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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS JULIANY SCORALICK FONTOURA DO NASCIMENTO GRUPO OPERATIVO oportunidade para promoção da saúde Campos GeraisMG 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS JULIANY SCORALICK FONTOURA DO NASCIMENTO GRUPO OPERATIVO oportunidade para promoção da saúde Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica de Saúde da Família Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do Certificado de Especialização Orientador a Profª Eliane Palhares Campos GeraisMG 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS JULIANY SCORALICK FONTOURA DO NASCIMENTO GRUPO OPERATIVO oportunidade para promoção da saúde Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do Certificado de Especialista Orientador a Profª Eliane Palhares Banca Examinadora Aprovada em Campos Gerais Dedico o presente trabalho a minha avó Margarida Pessoa que sempre esteve ao meu lado com apoio incondicional para que eu pudesse chegar ao meu objetivo Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida sem o qual nada seria possível Aos professores pela dedicação ao transmitir seus conhecimentos aos alunos para que assim possam prestar um serviço de qualidade aos pacientes com profissionalismo e espírito humanitário Agradeço em especial a professora Lucimari Romana pela atenção dispensada no decorrer do curso e aos amigos Fernando Sheila e Andressa pelo companheirismo apoio e incentivo nessa escalada a rede de comunicações é constantemente reajustada e só assim é possível elaborar um pensamento capaz de um diálogo com o outro e de um confronto com a mudança Henrique Pichon Rivière RESUMO Tratase de um estudo de revisão bibliográfica narrativa abordando aspectos relacionados ao trabalho com grupos operativos como prática educativa O estudo teve como objetivo discutir a contribuição das ações de promoção de saúde para a qualidade de vida do individuo e para os profissionais de saúde inseridos no Programa Saúde da Família e propiciar um espaço de reflexão continuada acerca do Grupo Operativo como estratégia de enfrentamento dos desafios para consolidação do PSF Nos resultados encontrados foi destacada a estrutura e dinâmica grupal a experiência da vivência grupal os papéis exercidos no processo grupal e os fundamentos da teoria dos grupos operativos além do papel do enfermeiro nos grupos operativos A análise e discussão dos achados na literatura permitiu afirmar a importância da utilização da teoria dos grupos operativos como uma intervenção em saúde para a educação coletiva e que prioriza o eixo fundamental da Estratégia saúde da família com foco na promoção da saúde e prevenção nos agravos das doenças Palavraschave Saúde da Família Qualidade de vida Grupos operativos ABSTRACT It is a narrative literature review addressing related to working with groups operating as an educational practice The study aimed to discuss the contribution of health promotion actions for the quality of life of the individual and for health professionals included in the family health program and provide a space for reflection about the continuing operative group as a strategy for addressing the challenges consolidation of the PSF Was highlighted in the results structure and group dynamics the experience of group experience the roles played in the group process and the fundamentals of the theory of operational groups the role of nurses in the operating groups The analysis and discussion of findings in the literature allowed us to affirm the importance of using the theory of groups operating as a health intervention for collective education which emphasizes the fundamental axis of the family health strategy focusing on health promotion and prevention in aggravation of disease Keywords Family Health Quality of life Operative group SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 09 2 OBJETIVOS 11 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 12 4 ESTRUTURA E DINÂMICA GRUPAL 13 41 Liderança e coordenação 14 42 Avaliação dos processos grupais 14 421 O grupo operativo está centrado na tarefa 15 5 A EXPERIÊNCIA DA VIVÊNCIA GRUPAL 17 6 OS PAPÉIS EXERCIDOS NO PROCESSO GRUPAL 22 7 GRUPOS OPERATIVOS 24 71 A teoria dos grupos operativos 25 72 Vínculo 27 721 Tarefa 28 8 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO GRUPO OPERATIVO 29 9 DISCUSSÃO 31 10 CONCUSÃO 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 9 1 INTRODUÇÃO Lançado pelo Ministério da Saúde em 1994 o Programa de Saúde da Família PSF foi criado com o objetivo de reorganizar o processo de trabalho em saúde na atenção básica para enfrentar e superar o modelo de saúde que anteriormente apresentavase centrado na doença e em práticas curativas Desta forma sua compreensão só é possível por meio da mudança do objeto da atenção forma de atuação e organização geral dos serviços reorganizando a prática assistencial em novas bases e critérios MINISTÉRIO DA SAÙDE 1997 p8 Na proposta assistencial da estratégia da saúde da família o trabalho com grupos é uma tecnologia adotada para abordagem ao indivíduo família e comunidade considerando suas características transformadoras e a capacidade de intervir nos agravos das doenças o grupo operativo é antes de tudo uma abordagem teórica fundamentada na psicologia social de Pichon Riviére centrada no processo de inserção do sujeito no grupo no vínculo e na tarefa VASCONCELOS GRILLO E SOARES 2009 P 43 Quando se fala em grupo logo se imagina que todo o ser humano faz parte de grupos no decorrer de sua vida desde o nascimento quando inicia um relacionamento familiar na escola creche igreja comunidade entre outros Podese dizer que o ser humano só existe em função de seus relacionamentos grupais considerando que é um ser gregário e busca constantemente uma identidade individual grupal e social Há dois tipos de grupos a família que é o grupo primário trabalho estudos instituições e outros são grupos secundários Dentro de um grupo familiar todos exercem um papel um denuncia o que se faz ausente o que suporta as situações o que se deixa levar pelas emoções entre outras Esses papéis se conservam ao longo da vida e quando não são elaborados conscientemente e educados cristalizamse se tornam estereotipados ocorrendo à repetição mecânica desse papel Considerado um dos maiores psicanalistas do hemisfério sul PichonRivière estabeleceu a teoria dos grupos operativos baseandose nas teorias psicanalíticas de Melanie Klein Sua formulação de grupos operativos foi reputada a maior cooperação para uma teoria unificada do funcionamento grupal que foi relatada da seguinte forma 10 Desenvolveu a teoria e técnica de grupos operativos a partir de uma atitude externada colocando pacientes menos comprometidos em seu estado de saúde para cuidar dos mais comprometidos Essa atitude ocorreu durante uma incidente greve do pessoal de enfermagem do hospital de Las Mercês em Rosário onde era docente e clínico Nessa situação observou que ambos os subgrupos de pacientes apresetaram melhora de seus casos clínicos ARAÚJO 2007 p18 Assim germinavam os grupos operativos habilitando pacientes para exercerem a função de enfermeiros Descobriuse o benefício terapêutico oriundo dessa própria aprendizagem dos pacientes entendendo que não há distinção clara entre grupo terapêutico e grupo de aprendizagem A ampliação do estudo sobre a teoria dos grupos operativos facilitará a aplicabilidade do método nas unidades de saúde junto à equipe em prol da comunidade visando o fortalecimento da promoção em saúde e prevenção de agravos das doenças Justificase desta forma o estudo sobre grupo operativo como estratégia de enfrentamento dos desafios para consolidação do PSF 11 2 OBJETIVOS Discutir à luz da produção cientifica a contribuição do grupo operativo como ação de promoção de saúde para a qualidade de vida do individuo Propiciar um espaço de reflexão continuada acerca do Grupo Operativo como estratégia de enfrentamento dos desafios para consolidação do PSF 12 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Utilizouse para o presente estudo a metodologia de revisão bibliográfica narrativa em busca na literatura nacional de publicações que abordassem os aspectos relacionados ao trabalho com grupos operativos como prática educativa Também foram consultados os cadernos do curso de Especialização de Atenção Básica em Saúde da FamíliaUFMG e cadernos publicados pelo Ministério da Saúde para complementar a pesquisa bibliográfica Na busca por artigos científicos utilizouse como palavras chave grupos operativos trabalho em grupo processo grupal teoria grupal de Pichon Riviére 13 4 ESTRUTURA E DINÂMICA GRUPAL Em sua estrutura um grupo operativo compõese além de seus integrantes de um coordenador e um observador Os membros do grupo ingressam em tarefa por meio de um disparador temático a partir do qual o grupo passa a trabalhar ativamente como protagonista O grupo deve saber a princípio as normas básicas do funcionamento do grupo tais como local horários coordenador e observador Esses limites funcionais constituemse na disciplina grupal É de competência do coordenador de grupos operativos tornar fácil o processo na medida em que gera condições para comunicação e diálogo e ajudar o grupo a superar as dificuldades que surgem na realização da tarefa O observador de grupos operativos têm uma percepção global do processo Registram graficamente as comunicações verbais e gestuais dos integrantes e do coordenador a fim de prestarlhe auxilio na elaboração da crônica devolutiva do trajeto percorrido pelo grupo Como afirmado anteriormente aprender sob a ótica pichoneana tem o sentido da transformação Toda situação de mudança impulsiona os medos básicos de perda e ataque que estão a serviço da resistência ao novo Cada participante do grupo se apresenta com sua história pessoal consciente e inconsciente isto é com sua verticalidade Na medida em que se estabelece em grupo passam a partilhar entre si as necessidades em função de objetivos comuns e criam uma nova história que não é simplesmente a somatória de suas verticalidades pois há uma construção coletiva resultado da interação de aspectos de sua verticalidade criando uma história própria inovadora que dá ao grupo sua especificidade e identidade grupal A resistência à alteração vinculada às diferenças interpessoais e o compartilhar necessidades faz emergir um processo contraditório e confusional em determinados momentos do grupo tornandose barreiras na comunicação estorvando sua operatividade no sentido de suas metas Tais barreiras necessitam ser conhecidas para poder ser suplantadas senão criase um ruído na comunicação levando muitas vezes o grupo a sua decomposição 14 Essa dinâmica grupal não é linear ou cumulativa ela acontece num movimento lógico onde cada alvo atingido transformase imediatamente em um novo ponto de partida É interposto por perdas e ganhos os quais devem ter uma resultante positiva e por conseguinte operativa São nessas idas e vindas do movimento dialético que vão acontecendo os ajustes e correções de conceitos preconceitos tabus fantasias inconscientes idéias preconcebidas e estereotipadas desenvolvendo uma atitude plástica e criativa SAND et al 2011 p499 Nesse contexto podese sustentar que aprender em grupo não denota granjear um conhecimento formal enciclopédico ou acadêmico mas uma atitude mental aberta investigatória e científica Aprender por isso vem a ser uma nova leitura da realidade e apropriação ativa da mesma no aqui agora e comigo Não estando somente no discurso mas nas ações mais ordinárias do cotidiano Essa aprendizagem impulsiona mudanças onde o sujeito deixa de ser espectador e passa a ser o protagonista de sua história e da história de seu grupo Parte da informação apropriase dela e transformaa em gestos Deixa de ser aluno que recebe passivamente conservas de saber e passa a ser aprendiz que ao fazer vai aprendendo 41 Liderança e coordenação Um coordenador de grupos não necessita precisamente ser alguém que saiba seduzir as multidões ou que tenha capacidade de centralizar necessidades e direcioná las Podese pensar em líder como sendo alguém que entenda e congrega diversos interesses contidos e ocupa uma posição de comando Entende seu papel de agente facilitador da interação das pessoas que estão sob seu comando etc O coordenador operativo consente a emergência de uma liderança informal espontânea não institucionalizada e que coopera em relação ao seu papel 42 Avaliação dos processos grupais De acordo com o que já foi citado a técnica do grupo operativo é um eficaz instrumento da psicologia social no sentido da aprendizagem e mudança Ele não está 15 determinado no indivíduo ou no próprio grupo e muito menos se propõe a ser terapêutico no sentido estrito da palavra em que pese leve o sujeito a fazer ajustes e correções de sua inserção social É nesse sentido que alguns dizem que o grupo operativo tem um caráter terapêutico 421 O grupo operativo está centrado na tarefa Nenhum grupo nasce preparado não é imediato Passa por diversos momentos antes de se tornar operativo Momentos de estruturação desestruturação e reestruturação Momentos confusionais que o coordenador ou monitor deve estar atento para não acabar com o grupo Entender e avaliar a operatividade de um grupo é algo complexo por seu caráter subjetivo pondo em risco sua validade Para se superar o risco de uma avaliação subjetiva devese dispor de categorias de avaliação que são fenômenos universais isto é acontecem em qualquer grupo São sete os vetores de avaliação O primeiro vetor compreende os fenômenos de afiliação É uma primeira categoria de identificação que os componentes do grupo têm com a tarefa e com os demais integrantes O integrante se aproxima com certa precaução todavia não se envolve por completo O segundo vetor é a Pertença Na medida em que o grupo se propaga o vetor afiliação vaise transformando em pertença Existe um maior grau de identificação e integração grupal consentindo a elaboração da tarefa É quando os integrantes vencem as distâncias e vestem a camisa Compreendem que o projeto lhes pertence deixam de ser espectadores e passam a ser seus protagonistas Pode ser vista no grupo pelo grau de responsabilidade com o qual os integrantes assumem o desenvolvimento da tarefa O terceiro vetor a Cooperação é uma cooperação ainda silenciosa à tarefa grupal É a possibilidade dos integrantes assumirem e exercerem papéis diferenciados Essa complementaridade consiste na capacidade de desenvolver papéis não em uma superposição ou atropelamento competitivo mas em uma complementação mútua intercambiável Há uma verdadeira sucessão alternada de papeis no interjogo grupal É a colaboração de cada um dos integrantes para com a tarefa e para com os outros integrantes Cada um contribui com o que sabe e com o que pode 16 A Pertinência o quarto vetor é o centramento na tarefa Ela é positiva Não centrarse na tarefa pode ser uma impertinência quando acontece a impostura ou sabotamento É uma situação singular da prétarefa que ainda que não seja tarefa está a caminho dela e do projeto Na prétarefa o grupo trabalha as resistências à modificação na tarefa vai trabalhar os medos básicos que sustentam as resistências Quando os componentes do grupo esquivamse disso não há pertinência à tarefa e se estabelecem um como se estivessem em tarefa andam em círculos viciosos são as ditas situações dilemáticas ou ficam discutindo falsos problemas de solução impossível pelo menos naquele âmbito O vetor principal de interação grupal é a Comunicação que pode acontecer por diferentes vias verbal gestual por atitudes comportamentais afetivas e emocionais A comunicação entre os integrantes de um grupo operativo funciona semelhantemente à teoria física de vasos comunicantes tornando possível o nivelamento do seu conteúdo sem perder a identidade do continente Possibilita que o grupo edifique um esquema conceitual ao qual seus integrantes se referenciam operativamente A comunicação pode se estabelecer de variadas formas De um para todos quando apenas um fala e os demais ouvem passivamente Esse modelo pode gerar dependência de liderança De todos para um A maneira que aí se estabelece é a de depositar em um bode expiatório Entre dois que se afastam do grupo gerando subgrupos Entre todos quando o que é verbalizado é ouvido pelos demais e a comunicação se torna fluente entre todos O sexto vetor de estimativa da operatividade de um grupo é a aprendizagem que se incrementa a partir das informações em saltos de qualidade que abrange a tese antítese e síntese As fragmentações e as integrações Alterações quantitativas que preparam mudanças qualitativas e estruturais Implica criatividade elaboração de ansiedades e uma adaptação ativa à realidade O sétimo vetor é a Tele o clima em que se propaga o grupo É a disposição positiva ou negativa para trabalhar a tarefa grupal é a aceitação ou rejeição que os integrantes têm de modo espontâneo em relação aos demais São sentimentos de atração ou rejeição e portanto tele positiva ou negativa Significa que toda situação de 17 encontro é por sua vez um reencontro com figuras do mundo interno da história dos integrantes as quais se reeditam na nova situação 5 A EXPERIENCIA DA VIVENCIA GRUPAL Um grupo é composto por um conjunto de pessoas a comunidade é formada por um conjunto de grupos e a sociedade é o conjunto interativo de várias comunidades Mills 1975 p 13 assim explica grupo Unidades compostas de duas ou mais pessoas que entram em contato para determinado objetivo e que consideram significativo o contato e representam não apenas micro sistemas mas são também fundamentalmente microcosmos de sociedades mais amplas Outra definição de grupo bastante comum é a de Olmsted 1970 apud BRAGHIROLLI 1999 p 122 que conceitua grupo como sendo uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com os outros que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum Para Zimerman 1997 todo ser humano é gregário por natureza existindo em função dos seus relacionamentos Nas lições de Osório 1992 a reciprocidade entre os membros de um grupo é o fenômeno que centraliza a atividade de qualquer agrupamento humano Os seres humanos nascem e pertencem a um primeiro grupo que é a família nuclear posteriormente passam a estabelecer outros grupos como o da escola trabalho círculo social entre outros É imprescindível distinguir entre grupo e agrupamento Para que um grupo seja reputado é necessário que haja entre as pessoas uma interação social e algum tipo de liame podese dizer que a passagem da condição de um agrupamento para a de um grupo consiste na transformação de interesses comuns para a de interesses em comum Zimerman 1997 p 28 Para exemplificar um agrupamento pensarseá numa fila de ônibus onde as pessoas estão com interesse comum de pegar o ônibus mas não possuem nenhum vínculo entre si Assim sendo para que seja caracterizado um grupo é necessário que 18 Os participantes se reúnam em torno de um interesse comum No grupo o todo é maior do que as partes ou seja um grupo se estabelece como uma nova identidade sendo mais do que apenas a união dos seus membros É necessário que se mantenham distintas as identidades individuais de maneira que as pessoas conservem a sua individualidade e não se transformem em uma massa indiscriminada É necessário que exista alguma forma de interação de afeto entre os membros do grupo ou seja que seja estabelecido algum tipo de liame entre os integrantes É intimamente ligada à constituição de um grupo a presença de um campo grupal dinâmico onde circulam fantasias e ansiedades Assim podese definilo o campo é composto por múltiplos fenômenos e elementos do psiquismo e resulta que todos esses elementos tanto os intra como os intersubjetivos estão articulados entre si de tal modo que a alteração de cada um deles vai repercutir sobre os demais em uma constante interação entre todos Zimerman 1997 p 29 Em todo grupo existe o denominado Campo grupal onde fenômenos transitam Zimerman 1997 p 35 pormenoriza seis fenômenos essenciais que explicam esse campo A ressonância que é um fenômeno comunicacional onde a fala trazida por um membro do grupo vai ressoar em outro transmitindo um significado afetivo equivalente e assim sucessivamente O fenômeno do espelho conhecido como galeria dos espelhos onde cada um pode ser refletido nos e pelos outros o que nada mais é do que a questão da identificação onde o indivíduo se reconhece sendo reconhecido pelo outro e assim vai formando a sua identidade A função de continente ou seja o grupo coeso exerce a função de ser continente das angústias e necessidades de cada um de seus integrantes O fenômeno da pertencência chamado por Zimerman 1997 p 39 de vínculo do reconhecimento que é o quanto cada indivíduo necessita de forma vital ser reconhecido pelos demais do grupo como alguém que de fato pertence ao grupo E também alude à necessidade de que cada um reconheça o outro como alguém que tem o direito de ser diferente e emancipado dele A discriminação que é a capacidade de fazer a diferença entre o que pertence ao sujeito e o que é do outro ou seja diferenciar entre fantasia e realidade presente e passado entre o desejável e o que é possível naquele momento etc 19 A comunicação seja ela verbal ou nãoverbal fenômeno essencial em qualquer grupo onde mensagens são enviadas e recebidas podendo haver distorção e reações da parte de todos os membros do grupo Zimerman 1997 classifica ainda dois tipos de grupos segundo o critério de finalidade em operativos e psicoterápicos Em relação aos grupos operativos a sua sistematização foi feita por Pichon Riviére desde 1945 que definiu grupo operativo como um conjunto de pessoas com um objetivo em comum Teixeira 2002 Como diz Bleger 1998 os grupos operativos trabalham na dialética do ensinaraprender o trabalho em grupo proporciona uma interação entre as pessoas onde elas tanto aprendem como também são sujeitos do saber mesmo que seja apenas pelo fato da sua experiência de vida dessa forma ao mesmo tempo que aprendem ensinam também Assim o ser humano está integralmente incluído em tudo aquilo em que intervém de tal maneira que quando existe uma tarefa sem resolver há ao mesmo tempo uma tensão ou conflito psicológico e quando é encontrada uma solução para um problema ou tarefa simultaneamente fica superada uma tensão ou um conflito psicológico BLEGER 1998 p 62 Os grupos operativos abarcam quatro campos Ensinoaprendizagem tem como tarefa principal o espaço para refletir acerca de temas e debater questões Institucionais grupos formados em escolas igrejas sindicatos fomentando reuniões visando debate sobre questões de seus interesses Comunitários são empregados em programas dirigidos para a Promoção da Saúde como por exemplo grupo de gestantes e de crianças onde profissionais nãomédicos são preparados para a tarefa de integração e incentivo a capacidades positivas Terapêuticos tem por objetivo melhorar da situação patológica dos indivíduos tanto a nível físico quanto psicológico que seriam os grupos de autoajuda Alcoólicos Anônimos etc Zimerman 1997 p 76 Quanto aos grupos psicoterápicos Zimerman 1997 p 78 denominaos para formas de psicoterapia destinadas prioritariamente à aquisição de insights especialmente dos aspectos inconscientes dos indivíduos e da totalidade grupal que seriam os denominados grupoterapias com abordagens diversas como a psicanalítica a teoria sistêmica a abordagem cognitivocomportamental e a psicodramática Vale ressaltar ainda que tanto o grupo operativo pode proporcionar um benefício psicoterápico quanto os grupos psicoterápicos podem fazer uso do enfoque dos grupos operativos Já que os grupos de ensino não são diretamente terapêuticos mas a tarefa da aprendizagem envolve terapia toda aprendizagem bem realizada e toda educação é sempre implicitamente 20 terapêutica E ainda pensar equivale a abandonar um marco de segurança e verse lançado numa corrente de possibilidades BLEGER 1998 p 65 Braghirolli 1999 p 128 analisando o comportamento e a formação dos grupos dispõe a necessidade que há nas pessoas de participar dos mesmos levantando o seguinte questionamento Por que as pessoas se reúnem em grupos As pesquisas revelam que o ser humano nasce com carências sociais e que a participação nos grupos tem o intuito de satisfazêlas A teoria das necessidades pessoais de Schultz apud BRAGHIROLLI 1999 p 128 coloca que as pessoas não se integrarão em um grupo se ele não trouxer a satisfação de certas necessidades essenciais que são necessidade de inclusão necessidade de controle e necessidade de afeição Ainda no entendimento de Braghirolli 1999 p 130 A necessidade de inclusão é definida como a necessidade de se sentir integrado valorizado aceito totalmente pelos demais a necessidade de controle pode ser entendida como a necessidade de estabelecer para si mesmo quais são as suas responsabilidades e as dos outros O indivíduo precisa sentirse totalmente responsável pelo grupo seus objetivos estrutura funcionamento e progresso e a necessidade de afeição que é descrita como a necessidade que aparece depois das duas necessidades anteriores e que representa o desejo de ser valorizado de ser percebido como insubstituível pelo grupo Seria o desejo secreto de todos os indivíduos como participantes de um grupo O indivíduo quer ser ao mesmo tempo valorizado por sua competência e aceito como pessoa O estudo dos grupos desperta interesse porque existe na atualidade uma proliferação de espaços de convivências para idosos ou os denominados grupos de terceira idade que se fazem presentes em universidades públicas em centros de saúde em órgãos privados como o SESC em espaços culturais e religiosos Atualmente a sociedade procura esses espaços como forma de engajar e reinserir os idosos ao meio social Debert 1999 p 30 analisa esses espaços que laboram com a temática do envelhecimento atual os chamados formas de gestão da velhice São formas que buscam compreender a verbalização entre as representações do envelhecimento e as práticas dirigidas para um envelhecimento sadio ou bemsucedido formas estas ocupadas pelos variados programas voltados para a terceira idade ou para o público idoso Debert 1999 p 30 atrai a atenção para o contexto onde se dá o aparecimento dos grupos de convivência e as universidades voltadas ao atendimento ao idoso Os 21 grupos emergem num contexto onde uma nova linguagem desponta para tratar os velhos e aposentados linguagem esta onde Terceira idade substitui a velhice a aposentadoria ativa se opõe à aposentadoria o asilo passa a ser chamado de centro residencial o assistente social de animador e a ajuda social ganha nome de gerontologia Os signos do envelhecimento são invertidos e assumem novas designações nova juventude idade do lazer Da mesma forma invertemse os signos da aposentadoria que deixa de ser um momento de descanso e recolhimento para tornarse um período de atividade e lazer DEBERT 1999 p 61 O que se percebe é que há uma preocupação nesse novo contexto que ultrapassa o problema econômico e dá inicio a uma problematização ao redor da integração do idoso na sociedade população antes reputada como marginalizada Os grupos emergem então para dar conta desse novo contingente que começa a despontar e se fazer presente na sociedade O que se visa no presente trabalho é enfocar a discussão acerca de grupos que tenham como objetivo a promoção da saúde ou seja a melhoria da qualidade de vida não só dos idosos mas da sociedade como um todo Neri e Debert 1999 explica qualidade de vida na velhice qualidade esta onde envelhecer satisfatoriamente depende do delicado equilíbrio entre as limitações e a potencialidade do indivíduo o qual lhe possibilitará lidar em diferentes graus de eficácia com as perdas inevitáveis do envelhecimento 22 6 OS PAPEIS EXERCIDOS NO PROCESSO GRUPAL Os participantes de um grupo operativo se articulam para a construção de papéis que serão exercidos dentro do grupo por cada um em relação aos outros Desta forma surge a atuação de cada membro do grupo De acordo com VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p 17 Os papéis sociais constituintes de um grupo em tarefa podem se classificados em duas categorias informais e formais Para o desempenho dos papéis formais a teoria destaca dois o coordenador e o observador O coordenador necessita primeiramente de possuir atributos contributivos com relação a estimular o grupo para o cumprimento da tarefa enfocando na operatividade Definidos por Osório DIAS 2000 apud SILVEIRA WITT 2009 p 228 esses atributos desejáveis são gostar de trabalhar com grupos afim de que evite o desgaste pessoal e com isso ocorra prejuízo da tarefa no grupo a coerência evitando desta forma que os participantes passem por um estado de confusão e assim abalem os núcleos de confiança entre o grupo e o coordenador a ética com relação à manutenção do sigilo daquilo que lhe foi confiado A comunicação também é um atributo indispensável ao coordenador pois ativa o compartilhamento das experiências entre os membros do grupo e com ele Comunicar se autêntica e eficazmente representa portanto uma entrega uma doação não só de significados como de si próprio OSÓRIO 2000 apud MOREIRA et al 2005 s p Portanto a comunicação deve ser efetiva tomandose o coordenador o cuidado de estar sempre atento aos membros do grupo pois de acordo com Scotney DIAS 2009 apud SILVEIRA WITT 2009 p 218 nas unidades de saúde as pessoas freqüentemente ouvem mas não compreendem e não dizem que não compreendem depois fazem as coisas de maneira inadequada ou transmitem informações inadequadas ouvem e compreendem mas não ficam convencidas e não modificam seus hábitos ou tomam qualquer iniciativa O coordenador deve ainda como descreve VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p 17 ser um facilitador da interação entre os membros do grupo e 23 ser capaz de lidar com os vários papéis que os membros do grupo interpretam Desta forma cabe a ele estimular a expressão de sentimentos de todos os membros do grupo assim como sinalizar as dificuldades que impedem o grupo de enfrentar a tarefa O observador realiza trabalho não participante ele tem a função de recolher o material expresso pelo grupo tanto o verbal como o não verbal nos diferentes momentos do grupo fazendo o registro dos mesmos para após as reuniões serem analisadas juntamente com o coordenador para que se possam planejar as próximas reuniões com atividades formuladas e adequadas diante do material apresentado No desempenho dos papéis informais encontramos o líder que é classificado em dois tipos o de mudança e o de resistência o porta voz o bode expiatório e o sabotador O líder de mudança é aquele que estimula a tarefa e se encarrega de levála adiante buscando soluções em busca do objetivo O líder de resistência descrito por DIAS SILVEIRA WITT2009 p 221 puxa o grupo para trás freia avanços sabota a tarefa e remete o grupo a sua etapa inicial Os dois tipos de líderes são necessários para o equilíbrio do grupo O portavoz é aquele que verbaliza as reivindicações e ansiedades do grupo expressa suas vontades e sentimentos é geralmente uma pessoa que se comunica bem e por isso tende a expressar seus sentimentos e o dos outros membros O bode expiatório é aquele que assume os aspectos negativos que causam no grupo mal estar como culpa medo e vergonha situações difíceis vivenciadas no grupo O sabotador descrito por VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p45 é aquele que dificulta ou obstrui as propostas no processo grupal Todos os papéis desempenhados durante o processo grupal podem ser expressos de várias maneiras sendo importante a observação por parte do coordenador e observador quanto às ações palavras e silêncio expressados pelos membros do grupo 24 7 GRUPOS OPERATIVOS O grupo operativo ou educativo é mais uma ação fomentada pelo PSF cujo objetivo é a educação em saúde de forma coletiva onde são abordados temas ligados à promoção da saúde Um dos benefícios das atividades em grupo é a socialização pois a partir desta ação os indivíduos têm a oportunidade de partilhar sua experiência com outros participantes podem dirimir suas dúvidas e refletir acerca da patologia e o modo como a vivencia A educação em saúde por meio de grupos operativos é importante que seja realizada por uma equipe multiprofissional pois desta forma vários profissionais com diferentes saberes irão direcionar o paciente para o tratamento correto da patologia e prevenção de agravos É de grande relevância também que os pacientes sejam participantes do processo educativo com seus diferentes saberes e não sejam meros ouvintes de informações para que estas não sejam impostas pelos profissionais permitindo que o paciente se sinta colaborador de informações participando de todo o processo favorecendo assim mudanças de hábito com melhoria para sua qualidade de vida SANTOS et al 2005 p 14 TOLEDO RODRIGUES CHIESA 2007 p 16 MANO PIERIN 2005 p 18 Conforme Carlos Palha e Beccaria 2008 é essencial a incitação dos grupos operativos para que os participantes tenham conhecimento da patologia dos seus gravames tratamentos farmacológicos ou apenas dos cuidados diários principalmente no caso da hipertensão arterial sistêmica Desta forma ações coletivas multiprofissionais que visam a promoção da saúde dos indivíduos com hipertensão arterial permitem que sejam prevenidas complicações e internações dos mesmos Em que pese todos os benefícios da realização dos grupos operativos no entendimento de Alves e Nunes 2006 estudos empíricos revelam que as práticas de ações educativas particularmente coletivas estão sendo diminuídas com freqüência Conforme o autor atualmente está prática é exercida pelos profissionais em uma relação assimétrica e autoritária na qual o profissional se institui como detentor das 25 informações relacionadas aos saberes técnico cientifico obstando desta forma a participação dos indivíduos com seus saberes pois consideram os mesmos carentes de informações ou que possuem informações errôneas acerca da patologia Assim não se estabelece um dialogo entre profissionalindividuo sobre o processo saúde doença impossibilitando a construção coletiva de conhecimentos Desta forma os profissionais que exercem atividades relacionadas aos grupos operativos devem repensar na sua forma de atuação para que assim possam realizar ações educativas que envolvam cada vez mais o individuo Para Silva e Santos 2004 os profissionais devem procurar formas de atuação onde aconteça a integração entre o profissional e a população devem também adaptar suas informações conforme a realidade de cada grupo almejando sempre a troca de experiências sem a imposição de idéias permitindo que assim o indivíduo sinta o seu papel de colaborador no processo do seu tratamento aumentando cada vez mais a segurança dos mesmos em relação ao profissional 71 A teoria dos grupos operativos PichonRiviére 19071977 psicanalista responsável por elaborar a teoria do grupo operativo na década de 40 definiu grupo como um conjunto de pessoas ligadas no tempo e espaço articuladas por sua mútua representação interna que se propunham explícita ou implicitamente a uma tarefa interatuando para isso em uma rede de papéis com o estabelecimento de vínculos entre si PICHONRIVIÉRE 1980 apud VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p 43 No processo de grupo existem três etapas ou momentos que são descritos como Prétarefa Tarefa e projeto A Pré tarefa são todas aquelas atividades onde a presença de medos básicos como a ansiedade leva a utilização de técnicas defensivas que estruturam o que se denomina resistência a mudanças Para Vasconcelos Grillo e Soares 2009 quando o grupo formula os seus objetivos se propõe a uma mudança ou realização mas apresenta também grau menor ou maior de resistência àquela mudança causando 26 dificuldade psíquica e afetiva à aprendizagem e à comunicação dentro do grupo levando a uma situação que paralisa o prosseguimento do grupo Dentre os medos existentes na resistência às alterações podese citar o medo da perda aliado com a perda dos instrumentos da enfermidade que permitem uma adaptação ao mundo e no medo do ataque receio em relação ao desconhecido e insegurança A tarefa é a etapa ou momento em que se rompe a estereotipia surgida na pré tarefa Vasconcelos 2009 p 44 considera que a execução da tarefa acarreta enfrentar alguns obstáculos relacionados a conceitos preestabelecidos que devem ser desconstruídos e reconstruídos Durante a tarefa o grupo supera os medos básicos que atrapalham a aprendizagem O grupo tem uma tarefa externa e uma tarefa interna A tarefa externa é aquela demarcada pelos seus objetivos conscientes ao passo que a tarefa interna é justamente elaborar as relações no e do grupo para que este possa realizar o seu trabalho Em um grupo de diabéticos como exemplo podese exemplificar tarefa externa como a aprendizagem para a aplicação da insulina e como tarefa interna o trabalho relacionado com o grupo na forma a superar os medos e ansiedades diante desta aprendizagem Para PichonRiviére apud Silva e Villani 2008 s p A tarefa possui duas dimensões uma explicita e outra implícita A primeira diz respeito ao objetivo direto do grupo ou seja o trabalho a ser produzidos Já a tarefa implícita se caracteriza pela manutenção da coesão do grupo e dos montantes de ansiedades que são despertadas durante a realização da tarefa explicita No momento em que o grupo inicia a execução da tarefa explícita e implícita ocorre o enfrentamento de alguns obstáculos que estão relacionados com conceitos preestabelecidos que devem ser trabalhados nesta etapa para que o grupo possa alcançar a operatividade que está relacionada com a transformação da realidade e processo de mudança Na etapa do projeto o grupo deve ter alcançado a operatividade para que possa iniciar seu planejamento Operar para PichonRiviére 1980 p 204 é promover uma modificação criativa da realidade O objetivo do grupo operativo é mobilizar um processo de mudança trabalhando os medos básicos propondo tarefas levando seus membros a uma adaptação à realidade e vencendo a resistência às mudanças pela interação de seus membros em busca de um objetivo para si e para o outro Para que se 27 constituam em um grupo há necessidade de se vincular e interagir no sentido do objetivo comum Dessa forma Pichon define como princípios organizadores de um grupo operativo o Vínculo e a Tarefa 711 Vínculo Tratase de uma disposição psíquica complicada Na teoria de Pichon acerca de grupos operativos essa estrutura tem caráter social pois compreende que mesmo quando duas pessoas estabelecem relações há entre elas outras figuras internalizadas que estão presentes nessa relação tendo dessa forma uma estrutura triangular bi corporal e tripessoal Isto é em todo liame existe a presença sensorial corpórea dos dois porém há um personagem do mundo interno que está sempre interferindo nessa relação que é o terceiro Tal estrutura que administra todas as relações humanas ao inserir no esquema de referência o conceito de um mundo interno em contínua interação origem de fantasias inconscientes faz com que a fantasia inconsciente tornese então produto de interação de vínculos entre os sujeitos Sob o ponto de vista prático podese dizer que o vínculo é um processo motivado que tem direção e sentido ou seja tem um porquê e um para quê Pode se identificar se o vínculo foi estabelecido quando se é internalizado pelo outro e se internaliza o outro dentro de cada um Quando acontece uma mútua representação interna quando a indiferença e o esquecimento deixam de existir na relação passase a pensar a falar a se referir a lembrar a se identificar a refletir a se interessar a se complementar a se irritar a competir a discordar a invejar admirar a sonhar com o outro ou com o grupo É incontestável que cada pessoa se relaciona conforme seus modelos inaugurais de vinculação de conformidade com suas matrizes de aprendizagem e a tendência é reeditar esse modelo em outras circunstâncias sem considerar a realidade externa o incomum repetindo padrões estereotipados resistindo que algo verdadeiramente novo ocorra 28 712 Tarefa Tratase de outro princípio organizador de grupo é um conceito dinâmico que se refere ao modo pelo qual cada componente se relaciona a partir de suas próprias necessidades as quais para PichonRivière estabelecem um pólo norteador de conduta O processo de partilhar com alguém as necessidades em torno de propósitos comuns constitui a tarefa grupal Nesse processo surgem barreiras de várias naturezas Diferenças e necessidades pessoais e transferenciais diferenças de conceitos e marcos referenciais e do conhecimento formal propriamente dito A tarefa é o caminho percorrido pelo grupo para alcançar suas metas E é nesse caminho que o grupo operativo pode ser econômico na medida em que dispõe somente da energia necessária e suficiente para organizar e concretizar o projeto Um grupo operativo faz supor aprendizagem Aprender na ótica pichoneana é sinônimo de modificações E nessa mesma ótica em toda situação de modificação são mobilizados dois medos básicos da perda e do ataque Medo de perder o já estabelecido o já conquistado e conhecido O de ataque é o de como ficará numa situação não conhecida como dará conta do que está por vir a ser mas ainda não é Essas comoções aflitivas básicas são mobilizadas em qualquer situação de alterações seja ela de objetos do mundo externo ou valores e referências internas Estão dessa forma a serviço da resistência a alterações É normal que um grupo se oponha a entrar em um processo de aprendizagem uma vez que esta ocasionará modificações O processo de elaboração dessa resistência provocado pelos medos básicos aponta que o grupo está a caminho do projeto A esse fenômeno dáse o nome de prétarefa Quando o grupo aprende a problematizar verdadeiramente as barreiras que surgem na concretização de seus objetivos dizse que entrou em tarefa pois podem elaborar um projeto viável e dessa forma tornase um grupo que opera mudanças 29 8 O papel do enfermeiro no grupo operativo Dentre as atribuições específicas do enfermeiro que trabalha na ESF está a organização e coordenação dos grupos operativos Para SILVA et al 2006 p 143 As práticas grupais de educação em saúde têm sido utilizadas pelos enfermeiros principalmente na atenção básica como alternativa para as práticas assistenciais e educativas e vários estudos apontam a sua importância no processo de trabalho de enfermagem uma vez que articulam várias dimensões do cuidado Para isto devese existir motivação interna e gosto por trabalhar em grupo para que este tenha um funcionamento mais efetivo GROSSMANN KOHLRAUSCH 2006 Descrito por Munari 2002 p 449 As atividades grupais realizadas pelos enfermeiros compreendem desde as tarefas desenvolvidas pela equipe de enfermagem as orientações feitas a um grupo de pessoas que necessitem de suporte emocional ou que estejam aprendendo a adaptar se às novas situações da vida O espaço existente no grupo operativo favorece a intervenção no processo de saúde doença Atuando neste momento o enfermeiro realiza o trabalho preventivo estabelecido pela ESF contribuindo positivamente para a prevenção dos agravos das doenças Desta forma é importante que o mesmo incentive durante a realização dos grupos a transformação de atitudes promova e possibilite conhecimentos e habilidades para que os componentes grupais lidem com os problemas de saúde Para Munari et al 2002 p 449 O enfermeiro ao assumir o papel de coordenador de grupo quer seja de uma equipe de um grupo terapêutico de um grupo educativo ou ainda de um grupo destinado à formação e desenvolvimento de pessoas deve ter clara a importância de compreender o processo grupal de conhecer a sua cultura e ainda de conduzilo com o propósito de atender as necessidades das pessoas que o compõe independentemente de sua finalidade ser operativa ou terapêutica Conforme descreve PEREIRA 2002 apud ALMEIDA 2006 o emprego da tecnologia de grupo operativo com incremento de atividade educativa é um importante 30 instrumento de ação do enfermeiro para o enfrentamento de doenças crônico degenerativas de grande prevalência Sendo assim é imprescindível na realização destes grupos que o enfermeiro gere oportunidades de aprendizado para o autocuidado e institua vínculos para que desta forma leve a uma maior motivação de todos os participantes e facilite o aprendizado 31 9 DISCUSSÃO O trabalho realizado no grupo operativo constitui uma intervenção em saúde de extrema importância para a educação coletiva e prioriza o eixo fundamental da Estratégia saúde da família com foco na promoção da saúde e prevenção nos agravos das doenças O aperfeiçoamento na prática do grupo visa ampliar a capacidade do indivíduo para o autocuidado estabelecer a comunicação vínculo e encaminhar para a tarefa momento em que ocorre a operatividade do grupo ou seja a ação propriamente dita Os profissionais envolvidos neste trabalho necessitam ter conhecimento técnico teórico habilidades de planejamento e atitudes positivas em todo o processo grupal que requer envolvimento para estimular os participantes no cumprimento das metas estabelecidas além da comunicação efetiva que constitui importante ferramenta em todo o processo Na atenção primária o trabalho com grupos é atribuição da equipe de saúde da família com o objetivo de apropriar o indivíduo na sua realidade estimulando o aprendizado para a mudança com atitudes que possam transformar a realidade no intuito de promover sua saúde e evitar complicações futuras principalmente nas doenças crônicas 32 10 CONCLUSÃO A informação cientifica é imprescindível para desenvolver atitudes de prevenção É necessária e suficiente para alterar comportamentos de risco O texto de Pichon revela a importância de se relacionar em grupo tornandoos os integrantes críticos e ativos A aprendizagem coletiva leva a uma maior conscientização dos indivíduos principalmente pelos envolvidos apresentarem os mesmos aspectos vivenciados pois permite a visualização de cada um no outro contemplando assim a troca de conhecimentos possibilitando a mudança no pensar e agir Pichon adquiriu sua experiência em grupos ao desenvolver suas atividades clínicas junto aos seus pacientes psiquiátricos sendo que suas pesquisas concernentes a Grupos Operativos ocorreram em razão a um incidente vivido no Hospital de Las Mercês em Rosário Argentina Naquela ocasião devido à greve do pessoal da enfermagem Pichon colocou os pacientes menos comprometidos para assistirem os mais comprometidos e notou a melhora destes pacientes Pichon descobriu que a influência recíproca entre os integrantes de um grupo era mais benéfica quando havia a quebra dos papéis estereotipados e assim passasse a haver uma nova comunicação entre os integrantes do grupo Observou também que ao aprender e atuar em grupos as pessoas passam a ter uma apropriação mais ativa e uma leitura mais crítica da sua realidade fazendo com que os sujeitos sejam protagonistas ao invés de espectadores Na verticalidade cada componente do grupo apresentase com sua história pessoal e na medida em que se insere no grupo passa a compartilhar necessidades em função de objetivos comuns e cria uma nova história sendo esta a horizontalidade do grupo Vale salientar que a horizontalidade não é simplesmente a somatória das verticalidades mas sim uma edificação coletiva resultante da interação das verticalidades criando uma história própria e inovadora e dando ao grupo uma especificidade e identidade grupal 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES V S NUNES M O Educação em saúde na atenção médica ao paciente com hipertensão arterial no programa saúde da família São Paulo Interface Comunicação Saúde Educação Botucatu v10 n19 jun2006 Disponível em wwwscielocombr Acesso em 18062011 ALMEIDA P N Educação lúdica técnicas e jogos pedagógicos 5 Ed São Paulo Editora Loyola 1987 BLEGER José Temas de psicologia entrevistas e grupos São Paulo Martins Fontes 1998 BRAGHIROLLI Maria Luiza Silveira Capacidade e Aprendizagem Tecnológica na Terceira Geração da Indústria Petroquímica do Rio Grande do Sul Dissertação de Mestrado em Administração de Empresas Gestão da Ciência e Tecnologia Universidade Federal do RS PPGA EA 1999 Disponível em wwwlumeufrgsbr Acesso em 04052011 BRASIL ministério da saúde Secretaria de assistência à saúde Coordenação da saúde da comunidade saúde da família uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial Brasília Ministério da saúde1997 Disponível em wwwbvsmdgovbr Acesso em 07052011 CARLOS P R PALHA P F BECCARIA L M Perfil de hipertensos em núcleo de saúde da família Arquivo Ciências Saúde p176181 outdez 2008 Disponível em wwwbiremebr Acesso em 09092011 DEBERT Guita Grin A reinvenção da velhice socialização e processos de reprivatização do envelhecimento São Paulo Editora da Universidade de São Paulo FAPESP 1ª ed 1999 DIAS V P SILVEIRA D T WITT R R Educação em saúde o trabalho de grupos em atenção primária Rev APS v12 n2 p217221 abrjun2007 FORTUNA Cinira Magali et al O trabalho de equipe no programa de saúde da família reflexões a partir de conceitos do processo grupal e de grupos operativos Rev Latino am Enfermagem v13 n2 p 266268 abr2005 Disponível em wwwscielocombr Acesso em 05062011 GROSSMANN E KOHLRAUSCH E Grupo e funcionamento grupal na atividade dos enfermeiros um conhecimento necessário Rev Gaúcha Enferm v27 n1 mar2006 Disponível em wwwseerufrgsbr Acesso em 19082011 34 MANO G M P PIERIN A M G Avaliação de pacientes hipertensos acompanhados pelo programa saúde da família em um centro de saúde escola São Paulo Acta Paulista de enfermagem v18 n3 julset 2005 Disponível em wwwbiremebr Acesso em 15072011 MILLS C Wright A Imaginação Sociológica 4ª ed Tradução de Waltensir Dutra Rio de Janeiro Zahar 1975 246 p MOREIRA A C OLIVEIRA A A F COSTA L V F A percepção do usuário em relação a grupos operativos na atenção básica à saúde Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Saúde da Família Programa BH Vida Universidade Federal de Minas Gerais 2005 Disponível em wwwnesconmedicinaufmgbr Acesso em 20082011 MUNARI D B RIBEIRO V LOPES M M Intervenção grupal com enfoque no cuidado emocional relato de uma experiência Brasília Revista Brasileira de Enfermagem v55 n4 p44951 Julag 2002 Disponível em basesbiremebr Acesso em 15052011 NERI Anita Liberalesco DEBERT Guita Grin orgs Velhice e sociedade 2ª ed Sâo Paulo Papirus 1999 232 p OSÓRIO Luiz Carlos Adolescente hoje Porto Alegre Artes Médicas 1997 PICHONRIVIÉRE E Teoria del vínculo Buenos Aires Ed Nueva Visión 1980 SANTOS Z M S A et al Adesão do paciente hipertenso ao tratamento analise com abordagem interdisciplinar Texto Contexto enferm Florianópolis v 14 n 3 Set 2005 Disponível em wwwscielobr Acesso em 10082011 SILVA S P SANTOS M R Prática de grupo educativo de hipertensão arterial em uma Unidade Básica de Saúde Arquivo Ciência Saúde p 16973 julhosetembro 2004 Disponível em wwwcienciasdasaudefamerpbr Acesso em 05112011 SILVA G S F VILLANI A O processo grupal nas aulas de Física a análise do grupo da resistência In ENCONTRO DE PESQUISADORES EM ENSINO DE FÍSICA 102008 Curitiba Anais Curitiba SBF 2008 1 CD ROM SILVA M A OLIVEIRA A G B MANDÚ E N T MARCON S R Enfermeiro grupos em PSF possibilidade para participação social Cogitare Enferm v11 n2 p439 2006 Disponível em httpojsc3slufprbr Acesso em 05112011 TEIXEIRA M B Empoderamento de idosos em grupos direcionados à promoção da saúde mestrado Fundação Oswaldo cruz Escola nacional de Saúde Pública 2002 35 TOLEDO M M RODRIGUES S C CHIESA A M Educação em saúde no enfrentamento da hipertensão arterial uma nova ótica para um velho problema Florianópolis Texto Contexto Florianópolis v16 n2 p 2338 abrjun 2007 Disponível em wwwscielobr Acesso em 05112011 VASCONCELOS M GRILLO MJC SOARES SM Práticas Educativas em Atenção Básica à saúde Tecnologias para abordagem ao indivíduo família e comunidade Belo horizonte Nescon UFMG Coopmed 2009 ZIMERMAN D E OSORIO LC Como trabalhamos com grupos Porto Alegre Artes Médicas 1997 419 p 36
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS JULIANY SCORALICK FONTOURA DO NASCIMENTO GRUPO OPERATIVO oportunidade para promoção da saúde Campos GeraisMG 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS JULIANY SCORALICK FONTOURA DO NASCIMENTO GRUPO OPERATIVO oportunidade para promoção da saúde Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica de Saúde da Família Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do Certificado de Especialização Orientador a Profª Eliane Palhares Campos GeraisMG 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS JULIANY SCORALICK FONTOURA DO NASCIMENTO GRUPO OPERATIVO oportunidade para promoção da saúde Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do Certificado de Especialista Orientador a Profª Eliane Palhares Banca Examinadora Aprovada em Campos Gerais Dedico o presente trabalho a minha avó Margarida Pessoa que sempre esteve ao meu lado com apoio incondicional para que eu pudesse chegar ao meu objetivo Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida sem o qual nada seria possível Aos professores pela dedicação ao transmitir seus conhecimentos aos alunos para que assim possam prestar um serviço de qualidade aos pacientes com profissionalismo e espírito humanitário Agradeço em especial a professora Lucimari Romana pela atenção dispensada no decorrer do curso e aos amigos Fernando Sheila e Andressa pelo companheirismo apoio e incentivo nessa escalada a rede de comunicações é constantemente reajustada e só assim é possível elaborar um pensamento capaz de um diálogo com o outro e de um confronto com a mudança Henrique Pichon Rivière RESUMO Tratase de um estudo de revisão bibliográfica narrativa abordando aspectos relacionados ao trabalho com grupos operativos como prática educativa O estudo teve como objetivo discutir a contribuição das ações de promoção de saúde para a qualidade de vida do individuo e para os profissionais de saúde inseridos no Programa Saúde da Família e propiciar um espaço de reflexão continuada acerca do Grupo Operativo como estratégia de enfrentamento dos desafios para consolidação do PSF Nos resultados encontrados foi destacada a estrutura e dinâmica grupal a experiência da vivência grupal os papéis exercidos no processo grupal e os fundamentos da teoria dos grupos operativos além do papel do enfermeiro nos grupos operativos A análise e discussão dos achados na literatura permitiu afirmar a importância da utilização da teoria dos grupos operativos como uma intervenção em saúde para a educação coletiva e que prioriza o eixo fundamental da Estratégia saúde da família com foco na promoção da saúde e prevenção nos agravos das doenças Palavraschave Saúde da Família Qualidade de vida Grupos operativos ABSTRACT It is a narrative literature review addressing related to working with groups operating as an educational practice The study aimed to discuss the contribution of health promotion actions for the quality of life of the individual and for health professionals included in the family health program and provide a space for reflection about the continuing operative group as a strategy for addressing the challenges consolidation of the PSF Was highlighted in the results structure and group dynamics the experience of group experience the roles played in the group process and the fundamentals of the theory of operational groups the role of nurses in the operating groups The analysis and discussion of findings in the literature allowed us to affirm the importance of using the theory of groups operating as a health intervention for collective education which emphasizes the fundamental axis of the family health strategy focusing on health promotion and prevention in aggravation of disease Keywords Family Health Quality of life Operative group SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 09 2 OBJETIVOS 11 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 12 4 ESTRUTURA E DINÂMICA GRUPAL 13 41 Liderança e coordenação 14 42 Avaliação dos processos grupais 14 421 O grupo operativo está centrado na tarefa 15 5 A EXPERIÊNCIA DA VIVÊNCIA GRUPAL 17 6 OS PAPÉIS EXERCIDOS NO PROCESSO GRUPAL 22 7 GRUPOS OPERATIVOS 24 71 A teoria dos grupos operativos 25 72 Vínculo 27 721 Tarefa 28 8 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO GRUPO OPERATIVO 29 9 DISCUSSÃO 31 10 CONCUSÃO 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 9 1 INTRODUÇÃO Lançado pelo Ministério da Saúde em 1994 o Programa de Saúde da Família PSF foi criado com o objetivo de reorganizar o processo de trabalho em saúde na atenção básica para enfrentar e superar o modelo de saúde que anteriormente apresentavase centrado na doença e em práticas curativas Desta forma sua compreensão só é possível por meio da mudança do objeto da atenção forma de atuação e organização geral dos serviços reorganizando a prática assistencial em novas bases e critérios MINISTÉRIO DA SAÙDE 1997 p8 Na proposta assistencial da estratégia da saúde da família o trabalho com grupos é uma tecnologia adotada para abordagem ao indivíduo família e comunidade considerando suas características transformadoras e a capacidade de intervir nos agravos das doenças o grupo operativo é antes de tudo uma abordagem teórica fundamentada na psicologia social de Pichon Riviére centrada no processo de inserção do sujeito no grupo no vínculo e na tarefa VASCONCELOS GRILLO E SOARES 2009 P 43 Quando se fala em grupo logo se imagina que todo o ser humano faz parte de grupos no decorrer de sua vida desde o nascimento quando inicia um relacionamento familiar na escola creche igreja comunidade entre outros Podese dizer que o ser humano só existe em função de seus relacionamentos grupais considerando que é um ser gregário e busca constantemente uma identidade individual grupal e social Há dois tipos de grupos a família que é o grupo primário trabalho estudos instituições e outros são grupos secundários Dentro de um grupo familiar todos exercem um papel um denuncia o que se faz ausente o que suporta as situações o que se deixa levar pelas emoções entre outras Esses papéis se conservam ao longo da vida e quando não são elaborados conscientemente e educados cristalizamse se tornam estereotipados ocorrendo à repetição mecânica desse papel Considerado um dos maiores psicanalistas do hemisfério sul PichonRivière estabeleceu a teoria dos grupos operativos baseandose nas teorias psicanalíticas de Melanie Klein Sua formulação de grupos operativos foi reputada a maior cooperação para uma teoria unificada do funcionamento grupal que foi relatada da seguinte forma 10 Desenvolveu a teoria e técnica de grupos operativos a partir de uma atitude externada colocando pacientes menos comprometidos em seu estado de saúde para cuidar dos mais comprometidos Essa atitude ocorreu durante uma incidente greve do pessoal de enfermagem do hospital de Las Mercês em Rosário onde era docente e clínico Nessa situação observou que ambos os subgrupos de pacientes apresetaram melhora de seus casos clínicos ARAÚJO 2007 p18 Assim germinavam os grupos operativos habilitando pacientes para exercerem a função de enfermeiros Descobriuse o benefício terapêutico oriundo dessa própria aprendizagem dos pacientes entendendo que não há distinção clara entre grupo terapêutico e grupo de aprendizagem A ampliação do estudo sobre a teoria dos grupos operativos facilitará a aplicabilidade do método nas unidades de saúde junto à equipe em prol da comunidade visando o fortalecimento da promoção em saúde e prevenção de agravos das doenças Justificase desta forma o estudo sobre grupo operativo como estratégia de enfrentamento dos desafios para consolidação do PSF 11 2 OBJETIVOS Discutir à luz da produção cientifica a contribuição do grupo operativo como ação de promoção de saúde para a qualidade de vida do individuo Propiciar um espaço de reflexão continuada acerca do Grupo Operativo como estratégia de enfrentamento dos desafios para consolidação do PSF 12 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Utilizouse para o presente estudo a metodologia de revisão bibliográfica narrativa em busca na literatura nacional de publicações que abordassem os aspectos relacionados ao trabalho com grupos operativos como prática educativa Também foram consultados os cadernos do curso de Especialização de Atenção Básica em Saúde da FamíliaUFMG e cadernos publicados pelo Ministério da Saúde para complementar a pesquisa bibliográfica Na busca por artigos científicos utilizouse como palavras chave grupos operativos trabalho em grupo processo grupal teoria grupal de Pichon Riviére 13 4 ESTRUTURA E DINÂMICA GRUPAL Em sua estrutura um grupo operativo compõese além de seus integrantes de um coordenador e um observador Os membros do grupo ingressam em tarefa por meio de um disparador temático a partir do qual o grupo passa a trabalhar ativamente como protagonista O grupo deve saber a princípio as normas básicas do funcionamento do grupo tais como local horários coordenador e observador Esses limites funcionais constituemse na disciplina grupal É de competência do coordenador de grupos operativos tornar fácil o processo na medida em que gera condições para comunicação e diálogo e ajudar o grupo a superar as dificuldades que surgem na realização da tarefa O observador de grupos operativos têm uma percepção global do processo Registram graficamente as comunicações verbais e gestuais dos integrantes e do coordenador a fim de prestarlhe auxilio na elaboração da crônica devolutiva do trajeto percorrido pelo grupo Como afirmado anteriormente aprender sob a ótica pichoneana tem o sentido da transformação Toda situação de mudança impulsiona os medos básicos de perda e ataque que estão a serviço da resistência ao novo Cada participante do grupo se apresenta com sua história pessoal consciente e inconsciente isto é com sua verticalidade Na medida em que se estabelece em grupo passam a partilhar entre si as necessidades em função de objetivos comuns e criam uma nova história que não é simplesmente a somatória de suas verticalidades pois há uma construção coletiva resultado da interação de aspectos de sua verticalidade criando uma história própria inovadora que dá ao grupo sua especificidade e identidade grupal A resistência à alteração vinculada às diferenças interpessoais e o compartilhar necessidades faz emergir um processo contraditório e confusional em determinados momentos do grupo tornandose barreiras na comunicação estorvando sua operatividade no sentido de suas metas Tais barreiras necessitam ser conhecidas para poder ser suplantadas senão criase um ruído na comunicação levando muitas vezes o grupo a sua decomposição 14 Essa dinâmica grupal não é linear ou cumulativa ela acontece num movimento lógico onde cada alvo atingido transformase imediatamente em um novo ponto de partida É interposto por perdas e ganhos os quais devem ter uma resultante positiva e por conseguinte operativa São nessas idas e vindas do movimento dialético que vão acontecendo os ajustes e correções de conceitos preconceitos tabus fantasias inconscientes idéias preconcebidas e estereotipadas desenvolvendo uma atitude plástica e criativa SAND et al 2011 p499 Nesse contexto podese sustentar que aprender em grupo não denota granjear um conhecimento formal enciclopédico ou acadêmico mas uma atitude mental aberta investigatória e científica Aprender por isso vem a ser uma nova leitura da realidade e apropriação ativa da mesma no aqui agora e comigo Não estando somente no discurso mas nas ações mais ordinárias do cotidiano Essa aprendizagem impulsiona mudanças onde o sujeito deixa de ser espectador e passa a ser o protagonista de sua história e da história de seu grupo Parte da informação apropriase dela e transformaa em gestos Deixa de ser aluno que recebe passivamente conservas de saber e passa a ser aprendiz que ao fazer vai aprendendo 41 Liderança e coordenação Um coordenador de grupos não necessita precisamente ser alguém que saiba seduzir as multidões ou que tenha capacidade de centralizar necessidades e direcioná las Podese pensar em líder como sendo alguém que entenda e congrega diversos interesses contidos e ocupa uma posição de comando Entende seu papel de agente facilitador da interação das pessoas que estão sob seu comando etc O coordenador operativo consente a emergência de uma liderança informal espontânea não institucionalizada e que coopera em relação ao seu papel 42 Avaliação dos processos grupais De acordo com o que já foi citado a técnica do grupo operativo é um eficaz instrumento da psicologia social no sentido da aprendizagem e mudança Ele não está 15 determinado no indivíduo ou no próprio grupo e muito menos se propõe a ser terapêutico no sentido estrito da palavra em que pese leve o sujeito a fazer ajustes e correções de sua inserção social É nesse sentido que alguns dizem que o grupo operativo tem um caráter terapêutico 421 O grupo operativo está centrado na tarefa Nenhum grupo nasce preparado não é imediato Passa por diversos momentos antes de se tornar operativo Momentos de estruturação desestruturação e reestruturação Momentos confusionais que o coordenador ou monitor deve estar atento para não acabar com o grupo Entender e avaliar a operatividade de um grupo é algo complexo por seu caráter subjetivo pondo em risco sua validade Para se superar o risco de uma avaliação subjetiva devese dispor de categorias de avaliação que são fenômenos universais isto é acontecem em qualquer grupo São sete os vetores de avaliação O primeiro vetor compreende os fenômenos de afiliação É uma primeira categoria de identificação que os componentes do grupo têm com a tarefa e com os demais integrantes O integrante se aproxima com certa precaução todavia não se envolve por completo O segundo vetor é a Pertença Na medida em que o grupo se propaga o vetor afiliação vaise transformando em pertença Existe um maior grau de identificação e integração grupal consentindo a elaboração da tarefa É quando os integrantes vencem as distâncias e vestem a camisa Compreendem que o projeto lhes pertence deixam de ser espectadores e passam a ser seus protagonistas Pode ser vista no grupo pelo grau de responsabilidade com o qual os integrantes assumem o desenvolvimento da tarefa O terceiro vetor a Cooperação é uma cooperação ainda silenciosa à tarefa grupal É a possibilidade dos integrantes assumirem e exercerem papéis diferenciados Essa complementaridade consiste na capacidade de desenvolver papéis não em uma superposição ou atropelamento competitivo mas em uma complementação mútua intercambiável Há uma verdadeira sucessão alternada de papeis no interjogo grupal É a colaboração de cada um dos integrantes para com a tarefa e para com os outros integrantes Cada um contribui com o que sabe e com o que pode 16 A Pertinência o quarto vetor é o centramento na tarefa Ela é positiva Não centrarse na tarefa pode ser uma impertinência quando acontece a impostura ou sabotamento É uma situação singular da prétarefa que ainda que não seja tarefa está a caminho dela e do projeto Na prétarefa o grupo trabalha as resistências à modificação na tarefa vai trabalhar os medos básicos que sustentam as resistências Quando os componentes do grupo esquivamse disso não há pertinência à tarefa e se estabelecem um como se estivessem em tarefa andam em círculos viciosos são as ditas situações dilemáticas ou ficam discutindo falsos problemas de solução impossível pelo menos naquele âmbito O vetor principal de interação grupal é a Comunicação que pode acontecer por diferentes vias verbal gestual por atitudes comportamentais afetivas e emocionais A comunicação entre os integrantes de um grupo operativo funciona semelhantemente à teoria física de vasos comunicantes tornando possível o nivelamento do seu conteúdo sem perder a identidade do continente Possibilita que o grupo edifique um esquema conceitual ao qual seus integrantes se referenciam operativamente A comunicação pode se estabelecer de variadas formas De um para todos quando apenas um fala e os demais ouvem passivamente Esse modelo pode gerar dependência de liderança De todos para um A maneira que aí se estabelece é a de depositar em um bode expiatório Entre dois que se afastam do grupo gerando subgrupos Entre todos quando o que é verbalizado é ouvido pelos demais e a comunicação se torna fluente entre todos O sexto vetor de estimativa da operatividade de um grupo é a aprendizagem que se incrementa a partir das informações em saltos de qualidade que abrange a tese antítese e síntese As fragmentações e as integrações Alterações quantitativas que preparam mudanças qualitativas e estruturais Implica criatividade elaboração de ansiedades e uma adaptação ativa à realidade O sétimo vetor é a Tele o clima em que se propaga o grupo É a disposição positiva ou negativa para trabalhar a tarefa grupal é a aceitação ou rejeição que os integrantes têm de modo espontâneo em relação aos demais São sentimentos de atração ou rejeição e portanto tele positiva ou negativa Significa que toda situação de 17 encontro é por sua vez um reencontro com figuras do mundo interno da história dos integrantes as quais se reeditam na nova situação 5 A EXPERIENCIA DA VIVENCIA GRUPAL Um grupo é composto por um conjunto de pessoas a comunidade é formada por um conjunto de grupos e a sociedade é o conjunto interativo de várias comunidades Mills 1975 p 13 assim explica grupo Unidades compostas de duas ou mais pessoas que entram em contato para determinado objetivo e que consideram significativo o contato e representam não apenas micro sistemas mas são também fundamentalmente microcosmos de sociedades mais amplas Outra definição de grupo bastante comum é a de Olmsted 1970 apud BRAGHIROLLI 1999 p 122 que conceitua grupo como sendo uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com os outros que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum Para Zimerman 1997 todo ser humano é gregário por natureza existindo em função dos seus relacionamentos Nas lições de Osório 1992 a reciprocidade entre os membros de um grupo é o fenômeno que centraliza a atividade de qualquer agrupamento humano Os seres humanos nascem e pertencem a um primeiro grupo que é a família nuclear posteriormente passam a estabelecer outros grupos como o da escola trabalho círculo social entre outros É imprescindível distinguir entre grupo e agrupamento Para que um grupo seja reputado é necessário que haja entre as pessoas uma interação social e algum tipo de liame podese dizer que a passagem da condição de um agrupamento para a de um grupo consiste na transformação de interesses comuns para a de interesses em comum Zimerman 1997 p 28 Para exemplificar um agrupamento pensarseá numa fila de ônibus onde as pessoas estão com interesse comum de pegar o ônibus mas não possuem nenhum vínculo entre si Assim sendo para que seja caracterizado um grupo é necessário que 18 Os participantes se reúnam em torno de um interesse comum No grupo o todo é maior do que as partes ou seja um grupo se estabelece como uma nova identidade sendo mais do que apenas a união dos seus membros É necessário que se mantenham distintas as identidades individuais de maneira que as pessoas conservem a sua individualidade e não se transformem em uma massa indiscriminada É necessário que exista alguma forma de interação de afeto entre os membros do grupo ou seja que seja estabelecido algum tipo de liame entre os integrantes É intimamente ligada à constituição de um grupo a presença de um campo grupal dinâmico onde circulam fantasias e ansiedades Assim podese definilo o campo é composto por múltiplos fenômenos e elementos do psiquismo e resulta que todos esses elementos tanto os intra como os intersubjetivos estão articulados entre si de tal modo que a alteração de cada um deles vai repercutir sobre os demais em uma constante interação entre todos Zimerman 1997 p 29 Em todo grupo existe o denominado Campo grupal onde fenômenos transitam Zimerman 1997 p 35 pormenoriza seis fenômenos essenciais que explicam esse campo A ressonância que é um fenômeno comunicacional onde a fala trazida por um membro do grupo vai ressoar em outro transmitindo um significado afetivo equivalente e assim sucessivamente O fenômeno do espelho conhecido como galeria dos espelhos onde cada um pode ser refletido nos e pelos outros o que nada mais é do que a questão da identificação onde o indivíduo se reconhece sendo reconhecido pelo outro e assim vai formando a sua identidade A função de continente ou seja o grupo coeso exerce a função de ser continente das angústias e necessidades de cada um de seus integrantes O fenômeno da pertencência chamado por Zimerman 1997 p 39 de vínculo do reconhecimento que é o quanto cada indivíduo necessita de forma vital ser reconhecido pelos demais do grupo como alguém que de fato pertence ao grupo E também alude à necessidade de que cada um reconheça o outro como alguém que tem o direito de ser diferente e emancipado dele A discriminação que é a capacidade de fazer a diferença entre o que pertence ao sujeito e o que é do outro ou seja diferenciar entre fantasia e realidade presente e passado entre o desejável e o que é possível naquele momento etc 19 A comunicação seja ela verbal ou nãoverbal fenômeno essencial em qualquer grupo onde mensagens são enviadas e recebidas podendo haver distorção e reações da parte de todos os membros do grupo Zimerman 1997 classifica ainda dois tipos de grupos segundo o critério de finalidade em operativos e psicoterápicos Em relação aos grupos operativos a sua sistematização foi feita por Pichon Riviére desde 1945 que definiu grupo operativo como um conjunto de pessoas com um objetivo em comum Teixeira 2002 Como diz Bleger 1998 os grupos operativos trabalham na dialética do ensinaraprender o trabalho em grupo proporciona uma interação entre as pessoas onde elas tanto aprendem como também são sujeitos do saber mesmo que seja apenas pelo fato da sua experiência de vida dessa forma ao mesmo tempo que aprendem ensinam também Assim o ser humano está integralmente incluído em tudo aquilo em que intervém de tal maneira que quando existe uma tarefa sem resolver há ao mesmo tempo uma tensão ou conflito psicológico e quando é encontrada uma solução para um problema ou tarefa simultaneamente fica superada uma tensão ou um conflito psicológico BLEGER 1998 p 62 Os grupos operativos abarcam quatro campos Ensinoaprendizagem tem como tarefa principal o espaço para refletir acerca de temas e debater questões Institucionais grupos formados em escolas igrejas sindicatos fomentando reuniões visando debate sobre questões de seus interesses Comunitários são empregados em programas dirigidos para a Promoção da Saúde como por exemplo grupo de gestantes e de crianças onde profissionais nãomédicos são preparados para a tarefa de integração e incentivo a capacidades positivas Terapêuticos tem por objetivo melhorar da situação patológica dos indivíduos tanto a nível físico quanto psicológico que seriam os grupos de autoajuda Alcoólicos Anônimos etc Zimerman 1997 p 76 Quanto aos grupos psicoterápicos Zimerman 1997 p 78 denominaos para formas de psicoterapia destinadas prioritariamente à aquisição de insights especialmente dos aspectos inconscientes dos indivíduos e da totalidade grupal que seriam os denominados grupoterapias com abordagens diversas como a psicanalítica a teoria sistêmica a abordagem cognitivocomportamental e a psicodramática Vale ressaltar ainda que tanto o grupo operativo pode proporcionar um benefício psicoterápico quanto os grupos psicoterápicos podem fazer uso do enfoque dos grupos operativos Já que os grupos de ensino não são diretamente terapêuticos mas a tarefa da aprendizagem envolve terapia toda aprendizagem bem realizada e toda educação é sempre implicitamente 20 terapêutica E ainda pensar equivale a abandonar um marco de segurança e verse lançado numa corrente de possibilidades BLEGER 1998 p 65 Braghirolli 1999 p 128 analisando o comportamento e a formação dos grupos dispõe a necessidade que há nas pessoas de participar dos mesmos levantando o seguinte questionamento Por que as pessoas se reúnem em grupos As pesquisas revelam que o ser humano nasce com carências sociais e que a participação nos grupos tem o intuito de satisfazêlas A teoria das necessidades pessoais de Schultz apud BRAGHIROLLI 1999 p 128 coloca que as pessoas não se integrarão em um grupo se ele não trouxer a satisfação de certas necessidades essenciais que são necessidade de inclusão necessidade de controle e necessidade de afeição Ainda no entendimento de Braghirolli 1999 p 130 A necessidade de inclusão é definida como a necessidade de se sentir integrado valorizado aceito totalmente pelos demais a necessidade de controle pode ser entendida como a necessidade de estabelecer para si mesmo quais são as suas responsabilidades e as dos outros O indivíduo precisa sentirse totalmente responsável pelo grupo seus objetivos estrutura funcionamento e progresso e a necessidade de afeição que é descrita como a necessidade que aparece depois das duas necessidades anteriores e que representa o desejo de ser valorizado de ser percebido como insubstituível pelo grupo Seria o desejo secreto de todos os indivíduos como participantes de um grupo O indivíduo quer ser ao mesmo tempo valorizado por sua competência e aceito como pessoa O estudo dos grupos desperta interesse porque existe na atualidade uma proliferação de espaços de convivências para idosos ou os denominados grupos de terceira idade que se fazem presentes em universidades públicas em centros de saúde em órgãos privados como o SESC em espaços culturais e religiosos Atualmente a sociedade procura esses espaços como forma de engajar e reinserir os idosos ao meio social Debert 1999 p 30 analisa esses espaços que laboram com a temática do envelhecimento atual os chamados formas de gestão da velhice São formas que buscam compreender a verbalização entre as representações do envelhecimento e as práticas dirigidas para um envelhecimento sadio ou bemsucedido formas estas ocupadas pelos variados programas voltados para a terceira idade ou para o público idoso Debert 1999 p 30 atrai a atenção para o contexto onde se dá o aparecimento dos grupos de convivência e as universidades voltadas ao atendimento ao idoso Os 21 grupos emergem num contexto onde uma nova linguagem desponta para tratar os velhos e aposentados linguagem esta onde Terceira idade substitui a velhice a aposentadoria ativa se opõe à aposentadoria o asilo passa a ser chamado de centro residencial o assistente social de animador e a ajuda social ganha nome de gerontologia Os signos do envelhecimento são invertidos e assumem novas designações nova juventude idade do lazer Da mesma forma invertemse os signos da aposentadoria que deixa de ser um momento de descanso e recolhimento para tornarse um período de atividade e lazer DEBERT 1999 p 61 O que se percebe é que há uma preocupação nesse novo contexto que ultrapassa o problema econômico e dá inicio a uma problematização ao redor da integração do idoso na sociedade população antes reputada como marginalizada Os grupos emergem então para dar conta desse novo contingente que começa a despontar e se fazer presente na sociedade O que se visa no presente trabalho é enfocar a discussão acerca de grupos que tenham como objetivo a promoção da saúde ou seja a melhoria da qualidade de vida não só dos idosos mas da sociedade como um todo Neri e Debert 1999 explica qualidade de vida na velhice qualidade esta onde envelhecer satisfatoriamente depende do delicado equilíbrio entre as limitações e a potencialidade do indivíduo o qual lhe possibilitará lidar em diferentes graus de eficácia com as perdas inevitáveis do envelhecimento 22 6 OS PAPEIS EXERCIDOS NO PROCESSO GRUPAL Os participantes de um grupo operativo se articulam para a construção de papéis que serão exercidos dentro do grupo por cada um em relação aos outros Desta forma surge a atuação de cada membro do grupo De acordo com VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p 17 Os papéis sociais constituintes de um grupo em tarefa podem se classificados em duas categorias informais e formais Para o desempenho dos papéis formais a teoria destaca dois o coordenador e o observador O coordenador necessita primeiramente de possuir atributos contributivos com relação a estimular o grupo para o cumprimento da tarefa enfocando na operatividade Definidos por Osório DIAS 2000 apud SILVEIRA WITT 2009 p 228 esses atributos desejáveis são gostar de trabalhar com grupos afim de que evite o desgaste pessoal e com isso ocorra prejuízo da tarefa no grupo a coerência evitando desta forma que os participantes passem por um estado de confusão e assim abalem os núcleos de confiança entre o grupo e o coordenador a ética com relação à manutenção do sigilo daquilo que lhe foi confiado A comunicação também é um atributo indispensável ao coordenador pois ativa o compartilhamento das experiências entre os membros do grupo e com ele Comunicar se autêntica e eficazmente representa portanto uma entrega uma doação não só de significados como de si próprio OSÓRIO 2000 apud MOREIRA et al 2005 s p Portanto a comunicação deve ser efetiva tomandose o coordenador o cuidado de estar sempre atento aos membros do grupo pois de acordo com Scotney DIAS 2009 apud SILVEIRA WITT 2009 p 218 nas unidades de saúde as pessoas freqüentemente ouvem mas não compreendem e não dizem que não compreendem depois fazem as coisas de maneira inadequada ou transmitem informações inadequadas ouvem e compreendem mas não ficam convencidas e não modificam seus hábitos ou tomam qualquer iniciativa O coordenador deve ainda como descreve VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p 17 ser um facilitador da interação entre os membros do grupo e 23 ser capaz de lidar com os vários papéis que os membros do grupo interpretam Desta forma cabe a ele estimular a expressão de sentimentos de todos os membros do grupo assim como sinalizar as dificuldades que impedem o grupo de enfrentar a tarefa O observador realiza trabalho não participante ele tem a função de recolher o material expresso pelo grupo tanto o verbal como o não verbal nos diferentes momentos do grupo fazendo o registro dos mesmos para após as reuniões serem analisadas juntamente com o coordenador para que se possam planejar as próximas reuniões com atividades formuladas e adequadas diante do material apresentado No desempenho dos papéis informais encontramos o líder que é classificado em dois tipos o de mudança e o de resistência o porta voz o bode expiatório e o sabotador O líder de mudança é aquele que estimula a tarefa e se encarrega de levála adiante buscando soluções em busca do objetivo O líder de resistência descrito por DIAS SILVEIRA WITT2009 p 221 puxa o grupo para trás freia avanços sabota a tarefa e remete o grupo a sua etapa inicial Os dois tipos de líderes são necessários para o equilíbrio do grupo O portavoz é aquele que verbaliza as reivindicações e ansiedades do grupo expressa suas vontades e sentimentos é geralmente uma pessoa que se comunica bem e por isso tende a expressar seus sentimentos e o dos outros membros O bode expiatório é aquele que assume os aspectos negativos que causam no grupo mal estar como culpa medo e vergonha situações difíceis vivenciadas no grupo O sabotador descrito por VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p45 é aquele que dificulta ou obstrui as propostas no processo grupal Todos os papéis desempenhados durante o processo grupal podem ser expressos de várias maneiras sendo importante a observação por parte do coordenador e observador quanto às ações palavras e silêncio expressados pelos membros do grupo 24 7 GRUPOS OPERATIVOS O grupo operativo ou educativo é mais uma ação fomentada pelo PSF cujo objetivo é a educação em saúde de forma coletiva onde são abordados temas ligados à promoção da saúde Um dos benefícios das atividades em grupo é a socialização pois a partir desta ação os indivíduos têm a oportunidade de partilhar sua experiência com outros participantes podem dirimir suas dúvidas e refletir acerca da patologia e o modo como a vivencia A educação em saúde por meio de grupos operativos é importante que seja realizada por uma equipe multiprofissional pois desta forma vários profissionais com diferentes saberes irão direcionar o paciente para o tratamento correto da patologia e prevenção de agravos É de grande relevância também que os pacientes sejam participantes do processo educativo com seus diferentes saberes e não sejam meros ouvintes de informações para que estas não sejam impostas pelos profissionais permitindo que o paciente se sinta colaborador de informações participando de todo o processo favorecendo assim mudanças de hábito com melhoria para sua qualidade de vida SANTOS et al 2005 p 14 TOLEDO RODRIGUES CHIESA 2007 p 16 MANO PIERIN 2005 p 18 Conforme Carlos Palha e Beccaria 2008 é essencial a incitação dos grupos operativos para que os participantes tenham conhecimento da patologia dos seus gravames tratamentos farmacológicos ou apenas dos cuidados diários principalmente no caso da hipertensão arterial sistêmica Desta forma ações coletivas multiprofissionais que visam a promoção da saúde dos indivíduos com hipertensão arterial permitem que sejam prevenidas complicações e internações dos mesmos Em que pese todos os benefícios da realização dos grupos operativos no entendimento de Alves e Nunes 2006 estudos empíricos revelam que as práticas de ações educativas particularmente coletivas estão sendo diminuídas com freqüência Conforme o autor atualmente está prática é exercida pelos profissionais em uma relação assimétrica e autoritária na qual o profissional se institui como detentor das 25 informações relacionadas aos saberes técnico cientifico obstando desta forma a participação dos indivíduos com seus saberes pois consideram os mesmos carentes de informações ou que possuem informações errôneas acerca da patologia Assim não se estabelece um dialogo entre profissionalindividuo sobre o processo saúde doença impossibilitando a construção coletiva de conhecimentos Desta forma os profissionais que exercem atividades relacionadas aos grupos operativos devem repensar na sua forma de atuação para que assim possam realizar ações educativas que envolvam cada vez mais o individuo Para Silva e Santos 2004 os profissionais devem procurar formas de atuação onde aconteça a integração entre o profissional e a população devem também adaptar suas informações conforme a realidade de cada grupo almejando sempre a troca de experiências sem a imposição de idéias permitindo que assim o indivíduo sinta o seu papel de colaborador no processo do seu tratamento aumentando cada vez mais a segurança dos mesmos em relação ao profissional 71 A teoria dos grupos operativos PichonRiviére 19071977 psicanalista responsável por elaborar a teoria do grupo operativo na década de 40 definiu grupo como um conjunto de pessoas ligadas no tempo e espaço articuladas por sua mútua representação interna que se propunham explícita ou implicitamente a uma tarefa interatuando para isso em uma rede de papéis com o estabelecimento de vínculos entre si PICHONRIVIÉRE 1980 apud VASCONCELOS GRILLO SOARES 2009 p 43 No processo de grupo existem três etapas ou momentos que são descritos como Prétarefa Tarefa e projeto A Pré tarefa são todas aquelas atividades onde a presença de medos básicos como a ansiedade leva a utilização de técnicas defensivas que estruturam o que se denomina resistência a mudanças Para Vasconcelos Grillo e Soares 2009 quando o grupo formula os seus objetivos se propõe a uma mudança ou realização mas apresenta também grau menor ou maior de resistência àquela mudança causando 26 dificuldade psíquica e afetiva à aprendizagem e à comunicação dentro do grupo levando a uma situação que paralisa o prosseguimento do grupo Dentre os medos existentes na resistência às alterações podese citar o medo da perda aliado com a perda dos instrumentos da enfermidade que permitem uma adaptação ao mundo e no medo do ataque receio em relação ao desconhecido e insegurança A tarefa é a etapa ou momento em que se rompe a estereotipia surgida na pré tarefa Vasconcelos 2009 p 44 considera que a execução da tarefa acarreta enfrentar alguns obstáculos relacionados a conceitos preestabelecidos que devem ser desconstruídos e reconstruídos Durante a tarefa o grupo supera os medos básicos que atrapalham a aprendizagem O grupo tem uma tarefa externa e uma tarefa interna A tarefa externa é aquela demarcada pelos seus objetivos conscientes ao passo que a tarefa interna é justamente elaborar as relações no e do grupo para que este possa realizar o seu trabalho Em um grupo de diabéticos como exemplo podese exemplificar tarefa externa como a aprendizagem para a aplicação da insulina e como tarefa interna o trabalho relacionado com o grupo na forma a superar os medos e ansiedades diante desta aprendizagem Para PichonRiviére apud Silva e Villani 2008 s p A tarefa possui duas dimensões uma explicita e outra implícita A primeira diz respeito ao objetivo direto do grupo ou seja o trabalho a ser produzidos Já a tarefa implícita se caracteriza pela manutenção da coesão do grupo e dos montantes de ansiedades que são despertadas durante a realização da tarefa explicita No momento em que o grupo inicia a execução da tarefa explícita e implícita ocorre o enfrentamento de alguns obstáculos que estão relacionados com conceitos preestabelecidos que devem ser trabalhados nesta etapa para que o grupo possa alcançar a operatividade que está relacionada com a transformação da realidade e processo de mudança Na etapa do projeto o grupo deve ter alcançado a operatividade para que possa iniciar seu planejamento Operar para PichonRiviére 1980 p 204 é promover uma modificação criativa da realidade O objetivo do grupo operativo é mobilizar um processo de mudança trabalhando os medos básicos propondo tarefas levando seus membros a uma adaptação à realidade e vencendo a resistência às mudanças pela interação de seus membros em busca de um objetivo para si e para o outro Para que se 27 constituam em um grupo há necessidade de se vincular e interagir no sentido do objetivo comum Dessa forma Pichon define como princípios organizadores de um grupo operativo o Vínculo e a Tarefa 711 Vínculo Tratase de uma disposição psíquica complicada Na teoria de Pichon acerca de grupos operativos essa estrutura tem caráter social pois compreende que mesmo quando duas pessoas estabelecem relações há entre elas outras figuras internalizadas que estão presentes nessa relação tendo dessa forma uma estrutura triangular bi corporal e tripessoal Isto é em todo liame existe a presença sensorial corpórea dos dois porém há um personagem do mundo interno que está sempre interferindo nessa relação que é o terceiro Tal estrutura que administra todas as relações humanas ao inserir no esquema de referência o conceito de um mundo interno em contínua interação origem de fantasias inconscientes faz com que a fantasia inconsciente tornese então produto de interação de vínculos entre os sujeitos Sob o ponto de vista prático podese dizer que o vínculo é um processo motivado que tem direção e sentido ou seja tem um porquê e um para quê Pode se identificar se o vínculo foi estabelecido quando se é internalizado pelo outro e se internaliza o outro dentro de cada um Quando acontece uma mútua representação interna quando a indiferença e o esquecimento deixam de existir na relação passase a pensar a falar a se referir a lembrar a se identificar a refletir a se interessar a se complementar a se irritar a competir a discordar a invejar admirar a sonhar com o outro ou com o grupo É incontestável que cada pessoa se relaciona conforme seus modelos inaugurais de vinculação de conformidade com suas matrizes de aprendizagem e a tendência é reeditar esse modelo em outras circunstâncias sem considerar a realidade externa o incomum repetindo padrões estereotipados resistindo que algo verdadeiramente novo ocorra 28 712 Tarefa Tratase de outro princípio organizador de grupo é um conceito dinâmico que se refere ao modo pelo qual cada componente se relaciona a partir de suas próprias necessidades as quais para PichonRivière estabelecem um pólo norteador de conduta O processo de partilhar com alguém as necessidades em torno de propósitos comuns constitui a tarefa grupal Nesse processo surgem barreiras de várias naturezas Diferenças e necessidades pessoais e transferenciais diferenças de conceitos e marcos referenciais e do conhecimento formal propriamente dito A tarefa é o caminho percorrido pelo grupo para alcançar suas metas E é nesse caminho que o grupo operativo pode ser econômico na medida em que dispõe somente da energia necessária e suficiente para organizar e concretizar o projeto Um grupo operativo faz supor aprendizagem Aprender na ótica pichoneana é sinônimo de modificações E nessa mesma ótica em toda situação de modificação são mobilizados dois medos básicos da perda e do ataque Medo de perder o já estabelecido o já conquistado e conhecido O de ataque é o de como ficará numa situação não conhecida como dará conta do que está por vir a ser mas ainda não é Essas comoções aflitivas básicas são mobilizadas em qualquer situação de alterações seja ela de objetos do mundo externo ou valores e referências internas Estão dessa forma a serviço da resistência a alterações É normal que um grupo se oponha a entrar em um processo de aprendizagem uma vez que esta ocasionará modificações O processo de elaboração dessa resistência provocado pelos medos básicos aponta que o grupo está a caminho do projeto A esse fenômeno dáse o nome de prétarefa Quando o grupo aprende a problematizar verdadeiramente as barreiras que surgem na concretização de seus objetivos dizse que entrou em tarefa pois podem elaborar um projeto viável e dessa forma tornase um grupo que opera mudanças 29 8 O papel do enfermeiro no grupo operativo Dentre as atribuições específicas do enfermeiro que trabalha na ESF está a organização e coordenação dos grupos operativos Para SILVA et al 2006 p 143 As práticas grupais de educação em saúde têm sido utilizadas pelos enfermeiros principalmente na atenção básica como alternativa para as práticas assistenciais e educativas e vários estudos apontam a sua importância no processo de trabalho de enfermagem uma vez que articulam várias dimensões do cuidado Para isto devese existir motivação interna e gosto por trabalhar em grupo para que este tenha um funcionamento mais efetivo GROSSMANN KOHLRAUSCH 2006 Descrito por Munari 2002 p 449 As atividades grupais realizadas pelos enfermeiros compreendem desde as tarefas desenvolvidas pela equipe de enfermagem as orientações feitas a um grupo de pessoas que necessitem de suporte emocional ou que estejam aprendendo a adaptar se às novas situações da vida O espaço existente no grupo operativo favorece a intervenção no processo de saúde doença Atuando neste momento o enfermeiro realiza o trabalho preventivo estabelecido pela ESF contribuindo positivamente para a prevenção dos agravos das doenças Desta forma é importante que o mesmo incentive durante a realização dos grupos a transformação de atitudes promova e possibilite conhecimentos e habilidades para que os componentes grupais lidem com os problemas de saúde Para Munari et al 2002 p 449 O enfermeiro ao assumir o papel de coordenador de grupo quer seja de uma equipe de um grupo terapêutico de um grupo educativo ou ainda de um grupo destinado à formação e desenvolvimento de pessoas deve ter clara a importância de compreender o processo grupal de conhecer a sua cultura e ainda de conduzilo com o propósito de atender as necessidades das pessoas que o compõe independentemente de sua finalidade ser operativa ou terapêutica Conforme descreve PEREIRA 2002 apud ALMEIDA 2006 o emprego da tecnologia de grupo operativo com incremento de atividade educativa é um importante 30 instrumento de ação do enfermeiro para o enfrentamento de doenças crônico degenerativas de grande prevalência Sendo assim é imprescindível na realização destes grupos que o enfermeiro gere oportunidades de aprendizado para o autocuidado e institua vínculos para que desta forma leve a uma maior motivação de todos os participantes e facilite o aprendizado 31 9 DISCUSSÃO O trabalho realizado no grupo operativo constitui uma intervenção em saúde de extrema importância para a educação coletiva e prioriza o eixo fundamental da Estratégia saúde da família com foco na promoção da saúde e prevenção nos agravos das doenças O aperfeiçoamento na prática do grupo visa ampliar a capacidade do indivíduo para o autocuidado estabelecer a comunicação vínculo e encaminhar para a tarefa momento em que ocorre a operatividade do grupo ou seja a ação propriamente dita Os profissionais envolvidos neste trabalho necessitam ter conhecimento técnico teórico habilidades de planejamento e atitudes positivas em todo o processo grupal que requer envolvimento para estimular os participantes no cumprimento das metas estabelecidas além da comunicação efetiva que constitui importante ferramenta em todo o processo Na atenção primária o trabalho com grupos é atribuição da equipe de saúde da família com o objetivo de apropriar o indivíduo na sua realidade estimulando o aprendizado para a mudança com atitudes que possam transformar a realidade no intuito de promover sua saúde e evitar complicações futuras principalmente nas doenças crônicas 32 10 CONCLUSÃO A informação cientifica é imprescindível para desenvolver atitudes de prevenção É necessária e suficiente para alterar comportamentos de risco O texto de Pichon revela a importância de se relacionar em grupo tornandoos os integrantes críticos e ativos A aprendizagem coletiva leva a uma maior conscientização dos indivíduos principalmente pelos envolvidos apresentarem os mesmos aspectos vivenciados pois permite a visualização de cada um no outro contemplando assim a troca de conhecimentos possibilitando a mudança no pensar e agir Pichon adquiriu sua experiência em grupos ao desenvolver suas atividades clínicas junto aos seus pacientes psiquiátricos sendo que suas pesquisas concernentes a Grupos Operativos ocorreram em razão a um incidente vivido no Hospital de Las Mercês em Rosário Argentina Naquela ocasião devido à greve do pessoal da enfermagem Pichon colocou os pacientes menos comprometidos para assistirem os mais comprometidos e notou a melhora destes pacientes Pichon descobriu que a influência recíproca entre os integrantes de um grupo era mais benéfica quando havia a quebra dos papéis estereotipados e assim passasse a haver uma nova comunicação entre os integrantes do grupo Observou também que ao aprender e atuar em grupos as pessoas passam a ter uma apropriação mais ativa e uma leitura mais crítica da sua realidade fazendo com que os sujeitos sejam protagonistas ao invés de espectadores Na verticalidade cada componente do grupo apresentase com sua história pessoal e na medida em que se insere no grupo passa a compartilhar necessidades em função de objetivos comuns e cria uma nova história sendo esta a horizontalidade do grupo Vale salientar que a horizontalidade não é simplesmente a somatória das verticalidades mas sim uma edificação coletiva resultante da interação das verticalidades criando uma história própria e inovadora e dando ao grupo uma especificidade e identidade grupal 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES V S NUNES M O Educação em saúde na atenção médica ao paciente com hipertensão arterial no programa saúde da família São Paulo Interface Comunicação Saúde Educação Botucatu v10 n19 jun2006 Disponível em wwwscielocombr Acesso em 18062011 ALMEIDA P N Educação lúdica técnicas e jogos pedagógicos 5 Ed São Paulo Editora Loyola 1987 BLEGER José Temas de psicologia entrevistas e grupos São Paulo Martins Fontes 1998 BRAGHIROLLI Maria Luiza Silveira Capacidade e Aprendizagem Tecnológica na Terceira Geração da Indústria 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