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JOGOS E BRINCADEIRAS I CURSOS DE GRADUAÇÃO EAD Jogos e Brincadeiras I Prof Ms Ricardo Ducatti Colpas e Profª Dra Irene Conceição Andrade Rangel Meu nome é Ricardo Ducatti Colpas Sou mestre em Filosofia da Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba Unimep PiracicabaSP especialista em Educação Física Escolar pela Unicamp e graduado em Educação Física pela Unesp de Rio Claro SP No mestrado desenvolvi uma pesquisa sobre a formação de conceitos na educação física escolar com alunos da 4ª série do Ensino Fundamental dando ênfase às questões do desenvolvimento e da aprendizagem na perspectiva da teoria de Vygotsky Atualmente sou professor da Educação Básica no Ensino Fundamental bem como no ensino universitário do curso de graduação em Educação Física das Faculdades FKB e FIT e do curso de Pedagogia da FSDB de Piracicaba Além disso componho o grupo de professores do Laboratório de Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física da Unesp de Rio Claro Acredito que o curso de Educação Física a distância organizado pelo Centro Universitário Claretiano oferecerá oportunidade a muitas pessoas para realizarem um curso de licenciatura com boa qualidade preparando dessa forma seus alunos para atuarem no mercado de trabalho Email rdcolpasunimepbr Olá meu nome é Irene C A Rangel Sou licenciada em Educação Física pela USP com mestrado em Educação Motora pela Unicamp e doutorado em Educação pela UFSCar Ministrei aulas de Educação Física Infantil para os cursos de Licenciatura em Educação Física e Pedagogia na Unesp Campus de Rio Claro onde me aposentei Atualmente faço palestras e ministro cursos de pósgraduação nos quais trabalho com jogos em diferentes perspectivas principalmente a do multiculturalismo e da não exclusão No ensino deste caderno tenho a expectativa de que o jogo seja visto como uma das ferramentas mais promissoras bem como uma das mais fáceis para o alcance de uma educação que não tenha privilegiados mas sim que consiga abranger todo o universo de alunos que um dia serão os cidadãos deste país Para tanto você que agora é aluno do Centro Universitário Claretiano será um dos responsáveis por esse meu sonho Confio em você Boa sorte e seja muito feliz nesta profissão de professor Email tatirene2002hotmailcom Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação JOGOS E BRINCADEIRAS I Ricardo Ducatti Colpas Irene Conceição Andrade Rangel Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação Ação Educacional Claretiana 2010 Batatais SP Versão ago2014 796 C698j Colpas Ricardo Ducatti Jogos e Brincadeiras I Ricardo Ducatti Colpas Irene Conceição Andrade Rangel Batatais SP Claretiano 2014 208 p ISBN 9788583771401 1 Jogo 2 Brincadeira 3 Cultura Corporal 4 Movimento 5 Escola I Rangel Irene Conceição Andrade II Jogos e Brincadeiras I CDD 796 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional J Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães CRB7 6411 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F M Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados É proibida a reprodução a transmissão total ou parcial por qualquer forma eou qualquer meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação e distribuição na web ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana Claretiano Centro Universitário Rua Dom Bosco 466 Bairro Castelo Batatais SP CEP 14300000 ceadclaretianoedubr Fone 16 36601777 Fax 16 36601780 0800 941 0006 wwwclaretianobtcombr SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO 9 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO 11 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27 4 EREFERÊNCIA 27 UNIDADE 1 CONCEITOS DE JOGO E BRINCADEIRA 1 OBJETIVOS 29 2 CONTEÚDOS 29 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 30 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 31 5 O JOGO COMO CONSTRUÇÃO HISTÓRICA 32 6 O CONCEITO DE JOGO BRINCADEIRA E BRINQUEDO 39 7 O JOGO E O BRINQUEDO NA SOCIEDADE ATUAL 45 8 O JOGO E A BRINCADEIRA EM SUA DIMENSÃO PEDAGÓGICA 49 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 53 10 CONSIDERAÇÕES 53 11 EREFERÊNCIAS 54 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54 UNIDADE 2 O JOGO COMO COMPONENTE DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO 1 OBJETIVOS 57 2 CONTEÚDOS 57 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 57 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 58 5 CULTURA E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO BREVES SIGNIFICADOS 59 6 JOGO E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO 66 7 JOGOS CULTURALMENTE ANALISADOS 72 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 82 9 CONSIDERAÇÕES 82 10 EREFERÊNCIAS 83 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84 UNIDADE 3 JOGO NAS TRÊS DIMENSÕES DO CONTEÚDO 1 OBJETIVOS 85 2 CONTEÚDOS 85 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 86 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 86 5 DIMENSÕES DO CONTEÚDO CONCEITO E DIVISÃO 87 6 JOGO DIMENSÃO CONCEITUAL 90 7 JOGO DIMENSÃO PROCEDIMENTAL 95 8 JOGO DIMENSÃO ATITUDINAL 101 9 APLICANDO AS DIMENSÕES DO CONTEÚDO JOGO 104 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 106 11 CONSIDERAÇÕES 107 12 EREFERÊNCIAS 107 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 108 UNIDADE 4 O JOGO E A BRINCADEIRA NO ENSINO INFANTIL 1 OBJETIVOS 109 2 CONTEÚDOS 109 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 110 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 110 5 JOGO NO ENSINO INFANTIL 113 6 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS COM ATÉ TRÊS ANOS 120 7 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS DE TRÊS A CINCO ANOS 125 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 134 9 CONSIDERAÇÕES 134 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 135 UNIDADE 5 JOGO DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 OBJETIVOS 137 2 CONTEÚDOS 137 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 138 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 138 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DA CRIANÇA NA FAIXA ETÁRIA DE SEIS A OITO ANOS 141 6 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DAS CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA DOS NOVE AOS DEZ ANOS 154 7 QUAIS JOGOS DEVEM SER ENSINADOS PARA CRIANÇAS DE NOVE A DEZ ANOS 157 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 162 9 CONSIDERAÇÕES 163 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 164 UNIDADE 6 JOGO DO 6º AO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E NO ENSINO MÉDIO 1 OBJETIVOS 165 2 CONTEÚDOS 165 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 166 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 166 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DE 11 A 14 ANOS 168 6 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 11 A 14 ANOS 170 7 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DOS 15 AOS 17 ANOS 177 8 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 15 A 17 ANOS 180 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 184 10 CONSIDERAÇÕES 185 11 EREFERÊNCIAS 185 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 185 UNIDADE 7 OUTRAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DO CONTEÚDO JOGO NA ESCOLA 1 OBJETIVOS 187 2 CONTEÚDOS 187 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 188 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 188 5 JOGO E TEMAS TRANSVERSAIS SIGNIFICADOS 189 6 JOGO E ORIENTAÇÃO SEXUAL 191 7 JOGO E ÉTICA 193 8 JOGO TRABALHO E CONSUMO 197 9 JOGO E PLURALIDADE CULTURAL 198 10 JOGO E MEIO AMBIENTE 201 11 JOGO E SAÚDE 204 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 206 13 CONSIDERAÇÕES 206 14 EREFERÊNCIAS 207 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 207 Claretiano Centro Universitário CRC Caderno de Referência de Conteúdo 1 INTRODUÇÃO Neste momento iniciaremos os estudos de Jogos e Brinca deiras I que possibilitarão a você conhecer os princípios os pro cedimentos e a aplicação do processo de captação de escolha de aperfeiçoamento de análise de capacitação e de manutenção dos recursos humanos na organização educacional Em função disso na Unidade 1 nossa intenção será fazer você entrar em contato com uma dimensão humana que se ex pressa pela linguagem do jogo compreendendo que ele é objeto de investigação e análise de muitos pesquisadores da área de Edu cação Física Você perceberá que este fenômeno chamado jogo es tabelece uma relação com outras manifestações lúdicas tais como o brinquedo e a brincadeira sendo inclusive tratados por diver sos autores da Educação Física como sinônimos Na Unidade 2 enfatizaremos o jogo como uma criação da espécie humana produto de suas relações sociais mediadas pela Jogos e Brincadeiras I 10 cultura e pelas condições do meio ambiente que com o passar dos tempos foi se incorporando às diferentes culturas Tenha em men te que será bom para você futuro professor conhecer a organiza ção e o ensino deste conteúdo da cultura corporal de movimento nos diferentes níveis de escolarização da Educação Básica Já na Unidade 3 abordaremos o jogo e sua relação com o trabalho pedagógico do professor na perspectiva de ampliar seu papel educativo na escola Partindo de um simples fazer para a compreensão de que ele é parte do patrimônio cultural da huma nidade e que seus significados conceitos e valores podem ser sis tematizados pelo professor Serão apresentados na Unidade 4 os jogos os brinquedos e as brincadeiras realizados na Educação Infantil para que no pro cesso de aplicação dos jogos neste nível de ensino você entenda a necessidade de possibilitar aos alunos da Educação Infantil o re conhecimento de si mesmos o descobrimento de possibilidades lúdicas de utilização de alguns materiais possibilidades de brin car com elementos da natureza e com o espaço físico disponível e jogos que permitam a ampliação do repertório motor ou das habilidades básicas como correr saltar rolar chutar arremessar dentre outras Na Unidade 5 que tem como tema o jogo do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental buscaremos apresentar os objetivos pedagó gicos que podem ser alcançados quando relacionamos o conteúdo jogo com outras áreas de conhecimento e com outras disciplinas com temas da comunidade e regiões do país com aspectos da autoorganização e com a criação coletiva de outros jogos e brin quedos A Unidade 6 que apresenta o jogo do 6º ano ao Ensino Mé dio terá como objetivo estabelecer uma relação dos diferentes jogos como elementos necessários para organizar o seu conteúdo tanto técnica como taticamente assim como estabelecer uma di nâmica de julgamentos de valores na vivência da arbitragem cole 11 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo tiva organizando e sistematizando esse conteúdo na escola Dessa forma será possível a prática autônoma e baseada em conheci mentos científicos Por fim na Unidade 7 você entrará em contato com um exemplo concreto de aplicação dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvimento de um tema específico no caso os Temas Trans versais Esses são temas elegidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN que devem ser objeto de ensino em todo terri tório nacional Por meio do estudo dessa unidade você terá uma ideia de como aplicar jogos e brincadeiras com um objetivo edu cacional definido Bons estudos 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO Abordagem Geral Aqui você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade Desse modo essa Abordagem Geral visa fornecerlhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um refe rencial teórico com base sólida científica e cultural para que no futuro exercício de sua profissão você a exerça com competência cognitiva ética e responsabilidade social Nesta abordagem trataremos de alguns assuntos que se re lacionam com os jogos e as brincadeiras e suas possibilidades de ensino pela disciplina Educação Física nas escolas deste país pois é um conteúdo a ser ensinado obrigatoriamente por nós profes sores Durante esta síntese o jogo será nosso ponto de partida também nosso ponto de chegada e nosso percurso Pode parecer que esta tarefa seja um tanto quanto simples Mas não é Não é uma questão de apenas saber o que é jogo e Jogos e Brincadeiras I 12 brincadeira para saber como ensinar Quando se trabalha com as relações que envolvem pessoas umas diferentes das outras o caso não é tão simples assim Podemos começar com uma pergunta o que é jogo Já que temos que ensinálo na escola e para tal ao menos algumas infor mações sobre ele são fundamentais Inicialmente temos de mencionar que o jogo é um funda mento das expressões corporais humanas Mas o que isso sig nifica Significa afirmar que quando as pessoas estão entre si praticando um jogo comunicam ideias valores transformamse mutuamente aprendem coisas umas com as outras definem uma identidade e revelam uma determinada cultura Por exemplo qualquer brasileiro que viaje para outro país provavelmente será lembrado quando se identificar como brasileiro como pertencen te ao país do futebol e levará à ideia de que personagens como Pelé Ronaldinho foram ou são grandes jogadores Dessa forma o jogo como expressão corporal e linguagem está enraizado na dimensão cultural do ser humano de diferentes grupos sociais e como vimos de um país É parte constitutiva de cada um de nós pois o incorporamos como já dissemos com nos so envolvimento nas práticas sociais dos jogos e na relação com as outras pessoas Basta nos lembrarmos das brincadeiras de rua quando éra mos crianças Reuníamonos com os amigos nas férias ou quan do chegávamos da escola antes tirávamos o uniforme para jogar taco pular corda e amarelinha Também pulávamos sela que em alguns lugares é chamada de pulacarniça empinávamos pipas brincávamos de polícia ladrão pata choca pião bolinha de gude casinha escolinha e tantas outras Todas tinham um ponto em co mum estavam em sintonia com o mundo de certa forma repre sentando o mundo e a sociedade em que vivíamos Estavam enrai zadas em nossa cultura 13 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Lembra do campinho de terra e de todos ali sonhando que seriam jogadores de futebol do time do coração Até os pernas de pau também assim sonhavam O escritor uruguaio Eduardo Gale ano em seu livro Futebol ao Sol e à Sombra diz o seguinte quando era criança pequena no Uruguai como todos os meni nos adorava minhas peladas e como todos também quis ser joga dor de futebol E jogava muito bem era uma maravilha mas não de dia só a noite enquanto dormia Chegava a sonhar todas as noites De dia era o pior perna de pau que já passou pelos campos do meu país sd Mencionemos também os jogos de tabuleiros xadrez da mas o futebol de botões o banco imobiliário que nos ensinava o desejo de acumular bens sem necessidade e cuja lógica do jogo era fazer o outro falir se dar mal Éhhh os jogos comunicam en sinam valores e tudo mais como já dissemos Mas de certa forma naquele momento de nossas vidas todas essas brincadeiras se apresentavam descompromissadas diretamente com a vida pro dutiva e nós estávamos mergulhados em uma relação lúdica com o mundo Aliás relação lúdica ludicidade lúdico são expressões que você durante os estudos verá bastante Mas de início podemos adiantar que para muitos autores da Educação Física que estudam o tema da ludicidade ela é uma atividade que quando realizada por exemplo por uma criança garante a ela espaço para a sua ex pressão plena e o exercício de sua criatividade em um momento ímpar de extrema significância para o seu desenvolvimento A partir da experiência lúdica abrese espaço e novas opor tunidades surgem para a criação do novo aquilo que um dia de pendendo da criação pode ser incorporado pelo conjunto maior da cultura Como exemplo podemos citar o quimbol um jogo cria do em Piracicaba interior de São Paulo pelo seu Joaquim hoje fa lecido que misturava voleibol e tênis É muito praticado em Piraci caba nos clubes e nas escolas Basicamente jogase com raquetes em uma quadra de voleibol Jogos e Brincadeiras I 14 Agora nem sempre a sociedade favorece esses momentos de criação do novo a partir daquilo que já se conhece Ela está muito mais preocupada com a educação para o consumo indiscri minado e muitas vezes compulsivo Esta organização social em que vivemos estruturada em função desse tipo de consumo ofe rece poucas possibilidades para os indivíduos atuarem e agirem por conta própria e com liberdade de escolha Tudo já vem pronto acabado e descartável A expressão plena e com liberdade na hora do jogo nem sempre é possível Historicamente ela está ancorada na pura e exagerada demonstração competitiva de forças e de ha bilidades mecanizadas e padronizadas Mas o jogo na escola dependendo da sua atuação como professor pode romper com isso Acreditamos que jogos e brinca deiras quando ensinados em uma perspectiva significativa e críti ca possam favorecer esse tipo de experiência lúdica Mas enfim saiba você que há mais ou menos 20 anos nós professores de Educação Física insistimos na valorização desse componente lúdico como elemento pedagógico e histórico da Edu cação Física Pensamos a dimensão da ludicidade não como o fim em si mesmo mas como a possibilidade de trabalho pedagógico criativo e transformador da condição humana Se ela estiver pre sente em nossas aulas com certeza elevaremos a qualidade delas e proporcionaremos aos nossos alunos uma relação e uma expe riência com a Educação Física na escola muito diferentes daquelas que a maioria de nós tivemos marcadas por seleções exclusões e valorização dos mais habilidosos Então se você está pensando que os momentos nos quais os alunos brincam ou jogam na escola ou fora dela constituem os momentos de criação e de realização de ações significativas você não deixa de estar certo Sim é um espaço de construção objetiva da nossa humanidade do fazerse homem e do fazerse mulher do fazerse criança É o exercício e a expressão da criatividade dos alunos 15 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Portanto quando estiver na quadra para jogar ou brincar com seus alunos pense em organizar e sistematizar atividades lú dicas Estas serão muito mais significativas e motivadoras O jogo é a atividade que nos faz sentir bem que nos hu maniza mesmo quando nossas vontades nossos desejos e inte resses não são satisfeitos Por exemplo quando perdemos uma partida no futebol na escola quando nos tornamos pegadores no pegapega mãe da rua quando queimamos panela no esconde esconde ou quando não nos deixam ser o papai ou a mamãe na brincadeira de casinha ficamos muitas vezes aborrecidos mas isso não tira a importância e a necessidade de brincar Nos jogos e nas brincadeiras aprendemos que as regras so ciais nos iniciam na cultura mais elaborada no mundo dos adultos e por isso também desenvolvemos nossa inteligência Assim é fundamental que a criança brinque Agora quando surge o jogo na cultura e na vida humana Com certeza não nascemos sabendo jogar Esse conhecimento não é inato Essa característica humana é apreendida do conjunto da sociedade é determinada inicialmente por nossa comunidade imediata Dessa forma brincamos e jogamos de acordo com nos sa situação geográfica e histórica Essa linguagem acompanhanos por todo o desenvolvimento sofrendo por sua vez as modifica ções impostas pela história e pelas formas de organização das so ciedades ao longo do tempo Façamos um pequeno resumo dessa história Em um primeiro instante nas sociedades préindustriais as atividades humanas eram integradas Por exemplo jogo e trabalho eram manifestações carregadas de ludicidade no sentido livre e criativo A vida produtiva do trabalho misturavase com as festas as danças e os jogos O homem trabalhava e também festejava o resultado e a produção do seu trabalho Podemos afirmar que es tas estavam submetidas a representar essa vida na sua dimensão concreta e também estabeleciam ampla relação com as questões místicas e religiosas Jogos e Brincadeiras I 16 Com o passar do tempo foram modificandose as relações de sobrevivência entre os homens Mudando o modo de produ ção seja escravocrata feudal capitalista industrial e pósindus trial os jogos também sofreram modificações nas suas práticas e nos seus significados Por exemplo com a consolidação do sistema capitalista o jogar e o brincar transformaramse em esportes Atualmente a organização mundial alicerçada no capitalis mo multinacional na sociedade da mídia da obsolescência pro gramada do advento da cultura do automóvel do uso da televisão e de outros meios de comunicação e no alto desenvolvimento tec nológico exerce influência sobre os jogos fazendo que estes não respeitem a experiência e a história concreta das pessoas Além disso as questões da ludicidade tentam ser incorporadas pelas conquistas da informática Percebemos que os jogos eletrônicos e os microcomputado res exercem grande atração sobre o público consumidor Os joga dores entregamse às normas dos programas de jogos de compu tadores sem nenhum questionamento A máquina e a sua lógica determinam a criatividade do jogo não a pessoa que está jogando A linguagem desenvolvida nesses jogos é da máquina e não da pessoa que joga Pensemos nisso Fica aqui uma pequena reflexão nesse contexto Pense nisso quan do for escolher qual jogo ensinar aos seus alunos Agora você pode se perguntar mas temos o que ensinar com o jogo Sim temos o que ensinar com o jogo pois ele tem conteúdos a serem absorvidos pelos alunos nas dimensões procedimentais atitudinais e conceituais e temos também que ensinar o próprio jogo Cremos que seja obrigação da escola ensinar diversos conhe cimentos dentre eles os conhecimentos da chamada cultura cor poral de movimento Esta compreende os temas e as expressões corporais produzidos e acumulados pela humanidade ao longo da história e que se transformaram em patrimônio cultural tais como 17 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo os esportes a dança e as atividades rítmicas e expressivas a ginás tica as lutas os próprios jogos e as linguagens que se referem aos conhecimentos sobre o corpo Agora preste atenção o professor também ensina Quando você estiver na quadra lá na escola você terá a obrigação peda gógica e o compromisso ético de ensinar seus alunos Será profes sor de alunos dispostos em diferentes classes ou turmas Por isso você precisa conhecer uma quantidade de jogos e brincadeiras e saber o que deseja que os alunos aprendam Dentre as possibilidades de aprendizagem está a internali zação de valores e atitudes Conhecimentos que se referem à di mensão atitudinal do jogo Mas não imagine que é o jogo ou a brincadeira em si mesmo sendo muito interessantes que determinarão a aprendizagem de atitudes e valores humanizadores como o respeito e a solidarieda de mas sim você o futuro professor desses grupos Mas o trabalho pedagógico da aula e os objetivos por nós traçados no que diz respeito aos conhecimentos atitudinais de vem ser discutidos com os alunos É necessário questionálos para encontrarmos possíveis sínteses e avaliarmos a própria aula Suge rimos algumas perguntas como 1 Os alunos da classe conseguiram brincar juntos 2 Quais foram as dificuldades que a classe encontrou para jogar 3 Como a classe conseguiu superar os conflitos e os pro blemas que apareceram 4 Por que a classe conseguiu fazer que todos brincassem juntos 5 O que os meninos puderam aprender com as meninas e as meninas com os meninos 6 Quais alunos se sentiram respeitados durante a aula e quais desrespeitados 7 Quem gostaria de fazer um elogio a outro aluno Jogos e Brincadeiras I 18 8 Quem gostaria de se desculpar com alguém se for o caso elogie essa atitude 9 A sociedade em que vivem é tão respeitosa com as pes soas quanto vocês foram durante a aula Por quê Observe que valores podem ser desenvolvidos e ensinados na escola Cabe antes de se perguntar o que um jogo ou outro pode ensinar perguntar a si mesmo por que eu quero ensinar jogos e brincadeiras na escola O que me motiva Esperamos que sua resposta seja um motivo direcionado à construção de uma sociedade justa e fraterna Citaremos um exemplo de um profissional que lecionava futebol em uma classe do 4º ano composta de meninos e meninas entre 9 e 10 anos Após uma série de aulas associando alguns jogos e brincadeiras com a prática do futebol os alunos foram para a quadra para jogá lo Durante a partida um dos alunos frequentemente irritavase com os erros dos colegas e desferia palavras desrespeitosas o que acabou os inibindo Alguns pararam até de jogar outros reclama ram com o professor Nesse momento o professor parou a aula e fez uma roda de conversa para tentar resolver o conflito Inicialmente o professor questionou se aquele jogo poderia fazer mal a alguém que demonstrava tremenda impaciência e ner vosismo com os amigos A turma de pronto respondeu que sim e que o referido aluno estava fazendo mal a si mesmo e também aos alunos ofendidos por ele O professor então levantou a possibilidade de que esse alu no observasse o jogo de futebol na próxima aula sem a presença dele para que pudesse comparar e aprender a jogar mais tranqui lamente E foi o que fizeram com a concordância dele Além de observar o jogo sem a sua presença ele também elaborou um tex to descrevendo o que via Ao final da aula o texto foi lido por ele 19 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo em voz alta Após essa leitura a classe disse a ele o que esperava de seu comportamento e suas atitudes na próxima aula quando fosse realizado mais um jogo Você pôde perceber que o professor deve fazer o possível para garantir que todos participem das atividades e do conteúdo desenvolvido Concluise que o jogo revela diferenças e desigual dades que nem sempre são manifestações em um clima ameno ou tranquilo Na maioria dos casos é tarefa do professor fazer que to dos os alunos aprendam que entre todos os diferentes o respeito deve prevalecer Sabemos que isso não é fácil pois nossa sociedade mani festa certa predileção em transformar as pessoas em pessoas que não se diferenciam De certa forma ela tenta padronizar gostos musicais tendências de moda eleger padrões de beleza e estabe lecer rótulos de perfeição e imperfeição impondo o que é belo e feio no corpo Valoriza somente a vitória e desdenha o perdedor estimula a competitividade predatória em todos os níveis Tudo isso queira você ou não professor acaba chegando à quadra na hora do jogo reforçando preconceitos e dificultando a construção de uma sociedade em que efetivamente a qualidade de vida seja extensiva a todos Até esse momento você pôde perceber que o ensino dos jogos e das brincadeiras não é um fim em si mesmo Existe inclu sive a possibilidade de se trabalhar com outras áreas de conhe cimento em projetos interdisciplinares E nessa hora mostrar os brinquedos tradicionais e modernos os artesanais os industriais e os pósindustriais Observe a Figura 1 Jogos e Brincadeiras I 20 Figura 1 Museu do brinquedo No projeto do museu do brinquedo enfatizase o ensino do jogo e da brincadeira nas três dimensões do conhecimento a ideia histórica do brinquedo conceitual o fazer e o brincar procedi mental e o brincar junto compartilhando os brinquedos atitudi nal 21 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Hoje os jogos assumem um caráter inclusivo na escola como conteúdos a serem apreendidos por todos ou seja peda gogicamente temos que pensar na prática nos procedimentos durante as aulas nas experiências em conteúdos em que todos se encaixem Não todos de maneira igual nem do mesmo jeito e sim do jeito de cada um E isso não significa de qualquer jeito também Hoje temos a convicção de que muito mais que a ativi dade é o professor quem inclui O professor com sua capacidade de mediar interesses e conflitos durante a aula em que o aspecto procedimental esteja mais aparente e mais salientado vai possi bilitar que todos participem e sejam respeitados dentro de seus limites e suas possibilidades O diálogo com outras culturas por meio dos jogos também é possível proporcionando o conhecimento de outros povos e de outras identidades Aliás se você quer conhecer uma pessoa ou uma comunidade inteira observe como ela organiza executa e se comporta durante um jogo ou uma brincadeira Se por exemplo analisarmos uma cultura lúdica dos povos nativos do Brasil ou seja dos povos indígenas nos depararemos com inúmeras manifestações lúdicas que se incorporaram como traço de identidade cultural Por exemplo podemos citar a peteca também chamada de kapukapu tsini jogo do gavião Na cultura negra temos a lagarta pintada e a dángolinha Mas você pode estar se perguntando como eu escolho as atividades Como eu escolho as brincadeiras Com quais jogos eu inicio meu trabalho de professor Sugestão inicie com os jogos e as brincadeiras já conhecidos pelas crianças e a partir daí vá ampliando as possibilidades de execução e de conhecimento de outros jogos e brincadeiras Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi da e precisa das definições conceituais possibilitandolhe um bom Jogos e Brincadeiras I 22 domínio dos termos técnicocientíficos utilizados na área de co nhecimento dos temas tratados em Jogos e Brincadeiras I Veja a seguir a definição dos principais conceitos 1 Atitudinal diz respeito ao modo como o aluno deve agir 2 Brincadeira diferenciase do jogo por não apresentar regras fixas 3 Conceitual referese ao que o aluno deve saber 4 Cultura corporal de movimento é formada pelo con junto de conteúdos compreendidos pelo jogo esporte ginástica conhecimento do corpo dança e luta que de vem se ensinados pela disciplina de Educação Física 5 Jogo o jogo é uma atividade ou ocupação voluntá ria exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço segundo regras livremente consenti das mas absolutamente obrigatórias dotado de um fim em si mesmo acompanhado de um sentimento de ten são e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana HUIZINGA 1980 p 33 6 Procedimental diz respeito ao que o aluno deve saber fazer 7 Regra o que regula dirige rege ou governa É a forma exata de se jogar Esquema dos Conceitoschave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo apresentamos a seguir Figura 2 um Esquema dos Conceitoschave O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitoschave ou até mesmo o seu mapa mental Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitoschave é representar de maneira gráfica as relações en tre os conceitos por meio de palavraschave partindo dos mais complexos para os mais simples Esse recurso pode auxiliar você 23 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino Com base na teoria de aprendizagem significativa entende se que por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais o indivíduo pode construir o seu co nhecimento de maneira mais produtiva e obter assim ganhos pe dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza gem Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es colar tais como planejamentos de currículo sistemas e pesquisas em Educação o Esquema dos Conceitoschave baseiase ainda na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel que es tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno Assim novas ideias e informações são aprendidas uma vez que existem pontos de ancoragem Temse de destacar que aprendizagem não significa ape nas realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno é preci so sobretudo estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa Para isso é importante con siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem Além disso as novas ideias e os novos concei tos devem ser potencialmente significativos para o aluno uma vez que ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog nitivas outros serão também relembrados Nessa perspectiva partindose do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas o Esquema dos Conceitoschave tem por objetivo tor nar significativa a sua aprendizagem transformando o seu conhe cimento sistematizado em conteúdo curricular ou seja estabele cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo adaptado do Jogos e Brincadeiras I 24 site disponível em httppenta2ufrgsbredutoolsmapascon ceituaisutilizamapasconceituaishtml Acesso em 11 mar 2010 Cultura corporal de movimento Jogo e Brincadeira Atividades Rítmicas e Expressivas Lutas Esporte Ginástica Com bola de perseguição com corda de tabuleiro Dimensão Tradicionais Atitudinal Procedimental Conceitual Criados Reproduzidos Transformados Figura 2 Esquema dos Conceitoschave do Caderno de Referência de Conteúdo de Jogos e Brincadeiras I 25 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Como você pode observar esse Esquema oferece a você como dissemos anteriormente uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo Ao seguilo será possível transitar entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino aprendizagem O Esquema dos Conceitoschave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien te virtual por meio de suas ferramentas interativas bem como àqueles relacionados às atividades didáticopedagógicas realiza das presencialmente no polo Lembrese de que você aluno EaD deve valerse da sua autonomia na construção de seu próprio co nhecimento Questões Autoavaliativas No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados as quais podem ser de múltipla escolha abertas objetivas ou abertas dissertati vas Responder discutir e comentar essas questões bem como relacionálas com a prática do ensino de Jogos e Brincadeiras I pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento Assim mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado você estará se preparando para a avaliação final que será disser tativa Além disso essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta Por sua vez entendemse por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada inalterada Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado por isso normalmente não há nada relacionado a elas no item Gabarito Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma Jogos e Brincadeiras I 26 Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos mas não se prenda só a ela Consulte também as biblio grafias complementares Figuras ilustrações quadros Neste material instrucional as ilustrações fazem parte inte grante dos conteúdos ou seja elas não são meramente ilustra tivas pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con teúdos pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con ceitual faz parte de uma boa formação intelectual Dicas motivacionais Este estudo convida você a olhar de forma mais apurada a Educação como processo de emancipação do ser humano É importante que você se atente às explicações teóricas práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação bem como partilhe suas descobertas com seus colegas pois ao com partilhar com outras pessoas aquilo que você observa permitese descobrir algo que ainda não se conhece aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes Observar é portanto uma capacidade que nos impele à maturidade Você como aluno dos Curso de Graduação na modalidade EaD necessita de uma formação conceitual sólida e consistente Para isso você contará com a ajuda do tutor a distância do tutor presencial e sobretudo da interação com os seus colegas Suge rimos pois que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas É importante ainda que você anote suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações pois no futuro elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas 27 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos Cotejeos com o material didático discu ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau las No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação Indague reflita conteste e construa resenhas pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure cimento intelectual Lembrese de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar ou seja interagir procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo entre em contato com seu tutor Ele estará pronto para ajudar você 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GALEANO E Futebol ao sol e à sombra São Paulo LPM Editores 2004 HUIZINGA J Homo ludens o jogo como elemento da cultura Tradução de João Paulo Monteiro São Paulo Perspectiva 1980 4 EREFERÊNCIA Figura Figura 1 Museu do brinquedo Disponível em httpcadacriarsintrablogssapo pt1519html Acesso em 12 mar 2012 Claretiano Centro Universitário 1 EAD Conceitos de Jogo e Brincadeira 1 OBJETIVOS Compreender os conceitos de jogo e brincadeira e em quais aspectos se aproximam e se distanciam Entender o jogo e a brincadeira como constituintes da prática da Educação Física na escola Verificar a relação que o jogo e a brincadeira estabelecem com o desenvolvimento cultural da humanidade Verificar a relação que o jogar e o brincar atuais estabele cem com a sociedade de consumo 2 CONTEÚDOS O jogo como construção histórica Os conceitos de jogo e brincadeira O jogo e a brincadeira em sua dimensão pedagógica O jogo e a brincadeira na sociedade atual Jogos e Brincadeiras I 30 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitoschave para o estudo de todas as unidades deste CRC Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho 2 Lembrese de que os jogos sempre fizeram parte de sua vida e com certeza você encontrará em sites na inter net em livros ou até mesmo em jornais e revistas muitos exemplos e definições de jogos No caso de encontrar algo interessante disponibilize tal informação para seus colegas na Lista Lembrese de que você é protagonista do processo educativo 3 Durante o estudo desta unidade procure realizar as re flexões sugeridas Faça seu cronograma e não se apresse em prosseguir seus estudos Afinal as reflexões são im portantes para que você se envolva na aprendizagem Pense nisso 4 Explore melhor o assunto sobre os jogos tentando encontrar algumas explicações para o fato de a classe social possivelmente influenciar na prática dos jogos Para tanto além de questionar o seu tutor discuta estas questões no Fórum com seus colegas 5 No decorrer do estudo desta unidade conheceremos João Batista Freire um dos grandes autores da Educa ção Física que estuda o jogo seus significados e aplica ções Portanto recomendamos a leitura atenta de seus livros 6 Pense que este é o momento para aprender Participe das atividades interativas que tratarão do tema desta unidade sem medo de errar afinal o erro é um elemen to importante para se aprender algo que ainda não se sabe Com a ajuda do tutor com certeza você poderá estabelecer relações entre suas opiniões e as opiniões 31 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira de uma pessoa com um pouco mais estudo do que você Aproveite 7 Assista ao filme A vida é Bela que retrata na Segunda Guerra Mundial como um pai judeu conseguiu diminuir a tristeza de seu filho em relação à guerra por meio da brincadeira e da imaginação 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Inicialmente parabéns por essa nova fase da sua vida pois ser portador de diploma de nível superior no Brasil é algo digno de reconhecimento pelo esforço empenhado Boa sorte nos seus estudos A partir de agora você tomará contato com os jogos sendo estes manifestações humanas que não exigirão maiores cuidados interpretativos nem estudo mais aprofundado Para entender o conteúdo da cultura corporal de movimento e da disciplina escolar denominada Educação Física vamos trabalhar juntos Sabemos que a sociedade em razão do senso comum vê os jogos as brincadeiras das crianças na escola e o ensino de jogos e brincadeiras como menos importantes Tentaremos demonstrar para você aluno do curso de Licenciatura em Educação Física na modalidade EaD do Claretiano que isso no entanto é muito dife rente Quem sabe se a partir do estudo desta unidade você passe a valorizar o jogo e a cultura das brincadeiras como manifestações da humanidade sem as quais esta não teria atingido os atuais ní veis de desenvolvimento social cognitivo e também espiritual Esperamos ainda que você consiga entender o jogo e toda a sua teoria com suas possíveis ações como professor de Educação Fí sica escolar Boa leitura Jogos e Brincadeiras I 32 5 O JOGO COMO CONSTRUÇÃO HISTÓRICA Talvez seja interessante antes de apresentarmos os concei tos de jogos e brincadeiras darmos algumas informações iniciais a respeito da origem histórica dessas manifestações Para tanto partiremos do princípio de que os jogos e as brincadeiras segundo Wajskop 1997 são produtos do processo educacional e cultural dos povos ou seja compõem o conjunto da produção sociocultural da humanidade e por isso todos nós aprendemos a jogar e somos capazes de fazêlo O jogo é uma atividade que foi construída pela humanidade há milhares de anos e que até hoje é preservada sendo transmi tida de geração para geração Jogando e brincando preservamos nossa cultura e nossa identidade logo podemos concluir que jo gar e brincar são tão importantes para a história da humanidade quanto dançar falar escrever e cantar Para Bruhns 1999 p 20 Jogar e brincar é tentar redimensionar o fenômeno muito além do simples fato de diversão e entretenimento É tentar descobrir sua dimensão humana sem nunca perder de vista a integração do ho mem dentro do seu meio É ir buscar nas raízes históricas e culturais a explicação para as aparências Enfim é ir buscar o seu significado dentro da produção coletiva dos homens vivendo em sociedade Você deve estar se perguntando mas quando o jogo entrou precisamente na história da humanidade Embora esse seja um dado impreciso nas referências bibliográficas há um consenso en tre diferentes fontes e autores ao relacionarem o início das formas de jogar e brincar com o início da atividade consciente do homem Acreditase portanto que a partir do momento em que o homem passou a ser capaz de transformar a natureza e assim ex pandir a sua força criadora sobre os elementos naturais ele trans formou os objetos dispostos no meio ambiente em utensílios para facilitar a sobrevivência de sua espécie no planeta de maneira que 33 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira as diferentes manifestações do jogo começaram a se constituir em representações dessa vida consciente e da forma de organização social Essa nova vida consciente possibilitou à humanidade a or ganização em grupos em comunidades e em sociedades sendo a história das formas de jogar também a história das diferentes formas que a humanidade encontrou para se organizar em comu nidades e em sociedades mais complexas Podemos portanto sintetizar que a humanidade há muito vem jogando brincando e transformando esses jogos e brincadeiras em brinquedos Figura 1 Crianças brincando Observe o quadro de Cândido Portinari ilustrado na Figura 1 e tente entender o significado das brincadeiras para este pintor Ao retratar os jogos provavelmente ele teve boas recordações de sua infância você não acha Você guarda boas recordações dessa época de sua vida Jogos e Brincadeiras I 34 Nas sociedades primitivas chamadas de préindustriais o jogo e as demais esferas da vida estavam integrados Trabalho e jogo eram atividades com o mesmo peso no cotidiano e nas ce lebrações festivas por meio das quais toda a comunidade dava sentido à sua própria existência Ao pensarmos nas demais mani festações da humanidade como por exemplo as vestimentas e a alimentação verificamos que cada época cada sociedade possui uma característica que a faz diferente das demais o que também se dá com o jogo E o jogo não é algo imposto embora possa até ocorrer essa possibilidade mas algo que acontece naturalmente sendo pra ticado por todas as faixas etárias como por exemplo algumas crianças jogam na rua vários adultos jogam na loteria esportiva e certos homens da terceira idade jogam bocha Dessa forma o jogo está presente nas nossas vidas mesmo que não pensemos nele Você já reparou que em quase todos os programas de televi são existe alguém mostrando um jogo jogo de futebol por exem plo ou alguém dirigindo um jogo jogo disputado entre meninos e meninas em um programa infantil ou ainda alguém comentan do sobre um jogo comentarista esportivo Mas não é apenas na televisão que o jogo está presente em nossas vidas Ele frequente mente aparece nos computadores nas festas de aniversário nas comemorações em forma de gincanas nos prêmios de supermer cados nas loterias nos videogames nas viagens e excursões En fim queiramos ou não o jogo está presente em nossas vidas há muito tempo Outro aspecto interessante do jogo é que ele é extremamen te democrático todo ser humano em qualquer condição pode praticar algum tipo de jogo basta encontrar um que aprecie ou que esteja adequado à sua condição seja ela econômica social física etc Vejamos alguns exemplos um jogo que necessite de ma teriais sofisticados e consequentemente caros provavelmente só será praticado por uma elite Ao contrário um jogo que não 35 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira necessite de materiais ou possa utilizar materiais baratos e de fácil aquisição poderá ser jogado por qualquer indivíduo Outro exem plo quem reside próximo ao mar ou rio poderá conhecer jogos com o uso da água que pessoas que residem próximo a um campo desconheçam porém estas poderão conhecer outro tipo de jogo desconhecido por quem mora próximo a uma região com muita água Resumindo existem inúmeros jogos que dependem de um contexto social para existirem mas toda a humanidade jogou joga e provavelmente jogará enquanto viver em sociedade Embora quase sempre atrelado à infância o jogo pode ser verificado em qualquer faixa etária Cremos até mesmo que um adulto perde sua capacidade de ser espontâneo criativo e feliz quando perde sua capacidade de brincar Por conta disso o jogo é aceito em diferentes instituições mesmo que por poucos mo mentos Você já reparou como várias empresas têm utilizado o jogo como uma estratégia importante para descobrir o talento de seus funcionários Nesses casos os jogos podem ser aplicados com a finalidade de se descobrir um líder uma pessoa cooperativa ou se um grupo possui a tendência de conviver bem em conjunto Entre outros os psicólogos também têm utilizado o jogo para terapias individuais ou em grupo para diversos tipos de re abilitação de presidiários de pessoas hospitalizadas ou seja o jogo não é exclusividade de nenhuma disciplina ou área Mas por que será que ele possui essa característica tão democrática Segundo um autor da área de Educação Caillois 1990 que trabalha com as questões do jogo este torna fácil o que é difícil sendo vital na formação da personalidade da criança Não é difícil entender essa afirmação razão pela qual muitas disciplinas têm utilizado o jogo para facilitar a compreensão de assuntos de difí cil entendimento Vamos exemplificar a matemática tem usado os jogos para fazer que as crianças pensem rapidamente sobre as operações matemáticas e a diferenciação entre par e ímpar Va mos demonstrar por meio de um pegapega ou pegador Jogos e Brincadeiras I 36 Formar duas colunas Uma delas será a de números pa res a outra de números ímpares Uma coluna estará de costas para a outra a uma distância de 1m aproximadamente O professor estará à frente das colunas e dirá dois núme ros que deverão ser somados Se o resultado da soma dos números for igual a um núme ro par a coluna correspondente aos números pares tentará pe gar alguém da coluna ímpar correndo até uma linha previamente marcada Se o resultado for igual a um número ímpar a coluna correspondente será a pegadora O professor poderá variar a brincadeira solicitando outras operações como subtração multiplicação ou divisão Existem muitos outros jogos que foram criados ou adapta dos para o ensino da Matemática Português Geografia e outras disciplinas no entanto esse não é o objetivo da Educação Física e voltaremos a falar sobre o assunto Agora o que nos interessa é compreender por que os jogos são utilizados por tantas áreas Você já deve ter adivinhado afinal também jogou e certamente joga O jogo é extremamente prazeroso e tudo que é prazeroso nos faz ter vontade de repetir além de aumentar nossa vontade de aprender Aprender pelo prazer é muito melhor do que aprender pela dor Isso nos faz entender por que as crianças solicitam a repeti ção de alguns jogos por que as crianças adoram as aulas de Edu cação Física e por que muitas pessoas continuam a jogar durante toda sua vida Pode explicar até por que muitas pessoas acabam ficando viciadas em jogar perdendo muitas vezes o limite da vida real Quando jogamos entramos em estado de fluxo de acordo com Csikszentmihalyi 1975 É um estado em que nos esquece mos do que está acontecendo ao nosso redor tal como o tempo 37 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira atmosférico ou as horas Este autor criou uma teoria com base na premissa de que existe uma concentração muito grande quando fazemos algo que nos dá um imenso prazer E acreditamos que podemos transferir essa teoria para o jogo pois a concentração no jogo nos impede de prestar atenção em outras coisas Você já reparou nos jogadores de futebol em uma partida Ou mesmo em você jogando Ou em uma criança Parece que a realidade está muito longe sendo o envolvimento imenso Muitas crianças quando por exemplo chamadas pela mãe para tomar banho ou jantar parecem acordar de um sonho parecem até levar um susto Esperamos até mesmo que você esteja tão concentrado ago ra no texto que entenda perfeitamente o estado de fluxo Ao jogarmos entramos em uma esfera de concentração que diz respeito apenas ao jogo nos envolvemos com as regras o es paço do jogo os demais jogadores e temos apenas o objetivo de jogar Algumas pessoas acreditam que o objetivo de quem joga é apenas o de vencer porém outras como por exemplo o prof Fá bio Brotto 2000 pensam que existe um objetivo mais nobre que é o jogar simplificadamente participar É claro que quando en tramos em uma disputa queremos vencer mas existem jogos em que não existe essa possibilidade e assim entramos apenas para jogar o que nos dá um imenso prazer Quer ver um exemplo de um jogo em que não existe vence dor Brincar com pião ou pipa a invenção de campeonatos de pipa é recente e não adotada totalmente pelas crianças brasilei ras Outro exemplo é o jogo morto ou vivo Uma das crianças do grupo fica à frente e quando diz morto todos devem se abai xar Quando diz vivo todos devem ficar em pé Ao mesmo tem po essa criança executa o abaixar e levantar independentemente do que estiver dizendo As outras crianças deverão seguir o que está sendo falado mas não o que está sendo mostrado pela crian ça da frente Quem erra geralmente vai para o final do grupo ou em algumas regiões do país paga uma prenda Jogos e Brincadeiras I 38 Nesses jogos a graça está na execução do próprio jogo e não na procura de um vencedor Atualmente alguns autores têm tra balhado com a questão da cooperação nos jogos também cha mados de jogos cooperativos porém o que queremos que você entenda é que a humanidade sempre jogou e brincou pelo puro prazer de jogar e participar Os jogos sempre existiram e tornaramse diferentes confor me a época e os costumes Atualmente entre os jovens os jogos mais populares são os de computador o que é um reflexo de nossa época Assim como com o decorrer do tempo a humanidade pas sou por transformações que determinaram a sua forma de orga nização política e econômica os jogos e as brincadeiras também sofreram modificações Já possuindo uma organização social consolidada em função das classes sociais e sob o poder e a tutela do Estado algumas ma nifestações de jogos ficaram restritas às camadas populares não sendo aceitas pelas elites econômicas da época como por exem plo o Império Romano Sabemos que os jogos e as brincadeiras representam tanto explícita quanto implicitamente os valores e a estrutura econômi ca de uma época Um exemplo disso é a brincadeira de cavalinho entre meninos brancos e negros no Brasil durante os séculos 15 e 19 cujas características reproduziam a relação de escravidão e servilidade Futuro professor você já está percebendo que ensinar jo gos e brincadeiras nas escolas é muito mais do que ensinar jogos e brincadeiras em si Há possibilidades pedagógicas que mantêm relação com outros conhecimentos com os históricos por exem plo com atitudes valores e formas de execução Ser professor dá trabalho Mas é muito bonito ver uma criança aprendendo E se estiver aprendendo brincando é melhor ainda 39 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira Será que nos dias atuais também podemos perceber que alguns jogos e atividades corporais são restritos aos grupos econo micamente privilegiados Será que alguns jogos atualmente são realizados e praticados em função da classe social a qual pertence uma pessoa Será que a classe social de uma pessoa determina sua possibilidade ou não de praticar determinado jogo Será que os lugares divididos e reservados nos estádios e ginásios esporti vos reproduzem um pouco a divisão e os espaços que as pessoas ocupam na sociedade Procure pensar se esses fatos realmente ocorrem e o porquê disso 6 O CONCEITO DE JOGO BRINCADEIRA E BRINQUEDO Apesar de na sociedade atual ter aumentado o debate so bre a necessidade e a importância do brincar para as crianças infe lizmente a brincadeira continua não sendo muito valorizada pelas famílias Estas acreditam que brincar durante as primeiras fases do desenvolvimento das crianças é apenas uma forma de mantê las distraídas um mero passatempo Entretanto é necessário pôr fim a essa ideia e mostrar o quanto a brincadeira e o jogo são importantes para o crescimento das crianças já que dentre outras pontos brincar ajuda a criança a se libertar da dependência da mãe e a construir sua autonomia Na brincadeira e no jogo as crianças constroem suas regras de acordo com as exigências das brincadeiras e com a experiência de vida de cada uma delas A criança aprende ainda a se apro priar de papéis sociais diferenciados exercendo uma atividade fundamental para preservar seu pleno desenvolvimento É importante destacar que as brincadeiras mudam conforme a idade das crianças Nos primeiros meses de vida por exemplo seu corpo é sua própria brincadeira Depois quando ela passa a ampliar sua capacidade de falar a brincadeira inicia um movimen Jogos e Brincadeiras I 40 to de aproximação simbólica com as coisas concretas do mundo representando e também tentando entender esse mundo por meio da brincadeira De acordo com CóriaSabini e Lucena 2004 nas brincadei ras simbólicas o objeto acaba perdendo o seu real significado transformandose para a criança no que ela representar naquele determinado momento Por exemplo um cabo de vassoura pode transformarse em um cavalinho de pau Entretanto os símbolos imaginados são próprios de cada criança e determinados pela ori ginalidade de cada contexto Diferenciamos o brinquedo da brincadeira e do jogo na medi da em que o entendemos como algo concreto que a criança pode manipular Nas aulas de Educação Física para crianças pequenas é comum haver um dia em que elas podem levar seus brinquedos para a escola Os brinquedos auxiliam na formação da imagem e assim são importantes principalmente na fase do zero aos seis anos No entanto não há necessidade de esses brinquedos serem comprados pois a própria criança pode fazêlos e muitas vezes o fazem quando transformam um objeto qualquer em um brinque do A respeito do brinquedo Rangel et al 2010 faZ uma inte ressante observação sobre o assunto Outra questão importante quando se trata da vivência do jogo diz respeito ao brinquedo e sua real função Muitas vezes criamos a idéia de que um brinquedo bom é aquele mais sofisticado Aquele que faz de tudo chora fala faz xixi anda realiza vários movimen tos etc design moderno fashion tecnologia de ponta que encanta os olhares consumistas de todas as idades No entanto acredita mos ser essa uma idéia falsa Talvez uma simples bola de meia uma boneca de pano ou mesmo uma vassoura produzam um efeito mui to mais significativo em termos de aprendizagem e desenvolvimen to na criança do que aqueles objetosbrinquedos mais sofisticados O brinquedo é parceiro da criança em seus jogos e brincadeiras RANGEL et al 2010 p 60 Você certamente já transformou algum objeto em brinque do uma tampa de panela em volante de automóvel uma fileira 41 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira de cadeiras cobertas com um lençol em uma cabana e uma folha de jornal em uma capa de fantasia de um superherói Mais uma vez vemos aqui a possibilidade de uma visão democrática pois na verdade não há necessidade de se ter dinheiro para que se tenha um brinquedo Entretanto não é possível mesmo se esquecer do massacre imposto pela sociedade de consumo que nos faz sentir necessidade de comprar cada vez mais um brinquedo diferen te Nas aulas de Educação Física caso você utilize um brinquedo ou um material adaptado não se esqueça das seguintes dicas 1 Quanto mais nova a criança mais a necessidade de um brinquedo para cada uma 2 Isso não significa que a criança não possa aprender a repartir mas não tenha tanta pressa vá aos poucos a ensinando a compartilhar 3 Utilize materiais recicláveis como jornais copos e em balagens descartáveis caixas de papelão entre outros Desde cedo as crianças já podem ser inseridas na cam panha dos 3 Rs Reduzir Reutilizar e Reciclar Muitos materiais podem ser reutilizados nas aulas de Educação Física 4 Mesmo com algum material a criança deve ser incen tivada a utilizar sua fantasia imaginação e criatividade 5 Um brinquedo não possui um fim em si mesmo ou seja pode ser visto pela criança como algo totalmente dife rente do que ele realmente é De acordo com Vygotsky apud CÓRIASABINI LUCENA 2004 p 37 para uma criança com menos de três anos o brincar é muito sério assim como o é para o adolescente Contudo para a criança sério significa que quando ela está brincando ela não separa a situação imaginária da real Ao brincar a criança procura satisfazer alguns desejos que não podem ser satisfeitos imediatamente Um bom exemplo é quando uma menina brinca que é mamãe e que cuida de seus fi lhinhos Como esse desejo ainda não pode ser satisfeito na vida Jogos e Brincadeiras I 42 real por se tratar apenas de uma criança ela simboliza e imagina que é a mamãe assumindo os papéis sociais que uma mãe assu me verdadeiramente em nossa sociedade ou seja ela não é mas brinca de ser Dentre os papéis que as crianças frequentemente assumem durante as brincadeiras estão os de professora de policial de mé dico de pirata e tantos outros encontrados na realidade Pode mos então dizer que a criança apreende a vida real e o contexto social em que vive por meio do brincar No entanto com o avanço do desenvolvimento infantil as brincadeiras simbólicas tornamse mais parecidas com a realidade e com o universo cultural do adulto sendo substituídas por jogos que contenham regras mais claras As regras são construídas para ordenar o jogo Tal transformação iniciase por volta dos seis anos de idade estendendose até a adolescência Nesse momento também as crianças iniciam um processo maior de socialização preferindo por isso brincar em grupos maiores Seu brincar passa de solitário para coletivo Atualmente os termos jogos e brincadeiras não encontram consensos teóricos e conceituais São atributos que dependendo desse ou daquele autor apresentamse como sinônimos ou ma nifestações e atividades diferentes uma da outra Veja a seguir alguns exemplos de definições Essas terminologias no Dicionário Aurélio 2008 p 79 e p 300 aparecem assim descritas Brincadeira a ato ou efeito de brincar b brinquedo c entretenimento passatempo divertimento d gracejo pilhéria p 79 Jogo atividade física ou mental fundada em sistema de regras que definem a perda ou o ganho p 300 43 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira A publicação do programa Segundo Tempo 2004 do Ministério dos Esportes faz uma referência à brincadeira e aos acontecimentos lúdicos considerandoos menos comprometidos socialmente mais vinculados às crianças ao passo que por jogo é batizada a manifestação lúdica comprometida com regras socialmente reconhecidas BRASIL 2004 Segundo ainda esse programa em Educação Física fazemos uma enorme confusão quanto à compreensão e nomeação dos acontecimentos situados no universo lúdico As manifestações lúdicas de modo geral têm seus nomes sempre relacionados aos contextos de suas existências Porém a confusão está em situar no mesmo nível coisas que são de níveis diferentes BRASIL 2004 p 105 Vamos nos valer de um exemplo na tentativa de esclarecer um pouco mais esse assunto Dáse o nome de brincadeira quando um grupo de crian ças brinca de casinha ou de mamãefilhinha Já quando um grupo de crianças brinca de queimada da mos o nome de jogo bem como quando um grupo de meninos e meninas joga futebol no campinho de terra Sobre a pulverização dos conceitos de jogo e de brincadeira e a tentativa da Educação Física em entender esses conceitos com uma maior definição e clareza Freire e Scaglia 2003 p 33 auxi liamnos com a seguinte reflexão O jogo é uma metáfora da vida uma simulação lúdica da realidade que se manifesta se concreti za quando as pessoas praticam esportes quando lutam quando fazem ginástica ou quando as crianças brincam E você concorda com eles De acordo com Kishimoto uma característica marcante em todos os jogos é a existência das regras Há regras explícitas como no xadrez ou na amarelinha e regras implícitas como na brinca deira de faz de conta em que a própria criança impõe as regras de acordo com a sua experiência vivida São regras internas ocultas que ordenam e conduzem a brincadeira Jogos e Brincadeiras I 44 Para o professor Helal 1990 o termo brincadeira nos re mete tanto à diversão quanto à liberdade de ação Para ilustrar tal conceito imagine um atleta profissional de Ginástica Artística quando ele estiver competindo em uma Olimpíada ou campeona to mundial da modalidade por exemplo Com certeza não será uma brincadeira para ele muito pelo contrário nesse momento ele será avaliado como atleta na realização de seu trabalho Agora vamos supor que esse mesmo atleta e seu filho nos seus horários livres estejam em uma praia ou em um gramado realizando cambalhotas e plantando bananeiras na areia Com certeza esta será uma atividade de descontração com total desin teresse pela eficiência do movimento correto ou da técnica espe cífica Nesse ponto podese caracterizar o exposto como um mo mento de brincadeira pois podemos definilo como uma atividade espontânea voluntária que proporciona satisfação e alegria com finalidade em si mesma e sem regras fixas e cobranças Para definir jogo ainda segundo Helal 1990 utilizaremos como exemplo outro elemento ginástico muito popular que é a atividade do pula sela ou pula carniça Esta manifestação consiste em uma atividade de saltos sobre o corpo de um amigo que se encontra com o tronco flexionado com as mãos agarradas ao tornozelo e com os joelhos semifleti dos Nesse caso os saltos são executados seguindo algumas re gras que variam de lugar para lugar mas sem as quais o jogo não aconteceria Além do pula carniça podemos citar os jogos de tabuleiros como xadrez e damas a amarelinha o taco ou bets e por fim uma partida de futebol com amigos no fim de semana Nesse sentido o que diferencia inicialmente o jogo da brin cadeira para o professor Ronaldo Helal 1990 é o fato de que no jogo verificamos a aplicação de regras fixas sem as quais o jogo não acontece 45 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira O jogo assim apresentase de forma diferente da brincadei ra visto que ele envolve regras independentemente da existência de jogadores porque foram assim determinadas pela cultura local por uma cultura mais geral É óbvio entretanto que em cada loca lidade as regras podem se diferenciar umas das outras podendo inclusive serem transformadas pelos próprios participantes de um jogo organizado Já para Bomtempo Husseim e Zamberlan 1986 os termos jogo brinquedo e brincadeira possuem o mesmo significado e não é difícil também de se pensar assim tendo em vista que na Lín gua Portuguesa muitas palavras são sinônimas Sport para os ale mães significa jogo e brincadeira Será mesmo que necessitamos de tantas palavras que tenham o mesmo significado Veja outro exemplo em relação a jogo e esporte Embora não seja o objetivo desta unidade convém destacar a título de infor mação complementar a diferença estabelecida entre um e outro Conforme Helal 1990 esporte é jogo também mas encon tramos no primeiro atributos que não encontramos no segundo visto que sua definição pode ser apresentada como qualquer com petição que inclua uma medida importante de habilidade física e tática e que esteja subordinada a uma organização mais ampla com regras rígidas e universais que escapam ao controle daqueles que participam ativamente da ação Para Freire e Scaglia 2003 como já exemplificado o esporte é um produto do jogo enfim o esporte é um jogo mais complexo 7 O JOGO E O BRINQUEDO NA SOCIEDADE ATUAL Por meio do jogo e da brincadeira a criança situase no mundo em que vive ocorrendo assim o seu desenvolvimento e aprendizagem Ao brincar a criança transforma a sua cultura vi sualizando sua realidade Utilizando brinquedos que são minia Jogos e Brincadeiras I 46 turas daquilo que a sociedade usa para poder continuar existindo e reproduzindose a criança explora a brincadeira lúdica para a construção de habilidades No entanto nos deparamos com a pressa que a sociedade demonstra para que a criança se torne um adulto produtivo A so ciedade acaba esquecendose de algumas fases da criança inter rompendo assim o processo criativo e cultural dela preparando a para viver em um mundo industrializado que não se preocupa com o lazer e sim com a geração de lucros Segundo Oliveira 2007 percebemse no mundo contem porâneo alterações sociais e econômicas que são visíveis na pró pria concepção de sociedade de educação e de ser humano Como consequência mudase também a concepção de ter infância e de ser criança modificando dessa forma os tipos de brinquedo in fantis e o conceito de brincar Oliveira relata ainda que nesse contexto históricosocial verificase um conjunto de conhecimentos a serviço da produção e do consumo de forma que essa sociedade apela incansavelmente para o consumo criando no indivíduo a necessidade de consumir mercadorias Para o público infantil os brinquedos industrializa dos são referências marcantes além de outros acessórios tais como roupas de marca enlatados CDs infantis etc No caso da produção específica de brinquedos percebemos que estes já vêm prontos eles fazem toda a simulação choro som movimentos e a criança apenas permanece passivamen te olhandoos como espectadora Certamente você conhece esse tipo de brinquedo que fala anda corre bate na parede apita gira e emite luzes Tudo isso sozinho À criança resta apertar um botão para que tudo isso comece Também os meios de comunicação e a publicidade especiali zada orientam o consumo de brinquedos pelas famílias das crian ças sempre pela lógica do consumo indiscriminado Muitos pais estão pouco conscientes da necessidade lúdica e pedagógica do 47 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira brincar e por isso acabam comprando brinquedos com os quais as crianças não brincam só assistem ao brinquedo brincando so zinho O apelo contemporâneo é portanto para a busca incansá vel da satisfação humana via produção e consumo O sujeito seja criança adolescente jovem adulto ou idoso é responsável para consumir valorizando a condição de ter e não de ser No caso da criança essa só se satisfaz se tiver o produto que é anunciado em propagandas Só se sente satisfeita se possuir a roupa do homemaranha ou o computador da dupla famosa de artistas mirins ou mais ainda só brinca se for com brinquedos eletrônicos industrializados e padronizados afinal tenho que ter porque todos os meus amigos da escola têm Segundo Kishimoto 2001 a sociedade capitalista vê a crian ça como um miniadulto Ela transforma o brinquedo num objeto representativo do mundo do adulto refletindo aquilo que o adulto objetivou para ela Os brinquedos produzidos conforme essa ló gica acabam por representar o mundo os valores e os interesses dos adultos Assim o brinquedo passa a ser uma representação da sociedade em que a criança está inserida Os brinquedos industrializados acabam perdendo o poten cial lúdico que permite maior envolvimento e interação das crian ças e especialmente das crianças menores Outra crítica que se faz é que tais brinquedos são fabricados pela concepção que o adulto tem do brincar da criança de modo que na maioria dos casos o brinquedo significa status e o adulto ofereceo à crian ça para satisfazer um capricho dele próprio Com isso a realidade adulta é transformada pela criança em brincadeira por meio dos brinquedos criados pelo adulto Para atender à demanda do mercado e ao impulso consumis ta infantil instaurado hoje as indústrias lançam a todo o momento variados modelos de brinquedos Não que alguns brinquedos in dustrializados não possam ser interessantes sob alguns aspectos Jogos e Brincadeiras I 48 para o desenvolvimento das crianças A questão apontada é que toda uma geração de crianças está perdendo o contato com os brinquedos artesanais e tradicionais como por exemplo a bone ca de pano ou o carrinho de rolimã A criança ao construir seu próprio brinquedo pode perceber que ele é único e que faz parte da cultura na qual ela está inserida Felizmente mesmo com a produção de brinquedos em larga escala os brinquedos artesanais não foram deixados de lado Ain da não perderam sua identidade cultural em razão das suas possi bilidades diversas de manipulação e à resistência de alguns grupos de pessoas que produzem esses brinquedos Os brinquedos artesanais são manipulados facilmente pela criança pois estes têm uma mobilidade maior do que os industria lizados que oferecem um menor grau de movimentação já que necessitam de pilha bateria ou como na maioria dos casos não possuem articulações para sua movimentação Vale salientar entretanto que as crianças não deixam de brincar com os brinquedos criando sempre possibilidades dife rentes Por exemplo uma criança é capaz de pegar uma vassoura e transformála em cavalo pode pegar uma caixa de papelão colo car um pedaço de pano dentro dela e isso se transformará em um berço no qual colocará aquela boneca que fala faz xixi e anda so zinha Com isso o ser humano pode demonstrar toda a sua capaci dade de criação que auxilia seu desenvolvimento como um todo Partindo dessa inquietação surge a discussão uma vez que como professores precisamos fomentar situações cotidianas em que a criança possa manipular construir imaginar criar e reapro veitar materiais que aparentemente não têm símbolo nenhum mas que podem ser transformados em brinquedos e jogos em ex periências infantis Assim a ação por regras começa a ser determinada pelas ideias e não pelos objetos prontos Para tanto é pertinente ofe recer situações para as crianças criarem seus próprios brinquedos 49 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira utilizando materiais alternativos carrinhos caminhões bonecas boliches bolas etc visto que desde a construção desses brinque dos elas já brincam com a imaginação pensando no significado desses objetos A perspectiva é a de que na Educação Infantil se possa per mitir a construção infantil e não a reprodução uma vez que as escolas hoje têm sido um reflexo da sociedade capitalista dando tudo pronto e perfeito aos alunos não viabilizando situações para que as crianças explorem seu universo de fantasia e de imagina ção 8 O JOGO E A BRINCADEIRA EM SUA DIMENSÃO PE DAGÓGICA Apresentamos no tópico anterior uma discussão sobre o conceito de jogo e brincadeira como resumidamente uma ativi dade social específica e fundamental para o desenvolvimento das pessoas o que nos faz pensar no seu vínculo com a função peda gógica e como grande recurso e utilidade metodológica Mas de acordo com Kishimoto 2001 antigamente o jogo era visto como uma atividade inútil um mero passatempo ou até mesmo como uma atividade que proporcionasse azar e prazer e por isso desne cessária do ponto de vista educativo Na Idade Média não havia espaço para a infância Desde cedo as crianças já eram preparadas para o trabalho ficando as meninas ao encargo das mães e os meninos dos pais A partir do Renascimento o jogo serviu para divulgar princípios de moral éti ca e conteúdos de História Geografia e outros Na Idade Moderna a infância era vista como uma fase sem importância pois dado que as crianças morriam com muita faci lidade os adultos não se apegavam a elas Mas depois a infância passou a ser vista como uma etapa do desenvolvimento humano e com o avanço das ciências diminuiu o índice de mortalidade infantil Jogos e Brincadeiras I 50 Entretanto a infância não era igual para todas as crianças pois pertencendo a classes sociais diferentes muitas delas tinham que trabalhar para poder ao menos satisfazer suas necessidades básicas No Brasil a partir da década de 1970 passou a ser adotado um modelo de política educacional voltado para a educação das crianças menos favorecidas e após o ano de 1988 a Educação In fantil passou a ser motivo de preocupação dos órgãos que legislam sobre a Educação Este é um grande marco na história da educação brasileira a qual hoje é um direito de todas as crianças e deve ser assegurada pelo Estado Embora nem todas consigam permanecer na escola por lei seu ingresso é garantido Observamos que os jogos e as brincadeiras estão presentes no cotidiano das pessoas há muito tempo Atualmente verifica mos as manifestações destes nas escolas nos parques nas praias e nos clubes esportivos os quais desempenham um papel impor tante na formação das crianças Sabemos que atualmente essas manifestações vêm sendo discutidas por educadores psicólogos sociólogos antropólogos filósofos e historiadores Todos são unânimes em afirmar a impor tância da prática dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvi mento do ser humano contribuindo assim para o seu bemestar físico emocional afetivo e social Contudo o que importa realmente nesta unidade é enten dermos o jogo e a brincadeira no contexto em que eles se reali zam ou seja nas aulas de Educação Física tendo como horizonte a nossa realidade profissional Por isso tornase providencial para interpretarmos e analisarmos nossa prática profissional na condi ção de professores sistematizando e ensinando esse conteúdo na escola que ele seja entendido como uma manifestação humana que pode ser valorizada por meio da Educação Física Essa manifestação originada nas ações e práticas desinte ressadas e na busca pela linguagem e relações com os outros tem 51 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira como objetivo o encontro consigo mesma e com os símbolos que humanizam um determinado grupo sem interesses por suprir ne cessidades de sobrevivência Segundo João Batista Freire 2004 jogamos quando não nos falta nada jogamos por qualquer desinteresse material Jogamos mais felizes quando nossas necessidades básicas de sobrevivência estão satisfeitas Jogamos e brincamos mesmo que a vida repre sentada não seja assim tão bela De posse desses conhecimentos comece a pensar e a pes quisar desde já a respeito dos mais variados jogos e brincadeiras que fazem ou fizeram parte da sua vida Com certeza muitos deles poderão ser ensinados por você quando for professor Você já teve a oportunidade de ver crianças em faróis de trânsito vendendo balas Já observou o que elas fazem quando esse farol abre Pois é elas inventam um jeito de brincar Triste re alidade que demonstra a importância da brincadeira mesmo com as adversidades da vida Você percebeu que aquilo que o senso comum pouco valo riza as crianças e as pessoas brincando e jogando apresentase como uma manifestação humana que se enraíza profundamente na história da civilização humana Talvez se como espécie huma na não tivéssemos produzido as diferentes manifestações do brin car não seríamos hoje o que somos Podemos afirmar que tanto o brincar como o jogar são processos vitais para o desenvolvimento de cada ser humano e para seus agrupamentos Mas nessa etapa da formação deixemos de lado as ques tões da Sociologia da Filosofia e da Antropologia dos jogos e brin cadeiras para nos atermos às questões mais pontuais que se reme tem à proposta deste estudo Tendo em vista a importância da infância percebeuse tam bém que o brincar era mais do que uma distração e passouse a pesquisar sobre sua influência no aprendizado das crianças Já Jogos e Brincadeiras I 52 demos muitos exemplos que esclareceram essa visão atual da edu cação mas nunca é demais afirmar que além da possibilidade de se perceber a espontaneidade do brincar é possível nele se apro fundar e utilizálo como um meio para se atingir um fim qual seja o educacional sem perder o prazer em jogar Nesse sentido Kishimoto 1998 com base em outros auto res propõe o jogo educacional ou educativo Nesse tipo de jogo utilizamos os jogos e as brincadeiras com um objetivo ou função educativa mas não perdemos de vista que a criança adora brincar e se divertir Vamos imaginar uma situação contrária um professor que utiliza um jogo para ensinar um conteúdo mas não permite que seus alunos riam e se divirtam Qual a graça do jogo Será que os alunos aprenderãoapreenderão esse conteúdo Qual a sua opinião nesse caso Vejamos o que afirma Kishimoto 1998 p 19 a respeito do equilíbrio que se deve manter entre os dois tipos de função do jogo O equilíbrio entre as duas funções é o objetivo do jogo educativo Entretanto o desequilíbrio provoca duas situações não há mais ensino há apenas jogo quando a função lúdica predomina ou o contrário quando a função educativa elimina todo o hedonismo resta apenas o ensino Vamos analisar a proposta de jogo educativo Se o jogo pode ser considerado educativo então por que não dar apenas o jogo pelo jogo Justamente porque embora o jogo possa eventualmen te educar ensinar as crianças a dividir conviver em sociedade co operar nem sempre isso ocorre Pode haver outras influências que façam com que mesmo sendo ótimo para as crianças algumas se comportem de forma muito competitiva briguem durante o jogo batam em outras crianças não aceitem a derrota etc Lembrese de que esses comportamentos também são aprendidos e as crian ças podem ter outros exemplos em casa na rua porém se a escola é uma instituição considerada educativa esses comportamentos não podem ser aceitos Nesses casos deve haver a interferência de um adulto ou seja o professor 53 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira Existe um autor francês chamado Belbenoit 1976 que há vários anos afirmou não ser o esporte completamente educativo a menos que haja um professor por trás dele ou seja na esco la local educativo por excelência usamos o jogo não apenas para ensinar o jogo mas também para aproveitar seu valor educativo Dessa forma o professor tornase a peça mais importante para o desenvolvimento do jogo educativo Rangel 2010 considerou que é possível generalizar o termo esporte utilizado em francês pelo termo jogo em português se entendermos que o esporte é também um jogo Nesta primeira unidade você tomou contato com as primei ras referências a respeito do jogo e da brincadeira A seguir propo mos que você realize uma avaliação e descubra o que já internali zou a respeito desses temas 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Para você as crianças já nascem sabendo jogar e brincar ou essa manifesta ção é aprendida 2 Qual é a relação que você pode estabelecer entre uma determinada cultura e as possibilidades que uma pessoa tem para brincar 3 Qual a diferença básica entre o jogo e a brincadeira apresentada nesta uni dade 4 Você é capaz de relembrar algumas críticas que são feitas a certas formas de brincar na sociedade atual 5 Após o estudo desta unidade você é capaz de responder por que o jogo e a brincadeira são conteúdos importantes para serem ensinados nas escolas 10 CONSIDERAÇÕES Nesta unidade você pôde compreender os conceitos de jogo e de brincadeira entender em quais momentos eles se aproximam Jogos e Brincadeiras I 54 e em quais se distanciam Pôde perceber também o caráter mais organizado e coletivo das manifestações de jogos e de certo des compromisso com qualquer forma de sistematização e padrão que caracteriza uma brincadeira Durante o estudo desta unidade tentamos fazer você perce ber o jogo e a brincadeira como patrimônios culturais produzidos pela humanidade e conhecimentos a serem ensinados na escola pela Educação Física de maneira crítica e contextualizada enten dendoos na sua relação com a sociedade de consumo 11 EREFERÊNCIAS Figura Figura 1 Crianças brincando de Cândido Portinari Disponível em httpwwwportinari orgbrIMGSjpgobrasOAa2906JPG Acesso em 28 fev 2012 Site pesquisado OLIVEIRA M R F de O brincar na sociedade de consumo em busca da superação da lógica de padronização e propriedade do brinquedo Revista Eletrônica de Educação Ano I n 1 ago dez 2007 Disponível em httpwebunifilbrdocsrevistaeletronica educaçãoartigo03pdf Acesso em 4 dez 2008 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELBENOIT G O desporto na escola Lisboa Estampa 1976 BOMTEMPO E HUSSEIN C L ZAMBERLAN M A T Psicologia do brinquedo aspectos teóricos e metodológicos São Paulo EDUSP Nova Stella 1986 BRASIL Ministério da Educação e Cultura Jogo corpo e escola n 3 Brasília Centro de Educação a DistânciaUniversidade de Brasília 2004 Programa Segundo Tempo BROTTO F O Jogos cooperativos se o importante é competir o fundamental é cooperar Santos Projeto Cooperação 2000 BRUHNS H T O corpo parceiro e o corpo adversário Campinas Papirus 1999 CÓRIASABINI M A LUCENA R F Jogos e brincadeiras na educação infantil Campinas Papirus 2004 DARIDO S C RANGEL I C A Coord Educação física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 55 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira FERREIRA A B H Dicionário Aurélio 7 ed Curitiba Positivo 2008 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação de corpo inteiro teoria e prática da educação física Pensamento e ação no magistério São Paulo Scipione 1997 Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 HELAL R O que é sociologia do esporte São Paulo Brasiliense 1990 KISHIMOTO T K Org Jogo brinquedo brincadeira e a educação São Paulo Cortez 2007 RANGEL I C A Coord Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 WAJSKOP G Brincar na préescola São Paulo Cortez 1997 Coleção Questões da nossa Época Claretiano Centro Universitário EAD O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento 2 1 OBJETIVOS Definir o significado de cultura e jogo na perspectiva da cultura corporal de movimento Entender a transmissão cultural de jogos na escola Identificar e exemplificar jogos e brincadeiras de infância 2 CONTEÚDOS Cultura e cultura corporal de movimento breves signifi cados Jogos e cultura corporal de movimento Jogos culturalmente analisados 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir Jogos e Brincadeiras I 58 1 É claro que você já ouviu falar a respeito de povos que tal como ocorreu no início da formação do Brasil foram dominados não é mesmo Reparou que quando isso acontece esses povos perdem sua identidade assumin do os costumes e a língua do povo dominante Pense por exemplo nos índios que viviam e vivem ainda mas em condições muitas vezes precárias na América do Norte Eles foram dominados tiveram que aprender a língua e a cultura inglesa e perderam grande parte de seus costumes Se você ainda não assistiu procure pelo filme Dança com Lobos que retrata parte dessa história 2 Pense que você quando se formar será um transmissor e perpetuador da cultura em que vive Você terá um pa pel muito importante na vida de seus alunos Além de ser um amigo confidente ídolo e exemplo contribuirá com a formação cultural de seus alunos E isso não é ta refa fácil 3 Neste texto não daremos preferência a nenhuma no menclatura dos jogos praticados na infância Assim os termos jogos populares de infância de rua ou tradicionais serão aceitos como sinônimos Procure ler atentamente o conteúdo deste caderno observando os diferentes nomes dados aos jogos Futuramente você verá outros nomes que também são utilizados para des crever os jogos 4 Seja curioso e procure verificar a possibilidade de se aprender um jogo esportivo por meio de outros jogos Um artigo da Profª Zenaide Galvão disponível em wwwrcunespbr Acesso em 27 jul 2010 mostra um trabalho com o handebol Já o Prof Rafael Castro Ko cian o faz no livro Educação Física na infância RANGEL 2010 n p 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior você entrou em contato com as diferen tes definições de jogo e de brincadeira Esperamos que tenha for mado sua opinião a respeito desse tema mas caso isso não tenha 59 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento ocorrido procure pesquisar mais sobre o assunto pois aprender a pesquisar sobre o que lhe causa dúvidas é muito importante neste processo de construção do conhecimento A partir desta unidade você ampliará seu conhecimento so bre o significado que os jogos apresentam para a compreensão e a continuidade das diferentes culturas bem como aprenderá que a Educação Física trabalha com uma parte significativa da cultura denominada cultura corporal de movimento Você também terá oportunidade de relembrar os jogos de sua infância e verificar como eles foram importantes em sua vida Esperamos que a leitura e a interação com esta literatura despertem em você o desejo de ensinar jogos Mas isso ocorrerá em uma nova etapa por enquanto vamos conversando e não se esqueça de trocar ideias com seus companheiros de curso Bom trabalho 5 CULTURA E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO BREVES SIGNIFICADOS Dependendo da lente e dos autores que utilizarmos te remos uma visão de cultura pois este termo é complexo e várias áreas do conhecimento o definem Utilizaremos aqui um exem plo simples que esclarecerá um pouco essa ideia Nasce uma criança Em termos biológicos ela pertence à es pécie humana possuindo um corpo humano Seu desenvolvimen to em geral a fará crescer engatinhar ficar em pé andar A seguir ela dirá as primeiras palavras depois frases Por volta dos sete anos de idade ela aprenderá a ler e a escrever ingressando no mundo da escrita Depois entrará na adolescência passará pelo mundo adulto chegará à velhice e morrerá Completase assim o seu ciclo de vida Jogos e Brincadeiras I 60 Até aí nada de mais correto Errado Para que essa crian ça passe pelas fases descritas ela terá obrigatoriamente que ter nascido em uma cultura ocidental Caso tivesse nascido em outra cultura talvez ela não aprendesse a ler e a escrever aos sete anos ou talvez não passasse pela adolescência da forma como a conhe cemos E se ainda essa criança ficasse perdida na selva e fosse criada por lobos Talvez não andasse e com certeza não falaria Esses exemplos nos mostram que ao nascer não iniciamos apenas nosso crescimento fora do útero materno mas também ingressamos em uma cultura diferenciada Quando você era pequeno talvez tenha ouvido uma cantiga de ninar como esta Nana nenê Que a Cuca vem pegar Papai foi pra roça Mamãe já vem já Bichopapão De cima do telhado Deixa esse a menino a Dormir sossegado a Além de acalmar as crianças as cantigas de ninar têm uma representação É provável que a canção descrita anteriormente seja de uma época e de um contexto que desconhecemos a roça o que significa E o bichopapão Quem sabe daqui a algum tem po nem saibamos mais o que significará telhado Pode ser que apareça outra invenção que o substitua Afinal o fato de morarmos e convivermos em uma civiliza ção significa que aprendemos absorvemos e modificamos os cos tumes de uma cultura Qual seria então uma das definições de cultura A cultura definida pelas Ciências Sociais seria de acordo 61 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento com Forquin 1993 p 11 o conjunto dos traços característicos do modo de vida de uma sociedade de uma comunidade ou de um grupo Estes traços característicos poderiam ser as comidas típicas as vestimentas a língua as crenças as músicas as danças os jo gos etc ou seja tudo que foi produzido criado fabricado por uma comunidade retirandose o que é da natureza No entanto há outro entendimento para a palavra cultura Uma pessoa tida como culta geralmente é vista como uma pes soa que possui disposição e qualidades características do espírito cultivado FORQUIN 1993 p 11 ou seja uma pessoa que estu dou muito é intelectual ou artisticamente reconhecida podendo ser classificada como possuidora de muita cultura enfim quase um ser inatingível Para este texto vamos nos valer do primeiro conceito de cul tura Ela não é algo que apenas se perpetua de forma que deve ser vista como algo que se modifica continuamente que é ressig nificada Quando nos apropriamos do termo ressignificar queremos apre sentar a idéia de que o tradicional produto cultural é paulatinamen te modificado por intermédio de novos significados acrescentados por aqueles que se apropriam do antigo ou seja ressignificar é ação criativa de atribuir novos significados ao tradicional SCAGLIA RANGEL 2004 p 137 Portanto é necessário compreendermos o dinamismo cul tural tanto do passado quanto do presente e do futuro pois uma sociedade que consegue manter suas tradições culturais sem se esquecer do presente e do futuro possui mais chances de não ser atropelada combatida e dominada por outras culturas Com essas observações em mente vamos conhecer ago ra as considerações feitas por Herrero Fernandes e Franco Neto 2006 n p autores de um livro que nos mostrou a realização de um projeto audacioso de resgate de jogos do povo Kalapalo do Alto Xingu Jogos e Brincadeiras I 62 Certamente este projeto contribui para o resgate das atividades do povo Kalapalo e porventura dos altoxinguanos de modo geral que correm o risco de extinção provavelmente devido ao enfraqueci mento nos processos tradicionais de transmissão do conhecimen to Você pode perceber então a importância que este projeto de resgate de jogos teve para o povo Kalapalo Os pesquisadores ao resgatarem os jogos resgataram também uma parte da cultura desse povo auxiliando para que este não seja extinto Cultura escola e jogo Há certo consenso de que uma das funções da escola é a de transmitir cultura a seus alunos Entretanto qual seria então essa cultura seria toda a que é produzida pela humanidade É certo que não Mas é necessário compreendermos que embora a esco la tenha de fazer determinadas opções ela não pode se esquecer de transmitir um acervo cultural predeterminado e chamado de conteúdo Sobre esse assunto vejamos o que nos diz Forquin Neste sentido podese dizer perfeitamente que a cultura é o conte údo substancial da educação sua fonte e sua justificação última a educação não é nada fora da cultura e sem ela Mas reciprocamen te dirseá que é pela e na educação através do trabalho paciente e continuamente recomeçado de uma tradição docente que a cul tura se transmite e se perpetua a educação realiza a cultura como memória viva reativação incessante e sempre ameaçada fio pre cário e promessa necessária da continuidade humana FORQUIN 1993 p 14 Atualmente tem havido a discussão de quais conteúdos cul turais deveriam fazer parte do acervo que a escola transmite pois muito desse conteúdo não tem tido significado para o aluno Ele tem procurado outras formas como a televisão e a internet para aumentar seu conhecimento cultural abandonando por vezes o que é ensinado na escola Por outro lado a forma como os con teúdos têm sido tratados também não fornece um atrativo para o aluno que fica desmotivado e é até capaz de abandonar a escola 63 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Os últimos estudos a respeito realizados pelo Ministério da Educação e Cultura culminaram na criação dos Parâmetros Curri culares Nacionais que forneceram uma diretriz para todas as dis ciplinas inclusive para a Educação Física sobre o conhecimento a ser transmitido pelas escolas brasileiras Dessa forma não é qualquer conhecimento que deve ser passado pelos professores mas aquele que implique a formação do cidadão dito educado Estando entendido o significado de cultura e seu entrelaça mento com a escola e a educação vamos a outra compreensão Qual seria a cultura a ser transmitida pela Educação Física Você já parou para pensar nisso O que você acredita que transmitirá e ajudará a reelaborar com seus alunos na escola Com certeza você deve ter pensado nos esportes É quase impossível não pensarmos neste conteúdo atualmente Mas ele não é a única possibilidade Há outros conteúdos que são tão im portantes quanto o esporte Visto que a dança a ginástica a luta e o jogo são conteúdos conhecidos desde que os seres humanos começaram a viver em grupo ou sociedade em termos culturais podese afirmar que são esses os conteúdos que a Educação Física deve transmitir O jogo a ginástica a luta e as danças são tão antigos quanto a humanidade A exceção no caso desses conteúdos vem do esporte que é con siderado uma transformação do jogo criado na década de 1920 Essas formas de atividades embora fossem partes da Educa ção Física só foram chamadas de cultura corporal de movimento a partir de estudos de Soares et al 1992 Betti 1992 e Bracht 1992 entre outros autores que culminaram na apresentação dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs documento lança do pelo Ministério da Educação e que fez uma proposta para o ensino da Educação Física no Brasil BRASIL 1997 Jogos e Brincadeiras I 64 De acordo com Galvão Rodrigues e Sanches Neto 2005 antes disso a esse conjunto de conhecimentos acrescido do co nhecimento sobre o corpo foram dadas algumas denominações tais como cultura física cultura corporal e cultura de movimento Resumidamente os conteúdos mais reconhecidos da Educação Física atualmente são ginástica luta atividades rítmicas e expressivas conhecimento sobre o corpo esporte e jogo A capoeira merece destaque também nesse rol por ser considerada um conteúdo exclusivamente brasileiro Galvão Rodrigues e Sanches Neto 2005 n p compreen dem ainda que a Educação Física é uma prática pedagógica que trata da Cultura Corporal de Movimento Você ainda ouvirá falar muito sobre esse assunto o qual será aprofundado na História da Educação Física Para este estudo o conteúdo a ser transmitido na escola é o jogo Conforme Scaglia e Rangel 2004 p 8586 Os jogos brincadeiras e brinquedos fazem parte do cotidiano das crianças em todos os países e desde que o ser humano vive em grupos ou sociedades os indícios de que brincavam são nume rosos Esta afirmação pode ser conferida graças à arte rupestre e outras fontes e documentos históricos onde são narradas formas de jogar Segundo Kishimoto 1993 por exemplo a amarelinha empinar papagaios ou jogar pedrinhas têm registro na Grécia e no Oriente mostrando a universalidade dos jogos infantis Os jogos e as brincadeiras são representações que as crian ças fazem de seu cotidiano Elas transferem a realidade em que vivem para a forma simbólica ou seja relacionam de forma infan til o que veem os adultos fazendo As crianças incorporam na brincadeira a cultura em que nasceram e em que vivem Se por acaso as crianças mudam de cultura país cidade acabam também aprendendo as formas de brincar do local em que estão Imaginemos por exemplo uma criança que nasceu no 65 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Japão e viveu lá até os nove anos Com certeza ela aprendeu os costumes da região em que morava Ao se mudar para outro país digamos que ela tenha vindo para o Brasil acabará aprendendo os costumes daqui Até mesmo a língua local será aprendida com mais facilidade se essa criança brincar com crianças brasileiras Embora não possamos afirmar embasados em pesquisas cremos que as brincadeiras influenciam muito na aprendizagem de forma que as crianças aprendem com mais facilidade os cos tumes de outros países do que os adultos brincando Você deve conhecer alguém cujos avós vieram de outro país Geralmente os filhos e netos falam a língua local e a língua do país dos avós mas os avós dificilmente falam o português Isso exemplifica a facilida de que crianças e jovens possuem em se adaptar Atualmente nas escolas a cultura corporal de movimen to representada pelo jogo possui maior poder de transmissão e transformação Sobre esse assunto menciona Rangel Antigamente não havia a preocupação educacional de se transmi tir estes jogos tendo em vista que eles se manifestavam na rua nos parques dentro das casas etc Isto muda de figura na medida em que em diversos países onde o aumento populacional das zonas urbanas tem sido constante tem havido uma redução dos espaços antes reservados às crianças para brincarem RANGEL 2007 p 86 Como já não dá para brincar na rua como antigamente en tão as crianças passaram a brincar na escola Figura 1 As aulas de Educação Física a entrada e a saída da escola e o intervalo recreio transformamse em poderosos agentes de transmissão cultural dos jogos Qualquer bolinha de papel elástico pedrinha papel e caneta assumem a vez de um brinquedo Jogos e Brincadeiras I 66 Figura 1 Aula de Educação Física 6 JOGO E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO Na realidade os jogos não são exclusividades da Educação Física visto que muitos componentes curriculares ou disciplinas o utilizam como estratégia de ensino E aí está a diferença para as outras disciplinas os jogos são uma estratégia de ensino para a Educação Física eles são considerados estratégia e conteúdo meio e fim da aprendizagem Essa observação é extremamente importante já que diferencia os jogos e seu aprendizado para nós Na Matemática por exemplo os educadores utilizam jogos para fixar ou até mesmo fazer que os alunos compreendam de terminados conceitos e aplicações Tal procedimento também é usado por educadores de outras disciplinas como a Língua Portu guesa a História a Geografia etc Para Freire 2004 p 102 67 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Um fato notável quanto ao jogo como o entendemos na Educa ção Física é que se trata de um dos poucos conteúdos que não são produzidos especificamente para a escola Explico melhor os conteúdos das demais disciplinas são de modo geral produções preparadas especialmente para ser ferramentas escolares mate rial didático Essas disciplinas são integradas pelas produções cien tíficas nas mais diversas áreas Há um entendimento generalizado segundo o qual os conteúdos das ciências devem ser ensinados aos alunos didaticamente isto é de forma que possam ser veicu lados em linguagem escrita falada ou em imagens de diversos ti pos acessíveis ao entendimento dos alunos em cada período de desenvolvimento Aos poucos conteúdos não científicos como os da religião cultura popular senso comum perdem espaço nas li ções escolares O que se ensina em nosso sistema educacional não é exclusivamente o resultado da produção científica mas este re cebe privilégio inegável sobre todos os demais Quando chegam à escola os conteúdos científicos chegam formatados para o ensino escolar isto é adequados didaticamente Já na Educação Física não só podemos trabalhar com os jogos para fixar ou ensinar determinado conhecimento como a ética a cultura uma habilidade motora ou o conceito de regras como podemos também ensinar o jogo pelo jogo aprender a fa zer e a se divertir com ele É fácil entendermos isso se retirarmos os jogos esportes danças e lutas que podem auxiliar as outras disciplinas elas continuam a ter conteúdos se os retirarmos da Educação Física ficaremos sem conteúdos pois estes são os nos sos representantes No entanto temos de dizer que muitas vezes utilizamos os jogos esportes etc como um meio quando aproveitamos para tra balhar a cooperação a cidadania a coeducação entre outros Mas voltemos a falar sobre o jogo Fazendo parte da cultura corporal de movimento o jogo pode ser um conteúdo riquíssimo e de fácil aprendizado Mas certamente você deve estar se perguntando por que os jogos são tão fáceis de serem ensinados Parte desta resposta está no fato de que antes de nos tornarmos adultos e professo res fomos crianças Como crianças brincamos e jogamos muito Jogos e Brincadeiras I 68 Fizemos tudo que uma criança normalmente faz acorda e brinca almoça e brinca vai para a escola e brinca toma banho e brin ca Em nossa infância aprendemos os jogos e brincadeiras de rua brincamos de casinha e de motorista jogamos com brinquedos inventados por nós e manufaturados brincamos com o cachorro e brigamos com quem vinha nos chamar para dormir afinal tínha mos acabado de começar a brincar Por termos passado pela experiência de brincar e jogar não é tão complicado assim aprender outro jogo bem como não é difí cil ensinálo Aliás outra facilidade do jogo consiste em jogar para aprender isto é vamos aprendendo conforme vamos jogando É claro que se o jogo possui muitas regras elas não serão total mente assimiladas na primeira vez em que jogarmos Dessa forma jogamos jogamos jogamos e aprendemos o jogo Segundo Rangel 2007 há ainda outros facilitadores para o ensino desse conteúdo na escola Vejaos 1 Não exigem em geral espaço ou material sofisticado embora possam existir jogos com tais exigências 2 Podem variar em complexidade de regras ou seja de pendendo da faixa etária e aptidão dos jogadores o jogo pode ser jogado com poucas regras ou com regras de altíssimo nível de complexidade 3 Podem ser praticados em qualquer faixa etária e por me ninos e meninas ao mesmo tempo 4 São divertidos e prazerosos para os seus participantes a menos que sejam levados a extremos de competição ou de função 5 São aprendidos pelo método global diferentemente do esporte que geralmente é aprendido ensinado por partes Ao contrário do esporte em um grande jogo aprendemos jo gando não se explicam nem se treinam as partes para depois se jogar A graça de se aprender o jogo está justamente em jogálo Não se aprende por exemplo a arremessar para depois se apren 69 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento der a jogar queimada o arremesso é aprendido durante o jogo e se este deve ser mais forte ou mais fraco em determinada direção para cima ou para baixo é o contexto do jogo que vai determinar Isso não significa que em algum momento não se possa pa rar o jogo e tentar melhorar um arremesso para depois voltar ao jogo No entanto essa opção pode partir dos próprios alunos com a ajuda do professor é claro Os jogos coletivos foram criados desta maneira as pessoas aprendiam jogando Somente mais tarde com o aprimoramento técnico e o uso de recursos científicos passouse a ensinar apren der utilizando processos analíticos de decomposição das partes Infelizmente ainda existem muitos professores que utilizam ape nas o método analítico para ensinar um jogo esportivo quando há a possibilidade de aprendêlo também por meio de jogos Heinz e Rothenberg 1984 em seu livro Ensino de jogos es portivos demonstram como sair de um pegapega e atingir os qua tro principais esportes praticados no país futebol basquetebol handebol e voleibol Na cultura corporal de movimento os jogos ocupam lugar de destaque na Educação Infantil e no Ensino Fundamental da 1ª à 4ª série Por que será que isso acontece Se observarmos nos so acervo cultural de jogos entenderemos o porquê As crianças brincam espontaneamente na infância para apreender a cultura de seu contexto do local onde vivem correto Assim os jogos e as brincadeiras tidos como populares de infância de rua ou tra dicionais são seus preferidos As regras desses jogos populares não são difíceis e vão au mentando de complexidade à medida que a compreensão das crianças também vai melhorando Conforme elas crescem preci sam de desafios maiores e passam a abandonar os jogos de infân cia pois estes não requerem mais tantas habilidades ou pensa mento complexo Elas passam a gostar mais dos esportes que são jogos mais elaborados Observe no entanto que estamos tratan do de jogos em si não dos outros conteúdos que devem ser tão trabalhados quanto os jogos Jogos e Brincadeiras I 70 No caso citado anteriormente qual seria então a possibi lidade de se trabalhar com os jogos em idades maiores Quais as vantagens e desvantagens Queremos que você já comece a pen sar nesse assunto o qual será discutido na Unidade 6 Por ora bas ta resumir que a cultura corporal de movimento possui um grande acervo de jogos infantis pois são representativos de uma cultura da infância que os utiliza para apreender seu contexto No início da presente unidade dissemos que você iria se lembrar dos jogos de sua infância Pois bem aqui está um caça palavras Figura 2 com 15 nomes de jogos e brincadeiras que provavelmente você praticou em sua infância Procure por eles e divirtase Figura 2 Caçapalavras 71 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Quando trabalhamos com jogos infantis da cultura popular temos que compreender que eles são representativos de determi nada cultura em seu tempo e espaço e que são sempre ressigni ficados Scaglia e Rangel 2004 p 137138 explicamnos como se dá esse processo As brincadeiras tradicionais infantis em especial as de pegapega podem nos servir como bons exemplos ilustrativos para explicar esse dinâmico processo de ressignificação dos jogos brincadeiras Não se sabe e nunca se saberá quem inventou os jogos brinca deiras de Pegapega mas podese partindo de estudos especula tivos de certos autores como Kishimoto 1993 e Brougère 1989 inferir que essa brincadeira remonta aos tempos da préhistória Isto é passível de confirmação quando ao se estudar os jogos tra dicionais infantis se nota que esses representam simbolicamente a sociedade em que estão inseridos Considerado como parte da cultura popular o jogo tradicional guar da a produção espiritual de um povo em certo período histórico Essa cultura não oficial desenvolvida sobretudo pela oralidade não fica cristalizada Está sempre em transformação incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo KISHIMO TO 1993 p 15 Logo o pegapega pode especulativamente representar um jogo de caça e caçador as crianças representando em suas brincadei ras o ato de caçar tanto dos humanos quanto entre os animais As crianças desejando como sempre imitar o mundo transformaram essa atividade de caçar em jogo brincadeira Simbolicamente re vivemna correndo umas atrás das outras imitando seus pais Essa brincadeira à medida que o tempo passa vai incorporando cria ções de outras gerações que utilizam as brincadeiras para tentar entender o mundo à sua volta ou brincar com ele almejando um dia vivêlo Segundo Elkonin 1998 atualmente todos devem reconhecer que o conteúdo do jogo infantil está relacionado com a vida o trabalho e a atividade dos membros adultos de uma sociedade A brincadeira de pegapega incorporou variações à medida que a sociedade à sua volta se modificava e em cada variação novas par ticularidades surgiam Foi dessa forma que surgiu o piquebandei ra representação fiel de uma batalha onde se tem que invadir o campo de batalha adversário penetrar em seu reino para capturar a bandeira que simboliza o reino Jogos e Brincadeiras I 72 Bruegel pintor que viveu no século 16 deixounos uma obra inestimável o quadro Jogos infantis pintado em 1560 ilustra do na Figura 3 Nele são retratadas 84 brincadeiras nem todas conhecidas atualmente O interessante é que nessa obra quem brinca são adultos O que estaria querendo nos dizer o pintor Não sabemos exatamente No entanto algumas considerações podem ser feitas como por exemplo independentemente da idade to dos nós podemos brincar Qual a sua opinião Figura 3 Jogos infantis quadro de Brugel 7 JOGOS CULTURALMENTE ANALISADOS Nem todos os jogos que o professor utilizará serão jogos que traduzem uma cultura Por exemplo os jogos criados para resolver problemas de exclusão entre os gêneros os jogos sem contato fí sico os jogos para locais de pouco espaço enfim são jogos utiliza 73 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento dos como meio para resolução de algo que esteja atrapalhando o ensino e geralmente são criados pelo professor ou pelos alunos Isso entretanto não significa que esses jogos não possam ter uma influência da cultura É claro que na escola entram apenas os conteúdos aceitos pela sociedade Os conteúdos rejeitados não escolhidos discri minados são excluídos Assim utilizamos uma parcela dos conte údos e fazemos opções que vão da preferência do próprio profes sor ao objetivo do contexto escolar Mas em se tratando de jogos quais seriam então os conteúdos culturalmente escolhidos Dentre as possíveis respostas para a questão anterior está o exemplo dos jogos tradicionais que já começam a ser esquecidos pela atual geração Outra possibilidade seria a escolha dos jogos provindos de outras culturas Você deve estar se perguntando o que existe de importante a ponto de analisarmos os jogos de outras culturas Quais seriam essas possibilidades dentro da escola São elas Verificar as semelhanças e as diferenças com a nossa cul tura Verificar como os demais povos que são diferentes de nós resolvem seus problemas sociais e como as crianças os incorporam ou os questionam por meio dos jogos Valorizar o que há de bom em outras culturas Para fazermos uma análise podemos optar por uma catego ria de jogos com bola de perseguição com corda sem material de tabuleiro entre outros a fim de mostrar que em cada cultura eles se modificam Para tanto vamos agora utilizar alguns exem plos de jogos de perseguição e a seguir jogos com bola e tentare mos analisar como e em qual cultura eles aparecem Iniciaremos com a análise de um jogo praticado no Brasil Tratase da cabracega Conforme a região do país há uma forma específica de se cantar uma ladainha que inicia a brincadeira Jogos e Brincadeiras I 74 De acordo com observações de Rodrigo Caro apud FRIEDMANN 2004 p 3234 cabracega era um jogo popular entre as crianças da Roma Imperial Ademais é encontrado também em documen tos da Idade Média e do Renascimento e veio para o Brasil com os portugueses e os espanhóis Cabracega Número de participantes três ou mais jogadores Local adequado ao ar livre Regra do jogo dispõemse as crianças em círculo den tro do qual permanecerá um jogador de olhos vendados a cabracega Dado o sinal de início as crianças da roda perguntam Cabracega de onde vieste Do moinho de vento Que trouxeste Fubá e melado Dános um pouquinho Não Então afastate As crianças largam as mãos e espalhadas pelo campo deve rão fugir da cabracega desafiandoa sem tocála Esta ouvindo os desafios tentará pegálos Quando conseguir tocar em um dos participantes tirará a venda e escolherá uma criança substituta O jogo termina com a substituição da cabracega Há variações da música de acordo com as regiões embora as regras sejam as mesmas Em Natal Cabracega de onde vens 75 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Do moinho Que trazes Pão e vinho Me dá um pouquinho Não Gulosa gulosa Que é que traz na cesta Cravo e canela Bumba nela Em Minas Cabracega Senhor De onde vieste De trás da serra Que trouxeste Um saquinho da farinha Dáme um bocadinho Não chega pra mim mais minha velha Em Piauí Cabracega de onde vens Do quartel Que trazes de bom ouro ou prata Se responder prata Come casca de barata Se responder ouro Jogos e Brincadeiras I 76 Come casca de besouro Na Bahia Cabracega de onde vens Do sertão O que trouxe Requeijão A versão portuguesa era assim Cabracega de onde vens Da Vizela ou Castela Que trazes na cesta Pão e canela Dásme dela Não que é pra mim e pra minha velha Ziguetenela fingindo beliscar a cabracega Ao verificarmos as ladainhas podemos observar que em cada região muda o que a cabracega está escondendo fubá e melado pão e vinho cravo e canela etc É interessante perceber que o escondido é geralmente algo bem original de cada estado Bahia requeijão Piauí ouro e prata Minas Gerais farinha Não temos provas mas talvez o requeijão relacionese à Bahia onde é bastante utilizado sendo um tipo de queijo coalho já a farinha de Minas Gerais pode ser o polvilho utilizado para o pão de queijo enquanto no Piauí até hoje se vive da extração do ouro Em suas futuras aulas você poderá escolher alguns jogos e brincadeiras aplicálos e solicitar uma pesquisa a seus alunos so bre a origem desses jogos Poderá fazer o inverso também solici tar que as crianças façam uma pesquisa e apresentemna em aula na qual poderão fazer a atividade 77 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Veremos agora o texto Jogo chinês traduzido de Orlick Jogo Chinês Os dragões É certo que a China quase sempre está associada a dragões Neste jogo portanto um grupo de crianças forma um dragão passando seus braços ao redor da cintura da pessoa da frente A cabeça do dragão representada pela primeira pessoa da fila tenta pegar o rabo representado pela última pessoa da fila caso consiga o dragão canta uma canção e dança as crianças trocam suas posições e começam assim um novo dragão Normalmente para se formar um dragão é necessário cerca de dez crianças e algumas vezes este jogo pode ocorrer dentro de uma área restrita de até 10 metros quadrados ORLICK 1978 n p Observe a Figura 4 que representa o jogo retratado Figura 4 Jogo chinês Embora não conheçamos muitos dos costumes chineses é fato que os dragões são figuras extremamente representativas desta cultura Não é de se estranhar portanto que as crianças re tratem esse costume em suas brincadeiras Outro jogo muito parecido vem de Maputo capital de Mo çambique Jogos e Brincadeiras I 78 Nele jogam meninas de 8 a 13 anos em um espaço aberto sem uso de material A descrição do jogo de acordo com Prista Tembe e Edmundo 1992 p 4849 é a seguinte Jogo de Moçambique DISPOSIÇÃO INICIAL As jogadoras formam uma coluna agarrandose umas às outras pela cintura Uma jogadora fora da coluna a ladra colocase em frente da mesma DESENVOLVIMENTO A primeira jogadora da coluna representa a Mãe que protege os seus filhos A jogadora que se faz de Ladra vai roubar as filhas segundo o processo que se descreve A jogadora Mãe canta Mamana ntxengo ntxengo vana vanga va hela va hela hi chirobo as minhas filhas vão ser todas roubadas serão todas levadas atrás de mim A cada verso as filhas respondem em coro Hyou Mamana NichengoNchengo Depois do último verso a Mãe pergunta Hala Nike e ali Ao que as filhas respondem Hala ni hala se ni sivile aqui e ali eu fechei Após esta canção a Ladra começa a roubar uma a uma isto é vai tentar agarrar a última da fila sob a oposição da Mãe que abre os braços e deslocase juntamente com a coluna de filhas Mesmo que com alguma oposição a desvantagem da Mãe é muito grande pelo que a Ladra acaba sempre por conseguir roubar todas as filhas que vão sentar em fila e de pernas cruzadas Quando todas as filhas foram apanhadas trocase de mãe e ladra Você notou a semelhança entre as brincadeiras Podemos então dizer que em vários países existem semelhanças entre os jogos e brincadeiras fruto talvez das constantes andanças mu danças de região habitacional dos seres humanos Você conhece outra brincadeira parecida com essa que possa descrever para seus colegas no Fórum O próximo jogo a ser analisado chamase Negação de im posto trazido também de Moçambique A descrição desse jogo conforme Prista Tembe Edmundo 1992 p 44 é a seguinte 79 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Negação de Imposto Local de recolha Niassa Modelo de Jogo Um x todos Idade 10 aos 13 anos Sexo Masculino e Feminino Participantes Vários Material Nenhum Terreno de jogo Área livre Dois grandes círculos desenhados no chão e distanciados a aproximadamente 7 metros Disposição inicial Um jogador é colocado dentro de um dos círculos e os restantes no outro Desenvolvimento O jogador que está sozinho simboliza o sipaio e os restantes a população Entre o sipaio e a população estabelecese o seguinte diálogo Sipaio Meus amigos venham cá População Temos medo Sipaio Medo de quê População Do imposto Sipaio Podem vir não há problema Após esta última frase os jogadores saem do círculo e o sipaio vai agarrar um qualquer à sua escolha A população refugiase no círculo onde estava o sipaio e este por sua vez leva o elemento que foi agarrado para o círculo contrário A partir daqui o processo repetese mas os elementos que forem agarrados passam a se fazer de sipaios aumentando assim o número de elementos a agarrar e diminuindo os que estão a fugir Fim O jogo termina quando todos os jogadores tiverem sido agarrados Esse jogo Negação de imposto é um dos que os pesqui sadores portugueses Prista Tembe e Edmundo 1992 recolheram em Moçambique Podemos perceber que o jogo imita a realidade tendo em vista que Moçambique foi colonizada pelos portugueses e que talvez na época da criação do jogo os adultos pagassem o imposto colonial e reclamassem disso Dessa forma é possível inferir que as crianças lidavam com essa questão fingindo enganar o cobrador de impostos Existem muitos jogos que possuem a mesma estrutura que esta como por exemplo Gavião no qual também se canta uma ladainha e o gavião tenta pegar os pintinhos que atravessam um determinado espaço segundo Friedmann 2004 Jogos e Brincadeiras I 80 Vamos agora analisar o jogo Base quatro Embora não sai bamos a origem do Base quatro ele é um jogo muito popular em São Paulo sendo uma adaptação do beisebol Jogo Base Quatro Inicialmente o grupo é dividido em duas equipes Uma delas a equipe A perma nece em coluna atrás de uma base O jogo acontece em um espaço geralmente grande com quatro bases demarcadas nos cantos em forma de círculo ou de quadrado e uma no centro Os integrantes da outra equipe da equipe B espalhamse pelo local A equipe em coluna recebe um taco e o professor fica em frente à coluna de posse de uma bola Coluna um aluno atrás do outro Fileira um aluno ao lado do outro O professor lança essa bola para o primeiro aluno que está em pé atrás da base de número um Este aluno deverá rebater a bola terá apenas três tentativas para acertála largar o taco no chão e sair correndo percorrendo as demais bases Enquanto isso os alunos que estão espalhados tentarão pegar a bola e parar o aluno que está percorrendo as bases Como isso poderá acontecer Como parar o aluno que está correndo Há três formas Queimando o aluno isto é jogando a bola contra o corpo do jogador que está correndo Queimando a base que está diante do aluno que está percorrendo as bases Por exemplo se ele estiver na base de número dois tentando alcançar a de nú mero três devese queimar esta Encostando a bola no centro o que significa parar o adversário Esse deve retornar para a base em que acabou de passar Cada vez que este aluno consegue passar pelas quatro bases a equipe recebe um ponto Quando um aluno para de correr o professor arremessa a bola para o segundo aluno da coluna equipe A Então este aluno tentará também realizar a corrida pelas quatro bases Se algum outro jogador estiver parado em uma das bases também deverá sair correndo tentando completar a corrida pelas quatro bases Você poderá perguntar quando a outra equipe começará a rebater Há duas formas a Se alguém da equipe adversária pegar a bola no ar e não deixála cair b Ao final de um tempo determinado para a duração da rodada Deve ser estipulado um tempo por exemplo de dez minutos para que haja a troca de lugares A cada troca de lugares a coluna deve se organizar de acordo com a última rodada Você poderá fazer também associação entre uma forma e outra de jogar Pense nessas possibilidades 81 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento No jogo Base quatro muito provavelmente cada criança rebaterá a bola de uma forma diferente Pode até ser que crianças de culturas muito diferentes rebatam a bola de forma parecida mas não igual As crianças norteamericanas e japonesas que vivem em pa íses onde o beisebol é bem difundido certamente apresentarão uma forma de rebater parecida com a dos rebatedores profissio nais Concluise que um movimento corporal é influenciado pela cultura até mesmo quando não há a exigência da técnica Mas vamos analisar também outra adaptação do beisebol Mais uma vez veremos um jogo compilado de Orlick 1978 n p que estudou diferentes culturas procurando observar como a co operação se dava por meio dos jogos Apresentamos a seguir o beisebol do Alasca Beisebol do Alasca Pode ser praticado em qualquer espaço ao ar livre É igual ao beisebol mas sem a necessidade de correr para as bases O grupo deve dividirse em duas equipes a equipe A denominada campo e a equipe B batedor Os componentes da equipe batedor colocamse em coluna enquanto a equipe campo permanece espalhada preparandose para receber a bola O primeiro batedor deve arremessar uma bola de borracha o mais longe possível e correr ao redor de sua própria coluna A equipe A tentará pegar essa bola O primeiro membro da equipe que conseguir pegála para no lugar e os outros jogadores do campo colocamse rapidamente em coluna atrás dele Passase a bola por debaixo das pernas de toda a coluna Quando a bola chegar ao último este então grita ALTO Neste instante o jogador da outra equipe que estava correndo deve parar imediatamente As equipes trocam de função Quando os jogadores aprenderem corretamente o jogo o arremesso ora de uma equipe ora de outra pode ser feito rapidamente sem se perder tempo fazendo o jogo ficar bem dinâmico Jogos e Brincadeiras I 82 Essa última observação nos fornece a ideia de que sendo o Alasca um local extremamente frio quanto mais dinâmico o jogo for melhor será Procure responder às questões a seguir A facilidade ou não em respondêlas lhe dará uma ideia de quanto incorporou do tex to 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Por meio da elaboração de um conceito de cultura que deverá ser constru ído a partir do texto estudado explique por que as crianças não nascem sabendo jogar 2 Qual é a relação que você pode estabelecer entre uma determinada cultura e as possibilidades que uma pessoa tem para brincar Você consegue encon trar exemplos disso no texto 3 O que é cultura corporal de movimento Que relação ela estabelece com o ensino da Educação Física na escola 4 O que se pode ensinar na escola tendo o jogo e a brincadeira como conteú dos da cultura corporal de movimento 5 Depois do estudo desta unidade você é capaz de apontar os motivos que facilitam o ensino deste conteúdo nas escolas 9 CONSIDERAÇÕES Há duas possibilidades de se iniciar o trabalho com os jogos O professor poderá observar os jogos que as crianças re alizam espontaneamente e com base neles aprimorar o conhecimento dos alunos O professor poderá propor jogos que as crianças não co nheçam ou que conheçam pouco e com base neles apri morar o conhecimento dos alunos 83 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Por ora esperamos que você tenha compreendido a impor tância de se trabalhar o conteúdo jogo com base em uma visão da cultura e da cultura corporal de movimento Os exemplos aqui citados refletem como a cultura de jogos modificase a todo instante representando assim o que a socie dade vive Analisar a história dos jogos bem como a História em geral faz que revivamos um passado que com certeza influencia rá nosso futuro Você concorda com essa afirmativa Você poderá discutir com seus colegas de curso sobre as ob servações realizadas nesta unidade concordando ou discordando delas O importante é formar sua própria opinião Você poderá a partir de agora observar crianças e adultos brincando e tentar refletir sobre o que está acontecendo Compare as brincadeiras atuais e as da sua infância Algo mudou Em caso positivo tente pensar no que foi alterado e o que isso representa Enfim quando estudamos algo com um pouco mais de pro fundidade mudamos nossa forma de pensar e até mesmo de agir Dessa forma é possível que você veja os jogos de forma dife rente a partir de agora Mas isso não impedirá que eles continuem lhe proporcionando prazer e representando uma magia única a de simplesmente jogar 10 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Aula de Educação Física Disponível em httpwwweducacionalcombr uploadblogSite4673467306611665Sabrina1308251jpg Acesso em 29 fev 2012 Figura 3 Jogos infantis quadro de Brugel Disponível em httpwwwenglishemory educlassespaintingspoemsgamesjpg Acesso em 29 fev 2012 Figura 4 Jogo chinês Disponível em httparquivochinafileswordpress com2007030702100162anonovochinespicbywilliamtleedragaojpg Acesso em 29 fev 2012 Jogos e Brincadeiras I 84 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais educação física Brasília MECSEF 1997 BROUGÈRE G Jogo e educação Porto Alegre Artes Médicas 1989 ELKONIN D Psicologia do jogo São Paulo Martins Fontes 1998 FORQUIN J C Escola e cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar Porto alegre Artes Médicas 1993 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 FRIEDMANN A A arte de brincar brincadeiras e jogos tradicionais Petrópolis Vozes 2004 GALVÃO Z A construção do jogo na escola Revista Motriz São Paulo v 2 n 2 p 107 110 1996 GALVÃO Z RODRIGUES L H SANCHES NETO L Cultura corporal de movimento In DARIDO S RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 HEINZ A ROTHENBERG L Ensino de jogos esportivos Rio de Janeiro Ao Livro Técnico 1984 HERRERO M FERNANDES U FRANCO NETO J V Jogos e brincadeiras do povo Kalapalo São Paulo SESC 2006 KISHIMOTO T M Jogos infantis o jogo a criança e a educação Rio de Janeiro Vozes 1993 ORLICK T Libres para cooperar libres para crear nuevos juegos y deportes cooperativos Barcelona Paidotribo 1978 PRISTA A TEMBE M EDMUNDO H Jogos de Moçambique Portugal INEF 1992 RANGEL I C A Jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física In DARIDO S C MAITINHO E M Pedagogia cidadã Caderno de formação Educação Física 2007 RANGEL I C A Org Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 SCAGLIA A J RANGEL I C A Manifestação dos jogos In BRASIL Ministério da Educação e Cultura Jogo corpo e escola n 3 Brasília Centro de Educação a Distância Universidade de Brasília 2004 Programa Segundo Tempo SOARES et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 EAD Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo 3 1 OBJETIVOS Estudar o significado de dimensão dos conteúdos e suas possibilidades diante do conteúdo jogo Entender cada uma das dimensões conceitual procedi mental e atitudinal relacionandoas ao conteúdo jogo Verificar a aplicabilidade das dimensões do conteúdo jogo na prática pedagógica da Educação Física 2 CONTEÚDOS Dimensões do conteúdo jogo conceito e divisão Conteúdo conceitual e jogo Conteúdo procedimental e jogo Conteúdo atitudinal e jogo Aplicando as dimensões do conteúdo jogo Jogos e Brincadeiras I 86 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 A Profª Adriana Friedmann é autora de vários livros que analisam eou retratam jogos e brincadeiras de infância Leia esses livros nos quais constam figuras e desenhos que facilitam a compreensão de inúmeros jogos bem como do significado da infância a fim de aprimorar seus conhecimentos sobre jogos de forma integral 2 Procure conhecercompreender o significado dos Pa râmetros Curriculares Nacionais Este documento será muito importante em sua prática profissional pois foi criado pelo MEC e serve de parâmetro para todas as dis ciplinas incluindo a Educação Física 3 Caso não entenda algum dos conceitos ou significados deste caderno procure orientação com seu tutor Não siga sem essa compreensão 4 Estabeleça relações entre o que foi aprendido nas duas primeiras unidades e o que será apresentado a seguir Lembrese sempre que aprender algo novo verifique se condiz com o que você já sabe 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Como vimos nas unidades anteriores o jogo faz parte da cul tura humana o que nos permite dizer que o lado humano do Ser pode ser visto quando as pessoas jogam e brincam A facilidade com que se aprende a jogar pode levar à ilusão de que não há necessidade de alguém no caso um professor para ensinar outra pessoa a jogar O que se por um lado não é neces sariamente verdade por outro também não é falso Aprendese a jogar na rua com a televisão por meio de um manual jogos de tabuleiro ou video game ou até mesmo observando alguém jo gar e perguntando aos outros como se joga 87 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo Entretanto jogar na escola revestese de outro valor o edu cacional Na escola não jogamos por jogar não jogamos pelo prazer de jogar jogamos para aprender mais O jogo na escola apresenta uma intenção a mais pois é educacional ou seja uma junção do prazer de jogar com o prazer de aprender Sendo o jogo um meio e um fim da educação um conteúdo e uma estratégia de ensino é compreensível que até mesmo a tele visão o considere mais do que um jogo já que há algum tempo uma propaganda comercial utilizou esse trocadilho Se há uma intenção na Educação e na Educação Física em particular há necessidade de alguém que gerencie esse objetivo a mais Nesse ponto o professor é quem vai fornecer as diretrizes para uma visão ampliada sobre o jogo que inclua valores em seu ensino e aprendizagem Há valores culturais cognitivos afetivos motores e sociais que podem ser transmitidos por intermédio dos conteúdos tais como os jogos Para tanto podemos dividir essas intenções em dimensões e para cada faixa etária que for trabalhada na escola podese optar por uma ou mais dimensões Mas o que seriam es sas dimensões Como incluir o conteúdo jogo nessa divisão É o que veremos a seguir Boa leitura 5 DIMENSÕES DO CONTEÚDO CONCEITO E DIVISÃO Há algum tempo quando um professor ensinava um novo jogo aos alunos geralmente recorria a jogos que ele já conhecia ou procurava a descrição desse jogo em algum livro Com essa des crição chegava à quadra ou a outro espaço da escola destinado às suas aulas dava aos alunos as informações gerais sobre o jogo e iniciavao Depois apitava conforme as regras tirava algumas dú vidas que surgiam no decorrer do jogo e encerravao quando ba tia o sinal ou quando as crianças cansavam enjoavam de jogar Jogos e Brincadeiras I 88 Até aqui nada de mais Entretanto vamos refletir a partir desse momento sobre como as crianças aprendem e sobre o quê elas aprendem Quando aprendemos um jogo aprendemos a manipular algo uma bola um bastão uma corda aprendemos a trabalhar um movimento com mais velocidade ou agilidade correr flexio nar girar agachar e memorizamos as regras necessárias para esse jogo Entretanto quando jogamos fazemos algo mais interagimos com um objeto ou com pessoas gostamos ou não gostamos de ganhar e perder discutimos se achamos alguma injustiça ou erro proposital enfim estamos presentes de corpo e alma no jogo Ao conjunto de ações pensamentos e sentimentos que par ticipam do jogo ninguém até então havia dado um nome ou in dicado algo que facilitasse e ajudasse o professor a trabalhálo Embora não diretamente ligada ao ensino da Educação Física a partir da teoria de um autor espanhol chamado Cesar Coll e de seus colaboradores começamos a pensar que o processo ensino aprendizagem poderia ser dividido para assim facilitar e ampliar os horizontes do que é ensinado na escola Com essa perspectiva e a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 939496 surgiram os Parâmetros Curricula res Nacionais PCNs documento escrito para nortear o trabalho dos professores de todas as disciplinas ou componentes curricula res Esse documento sugere que cada um dos conteúdos de qual quer disciplina seja dividido em dimensões chamadas conceitu al procedimental e atitudinal Como componente curricular da Educação Básica a Educa ção Física também recebeu o mesmo tratamento referente aos conteúdos ou seja os conteúdos da cultura corporal de movi mentos jogo ginástica atividades rítmicas e expressivas esporte lutas e conhecimento sobre o corpo foram divididos nessas três dimensões BRASIL 1997 Os conteúdos são apresentados segun do sua categoria 89 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo conceitual fatos conceitos e princípios procedimental ligados ao fazer atitudinal normas valores e atitudes A Educação Física ao longo de sua história no espaço esco lar privilegiou ao contrário das demais disciplinas o conteúdo procedimental O saber fazer era inclusive avaliado os professo res marcavam um tempo e os alunos deveriam fazer abdominais por exemplo Ao final do tempo marcado o professor perguntava quantos abdominais cada aluno havia feito e consultava uma tabe la A partir dessa tabela era dada uma nota ao aluno Já os professores das demais disciplinas solicitavam datas nomes regiões acontecimentos e geralmente davam aos alunos uma nota obtida por meio de uma prova escrita Felizmente hoje tanto as avaliações de Educação Física quanto as das demais disci plinas estão mudando Por outro lado na Educação Física havia alguns professores que tratavam de conhecimentos teóricos sobre o jogo geralmente sua história e suas regras mas isso não era citado na programa ção da disciplina Durante as aulas muitos valores tais como o respeito às regras e aos demais colegas a resolução de conflitos e a colaboração eram também discutidos porém estavam no que durante muito tempo se convencionou chamar de currículo ocul to A Educação Física sempre trabalhou com conceitos e atitudes sem que no entanto seus professores soubessem explicar direito como isso entraria no planejamento Segundo Zabala 1998 há atualmente uma tentativa de se entender de forma mais ampla o conceito de conteúdo Assim em seu planejamento você poderá colocar tudo a respeito do jogo e que julgue interessante que os alunos conheçam Damos o nome de dimensões dos conteúdos a essas técnicas Ampliaremos a vi são de jogo a fim de mostrar ao aluno tudo que se conhece sobre o jogo conceito como podemos jogálo como modificar o modo de jogar procedimento e o que acontece com o aluno e seus companheiros de turma durante o jogo atitudes Jogos e Brincadeiras I 90 Entretanto já antecipamos que uma dimensão do conteúdo pode não existir sozinha sendo possível que venha acompanhada de outras mas o professor naquela aula saberá a qual dimensão estará dando maior ênfase não se esquecendo de levar em consi deração também a faixa etária dos alunos Cada dimensão do conteúdo deve fazer sentido para as crianças Não adianta conversar com os alunos sobre conceitos que eles não consigam entender A seguir apresentaremos mais detalhadamente as três dimensões utilizando exemplos relacio nados aos jogos Esperamos que esses exemplos forneçam a você uma ideia clara sobre essas dimensões No entanto caso isso não ocorra solicite mais informações ao seu tutor e discutaas com seus colegas no Fórum 6 JOGO DIMENSÃO CONCEITUAL A dimensão conceitual indica que podemos aprender con ceitos e fatos relacionados ao conteúdo jogo Esta dimensão pro cura responder às seguintes questões o que se deve saber sobre o jogo O que você sabe sobre a cultura dos jogos que aprendeu a praticar em sua infância Jogar é muito interessante mas vivemos em uma época em que todo tipo de informação chega às crianças assim elas já não se satisfazem apenas em jogar de forma que criar uma cultura do conhecimento sobre o jogo é tão importante atualmente quan to ensinar a jogar É claro que dependendo da idade da criança as informações deverão ser transmitidas em linguagem simples Também haverá a necessidade de em determinado momento re petir as informações pois as crianças poderão esquecêlas se não forem muito utilizadas Nas aulas de Educação Física o professor poderá ano a ano aumentar a complexidade das informações conforme for aumen tando a idade da criança As crianças ultimamente são bombar 91 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo deadas de informações portanto não se contentam apenas em fazer querem também saber por que e para que fazem a atividade Como mencionado anteriormente a dimensão conceitual do conteúdo diz respeito ao que se deve saber sobre algo estando este algo ligado a fatos conceitos e princípios Você pode estar pensando neste momento em relação aos jogos como poderíamos tratar essa dimensão na escola Para aprender conceitos fatos e princípios relacionados aos jogos o aluno poderá realizar pesquisas na internet em jornais revistas livros na sua comunidade pais familiares vizinhos ami gos etc Esta pesquisa poderá ser feita na biblioteca da escola na municipal ou até mesmo em casa Mas há ainda outras possibili dades para os professores incentivarem os alunos tais como fazer cartazes brincar de quiz um jogo de perguntas e respostas fazer redações ou um jornal escolar Enfim os conceitos podem ser assi milados de diferentes formas Sugerimos também o uso de jogos de tabuleiros que serão mais bem explorados em outra unidade Mas o que os alunos devem e podem aprender sobre os jo gos Para saber a resposta leia o texto a seguir Aprender sobre a história dos jogos como e onde foram criados quais países jogam os mesmos jogos quais as regras dos jogos e por que elas existem conhecer o repertório de jogos e brincadeiras dos familiares de diferentes gerações conhecer os vários nomes recebidos pelos jogos verificar quais jogos são utilizados para o la zer da população local discutir a diferença entre jogo competitivo e cooperativo etc RANGEL 2007 p 89 Vamos agora a alguns exemplos sobre como ensinarapren der conceitos relativos a jogos Há jogos que foram esquecidos pela humanidade por não terem sido registrados em lugar nenhum Os jogos que conhece mos nem sempre foram retratados em livros jornais ou revistas já que tal método começou a ser adotado há pouco tempo especial mente a partir do século 20 Jogos e Brincadeiras I 92 Algumas formas de jogos foram simplesmente passadas de boca em boca e por essa razão acreditamos que a humanidade perdeu muitas informações em relação aos jogos Mas isso não aconteceu apenas com os jogos mas também com as músicas comidas e bebidas de diversas culturas Algumas culturas conse guiram preservar muito mais suas raízes do que outras que quan do sofreram invasões precisaram se adaptar à cultura invasora transformandoa também Os índios brasileiros por exemplo praticavam uma série de jogos que foram esquecidos Você poderá solicitar aos seus alunos que pesquisem e descrevam algum jogo indígena o que certa mente enriquecerá a cultura deles Este é um conceito sobre o jogo que eles aprenderão A seguir apresentamos um jogo chamado Toloi Kunhüg que foi pesquisado junto aos índios Kalapalos que vivem no Alto Xingu Este jogo já estava esquecido mas foi revivido pelas pesso as mais antigas da tribo Leia o texto a seguir de Herrero Fernandes e Franco Neto 2006 p 152 que retrata o referido jogo Toloi Kunhüg Situação esquecido foi praticado novamente em agosto de 2005 Material utilizado nenhum No de participantes indefinido Quem pratica número indefinido de crianças e um adolescente ou adulto Local praia da lagoa ou rio Ocasião não definida O que desenvolve concentração velocidade de movimento agilidade e percepção de tempo de reação Quem propõe a brincadeira seja adulto seja criança automaticamente passa a ser o gavião e dono da brincadeira O gavião desenha na areia uma grande árvore com muitos galhos e cada criança convidada a brincar finge ser um passarinho Cada passarinho monta o seu ninho com areia no galho que escolher e sentase lá O gavião sai à caça dos passarinhos que então saem dos seus ninhos e se reúnem em um local bem próximo à árvore desenhada batendo os pés no chão 93 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo e provocandoo com uma graciosa cantoria Enquanto isso o gavião avança lento e rasteiro encolhido agachado na direção dos passarinhos Já bem perto do grupo erguese de um pulo e tenta apanhálos enquanto os passarinhos por sua vez correm em todas as direções fazendo muitas manobras para distrair o gavião refugiandose quando necessário nos ninhos anteriormente desenhados no chão O gavião quando consegue apanhar um dos passarinhos prendeo no seu refúgio local próximo do pé da árvore Quando todos exceto um estiverem presos esse único que foi caçado se transforma no novo gavião e passará a ser o dono da brincadeira que recomeçará Você também pode solicitar aos alunos que pesquisem exemplos de jogos conforme a região do país e o meio ambiente em que vivem outras crianças Vamos ao exemplo de um jogo praticado em regiões que possuem lagos rios ou mar Para conhecêlo leia o texto de Fried mann 2004 p 97 Ricochete Nº de participantes dois ou mais jogadores Material utilizado caco de telha ou pedra achatada Local lagoa rio açude ou mar Um grupo de crianças colocase de frente para uma lagoa rio açude ou mar segurando um caco de telha ou uma pedra achatada Cada uma das crianças tem a sua vez de arremessar o caco ou pedra por sobre a superfície da água de forma bem rasante quase paralelamente à linha da lâmina da água Geralmente o arremesso é feito com o arremessador posicionado fora da água mas pode também ser o caco lançado com o arremessador dentro da água desde que os seus braços estejam livres A pedra deve ricochetear sobre a água o maior número possível de vezes até que perca a força que lhe foi aplicada Será vencedora a criança que conseguir fazer a pedra tocar a água o maior número de vezes Este jogo possui ainda outros nomes como tainha chepear SP comerpão PE galinha dágua RNAL lavarpratos MT peixinho SC polo PR Outro exemplo de jogo típico pode ser visto em Sergipe Nes te jogo cada criança possui cinco castanhas de caju as quais serão utilizadas como pedrinhas O jogo é realizado geralmente no chão batido ou em calçadas Os jogadores sorteiam a ordem de jogar Jogos e Brincadeiras I 94 jogando uma criança por vez Uma das crianças inicia a brincadei ra jogando uma castanha no chão que a criança seguinte tentará empurrar para um buraco no chão ou tirála da calçada jogando sua castanha sobre a do jogador anterior A próxima criança deverá repetir a ação mas poderá escolher sobre qual das castanhas quer jogar a sua Ganha o jogo a criança que empurrar mais castanhas para dentro do buraco ou para fora da calçada Seus alunos poderiam também pesquisar a respeito dos di ferentes nomes e versões que um jogo possui além de sua origem O Jornal Folha de S Paulo 2000 na edição de comemoração do Brasil 500 anos publicou uma matéria que abordava que o jogo conhecido em São Paulo como piquebandeira ou barrabandeira possui outros nomes conforme as diversas regiões do país São eles barramanteiga em Pernambuco salvabandeira em Floria nópolis vitória em Diamantina MG e bandeirinha em Belém PA Esse jogo consiste em um campo com dois times colocados inicialmente em lados opostos separados por uma linha divisória que tentam roubar a bandeira do outro time a qual fica atrás dele O jogador que conseguir chegar até a bandeira sem ser pego fica próximo a ela e é imunizado sem poder mais ser pego No entanto quando este jogador resolver voltar para seu campo deverá perder a imunidade podendo também ser pego Ganha o jogo quem conseguir levar a bandeira do adversário para seu cam po sem ser tocado por ninguém do time adversário As crianças poderiam fazer uma lista de jogos que conhe cem e comparála com uma lista de jogos que seus professores de outros componentes curriculares conhecem Para tanto a criança teria de fazer uma pequena pesquisa com os professores Podem ser discutidos também as regras seus princípios quando e como podem ser modificadas enfim há uma gama enorme de possibilidades para se trabalhar com a dimensão con ceitual dos jogos na escola 95 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo A mídia também pode ser utilizada durante o desenvolvi mento dos conceitos relativos aos jogos Em relação à mídia Rangel e Darido 2005 p 167 afirmam que As diferentes mídias em especial a TV têm uma influência bastante grande na construção do imaginário infantil Na prática dos jogos e brincadeiras esta influência ocorre sobretudo com as informações advindas dos videogames já que a TV fonte poderosa dirige a sua programação mais para os esportes e práticas de exercícios fí sicos Por exemplo uma parte das crianças brasileiras tem acesso a dife rentes jogos de videogames Nesta temática talvez se possa su gerir aos alunos que transformem esses jogos de videogames em atividades de prática e reflexão nas aulas de Educação Física Esta poderia ser uma alternativa para motivar os alunos a criar um jogo ao mesmo tempo em que podem ser oferecidas possibilidades de vivências e de novas aprendizagens A dimensão conceitual não deve ser aplicada somente nas chamadas aulas teóricas Não que o professor não possa dar aulas teóricas da mesma forma que um professor de outro com ponente curricular Mas não pode haver o exagero de achar que trabalhar com a dimensão conceitual significa trabalhar em uma sala fechada com lousa etc 7 JOGO DIMENSÃO PROCEDIMENTAL O conteúdo procedimental é o mais conhecido pela Educa ção Física Esta disciplina reúne atividades físicas cada uma delas agrupadas no que hoje é denominado jogo ginástica conhecimen to sobre o corpo atividades rítmicas e expressivas lutas e esporte No tocante aos jogos como já vimos na Unidade 1 há mui tas possibilidades de subdividilos Vários autores fizeram e ainda fazem propostas de agrupamento entretanto acreditamos que uma classificação e um agrupamento final dos jogos sejam impos síveis porque todos os dias são criados e recriados diferentes ti pos de jogos Jogos e Brincadeiras I 96 Para as crianças especialmente o que interessa é jogar e esta também é uma forma de se aprender afinal de contas não foi apenas pela oralidade que alguns jogos chegaram até nós mas também pelo fato de jogarmos Isto representa justamente o que se chama de dimensão procedimental do conteúdo A pergunta que se faz nessa dimensão é o que se deve saber fazer No caso do jogo o que se deve saber jogar A dimensão do conteúdo procedimental está ligada justa mente à possibilidade de execução do jogo visto que jogando os alunos estão aprendendo Mas além disso eles podem por exemplo aperfeiçoar seu jogo melhorar a qualidade de execução de um determinado jogo aprender a jogar com as habilidades mo toras que menos conseguem executar aumentar a dificuldade do jogo transformar e criar novas formas de se jogar dentre outras possibilidades Jogar todos os tipos de jogos pode aumentar a possibilida de de trabalho do professor de Educação Física desde que este compreenda que não há idade para se jogar pois os jogos além de serem universais não apresentam preconceitos Se estudar mos bem suas possibilidades veremos que podem ser adaptados a qualquer idade sexo e deficiência Eles também podem ser joga dos em qualquer lugar com diferentes tipos de materiais com ou sem materiais mas é preciso que haja sempre boa vontade para que se realizem as devidas adaptações As crianças quando aprendem um jogo novo geralmente não querem mais parar de jogálo Mas oferecem resistência às mudanças sendo preciso instigálas a aprender assim como é ne cessário conhecer a faixa etária para se escolher quais os melhores jogos quais se adaptam à compreensão das crianças e quais po dem motiválas mais Tudo isso faz parte de um processo educa cional Vejamos portanto alguns exemplos de utilização do jogo na dimensão procedimental 97 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo 1 Você pode utilizar os jogos citados anteriormente e en sinar as crianças a jogálos Como são jogos pouco co nhecidos ou totalmente desconhecidos em algumas regiões as crianças certamente se envolverão com a novidade Alguns jogos entretanto requererão algumas adaptações Abandone a prática dos que não sejam pos síveis reproduzir em sua região ou contexto escolar Nes tes casos apenas a informação conceitual será possível Paciência 2 Um dos jogos mais tradicionais é o jogo de pegador ou de pegapega Cada cultura cria tipos diferentes desse jogo que pode ou não incluir personagens tais como animais pessoas etc bem como adotar outros nomes duro ou mole americano polícia e ladrão corrente etc Desde pequenas as crianças já brincam de pega pega brincando de fugir inicialmente dos pais 3 Na escola com as crianças de cerca de três anos de ida de o professor já poderá brincar de pegapega sendo ele o pegador Mais tarde as crianças passam a exercer esse papel tentando pegar as demais 4 Muito cuidado com o espaço Retire objetos que possam fazer as crianças tropeçar e cair Caso não seja possível retirálos faça proteções com tecidos espuma plástico bolha etc Muitas crianças dessa faixa etária não têm medo de se arriscar e acabam sofrendo acidentes O me lhor é proteger sempre as crianças dos locais perigosos 5 Geralmente todas as crianças menores querem ser o pegador Alguns se deixam pegar só para ser o alvo de atenção do professor Podemos ir aumentando a com plexidade do pegapega retirando por exemplo os lo cais de pique onde elas podem descansar e mais tarde colocando obstáculos que não podem ser derrubados O pegapega pode também ser do tipo ajudaajuda no qual uma criança pode salvar a outra Esta ajuda pode ser estendida reunindo o grupo todo até se transformar em um jogo cooperativo em que todos se ajudam Jogos e Brincadeiras I 98 6 Outra possibilidade é a transformação do jogo A profes sora Zenaide Galvão por exemplo trabalhou de forma bem interessante com a transformação de jogos Veja o texto a seguir Ela solicitou a alunos de oito anos que cursavam o antigo CB Ciclo Básico em São Paulo composto pela primeira e segunda sé rie que modificassem a queimada apresentandoa nas aulas de Educação Física desenhandoa com giz no chão discutindo a ativi dade com as outras crianças Estas modificações exigiam a solução de algum problema como por exemplo na forma de dividir a equi pe ou de nenhum jogador ficar sem atividade Muitas crianças pas saram a se interessar pela forma correta de escrever e interpretar o que outra havia escrito Esta necessidade criada pela professora de Educação Física observou vários princípios o de criatividade resolução de problemas de escrita e até mesmo relação e repre sentação espacial tanto dos desenhos no papel quanto do jogo na quadra As crianças aprenderam a discutirconversar em aulas de Educação Física Entre as duas professoras havia uma interação que envolvia a cognição a afetividade e a sociabilidade RANGEL 2007 p 91 O professor deve pedir a ajuda dos alunos para ir mo dificando o jogo Cada vez que isso for feito as regras devem ser estudadas e assim ficarão conhecidas por to dos Mas lembrese de que para as crianças o melhor do jogo é jogar logo sempre que possível o professor deve jogar junto com elas 7 Por fim sugerimos a criação de jogos Estes podem ser vir para resolver problemas que os professores enfren tam como por exemplo em relação à coeducação me ninos e meninas podem não se entender nas aulas por exemplo à falta de matérias e espaços à indisciplina entre outros Observe o seguinte exemplo Jogo da Ângela Este jogo foi inventado por uma aluna chamada Ângela daí sua denominação Consiste no seguinte Dividir a turma em três equipes Cada equipe recebe uma bola de cor diferente Cada bola possui uma pontuação por exemplo amarela 10 pontos verde 20 pontos vermelha 30 pontos 99 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo O objetivo do jogo é durante um minuto passar a bola entre os jogadores de sua própria equipe A bola não pode retornar para quem acabou de passála não vale voltar a bola Os jogadores não podem parar ou andam ou correm A cada um minuto trocamse as bolas até que todas tenham pas sado pelas equipes Ganha a equipe que conseguir ao final de um tempo determinado que deve ser múltiplo de três somar o maior número de pontos As demais regras necessárias serão adaptadas pelos jogadores Dependendo da turma o jogo pode ser realizado com uma equipe tentando tirar a bola das outras duas No entanto somente depois de as crianças aprenderem a dinâmica do jogo é que esta regra deve ser inserida e é claro por ser um jogo de contato certamente faltas acontecerão e será necessário colocar como se realizarão as cobranças destas faltas Para isto os próprios alunos poderão cola borar determinando como serão estas cobranças RANGEL 2007 p 102 Nesta dimensão a do conteúdo procedimental é interessan te que o professor forneça uma gama diversificada de jogos aos alunos usando e abusando da criatividade tanto do próprio pro fessor quanto dos alunos Jogos e habilidades motoras Com relação aos procedimentos os jogos utilizam as dife rentes habilidades motoras que conhecemos tais como arremes sar quicar rebater passar chutar rolar receber esquivar flexio nar cabecear desviar girar andar saltar e correr O professor pode dessa forma fazer uma análise de um jogo verificando quais habilidades motoras estão nele envolvidas quais delas os seus alunos estão precisando executar mais quais eles ainda desconhecem Mas o professor pode também fazer o inverso verificar quais habilidades motoras os alunos não conhe cem e com base no resultado escolher um jogo que auxilie este aprendizado Jogos e Brincadeiras I 100 Veja por exemplo as duas situações destacadas a seguir Situação 1 O professor aplica o jogo queimada e descobre que seus alunos não têm força e direção para arremessar corretamente Com base nessa observação encontra outros jogos que possam melhorar a força e a direção do arremesso de seus alunos Situação 2 Para que um professor possa trabalhar com a habilidade de rebater muito pouco empregada no Brasil ele poderá escolher por exemplo os jogos de base quatro peteca e pinguepon gue Jogos e capacidades físicas Certamente no estudo de Aprendizagem e Controle Motor você aprenderá os conceitos referentes às capacidades físicas e perceptivas Poderá analisar cada jogo por estes prismas Assim um jogo pode ser visto também como adequado para desenvol ver as capacidades físicas de força resistência velocidade e flexi bilidade O jogo também pode servir para desenvolver as capacidades perceptivas de coordenação olho mão olho pé agilidade rela ção corpo espaço percepção espacial etc Dessa forma já que a dimensão procedimental abrange os movimentos nada mais jus to do que escolher um jogo no qual o desenvolvimento motor de seus alunos possa ser analisado Vamos a um exemplo de como escolher um jogo dependen do da habilidade motora capacidade física ou perceptiva que se queira ensinar aos alunos ou aprimorar Queimada Material utilizado bola Nº de participantes quatro ou mais jogadores 101 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo Local ao ar livre Dividese a quadra ao meio Cada time com igual número de jogadores ficará de um lado da linha O objetivo do jogo é que alguma das crianças do grupo adversário seja queimada isto é que a bola bata no seu corpo e em seguida caia no chão Cada jogador queimado sai do jogo O jogo prossegue até ficar um time sem jogador dando a vitória ao time adversário FRIEDMANN 2004 p 119 Nesse jogo são utilizadas tanto as habilidades motoras de correr desviar esquivar flexionar arremessar receber e estender quanto as capacidades físicas de agilidade velocidade tempo de reação e força de arremesso Em relação às capacidades percep tivas podemos dizer que a coordenação olho mão e olho pé é empregada bem como a relação corpo espaço e corpo corpo do outro Não se esqueça de que cada jogo pode ser analisado tam bém em termos culturais nomes e regiões do Brasil surgimento etc como visto anteriormente Na próxima unidade discutiremos esse jogo sob o olhar da exclusão 8 JOGO DIMENSÃO ATITUDINAL De acordo com Zabala 1998 p 4647 a dimensão atitudi nal do conteúdo engloba uma série de conteúdos que por sua vez podemos agrupar em valores atitudes e normas Cada um destes grupos tem uma natureza suficientemente diferente que necessitará em dado momento de uma aproximação específica Entendemos por valores os princípios ou as idéias éticas que per mitem às pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido São valores a solidariedade o respeito aos outros a responsabili dade a liberdade etc As atitudes são tendências ou predisposições relativamente está veis das pessoas para atuar de certa maneira São a forma como cada pessoa realiza sua conduta de acordo com valores determi nados Assim são exemplos de atitudes cooperar com o grupo ajudar os colegas respeitar o meio ambiente participar das tarefas Jogos e Brincadeiras I 102 escolares etc As normas são padrões ou regras de comportamento que devemos seguir em determinadas situações que obrigam a todos os membros de um grupo social As normas constituem a forma pactuada de realizar certos valores compartilhados por uma coletividade e indicam o que pode se fazer e o que não pode se fazer neste grupo Esta dimensão responde às perguntas como se deve ser ou como se deve agir Em relação aos jogos podemos pensar em como o aluno pode e deve se comportar perante os compa nheiros a pessoa que estiver arbitrando o jogo os adversários o local onde está sendo realizado o jogo etc As ideias éticas que trazemos podem ser aprimoradas du rante um jogo Cada vez que um aluno xinga o juiz está desvalori zando o fato de aquela pessoa estar seguindo as regras do jogo e ajudandoo assim a desenrolarse Neste caso os alunos estarão vivenciando o valor de respeito ao outro A responsabilidade a liberdade e a solidariedade são outros valores que podemos tra balhar em um jogo Sugerimos a inclusão de um momento no início e no final da aula no qual o professor poderá conversar com as crianças A este momento damos o nome de roda da conversa A roda da conversa é um espaço e um momento da aula em que as questões anteriores podem ser discutidas com os alunos Como atitudes entendemos também as tendências ou pre disposições relativamente estáveis de uma pessoa As crianças es tão adquirindo essas disposições e cada vez que elas aparecem repetidamente podese afirmar que a criança adquiriu a atitude Algumas atitudes são esperadas dos alunos durante um jogo tais como cooperar com o grupo ajudar na organização participar ati vamente ouvir os colegas socorrer os colegas auxiliar na arbitra gem ter atitude de fair play com os adversários etc Um jogo envolve a participação de membros de uma socie dade unidos por um mesmo fim jogar Mesmo que subjetivamen 103 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo te há normas que devem ser seguidas caso contrário não estará sendo respeitado determinado valor moral É o mesmo que dizer isso pode e isso não pode ser feito durante o jogo Geralmente cabe ao professor dizer quais são as atitudes esperadas do grupo entretanto os alunos dependendo da idade poderão ditar as normas de conduta a serem obedecidas durante um jogo Aliás quanto mais os alunos tiverem a oportunidade de escolher estas normas mais chances haverá de elas serem autô nomas Enganase quem acredita que um jogo mesmo com a in tenção de educar seja capaz de fazêlo sozinho pois deverá ha ver sempre o trabalho incansável do professoreducador por trás dessa intenção Conversar frequentemente com as crianças discu tindo dentro de seu limite de compreensão as atitudes tomadas durante um jogo auxiliará na formação de seu caráter Há alguns jogos que podem levar à reflexão sobre o que acontece durante a sua realização quais atitudes estão se forman do se alguém está sendo excluído se estão cooperando entre si e a equipe adversária entre outras Os jogos chamados coopera tivos que serão mais bem estudados em Jogos II favorecem a discussão sobre esse assunto o que vale também para os jogos de inclusão nos quais se procura não excluir nenhum aluno inde pendentemente de suas condições físicas ou de suas habilidades Veja um exemplo de jogo que pode ser aplicado dimensão procedimental e posteriormente discutido com as crianças Jogo ajudaajuda Em qualquer jogo dessa natureza o ob jetivo é fazer os jogadores se ajudarem O jogo corrente em que cada jogador que for pego deve dar a mão para quem o pegou formando assim uma corrente que vai pegando os demais jogadores é um exemplo clássico Apenas as crianças das pontas podem pegar as demais ou seja todos passarão pelo menos uma vez por essa po sição Quando a corrente já estiver grande nenhum joga Jogos e Brincadeiras I 104 dor poderá soltar as mãos dos demais devendo colaborar para que seja atingido o objetivo principal que é pegar todos os integrantes do jogo Há outras variações para o jogo corrente Todas as vezes em que a corrente chegar a seis ou a oito integrantes deverá dividirse em duas Assim serão for madas várias correntes Ao invés de o jogo iniciarse com um só jogador poderá haver dois ou mais pegadores iniciantes formando cada qual sua própria corrente Esse tipo de jogo possibilita a discussão sobre as questões da ajuda ao companheiro da cooperação além do contato que se deve ter por meio das mãos dadas Muitas crianças e até mesmo adolescentes não querem dar as mãos Quando estão na fase de divisão entre meninos e meninas por volta dos 6 até os 10 anos os meninos recusamse a dar as mãos para as meninas e vice versa Quando aplicamos esse tipo de jogo geralmente eles nem prestam atenção a esse fato porque o que importa é jogar O pro fessor ao término do jogo poderá levantar então essa discussão 9 APLICANDO AS DIMENSÕES DO CONTEÚDO JOGO O jogo por razões que já verificamos na Unidade 2 é um conteúdo que apresenta uma das maiores facilidades de aplica ção No entanto tendo em vista que a proposta de utilizálo nas três dimensões conceitual procedimental e atitudinal é relati vamente nova é necessário discutirmos essa possibilidade mais detalhadamente Em primeiro lugar é necessário entender que alguns profes sores em sua prática de ensinar já utilizavam essa possibilidade porém sem essa nomenclatura Muitos já ensinavam a história e discutiam as regras dos jogos Discutiam também as questões de disciplina ou indisciplina de respeito e outras questões atitudi nais Qual seria então a diferença 105 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo Trabalhar com as questões conceituais e atitudinais pode fornecer mais segurança ao professor que saberá exatamente a que se propõe trabalhar em uma aula não deixando as questões conceituais e atitudinais em segundo plano ou esperando uma oportunidade de discussão tais como as que ocorrem em dias de chuva ou em alguma briga em aula Além disso é possível inserir no planejamento escolar as di mensões do conteúdo com as quais o professor deseja trabalhar Até então em um planejamento relacionado ao jogo o professor dizia com quais jogos iria trabalhar em termos procedimentais Atualmente os conceitos e as atitudes podem ser incluídos Figura 1 Amarelinha Podemos escolher o jogo amarelinha ilustrado na Figura 1 como proposta de trabalho nas três dimensões Conceitual qual sua origem Como podemos modificá lo Procedimental praticar o jogo original Experimentar as propostas de alterações que forem surgindo Atitudinal há colaboração durante o jogo amarelinha De qual tipo Podemos jogar com outras pessoas Como ajudar para que o jogo se realize E se houver alguma criança com deficiência visual como incluíla Esse exemplo nos fornece a ideia de que as dimensões caminham juntas embora o professor possa dar ênfase a uma Jogos e Brincadeiras I 106 dimensão sempre que necessário Isto significa dizer que pode predominar uma dimensão sem que necessariamente ela tenha que ser empregada sozinha A professora Suraya Darido discutiu muito bem essa questão Veja a seguir qual é a sua opinião Na prática concreta de aula significa que o aluno deve aprender a jogar queimada futebol de casais ou basquetebol mas juntamen te com esses conhecimentos deve aprender quais os benefícios de tais práticas por que se praticam tais manifestações da cultura cor poral hoje quais as relações dessas atividades com a produção da mídia televisiva imprensa entre outros Dessa forma mais do que ensinar a fazer o objetivo é que os alunos e alunas obtenham uma contextualização das informações como também aprendam a se relacionar com os colegas reconhecendo quais valores estão por trás de tais práticas DARIDO 2005 p 68 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Se necessário procure por mais informações acerca dos te mas abordados neste estudo Ademais lembrese de que os ca nais de interação as videoconferências e o Fórum estarão sempre à sua disposição Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Você conseguiu compreender a diferença entre as dimensões do conteúdo jogo 2 Pense em um jogo Agora responda qual o conceito que você poderia tra balhar com seus futuros alunos durante a aplicação desse jogo 3 Pense novamente em um jogo Utilizandoo qual o procedimento que você poderia trabalhar com seus futuros alunos 4 Mais uma vez pense em um jogo Agora responda aplicando esse jogo quais atitudes você poderia trabalhar com seus futuros alunos 5 Você compreendeu que as dimensões dos conteúdos caminham juntas e que você poderá optar pela ênfase em cada uma delas durante suas aulas Comente 107 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo 11 CONSIDERAÇÕES Ao escolher um jogo você deve ter em mente e de prefe rência descritos no plano de aula os objetivos a serem alcançados que variam de acordo com a turma a escola e a época do ano O professor de Educação Física é um profissional que trabalha em um ambiente aberto à mercê até mesmo do tempo atmosférico Esses fatores devem incentiválo a vencer obstáculos e a melhorar cada dia mais suas aulas Nesta unidade você entrou em contato com uma nova pro posta sobre o ensino dos jogos Sempre que possível releia este texto e tente acrescentar seus próprios comentários na folha de anotações Não guarde nenhuma dúvida sobre este conteúdo Em bora seja uma forma diferente de ensinar revestese de grande importância nos dias atuais já que a formação e a informação são caminhos a serem trilhados sempre 12 EREFERÊNCIAS Figura Figura 1 Amarelinha Disponível em httpwwwpenapolisspgovbrftp100anos site100educacaomunicipalemeduc00052htm Acesso em 2 mar 2012 Sites pesquisados ABEC ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA Brincadeiras infantis Disponível em httpwwwabecchPortuguessubsidioseducadoresBrincadeiras Brincadeirasinfantisbrincadeirasinfantishtm Acesso em 2 mar 2012 BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 939496 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03LeisL9394htm Acesso em 1º mar 2012 JOGOS ANTIGOS Disponível em httpwwwjogosantigosnombr Acesso em 2 mar 2012 JUEGOS DEL MUNDO Disponível em httpwwwjovesorgjocshtml Acesso em 2 mar 2012 JUEGOS DEL MUNDO Disponível em httpwwwjuegosdelmundocom Acesso em 2 mar 2012 Jogos e Brincadeiras I 108 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais educação física Brasília MECSEF 1997 DARIDO S C Os conteúdos da Educação Física na escola In DARIDO S RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 FRIEDMANN A A arte de brincar brincadeiras e jogos tradicionais Petrópolis Vozes 2004 HERRERO M FERNANDES U FRANCO NETO J V Jogos e brincadeiras do povo Kalapalo São Paulo SESC 2006 RANGEL I C A DARIDO S C Jogos e brincadeiras In DARIDO S C RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 RANGEL I C A Jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física In DARIDO S C MAITINHO E M Pedagogia cidadã Caderno de formação Educação Física 2007 ZABALA A A prática educativa como ensinar Porto Alegre Artmed 1998 EAD O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil 4 1 OBJETIVOS Apresentar as características do jogo no ensino infantil Entender o jogo e a brincadeira como práticas que auxi liam no desenvolvimento integral das crianças com até cinco anos Apresentar exemplos de jogos e atividades lúdicas que possam ser aplicados no ensino infantil Fazer que o futuro professor entenda que o ensino dos jo gos e brincadeiras pode favorecer os alunos da Educação Infantil no reconhecimento de si mesmo e do mundo nas possibilidades de brincar com elementos da natureza e do espaço físico na ampliação das habilidades motoras 2 CONTEÚDOS O jogo e a brincadeira no ensino infantil Jogos e Brincadeiras I 110 Características do jogo para crianças com até três anos Características do jogo para crianças entre quatro e cinco anos Atividades sugeridas 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 A cada novo aprendizado procure sempre formar sua própria opinião a respeito do tema Um aprendizado é mais eficaz quando somos capazes de levantar nossa própria ideia sobre o assunto 2 Tente se lembrar de sua infância ou se você convive com crianças verifique como elas agem em relação ao jogo 3 Pense no conteúdo como algo que será usado em sua prática profissional Não fique com dúvidas sem respos tas Discuta no Fórum pesquise e leve suas dúvidas ao conhecimento do tutor 4 Leia este caderno com uma postura crítica mas ao mes mo tempo com vontade de aprender Lembrese de que o aprendizado o diferenciará do leigo Bom trabalho 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Iniciaremos agora uma nova fase do estudo de Jogos e Brincadeiras I na qual apresentaremos as características do jogo e das brincadeiras na Educação Infantil e algumas possibilidades de implementálos na Educação Básica na faixa etária do zero aos cinco anos Apresentaremos também algumas características do de senvolvimento das crianças e sugestões de atividades jogos e brincadeiras a serem aplicadas por você no espaço pedagógico da 111 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Educação Infantil Ademais para fazer que você entenda essa tarefa de profes sor partiremos da contribuição do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil produzido em 1998 pelo MEC BRASIL 1998 e de bibliografias específicas que abordam este tema o que será fundamental pois com base nesses dados sugeriremos algumas possibilidades de aplicação do conteúdo jogo Até agora você conheceu alguns aspectos gerais do jogo como suas dimensões histórica cultural social e pedagógica Es peramos que tenha entendido o jogo como conhecimento a ser ensinado pela Educação Física na escola sendo importante para a sua formação tal qual já mencionado no início da Unidade 1 Mas antes vamos conhecer um pouco de como o jogo e a brincadeira foram utilizados pela Educação pois quando falamos em Educação Física Infantil a primeira ideia que vem à nossa men te são crianças brincando A criança vive em plena intensidade engatinha fantasia corre brinca imagina Negar isso é negar sua existência Você sabia que o jogo e a brincadeira são utilizados na edu cação desde a antiguidade Na civilização grecoromana por exemplo antes do nascimento de Jesus pensavase em utilizar jogos e brincadeiras com o intuito de educar as crianças filhos e filhas de cidadãos romanos Nesse período por mais contraditório que possa parecer valorizavase a utilização do jogo e da brinca deira no processo educativo mas não se valorizava a criança ou seja a infância em si Esse pensamento de que as crianças não eram importantes como seres humanos estendeuse por toda a Idade Média Somente a partir do século 16 a criança passou a ser mais valorizada e o jogo e a brincadeira ganharam força educativa no continente europeu Trabalhos e estudos desenvolvidos por pro fessores e educadores daquela época são até hoje levados em Jogos e Brincadeiras I 112 consideração Como exemplo citamos os trabalhos de autores como Comenius 15931670 Rousseau 17121778 e Pestalozzi 17461827 Um pouco mais tarde já no século 19 autores como Frie drich Froebel 17821852 Maria Montessori 18701909 e Ovide Decroly 1871 1932 pesquisando sobre a importância da educa ção e das escolas para o desenvolvimento das crianças pequenas romperam com as formas educativas pautadas na educação verbal e tradicionalista de sua época e propuseram uma educação dos sentidos baseada na utilização de alguns jogos WAJSKOP 1997 Talvez seja próprio dizer que no Brasil apenas no final do século 20 com a publicação da nova Constituição Federal de 1988 o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 e com a Nova Lei de Diretrizes e Bases LDB939496 a Educação Infantil foi tratada como um direito de todas as crianças e não apenas das crianças filhas de mães trabalhadoras GALHARDO 2005 Agora apresentaremos alguns pontos importantes a serem aprendidos por você e que revelarão por que a linguagem do jogo e da brincadeira é fundamental para o desenvolvimento das crian ças pequenas Ressaltamos que quando nos referimos às crianças pequenas estamos situandoas no período de desenvolvimento que se inicia ao nascer e se estende até em torno dos cinco anos de idade Para nós criança é aquele ser que está imerso desde o seu nascimento em um contexto social que a identifica como ser histórico e que pode por isso ser modificado Segundo a professora Wajskop 1997 p 25 A criança desenvolvese pela experiência social nas interações que estabelece desde cedo com a experiência sóciohistórica dos adul tos e do mundo por eles criado Desse modo o jogo e a brincadei ra são atividades humanas nas quais as crianças são introduzidas constituindose em um modo de assimilar e recriar a experiência sóciohistórica dos adultos Wajskop 1997 diz ainda que a brincadeira na dimensão sóciohistórica e antropológica possui uma semelhança muito 113 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil grande com as manifestações da arte ou seja tratase de uma ati vidade em que as pessoas se envolvem dentro de determinados contextos específicos culturais e sociais para assimilarem apren derem e entenderem o mundo em que vivem Não se esqueça de que este é mais um momento para apren der portanto não tenha receio de participar das atividades intera tivas acerca do tema desta unidade Aproveite Boa leitura 5 JOGO NO ENSINO INFANTIL Segundo Brougère 1998 Não existe na criança um jogo natural A brincadeira é o resultado de relações interindividuais portanto de cultura A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social Aprendese a brincar Partindo desse princípio podemos compreender então que a criança se interessa desde muito cedo por brincar Esta é uma forma variada de ela explorar a si própria e o ambiente ao seu redor Nesse sentido afirma o RCNEI BRASIL 1998 p 14 na sua versão preliminar que o brincar é uma atividade sociocultural originase dos valores hábitos e normas de uma determinada co munidade ou grupo social Sua natureza é sociocultural na medi da em que as crianças brincam com aquilo que elas já sabem ou imaginam que sabem sobre as formas de relacionarse de amar e de odiar de trabalhar de viver em grupo ou sozinhas de interagir com a natureza e com os fenômenos físicos etc de um determi nado grupo social que pode ser sua família a comunidade à qual pertencem ou outras realidades Nessa atitude de brincar ela demonstra suas emoções so cializa o seu mundo interior e o exterior demonstra por meio do faz de conta do imaginário do imitativo a sua realidade social Jogos e Brincadeiras I 114 e muitas vezes emocional A criança quando brinca consegue transitar livremente no seu mundo da fantasia estabelecendo um diálogo com a realidade Quando as crianças estão brincando po demos notar a satisfação que elas sentem no decorrer da brinca deira Como já dissemos esse processo não acontece de forma na tural e espontânea Queremos deixar claro portanto que conce bemos o processo de aprender com os diferentes conhecimentos como um caminho que se constitui na relação entre o sujeito e o mundo da cultura Quem nos ensina isso é o psicólogo russo Levi S Vygotsky 1897 1934 o qual enfatiza em sua teoria histórico social o papel das linguagens e o brincar é uma delas no de senvolvimento das crianças Vygotsky 2007 considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores humanas como a atenção a memorização e a abstração são construídas ao longo do tempo Para ele a criança é interativa Ela usa as inte rações sociais como forma privilegiada de acesso a informações visto que ela aprende a regra do jogo por intermédio dos outros e da qualidade das relações que estabelecem e não como um enga jamento individual na solução de problemas Essas relações favorecem a formação humana ou seja a criança internaliza com base na sua interação social os conhe cimentos necessários para o seu desenvolvimento O jogo nesse sentido é fonte de conhecimento pois possibilita significados para a criança entender o mundo em que vive Freire 1989 professor de Educação Física também nos en sina que a criança é puro movimento e sendo ativa apresenta necessidades de movimentarse que estão intimamente ligadas às exigências de seu desenvolvimento físico e psíquico A criança é para nós movimento ritmo sons e cores Todos nós podemos claramente visualizála como um ser em desenvol vimento quando observamos sua vivacidade seu andar correr pu lar rolar engatinhar equilibrar escalar jogar etc 115 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Dentro desse vasto universo de movimentos que vivencia a cada instante a criança gradualmente passa a conhecer as pos sibilidades de ação que seu corpo lhe proporciona e inerente a estas descobertas visualiza o mundo que a cerca Neste aprendizado dos movimentos a criança realiza gestos com muita alegria por estar motivada pelas próprias exigências co locadas pelo seu ambiente cultural e pela possibilidade do exercí cio realizado com liberdade O problema é que muitos adultos consideram esse movi mentar como algo que atrapalha ou como perigoso e muitas vezes impedem as crianças de se movimentarem livremente im pondo castigos e repreensões que tolhem seus movimentos Ou tro problema é a falta de espaço experimentada principalmente em cidades grandes ou em apartamentos pequenos Atualmente o perigo das ruas tem surtido o mesmo efeito crianças aprisio nadas Quando as crianças ingressam nas escolas percebemse a imobilidade e o aprisionamento nas carteiras escolares Outro agravante são escolas alocadas em casas pequenas com um pe queno quintal alguns brinquedos e um tanque de areia onde nem sempre cabem todas as crianças de uma classe ao mesmo tempo Todo esse quadro assustador leva a crer que só nas aulas de Educação Física as crianças podem brincar correr enfim ser final mente crianças Acreditamos que o jogo como parte do conteúdo da Educa ção Física tem que assumir na escola características que se aproxi mam das sugestões pedagógicas dadas por Soares et al 1992 p 67 que entendem que os jogos nessa faixa etária devem implicar 1 no reconhecimento de si mesmo e das próprias possibilidades de ação 2 no reconhecimento das propriedades externas dos materiais objetos para jogar sejam eles do ambiente natural ou constru ídos pelo homem Jogos e Brincadeiras I 116 3 na identificação das possibilidades de ação com os materiais objetos e das relações destes com a natureza 4 na interrelação do pensamento sobre uma ação com a ima gem e a conceituação verbal dela como forma de facilitar o sucesso da ação e da comunicação Nesse sentido no processo de aprendizagem o jogo é fonte de conhecimento já que possibilita que a criança dê significados para a compreensão do real assimilando e interiorizando o conhe cimento social Vale salientar no entanto que as brincadeiras propostas às crianças devem estar de acordo com a sua possibilidade de aprendizagem Não se deve propor à criança algo que seu desen volvimento motor não permita explorar Devese respeitar não so mente seu desenvolvimento motor como também seu interesse próprio em brincar e ampliar seus limites Para tanto é importante a intervenção de um professor pois sem ele a criança não tem condições de se desenvolver sozinha Bem talvez haja a necessidade de se relativizar a frase antigamente as crianças brincavam e se desenvolviam pois não havia escola nem professor mas é possível que hoje devido às li mitações impostas por nossa sociedade a figura do professor seja demasiadamente importante para o desenvolvimento da criança em diferentes aspectos No Brasil a Educação Infantil é um campo recente de prática social Apenas nos últimos anos as políticas públicas em educação passaram a dar mais atenção a este segmento educacional Segun do o RCNEI BRASIL 1998 este espaço consiste em educar e cuidar de crianças até cinco anos e felizmente vem desenvolvendose e melhorando sua qualidade de ensino Qualidade que não seria possível se não fosse a preservação nesse espaço da possibilidade de a criança exercer sua atividade lúdica simbólica e imaginária A imaginação é um processo psicológico que não está pre sente na consciência de crianças muito pequenas Como todas as 117 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil funções da consciência ela surge originalmente da ação Temos o conceito de que o brincar da criança é a imaginação em ação porém este conceito deve ser invertido pois a imaginação nas crianças em idade préescolar é o brinquedo sem ação Concluise portanto que no brincar a criança cria uma situação imaginária Quando há uma situação imaginária no brinquedo há re gras não as regras antecipadamente formuladas e que mudam durante o jogo mas as que têm sua origem na própria situação imaginária por exemplo quando a criança está representando um papel de mãe ela obedece às regras de comportamento maternal O desenvolvimento da criança com os jogos iniciase no fim da ida de préescolar e prossegue durante a idade escolar Observe o texto a seguir A ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu com portamento não somente pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato mas também pelo significa do dessa situação Observações do diaadia e experimentos mos tram claramente que é impossível para uma criança muito peque na separar o campo do significado do campo da percepção visual uma vez que há uma fusão muito íntima entre o significado e o que é visto VYGOTSKY 2007 p 114 Para Vygotsky no brincar o pensamento está separado dos objetos e a ação surge das ideias e não das coisas por exemplo um cabo de vassoura pode tornarse um cavalo Vygotsky 2007 p 115 afirma ainda que o brincar fornece um estágio de transição nessa direção sempre que um objeto um cabo de vassoura por exemplo tornase um pivô des sa separação no caso a separação entre o significado cavalo de um cavalo real A criança não consegue ainda separar o pensa mento do objeto real A debilidade da criança está no fato de que para imaginar um cavalo ela precisa definir a sua ação usando um cavalodepau como pivô Nesse ponto crucial a estrutura básica determinante da relação da criança com a realidade está radical mente mudada porque muda a estrutura de sua percepção É incorreto afirmar que para a criança qualquer objeto pode representar qualquer coisa pois um cartãopostal não pode ser Jogos e Brincadeiras I 118 um cavalo para a criança O objeto tem que ser usado pela criança como se realmente ela estivesse em um cavalo e com o cartão postal não há como a criança fazer esta representação O brincar e não a simbolização é a atividade da criança No brincar o signifi cado tornase o ponto central e os objetos são deslocados de uma posição dominante para uma posição subordinada Contudo muitas dessas citações parecem complicadas para alunos de primeiro ano Talvez o autor possa explicálas melhor e favorecer a compreensão dos alunos Veja No brinquedo a criança opera com significados desligados dos objetos e ações aos quais estão habitualmente vinculados entre tanto uma contradição muito interessante surge uma vez que no brinquedo ela inclui também ações reais e objetos reais Isso caracteriza a natureza de transição da atividade do brinquedo é um estágio entre as restrições puramente situacionais da primeira infância e o pensamento adulto que pode ser totalmente desvin culado de situações reais VYGOTSKY 2007 p 116 A criação de uma situação imaginária na vida da criança é a primeira manifestação da emancipação dela em relação às res trições situacionais O brincar cria na criança uma nova forma de desejos ensinandoa a desejar relacionando os seus desejos a um eu fictício no seu papel no jogo e suas regras sendo essas as maiores aquisições que no futuro tornarão seu nível básico de ação real e com moralidade Observe mais esclarecimentos do referido autor À medida que o brinquedo se desenvolve observamos um movimento em direção à realização consciente de seu propósito É incorreto conceber o brinquedo como uma atividade sem propó sito Nos jogos atléticos podese ganhar ou perder numa corrida podese chegar em primeiro segundo ou último lugar Em resumo o propósito decide o jogo e justifica a atividade O propósito como objetivo final determina a atitude afetiva da criança no brinquedo Ao correr uma criança pode estar em alto grau de agitação ou pre ocupação e restará pouco prazer uma vez que ela ache que correr é doloroso além disso se ela for ultrapassada experimentará pouco prazer funcional Nos esportes o propósito do jogo é um de seus aspectos dominantes sem o qual ele não teria sentido seria como examinar um doce colocálo na boca mastigálo e então cuspilo Naquele brinquedo o objetivo que é vencer é previamente reco nhecido VYGOTSKY 2007 p 123 119 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Para a criança correr sem propósitos ou regras tornase en tediante pois não há atrativo nenhum Conforme Santos 1999 brincar para a criança é viver Podese afirmar que todos os adul tos acreditam que as crianças não vivem sem seus brinquedos e suas brincadeiras A criança brinca porque gosta de brincar e quando isso não ocorre certamente ela não está bem Algumas pessoas acreditam que a criança brinca por prazer outras pressu põem que ela brinca para dominar angústias ou dar vazão à agres sividade Na verdade as crianças brincam em razão de esta ser uma necessidade básica assim como a nutrição a saúde a habi tação e a educação Veja o texto a seguir Em relação à criança é preciso que ela dê vazão a sua fantasia a seus sonhos pois sem isso estará limitada ao mundo da razão desempenhando rotinas resolvendo problemas e executando or dens tendo sua expressão e criatividade limitadas A criança sem a fantasia do brincar jamais terá o encanto o mistério e a ousadia dos sonhadores que só a emoção proporciona SANTOS 1999 p 112 Talvez por esse motivo seja difícil trabalhar com essa faixa etária sem se utilizar da fantasia Já pensou em pedir para uma criança de quatro anos que faça um abdominal ou corra ao redor da quadra por cinco minutos Pois é agora você já sabe o porquê de essas possibilidades não darem certo O brincar está presente em todo o desenvolvimento da crian ça nas diferentes formas de modificação de seu comportamento As interações criançafamília e criançasociedade estão associadas aos efeitos do brincar tanto na formação da personalidade nas motivações e nas necessidades quanto nas emoções e nos valores Para Santos 1999 não há nenhum mecanismo que se te nha revelado mais importante do que o brincar para facilitar o desenvolvimento da criança Isso não significa que brincar possa acelerar o desenvolvimento embora seja contraditório com a fra se utilizada anteriormente para relativizar Se nada for oferecido na área lúdica a criança poderá ter sérios problemas A criança Jogos e Brincadeiras I 120 quando brinca passa a descobrir quem realmente é e se estimu lada com liberdade terá grandes possibilidades de se transformar em um adulto criativo 6 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS COM ATÉ TRÊS ANOS A realização de jogos e brincadeiras na infância desde os pri meiros meses de vida até os cinco anos de idade envolve natural mente o exercício do movimento pois é por intermédio dele que a criança se faz presente em seu meio explorando o próprio corpo Para o bebê denominamos esses movimentos de jogos de exercício PIAGET 1962 os quais vão possibilitar a ele a realiza ção de movimentos de mãos braços pernas e de todo o restante do seu corpo De início o bebê realiza movimentos mais simples e com o passar do tempo e das experiências começa a executar movimentos mais complexos como sentar engatinhar andar e assim por diante até desenvolver a capacidade de imitar gestos e expressões das pessoas que convivem mais proximamente a ele Aos poucos o bebê começa a imitar pessoas e até animais mesmo sem a presença destes Nesse momento ele começará a construir sua representação mental e desenvolver sua capacidade simbóli ca Em seguida aparece o jogo do faz de conta Nesse momento o jogo da criança pequena pode ser realiza do com o uso de diversos materiais ou outros recursos É possível a utilização do próprio corpo com o objetivo de desenvolver as noções de percepção e coordenação motora ampla e do jogo de faz de conta ou de jogos de papéis Crianças com até quatro meses Crianças muito pequenas com até quatro meses de idade iniciam suas vidas com uma intensa movimentação corporal como instrumento para se relacionar com o ambiente que é totalmente diferente da vida intrauterina É a fase da movimentação reflexa 121 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Nesse momento da vida o bebê necessita do contato com um adulto que entenda suas necessidades e possa colaborar com seu desenvolvimento O professor Galhardo 2005 sugere algumas atividades para colaborar com esse desenvolvimento tendo como objetivos pro porcionar ao bebê as experiências necessárias para estimular a transição da movimentação reflexa à movimentação voluntária É necessário explicar que as atividades são apenas sugeridas uma vez que é difícil se falar em aula para essa faixa etária 1 embalar o bebê no colo 2 cantar canções de ninar 3 massagear o bebê iniciando pelas costas e indo até as extremidades 4 conversar com o bebê 5 brincar com o bebê usando objetos coloridos Crianças de quatro a sete meses Esta é a fase final da movimentação reflexa e o início da fase de construção dos movimentos voluntários Surgem então as pri meiras habilidades rudimentares Após os seis meses a criança caso tenha tido a oportunidade social e cultural estará dominan do movimentos simples como puxar empurrar carregar rastejar e engatinhar O professor para trabalhar com essa faixa etária deve pos suir um conhecimento das atividades adequadas e ter disponibili dade para interagir constantemente com os bebês a fim de favore cer o seu desenvolvimento As atividades sugeridas pelo professor Galhardo 2005 estimulam o engatinhar a posição sentada mo vimentos de manipulação e de coordenação motora de caráter óculomanual 1 com o bebê no colo e segurando em sua nuca incliná lo em diferentes direções Isso ajudará na estimulação reflexa da postura Jogos e Brincadeiras I 122 2 com o bebê deitado de costas segurálo pelos pulsos e levantálo até a posição sentada 3 sentar o bebê em uma almofada grande e macia 4 colocar o bebê de bruços e acariciálo pelas costas 5 estimular o bebê com brinquedos sonoros 6 levar o bebê para passear no pátio 7 na hora do banho oferecer brinquedos para que ele possa brincar 8 cantar para o bebê e fazer brincadeiras de esconder o rosto 9 cercar o bebê de brinquedos coloridos e que não ofere çam perigo além daqueles que produzam sons e pos sam ser manuseados pois estes auxiliam o seu pleno desenvolvimento Crianças de sete meses a um ano Nesta fase do desenvolvimento as crianças já manifestam as primeiras formas de locomoção independente Caberá ao profes sor estimular a aquisição da posição em pé com apoio e a coorde nação motora geral organizando e proporcionando um ambiente rico em estímulos e desafios Também é fundamental que o pro fessor sempre se dirija à criança com palavras carinhosas e em tom ameno 1 oferecer diferentes brinquedos para que o bebê os ma nipule 2 ouvir canções com ritmo marcado e acompanhálas com palmas tomando as mãos do bebê e batendo palmas com ele 3 colocar pequenos obstáculos para que o bebê passe por eles quando estiver engatinhando 4 segurar o bebê pelas mãos e ajudálo a dar os primeiros passos 5 levar a criança ao pátio para passear 6 em alguns momentos permitir que ela brinque com crianças maiores 123 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil 7 deixar que a criança brinque em caixas de areia desde que ela esteja seca limpa e asseada GALHARDO 2005 Tomar cuidado com a segurança é fundamental nesta fase tendo em vista que os pequenos já começam a explorar o espaço Crianças de um a dois anos Nesta fase a criança já é capaz de andar e começa os mo vimentos de saltar cair subir descer lançar e receber Cabe ao professor proporcionar condições para que as crianças desenvol vam o andar independente em um ambiente extremamente rico de possibilidades de se locomover 1 brincar na caixa de areia 2 com segurança fazer que a criança brinque em brinque dos com movimentos de subir e descer 3 permitir que ela caminhe descalça 4 brincar com a mangueira ou esguicho de água 5 cantar canções infantis sempre batendo palmas ou acompanhando o ritmo com o corpo 6 brincar com caixas de papelão de diferentes tamanhos GALHARDO 2005 Sempre que se inicia uma fase a anterior não deve ser es quecida ou seja acrescente as atividades às que já vinha desen volvendo Crianças de dois a três anos Por volta desta faixaetária a criança inicia sua relação com os movimentos corporais que compõem o conjunto de habilida des específicas próprias do ser humano como correr saltar lançar receber rolar equilibrarse e arremessar Caberá ao professor de Educação Física estimular as crianças para que explorem de dife rentes formas essas habilidades Jogos e Brincadeiras I 124 1 continuar com as músicas e o acompanhamento rítmico com o corpo em diversas situações em roda caminhan do batendo palmas pelo corpo todo 2 utilizar músicas em ritmo acelerado e em ritmo mais len to 3 fazer dramatização corporal de histórias contadas 4 dramatizar histórias com a utilização de materiais como lenços instrumentos musicais fantoches 5 brincar de casinha e escolinha 6 introduzir passos simples das danças populares 7 arrumar o espaço da aula guardando os materiais utili zados 8 utilizar os brinquedos do parquinho com segurança 9 introduzir brincadeiras com regras simples 10 utilizar espelhos fixados na parede para imitação de ges tos 11 imitar ações que representem diferentes pessoas per sonagens ou animais 12 brincar com blocos cubos cilindros GALHARDO 2005 Para RCNEI BRASIL 1998 crianças pequenas de zero a três anos deverão ser capazes de 1 manipular objetos e brinquedos descobrindo suas ca racterísticas e propriedades principais sons cores tex turas cheiros formas e suas possibilidades associativas empilhar rolar transvasar encaixar 2 agir sobre objetos imitando ações que representem di ferentes pessoas personagens ou animais Por exemplo embalar uma boneca engatinhar como gatos cachor ros bezerrinhos cavalgar montar consertar um trem empurrar uma carroça etc 3 interagir com uma ou mais crianças compartilhando um mesmo objeto tal como entrar em uma caixa e ser em purrado jogar bola vestir uma boneca etc 4 brincar com ações simples aceitando as regras ineren tes ao papel que desempenham tais como pentearse vestir bonecos e darlhes de comer fantasiarse junto a 125 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil uma ou mais crianças conversando sobre os diferentes significados que atribuem aos objetos 5 aceitar ajuda mútua e compartilhar objetos com mais crianças Você já deve ter percebido que para essa faixa etária alguns jogos e brincadeiras dirigidas podem ser utilizados A criança já faz intervenções maiores com outras crianças bem como com adul tos Existem brincadeiras em que se canta uma música e fazem se gestos motores Os pequenos adoram e sempre pedem para o professor que os repita Esta aliás é uma das características da faixa etária aprendem por repetição 7 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS DE TRÊS A CINCO ANOS Nesta fase aparecem predominantemente o jogo do faz de conta o brincar de construção jogo de construção e o jogo de regras O faz de conta é uma atividade que a criança pode exercer sozinha ou em grupos Segundo o RCNEI BRASIL 1998 para re alizála a criança leva em consideração suas experiências prévias que ficam guardadas na memória e tomam vida na hora da brinca deira Por meio da imitação as crianças imprimem aos diferentes objetos uma função e um caráter diferentes Você pode observar isso quando por exemplo ela transfor ma um graveto em uma varinha de condão de uma fada ou uma caixa de papelão em um automóvel Ao mesmo tempo a criança assume papéis sociais durante o fazer de conta Às vezes ela é o motorista do carro às vezes a professora e tantos outros persona gens quantos ela seja capaz de reconhecer por experiência própria ou por ter ouvido histórias ou assistido a filmes a desenhos ani mados etc Jogos e Brincadeiras I 126 É importante ainda saber que na brincadeira do faz de con ta os personagens criados pelas crianças podem ser sempre mo dificados no transcorrer da brincadeira Dessa forma as crianças podem experimentar e viver certas convenções sociais aceitas e representativas do mundo do adulto podem criar situações nego ciar os próprios papéis modificar sua forma de ser e pensar bem como vivenciar concretamente a elaboração e a negociação de re gras de convivência No brincar de construção o que fascina as crianças são os objetos que por sua vez aguçam a curiosidade delas em descobrir formas de montar e elaborar seus próprios projetos Para cons truir a criança necessita explorar e considerar as propriedades dos materiais para depois empilhálos e derrubálos Blocos de madeira de diferentes tamanhos bem como materiais alternati vos como caixas de papelão tecidos e pedaços de madeira podem ser utilizados nas aulas Elaborando mentalmente seus projetos e construindoos a criança desenvolvese em sua totalidade Os jogos de regras constituem um tipo de brincar em que as próprias regras delimitam a atitude que a criança pode ter durante o tempo em que ela estiver brincando São regras que as próprias crianças combinam ou que a cultura da brincadeira impõe Elas delimitam o raciocínio a ser seguido São brincadeiras mais conhecidas por serem mais tradicio nais brincadeiras de roda de esconder bolinha de gude cuidado para as crianças não colocarem as bolinhas na boca brincadeiras com corda e de empinar pipas Repare que possuem poucas regras e podem ser aprendidas aos poucos Crianças de três a quatro anos Neste momento em tese a criança já apresenta uma melhor coordenação dos movimentos o que lhe permite uma melhor exploração descoberta e diversificação dos gestos e habilidades A ideia consiste em apresentar brincadeiras que envolvam um maior 127 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil número de habilidades motoras para que ela possa em cada aula ou em cada encontro ampliar suas possibilidades de ação 1 utilizar cantigas de roda e cirandas 2 ensinar passos simples de danças folclóricas 3 brincar em diferentes brinquedos do playground 4 brincar de casinha e com outros espaços sociais 5 brincar com giz e de desenhar no chão 6 brincar com papéis e utilizar a tesoura para recortálos 7 brincar com pneus e tábuas 8 brincar com cordas pequenas e grandes Crianças de quatro a cinco anos As crianças nesta faixa etária iniciam um processo de brincar mais cooperativo Neste momento do desenvolvimento o interes se pelas brincadeiras e jogos com intensa movimentação corporal ganha força Essa faixa etária é extremamente ruidosa e todos querem mostrar ao professor o que conseguem fazer portanto tenha pa ciência e tente dar atenção a todos Segundo Rangel 2010 p 120 Como estão interessadas em tudo que acontece à sua volta não mantêm a atenção por muito tempo Por esse motivo é bom al ternar várias atividades e experiências diferentes As explicações também por esse motivo devem ser rápidas Não há necessidade de separálas por sexo aliás muito pelo contrário toda a aula deve ser dada para meninos e meninas jun tos Os meninos apresentam um comportamento um tanto quanto rude e você terá que lidar com isso principalmente em jogos em que haja a possibilidade de contato físico Por isso é interes sante começar pelos jogos que não apresentam tanto contato Vamos a um exemplo Jogos e Brincadeiras I 128 Divida as crianças em quatro grupos cada grupo deverá ter uma bola de borracha ou similar Cada grupo deverá formar um círculo tendo um dos alunos ao centro que segurará a bola Ao sinal do professor quem estiver no centro passará a bola para uma das crianças que a devolverá Em seguida passará a bola para o seguinte do círculo e assim sucessivamente até que todos tenham recebido e devolvido a bola pelo menos uma vez Quando todos estiverem passando a bola com certa facilida de colocar outra criança ao centro de costas para a primeira com outra bola O objetivo será passar e receber a bola sem deixála cair ten tando nunca deixar que as duas bolas se aproximem Essa é uma brincadeira que parece ser muito fácil entretan to crianças com quatro e cinco anos têm dificuldade no manejo de bola e sempre acham engraçado quando a bola cai Para essa faixa etária lembrese de que não pode haver muitas regras Nesse jogo o objetivo não é muito difícil portanto elas conseguirão realizálo Aqui vai mais uma dica faça propostas as quais você tenha certeza de que as crianças conseguirão realizálas mesmo que com certo esforço Se a atividade for muito fácil tornase desmoti vante se for muito difícil também A tarefa do professor é analisar a atividade antes de ministrála Para escolhêlas deverá conhecer as crianças a faixa etária e seu desenvolvimento Nessa faixa etária as crianças estão aprendendo números e letras portanto você poderá usálos tanto para auxiliálas em sua formação global quanto para aumentar o repertório de suas aulas já que poderá se utilizar de jogos que incluam letras números e palavras Essas crianças estão na fase do por quê perguntam tudo o tempo todo e explicações rápidas sobre o que estão fazendo as satisfazem As explicações devem estar no nível de sua compreen são por isso é importante retomar sempre os estudos de Psicolo gia da Infância 129 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Outra dica é sempre escolher jogos que não excluam as crianças por isso cabe ao professor orientar práticas em que to das as crianças tenham a chance de participar e executar muitos movimentos Existem muitos jogos que acabam sendo excluden tes e você professor poderá pensar em como modificálos sem que deixem de ser divertidos Um exemplo do que estamos falando acontece com o jogo infantil chamado batata quente Nele a criança que ficar com a bola ao final da frase batata quente quente quente quei mou é excluída Se cada criança que for excluída resolver fazer uma tarefa diferente ou desaparecer da aula você ficará apenas com duas crianças ao final do jogo Pense nos problemas que isso poderá acarretar Mas não vamos deixar de lado essa atividade e sim modi ficála Você poderá formar dois círculos ao invés de apenas um Cada criança que for eliminada trocará de lugar indo para o círculo vizinho Ao final da brincadeira você estipulará o final podere mos ver quem nunca mudou de círculo ou quem mudou muitas vezes enfim você poderá criar formas diferentes de jogar o mes mo jogo sem excluir ninguém Aqui vai mais uma dica termine um jogo quando verificar que você já atingiu seu objetivo ou as crianças perderam o interes se pela atividade Não fique muito tempo ou aulas com apenas um conteúdo pois as crianças e você enjoarão Porém observe que quando elas aprendem um jogo não gostam de mudar de atividade Tente mesclar seu objetivo com o interesse das crianças sem se tornar repetitivo Como ensinar Você certamente terá muitas orientações sobre como proce der para ensinar e terá muitas oportunidades para testar algumas dessas orientações O mais importante no entanto é não se aco modar não reproduzir apenas e ver seus alunos como uma exten Jogos e Brincadeiras I 130 são da sua própria família ou seja se para nossa família deseja mos sempre o que há de melhor tentaremos fazer o mesmo para nossos alunos Vamos alertálo para algumas providências e observações necessárias ao ensino da Educação Física nas escolas 1 Antes de qualquer providência sobre uma aula é neces sário que se tenha um objetivo em mente Esse objetivo é gerado no início do ano quando um professor faz seu planejamento levando em conta o Projeto Políticopeda gógico da escola Ele é amplo para a escola e específico para cada disciplina 2 Cada aula apresenta então um objetivo também cha mado de tema que pode ser repetido se não for alcan çado portanto ao final de cada aula é necessário que se realize uma avaliação 3 Há a possibilidade de se trabalhar com os chamados Te mas Transversais que são temas geradores de objetivos e que são trabalhados igualmente pelo conjunto das dis ciplinas da escola Na Unidade 7 daremos alguns exem plos de como trabalhar com jogos e Temas Transversais 4 Uma aula é composta por partes inicial principal e final Na parte inicial geralmente é realizado um aquecimento nos dias frios eou uma atividade que faça a introdução ao conteúdo principal Na parte principal o professor escolhe atividades que deem conta de realizar o objetivo da aula Por exemplo se o objetivo for aumentar o conhecimento sobre jogos de outras culturas escolhemos um jogo desconhecido da maioria das crianças e o aplicamos Na parte final levamos para a aula uma atividade cal mante ou que possa avaliar o que os alunos aprenderam na parte principal Também podemos gerar uma expec tativa sobre a próxima aula É importante frisar que uma aula não é um amontoado de atividades pois isso qualquer leigo pode fazer mas 131 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil ela apresenta um objetivo a ser alcançado Vejamos o que diferencia um professor de um leigo o leigo apenas junta algumas atividades enquanto o professor sabe o que está fazendo 5 Antes de qualquer aula é importante o professor ter em mãos os materiais que irá utilizar As crianças poderão auxiliálo nessa tarefa observandose sua faixa etária pois as muito pequenas não poderão carregar peso ou mesmo transportar alguns materiais 6 Faça combinados com os alunos sobre como iniciar ou parar uma atividade 7 Utilize o conhecimento que os alunos já possuem e am plieo No caso dos jogos pergunte a eles quais já co nhecem e a partir desses modifiqueos traga outros parecidos enfim aumente sempre o conhecimento dos alunos 8 Peça sempre a opinião dos alunos mas não perca sua autoridade de professor autoridade não significa au toritarismo Perguntando e dialogando com os alunos os auxiliaremos a formarem sua autonomia 9 Ainda em relação aos materiais utilizeos do maior para o menor pois assim a coordenação das crianças irá au mentando conforme elas forem vencendo as dificulda des Queremos deixar evidente que nesta unidade apresentare mos e analisaremos exemplos de jogos Aulas completas serão da das em disciplinas como Didática ou Prática de Ensino Outras dicas serão fornecidas ao longo deste material e para mais esclarecimentos sugerimos a leitura de Rangel 2010 p 74 5 1 confeccionar roupas e fantasias para as brincadeiras de faz de conta 2 contar uma história representandoa corporalmente 3 teatralizar uma história confeccionando fantoches Jogos e Brincadeiras I 132 4 usar músicas em diferentes ritmos para que as crianças possam interpretálas livremente 5 trabalhar danças tradicionais como a quadrilha 6 desenhar o corpo humano no chão com o uso do giz 7 brincar no playground escorregador gangorra trepa trepa 8 utilizar jogos de regras 9 mostrar brinquedos como bolas pipas piãos cordas e ensinar brincadeiras populares como porquinho ou cin co marias etc Resumindo o que estudamos até o momento podemos afirmar que para o RCNEI BRASIL 1998 crianças de três a cinco anos deverão ser capazes de 1 reunirse em pequenos grupos para brincar de faz de conta criando e incorporando diferentes papéis e situa ções como circo casinha escolinha viagens pescaria e tantas outras quanto forem possíveis 2 apresentar um nível de socialização que permita intera gir com base na ajuda mútua atentas às ações dos cole gas e respeitando as diferentes ideias criadas durante a brincadeira 3 montar cenários para as brincadeiras 4 construir brincadeiras com fantoches 5 utilizar materiais como tábuas pneus blocos e caixas de papelão para montar seus jogos de construção 6 brincar com jogos de regras 7 brincar com alguns jogos de tabuleiros 8 participar de momentos de discussão e definição das brincadeiras a serem realizadas durante a aula 9 organizar e participar de brincadeiras como pegapega mamãe polenta gato e rato morto vivo e de inúmeras brincadeiras de pegar 133 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Exemplos de jogos e brincadeiras comentados Você como já dissemos encontrará muitas formas de classi ficação para os jogos dentre elas destacamos jogos de perseguir pegador pegapega com bola de saltar calmantes de adivinhar de salão de representação com manipulação de objetos todos com ou sem regras previamente definidas Jean Piaget 1962 um dos grandes autores da Psicologia que estudou o comportamento infantil e a formação da moral ve rificando a influência do brincar em suas filhas contemplounos com a seguinte divisão dos jogos Jogo de exercício quando a criança pequena manipula os objetos Jogo simbólico a criança faz uso da fantasia e Jogo de regras iniciase por volta dos quatro anos e como o próprio nome diz é um jogo no qual as regras existem e devem ser cumpridas Queremos que você relembre alguns jogos de sua infância e saiba analisálos antes de aplicálos Vamos dar um exemplo Polícia e ladrão Nesta popular brincadeira uma criança representa a polícia e as demais os ladrões Estes possuem um esconderijo local onde podem permanecer sem serem pegos A polícia possui também um local onde aprisionam os ladrões que forem sendo pegos Os ladrões espalhados pelo espaço provocam a polícia e saem correndo pelo espaço predeterminado para a brincadeira A polícia persegueos correndo e quando encosta em alguma parte do corpo com a mão o ladrão é considerado preso e vai para a cadeia Esse é o jogo original O professor poderá ir aumentando a complexidade da brincadeira colocando espaços menores trans formando o jogo em ajudaajuda ou fazendo voltar quem foi ex cluído Jogos e Brincadeiras I 134 Para isso poderá pedir auxílio às crianças Conforme a faixa etária das crianças for aumentando outras ideias poderão surgir discutir o significado de polícia e ladrão na sociedade atual modificar o nome da brincadeira para a sociedade em que vivem procurar por outras brincadeiras parecidas associação descrever a brincadeira 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Por que o jogo é importante no Ensino Infantil 2 Você acredita que o professor de Educação Física possa contribuir para o desenvolvimento das crianças que estão na Educação Infantil Por quê 3 Você é capaz de redigir um conceito de jogo de faz de conta de jogo de construção e jogo de regras Em que momento eles são aplicados na escola 4 Qual história você criaria para brincar de faz de conta com seus alunos 5 Quais materiais pedagógicos você acumularia em sua escola para brincar com jogos de construção com seus alunos 6 Quais brincadeiras de regras você acredita que seriam possíveis aplicar com crianças de cinco anos 9 CONSIDERAÇÕES Esperamos que você futuro professor tenha percebido após o estudo da Unidade 4 que o conhecimento necessário para compreendermos a importância do jogo e da brincadeira para o desenvolvimento integral das crianças com até cinco anos de idade é muito denso Envolve o conhecimento radical das manifestações infantis com base nos jogos simbólicos nos jogos de construção e nos jogos de regras 135 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Vimos nesta unidade também o quanto é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças a possibilidade de elas se relacionarem de forma lúdica com a realidade de suas vidas por meio da experiência com as brincadeiras populares Desenvolvimento este que se estende aos aspectos cognitivos motores afetivos e sociais Por isso nossa intenção na presente unidade foi mostrar para você que os jogos e as brincadeiras podem favorecer os alu nos da Educação Infantil alcançando objetivos educacionais que possibilitem a ampliação das habilidades motoras e o reconheci mento de si mesmo e do mundo além da possibilidade de brincar com os elementos da natureza e do espaço físico 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Referencial curricular nacional da educação infantil Brasília MECSEF 1998 BROUGÈRE G Jogo e educação Porto Alegre Artes Médicas 1998 FREIRE J B Educação de corpo inteiro teoria e prática da educação física São Paulo Scipione 1989 GALHARDO J P Educação física escolar do berçário ao ensino médio Rio de janeiro Lucerna 2005 PIAGET J Play Dreams and Imitation in Childhood New York W W Norton 1962 RANGEL I C A Educação física infantil Rio de janeiro GuanabaraKoogan 2010 SANTOS S M P Brinquedo e infância um guia para pais e educadores em creche Rio de Janeiro Vozes 1999 SOARES et al Metodologia do ensino de educação física São Paulo Cortez 1992 VYGOTSKY L S A formação social da mente o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores São Paulo Martins Fontes 2007 WAJSKOP G Brincar na préescola São Paulo Cortez 1997 Coleção Questões da nossa Época Claretiano Centro Universitário EAD Jogo do 1º ao 5º Ano do Ensino Fundamental 5 1 OBJETIVOS Analisar as características os interesses e as necessidades de cada faixa etária compreendida entre o 1º e o 5º ano do Ensino Fundamental relacionandoos ao jogo Verificar a aplicabilidade das dimensões do conteúdo jogo na prática pedagógica da Educação Física para os alunos do 1º ao 5º ano 2 CONTEÚDOS Características e interesses das crianças na faixa etária en tre seis e oito anos Quais jogos devem ser ensinados para crianças de seis a oito anos Características e interesses das crianças na faixa etária de nove e dez anos Quais jogos devem ser ensinados para crianças de nove a dez anos Jogos e Brincadeiras I 138 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Nesta etapa apresentamos o trabalho a ser desenvolvi do com jogos e brincadeiras para a faixa etária dos seis aos dez anos Procure se lembrar de como você era nes sa idade suas preferências em termos de jogos e brinca deiras e se possível reveja seu álbum de fotos tentando perceber como você agia nessa idade Isso provavelmen te facilitará sua leitura 2 As características de uma determinada faixa etária são muito importantes para a escolha das estratégias de uma aula Além de pesquisar sobre o assunto procu re analisar o comportamento de crianças de seis a dez anos observandoas sempre que possível em escolas e outros locais como supermercados lojas shoppings e até mesmo nas ruas 3 Discuta com seus colegas no Fórum e relate algum acon tecimento interessante do qual se lembre A reflexão amadurece as ideias e a troca de experiências também é um fator de aprendizagem Esperamos que você aproveite bem a próxima leitura 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nas unidades anteriores estudamos como os jogos se de senvolveram ao longo do tempo e como passaram a integrar a cultura corporal de movimento Na Unidade 4 refletimos sobre os conhecimentos necessários para compreendermos a dimensão teórica e algumas possibilidades pedagógicas do jogo adequadas à Educação Infantil É certo que em razão de sua profissão será necessário que você conheça vários jogos para ensinálos a uma turma de alu nos já que a rotina de uma escola é muito dinâmica Você deverá 139 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental lecionar cerca de 80 aulas por turma durante 1 ano letivo logo se você tiver dez classes serão por ano 800 aulas planejadas e ministradas por você Isso só pode fazer aumentar sua vontade de aprender e de estudar O fato de as crianças gostarem muito das aulas de Educação Física deve ser motivo de incentivo para que você futuro profes sor não pense nunca em se acomodar Existem muitos professores que ensinam um único jogo e permanecem aplicandoo durante muito tempo chegando ao cúmulo de escolher um jogo a quei mada por exemplo e ministrálo durante anos Isso faz que as crianças percam o interesse pelas aulas e certamente faz que o professor também se sinta desmotivado A motivação para dar boas aulas deve sempre partir do pró prio professor Com certeza as crianças o amarão por estar sem pre levando novidades Só não se esqueça de que você deve ter um planejamento e não ser apenas um reprodutor de atividades Na presente unidade apresentaremos uma série de jogos que poderão ser aplicados em suas aulas bem como algumas ca racterísticas das crianças que estão na faixa etária dos seis aos dez anos Adiantamos que nessa faixa de idade o interesse pela prá tica da Educação Física é muito grande de forma que muito do nosso trabalho pedagógico é facilitado De posse desses conhecimentos é provável que você esteja interessado em aprender a ensinar os jogos que podem ser minis trados para as crianças entre seis e dez anos Dessa forma a partir de agora entraremos em contato com as diferentes formas de jo gos e brincadeiras possíveis de serem aplicados nas séries iniciais do Ensino Fundamental Os jogos adequados para as crianças dos seis aos dez anos apresentam uma flexibilidade maior nas especificidades de suas regras Por exemplo as regras de um jogo que valem em uma ci dade às vezes não valem em outras Além da variação de outros aspectos como o espaço há ainda a dos materiais disponíveis e Jogos e Brincadeiras I 140 do número de participantes Estes jogos apresentam um caráter de competição de recreação cooperação passatempo ou diver são e como já dissemos dentre essas manifestações incluemse os diferentes jogos as brincadeiras regionais os jogos de salão de mesa de rua e todo o universo lúdico da cultura infantil De maneira geral jogos e brincadeiras são excelentes conte údos para serem ensinados nas escolas porque como já dissemos as crianças na faixa etária dos seis aos dez demonstram grande interesse pela prática de jogos A seguir apresentaremos algumas das características dos jogos que facilitam o nosso trabalho de pro fessor Para Rangel e Darido 2005 essas facilidades se dão pois 1 Os jogos fazem parte da cultura lúdica das crianças ou seja muitos deles são conhecidos por elas 2 Podem ser praticados sem muitos recursos materiais 3 Favorecem a participação de todos os alunos pois alguns jogos possuem regras muito simples Assim a criança mesmo pequena já pode praticálos 4 Se conduzido adequadamente o jogo será extremamen te prazeroso 5 As dimensões atitudinal e procedimental podem ser aprendidas pelos alunos na situação de jogo na prática propriamente dita uma vez que se vivencia o jogo em sua totalidade Por exemplo o arremessar necessário para o jogo da queimada desenvolvese jogando não se aprende inicialmente esse gesto para depois utilizálo no jogo da queimada Bem você aprendeu na Unidade 4 que as crianças apren dem a gostar de jogar e de brincar por razões culturais e no caso da criança pequena para sobreviver Na próxima unidade você aprenderá que o gosto por esta experiência se prolonga por toda a vida Entretanto nesta unidade tentaremos orientálo especifica mente a respeito de como a criança de seis a dez anos se envolve com as questões pedagógicas do jogo e da brincadeira Então mãos à obra e boa leitura 141 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DA CRIANÇA NA FAIXA ETÁRIA DE SEIS A OITO ANOS Como você já sabe com a nova reestruturação curricular ocorrida no Brasil as crianças ingressam no 1º ano do Ensino Fun damental aos seis anos de idade Assim quando estiverem no 5º ano terão 10 anos de idade O livro Metodologia do ensino de Educação Física SOARES et al 1992 escrito por um grupo de professores preocupados com a Educação Física nas escolas apresenta algumas características gerais das crianças do Ensino Fundamental Segundo Soares et al 1992 essas crianças se encontram no ciclo de organização da identidade dos dados da realidade Nesse ciclo os alunos têm uma visão do que acontece no mundo de ma neira um tanto quanto misturada A realidade social nesse período é percebida pela criança numa perspectiva sem relações de causa e efeito Ela não apresenta capacidade de análise mais ampla dos elementos sociais que interagem com a sua vida Sua capacidade para entender os fatos as notícias e os acontecimentos ainda não permite compreendêlos em sua totalidade Nessa fase tudo para as crianças ainda é uma grande no vidade cabendo ao professor a função de organizar esses dados constatados e descritos pelos alunos para que possam descobrir as relações entre os fatos e a sua própria vida Em síntese esse momento marca o início do processo de in ternalização da realidade pelos alunos Além do mundo para eles começa a ficar cada vez maior Há um salto no desenvolvimento da sua consciência dos objetos fatos e das pessoas bem como se amplia sua capacidade em relacionálos Ainda segundo Soares et al 1992 os alunos encontramse no momento da experiência sensível no qual prevalecem as refe rências sensoriais na sua relação com o conhecimento O ato de brincar é então de extrema importância As crianças dão um salto Jogos e Brincadeiras I 142 qualitativo nesse momento de seu desenvolvimento quando co meçam a estabelecer classificações e associações entre objetos e fatos Esperamos que você esteja percebendo que o brincar e o jogar extrapolam os limites da mera atividade Para outros professores da nossa área João Batista Freire e Alcides Scaglia 2003 nesse período do desenvolvimento a crian ça apresenta características intelectuais motoras sensoriais mo rais sociais e afetivas bem marcantes Vejamos mais detalhadamente cada uma dessas caracterís ticas Características intelectuais Em linhas gerais nesse período a criança estabelece uma re lação com a realidade em função das coisas concretas Por isso ela compreende melhor um jogo por exemplo de pegapega ou uma brincadeira de amarelinha vendo uma demonstração corporal do que ouvindo a explicação do professor sobre a dinâmica do jogo Nessa idade as crianças já entendem as coisas a partir da concretude delas isto é da coisa em si O gosto e a necessidade do movimento da brincadeira e do jogo são fundamentais para as crianças pois nesse processo elas interagem concretamente com o mundo e as pessoas Elas começam a perceber que os outros são importantes durante o jogo pois sem eles não se resolvem os problemas de uma brincadeira como por exemplo criar e fa zer que as regras funcionem bem Há ainda a ampliação de sua dimensão intelectual que se dá a partir desse contexto e da capa cidade em refletir sobre o que fez ou disse Acreditamos que uma das possibilidades de se entender essa faixa etária é tentar voltar ao passado Faça um exercício de volta no tempo e relembre como você era quando tinha entre seis e oito anos de idade quando você já estava na 1ª série atual 2º 143 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental ano O jogo fazia parte do seu cotidiano escolar Em que momen tos você brincava na escola Fora da escola onde e de que forma você brincava Assim relembrando você terá mais chances de se aproxi mar de seus alunos quando estiver dando aula Relembre tam bém como você agia era tímido ou extrovertido Brincava com os meninos e as meninas ou tentava ficar longe Essas características são importantes pois o auxiliarão no futuro a escolher os jogos e as atividades mais apropriados para os seus alunos Características motoras Nesse período todas as funções e as potencialidades pre sentes na infância desenvolvemse conjuntamente É óbvio que a função motora se ampliará à medida que a criança tendo a opor tunidade para exercitála puder pensar sobre ela e avaliar o que foi realizado Em seguida se for necessário a criança modificará e melho rará o gesto ou o movimento realizado como por exemplo uma cambalhota pois como afirmam Freire e Scaglia 2003 p 19 Assim ser capaz de compreender suas próprias ações leva a criança a aperfeiçoar suas habilidades motoras A principal característica desse período é a de as crianças para brincarem juntas utilizarem suas habilidades como correr saltar arremessar rolar e rebater Para as crianças que já passa ram pela escola de Educação Infantil e tiveram a oportunidade de participar de aulas de Educação Física as habilidades motoras es tarão mais desenvolvidas As crianças que brincaram no quintal e na rua também No entanto crianças que não brincaram muito não apresentarão movimentos coordenados Nesse ponto você como professor deverá ser capaz de analisar toda a turma que provavelmente será heterogênea para poder escolher as melho res atividades os jogos mais fáceis ou mais difíceis Jogos e Brincadeiras I 144 A isso se dá o nome de avaliação prévia Essa análise deve rá ocorrer antes durante e após cada aula A faixa etária dos seis aos dez anos é a fase na qual as crian ças mais aprimoram as habilidades motoras desde que tenham oportunidade ou seja é a fase na qual mais amam jogar e se testar Elas querem aprender de tudo um pouco RANGEL 2010 Características sensoriais Nessa fase podemos afirmar que as crianças estão muito in teressadas em aprender Seus sentidos estão aguçados e o desejo para aprender coisas novas é fantástico Dessa forma a escola não pode decepcionar as crianças em relação a isso pois os conheci mentos e a cultura de maneira geral podem ser absorvidos por elas ouvindo falando cheirando tateando e degustando A boa escola é aquela que faz que a criança aprenda as coisas do mundo objetos e fatos por intermédio da estimulação de todos os seus sentidos A escola faz a criança pensar sobre aquilo que ela vê sente ouve e realiza corporalmente Características morais Normalmente nesse período as crianças manifestam uma preferência pelo relacionamento em grupo Ora grupos maiores ora menores Para que isso se efetive elas demonstram interesse em definir algumas regras a fim de que possam estabelecer uma relação lúdica durante a brincadeira Começam a estabelecer acor dos que vão exigir delas respeito e compromisso Caso contrário a brincadeira pode não acontecer Nesse momento do desenvolvi mento moral das crianças tanto as famílias como a escola e o pro fessor devem prestar atenção e orientálas a julgar as atividades e os valores do grupo na perspectiva do respeito e da verdade Por causa disso o jogo assume pedagogicamente algumas características É preciso prestar atenção pois estes princípios mo rais determinarão muitas vezes o sucesso da aula É óbvio que o 145 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental bom jogo não garante o sucesso da aula mas sim a associação entre o bom jogo e o bom professor Em função disso Soares et al 1992 definiram alguns jogos a serem ensinados nesse período 1 jogos cujo conteúdo implique o reconhecimento de si mesma e das próprias possibilidades de ação 2 jogos cujo conteúdo implique a interrelação do pensa mento sobre uma ação com a imagem e a conceituação verbal dela como forma de facilitar o sucesso da ação e da comunicação 3 jogos cujo conteúdo implique interrelações com as ou tras matérias de ensino 4 jogos cujo conteúdo implique a vida de trabalho do ho mem da comunidade das diversas regiões do país e de outros países 5 jogos cujo conteúdo implique o sentido da convivência com o coletivo das suas regras e dos valores que estas envolvem Quais jogos devem ser ensinados para crianças de seis a oito anos Antes de descrevermos os jogos cabe relembrarmos a você futuro professor os motivos pedagógicos pelos quais é importante o jogo ser ensinado nas escolas para essa faixa etária Para os PCNs BRASIL 1997 a importância pedagógica que justifica o ensino dos jogos na faixa etária dos seis aos oito anos consiste na compreensão de que o jogo e as brincadeiras capaci tam as crianças para participarem de diferentes atividades corpo rais procurando adotar uma atitude cooperativa e solidária sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais físi cas sexuais ou culturais As crianças também devem ser incentiva das a organizar de forma autônoma alguns jogos e brincadeiras ampliando igualmente suas habilidades motoras e sua autonomia Nessa faixa etária os alunos gostam muito de se movimen tar por isso jogos em que os alunos tenham que correr bastante Jogos e Brincadeiras I 146 saltar e rolar são os mais adequados Vale lembrar no entanto que estamos falando de jogos e brincadeiras regrados A seguir vamos sugerir algumas aplicações de jogos PegaPega mãe da rua Número de jogadores três ou mais Local aberto ou quadra Material nenhum Inicialmente tirase a sorte para saber quem será a mãe da rua ou propõese que as crianças escolham quem o será 1 Dividemse os alunos em dois grupos ficando cada gru po em uma das laterais da quadra ou do outro espaço utilizado enquanto a criança que for representar a mãe da rua deverá ficar no centro 2 Os participantes têm que atravessar de um lado para ou tro da rua saltando em um pé só e ao mesmo tempo fugir da mãe da rua 3 Aquele que for pego durante a travessia substituirá a mãe da rua ou a ajudará a pegar os demais jogadores 4 Sugerese iniciar o jogo com crianças entre seis e oito anos correndo com os dois pés no chão Após o aprendizado da forma original do jogo proponha que as crianças o modifiquem Isto fará que pensem mais a respeito do jogo usando prontamente a cognição Polvo Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum 1 Um jogador colocase sobre uma linha no centro da qua dra ou espaço Este será o polvo Os outros jogadores colocamse nas linhas de fundo da quadra 147 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental O polvo diz Polvo Os jogadores respondem Vo Vo 2 E ao terminar esse diálogo imediatamente todos os jo gadores com a exceção do polvo têm que atravessar a quadra de um lado para o outro 3 Os que forem pegos ficam parados na linha central da quadra ou espaço ajudando o pegador na próxima jo gada porém sem sair do seu lugar usando apenas seus tentáculos braços 4 O jogo termina quando todos os jogadores exceto um tiverem sido pegos 5 Para a Educação Infantil este é um jogo que precisa ser trabalhado enfocandose que somente o polvo é o pega dor os outros que forem pegos estarão enfeitiçados não podendo se deslocar Um recurso que pode ser uti lizado é o de colocar no polvo algum detalhe ou seja algum adereço que o identifique Com esse jogo cada criança escolhe o momento de atraves sar percebendo então sua capacidade de antecipação Após a aplicação dos dois jogos discutir com as crianças quais foram as semelhanças e as diferenças que estes apresen taram Ao proceder dessa forma você estará trabalhando com conceitos fazendoas raciocinar sobre as diferentes formas de se jogar Batatinha frita 1 2 3 Número de jogadores três ou mais Local aberto Material nenhum Jogos e Brincadeiras I 148 1 Um participante é escolhido para ficar à frente do jogo Os demais devem ficar atrás a uma distância determi nada 2 O participante que está na frente vira de costas para o grupo e diz Batatinha frita 1 2 3 3 Quando ele se virar os outros participantes que corriam neste meio tempo para tentar alcançar aquele que esta va na frente devem parar 4 Quem conseguir alcançálo tomará o seu lugar e a brin cadeira recomeçará 5 Aquele que se movimentar depois que o jogador que está na frente se virar para o grupo voltará ao ponto de partida Durante ou após a aplicação do jogo o professor poderá dis cutir sobre as atitudes apresentadas pelos alunos se foram hones tos se viram realmente quem se mexeu se não tentaram desviar a atenção de quem estava à frente etc É uma boa oportunidade para trabalhar a atitude de honestidade Lagarta pintada Número de jogadores todos Local aberto ou fechado Material nenhum O grupo senta em roda uma criança vai ao centro e apon tando para os companheiros no ritmo da música canta o versinho a seguir enquanto todos a acompanham Lagarta pintada Quem te pintouFoi a velha caximbeira Que por aqui passou No tempo da areia Faz poeira Puxa a lagar ta Por essa oreia A pessoa para a qual a criança estava apontando quando pa rou a música tem sua orelha puxada 149 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Esse é um jogo tido como calmante ou seja possui a van tagem de fazer que as crianças voltem à calma para retornarem à classe ou irem para casa O jogo seguinte também possui essa característica DAngolinha Número de jogadores três ou mais Local aberto ou fechado Material nenhum O grupo deve se sentar em roda uma das crianças vai ao centro e beliscando cada um dos pés dos companheiros canta Pula pula DAngolinha finca o pé na pombinha o rapaz que jogo faz faz o jogo do pimpão então esconde este pezinho que lá vai um beliscão O pé em que parou a música é beliscado A criança recolheo sentando sobre ele O próximo jogo é muito conhecido e provavelmente faz par te do folclore brasileiro É um jogo que pode promover um debate sobre o fato de as crianças cooperarem entre si ajudando o rato O cuidado que se deve tomar é pelo fato de apenas duas crianças correrem por vez porém dependerá do objetivo da aula Vejamos Se for promover a ajuda mútua discutindo a cooperação o jogo servirá a esse propósito Se for para aquecer o jogo não é adequado Nesse caso a saída é trocar as crianças rapidamente Jogos e Brincadeiras I 150 Gato e rato Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum As crianças formam um círculo de mãos dadas Um dos par ticipantes que fica de fora da roda é o rato que corre ao redor e bate nas costas de um companheiro que representa o gato O gato na corrida procura pegar o rato e mudar as posições Após os dois participantes terem vivenciado as duas posi ções escolhemse os novos rato e gato reiniciando o jogo Gato e rato 2 Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum Dispõemse os jogadores em roda de mãos dadas com ex ceção de dois que representarão o gato e o rato O primeiro per manece fora do círculo e o segundo dentro Dado o início a roda girará indiferentemente se para a es querda ou para a direita e começará o seguinte diálogo Gato Seu rato está em casa Crianças Não Senhor Gato A que horas voltará Crianças Escolhem o horário Gato Que horas são Crianças Uma hora E assim prosseguirá o jogo até a hora determinada para a volta do rato Nesse momento a roda para e o gato perguntará aos jogadores do círculo 151 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Gato Seu ratinho já chegou Crianças Sim Senhor Gato Dãome licença para entrar Crianças Sim Senhor Então o gato correrá em perseguição ao rato procurando apanhálo Ao rato será permitido entrar ou sair do círculo por bai xo dos braços dos companheiros que lhe facilitarão a passagem e dificultarão a do gato sem contudo cerrarlhe o caminho Terminará a rodada com a prisão do rato Caso o professor apresente os dois jogos às crianças ele po derá discutir com elas quais as diferenças e as semelhanças entre os dois A cobra venenosa Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum Um jogador é a cobra ou o pegador Os demais fogem ten tando não ser tocados Quando a cobra toca algum jogador este coloca a mão onde foi picado e a mantém aí Se a picada for no pé ou no joelho deve continuar jogando agachado Quando um jogador é tocado três vezes ele se transforma em cobra e também passa a perseguir os demais Um jogador não pode ser tocado duas vezes seguidas O último jogador a transformarse em cobra é o vencedor Podese a partir desse jogo discutir as dificuldades que al gumas pessoas deficientes possuem em se locomover Jogos e Brincadeiras I 152 Outro nome dado a esse jogo é pegapega hospital Per guntar às crianças se conhecem outro nome ou jogo parecido Dia e noite Número de jogadores cinco ou mais Local aberto ou fechado Material nenhum Os alunos devem organizarse em duas ou mais colunas uma ao lado das outras mas distantes entre si O professor pode combinar com eles o nome das colunas por exemplo uma delas será chamada dia e a outra noite Quando o professor disser o nome de uma das colunas esta será a coluna dos pegadores Crianças pequenas terão dificuldades no começo mas aos poucos irão compreendendo a dinâmica do jogo Aos poucos acrescentamse outros nomes Podemse combinar céu e noite com inferno dia com céu e chuva noite com inferno e sol etc Um exemplo desse mesmo jogo foi dado utilizando números pares e ímpares lembrase Bola ao arco com mãos Número de jogadores quatro ou mais Local aberto Material bola e arco Para este jogo os alunos devem formar duplas Um aluno de cada dupla deve segurar um arco diante do cor po na altura da cintura 153 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental O outro aluno deve lançar com as mãos uma bola direta mente ao arco ou ao colega para que ele a amorteça na cabeça ou no peito e façaa cair no arco Depois de algumas rodadas invertemse os papéis Esse jogo requer as habilidades de arremessar e receber no caso com o arco Requer também um material para cada aluno que poderá ser improvisado com bolas de papel e arcos confeccio nados com mangueira e um toquinho de madeira para fechálos Acertar o alvo exige coordenação olho mãos que é muito importante de ser trabalhada nessa faixa etária O alvo poderá ser móvel com a criança que o segura deslocandose pelo espaço e dificultando o arremesso da outra Busca solidária Número de jogadores 12 ou mais Local pátio da escola Material folha de papel e canetas com cores diferentes Esta atividade visa desenvolver o sentimento de grupo res peitando os limites e as características de cada criança e fazendo que ela reflita sobre a capacidade de resolver problemas comuns e coletivos Dividese a classe em grupos com quatro componentes cada um Cada um dos grupos será identificado com uma cor A tarefa de cada grupo é encontrar as palavras escritas com a sua cor em tiras de papel que foram escondidas pelo professor em locais possíveis e seguros na escola Obrigatoriamente todos os membros dos grupos deverão estar de mãos dadas para cumprir a tarefa As mãos ficarão unidas durante todo o tempo de jogo Jogos e Brincadeiras I 154 Os grupos deverão encontrar e guardar apenas as palavras escritas com a cor do grupo Em cada lugar estará escondida uma palavra escrita com as cores determinadas para cada grupo Então por exemplo se a equipe amarela encontrar o escon derijo da palavra direito esta deverá pegar a tira de papel em que a palavra direito estiver escrita na cor amarela Assim devem proceder todos os grupos com todas as pala vras Cumpre a tarefa primeiro quem encontrar todas as tiras de papéis com a respectiva palavra escrita com a sua cor e quem con siguir formar uma frase com elas Observação esta brincadeira é mais adequada para crianças de oito anos que já conseguem ler escrever e interpretar 6 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DAS CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA DOS NOVE AOS DEZ ANOS As crianças nesse período do desenvolvimento apresentam um nível de socialização e de relacionamento que nos permite dia logar constantemente com elas durante nossas aulas É muito interessante percebermos que há uma identificação entre as crianças e a cultura corporal de movimento o que nos permite organizar planejar e conduzir nossas aulas junto a elas em uma ação e em um compromisso compartilhado Nesse sentido o que era para ser a aula do professor ex clusivamente passa a ser a aula de todos o que ajuda muito a manter o bom relacionamento da classe e o desenvolvimento do conteúdo Agora apresentaremos pontualmente algumas caracterís ticas dessa faixa etária segundo Freire e Scaglia 2003 155 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Características intelectuais Nesse momento do desenvolvimento as crianças começam a perceber de uma forma ampliada a lógica dos fatos Cabe ao professor ter mais cuidado com a forma como ele está ensinando ou seja ele deve organizar e sistematizar o que vem a ser ensi nado Isso vale para tudo Ademais a todo o instante o que vai ser ensinado deve apresentar uma relação com a vida das crianças conhecimento significativo É o professor quem tem que dar o pontapé inicial para que a criança tenha a capacidade e a habilidade mental de fazer gene ralizações Quando a criança na escola aprende coisas que esta belecem uma relação com a sua existência que têm a ver com a sua vida ela se motiva mais a aprender e naquele momento fica mais feliz Características morais Como já dissemos nesse momento há muito interesse das crianças pelos jogos e brincadeiras especialmente pelos que en volvem grupos maiores de forma que você deverá tomar muito cuidado com a forma de conduzir as relações e o comportamento de seus alunos durante a aula Fique atento aos conflitos de ordem moral não permita que atitudes inconvenientes e desleais passem em branco Discuta com os seus alunos quando for necessário pois uma atitude inadequa da um desrespeito grave a uma regra da brincadeira pode atrapa lhar a turma toda Esse momento é excelente para você melhorar sua pedagogia mediando os conflitos que emergem da aula Características sociais Esse é um momento em que as crianças estão mais abertas ao relacionamento e ao diálogo Há uma necessidade misturada com um prazer em discutir as regras e as condutas dos participan Jogos e Brincadeiras I 156 tes durante o jogo Esse ritual para os alunos é tão importante quanto o próprio jogo ou a própria experiência corporal da brin cadeira É interessante observar que quase sempre quando a dis cussão é bem conduzida uma criança ou outra pode abrir mão de seus interesses egocêntricos e individuais em prol da vontade e das decisões do grupo É um ótimo período para se desenvolverem práticas de cooperação Características motoras A criança em tese apresenta maior domínio corporal pois tem nesse período do desenvolvimento uma ampliação de suas capacidades físicas e fica mais confiante durante a realização de suas habilidades O contato do corpo e o reconhecimento de suas limitações já estão mais evidentes de forma que os alunos já são capazes de realizar atividades que demandem pensamento tático e desempenho técnico Os jogos podem envolver diferentes habi lidades motoras e uma crescente melhora do desempenho motor Segundo Soares et al 1992 veja a seguir algumas caracte rísticas que os jogos assumem para as crianças nessa faixa etária 1 Jogos cujo conteúdo implique a autoorganização 2 Jogos cujo conteúdo implique a autoavaliação e a avalia ção coletiva das próprias atividades 3 Jogos cujo conteúdo implique a criação de brincadeiras para se jogar em grupo 4 Jogos cujo conteúdo implique jogar com organização tá tica e com uma execução motora mais elaborada 5 Jogos cujo conteúdo implique o desenvolvimento da ca pacidade de organizar os próprios jogos e decidir suas regras entendendoas e aceitandoas como exigências do coletivo 6 Jogos cujo conteúdo implique o sentido da convivência com o coletivo das suas regras e dos valores que estas envolvem 157 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Podemos concluir portanto que todas as idades demons tram algum tipo de fascinação pelo jogo basta compreender qual e investir nele 7 QUAIS JOGOS DEVEM SER ENSINADOS PARA CRIANÇAS DE NOVE A DEZ ANOS Antes de começarmos a descrição dos jogos é necessário destacar os motivos pedagógicos pelos quais o jogo deve ser ensi nado nas escolas nessa faixa etária Os alunos devem ser capazes de organizar seus próprios jo gos dentro e fora do espaço escolar Ao praticar os jogos eles de vem conhecer os aspectos históricos e os contextos sociais em que foram criados Devem respeitar as regras necessárias à prática dos jogos e evitar atitudes violentas durante o momento em que esti verem jogando Devem respeitar as opiniões dos amigos quando estiverem resolvendo um problema ocorrido durante o jogo ou a brincadeira além de serem capazes de avaliar os seus próprios de sempenhos durante o aprendizado de um jogo O jogo organizado planejado pelo professor tem como ob jetivo socializar desenvolver limites criar e explorar a criatividade Com o jogo podemos desafiar os conhecimentos dos alunos com atividades interessantes e instigantes É preciso porém observar os jogos que mais aparecem no plano da cultura lúdica imediata para a partir daí organizar e sistematizar planos e projetos de en sino nas três dimensões do conteúdo Somos inteiramente a favor das discussões que levem o alu no a inteirarse do conhecimento sobre as atividades da cultura corporal de movimento nesse caso especificamente o jogo En tretanto estas discussões devem ser bem dirigidas e se iniciadas desde cedo os alunos podem entender melhor a interação da prá tica com a teoria da Educação Física escolar Com isso acreditamos que conceitualmente o estudo de Educação Física escolar pode ser Jogos e Brincadeiras I 158 mais respeitada no espaço da escola tanto pelos alunos quanto pelos demais professores Bem passaremos agora a exemplificar algumas possibilida des de trabalho com os jogos Pegapega rabinho Número de jogadores cinco ou mais Local aberto ou fechado Material pano papel ou saco Em primeiro lugar limitase o espaço da brincadeira Iniciase a brincadeira de modo que cada criança esteja com o seu rabinho colocado na parte de trás de sua calça deixandoo pendurado O objetivo do jogo é cada um arrancar o rabinho do compa nheiro e buscar defender o seu Vence a brincadeira quem obtiver ao final do tempo o maior número de rabos Essa é também uma brincadeira bem conhecida da qual as crianças gostam muito Vamos analisála As habilidades motoras envolvidas são correr esquivar desviar agarrar Exige atenção para proteger seu rabinho e percepção para ver se foi retirado É possível ao profes sor verificar quem é muito distraído Todos brincam ao mesmo tempo não há crianças excluídas pois mesmo quem perdeu o rabinho continua na brincadeira As crian ças têm que criar estratégias para não se deixarem pegar Passa 10 Número de jogadores cinco ou mais Local aberto 159 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Material uma bola Inicialmente devem ser formados dois times O professor deve jogar uma bola para o alto O aluno que pegar a bola deve tentar passála para um com panheiro sem que ela seja interceptada pelo adversário Não se pode andar de posse da bola apenas passála Se isso for feito por componentes do mesmo time dez vezes seguidas sem que a bola seja interceptada é computado um pon to À equipe adversária caberá tomar posse da bola com o intui to de também executar os dez passes Os problemas com as regras devem ser solucionados coleti vamente sob a orientação do professor Atenção professor estipule um braço de distância como uma zona que não pode ser invadida Ao final de um tempo verifique a contagem Esse jogo trabalha as habilidades motoras de passe e inter ceptação salto recepção e uso das habilidades combinadas saltar e passar saltar e receber correr e receber correr e lançar etc Deixe que as crianças façam uma reunião de um minuto de tempos em tempos para que organizem sua estratégia de jogo Assim estarão se autoorganizando Estimule a cooperação entre o time e o respeito ao adversá rio Queimada simples Número de jogadores dez ou mais Local aberto Material uma bola Jogos e Brincadeiras I 160 Este jogo pode ser realizado por exemplo na quadra de vô lei Inicialmente devem ser formados dois times É usada uma bola de borracha ou de meia Cada aluno posicionase em um dos campos apenas um jo gador de cada equipe colocase atrás da linha de fundo do campo do adversário No início do jogo o jogador que tem a posse da bola come ça arremessandoa nos adversários com o propósito de tocálos e assim queimálos O jogador queimado ou tocado pela bola deve sair do seu campo e dirigirse à linha de fundo do campo do seu adversário O objetivo é queimar o maior número de adversários A bola só volta para o jogo quando o aluno queimado chegar atrás da linha A queimada é um jogo difícil de as crianças aprenderem a princípio porém é altamente estimulante quando elas aprendem totalmente suas regras Após aprenderem você poderá sugerir ou pedir que as crianças sugiram novas formas de se jogar prin cipalmente às que evitarem a exclusão temporária Você já deve ter jogado muito a queimada e sabe que quan do as crianças vão para o fundo se não tiverem muita habilidade motora não pegam mais a bola Que tal encontrar formas diferen tes de jogar a queimada que não excluam essas crianças Alguns exemplos foram dados pelo prof Rafael Kocian e vale a pena serem pesquisados RANGEL 2010 Essa atividade permite o desenvolvimento da cooperação e percepção corporal além da ajuda mútua quando uma criança avisa a outra sobre a trajetória da bola 161 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Confraternização dos bichinhos Número de jogadores 12 alunos ou mais Local aberto Material vendas para os olhos Os alunos devem formar uma grande roda sendo numera dos de um a quatro A seguir um representante de cada número escolhe uma es pécie de bichinho para caracterizar o seu grupo por exemplo o número um pode escolher o pato o número dois o carneiro o número três o leão e o número quatro o cavalo O objetivo do jogo é conseguir reunir todos os bichinhos da mesma espécie que estarão de olhos fechados ou vendados e de verão se comunicar imitando o som do animal correspondente ao seu número Quando um bichinho encontrar um companheiro eles de vem se unir e juntos continuar procurando o restante do grupo até que todos os grupos estejam completos Essa atividade é interessante porque desenvolve a percep ção auditiva pois as crianças se comunicarão por meio de sons É muito divertida e você pode incrementála solicitando tarefas de pois que os grupos estiverem formados como por exemplo pedir que criem uma forma de se locomover unidos ou que imitem o animal do grupo ou ainda que desenhem os animais façam carta zes combinem com a professora de classe de pesquisarem sobre os animais etc Pegapega locomotiva Número de jogadores 12 alunos ou mais Local aberto ou quadra poliesportiva Material elásticos e vendas Jogos e Brincadeiras I 162 Formamse grupos com quatro componentes dispostos em coluna envoltos ou colocados dentro de um elástico do interior do qual não poderão sair O primeiro da coluna obrigatoriamente terá os olhos ven dados Para se deslocar o grupo terá que encontrar um código para direcionar o primeiro aluno da coluna Um desses grupos será o pegador O grupo alcançado pela locomotiva pegadora assumirá a função de perseguir os demais grupos no espaço delimitado para a brincadeira e assim sucessivamente A cada nova locomotiva pegadora uma troca de posições e funções deverá acontecer em todos os grupos O aluno de olhos vendados vai para o fim da coluna o se gundo coloca a venda e assume a primeira posição tendo os olhos vendados e assim segue a brincadeira Ao final do jogo o professor poderá discutir com as crianças não apenas a questão da confiança que o primeiro de cada coluna deverá ter nos demais como também o fato de os companheiros terem a responsabilidade de guiar o primeiro Isso requer dar a segurança necessária para que o primeiro não se choque com nin guém ou com paredes e objetos ao redor A primeira criança só se soltará se tiver plena confiança nos demais 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Por que segundo Rangel e Darido 2005 o jogo apresenta algumas facilidades para ser ensinado na escola 2 Quais as principais características motoras das crianças de seis a oito anos 163 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental 3 Quais as principais características motoras das crianças de nove a dez anos 4 Observe os jogos apresentados neste Caderno de Referência de Conteúdo para as crianças de seis a oito anos e de nove a dez anos Você consegue observar algumas diferenças entre eles 9 CONSIDERAÇÕES O professor deve fazer observações e registros sobre as brin cadeiras e os jogos realizados pelas crianças pois por meio desta prática ele pode acompanhar como a criança se desenvolve quais são seus interesses e suas indagações e com base nessas consta tações planejar atividades diversificadas que atendam às necessi dades de todos os alunos Acompanhar o desenvolvimento do aluno ajuda o professor a rever e a aprimorar seu trabalho avaliando sua prática peda gógica e comprometendose assim com as conquistas sucessos fracassos e necessidades de seus alunos Se não registrarmos cor remos o risco de esquecer esses detalhes que são de extrema im portância Mas essa prática será estudada mais adiante em outro caderno Agora você deve prestar muita atenção aos alunos quan do estiverem brincando ou jogando Com essas sugestões de conteúdos e estratégias seus alu nos terão possibilidades de vivenciar o conteúdo jogo pertencen te à cultura corporal de movimento de forma interessante Essas possibilidades porém não se esgotam por aqui Esperamos que você discuta com seus colegas coloque dúvidas e comentários no Fórum e consiga pensar em novas estratégias não se contentando apenas com esses exemplos Então mãos à obra Estude brinque divirtase e amplie seus conhecimentos Aceite o desafio dos melhores profissionais invis ta em você e em sua profissão Jogos e Brincadeiras I 164 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais educação física Brasília MECSEF 1997 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 RANGEL I C A DARIDO S C Jogos e brincadeiras na escola In DARIDO S C RANGEL I C A Orgs Educação Física escolar implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 RANGEL I C A Org Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 SOARES et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 EAD Jogo do 6º ao 9º Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio 6 1 OBJETIVOS Analisar as características interesses e necessidades de cada faixa etária compreendida entre o 6º ano do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio relacionando os ao jogo Verificar a aplicabilidade das dimensões do conteúdo jogo na prática pedagógica da Educação Física para cada faixa etária 2 CONTEÚDOS Características e interesses dos alunos na faixa etária en tre 11 e 14 anos Quais jogos são indicados para alunos de 11 a 14 anos Características e interesses dos alunos na faixa etária de 15 a 17 anos Quais jogos são indicados para alunos de 15 a 17 anos Jogos e Brincadeiras I 166 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Os alunos da faixa etária entre 11 e 14 anos embora ne cessitem muito de atividades físicas começam a apre sentar sinais de descontentamento e iniciam uma fase de afastamento destas Cuidado então com a escolha das atividades lembrese quanto mais prazerosas e educativas mais os alunos continuarão a fazêlas 2 Pense que os alunos de 15 a 17 anos já têm condições de escolher muitas das atividades além de poderem auxi liar o professor a modificálas 3 Procure lembrarse de sua adolescência bem como do comportamento de seus amigos para poder fazer esco lhas certas Talvez os adolescentes não percebam como a atividade física é importante para suas vidas então o seu papel como professor é o de orientálos corretamen te Para tanto estude tire suas dúvidas e discutaas com seus colegas de curso 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Agora estudaremos os jogos possíveis de serem aplicados nas séries seguintes ao Ensino Básico que abrangem a faixa etária entre 11 e 17 anos Entretanto você provavelmente está se per guntando é possível encontrar crianças e adolescentes que gos tem de jogos tradicionais Sim isso é possível graças a algumas estratégias que lança remos mão Acredite não são apenas as crianças que gostam de jogar Talvez os adolescentes na ânsia de se tornarem adultos acabam pensando que jogo é atividade de criança No entanto os que não jogam mais mal sabem quanto prazer eles estão perdendo não é mesmo 167 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Precisamos ampliar nosso olhar sobre os jogos para perce bermos que todas as idades encontram formas interessantes de jogar Vocês já repararam que as pessoas da melhor ou terceira idade estão jogando mais do que nunca O que será que isso sig nifica Nosso país está entrando em uma época que a Europa já vivencia ou seja daqui a aproximadamente 20 anos teremos mui to mais pessoas acima de 60 anos do que crianças e adolescentes Essa parte importante da população precisará e já precisa de for mas de lazer diferenciadas O jogo pode ser uma dessas formas Também é possível ver que os adultos jogam embora acre ditemos que os homens adultos jogam mais do que as mulheres adultas Mesmo os que não possuem muito dinheiro para gastar com o lazer encontram um jeitinho de jogar as máquinas caça níqueis as mesas de jogos de baralho pebolim e snooker estão por toda a parte principalmente em bares As pessoas que têm mais possibilidades financeiras alugam quadras geralmente para jogar futebol vão a clubes jogar tênis ou arriscamse em cassinos de países estrangeiros onde essa prática é permitida Isso sem con tar os bingos que durante muito tempo divertiram os adultos e a terceira idade até serem proibidos Veja a Figura 1 a seguir Jogos e Brincadeiras I 168 Figura 1 Pessoas jogando pebolim Mas continuamos com nosso problema os adolescentes gostam ou não de jogar Vamos tentar mostrar a você que os préadolescentes e ado lescentes podem gostar de jogar e de aprender sobre os jogos Só precisamos encontrar novas formas de motiválos É o que nos dispomos a discutir com você nesta unidade Convidamos você a estudála e a inteirarse de mais um conteúdo que fará parte de sua atuação profissional Então mãos à obra e boa leitura 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DE 11 A 14 ANOS Como você já sabe a nova reestruturação curricular ocorrida no país fez as crianças ingressassem no 1º ano do Ensino Funda mental aos seis anos de idade Com isso os alunos do 6º ano estão 169 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio com 11 anos se conseguirem acompanhar os ciclos sem repetên cia e os que saem do 9º ano estão com 14 anos Ainda não é possível avaliarmos o quanto essa estrutura modificou o ensino Para a Educação Física também não há por enquanto parâmetros de avaliação Assim vamos analisar a faixa etária de 11 a 14 anos e discutir quais seriam os jogos que essas criançaspréadolescentes gostariam de aprender jogar e modifi car correto Crianças de 10 e 11 anos estão ainda em uma fase delicio sa de aprendizado São interessadas espontâneas ruidosas e ver dadeiras Dizem o que querem e o que não querem No entanto já apresentam alguns problemas que fazem os professores se ar repiar querem trabalhar separadamente entre os sexos ou seja meninos pra lá meninas pra cá Além disso os meninos só querem jogar futebol e são extremamente ruidosos Mas não se assuste você também já foi assim lembrase Então como a vida de professor foi feita mesmo para resolver pro blemas nada mais certo que encarar a situação e não desanimar Uma das possibilidades de se entender melhor os alunos dessa faixa etária é relembrar como você era quando tinha essa idade Você já estava na 5ª série atual 6º ano Gostava de suas aulas de Educação Física Qual conteúdo você teve nessas aulas O jogo fazia parte desse conteúdo Onde e como você brincava quando estava fora da escola Já os alunos de 12 13 e 14 anos estão na fase que denomina mos de préadolescência Apresentam características diferencia das visto que as meninas crescem em tamanho primeiro do que os meninos que também crescem muito e por vezes esse cres cimento ocorre nas extremidades por isso mãos e pés podem ser desproporcionais em relação ao restante do corpo Por crescerem muito tornamse desajeitados Jogos e Brincadeiras I 170 Todas essas mudanças os deixam muito indecisos ora apre sentam comportamento de criança ora de adulto por vezes sentemse adolescentes com algumas implicações dentre elas querem ou não querem jogar aceitam ou não o conteúdo que o professor ensina enfim são como caixinhas de surpresas 6 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 11 A 14 ANOS Vale lembrar que não estamos falando de jogos esportivos nem brincadeiras mas de jogos regrados porque as brincadeiras já não atraem essa faixa etária a não ser as que envolvem adivi nhações e mímicas Como nessa idade os alunos ainda gostam muito de se mo vimentar os jogos que mais apreciam são os que implicam correr bastante saltar rolar enfim os que exigem muitos movimentos e habilidades até mesmo bruscas Algumas meninas já começam a sentirse desestimuladas para a prática mas quando o professor sabe motiválas elas entram rapidamente no jogo Vamos a um exemplo de jogo bem motivador para esses alu nos Futebol dos caranguejos Duas equipes com número ilimitado de jogadores espalhamse pelo campo Os alunos deverão ficar na posição de decúbito dorsal de barriga para cima apoiados apenas nas mãos e nos pés como se fossem um caranguejo Cada equipe deve ter um goleiro que também ficará nesta posição Colocar uma trave de cada lado da quadra ou espaço de jogo que pode ser até mesmo improvisada Após um sorteio uma das equipes receberá uma bola pode ser a de voleibol borracha ou handebol e iniciará o jogo Ao sinal do professor os jogadores tentarão marcar gol na equipe adversária Vence a equipe que marcar mais gols durante um determinado tempo As regras iniciais são Jogar através de passes não colocar os pés na bola caso seja interceptada passará para a outra equipe 171 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio A partir dessas regras os alunos deverão conversar e criar outras e tomar decisões sobre o jogo Por exemplo há necessidade de goleiro Para que os jogadores não se cansem muito quando eles não estiverem de posse de bola poderão ficar sentados adaptado de ELSTNER 1984 p 5 Esse jogo é muito interessante e pode ficar melhor à medida que você e seus alunos definirem as regras e criarem outras dificuldades Podem por exemplo utilizar mais uma bola e traves Como as crianças dessa faixa etária preferem os desafios você deve sempre procurar modificar os jogos de tal forma que elas tenham que resolver problemas para em seguida jogar Vamos a outro exemplo Pegapega Todos contra todos Para esse jogo os alunos devem ser divididos em duas equipes uma delas deterá inicialmente a posse de uma bola Este jogo é um tipo de queimada em que todos os jogadores tentam queimar de posse de uma bola quem estiver mais próximo Regras 1 O aluno que estiver de posse da bola não poderá correr com ela nas mãos apenas se a estiver quicando baten do a bola no chão 2 Deverá a seguir arremessar a bola de encontro a qual quer aluno 3 Apenas a bola poderá ultrapassar a linha do meio da quadra 4 Quem for queimado deverá agachar e esperar nessa po sição até que outro aluno seja queimado Não há exclu são total apenas temporária de quem foi queimado 5 O jogo termina quando os alunos perderem o interesse Observação geralmente os alunos de posse da bola demo ram a entender que podem lançar a bola pelo chão para que esta ultrapasse a linha do meio da quadra além de poderem passar a linha e pegar a bola novamente Jogos e Brincadeiras I 172 Não são apenas os jogos bem movimentados que podem atrair a atenção desses alunos Os jogos prédesportivos são bem aceitos e há uma grande variedade deles Além disso para cada um há a possibilidade de se criar um jogo prédesportivo Isso não é tão complicado Por falar em criar você sabe como se cria um jogo Rangel 2010 p 13 sugere alguns passos 1 Determinar seu objetivo 2 Qual faixa etária se sabem ler e escrever 3 Escolher ou não algum material 4 Verificar qual local será utilizado para seu desenvolvimento 5 Criar regras para seu desenvolvimento Os jogos prédesportivos fazem parte de uma categoria inse rida entre o jogo e o esporte que ainda não foi estudada detalha damente Vamos então verificar suas características 1 São jogos com regras que podem ser alteradas a qual quer instante 2 Trabalham com as habilidades específicas de cada mo dalidade rebater e lançar para o voleibol chutar para o futebol e assim por diante 3 Podem ser trabalhados na quadra específica de cada modalidade ou não 4 Usam o mesmo material do esporte específico ou os materiais podem ser adaptados Apresentaremos a seguir um exemplo de jogo prédespor tivo Vamos utilizar um prédesportivo do voleibol e em seguida discutiremos suas características Voleibol dos quatro cantos Dividimos a quadra em quatro quadrantes utilizando a rede de voleibol ao centro Colocamos uma corda barbante ou similar amarrado do centro da rede até um local em que possa ser fincado trave de futebol árvore etc Para esse jogo são necessários 24 jogadores sendo seis em cada quadrante Regras 173 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio 1 Jogase com as habilidades do voleibol manchete toque saque ou com arremessos combinados antecipadamente entre os jogadores rebatidas de N formas 2 Todos jogam contra todos ou seja podese jogar a bola para qualquer quadrante 3 A contagem é feita da seguinte forma cada vez que a bola cai em um dos campos contase um ponto negativo para aquela equipe 4 Ganha a equipe que fizer o menor número de pontos negativos os quais podem ir até 11 sete ou a contagem combinada pelo grupo 5 O saque é dado pela equipe que deixou a bola cair 6 O rodízio pode ser combinado dentre as seguintes formas todos rodam cada vez que a bola cair no chão ou apenas a equipe que perdeu o ponto roda Outras regras podem ser combinadas com o grupo dependendo das dificuldades ou facilidades deste como por exemplo a contagem obedecerá a um tempo predeterminado 10 ou 15 minutos pode ser incluída uma bola etc Veja a representação desse jogo na seguinte tabela A A A A A A C C C C C C B B B B B B D D D D D D Jogos e Brincadeiras I 174 Esse jogo é interessante porque exige atenção redobrada já que a bola pode vir de qualquer canto da quadra A contagem por ser diferente nunca perdemos ponto em jogo nenhum só nesse tornase um atrativo para os alunos Como pode ser jogado por quem tem ou não habilidade ele pode ser ministrado desde a 6ª série até o Ensino Médio Contudo o que chama mais a atenção nesse jogo é que ele é tão diferente que os alunos sempre que tivemos a oportunidade de aplicálo esqueceramse da contagem sendo essa uma carac terística interessante do jogo Veja mais um exemplo Rede tapada Utilizamos uma quadra separada ao meio por uma rede ou corda na qual se colocam vários tecidos lençóis retalhos etc de modo que um time colocado de um lado não consiga ver o outro Formamse duas equipes de aproximadamente dez alunos de cada lado Esse prédesportivo pode ser jogado com as habilidades do voleibol e com uma bola de borracha bem grande Como um time não consegue ver o outro o jogo tornase muito engraçado A bola aparece do nada e por vezes não há tempo para rebatêla 1 Quando a bola cai ao chão a equipe adversária ganha um ponto 2 Combinase a forma de rodízio 3 Combinase o número de pontos de cada set ou jogase por tempo Há a possibilidade de se trabalhar com os jogos tradicionais aumentandose a complexidade destes As estratégias podem ser criadas pelo professor ou pelos próprios alunos Daremos um exemplo que envolve um jogo muito simples escravos de Jó Escravos de Jó Escravos de Jó jogavam caxangá Tira põe deixa ficar Guerreiros com guerreiros Fazem zigue zigue zague Há outra versão que é a seguinte 175 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Escravos de Jó jogavam caxangá Tira bota deixa zambelê ficar Guerreiros com guerreiros Fazem zigue zigue zague Como podemos complicar esse jogo a fim de tornálo atrativo também para essa faixa etária Rangel e Darido 2005 p 1634 nos sugerem algumas possibilidades Nesta brincadeira ao dizerse tira põe deixa ficar podese brincar com pedrinhas copos plásticos com ou sem areia ou água bem como utilizar o próprio corpo que entra e sai de uma roda A letra pode ser omitida aos poucos sendo substituída por assovios ou simplesmente cantarolada Como você pode notar ao acrescentar areia ou água nos co pinhos o jogo exige mais coordenação motora além da que já é exigida nesse jogo Quando fazemos com nosso próprio corpo e ainda em duplas há mais exigências o que envolve também a cognição dos alunos Lembrese de que há a possibilidade de se trabalhar com os jogos em forma de conceitos É claro que as atividades já sugeridas nas Unidades 4 e 5 ainda podem ser utilizadas mas vamos aumen tar ainda mais a complexidade dessa tarefa Jornal A professora Larissa Beraldo Kawashima RANGEL 2010 criou com seus alunos jornais bimestrais nos quais sempre incluí am informações sobre jogos Nesses jornais constavam pesquisas lembretes caçapalavras palavras cruzadas entre outros itens Toda a tarefa era delegada às crianças que faziam o papel de re pórteres desenhistas etc A diagramação ficava a cargo da profes sora Larissa Veja alguns exemplos de reportagens 1 Entrevistas com diretor coordenador pedagógico fun cionários e professores de outras disciplinas sobre suas brincadeiras de infância sobre o que viam e não viam mais as crianças jogando Jogos e Brincadeiras I 176 2 Caçapalavras e palavras cruzadas abrangendo os nomes de jogos tradicionais 3 Curiosidades sobre os jogos 4 A descrição de um jogo 5 A história dos jogos seus diferentes nomes etc No caso específico desses jornais algumas atividades incluíam um jogo ou seja este era utilizado como um meio como por exem plo um labirinto ou um ligue os pontos Veja o exemplo na Figura 2 Fonte extraído de jornal escolar organizado pela Profa Ms Larissa Kawashima Figura 2 Caçapalavras 177 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Os jogos populares podem ser incluídos nas gincanas e nos campeonatos não havendo necessidade de se realizarem essas atividades apenas com os jogos esportivos Campeonatos de quei mada e base quatro por exemplo fazem o mesmo sucesso que os campeonatos esportivos com a vantagem de não exigirem muita habilidade dos jogadores e na maioria das vezes incluírem um número muito maior de participantes 7 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DOS 15 AOS 17 ANOS Visto que todas as idades apresentam alguma fascinação pelo jogo basta compreender qual seja e investir nela Para os adolescentes não é diferente Mas para isso é necessário enten der um pouco a adolescência Para Ferreira 1993 p 12 a adolescência é o período da vida humana que começa com a puberdade e se caracteriza por mudanças corporais e psicológicas Ademais a palavra adoles cente deriva de adolescere que significa crescer Na adolescência o jovem passa por mudanças significativas de acordo com quatro enfoques cultural cognitivo afetivo e físi co No enfoque cultural a periodização pela qual passa o ser humano não é natural mas sim determinada cultural e sóciohis toricamente Em algumas tribos indígenas por exemplo a adoles cência pode significar apenas um ritual de passagem com duração de dias ou meses No enfoque cognitivo é importante reconhecer que o jovem passa a possuir o pensamento lógicoformal que permite abstrair criticar e propor soluções Nesse sentido os jogos que exigem complexidade de pensamento podem atrair os adolescentes Há formas de se concretizar essa proposta as quais apresentaremos mais adiante Jogos e Brincadeiras I 178 Somos inteiramente a favor das discussões que levem o alu no a inteirarse do conhecimento sobre as atividades da cultura corporal de movimento Entretanto essas discussões devem ser bem dirigidas e iniciadas desde cedo para que se crie o hábito da interação da prática com a teoria mas não podemos admitir que as aulas de Educação Física se tornem exclusivamente teóricas verbalizadas ou o que é pior chatas Em nosso modo de enten der as aulas de Educação Física são realmente diferentes das ou tras elas possuem uma magia que está ligada à satisfação do uso do corpo e do movimento e da compreensão a respeito destes No enfoque físico devemos nos atentar para o crescimento e a desarmonia de movimentos advindos do novo corpo O pe ríodo de aparecimento das características sexuais secundárias e da maturação dos órgãos sexuais é definido como pubescência ou puberdade marcando o início da adolescência CAMPOS 1991 Essa fase é universal pois independe de cultura ou sociedade para acontecer Nas meninas crescem os seios aparece a primeira menstru ação crescem os pelos pubianos e os das axilas Os meninos eja culam pela primeira vez mudam o tom de voz veem crescer os pelos pubianos e os das axilas além das primeiras penugens no rosto e pelos nos peitos Essas características são acompanhadas pelo estirão de crescimento Esse novo corpo possui não apenas um significado físico mas também um significado social uma vez que o adolescente é o seu corpo As características físicas visíveis a olho nu completamse com características psicológicas e sociais nem sempre passíveis de observação mas que marcam profundamente esse período da vida Afirmase então que a pubescência é biológica mas a ado lescência depende da cultura social Algumas pessoas costumam popularmente chamar essa fase de crítica pois acreditam que os jovens nessa etapa da vida colocam em xeque sua orientação familiar seus padrões in 179 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio corporados pelo tipo de criação características que os levam a um processo de luta contra a sociedade Tais crises seriam encaradas como a forma pela qual o adolescente tem de se afirmar de se reorganizar e não podem ser vistas como nocivas O jovem sentindo mudanças físicas em seu corpo percebe que há outra mudança ocorrendo que é sua integração no mundo adulto agora não mais como criança mas como alguém capaz de dar opiniões refletidas sobre o mundo O futuro o amedronta e ao mesmo tempo deixao fascinado Ele sente então uma necessi dade de mudar o mundo daí suas crises de insatisfação CóriaSabini 1993 observa que tais características são en contradas apenas em um pequeno número de indivíduos mas como são exploradas na literatura no cinema e especialmente na televisão criase uma falsa imagem da fase adolescente como cheia de tormentas e revoluções Os conflitos podem ocorrer tam bém mais por falta de flexibilidade das pessoas mais velhas que convivem com os adolescentes do que por eles mesmos Se o educador entender os jovens como seres rebeldes po derá preconcebêlos e ter uma expectativa ruim em relação a eles Portanto é preciso tentar compreender essa fase antes de criar ideias preconcebidas Também é necessário entender o aluno adolescente como um indivíduo que sairá da escola e portanto que deverá possuir autonomia em relação aos movimentos Se ele criar a ideia de que o jogo só é possível para crianças perderá a oportunidade de con tinuar a praticálo Para RangelBetti referindose ao antigo Ensino Médio 1998 p 38 Aqueles que por algum motivo já não sentem prazer com o mo vimento precisam redescobrir como é gostoso jogar brincar cami nhar nadar pedalar e nisto consiste a função do ensino Podem igualmente não conseguir descobrir nada disso Mas o professor tem a função essencial de tentar mostrar o lado prazeroso da ati vidade física Jogos e Brincadeiras I 180 8 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 15 A 17 ANOS Passaremos agora a exemplificar algumas possibilidades de trabalho com os jogos Rangel e Darido 2005 sugerem que os jogos não devem ser vistos apenas pela dimensão procedimental especialmente por que o adolescente já é capaz de ampliar sua visão utilizandose de conceitos Para essas autoras a perspectiva apresentada a seguir deve ser analisada Entender o jogo na perspectiva do lazer e da qualidade de vida A falta de espaço nas grandes cidades brasileiras confinou a maio ria das brincadeiras de rua ao pátio da escola ou à aula de Educa ção Física Também é crescente a influência da televisão da mídia em geral e dos brinquedos eletrônicos no repertório de atividades infantis entretanto a lista de brincadeiras preferidas ainda pode trazer o videogame ao lado da batataquente e da bolinha de gude Em algumas escolas meninas e meninos locomovemse com desenvoltura na pernadepau A peça de madeira parece um brin quedo incomum nos dias de hoje mas ainda pode causar encanto É preciso favorecer a reflexão dos alunos sobre as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade ou seja é preciso que eles entendam que se por um lado o avanço tecnológico tem contribuído para disponibilizar um maior número de informação e para oferecer um maior conforto à população por meio de máquinas equipamentos eletrônicos e meios de locomoção por outro lado esse fenômeno é responsável por um estilo de vida menos ativo e mais sedentário além de outros prejuízos Tais características marcantes da moder nidade têm sido apontadas como as principais responsáveis pelo aumento dos riscos de diversas doenças crônicas Estudos mostram que essas doenças são quase duas vezes mais comuns em pessoas inativas do que naquelas que se exercitam Desta forma é neces sária a discussão sobre as mudanças no comportamento corporal decorrentes do avanço tecnológico e a análise do impacto delas na vida do cidadão na escolha das brincadeiras e jogos Uma alternativa pouco empregada pelos professores mas eficaz é estimular os alunos a realizar os jogos e outras atividades físicas aprendidas nas aulas com amigos ou familiares fora o período nor mal de aula como em fins de semana e nas férias escolares Desta 181 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio forma os alunos são estimulados a compreender e a vivenciar a ati vidade física como forma de usufruir o tempo de lazer melhorando sua qualidade de vida RANGEL DARIDO 2005 p 163 Vamos pensar agora em outras possibilidades adequadas para essa faixa etária Para isso nada melhor do que investigar so bre a aplicação de jogos em uma escola como fez o professor Ro gério Zaim de Melo Ele investigou o uso de jogos tradicionais para adolescentes que cursavam o antigo 2º grau Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 939496 o ensi no de 2º grau passou a denominarse Ensino Médio Rogério considerou antes dessa experiência as característi cas descritas anteriormente e constatou que a evasão nesse nível de ensino se dava porque o aluno do ensino noturno especial mente trabalhava durante o dia e tinha tem ainda a possibilida de de solicitar dispensa das aulas de Educação Física Além disso os conteúdos não eram adequados à faixa etária faltavam mate riais e havia desinteresse dos professores GAMBINI 1995 Seu objetivo foi verificar a opinião dos alunos de uma esco la pública de 2º grau da cidade de Rio Claro a respeito da prática de jogos e brincadeiras não esportivos nas aulas de Educação Fí sica MELO 1997 p 2 Sua pesquisa foi realizada com 52 alunos sendo 17 do sexo masculino e 35 do sexo feminino com idade média de 15 e 16 anos Você consegue imaginar os jogos que ele utilizou Pois bem foram jogos da cultura popular e jogos adaptados tais como quei mada hand sabonete piquebandeira base quatro jogo dos dez passes handfoot bola na torre conquista estratégica alerta e vassourobol Você os conhece Descreveremos agora o hand sabonete um jogo muito sim ples mas desafiante MELO 1997 p 44 Hand sabonete Número de participantes no mínimo seis e no máximo 20 Material necessário dois baldes com água e um sabonete Jogos e Brincadeiras I 182 Objetivo fazer o gol acertando o sabonete no balde adversário Duração enquanto houver interesse Desenvolvimento dividemse os participantes em dois grupos A e B Em uma quadra determinase o campo de onde os participantes não deverão sair durante o jogo Colocase um balde com água no centro do campo e outros dois um de cada lado da quadra ou campo Todos os integrantes da equipe molham as mãos cada vez que pegarem no sabonete este ficará escorregadio daí a graça do jogo e tentam fazer o gol arremessando o sabonete no balde adversário Vence o jogo a equipe que fizer o maior número de gols Observação não é permitido andar com o sabonete nas mãos Nesses jogos a participação dos alunos foi extremamente ativa e em suas próprias observações disseram que gostariam que os jogos fossem introduzidos em suas aulas Aliás eles nunca de veriam ter saído Como conclusão final o autor considera que A utilização de jogos e brincadeiras como conteúdos no aque cimento ou na parte principal da aula é na verdade uma opção possível para que todos façam as aulas principalmente quando se considera a importância em não excluir que é o que ocorre com freqüência Estas atividades oferecem oportunidade para que os alunos tenham um maior proveito das aulas de Educação Física visto que o jogo é lúdico e desfavorece esta situação MELO 1997 p 35 Os jogos podem servir como coadjuvantes para que os alu nos entendam de que forma surgem os esportes Por exemplo 1 Solicitar aos alunos que escolham um jogo qualquer que não seja esportivo pénalata por exemplo 2 Depois dessa escolha eles devem criar regras rígidas que servirão para toda a escola Discutir essas regras votar etc 3 Fazer um cartaz com essas regras e fixálo em lugar bem visível 4 Criar uma federação e uma confederação fictícias 5 Redigir uma carta para o COI Comitê Olímpico Interna cional solicitando a inclusão do pénalata como espor te olímpico Dessa forma os alunos compreenderão como um jogo se transforma em esporte e posteriormente em um esporte olím pico 183 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Outra ideia é fazer que os alunos do Ensino Médio criem campeonatos e festivais para os mais novos mas que envolvam a realização de um jogo não esportivo Como os jovens gostam muito de video game atualmente nada melhor do que instigálos a transformar um jogo de video game em um jogo para ser realizado na quadra da escola É claro que essa ideia dará um grande trabalho que envolverá toda a tur ma Mas esse é o objetivo Os alunos escolherão um jogo conheci do por todos discutirão suas regras e estratégias farão cenário o mais real possível e por fim jogarão Com essa faixa etária é possível levar discussões mais apro fundadas sobre temas relacionados à Educação Física Para isso o professor deverá selecionar um assunto solicitar pesquisas e pro mover as discussões Os assuntos poderão girar também em torno dos objetivos do Projeto Políticopedagógico da escola ou de pre ferência ser do interesse dos alunos Nesse caso futuro professor procure ficar atento ao que os alunos estão conversando pergunte tenha interesse pelo mundo de fora da escola Assuntos como o meio ambiente as drogas a violência o namoro entre outros podem se transformar em jo gos Será que estamos viajando Cremos que não Vamos mostrar um exemplo extraído de Scaglia e Rangel 2004 p 15051 que trata da Terceira Idade O jogo de bocha não é muito conhecido entre crianças e adolescentes Ele é mais utilizado entre pessoas do sexo masculino da chamada Terceira Idade Entre as formas de se jogar podese afirmar que ele consiste em dividir o grupo em dois colocando em cada lado de um campo dois pinos As equipes possuem bo las coloridas uma cor para cada grupo Cada participante jogará uma bola tentando ao mesmo tempo aproximála mais do pino e empurrar a bola do adversário para longe desse pino As jogadas acontecem alternadamente Jogos e Brincadeiras I 184 Para ensinar esse jogo nas aulas de Educação Física quadra o professor deve aumentar a diversidade do conteúdo e ao mes mo tempo proporcionar uma discussão sobre o lazer Após a ex plicação da bocha o professor solicitará aos alunos que a joguem A partir daí modificações poderão também ser introduzidas no jogo tais como jogar com os pés substituindo a bola rebater a bola ao invés de lançála Entretanto a discussão posterior girará em torno do lazer para a Terceira Idade Após a experimentação da brincadeira o professor poderá promover as seguintes atividades 1 Solicitar aos alunos que pesquisem na comunidade como são as oportunidades de lazer para a Terceira Ida de 2 Discutir por que a maioria das pessoas não praticam as atividades físicas que aprenderam se acreditam que elas devam ser um componente para o resto de suas vidas 3 Comentar como as pessoas na Terceira Idade ultima mente vêm utilizando as atividades físicas e os jogos 4 Propor que os alunos façam visitas a grupos de Terceira Idade verificando os jogos que praticam ou entrevistan doos sobre os jogos de sua infância 5 Discutir outras atividades que envolvam a Terceira Ida de 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Você se recorda de sua adolescência Quais relações você estabelece com o conteúdo jogo durante suas aulas de Educação Física nas faixas etárias estudadas nesta unidade 2 Caso você nunca tenha visto este conteúdo no Ensino Médio acredita ser possível utilizálo 3 Você faria outra proposta para o ensino deste conteúdo nessas faixas etá rias 185 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio 10 CONSIDERAÇÕES Nesta unidade você entrou em contato com uma literatura e com sugestões de atividades apropriadas para as séries finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio Conheceu ou reviveu al gumas das principais características das idades que os compõem Entretanto lembrese de que pode haver alunos com essas carac terísticas em faixas etárias completamente diferentes das vistas aqui Procuramos adequar este estudo à maioria das escolas Al gumas propostas foram feitas para elevar a exigência tanto das ha bilidades motoras quanto das cognitivas tendo em vista que esses alunos já dispõem de condições de raciocinar melhor do que as faixas etárias anteriores Os exemplos dados fogem ao que é comum encontrarmos na Educação Física Nossa intenção é mostrar que você aluno do Claretiano será um aluno diferenciado Não um rolabola como se costuma chamar um professor que não ministra suas aulas ade quadamente 11 EREFERÊNCIAS Figura Figura 1 Pessoas jogando pebolim Disponível em httpimg72imageshackus img728102014933828ex00ie2jpg Acesso em 7 mar 2012 Site pesquisado BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 939496 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03LeisL9394htm Acesso em 7 mar 2012 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS D M S Psicologia da adolescência Petrópolis Vozes 1991 CÓRIASABINI M A Psicologia do desenvolvimento São Paulo Ática 1993 ELSTNER F Jogue conosco brincadeiras e esporte para todos Rio de Janeiro Ao Livro Técnico 1984 Jogos e Brincadeiras I 186 GAMBINI W J Motivos de desistência em aulas de Educação Física no segundo grau Rio Claro Ed Unesp 1995 MELO R Z de Educação Física na escola conteúdos adequados ao 2º grau Rio Claro Ed Unesp 1997 RANGELBETTI I C Educação Física e o ensino médio analisando um processo de aprendizagem profissional São Carlos UFSCar 1998 RANGEL I C A DARIDO S C Jogos e brincadeiras na escola In DARIDO S C RANGEL I C A Orgs Educação Física escolar implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 RANGEL I C A Org Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 SCAGLIA A J RANGEL I C A Manifestações do Jogo In jogo corpo e escola Segundo Tempo Brasília Ministério do Esporte 2004 EAD Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola 7 1 OBJETIVOS Entender o jogo como meio educativo que contemple os objetivos da escola Utilizar o jogo como coadjuvante no trabalho com os Te mas Transversais 2 CONTEÚDOS Jogo e Temas Transversais significados Jogo e Orientação Sexual Jogo e Ética Jogo e Pluralidade Cultural Jogo e Trabalho e Consumo Jogo e Meio Ambiente Jogo e Saúde Jogos e Brincadeiras I 188 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Após entrar em contato com o amplo conhecimento a respeito dos jogos e brincadeiras você estudou formas diferentes de aplicar esse conhecimento às diferentes faixas etárias escolares Para que este conhecimento se torne permanente você deverá refletir sobre os exem plos concretos dados nesta unidade que podem ser aplicados ao ensino dos Temas Transversais 2 No decorrer de nosso estudo você entrará em contato com uma literatura que é atual na escola para todas as disciplinas incluindo a Educação Física Aprenderá que existem vários Temas Transversais propostos pelo Governo Federal por meio do Ministério da Educação Pense que você poderá também propor outros temas a serem discutidos e ensinados na escola 3 Leia atentamente esta unidade já elaborando outros temas que atendam às necessidades atuais de nossa so ciedade 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Você certamente ouviu e ouvirá falar muito a respeito dos Temas Transversais Originalmente os Temas Transversais foram introduzidos no Ensino Fundamental brasileiro pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs BRASIL 1996 documento que pro curou orientar o trabalho dos professores levando em considera ção a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 939496 promulgada em 1996 Os Temas Transversais caracterizamse como temas a serem vistos por todas as escolas do país em todas as disciplinas envol vendo não apenas os atores da escola alunos professores e de mais funcionários mas também pais governos e a sociedade em 189 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola geral Dessa forma você deve compreender que os Temas Trans versais abrangem a Educação Física e todos os seus conteúdos in cluindo o jogo objeto de estudo deste caderno Observe o texto a seguir sobre esse assunto Ao se admitir que a realidade social por ser constituída de diferen tes classes e grupos sociais é contraditória plural polissêmica e que isso implica na presença de diferentes pontos de vista e proje tos políticos será então possível compreender que seus valores e seus limites são também contraditórios Por outro lado a visão de que a constituição da sociedade é um processo histórico perma nente permite compreender que esses limites são potencialmente transformáveis pela ação social E aqui é possível pensar sobre a ação política dos educadores A escola não muda a sociedade mas pode partilhando esse projeto com segmentos sociais que assu mem os princípios democráticos articulandose a eles constituir se não apenas como espaço de reprodução mas também como espaço de transformação BRASIL 1998 p 23 Esperamos que ao final desta unidade você esteja apto a utilizar jogos que envolvam os Temas Transversais copiando mo dificando ou criando jogos que abranjam os Temas Transversais Boa leitura e bom trabalho 5 JOGO E TEMAS TRANSVERSAIS SIGNIFICADOS Os Temas Transversais foram elaborados com a intenção de transformar nossa sociedade com base na Educação permitindo aos jovens que cresçam com o ideal da solidariedade e da cidada nia e que também respeitem as diversidades regionais culturais e políticas Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm como objetivos os quais você futuro professor deve saber já Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que ao final da escolarização os alunos sejam capazes de compreender a cidadania como participação social e política assim como exercício de direitos e deveres políticos civis e so ciais adotando no diaadia atitudes de solidariedade coo Jogos e Brincadeiras I 190 peração e repúdio às injustiças respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito posicionarse de maneira crítica responsável e construtiva nas diferentes situações sociais utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas conhecer características fundamentais do Brasil nas dimen sões sociais materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações posicionandose contra qualquer discriminação ba seada em diferenças culturais de classe social de crenças de sexo de etnia ou outras características individuais e sociais perceberse integrante dependente e agente transformador do ambiente identificando seus elementos e as interações entre eles contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o senti mento de confiança em suas capacidades afetiva física cog nitiva ética estética de interrelação pessoal e de inserção social para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania conhecer o próprio corpo e dele cuidar valorizando e adotan do hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da quali dade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva utilizar as diferentes linguagens verbal musical matemática gráfica plástica e corporal como meio para produzir expres sar e comunicar suas idéias interpretar e usufruir das produ ções culturais em contextos públicos e privados atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tec nológicos para adquirir e construir conhecimentos questionar a realidade formulandose problemas e tratando de resolvêlos utilizando para isso o pensamento lógico a cria tividade a intuição a capacidade de análise crítica selecionan do procedimentos e verificando sua adequação BRASIL 1997 n p Com esses objetivos foram então definidos os principais te mas também denominados Temas Sociais Emergentes que são 191 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola ética meio ambiente pluralidade cultural saúde trabalho e con sumo e orientação sexual A partir deles autores da Educação Fí sica passaram a estudar e a projetar conteúdos que pudessem dar conta dessa complexidade Trabalhar com os conteúdos da cultura corporal de movi mento com base nos Temas Transversais não é uma tarefa fácil porém Darido et al 2006 criaram ou adaptaram estratégias partindo da mídia impressa Essas estratégias foram concebidas sob a óptica das dimensões conceituais procedimentais e atitu dinais Darido e Rangel 2010 elaboraram propostas abrangendo os Temas Transversais sob a óptica das dimensões dos conteúdos Nesta unidade você terá a oportunidade de estudar esses temas e verificar sua aproximação com o conteúdo jogo Os demais conteúdos da cultura corporal de movimento provavelmente lhe fornecerão outros exemplos de aplicações Você deve perceber que nesta unidade os jogos serão vis tos como um meio para se atingir o objetivo de trabalhar os Temas Transversais Note também que nesta unidade não trataremos de faixa etária portanto quando você trabalhar na escola procurará analisar seus alunos e optar por algumas dessas sugestões 6 JOGO E ORIENTAÇÃO SEXUAL Segundo Darido et al 2006 p 67 Esse tema engloba os conceitos de sexualidade ligados natural mente à vida e à saúde às questões de gênero dando ênfase ao papel social de homens e mulheres e aos estereótipos da relação entre ambos além das discussões relacionadas às doenças sexual mente transmissíveis e à gravidez na adolescência Pelo fato de a Educação Física estar diretamente relacionada ao corpo principalmente a sexualidade deve ser levada em conta Entretanto muito ainda teremos que estudar principalmente em relação aos preconceitos para que possamos ter uma atuação re almente educadora Jogos e Brincadeiras I 192 Não é difícil perceber os trabalhos que podem ser feitos em relação ao tema trabalhar as questões de gênero a discriminação dos homossexuais e mulheres no esporte os homens na dança o uso do doping para que algumas mulheres se tornem mais fortes as mulheres na luta e no futebol entre outros Esses temas podem ser provocados ou o professor pode aproveitar conversas apelidos pejorativos ou trejeitos discriminatórios que possam surgir em aula Em relação aos jogos vamos sugerir alternativas para que as meninas tenham a mesma oportunidade que os meninos pois como se sabe elas são alvo de gozações ou até mesmo exclusões por parte dos meninos quando o assunto é jogar com os pés Jogo com times mistos Delimitar uma área e um objeto a ser atingido trave cone garrafa plástica Durante 5 minutos apenas os meninos podem chutar tentando acertar o alvo Nos próximos 5 minutos apenas as meninas podem chu tar Se um chute certeiro for dado por uma menina o próxi mo só poderá ser dado por um menino Times de meninos e meninas 1 Em um mesmo campo dois times de meninos jogam en tre si A x B o que também acontece com um time de meninas C x D 2 Quando um time faz um gol mudamse os times que se enfrentam A x C e B x D 3 Todas as vezes que um alvo é acertado trocamse os ti mes que se enfrentam 4 Tanto na primeira quanto na segunda forma de se jogar são dadas oportunidades iguais para as crianças até que 193 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola estas consigam jogar sem uma estratégia diferenciada Esse será o objetivo do professor dar oportunidades iguais para pessoas diferentes 7 JOGO E ÉTICA A Ética diz respeito às questões da moral que envolvem os valores humanos bem como ao sentido de convivência entre os seres humanos É impossível falarmos de ética sem nos reportar mos aos direitos e deveres dos cidadãos A escola tem sido alvo de inúmeros exemplos atualmente de atitudes de jovens que a desrespeitam escrevendo em cartei ras livros pichando muros e até maltratando professores e dire tores Isso prova que muitas vezes eles entendem seus direitos mas esquecemse de seus deveres Como o professor de Educação Física poderá contribuir para que os alunos construam uma moral cidadã relacionandose paci ficamente com os outros Não é uma tarefa tão fácil entretanto os jogos apresentam várias possibilidades de trabalho nesse sen tido Vamos exemplificar analisando algumas atitudes observadas durante a realização de jogos bem como a de esportes Lembre se o professor é peça fundamental para que os alunos entendam determinadas ações ocorridas durante os jogos Um dos pontos fundamentais desta discussão é a contri buição para a formação do espírito de equipe De que forma isto acontece De forma bem simples podemos e devemos explicar aos nossos alunos assuntos que às vezes parecem redundantes mas que são fundamentais para a formação do espírito de equipe Uma equipe necessita de todos os integrantes para jogar A falta de um ou mais companheiros torna o jogo esportivo desmotivan te enfadonho ou descaracterizado Assim todos são importantes Ainda nessa linha de pensamento não importa quanto um jogador seja bom sem o restante da equipe não pode haver o jogo Jogos e Brincadeiras I 194 Explique isso a seus alunos façaos entender que todos são importantíssimos para a equipe Aliás o significado de equipe é justamente o de grupo de pessoas que trabalham pelo mesmo ob jetivo Embora possamos trabalhar outros tipos de jogos os jogos cooperativos apresentam a característica de que todos realizam uma tarefa com o mesmo objetivo ORLICK 1978 BROTTO 2000 podendo ser utilizados no trabalho com Ética Vamos a um exem plo 1 Formar um círculo com todos os alunos da turma O pro fessor ficará do lado de fora do círculo com um saco de bolas 2 O objetivo do jogo é manter o maior número de bolas no ar sem deixálas cair 3 O professor entregará para a primeira criança uma bola Esta deverá passar a bola para outra criança que a pas sará para outra até que todas tenham recebido uma única vez a bola 4 A bola sempre deverá ser passada para a mesma pessoa 5 O último a passará para o primeiro que recomeçará o jogo 6 O professor deverá ir introduzindo outras bolas na me dida em que as crianças consigam passálas sem deixar nenhuma delas cair Nesse jogo as bolas podem variar conforme o tamanho o peso e a cor Isso também auxiliará na questão da coordenação motora Ao final da atividade o professor conversará com as crianças sobre o fato de todos colaborarem para o alcance do objetivo do jogo de como todos são importantes e de como tiveram que res peitar cada companheiro para quem lançavam a bola Se apenas o jogo for dado sem a análise do professor pro vavelmente as crianças sairão da aula sem prestarem atenção ao que fizeram em relação à Ética Veja o texto a seguir sobre esse assunto 195 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola devemos entender que o movimento que a criança realiza num jogo tem repercussões sobre todas as dimensões do seu compor tamento e mais que esta atividade veicula e faz a criança introje tar determinados valores e normas de comportamento Portanto aquela idéia de que atuando sobre o físico estamos automatica mente e magicamente atuando sobre as outras dimensões precisa ser superada para que estas possam ser levadas efetivamente em consideração na ação pedagógica BRACHT 1992 p 66 Podemos compreender que o jogo é uma prática de trans formação social desde que o professor principalmente o encare como tal Outro fator importante é mostrar aos alunos que jogar con tra é jogar com BELBENOIT 1976 BRACHT 1992 Não há jogo ou competição sem a equipe adversária e portanto o adversário é peça fundamental O coletivo deve estar além do individualismo o que equivale a compreender que o adversário é um compan heiro tanto quanto o companheiro de sua equipe Mesmo por que o jogo esportivo como qualquer jogo possui a magia de ter um começo um meio e um final Terminada esta magia todos voltam à realidade ou seja todos os alunos se encontrarão em outras au las em diversos locais da escola e em outras aulas de Educação Física Assim o mesmo colegaadversário poderá em dado mo mento estar em sua equipe Dessa forma no jogo encontramos várias formas de desen volvimento da cooperação Podemos percebêla na cooperação interna entre o grupo da própria equipe e da equipe adversária para que o jogo aconteça Além disso o professor pode solicitar a cooperação de seus alunos para a organização do jogo que inclui a divisão das equipes a organização do material necessário trans portar cuidar conservar guardar a arbitragem a contagem o tempo etc Os alunos então não serão tratados como meros es pectadores Outra característica do esporte é a competição não podem os negála mas podemos discutila Muitas questões podem ser levantadas com os alunos como por exemplo qual o valor da Jogos e Brincadeiras I 196 competição Quais os exageros ligados à competição O doping a corrupção e a violência são valores a serem aproveitados As agressões a que assistimos ultimamente entre torcidas são exem plos a serem copiados Os fatos que geralmente ocorrem quando a competição é exagerada podem oferecer uma oportunidade de discussão e acordo da turma O professor não pode continuar como promotor das resoluções desses conflitos atuando como juiz e resolvendo todos os problemas Um momento de discórdia sempre pode ha ver o que deve incentivar a resolução de conflitos pelos próprios alunos Isto pode significar às vezes perda de tempo em termos de horário de aula Entretanto deixar que estes decidam pode sig nificar muito em ganho de vivência e participação social Muitas vezes os alunos acabam percebendo que a discussão sem resulta dos faz que a aula seja perdida e geralmente chegam a um enten dimento Quando o professor decide quem está certo ou errado evita discórdias mas impede também a participação e a tomada de decisão dos alunos Quanto às regras estas não devem servir como suporte para a alienação e a subserviência dos alunos Muito pelo contrário é necessário compreender os motivos pelos quais determinadas re gras foram criadas e por que podemos questionálas A possibilida de de discussão sobre as regras do jogo esportivo ou a adaptação de novas regras não faz que o jogo perca suas características mas permite que seja entendido e não simplesmente copiado Nesse ponto outros esportes podem surgir adaptados às condições re gionais da escola O incentivo à lealdade também é algumas vezes esquecido e até mesmo a deslealdade é praticada quando o interesse está em ganhar a qualquer preço Ações como ficar na frente da bola para o juiz não enxergar corretamente ou elevar os braços à fren te do adversário são ensinadas aos alunos parecendo sem muita importância ou consequências mas que camuflam a deslealdade 197 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola Aprender a dizer quando uma bola foi dentro ou fora e reconhecer uma falta cometida ao contrário são ações que incentivam o fair play tão fora de moda ultimamente Geralmente comportamen tos desleais como os descritos são passados aos alunos por pro fessores frustrados que não conseguindo ser técnicos esportivos tentam fazer de seus alunos atletas quando na realidade nem de atletas deveríamos aceitar tais condutas 8 JOGO TRABALHO E CONSUMO Este tema traz para debate o fato de vivermos em uma época na qual o trabalho é extremamente valorizado ao mesmo tempo em que o consumo também o é Isso é importante uma vez que estando dentro da escola valorizaremos a ascensão dos alunos por meio do trabalho A escola é entendida como um dos facilita dores dessa ascensão No entanto não podemos nos esquecer de que se existe trabalho existem também as horas de não trabalho que foram conseguidas com sacrifício pelos trabalhadores mas que não têm sido muito bem aproveitadas Chamamos de lazer as horas de não trabalho No Caderno de Referência de Conteúdo de Jogos e Brincadeiras II você entrará em contato mais detalhado com as questões do lazer Por ora quere mos que você compreenda que pode trabalhar de diferentes for mas unindo os interesses do jogo aos do lazer Seus alunos poderão dizer quais jogos praticam em suas horas de lazer que para eles correspondem às horas extraesco lares em que não estão fazendo lição de casa nem alimentando se ou cuidando de sua higiene Você ficará surpreso com as respostas Muito provavel mente as crianças passam boa parte de suas horas de lazer em frente à TV A partir daí poderão então iniciar as considerações sobre as questões de movimento unindo saúde e lazer Jogos e Brincadeiras I 198 Mas voltando aos jogos que tal perguntar a eles se usam os jogos que aprenderam na escola para se divertir Se já ensinaram a seus amigos algum jogo escolar Que tal aprenderem um jogo o qual seus avós praticavam na rua Ou que tal transformar um jogo de video game que conhecem em um jogo para brincar nas horas de lazer Não será uma tarefa fácil mas é possível sim As considerações sobre o consumo também podem ser alvo das aulas de Educação Física Para Darido et al 2006 p 148 Mais acentuadamente como problema social o consumismo é uma tendência na nossa sociedade pois as pessoas parecem ser valorizadas cada vez mais pelo que têm e não por seus valores pes soais ou costumes morais enfim pelo que são Também a Educa ção Física parece ter incorporado essa tendência ao longo das últi mas décadas do século XX especialmente com a ênfase no esporte em fitness que ressaltam a estética e o desempenho Entretanto a Educação Física também pode ser uma prática ou um estilo de vida associada ao ser e não apenas ao fazer algum esporte ou ao ter um corpo bonito Com os alunos de escola fundamental podese chamar a atenção para os jogos que não exigem nenhum ou pouco material Que tal propor que façam um trabalho mostrando jogos sem uso de material 9 JOGO E PLURALIDADE CULTURAL Iniciemos este tópico com o texto a seguir O tema transversal Pluralidade Cultural tem como objetivo o de senvolvimento do respeito e da valorização das diversas culturas existentes no Brasil contribuindo assim para uma convivência mais harmoniosa em sociedade com o repúdio a todas as formas de dis criminação DARIDO RANGEL 2010 p 9091 Ampliar a visão sobre a Pluralidade Cultural significa grosso modo aceitar as diferenças sejam elas de cunho social étnico racial de gênero entre outras que várias culturas apresentam Na Educação Física significa também entender que as habili 199 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola dades motoras dos alunos se apresentam de formas diferenciadas mesmo que tenham tido a mesma oportunidade de aprendizado Igualmente devemos respeito aos deficientes que são diferentes em termos motores mas iguais em direitos Nesta unidade o en foque não abrangerá a questão dos deficientes mas ela é tão im portante que receberá um tratamento especial em outro caderno do seu curso Nas unidades anteriores você pôde aprender diversos jogos indígenas africanos e até mesmo de outras regiões do país Além de jogos que podem ser ensinados durante toda a escolarização você deve prestar atenção às práticas preconceituosas que pos sam ocorrer em aula referentes a apelidos ou frases sutis declara ções em momentos de grande tensão em um jogo brincadeiras e gozações sempre com as mesmas crianças principalmente as que diminuem não apenas as crianças mas uma etnia inteira Além dessas observações o professor deve prestar atenção aos seus próprios preconceitos lembrando que os alunos estão at entos não apenas às palavras mas também às ações do professor Apresentamos a seguir parte de um texto que mostra como a profa Cristiane Pereira de Souza estudou e realizou um belíssimo trabalho com jogos africanos conseguindo vencer o preconceito étnicoracial em suas aulas Ela fez um projeto com oito etapas Seu texto completo pode ser encontrado em Rangel 2010 p 261 269 sob o título Educação física escolar consciência negra As crianças participantes estavam no 5º ano de uma escola pública com idade compreendida entre nove e dez anos O pro jeto durou cerca de cinco meses As etapas 1 a 3 constituíramse do resgate da definição do que é brincadeira e qual sua importância na 5ª etapa Apresentação de algumas brincadeiras africanas mostrando seu local de origem e a forma como se brinca neste lugar deixando aberto a modificações dos alunos para aumentar o interesse e participação de todos no segundo momento Foram elas pisa negação de impostos gato come rato terra e mar e nztho Além de comparálas com atividades já conhecidas pelos alunos pisa alerta ou stop Jogos e Brincadeiras I 200 negação de imposto rio vermelho ou elefantinho colorido gato come rato gato e rato terra e mar vivo e morto e nztho pegapega Discussão sobre outras que são pejorativas e têm sua origem enraizada na escravidão como belisco cavalinho barramanteiga chicotinho queimado e escravos de Jó 5ª etapa Resgate da definição de jogo e sua importância Apresentação de jogos africanos mostrando seu local de origem e a forma como se joga neste lugar deixando aberto a modificações dos alunos para aumentar o interesse e participação através da modificação do grau de dificuldade dos mesmos em um segundo momento Foram estes labirinto coché espreita calcinha e My God Também utilizando a comparação destes com jogos já conhecidos labirinto os jogos de labirinto de revistas coché queimada espreita calcinha não identificaram nenhum jogo parecido com este My God queimada com objetos corrida da hiena tabuleiros de trilhas e banco imobiliário e mancala não conseguiram identificar um jogo parecido Além disso neste momento os alunos puderam construir os tabuleiros dos jogos com sucatas e materiais recicláveis ou utilizálos como instrumentos dos jogos como no My God onde utilizamos latas Discussão e pesquisa com a família e parentes sobre brincadeiras ou jogos que estes achavam ser de origem negra Foram levantadas as seguintes três marias ou bugalha não identificamos origem pião registro da préhistória pipa China bonecas negras de pano não descobrimos sua origem porém está sempre interligada com a valorização da identidade das crianças negras O resultado desse trabalho auxiliou a própria professora que voltou seu olhar para a discriminação tendo que buscar em livros sites e estudar muito sobre o assunto Além disso esse tra balho trouxe benefícios para todos os alunos não apenas para os que se sentiam discriminados A título de exemplo apresentamos o jogo My God PRISTA TEMBE EDMUNDO 1992 Dividir a turma em dois grupos A e B no jogo original joga se com grupos de oito a 12 crianças Os dois grupos serão novamente divididos em dois ficando metade de cada lado da quadra Ao centro ficarão oito latinhas de leite em pó ou similar O objetivo do grupo A será empilhar duas pilhas de latas com quatro latas cada uma entrando para tanto duas crianças por vez 201 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola ao centro Quando conseguirem empilhar passarão a perna por cima das latas e gritarão My God marcando um ponto para sua equipe derrubando com um pontapé e sendo substituídas por ou tras duas crianças O objetivo do grupo B será de posse de uma bola de meia derrubar as latinhas ou queimar quem estiver tentando montar as colunas de latas Principais regras 1 O grupo B que arremessar a bola de meia só poderá arremessála atrás de uma linha delimitada distante 9 m do centro ou conforme distância combinada 2 Quem estiver no centro do grupo A só poderá tocar na bola quando conseguir pegála no ar Caso tenha êxito poderá arremessála o mais longe possível obtendo mais tempo para montarem as latinhas 3 O jogo só terá início após três passagens de bola da equi pe B 4 Quem for queimado sai entrando outro elemento do grupo 5 Estipular um tempo para que a equipe A tente marcar o maior número de pontos Após esse tempo trocar quem tentava marcar pontos agora tentará queimar ou derrubar as latinhas 10 JOGO E MEIO AMBIENTE Na última década temos presenciado o aumento do inte resse pelas questões sobre o meio ambiente Muito se tem falado nem tanto se tem feito entretanto a população mundial está se dando conta de que é preciso em caráter de urgência tomarmos providências quanto ao que fazer para a melhoria de nosso plane ta As escolas como sistema importantíssimo na tomada de consciência dos futuros habitantes do planeta têm contribuído Jogos e Brincadeiras I 202 para a formação de cidadãos que cada vez mais procuram fórmu las ativas na preservação do meio ambiente A Educação Física não pode deixar de trazer sua contribuição e já tem criado alternativas para o aumento do interesse nesse assunto Procurando essas alternativas professores têm criado jogos sejam eles de quadra sejam de tabuleiro com a premissa do cui dado com o meio ambiente Além dos jogos pode haver por parte dos professores a re flexão por exemplo sobre o local de prática arborizado ou não a qualidade do ar poluição da água e das condições sonoras Vamos exemplificar o tema com um jogo Quiz Atividade física e meio ambiente Dividir a turma em dois grupos Cada grupo será representado por um aluno por vez para responder questões relacionadas à atividade física e ao meio ambiente Você pode modificar a forma de jogar por exemplo dando um tempo para que toda a turma discuta a resposta e eleja alguém para dizêla As questões podem ser feitas por você ou pelos próprios alunos Existe ainda a possibilidade de se realizar um trabalho interdisciplinar com os professores de ciências ou biologia Exemplos de questões A China país onde foram realizadas as Olimpíadas de 2008 teve que combater a poluição por exigência do Comitê Olímpico certo errado O Rio Tietê antes de sua total poluição era palco de competições de remo certo errado As pessoas que praticam trekking têm consciência ambiental e não jogam lixo nas trilhas certo errado Com esses exemplos cremos que você já compreendeu as regras do jogo e poderá ampliálo ou modificálo de acordo com seus conhecimentos Outra possibilidade de se trabalhar com o meio ambiente é reutilizar materiais para a confecção de brinquedos ou até criar materiais que possam ser usados em aula Vamos exemplificar fornecendo parte de uma lista apresen tada em Rangel 2010 p 320322 203 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola 1 Cabide de arame com meia de nylon são os utilizados por tin tureiros Os cabides puxados e cobertos com meia de nylon transformamse em raquetes 2 Cabo de vassoura ou pedaços roliços de madeira cortados de N tamanhos transformamse em bastões que podem servir para saltar marcar ou para corridas de revezamento suporte de redes ou barreira cada duas com outra madeira na horizon tal Podem também servir para marcação de ritmos 3 Caixa e tampinhas de garrafa ambas podem ser encapadas e transformamse em jogos de tabuleiro A própria caixa serve para guardar as peças 4 Caixas de papelão de diferentes tamanhos Servem para obs táculos em saltos em distância e altura Podem também se transformar em materiais para aulas historiadas trem casi nha castelos 5 Caixote devemos tomar cuidado com os pequenos pedaços de madeira lixar a caixa e pregos Servem para saltar trans portar marcar etc 6 Câmara de pneu de carro ou bicicleta podem ser cortadas no comprimento ou na largura Amortecem quedas podem ser guiadas com um pedaço de madeira tendo a ponta de arame encapado Servem também como obstáculos e cheias de ci mento com um suporte de madeira ao centro transformamse em mastros para redes 7 Cone de máquina industrial de papel higiênico ou papel de cozinha alumínio ou filme plástico são bem aproveitados para atividades manipulativas marcações equilíbrios Podem também ser empilhados ou usados para jogos de lançamento boliche por exemplo 8 Copos plásticos de vários tamanhos Excelentes para brinca deiras com água eou areia podem servir para marcação com areia dentro serem empilhados equilibrados etc 9 Embalagens de sabão líquido ou garrafas plásticas pet po dem ser utilizadas da mesma forma que os copos plásticos bem como para boliche ou tiro ao alvo Com alça podem ser cortadas ao meio servindo para receber bolinhas por exem plo 10 Garrafinhas de iogurte além de servirem para marcação de lugares e manipulação podem ser transformadas em choca lhos colocandose grãos ou pedrinhas dentro 11 Jornal é um dos melhores materiais que conhecemos além de ser de fácil aquisição é extremamente versátil Enrolado Jogos e Brincadeiras I 204 bem fino com as bordas para dentro transformase em bas tões de qualquer tamanho basta cortar o jornal no tamanho desejado Com cola pode ser transformado em espadas dis cos e pelotas para arremessos lanças barreiras Casinhas de jornal chapéus bolinhas e aviãozinhos são alguns exemplos de brinquedos que podem ser confeccionados com jornal 12 Latinhas de refrigerante cerveja leite em pó chocolate ser vem para marcar manipular boliche uma sobre a outra ou uma ao lado da outra Encher com cimento ou areia molhada para ficarem mais firmes 13 Mangueira de jardim ou de chuveiro caninhos para piscina arcos de diferentes tamanhos que podem ser unidos por um toquinho de madeira Petecas 14 Palha de milho e penas colchões que podem ser cobertos com lonita 15 Pedaços de madeira podem ser conseguidos em fábricas cortados de diferentes formas quadrados triângulos etc e pintados de diferentes cores com números e letras 16 Retalhos de tecidos marcar times capas cortados em tiras servem para fazer cordas 1 Roupas velhas fantasias Você já pensou sobre esse assunto e sua relação com a ativi dade física e os jogos Cremos que a partir deste momento você passará a criar e modificar jogos com o intuito de auxiliar o trata mento dado ao meio ambiente não é mesmo 11 JOGO E SAÚDE Quando se fala em atividade física na mente de um leigo sempre virá atrelada a palavra saúde Essa é uma verdade in teressante embora outras questões que já foram discutidas ao longo deste caderno façam também parte da área da Educação Física E isso não poderia ser diferente tendo em vista que esta área está diretamente relacionada ao corpo consequentemente à saúde 205 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola Outra palavra atrelada à Educação Física é a palavra movi mento Movimento é saúde Assim desde pequenos nossos alunos devem ser incentiva dos a se movimentar Se ligarmos a televisão ou procurarmos em livros e na Internet veremos que o grande mal da humanidade atualmente é não se movimentar Muitas doenças que acometem os seres humanos podem ser tratadas ou amenizados seus sinto mas pelo movimento especialmente os movimentos dirigidos por um especialista Como nossa unidade trata dos jogos vamos sugerir que o tema saúde seja visto por meio de um jogo pouco utilizado na es cola o jogo de tabuleiro Os jogos de tabuleiros são conhecidos desde a Antiguidade muitos já foram esquecidos outros são transformados em video games Você como professor poderá incentivar seus alunos a criarem mais jogos Essa possibilidade também foi levantada em relação ao meio ambiente e à pluralidade cultural Como agir para que seus alunos criem jogos de tabuleiro 1 Peça para guardarem sucatas que possam ser transfor madas em jogos tampinhas latinhas papel colorido revistas jornais 2 Prepare cola cartolina e canetas coloridas geralmente as escolas possuem esse material 3 Escolha um tema no caso relacionado à saúde 4 Divida a turma em pequenos grupos 5 Relembre com os alunos quais jogos de tabuleiro eles conhecem valem os de baralho também trilha war detetive puzzle batalha naval mico entre outros Você verá como os alunos são extremamente criativos basta deixálos tentar Jogos e Brincadeiras I 206 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Os Parâmetros Curriculares Nacionais BRASIL 1998 propõem os Temas Transversais a serem estudados em todas as disciplinas Escolha um deles e faça a sua proposta para o desenvolvimento de jogos eou brincadeiras optando também por uma faixa etária 2 Por que podemos dizer que outros Temas Transversais podem ser propostos para o desenvolvimento de jogos e brincadeiras 3 Procure um jogo eou uma brincadeira de outra cultura e justifique sua uti lização para o desenvolvimento do Tema Transversal Pluralidade Cultural 4 Procure um jogo eou uma brincadeira de outra cultura e justifique sua utili zação para o desenvolvimento do Tema Transversal Saúde 13 CONSIDERAÇÕES Nesta última unidade você conheceu uma forma diferente de ensinar o jogo na qual os Temas Transversais ditaram o objetivo a ser desenvolvido Esperamos que esses exemplos sirvam para que no futuro você tenha condições de escolher estratégias de ensino que facilitem sua prática profissional Esperamos também que além de tais exemplos terem despertado o seu interesse pelo ensino diferenciado do jogo você reflita atentamente sobre out ros temas que possam surgir em relação à vida e à sociedade atual Quem sabe daqui a alguns anos os temas sobre o meio am biente e os preconceitos não representem mais um problema e outros estejam em voga Porém temos certeza de que você será capaz de enfrentálos e talvez utilize o jogo para amenizálos Chegamos ao fim deste estudo com a esperança de que você aluno EaD tenha refletido sobre um conteúdo chamado jogo que não lhe era desconhecido já que você certamente jogou em sua infância mas que oferece muitas outras possibilidades de trabalho 207 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola Ao término deste estudo você estará se questionando sobre as inúmeras possibilidades de aplicação e aprendizado do jogo e também se não seria mais fácil apenas aplicar um jogo e só Respondemos a você com uma pergunta é isso o que se espera de um professor de Educação Física competente Ensinar um jogo é fácil qualquer um pode fazêlo en sinálo e prestar atenção aos alunos ter uma ou mais intenções metodológicas é que são elas Esperamos que você aluno do Cen tro Universitário Claretiano tenha conseguido perceber o quanto pode ser importante na vida de seu aluno ajudandoo a ir além do jogo Desejamos portanto que você possa fazer a diferença no ensino da Educação Física na escola indo além do aprendizado deste Caderno de Referência de Conteúdo 14 EREFERÊNCIAS Sites pesquisados BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 939496 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03LeisL9394htm Acesso em 8 mar 2012 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais apresentação dos temas transversais ética Disponível em httpportalmecgovbr sebarquivospdflivro081pdf Acesso em 8 mar 2012 ECOBSERVATÓRIO Comunicação para um olhar sustentável China disfarça poluição durante Olimpíadas Disponível em httpecobservatorioblogspotcom200807 chinadisfarapoluioduranteolimpadashtml Acesso em 9 mar 2012 O GLOBO Disponível em httpogloboglobocommundomat20080801china correcontrarelogioparacombaterpoluicao547520080asp Acesso em 29 jul 2010 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELBENOIT G O desporto na escola Lisboa Estampa 1976 BRACHT V Educação Física e aprendizagem social Porto Alegre Magister 1992 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais Jogos e Brincadeiras I 208 apresentação dos temas transversais ética Brasília MECSEF 1997 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos apresentação dos temas transversais Brasília MECSEF 1998 BROTTO F O Jogos cooperativos se o importante é competir o fundamental é cooperar Santos Projeto Cooperação 2000 DARIDO et al Educação Física e temas transversais possibilidades de aplicação São Paulo Ed Mackenzie 2006 DARIDO S C RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 ORLICK T Libres para cooperar libres para crear nuevos juegos y deportes cooperativos Barcelona Paidotribo 1978 RANGEL I C A Educação Física e infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 PRISTA A TEMBE M EDMUNDO H Jogos de Moçambique Portugal INEF 1992
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Texto de pré-visualização
JOGOS E BRINCADEIRAS I CURSOS DE GRADUAÇÃO EAD Jogos e Brincadeiras I Prof Ms Ricardo Ducatti Colpas e Profª Dra Irene Conceição Andrade Rangel Meu nome é Ricardo Ducatti Colpas Sou mestre em Filosofia da Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba Unimep PiracicabaSP especialista em Educação Física Escolar pela Unicamp e graduado em Educação Física pela Unesp de Rio Claro SP No mestrado desenvolvi uma pesquisa sobre a formação de conceitos na educação física escolar com alunos da 4ª série do Ensino Fundamental dando ênfase às questões do desenvolvimento e da aprendizagem na perspectiva da teoria de Vygotsky Atualmente sou professor da Educação Básica no Ensino Fundamental bem como no ensino universitário do curso de graduação em Educação Física das Faculdades FKB e FIT e do curso de Pedagogia da FSDB de Piracicaba Além disso componho o grupo de professores do Laboratório de Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física da Unesp de Rio Claro Acredito que o curso de Educação Física a distância organizado pelo Centro Universitário Claretiano oferecerá oportunidade a muitas pessoas para realizarem um curso de licenciatura com boa qualidade preparando dessa forma seus alunos para atuarem no mercado de trabalho Email rdcolpasunimepbr Olá meu nome é Irene C A Rangel Sou licenciada em Educação Física pela USP com mestrado em Educação Motora pela Unicamp e doutorado em Educação pela UFSCar Ministrei aulas de Educação Física Infantil para os cursos de Licenciatura em Educação Física e Pedagogia na Unesp Campus de Rio Claro onde me aposentei Atualmente faço palestras e ministro cursos de pósgraduação nos quais trabalho com jogos em diferentes perspectivas principalmente a do multiculturalismo e da não exclusão No ensino deste caderno tenho a expectativa de que o jogo seja visto como uma das ferramentas mais promissoras bem como uma das mais fáceis para o alcance de uma educação que não tenha privilegiados mas sim que consiga abranger todo o universo de alunos que um dia serão os cidadãos deste país Para tanto você que agora é aluno do Centro Universitário Claretiano será um dos responsáveis por esse meu sonho Confio em você Boa sorte e seja muito feliz nesta profissão de professor Email tatirene2002hotmailcom Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação JOGOS E BRINCADEIRAS I Ricardo Ducatti Colpas Irene Conceição Andrade Rangel Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação Ação Educacional Claretiana 2010 Batatais SP Versão ago2014 796 C698j Colpas Ricardo Ducatti Jogos e Brincadeiras I Ricardo Ducatti Colpas Irene Conceição Andrade Rangel Batatais SP Claretiano 2014 208 p ISBN 9788583771401 1 Jogo 2 Brincadeira 3 Cultura Corporal 4 Movimento 5 Escola I Rangel Irene Conceição Andrade II Jogos e Brincadeiras I CDD 796 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional J Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães CRB7 6411 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F M Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados É proibida a reprodução a transmissão total ou parcial por qualquer forma eou qualquer meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação e distribuição na web ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana Claretiano Centro Universitário Rua Dom Bosco 466 Bairro Castelo Batatais SP CEP 14300000 ceadclaretianoedubr Fone 16 36601777 Fax 16 36601780 0800 941 0006 wwwclaretianobtcombr SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO 9 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO 11 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27 4 EREFERÊNCIA 27 UNIDADE 1 CONCEITOS DE JOGO E BRINCADEIRA 1 OBJETIVOS 29 2 CONTEÚDOS 29 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 30 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 31 5 O JOGO COMO CONSTRUÇÃO HISTÓRICA 32 6 O CONCEITO DE JOGO BRINCADEIRA E BRINQUEDO 39 7 O JOGO E O BRINQUEDO NA SOCIEDADE ATUAL 45 8 O JOGO E A BRINCADEIRA EM SUA DIMENSÃO PEDAGÓGICA 49 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 53 10 CONSIDERAÇÕES 53 11 EREFERÊNCIAS 54 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54 UNIDADE 2 O JOGO COMO COMPONENTE DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO 1 OBJETIVOS 57 2 CONTEÚDOS 57 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 57 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 58 5 CULTURA E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO BREVES SIGNIFICADOS 59 6 JOGO E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO 66 7 JOGOS CULTURALMENTE ANALISADOS 72 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 82 9 CONSIDERAÇÕES 82 10 EREFERÊNCIAS 83 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84 UNIDADE 3 JOGO NAS TRÊS DIMENSÕES DO CONTEÚDO 1 OBJETIVOS 85 2 CONTEÚDOS 85 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 86 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 86 5 DIMENSÕES DO CONTEÚDO CONCEITO E DIVISÃO 87 6 JOGO DIMENSÃO CONCEITUAL 90 7 JOGO DIMENSÃO PROCEDIMENTAL 95 8 JOGO DIMENSÃO ATITUDINAL 101 9 APLICANDO AS DIMENSÕES DO CONTEÚDO JOGO 104 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 106 11 CONSIDERAÇÕES 107 12 EREFERÊNCIAS 107 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 108 UNIDADE 4 O JOGO E A BRINCADEIRA NO ENSINO INFANTIL 1 OBJETIVOS 109 2 CONTEÚDOS 109 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 110 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 110 5 JOGO NO ENSINO INFANTIL 113 6 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS COM ATÉ TRÊS ANOS 120 7 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS DE TRÊS A CINCO ANOS 125 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 134 9 CONSIDERAÇÕES 134 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 135 UNIDADE 5 JOGO DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 OBJETIVOS 137 2 CONTEÚDOS 137 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 138 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 138 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DA CRIANÇA NA FAIXA ETÁRIA DE SEIS A OITO ANOS 141 6 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DAS CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA DOS NOVE AOS DEZ ANOS 154 7 QUAIS JOGOS DEVEM SER ENSINADOS PARA CRIANÇAS DE NOVE A DEZ ANOS 157 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 162 9 CONSIDERAÇÕES 163 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 164 UNIDADE 6 JOGO DO 6º AO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E NO ENSINO MÉDIO 1 OBJETIVOS 165 2 CONTEÚDOS 165 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 166 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 166 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DE 11 A 14 ANOS 168 6 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 11 A 14 ANOS 170 7 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DOS 15 AOS 17 ANOS 177 8 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 15 A 17 ANOS 180 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 184 10 CONSIDERAÇÕES 185 11 EREFERÊNCIAS 185 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 185 UNIDADE 7 OUTRAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DO CONTEÚDO JOGO NA ESCOLA 1 OBJETIVOS 187 2 CONTEÚDOS 187 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 188 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 188 5 JOGO E TEMAS TRANSVERSAIS SIGNIFICADOS 189 6 JOGO E ORIENTAÇÃO SEXUAL 191 7 JOGO E ÉTICA 193 8 JOGO TRABALHO E CONSUMO 197 9 JOGO E PLURALIDADE CULTURAL 198 10 JOGO E MEIO AMBIENTE 201 11 JOGO E SAÚDE 204 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 206 13 CONSIDERAÇÕES 206 14 EREFERÊNCIAS 207 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 207 Claretiano Centro Universitário CRC Caderno de Referência de Conteúdo 1 INTRODUÇÃO Neste momento iniciaremos os estudos de Jogos e Brinca deiras I que possibilitarão a você conhecer os princípios os pro cedimentos e a aplicação do processo de captação de escolha de aperfeiçoamento de análise de capacitação e de manutenção dos recursos humanos na organização educacional Em função disso na Unidade 1 nossa intenção será fazer você entrar em contato com uma dimensão humana que se ex pressa pela linguagem do jogo compreendendo que ele é objeto de investigação e análise de muitos pesquisadores da área de Edu cação Física Você perceberá que este fenômeno chamado jogo es tabelece uma relação com outras manifestações lúdicas tais como o brinquedo e a brincadeira sendo inclusive tratados por diver sos autores da Educação Física como sinônimos Na Unidade 2 enfatizaremos o jogo como uma criação da espécie humana produto de suas relações sociais mediadas pela Jogos e Brincadeiras I 10 cultura e pelas condições do meio ambiente que com o passar dos tempos foi se incorporando às diferentes culturas Tenha em men te que será bom para você futuro professor conhecer a organiza ção e o ensino deste conteúdo da cultura corporal de movimento nos diferentes níveis de escolarização da Educação Básica Já na Unidade 3 abordaremos o jogo e sua relação com o trabalho pedagógico do professor na perspectiva de ampliar seu papel educativo na escola Partindo de um simples fazer para a compreensão de que ele é parte do patrimônio cultural da huma nidade e que seus significados conceitos e valores podem ser sis tematizados pelo professor Serão apresentados na Unidade 4 os jogos os brinquedos e as brincadeiras realizados na Educação Infantil para que no pro cesso de aplicação dos jogos neste nível de ensino você entenda a necessidade de possibilitar aos alunos da Educação Infantil o re conhecimento de si mesmos o descobrimento de possibilidades lúdicas de utilização de alguns materiais possibilidades de brin car com elementos da natureza e com o espaço físico disponível e jogos que permitam a ampliação do repertório motor ou das habilidades básicas como correr saltar rolar chutar arremessar dentre outras Na Unidade 5 que tem como tema o jogo do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental buscaremos apresentar os objetivos pedagó gicos que podem ser alcançados quando relacionamos o conteúdo jogo com outras áreas de conhecimento e com outras disciplinas com temas da comunidade e regiões do país com aspectos da autoorganização e com a criação coletiva de outros jogos e brin quedos A Unidade 6 que apresenta o jogo do 6º ano ao Ensino Mé dio terá como objetivo estabelecer uma relação dos diferentes jogos como elementos necessários para organizar o seu conteúdo tanto técnica como taticamente assim como estabelecer uma di nâmica de julgamentos de valores na vivência da arbitragem cole 11 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo tiva organizando e sistematizando esse conteúdo na escola Dessa forma será possível a prática autônoma e baseada em conheci mentos científicos Por fim na Unidade 7 você entrará em contato com um exemplo concreto de aplicação dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvimento de um tema específico no caso os Temas Trans versais Esses são temas elegidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN que devem ser objeto de ensino em todo terri tório nacional Por meio do estudo dessa unidade você terá uma ideia de como aplicar jogos e brincadeiras com um objetivo edu cacional definido Bons estudos 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO Abordagem Geral Aqui você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade Desse modo essa Abordagem Geral visa fornecerlhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um refe rencial teórico com base sólida científica e cultural para que no futuro exercício de sua profissão você a exerça com competência cognitiva ética e responsabilidade social Nesta abordagem trataremos de alguns assuntos que se re lacionam com os jogos e as brincadeiras e suas possibilidades de ensino pela disciplina Educação Física nas escolas deste país pois é um conteúdo a ser ensinado obrigatoriamente por nós profes sores Durante esta síntese o jogo será nosso ponto de partida também nosso ponto de chegada e nosso percurso Pode parecer que esta tarefa seja um tanto quanto simples Mas não é Não é uma questão de apenas saber o que é jogo e Jogos e Brincadeiras I 12 brincadeira para saber como ensinar Quando se trabalha com as relações que envolvem pessoas umas diferentes das outras o caso não é tão simples assim Podemos começar com uma pergunta o que é jogo Já que temos que ensinálo na escola e para tal ao menos algumas infor mações sobre ele são fundamentais Inicialmente temos de mencionar que o jogo é um funda mento das expressões corporais humanas Mas o que isso sig nifica Significa afirmar que quando as pessoas estão entre si praticando um jogo comunicam ideias valores transformamse mutuamente aprendem coisas umas com as outras definem uma identidade e revelam uma determinada cultura Por exemplo qualquer brasileiro que viaje para outro país provavelmente será lembrado quando se identificar como brasileiro como pertencen te ao país do futebol e levará à ideia de que personagens como Pelé Ronaldinho foram ou são grandes jogadores Dessa forma o jogo como expressão corporal e linguagem está enraizado na dimensão cultural do ser humano de diferentes grupos sociais e como vimos de um país É parte constitutiva de cada um de nós pois o incorporamos como já dissemos com nos so envolvimento nas práticas sociais dos jogos e na relação com as outras pessoas Basta nos lembrarmos das brincadeiras de rua quando éra mos crianças Reuníamonos com os amigos nas férias ou quan do chegávamos da escola antes tirávamos o uniforme para jogar taco pular corda e amarelinha Também pulávamos sela que em alguns lugares é chamada de pulacarniça empinávamos pipas brincávamos de polícia ladrão pata choca pião bolinha de gude casinha escolinha e tantas outras Todas tinham um ponto em co mum estavam em sintonia com o mundo de certa forma repre sentando o mundo e a sociedade em que vivíamos Estavam enrai zadas em nossa cultura 13 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Lembra do campinho de terra e de todos ali sonhando que seriam jogadores de futebol do time do coração Até os pernas de pau também assim sonhavam O escritor uruguaio Eduardo Gale ano em seu livro Futebol ao Sol e à Sombra diz o seguinte quando era criança pequena no Uruguai como todos os meni nos adorava minhas peladas e como todos também quis ser joga dor de futebol E jogava muito bem era uma maravilha mas não de dia só a noite enquanto dormia Chegava a sonhar todas as noites De dia era o pior perna de pau que já passou pelos campos do meu país sd Mencionemos também os jogos de tabuleiros xadrez da mas o futebol de botões o banco imobiliário que nos ensinava o desejo de acumular bens sem necessidade e cuja lógica do jogo era fazer o outro falir se dar mal Éhhh os jogos comunicam en sinam valores e tudo mais como já dissemos Mas de certa forma naquele momento de nossas vidas todas essas brincadeiras se apresentavam descompromissadas diretamente com a vida pro dutiva e nós estávamos mergulhados em uma relação lúdica com o mundo Aliás relação lúdica ludicidade lúdico são expressões que você durante os estudos verá bastante Mas de início podemos adiantar que para muitos autores da Educação Física que estudam o tema da ludicidade ela é uma atividade que quando realizada por exemplo por uma criança garante a ela espaço para a sua ex pressão plena e o exercício de sua criatividade em um momento ímpar de extrema significância para o seu desenvolvimento A partir da experiência lúdica abrese espaço e novas opor tunidades surgem para a criação do novo aquilo que um dia de pendendo da criação pode ser incorporado pelo conjunto maior da cultura Como exemplo podemos citar o quimbol um jogo cria do em Piracicaba interior de São Paulo pelo seu Joaquim hoje fa lecido que misturava voleibol e tênis É muito praticado em Piraci caba nos clubes e nas escolas Basicamente jogase com raquetes em uma quadra de voleibol Jogos e Brincadeiras I 14 Agora nem sempre a sociedade favorece esses momentos de criação do novo a partir daquilo que já se conhece Ela está muito mais preocupada com a educação para o consumo indiscri minado e muitas vezes compulsivo Esta organização social em que vivemos estruturada em função desse tipo de consumo ofe rece poucas possibilidades para os indivíduos atuarem e agirem por conta própria e com liberdade de escolha Tudo já vem pronto acabado e descartável A expressão plena e com liberdade na hora do jogo nem sempre é possível Historicamente ela está ancorada na pura e exagerada demonstração competitiva de forças e de ha bilidades mecanizadas e padronizadas Mas o jogo na escola dependendo da sua atuação como professor pode romper com isso Acreditamos que jogos e brinca deiras quando ensinados em uma perspectiva significativa e críti ca possam favorecer esse tipo de experiência lúdica Mas enfim saiba você que há mais ou menos 20 anos nós professores de Educação Física insistimos na valorização desse componente lúdico como elemento pedagógico e histórico da Edu cação Física Pensamos a dimensão da ludicidade não como o fim em si mesmo mas como a possibilidade de trabalho pedagógico criativo e transformador da condição humana Se ela estiver pre sente em nossas aulas com certeza elevaremos a qualidade delas e proporcionaremos aos nossos alunos uma relação e uma expe riência com a Educação Física na escola muito diferentes daquelas que a maioria de nós tivemos marcadas por seleções exclusões e valorização dos mais habilidosos Então se você está pensando que os momentos nos quais os alunos brincam ou jogam na escola ou fora dela constituem os momentos de criação e de realização de ações significativas você não deixa de estar certo Sim é um espaço de construção objetiva da nossa humanidade do fazerse homem e do fazerse mulher do fazerse criança É o exercício e a expressão da criatividade dos alunos 15 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Portanto quando estiver na quadra para jogar ou brincar com seus alunos pense em organizar e sistematizar atividades lú dicas Estas serão muito mais significativas e motivadoras O jogo é a atividade que nos faz sentir bem que nos hu maniza mesmo quando nossas vontades nossos desejos e inte resses não são satisfeitos Por exemplo quando perdemos uma partida no futebol na escola quando nos tornamos pegadores no pegapega mãe da rua quando queimamos panela no esconde esconde ou quando não nos deixam ser o papai ou a mamãe na brincadeira de casinha ficamos muitas vezes aborrecidos mas isso não tira a importância e a necessidade de brincar Nos jogos e nas brincadeiras aprendemos que as regras so ciais nos iniciam na cultura mais elaborada no mundo dos adultos e por isso também desenvolvemos nossa inteligência Assim é fundamental que a criança brinque Agora quando surge o jogo na cultura e na vida humana Com certeza não nascemos sabendo jogar Esse conhecimento não é inato Essa característica humana é apreendida do conjunto da sociedade é determinada inicialmente por nossa comunidade imediata Dessa forma brincamos e jogamos de acordo com nos sa situação geográfica e histórica Essa linguagem acompanhanos por todo o desenvolvimento sofrendo por sua vez as modifica ções impostas pela história e pelas formas de organização das so ciedades ao longo do tempo Façamos um pequeno resumo dessa história Em um primeiro instante nas sociedades préindustriais as atividades humanas eram integradas Por exemplo jogo e trabalho eram manifestações carregadas de ludicidade no sentido livre e criativo A vida produtiva do trabalho misturavase com as festas as danças e os jogos O homem trabalhava e também festejava o resultado e a produção do seu trabalho Podemos afirmar que es tas estavam submetidas a representar essa vida na sua dimensão concreta e também estabeleciam ampla relação com as questões místicas e religiosas Jogos e Brincadeiras I 16 Com o passar do tempo foram modificandose as relações de sobrevivência entre os homens Mudando o modo de produ ção seja escravocrata feudal capitalista industrial e pósindus trial os jogos também sofreram modificações nas suas práticas e nos seus significados Por exemplo com a consolidação do sistema capitalista o jogar e o brincar transformaramse em esportes Atualmente a organização mundial alicerçada no capitalis mo multinacional na sociedade da mídia da obsolescência pro gramada do advento da cultura do automóvel do uso da televisão e de outros meios de comunicação e no alto desenvolvimento tec nológico exerce influência sobre os jogos fazendo que estes não respeitem a experiência e a história concreta das pessoas Além disso as questões da ludicidade tentam ser incorporadas pelas conquistas da informática Percebemos que os jogos eletrônicos e os microcomputado res exercem grande atração sobre o público consumidor Os joga dores entregamse às normas dos programas de jogos de compu tadores sem nenhum questionamento A máquina e a sua lógica determinam a criatividade do jogo não a pessoa que está jogando A linguagem desenvolvida nesses jogos é da máquina e não da pessoa que joga Pensemos nisso Fica aqui uma pequena reflexão nesse contexto Pense nisso quan do for escolher qual jogo ensinar aos seus alunos Agora você pode se perguntar mas temos o que ensinar com o jogo Sim temos o que ensinar com o jogo pois ele tem conteúdos a serem absorvidos pelos alunos nas dimensões procedimentais atitudinais e conceituais e temos também que ensinar o próprio jogo Cremos que seja obrigação da escola ensinar diversos conhe cimentos dentre eles os conhecimentos da chamada cultura cor poral de movimento Esta compreende os temas e as expressões corporais produzidos e acumulados pela humanidade ao longo da história e que se transformaram em patrimônio cultural tais como 17 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo os esportes a dança e as atividades rítmicas e expressivas a ginás tica as lutas os próprios jogos e as linguagens que se referem aos conhecimentos sobre o corpo Agora preste atenção o professor também ensina Quando você estiver na quadra lá na escola você terá a obrigação peda gógica e o compromisso ético de ensinar seus alunos Será profes sor de alunos dispostos em diferentes classes ou turmas Por isso você precisa conhecer uma quantidade de jogos e brincadeiras e saber o que deseja que os alunos aprendam Dentre as possibilidades de aprendizagem está a internali zação de valores e atitudes Conhecimentos que se referem à di mensão atitudinal do jogo Mas não imagine que é o jogo ou a brincadeira em si mesmo sendo muito interessantes que determinarão a aprendizagem de atitudes e valores humanizadores como o respeito e a solidarieda de mas sim você o futuro professor desses grupos Mas o trabalho pedagógico da aula e os objetivos por nós traçados no que diz respeito aos conhecimentos atitudinais de vem ser discutidos com os alunos É necessário questionálos para encontrarmos possíveis sínteses e avaliarmos a própria aula Suge rimos algumas perguntas como 1 Os alunos da classe conseguiram brincar juntos 2 Quais foram as dificuldades que a classe encontrou para jogar 3 Como a classe conseguiu superar os conflitos e os pro blemas que apareceram 4 Por que a classe conseguiu fazer que todos brincassem juntos 5 O que os meninos puderam aprender com as meninas e as meninas com os meninos 6 Quais alunos se sentiram respeitados durante a aula e quais desrespeitados 7 Quem gostaria de fazer um elogio a outro aluno Jogos e Brincadeiras I 18 8 Quem gostaria de se desculpar com alguém se for o caso elogie essa atitude 9 A sociedade em que vivem é tão respeitosa com as pes soas quanto vocês foram durante a aula Por quê Observe que valores podem ser desenvolvidos e ensinados na escola Cabe antes de se perguntar o que um jogo ou outro pode ensinar perguntar a si mesmo por que eu quero ensinar jogos e brincadeiras na escola O que me motiva Esperamos que sua resposta seja um motivo direcionado à construção de uma sociedade justa e fraterna Citaremos um exemplo de um profissional que lecionava futebol em uma classe do 4º ano composta de meninos e meninas entre 9 e 10 anos Após uma série de aulas associando alguns jogos e brincadeiras com a prática do futebol os alunos foram para a quadra para jogá lo Durante a partida um dos alunos frequentemente irritavase com os erros dos colegas e desferia palavras desrespeitosas o que acabou os inibindo Alguns pararam até de jogar outros reclama ram com o professor Nesse momento o professor parou a aula e fez uma roda de conversa para tentar resolver o conflito Inicialmente o professor questionou se aquele jogo poderia fazer mal a alguém que demonstrava tremenda impaciência e ner vosismo com os amigos A turma de pronto respondeu que sim e que o referido aluno estava fazendo mal a si mesmo e também aos alunos ofendidos por ele O professor então levantou a possibilidade de que esse alu no observasse o jogo de futebol na próxima aula sem a presença dele para que pudesse comparar e aprender a jogar mais tranqui lamente E foi o que fizeram com a concordância dele Além de observar o jogo sem a sua presença ele também elaborou um tex to descrevendo o que via Ao final da aula o texto foi lido por ele 19 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo em voz alta Após essa leitura a classe disse a ele o que esperava de seu comportamento e suas atitudes na próxima aula quando fosse realizado mais um jogo Você pôde perceber que o professor deve fazer o possível para garantir que todos participem das atividades e do conteúdo desenvolvido Concluise que o jogo revela diferenças e desigual dades que nem sempre são manifestações em um clima ameno ou tranquilo Na maioria dos casos é tarefa do professor fazer que to dos os alunos aprendam que entre todos os diferentes o respeito deve prevalecer Sabemos que isso não é fácil pois nossa sociedade mani festa certa predileção em transformar as pessoas em pessoas que não se diferenciam De certa forma ela tenta padronizar gostos musicais tendências de moda eleger padrões de beleza e estabe lecer rótulos de perfeição e imperfeição impondo o que é belo e feio no corpo Valoriza somente a vitória e desdenha o perdedor estimula a competitividade predatória em todos os níveis Tudo isso queira você ou não professor acaba chegando à quadra na hora do jogo reforçando preconceitos e dificultando a construção de uma sociedade em que efetivamente a qualidade de vida seja extensiva a todos Até esse momento você pôde perceber que o ensino dos jogos e das brincadeiras não é um fim em si mesmo Existe inclu sive a possibilidade de se trabalhar com outras áreas de conhe cimento em projetos interdisciplinares E nessa hora mostrar os brinquedos tradicionais e modernos os artesanais os industriais e os pósindustriais Observe a Figura 1 Jogos e Brincadeiras I 20 Figura 1 Museu do brinquedo No projeto do museu do brinquedo enfatizase o ensino do jogo e da brincadeira nas três dimensões do conhecimento a ideia histórica do brinquedo conceitual o fazer e o brincar procedi mental e o brincar junto compartilhando os brinquedos atitudi nal 21 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Hoje os jogos assumem um caráter inclusivo na escola como conteúdos a serem apreendidos por todos ou seja peda gogicamente temos que pensar na prática nos procedimentos durante as aulas nas experiências em conteúdos em que todos se encaixem Não todos de maneira igual nem do mesmo jeito e sim do jeito de cada um E isso não significa de qualquer jeito também Hoje temos a convicção de que muito mais que a ativi dade é o professor quem inclui O professor com sua capacidade de mediar interesses e conflitos durante a aula em que o aspecto procedimental esteja mais aparente e mais salientado vai possi bilitar que todos participem e sejam respeitados dentro de seus limites e suas possibilidades O diálogo com outras culturas por meio dos jogos também é possível proporcionando o conhecimento de outros povos e de outras identidades Aliás se você quer conhecer uma pessoa ou uma comunidade inteira observe como ela organiza executa e se comporta durante um jogo ou uma brincadeira Se por exemplo analisarmos uma cultura lúdica dos povos nativos do Brasil ou seja dos povos indígenas nos depararemos com inúmeras manifestações lúdicas que se incorporaram como traço de identidade cultural Por exemplo podemos citar a peteca também chamada de kapukapu tsini jogo do gavião Na cultura negra temos a lagarta pintada e a dángolinha Mas você pode estar se perguntando como eu escolho as atividades Como eu escolho as brincadeiras Com quais jogos eu inicio meu trabalho de professor Sugestão inicie com os jogos e as brincadeiras já conhecidos pelas crianças e a partir daí vá ampliando as possibilidades de execução e de conhecimento de outros jogos e brincadeiras Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi da e precisa das definições conceituais possibilitandolhe um bom Jogos e Brincadeiras I 22 domínio dos termos técnicocientíficos utilizados na área de co nhecimento dos temas tratados em Jogos e Brincadeiras I Veja a seguir a definição dos principais conceitos 1 Atitudinal diz respeito ao modo como o aluno deve agir 2 Brincadeira diferenciase do jogo por não apresentar regras fixas 3 Conceitual referese ao que o aluno deve saber 4 Cultura corporal de movimento é formada pelo con junto de conteúdos compreendidos pelo jogo esporte ginástica conhecimento do corpo dança e luta que de vem se ensinados pela disciplina de Educação Física 5 Jogo o jogo é uma atividade ou ocupação voluntá ria exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço segundo regras livremente consenti das mas absolutamente obrigatórias dotado de um fim em si mesmo acompanhado de um sentimento de ten são e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana HUIZINGA 1980 p 33 6 Procedimental diz respeito ao que o aluno deve saber fazer 7 Regra o que regula dirige rege ou governa É a forma exata de se jogar Esquema dos Conceitoschave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo apresentamos a seguir Figura 2 um Esquema dos Conceitoschave O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitoschave ou até mesmo o seu mapa mental Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitoschave é representar de maneira gráfica as relações en tre os conceitos por meio de palavraschave partindo dos mais complexos para os mais simples Esse recurso pode auxiliar você 23 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino Com base na teoria de aprendizagem significativa entende se que por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais o indivíduo pode construir o seu co nhecimento de maneira mais produtiva e obter assim ganhos pe dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza gem Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es colar tais como planejamentos de currículo sistemas e pesquisas em Educação o Esquema dos Conceitoschave baseiase ainda na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel que es tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno Assim novas ideias e informações são aprendidas uma vez que existem pontos de ancoragem Temse de destacar que aprendizagem não significa ape nas realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno é preci so sobretudo estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa Para isso é importante con siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem Além disso as novas ideias e os novos concei tos devem ser potencialmente significativos para o aluno uma vez que ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog nitivas outros serão também relembrados Nessa perspectiva partindose do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas o Esquema dos Conceitoschave tem por objetivo tor nar significativa a sua aprendizagem transformando o seu conhe cimento sistematizado em conteúdo curricular ou seja estabele cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo adaptado do Jogos e Brincadeiras I 24 site disponível em httppenta2ufrgsbredutoolsmapascon ceituaisutilizamapasconceituaishtml Acesso em 11 mar 2010 Cultura corporal de movimento Jogo e Brincadeira Atividades Rítmicas e Expressivas Lutas Esporte Ginástica Com bola de perseguição com corda de tabuleiro Dimensão Tradicionais Atitudinal Procedimental Conceitual Criados Reproduzidos Transformados Figura 2 Esquema dos Conceitoschave do Caderno de Referência de Conteúdo de Jogos e Brincadeiras I 25 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Como você pode observar esse Esquema oferece a você como dissemos anteriormente uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo Ao seguilo será possível transitar entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino aprendizagem O Esquema dos Conceitoschave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien te virtual por meio de suas ferramentas interativas bem como àqueles relacionados às atividades didáticopedagógicas realiza das presencialmente no polo Lembrese de que você aluno EaD deve valerse da sua autonomia na construção de seu próprio co nhecimento Questões Autoavaliativas No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados as quais podem ser de múltipla escolha abertas objetivas ou abertas dissertati vas Responder discutir e comentar essas questões bem como relacionálas com a prática do ensino de Jogos e Brincadeiras I pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento Assim mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado você estará se preparando para a avaliação final que será disser tativa Além disso essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta Por sua vez entendemse por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada inalterada Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado por isso normalmente não há nada relacionado a elas no item Gabarito Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma Jogos e Brincadeiras I 26 Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos mas não se prenda só a ela Consulte também as biblio grafias complementares Figuras ilustrações quadros Neste material instrucional as ilustrações fazem parte inte grante dos conteúdos ou seja elas não são meramente ilustra tivas pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con teúdos pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con ceitual faz parte de uma boa formação intelectual Dicas motivacionais Este estudo convida você a olhar de forma mais apurada a Educação como processo de emancipação do ser humano É importante que você se atente às explicações teóricas práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação bem como partilhe suas descobertas com seus colegas pois ao com partilhar com outras pessoas aquilo que você observa permitese descobrir algo que ainda não se conhece aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes Observar é portanto uma capacidade que nos impele à maturidade Você como aluno dos Curso de Graduação na modalidade EaD necessita de uma formação conceitual sólida e consistente Para isso você contará com a ajuda do tutor a distância do tutor presencial e sobretudo da interação com os seus colegas Suge rimos pois que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas É importante ainda que você anote suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações pois no futuro elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas 27 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos Cotejeos com o material didático discu ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau las No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação Indague reflita conteste e construa resenhas pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure cimento intelectual Lembrese de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar ou seja interagir procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo entre em contato com seu tutor Ele estará pronto para ajudar você 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GALEANO E Futebol ao sol e à sombra São Paulo LPM Editores 2004 HUIZINGA J Homo ludens o jogo como elemento da cultura Tradução de João Paulo Monteiro São Paulo Perspectiva 1980 4 EREFERÊNCIA Figura Figura 1 Museu do brinquedo Disponível em httpcadacriarsintrablogssapo pt1519html Acesso em 12 mar 2012 Claretiano Centro Universitário 1 EAD Conceitos de Jogo e Brincadeira 1 OBJETIVOS Compreender os conceitos de jogo e brincadeira e em quais aspectos se aproximam e se distanciam Entender o jogo e a brincadeira como constituintes da prática da Educação Física na escola Verificar a relação que o jogo e a brincadeira estabelecem com o desenvolvimento cultural da humanidade Verificar a relação que o jogar e o brincar atuais estabele cem com a sociedade de consumo 2 CONTEÚDOS O jogo como construção histórica Os conceitos de jogo e brincadeira O jogo e a brincadeira em sua dimensão pedagógica O jogo e a brincadeira na sociedade atual Jogos e Brincadeiras I 30 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitoschave para o estudo de todas as unidades deste CRC Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho 2 Lembrese de que os jogos sempre fizeram parte de sua vida e com certeza você encontrará em sites na inter net em livros ou até mesmo em jornais e revistas muitos exemplos e definições de jogos No caso de encontrar algo interessante disponibilize tal informação para seus colegas na Lista Lembrese de que você é protagonista do processo educativo 3 Durante o estudo desta unidade procure realizar as re flexões sugeridas Faça seu cronograma e não se apresse em prosseguir seus estudos Afinal as reflexões são im portantes para que você se envolva na aprendizagem Pense nisso 4 Explore melhor o assunto sobre os jogos tentando encontrar algumas explicações para o fato de a classe social possivelmente influenciar na prática dos jogos Para tanto além de questionar o seu tutor discuta estas questões no Fórum com seus colegas 5 No decorrer do estudo desta unidade conheceremos João Batista Freire um dos grandes autores da Educa ção Física que estuda o jogo seus significados e aplica ções Portanto recomendamos a leitura atenta de seus livros 6 Pense que este é o momento para aprender Participe das atividades interativas que tratarão do tema desta unidade sem medo de errar afinal o erro é um elemen to importante para se aprender algo que ainda não se sabe Com a ajuda do tutor com certeza você poderá estabelecer relações entre suas opiniões e as opiniões 31 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira de uma pessoa com um pouco mais estudo do que você Aproveite 7 Assista ao filme A vida é Bela que retrata na Segunda Guerra Mundial como um pai judeu conseguiu diminuir a tristeza de seu filho em relação à guerra por meio da brincadeira e da imaginação 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Inicialmente parabéns por essa nova fase da sua vida pois ser portador de diploma de nível superior no Brasil é algo digno de reconhecimento pelo esforço empenhado Boa sorte nos seus estudos A partir de agora você tomará contato com os jogos sendo estes manifestações humanas que não exigirão maiores cuidados interpretativos nem estudo mais aprofundado Para entender o conteúdo da cultura corporal de movimento e da disciplina escolar denominada Educação Física vamos trabalhar juntos Sabemos que a sociedade em razão do senso comum vê os jogos as brincadeiras das crianças na escola e o ensino de jogos e brincadeiras como menos importantes Tentaremos demonstrar para você aluno do curso de Licenciatura em Educação Física na modalidade EaD do Claretiano que isso no entanto é muito dife rente Quem sabe se a partir do estudo desta unidade você passe a valorizar o jogo e a cultura das brincadeiras como manifestações da humanidade sem as quais esta não teria atingido os atuais ní veis de desenvolvimento social cognitivo e também espiritual Esperamos ainda que você consiga entender o jogo e toda a sua teoria com suas possíveis ações como professor de Educação Fí sica escolar Boa leitura Jogos e Brincadeiras I 32 5 O JOGO COMO CONSTRUÇÃO HISTÓRICA Talvez seja interessante antes de apresentarmos os concei tos de jogos e brincadeiras darmos algumas informações iniciais a respeito da origem histórica dessas manifestações Para tanto partiremos do princípio de que os jogos e as brincadeiras segundo Wajskop 1997 são produtos do processo educacional e cultural dos povos ou seja compõem o conjunto da produção sociocultural da humanidade e por isso todos nós aprendemos a jogar e somos capazes de fazêlo O jogo é uma atividade que foi construída pela humanidade há milhares de anos e que até hoje é preservada sendo transmi tida de geração para geração Jogando e brincando preservamos nossa cultura e nossa identidade logo podemos concluir que jo gar e brincar são tão importantes para a história da humanidade quanto dançar falar escrever e cantar Para Bruhns 1999 p 20 Jogar e brincar é tentar redimensionar o fenômeno muito além do simples fato de diversão e entretenimento É tentar descobrir sua dimensão humana sem nunca perder de vista a integração do ho mem dentro do seu meio É ir buscar nas raízes históricas e culturais a explicação para as aparências Enfim é ir buscar o seu significado dentro da produção coletiva dos homens vivendo em sociedade Você deve estar se perguntando mas quando o jogo entrou precisamente na história da humanidade Embora esse seja um dado impreciso nas referências bibliográficas há um consenso en tre diferentes fontes e autores ao relacionarem o início das formas de jogar e brincar com o início da atividade consciente do homem Acreditase portanto que a partir do momento em que o homem passou a ser capaz de transformar a natureza e assim ex pandir a sua força criadora sobre os elementos naturais ele trans formou os objetos dispostos no meio ambiente em utensílios para facilitar a sobrevivência de sua espécie no planeta de maneira que 33 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira as diferentes manifestações do jogo começaram a se constituir em representações dessa vida consciente e da forma de organização social Essa nova vida consciente possibilitou à humanidade a or ganização em grupos em comunidades e em sociedades sendo a história das formas de jogar também a história das diferentes formas que a humanidade encontrou para se organizar em comu nidades e em sociedades mais complexas Podemos portanto sintetizar que a humanidade há muito vem jogando brincando e transformando esses jogos e brincadeiras em brinquedos Figura 1 Crianças brincando Observe o quadro de Cândido Portinari ilustrado na Figura 1 e tente entender o significado das brincadeiras para este pintor Ao retratar os jogos provavelmente ele teve boas recordações de sua infância você não acha Você guarda boas recordações dessa época de sua vida Jogos e Brincadeiras I 34 Nas sociedades primitivas chamadas de préindustriais o jogo e as demais esferas da vida estavam integrados Trabalho e jogo eram atividades com o mesmo peso no cotidiano e nas ce lebrações festivas por meio das quais toda a comunidade dava sentido à sua própria existência Ao pensarmos nas demais mani festações da humanidade como por exemplo as vestimentas e a alimentação verificamos que cada época cada sociedade possui uma característica que a faz diferente das demais o que também se dá com o jogo E o jogo não é algo imposto embora possa até ocorrer essa possibilidade mas algo que acontece naturalmente sendo pra ticado por todas as faixas etárias como por exemplo algumas crianças jogam na rua vários adultos jogam na loteria esportiva e certos homens da terceira idade jogam bocha Dessa forma o jogo está presente nas nossas vidas mesmo que não pensemos nele Você já reparou que em quase todos os programas de televi são existe alguém mostrando um jogo jogo de futebol por exem plo ou alguém dirigindo um jogo jogo disputado entre meninos e meninas em um programa infantil ou ainda alguém comentan do sobre um jogo comentarista esportivo Mas não é apenas na televisão que o jogo está presente em nossas vidas Ele frequente mente aparece nos computadores nas festas de aniversário nas comemorações em forma de gincanas nos prêmios de supermer cados nas loterias nos videogames nas viagens e excursões En fim queiramos ou não o jogo está presente em nossas vidas há muito tempo Outro aspecto interessante do jogo é que ele é extremamen te democrático todo ser humano em qualquer condição pode praticar algum tipo de jogo basta encontrar um que aprecie ou que esteja adequado à sua condição seja ela econômica social física etc Vejamos alguns exemplos um jogo que necessite de ma teriais sofisticados e consequentemente caros provavelmente só será praticado por uma elite Ao contrário um jogo que não 35 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira necessite de materiais ou possa utilizar materiais baratos e de fácil aquisição poderá ser jogado por qualquer indivíduo Outro exem plo quem reside próximo ao mar ou rio poderá conhecer jogos com o uso da água que pessoas que residem próximo a um campo desconheçam porém estas poderão conhecer outro tipo de jogo desconhecido por quem mora próximo a uma região com muita água Resumindo existem inúmeros jogos que dependem de um contexto social para existirem mas toda a humanidade jogou joga e provavelmente jogará enquanto viver em sociedade Embora quase sempre atrelado à infância o jogo pode ser verificado em qualquer faixa etária Cremos até mesmo que um adulto perde sua capacidade de ser espontâneo criativo e feliz quando perde sua capacidade de brincar Por conta disso o jogo é aceito em diferentes instituições mesmo que por poucos mo mentos Você já reparou como várias empresas têm utilizado o jogo como uma estratégia importante para descobrir o talento de seus funcionários Nesses casos os jogos podem ser aplicados com a finalidade de se descobrir um líder uma pessoa cooperativa ou se um grupo possui a tendência de conviver bem em conjunto Entre outros os psicólogos também têm utilizado o jogo para terapias individuais ou em grupo para diversos tipos de re abilitação de presidiários de pessoas hospitalizadas ou seja o jogo não é exclusividade de nenhuma disciplina ou área Mas por que será que ele possui essa característica tão democrática Segundo um autor da área de Educação Caillois 1990 que trabalha com as questões do jogo este torna fácil o que é difícil sendo vital na formação da personalidade da criança Não é difícil entender essa afirmação razão pela qual muitas disciplinas têm utilizado o jogo para facilitar a compreensão de assuntos de difí cil entendimento Vamos exemplificar a matemática tem usado os jogos para fazer que as crianças pensem rapidamente sobre as operações matemáticas e a diferenciação entre par e ímpar Va mos demonstrar por meio de um pegapega ou pegador Jogos e Brincadeiras I 36 Formar duas colunas Uma delas será a de números pa res a outra de números ímpares Uma coluna estará de costas para a outra a uma distância de 1m aproximadamente O professor estará à frente das colunas e dirá dois núme ros que deverão ser somados Se o resultado da soma dos números for igual a um núme ro par a coluna correspondente aos números pares tentará pe gar alguém da coluna ímpar correndo até uma linha previamente marcada Se o resultado for igual a um número ímpar a coluna correspondente será a pegadora O professor poderá variar a brincadeira solicitando outras operações como subtração multiplicação ou divisão Existem muitos outros jogos que foram criados ou adapta dos para o ensino da Matemática Português Geografia e outras disciplinas no entanto esse não é o objetivo da Educação Física e voltaremos a falar sobre o assunto Agora o que nos interessa é compreender por que os jogos são utilizados por tantas áreas Você já deve ter adivinhado afinal também jogou e certamente joga O jogo é extremamente prazeroso e tudo que é prazeroso nos faz ter vontade de repetir além de aumentar nossa vontade de aprender Aprender pelo prazer é muito melhor do que aprender pela dor Isso nos faz entender por que as crianças solicitam a repeti ção de alguns jogos por que as crianças adoram as aulas de Edu cação Física e por que muitas pessoas continuam a jogar durante toda sua vida Pode explicar até por que muitas pessoas acabam ficando viciadas em jogar perdendo muitas vezes o limite da vida real Quando jogamos entramos em estado de fluxo de acordo com Csikszentmihalyi 1975 É um estado em que nos esquece mos do que está acontecendo ao nosso redor tal como o tempo 37 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira atmosférico ou as horas Este autor criou uma teoria com base na premissa de que existe uma concentração muito grande quando fazemos algo que nos dá um imenso prazer E acreditamos que podemos transferir essa teoria para o jogo pois a concentração no jogo nos impede de prestar atenção em outras coisas Você já reparou nos jogadores de futebol em uma partida Ou mesmo em você jogando Ou em uma criança Parece que a realidade está muito longe sendo o envolvimento imenso Muitas crianças quando por exemplo chamadas pela mãe para tomar banho ou jantar parecem acordar de um sonho parecem até levar um susto Esperamos até mesmo que você esteja tão concentrado ago ra no texto que entenda perfeitamente o estado de fluxo Ao jogarmos entramos em uma esfera de concentração que diz respeito apenas ao jogo nos envolvemos com as regras o es paço do jogo os demais jogadores e temos apenas o objetivo de jogar Algumas pessoas acreditam que o objetivo de quem joga é apenas o de vencer porém outras como por exemplo o prof Fá bio Brotto 2000 pensam que existe um objetivo mais nobre que é o jogar simplificadamente participar É claro que quando en tramos em uma disputa queremos vencer mas existem jogos em que não existe essa possibilidade e assim entramos apenas para jogar o que nos dá um imenso prazer Quer ver um exemplo de um jogo em que não existe vence dor Brincar com pião ou pipa a invenção de campeonatos de pipa é recente e não adotada totalmente pelas crianças brasilei ras Outro exemplo é o jogo morto ou vivo Uma das crianças do grupo fica à frente e quando diz morto todos devem se abai xar Quando diz vivo todos devem ficar em pé Ao mesmo tem po essa criança executa o abaixar e levantar independentemente do que estiver dizendo As outras crianças deverão seguir o que está sendo falado mas não o que está sendo mostrado pela crian ça da frente Quem erra geralmente vai para o final do grupo ou em algumas regiões do país paga uma prenda Jogos e Brincadeiras I 38 Nesses jogos a graça está na execução do próprio jogo e não na procura de um vencedor Atualmente alguns autores têm tra balhado com a questão da cooperação nos jogos também cha mados de jogos cooperativos porém o que queremos que você entenda é que a humanidade sempre jogou e brincou pelo puro prazer de jogar e participar Os jogos sempre existiram e tornaramse diferentes confor me a época e os costumes Atualmente entre os jovens os jogos mais populares são os de computador o que é um reflexo de nossa época Assim como com o decorrer do tempo a humanidade pas sou por transformações que determinaram a sua forma de orga nização política e econômica os jogos e as brincadeiras também sofreram modificações Já possuindo uma organização social consolidada em função das classes sociais e sob o poder e a tutela do Estado algumas ma nifestações de jogos ficaram restritas às camadas populares não sendo aceitas pelas elites econômicas da época como por exem plo o Império Romano Sabemos que os jogos e as brincadeiras representam tanto explícita quanto implicitamente os valores e a estrutura econômi ca de uma época Um exemplo disso é a brincadeira de cavalinho entre meninos brancos e negros no Brasil durante os séculos 15 e 19 cujas características reproduziam a relação de escravidão e servilidade Futuro professor você já está percebendo que ensinar jo gos e brincadeiras nas escolas é muito mais do que ensinar jogos e brincadeiras em si Há possibilidades pedagógicas que mantêm relação com outros conhecimentos com os históricos por exem plo com atitudes valores e formas de execução Ser professor dá trabalho Mas é muito bonito ver uma criança aprendendo E se estiver aprendendo brincando é melhor ainda 39 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira Será que nos dias atuais também podemos perceber que alguns jogos e atividades corporais são restritos aos grupos econo micamente privilegiados Será que alguns jogos atualmente são realizados e praticados em função da classe social a qual pertence uma pessoa Será que a classe social de uma pessoa determina sua possibilidade ou não de praticar determinado jogo Será que os lugares divididos e reservados nos estádios e ginásios esporti vos reproduzem um pouco a divisão e os espaços que as pessoas ocupam na sociedade Procure pensar se esses fatos realmente ocorrem e o porquê disso 6 O CONCEITO DE JOGO BRINCADEIRA E BRINQUEDO Apesar de na sociedade atual ter aumentado o debate so bre a necessidade e a importância do brincar para as crianças infe lizmente a brincadeira continua não sendo muito valorizada pelas famílias Estas acreditam que brincar durante as primeiras fases do desenvolvimento das crianças é apenas uma forma de mantê las distraídas um mero passatempo Entretanto é necessário pôr fim a essa ideia e mostrar o quanto a brincadeira e o jogo são importantes para o crescimento das crianças já que dentre outras pontos brincar ajuda a criança a se libertar da dependência da mãe e a construir sua autonomia Na brincadeira e no jogo as crianças constroem suas regras de acordo com as exigências das brincadeiras e com a experiência de vida de cada uma delas A criança aprende ainda a se apro priar de papéis sociais diferenciados exercendo uma atividade fundamental para preservar seu pleno desenvolvimento É importante destacar que as brincadeiras mudam conforme a idade das crianças Nos primeiros meses de vida por exemplo seu corpo é sua própria brincadeira Depois quando ela passa a ampliar sua capacidade de falar a brincadeira inicia um movimen Jogos e Brincadeiras I 40 to de aproximação simbólica com as coisas concretas do mundo representando e também tentando entender esse mundo por meio da brincadeira De acordo com CóriaSabini e Lucena 2004 nas brincadei ras simbólicas o objeto acaba perdendo o seu real significado transformandose para a criança no que ela representar naquele determinado momento Por exemplo um cabo de vassoura pode transformarse em um cavalinho de pau Entretanto os símbolos imaginados são próprios de cada criança e determinados pela ori ginalidade de cada contexto Diferenciamos o brinquedo da brincadeira e do jogo na medi da em que o entendemos como algo concreto que a criança pode manipular Nas aulas de Educação Física para crianças pequenas é comum haver um dia em que elas podem levar seus brinquedos para a escola Os brinquedos auxiliam na formação da imagem e assim são importantes principalmente na fase do zero aos seis anos No entanto não há necessidade de esses brinquedos serem comprados pois a própria criança pode fazêlos e muitas vezes o fazem quando transformam um objeto qualquer em um brinque do A respeito do brinquedo Rangel et al 2010 faZ uma inte ressante observação sobre o assunto Outra questão importante quando se trata da vivência do jogo diz respeito ao brinquedo e sua real função Muitas vezes criamos a idéia de que um brinquedo bom é aquele mais sofisticado Aquele que faz de tudo chora fala faz xixi anda realiza vários movimen tos etc design moderno fashion tecnologia de ponta que encanta os olhares consumistas de todas as idades No entanto acredita mos ser essa uma idéia falsa Talvez uma simples bola de meia uma boneca de pano ou mesmo uma vassoura produzam um efeito mui to mais significativo em termos de aprendizagem e desenvolvimen to na criança do que aqueles objetosbrinquedos mais sofisticados O brinquedo é parceiro da criança em seus jogos e brincadeiras RANGEL et al 2010 p 60 Você certamente já transformou algum objeto em brinque do uma tampa de panela em volante de automóvel uma fileira 41 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira de cadeiras cobertas com um lençol em uma cabana e uma folha de jornal em uma capa de fantasia de um superherói Mais uma vez vemos aqui a possibilidade de uma visão democrática pois na verdade não há necessidade de se ter dinheiro para que se tenha um brinquedo Entretanto não é possível mesmo se esquecer do massacre imposto pela sociedade de consumo que nos faz sentir necessidade de comprar cada vez mais um brinquedo diferen te Nas aulas de Educação Física caso você utilize um brinquedo ou um material adaptado não se esqueça das seguintes dicas 1 Quanto mais nova a criança mais a necessidade de um brinquedo para cada uma 2 Isso não significa que a criança não possa aprender a repartir mas não tenha tanta pressa vá aos poucos a ensinando a compartilhar 3 Utilize materiais recicláveis como jornais copos e em balagens descartáveis caixas de papelão entre outros Desde cedo as crianças já podem ser inseridas na cam panha dos 3 Rs Reduzir Reutilizar e Reciclar Muitos materiais podem ser reutilizados nas aulas de Educação Física 4 Mesmo com algum material a criança deve ser incen tivada a utilizar sua fantasia imaginação e criatividade 5 Um brinquedo não possui um fim em si mesmo ou seja pode ser visto pela criança como algo totalmente dife rente do que ele realmente é De acordo com Vygotsky apud CÓRIASABINI LUCENA 2004 p 37 para uma criança com menos de três anos o brincar é muito sério assim como o é para o adolescente Contudo para a criança sério significa que quando ela está brincando ela não separa a situação imaginária da real Ao brincar a criança procura satisfazer alguns desejos que não podem ser satisfeitos imediatamente Um bom exemplo é quando uma menina brinca que é mamãe e que cuida de seus fi lhinhos Como esse desejo ainda não pode ser satisfeito na vida Jogos e Brincadeiras I 42 real por se tratar apenas de uma criança ela simboliza e imagina que é a mamãe assumindo os papéis sociais que uma mãe assu me verdadeiramente em nossa sociedade ou seja ela não é mas brinca de ser Dentre os papéis que as crianças frequentemente assumem durante as brincadeiras estão os de professora de policial de mé dico de pirata e tantos outros encontrados na realidade Pode mos então dizer que a criança apreende a vida real e o contexto social em que vive por meio do brincar No entanto com o avanço do desenvolvimento infantil as brincadeiras simbólicas tornamse mais parecidas com a realidade e com o universo cultural do adulto sendo substituídas por jogos que contenham regras mais claras As regras são construídas para ordenar o jogo Tal transformação iniciase por volta dos seis anos de idade estendendose até a adolescência Nesse momento também as crianças iniciam um processo maior de socialização preferindo por isso brincar em grupos maiores Seu brincar passa de solitário para coletivo Atualmente os termos jogos e brincadeiras não encontram consensos teóricos e conceituais São atributos que dependendo desse ou daquele autor apresentamse como sinônimos ou ma nifestações e atividades diferentes uma da outra Veja a seguir alguns exemplos de definições Essas terminologias no Dicionário Aurélio 2008 p 79 e p 300 aparecem assim descritas Brincadeira a ato ou efeito de brincar b brinquedo c entretenimento passatempo divertimento d gracejo pilhéria p 79 Jogo atividade física ou mental fundada em sistema de regras que definem a perda ou o ganho p 300 43 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira A publicação do programa Segundo Tempo 2004 do Ministério dos Esportes faz uma referência à brincadeira e aos acontecimentos lúdicos considerandoos menos comprometidos socialmente mais vinculados às crianças ao passo que por jogo é batizada a manifestação lúdica comprometida com regras socialmente reconhecidas BRASIL 2004 Segundo ainda esse programa em Educação Física fazemos uma enorme confusão quanto à compreensão e nomeação dos acontecimentos situados no universo lúdico As manifestações lúdicas de modo geral têm seus nomes sempre relacionados aos contextos de suas existências Porém a confusão está em situar no mesmo nível coisas que são de níveis diferentes BRASIL 2004 p 105 Vamos nos valer de um exemplo na tentativa de esclarecer um pouco mais esse assunto Dáse o nome de brincadeira quando um grupo de crian ças brinca de casinha ou de mamãefilhinha Já quando um grupo de crianças brinca de queimada da mos o nome de jogo bem como quando um grupo de meninos e meninas joga futebol no campinho de terra Sobre a pulverização dos conceitos de jogo e de brincadeira e a tentativa da Educação Física em entender esses conceitos com uma maior definição e clareza Freire e Scaglia 2003 p 33 auxi liamnos com a seguinte reflexão O jogo é uma metáfora da vida uma simulação lúdica da realidade que se manifesta se concreti za quando as pessoas praticam esportes quando lutam quando fazem ginástica ou quando as crianças brincam E você concorda com eles De acordo com Kishimoto uma característica marcante em todos os jogos é a existência das regras Há regras explícitas como no xadrez ou na amarelinha e regras implícitas como na brinca deira de faz de conta em que a própria criança impõe as regras de acordo com a sua experiência vivida São regras internas ocultas que ordenam e conduzem a brincadeira Jogos e Brincadeiras I 44 Para o professor Helal 1990 o termo brincadeira nos re mete tanto à diversão quanto à liberdade de ação Para ilustrar tal conceito imagine um atleta profissional de Ginástica Artística quando ele estiver competindo em uma Olimpíada ou campeona to mundial da modalidade por exemplo Com certeza não será uma brincadeira para ele muito pelo contrário nesse momento ele será avaliado como atleta na realização de seu trabalho Agora vamos supor que esse mesmo atleta e seu filho nos seus horários livres estejam em uma praia ou em um gramado realizando cambalhotas e plantando bananeiras na areia Com certeza esta será uma atividade de descontração com total desin teresse pela eficiência do movimento correto ou da técnica espe cífica Nesse ponto podese caracterizar o exposto como um mo mento de brincadeira pois podemos definilo como uma atividade espontânea voluntária que proporciona satisfação e alegria com finalidade em si mesma e sem regras fixas e cobranças Para definir jogo ainda segundo Helal 1990 utilizaremos como exemplo outro elemento ginástico muito popular que é a atividade do pula sela ou pula carniça Esta manifestação consiste em uma atividade de saltos sobre o corpo de um amigo que se encontra com o tronco flexionado com as mãos agarradas ao tornozelo e com os joelhos semifleti dos Nesse caso os saltos são executados seguindo algumas re gras que variam de lugar para lugar mas sem as quais o jogo não aconteceria Além do pula carniça podemos citar os jogos de tabuleiros como xadrez e damas a amarelinha o taco ou bets e por fim uma partida de futebol com amigos no fim de semana Nesse sentido o que diferencia inicialmente o jogo da brin cadeira para o professor Ronaldo Helal 1990 é o fato de que no jogo verificamos a aplicação de regras fixas sem as quais o jogo não acontece 45 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira O jogo assim apresentase de forma diferente da brincadei ra visto que ele envolve regras independentemente da existência de jogadores porque foram assim determinadas pela cultura local por uma cultura mais geral É óbvio entretanto que em cada loca lidade as regras podem se diferenciar umas das outras podendo inclusive serem transformadas pelos próprios participantes de um jogo organizado Já para Bomtempo Husseim e Zamberlan 1986 os termos jogo brinquedo e brincadeira possuem o mesmo significado e não é difícil também de se pensar assim tendo em vista que na Lín gua Portuguesa muitas palavras são sinônimas Sport para os ale mães significa jogo e brincadeira Será mesmo que necessitamos de tantas palavras que tenham o mesmo significado Veja outro exemplo em relação a jogo e esporte Embora não seja o objetivo desta unidade convém destacar a título de infor mação complementar a diferença estabelecida entre um e outro Conforme Helal 1990 esporte é jogo também mas encon tramos no primeiro atributos que não encontramos no segundo visto que sua definição pode ser apresentada como qualquer com petição que inclua uma medida importante de habilidade física e tática e que esteja subordinada a uma organização mais ampla com regras rígidas e universais que escapam ao controle daqueles que participam ativamente da ação Para Freire e Scaglia 2003 como já exemplificado o esporte é um produto do jogo enfim o esporte é um jogo mais complexo 7 O JOGO E O BRINQUEDO NA SOCIEDADE ATUAL Por meio do jogo e da brincadeira a criança situase no mundo em que vive ocorrendo assim o seu desenvolvimento e aprendizagem Ao brincar a criança transforma a sua cultura vi sualizando sua realidade Utilizando brinquedos que são minia Jogos e Brincadeiras I 46 turas daquilo que a sociedade usa para poder continuar existindo e reproduzindose a criança explora a brincadeira lúdica para a construção de habilidades No entanto nos deparamos com a pressa que a sociedade demonstra para que a criança se torne um adulto produtivo A so ciedade acaba esquecendose de algumas fases da criança inter rompendo assim o processo criativo e cultural dela preparando a para viver em um mundo industrializado que não se preocupa com o lazer e sim com a geração de lucros Segundo Oliveira 2007 percebemse no mundo contem porâneo alterações sociais e econômicas que são visíveis na pró pria concepção de sociedade de educação e de ser humano Como consequência mudase também a concepção de ter infância e de ser criança modificando dessa forma os tipos de brinquedo in fantis e o conceito de brincar Oliveira relata ainda que nesse contexto históricosocial verificase um conjunto de conhecimentos a serviço da produção e do consumo de forma que essa sociedade apela incansavelmente para o consumo criando no indivíduo a necessidade de consumir mercadorias Para o público infantil os brinquedos industrializa dos são referências marcantes além de outros acessórios tais como roupas de marca enlatados CDs infantis etc No caso da produção específica de brinquedos percebemos que estes já vêm prontos eles fazem toda a simulação choro som movimentos e a criança apenas permanece passivamen te olhandoos como espectadora Certamente você conhece esse tipo de brinquedo que fala anda corre bate na parede apita gira e emite luzes Tudo isso sozinho À criança resta apertar um botão para que tudo isso comece Também os meios de comunicação e a publicidade especiali zada orientam o consumo de brinquedos pelas famílias das crian ças sempre pela lógica do consumo indiscriminado Muitos pais estão pouco conscientes da necessidade lúdica e pedagógica do 47 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira brincar e por isso acabam comprando brinquedos com os quais as crianças não brincam só assistem ao brinquedo brincando so zinho O apelo contemporâneo é portanto para a busca incansá vel da satisfação humana via produção e consumo O sujeito seja criança adolescente jovem adulto ou idoso é responsável para consumir valorizando a condição de ter e não de ser No caso da criança essa só se satisfaz se tiver o produto que é anunciado em propagandas Só se sente satisfeita se possuir a roupa do homemaranha ou o computador da dupla famosa de artistas mirins ou mais ainda só brinca se for com brinquedos eletrônicos industrializados e padronizados afinal tenho que ter porque todos os meus amigos da escola têm Segundo Kishimoto 2001 a sociedade capitalista vê a crian ça como um miniadulto Ela transforma o brinquedo num objeto representativo do mundo do adulto refletindo aquilo que o adulto objetivou para ela Os brinquedos produzidos conforme essa ló gica acabam por representar o mundo os valores e os interesses dos adultos Assim o brinquedo passa a ser uma representação da sociedade em que a criança está inserida Os brinquedos industrializados acabam perdendo o poten cial lúdico que permite maior envolvimento e interação das crian ças e especialmente das crianças menores Outra crítica que se faz é que tais brinquedos são fabricados pela concepção que o adulto tem do brincar da criança de modo que na maioria dos casos o brinquedo significa status e o adulto ofereceo à crian ça para satisfazer um capricho dele próprio Com isso a realidade adulta é transformada pela criança em brincadeira por meio dos brinquedos criados pelo adulto Para atender à demanda do mercado e ao impulso consumis ta infantil instaurado hoje as indústrias lançam a todo o momento variados modelos de brinquedos Não que alguns brinquedos in dustrializados não possam ser interessantes sob alguns aspectos Jogos e Brincadeiras I 48 para o desenvolvimento das crianças A questão apontada é que toda uma geração de crianças está perdendo o contato com os brinquedos artesanais e tradicionais como por exemplo a bone ca de pano ou o carrinho de rolimã A criança ao construir seu próprio brinquedo pode perceber que ele é único e que faz parte da cultura na qual ela está inserida Felizmente mesmo com a produção de brinquedos em larga escala os brinquedos artesanais não foram deixados de lado Ain da não perderam sua identidade cultural em razão das suas possi bilidades diversas de manipulação e à resistência de alguns grupos de pessoas que produzem esses brinquedos Os brinquedos artesanais são manipulados facilmente pela criança pois estes têm uma mobilidade maior do que os industria lizados que oferecem um menor grau de movimentação já que necessitam de pilha bateria ou como na maioria dos casos não possuem articulações para sua movimentação Vale salientar entretanto que as crianças não deixam de brincar com os brinquedos criando sempre possibilidades dife rentes Por exemplo uma criança é capaz de pegar uma vassoura e transformála em cavalo pode pegar uma caixa de papelão colo car um pedaço de pano dentro dela e isso se transformará em um berço no qual colocará aquela boneca que fala faz xixi e anda so zinha Com isso o ser humano pode demonstrar toda a sua capaci dade de criação que auxilia seu desenvolvimento como um todo Partindo dessa inquietação surge a discussão uma vez que como professores precisamos fomentar situações cotidianas em que a criança possa manipular construir imaginar criar e reapro veitar materiais que aparentemente não têm símbolo nenhum mas que podem ser transformados em brinquedos e jogos em ex periências infantis Assim a ação por regras começa a ser determinada pelas ideias e não pelos objetos prontos Para tanto é pertinente ofe recer situações para as crianças criarem seus próprios brinquedos 49 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira utilizando materiais alternativos carrinhos caminhões bonecas boliches bolas etc visto que desde a construção desses brinque dos elas já brincam com a imaginação pensando no significado desses objetos A perspectiva é a de que na Educação Infantil se possa per mitir a construção infantil e não a reprodução uma vez que as escolas hoje têm sido um reflexo da sociedade capitalista dando tudo pronto e perfeito aos alunos não viabilizando situações para que as crianças explorem seu universo de fantasia e de imagina ção 8 O JOGO E A BRINCADEIRA EM SUA DIMENSÃO PE DAGÓGICA Apresentamos no tópico anterior uma discussão sobre o conceito de jogo e brincadeira como resumidamente uma ativi dade social específica e fundamental para o desenvolvimento das pessoas o que nos faz pensar no seu vínculo com a função peda gógica e como grande recurso e utilidade metodológica Mas de acordo com Kishimoto 2001 antigamente o jogo era visto como uma atividade inútil um mero passatempo ou até mesmo como uma atividade que proporcionasse azar e prazer e por isso desne cessária do ponto de vista educativo Na Idade Média não havia espaço para a infância Desde cedo as crianças já eram preparadas para o trabalho ficando as meninas ao encargo das mães e os meninos dos pais A partir do Renascimento o jogo serviu para divulgar princípios de moral éti ca e conteúdos de História Geografia e outros Na Idade Moderna a infância era vista como uma fase sem importância pois dado que as crianças morriam com muita faci lidade os adultos não se apegavam a elas Mas depois a infância passou a ser vista como uma etapa do desenvolvimento humano e com o avanço das ciências diminuiu o índice de mortalidade infantil Jogos e Brincadeiras I 50 Entretanto a infância não era igual para todas as crianças pois pertencendo a classes sociais diferentes muitas delas tinham que trabalhar para poder ao menos satisfazer suas necessidades básicas No Brasil a partir da década de 1970 passou a ser adotado um modelo de política educacional voltado para a educação das crianças menos favorecidas e após o ano de 1988 a Educação In fantil passou a ser motivo de preocupação dos órgãos que legislam sobre a Educação Este é um grande marco na história da educação brasileira a qual hoje é um direito de todas as crianças e deve ser assegurada pelo Estado Embora nem todas consigam permanecer na escola por lei seu ingresso é garantido Observamos que os jogos e as brincadeiras estão presentes no cotidiano das pessoas há muito tempo Atualmente verifica mos as manifestações destes nas escolas nos parques nas praias e nos clubes esportivos os quais desempenham um papel impor tante na formação das crianças Sabemos que atualmente essas manifestações vêm sendo discutidas por educadores psicólogos sociólogos antropólogos filósofos e historiadores Todos são unânimes em afirmar a impor tância da prática dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvi mento do ser humano contribuindo assim para o seu bemestar físico emocional afetivo e social Contudo o que importa realmente nesta unidade é enten dermos o jogo e a brincadeira no contexto em que eles se reali zam ou seja nas aulas de Educação Física tendo como horizonte a nossa realidade profissional Por isso tornase providencial para interpretarmos e analisarmos nossa prática profissional na condi ção de professores sistematizando e ensinando esse conteúdo na escola que ele seja entendido como uma manifestação humana que pode ser valorizada por meio da Educação Física Essa manifestação originada nas ações e práticas desinte ressadas e na busca pela linguagem e relações com os outros tem 51 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira como objetivo o encontro consigo mesma e com os símbolos que humanizam um determinado grupo sem interesses por suprir ne cessidades de sobrevivência Segundo João Batista Freire 2004 jogamos quando não nos falta nada jogamos por qualquer desinteresse material Jogamos mais felizes quando nossas necessidades básicas de sobrevivência estão satisfeitas Jogamos e brincamos mesmo que a vida repre sentada não seja assim tão bela De posse desses conhecimentos comece a pensar e a pes quisar desde já a respeito dos mais variados jogos e brincadeiras que fazem ou fizeram parte da sua vida Com certeza muitos deles poderão ser ensinados por você quando for professor Você já teve a oportunidade de ver crianças em faróis de trânsito vendendo balas Já observou o que elas fazem quando esse farol abre Pois é elas inventam um jeito de brincar Triste re alidade que demonstra a importância da brincadeira mesmo com as adversidades da vida Você percebeu que aquilo que o senso comum pouco valo riza as crianças e as pessoas brincando e jogando apresentase como uma manifestação humana que se enraíza profundamente na história da civilização humana Talvez se como espécie huma na não tivéssemos produzido as diferentes manifestações do brin car não seríamos hoje o que somos Podemos afirmar que tanto o brincar como o jogar são processos vitais para o desenvolvimento de cada ser humano e para seus agrupamentos Mas nessa etapa da formação deixemos de lado as ques tões da Sociologia da Filosofia e da Antropologia dos jogos e brin cadeiras para nos atermos às questões mais pontuais que se reme tem à proposta deste estudo Tendo em vista a importância da infância percebeuse tam bém que o brincar era mais do que uma distração e passouse a pesquisar sobre sua influência no aprendizado das crianças Já Jogos e Brincadeiras I 52 demos muitos exemplos que esclareceram essa visão atual da edu cação mas nunca é demais afirmar que além da possibilidade de se perceber a espontaneidade do brincar é possível nele se apro fundar e utilizálo como um meio para se atingir um fim qual seja o educacional sem perder o prazer em jogar Nesse sentido Kishimoto 1998 com base em outros auto res propõe o jogo educacional ou educativo Nesse tipo de jogo utilizamos os jogos e as brincadeiras com um objetivo ou função educativa mas não perdemos de vista que a criança adora brincar e se divertir Vamos imaginar uma situação contrária um professor que utiliza um jogo para ensinar um conteúdo mas não permite que seus alunos riam e se divirtam Qual a graça do jogo Será que os alunos aprenderãoapreenderão esse conteúdo Qual a sua opinião nesse caso Vejamos o que afirma Kishimoto 1998 p 19 a respeito do equilíbrio que se deve manter entre os dois tipos de função do jogo O equilíbrio entre as duas funções é o objetivo do jogo educativo Entretanto o desequilíbrio provoca duas situações não há mais ensino há apenas jogo quando a função lúdica predomina ou o contrário quando a função educativa elimina todo o hedonismo resta apenas o ensino Vamos analisar a proposta de jogo educativo Se o jogo pode ser considerado educativo então por que não dar apenas o jogo pelo jogo Justamente porque embora o jogo possa eventualmen te educar ensinar as crianças a dividir conviver em sociedade co operar nem sempre isso ocorre Pode haver outras influências que façam com que mesmo sendo ótimo para as crianças algumas se comportem de forma muito competitiva briguem durante o jogo batam em outras crianças não aceitem a derrota etc Lembrese de que esses comportamentos também são aprendidos e as crian ças podem ter outros exemplos em casa na rua porém se a escola é uma instituição considerada educativa esses comportamentos não podem ser aceitos Nesses casos deve haver a interferência de um adulto ou seja o professor 53 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira Existe um autor francês chamado Belbenoit 1976 que há vários anos afirmou não ser o esporte completamente educativo a menos que haja um professor por trás dele ou seja na esco la local educativo por excelência usamos o jogo não apenas para ensinar o jogo mas também para aproveitar seu valor educativo Dessa forma o professor tornase a peça mais importante para o desenvolvimento do jogo educativo Rangel 2010 considerou que é possível generalizar o termo esporte utilizado em francês pelo termo jogo em português se entendermos que o esporte é também um jogo Nesta primeira unidade você tomou contato com as primei ras referências a respeito do jogo e da brincadeira A seguir propo mos que você realize uma avaliação e descubra o que já internali zou a respeito desses temas 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Para você as crianças já nascem sabendo jogar e brincar ou essa manifesta ção é aprendida 2 Qual é a relação que você pode estabelecer entre uma determinada cultura e as possibilidades que uma pessoa tem para brincar 3 Qual a diferença básica entre o jogo e a brincadeira apresentada nesta uni dade 4 Você é capaz de relembrar algumas críticas que são feitas a certas formas de brincar na sociedade atual 5 Após o estudo desta unidade você é capaz de responder por que o jogo e a brincadeira são conteúdos importantes para serem ensinados nas escolas 10 CONSIDERAÇÕES Nesta unidade você pôde compreender os conceitos de jogo e de brincadeira entender em quais momentos eles se aproximam Jogos e Brincadeiras I 54 e em quais se distanciam Pôde perceber também o caráter mais organizado e coletivo das manifestações de jogos e de certo des compromisso com qualquer forma de sistematização e padrão que caracteriza uma brincadeira Durante o estudo desta unidade tentamos fazer você perce ber o jogo e a brincadeira como patrimônios culturais produzidos pela humanidade e conhecimentos a serem ensinados na escola pela Educação Física de maneira crítica e contextualizada enten dendoos na sua relação com a sociedade de consumo 11 EREFERÊNCIAS Figura Figura 1 Crianças brincando de Cândido Portinari Disponível em httpwwwportinari orgbrIMGSjpgobrasOAa2906JPG Acesso em 28 fev 2012 Site pesquisado OLIVEIRA M R F de O brincar na sociedade de consumo em busca da superação da lógica de padronização e propriedade do brinquedo Revista Eletrônica de Educação Ano I n 1 ago dez 2007 Disponível em httpwebunifilbrdocsrevistaeletronica educaçãoartigo03pdf Acesso em 4 dez 2008 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELBENOIT G O desporto na escola Lisboa Estampa 1976 BOMTEMPO E HUSSEIN C L ZAMBERLAN M A T Psicologia do brinquedo aspectos teóricos e metodológicos São Paulo EDUSP Nova Stella 1986 BRASIL Ministério da Educação e Cultura Jogo corpo e escola n 3 Brasília Centro de Educação a DistânciaUniversidade de Brasília 2004 Programa Segundo Tempo BROTTO F O Jogos cooperativos se o importante é competir o fundamental é cooperar Santos Projeto Cooperação 2000 BRUHNS H T O corpo parceiro e o corpo adversário Campinas Papirus 1999 CÓRIASABINI M A LUCENA R F Jogos e brincadeiras na educação infantil Campinas Papirus 2004 DARIDO S C RANGEL I C A Coord Educação física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 55 Claretiano Centro Universitário U1 Conceitos de Jogo e Brincadeira FERREIRA A B H Dicionário Aurélio 7 ed Curitiba Positivo 2008 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação de corpo inteiro teoria e prática da educação física Pensamento e ação no magistério São Paulo Scipione 1997 Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 HELAL R O que é sociologia do esporte São Paulo Brasiliense 1990 KISHIMOTO T K Org Jogo brinquedo brincadeira e a educação São Paulo Cortez 2007 RANGEL I C A Coord Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 WAJSKOP G Brincar na préescola São Paulo Cortez 1997 Coleção Questões da nossa Época Claretiano Centro Universitário EAD O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento 2 1 OBJETIVOS Definir o significado de cultura e jogo na perspectiva da cultura corporal de movimento Entender a transmissão cultural de jogos na escola Identificar e exemplificar jogos e brincadeiras de infância 2 CONTEÚDOS Cultura e cultura corporal de movimento breves signifi cados Jogos e cultura corporal de movimento Jogos culturalmente analisados 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir Jogos e Brincadeiras I 58 1 É claro que você já ouviu falar a respeito de povos que tal como ocorreu no início da formação do Brasil foram dominados não é mesmo Reparou que quando isso acontece esses povos perdem sua identidade assumin do os costumes e a língua do povo dominante Pense por exemplo nos índios que viviam e vivem ainda mas em condições muitas vezes precárias na América do Norte Eles foram dominados tiveram que aprender a língua e a cultura inglesa e perderam grande parte de seus costumes Se você ainda não assistiu procure pelo filme Dança com Lobos que retrata parte dessa história 2 Pense que você quando se formar será um transmissor e perpetuador da cultura em que vive Você terá um pa pel muito importante na vida de seus alunos Além de ser um amigo confidente ídolo e exemplo contribuirá com a formação cultural de seus alunos E isso não é ta refa fácil 3 Neste texto não daremos preferência a nenhuma no menclatura dos jogos praticados na infância Assim os termos jogos populares de infância de rua ou tradicionais serão aceitos como sinônimos Procure ler atentamente o conteúdo deste caderno observando os diferentes nomes dados aos jogos Futuramente você verá outros nomes que também são utilizados para des crever os jogos 4 Seja curioso e procure verificar a possibilidade de se aprender um jogo esportivo por meio de outros jogos Um artigo da Profª Zenaide Galvão disponível em wwwrcunespbr Acesso em 27 jul 2010 mostra um trabalho com o handebol Já o Prof Rafael Castro Ko cian o faz no livro Educação Física na infância RANGEL 2010 n p 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior você entrou em contato com as diferen tes definições de jogo e de brincadeira Esperamos que tenha for mado sua opinião a respeito desse tema mas caso isso não tenha 59 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento ocorrido procure pesquisar mais sobre o assunto pois aprender a pesquisar sobre o que lhe causa dúvidas é muito importante neste processo de construção do conhecimento A partir desta unidade você ampliará seu conhecimento so bre o significado que os jogos apresentam para a compreensão e a continuidade das diferentes culturas bem como aprenderá que a Educação Física trabalha com uma parte significativa da cultura denominada cultura corporal de movimento Você também terá oportunidade de relembrar os jogos de sua infância e verificar como eles foram importantes em sua vida Esperamos que a leitura e a interação com esta literatura despertem em você o desejo de ensinar jogos Mas isso ocorrerá em uma nova etapa por enquanto vamos conversando e não se esqueça de trocar ideias com seus companheiros de curso Bom trabalho 5 CULTURA E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO BREVES SIGNIFICADOS Dependendo da lente e dos autores que utilizarmos te remos uma visão de cultura pois este termo é complexo e várias áreas do conhecimento o definem Utilizaremos aqui um exem plo simples que esclarecerá um pouco essa ideia Nasce uma criança Em termos biológicos ela pertence à es pécie humana possuindo um corpo humano Seu desenvolvimen to em geral a fará crescer engatinhar ficar em pé andar A seguir ela dirá as primeiras palavras depois frases Por volta dos sete anos de idade ela aprenderá a ler e a escrever ingressando no mundo da escrita Depois entrará na adolescência passará pelo mundo adulto chegará à velhice e morrerá Completase assim o seu ciclo de vida Jogos e Brincadeiras I 60 Até aí nada de mais correto Errado Para que essa crian ça passe pelas fases descritas ela terá obrigatoriamente que ter nascido em uma cultura ocidental Caso tivesse nascido em outra cultura talvez ela não aprendesse a ler e a escrever aos sete anos ou talvez não passasse pela adolescência da forma como a conhe cemos E se ainda essa criança ficasse perdida na selva e fosse criada por lobos Talvez não andasse e com certeza não falaria Esses exemplos nos mostram que ao nascer não iniciamos apenas nosso crescimento fora do útero materno mas também ingressamos em uma cultura diferenciada Quando você era pequeno talvez tenha ouvido uma cantiga de ninar como esta Nana nenê Que a Cuca vem pegar Papai foi pra roça Mamãe já vem já Bichopapão De cima do telhado Deixa esse a menino a Dormir sossegado a Além de acalmar as crianças as cantigas de ninar têm uma representação É provável que a canção descrita anteriormente seja de uma época e de um contexto que desconhecemos a roça o que significa E o bichopapão Quem sabe daqui a algum tem po nem saibamos mais o que significará telhado Pode ser que apareça outra invenção que o substitua Afinal o fato de morarmos e convivermos em uma civiliza ção significa que aprendemos absorvemos e modificamos os cos tumes de uma cultura Qual seria então uma das definições de cultura A cultura definida pelas Ciências Sociais seria de acordo 61 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento com Forquin 1993 p 11 o conjunto dos traços característicos do modo de vida de uma sociedade de uma comunidade ou de um grupo Estes traços característicos poderiam ser as comidas típicas as vestimentas a língua as crenças as músicas as danças os jo gos etc ou seja tudo que foi produzido criado fabricado por uma comunidade retirandose o que é da natureza No entanto há outro entendimento para a palavra cultura Uma pessoa tida como culta geralmente é vista como uma pes soa que possui disposição e qualidades características do espírito cultivado FORQUIN 1993 p 11 ou seja uma pessoa que estu dou muito é intelectual ou artisticamente reconhecida podendo ser classificada como possuidora de muita cultura enfim quase um ser inatingível Para este texto vamos nos valer do primeiro conceito de cul tura Ela não é algo que apenas se perpetua de forma que deve ser vista como algo que se modifica continuamente que é ressig nificada Quando nos apropriamos do termo ressignificar queremos apre sentar a idéia de que o tradicional produto cultural é paulatinamen te modificado por intermédio de novos significados acrescentados por aqueles que se apropriam do antigo ou seja ressignificar é ação criativa de atribuir novos significados ao tradicional SCAGLIA RANGEL 2004 p 137 Portanto é necessário compreendermos o dinamismo cul tural tanto do passado quanto do presente e do futuro pois uma sociedade que consegue manter suas tradições culturais sem se esquecer do presente e do futuro possui mais chances de não ser atropelada combatida e dominada por outras culturas Com essas observações em mente vamos conhecer ago ra as considerações feitas por Herrero Fernandes e Franco Neto 2006 n p autores de um livro que nos mostrou a realização de um projeto audacioso de resgate de jogos do povo Kalapalo do Alto Xingu Jogos e Brincadeiras I 62 Certamente este projeto contribui para o resgate das atividades do povo Kalapalo e porventura dos altoxinguanos de modo geral que correm o risco de extinção provavelmente devido ao enfraqueci mento nos processos tradicionais de transmissão do conhecimen to Você pode perceber então a importância que este projeto de resgate de jogos teve para o povo Kalapalo Os pesquisadores ao resgatarem os jogos resgataram também uma parte da cultura desse povo auxiliando para que este não seja extinto Cultura escola e jogo Há certo consenso de que uma das funções da escola é a de transmitir cultura a seus alunos Entretanto qual seria então essa cultura seria toda a que é produzida pela humanidade É certo que não Mas é necessário compreendermos que embora a esco la tenha de fazer determinadas opções ela não pode se esquecer de transmitir um acervo cultural predeterminado e chamado de conteúdo Sobre esse assunto vejamos o que nos diz Forquin Neste sentido podese dizer perfeitamente que a cultura é o conte údo substancial da educação sua fonte e sua justificação última a educação não é nada fora da cultura e sem ela Mas reciprocamen te dirseá que é pela e na educação através do trabalho paciente e continuamente recomeçado de uma tradição docente que a cul tura se transmite e se perpetua a educação realiza a cultura como memória viva reativação incessante e sempre ameaçada fio pre cário e promessa necessária da continuidade humana FORQUIN 1993 p 14 Atualmente tem havido a discussão de quais conteúdos cul turais deveriam fazer parte do acervo que a escola transmite pois muito desse conteúdo não tem tido significado para o aluno Ele tem procurado outras formas como a televisão e a internet para aumentar seu conhecimento cultural abandonando por vezes o que é ensinado na escola Por outro lado a forma como os con teúdos têm sido tratados também não fornece um atrativo para o aluno que fica desmotivado e é até capaz de abandonar a escola 63 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Os últimos estudos a respeito realizados pelo Ministério da Educação e Cultura culminaram na criação dos Parâmetros Curri culares Nacionais que forneceram uma diretriz para todas as dis ciplinas inclusive para a Educação Física sobre o conhecimento a ser transmitido pelas escolas brasileiras Dessa forma não é qualquer conhecimento que deve ser passado pelos professores mas aquele que implique a formação do cidadão dito educado Estando entendido o significado de cultura e seu entrelaça mento com a escola e a educação vamos a outra compreensão Qual seria a cultura a ser transmitida pela Educação Física Você já parou para pensar nisso O que você acredita que transmitirá e ajudará a reelaborar com seus alunos na escola Com certeza você deve ter pensado nos esportes É quase impossível não pensarmos neste conteúdo atualmente Mas ele não é a única possibilidade Há outros conteúdos que são tão im portantes quanto o esporte Visto que a dança a ginástica a luta e o jogo são conteúdos conhecidos desde que os seres humanos começaram a viver em grupo ou sociedade em termos culturais podese afirmar que são esses os conteúdos que a Educação Física deve transmitir O jogo a ginástica a luta e as danças são tão antigos quanto a humanidade A exceção no caso desses conteúdos vem do esporte que é con siderado uma transformação do jogo criado na década de 1920 Essas formas de atividades embora fossem partes da Educa ção Física só foram chamadas de cultura corporal de movimento a partir de estudos de Soares et al 1992 Betti 1992 e Bracht 1992 entre outros autores que culminaram na apresentação dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs documento lança do pelo Ministério da Educação e que fez uma proposta para o ensino da Educação Física no Brasil BRASIL 1997 Jogos e Brincadeiras I 64 De acordo com Galvão Rodrigues e Sanches Neto 2005 antes disso a esse conjunto de conhecimentos acrescido do co nhecimento sobre o corpo foram dadas algumas denominações tais como cultura física cultura corporal e cultura de movimento Resumidamente os conteúdos mais reconhecidos da Educação Física atualmente são ginástica luta atividades rítmicas e expressivas conhecimento sobre o corpo esporte e jogo A capoeira merece destaque também nesse rol por ser considerada um conteúdo exclusivamente brasileiro Galvão Rodrigues e Sanches Neto 2005 n p compreen dem ainda que a Educação Física é uma prática pedagógica que trata da Cultura Corporal de Movimento Você ainda ouvirá falar muito sobre esse assunto o qual será aprofundado na História da Educação Física Para este estudo o conteúdo a ser transmitido na escola é o jogo Conforme Scaglia e Rangel 2004 p 8586 Os jogos brincadeiras e brinquedos fazem parte do cotidiano das crianças em todos os países e desde que o ser humano vive em grupos ou sociedades os indícios de que brincavam são nume rosos Esta afirmação pode ser conferida graças à arte rupestre e outras fontes e documentos históricos onde são narradas formas de jogar Segundo Kishimoto 1993 por exemplo a amarelinha empinar papagaios ou jogar pedrinhas têm registro na Grécia e no Oriente mostrando a universalidade dos jogos infantis Os jogos e as brincadeiras são representações que as crian ças fazem de seu cotidiano Elas transferem a realidade em que vivem para a forma simbólica ou seja relacionam de forma infan til o que veem os adultos fazendo As crianças incorporam na brincadeira a cultura em que nasceram e em que vivem Se por acaso as crianças mudam de cultura país cidade acabam também aprendendo as formas de brincar do local em que estão Imaginemos por exemplo uma criança que nasceu no 65 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Japão e viveu lá até os nove anos Com certeza ela aprendeu os costumes da região em que morava Ao se mudar para outro país digamos que ela tenha vindo para o Brasil acabará aprendendo os costumes daqui Até mesmo a língua local será aprendida com mais facilidade se essa criança brincar com crianças brasileiras Embora não possamos afirmar embasados em pesquisas cremos que as brincadeiras influenciam muito na aprendizagem de forma que as crianças aprendem com mais facilidade os cos tumes de outros países do que os adultos brincando Você deve conhecer alguém cujos avós vieram de outro país Geralmente os filhos e netos falam a língua local e a língua do país dos avós mas os avós dificilmente falam o português Isso exemplifica a facilida de que crianças e jovens possuem em se adaptar Atualmente nas escolas a cultura corporal de movimen to representada pelo jogo possui maior poder de transmissão e transformação Sobre esse assunto menciona Rangel Antigamente não havia a preocupação educacional de se transmi tir estes jogos tendo em vista que eles se manifestavam na rua nos parques dentro das casas etc Isto muda de figura na medida em que em diversos países onde o aumento populacional das zonas urbanas tem sido constante tem havido uma redução dos espaços antes reservados às crianças para brincarem RANGEL 2007 p 86 Como já não dá para brincar na rua como antigamente en tão as crianças passaram a brincar na escola Figura 1 As aulas de Educação Física a entrada e a saída da escola e o intervalo recreio transformamse em poderosos agentes de transmissão cultural dos jogos Qualquer bolinha de papel elástico pedrinha papel e caneta assumem a vez de um brinquedo Jogos e Brincadeiras I 66 Figura 1 Aula de Educação Física 6 JOGO E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO Na realidade os jogos não são exclusividades da Educação Física visto que muitos componentes curriculares ou disciplinas o utilizam como estratégia de ensino E aí está a diferença para as outras disciplinas os jogos são uma estratégia de ensino para a Educação Física eles são considerados estratégia e conteúdo meio e fim da aprendizagem Essa observação é extremamente importante já que diferencia os jogos e seu aprendizado para nós Na Matemática por exemplo os educadores utilizam jogos para fixar ou até mesmo fazer que os alunos compreendam de terminados conceitos e aplicações Tal procedimento também é usado por educadores de outras disciplinas como a Língua Portu guesa a História a Geografia etc Para Freire 2004 p 102 67 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Um fato notável quanto ao jogo como o entendemos na Educa ção Física é que se trata de um dos poucos conteúdos que não são produzidos especificamente para a escola Explico melhor os conteúdos das demais disciplinas são de modo geral produções preparadas especialmente para ser ferramentas escolares mate rial didático Essas disciplinas são integradas pelas produções cien tíficas nas mais diversas áreas Há um entendimento generalizado segundo o qual os conteúdos das ciências devem ser ensinados aos alunos didaticamente isto é de forma que possam ser veicu lados em linguagem escrita falada ou em imagens de diversos ti pos acessíveis ao entendimento dos alunos em cada período de desenvolvimento Aos poucos conteúdos não científicos como os da religião cultura popular senso comum perdem espaço nas li ções escolares O que se ensina em nosso sistema educacional não é exclusivamente o resultado da produção científica mas este re cebe privilégio inegável sobre todos os demais Quando chegam à escola os conteúdos científicos chegam formatados para o ensino escolar isto é adequados didaticamente Já na Educação Física não só podemos trabalhar com os jogos para fixar ou ensinar determinado conhecimento como a ética a cultura uma habilidade motora ou o conceito de regras como podemos também ensinar o jogo pelo jogo aprender a fa zer e a se divertir com ele É fácil entendermos isso se retirarmos os jogos esportes danças e lutas que podem auxiliar as outras disciplinas elas continuam a ter conteúdos se os retirarmos da Educação Física ficaremos sem conteúdos pois estes são os nos sos representantes No entanto temos de dizer que muitas vezes utilizamos os jogos esportes etc como um meio quando aproveitamos para tra balhar a cooperação a cidadania a coeducação entre outros Mas voltemos a falar sobre o jogo Fazendo parte da cultura corporal de movimento o jogo pode ser um conteúdo riquíssimo e de fácil aprendizado Mas certamente você deve estar se perguntando por que os jogos são tão fáceis de serem ensinados Parte desta resposta está no fato de que antes de nos tornarmos adultos e professo res fomos crianças Como crianças brincamos e jogamos muito Jogos e Brincadeiras I 68 Fizemos tudo que uma criança normalmente faz acorda e brinca almoça e brinca vai para a escola e brinca toma banho e brin ca Em nossa infância aprendemos os jogos e brincadeiras de rua brincamos de casinha e de motorista jogamos com brinquedos inventados por nós e manufaturados brincamos com o cachorro e brigamos com quem vinha nos chamar para dormir afinal tínha mos acabado de começar a brincar Por termos passado pela experiência de brincar e jogar não é tão complicado assim aprender outro jogo bem como não é difí cil ensinálo Aliás outra facilidade do jogo consiste em jogar para aprender isto é vamos aprendendo conforme vamos jogando É claro que se o jogo possui muitas regras elas não serão total mente assimiladas na primeira vez em que jogarmos Dessa forma jogamos jogamos jogamos e aprendemos o jogo Segundo Rangel 2007 há ainda outros facilitadores para o ensino desse conteúdo na escola Vejaos 1 Não exigem em geral espaço ou material sofisticado embora possam existir jogos com tais exigências 2 Podem variar em complexidade de regras ou seja de pendendo da faixa etária e aptidão dos jogadores o jogo pode ser jogado com poucas regras ou com regras de altíssimo nível de complexidade 3 Podem ser praticados em qualquer faixa etária e por me ninos e meninas ao mesmo tempo 4 São divertidos e prazerosos para os seus participantes a menos que sejam levados a extremos de competição ou de função 5 São aprendidos pelo método global diferentemente do esporte que geralmente é aprendido ensinado por partes Ao contrário do esporte em um grande jogo aprendemos jo gando não se explicam nem se treinam as partes para depois se jogar A graça de se aprender o jogo está justamente em jogálo Não se aprende por exemplo a arremessar para depois se apren 69 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento der a jogar queimada o arremesso é aprendido durante o jogo e se este deve ser mais forte ou mais fraco em determinada direção para cima ou para baixo é o contexto do jogo que vai determinar Isso não significa que em algum momento não se possa pa rar o jogo e tentar melhorar um arremesso para depois voltar ao jogo No entanto essa opção pode partir dos próprios alunos com a ajuda do professor é claro Os jogos coletivos foram criados desta maneira as pessoas aprendiam jogando Somente mais tarde com o aprimoramento técnico e o uso de recursos científicos passouse a ensinar apren der utilizando processos analíticos de decomposição das partes Infelizmente ainda existem muitos professores que utilizam ape nas o método analítico para ensinar um jogo esportivo quando há a possibilidade de aprendêlo também por meio de jogos Heinz e Rothenberg 1984 em seu livro Ensino de jogos es portivos demonstram como sair de um pegapega e atingir os qua tro principais esportes praticados no país futebol basquetebol handebol e voleibol Na cultura corporal de movimento os jogos ocupam lugar de destaque na Educação Infantil e no Ensino Fundamental da 1ª à 4ª série Por que será que isso acontece Se observarmos nos so acervo cultural de jogos entenderemos o porquê As crianças brincam espontaneamente na infância para apreender a cultura de seu contexto do local onde vivem correto Assim os jogos e as brincadeiras tidos como populares de infância de rua ou tra dicionais são seus preferidos As regras desses jogos populares não são difíceis e vão au mentando de complexidade à medida que a compreensão das crianças também vai melhorando Conforme elas crescem preci sam de desafios maiores e passam a abandonar os jogos de infân cia pois estes não requerem mais tantas habilidades ou pensa mento complexo Elas passam a gostar mais dos esportes que são jogos mais elaborados Observe no entanto que estamos tratan do de jogos em si não dos outros conteúdos que devem ser tão trabalhados quanto os jogos Jogos e Brincadeiras I 70 No caso citado anteriormente qual seria então a possibi lidade de se trabalhar com os jogos em idades maiores Quais as vantagens e desvantagens Queremos que você já comece a pen sar nesse assunto o qual será discutido na Unidade 6 Por ora bas ta resumir que a cultura corporal de movimento possui um grande acervo de jogos infantis pois são representativos de uma cultura da infância que os utiliza para apreender seu contexto No início da presente unidade dissemos que você iria se lembrar dos jogos de sua infância Pois bem aqui está um caça palavras Figura 2 com 15 nomes de jogos e brincadeiras que provavelmente você praticou em sua infância Procure por eles e divirtase Figura 2 Caçapalavras 71 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Quando trabalhamos com jogos infantis da cultura popular temos que compreender que eles são representativos de determi nada cultura em seu tempo e espaço e que são sempre ressigni ficados Scaglia e Rangel 2004 p 137138 explicamnos como se dá esse processo As brincadeiras tradicionais infantis em especial as de pegapega podem nos servir como bons exemplos ilustrativos para explicar esse dinâmico processo de ressignificação dos jogos brincadeiras Não se sabe e nunca se saberá quem inventou os jogos brinca deiras de Pegapega mas podese partindo de estudos especula tivos de certos autores como Kishimoto 1993 e Brougère 1989 inferir que essa brincadeira remonta aos tempos da préhistória Isto é passível de confirmação quando ao se estudar os jogos tra dicionais infantis se nota que esses representam simbolicamente a sociedade em que estão inseridos Considerado como parte da cultura popular o jogo tradicional guar da a produção espiritual de um povo em certo período histórico Essa cultura não oficial desenvolvida sobretudo pela oralidade não fica cristalizada Está sempre em transformação incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo KISHIMO TO 1993 p 15 Logo o pegapega pode especulativamente representar um jogo de caça e caçador as crianças representando em suas brincadei ras o ato de caçar tanto dos humanos quanto entre os animais As crianças desejando como sempre imitar o mundo transformaram essa atividade de caçar em jogo brincadeira Simbolicamente re vivemna correndo umas atrás das outras imitando seus pais Essa brincadeira à medida que o tempo passa vai incorporando cria ções de outras gerações que utilizam as brincadeiras para tentar entender o mundo à sua volta ou brincar com ele almejando um dia vivêlo Segundo Elkonin 1998 atualmente todos devem reconhecer que o conteúdo do jogo infantil está relacionado com a vida o trabalho e a atividade dos membros adultos de uma sociedade A brincadeira de pegapega incorporou variações à medida que a sociedade à sua volta se modificava e em cada variação novas par ticularidades surgiam Foi dessa forma que surgiu o piquebandei ra representação fiel de uma batalha onde se tem que invadir o campo de batalha adversário penetrar em seu reino para capturar a bandeira que simboliza o reino Jogos e Brincadeiras I 72 Bruegel pintor que viveu no século 16 deixounos uma obra inestimável o quadro Jogos infantis pintado em 1560 ilustra do na Figura 3 Nele são retratadas 84 brincadeiras nem todas conhecidas atualmente O interessante é que nessa obra quem brinca são adultos O que estaria querendo nos dizer o pintor Não sabemos exatamente No entanto algumas considerações podem ser feitas como por exemplo independentemente da idade to dos nós podemos brincar Qual a sua opinião Figura 3 Jogos infantis quadro de Brugel 7 JOGOS CULTURALMENTE ANALISADOS Nem todos os jogos que o professor utilizará serão jogos que traduzem uma cultura Por exemplo os jogos criados para resolver problemas de exclusão entre os gêneros os jogos sem contato fí sico os jogos para locais de pouco espaço enfim são jogos utiliza 73 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento dos como meio para resolução de algo que esteja atrapalhando o ensino e geralmente são criados pelo professor ou pelos alunos Isso entretanto não significa que esses jogos não possam ter uma influência da cultura É claro que na escola entram apenas os conteúdos aceitos pela sociedade Os conteúdos rejeitados não escolhidos discri minados são excluídos Assim utilizamos uma parcela dos conte údos e fazemos opções que vão da preferência do próprio profes sor ao objetivo do contexto escolar Mas em se tratando de jogos quais seriam então os conteúdos culturalmente escolhidos Dentre as possíveis respostas para a questão anterior está o exemplo dos jogos tradicionais que já começam a ser esquecidos pela atual geração Outra possibilidade seria a escolha dos jogos provindos de outras culturas Você deve estar se perguntando o que existe de importante a ponto de analisarmos os jogos de outras culturas Quais seriam essas possibilidades dentro da escola São elas Verificar as semelhanças e as diferenças com a nossa cul tura Verificar como os demais povos que são diferentes de nós resolvem seus problemas sociais e como as crianças os incorporam ou os questionam por meio dos jogos Valorizar o que há de bom em outras culturas Para fazermos uma análise podemos optar por uma catego ria de jogos com bola de perseguição com corda sem material de tabuleiro entre outros a fim de mostrar que em cada cultura eles se modificam Para tanto vamos agora utilizar alguns exem plos de jogos de perseguição e a seguir jogos com bola e tentare mos analisar como e em qual cultura eles aparecem Iniciaremos com a análise de um jogo praticado no Brasil Tratase da cabracega Conforme a região do país há uma forma específica de se cantar uma ladainha que inicia a brincadeira Jogos e Brincadeiras I 74 De acordo com observações de Rodrigo Caro apud FRIEDMANN 2004 p 3234 cabracega era um jogo popular entre as crianças da Roma Imperial Ademais é encontrado também em documen tos da Idade Média e do Renascimento e veio para o Brasil com os portugueses e os espanhóis Cabracega Número de participantes três ou mais jogadores Local adequado ao ar livre Regra do jogo dispõemse as crianças em círculo den tro do qual permanecerá um jogador de olhos vendados a cabracega Dado o sinal de início as crianças da roda perguntam Cabracega de onde vieste Do moinho de vento Que trouxeste Fubá e melado Dános um pouquinho Não Então afastate As crianças largam as mãos e espalhadas pelo campo deve rão fugir da cabracega desafiandoa sem tocála Esta ouvindo os desafios tentará pegálos Quando conseguir tocar em um dos participantes tirará a venda e escolherá uma criança substituta O jogo termina com a substituição da cabracega Há variações da música de acordo com as regiões embora as regras sejam as mesmas Em Natal Cabracega de onde vens 75 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Do moinho Que trazes Pão e vinho Me dá um pouquinho Não Gulosa gulosa Que é que traz na cesta Cravo e canela Bumba nela Em Minas Cabracega Senhor De onde vieste De trás da serra Que trouxeste Um saquinho da farinha Dáme um bocadinho Não chega pra mim mais minha velha Em Piauí Cabracega de onde vens Do quartel Que trazes de bom ouro ou prata Se responder prata Come casca de barata Se responder ouro Jogos e Brincadeiras I 76 Come casca de besouro Na Bahia Cabracega de onde vens Do sertão O que trouxe Requeijão A versão portuguesa era assim Cabracega de onde vens Da Vizela ou Castela Que trazes na cesta Pão e canela Dásme dela Não que é pra mim e pra minha velha Ziguetenela fingindo beliscar a cabracega Ao verificarmos as ladainhas podemos observar que em cada região muda o que a cabracega está escondendo fubá e melado pão e vinho cravo e canela etc É interessante perceber que o escondido é geralmente algo bem original de cada estado Bahia requeijão Piauí ouro e prata Minas Gerais farinha Não temos provas mas talvez o requeijão relacionese à Bahia onde é bastante utilizado sendo um tipo de queijo coalho já a farinha de Minas Gerais pode ser o polvilho utilizado para o pão de queijo enquanto no Piauí até hoje se vive da extração do ouro Em suas futuras aulas você poderá escolher alguns jogos e brincadeiras aplicálos e solicitar uma pesquisa a seus alunos so bre a origem desses jogos Poderá fazer o inverso também solici tar que as crianças façam uma pesquisa e apresentemna em aula na qual poderão fazer a atividade 77 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Veremos agora o texto Jogo chinês traduzido de Orlick Jogo Chinês Os dragões É certo que a China quase sempre está associada a dragões Neste jogo portanto um grupo de crianças forma um dragão passando seus braços ao redor da cintura da pessoa da frente A cabeça do dragão representada pela primeira pessoa da fila tenta pegar o rabo representado pela última pessoa da fila caso consiga o dragão canta uma canção e dança as crianças trocam suas posições e começam assim um novo dragão Normalmente para se formar um dragão é necessário cerca de dez crianças e algumas vezes este jogo pode ocorrer dentro de uma área restrita de até 10 metros quadrados ORLICK 1978 n p Observe a Figura 4 que representa o jogo retratado Figura 4 Jogo chinês Embora não conheçamos muitos dos costumes chineses é fato que os dragões são figuras extremamente representativas desta cultura Não é de se estranhar portanto que as crianças re tratem esse costume em suas brincadeiras Outro jogo muito parecido vem de Maputo capital de Mo çambique Jogos e Brincadeiras I 78 Nele jogam meninas de 8 a 13 anos em um espaço aberto sem uso de material A descrição do jogo de acordo com Prista Tembe e Edmundo 1992 p 4849 é a seguinte Jogo de Moçambique DISPOSIÇÃO INICIAL As jogadoras formam uma coluna agarrandose umas às outras pela cintura Uma jogadora fora da coluna a ladra colocase em frente da mesma DESENVOLVIMENTO A primeira jogadora da coluna representa a Mãe que protege os seus filhos A jogadora que se faz de Ladra vai roubar as filhas segundo o processo que se descreve A jogadora Mãe canta Mamana ntxengo ntxengo vana vanga va hela va hela hi chirobo as minhas filhas vão ser todas roubadas serão todas levadas atrás de mim A cada verso as filhas respondem em coro Hyou Mamana NichengoNchengo Depois do último verso a Mãe pergunta Hala Nike e ali Ao que as filhas respondem Hala ni hala se ni sivile aqui e ali eu fechei Após esta canção a Ladra começa a roubar uma a uma isto é vai tentar agarrar a última da fila sob a oposição da Mãe que abre os braços e deslocase juntamente com a coluna de filhas Mesmo que com alguma oposição a desvantagem da Mãe é muito grande pelo que a Ladra acaba sempre por conseguir roubar todas as filhas que vão sentar em fila e de pernas cruzadas Quando todas as filhas foram apanhadas trocase de mãe e ladra Você notou a semelhança entre as brincadeiras Podemos então dizer que em vários países existem semelhanças entre os jogos e brincadeiras fruto talvez das constantes andanças mu danças de região habitacional dos seres humanos Você conhece outra brincadeira parecida com essa que possa descrever para seus colegas no Fórum O próximo jogo a ser analisado chamase Negação de im posto trazido também de Moçambique A descrição desse jogo conforme Prista Tembe Edmundo 1992 p 44 é a seguinte 79 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Negação de Imposto Local de recolha Niassa Modelo de Jogo Um x todos Idade 10 aos 13 anos Sexo Masculino e Feminino Participantes Vários Material Nenhum Terreno de jogo Área livre Dois grandes círculos desenhados no chão e distanciados a aproximadamente 7 metros Disposição inicial Um jogador é colocado dentro de um dos círculos e os restantes no outro Desenvolvimento O jogador que está sozinho simboliza o sipaio e os restantes a população Entre o sipaio e a população estabelecese o seguinte diálogo Sipaio Meus amigos venham cá População Temos medo Sipaio Medo de quê População Do imposto Sipaio Podem vir não há problema Após esta última frase os jogadores saem do círculo e o sipaio vai agarrar um qualquer à sua escolha A população refugiase no círculo onde estava o sipaio e este por sua vez leva o elemento que foi agarrado para o círculo contrário A partir daqui o processo repetese mas os elementos que forem agarrados passam a se fazer de sipaios aumentando assim o número de elementos a agarrar e diminuindo os que estão a fugir Fim O jogo termina quando todos os jogadores tiverem sido agarrados Esse jogo Negação de imposto é um dos que os pesqui sadores portugueses Prista Tembe e Edmundo 1992 recolheram em Moçambique Podemos perceber que o jogo imita a realidade tendo em vista que Moçambique foi colonizada pelos portugueses e que talvez na época da criação do jogo os adultos pagassem o imposto colonial e reclamassem disso Dessa forma é possível inferir que as crianças lidavam com essa questão fingindo enganar o cobrador de impostos Existem muitos jogos que possuem a mesma estrutura que esta como por exemplo Gavião no qual também se canta uma ladainha e o gavião tenta pegar os pintinhos que atravessam um determinado espaço segundo Friedmann 2004 Jogos e Brincadeiras I 80 Vamos agora analisar o jogo Base quatro Embora não sai bamos a origem do Base quatro ele é um jogo muito popular em São Paulo sendo uma adaptação do beisebol Jogo Base Quatro Inicialmente o grupo é dividido em duas equipes Uma delas a equipe A perma nece em coluna atrás de uma base O jogo acontece em um espaço geralmente grande com quatro bases demarcadas nos cantos em forma de círculo ou de quadrado e uma no centro Os integrantes da outra equipe da equipe B espalhamse pelo local A equipe em coluna recebe um taco e o professor fica em frente à coluna de posse de uma bola Coluna um aluno atrás do outro Fileira um aluno ao lado do outro O professor lança essa bola para o primeiro aluno que está em pé atrás da base de número um Este aluno deverá rebater a bola terá apenas três tentativas para acertála largar o taco no chão e sair correndo percorrendo as demais bases Enquanto isso os alunos que estão espalhados tentarão pegar a bola e parar o aluno que está percorrendo as bases Como isso poderá acontecer Como parar o aluno que está correndo Há três formas Queimando o aluno isto é jogando a bola contra o corpo do jogador que está correndo Queimando a base que está diante do aluno que está percorrendo as bases Por exemplo se ele estiver na base de número dois tentando alcançar a de nú mero três devese queimar esta Encostando a bola no centro o que significa parar o adversário Esse deve retornar para a base em que acabou de passar Cada vez que este aluno consegue passar pelas quatro bases a equipe recebe um ponto Quando um aluno para de correr o professor arremessa a bola para o segundo aluno da coluna equipe A Então este aluno tentará também realizar a corrida pelas quatro bases Se algum outro jogador estiver parado em uma das bases também deverá sair correndo tentando completar a corrida pelas quatro bases Você poderá perguntar quando a outra equipe começará a rebater Há duas formas a Se alguém da equipe adversária pegar a bola no ar e não deixála cair b Ao final de um tempo determinado para a duração da rodada Deve ser estipulado um tempo por exemplo de dez minutos para que haja a troca de lugares A cada troca de lugares a coluna deve se organizar de acordo com a última rodada Você poderá fazer também associação entre uma forma e outra de jogar Pense nessas possibilidades 81 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento No jogo Base quatro muito provavelmente cada criança rebaterá a bola de uma forma diferente Pode até ser que crianças de culturas muito diferentes rebatam a bola de forma parecida mas não igual As crianças norteamericanas e japonesas que vivem em pa íses onde o beisebol é bem difundido certamente apresentarão uma forma de rebater parecida com a dos rebatedores profissio nais Concluise que um movimento corporal é influenciado pela cultura até mesmo quando não há a exigência da técnica Mas vamos analisar também outra adaptação do beisebol Mais uma vez veremos um jogo compilado de Orlick 1978 n p que estudou diferentes culturas procurando observar como a co operação se dava por meio dos jogos Apresentamos a seguir o beisebol do Alasca Beisebol do Alasca Pode ser praticado em qualquer espaço ao ar livre É igual ao beisebol mas sem a necessidade de correr para as bases O grupo deve dividirse em duas equipes a equipe A denominada campo e a equipe B batedor Os componentes da equipe batedor colocamse em coluna enquanto a equipe campo permanece espalhada preparandose para receber a bola O primeiro batedor deve arremessar uma bola de borracha o mais longe possível e correr ao redor de sua própria coluna A equipe A tentará pegar essa bola O primeiro membro da equipe que conseguir pegála para no lugar e os outros jogadores do campo colocamse rapidamente em coluna atrás dele Passase a bola por debaixo das pernas de toda a coluna Quando a bola chegar ao último este então grita ALTO Neste instante o jogador da outra equipe que estava correndo deve parar imediatamente As equipes trocam de função Quando os jogadores aprenderem corretamente o jogo o arremesso ora de uma equipe ora de outra pode ser feito rapidamente sem se perder tempo fazendo o jogo ficar bem dinâmico Jogos e Brincadeiras I 82 Essa última observação nos fornece a ideia de que sendo o Alasca um local extremamente frio quanto mais dinâmico o jogo for melhor será Procure responder às questões a seguir A facilidade ou não em respondêlas lhe dará uma ideia de quanto incorporou do tex to 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Por meio da elaboração de um conceito de cultura que deverá ser constru ído a partir do texto estudado explique por que as crianças não nascem sabendo jogar 2 Qual é a relação que você pode estabelecer entre uma determinada cultura e as possibilidades que uma pessoa tem para brincar Você consegue encon trar exemplos disso no texto 3 O que é cultura corporal de movimento Que relação ela estabelece com o ensino da Educação Física na escola 4 O que se pode ensinar na escola tendo o jogo e a brincadeira como conteú dos da cultura corporal de movimento 5 Depois do estudo desta unidade você é capaz de apontar os motivos que facilitam o ensino deste conteúdo nas escolas 9 CONSIDERAÇÕES Há duas possibilidades de se iniciar o trabalho com os jogos O professor poderá observar os jogos que as crianças re alizam espontaneamente e com base neles aprimorar o conhecimento dos alunos O professor poderá propor jogos que as crianças não co nheçam ou que conheçam pouco e com base neles apri morar o conhecimento dos alunos 83 Claretiano Centro Universitário U2 O Jogo como Componente da Cultura Corporal de Movimento Por ora esperamos que você tenha compreendido a impor tância de se trabalhar o conteúdo jogo com base em uma visão da cultura e da cultura corporal de movimento Os exemplos aqui citados refletem como a cultura de jogos modificase a todo instante representando assim o que a socie dade vive Analisar a história dos jogos bem como a História em geral faz que revivamos um passado que com certeza influencia rá nosso futuro Você concorda com essa afirmativa Você poderá discutir com seus colegas de curso sobre as ob servações realizadas nesta unidade concordando ou discordando delas O importante é formar sua própria opinião Você poderá a partir de agora observar crianças e adultos brincando e tentar refletir sobre o que está acontecendo Compare as brincadeiras atuais e as da sua infância Algo mudou Em caso positivo tente pensar no que foi alterado e o que isso representa Enfim quando estudamos algo com um pouco mais de pro fundidade mudamos nossa forma de pensar e até mesmo de agir Dessa forma é possível que você veja os jogos de forma dife rente a partir de agora Mas isso não impedirá que eles continuem lhe proporcionando prazer e representando uma magia única a de simplesmente jogar 10 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Aula de Educação Física Disponível em httpwwweducacionalcombr uploadblogSite4673467306611665Sabrina1308251jpg Acesso em 29 fev 2012 Figura 3 Jogos infantis quadro de Brugel Disponível em httpwwwenglishemory educlassespaintingspoemsgamesjpg Acesso em 29 fev 2012 Figura 4 Jogo chinês Disponível em httparquivochinafileswordpress com2007030702100162anonovochinespicbywilliamtleedragaojpg Acesso em 29 fev 2012 Jogos e Brincadeiras I 84 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais educação física Brasília MECSEF 1997 BROUGÈRE G Jogo e educação Porto Alegre Artes Médicas 1989 ELKONIN D Psicologia do jogo São Paulo Martins Fontes 1998 FORQUIN J C Escola e cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar Porto alegre Artes Médicas 1993 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 FRIEDMANN A A arte de brincar brincadeiras e jogos tradicionais Petrópolis Vozes 2004 GALVÃO Z A construção do jogo na escola Revista Motriz São Paulo v 2 n 2 p 107 110 1996 GALVÃO Z RODRIGUES L H SANCHES NETO L Cultura corporal de movimento In DARIDO S RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 HEINZ A ROTHENBERG L Ensino de jogos esportivos Rio de Janeiro Ao Livro Técnico 1984 HERRERO M FERNANDES U FRANCO NETO J V Jogos e brincadeiras do povo Kalapalo São Paulo SESC 2006 KISHIMOTO T M Jogos infantis o jogo a criança e a educação Rio de Janeiro Vozes 1993 ORLICK T Libres para cooperar libres para crear nuevos juegos y deportes cooperativos Barcelona Paidotribo 1978 PRISTA A TEMBE M EDMUNDO H Jogos de Moçambique Portugal INEF 1992 RANGEL I C A Jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física In DARIDO S C MAITINHO E M Pedagogia cidadã Caderno de formação Educação Física 2007 RANGEL I C A Org Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 SCAGLIA A J RANGEL I C A Manifestação dos jogos In BRASIL Ministério da Educação e Cultura Jogo corpo e escola n 3 Brasília Centro de Educação a Distância Universidade de Brasília 2004 Programa Segundo Tempo SOARES et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 EAD Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo 3 1 OBJETIVOS Estudar o significado de dimensão dos conteúdos e suas possibilidades diante do conteúdo jogo Entender cada uma das dimensões conceitual procedi mental e atitudinal relacionandoas ao conteúdo jogo Verificar a aplicabilidade das dimensões do conteúdo jogo na prática pedagógica da Educação Física 2 CONTEÚDOS Dimensões do conteúdo jogo conceito e divisão Conteúdo conceitual e jogo Conteúdo procedimental e jogo Conteúdo atitudinal e jogo Aplicando as dimensões do conteúdo jogo Jogos e Brincadeiras I 86 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 A Profª Adriana Friedmann é autora de vários livros que analisam eou retratam jogos e brincadeiras de infância Leia esses livros nos quais constam figuras e desenhos que facilitam a compreensão de inúmeros jogos bem como do significado da infância a fim de aprimorar seus conhecimentos sobre jogos de forma integral 2 Procure conhecercompreender o significado dos Pa râmetros Curriculares Nacionais Este documento será muito importante em sua prática profissional pois foi criado pelo MEC e serve de parâmetro para todas as dis ciplinas incluindo a Educação Física 3 Caso não entenda algum dos conceitos ou significados deste caderno procure orientação com seu tutor Não siga sem essa compreensão 4 Estabeleça relações entre o que foi aprendido nas duas primeiras unidades e o que será apresentado a seguir Lembrese sempre que aprender algo novo verifique se condiz com o que você já sabe 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Como vimos nas unidades anteriores o jogo faz parte da cul tura humana o que nos permite dizer que o lado humano do Ser pode ser visto quando as pessoas jogam e brincam A facilidade com que se aprende a jogar pode levar à ilusão de que não há necessidade de alguém no caso um professor para ensinar outra pessoa a jogar O que se por um lado não é neces sariamente verdade por outro também não é falso Aprendese a jogar na rua com a televisão por meio de um manual jogos de tabuleiro ou video game ou até mesmo observando alguém jo gar e perguntando aos outros como se joga 87 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo Entretanto jogar na escola revestese de outro valor o edu cacional Na escola não jogamos por jogar não jogamos pelo prazer de jogar jogamos para aprender mais O jogo na escola apresenta uma intenção a mais pois é educacional ou seja uma junção do prazer de jogar com o prazer de aprender Sendo o jogo um meio e um fim da educação um conteúdo e uma estratégia de ensino é compreensível que até mesmo a tele visão o considere mais do que um jogo já que há algum tempo uma propaganda comercial utilizou esse trocadilho Se há uma intenção na Educação e na Educação Física em particular há necessidade de alguém que gerencie esse objetivo a mais Nesse ponto o professor é quem vai fornecer as diretrizes para uma visão ampliada sobre o jogo que inclua valores em seu ensino e aprendizagem Há valores culturais cognitivos afetivos motores e sociais que podem ser transmitidos por intermédio dos conteúdos tais como os jogos Para tanto podemos dividir essas intenções em dimensões e para cada faixa etária que for trabalhada na escola podese optar por uma ou mais dimensões Mas o que seriam es sas dimensões Como incluir o conteúdo jogo nessa divisão É o que veremos a seguir Boa leitura 5 DIMENSÕES DO CONTEÚDO CONCEITO E DIVISÃO Há algum tempo quando um professor ensinava um novo jogo aos alunos geralmente recorria a jogos que ele já conhecia ou procurava a descrição desse jogo em algum livro Com essa des crição chegava à quadra ou a outro espaço da escola destinado às suas aulas dava aos alunos as informações gerais sobre o jogo e iniciavao Depois apitava conforme as regras tirava algumas dú vidas que surgiam no decorrer do jogo e encerravao quando ba tia o sinal ou quando as crianças cansavam enjoavam de jogar Jogos e Brincadeiras I 88 Até aqui nada de mais Entretanto vamos refletir a partir desse momento sobre como as crianças aprendem e sobre o quê elas aprendem Quando aprendemos um jogo aprendemos a manipular algo uma bola um bastão uma corda aprendemos a trabalhar um movimento com mais velocidade ou agilidade correr flexio nar girar agachar e memorizamos as regras necessárias para esse jogo Entretanto quando jogamos fazemos algo mais interagimos com um objeto ou com pessoas gostamos ou não gostamos de ganhar e perder discutimos se achamos alguma injustiça ou erro proposital enfim estamos presentes de corpo e alma no jogo Ao conjunto de ações pensamentos e sentimentos que par ticipam do jogo ninguém até então havia dado um nome ou in dicado algo que facilitasse e ajudasse o professor a trabalhálo Embora não diretamente ligada ao ensino da Educação Física a partir da teoria de um autor espanhol chamado Cesar Coll e de seus colaboradores começamos a pensar que o processo ensino aprendizagem poderia ser dividido para assim facilitar e ampliar os horizontes do que é ensinado na escola Com essa perspectiva e a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 939496 surgiram os Parâmetros Curricula res Nacionais PCNs documento escrito para nortear o trabalho dos professores de todas as disciplinas ou componentes curricula res Esse documento sugere que cada um dos conteúdos de qual quer disciplina seja dividido em dimensões chamadas conceitu al procedimental e atitudinal Como componente curricular da Educação Básica a Educa ção Física também recebeu o mesmo tratamento referente aos conteúdos ou seja os conteúdos da cultura corporal de movi mentos jogo ginástica atividades rítmicas e expressivas esporte lutas e conhecimento sobre o corpo foram divididos nessas três dimensões BRASIL 1997 Os conteúdos são apresentados segun do sua categoria 89 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo conceitual fatos conceitos e princípios procedimental ligados ao fazer atitudinal normas valores e atitudes A Educação Física ao longo de sua história no espaço esco lar privilegiou ao contrário das demais disciplinas o conteúdo procedimental O saber fazer era inclusive avaliado os professo res marcavam um tempo e os alunos deveriam fazer abdominais por exemplo Ao final do tempo marcado o professor perguntava quantos abdominais cada aluno havia feito e consultava uma tabe la A partir dessa tabela era dada uma nota ao aluno Já os professores das demais disciplinas solicitavam datas nomes regiões acontecimentos e geralmente davam aos alunos uma nota obtida por meio de uma prova escrita Felizmente hoje tanto as avaliações de Educação Física quanto as das demais disci plinas estão mudando Por outro lado na Educação Física havia alguns professores que tratavam de conhecimentos teóricos sobre o jogo geralmente sua história e suas regras mas isso não era citado na programa ção da disciplina Durante as aulas muitos valores tais como o respeito às regras e aos demais colegas a resolução de conflitos e a colaboração eram também discutidos porém estavam no que durante muito tempo se convencionou chamar de currículo ocul to A Educação Física sempre trabalhou com conceitos e atitudes sem que no entanto seus professores soubessem explicar direito como isso entraria no planejamento Segundo Zabala 1998 há atualmente uma tentativa de se entender de forma mais ampla o conceito de conteúdo Assim em seu planejamento você poderá colocar tudo a respeito do jogo e que julgue interessante que os alunos conheçam Damos o nome de dimensões dos conteúdos a essas técnicas Ampliaremos a vi são de jogo a fim de mostrar ao aluno tudo que se conhece sobre o jogo conceito como podemos jogálo como modificar o modo de jogar procedimento e o que acontece com o aluno e seus companheiros de turma durante o jogo atitudes Jogos e Brincadeiras I 90 Entretanto já antecipamos que uma dimensão do conteúdo pode não existir sozinha sendo possível que venha acompanhada de outras mas o professor naquela aula saberá a qual dimensão estará dando maior ênfase não se esquecendo de levar em consi deração também a faixa etária dos alunos Cada dimensão do conteúdo deve fazer sentido para as crianças Não adianta conversar com os alunos sobre conceitos que eles não consigam entender A seguir apresentaremos mais detalhadamente as três dimensões utilizando exemplos relacio nados aos jogos Esperamos que esses exemplos forneçam a você uma ideia clara sobre essas dimensões No entanto caso isso não ocorra solicite mais informações ao seu tutor e discutaas com seus colegas no Fórum 6 JOGO DIMENSÃO CONCEITUAL A dimensão conceitual indica que podemos aprender con ceitos e fatos relacionados ao conteúdo jogo Esta dimensão pro cura responder às seguintes questões o que se deve saber sobre o jogo O que você sabe sobre a cultura dos jogos que aprendeu a praticar em sua infância Jogar é muito interessante mas vivemos em uma época em que todo tipo de informação chega às crianças assim elas já não se satisfazem apenas em jogar de forma que criar uma cultura do conhecimento sobre o jogo é tão importante atualmente quan to ensinar a jogar É claro que dependendo da idade da criança as informações deverão ser transmitidas em linguagem simples Também haverá a necessidade de em determinado momento re petir as informações pois as crianças poderão esquecêlas se não forem muito utilizadas Nas aulas de Educação Física o professor poderá ano a ano aumentar a complexidade das informações conforme for aumen tando a idade da criança As crianças ultimamente são bombar 91 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo deadas de informações portanto não se contentam apenas em fazer querem também saber por que e para que fazem a atividade Como mencionado anteriormente a dimensão conceitual do conteúdo diz respeito ao que se deve saber sobre algo estando este algo ligado a fatos conceitos e princípios Você pode estar pensando neste momento em relação aos jogos como poderíamos tratar essa dimensão na escola Para aprender conceitos fatos e princípios relacionados aos jogos o aluno poderá realizar pesquisas na internet em jornais revistas livros na sua comunidade pais familiares vizinhos ami gos etc Esta pesquisa poderá ser feita na biblioteca da escola na municipal ou até mesmo em casa Mas há ainda outras possibili dades para os professores incentivarem os alunos tais como fazer cartazes brincar de quiz um jogo de perguntas e respostas fazer redações ou um jornal escolar Enfim os conceitos podem ser assi milados de diferentes formas Sugerimos também o uso de jogos de tabuleiros que serão mais bem explorados em outra unidade Mas o que os alunos devem e podem aprender sobre os jo gos Para saber a resposta leia o texto a seguir Aprender sobre a história dos jogos como e onde foram criados quais países jogam os mesmos jogos quais as regras dos jogos e por que elas existem conhecer o repertório de jogos e brincadeiras dos familiares de diferentes gerações conhecer os vários nomes recebidos pelos jogos verificar quais jogos são utilizados para o la zer da população local discutir a diferença entre jogo competitivo e cooperativo etc RANGEL 2007 p 89 Vamos agora a alguns exemplos sobre como ensinarapren der conceitos relativos a jogos Há jogos que foram esquecidos pela humanidade por não terem sido registrados em lugar nenhum Os jogos que conhece mos nem sempre foram retratados em livros jornais ou revistas já que tal método começou a ser adotado há pouco tempo especial mente a partir do século 20 Jogos e Brincadeiras I 92 Algumas formas de jogos foram simplesmente passadas de boca em boca e por essa razão acreditamos que a humanidade perdeu muitas informações em relação aos jogos Mas isso não aconteceu apenas com os jogos mas também com as músicas comidas e bebidas de diversas culturas Algumas culturas conse guiram preservar muito mais suas raízes do que outras que quan do sofreram invasões precisaram se adaptar à cultura invasora transformandoa também Os índios brasileiros por exemplo praticavam uma série de jogos que foram esquecidos Você poderá solicitar aos seus alunos que pesquisem e descrevam algum jogo indígena o que certa mente enriquecerá a cultura deles Este é um conceito sobre o jogo que eles aprenderão A seguir apresentamos um jogo chamado Toloi Kunhüg que foi pesquisado junto aos índios Kalapalos que vivem no Alto Xingu Este jogo já estava esquecido mas foi revivido pelas pesso as mais antigas da tribo Leia o texto a seguir de Herrero Fernandes e Franco Neto 2006 p 152 que retrata o referido jogo Toloi Kunhüg Situação esquecido foi praticado novamente em agosto de 2005 Material utilizado nenhum No de participantes indefinido Quem pratica número indefinido de crianças e um adolescente ou adulto Local praia da lagoa ou rio Ocasião não definida O que desenvolve concentração velocidade de movimento agilidade e percepção de tempo de reação Quem propõe a brincadeira seja adulto seja criança automaticamente passa a ser o gavião e dono da brincadeira O gavião desenha na areia uma grande árvore com muitos galhos e cada criança convidada a brincar finge ser um passarinho Cada passarinho monta o seu ninho com areia no galho que escolher e sentase lá O gavião sai à caça dos passarinhos que então saem dos seus ninhos e se reúnem em um local bem próximo à árvore desenhada batendo os pés no chão 93 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo e provocandoo com uma graciosa cantoria Enquanto isso o gavião avança lento e rasteiro encolhido agachado na direção dos passarinhos Já bem perto do grupo erguese de um pulo e tenta apanhálos enquanto os passarinhos por sua vez correm em todas as direções fazendo muitas manobras para distrair o gavião refugiandose quando necessário nos ninhos anteriormente desenhados no chão O gavião quando consegue apanhar um dos passarinhos prendeo no seu refúgio local próximo do pé da árvore Quando todos exceto um estiverem presos esse único que foi caçado se transforma no novo gavião e passará a ser o dono da brincadeira que recomeçará Você também pode solicitar aos alunos que pesquisem exemplos de jogos conforme a região do país e o meio ambiente em que vivem outras crianças Vamos ao exemplo de um jogo praticado em regiões que possuem lagos rios ou mar Para conhecêlo leia o texto de Fried mann 2004 p 97 Ricochete Nº de participantes dois ou mais jogadores Material utilizado caco de telha ou pedra achatada Local lagoa rio açude ou mar Um grupo de crianças colocase de frente para uma lagoa rio açude ou mar segurando um caco de telha ou uma pedra achatada Cada uma das crianças tem a sua vez de arremessar o caco ou pedra por sobre a superfície da água de forma bem rasante quase paralelamente à linha da lâmina da água Geralmente o arremesso é feito com o arremessador posicionado fora da água mas pode também ser o caco lançado com o arremessador dentro da água desde que os seus braços estejam livres A pedra deve ricochetear sobre a água o maior número possível de vezes até que perca a força que lhe foi aplicada Será vencedora a criança que conseguir fazer a pedra tocar a água o maior número de vezes Este jogo possui ainda outros nomes como tainha chepear SP comerpão PE galinha dágua RNAL lavarpratos MT peixinho SC polo PR Outro exemplo de jogo típico pode ser visto em Sergipe Nes te jogo cada criança possui cinco castanhas de caju as quais serão utilizadas como pedrinhas O jogo é realizado geralmente no chão batido ou em calçadas Os jogadores sorteiam a ordem de jogar Jogos e Brincadeiras I 94 jogando uma criança por vez Uma das crianças inicia a brincadei ra jogando uma castanha no chão que a criança seguinte tentará empurrar para um buraco no chão ou tirála da calçada jogando sua castanha sobre a do jogador anterior A próxima criança deverá repetir a ação mas poderá escolher sobre qual das castanhas quer jogar a sua Ganha o jogo a criança que empurrar mais castanhas para dentro do buraco ou para fora da calçada Seus alunos poderiam também pesquisar a respeito dos di ferentes nomes e versões que um jogo possui além de sua origem O Jornal Folha de S Paulo 2000 na edição de comemoração do Brasil 500 anos publicou uma matéria que abordava que o jogo conhecido em São Paulo como piquebandeira ou barrabandeira possui outros nomes conforme as diversas regiões do país São eles barramanteiga em Pernambuco salvabandeira em Floria nópolis vitória em Diamantina MG e bandeirinha em Belém PA Esse jogo consiste em um campo com dois times colocados inicialmente em lados opostos separados por uma linha divisória que tentam roubar a bandeira do outro time a qual fica atrás dele O jogador que conseguir chegar até a bandeira sem ser pego fica próximo a ela e é imunizado sem poder mais ser pego No entanto quando este jogador resolver voltar para seu campo deverá perder a imunidade podendo também ser pego Ganha o jogo quem conseguir levar a bandeira do adversário para seu cam po sem ser tocado por ninguém do time adversário As crianças poderiam fazer uma lista de jogos que conhe cem e comparála com uma lista de jogos que seus professores de outros componentes curriculares conhecem Para tanto a criança teria de fazer uma pequena pesquisa com os professores Podem ser discutidos também as regras seus princípios quando e como podem ser modificadas enfim há uma gama enorme de possibilidades para se trabalhar com a dimensão con ceitual dos jogos na escola 95 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo A mídia também pode ser utilizada durante o desenvolvi mento dos conceitos relativos aos jogos Em relação à mídia Rangel e Darido 2005 p 167 afirmam que As diferentes mídias em especial a TV têm uma influência bastante grande na construção do imaginário infantil Na prática dos jogos e brincadeiras esta influência ocorre sobretudo com as informações advindas dos videogames já que a TV fonte poderosa dirige a sua programação mais para os esportes e práticas de exercícios fí sicos Por exemplo uma parte das crianças brasileiras tem acesso a dife rentes jogos de videogames Nesta temática talvez se possa su gerir aos alunos que transformem esses jogos de videogames em atividades de prática e reflexão nas aulas de Educação Física Esta poderia ser uma alternativa para motivar os alunos a criar um jogo ao mesmo tempo em que podem ser oferecidas possibilidades de vivências e de novas aprendizagens A dimensão conceitual não deve ser aplicada somente nas chamadas aulas teóricas Não que o professor não possa dar aulas teóricas da mesma forma que um professor de outro com ponente curricular Mas não pode haver o exagero de achar que trabalhar com a dimensão conceitual significa trabalhar em uma sala fechada com lousa etc 7 JOGO DIMENSÃO PROCEDIMENTAL O conteúdo procedimental é o mais conhecido pela Educa ção Física Esta disciplina reúne atividades físicas cada uma delas agrupadas no que hoje é denominado jogo ginástica conhecimen to sobre o corpo atividades rítmicas e expressivas lutas e esporte No tocante aos jogos como já vimos na Unidade 1 há mui tas possibilidades de subdividilos Vários autores fizeram e ainda fazem propostas de agrupamento entretanto acreditamos que uma classificação e um agrupamento final dos jogos sejam impos síveis porque todos os dias são criados e recriados diferentes ti pos de jogos Jogos e Brincadeiras I 96 Para as crianças especialmente o que interessa é jogar e esta também é uma forma de se aprender afinal de contas não foi apenas pela oralidade que alguns jogos chegaram até nós mas também pelo fato de jogarmos Isto representa justamente o que se chama de dimensão procedimental do conteúdo A pergunta que se faz nessa dimensão é o que se deve saber fazer No caso do jogo o que se deve saber jogar A dimensão do conteúdo procedimental está ligada justa mente à possibilidade de execução do jogo visto que jogando os alunos estão aprendendo Mas além disso eles podem por exemplo aperfeiçoar seu jogo melhorar a qualidade de execução de um determinado jogo aprender a jogar com as habilidades mo toras que menos conseguem executar aumentar a dificuldade do jogo transformar e criar novas formas de se jogar dentre outras possibilidades Jogar todos os tipos de jogos pode aumentar a possibilida de de trabalho do professor de Educação Física desde que este compreenda que não há idade para se jogar pois os jogos além de serem universais não apresentam preconceitos Se estudar mos bem suas possibilidades veremos que podem ser adaptados a qualquer idade sexo e deficiência Eles também podem ser joga dos em qualquer lugar com diferentes tipos de materiais com ou sem materiais mas é preciso que haja sempre boa vontade para que se realizem as devidas adaptações As crianças quando aprendem um jogo novo geralmente não querem mais parar de jogálo Mas oferecem resistência às mudanças sendo preciso instigálas a aprender assim como é ne cessário conhecer a faixa etária para se escolher quais os melhores jogos quais se adaptam à compreensão das crianças e quais po dem motiválas mais Tudo isso faz parte de um processo educa cional Vejamos portanto alguns exemplos de utilização do jogo na dimensão procedimental 97 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo 1 Você pode utilizar os jogos citados anteriormente e en sinar as crianças a jogálos Como são jogos pouco co nhecidos ou totalmente desconhecidos em algumas regiões as crianças certamente se envolverão com a novidade Alguns jogos entretanto requererão algumas adaptações Abandone a prática dos que não sejam pos síveis reproduzir em sua região ou contexto escolar Nes tes casos apenas a informação conceitual será possível Paciência 2 Um dos jogos mais tradicionais é o jogo de pegador ou de pegapega Cada cultura cria tipos diferentes desse jogo que pode ou não incluir personagens tais como animais pessoas etc bem como adotar outros nomes duro ou mole americano polícia e ladrão corrente etc Desde pequenas as crianças já brincam de pega pega brincando de fugir inicialmente dos pais 3 Na escola com as crianças de cerca de três anos de ida de o professor já poderá brincar de pegapega sendo ele o pegador Mais tarde as crianças passam a exercer esse papel tentando pegar as demais 4 Muito cuidado com o espaço Retire objetos que possam fazer as crianças tropeçar e cair Caso não seja possível retirálos faça proteções com tecidos espuma plástico bolha etc Muitas crianças dessa faixa etária não têm medo de se arriscar e acabam sofrendo acidentes O me lhor é proteger sempre as crianças dos locais perigosos 5 Geralmente todas as crianças menores querem ser o pegador Alguns se deixam pegar só para ser o alvo de atenção do professor Podemos ir aumentando a com plexidade do pegapega retirando por exemplo os lo cais de pique onde elas podem descansar e mais tarde colocando obstáculos que não podem ser derrubados O pegapega pode também ser do tipo ajudaajuda no qual uma criança pode salvar a outra Esta ajuda pode ser estendida reunindo o grupo todo até se transformar em um jogo cooperativo em que todos se ajudam Jogos e Brincadeiras I 98 6 Outra possibilidade é a transformação do jogo A profes sora Zenaide Galvão por exemplo trabalhou de forma bem interessante com a transformação de jogos Veja o texto a seguir Ela solicitou a alunos de oito anos que cursavam o antigo CB Ciclo Básico em São Paulo composto pela primeira e segunda sé rie que modificassem a queimada apresentandoa nas aulas de Educação Física desenhandoa com giz no chão discutindo a ativi dade com as outras crianças Estas modificações exigiam a solução de algum problema como por exemplo na forma de dividir a equi pe ou de nenhum jogador ficar sem atividade Muitas crianças pas saram a se interessar pela forma correta de escrever e interpretar o que outra havia escrito Esta necessidade criada pela professora de Educação Física observou vários princípios o de criatividade resolução de problemas de escrita e até mesmo relação e repre sentação espacial tanto dos desenhos no papel quanto do jogo na quadra As crianças aprenderam a discutirconversar em aulas de Educação Física Entre as duas professoras havia uma interação que envolvia a cognição a afetividade e a sociabilidade RANGEL 2007 p 91 O professor deve pedir a ajuda dos alunos para ir mo dificando o jogo Cada vez que isso for feito as regras devem ser estudadas e assim ficarão conhecidas por to dos Mas lembrese de que para as crianças o melhor do jogo é jogar logo sempre que possível o professor deve jogar junto com elas 7 Por fim sugerimos a criação de jogos Estes podem ser vir para resolver problemas que os professores enfren tam como por exemplo em relação à coeducação me ninos e meninas podem não se entender nas aulas por exemplo à falta de matérias e espaços à indisciplina entre outros Observe o seguinte exemplo Jogo da Ângela Este jogo foi inventado por uma aluna chamada Ângela daí sua denominação Consiste no seguinte Dividir a turma em três equipes Cada equipe recebe uma bola de cor diferente Cada bola possui uma pontuação por exemplo amarela 10 pontos verde 20 pontos vermelha 30 pontos 99 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo O objetivo do jogo é durante um minuto passar a bola entre os jogadores de sua própria equipe A bola não pode retornar para quem acabou de passála não vale voltar a bola Os jogadores não podem parar ou andam ou correm A cada um minuto trocamse as bolas até que todas tenham pas sado pelas equipes Ganha a equipe que conseguir ao final de um tempo determinado que deve ser múltiplo de três somar o maior número de pontos As demais regras necessárias serão adaptadas pelos jogadores Dependendo da turma o jogo pode ser realizado com uma equipe tentando tirar a bola das outras duas No entanto somente depois de as crianças aprenderem a dinâmica do jogo é que esta regra deve ser inserida e é claro por ser um jogo de contato certamente faltas acontecerão e será necessário colocar como se realizarão as cobranças destas faltas Para isto os próprios alunos poderão cola borar determinando como serão estas cobranças RANGEL 2007 p 102 Nesta dimensão a do conteúdo procedimental é interessan te que o professor forneça uma gama diversificada de jogos aos alunos usando e abusando da criatividade tanto do próprio pro fessor quanto dos alunos Jogos e habilidades motoras Com relação aos procedimentos os jogos utilizam as dife rentes habilidades motoras que conhecemos tais como arremes sar quicar rebater passar chutar rolar receber esquivar flexio nar cabecear desviar girar andar saltar e correr O professor pode dessa forma fazer uma análise de um jogo verificando quais habilidades motoras estão nele envolvidas quais delas os seus alunos estão precisando executar mais quais eles ainda desconhecem Mas o professor pode também fazer o inverso verificar quais habilidades motoras os alunos não conhe cem e com base no resultado escolher um jogo que auxilie este aprendizado Jogos e Brincadeiras I 100 Veja por exemplo as duas situações destacadas a seguir Situação 1 O professor aplica o jogo queimada e descobre que seus alunos não têm força e direção para arremessar corretamente Com base nessa observação encontra outros jogos que possam melhorar a força e a direção do arremesso de seus alunos Situação 2 Para que um professor possa trabalhar com a habilidade de rebater muito pouco empregada no Brasil ele poderá escolher por exemplo os jogos de base quatro peteca e pinguepon gue Jogos e capacidades físicas Certamente no estudo de Aprendizagem e Controle Motor você aprenderá os conceitos referentes às capacidades físicas e perceptivas Poderá analisar cada jogo por estes prismas Assim um jogo pode ser visto também como adequado para desenvol ver as capacidades físicas de força resistência velocidade e flexi bilidade O jogo também pode servir para desenvolver as capacidades perceptivas de coordenação olho mão olho pé agilidade rela ção corpo espaço percepção espacial etc Dessa forma já que a dimensão procedimental abrange os movimentos nada mais jus to do que escolher um jogo no qual o desenvolvimento motor de seus alunos possa ser analisado Vamos a um exemplo de como escolher um jogo dependen do da habilidade motora capacidade física ou perceptiva que se queira ensinar aos alunos ou aprimorar Queimada Material utilizado bola Nº de participantes quatro ou mais jogadores 101 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo Local ao ar livre Dividese a quadra ao meio Cada time com igual número de jogadores ficará de um lado da linha O objetivo do jogo é que alguma das crianças do grupo adversário seja queimada isto é que a bola bata no seu corpo e em seguida caia no chão Cada jogador queimado sai do jogo O jogo prossegue até ficar um time sem jogador dando a vitória ao time adversário FRIEDMANN 2004 p 119 Nesse jogo são utilizadas tanto as habilidades motoras de correr desviar esquivar flexionar arremessar receber e estender quanto as capacidades físicas de agilidade velocidade tempo de reação e força de arremesso Em relação às capacidades percep tivas podemos dizer que a coordenação olho mão e olho pé é empregada bem como a relação corpo espaço e corpo corpo do outro Não se esqueça de que cada jogo pode ser analisado tam bém em termos culturais nomes e regiões do Brasil surgimento etc como visto anteriormente Na próxima unidade discutiremos esse jogo sob o olhar da exclusão 8 JOGO DIMENSÃO ATITUDINAL De acordo com Zabala 1998 p 4647 a dimensão atitudi nal do conteúdo engloba uma série de conteúdos que por sua vez podemos agrupar em valores atitudes e normas Cada um destes grupos tem uma natureza suficientemente diferente que necessitará em dado momento de uma aproximação específica Entendemos por valores os princípios ou as idéias éticas que per mitem às pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido São valores a solidariedade o respeito aos outros a responsabili dade a liberdade etc As atitudes são tendências ou predisposições relativamente está veis das pessoas para atuar de certa maneira São a forma como cada pessoa realiza sua conduta de acordo com valores determi nados Assim são exemplos de atitudes cooperar com o grupo ajudar os colegas respeitar o meio ambiente participar das tarefas Jogos e Brincadeiras I 102 escolares etc As normas são padrões ou regras de comportamento que devemos seguir em determinadas situações que obrigam a todos os membros de um grupo social As normas constituem a forma pactuada de realizar certos valores compartilhados por uma coletividade e indicam o que pode se fazer e o que não pode se fazer neste grupo Esta dimensão responde às perguntas como se deve ser ou como se deve agir Em relação aos jogos podemos pensar em como o aluno pode e deve se comportar perante os compa nheiros a pessoa que estiver arbitrando o jogo os adversários o local onde está sendo realizado o jogo etc As ideias éticas que trazemos podem ser aprimoradas du rante um jogo Cada vez que um aluno xinga o juiz está desvalori zando o fato de aquela pessoa estar seguindo as regras do jogo e ajudandoo assim a desenrolarse Neste caso os alunos estarão vivenciando o valor de respeito ao outro A responsabilidade a liberdade e a solidariedade são outros valores que podemos tra balhar em um jogo Sugerimos a inclusão de um momento no início e no final da aula no qual o professor poderá conversar com as crianças A este momento damos o nome de roda da conversa A roda da conversa é um espaço e um momento da aula em que as questões anteriores podem ser discutidas com os alunos Como atitudes entendemos também as tendências ou pre disposições relativamente estáveis de uma pessoa As crianças es tão adquirindo essas disposições e cada vez que elas aparecem repetidamente podese afirmar que a criança adquiriu a atitude Algumas atitudes são esperadas dos alunos durante um jogo tais como cooperar com o grupo ajudar na organização participar ati vamente ouvir os colegas socorrer os colegas auxiliar na arbitra gem ter atitude de fair play com os adversários etc Um jogo envolve a participação de membros de uma socie dade unidos por um mesmo fim jogar Mesmo que subjetivamen 103 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo te há normas que devem ser seguidas caso contrário não estará sendo respeitado determinado valor moral É o mesmo que dizer isso pode e isso não pode ser feito durante o jogo Geralmente cabe ao professor dizer quais são as atitudes esperadas do grupo entretanto os alunos dependendo da idade poderão ditar as normas de conduta a serem obedecidas durante um jogo Aliás quanto mais os alunos tiverem a oportunidade de escolher estas normas mais chances haverá de elas serem autô nomas Enganase quem acredita que um jogo mesmo com a in tenção de educar seja capaz de fazêlo sozinho pois deverá ha ver sempre o trabalho incansável do professoreducador por trás dessa intenção Conversar frequentemente com as crianças discu tindo dentro de seu limite de compreensão as atitudes tomadas durante um jogo auxiliará na formação de seu caráter Há alguns jogos que podem levar à reflexão sobre o que acontece durante a sua realização quais atitudes estão se forman do se alguém está sendo excluído se estão cooperando entre si e a equipe adversária entre outras Os jogos chamados coopera tivos que serão mais bem estudados em Jogos II favorecem a discussão sobre esse assunto o que vale também para os jogos de inclusão nos quais se procura não excluir nenhum aluno inde pendentemente de suas condições físicas ou de suas habilidades Veja um exemplo de jogo que pode ser aplicado dimensão procedimental e posteriormente discutido com as crianças Jogo ajudaajuda Em qualquer jogo dessa natureza o ob jetivo é fazer os jogadores se ajudarem O jogo corrente em que cada jogador que for pego deve dar a mão para quem o pegou formando assim uma corrente que vai pegando os demais jogadores é um exemplo clássico Apenas as crianças das pontas podem pegar as demais ou seja todos passarão pelo menos uma vez por essa po sição Quando a corrente já estiver grande nenhum joga Jogos e Brincadeiras I 104 dor poderá soltar as mãos dos demais devendo colaborar para que seja atingido o objetivo principal que é pegar todos os integrantes do jogo Há outras variações para o jogo corrente Todas as vezes em que a corrente chegar a seis ou a oito integrantes deverá dividirse em duas Assim serão for madas várias correntes Ao invés de o jogo iniciarse com um só jogador poderá haver dois ou mais pegadores iniciantes formando cada qual sua própria corrente Esse tipo de jogo possibilita a discussão sobre as questões da ajuda ao companheiro da cooperação além do contato que se deve ter por meio das mãos dadas Muitas crianças e até mesmo adolescentes não querem dar as mãos Quando estão na fase de divisão entre meninos e meninas por volta dos 6 até os 10 anos os meninos recusamse a dar as mãos para as meninas e vice versa Quando aplicamos esse tipo de jogo geralmente eles nem prestam atenção a esse fato porque o que importa é jogar O pro fessor ao término do jogo poderá levantar então essa discussão 9 APLICANDO AS DIMENSÕES DO CONTEÚDO JOGO O jogo por razões que já verificamos na Unidade 2 é um conteúdo que apresenta uma das maiores facilidades de aplica ção No entanto tendo em vista que a proposta de utilizálo nas três dimensões conceitual procedimental e atitudinal é relati vamente nova é necessário discutirmos essa possibilidade mais detalhadamente Em primeiro lugar é necessário entender que alguns profes sores em sua prática de ensinar já utilizavam essa possibilidade porém sem essa nomenclatura Muitos já ensinavam a história e discutiam as regras dos jogos Discutiam também as questões de disciplina ou indisciplina de respeito e outras questões atitudi nais Qual seria então a diferença 105 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo Trabalhar com as questões conceituais e atitudinais pode fornecer mais segurança ao professor que saberá exatamente a que se propõe trabalhar em uma aula não deixando as questões conceituais e atitudinais em segundo plano ou esperando uma oportunidade de discussão tais como as que ocorrem em dias de chuva ou em alguma briga em aula Além disso é possível inserir no planejamento escolar as di mensões do conteúdo com as quais o professor deseja trabalhar Até então em um planejamento relacionado ao jogo o professor dizia com quais jogos iria trabalhar em termos procedimentais Atualmente os conceitos e as atitudes podem ser incluídos Figura 1 Amarelinha Podemos escolher o jogo amarelinha ilustrado na Figura 1 como proposta de trabalho nas três dimensões Conceitual qual sua origem Como podemos modificá lo Procedimental praticar o jogo original Experimentar as propostas de alterações que forem surgindo Atitudinal há colaboração durante o jogo amarelinha De qual tipo Podemos jogar com outras pessoas Como ajudar para que o jogo se realize E se houver alguma criança com deficiência visual como incluíla Esse exemplo nos fornece a ideia de que as dimensões caminham juntas embora o professor possa dar ênfase a uma Jogos e Brincadeiras I 106 dimensão sempre que necessário Isto significa dizer que pode predominar uma dimensão sem que necessariamente ela tenha que ser empregada sozinha A professora Suraya Darido discutiu muito bem essa questão Veja a seguir qual é a sua opinião Na prática concreta de aula significa que o aluno deve aprender a jogar queimada futebol de casais ou basquetebol mas juntamen te com esses conhecimentos deve aprender quais os benefícios de tais práticas por que se praticam tais manifestações da cultura cor poral hoje quais as relações dessas atividades com a produção da mídia televisiva imprensa entre outros Dessa forma mais do que ensinar a fazer o objetivo é que os alunos e alunas obtenham uma contextualização das informações como também aprendam a se relacionar com os colegas reconhecendo quais valores estão por trás de tais práticas DARIDO 2005 p 68 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Se necessário procure por mais informações acerca dos te mas abordados neste estudo Ademais lembrese de que os ca nais de interação as videoconferências e o Fórum estarão sempre à sua disposição Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Você conseguiu compreender a diferença entre as dimensões do conteúdo jogo 2 Pense em um jogo Agora responda qual o conceito que você poderia tra balhar com seus futuros alunos durante a aplicação desse jogo 3 Pense novamente em um jogo Utilizandoo qual o procedimento que você poderia trabalhar com seus futuros alunos 4 Mais uma vez pense em um jogo Agora responda aplicando esse jogo quais atitudes você poderia trabalhar com seus futuros alunos 5 Você compreendeu que as dimensões dos conteúdos caminham juntas e que você poderá optar pela ênfase em cada uma delas durante suas aulas Comente 107 Claretiano Centro Universitário U3 Jogo nas Três Dimensões do Conteúdo 11 CONSIDERAÇÕES Ao escolher um jogo você deve ter em mente e de prefe rência descritos no plano de aula os objetivos a serem alcançados que variam de acordo com a turma a escola e a época do ano O professor de Educação Física é um profissional que trabalha em um ambiente aberto à mercê até mesmo do tempo atmosférico Esses fatores devem incentiválo a vencer obstáculos e a melhorar cada dia mais suas aulas Nesta unidade você entrou em contato com uma nova pro posta sobre o ensino dos jogos Sempre que possível releia este texto e tente acrescentar seus próprios comentários na folha de anotações Não guarde nenhuma dúvida sobre este conteúdo Em bora seja uma forma diferente de ensinar revestese de grande importância nos dias atuais já que a formação e a informação são caminhos a serem trilhados sempre 12 EREFERÊNCIAS Figura Figura 1 Amarelinha Disponível em httpwwwpenapolisspgovbrftp100anos site100educacaomunicipalemeduc00052htm Acesso em 2 mar 2012 Sites pesquisados ABEC ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA Brincadeiras infantis Disponível em httpwwwabecchPortuguessubsidioseducadoresBrincadeiras Brincadeirasinfantisbrincadeirasinfantishtm Acesso em 2 mar 2012 BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 939496 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03LeisL9394htm Acesso em 1º mar 2012 JOGOS ANTIGOS Disponível em httpwwwjogosantigosnombr Acesso em 2 mar 2012 JUEGOS DEL MUNDO Disponível em httpwwwjovesorgjocshtml Acesso em 2 mar 2012 JUEGOS DEL MUNDO Disponível em httpwwwjuegosdelmundocom Acesso em 2 mar 2012 Jogos e Brincadeiras I 108 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais educação física Brasília MECSEF 1997 DARIDO S C Os conteúdos da Educação Física na escola In DARIDO S RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 FRIEDMANN A A arte de brincar brincadeiras e jogos tradicionais Petrópolis Vozes 2004 HERRERO M FERNANDES U FRANCO NETO J V Jogos e brincadeiras do povo Kalapalo São Paulo SESC 2006 RANGEL I C A DARIDO S C Jogos e brincadeiras In DARIDO S C RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 RANGEL I C A Jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física In DARIDO S C MAITINHO E M Pedagogia cidadã Caderno de formação Educação Física 2007 ZABALA A A prática educativa como ensinar Porto Alegre Artmed 1998 EAD O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil 4 1 OBJETIVOS Apresentar as características do jogo no ensino infantil Entender o jogo e a brincadeira como práticas que auxi liam no desenvolvimento integral das crianças com até cinco anos Apresentar exemplos de jogos e atividades lúdicas que possam ser aplicados no ensino infantil Fazer que o futuro professor entenda que o ensino dos jo gos e brincadeiras pode favorecer os alunos da Educação Infantil no reconhecimento de si mesmo e do mundo nas possibilidades de brincar com elementos da natureza e do espaço físico na ampliação das habilidades motoras 2 CONTEÚDOS O jogo e a brincadeira no ensino infantil Jogos e Brincadeiras I 110 Características do jogo para crianças com até três anos Características do jogo para crianças entre quatro e cinco anos Atividades sugeridas 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 A cada novo aprendizado procure sempre formar sua própria opinião a respeito do tema Um aprendizado é mais eficaz quando somos capazes de levantar nossa própria ideia sobre o assunto 2 Tente se lembrar de sua infância ou se você convive com crianças verifique como elas agem em relação ao jogo 3 Pense no conteúdo como algo que será usado em sua prática profissional Não fique com dúvidas sem respos tas Discuta no Fórum pesquise e leve suas dúvidas ao conhecimento do tutor 4 Leia este caderno com uma postura crítica mas ao mes mo tempo com vontade de aprender Lembrese de que o aprendizado o diferenciará do leigo Bom trabalho 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Iniciaremos agora uma nova fase do estudo de Jogos e Brincadeiras I na qual apresentaremos as características do jogo e das brincadeiras na Educação Infantil e algumas possibilidades de implementálos na Educação Básica na faixa etária do zero aos cinco anos Apresentaremos também algumas características do de senvolvimento das crianças e sugestões de atividades jogos e brincadeiras a serem aplicadas por você no espaço pedagógico da 111 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Educação Infantil Ademais para fazer que você entenda essa tarefa de profes sor partiremos da contribuição do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil produzido em 1998 pelo MEC BRASIL 1998 e de bibliografias específicas que abordam este tema o que será fundamental pois com base nesses dados sugeriremos algumas possibilidades de aplicação do conteúdo jogo Até agora você conheceu alguns aspectos gerais do jogo como suas dimensões histórica cultural social e pedagógica Es peramos que tenha entendido o jogo como conhecimento a ser ensinado pela Educação Física na escola sendo importante para a sua formação tal qual já mencionado no início da Unidade 1 Mas antes vamos conhecer um pouco de como o jogo e a brincadeira foram utilizados pela Educação pois quando falamos em Educação Física Infantil a primeira ideia que vem à nossa men te são crianças brincando A criança vive em plena intensidade engatinha fantasia corre brinca imagina Negar isso é negar sua existência Você sabia que o jogo e a brincadeira são utilizados na edu cação desde a antiguidade Na civilização grecoromana por exemplo antes do nascimento de Jesus pensavase em utilizar jogos e brincadeiras com o intuito de educar as crianças filhos e filhas de cidadãos romanos Nesse período por mais contraditório que possa parecer valorizavase a utilização do jogo e da brinca deira no processo educativo mas não se valorizava a criança ou seja a infância em si Esse pensamento de que as crianças não eram importantes como seres humanos estendeuse por toda a Idade Média Somente a partir do século 16 a criança passou a ser mais valorizada e o jogo e a brincadeira ganharam força educativa no continente europeu Trabalhos e estudos desenvolvidos por pro fessores e educadores daquela época são até hoje levados em Jogos e Brincadeiras I 112 consideração Como exemplo citamos os trabalhos de autores como Comenius 15931670 Rousseau 17121778 e Pestalozzi 17461827 Um pouco mais tarde já no século 19 autores como Frie drich Froebel 17821852 Maria Montessori 18701909 e Ovide Decroly 1871 1932 pesquisando sobre a importância da educa ção e das escolas para o desenvolvimento das crianças pequenas romperam com as formas educativas pautadas na educação verbal e tradicionalista de sua época e propuseram uma educação dos sentidos baseada na utilização de alguns jogos WAJSKOP 1997 Talvez seja próprio dizer que no Brasil apenas no final do século 20 com a publicação da nova Constituição Federal de 1988 o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 e com a Nova Lei de Diretrizes e Bases LDB939496 a Educação Infantil foi tratada como um direito de todas as crianças e não apenas das crianças filhas de mães trabalhadoras GALHARDO 2005 Agora apresentaremos alguns pontos importantes a serem aprendidos por você e que revelarão por que a linguagem do jogo e da brincadeira é fundamental para o desenvolvimento das crian ças pequenas Ressaltamos que quando nos referimos às crianças pequenas estamos situandoas no período de desenvolvimento que se inicia ao nascer e se estende até em torno dos cinco anos de idade Para nós criança é aquele ser que está imerso desde o seu nascimento em um contexto social que a identifica como ser histórico e que pode por isso ser modificado Segundo a professora Wajskop 1997 p 25 A criança desenvolvese pela experiência social nas interações que estabelece desde cedo com a experiência sóciohistórica dos adul tos e do mundo por eles criado Desse modo o jogo e a brincadei ra são atividades humanas nas quais as crianças são introduzidas constituindose em um modo de assimilar e recriar a experiência sóciohistórica dos adultos Wajskop 1997 diz ainda que a brincadeira na dimensão sóciohistórica e antropológica possui uma semelhança muito 113 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil grande com as manifestações da arte ou seja tratase de uma ati vidade em que as pessoas se envolvem dentro de determinados contextos específicos culturais e sociais para assimilarem apren derem e entenderem o mundo em que vivem Não se esqueça de que este é mais um momento para apren der portanto não tenha receio de participar das atividades intera tivas acerca do tema desta unidade Aproveite Boa leitura 5 JOGO NO ENSINO INFANTIL Segundo Brougère 1998 Não existe na criança um jogo natural A brincadeira é o resultado de relações interindividuais portanto de cultura A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social Aprendese a brincar Partindo desse princípio podemos compreender então que a criança se interessa desde muito cedo por brincar Esta é uma forma variada de ela explorar a si própria e o ambiente ao seu redor Nesse sentido afirma o RCNEI BRASIL 1998 p 14 na sua versão preliminar que o brincar é uma atividade sociocultural originase dos valores hábitos e normas de uma determinada co munidade ou grupo social Sua natureza é sociocultural na medi da em que as crianças brincam com aquilo que elas já sabem ou imaginam que sabem sobre as formas de relacionarse de amar e de odiar de trabalhar de viver em grupo ou sozinhas de interagir com a natureza e com os fenômenos físicos etc de um determi nado grupo social que pode ser sua família a comunidade à qual pertencem ou outras realidades Nessa atitude de brincar ela demonstra suas emoções so cializa o seu mundo interior e o exterior demonstra por meio do faz de conta do imaginário do imitativo a sua realidade social Jogos e Brincadeiras I 114 e muitas vezes emocional A criança quando brinca consegue transitar livremente no seu mundo da fantasia estabelecendo um diálogo com a realidade Quando as crianças estão brincando po demos notar a satisfação que elas sentem no decorrer da brinca deira Como já dissemos esse processo não acontece de forma na tural e espontânea Queremos deixar claro portanto que conce bemos o processo de aprender com os diferentes conhecimentos como um caminho que se constitui na relação entre o sujeito e o mundo da cultura Quem nos ensina isso é o psicólogo russo Levi S Vygotsky 1897 1934 o qual enfatiza em sua teoria histórico social o papel das linguagens e o brincar é uma delas no de senvolvimento das crianças Vygotsky 2007 considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores humanas como a atenção a memorização e a abstração são construídas ao longo do tempo Para ele a criança é interativa Ela usa as inte rações sociais como forma privilegiada de acesso a informações visto que ela aprende a regra do jogo por intermédio dos outros e da qualidade das relações que estabelecem e não como um enga jamento individual na solução de problemas Essas relações favorecem a formação humana ou seja a criança internaliza com base na sua interação social os conhe cimentos necessários para o seu desenvolvimento O jogo nesse sentido é fonte de conhecimento pois possibilita significados para a criança entender o mundo em que vive Freire 1989 professor de Educação Física também nos en sina que a criança é puro movimento e sendo ativa apresenta necessidades de movimentarse que estão intimamente ligadas às exigências de seu desenvolvimento físico e psíquico A criança é para nós movimento ritmo sons e cores Todos nós podemos claramente visualizála como um ser em desenvol vimento quando observamos sua vivacidade seu andar correr pu lar rolar engatinhar equilibrar escalar jogar etc 115 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Dentro desse vasto universo de movimentos que vivencia a cada instante a criança gradualmente passa a conhecer as pos sibilidades de ação que seu corpo lhe proporciona e inerente a estas descobertas visualiza o mundo que a cerca Neste aprendizado dos movimentos a criança realiza gestos com muita alegria por estar motivada pelas próprias exigências co locadas pelo seu ambiente cultural e pela possibilidade do exercí cio realizado com liberdade O problema é que muitos adultos consideram esse movi mentar como algo que atrapalha ou como perigoso e muitas vezes impedem as crianças de se movimentarem livremente im pondo castigos e repreensões que tolhem seus movimentos Ou tro problema é a falta de espaço experimentada principalmente em cidades grandes ou em apartamentos pequenos Atualmente o perigo das ruas tem surtido o mesmo efeito crianças aprisio nadas Quando as crianças ingressam nas escolas percebemse a imobilidade e o aprisionamento nas carteiras escolares Outro agravante são escolas alocadas em casas pequenas com um pe queno quintal alguns brinquedos e um tanque de areia onde nem sempre cabem todas as crianças de uma classe ao mesmo tempo Todo esse quadro assustador leva a crer que só nas aulas de Educação Física as crianças podem brincar correr enfim ser final mente crianças Acreditamos que o jogo como parte do conteúdo da Educa ção Física tem que assumir na escola características que se aproxi mam das sugestões pedagógicas dadas por Soares et al 1992 p 67 que entendem que os jogos nessa faixa etária devem implicar 1 no reconhecimento de si mesmo e das próprias possibilidades de ação 2 no reconhecimento das propriedades externas dos materiais objetos para jogar sejam eles do ambiente natural ou constru ídos pelo homem Jogos e Brincadeiras I 116 3 na identificação das possibilidades de ação com os materiais objetos e das relações destes com a natureza 4 na interrelação do pensamento sobre uma ação com a ima gem e a conceituação verbal dela como forma de facilitar o sucesso da ação e da comunicação Nesse sentido no processo de aprendizagem o jogo é fonte de conhecimento já que possibilita que a criança dê significados para a compreensão do real assimilando e interiorizando o conhe cimento social Vale salientar no entanto que as brincadeiras propostas às crianças devem estar de acordo com a sua possibilidade de aprendizagem Não se deve propor à criança algo que seu desen volvimento motor não permita explorar Devese respeitar não so mente seu desenvolvimento motor como também seu interesse próprio em brincar e ampliar seus limites Para tanto é importante a intervenção de um professor pois sem ele a criança não tem condições de se desenvolver sozinha Bem talvez haja a necessidade de se relativizar a frase antigamente as crianças brincavam e se desenvolviam pois não havia escola nem professor mas é possível que hoje devido às li mitações impostas por nossa sociedade a figura do professor seja demasiadamente importante para o desenvolvimento da criança em diferentes aspectos No Brasil a Educação Infantil é um campo recente de prática social Apenas nos últimos anos as políticas públicas em educação passaram a dar mais atenção a este segmento educacional Segun do o RCNEI BRASIL 1998 este espaço consiste em educar e cuidar de crianças até cinco anos e felizmente vem desenvolvendose e melhorando sua qualidade de ensino Qualidade que não seria possível se não fosse a preservação nesse espaço da possibilidade de a criança exercer sua atividade lúdica simbólica e imaginária A imaginação é um processo psicológico que não está pre sente na consciência de crianças muito pequenas Como todas as 117 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil funções da consciência ela surge originalmente da ação Temos o conceito de que o brincar da criança é a imaginação em ação porém este conceito deve ser invertido pois a imaginação nas crianças em idade préescolar é o brinquedo sem ação Concluise portanto que no brincar a criança cria uma situação imaginária Quando há uma situação imaginária no brinquedo há re gras não as regras antecipadamente formuladas e que mudam durante o jogo mas as que têm sua origem na própria situação imaginária por exemplo quando a criança está representando um papel de mãe ela obedece às regras de comportamento maternal O desenvolvimento da criança com os jogos iniciase no fim da ida de préescolar e prossegue durante a idade escolar Observe o texto a seguir A ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu com portamento não somente pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato mas também pelo significa do dessa situação Observações do diaadia e experimentos mos tram claramente que é impossível para uma criança muito peque na separar o campo do significado do campo da percepção visual uma vez que há uma fusão muito íntima entre o significado e o que é visto VYGOTSKY 2007 p 114 Para Vygotsky no brincar o pensamento está separado dos objetos e a ação surge das ideias e não das coisas por exemplo um cabo de vassoura pode tornarse um cavalo Vygotsky 2007 p 115 afirma ainda que o brincar fornece um estágio de transição nessa direção sempre que um objeto um cabo de vassoura por exemplo tornase um pivô des sa separação no caso a separação entre o significado cavalo de um cavalo real A criança não consegue ainda separar o pensa mento do objeto real A debilidade da criança está no fato de que para imaginar um cavalo ela precisa definir a sua ação usando um cavalodepau como pivô Nesse ponto crucial a estrutura básica determinante da relação da criança com a realidade está radical mente mudada porque muda a estrutura de sua percepção É incorreto afirmar que para a criança qualquer objeto pode representar qualquer coisa pois um cartãopostal não pode ser Jogos e Brincadeiras I 118 um cavalo para a criança O objeto tem que ser usado pela criança como se realmente ela estivesse em um cavalo e com o cartão postal não há como a criança fazer esta representação O brincar e não a simbolização é a atividade da criança No brincar o signifi cado tornase o ponto central e os objetos são deslocados de uma posição dominante para uma posição subordinada Contudo muitas dessas citações parecem complicadas para alunos de primeiro ano Talvez o autor possa explicálas melhor e favorecer a compreensão dos alunos Veja No brinquedo a criança opera com significados desligados dos objetos e ações aos quais estão habitualmente vinculados entre tanto uma contradição muito interessante surge uma vez que no brinquedo ela inclui também ações reais e objetos reais Isso caracteriza a natureza de transição da atividade do brinquedo é um estágio entre as restrições puramente situacionais da primeira infância e o pensamento adulto que pode ser totalmente desvin culado de situações reais VYGOTSKY 2007 p 116 A criação de uma situação imaginária na vida da criança é a primeira manifestação da emancipação dela em relação às res trições situacionais O brincar cria na criança uma nova forma de desejos ensinandoa a desejar relacionando os seus desejos a um eu fictício no seu papel no jogo e suas regras sendo essas as maiores aquisições que no futuro tornarão seu nível básico de ação real e com moralidade Observe mais esclarecimentos do referido autor À medida que o brinquedo se desenvolve observamos um movimento em direção à realização consciente de seu propósito É incorreto conceber o brinquedo como uma atividade sem propó sito Nos jogos atléticos podese ganhar ou perder numa corrida podese chegar em primeiro segundo ou último lugar Em resumo o propósito decide o jogo e justifica a atividade O propósito como objetivo final determina a atitude afetiva da criança no brinquedo Ao correr uma criança pode estar em alto grau de agitação ou pre ocupação e restará pouco prazer uma vez que ela ache que correr é doloroso além disso se ela for ultrapassada experimentará pouco prazer funcional Nos esportes o propósito do jogo é um de seus aspectos dominantes sem o qual ele não teria sentido seria como examinar um doce colocálo na boca mastigálo e então cuspilo Naquele brinquedo o objetivo que é vencer é previamente reco nhecido VYGOTSKY 2007 p 123 119 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Para a criança correr sem propósitos ou regras tornase en tediante pois não há atrativo nenhum Conforme Santos 1999 brincar para a criança é viver Podese afirmar que todos os adul tos acreditam que as crianças não vivem sem seus brinquedos e suas brincadeiras A criança brinca porque gosta de brincar e quando isso não ocorre certamente ela não está bem Algumas pessoas acreditam que a criança brinca por prazer outras pressu põem que ela brinca para dominar angústias ou dar vazão à agres sividade Na verdade as crianças brincam em razão de esta ser uma necessidade básica assim como a nutrição a saúde a habi tação e a educação Veja o texto a seguir Em relação à criança é preciso que ela dê vazão a sua fantasia a seus sonhos pois sem isso estará limitada ao mundo da razão desempenhando rotinas resolvendo problemas e executando or dens tendo sua expressão e criatividade limitadas A criança sem a fantasia do brincar jamais terá o encanto o mistério e a ousadia dos sonhadores que só a emoção proporciona SANTOS 1999 p 112 Talvez por esse motivo seja difícil trabalhar com essa faixa etária sem se utilizar da fantasia Já pensou em pedir para uma criança de quatro anos que faça um abdominal ou corra ao redor da quadra por cinco minutos Pois é agora você já sabe o porquê de essas possibilidades não darem certo O brincar está presente em todo o desenvolvimento da crian ça nas diferentes formas de modificação de seu comportamento As interações criançafamília e criançasociedade estão associadas aos efeitos do brincar tanto na formação da personalidade nas motivações e nas necessidades quanto nas emoções e nos valores Para Santos 1999 não há nenhum mecanismo que se te nha revelado mais importante do que o brincar para facilitar o desenvolvimento da criança Isso não significa que brincar possa acelerar o desenvolvimento embora seja contraditório com a fra se utilizada anteriormente para relativizar Se nada for oferecido na área lúdica a criança poderá ter sérios problemas A criança Jogos e Brincadeiras I 120 quando brinca passa a descobrir quem realmente é e se estimu lada com liberdade terá grandes possibilidades de se transformar em um adulto criativo 6 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS COM ATÉ TRÊS ANOS A realização de jogos e brincadeiras na infância desde os pri meiros meses de vida até os cinco anos de idade envolve natural mente o exercício do movimento pois é por intermédio dele que a criança se faz presente em seu meio explorando o próprio corpo Para o bebê denominamos esses movimentos de jogos de exercício PIAGET 1962 os quais vão possibilitar a ele a realiza ção de movimentos de mãos braços pernas e de todo o restante do seu corpo De início o bebê realiza movimentos mais simples e com o passar do tempo e das experiências começa a executar movimentos mais complexos como sentar engatinhar andar e assim por diante até desenvolver a capacidade de imitar gestos e expressões das pessoas que convivem mais proximamente a ele Aos poucos o bebê começa a imitar pessoas e até animais mesmo sem a presença destes Nesse momento ele começará a construir sua representação mental e desenvolver sua capacidade simbóli ca Em seguida aparece o jogo do faz de conta Nesse momento o jogo da criança pequena pode ser realiza do com o uso de diversos materiais ou outros recursos É possível a utilização do próprio corpo com o objetivo de desenvolver as noções de percepção e coordenação motora ampla e do jogo de faz de conta ou de jogos de papéis Crianças com até quatro meses Crianças muito pequenas com até quatro meses de idade iniciam suas vidas com uma intensa movimentação corporal como instrumento para se relacionar com o ambiente que é totalmente diferente da vida intrauterina É a fase da movimentação reflexa 121 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Nesse momento da vida o bebê necessita do contato com um adulto que entenda suas necessidades e possa colaborar com seu desenvolvimento O professor Galhardo 2005 sugere algumas atividades para colaborar com esse desenvolvimento tendo como objetivos pro porcionar ao bebê as experiências necessárias para estimular a transição da movimentação reflexa à movimentação voluntária É necessário explicar que as atividades são apenas sugeridas uma vez que é difícil se falar em aula para essa faixa etária 1 embalar o bebê no colo 2 cantar canções de ninar 3 massagear o bebê iniciando pelas costas e indo até as extremidades 4 conversar com o bebê 5 brincar com o bebê usando objetos coloridos Crianças de quatro a sete meses Esta é a fase final da movimentação reflexa e o início da fase de construção dos movimentos voluntários Surgem então as pri meiras habilidades rudimentares Após os seis meses a criança caso tenha tido a oportunidade social e cultural estará dominan do movimentos simples como puxar empurrar carregar rastejar e engatinhar O professor para trabalhar com essa faixa etária deve pos suir um conhecimento das atividades adequadas e ter disponibili dade para interagir constantemente com os bebês a fim de favore cer o seu desenvolvimento As atividades sugeridas pelo professor Galhardo 2005 estimulam o engatinhar a posição sentada mo vimentos de manipulação e de coordenação motora de caráter óculomanual 1 com o bebê no colo e segurando em sua nuca incliná lo em diferentes direções Isso ajudará na estimulação reflexa da postura Jogos e Brincadeiras I 122 2 com o bebê deitado de costas segurálo pelos pulsos e levantálo até a posição sentada 3 sentar o bebê em uma almofada grande e macia 4 colocar o bebê de bruços e acariciálo pelas costas 5 estimular o bebê com brinquedos sonoros 6 levar o bebê para passear no pátio 7 na hora do banho oferecer brinquedos para que ele possa brincar 8 cantar para o bebê e fazer brincadeiras de esconder o rosto 9 cercar o bebê de brinquedos coloridos e que não ofere çam perigo além daqueles que produzam sons e pos sam ser manuseados pois estes auxiliam o seu pleno desenvolvimento Crianças de sete meses a um ano Nesta fase do desenvolvimento as crianças já manifestam as primeiras formas de locomoção independente Caberá ao profes sor estimular a aquisição da posição em pé com apoio e a coorde nação motora geral organizando e proporcionando um ambiente rico em estímulos e desafios Também é fundamental que o pro fessor sempre se dirija à criança com palavras carinhosas e em tom ameno 1 oferecer diferentes brinquedos para que o bebê os ma nipule 2 ouvir canções com ritmo marcado e acompanhálas com palmas tomando as mãos do bebê e batendo palmas com ele 3 colocar pequenos obstáculos para que o bebê passe por eles quando estiver engatinhando 4 segurar o bebê pelas mãos e ajudálo a dar os primeiros passos 5 levar a criança ao pátio para passear 6 em alguns momentos permitir que ela brinque com crianças maiores 123 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil 7 deixar que a criança brinque em caixas de areia desde que ela esteja seca limpa e asseada GALHARDO 2005 Tomar cuidado com a segurança é fundamental nesta fase tendo em vista que os pequenos já começam a explorar o espaço Crianças de um a dois anos Nesta fase a criança já é capaz de andar e começa os mo vimentos de saltar cair subir descer lançar e receber Cabe ao professor proporcionar condições para que as crianças desenvol vam o andar independente em um ambiente extremamente rico de possibilidades de se locomover 1 brincar na caixa de areia 2 com segurança fazer que a criança brinque em brinque dos com movimentos de subir e descer 3 permitir que ela caminhe descalça 4 brincar com a mangueira ou esguicho de água 5 cantar canções infantis sempre batendo palmas ou acompanhando o ritmo com o corpo 6 brincar com caixas de papelão de diferentes tamanhos GALHARDO 2005 Sempre que se inicia uma fase a anterior não deve ser es quecida ou seja acrescente as atividades às que já vinha desen volvendo Crianças de dois a três anos Por volta desta faixaetária a criança inicia sua relação com os movimentos corporais que compõem o conjunto de habilida des específicas próprias do ser humano como correr saltar lançar receber rolar equilibrarse e arremessar Caberá ao professor de Educação Física estimular as crianças para que explorem de dife rentes formas essas habilidades Jogos e Brincadeiras I 124 1 continuar com as músicas e o acompanhamento rítmico com o corpo em diversas situações em roda caminhan do batendo palmas pelo corpo todo 2 utilizar músicas em ritmo acelerado e em ritmo mais len to 3 fazer dramatização corporal de histórias contadas 4 dramatizar histórias com a utilização de materiais como lenços instrumentos musicais fantoches 5 brincar de casinha e escolinha 6 introduzir passos simples das danças populares 7 arrumar o espaço da aula guardando os materiais utili zados 8 utilizar os brinquedos do parquinho com segurança 9 introduzir brincadeiras com regras simples 10 utilizar espelhos fixados na parede para imitação de ges tos 11 imitar ações que representem diferentes pessoas per sonagens ou animais 12 brincar com blocos cubos cilindros GALHARDO 2005 Para RCNEI BRASIL 1998 crianças pequenas de zero a três anos deverão ser capazes de 1 manipular objetos e brinquedos descobrindo suas ca racterísticas e propriedades principais sons cores tex turas cheiros formas e suas possibilidades associativas empilhar rolar transvasar encaixar 2 agir sobre objetos imitando ações que representem di ferentes pessoas personagens ou animais Por exemplo embalar uma boneca engatinhar como gatos cachor ros bezerrinhos cavalgar montar consertar um trem empurrar uma carroça etc 3 interagir com uma ou mais crianças compartilhando um mesmo objeto tal como entrar em uma caixa e ser em purrado jogar bola vestir uma boneca etc 4 brincar com ações simples aceitando as regras ineren tes ao papel que desempenham tais como pentearse vestir bonecos e darlhes de comer fantasiarse junto a 125 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil uma ou mais crianças conversando sobre os diferentes significados que atribuem aos objetos 5 aceitar ajuda mútua e compartilhar objetos com mais crianças Você já deve ter percebido que para essa faixa etária alguns jogos e brincadeiras dirigidas podem ser utilizados A criança já faz intervenções maiores com outras crianças bem como com adul tos Existem brincadeiras em que se canta uma música e fazem se gestos motores Os pequenos adoram e sempre pedem para o professor que os repita Esta aliás é uma das características da faixa etária aprendem por repetição 7 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS DE TRÊS A CINCO ANOS Nesta fase aparecem predominantemente o jogo do faz de conta o brincar de construção jogo de construção e o jogo de regras O faz de conta é uma atividade que a criança pode exercer sozinha ou em grupos Segundo o RCNEI BRASIL 1998 para re alizála a criança leva em consideração suas experiências prévias que ficam guardadas na memória e tomam vida na hora da brinca deira Por meio da imitação as crianças imprimem aos diferentes objetos uma função e um caráter diferentes Você pode observar isso quando por exemplo ela transfor ma um graveto em uma varinha de condão de uma fada ou uma caixa de papelão em um automóvel Ao mesmo tempo a criança assume papéis sociais durante o fazer de conta Às vezes ela é o motorista do carro às vezes a professora e tantos outros persona gens quantos ela seja capaz de reconhecer por experiência própria ou por ter ouvido histórias ou assistido a filmes a desenhos ani mados etc Jogos e Brincadeiras I 126 É importante ainda saber que na brincadeira do faz de con ta os personagens criados pelas crianças podem ser sempre mo dificados no transcorrer da brincadeira Dessa forma as crianças podem experimentar e viver certas convenções sociais aceitas e representativas do mundo do adulto podem criar situações nego ciar os próprios papéis modificar sua forma de ser e pensar bem como vivenciar concretamente a elaboração e a negociação de re gras de convivência No brincar de construção o que fascina as crianças são os objetos que por sua vez aguçam a curiosidade delas em descobrir formas de montar e elaborar seus próprios projetos Para cons truir a criança necessita explorar e considerar as propriedades dos materiais para depois empilhálos e derrubálos Blocos de madeira de diferentes tamanhos bem como materiais alternati vos como caixas de papelão tecidos e pedaços de madeira podem ser utilizados nas aulas Elaborando mentalmente seus projetos e construindoos a criança desenvolvese em sua totalidade Os jogos de regras constituem um tipo de brincar em que as próprias regras delimitam a atitude que a criança pode ter durante o tempo em que ela estiver brincando São regras que as próprias crianças combinam ou que a cultura da brincadeira impõe Elas delimitam o raciocínio a ser seguido São brincadeiras mais conhecidas por serem mais tradicio nais brincadeiras de roda de esconder bolinha de gude cuidado para as crianças não colocarem as bolinhas na boca brincadeiras com corda e de empinar pipas Repare que possuem poucas regras e podem ser aprendidas aos poucos Crianças de três a quatro anos Neste momento em tese a criança já apresenta uma melhor coordenação dos movimentos o que lhe permite uma melhor exploração descoberta e diversificação dos gestos e habilidades A ideia consiste em apresentar brincadeiras que envolvam um maior 127 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil número de habilidades motoras para que ela possa em cada aula ou em cada encontro ampliar suas possibilidades de ação 1 utilizar cantigas de roda e cirandas 2 ensinar passos simples de danças folclóricas 3 brincar em diferentes brinquedos do playground 4 brincar de casinha e com outros espaços sociais 5 brincar com giz e de desenhar no chão 6 brincar com papéis e utilizar a tesoura para recortálos 7 brincar com pneus e tábuas 8 brincar com cordas pequenas e grandes Crianças de quatro a cinco anos As crianças nesta faixa etária iniciam um processo de brincar mais cooperativo Neste momento do desenvolvimento o interes se pelas brincadeiras e jogos com intensa movimentação corporal ganha força Essa faixa etária é extremamente ruidosa e todos querem mostrar ao professor o que conseguem fazer portanto tenha pa ciência e tente dar atenção a todos Segundo Rangel 2010 p 120 Como estão interessadas em tudo que acontece à sua volta não mantêm a atenção por muito tempo Por esse motivo é bom al ternar várias atividades e experiências diferentes As explicações também por esse motivo devem ser rápidas Não há necessidade de separálas por sexo aliás muito pelo contrário toda a aula deve ser dada para meninos e meninas jun tos Os meninos apresentam um comportamento um tanto quanto rude e você terá que lidar com isso principalmente em jogos em que haja a possibilidade de contato físico Por isso é interes sante começar pelos jogos que não apresentam tanto contato Vamos a um exemplo Jogos e Brincadeiras I 128 Divida as crianças em quatro grupos cada grupo deverá ter uma bola de borracha ou similar Cada grupo deverá formar um círculo tendo um dos alunos ao centro que segurará a bola Ao sinal do professor quem estiver no centro passará a bola para uma das crianças que a devolverá Em seguida passará a bola para o seguinte do círculo e assim sucessivamente até que todos tenham recebido e devolvido a bola pelo menos uma vez Quando todos estiverem passando a bola com certa facilida de colocar outra criança ao centro de costas para a primeira com outra bola O objetivo será passar e receber a bola sem deixála cair ten tando nunca deixar que as duas bolas se aproximem Essa é uma brincadeira que parece ser muito fácil entretan to crianças com quatro e cinco anos têm dificuldade no manejo de bola e sempre acham engraçado quando a bola cai Para essa faixa etária lembrese de que não pode haver muitas regras Nesse jogo o objetivo não é muito difícil portanto elas conseguirão realizálo Aqui vai mais uma dica faça propostas as quais você tenha certeza de que as crianças conseguirão realizálas mesmo que com certo esforço Se a atividade for muito fácil tornase desmoti vante se for muito difícil também A tarefa do professor é analisar a atividade antes de ministrála Para escolhêlas deverá conhecer as crianças a faixa etária e seu desenvolvimento Nessa faixa etária as crianças estão aprendendo números e letras portanto você poderá usálos tanto para auxiliálas em sua formação global quanto para aumentar o repertório de suas aulas já que poderá se utilizar de jogos que incluam letras números e palavras Essas crianças estão na fase do por quê perguntam tudo o tempo todo e explicações rápidas sobre o que estão fazendo as satisfazem As explicações devem estar no nível de sua compreen são por isso é importante retomar sempre os estudos de Psicolo gia da Infância 129 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Outra dica é sempre escolher jogos que não excluam as crianças por isso cabe ao professor orientar práticas em que to das as crianças tenham a chance de participar e executar muitos movimentos Existem muitos jogos que acabam sendo excluden tes e você professor poderá pensar em como modificálos sem que deixem de ser divertidos Um exemplo do que estamos falando acontece com o jogo infantil chamado batata quente Nele a criança que ficar com a bola ao final da frase batata quente quente quente quei mou é excluída Se cada criança que for excluída resolver fazer uma tarefa diferente ou desaparecer da aula você ficará apenas com duas crianças ao final do jogo Pense nos problemas que isso poderá acarretar Mas não vamos deixar de lado essa atividade e sim modi ficála Você poderá formar dois círculos ao invés de apenas um Cada criança que for eliminada trocará de lugar indo para o círculo vizinho Ao final da brincadeira você estipulará o final podere mos ver quem nunca mudou de círculo ou quem mudou muitas vezes enfim você poderá criar formas diferentes de jogar o mes mo jogo sem excluir ninguém Aqui vai mais uma dica termine um jogo quando verificar que você já atingiu seu objetivo ou as crianças perderam o interes se pela atividade Não fique muito tempo ou aulas com apenas um conteúdo pois as crianças e você enjoarão Porém observe que quando elas aprendem um jogo não gostam de mudar de atividade Tente mesclar seu objetivo com o interesse das crianças sem se tornar repetitivo Como ensinar Você certamente terá muitas orientações sobre como proce der para ensinar e terá muitas oportunidades para testar algumas dessas orientações O mais importante no entanto é não se aco modar não reproduzir apenas e ver seus alunos como uma exten Jogos e Brincadeiras I 130 são da sua própria família ou seja se para nossa família deseja mos sempre o que há de melhor tentaremos fazer o mesmo para nossos alunos Vamos alertálo para algumas providências e observações necessárias ao ensino da Educação Física nas escolas 1 Antes de qualquer providência sobre uma aula é neces sário que se tenha um objetivo em mente Esse objetivo é gerado no início do ano quando um professor faz seu planejamento levando em conta o Projeto Políticopeda gógico da escola Ele é amplo para a escola e específico para cada disciplina 2 Cada aula apresenta então um objetivo também cha mado de tema que pode ser repetido se não for alcan çado portanto ao final de cada aula é necessário que se realize uma avaliação 3 Há a possibilidade de se trabalhar com os chamados Te mas Transversais que são temas geradores de objetivos e que são trabalhados igualmente pelo conjunto das dis ciplinas da escola Na Unidade 7 daremos alguns exem plos de como trabalhar com jogos e Temas Transversais 4 Uma aula é composta por partes inicial principal e final Na parte inicial geralmente é realizado um aquecimento nos dias frios eou uma atividade que faça a introdução ao conteúdo principal Na parte principal o professor escolhe atividades que deem conta de realizar o objetivo da aula Por exemplo se o objetivo for aumentar o conhecimento sobre jogos de outras culturas escolhemos um jogo desconhecido da maioria das crianças e o aplicamos Na parte final levamos para a aula uma atividade cal mante ou que possa avaliar o que os alunos aprenderam na parte principal Também podemos gerar uma expec tativa sobre a próxima aula É importante frisar que uma aula não é um amontoado de atividades pois isso qualquer leigo pode fazer mas 131 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil ela apresenta um objetivo a ser alcançado Vejamos o que diferencia um professor de um leigo o leigo apenas junta algumas atividades enquanto o professor sabe o que está fazendo 5 Antes de qualquer aula é importante o professor ter em mãos os materiais que irá utilizar As crianças poderão auxiliálo nessa tarefa observandose sua faixa etária pois as muito pequenas não poderão carregar peso ou mesmo transportar alguns materiais 6 Faça combinados com os alunos sobre como iniciar ou parar uma atividade 7 Utilize o conhecimento que os alunos já possuem e am plieo No caso dos jogos pergunte a eles quais já co nhecem e a partir desses modifiqueos traga outros parecidos enfim aumente sempre o conhecimento dos alunos 8 Peça sempre a opinião dos alunos mas não perca sua autoridade de professor autoridade não significa au toritarismo Perguntando e dialogando com os alunos os auxiliaremos a formarem sua autonomia 9 Ainda em relação aos materiais utilizeos do maior para o menor pois assim a coordenação das crianças irá au mentando conforme elas forem vencendo as dificulda des Queremos deixar evidente que nesta unidade apresentare mos e analisaremos exemplos de jogos Aulas completas serão da das em disciplinas como Didática ou Prática de Ensino Outras dicas serão fornecidas ao longo deste material e para mais esclarecimentos sugerimos a leitura de Rangel 2010 p 74 5 1 confeccionar roupas e fantasias para as brincadeiras de faz de conta 2 contar uma história representandoa corporalmente 3 teatralizar uma história confeccionando fantoches Jogos e Brincadeiras I 132 4 usar músicas em diferentes ritmos para que as crianças possam interpretálas livremente 5 trabalhar danças tradicionais como a quadrilha 6 desenhar o corpo humano no chão com o uso do giz 7 brincar no playground escorregador gangorra trepa trepa 8 utilizar jogos de regras 9 mostrar brinquedos como bolas pipas piãos cordas e ensinar brincadeiras populares como porquinho ou cin co marias etc Resumindo o que estudamos até o momento podemos afirmar que para o RCNEI BRASIL 1998 crianças de três a cinco anos deverão ser capazes de 1 reunirse em pequenos grupos para brincar de faz de conta criando e incorporando diferentes papéis e situa ções como circo casinha escolinha viagens pescaria e tantas outras quanto forem possíveis 2 apresentar um nível de socialização que permita intera gir com base na ajuda mútua atentas às ações dos cole gas e respeitando as diferentes ideias criadas durante a brincadeira 3 montar cenários para as brincadeiras 4 construir brincadeiras com fantoches 5 utilizar materiais como tábuas pneus blocos e caixas de papelão para montar seus jogos de construção 6 brincar com jogos de regras 7 brincar com alguns jogos de tabuleiros 8 participar de momentos de discussão e definição das brincadeiras a serem realizadas durante a aula 9 organizar e participar de brincadeiras como pegapega mamãe polenta gato e rato morto vivo e de inúmeras brincadeiras de pegar 133 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Exemplos de jogos e brincadeiras comentados Você como já dissemos encontrará muitas formas de classi ficação para os jogos dentre elas destacamos jogos de perseguir pegador pegapega com bola de saltar calmantes de adivinhar de salão de representação com manipulação de objetos todos com ou sem regras previamente definidas Jean Piaget 1962 um dos grandes autores da Psicologia que estudou o comportamento infantil e a formação da moral ve rificando a influência do brincar em suas filhas contemplounos com a seguinte divisão dos jogos Jogo de exercício quando a criança pequena manipula os objetos Jogo simbólico a criança faz uso da fantasia e Jogo de regras iniciase por volta dos quatro anos e como o próprio nome diz é um jogo no qual as regras existem e devem ser cumpridas Queremos que você relembre alguns jogos de sua infância e saiba analisálos antes de aplicálos Vamos dar um exemplo Polícia e ladrão Nesta popular brincadeira uma criança representa a polícia e as demais os ladrões Estes possuem um esconderijo local onde podem permanecer sem serem pegos A polícia possui também um local onde aprisionam os ladrões que forem sendo pegos Os ladrões espalhados pelo espaço provocam a polícia e saem correndo pelo espaço predeterminado para a brincadeira A polícia persegueos correndo e quando encosta em alguma parte do corpo com a mão o ladrão é considerado preso e vai para a cadeia Esse é o jogo original O professor poderá ir aumentando a complexidade da brincadeira colocando espaços menores trans formando o jogo em ajudaajuda ou fazendo voltar quem foi ex cluído Jogos e Brincadeiras I 134 Para isso poderá pedir auxílio às crianças Conforme a faixa etária das crianças for aumentando outras ideias poderão surgir discutir o significado de polícia e ladrão na sociedade atual modificar o nome da brincadeira para a sociedade em que vivem procurar por outras brincadeiras parecidas associação descrever a brincadeira 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Por que o jogo é importante no Ensino Infantil 2 Você acredita que o professor de Educação Física possa contribuir para o desenvolvimento das crianças que estão na Educação Infantil Por quê 3 Você é capaz de redigir um conceito de jogo de faz de conta de jogo de construção e jogo de regras Em que momento eles são aplicados na escola 4 Qual história você criaria para brincar de faz de conta com seus alunos 5 Quais materiais pedagógicos você acumularia em sua escola para brincar com jogos de construção com seus alunos 6 Quais brincadeiras de regras você acredita que seriam possíveis aplicar com crianças de cinco anos 9 CONSIDERAÇÕES Esperamos que você futuro professor tenha percebido após o estudo da Unidade 4 que o conhecimento necessário para compreendermos a importância do jogo e da brincadeira para o desenvolvimento integral das crianças com até cinco anos de idade é muito denso Envolve o conhecimento radical das manifestações infantis com base nos jogos simbólicos nos jogos de construção e nos jogos de regras 135 Claretiano Centro Universitário U4 O Jogo e a Brincadeira no Ensino Infantil Vimos nesta unidade também o quanto é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças a possibilidade de elas se relacionarem de forma lúdica com a realidade de suas vidas por meio da experiência com as brincadeiras populares Desenvolvimento este que se estende aos aspectos cognitivos motores afetivos e sociais Por isso nossa intenção na presente unidade foi mostrar para você que os jogos e as brincadeiras podem favorecer os alu nos da Educação Infantil alcançando objetivos educacionais que possibilitem a ampliação das habilidades motoras e o reconheci mento de si mesmo e do mundo além da possibilidade de brincar com os elementos da natureza e do espaço físico 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Referencial curricular nacional da educação infantil Brasília MECSEF 1998 BROUGÈRE G Jogo e educação Porto Alegre Artes Médicas 1998 FREIRE J B Educação de corpo inteiro teoria e prática da educação física São Paulo Scipione 1989 GALHARDO J P Educação física escolar do berçário ao ensino médio Rio de janeiro Lucerna 2005 PIAGET J Play Dreams and Imitation in Childhood New York W W Norton 1962 RANGEL I C A Educação física infantil Rio de janeiro GuanabaraKoogan 2010 SANTOS S M P Brinquedo e infância um guia para pais e educadores em creche Rio de Janeiro Vozes 1999 SOARES et al Metodologia do ensino de educação física São Paulo Cortez 1992 VYGOTSKY L S A formação social da mente o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores São Paulo Martins Fontes 2007 WAJSKOP G Brincar na préescola São Paulo Cortez 1997 Coleção Questões da nossa Época Claretiano Centro Universitário EAD Jogo do 1º ao 5º Ano do Ensino Fundamental 5 1 OBJETIVOS Analisar as características os interesses e as necessidades de cada faixa etária compreendida entre o 1º e o 5º ano do Ensino Fundamental relacionandoos ao jogo Verificar a aplicabilidade das dimensões do conteúdo jogo na prática pedagógica da Educação Física para os alunos do 1º ao 5º ano 2 CONTEÚDOS Características e interesses das crianças na faixa etária en tre seis e oito anos Quais jogos devem ser ensinados para crianças de seis a oito anos Características e interesses das crianças na faixa etária de nove e dez anos Quais jogos devem ser ensinados para crianças de nove a dez anos Jogos e Brincadeiras I 138 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Nesta etapa apresentamos o trabalho a ser desenvolvi do com jogos e brincadeiras para a faixa etária dos seis aos dez anos Procure se lembrar de como você era nes sa idade suas preferências em termos de jogos e brinca deiras e se possível reveja seu álbum de fotos tentando perceber como você agia nessa idade Isso provavelmen te facilitará sua leitura 2 As características de uma determinada faixa etária são muito importantes para a escolha das estratégias de uma aula Além de pesquisar sobre o assunto procu re analisar o comportamento de crianças de seis a dez anos observandoas sempre que possível em escolas e outros locais como supermercados lojas shoppings e até mesmo nas ruas 3 Discuta com seus colegas no Fórum e relate algum acon tecimento interessante do qual se lembre A reflexão amadurece as ideias e a troca de experiências também é um fator de aprendizagem Esperamos que você aproveite bem a próxima leitura 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nas unidades anteriores estudamos como os jogos se de senvolveram ao longo do tempo e como passaram a integrar a cultura corporal de movimento Na Unidade 4 refletimos sobre os conhecimentos necessários para compreendermos a dimensão teórica e algumas possibilidades pedagógicas do jogo adequadas à Educação Infantil É certo que em razão de sua profissão será necessário que você conheça vários jogos para ensinálos a uma turma de alu nos já que a rotina de uma escola é muito dinâmica Você deverá 139 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental lecionar cerca de 80 aulas por turma durante 1 ano letivo logo se você tiver dez classes serão por ano 800 aulas planejadas e ministradas por você Isso só pode fazer aumentar sua vontade de aprender e de estudar O fato de as crianças gostarem muito das aulas de Educação Física deve ser motivo de incentivo para que você futuro profes sor não pense nunca em se acomodar Existem muitos professores que ensinam um único jogo e permanecem aplicandoo durante muito tempo chegando ao cúmulo de escolher um jogo a quei mada por exemplo e ministrálo durante anos Isso faz que as crianças percam o interesse pelas aulas e certamente faz que o professor também se sinta desmotivado A motivação para dar boas aulas deve sempre partir do pró prio professor Com certeza as crianças o amarão por estar sem pre levando novidades Só não se esqueça de que você deve ter um planejamento e não ser apenas um reprodutor de atividades Na presente unidade apresentaremos uma série de jogos que poderão ser aplicados em suas aulas bem como algumas ca racterísticas das crianças que estão na faixa etária dos seis aos dez anos Adiantamos que nessa faixa de idade o interesse pela prá tica da Educação Física é muito grande de forma que muito do nosso trabalho pedagógico é facilitado De posse desses conhecimentos é provável que você esteja interessado em aprender a ensinar os jogos que podem ser minis trados para as crianças entre seis e dez anos Dessa forma a partir de agora entraremos em contato com as diferentes formas de jo gos e brincadeiras possíveis de serem aplicados nas séries iniciais do Ensino Fundamental Os jogos adequados para as crianças dos seis aos dez anos apresentam uma flexibilidade maior nas especificidades de suas regras Por exemplo as regras de um jogo que valem em uma ci dade às vezes não valem em outras Além da variação de outros aspectos como o espaço há ainda a dos materiais disponíveis e Jogos e Brincadeiras I 140 do número de participantes Estes jogos apresentam um caráter de competição de recreação cooperação passatempo ou diver são e como já dissemos dentre essas manifestações incluemse os diferentes jogos as brincadeiras regionais os jogos de salão de mesa de rua e todo o universo lúdico da cultura infantil De maneira geral jogos e brincadeiras são excelentes conte údos para serem ensinados nas escolas porque como já dissemos as crianças na faixa etária dos seis aos dez demonstram grande interesse pela prática de jogos A seguir apresentaremos algumas das características dos jogos que facilitam o nosso trabalho de pro fessor Para Rangel e Darido 2005 essas facilidades se dão pois 1 Os jogos fazem parte da cultura lúdica das crianças ou seja muitos deles são conhecidos por elas 2 Podem ser praticados sem muitos recursos materiais 3 Favorecem a participação de todos os alunos pois alguns jogos possuem regras muito simples Assim a criança mesmo pequena já pode praticálos 4 Se conduzido adequadamente o jogo será extremamen te prazeroso 5 As dimensões atitudinal e procedimental podem ser aprendidas pelos alunos na situação de jogo na prática propriamente dita uma vez que se vivencia o jogo em sua totalidade Por exemplo o arremessar necessário para o jogo da queimada desenvolvese jogando não se aprende inicialmente esse gesto para depois utilizálo no jogo da queimada Bem você aprendeu na Unidade 4 que as crianças apren dem a gostar de jogar e de brincar por razões culturais e no caso da criança pequena para sobreviver Na próxima unidade você aprenderá que o gosto por esta experiência se prolonga por toda a vida Entretanto nesta unidade tentaremos orientálo especifica mente a respeito de como a criança de seis a dez anos se envolve com as questões pedagógicas do jogo e da brincadeira Então mãos à obra e boa leitura 141 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DA CRIANÇA NA FAIXA ETÁRIA DE SEIS A OITO ANOS Como você já sabe com a nova reestruturação curricular ocorrida no Brasil as crianças ingressam no 1º ano do Ensino Fun damental aos seis anos de idade Assim quando estiverem no 5º ano terão 10 anos de idade O livro Metodologia do ensino de Educação Física SOARES et al 1992 escrito por um grupo de professores preocupados com a Educação Física nas escolas apresenta algumas características gerais das crianças do Ensino Fundamental Segundo Soares et al 1992 essas crianças se encontram no ciclo de organização da identidade dos dados da realidade Nesse ciclo os alunos têm uma visão do que acontece no mundo de ma neira um tanto quanto misturada A realidade social nesse período é percebida pela criança numa perspectiva sem relações de causa e efeito Ela não apresenta capacidade de análise mais ampla dos elementos sociais que interagem com a sua vida Sua capacidade para entender os fatos as notícias e os acontecimentos ainda não permite compreendêlos em sua totalidade Nessa fase tudo para as crianças ainda é uma grande no vidade cabendo ao professor a função de organizar esses dados constatados e descritos pelos alunos para que possam descobrir as relações entre os fatos e a sua própria vida Em síntese esse momento marca o início do processo de in ternalização da realidade pelos alunos Além do mundo para eles começa a ficar cada vez maior Há um salto no desenvolvimento da sua consciência dos objetos fatos e das pessoas bem como se amplia sua capacidade em relacionálos Ainda segundo Soares et al 1992 os alunos encontramse no momento da experiência sensível no qual prevalecem as refe rências sensoriais na sua relação com o conhecimento O ato de brincar é então de extrema importância As crianças dão um salto Jogos e Brincadeiras I 142 qualitativo nesse momento de seu desenvolvimento quando co meçam a estabelecer classificações e associações entre objetos e fatos Esperamos que você esteja percebendo que o brincar e o jogar extrapolam os limites da mera atividade Para outros professores da nossa área João Batista Freire e Alcides Scaglia 2003 nesse período do desenvolvimento a crian ça apresenta características intelectuais motoras sensoriais mo rais sociais e afetivas bem marcantes Vejamos mais detalhadamente cada uma dessas caracterís ticas Características intelectuais Em linhas gerais nesse período a criança estabelece uma re lação com a realidade em função das coisas concretas Por isso ela compreende melhor um jogo por exemplo de pegapega ou uma brincadeira de amarelinha vendo uma demonstração corporal do que ouvindo a explicação do professor sobre a dinâmica do jogo Nessa idade as crianças já entendem as coisas a partir da concretude delas isto é da coisa em si O gosto e a necessidade do movimento da brincadeira e do jogo são fundamentais para as crianças pois nesse processo elas interagem concretamente com o mundo e as pessoas Elas começam a perceber que os outros são importantes durante o jogo pois sem eles não se resolvem os problemas de uma brincadeira como por exemplo criar e fa zer que as regras funcionem bem Há ainda a ampliação de sua dimensão intelectual que se dá a partir desse contexto e da capa cidade em refletir sobre o que fez ou disse Acreditamos que uma das possibilidades de se entender essa faixa etária é tentar voltar ao passado Faça um exercício de volta no tempo e relembre como você era quando tinha entre seis e oito anos de idade quando você já estava na 1ª série atual 2º 143 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental ano O jogo fazia parte do seu cotidiano escolar Em que momen tos você brincava na escola Fora da escola onde e de que forma você brincava Assim relembrando você terá mais chances de se aproxi mar de seus alunos quando estiver dando aula Relembre tam bém como você agia era tímido ou extrovertido Brincava com os meninos e as meninas ou tentava ficar longe Essas características são importantes pois o auxiliarão no futuro a escolher os jogos e as atividades mais apropriados para os seus alunos Características motoras Nesse período todas as funções e as potencialidades pre sentes na infância desenvolvemse conjuntamente É óbvio que a função motora se ampliará à medida que a criança tendo a opor tunidade para exercitála puder pensar sobre ela e avaliar o que foi realizado Em seguida se for necessário a criança modificará e melho rará o gesto ou o movimento realizado como por exemplo uma cambalhota pois como afirmam Freire e Scaglia 2003 p 19 Assim ser capaz de compreender suas próprias ações leva a criança a aperfeiçoar suas habilidades motoras A principal característica desse período é a de as crianças para brincarem juntas utilizarem suas habilidades como correr saltar arremessar rolar e rebater Para as crianças que já passa ram pela escola de Educação Infantil e tiveram a oportunidade de participar de aulas de Educação Física as habilidades motoras es tarão mais desenvolvidas As crianças que brincaram no quintal e na rua também No entanto crianças que não brincaram muito não apresentarão movimentos coordenados Nesse ponto você como professor deverá ser capaz de analisar toda a turma que provavelmente será heterogênea para poder escolher as melho res atividades os jogos mais fáceis ou mais difíceis Jogos e Brincadeiras I 144 A isso se dá o nome de avaliação prévia Essa análise deve rá ocorrer antes durante e após cada aula A faixa etária dos seis aos dez anos é a fase na qual as crian ças mais aprimoram as habilidades motoras desde que tenham oportunidade ou seja é a fase na qual mais amam jogar e se testar Elas querem aprender de tudo um pouco RANGEL 2010 Características sensoriais Nessa fase podemos afirmar que as crianças estão muito in teressadas em aprender Seus sentidos estão aguçados e o desejo para aprender coisas novas é fantástico Dessa forma a escola não pode decepcionar as crianças em relação a isso pois os conheci mentos e a cultura de maneira geral podem ser absorvidos por elas ouvindo falando cheirando tateando e degustando A boa escola é aquela que faz que a criança aprenda as coisas do mundo objetos e fatos por intermédio da estimulação de todos os seus sentidos A escola faz a criança pensar sobre aquilo que ela vê sente ouve e realiza corporalmente Características morais Normalmente nesse período as crianças manifestam uma preferência pelo relacionamento em grupo Ora grupos maiores ora menores Para que isso se efetive elas demonstram interesse em definir algumas regras a fim de que possam estabelecer uma relação lúdica durante a brincadeira Começam a estabelecer acor dos que vão exigir delas respeito e compromisso Caso contrário a brincadeira pode não acontecer Nesse momento do desenvolvi mento moral das crianças tanto as famílias como a escola e o pro fessor devem prestar atenção e orientálas a julgar as atividades e os valores do grupo na perspectiva do respeito e da verdade Por causa disso o jogo assume pedagogicamente algumas características É preciso prestar atenção pois estes princípios mo rais determinarão muitas vezes o sucesso da aula É óbvio que o 145 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental bom jogo não garante o sucesso da aula mas sim a associação entre o bom jogo e o bom professor Em função disso Soares et al 1992 definiram alguns jogos a serem ensinados nesse período 1 jogos cujo conteúdo implique o reconhecimento de si mesma e das próprias possibilidades de ação 2 jogos cujo conteúdo implique a interrelação do pensa mento sobre uma ação com a imagem e a conceituação verbal dela como forma de facilitar o sucesso da ação e da comunicação 3 jogos cujo conteúdo implique interrelações com as ou tras matérias de ensino 4 jogos cujo conteúdo implique a vida de trabalho do ho mem da comunidade das diversas regiões do país e de outros países 5 jogos cujo conteúdo implique o sentido da convivência com o coletivo das suas regras e dos valores que estas envolvem Quais jogos devem ser ensinados para crianças de seis a oito anos Antes de descrevermos os jogos cabe relembrarmos a você futuro professor os motivos pedagógicos pelos quais é importante o jogo ser ensinado nas escolas para essa faixa etária Para os PCNs BRASIL 1997 a importância pedagógica que justifica o ensino dos jogos na faixa etária dos seis aos oito anos consiste na compreensão de que o jogo e as brincadeiras capaci tam as crianças para participarem de diferentes atividades corpo rais procurando adotar uma atitude cooperativa e solidária sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais físi cas sexuais ou culturais As crianças também devem ser incentiva das a organizar de forma autônoma alguns jogos e brincadeiras ampliando igualmente suas habilidades motoras e sua autonomia Nessa faixa etária os alunos gostam muito de se movimen tar por isso jogos em que os alunos tenham que correr bastante Jogos e Brincadeiras I 146 saltar e rolar são os mais adequados Vale lembrar no entanto que estamos falando de jogos e brincadeiras regrados A seguir vamos sugerir algumas aplicações de jogos PegaPega mãe da rua Número de jogadores três ou mais Local aberto ou quadra Material nenhum Inicialmente tirase a sorte para saber quem será a mãe da rua ou propõese que as crianças escolham quem o será 1 Dividemse os alunos em dois grupos ficando cada gru po em uma das laterais da quadra ou do outro espaço utilizado enquanto a criança que for representar a mãe da rua deverá ficar no centro 2 Os participantes têm que atravessar de um lado para ou tro da rua saltando em um pé só e ao mesmo tempo fugir da mãe da rua 3 Aquele que for pego durante a travessia substituirá a mãe da rua ou a ajudará a pegar os demais jogadores 4 Sugerese iniciar o jogo com crianças entre seis e oito anos correndo com os dois pés no chão Após o aprendizado da forma original do jogo proponha que as crianças o modifiquem Isto fará que pensem mais a respeito do jogo usando prontamente a cognição Polvo Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum 1 Um jogador colocase sobre uma linha no centro da qua dra ou espaço Este será o polvo Os outros jogadores colocamse nas linhas de fundo da quadra 147 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental O polvo diz Polvo Os jogadores respondem Vo Vo 2 E ao terminar esse diálogo imediatamente todos os jo gadores com a exceção do polvo têm que atravessar a quadra de um lado para o outro 3 Os que forem pegos ficam parados na linha central da quadra ou espaço ajudando o pegador na próxima jo gada porém sem sair do seu lugar usando apenas seus tentáculos braços 4 O jogo termina quando todos os jogadores exceto um tiverem sido pegos 5 Para a Educação Infantil este é um jogo que precisa ser trabalhado enfocandose que somente o polvo é o pega dor os outros que forem pegos estarão enfeitiçados não podendo se deslocar Um recurso que pode ser uti lizado é o de colocar no polvo algum detalhe ou seja algum adereço que o identifique Com esse jogo cada criança escolhe o momento de atraves sar percebendo então sua capacidade de antecipação Após a aplicação dos dois jogos discutir com as crianças quais foram as semelhanças e as diferenças que estes apresen taram Ao proceder dessa forma você estará trabalhando com conceitos fazendoas raciocinar sobre as diferentes formas de se jogar Batatinha frita 1 2 3 Número de jogadores três ou mais Local aberto Material nenhum Jogos e Brincadeiras I 148 1 Um participante é escolhido para ficar à frente do jogo Os demais devem ficar atrás a uma distância determi nada 2 O participante que está na frente vira de costas para o grupo e diz Batatinha frita 1 2 3 3 Quando ele se virar os outros participantes que corriam neste meio tempo para tentar alcançar aquele que esta va na frente devem parar 4 Quem conseguir alcançálo tomará o seu lugar e a brin cadeira recomeçará 5 Aquele que se movimentar depois que o jogador que está na frente se virar para o grupo voltará ao ponto de partida Durante ou após a aplicação do jogo o professor poderá dis cutir sobre as atitudes apresentadas pelos alunos se foram hones tos se viram realmente quem se mexeu se não tentaram desviar a atenção de quem estava à frente etc É uma boa oportunidade para trabalhar a atitude de honestidade Lagarta pintada Número de jogadores todos Local aberto ou fechado Material nenhum O grupo senta em roda uma criança vai ao centro e apon tando para os companheiros no ritmo da música canta o versinho a seguir enquanto todos a acompanham Lagarta pintada Quem te pintouFoi a velha caximbeira Que por aqui passou No tempo da areia Faz poeira Puxa a lagar ta Por essa oreia A pessoa para a qual a criança estava apontando quando pa rou a música tem sua orelha puxada 149 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Esse é um jogo tido como calmante ou seja possui a van tagem de fazer que as crianças voltem à calma para retornarem à classe ou irem para casa O jogo seguinte também possui essa característica DAngolinha Número de jogadores três ou mais Local aberto ou fechado Material nenhum O grupo deve se sentar em roda uma das crianças vai ao centro e beliscando cada um dos pés dos companheiros canta Pula pula DAngolinha finca o pé na pombinha o rapaz que jogo faz faz o jogo do pimpão então esconde este pezinho que lá vai um beliscão O pé em que parou a música é beliscado A criança recolheo sentando sobre ele O próximo jogo é muito conhecido e provavelmente faz par te do folclore brasileiro É um jogo que pode promover um debate sobre o fato de as crianças cooperarem entre si ajudando o rato O cuidado que se deve tomar é pelo fato de apenas duas crianças correrem por vez porém dependerá do objetivo da aula Vejamos Se for promover a ajuda mútua discutindo a cooperação o jogo servirá a esse propósito Se for para aquecer o jogo não é adequado Nesse caso a saída é trocar as crianças rapidamente Jogos e Brincadeiras I 150 Gato e rato Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum As crianças formam um círculo de mãos dadas Um dos par ticipantes que fica de fora da roda é o rato que corre ao redor e bate nas costas de um companheiro que representa o gato O gato na corrida procura pegar o rato e mudar as posições Após os dois participantes terem vivenciado as duas posi ções escolhemse os novos rato e gato reiniciando o jogo Gato e rato 2 Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum Dispõemse os jogadores em roda de mãos dadas com ex ceção de dois que representarão o gato e o rato O primeiro per manece fora do círculo e o segundo dentro Dado o início a roda girará indiferentemente se para a es querda ou para a direita e começará o seguinte diálogo Gato Seu rato está em casa Crianças Não Senhor Gato A que horas voltará Crianças Escolhem o horário Gato Que horas são Crianças Uma hora E assim prosseguirá o jogo até a hora determinada para a volta do rato Nesse momento a roda para e o gato perguntará aos jogadores do círculo 151 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Gato Seu ratinho já chegou Crianças Sim Senhor Gato Dãome licença para entrar Crianças Sim Senhor Então o gato correrá em perseguição ao rato procurando apanhálo Ao rato será permitido entrar ou sair do círculo por bai xo dos braços dos companheiros que lhe facilitarão a passagem e dificultarão a do gato sem contudo cerrarlhe o caminho Terminará a rodada com a prisão do rato Caso o professor apresente os dois jogos às crianças ele po derá discutir com elas quais as diferenças e as semelhanças entre os dois A cobra venenosa Número de jogadores cinco ou mais Local aberto Material nenhum Um jogador é a cobra ou o pegador Os demais fogem ten tando não ser tocados Quando a cobra toca algum jogador este coloca a mão onde foi picado e a mantém aí Se a picada for no pé ou no joelho deve continuar jogando agachado Quando um jogador é tocado três vezes ele se transforma em cobra e também passa a perseguir os demais Um jogador não pode ser tocado duas vezes seguidas O último jogador a transformarse em cobra é o vencedor Podese a partir desse jogo discutir as dificuldades que al gumas pessoas deficientes possuem em se locomover Jogos e Brincadeiras I 152 Outro nome dado a esse jogo é pegapega hospital Per guntar às crianças se conhecem outro nome ou jogo parecido Dia e noite Número de jogadores cinco ou mais Local aberto ou fechado Material nenhum Os alunos devem organizarse em duas ou mais colunas uma ao lado das outras mas distantes entre si O professor pode combinar com eles o nome das colunas por exemplo uma delas será chamada dia e a outra noite Quando o professor disser o nome de uma das colunas esta será a coluna dos pegadores Crianças pequenas terão dificuldades no começo mas aos poucos irão compreendendo a dinâmica do jogo Aos poucos acrescentamse outros nomes Podemse combinar céu e noite com inferno dia com céu e chuva noite com inferno e sol etc Um exemplo desse mesmo jogo foi dado utilizando números pares e ímpares lembrase Bola ao arco com mãos Número de jogadores quatro ou mais Local aberto Material bola e arco Para este jogo os alunos devem formar duplas Um aluno de cada dupla deve segurar um arco diante do cor po na altura da cintura 153 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental O outro aluno deve lançar com as mãos uma bola direta mente ao arco ou ao colega para que ele a amorteça na cabeça ou no peito e façaa cair no arco Depois de algumas rodadas invertemse os papéis Esse jogo requer as habilidades de arremessar e receber no caso com o arco Requer também um material para cada aluno que poderá ser improvisado com bolas de papel e arcos confeccio nados com mangueira e um toquinho de madeira para fechálos Acertar o alvo exige coordenação olho mãos que é muito importante de ser trabalhada nessa faixa etária O alvo poderá ser móvel com a criança que o segura deslocandose pelo espaço e dificultando o arremesso da outra Busca solidária Número de jogadores 12 ou mais Local pátio da escola Material folha de papel e canetas com cores diferentes Esta atividade visa desenvolver o sentimento de grupo res peitando os limites e as características de cada criança e fazendo que ela reflita sobre a capacidade de resolver problemas comuns e coletivos Dividese a classe em grupos com quatro componentes cada um Cada um dos grupos será identificado com uma cor A tarefa de cada grupo é encontrar as palavras escritas com a sua cor em tiras de papel que foram escondidas pelo professor em locais possíveis e seguros na escola Obrigatoriamente todos os membros dos grupos deverão estar de mãos dadas para cumprir a tarefa As mãos ficarão unidas durante todo o tempo de jogo Jogos e Brincadeiras I 154 Os grupos deverão encontrar e guardar apenas as palavras escritas com a cor do grupo Em cada lugar estará escondida uma palavra escrita com as cores determinadas para cada grupo Então por exemplo se a equipe amarela encontrar o escon derijo da palavra direito esta deverá pegar a tira de papel em que a palavra direito estiver escrita na cor amarela Assim devem proceder todos os grupos com todas as pala vras Cumpre a tarefa primeiro quem encontrar todas as tiras de papéis com a respectiva palavra escrita com a sua cor e quem con siguir formar uma frase com elas Observação esta brincadeira é mais adequada para crianças de oito anos que já conseguem ler escrever e interpretar 6 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DAS CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA DOS NOVE AOS DEZ ANOS As crianças nesse período do desenvolvimento apresentam um nível de socialização e de relacionamento que nos permite dia logar constantemente com elas durante nossas aulas É muito interessante percebermos que há uma identificação entre as crianças e a cultura corporal de movimento o que nos permite organizar planejar e conduzir nossas aulas junto a elas em uma ação e em um compromisso compartilhado Nesse sentido o que era para ser a aula do professor ex clusivamente passa a ser a aula de todos o que ajuda muito a manter o bom relacionamento da classe e o desenvolvimento do conteúdo Agora apresentaremos pontualmente algumas caracterís ticas dessa faixa etária segundo Freire e Scaglia 2003 155 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Características intelectuais Nesse momento do desenvolvimento as crianças começam a perceber de uma forma ampliada a lógica dos fatos Cabe ao professor ter mais cuidado com a forma como ele está ensinando ou seja ele deve organizar e sistematizar o que vem a ser ensi nado Isso vale para tudo Ademais a todo o instante o que vai ser ensinado deve apresentar uma relação com a vida das crianças conhecimento significativo É o professor quem tem que dar o pontapé inicial para que a criança tenha a capacidade e a habilidade mental de fazer gene ralizações Quando a criança na escola aprende coisas que esta belecem uma relação com a sua existência que têm a ver com a sua vida ela se motiva mais a aprender e naquele momento fica mais feliz Características morais Como já dissemos nesse momento há muito interesse das crianças pelos jogos e brincadeiras especialmente pelos que en volvem grupos maiores de forma que você deverá tomar muito cuidado com a forma de conduzir as relações e o comportamento de seus alunos durante a aula Fique atento aos conflitos de ordem moral não permita que atitudes inconvenientes e desleais passem em branco Discuta com os seus alunos quando for necessário pois uma atitude inadequa da um desrespeito grave a uma regra da brincadeira pode atrapa lhar a turma toda Esse momento é excelente para você melhorar sua pedagogia mediando os conflitos que emergem da aula Características sociais Esse é um momento em que as crianças estão mais abertas ao relacionamento e ao diálogo Há uma necessidade misturada com um prazer em discutir as regras e as condutas dos participan Jogos e Brincadeiras I 156 tes durante o jogo Esse ritual para os alunos é tão importante quanto o próprio jogo ou a própria experiência corporal da brin cadeira É interessante observar que quase sempre quando a dis cussão é bem conduzida uma criança ou outra pode abrir mão de seus interesses egocêntricos e individuais em prol da vontade e das decisões do grupo É um ótimo período para se desenvolverem práticas de cooperação Características motoras A criança em tese apresenta maior domínio corporal pois tem nesse período do desenvolvimento uma ampliação de suas capacidades físicas e fica mais confiante durante a realização de suas habilidades O contato do corpo e o reconhecimento de suas limitações já estão mais evidentes de forma que os alunos já são capazes de realizar atividades que demandem pensamento tático e desempenho técnico Os jogos podem envolver diferentes habi lidades motoras e uma crescente melhora do desempenho motor Segundo Soares et al 1992 veja a seguir algumas caracte rísticas que os jogos assumem para as crianças nessa faixa etária 1 Jogos cujo conteúdo implique a autoorganização 2 Jogos cujo conteúdo implique a autoavaliação e a avalia ção coletiva das próprias atividades 3 Jogos cujo conteúdo implique a criação de brincadeiras para se jogar em grupo 4 Jogos cujo conteúdo implique jogar com organização tá tica e com uma execução motora mais elaborada 5 Jogos cujo conteúdo implique o desenvolvimento da ca pacidade de organizar os próprios jogos e decidir suas regras entendendoas e aceitandoas como exigências do coletivo 6 Jogos cujo conteúdo implique o sentido da convivência com o coletivo das suas regras e dos valores que estas envolvem 157 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Podemos concluir portanto que todas as idades demons tram algum tipo de fascinação pelo jogo basta compreender qual e investir nele 7 QUAIS JOGOS DEVEM SER ENSINADOS PARA CRIANÇAS DE NOVE A DEZ ANOS Antes de começarmos a descrição dos jogos é necessário destacar os motivos pedagógicos pelos quais o jogo deve ser ensi nado nas escolas nessa faixa etária Os alunos devem ser capazes de organizar seus próprios jo gos dentro e fora do espaço escolar Ao praticar os jogos eles de vem conhecer os aspectos históricos e os contextos sociais em que foram criados Devem respeitar as regras necessárias à prática dos jogos e evitar atitudes violentas durante o momento em que esti verem jogando Devem respeitar as opiniões dos amigos quando estiverem resolvendo um problema ocorrido durante o jogo ou a brincadeira além de serem capazes de avaliar os seus próprios de sempenhos durante o aprendizado de um jogo O jogo organizado planejado pelo professor tem como ob jetivo socializar desenvolver limites criar e explorar a criatividade Com o jogo podemos desafiar os conhecimentos dos alunos com atividades interessantes e instigantes É preciso porém observar os jogos que mais aparecem no plano da cultura lúdica imediata para a partir daí organizar e sistematizar planos e projetos de en sino nas três dimensões do conteúdo Somos inteiramente a favor das discussões que levem o alu no a inteirarse do conhecimento sobre as atividades da cultura corporal de movimento nesse caso especificamente o jogo En tretanto estas discussões devem ser bem dirigidas e se iniciadas desde cedo os alunos podem entender melhor a interação da prá tica com a teoria da Educação Física escolar Com isso acreditamos que conceitualmente o estudo de Educação Física escolar pode ser Jogos e Brincadeiras I 158 mais respeitada no espaço da escola tanto pelos alunos quanto pelos demais professores Bem passaremos agora a exemplificar algumas possibilida des de trabalho com os jogos Pegapega rabinho Número de jogadores cinco ou mais Local aberto ou fechado Material pano papel ou saco Em primeiro lugar limitase o espaço da brincadeira Iniciase a brincadeira de modo que cada criança esteja com o seu rabinho colocado na parte de trás de sua calça deixandoo pendurado O objetivo do jogo é cada um arrancar o rabinho do compa nheiro e buscar defender o seu Vence a brincadeira quem obtiver ao final do tempo o maior número de rabos Essa é também uma brincadeira bem conhecida da qual as crianças gostam muito Vamos analisála As habilidades motoras envolvidas são correr esquivar desviar agarrar Exige atenção para proteger seu rabinho e percepção para ver se foi retirado É possível ao profes sor verificar quem é muito distraído Todos brincam ao mesmo tempo não há crianças excluídas pois mesmo quem perdeu o rabinho continua na brincadeira As crian ças têm que criar estratégias para não se deixarem pegar Passa 10 Número de jogadores cinco ou mais Local aberto 159 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Material uma bola Inicialmente devem ser formados dois times O professor deve jogar uma bola para o alto O aluno que pegar a bola deve tentar passála para um com panheiro sem que ela seja interceptada pelo adversário Não se pode andar de posse da bola apenas passála Se isso for feito por componentes do mesmo time dez vezes seguidas sem que a bola seja interceptada é computado um pon to À equipe adversária caberá tomar posse da bola com o intui to de também executar os dez passes Os problemas com as regras devem ser solucionados coleti vamente sob a orientação do professor Atenção professor estipule um braço de distância como uma zona que não pode ser invadida Ao final de um tempo verifique a contagem Esse jogo trabalha as habilidades motoras de passe e inter ceptação salto recepção e uso das habilidades combinadas saltar e passar saltar e receber correr e receber correr e lançar etc Deixe que as crianças façam uma reunião de um minuto de tempos em tempos para que organizem sua estratégia de jogo Assim estarão se autoorganizando Estimule a cooperação entre o time e o respeito ao adversá rio Queimada simples Número de jogadores dez ou mais Local aberto Material uma bola Jogos e Brincadeiras I 160 Este jogo pode ser realizado por exemplo na quadra de vô lei Inicialmente devem ser formados dois times É usada uma bola de borracha ou de meia Cada aluno posicionase em um dos campos apenas um jo gador de cada equipe colocase atrás da linha de fundo do campo do adversário No início do jogo o jogador que tem a posse da bola come ça arremessandoa nos adversários com o propósito de tocálos e assim queimálos O jogador queimado ou tocado pela bola deve sair do seu campo e dirigirse à linha de fundo do campo do seu adversário O objetivo é queimar o maior número de adversários A bola só volta para o jogo quando o aluno queimado chegar atrás da linha A queimada é um jogo difícil de as crianças aprenderem a princípio porém é altamente estimulante quando elas aprendem totalmente suas regras Após aprenderem você poderá sugerir ou pedir que as crianças sugiram novas formas de se jogar prin cipalmente às que evitarem a exclusão temporária Você já deve ter jogado muito a queimada e sabe que quan do as crianças vão para o fundo se não tiverem muita habilidade motora não pegam mais a bola Que tal encontrar formas diferen tes de jogar a queimada que não excluam essas crianças Alguns exemplos foram dados pelo prof Rafael Kocian e vale a pena serem pesquisados RANGEL 2010 Essa atividade permite o desenvolvimento da cooperação e percepção corporal além da ajuda mútua quando uma criança avisa a outra sobre a trajetória da bola 161 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental Confraternização dos bichinhos Número de jogadores 12 alunos ou mais Local aberto Material vendas para os olhos Os alunos devem formar uma grande roda sendo numera dos de um a quatro A seguir um representante de cada número escolhe uma es pécie de bichinho para caracterizar o seu grupo por exemplo o número um pode escolher o pato o número dois o carneiro o número três o leão e o número quatro o cavalo O objetivo do jogo é conseguir reunir todos os bichinhos da mesma espécie que estarão de olhos fechados ou vendados e de verão se comunicar imitando o som do animal correspondente ao seu número Quando um bichinho encontrar um companheiro eles de vem se unir e juntos continuar procurando o restante do grupo até que todos os grupos estejam completos Essa atividade é interessante porque desenvolve a percep ção auditiva pois as crianças se comunicarão por meio de sons É muito divertida e você pode incrementála solicitando tarefas de pois que os grupos estiverem formados como por exemplo pedir que criem uma forma de se locomover unidos ou que imitem o animal do grupo ou ainda que desenhem os animais façam carta zes combinem com a professora de classe de pesquisarem sobre os animais etc Pegapega locomotiva Número de jogadores 12 alunos ou mais Local aberto ou quadra poliesportiva Material elásticos e vendas Jogos e Brincadeiras I 162 Formamse grupos com quatro componentes dispostos em coluna envoltos ou colocados dentro de um elástico do interior do qual não poderão sair O primeiro da coluna obrigatoriamente terá os olhos ven dados Para se deslocar o grupo terá que encontrar um código para direcionar o primeiro aluno da coluna Um desses grupos será o pegador O grupo alcançado pela locomotiva pegadora assumirá a função de perseguir os demais grupos no espaço delimitado para a brincadeira e assim sucessivamente A cada nova locomotiva pegadora uma troca de posições e funções deverá acontecer em todos os grupos O aluno de olhos vendados vai para o fim da coluna o se gundo coloca a venda e assume a primeira posição tendo os olhos vendados e assim segue a brincadeira Ao final do jogo o professor poderá discutir com as crianças não apenas a questão da confiança que o primeiro de cada coluna deverá ter nos demais como também o fato de os companheiros terem a responsabilidade de guiar o primeiro Isso requer dar a segurança necessária para que o primeiro não se choque com nin guém ou com paredes e objetos ao redor A primeira criança só se soltará se tiver plena confiança nos demais 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Por que segundo Rangel e Darido 2005 o jogo apresenta algumas facilidades para ser ensinado na escola 2 Quais as principais características motoras das crianças de seis a oito anos 163 Claretiano Centro Universitário U5 Jogo do 1 ao 5 Ano do Ensino Fundamental 3 Quais as principais características motoras das crianças de nove a dez anos 4 Observe os jogos apresentados neste Caderno de Referência de Conteúdo para as crianças de seis a oito anos e de nove a dez anos Você consegue observar algumas diferenças entre eles 9 CONSIDERAÇÕES O professor deve fazer observações e registros sobre as brin cadeiras e os jogos realizados pelas crianças pois por meio desta prática ele pode acompanhar como a criança se desenvolve quais são seus interesses e suas indagações e com base nessas consta tações planejar atividades diversificadas que atendam às necessi dades de todos os alunos Acompanhar o desenvolvimento do aluno ajuda o professor a rever e a aprimorar seu trabalho avaliando sua prática peda gógica e comprometendose assim com as conquistas sucessos fracassos e necessidades de seus alunos Se não registrarmos cor remos o risco de esquecer esses detalhes que são de extrema im portância Mas essa prática será estudada mais adiante em outro caderno Agora você deve prestar muita atenção aos alunos quan do estiverem brincando ou jogando Com essas sugestões de conteúdos e estratégias seus alu nos terão possibilidades de vivenciar o conteúdo jogo pertencen te à cultura corporal de movimento de forma interessante Essas possibilidades porém não se esgotam por aqui Esperamos que você discuta com seus colegas coloque dúvidas e comentários no Fórum e consiga pensar em novas estratégias não se contentando apenas com esses exemplos Então mãos à obra Estude brinque divirtase e amplie seus conhecimentos Aceite o desafio dos melhores profissionais invis ta em você e em sua profissão Jogos e Brincadeiras I 164 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais educação física Brasília MECSEF 1997 FREIRE J B SCAGLIA A J Educação como prática corporal São Paulo Scipione 2003 RANGEL I C A DARIDO S C Jogos e brincadeiras na escola In DARIDO S C RANGEL I C A Orgs Educação Física escolar implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 RANGEL I C A Org Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 SOARES et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 EAD Jogo do 6º ao 9º Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio 6 1 OBJETIVOS Analisar as características interesses e necessidades de cada faixa etária compreendida entre o 6º ano do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio relacionando os ao jogo Verificar a aplicabilidade das dimensões do conteúdo jogo na prática pedagógica da Educação Física para cada faixa etária 2 CONTEÚDOS Características e interesses dos alunos na faixa etária en tre 11 e 14 anos Quais jogos são indicados para alunos de 11 a 14 anos Características e interesses dos alunos na faixa etária de 15 a 17 anos Quais jogos são indicados para alunos de 15 a 17 anos Jogos e Brincadeiras I 166 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Os alunos da faixa etária entre 11 e 14 anos embora ne cessitem muito de atividades físicas começam a apre sentar sinais de descontentamento e iniciam uma fase de afastamento destas Cuidado então com a escolha das atividades lembrese quanto mais prazerosas e educativas mais os alunos continuarão a fazêlas 2 Pense que os alunos de 15 a 17 anos já têm condições de escolher muitas das atividades além de poderem auxi liar o professor a modificálas 3 Procure lembrarse de sua adolescência bem como do comportamento de seus amigos para poder fazer esco lhas certas Talvez os adolescentes não percebam como a atividade física é importante para suas vidas então o seu papel como professor é o de orientálos corretamen te Para tanto estude tire suas dúvidas e discutaas com seus colegas de curso 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Agora estudaremos os jogos possíveis de serem aplicados nas séries seguintes ao Ensino Básico que abrangem a faixa etária entre 11 e 17 anos Entretanto você provavelmente está se per guntando é possível encontrar crianças e adolescentes que gos tem de jogos tradicionais Sim isso é possível graças a algumas estratégias que lança remos mão Acredite não são apenas as crianças que gostam de jogar Talvez os adolescentes na ânsia de se tornarem adultos acabam pensando que jogo é atividade de criança No entanto os que não jogam mais mal sabem quanto prazer eles estão perdendo não é mesmo 167 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Precisamos ampliar nosso olhar sobre os jogos para perce bermos que todas as idades encontram formas interessantes de jogar Vocês já repararam que as pessoas da melhor ou terceira idade estão jogando mais do que nunca O que será que isso sig nifica Nosso país está entrando em uma época que a Europa já vivencia ou seja daqui a aproximadamente 20 anos teremos mui to mais pessoas acima de 60 anos do que crianças e adolescentes Essa parte importante da população precisará e já precisa de for mas de lazer diferenciadas O jogo pode ser uma dessas formas Também é possível ver que os adultos jogam embora acre ditemos que os homens adultos jogam mais do que as mulheres adultas Mesmo os que não possuem muito dinheiro para gastar com o lazer encontram um jeitinho de jogar as máquinas caça níqueis as mesas de jogos de baralho pebolim e snooker estão por toda a parte principalmente em bares As pessoas que têm mais possibilidades financeiras alugam quadras geralmente para jogar futebol vão a clubes jogar tênis ou arriscamse em cassinos de países estrangeiros onde essa prática é permitida Isso sem con tar os bingos que durante muito tempo divertiram os adultos e a terceira idade até serem proibidos Veja a Figura 1 a seguir Jogos e Brincadeiras I 168 Figura 1 Pessoas jogando pebolim Mas continuamos com nosso problema os adolescentes gostam ou não de jogar Vamos tentar mostrar a você que os préadolescentes e ado lescentes podem gostar de jogar e de aprender sobre os jogos Só precisamos encontrar novas formas de motiválos É o que nos dispomos a discutir com você nesta unidade Convidamos você a estudála e a inteirarse de mais um conteúdo que fará parte de sua atuação profissional Então mãos à obra e boa leitura 5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DE 11 A 14 ANOS Como você já sabe a nova reestruturação curricular ocorrida no país fez as crianças ingressassem no 1º ano do Ensino Funda mental aos seis anos de idade Com isso os alunos do 6º ano estão 169 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio com 11 anos se conseguirem acompanhar os ciclos sem repetên cia e os que saem do 9º ano estão com 14 anos Ainda não é possível avaliarmos o quanto essa estrutura modificou o ensino Para a Educação Física também não há por enquanto parâmetros de avaliação Assim vamos analisar a faixa etária de 11 a 14 anos e discutir quais seriam os jogos que essas criançaspréadolescentes gostariam de aprender jogar e modifi car correto Crianças de 10 e 11 anos estão ainda em uma fase delicio sa de aprendizado São interessadas espontâneas ruidosas e ver dadeiras Dizem o que querem e o que não querem No entanto já apresentam alguns problemas que fazem os professores se ar repiar querem trabalhar separadamente entre os sexos ou seja meninos pra lá meninas pra cá Além disso os meninos só querem jogar futebol e são extremamente ruidosos Mas não se assuste você também já foi assim lembrase Então como a vida de professor foi feita mesmo para resolver pro blemas nada mais certo que encarar a situação e não desanimar Uma das possibilidades de se entender melhor os alunos dessa faixa etária é relembrar como você era quando tinha essa idade Você já estava na 5ª série atual 6º ano Gostava de suas aulas de Educação Física Qual conteúdo você teve nessas aulas O jogo fazia parte desse conteúdo Onde e como você brincava quando estava fora da escola Já os alunos de 12 13 e 14 anos estão na fase que denomina mos de préadolescência Apresentam características diferencia das visto que as meninas crescem em tamanho primeiro do que os meninos que também crescem muito e por vezes esse cres cimento ocorre nas extremidades por isso mãos e pés podem ser desproporcionais em relação ao restante do corpo Por crescerem muito tornamse desajeitados Jogos e Brincadeiras I 170 Todas essas mudanças os deixam muito indecisos ora apre sentam comportamento de criança ora de adulto por vezes sentemse adolescentes com algumas implicações dentre elas querem ou não querem jogar aceitam ou não o conteúdo que o professor ensina enfim são como caixinhas de surpresas 6 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 11 A 14 ANOS Vale lembrar que não estamos falando de jogos esportivos nem brincadeiras mas de jogos regrados porque as brincadeiras já não atraem essa faixa etária a não ser as que envolvem adivi nhações e mímicas Como nessa idade os alunos ainda gostam muito de se mo vimentar os jogos que mais apreciam são os que implicam correr bastante saltar rolar enfim os que exigem muitos movimentos e habilidades até mesmo bruscas Algumas meninas já começam a sentirse desestimuladas para a prática mas quando o professor sabe motiválas elas entram rapidamente no jogo Vamos a um exemplo de jogo bem motivador para esses alu nos Futebol dos caranguejos Duas equipes com número ilimitado de jogadores espalhamse pelo campo Os alunos deverão ficar na posição de decúbito dorsal de barriga para cima apoiados apenas nas mãos e nos pés como se fossem um caranguejo Cada equipe deve ter um goleiro que também ficará nesta posição Colocar uma trave de cada lado da quadra ou espaço de jogo que pode ser até mesmo improvisada Após um sorteio uma das equipes receberá uma bola pode ser a de voleibol borracha ou handebol e iniciará o jogo Ao sinal do professor os jogadores tentarão marcar gol na equipe adversária Vence a equipe que marcar mais gols durante um determinado tempo As regras iniciais são Jogar através de passes não colocar os pés na bola caso seja interceptada passará para a outra equipe 171 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio A partir dessas regras os alunos deverão conversar e criar outras e tomar decisões sobre o jogo Por exemplo há necessidade de goleiro Para que os jogadores não se cansem muito quando eles não estiverem de posse de bola poderão ficar sentados adaptado de ELSTNER 1984 p 5 Esse jogo é muito interessante e pode ficar melhor à medida que você e seus alunos definirem as regras e criarem outras dificuldades Podem por exemplo utilizar mais uma bola e traves Como as crianças dessa faixa etária preferem os desafios você deve sempre procurar modificar os jogos de tal forma que elas tenham que resolver problemas para em seguida jogar Vamos a outro exemplo Pegapega Todos contra todos Para esse jogo os alunos devem ser divididos em duas equipes uma delas deterá inicialmente a posse de uma bola Este jogo é um tipo de queimada em que todos os jogadores tentam queimar de posse de uma bola quem estiver mais próximo Regras 1 O aluno que estiver de posse da bola não poderá correr com ela nas mãos apenas se a estiver quicando baten do a bola no chão 2 Deverá a seguir arremessar a bola de encontro a qual quer aluno 3 Apenas a bola poderá ultrapassar a linha do meio da quadra 4 Quem for queimado deverá agachar e esperar nessa po sição até que outro aluno seja queimado Não há exclu são total apenas temporária de quem foi queimado 5 O jogo termina quando os alunos perderem o interesse Observação geralmente os alunos de posse da bola demo ram a entender que podem lançar a bola pelo chão para que esta ultrapasse a linha do meio da quadra além de poderem passar a linha e pegar a bola novamente Jogos e Brincadeiras I 172 Não são apenas os jogos bem movimentados que podem atrair a atenção desses alunos Os jogos prédesportivos são bem aceitos e há uma grande variedade deles Além disso para cada um há a possibilidade de se criar um jogo prédesportivo Isso não é tão complicado Por falar em criar você sabe como se cria um jogo Rangel 2010 p 13 sugere alguns passos 1 Determinar seu objetivo 2 Qual faixa etária se sabem ler e escrever 3 Escolher ou não algum material 4 Verificar qual local será utilizado para seu desenvolvimento 5 Criar regras para seu desenvolvimento Os jogos prédesportivos fazem parte de uma categoria inse rida entre o jogo e o esporte que ainda não foi estudada detalha damente Vamos então verificar suas características 1 São jogos com regras que podem ser alteradas a qual quer instante 2 Trabalham com as habilidades específicas de cada mo dalidade rebater e lançar para o voleibol chutar para o futebol e assim por diante 3 Podem ser trabalhados na quadra específica de cada modalidade ou não 4 Usam o mesmo material do esporte específico ou os materiais podem ser adaptados Apresentaremos a seguir um exemplo de jogo prédespor tivo Vamos utilizar um prédesportivo do voleibol e em seguida discutiremos suas características Voleibol dos quatro cantos Dividimos a quadra em quatro quadrantes utilizando a rede de voleibol ao centro Colocamos uma corda barbante ou similar amarrado do centro da rede até um local em que possa ser fincado trave de futebol árvore etc Para esse jogo são necessários 24 jogadores sendo seis em cada quadrante Regras 173 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio 1 Jogase com as habilidades do voleibol manchete toque saque ou com arremessos combinados antecipadamente entre os jogadores rebatidas de N formas 2 Todos jogam contra todos ou seja podese jogar a bola para qualquer quadrante 3 A contagem é feita da seguinte forma cada vez que a bola cai em um dos campos contase um ponto negativo para aquela equipe 4 Ganha a equipe que fizer o menor número de pontos negativos os quais podem ir até 11 sete ou a contagem combinada pelo grupo 5 O saque é dado pela equipe que deixou a bola cair 6 O rodízio pode ser combinado dentre as seguintes formas todos rodam cada vez que a bola cair no chão ou apenas a equipe que perdeu o ponto roda Outras regras podem ser combinadas com o grupo dependendo das dificuldades ou facilidades deste como por exemplo a contagem obedecerá a um tempo predeterminado 10 ou 15 minutos pode ser incluída uma bola etc Veja a representação desse jogo na seguinte tabela A A A A A A C C C C C C B B B B B B D D D D D D Jogos e Brincadeiras I 174 Esse jogo é interessante porque exige atenção redobrada já que a bola pode vir de qualquer canto da quadra A contagem por ser diferente nunca perdemos ponto em jogo nenhum só nesse tornase um atrativo para os alunos Como pode ser jogado por quem tem ou não habilidade ele pode ser ministrado desde a 6ª série até o Ensino Médio Contudo o que chama mais a atenção nesse jogo é que ele é tão diferente que os alunos sempre que tivemos a oportunidade de aplicálo esqueceramse da contagem sendo essa uma carac terística interessante do jogo Veja mais um exemplo Rede tapada Utilizamos uma quadra separada ao meio por uma rede ou corda na qual se colocam vários tecidos lençóis retalhos etc de modo que um time colocado de um lado não consiga ver o outro Formamse duas equipes de aproximadamente dez alunos de cada lado Esse prédesportivo pode ser jogado com as habilidades do voleibol e com uma bola de borracha bem grande Como um time não consegue ver o outro o jogo tornase muito engraçado A bola aparece do nada e por vezes não há tempo para rebatêla 1 Quando a bola cai ao chão a equipe adversária ganha um ponto 2 Combinase a forma de rodízio 3 Combinase o número de pontos de cada set ou jogase por tempo Há a possibilidade de se trabalhar com os jogos tradicionais aumentandose a complexidade destes As estratégias podem ser criadas pelo professor ou pelos próprios alunos Daremos um exemplo que envolve um jogo muito simples escravos de Jó Escravos de Jó Escravos de Jó jogavam caxangá Tira põe deixa ficar Guerreiros com guerreiros Fazem zigue zigue zague Há outra versão que é a seguinte 175 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Escravos de Jó jogavam caxangá Tira bota deixa zambelê ficar Guerreiros com guerreiros Fazem zigue zigue zague Como podemos complicar esse jogo a fim de tornálo atrativo também para essa faixa etária Rangel e Darido 2005 p 1634 nos sugerem algumas possibilidades Nesta brincadeira ao dizerse tira põe deixa ficar podese brincar com pedrinhas copos plásticos com ou sem areia ou água bem como utilizar o próprio corpo que entra e sai de uma roda A letra pode ser omitida aos poucos sendo substituída por assovios ou simplesmente cantarolada Como você pode notar ao acrescentar areia ou água nos co pinhos o jogo exige mais coordenação motora além da que já é exigida nesse jogo Quando fazemos com nosso próprio corpo e ainda em duplas há mais exigências o que envolve também a cognição dos alunos Lembrese de que há a possibilidade de se trabalhar com os jogos em forma de conceitos É claro que as atividades já sugeridas nas Unidades 4 e 5 ainda podem ser utilizadas mas vamos aumen tar ainda mais a complexidade dessa tarefa Jornal A professora Larissa Beraldo Kawashima RANGEL 2010 criou com seus alunos jornais bimestrais nos quais sempre incluí am informações sobre jogos Nesses jornais constavam pesquisas lembretes caçapalavras palavras cruzadas entre outros itens Toda a tarefa era delegada às crianças que faziam o papel de re pórteres desenhistas etc A diagramação ficava a cargo da profes sora Larissa Veja alguns exemplos de reportagens 1 Entrevistas com diretor coordenador pedagógico fun cionários e professores de outras disciplinas sobre suas brincadeiras de infância sobre o que viam e não viam mais as crianças jogando Jogos e Brincadeiras I 176 2 Caçapalavras e palavras cruzadas abrangendo os nomes de jogos tradicionais 3 Curiosidades sobre os jogos 4 A descrição de um jogo 5 A história dos jogos seus diferentes nomes etc No caso específico desses jornais algumas atividades incluíam um jogo ou seja este era utilizado como um meio como por exem plo um labirinto ou um ligue os pontos Veja o exemplo na Figura 2 Fonte extraído de jornal escolar organizado pela Profa Ms Larissa Kawashima Figura 2 Caçapalavras 177 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Os jogos populares podem ser incluídos nas gincanas e nos campeonatos não havendo necessidade de se realizarem essas atividades apenas com os jogos esportivos Campeonatos de quei mada e base quatro por exemplo fazem o mesmo sucesso que os campeonatos esportivos com a vantagem de não exigirem muita habilidade dos jogadores e na maioria das vezes incluírem um número muito maior de participantes 7 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DOS 15 AOS 17 ANOS Visto que todas as idades apresentam alguma fascinação pelo jogo basta compreender qual seja e investir nela Para os adolescentes não é diferente Mas para isso é necessário enten der um pouco a adolescência Para Ferreira 1993 p 12 a adolescência é o período da vida humana que começa com a puberdade e se caracteriza por mudanças corporais e psicológicas Ademais a palavra adoles cente deriva de adolescere que significa crescer Na adolescência o jovem passa por mudanças significativas de acordo com quatro enfoques cultural cognitivo afetivo e físi co No enfoque cultural a periodização pela qual passa o ser humano não é natural mas sim determinada cultural e sóciohis toricamente Em algumas tribos indígenas por exemplo a adoles cência pode significar apenas um ritual de passagem com duração de dias ou meses No enfoque cognitivo é importante reconhecer que o jovem passa a possuir o pensamento lógicoformal que permite abstrair criticar e propor soluções Nesse sentido os jogos que exigem complexidade de pensamento podem atrair os adolescentes Há formas de se concretizar essa proposta as quais apresentaremos mais adiante Jogos e Brincadeiras I 178 Somos inteiramente a favor das discussões que levem o alu no a inteirarse do conhecimento sobre as atividades da cultura corporal de movimento Entretanto essas discussões devem ser bem dirigidas e iniciadas desde cedo para que se crie o hábito da interação da prática com a teoria mas não podemos admitir que as aulas de Educação Física se tornem exclusivamente teóricas verbalizadas ou o que é pior chatas Em nosso modo de enten der as aulas de Educação Física são realmente diferentes das ou tras elas possuem uma magia que está ligada à satisfação do uso do corpo e do movimento e da compreensão a respeito destes No enfoque físico devemos nos atentar para o crescimento e a desarmonia de movimentos advindos do novo corpo O pe ríodo de aparecimento das características sexuais secundárias e da maturação dos órgãos sexuais é definido como pubescência ou puberdade marcando o início da adolescência CAMPOS 1991 Essa fase é universal pois independe de cultura ou sociedade para acontecer Nas meninas crescem os seios aparece a primeira menstru ação crescem os pelos pubianos e os das axilas Os meninos eja culam pela primeira vez mudam o tom de voz veem crescer os pelos pubianos e os das axilas além das primeiras penugens no rosto e pelos nos peitos Essas características são acompanhadas pelo estirão de crescimento Esse novo corpo possui não apenas um significado físico mas também um significado social uma vez que o adolescente é o seu corpo As características físicas visíveis a olho nu completamse com características psicológicas e sociais nem sempre passíveis de observação mas que marcam profundamente esse período da vida Afirmase então que a pubescência é biológica mas a ado lescência depende da cultura social Algumas pessoas costumam popularmente chamar essa fase de crítica pois acreditam que os jovens nessa etapa da vida colocam em xeque sua orientação familiar seus padrões in 179 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio corporados pelo tipo de criação características que os levam a um processo de luta contra a sociedade Tais crises seriam encaradas como a forma pela qual o adolescente tem de se afirmar de se reorganizar e não podem ser vistas como nocivas O jovem sentindo mudanças físicas em seu corpo percebe que há outra mudança ocorrendo que é sua integração no mundo adulto agora não mais como criança mas como alguém capaz de dar opiniões refletidas sobre o mundo O futuro o amedronta e ao mesmo tempo deixao fascinado Ele sente então uma necessi dade de mudar o mundo daí suas crises de insatisfação CóriaSabini 1993 observa que tais características são en contradas apenas em um pequeno número de indivíduos mas como são exploradas na literatura no cinema e especialmente na televisão criase uma falsa imagem da fase adolescente como cheia de tormentas e revoluções Os conflitos podem ocorrer tam bém mais por falta de flexibilidade das pessoas mais velhas que convivem com os adolescentes do que por eles mesmos Se o educador entender os jovens como seres rebeldes po derá preconcebêlos e ter uma expectativa ruim em relação a eles Portanto é preciso tentar compreender essa fase antes de criar ideias preconcebidas Também é necessário entender o aluno adolescente como um indivíduo que sairá da escola e portanto que deverá possuir autonomia em relação aos movimentos Se ele criar a ideia de que o jogo só é possível para crianças perderá a oportunidade de con tinuar a praticálo Para RangelBetti referindose ao antigo Ensino Médio 1998 p 38 Aqueles que por algum motivo já não sentem prazer com o mo vimento precisam redescobrir como é gostoso jogar brincar cami nhar nadar pedalar e nisto consiste a função do ensino Podem igualmente não conseguir descobrir nada disso Mas o professor tem a função essencial de tentar mostrar o lado prazeroso da ati vidade física Jogos e Brincadeiras I 180 8 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 15 A 17 ANOS Passaremos agora a exemplificar algumas possibilidades de trabalho com os jogos Rangel e Darido 2005 sugerem que os jogos não devem ser vistos apenas pela dimensão procedimental especialmente por que o adolescente já é capaz de ampliar sua visão utilizandose de conceitos Para essas autoras a perspectiva apresentada a seguir deve ser analisada Entender o jogo na perspectiva do lazer e da qualidade de vida A falta de espaço nas grandes cidades brasileiras confinou a maio ria das brincadeiras de rua ao pátio da escola ou à aula de Educa ção Física Também é crescente a influência da televisão da mídia em geral e dos brinquedos eletrônicos no repertório de atividades infantis entretanto a lista de brincadeiras preferidas ainda pode trazer o videogame ao lado da batataquente e da bolinha de gude Em algumas escolas meninas e meninos locomovemse com desenvoltura na pernadepau A peça de madeira parece um brin quedo incomum nos dias de hoje mas ainda pode causar encanto É preciso favorecer a reflexão dos alunos sobre as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade ou seja é preciso que eles entendam que se por um lado o avanço tecnológico tem contribuído para disponibilizar um maior número de informação e para oferecer um maior conforto à população por meio de máquinas equipamentos eletrônicos e meios de locomoção por outro lado esse fenômeno é responsável por um estilo de vida menos ativo e mais sedentário além de outros prejuízos Tais características marcantes da moder nidade têm sido apontadas como as principais responsáveis pelo aumento dos riscos de diversas doenças crônicas Estudos mostram que essas doenças são quase duas vezes mais comuns em pessoas inativas do que naquelas que se exercitam Desta forma é neces sária a discussão sobre as mudanças no comportamento corporal decorrentes do avanço tecnológico e a análise do impacto delas na vida do cidadão na escolha das brincadeiras e jogos Uma alternativa pouco empregada pelos professores mas eficaz é estimular os alunos a realizar os jogos e outras atividades físicas aprendidas nas aulas com amigos ou familiares fora o período nor mal de aula como em fins de semana e nas férias escolares Desta 181 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio forma os alunos são estimulados a compreender e a vivenciar a ati vidade física como forma de usufruir o tempo de lazer melhorando sua qualidade de vida RANGEL DARIDO 2005 p 163 Vamos pensar agora em outras possibilidades adequadas para essa faixa etária Para isso nada melhor do que investigar so bre a aplicação de jogos em uma escola como fez o professor Ro gério Zaim de Melo Ele investigou o uso de jogos tradicionais para adolescentes que cursavam o antigo 2º grau Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 939496 o ensi no de 2º grau passou a denominarse Ensino Médio Rogério considerou antes dessa experiência as característi cas descritas anteriormente e constatou que a evasão nesse nível de ensino se dava porque o aluno do ensino noturno especial mente trabalhava durante o dia e tinha tem ainda a possibilida de de solicitar dispensa das aulas de Educação Física Além disso os conteúdos não eram adequados à faixa etária faltavam mate riais e havia desinteresse dos professores GAMBINI 1995 Seu objetivo foi verificar a opinião dos alunos de uma esco la pública de 2º grau da cidade de Rio Claro a respeito da prática de jogos e brincadeiras não esportivos nas aulas de Educação Fí sica MELO 1997 p 2 Sua pesquisa foi realizada com 52 alunos sendo 17 do sexo masculino e 35 do sexo feminino com idade média de 15 e 16 anos Você consegue imaginar os jogos que ele utilizou Pois bem foram jogos da cultura popular e jogos adaptados tais como quei mada hand sabonete piquebandeira base quatro jogo dos dez passes handfoot bola na torre conquista estratégica alerta e vassourobol Você os conhece Descreveremos agora o hand sabonete um jogo muito sim ples mas desafiante MELO 1997 p 44 Hand sabonete Número de participantes no mínimo seis e no máximo 20 Material necessário dois baldes com água e um sabonete Jogos e Brincadeiras I 182 Objetivo fazer o gol acertando o sabonete no balde adversário Duração enquanto houver interesse Desenvolvimento dividemse os participantes em dois grupos A e B Em uma quadra determinase o campo de onde os participantes não deverão sair durante o jogo Colocase um balde com água no centro do campo e outros dois um de cada lado da quadra ou campo Todos os integrantes da equipe molham as mãos cada vez que pegarem no sabonete este ficará escorregadio daí a graça do jogo e tentam fazer o gol arremessando o sabonete no balde adversário Vence o jogo a equipe que fizer o maior número de gols Observação não é permitido andar com o sabonete nas mãos Nesses jogos a participação dos alunos foi extremamente ativa e em suas próprias observações disseram que gostariam que os jogos fossem introduzidos em suas aulas Aliás eles nunca de veriam ter saído Como conclusão final o autor considera que A utilização de jogos e brincadeiras como conteúdos no aque cimento ou na parte principal da aula é na verdade uma opção possível para que todos façam as aulas principalmente quando se considera a importância em não excluir que é o que ocorre com freqüência Estas atividades oferecem oportunidade para que os alunos tenham um maior proveito das aulas de Educação Física visto que o jogo é lúdico e desfavorece esta situação MELO 1997 p 35 Os jogos podem servir como coadjuvantes para que os alu nos entendam de que forma surgem os esportes Por exemplo 1 Solicitar aos alunos que escolham um jogo qualquer que não seja esportivo pénalata por exemplo 2 Depois dessa escolha eles devem criar regras rígidas que servirão para toda a escola Discutir essas regras votar etc 3 Fazer um cartaz com essas regras e fixálo em lugar bem visível 4 Criar uma federação e uma confederação fictícias 5 Redigir uma carta para o COI Comitê Olímpico Interna cional solicitando a inclusão do pénalata como espor te olímpico Dessa forma os alunos compreenderão como um jogo se transforma em esporte e posteriormente em um esporte olím pico 183 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Outra ideia é fazer que os alunos do Ensino Médio criem campeonatos e festivais para os mais novos mas que envolvam a realização de um jogo não esportivo Como os jovens gostam muito de video game atualmente nada melhor do que instigálos a transformar um jogo de video game em um jogo para ser realizado na quadra da escola É claro que essa ideia dará um grande trabalho que envolverá toda a tur ma Mas esse é o objetivo Os alunos escolherão um jogo conheci do por todos discutirão suas regras e estratégias farão cenário o mais real possível e por fim jogarão Com essa faixa etária é possível levar discussões mais apro fundadas sobre temas relacionados à Educação Física Para isso o professor deverá selecionar um assunto solicitar pesquisas e pro mover as discussões Os assuntos poderão girar também em torno dos objetivos do Projeto Políticopedagógico da escola ou de pre ferência ser do interesse dos alunos Nesse caso futuro professor procure ficar atento ao que os alunos estão conversando pergunte tenha interesse pelo mundo de fora da escola Assuntos como o meio ambiente as drogas a violência o namoro entre outros podem se transformar em jo gos Será que estamos viajando Cremos que não Vamos mostrar um exemplo extraído de Scaglia e Rangel 2004 p 15051 que trata da Terceira Idade O jogo de bocha não é muito conhecido entre crianças e adolescentes Ele é mais utilizado entre pessoas do sexo masculino da chamada Terceira Idade Entre as formas de se jogar podese afirmar que ele consiste em dividir o grupo em dois colocando em cada lado de um campo dois pinos As equipes possuem bo las coloridas uma cor para cada grupo Cada participante jogará uma bola tentando ao mesmo tempo aproximála mais do pino e empurrar a bola do adversário para longe desse pino As jogadas acontecem alternadamente Jogos e Brincadeiras I 184 Para ensinar esse jogo nas aulas de Educação Física quadra o professor deve aumentar a diversidade do conteúdo e ao mes mo tempo proporcionar uma discussão sobre o lazer Após a ex plicação da bocha o professor solicitará aos alunos que a joguem A partir daí modificações poderão também ser introduzidas no jogo tais como jogar com os pés substituindo a bola rebater a bola ao invés de lançála Entretanto a discussão posterior girará em torno do lazer para a Terceira Idade Após a experimentação da brincadeira o professor poderá promover as seguintes atividades 1 Solicitar aos alunos que pesquisem na comunidade como são as oportunidades de lazer para a Terceira Ida de 2 Discutir por que a maioria das pessoas não praticam as atividades físicas que aprenderam se acreditam que elas devam ser um componente para o resto de suas vidas 3 Comentar como as pessoas na Terceira Idade ultima mente vêm utilizando as atividades físicas e os jogos 4 Propor que os alunos façam visitas a grupos de Terceira Idade verificando os jogos que praticam ou entrevistan doos sobre os jogos de sua infância 5 Discutir outras atividades que envolvam a Terceira Ida de 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Você se recorda de sua adolescência Quais relações você estabelece com o conteúdo jogo durante suas aulas de Educação Física nas faixas etárias estudadas nesta unidade 2 Caso você nunca tenha visto este conteúdo no Ensino Médio acredita ser possível utilizálo 3 Você faria outra proposta para o ensino deste conteúdo nessas faixas etá rias 185 Claretiano Centro Universitário U6 Jogo do 6 ao 9 Ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio 10 CONSIDERAÇÕES Nesta unidade você entrou em contato com uma literatura e com sugestões de atividades apropriadas para as séries finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio Conheceu ou reviveu al gumas das principais características das idades que os compõem Entretanto lembrese de que pode haver alunos com essas carac terísticas em faixas etárias completamente diferentes das vistas aqui Procuramos adequar este estudo à maioria das escolas Al gumas propostas foram feitas para elevar a exigência tanto das ha bilidades motoras quanto das cognitivas tendo em vista que esses alunos já dispõem de condições de raciocinar melhor do que as faixas etárias anteriores Os exemplos dados fogem ao que é comum encontrarmos na Educação Física Nossa intenção é mostrar que você aluno do Claretiano será um aluno diferenciado Não um rolabola como se costuma chamar um professor que não ministra suas aulas ade quadamente 11 EREFERÊNCIAS Figura Figura 1 Pessoas jogando pebolim Disponível em httpimg72imageshackus img728102014933828ex00ie2jpg Acesso em 7 mar 2012 Site pesquisado BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 939496 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03LeisL9394htm Acesso em 7 mar 2012 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS D M S Psicologia da adolescência Petrópolis Vozes 1991 CÓRIASABINI M A Psicologia do desenvolvimento São Paulo Ática 1993 ELSTNER F Jogue conosco brincadeiras e esporte para todos Rio de Janeiro Ao Livro Técnico 1984 Jogos e Brincadeiras I 186 GAMBINI W J Motivos de desistência em aulas de Educação Física no segundo grau Rio Claro Ed Unesp 1995 MELO R Z de Educação Física na escola conteúdos adequados ao 2º grau Rio Claro Ed Unesp 1997 RANGELBETTI I C Educação Física e o ensino médio analisando um processo de aprendizagem profissional São Carlos UFSCar 1998 RANGEL I C A DARIDO S C Jogos e brincadeiras na escola In DARIDO S C RANGEL I C A Orgs Educação Física escolar implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2005 RANGEL I C A Org Educação Física na infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 SCAGLIA A J RANGEL I C A Manifestações do Jogo In jogo corpo e escola Segundo Tempo Brasília Ministério do Esporte 2004 EAD Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola 7 1 OBJETIVOS Entender o jogo como meio educativo que contemple os objetivos da escola Utilizar o jogo como coadjuvante no trabalho com os Te mas Transversais 2 CONTEÚDOS Jogo e Temas Transversais significados Jogo e Orientação Sexual Jogo e Ética Jogo e Pluralidade Cultural Jogo e Trabalho e Consumo Jogo e Meio Ambiente Jogo e Saúde Jogos e Brincadeiras I 188 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Após entrar em contato com o amplo conhecimento a respeito dos jogos e brincadeiras você estudou formas diferentes de aplicar esse conhecimento às diferentes faixas etárias escolares Para que este conhecimento se torne permanente você deverá refletir sobre os exem plos concretos dados nesta unidade que podem ser aplicados ao ensino dos Temas Transversais 2 No decorrer de nosso estudo você entrará em contato com uma literatura que é atual na escola para todas as disciplinas incluindo a Educação Física Aprenderá que existem vários Temas Transversais propostos pelo Governo Federal por meio do Ministério da Educação Pense que você poderá também propor outros temas a serem discutidos e ensinados na escola 3 Leia atentamente esta unidade já elaborando outros temas que atendam às necessidades atuais de nossa so ciedade 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Você certamente ouviu e ouvirá falar muito a respeito dos Temas Transversais Originalmente os Temas Transversais foram introduzidos no Ensino Fundamental brasileiro pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs BRASIL 1996 documento que pro curou orientar o trabalho dos professores levando em considera ção a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 939496 promulgada em 1996 Os Temas Transversais caracterizamse como temas a serem vistos por todas as escolas do país em todas as disciplinas envol vendo não apenas os atores da escola alunos professores e de mais funcionários mas também pais governos e a sociedade em 189 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola geral Dessa forma você deve compreender que os Temas Trans versais abrangem a Educação Física e todos os seus conteúdos in cluindo o jogo objeto de estudo deste caderno Observe o texto a seguir sobre esse assunto Ao se admitir que a realidade social por ser constituída de diferen tes classes e grupos sociais é contraditória plural polissêmica e que isso implica na presença de diferentes pontos de vista e proje tos políticos será então possível compreender que seus valores e seus limites são também contraditórios Por outro lado a visão de que a constituição da sociedade é um processo histórico perma nente permite compreender que esses limites são potencialmente transformáveis pela ação social E aqui é possível pensar sobre a ação política dos educadores A escola não muda a sociedade mas pode partilhando esse projeto com segmentos sociais que assu mem os princípios democráticos articulandose a eles constituir se não apenas como espaço de reprodução mas também como espaço de transformação BRASIL 1998 p 23 Esperamos que ao final desta unidade você esteja apto a utilizar jogos que envolvam os Temas Transversais copiando mo dificando ou criando jogos que abranjam os Temas Transversais Boa leitura e bom trabalho 5 JOGO E TEMAS TRANSVERSAIS SIGNIFICADOS Os Temas Transversais foram elaborados com a intenção de transformar nossa sociedade com base na Educação permitindo aos jovens que cresçam com o ideal da solidariedade e da cidada nia e que também respeitem as diversidades regionais culturais e políticas Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm como objetivos os quais você futuro professor deve saber já Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam como objetivos do ensino fundamental que ao final da escolarização os alunos sejam capazes de compreender a cidadania como participação social e política assim como exercício de direitos e deveres políticos civis e so ciais adotando no diaadia atitudes de solidariedade coo Jogos e Brincadeiras I 190 peração e repúdio às injustiças respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito posicionarse de maneira crítica responsável e construtiva nas diferentes situações sociais utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas conhecer características fundamentais do Brasil nas dimen sões sociais materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações posicionandose contra qualquer discriminação ba seada em diferenças culturais de classe social de crenças de sexo de etnia ou outras características individuais e sociais perceberse integrante dependente e agente transformador do ambiente identificando seus elementos e as interações entre eles contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o senti mento de confiança em suas capacidades afetiva física cog nitiva ética estética de interrelação pessoal e de inserção social para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania conhecer o próprio corpo e dele cuidar valorizando e adotan do hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da quali dade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva utilizar as diferentes linguagens verbal musical matemática gráfica plástica e corporal como meio para produzir expres sar e comunicar suas idéias interpretar e usufruir das produ ções culturais em contextos públicos e privados atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tec nológicos para adquirir e construir conhecimentos questionar a realidade formulandose problemas e tratando de resolvêlos utilizando para isso o pensamento lógico a cria tividade a intuição a capacidade de análise crítica selecionan do procedimentos e verificando sua adequação BRASIL 1997 n p Com esses objetivos foram então definidos os principais te mas também denominados Temas Sociais Emergentes que são 191 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola ética meio ambiente pluralidade cultural saúde trabalho e con sumo e orientação sexual A partir deles autores da Educação Fí sica passaram a estudar e a projetar conteúdos que pudessem dar conta dessa complexidade Trabalhar com os conteúdos da cultura corporal de movi mento com base nos Temas Transversais não é uma tarefa fácil porém Darido et al 2006 criaram ou adaptaram estratégias partindo da mídia impressa Essas estratégias foram concebidas sob a óptica das dimensões conceituais procedimentais e atitu dinais Darido e Rangel 2010 elaboraram propostas abrangendo os Temas Transversais sob a óptica das dimensões dos conteúdos Nesta unidade você terá a oportunidade de estudar esses temas e verificar sua aproximação com o conteúdo jogo Os demais conteúdos da cultura corporal de movimento provavelmente lhe fornecerão outros exemplos de aplicações Você deve perceber que nesta unidade os jogos serão vis tos como um meio para se atingir o objetivo de trabalhar os Temas Transversais Note também que nesta unidade não trataremos de faixa etária portanto quando você trabalhar na escola procurará analisar seus alunos e optar por algumas dessas sugestões 6 JOGO E ORIENTAÇÃO SEXUAL Segundo Darido et al 2006 p 67 Esse tema engloba os conceitos de sexualidade ligados natural mente à vida e à saúde às questões de gênero dando ênfase ao papel social de homens e mulheres e aos estereótipos da relação entre ambos além das discussões relacionadas às doenças sexual mente transmissíveis e à gravidez na adolescência Pelo fato de a Educação Física estar diretamente relacionada ao corpo principalmente a sexualidade deve ser levada em conta Entretanto muito ainda teremos que estudar principalmente em relação aos preconceitos para que possamos ter uma atuação re almente educadora Jogos e Brincadeiras I 192 Não é difícil perceber os trabalhos que podem ser feitos em relação ao tema trabalhar as questões de gênero a discriminação dos homossexuais e mulheres no esporte os homens na dança o uso do doping para que algumas mulheres se tornem mais fortes as mulheres na luta e no futebol entre outros Esses temas podem ser provocados ou o professor pode aproveitar conversas apelidos pejorativos ou trejeitos discriminatórios que possam surgir em aula Em relação aos jogos vamos sugerir alternativas para que as meninas tenham a mesma oportunidade que os meninos pois como se sabe elas são alvo de gozações ou até mesmo exclusões por parte dos meninos quando o assunto é jogar com os pés Jogo com times mistos Delimitar uma área e um objeto a ser atingido trave cone garrafa plástica Durante 5 minutos apenas os meninos podem chutar tentando acertar o alvo Nos próximos 5 minutos apenas as meninas podem chu tar Se um chute certeiro for dado por uma menina o próxi mo só poderá ser dado por um menino Times de meninos e meninas 1 Em um mesmo campo dois times de meninos jogam en tre si A x B o que também acontece com um time de meninas C x D 2 Quando um time faz um gol mudamse os times que se enfrentam A x C e B x D 3 Todas as vezes que um alvo é acertado trocamse os ti mes que se enfrentam 4 Tanto na primeira quanto na segunda forma de se jogar são dadas oportunidades iguais para as crianças até que 193 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola estas consigam jogar sem uma estratégia diferenciada Esse será o objetivo do professor dar oportunidades iguais para pessoas diferentes 7 JOGO E ÉTICA A Ética diz respeito às questões da moral que envolvem os valores humanos bem como ao sentido de convivência entre os seres humanos É impossível falarmos de ética sem nos reportar mos aos direitos e deveres dos cidadãos A escola tem sido alvo de inúmeros exemplos atualmente de atitudes de jovens que a desrespeitam escrevendo em cartei ras livros pichando muros e até maltratando professores e dire tores Isso prova que muitas vezes eles entendem seus direitos mas esquecemse de seus deveres Como o professor de Educação Física poderá contribuir para que os alunos construam uma moral cidadã relacionandose paci ficamente com os outros Não é uma tarefa tão fácil entretanto os jogos apresentam várias possibilidades de trabalho nesse sen tido Vamos exemplificar analisando algumas atitudes observadas durante a realização de jogos bem como a de esportes Lembre se o professor é peça fundamental para que os alunos entendam determinadas ações ocorridas durante os jogos Um dos pontos fundamentais desta discussão é a contri buição para a formação do espírito de equipe De que forma isto acontece De forma bem simples podemos e devemos explicar aos nossos alunos assuntos que às vezes parecem redundantes mas que são fundamentais para a formação do espírito de equipe Uma equipe necessita de todos os integrantes para jogar A falta de um ou mais companheiros torna o jogo esportivo desmotivan te enfadonho ou descaracterizado Assim todos são importantes Ainda nessa linha de pensamento não importa quanto um jogador seja bom sem o restante da equipe não pode haver o jogo Jogos e Brincadeiras I 194 Explique isso a seus alunos façaos entender que todos são importantíssimos para a equipe Aliás o significado de equipe é justamente o de grupo de pessoas que trabalham pelo mesmo ob jetivo Embora possamos trabalhar outros tipos de jogos os jogos cooperativos apresentam a característica de que todos realizam uma tarefa com o mesmo objetivo ORLICK 1978 BROTTO 2000 podendo ser utilizados no trabalho com Ética Vamos a um exem plo 1 Formar um círculo com todos os alunos da turma O pro fessor ficará do lado de fora do círculo com um saco de bolas 2 O objetivo do jogo é manter o maior número de bolas no ar sem deixálas cair 3 O professor entregará para a primeira criança uma bola Esta deverá passar a bola para outra criança que a pas sará para outra até que todas tenham recebido uma única vez a bola 4 A bola sempre deverá ser passada para a mesma pessoa 5 O último a passará para o primeiro que recomeçará o jogo 6 O professor deverá ir introduzindo outras bolas na me dida em que as crianças consigam passálas sem deixar nenhuma delas cair Nesse jogo as bolas podem variar conforme o tamanho o peso e a cor Isso também auxiliará na questão da coordenação motora Ao final da atividade o professor conversará com as crianças sobre o fato de todos colaborarem para o alcance do objetivo do jogo de como todos são importantes e de como tiveram que res peitar cada companheiro para quem lançavam a bola Se apenas o jogo for dado sem a análise do professor pro vavelmente as crianças sairão da aula sem prestarem atenção ao que fizeram em relação à Ética Veja o texto a seguir sobre esse assunto 195 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola devemos entender que o movimento que a criança realiza num jogo tem repercussões sobre todas as dimensões do seu compor tamento e mais que esta atividade veicula e faz a criança introje tar determinados valores e normas de comportamento Portanto aquela idéia de que atuando sobre o físico estamos automatica mente e magicamente atuando sobre as outras dimensões precisa ser superada para que estas possam ser levadas efetivamente em consideração na ação pedagógica BRACHT 1992 p 66 Podemos compreender que o jogo é uma prática de trans formação social desde que o professor principalmente o encare como tal Outro fator importante é mostrar aos alunos que jogar con tra é jogar com BELBENOIT 1976 BRACHT 1992 Não há jogo ou competição sem a equipe adversária e portanto o adversário é peça fundamental O coletivo deve estar além do individualismo o que equivale a compreender que o adversário é um compan heiro tanto quanto o companheiro de sua equipe Mesmo por que o jogo esportivo como qualquer jogo possui a magia de ter um começo um meio e um final Terminada esta magia todos voltam à realidade ou seja todos os alunos se encontrarão em outras au las em diversos locais da escola e em outras aulas de Educação Física Assim o mesmo colegaadversário poderá em dado mo mento estar em sua equipe Dessa forma no jogo encontramos várias formas de desen volvimento da cooperação Podemos percebêla na cooperação interna entre o grupo da própria equipe e da equipe adversária para que o jogo aconteça Além disso o professor pode solicitar a cooperação de seus alunos para a organização do jogo que inclui a divisão das equipes a organização do material necessário trans portar cuidar conservar guardar a arbitragem a contagem o tempo etc Os alunos então não serão tratados como meros es pectadores Outra característica do esporte é a competição não podem os negála mas podemos discutila Muitas questões podem ser levantadas com os alunos como por exemplo qual o valor da Jogos e Brincadeiras I 196 competição Quais os exageros ligados à competição O doping a corrupção e a violência são valores a serem aproveitados As agressões a que assistimos ultimamente entre torcidas são exem plos a serem copiados Os fatos que geralmente ocorrem quando a competição é exagerada podem oferecer uma oportunidade de discussão e acordo da turma O professor não pode continuar como promotor das resoluções desses conflitos atuando como juiz e resolvendo todos os problemas Um momento de discórdia sempre pode ha ver o que deve incentivar a resolução de conflitos pelos próprios alunos Isto pode significar às vezes perda de tempo em termos de horário de aula Entretanto deixar que estes decidam pode sig nificar muito em ganho de vivência e participação social Muitas vezes os alunos acabam percebendo que a discussão sem resulta dos faz que a aula seja perdida e geralmente chegam a um enten dimento Quando o professor decide quem está certo ou errado evita discórdias mas impede também a participação e a tomada de decisão dos alunos Quanto às regras estas não devem servir como suporte para a alienação e a subserviência dos alunos Muito pelo contrário é necessário compreender os motivos pelos quais determinadas re gras foram criadas e por que podemos questionálas A possibilida de de discussão sobre as regras do jogo esportivo ou a adaptação de novas regras não faz que o jogo perca suas características mas permite que seja entendido e não simplesmente copiado Nesse ponto outros esportes podem surgir adaptados às condições re gionais da escola O incentivo à lealdade também é algumas vezes esquecido e até mesmo a deslealdade é praticada quando o interesse está em ganhar a qualquer preço Ações como ficar na frente da bola para o juiz não enxergar corretamente ou elevar os braços à fren te do adversário são ensinadas aos alunos parecendo sem muita importância ou consequências mas que camuflam a deslealdade 197 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola Aprender a dizer quando uma bola foi dentro ou fora e reconhecer uma falta cometida ao contrário são ações que incentivam o fair play tão fora de moda ultimamente Geralmente comportamen tos desleais como os descritos são passados aos alunos por pro fessores frustrados que não conseguindo ser técnicos esportivos tentam fazer de seus alunos atletas quando na realidade nem de atletas deveríamos aceitar tais condutas 8 JOGO TRABALHO E CONSUMO Este tema traz para debate o fato de vivermos em uma época na qual o trabalho é extremamente valorizado ao mesmo tempo em que o consumo também o é Isso é importante uma vez que estando dentro da escola valorizaremos a ascensão dos alunos por meio do trabalho A escola é entendida como um dos facilita dores dessa ascensão No entanto não podemos nos esquecer de que se existe trabalho existem também as horas de não trabalho que foram conseguidas com sacrifício pelos trabalhadores mas que não têm sido muito bem aproveitadas Chamamos de lazer as horas de não trabalho No Caderno de Referência de Conteúdo de Jogos e Brincadeiras II você entrará em contato mais detalhado com as questões do lazer Por ora quere mos que você compreenda que pode trabalhar de diferentes for mas unindo os interesses do jogo aos do lazer Seus alunos poderão dizer quais jogos praticam em suas horas de lazer que para eles correspondem às horas extraesco lares em que não estão fazendo lição de casa nem alimentando se ou cuidando de sua higiene Você ficará surpreso com as respostas Muito provavel mente as crianças passam boa parte de suas horas de lazer em frente à TV A partir daí poderão então iniciar as considerações sobre as questões de movimento unindo saúde e lazer Jogos e Brincadeiras I 198 Mas voltando aos jogos que tal perguntar a eles se usam os jogos que aprenderam na escola para se divertir Se já ensinaram a seus amigos algum jogo escolar Que tal aprenderem um jogo o qual seus avós praticavam na rua Ou que tal transformar um jogo de video game que conhecem em um jogo para brincar nas horas de lazer Não será uma tarefa fácil mas é possível sim As considerações sobre o consumo também podem ser alvo das aulas de Educação Física Para Darido et al 2006 p 148 Mais acentuadamente como problema social o consumismo é uma tendência na nossa sociedade pois as pessoas parecem ser valorizadas cada vez mais pelo que têm e não por seus valores pes soais ou costumes morais enfim pelo que são Também a Educa ção Física parece ter incorporado essa tendência ao longo das últi mas décadas do século XX especialmente com a ênfase no esporte em fitness que ressaltam a estética e o desempenho Entretanto a Educação Física também pode ser uma prática ou um estilo de vida associada ao ser e não apenas ao fazer algum esporte ou ao ter um corpo bonito Com os alunos de escola fundamental podese chamar a atenção para os jogos que não exigem nenhum ou pouco material Que tal propor que façam um trabalho mostrando jogos sem uso de material 9 JOGO E PLURALIDADE CULTURAL Iniciemos este tópico com o texto a seguir O tema transversal Pluralidade Cultural tem como objetivo o de senvolvimento do respeito e da valorização das diversas culturas existentes no Brasil contribuindo assim para uma convivência mais harmoniosa em sociedade com o repúdio a todas as formas de dis criminação DARIDO RANGEL 2010 p 9091 Ampliar a visão sobre a Pluralidade Cultural significa grosso modo aceitar as diferenças sejam elas de cunho social étnico racial de gênero entre outras que várias culturas apresentam Na Educação Física significa também entender que as habili 199 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola dades motoras dos alunos se apresentam de formas diferenciadas mesmo que tenham tido a mesma oportunidade de aprendizado Igualmente devemos respeito aos deficientes que são diferentes em termos motores mas iguais em direitos Nesta unidade o en foque não abrangerá a questão dos deficientes mas ela é tão im portante que receberá um tratamento especial em outro caderno do seu curso Nas unidades anteriores você pôde aprender diversos jogos indígenas africanos e até mesmo de outras regiões do país Além de jogos que podem ser ensinados durante toda a escolarização você deve prestar atenção às práticas preconceituosas que pos sam ocorrer em aula referentes a apelidos ou frases sutis declara ções em momentos de grande tensão em um jogo brincadeiras e gozações sempre com as mesmas crianças principalmente as que diminuem não apenas as crianças mas uma etnia inteira Além dessas observações o professor deve prestar atenção aos seus próprios preconceitos lembrando que os alunos estão at entos não apenas às palavras mas também às ações do professor Apresentamos a seguir parte de um texto que mostra como a profa Cristiane Pereira de Souza estudou e realizou um belíssimo trabalho com jogos africanos conseguindo vencer o preconceito étnicoracial em suas aulas Ela fez um projeto com oito etapas Seu texto completo pode ser encontrado em Rangel 2010 p 261 269 sob o título Educação física escolar consciência negra As crianças participantes estavam no 5º ano de uma escola pública com idade compreendida entre nove e dez anos O pro jeto durou cerca de cinco meses As etapas 1 a 3 constituíramse do resgate da definição do que é brincadeira e qual sua importância na 5ª etapa Apresentação de algumas brincadeiras africanas mostrando seu local de origem e a forma como se brinca neste lugar deixando aberto a modificações dos alunos para aumentar o interesse e participação de todos no segundo momento Foram elas pisa negação de impostos gato come rato terra e mar e nztho Além de comparálas com atividades já conhecidas pelos alunos pisa alerta ou stop Jogos e Brincadeiras I 200 negação de imposto rio vermelho ou elefantinho colorido gato come rato gato e rato terra e mar vivo e morto e nztho pegapega Discussão sobre outras que são pejorativas e têm sua origem enraizada na escravidão como belisco cavalinho barramanteiga chicotinho queimado e escravos de Jó 5ª etapa Resgate da definição de jogo e sua importância Apresentação de jogos africanos mostrando seu local de origem e a forma como se joga neste lugar deixando aberto a modificações dos alunos para aumentar o interesse e participação através da modificação do grau de dificuldade dos mesmos em um segundo momento Foram estes labirinto coché espreita calcinha e My God Também utilizando a comparação destes com jogos já conhecidos labirinto os jogos de labirinto de revistas coché queimada espreita calcinha não identificaram nenhum jogo parecido com este My God queimada com objetos corrida da hiena tabuleiros de trilhas e banco imobiliário e mancala não conseguiram identificar um jogo parecido Além disso neste momento os alunos puderam construir os tabuleiros dos jogos com sucatas e materiais recicláveis ou utilizálos como instrumentos dos jogos como no My God onde utilizamos latas Discussão e pesquisa com a família e parentes sobre brincadeiras ou jogos que estes achavam ser de origem negra Foram levantadas as seguintes três marias ou bugalha não identificamos origem pião registro da préhistória pipa China bonecas negras de pano não descobrimos sua origem porém está sempre interligada com a valorização da identidade das crianças negras O resultado desse trabalho auxiliou a própria professora que voltou seu olhar para a discriminação tendo que buscar em livros sites e estudar muito sobre o assunto Além disso esse tra balho trouxe benefícios para todos os alunos não apenas para os que se sentiam discriminados A título de exemplo apresentamos o jogo My God PRISTA TEMBE EDMUNDO 1992 Dividir a turma em dois grupos A e B no jogo original joga se com grupos de oito a 12 crianças Os dois grupos serão novamente divididos em dois ficando metade de cada lado da quadra Ao centro ficarão oito latinhas de leite em pó ou similar O objetivo do grupo A será empilhar duas pilhas de latas com quatro latas cada uma entrando para tanto duas crianças por vez 201 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola ao centro Quando conseguirem empilhar passarão a perna por cima das latas e gritarão My God marcando um ponto para sua equipe derrubando com um pontapé e sendo substituídas por ou tras duas crianças O objetivo do grupo B será de posse de uma bola de meia derrubar as latinhas ou queimar quem estiver tentando montar as colunas de latas Principais regras 1 O grupo B que arremessar a bola de meia só poderá arremessála atrás de uma linha delimitada distante 9 m do centro ou conforme distância combinada 2 Quem estiver no centro do grupo A só poderá tocar na bola quando conseguir pegála no ar Caso tenha êxito poderá arremessála o mais longe possível obtendo mais tempo para montarem as latinhas 3 O jogo só terá início após três passagens de bola da equi pe B 4 Quem for queimado sai entrando outro elemento do grupo 5 Estipular um tempo para que a equipe A tente marcar o maior número de pontos Após esse tempo trocar quem tentava marcar pontos agora tentará queimar ou derrubar as latinhas 10 JOGO E MEIO AMBIENTE Na última década temos presenciado o aumento do inte resse pelas questões sobre o meio ambiente Muito se tem falado nem tanto se tem feito entretanto a população mundial está se dando conta de que é preciso em caráter de urgência tomarmos providências quanto ao que fazer para a melhoria de nosso plane ta As escolas como sistema importantíssimo na tomada de consciência dos futuros habitantes do planeta têm contribuído Jogos e Brincadeiras I 202 para a formação de cidadãos que cada vez mais procuram fórmu las ativas na preservação do meio ambiente A Educação Física não pode deixar de trazer sua contribuição e já tem criado alternativas para o aumento do interesse nesse assunto Procurando essas alternativas professores têm criado jogos sejam eles de quadra sejam de tabuleiro com a premissa do cui dado com o meio ambiente Além dos jogos pode haver por parte dos professores a re flexão por exemplo sobre o local de prática arborizado ou não a qualidade do ar poluição da água e das condições sonoras Vamos exemplificar o tema com um jogo Quiz Atividade física e meio ambiente Dividir a turma em dois grupos Cada grupo será representado por um aluno por vez para responder questões relacionadas à atividade física e ao meio ambiente Você pode modificar a forma de jogar por exemplo dando um tempo para que toda a turma discuta a resposta e eleja alguém para dizêla As questões podem ser feitas por você ou pelos próprios alunos Existe ainda a possibilidade de se realizar um trabalho interdisciplinar com os professores de ciências ou biologia Exemplos de questões A China país onde foram realizadas as Olimpíadas de 2008 teve que combater a poluição por exigência do Comitê Olímpico certo errado O Rio Tietê antes de sua total poluição era palco de competições de remo certo errado As pessoas que praticam trekking têm consciência ambiental e não jogam lixo nas trilhas certo errado Com esses exemplos cremos que você já compreendeu as regras do jogo e poderá ampliálo ou modificálo de acordo com seus conhecimentos Outra possibilidade de se trabalhar com o meio ambiente é reutilizar materiais para a confecção de brinquedos ou até criar materiais que possam ser usados em aula Vamos exemplificar fornecendo parte de uma lista apresen tada em Rangel 2010 p 320322 203 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola 1 Cabide de arame com meia de nylon são os utilizados por tin tureiros Os cabides puxados e cobertos com meia de nylon transformamse em raquetes 2 Cabo de vassoura ou pedaços roliços de madeira cortados de N tamanhos transformamse em bastões que podem servir para saltar marcar ou para corridas de revezamento suporte de redes ou barreira cada duas com outra madeira na horizon tal Podem também servir para marcação de ritmos 3 Caixa e tampinhas de garrafa ambas podem ser encapadas e transformamse em jogos de tabuleiro A própria caixa serve para guardar as peças 4 Caixas de papelão de diferentes tamanhos Servem para obs táculos em saltos em distância e altura Podem também se transformar em materiais para aulas historiadas trem casi nha castelos 5 Caixote devemos tomar cuidado com os pequenos pedaços de madeira lixar a caixa e pregos Servem para saltar trans portar marcar etc 6 Câmara de pneu de carro ou bicicleta podem ser cortadas no comprimento ou na largura Amortecem quedas podem ser guiadas com um pedaço de madeira tendo a ponta de arame encapado Servem também como obstáculos e cheias de ci mento com um suporte de madeira ao centro transformamse em mastros para redes 7 Cone de máquina industrial de papel higiênico ou papel de cozinha alumínio ou filme plástico são bem aproveitados para atividades manipulativas marcações equilíbrios Podem também ser empilhados ou usados para jogos de lançamento boliche por exemplo 8 Copos plásticos de vários tamanhos Excelentes para brinca deiras com água eou areia podem servir para marcação com areia dentro serem empilhados equilibrados etc 9 Embalagens de sabão líquido ou garrafas plásticas pet po dem ser utilizadas da mesma forma que os copos plásticos bem como para boliche ou tiro ao alvo Com alça podem ser cortadas ao meio servindo para receber bolinhas por exem plo 10 Garrafinhas de iogurte além de servirem para marcação de lugares e manipulação podem ser transformadas em choca lhos colocandose grãos ou pedrinhas dentro 11 Jornal é um dos melhores materiais que conhecemos além de ser de fácil aquisição é extremamente versátil Enrolado Jogos e Brincadeiras I 204 bem fino com as bordas para dentro transformase em bas tões de qualquer tamanho basta cortar o jornal no tamanho desejado Com cola pode ser transformado em espadas dis cos e pelotas para arremessos lanças barreiras Casinhas de jornal chapéus bolinhas e aviãozinhos são alguns exemplos de brinquedos que podem ser confeccionados com jornal 12 Latinhas de refrigerante cerveja leite em pó chocolate ser vem para marcar manipular boliche uma sobre a outra ou uma ao lado da outra Encher com cimento ou areia molhada para ficarem mais firmes 13 Mangueira de jardim ou de chuveiro caninhos para piscina arcos de diferentes tamanhos que podem ser unidos por um toquinho de madeira Petecas 14 Palha de milho e penas colchões que podem ser cobertos com lonita 15 Pedaços de madeira podem ser conseguidos em fábricas cortados de diferentes formas quadrados triângulos etc e pintados de diferentes cores com números e letras 16 Retalhos de tecidos marcar times capas cortados em tiras servem para fazer cordas 1 Roupas velhas fantasias Você já pensou sobre esse assunto e sua relação com a ativi dade física e os jogos Cremos que a partir deste momento você passará a criar e modificar jogos com o intuito de auxiliar o trata mento dado ao meio ambiente não é mesmo 11 JOGO E SAÚDE Quando se fala em atividade física na mente de um leigo sempre virá atrelada a palavra saúde Essa é uma verdade in teressante embora outras questões que já foram discutidas ao longo deste caderno façam também parte da área da Educação Física E isso não poderia ser diferente tendo em vista que esta área está diretamente relacionada ao corpo consequentemente à saúde 205 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola Outra palavra atrelada à Educação Física é a palavra movi mento Movimento é saúde Assim desde pequenos nossos alunos devem ser incentiva dos a se movimentar Se ligarmos a televisão ou procurarmos em livros e na Internet veremos que o grande mal da humanidade atualmente é não se movimentar Muitas doenças que acometem os seres humanos podem ser tratadas ou amenizados seus sinto mas pelo movimento especialmente os movimentos dirigidos por um especialista Como nossa unidade trata dos jogos vamos sugerir que o tema saúde seja visto por meio de um jogo pouco utilizado na es cola o jogo de tabuleiro Os jogos de tabuleiros são conhecidos desde a Antiguidade muitos já foram esquecidos outros são transformados em video games Você como professor poderá incentivar seus alunos a criarem mais jogos Essa possibilidade também foi levantada em relação ao meio ambiente e à pluralidade cultural Como agir para que seus alunos criem jogos de tabuleiro 1 Peça para guardarem sucatas que possam ser transfor madas em jogos tampinhas latinhas papel colorido revistas jornais 2 Prepare cola cartolina e canetas coloridas geralmente as escolas possuem esse material 3 Escolha um tema no caso relacionado à saúde 4 Divida a turma em pequenos grupos 5 Relembre com os alunos quais jogos de tabuleiro eles conhecem valem os de baralho também trilha war detetive puzzle batalha naval mico entre outros Você verá como os alunos são extremamente criativos basta deixálos tentar Jogos e Brincadeiras I 206 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Os Parâmetros Curriculares Nacionais BRASIL 1998 propõem os Temas Transversais a serem estudados em todas as disciplinas Escolha um deles e faça a sua proposta para o desenvolvimento de jogos eou brincadeiras optando também por uma faixa etária 2 Por que podemos dizer que outros Temas Transversais podem ser propostos para o desenvolvimento de jogos e brincadeiras 3 Procure um jogo eou uma brincadeira de outra cultura e justifique sua uti lização para o desenvolvimento do Tema Transversal Pluralidade Cultural 4 Procure um jogo eou uma brincadeira de outra cultura e justifique sua utili zação para o desenvolvimento do Tema Transversal Saúde 13 CONSIDERAÇÕES Nesta última unidade você conheceu uma forma diferente de ensinar o jogo na qual os Temas Transversais ditaram o objetivo a ser desenvolvido Esperamos que esses exemplos sirvam para que no futuro você tenha condições de escolher estratégias de ensino que facilitem sua prática profissional Esperamos também que além de tais exemplos terem despertado o seu interesse pelo ensino diferenciado do jogo você reflita atentamente sobre out ros temas que possam surgir em relação à vida e à sociedade atual Quem sabe daqui a alguns anos os temas sobre o meio am biente e os preconceitos não representem mais um problema e outros estejam em voga Porém temos certeza de que você será capaz de enfrentálos e talvez utilize o jogo para amenizálos Chegamos ao fim deste estudo com a esperança de que você aluno EaD tenha refletido sobre um conteúdo chamado jogo que não lhe era desconhecido já que você certamente jogou em sua infância mas que oferece muitas outras possibilidades de trabalho 207 Claretiano Centro Universitário U7 Outras Possibilidades de Aplicação do Conteúdo Jogo na Escola Ao término deste estudo você estará se questionando sobre as inúmeras possibilidades de aplicação e aprendizado do jogo e também se não seria mais fácil apenas aplicar um jogo e só Respondemos a você com uma pergunta é isso o que se espera de um professor de Educação Física competente Ensinar um jogo é fácil qualquer um pode fazêlo en sinálo e prestar atenção aos alunos ter uma ou mais intenções metodológicas é que são elas Esperamos que você aluno do Cen tro Universitário Claretiano tenha conseguido perceber o quanto pode ser importante na vida de seu aluno ajudandoo a ir além do jogo Desejamos portanto que você possa fazer a diferença no ensino da Educação Física na escola indo além do aprendizado deste Caderno de Referência de Conteúdo 14 EREFERÊNCIAS Sites pesquisados BRASIL Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 939496 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03LeisL9394htm Acesso em 8 mar 2012 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais apresentação dos temas transversais ética Disponível em httpportalmecgovbr sebarquivospdflivro081pdf Acesso em 8 mar 2012 ECOBSERVATÓRIO Comunicação para um olhar sustentável China disfarça poluição durante Olimpíadas Disponível em httpecobservatorioblogspotcom200807 chinadisfarapoluioduranteolimpadashtml Acesso em 9 mar 2012 O GLOBO Disponível em httpogloboglobocommundomat20080801china correcontrarelogioparacombaterpoluicao547520080asp Acesso em 29 jul 2010 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELBENOIT G O desporto na escola Lisboa Estampa 1976 BRACHT V Educação Física e aprendizagem social Porto Alegre Magister 1992 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais Jogos e Brincadeiras I 208 apresentação dos temas transversais ética Brasília MECSEF 1997 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos apresentação dos temas transversais Brasília MECSEF 1998 BROTTO F O Jogos cooperativos se o importante é competir o fundamental é cooperar Santos Projeto Cooperação 2000 DARIDO et al Educação Física e temas transversais possibilidades de aplicação São Paulo Ed Mackenzie 2006 DARIDO S C RANGEL I C A Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 ORLICK T Libres para cooperar libres para crear nuevos juegos y deportes cooperativos Barcelona Paidotribo 1978 RANGEL I C A Educação Física e infância Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2010 PRISTA A TEMBE M EDMUNDO H Jogos de Moçambique Portugal INEF 1992