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Texto 3B História da América I Prof Raphael Sebrian Direitos de publicação reservados por Huitec Editora Ltda Rua Gulnar 23 05976500 São Paulo Brasil Telefone 55 11 50930856 wwwhuiteceditoracombr lererlerhuiteceditoracombr Depósito Legal efetuado Coordenação editorial MARIANA NADA Assessoria editorial MARIANGELA GIANNELLA Circulação SOLANGE ELSTER CIPBrasil CatalogaçãonaFonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros RJ C778 Contextos missionários religião e poder no Império português Adone Agnolin 1 ed São Paulo HuitecFapeam 2011 360 p Título apresentado no Colóquio Internacional Contextos Missionários Religião e Poder no Império Português organizado em outubro de 2007 pelo Núcleo de Religião e Evangelização do Projeto Dimensões do Império Português ISBN 9788597700538 1 Igreja Estado Portugal Igrejas Católicas História 2 Portugal Colonias História 3 Missionários portugueses Ásia História 4 Portugal História História moderna 1500 1600 I Agnolin Adone 1962 II Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo III Título Religião e poder no Império português 110033 CDD 946902 CDU 94469 HISTÓRIA E COSMOGONIA NATIVOCRISTÃ NA NOVA ESPANHA E NO PERU CHIMALPAHIN CUAHTLEHUANTIZIN E GUAMÁN POMA DE AYALA EDUARDO NATALINO DOS SANTOS História da América PréHispânica Departamento de História Universidade de São Paulo Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos Após a derrota dos mexicas e dos incas o altiplano central mexicano e os Andes centrais tornaramse os dois mais importantes polos de atuação missionária no continente Ao longo do século XVI milhares de religiosos regulares dirigiramse para essas duas regiões fundando dezenas de missões e colégios onde jovens nativos principalmente oriundos das elites locais eram educados na tradição de pensamento cristã Alguns desses nativos chegaram a fazer parte do clero ou a alcançar postos locais de mando enquanto outros se tornaram auxiliares dos missionários desempenhando tarefas como a de intérprete Em seu entendimento inicial dificilmente compreenderemos as comparações entre os escritos de Chimalpahin e Guamán Poma às quais por sua vez podem servir para termos uma visão mais precisa de universos sociopolíticos tão distintos e similares ao mesmo tempo Em 26 ou 27 de maio de 1579 na própria Chalco que fora governada pelos seus pais e antepassados desde 1269 época da fundação da cidade em 1520 Ainda jovem Chimalpahin foi para a Cidade do México onde recebeu formação religiosa dos franciscanos desde 1593 data em que entrou para o serviço da igreja e casa de San Antonio Abad Provavelmente tornouse uma espécie de irmãoleigo e passou grande parte de sua vida nessa igreja e sua terra natal Viveu até meados do século XVII tendo iniciado a produção de escritos históricos e a compilação de obras mais antigas por volta de 1607 tarefa que parece ter desempenhado até 1637 A tarefa de produzir uma história da província de Chalco já havia sido encomendada pelo vicerei Antonio de Mendoza 15351550 a Andrés de San Tiago Xochitotzin juiz da região que esta em 1549 teve reunido material para cumprirla O vicerei tinha enviado esse juiz excomunicado a Amecaquem Chalco em 1546 para dirimir pleitos entre herdeirosirmãos e os tlatoanis de Iztlazochuan e Tlalilotlacan pelo governo dessas duas cabeceiras de Chalco Amecaquem A atuação do juiz teria gerado como subproduto a reunião de inúmeros relatos transcritos a partir de depoimentos de anciãos baseados na oralidade eou na leitura de escritos pictográficos os quais serão transmitidos posteriormente e a Chimalpahin como herança familiar Aproveitandose desse material em 1620 Chimalpahin assumiu formalmente a tarefa de produzir uma história de Chalco encarregou que lhe fora transmitido por don Cristóbal de Castañeda governador de Amecaquem e que satisfazia também aos pedidos de seu sogro don Rodrigo de Rosas Xochitotzin escreveu do jeito que Andrés de Santiago Xochitototzin do estado de mando de seus principais sobre ele Para isso era fundamental produzir histórias que fossem ao mesmo tempo inteligíveis às autoridades civis e religiosas castelhanas e tidas como representativas da identidade grupal pelas próprias elites nativas Entre as várias soluções historiográficas construídas por esses escritos resta para contar dessa tarefa e que poderão ser comparadas iremos nos dedicar apenas ao tratamento que deram ao passado nativo préconquista especialmente ao modo como o relataram ou o reconstituíram em face de dois desafios surgidos com a vitória política de seu deus cristão e de sua cosmovisão e história Os dois desafios são 1 Como conciliar as explicações nativas sobre a origem dos homens com a unidade genealógica proposta pelos relatos bíblicos 2 Como explicar a origem e presença na época préhispânica do que passada a ser considerado idolatria As explicações nativas sobre a origem dos homens em face da unidade genealógica proposta pelos relatos bíblicos À época da chegada dos castelhanos as sociedades mesoamericanas e andinas contavam com tradições de pensamento institucionalizadas e que em geral eram formadas por membros de suas elites dirigentes Estamos falando de organizações grupos instituições ou indivíduos que se dedicavam de modo sistemático mas não necessariamente excludente à construção manutenção transformação e veiculação de explicações socialmente aceitas acerca das origens e funcionamento do mundo natural e humano Para as explicações mesoamericanas de modo geral a idade e a humanidade atuais não eram a primeira ou a única mas a quarta ou quinta Dessa maneira o mundo e o homem atual eram vistos como o resultado de uma série de criações transformações e destruições anteriores Cada uma dessas idades e humanidades anteriores teria sua duração determinada por certos ciclos calendáricos e o início desse processo estaria situado há dezenas de milhares de anos Esses conceitos eram grosso modo inconciliáveis com as explicações do mundo e do homem que também têm como um de seus eixos centrais a existência de diversas idades e humanidades anteriores Esses ideias teriam terminado devido a cataclismos naturais e sociais chamados de pachacuti os quais inverteriam a ordem entre os seres que ocupavam o mundo de cima e o mundo de baixo chamados respeitivamente de hanaq e hunu Diferentemente da cosmogonia mesoamericana parece que a andina valorizava mais os conceitos de nível espacial do que os de natureza temporal para classificar e organizar as origens e transformações dos entes do mundo embora os dois tipos de conceitos existentes inseparavelmente articulados nas cosmogonias das duas regiões Dissemos que Guamá Poma procede de modo distinto em relação a Chimalpahin porque apesar de também criar uma espécie de ramificação a partir da história do Velho Mundo para explicar a origem dos homens do Novo Mundo ele mantém a história andina e a judaicocristã divididas em idades o que não ocorre em Chimalpahin apesar da divisão do passado em idades ser uma característica marcante dos relatos cosmogônicos mesoamericanos em reinos a criar leis rigorosas não permitindo que as mulheres se tornassem putas ou adulteras ou que os homens caíssem na idolatria apesar de haver festas e beberdeiras Um nível de justiça teria reinado nessa ideia comprável ao que se estabeleceu com a lei mosaica entre os judeus Nessa ideia teria início a busca do ouro e prata cobre e chumbo para a confecção de adornos Origem e presença da idolatria na época préhispânica Para justificar o surgimento e proliferação da idolatria no passado préhispânico Chimalpahin recorre a um argumento bastante familiar ao pensamento cristão dos missionários do século XVI a força do inimigo isto é do diabo entre os povos que não haviam seguido as leis mosaicas ou conhecido a boa nova por meio dos apóstolos do Messias Nesse sentido Chimalpahin diz que a inspiração demoníaca poderia perverter já os primeiros grupos de povoadores que chegaram a TeocotihuacánAztlán os quais como vimos eram descendentes de um dos filhos de Noé entre o Velho e o Novo Mundo e não de inferioridade total ou essencial ideia que poderia servir para justificar a lentidão da resistência de muitos não excitar o cristianismo na Nova Espanha Além dos argumentos explicitamente criados por Chimalpahin para justificar a idolatria o compararmos os seus escritos com códices préhispânicos e coloniais ou mesmo com outros textos alfabéticos de autor nativa podemos perceber que o autor opera uma supressão radical dos eventos ou personagens que poderiam ser considerados idólatras pelas autoridades castelhanas tais como os famosos homensdeuses os nahuales os assassinatos cerimoniais os autos sacrifícios de sangue assim como para obstruir esses Reafirmando a alta posição sociopolítica que as elites dirigentes nauas ocupavam sob domínio da Tríplice Aliança ao mesmo antes dela a obra de Chimalpahin juntamente com dezenas de outras da mesma época reclamam veementemente pelo reconhecimento dos direitos tradicionais de seus descendentes os quais correm perigo devido ao avanço castelhanos e de outros grupos políticos nativos que disputavam o poder Em suas palavras Aqui começa a princípio qualquer coisa verá aqui está escrita a palavra maior e sabia tal qual habla sobre la raz el origen el inicio la gloria la história y la relação de la antiga vida la llamada crónica así se origina a su hijo de tlalotlil la relação de la antiga vida sobre la história la história la O ambiente sociopolítico no altiplano central mexicano nas últimas décadas do século XVI e primeiras do século XVII é simultaneamente bastante semelhante e diverso do panorama que trânsito acima para os Andes centrais A derrota dos mexicas havia sido muito mais rápida e ao final contado com o apoio de praticamente todos os altepetl de região que depois ao lado dos altos empreenderam conquistas no norte e sul chegando até a região mais das terras altas andinas até pelo menos anos 1570 ou 1580 Mas diante do crescente número de castelhanos e do colapso demográfico da população nativa que marcaram todo o século XVI essas elites se tornavam aliados cada vez mais dispensáveis e potencialmente tributáveis Na década de 1570 o novo rei Francisco de Toledo 15691581 empreendeu uma grande reforma administrativa que visava entre outras coisas o controle mais direto das autoridades castelhanas sobre os tributos cobrados dos índios sobretudo no ramo de mita e a inclusão do praticamento toda a nobreza indígena no campo dos tributáveis à exceção do mínimo indispensável de aciques e principais que organizavam o pagamento do tributo indígena às instituições e poderes castelhanos foi menos bélico e muito mais rápido e legítimo segundo as tradições políticas locais de origem préhispânica do que no caso dos Andes centrais No entanto como mencionamos antes um colapso demográfico mais devastador do que aquele que atingiu o mundo andino assolou a população nativa de toda a Nova Espanha ao longo do século XVI especialmente a do altiplano central mexicano Somandose a isso a presença crescente dos castelhanos e suas instituições assim como no litoral dos Andes temos como resultado que essas elites nauas se tornaram relativamente dispensáveis já em meados do último quartel do século XVI assim como as andinas se tornarão ao final do século XVI e início do XVII pois o controle políticotributário poderia ser exercido diretamente pelos funcionários da coroa ou com o auxílio de alguns poucos principais indígenas que ademais não precisariam ser antigos e enerosas estirpes nobres Ocorreu nesse contexto mesoamericano a progressiva desaparecimento ou diminuição dos privilégios que haviam sido reconhecidos pela coroa na primeira metade do século XVI tais como pensões ou isenções de tributos tributos esses que passaram a ser cobrados de grande parte dessas elites após as reformas de Valderráma em 1563 Desse modo cada vez mais os pipiltin não chegavam a obter postos correspondentes com sua situação e perdiam sua qualidade de tecpiltin nobres de palácio tornandose macehuaitin população comum Durante todo o século XVI teriam passado para a América espanhola pelo menos seis mil religiosos regulares cinco para a Ilha Espanhola e proximidades dois mil e setecentos para a Nova Espanha setecentos para a América Central cem para a Venezuela quinhentos para Nova Granada mil e oitocentos para o Peru cento e cinquenta para o Chile cento e cinquenta para o Rio da Prata e mais para outros territórios Cf Pedro Borges A emigração de eclesiásticos à América em o século XVI Critério para seu estudo In Francisco Solano Fermín del Plano orgs América e o Espaço do século XVI vol II Madrid Instituto Gonzalo Fernández de Oviedo 1983 pp 4762 Estes comparações fazem parte de um projeto de pesquisa mais amplo e intitulado Histórias e cosmologias indígenas ante mesoamericanas e andinas características e transformações em tempos préhispânicos e coloniais O objetivo geral é investigar das fontes nativas as particularidades das concepções de história e cosmologias entre as elites mesoamericanas e andinas que em geral não se encontraram nos escritos de origem cristãocolonial bem como analisar as principais seus políticos e transformações dessas concepções entre o final do período préhispânico e início colonial Para termos nativist se refere a um tipo de entidade politicamente autônoma que se aproximo em analogia em relação ao estado Um sujeito necessitará possuir um território cunhar um exército e domínio contudo de partes internas e políticas passando mesmo ainda dinâmicas relevantes um lastro maior ao nível dos dois demais locais Cf Ibid pp 55 e 56 pazzer con lo determinado de Dios dino siome ymaginar que a millones de años desde que se fundó el mundo según para el castigo de Dios Cf Ibidem p 23 Yo Guaman Poma afirma por ejemplo que Adán o Eva vivieran más de dos mil tres mil años e que Aá lo que hizo fue vivir de entre os homens alterando para sustentar su supuesto psicológicamente imperiosa a duración atribuida al día de Maelstrom Cf Ibidem p 23 Además como vino asi Guaman Poma atribuyó un dominio inco sabiéndolo nutrido como mundo a historia anima a duración de aproximadamente un millón e menos En relaciones que no se mapa de caídas de los indios de Peru que mencionamos en nota anterior Esto no significa dice que Guaman Poma desprecie ou no emplegue elementos del calendario indiano bien ou europeno sem sua narrativa A análice de presenas desde céulhodos ni del Guaman Poma e feita em Victoria Cox Guaman Poma de Ayala estudios en astronomía y europe de tiempo Cusco Victoria Cox Centro de Estudios Regionales Andinos Bartolomé de Las Casas 2002