10 9 mães e 1 avó 2 pais ES 13 10 9 mães e 1 avó 3 pais MG 05 4 1 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 110 SP 09 4 mães 4 pais 1 avô Total 39 28 11 Distribuição percentual de participação por sexo 7179 do sexo feminino e 2821 do sexo masculino 674 Região CentroOeste Tabela 25 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino MT 8 8 DF 2 2 MS 4 4 GO 6 6 Total 20 20 Distribuição percentual de participação por sexo 100 mulheres 675 Região Sul Tabela 26 Número total de participantes por Estado Estado Número de participantes Feminino Masculino RS 5 3 2 PR 7 06 1 SC 4 1 3 Total 16 10 6 Distribuição percentual de participação por sexo 625 do sexo feminino e 375 do sexo masculino Conselho Federal de Psicologia 111 7 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS RODAS DE CONVERSA COM PROFESSORES Neste texto faremos uma síntese das atividades realiza das nas rodas de conversa com os professores O trabalho reali zado envolveu desde a presença de vários professores e muitas vezes funcionários em pequenos grupos ou por meio de entre vistas individuais Lembranças Boas Na roda de conversa com os professores nos diversos Estados um ponto que provocou lembranças de uma boa escola remete às relações estabelecidas Tratase do bom relacionamento entre professores e equipe pedagógica da escola entre professores e entre professores e pais As amizades os convívios vivenciados pelos professores seja na condição de aluno seja na condição de professor foram ressaltados por vários grupos pesquisados Nes se sentido podemos retomar os estudos do autor russo Vigotski 2000 que ao tratar da relação desenvolvimento e aprendizagem enfatiza que o afeto as emoções permeiam o ato de aprender de se apropriar dos conhecimentos De acordo com Rustin 2001 a compreensão das dimensões afetivas presentes no processo de aprendizagem da infância até a vida adulta requer maior atenção aos relacionamentos às dimensões sociais e interativas do proces Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 112 so educacional É importante valorizar as dimensões afetivas na prática pedagógica que interferem na subjetividade daquele que ensina e daquele que aprende Parecenos que os professores não demonstram uma relação afetiva desarticulada da aprendizagem mas sim vinculadas com o processo pedagógico pois professores lembraram o carinho que professores dispensavam aos alunos e a satisfação que estes tinham no processo de aprendizagem Outro aspecto apresentado pelos professores referese a lembranças relacionadas ao ato de aprender seja do próprio profes sor enquanto aluno seja na atividade docente na qual eram aqueles que contribuíam para que os alunos se apropriassem do conheci mento Professores relataram episódios em que tiveram o reconhe cimento formal enquanto alunos pelo bom desempenho nas ativi dades de estudo mas também em várias situações se emocionaram com o fato de os alunos aprenderem Alguns professores discorre ram sobre projetos desenvolvidos com alunos em que estes se com prometeram e nos quais o resultado foi satisfatório para o grupo O envolvimento motivado dos alunos em atividades propostas pelos docentes foi uma boa lembrança mencionada nas reuniões realiza das com professores e alunos na Região Sul por exemplo Para a diretora da escola do Estado de Goiás uma boa escola é aquela que consegue proporcionar ao aluno o conheci mento cognitivo social e cultural conforme expressa a sua fala transcrita a seguir A escola para mim ela é o aluno a vida o que dá a vida para a escola é o aluno é a integração Conselho Federal de Psicologia 113 do aluno se sentindo parte daquele espaço não só no conhecimento cognitivo que é importante também mas também no social cultural Boa escola para mim é isso é poder proporcionar aos alunos essa coisa conhecimento cognitivo social e cultural Saviani 2003 afirma que a escola tem a função de so cializar os conhecimentos produzidos pelos homens Nessa li nha de raciocínio também podemos trazer os pressupostos da Psicologia HistóricoCultural que dá destaque à importância da escola no desenvolvimento da capacidade intelectual Para Vi gotski 2000 a apropriação dos conceitos científicos provoca o desenvolvimento psicológico e no processo de escolarização o aluno se torna instrumentalizado para compreender a realidade Leontiev 1978 argumenta que o motivo incita a ação nesse sentido o fato de os alunos terem interesse nos estudos está re lacionado tanto ao significado social da escola como ao sentido dado à atividade de estudo pelo aluno É na escola que o aluno pode ter acesso à cultura e o professor atuando como mediador pode auxiliálo a superar o conhecimento cotidiano por meio da apropriação do conhecimento científico Para Libâneo 2004 p 5 na tarefa de mediação o professor se põe entre o aluno e o conhecimento para possibilitar as condições e os meios de aprendizagem ou seja as mediações cognitivas É por meio da realização de atividades significativas em sala de aula que o professor possibilita aos alunos realizarem as mediações cognitivas e se apropriar dos conhecimentos e conceitos científicos desenvolvendo suas funções psicológicas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 114 superiores Para isso o professor precisa planejar seu trabalho em um ambiente educativo que viabilize o processo de instrução ou seja do ensino e da aprendizagem na escola Situações em que os pais participaram das atividades na escola também foram apresentadas como boas lembranças pelos professores Na Região Norte os professores falaram da necessidade de uma escola participativa onde os pais fossem presentes na educação dos filhos Estabeleceram uma relação entre educação dos pais e desenvolvimento escolar dos filhos com a presença dos pais a escola alcançaria bons resultados e que contrariamente pais ausentes fazem com que a escola não funcione de maneira adequada e pais com escolaridade mais elevada teriam mais condições de orientar e ensinar seus filhos contribuindo diretamente para o seu desempenho escolar segundo alguns professores As festas realizadas nas escolas em datas comemorativas muitas vezes com a participação dos pais também fazem parte das boas lembranças dos professores Há de se pontuar que a participação da família no processo educacional é um fator importante porém não pode ser colocado como determinante muito menos como o único da boa aprendizagem e da convivência respeitosa entre os membros da comunidade escolar Um aspecto interessante que foi comentado na reunião dos professores mas que também ocorreu em muitos trabalhos com alunos foi a menção às aulas de educação física despertando boas lembranças Os alunos nas escolas também demonstram um grande interesse por esta disciplina que lhes garante estar fora da Conselho Federal de Psicologia 115 sala de aula Nesse ponto utilizando os conceitos de significado e sentido de Leontiev 1978 perguntamos até que ponto os alunos estão compreendendo a função da escola a importância que os conhecimentos científicos podem ter no desenvolvimento cognitivo e na instrumentalização para conhecer a realidade Também houve episódios nos quais os professores se sentiram valorizados pelo trabalho que realizam tanto por meio de demonstração de respeito pelos alunos como pelos momentos de reencontro com exalunos que também foram lembrados Muitos professores relataram que o reconhecimento do trabalho realizado traz boas lembranças Em muitas situações sentimentos de saudosismo permearam as falas dos professores como ocorreu no Estado de Piauí Saudosismo em relação às manifestações patrióticas na escola tais como cantar o hino nacional ficar em fila permanecer em ordem na entrada da escola e no trajeto à sala de aula Segundo os professores antes havia maior disciplina e ordem na escola e hoje isso não acontece ou acontece muito pouco A violência permeia muitas das relações escolares e esta seria decorrente da falta de patriotismo assim como é compreendido por estes professores e da disciplina Sobre esse tema vale a pena apresentar aqui uma reportagem publicada no Jornal do Brasil no dia 29 de outubro de 2014 com a seguinte manchete Brasil lidera ranking de violência contra professores A reportagem traz dados preocupantes de pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE sobre a Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 116 violência na escola O estudo foi realizado em nível mundial e envolveu 100 mil professores e diretores de escolas do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio alunos de 11 a 16 anos No Brasil 14291 professores responderam ao questionário além de 1057 diretores de 1070 escolas Os estudiosos chegaram aos seguintes dados 125 dos professores entrevistados no país afirmaram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana enquanto que a média entre os 34 países é de 34 BRASIL lidera ranking de violência contra professores 2014 p 1 Os dados revelaram também que 126 dos pesquisados entrevistados sentemse desvalorizados profissionalmente enquan to que a média global é de 31 Os salários dos profissionais en trevistados em nível mundial é o triplo do que é pago no Brasil A pesquisa indica ainda que apesar dos problemas a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho BRASIL lidera ranking de violência contra professores 2014 p 1 Esse foi um sentimento que se manifestou em muitos professo res quando mencionaram por exemplo o fato de reencontrar alu nos e observarem a trajetória que fizeram em suas vidas Os professores também relataram experiências conside radas por eles como bem sucedidas de inclusão de alunos com necessidades especiais tanto físicas quanto de aprendizagem Alguns professores da Região Nordeste falaram de práticas exi tosas no cotidiano no trato com a deficiência porém o sentido da inclusão parecenos ocorrer apenas em situações pontuais Apresentamos um exemplo que traz luz a esta perspectiva Conselho Federal de Psicologia 117 Experiência boa assim ano passado aqui nessa escola nós tivemos os primeiros jogos internos e tem um aluno nos jogos internos ele foi incluído então na hora do queimado do vôlei ele estava lá sabe Jogando e os outros alunos passavam a bola pra ele mesmo que ele não ti vesse a capacidade de ter o raciocínio rápido também a bola de passar pro outro mas os ou tros alunos os alunos estavam fazendo questão que ele participasse tinham um cuidado na hora de correr pra não atingir ele mas foi uma coisa muito bonita de se ver foi uma experiência que eu digo os professores que foi positiva ali sim eu vi de verdade que ocorreu a inclusão Em outra posição uma professora no Rio de Janeiro decla rou sua dificuldade em lidar pedagogicamente com os novos alunos presentes em sua sala de aula os deficientes No Espírito Santo para uma professora é compreensível que os deficientes se benefi ciem da socialização que o convívio na escola promove mas espe rar que aprendam química física seria um exagero É interessante perceber que os professores nas rodas de conversas sempre tinham alguma lembrança boa para relatar mas isso nem sempre ocorreu com o grupo de alunos Para muitos estudantes é difícil se lembrar de coisas boas da escola o mesmo não aconteceu quando tinham que relatar as experiências ruins Os professores no entanto mais instrumentalizados teoricamente com maior experiência do ensino conseguem relatar momentos felizes tanto da vida acadêmica como da con dição de alunos Eles conseguem compreender a importância da escola Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 118 Lembranças Ruins Quando os professores foram convidados a relatar as ex periências ruins falaram da carência afetiva dos alunos lem braram histórias tristes que presenciaram na vida profissional Histórias que sensibilizaram que despertaram neles vontade de ajudar Na Bahia por exemplo lembraramse de algumas expe riências envolvendo alunos uma aluna adolescente grávida alu no que cometeu suicídio aluno que sofria violência doméstica alunos que morreram porque estavam envolvidos com o tráfico de drogas Azevedo e Guerra 1995 p 36 definem violência do méstica contra a criança como Todo ato de omissão praticado por pais parentes ou responsáveis contra criança eou adolescente que sendo capaz de causar dano físico sexual e ou psicológico à vítima implica de um lado numa transgressão do poderdever de proteção de adulto e de outro numa coisificação da infância isto é numa negação do direito que crianças e adolescen tes têm de ser tratados como sujeitos de direitos e pessoas em condição de desenvolvimento Essa violência doméstica resvala no comportamento e aprendizagem dos alunos e foi lembrada pelos professores Lembraram também das relações agressivas entre os alunos bullying brincadeiras agressivas com aluno da educação especial hostilidade por não dar cola aos amigos Na Região Norte as experiências ruins lembradas pelos profissionais se referem ao Conselho Federal de Psicologia 119 tema da violência Assim algumas situações verbalizadas foram as seguintes o porteiro e um colega receberam ameaças verbais de um aluno que disse que lhes daria um tiro na praça que se localiza em frente à escola incidência de reações exageradas por parte dos alunos no que se refere a comportamentos agressivos violências vividas em outros ambientes internet preconceito latente contra negros um aluno armado com pistola e com a intenção de assassinar um pedreiro que prestava serviços ao colégio em virtude da proibição temporária da prática de futebol na quadra de esportes por conta da construção de um muro Situações de racismo presenciadas na escola ou mesmo vivenciadas por professores negros foram relatadas muitas vezes carregadas de sofrimento Guimarães 1999 p 67 em uma obra importante em que analisa o racismo no Brasil afirma tratase de um racismo sem intenção às vezes de brincadeira mas sempre com consequências sobre os direitos e as oportunidades de vida dos atingidos Não obstante essa aparente falta de intenção e sutileza de expressão o racismo à brasileira nada tem de cordial pois implica num cenário sinistro de discriminação e exclusão das pessoas negras De acordo com Barros 2005 o racismo contribui de for ma decisiva para a existência da desigualdade social porque hie rarquiza os indivíduos com base em sua corraça Desta forma quem é identificadoa como brancoa é considerado melhor do que quem é negroa A diferença que nos torna únicos e é co mum a todos os seres humanos numa sociedade racista tornase justificativa para a desigualdade Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 120 Para Abramowicz e Oliveira 2006 p 4 a cultura negra é silenciada na escola um silêncio que corresponde ao apaga mento e não simplesmente ao ato de se calar omitir ou abafar mas como uma maneira de não ver um pacto que não deve ser quebrado pois senão teríamos que refazer o currículo refazer a escola Diante disso a escola reproduz um discurso baseado na igualdade de todos os seus alunos O racismo é uma situação complexa determina marcas históricas da sociedade na qual há a ideia de superioridade de raças discriminação pela cor de pele Segundo Guimarães 2010 a desigualdade racial foi por muito tempo e ainda é vista como aceita e normal em determinados espaços É parte do pro cesso histórico brasileiro e está ligado diretamente às questões culturais portanto o problema existe e precisamos reconhecer as formas possíveis de evitálo Professores relataram também além da questão racial algumas experiências que vivenciaram em decorrência da classe social a que pertenciam Temse assim uma dimensão que ali menta os processos de exclusão que os agrava ou até os funda menta a classe social Num país como o nosso em que grandes parcelas da população são pobres a amplitude desta dimensão é muito significativa nos processos de violência e preconceito Na Região Sul as lembranças ruins se focalizaram tam bém no exercício da atividade de professores relatando situa ções de violência entre alunos violências sofridas na sala de aula atitudes de rebeldia e irritabilidade Os professores informaram que a relação com o aluno é algumas vezes muito difícil além de Conselho Federal de Psicologia 121 não se sentirem preparados para manejar as situações extraclas se que são consideradas negativas Estas situações muitas vezes referemse à presença e ao uso das drogas na escola Na compreensão de alguns professores tais comporta mentos se devem à configuração familiar na qual os pais são separados reforçando a ideia de que o modelo de estrutura fa miliar nuclear pai mãe e filhos é mais adequado do que os demais para evitar as violências Alguns professores compreen dem também que a violência vivenciada na comunidade afe ta a escola No Espírito Santo os professores registram a forte presença da violência externa no ambiente escolar adolescentes podem ter os cabelos raspados caso desagradem aos namorados nas comunidades onde moram e que cercam a escola Trabalhar com as alunas a indignidade desta prática seria arriscado pois se elas comentassem as falas dos professores estes poderiam vir a ser alvos desta violência Para Archangelo e Villela 2009 p 225 compreender as relações entre escola e comunidade significa também analisar o papel das instituições estatais neste contexto As enormes e cristalizadas disparidades econômi cas e sociais e a condição de penúria de grande par te da população brasileira refletem uma imagem de impotência na determinação das feições das princi pais instituições presentes no âmbito local O Es tado fortemente centralizador e de feições assis tencialistas apresentase como o responsável pela mudança do quadro econômico e social do país que se daria através de instituições sociais públicas e de programas sociais de diversas naturezas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 122 De um modo geral as comunidades dependem do Estado para a garantia de direitos fundamentais tais como segurança moradia educação etc Porém o que se verifica é o estabeleci mento de um Estado que fracassa nessa missão através de suas instituições é marcado pela ineficiência pela corrupção e pelo descaso no atendimento às demandas da comunidade Assim não há equilíbrio social suficiente que permita uma convi vência harmoniosa entre seus membros não há efetivo poder de criação e gerência das instituições que marquem a localidade ARCHANGELO VILLELA 2009 p 226 Alguns professores discorreram sobre as dificuldades dos alunos em frequentar as aulas devido a condições econômi cas e sociais que vão desde problemas com os meios de trans porte até a aceitação pelos pares em um contexto de classe social diferente Muitos relataram que tiveram que abandonar a escola precocemente para trabalhar e ajudar na manutenção da família No trabalho com os pais essas situações carregadas se sofrimen to também foram relatadas Para Abramovay et al 2012 p 27 as relações entre os estudantes no universo escolar são complexas e algu mas vezes mostram aspectos contraditórios Assim o aspecto econômico também é um divisor na apresentação pessoal dos alunos com roupas e calçados socialmente aceitos e valorizados Situações de preconceito em relação ao fato de não con seguir aprender e ter bom desempenho fizeram parte das lem branças dos professores Em Minas Gerais foi relatado o trauma de ter um professor enérgico que xinga e humilha por exemplo Conselho Federal de Psicologia 123 como explicação para certas dificuldades de assimilação da ma téria Uma participante por exemplo lembrase de uma profes sora que a chamava de burrinha e que por isso mesmo quando não entendia o que lhe era explicado ficava calada O mesmo ocorreu com uma professora do Estado de São Paulo que lem brou que na sua infância um professor a agredia constantemen te dizendo que era burra Nesse ponto a relação professoraluno também foi re latada nas lembranças ruins da escola Na Paraíba houve o re lato de violências físicas cometidas por professores que davam castigos corporais aos alunos situações de humilhação por não terem bom desempenho acadêmico ou mesmo pelo fato de apre sentar enquanto aluno desempenho considerado insatisfatório No Ceará professores lembraramse de castigos recebidos na escola É importante observar que ao mesmo tempo em que para alguns professores o bom desempenho escolar traz lembranças boas da escola o contrário traz sofrimento Não se trata apenas de discriminação e excessiva exposição por não estarem acom panhando o desempenho da turma mas também devido ao fato de apresentarem problemas de indisciplina e serem humilhados por isso Medo vergonha dor e sofrimento acometiam esses profissionais quando tais situações eram vivenciadas Medo também presente como decorrência de práticas autoritárias de professores e diretores foi mencionado pelos profissionais Aragão e Freitas 2012 pontuam que em determinada época castigar as crianças era um mecanismo civilizatório uma vez que estas eram vistas como um viraser projeto de futu Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 124 ro e deveriam portanto ser educadas de forma a se tornarem íntegras em sua moral O projeto de tornarse pessoa mais reta possível demandava punição física por qualquer atitude que se desviasse da regra moral geral pois assim ela seria corrigida de maneira integral pendendo para o caminho correto No en tanto podemos perceber pelas falas das professoras que tais sanções trouxeram sentimentos de humilhação desqualificação e não contribuíram para o processo de aprendizagem A falta de participação dos pais na vida escolar dos fi lhos foi apresentada como uma lembrança ruim da escola as sim como a falta de respeito com o professor ambas presentes na prática pedagógica Na Região Sul os professores relataram sentimentos de desvalorização enquanto categoria profissional e falta de respeito por parte dos alunos Comentaram situações em que se sentiram solitários e pouco apoiados no exercício profissional Na Bahia todos os professores concordaram que é necessário mais investimento na formação de professores de forma que esses tenham mais subsídios para o trabalho com os adolescentes No Rio de Janeiro os professores apontaram que as precárias condições materiais de funcionamento da Educa ção brasileira em geral têm contribuído para a grande perda de qualidade da educação pública No Espírito Santo a ausência de concursos que efetivem professores nas escolas hoje funcio nando fortemente apoiadas em contratos precários temporários com duração de um ano é fundamental para permitir a consti tuição de vínculos profissionais entre os professores e as escolas em que trabalham Conselho Federal de Psicologia 125 Esse sentimento de desvalorização segundo Facci 2004 vem ocorrendo devido a políticas educacionais que cada vez mais têm retirado o professor do processo pedagógico con siderandoo como alguém que pode auxiliar o aluno na aprendi zagem e não como alguém que dirige o processo pedagógico como propõe a Pedagogia HistóricoCrítica Além disso as con dições de trabalho fruto de uma sociedade capitalista que exi ge cada vez dos trabalhadores conforme propõe Santos 2014 também têm contribuído com o adoecimento do professor No âmbito organizacional professores da Região Sul indicam como aspecto negativo a dificuldade de os professores planejarem conjuntamente as atividades do cotidiano escolar Na Região Norte uma das reclamações dos professores referese às restrições quanto aos recursos humanos da escola particularmente de pedagogos considerando o número de alunos da escola Esta ausência ou limitação de apoio pedagógico contribui do ponto de vista deles para o distanciamento escolaaluno dificultando o enfrentamento da violência Além disso falam da inexistência de projetos na escola que venham trabalhando esses alunos desde pequenos Episódios mais específicos também fizeram parte das reminiscências dos professores como uma enchente que inundou a escola da Bahia e a má qualidade da merenda Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 126 Violência Charlot 2002 apresenta três distinções conceituais so bre a violência no âmbito escolar Para o autor existe a violência na escola que é produzida dentro do espaço escolar mas que poderia acontecer em qualquer outro espaço social a violência à escola que se relaciona às atividades referentes à instituição incêndios agressões aos professores etc e a violência da es cola que se constitui em uma violência institucional simbólica que os alunos suportam e que vem da maneira como a instituição e seus agentes os tratam Esses diversos tipos de violências in fluenciam diretamente na vida de cada aluno é raro algum alu no que nunca tenha presenciado alguma dessas ações violentas Tais tipos de violência foram citados pelos professores nas rodas de conversa Para Abramovay Lima e Varella 2002 é preciso cer to cuidado ao apresentar o conceito de violência isso porque o fenômeno é dinâmico e mutável Suas representações dimen sões e seus significados passam por adaptações à medida que as sociedades se transformam Seus múltiplos significados estão condicionados ao momento histórico à localidade ao contexto cultural dentre outros fatores que conferem um caráter comple xo e dinâmico próprio dos fenômenos sociais Charlot e Émin 1997 referemse à dificuldade de encon trar uma definição para a violência escolar não somente porque esta remete aos fenômenos heterogêneos difíceis de delimitar e ordenar mas também porque ela desconstrói representações Conselho Federal de Psicologia 127 sociais que têm valor fundador por exemplo a ideia de infância associada à ideia de inocência e a de escola compreendida como refúgio de paz Dessa forma podemos dizer que em cada época considerase este ou aquele ato como violência Talvez por essa dificuldade em conceituar um termo tão complexo de uma forma geral os professores não se detiveram na conceituação da violência Como vimos na parte da pesquisa bibliográfica mesmo autores que escrevem sobre a violência na escola muitas vezes não apresentam uma conceituação do termo No entanto na Região Norte uma das professoras define a vio lência como tudo aquilo que eu não quero sofrer tudo aquilo que me agride Alguns professores da Região Nordeste compreendem que violência significa constrangimento físico ou moral com o uso da força e da coação um desvio pela força externa Sposito 2001 faz uma relação entre a violência e a quebra do diálogo da capacidade de negociação Ela entende que o ato de violência implica em uma ruptura com o social pelo uso da força Na roda de conversas com professores ficou evidente as sim como observado no contato com os alunos que quase todos os participantes relatam episódios de violência física e violência verbal Tais resultados corroboram os achados de pesquisa rea lizada por Loureiro e Queiroz 2005 com professores e alunos de escolas públicas na qual eles destacaram como formas de violência no ambiente escolar o autoritarismo a agressão física e a agressão verbal entre professoraluno humilhação coação discussões e desrespeito agressões físicas entre alunos e tam bém o uso de drogas Com nuanças específicas porque incluiu Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 128 também a participação de famílias pesquisa de Bonamigo et al 2012 encontrou resultados semelhantes porém somase a eles os furtos entre alunos danificação e furto de equipamentos e materiais da escola Grande parte das situações de violência vivenciadas e testemunhadas no espaço escolar foi relatada por professores quando falaram das experiências ruins que vivenciaram nas es colas A compreensão de violência não pode ser restrita a agres sões e inclui qualquer ato que afete de forma negativa a vida das pessoas e as regras de convívio CASTRO CUNHA SOUZA 2011 embora na Região Sul por exemplo a violência física foi a mais citada e lembrada não só pelos professores mas tam bém pelos alunos Quanto à violência física os professores citaram a agressividade na relação entre as crianças e adolescentes violência entre os pares violência contra os professores brigas entre os alunos principalmente entre as meninas por causa de namorado de paquera como foi o caso do Ceará Na Região Nordeste em uma das escolas a violência foi apresentada em sua forma física e em sua forma mais radical que é a morte Em Minas Gerais uma professora narrou sua experiência de violência física dentro do ambiente escolar Ela apanhou com chutes e pontapés porque era amiga de um garoto de uma turma rival Um professor do Estado de São Paulo lembrou com tristeza que sofria bullying Seus lábios grossos lhe renderam o apelido de peixinho de videogame A violência verbal se manifesta por meio de xingamento apelidos ou palavras ofensivas e como relatam profissionais Conselho Federal de Psicologia 129 da Paraíba principalmente devido à cor da pele e orientação sexual dos alunos No caso do Espírito Santo os professores sentem que os alunos os agridem verbalmente para testar os limites do profissional No entanto em muitas situações xingar falar palavrões parece que surge entre os alunos como algo naturalizado Ainda que aquele que praticou tenha de alguma maneira achado normal ou colocado o termo em tom de brincadeira sabemos que esses comportamentos se incorporam à vida do indivíduo Uma coordenadora da Região CentroOeste afirmou que a violência verbal alcança uma dimensão psicológica que afeta não só os alunos mas as pessoas da escola como um todo As sim com o trecho a seguir Charlot 2002 p 437 afirma que O acúmulo de incivilidades pequenas grosse rias piadas de mau gosto recusa ao trabalho in diferença ostensiva para com o ensino cria às vezes um clima em que professores e alunos sen temse profundamente atingidos em sua identi dade pessoal e profissional ataque à dignidade que merece o nome violência Sendo assim o autor caracteriza também como uma for ma de violência as incivilidades que pela resposta da coorde nadora se caracterizam pelos atos de os alunos não ponderarem as palavras responderem e ofenderem a todos sem pensar em como estes vão se sentir o que gera frustração e desconforto em quem recebe esse tipo de violência Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 130 Muitas outras formas de violência foram relatadas con forme descrevemos a seguir violência de gênero como por exemplo no caso da Região Norte onde foi observado que isso ocorre por meio de abordagens violentas ou assédios de meninos contra meninas violência patrimonial como assalto e depreda ção da escola violência familiar ou doméstica tráfico de drogas mencionadas na Paraíba e Bahia alcoolismo precariedade na estrutura da escola Paraíba e Bahia fator que foi muito evi denciado no trabalho com alunos principalmente do Ensino Mé dio violência na comunidade violência externa que influencia o cotidiano escolar roubo por exemplo como no caso do Rio Grande do Sul ou mesmo decorrente de conflito entre a escola e a comunidade na qual a instituição está inserida ausência do aluno na escola como entrave para a aprendizagem entre outras formas de violência A questão do abuso de drogas mencionada por alguns professores tende a agravar a situação de violência como afir mam Abramovay e Avancini 2003 p 3233 O acesso a bebidas alcoólicas é reconhecida mente um motivador da violência Em 63 das escolas observadas verificouse que os alunos frequentam bares ou botequins próximos à es cola algumas vezes desviando do seu trajeto e faltando às aulas Esses estabelecimentos são frequentados por grupos ou turmas que quando consomem bebidas alcoólicas podem se envol ver em práticas violentas um dos maiores problemas em muitas escolas a formação de gangues ou o tráfico de drogas no espaço escolar ou no seu entorno levando a um total clima de insegurança Isso fragiliza a autoridade dos res Conselho Federal de Psicologia 131 ponsáveis pela ordem na escola a tal ponto que ficam imóveis com receio de sofrer represálias O uso e tráfico de drogas preocupam professores e mui tos deles entendem que tal prática contribui para a violência na escola e à escola como é o caso de depredações pichamento de muros e paredes e mesmo invasão das canchas de esporte com portamentos estes denominados de incivilidade por Abramovay Cunha e Calaf 2009 que podem provocar sentimento de inse gurança e malestar na escola ou mesmo um sentimento de não pertencer ao ambiente A violência doméstica também foi mencionada por profes sores como vimos anteriormente Meneghel Giugliani e Falceto 1998 estudaram a relação entre violência doméstica e agressivida de na adolescência mais especificamente num estudo comparativo entre alunos considerados agressivos e não agressivos de duas esco las pública e privada da cidade de Porto Alegre Os resultados in dicaram que em ambas as escolas existiam famílias com episódios graves e frequentes de punição em proporção semelhante A relação entre agressividade na adolescência e punição física grave foi esta tisticamente significativa Os adolescentes considerados agressivos na escola eram mais punidos do que os adolescentes não agressivos Assim como ressaltam os autores ficou explícita a figura do adolescente agressivo e maltratado violento e machucado ME NEGHEL GIUGLIANI FALCETO 1998 p 332 Alguns professores também entendem como violência a forma como os professores são valorizados na escola e pela socie Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 132 dade No Piauí por exemplo alguns professores relatam o desres peito com o professor desvalorização do professor e da escola A percepção dos professores é de que o poder público representado como governo federal é omisso em relação à escola pública No Distrito Federal professores também relatam que entendem como violência a falta de respeito com o professor Na Região Norte a grande quantidade de alunos que cada professor tem é vista também como uma violência contra o professor e contra os estudantes No Piauí professores entendem que a proposição de salas multisseriadas também é um fator de violência com os pro fessores No Mato Grosso do Sul os profissionais também anali saram que a violência ocorre quando há a desvalorização e preca rização do trabalho docente condições inadequadas de trabalho baixo salário questões que levam à desmotivação do professor e à dificuldade de enfrentamento dessas situações e em muitas situações ao adoecimento dos professores Tais compreensões dos professores evidenciam o que é encontrado na literatura no que se refere à violência Para Ristum 2010a apoiada em estudos de Gatti 1996 a desvalorização profissional pode ser considerada como um fator de violência Segundo a autora a desvalorização social e o empobrecimento do professor fazem parte do cenário profissional dos professo res gerada pelo número de alunos pela sua heterogeneidade so ciocultural pelas novas demandas de escolarização reclamadas pela sociedade pelo impacto de novas concepções do ensino e de formas de lidar com o conhecimento que não têm sido acom panhadas pela implementação de políticas educacionais capazes de enfrentar os desafios e de valorizar os profissionais de ensino Conselho Federal de Psicologia 133 Nesse sentido Ristum 2010a alerta para o fato de que há uma expectativa em relação à sociedade para que seja reco nhecida a importância do papel da educação formal pelas ques tões salarial da formação do professor e das condições de tra balho A autora afirma que esse cenário é propício à escalada da violência tanto em relação ao que adentra os muros escolares quanto ao que se processa no seu interior a partir de sua dinâ mica institucional Antes caracterizada como externa à escola a violência passa a fazer parte do cotidiano interno escolar trans formando uma realidade na qual os professores de modo geral se sentem despreparados para lidar A autora aponta também questões sobre as condições de trabalho dos professores já que estes têm de executar suas fun ções em ambientes que exigem muito da fala ficam em contato com barulhos e ruídos passam muito tempo em pé precisam de materiais para o desenvolvimento das atividades assim como de espaços adequados como bibliotecas sala de informática local para lazer e esportes etc Dessa forma apenas conhecimento não é o suficiente para que a educação seja de qualidade Além do que conforme anunciam Gasparini Barreto e Ávila 2005 p 191 essas precárias condições do trabalho docente demonstram sua associação com sintomas mórbidos e a elevada prevalência de afastamentos por motivos de doença na categoria A falta de estrutura nas escolas seja física ou da dispo sição de materiais necessários é um limite para a educação Do ponto de vista docente essa situação impossibilita a boa execução da atividade pedagógica pois exige que eles disponham de mais Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 134 tempo para planejar atividades que não exijam tantos recursos e isso afeta diretamente o aprendizado do aluno Na Região Sul os professores também consideram vio lência a humilhação coação discussões desrespeito e uso de drogas e ainda alguns tipos de preconceitos são entendidos como violência como por exemplo a classificação e hierarqui zação dos alunos por classe social origem familiar região As causas para a violência são apresentadas de várias for mas no relato dos professores A organização familiar a carência afetiva modelos de violência na família segundo alguns profes sores do Piauí influenciam a violência que ocorre na escola No Estado de São Paulo um professor menciona que As famílias não dão o devido suporte aos filhos e ocorre uma banalização da violência A desestruturação familiar também é apontada como uma das causas da violência na escola pelos Estados da Bahia Mato Grosso Mato Grosso do Sul Goiás Minas Gerais São Paulo e Estados da Região Norte No Ceará alguns professores afirmam que a violência está relacionada à ausência e distancia mento da família que aparece na participação mínima dos pais na escola No caso da Região Sul em relação às possíveis causas para os episódios violentos os professores apontaram a violên cia em casa e a negligência como um possível implicador na violência escolar indicando a responsabilização da família pela violência ocorrida na escola caracterizada pelo fato de os pais desistirem dos filhos e delegarem a educação deles para a escola Collares e Moysés 1996 ao abordarem a questão do pre conceito na escola destacam o quanto o cotidiano escolar é per Conselho Federal de Psicologia 135 meado de preconceitos e juízos prévios sobre os alunos e suas famí lias Segundo a visão dos professores os alunos e suas famílias são os responsáveis pela origem dos problemas escolares sejam eles a indisciplina a violência ou as dificuldades de aprendizagem condi cionantes estes que impedem a escola de ajudar o aluno restando o encaminhamento para o serviço de saúde eou de assistência social Archangelo e Villela 2009 p 224 apontam algumas possibilidades que a escola tem para reestabelecer o elo entre escolafamíliaaluno Não é incomum a escola atribuir as dificuldades que apresenta ao ensinar crianças de origem so cioeconômica desfavorecida à sua estrutura fami liar o que não costuma ser exato nem tampouco adequado Independentemente dessa crença no entanto é esperado que busque ativamente o con tato com as famílias através de projetos educacio nais ou sociais de modo a ter condições mais favo ráveis para o desenvolvimento de suas atividades Culpabilizar a família pelas dificuldades que ocorrem no processo ensinoaprendizagem entre elas a violência vem de longa data como aponta Tondin 2000 Falar que os pais não se interessam pela escola que não acompanham o processo de es colarização dos alunos permanece até hoje No entanto poucas discussões são realizadas acerca dos motivos pelos quais os pais não conseguem ter uma presença mais ativa na vida escolar dos filhos A análise acaba sendo individualizada sem considerar a base material que leva esses pais a esse comportamento Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 136 Alguns professores do Sergipe entendem que muitos conflitos externos são resolvidos no interior da escola provo cando atos de violência No Espírito Santo por exemplo pro fessores relatam que guerras entre os morros tiroteio toque de recolher na comunidade aspectos externos à escola interferem no cotidiano escolar Na Bahia compreendem que a violência na comunidade e o tráfico de drogas influenciam a violência na escola no Distrito Federal alguns professores analisam que a violência existente na escola é reflexo de diversos tipos de vio lência que os alunos sofrem em outros ambientes Essa contextualização releva questões importantes para a compreensão dos muitos porquês da violência Autores como Cardia 1997 Lucinda Nascimento Candau 1999 e Njaine e Minayo 2003 discutem que a violência no bairro e na famí lia com condições estruturais nas quais impera a pobreza e a privação pode provocar atos de violência no espaço educativo Para Cardia 1997 a violência vivida e testemunhada fora da escola tem impacto direto e indireto sobre a vida escolar afeta o desempenho dos estudantes as relações entre os alunos e dos alunos com os professores e contribui para ampliar a violência social Professores do Rio de Janeiro e de Minas Gerais comen tam que a violência e os preconceitos veiculados pelas mídias especialmente a televisão também podem estimular a violên cia naturalizando este fenômeno e que a escola acaba agindo como reprodutora da desigualdade e da violência Na Região Sul alguns professores atribuem a culpa dos atos violentos aos Conselho Federal de Psicologia 137 alunos tanto pelas dificuldades relativas a aspectos cognitivos e sociais quanto por aspectos do período do desenvolvimento em que se encontram além da forma como a família se organiza quando não se configura de forma nuclear Também indicam que a falta de políticas governamentais e a existência de polí ticas paternalistas contribuem para a violência e o preconceito na escola Tal postura mais uma vez individualiza o problema entendendo que está no indivíduo a possibilidade de solução Na Região Norte os professores consideram que a violência na escola é reflexo da família e da sociedade Os nossos alunos muitas vezes sofrem a violência dentro da casa deles o aluno vem para a escola e acaba estourando o problema aqui com a gente a violência que se dá no interior da escola é o refle xo da violência que se dá na sociedade como um todo produtos de uma sociedade excluída Como podemos observar de forma geral os professores não fazem uma análise mais ampla da sociedade para compreen der os porquês da violência Falam da família da comunidade do próprio aluno que é violento mas não buscam entender que a forma como a sociedade está estruturada produz a violência e que esta acaba permeando a relação professoraluno Minayo e Souza 1998 salientam que a violência é um fe nômeno psicossocial complexo de caráter não biológico e que se expressa na dialética da vida em sociedade espaço dinâmico no qual é produzida e se desenvolve No entanto nem sempre essa compreensão orienta a forma de agir e pensar de professores pais e alunos no entendimento da violência na escola Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 138 O que é importante mencionar é que diferente do que vemos em jornais revistas e nas redes sociais não é somente a violência física que incomoda os professores Nestes meios de comunicação o que mais aparece é a violência física mas a violência que está embutida na forma como a educação está organizada a própria estrutura física das escolas a desvalori zação da educação são pouco mencionadas Os episódios são individualizados parecendo que alunos são violentos como se isto dependesse exclusivamente deles ou da educação recebida em casa Quais são os sentimentos despertados nos professores em relação à violência A pesquisa de campo demonstrou que os pro fessores vivenciam conforme atividade realizada em Piauí senti mentos de impotência frente ao sistema educacional aos alunos e à família no Distrito Federal Minas Gerais São Paulo e no Rio de Janeiro professores também falaram do sentimento de impotência e despreparo para lidar com eles no ambiente escolar no Espírito Santo os sentimentos provocados são fadiga impotência desistên cia além do medo das ameaças feitas pelos alunos Em Minas Ge rais muitos disseram que estão deprimidos Enquanto uns falaram que não têm mais expectativas de mudança uma professora partici pante relatou que tem crises de choro constantes Outra participan te também professora contou em tom dramático que uma colega daquela escola se suicidou no ano anterior Ela adquiriu ali uma síndrome do pânico Ficou evidente que o ambiente de trabalho é insalubre e que muitos adoecem de tristeza A escola nesse contex to deixa de ser ambiente de socialização para se tornar um lócus de degradação social Conselho Federal de Psicologia 139 Para Abramovay et al 2012 p 45 a violência não constitui fenômeno novo na sociedade apresentandose de for ma complexa e multifacetada e tendo origem e causas diversas de natureza social histórica e individual Ou seja está presente no cotidiano escolar e a escola precisa buscar formas de enfren tamento pautadas em condutas éticas e responsáveis para que possa cumprir com a função social que lhe é delegada pela so ciedade na qual está inserida Assim uma questão emerge se os professores apresentam sinais de impotência e desistência como fica a sua capacidade de mediação em situações de violência Boa parte das limitações encontradas no ambiente escolar se dá pelo fato de que muitos professores possuem uma formação insuficiente e deficitária pois esta acaba por ensinar formas técnicas e teóricas que muitas vezes não se pautam na realidade de todos os locais em que eles possam vir a ter de atuar Sendo assim ao entrarem em determinadas escolas estes profissionais encontram obstáculos e acabam frustrados por não obterem resultados satisfatórios Carreira 2005 p 25 afirma que Professores antes preparados para lidar com estruturas de ensino baseadas na transmissão de conteúdos no controle disciplinar rígido com medidas punitivas e coercitivas encontram se despreparados e alheios aos dilemas da educação atual E dentre estes dilemas a falta de competência para lidar com diferenças tem gerado situações conflitantes no interior das escolas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 140 Para Abramovay 2006 as escolas reproduzem os pro blemas da sociedade além de ter os seus próprios Ao se tor nar uma escola de acesso democrático ela se massificou sem que fosse acompanhada de uma boa formação dos professores A autora considera que há um medo que persegue professores alunos e diretores e dessa forma o lugar onde deveria haver proteção tornouse um espaço de medo onde as pessoas temem por situações que possam prejudicálas em diferentes formas e manifestações na relação com o outro no dia a dia De acordo com Schilling 2010 p 14 Aparentemente estaríamos vivendo um mo mento histórico em que pela primeira vez encaramos a face violenta da sociedade com seus preconceitos de classe de raça com sua violência estrutural Os antigos discursos que remetem os atos violentos à exceção ao louco ao doente ao ogro parecem não mais fun cionar seriam antes de tudo reveladores de um profundo malestar social Há dimensões da violência que deixam de ser invisíveis há tipos de vitimização coletiva e individual que começam a ser vistos Verificase a existência de conflitos coletivos sociais familiares que resultam em respostas violentas Há um esforço para quebrar o silenciamento que envolve essas questões que não são da vida privada ou secreta são políticas e públicas A autora segue afirmando que nossas ações precisam ser multidisciplinares intersetoriais multissecretariais devem Conselho Federal de Psicologia 141 romper com as antigas divisões e separações É preciso polí cia justiça moradia trabalho saúde educação meio ambiente cultura apoio às vítimas punição e tratamento dos agressores Há intervenções que podem ser feitas a partir dos recursos pró prios dos recursos pessoais de cada um de nós Há ações que só são possíveis a partir da construção de um coletivo outras que dependem de ações governamentais mas o importante é com preender que ações devem ser propostas para o enfrentamento do problema Abramovay Lima e Varella 2002 p 335 explicam isso ao falarem da violência simbólica A violência simbólica é mais difícil de ser per cebida do que a violência física porque é exer cida pela sociedade quando esta não é capaz de encaminhar seus jovens ao mercado de trabalho quando não lhes oferece oportunidades para o desenvolvimento de criatividade e de atividades de lazer quando as escolas impõem conteúdos destituídos de interesse e de significado para a vida de seus alunos ou quando os professores se recusam a proporcionar explicações suficientes abandonando os estudantes a sua própria sorte desvalorizandoos com palavras e atitudes de desmerecimentos A violência deve ter uma compreensão multidimensio nal o que significa considerar o contexto social que envolve a escola como um todo Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 142 Preconceito na Escola Salles e Silva 2008 apontam que a sociedade categoriza as pessoas dentro do que considera comum eou natural para determi nado grupo social criando expectativas e normas de comportamen to para cada grupo e todas as pessoas que não se enquadram nesta categoria ou que rompem de algum modo com parte dela acabam sendo excluídas ou rechaçadas pelos pares A escola configurase um espaço privilegiado de reco nhecimento dos pares formação de grupos e autoafirmação da pessoa enquanto ser social mas ao mesmo tempo é um espaço onde se evidenciam as diferenças de forma clara Crochík 2006 analisa contudo que além de ser um fenômeno psicológico é no processo de socialização de um indivíduo que observamos o que o leva ou não a ser preconceituoso Quanto à conceituação de preconceito na Região Sul alguns professores relataram compreender preconceito como toda a ação de não aceitar o diferente Na Região Norte os professores e funcionários referem a existência de preconcei tos nas escolas afirmando que preconceito e violência são constructos indissociáveis que preconceito já é uma forma de violência e que ele acaba gerando a violência O preconceito tem uma direção o diferente o descamisado podendo neste caso ser a pior forma de a violência se manifestar Os pre conceitos quando se manifestam objetivamente nas relações entre os alunos dentro da escola são vistos como indutores de conflitos e brigas agressões verbais e outros tipos de violência Conselho Federal de Psicologia 143 Em alguns Estados da Região Nordeste professores entendem o preconceito como ligado intimamente à ideia de crime e des respeito Em Goiás o preconceito é considerado como uma forma de abuso e de violência com o outro por conta das dife renças individuais Praticamente em todas as escolas pesquisadas foram mencionados preconceitos raciais e de gênero Em estudos an teriores Soligo 2001 já havia constatado a presença marcan te do preconceito na escola no qual o professor é um agente reprodutor do racismo na medida em que representa de forma desigual as capacidades e possibilidades de crianças negras e brancas bem como de meninas e meninos tendendo a desquali ficar tanto as crianças negras quanto as meninas Uma pesquisa nacional acerca das representações sociais sobre o homem e a mulher negros identificou o que chamou de guetos simbólicos como antes referido os homens e mulheres negros são apenas reconhecidos na sociedade quando associados ao trabalho des qualificado braçal ao futebol ao sambacarnaval Essa forma de preconceito segundo os professores está muito presente nas escolas às vezes de forma velada outras vezes escancarada e com atos permeados pela violência No caso da homofobia alguns professores da Região Norte reconheceram ter preconceito quanto à orientação sexual e mencionaram que os alunos aceitam de modo mais tranquilo do que eles os diferentes relacionamentos e que há maior aceita ção dos diversos tipos de relacionamento tanto de casais hete rossexuais quanto homossexuais Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 144 Ribeiro e Oliveira 2010 p 135 em relação à discrimi nação por conta da orientação sexual afirmam que Historicamente existe uma luta contra a discri minação de pessoas por causa de sua orientação sexual o que vai contra a concepção de que ape nas um tipo o heterossexual seja normal A luta pela aceitação do diferente é ainda incipiente em nossa sociedade e seus maiores inimigos são a discriminação e o ódio que também podem ser designados como homofobia Nessa direção as autoras alertam para o fato de que a homofobia é uma forma cruel de preconceito contra pessoas ou grupos com orientação homossexual Cabe à escola e a todos componentes respeitar e apoiar a orientação sexual dos estu dantes entendendoos como cidadãos e sujeitos de direitos A escola na contramão da discriminação pode ser um espaço de acolhimento para todos os adolescentes e suas escolhas No que se refere a gênero e orientação sexual o padrão heteronormativo de sexualidade atua como uma violência nor mativa TONELI BECKER 2010 pois produz a naturalização de outras formas de violência Diante disso tornase normal o uso de nomeações entre os alunos de veado bicha mulherzinha entre outras A naturalização da violência normativa legitima a configuração de práticas homofóbicas Corroborando pensa mento de Borrillo 2001 as nomeações atribuídas aos alunos que divergem da norma evidenciam a configuração da homo fobia uma vez que desqualificam e inferiorizam as pessoas que Conselho Federal de Psicologia 145 expressam a sexualidade de forma divergente da norma tornan doas abjetas Outra forma de preconceito referese à aparência física conforme relato de professores do Mato Grosso do Sul Sergipe Piauí e outros Estados da Região Nordeste Nas Regiões Sul Norte CentroOeste no Estado de Goiás e Sudeste nos Esta dos de Minas Gerais e São Paulo alguns professores relataram que a ocorrência do bullying aparece relacionada à obesidade como um tipo de preconceito direcionado ao aspecto corporal Segundo Ristum 2010b de modo geral conceituase bullying como abuso de poder físico ou psicológico entre pares envolvendo dominação e prepotência por um lado e submissão humilhação conformismo e sentimentos de impotência raiva e medo por outro Olweus 1978 pontua que o bullying se refere a ações físicas verbais e sociais negativas que são cometidas in tencional e repetidamente ao longo do tempo por uma ou mais pessoas contra um indivíduo que não pode se defender facilmen te As ações abrangem formas diversas como colocar apelidos humilhar discriminar bater roubar aterrorizar excluir divulgar comentários maldosos excluir socialmente dentre outras Dreyer 2005 ao falar sobre o bullying também rela ciona esse conceito com a violência escolar e acredita que essa prática não deve ser encarada como uma brincadeira de criança mas como um fenômeno que precisa ser trabalhado para encon trar formas de enfrentamento Portanto o preconceito aparece quando o aluno é chamado de baleia elefante vara entre outros apelidos No trabalho com alunos do Paraná eles mencionaram Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 146 que muitas vezes estão fazendo somente zoações termo utiliza do por eles mas a escola não pode se omitir quando ocorre o preconceito seja em que nível ou sobre qual aspecto for Chama a atenção no relato dos professores o precon ceito que ocorre em relação à classe social como é o caso por exemplo da Paraíba e do Distrito Federal Em escolas da Bahia e Ceará os professores citaram o preconceito que ocorre em re lação à moradia no Estado de São Paulo algumas professoras relataram tem muita escola que não quer aluno de qualquer lugar Nós acabamos recebendo muitos alunos dos bairros de periferia no Piauí em relação aos alunosfamílias de baixa ren da na Bahia preconceito dos alunos das escolas privadas em relação aos alunos das escolas públicas segregação social se gundo a classe social em Santa Catarina também foi registrado um preconceito relacionado à origem familiar e classe social sendo que muitos alunos ainda são conhecidos pelo sobrenome Autores como Rocha 2002 p 61 chamam atenção para fato de que as dificuldades de relações expressas entre classes sociais estão presentes em nosso cotidiano embora nem sem pre sejam percebidas como tal indicando que entendese aquela que ocorre entre as classes sociais em decorrência da produção de sociedades desiguais E na realidade social atual fundamentada na globalização o poder é entendido como um processo diretamente associado às crescentes facilidades de comunicação e transmissão de informações bem como à ace leração da mobilidade internacional do capital gerando como consequência a exclusão social Seus efeitos sociais são devas Conselho Federal de Psicologia 147 tadores pois nunca a renda foi tão concentrada A precarização do trabalho e a sua eliminação como fonte de identidade encon tramse arraigados neste processo ROCHA 2002 Nesse sen tido Mioto apud LIMA 2005 revela que o processo de produ ção e reprodução social das relações sociais da qual o indivíduo faz parte enquanto componente integrante das famílias e de seus grupos sociais pode expressar a dinâmica dessas relações num dado período histórico assim como pode ser influenciado pelos movimentos societários que ocorrem fora da esfera privada da família Este processo tem um caráter contínuo de maneira que a família e cada indivíduo que a compõe influencia e é influen ciado por ele assim como pelos acontecimentos societários que também atuam neste espaço MIOTO apud LIMA 2005 p 22 Na roda de conversas com os pais também ficou muito evi dente o preconceito em relação à classe social Além disso outras formas de preconceito também foram mencionadas tais como em relação ao aspecto religioso na Paraíba em direção às pessoas com deficiência na Paraíba e Piauí preconceito geracional na Paraíba contra indígenas na Região Norte na qual se afirma que índio é burro preguiçoso e não gosta de trabalhar na Região Sul rejeição dos estrangeiros referindose a pessoas vindas de outras regiões do Estado e de outros Estados Vale a pena mencionar que na Região Sul referidos com menos frequência mas significativos são os preconceitos prati cados pelos professores como estes exemplos professores que tratam mal um aluno que consideram saber menos de forma a menosprezálo colocandoo no fundo da sala o tratamento dife Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 148 renciado dispensado pelo professor ou funcionário ao aluno que mora longe e que chega suado à sala de aula considerado fedo rento e sujo situações de homofobia em relação a alunos entre outras ações O preconceito portanto não ocorre somente entre alunos está presente também entre professores coordenadores e funcionários de forma geral Os sentimentos despertados pelo preconceito praticado na escola e mencionado por alguns professores são apatia chateação aborrecimento cansaço e abandono sentimento de indignação e impotência diante da conduta das famílias no que se refere à parti cipação na vida escolar dos filhos ceticismo em relação à melhoria da educação brasileira desvalorização do trabalho realizado Como afirma Gomes 2002 apud ABRAMOVAY CUNHA CALAF 2009 p 187 A escola é um dos principais espaços de encontro e convivência especialmente para crianças ado lescentes e jovens de diferentes níveis e grupos sociais Isso acarreta relações cotidianas entre in divíduos com diferentes valores crenças e visões de mundo Assim o ambiente escolar não apenas constrói diversas dinâmicas de interação como também reproduz e em alguns casos ressignifica aquelas dinâmicas preexistentes Nesse sentido re lações baseadas no preconceito e na discriminação são também repetidas e reformuladas nas escolas Esses autores também pontuam a disparidade entre o conceito de preconceito e o de discriminação afirmando que Conselho Federal de Psicologia 149 o preconceito se relaciona com a crença pre concebida acerca de atributos e qualidades de indivíduos a partir de características específicas enquanto a discriminação diz respeito a compor tamentos e tratamento diferencial de pessoas ABRAMOVAY CUNHA CALAF 2009 p 188 De modo geral estes dois conceitos estão ligados no sen tido da dificuldade de pensar e agir contrário ao que é definido como normal em nossa sociedade ou seja os padrões norma tivos socialmente estabelecidos delimitam até onde podemos nos diferenciar e o que foge a essa curvatura é desvalorizado Abramovay Cunha e Calaf 2009 p 190 afirmam que o preconceito e a discriminação estão intima mente ligados à dificuldade de se lidar com o tido como diferente da norma Nesse sentido vale no tar que a norma na sociedade brasileira con temporânea é personificada pelo homem branco de classe média heterossexual e católico Nas palavras de Chauí 1997 p 3 conseguese entender a necessidade do igual para aceitação do simples comum facil mente compreensível para que o diverso não cause medo O preconceito exige que tudo seja familiar próximo compreensível imediatamente e transparente isto é inteiramente penetrado por nossas opiniões e indubitável Não tolera o complexo o opaco o ainda não compreendido Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 150 exprime sentimentos de medo angústia insegurança diante do desconhecido e o conjura ou esconjura transformando tais sentimentos em ideias certas sobre as coisas os fatos e as pessoas criando os estereótipos isto é modelos gerais de coisas fatos e pessoas por meio dos quais julga tudo quanto ainda não havia visto Formas de Enfrentamento Várias foram as formas de enfrentamento à violência e preconceito citadas pelos professores Dividiremos essas estra tégias em dois grupos aquelas que já ocorreram ou ocorrem na escola e as propostas ou sugestões apresentadas na roda de con versa Ações realizadas pelas escolas atividades lúdicas em sala e reorganização do horário interno da aula projetos que são financiados pelo governo federal e que acabam por ter o papel de enfrentamento ao preconceito como por exemplo o Programa Mais Educação e o Projeto sobre Fa tores de Risco e de Proteção projetos realizados pela própria escola projeto que discute as questões étnicoraciais e projeto de contação de his Conselho Federal de Psicologia 151 tórias com personagens negras com coco de roda e com o reco nhecimento das terras dos quilombolas parcerias com o Ministério Público e com a Universida de Federal da Paraíba orientações estabelecidas no Projeto Político Pedagó gico na resolução de situações de violência e preconceito na es cola com relação ao enfoque punitivo e dialogal a escola faz o enfrentamento tanto da forma punitiva através da aplicação rígida do que está previsto como sanção no seu próprio regimen to exemplos chamar os pais suspender o aluno das aulas etc quanto de forma dialogal através de conversas com os próprios alunos e com seus familiares para discutir com eles a importân cia da educação e do cumprimento das normas estabelecidas na escola desenvolvimento da prática de esportes que ocorre em duas circunstâncias através da participação dos alunos nos jo gos escolares do município e em atividades desenvolvidas na própria escola enfoque preventivo os professores tratam os alunos como se fossem da família conversam brigam com eles quando é preciso mas tratam como iguais com respeito quando ocor rem atos de violência acionam a direção da escola para resolver e estes geralmente conversam dão conselhos ronda escolar Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 152 acionam o Conselho Tutelar desenvolve projeto com um tema por mês baseado em valores morais tais como amor amizade cidadania fraternidade solidariedade etc com o objetivo de distanciar o aluno do mundo violento também procuram trabalhar os temas nas aulas de ensino religioso não puxando muito para religião não só com a informa ção religiosa mas com a formação humana projeto Mais Educação e projetos extra cursos no sá bado como o de Informática para fazer com que os alunos se distanciem das situações violentas criação de dois intervalos um para alunos do ensino fundamental 1 e outro para alunos do ensino fundamental 2 e ensino médio projeto voltado para a promoção da paz dentro da es cola parceria com a Secretaria de Saúde para falar sobre higiene e sexualidade projeto de aprendizagem que ocorre com temas sugeri dos pelos alunos como abuso sexual e pedofilia patrulha escolar com duas viaturas da Polícia Militar parceria com Delegacia da Criança e do Adolescente DECA trabalho com adolescentes em cumprimento de medi das socioeducativas escola em tempo integral Conselho Federal de Psicologia 153 participação em programas federais Mais Educação Escola Aberta Atleta na Escola Acessibilidade Segundo Tem po e estaduais Como podemos observar várias estratégias são realizadas e segundo os professores muitas delas contribuem efetivamente para o enfrentamento da violência e do preconceito na escola Propostas de ações a serem realizadas reorganizar a utilização do espaço físico com adoção do período integral de aula realizar projetos que trabalhem com a prevenção do preconceito contra os homossexuais ter atividades extraclasses especialmente jogos música dança futebol etc seriam impor tantes para os alunos ter um núcleo de assistência com um psicopedagogo psicólogo e mais um assistente social haver maior participação da família na vida escolar dos alunos trazer a polícia para dentro da escola aplicar na escola os princípios das escolas militares ba seada na disciplina na ordem na submissão do aluno na autori dade do professor na vigilância e na punição Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 154 modificar o sistema punitivo da escola com sanções mais duras contra os alunos que desrespeitarem as normas desburocratizar os processos pedagógicos proporcionar estrutura física acessível para os alunos com deficiência permanecerem na escola ter melhor estrutura física para a prática de esportes criar práticas de prevenção ao uso de drogas com pales tras que façam os alunos pensarem sobre essa questão desenvolver programas de caráter permanente pales tras com vídeos seminários e debates bem como o trabalho em sala de aula sobre a questão do respeito da tolerância da amiza de de aceitar o outro como ele é ter maior investimento nas atividades culturais e práti cas desportivas trabalhar com a formação de pais criando condições para que eles possam acompanhar o processo de escolarização dos filhos criar espaços dentro da escola para se utilizar a lideran ça dos alunos como forma de protagonismo através por exem plo de grêmios estudantis ou de debates sobre temas atuais federalizar as escolas São várias as propostassugestões sobre o enfrentamento da violência e preconceito na escola no entanto uma das propos tas apresentadas quanto à militarização e a presença da polícia Conselho Federal de Psicologia 155 na escola provocam preocupação Se partirmos dos pressupostos de que a escola tem a função de socialização dos conhecimentos e de que os indivíduos se desenvolvem como propõe Leontiev 1978 a partir da apropriação da cultura que eles se humanizam por meio da educação informal nos primeiros anos de vida e for mal a partir do ingresso na escola questionamos como a polícia e atitudes punitivas com os alunos podem ajudar no processo pe dagógico Nesse sentido Abramovay 2009 p 166 comenta o se guinte A presença da polícia no contexto escolar é mar cada por ambiguidades e tensões tanto nas rela ções que se estabelecem quanto nas percepções do papel da polícia por parte dos professores alunos membros da equipe da direção e até mesmo dos próprios policiais Justificada pelos sentimentos de medo e insegurança a intervenção policial é pen sada muitas vezes como solução para os proble mas de violências nas escolas No trabalho intitulado Justiciabilidade no campo da educação de Cury e Ferreira 2010 p 77 destacase a preo cupação com a necessidade da intervenção do poder judiciário na esfera educacional Inaugurouse no poder judiciário uma nova rela ção com a educação que se materializou através de ações judiciais visando a sua garantia e efe tividade Podese designar este fenômeno como a judicialização da educação que significa a in tervenção do poder judiciário nas questões edu Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 156 cacionais em vista da proteção desse direito até mesmo para se cumprir as funções constitucio nais do Ministério Público e outras instituições legitimadas Será que compete à judicialização à presença da polícia na escola a garantia da disciplina do ordenamento para que o processo pedagógico se efetive Nesse sentido pensamos que as propostas apresentadas pelos professores em nível mais amplo que exigem envolvimento de instâncias em nível federal esta dual e municipal podem ajudar no enfrentamento à violência e preconceito na escola conforme apresentadas a seguir necessidade de melhoria na remuneração dos professo res e das condições de trabalho para o exercício do magistério reconhecimentovalorização do trabalho do professor pela sociedade necessidade de um projeto educacional em forma de políticas públicas para lidar com a violência e preconceito na escola maior investimento na formação de professores capacitação das equipes pedagógicas ampliação do número de pedagogos na escola promoção de políticas públicas de conscientização e não apenas de punição necessidade de um profissional para dar apoio aos ca Conselho Federal de Psicologia 157 sos de violência condições de fazer acompanhamento familiar presença do psicólogo na escola para estabelecer uma ligação entre a família e a escola melhorar a estrutura física da escola Essas foram sugestões que os professores apresentaram e que podem realmente contribuir para que a escola cumpra com sua função de ensinar Tecendo Algumas Considerações Alguns professores consideram que o enfrentamento da violência envolve a sociedade como um todo pois a escola não está à parte da sociedade Nesses termos a responsabilidade maior seria do país Estados e municípios por meio de políticas que pudessem efetivamente chegar à comunidade escolar Souza 2013 defende que além da violência ser algo con creto na sociedade brasileira ela se configura em um processo em que as contradições de uma sociedade desigual contribuem para os mais diversos tipos de manifestações Ela é percebida como uma violação das normas como falta de respeito como agressão física e verbal e manifestase sob as mais variadas formas como psico lógica simbólica verbal institucional atingindo todas as classes sociais todas as idades e independe do sexo e do contexto social Construir uma boa escola partindo do pressuposto de Vygotski 1995 sobre a formação social do psiquismo isto é Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 158 de que nenhum comportamento humano é inato ou natural e que o processo de formação e de desenvolvimento do humano no indivíduo se dá através do convívio social e do contexto his tórico em que está inserido significa pensar na realização de trabalhos coletivos que primem pelo processo de humanização de todos os indivíduos No entanto a análise da violência na es cola como consequência direta e reflexiva dos problemas sociais requer alguns cuidados para não se reduzir a atuação da esco la apenas à reprodução e perpetuação dos paradigmas sociais Aquino 1998 p 10 alerta que as relações escolares e extraes colares não implicam um espelhamento imediato Ou seja não é possível sustentar categoricamente que a escola tãosomente reproduz vetores de força exógenos a ela É certo pois que algo de novo se produz nos interstícios do cotidiano es colar por meio da reapropriação de tais vetores de força por parte de seus atores constitutivos e seus procedimentos instituídosinstituintes Na mesma perspectiva Guimarães 1996 p 77 defende A instituição escolar não pode ser vista apenas como reprodutora das experiências de opressão de violência de conflitos advindas do plano macroestrutural É importante argumentar que apesar dos mecanismos de reprodução social e cultural as escolas também produzem sua pró pria violência e sua própria indisciplina Conselho Federal de Psicologia 159 Se ela escola reproduz a violência e o preconceito pre sentes na sociedade cabe empreender ações para que tal fato seja transformado Vázquez 1977 afirma que a violência se manifesta onde o natural ou o humano como matéria ou objeto de sua ação resiste ao homem p 374 Ela altera uma legalidade natural e social Para essa destruição os homens usam da força física ou mesmo de ações que violam a vida psíquica com o objetivo de manter um domínio econômico e po lítico ou de conseguir esses ou aqueles privilégios p 381 Dessa forma é necessário elaborar políticas públicas que contri buam para que essa alteração da legalidade natural e social seja se não superada porque isso implica em uma transformação radical da sociedade pelo menos seja encaminhada como auxí lio para o enfrentamento da violência e do preconceito na escola Conselho Federal de Psicologia 161 8 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS RODAS DE CONVERSA COM PAIS Neste texto faremos uma síntese das atividades realiza das nas rodas de conversa com os pais Em alguns Estados a atividade não aconteceu por falta de público visto que apesar de muitos pais terem sido convidados nenhum compareceu ao encontro Houve situações em que os gestores da escola esque ceramse de enviar os convites ou os enviaram muito próximo ao horário da atividade o que pode ter dificultado a organização familiar para vir à escola Assim as rodas de conversa foram realizadas algumas vezes com a presença de vários pais e res ponsáveis acompanhados por seus filhos no entanto também foram algumas desenvolvidas com pequenos grupos ou por meio de entrevistas individuais Lembranças Boas Como ocorreu em outras atividades com professores e alunos alguns pais colocaram mais ênfase nas lembranças ruins enquanto outros começaram falando que a escola só tinha coisas boas e depois apresentaram vários aspectos ruins dela Em Minas Gerais São Paulo Mato Grosso do Sul e Pa raíba as lembranças boas se referiram em geral à aprendizagem e ao convívio com colegas e professores Em Mato Grosso do Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 162 Sul os pais lembraramse das amizades realizadas no período que frequentavam a escola falaram da convivência com os amigos e a união entre eles as brincadeiras e atividades inocentes mais sadias e com menos brigas diferente do que acontece contempo raneamente A alegria de estudar brincar e fazer amigos as festas comemorativas realizadas na escola assim como a saudade da queles bons momentos foram lembranças dos pais da Paraíba acompanhadas da aprendizagem especificamente do aprender a ler e estudar Ficou evidente na fala dos participantes que as di ficuldades envolvidas para conseguir frequentar a escola faziam com que o ato de estar neste contexto se caracterizasse como uma grande experiência Esses pais deram grande ênfase ao conheci mento adquirido durante o tempo de escola assim como a impor tância a necessidade o gostar e o desejo de continuar a aprender e até mesmo lecionar Em Goiás as lembranças dos pais também se remeteram a estes aspectos Pelos relatos pudemos perceber sentimentos que levam ao significado da escola como espaço de convivência e de aprendizagem e que hoje não se apresenta de tal modo No Piauí os pais se referem ao processo de ensinoaprendizagem não só permeado de aspectos cognitivos pertinentes à constru ção do conhecimento mas também pela afetividade Um dos pais deste Estado comenta que O lanche era muito bom o re creio e os professores que marcaram a vida da gente que ensi navam de forma extrovertida Essa nostalgia dos velhos tempos também permeou as falas dos pais do Mato Grosso Eles se reportaram a um passado Conselho Federal de Psicologia 163 nostálgico com confiança no ambiente sem abrir mão da ludi cidade e respeito mútuo No Rio Grande do Sul as boas lem branças da escola também estiveram vinculadas às amizades e à segurança que sentiam dentro da escola Os pais assim como os alunos lembraramse das brincadeiras na hora do recreio e argumentaram que sentem que hoje não há mais segurança afir mando ser perigoso estar na rua na escola com os amigos e na comunidade com os vizinhos No Mato Grosso assim como em Minas Gerais alguns pais consideram que a escola tinha melhor qualidade e que hoje necessita de profissionais mais capacitados No entanto no Paraná e em Sergi pe os pais elogiaram as escolas e o cuidado com o qual os diretores as administram Em Brasília um pai falou dá saudade daquele tempo em que havia respeito entre alunos professores e administração da escola Pais de Minas Gerais também apresentaram essa percep ção de que a violência está mais acirrada hoje Em Minas Gerais imperou a ideia de que a nova geração é mais violenta e que há mais desrespeito na escola Essas falas remetem à relação entre violência no am biente escolar e violência doméstica conforme destaque feito no relatório da primeira fase da pesquisa NEVES et al 2014 relativo à preocupação de diversos autores em correlacionar o desempenho escolar precário com o ambiente familiar confli tuoso vivido pelos alunos De um lado considerase a violência doméstica como fator de risco para o desempenho discente e se exclui a responsabilidade do educador do fracasso no processo Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 164 de ensinoaprendizagem pois os estudantes estariam apenas re petindo na escola condutas agressivas indisciplinadas e violen tas que experimentam no ambiente doméstico Por outro lado os pais têm seus filhos como crianças boas e pacíficas e os veem como vítimas da violência do ambiente escolar que depois é reproduzida em casa Daí se pode compreender o sentido denso de uma expressão aparentemente banal muito comum entre os pais Não sei o que você anda aprendendo na escola Esta fala denota a preocupação dos pais com a escola e com a aprendiza gem dos filhos No Amapá uma das participantes mencionou que con sidera que uma boa escola é aquela que cuida dos alunos que centra seu trabalho na valorização dos alunos Como aconteceu em algumas rodas de conversa com os professores e em atividades com os alunos alguns pais lembra ramse das gincanas das programações culturais como aspectos positivos da escola A autoridade do professor o respeito que os alunos ti nham por seus mestres e mesmo entre eles foi outro elemento que fez parte da nostalgia dos pais em Tocantins Se fizermos uma síntese das lembranças que os pais têm da escola podemos observar pontos que mais se destacaram a valorização da escola como espaço de fazer amigos de cultivar as amizades de brincar de se divertir e a escola como espaço de aprendizagem Se analisarmos como os períodos de desenvol vimento vão se constituindo com base nos estudos de Vygotski Conselho Federal de Psicologia 165 1996 temos a dimensão de que a passagem pela escola contribui significativamente para a formação da personalidade dos indiví duos Os pais mencionam as brincadeiras atividade principal na segunda infância a atividade de estudo atividade principal nos primeiros anos do Ensino Fundamental e ainda mencionam a relação com os pares aspecto importante na adolescência Pelas falas dos pais pudemos constatar o fato de que a escola foi signi ficativa em suas vidas que eles valorizaram passar pelo processo de escolarização e as amizades que fizeram no decorrer dos anos que passaram pelos graus escolares Além disso os pais deixaram transparecer a função da escola conforme propõe os estudos de Saviani 2003 O autor deixa claro que a escola deve socializar os conhecimentos pro duzidos pela humanidade A escola nos primeiros anos deve ensinar os alunos a ler escrever noções de matemática de Ciên cias de História e os pais parecem valorizar essa função social da instituição Vigotski 2000 também deixa claro que a esco la tem que trabalhar com os conhecimentos científicos e que a apropriação dos conteúdos escolares promove desenvolvimento das funções psicológicas superiores como a memória atenção abstração etc Alguns questionaram até que ponto a escola está cumprindo sua função na atualidade até que ponto os professo res estão conseguindo ensinar Como referido tal preocupação também foi objeto de estudo de Facci 2004 que ao analisar o trabalho docente conclui que na atualidade está havendo um esvaziamento da atividade do professor com pouca valorização social da escola Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 166 Alguns pais consideram que a violência hoje está mais acirrada A violência conforme Vásquez 1977 reflete as rela ções de produção da sociedade Assim a escola é influenciada pelas dificuldades atuais vivenciadas nas relações de trabalho pela divisão de classes pelo acesso desigual aos bens materiais e culturais pela violência que impera na sociedade Avaliar se a escola está povoada com mais atos violentos ou não é uma questão bastante complexa o que podemos pensar é que as for mas de violência vão se transformando no decorrer do processo histórico Lembranças Ruins Em alguns Estados os pais não citaram experiência ruim vivenciada na escola Mas nos casos em que se lembraram de fatos ruins ocorridos sentimentos de tristeza acompanharam muitas falas nas quais sofrimento e preconceito estiveram pre sentes Em Goiás por exemplo os pais ao relatar momentos de violência e preconceito apontaram suas histórias pessoais e trouxeram lembranças negativas vivenciadas por eles Foi o que se observou também no relato de uma mãe em Brasília que lembrou um episódio no qual ocorreu o preconceito racial contra um professor Em Minas Gerais os pais se lembraram de surras agres sões preconceitos corporais cujos sujeitos foram colegas e pro fessores e que geraram sentimentos de indignação humilhação Conselho Federal de Psicologia 167 e opressão Brigas e apelidos foram citados por pais de Mato Grosso do Sul na Paraíba pais lembraramse de castigos físicos e humilhação praticados por professores contra alunos Aragão e Freitas 2012 pontuam que em determinada época o castigo era compreendido como forma de conduzir os alunos para comportamentos morais adequados O castigo en tão era utilizado como um projeto para levar a pessoa a seguir um caminho certo No Amapá um familiar lembrouse de um caso de vio lência de um aluno contra um funcionário em Tocantins um dos pais falou que não existe escola ruim existem pessoas e alunos que não vêm com intenção de estudar e tornam a escola ruim Explicou que a escola em si não seria ruim o problema é que as crianças mesmo as mais novas já chegam à escola com com portamentos muito agressivos Estudos apontam a relação da violência com a agressão sendo a primeira uma manifestação da segunda dentro de um contexto Neste sentido Kodato 1999 em pesquisa acerca da crueldade em instituições escolares destaca a violência como um fenômeno que se reproduz de forma mimética nas relações sociais A violência entre alunos é referida na literatura sobre o tema como a grande maioria das ocorrências de violências nas escolas tanto na visão de professores quanto na visão de alu nos e funcionários RISTUM 2010a Segundo o relatório de Abramovay 2005 violências verbais como xingamentos e hu Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 168 milhações ameaças dos mais variados tipos agressões físicas e as discriminações podem ser considerados atos de violência Podemos dizer que vários dos pais descreveram que estas situa ções ocorrem no interior da escola Eles não as relacionaram à violência mas descreveram que elas aconteciam quando eles eram estudantes e que seus filhos e filhas na atualidade falam sobre episódios como estes que ocorrem no cotidiano escolar Em Sergipe pais se detiveram em relatar alguns proble mas que a escola estava enfrentando principalmente quanto à estrutura física e organização das atividades cotidianas da esco la desorganização falta de professores estrutura física ruim roubos cometidos tanto por pessoas de fora quanto por alunos maiores merenda ruim sujeira nas escolas e falta de pessoal para fazer a limpeza falta de lazer pátio de recreio pequeno e quadra interditada há tempos em razão do estado precário Além disso queixaramse da qualidade do ensino da falta de organi zação dos pais para fazer reivindicações e também de algumas mães que são agressivas com as professoras e saem sempre em defesa dos filhos Outra reclamação que fizeram da escola é que o diretor é sozinho que não dá conta dos problemas faltam fun cionários de apoio no entanto estes mesmos pais teceram vá rios elogios ao trabalho do diretor quando falaram de uma boa escola No Rio de Janeiro e no Espírito Santo os pais consideram que a pouca presença deles no cotidiano escolar é um grave pro blema para o funcionamento da escola Abramovay e Rua 2002 analisam que a estrutura física das escolas afeta o ambiente e pode contribuir com os atos de Conselho Federal de Psicologia 169 violência na escola Elas consideram que se forem promovidas alterações nas instalações e na forma como a escola é adminis trada isso pode melhorar mudar o perfil da escola em relação à violência Na Paraíba uma das mães lembrou que sofreu precon ceito racial por ser negra e outra no Piauí por ser de origem indígena Outra forma de discriminação foi lembrada por uma mãe que frequentou uma escola particular na qual havia sofrido preconceito por ela ser de uma classe social menos favorecida Rocha 2002 discute que essas desigualdades ocorrem em fun ção da produção de sociedades desiguais No país convivemos com classes sociais antagônicas e que têm diferentes acessos aos bens materiais e culturais o que pode gerar preconceito em re lação àqueles que não conseguem comprar muitos objetos valo rizados socialmente Na Paraíba também foram relatadas dificuldades econô micas que impediram a continuidade dos estudos de muitos pais Tal aspecto foi apresentado ainda no Mato Grosso do Sul onde os pais relataram que tiveram que interromper os estudos porque tinham que trabalhar devido ao casamento ou mesmo pressão familiar para ajudar no sustento da casa Se quando apresentaram boas lembranças o clima era de serenidade e de certo conforto no caso das lembranças ruins da escola o clima ficou mais tenso com maior envolvimento afeti vo dos pais Pudemos ver que agressão física castigos e precon ceitos são associados a lembranças ruins da escola Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 170 Violência Na roda de conversa com familiares percebemos certo constrangimento ao falar de violência relacionada ao ambien te escolar como se quisessem preservar o espaço institucional que faz a formação de seus filhos Entretanto de maneira geral quando solicitados a relatar as violências e os preconceitos que vivenciaram na escola ou de que tiveram conhecimento emer giram Violências Brigas entre alunos o relato mais frequente Alunos passam rasteira para o outro cair ou empurram propo sitalmente Alunos maiores que agridem menores Mães que tentam bater em aluno que brigou com seu filho Violência de aluno dirigida ao professor principalmente com palavras agressão verbal Alunos violentos que batem Conselho Federal de Psicologia 171 Preconceitos Preconceito de cor vermelhinho sarará neguinho mulatinho feijãozinho arrozinho Preconceito contra aparência gordo magro alto etc Preconceito contra a orientação sexual viadinho bichinha mulherzinha para os meninos e machinho para as meninas Preconceito contra alunos e alunas que não seguem os padrões de uniforme dos colegas mais populares encurtando exageradamente saias usando blusas ou camisas fora das saias ou calças Preconceito por não ter celular ou ter o celular da moda No que se refere às vivências de violências foram encon tradas as seguintes categorias violência estrutural violência es petacularizada nas redes sociais violência envolvendo drogas violência física entre alunos professores gestores e pais vio lência como a do tipo passou levou violência verbal violência familiar A violência física se configura em agressões A violên cia simbólica que implica em comportamentos que vão além da agressão física pode ocorrer num plano emocional e simbólico pode ser religiosa baseada na intolerância Podemos afirmar que a partir do momento que alguém invade o espaço alheio ocorre a violência A violência sexual implica em assédio sexual envol Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 172 vendo alunos de idades menores e vão para o contexto extraes colar no qual ocorrem situações de aliciamento de meninas pelo próprio pai ou padrasto O abandono familiar também citado acontece quando os pais desistem da família e a criança fica sem referência As brigas entre os alunos com linguajar indecente brigas principalmente entre as meninas por causa de namorado de paquera também são formas de violência Além disso alguns pais comentaram que acontece briga entre professor e aluno que envolve ameaça de morte e que na maioria das vezes há envolvi mento com drogas por parte dos alunos e que diante desta situa ção pelo medo muitos professores dão boas notas a esses alunos Em relação aos relatos de violência os pais citaram acon tecimentos dentro da escola e no seu entorno Em Mato Grosso do Sul por exemplo o conceito de violência para os pais está diretamente ligado a ações físicas como brigas e agressões Eles ponderaram sobre constantes situações de brigas e agressões dentro da sala de aula entre os alunos que quando agredidos revidam aos atos de violência imediatamente Narraram fatos que perpassam desde o conhecimento de casos em um âmbito geral até casos que envolveram seus próprios filhos gurizada que bate fala que vai pegar depois menina que tranca dentro do banheiro Até hoje ela não vai no banheiro aqui na escola O menino é bem problemático na sala dela deu uma chinelada nela e a bichinha desceu a mão no menino No que tange às relações familiares e à questão da violência nas escolas as famílias evidenciaram que a violência escolar per passa o seio familiar e se manifesta no ambiente escolar Conselho Federal de Psicologia 173 Na Paraíba uma violência que chamou a atenção foi a que envolve os pais dos alunos Houve vários relatos de pais que querem bater em professor que apoiam o filho e acham que a culpa é da professora Uma mãe relata que viu uma mãe que só faltou bater na professora Falam ainda de mães que querem bater nos meninos que agridem seus filhos os meninos brigam às vezes um chora aí vem a mãe e quer bater Teve uma mãe que quis bater no meu filho Ela veio com tudo pra bater no meu filho Se eu não tivesse chegado ela tinha batido As mães acham então que há pais que dão exemplo de violência para seus filhos Contam que eles ensinam os filhos que não devem apanhar que devem revidar e bater mais do que apanhar Alguns pais da Paraíba assim como do Amapá acreditam que em várias ocasiões a escola acaba por favorecer a violência por causa do legalismo mantido no ambiente sem que se façam concessões Um exemplo disto foi o de um aluno que veio para a escola de boné sendo obrigado a retirar o acessório Segundo o depoimento o aluno no entanto escondia com o boné as falhas do seu recente corte de cabelo Depois de ficar sem boné o aluno foi ridicularizado por outros estudantes De acordo com a entrevistada tudo seria resolvido com comunicação mas a escola seria recorrentemente intransigente ao não permitir um diálogo aberto com o alunado Então quanto à violência física os familiares citaram a agressividade na relação entre as crianças e adolescentes violência entre os pares e também a violência contra os Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 174 professores brigas entre professores brigas principalmente entre as meninas por causa de namorado Os pais do Amapá igualaram a violência verbal ao preconceito e forneceram exemplos semelhantes aos dos alunos mas não deram muita importância para episódios de bullying ou violência envolvendo os seus próprios familiares Isto mostra as dificuldades pelas quais passam as crianças que muitas vezes não têm as violências sofridas reconhecidas dentro de casa Já em Santa Catarina as violências relatadas podem ser classificadas como violência verbal falar alto xingar e violência física bater no outro agredir Em resumo as práticas violentas relatadas pelos pais de Minas Gerais e de São Paulo foram a violência física e verbal os xingamentos as agressões as brigas os constrangimentos sexuais enquanto entre os preconceitos destacados aparecem os apelidos jocosos o racismo a homofobia dissimulada o preconceito religioso Quanto aos sujeitos dessas práticas os alunos apareceram como vítimas os colegas e professores são os algozes que produziram os sentimentos de temor permanente mágoa e tristeza Em Sergipe as mães foram unânimes em afirmar que a maioria das violências se refere a brigas entre os alunos Contam alguns casos de alunos que passam rasteira para o outro cair alunos que empurram os colegas alunos que agridem os professores re ferindose à violência verbal brigam com professores mais assim com palavras mas o mais comum é aluno com aluno Conselho Federal de Psicologia 175 Muitas outras formas de violência foram relatadas vio lência de gênero Paraná e Goiás que ocorre por meio de abor dagens violentas ou assédios violência familiar ou doméstica o uso e o tráfico de drogas foram muito evidenciados também no trabalho com alunos principalmente do Ensino Médio vio lência na comunidade violência externa influencia o cotidiano escolar roubo por exemplo ou mesmo decorrente de conflito entre a escola e a comunidade na qual a instituição está inserida Alguns pais também entendem como violência a forma como a educação é valorizada pela sociedade enfatizando que o poder público é omisso descuidado em relação à escola pública com superlotação das salas de aula conforme apontado por pais do Estado do Piauí As causas para a violência são apresentadas de várias formas e no relato dos familiares de Sergipe fica evidente ao afirmarem que os pais ensinam a revidar a não apanhar sem bater não dão educação Na roda de conversa no Rio Grande do Sul a figura do diretor da escola foi citada como aquele que organiza o espaço cuida das crianças faz os alunos entrarem na escola e não ficarem na calçada em frente Esta atitude transmite segurança aos pais Os relatos sobre a violência na escola reforçam sobre maneira a violência simbólica operante nas relações interpes soais estabelecidas no contexto escolar A respeito deste tipo de violência Abramovay Lima e Varella 2002 alertam que ao analisar as escolas não basta focalizar atos criminosos extre Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 176 mos como vandalismos roubos brigas entre alunos desrespei to a professores depredações extorsão mas também as violên cias simbólicas verbais morais psicológicas dos professores ou funcionários contra os alunos Kohler 2003 p 4 complementa O silêncio da academia sobre essa questão con trasta com o fato de que atos hoje observados nas práticas escolares podem ser classificados como Violência Psicológica sendo praticados em nosso País desde o tempo do Brasil colo nial No entanto nem sempre somos capazes de identificar essas práticas como violência muito menos as crianças e adolescentes que as sofrem pois ideologicamente são justificadas em nome da boa educação É preciso desnaturalizar a violência simbólica operante na escola Tratase de ampliar o debate e a reflexão acerca da qualidade das relações humanas estabelecidas neste contexto elucidar os mecanismos ocultos do racismo tornar concreto um problema que hoje é tratado como abstrato e difuso a escola e o sistema educacional precisam incluir nos currículos formas de enfrentamento destas questões para além da culpabilização dos indivíduos Assim a violência deve ter uma compreensão multidimensional o que significa compreender o contexto social que envolve a escola como um todo Conselho Federal de Psicologia 177 Preconceito na Escola Esta categoria agrupa as respostas dos pais acerca das impressões sobre o preconceito no cotidiano escolar Suas res postas foram por vezes alicerçadas em suas memórias mas também entrecruzadas com as preocupações que seus filhos não passassem pela mesma situação conforme falas de pais do Pa raná Quem já estudou já sofreu preconceito De burro de ne gro negrinho burrinho mais burrinho da sala tem tudo isso aí Têm todos esses preconceitos aí na escola Medo da filha sofrer o mesmo tipo de situação sempre levei tudo na brincadeira tudo na zoação mesmo Alguns pais relataram o preconceito relativizando com uma categoria identificada como zoação que eles trouxeram do cotidiano de seus filhos Esta foi muitas vezes descrita ou como correlata ao preconceito ou como uma situação que foi trazi da pelos filhos como brincadeira entre colegas Não ficou clara a situação da zoação como caracteristicamente descrita como bullying na literatura LOPES NETO 2005 NESELLO et al 2014 isto é ligada a formas de agressão sejam verbais sejam físicas O que eles chamam de zoação pode causar situações de constrangimento dependendo de quem o faz como o faz e de quem recebe a brincadeira Então eu queria saber qual o limite do precon ceito e da zoação porque ele são né É então eu acho que a pessoa que recebe isso que faz Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 178 isso se torna ou uma zoação ou um preconceito Não é o que tá jogando entendeu É o que rece be Têm zoação mas eles levam tudo na brinca deira Têm só que eles levam na brincadeira a gente já não levava muito na brincadeira Eu não levava na brincadeira Esta oscilação entre compreender a zoação como pre conceito ou como apenas uma brincadeira trouxe um elemento importante e interessante para a discussão A ideia é que esta diferença vai depender do sujeito que é alvo da zoação Ou seja atrelada à experiência subjetiva do sujeito alvo da mesma Freire e Aires 2012 apontam que a experiência do bullying precisa ser investigada a partir de cada contexto e subjetividade dos atores envolvidos assim como o contexto social mais amplo Vale res saltar que nem todos acharam que a zoação fosse apenas uma brincadeira Uma das mães do Paraná e outras do Rio de Janeiro acreditam que a chamada zoação influencia os sujeitos e suas condições de autoestima Existem estudos que relacionam os processos identificados como bullying e o Transtorno de Estres se PósTraumático TEPT ALBUQUERQUE WILLIAMS DAFFONSECA 2013 Mesmo não podendo ser feita uma ca racterização da ocorrência de bullying na escola pois nenhum dos pais o citou foi inegável que alguns pais sofreram estas si tuações de humilhação relatando seu constrangimento e a preo cupação de que isto ocorresse com seus filhos Devese lembrar que o relatório de Abramovay 2005 considera estas formas de brincadeiras como formas de violências simbólicas que acon tecem na escola Conselho Federal de Psicologia 179 O preconceito é percebido como sinônimo da violência Preconceito racial é de acordo com a cor da pele principalmen te em relação a pessoas negras Ao se abordar a questão do pre conceito quase que imediatamente aparece o preconceito ra cial conforme aconteceu no Piauí e em Goiás No Ceará uma mãe mostra como o preconceito racial é marcante inclusive tão forte quanto outras formas de precon ceito como contra a pessoa com deficiência Minha filha é surda muito surda já tive muito preconceito com ela não queriam que chegasse perto da minha filha Meu marido é moreno aí o povo tem muito preconceito porque ele é mo reno Racismo né Chamam ele de preto meu esposo nem sabe disso É um estresse se tu ver um estresse tão grande chamando de preto No Paraná alguns dos pais entrevistados remetendo à própria experiência revelaram não perceber o mesmo precon ceito racial que sentiam quando estudavam Os estudos mostram que mesmo em um país multiétnico como o Brasil as discrimi nações raciais são ainda muito presentes ABRAMOVAY 2005 FRANCISCO JÚNIOR 2008 GLASS 2012 MAGGIE 2006 Da mesma forma houve entrevistas que revelaram que ainda existe por exemplo forte componente homofóbico na escola e nas relações entre os estudantes situação esta já amplamente descrita em literatura atualizada sobre o tema no Brasil DINIS 2011 NARDI QUARTIERO 2012 TEIXEIRAFILHO RON DINO BESSA 2011 ROSELLICRUZ 2011 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 180 Há além disso preconceito religioso que faz com que as pessoas se distanciem umas das outras baseadas no conjunto de crenças e valores como se houvesse uma religião superior à outra Segundo alguns pais este tipo de preconceito a indife rença pode ser pior do que a violência física Assim como no Piauí em alguns outros e Estados os pais citaram o preconceito quanto à orientação sexual A pessoa ape sar de cumprir com todos os seus deveres ser um bom aluno é discriminada por apresentar uma determinada orientação sexual Em Minas Gerais e São Paulo os preconceitos destaca dos foram os apelidos jocosos o racismo a homofobia dissi mulada e o preconceito religioso A respeito da homofobia um pai em São Paulo disse deixar esse assunto para a esposa que é mais liberal Em tom amistoso mas reticente disse que mostra ao filho o normal ser como ele pai ou seja heterossexual Ou tra mãe presente disse que falava com sua filha sobre o problema com base na Bíblia orientada pelo entendimento religioso acer ca do tema Praticamente em todas as escolas pesquisadas foram mencionados preconceitos raciais e de gênero Em estudos ante riores Soligo 2001 já havia constatado a presença marcante do preconceito na escola Na roda de conversas com os pais também ficou muito evidente o preconceito em relação a classe social Em Santa Ca tarina a questão de classe social foi reforçada tanto na comuni dade na qual as pessoas olham o seu lixo para ver o que você Conselho Federal de Psicologia 181 consome e olham se você usa ou não roupas de marca quanto no ambiente escolar onde determinadas crianças recebem trata mento diferenciado por parte da direção e dos professores quan do são filhos de patrões Os pais relataram que os filhos também solicitam coisas materiais para eles playstation tênis de mar ca porque quem consegue ter acesso a isso tem mais amigos Muitas vezes eles compram as coisas e pagam em prestações para darem aos seus filhos Outro elemento que produz preconceito está relacionado à roupa que os alunos usam para ir à escola Há alguns anos o governo de Santa Catarina dava uniformes tênis e caderno para os alunos classificados como pobres Todavia aqueles que iam para a escola com essas roupas e estudavam com o material escolar dado pelo governo eram muito discriminados Eles de bocham uns dos outros Uniforme Se vier com uniforme aqui todos caçoam Já é o pobrezinho da classe que não vem com o uniforme certo No Rio Grande do Sul de forma geral os pais manifesta ram não observar situações atuais de preconceito na escola afir mando que todos se dão bem se cumprimentam e interagem No entanto houve uma maior referência à palavra racismo quando os pais foram perguntados sobre preconceito como no trecho a seguir eu sempre trago ela e eu nunca vi nada assim de racis mo preconceito nada assim Até porque ela tem coleguinhas de cores diferentes assim e todos se dão bem Eu não tenho nenhum relato né nunca escutei nunca vi ninguém falar sobre isso aqui Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 182 Formas de Enfrentamento As formas de enfrentamento da violência e do precon ceito apresentadas pelos pais foram divididas por eixos de sig nificados conforme apareciam nos discursos em cada roda de conversa Consideramos portanto o Estado em que aconteceu a atividade 1 Parceria entre escolafamília comunidade Parceria com a família RJ Participação direta da família também para superação de situa ções contraeducacionais MT Desenvolver atividades na escola com a presença conjunta dos pais e alunos MT Participação e proximidade dos pais e da comunidade com a escola RO Maior integração da escola com a comunidade o que também pressuporia um esforço por parte da família AP Envolver mais os pais ou responsáveis PA Trabalho mais efetivo em conjunto e que envolvesse alunos pro fessores e responsáveis PA Conselho Federal de Psicologia 183 Enfrentamento da violência é de responsabilidade da família SE Problema é em parte da família e em parte da escola SE Enfrentamento deve ser iniciado em casa com um maior diálogo dos pais com os filhos PB Participação da família na vida dos filhos PI Família e escola são responsáveis pela educação do aluno PI Participação da vida escolar dos filhos estar na escola PI Nessa categoria estão alojadas as propostas que abordam a importância da parceria entre escolafamíliacomunidade para o enfrentamento da violência e do preconceito Conforme comenta ram além de ser uma relação importante alguns colocam maior ou menor responsabilidade sobre a família Os familiares que apresentam essa estratégia estão localizados nas Regiões Centro Oeste Norte Nordeste e Sudeste e mais especificamente nos Estados do Mato Grosso São Paulo Rondônia Amapá Pará Ser gipe Paraíba Piauí e Rio de Janeiro 2 Parceria com a família orientação pedagógicaeducação sexualálcool e outras drogas Mais entrosamento entre os funcionários da escola entre equi pe dirigente e os funcionários menos qualificados MG e SP Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 184 Melhorar a gestão da escola MG Despertar o interesse dos pais ausentes e aumentar a participação de todos os responsáveis na vida escolar deixando claro que os sujeitos dessas iniciativas devem ser os gestores das escolas SP Orientação à educação familiar para a formação que se recebe dentro do ambiente doméstico MS Acompanhamento das atividades escolares pelos gestores atra vés dos conselhos escolares mas também através de outras enti dades como Coordenadorias de Educação município e Direto rias Regionais de Educação GO Pais querem participar dialogar e questionar e os gestores de vem estar acessíveis GO Ações e projetos que promovam espaços de discussão e reflexões sobre uma nova ordem de maneira que o respeito ao outro e o de senvolvimento dos afetos interpessoais sejam evidenciados GO Atividades pedagógicas que levam à desmotivação dos alunos para o aprender podem desencadear a ruptura dos afetos nas re lações interpessoais dando origem a contextos de violência na escola GO Orientação dos pais de alunos por intermédio de projetos de extensão que articulem atividades comunitárias formação e educação MT Orientação pedagógica presente quanto ao acompanhamento por parte dos pais do comportamento e desempenho escolar dos filhos DF Conselho Federal de Psicologia 185 Realização de palestras sobre como se relacionar com os outros e sobre questões relacionadas ao cuidado com o ambiente SC Campanhas escolares que visam educar e conscientizar Porém além das campanhas é necessário trabalhar toda a estrutura organiza cional da escola para que isto seja um trabalho contínuo RO Fazer mais atividades em grupo colocar os alunos para atividades em conjunto fazer mais atividades de leitura livros literários SE É preciso a presença de uma direção atuante e efetiva PB O professor pode incentivar os seus alunos através de sua história de luta PI Atividade de mobilização via cartazes panfletagens AL Além da importância da presença dos pais na escola nes se item são indicados de forma mais específica como os pais aliandose à escola podem enfrentar a violência Se juntarmos as duas categorias anteriores denominadas Parceria entre escolafamíliacomunidade e Parceria com a família orientação pedagógicaeducação sexualálcool e outras drogas per cebemos o quanto os pais valorizam essa relação mesmo mediante da pouca frequência deles no ambiente escolar conforme relatado 3 Infraestrutura da escola Melhoria da estrutura física da escola com destaque à preca Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 186 riedade do espaço para o recreio que é um verdadeiro caldeirão MG Plantio de árvores e horta laboratórios funcionando internet em tempo integral gincanas pátio com mesas e jogos MG A melhoria da infraestrutura das escolas MG Alterar o recreio porque é o momento em que as brigas ocor rem uma verdadeira terra sem lei MG Enfrentamento mais macroestrutural que de certa forma vise algo simplista aumentar os investimentos na educação para que diminua a violência RO Pedem a contratação de dois inspetores de transportes para que possa ser dada uma atenção mais apropriada às crianças PB Resolver a questão da superlotação de salas PI Quanto à infraestrutura os pais solicitam desde altera ções no recreio até investimentos na educação como medidas necessárias para o enfrentamento da violência e do preconceito conforme enfatizaram os pais das escolas de Minas Gerais Ron dônia Piauí e Paraíba 4 Policiamento na escola Contratação de um guarda todos os pais propuseram isso SC Conselho Federal de Psicologia 187 Deveria haver a intervenção policial com a implantação de um posto policial dentro ou ao lado da escola MS Ações que envolvam a segurança pública GO Maior policiamento no entorno da escola para dar mais segu rança aos alunos que entram e saem da escola RS Os pais que participaram da roda de conversa das escolas de Santa Catarina Mato Grosso do Sul Goiás e Rio Grande do Sul acreditam que contratando guardas ou fornecendo maior po liciamento no entorno da escola com a implantação de um posto policial dentro ou ao lado da escola haverá mais segurança para os alunos no momento da entrada e saída da escola Essa propos ta apresentada no que se refere à militarização e à presença da polícia na escola traz preocupação conforme discutimos na roda de conversa com professores 5 Formação docente MECsecretarias estaduais e municipais de educaçãoescolas Palestras que orientassem boas condutas MS Treinamentos para uma melhor atuação dos profissionais de educação MS Investir em formação MT e MG Alguns professores também precisam de ajuda profissional Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 188 porque eles não sabem lidar com aluno Eles parecem que têm mais problema que o próprio aluno DF Os pais das escolas de Mato Grosso do Sul Mato Grosso e Distrito Federal apostam no investimento na formação profis sional apontando inclusive que alguns professores necessitam de suporte profissional para atuar com o aluno 6 DiálogoRegras Importante que os professores conversassem em sala de aula sobre o preconceito e a violência MG Dar ênfase a partir de soluções locais pois não há um modo universal de se resolver a questão da violência na escola ES Propiciar a autonomia do educando é preciso também rever nosso sistema de regras dentro da escola MS Postura da escola como aquela que desiste do aluno e que não procura mecanismos de compreensão do fenômeno da indisci plina e da violência MS A volta da disciplina Educação Moral e Cívica com o intui to de instruir os alunos para que eles conheçam e aprendam a respeitar as leis saibam os seus direitos e deveres bem como conheçam os ministérios que existem em Brasília e do que cada um deles é responsável SC Os responsáveis deveriam ser punidos pelo comportamento Conselho Federal de Psicologia 189 dos alunos na escola Se os pais fossem punidos eles iriam tra balhar melhor seus filhos PA Reclamações deveriam ser feitas de forma organizada pois ga nhariam mais força em detrimento das reclamações individuais PB Inserir a religião na escola como forma de orientação e norma tização da conduta dos jovens PI Importância da religião na formação moral do aluno GO Desarticular os grupos de jovens os grupinhos que podem ser responsáveis por difundir práticas discriminatórias e violentas no contexto escolar PI Apelo à autoridade institucional via punição ou via diálogo AL Observamos no conjunto destas propostas alternativas dialógicas e que consideram as singularidades dos atores da es cola e as particularidades locais mas também observamos um amplo espectro de propostas baseadas no controle e na punição dirigidas não apenas aos alunos mas também para as suas famí lias Preocupa mais ainda propostas que apelam para a religião como solução das violências pois tal postura pode comprometer inclusive o caráter laico que a escola deve preservar 7 Carreira docente Investir na carreira docente MT Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 190 8 Equipe multiprofissional Espaço onde os pais pudessem desabafar contar suas dificul dades ter um psicólogo alguém que fosse instruído e que fosse oferecido pelo colégio pra ajudar os pais RJ Investir na infraestrutura operacional principalmente no que toca à orientação médica educacional e psicopedagógica MT Ter psicólogo na escola para acompanhar MT Estado deveria cuidar das situações de desvio de conduta do professor que a princípio e apenas no sentido estritamente técni co poderiam ser contornadas por rotinas de supervisão avalia ção institucional e formação continuada assim como de suporte psicopedagógico mais adequado MT Psicologia como uma estratégia privilegiada para o enfrenta mento da violência PR Falta de profissionais como psicólogo e enfermeiro AP É importante demarcar que vários pais falaram da importância do psicólogo na escola para auxiliar no enfrentamento da violência e preconceito na escola Conselho Federal de Psicologia 191 9 Atividades esportivas recreativas e artísticas Orientação dos alunos por meio de atividades como artes e esportes MT Incentivo ao esporte por facilitar a pessoa a aprender a seguir regras a disciplina e a se relacionar direito com os colegas AP Utilizar o esporte como forma de disciplina e controle do com portamento válvula de escape forma de explodir diante dos impulsos e frustrações da vida PI Uso de linguagem artística AL Nas rodas de conversa os pais apresentam várias pro postassugestões de enfrentamento que em nível mais amplo exigem envolvimento de instâncias em nível federal estadual e municipal e provavelmente podem ajudar a enfrentar a violên cia e o preconceito na escola conforme apresentadas a seguir estabelecer parceria entre escolafamíliacomunidade maior investimento na infraestrutura operacional maior investimento na formação de professores capacitação das equipes melhorar gestão da escola despertar o interesse dos pais mães ausentes e au mentar a participação de todos os responsáveis na vida escolar Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 192 constituir equipe multiprofissional necessidade de um profissional para dar apoio aos casos de violência condições para realizar acompanhamento familiar presença do psicólogo na escola para estabelecer uma ligação entre a família e a escola As sugestões que os familiares apresentaram podem realmente contribuir para que a escola cumpra com sua função de ensinar Ao indicarem esse conjunto de medidas revelam um reconhecido abismo entre as relações famíliaescola já relata do em um expressivo conjunto de estudos ASBAHR LOPES 2006 BHERING BLATCHFORD 1999 CANEN 2001 Conselho Federal de Psicologia 193 9 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DAS OFICINAS COM ALUNOS Para a análise dos dados das oficinas foram considera dos os elementos apresentados por cada grupo de pesquisadores organizados por Região e Estado Os dados foram previamente compilados pelos coordenadores regionais da equipe gestora e posteriormente organizados em seu conjunto a partir de análise temática que tomou como referência as palavras ou expressões indicadoras dos temas investigados nas oficinas Os dados referentes à primeira atividade O que é uma boa escola foram organizados a partir de três núcleos de sig nificados Elementos relativos ao ensinoaprendi zagem relacionamse a aspectos mais diretamente li gados ao contexto ensinoaprendizagem tanto no que se refere ao ato de aprenderensinar quanto às pessoas que ensinamaprendem Elementos relativos à vivência escolar tratam de aspectos ligados às relações e atividades que extrapolam o conceito estrito de ensinoaprendizagem e de elementos relacionais mais amplos Estrutura física e objetos elementos relacionados diretamente a aspectos da estrutura e con dições materiais da escola bem como a objetos que se Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 194 espera presentes no espaço escolar relacionados ou não com ensinoaprendizagem Apresentamos inicialmente os dados por região a fim de construir quadros de referência que permitam a identificação de recorrências e singularidades que nos auxiliem à compreensão dos fenômenos da violência e dos preconceitos na realidade bra sileira Quadro 1 Conteúdos referentes à concepção de boa escola Re gião Norte 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Ensino aprendizagem estudar aprender aprender coisas interessantes sentir que aprendeu campeonato de tabuada boas explicações na aula bons professores professora não falta professor educação física organização boa educação palestras bons professores bons alunos professores que não faltam ensino de qualidade boa educação bons professores professores que sabem ensinar alunos que queiram aprender que os alunos não tenham medo de perguntar aprender coisas novas aulas todos os dias boas iniciativas Conselho Federal de Psicologia 195 Vivência escola divertida brincadeiras como futebol basquete skate brincar amizades sem brigas professores legais obediência eventos festas disciplina ordem respeito arte sem preconceito sem violência sem bullying sem drogas gente legal segurança atividades esportivas feiras gestão sentimento de pertencer valorização do aluno alunos sentiremse fortalecidos relações interpessoais interação professoraluno atratividade entendimento diálogo formar cidadãos melhores sem violência incentivar o aluno a ir para a escola Estrutura boa sala de aula local adequado para estudar sala de informática brinquedos local adequado para brincar merenda gostosa boa estrutura física ambiente limpo sem lixo refeitório livros computador água limpa boa estrutura física Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 196 Os dados evidenciam o interesse na aprendizagem na perspectiva de professores que promovam aprendizagem que expliquem que apresentem novos conhecimentos e também de alunos presentes e interessados em aprender Um dado interes sante diz respeito ao medo de perguntar indicando que a rela ção professoralunoconteúdo ainda pressupõe um professor que sabe e um aluno passivo que aprende sem interpelar Nos três níveis os estudantes afirmam que em uma boa escola não faltam professores há aulas todos os dias o que pode indicar que essa não tem sido sua experiência ao longo de sua escolarização Com relação às vivências escolares a boa relação pro fessoraluno é um dos aspectos relevantes Para as crianças o brincar mostrase como um elemento importante da boa esco la Os alunos do 6º ano mencionam a importância da disciplina e da ordem e também da ausência de violência preconceitos bullying Os alunos do Ensino Médio enfatizam a valorização do estudante o diálogo e o sentimento de pertencer bem como a ausência de violência e o incentivo da escola à presença e par ticipação deles Com relação à estrutura os alunos mencionam a neces sidade de boas salas de aula ambientes adequados ao estudo e ao lazer bem como a necessidade de limpeza e higiene Em uma das escolas em que se menciona a necessidade de água limpa os pesquisadores constataram que a água que sai das torneiras é marrom e imprópria para uso Conselho Federal de Psicologia 197 Salas de informática e computadores são também elementos referentes de uma boa escola Nesta região no Estado do Amazonas duas escolas foram mencionadas uma delas no sentido positivo como uma boa escola outra como o protótipo do que não seria uma boa escola Abaixo apresentamos os dados referentes à Região Nor deste Quadro 2 Conteúdos referentes à concepção de boa escola Re gião Nordeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Ensino aprendizagem aprendizagem atividades escolares tarefas desenhos pintar alfabeto leitura professora bom ensino aprendizagem bons professores professores com vontade de ensinar bons professores professores com vontade de ensinar professores que não faltam professores dedicados feira de ciências Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 198 Vivência liberdade brincadeiras amigos funcionários que conduzem o ônibus escolar respeito direção que cuida da escola professores próximos professores que sabem conversar sem castigo dispensa de atestado aos faltosos boas relações interpessoais regras rígidas alunos poderem entrar e sair da escola time de handebol segurança vigias Estrutura brinquedos merenda alimentação ônibus escolar quadra de esportes boa infraestrutura material escolar quadra merenda limpeza câmeras de segurança Os dados da Região Nordeste mostram que os alunos do 2º ano valorizam as atividades de aprendizagem em par ticular aquelas ligadas à aprendizagem da leitura e escrita Os estudantes do 6º ano e do Ensino Médio apontam o professor como principal indicador de uma boa escola Dedicação e von tade de ensinar são apontadas como características positivas do professor Também nessa região são feitas menções à ausência dos professores Com relação aos aspectos da vivência escolar enquanto as crianças enfatizam o brincar como elemento central os ado lescentes e jovens destacam elementos relacionais como respei Conselho Federal de Psicologia 199 to cuidado proximidade liberdade Os alunos do Ensino Médio fazem referência também a regras e segurança Com relação à infraestrutura quadra de esportes mate rial escolar brinquedos e alimentação são aspectos considerados necessários em uma boa escola Os dados evidenciados nas oficinas da Região Sudeste apa recem descritos no Quadro 3 Quadro 3 Conteúdos referentes à concepção de boa escola Re gião Sudeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Ensino aprendizagem aprendizagem produções novas professora Vivência brincar professores que não ficam bravos amigos sem brigas receber presentes doces surpresas atividades fora da sala de aula passeios amizade aceitação pelos colegas aceitação pelos professores sem zoação sem discriminação professores mais compreensivos menos preconceito inclusive para deficientes democracia interna e representação estudantil Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 200 Estrutura boa estrutura física aparatos tecnológicos material escolar aparato físico e tecnológico laboratório Os dados da Região Sudeste mostram que as crianças valorizam as experiências de aprendizagem e a professora bem como a escola como espaço do lúdico Expressam a importância das boas relações interpessoais com a professora e com os cole gas bem como as condições materiais e estruturais Os adolescentes do ensino médio destacam as vivências extraclasse e as relações interpessoais Com relação à infraestrutura valorizam o aparato tecno lógico como computadores considerados elementos constituin tes de uma boa escola No quadro a seguir apresentamos os dados referentes à Região CentroOeste Conselho Federal de Psicologia 201 Quadro 4 Conteúdos referentes à concepção de boa escola Re gião CentroOeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Ensino aprendizagem aprendizagem boa educação projetos educacionais para prevenir a violência e o preconceito bons professores bons alunos estímulo ao conhecimento alto desempenho aprendizagem professores qualificados professores preparados professores que não faltem desafios incentivo à faculdade incentivo ao esporte habilitação profissional projetos eficientes Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 202 Vivência relações interpessoais brincadeiras atividades fora da sala de aula boa convivência pessoas com consciência boa diretora bons coordenadores sem bullying sem violência sem preconceitos segurança policiamento na saída da escola escola com regras igualdade racial boa convivência respeito sem violência valores éticos mais amizade sem intrigas respeito todos sejam tratados como iguais Estrutura quadra de esportes recursos apropriados computador estrutura física bom lanche Com relação à Região CentroOeste é interessante notar que à medida que aumenta a escolaridade mais elementos re lativos à relação ensinoaprendizagem vão sendo identificados pelos estudantes como indicadores de uma boa escola Relações professoraluno alunoaluno alunoequipe escolar são também enfatizadas pelos estudantes em todos os níveis Os es tudantes do Ensino Médio mencionam que uma boa escola possui professores que não faltam às aulas A qualificação para o trabalho também é enfatizada pelos estudantes do Ensino Médio Conselho Federal de Psicologia 203 Para os estudantes adolescentes e jovens preconceito violência bullying não caracterizam uma boa escola Chama atenção também que para os estudantes do Ensino Médio a escola deve ter regras e construir valores éticos Com relação a aspectos da infraestrutura o computador a quadra e a alimentação são elementos recorrentes O quadro seguinte apresenta os dados da Região Sul re ferentes à boa escola Quadro 5 Conteúdos referentes à concepção de boa escola Re gião Sul 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Ensino aprendizagem estudar ampliação do conhecimento bom ensino atenção às necessidades dos alunos relação pedagógica mais próxima Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 204 Vivência amizades atividades variadas recreio relação professor aluno amizades namoro sem violência sem drogas sem más influências futebol direção acolhedora sem preconceito aproximação escolafamília Estrutura infraestrutura espaço seguro alimentação lanche bom refeitório Os dados nos revelam que no 2º e 6º anos o que carac teriza uma boa escola está mais relacionado às vivências esco lares extraclasse em que são privilegiadas as relações de modo especial as amizades Para os estudantes do Ensino Médio são importantes as atividades ligadas ao ensino na perspectiva da qualidade da atenção às necessidades e escuta dos alunos e da possibilidade de ampliação de conhecimentos Com relação à infraestrutura tanto os alunos do 2º ano quanto os do Ensino Médio fizeram referência à alimentação como um aspecto importante para uma boa escola É importante notar que para os estudantes de diferentes idades violência preconceitos e drogas não deveriam estar Conselho Federal de Psicologia 205 presentes em uma boa escola Do conjunto dos dados apresentados destacamos aque les que aparecem de forma recorrente nas cinco regiões 1 A escola como lugar da aprendizagem nesse elemento destacamse A importância de atividades que motivem que instiguem e ampliem o conhecimento que apresentem novos co nhecimentos para as crianças as atividades de leitura e escrita são constituintes de uma boa escola O professor como mediador da relação ensinoaprendiza gem Todos os estudantes dos três níveis participantes das oficinas identificam o professor como elemento impor tante de uma boa escola Nesse sentido apontam como características desse bom professor o interesse e vontade de ensinar e o acolhimento às necessidades dos alunos a dedicação a qualidade do ensino De forma recorrente fazem referência à ausência e faltas de professores 2 As vivências escolares nesse conjunto de conteúdos evidenciase que a escola não se resume à sala de aula e às relações ensinoaprendizagem em seu sentido estrito Para as crianças a escola é também o lugar do brincar Para todos os participantes as vivências escolares impli cam relações professoralunos que extrapolam a dimen são pedagógica e se constituem como relações formati vas respeito e diálogo são aspectos enfatizados Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 206 As relações de amizade entre alunos são também valori zadas pelos três segmentos A disciplina a ordem a organização são elementos tam bém constituintes das boas vivências escolares assim como a ausência de preconceitos violência bullying drogas Interessante notar que são os alunos do Ensino Médio que mencionam com frequência a importância da ética das regras da disciplina Outro componente diz respeito à segurança como indica dor de boa escola 3 A infraestrutura é mencionada como indicadora de boa escola em seus aspectos gerais e a partir dos seguintes elementos salas de aula adequadas ao ensino e ao estudo salas de informática e laboratórios quadra esportiva e espaços de lazer computador brinquedos material escolar limpeza e higiene alimentação De modo geral podemos dizer que os estudantes va lorizam a escola como lugar do conhecimento na perspectiva Conselho Federal de Psicologia 207 apresentada por Saviani 2003 As crianças enfatizam o brincar como indicador de uma boa escola reforçando as concepções de autores de referência da Psicologia que destacam a atividade lúdica como importante para a formação do sujeito e para as re lações de aprendizagem VYGOTSKY 1984 MACEDO 1995 O papel do professor como mediador da relação ensino aprendizagem identificando nesse professor características como interesse acolhimento estímulo Vygotski em seu texto A Psicolo gia e o Mestre 2001 aponta várias possibilidades e formas de ser professor que implicam não somente o domínio do conhecimento específico ou a capacidade de encantar os alunos mas também os conhecimentos mais gerais acerca da educação da política e da cul tura na perspectiva de uma compreensão profunda dos estudantes e suas culturas e do sentido político de sua ação Ainda sobre a mediação do professor Leite 2012 ao tratar da dimensão afetiva do processo ensinoaprendizagem su gere que se supere a ideia de que esta se manifesta apenas pelas emoções e que a dimensão afetiva está imbricada nas escolhas pedagógicas do professor e nos valores que essas expressam As relações de amizade são apontadas por todos os seg mentos estudados Respeito diálogo e ausência de violência e preconceitos são também indicadores recorrentes Como afir mam Christov 2008 e Feitosa 2012 na escola os estudantes irão vivenciar não apenas o contexto de aprendizagem de con teúdos mas também a construção de laços afetivos e amizades assim como as experiências de preconceitos e discriminação Portanto a escola deve ser considerada no conjunto de relações Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 208 que nela se engendram todas formadoras e constituintes de nos sas identidades A infraestrutura da escola é identificada como compo nente da boa escola há grande valorização do computador como promotor da aprendizagem A quadra de esportes é também um espaço valorizado pelos três segmentos bem como as condições adequadas de permanência na escola Ribeiro 2004 ao analisar a relevância do espaço escolar para a prática pedagógica e para o processo de inclusão destaca que a noção de espaço foi sendo reconstruída passando de uma dimensão geométrica para uma questão social O espaço não é neutro e está impregnado de signos símbolos e marcas de quem o produz organiza e nele convive por isso tem significações afetivas e culturais RIBEIRO 2004 p 103 Partindo da concepção de homem constituído na e pela atividade Silva e Munhoz 2011 p17 indicam a arquite tura presente no espaço físico que ocupa as intenções manifestas ou subliminares na organização deste espaço podem e devem ser consideradas na análise da constituição subjetiva dos sujeitos Podemos inferir que nos casos acima citados pelos su jeitos o lugar desejado seria algo ainda a ser construído O espaço que hoje existe possivelmente é constitutivo do currículo oculto especialmente quando entre outros fatores propicia dis tanciamentos exclusões nãopertencimento que possivelmen te traz impacto na manifestação de preconceitos e violências Conselho Federal de Psicologia 209 Boas Experiências Outro aspecto investigado no Projeto foram as boas ex periências dos estudantes na escola A partir da análise prelimi nar foram identificados os núcleos de significados que emergi ram das falas e desenhos dos alunos Atividades na sala de aula este núcleo referese a ele mentos que se realizam no espaço da sala de aula eou a ela se relacionam Atividades extraclasse neste conjunto são elencadas atividades que ocorrem fora da sala de aula sejam elas relacionadas diretamente à aprendizagem sejam de ca ráter lúdico ou de formação geral ou ainda relacionadas à alimentação Personagens neste núcleo destacamos as referências li gadas diretamente às pessoas do espaço escolar ou a ele relacionadas A escola neste núcleo encontramse as referências à escola como um todo sem identificação do espaço A partir destes núcleos apresentamos os conteúdos identi ficados em cada região nos três níveis de escolaridade pesquisa dos 2º e 6º anos do Ensino Fundamental e Ensino Médio No Quadro 6 apresentamos os dados da Região Norte Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 210 Quadro 6 Conteúdos referentes às boas experiências Região Norte 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Atividades na sala de aula passar de ano ler e escrever ser obediente aulas divertidas boas aulas matemática ser considerado bom aluno passar de ano nunca ser reprovado ar condicionado na sala reflexões convivência aprendizagem boas notas trabalho em grupo perder o medo de perguntar Atividades extraclasse ambientes sala de vídeo sala de computação biblioteca jardim atividades físicas educação física futebol bola bambolê atividades artístico culturais pintura no computador atividades lúdicas brincar alimentação merenda lanche sopa ambientes quadra com rede atividades físicas jogos eventos esportivos atividades artístico culturais palestras gincanas projetos cultura e cidadania quadrilha atividades lúdicas brincadeiras atividades físicas atividades esportivas basquete torneios atividades artístico culturais feira de ciências eventos culturais gincana fanfarra aula de música projetos atividades lúdicas Conselho Federal de Psicologia 211 Personagens amigos colegas professor parentes na escola prima amigoscolegas professores funcionários amigoscolegas bons professores Escola estrutura geral da escola reforma da escola Os dados da Região Norte revelam que para os três gru pos é fora da sala de aula que se localiza a maioria das expe riências boas na escola em especial para os alunos do 2º ano Para estes as boas experiências na sala de aula relacionamse à aprendizagem de leitura e escrita ao sucesso escolar e à obe diência Para os alunos do 6º ano as boas experiências ligadas ao espaço da sala de aula referemse à aprendizagem e ao suces so escolar destacase a menção do ar condicionado como uma condição de aprendizagem o que se pode compreender por se tratar de uma região de temperatura elevada e portanto a am bientação climática das salas toma uma dimensão significativa na promoção de conforto como condição de aprendizagem Já para os alunos do Ensino Médio as boas experiências na sala de aula relacionamse à convivência ao trabalho em grupo à aprendizagem reflexões e sucesso escolar Com relação às atividades extraclasses os três grupos indicam as atividades esportivas artísticas e culturais como pro motoras de boas experiências assim como as atividades lúdicas o brincar e as brincadeiras Para as crianças a alimentação me renda lanche é também fonte de satisfação Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 212 Para os estudantes do 6º ano a estrutura geral da escola as reformas na escola também são elementos que se relacionam a boas experiências Na direção oposta alunos de uma das es colas relataram que face à estrutura inadequada da escola com salas escuras nenhuma experiência boa é possível É relevante notar também a importância que os alunos dão aos relacionamentos entre amigos e com o professor revelando que a escola é espaço de interações por meio das quais as experiências realizamse Os dados referentes à Região Nordeste estão descritos no Quadro 7 Quadro 7 Conteúdos referentes às boas experiências Região Nordeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Atividades na sala de aula estudar aulas ensino boas notas bom desempenho desenvolver habilidades explicações apoio respeito ensino não interrupção de aulas bom desempenho boas notas passar direto novos conteúdos projetos coletivos apoio Conselho Federal de Psicologia 213 Atividades extraclasse atividades lúdicas brincar brinquedos alimentação lanche ambientes laboratório sala de informática atividades físicas educação física jogar bola handebol capoeira atividades artísticas culturais coral teatro feira de ciências passeios semana cultural violão teclado atividades lúdicas recreio ambientes laboratório atividades físicas atividades esportivas jogos escolares educação física handebol atividades artístico culturais oficinas de robótica feira de ciências passeios protestos atividades lúdicas recreio conversar Personagens amigos colegas amigos colegas professores funcionários amigoscolegas professores Escola cuidados com a pintura da escola A análise dos conteúdos da Região Nordeste nos chama a atenção primeiramente pelas poucas e vagas indicações de boas experiências reveladas pelos alunos do 2º ano No espaço extraclasse destacam o brincar e a alimentação Notase tam bém a ausência de boas experiências ligadas ao professor Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 214 Para os alunos do 6º ano e Ensino Médio a aprendiza gem o desempenho o sucesso escolar bem como apoio e res peito são indicadores de boas experiências na sala de aula Entre as experiências extraclasse além das atividades esportivas e lúdicas apontadas é interessante notar uma riqueza de experiências artísticas e culturais ligadas à música às feiras e oficinas e passeios Os estudantes do Ensino Médio apontam a participação em protestos nas ruas como atividade ligada à escola e como boa experiência Os personagens mencionados por esses estudantes são os amigos colegas e o professor Os alunos do 6º ano fazem referência também aos funcionários da escola como promotores de boas experiências Com relação à escola como um todo encontramos uma referência apontada pelos alunos do Ensino Médio sobre a pin tura da escola Na Região CentroOeste foram encontrados os conteú dos descritos no Quadro 8 Quadro 8 Conteúdos referentes às boas experiências Região CentroOeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Atividades na sala de aula trabalhos legais conhecimento boas notas Conselho Federal de Psicologia 215 Atividades extraclasse ambientes quadra atividades lúdicas brincar atividades artístico culturais ir ao cinema passeios alimentação merenda picolés de graça atividades esportivas educação física bola atividades artísticoculturais projeto profissões palestras atividades lúdicas atividades fora da sala de aula Personagens amigos colegas professor professores amigoscolegas professores família que apoia Escola escola em tempo integral escola que soluciona os problemas perfil apoiador e socializador da escola toda a escola A análise dos conteúdos da Região CentroOeste eviden cia para os três segmentos a escassez de dados relativos a boas experiências ligadas ao espaço da sala de aula Com relação às experiências extraclasse os alunos do 2º ano enfatizam as ativi dades lúdicas os do 6º ano as atividades artísticas e culturais e os do Ensino Médio as atividades esportivas artísticoculturais e lúdicas Professores são identificados como fontes de boas expe riências pelos três segmentos amigoscolegas pelos alunos do 2º ano e do Ensino Médio que apontam também a família que Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 216 apoia Chama atenção a ausência pelos alunos do 6 ano da referência aos amigoscolegas Ao mesmo tempo são esses mesmos alunos que mencio nam como fonte de boas experiências a escola como lócus de apoio e solução de problemas Com relação à Região Sudeste apresentamos a seguir os dados referentes às boas experiências Quadro 9 Conteúdos referentes às boas experiências Região Sudeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Atividades na sala de aula aprendizagem fazer tarefa material alternativo aprendizagem tratamento igual para todos os alunos reconhecimento aprendizagem conhecimento científico Atividades extraclasses ambientes laboratório informática atividades lúdicas brincar recreio material lúdico presentes alimentação merenda atividades esportivas Personagens amigos colegas professores que brincam amigos colegas professores amigos colegas professores namorados Os estudantes pesquisados na Região Sudeste revelam poucas experiências positivas na escola quer seja de natureza pedagógica em seu sentido estrito quer seja de natureza cultural Conselho Federal de Psicologia 217 mais ampla A aprendizagem é mencionada de maneira vaga com poucas indicações das dimensões valorizadas pelos alunos Em relação às experiências extraclasse enquanto os alu nos do 2º ano enfatizam a dimensão lúdica os estudantes do 6º ano fazem menção apenas à merenda e os do Ensino Médio às atividades esportivas Podemos questionar a partir destes dados que educação tem sido promovida na região de modo a produzir tão limitadas e pouco variadas experiências de aprendizagem nas escolas em todos os níveis Com relação aos personagens são apontados por todos os amigoscolegas e os professores para o 2º ano os professores que brincam Os estudantes do Ensino Médio mencionam tam bém os namorados Os dados referentes às boas experiências da Região Sul es tão apresentados no Quadro 10 Quadro 10 Conteúdos referentes às boas experiências Região Sul 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Atividades na sala de aula estudar ler desenhar desenhar no quadro estudar ler participar bom desempenho boas notas estudar ler participar bom desempenho boas notas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 218 Atividades extraclasse atividades esportivas educação física atividades artísticas culturais dança oficinas artes passeios no parque zoológico cinema atividades lúdicas brincar brincadeiras alimentação ambientes parque atividades físicas educação física jogos ser campeão atividades artístico culturais passeios gincana cinema desenhar palestras atividades lúdicas festas brincadeiras ambientes parque atividades físicas educação física esportes jogos ser campeão atividades artísticoculturais passeios gincana cinema desenhar palestras ações de solidariedade atividades lúdicas festas brincadeiras Personagens amigos colegas professores amigoscolegas namorados amigoscolegas namorados Escola tudo convivência segurança e proteção relacionamentos superar experiências negativas e bullying aulas vagas recessos greve relacionamentos supera experiências negativas e bullying aulas vagas recessos greve Observação parte das oficinas foi realizada em conjunto entre o 6º ano e o Ensino Médio Podemos observar que para os estudantes da Região Sul dos três segmentos pesquisados as atividades de estudar e ler são consideradas boas experiências Os alunos do 2º ano valo Conselho Federal de Psicologia 219 rizam também o desenho ao passo que os do 6 ano e Ensino Médio valorizam o bom desempenho Com relação às atividades extraclasse as boas experiên cias estão relacionadas a atividades artísticoculturais esporti vas e lúdicas Os alunos do 2º ano fazem referência à alimenta ção e os do Ensino Médio a ações de solidariedade Segurança e proteção são valorizadas pelos três segmentos identificadas pelos estudantes adolescentes e jovens na perspectiva de superação de experiências negativas Na visão desses mesmos estudantes um aspecto que deveria ser considerado negativo re lativo à ausência de professores e greves é considerado uma boa experiência A esse conteúdo podemos associar o fato de que para esses dois segmentos o professor não foi identificado como fonte de experiências positivas apenas os amigos e namorados De modo geral os dados relativos às boas experiências revelam que para os três segmentos as atividades extraclasse são melhores fontes de satisfação dos alunos não apenas porque propiciam vivências lúdicas ou ligadas ao esporte este bastante valorizado mas porque favorecem a construção de aprendiza gens por meio de atividades diversificadas como as feiras de ciências palestras oficinas arte desenho cinema música É recorrente a menção às atividades extraclasse como condição de aprendizagem e de bemestar dos estudantes Di versos estudos têm apontado nessa mesma direção no sentido de que se a sala de aula é considerada um espaço de repetição e experiências negativas as atividades diferenciadas as de educa Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 220 ção física e artes são apontadas como fontes de satisfação e pro moção de bons relacionamentos entre os alunos e entre alunos e professores AYOUB 2003 BARBOSA COUTUNHO 2008 Para as crianças a alimentação é um fator ligado às boas experiências assim como as atividades lúdicas Com relação ao espaço da sala de aula ler e escrever são di mensões positivas bem como o bom desempenho e bons resultados Amigos e colegas são para todos fontes de vivências positivas assim como professores porém em alguns casos o professor parece não ser fonte de boas experiências em especial na relação com adolescentes e jovens Para esses adquirem im portância os parceiros afetivos Essa perspectiva tem sido apon tada por estudos contemporâneos que mostram que a escola é na atualidade o espaço por excelência de encontro entre crian ças e jovens portanto as experiências escolares devem ser pen sadas na dimensão da formação humana CHRISTOV 2008 A escola vista em seu conjunto também aparece como geradora de boas experiências na medida em que se estrutura de maneira adequada que favorece relacionamentos enfrenta e supera conflitos e oferece segurança Experiências negativas As experiências negativas dos estudantes foram também um dos aspectos investigados nas oficinas por meio de desenhos Conselho Federal de Psicologia 221 e expressões verbais A análise dos dados permitiu identificar quatro núcleos de conteúdos assim descritos Condutas referese a ações e disposições consideradas negativas pelos sujeitos pesquisados praticadas ou expressas pelos atores escolares Esses dados foram agrupados em condutas praticadas pelos alunos pelos professores pela direçãocoordenação pelos funcionários uma vez que sem essa diferenciação não seria possível identificar corretamente as possíveis fontes da violência e do preconceito o que incorreria em visão estereotipada dos problemas Sentimentos esse núcleo referese a sentimentos positivos ou negativos provocados pelas experiências ruins da vivência escolar Embora à primeira vista possamos supor que experiências ruins engendrem necessariamente sentimentos ruins alguns afetos como indignação inconformismo carregam uma importante dimensão da consciência relativa aos problemas enfrentados na escola Escola esse núcleo referese à identificação da escola como um todo sua estrutura e organização bem como a relação com o aluno e a comunidade como lócus das experiências negativas Extramuros nesse conjunto de conteúdos encontramse as referências a problemas que ocorrem fora da escola mas que guardam relação ou interferem na dinâmica escolar No quadro 11 apresentamos os dados relativos às experiências negativas da Região Norte Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 222 Quadro 11 Conteúdos referentes às experiências negativas Região Norte 2º ano 6º ano Ensino Médio Condutas Alunos violência bullying agressões físicas brigas brigas afetivas bater puxar cabelo derrubar machucar roubar objetos jogar pedra agressões verbais xingamentos ridicularizar desenhos e imitações perturbar fugir da escola destruição fumar agressões físicas brigas puxar cabelo roubos jogos violentos espancamentos agressões verbais constrangimentos deboche incentivo à violência xingamentos apelidos ofender a mãe portar arma preconceitos fumar violência agressões físicas brigas roubos agressão contra a vice diretora preconceito de classe racismo homofobia discussão com professores bagunça desinteresse perseguição drogas suicídio Professores omissão com relação à violência castigos punições injustas falta de paciência atividades desprazerosas faltas homofobia atribuição de notas ruins Direção Coordenação brigar com os alunos omissão frente à violência Conselho Federal de Psicologia 223 Sentimentos medo Escola banheiros sujos chamar os pais como forma de punição falta de biblioteca falta de sala de computação quadra que alaga substituição de seguranças escolares por câmeras drogas na escola falta de inspetor sujeira falta de interação com os pais Extramuros assaltos invasão por bandidos jogos entre escolas marcados por rivalidade extrema competição de fanfarras O conceito de brigas afetivas referese a agressões físicas praticadas entre as jovens tendo namorados como motivação Os dados revelam que tanto as crianças quanto os jovens identificam uma ampla gama de expressões de violência praticadas por estudantes que envolvem as agressões físicas e verbais além do roubo e da violência contra professores e a escola Para esses estudantes o ato de fumar constitui também experiência negativa na escola Os adolescentes do 6º ano identificam na conduta do professor experiências negativas no que diz respeito às punições e à omissão frente à violência Os jovens do Ensino Médio fazem Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 224 referência também à homofobia de professores e à atribuição de notas ruins Com relação aos sentimentos somente os alunos do 6º ano revelaram medo Ao falarem da escola crianças e jovens apontam as condições estruturais e mal cuidadas das escolas como experiências negativas Os jovens apontam também a falta de segurança no interior das escolas Crianças e jovens revelam ainda aspectos negativos ligados à relação escolafamília Os alunos do 6º ano indicaram nas relações extramuros a competição com outras escolas nos jogos e concurso de fanfarras como uma experiência negativa em função da excessiva rivalidade de violência que a acompanha No Quadro 12 apresentamos os dados relativos às experiências negativas da Região Nordeste Conselho Federal de Psicologia 225 Quadro 12 Conteúdos referentes às experiências negativas Região Nordeste 2º ano 6º ano Ensino Médio Condutas Alunos agressões físicas brigas confusões empurrões puxar o cabelo derrubar puxar a cadeira roubar o lanche bater machucar agressões verbais debochar bullying agressões físicas bater brigas afetivas agressões verbais intimidação xingamentos fofoca falta de educação racismo homofobia discriminação corpo gangues de meninas agressões físicas brigas brigas afetivas agressões verbais ofensas fofocas gangues de meninas racismo indisciplina Professores agressões verbais ameaças castigos autoritarismo relações de aprendizagem excesso de atividades agressões verbais xingamentos ofensas apelidos ignorância preconceito discriminação falta de escuta ausência às aulas postura inadequada falta de escuta perseguição preconceito violência assédio sexual de alunas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 226 Condutas Direção Coordenação omissão preconceito discriminação suspensão omissão falta de organização falha na comunicação com os alunos falta de cuidado com alunos e famílias Sentimentos medo desgosto medo desejo de abandonar tristeza vergonha desgosto indignação inconformismo desconforto indignação inconformismo questionamento Escola ficar sem aula estrutura precária ausência de biblioteca quadra banheiros quebrados e sujos refeitório desativado falta de limpeza ausência de professores estrutura precária não possui quadra biblioteca em desuso salas de aula pequenas falta de livros para todos os alunos aulas vagas ausência de professores reforma da escola Conselho Federal de Psicologia 227 Extramuros personagens ladrões bandidos armas falta de transporte escolar falta de espaços de lazer alagamentos na entrada da escola violência no entorno policiamento ineficaz violência assaltos falta de controle na entrada O conceito de brigas afetivas referese a agressões físicas praticadas entre jovens tendo namorados como motivação Os dados apresentados revelam que para os três segmentos as experiências negativas ligadas à relação aluno aluno são marcadas pela violência na forma de agressões físicas e verbais Um elemento que emerge nas falas dos adolescentes são as gangues de meninas que remetem à conduta violenta como modelo e as brigas por razões afetivas que são motivadas por conflitos relacionados a namorados O racismo e as discriminações também estão presentes nessas relações A fofoca como forma de agressão marca as relações entre os jovens estudados Com relação à conduta dos professores chama atenção o fato de que tanto as crianças quanto os adolescentes e jovens relatam comportamentos de agressão verbal por parte de seus professores na forma de xingamentos Referemse também a autoritarismo discriminação preconceitos perseguição Alunas do ensino médio relataram episódios pontuais de assédio sexual Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 228 O excesso de matéria as faltas às aulas a postura inadequada do professor foram também mencionados como indicadores de experiências negativas Os adolescentes e jovens fizeram também referência à falta de escuta do professor O gestor é também identificado nas experiências negativas dos adolescentes e jovens por meio de condutas de omissão preconceitos discriminação falta de diálogo falta de organização e de cuidado com alunos e suas famílias Alguns alunos fizeram referência a funcionários da escola que revelam preconceitos e atitudes discriminatórias Os sentimentos revelados pelas crianças são de medo e desgosto Os estudantes do 6º ano revelam também vergonha indignação desejo de abandonar a escola e os do ensino médio afirmam postura de questionamento indignação e inconformismo Com relação à escola os alunos do 2º ano fazem menção a ficar sem aulas como experiência negativa Os do 6º ano identificam as precariedades estruturais da escola e ausência de biblioteca quadras e os do 3 ano acrescentam a esses problemas a ausência de livros para todos os alunos e as aulas sem professores Notase em geral que as precárias condições estruturais e funcionais das escolas são fonte de más experiências para os alunos Aspectos extramuros são também identificados ligados à violência e falta de segurança Conselho Federal de Psicologia 229 Chama a atenção nos dados encontrados a semelhança entre a conduta agressiva de alunos e professores No quadro 13 apresentamos os dados relativos às experiências negativas da Região CentroOeste Quadro 13 Conteúdos referentes às experiências negativas Região CentroOeste 2º ano 6º ano Ensino Médio Condutas Alunos violência preconceitos indisciplina intolerância violência contra professores violência contra a escola violência bullying agressões físicas empurrar bater agressões verbais xingamentos apelidos perseguição preconceitos uso de drogas bullying agressão física brigas agressão verbal intimidação ameaças pirraças tabagismo Professores intolerância excesso de conteúdos perseguição postura inadequada relações desiguais didática inadequada dificuldade de ensinar Direção Coordenação Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 230 Sentimentos Escola estrutura inadequada proibição de celulares alimentação mal preparada impunidade da violência falta de segurança lanches ruins Extramuros falta de segurança pichações Os alunos da Região CentroOeste em sua totalidade não revelaram sentimentos relativos às experiências ruins e sim às condutas e condições que as descrevem Os estudantes do 2º ano focaram as experiências negativas na relação alunoaluno e na conduta desses em relação à escola que podem ser sintetizadas no conceito de violência Os estudantes do 6º ano e do Ensino Médio associam experiências negativas às agressões físicas e verbais e ao uso do termo genérico bullying e também ao consumo de cigarro e drogas por parte dos alunos Com relação à conduta dos professores identificam questões ligadas à postura como intolerância perseguição relações desiguais e aos aspectos pedagógicos como dificuldade de ensinar e quantidade excessiva de conteúdos A escola é situada como lócus de experiências negativas em função de sua estrutura inadequada alimentação mal preparada e também pela falta de segurança em seu interior e pela impunidade da violência Conselho Federal de Psicologia 231 Na relação extramuros revelase novamente a falta de segurança No Quadro 14 apresentamos os dados referentes às experiências negativas expressas pelos estudantes da Região Sudeste Quadro 14 Conteúdos referentes às experiências negativas Região Sudeste 2º ano 6º ano Ensino Médio Condutas Alunos agressões físicas brigas chutes socos agressões verbais xingamentos apelidos exclusão disputa rivalidade violência agressões físicas brigas desrespeito indisciplina bagunça bullying agressões físicas brigas agressões verbais deboches xingamentos fofocas preconceitos corporais classe religião racismo homofobia dificuldades de aprendizagem Professores agressões verbais broncas gritos falta de paciência agressões verbais xingamento ameaças aspectos pedagógicos relações de aprendizagem diferenças de qualificação falta de alternativas pedagógicas autoritarismo hostilidade Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 232 Condutas Direção Coordenação Sentimentos tristeza ansiedade agitação desânimo desapontamento medo sofrimento depressão opressão apreensão medo indignação injustiça Escola arquitetura opressiva preconceitos contra a escola por atender a bairro pobre Extramuros personagens ladrões bandidos armas falta de transporte escolar falta de espaços de lazer mudança de escola Os dados constantes do Quadro 14 revelam que para os alunos pesquisados da Região Sudeste a maioria das experiências ruins relacionase com agressões físicas e verbais Os xingamentos parecem ser uma vivência constante Os alunos do 6º ano identificam a indisciplina e o desrespeito como fontes de más experiências e os do Ensino Médio apontam a presença do racismo e da homofobia Para esses alunos a não aprendizagem constitui também fonte de vivências negativas Conselho Federal de Psicologia 233 As agressões verbais expressas pelos professores como gritos xingamentos ameaças parecem fazer parte do cotidiano dos alunos dos três segmentos investigados Os alunos do Ensino Médio falam também da hostilidade do professor em relação ao aluno do autoritarismo e do despreparo com relação a questões pedagógicas Os sentimentos expressos pelos alunos revelam estados de sofrimento que incluem tristeza medo depressão opressão ansiedade agitação desânimo desapontamento Os estudantes do Ensino Médio falam também de indignação e sentimento de injustiça A escola como lócus de experiências negativas é identificada pelos alunos do Ensino Médio na sua arquitetura opressiva e no preconceito que se revela na própria escola por atender a população de baixa renda Como elementos da relação extramuros são identificados os traficantes e a política como fontes de más experiências As crianças mencionam também a ausência de transporte escolar e opções de lazer como fatores ligados às experiências escolares negativas De modo geral podemos perceber que à medida que avança a escolaridade os alunos conseguem perceber com mais clareza as dimensões menos diretas da violência na escola que se desloca do sujeito individual para os aspectos estruturais da escola A qualificação insuficiente do professor e os aspectos ligados à aprendizagem passam também a ser considerados como fonte de insatisfação à medida que aumenta a escolaridade dos sujeitos Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 234 O Quadro 15 apresenta os dados relativos à Região Sul Quadro 15 Conteúdos referentes às experiências negativas Região Sul 2º ano 6º ano Ensino Médio Condutas Alunos agressões físicas brigas agressões verbais xingamentos apelidos palavrão bullying agressão física agressões verbais humilhação palavrão deboche preconceitos corpo classe racismo homofobia mau desempenho escolar reprovação notas baixas bullying violência física brigas mau desempenho escolar reprovação notas baixas Professores Direção Coordenação violência preconceitos Sentimentos medo Escola Extramuros violência assassinatos fatalidades fatalidades Conselho Federal de Psicologia 235 Os estudantes da Região Sul participantes das oficinas não apontaram o professor ou a escola como fontes de experiências negativas Em seu conjunto identificaram na conduta dos próprios alunos a dimensão das más experiências na forma de agressões físicas e verbais e de mau desempenho escolar Os estudantes do Ensino Médio reportaramse a condutas violentas e preconceituosas no trato com os alunos Tais condutas foram apontadas por eles também em relação a funcionários da escola O sentimento de medo foi expresso pelos alunos do 6º ano Para os alunos as condições extramuros vinculadas a fatalidades ambientais ou pessoais e à violência foram identificadas como fatores negativos Chama atenção de forma positiva a ausência de experiências negativas ligadas ao professor e à escola De modo geral podemos depreender do conjunto de dados que há uma relação bastante forte em todas as regiões entre experiências negativas na escola e as relações marcadas pela violência seja ela física ou verbal praticadas por alunos e por professores Em alguns casos como na Região Nordeste a pouca diferença de conduta apontada pelos participantes entre alunos e professores deve ser problematizada pois aqueles que deveriam educar para o respeito parecem reproduzir exatamente aquilo que se pretende eliminar do contexto escolar a violência Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 236 Para muitos jovens desta pesquisa a falta de diálogo descrita como a não escuta do professor é fonte de más experiências Esse dado reportanos aos estudos encontrados na primeira fase desta pesquisa que em sua grande maioria identificaram a falta de diálogo e de escuta da escola como um dos problemas ligados à violência e preconceitos Nessa perspectiva nossos dados revelam a mesma vivência a de ser aluno e não ser sujeito no interior da escola Também merece ser enfatizada a recorrente menção à omissão de professores e principalmente gestores em relação à violência como geradora de experiências negativas O silêncio da escola foi também apontado na pesquisa de levantamento e tem sido identificado como fator gerador e reforçador de experiências negativas na escola FEITOSA 2012 Destacase também a identificação da escola como um todo como lócus de más experiências por uma estrutura escolar inadequada insuficiente mal cuidada que revela descaso com o aluno Também uma relação escolafamília marcada pela dimensão punitiva e pela dificuldade de diálogo é identificada como fonte de experiências negativas Essa perceptiva de relação tem sido destacada por vários autores que mostram que a relação escolafamília realizase pela ótica do antagonismo e das cobranças mútuas ASBAHR LOPES 2006 As relações extramuros também são um aspecto recorrente porque se revelam propiciadoras de violência e ameaçam as sensações de segurança no entorno da escola Conselho Federal de Psicologia 237 Com relação aos afetos as experiências negativas desencadeiam tristeza desânimo medo depressão opressão mas também indignação inconformismo questionamentos Vários autores têm apontado a interferência das experiências negativas na forma como alunos relacionamse com a escola e os sentimentos que se engendram a partir de experiências de sofrimento POURTOIS MOSCONI 2007 Para finalizar não podemos ignorar a maior variabilidade de experiências negativas em relação às experiências positivas bem como a indicação dos gestores e professores como agentes dessas experiências Preconceito A pergunta sobre o que é preconceito que compôs uma das questões das oficinas trouxe para além do conceito as vivências de preconceito A análise permitiu a construção de cinco núcleos de significado Conceito esse núcleo apresenta tentativas de definir preconceito ou fatores associados de modo a compreender o fenômeno Ações nesse conjunto encontramse atos relacionados ao preconceito sejam eles praticados por alunos sejam eles praticados por professores e gestão ou por membros externos à escola como família e policiais Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 238 Atitudes conteúdos que se referem a disposições para a ação e modos de se relacionar com as pessoas Alvos nesse núcleo estão elencados os preconceitos especificados que indicam quem são as vítimas ou os alvos dos preconceitos Sentimentos referese a expressões de sentimentos vivenciados pelos sujeitos quer sejam eles alvos quer sejam atores do preconceito É importante registrar que em todas as escolas pesquisadas nos três níveis os participantes da pesquisa afirmaram a presença do preconceito na escola não apenas nas relações entre os alunos mas também nas práticas de professores e gestores que reitera os dados encontrados na pesquisa de levantamento constante da primeira fase do projeto No Quadro 16 apresentamos os conteúdos relativos à noção de preconceito expressos pelos participantes da Região Norte Quadro 16 Preconceito na concepção dos estudantes da Região Norte 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Conceito não aceitação não aceitação construção social influência social origem na família Conselho Federal de Psicologia 239 Ação agressão verbal apelidos xingamentos discriminação falar mal apelidos adjetivos xingamentos agressão violência agressão física violência policial machucar ofensa discriminação exclusão Atitude desrespeito Alvos aparência física orientação sexual racial linguístico deficiência drogados aparência física racial gênero orientação sexual diferentes deficiência aparência física racial orientação sexual localização cidade bairro escola como um todo gênero deficiência alunos novatos meninas grávidas roqueiros epiléticos Sentimentos superioridade depressão inveja Os dados revelam a presença marcante do racismo e da homofobia como elementos presentes nas relações escolares assim como aqueles relativos à aparência física não somente ligados ao peso corporal mas também à vestimenta e ao uso de óculos Com relação ao racismo há uma forte percepção dos sujeitos pesquisados relativa às discriminações e ofensas de cunho racial No ensino médio novos alvos são agregados os alunos novatos as meninas grávidas os roqueiros o que aponta para uma ampliação das vivências de preconceito Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 240 Com relação às formas como os preconceitos manifestam se as agressões verbais como apelidos e xingamentos são mencionados com frequência É relevante salientar que os participantes da pesquisa entendem que os preconceitos não estão apenas nos estudantes mas são praticados pela escola professores gestores e pela família No Quadro 17 apresentamse as noções de preconceito expressas pelos alunos da Região Nordeste Quadro 17 Preconceito na concepção dos estudantes da Região Nordeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Conceito Ação apelidos xingamentos bullying apelidos bullying discriminação xingamentos apelidos Atitude humilhação desrespeito falta de ética Alvos orientação sexual aparência física classe social racial gênero orientação sexual deficiência conduta moral classe social racial gênero orientação sexual características culturais locais bairro Região Nordeste doentes Conselho Federal de Psicologia 241 Sentimentos superioridade As concepções expressas pelos estudantes do Nordeste revelam a ampliação das percepções e vivências do preconceito à medida que avança a escolaridade Os preconceitos ligados à orientação sexual estão presentes nas expressões dos três segmentos Classe social gênero orientação sexual e pertinência racial são considerados alvos de preconceito por parte dos adolescentes e jovens É interessante notar que para os jovens do Ensino Médio o lugar de pertença e as características culturais são também motivos de expressões preconceituosas Com relação ao racismo e à homofobia os estudantes do Nordeste apontaram que esses não são preconceitos expressos somente pelos alunos mas estão também nos discursos e ações dos professores As indicações dos alunos da Região CentroOeste aparecem descritas no Quadro 18 Quadro 18 Preconceito na concepção dos estudantes da Região CentroOeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Conceito não aceitação Ação bullying xingar morder machucar brigas apelidos atribuídos pela professora violência familiar bullying violência brigas intrigas fofocas discriminação Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 242 Atitude humilhação falta de respeito intolerância falta de paciência Alvos aparência física racial diferentes aparência física classe social racial orientação sexual alunos novatos aparência física classe social racial orientação sexual diferentes alunos novatos alunas grávidas alunos mais jovens drogados alunos em condições precárias Sentimentos inveja inferioridade revolta Os dados referentes à Região CentroOeste revelam que para os três segmentos a aparência física principalmente ligada a peso corporal é um forte componente do preconceito assim como a pertença racial Para os adolescentes e jovens a classe social e a orientação sexual são também alvos de preconceito No caso dos estudantes do Ensino Médio ampliamse os alvos de preconceito como alunos novatos meninas grávidas drogados alunos mais jovens Para esses alunos a violência e o bullying aparecem diretamente associados ao preconceito Conselho Federal de Psicologia 243 Chama atenção a indicação dos alunos do segundo ano de apelidos que são atribuídos a eles pela professora apelidos estes de natureza negativa Aquela que tem o dever de ofício de educar parece reproduzir aquilo que a escola deveria ao educar combater No Quadro 19 encontramse descritas as noções de preconceito dos alunos da Região Sudeste Quadro 19 Preconceito na concepção dos estudantes da Região Sudeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Conceito Ação discriminação ofensas xingamentos apelidos bullying deboche bullying brigas fofoca assédio moral discriminação da escola Atitude repúdio autoritarismo hostilidade Alvos aparência física racial alunos novatos discapacidades cognitivas aparência física classe social racial gênero orientação sexual deficiência aparência física classe social racial orientação sexual religioso escola como um todo alunos desinteressados Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 244 Sentimentos tristeza inferioridade rejeição vergonha indignação injustiça apreensão medo clausura opressão insegurança sofrimento depressão Essas atitudes foram diretamente associadas à conduta de professores e gestores Os dados da Região Sudeste revelam a presença do racismo e da homofobia como componentes das vivências do preconceito bem como aqueles ligados à aparência física e à classe social O bullying aparece como conceito abrangente nas falas dos adolescentes e jovens Entre os alvos do preconceito os jovens do Ensino Médio apontam também os sujeitos vítimas de preconceito religioso e os alunos desinteressados Nessa última dimensão destacam o papel da equipe escolar na produção e reprodução do preconceito A gestão e os professores são apontados como autoritários e hostis atitudes que reforçariam os preconceitos na escola Muitos sentimentos foram evocados pelos estudantes do Ensino Médio que revelam insatisfação apreensão tristeza insegurança Como é possível em um contexto marcado por uma pertença sofrida e um ambiente hostil que os alunos sintamse Conselho Federal de Psicologia 245 motivados e participativos No Quadro 20 encontramse descritas as noções de preconceito dos alunos da Região Sul Quadro 20 Preconceito na concepção dos estudantes da Região Sul 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Conceito não aceitação valoração negativa Ação insulto palavrão brigas apelidos bullying brigas discussão exclusão xingamento Atitude humilhação deboche desrespeito desumanidade indiferença Alvos orientação sexual aparência física classe social aparência física classe social orientação sexual racial deficiência Sentimentos medo sofrimento tristeza A análise das manifestações dos estudantes da Região Sul nos permite destacar maior percepção eou vivência dos preconceitos entre os jovens do Ensino Médio o que pode ser resultado de uma maior capacidade adquirida para compreender certos fenômenos sociais mas também pode indicar que o preconceito é menos desenvolvido nas crianças e jovens mais Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 246 novos o que sugere que o preconceito é uma atitude aprendida pelas crianças na convivência com os adultos e portanto não se manifesta naturalmente mas é decorrente do processo de desenvolvimento na relação com a cultura e com a ideologia SOLIGO 2001 Quando se referem a preconceitos ligados à aparência física muitas são indicações relacionadas ao excesso de peso É interessante também destacar a presença dos preconceitos vinculados à orientação sexual expressos pelos três segmentos o que vem sendo apontado por vários autores como mostra o dossiê organizado por Junqueira 2009 e publicado pelo Ministério da Educação Ao pensarmos no momento que vivemos em que a homolesbotransfobia tem assumido proporções e contornos alarmantes com o crescimento das estatísticas de assassinatos de homossexuais a indicação da presença dos preconceitos de orientação sexual aponta para a necessidade urgente de políticas de enfrentamento por parte do Estado e do sistema escolar O racismo é outra dimensão dos preconceitos identificada por alunos dos três segmentos o que mostra que apesar do discurso da democracia racial que perpassa a cultura brasileira as práticas cotidianas vão revelando um racismo estrutural velado mas dinâmico que se manifesta muitas vezes em tom de brincadeira como os relatados apelidos mas que perpetua a ideologia da superioridade branca e produz sofrimento aos sujeitos negros na escola MUNANGA 2004 SOLIGO 2014 Conselho Federal de Psicologia 247 É importante também destacar o papel da escola gestores professores na manutenção e reprodução do racismo nas relações no interior da escola na medida em que eles mesmos expressam visões preconceituosas eou silenciam diante do racismo e dos preconceitos GONÇALVES 2014 De modo geral podemos afirmar que o preconceito mais que um conceito intencionalmente definido é uma vivência cotidiana dos alunos brasileiros Racismo homofobia preconceitos de classe e os relativos à aparência física estão presentes em todos os Estados brasileiros nas escolas pesquisadas e constituem a base de relações marcadas pela violência Os sentimentos que essas vivências engendram revelam tristeza apreensão vergonha revolta insegurança E escola que tem como tarefa a promoção e formação humana acaba por impor aos alunos seja por meio de suas práticas seja pelo seu silêncio e omissão sentimentos que inferiorizam desorganizam e criam obstáculos à aprendizagem de todos os alunos em condições de igualdade e respeito POURTOIS MOSCONI 2007 Violência Sobre o conceito de violência os dados das oficinas mostram que os estudantes identificam tanto a violência que ocorre dentro da escola como em seu entorno nas relações familiares sociais e institucionais Para organização dos dados tomamos como referência dois grandes núcleos de conteúdos Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 248 Escola nesse núcleo identificamos as expressões de violência que ocorrem dentro da escola e entre essas aquelas que ocorrem entre alunos e dos alunos em relação aos professores e aquelas que são violências da escola na relação com os alunos Extramuros neste núcleo incorporamos as expressões de violência indicadas pelos alunos na relação com a sociedade com as instituições com o entorno da escola Agrupamos os dados nas categorias família bairro sociedade No Quadro 21 apresentamos os dados referentes à Região Norte Conselho Federal de Psicologia 249 Quadro 21 Violência na concepção dos estudantes da Região Norte 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Escola Alunos agressão física brigar bater beliscar maltratar puxar cabelo empurrar machucar atirar objetos bater em mulher briga de meninas agressão verbal apelidos ofensas xingamentos atitudinal preconceito contra meninas preconceitos contra ribeirinhos dominação das crianças menores pelas maiores assistir a atos de violência e rir roubo agressão física bater brigar chutar briga de meninas jogos violentos apanhar esfaqueamento agressão verbal ameaça incentivo à agressão atitudinal racismo preconceito contra pessoas com deficiência homofobia agressão sexual assédio agarrar meninas à força porte de armas agressões ao patrimônio pichações blullying agressão física brigas brigas de meninas tapas agressão verbal xingamentos palavrão apelidos ofensas atitudinal preconceitos ambição vivência não pacífica preconceito contra ribeirinho riscar carros de professores Da escola omissão dos professores frente à violência não abertura ao diálogo diretor chamar a polícia Extramuros Família violência doméstica Bairro relação polícia e ladrão assaltos rivalidade entre escolas assassinatos Sociedade violência na televisão violência urbana Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 250 Os dados da Região Norte revelam uma extensa gama de experiências de violência na escola vividas desde os anos iniciais do ensino fundamental As crianças relacionam violência a agressão física e verbal mas também a disposições atitudinais como preconceito e dominação Com relação ao entorno destacam a relação de perseguição policial aos ladrões como forma de violência Apontam também a violência que se propaga nos meios televisivos Os alunos do 6º ano elencam uma gama diversificada de expressões de violência física verbal atitudinal sexual Consideram também que a violência se expressa pela omissão da escola Assaltos e rivalidade entre escolas são elementos extramuros percebidos por esses alunos como expressões da violência Para esses alunos alguns jogos como passoulevou que têm aparentemente caráter lúdico são na verdade momentos de livre expressão da violência Para os alunos do Ensino Médio a violência se expressa por meio de agressões física verbal atitudinal Com relação à violência da escola apontam a falta de diálogo de escuta da escola como violência assim como o apelo da direção à ação da polícia na escola Na dimensão extramuros indicam a violência doméstica os assassinatos e a violência urbana De modo geral podemos depreender do conjunto dos dados da Região Norte uma série extensa de experiências de violência no interior da escola e fora dela O pátio o momento Conselho Federal de Psicologia 251 do recreio são espaço e tempo que permitem maior vivência de violência Ao se omitir e não dialogar a escola para esses estudantes é agente da violência Um ponto a destacar nas falas dos estudantes diz respeito ao preconceito contra ribeirinhos Se pensarmos que se trata da Região Norte podemos inferir um sentimento negativo contra si próprios já que grande parte dos alunos provém de bairros e regiões ligados aos rios De onde viria esse preconceito Que hierarquia social estabelecese a partir da proximidade ou distância em relação aos rios Estaria o preconceito alicerçado nas condições socioeconômicas das populações que vivem às margens dos rios Podemos visualizar no Quadro 22 os dados referentes à Região Nordeste Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 252 Quadro 22 Violência na concepção dos estudantes da Região Nordeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Escola Alunos agressão física bater meninos baterem em meninas bullying agressão física brigar bater chutar empurrar da escada espancar tapas puxar cabelo murro ataques de um grupo contra uma pessoa agressão verbal xingamentos discutir apelidos brincadeiras ameaças atitudinal preconceitos ignorância no trato com professores covardia agressão sexual assédio estupro agarrar à força bullying agressão física agressão entre casais guerra de lanches agressão verbal ofensas discussões intrigas brincadeiras atitudinal falta de respeito discriminação gangues de meninas agressão sexual estupro abuso morte roubo portar armas drogas Da escola negligência falta de atenção Conselho Federal de Psicologia 253 Extramuros Família Bairro presença de armas agressão física de homens contra mulheres disputas entre escolas Sociedade Os estudantes do Nordeste apontam também uma grande variedade de experiências de violência As crianças concentram sua identificação da violência na escola nos aspectos físicos Com relação à dimensão extramuros identificam a presença das armas na vivência do bairro e de agressões de homens contra mulheres Os estudantes do 6º ano identificam não apenas agressões físicas mas também as de caráter verbal atitudinal e sexual abuso e estupro No que diz respeito à escola consideram que a negligência e falta da atenção da escola são fatores que promovem ou expressam a violência Os alunos do Ensino Médio centram suas visões nos aspectos verbais atitudinais e sexuais da violência Na relação extramuros destacam as disputas e rivalidade entre escolas como momentos de violência É interessante notar a incidência expressiva de relatos e indicações de violência sexual na forma de estupro assédio contato forçado Este aspecto pode revelar o modo como homens consideram as mulheres no contexto estudado na medida em que desde crianças como relatam os alunos do 2º ano estão Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 254 expostos à violência de homens contra mulheres violência essa que na escola se expressa no desrespeito ao corpo e à condição feminina Com relação aos dados da Região CentroOeste podemos visualizar no Quadro 23 os elementos expressos pelos estudantes Quadro 23 Violência na concepção dos estudantes da Região CentroOeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Escola Alunos bullying agressão física brigar bater beliscar morder chutar empurrar agressão verbal xingar xingar a professora atitudinal constrangimento roubar bullying agressão física agressão verbal atitudinal dominação dos menores pelos maiores racismo violência psicológica bullying agressão física brigas agressão verbal fofoca ameaças de morte intrigas atitudinal rivalidade rivalidade entre meninas falta de respeito humilhação intolerância violência psicológica Da escola falta de diálogo professores mal formados falta de professores precariedade do sistema Conselho Federal de Psicologia 255 Extramuros Família violência doméstica Bairro falta de água drogas falta de segurança Sociedade gestão pública ineficaz baixa renda Entre os estudantes da Região CentroOeste a maioria dos relatos das oficinas dizem respeito às suas próprias condutas reveladas nas agressões de natureza física verbal atitudinal As agressões verbais e atitudinais são mais recorrentes nesses relatos Os estudantes adolescentes e jovens apontam também a violência psicológica que em geral referese a representações a respeito das pessoas que expõem humilham e produzem sentimentos de inferioridade e condutas submissas O bullying aparece nos discursos de crianças e jovens como descritor síntese da violência As crianças indicam a violência doméstica como fator extramuros Os estudantes do Ensino Médio consideram a falta de diálogo na escola como dimensão da violência assim como a falta de professores a baixa qualificação profissional e a ineficácia do sistema Esses estudantes também associam a violência às condições de vida e à dinâmica social Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 256 Com relação aos dados da Região Sudeste podemos visualizar no Quadro 24 os elementos expressos pelos estudantes Quadro 24 Violência na concepção dos estudantes da Região Sudeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Escola Alunos agressão física brigas bater apanhar chute empurrão soco joelhada machucar agressão verbal xingar atitudinal desentendimento bullying agressão física agressão verbal xingar ameaçar fofoca mentira acusação deboche atitudinal exercício de poder de uns grupos sobre outros ligação com o tráfico agressão física agressão verbal atitudinal rivalidade entre grupos exercício de poder entre grupos falta de respeito para com o professor falta de respeito para com os deficientes Da escola não poder brincar professores com raiva tirar nota por razões de conduta castigo generalizado não poder tomar água infraestrutura deficitária falta de quadra falta de ventiladores sala de informática disfuncional falta de informação privilegiar alunos falta de respeito para com deficientes Conselho Federal de Psicologia 257 Extramuros Família Bairro brigas brigas drogas Sociedade De modo geral podemos notar que há um número expressivo de manifestações de violência na escola que vão desde as agressões verbais a atitudes e organização da própria escola É interessante notar que as crianças percebemse como atores da violência de modo geral caracterizada como violência física embora identifiquem um elemento importante no que diz respeito à escola relacionado ao impedimento do brincar A esse respeito autores clássicos da Psicologia como Piaget 1994 Wallon 2007 Vigotski 2000 enfatizaram a importância do brincar no processo de formação humana sua centralidade no desenvolvimento infantil Pesquisadores brasileiros no campo da Educação e da Psicologia vêm reforçar essa concepção assim como mostram que a escola tornouse um espaço limitante do brincar principalmente a partir do 1º ano do Ensino Fundamental Nessa perspectiva parece que para a escola aprender e brincar constituemse experiências apartadas que não podem coexistir no espaço escolar Na visão dos alunos a proibição do brincar constituise portanto em violência à medida que lhes retira uma atividade essencial ao seu processo de apropriação do mundo ao mesmo tempo se impõe uma aprendizagem dissociada da alegria e do prazer Com relação aos alunos do 6º ano eles se percebem como atores da violência marcadamente caracterizada pela agressão Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 258 verbal e atitudinal O exercício de poder entre grupos como dos mais velhos contra os mais jovens é apontado como uma forma de violência Para esses jovens a escola também promove suas violências na forma de castigos e impedimentos e na ausência de condições adequadas de aprendizagem e vivência escolar Também os alunos do ensino médio identificam a violência verbal e atitudinal como formas presentes nas relações no interior da escola ao mesmo tempo em que a identificam como produtorareprodutora de preconceitos considerados como violências O bullying aparece no discurso dos adolescentes como palavrasíntese da violência Um elemento importante a destacar é que o horário do recreio é considerado um momento em que a violência ocorre com maior frequência em virtude da ausência de adultos da equipe escolar que possam zelar pelo bemestar dos alunos No Quadro 25 apresentamos os dados da Região Sul Conselho Federal de Psicologia 259 Quadro 25 Violência na concepção dos estudantes da Região Sul 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Escola Alunos bullying agressão física brigas soco bater revide agressão verbal xingamento deboche atitudinal dominação dos menores pelos maiores agressão física brigas agressão verbal ofensa insulto agressão sexual portar armas drogas bullying cyberbullying agressão física agressão verbal insultos atitudinal desrespeito drogas Da escola ações da diretora e professores preconceitos Extramuros Família Bairro drogas criminalidade assaltos tiros assassinatos drogas roubo assaltos Sociedade Podemos perceber nos dados da Região Sul uma maior incidência de expressões da violência por meio de agressões verbais e atitudinais embora também esteja presente a violência física Para os jovens a agressão sexual é um dos componentes da violência presente em sua realidade Os estudantes do Ensino Médio identificam a escola como promotora da violência por meio de suas ações e preconceitos Para o conjunto dos estudantes o bairro representa espaço de violência por meio da criminalidade e da presença das drogas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 260 De modo geral podemos depreender dos dados das oficinas no que diz respeito à violência Que as crianças adolescentes jovens estão expostos a diversas formas de violência quer em sua forma mais visível a violência física quer na dimensão verbal atitudinal sexual institucional e social Que as crianças indicam mais frequentemente as expressões físicas da violência Que os adolescentes e jovens apontam diversas dimensões da violência identificando preconceitos racismo e homofobia como formas de violência Percebem portanto direta relação entre preconceito e violência Que a violência sexual de orientação machista faz parte da vivência de adolescentes e jovens Que o bullying tem sido usado como descritor síntese da violência Que a escola é percebida como produtora reprodutora da violência a partir de suas práticas da precariedade dos elementos estruturais e recursos humanos A falta de diálogo e a omissão são recorrentemente apontadas como expressões da violência institucional Que a família é apontada pelas crianças como produtora de violência Que o bairro e a sociedade de modo geral são produtores e espaços de violência na dimensão da ausência Conselho Federal de Psicologia 261 de recursos de falta de segurança de espaços de exercício da criminalidade e proliferação das drogas Que no conjunto das oficinas a droga aparece associada ao contexto da violência Do conjunto dos dados podemos depreender relações escolares marcadas em certa medida por agressões de diversas ordens muitas delas motivadas ou relacionadas aos preconceitos e à discriminação matizados pela condição etária de gênero de orientação sexual de identidade racial de necessidades especiais Esse conjunto de dados vem ao encontro das pesquisas relatadas na primeira fase do projeto que apontam na direção de relações escolares marcadas por diversas formas de violência que se atrelam aos muitos preconceitos que se produzem e reproduzem na escola Chama atenção a incidência de indicações que mostram a escola como produtora de preconceitos e como omissa em relação às situações de violência A falta de diálogo de escuta da escola é recorrentemente apontada Em sua pesquisa com alunos da rede pública Saul 2004 relata que os jovens percebem os professores como ausentes pois eles pouco se envolvem nas situações de violência Por sua vez os professores de escolas públicas relatam se sentirem surpresos e despreparados para uma realidade diferente daquela que esperavam encontrar e que a graduação dirige o preparo para uma escola e alunos idealizados formando um professor utópico principalmente no que diz respeito a lidar com a violência Também revelam insegurança e apreensão por não saberem com quem estão Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 262 lidando mantendo portanto durante os conflitos e ameaças postura neutra e distante SAUL 2010 O pátio e o recreio que deveriam ser momentos de alegria descontração amizade tornamse os momentos da tristeza da humilhação da agressão diante dos quais a escola muitas vezes silencia e se afasta Ficanos a pergunta que escola é essa que se omite diante da violência Que educação para a cidadania para os direitos humanos para a criação como definidos na LDB de 1996 esperamos produzir diante do silêncio da escola Esse silêncio apontado por diversos autores da Psicologia e Ciências Humanas SOLIGO 2014 FEITOSA 2012 e reiterado no levantamento realizado na primeira fase deste projeto tem um papel central na reprodução e manutenção da violência e dos preconceitos na medida em que permite sua presença e proliferação e não confronta seus atores Também merece destaque a percepção dos estudantes de que a violência está associada aos preconceitos Os estudos investigados na primeira fase desta pesquisa apontam para essa mesma direção No contexto da escola assim como na sociedade em geral estarão mais expostos à violência aqueles que são alvos de preconceitos e do racismo O pressuposto psicológico para esse fato é o que chamamos de sentimento de superioridade de certos grupos em relação a outros a partir de mecanismos de comparação socialmente codificados e consensuais HASENBALG 2005 A partir de uma estratificação de Conselho Federal de Psicologia 263 natureza social cultural naturalizase a oposição inferioridade superioridade e legitimamse as práticas estigmatizantes excludentes e violentas Para melhorar a escola Outra dimensão investigada nas oficinas referese a que aspectos os estudantes destacam para promover uma escola melhor Nos dados encontrados identificamos 10 núcleos de significados Qualidades positivas referese a adjetivações que indicariam uma escola melhor tanto em seus aspectos didáticos gerais quando em aspectos estruturais Estruturafuncionamento trata de aspectos gerais a respeito de como a escola se estrutura em termos pedagógicos e operacionais Espaços dizem respeito a ambientes que os alunos consideram que representem uma escola melhor Objetos núcleo que abrange a menção a objetos específicos que deveriam estar presentes na escola Aprendizagem referese a aspectos pedagógicos mais gerais ou a conteúdos específicos do contexto da sala de aula Educação Física referese tanto à demanda por atividades físicas como por esportes específicos Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 264 Arte trata de elementos e atividades ligadas à arte Conduta referese a comportamentos dos alunos na escola Gestão referese a condutas da gestão escolar que seriam construtoras de uma escola melhor Relações trata de aspetos da relação entre os atores escolares e entre esses e o entorno da escola No Quadro 26 encontramos os dados da Região Norte relativos às ideias dos estudantes sobre como melhorar a escola Quadro 26 Para melhorar a escola segundo estudantes da Região Norte 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Qualidades Positivas ser legal limpeza escola de alto nível segurança limpeza Estrutura Funcionamento tempo integral não faltar professores reforma geral da escola Espaços quadra banheiros limpos quadra refeitório Objetos bola bambolê computador comida saudável Aprendizagem aprender mais ler e escrever Educação Física futebol Conselho Federal de Psicologia 265 Arte pintura Condutas não correr pela escola Gestão garantir a disciplina mudar os alunos maiores de turno Relações não ter preconceito evitar que os guardas escolares assediem as alunas Os dados evidenciam em primeiro lugar a importância de uma boa estrutura escolar na perspectiva dos alunos que se traduz no modo de funcionamento na garantia de professores e em espaços adequados como quadra de esportes banheiros limpos e refeitório As atividades com o corpo os esportes a arte são também elementos que melhorariam a escola assim como o acesso a materiais para esportes e computador Os alunos destacam preocupação com os aspectos pedagógicos quando imaginam uma escola melhor a partir de boas aprendizagens de melhor nível educacional da escola em tempo integral Os alunos do 2º ano mencionam quais elementos de aprendizagem são importantes ler e escrever Também identificam o papel da gestão como promotora de melhorias na escola relacionado à organização das turmas e turnos e da garantia da disciplina escolar Chama atenção a alegação dos alunos do Ensino Médio de que os guardas escolares assediam paqueram as alunas Se Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 266 de fato comportamse dessa maneira fogem de sua real função que é proteger a comunidade escolar e tornamse exemplos das condutas que a escola deveria combater Revelam com essa conduta seu despreparo para lidar com os jovens As ideias para melhorar a escola apresentadas pelos estudantes da Região Nordeste encontramse no Quadro 27 Quadro 27 Para melhorar a escola segundo estudantes da Região Nordeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Estrutura Funcionamento melhorias na sala de aula melhorias na escola pintura das salas ventilação limpeza presença de agente social para acompanhar os alunos psicólogo na escola segurança guardas na escola melhorias nas salas de aula melhorias na escola pintura ventilação limpeza Espaços espaço para o jovem tratar de suas questões pessoais Objetos lanche melhor carro computador relógio televisão merenda escolar Conselho Federal de Psicologia 267 Aprendizagem aprender mais brincadeiras Educação doméstica tratar de temas como racismo e homofobia Educação Física futebol Condutas cumprir regras cumprir regras falar sobre os problemas Gestão maior participação imposição de regras maior responsabilidade Relações boas relações participação dos pais respeito respeito aos professores união carinho respeito compreensão simpatia Podemos apreender dos dados levantados que há grande valorização das condutas e relações para se construir uma escola melhor As regras são um elemento enfatizado pelos três segmentos assim como o estabelecimento de boas relações de respeito e relações afetivas Também a participação dos pais é apontada pelos adolescentes O trabalho da gestão é um elemento importante no estabelecimento de regras na maior participação e responsabilidade para com a escola Entre os conteúdos e experiências de aprendizagem são apontados a educação doméstica e temas como homofobia e racismo Ao indicarem essa temática os estudantes do 6 ano e do Ensino Médio sugerem que a escola deve voltarse para questões do cotidiano para dilemas presentes na vida em sociedade Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 268 Quanto ao funcionamento e estrutura da escola são levantados aspectos ligados à melhoria do espaço físico como limpeza e higiene mas também aspectos do funcionamento escolar voltados para os estudantes jovens Os estudantes do Ensino Médio sugerem a presença de psicólogo na escola e também da guarda escolar Quadra alimentação de qualidade acesso à tecnologia são também elementos apontados pelos alunos As ideias para melhorar a escola apresentadas pelos estudantes da Região CentroOeste encontramse no Quadro 28 Quadro 28 Para melhorar a escola segundo estudantes da Região CentroOeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Estrutura Funcionamento professores melhores guarda escolar Espaços banheiros limpos quadra melhor pátio coberto Objetos merenda Condutas pedir desculpa pedir amizade empenho dos professores empenho dos alunos obedecer regras Gestão impor regras Relações mais educação dos funcionários no trato com os alunos Os dados apresentados mostram que os três segmentos Conselho Federal de Psicologia 269 percebem que em parte melhorar a escola depende de suas próprias condutas no caso das crianças esse é o único aspecto evidenciado Empenho obediência cordialidade amizade são apontados como condutas desejáveis Adolescentes e jovens apontam também elementos estruturais como a qualidade do trabalho dos professores e a presença de guarda escolar Neste aspecto vemos que em parte o discurso judicializante que criminaliza o contexto escolar vai sendo incorporado pelos próprios alunos no interior das escolas na medida em que avançam em sua escolaridade Espaços abertos como a quadra de esportes o pátio e condições de higiene são também elementos que tornariam a escola melhor assim como uma merenda escolar mais saborosa e adequada Adolescentes apontam também a necessidade de relações mais cordiais entre os funcionários e os alunos Os dados da Região Sudeste encontramse descritos no Quadro 29 Quadro 29 Para melhorar a escola segundo estudantes da Região Sudeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Espaços espaço para atividades lúdicas laboratórios Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 270 Objetos lanche melhor material didático presentes tecnologia lanche internet com senha Aprendizagem brincadeiras Condutas professora menos brava ser educado ser obediente Relações diálogo Na visão dos alunos do 2º Ano do Ensino Fundamental uma escola melhor deve contar com espaços para atividades lúdicas assim como as aulas também devem incluir o brincar Laboratórios alimentação melhor material didático acesso a tecnologia também compõem as representações de uma escola melhor Com relação ao professor esperase dela relação mais cordial menos brava Na visão dos estudantes do 6º ano uma escola melhor implica na presença da internet e alimentação As condutas esperadas do aluno também são apontadas obediência e educação assim como a expectativa de relações marcadas pelo diálogo Chama atenção no caso dos alunos a ausência de expectativas referentes à estrutura e perspectivas de efetivação de melhor aprendizagem Se em outros momentos conseguem perceber a dinâmica institucional na produção e reprodução de alunos dos problemas que vivenciam nas escolas ao pensarem nos requisitos para melhorar a escola acabam por reproduzir o discurso e a cultura escolar vigentes que situam no aluno as causas e a responsabilidade pelos problemas escolares Conselho Federal de Psicologia 271 Um elemento apontado pelos adolescentes que implica a ação da escola é a necessidade de diálogo Tal elemento tem sido recorrentemente discutido por pesquisadores da área como mostramos na primeira fase deste projeto Os estudantes da Região Sul no Quadro 30 apontaram os seguintes elementos que consideram relevantes para melhorar a escola Quadro 30 Para melhorar a escola segundo estudantes da Região Sul 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Estrutura Funcionamento melhor infraestrutura professores no recreio policial na escola guarda no portão professores no recreio policial na escola guarda no portão Objetos mais equipamentos alimentação informática alimentação Aprendizagem mais atividades aulas mais dinâmicas temas como racismo sexismo preconceito de classe e homofobia aulas mais dinâmicas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 272 Condutas professores mais interessados eliminar o bullying diminuir a violência diminuir o preconceito cumprir regras ouvir os professores disciplina cumprir regras ouvir os professores mais punição Gestão regras mais rígidas coibir agressões mais compreensão mais responsabilidade menos punitiva mais acolhedora ações mais preventivas Relações afeto carinho respeito diálogo respeito entre professores e alunos respeito entre alunos respeito entre professores e alunos respeito entre alunos Os estudantes da Região Sul apontam para vários aspectos da dinâmica escolar que poderiam ser melhorados na escola Com relação à estrutura chama atenção a perspectiva dos adolescentes e jovens que consideram maior vigilância bem como a presença de aparato policial importantes no cotidiano escolar Essa perspectiva parece acompanhar o discurso judicialista que marca a escola e a sociedade nos tempos atuais o que pode indicar de um lado a adoção do discurso que Conselho Federal de Psicologia 273 culpabiliza o aluno e por outro a descrença na ineficácia da própria escola em resolver seus problemas O acesso à tecnologia e boa alimentação são também elementos considerados relevantes Com relação às questões da aprendizagem as crianças apontam a necessidade de atividades mais variadas e os adolescentes e jovens indicam a necessidade de aulas mais dinâmicas Adolescentes expressam também o desejo de discutirem sobre questões do racismo e preconceito Entre as condutas esperadas são mencionadas aquelas ligadas ao respeito às regras e disciplina por parte dos alunos bem como uma postura mais interessada por parte dos professores Dos gestores esperase ao mesmo tempo a imposição de regras mais rígidas e a responsabilidade para com a escola As relações elencadas pelos alunos envolvem afeto respeito mútuo e diálogo De modo geral podemos perceber que muito do que se espera para melhorar a escola relacionase a aspectos da infraestrutura do acesso à tecnologia da conduta de alunos professores e gestores e da relação entre os sujeitos Destacamos alguns fatores considerados importantes A estrutura da escola é um elemento importante quando pensamos em melhorála uma vez que ela pode ser facilitadora e acolhedora ou por seu turno ser excludente e tornarse um obstáculo A recorrente indicação da necessidade Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 274 de uma estrutura limpa e adequada aponta para a importância do acolhimento que a escola pode realizar em favor do aluno ARCHANGELO VILELLA 2009 Como destaca Ribeiro 2004 o espaço escolar caracteri zase como um elemento significativo do currículo e do currículo oculto no qual os valores e normas embora não explícitos são transmitidos pela escola Ressalta a necessidade da estrutura es colar compor um todo coerente para que possa se constituir em um espaço de possibilidades propiciando laços afetivos senti mentos de identidade e de pertencimento O ensinar e o apren der o bemestar docente e discente pedem condições propícias O acesso à tecnologia é um elemento valorizado por crianças e jovens e pode constituirse em avanço para a escola Porém como alertam Barreto Amaral e Camargo 2014 e Bianchini 2006 não é apenas a presença das novas tecnologias que garante melhoras no contexto da escola mas a construção de projetos que melhorem as condições de ensino aprendizagem em uma perspectiva colaborativa Aulas dinâmicas bem como temas que envolvam dilemas cotidianos e sofrimento para os sujeitos como homofobia racismo deveriam ser abordados pela escola Essa dimensão reforça o que encontramos na pesquisa documental que aponta para importância do diálogo como promotor de interações positivas e que favoreçam o enfrentamento da violência e do preconceito na escola Uma gestão participativa responsável capaz Conselho Federal de Psicologia 275 de dialogar é estratégica para melhorar a escola Diversos autores do campo da Educação têm destacado a importância da gestão democrática como promotora de mudanças no espaço escolar e no modo como se promovem as relações nesse espaço GANZELI 2006 Respeito nas relações e diálogo são elementos centrais para construir uma escola melhor Destacamos a importância do diálogo recorrentemente mencionado como fator que promoveria uma escola melhor Esse elemento foi fortemente indicado nas propostas que encontramos na pesquisa que levantamento e indica que para além dos aspectos estruturais nas relações encontramse os mecanismos capazes de promover uma escola melhor Enfrentar a violência e o preconceito A análise do material relativo às propostas dos estudantes para enfrentar a violência e os preconceitos permitiu a identificação de elementos que relacionados às próprias disposições e ações às ações da escola e aos aspectos que extrapolam os muros da escola são assim organizados Disposições e ações dos alunos referese a indicações sobre o modo de reagir e proceder em relação às expressões de violência e preconceitos tanto em uma dimensão individual quanto em uma dimensão coletiva Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 276 Ações da escola referese à conduta da escola como um todo bem como de seus atores professores gestores equipe escolar em três perspectivas educativa corretiva compartilhada Extramuros referências a atores que têm ou podem ter relação com o espaço escolar com a família com o sistema de segurança e social No Quadro 31 apresentamos a perspectiva dos estudantes da Região Norte em relação ao enfrentamento da violência e preconceitos na escola Quadro 31 Para enfrentar a violência e preconceito segundo estudantes da Região Norte 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Alunos Individual parar de brigar aceitas as pessoas como são ignorar não reagir respeito perdão das vítimas de violência não se vitimizar denunciar tomada de consciência defender a escola adequação do indivíduo ao grupo colocarse no lugar do outro pensar antes de falar e agir Coletivo serem amigos união dos LGBTs para garantir seu espaço Conselho Federal de Psicologia 277 Escola Ações educativas resolver os conflitos professores diálogo com os alunos preconceituosos ensino religioso promover educação a alunos e professores professores diálogo projetos gestão mais eficaz oferecer chances de mudança aos alunos violentos ser uma boa escola projetos permanentes sobre violência e preconceitos palestras aconselhamento psicólogo na escola conscientização projetos voltados aos alunos novos evitar reprodução de parâmetros de feio e bonito diálogo projetos educativos orientação aos professores Ações corretivas inspetores na escola acabar com drogas na escola selecionar crianças para vigiar os outros alunos expulsão contratar seguranças câmeras de segurança mais punição mandar os alunos preconceituosos para a diretoria inspetores mudar de turno os alunos mais velhos punição câmeras punição ao preconceito Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 278 Ações compartilhadas professores diálogo com os pais dos preconceituosos diálogo com pais jogos escolares campeonato de fanfarras mobilizar a família Extramuros Família ensinar princípios Polícia prisão para os alunos que brigam policiais na escola BOPE na escola prisão para os preconceituosos policiais para revistar os alunos presença na escola Sistema chamar o Conselho Tutelar falar com a Presidenta Dilma jovem ser ouvido na sociedade redução da maioridade penal Os dados da Região Norte apontam para um conjunto de possibilidades que envolvem os aspectos educativos mas também punitivos e repressores dentro e fora da escola Os alunos do 2º ano apontam a importância do diálogo e também medidas punitivas voltadas à vigilância Na perspectiva extramuros mencionam a necessidade de policiais na escola e prisão dos alunos violentos Os alunos do 6º ano mencionam a necessidade do respeito entre os estudantes e de não reprodução da violência Da escola esperam ações educativas por meio de projetos diálogo bem como de uma gestão mais eficaz Apontam também a necessidade Conselho Federal de Psicologia 279 de medidas corretivas e de vigilância Também eles indicam a necessidade de policiamento e controle externo Interessante a menção à Presidente da República como medida de enfrentamento da violência e preconceitos Poderia ser essa menção indicadora da compreensão dos alunos de que a violência e o preconceito extrapolam e se originam para além dos muros da escola Os alunos do Ensino Médio apontam disposições individuais como reflexão denúncia colocarse no lugar do outro e coletivas como a organização dos alunos LGBT e também aspectos ligados à organização escolar e ao papel da gestão Novamente são enfatizados o diálogo e a realização de projetos voltados ao enfrentamento da violência e preconceitos Indicam também a importância da presença de psicólogo na escola Na perspectiva corretiva mencionam punição e vigilância Esses jovens mencionam a importância da presença da polícia na escola embora o conjunto de seus depoimentos enfatize as ações da escola Com relação à família indicam a importância do ensinamento de princípios e valores Com relação à sociedade reivindicam ser ouvidos e também a redução da maioridade penal De modo geral podese perceber uma disposição e necessidade dos estudantes da Região Norte de diálogo de uma intervenção escolar mais efetiva em relação à violência e aos preconceitos seja nos aspectos educativos seja na perspectiva da Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 280 punição e controle Entendem também que têm um papel nesse processo porém limitam esse papel a disposições individuais não a ações e disposições coletivas Entendemos que o apelo dos alunos à intervenção policial e ao controle externo expressos nas oficinas reproduz um discurso e práticas que têm sido cada vez mais frequentes nas escolas em uma perspectiva judicialista e criminalizante CURY FERREIRA 2010 Esses estudantes não estão alheios a esse discurso e acabam por incorporálo A ineficácia da escola para enfrentar a violência e os preconceitos o silêncio de suas práticas educativas acaba por reforçar essas expectativas FEITOSA 2012 O Quadro 32 apresenta dos dados da Região Nordeste Quadro 32 Para enfrentar a violência e preconceito segundo estudantes da Região Nordeste 6º Ano Ensino Médio Alunos Individual mudança de atitudes valorizar as pessoas valorizar a escola ser educado respeito não julgar pela cor saber escutar Coletivo parar de brigar parar com apelidos parar com brincadeiras parar com discussões cultivar amizades Conselho Federal de Psicologia 281 Escola Ações educativas melhorar a estrutura da escola melhorar a relação professoralunos melhorar a educação diálogo da direção com os alunos mediação da direção maior participação da direção melhor educação melhorar o ensino mais aulas acompanhamento psicológico aos alunos mediação por psicólogo diálogo promovido pela direção debates projetos palestras cartazes mais espaço para a voz e reivindicação dos alunos escuta Ações corretivas mais rigor da direção e professores câmeras punição suspensão repressão vigilância revista inspetor em cada sala retirar alunos que não se dedicam câmeras punição regras mais rígidas segurança direção mais enérgica limites Ações compartilhadas diálogo da direção com os pais debates e reuniões com alunos e pais união alunos pais professores direção mobilização Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 282 Extramuros Família educação doméstica participação dos pais Polícia polícia na escola policiamento Obs Não foram identificados depoimentos dos alunos do 2º ano Os dados da Região Nordeste indicam que enquanto alunos do Ensino Fundamental identificam nas suas atitudes vários elementos para o enfrentamento da violência e preconceitos os alunos do Ensino Médio enfatizam prioritariamente o papel da escola Com relação à escola na perspectiva dos alunos do 6º ano são mais fortemente apontadas as medidas coercitivas ao passo que os do Ensino Médio priorizam as medidas educativas Para todos os alunos o diálogo é um elemento importante Esse diálogo deve ocorrer na relação professoraluno direçãoaluno escolafamília Com relação aos dados da Região CentroOeste apresentamos no Quadro 33 Quadro 33 Para enfrentar a violência e preconceito segundo estudantes da Região CentroOeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Alunos Individual não fazer bagunça consciência aprender a ouvir respeito diálogo amizade gostar do que faz Conselho Federal de Psicologia 283 Coletivo colaboração defender os oprimidos não silenciar ações sociais manifestações promover a paz Escola Ações educativas diálogo mediação palestras diálogo monitores de turma normas e regras projetos de integração dar voz aos alunos capacitação de professores Ações corretivas punição expulsão desprezo aos agressores uso da autoridade tomar providências Extramuros Família mediação diálogo Polícia policiamento policiais na escola guarda escolar Sistema distribuição de renda saúde educação segurança Os dados da Região CentroOeste mostram que as crianças localizam o enfrentamento da violência e preconceitos Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 284 em sua própria conduta na evitação de comportamentos que produzem reações violentas ou as expressam bem como na dimensão punitiva da ação da escola Já os alunos do 6 ano priorizam as ações da escola em sua dimensão formativa por meio do diálogo e em sua dimensão coercitiva por meio de providências e uso da autoridade Os estudantes do Ensino Médio consideram aspectos da conduta individual e coletiva como respeito diálogo amizade consciência defesa dos oprimidos ações sociais manifestações Enfatizam também a importância das ações da escola na dimensão da formação como palestras projetos bem como diálogo e escuta dos alunos A família é mencionada por adolescentes e jovens na perspectiva do diálogo Esses também fazem referência à segurança mas restrita ao entorno da escola não à sua presença na escola Os alunos relacionam também as questões da violência à estrutura social distribuição de renda e acesso a bens sociais o que pode evidenciar que eles percebem a produção da violência para além dos limites da escola Com relação à Região Sudeste os dados encontramse no Quadro 34 Conselho Federal de Psicologia 285 Quadro 34 Para enfrentar a violência e preconceito segundo estudantes da Região Sudeste 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Alunos Individual não puxar orelha não bater não xingar mudança de comportamento estudar e ler Escola Ações educativas incorporar nas disciplinas os temas da violência e preconceitos mais diálogo rodas de conversa Ações corretivas punições Ações compartilhadas diálogos entre a comunidade externa e interna Sistema mudar a política Os dados da Região Sudeste indicam que enquanto os alunos do Ensino Fundamental centram suas preocupações com suas próprias condutas os estudantes do Ensino Médio apontam aspectos da escola priorizando as ações de natureza educativa e o diálogo Esses relacionam também os fenômenos da violência e preconceitos à política As perspectivas de enfrentamento apontadas pelos estudantes da Região Sul encontramse descritas no Quadro 35 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 286 Quadro 35 Para enfrentar a violência e preconceito segundo estudantes da Região Sul 2º Ano 6º Ano Ensino Médio Alunos Individual disposição para o debate sentimento de desamparo respeito atitudes educadas ser amigo mudar a si próprio denúncia aprender artes marciais revidar ignorar os agressores não cometer violências não xingar não brigar não dar atenção cuidar de si respeito atitudes educadas ser amigo mudar a si próprio denúncia aprender artes marciais revidar ignorar os agressores não cometer violências não xingar não brigar não dar atenção cuidar de si Coletivo resolverem entre si Conselho Federal de Psicologia 287 Escola Ações educativas promover reflexão diálogo mediação para solução de conflitos espaço para discussão da violência e preconceitos ações da gestão projetos ações pedagógicas cursos palestras orientações conscientização responsabilidade da escola espaços de lazer e convívio planejamento das aulas ações pedagógicas cursos palestras orientações conscientização responsabilidade da escola espaços de lazer e convívio planejamento das aulas Ações corretivas punição regras rígidas para o recreio fiscalização do recreio por toda equipe escolar separação por idade nas salas e recreio punições mais rigorosas regras rígidas para o recreio fiscalização do recreio por toda equipe escolar separação por idade nas salas e recreio punições mais rigorosas Extramuros Família responsabilidade da família responsabilidade da família Polícia policiamento policiamento Sistema ações dos governantes ações dos governantes Os dados da Região Sul indicam em geral disposição Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 288 dos alunos a refletir e agir sobre a violência e os preconceitos na medida em que identificam vários aspectos de sua conduta relacionados a esses fenômenos Há disposições contraditórias como algumas indicações de que os estudantes deveriam revidar mas em geral as disposições apontam para o respeito e o cuidado Da escola esses estudantes esperam ações educativas como cursos palestras projetos e demandam o diálogo e planejamento Também esperam medidas coercitivas por meio de punição e controle Os estudantes do 6 ano e do Ensino Médio mencionam a responsabilidade da família e apontam também a possibilidade de policiamento assim como a necessidade de ações governamentais No entanto não vislumbram a possibilidade de ações compartilhadas entre a escola e a comunidade É interessante notar que a ênfase dos estudantes recai sobre as ações de natureza educativa o que indica que os mesmos compreendem que a escola tem papel fundamental na construção de relações que superem a violência e os preconceitos Embora se reconheçam atores da violência que se expressam de forma direta agressões brigas e também de forma indireta por meio de xingamentos apelidos deboche os alunos em geral percebem a violência instituída como violência simbólica ou como omissão da equipe escolar Nessa perspectiva Caniato 2009 alerta a respeito da banalização e naturalização da violência nas relações contemporâneas Essa banalização estaria na base da cegueira institucional para a violência bem Conselho Federal de Psicologia 289 como no recurso ao ato violento que se observa nas relações de conflito Quando a competição se instala nas políticas para a Educação como prática desejável idealizada e a cooperação perde lugar para a supremacia do indivíduo quando os modelos valorizados pela mídia revelam a agressividade como valor a violência tornase o melhor recurso para a conquista de lugares de privilegio para afirmação de competência superioridade GUIMARÃES 1996 GUARESCHI 2007 Considerações a respeito das oficinas De modo geral podemos perceber que os alunos identificam importantes fatores na produção e reprodução da violência e do preconceito Percebem a si mesmo como atores e identificam condutas de enfrentamento que apontam para o respeito e para a evitação de condutas que expressam e incentivam a violência e os preconceitos Nesses aspectos os apelidos são considerados deflagradores de atitudes violentas na medida em que expressam preconceitos Se a isso relacionarmos os marcadores camuflados de nosso racismo e preconceitos que muitas vezes se expressam em tom de brincadeira identificamos os modos perversos como os preconceitos são veiculados na escola e como os mesmos estão intimamente relacionados a muitas das violências que se praticam na escola SOLIGO 2014 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 290 Outro elemento que destacamos referese ao papel da escola É recorrente o apelo dos alunos de todas as idades ao diálogo à escuta a ações que promovam reflexão e conhecimento como cursos palestras projetos A ação da gestão como mediadora de conflitos e promotora de novas relações é também enfatizada Como apontado nos estudos que compõem a primeira fase deste projeto o diálogo é um elemento chave no enfrentamento da violência e do preconceito e a sua ausência fortemente identificada é fator de adensamento desses fenômenos A relação famíliaescola a cooperação entre a escola e a comunidade a família como mediadora são também aspectos apontados como importantes reforçando o que na visão de Archangelo e Vilella 2009 pode constituirse em fator de mudança na dinâmica escolar e na sua inserção na comunidade Um aspecto que julgamos importante problematizar diz respeito ao apelo recorrente às punições e à intervenção policial Esses estudantes são formados na cultura punitiva em uma escola que abre mão do diálogo e em uma sociedade que mascara seus problemas culpabilizando os sujeitos individuais O debate sobre a redução da maioridade penal revitaliza essa visão traz para o centro da questão a perspectiva repressiva e punitiva de forma ampliada pelas mídias escrita e televisiva Não é de estranhar que os alunos reproduzam essa visão quando a escola negligencia seu papel na formação humana e na reflexão sobre os problemas e sobre os modos como somos afetados pelos discursos da comunicação de massa Conselho Federal de Psicologia 291 Ao longo das conversas nas oficinas com alunos das séries finais do ensino fundamental e do ensino médio cruzaramse referências identitárias de raça pertencimento religioso postura política gênero sexualidade origem social situação de classe geração modelo familiar gosto musical e adesão a formas culturais diversas Ou seja conforme Hall 2011 a identidade cultural dos alunos é fortemente descentrada fruto das numerosas interpelações postas para as culturas juvenis em especial aquelas derivadas do mercado de bens e serviços para a juventude Os alunos poucas vezes responderam ou narraram as situações tendo em vista comportamentos esperados de aluno mas tendo em vista comportamentos esperados de jovens inseridos em determinadas culturas juvenis É neste eixo ser aluno e ser jovem que parece estar situada a maior fonte de tensão com a escola e a origem de muitas cenas de violência simbólica e preconceitos narrados de parte a parte ou seja tanto por alunos quanto por professores Os alunos ali comparecem para viver suas culturas juvenis conforme amplamente analisado em outros trabalhos tais como ALMEIDA 2006 ABRAMO 1994 e GROPPO 2000 A escolaridade obrigatória cada vez mais ofertada em escolas de turno integral bem como uma série de restrições ao espaço da rua vai tornando a escola um lugar muito adequado para a vivência das culturas juvenis Isso é particularmente evidente em grande parte das escolas onde a pesquisa desenvolveuse que possuem muitas turmas de adolescentes o que propicia um convívio intenso com troca de afetos informações acerca de ídolos e preferências musicais opiniões e debates sobre esporte moda beleza festas baladas gírias novidades da internet etc Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 292 É nesse compartilhamento de ideais que os jovens reforçam seu pertencimento às culturas juvenis e encontram elementos que os aproximam A escola não é o único local onde esse processo é vivenciado mas ela é com certeza um local cada vez mais importante para isso tendo em vista alguns fatores derivados das políticas públicas adotadas pelo Brasil nas últimas décadas a obrigatoriedade de comparecimento dos jovens ao ensino fundamental sob pena de chamada dos pais pelos conselhos tutelares a ampliação do acesso ao ensino médio com a oferta de vagas atingindo todas as regiões das grandes cidades a implantação progressiva da escola de turno integral que acolhe os alunos não apenas para as aulas mas também para momentos de esporte lazer escrita das tarefas individuais momentos de estudo em grupo oficinas de teatro atividades extraclasse atendimentos individualizados para algumas situações As escolas em que fizemos as observações são cada vez mais locais onde os alunos ampliam sua presença e com isso de certa forma a elegem como local privilegiado para viver suas culturas juvenis conforme analisado em diversos artigos da obra organizada por Borelli e Freire Filho 2008 Dubet 1997 depois de experimentar o ofício de professor lecionando durante um ano para crianças de treze e catorze anos em uma escola popular da França considera que a comunidade adolescente está totalmente envolvida com seus problemas de adolescentes namoros amigos entre outros interesses E essa comunidade é por natureza hostil ao mundo dos adultos DUBET 1997 p225 Os alunos de acordo com esse argumento até podem simpatizar com um ou Conselho Federal de Psicologia 293 outro professor individualmente mas no coletivo a hostilidade à escola e tudo que a representa por assim dizer seria uma regra entre esses jovens Essas considerações também foram trazidas pelos pesquisadores durante o relato quente e nas reuniões de avaliação das oficinas Na comparação das falas dos alunos em específico entre as falas dos pequenos e as falas dos alunos maiores é notável o distanciamento entre um grupo e outro no que diz respeito às suas impressões sobre a escola É como se algo tenha se quebrado nos espaços eou tempos da relação aluno e escola Quando pequenos eles parecem adorar a escola mas na medida em que eles crescem esse sentimento se modifica Talvez a violência das instituições expressa em múltiplas formas seja uma das respostas possíveis para os motivos dessa modificação BAUMAN 2013 DUBET 1997 SANTOS 2009 Conselho Federal de Psicologia 295 10 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLHIDOS NAS URNAS BAÚ DA VIOLÊNCIA E JOGUE AQUI O SEU PRECONCEITO Como estratégia de coleta de dados foram disponibili zadas em cada escola participante duas urnas uma denominada Baú da violência e a outra com a seguinte convocatória Jogue aqui o seu preconceito O objetivo era que os participantes se manifestassem livremente acerca destes temas sem a necessida de de identificação e sem restrição de forma de expressão que poderia ser feita através de texto e desenhos Salientamos que grande parte das sentenças coletadas foram transcritas na ínte gra respeitando a grafia utilizada pelos sujeitos Para a análise dos dados das urnas foram considera dos os elementos apresentados pelos grupos de pesquisadores organizados pela equipe gestora por Região e Estado Os dados foram organizados em seu conjunto a partir de análise temática que tomou como referência o roteiro para análise dos dados co lhidos nas urnas1 1 O roteiro adotado para análise considerou Dados gerais Temática descrita violência preconceito preconceito ou violência Identificação do autorautores do relato simnão Nível de ensino do autor do relato fundamentalmédio Sexoorientação sexualidentidade de gênero do autor es do relato Formato relato de experiência carta desenhos outras formas de registros Sobre o relato I Violência Alvo próprio sujeitopróprio sujeito mais grupo que pertenceoutras pessoas ou gruposnão especifica Agressor indivíduo grupo instituição Nível de ensino que pertence os agressor es Tipo de violência praticada física moral sexual Lócus da violência sala de aulaoutros espaços físicos ou virtuais Mo Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 296 É possível identificar em parte significativa dos casos que os registros escritos e depositados fizeram referência à violência e ao preconceito como aspectos interligados De forma geral os bilhetes indicam que existem situações de violência e preconceito na escola principalmente entre os alunos bem como a necessidade de intervenções que possam dar conta dessas situações Baú da Violência Os dados referentes ao Baú da Violência foram organizados conforme o roteiro de análise proposta e estão tivação da violência racial gênero religiosa regional Hipótese sobre a causa da violência cometida simnão no indivíduo no grupo no sistema escolar no grupo social estrutural na educação recebida na classe social Tentativa de soluçãoenca minhamento simnão Por parte de quem próprio sujeito grupo de pertencimento escola família outras instâncias Formas de encaminhamento punitivo dialogal centrado em grupos ou sujeitos particulares Sentimentos provocados desdobra mentosconsequências relatados da violência sofrida no sujeito na escola nas rela ções escolares em outros espaços Sugestão do sujeito para solucionar tal is vio lências simnão Qual encaminhamento é proposto punitivo dialogal centrado em grupos ou sujeitos particulares II Preconceitos Alvo próprio sujeitopróprio sujeito mais grupo que pertenceou tras pessoas ou grupos Agressor indivíduo grupo instituição Nível de ensino que pertence os agressor es Tipo de preconceito praticado Lócus do precon ceito sala de aulaoutros espaços físicos ou virtuais Motivação do preconceito ra cial gênero religiosa regional Hipótese sobre a causa do preconceito cometido simnão no indivíduo no grupo no sistema escolar no grupo social estrutural na educação recebida na classe social Tentativa de soluçãoencaminhamento sim não Por parte de quem próprio sujeito grupo de pertencimento escola família outras instâncias Formas de encaminhamento punitivo dialogal centrado em gru pos ou sujeitos particulares Sentimentos provocados desdobramentosconsequên cias relatados do preconceito sofrido no sujeito na escola nas relações escolares em outros espaços Sugestão do sujeito para solucionar talis preconceitos sim não Qual encaminhamento é proposto punitivo dialogal centrado em grupos ou sujeitos particulares Conselho Federal de Psicologia 297 organizados da seguinte forma quadro por região e descrição e análise da região considerando os seguintes aspectos quando identificados no material coletado Agressores e vítimas tipos de violência Motivo da violênciapreconceito Hipótese sobre as causas da violência Desdobramentosconsequências da violência sofrida sentimentos envolvidos propostas de enfrentamentomelhorar a escola No Quadro 37 a seguir apresentamos os dados da violência encontrados na Região Sul Quadro 37 Baú da Violência Região Sul Dados Gerais Foram depositados no Baú da violência 212 pa péis com a descrição de situações de violências VIOLÊNCIA Principais Agressores Alunos Principais víti mas Alunos Tipos de vio lência Verbal ofensa moral e xingamentos e física Bullying Violência institucional principalmente relacionada à equipe gestora supervisão e direção escolar Local de ocor rência Sala de aula pátio e corredores e arredores da escola Motivação da violência Racial gênero características físicas regionalismos classe social orientação sexual Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 298 Formas de enfrentamento Mediação de professores e direção nos casos de bullying Mudanças na conduta de professores e direção Melhorar a relação professoraluno Punição Impedir o tráfico e uso de drogas na escola revistar os alunos Apoio do grupo de pertencimento contar a própria experiência para sensibilizar Ocultar sua orientação sexual participação familiar Sentimentos Incômodo com a violência sofrida eou presencia da e testemunhada Quanto aos alvos os dados da Região Sul indicam que os estudantes parecem ser as principais vítimas mas também agressores tanto no que diz respeito aos episódios de violência nas dependências da escola quanto no entorno Nas das situa ções descritas foi possível identificar que houve predomínio de relatos nos quais os sujeitos afirmam ter presenciado situações de violência em menor número relatos cujos autores afirmam ter sofrido violência e um número mínimo de participantes con tém a afirmação de que são autores de atos de violência No caso do Rio Grande do Sul aparecem alguns relatos de violência praticada pela equipe gestora da escola supervisora ou outros funcionários Nestas situações as principais vítimas foram os alunos e a violência foi geralmente psicológica em forma de humilhação e xingamentos Os tipos de violência predominantes são a agressão ver bal ou física ofensa moral e bullying Nas papeletas também foram feitas referência à violência institucional Conselho Federal de Psicologia 299 Tem várias violências desde professores e dire tores até alunos pois o bullying está cada vez maior O que ocorre todos os dias são as brincadeiras bobas e agressivas com palavras aos alunos que têm deficiência e as violências físicas por assuntos bobos como exemplo pelo fato de só olhar a alguém e isso é comum aqui no colégio e as autoridades responsáveis do colégio não to mam nenhuma providência a qualquer respeito Falta de respeito do vicediretor com os profes sores na frente dos alunos O espaço da sala de aula os espaços coletivos da escola e também a saída da escola são os locais onde há maior registro de ocorrências de violência Quanto aos sentimentos provoca dos esses ficaram implícitos em alguns relatos como nos que seguem Não gosto de ver os outros sofrerem atitudes vergo nhosas com o intuito de gozação nem sempre conseguimos nos conter e acabamos agredindo e sendo agredidos agressão como um ato desagradável relatório da UFSC 2014 No que se refere à motivação para a violência esta aparece como relacionada a preconceito racial característica física gênero e orientação sexual regionalismos e classe social Com referência às causas das violências apareceu a indiferença dos responsáveis que também pode ser pensada como um alerta em relação ao enfrentamento Quanto à solução ou encaminhamento para acabar com a violência há relatos sobre o apoio do grupo de pertencimento Aparece também a atitude individual de relatar experiência de vi Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 300 vência da violência para sensibilizar agressores e vítimas e por outro lado o entendimento por parte de alguns sujeitos de que as pessoas não devem publicitar sua orientação sexual para evitar a violência Houve manifestações de vontade de erradicar ou diminuir a violência verbal dentro da escola com a finalidade de melhorála Foi indicada também a redução da depredação num esforço de preservação da escola É possível perceber também a presença de uma confiança nas autoridades para que mudanças significativas ocorram acho que eles autoridades poderiam tirar esses alunos e punilos Presença efe tiva da autoridade com enfoque punitivo para enfrentar a violência A seguir apresentamos o Quadro 38 com os dados do Baú da violência encontrados na Região Norte Quadro 38 Baú da Violência Região Norte Dados Gerais Foram depositados no Baú da violência e na urna Jogue aqui o seu preconceito 672 papéis com a descrição de situações de violências VIOLÊNCIA PRECONCEITO Principais Agressores Indivíduos ou grupos Principais vítimas Colegas de escola grupos o próprio sujeito o próprio sujeito mais o grupo ao qual pertence outras pessoas Tipos de violência Verbal e física Local de ocorrência Sala de aula e demais locais da escola Motivação da violência preconceito Características raciais físicas e sexuais Classe social Conselho Federal de Psicologia 301 Hipótese sobre as causas da violência preconceito Causas grupais grupos adversários devido a tipos de música crenças Causas individuais muito magro muito gordo Desdobramentos consequências da violência preconceito sofridos No próprio sujeito que sofre a violência eou o preconceito nas relações escolares ou em ambas evasão escolar aumento da violência As categorias violência e preconceito são apresentados conjuntamente tendo em vista que os relatórios das equipes de pesquisa nos Estados assim o fizeram Os dados são organizados em alvo agressor tipo de violência praticada lócus da violência motivação do preconceito e da violência hipótese da causa da violênciapreconceito cometidos e desdobramentos consequências da violência sofrida Os dados coletados na Região Norte indicam que a violência e o preconceito costumam se direcionar para os seguintes alvos colegas de escola grupos o próprio sujeito o próprio sujeito mais o grupo ao qual pertence outras pessoas Os alunos relataram algum tipo de violência sofrida por eles na escola como se pode ler a seguir Fui discriminado por causa da minha aparência muito mesmo que eu não queria mais ir pra aula por causa que eu me metia em muita briga Diziam pro diretor mas não adiantava Eu até pedi pra minha mãe pra sair da escola Outros alunos relataram casos por eles presenciados cujos alvos da violência foram seus colegas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 302 O meu relato foi do fulano e do cicrano Ele cicrano e o beltrano chamaram o fulano de GUEY mas o beltrano conversou com a diretora e agora não chama mais o fulano de GUEY mas o cicrano sim E outra coisa o beltrano não chama mais o fulano de GUEY mas quando eles ficam discutindo o beltrano diz pelo menos eu não tenho uma mãe gorda e descabelada Quanto aos agressores podem ser indivíduos ou grupos No caso da violência praticada por apenas um indivíduo exemplificamos na seguinte escrita eu chamei uma menina de baleia Sobre as agressões cometidas por grupos os mesmos não são identificados mas os relatos no plural indicam essa possibilidade Eles me irritaram tanto por causa que estão chamando a minha mãe de um nome que não gosto ninguém gostava que eu não aguentei quando eu vi de novo eu juro eu bati tanto nele que a diretora veio separar então os primeiros anos foram os piores de minha vida Eu ligava pro que eu pensava mas teve um dia eu não aguentei e explodi quando uma menina me irritou muito e não aguentei Falei com meu pai e ele veio na escola e se não resolvesse ele ia resolver do jeito dele E só assim que pararam de me xingar e hoje me dou bem com todo mundo Os tipos de violência referidos foram a verbal e a física A primeira se apresenta como violência simbólica como podemos constatar nos relatos a seguir Conselho Federal de Psicologia 303 Eles discutiram aí o fulano chamou o cicrano de Branca de Neve porque ele é bem branquinho e o cicrano ficou constrangido e chamou o fulano de Baleia Assassina como ele é gordinho e discutiram Eu sofria bullying na rua e na escola me chamavam de várias coisas como palito bicho pau seca obesa A violência física sofrida ou presenciada na escola pode ser percebida no seguinte relato trazido por uma estudante Os meninos de todas as escolas que estudou sempre foi brigar bater nele porque ele tem os lábios carnudos e também porque ele não vê inocência na pessoa e vai confiando e os meninos se aproveitam e batem nele Eu já vi e tive que bater neles e acabei quebrando o braço de um e nariz de outro Quanto ao local onde a violência ocorre pode mos inferir pelos relatos que os espaços onde a violência acontece são as salas de aula e a escola como um todo Os motivos do preconceito e da violência são diversos a estigmatização em razão de características raciais fí sicas e sexuais como exemplificam os relatos a seguir O preconceito muito falado nas escolas mais polêmico que ocorre com frequência Alu nos que julgam o próximo pela cor de pele ou pelo jeito e por outras coisas Isso tudo é uma Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 304 tolice Ninguém tem o poder de julgar ninguém primeiramente os indivíduos têm que se olhar para si mesmo Eu vejo várias situações de bullying racismo principalmente julgam muito pela aparência Aqui na escola eu vejo preconceito mesmo de professores de alunos que ficam reparando os defeitos de certas pessoas Eu sofro muito porque sou magra aí me cha mam de seca esquelética lacraia e outros Eu me sinto mal tenho vontade de ficar isolada sem ninguém me ver ou então engordar muito Alguns chamam os colegas de macaco viado burro etc Em uma aula um professor deu um exemplo em que os gays estavam incluído entre putas e ladrões Pessoalmente acho que não havia necessidade de incluílos em um exemplo que cita pessoa de pouca idade já que ser gay não te torna mau caráter Outra motivação encontrada foi a classe social Eu já sofri preconceito de diversos tipos como preconceito por diferença de classe já sofri por uma professora que falou que eu tinha hemorroida só porque eu estava em pé As violências na maioria das vezes surgem como desdobramentos de representaçõescódigos cristalizados produzidos historicamente no imaginário social A partir daí nota se que as hipóteses sobre as causas da violência e do preconceito trazidas nos discursos dos participantes podem ser grupais ou individuais No caso das hipóteses nas quais os preconceitos e as violências aparecem nos grupos há a observação por parte dos participantes do fenômeno Eles acabam descrevendo aquilo que percebem vivenciando portanto através de outra perspectiva a de observador Em todo este tempo escolar já vi muitos tipos de Conselho Federal de Psicologia 305 violência principalmente verbal Sou roqueiro e tem funkeiros Oferenda são eles Mas roqueiros que estão nessas escolas estão nos ameaçando dentro dessa escola todos os roqueiros As violências e os preconceitos também aparecem como experiências que demandam pedidos de ajuda por parte dos participantes denotando a falha da instituição em lidar com estes fenômenos que acontecem na escola Sofri preconceito na minha infância pelo fato de eu ser muito magrinho Ex Gafanhoto Grilo Bichopau Caveira Foi constrangedor Que as pessoas parassem de zuar com a minha boca e minha orelha Não aguento mais SOS governo Me ajuda Não há estatísticas que possam nos dizer exatamente quais são as causas exatas das violências e dos preconceitos no âmbito escolar Desse modo é mais seguro compreendermos esses dois fenômenos como interligados a outros que estão fora da escola Mais coerente é falarmos que se expressam na escola de acordo com as demandas desse contexto De acordo com isso as hipóteses mesmo se expressando entre individual e coletivo têm fortes ligações com demandas de violência intrafamiliar de violências dentro do bairro ou dos bairros próximos à escola com a propagação de preconceitos pelas mídias e principalmente pelo que alimenta esse ciclo que é a reação em cadeia o que torna o fenômeno com possibilidade de ser naturalizar e visto quando não se põe criticidade no olhar UFAM 2014 Nos relatos constatase que os desdobramentos consequências acontecem no próprio sujeito que sofre a violência eou o preconceito nas relações escolares ou em ambas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 306 Isso não me chateava porque eu não ligava para o que os outros DIZIA Eu ligava pro que eu pensava mas teve um dia eu não aguentei e explodi quando uma menina me irritou muito e não aguentei Falei com meu pai e ele veio na escola e se não resolvesse ele ia resolver do jeito dele E só assim que pararam de me xingar e hoje me dou bem com todo mundo Eu até pedi pra minha mãe pra sair da escola emagreci 10kg e tentei não dar bola pra eles Eles me irritaram tanto por causa que estão chamando a minha mãe de um nome que não gosto ninguém gostava que eu não aguentei quando eu vi de novo eu juro eu bati tanto nele que a diretora veio separar então os primeiros anos foram os piores de minha vida A violência e o preconceito dentro do âmbito escolar podem se desdobrar entre outras coisas para os estudantes na evasão escolar na desmotivação para aprender desmotivação para pensar e continuar projetos de vida na violência entre colegas na violência urbana na violência intrafamiliar na entrada eou continuidade no abuso de drogas nas variadas demandas que envolvam a sexualidade humana prostituição banalização das vivências sexuais e o sentimento de ser culpado pela condição em que se encontra Além disso temos professores desmotivados corpo técnico engessado em ideias arcaicas e que não dão conta das demandas que chegam à escola NJAINE MINAYO 2003 A seguir apresentamos o Quadro 39 com os dados do Baú da violência encontrados na Região Nordeste Conselho Federal de Psicologia 307 Quadro 39 Baú da Violência Região Nordeste Dados Gerais Foram depositados no Baú da violência 336 papéis com a descrição de situações de violências VIOLÊNCIA Principais Agressores Adultos e crianças Escola falta da estrutura da escola merenda manutenção professores despreparados e com baixos salários Principais vítimas As crianças Alunos e grupos de alunos Escola Tipos de violência Verbal e física Local de ocorrência Sala de aula e demais locais da escola Motivação da violência Características raciais físicas de gênero de orientação sexual e de classe social Hipóteses sobre as causas da violência Causas grupais Bullying contra o diferente Formas de enfrentamento Punição Polícia Melhoria da estrutura das escolas Melhoria na merenda além de quadra de esportes computadores O relatório da Região Nordeste indica que em muitos momentos os estudantes se utilizaram dos baús para fazer de núncias e para manifestar sua indignação com a violência na escola Esses conteúdos mostram a preocupação dos autores em denunciar situações de violência sofridas relatório da UFBA Os relatos fazem menção ao sentimento de raiva sentida pela vítima ao sofrer com as palavras dos colegas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 308 Quanto à identificação das vítimas de violência a maioria dos conteúdos retrata crianças de uma maneira geral sem espe cificar o sexo demonstrando que a violência na escola está as sociada à violência contra crianças relatório da UFBA Quanto aos agressores organizados por tipos de ações o relatório regio nal identificou predomínio de ações individuais e nos registros em que foi possível identificar um autor a identificação do autor demonstrou que as ações são praticadas por crianças sem uma distinção clara de gênero relatório da UFBA Sergipe Cabe des tacar que a pesquisa no Piauí revelou que os participantes indicam a violência praticada pela escola que se objetiva na falta da estru tura da escola merendamanutenção que é compreendida como uma ação violenta por parte da escola em relação aos alunos bem como manifestações de queixa sobre professores e seus métodos São feitas também menções ao salário do professor Quanto ao local onde a violência ocorre depreendese pelos relatos que ela ocorre em salas de aula e em algumas áreas da escola próximas a escadas pátios Quanto ao tipo de violência reportada nos conteúdos como já demonstrado nas Regiões Norte e Sul observase o pre domínio da violência física que de acordo com a literatura é a mais facilmente reconhecível e a mais relatada como tal pelos participantes em alguns casos chega até mesmo a ser significa da como sinônimo de violência Um aspecto interessante sobre os conteúdos referese à violência contra o patrimônio da esco la com relatos de casos de depredação e incêndio relatório da UFBA Sergipe Conselho Federal de Psicologia 309 No que se refere à motivação para a violência há ênfase na relação com características raciais físicas de gênero de orientação sexual e de classe social Conforme informa o relató rio regional Através da análise mais detalhada das motivações para o exercício do preconceito ou de violência verificamos que estão relacionadas com as seguintes características físicas ter a pele escura ser magra ter a boca grande ou o cabelo gri salho ou com certas características como cabelo de buxa Ou tro eixo de motivação diz respeito às questões de sexogênero UFBA Quantos às hipóteses sobre as causas da violência trazi das nos discursos dos participantes o bullying é indicado como um tipo de prática violenta que se orienta para os diferentes para aqueles que destoam do grupo Com objetivo de apresentar propostas de melhorar a es cola foram indicadas manifestações com relação ao ambiente escolar enfatizam a melhoria na merenda além de quadra de esportes computadores e outros Foram encontradas também proposições de caráter punitivo identificando a polícia como um agente de controle e combate à violência que em alguns relatos aparecem vinculadas a práticas de crime A seguir apresentamos o Quadro 40 com os dados do Baú da violência encontrados na Região CentroOeste Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 310 Quadro 40 Baú da Violência Região CentroOeste Dados Gerais Foram depositados no Baú da violência 605 papéis com a descrição de situações de violências VIOLÊNCIA Principais Agressores Alunos Principais vítimas Alunos Tipos de violência Verbal e física Indisciplina Local de ocorrência Escola e arredores Motivação da violência Racial Gênero Características físicas Orientação sexual Gênero musical O relatório regional indica que no CentroOeste a es tratégia do uso do Baú possibilitou que os indivíduos pudessem expressar suas opiniões acerca da violência vivenciada na esco la bem como para desabafar relatório da UFMT Os dados da Região CentroOeste quanto aos alvos indicam que os estudan tes são as principais vítimas mas também os agressores no que diz respeito aos episódios de violência na escola O relatório da UFMS reflete sobre a incidência de violência dentro da escola e a frequência com que isso ocorre ilustrando com os relatos de alguns alunos Briga de galo no canto da escola ontem eu vi dois meninos brigando o menor bateu a cabeça Conselho Federal de Psicologia 311 O meu amigo me bateu um colega já me machucou Ontem eu vi dois meninos brigando o maior ba teu no menor e o menor saiu chorando Já vi briga em todo lugar na escola e na frente da escola O Relatório da UFMS apresenta a manifestação de alu nos que expressam situações em que sofreram bullying no am biente escolar Sim eu e minha amiga e minha outra amiga sofria bulliyngg por um menino Ele chamava nois de gorda e de preta de branquela etc Eu já vi dois meninos brigando e aconteceu vio lência físicanos sempre recebia apelido e por uma pessoa o bulliyng pode se transformar em uma dor muita grande por isso se você so fre bulliyng denuncie não deixe que isso acabe com sua vidarespeite para ser respeitado BULLIYNG NUNCA MAISII A motivação racial para a violência aparece de modo predominante na região seguida das questões de gênero e apa rência física Como destaque nas motivações emergem questões culturais relacionadas ao gênero musical neste aspecto foram encontradas manifestações aversivas direcionadas tanto a um determinado estilo musical quanto aos seus apreciadores Eu não gosto de funk Que abolicem o funk do Brasil Respeito é bom Contra funkeiros maleducados Destacamse nos relatos que os alunos que sofrem vio lência e os que praticam violência são estudantes que via de Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 312 regra frequentam a mesma escola enfatizando o caráter rela cional dessas situações Os tipos de violências que predominam são a agressão verbal física e ofensa moral Cabe destaque a análise no relatório regional da UFMS A categoria cujo nome é sofreu agressão verbal diz respeito aos entrevistados que de alguma forma foram vítimas de xingamentos apelidos ou palavras ofensivas Ainda que aquele que praticou tenha de al guma maneira achado normal ou colocado o termo em tom de brincadeira sabemos que esses comportamentos se incorporam à vida do indivíduo Há nos relatos o registro da indisciplina como forma ca racterizada de rompimento de regras de convivência no ambien te escolar que ela prejudica as relações que deve em tese ser evitada por todos O espaço da sala de aula e os arredores da escola são os locais onde a violência registra maior ocorrência A seguir apresentamos no Quadro 41 os dados do Baú da violência encontrados na Região Sudeste Quadro 41 Baú da Violência Região Sudeste Dados Gerais Foram depositados no Baú da violência 602 papéis 429 com escritos os demais com escrito e desenho Conselho Federal de Psicologia 313 VIOLÊNCIA Principais Agressores Estudantes e Docentes Principais vítimas Estudantes e Docentes Tipos de violência Violência verbal e violência física Insititucional bullying Local de ocorrência Sala de aula e demais locais da escola Motivação da violência Causas banais Questões raciais Hipóteses sobre as causas da violência Família Aspectos individuais Uso de drogas Indisciplina e vandalismo Sentimentos Tristeza mágoa vergonha Ressentimento e medo Formas de enfrentamento encaminhamento Punição Intervenção dos profissionais da equipe escolar Postura dialogal Na Região Sudeste a análise das urnas por escola organizou material escrito e expressões através de desenhos como a consigna O que você pensa sobre violência na escola Os pesquisadores re gistraram nas urnas manifestações contrárias à violência com o uso de expressões com rejeições críticas e protestos às práticas violentas Houve também o registro de manifestações de enaltecimento à vio lência como meio de expressão e resolução de conflitos Também re gistraram manifestações de banalização da violência e de resignação diante do quadro vivido como se não houvesse formas de alterar essa condição como que ela já estivesse incorporada ao universo escolar Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 314 Violência é uma coisa normal hoje em dia pra quem estuda em escola pública qualquer coisa que você faz é motivo de raiva intriga que leva a agressão de ambas partes E nem o prof a sai do ranking alguns alunos já agrediram pro fessores não só moralmente mas também cor poralmente É nisso que o mundo está se trans formando Os participantes utilizaram essa oportunidade para expres sar o que entendem por violência buscando construir definições que apontavam para os aspectos negativos da violência como um ato ruim covarde e cruel De acordo com os pesquisadores re latório da UFU tais resultados mostram não apenas uma com preensão unidimensional como também redução maniqueísta do termo ou seja atrelandoo a uma adjetivação que remete ao mal Quanto aos sentimentos relatados por experiências vivi das ou presenciadas predominam a tristeza a mágoa a vergo nha o ressentimento e o medo Quanto aos tipos de violência os dados indicam o que já aparece nas demais regiões do país com predomínio da violência física e da verbal com ofensas morais De acordo com o relatório regional nos registros há menções diretas à violência simbólica e psicológica relatório da UFU Também cabe destacar relatos que buscam qualificar os dois tipos de violência identificando a finalidade de intimidar e de manter um status através da agres são física Apontam as violências travestidas de brincadeiras que culminam em agressão Nesses relatos emergem a ideia de que a direção da escola não se envolve para resolver estas questões Conselho Federal de Psicologia 315 A violência na escola acontece quando duas ou mais pessoas não se entendem E como ela quer parecer o fodão para as outras pessoas os colegas e os amigos até para parecer fodão o forte para as meninas eles acabam brigando por estilo de honra com medo de ser chamado de medroso quando é chamado para briga e fi cam se peitando e chingando atéTambém tem a violência pelo tipo de brincadeira Que um aluno ou mais chato que geralmente que não faz nada que passa o tempo se divertindo com brincadeiras bobas que machucam de violên cia Geralmente escolhem o os aluno os que ficam na sua que estudam os que são da paz mas se forem aqueles que não levam desafora para casa que segura até um certo tempo que nem eu Acabam brigando Às vezes chamam a diressão mas quase sempre nunca muda não faz nada a direção É por isso que brigam As brincadeiras geralmente também são mental e física que é o bullyng De modo minoritário porém significativo em alguns re latos há indicativo da violência institucional praticada por pro fessores funcionários e direção da escola informando de uma relação entre professores estudantes e direção que se objetiva pela agressão verbal Quanto às hipóteses sobre a causa da violência cometida os participantes apontaram a família como responsável pela violência no ambiente escolar Também as causas da violência estão associa das a um tipo de características individual como fraqueza maldade irracionalidade e ao uso de drogas Também aparece nas manifes tações a associação da violência à indisciplina e ao vandalismo o que é avaliado pelos pesquisadores como perniciosa porque reduz Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 316 a violência à incivilidade materializada principalmente no ato de depredar relatório da UFU Quanto à informação de quem são os principais agressores na Região Sudeste a pesquisa indicou que são os estudantes que mais agridem e também destacase a presença de grupos de estudantes como aqueles que mais realizam práticas violentas como é possível ser observado nos relatos a seguir As escolas estão se tornando um campo de bata lha para as gangues e isso tem aterrorizado mui to aqueles que vêm na escola com o objetivo de ter um futuro melhor Os menino de hoje em dia só querem saber de brigas de gangue esses caras são covarde por que eles não vão sozinho vem com gangue mas quando uma pessoa da gangue briga pergunta se eles vão atrás ninguém aparece Como vítimas da violência também predominam os estu dantes Houve manifestações nas urnas indicando que os profes sores também são alvo da violência nas escolas No que se refere à motivação para a violência na escola o que emerge na maioria dos relatos é a questão racial Também de forma significativa a violência aparece relacionada a eventos banais de acordo com os estudantes a situações que poderiam ser resolvidas de forma pa cífica e consensual As motivações também apontam para confli tos nos relacionamentos afetivos e amorosos entre os estudantes Os alunos estão casando briga atoa só por cau sa de homem e por causa de mulher Principal mente as meninas que estão brigando atoa por Conselho Federal de Psicologia 317 causa de namorado eu acho um absurdo uma coisa dessas as meninas e maiores batendo em meninas menores que elas só por causa de na morado Os meninos que falam que só estão com as meninas só para ganhar popularidade isso é uma palhaçada eu não gosto de briga mais eles estão se matando por causa de uma namorada ou um namorado Com objetivo de apresentar propostas de enfrentamento à violência na escola prevalecem as propostas punitivas com maior rigor nas legislações e nas penalidades valorização da quele que é trabalhador Há sugestão de presença efetiva de poli ciais na escola Alguns indicam que o corpo docente e direção da escola deveriam ser mais presentes e ter uma intervenção mais efetiva nos casos de violência na escola Nos dia de hoje não esta adiantando nem fala com a diretora porque ela com medo do aluno agressor também não faz nada O diretor deveria tomar uma providência pois isso e orrível Acho que o diretor deveria tá mais na escola porque ele agente só ve ele 2 vezes na escola ele deveria colocar policiais na porta da escola e ele quem fala mais bacho quando ele tive falan do com alunos Também são identificadas propostas que apontam para o diálogo Embora tais propostas apareçam é possível compreen der que ainda não há clareza de como isso pode ocorrer mas enfatiza a condição de jovemadolescente que precisa de con Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 318 versa orientação e apoio dos adultos Os estudantes em seus relatos também referem à responsabilidade dos adultos e das autoridades para enfrentar a violência na escola Quando dizemos violência na escola 999 dos casos se tratam de adolescentes de menor ou seja a grande maioria que não pode ser preso o que na minha opinião também não seria o me lhor a se fazer mais a questão é para se resolver tal questão deve ser certificar que estamos lhe dando com menores e com seres humanos não basta envergonhálos criar pena para menores Para acabarmos com esses tipos de violência em escola cabe todos nós educarmos melhor nossos filhos e também cabe ao governo proporcionar mais palestras nas escolas pois o problema não está nas estruturas dos ambientes públicos e sim na sociedade Jogue aqui o seu Preconceito Os dados referentes à investigação do preconceito na es cola foram organizados conforme o roteiro da análise proposta e se realizou da seguinte forma quadro por região e descrição e análise da região considerando os seguintes aspectos quando identificados no material coletado agressores e vítimas local de ocorrência tipos de preconceito praticados motivação do precon ceito hipótese sobre as causas do preconceito cometido senti mentos envolvidos tentativas de soluçãoencaminhamento pro postas de enfrentamento desdobramentos do preconceito vivido Conselho Federal de Psicologia 319 A seguir apresentamos o Quadro 42 com os dados da caixa Jogue aqui o seu preconceito encontrados na Região Sul Quadro 42 Jogue aqui o seu preconceito Região Sul Dados Gerais Foram depositados na caixa Jogue aqui seu preconceito 217 papéis com relatos e defini ções sobre preconceito PRECONCEITO Principais Agressores Estudantes Principais vítimas Estudantes gays e lésbicas Pessoas pobres deficientes Pessoas com dificuldades de aprendizagem Tipos de preconceito Preconceito por aparência fí sica Racismo Orientação sexualgênero Preconceito de classe social Local de ocorrência Não informado Motivação para o pre conceito Orientação sexual Características raciais e étnicas negros e indígenas físicas diferenças regionais Classe social Sentimentos Incômodo pelo preconceito sofrido ou presen ciado Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 320 Formas de en frentamento Denunciar os preconceitos Mudanças nas relações na escola Impedir ou limitar o funk Respeito às diferenças Cada um faz a sua parte Iniciativas de âmbito individual e da vontade Os participantes da pesquisa consideram o preconceito como uma forma de violência ou como produtor de violências Em várias situações os estudantes relataram ter sofrido bem como ter presenciado situações relacionadas ao preconceito Conforme os papéis depositados verificase a relação entre violência e pre conceito principalmente no que se refere ao preconceito racial e orientação sexual Nas frases ou textos alguns poucos indicam ter algum preconceito a maioria refere ter presenciado situações de preconceitos e de ter sofrido preconceito na escola Os tipos de preconceito que os participantes reconhe cem e que são relatados são o racial e de orientação sexual como nesses registros viado homossexual e gay e eu não gosto de negros porque eles fedem pretos cafezinhos pessoas de outra cor indígenas As principais vítimasalvos são gays e lésbicas e também negros e indígenas Também há manifestações de preconceitos com relação às características físicas gordos magros baixi nhos com óculos pessoas com dificuldades de aprendizagem pessoas com deficiência e pertencentes a algumas religiões Há registro de preconceito de classe social dirigido aos pobres e pessoas que migram de outros Estados e outras Regiões do país Conselho Federal de Psicologia 321 Alguns registraram preconceitos aos adeptos e simpatizantes do funk e dos rolezinhos Inclusive nas propostas de enfrentamento do preconceito na escola há registro de que se deve restringir a prática do funk na escola ou seja enfrentar o preconceito com manifestação de preconceito As situações de preconceitos relatadas envolvem os alu nos professores e funcionários das escolas No que se refere às causas dos preconceitos informam que há falta de educação opressão e dominação na relação entre os alunos e destes com os professores Entre os sentimentos manifestados aparecem registros de que os preconceitos produzem uma redução nas relações e limitações afetivas como se observa neste relato de achar que só porque abraço meu amigo significa que eu quero ficar com ele É SÓ AMIZADE MEU DEUS As soluções e formas de enfrentamento não aparecem explicitamente ocorrem manifestações de vontade de mudar essa realidade na perspectiva de que depende de iniciativas pes soais e de âmbito individual Indicam uma necessidade de mu dança sendo que esta na maioria das vezes aponta uma escola sem preconceitos como a escola ideal Alguns relatos sugerem a necessidade de denúncias e enfrentamento dos preconceitos Indicam a necessidade de respeito dentro das relações interpes soais sem abertura para xingamentos apontam para mudanças nas relações dentro da escola De forma geral os bilhetes indicam que há situações de violência e preconceito na escola principalmente entre os alu Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 322 nos sugerindo a necessidade de intervenções que possam dar conta desses problemas Me incomoda o preconceito as brigas que ocorre na escola e muitas vezes a falta de respeito tanto com os professores como com os alunos A seguir apresentamos o Quadro 43 com os dados da caixa Jogue aqui o seu preconceito encontrados na Região Nordeste Quadro 43 Jogue aqui o seu preconceito Região Nordeste Dados Gerais Foram depositados na caixa Jogue aqui seu preconceito 373 papéis com relatos e definições sobre preconceito PRECONCEITO Principais Agressores Não identificados nos relatos indivíduos e grupos Principais vítimas O sujeito e o grupo a que pertence Tipos de preconceito Racial Características físicas Orientação sexual Pratica de bullying Local de ocorrência Sala de aula e outros espaços da Escola Motivação para o preconceito Características raciais Características físicas Orientação sexualgênero Hipótese sobre as causas do preconceito cometido Ambiente escolar favorece Comportamento do grupo Conselho Federal de Psicologia 323 Formas de enfrentamento Punição Vigilância seguranças e câmeras Aceitação da diferença A análise do conteúdo das manifestações indica que muitos dos participantes manifestaram suas experiências com o preconcei to como vítimas ou como autores Em várias situações os estudan tes relataram ter sofrido bem como também ter presenciado situa ções relacionadas ao preconceito As caixas puderam ser utilizadas como um canal de denúncias ou com a finalidade de desabafo do próprio sujeito O local de ocorrência de situações de preconceito e violência é a sala de aula e outros espaços da escola Os dados coletados na Região Nordeste indicam que o preconceito costuma se direcionar para os seguintes alvos o próprio sujeito que narrou sua vivência e o grupo ao qual pertence outras pessoas Quanto aos agressores podem ser indivíduos ou grupos na maior parte dos relatos não há identificação de autores Os tipos de preconceito que aparecem com maior ênfase referemse à prática de bullying que aparece como uma forma geral de preconceito servindo para narrar situações diferentes como nos conteúdos abaixo Eu acho que tem muitos casos de bulling tipo chama de gay branquinhos pretinhos etc dentro da própria escola Também emerge de modo significativo o preconceito ra cial e de orientação sexual e relacionado às características físi cas como nesses registros Eu não gosto de preto pois eles são chatos ok Muitas pessoas me chamam de gay Os caras fi cam me chamando de FAUSTO SILVA PEITO Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 324 DE MULHER OBESO APELIDOS FEIOS E quando resolvo devolver a ofensa querem me bater Queria que isso fosse resolvido Obs eles não me chamam direto Preconceito Sofro preconceito por ser magra pobre As motivações do preconceito são diversas a estigma tização em razão de características raciais físicas e sexuais e em alguns casos apareceu uma sobreposição entre motivação racial e características físicas Os relatos a seguir exemplificam as motivações do preconceito O meu preconceito é o W elle é muito afemi nado Os pais delle deve ter vergonha pois elle deveria ser homen de verdade e o q eu acho viado Preconceito todo mundo me xama de gordo Raiva de negros São ameaçadores Eu não gos to de negro Os participantes da pesquisa não são muito explícitos quanto às causas do preconceito nos relatos nenhuma delas se relacionava claramente a um determinante econômico ou de classe social ou do sistema educacional escolar As pistas mais claras sobre as causas recaem sobretudo no ambiente escolar e no comportamento de grupo que por vezes debocha ri e faz piada e por outras agride os que são considerados fora dos pa drões do grupo relatório da UFBA Quanto às propostas de en caminhamentos ou enfrentamento emergem em alguns relatos o Conselho Federal de Psicologia 325 pedido por maior punição e vigilância na escola com a presença de seguranças e de câmeras para coibir a prática de preconceito Em alguns relatos aparecem manifestações na direção da acei tação das diferenças e resgate da condição de igualdade e valo rização do outro A seguir apresentamos o Quadro 44 com os da dos da caixa Jogue aqui o seu preconceito encontrados na Região CentroOeste Quadro 44 Jogue aqui o seu preconceito Região CentroOeste Dados Gerais Foram depositados na caixa Jogue aqui seu preconceito 535 papéis com relatos desenhos e noções sobre preconceito PRECONCEITO Principais Agressores Estudantes Principais vítimas Indivíduos mais frágeis estudantes Tipos de preconceito Racial Características físicas Orientação sexual gênero Local de ocorrência Sala de aula e outros espaços da Escola Motivação para o preconceito Características raciais Características físicas Orientação sexualgênero Os dados da Região CentroOeste refletem que muitos alunos já sofreram ou presenciaram algum ato de preconceito dentro do ambiente escolar ou fora dele Os depoimentos retrata ram o sentimento e percepção dos jovens em relação à violência Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 326 e ao preconceito Também houve manifestações de denúncias e expressão de insatisfação com a escola Em suas falas fica níti do a percepção de violência e preconceito como algo negativo na vida das pessoas tanto por parte de quem já sofreu violência ou preconceito quanto de quem disse ter presenciado relatório da UFMS Muitas vezes a muitos casos de violência alu nos que brigam com outro pessoas novas que chegam à escola que já são motivo de piadas Bullying Violência não são coisas boas de fa zer com os outros dependendo da maneira que você se é baixo alto gordo magro se é pobre rico isso não faz você inferior ou melhor com os outros ninguém deve julgar maltratar ninguém pois não faça coisas que você não gostaria que fosse com você O local de ocorrência de situações de preconceito e vio lência é a sala de aula e outros espaços da escola As frases cole tadas nas urnas refletem significativamente que a vítima também pode ser o agressor Existem alunos que praticam e sofrem vio lências e preconceito na escola Os sujeitos com características de fragilidade podem facilmente ser estigmatizados pelos cole gas tornandose alvo de perseguição no ambiente escola Como podese observar relatório da UFMS nos exemplos verbaliza dos por alguns alunos a seguir Sim Ate eu fiz isso com uma menina deficiente física todos os dias em zoava com ela na ultima Conselho Federal de Psicologia 327 vez eu fui para há policia eu e minha avó quase fomos para a cadeia então eu fui na casa da mãe dela e convercei com a mãe e eu pedi des culpas falei que eu nunca mais faria isto Sim Ofendindo por alunos que davam apelidos a mim e que me ameaçavam de morte e me se guiam na saída mais agora eles não fazem isso so me chamam de boyolha Sim Eu já vivi duas violências na escola por causa de bobeiras e já fui xingado muitas vezes na minha rua de casa e as vezes aqui na escola também sofro bulyn e no quarto ano em 2013 meu professora de educação física ele me xin gou de jegue eu fiquei tam sicbravo que quase mandei tomar no cu mais eu não Os tipos de preconceito que os participantes reconhecem por terem presenciado ou por terem sofrido e que são relatados vinculamse às características físicas que apontam preconceitos em relação à altura peso corporal entre outros adjetivos relacio nados à imagem do indivíduo as questões raciais e de orientação sexual e gênero como nesses registros relatório da UFMT Bo link contra pessoas que é mais cheinhos Michom de gordo ba leia bola de e Esses negros só ficam roubando os brancos nessa merda de escola morte os negros kkk Chama atenção nas questões de preconceito de gênero e que solicitavam providências a manifestação das meninas que reivindicam o direito em participar dos torneios de futebol que na escola está restrito aos meninos relatório UFMT As meni nas não podem jogar bola e isso é um preconceito muito ruim Os meninos podem e acham que meninas lindas não podem Esse é meu preconceito Obrigada por ler Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 328 Destacase o preconceito ao estilo musical na qual as sentenças manifestaram ódio e intolerância para determinado es tilo de música Funkeiros maleducados retardados funkeiros Patricinhas e makoeiros que ficam em frente da escola funkei ros Tenho preconceito contra funkeiros odeio funk relatório da UFMT Quanto à motivação elas estão relacionadas aos tipos de preconceito com motivações raciais de gênero caracterís ticas físicas e classe social Não constam nos relatos indicações de formas de enfrentamento ou de encaminhamentos para as situações de preconceito mas reiteramos que as cartas escritas pelas meninas de uma escola reivindicando o direito a jogar futebol podem ser compreendidas como uma proposta de cons truir diálogo e consensos sobre situações de preconceito e vio lência na escola A seguir apresentamos o Quadro 45 com os dados da caixa Jogue aqui o seu preconceito encontrados na Região Sudeste Quadro 45 Jogue aqui seu preconceito Região Sudeste Dados Gerais Foram depositados na caixa Jogue aqui seu preconceito 371 papéis com relatos e definições sobre preconceito Conselho Federal de Psicologia 329 PRECONCEITO Principais Agressores Não especificado Principais vítimas O negro o deficiente físico o gordo o magro o gay o pobre Tipos de preconceito Características físicas racial Classe social Local de ocorrência Ambiente escolar Motivação para o preconceito Estética racial Sentimentos Formas de enfrentamento Repressão e criminalização Mobilização dos jovens Diálogo A pesquisa na Região Sudeste indica que os estudantes que se expressaram através das urnas utilizaram esse meio para expressar rejeições críticas protestos com relação ao tema do preconceito além de manifestações em alguns casos de forma emotiva e ressentida De acordo com os relatos é possível iden tificar que os alunos percebem o preconceito como um problema social que não está restrito ao ambiente escolar A maior parte das manifestações indica que os estudantes rejeitam criticam e protestam contra o preconceito como podese observar no relato abaixo Eu penso que é um desrespeito com os outros porque somos todos iguais Que é discliminação com os gordinhos os ma grinhos baixinhos altos Preconceito pra mim é quando uma pessoa fica discriminando a outra chamando de negro gay etc Isso pra mim é uma palhaçada porque nois Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 330 tudo somos irmãos Eu penso que tem que sentar o pal em todo mun do que incher o saco nesse capeta toma no cú inferno nois e a disgraça do crime nesse capeta disgraça Outro problema ocorrido em escolas é o pre conceito seja ele com cor estilo ou orientação sexual Cada um tem suas escolhas e vidas cada um é cada um e todos deveriam respeitar e não ficarem debochando um do outro Cada um faz uma graça ri de uma pessoa como se aquilo fosse bonito Acho uma palhaçada Eu não curto isso Isso deveria mudar o máximo Os alvos identificados como vítimas de preconceito indi cam que estes são os negros os deficientes físicos os gordos os magros os gays os pobres ou seja quase sempre os outros As características físicas dos sujeitos são muito comuns para identificar os alvos de manifestação de preconceitos Também as características da sexualidade e a suposta fragilidade de compor tamento ou dificuldade de inserção de um ou outro sujeito nas interações sociais são alvos de preconceitos relatório da UFU Na análise dos relatos que continham experiências preconceituosas presenciadas eou vivenciadas percebemos uma confusão entre preconceito e bullying fenômenos que os alunos consideram sinônimos Situam o preconceito como falta de respeito e de educação e o bullying como algo ruim apelando aos sentimentos religiosos para fazerem criticas ao preconceito e ao bullying O local de ocorrência de situações de preconceito identificado de forma explícita em alguns relatos foi o ambiente Conselho Federal de Psicologia 331 escolar Os tipos de preconceito que se destacam na Região Sudeste são relacionados às características físicas seguido do preconceito racial e também de classe social A motivação para o preconceito que aparece com mais frequência nos registros é de ordem estética principalmente com relação à obesidade Em diversos casos aparecem episódios em que o sujeito é apelidado de melancia baleia bola de futebol gordo Em segundo lugar destacase o preconceito racial com registros de alunos chamados de macaco e pretona Alguns poucos escritos expressam elogio de práticas vio lentas e preconceituosas mesmo em menor número merecem registro pois refletem algum tipo de pensamento sobre o tema em estudo Nesses escritos há o elogio à violência física e sexual como resposta ao problema bem como manifestações de apoio às práticas de discriminação e preconceito De acordo com os pesquisadores esses escritos podem ser interpretados como ex pressões reais de intolerância e agressividade de alguns sujeitos ou também serem entendidos como exibição do caráter trans gressor comum à juventude Assim cabe o entendimento de que os elogios ao crime e às práticas violentas e preconceituosas po dem representar a contestação e o desafio às autoridades postas na escola incluindo os pesquisadores relatório da UFU Há nos registros coletados expressões de resignação com a violência e os preconceitos apontando para uma banalização desses fenômenos no cotidiano Essas manifestações refletem uma interpretação pessimista das pessoas e da sociedade ressal tando o egoísmo o individualismo e a ignorância como causas Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 332 do problema como se observa no registro abaixo É um mundo capitalista não tem como fugir disso E não adianta falar com adultos professoras e etc não ajuda muito como as pessoas pensam As pessoas são assim movidas pela aparência física e estética poucos se diferenciam disso Os registros de rejeição críticas e protestos trazem em seu bojo intenções de propostas para enfrentar o preconceito Nos relatos é possível identificar encaminhamentos e formas de enfrentamento que apontam para práticas autoritárias e criminalizadoras propondo punições severas aos autores de preconceitos Alguns indicam que a estratégia dialogal é a mais adequada para o enfrentamento do problema e que estes devem ser conduzidos pelos próprios estudantes e os profissionais da escola com ênfase à responsabilidade dos gestores da escola Cabe destacar uma manifestação que indica a necessidade da mobilização social para enfrentar os preconceitos principalmente a mobilização da juventude Na escola a vários tipos de preconceitos entre alunos e isso só irá acabar quando se mobilizarem para chamar a atenção dos jovens sobre o quanto isso é perigoso pois acaba com a altoestima das pessoas Conselho Federal de Psicologia 333 11 PROPOSTAS DE ENFRENTAMENTO A proposição de formas de enfrentamento da violên cia e preconceito na escola é um dos objetivos e desafios desta pesquisa O estudo levantou duas fontes de dados a respeito de como a escola pode enfrentar tais temáticas a primeira a partir do levantamento bibliográfico realizado pelas 10 universidades públicas a segunda vivenciada por estas universidades nos di ferentes contextos escolares do Brasil deu voz aos sujeitos da comunidade escolar Tais fontes de dados trouxeram leituras e parâmetros teóricos e de campo imprescindíveis para a necessária proble matização dos aspectos centrais da pesquisa em questão viabi lizando assim algumas proposições que serão apresentadas ao término deste item Dessa forma esta etapa do relatório será composta de apresentação das duas fases da pesquisa levantamento biblio gráfico e pesquisa de campo e de proposições de enfrentamen to suscitadas a partir dos dados coletados e problematizados Levantamento bibliográfico A análise do material pesquisado pelas universidades participantes possibilitou identificar tentativas de enfrentamento mas que não caracterizam propostas combinadas que Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 334 compreendam a realidade nacional De acordo com os dados encontrados diversas propostas são realizadas por distintos setores governamentais porém não se evidencia articulação entre elas Como exemplo destacase o indicado pelos pesquisadores da UFBA que relatam que quase 80 dos estudos não citam estratégias de enfrentamento da violência e do preconceito pautadas em ações sistematizadas A necessidade de implantação de políticas públicas que enfrentem o preconceito e a violência na escola aparece em alguns dos estudos relatados Destacando a necessidade de propostas que orientem a formulação de políticas públicas registrase o artigo de Abramovay Cunha e Calaf 2009 p 435 que em suas considerações finais recomenda que Toda política pública deveria ser embasada em conhecimentos concretos sobre a realidade advindos de instrumentos como pesquisas e diagnósticos Destaca que as políticas públicas construídas a partir de resultados de pesquisas e estudos devem ser acompanhadas e avaliadas a fim de poderem apresentar modelos para uma política mais ampla Os relatórios das universidades participantes da pesquisa que identificam a preocupação com as políticas públicas não apontam ações especificas mas a ênfase na formulação de tais políticas para o enfrentamento da violência e preconceito na escola bem como que estas se pautem por proposições voltadas para a recuperação do valor à vida com propostas não paternalistas para a população economicamente carente associadas à construção de uma cultura de paz que promova o Conselho Federal de Psicologia 335 diálogo e valores de reconhecimento da diversidade humana nas escolas e na comunidade Para que se eleja a escola como principal polo de transformação social para o enfrentamento da violência e dos preconceitos que ali circulam é preciso que sejam produzidas políticas públicas pelos órgãos centrais segundo relatórios da UFPE e da UFRJ Esses órgãos compreendem a escola como um agente potente de transformação social o que faz com que muitas das estratégias de enfrentamento sejam focalizadas na escola Cabe aqui refletir sobre uma contradição apresentada pelos pesquisadores da UFU que destacam que muitos artigos buscam identificar situações potencializadoras da violência principalmente nas famílias mas ao apontar as estratégias de enfrentamento voltamse para a escola na sua maioria qualificadas como ações de prevenção Parece portanto que embora não se reconheça na escola a produção e reprodução da violência instituise nela uma função redentora como lócus de prevenção dos problemas sociais Dentre as inúmeras proposições de enfrentamento da violência e do preconceito que emanam da escola destacamse a capacitação e formação continuada de professores e dos demais atores da escola As propostas indicam que essa melhor forma ção de professores deve ocorrer nas licenciaturas e em progra mas de formação continuada compreendida como a principal forma de enfrentamento e busca de soluções para a violência e os preconceitos As propostas de capacitação apresentamse em duas dimensões uma que indica a necessidade de capacitação Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 336 e preparo dos professores e outros agentes escolares para lidar com as situações de conflito eou a identificaçãoacolhimento dos alunos vítimas de violência A outra surge de propostas de educação permanente de professores para o uso de novas moda lidades e tecnologias de ensino com a superação de preconcei tos e moralismos Aqui cabe destacar o trabalho de RoselliCruz 2011 que propõe como ação de enfrentamento trabalhar o palavrão como estratégia para o ensino da educação sexual diminuição da agressividade e da homofobia A autora refere que o palavrão e seu polissêmico significado é uma ótima atividade a ser contemplada no projeto psicopedagógico das es colas do ensino fundamental e médio Contudo ressalta que os professores de maneira geral ainda não estão preparados para esse trabalho cabendo à escola preocuparse com a questão por meio de treinamentos e muita discussão com os pais dos alunos Os autores indicam como eixo central a formação de pro fessores por meio de encontros e grupos de reflexão em escolas cuja finalidade consistiria em trabalhar a aprendizagem de valo res associados à sexualidade e ao desenvolvimento de práticas pedagógicas que favoreçam o enfrentamento da homofobia e outras formas de discriminação na escola A falta de preparo dos professores também é observada para o processo de inclusão de alunos com deficiência aspecto que é apresentado como a im portante fonte geradora de estresse na profissão docente CAR VALHO MUSIS 2010 Para o enfrentamento de violência e preconceito no recorte das relações raciais questões étnicas e populações Conselho Federal de Psicologia 337 rurais os estudos apontam para a necessidade de os currículos de formação inicial de professores abandonarem propostas pedagógicas baseadas no monolinguismo e se abrirem para uma abordagem multilíngue Propõem também ações na direção de formação inicial e continuada de professores sobre relações raciais Alguns autores sugerem que as universidades juntamen te com as escolas organizem programas de apoio aos professo res tanto no sentido de uma formação continuada na perspec tiva didáticopedagógica quanto no sentido de identificação e controle de aspectos físicos e emocionais que comprometam a aprendizagem Indicam a necessidade de especializações quali ficações e aperfeiçoamentos nos campos de estudos das relações de gênero e sexualidade Para esses autores fazse necessário investir no lugar da escola e da família como fontes privilegia das de mediações possibilitando uma atuação ampla no campo da prevenção da violência A transformação da realidade esco lar conforme Abramovay Cunha e Calaf 2009 deve envolver todos os atores sociais alunos funcionários professores e di retores Os relatórios registram propostas de modificação do currículo e das práticas escolares sugerindo relações mais horizontalizadas na escola que envolvam o diálogo com e entre os alunos PRIULI MORAES 2007 RORIZ 2009 GISI ENS 2011 BONAMIGO et al 2014 De acordo com Rodrigues 2010 a escola ainda que não esteja articulada ou mesmo quando está articulada com outras instâncias sociais Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 338 representa um espaço privilegiado de socialização sendo este fator de grande importância na infância e na adolescência A inclusão democrática e a equidade na participação nos processos da escola são apontadas como centrais no enfrenta mento de situações de violência e preconceito na escola A esse respeito apresentamse propostas de construção partilhada do Projeto Político Pedagógico da escola e construção partilhada de normas que devem reger a escola em todos os níveis de forma a conduzir o estabelecimento de pactos de convivência na escola Enfatizam os relatórios a ampliação da função da escola no sentido de que ao lado da sua função cultural e de difusão de conhecimentos a escola é convidada a reforçar de modo particular a sua dimensão eminentemente formadora de pessoas em pleno exercício de sua cidadania Ampliação da cidadania e o respeito à diversidade são apontados como aspectos que fazem parte do papel da escola Cabe à escola desenvolver conteúdos que tratem dos direitos das crianças e dos adolescentes para incrementar valores que se oponham à violência De acordo com RoselliCruz 2011 entre as inúmeras funções da educação de crianças e adolescentes está a de ensinar o respeito pelas diferenças Educar para a convivência entre as diversidades é obrigação de todas as instituições de ensino Alguns artigos relatam aspectos para a elaboração de programas de enfrentamento a situações de bullying O artigo de Ristum 2010a indica as seguintes ações a levantamento diagnóstico da situação de bullying na escola que deve ser abordado em perspectiva contextual o que exige inclusive o Conselho Federal de Psicologia 339 conhecimento das características da população atendida pela escola b conscientização e sensibilização de toda a comunidade escolar incluindo os pais sobre o problema c formação dos profissionais da escola diretores coordenadores professores e funcionários d formação dos pais pois o conhecimento dos pais sobre os danos e as características do bullying e dos papéis que seu filho pode desempenhar nesta situação ajudaos na identificação e mobilizaos na busca de ações com vistas a soluções e formação dos alunos voltada para a promoção de valores que são incompatíveis com as práticas de violência f instituição de um canal claro e eficiente de fala e de escuta que promova o relato de vítimas sobre suas experiências de bullying g melhoria e diversificação dos espaços físicos h atuação nos locais de recreio e nas atividades extraclasse trabalhando as preferências dos alunos i promoção da melhoria da qualidade do ensino e das avaliações j promoção das atividades que exijam cooperação k atendimento aos alunos envolvidos em bullying l construção partilhada do Projeto Político Pedagógico da escola m construção partilhada de normas que devem reger a escola em todos os níveis de forma a conduzir o estabelecimento de pactos de convivência na escolar n desenvolvimento de conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes para incrementar valores que se oponham à violência A proposta de enfrentamento apresentada por Fante 2005 denominada Programa Educar para a Paz é composta das seguintes etapas Etapa A Conhecimento da realidade escolar Primeiro passo conscientização e compromisso reflexões sobre as diversas formas de violência escolar escolha Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 340 da comissão e do coordenador do programa escolha do tutor Segundo passo investigação da realidade escolar Investigação observações anotações e aplicação de instrumentos divulgação de indicadores e confecção de material explicativo jornada sobre violência e apresentação do diagnóstico escolar Etapa B Modificação da realidade escolar Primeiro passo adoção de estratégias de intervenção e prevenção Estratégias gerais medidas de supervisão e observação os alunos solidários serviço de denúncia encontros semanais para avaliação Estratégias Individuais Redação Minha vida escolar e Minha vida familiar Entrevista pessoal e em grupo com vítimas e agressores Estratégias em sala de aula estatuto contra o bullying desenvolvimento das estratégias projetos solidários investigações semanais Estratégias familiares encontros de pais e tutores orientações sobre convivência familiar grupo de pais solidários Segundo passo novo diagnóstico da realidade escolar Investigação da nova realidade escolar apresentação do diagnóstico à comunidade educativa Revisão e manutenção do programa Todas as etapas são descritas sendo apresentadas técnicas e estratégias para cada um dos passos propostos Embora a proposta seja bastante elaborada não são apresentados elementos que indiquem uma avaliação do êxito do programa Podemos inferir ainda a partir dos elementos apontados na proposta uma abordagem voltada a ações que incidem sobre os sujeitos individuais numa perspectiva de controle deixando em segundo plano os condicionantes de natureza cultural como a cultura da violência o racismo e os preconceitos Essa perspectiva acaba por reforçar a ideia de que Conselho Federal de Psicologia 341 a violência é um componente exclusivo do sujeito individual o que não contempla a perspectiva apresentada neste relatório que considera os fenômenos da violência e preconceitos em sua dimensão social cultural e histórica Os relatórios apontam alguns relatos de experiência pelos quais a identificação de situações de violência possibilitou seu enfrentamento O artigo de Barros 2012 em um dos seus estudos apresenta um programa de intervenção detalhado incluindo seus resultados A intervenção foi proposta em uma escola com alto índice de violência principalmente no horário do recreio e realizada durante seis semanas diariamente A ação principal foi a disponibilização aos alunos de diversos materiais recreativos como cordas grande e pequena elástico arcos chinelão sacos de estopa jogos de argola jogos de xadrez pé de lata perna de pau amarelinha e cinco marias Foram realizadas atividades em 25 recreios com a duração de 15 minutos num total de 6 horas e 25 minutos no período de 25 de maio a 30 de junho de 2009 A escola na qual foi aplicada a intervenção contou com a participação de 200 alunos de ambos os sexos de 3ª e 4ª séries do ensino fundamental A análise pósintervenção teve por objetivo verificar a eficácia do programa Foram relatados resultados positivos moderados mesmo não se tendo verificado diferenças significativas Contudo identificouse que várias crianças responderam que deixaram de ser importunadas por outras dessa forma o programa proporcionou que as crianças participassem do recreio brincando divertindose pois tinham mais possibilidades Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 342 e oportunidades O estudo foi apresentado à Secretaria de Educação do município como uma proposta que demonstrou ter resultados positivos ressaltando que a continuidade do projeto aplicado a todas as escolas da rede municipal da cidade após levantamento das necessidades e potencialidades de cada uma poderia culminar na implementação do programa para melhoria dos recreios O Programa Recreio Dirigido de Barros 2012 e Carolino 2006 preconiza a participação voluntária de alunos com 13 anos ou mais preferencialmente os inscritos no Pro jeto Segundo Tempo que são preparados para atuarem como monitores em um curso de 80 horasaula sendo 20 horas teóri cas e 60 horas de estágio prático com direito ao certificado em caso de bom aproveitamento Esse curso constitui a ferramenta básica para que o AlunoMonitor possa liderar estações espor tivas futebol voleibol espiribol tênis de mesa e recreativas como pular corda danças totó botão elástico jogos de tabulei ro e outras recreações sempre supervisionados pelo professor de Educação Física ou o Supervisor Pedagógico Após a imple mentação do programa nas escolas escolhidas pôdese verificar que a utilização do esporte escolar e dos jogos recreativos de maneira direcionada organizada pedagogicamente e sistemati zada alcançou os objetivos propostos tanto em termos práticos diminuindo o índice de bullying número de ocorrências violen tas como educativos pois promoveu a aprendizagem dos alu nos envolvidos no Projeto Segundo Tempo que atuam como Monitores além da grande e sensível melhora nas atitudes dos alunos da escola de modo geral confirmada pelos resultados es Conselho Federal de Psicologia 343 tatísticos apurados e pelos depoimentos dos dirigentes escolares relatório da UFBA Como proposta para abertura de espaços de práticas educativas que possibilitassem aos alunos a construção de in terações sociais mais positivas e de formação cidadã de forma a minimizar a violência Gonçalves et al 2005 realizaram o que denominaram de momentos pedagógicos significativos Es ses momentos previam atividades em sala de aula que permiti ram reflexões acerca das experiências vivenciadas pelos alunos como apresentações de psicodrama por grupos de adolescentes que tinham como tema a gravidez na adolescência discussão em torno do Dilema de Heinz de Kohlberg e a criação de dilemas por grupos de alunos tendo como temáticas drogas sexo gravi dez e problemas de família que foram discutidos e dramatizados pelos alunos ações de solidariedade dos alunos para com uma colega e para com uma professora Estas ações para as autoras podem auxiliar o professor na tarefa de aliviar as tensões permi tindo o exercício de diferentes papéis quando os alunos se co locam no lugar do outro abrindo espaço para a conscientização das implicações de suas ações e das dos demais proporcionando reflexões sobre questões éticas relatório da UFBA Os relatórios do eixo diversidade sexual e gênero des tacam programas contra a violência que são desenvolvidos em muitos países inclusive no Brasil como os de algumas escolas municipais de Porto Alegre e que desenvolvem a metodologia de mediação de conflitos como uma das propostas de pacificação do espaço escolar uma prática de negociação instaurada no in Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 344 terior da escola em especial nos próprios grupos de alunos por meio por exemplo da ideia de mediação pelos pares de forma a criar responsabilidades e tentar satisfazer as necessidades dos jovens mediante o desenvolvimento de um ambiente solidário humanista e cooperativo De acordo com relatório da UFMT um artigo relatou as possibilidades oferecidas pela Pedagogia Institucional para o enfrentamento do racismo nas escolas Cabe destacar nesse re latório uma proposição para o enfrentamento ao preconceito na escola que se dirige a estudantes do ensino superior Pinto e Ma ciel 2012 propuseram em 2009 a um curso de Engenharia de Controle e Automação programa de ensino para uma disciplina eletiva chamada Humanidades e Ciências Sociais Aplicadas à Engenharia que fazia parte da grade curricular do curso e não era usualmente oferecida Os autores justificam seu interesse nesta disciplina argumentando que o engenheiro que tenha uma formação atenta para as questões e problemas do seu tempo cer tamente participará de forma mais ativa nas escolhas que faz na sociedade O trabalho foi organizado em três etapas Na pri meira os alunos responderam a um questionário com perguntas sobre preconceitos direcionados a mulheres afrodescendentes pobres e homossexuais quanto ao acesso desses grupos à educa ção à ciência e à tecnologia em duas dimensões grupos próxi mos e distantes A segunda parte consistiu em passar dois vídeos de reportagens jornalísticas da TV Bandeirantes e da TV Globo sobre preconceito Os vídeos foram assistidos e debatidos e ao final do período o questionário foi reaplicado e os resultados comparados Um dos resultados foi que na primeira aplicação as Conselho Federal de Psicologia 345 mulheres apareceram como o grupo com mais acesso à ciência tecnologia e educação Na reaplicação ficou mais evidente o pre conceito em relação a elas Para os pobres e afrodescendentes os percentuais das duas aplicações foram equivalentes O grupo de homossexuais foi identificado como vítima de mais preconceito Para os autores ter consciência de seus próprios preconceitos o que aconteceu com alguns alunos durante os debates é ne cessário na busca de uma mudança pessoal e social A proposta dos dois professores parece conduzir à principal linha de pen samento que orientou esse relatório qual seja de que é preciso levar para dentro das salas de aula no cotidiano escolar o debate sobre preconceitos e violência Os relatórios produzidos pelas universidades trazem projetos e programas governamentais que indicam ações e propostas de enfrentamento da violência e do preconceito na escola De acordo com o relatório da UFU a análise preliminar dos textos aponta para uma preocupação do governo em estabelecer parceria com universidades instituições acadêmicas e ONGs para produção de informações e qualificação de sujeitos para o enfrentamento do preconceito principalmente relacionado à questão racial MEC 2007a MEC 2007b MEC 2012 inclusão escolar MEC UNESCO ANPEd 2005 e óbitos por agressões que montam o perfil da morbimortalidade dos jovens MINISTÉRIO DA SAÚDE 2005 Os pesquisadores destacam a publicação no formato de livro que sintetiza os resultados do Projeto Escola que Protege desenvolvido em 2004 que teve como finalidade promover Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 346 ações educativas e preventivas para reverter a violência contra crianças e adolescentes MEC 2007c que editado inicialmente como subsídio para atuar no enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes no Curso Formação de Educadores foi reeditado e distribuído para toda a rede de proteção dos direitos de crianças e adolescentes O projeto federal Saúde e Prevenção na Escola SPE lançado em 2003 é uma ação do Ministério da Educação Minis tério da Saúde UNESCO UNICEF e UNFPA ligada ao Progra ma Saúde na Escola PSE e propõe a promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva de adolescentes e jovens articulando os setores de saúde e de educação BRASIL 2013 Dentre as es tratégias utilizadas do projeto está a inclusão de temas sobre saúde sexual e saúde reprodutiva na educação de jovens e ado lescentes das escolas públicas do Brasil tendo a promoção da saúde por meio de educação preventiva e a formação da comunidade escolar para o desenvolvimento de uma consciência crítica como principais elementos catalisadores das mudanças de comportamento UNESCO 2007 p 1 Outras políticas nacionais apontadas pelos estudos in vestigados foram o Programa Nacional do Livro Didático PNLD Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio PNLEM e o Programa Nacional Biblioteca na Es cola PNBE com vistas a articular conteúdos com o tema da diversidade sexual e trazer a discussão da igualdade de gênero identidade de gênero e orientação sexual nos materiais didáticos do ensino público Conselho Federal de Psicologia 347 No eixo Gênero e diversidade sexual foram citadas pro postas governamentais ligadas ao Programa Brasil Sem Homo fobia ao projeto federal Saúde e Prevenção na Escola SPE e ao Programa Nacional do Livro Didático PNLD O projeto Brasil Sem Homofobia lançado em 2004 é um programa de combate à violência e à discriminação contra a comunidade de Lésbicas Gays Bissexuais e Transvestis LGBTs e de promo ção da cidadania homossexual O programa é bastante abrangen te e define como atores para a sua implantação o setor público o setor privado e a sociedade brasileira como um todo BRASIL 2004 Possui um plano de ações voltado para a articulação da política de promoção dos direitos de homossexuais legislação e justiça cooperação internacional direito à segurança educação saúde trabalho e cultura políticas para a juventude para as mu lheres contra o racismo e a homofobia Em âmbito estadual o eixo Gênero e diversidade sexual destacou um estudo que relata que em Porto Alegre a Secretaria Municipal de Educação SMED realizou programas de Edu cação Sexual Em 1990 a Secretaria promoveu o curso Sexo em Debate na Escola em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Serviço Social O projeto de orientação sexual da SMED de Porto Alegre foi implantado em 25 escolas da rede em 1991 e teve a duração de alguns anos com a proposta de realizar reuniões semanais junto a professores professoras pais alunos e alunas No âmbito estadual foi citada a pesquisa de impacto do Programa Cuidar em relação a informações sobre AIDS em Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 348 torno de um curso ocorrido em 2010 em várias cidades do Es tado do Rio de Janeiro junto a alunos dos ensinos fundamental e médio O projeto teve como objetivo possibilitar a reflexão sobre as formas de violência nas escolas do Brasil tanto as que se originam em diversos espaços sociais e invadem o espaço escolar quanto as que são produzidas na escola Podemos afirmar que os relatórios na sua maioria des tacam a escassez de propostas e ações para o enfrentamento do preconceito e violência na escola Como a maioria dos estudos se concentra no eixo SulSudeste não somente no contexto de produção da pesquisa mas também de sua reflexão acadêmica o estabelecimento de diretrizes de enfrentamento vem restrin gindose às experiências no eixo SulSudeste que ao serem to madas como referência para todo o país podem não ser suficien tes para contemplar a diversidade de um país com dimensões continentais que certamente apresenta diferentes formas de re produzir e resignificar a violência e sua expressão na escola Um pressuposto importante que identificamos ao se pro por o enfrentamento da violência e do preconceito na escola é apontado por Salles e Silva 2008 indicando que se faz ne cessário compreender o indivíduo em sua totalidade entenden do que a sua história de vida embora seja singular não é um processo interior independente da sociedade O social constitui o subjetivo definindo a forma pela qual o indivíduo vai posicio narse frente aos diferentes espaços sociais pelos quais transita Mesmo com toda a dificuldade que possa acarretar o pressu posto que deve fundamentar a elaboração de uma proposta de Conselho Federal de Psicologia 349 intervenção com a finalidade de prevenir a violência na escola é de que esta é multideterminada Não cabe portanto isolar um ou outro aspecto e se restringir a agir sobre eles Nos estudos há poucas menções relativas a projetos go vernamentais a respeito da prevenção ou combate ao preconceito e à violência relacionados a sexosexualidadegênero no contex to escolar De modo geral em todos os eixos poucos estudos se mostraram vinculados a algum tipo de órgão ligado ao governo Entendemos ainda ser necessário dar destaque aos da dos da pesquisa realizada por Rodrigues 2010 que indica a sala de aula como um dos espaços que apresentou maior número de percepções e relatos negativos sobre preconceitos e violên cias Isso nos leva a pensar esse lugar e o papel que desempenha na vida dos sujeitos e em novas formas de produzir educação no contexto escolar e fora dele de forma articulada a partir do princípio de que cabe à educação escolar como Política Social Básica disponibilizar os conhecimentos historicamente produ zidos na perspectiva de formação de identidades cidadãs No entanto essa tarefa não se realiza de forma isolada fechada aos avanços da sociedade e aos seus anseios À guisa de síntese destacamos alguns indicadores que podem ser depreendidos dos documentos analisados e que sugerem aspectos importantes nas propostas de enfrentamento a necessidade de romper com a cultura fomentada no contexto escolar que se funda no temor na recusa de compreensão das perspectivas dos alunos na punição ou no silêncio Os caminhos sugeridos apontam para três elementos fundamentais a palavra Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 350 o diálogo como forma de quebrar o silêncio e conferir novos significados para as relações escolares a cooperação como princípio educativo e definidor das relações no interior das escolas o envolvimento de toda a comunidade escola e seu entorno Autores como Piaget 1994 Araújo 2008 Balthazar Moretti e Balthazar 2006 têm destacado alguns desses elementos como centrais para a construção de outra escola que se paute no respei to e no compromisso com o desenvolvimento de todos os alunos Os estudos também apontam como necessária uma po lítica de formação de professores que considere a escola públi ca como um espaço laico democrático de favorecimento das aprendizagens no qual estão presentes e circulam várias cultu ras O professor deve ser capaz de trabalhar com as diversida des culturais sociais políticas econômicas e religiosas que se expressam em seu cotidiano docente A formação do professor aparece portanto como elemento central Essa perspectiva pode ser entendida a partir de dois recor tes por um lado reconhecer o papel do professor como agente de produção e transformação dos processos educativos tendência que assume a importância do professor e seu ofício por outro lado no entanto podese recair em um já conhecido equívoco o de acreditar que as mudanças na educação dependem unicamente da competên cia e vontade do professor eximindo assim o Estado da responsabi lidade de promover educação adequada e boa para todos Assumimos neste estudo que a promoção da formação continuada do professor e do gestor para superação da violên cia e preconceitos na escola inserese no conjunto mais geral de Conselho Federal de Psicologia 351 políticas de promoção da educação de qualidade para todos que inclui as condições de trabalho docente a organização curricular e didática a relação escolafamíliacomunidades Pesquisa de campo No espaço escolar na relação ensinoaprendizagem mui tos fatos vão ocorrendo e constituindo a subjetividade daqueles que participam da rotina da escola pais alunos professores funcionários sendo que a violência e os preconceitos quando presentes na escola interferem na consecução do seu objetivo que é desenvolver a potencialidade de todos os indivíduos por meio da apropriação dos conteúdos curriculares Embora esses fenômenos interfiram no aprender e no ensinar não devem ser analisados somente como decorrentes da dinâmica estabelecida no espaço intraescolar Portanto entendemos que a produção social da violência e dos preconceitos nas instituições educativas só poderá ser enfrentada por meio de um trabalho coletivo para além dos muros escolares envolvendo políticas públicas intersetoriais investimentos na educação projetos que auxiliem a prática pedagógica melhores condições objetivas de trabalho que entre outros pontos são elementos necessários para a superação da problemática analisada nesta pesquisa Nesta perspectiva as proposições que serão apresentadas pelo grupo de pesquisadores passam necessariamente pelo Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 352 aprofundamento da análise das vozes daqueles que protagonizam e constituem o contexto escolar no qual irrompem situações de preconceito e de violência que reiteramos não são inerentes aos indivíduos mas sim produzidas em contextos sociais e educacionais que precisariam ser revistos e modificados FEITOSA 2012 A partir do que foi exposto os elementos para enfrentamento da violência e preconceitos que emergiram da pesquisa de campo serão apresentados em dois blocos um primeiro contendo a sistematização das informações colhidas junto aos grupos pesquisados e um segundo procedendo necessária análise e tematização das questõestemas emergentes Apresentação e organização dos dados colhidos Quadro demonstrativo por grupos de pesquisadores a partir dos dados colhidos da comunidade escolar No quadro 46 a seguir estão descritas as propostas de enfrentamento levantadas pelas 10 equipes de pesquisadores junto a alunos professores técnicos equipe gestora e pais das respectivas escolasEstados sob sua responsabilidade Quadro 46 Sugestões de enfrentamento apresentadas pelas diversas vozes da comunidade escolar alunos professores técnicos equipe gestora e pais Conselho Federal de Psicologia 353 UFMT MT DF CE PI Promover parceria entre escolafamíliacomunida de Promover relatos de experiências dos mem bros da comunidade so bre violência preconcei to sexualidade e drogas Articular gestores e equipe pedagógica para a orientação de pais em relação ao compor tamento e desempenho escolar dos filhos por meio de projetos de extensão que relacionem atividades comunitárias for mação e educação UFMS MS GO Proporcionar interação famíliaescola Enfatizar a importância de a direção estar atenta aos problemas que acontecem na escola auxiliando as famílias nas diferentes situações UFSCUFR GS PR Aproximar família e esco la contato direto e espaço dialógico Orientar como pais podem educar os filhos Criar Pro grama Nacional de enfren tamento e de orientação aos pais a respeito de problemas contemporâneos UFSC SC Desenvolver ações vol tadas ao diálogo e parti cipação envolvendo toda escola e família Constituir equipe pedagógica maior e fixa UFPE PE AL RN Promover o diálogo como forma de enfrentamento envolvendo toda escola e família Envolver comunidade escolar para debater temas de interes se da família UFU MG SP Promover debates entre todos os sujeitos internos e externos à escola sobre assuntos importantes de interesse mútuo Promover maior abertura dos gestores para dialogar com os alunos e seus familiares sobre os conflitos internos e externos que afetam a vida escolar despertar o interesse dos pais ausentes e aumentar a participação de todos os responsáveis na vida escolar Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 354 UFBA BA PB Promover diálogo com a família enfatizando o aspecto preventivo ao fazerem da escola um ambiente familiar UFPA PA AP TO Desenvolver palestras na escola mobilizar a famí lia trabalho mais efetivo em conjunto e que envol va alunos professores e responsáveis Estabelecer diálogo entre a escola e família promovendo debates e orientação dos pro fessores UFRGS RS Criar espaço para a dis cussão e envolvimento de todos os atores da escola e a família para o desen volvimento da comunica ção dialógica entre pais professores funcionários e os alunos Operacionalizar a interven ção da escola na mediação e ou resolução dos conflitos promover palestras que incluam a família Maior organização e estruturação da escola por parte da direção UFAM AM AC RR RO Envolver os pais e a comunidade em uma discussão que favoreça uma reflexão sobre este fenômeno nos relaciona mentos familiares Elaborar projetos permanen tes sobre violência e precon ceito e orientação dos pais UFRJ RJ ES Promover diálogo sobre a relação família escola afirmando a importância da família no processo de escolarização Elaborar projeto educacional para lidar com violência e preconceito Criar espaço onde os pais possam desaba far suas dificuldades UFMT MT DF CE PI Melhorar as relações interpessoais de todos os envolvidos pedir ami zade Melhorar a estrutura física a merenda e diminuir lotação das salas UFMS MS GO Fortalecer as relações pessoais e didáticopeda gógicas Melhorar a estrutura da esco la para oferecer condições de trabalho UFSCUFR GS PR Potencializar a relação professoraluno e dar mais voz a estes Diminuir depredação do am biente escolar Conselho Federal de Psicologia 355 UFSC SC Direcionar ações voltadas ao autocontrole para lidar com a situação centradas em sujeitos particulares governamentabilidade de si UFPE PE AL RN Melhorar as relações interpessoais de todos os envolvidos Proporcionar reforma da estrutura física da escola desde quadras de esportes até banheiros UFU MG SP Melhorar as relações interpessoais de todos os envolvidos acabar com bullying Consertar os equipamentos quebrados do laboratório adquirir mais equipamentos multimídia Melhorar a es trutura física da escola e a merenda UFBA BA PB Promover a escuta e res peito ao outro bem como amizade Merenda UFPA PA AP TO Evidenciar a importância dos professores e gestores dialogarem com os pais sobre o preconceito que os filhos demonstram Estabelecer relações de amizade Proporcionar manutenção da estrutura física UFRGS RS Democratizar e discutir a produção sistemática de informações sobre a violência contemporânea Essas iniciativas partem da comunidade escolar das políticas públicas e organizações internacio nais Adquirir mais equipamentos tablets melhorar a infraes trutura para as atividades e melhorar a alimentação fru tas merenda UFAM AM AC RR RO Construir um espaço par ticipativo democrático e político na escola Melhorar a merenda a biblio teca e toda estrutura física da escola Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 356 UFRJ RJ ES Aparelhamento estatal que permita às instituições es colares de todos os níveis municipal estadual federal atuar nessa problemática UFMT MT DF CE PI Implementar medidas de segurança na escola presença da polícia Mi litarização da escola e do comportamento do aluno Proporcionar formação do cente de forma continuada Viabilizar projetos com temas baseados em valores morais tais como amor amizade cidadania fraternidade so lidariedade etc objetivando distanciar o aluno do mundo violento UFMS MS GO Garantir a segurança in terna e externa na escola Oportunizar o processo de formação que implica na qua lificação dos profissionais UFSCUFR GS PR Estabelecer regras rígidas punição Preparar e capacitar os pro fissionais da educação para tratar destes assuntos e da necessidade de uma equipe de apoio para auxiliálos UFSC SC Implementar ações puniti vasrepressivas e discipli nadoras fiscalização no recreio policiamento na escola Proporcionar formação por meio de conversas e pales tras UFPE PE AL RN Disponibilizar policia mento na escola mais regras Proporcionar formação docente para o ensino de pessoas com deficiência e oferecer suporte pedagógico para esses alunos UFU MG SP Disponibilizar policia mento na escola e mais regras Oferecer formação docente de forma continuada aper feiçoamento dos professores metodologia de ensino e disciplinas com abordagem das temáticas UFBA BA PB Disponibilizar ronda Es colar Oportunizar formação docen te continuada Conselho Federal de Psicologia 357 UFPA PA AP TO Estabelecer punição às pessoas que praticam preconceito colocar ins petores nos corredores para fiscalizar lei deveria ser mais rígida Oportunizar formação dos professores UFRGS RS Disponibilizar policia mento na escola e no seu entorno para dar mais segurança aos alunos Oportunizar formação dos profissionais envolvidos UFAM AM AC RR RO Estabelecer vigilância do comportamento de todos do estabelecimento de sanções mais rígidas Gestão mais eficaz na disciplina dos alunos UFRJ RJ ES Criar Violentos Anôni mos ou uma ONG para diminuir a violência Preparar professores e edu cadores para produzir uma sociedade menos violenta menos preconceituosa Pro mover debates junto aos programas de formação de professores e formação con tinuada UFMT MT DF CE PI Garantir a presença do psicólogo na escola Implantar um núcleo de assistência com um psicó logo psicopedagogo e um assistente social pois só o professor não dá conta Compreender as diversida des de gênero de orientação sexual de raça e de condição socioeconômica UFMS MS GO Garantir a presença do psicólogo para orientação Viabilizar projetos de cons cientização sobre as questões que envolvem estas temáti cas como forma de modificar o futuro dos alunos Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 358 UFSCUFR GS PR Garantir a presença do psicólogo não restringido a ações pontuais e emer genciais Criar grupos de discussão sobre a questão de gênero UFSC SC Conscientizar da importância de os alunos respeitarem aceitarem e aprenderem a conviver com as diferenças UFPE PE AL RN Debater a cultura homofóbica na escola Punir os preconcei tuosos que xingarem UFU MG SP Disponibilizar uma equi pe multiprofissional na escola para trabalhar com a violência Promover debates acerca da diversidade e da cultura pro movendo um espaço híbrido de discussão UFBA BA PB UFPA PA AP TO Disponibilizar profissio nais para dialogar com os alunos que causam mais problemas Aceitar as pessoas do jeito como elas são cada pessoa tem o seu jeito de ser UFRGS RS Disponibilizar um espa ço de escuta junto aos profissionais de outras áreas que trabalham numa perspectiva além da peda gógica Instaurar ações planejadas próinclusão que incentivem o respeito à diversidade UFAM AM AC RR RO Disponibilizar uma equi pe multiprofissional na escola para trabalhar com a violência Desenvolver nos gestores a aceitação da maneira de ser dos homossexuais para construir espaço escolar mais pacífico com a identificação dos LGBT como parte inte grante do corpo escolar para promover a inclusão e igual dade na escola Conselho Federal de Psicologia 359 UFRJ RJ ES Garantir a presença de um psicólogo Intensificar os estudos para implantação da Educação Inclusiva que hoje por meio da aplicação de políticas afir mativas amplia a diversidade de alunos que têm acesso à escola para além dos alunos com deficiência UFMT MT DF CE PI Investir na carreira do cente Proporcionar atividades de artes e esportes projetos re lacionados à atividade física UFMS MS GO Melhorar as condições de trabalho salário plano de carreira reconhecimento pela sociedade Investir em esporte lazer e expressões artísticas projetos sociais UFSCUFR GS PR UFSC SC Implementar estruturas e ati vidades de lazer e convívio UFPE PE AL RN Aumentar o número de professores para propor cionar melhores condi ções de trabalho Criar espaço para o lazer in cluindo atividades esportivas UFU MG SP Diminuir a burocracia a que estão submetidos os docentes Criar espaços para atividades educativas extra classe extra escola e recreio orientado Criar grupos de discussões sobre a influência da mídia com relação à música funk por exemplo UFBA BA PB Proporcionar atividades extraclasse jogos música dança futebol Projetos pa lestras e debates UFPA PA AP TO Revisar e adequar a dis tribuição dos encargos didáticos do professor Desenvolver e implantar pro jetos educativos e lazer para a comunidade Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 360 UFRGS RS Valorizar o professor Proporcionar atividades alter nativas como karatê ballet e futebol UFAM AM AC RR RO Desenvolver lideranças como forma de protagonismo por meio de grêmio estudantil ou de projetos escolares visando educar conscientizar e tra balhar toda a estrutura orga nizacional da escola para em um trabalho contínuo UFRJ RJ ES Regularizar e qualificar os profissionais nas escolas onde atuam de modo a assegurar a continuidade do trabalho docente Proporcionar atividades durante o recreio futebol xadrez etc Organização dos dados obtidos organizadosagrupa dos por eixos de significação A análise do material coletado a partir da pesquisa de campo pelas universidades participantes descritas no Quadro 46 possibilitou o agrupamento por eixos de significação considerando que a fala dos atores no contexto escolar nos diversos Estados brasileiros apresentou pontos de convergência Houve certa homogeneidade dos discursos principalmente no que se refere à melhoria das condições da escola e na proposição para que esta venha a ter efetivamente seu papel de espaço democrático para o diálogo Conselho Federal de Psicologia 361 Parceria entre escolafamíliacomunidade Objetivo criar vínculos com a escola como corpo efetivo da comunidade e como espaço de convivência para prevenir e minimizar a violência na escola abrindo possibilidade de diálogo como forma de evitar a depredação do patrimônio e sensibilizar a comunidade da importância do ambiente escolar Ações Escola aberta nos finais de semana atividades de cultura esporte e lazer uso da quadra de esportes da biblioteca gincanas campanhas das mais variadas temáticas envolvendo saúde e educação cursos de informática trabalhos manuais dança arte oficinas profissionalizantes cooperação dos pais na manutenção da escola etc Promover debates em que os próprios membros da comunidade façam relatos de suas experiências para conscientização sobre violência preconceito sexualidade e drogas Parceria com a família orientação pedagógicaedu cação sexualálcool e outras drogas Objetivo envolver de forma efetiva a família na educação dos filhos Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 362 Ações Reuniões entre escola e pais contemplando horários diferenciados para garantir a presença dos responsáveis Orientações pedagógicas sobre como acompanhar e auxiliar o desenvolvimento escolar do filho Orientações socioeducativas na formação do aluno Participação dos pais na elaboração dos projetos realizados pela escola Infraestrutura da escola Objetivos proporcionar um ambiente em condições estruturais adequadas para o trabalho pedagógico favorecendo a qualidade do ensino evitar a depredação e pichamentos Ações Cursos permanentes para toda equipe escolar sobre qualidade e segurança nos ambientes de trabalho Trabalhar em conjunto escola e comunidade a manutenção e a preservação dos espaços públicos no que se refere à estrutura física equipamentos e mobiliário Conselho Federal de Psicologia 363 Prover material e estrutura física adequada à aprendizagem quadra de esportes laboratórios biblioteca atualizada refeitório conforto térmico número apropriado de alunos por sala recursos humanos suficientes e capacitados para as diferentes necessidades da escola merenda escolar adequada e nutritiva Presença e participação da polícia Objetivo garantir a segurança tanto no espaço interno quanto no entorno escolar Ações Ronda policial integrada no cotidiano da comunidade Ronda policial nos três turnos Oficinas periódicas sobre o papel da polícia na atualidade Orientação à escola e comunidade sobre medidas de segurança para prevenção da violência tráfico gangues roubos depredação violência sexual Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 364 Formação docente MECsecretarias estaduais e mu nicipais de educaçãoescolas Objetivo Conscientizar o professor do seu importante papel de educador e de formador de opiniões no fazer pedagógico Ações Treinamento em mediação como estratégia para intervir administrar e eliminar conflitos Qualificação profissional na área especifica de sua formação com aperfeiçoamento didáticopedagógico Rodas de conversas discutindo temáticas como a diversidade e a inclusão cultural política econômica religiosa sexual étnica racial social e deficiência para atuar com o preconceito e a violência na escola Qualificação para auxiliar os pais em relação às questões psicosocioeducativas Oficinas para discutir com os alunos a respeito da exposição destes à violência e ao preconceito buscando juntos formas de prevenção e de enfrentamento Oficinas para trabalhar de forma continuada o autocontrole a autoestima os sentimentos como impotência medo angústia revolta e as situações cotidianas de sala de aula Capacitação e preparo de toda equipe escolar para lidar com as situações de conflito eou a identificaçãoacolhimento Conselho Federal de Psicologia 365 dos alunos vítimas de violência e preconceito Criação de uma rede de informações sobre a violência nas esferas municipal estadual e federal Carreira docente Objetivo investir na carreira docente como forma de valorização profissional Ações Melhoria das condições de trabalho salário plano de carreira reconhecimento pela sociedade Regularização dos profissionais nas escolas onde atuam por meio de concursos públicos DiálogoRegras Objetivos implementar na escola gestão dirigida por regras coletivamente consentidas compete à escola ações que envolvam um diálogo permanente atuação pedagógica com respeito mútuo e ética Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 366 Ações Oficina para discutir a construção partilhada do Projeto Político Pedagógico da escola Debates permanentes em todos os níveis para elaboração das normas que devem reger a escola de forma a estabelecer pactos de convivência Oficinas para discutir temáticas sugeridas pelos alunos Espaço para manifestações por meio de grafitagem poemas pinturas etc a escola formaliza a maneira como operacionalizar esta forma de expressão Militarização do comportamento do aluno Objetivos Aplicar na escola os princípios das escolas militares baseada na disciplina na ordem na submissão do alu no na autoridade do professor na vigilância e na punição Ações Aparelhar as escolas com instrumentos da vigilância e controle impondo um sistema de punição mais eficaz De acor do com os professores o normal seria que as escolas tivessem alunos com bom comportamento e excepcionalmente alunos com desvios de conduta mas hoje verificase o oposto Os professores afirmam que a descompostura no com portamento dos alunos é um dos determinantes para o agrava Conselho Federal de Psicologia 367 mento dos problemas verificados na escola como por exemplo a violência Equipe multiprofissional Objetivo proporcionar orientação psicológica psicopedagógica e social psicólogo psicopedagogo e assistente social a todos os envolvidos na dinâmica escolar Ações Criação de núcleo de apoio às escolas para orientar a equipe escolar pais e alunos na mediação da violência e do preconceito Criação de redes de contato para estabelecimento de melhoria das relações interpessoais e desenvolvimento do clima social Atividades esportivas recreativas e artísticas Objetivos desenvolver disciplina trabalho em equipe valores e regras para construção de interações sociais mais positivas de formação cidadã e ética Ações Implementação de programas esportivos recreativos e Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 368 artísticos futebol judô atletismo dança e outros Desenvolver atividades que envolvam jogos de tabuleiro e outros A partir das estratégias apontadas pelos sujeitos da pes quisa para o enfrentamento da violência é possível inferir a idealização do bom aluno e da família participativa e estru turada nessa perspectiva as ações de enfrentamento estariam baseadas na necessidade de correção punição e controle destes sujeitos Militarizar as escolas por exemplo foi apontado como uma possível solução à violência Tais afirmativas igno ram os efeitos da implantação de um sistema rígido de normas e regras no contexto escolar o que os professores estão sugerin do direta e indiretamente é que a escola responda à violência do aluno e da comunidade com mais violência Mas tratase de um tipo de violência diferente daquela que o aluno pratica pois esta é autorizada e justificada baseada em normascon sequências e no autoritarismo tudo em prol do estabelecimento da ordem O professor imagina que a garantia do seu lugar se dá pela manutenção da ordem mas a diversi dade dos elementos que compõem a sala de aula impede a tranquilidade da permanência nesse lugar Ao mesmo tempo que a ordem é necessá ria o professor desempenha um papel violento e ambíguo pois se de um lado ele tem a fun ção de estabelecer os limites da realidade das obrigações e das normas de outro ele desen cadeia novos dispositivos para que o aluno ao Conselho Federal de Psicologia 369 se diferenciar dele tenha autonomia sobre o seu próprio aprendizado e sobre sua própria vida GUIMARÃES 1996 p79 Archangelo e Villela 2009 p 124 chamam a atenção para a necessidade de se repensar o estabelecimento de normas contra a indisciplina tal atitude iniciada desde o primeiro dia de aula do aluno na escola expressa exatamente certa obses são por controle A importância desse controle obstinado de con duta parece indicar implicitamente que o aluno é uma ameaça que deve ser de imediato e eficiente mente contida No limite o aluno é visto como um inimigo a ser combatido e controlado Ao mesmo tempo e na mesma proporção a obstinação pelo controle revela uma suspeita da escola em relação à sua própria capacidade de controlar e combater as investidas desse inimigo Nesse combate as relações se burocratizam a escola tende a perder o entusiasmo pelas e a criança pela escola AR CHANGELO VILLELA 2009 p 124 Ao invés de destinar tanto tempo e esforços no estabele cimento de um regimento de normas e condutas a escola deveria mostrarse especialmente preocupada com o bemestar do aluno mostrar o quão importante ele é o que de bom tem a oferecer ao aluno sob a forma de atividades conteúdos e vivências Mostrar o quão gratificantes podem ser as relações construídas no inte rior da escola quão empenhada a escola está em contemplar as Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 370 necessidades gostos e interesses dos alunos ARCHANGELO VILLELA 2009 Para se obter êxito nas propostas de enfrentamento à vio lência fazse urgente repensar a própria constituição e estrutura da escola como instituição pública e de direito Conforme expli ca Guimarães 1996 p 78 A escola como qualquer outra ins tituição está planificada para que as pessoas sejam todas iguais Há quem afirme quanto mais igual mais fácil de dirigir A busca constante pela homogeneização dos espaços escolares é efetuada por meio de mecanismos disciplinares ou seja desde as atividades com tempo e espaços previamente es tipulados pelo professor até a constituição do seu espaço físico compartimentado gradeado e vigiado O poder de dominação que a escola exerce sobre os corpos e mentes daqueles que a integram é também atravessado por forças de resistência que por muitas vezes não se submetem às normas sobre como ser e agir É neste contexto de conflitos de relações antagônicas com forças assimétricas que deve ser analisada e enfrentada a questão da violência escolar Além disso frequentemente aparece nos relatos a ques tão da participação da família na vida escolar do aluno sendo esta segundo os professores determinante para o sucesso do mesmo Mas o que exatamente significa participar Quais são as expectativas da escola em relação às famílias Collares e Moysés 1996 p 82 auxiliam na compreen são destas questões Conselho Federal de Psicologia 371 o apresentarse à escola não é apenas um ato no início do ano letivo que uma vez realizado cumpriuse a exigência Não é necessário aten der prontamente aos chamados da Instituição comparecendo às reuniões ou convocações in dividuais Participar como consta nos planos diretores de praticamente todas escolas Uma participação interessante pois como participar se não se pode questionar Para as instituições públicas no Brasil inclusive a educacional a participação da população é concedida não um direito uma conquista Nesse ideário partici par é fazer o que a escola pede Mesmo que a escola só solicite a presença dos pais para mu tirões que encobrem a ineficiência o descaso do poder público ao transferir responsabili dades ou para reclamar de seus filhos Mes mo que exija sua presença no horário em que trabalham desconsiderando que atender à so licitação pode representar uma quebra em um orçamento já minguado Diante destas formas de participação como pensar em uma relação de parceria entre escola e família Compreender esta parceria para além dos preconceitos e das expectativas idealizadoras quanto à atuação da família como por exemplo esperar que a família realize a tarefa de ensinar os conteúdos escolares em uma ação complementar ou em favor à ação da escola Pode ser este um primeiro passo no estabelecimento de novas estratégias de aproximação Tratase de conceber a família do aluno a partir de suas condições reais e acima de tudo repensar qual a tarefa da escola na sociedade atual Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 372 A escola parece ter se esquecido que este pai já passou por seus bancos e também não con seguiu descobrir a chave que lhe daria acesso à aprendizagem pois tudo se passa como se a criança tivesse o dever de descobrir em si mes ma ou no exterior a chave O professor assiste passivamente sem ação essa busca Somente se ela tiver sucesso na empreitada isto é descobrir como se aprende aí ele pode ser seu professor efetivo Mas este adulto foi na maioria uma criança que fracassou não encontrou a chave Foi expulso da escola evadiuse E agora é des te pai que a mesma escola vem exigir que ensine seu filho que o ajude nas lições COLLARES MOYSES 1996 p 194 Segundo Archangelo e Villela 2009 p 232 a comuni dade precisa reconhecerse de alguma forma na escola Com a dificuldade oriunda da privação de sentimento de pertença a identificação tende a ceder lugar ao estranhamento Ainda que crianças e jovens frequentem a escola eles e suas famílias ali estão como estrangeiros Além da questão da participação evidenciouse nos re latos dos professores a relação direta existente no fato de que famílias desestruturadas geram crianças desajustadas ou agressivas O campo da normalidadeanormalidade é estabeleci do segundo os critérios individuais e convenientes a diferentes situações O que se verifica na escola é ao invés de diagnósti cos sobre as condições de avanço do aluno etapa final de um processo de investigação avaliação pedagógica sistemática e raciocínio uma confecção de rótulos Assim a partir da lógica da anormalidade o comportamento das famílias provoca linear Conselho Federal de Psicologia 373 mente a não aprendizagem e os desvios de caráter inclusive a violência Em relação às questões estruturais da escola espaço fí sico espaços destinados ao lazer e recursos pedagógicos a fala dos alunos demonstra a frustração diante de uma escola que não corresponde às suas necessidades e desejos na medida em que não oferece alternativas e oportunidades satisfatórias para o de senvolvimento das atividades que em geral mais lhe agradam os esportes as brincadeiras ao ar livre e o acesso à tecnologia Desta forma o sentimento de reconhecimento acolhimento e pertencimento em relação à escola ficam prejudicados agra vando ainda mais os conflitos existentes nas relações intraesco lares Os professores por sua vez sentemse desprovidos de valor e de reconhecimento social Sobre os problemas educacio nais não atribuem responsabilidade significativa aos aspectos intraescolares principalmente quando se trata de associar sua prática docente à violência e aos preconceitos mas a tendência verificada é a de transferir tal culpa para o aluno para a famí lia para o sistema ou para a sociedade Assim a ampliação da presença de uma equipe multiprofissional na escola se justifica pois confere legitimidade à tese de que muitos dos problemas escolares são causados por outros fatores que não os de ordem pedagógica A partir das sugestões apresentadas nas pesquisas bibliográficas e de campo percebemos que muito do que nos foi reportado é recorrente reafirmando a necessidade Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 374 de termos políticas públicas que ordenem o tratamento da questão transcendendo as sugestões pontuais Em contraponto a universalização simplista também foi detectada e com ela o risco da banalização do tema Necessário se faz ter um programa que atenda as escolas com suas realidades que vá do imanente ao transcendente Um programa ou programas articulados com posicionamento crítico frente às ações dos eixos indicados anteriormente e que leve em consideração o cotidiano da escola e sua comunidade mas que seja utilizado após um levantamento das necessidades da comunidade escolar e recursivamente seja avaliado frente à efetividade de suas ações explicitando seus horizontes temporais e metas Ressaltamos que a formação continuada do professor e do gestor a melhoria nas condições de trabalho docente a organização curricular e didática as relações escolasfamílias comunidades assim como todas as sugestões de enfrentamento inseremse no conjunto mais geral de políticas de promoção da educação de qualidade para todosas e não especificamente em relação à violência e ao preconceito Assim propor programas de enfrentamento da violência e do preconceito na escola apresentase como urgente E para essa implementação é importante consolidar um conjunto de ações de apoio a tal programa o que demanda desde recursos financeiros até ações em que a escola reflita suas práticas e relações com os sujeitos que nela circulam Conselho Federal de Psicologia 375 Propostas de enfrentamento da equipe de pesquisa dores a partir dos dados colhidos e problematizados Ao término do processo de levantamento e análise da pesquisa em questão envolvendo tanto estado da arte em relação aos temas violência e preconceitos quanto à realidade vivida pelas escolas expressas nas falas de seus atores sociais entendemos que algumas proposições podem ser elencadas com o objetivo de contribuir para elaboração de programas e políticas com vistas a minimizar esse problema cotidiano que aflige a todos Para tanto consideramos que as relações escolares não im plicam um espelhamento imediato daquelas estabelecidas fora dela dito em outras palavras não é possível sustentar o argumento de que a escola tão somente reproduz vetores de força exógenos a ela É certo pois que algo de novo se produz nos interstícios do cotidiano escolar por meio da reapropriação de tais vetores de força por parte de seus atores constitutivos e seus procedimentos instituídosinstituintes AQUINO apud RISTUM 2004 p 66 É a partir deste potencial de criação que a escola pode construir for mas de enfrentamento da violência e dos preconceitos Como forma de aproximação entre escolacomunidade a escola precisa empe nharse em potencializar os sentimentos de pertença e acolhimento nas famílias e nos alunos sem julgamentos prévios ou preconcei tos escutar o aluno conhecer seus interesses suas habilidades e dificuldades pode ser um primeiro passo rumo à melhoria das con dições verificadas hoje na escola Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 376 Além disso é importante salientar que as proposições que se seguem só poderão tornarse mais efetivas em relação a seu objetivo quando consideradas em seu conjunto Portanto ações pontuais prejudicariam o alcance do objetivo pretendido Resgatando a ideia fundante desta pesquisa de que a violência e os preconceitos são fenômenos multideterminados e de que ações exclusivamente intraescolares além de infrutíferas apenas contribuem para o aumento injusto da responsabilização da escola e seus atores alunos gestores professores coordenadores agentes escolares etc por questões que envolvem outros setores e segmentos a proposta apresenta diversas dimensões complementares e que se alimentam mutuamente Em âmbito nacional Disponibilização do banco de dados gerados pela pesquisa para a comunidade subsidiando futuros trabalhos e pesquisas sobre as temáticas pesquisadas Além da disponibilização das informações sistematizadas pelos grupos de pesquisadores tornase necessário sua atualização constante por meio de uma equipe de profissionais que façam buscas sistemáticas e frequentes e que organizem de forma que possa ser disponibilizado para o público em geral da forma mais amigável e acessível possível via tecnologia de informação Desenvolvimento de material de referência para a comunidade escolar que subsidie ações frente a situações Conselho Federal de Psicologia 377 de violência e preconceitos na escola voltado tanto para professores alunos como para famílias e comunidades nos diferentes níveis de ensino As produções desse material será a síntese das proposições e levantamentos realizados pelos grupos de pesquisa regionais Criação de programas de capacitação das equipes escolares com base nos materiais de orientação desenvolvidos por equipes especialmente formadas para esse fim a partir de um cronograma que permita o atendimento em regiões consideradas prioritárias Trazer a temática da violência e do preconceito para os projetos de formação inicial e continuada das licenciaturas que atendem especialmente o ensino médio A atomização das disciplinas a precarização do trabalho docente e as condições estruturais de trabalho são fatores que podem comprometer a visão fragmentada do aluno e seu processo de formação dificultando o entendimento somente um trabalho coletivo e coerente de toda a escola pode reverter situações de violência e preconceitos Melhoria das condições estruturais da escola e das equipes de trabalho é inegável a importância que esses aspectos trazem para o conjunto dos sujeitos que constituem o espaço escolar Dizem respeito ao combate à má qualidade de vida tanto dos professores como dos alunos má qualidade que contribui de forma inequívoca para a desvalorização de toda essa população quer pela comunidade em geral quer da escola para consigo mesma como a desvalorização mútua dos subgrupos que Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 378 a compõe É preciso que a violência que a escola leiase população que está na escola é vítima também nesse aspecto seja minimizada para que uma relação respeitosa e digna possa prosperar Docentes com vínculos de trabalho temporário ou com vários vínculos profissionais além de prejudicar sua atuação stricto sensu propicia uma relação ambígua e fragilizada com a escola Alunos em escolas que não fornecem a condição material para o desenvolvimento pleno das atividades oferecidas entendemse violentados e vítimas de preconceito Elaborar políticas educacionais que valorizem a apropriação do conhecimento por parte de professores pais e alunos Políticas que possam auxiliar um elevado número de alunos na escola que não estão conseguindo se apropriar dos conhecimentos científicos que mal sabem ler escrever e contar O investimento na potencialidade das crianças e jovens despertando neles o interesse pelo estudo certamente contribuirá para que o preconceito e a violência na escola sejam menos expressivos Muitos alunos estão em sofrimento por não estarem conseguindo aprender e precisam ser auxiliados em suas dificuldades Para tanto condições objetivas como maior disponibilidade de recursos materiais menor número de alunos em sala de aula formação teóricoprática do professor entre outros aspectos podem contribuir para o êxito no processo ensinoaprendizagem Conselho Federal de Psicologia 379 Em âmbito regional e local Criação de grupos permanentes de pesquisa multidisciplinares com participação ativa das escolas a fim de fomentar e desenvolver conhecimentos relativos aos temas da violência e preconceito que envolvam a comunidade acadêmica e os coletivos escolares em suas discussões Tais grupos se localizariam nas diferentes regiões do país e trabalhariam de maneira integrada e sinérgica respondendo a uma coordenação nacional de trabalhos Entendemos que as Universidades Públicas Federais e Estaduais poderiam encampar tal proposta montando suas equipes de pesquisadores que se dedicariam à questão de forma exclusiva e que pertençam tanto ao grupo docente quanto discente dessas instituições possibilitando assim o envolvimento dos acadêmicos desde sua trajetória inicial no ensino superior Os profissionais psicólogos e assistentes sociais são parceiros importantes no processo de criação de espaços de reflexão diálogo apoio a projetos e orientação em relação a questões escolares relacionadas a atos violentos e preconceituosos da escola contra a escola e pela escola A proposta que se delineia prevê a atuação de grupos multiprofissionais articulados com as redes de ensino locais e com os demais equipamentos de proteção social como os de saúde e o de assistência social trabalhando em consonância com as diretrizes propostas pelos grupos de pesquisa e atualização estejam disponíveis e presentes no espaço escolar ora a partir de uma solicitação da escola ora por meio de um trabalho de caráter institucional O Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 380 número de profissionais deve permitir a possibilidade de um acompanhamento próximo das escolas sob sua responsabilidade Tais equipes estariam presentes e acompanhando as escolas desde o processo de capacitação docente Importante ressaltar o projeto de Lei nº 36882000 que dispõe sobre a introdução dos serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica A inserção dos psicólogos escolares e assistentes sociais na rede básica nessa perspectiva contribuirá na construção da gestão democrática e expressões das questões sociais na escola na construção de uma cultura de respeito aos direitos humanos e à diversidade Promoção da escola como espaço de sociabilidades e de promoção do desenvolvimento integral do aluno como espaço de pertencimento e de expressão esporte lazer e cultura Possibilitar a partir dos trabalhos das equipes acima descritas estratégias para a utilização das diferentes formas de expressão artística e esportiva para que sejam trabalhadas as dimensões do lúdico do corporal e do cultural dos sujeitos que convivem nas escolas por meio de atividades tanto na escola e em outros equipamentos públicos e da comunidade Criação de equipamentos públicos de cultura esporte e lazer em comunidades aonde eles são inexistentes precários ou insuficientes Conselho Federal de Psicologia 381 REFERÊNCIAS ABRAMO H W Cenas juvenis punks e darks no espetáculo urbano São Paulo Página Aberta 1994 ABRAMOVAY M Coord Cotidiano nas escolas entre vio lências Brasília DF UNESCO Observatório de Violência Mi nistério da Educação 2006 404 p et al Conversando sobre violência e convivência nas escolas Rio de Janeiro FLACSO Brasil OEI MEC 2012 LIMA F VARELLA S Percepções dos alunos sobre as repercussões da violência nos estudos e na interação social na escola In ABRAMOVAY M Org Escola e violência Brasília DF UNESCO UCB 2002 Org Cotidiano nas escolas entre violências Brasília DF UNESCO Observatório de Violência nas escolas MEC 2005 404 p CUNHA A L CALAF P P Revelando tramas des cobrindo segredos violência e convivência nas escolas Bra sília DF Rede de Informação Tecnológica Latinoamericana RITLA Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal SEEDF 2009 496 p AVANCINI M OLIVEIRA H Violência nas Esco Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 382 las bêábá da intolerância e da discriminação In Fundo das Nações Unidas para a Infância Org Direitos negados a vio lência contra a criança e o adolescente no Brasil Brasília DF UNICEF 2006 p2853 RUA M das G Violências nas Escolas Versão resu mida Brasília DF UNESCO Instituto Ayrton Senna UNAIDS Banco Mundial USAID Fundação Ford CONSED UNDIME 2002 AVANCINI M F A violência e a escola o caso Brasil Brasília DF UNESCO 2003 ABRAMOWICZ A OLIVEIRA F A escola e a construção da identidade na diversidade In ABRAMOWICZ A BAR BOSA L M de A SILVÉRIO V R Org Educação como prática da diferença Campinas Armazém do Ipê Autores As sociados 2006 ALBUQUERQUE P WILLIAMS L DAFFONSECA S Efeitos tardios do bullying e transtorno de estresse póstraumá tico uma revisão crítica Psicologia Teoria e Pesquisa v 1 n 29 p 9198 2013 ALEXANDRINO R A suposta homossexualidade 2009 212 f Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educa ção Universidade Estadual de Campinas Campinas 2009 ALEXANDRINO R SOLIGO A Homosexualidady la Conselho Federal de Psicologia 383 formación del professorado brasileño ética y cuidado de si mismo entre la negación y El silencio Fermentário Campinas Montevidéu v 7 p 1 2013 ALMEIDA M I M de 2006 Zoar e ficar novos termos da sociabilidade jovem In ALMEIDA M I M EUGENIO F Org Culturas jovens novos mapas do afeto Rio de Janeiro Jorge Zahar 2006 p 139157 AQUINO G J A violência escolar e a crise da autoridade do cente Cadernos Cedes Campinas ano XIX n 47 p 719 dez 1998 ARAGÃO M FREITAS A G B de Práticas dos castigos escolares enlaces históricos entre normas e cotidiano Conjec tura Caxias do Sul v 17 n 2 p 1736 maioago 2012 ARAÚJO U F Desenvolvimento do juízo moral infantil In MACEDO L Cinco estudos de Educação Moral São Paulo Casa do Psicólogo 2008 ARCHANGELO A VILLELA F C B Escola e comunida de In BITTENCOURT A B OLIVEIRA JÚNIOR W M Org Estudo Pensamento e Criação 3 ed Campinas FE Unicamp 2009 v II ASBAHR F LOPES J A culpa é sua Psicologia USP v 1 n 17 p 5373 2006 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 384 AYOUB E Ginástica geral e Educação Física escolar Campinas Editora Unicamp 2003 AZEVEDO M A GUERRA V N A Infância e violência do méstica fronteiras do conhecimento São Paulo Cortez 1995 BALTHAZAR J A MORETTI L H T BALTHAZAR M C Família e escola um espaço interativo e de conflitos São Paulo Arte e Ciência 2006 BANDEIRA Maria de Lourdes Território Negro em espaço branco estudo antropológico de Vila Bela São Paulo Editora Brasiliense 1988 BARBOSA A M COUTINHO R G Org Arte e educação como mediação cultural e social São Paulo Editora UNESP 2008 BARRETO G AMARAL S F CAMARGO J T F Innova tion and Education Construction of Interactivity Indicators to Collaborative and Immersive Learnig Journal of Mechanics Engineering and Automation Rosemead CA v 4 p 1001 1007 2014 BARROS Z Escola racismo e violência In Projeto Gênero Raça e Cidadania no Combate à Violência nas Escolas Ca derno para Professores NEIMUFBA 2005 p 3539 BARROS P C Jogos e Brincadeiras na Escola prevenção do Bullying entre crianças no Recreio Tese Doutorado em Edu Conselho Federal de Psicologia 385 cação Universidade do Minho Instituto de Educação Braga Portugal 2012 BAUMAN Z Sobre educação e juventude Rio de Janeiro Zahar 2013 BHERING E SIRAJBLATCHFORD I A relação escola pais um modelo de trocas e relação Cadernos de Pesquisa n 106 p 191216 mar 1999 BIANCHINI D Educação solução tecnologia In BITTENCOURT A OLIVEIRA JR W Estudo Pensamento e Criação Campinas Graf FE 2006 livro 1 BONAMIGO I S et al Mapeamento de práticas violentas como dispositivo de intervenção da psicologia na escola Psi cologia Argumento Curitiba v 30 n 70 p 525535 julset 2012 BORELLI S FREIRE FILHO J Org Culturas juvenis no século XXI São Paulo Educ 2008 331 p BORRILLO D Homofobia Barcelona Espanha Ediciones Bellaterra 2001 BONILHA T P O nãolugar do sujeito negro na Educação Brasileira Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação Universidade Estadual de Campinas Unicamp 2012 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 386 BRASIL lidera ranking de violência contra professores Jornal do Brasil Rio de Janeiro 29 out 2014 p 1 BUTLER J Excitable speech a politics of the performative New York Routledge 1997 CANEN A Universos culturais e representações docentes subsídios para a formação de professores para a diversidade cultural Educação e Sociedade Campinas n 77 p 207227 dez2001 CANIATO A M P Org Subjetividade e violências de safios contemporâneos para a Psicanálise Maringá EDUEM 2009 CARDIA N O medo da polícia e as graves violações dos direi tos humanos Tempo Social São Paulo v 9 n 1 p 249 266 1997 CARREIRA D B X Violência nas escolas qual o papel da gestão 183 f Dissertação Mestrado em Educação Universi dade Católica de Brasília Brasília DF 2005 CARVALHO S P Educação especial o olhar e a palavra do professor Tese Doutorado em Educação Psicologia da Educa ção Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo 2005 Conselho Federal de Psicologia 387 CARVALHO S P MUSIS C R Representações sociais de professores acerca do aluno com deficiência a prática educa cional e o ideal do ajuste à normalidade Educação Socieda de Revista de Ciência da Educação Campinas v 31 n 110 2010 CASTRO M L CUNHA S S SOUZA D P Comportamen to de violência e fatores de risco Revista de Saúde Pública São Pulo v 45 n 6 p 10541061 2011 CASTRO M et al Cultivando vidas desarmando violências experiências em educação cultura lazer esporte e cidadania com jovens em situação de pobreza Brasília DF UNESCO Brasil Telecon Fundação Kellogg 2001 CHARLOT B A violência na escola como os sociólogos fran ceses abordam essa questão Sociologias Porto Alegre n 8 2002 Disponível em httpwwwscielobrscielo Acesso em 26 set 2014 ÉMIN JC Coord Violences à lécole étatdessa voirs Paris Masson Armand Colin Éditeurs 1997 CHAUÍ M Senso comum e transparência O preconceito São Paulo Secretaria da Justiça e Defesa da CidadaniaImpren sa Oficial 19961997 Convite à filosofia São Paulo Ática 1995 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 388 Convite à Filosofia São Paulo Ática 2000 Disponí vel em httpwwwfilosofiaseedprgovbrarquivosFileclas sicosdafilosofiaconvitepdf Acesso em 16 out 2013 CHRISTOV L H da S A escola como lugar de encontro Disponível em CEGETELEDUC UNICAMP 2008 COLLARES C A L MOYSÉS M A A Preconceitos no cotidiano escolar ensino e medicalização São Paulo Cortez 1996 CROCHÍK J L Preconceito indivíduo e cultura 3 ed São Paulo Casa do Psicólogo 2006 CURY C R J FERREIRA L A M Justiciabilidade no campo da educação Revista de Política e Administração da Educa ção Porto Alegre ANPAE v 26 n 1 p 75103 jan abr 2010 DENZIN N K LINCOLN Y S Planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 DINIS N Homofobia e educação Quando a omissão também é signo de violência Educação em Revista Belo Horizonte n 39 p 3950 2011 DREYER D A brincadeira que não tem graça 2005 Dis ponível em httpwwweducacionalcombrreportagens bullying Acesso em 10 dez 2013 Conselho Federal de Psicologia 389 DUBET F Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor Revista Brasileira de Educação Rio de Janeiro n 56 p222 231 maiodez 1997 ERIBON D Reflexões sobre a questão gay Rio de Janeiro Companhia de Freud 2008 EMERY R E LAUMANNBILLINGS L An overview of the nature causes and consequences of abusive family rela tionships Toward differentiating maltreatment and violence American Psychologist Washington DC v 53 n 2 p 121 135 feb 1998 FACCI M G D Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor Um estudo críticocomparativo da Teoria do Pro fessor Reflexivo do Construtivismo e da Psicologia Vigotskia na Campinas Autores Associados 2004 FANTE C Fenômeno Bullying como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz Campinas Verus 2005 FEITOSA C A F J Aqui tem racismo um estudo das re presentações sociais e das identidades das crianças negras na escola Dissertação Mestrado em Educação Universidade Es tadual de Campinas Unicamp Campinas 2012 FRANCISCO JÚNIOR W Educação antiracista reflexões e contribuições possíveis do ensino de ciências e de alguns pensa dores Ciência Educação Bauru v 3 n 14 p 397416 2008 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 390 FREIRE A AIRES J A contribuição da psicologia escolar na prevenção e no enfrentamento do Bullying Psicologia Escolar e Educacional Maringá v 1 n 16 p 5560 2012 GANZELI P Administração e gestão da Educação elementos para discussão In A BITTENCOURT A OLIVEIRA JR W Estudo Pensamento e Criação Campinas Graf FE 2006 livro 2 GASPARINI S M BARRETO S M A ÁVILA A O pro fessor as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde Educação e Pesquisa São Paulo v 31 n 2 p 189199 ago 2005 GATTI B Grupo Focal na Pesquisa em Ciências Sociais e Humanas Brasília DF Liber Livro 2012 GISI M L ENS R T Org Bullying nas escolas estratégias de intervenção e formação de professores Ijuí Ed Ijuí 2011 GLASS R Entendendo raça e racismo por uma educação ra cialmente crítica e antirracista Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos Brasília DF v 93 n 235 p 883913 2012 GONÇALVES L D Questões fundantes para compreensão das relações étnicoraciais e formação docente situando o debate In GALLO S As diferentes faces do racismo e suas implicações na escola Campinas Leitura Crítica 20 14 Conselho Federal de Psicologia 391 GUARESCHI Pedrinho A ROSO A Mega Grupos Midiáticos e Poder construção de subjetividades narcisistas Política Trabalho João Pessoa n 26 p 3754 abr 2007 GUIMARÃES A M Racismo e antiracismo no Brasil São Paulo Editora 34 1999 A dinâmica da violência escolar conflito e ambigui dade Campinas Autores Associados 1996 Novos regimes de ver ouvir e sentir afetam a vida es colar Educação Santa Maria Universidade Federal de Santa Maria v 35 n 3 p 413430 setdez 2010 GROPPO L A Juventude ensaios sobre sociologia e história das juventudes modernas Rio de Janeiro Difel 2000 GUIMARÃES N A Trabalho uma categoria chave no imaginário juvenil In ABRAMO H W BRANCO P P M Org Retratos da juventude brasileira análises de uma pesquisa nacional São Paulo Editora Fundação Perseu Abramo 2005 p 149174 HALL S A identidade cultural na pósmodernidade Tradu ção Tomás Tadeu da Silva Guacira Lopes Louro 11 ed 1 Rei mp Rio de Janeiro DPA 2011 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 392 HASENBALG C Discriminação e desigualdades raciais no Brasil 2 ed Belo Horizonte Editora UFMG Rio de Janeiro IUPERJ 2005 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTI CA IBGE Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar Rio de Janeiro Ministério da Saúde 2013 JUNQUEIRA R J Diversidade sexual na Educação problematizações sobre a homofobia nas escolas Brasília DF MECSECADUNESCO 2009 KODATO S A Crueldade na instituição Psi Revista de Psico logia Social e Institucional Londrina v 1 n 1 p 6175 1999 KOHLER S M F Violência psicológica um estudo da relação professoraluno CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE LA NUEVA ALFABETIZACIÓN UN RETO PARA LA EDUCA CIÓN DEL SIGLO XXI Anais Coimbra Portugal 2003 LEITE S A da S Afetividade nas práticas pedagógicas Temas em Psicologia Ribeirão PRETO v 2 n 20 p 355368 2012 LEONTIEV A N O desenvolvimento do psiquismo Lisboa Livros Horizonte 1978 LIBÂNEO J C A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender a teoria HistóricoCultural da atividade e a contribui Conselho Federal de Psicologia 393 ção de Vasili Davidov Revista Brasileira de Educação Rio de Janeiro n 27 setoutnovdez 2004 Disponível em http wwwscielobrpdfrbedun27n27a01pdf Acesso em 2 ago 2011 LIMA E M A família em questão A proteção social no âm bito da família um estudo sobre as famílias do bairro Monte Cristo em Florianópolis 2006 Dissertação Mestrado em Ser viço Social Programa de PósGraduação em Serviço Social Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis 2005 LOPES NETO A Bullying comportamento agressivo entre es tudantes Jornal de Pediatria Porto Alegre v 81 n 5 Suppl p 164172 2005 LOURO G L Heteronormatividade e homofobia In JUN QUEIRA R D Diversidade sexual na Educação problema tizações sobre a homofobia nas escolas Brasília DF MEC UNESCO 2009 LOUREIRO A A QUEIROZ S S A concepção de violência segundo atores do cotidiano de uma escola particular Uma aná lise psicológica Psicologia Ciência e Profissão Brasília DF v 25 n 4 p 546557 2005 LUCINDA M C NASCIMENTO M G CANDAU V M Escola e violência Rio de Janeiro DP A 1999 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 394 MACEDO L Os jogos e sua importância na escola Cadernos de Pesquisa São Paulo n 93 p 511 maio 1995 Disponível em httpeducafccorgbrscielophpscriptsci arttextpidS0100 Acesso em 5 abr 2015 MAGGIE Y Racismo e antiracismo preconceito discrimina ção e os jovens estudantes nas escolas cariocas Educação Sociedade Campinas v 27 n 96 p 739751 2006 MENEGHEL S N GIUGLIANI E J FALCETO O Rela ções entre violência doméstica e agressividade na adolescência Cadernos de Saúde Pública Rio de Janeiro v 2 n 14 p 327 335 1998 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Juventudes outros olhares sobre a diversidade Brasília DF 2007a 342 p Co leção Educação para todos 27 Disponível em httpportal mecgovbrindexphp Acesso em 12 set 2013 Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade O Programa Diversidade na Universidade e a construção de uma política educacional antiracista Bra sília DF 2007b 190 p Coleção Educação para Todos 29 Disponível em httpportalmecgovbrindexphp Acesso em 10 set 2013 Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Escola que Protege enfrentando a violência contra crianças e adolescentes Brasília DF 2007c Coleção Conselho Federal de Psicologia 395 Educação para Todos 31 Disponível em httpportalmec govbrsecadarquivospdf Acesso em 10 set 2013 Secretaria de Educação Básica Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades Educação infantil igualdade racial e diversidade aspectos políticos jurídicos conceituais São Paulo 2012 Disponível em httpportal mecgovbrindexphp Acesso em 12 set 2013 UNESCO ANPEd Educação como exercício de di versidade Brasília DF 2005 Coleção educação para todos 7 Disponível em httpportalmecgovbrindexphpoption com contentview articleid 12814Itemid872 Acesso em 29 set 2013 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saú de Impacto da violência na saúde dos brasileiros Brasília DF 2005 340p Disponível em httpbvsmssaudegovbr Acesso em 30 set 2013 MICHAUD Y A A violência Tradução L Garcia São Paulo Ática 1989 MINAYO M C de S SOUZA E R Violência e saúde como um campo de interdisciplinar de ação coletiva História Ciên cias e Saúde Manguinhos Rio de Janeiro v 4 n 3 p 513 531 fev 1998 MORAES M C M Recuo da teoria dilemas da pesquisa em Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 396 Educação Revista Portuguesa de Educação Lisboa v 14 n 1 p 725 2001 MUNANGA K GOMES N L Para endender o negro no Brasil de hoje história realidades problemas e caminhos São Paulo Global Ação Educativa Assessoria Pesquisa e Informa ção 2004 NJAINE K MINAYO M C de S Violência na escola identi ficando pistas para a prevenção Revista Interface Botucatu v 17 n 13 p 119134 ago 2003 NARDI H C QUARTIERO E Educando para a diversidade desafiando a moral sexual e construindo estratégias de combate à discriminação no cotidiano escolar Sexualidad Salud y So ciedad Rio de Janeiro n 11 p 5987 2012 NESELLO F et al Características da violência escolar no Bra sil revisão sistemática de estudos quantitativos Revista Bra sileira de Saúde Materno Infantil Recife v 2 n 14 p 119 136 2014 NEVES et al Relatório Parcial da Pesquisa Violência e Pre conceitos na Escola Universidade Federal de Uberlândia 2014 inédito OLWEUS D Aggression in the schools bullies and whipping boys Washington DC Hemisphere 1978 PATTO M H S et al Perspectivas teóricas acerca do Conselho Federal de Psicologia 397 preconceito São Paulo Casa do Psicólogo 2008 PEY M O A escola e o discurso pedagógico São Paulo Cortez 1988 PIAGET J O Juízo Moral na Criança São Paulo Summus 1994 PINHEIRO P S Org Relatório sobre o estudo das nações unidas sobre a violência contra crianças ONU 2006 Disponível em httpwwwunviolencestudyorg Acesso em 23 fev 2013 PINTO J A MACIEL M D Abordagens dos temas precon ceito e exclusão com alunos de um curso de engenharia SEMI NÁRIO HISPANO BRASILEIRO 2CTS São Paulo 2012 cidade Anais p 567578 2012 São Paulo POURTOIS JP MOSCONI N Prazer sofrimento indiferença na Educação São Paulo Loyola 2007 PRIULI R M A MORAES M S Adolescentes em conflitos com a lei Ciência e Saúde Coletiva Rio de janeiro v 5 n 12 p 11851192 2007 RIBEIRO I et al Org A escuta de crianças e adolescen tes envolvidos em situação de violência e a rede de proteção Brasília DF Conselho Federal de Psicologia CFP 2010 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 398 RIBEIRO S L Espaço escolar um elemento invisível no cur rículo Sitientibus Feira de Santana n 31 p 103118 juldez 2004 RISTUM M Violência na escola da escola e contra a escola In ASSIS S G de Org Impactos da violência na escola um diálogo com professores Rio de Janeiro Ministério da Edu cação Editora FIOCRUZ 2010a A violência doméstica contra crianças e as implicações da escola Temas em Psicologia Ribeirão Preto v 1 n 18 p 237247 2010b Violência uma forma de expressão da escola Apren der Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação Vitória da Conquista Edições Uesb n 2 ano II janjun 2004 ROCHA A L Um lugar chamado lar o princípio da proteção integral e a violência doméstica contra crianças e adolescentes Dissertação Mestrado em Direito Programa de Direito Uni versidade Federal de Santa Catarina Florianópolis 2002 ROSELLICRUZ A Homossexualidade homofobia e a agres sividade do palavrão Seu uso na educação sexual escolar Edu cação em Revista Belo Horizonte n 39 p 7385 2011 RORIZ T M de S Epilepsia estigma e inclusão socialesco lar reflexões a partir de estudos de casos Tese Doutorado em Ciências Programa de PósGraduação em Psicologia Facul Conselho Federal de Psicologia 399 dade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Ribeirão Preto 2009 RUSS J Dicionário de Filosofia São Paulo Scipione 1994 RUSTIN M Reason and unreason psychoanalysis science and politics London Continuum 2001 p 201224 SALLES L M F SILVA J M A P E Diferenças preconcei tos e violência no âmbito escolar algumas reflexões Cadernos de Educação Pelotas v 1 n 30 p 149166 2008 SANTOS D A Contribuições da Psicologia HistóricoCul tural para a compressão do adoecimento e sofrimento psí quico de professores Dissertação Mestrado em Psicologia Programa de Pós Graduação em Psicologia Universidade Esta dual de Maringá Maringá 2014 SANTOS J Violências e Conflitualidades Porto Alegre Tomo Editorial 2009 SASTRE E Panorama dos estudos sobre violência nas escolas no Brasil 1980 2009 2010 Disponível em http portaldoprofessormecgovbrstoragemateriais0000015503 pdf Acesso em 15jul 2014 SAUL L L Escola e violência representações sociais de um grupo de educadores de escolas públicas estaduais de Cuiabá Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 400 MT 235 F Tese Doutorado em Educação Psicologia da Educação Pontifícia Católica de São Paulo São Paulo 2010 As faces da violência um estudo das representações sociais de adolescentes de escolas públicas de Cuiabá 2003 Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá 2004 SAVIANI D Pedagogia históricocrítica primeiras aproxi mações 8 ed Campinas Autores Associados 2003 SCHILLING F A sociedade da insegurança e a violência na escola São Paulo Moderna 2010 SILVA M K MUNHOZ E M B O espaço da escola como local de transformação pessoal e profissional de docentes Nuan ces estudos sobre Educação Presidente Prudente v 18 n 19 p 1526 janabr 2011 SILVA R A SEFFNER F Cenas intervenção nas cenas e encenação malabarismos na educação em gênero e sexualida de nas escolas In CAREGNATO C BOMBASSARO L C Org Diversidade Cultural viver diferenças e enfrentar desi gualdades na educação 1 ed Porto Alegre Ideal Editora 2013 v 1 p 203216 SOLIGO A F Análise do preconceito racial no Brasil a par tir de adjetivos e contextos 213 f Tese Doutorado em Psico logia Instituto de Psicologia Pontifícia Universidade Católica Conselho Federal de Psicologia 401 de Campinas Campinas 2001 SOLIGO A O racismo camuflado no Brasil e seus guetos simbólicos In GALLO S As diferentes faces do racismo e suas implicações na escola Campinas Leitura Crítica 2014 WECHSLER S M Crianças negras e professoras brancas um estudo de atitudes Escritos sobre Educação Bra sília DF n 1 p 1730 dez 2002 SOUZA M P R et al Atuação do psicólogo na educação aná lise de publicações científicas brasileiras Psicol da educ São Paulo n 38 p 123138 1 sem 2014 SOUZA L P Violência escolar um estudo a partir das repre sentações de professores e gestores Dissertação Mestrado em Educação Programa de pósgraduação em Educação Univer sidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2013 SPÓSITO M P Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil Educação e Pesquisa São Paulo v 27 n 1 p 87103 janjun 2001 TANHIA G Enculé Lécole estellehomophobe Paris Nomadsland 2004 TEIXEIRAFILHO F RONDINI C BESSA J Reflexões so bre homofobia e educação em escolas do interior paulista Edu Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 402 cação e Pesquisa São Paulo v 4 n 37 p 725741 2011 TONDIN C F Relação famíliaescola análise dos processos psicossociais 143 f Dissertação Mestrado em Psicologia Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Fede ral de Minas Gerais Belo Horizonte 2010 TONELI M BECKER S A violência normativa e os processos de subjetivação contribuições para o debate a partir de Judith Butler In SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊ NERO 9 2010 Florianópolis Anais Florianópolis UFSC ago 2010 p 18 TV UNICAMP Bullying Vídeo produzido e disponibilizado pela TV Unicamp 2010 Disponível em httpwwwrtv unicampbr Acesso em 22 mar 2013 UNESCO Pesquisa Saúde e Educação cenários para a cultu ra de prevenção nas escolas Brasília DF 2007 Disponível em httpunesdocunescoorgimages0018001840 184073por pdf Acesso em 12 fev 2014 VASQUEZ A S Filosofia da Práxis 2 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1977 VIGOTSKI L S A construção do pensamento e da lingua gem Tradução de Paulo Bezerra São Paulo Martins Fontes 2000 Conselho Federal de Psicologia 403 VYGOTSKI L S Obras Escogidas III Madri Visor 1995 Obras Escogidas IV Madrid Visor Distribuciones 1996 Psicologia Pedagógica São Paulo Martins Fontes 2001 A Formação Social da Mente São Paulo Martins Fontes 1984 WALLON H A evolução psicológica da criança Tradução Claudia Berliner revisão técnica Izabel Galvão São Paulo Martins Fontes 2007 WIEVIORKA M Violência hoje Ciência Saúde Rio de Ja neiro v 11 p 11471153 2006 Violência e Preconceitos na Escola contribuições da Psicologia 404 Agradecimentos Às escolas que nos acolheram e possibilitaram a realização da pesquisa A todos que participaram da pesquisa equipe escolar professores alunos pais e responsáveis que abriram as portas das suas vivências e permitiram por meio de seus depoimentos o entendimento da dinâmica da violência e do preconceito na escola Violencia e preconceitos na escola v s s Contribuicoes da Psicologia