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Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016978 DOI 105216rppv19i442238 O CORPO NA OBRA DE MICHEL FOUCAULT E SUA PRESENÇA NO CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA Pietrine Paiva Barbosa Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Nathália Rodrigues Oliveira Centro Universitário UNA Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Resumo Devido a crescente influência das Ciências Humanas na área da Educação Física que sempre se desenvolveu a partir dos ideais das Ciências Biológicas passam a circular na área formas de se investigar o corpo que trazem em comum aspectos políticos culturais e históricos No bojo deste cenário encontrase Michel Foucault Este artigo investiga nas obras do filósofo e a partir de comentadores como se dá a fundamentação do conceito de Corpo em seu pensamen to Entendese a partir da análise o Corpo como uma superfície material concreta na qual se instala diferentes formas de Sujeito fabricadas por tecnologias políticas específicas e históri cas Tal análise possui sua validade para uma melhor compreensão das problematizações rea lizadas no cenário contemporâneo da Educação Física Palavraschave Corpo Sujeito Michel Foucault Educação Física Breve histórico a presença do corpo na educação física como disciplina escolar A história da Educação mostra que a preocupação com o corpo tem sido presente nas práticas pedagógicas Conforme afirma Louro 2000 os processos de escolarização estive ram e ainda estão preocupados em vigiar controlar corrigir e construir os corpos dos alu nos Quando pensamos na história da Educação Física no Brasil por sua vez percebemos que tal perspectiva também ocorreu e ocorre em sua prática nas instituições escolares Ainda no nascimento1 da Educação Física enquanto disciplina da escola podemos percebêla segundo Bracht 1999 constituída a partir de forte influência militar cumprindo a função de colaborar na construção de corpos saudáveis e dóceis tendo em vista o processo produtivo do país Por outro lado também é possível notar que a área se construía legitimada pelo conhecimento médicocientífico do corpo que referendava as possibilidades a necessi dade e as vantagens de tal intervenção sobre o corpo Especialmente com a implantação do Estado Novo a partir de 1930 a Educação Físi ca passa a funcionar como auxílio na construção de um novo homem almejado pelo discurso estadonovista Os trabalhos de Danailof e Soares 2002 assim como o de Danailof 2005 explicitam a educação do corpo estabelecida na época e definem o corpo como registro das marcas de um tempo que vislumbra um futuro próspero para a nação 1 Período também contemplado por Vago 1999 Sousa e Vago 2003 Teixeira 2008 e Herold e Leonel 2010 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016979 DOI 105216rppv19i442238 Com o final da ditadura do Estado Novo afirmam Nunes e Rúbio 2008 novas confi gurações políticas e sociais ocorreram fazendo com que a Educação fosse mediada pelo de senvolvimento tecnológico e industrial Dessa maneira a partir de um discurso desenvolvi mentista o ensino passa a valorizar o rendimento e os melhores resultados dos estudantes A peculiaridade do Esporte quanto atividade física regrada por regulamentos especialização de papéis competição meritocracia e por apresentar condições para medir quantificar e compa rar resultados faz dele um bom meio de preparar o homem daqueles tempos Já no período de Ditadura Militar2 além da modernização do país as preocupações se voltam para o controle social Logo o esporte e as competições escolares são impulsionados sendo que segundo Oliveira 2003 neste momento acontece à valorização de um mundo centrado em competição concorrência vitória e consagração instaurandose assim o movi mento de esportivização3 das aulas de Educação Física nas escolas o qual trazia consigo o ideal de lutadores e vencedores Durante todo esse período como relata Mazoni 2003 a Educação Física buscou atu ar sobre corposobjetos endireitando posturas adestrando gestos ensinando técnicas pa dronizadas e tentando fomentar um melhor desempenho mecânico da máquina humana Mesmo considerando a escola como um espaço onde existem tensões e resistências podese afirmar que a definição dos conteúdos e procedimentos didáticos dessa área durante grande parte do século XX apresentaram marcantes interferências de estratégias relacionadas ao uso e ao controle dos corpos pelas estruturas de poder com fins políticos de regulação e manuten ção da ordem Sendo assim por mais de 50 anos o esporte competitivo a cientificidade bio médica e a disciplina militar predominaram durante a formação dos professores dessa área no país Tal herança trouxe por muito tempo o entendimento do corpo sinônimo de máquina com o objetivo de garantir seu melhor funcionamento orgânico Essa visão é apresentada principalmente pela Ciência Biomédica a qual é tradicionalmente vista como a mais correta e explicativa conforme assinala Santos 1999 Essa percepção de corpo é entendida muitas vezes como a Ciência da Verdade que desvenda o mundo por meio de suas pesquisas ins trumentos e metodologias Por isso essa deveria ser segundo esse raciocínio a perspectiva sobre a qual o corpo deveria ser ensinado um corpo universal igual para todos fundamenta do pela figuração anatômica A partir dos anos 80 com a abertura democrática vivenciada no país e o aumento dos cursos de pósgraduação esse quadro começa a se transformar Percebese então uma cres cente influência4 das Ciências Humanas na área da Educação Física que conforme abordado anteriormente desenvolviase prioritariamente a partir dos ideais das Ciências Biológicas Sendo assim surgem novas formas de compreensão do corpo dentro da área Conforme des tacam Martineli e Mileski 2012 a partir dos anos 80 a Educação Física e seus conteúdos passam por um processo de reflexão e crítica Em uma pesquisa visando compreender quais as concepções de corpo oriundas das Ciências Humanas estiveram presentes nas produções científicas da área entre os anos de 1980 e 1990 tais autores destacam três vertentes aborda das nos parágrafos seguintes A primeira perspectiva segundo os autores teve inicio em 1983 com a publicação do livro A educação física cuida do corpo e mente de João Paulo Medina Naquele período o autor propunha uma reflexão crítica sobre o papel desempenhado pela disciplina afirmando 2 Período também contemplado por Pinto 2003 3 O termo esportivização é entendido aqui como a passagem do esporte nas aulas de educação física de con teúdo escolarizado a conteúdo exclusivo sendo gerador de uma nova forma de organizar o conhecimento os espaços tempos e relações sociais dentro e fora da escola Dantas Junior 2008 4Ludorf 2002 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016980 DOI 105216rppv19i442238 que um período de crise dessa área seria necessário para que os profissionais repensassem o problema do corpo na sociedade brasileira recuperandose assim um sentido mais humano para o último Alguns anos depois em 1987 o mesmo autor publicou o livro O Brasileiro e seu corpo educação e política do corpo em que fazia reflexões sobre o tema ancorandose principalmente na Filosofia Fenomenológica de MerleauPonty no pensamento marxista e também na pedagogia freireana Na década de 90 marcada pela readequação das bases sociais ditas democráticas des tacaramse os trabalhos de Jocimar Daólio e Carmem Lúcia Soares O primeiro estruturavase em investigações sobre o homem em suas relações sociais entendendo o último como um construtor de significados para as suas ações no mundo Dessa maneira o autor entende o corpo como uma construção cultural que pode se diferir dependendo do conjunto de signifi cados que a sociedade escreve no corpo de seus membros Cabe ressaltar a influência da An tropologia Social de Laplantine e Geertz e da Sociologia de Durkheim nas obras do autor conforme apontam Martineli e Mileski 2012 Já nos estudos de Carmem Lúcia Soares o corpo é representado como algo histórico e submetido ao controle social Ao longo de suas obras é possível perceber a Educação e a Educação Física sistematizadas como instrumentos capazes de promover o controle sobre os corpos Martineli e Mileski 2012 ao discorrerem sobre o livro Educação Física raízes europeias e Brasil explanam sobre a constituição da Educação Física enquanto disciplina pedagógica evidenciando a forma como a ciência positi vista influenciou as justificativas fundamentais da área Nessa obra a abordagem positivista adotou um modelo de conhecimento alicerçado sobretudo na biologia e na história natural O homem é então explicado por essas ciências fazendo com que os profissionais formados sob esta lógica dominassem apenas o conhecimento sobre o corpo biológico Aqui cabe destacar a grande influência da filosofia de Michel Foucault nos trabalhos da autora Mais recentemente no campo da Educação alguns autores organizam uma série de ar tigos sobre o tema do Corpo trazendo boas contribuições para o campo da Educação Física Em 2006 Marcus Aurélio Taborda de Oliveira lança o livro Educação do corpo na escola brasileira Em 2007 Carmen Lúcia Soares organiza o livro Pesquisas sobre o corpo ciências humanas e educação No mesmo ano outra coletânea é organizada por Edvaldo Souza Couto e Silvana Vilodre Goellner intitulada Corpos Mutantes Ensaios Sobre Novas DEficiências Corporais Tais autores também organizam em 2012 o livro O Triunfo do Corpo Polêmicas Contemporâneas Estes são alguns exemplos de importantes referências que problematizam o tema do corpo abordando também o tema na Educação Física brasileira Podemos dizer que essas perspectivas trazem em comum uma forma de se compreen der o Corpo levando em consideração aspectos históricos políticos e sociais Neste cenário percebemos a presença do pensamento de Michel Foucault em algumas destas perspectivas No âmbito das discussões sobre o Corpo presença no campo da Educação Física se dá com maior notoriedade a partir dos estudos de Carmem Lúcia Soares Na atualidade também é possível encontrar tal presença nos trabalhos de outros autores como Alex Branco Fraga do qual apresentaremos algumas obras mais adiante neste texto Assim pretendese neste artigo a retomada do conceito de corpo na obra de Michel Foucault Para isso buscamos a compre ensão do conceito a partir de uma releitura de seus livros mais especificamente As palavras e as coisas Vigiar e punir História da sexualidade a vontade de saber História da sexualida de o uso dos prazeres História da sexualidade o cuidado de si e também na leitura de co mentadores especialistas na obra do mesmo renomados no contexto brasileiro Com isso esperase contribuir para as discussões no campo da Educação Física no qual o conceito de Corpo possui grande relevância O corpo em Michel Foucault Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016981 DOI 105216rppv19i442238 Eu gostaria de dizer antes de mais nada qual foi o objetivo do meu trabalho nos últimos vinte anos Não foi analisar o fenômeno do poder nem elaborar os fundamentos de tal análise Meu objetivo ao contrário foi criar uma his tória dos diferentes modos pelos quais em nossa cultura os seres humanos tornaramse sujeitos FOUCAULT apud Dreyfus e Rabinow 2010 p 273 O trecho anterior diz respeito a uma entrevista com Michel Foucault realizada em 1982 Por meio dessa citação percebese que o Sujeito é o tema central investigado pelo filó sofo Sabese que o entendimento de Foucault sobre o corpo não é facilmente sistematizável e dessa forma fazse necessário discorrer brevemente sobre os caminhos empreendidos pelo autor em suas análises sobre o sujeito para posteriormente abordarmos o Corpo propriamente dito Ao longo de seus trabalhos Foucault tratou de três modos de objetivação que trans formaram seres humanos em sujeitos Em As palavras e as coisas ele procura isolar e descre ver os sistemas de saber à três grandes fases do pensamento ocidental que ele denominou de Renascimento Época Clássica e Modernidade Após discorrer sobre as características peculi ares dos dois primeiros Foucault nos mostra que em meados do século XVIII surgiu o ho mem objetivado para o saber Além disso ele afirma que o fim da era da Representação perí odo no qual o conhecimento se caracterizava por uma relação de ordenação entre as ideias decorre de uma modificação operada nos saberes da vida da linguagem e do trabalho Como relata Araújo 2008 o homem para o saber aparece quando surge a Biologia que o apresenta como organismo vivo e a vida tendo suas próprias condições de evolução A economia por sua vez o mostra como produtor cujo trabalho depende do seu modo de produção Por fim a filologia que o mostra como falante tendo a língua suas regras próprias Machado 2007 revela que ao ser tematizado pelas ciências empíricas o homem tor nase objeto do saber Juntamente há o nascimento de um novo tipo de filosofia que tem co mo marco inicial a revolução copernicana5 realizada por Kant que interroga aquele que conhece Dreyfus e Rabinow 2010 complementam dizendo que o homem tornase agora um sujeito entre objetos Mas não é só isso ele também entende que aquilo que tenta compreen der não são apenas os objetos do mundo mas a ele próprio inclusive Por isso Foucault de nomina a modernidade como a idade do homem período que se dá o nascimento das Ciências Humanas O estudo realizado em As palavras e as coisas pertence ao início da produção de Fou cault no entanto já é possível notar que o autor não dá à figura de conhecimento homem um entendimento transcendental no qual ao destituirmos toda a estrutura social teríamos acesso ao que ele realmente é Ao vislumbrarmos o quadro geral de sua obra percebemos como ao longo da história foram se constituindo subjetividades diversas e que estas não conduzem ao encontro de um possível fundamento do homem Juntamente com Fonseca 2011 percebese que em História da sexualidade O uso dos prazeres Foucault trata do estilo de vida grego em suas práticas relacionadas ao sexo nos seguintes domínios cuidados com o corpo com a casa e com a busca da verdade Neste perí odo da história a questão dos prazeres fundavase em condutas temperantes moderadas e bem conduzidas eticamente Em História da sexualidade o cuidado de si aborda problemas já presentes na Grécia Clássica mas que os latinos tratarão de modo diferente Encontrase aqui uma ética mais austera em que se ressalta um voltarse para si próprio um ocuparse consigo mesmo 5 A descoberta essencial é que a faculdade de conhecer é legisladora ou mais precisamente que há algo de legis lador na faculdade de conhecer Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016982 DOI 105216rppv19i442238 A partir destas leituras fica claro que Foucault rejeita a ideia de um sujeito que existe a priori do mundo social pois mostra como ao longo da história foram se constituindo dife rentes tipos de subjetividades Ou seja o que existe para o autor são diferentes constituições de um sujeito que não é dado definitivamente mas que a cada instante é fundado e refundado na história A esse respeito VeigaNeto 2011 esclarece que Foucault dá as costas para o sujeito produzido pelas metanarrativas6 iluministas O sujeito desde sempre aí ou seja ele não aceita a afirmação de que o sujeito é algo dado que preexiste ao mundo social Para ele o sujeito é constituído Mas e o Corpo Ao investigarmos o que Foucault diz a esse respeito percebemos a proximidade que seu pensamento sobre o tema trás com sua noção de Sujeito Porém diferen temente desse último o Corpo preexiste ao mundo social Mendes 2006 afirma que o corpo para Foucault é composto por carne ossos órgãos e membros é matéria literalmente algo físico e concreto No entanto essa matéria física não é inerte sem vida mas sim uma superfí cie moldável transformável e remodelável Assim esse corpo físico material sofre a ação das relações de poder7 que compõem tecnologias políticas específicas e históricas A partir desse entendimento é que se relaciona sua ideia de sujeito com o corpo Como nos diz Fernandes 2012 a relação entre estes é explicada no sentido de mostrar que o pri meiro não se reduz a um indivíduo corpóreo mas é necessário um corpo que funcione como seu suporte para o exercício de sua função Nesse sentido o que está em questão para Fou cault não é propriamente o corpo mas o sujeito de ação produzido por uma exterioridade social cultural e política Isso quer dizer que é exatamente esse sujeito de ação produzido pelo discurso que dá forma e concretude ao corpo No campo da Educação e da Educação Física por exemplo podemos ver várias formas de sujeito sendo constituídas historicamente para atender à urgências específicas de cada época Os discursos que circulavam sobre ser professor no início do século atendiam a demandas diferentes do que os que circulam na atua lidade Assim cada época trás em si relações de forças compostas pela exterioridade social que irá fabricar certos tipos de sujeito e dar forma a diferentes tipos de corpos Como observa Prado Filho e Trisotto 2008 não se trata aqui da naturalidade mas da historicidade dos corpos no plural porque percorrendo a história notase a circulação de toda uma diversidade de noções e de modalidades concretas de corpos Diferentes regimes e modos de produção de corpos que coexistem rivalizam se sucedem e se transformam ao lon go do tempo É nesse sentido que Mendes 2006 afirma que de maneira geral podemos dizer que Foucault também esteve preocupado com uma história do corpo Ou seja concomitante mente à história do sujeito em certo sentido Foucault fez também uma história política do corpo Principalmente se olharmos seus trabalhos sobre a constituição do sujeito moderno Em suas análises sobre tal constituição presentes em Vigiar e Punir e História da sexualidade a vontade de saber inserese definitivamente a relação sujeitocorpopoder Eizirik 2005 afirma que nesta parte de sua obra Foucault coloca o problema do poder e do corpo descrevendo o exercício do poder sobre o corpo Aqui inicia suas análises sobre o Biopoder que segundo Duarte 2006 referese a um certo poder que intervém sobre a vida que se desenvolveu em duas formas principais A primeira diz respeito a uma disposição dos homens no espaço que visa otimizar seu desempenho Uma forma de organização divisão e controle do tempo que são desenvolvidas com o objetivo de produzir rapidez e precisão de 6 Fenomenologia Marxismo e Positivismo 7 Para Foucault o poder não é uma substância nem um misterioso atributo mas um operador que funciona divi dindo envolvido numa prática divisória que fraciona cada um de nós tanto internamente em si mesmo quanto em relação aos demais Essas forças a que ele chama de poder atuam no que de mais concreto e material temos nossos corpos VeigaNeto 2011 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016983 DOI 105216rppv19i442238 movimentos ou seja procedimentos de poder que caracterizam as disciplinas anátomo política8 do corpo humano Já a segunda forma de poder como nos revela Candiotto 2010 se volta para o corpo espécie no corpo transpassado pela mecânica do ser vivo e como suporte dos processos biológicos a proliferação os nascimentos e a mortalidade o nível de saúde a longevidade etc Toda uma série de intervenções e controles reguladores uma biopolítica da população Neste ponto específico Duarte 2006 nos revela que este novo aporte contribuiu para uma melhor compreensão da atuação do poder em sua forma moderna Segundo o autor já não se trata simplesmente de regrar comportamentos individuais mas pretendese normalizar a própria espécie bem como regrar manipular incentivar e observar macro fenômenos como as taxas de natalidade e mortalidade as condições sanitárias das grandes cidades as infecções e contaminações a duração e as condições da vida etc Essas duas formas de atuação do poder sobre o corpo nascem em um momento específico na história e não podem ser vistas na anti guidade grega Elas inauguram uma nova economia nas relações de poder que podem ser vis tas atualmente e compõem o que Foucault tratará por governamentalidade9 Entendese assim que a partir do século XIX além de disciplinar condutas também pretendiase implantar um gerenciamento planificado da vida das populações Logo o que se produz por meio da atuação específica do biopoder não é mais apenas o indivíduo dócil e útil produzido pelas disciplinas mas é a própria gestão da vida do corpo social Percebese nos trabalhos de Foucault que ao tratar da constituição do sujeito tratase também da produção de seus corpos relacionandoos a formas específicas de atuação do po der Como assinála Barbosa 2014 tais formas se diferem no tempo Assim quando nos colocamos a olhar para a obra de Foucault percebemos nos dois últimos volumes de história da sexualidade formas de constituição de subjetividade fabricadas segundo procedimentos de uma ética apoiada na reflexão sobre si não havendo neste processo a presença prescritiva de códigos interditos mecanismos disciplinares tão presentes quando se trata da constituição do sujeito moderno Mesmo na antiguidade clássica já se percebem mudanças Ao investigar o sujeito mo ral dos séculos I e II de nossa era visto em História da sexualidade o cuidado de si Foucault localiza uma intensificação dos temas de austeridade no qual uma nova arte de existência se organiza diferente da vista no século IV ac em seu livro História da sexualidade o uso dos prazeres no qual a arte da existência se volta muito mais em torno da questão da moderação dos prazeres e do poder que se exerce sobre si a partir dessa moderação Modificações que nos fazem perceber uma moral mais rigorosa construída devido à novas configurações políti cas sociais e cívicas que surgiam naquele momento Portanto não se trata de conceber conforme Furlan e Silveira 2003 uma alma disso ciada do corpo como visto por certas correntes da metafísica clássica mas sim uma noção de alma criada diretamente sobre o corpo em função dos interesses políticos sobre ele concen trados Em síntese diferentemente das noções tradicionais que consideram o corpo como pri são da alma Foucault inverte a máxima afirmando a alma como prisão do corpo Contudo vale lembrar que tal história realizada por Michel Foucault ocupase como nos diz Prado Filho e Trisotto 2008 não com o corpo objeto da Biologia e da Medicina ciências especializadas no conhecimento e na intervenção sobre aquilo que ele apresenta co mo natural mas investiga o corpo em sua produção como sendo objeto de múltiplas técni cas e alvo de práticas diversas de moralização normalização modelização capacitação treinamento dentre outras Nesse sentido é que se dá a importância do tema em questão 8 O termo anatomopolítica busca justamente mostrar o caráter político fundamental da produção dos corpos 9 Objeto de estudo das maneiras de governar Edgardo Castro 2009 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016984 DOI 105216rppv19i442238 para o Educador Físico Em sua prática diária na escola o professor dessa área contribui para produção de sentidos e significados atribuídos ao corpo O que nos remete a Marinho 2015 quando nos mostra que existe também a própria produção do conhecimento sobre o corpo que acaba por ser um exercício de poder sobre ele Na concepção foucaultiana o poder longe de impedir o saber o produz Assim sendo um professor de Educação Física escolar que não compreende o corpo em sua produção política e historicamente localizada pode por isso produzir regimes de ver dade sobre ele ditando normas comportamentos padrões estéticos de saúde qualidade de vida como um parâmetro de verdade única para seus alunos se fechando para olhares e senti dos diversos de proposições e formas de se lidar com o corpo Atualmente esforços têm sido empreendidos no campo da Educação Física para aproximálo à abordagem foucaultiana que trataremos no tópico a seguir Corpo Michel Foucault e educação física No ano de 2013 Bracht e Almeida10 publicaram o artigo Esporte escola e a tensão que os megaeventos esportivos trazem para a Educação Física Escolar valendose do refe rencial foucaultiano mais especificamente o texto intitulado O que é a crítica para se coloca rem contrários a certas perspectivas que pretendem submeter à educação física escolar aos princípios do esporte de altorendimento Direcionandose ao vocabulário foucaultiano podese dizer que tais autores resistem a possível retomada do regime de verdade11 que induz a educação física escolar a assumir os princípios de alto rendimento como se fossem seus Diz Foucault 2000 que o regime de verdade não é apenas de ordem ideológica é também da forma como certas instituições que a produzem exercem poder sobre outras ibdem No campo da Educação Física há provavelmente vários regimes de verdade Contu do Lopes 2012 diagnostica um enorme crescimento de publicações com as palavras pro moção da saúde presentes na Biblioteca Virtual em Saúde LILACS entre os anos de 1980 e 2009 A autora afirma que este aumento está ligado a direcionamentos econômicos vinculados às políticas de saúde tendo em vista a diminuição dos gastos em saúde pública Sendo assim políticas de Promoção da Saúde passaram a ser o eixo articulador de todo o sis tema de saúde Furtado e Szapiro 2012 revelam que neste novo modelo as políticas não possuem como centralidade curar uma doença mas intervir em sua origem antes de seu aparecimento Sendo assim ampliase a intervenção em saúde para além dos indivíduos doentes o corpo com ausência de doenças passa a ser alvo de uma seria de intervenções e investimentos12 No campo da Educação Física Alex Branco Fraga embasandose fortemente na análi se de discurso empreendida por Michel Foucault problematiza a Educação Física contempo rânea a partir da análise da constituição disseminação e fixação do discurso de vida ativa Fraga 2006 mostra o exercício da informação em saúde como modo privilegiado de gover no dos corpos na atualidade 10 Eles também publicaram o livro Emancipação e diferença na educação uma leitura com Bauman no qual realizam uma releitura de perspectivas que se comunicam com a obra de Michel Foucault 11 Entende a verdade como um conjunto de procedimentos regulados para a produção a lei a repartição a cir culação e o funcionamento dos enunciados Foucault 2000 p14 12 Os discursos propositivos sobre melhoria das condições de saúde não são algo novo a novidade é o lugar central que assume a promoção quando se torna núcleo central das políticas de saúde atuais Furtado e Szapiro 2012 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016985 DOI 105216rppv19i442238 Desenvolvendo o conceito de biopolítica em Foucault a partir dos escritos de Deleuze o autor acentua que na passagem de uma sociedade disciplinar em que se pretendia a introje ção da disciplina conforme descrita por Foucault para uma sociedade dita de controle des crita por Deleuze pulverizase a forma de exercer o poder tornandose mais flexível e moni torando os corpos através da regulação dos fluxos e do acesso à informação Uma forma de governo que depende de um conjunto de técnicas procedimentos e saberes que regulam os estilos de vida da população dentro daquilo que o autor chamou de biopolítica informacio nal A partir de então Fraga 2006 desenvolve sua análise do discurso dissecando mate rialidades oriundas dos programas Agita São Paulo Agita Brasil Agita Mundo assim como de grandes eventos organizados pela Organização Mundial de Saúde OMS Em seus acha dos o autor localiza a importância que o conceito de Risco adquire como estratégia de coer ção deste discurso assim como o novo mal a ser combatido o Sedentarismo Em outro traba lho Fraga e Finco 2012 revelam como até mesmo os jogos eletrônicos na atualidade passam a compor este quadro discursivo da vida ativa No entanto é importante destacar a posição do autor perante esse discurso ele não faz apologia ao sedentarismo e nem se posiciona contra o estilo de vida ativo Trata sim de investigar os sistemas de significação desta maquinaria13 do agito como ele mesmo se refere para compreender como nos constituímos na atualidade a partir deste discurso muito presente no campo da Educação Física Conclusão Em um texto intitulado iluminismo e crítica Foucault ao discorrer sobre a função de seu modelo de pesquisa afirma Nesse sentido a crítica genealógica da modernidade procura mostrar que trazer à tona os jogos de correlações de forças a constituição dos saberes e poderes modernos e sua produção histórica como verdade presente nas práticas sociais evidencia sobretudo a atitude política e ética de lutar contra as práticas de sujeição atuais FOUCAULT apud ASSMANN E NUNES 2007 p15 É neste sentido que também vislumbramos nossa contribuição Ao longo deste artigo procuramos fazer um breve resumo histórico da discussão sobre o corpo na disciplina escolar Educação Física assim como apresentar a forma que o conceito de corpo adquire na obra de Michel Foucault Pensamos que compreender o corpo e a Educação Física escolar a partir da perspectiva apresentada garante aos professores de educação física escolar a possibilidade de um certo distanciamento crítico de sua prática cotidiana tendo em vista a problematização das diferentes disputas pela verdade no qual estão submersos orquestradas muitas vezes ao governo da população Parafraseando Foucault 1999 a luta para não ser governado ou para não ser gover nado exageradamente ou ser excessivamente subjetivado referese ao permanente questiona mento de nossas experiências Observando a educação física contemporânea nos pergunta mos a função do professor de educação física escolar atualmente se refere apenas ao domínio de diferentes códigos prescritivos sobre o uso correto do corpo com o objetivo de evitar problemas de saúde e promover a boa forma ou estaria aí a captura dos educadores físicos para o projeto de um novo estado cuja marca mais evidente é a restrição de gastos públicos Ainda teremos a coragem de justificar nossa prática a partir de certos discursos supostamente 13 Termo que compreende a análise do funcionamento do poder em Michel Foucault O poder não parte de al guém ou um ponto específico funciona como uma maquinaria sem maquinista Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016986 DOI 105216rppv19i442238 neutros apenas para conquistarmos a tão sonhada legitimidade dentro da escola e no mercado de trabalho ou teríamos a obrigação de ajudarmos nossos alunos a liberarem seus corpos das inúmeras imposições sociais sobre eles Pode ser que diante das cobranças sociais façamos isso como estratégia de sobrevi vência uma carta de apresentação para os ouvidos afoitos pelo governo dos outros mas não poderíamos também nos reinventar A educação física como outro componente curricular qualquer também pode ser terreno fértil para uma reinvenção não só dela mas da própria escola Reinventar conteúdos formas de transmissão dos saberes formas de se relacionar com os alunos etc Pensar a constituição de nossos corpos utilizando a história como referência e problematizar nossa prática no presente pode ser um bom caminho para fazer da escola atra vés desta disciplina um lugar mais interessante BODY FOR MICHEL FOUCAULT AND HIS PRESENCE TO THE PHYSICAL EDUCATION AREA Abstract Since 1980s we can see a growth of Human Sciences influence in the Physical Education area that Such influences culminate in new body researches different of the old researches which investigated only biological aspects Since then the new ways to investigate Body have in common political cultural and historical aspects In this scenario Michel Foucaults thought causes some effects with theoretical foundation of the Bodys concept This article investigates Michel Foucault ideas from expert Brazilian commentators We intend to know how Body and Subject concepts are presented for this philosopher It is understood that such an analysis has its validity for a better understanding of discussions in the contemporary scenario of Physical Education Keywords Body Subject Michel Foucault Physical Education CUERPO EN EL TRABAJO DE MICHEL FOUCAULT Y SU PRESENCIA EN EL CAMPO DE LA EDUCACIÓN FÍSICA Resumen Debido una creciente influencia de Ciencias Humanas en el área de Educación Física que se ha desarrollado a partir de los ideales de Ciencias Biológicas surgen nuevas formas de inves tigación del Cuerpo que tienen en comunes aspectos políticos culturales e históricos En el centro de este escenario está Michel Foucault Este artículo investiga las obras de lo mismo y comentaristas cómo es la base del concepto de cuerpo en su forma de pensar Se entiende a partir del análisis el cuerpo visto como un material de superficie que instala diferentes for mas de sujeto realizada por tecnologías históricas y políticas específicas Se entiende que este tipo de análisis tiene su validez para una mejor comprensión de problematizaciones en el es cenario contemporáneo de Educación Física Palabras clave Cuerpo Sujeto Michel Foucault Educación Física Referências ALMEIDA F BRACHT V Emancipação e diferença na educação uma leitura com Bauman Campinas SO Autores Associados 2006 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016987 DOI 105216rppv19i442238 ALMEIDA F BRACHT V Esporte escola e a tensão que os megaeventos esportivos tra zem para a Educação Física Escolar Em Aberto Brasília v26 n89 p131143 janjun 2013 ARAÚJO I L Foucault e a crítica do sujeito 2 ed Curitiba UFPR 2008 ASSMANN S NUNES N Michel Foucault e a genealogia como crítica do presente Revis ta Internacional Interdisciplinar Interthesis Florianópolis v4 n1 janjun 2007 BARBOSA P P A análise da noção de sujeito em Foucault um estudo para compreensão do debate contemporâneo entre Modernidade e Pósmodernidade na Pedagogia Filosofia Capi tal Brasília v 9 p 621 2014 BRACHT V A constituição das teorias pedagógicas da educação física Cadernos Cedes n 48 agosto 1999 CANDIOTTO C NETO A V Orgs Foucault e a crítica da verdade Belo Horizonte Autêntica Curitiba Champagnat 2010 Coleção Estudos Foucaultianos CASTRO E Vocabulário de Foucault Um percurso pelos seus temas conceitos e auto res Tradução de Ingrid Muller Xavier Belo Horizonte Autêntica 2009 DAOLIO J Da Cultura do Corpo 17 ed São Paulo Papiros 2013 DANAILOF K SOARES C Corpos e cidades lugares da educação 2002 Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação Física Universidade Estadual de Campi nas São Paulo 2002 DANAILOF K Imagens da infância Educação e o corpo em 1930 e 1940 no Brasil Rev Bras Cienc Esporte São Paulo v 26 n 3 p 2540 maio 2005 DANTAS JUNIOR H A esportivização da Educação Física no século do espetáculo refle xões historiográficas HISTEDBR Online São paulo n 29 p 215232 março 2008 DREYFUS H L RABINOW P Michel Foucault uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitária 2010 DUARTE A RAGO M VEIGA N A Orgs Biopolítica e resistência o legado de Michel Foucault Belo Horizonte Autêntica 2006 p 4555 Coleção Figuras de Foucault EIZIRIK M F Michel Foucault Um pensador do presente 2 ed Ijuí Unijuí 2005 FERNANDES C Discurso e sujeito em Michel Foucault São Paulo Intermeios 2012 FINCO M FRAGA A O corpo abduzido da realidade para virtualidade Imersão sen sorial movimentação interativa e vida ativa p 65 83 In COUTO E GOELLNER S O triunfo do Corpo Petrópolis RJ Vozes 2012 FONSECA M Michel Foucault e a constituição do sujeito 3 ed São Paulo EDUC 2011 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016988 DOI 105216rppv19i442238 FOUCAULT M A ordem do discurso 22ed São Paulo Editora Loyola 2012 FOUCAULT M As palavras e as coisas uma arqueologia das ciências humanas Tradu ção de Salma Tannus Muchail 9 ed São Paulo Martins Fontes 1981 2007 FOUCAULT M Em defesa da sociedade São Paulo Martins Fontes 1999 FOUCAULT M História da sexualidade I a vontade de saber Graal 1988 FOUCAULT M História da sexualidade II o uso dos prazeres Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J A Guilhon Albuquerque 13 ed Rio de Janeiro Graal 1984 2012 FOUCAULT M História da sexualidade III o cuidado de si Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J A Guilhon Albuquerque 11 ed Rio de Janeiro Graal 1985 2011 FOUCAULT M Microfísica do Poder Organização e Tradução de Roberto Machado Rio de Janeiro Edições Graal 1984 2000 FOUCAULT M Iluminismo e crítica trad provisória do italiano de Selvino José Assmann Paris Boletim da Sociedade Francesa de Filosofia n 2 abrjul 1990 FOUCAULT M O que é a crítica Roma Donzelli Editore 1999 FOUCAULT M Vigiar e Punir nascimento da prisão Tradução de Raquel Ramalhete 39 Ed Rio de Janeiro Vozes 1975 2011 FRAGA A Exercício da informação governo dos corpos no mercado da vida ativa Campinas SP Autores Associados 2006 FURTADO M SZAPIRO A Promoção da saúde e seu alcance biopolítico o discurso sani tário da sociedade contemporânea Saúde soc São Paulo v 21 n4 outdez 2012 HEROLD C LEONEL Z A Educação Física e a criação dos sistemas nacionais de ensi no da prática social à prática escolar Maringá Eduem 2010 LOPES A Saúde no processo de democratização brasileiro promoção da saúde biopolíti cas e práticas de si na constituição de sujeitos da saúde 2012 Tese Doutorado em Psicologi a Pósgraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina 2012 LOURO G L Corpo escola e identidade Educação e Realidade v 25 n 2 p 5976 juldez 2000 LUDORF S Panorama da Pesquisa em Educação Física da década de 90 Análise dos resu mos de dissertações e teses Revista da Educação FísicaUEM Maringá v 13 n 2 p 19 25 2 sem 2002 MACHADO R Foucault a ciência e o saber 4 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar 2007 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016989 DOI 105216rppv19i442238 MARINHO C Corpo heterotópico como resistência aos processos de subjetivação identitá ria algumas questões filosóficoeducacionais In IX COLÓQUIO INTERNACIONAL MI CHEL FOUCAULT Michel Foucault e as heterotopias do corpo 2015 Recife MARTINELI T MILESKI K Concepções de corpo na Educação Física apontamentos históricos In IX ANPED SUL seminário de pesquisa em Educação da região sul 2012 MAZONI A Corpo e movimento no cotidiano de uma escola plural um estudo de ca so 2003 Dissertação Mestrado em Educação Pósgraduação em Educação Faculdade de Educação da UFMG Belo Horizonte 2003 MEDINA J HUNGARO E BRACHT V A educação física cuida do corpo e mente Novas contradições e desafios do século XXI São Paulo Papirus 2010 MENDES C O corpo em Foucault superfície de disciplinamento e governo Revista de Ci ências Humanas Florianópolis n 39 p 167181 abril 2006 NUNES M RÚBIO K Os Currículos da Educação Física e a constituição da identidade de seus sujeitos Currículo sem fronteiras v 8 n 2 p 5577 juldez 2008 OLIVEIRA T Educação física escolar e ditadura militar no Brasil 19641984 Entre a ade são e a resistência Revista Brasileira Ciência e Esporte Campinas v 25 n 2 p 920 ja neiro 2004 OLIVEIRA T Educação do corpo na Escola brasileira São Paulo Autores associados 2006 PINTO J Representações de esporte e educação física na ditadura militar Uma leitura a partir da revista de história em quadrinhos Dedinho 19691974 2003 154 f Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação de Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Minas Gerais 2003 PRADO FILHO K TRISOTTO S O corpo problematizado a partir de uma perspectiva his tóricopolítica Psicologia em Estudo Maringá v 13 n 1 p 115121 janmar 2008 SANTOS L Pedagogias do Corpo Representação Identidade e Instâncias de Produção Rio de Janeiro Vozes 1999 SILVEIRA F FURLAN R Corpo e Alma em Foucault postulados para uma metodologia da psicologia Psicologia USP São Paulo p 171194 2003 SOARES C Pesquisas sobre o corpo ciências humanas e educação São Paulo Autores Associados 2007 SOARES C Educação Física raízes européias e Brasil São Paulo Autores Associados 1994 SOUSA E VAGO T Última década dos oitocentos primeira década da Gymnastica na formação do professorado mineiro p 253281 In VEIGA C FONSECA T História e Historiografia da Educação no Brasil Belo Horizonte Autêntica 2003 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016990 DOI 105216rppv19i442238 TEIXEIRA A H L A Gymnastica no Ginásio Mineiro Internato e externato 1890 1916 p 236254 In VAGO T OLIVEIRA B Histórias de Práticas Educativas Belo Ho rizonte UFMG 2008 VAGO T Início e fim do século XX Maneiras de fazer educação física na escola Cadernos Cedes n 48 agosto 1999 VEIGA NETO A Foucault e a Educação 3 ed Belo Horizonte Autêntica 2011 Recebido em 08072016 Revisado em 15082016 Aprovado em 16082016 Endereço para correspondência pietrinepaivahotmailcom Pietrine Paiva Barbosa Universidade Federal de Minas Gerais Av Pres Antônio Carlos 6627 Pampulha Belo Horizonte MG 31270901
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Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016978 DOI 105216rppv19i442238 O CORPO NA OBRA DE MICHEL FOUCAULT E SUA PRESENÇA NO CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA Pietrine Paiva Barbosa Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Nathália Rodrigues Oliveira Centro Universitário UNA Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Resumo Devido a crescente influência das Ciências Humanas na área da Educação Física que sempre se desenvolveu a partir dos ideais das Ciências Biológicas passam a circular na área formas de se investigar o corpo que trazem em comum aspectos políticos culturais e históricos No bojo deste cenário encontrase Michel Foucault Este artigo investiga nas obras do filósofo e a partir de comentadores como se dá a fundamentação do conceito de Corpo em seu pensamen to Entendese a partir da análise o Corpo como uma superfície material concreta na qual se instala diferentes formas de Sujeito fabricadas por tecnologias políticas específicas e históri cas Tal análise possui sua validade para uma melhor compreensão das problematizações rea lizadas no cenário contemporâneo da Educação Física Palavraschave Corpo Sujeito Michel Foucault Educação Física Breve histórico a presença do corpo na educação física como disciplina escolar A história da Educação mostra que a preocupação com o corpo tem sido presente nas práticas pedagógicas Conforme afirma Louro 2000 os processos de escolarização estive ram e ainda estão preocupados em vigiar controlar corrigir e construir os corpos dos alu nos Quando pensamos na história da Educação Física no Brasil por sua vez percebemos que tal perspectiva também ocorreu e ocorre em sua prática nas instituições escolares Ainda no nascimento1 da Educação Física enquanto disciplina da escola podemos percebêla segundo Bracht 1999 constituída a partir de forte influência militar cumprindo a função de colaborar na construção de corpos saudáveis e dóceis tendo em vista o processo produtivo do país Por outro lado também é possível notar que a área se construía legitimada pelo conhecimento médicocientífico do corpo que referendava as possibilidades a necessi dade e as vantagens de tal intervenção sobre o corpo Especialmente com a implantação do Estado Novo a partir de 1930 a Educação Físi ca passa a funcionar como auxílio na construção de um novo homem almejado pelo discurso estadonovista Os trabalhos de Danailof e Soares 2002 assim como o de Danailof 2005 explicitam a educação do corpo estabelecida na época e definem o corpo como registro das marcas de um tempo que vislumbra um futuro próspero para a nação 1 Período também contemplado por Vago 1999 Sousa e Vago 2003 Teixeira 2008 e Herold e Leonel 2010 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016979 DOI 105216rppv19i442238 Com o final da ditadura do Estado Novo afirmam Nunes e Rúbio 2008 novas confi gurações políticas e sociais ocorreram fazendo com que a Educação fosse mediada pelo de senvolvimento tecnológico e industrial Dessa maneira a partir de um discurso desenvolvi mentista o ensino passa a valorizar o rendimento e os melhores resultados dos estudantes A peculiaridade do Esporte quanto atividade física regrada por regulamentos especialização de papéis competição meritocracia e por apresentar condições para medir quantificar e compa rar resultados faz dele um bom meio de preparar o homem daqueles tempos Já no período de Ditadura Militar2 além da modernização do país as preocupações se voltam para o controle social Logo o esporte e as competições escolares são impulsionados sendo que segundo Oliveira 2003 neste momento acontece à valorização de um mundo centrado em competição concorrência vitória e consagração instaurandose assim o movi mento de esportivização3 das aulas de Educação Física nas escolas o qual trazia consigo o ideal de lutadores e vencedores Durante todo esse período como relata Mazoni 2003 a Educação Física buscou atu ar sobre corposobjetos endireitando posturas adestrando gestos ensinando técnicas pa dronizadas e tentando fomentar um melhor desempenho mecânico da máquina humana Mesmo considerando a escola como um espaço onde existem tensões e resistências podese afirmar que a definição dos conteúdos e procedimentos didáticos dessa área durante grande parte do século XX apresentaram marcantes interferências de estratégias relacionadas ao uso e ao controle dos corpos pelas estruturas de poder com fins políticos de regulação e manuten ção da ordem Sendo assim por mais de 50 anos o esporte competitivo a cientificidade bio médica e a disciplina militar predominaram durante a formação dos professores dessa área no país Tal herança trouxe por muito tempo o entendimento do corpo sinônimo de máquina com o objetivo de garantir seu melhor funcionamento orgânico Essa visão é apresentada principalmente pela Ciência Biomédica a qual é tradicionalmente vista como a mais correta e explicativa conforme assinala Santos 1999 Essa percepção de corpo é entendida muitas vezes como a Ciência da Verdade que desvenda o mundo por meio de suas pesquisas ins trumentos e metodologias Por isso essa deveria ser segundo esse raciocínio a perspectiva sobre a qual o corpo deveria ser ensinado um corpo universal igual para todos fundamenta do pela figuração anatômica A partir dos anos 80 com a abertura democrática vivenciada no país e o aumento dos cursos de pósgraduação esse quadro começa a se transformar Percebese então uma cres cente influência4 das Ciências Humanas na área da Educação Física que conforme abordado anteriormente desenvolviase prioritariamente a partir dos ideais das Ciências Biológicas Sendo assim surgem novas formas de compreensão do corpo dentro da área Conforme des tacam Martineli e Mileski 2012 a partir dos anos 80 a Educação Física e seus conteúdos passam por um processo de reflexão e crítica Em uma pesquisa visando compreender quais as concepções de corpo oriundas das Ciências Humanas estiveram presentes nas produções científicas da área entre os anos de 1980 e 1990 tais autores destacam três vertentes aborda das nos parágrafos seguintes A primeira perspectiva segundo os autores teve inicio em 1983 com a publicação do livro A educação física cuida do corpo e mente de João Paulo Medina Naquele período o autor propunha uma reflexão crítica sobre o papel desempenhado pela disciplina afirmando 2 Período também contemplado por Pinto 2003 3 O termo esportivização é entendido aqui como a passagem do esporte nas aulas de educação física de con teúdo escolarizado a conteúdo exclusivo sendo gerador de uma nova forma de organizar o conhecimento os espaços tempos e relações sociais dentro e fora da escola Dantas Junior 2008 4Ludorf 2002 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016980 DOI 105216rppv19i442238 que um período de crise dessa área seria necessário para que os profissionais repensassem o problema do corpo na sociedade brasileira recuperandose assim um sentido mais humano para o último Alguns anos depois em 1987 o mesmo autor publicou o livro O Brasileiro e seu corpo educação e política do corpo em que fazia reflexões sobre o tema ancorandose principalmente na Filosofia Fenomenológica de MerleauPonty no pensamento marxista e também na pedagogia freireana Na década de 90 marcada pela readequação das bases sociais ditas democráticas des tacaramse os trabalhos de Jocimar Daólio e Carmem Lúcia Soares O primeiro estruturavase em investigações sobre o homem em suas relações sociais entendendo o último como um construtor de significados para as suas ações no mundo Dessa maneira o autor entende o corpo como uma construção cultural que pode se diferir dependendo do conjunto de signifi cados que a sociedade escreve no corpo de seus membros Cabe ressaltar a influência da An tropologia Social de Laplantine e Geertz e da Sociologia de Durkheim nas obras do autor conforme apontam Martineli e Mileski 2012 Já nos estudos de Carmem Lúcia Soares o corpo é representado como algo histórico e submetido ao controle social Ao longo de suas obras é possível perceber a Educação e a Educação Física sistematizadas como instrumentos capazes de promover o controle sobre os corpos Martineli e Mileski 2012 ao discorrerem sobre o livro Educação Física raízes europeias e Brasil explanam sobre a constituição da Educação Física enquanto disciplina pedagógica evidenciando a forma como a ciência positi vista influenciou as justificativas fundamentais da área Nessa obra a abordagem positivista adotou um modelo de conhecimento alicerçado sobretudo na biologia e na história natural O homem é então explicado por essas ciências fazendo com que os profissionais formados sob esta lógica dominassem apenas o conhecimento sobre o corpo biológico Aqui cabe destacar a grande influência da filosofia de Michel Foucault nos trabalhos da autora Mais recentemente no campo da Educação alguns autores organizam uma série de ar tigos sobre o tema do Corpo trazendo boas contribuições para o campo da Educação Física Em 2006 Marcus Aurélio Taborda de Oliveira lança o livro Educação do corpo na escola brasileira Em 2007 Carmen Lúcia Soares organiza o livro Pesquisas sobre o corpo ciências humanas e educação No mesmo ano outra coletânea é organizada por Edvaldo Souza Couto e Silvana Vilodre Goellner intitulada Corpos Mutantes Ensaios Sobre Novas DEficiências Corporais Tais autores também organizam em 2012 o livro O Triunfo do Corpo Polêmicas Contemporâneas Estes são alguns exemplos de importantes referências que problematizam o tema do corpo abordando também o tema na Educação Física brasileira Podemos dizer que essas perspectivas trazem em comum uma forma de se compreen der o Corpo levando em consideração aspectos históricos políticos e sociais Neste cenário percebemos a presença do pensamento de Michel Foucault em algumas destas perspectivas No âmbito das discussões sobre o Corpo presença no campo da Educação Física se dá com maior notoriedade a partir dos estudos de Carmem Lúcia Soares Na atualidade também é possível encontrar tal presença nos trabalhos de outros autores como Alex Branco Fraga do qual apresentaremos algumas obras mais adiante neste texto Assim pretendese neste artigo a retomada do conceito de corpo na obra de Michel Foucault Para isso buscamos a compre ensão do conceito a partir de uma releitura de seus livros mais especificamente As palavras e as coisas Vigiar e punir História da sexualidade a vontade de saber História da sexualida de o uso dos prazeres História da sexualidade o cuidado de si e também na leitura de co mentadores especialistas na obra do mesmo renomados no contexto brasileiro Com isso esperase contribuir para as discussões no campo da Educação Física no qual o conceito de Corpo possui grande relevância O corpo em Michel Foucault Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016981 DOI 105216rppv19i442238 Eu gostaria de dizer antes de mais nada qual foi o objetivo do meu trabalho nos últimos vinte anos Não foi analisar o fenômeno do poder nem elaborar os fundamentos de tal análise Meu objetivo ao contrário foi criar uma his tória dos diferentes modos pelos quais em nossa cultura os seres humanos tornaramse sujeitos FOUCAULT apud Dreyfus e Rabinow 2010 p 273 O trecho anterior diz respeito a uma entrevista com Michel Foucault realizada em 1982 Por meio dessa citação percebese que o Sujeito é o tema central investigado pelo filó sofo Sabese que o entendimento de Foucault sobre o corpo não é facilmente sistematizável e dessa forma fazse necessário discorrer brevemente sobre os caminhos empreendidos pelo autor em suas análises sobre o sujeito para posteriormente abordarmos o Corpo propriamente dito Ao longo de seus trabalhos Foucault tratou de três modos de objetivação que trans formaram seres humanos em sujeitos Em As palavras e as coisas ele procura isolar e descre ver os sistemas de saber à três grandes fases do pensamento ocidental que ele denominou de Renascimento Época Clássica e Modernidade Após discorrer sobre as características peculi ares dos dois primeiros Foucault nos mostra que em meados do século XVIII surgiu o ho mem objetivado para o saber Além disso ele afirma que o fim da era da Representação perí odo no qual o conhecimento se caracterizava por uma relação de ordenação entre as ideias decorre de uma modificação operada nos saberes da vida da linguagem e do trabalho Como relata Araújo 2008 o homem para o saber aparece quando surge a Biologia que o apresenta como organismo vivo e a vida tendo suas próprias condições de evolução A economia por sua vez o mostra como produtor cujo trabalho depende do seu modo de produção Por fim a filologia que o mostra como falante tendo a língua suas regras próprias Machado 2007 revela que ao ser tematizado pelas ciências empíricas o homem tor nase objeto do saber Juntamente há o nascimento de um novo tipo de filosofia que tem co mo marco inicial a revolução copernicana5 realizada por Kant que interroga aquele que conhece Dreyfus e Rabinow 2010 complementam dizendo que o homem tornase agora um sujeito entre objetos Mas não é só isso ele também entende que aquilo que tenta compreen der não são apenas os objetos do mundo mas a ele próprio inclusive Por isso Foucault de nomina a modernidade como a idade do homem período que se dá o nascimento das Ciências Humanas O estudo realizado em As palavras e as coisas pertence ao início da produção de Fou cault no entanto já é possível notar que o autor não dá à figura de conhecimento homem um entendimento transcendental no qual ao destituirmos toda a estrutura social teríamos acesso ao que ele realmente é Ao vislumbrarmos o quadro geral de sua obra percebemos como ao longo da história foram se constituindo subjetividades diversas e que estas não conduzem ao encontro de um possível fundamento do homem Juntamente com Fonseca 2011 percebese que em História da sexualidade O uso dos prazeres Foucault trata do estilo de vida grego em suas práticas relacionadas ao sexo nos seguintes domínios cuidados com o corpo com a casa e com a busca da verdade Neste perí odo da história a questão dos prazeres fundavase em condutas temperantes moderadas e bem conduzidas eticamente Em História da sexualidade o cuidado de si aborda problemas já presentes na Grécia Clássica mas que os latinos tratarão de modo diferente Encontrase aqui uma ética mais austera em que se ressalta um voltarse para si próprio um ocuparse consigo mesmo 5 A descoberta essencial é que a faculdade de conhecer é legisladora ou mais precisamente que há algo de legis lador na faculdade de conhecer Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016982 DOI 105216rppv19i442238 A partir destas leituras fica claro que Foucault rejeita a ideia de um sujeito que existe a priori do mundo social pois mostra como ao longo da história foram se constituindo dife rentes tipos de subjetividades Ou seja o que existe para o autor são diferentes constituições de um sujeito que não é dado definitivamente mas que a cada instante é fundado e refundado na história A esse respeito VeigaNeto 2011 esclarece que Foucault dá as costas para o sujeito produzido pelas metanarrativas6 iluministas O sujeito desde sempre aí ou seja ele não aceita a afirmação de que o sujeito é algo dado que preexiste ao mundo social Para ele o sujeito é constituído Mas e o Corpo Ao investigarmos o que Foucault diz a esse respeito percebemos a proximidade que seu pensamento sobre o tema trás com sua noção de Sujeito Porém diferen temente desse último o Corpo preexiste ao mundo social Mendes 2006 afirma que o corpo para Foucault é composto por carne ossos órgãos e membros é matéria literalmente algo físico e concreto No entanto essa matéria física não é inerte sem vida mas sim uma superfí cie moldável transformável e remodelável Assim esse corpo físico material sofre a ação das relações de poder7 que compõem tecnologias políticas específicas e históricas A partir desse entendimento é que se relaciona sua ideia de sujeito com o corpo Como nos diz Fernandes 2012 a relação entre estes é explicada no sentido de mostrar que o pri meiro não se reduz a um indivíduo corpóreo mas é necessário um corpo que funcione como seu suporte para o exercício de sua função Nesse sentido o que está em questão para Fou cault não é propriamente o corpo mas o sujeito de ação produzido por uma exterioridade social cultural e política Isso quer dizer que é exatamente esse sujeito de ação produzido pelo discurso que dá forma e concretude ao corpo No campo da Educação e da Educação Física por exemplo podemos ver várias formas de sujeito sendo constituídas historicamente para atender à urgências específicas de cada época Os discursos que circulavam sobre ser professor no início do século atendiam a demandas diferentes do que os que circulam na atua lidade Assim cada época trás em si relações de forças compostas pela exterioridade social que irá fabricar certos tipos de sujeito e dar forma a diferentes tipos de corpos Como observa Prado Filho e Trisotto 2008 não se trata aqui da naturalidade mas da historicidade dos corpos no plural porque percorrendo a história notase a circulação de toda uma diversidade de noções e de modalidades concretas de corpos Diferentes regimes e modos de produção de corpos que coexistem rivalizam se sucedem e se transformam ao lon go do tempo É nesse sentido que Mendes 2006 afirma que de maneira geral podemos dizer que Foucault também esteve preocupado com uma história do corpo Ou seja concomitante mente à história do sujeito em certo sentido Foucault fez também uma história política do corpo Principalmente se olharmos seus trabalhos sobre a constituição do sujeito moderno Em suas análises sobre tal constituição presentes em Vigiar e Punir e História da sexualidade a vontade de saber inserese definitivamente a relação sujeitocorpopoder Eizirik 2005 afirma que nesta parte de sua obra Foucault coloca o problema do poder e do corpo descrevendo o exercício do poder sobre o corpo Aqui inicia suas análises sobre o Biopoder que segundo Duarte 2006 referese a um certo poder que intervém sobre a vida que se desenvolveu em duas formas principais A primeira diz respeito a uma disposição dos homens no espaço que visa otimizar seu desempenho Uma forma de organização divisão e controle do tempo que são desenvolvidas com o objetivo de produzir rapidez e precisão de 6 Fenomenologia Marxismo e Positivismo 7 Para Foucault o poder não é uma substância nem um misterioso atributo mas um operador que funciona divi dindo envolvido numa prática divisória que fraciona cada um de nós tanto internamente em si mesmo quanto em relação aos demais Essas forças a que ele chama de poder atuam no que de mais concreto e material temos nossos corpos VeigaNeto 2011 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016983 DOI 105216rppv19i442238 movimentos ou seja procedimentos de poder que caracterizam as disciplinas anátomo política8 do corpo humano Já a segunda forma de poder como nos revela Candiotto 2010 se volta para o corpo espécie no corpo transpassado pela mecânica do ser vivo e como suporte dos processos biológicos a proliferação os nascimentos e a mortalidade o nível de saúde a longevidade etc Toda uma série de intervenções e controles reguladores uma biopolítica da população Neste ponto específico Duarte 2006 nos revela que este novo aporte contribuiu para uma melhor compreensão da atuação do poder em sua forma moderna Segundo o autor já não se trata simplesmente de regrar comportamentos individuais mas pretendese normalizar a própria espécie bem como regrar manipular incentivar e observar macro fenômenos como as taxas de natalidade e mortalidade as condições sanitárias das grandes cidades as infecções e contaminações a duração e as condições da vida etc Essas duas formas de atuação do poder sobre o corpo nascem em um momento específico na história e não podem ser vistas na anti guidade grega Elas inauguram uma nova economia nas relações de poder que podem ser vis tas atualmente e compõem o que Foucault tratará por governamentalidade9 Entendese assim que a partir do século XIX além de disciplinar condutas também pretendiase implantar um gerenciamento planificado da vida das populações Logo o que se produz por meio da atuação específica do biopoder não é mais apenas o indivíduo dócil e útil produzido pelas disciplinas mas é a própria gestão da vida do corpo social Percebese nos trabalhos de Foucault que ao tratar da constituição do sujeito tratase também da produção de seus corpos relacionandoos a formas específicas de atuação do po der Como assinála Barbosa 2014 tais formas se diferem no tempo Assim quando nos colocamos a olhar para a obra de Foucault percebemos nos dois últimos volumes de história da sexualidade formas de constituição de subjetividade fabricadas segundo procedimentos de uma ética apoiada na reflexão sobre si não havendo neste processo a presença prescritiva de códigos interditos mecanismos disciplinares tão presentes quando se trata da constituição do sujeito moderno Mesmo na antiguidade clássica já se percebem mudanças Ao investigar o sujeito mo ral dos séculos I e II de nossa era visto em História da sexualidade o cuidado de si Foucault localiza uma intensificação dos temas de austeridade no qual uma nova arte de existência se organiza diferente da vista no século IV ac em seu livro História da sexualidade o uso dos prazeres no qual a arte da existência se volta muito mais em torno da questão da moderação dos prazeres e do poder que se exerce sobre si a partir dessa moderação Modificações que nos fazem perceber uma moral mais rigorosa construída devido à novas configurações políti cas sociais e cívicas que surgiam naquele momento Portanto não se trata de conceber conforme Furlan e Silveira 2003 uma alma disso ciada do corpo como visto por certas correntes da metafísica clássica mas sim uma noção de alma criada diretamente sobre o corpo em função dos interesses políticos sobre ele concen trados Em síntese diferentemente das noções tradicionais que consideram o corpo como pri são da alma Foucault inverte a máxima afirmando a alma como prisão do corpo Contudo vale lembrar que tal história realizada por Michel Foucault ocupase como nos diz Prado Filho e Trisotto 2008 não com o corpo objeto da Biologia e da Medicina ciências especializadas no conhecimento e na intervenção sobre aquilo que ele apresenta co mo natural mas investiga o corpo em sua produção como sendo objeto de múltiplas técni cas e alvo de práticas diversas de moralização normalização modelização capacitação treinamento dentre outras Nesse sentido é que se dá a importância do tema em questão 8 O termo anatomopolítica busca justamente mostrar o caráter político fundamental da produção dos corpos 9 Objeto de estudo das maneiras de governar Edgardo Castro 2009 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016984 DOI 105216rppv19i442238 para o Educador Físico Em sua prática diária na escola o professor dessa área contribui para produção de sentidos e significados atribuídos ao corpo O que nos remete a Marinho 2015 quando nos mostra que existe também a própria produção do conhecimento sobre o corpo que acaba por ser um exercício de poder sobre ele Na concepção foucaultiana o poder longe de impedir o saber o produz Assim sendo um professor de Educação Física escolar que não compreende o corpo em sua produção política e historicamente localizada pode por isso produzir regimes de ver dade sobre ele ditando normas comportamentos padrões estéticos de saúde qualidade de vida como um parâmetro de verdade única para seus alunos se fechando para olhares e senti dos diversos de proposições e formas de se lidar com o corpo Atualmente esforços têm sido empreendidos no campo da Educação Física para aproximálo à abordagem foucaultiana que trataremos no tópico a seguir Corpo Michel Foucault e educação física No ano de 2013 Bracht e Almeida10 publicaram o artigo Esporte escola e a tensão que os megaeventos esportivos trazem para a Educação Física Escolar valendose do refe rencial foucaultiano mais especificamente o texto intitulado O que é a crítica para se coloca rem contrários a certas perspectivas que pretendem submeter à educação física escolar aos princípios do esporte de altorendimento Direcionandose ao vocabulário foucaultiano podese dizer que tais autores resistem a possível retomada do regime de verdade11 que induz a educação física escolar a assumir os princípios de alto rendimento como se fossem seus Diz Foucault 2000 que o regime de verdade não é apenas de ordem ideológica é também da forma como certas instituições que a produzem exercem poder sobre outras ibdem No campo da Educação Física há provavelmente vários regimes de verdade Contu do Lopes 2012 diagnostica um enorme crescimento de publicações com as palavras pro moção da saúde presentes na Biblioteca Virtual em Saúde LILACS entre os anos de 1980 e 2009 A autora afirma que este aumento está ligado a direcionamentos econômicos vinculados às políticas de saúde tendo em vista a diminuição dos gastos em saúde pública Sendo assim políticas de Promoção da Saúde passaram a ser o eixo articulador de todo o sis tema de saúde Furtado e Szapiro 2012 revelam que neste novo modelo as políticas não possuem como centralidade curar uma doença mas intervir em sua origem antes de seu aparecimento Sendo assim ampliase a intervenção em saúde para além dos indivíduos doentes o corpo com ausência de doenças passa a ser alvo de uma seria de intervenções e investimentos12 No campo da Educação Física Alex Branco Fraga embasandose fortemente na análi se de discurso empreendida por Michel Foucault problematiza a Educação Física contempo rânea a partir da análise da constituição disseminação e fixação do discurso de vida ativa Fraga 2006 mostra o exercício da informação em saúde como modo privilegiado de gover no dos corpos na atualidade 10 Eles também publicaram o livro Emancipação e diferença na educação uma leitura com Bauman no qual realizam uma releitura de perspectivas que se comunicam com a obra de Michel Foucault 11 Entende a verdade como um conjunto de procedimentos regulados para a produção a lei a repartição a cir culação e o funcionamento dos enunciados Foucault 2000 p14 12 Os discursos propositivos sobre melhoria das condições de saúde não são algo novo a novidade é o lugar central que assume a promoção quando se torna núcleo central das políticas de saúde atuais Furtado e Szapiro 2012 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016985 DOI 105216rppv19i442238 Desenvolvendo o conceito de biopolítica em Foucault a partir dos escritos de Deleuze o autor acentua que na passagem de uma sociedade disciplinar em que se pretendia a introje ção da disciplina conforme descrita por Foucault para uma sociedade dita de controle des crita por Deleuze pulverizase a forma de exercer o poder tornandose mais flexível e moni torando os corpos através da regulação dos fluxos e do acesso à informação Uma forma de governo que depende de um conjunto de técnicas procedimentos e saberes que regulam os estilos de vida da população dentro daquilo que o autor chamou de biopolítica informacio nal A partir de então Fraga 2006 desenvolve sua análise do discurso dissecando mate rialidades oriundas dos programas Agita São Paulo Agita Brasil Agita Mundo assim como de grandes eventos organizados pela Organização Mundial de Saúde OMS Em seus acha dos o autor localiza a importância que o conceito de Risco adquire como estratégia de coer ção deste discurso assim como o novo mal a ser combatido o Sedentarismo Em outro traba lho Fraga e Finco 2012 revelam como até mesmo os jogos eletrônicos na atualidade passam a compor este quadro discursivo da vida ativa No entanto é importante destacar a posição do autor perante esse discurso ele não faz apologia ao sedentarismo e nem se posiciona contra o estilo de vida ativo Trata sim de investigar os sistemas de significação desta maquinaria13 do agito como ele mesmo se refere para compreender como nos constituímos na atualidade a partir deste discurso muito presente no campo da Educação Física Conclusão Em um texto intitulado iluminismo e crítica Foucault ao discorrer sobre a função de seu modelo de pesquisa afirma Nesse sentido a crítica genealógica da modernidade procura mostrar que trazer à tona os jogos de correlações de forças a constituição dos saberes e poderes modernos e sua produção histórica como verdade presente nas práticas sociais evidencia sobretudo a atitude política e ética de lutar contra as práticas de sujeição atuais FOUCAULT apud ASSMANN E NUNES 2007 p15 É neste sentido que também vislumbramos nossa contribuição Ao longo deste artigo procuramos fazer um breve resumo histórico da discussão sobre o corpo na disciplina escolar Educação Física assim como apresentar a forma que o conceito de corpo adquire na obra de Michel Foucault Pensamos que compreender o corpo e a Educação Física escolar a partir da perspectiva apresentada garante aos professores de educação física escolar a possibilidade de um certo distanciamento crítico de sua prática cotidiana tendo em vista a problematização das diferentes disputas pela verdade no qual estão submersos orquestradas muitas vezes ao governo da população Parafraseando Foucault 1999 a luta para não ser governado ou para não ser gover nado exageradamente ou ser excessivamente subjetivado referese ao permanente questiona mento de nossas experiências Observando a educação física contemporânea nos pergunta mos a função do professor de educação física escolar atualmente se refere apenas ao domínio de diferentes códigos prescritivos sobre o uso correto do corpo com o objetivo de evitar problemas de saúde e promover a boa forma ou estaria aí a captura dos educadores físicos para o projeto de um novo estado cuja marca mais evidente é a restrição de gastos públicos Ainda teremos a coragem de justificar nossa prática a partir de certos discursos supostamente 13 Termo que compreende a análise do funcionamento do poder em Michel Foucault O poder não parte de al guém ou um ponto específico funciona como uma maquinaria sem maquinista Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016986 DOI 105216rppv19i442238 neutros apenas para conquistarmos a tão sonhada legitimidade dentro da escola e no mercado de trabalho ou teríamos a obrigação de ajudarmos nossos alunos a liberarem seus corpos das inúmeras imposições sociais sobre eles Pode ser que diante das cobranças sociais façamos isso como estratégia de sobrevi vência uma carta de apresentação para os ouvidos afoitos pelo governo dos outros mas não poderíamos também nos reinventar A educação física como outro componente curricular qualquer também pode ser terreno fértil para uma reinvenção não só dela mas da própria escola Reinventar conteúdos formas de transmissão dos saberes formas de se relacionar com os alunos etc Pensar a constituição de nossos corpos utilizando a história como referência e problematizar nossa prática no presente pode ser um bom caminho para fazer da escola atra vés desta disciplina um lugar mais interessante BODY FOR MICHEL FOUCAULT AND HIS PRESENCE TO THE PHYSICAL EDUCATION AREA Abstract Since 1980s we can see a growth of Human Sciences influence in the Physical Education area that Such influences culminate in new body researches different of the old researches which investigated only biological aspects Since then the new ways to investigate Body have in common political cultural and historical aspects In this scenario Michel Foucaults thought causes some effects with theoretical foundation of the Bodys concept This article investigates Michel Foucault ideas from expert Brazilian commentators We intend to know how Body and Subject concepts are presented for this philosopher It is understood that such an analysis has its validity for a better understanding of discussions in the contemporary scenario of Physical Education Keywords Body Subject Michel Foucault Physical Education CUERPO EN EL TRABAJO DE MICHEL FOUCAULT Y SU PRESENCIA EN EL CAMPO DE LA EDUCACIÓN FÍSICA Resumen Debido una creciente influencia de Ciencias Humanas en el área de Educación Física que se ha desarrollado a partir de los ideales de Ciencias Biológicas surgen nuevas formas de inves tigación del Cuerpo que tienen en comunes aspectos políticos culturales e históricos En el centro de este escenario está Michel Foucault Este artículo investiga las obras de lo mismo y comentaristas cómo es la base del concepto de cuerpo en su forma de pensar Se entiende a partir del análisis el cuerpo visto como un material de superficie que instala diferentes for mas de sujeto realizada por tecnologías históricas y políticas específicas Se entiende que este tipo de análisis tiene su validez para una mejor comprensión de problematizaciones en el es cenario contemporáneo de Educación Física Palabras clave Cuerpo Sujeto Michel Foucault Educación Física Referências ALMEIDA F BRACHT V Emancipação e diferença na educação uma leitura com Bauman Campinas SO Autores Associados 2006 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016987 DOI 105216rppv19i442238 ALMEIDA F BRACHT V Esporte escola e a tensão que os megaeventos esportivos tra zem para a Educação Física Escolar Em Aberto Brasília v26 n89 p131143 janjun 2013 ARAÚJO I L Foucault e a crítica do sujeito 2 ed Curitiba UFPR 2008 ASSMANN S NUNES N Michel Foucault e a genealogia como crítica do presente Revis ta Internacional Interdisciplinar Interthesis Florianópolis v4 n1 janjun 2007 BARBOSA P P A análise da noção de sujeito em Foucault um estudo para compreensão do debate contemporâneo entre Modernidade e Pósmodernidade na Pedagogia Filosofia Capi tal Brasília v 9 p 621 2014 BRACHT V A constituição das teorias pedagógicas da educação física Cadernos Cedes n 48 agosto 1999 CANDIOTTO C NETO A V Orgs Foucault e a crítica da verdade Belo Horizonte Autêntica Curitiba Champagnat 2010 Coleção Estudos Foucaultianos CASTRO E Vocabulário de Foucault Um percurso pelos seus temas conceitos e auto res Tradução de Ingrid Muller Xavier Belo Horizonte Autêntica 2009 DAOLIO J Da Cultura do Corpo 17 ed São Paulo Papiros 2013 DANAILOF K SOARES C Corpos e cidades lugares da educação 2002 Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação Física Universidade Estadual de Campi nas São Paulo 2002 DANAILOF K Imagens da infância Educação e o corpo em 1930 e 1940 no Brasil Rev Bras Cienc Esporte São Paulo v 26 n 3 p 2540 maio 2005 DANTAS JUNIOR H A esportivização da Educação Física no século do espetáculo refle xões historiográficas HISTEDBR Online São paulo n 29 p 215232 março 2008 DREYFUS H L RABINOW P Michel Foucault uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitária 2010 DUARTE A RAGO M VEIGA N A Orgs Biopolítica e resistência o legado de Michel Foucault Belo Horizonte Autêntica 2006 p 4555 Coleção Figuras de Foucault EIZIRIK M F Michel Foucault Um pensador do presente 2 ed Ijuí Unijuí 2005 FERNANDES C Discurso e sujeito em Michel Foucault São Paulo Intermeios 2012 FINCO M FRAGA A O corpo abduzido da realidade para virtualidade Imersão sen sorial movimentação interativa e vida ativa p 65 83 In COUTO E GOELLNER S O triunfo do Corpo Petrópolis RJ Vozes 2012 FONSECA M Michel Foucault e a constituição do sujeito 3 ed São Paulo EDUC 2011 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016988 DOI 105216rppv19i442238 FOUCAULT M A ordem do discurso 22ed São Paulo Editora Loyola 2012 FOUCAULT M As palavras e as coisas uma arqueologia das ciências humanas Tradu ção de Salma Tannus Muchail 9 ed São Paulo Martins Fontes 1981 2007 FOUCAULT M Em defesa da sociedade São Paulo Martins Fontes 1999 FOUCAULT M História da sexualidade I a vontade de saber Graal 1988 FOUCAULT M História da sexualidade II o uso dos prazeres Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J A Guilhon Albuquerque 13 ed Rio de Janeiro Graal 1984 2012 FOUCAULT M História da sexualidade III o cuidado de si Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J A Guilhon Albuquerque 11 ed Rio de Janeiro Graal 1985 2011 FOUCAULT M Microfísica do Poder Organização e Tradução de Roberto Machado Rio de Janeiro Edições Graal 1984 2000 FOUCAULT M Iluminismo e crítica trad provisória do italiano de Selvino José Assmann Paris Boletim da Sociedade Francesa de Filosofia n 2 abrjul 1990 FOUCAULT M O que é a crítica Roma Donzelli Editore 1999 FOUCAULT M Vigiar e Punir nascimento da prisão Tradução de Raquel Ramalhete 39 Ed Rio de Janeiro Vozes 1975 2011 FRAGA A Exercício da informação governo dos corpos no mercado da vida ativa Campinas SP Autores Associados 2006 FURTADO M SZAPIRO A Promoção da saúde e seu alcance biopolítico o discurso sani tário da sociedade contemporânea Saúde soc São Paulo v 21 n4 outdez 2012 HEROLD C LEONEL Z A Educação Física e a criação dos sistemas nacionais de ensi no da prática social à prática escolar Maringá Eduem 2010 LOPES A Saúde no processo de democratização brasileiro promoção da saúde biopolíti cas e práticas de si na constituição de sujeitos da saúde 2012 Tese Doutorado em Psicologi a Pósgraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina 2012 LOURO G L Corpo escola e identidade Educação e Realidade v 25 n 2 p 5976 juldez 2000 LUDORF S Panorama da Pesquisa em Educação Física da década de 90 Análise dos resu mos de dissertações e teses Revista da Educação FísicaUEM Maringá v 13 n 2 p 19 25 2 sem 2002 MACHADO R Foucault a ciência e o saber 4 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar 2007 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016989 DOI 105216rppv19i442238 MARINHO C Corpo heterotópico como resistência aos processos de subjetivação identitá ria algumas questões filosóficoeducacionais In IX COLÓQUIO INTERNACIONAL MI CHEL FOUCAULT Michel Foucault e as heterotopias do corpo 2015 Recife MARTINELI T MILESKI K Concepções de corpo na Educação Física apontamentos históricos In IX ANPED SUL seminário de pesquisa em Educação da região sul 2012 MAZONI A Corpo e movimento no cotidiano de uma escola plural um estudo de ca so 2003 Dissertação Mestrado em Educação Pósgraduação em Educação Faculdade de Educação da UFMG Belo Horizonte 2003 MEDINA J HUNGARO E BRACHT V A educação física cuida do corpo e mente Novas contradições e desafios do século XXI São Paulo Papirus 2010 MENDES C O corpo em Foucault superfície de disciplinamento e governo Revista de Ci ências Humanas Florianópolis n 39 p 167181 abril 2006 NUNES M RÚBIO K Os Currículos da Educação Física e a constituição da identidade de seus sujeitos Currículo sem fronteiras v 8 n 2 p 5577 juldez 2008 OLIVEIRA T Educação física escolar e ditadura militar no Brasil 19641984 Entre a ade são e a resistência Revista Brasileira Ciência e Esporte Campinas v 25 n 2 p 920 ja neiro 2004 OLIVEIRA T Educação do corpo na Escola brasileira São Paulo Autores associados 2006 PINTO J Representações de esporte e educação física na ditadura militar Uma leitura a partir da revista de história em quadrinhos Dedinho 19691974 2003 154 f Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação de Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Minas Gerais 2003 PRADO FILHO K TRISOTTO S O corpo problematizado a partir de uma perspectiva his tóricopolítica Psicologia em Estudo Maringá v 13 n 1 p 115121 janmar 2008 SANTOS L Pedagogias do Corpo Representação Identidade e Instâncias de Produção Rio de Janeiro Vozes 1999 SILVEIRA F FURLAN R Corpo e Alma em Foucault postulados para uma metodologia da psicologia Psicologia USP São Paulo p 171194 2003 SOARES C Pesquisas sobre o corpo ciências humanas e educação São Paulo Autores Associados 2007 SOARES C Educação Física raízes européias e Brasil São Paulo Autores Associados 1994 SOUSA E VAGO T Última década dos oitocentos primeira década da Gymnastica na formação do professorado mineiro p 253281 In VEIGA C FONSECA T História e Historiografia da Educação no Brasil Belo Horizonte Autêntica 2003 Pensar a Prática Goiânia v 19 n 4 outdez 2016990 DOI 105216rppv19i442238 TEIXEIRA A H L A Gymnastica no Ginásio Mineiro Internato e externato 1890 1916 p 236254 In VAGO T OLIVEIRA B Histórias de Práticas Educativas Belo Ho rizonte UFMG 2008 VAGO T Início e fim do século XX Maneiras de fazer educação física na escola Cadernos Cedes n 48 agosto 1999 VEIGA NETO A Foucault e a Educação 3 ed Belo Horizonte Autêntica 2011 Recebido em 08072016 Revisado em 15082016 Aprovado em 16082016 Endereço para correspondência pietrinepaivahotmailcom Pietrine Paiva Barbosa Universidade Federal de Minas Gerais Av Pres Antônio Carlos 6627 Pampulha Belo Horizonte MG 31270901