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Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 PSICOLOGIA ARGUMENTO ARTIGO doi 107213psicolargum31074AO10 ISSN 01037013 Psicol Argum Curitiba v 31 n 74 p 561568 julset 2013 T Abandono terapêutico na terapia cognitivocomportamental I Dropout in cognitivebehavior therapy A Abstract The patient dropout is a important problem we found in clinical practice but the conclusions we found in literature about this subject are still controversial especially as regards to understand dropout in CBT Because of this this study had the objective to identify what factors are related to dropout in CBT Were analyzed archived data from 63 patients treated in CBT The analy ses compared patients who dropout treatment and those who stay in treatment The dropout rate found was similar to literatures finds Patients who dropout treatment did not differ from patients who stay in treatment regards sociodemographic variables and diagnosis The results indicate that patients who dropout attended a fewer sessions suggesting that the most patients leave the CBT in early sessions The literature indicates that a break in therapeutic relationship or use of wrong therapeutic hypothesis can produce dropout in early sessions K Keywords Patient dropouts Cognitive therapy Clinical psychology R Resumo O abandono terapêutico é um importante problema da na prática clínica porém as conclusões que encontramos na literatura sobre o tema ainda são controversas principalmente no que diz respeito ao abandono terapêutico na TCC Dessa forma o presente estudo tem como objetivo identificar que fatores estão relacionados com o abandono de pacientes na TCC em uma clínicaescola Foram ana lisados os dados arquivados de 63 pacientes atendidos na TCC As análises compararam os pacien tes que abandonaram o tratamento e os que permaneceram no tratamento A taxa de abandono observada foi similar ao reportado na literatura Os pacientes que abandonaram o tratamento não diferiram dos que permaneceram em tratamento no que se refere à variáveis sóciodemográficas e ao diagnóstico Os resultados indicaram que os pacientes que abandonaram o tratamento com pareceram a um número menor de sessões sugerindo que a maioria dos pacientes abandona a TCC nas sessões inicias A literatura aponta que uma falha na boa relação terapêutica ou o uso de hipóteses terapêuticas equivocadas podem levar ao abandono nas sessões iniciais P Palavraschave Pacientes que abandonam o tratamento Terapia cognitiva Psicologia clínica A Juliana da Rosa Purezaa Margareth da Silva Oliveirab Ilana Andretta c a Mestranda em Psicologia Clínica na Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos Porto Alegre RS Brasil email julianapurezayahoocombr b Doutora em Psiquiatria e Psicologia Médica pela Universidade Federal de São Paulo Unifesp professora do Programa de PósGraduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS Porto Alegre RS Brasil email margapucrsbr c Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUCRS professora do Programa de PósGraduação em Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos Porto Alegre RS Brasil email ilanaandrettagmailcom Recebido 13072011 Received 07132011 Aprovado 09052012 Approved 05092012 Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 Pureza J R Oliveira M S Andretta I 562 relacionados aos dados sociodemográficos e clínicos dos pacientes Glombiewski HartwichTersek Rief 2010 Hofmann Suvak 2006 Melo Guimarães 2005 Ribeiro et al 2008 devido às dificuldades ope racionais de se obter informações sobre a população que abandona Melo Guimarães 2005 Sales 2003 Tehrani Krussel Borg MunkJorgensen 1996 Na metaanálise realizada por Wierzbicki e Pekarik 1993 foi identificado que as variáveis mais frequentemente associadas ao abandono terapêu tico foram raça nível educacional e renda Alguns estudos também apontam que pacientes solteiros Ribeiro et al 2008 Tehrani et al 1996 jovens Arnow et al 2007 Davis Hooke Page 2006 Melo Guimarães 2005 Ribeiro et al 2008 Tehrani et al 1996 e desempregados Ribeiro et al 2008 Tehrani et al 1996 com baixo nível socioeconômi co e educacional Salmoiraghi Sambhi 2010 têm uma maior tendência em abandonar o tratamento psicoterápico Não existe uma consistência entre o resultado dos estudos realizados no que se refere à diferença entre os sexos no abandono terapêuti co Com relação às variáveis clínicas dos pacientes que abandonam prematuramente o tratamento a literatura aponta que a presença de um diagnósti co ou comorbidade psiquiátrica está associada ao abandono do tratamento assim como a utilização de abordagem terapêutica exclusivamente farma cológica em comparação com o tratamento combi nado Ribeiro et al 2008 No que se refere ao tipo de diagnóstico o resultado dos estudos difere na identificação de um diagnóstico psiquiátrico mais freqüentemente presente em pacientes que aban donam Salmoiraghi Sambhi 2010 Isso ocorre porque muitas vezes acabam abandonando o tra tamento sem ter um diagnóstico fechado ou pelos estudos se centrarem apenas em algum tipo espe cífico de diagnóstico enquanto outros quadros psi quiátricos não são mencionados As variáveis relacionadas às características dos tratamentos aonde ocorre uma interrupção precoce do processo terapêutico têm sido frequentemente negligenciadas nos estudos sobre abandono Tehrani et al 1996 Diversos estudos realizados sobre este tema não mencionam qual o tipo de tratamento oferecido o que dificulta a compreensão teórica do abandono terapêutico Uma variável que parece ser preditora do abandono terapêutico é o alto número de faltas do paciente durante o processo de atendi mento Beckham 1992 o que poderia servir como Introdução Um importante problema que encontramos tanto na prática quanto na pesquisa em psicologia clínica é o abandono de pacientes do processo te rapêutico Esse abandono terapêutico pode ocorrer em diversas situações psicoterápicas abrangendo não somente a psicoterapia individual em adultos mas também a psicoterapia grupal infantil ado lescente e a farmacoterapia Beckham 1992 O abandono de pacientes gera importantes implica ções para a área da saúde mental pois o custo da desistência de pacientes de tratamento em serviços de saúde é alto Benetti Cunha 2008 Luk et al 2001 Salmoiraghi Sambhi 2010 Graças a isso nos últimos anos diversos pesquisadores têm bus cado entender o que leva as pessoas a desistirem de seus processos terapêuticos A literatura sobre o abandono de tratamentos em serviços de saúde mental é vasta evidenciando a am plitude e severidade desse tópico Os pesquisadores Wierzbicki e Pekarik 1993 realizaram um estudo de metaanálise sobre abandono em psicoterapia onde o nível de abandono reportado nos estudos en contrados variou de 30 a 60 Em outros dois estu dos brasileiros realizados nos últimos anos a taxa de abandono também se aproximou de um terço dos pa cientes atendidos Melo Guimarães 2005 Ribeiro Alves Vieira Silva Lamas 2008 Essa porcentagem de abandono que encontramos na literatura também é similar tanto para terapias individuais quanto para te rapias grupais sugerindo que nenhuma forma de tera pia apresenta vantagem no que se refere ao abandono de pacientes Davis Hooke Page 2006 O abandono terapêutico pode ser influenciado por diversas variáveis como características do pa ciente do terapeuta da técnica e do setting de traba lho O abandono abrange tanto atendimentos reali zados na clínica privada como em serviços de saúde comunitária Benetti Cunha 2008 Por causa dis so o número de estudos visando a identificar as ca racterísticas do paciente e do tratamento associadas ao abandono terapêutico tem crescido na literatura A maioria desses estudos tem como objetivo levantar e estimar prevalências de abandono encontrar pre ditores de abandono eou descobrir variáveis corre lacionadas visando a propor estratégias que minimi zem as altas taxas de evasão de tratamento Gastaud 2008 Os principais fatores associados ao abandono terapêutico encontrados na literatura são aqueles Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 Abandono terapêutico na terapia cognitivocomportamental 563 literatura Além da definição de abandono utiliza da não há uniformidade nas situações e variáveis estudadas associadas ao abandono variando no que se refere ao serviço prestado à modalidade do tratamento população utilizada podendo apresen tar ainda importantes diferenças culturais Bados et al 2007 Benetti Cunha 2008 Glombiewski et al 2010 Gastaud 2008 Sales 2003 Tehrani et al 1996 Outra uma característica das pesquisas realizadas que dificultam a comparação entre os es tudos é a utilização de amostras pequenas e hetero gêneas Keijsers et al 2001 Se existe uma dificuldade em realizar compara ções entre os estudos realizados sobre abandono te rapêutico de um modo geral menos conclusivo ain da é o conhecimento científico acerca do abandono terapêutico na TCC em virtude da pequena quan tidade de estudos realizados sobre o tema nesta abordagem Bados et al 2007 Glombiewski et al 2010 Salmoiraghi Sambhi 2010 As diferenças encontradas entre os resultados dos estudos sobre abandono na TCC ainda dificulta o estabelecimen to de medidas preventivas para o abandono deste tipo de tratamento Esses dados são preocupantes pois o abandono terapêutico tanto na TCC quando em outras modalidades de terapia parece ser ain da mais comum na prática clínica do dia a dia do que em pesquisas controladas Bados et al 2007 Graças à relevância desse assunto para a prática clí nica da psicologia e à necessidade do desenvolvi mento de mais estudos acerca deste tema o presen te artigo tem como objetivo identificar que fatores estão relacionados com o abandono terapêutico de pacientes atendidos na abordagem cognitivocom portamental em uma clínicaescola Método Neste estudo foi realizado um levantamento retrospectivo e quantitativo utilizando os dados arquivados de pacientes atendidos no Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia SAPP clí nicaescola da Faculdade de Psicologia da PUCRS no período de março de 2006 a dezembro de 2009 Foram levantados os dados de 63 participantes com idade entre 12 e 70 anos que realizaram tra tamento individual na abordagem cognitivocom portamental no SAPP no período de março de 2006 a dezembro de 2009 Essa amostra foi composta um sinal de aviso para o terapeuta possibilitando uma intervenção no sentido de impedir o abandono A Terapia Cognitiva é uma abordagem terapêuti ca composta por diferentes protocolos de tratamento fundamentados no pressuposto de que não é a situ ação em si que causa o problema mas sim o modo como o paciente interpreta a situação Beck 1997 O fato de esses protocolos de tratamento muitas ve zes se utilizarem de técnicas comportamentais deu origem ao nome Terapia CognitivoComportamental TCC A TCC foi desenvolvida nos anos 60 por Aaron Temkin e Beck a partir de insatisfações com as formulações psicodinâmicas para a depressão Rangé Silvares 2001 Atualmente a TCC abrange diversas patologias psiquiátricas e é recomendada para o tratamento de conjunto amplo de distúrbios psicológicos e psiquiátricos Apesar de inúmeros es tudos comprovarem a eficácia da TCC para diversos transtornos Almeida Neto 2004 Salmoiraghi Sambhi 2010 diversos pacientes abandonam essa modalidade de tratamento na prática clínica Muitas razões complexas são responsáveis pe las dificuldades que surgem durante o processo te rapêutico da TCC resultando em abandono Essas razões podem estar relacionadas ao paciente ao terapeuta e a outros fatores externos à sessão te rapêutica Beck 2006 Segundo Bados Balaguer e Saldaña 2007 os estudos mais recentes conduzi dos em centros de saúde mental em diferentes paí ses mostram que o índice de abandono varia entre 24 e 66 oscilando principalmente entre 35 e 55 Outros estudos sobre TCC no entanto relatam uma porcentagem de abandono abaixo deste inter valo Davis Hooke Page 2006 Glombiewski et al 2010 sugerindo que ainda não existe um consenso quando buscamos compreender o índice de aban dono de pacientes na TCC Essa dificuldade em se obter um consenso nos estudos sobre o abandono terapêutico pode ser ex plicada pela divergência na definição de abandono utilizada Bados et al 2007 Benetti Cunha 2008 Glombiewski et al 2010 Melo Guimarães 2005 Keijsers Kampman Hoogduin 2001 Sales 2003 Gastaud 2008 identificou em uma pesquisa reali zada nas principais bases de dados eletrônicas que são utilizadas diversas definições de abandono tera pêutico nos estudos sobre este tema e que o uso de diferentes critérios pelos estudos torna impossível a comparação direta das taxas de abandono e difi culta a interpretação dos resultados encontrados na Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 Pureza J R Oliveira M S Andretta I 564 categorizada de forma dicotômica Dessa forma todas as análises descritivas foram realizadas por meio de tabulação cruzada sendo o grupo colocado como uma das variáveis dessas análises Essa análise inicial con sistiu em descrever as características gerais da amos tra no que tange à média desviospadrão e frequência de dados categoriais ou ordinais Em seguida com a finalidade de identificar diferenças entre os grupos de abandono e não abandono foram realizados testes t de Student para amostras independentes quando as variáveis eram numéricas continuas e do quiquadra do para variáveis categóricas As análises estatísticas contaram com um nível de significância p 005 Resultados Foi encontrado que dos 63 pacientes incluídos na pesquisa 313 n 20 eram do sexo masculino e 688 n 44 do sexo feminino A média de idade dos participantes foi de 3030 anos DP 1858 a renda média foi de R 81116 reais entre 1 e 2 salá rios mínimos A maioria dos pacientes 984 não relatou internação psiquiátrica nem psicodiagnósti co anterior ao atendimento Dos 63 pacientes incluí dos na amostra 29 abandonaram o tratamento tota lizando uma taxa de abandono de 453 da amostra Tendo em vista que o objetivo do estudo foi ana lisar a relação entre as variáveis sociodemográficas clínicas e diagnósticas dos pacientes e o abandono de tratamento a amostra foi dividida em pacientes que abandonaram o tratamento n 29 e pacientes que permaneceram em tratamento n 34 No gru po de pacientes que permaneceram em tratamento estão incluídos os pacientes que receberam alta do tratamento ou que foram encaminhados para ou tra instituição A Tabela 1 ilustra a distribuição da amostra em relação às características sociodemo gráficas para variáveis categorizadas A comparação da idade e renda média entre os dois grupos não apresentou diferença estatística significativa p 0785 e p 0388 tendo o gru po que abandonou o tratamento apresentado uma idade média de 3069 anos DP 15455 e uma renda média de R 91655 DP 87798 enquanto o grupo que permaneceu em tratamento apresen tou uma idade média de 2965 anos DP 14668 e uma renda média de R 73482 DP 78102 Os dois grupos também se mostraram homogêneos no que se refere ao sexo p 0681 escolaridade tanto por participantes que abandonaram o trata mento psicoterapêutico como por participantes que permaneceram no tratamento até receberem alta e serem encaminhados para outros locais Todos os pacientes cujos dados foram coletados já haviam finalizado o tratamento A definição de abandono utilizada neste estudo foi de após pelo menos um encontro com o terapeuta o paciente não compa recer às consultas agendadas e não retornar para dar continuidade ao tratamento apesar de ter sido convidado a fazêlo Essa definição foi baseada no estudo de Luk et al 2001 O procedimento utilizado neste estudo para a coleta de dados consistiu em um levantamento do material dos pacientes que receberam tratamen to no SAPP O tratamento oferecido para os par ticipantes consistiu em atendimento individual em psicoterapia breve na TCC O SAPP é a clínica escola vinculada à Faculdade de Psicologia da PUCRS e oferece atendimento psicológico de baixo custo conforme a renda à comunidade atingindo o público de Porto Alegre e região metropolitana Conforme os procedimentospadrão do SAPP ao buscarem atendimento os participantes passaram por um processo de triagem e com base na deman da foram encaminhados para psicoterapia breve in dividual na abordagem cognitivocomportamental uma das modalidades de tratamento oferecidas No processo de triagem os participantes preencheram uma ficha de dados sociodemográficos do SAPP que inclui informações gerais sobre os pacientes Dentre as informações contidas nessa ficha foram utilizados os seguintes dados para esta pesquisa sexo idade escolaridade estado civil ocupação profissional renda genograma data da triagem realização ou não de psicodiagnóstico data do pri meiro atendimento número de sessões e número de faltas Todos os participantes incluídos na amos tra assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido padrão do serviço permitindo que os dados de seus atendimentos fossem utilizados em atividades de pesquisa Os atendimentos realizados foram conduzidos por estagiários do SAPP e foram registrados em forma de relato ou dialogada tendo sido supervisionados por um supervisorprofessor da Faculdade de Psicologia da PUCRS Inicialmente os dados foram tratados e analisados por meio da estatística descritiva Para diferenciar o grupo de pacientes que abandonaram e o de pacientes que não abandonaram o tratamento essa variável foi Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 Abandono terapêutico na terapia cognitivocomportamental 565 em tratamento apresentou uma média de 1900 ses sões DP 9623 e 318 faltas DP 279 e per maneceu em média 12718 dias DP 172520 na lista de espera Para descartar a hipótese de possí vel viés nos resultados devido aos dados de algum paciente específico foi calculada a mediana do nú mero de sessões realizadas para os dois grupos de modo a identificar a medida de tendência central da amostra O grupo de pacientes que abandonou o tratamento apresentou mediana de 60 sessões en quanto o que permaneceu em tratamento apresen tou mediana de 175 sessões reforçando a ideia de que a maioria dos pacientes abandona o tratamento logo nas primeiras sessões Discussão A taxa de abandono observada neste estudo 453 foi similar à reportada pela literatura clássica sobre abandono terapêutico Wierzbicki Pekarik 1993 nos resultados encontrados em estudos brasileiros recentes sobre o tema Ribeiro et al 2008 Melo Guimarães 2005 bem como em outros estudos sobre abandono de pacientes na TCC Bados et al 2007 Isso pode sugerir que a taxa de abandono terapêutico na TCC não difere de outros tipos de terapia As análises estatísticas realizadas quiquadrado teste t revelaram que p 0994 ocupação p 0727 estado civil p 0114 e presença de filhos p 0458 Não foram encontradas diferenças estatistica mente significativas no que se refere à presença de diagnóstico primário p 0368 e secundário p 0174 Os diagnósticos utilizados foram os identificados pelos estagiários que realizaram o atendimento de acordo com os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais American Psychiatric Association 2003 Também não houve diferença estatística no que diz respei to à medicação primária p 0682 e secundária p 0516 No que diz respeito à realização de atendimento psicológico prévio também não houve diferenças entre os grupos p 0550 A distribui ção da amostra com relação a esses aspectos pode ser vista na Tabela 2 Com relação às características do atendimento clínico os grupos diferiram no que se refere ao nú mero de sessões realizadas p 0001 o grupo que permaneceu em tratamento apresentou um número significativamente maior de sessões do que o que abandonou o tratamento mas não diferiram com re lação ao número de faltas p 0609 ou de dias na lista de espera p 0673 O grupo que abandonou o tratamento apresentou média de 879 sessões DP 8829 e de 355 faltas DP 2995 tendo per manecido em média 14703 dias DP 198818 na lista de espera enquanto o grupo que permaneceu Tabela 1 Características sociodemográficas da amostra Grupo Abandonou Finalizou n n Sexo Feminino 21 724 23 675 Masculino 8 276 11 324 Escolaridade Ensino Fundamental 7 241 8 235 Ensino Médio 13 448 15 441 Ensino Superior 9 310 11 324 Ocupação Estudante 13 448 12 353 Empregado 10 345 13 383 Outros 6 207 9 265 Estado Civil Sem companheiro solteiroseparado 13 448 22 647 Com companheiro 16 552 12 353 Presença de filhos Com filhos 17 586 23 676 Sem filhos 12 411 11 324 Fonte Dados da pesquisa Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 Pureza J R Oliveira M S Andretta I 566 e insatisfação no início do tratamento estão rela cionadas com o abandono precoce de pacientes Arnow et al 2007 Glombiewski et al 2010 Piper Ogrodniczuk Joyce Mccallum 1999 Dessa forma o sucesso do tratamento dependerá da habilidade do terapeuta em avaliar identificar e solucionar esse problema nas sessões iniciais an tes que resulte em desistência por parte do pacien te Lambert Barley 2001 Uma das hipóteses para o abandono terapêutico dos pacientes deste estudo é a dificuldade no estabelecimento da rela ção terapêutica no inicio do tratamento resultan do no abandono precoce da TCC Apesar de a literatura apontar que a TCC tende a ter resultados terapêuticos relativamente rápidos é comum nos depararmos com o abandono precoce de pacientes na TCC Muitas vezes quando os pacientes apresentam uma resposta pobre ou tardia no trata mento da TCC isso pode significar que a dupla tera pêutica está trabalhando com hipóteses terapêuticas equivocadas Beck 2006 Isso pode ocorrer por falha no processo de avaliação do paciente que ocorre nas primeiras sessões da terapia e é fundamental para determinar a trajetória mais eficiente e efetiva do tra tamento pois sem ela o tratamento se torna vago ou irrelevante Beck 1997 Beck 2006 Falcone 2001 Além disso a realização de uma avaliação correta do paciente permite o estabelecimento de uma rela ção terapêutica positiva nas sessões iniciais e uma maior adesão dele ao tratamento fazendo com que o as características demográficas da amostra dos pa cientes que abandonaram o tratamento e dos que permaneceram no atendimento não apresentaram diferenças significativas Por outro lado os pacientes que abandonaram o tratamento compareceram a um número signifi cativamente menor de sessões do que os que finali zaram o tratamento Bados et al 2007 identifica ram em seu estudo que a maioria dos pacientes que abandona a TCC faz isso nas primeiras sessões do tratamento pois não encontraram o tipo de ajuda que procuravam ou não estabeleceram uma boa re lação terapêutica Com base nesses resultados duas hipóteses para o abandono terapêutico precoce dos pacientes deste estudo serão exploradas Apesar de não ter sido possível avaliar essa variável neste estudo a relação terapêutica é um aspecto importante de qualquer tratamento psi coterápico Horvath Symonds 1991 A ruptu ra nesta aliança terapêutica é um fator que pode contribuir para o abandono de pacientes na TCC Bados et al 2007 Beck 2006 Glombiewski et al 2010 Dessa forma a relação terapêutica é uma variável que tem sido investigada em estudos so bre abandono terapêutico A literatura aponta que ela se estabelece nas primeiras sessões da TCC sendo fundamental para a manutenção do trata mento graças ao trabalho colaborativo realizado Bados et al 2007 Beckham 1992 Alguns es tudos indicam que uma fraca aliança terapêutica Tabela 2 Características clínicas da amostra Grupo Abandonou Finalizou n n Diagnóstico Primário Sem diagnóstico 5 172 6 176 Transtorno de Humor 15 517 12 353 Outros diagnósticos de Eixo I 9 310 16 471 Diagnóstico Secundário Com diagnóstico secundário 8 276 15 441 Sem diagnóstico secundário 21 724 19 559 Uso de medicação primária Usa medicação 16 552 17 500 Não usa medicação 13 448 17 500 Uso de medicação secundária Usa medicação 8 276 7 206 Não usa medicação 21 724 27 794 Realização Prévia de Terapia Já havia realizado terapia 9 310 13 382 Nunca havia realizado terapia 20 690 21 618 Fonte Dados da pesquisa Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 Abandono terapêutico na terapia cognitivocomportamental 567 em consideração a interação entre as variáveis e entre os participantes de modo a complementar os resultados deste estudo produzindo maior compre ensão científica acerca do abandono terapêutico Referências American Psychiatric Association 2003 Manual diag nóstico e estatístico de transtornos mentais 4 ed Porto Alegre Artmed Almeida A M Neto F L 2004 Indicações e contra indicações In P Knapp Org Terapia cognitivo comportamental na prática psiquiátrica Porto Alegre Artmed Arnow B Blasey C Manber R Constantino M Markowitz J Klein D Thase M Kocsis J Rush J 2007 Dropouts versus completers among chro nically depressed outpatients Journal of Affective Disorders 9713 197202 Bados A Balaguer G Saldaña C 2007 The efficacy of cognitivebehavioral therapy and the problem of drop out Journal of Clinical Psychology 636 585592 Beck J S 1997 Terapia cognitiva Teoria e prática Porto Alegre Artmed Beck J S 2006 Indicações de problemas no tratamen to In J S Beck Org Terapia cognitiva para desafios clínicos O que fazer quando o básico não funciona Porto Alegre Artmed Beckham E E 1992 Predicting patient dropout in psychotherapy Psychotherapy 292 177182 Benetti S P C Cunha T R S 2008 Abandono de trata mento psicoterápico Implicações para a prática clínica Arquivos Brasileiros de Psicologia 602 4859 Davis S Hooke G R Page A C 2006 Identifying and targeting predictors of dropout from group cognitive behaviour therapy Australian Journal of Psychology 581 4856 Falcone E 2001 Psicoterapia Cognitiva In B Range Org Psicoterapias cognitivocomportamentais Um diálogo com a psiquiatria Porto Alegre Artmed Gastaud M B 2008 Abandono de tratamento na psicotera pia psicanalítica Em busca de definição Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre paciente se sinta compreendido e aceito Lambert Barley 2001 Rangé Silvares 2001 Um fator que pode ter contribuído para o abando no terapêutico precoce dos pacientes deste estudo é a realização de uma avaliação errônea ou incompleta do paciente derivada da falta de experiência dos te rapeutas que por serem estagiários podem ter tido dificuldades de compreender o funcionamento do paciente mesmo sendo supervisionados Essa difi culdade de terapeutas pouco experientes na avalia ção do paciente pode fazer a terapia tomar uma dire ção não indicada e o paciente não encontrar o que ele precisava no tratamento contribuindo também para um enfraquecimento da relação terapêutica e para o abandono do tratamento nas sessões iniciais Uma limitação encontrada neste estudo foi a di ficuldade de se manipular variáveis de interesse uma vez que o delineamento da pesquisa foi retros pectivo Outra limitação do estudo realizado foi o tamanho da amostra utilizada visto que a literatura sobre abandono terapêutico indica que a utilização de amostras pequenas e heterogêneas como a desse estudo dificulta a comparação com outros estudos já realizados sobre esse tema Keijsers et al 2001 O tamanho da amostra utilizada pode ter enviesado o estudo impossibilitando encontrarmos diferen ças significativas entre os grupos quanto às outras variáveis analisadas neste estudo Além disso a pro cura por variáveis isoladas associadas ao abandono psicoterapêutico não leva a resultados consistentes exigindo cada vez mais delineamentos de investiga ção voltados para a interação entre essas diversas variáveis tais como a relação entre o terapeuta e o paciente Lambert Barley 2001 Piper et al 1999 Considerações finais A literatura Identificar e teorizar a respeito dos motivos que levam os pacientes a abandonar o tra tamento nas sessões iniciais é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e retenção de pacientes no início do tratamento aumentando a eficácia dos tratamentos cognitivo comportamentais produzindo maior qualidade de atendimento para os pacientes da TCC Além disso é importante que mais estudos sobre o abandono na TCC sejam realizados utilizando amostras robustas e homogêneas É necessário realizar estudos que utilizem delineamentos experimentais e que levem Psicol Argum 2013 julset 3174 561568 Pureza J R Oliveira M S Andretta I 568 Rangé B Silvares E F M 2001 Avaliação e formu lação de casos clínicos adultos e infantis In B Rangé Org Psicoterapias cognitivocomportamentais Um diálogo com a Psiquiatria Porto Alegre Artmed Ribeiro M S Alves M J M Vieira E M M Silva P M Lamas C V D 2008 Fatores associados ao abando no de tratamento em saúde mental em uma unidade de nível secundário do Sistema Municipal de Saúde Jornal Brasileiro de Psiquiatria 571 1622 Sales C 2003 Understanding prior dropout in psycho therapy Revista Internacional de Psicología y Terapia Psicológica 31 8190 Salmoiraghi A Sambhi R 2010 Early termination of cognitivebehavioural interventions Literature re view The Psychiatrist 34 529532 Tehrani E Krussel J Borg L MunkJorgensen P 1996 Dropping out of psychiatric treatment A prospective study of a firstadmission cohort Acta 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