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Texto de pré-visualização
JOGOS E BRINCADEIRAS II CURSOS DE GRADUAÇÃO EAD Jogos e Brincadeiras II Profa Márcia Morschbacher e Profa Ms Maria Eliza Gama Santos Meu nome é Márcia Morschbacher sou graduada em Educação Física Licenciatura pela Universidade do Oeste de Santa Catarina Unoesc especialista em Educação com Concentração em Educação Física pela Unoesc especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Federal de Santa MariaRS UFSM e mestranda em Educação Física pela Universidade Federal de PelotasRS UFPel Como Professora de Educação Física atuei nos anos iniciais do Ensino Fundamental durante quatro anos além de participar durante dois anos nos projetos sociais Programa Segundo Tempo e Programa Esporte e Lazer da Cidade em 2005 no município de São Miguel da Boa VistaSC e em 2009 no município de Santa MariaRS respectivamente Email mmedufisicayahoocombr Meu nome é Maria Eliza Gama Santos Sou graduada em Educação Física Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Santa MariaRSUFSM especialista em Supervisão Escolar pela Universidade Federal do Rio de Janeiro mestre em Educação na linha de Formação Saberes e Desenvolvimento Profissional pelo programa de pósgraduação em Educação da UFSM defendendo dissertação sob o título Formação Continuada de Professores e Desenvolvimento Institucional de Escolas Públicas Avanços Possibilidades e Limites no ano de 2007 Como professora substituta atuei nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da UFSM e atualmente sou doutoranda do programa de pósgraduação em Educação da UFSM Email melizagamayahoocombr Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação JOGOS E BRINCADEIRAS II Maria Eliza Gama Santos Márcia Morschbacher Batatais Claretiano 2014 Ação Educacional Claretiana 2010 Batatais SP Versão ago2014 796 M859j Morschbacher Márcia Jogos e Brincadeiras II Márcia Morschbacher Maria Eliza Gama Santos Batatais SP Claretiano 2014 176 p ISBN 9788583771418 1 Lazer 2 Educação 3 Escola 4 Cultura 5 Aprendizagem I Santos Maria Eliza Gama II Jogos e Brincadeiras II CDD 796 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional J Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães CRB7 6411 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F M Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados É proibida a reprodução a transmissão total ou parcial por qualquer forma eou qualquer meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação e distribuição na web ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana Claretiano Centro Universitário Rua Dom Bosco 466 Bairro Castelo Batatais SP CEP 14300000 ceadclaretianoedubr Fone 16 36601777 Fax 16 36601780 0800 941 0006 wwwclaretianobtcombr Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO 9 UniDADE 1 CONTEÚDOS ESCOLARES E A CULTURA BUSCANDO CAMINHOS PARA UMA RELAÇÃO PEDAGÓGICA 1 OBJETIVOS 23 2 CONTEÚDOS 23 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 24 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 26 5 CULTURA ESCOLA E TRANSMISSÃO CULTURAL 27 6 CULTURA ESCOLA E EDUCAÇÃO FÍSICA ALGUMAS INTERLOCUÇÕES 45 7 TEORIAS PEDAGÓGICAS CULTURA CORPORAL E CONTEÚDOS DE ENSINO 53 8 CULTURA CORPORAL E OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS 55 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 56 10 CONSIDERAÇÕES 59 11 EREFERÊnCiAS 60 12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 61 UniDADE 2 LAZER E TRANSMISSÃO CULTURAL NA ESCOLA JOGOS E BRINCADEIRAS COMO CONTEÚDOS ESCOLARES 1 OBJETIVOS 63 2 CONTEÚDOS 63 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 64 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 65 5 O LAZER NA SOCIEDADE MODERNA ORIGEM HISTÓRIA E CONCEITOS CONTEMPORÂNEOS 66 6 O LAZER COMO VEÍCULO E COMO OBJETO DE EDUCAÇÃO UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO 78 7 LAZER COMO PRÁTiCA SOCiAL COnTEÚDOS PARA A EDUCAÇÃO FORMAL 81 8 EDUCAÇÃO FÍSiCA ESCOLAR E O LAZER UMA RELAÇÃO nECESSÁRiA 88 9 TEXTO COMPLEMENTAR 88 10 O LAZER NOS CONTEXTOS SOCIAIS E AS DEMANDAS EDUCACIONAIS 93 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 98 12 CONSIDERAÇÕES 99 13 EREFERÊnCiAS 100 14 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 100 UniDADE 3 A RELAÇÃO DOS CONTEÚDOS ESCOLARES JOGOS E BRinCADEiRAS COM O PROJETO POLÍTiCOPEDAGÓGiCO DA ESCOLA 1 OBJETIVO 103 2 CONTEÚDOS 103 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 104 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 104 5 LEiTURA DO TEXTO SOBRE O PROJETO POLÍTiCOPEDAGÓGiCO 105 6 AUTONOMIA DA ESCOLA E OS PRESSUPOSTOS ORIENTADORES DO PROJETO POLÍTiCOPEDAGÓGiCO 113 7 ATiViDADE PRÁTiCA RELACiOnADA AOS TEXTOS 122 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 131 9 CONSIDERAÇÕES 132 10 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 132 UniDADE 4 JOGOS E BRINCADEIRAS COMO CONTEÚDO ESCOLAR A PRÁTiCA DE SALA DE AULA 1 OBJETIVO 133 2 CONTEÚDOS 133 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 133 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 134 5 RESEnHA DE TEXTOBASE 135 6 A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA REFLEXÕES LIMITES E POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS 157 7 O JOGO DE CAÇADOR EXPERiÊnCiAS COM A PRÁTiCA PEDAGÓGiCA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 164 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 172 9 CONSIDERAÇÕES 174 10 EREFERÊnCiAS 175 11 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 175 CRC Caderno de Referência de Conteúdo 1 INTRODUÇÃO Seja bemvindo Caro aluno iniciaremos o estudo de Jogos e Brincadeiras II que garante a você futuro professor o acesso e a aquisição de conhecimentos relativos aos jogos e brincadeiras conteúdos de ensino presentes nos currículos das escolas de Educação Básica Focaremos o estudo sobre a cultura a relação da cultura com a seleção e a organização dos conteúdos escolares o lazer como prática social e como conteúdo escolar e a relação dos con teúdos escolares com os contextos sociais e com os jogos e brinca deiras Todos esses são elementos importantes para a formação de cidadãos Procuramos evidenciar o desenvolvimento cognitivo da criança do jovem e do adulto com relação ao movimento corporal ao jogo ao brincar e ao lúdico levando em consideração sua inser ção na cultura corporal da sociedade contemporânea Jogos e Brincadeiras II 8 Também priorizamos com os temas selecionados que você futuro professor possa transitar nos diferentes conteúdos peda gógicos para a Educação Física escolar adquirindo competências próprias para atuar como profissional da educação Consideramos fundamental que você ao final deste estudo consiga situar a experiência corporal como um fator de formação do indivíduo e que compreenda que os jogos e as brincadeiras re presentam uma parte significativa dessa formação Objetivamos ainda leválo a compreender criticamente o processo de construção cultural dos conhecimentos relaciona dos aos jogos e às brincadeiras a importância da sua inserção nos currículos escolares e a vivência com diferentes possibilidades do trato pedagógico desses conteúdos Ao apropriarse de tal conhe cimento você atuará com consciência crítica entendendo assim a importância de sua função no universo escolar Esperamos que você consiga selecionar conteúdos referen tes ao tema compondo propostas de ensino para a Educação Bási ca respeitando as diferenças de aprendizagem associandoos ao contexto dos alunos à proposta pedagógica da escola e à proposta educacional do país No Caderno de Referência de Conteúdos CRC você encon trará as unidades básicas Elas o ajudarão a compreender a im portância dos conhecimentos do lazer e dos jogos e brincadeiras para a formação de um profissional que atuará como professor na Educação Básica subsidiandoo com informações para o planeja mento e o desenvolvimento de propostas de ensino na escola na Unidade 1 trataremos da relação da cultura com os con teúdos escolares no âmbito da Educação Física escolar situando os jogos e as brincadeiras no campo da cultura corporal Outra abor dagem será o estudo das propostas pedagógicas que fundamen tam o ensino da Educação Física com o intuito de suscitar reflexões referentes à atuação pedagógica do professor na escola 9 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Na Unidade 2 abordaremos a origem do lazer e como ele se configura em nossa sociedade contemporânea Será feita uma análise dos seus limites e suas possibilidades determinantes e de terminados por esta organização social do lazer como veículo e objeto de educação educação pelo lazer e para o lazer respecti vamente Além disso veremos os jogos e brincadeiras concebidos como conteúdos escolares e como componentes do lazer refle tindo acerca das possibilidades de interlocução entre o lazer e a Educação Física escolar na Unidade 3 discutiremos sobre a relação dos jogos e brin cadeiras conteúdos escolares com o Projeto PolíticoPedagógico da escola Serão debatidos o papel deste documento como e por quem ele é elaborado e quais são os seus pressupostos e as partes que o compõem Por fim na Unidade 4 aproximando você de modo especial da realidade escolar proporemos discussões e atividades cuja ên fase dáse na inserção e na intervenção pedagógica do alunofutu ro professor na escola Após essa introdução aos conceitos principais apresentare mos a seguir no Tópico Orientações para estudo algumas orienta ções de caráter motivacional dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Aqui você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade No entan to essa Abordagem Geral visa fornecerlhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial te órico com base sólida científica e cultural para que no futuro Jogos e Brincadeiras II 10 exercício de sua profissão você a exerça com competência cogniti va ética e responsabilidade social Jogos e Brincadeiras II garante aos acadêmicos futuros professores o acesso e a aquisição de conhecimentos relativos aos jogos e brincadeiras nos currículos das escolas de Educa ção Básica Focamos o estudo sobre a cultura a relação da cultura com a seleção e organização dos conteúdos escolares o lazer como prática social e conteúdo escolar a relação dos conteú dos escolares com os contextos sociais e os jogos e brincadei ras elementos importantes para a formação de cidadãos A proposta deste Caderno de Referência de Conteúdo é levar os acadêmicos a compreender criticamente o processo de constru ção cultural dos conhecimentos relacionados aos jogos e às brin cadeiras a importância de suas inserções nos currículos escolares bem como vivenciar diferentes possibilidades do trato pedagógico desses conteúdos Os acadêmicos além disso terão a possibilidade de compre ender a interface entre educação e lazer situando o lazer sob a perspectiva do duplo processo educativo que o permeia a educa ção para e pelo lazer assim como as possibilidades pedagógicas deste no âmbito da Educação Física Escolar Ao apropriaremse de tal conhecimento os futuros educadores atuarão com consciência crítica compreendendo assim a importância de sua função no universo escolar Neste Caderno de Referência de Conteúdo dentre os temas a serem estudados pretendemos aprofundar alguns conceitos in dissociáveis da discussão sobre os conteúdos escolares especial mente relacionandoos com o Lazer Nesse sentido para atender a essa demanda propomos o estudo do lazer e sua inserção no contexto educacional articulado ao estudo de temas como o con ceito de Cultura Projeto PolíticoPedagógico Conteúdos Escola res Conteúdos Escolares da disciplina de Educação Física entre outros conforme é possível visualizar a seguir 11 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Organizamos nosso estudo em quatro unidades apresenta das a seguir com os objetivos específicos de cada uma delas Unidade 1 Os Conteúdos Escolares e a Cultura Buscan do Caminhos para uma Relação Pedagógica Unidade 2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Unidade 3 A Relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto Políticopedagógico da Escola Unidade 4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar A Prática de Sala de Aula Unidade 1 Nessa unidade objetivamos que os acadêmicos compreen dam a relação dos conteúdos escolares da Educação Física com a cultura o papel da escola como instituição formal responsável pela transmissão cultural e que sejam capazes de situar a cultura corporal no âmbito das aulas de Educação Física Inicialmente discutiremos a cultura como fonte para a sele ção dos conteúdos escolares a partir das ideias trazidas por Jean Claude Forquin 1993 em seu livro Escola e cultura as bases so ciais e epistemológicas do conhecimento escolar Esse texto tem a função primordial de questionar os pré conceitos sobre a cultura e apresentar dois pontos de vista dis tintos e coexistentes na organização curricular das escolas atuais Conhecer e identificar essas diferenças é um passo indispensável para que se compreenda a organização dos conteúdos escolares a partir da cultura especialmente no que se refere à legitimidade dos jogos e brincadeiras inseridos nas aulas de Educação Física Em seguida discutiremos dois tópicos a partir das ideias de Valter Bracht baseandonos em dois textos No primeiro funda mentado no artigo Educação Física conhecimento e especifici dade procuraremos situar a cultura corporal de movimento no Jogos e Brincadeiras II 12 âmbito das aulas de Educação Física o segundo diz respeito às te orias pedagógicas discutidas no artigo A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física Nele o autor propõe a análise do processo de construção das teorias pedagógicas da Educação Física no Brasil demonstrando como se refletem as concepções e os sentidos de corpo na sociedade atual Refletiremos sobre a necessidade de ruptura no que diz res peito à visão atual de corpo e conheceremos quais são os desafios postos à educaçãoEducação Física escolar Como ponto prelimi nar podemos considerar que a tematização pedagógica da cultura corporal de movimento pode contribuir para que essas rupturas se consubstanciem No entanto é necessário compreender os tópicos anterior mente mencionados e que sejamos capazes de nos posicionar e agir ante os desafios atribuídos à educaçãoEducação Física escolar Por fim trataremos das proposições para a organização dos conteúdos e das práticas escolares contidas nos Parâmetros Curri culares Nacionais para a Educação Física Escolar Unidade 2 O objetivo central é permitir que os acadêmicos compreen dam que o lazer se constitui em uma prática social estabelecida em uma parte de nosso patrimônio cultural que deve ser transmi tido pela educação formal Os conteúdos referemse ao estudo das questões relaciona das à transmissão cultural na escola os elementos mais signifi cativos acumulados historicamente e imprescindíveis à formação dos sujeitos ao lazer concebido como elemento da cultura e aos jogos e brincadeiras inseridos no espaço escolar como conteúdos de ensino da Educação Física Trabalharemos inicialmente com o texto As Antinomias dialéticas do lazer de autoria de Gustavo Martins Piccolo Por meio do texto os acadêmicos poderão compreender a gênese 13 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo do lazer na sociedade moderna e como alguns autores brasileiros contemporâneos que se dedicam ao estudo do lazer posicionam se sobre o tema Como segundo passo propomos reflexões em relação ao duplo caráter educativo do lazer como veículo e como objeto de educação dialogando com Nelson Carvalho Marcellino Em seguida propomos o estudo do texto Nexos entre e Educação Física Escolar e o Lazer no qual Elizara Carolina Marin aborda alguns conceitos e aponta caminhos para a ligação desta dimensão cultural com a Educação Física escolar No tocante aos conteúdos de ensino da Educação Física es colar os Parâmetros Curriculares Nacionais referentes ao Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental servirão de aporte teórico no sentido de situarmos o lazer no âmbito da Educação Física es colar Por fim proporemos uma pesquisa de campo em que você realizará um levantamento dos espaços e das atividades de lazer de seu bairro e de sua cidade analisando criticamente as informa ções coletadas O objetivo é evidenciar a relevância de que você futuro professor conheça as possibilidades e os limites dos espa ços e das atividades de lazer que caracterizam o seu bairrocidade E para a melhor compreensão do tema tratado sugerimos o texto de Jorge Dorfman Knijnik A questão do jogo uma contri buição na discussão de conteúdos e objetivos da Educação Física escolar publicado na Revista Brasileira de Ciências e Movimento em abril de 2001 Essa leitura é complementar mas pode contri buir significativamente para a ampliação de seus conhecimentos sobre os jogos como conteúdos escolares Unidade 3 A Unidade 3 tem como objetivos possibilitar aos acadêmicos a compreensão das dimensões do contexto escolar bem como a Jogos e Brincadeiras II 14 utilização do Projeto PolíticoPedagógico com a organização e o desenvolvimento do trabalho escolar em especial com o planeja mento dos conteúdos escolares Outra meta é aprofundar os estudos sobre o Projeto Político Pedagógico evidenciando o processo de construção desse docu mento e suas funções na organização e desenvolvimento do traba lho escolar além dos conceitos básicos e pressupostos fundantes que o constituem Organizamos esta unidade em etapas que começa com o es tudo de um texto cuja abordagem são questões relativas à cultura escolar e à organização e desenvolvimento do trabalho escolar so bretudo no que se refere ao planejamento Nesse texto trataremos sobre o Projeto PolíticoPedagógico compreendido como elemento indispensável na construção de um projeto comum e adequado aos objetivos de ensino de uma dada comunidade escolar Será evidenciado o processo de construção desse documento suas finalidades na organização e no desenvol vimento do trabalho escolar e os conceitos básicos e pressupostos fundantes que o constituem de modo que se compreenda o papel e a importância dele para a instituição e a comunidade escolar Evidenciaremos inclusive em que momento o Projeto Políti coPedagógico é legitimado legalmente e em que momento a sua construção e constante reconstrução passam a se constituir em demanda às escolas Como etapa seguinte proporemos uma importante tarefa a análise de um Projeto PolíticoPedagógico de uma escola de Edu cação Básica Essa tarefa possibilitará que os acadêmicos interajam com o lócus de sua futura atuação profissional e que estabeleçam diálogos com professores de Educação Física mais experientes Essa unidade assim como as demais está organizada com ati vidades para serem realizadas na sequência proposta pois elas criam um clima de reflexão favorável para as atividades subsequentes 15 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Unidade 4 A quarta unidade objetiva ampliar e aprofundar os conceitos sobre jogos abordando a proposta de ensino baseada na praxio logia motriz e promover a vivência de situações práticas de sala de aula Os acadêmicos farão observações e análises dos conteúdos e metodologias utilizados articuladas ao campo teórico estudado ao longo deste Caderno de Referência de Conteúdo Antecedendo a atividade de intervenção pedagógica em uma escola de Educação Básica ocorrerá o estudo do texto de Pere Lavega Burgués El juego motor y la pedagogía de las conduc tas motrices divulgado em 2007 na Revista Conexões publicação da Faculdade de Educação Física da Unicamp Nessa leitura dáse a discussão em torno dos diferentes autores que se dedicam a es tudar o jogo e da praxiologia motriz Como segundo ponto discutiremos acerca de alguns ele mentos que consideramos fundamentais para compreender o atual panorama da Educação Física escolar e os limites e possibi lidades desta disciplina curricular no que se refere à tematização da cultura corporal Retomaremos tópicos estudados nas unida des anteriores bem como articularemos algumas contribuições do texto do professor Elenor Kunz Pedagogia do esporte do movi mento humano ou da educação física Por fim como forma de consubstanciar o processo objeti vado e engendrado desde a primeira unidade inclusive desde a correlata e antecedente de Jogos e Brincadeiras I propomos que os acadêmicos intervenham pedagogicamente em uma escola de Educação Básica por meio do ensino dos jogos e brincadeiras em aulas de Educação Física A ideia é propiciar que os acadêmicos articulem conheci mentos adquiridos mediante o processo de aprendizagem suscita dos neste estudo e as experiências da sua atuação pedagógica na Educação Física escolar Jogos e Brincadeiras II 16 Outro ponto que destacamos é a relevância representada pelo diálogo que se estabelecerá entre os acadêmicos a escola e o professor de Educação Física que os acompanhará durante a inter venção pedagógica Esse processo será mediado por incessantes atividades de reflexão sobre a prática pedagógica desenvolvida Glossário de conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi da e precisa das definições conceituais possibilitandolhe um bom domínio dos termos técnicocientíficos utilizados na área de co nhecimento dos temas tratados em Jogos e Brincadeiras II Veja a seguir a definição dos principais conceitos 1 Cultura conjunto de conhecimentos instituições valo res e símbolos constituídos acumulados e transmitidos ao longo das gerações e que permite que as pessoas deem sentido e significado às suas ações Podese con siderar conforme Laraia 1992 p 50 que A cultura é um processo acumulativo resultante de toda a experi ência histórica das gerações anteriores LARAIA Roque de Barros Cultura um conceito antropológico Rio de Janeiro Zahar 1992 2 Lazer em uma asserção intimamente relacionada com o conceito hodierno de trabalho e com os contemporâne os modos de produção o lazer compreende a apropria ção do tempo do nãotrabalho pelos sujeitos e as formas como esse tempo é utilizado como e o que fazse com esse e desse tempo Marcellino 1987 inclusive compreende o lazer como apropriação construção e vi vência de cultura MARCELLINO Nelson Carvalho Lazer e Educação Campinas Papirus 1987 3 Cultura corporal abarca as atividades corporais huma nas geradas modificadas e perpetuadas no âmbito da cultura que trazem consigo sentidos e significados pro venientes do contexto e dos processos sóciohistóricos que as legitimam Esse conceito possibilita compreender que as atividades corporais são criadas e modificadas pela sociedade no decurso social e histórico da história 17 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo humana avançando nesse sentido de uma compreen são de atividades corporais dadas e inquestionáveis para a de construções sociais e históricas passíveis de ques tionamento e de construção e reconstrução 4 Educação Física escolar disciplina escolar cuja incum bência é a tematização da cultura corporal em conso nância com uma intencionalidade pedagógica intrinse camente relacionada a determinadas visões de mundo Os elementos que compõem a cultura corporal e que necessitam ser tematizados por esta disciplina são os jogos os esportes as lutas as danças e as ginásticas Para Soares et al 1992 p39 a materialidade cor pórea foi historicamente construída e portanto existe uma cultura corporal resultado de conhecimentos so cialmente produzidos e historicamente acumulados pela humanidade que necessitam ser retraçados e transmiti dos para os alunos da escola SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 Esquema dos Conceitoschave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo apresentamos a seguir Figura 1 um Esquema dos Conceitoschave O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitoschave ou até mesmo o seu mapa mental Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitoschave é representar de maneira gráfica as relações en tre os conceitos por meio de palavraschave partindo dos mais complexos para os mais simples Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino Com base na teoria de aprendizagem significativa entendese que por meio da organização das ideias e dos princípios em esque Jogos e Brincadeiras II 18 mas e mapas mentais o indivíduo pode construir o seu conhecimen to de maneira mais produtiva e obter assim ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es colar tais como planejamentos de currículo sistemas e pesquisas em Educação o Esquema dos Conceitoschave baseiase ainda na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel que es tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno Assim novas ideias e informações são aprendidas uma vez que existem pontos de ancoragem Temse de destacar que aprendizagem não significa ape nas realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno é preci so sobretudo estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa Para isso é importante con siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem Além disso as novas ideias e os novos concei tos devem ser potencialmente significativos para o aluno uma vez que ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog nitivas outros serão também relembrados Nessa perspectiva partindose do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas o Esquema dos Conceitoschave tem por objetivo tor nar significativa a sua aprendizagem transformando o seu conhe cimento sistematizado em conteúdo curricular ou seja estabele cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo adaptado do site disponível em httppenta2ufrgsbredutoolsmapascon ceituaisutilizamapasconceituaishtml Acesso em 11 mar 2010 19 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Figura 1 Esquema dos Conceitoschave do Caderno de Referência de Conteúdo de Jogos e Brincadeiras II Como você pode observar esse Esquema dá a você como dissemos anteriormente uma visão geral dos conceitos mais im portantes deste estudo Ao seguilo você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensinoaprendizagem Ademais é possível estabelecer relações entre tais conceitos e compreender o modo como as unidades deste Caderno de Re ferência de Conteúdo foram construídas Além deste elaboramos outros mapas conceituais que estão disponíveis no decorrer das unidades e que possuem finalidades similares a este Com base no Esquema dos Conceitoschave exposto conside ramos que compreender por exemplo as relações entre a cultura e a escola bem como entre a cultura corporal e a Educação Física escolar permitirá a você futuro professor organizar e legitimar a sua atuação pedagógica na escola de modo fundamentado e adequado Jogos e Brincadeiras II 20 O Esquema dos Conceitoschave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien te virtual por meio de suas ferramentas interativas bem como àqueles relacionados às atividades didáticopedagógicas realiza das presencialmente no polo Lembrese de que você aluno EaD deve valerse da sua autonomia na construção de seu próprio co nhecimento Questões autoavaliativas No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados as quais podem ser de múltipla escolha abertas objetivas ou abertas dissertati vas Responder discutir e comentar essas questões bem como relacionálas com a prática do ensino de Jogos e Brincadeiras II pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento Assim mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado você estará se preparando para a avaliação final que será disser tativa Além disso essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional As questões de múltipla escolha são as que têm como respos ta apenas uma alternativa correta Por sua vez entendemse por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada inalterada Já as questões abertas dissertativas obtêm por res posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado por isso normalmente não há nada relacionado a elas no item Gabarito Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma Bibliografia básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos mas não se prenda só a ela Consulte também as biblio grafias complementares 21 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Figuras ilustrações quadros Neste material instrucional as ilustrações fazem parte inte grante dos conteúdos ou seja elas não são meramente ilustra tivas pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con teúdos pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con ceitual faz parte de uma boa formação intelectual Dicas motivacionais Este estudo convida você a olhar de forma mais apurada a Educação como processo de emancipação do ser humano É importante que você se atente às explicações teóricas práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação bem como partilhe suas descobertas com seus colegas pois ao com partilhar com outras pessoas aquilo que você observa permitese descobrir algo que ainda não se conhece aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes Observar é portanto uma capacidade que nos impele à maturidade Você como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD necessita de uma formação conceitual sólida e consistente Para isso você contará com a ajuda do tutor a distância do tutor presencial e sobretudo da interação com seus colegas Sugeri mos pois que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas É importante ainda que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações pois no futuro elas pode rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ ções científicas Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos Cotejeos com o material didático discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos Jogos e Brincadeiras II 22 para sua formação Indague reflita conteste e construa resenhas pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure cimento intelectual Lembrese de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar ou seja interagir procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo entre em contato com seu tutor Ele estará pronto para ajudar você 1 EAD Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica 1 OBJETIVOS Compreender a relação dos conteúdos escolares da Edu cação Física com a cultura bem como o papel da escola como instituição formal responsável pela transmissão cul tural Situar a cultura corporal como conteúdo escolar no âmbi to das aulas de Educação Física 2 CONTEÚDOS Cultura escolar e transmissão cultural currículo e cultura Cultura escola e Educação Física algumas interlocuções As teorias pedagógicas da Educação Física A cultura corporal de movimento e a sua inclusão como conteúdo de ensino Jogos e Brincadeiras II 24 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Tenha sempre a mão o significado dos conceitos explici tados no Glossário e suas ligações pelo Mapa Conceitual para o estudo de todas as unidades deste CRC Isso faci litará a sua aprendizagem 2 Leia os livros e artigos da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricopráticos Estabele ça relações com o material didático deste CRC e procure discutir a unidade com seus colegas e tutores 3 Observe que no decorrer da Unidade encontramse su gestões de leituras complementares 4 Busque nos periódicos acadêmicocientíficos da área da Educação Física artigos que possam auxiliálo nos estu dos tanto dessa unidade quanto das demais A constan te busca de artigos relativos à temática que estamos es tudando revelase como um importante subsídio ao seu processo de formação Uma significativa quantidade de periódicos acadêmicocientíficos encontrase disponível online outros você os encontra em bibliotecas Sugeri mos alguns links Google Acadêmico Disponível em httpscholar googlecombr Acesso em 18 jul 2011 Boletim Brasileiro da Educação Física Disponível em httpboletimeforg Acesso em 18 jul 2011 Centro Esportivo Virtual CEV Disponível em httpcevorgbr Acesso em 18 jul 2011 5 Realize as atividades seguindo cada passo proposto sem esquecer de discutir os temas desta unidade com seus colegas e tutores 6 Sugerimos as seguintes leituras para complementar as discussões acerca da representatividade do movimento crítico para a Educação Física brasileira que será trata do no tópico Cultura Escola e Educação Física algumas interlocuções 25 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica BRACHT Valter Educação física a busca da autono mia pedagógica Revista da Fundação de Esporte e Turismo Curitiba v 1 n 2 p 1219 1989 Disponí vel em httpwwwboletimeforgbiblioteca2350 EducacaoFisicaabuscadaautonomiapedagogica Acesso em 18 jul 2011 CAPARROZ Francisco Eduardo Entre a educação físi ca na escola e a educação da escola a educação física como componente curricular Vitória UFES Centro de Educação Física e Desportos 1997 7 Para saber mais sobre as teorias pedagógicas da Edu cação Física sugerimos a literatura complementar a se guir as referências de Caparroz 1997 Darido e Ran gel 2005 e Soares 2003 permitem uma visão geral acerca das teorias pedagógicas da Educação Física Os autores dessas obras procuram apresentar analisar e discutir cada uma das teorias bem como contextualizar o período histórico e político em que emergem essas te orias Já as referências de Freire 1989 Hildebrandt e Laging 1986 Kunz 1994 Soares et al 1992 e Tani et al 1988 constituem as fontes primárias das seguintes teorias pedagógicas da Educação Física respectivamen te proposta construtivista proposta de aulas abertas às experiências proposta críticoemancipatória proposta críticosuperadora e proposta desenvolvimentista a CAPARROZ Francisco Eduardo Entre a educação fí sica na escola e a educação da escola a educação física como componente curricular Vitória UFES Centro de Educação Física e Desportos 1997 b DARIDO Suraya Cristina RANGEL Irene Conceição Andrade Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro Guanaba ra Koogan 2005 c FREIRE João Batista Educação de corpo inteiro teo ria e prática da Educação Física Campinas Scipione 1989 Jogos e Brincadeiras II 26 d HILDEBRANDT Reiner LAGING Ralf Concepções abertas no ensino da Educação Física Tradução Son nhilde von der Heide Rio de Janeiro Livro Técnico 1986 e KUNZ Elenor Transformação didáticopedagógica do esporte ijuí Unijuí 1994 f SOARES Carmen Lúcia Do corpo da Educação Física e das muitas histórias Movimento Porto Alegre v 9 n 3 setdez 2003 p125147 g SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 h TANI Go MANOEL Edison de Jesus KOKUBUN Eduardo PROENÇA José Elias de Educação Física escolar fundamentos de uma abordagem desenvol vimentista São Paulo EPU Edusp 1988 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta primeira unidade discutiremos inicialmente a cultu ra como fonte para a seleção dos conteúdos escolares a partir das ideias trazidas por Jean Claude Forquin 1993 em seu livro Escola e cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar Esse texto tem a função primordial de questionar os pré conceitos sobre a cultura e apresentar dois pontos de vista dis tintos e coexistentes na organização curricular das escolas atuais Conhecer e identificar essas diferenças é um passo indispensável para que se compreenda a organização dos conteúdos escolares a partir da cultura especialmente no que se refere à legitimidade dos jogos e brincadeiras inseridos como conteúdos de ensino nas aulas de Educação Física Em seguida discutiremos dois tópicos a partir das ideias de Valter Bracht 1997 1999 em dois textos no primeiro tópico fun damentado no artigo Educação Física conhecimento e especifici dade BRACHT 1997 procuraremos situar a cultura corporal de movimento no âmbito das aulas de Educação Física 27 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica O segundo tópico diz respeito às teorias pedagógicas discuti das no artigo A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física BRACHT 1999 nele o autor propõe a análise do proces so de construção das teorias pedagógicas da Educação Física no Brasil demonstrando como se refletem as concepções e os senti dos de corpo presentes na sociedade atual Refletiremos sobre a necessidade de uma ruptura no que diz respeito à visão atual de corpo e conheceremos quais são os desafios postos à educação Educação Física escolar Como ponto preliminar podemos considerar que a tema tização pedagógica da cultura corporal de movimento pode vir a contribuir para que essas rupturas se consubstanciem No entanto é necessário compreendermos os tópicos anteriormente mencio nados e sermos capazes de nos posicionar e agir ante os desafios atribuídos à EducaçãoEducação Física escolar Além disso trataremos das proposições para a organização dos conteúdos e das práticas escolares contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs para a Educação Física escolar Esta unidade assim como as demais está organizada com atividades para serem realizadas na sequência proposta pois cada atividade objetiva suscitar um clima de reflexão favorável para as atividades subsequentes 5 CULTURA ESCOLA E TRANSMISSÃO CULTURAL Todos sabemos que nossa memória é repleta de impressões concepções e saberes bens culturais que vamos construindo em nossa trajetória de vida Retomar essas memórias representa um momento especial para que possamos de longe compreender como construímos nossa compreensão do mundo da sociedade das pessoas das re lações da escola e também das diferentes disciplinas que viven ciamos em nossa formação escolar Jogos e Brincadeiras II 28 Portanto convidamos você a refletir neste tópico que tem como ponto de partida suas memórias acerca da Educação Física escolar Antes da atividade sugerida a seguir propomos que você se recorde das aulas de Educação Física em sua vida escolar Conside re alguns tópicos gerais 1 Como estava organizada a disciplina de Educação Físi ca em cada nível de ensino Educação Infantil Ensino Fundamental e Ensino Médio número de aulas sema nais estrutura física e material disponível entre outros aspectos 2 Quais eram os conteúdos de ensino trabalhados nas au las 3 Havia a predominância de algumns conteúdos em es pecial 4 O quê desses conteúdos eram trabalhados 5 Qualis foram as suas experiências mais marcantes nas aulas de Educação Física Elabore a partir de suas memórias uma carta que apresen te ao seu professor o que você vivenciou nas aulas de Educação Física Em especial procure lembrarse dos conteúdos relaciona dos aos jogos e às brincadeiras evidenciando os princípios norte adores dessas aulas Todos participavam Quais eram os principais objetivos dos jogos e das brincadeiras propostas Essas vivências contribuíram para sua decisão de ser professor de Educação Física O que você faria igual e o que você quando se tornar professor pretende fazer diferente daquilo que seus professores fizeram Observe na Figura 1 a obra de ivan Cruz Esse artista plásti co carioca tem se dedicado a retratar as brincadeiras compondo uma série de mais de 150 quadros denominada Brincadeiras de Criança 29 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Figura 1 Brincadeiras de Criança de Ivan Cruz Agora reflita sobre as questões a seguir Quais são os fatores que dificultam ou impedem o acesso das crianças aos jogos e brincadeiras retratados na obra Qual é em sua opinião o objetivo do artista plástico ao retratar especificamente os jogos e as brincadeiras explí citos na obra Você identifica na obra os jogos e as brincadeiras que vi venciou em suas aulas de Educação Física Quais Para contextualizar as questões apresentadas mediante a obra Brincadeiras de Criança de Ivan Cruz sugerimos o seguinte do cumentário A invenção da Infância de Liliana Sulzbach produzido em 2000 Esse documentário auxiliará você a refletir sobre a in fância e as distintas realidades vividas pelas crianças brasileiras Acesse os seguintes links A invenção da infância parte 1 Disponível em httpwww youtubecomwatchv02ziUbI7h6U Acesso em 19 set 2011 A invenção da infância parte 2 Disponível em httpwww youtubecomwatchv725NIeNN8I0NR1 Acesso em 19 set 2011 Jogos e Brincadeiras II 30 A invenção da infância parte 2 Disponível em httpwww youtubecomwatchvvQvx5VucjUsfeaturerelated Acesso em 19 set 2011 Resenha Faça a leitura da resenha do livro Escola e Cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar 1993 de Jean Claude Forquin uma versão de sua tese de doutorado defendi da em 1987 intitulada Le débat sur lécole et la culture chez lês théoriciens et sociologues de leducaction em GrandeBretagne apresentado pela professora Maria Eliza Gama Nessa obra Jean Claude Forquin professor de Psycologie Sociologie et Sciences de lEducation da Universidade de Rouen França apresenta uma ampla discussão sobre a educação e a cul tura tema a que tem se dedicado desde a década de 1970 Ele busca evidenciar diferentes conceitos bem como as implicações desses conceitos nas formas de seleção e organização dos conte údos escolares Para este estudo utilizaremos parte da obra como elemento deflagrador e esclarecedor de algumas reflexões acerca de nosso trabalho com conteúdos do lazer para a Educação Básica Segundo o autor as reflexões sobre a função da escola como instituição responsável por parte da transmissão de valores ati tudes hábitos conhecimentos que constituem a cultura ainda necessitam de profundos estudos Para ele a função da escola e o uso do termo cultura ainda não representam um campo absoluta mente seguro nas discussões atuais O ensino é uma prática social que deve ser validada aos olhos de quem ensina e de quem aprende Atribuir um valor e um reconhecimento à educação formal é tão difícil como refutálo quando não se tem total segurança sobre sua existência 31 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Pode parecer um tanto contraditória a afirmativa anterior pois de maneira geral parece que já é consenso na sociedade a função o papel e a existência da escola Contudo este não é o sentimento majoritariamente presen te nos discursos e produções atuais sobre a educação Temos sim percebido certa insegurança quando se busca justificar a existên cia da educação formal da forma ainda técnica e conteudista que se apresenta Começamos essa reflexão sobre a importância da educação formal das escolas e de seus ensinamentos pensando na relevân cia dos conteúdos escolares 1 Por que são ensinados determinados conteúdos e não outros 2 Para que servem os conteúdos que são ensinados para os alunos 3 De que maneira a ação dos indivíduos no mundo será condicionada por esses conteúdos 4 Será que os alunos precisam ir à escola para aprender Esses questionamentos são indissociáveis de uma reflexão que busque compreender a função social da escola e a relação da quilo que se aprende nessas instituições com a cultura e o mundo exterior Você já havia refletido sobre essas questões Se não convidamos você a respondêlas tomando como re ferência a sua experiência como aluno da Educação Básica e tam bém os conhecimentos adquiridos até então neste curso na questão número 4 mencionada anteriormente além de respondêla faça um exercício a mais procure identificar conteú dos da Educação Física que em sua opinião os alunos não preci sam ir à escola formal para aprendêlos Como se pode ver todo questionamento e crítica sobre a edu cação perpassam por um olhar sobre a natureza dos conteúdos en sinados sua pertinência sua consistência sua utilidade seu interes se seu valor educativo ou cultural o que representa um ponto de necessária e profunda reflexão por parte dos professores Jogos e Brincadeiras II 32 Atualmente uma condição que indica a crise pela qual passa a educação é justamente a falta de argumentos para justificar o que se ensina ao longo dos muitos anos de escolarização das crian ças e dos adolescentes Atente para a seguinte questão sob quais argumentos po demos justificar o ensino de determinados conteúdos em aulas de Educação Física ao longo da Educação Básica Reflita e não a perca de vista pois a retomaremos na sequência de nossos estudos Com relação a isso Forquin 1993 p 9 diz que esta crise é demonstrada pela instabilidade dos programas e cursos escolares constatada atualmente em toda a parte Como aponta o autor sobre a instabilidade curricular tam bém se pode apontar o contrário que é a situação de engessamen to absoluto dos currículos escolares que pouco ou quase nada se alteram ao longo dos anos mesmo diante da constatação de que nunca antes se testemunhou tamanhas mudanças sociais am bientais políticas econômicas na forma de vida dos indivíduos Podemos dizer que a escola vive um processo de instabili dade ou efetua trocas constantes e não estabiliza um programa sobre o que ensinar aos alunos ou mantêm de forma estável irre fletida e relativizada os conteúdos escolares Será que você se perguntou na condição de aluno Para que estou estudando isso E talvez não tenha sido raro escutar dos professores Um dia você vai saber Será que saber da impor tância e da relevância do que está sendo ensinado não é condição básica para que a aprendizagem aconteça Para Forquin 1993 p 10 não se sabe mais o que verda deiramente merece ser ensinado a título de estudos gerais o dis curso dos saberes formadores perdeu seu equilíbrio a cultura geral perdeu sua forma e sua substância O autor defende que os anos de 1970 foram marcados por um discurso de deslegitimação ou seja perdeuse o rumo dos 33 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica princípios norteadores da construção social nos anos de 1980 mantevese o discurso da restauração que não extrapolou o ní vel do ressentimento e das queixas daqueles que fizeram a crítica sobre esse processo de educação irrefletido e neutro As mudanças do mundo moderno advindas das novas for mas de organização política e principalmente econômica fazem crescer a valorização pelo consumo pela troca e pelo imediatismo Para o autor passa a reinar um instrumentalismo estrito os dis cursos da adaptação e da utilização momentânea ao passo que questões fundamentais que dizem respeito à relevância da escola são sufocadas ou ignoradas A adaptação foi e ainda é uma função posta no alvo das críti cas sobre educação isso porque nos anos de 1980 quando se res salta o caráter político e social da educação e da escola alertase para a necessidade de uma formação escolar para a transformação e não apenas para a mera adaptação a uma sociedade É cobrado da educação seu papel de formadora de indivíduos críticos e aptos para uma atuação consciente e ativa na sociedade Essa ideia originase mais precisamente na década de 1980 com a propagação da crítica à educação técnica neutra e dissocia da das questões sociais existentes até então Percebese nesse período a manifestação de um sentimen to que ressalta o viés político das práticas pedagógicas e o com promisso dos professores com a formação de alunos para atuar na sociedade A função social da escola que já vinha lentamente sendo questionada desponta como principal foco de discussão e crítica no campo científico e das políticas públicas Para Pereira 2000 p 27 a prática educativa deveria ser então necessariamente vinculada a uma prática social global ou seja os saberes a serem ensinados aos alunos deveriam possibili tar a inserção social Jogos e Brincadeiras II 34 Isso influencia diretamente a formação dos professores que a partir de então devem priorizar a construção da consciên cia sobre a função social da escola e seu papel transformador da sociedade Contudo podemos salientar que apesar do discurso político sobre a função social que a educação deveria assumir na prática isso não ocorreu De acordo com Oliveira a função política da educação nesse caso processase só no dizer mas não no fazer ou melhor di zendo o fazer da função política da educação se reduziu ao mo mento de dizer O fazer pedagógico propriamente dito permane ceu quase que inalterado OLIVEIRA apud PEREiRA 2000 p 32 A falta de mudanças consubstanciais nas práticas educativas de maneira geral pode ser observada nas formas de organização e realização dos processos de formação inicial de professores e de formação continuada de professores em serviço que ainda per petuam características colocadas como obstáculos para a melhoria destes processos Destacamos como marcas desses processos a separação entre a formação teórica e a formação prática que surge de uma visão dicotômica associada ao modelo da racionalidade técnica no qual a ação se dá pela aplicação de teorias e técnicas Essa con cepção de formação pautase na ideia de que o conhecimento prá tico é aprendido a posteriori dos conhecimentos teóricos ou seja a prática é o momento de aplicação das teorias Tal característica representa um dos principais entraves do campo educacional po rém ainda não foram encontrados mecanismos viáveis e eficazes para a sua superação Como ilustração do modelo da racionalidade técnica na formação de professores citamos o popularmente conhecido formato 3 1 dos cursos de licenciatura dos quatro anos de formação preconizavamse três anos para a formação teórica na área específica Educação Física Biologia Matemática entre outras e nas poucas disciplinas de caráter didáticopedagógico 35 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica quando essas estavam contempladas que compunham os currí culos desses cursos e mais um ano para a prática consubstan ciados nos estágios curriculares supervisionados Forquin 1993 chama a atenção para duas questões prepon derantes na discussão do papel da escola como transmissora da cultura ou melhor de conhecimentos extraídos da cultura A primeira é a existência de uma mudança visível na cultu ra que vem absorvendo rapidamente as características do mundo moderno e se desligando dos princípios que serviram de base para a constituição da sociedade atual sem que haja tempo para se estabilizar e se tornar duradouro A cultura passa por um processo de instabilidade muda e absorve novos princípios hábitos e valores tão rapidamente que pode ser definida como pletórica e inconsistente A segunda questão que é decorrente da primeira é o desa fio que essa situação coloca à escola quando tem de definir o que ensinar se a cultura que representa o campo para a escolha dos conhecimentos escolares encontrase como um terreno movediço Queremos ressaltar que apesar de todas as inseguranças dúvidas e questionamentos existentes a escola continua tendo a função de transmitir a cultura isto é aquilo que representa o in dispensável para uma atuação social seja para manter e preservar seja para transformar Assim o pensamento pedagógico em uma situação parado xal não pode dispensar a ideia de cultura mas também não pode utilizar o termo como dotado de um único conceito claro e opera tório Como podemos ver tratar do termo cultura no contexto educacional é uma tarefa complexa que requer cuidado para que seu sentido não seja banalizado ou reduzido a simplificações sus tentadas mais pelo senso comum do que pelo campo científico Jogos e Brincadeiras II 36 A seguir discutiremos um pouco sobre a Educação como mecanismo que reflete e que transmite a cultura Sugerimos que antes da leitura você escreva um pequeno parágrafo sobre seu entendimento inicial do tema em destaque Para aprofundarmos essas duas assertivas da educação como reflexo e como transmissora da cultura faremos uma distin ção entre Educação e Educação Formal Você já deve ter ouvido esses termos Pense por alguns se gundos quais seriam as diferenças entre essas duas formas de educar Conseguiu identificar as diferenças existentes entre elas E exemplos Entendemos a Educação como todo processo de formação e socialização dos indivíduos na sociedade seus hábitos valores conhecimentos que acontecem de forma espontânea e por meio do convívio e interação social Enquanto interagimos com nossos familiares desde o nos so nascimento estamos em um processo de aquisição e apren dizagem dos símbolos que estão à nossa volta A formação tem a função de dar condições para agir sobre determinadas situações ensinar a fazer algo em algum lugar e em um determinado tempo não necessariamente planejados SANTOS 2007 Já a Educação Formal é entendida como processos planeja dos carregados de intencionalidade que se desenvolvem em ins tituições criadas e organizadas para o ensino e constituídas por profissionais formados para atuarem nesses processos Estes demandam a organização e a produção de saberes próprios tanto para quem ensina como para quem aprende de técnicas e de me todologias adequadas Esse ensino não se dá de forma espontânea Ao contrário é uma ação deliberada com a definição prévia de objetivos meios e fins dos quais tanto quem forma como quem se forma devem tomar conhecimento 37 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Associando a formação à ideia de mudanças intencionalmen te planejadas além do componente pessoal considerado determi nante das formas de aceitação e desenvolvimento da formação há também os componentes conhecimento e ações e métodos de formação sem os quais a educação não se processa Assim teríamos as propostas de formação pautadas na exis tência de três componentes pessoal quem formar A formação acontece median te a vontade e a consciência do formando O indivíduo é em último caso o principal responsável pela sua forma ção conhecimento para que formar Toda a formação está implícita ou explicitamente relacionada a mudanças em algum contexto Logo fazse necessária a aquisição de novos conhecimentos que resultem em mudanças nas práticas e nas atitudes dos professores frente às situações de trabalho métodos e ações de formação como formar Esse componente está relacionado ao conjunto de ações e ati vidades organizadas e planejadas para que a formação se processe As duas formas de educação têm como consequência a transmissão dos bens culturais contudo a forma como esses bens são tratados no processo educativo representa o principal ponto de divergência entre elas Você já refletiu sobre a seguinte questão Em que momento da história a educação não formal e a educação formal diferen ciamse Ou ainda por que os seres humanos sentem a neces sidade de criar espaços e tempos específicos para um tipo de educação sistemático e intencional Libâneo 1998 em linhas gerais fornecenos as seguintes ba ses teóricas para a compreensão dessa questão o desenvolvimen Jogos e Brincadeiras II 38 to individual e coletivo sociedade dos sujeitos ocorre mediante a atividade humana prática sobre o meio natural e social trabalho atividade essa que implica a assimilação aprendizagem da ex periência humana historicamente acumulada e culturalmente orga nizada LiBÂnEO 1998 p 132 isso significa que os seres humanos ao atuar consciente e objetivamente sobre o meio transformando a natureza e o meio social transformam a si próprios À medida que esse processo se complexifica ou seja à me dida que os sujeitos criam produzem e transformam objetos ins trumentos de trabalho conhecimentos modos de ação técnicas valores dentre outros elementos os meios de educação não for mal a oralidade a imitação e as experiências práticas por exem plo não são mais suficientes para atender às demandas colocadas à inserção dos sujeitos na sociedade É no momento em que a cul tura a experiência humana historicamente acumulada necessita ser comunicada às novas gerações é que os grupos sociais organi zam ações educativas intencionais com o propósito de inserir os indivíduos no meio culturalmente organizado LiBÂnEO 1998 Não podemos perder de vista a seguinte evidência a finali dade da educação formal mencionada por Libâneo 1998 a ne cessidade de inserção das novas gerações à sociedade não traz em si a priori intenções emancipatórias Conforme mencionado anteriormente a educação colocase em constante tensão entre a transformação e a adaptaçãomanutenção do status quo social Essa questão será discutida nas unidades subsequentes Agora conversaremos um pouco sobre cultura e alguns con ceitos comumente aceitos tanto nos espaços sociais como acadê micos Para iniciarmos o assunto vamos nos arriscar um pouco e escrever um breve parágrafo sobre o que entendemos por cultura A cultura é algo que precede a existência de cada indivíduo que o institui na condição de sujeito humano É um conjunto de hábitos valores símbolos conhecimentos etc construídos his toricamente 39 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica A partir do momento em que os homens passaram a produ zir os aparatos culturais para sua sobrevivência passou a existir um mundo paralelo ao natural e aos poucos fomos nos apropriando e condicionando a nossa existência a esse aparato A esse processo de transformação e adaptação às novas re formulações chamamos de humanização ou seja é a adaptação a tudo o que foi produzido pela espécie humana e que hoje se faz indispensável para sua sobrevivência Logo podemos dizer que cultura em um primeiro momen to é tudo o que foi construído pelo homem para garantir a sua so brevivência Em uma segunda cena do processo evolutivo pode mos dizer que a produção da cultura deixou de ser impulsionada pela sobrevivência e passou a ser impulsionada fortemente pelo prazer o prazer de ter tudo o que for possível e estiver disponível para o consumo humano Para Forquin 1993 p 11 há dois empregos nas interpreta ções eou referências sobre o tema cultura Um deles é quando a cultura é vista como característica de um espírito cultivado como atribuir para uma pessoa considerada sábia e de posse de um amplo leque de conhecimentos e de competên cias cognitivas gerais a uma capacidade de avaliação inteligente e de julgamento pessoal em matéria intelectual e artística um senso de profundidade temporal das realizações humanas e do poder de escapar do mero presente É esse conceito que sustenta a expressão esta pessoa é mui to culta quando se quer adjetivar alguém que detém conheci mentos sobre as artes a ciência a música etc Como forma de relativizar essa interpretação da cultura e de submetêla à crítica perguntaríamos Então as tribos e socie dades que ainda não tiveram acesso ao mundo do conhecimento científico sistematizado das artes da literatura da música etc normalmente presente nas sociedades urbanas não possuem cultura Jogos e Brincadeiras II 40 Cabe ainda perguntar haveria uma escala de cultura para determinar quem tem cultura ou é mais culto e quem suposta mente não teria Sob quais parâmetros Com base nessas questões observe as Figuras 2 e 3 e reflita Figura 2 Mona Lisa obra de Leonardo Da Vinci de 1503 41 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Figura 3 Folguedo Nordestino obra de Militão dos Santos Você deve ter identificado sem dificuldades a primeira ima gem o nome da obra e o seu autor sem mesmo reportarse à le genda Tratase da Mona Lisa ou La Gioconda de Leonardo da Vinci obra do século 16 E a segunda você identificoua com a mesma facilidade da anterior Nesse momento cabem outras perguntas para além da identificação das obras que outros elementos as compõem do ponto de vista teóricoconceitual Você identifica esses elemen tos É suficiente conhecer eou ser capaz de identificar determi nadas obras de arte por exemplo para interagirmos com essa di mensão da cultura Analisemos portanto as seguintes questões que se referem às duas obras apresentadas Jogos e Brincadeiras II 42 Quais são os períodos históricos e os traços das socieda des em que cada obra é produzida e o que elas procuram representar As diferenças observadas em termos de cores vestimen tas posturas a relação da imagem central com o fundo entre outros aspectos podem estar relacionadas a es ses períodos Façamos algumas considerações sobre cada uma das obras Mona Lisa é produzida por Leonardo Da Vinci no século 16 período que marca o Renascimento período considerado como a transição do mundo medieval para o moderno Uma de suas ca racterísticas é a intensa produção artística e científica que rompe gradativamente com a Idade Média período no qual os dogmas católicos restringiam consideravelmente as produções nesses âmbitos É importante inclusive nos reportarmos às características do Renascimento entre as quais a valorização da cultura greco romana marginalizada no período da Idade Média o antropo centrismo a crença na razão e na possibilidade de que a natureza possa ser estudada mediante essa razão origem da ciência Em Folguedo Nordestino Militão dos Santos procura repre sentar o nordeste brasileiro por meio de figuras representativas de sua cultura como o cangaceiro o folguedo e a utilização de cores intensas Observe por exemplo as casas ao fundo Como são essas casas O que sugere a presença do cacto junto às demais árvores Reflita sobre esses apontamentos Embora tenhamos mencionado somente o período histórico ao qual Mona Lisa se refere e alguns elementos de Folguedo Nor destino que caracterizam o nordeste brasileiro podemos concluir que a interação com as diversas dimensões da cultura transcen dem o mero contato com elas Para além disso colocase como imprescindível conhecer o quê e a quê as obras se referem do ponto de vista social e histórico 43 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica A outra interpretação comumente aceita e presente nos dis cursos educacionais é entender a cultura como um conjunto de traços característicos do modo de vida de uma sociedade de uma comunidade ou de um grupo FORQUin 1993 p 11 que podem ser entendidos como os aspectos mais cotidianos e triviais Para o autor essas duas acepções sobre a cultura possuem suas limitações quando se fala em educação escolar formal e transmissão cultural A primeira por ser tradicional individual normativa promocional demasiada perfectiva é unilateral enquanto a segunda fica no nível descritivo e é redutiva a espaços únicos Para falar em transmissão cultural o autor propõe algo que seja menos restritivo que a primeira e menos global que a segunda Olhar a cultura com fins educativos implica um esforço com o objetivo de identificar no aparato cultural existente o que é útil e indispensável para os indivíduos Ou seja nem tudo o que existe de disponível na cultura tem o mesmo valor Segundo For quin 1993 p 12 certos aspectos da cultura são reconhecidos como podendo e devendo dar lugar a uma transmissão deliberada e mais ou menos institucionalizada enquanto que outros constituem objeto apenas de aprendizagens informais até mesmo ocultas e outros enfim não sobrevivem ao envelhecimento das gerações e não conseguem deixar marcas no tempo Logo cabenos questionar O que significa cultura quando se fala da função de transmissão cultural da educação Podemos assumir como um dos possíveis significados o de um patrimônio de conhecimentos e de competências de institui ções de valores e de símbolos constituído ao longo das gerações e característico de uma comunidade humana particular definida de modo mais ou menos amplo e mais ou menos exclusivo idem p 12 A cultura é produto de um processo perpétuo de seleção e decantação sendo ao mesmo tempo suporte e obra de memória Jogos e Brincadeiras II 44 Essa interpretação da cultura distinguese das outras duas mas não as exclui ao contrário elas existem como parte do con junto que compõe de forma majoritária a cultura Diante dessas reflexões sobre cultura cabe um questiona mento sendo a cultura uma herança coletiva um patrimônio in telectual e espiritual ela pode ficar dentro das fronteiras de uma nação ou de comunidades particulares Com relação a isso Forquin 1993 ressalta que para pen sar em transmissão cultural devese abrir espaço para discutir a existência de uma noção universalista e unitária de cultura hu mana Isto é a ideia de que o essencial daquilo que a educação transmite ou deve transmitir sempre e por toda a parte trans cende necessariamente as fronteiras entre os grupos humanos e os particularismos mentais e advém de uma memória comum e de um destino comum a toda a humanidade Essas reflexões em nosso entendimento são cruciais para que se elaborem propostas educativas vinculadas ao mundo e às questões sociais atuais Logo devemos assumir para nós educadores o desafio de definir com base no nosso campo científico e cultural de conhe cimentos o que representam os valores atitudes conhecimentos que devem ser perpetuados atualizados eou modificados e des cartados o que do campo dos conhecimentos da Educação Física deve compor o patrimônio cultural da humanidade Forquin 1993 p 13 cita Hannah Arendt para fazer uso das ideias da autora sobre as implicações educativas do que ela chama de a natalidade Ou seja o nascimento de seres humanos em um mundo que preexiste a eles e no qual os mais experientes têm a função de introduzilos e acolhêlos como sucessores A relação da cultura com a educação condensase pela ne cessidade de ter que transmitir e perpetuar a experiência huma na considerada como cultura Essa experiência não deve ser vista 45 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica como o somatório de todo o vivido mas sim como o que acedeu a uma existência pública comunicável memorável e que se coloca como conhecimento imprescindível às novas gerações Adotamos para finalizar esta etapa do estudo a definição de Hannah Arent que consideramos uma forma brilhante de se referir aos processos educativos A autora afirma que a educação consiste em inserir os novos membros de uma geração em um mundo que eles não conhecem e que terão que habitar por algum tempo Concluímos que são conhecimentos básicos para nossa atua ção conhecer e compreender o que constitui o patrimônio cultural da humanidade e em especial e com profundidade o que cabe a nossa área de conhecimento para que dele possamos extrair e selecionar o que se considera como o preservável o valorado o necessário para a existência humana 6 CULTURA ESCOLA E EDUCAÇÃO FÍSICA ALGUMAS INTERLOCUÇÕES Considerando os aportes teóricoconceituais de Forquin 1993 e algumas aproximações com a Educação Física propostas no decurso do texto consideramos necessário apresentar e sus citar reflexões acerca das interlocuções entre a cultura a escola e a Educação Física Se há certo consenso de que a função social da escola é a transmissão de valores atitudes hábitos e conhecimentos que constituem a cultura como a Educação Física atua de modo a atender essa demanda A promoção da aptidão física incumbên cia que historicamente tem legitimado a Educação Física na esco la é plausível Procure retomar as reflexões oriundas da questão ante riormente proposta sob quais argumentos podemos justificar o ensino de determinados conteúdos em aulas de Educação Física ao longo da Educação Básica Esperamos que você seja capaz de Jogos e Brincadeiras II 46 argumentar em prol de uma resposta ainda que provisória em relação a esta questão ao final desta unidade Com base nessas questões apresentamos a resenha do ar tigo Educação Física conhecimento e especificidade de Valter Bracht 1997 produzido pela professora Márcia Morschbacher O professor Valter Bracht é doutor pela Universidade de Oldenburg Alemanha e autor dos livros Educação física e aprendizagem social e Educação física ciência cenas de um casamento infeliz entre outros Atualmente é professor titular do Centro de Educação Fí sica e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo onde coordena o Laboratório de Estudos em Educação Física LESEF Educação Física conhecimento e especificidade Bracht 1997 inicia as suas considerações mencionando que a funçãoatribuição da Educação Física é a transmissãotema tização eou realização de um saber específico Nesse sentido tendo em vista esse pressuposto o autor in tenta possibilitar elementos que possam subsidiarnos a compre ender qual éseria esse saber específico Bracht esclarece ainda que a Educação Física padece de certa crise de identidade em relação ao que seria esse saber específico de que trata esta disciplina curricular É possível estabelecer relações entre essa crise ao processo de constituição histórica da Educação Física em nosso país con siderando como marco as mudanças epistemológicas e didático pedagógicas suscitadas a partir da década de 1980 É a partir desse período que a Educação Física até então ba seada em intervenções pautadas na melhoria da performance é questionada por um movimento acadêmico conhecido por Movi mento Crítico da Educação Física quanto ao seu papel social na medida em que esta estaria legitimando em seu interior determi nada lógica social 47 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Para compreendermos a representatividade do Movimento Crítico da Educação Física apresentamos a seguir um breve tex to tratando da história da Educação Física brasileira com o objeti vo de situar seus estudos subsequentes A história da Educação Física A inserção da Educação Física como componente obrigatório dos currículos das escolas na década de 1930 referiuse à inclusão da ginástica a partir da elabo ração de uma especificidade desta para a escola SOARES 1996 com finalida des higienistas e eugenistas Com a transição de uma sociedade de economia agroexportadora para urbano industrial novas exigências incidiram sobre o processo de legitimação da Edu cação Física na escola a finalidade de formação de mão de obra apta fisicamen te e ideologicamente ao trabalho CASTELLANI FILHO 2007 Com o decurso da Segunda Guerra Mundial o esporte adquiriu notoriedade no âmbito da Educa ção Física Esta passa a utilizarse do esporte de modo inequívoco em sua ma nifestação massificada e hegemônica de rendimento adotando como diretrizes os códigos desta instituição Ao final da década de 1970 e início da de 1980 com o processo de redemocra tização da sociedade brasileira fortaleceramse os movimentos que manifes tavam seu descontentamento em relação ao autoritarismo presente no referido governo CAPARROZ 1997 À Educação Física escolar especificamente insurgiu um processo de politização do seu debate acadêmico de modo que este componente curricular passou a ser denunciado e questionado considerando pressupostos políticos e sociológicos sobretudo de orientação marxista quanto à sua função de legitimação do sta tus quo capitalista CAPARROZ BRACHT 2007 Este processo de politização constitui o que denominamos de Movimento Crítico Este movimento inicialmente dirige veementes críticas e denúncias acerca da função políticoideológica à qual Educação Física na escola colocavase a ser viço Sobretudo a partir da década de 1990 adentrouse um segundo momento marcado pela necessidade de extrapolar este âmbito e voltarse à transformação da prática pedagógica concreta visto que se assim não se procedesse as crí ticas do movimento crítico esvaziarseiam em mero denuncismo CAPARROZ BRACHT 2007 É neste processo que serão elaboradas as propostasaborda gens críticas para o ensino de Educação Física Esta é a temática que tratare mos na sequência com o próximo texto de Bracht 1999 A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física Realizada a delimitação em relação ao objetivo de suas análi ses Bracht 1997 identifica três interpretações desse saber pró prio da Educação Física ou a sua especificidade Jogos e Brincadeiras II 48 a atividade física em alguns casos atividades físicodes portivas e recreativas o movimento humano ou movimento corporal huma no motricidade humana ou ainda movimento humano consciente e a cultura corporal de movimento Dentre essas expressõeschave Bracht 1997 p 14 afirma de antemão que pretende defender a ideia de que para a configuração do saber específico da Educação Física devemos re correr ao conceito de cultura corporal de movimento Ademais ele esclarece que a definição do saber próprio da Educação Física está intrinsecamente relacionada com a função ou com o papel social a ela atribuído e determina o tipo de conhe cimento buscado para sua fundamentação Em nota adverte o autor que Aqui estamos em uma via de mão dupla a função atribuída à Edu cação Física determina o tipo de conhecimento buscado para fun damentála e o tipo de conhecimento predominante sobre o cor pomovimento humano determina a função atribuída à Educação Física No entanto nem um nem outro são autoexplicativos eles precisam ser analisados integradamente como componentes de um movimento mais geral e complexo da sociedade 1997 p 14 Observe na Figura 4 o esquema que elaboramos para subsi diar a sua compreensão acerca dessa complexa relação explicitada por Bracht 1997 49 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Figura 4 Esquema demonstrativo das relações entre o tipo de conhecimento que fundamenta a Educação Física as expectativas sociais dirigidas a essa área e o seu conhecimento específico Atividade física movimento humano ou cultura corporal de movimento Afinal qual é a especificidade da Educação Física Nesta subseção apresentaremos as discussões realizadas por Bracht 1997 em torno da especificidade da Educação Física ou seja aquilo que lhe caracteriza eou legitima como disciplina escolar e que por conseguinte justificam a presença dos jogos e das brincadeiras como conteúdos de ensino da Educação Física na escola Compreender esta questão nos possibilita situar nossa atuação no âmbito da escola com base em pressupostos diferentes e em certa medida mais coerentes com a Educação Física escolar Os termos atividade física e exercícios físicos remetem à ideia de que o papel da Educação Física seria o de contribuir para o desenvolvimento da aptidão física considerando o arcabouço te óricoconceitual das disciplinas científicas das Ciências Biológicas Temse como pressuposto básico a lógica do exercitarse para exercitarse para melhorar a saúde exercitarse para formar o caráter exercitarse para o desenvolvimento do homem integral exercitarse para GOnZÁLEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 12 No que se refere ao movimento humano como especificida de da Educação Física Bracht 1997 identificao com a emergên Jogos e Brincadeiras II 50 cia do discurso da aprendizagem motora do desenvolvimento mo tor e da psicomotricidade no âmbito da Educação Física De modo semelhante à acepção anterior da atividade física o movimento humano tornase relevante para a formação integral da criança e seria a disciplina de Educação Física a responsável por prover essa incumbência nessa perspectiva a definição clássica de que a Educação Física é a educação do movimento e pelo movimento BRACHT 1997 p 15 adquire centralidade na legitimação desta disciplina na escola É importante ressaltar conforme assinala o autor que am bos os termos atividade física e movimento humano não repre sentam necessariamente mudanças em termos de paradigma ou de concepção somente uma mudança de denominação do objeto da Educação Física Mas não seriam plausíveis essas expressõeschave para justificar a especificidade de conhecimento da Educação Física a ser tratadodesenvolvido na escola Não são esses os discursos que comumente legitimam a presença desta disciplina na escola Na sequência procuramos propiciar subsídios que representam uma tentativa de elucidar essa questão Em favor da cultura corporal de movimento como conhecimento específico da Educação Física Para Bracht 1997 as duas definições construções concei tuais revelamse insuficientes por não permitirem considerar esse objeto da Educação Física como uma construção social e histórica Compreendemno como um elemento natural e universal portanto não histórico neu tro politicamenteideologicamente características que marcam também a concepção de ciências na qual vão sustentar suas pro postas BRACHT 1997 p 15 Ou seja o corpo e o movimento humano apresentamse desculturalizados 51 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Observe e reflita sobre as considerações de Bracht 1997 p 16 É importante salientar que se em princípio falase nestes casos das mesmas atividades humanas presentes nas concepções anteriores as expressões usadas para denominálas denunciam para além de uma diferença terminológica diferenças e consequências substan ciais no plano pedagógico pois o objeto de uma prática pedagógi ca é uma construção e não uma dimensão inerte da realidade para a qual pressupostos teóricos são fundantes eou constitutivos nesse sentido Bracht 1997 situa a cultura corporal de mo vimento como o objetoconhecimento específico da Educação Fí sica Na concepção de cultura corporal de movimento o movi mentarse é definido como uma forma de comunicação consti tuinte e constituída de cultura além de possibilitada por ela Essa concepção permite compreender que o movimentarse e o próprio corpo necessitam ser entendidos e estudados como uma complexa estrutura social carregada de sentido e significado em contextos e processos sóciohistóricos específicos Analise a citação de Carmen Lúcia Soares 1996 p 7 extra ída de seu artigo Educação Física escolar conhecimento e espe cificidade cuja referência é sugerida como leitura complementar desta unidade Os atos de andar correr saltar são atos da vida diária da vida em sociedade são traços da cultura que já inscreveu nos corpos estas ações Todavia estes atos da vida diária foram codificados ao lon go da história do homem em universos de saber técnico científi co e cultural Esta codificação sim poderá ser objeto de ensino da Educação Física Por exemplo o ato de andar será para a ginástica o conjunto de passos como por exemplo o passo picado cru zado passo valsa etc o ato de correr será uma prova para o Atletismo como a corrida de velocidade de meiofundo de fundo com barreiras etc o ato de saltar será o salto com vara o salto triplo em extensão em altura ou na ginástica o salto sobre o ca valo o salto grupado salto afastado salto carpado etc O ato de executar um arremesso se vincula ao Atletismo a Ginástica aos jogos e jogos esportivos com bola ou outros materiais É possível afirmar que este ato isolado já foi um dia na história do homem um ato de sobrevivência de defesa de ataque e se inscreveu em seu corpo um corpo que não é somente a expressão biológica do Jogos e Brincadeiras II 52 nosso ser atual mas a expressão significativa da história do corpo do homem entre os homens Cada homem é em si a história do Homem resíduos e vestígios de sua longa e plural história As prá ticas físicas fora do mundo do trabalho sistematizadas em torno da Ginástica do Atletismo dos Jogos dos Jogos Esportivos da Dança possuem características especiais e específicas Modificamse pela técnica pela ciência e sobretudo pelas dinâmicas culturais Por tanto estas práticas formam um interessante acervo da história do homem e constituemse em objeto de ensino são pedagogizadas Não podem merecer o desprezo que o olhar superficial sugere Não se esgotam nos clichês são movimentos estereotipados são re petitivos são técnicos são para poucos Neste momento necessitamos nos concentrar em duas questões fundamentais para a atuação do professor de Educação Física na escola decorrentes das considerações de Bracht 1997 e de Soares 1996 Quais seriam as repercussões da tematização da cultura corporal de movimento no âmbito da prática pedagógica da Educação Física na escola Qual é a relação entre os jogos e as brincadeiras com a cultura corporal de movimento Você pode responder a essas questões com base nos estu dos que realizamos até o momento Elas são importantes para que possamos avançar em nosso aprendizado A tematização pedagógica da cultura corporal de movimen to em aulas de Educação Física aqui você pode relacionar a ex pressão cultura corporal de movimento especificamente aos jogos e brincadeiras nosso foco neste Caderno de Referência de Conteúdo não pode perder de vista que a cultura corporal de mo vimento é composta também por elementos como os esportes as danças as lutas e as ginásticas adquire nesse ínterim um ca ráter diferenciado comparativamente aos conceitoschave ante riormente mencionados atividade física e movimento humano Que caráter diferenciado seria esse O fato de que o saber sobre o movimentarse do ser humano passa a ser incorporado como saber a ser transmitido e não apenas instrumento do professor BRACHT 1997 53 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Os jogos e brincadeiras por exemplo são comumente utili zados como instrumentos para o desenvolvimento de habilidades básicas para o esporte em uma das etapas da iniciação esportiva Ou seja esses elementos são empregados com o intuito de que os alunos posteriormente se apropriem de conteúdos mais complexos ou conforme González e Fensterseifer 2009 tenham condições de exercitarse de modo competente do ponto de vista quantitativo e qualitativo Ao adotarse como elemento fundante da prática pedagógi ca a cultura corporal de movimento os próprios jogos e brincadei ras tornamse conteúdos de ensino representam saberes a serem estudados e vivenciados tendo sempre em vista que se trata de elementos situados construídos e reconstruídos em determina das condições temporais sociais e históricas Entretanto há que se esclarecer que não se pretende criti car a tradicional utilização dos jogos e brincadeiras com fins mera mente utilitários Querse ao contrário apresentar outras possi bilidades de tematização desses elementos da cultura corporal de movimento e portanto conteúdos de ensino da Educação Física 7 TEORIAS PEDAGÓGICAS CULTURA CORPORAL E CONTEÚDOS DE ENSINO Na apresentação deste Caderno de Referência de Conteúdo foi anunciado que teríamos um trabalho rigoroso de leituras e pro duções acerca da temática em foco Alertamos que o caderno está organizado com base em al guns pressupostos teóricos que têm como princípio a problema tização como guia e elemento deflagrador da aprendizagem e se quências didáticas organizadas para que ao se debruçar sobre a solução dos problemas colocados você alcance as aprendizagens esperadas Jogos e Brincadeiras II 54 Chamamos você à responsabilidade de seguir cada passo proposto Caso contrário deixará para trás preciosas oportuni dades de construir autonomamente uma visão crítica sobre sua atuação como professor e em especial sobre o planejamento e realização de atividades escolares com os conteúdos específicos A seguir faremos algumas atividades que têm como suporte teórico o texto de Valter Bracht 1999 A constituição das teorias pedagó gicas da Educação Física Essa leitura é importante para nosso estudo sobre o lazer e os jogos e brincadeiras como conteúdo escolar pois represen ta um ensaio inicial que contribui para reflexões sobre as práticas corporais como parte integrante do aparato cultural Portanto de vem segundo as leituras anteriores constituirse em conteúdos da transmissão cultural realizada pela educação formal Para isso Valter Bracht 1999 busca demonstrar como as te orias pedagógicas se apropriam da concepção e do significado de corpo engendrados na e pela sociedade moderna O texto apre senta as teorias pedagógicas em uma visão crítica da sociedade e apresenta uma possível ruptura da visão moderna de corpo pro curando evidenciar os desafios postos para a Educação Física Você deve ter percebido pela leitura do texto A constituição das teorias pedagógicas da educação física que o autor procura evidenciar os conhecimentos sobre o corpo como um elemento importante talvez indispensável para o entendimento das ações humanas Os conhecimentos sobre o corpo e suas diferentes formas de movimento têm como objetivo educacional possibilitar o entendi mento das práticas corporais e não somente conhecer diferentes formas de realizálas Com base no breve estudo que realizamos até aqui come ça a se evidenciar a árdua tarefa que nos cabe entender quais as contribuições que os conhecimentos acumulados historicamente sobre o lazer o jogo e o brincar devem trazer para os indivíduos 55 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica na realização e na compreensão das práticas corporais na e da so ciedade Ainda sem o objetivo de grandes sistematizações e formula ções mas já tomando como ponto de apoio para nosso estudo o quê por quê e como extrair dos conhecimentos acumulados pela humanidade sobre o lazer o jogo e o brincar e transpôlos pedago gicamente para os espaços escolares Não vamos nos aprofundar nessa questão contudo convém mantêla aquecida à medida que as leituras e reflexões propostas avançam É importante que você procure fazer uma diferenciação a partir das ideias de sociedade inserção dos indivíduos no mundo de cultura de educação entre dois termos Reprodução e Trans formação Esses termos são comumente empregados para carac terizar eou identificar as finalidades do ato educativo Lembrese de que anteriormente mencionamos que a educação colocase em constante tensão entre a transformação e a adaptação manu tenção ou reprodução da sociedadeChamamos a atenção para o fato de que reproduzir está relacionado à repetição fazer tal qual enquanto transformar está relacionado a criar a construir a mo dificar 8 CULTURA CORPORAL E OS PARÂMETROS CURRI CULARES NACIONAIS Apresentamos para você três leituras sobre a Transmissão Cultural uma que visa orientar a relação entre educação e cultura e as outras de um pesquisador do campo da Educação Física com o objetivo de fazer a ligação entre o que está sendo dito no cam po maior Educacional e como as sinalizações estão sendo absor vidas pela área específica Vemos como fundamental na formação de professores a in serção dos conhecimentos relacionados às políticas vigentes no Jogos e Brincadeiras II 56 país Por isso apresentamos como fonte de reflexão os PCNsPa râmetros Curriculares nacionais BRASiL 1998 por dois moti vos porque representam a política vigente e pelo fato de que para discordar concordar ou transformála temos de conhecêla Vale recordar que os PCNs constituem um referencial edu cacional de adoção não obrigatória proposto pelo Ministério da Educação de nosso país cuja finalidade é orientar a organização e o desenvolvimento da Educação Básica no país Além disso in tenta subsidiar a elaboração eou a revisão curricular das escolas vinculadas às redes estaduais e municipais de ensino bem como servir de referência para a atuação dos professores da Educação Básica Fonte BRASiL 1998 Então tendo como uma das referências básicas os PCNs de 5ª a 8ª séries da Educação Física BRASiL 1998 utilizaremos para nosso estudo algumas partes desse referencial que serão inclu ídas paulatinamente de acordo com a demanda em discussões 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos que você procure responder discutir e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões procure revisar os conteúdos estuda dos para sanar as suas dúvidas Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade Lembrese de que na Edu cação a Distância a construção do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa compartilhe portanto as suas desco bertas com os seus colegas Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 57 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica 1 Identifique as diferenças entre Educação e Educação Formal e aponte exem plos de cada uma dessas formas 2 O que significa afirmar que Ao adotarse como elemento fundante da prática pedagógica a cultura corporal de movimento os próprios jogos e brincadeiras tornamse conteúdos de ensino representam saberes a serem estudados e vivenciados tendo sempre em vista que se tratam de elemen tos situados construídos e reconstruídos em determinadas condições tem porais sociais e históricas Escreva um pequeno texto explicitando o seu entendimento sobre essa afirmação e cite exemplos que você considere co erentes com a mesma 3 Tendo como base a leitura da resenha do livro Escola e Cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar 1993 de Jean Claude Forquin responda a Identifique no texto as duas questões iniciais e discuta o papel da escola como transmissora de cultura b Aponte quais as diferenças entre os processos educativos formais e não formais c Quais as principais implicações eou desafios para a educação e para o trabalho do professor na definição dos conteúdos de ensino a partir do patrimônio cultural d Elabore um diagrama representativo das relações entre Cultura Educa ção Escola Conteúdos Escolares Ensino Professores Alunos Explique as funções de cada um desses fatores 4 No início da resenha do livro Escola e Cultura as bases sociais e epistemoló gicas do conhecimento escolar 1993 de Jean Claude Forquin realizamos alguns questionamentos sobre os conteúdos escolares Retome a questão Procure identificar conteúdos da Educação Física que em sua opinião os alunos não precisem ir à escola formal para aprendêlos e explique o que você considerou relevante na sua resposta 5 Você conseguiu identificar alguns conteúdos Por quê 6 E se não conseguiu identificar conteúdos por quê 7 Com base no que você estudou nesta unidade o que ou qual é o saber espe cífico que a Educação Física deve tratar na escola 8 Faça a leitura e a resenha do texto A constituição das teorias pedagógicas da educação física de Valter Bracht e a Aponte e explique as principais tendências Militarista Médica Esporti vista Desenvolvimentista Psicomotricidade CríticoSuperadora Crítico Emancipatória que influenciaram o processo de constituição da Edu cação Física escolar b Discorra sobre os princípios de sociedade de homem de educação que orientaram essas tendências Jogos e Brincadeiras II 58 9 Pensando no ensino dos conteúdos da disciplina devemos procurar articu lar o campo teórico com as decisões que temos de tomar nos espaços es colares a Pense em um jogo que faça parte da cultura local onde você cresceu b Descreva como esse jogo acontece com as principais etapas regras e funções dos participantes Escreva o jogo em duas versões uma pro curando atender um ensino pautado nos princípios de uma educação reprodutora e outra procurando atender um ensino baseado na trans formação c Com base nas propostas desenvolvidas e apresentadas você deverá con tatar um colega de curso e combinar a troca das propostas para que cada um analise a proposta do outro A análise é para que você possa identificar outras hipóteses sobre como os jogos podem ser utilizados para ensinar com base em diferentes concepções 10 Quais as intenções sociais políticas e econômicas que impulsionaram o sur gimento da Educação Física escolar 11 Por que o autor coloca os professores de Educação Física dentro de uma categoria de trabalhos sociais 12 Leia atentamente o parágrafo a seguir e escreva se você concorda ou não com a afirmação Justifique sua resposta O quadro das propostas pedagógicas em EF apresentase hoje bas tante mais diversificado Embora a prática pedagógica ainda resista a mudanças ou seja a prática acontece ainda balizada pelo para digma da aptidão física e esportiva várias propostas pedagógicas foram gestadas nas últimas duas décadas e se colocam hoje como alternativas BRACHT 1999 p 78 13 Realize o seguinte exercício considerando as propostas pedagógicas da Educação Física escolar proposta desenvolvimentista proposta críticosu peradora proposta críticoemancipatória dentre outras apresentadas no texto de Bracht 1999 A constituição das teorias pedagógicas da educação física caracterize o trato pedagógico de cada uma delas em relação aos jogos e brincadeiras Construa um quadrosíntese para explicitar esta carac terização 14 Dentre as abordagens pedagógicas discutidas por Bracht procure comentar e justificar aquela que você achou mais interessante 15 Dentre as abordagens pedagógicas discutidas por Bracht qual ou quais você considera que se liga eou toma a cultura como fonte de conhecimentos Explique 16 Escreva um pequeno texto procurando estabelecer relações entre os prin cípios norteadores da tendência pedagógica que têm como foco a Cultura 59 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Corporal com os princípios e proposições que você leu no primeiro texto sobre transmissão cultural 17 Considerando as diferentes interpretações do objeto específico da Educação Física atividade física movimento humano e cultura corporal de movimen to BRACHT 1999 é possível afirmar que em cada uma dessas interpre tações temos diferentes enfoques e possibilidades didáticopedagógicas e formativas no que se refere à prática pedagógica da Educação Física escolar Nesse sentido como os jogos e brincadeiras são concebidos e ensinados mediante o conceito de cultura corporal 10 CONSIDERAÇÕES Nesta unidade discutimos sobre a cultura como fonte para a seleção dos conteúdos a serem ensinados na escola Buscamos compreender a cultura como construção social e histórica bem como estabelecer as relações dessa compreensão com a Educação Física Nesse sentido tratamos ainda da cultura corporal de movi mento como o elemento social e histórico a ser tematizado peda gogicamente nas aulas de Educação Física Escolar sem perder de vista inclusive que os jogos e as brincadeiras representam com ponentes da cultura corporal de movimento Posteriormente a essa discussão sugerimos o estudo das proposições para a organização dos conteúdos e das práticas es colares contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Física Escolar Consideramos que agora já temos uma boa base para discu tir a seleção dos conteúdos escolares e o papel social da escola no processo de transmissão cultural Essa discussão é indispensável para entendermos a inclusão dos diferentes conteúdos da Educa ção Física nos currículos escolares A seguir na Unidade 2 discutiremos a inclusão de um tipo de conteúdo que pode ser extraído da cultura corporal para os es paços escolares ou seja os conteúdos do lazer os jogos e as brin cadeiras Jogos e Brincadeiras II 60 Não devemos contudo perder de vista que esses conteúdos devem ter um papel importante na formação dos futuros cidadãos 11 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Brincadeiras de Criança Disponível emhttpcabofrioolxcombrexposicao quadrosivancruziid17032680 Acesso em 3 jun 2011 Figura 2 Mona Lisa Disponível em httpmonalisa2artgallerycomMonaLisajpg Acesso em 3 jun 2011 Figura 3 Folguedo Nordestino Disponível em httpwwwgaleriaabertacommilitao santosslidesFolguedos20nordestinosJPG Acesso em 3 jun 2011 Sites pesquisados BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental introdução aos parâmetros curriculares nacionais Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1998 Disponível em httpportalmecgovbrsebarquivospdfintroducaopdf Acesso em 3 jun 2011 Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Parâmetros curriculares nacionaiseducação física 3º e 4º ciclos do ensino fundamental Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1998 Disponível em httpportalmec govbrsebarquivospdffisicapdf Acesso em 3 jun 2011 BRACHT Valter Educação física a busca da autonomia pedagógica Revista da Fundação de Esporte e Turismo Curitiba v 1 n 2 p 1219 1989 Disponível em httpwww boletimeforgbiblioteca2350EducacaoFisicaabuscadaautonomiapedagogica Acesso em 3 jun2011 A constituição das teorias pedagógicas da educação física Cadernos Cedes UnicampSP Ano XiX n48 Agosto99 Disponível emhttpwwwscielobrpdf ccedesv19n48v1948a05pdf Acesso em 3 jun 2011 Disponível em httplattescnpqbr3097115385391111 Acesso em 3 jun 2011 CAPARROZ Francisco Eduardo BRACHT Valter O tempo e o lugar de uma didática da educação física Revista Brasileira de Ciências do Esporte Campinas v 28 n 2 p 2137 jan 2007 Disponível em httpwwwrbceonlineorgbrrevistaindexphpjournalRB CEpagearticleopviewpath53path61 Acesso em 3 jun2011 FORQUin Jean Claude Educação e Filosofia n 11 p 305310 janjun e dezdez 1997 Disponível em httpwwwseerufubrindexphpEducacaoFilosofiaarticleview903818 Acesso em 3 jun 2011 61 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica RENASCIMENTO Cultural Disponível em httpwwwsuapesquisacom renascimento Acesso em 28 set 2011 SOARES Carmem Lúcia Educação física escolar conhecimento e especificidade Revista Paulista de Educação Física São Paulo s 2 p 612 1996 Disponível em httpcitrus uspnetuspbreefuploadsarquivov1020supl220artigo3pdf Acesso em 28 jul 2011 SULZBACH Liliana A invenção da infância Documentário 26min Parte 1 Disponível em httpwwwyoutubecomwatchv02ziUbI7h6U Acesso em 25 jul 2011 A invenção da infância Documentário 26min Parte 2 Disponível em http wwwyoutubecomwatchv725nienn8i0nR1 Acesso em 25 jul 2011 A invenção da infância Documentário 26min Parte 3 Disponível em http wwwyoutubecomwatchvvQvx5VucjUsfeaturerelated Acesso em 25 jul 2011 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRACHT Valter Educação Física conhecimento e especificidade In SOUSA Eustáquia Salvadora VAGO Tarcísio Mauro Vago Trilhas e partilhas educação física na cultura escolar e nas práticas sociais Belo Horizonte 1997 p1323 CAPARROZ Francisco Eduardo Entre a educação física na escola e a educação da escola a educação física como componente curricular Vitória UFES Centro de Educação Física e Desportos 1997 CASTELLANI FILHO Lino Educação física no Brasil a história que não se conta 14 ed Campinas SP Papirus 2007 DARIDO Suraya Cristina RANGEL Irene Conceição Andrade Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005 FORQUIN Jean Claude Escola e cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar Porto Alegre Artes Médicas 1993 FREIRE João Batista Educação de corpo inteiro teoria e prática da Educação Física Campinas Scipione 1989 GOnZÁLEZ Fernando Jaime FEnSTERSEiFER Paulo Evaldo Entre o não mais e o ainda não pensando saídas do nãolugar da Educação Física escolar I Cadernos de Formação RBCE Campinas CBCE e Autores Associados v 1 n 1 p 924 set 2009 HILDEBRANDT Reiner LAGING Ralf Concepções abertas no ensino da Educação Física Tradução Sonnhilde von der Heide Rio de Janeiro Livro Técnico 1986 KUnZ Elenor Transformação didáticopedagógica do esporte ijuí UniJUÍ 1994 LIBÂNEO José Carlos Pedagogia e pedagogos para quê São Paulo Cortez 1998 PEREIRA José Emílio Diniz Formação de Professores pesquisas representações e poder Belo Horizonte Autêntica 2000 SOARES Carmen Lúcia Do corpo da Educação Física e das muitas histórias Movimento Porto Alegre v 9 n 3 setdez 2003 p125147 SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 Jogos e Brincadeiras II 62 TANI Go MANOEL Edison de Jesus KOKUBUN Eduardo PROENÇA José Elias de Educação Física escolar fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista São Paulo EPU EdUSP 1988 EAD Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 2 1 OBJETIVOS Compreender que o lazer se constitui na prática social estabelecida em uma parte de nosso patrimônio cultural que deve ser transmitido pela educação formal Elaborar planos de ensino para a Educação Básica de for ma contextualizada com as realidades locais 2 CONTEÚDOS Lazer uma construção cultural Lazer como conteúdos de ensino Jogos e brincadeiras como conteúdos para as práticas de lazer Jogos e Brincadeiras II 64 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Tendo em vista que estudaremos temáticas relacionadas ao lazer sugerimos que você acesse o site do Ministério do Esporte para conhecer as ações implementadas pelo Governo Federal no âmbito das Políticas Públicas de es porte e lazer Disponível em httpwwwesportegov br Acesso em 19 jul 2011 2 Sugerimos as seguintes leituras para complementar os estudos da unidade 3 MELO Victor Andrade de BRÊTAS Angela MOnTEiRO Mônica Borges Fundamentos do lazer e da animação cultural In OLIVEIRA Amauri Aparecido Bássoli de PE RIM Gianna Lepre orgs Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo Maringá Eduem 2009 p 4572 4 MELO Vitor Andrade de A animação cultural conceitos e propostas Campinas Papirus p 144 2006 5 MARCELLINO Nelson Carvalho O lazer e os espaços na cidade In ISAYAMA Hélder LINHALES Meily Assbú orgs Sobre lazer e política maneiras de ver maneiras de fazer Belo Horizonte Editora UFMG 2006 p 6592 6 Como atividade complementar especificamente quan do estudarmos a origem do lazer sugerimos que você assista ao filme Tempos Modernos de Charles Chaplin Modern Times EUA 1936 Direção Charles Chaplin Elenco Charles Chaplin Paulette Goddard 87 min Pre to e Branco Continental 7 Leia atentamente o texto faça anotações discuta com seus colegas e tutores Estas são ações importantíssimas ao seu processo formativo 8 Lembrese de que a aprendizagem desses conteúdos de pende de você e todas as atividades propostas têm obje tivos específicos para auxiliarem na construção de seus conhecimentos Então não deixe de fazer nenhuma das atividades propostas 65 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Tendo em vista os temas tratados na Unidade 1 abordare mos nesta unidade questões relacionadas à transmissão cultural na escola ou seja os elementos mais significativos acumulados historicamente e imprescindíveis à formação dos sujeitos ao la zer concebido como elemento da cultura e aos jogos e brinca deiras também elementos da cultura inseridos no espaço escolar como conteúdos de ensino da Educação Física Observe que esta unidade encontrase articulada à anterior evitando portanto a ocorrência da fragmentação entre as unida des temáticas Essa estratégia é relevante no sentido de possibili tar que estabeleça relações entre os conteúdos estudados e po tencialize assim a sua aprendizagem Considerando os objetivos propostos e sendo de suma im portância trabalharemos com a leitura e o estudo de textos na íntegra ou de suas resenhas Começaremos com o texto As Antinomias Dialéticas do Lazer de Gustavo Martins Piccolo O artigo permitirá que você compre enda a gênese do lazer na sociedade moderna e como alguns au tores brasileiros contemporâneos que se dedicam aos estudos do lazer posicionamse em relação à mesma Como segundo passo propomos reflexões em relação ao duplo caráter educativo do lazer como veículo e como objeto de educação dialogando com Nelson Carvalho Marcellino Em seguida o estudo do texto Nexos entre e Educação Físi ca Escolar e o Lazer no qual Elizara Carolina Marin aborda alguns conceitos sobre o lazer e aponta caminhos para a ligação dessa dimensão cultural com a Educação Física escolar No tocante aos conteúdos de ensino da Educação Física es colar os Parâmetros Curriculares Nacionais referentes ao Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental BRASiL 1998 servirão de importante aporte teórico Jogos e Brincadeiras II 66 Por fim proporemos uma atividade de pesquisa de campo em que você realizará um levantamento dos espaços e das ativida des de lazer de seu bairro e de sua cidade analisando criticamente as informações coletadas O objetivo é evidenciar a relevância de que você futuro professor conheça as possibilidades e os limites dos espaços e das atividades de lazer que caracterizam o seu bair rocidade Ainda para melhor compreensão do que trataremos agora sugerimos o texto de Jorge Dorfman Knijnik A questão do jogo uma contribuição na discussão de conteúdos e objetivos da Edu cação Física escolar publicado na Revista Brasileira de Ciências e Movimento volume 9 número 2 em abril de 2001 Essa leitura é complementar mas pode contribuir significativamente para a ampliação de seus conhecimentos sobre os jogos como conteúdos escolares Nossa expectativa é que você faça a leitura e dialogue com o texto 5 O LAZER NA SOCIEDADE MODERNA ORIGEM HIS TÓRIA E CONCEITOS CONTEMPORÂNEOS A fim de avançarmos em nossos estudos conforme anuncia mos na introdução desta unidade trataremos de uma categoria mais ampla no âmbito da cultura o lazer É nela que podemos situar os jogos e as brincadeiras assim como os demais elementos da cultura corporal e as diversas práti cas sociais realizadas pelos sujeitos com a finalidade de ocupação do tempo livre Mencionar o lazer como uma categoria eou um elemento da cultura que abarca um conjunto de práticas sociais com a finali dade de ocupação do tempo livre demanda considerar que essas práticas sociais encontramse delimitadas por conteúdos eou in teresses culturais do lazer 67 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Nesse sentido Melo Brêtas e Monteiro 2009 explicitam que os conteúdos eou interesses culturais do lazer são os seguin tes 1 Interesses físicos Relacionados à busca de prazer oca sionado pelas atividades físicas Nessa categoria encon tramse tanto a prática de atividades físicas quanto a assistir à realização da atividade por exemplo assistir a uma partida de algum esporte 2 Interesses artísticos Relacionados às atividades artísti cas por exemplo artes plásticas cinema teatro músi ca danças em geral Vale ressaltar que pode tanto as sistir eou observar às atividades artísticas exposições de arte museus etc quanto realizálas artes plásticas por exemplo 3 Interesses manuais São procuradas pelo prazer oriundo da manipulação de objetos e produtos Exemplo culiná ria marcenaria artesanato jardinagem etc 4 Interesses intelectuais Referemse às atividades em que o prazer fundamental está relacionado à reflexão e ao raciocínio tais como jogos intelectuais xadrez dama jogos de baralho truco buraco etc palestras leituras etc 5 Interesses sociais Atividades em que a sociabilidade e a formação de grupos representam os objetivos centrais São atividades buscadas fundamentalmente por pro mover o encontro de indivíduos Exemplo festas espe táculos atividades turísticas Observe que as atividades de lazer podem congregar vários interesses em uma mesma atividade vários podem ser estimula dos e explorados Antes de discutirmos as relações passíveis de estabeleci mento entre o lazer e a Educação Física escolar necessitamos nos reportar à origem do lazer à sua constituição sóciohistórica e à diversidade de conceitos que contemporaneamente permeiam essa prática social Jogos e Brincadeiras II 68 Nesse momento se faz necessário contemplar tal tema de estudo para que você possa posicionarse criticamente em relação ao conceito e às finalidades do lazer na sociedade contemporânea O texto resenhado a seguir servirá de relevante aporte teóri coconceitual para as discussões posteriores e para a sua atuação pedagógica Para contemplar as demandas supracitadas apresen tamos a resenha de As Antinomias Dialéticas do Lazer de Gustavo Martins Piccolo publicado na Revista Motrivivência em Junho de 2008 O professor Gustavo Martins Piccolo é doutorando em Edu cação Especial pela Universidade Federal de São Carlos Ufscar Mestre em Educação além de Bacharel e Licenciado em Educação Física pela UFSCar Atualmente é professor efetivo da Escola Esta dual Florestano Libutti em Araraquara São Paulo As antinomias dialéticas do lazer O presente texto busca através de um árido processo de revisão de literatura demarcar o lazer como espaço dialético de apropriação fruição e objetivação cultural pela vivência do lúdico na socieda de acentuando ao fenômeno lazer a característica de ferramenta mediativa na produção do conhecimento cuja materialidade pode estar tanto em consonância à incorporação dos objetivos propostos pelas classes dominantes como também no sentido de crítica a es tes postulados Ainda no arcabouço do texto assinalamos possíveis relações entre a Educação Física e o lazer as quais objetivam a pro dução de um espaço lúdico libertário e emancipatório PICOLLO 2008 p 9 O artigo encontrase sistematizado em três etapas interrela cionadas Na primeira o autor apresenta o processo de construção social e histórica do lazer discutindo o cenário mundial e as razões pelas quais o lazer emerge na segunda a contextualização do la zer no âmbito da história brasileira e em um terceiro momento Picollo analisa e discute os conceitos de lazer coexistentes hodier namente fundamentado em autores brasileiros contemporâneos que se dedicam aos estudos do lazer 69 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Por fim com base no processo de análise engendrado nessas etapas o autor assinala as possíveis relações existentes entre a Educação Física escolar e o lazer Delimitadas as partes constituintes do artigo que o trato da temática do lazer se dá desde sua gênese até sua contemporanei dade em um processo que inclui o diálogo com autores brasileiros representativos dos estudos referentes ao lazer o autor assinala que os objetivos desse artigo são identificar e discutir as principais contradições existentes nos estudos sobre o lazer no Brasil suscitar reflexões que permeiam novos olhares a algumas relevantes questões para a compreensão do lazer a ori gem a concepção como elemento constituinte e consti tuído pela cultura o lazer concebido como espaço e tem po de crítica aos mecanismos de conformação social a mercantilização do lazer entre outras estabelecer relações entre o lazer e a Educação Física es colar Picollo 2008 inicia suas considerações refutando a hipóte se de que o lazer apresentase como um fenômeno ahistórico ou atemporal Isso significa dizer que a compreensão do que é o lazer e o que ele representa à sociedade somente pode emergir do estudo do período social e histórico em que o lazer nasce e contempo raneamente desenvolvese Nesse ínterim o autor delimita como a sua origem conce bido como atividade que se diferencia do trabalho institucional mente delimitado ou seja tratase da utilização do tempo do não trabalho a Revolução Industrial Inglesa Essa delimitação é justificada pelas mudanças substanciais acarretadas por esse processo O trabalho realizado socialmente e institucionalmente diferenciase sobremaneira das atividades cotidianas Jogos e Brincadeiras II 70 Esse novo trabalho novas formas e relações de produção ocasiona a divisão do trabalho a expropriação dos trabalhadores em relação aos produtos feitos por eles a excessiva carga horária de trabalho que desencadeia por conseguinte reivindicações dos trabalhadores por maior tempo de não trabalho entre outros elementos Atribuir a origem do lazer ao período correspondente à Re volução Industrial Inglesa não significa que anteriormente não houvesse atividades semelhantespróximas ao que contempora neamente compreendemos como lazer Pinto et al 1998 destaca que desde a Antiguidade os seres humanos dedicamse à atividades designadas sob a denominação de ócio Todavia se faz necessário esclarecer que a categoria lazer em uma asserção relacionada à dimensão do não trabalho emer girá mediante aos processos sociais e econômicos desencadeados pela Revolução industrial no século 17 A crescente mecanização do trabalho característica da Revolução Industrial o consequen te incremento da produção material e a abertura de um tempo de não trabalho propiciam o nascimento do que contemporanea mente denominamos lazer Entretanto Picollo 2008 assevera que esse tempo de não trabalho não esteve relacionado diretamente ao atendimento das reivindicações por exemplo das lutas trabalhistas dos trabalhado res de outro modo a sua justificação estava relacionada á aspectos funcionalistas principalmente no que tange a recu peração das forças físicas para o trabalho ou seja basicamente ao descanso e à incorporação incondicional dos ditames estruturais da sociedade PiCOLLO 2008 p 11 Como atividade complementar assista ao filme Tempos Mo dernos de Charles Chaplin Veja a seguir a sinopse da produção e um roteiro com alguns pontos que merecem ser observados en quanto você a assiste 71 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Tempos Modernos Sinopse Carlitos o personagem clássico de Chaplin consegue emprego numa grande indústria transformase em líder grevista por engano e ao conhecer uma jovem se apaixona O filme focali za a vida na sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e na especialização do trabalho É uma crítica à modernidade e ao capitalismo represen tado pelo modelo de industrialização em que o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido por suas ideias subversivas Observe os seguintes pontos enquanto você assiste ao filme a o contexto sóciohistórico que o filme retrata b a organização do trabalho neste contexto c a ociosidade de Carlitos na socieda de na qual o desemprego é um mecanismo de sujeição do traba lhador em exército suplementar ou de reserva de mãodeobra sujeitado à ociosidade d o mito a automação e contradições do trabalho assalariado e o lazer como entretenimento f a tentativa de Carlitos se adequar ao modelo burguês de sujeito e família Figura 1 Tempos Modernos de Charles Chaplin 1936 Jogos e Brincadeiras II 72 Temse a partir desse período uma sociedade baseada em uma nova configuração emerge o binômio trabalho e tempo livre ou trabalho e não trabalho em que seus contornos são demar cados pelo processo de produção e reprodução da existência o trabalho e pela realização de atividades que não se relacionam diretamente ao trabalho não trabalho O processo responsável por este desenrolar está estritamente re lacionado com a quebra radical do tempo natural do trabalho em tempo rigidamente cronometrado imposto pela industrialização mercantil praticada no capitalismo PiCOLLO 2008 p 13 Nesse sentido conforme é possível visualizar em tais consi derações o lazer emerge tanto das reivindicações dos trabalhado res quanto em certo ponto de modo hegemônico como campo de ação pretensamente estratégico da sociedade industrial e se in sere na sociedade moderna como a utilização do tempo livre não trabalho com a prática de atividades corporais e lúdicas diversas com objetivos múltiplos PiCOLLO 2008 Ademais é necessário esclarecer que o autor considera como inadequada a compreensão de que o lazer por si só apre senta como produto a emancipação de outro modo Picollo 2008 o situa conforme se constata nas considerações anteriores tanto na direção da emancipação e da libertação quanto da conforma ção social circunscrita à sociedade capitalista No Brasil o lazer considerado de forma consolidada surge entre o final do século 19 e o início do século 20 período em que ocorre a internacionalização do capital e a urbanização das cidades Em consonância com as perspectivas anteriores no Brasil a gênese do lazer também se dá codificada pela racionalidade do mercado de trabalho MARCASSA 2002 apud PiCOLLO 2008 Pinto et al 2008 p 48 fornece alguns exemplos que sub sidiam a compreensão da afirmação acima Como forma de ocu par o tempo de não trabalho nesse período histórico difundiuse a política assistencialista de recreação orientada promotora de pacotes e de atividades 73 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Essa política difundida tanto no âmbito estatal quanto cor porativo tinha como objetivo a promoção da distração do descan so e da recomposição da força de trabalho É importante não per der de vista ainda que além do caráter funcionalista do lazer está a prática social que no decorrer do desenvolvimento da sociedade brasileira fundamentada no capitalismo neoliberal é reconhecida como força econômica Ou seja o lazer passa a ser concebido difundido e organizado com base no consumo de mercadorias lúdicoculturais nesse ínterim até a década de 1970 seja nos estudos no âmbito da produção de conhecimento seja nas intervenções vol tadas ao lazer este é compreendido a partir do seu caráter com pensatório em relação ao trabalho não obstante tais considerações Picollo 2008 esclarece que da mesma maneira como se perpetua no lazer esse caráter ideologicamente conservador coerente com a visão de mundo ca pitalista o lazer carrega consigo uma dimensão subversiva con substanciada na possibilidade de crítica ao sistema que lhe dá respaldo Essa possibilidade é visualizada de modo mais clara a par tir da década de 1980 período em que o país passa pelo fim da ditadura e a consequente abertura política além desses fatores colabora para esse processo a concomitante imersão da Educação Física em um viés mais crítico Joffre Dumazedier estudioso representativo dessa temática a partir da década de 1980 passa a ser criticado pelo caráter fun cionalista de seus estudos e inclusive desse próprio conceito de lazer Dumazedier 1999 apud PiCOLLO 2008 p 18 conceituou lazer como conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregarse de livre vontade seja para repousar seja para divertirse recrearse e entreterse ou ainda para desenvolver sua formação desinteres sada após livrarse das obrigações profissionais familiares e sociais Jogos e Brincadeiras II 74 O caráter funcionalista do lazer tal qual presente no concei to de Dumazedier evidenciase na medida em que o lazer é con cebido e utilizado como uma válvula de escape do trabalho e do enfrentamento das mazelas sociais PiCOLLO 2008 Em outras palavras podemos evidenciar esse caráter funcio nalista na utilização do lazer para a recuperação do trabalhador do ponto de vista físico e psicológico por exemplo para o mas caramento das questões sociais despolitização pela via do lazer e entre outros elementos Nesse sentido estudiosos brasileiros como Nelson Carvalho Marcellino e Fernando Mascarenhas debruçamse sobre o tema de modo a proporem conceitos compreensões e práticas trans cendentes de lazer Veremos a seguir algumas possibilidades rela cionadas a esses conceitos transcendentes Nelson Carvalho Marcellino distingue algumas nuances da visão funcionalista do lazer a abordagem romântica a busca da paz social pelo lazer a abordagem moralista a manutenção da ordem pelo lazer a abordagem compensatória ou utilitarista compensação das imposições da vida social especialmente o tra balho com atividades socialmente aceitas e moralmente corretas MARCELLinO 2008 Dumazedier ainda apresenta um conceito clássico relacio nado aos estudos do lazer os três D Você já ouviu falar Trata se no ponto de vista desse autor de considerar que o lazer possui três funções fundamentais a Diversão o Descanso e o Desenvolvi mento MARCELLinO 2008 Em suma podemos a partir do lazer proporcionar eou vivenciar essas três funções Picollo 2008 trata dos conceitos de lazer emergentes a par tir da década de 1980 e que nos permitem situar as discussões em Jogos e Brincadeiras II suscitadas no princípio desta unidade e que serão propostas posteriormente Marcellino 2001 apud PiCOLLO 2008 compreende que o lazer pode ser entendido como cultura vivenciada no tempo dis 75 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares ponível Ele situa o lazer no âmbito de uma prática social crítica e criativa de sujeitos historicamente situados Ou seja o lazer passa a ser concebido em relação ao seu potencial de desenvolvimento dos sujeitos superando assim a tradicional sinonímia entre lazer e divertimento ou descanso em uma asserção funcionalista Com base nesses pressupostos Marcellino 2002 apud PI COLLO 2008 p 20 destaca o aspecto educativo do lazer desde que ele seja entendido como possibilidade de atuação no plano cultural objetivando a construção de novas formas de sociabilida de tendo em vista que apenas assim o lazer se transforma em instrumento de con trahegemonia e de crítica a miséria e opressão que abundam as múltiplas esferas da sociedade capitalista por conseguinte o lazer também pode adquirir uma função de elevação de nossas cons ciências para além do senso comum fato de fundamental impor tância para traçarmos caminhos sociais mais fraternos e solidários Mascarenhas 2001 2005 apud PiCOLLO 2008 por sua vez concebe o lazer como um mecanismo de resistência à dominação ideológica dotado do objetivo e do potencial de transformar a so ciedade como elemento coadjuvante associado aos espaços dota dos de semelhante possibilidade como a educação por exemplo Nessa perspectiva o referido autor compreende o lazer como força de reorganização da sociedade e como elemento edu cativo capaz de fomentar e contribuir à construção de outros valo res a balizarem as relações sociais Neste contexto o lazer passa a ser entendido como tempo e lugar da construção de cidadania e exercício da liberdade MASCARENHAS 2005 apud PICOLLO 2008 p 21 Até aqui podemos compreender o lazer como uma prática social e elemento da cultura que sendo síntese das determina ções históricas pode exercer tanto a função de transformação so cial em um sentido emancipatório quanto de interiorização das relações sociais adaptadas e não questionadoras da sociedade Jogos e Brincadeiras II 76 Essa relação será também tratada nas posteriores leituras desta unidade Por hora propomos que você reflita sobre as pos sibilidades de articulação entre o lazer e a Educação Física escolar e para as finalidades dessa relação as quais são concretizadas no âmbito de nossa intervenção pedagógica No tocante à superação do conceito de lazer funcionalista constatase que os autores citados por Picollo 2008 nelson Antônio Marcellino e Fernando Mascarenhas convergem para a compreensão de que o lazer apresenta possibilidades de contri buir com o processo de transformação social Isso acontece na medida que representa um importante ele mento de construção da consciência crítica e de formas de inter venção social superando assim o pretendido senso comum ligado em nossa sociedade em torno das práticas de lazer e da realidade Fundamentado nessas considerações devemos compreen der a profícua relação possível entre a Educação Física e o lazer tendo em vista a possibilidade de que a primeira se constitui como elemento mediador da produção de conhecimentos e do fomento a práticas de lazer comprometidas com a transformação social Não obstante a priori seja possível aliar o lazer somente aos espaços e tempos da educação não formal Picollo 2008 pondera que perspectiva com a qual coadunamos a Educação Física na escola também pode e deve contribuir à ampliação da tematiza ção da problematização e da vivência do lazer Os espaços de educação não formal representam espaços privilegiados para a vivência do lazer Neles o lazer carrega consi go assim como na educação formal um duplo processo educativo tema de estudo do próximo tópico Embora este estudo componha o currículo de um curso de licenciatura mencionar o lazer nos espaços não formais de educa ção é de suma importância 77 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Melo 2006 menciona que na atualidade o lazer represen ta um aspecto cultural que não se encontra plena e democratica mente acessível à população brasileira As limitações e ou barrei ras para o acesso ao lazer referemse à insuficiência de espaços e equipamentos parques ginásios quadras cinemas bibliotecas entre outros ao restrito tempo de não trabalho que pode ser destinado a tais atividades em íntima relação com a classe social da população o tempo de não trabalho para grande parte das pessoas é restrito eou sequer existe a insuficiência de políticas públicas relacionada ao lazer e entre outros elementos Além desses fatores Marcellino 2008 acrescenta que há as barreiras intraclasses sociais tais como as condições sócioeco nômicas o gênero as mulheres seja pela rotina do trabalho do méstico seja pela dupla jornada de trabalho têm acesso restrito ao lazer a faixa etária especificamente em relação a crianças e idosos o nível de instrução e entre outros Nesse sentido uma importante atribuição ao professor de Educação Física pode ser a de animador cultural Isto é o professor de Educação Física pode e deve procurar estimular a potencialização das possibilidades de vivência de lazer da população Essa interven ção pode vir a contribuir com a ampliação do acesso ao lazer e aos processos de reivindicação da população junto ao poder público pelo provimento desse direito garantido pela Constituição Melo 2006 p 8 assinala que a animação cultural pode ser compreendida como uma tecnologia educacional uma proposta de intervenção pe dagógica pautada na ideia radical de mediação que nunca deve significar imposição que busca permitir compreensões mais apro fundadas acerca dos sentidos e significados culturais consideran do as tensões que nesse âmbito se estabelecem que concedem concretude à nossa existência cotidiana construída com base no princípio de estímulo às organizações comunitárias que pressupõe a ideia de indivíduos fortes para que tenhamos realmente uma construção democrática sempre tendo em vista provocar ques tionamentos acerca da ordem social estabelecida e contribuir para a superação do status quo e para a construção de uma sociedade mais justa Jogos e Brincadeiras II 78 No final desta unidade propomos uma atividade em que você deverá realizar um levantamento dos espaços e das ativida des de lazer de seu bairro ecidade Para subsidiálo nesta atividade necessitamos discutir outro ponto o espaço e os equipamentos necessários para a prática do lazer Entendemos por espaço o suporte para os equipamentos e por equipamentos os objetos que organizam o espaço em fun ção de determinada atividade MARCELLINO 2006 Desses conceitos assinalamos que democratizar o lazer im plica em democratizar o espaço e os equipamentos No que se re fere a eles Requixa 1980 apud MARCELLinO 2006 os categoriza em equipamentos específicos e não específicos Os primeiros são construídos com a finalidade da prática do lazer campos de futebol praças parques teatro cinema etc os segundos são aqueles que em sua origem não foram construídos para a prática das atividades de lazer mas que posteriormente tiveram a sua destinação primária alterada parcial ou totalmente criandose espaços para as atividades de lazer o lar a rua o bar a escola a universidade etc 6 O LAZER COMO VEÍCULO E COMO OBJETO DE EDU CAÇÃO UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO Considerando que anteriormente mencionamos não obstan te de forma principiante a dimensão educativa do lazer se faz ne cessária nesse momento tratar de forma mais detida essa questão Como aporte teórico para suprir essa demanda nos utiliza remos de Marcellino 1987 O autor advoga em prol da evidência de que o lazer congrega um duplo processo educativo o lazer como veículo e como objeto de educação Em relação a esse du plo aspecto do lazer há que se ressaltar que Marcellino aproveitou as ideias de Renato Requixa O tema foi discutido em sua obra La zer e Humanização publicado em 1983 79 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Nelson Carvalho Marcellino é doutor em Educação pela Uni versidade Estadual de Campinas Unicamp mestre em Filosofia da Educação e licenciado em Ciências Sociais pela Pontifícia Uni versidade Católica de Campinas Atualmente é professor da Uni versidade Metodista de Piracicaba nos cursos de mestrado em Educação Física e doutorado em Educação Inicialmente é necessário que você evidencie algumas ques tões sobrepostas na afirmação grifada anteriormente O que signi fica afirmar que o lazer pode representar tanto um veículo como um objeto de educação O que configura analiticamente cada uma dessas dimensões Por que elas se revelam importantes para a relação entre o lazer e a escola eou o lazer e a Educação Física escolar Essas questões necessitam ser compreendidas por você futuro professor de Educação Física Atente para o fato de que o autor do texto referenciado pro cura romper com o conceito de lazer concebido sob um viés fun cionalista Nesse sentido reflita sobre a citação a seguir Tratase de um posicionamento baseado em duas constatações a primeira que lazer é um veículo privilegiado de educação e a segunda que para a prática positiva das atividades de lazer é ne cessário o aprendizado o estímulo a iniciação que possibilitem a passagem de níveis menos elaborados simples para níveis mais elaborados complexos com o enriquecimento do espírito crítico na prática ou na observação Verificase assim um duplo processo educativo lazer como veículo e como objeto de educação MAR CELLinO 1987 p 58 grifos do autor Abordaremos primeiramente o lazer como veículo de educação explicitado na expressão educação pelo lazer Marcellino 1987 afirma que se relacionam a essa dimensão as potencialidades do lazer para o desenvolvimento pessoal e so cial dos sujeitos Isso significa que tanto nas ocasiões em que o lazer é utilizado com objetivos de relaxamento e de prazer quanto nas ocasiões cujo objetivo é a compreensão da realidade ocorre o desenvolvimento pessoal e o desenvolvimento social dos sujeitos este último pelo Jogos e Brincadeiras II 80 reconhecimento das responsabilidades sociais a partir do agu çamento da sensibilidade ao nível pessoal pelo incentivo ao auto aperfeiçoamento pelas oportunidades de contatos primários e de desenvolvimento de sentimentos de solidariedade MARCELLINO 1987 p 60 É necessário esclarecer entretanto que para além de uma conceituação utilitária e acrítica do potencial educativo do lazer evidenciada por exemplo no consumo dos produtos da indústria cultural pelo lazer ou mesmo na difusão do lazer como forma de aliviar tensões eou promover o desenvolvimento integral dos sujeitos discursos comumente presentes e veiculados no âmbito do lazer devese ter claro que Assim só tem sentido se falar em aspectos educativos do lazer se esse for considerado como um dos possíveis canais de atuação no plano cultural tendo em vista contribuir para uma nova ordem moral e intelectual favorecedora de mudanças no plano social Em outras palavras só tem sentido se falar em aspectos educativos do lazer ao considerálo como um dos campos possíveis de contra hegemonia MARCELLinO 1987 p 63 O lazer como objeto de educação em linhas gerais ex plicitase na necessidade da educação para o lazer Esclarece Requixa 1980 apud MARCELLinO 1987 que se trata do aprendi zado o uso do tempo livre No entanto o lazer como objeto de educação também traz consigo tanto elementos emancipatórios e de apropriação crítica da realidade quanto de veiculação e de manutenção do status quo social Analise as citações a seguir Elas complementam as questões em estudo nesta seção As práticas corporais no âmbito do lazer considerando seus aspec tos educativos contribuem para a compreensão do novo mundo social e a intervenção nele Nesse contexto tornase relevante re fletir sobre o lazer tanto pelo seu teor educativo propositivo quan to pelo seu aspecto políticosocial FRAnÇA 2003 p 35 À guisa de conclusão reafirmamos a relevância educativa de prá ticas no âmbito do lazer explorando temáticas à luz de reflexões sobre a realidade sociopolíticoeducacional propiciando ruptura 81 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares com práticas desvinculadas das atuais exigências sociais Creio ser esse o desafio que se coloca como uma tarefa coletiva inadiável idem p 45 Observe a Figura 2 Ela mostra o esquema elaborado para apresentar os conceitos fundamentais do lazer referenciados em Marcellino 1987 Fonte Marcellino 1987 Figura 2 Esquema demonstrativo dos conceitos fundamentais relativos ao lazer 7 LAZER COMO PRÁTICA SOCIAL CONTEÚDOS PARA A EDUCAÇÃO FORMAL O lazer tem sido tratado tanto nas produções acadêmicas de diversas áreas do saber como nas normativas legais oficiais de diferentes âmbitos como um direito a ser garantido a todo o cida dão brasileiro A Constituição Federal no Capítulo II que trata dos Direitos Sociais no Artigo 6º determina que são direitos sociais a educa ção a saúde o trabalho a moradia o lazer a segurança a previ Jogos e Brincadeiras II 82 dência social a proteção à maternidade e à infância a assistência aos desamparados na forma desta Constituição grifo nosso A discussão que pretendemos aprofundar é o lazer como prática social que constitui parte de nosso patrimônio cultural e portanto deve ser incluído na pauta da organização e desenvolvi mento dos currículos e dos conteúdos escolares Para problematizarmos essa discussão colocamos como ponto de partida a seguinte questão são os conhecimentos pro duzidos pela humanidade sobre o lazer enquanto campo teórico e conceitual que devem compor currículos escolares eou são os conhecimentos sobre as diferentes formas de utilizar o tempo livre que devem ser transmitidos nos espaços de educação formal ou seja na escola Para Marin 2008 os estudos sobre o lazer colocam clara mente dois desafios à escola e aos professores entender o lazer como parte do patrimônio cultural hu mano e portanto deve ser transformado e transmitido às novas gerações revisar os conteúdos escolares majoritariamente traba lhados nas escolas incluindo novas e diversas práticas corporais como conteúdo de ensino para que sejam utili zados como formas diferentes de se exercitarem no tem po livre Essa preocupação de pensar sobre o lazer como prática so cial que precisa ser desenvolvido e aprimorado está presente nos documentos oficiais e tem aparecido como um dos principais ob jetivos para o uso dos conhecimentos da Educação Física na vida cotidiana dos indivíduos nos Parâmetros Curriculares nacionais de 1ª a 4ª séries o lazer é colocado como uma das finalidades para o uso dos conheci mentos decorrentes das aprendizagens na Educação Física Escolar 83 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino funda mental é importante pois possibilita aos alunos terem desde cedo a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de partici par de atividades culturais como jogos esportes lutas ginásticas e danças com finalidades de lazer expressão de sentimentos afetos e emoções BRASiL 1997 p 15 grifo nosso Essa finalidade posta para os conteúdos escolares de 1ª a 4ª séries também é evidenciada nos Parâmetros Curriculares Nacio nais de 5ª a 8ª séries quando eles propõem que O trabalho de Educação Física nas séries finais do ensino funda mental é muito importante na medida em que possibilita aos alu nos uma ampliação da visão sobre a cultura corporal de movimen to e assim viabiliza a autonomia para o desenvolvimento de uma prática pessoal e a capacidade para interferir na comunidade seja na manutenção ou na construção de espaços de participação em atividades culturais como jogos esportes lutas ginásticas e dan ças com finalidades de lazer expressão de sentimentos afetos e emoções Ressignificar esses elementos da cultura e construílos coletivamente é uma proposta de participação constante e respon sável na sociedade BRASiL 1998 p 15 grifo nosso Também podemos retomar a leitura que fizemos na Unida de 1 sobre a transmissão cultural como função primordial da es cola e as práticas da cultura corporal como conteúdos de ensino As práticas corporais foram aprimoradas sistematizadas e cientificadas ao longo da história humana Esse processo histórico ocorreu guiado por diferentes necessidades e possibilidades para o uso das habilidades físicas Entre essas possibilidades e necessidades podemse incluir motivos militares relativos ao domínio e ao uso de espaço motivos econô micos que dizem respeito às tecnologias de caça pesca e agricultu ra motivos de saúde pelas práticas compensatórias e profiláticas Podemse incluir ainda motivos religiosos no que se referem aos rituais e festas motivos artísticos ligados à construção e à expres são de ideias e sentimentos e por motivações lúdicas relacionadas ao lazer e ao divertimento BRASiL 1998 p 2728 grifo nosso Como podemos observar algumas práticas têm um caráter essencialmente utilitário e se relacionam mais diretamente Jogos e Brincadeiras II 84 à realidade objetiva com suas exigências de sobrevivência adaptação ao meio produção de bens resolução de problemas e nesse sentido são conceitualmente mais próximas do trabalho idem p 28 Assim como outras práticas existem por motivos essencial mente subjetivos e simbólicos são realizadas com fim em si mesmas por prazer e divertimen to Estão mais próximas do lazer e da fantasia embora suas origens em muitos casos estejam em práticas utilitárias idem p 28 O lazer se encontra no centro dos estudos e produções sobre os objetivos das práticas corporais e suas formas de inserção na escola como conteúdos de ensino Para que consigamos entender essa ligação entre os conte údos escolares e o lazer e o tempo livre temos que nos debruçar mos em uma tarefa um tanto árdua de conceituação e compreen são desses dois termos Poderíamos começar dizendo que o tempo livre é um tempo de não trabalho trabalho formal e institucionalizado socialmen te e que o lazer é como as pessoas fazem uso desse tempo livre Esse uso do tempo livre pode estar condicionado por uma visão de mundo ligada especialmente ao consumo ou a uma visão de mundo que entende o uso do tempo livre desinteressado livre e simbólico Dessa forma atualmente o lazer vem sendo colocado em dois polos distintos o viés do consumo e da cultura como repre sentam as Figuras 3 e 4 a seguir 85 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Figura 3 O lazer pelo viés do consumo Figura 4 A Capoeira como um elemento da cultura corporal e do lazer Analise as duas imagens e reflita em que medida a capoeira assim como os demais elementos que compõem a cultura corpo ral pode ser eou tem sido apropriada e utilizada como lazer pelo viés do consumo Jogos e Brincadeiras II 86 Para darmos continuidade a esta parte do estudo pedimos que você descreva em um pequeno parágrafo seu entendimento inicial sobre essas duas formas de entender o lazer Procure exem plificar as duas posições com fatos do seu cotidiano O consumo tem sido visto como uma senão a principal for ma de fazer uso do tempo livre O consumo dita as regras sobre o uso do tempo livre ou seja ressalta as diferenças sociais O la zer passa a acontecer pelo consumo ou pelo não consumo o primeiro para aqueles que dispõem de recursos aos quais há o acesso aos bens e serviços especializados e caros disponíveis nos shopping centers parques bares casas noturnas pacotes turís ticos cinemas hotéis cruzeiros marítimos etc o segundo para a camada da população menos favorecida à qual resta o espaço doméstico por meio da televisão A mídia tem um papel importante no fortalecimento desses princípios a partir do momento que se encarrega de difundir em massa os bens de consumo oferecidos pela indústria do lazer Os bens de consumo são aqui entendidos como tudo o que pode ser comprado Todo o aparato tecnológico os serviços es pecializados até mesmo os programas televisivos os quais são adquiridos camufladamente na compra dos bens propagandeados pelos meios de comunicação A falta de opção de escolhas ou de vontade de adotar outras formas de lazer pode estar retratando diferentes aspectos da for mação cultural de nossa sociedade A partir do momento em que o consumo é tido como a prin cipal ou a melhor forma de lazer e prazer e a condição econômica para acessar suas diferentes possibilidades temos com certeza amplas discussões a serem incluídas nos espaços escolares Essa interpretação do lazer merece uma reflexão crítica por parte da sociedade assim como um cuidado rigoroso por parte da escola que tem por função apresentar aos alunos as diferentes formas de se inserir na sociedade 87 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Você como futuro professor deve se perguntar ao selecio nar os conteúdos de ensino e preparar suas aulas sobre as ex periências como aluno da Educação Básica Em quais situações a educação para o lazer ocorreu na escola de forma a reforçar o consumo alienado e quando serviu para a produção cultural e o consumo crítico A sociedade deve ter condições de fazer a crítica às concep ções que associam lazer ao crescimento econômico com o con sumo com o uso de equipamentos com as técnicas de diversão e que em sua essência correspondem ao apelo do mercado e à reprodução das desigualdades sociais MARin 2008 p 100 de forma que se elevam valores democráticos solidários e de inclu são social que se sobreponham aos valores hegemônicos do mun do do consumo e da competição Não podemos deixar de considerarmos a subjetividade dos sujeitos e suas escolhas para o uso de seu tempo livre todas as atividades realizadas são formas de praticar o lazer Cabe à escola de maneira geral e em especial à Educação Fí sica transmitir e ensinar outras possibilidades para o uso de tempo livre que tenham como elemento principal as práticas corporais Depois desse breve estudo sobre o lazer podemos ver que o foco dos objetivos escolares de nossa área é ensinar práticas corporais que possam ser utilizadas no tempo livre dos cidadãos Cabe fazer o aluno da Educação Básica entender as diferen ças entre as práticas que reproduzem os valores sociais ligadas ao consumo à sociedade excludente e desigual e às práticas que lan çam valores sociais democráticos de igualdade e inclusão social Como podemos ver o jogo e o brincar tem uma importante função para pensar o lazer de forma lúdica e em espaços sociais Jogos e Brincadeiras II 88 8 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O LAZER UMA RE LAÇÃO NECESSÁRIA A seguir aprofundaremos o estudo sobre o lazer e suas re lações com a Educação por meio da leitura do texto Nexos entre e Educação Física Escolar e o Lazer Nesse texto a autora Elizara Carolina Marin aborda alguns conceitos sobre o lazer e aponta caminhos para a ligação dessa dimensão cultural com a Educação Física Escolar O texto encontrase disponibilizado na íntegra no Tópico 9 desta unidade Texto Complementar Sua publicação neste CRC foi autorizada pela autora A professora Elizara Carolina Marin é doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Uni sinos mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas Unicamp e licenciada em Educação Física pela Univer sidade Federal de Santa Maria UFSM Atualmente é professora adjunta do Centro de Educação Física e Desportos CEFD da UFSM e coordena o Grupo de Pesquisa em Lazer e Formação de Profes sores GPELF 9 TEXTO COMPLEMENTAR Essa leitura aborda aspectos importantes da relação entre o lazer e a educação física escolar Nexos entre a educação física escolar e o lazer Elizara Carolina Marin Doutora em Ciências da Comunicação e Professora do Centro de Educação Física e Desportos CEFD da Universidade Federal de Santa Maria UFSM Para tratar do tema proposto parto do princípio de que uma das especificida des do campo de conhecimento da Educação Física é a da formação e atuação pedagógica BRACHT 2000 Ainda que não haja unidade em âmbito nacional para a compreensão e a delimitação deste campo de conhecimento situo a Edu cação Física na esfera pedagógica Com base nesta perspectiva epistemológica procuro estabelecer relações entre Educação Física Escolar e Lazer e enfatizar que a concepção de cultura é um eixo estruturador para pensar os conteúdos da Educação Física nos diferentes contextos sociais em que ela pode ocorrer 89 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Algumas reflexões sobre o Lazer É preciso considerar que o tema lazer vem recebendo na última década desta que em eventos mundiais em congressos científicos em revistas de circulação nacional em debates de programas televisivos e especialmente investimentos em termos de equipamentos de diversão pela esfera privada Nesse contexto é preciso questionar por que se fala tanto em tempo livre e em lazer o interesse reside na crença de que tempo livre e lazer são necessidades humanas que de vem ser garantidas Ou seria uma necessidade do capital gerar tempo livre para os indivíduos poderem consumir eou recompor suas energias para a produção Na sociedade contemporânea são visíveis os amplos investimentos econô micos na esfera da diversão Basta caminhar pelas ruas sintonizar o rádio acessar a Internet e especialmente ligar a televisão para identificar os grandes investimentos em termos de construção de equipamentos como parques shopping center bares casas noturnas pacotes turísticos cinemas hotéis cruzeiros marítimos de tecnologias de produções midiáticas e em termos de propaganda estímulo para o consumo desse tipo de entretenimento Não obstante a generalização do entretenimento não significa democratização dos bens culturais As desigualdades sociais também se reproduzem na esfera da diversão A esfera do tempo livre da diversão não se configura independente das demais defende Sue 1982 A condição econômicosocial de uma pessoa sobretudo o trabalho que realiza ou ainda o trabalho negado condiciona em boa medida as opções no âmbito do tempo livre e o lugar que ela ocupa na estrutura social Boa parte das discussões dos autores do cenário nacional eou internacional aborda o aumento do tempo livre e a ampliação da oferta de bens e serviços na área do lazer como um avanço da sociedade desconsiderando as diferenças sociais e portanto as diferenças de oportunidades no usufruto tanto do tempo livre quanto dos bens oferecidos pela indústria do lazer Na esfera da mídia o termo lazer passou a ser associado ao consumo de bens oferecidos pelo mercado revestido da idéia de democratização de possibilidade de acesso como se os equipamentos de lazer e as diversas formas de bens e serviços oferecidos pela indústria do lazer estivessem acessíveis a todos Trata se antes de uma falácia Diversas pesquisas LOPES et all 2002 BORELLI PRIOLLI 2000 identificam que para elevados percentuais da população brasi leira a vivência de lazer se dá preponderantemente no espaço doméstico por intermédio da televisão Esta assume grande importância para os setores popu lares tanto por ser uma alternativa de lazer que não exige grande investimento econômico quanto por possibilitar fugir das tensões causadas pelo trânsito e ser uma contrapartida à correria diária Mas ao que discute García Canclini 2001 não é só no Brasil que este fenôme no acontece Numa pesquisa realizada sobre o consumo cultural na cidade do México o autor registra o baixo uso coletivo do espaço urbano apontando que 95 da população do Distrito Federal vêem habitualmente televisão Nos finais de semana a maior parte da população dedica seu tempo livre à vida doméstica com alta porcentagem do tempo dedicado ao consumo de programas televisivos Uma das teorias desenvolvidas por um dos importantes sociólogos do lazer Jo fre Dumazedier 1979 é a de que a sociedade caminha rumo à civilização do lazer O sociólogo italiano Domenico De Masi 2000 muito lido e discutido nos últimos tempos na mesma direção aposta que caminhamos para a sociedade do tempo livre Este autor defende a necessidade de redução da jornada de Jogos e Brincadeiras II 90 trabalho para duas horas para possibilitar não apenas a redução dos níveis de desemprego como também um novo tipo de consumo o cultural Segundo este autor na sociedade tecnológica caberia para a humanidade apenas ser criativo e ocupar o tempo de modo criativo Aqui algumas reflexões precisam ser feitas Como ser criativo se o trabalho para a maioria dos trabalhadores é desenvolvido por meio de longas jornadas Se o trabalho está apartado do saber fazer Se não se permite ao trabalhador compreender o processo e o produto do seu fazer Decorre daí o questionamen to sobre qual lazer poderia restituir o que as pessoas perdem de si no trabalho A dominação exercida no trabalho também se faz sentir no lazer A filósofa Simone Weil 1979 adverte contra os sistemas de reformas ou de transformação social anunciadores da diminuição da duração do trabalho Se o trabalho não se oferecer enquanto sendo açãoreflexão inúteis continuarão sendo as horas de nãotrabalho pois ninguém aceitaria ser escravo por duas horas a escravidão para ser aceita deve durar por dia o bastante para quebrar alguma coisa dentro do homem WEIL 1979 p 140 Tais considerações orientam para a impossibilidade de pensar o lazer sem pen sar o trabalho e as condições históricosociais vividas Indicam ainda a impossi bilidade de pensar o lazer apenas na dimensão do divertimento ou da recreação normalmente associados Podese dizer que por diferentes estratégias e com diferentes interesses o la zer vem sendo associado ao consumo à função compensatória de reparar as energias gastas na esfera do trabalho à função utilitária de ocupar o tempo das pessoas com esporte recreação entre outras atividades para supostamente evitar riscos de conduta Tais concepções colaboram para a manutenção do sistema vigente com suas faces de violência material e simbólica No âmbito da esfera pública o panorama não difere muito da privada Pesqui sas demonstram que no contexto do currículo de formação de profissionais em Educação Física das universidades por exemplo o trato do conhecimento da disciplina Recreação e Lazer enfatiza a matriz conceitual na perspectiva utili tarista que considera a prática da recreação e do lazer um meio para alcançar algo Há maior preocupação com a demonstração de técnicas recreativas com o ensino de jogos do que com a tematização das relações sociais e históricas que envolvem o lazer e os contextos nos quais ele se efetiva Observo que a crítica que está sendo realizada aqui é direcionada para as con cepções que associam lazer ao crescimento econômico com o consumo com o uso de equipamentos com as técnicas de diversão e que em sua essência correspondem ao apelo do mercado e à reprodução das desigualdades sociais Na pesquisa realizada sobre o lúdico na vida de mulheres rurais já se enunciava que pensar o lazer como bens a serem adquiridos é uma idéia que nos barba riza pois arrebata para além de nós para o exterior no consumo o encontro com a arte com o lúdico com a diversão com dimensões que deveriam estar presentes em tudo o que fazemos MARIN 1996 p 85 Para além das perspectivas assinaladas objetivo chamar atenção para a com preensão do lazer como direito social assegurado pela Constituição brasileira de 1988 art 217 parágrafo III e como necessidade humana que precisa ser garantida no cotidianos Se pensarmos o lazer conforme alude Marcellino 1990 p 34 como a cultura compreendida no seu sentido mais amplo vivenciada praticada ou fruída no 91 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares tempo disponível dois aspectos tornamse importantes para destacar os nexos que se querem estabelecer a seguir Um diz respeito ao fato de que na socieda de atual a dimensão lúdica humana constituinte da cultura tem possibilidade de se manifestar prioritariamente no espaço tempo de não trabalho dadas as for mas de organização do trabalho extensas jornadas ritmo da máquina execução de tarefas desprovidas de sentido isenção das garantias dos direitos sociais Portanto o tempo disponível abrese como terreno afeito à dimensão do jogo do brinquedo e da festa Outro aspecto diz respeito ao fato do lazer desenvolver se no terreno da cultura agregando tanto manifestações construídas historica mente pela humanidade quanto o que é específico do contexto país região comunidade onde ele ocorre Alguns nexos entre Educação Física Escolar e lazer Situo a Educação Física como disciplina curricular que tem como principais con teúdos o trato da cultura corporal ou seja os jogos a ginástica as lutas as acrobacias a mímica o esporte dentre outros e que contribui para o processo de democratização do conhecimento historicamente construído Conforme pos tulado por Coletivo de Autores 2002 a reflexão sobre a cultura corporal busca problematizar as formas de representações que o homem tem produzido histori camente no mundo e exteriorizado pela expressão corporal Essa produção hu mana tornouse patrimônio cultural e simultaneamente a ela outras atividades instrumentos formas de trabalho foram criadas A dimensão histórica adotada nesta concepção afastase da noção biológica ou da natureza e situa os jogos a ginástica as lutas as acrobacias a mímica o esporte entre outros como construções humanas no processo histórico e em estreita relação com necessidades sociais econômicas e culturais Associada à compreensão de sujeito histórico está a noção de sujeito cultural que cria e reconfigura movimentos e jogos que podem vir a ser praticados e jogados por outras pessoas no processo da vida humana Tal concepção delega ao sujeito o papel de produtor de novas culturas corporais A partir de tais contextualizações assinalase um eixo fundamental de alinhavo entre a Educação Física Escolar e o lazer sublinhando aqui o horizonte da cul tura Horizonte este que desde meu ponto de vista é de extrema importância para a profissão docente No entanto cabem ainda algumas considerações para evitarem malentendidos pois como discute Alfredo Bosi 1987 vigora na so ciedade atual digase sociedade alicerçada nas diferenças de classes uma concepção de cultura que visa manter tais diferenças sociais considerando a priori que o que a maioria das pessoas faz no seu cotidiano não seja denominado cultura A concepção de cultura amplamente difundida nos diferentes campos sociais e no senso comum é a de cultura associada a algo que se pode comprar que pode tornarse propriedade enfim uma mercadoria ou uma soma de objetos Também pode ser uma coisa que se herda um bem de raiz de família Portanto nessa concepção ser culto é ter acesso a livros a obras de arte a concertos de música ao teatro a conhecimentos e dentre outros Expresso de outro modo ter cultura é possuir bens que se aproximam dos bens de luxo e somente as pes soas com poder aquisitivo ou que acedem ao conhecimento a possuem Nessa concepção a cultura dá à pessoa uma aura de diferença de superioridade e a distingue das demais Assim há pessoas que têm cultura e outras que não têm Essa é uma concepção reificada de cultura e que por isso a isola a distingue Jogos e Brincadeiras II 92 e a situa no reino do que deve ser visto apreciado comprado e portanto sem relação direta com o cotidiano Tratase de uma concepção muito bem caracterizada por Alfredo Bosi como nãodemocrática A concepção de cultura que o autor considera democrática e que tem intrínseca relação com o que quero referendar é a de cultura como vida pensada como resultado realizado por meio do trabalho do fazer quotidiano Portanto cultura é um processo ou um tecido cujos fios são produzidos nas ações de longa duração Essa concepção recoloca a cultura para além de um problema de classe pois define que todos têm e produzem cultura sendo o que homens e mulheres fazem no seu cotidiano e nas condições que eles podem fazer A cultura se constrói no processo da vida e se reconstrói na medida em que vai sendo resignificada ou sendolhe atribuídos novos significados Esta concepção é importante ao ser observada no contexto dos processos pe dagógicos pois recoloca a ênfase no processo de produção das ações e não somente no resultado ou no produto e principalmente porque ela entende todos os sujeitos como produtores de cultura Assim sendo a Educação Física o campo que trata da cultura corporal tanto ela deve levar em conta a produção historicamente construída no contexto global quanto no local estado município escola garantindo que os alunos se reco nheçam em tais conteúdos A ação pedagógica desvinculada da cultura dos alu nos conduz a uma relação centrada no professor e de negação da participação dos alunos À luz do que assinala Bruhns 1997 p 37 se considerarmos que grande parte da população ao optar por alguma atividade corporal não busca alto rendimen to mas uma forma de se exercitar no tempo de lazer pelo menos uma questão deve ser posta para a Educação Física área articuladora dos elementos como jogos esportes dança e ginástica quais sejam se os objetivos almejados no tempo disponível das pessoas geralmente relacionado à dilatação das regras sociais podem ser alcançados através das modalidades tradicionais e da busca da performance Parece ser necessário revisar a prática pedagógica da Educação Física Escolar marcada pela hegemonização do esporte portanto pelos princípios do rendi mento da competição e das regras e técnicas para o trato da diversidade que compõe a cultura corporal Por esse viés a Educação Física amplia sua im portância tanto no espaço escolar quanto na vida social e ao levar em conta a cultura corporal contribui sobremaneira para o usufruto no tempo e espaço de vivência do lazer garantindo suas dimensões de livre escolha de gratuidade e de expressão lúdica Para viabilizar condições favoráveis de consolidação de tais desafios na esfera da Educação Física Escolar aponto algumas vias interrelacionadas e por mim consideradas fundamentais 1 Levar em conta o duplo aspecto educativo do lazer como veículo e objeto de educação ou seja reconhecer a potencialidade do lazer para o desenvolvimento pessoal e social e a necessidade de aprendizado para o uso do tempo livre MARCELLINO 1987 2 Atuar por meio de uma ação pedagógica que situe os alunos como produtores de cultura BOSI 1987 93 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 3 Atuar como mediador estimulando a participação e valorizando o conhecimento dos alunos FREIRE 2006 4 Procurar articular troca de experiências entre docentes por meio de reuniões pedagógicas de formação continuada entre docentes e alunos participação e engajamento em projetos coletivos consubstanciados na ação reflexão ação Como nos ensina Paulo Freire 1987 a realidade é funcionalmente domesticadora e somente por meio da práxis isto é da ação reflexão há possibilidade de libertarse da sua força Defende o autor que ação reflexão alicerçada no engajamento e na comunhão entre semelhantes abrese como um caminho para a promoção de sujeitos sociais Neste contexto urge a necessidade de recuperar o sentido e o valor das trocas de experiências e de imprimir experiências coletivas inclusive como contraponto à atomização das relações Walter Benjamim 1986 é enfático em dizer que estamos ficando pobres pobres de experiências e de troca de experiências Portanto compreendese que a vivência lúdica e a participação ativa para além da passividade sejam canais mobilizadores de trocas e de experiências coletivas 5 Estimular para além das técnicas e da conquista de resultados esporte formal e atividades competitivas a valorização dos processos e percursos das vivências READ 2000 A ênfase na ação pedagógica deve estar situada na perspectiva do sensibilizar de modo a possibilitar aos alunos reconheceremse no conteúdo trabalhado Não visualizo possibilidade de alargar mentalidades se o processo de formação não apresentar sentido para a vida dos envolvidos MARIN 2008 Não se esqueça de que os Parâmetros Curriculares Nacionais em todos os níveis de ensino na Educação Básica preconizam que cada conteúdo de ensino organizado em blocos sejam desenvol vidos eou tematizados na escola considerando as seguintes ca tegoriasdimensões categoria conceitual categoria procedimen tal e categoria atitudinal Você também não deve se esquecer de identificar eou revisar cada um desses conceitos para a realização da tarefa proposta 10 O LAZER NOS CONTEXTOS SOCIAIS E AS DEMAN DAS EDUCACIONAIS Agora que já aprofundamos alguns conceitos sobre lazer e realizamos algumas ligações dessa prática cultural com a Educação e os conteúdos escolares faremos uma atividade prática Jogos e Brincadeiras II 94 Esta atividade objetiva possibilita aos alunos do Curso de Li cenciatura em Educação Física a inserção na cultura corporal vivida por um determinado grupo social Esta atividade é indispensável para uma prática pedagógica que pretenda ser reflexiva autôno ma e inovadora Logo para a continuidade desse estudo que pretende com preender as funções da escola na transmissão de conhecimentos que potencializem as práticas corporais no uso do tempo livre precisamos conhecer a cultura para a qual definimos tais objetivos e ensino Atividade prática Esta atividade é uma pesquisa de campo que tem por ob jetivo identificar os principais hábitos de lazer dos moradores de sua cidade Tomamos como pressuposto que seus alunos serão oriundos dessa comunidade logo conhecêla é fundamental para a definição e organização de conteúdos curriculares que atendam às necessidades locais e sejam extraídos da cultura local Primeiro passo você fará um levantamento sobre os espa ços públicos próprios para o lazer existentes em sua cidade tea tros cinemas praças parques shopping centers para conhecer a diversidade de possibilidades existentes Segundo passo você fará uma pesquisa de campo em duas praças ou parques da cidade para coletar e analisar as principais práticas corporais presentes nos hábitos dos moradores de sua ci dade Para o desenvolvimento da atividade você deverá seguir os seguintes procedimentos Primeira parte da pesquisa 1 Faça um levantamento dos espaços formais existentes para o lazer em sua cidade museus bibliotecas públicas centros comunitários clubes recreativos balneários 95 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares campos de futebol canchas de bocha escolas públicas associação de moradores praças ruas e avenidas igre jas e capelas ginásios municipais parque de exposições campo de golf cemitério monumento estrada turística parque casa de cultura shopping centers etc Se você encontrar outro espaço que possa ser utilizado para a prática do lazer inclua na sua listagem 2 Busque informações no site da Prefeitura nas Secreta rias de Cultura de Educação ou de Lazer e Esporte ou outras instituições existentes em seu município Essa primeira parte contextualizará as diferentes possibilida des existentes nas práticas sociais para o uso do tempo livre Segunda parte da pesquisa 1 Identifique as duas praças ou parques mais utilizados para a realização de práticas corporais em sua cidade 2 Identifique os horários de maior frequência de pratican tes 3 Faça uma observação nos horários com maior frequên cia de praticantes identificando e descrevendo todas as práticas existentes Essa parte da pesquisa contextualizará a realidade ou uma parte significativa da realidade das práticas corporais presentes nos hábitos da cultura de sua cidade A seguir elaboramos no Quadro 1 um roteiro para auxiliálo na sua atividade de observação dos espaços de lazer escolhidos para a realização de sua atividade Quadro 1 Roteiro de observação dos espaços de lazer ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DOS ESPAÇOS DE LAZER Nome do cadêmico Localização endereço e bairro Nome do espaço observado Jogos e Brincadeiras II 96 ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DOS ESPAÇOS DE LAZER Área disponível para as práticas citar as áreas campo de futebol praça infantil etc Data da observação Horário Breve descrição do bairro condições estruturais socioeconômicas etc Estrutura física do local Por exemplo O local observado é um complexo municipal poliesportivo contém Um ginásio poliesportivo de grande porte Ginásios pequenos que comportam atividades diversas Uma pista de atletismo de 400 metros Uma área para prática de atividades de esforço composta por 3 barras em alturas diversas 4 pranchas para fazer abdominal 2 banquinhos pequenos para fazer apoio Uma área para prática de skate patins e bicicleta composta por 3 pistas um centro de convenções em construção Atividades realizadas Por exemplo Atividade 1 Local Exemplo ginásio poliesportivo em cada espaço são realizadas atividades diferentes e todas devem ser descritas Atividades realizadas Exemplo ginástica alongamento ginástica para hipertensos musculação futsal Tipo de eventoatividade espontâneolivre ou com instrutor Quais os materiais utilizados no desenvolvimento da atividade Explique como se desenvolve essa atividade Quantas pessoas se envolvem nesta atividade 97 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Para concluir o estudo desta unidade é necessário que você faça duas tarefas explicitadas a seguir que têm como objetivo sis tematizar e organizar os conteúdos trabalhados além de possibili tar uma autoavaliação de sua aprendizagem Na atividade de campo você deve ter elencado um conjunto de práticas realizadas nos espaços observados A partir deste elenco de práticas complete o Quadro 2 a se guir para agruparem as práticas corporais observadas aos blocos de conteúdos propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais relacionadoas com os blocos de conteúdos Quadro 2 Agrupamento das práticas corporais QUADRO DE SISTEMATIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CORPORAIS OBSERVADAS Práticas corporais observa das Esportes Jogos Lutas Ginástica Atividades rítmicas e expressi vas Conheci mentos sobre o corpo Jogo de voleibol Capoeira Uso de aparelhos para ginástica Grupos de dança Jogo de basquete Corrida Exemplos de como agrupar as práticas observadas tomando como referência os blocos de conteúdos dos PCNs Após a realização deste quadro faça uma análise das práti cas privilegiadas pelos sujeitos observados Aponte quais os blocos de conteúdos estão mais difundidos nas práticas corporais utiliza das nos espaços de lazer Se você fosse elaborar um plano de ensino para alunos oriun dos dos contextos observados quais os conteúdos consideraria uma demanda escolar para a inserção de novas práticas corporais como atividades de lazer Explique por quê Jogos e Brincadeiras II 98 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Na sua atuação pedagógica quais são os conteúdos privilegiados 2 Quais elementos da cultura corporal jogos esportes danças lutas apre sentamse no município ou na comunidade ou bairro em que a escola está inserida 3 De que forma e com quais expressões a cultura corporal e lúdica presentes no município na comunidade ou bairro em que a escola se insere estão sendo utilizadas e apropriadas nas aulas de Educação Física 4 De que modo na prática pedagógica é possível situar o aluno como produ tor de cultura 5 Ao partirmos do pressuposto de que o lazer constitui uma dimensão da cultura e que em um sentido emancipatório pode convergir eou orientar se sob a perspectiva de representar um veículo e um objeto de educação MARCELLinO 1987 tanto no espaço da educação nãoformal quanto da educação formal no âmbito da Educação Física escolar responda a seguinte questão são os conhecimentos produzidos pela humanidade sobre o la zer enquanto campo teórico e conceitual que devem compor os currículos escolares eou são conhecimentos sobre as diferentes formas de utilizar o tempo livre que devem ser transmitidos nos espaços de educação formal ou seja na escola De que forma 6 Disserte sobre a relação entre a Cultura o Lazer os Jogos e as Brincadeiras e a Educação Física escolar Ainda elabore um Mapa Conceitual para repre sentar esta relação 7 Na origem do lazer qual era a sua finalidade E hoje por que as pessoas procuram pela prática do lazer 8 O lazer atualmente é fomentado por órgãos públicos e privados Você iden tifica os interesses que estimulam essas ações de fomento de acordo com a fonte deste 9 Em sua opinião a asserção de que o lazer se constitui como um direito a ser garantido a todo cidadão conforme a Constituição Federal BRASiL 1988 tem se concretizado na realidade Justifique 10 O lazer está ao alcance de todos Quem em sua opinião tem acesso às práticas de lazer Justifique 99 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 11 Você conhece algum programa ou projeto de lazer vinculado a órgãos públicos QualQuais Qual é o seu objetivo e característica desses programas 12 O que significa afirmar que a Revolução Industrial marca o surgimento e a consolidação de novas formas de produção e novas relações de produção Reflita e faça algumas anotações sobre este tópico 13 Você está lembrado do parágrafo que você escreveu no Tópico 7 do seu entendimento inicial sobre as duas formas de entender o lazer pelo viés do consumo e pelo viés da cultura Retome aquele parágrafo e reescrevao com base no estudo realizado até aqui 14 O lazer concebido como a apropriação eou utilização do tempo de não trabalhotempo livre pelos sujeitos tem sido utilizado em nossa sociedade contemporânea sob duas perspectivas distintas o lazer como consumo e o lazer como dimensão da cultura Exemplifique situações referentes ao lazer tendo como referência cada uma dessas perspectivasvieses do lazer e ar gumente acerca do viés que em seu ponto de vista representa hodierna mente a sua manifestação hegemônica 12 CONSIDERAÇÕES Caro aluno nesta etapa avançamos significativamente no sentido de compreender as relações existentes entre a cultura o lazer e a escola em um plano macro e entre o lazer a cultura corporal os jogos e as brincadeiras e a Educação Física escolar Discutimos a gênese do lazer as suas duas dimensões lazer no viés do consumo e lazer no viés da cultura e explicitamos o seu caráter pedagógico quando concebido e concretizado na escola sob a perspectiva de um elemento cultural social e historicamente constituído lazer como veículo e como objeto de educação Ademais para além de estudos e discussões no âmbito teó ricoconceitual propomos uma pesquisa de campo com a obser vação dos espaços e das atividades de lazer de sua cidadebair ro de modo a suscitar reflexões complementares ao processo de aprendizagem objetivado e engendrado nesta Unidade de estudo Após compreendermos e sermos capazes de justificar a in serção dos jogos e brincadeiras e do lazer em aulas de Educação Jogos e Brincadeiras II 100 Física é de suma importância conhecer e intervir no lócus de nos sa intervenção pedagógica e profissional a escola nossa tarefa nas próximas unidades Unidade 3 e Unidade 4 é conhecer a escola seu projeto políticopedagógico suas carac terísticas suas finalidades e pressupostos e suas ações Faremos isso sem que no entanto se perca de vista o foco de nos jogos e as brincadeiras 13 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Tempos Modernos Disponível em httphistorianetcombrconteudo defaultaspxcodigo181 Acesso em 19 jul 2011 Figura 3 O lazer pelo viés do consumo Disponível em httpwwwdiaadiaprgovbr tvpendrivearquivosimageconteudosimagenssociologia3globjpg Acesso em 19 jul 2011 Figura 4 A Capoeira como um elemento da cultura corporal e do lazer Disponível em httpuserwwwsfsueduart511hemerging08KLMasterfKLProject2fiTrb capoeirapontadoxareujpg Acesso em 19 jul 2011 Sites pesquisados KNIJNIK Jorge Dorfman A questão do jogo uma contribuição na discussão de conteúdos e objetivos da Educação Física escolar Revista Brasileira de Ciências e Movimento Brasília v 9 n 2 abril 2001 httpwwwculturainfanciacombrdocsa20questao20do20 jogopdf Acesso em 28 jul 2011 PICCOLO Gustavo Martins As antinomias dialéticas do lazer Motrivivência Florianópolis ano XX n 30 Junho2008 p0927 Disponível em httpwwwperiodicosufscbr indexphpmotrivivenciaarticleview11379 Acesso em 19 jul 2011 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENJAMIN Walter Reflexões a criança o brinquedo a educação São Paulo Summus 1986 BORELLI Silvia PRIOLLi Gabriel et al A deusa ferida por que a Rede Globo não é mais a campeã absoluta de audiência São Paulo Summus 2000 BOSI Alfredo Cultura como tradição In BORHEIM Gerd et al Org Cultura brasileira tradiçãocontradição Rio de Janeiro Zahar Funarte 1987 101 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares BRASIL Constituição da república federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988 São Paulo Saraiva 1988 Presidência da República Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394 de 20 de dezembro de 1996 Diário Oficial Brasília 23 dez 1996 Ministério de Educação Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Física ensino de primeira à quarta série Brasília MECSEF 1997 Ministério de Educação Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais Educação Física ensino de quinta a oitava séries Brasília MEC SEF 1998b Ministério de Educação Secretaria de Educação Básica Orientações curriculares para o ensino médio volume 1 Linguagens códigos e suas tecnologias Brasília ME SEB 2006 BRUHNS Heloisa T Relações entre a educação física e o lazer In BRUNHS Heloisa T Org Introdução aos estudos do lazer Campinas Editora da UniCAMP 1997 CANCLINI Néstor García Consumidores e cidadãos Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2001 COLETIVO DE AUTORES Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Editora Cortez 2002 DE MASI Domenico O ócio criativo Rio de Janeiro Sextante 2000 DUMAZEDIER Jofre Sociologia empírica do lazer São Paulo Perspectiva 1979 FRANÇA Tereza Luiza de Educação para e pelo lazer In MARCELLINO Nelson Carvalho Org Lúdico educação e educação física 2ed ijuí Ed Unijuí 2003 FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 2006 HUIZINGA Johan Homo Ludens 4 ed São Paulo Perspectiva 1993 LOPES Maria Immacolata de BORELLI Silvia H RESENDE Vera Vivendo com a telenovela mediações recepção teleficcionalidade São Paulo Summus 2002 MARCASSA Luciana Lazer Educação In GOMES Chirstiane Luce Dicionário crítico do lazer Belo Horizonte Autêntica 2004 MARCELLINO Nelson Carvalho Lazer e educação Campinas Papirus 1987 O lazer e os espaços na cidade In ISAYAMA Hélder LINHALES Meily Assbú Orgs Sobre lazer e política maneiras de ver maneiras de fazer Belo Horizonte Editora UFMG 2006 p6592 Lazer e sociedade algumas aproximações In MARCELLINO Nelson Carvalho Org Lazer e sociedade Campinas Alínea 2008 p1126 MARIN Elizara Carolina A constituição das teorias pedagógicas da educação física In MARIN Elizara Carolina GAMA Maria Eliza Org Aportes TeóricosMetodológicos contribuições para a prática da educação Física Escolar Programa de Consolidação das Licenciaturas PRODOCÊnCiA 2006 MECSESUDEPEM 2008 Jogos e Brincadeiras II 102 Currículo e formação do profissional do lazer Revista Brasileira de Ciências do Esporte CampinasBR v 23 n 1 p 123130 set 2001 MARIN E C Nexos entre a educação física escolar e o lazer In MARIN Elizara Carolina GAMA Maria Eliza Org Aportes TeóricoMetodológicos Contribuições para a Prática da Educação Física Escolar 1 ed Santa MariaRS UFSM 2008 v 01 p 07176 MELO Vitor Andrade de A animação cultural conceitos e propostas Campinas SP Papirus p 144 2006 MELO Victor Andrade de BRÊTAS Angela MOnTEiRO Mônica Borges Fundamentos do lazer e da animação cultural In OLIVEIRA Amauri Aparecido Bássoli de PERIM Gianna Lepre Orgs Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo Maringá Eduem 2009 p4572 OLIVEIRA Amauri Aparecido Bássoli de PERIM Gianna Lepre Orgs Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo Maringá Eduem 2009 PINTO Leila Mirtes S de Magalhães et al O lazer In PINTO Leila Mirtes S de Magalhães et al Orgs Brincar jogar viver lazer e intersetorialidade com o PELC vol 1 Secretaria nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer SnDEL Brasília 2008 PINTO Leila M A recreaçãolazer e a educação física a manobra da autenticidade do jogo Dissertação de Mestrado em Lazer Faculdade de Educação Física Universidade Estadual de Campinas Campinas 1992 READ Herbert A redenção do robô meu encontro com a educação através da arte São Paulo Summus 2000 SUE Roger El ocio México Fondo de Cultura Económica 1982 VALENTE Márcia C Lazer e recreação no currículo de educação física Maceió Edufal 1997 EAD A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 3 1 OBJETIVO Contextualizar as leituras e o estudo desenvolvido em Jo gos e Brincadeiras II com os espaços escolares a fim de compreender o processo de elaboração as contribuições dos professores na construção e no desenvolvimento do Projeto PolíticoPedagógico PPP bem como a importân cia desse processo para a seleção dos conteúdos de en sino na Educação Básica 2 CONTEÚDOS Projeto PolíticoPedagógico alguns conceitos Processo de elaboração de Projetos PolíticoPedagógicos em escolas de Educação Básica Relação dos conteúdos de ensino com o Projeto Político Pedagógico de uma escola Jogos e Brincadeiras II 104 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Para complementar seus estudos sobre Projeto Político pedagógico solicitamos que seja feita a leitura do texto MUÑOZ Dora A elaboração do Projeto Educativo da Es cola in ÁLVAREZ Manuel Org O Projeto Educativo da Escola Tradução de Daniel Angel Etcheverry Burguño Porto Alegre Artmed 2004 2 Outra sugestão de leitura complementar a esta unida de é o excerto A respeito do projeto políticopedagógico cap1 p2326 parte integrante da referência SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino da educação física São Paulo Cortez 1992 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade temos como objetivo principal a contextu alização das leituras e do estudo desenvolvido neste Caderno de Referência de Conteúdo com os espaços escolares Neste nosso estudo nos propomos não somente realizar um estudo teórico sobre o Projeto PolíticoPedagógico PPP nas escolas de Educação Básica abordando os seus conceitos básicos e os pressupostos que o orientam mas também compreender o processo de elaboração e as contribuições dos professores na construção e no desenvolvimento do PPP Além disso faremos a análise de um PPP de uma escola de Educação Básica em que procuraremos compreender a relação dos conteúdos escolares com a proposta pedagógica dessa escola Esta unidade assim como as demais está organizada com atividades para serem realizadas na sequência proposta pois cada tarefa cria um clima de reflexão favorável para as atividades sub sequentes 105 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 5 LEITURA DO TEXTO SOBRE O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO A seguir apresentaremos algumas reflexões acerca da or ganização e do desenvolvimento do trabalho escolar Buscaremos apontar as diferentes dimensões que constituem o trabalho es colar e apresentar o Projeto PolíticoPedagógico como elemento indispensável na construção de um projeto comum e adequado aos objetivos de ensino de uma determinada comunidade escolar Para Thurler 2001 um dos fatores condicionantes para a aceitação de mudanças e de inovações nos contextos escolares é a teia de relações valores atitudes e concepções que definem a cultura desses estabelecimentos Alguns estabelecimentos escolares são vivos felizes aco lhedores outros são tristes aborrecidos e mesmo severos ou seja cada escola tem a própria atmosfera e as próprias vibrações o que lhes define um contorno único e peculiar Toda a ação intencional que se queira eficaz nos espaços escolares deve levar em conta as especificidades de cada esco la isto é como sua comunidade professores gestores pais alu nos etc vê e compreende a própria realidade suas práticas suas ações e seus resultados Nesse sentido podemos dizer que as mudanças e as ino vações estão condicionadas pela existência de projetos institu cionais que visem obter resultados positivos a partir de suas im plementações E ainda que esses projetos podem e devem ser elaborados a partir de diagnósticos profundos das realidades e da cultura escolar É possível dizer que a escola é um organismo vivo consti tuído por diferentes partes e setores que devem ter como ponto de partida para o planejamento de suas ações a aprendizagem dos alunos Jogos e Brincadeiras II 106 Podemos assumir mesmo que momentaneamente o se guinte diagrama como mostra a Figura 1 para representar a es cola 30 ESCOLA QUE ESPAÇO É ESTE Escola é um Organismo VIVO Categorias Educacionais Ideologias Professores Alunos Métodos e Instrumentos Contexto Técnicos administrativos Diferenças sociais e culturais Figura 1 Diagrama a escola como um organismo vivo Por meio do diagrama podemos dizer que a escola é um es paço social complexo que reproduz a mesma diversidade que en contramos na sociedade Com base em Álvarez 2004 vamos sistematizar esses as pectos da seguinte maneira 1 As categorias educacionais que integram a sociedade Já vimos que a educação pode acontecer de maneira for mal e informal A primeira na escola e a segunda aten dida nos diferentes espaços de convívio social O que diferencia de modo substancial essas duas categorias é o caráter sistematizado e intencional da prática pedagó gica presente na escola 2 A diversidade da formação dos professores que atuam com um mesmo grupo de alunos Cada professor com suas características pessoais e profissionais com seus conhecimentos crenças e valores 107 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 3 As diferenças metodológicas sustentadas pelos diferen tes aportes teóricometodológicos disponíveis no cam po científico 4 A heterogeneidade dos alunos oriundos de diferentes microcomunidades e culturas com atitudes e hábitos sociais diferentes Cada qual com as respectivas apti dões interesses e níveis de desenvolvimento 5 Os diferentes atores que compõem a escola ou seja os técnicos administrativos os diretores supervisores pro fissionais externos os pais etc Todo esse conjunto de elementos quando colocado em ação compõe o que podemos chamar de cultura escolar Para Schein apud Thurler 2001 p 41 a cultura da institui ção é a soma das soluções que funciona bem o bastante para aca bar prosperando e ser transmitida aos recémchegados como ma neiras corretas de perceber de pensar de sentir de agir E uma parte dessas soluções diz respeito às mudanças e às formas como os atores de uma instituição se dispõem a mudar Todo estabelecimento possui uma cultura maior que abar ca a totalidade dos fenômenos existentes nesses espaços assim como também possui subculturas que dizem respeito a pequenos conjuntos de regras normas e valores que abrangem setores gru pos e espaços localizados da escola Essas culturas sejam elas a cultura maior ou as subculturas são transmitidas de modo involuntário e implícito por meio de símbolos atos produtos e linguagem Uma cultura escolar é constituída por diferentes dimensões que influenciam as mudanças e a forma como elas são recebidas ou desejadas defendidas ou refutadas Cabe aos estabelecimen tos por meio de seus atores encontrarem o ponto de consenso que possam garantir coerência e eficiência no desenvolvimento de propostas escolares tanto que visem mudanças mais audaciosas como projetos que proponham à manutenção e à melhoria do que já existe no espaço escolar Jogos e Brincadeiras II 108 Antes de proporem reformas audaciosas devemse conceder atenção especial ao funcionamento dos estabelecimentos escola res e às suas respectivas culturas analisando a sua organização social e as formas de interação existentes pois podemos dizer que a cultura escolar determinará quais e quando as reformas podem ser realizadas e ainda aquelas que terão sucesso ou não Logo podemos dizer que um espaço propício a mudanças e a inovações deve ter em sua cultura valores favoráveis a novos projetos estudos e conhecimentos O caráter determinante atribuído à cultura escolar para a realização de mudanças e efetivação de inovações deixa suben tendido a importância da existência de processos de formação para os professores e para os gestores que tratam de políticas de descentralização que tornem mais prováveis culturas favoráveis às mudanças Dessa forma planejar parece ser uma ação natural própria e inerente às ações escolares tendo em vista que para considerar todas as dimensões e condicionantes existentes na escola é neces sário um diagnóstico da realidade um levantamento das necessi dades e a proposição de ações Entendemos que o planejamento independentemente de acontecer de forma implícita ou explícita e deliberada é uma ação humana O homem tem necessidade de modificar seu meio em busca de satisfação agindo de maneira intencional que transfor me o seu ambiente Para que a ação humana tenha resultados po sitivos é importante que ela seja planejada O planejamento pode acontecer de maneira consciente ou inconsciente Quando se dá de maneira consciente o planejador sabe onde e por que quer chegar porém quando o processo ocor re de forma inconsciente o sujeito corre o risco de se transformar em um instrumento a serviço de outros interesses 109 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola De maneira especial no contexto educacional o planeja mento deve ser uma ação deliberado a fim de que o educador pos sa refletir e avaliar sua prática e trabalhe em prol de seus objetivos como profissional da educação e ciente de seu papel na sociedade Os modelos de planejamento adotados em um determinado contexto profissional são condicionantes diretos dos resultados que serão alcançados no final de cada processo desenvolvido As sumimos para esclarecer essa questão dois modelos Tecnicista ocorre um excesso de planejamento definição de objetivos técnicas de desenvolvimento sob as quais tudo será centralizado e organizado com base em crité rios de eficácia e eficiência Nesse tipo de planejamento os objetivos são alcançados com o mínimo de gastos e visando o máximo de rendimento Participativo enfatiza a necessidade de participação de toda a comunidade escolar e se estrutura com base nas contribuições de cada membro ou segmento da escola O planejamento na educação se dá em dois níveis distintos entre si mas condicionantes uns dos outros o Planejamento Edu cacional e o Planejamento Escolar O Planejamento Educacional PE processase no âmbito go vernamental tanto federal e estadual e municipal Ele deve estar sustentado e de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educa ção nacional Lei n 939496 BRASiL 1996 e relacionar o desen volvimento do Sistema Educacional com o desenvolvimento eco nômico social político e cultural do país O Planejamento Escolar orientase pelos eixos gestão esco lar currículo e avaliação e processase ao nível da própria insti tuição escolar sem deixar de vincularse hierarquicamente às di mensões do Planejamento Educacional A escola como qualquer outra instituição precisa de pesso as responsáveis para planejar o seu funcionamento Esse planeja Jogos e Brincadeiras II 110 mento deve estar em consonância com o Projeto PolíticoPedagó gico PPP da escola que deve ser construído e desenvolvido com a participação de todos os seus segmentos Para tanto é necessário que algumas pessoas estejam inves tidas de autoridade para planejar e executar ações sem as quais a escola não conseguiria caminhar Esses sujeitos são o diretor o vicediretor o supervisorcoordenador pedagógico o secretário e o bibliotecário O Planejamento no Âmbito da Sala de Aula por sua vez rela cionase à dimensão do trabalho do professor no desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem Nossa intenção não é aprofundar os estudos sobre o plane jamento mas sim trazer esse conceito para que se possa discutir e aprofundar os estudos sobre o Projeto PolíticoPedagógico que atende a esfera escolar entre os diferentes níveis do planejamento no campo educacional Chamamos a atenção para a necessária relação que deve exis tir entre os diferentes níveis de planejamento e o PPP da escola Podemos dizer que o PPP é o filtro capaz de equilibrar as propostas externas com o trabalho interno da escola Planejamento Escolar O PPP faz a mediação entre as políticas públicas a legislação e as diretrizes curriculares nacionais com planejamento escolar Dessa forma o PPP constituise em um mecanismo de iden tificação e compreensão da realidade escolar que possibilita aos professores a elaboração dos projetos de mudanças e de melho rias por meio da seleção do ensino dos conteúdos Álvarez 2004 ressalta cinco funções que o PPP pode de sempenhar na organização e funcionamento de uma escola Para ele o PPP é importante porque pode harmonizar a diversidade criando espaços de coerência e tolerância durante o processo de ensinoaprendizagem mantendo sob controle as tendências desa gregadoras que a diversidade provoca p 17 111 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Pode ser considerada uma pequena constituição pela qual e com a qual a comunidade escolar procura chegar a consensos sobre as ações e as atividades escolares Como Proporcionando espaços que possibilitem a explicitação de inten ções e interesses que compõem os princípios educativos de todas as partes comprometidas com o funcionamento da escola e nego ciando com base nos objetivos e princípios organizacionais com os quais todos concordam com a finalidade de dar identidade espe cífica à escola e de fazêlo funcionar de forma coerente ÁLVAREZ 2004 p 17 Também podemos dizer que o PPP tem como função deter minar o regimento e a proposta curricular da escola O projeto educativo funciona como um documento de referência com base no qual irá se concretizar e se desenvolver todos os do cumentos subsequentes que sistematizam a vida escolar de uma instituição autônoma ÁLVAREZ 2004 p 18 Como isso pode acontecer de fato na escola Quando a co munidade escolar decide que o trabalho escolar é de responsabi lidade de todos e que somente por meio de um projeto comum esse trabalho pode ser realizado Para isso a escola deve ser reestruturada para criar espaços em seus tempos eou tempos em seus espaços de forma que seus atores possam sentar juntos para a tomada de decisões Essa proposição deixa subentendida que outra função do PPP é garantir a participação ordenada e eficaz de todas as cate gorias na tomada de decisões ÁLVAREZ 2004 p 18 Para que todos possam ter voz e participação ativa na orga nização e desenvolvimento da proposta educativa é imprescindível a definição de papéis ou seja passa a existir a obrigatoriedade de uma definição coletiva das funções direitos e deveres de cada um Essa função recai sobre outra que é a condição para criar âmbi tos de negociação para a tomada de decisões os quais fazem do trabalho consensual o método de gestão ÁLVAREZ 2004 p 18 Jogos e Brincadeiras II 112 Essa função é determinante para que não ocorra falta de en tendimento sobre os limites e as possibilidades de participação de cada grupo social que compõe a escola É comum a sinalização de que os pais devem participar das decisões escolares Isto é consenso e não se colocam dúvidas so bre essa afirmação contudo existem limites para isto Esses limites são entendidos no momento em que as fun ções os deveres e os direitos de cada um são especificados e discutidos abertamente delimitando os âmbitos possíveis para a negociação das decisões Por exemplo na definição dos objetivos escolares e o que se espera da escola o limite de participação dos pais é apontar as necessidades que percebem em suas comunida des as expectativas para a vida dos filhos da sociedade etc Ca berão aos profissionais da educação definirem os conteúdos os métodos e as ações para atenderem à demanda levantada com os pais Ser democrático e fazer acontecer uma gestão participativa ao contrário do que pode parecer depende de uma definição clara de papéis e funções O objetivo das discussões sobre esse ponto é levar a co munidade escolar a perceber que para cada ação da escola são exigidos conhecimentos profissionais próprios e que a educação é um campo de atuação de profissionais formados e habilitados para isso As ações escolares não devem ser decididas com base na ne gociação dos interesses pessoais Elas devem se fundamentar em uma negociação madura pelos interesses sociais que para acon tecer cada uma deve renunciar a uma parte dos seus interesses e opiniões a fim de chegar a uma decisão que satisfaça os interesses mínimos de todos Por fim podemos dizer que se essas funções forem colo cadas em prática outra acontece em decorrência das primeiras Instaurase um modelo de autoavaliação formativa de caráter institucional mediante a negociação de indicadores de eficácia ca 113 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola pazes de orientar a autorregulação do funcionamento da escola ÁLVAREZ 2004 p 20 A realidade nos mostra que grande parte das escolas tem elaborado esse documento apenas para cumprimento de mais uma formalidade burocrática A maior das vezes o PPP é elabo rado por um pequeno grupo constituído na sua maioria pelos membros das equipes diretivas Além disso os processos de sensibilização da comunidade escolar para a elaboração do PPP de difusão e implementação das proposições são quase inexistentes resultando na falta de conhe cimento sobre seus conteúdos pela comunidade escolar 6 AUTONOMIA DA ESCOLA E OS PRESSUPOSTOS ORIENTADORES DO PROJETO POLÍTICOPEDAGÓGI CO Tendo em vista as questões discutidas acerca da cultura es colar do trabalho pedagógico e do Projeto PolíticoPedagógico consideramos necessário ampliar tais discussões de modo a subsi diálo no processo de compreensão da relevância do PPP para as instituições escolares Para tanto traremos as contribuições de Ilma Passos Alen castro Veiga mediante seu texto Perspectivas para reflexão em tor no do projeto políticopedagógico Nosso objetivo além de discu tir as considerações da autora é estabelecer relações com a nossa especificidade de atuação na escola Ilma Passos Alencastro Veiga é doutora e pósdoutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas professora ti tular aposentada e pesquisadora associada sênior da Universidade de Brasília Atualmente leciona no Centro Universitário de Brasília e tem se dedicado a estudar os seguintes temas formação de pro fessor didática educação superior docência universitária e Pro jeto PolíticoPedagógico Iniciaremos o estudo desse texto apre Jogos e Brincadeiras II 114 sentando uma citação que sintetiza a pertinência e a relevância do Projeto PolíticoPedagógico para a consecução das finalidades educacionais atribuídas à escola e que a caracterizam Reportese nesse momento às unidades anteriores em que discutimos o caráter da escola instituição de educação formal e ao papel da educação na tarefa de tematizar pedagogicamente a cultura No tocante à Educação Física é necessário relembrar que os temascomponentes da cultura corporal são os conteúdos de en sino cuja tematização é de nossa incumbência O projeto pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalida des da escola assim como a explicitação de seu papel social e a clara definição de caminhos formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos com o processo educativo Seu processo de construção aglutinará crenças convicções conhe cimentos da comunidade escolar do contexto social e científico constituindose em compromisso político e pedagógico coletivo Ele precisa ser concebido com base nas diferenças existentes entre seus autores sejam eles professores equipe técnicoadministrati va pais alunos e representantes da comunidade local É portanto fruto de reflexão e investigação VEiGA 1998 p 9 grifo nosso De modo convergente ao texto estudado anteriormente pode ser considerado o Projeto PolíticoPedagógico e o guia para a prática pedagógica Fruto de processos coletivos de reflexão in vestigação e deliberação coletiva da comunidade escolar profes sores gestores equipe técnicoadministrativa alunos pais repre sentantes de entidades e associações comunitárias entre outros integrantes é esse documento que fundamenta e sistematiza as ações realizadas na escola Nesse sentido o Projeto Políticopedagógico não é um do cumento restrito à dimensão pedagógica eou ao conjunto de pro jetos e planos de cada professor em sua sala de aula Assim em suma é um instrumento clarificador da ação educativa da escola em sua totalidade VEiGA 1998 p 12 Referese portanto desde o entorno social da escola os princípios filosóficos e sociológicos que permeiam um determina 115 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola do viés educativo até os elementos micro situados no interior da sala de aula conteúdos de ensino organização e desenvolvi mento da prática pedagógica processos avaliativos etc No que se refere à Educação Física compreendemos que esta não pode colocarse à margem do Projeto PolíticoPedagógi co Objetivamos suscitar com essa afirmação a evidência de que é nosso compromisso na condição de professores de Educação Físi ca participar ativamente do processo de construção discussão e reconstrução do Projeto PolíticoPedagógico de nossa escola Fica explícito que mediante o Projeto Políticopedagógico a escola apresenta certa autonomia para direcionar e orientar o caminho que almeja seguir sobretudo no que se refere à forma como organizará o seu trabalho pedagógico Você deve estar se perguntando Mas sempre foi assim Ou o que representa essa autonomia Essa relativa autonomia passa a ser assegurada legalmente a partir de 1996 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional LDB Lei nº 939496 que prevê no seu artigo 12 inciso i Os estabelecimentos de ensino respeitadas as nor mas comuns e as do seu sistema de ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica BRASiL 1996 Pelo exposto conforme o texto citado na íntegra a LDB pre coniza que essa autonomia no que se refere à elaboração e exe cução da proposta pedagógica das escolas mantémse atrelada ao cumprimento das normas comuns estabelecidas em nível nacio nal e as do seu respectivo sistema de ensino por exemplo no que alude à sua vinculação à Rede Municipal ou à Rede Estadual de Ensino A autonomia sugerida pela LDB e explicitada pela finalidade com que as escolas elaboram e implementam seus Projetos Políti coPedagógicos coloca para essas instituições a responsabilidade de que Jogos e Brincadeiras II 116 Parar ser autônoma a escola não pode depender somente dos ór gãos centrais e intermediários que definem a política da qual ela não passa de executora Ela concebe sua proposta pedagógica ou projeto pedagógico e tem autonomia para executálo e avaliálo ao assumir uma nova atitude de liderança no sentido de refletir sobre as finalidades sociopolíticas e culturais da escola VEiGA 1998 p 15 no entendimento de Veiga 1998 p 12 este preceito legal está sustentado na ideia de que a escola deve assumir como uma de suas principais tarefas o trabalho de refletir sobre sua intencio nalidade educativa grifo nosso Você percebeu que o inciso i do artigo 12 da LDB BRASiL 1996 transcrito anteriormente não menciona Projeto Político Pedagógico ou projeto pedagógico mas sim proposta peda gógica Esclarecemos assim como corrobora Veiga 1998 que se trata de sinônimos Mencionamos ainda que projeto pedagógico diferenciase de plano de trabalho enquanto o projeto pedagó gico aponta um rumo uma direção um sentido explícito para um compromisso estabelecido coletivamente VEiGA 1998 p 13 o plano de trabalho representa o detalhamento das ações relativas às atividades pedagógicas e administrativas VEiGA 1998 A reflexão em torno da intencionalidade educativa da es cola ação precípua na elaboração e construção eou avaliação discussão e reconstrução do Projeto PolíticoPedagógico demanda que a comunidade escolar discuta e reflita acerca da concepção de educação que fundamenta as ações pedagógicas da escola e a rela ção dessa concepção com a sociedade e a escola além da inerente reflexão em torno do tipo de sujeito a ser formado VEiGA 1998 Algumas dessas questões não obstante serão tratadas tam bém na Unidade 4 necessitam ser esclarecidas e discutidas isso porque conhecer os pressupostos norteadores do Projeto Político Pedagógico é de suma importância para que você futuramente sintase instigado e seguro para participar ativamente do processo de construção desse documento em sua escola 117 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola nesse ínterim fundamentados em Veiga 1998 discutire mos os pressupostos fundantes do Projeto PolíticoPedagógico a saber os pressupostos filosóficosociológicos os pressupostos epistemológicos e os pressupostos didáticometodológicos Conhecer as finalidades as características do processo de construção e os pressupostos que compõem e fundamentam o Projeto PolíticoPedagógico são fundamentais para que você pos sa tanto participar de suas construções quanto analisálos Adiantamos que a coleta de informações e a sua análise será a atividade prática que proporemos na etapa posterior ao estudo dos textos desta unidade Os pressupostos filosóficosociológicos referemse aos ele mentos fundantes que estabelecem um determinado projeto de formação humana para a atuação em um determinado tipo de so ciedade VEiGA 1998 Tendo em vista que a escola e as ações pedagógicas desen volvidas no seu interior não se encontra à margem do contexto social mais amplo na Unidade 1 explicitamos essa relação ao tra tarmos do caráter da educação formal e a sua origem a partir da complexificação da sociedade ou seja ambas escola e socieda de estabelecem relações de interação recíproca o tipo de sujeito e de sociedade projetado implica em determinada concepção de educação e prática pedagógica correspondente Para Veiga 1998 p 20 Ora para sabermos que escolas precisamos construir que cidadãos queremos formar nós temos que saber para que sociedade esta mos caminhando Definindo o tipo de sociedade que queremos construir discutiremos qual a concepção de educação correspon dente Em suma discutir os pressupostos filosóficosociológicos passa a informarse em relação às seguintes questões Qual é o contexto filosófico sociopolítico econômico e cultural em que a escola está inserida Que concepção de homem que se tem Jogos e Brincadeiras II 118 Que valores devem ser defendidos na sua formação O que entendemos por cidadania e cidadão Em que medida a escola contribui para a cidadania Em que dimensão a escola propicia a vivência da cidadania A formação da cidadania tem sido o fio condutor do trabalho peda gógico na escola Até que ponto a escola se preocupa em colocar o sujeito aluno como centro do processo educativo Como a escola deve responder às aspirações dos alunos dos pais e dos professores Qual é o papel da escola diante de outros espaços formadores VEiGA 1998 p 20 Na próxima unidade discutiremos outros pontos acerca des ses pressupostos filosóficosociológicos Procuraremos apresentar as relações entre a educação a Educação Física escolar os propósi tos de formação humana os projetos históricos e as visões sociais de mundo enfatizando o compromisso ético e político que per meia a prática pedagógica do professor em nosso caso de Educa ção Física Os pressupostos epistemológicos levam em conta o processo de construção e de transformação do conhecimento No que se re fere à escola Veiga 1998 considera que a análise do processo de produção do conhecimento escolar amplia a compreensão sobre as questões curriculares Por exemplo se o conhecimento é concebido na perspectiva de ser o resultado ou o produto de pesquisas abordase o mesmo como um elemento estático acabado e acumulativo pois se resume a um conjunto de informações neutras objetivas e impes soais sobre o real elaborado e sistematizado no trabalho de inves tigação da realidade LEiTE 1994 apud VEiGA 1998 p 21 Essa forma de concebêlo repercute diretamente na prática pedagógica realizada na e pela escola e epistemologicamente relacionase a determinadas formas de compreender e explicar o mundo 119 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola De outro modo ao concebermos o conhecimento na quali dade de processo passamos a eleválo à condição de dinamismo e de movimento isto é em um processo de constante construção e reconstrução Na qualidade de processo o conhecimento é di nâmico está envolto por um contexto de controvérsias e diver gências traz subjacente uma série de compromissos interesses e alternativas que contestam sua condição de objetividade e neutra lidade LEiTE 1994 apud VEiGA 1998 p 21 De modo recorrente assim como na concepção de conheci mento como produto como processo suscita possibilidades pe dagógicas e formativas distintas Vamos ampliar essa discussão contextualizandoa com a Educação Física escolar Imagine que você esteja em uma aula de Educação Física para o sexto ano Anos Finais do Ensino Fundamental trabalhando com os alunos sobre os jogos populares e que nessa categoria a aula seja sobre a Amarelinha Exemplificaremos duas configurações diferentes de aulas cada uma delas fundamentada epistemologicamente nas con cepções de conhecimento anteriormente mencionadas conhecimentoproduto o professor apresenta diferentes possibilidades de jogar Amarelinha e os alunos experi mentam cada uma das formas de jogar A aula baseiase na realização bemsucedida das formas de jogar expli citando claramente uma concepção em que o conheci mento representa um conjunto de informações sistemati zadas estáticas e neutras conhecimentoprocesso o professor elabora e se utiliza de estratégias didáticas em que a Amarelinha é apre sentada de forma contextualizada social e historicamen te As diversas maneiras de jogála emanam tanto daquilo que os alunos conhecem e do que o professor apresenta como do conhecimento sistematizado em torno desse jogo Para além das experiências de ordem prática expe Jogos e Brincadeiras II 120 riências corporais com o jogo de Amarelinha a mesma é abordada em relação à sua origem evolução histórica e diferentes configurações em função do contexto social e geográfico em que ela é jogada Você percebe as diferenças entre as duas concepções Visu aliza diferentes possibilidades formativas em relação a esses dois exemplos de aula de Educação Física brevemente discorridos Justifique Isso posto as questões relativas aos pressupostos epistemo lógicos que norteiam o Projeto PolíticoPedagógico são Qual é então nosso papel neste momento uma vez que há uma compreensão entre nós professores e especialistas de que a cons trução do conhecimento é condição sine qua non para a formação do educando O que significa construir o conhecimento no campo da educação básica Como construir o conhecimento interdisciplinar e globali zador conseguindo de fato trabalhar o específico e avançar para a compreensão das relações sociais Como avançar a prática pedagógica de forma que o conhecimento seja trabalhado como processo e dessa forma contribuir para a autonomia do aluno do ponto de vista intelectual social e político favorecendo a cidadania Como a relação entre ensino e pesquisa pode favorecer essa cons trução Como definir o essencial e o complementar na organização do co nhecimento curricular Em que nível o aluno deve participar da organização dos programas escolares De que forma partir do conhecimento trazido pelo estudante para relacionálo com o novo conhecimento Como propiciar a aquisição de conhecimentos e habilidades inte lectuais aliadas às atitudes de cooperação coresponsabilidade iniciativa organização e decisão Como viabilizar a compreensão das relações sociais que o traba lho gera com relações sociais mais amplas por meio de conteúdos curriculares históricos criativos não tomados em si mas à luz do trabalho em questão 121 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Qual é a concepção de conhecimento currículo ensino aprendiza gem e avaliação VEiGA 1998 p 21 grifos da autora Os pressupostos didáticometodológicos compreendem os elementos didáticos relacionados mais diretamente aos processos de ensinoaprendizagem tais como os métodos e as técnicas de ensino no entendimento de Veiga 1998 p 22 grifos da autora Quanto aos pressupostos didáticometodológicos entendese que a sistematização do processo ensinoaprendizagem precisa favore cer o aluno na elaboração crítica dos conteúdos por meio de mé todos e técnicas de ensino e pesquisa que valorizem as relações solidárias e democráticas Você deve ter percebido que os três pressupostos nortea dores do Projeto PolíticoPedagógico se encontram intimamente relacionados Ou seja determinados pressupostos filosóficoso ciológicos tendem a convergir para determinados pressupostos epistemológicos e por conseguinte para determinados pressu postos didáticometodológicos Observe o esquema apresentado na Figura 2 Figura 2 Esquema representativo da relação entre os pressupostos orientadores e o Projeto Políticopedagógico Jogos e Brincadeiras II 122 É possível concluir que o Projeto PolíticoPedagógico repre senta um relevante e imprescindível elemento ao desenvolvimen to do trabalho pedagógico escolar Conhecer o Projeto PolíticoPedagógico da escola em que você atua atuará representa uma demanda precípua da sua prática pedagógica Para além desse conhecer é de suma im portância ainda que você participe ativamente dos processos de elaboração e reelaboração coletiva desse documento e da vida da escola Como última etapa desta unidade de modo a corroborar e ou ressignificar os estudos empreendidos até esse momento pro pomos uma atividade de análise de um Projeto PolíticoPedagógi co de uma escola de Educação Básica 7 ATIVIDADE PRÁTICA RELACIONADA AOS TEXTOS As orientações a seguir são para a atividade proposta de análise do PPP de uma escola As tarefas foram elaboradas a par tir dos itens contidos no Roteiro para Construção e Análise de PPP apresentados no Quadro 1 Tarefa 1 1 Contatar uma Escola de Ensino Fundamental da Rede Pública ou Particular preferencialmente a rede pública 2 Fazer uma apresentação pessoal e solicitar o apoio da escola para a realização das atividades referentes ao cur so 3 Apresentar documento oficial emitido pelo Centro de Formação de Professores ao qual você está vinculado como aluno 4 Informar à escola sobre as atividades que serão realiza das 5 Análise do PPP da escola Para isso será necessário que a escola conceda uma cópia do documento 123 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 6 Observação de duas aulas de Educação Física Para isso será necessário o contato com um professor que aceite colaborar com as atividades da disciplina Esta atividade poderá ser realizada nesse momento ou impreterivel mente no decurso da Unidade 4 7 Análise do Plano de Curso Plano Anual da disciplina de Educação Física para uma das Séries Finais do Ensi no Fundamental Para isso será necessário que a escola conceda uma cópia do documento 8 Elaboração e realização de atividade práticas com alu nos sob orientação do professor regente Esta atividade será realizada na Unidade 4 Tarefa 2 Recolher cópia do Projeto PolíticoPedagógico da Escola Após essa etapa você fará uma análise do documento seguindo o Roteiro para Construção e Análise de PPP Dê uma olhada no rotei ro antes de continuar Ele foi elaborado pela autora deste Caderno de Referência de Conteúdo Maria Eliza Gama Santos e é utiliza do nos encontros realizados em Escolas de Educação Básica para orientar a elaboração dos PPPs dessas instituições Você observou com certeza que ele é relativamente exten so contudo permite uma análise rigorosa além de fomentar diver sas reflexões sobre a organização e o desenvolvimento do trabalho escolar Consideramos essa uma oportunidade ímpar ainda durante a formação inicial poder ter acesso investigar e até mesmo cri ticar no sentido da reflexão relativização e melhoria as propo sições vigentes em uma escola além de poder estabelecer uma relação com as práticas efetivadas A atividade como já foi mencionado é a análise do PPP da escola a partir dos itens contidos no Roteiro para Construção e Análise de PPP apresentado a seguir Jogos e Brincadeiras II 124 Orientações para a análise de PPP e para a produção de um texto sobre as suas constatações 1 Realize a leitura detalhada do Roteiro para construção e análise de PPP 2 Faça uma primeira leitura detalhada do PPP da Escola de Educação Básica sem o uso do roteiro 3 Utilize como ferramenta de leitura fazer marcações no texto marcadores coloridos e apontamentos de suas interpretações eou dúvidas nas margens do texto 4 Faça a segunda leitura do PPP utilizando o roteiro Você observará que alguns itens não estão contemplados ou tros podem aparecer ainda de forma incipiente e ou tros podem aparecer de forma complexa e sustentada 5 Escreva com detalhes o que foi encontrado no texto e se ele possibilita compreender o que a escola é ou preten de ser 6 Por fim escreva um texto no qual você deverá mostrar suas impressões sobre o PPP Procure destacar o que você considerou adequado do ponto de vista teórico e o que não atende às finalidades educacionais Quadro 1 Roteiro para construção e análise de PPP ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP 1 Informações gerais a Ano de elaboração b Dados de identificação da escola Data de funcionamento Endereço níveis de atuação 125 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP 2 Diagnóstico da realidade a Informações estruturais Qual é o retrato da nossa escola Espaço físico Setores Materiais disponíveis Estrutura organizacional Segmentos de ensino número de alunos por segmento Turnos de funcionamento b Informações pedagógicas Quem são nossos professores Percentual de professores que atuam fora da área de formação Percentual de professores quanto do nível de escolaridade Tipo de contrato carga horária efetivas temporárias Quem são nossos alunos Faixa etária Índices de aprovação abandono e reprovação Percentual de alunos em distorção idadesérie Matérias que mais reprovam c Informações sobre os processos de ensino e de aprendizagem Como ensinamos em nossa escola Concepções que permeiam o espaço escolar Metodologias utilizadas Formas de avaliação mais frequentes d Informações sociais familiares Como é a família do nosso aluno Condição socioeconômica Principais dificuldades e facilidades Estrutura familiar Moradia Número de familiares Jogos e Brincadeiras II 126 ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP e Informações sociais referentes ao bairro Localização do Bairro Qualidade de vida Condições de saneamento segurança saúde transporte e espaços de lazer f Informações sociais externas ao bairro Características econômicas da cidade Estado e país 3 A proposta de trabalho a Filosofia da escola Qual o ideal de sociedade indivíduo escola e educação que acreditamos b Finalidades e objetivos da escola c Onde a escola pretende chegar O que a escola persegue com maior ênfase deve estar diretamente ligado à realidade colocada pelo diagnóstico ou seja buscar atender demandas levantadas no diagnóstico inicial Qual a concepção de sociedade e de cidadão que a escola pretende formar d A partir desta definição de sociedade e de indivíduo a escola deve fazer um paralelo com o diagnóstico inicial e definir como fazer para alcançar tais objetivos e Quais os que deverão ser viabilizados para a implementação de ações concretas f Quais as concepções de Ensino e de aprendizagem que possibilitarão alcançar tais objetivos Como deveremos ensinar para que nossos alunos adquiram os conhecimentos necessários para atuar na sociedade que acreditamos Qual o papel do professor Qual o papel do aluno Qual a função dos conteúdos g Qual currículo será adotado pela escola Quais os conteúdos que atenderam às especificidades locais 127 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP h Sistema de avaliação i Como devemos avaliar em nossa escola j Qual a estrutura organizacional que possibilitará tais ações pedagógicas Definir cargos e funções Atribuições de cada profissional Colegiados Equipes de docentes Serviços refeitório transporte secretaria biblioteca Associações de pais e de alunos k Definir o funcionamento de cada componente da estrutura organizacional Recursos humanos Recursos materiais Recursos econômicos Recursos de tempo m Organização do tempo escolar Calendário escolar Após esse intenso trabalho de análise do Projeto Político Pedagógico da escola convidamos você a refletir e responder as questões a seguir 1 Como o PPP estabelece relação entre o trabalho escolar e a sociedade Qual sua opinião a respeito 2 Você considera que o conteúdo do PPP sobre o diagnós tico da realidade social e escolar dos alunos é suficien te para orientar a elaboração de propostas curriculares voltadas para a cultura e o contexto local Qual a sua opinião sobre isso Quais seriam suas sugestões se você fosse convidado a reelaborar esse documento 3 Quais as propostas existentes para o ensino da Educação Física 4 Existe um momento em que o PPP aborda a importância da Educação Física Escolar Jogos e Brincadeiras II 128 5 Qual a sua opinião sobre a existência ou não de referên cias à Educação Física Escolar no PPP Essas questões serão abordadas em um fórum de discussão promovido ao longo deste estudo e suas contribuições serão mui to importantes para os seus colegas Agora você já tem uma impressão da proposta pedagógica na escola Quais os princípios Quais as finalidades Qual o papel social assumido pela escola Quais os objetivos educacionais tra çados Isso possibilitará realizar as atividades seguintes Retome e leia os itens f e g do roteiro de análise do PPP pois eles têm uma grande relevância para as discussões deste Caderno de Referência de Conteúdo Ou seja é no momento em que a comuni dade escolar discute esses aspectos do trabalho escolar que ficam definidos os conteúdos que serão ensinados e como serão ensinados Logo retomálos é uma tarefa indispensável para compreen der a relação dos conteúdos escolares como meio social cultural e a função desses conteúdos para a vida dos futuros cidadãos Entendemos que para isso entender essas relações nada melhor do que uma situação real ou seja buscar dentro da escola os acertos e talvez as contradições existentes Então para fecharmos esta unidade vamos discorrer um pouco sobre como os conteúdos referentes a lazer jogos e brinca deiras estão planejados e organizados na disciplina de Educação Física na escola Vamos à proposta sempre recorrendo à realidade escolar na qual você agora está inserido a Escola de Educação Básica que o acolheu para seus estudos analisar o Plano de Curso para a disci plina de Educação Física em uma das séries finais do Ensino Fun damental Deixamos a seu critério a escolha da série por razões óbvias a definição a priori poderia ser um fator complicado para a sua inserção e seu acolhimento na escola 129 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Você deverá ler atentamente o Plano de curso da disciplina e responder às seguintes questões Você já havia se deparado com um documento desses O que achou Identifique os objetivos do ensino para essa série Qual a relação dos objetivos propostos com os presentes no texto dos PCNs lidos na unidade anterior para as sé ries finais do Ensino Fundamental Agora identifique os conteúdos propostos no Plano de Curso Plano Anual os agrupando de acordo com os blocos de conteú dos propostos nos PCNs Para isso vamos nos valer do Quadro 2 utilizado na unidade anterior Quadro 2 Agrupamento dos conteúdos do Plano de Curso BLOCOS DE CONTEÚDOS DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Práticas corporais observa das Esportes Jogos Lutas Ginástica Atividades rítmicas e expressivas Conhecimentos sobre o corpo Jogo de voleibol Capoeira Uso de aparelho para ginástica Grupos de dança Jogo de basquete Corrida Exemplos de como agrupar as práticas observadas tomando como referência os blocos de conteúdos Agora que já fez o agrupamento dos conteúdos do Plano de Curso você tem uma fotografia de como e quais os conte údos são selecionados para compor o currículo escolar para essa série Jogos e Brincadeiras II 130 Se tomarmos os conceitos de patrimônio cultural transmis são cultural e a escola como instituição formal responsável por essa transmissão temas trabalhados na Unidade 1 poderíamos dizer que agora você conhece uma parte dos conhecimentos da área da Educação Física considerada um patrimônio que deve ser transmitido às novas gerações Ou seja é possível dizer que os conteúdos contemplados para o ensino devem ser representantes desse patrimônio cultural Contudo também podemos sem denegrir ou desmerecer os conteúdos que se fazem presentes nos currículos escolares nos questionarmos se de fato esses conteúdos são a parte do patri mônio cultural que precisam ser transmitidos pela escola Colocamos essa dúvida para chamar a atenção para a neces sidade que temos de relativizar o que ensinamos de submeter à crítica e à reflexão os currículos escolares nas diversas áreas e em especial na Educação Física Escolar Olhando para o quadro que você produziu com suas análises no Plano de Curso relate como ficaram os conteúdos relacionados aos jogos e às brincadeiras Há unidades específicas para eles Se houver unidades específicas para lazer jogos e brin cadeiras qual a carga horária destinada Se não houver unidade destinada para os jogos onde está planejado o ensino desses conteúdos Qual a sua opinião sobre isso Se relacionarmos essa análise realizada no Plano de Curso com suas observações da Unidade 2 feitas nos espaços de lazer de sua cidade é possível dizer que os conteúdos presentes no Plano de Curso atenderiam às demandas identificadas nas práticas cor porais de lazer Então responda o que você modificaria nesse plano de cur so com relação aos conteúdos sobre o lazer os jogos e as brinca deiras O que incluiria ou descartaria do programa proposto 131 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Esperamos que você tenha conseguido perceber que há uma estreita relação entre a cultura o lazer como patrimônio cultural a proposta pedagógica da escola e os conteúdos escolares Para fecharmos esta unidade e deixar representada e visí vel a sua compreensão sobre as relações estabelecidas entre es ses elementos constitutivos dos processos educativos elabore um diagrama representativo dessas relações e escreva um pequeno texto explicando esse diagrama 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Para uma breve revisão dos conceitos apresentados nesta unidade procure responder as questões a seguir Esse processo é de suma importância para que você verifique o seu conhecimento em relação aos temas tratados na Unidade 3 Sugerimos portan to que responda comente e discuta essas questões de modo a fortificar os seus estudos Outra dica importante é trocar ideias e debater com seus colegas e tutores 1 Elabore um quadrosíntese apresentando os principais conceitos e tópicos tratados nesta unidade Propomos que nesse quadro além da apresentação de cada conceito você disserte sobre o mesmo aprimorando assim a sua aprendizagem 2 O Projeto Políticopedagógico representa um dos documentosreferência além da legislação educacional às ações pedagógicas desenvolvidas na es cola Nesse sentido explicite a relevância de que os professores bem como a comunidade escolar conheçam e participem do processo de elaboração reelaboração desse documento 3 O Projeto Políticopedagógico que a elaboração é demandada às escolas e à sua comunidade escolar a partir da promulgação e vigência da Lei de Diretri zes e Bases da Educação nacional LDBEn Lei nº 939496 possibilita uma relativa autonomia às escolas no sentido de que estas respeitadas as nor mas comuns estabelecidas a nível nacional e as normas do seu respectivo sistema de ensino assumam a tarefa de refletir sobre a sua intencionalida de educativa VEiGA 1998 p12 Considerando essas evidências e o fato de que o Projeto Políticopedagógico se baseia em determinados pressupostos filosóficosociológicos epistemológicos e didáticometodológicos disserte sobre as relações entre a tarefa da escola de refletir sobre a intencionalidade que fundamenta as suas ações educativas e esses três pressupostos Jogos e Brincadeiras II 132 9 CONSIDERAÇÕES Caro aluno acabamos de concluir mais uma unidade Espe ramos que nesse momento você tenha compreendido alguns con ceitos básicos sobre a elaboração do Projeto PolíticoPedagógico de Escolas de Educação Básica as suas finalidades os seus pres supostos orientadores e tenha conseguido estabelecer relação entre esse documento a seleção dos conteúdos de ensino e as práticas pedagógicas efetivadas com os alunos A seguir na Unidade 4 vamos vivenciar a realidade escolar a fim de refletir sobre a adequação dos estudos realizados até o mo mento aos diferentes modelos e concepções de prática pedagógicas 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÁLVAREZ Manuel Org O Projeto Educativo da Escola Porto Alegre Artmed 2004 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988 São Paulo Saraiva 1988 Presidência da República Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional 9394 de 20 de dezembro de 1996 Diário Oficial Brasília 23 dez 1996 Ministério de Educação Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Física ensino de primeira à quarta série Brasília MECSEF 1997 Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Física ensino de quinta a oitava séries Brasília MECSEF 1998b Ministério de Educação Secretaria de Educação Básica Orientações curriculares para o ensino médio v 1 Linguagens códigos e suas tecnologias Brasília MESEB 2006MUÑOZ Dora A elaboração do Projeto Educativo da Escola in ÁLVAREZ Manuel Org O Projeto Educativo da Escola Tradução de Daniel Angel Etcheverry Burguño Porto Alegre Artmed 2004 SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino da educação física São Paulo Cortez 1992 THURLER Mônica Gather Inovar no interior da escola Porto Alegre Artes Médicas 2001 VEIGA Ilma Passos Alencastro Perspectivas para reflexão em torno do projeto político pedagógico In VEIGA Ilma Passos Alencastro RESENDE Lúcia Maria Gonçalves de Orgs Escola espaço do projeto políticopedagógico Campinas SP Papirus 1998 VEIGA Ilma Passos Alencastro RESENDE Lúcia Maria Gonçalves de Orgs Escola espaço do projeto políticopedagógico Campinas SP Papirus 1998 EAD Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula 4 1 OBJETIVO Contextualizar as leituras e o estudo desenvolvido nes te Caderno de Referência de Conteúdo com os jogos e as brincadeiras que serão apresentados 2 CONTEÚDOS Resenha do texto El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices de Pere Lavega Burgués A Educação Física na Escola reflexões limites e possibi lidades pedagógicas O jogo de caçador como exemplo de prática pedagógica envolvendo jogos e brincadeiras 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir Jogos e Brincadeiras II 134 1 Para conhecer mais sobre a Praxiologia Motriz uma das temáticas que serão estudadas nesta unidade sugeri mos como leituras complementares a RIBAS João Francisco Magno Contribuições da pra xiologia motriz para a educação física escolar ensino fundamental 2002 241 f Tese Doutorado Facul dade de Educação Física Unicamp Campinas 2002 b RIBAS João Francisco Magno Org Jogos e espor tes fundamentos e reflexões da praxiologia motriz Santa Maria Editora da UFSM 2008 c RIBAS João Francisco Magno Praxiologia Motriz construção de um novo olhar dos jogos e esportes na escola Motriz Rio Claro v11 n2 p113120 maiago 2005 Disponível em httpwwwrcunesp bribefisicamotriz11n210MRJpdf Acesso em 27 set 2011 2 Para complementar o estudo do Tópico 7 desta unidade A Educação Física na escola reflexões limites e possibili dades pedagógicas sugerimos a literatura a seguir Nes sas referências os autores discutem o processo desen cadeado na década de 1980 pelo movimento crítico da Educação Física brasileira e as dificuldades constatadas em torno da necessidade de transformação da prática pedagógica na escola a BRACHT Valter et al Pesquisa em ação educação fí sica na escola 2 ed Ijuí Ed Unijuí 2005 b MUNIZ Neyse Luz Influências do pensamento pe dagógico renovador da educação física sonho ou realidade 1996 102f Dissertação Mestrado em Educação Física Universidade Gama Filho Rio de Janeiro PPGEFUGF 1996 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade como forma de consubstanciar o processo de ensinoaprendizagem realizado desde a primeira unidade pro pomos que você intervenha pedagogicamente em uma Escola de 135 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Educação Básica trabalhando com o ensino dos jogos e brincadei ras em aulas de Educação Física Nesse sentido é chegada a hora de você se utilizar dos co nhecimentos adquiridos durante o processo de aprendizagem e os articular com as experiências da sua atuação pedagógica na Edu cação Física escolar Outro ponto a ser destacado é a relevância de dialogar cons tantemente com a escola e com o professor de Educação Física que o acompanhará durante o período de sua inserção e de sua intervenção pedagógica na escola Não se esqueça de socializar as suas experiências com os co legas e tutores Assim todos podem refletir acerca dos limites e das possibilidades da Educação Física escolar e da tematização pedagó gica dos jogos e brincadeiras nas aulas desta disciplina curricular Antecedendo esse momento propomos uma tarefa de leitu ra e de resenha de um texto de Pere Lavega Burgués 5 RESENHA DE TEXTOBASE Estudaremos o artigo de Pere Lavega Burgués El juego mo tor y la pedagogía de las conductas motrices publicado em 2007 na Revista Conexões Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp Pere Lavega Burgués é Doutor em Ciências da Atividade Física e do Esporte especialidade Praxiologia Motriz pela Universidade de Barcelona licenciado em Educação Física pela Universidade Po litécnica de Madri e atualmente é professor da Universidade de Lleida na Espanha Esse texto é importante para seu estudo sobre o lazer os jo gos e as brincadeiras como conteúdos escolares por apresentarem o jogo como um cenário privilegiado para o ensino de condutas motoras Atente para o fato desses conteúdos da Educação Física Jogos e Brincadeiras II 136 ainda serem trabalhados sem critérios nem rigor no entendimento e na explicação do jogo Nesse sentido o autor faz uma revisão conceitual das prin cipais características do jogo como prática motora lúdica e regra da ao mesmo tempo em que evidencia algumas das principais preocupações da Educação Física atual Por fim apresenta a praxiologia motriz como um conheci mento que pode oferecer ferramentas para o ensino dos conte údos relativos ao jogo no contexto educativo diário Leia atenta mente o resumo do referido artigo El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices A Educação Física interessada por fazer um uso pedagógico das si tuações motoras encontra no jogo um cenário privilegiado No en tanto atualmente são muitos os docentes que atuam sem critério nem rigorosidade em sua atividade cotidiana quando se trata de entender e aplicar o jogo Neste artigo se faz uma revisão concei tual das principais características do jogo como prática motora lú dica e regrada ao mesmo tempo que se evidenciam algumas das principais preocupações da educação física atual Finalmente para vencer esta miopia disciplinar se propõe usar as lentes da praxio logia motriz interessada em desvelar as propriedades dos jogos e em oferecer ferramentas que permitam aplicar no contexto educa tivo diário Neste contexto se pode justificar que a estrela polar do uso educativo do jogo se encontra na aplicação de uma verdadeira pedagogia das condutas motoras LAVEGA BURGUÉS 2007 p 27 Pere Lavega Burgués principia seu artigo considerando que se o objetivo é conceituar e abordar o jogo em termos absolutos colocase nessa situação um problema de ordem conceitual A justificativa segundo o autor é que o jogo em sua con dição de realidade complexa resiste frente a qualquer intenção de definição ou de conceituação categórica LAVEGA BURGUÉS 2007 p 28 Problematização É possível conceituar e caracterizar jogo tendo em vista as suas múltiplas configurações nos diversos con textos sócioculturais e nos diversos períodos históricos 137 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula O que caracterizava por exemplo o jogo presente na Anti guidade E na Modernidade Analise as imagens apresentadas nas Figuras 1 2 e 3 e procure responder a essas questões Figura 1 Pulando Corda de Ivan Cruz Jogos e Brincadeiras II 138 Figura 2 Jogos para Crianças Childrens Games obra datada de 1560 de Pieter Bruegel Figura 3 O jogo institucionalizado esporte de alto nível 139 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Com a finalidade de ilustrar a realidade complexa do jogo as imagens representam diferentes faces Note que um jogo po pular como Pular Corda Figura 1 as diferentes manifestações do jogo na Idade Média Figura 2 e o esporte de alto nível concebido aqui como uma manifestação do jogo que no decurso da Moder nidade é institucionalizado Figura 3 são apenas algumas das possibilidades de representação da polissemia da categoria jogo Nesse sentido tornase relevante que você problematize constantemente essa questão O trato pedagógico com os jogos e as brincadeiras em aulas de Educação Física demanda que você futuro professor reflita constantemente acerca dos sentidos e sig nificados atribuídosadquiridos pelo jogo no decurso dos diferen tes períodos sóciohistóricos Problematizar essa questão com as crianças os adolescentes e os adultos que frequentam as aulas de Educação Física representa um interessante momento da prática pedagógica Tendo em vista a polissemia apontada por Lavega Burgués 2007 em relação ao conceito de jogo desde as suas raízes la tinas nos termos iocus jocus ou em suas expressões ludus ludere lusus ou ludicrum TRAPERO 1971 MOLinER 1982 COROMinAS 1984 LAVEGA 1996 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 até os múltiplos significados cotidianos que o tem caracterizado o referido autor ainda pontua a dispersão que tem caracterizado a Educação Física no que se refere à apropriação do jogo na condi ção de elemento de estudo e de intervenção Não são raras as ocasiões critica Lavega Burgués 2007 em que estudiosos tratam eou sistematizam as diversas manifesta ções do jogo mediante critérios questionáveis do ponto de vista científico Entre essas sistematizações citamse as seguintes 1 Formas jogadas jogos de regras jogos sem regras 2 Esportes que não são jogos jogos menores jogos espor tivos jogos prédesportivos estabelecendo portanto uma hierarquia entre os mesmos Jogos e Brincadeiras II 140 3 Jogos alternativos esportes alternativos com exíguo es clarecimento do que significa eou caracteriza o termo alternativo geralmente utilizado para diferenciar de terminado tipo de jogo do esporte institucionalizado ou de alto nível 4 Jogos tradicionais jogos populares jogos típicos do país 5 Jogos esportivos individuais ou esportes individuais Consoante o autor essa confusão conceitual evidenciase no âmbito da intervenção profissional em que independentemen te dos objetivos que fundamentam determinada prática pedagógi ca elegese jogos sem critérios ordem ou justificação Com base nessas questões advoga o autor que é necessário refletir criticamente e buscar vislumbrar formas coerentes pelas quais o jogo possa ser tratadotematizado pedagogicamente em aulas de Educação Física Não obstante Lavega Burgués 2007 reconheça que a de finição em termos absolutos da essência do jogo represente um desafio repleto de limitações reiterase pela complexidade des sa prática social o autor apresenta e discute o resultado de uma pesquisa LAVEGA BURGUÉS 1996 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 que consistiu na revisão conceitual realizada a partir de estudio sos que dedicamse a esse tema com o objetivo de apresentar a complexidade inerente à natureza do jogo Entre outros Pere Lavega Burgués 2007 destaca os se guintes Agricol de Bianchetti Bally Bülher Cagigal Claparede Dehoux Fraiberg Gualazzini Hartmann Huizinga Klein Loy Margolin Miranda Navarro Adelantado Ortega y Gasset Olaso Parlebas Piaget Roberts Arth y Bursh Russel Schmitz Slavson Vygotsky Winnicott Wundt Lin Yutang Metodologicamente a pesquisa compreendeu a análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra de definições sobre o jogo Da análise das informações originaramse os seguintes pon tos apresentados e discutidos a seguir 141 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula O jogo como manifestação ativa Lavega Burgués 2007 destaca que a maioria dos autores estudados ressalta a condição dinâmica do jogo utilizandose de diferentes termos para caracterizálo realidade fenômeno ser conduta ação movimento motricidade situações motrizes prá tica exercício esforço comportamento práxis ato impulso ativi dade entre outros Nesse momento é necessário refletir como é possível que tantas expressões possam caracterizar o jogo Para subsidiálo nesse processo relembre os estudos reali zados na Unidade 1 ocasião em que tratamos do conhecimento específico da Educação Física Retorne ao Mapa Conceitual apre sentado e ao texto de Valter Bracht 1997 Educação Física co nhecimento e especificidade Procure responder a essa pergunta antes de prosseguirmos E anotea ela servirá como subsídio às análises posteriores reali zadas pelo autor do artigo O que todos esses termos apresentam em comum A com preensão de que o jogo se constitui em uma manifestação ativa Justifica Lavega Burgués 2007 p 30 que deduzse uma primeira reflexão importante se quiser ser coerente com o uso do jogo há que se evitar jogadores espectadores já que o jogo é antes de tudo atuar sentirfluir mediante a participação ativa a saber através da ação motriz A dimensão lúdica ou a alma do jogo Outro ponto analisado pelo autor é a dimensão lúdica do jogo a qual mediante a análise de conteúdo já anteriormente alu dida desencadeia alguns pontos passíveis de destaque Em outras palavras Lavega Burgués 2007 assinala que al guns pontosaspectos são articulados pelos estudiosos do jogo ao tratar da sua dimensão lúdica Vejamos quais são esses pontos Jogos e Brincadeiras II 142 1 Voluntário liberação ação livre Huizinga voluntário apetitevontade G Bally valores de liberdade Sch mitz movimento livre Roux 2 Agradável gratificante prazer moral Chateau alegria diversão Huizinga satisfação Tilguer Ruskin y Renzi tempo livre pessoal Tilguer Ruskin y Renzi forma de felicidade Ortega y Gasset 3 Espontâneo indisciplinado instintivo impulsividade Buytendijk irracional Huizinga intuitivo Marani de safio à racionalidade Duvignaud fantasia Klein 4 Desinteressado sem importância prazer funcional gra tuito improdutivo sem fins exteriores fim em si mes mo infinitude interna Scheuerl transitório Huizinga supérfluo Huizinga sem seriedade Huizinga futilida de Marani inutilidade Marani sem metas extrínse cas Garvey sem intencionalidade Duvignaud inten cionalidade vazia Duvignaud sentido em si Baldwin y Grosse alegria funcional MYela invenção gratuita DAgostino 5 Incerto tensão Cagigal insegurança probabilidade aventura Haigis mudanças de formainstabilidade Garvey manta de retalhos em espanhol variopin to cambiante Ommo Gruppe mutante Duvignaud maleável Duvignaud plasticidade Duvignaud flutu ante Ciskszentmihalyi metamorfose J Miranda 6 Ambivalente Duvignaud oscilante contraste Huizin ga oscilante J Miranda 7 Consciente decisão compromisso subjetividade im pregnada de decisões e sentido Duvignaud mundo au todirigido K L Schmitz 8 Ordem Huizinga harmonia ritmo estética Schiller Kant proporção Cagigal equilíbrio Cagigal 9 Fictício separado Huizinga abstração fantasia imagi nação orientação própria absorção Huizinga repre sentação simbólica Frobenius fins fictícios Clapara de simulação Spencer fluir Ciskszentmihalyi 10 Sério Wallon solenidade Huizinga atividade necessá ria KGroos necessidade interior Schiller 143 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Reorganizamos os pontoselementos característicos supraci tados por Lavega Burgués 2007 de outra maneira com a intenção de que você consiga identificálos em consonância com cada autor citado ou seja utilizamos como critério os autores que estudam o jogo Essa reorganização permitirá analisar os distanciamentos e as aproximações entre os autores estudados por Lavega Burgués 2007 no texto que estamos analisando Observe o Quadro 1 Quadro 1 Quadro demonstrativo dos diferentes pontos de vista acerca do jogo QUADRO DEMONSTRATIVO DOS DIFERENTES PONTOS DE VISTA ACERCA DO JOGO Nº AUTOR CARACTERÍSTICA S DO JOGO 1 Huizinga Voluntário liberação ação livre alegria diversão irracional transitório supérfluo sem seriedade oscilante contraste ordem fictício separado abstração fantasia imaginação orientação própria absorção solenidade 2 G Bally Voluntário apetitevontade 3 Schmitz Valores de liberdade 4 Roux Movimento livre 5 Chateau Agradável gratificante prazer moral 6 Tilguer Ruskin y Renzi Satisfação tempo livre pessoal 7 Ortega y Gasset Forma de felicidade 8 Buytendijk Espontâneo indisciplinado instintivo impulsividade 9 Marani Intuitivo futilidade inutilidade 10 Garvey Sem metas extrínsecas mudanças de forma instabilidade 11 Duvignaud Desafio à racionalidade sem intencionalidade intencionalidade vazia mutante maleável plasticidade ambivalente consciente decisão compromisso subjetividade impregnada de decisões e sentido 12 Klein Fantasia Jogos e Brincadeiras II 144 QUADRO DEMONSTRATIVO DOS DIFERENTES PONTOS DE VISTA ACERCA DO JOGO 13 Scheuerl Desinteressado sem importância prazer funcional gratuito improdutivo sem fins exteriores fim em si mesmo infinitude interna 14 Baldwin y Grosse Sentido em si 15 MYela Alegria funcional 16 DAgostino Invenção gratuita 17 Cagigal Incerto tensão proporção equilíbrio 18 Haigis Insegurança probabilidade aventura 19 Ommo Gruppe Manta de retalhos cambiante 20 Ciskszentmihalyi Flutuante fluir 21 J Miranda Metamorfose oscilante 22 K L Schmitz Mundo autodirigido 23 Schiller Kant Harmonia ritmo estética 24 Frobenius Representação simbólica 25 Claparade Fins fictícios 26 Spencer Simulação 27 Wallon Sério 28 K Groos Atividade necessária 29 Schiller Necessidade interior Fonte Adaptado de Pere Lavega Burgués 2007 Em análise a todos esses pontos que agrupamos de acordo com cada autor é possível considerar que esses estudiosos apre sentam aspectos divergentesantagônicos para caracterizar o jogo Explicitase nesse sentido a evidência mencionada por La vega Burgués 2007 em relação à polissemia do jogo Ela é pos sível de ser evidenciada no plano empírico quando analisamos as múltiplas manifestações do jogo e inclusive no plano teórico conceitual na medida em que os sujeitos se propõem a estudálo Consideramos ainda que a multiplicidade de elementos ca racterizadores do jogo está relacionada com as diferentes aborda gens utilizadas pelos autores Quer dizer que os pontos de partida tomados por cada autor para o estudo do jogo em certos casos são convergentes em outros divergentes fato que permitiu Lavega 145 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Burgués 2007 agrupar as características do jogo atribuídas pelos autores estudados em determinadas categorias Observe que Huizinga atribui ao jogo a característica de sem seriedade ao passo que Wallon caracterizao como sério em exemplo de pontos divergentes e existe certo consenso quanto ao caráter de mutável em Huizinga Garvey Duvignaud Ciskszent mihalyi e J Miranda à guisa de exemplo no caso da convergência de características Vamos fazer um pequeno exercício no que se refere às múlti plas manifestações de um mesmo jogo Resgate no texto o excerto em que mencionamos as múltiplas manifestações do jogo no pla no empírico Tomemos como exemplo o Jogo de Taco Você conhece o Jogo de Taco Como ele é denominado na região em que você reside Quais são as suas regras O que denominamos anteriormente de Jogo de Taco apre senta uma série de outras denominações de acordo com os di ferentes locais regiões e tempos históricos possíveis de ser con siderados bateombro beteombro taco bete bets betslombo betcha becha tacobol casinha ou lesca A origem do jogo de Taco possui algumas versões como a sua criação por jangadeiros no Brasil durante o século XIX e a sua origem do cricket britânico o nome bets seria uma alusão à rainha Elizabeth I De qualquer maneira ele representa um jogo popular apre ciado por adultos e crianças que se revela ao mesmo tempo com plexo devido às regras e expressões linguísticas particulares casi nha tempo a dois vitória uma para trás bolinha perdida entre outras Leia a seguir um pequeno texto produzido especialmen te para este Caderno de Referência de Conteúdo com o objetivo de descrever uma das possibilidades de manifestação do Jogo de Taco Jogos e Brincadeiras II 146 Nesse texto procuramos abordar questões relacionadas ao jogo desde suas regras básicas até as memórias oriundas da infân cia cujas tardes de domingo eram ocupadas com o jogo de Taco Leiao e contextualizeo com a imagem inserida logo após o texto Memórias do jogo de Bets do tempo a dois à bola perdida Tarde de domingo os mesmos programas na televisão típicos para os horários e muitas vezes já pouco divertidos para as crianças Não fosse o Sol que con vidava as crianças para o pátio talvez aquele e tantos outros seriam domingos iguais uns aos outros monótonos adultos conversando e tomando mate progra mas de televisão os mesmos sucessivas trocas de canais futebol com times para os quais não se torcem filmes repetidos Mas tinhase o Sol e este permitia que as tardes de domingo pudessem ser utilizadas de outras formas Mas de que forma futebol Pegador Escondees conde Casinha Nada disso Bets Logo após o almoço mesmo sob os protestos dos adultos de que o Sol ainda estava quente reuniase um grupo de crianças e lá estavam a procurar os materiais fundamentais ao famoso Bets Encontrar a bola e as garrafas pet as populares casinhas era relativamente fácil o dilema estava nos tacos Crian ças cujo jogo passado não guardavam os seus tacos tinham sérios problemas para encontrar e às vezes fabricar outros Atraso no jogo na certa De qualquer forma jogo marcado é jogo marcado Então se colocavam à procura de um pe daço de madeira adequado Se o pedaço fosse útil para os pais somente com permissão Encontrados os preciosos pedaços de madeira as duas crianças mais experien tes tinham a notável tarefa de preparálos para o uso Golpes certeiros de faca em uma das extremidades da madeira para fabricar os cabos e lá estavam os tacos Quase tudo pronto para as partidas mais emocionantes de Bets do mundo Limpeza do campo posicionamento das casinhas na sombra buraco no chão de terra batida daquela terra vermelha times formados os tacos são de quem Cuspe no taco decisão no seco ou molhado Taco lançado para o alto por todo mundo contagem do seco e do molhado Agora finalmente o desejado jogo Concentração pontaria seriedade o jogo sério estratégico tático atenção tensão ingredientes típicos do Bets Tudo isso para de um lado a dupla que lan çava a bola derrubar a casinha e ficar com os tacos e de outro a dupla com os tacos para rebater a bola e correr de uma casinha a outra marcando pontos Intervalo de jogo Tempo a dois Bola passando perto da casinha sem ser rebatida Frio na barriga para todo mundo Bola rebatida para trás ou bola no pé do rebatedor Reincidência na terceira perdia os tacos Bola perdida problema na certa Escondida por entre arbustos e entulhos a bola era garimpada por lançadores e rebatedores afinal o jogo precisa continuar 147 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Bola encontrada volta ao jogo e o placar Doze a dois Sim doze a dois pon tos de dois em dois cada corrida de uma casinha para a outra tocar o taco no buraco feito no chão taco com taco no meio do percurso e dois pontos Vinte e quatro vitória Mas o ponto da vitória o macht point sempre foi o maior desafio para as crianças Era preciso uma tacada forte e certeira bola para bem longe para dar tempo para ir até a casinha e no meio do campo em coro contar até vinte e quatro e gritar Vitória Mas espere tacada na bola e para o alto lançador vai em direção à ela e bola na mão o grito de vitória imediato E assim eram as tardes dos domingos ensolarados as emoções do Bets bem maiores que a da televisão das conversas dos adultos do futebol daquele time do filme repetido Entre uma tacada e outra entre uma corrida e outra em uma vitória ou uma derrota e outra as crianças viviam vivíamos a sua nossa infân cia e construíam construíamos o mundo Após analisarmos as diferentes caracterizações ao jogo uti lizadas pelos autores estudados por Lavega Burgués 2007 p 32 é importante considerarmos o seguinte posicionamento do autor No âmbito da educação física quando um autor prescinde eou carece de um posicionamento disciplinar ou epistemológico bem construído muitas vezes é substituída pela simples enumeração de alguns aspectos qualitativos que não servem para lançar luz para a busca de diretrizes para a tarefa docente No entanto talvez a alma do jogo representada por esta lista inacabada de itens pode contribuir para que o professor de educação física reconheça a im portância de emergir estes aspectos em cada situação de jogo que surge Caso contrário se não são contempladas e por exemplo são restritas a liberdade para intervir a espontaneidade a incerteza do resultado a criatividade ou a seriedade que é cada instante para o protagonista certamente estará diminuindo a dimensão lúdica desta situação motriz diminuindo o seu potencial de educação As regras ou o corpo do jogo O jogo apresenta certa particularidade que pode tanto dife renciála quanto igualála a algumas práticas sociais tratase de regras que compõem esse jogo as quais implicam no respeito aos direitos e às condições colocadas pelas mesmas aos quais estão sujeitos aqueles que nele intervêm Todavia há que se ressaltar que as regras do jogo ao con trário por exemplo das regras que organizam nossa sociedade Jogos e Brincadeiras II 148 são passíveis de deliberação e aceitação voluntária por parte dos sujeitos envolvidos com o jogo Consoante com Lavega Burgués 2007 a natureza conven cional do jogo prevê uma contribuição pedagógica muito relevan te Isso porque ele se fundamenta no respeito aos demais em aceitar voluntariamente as regras e concomitantemente se obri gar a seguir as proibições e restrições impostas por essas regras porque as aceitou voluntariamente Temos de complementar o posicionamento do autor ressal tando que o caráter pedagógico do ponto de vista da contribuição ao processo de formação das crianças na escola explicitase so bretudo na possibilidade de que o jogo pelas suas características de mudança e de transição já anteriormente aludidas e associa das a outras características como a representação simbólica por exemplo seja jogado discutido e transformado pelos seus par ticipantes No âmbito das aulas de Educação Física contribui para a consecução dessa possibilidade didáticopedagógica a contextua lização histórica de determinado jogo Em outras palavras compreender o jogo como um elemento da cultura construído social e historicamente contribui para que os alunos se reconheçam como sujeitos que podem e devem trans formar determinado jogo em consonância com os seus objetivos e necessidades sem no entanto deixar de conhecêlo em sua for ma tradicional Nessa etapa relataremos a experiência realizada no decor rer da pesquisa sobre as possibilidades de transformação do es porte aqui também compreendido como jogo em consonância com as intenções dos sujeitos MORSCHBACHER 2009 149 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Experiência prática sobre a possibilidade de transformação didáticopedagógica do esporte A pesquisa intitulada Possibilidades de formação crítico emancipatória a partir do processo ensinoaprendizagem do con teúdo esporte uma proposta desenvolvida em uma escola pública do município de São Miguel da Boa Vista SC MORSCHBACHER 2009 objetivou desenvolver aulas de Educação Física por meio do ensinoaprendizagem do futebol evidenciado com a imple mentação de uma proposta didáticometodológica As aulas são fundamentadas na proposta críticoemancipatória de Kunz 2001 2003 a fim de promover a reflexão crítica acerca da tematização pedagógica do esporte no âmbito da escola A pesquisa foi realizada com as crianças que frequentavam a 4ª série Séries iniciais do Ensino Fundamental no ano letivo de 2008 em uma escola pública vinculada à Rede Municipal de Ensi no de São Miguel da Boa Vista SC município do extremo oeste catarinense Dentre as atividades desenvolvidas no decurso da referida proposta didáticometodológica se propôs que as crianças elabo rassem eou transformassem coletivamente um jogo de futebol Nesta atividade o grupo construiu dois painéis no primeiro as crianças anotaram as características do futebol institucionaliza do identificado pelas crianças como aquele que viam pela tele visão e no segundo os itensregras que compuseram o novo jogo de futebol Sobre o futebol institucionalizado as crianças realizaram um levantamento das suas características mediante um interessante diálogo Coloca que tem número na camisa dos jogadores Lá na Barra Bonita assim na camisa tem um quadrado e tá escrito In dependente Mas daí entra nos símbolos Tem também o tênis pra jogar Então escreve tênis adequado ou apropriado Jogos e Brincadeiras II 150 Em seguida o grupo elaboroutransformou o jogo de fute bol de acordo com os seus interesses e necessidades Analise o Quadro 2 Quadro 2 O jogo de futebol elaborado pela 4ª série NOSSO FUTEBOL Se passou da rede é fora bola sem mão bola fraca na hora do escanteio pode entrar na área do goleiro o goleiro não pode passar do meio de campo Observouse nesse processo um complexo diálogo em que cada situação proposta era refletida quanto à sua viabilidade ao jogo objetivado Após a vivência prática do referido jogo na aula seguinte disposta a refletir sobre o jogo elaborado as crianças decidiram repensar e modificar algumas regras Em cada item a ser modificado as crianças apresentavam ar gumentos para validarem tais ações Nós não tivemos a chance de pegar a bola Só se a gente pegasse sozinha não porque alguém tocou Tem que ter fora É porque se não tivermos oportuni dades como ontem todo mundo iria querer cobrar o lateral e daí não daria certo Mas e quando é fora Quando passar da linha Todo mundo concorda Tem que ter mão porque senão alguém vai colocar a mão por querer Essa do goleiro ir até o meio de cam po é boa É porque ele não fica lá parado feito uma múmia ele participa mais Essa regra de que só vale entrar na área na hora do escanteio tinha que mudar porque os outros podem entrar só que o outro time não É melhor se a gente puder entrar sempre que daí vale gol de dentro da área também Se valer gol de dentro da área não precisa chutar forte para fazer o gol É porque se não chuta forte de fora da área os outros pegam 151 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula O quadro 3 representa as regras e características do jogo elaboradas pelas crianças e ainda os itens levantados acerca do futebol enquanto manifestação institucionalizado Quadro 3 Itens anotados pelas crianças com as características do futebol e a elaboração do Nosso Futebol FUTEBOL NOSSO FUTEBOL lateral falta escanteio pênalti gol meio de campo fora campo de jogo mão falta trave reserva área do goleiro barreira roupas e símbolos tênis apropriado tem fora tem mão o goleiro não pode passar do meio de campo o goleiro só pode chutar a bola com o pé no tiro de meta vale entrar na área a qualquer hora lateral com o pé tocar a bola para todos vale gol de lateral regra introduzida no decorrer do jogo Redefinidos os aspectos atinentes ao jogo de futebol elabo rado as crianças decidiram jogálo a fim de verificar a sua viabili dade Nesse momento observaramse gestos de cooperação visí veis desde a realização de passes até a contínua e autônoma troca de goleiros e nas cobranças de lateral quando cada equipe con vencionou uma ordem o que permitia que cada criança à sua vez pudesse realizálas Jogos e Brincadeiras II 152 Ao final da aula referindose ao jogo as crianças mencionaram que A gente criou um jogo só nosso e foi legal A gente aprendeu que futebol não é só de um jeito pode ser como a gente quer Agora é a sua vez analise e comente esse relato evidencian do o seu ponto de vista em relação às possibilidades pedagógicas mencionadas por Lavega Burgués 2007 articuladas com o relato supracitado No que se refere às regras de um jogo Lavega Burgués 2007 aponta que os estudiosos do tema destacam a condição do jogo como um sistema de regras utilizandose de diferentes denomina ções Veja o Quadro 4 Quadro 4 As diferentes denominações para o conceito de regras AS REGRAS DO JOGO Autor Denominação Huizinga Regulamento criador de ordem ou acordo Parlebas Sistema de regras estatuto codificação ou acordo ludomotor Marani Código normas Yela Liberdade transformada em lei Schmitz Limites internos Robles Olaso Lei ser convencional Fonte Adaptado de Pere Lavega Burgués 2007 Parlebas 2002 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 considera in clusive que as regras estabelecem os limites entre as práticas que o autor denomina de quasejogos situações motrizes sem re gras abertas e passíveis de mudança em cada intervenção e as que são jogos situações motrizes codificadas que dispõem de um estatuto ou até mesmo os esportes situações motrizes regradas e institucionalizadas Em relação à análise de Lavega Burgués 2007 em linhas ge rais as regras dos jogos referemse aos seguintes elementos que integram o sistema de regras os jogadores número e tipo de in teração os espaços dimensões e modo de utilizálos o material 153 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula características e formas de manipulálos e o tempo início sequ ências temporais e fim Leia com atenção a seguinte citação extraída do artigo de Pere Lavega Burgués 2007 p 34 grifos nossos Ela é muito im portante para que você compreenda a razão pela qual o jogo vem sendo estudado sob perspectivas distintas e em não raras oca siões antagônicas O esforço por elaborar uma definição em torno do conceito de jogo não tem sentido se não cumprir a função de servir de lente que permita iluminar o caminho a seguir em seu estudo e na inter venção no plano prático A dispersão e a carência de fórmulas a seguir que evidencia o exame das definições também se obser va no estudo detalhado das teorias do jogo que pela extensão a ser respeitada neste artigo não se vai tratar No fundo as distin tas interpretações disciplinares sobre o jogo formuladas desde a fisiologia Shaller Lazarus Schiller Spencer a biologia Harvey Carr Stanley Hall Groos Bally EiblEibesfeldt Lorenz a psi cologia Freud Winnicott Erikson Claparede Wallon Chateau Wund Piaget Vygotsky Elkonin a sociologia e a antropologia Malinowski RadcliffeBrown Firth Gmelch Langsley Eifermann Salter Salamone Raabe Lance Geertz Turner Huizinga Caillois SuttonSmith não deixam de ser contribuições complementares e periféricas para o professor de educação física Apesar de propor cionar reflexões interessantes e eruditas não centram a atenção em desvelar as constantes e a ordem interna que caracterizam as situações de jogo pelas quais a educação física se interessa Mais uma vez o cenário observado justifica a necessidade de encontrar uma estrela polar que indique o caminho a seguir em meio a esta escuridão conceitual Neste contexto será necessário ir ao legado teórico e prático epistemológico que oferece a ciência da ação motriz criada pelo professor Parlebas Na citação anterior você deve ter percebido que o autor se utiliza da crítica à aplicabilidadeutilização dos conhecimentos pro duzidos sobre o jogo no âmbito da intervenção prática ou seja no caso da Educação Física nas intervenções pedagógicas cotidianas Para a superação dessa crítica que do ponto de vista prá tico poderseia denominar insuficiência Lavega Burgués 2007 aponta a Praxiologia Motriz Tratase de uma perspectiva de estu do em que os jogos e os esportes são estudados e entendidos con siderando a sua essência ou a sua lógica interna RIBAS 2005 Jogos e Brincadeiras II 154 Com base nessas considerações estudaremos não obstan te de modo breve algumas questões que permeiam a Praxiologia Motriz A praxiologia motriz ao considerar como objeto de estudo as leis regularidades e mecanismos de funcionamento que se desenca deia em qualquer jogo motor oferece um legado extraordinário para que todo professor ou professor de educação física que saiba e queira usar as lentes desta disciplina seja coerente rigoroso e científico em seu exercício profissional LAVEGA BURGUÉS 2007 p 34 O que vem a ser a lógica interna de um jogo Acompanhe o seguinte exemplo a representação de uma adaptação do exemplo citado por Lavega Burgués 2007 do jogo balón prisionero dez crianças jogam Caçador na quadra da escola esse jogo está descrito na próxima seção As regras desse jogo delimitam as ações das crianças aqui lo que é permitido e aquilo que não é permitido fazer em um jogo de Caçador ou seja estabelecem os limites da prática dentro das quais se gera uma ordem ou lógica interna LAVEGA BURGUÉS 2007 p 36 Nesse jogo as crianças manipulam o material a bola se relacionam de modo singular com os demais jogadores em cola boração ou em oposição com o espaço ocupando e utilizando determinados espaços de uma ou outra forma e com o tempo levando em consideração as sequências temporais do jogo o seu início e o seu fim Para Lavega Burgués 2007 todas essas possibilidades são ações motrizes do jogo de Caçador entendidas como o resul tado visível de um conjunto de relações internas que permite considerar o jogo como um sistema A este conjunto de modos singulares de relações internas que demanda um jogo e as suas consequências sobre a prática denominase lógica interna p 36 Nesse sentido é possível concluir que Cada jogo dispõe de uma lógica interna específica que orienta os protagonistas a re 155 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula solverem determinados problemas ou adaptações LAVEGA BUR GUÉS 2007 p 37 grifo nosso Assim ao refletirmos sobre os diferentes jogos que com põem nossa cultura corporal de movimento e tomando por base a análise de suas lógicas internas podemos considerar que a Edu cação Física escolar possui um interessante e vasto arcabouço de possibilidades pedagógicas no âmbito da tematização dos jogos e da cultura corporal de movimento Como podem ser classificados os jogos considerando as suas lógicas internas Parlebas 1981 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 classifica os jo gos utilizando como critério a interação motriz com outros jogado res e a relação com o meio Analise cada uma dessas classificações No que referese às interações motrizes com outros jogado res veja no Quadro 5 a classificação dos jogos que o referido autor propõe Quadro 5 Classificação dos jogos segundo as interações motrizes com outros jogadores CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS SEGUNDO AS INTERAÇÕES MOTRIZES COM OUTROS JOGADORES PARLEBAS 1981 APUD LAVEGA BURGUÉS 2007 Nº Tipo de Jogo Caracterização Exemplo s 01 Jogos Psicomotores A sua lógica interna não exige a interação com outras pessoas Jogos de repetição de movimento e controle do corpo 02 Jogos Sociomotores 1 Jogos cooperativos a sua lógica interna orienta os jogadores a respeitar acordos coletivos tomar decisões e realizar ações coletivamente e estar em constante comunicação com os outros Pegapega corrente maria mole entre outros 2 Jogos de oposição as ações motrizes realizamse diante de um oponente Jogos esporti vos caçador pegapega taco entre outros Jogos e Brincadeiras II 156 Em relação ao critério de relação com o meio a seguinte classificação é proposta no Quadro 6 a seguir Quadro 6 Classificação dos jogos segundo as relações com o meio CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS SEGUNDO AS RELAÇÕES COM O MEIO PARLEBAS 1981 APUD LAVEGA BURGUÉS 2007 Nº Tipo de Jogo Caracterização Exemplo s 01 Jogos em um meio estável A relação do jogador com o meio não está caracterizada pela incerteza tendo em vista que o espaço é regular e conhecido pelo sujeito Jogos esportivos 02 Jogos em um meio instável A relação do jogador com o espaço é marcada pela incerteza considerando que as condições desse espaço mudam constantemente devido à sua irregularidade Jogos aquáticos Considerando essas classificações além das questões trata das no artigo de Pere Lavega Burgués 2007 é possível visualizar a Praxiologia Motriz como uma possibilidade de sistematização do trato pedagógico com o jogo Isso não significa contudo que a Praxiologia Motriz seja a única possibilidade de estudo e de sistematização prática tendo em vista que nosso objetivo não foi tratála como o único cami nho a ser seguido De qualquer forma a Praxiologia Motriz e outros aportes teóricoconceituais que porventura sejam utilizados para funda mentar o processo de ensino dos jogos e brincadeiras não devem estar à margem de algumas questões de ordem pedagógica como Qual é o sentido da sua atuação pedagógica na escola Educação Física escolar para quê Certamente você já estudou eou discutiu acerca dessas questões neste curso Proporemos aqui mais uma vez algumas reflexões que vêm ao encontro do caminho que propomos traçar neste estudo desde o seu início Para tanto nesse momento é imprescindível que reflita cri ticamente sobre a temática que discutiremos a seguir Ela está in 157 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula timamente relacionada com cada uma das unidades anteriores e culmina com a atividade prática que posteriormente proporemos a você Por enquanto reflita sobre as duas questões supracitadas Qual é o sentido da sua atuação pedagógica na escola e Edu cação Física escolar para quê 6 A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA REFLEXÕES LI MITES E POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS Você se encontra em uma etapa muito especial deste Ca derno de Referência de Conteúdo a que carrega consigo tanto as temáticas estudadas nas unidades anteriores até mesmo em Jo gos e Brincadeiras I e nas demais que compõem o currículo deste curso quanto um processo de preparação à próxima atividade a sua intervenção pedagógica na escola na condição de professor de Educação Física Nesse sentido não poderíamos deixar de abordar alguns elementos que consideramos imprescindíveis à atuação do professor de Educação Física na escola Eles objetivam suscitar a sua reflexão em torno de aspectos que permeiam a prática peda gógica da Educação Física escolar Vamos utilizar como ponto de partida as considerações dis cutidas na Unidade 1 acerca da intencionalidade pedagógica ca racterística que torna peculiar eou diferencia a educação formal da educação não formal Essa intencionalidade conforme explicitamos anteriormen te não se encontra somente relacionada a objetivos de aprendiza gem situados no plano micro da atividade escolar ou seja a sala de aula e as aprendizagens suscitadas em seu interior consubs tanciados na tematização da cultura De modo mais amplo essa intencionalidade expressa tam bém determinados projetos históricos intimamente relacionados a visões sociais de mundo que coexistem hodiernamente em nos Jogos e Brincadeiras II 158 sa sociedade e que entre outras incumbências procuram explicar e servir de referência às nossas ações Afirmar que a intencionalidade pedagógica explícita ou im plícita nas ações da educação formal referencia determinados projetos históricos significa considerar que as ações por ela de senvolvidas mantêm relação de reciprocidade entre que tipo de sujeito se pretende formar com que finalidade e para que tipo de sociedade SOUZA 2009 É por essa razão que ainda na Unidade 1 problematizá vamos o fato de que a educação colocase em constante tensão entre a transformação e a adaptaçãomanutenção do status quo social Essa tensão se evidencia na medida em que diferentes pro jetos históricos lutam por legitimidade social No tocante à Educação Física Soares et al 1992 p 62 acre dita que Por essas considerações podemos dizer que os temas da cultura corporal tratados na escola expressam um sentidosignificado onde se interpenetram dialeticamente a intencionalidadeobjeti vos do homem e as intençõesobjetivos da sociedade No âmbito da Educação Física a tensão entre projetos his tóricos referenciados em determinadas visões sociais de mundo é evidenciada com eloqüência a partir da década de 1980 As crí ticas e denúncias dirigidas à Educação Física nesse período ques tionam o projeto histórico hegemônico balizador da sua prática pedagógica na escola Em outras palavras debatese acerca do sujeito que a Edu cação Física objetiva formar com que finalidade e para que tipo de sociedade Ao contrário do que uma análise superficial possa sugerir o processo engendrado nesse período ultrapassa o âmbito das aulas de Educação Física e situase no plano epistemológico e político da área 159 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Para Kunz 2006 a perspectiva era que a Educação Física superasse as influências do esporte institucionalizado e de rendi mento bem como das Ciências Biológicas e assim passaria a ser um recorte do conhecimento do ser humano a ser constituído pelas Ciências Humanas e Sociais em especial pelas ciências da educação p 11 Consideramos que essas discussões apresentamse atuais e pertinentes frente ao panorama da Educação Física escolar bra sileira tanto no que se refere ao âmbito acadêmico espaço em que o debate tem avançado significativamente quanto na escola nosso lócus de intervenção profissional Entretanto temse constatado que na escola carecemos de ações efetivas no sentido de ressignificar a prática pedagógica da Educação Física escolar De modo convergente Kunz 2006 entende que a Educação Física na escola encontrase em um processo de ressignificação de sua identidade pedagógica Esse processo já foi evidenciado ante riormente ao aludirmos à década de 1980 e às distintas relações observadas no âmbito acadêmico e na escola Não obstante fosse possível recorrer a respostas simplistas e aparentemente inequívocas González e Fensterseifer 2009 aten tam para a complexidade que permeia esse processo de ressignifi car a identidade pedagógica da Educação Física Escolar Assim de modo a redimensionar a Educação Física no âm bito escolar no entendimento de Bracht e González 2005 apud GOnZÁLEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 11 dentre outras iniciativas colocouse como necessária a superação do tradicional papel da Educação Física Escolar como atividade de exercitarse para e a sua transformação para a condição de componente curricular Particularmente no que respeita ao campo educacional questio nouse o paradigma de aptidão física e esportiva que sustentava de forma extensiva as práticas pedagógicas da EF nos pátios escolares podemos apontar que entre outras iniciativas o movimento Jogos e Brincadeiras II 160 renovador entendeu que uma das ações necessárias para transfor mar a EF seria elevála à condição de disciplina escolar tirandoa da categoria de mera atividade Esse processo para os autores supracitados vem acompa nhado de uma nova demanda se coloca um conjunto de questões que não faziam parte das preocupações da tradição desta área e que balizam as teorias pedagógicas quando buscam legitimar um componente curricular num projeto educacional GOnZÁLEZ BRACHT 2009 apud GOnZÁ LEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 11 As razões que legitimam historicamente a presença da Edu cação Física nos currículos escolares dizem respeito à possibilidade de propiciar que os sujeitos se exercitassem para melhorar a saúde para auxiliar na aprendizagem requerida pelos demais componen tes curriculares para formar o caráter entre outras incumbências Somente a partir da década de 1980 González Fenstersei fer 2009 ocorre a justificativa da inclusão da Educação Física no currículo escolar vinculada à concepção de que ela teria como responsabilidade tematizar pedagogicamente um conhecimento específico A relevância de tal conhecimento fundamentase na necessidade de que as gerações mais jovens apropriemse critica mente deste a fim de potencializálas diante do mundo contem porâneo O conjunto de questões para a elevação da Educação Físi ca conforme se mencionou anteriormente à condição de discipli na situamse entre as seguintes Por que a Educação Física deve compor o currículo da escola Quais são os seus objetivos educacionais Quais são os seus conteúdos Ou qual é o conhecimento a ser te matizado pedagogicamente pela Educação Física na escola Como são sistematizados os conteúdos ao longo dos níveis de ensi no e dos anos escolares Como ensinar estes conteúdos Como avaliar seu ensino GOnZÁLEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 11 161 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Não obstante reconheçamse significativos avanços tanto à produção de conhecimentos quanto à sua prática pedagógica no âmbito da Educação Física Escolar González e Fensterseifer 2009 p 12 grifo nosso de modo similar a certeza de outros autores MUniZ 1996 KUnZ 2003 2006 BRACHT et al 2005 mencio nam as dificuldades com que as requeridas transformações da prá tica pedagógica desta disciplina curricular vêm processualmente se consolidando Assim na nossa compreensão a EF encontrase entre o ainda não e o não mais ou seja entre uma prática docente na qual não se acredita mais e outra que ainda se tem dificuldades de pensar e desenvolver Com base nessas questões discutiremos alguns pontos que permeiam três perguntaschave Educação Física para quê O que ensinar Como ensinar Durante o seu processo de formação no Curso de Licenciatu ra em Educação Física dentre essas questões qualis ésão as questãoões que se encontram no centro de suas preocupações Utilizaremos como referência o texto de Kunz 2006 Pedagogia do esporte do Movimento Humano ou da educação física para tratar dessas questões e das relações estabelecidas entre Jogos e Brincadeiras II a atividade que em seguida será proposta e a sua formação como um todo O professor Elenor Kunz é doutor em Ciências do Esporte e pósdoutor pela Universidade de Hannover Atualmente é profes sor titular da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Inicialmente podese considerar que a pergunta e suas pos síveis respostas Educação Física para quê Precede as questões O que ensinar conteúdos e Como ensinarmétodos de en sino Jogos e Brincadeiras II 162 Nessa perspectiva o o quê e o como necessita emergir das possibilidades de respostas à pergunta para quê Essencialmente há que se preocupar com a questão do sentidosignificado do ensino de Educação Física na escola e em função destes sentidos buscar sua legitimidade teórica KUnZ 2006 p 18 grifo nosso A busca pela resposta à pergunta Educação Física para quê demanda que discussões e estudos mais amplos sejam con templados nos cursos de formação de professores de Educação Física superando nesse sentido a lógica da abordagem direta das metodologias ou didáticas de ensino KUNZ 2006 É por essa razão que iniciamos este estudo tratando da edu cação e da escola como espaços e tempos de transmissãotema tização da cultura e que esclarecemos algumas questões acerca do fato de que a prática pedagógica desenvolvida em seu interior relacionase intimamente com determinados projetos históricos É necessário atentarmos também para o fato de que a nossa atuação na escola a forma como organizamos planejamos e de senvolvemos nossa prática pedagógica não se encontra à parte dessas discussões Ressaltamos que nós professores possuímos um compro misso ético e político com a formação das crianças jovens e adul tos que estão na escola Nesse sentido definir criticamente qual é esse compromisso é de suma importância Assim colocase como diretriz necessária à Educação Física escolar estudar e discutir uma pedagogia para além da didá tica e metodologia KUnZ 2006 p 18 grifo nosso O autor supracitado ainda menciona que tendo em vista que a didática e a metodologia ocupamse dos conteúdos e métodos do trabalho pedagógico ou seja dentre outras questões tentam responder às perguntas O que ensinar conteúdos e Como ensinar métodos a pedagogia ocupase de uma questão mais ampla Educação Física para quê Segundo Kunz 2006 p 18 163 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula A Educação Física que é ensinada nas escolas serve para quê Ela fomenta a saúde Ela socializa e educa para uma visão de mundo de forma crítica e emancipadora Com o que a Educação Física re almente pode contribuir com a Educação com uma formação que no caso chamamos críticoemancipatória O autor referese a uma formação críticoemancipatória conforme estudamos na Unidade 1 em alusão à proposta crítico emancipatória na oportunidade denominada por Bracht 1999 de tendência críticoemancipatória O que não significa que as questões que estamos abordando não possam estar relacionadas à prática pedagógica da Educação Física com outra fundamenta ção na proposta críticosuperadora por exemplo Queremos enfatizar aqui que a preocupação com questões como Educação Física para quê O que ensinar Como en sinar entre outras questões não representa uma preocupação exclusiva por exemplo da proposta críticoemancipatória Esse conjunto de questões permeia todas as tendências pe dagógicas da Educação Física Escolar sobre essas tendências ver o artigo A constituição das teorias pedagógicas da Educação Físi ca BRACHT 1999 estudado na Unidade 1 ressalvadas todavia as peculiaridades dessas tendências Diante desses apontamentos e discussões qualis ésão as perspectivas ou os caminhos possívelis para a Educação Física escolar Um deles é a retomada de algumas temáticas já discutidas desde a década de 1980 tais como educação escola ensino corpo movimento humano cultura corporalcultura de movimento entre outros Além disso é necessário relacionálas aos estudos e às experiências empíricas uma aproximação nesse sentido efetiva entre os aportes teóricoconceituais fundantes de nossa prática pedagógica e a realidade interventora representada pela prática cotidiana do ensino escolar KUNZ 2006 As temáticasconceitos citadas são denominadas por Kunz 2006 1998 como os temas fundamentais do ensino da Edu cação Física São esses temas estudados sob teorias filosóficas Jogos e Brincadeiras II 164 sociológicas culturais psicológicas históricas entre outros ob serve que estamos nos referindo à proposta críticoemancipatória à críticosuperadora às aulas abertas à própria Praxiologia Motriz estudada anteriormente etc que podem nos auxiliar a respon der às perguntas Educação Física para quê O quê ensinar e Como ensinar A resposta à pergunta Educação Física para quê deman da que tenhamos condições de apontar a direção para o tipo de sujeito que pretendemos e de certo modo necessitamos for mar com que finalidade e para que tipo de sociedade Acreditamos que você tenha condições de realizar algumas considerações sobre essa questão Por isso disserte acerca da per gunta Educação Física para quê relacionandoa ao projeto for mativo de sujeito e de sociedade Abordadas essas questões que reiteramos consideramos fundamentais para a atuação do professor de Educação Física na escola proporemos alguns exemplos de jogos os quais servirão de referência para a atividade prevista no Caderno de Prática CP anexo a este Caderno de Referência de Conteúdo 7 O JOGO DE CAÇADOR EXPERIÊNCIAS COM A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ES COLA Nessa seção adotamos uma estratégia de organização em que você estabelecerá diálogos com este Caderno de Referência de Conteúdo CRC A ideia é que ao final desta unidade e deste caderno de Jogos e Brincadeiras II conclua a tarefa proposta que integra uma das atividades relativas ao processo avaliativo Nesta etapa realizaremos algumas análises sobre o popular Jogo de Caçador que servirá de importante aporte para a sua experiência com a prática docente em Educação Física proposta no CP 165 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Primeira versão do ensino do Jogo de Caçador O Jogo de Caçador também é popularmente conhecido como Barra Bola Queimada Matamata entre outras deno minações dependendo da região brasileira Além das diferentes denominações o jogo apresenta con figurações ora semelhantes ora distintas em alusão por exem plo às regras que o compõe Você conhece eou já ouviu falar do CaçadorRei ou do Caçador Maluco Essas duas variações do Jogo de Caçador explicitam suas diversas manifestações e até mesmo do jogo compreendido como uma categoria do lazer e um elemento da cultura corporal Na ocasião em que você entrar em contato com as crianças que frequentam a escola ou que brincam em praças e outros es paços e conversar com elas sobre as atividades de lazer que mais apreciam confirmará essa evidência no tocante aos jogos e brin cadeiras Um interessante ponto de partida para a prática pedagógica do professor de Educação Física é ao trabalhar com o Jogo de Ca çador na escola ou outros jogos e brincadeiras procurar conhe cer a maneira como os seus alunos o conhecem e o denominam Em função da atual configuração da sociedade comumente constatamse mudanças em relação aos jogos e brincadeiras que as crianças conhecem e que cotidianamente brincam Muito provavelmente sobretudo em relação aos jogos e brincadeiras mais tradicionais eou populares algumas crianças em função das maiores ou menores experiências pregressas po dem conhecêlos de maneira restrita Uma possibilidade colocada para a Educação Física escolar ressalvados os objetivos educacionais próprios à educação formal podem ser também a ampliação do repertório de conhecimentos dos alunos da Educação Básica em relação à multiplicidade de jo gos e brincadeiras presentes na cultura Jogos e Brincadeiras II 166 Retornando ao Jogo de Caçador nesta etapa da unidade conforme mencionamos anteriormente você estabelecerá diá logos com o Caderno de Prática No decurso do TópicoPrimeira versão do ensino do Jogo de Caçador apresentaremos algumas indicações de como o diálogo será estabelecido e de como poderá auxiliar no desenvolvimento da atividade prática proposta no Ca derno de Prática Nesse momento apresentaremos e discutiremos algumas sugestões didáticas no que se refere à tematização pedagógica do Jogo de Caçador Elas serão interessantes para que você as utilize em consonância com as demandas encontradas durante o desenvolvimento da atividade prática explicitada no Caderno de Prática O Jogo de Caçador permite que um grande número de par ticipantes possa jogálo portanto é possível que todos os alunos participem tendo em vista que as turmas das escolas são geral mente numerosas aproximadamente 30 alunos ou mais Etapa 1 apresentar o Jogo de Caçador aos alunos Uma etapa muito importante de uma aula de Educação Físi ca é o momento em que o professor propõe e apresenta o jogo aos alunos Ele pode adotar várias estratégias para tal dependendo da intencionalidade com que a aula é desenvolvida ou seja os seus objetivos Listamos a seguir algumas sugestões Após dividir os alunos em duas equipes explicar as regras Apresentar o jogo inicialmente em linhas gerais contex tualizando se possível a origem histórica e as variações de denominações e de regras situadas espacialmente e temporalmente Em seguida sondar os alunos quanto ao quê conhecem e como jogam Caçador e explicar as regras do jogo que intenta que os alunos vivenciem Estabelecer as regras do jogo dialogando com os alunos reportese por exemplo ao relato de experiência apre 167 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula sentado nessa seção sobre a criação do novo jogo de fu tebol entre outras possibilidades Sugestão em uma aula de Educação Física caso a turma ul trapasse 35 alunos é interessante fazer uma divisão O ideal é que fiquem grupos de no mínimo 10 alunos para cada lado da quadra Outra possibilidade é dividir o espaço disponível de modo a organizar dois ou mais jogos concomitantes evitando que os alu nos permaneçam durante certo tempo de uma aula sem realizar a atividade Etapa 2 a lógica interna do Jogo de Caçador Primeira parte marcar um espaço de aproximadamente 18 metros de comprimento por 9 metros de largura semelhante à quadra de voleibol Esse espaço entretanto irá variar em função do espaço disponível à aula de Educação Física Divida a quadra conforme a Figura 4 Equipe Azul Equipe Vermelha Caçador Equipe Vermelha Caçador Equipe Azul Figura 4 Divisão da quadra para a primeira versão do jogo de Caçador Segunda parte posicionar todos os jogadores na faixa cen tral na quadra oposta ao lado que vai ficar o caçador da mesma equipe conforme mostra a Figura 4 Terceira parte cada equipe deve escolher um colega para iniciar na função de caçador Este deverá se dirigir para o fundo Jogos e Brincadeiras II 168 da quadra em posição oposta à sua equipe Quarta parte em seguida os caçadores começam a jogar a bola em direção aos jogadores da equipe oponente Todos aqueles que forem pegos ou que forem tocados pela bola posicionam se no fundo oposto do seu campo de jogo isto é o local em que se encontra o caçador de sua equipe no início do jogo realizan do as suas ações de jogo nesse local arremessar a bola com o intuito de tocála nos integrantes da equipe oponente Quinta parte os jogadores podem tentar pegar a bola quando conseguem e também podem arremessála em direção aos jogadores da equipe oponente assumindo momentaneamen te a função de caçadores Sexta parte o jogo termina quando uma das equipes é toda caçada Vence a equipe que caçar todos os integrantes da ou tra primeiro Etapa 3 o Jogo de Caçador acontece Nessa etapa os alunos vivenciam o Caçador Apresenta se como possibilidade de que no decurso do jogo os alunos e o professor discutam as regras do jogo e as modifiquem conforme os seus interesses e necessidades Etapa 4 diálogo com os alunos Após o término do jogo é importante conversar com os alu nos sobre o desenvolvimento da aula e o que acharam Podese perguntar se gostaram e quais mudanças nas regras proporiam É sempre de grande relevância registrar tudo o que conversar com os alunos Segunda versão do ensino do Jogo Caçador Conforme anunciamos anteriormente o Jogo de Caçador apresenta inúmeras variações localizadas espacialmente e tempo ralmente A seguir apresentamos outra possibilidade 169 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Essa versão permite muitos participantes e não é necessário dividilos em equipes É possível colocar todos os alunos partici pando de uma só vez Regras do jogo Primeira marcar um espaço de aproximadamente 18 me tros de comprimento por 9 metros de largura semelhante à qua dra de voleibol Esse espaço entretanto irá variar em função do espaço disponível à aula de Educação Física Todos os jogadores ocupam toda a quadra conforme a Figura 5 a seguir Bola Figura 5 Divisão da quadra para a segunda versão do jogo de Caçador Segunda a regra básica é que dois jogadores começam como caçadores e todos os outros como caça Terceira todos os jogadores podem se deslocar livremente contudo ninguém pode sair dos limites demarcados Quarta os caçadores se deslocam na quadra e procuram se manter próximos de algum caçado jogando a bola entre si Con tudo quando estão de posse da bola não podem andar pois pre cisam ficar com um pé de apoio fixo no chão podem se mexer no raio de extensão de sua perna fixa e estender os braços para tentar encostar a bola nos caçados Quinta os caçadores obterão sucesso se forem rápidos em trocar a bola entre si devem portanto estar atentos uns aos ou Jogos e Brincadeiras II 170 tros São frações de segundos que cada caçador têm para pegar a bola e encostartocar nos caçados pois estes podem se deslocar livremente sempre Sexta todo aquele que for caçado se torna caçador e assu me juntamente com os outros dois a função ficando sujeitos às mesmas limitações impostas à figura do caçador O jogo termina quando só existirem caçadores Após o término do jogo podese conversar com os alunos de forma semelhante à primeira versão apresentada sobre o de senvolvimento da aula o que acharam Podese perguntar se gos taram e quais mudanças nas regras proporiam O registro desse diálogo reiteramos é fundamental Lembrese de que reflexão sem registro se perde com o tempo e muitos detalhes acabam dei xados de lado Terceira versão do ensino do Jogo deCaçador Nessa terceira versão proposta ao ensino do Jogo de Caça dor as regras eou a sua lógica interna para o funcionamento do jogo são as mesmas da versão apresentada anteriormente Contudo o objetivo dessa versão do jogo é evidenciar as di ferenças que podem existir em grupos sociais e colocar os alunos como responsáveis pela organização de um espaço de lazer que tenha como fundamento a inclusão de todos Para que isso fique mais evidente o professor você vai es colher alguns participantes para representar um conjunto de alu nos com maiores limitações do que os outros Por exemplo Um aluno será vendado Dois alunos só poderão andar com um pé só Dois alunos só poderão usar uma das mãos Observação o número de alunos um aluno dois alunos etc pode e deve ser modificado em consonância com as carac terísticas da turma sobretudo em relação à quantidade de alunos da turma 171 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Outro aspecto a ser ressaltado é a importância do profes sor desenvolver estratégias que permitam que os alunos troquem constantemente de papéis propiciando assim múltiplas experi ências no que diz respeito a esse Jogo de Caçador e aos diferen tes papéis que o constituem Como sugestão à organização do jogo caso o professor com preenda que no momento em que a aula acontece os alunos te nham condições de organizálo autonomamente podese propor que eles assumam essa responsabilidade sob a seguinte condição todos devem participar do jogo de modo que os colegas com limi tações não sejam discriminados ou representem problemas para o jogo Nesta atividade o professor não se exime da responsabilida de pedagógica de seu papel de outra forma tem um papel funda mental o de mediador das decisões do grupo Essa estratégia de manda que o professor fique atento ao que acontece no decorrer da aula e que problematize as regras e demais diretrizes definidas pelo grupo Em diversas ocasiões essa estratégia inicialmente desenca deia dificuldades por parte dos alunos no sentido de que definir regras e diretrizes de um jogo não é uma tarefa simples Assim pode ser que os alunos tenham dificuldades de defi nirem regras que privilegiem a cooperação a socialização e a inclu são Caberá ao professor sem que fique explícita sua intervenção problematizar e estimular o diálogo e dar sugestões Por exemplo Para o aluno vendado tem que existir um guia que o aju de a fugir da bola O aluno vendado não poderá ser mira do diretamente O alvo é sempre o guia Nessa situação o professor pode problematizar algumas questões como se as possibilidades de mobilidade do aluno vendado são restritas como propiciar que as suas ações sejam bem Jogos e Brincadeiras II 172 sucedidas Como ficam as regras para os alunos com dificuldades de mobilidade Serão submetidos às mesmas regras ou os colegas vão propor outras que os ajudem a participar de forma igualitária É de suma importância que o professor observe a interação entre os alunos e como uns colaboram com os outros desde o mo mento de organização até a efetivação do jogo Lembrese de que nesse caso a aprendizagem dos conte údos começa na organização do jogo Este é um momento ímpar para que os alunos aprendam atitudes e procedimentos diferentes com relação ao uso dos conhecimentos sobre as práticas corporais diferentes daqueles que podem aprender apenas como executo res Após o término do jogo podese conversar com os alunos de forma semelhante às versões apresentadas anteriormente so bre o desenvolvimento da aula o que acharam Podese perguntar se gostaram e quais mudanças nas regras proporiam Sobretudo nessa etapa dadas as características do jogo pro posto é interessante instigar os alunos sobre as experiências vi venciadas no processo de organização e desenvolvimento coletivo deste O registro desse diálogo reiteramos é fundamental 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Pere Lavega Burgués 2007 após o estudo dos autores que se dedicaram a estudar o jogo apresenta uma síntese de diferentes enfoques e caracte rísticas atribuídas por esses autores aos jogos Qualis as razãoões para que sejam observadas determinadas convergências eou determinadas di vergências entre esses enfoques e características atribuídas ao jogo 173 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula 2 A Praxiologia Motriz LAVEGA BURGUÉS 2007 objetiva servir de diretriz ao processo ensinoaprendizagem do jogo abordando sob a perspectiva das lógicas internas que o compõe e o caracteriza Apontamos entretanto um limite eou uma necessidade colocada a essa perspectiva Identifiquea e explicite as possibilidades de atendimento eou superação dessa deman da Referenciandose em alguns autores cujas preocupações corroboram as perspectivas mencionadas no que se refere à prática pedagógica da Educa ção Física reflita acerca do compromisso políticosocial como professores que se encontram encontrarão atuando na escola e que possuem sob sua incumbência promover a tematização da cultura a cultura corporal o lazer os jogos e brincadeiras A seguir registre seu ponto de vista em relação às seguintes afirmações a Assim nessa trajetória e nesse patamar alcançado pela Educação Físi ca brasileira nos últimos quinze anos temse uma sensação de que ao mesmo tempo em que evoluímos no desenvolvimento de pressupostos teóricometodológicos com referências das áreas humanas e sociais dei xamos uma enorme lacuna um vazio existente entre essa evolução e a Educação Física no seu estar sendo BRACHT et al 2003 KUnZ 2006 p12 b as pesquisas e publicações que início dos anos 90 se preocupavam e concretamente sugeriam intervenções na realidade empírica da área em especial a escolar praticamente não tiveram continuidade e apro fundamentos Refirome às chamadas propostas interventoras crítico superadora críticoemancipatória aulas abertas etc KUNZ 2006 p13 c Enfim parece que nos encontramos numa fase em que temos de refle tir seriamente sobre a questão de retomar e aprofundar o pensamento teórico específico da área ou partir primeiro para um avanço nas inter venções concretas na realidade empírica KUnZ 2006 p14 grifos do autor d A Educação Física pode e deve ser discutida do ponto de vista epistemo lógico socialfilosófico e cultural como também biológico e técnico Pre cisa no entanto cada vez mais investigar a própria prática e refletir mais sobre ela Se o campo didáticopedagógico relacionado ao profissional que atua diretamente na prática não for sequer mencionado nas avan çadas elaborações teóricas da área resta pouca esperança no desenvol vimento de valores compromissos e interesses pedagógicos para revo lucionar também a prática cotidiana do professor KUnZ 2006 p15 3 Disserte sobre as relações existentes entre a educação formal determina dos projetos históricos e determinadas visões de mundo Expliqueas e as evidencie mediante uma situação da prática pedagógica cotidiana da Edu cação Física escolar Jogos e Brincadeiras II 174 9 CONSIDERAÇÕES Caro aluno esperamos que os estudos e as atividades pro postas nesta unidade tenham suscitado relevantes aprendizagens e experiências a você Procuramos articular os aportes teóricos que fundamenta ram os estudos desta unidade e das anteriores com a necessária experiência da prática pedagógica da Educação Física na escola lócus de sua futura atuação docente para que você conhecesse e vivenciasse o cotidiano escolar com o acompanhamento de um professor de Educação Física mais experiente Considerando o caminho que você percorreu no decurso de Jogos e Brincadeiras II esperamos que os objetivos traçados tenham sido alcançados Ademais esperamos que na medida do possível as suas ex pectativas em relação a este estudo também tenham sido alcan çadas Se nos reportarmos às etapas de estudo e de atividades pro postas constataremos que o caminho foi árduo característica que entretanto não constituiu um limite às aprendizagens objetivadas e suscitadas ao contrário evidenciou o quão complexo no senti do de algo que traz consigo elementos enredados e articulados e relevante é a nossa atuação pedagógica na escola É necessário considerar que os temas estudados em cada uma das unidades representam um recorte não obstante qualita tivamente considerável do processo de ensino dos jogos e brinca deiras em aulas de Educação Física Nesse sentido esperamos que você esteja motivado para não permanecer restrito aos apontamentos e encaminhamentos aqui propostos mas que para além destes seja capaz de ampliar os seus horizontes no tocante a gama das temáticas abordadas neste Caderno de Referência de Conteúdo 175 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Por fim agradecemos a oportunidade de estarmos juntos até essa etapa de sua formação 10 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Pulando corda Disponível em httpwwwbrincadeirasdecriancacombr quadrpulandocordajpg Acesso em 27 set 2011 Figura 2 Jogos para crianças Childrens Games Disponível em httpfitsdepauw eduaharrisCoursesStolenFinalProjectsSAnnESSElderbruegel13jpg Acesso em 27 set 2011 Figura 3 O jogo institucionalizado esporte de alto nível Disponível em httpoglobo globocomfotos2008100808MVGfutsal2jpg Acesso em 27 set 2011 Sites pesquisados El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices Disponível em httppolarisbcunicampbrseerfefprintarticlephpid60layoutps Acesso em 31 jul 2011 LAVEGA BURGUÉS Pere El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices Motor games and pedagogy of motor conducts Revista Conexões v 5 n 1 2007 Faculdade de Educação Física da Unicamp Disponível emhttppolarisbcunicampbrseerfef includegetdocphpid152article60modepdf Acesso em 20 jul 2011 RIBAS João Francisco Magno Praxiologia Motriz construção de um novo olhar dos jogos e esportes na escola Motriz Rio Claro v 11 n 2 p 113120 maiago 2005 Disponível em httpwwwrcunespbribefisicamotriz11n210MRJpdf Acesso em 20 jul 2011 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GOnZÁLEZ Fernando Jaime FEnSTERSEiFER Paulo Evaldo Entre o não mais e o ainda não pensando saídas do nãolugar da Educação Física escolar I Cadernos de Formação RBCE Campinas CBCE e Autores Associados v 1 n 1 p 924 set2009 KUNZ Elenor Educação física escolar seu desenvolvimento problemas e propostas in SEMinÁRiO BRASiLEiRO EM PEDAGOGiA DO ESPORTE FUnÇÕES TEnDÊnCiAS E PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSiCA ESCOLAR 1998 Santa Maria Anais Santa Maria CEFDUFSM 1998 p 114119 Educação Física ensino mudanças 2ed ijuí Unijuí 2001 Pedagogia do esporte do movimento humano ou da educação física In KUNZ Elenor TREBELS Andreas Heinrich Educação física críticoemancipatória com uma perspectiva da pedagogia alemã do esporte Ijuí Unijuí 2006 Jogos e Brincadeiras II 176 Transformação didáticopedagógica do esporte 5ed ijuí Unijuí 2003 MORSCHBACHER Márcia Possibilidades de formação críticoemancipatória a partir do conteúdo esporte uma proposta desenvolvida em uma escola pública de São Miguel da Boa Vista SC 2009 99f Relatório de Pesquisa Universidade do Oeste de Santa Catarina São Miguel do Oeste 2009 SOARES et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 SOUZA Maristela da Silva Esporte escolar possibilidade superadora no plano da cultura corporal São Paulo Ícone 2009
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Texto de pré-visualização
JOGOS E BRINCADEIRAS II CURSOS DE GRADUAÇÃO EAD Jogos e Brincadeiras II Profa Márcia Morschbacher e Profa Ms Maria Eliza Gama Santos Meu nome é Márcia Morschbacher sou graduada em Educação Física Licenciatura pela Universidade do Oeste de Santa Catarina Unoesc especialista em Educação com Concentração em Educação Física pela Unoesc especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Federal de Santa MariaRS UFSM e mestranda em Educação Física pela Universidade Federal de PelotasRS UFPel Como Professora de Educação Física atuei nos anos iniciais do Ensino Fundamental durante quatro anos além de participar durante dois anos nos projetos sociais Programa Segundo Tempo e Programa Esporte e Lazer da Cidade em 2005 no município de São Miguel da Boa VistaSC e em 2009 no município de Santa MariaRS respectivamente Email mmedufisicayahoocombr Meu nome é Maria Eliza Gama Santos Sou graduada em Educação Física Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Santa MariaRSUFSM especialista em Supervisão Escolar pela Universidade Federal do Rio de Janeiro mestre em Educação na linha de Formação Saberes e Desenvolvimento Profissional pelo programa de pósgraduação em Educação da UFSM defendendo dissertação sob o título Formação Continuada de Professores e Desenvolvimento Institucional de Escolas Públicas Avanços Possibilidades e Limites no ano de 2007 Como professora substituta atuei nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da UFSM e atualmente sou doutoranda do programa de pósgraduação em Educação da UFSM Email melizagamayahoocombr Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação JOGOS E BRINCADEIRAS II Maria Eliza Gama Santos Márcia Morschbacher Batatais Claretiano 2014 Ação Educacional Claretiana 2010 Batatais SP Versão ago2014 796 M859j Morschbacher Márcia Jogos e Brincadeiras II Márcia Morschbacher Maria Eliza Gama Santos Batatais SP Claretiano 2014 176 p ISBN 9788583771418 1 Lazer 2 Educação 3 Escola 4 Cultura 5 Aprendizagem I Santos Maria Eliza Gama II Jogos e Brincadeiras II CDD 796 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional J Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães CRB7 6411 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F M Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados É proibida a reprodução a transmissão total ou parcial por qualquer forma eou qualquer meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação e distribuição na web ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana Claretiano Centro Universitário Rua Dom Bosco 466 Bairro Castelo Batatais SP CEP 14300000 ceadclaretianoedubr Fone 16 36601777 Fax 16 36601780 0800 941 0006 wwwclaretianobtcombr Fazemos parte do Claretiano Rede de Educação SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO 9 UniDADE 1 CONTEÚDOS ESCOLARES E A CULTURA BUSCANDO CAMINHOS PARA UMA RELAÇÃO PEDAGÓGICA 1 OBJETIVOS 23 2 CONTEÚDOS 23 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 24 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 26 5 CULTURA ESCOLA E TRANSMISSÃO CULTURAL 27 6 CULTURA ESCOLA E EDUCAÇÃO FÍSICA ALGUMAS INTERLOCUÇÕES 45 7 TEORIAS PEDAGÓGICAS CULTURA CORPORAL E CONTEÚDOS DE ENSINO 53 8 CULTURA CORPORAL E OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS 55 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 56 10 CONSIDERAÇÕES 59 11 EREFERÊnCiAS 60 12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 61 UniDADE 2 LAZER E TRANSMISSÃO CULTURAL NA ESCOLA JOGOS E BRINCADEIRAS COMO CONTEÚDOS ESCOLARES 1 OBJETIVOS 63 2 CONTEÚDOS 63 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 64 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 65 5 O LAZER NA SOCIEDADE MODERNA ORIGEM HISTÓRIA E CONCEITOS CONTEMPORÂNEOS 66 6 O LAZER COMO VEÍCULO E COMO OBJETO DE EDUCAÇÃO UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO 78 7 LAZER COMO PRÁTiCA SOCiAL COnTEÚDOS PARA A EDUCAÇÃO FORMAL 81 8 EDUCAÇÃO FÍSiCA ESCOLAR E O LAZER UMA RELAÇÃO nECESSÁRiA 88 9 TEXTO COMPLEMENTAR 88 10 O LAZER NOS CONTEXTOS SOCIAIS E AS DEMANDAS EDUCACIONAIS 93 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 98 12 CONSIDERAÇÕES 99 13 EREFERÊnCiAS 100 14 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 100 UniDADE 3 A RELAÇÃO DOS CONTEÚDOS ESCOLARES JOGOS E BRinCADEiRAS COM O PROJETO POLÍTiCOPEDAGÓGiCO DA ESCOLA 1 OBJETIVO 103 2 CONTEÚDOS 103 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 104 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 104 5 LEiTURA DO TEXTO SOBRE O PROJETO POLÍTiCOPEDAGÓGiCO 105 6 AUTONOMIA DA ESCOLA E OS PRESSUPOSTOS ORIENTADORES DO PROJETO POLÍTiCOPEDAGÓGiCO 113 7 ATiViDADE PRÁTiCA RELACiOnADA AOS TEXTOS 122 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 131 9 CONSIDERAÇÕES 132 10 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 132 UniDADE 4 JOGOS E BRINCADEIRAS COMO CONTEÚDO ESCOLAR A PRÁTiCA DE SALA DE AULA 1 OBJETIVO 133 2 CONTEÚDOS 133 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 133 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE 134 5 RESEnHA DE TEXTOBASE 135 6 A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA REFLEXÕES LIMITES E POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS 157 7 O JOGO DE CAÇADOR EXPERiÊnCiAS COM A PRÁTiCA PEDAGÓGiCA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 164 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS 172 9 CONSIDERAÇÕES 174 10 EREFERÊnCiAS 175 11 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS 175 CRC Caderno de Referência de Conteúdo 1 INTRODUÇÃO Seja bemvindo Caro aluno iniciaremos o estudo de Jogos e Brincadeiras II que garante a você futuro professor o acesso e a aquisição de conhecimentos relativos aos jogos e brincadeiras conteúdos de ensino presentes nos currículos das escolas de Educação Básica Focaremos o estudo sobre a cultura a relação da cultura com a seleção e a organização dos conteúdos escolares o lazer como prática social e como conteúdo escolar e a relação dos con teúdos escolares com os contextos sociais e com os jogos e brinca deiras Todos esses são elementos importantes para a formação de cidadãos Procuramos evidenciar o desenvolvimento cognitivo da criança do jovem e do adulto com relação ao movimento corporal ao jogo ao brincar e ao lúdico levando em consideração sua inser ção na cultura corporal da sociedade contemporânea Jogos e Brincadeiras II 8 Também priorizamos com os temas selecionados que você futuro professor possa transitar nos diferentes conteúdos peda gógicos para a Educação Física escolar adquirindo competências próprias para atuar como profissional da educação Consideramos fundamental que você ao final deste estudo consiga situar a experiência corporal como um fator de formação do indivíduo e que compreenda que os jogos e as brincadeiras re presentam uma parte significativa dessa formação Objetivamos ainda leválo a compreender criticamente o processo de construção cultural dos conhecimentos relaciona dos aos jogos e às brincadeiras a importância da sua inserção nos currículos escolares e a vivência com diferentes possibilidades do trato pedagógico desses conteúdos Ao apropriarse de tal conhe cimento você atuará com consciência crítica entendendo assim a importância de sua função no universo escolar Esperamos que você consiga selecionar conteúdos referen tes ao tema compondo propostas de ensino para a Educação Bási ca respeitando as diferenças de aprendizagem associandoos ao contexto dos alunos à proposta pedagógica da escola e à proposta educacional do país No Caderno de Referência de Conteúdos CRC você encon trará as unidades básicas Elas o ajudarão a compreender a im portância dos conhecimentos do lazer e dos jogos e brincadeiras para a formação de um profissional que atuará como professor na Educação Básica subsidiandoo com informações para o planeja mento e o desenvolvimento de propostas de ensino na escola na Unidade 1 trataremos da relação da cultura com os con teúdos escolares no âmbito da Educação Física escolar situando os jogos e as brincadeiras no campo da cultura corporal Outra abor dagem será o estudo das propostas pedagógicas que fundamen tam o ensino da Educação Física com o intuito de suscitar reflexões referentes à atuação pedagógica do professor na escola 9 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Na Unidade 2 abordaremos a origem do lazer e como ele se configura em nossa sociedade contemporânea Será feita uma análise dos seus limites e suas possibilidades determinantes e de terminados por esta organização social do lazer como veículo e objeto de educação educação pelo lazer e para o lazer respecti vamente Além disso veremos os jogos e brincadeiras concebidos como conteúdos escolares e como componentes do lazer refle tindo acerca das possibilidades de interlocução entre o lazer e a Educação Física escolar na Unidade 3 discutiremos sobre a relação dos jogos e brin cadeiras conteúdos escolares com o Projeto PolíticoPedagógico da escola Serão debatidos o papel deste documento como e por quem ele é elaborado e quais são os seus pressupostos e as partes que o compõem Por fim na Unidade 4 aproximando você de modo especial da realidade escolar proporemos discussões e atividades cuja ên fase dáse na inserção e na intervenção pedagógica do alunofutu ro professor na escola Após essa introdução aos conceitos principais apresentare mos a seguir no Tópico Orientações para estudo algumas orienta ções de caráter motivacional dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Aqui você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade No entan to essa Abordagem Geral visa fornecerlhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial te órico com base sólida científica e cultural para que no futuro Jogos e Brincadeiras II 10 exercício de sua profissão você a exerça com competência cogniti va ética e responsabilidade social Jogos e Brincadeiras II garante aos acadêmicos futuros professores o acesso e a aquisição de conhecimentos relativos aos jogos e brincadeiras nos currículos das escolas de Educa ção Básica Focamos o estudo sobre a cultura a relação da cultura com a seleção e organização dos conteúdos escolares o lazer como prática social e conteúdo escolar a relação dos conteú dos escolares com os contextos sociais e os jogos e brincadei ras elementos importantes para a formação de cidadãos A proposta deste Caderno de Referência de Conteúdo é levar os acadêmicos a compreender criticamente o processo de constru ção cultural dos conhecimentos relacionados aos jogos e às brin cadeiras a importância de suas inserções nos currículos escolares bem como vivenciar diferentes possibilidades do trato pedagógico desses conteúdos Os acadêmicos além disso terão a possibilidade de compre ender a interface entre educação e lazer situando o lazer sob a perspectiva do duplo processo educativo que o permeia a educa ção para e pelo lazer assim como as possibilidades pedagógicas deste no âmbito da Educação Física Escolar Ao apropriaremse de tal conhecimento os futuros educadores atuarão com consciência crítica compreendendo assim a importância de sua função no universo escolar Neste Caderno de Referência de Conteúdo dentre os temas a serem estudados pretendemos aprofundar alguns conceitos in dissociáveis da discussão sobre os conteúdos escolares especial mente relacionandoos com o Lazer Nesse sentido para atender a essa demanda propomos o estudo do lazer e sua inserção no contexto educacional articulado ao estudo de temas como o con ceito de Cultura Projeto PolíticoPedagógico Conteúdos Escola res Conteúdos Escolares da disciplina de Educação Física entre outros conforme é possível visualizar a seguir 11 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Organizamos nosso estudo em quatro unidades apresenta das a seguir com os objetivos específicos de cada uma delas Unidade 1 Os Conteúdos Escolares e a Cultura Buscan do Caminhos para uma Relação Pedagógica Unidade 2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Unidade 3 A Relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto Políticopedagógico da Escola Unidade 4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar A Prática de Sala de Aula Unidade 1 Nessa unidade objetivamos que os acadêmicos compreen dam a relação dos conteúdos escolares da Educação Física com a cultura o papel da escola como instituição formal responsável pela transmissão cultural e que sejam capazes de situar a cultura corporal no âmbito das aulas de Educação Física Inicialmente discutiremos a cultura como fonte para a sele ção dos conteúdos escolares a partir das ideias trazidas por Jean Claude Forquin 1993 em seu livro Escola e cultura as bases so ciais e epistemológicas do conhecimento escolar Esse texto tem a função primordial de questionar os pré conceitos sobre a cultura e apresentar dois pontos de vista dis tintos e coexistentes na organização curricular das escolas atuais Conhecer e identificar essas diferenças é um passo indispensável para que se compreenda a organização dos conteúdos escolares a partir da cultura especialmente no que se refere à legitimidade dos jogos e brincadeiras inseridos nas aulas de Educação Física Em seguida discutiremos dois tópicos a partir das ideias de Valter Bracht baseandonos em dois textos No primeiro funda mentado no artigo Educação Física conhecimento e especifici dade procuraremos situar a cultura corporal de movimento no Jogos e Brincadeiras II 12 âmbito das aulas de Educação Física o segundo diz respeito às te orias pedagógicas discutidas no artigo A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física Nele o autor propõe a análise do processo de construção das teorias pedagógicas da Educação Física no Brasil demonstrando como se refletem as concepções e os sentidos de corpo na sociedade atual Refletiremos sobre a necessidade de ruptura no que diz res peito à visão atual de corpo e conheceremos quais são os desafios postos à educaçãoEducação Física escolar Como ponto prelimi nar podemos considerar que a tematização pedagógica da cultura corporal de movimento pode contribuir para que essas rupturas se consubstanciem No entanto é necessário compreender os tópicos anterior mente mencionados e que sejamos capazes de nos posicionar e agir ante os desafios atribuídos à educaçãoEducação Física escolar Por fim trataremos das proposições para a organização dos conteúdos e das práticas escolares contidas nos Parâmetros Curri culares Nacionais para a Educação Física Escolar Unidade 2 O objetivo central é permitir que os acadêmicos compreen dam que o lazer se constitui em uma prática social estabelecida em uma parte de nosso patrimônio cultural que deve ser transmi tido pela educação formal Os conteúdos referemse ao estudo das questões relaciona das à transmissão cultural na escola os elementos mais signifi cativos acumulados historicamente e imprescindíveis à formação dos sujeitos ao lazer concebido como elemento da cultura e aos jogos e brincadeiras inseridos no espaço escolar como conteúdos de ensino da Educação Física Trabalharemos inicialmente com o texto As Antinomias dialéticas do lazer de autoria de Gustavo Martins Piccolo Por meio do texto os acadêmicos poderão compreender a gênese 13 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo do lazer na sociedade moderna e como alguns autores brasileiros contemporâneos que se dedicam ao estudo do lazer posicionam se sobre o tema Como segundo passo propomos reflexões em relação ao duplo caráter educativo do lazer como veículo e como objeto de educação dialogando com Nelson Carvalho Marcellino Em seguida propomos o estudo do texto Nexos entre e Educação Física Escolar e o Lazer no qual Elizara Carolina Marin aborda alguns conceitos e aponta caminhos para a ligação desta dimensão cultural com a Educação Física escolar No tocante aos conteúdos de ensino da Educação Física es colar os Parâmetros Curriculares Nacionais referentes ao Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental servirão de aporte teórico no sentido de situarmos o lazer no âmbito da Educação Física es colar Por fim proporemos uma pesquisa de campo em que você realizará um levantamento dos espaços e das atividades de lazer de seu bairro e de sua cidade analisando criticamente as informa ções coletadas O objetivo é evidenciar a relevância de que você futuro professor conheça as possibilidades e os limites dos espa ços e das atividades de lazer que caracterizam o seu bairrocidade E para a melhor compreensão do tema tratado sugerimos o texto de Jorge Dorfman Knijnik A questão do jogo uma contri buição na discussão de conteúdos e objetivos da Educação Física escolar publicado na Revista Brasileira de Ciências e Movimento em abril de 2001 Essa leitura é complementar mas pode contri buir significativamente para a ampliação de seus conhecimentos sobre os jogos como conteúdos escolares Unidade 3 A Unidade 3 tem como objetivos possibilitar aos acadêmicos a compreensão das dimensões do contexto escolar bem como a Jogos e Brincadeiras II 14 utilização do Projeto PolíticoPedagógico com a organização e o desenvolvimento do trabalho escolar em especial com o planeja mento dos conteúdos escolares Outra meta é aprofundar os estudos sobre o Projeto Político Pedagógico evidenciando o processo de construção desse docu mento e suas funções na organização e desenvolvimento do traba lho escolar além dos conceitos básicos e pressupostos fundantes que o constituem Organizamos esta unidade em etapas que começa com o es tudo de um texto cuja abordagem são questões relativas à cultura escolar e à organização e desenvolvimento do trabalho escolar so bretudo no que se refere ao planejamento Nesse texto trataremos sobre o Projeto PolíticoPedagógico compreendido como elemento indispensável na construção de um projeto comum e adequado aos objetivos de ensino de uma dada comunidade escolar Será evidenciado o processo de construção desse documento suas finalidades na organização e no desenvol vimento do trabalho escolar e os conceitos básicos e pressupostos fundantes que o constituem de modo que se compreenda o papel e a importância dele para a instituição e a comunidade escolar Evidenciaremos inclusive em que momento o Projeto Políti coPedagógico é legitimado legalmente e em que momento a sua construção e constante reconstrução passam a se constituir em demanda às escolas Como etapa seguinte proporemos uma importante tarefa a análise de um Projeto PolíticoPedagógico de uma escola de Edu cação Básica Essa tarefa possibilitará que os acadêmicos interajam com o lócus de sua futura atuação profissional e que estabeleçam diálogos com professores de Educação Física mais experientes Essa unidade assim como as demais está organizada com ati vidades para serem realizadas na sequência proposta pois elas criam um clima de reflexão favorável para as atividades subsequentes 15 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Unidade 4 A quarta unidade objetiva ampliar e aprofundar os conceitos sobre jogos abordando a proposta de ensino baseada na praxio logia motriz e promover a vivência de situações práticas de sala de aula Os acadêmicos farão observações e análises dos conteúdos e metodologias utilizados articuladas ao campo teórico estudado ao longo deste Caderno de Referência de Conteúdo Antecedendo a atividade de intervenção pedagógica em uma escola de Educação Básica ocorrerá o estudo do texto de Pere Lavega Burgués El juego motor y la pedagogía de las conduc tas motrices divulgado em 2007 na Revista Conexões publicação da Faculdade de Educação Física da Unicamp Nessa leitura dáse a discussão em torno dos diferentes autores que se dedicam a es tudar o jogo e da praxiologia motriz Como segundo ponto discutiremos acerca de alguns ele mentos que consideramos fundamentais para compreender o atual panorama da Educação Física escolar e os limites e possibi lidades desta disciplina curricular no que se refere à tematização da cultura corporal Retomaremos tópicos estudados nas unida des anteriores bem como articularemos algumas contribuições do texto do professor Elenor Kunz Pedagogia do esporte do movi mento humano ou da educação física Por fim como forma de consubstanciar o processo objeti vado e engendrado desde a primeira unidade inclusive desde a correlata e antecedente de Jogos e Brincadeiras I propomos que os acadêmicos intervenham pedagogicamente em uma escola de Educação Básica por meio do ensino dos jogos e brincadeiras em aulas de Educação Física A ideia é propiciar que os acadêmicos articulem conheci mentos adquiridos mediante o processo de aprendizagem suscita dos neste estudo e as experiências da sua atuação pedagógica na Educação Física escolar Jogos e Brincadeiras II 16 Outro ponto que destacamos é a relevância representada pelo diálogo que se estabelecerá entre os acadêmicos a escola e o professor de Educação Física que os acompanhará durante a inter venção pedagógica Esse processo será mediado por incessantes atividades de reflexão sobre a prática pedagógica desenvolvida Glossário de conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi da e precisa das definições conceituais possibilitandolhe um bom domínio dos termos técnicocientíficos utilizados na área de co nhecimento dos temas tratados em Jogos e Brincadeiras II Veja a seguir a definição dos principais conceitos 1 Cultura conjunto de conhecimentos instituições valo res e símbolos constituídos acumulados e transmitidos ao longo das gerações e que permite que as pessoas deem sentido e significado às suas ações Podese con siderar conforme Laraia 1992 p 50 que A cultura é um processo acumulativo resultante de toda a experi ência histórica das gerações anteriores LARAIA Roque de Barros Cultura um conceito antropológico Rio de Janeiro Zahar 1992 2 Lazer em uma asserção intimamente relacionada com o conceito hodierno de trabalho e com os contemporâne os modos de produção o lazer compreende a apropria ção do tempo do nãotrabalho pelos sujeitos e as formas como esse tempo é utilizado como e o que fazse com esse e desse tempo Marcellino 1987 inclusive compreende o lazer como apropriação construção e vi vência de cultura MARCELLINO Nelson Carvalho Lazer e Educação Campinas Papirus 1987 3 Cultura corporal abarca as atividades corporais huma nas geradas modificadas e perpetuadas no âmbito da cultura que trazem consigo sentidos e significados pro venientes do contexto e dos processos sóciohistóricos que as legitimam Esse conceito possibilita compreender que as atividades corporais são criadas e modificadas pela sociedade no decurso social e histórico da história 17 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo humana avançando nesse sentido de uma compreen são de atividades corporais dadas e inquestionáveis para a de construções sociais e históricas passíveis de ques tionamento e de construção e reconstrução 4 Educação Física escolar disciplina escolar cuja incum bência é a tematização da cultura corporal em conso nância com uma intencionalidade pedagógica intrinse camente relacionada a determinadas visões de mundo Os elementos que compõem a cultura corporal e que necessitam ser tematizados por esta disciplina são os jogos os esportes as lutas as danças e as ginásticas Para Soares et al 1992 p39 a materialidade cor pórea foi historicamente construída e portanto existe uma cultura corporal resultado de conhecimentos so cialmente produzidos e historicamente acumulados pela humanidade que necessitam ser retraçados e transmiti dos para os alunos da escola SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 Esquema dos Conceitoschave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo apresentamos a seguir Figura 1 um Esquema dos Conceitoschave O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitoschave ou até mesmo o seu mapa mental Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitoschave é representar de maneira gráfica as relações en tre os conceitos por meio de palavraschave partindo dos mais complexos para os mais simples Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino Com base na teoria de aprendizagem significativa entendese que por meio da organização das ideias e dos princípios em esque Jogos e Brincadeiras II 18 mas e mapas mentais o indivíduo pode construir o seu conhecimen to de maneira mais produtiva e obter assim ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es colar tais como planejamentos de currículo sistemas e pesquisas em Educação o Esquema dos Conceitoschave baseiase ainda na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel que es tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno Assim novas ideias e informações são aprendidas uma vez que existem pontos de ancoragem Temse de destacar que aprendizagem não significa ape nas realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno é preci so sobretudo estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa Para isso é importante con siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem Além disso as novas ideias e os novos concei tos devem ser potencialmente significativos para o aluno uma vez que ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog nitivas outros serão também relembrados Nessa perspectiva partindose do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas o Esquema dos Conceitoschave tem por objetivo tor nar significativa a sua aprendizagem transformando o seu conhe cimento sistematizado em conteúdo curricular ou seja estabele cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo adaptado do site disponível em httppenta2ufrgsbredutoolsmapascon ceituaisutilizamapasconceituaishtml Acesso em 11 mar 2010 19 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Figura 1 Esquema dos Conceitoschave do Caderno de Referência de Conteúdo de Jogos e Brincadeiras II Como você pode observar esse Esquema dá a você como dissemos anteriormente uma visão geral dos conceitos mais im portantes deste estudo Ao seguilo você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensinoaprendizagem Ademais é possível estabelecer relações entre tais conceitos e compreender o modo como as unidades deste Caderno de Re ferência de Conteúdo foram construídas Além deste elaboramos outros mapas conceituais que estão disponíveis no decorrer das unidades e que possuem finalidades similares a este Com base no Esquema dos Conceitoschave exposto conside ramos que compreender por exemplo as relações entre a cultura e a escola bem como entre a cultura corporal e a Educação Física escolar permitirá a você futuro professor organizar e legitimar a sua atuação pedagógica na escola de modo fundamentado e adequado Jogos e Brincadeiras II 20 O Esquema dos Conceitoschave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien te virtual por meio de suas ferramentas interativas bem como àqueles relacionados às atividades didáticopedagógicas realiza das presencialmente no polo Lembrese de que você aluno EaD deve valerse da sua autonomia na construção de seu próprio co nhecimento Questões autoavaliativas No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados as quais podem ser de múltipla escolha abertas objetivas ou abertas dissertati vas Responder discutir e comentar essas questões bem como relacionálas com a prática do ensino de Jogos e Brincadeiras II pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento Assim mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado você estará se preparando para a avaliação final que será disser tativa Além disso essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional As questões de múltipla escolha são as que têm como respos ta apenas uma alternativa correta Por sua vez entendemse por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada inalterada Já as questões abertas dissertativas obtêm por res posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado por isso normalmente não há nada relacionado a elas no item Gabarito Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma Bibliografia básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos mas não se prenda só a ela Consulte também as biblio grafias complementares 21 Claretiano Centro Universitário Caderno de Referência de Conteúdo Figuras ilustrações quadros Neste material instrucional as ilustrações fazem parte inte grante dos conteúdos ou seja elas não são meramente ilustra tivas pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con teúdos pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con ceitual faz parte de uma boa formação intelectual Dicas motivacionais Este estudo convida você a olhar de forma mais apurada a Educação como processo de emancipação do ser humano É importante que você se atente às explicações teóricas práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação bem como partilhe suas descobertas com seus colegas pois ao com partilhar com outras pessoas aquilo que você observa permitese descobrir algo que ainda não se conhece aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes Observar é portanto uma capacidade que nos impele à maturidade Você como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD necessita de uma formação conceitual sólida e consistente Para isso você contará com a ajuda do tutor a distância do tutor presencial e sobretudo da interação com seus colegas Sugeri mos pois que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas É importante ainda que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações pois no futuro elas pode rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ ções científicas Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos Cotejeos com o material didático discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas No final de cada unidade você encontrará algumas questões autoavaliativas que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos Jogos e Brincadeiras II 22 para sua formação Indague reflita conteste e construa resenhas pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure cimento intelectual Lembrese de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar ou seja interagir procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo entre em contato com seu tutor Ele estará pronto para ajudar você 1 EAD Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica 1 OBJETIVOS Compreender a relação dos conteúdos escolares da Edu cação Física com a cultura bem como o papel da escola como instituição formal responsável pela transmissão cul tural Situar a cultura corporal como conteúdo escolar no âmbi to das aulas de Educação Física 2 CONTEÚDOS Cultura escolar e transmissão cultural currículo e cultura Cultura escola e Educação Física algumas interlocuções As teorias pedagógicas da Educação Física A cultura corporal de movimento e a sua inclusão como conteúdo de ensino Jogos e Brincadeiras II 24 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Tenha sempre a mão o significado dos conceitos explici tados no Glossário e suas ligações pelo Mapa Conceitual para o estudo de todas as unidades deste CRC Isso faci litará a sua aprendizagem 2 Leia os livros e artigos da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricopráticos Estabele ça relações com o material didático deste CRC e procure discutir a unidade com seus colegas e tutores 3 Observe que no decorrer da Unidade encontramse su gestões de leituras complementares 4 Busque nos periódicos acadêmicocientíficos da área da Educação Física artigos que possam auxiliálo nos estu dos tanto dessa unidade quanto das demais A constan te busca de artigos relativos à temática que estamos es tudando revelase como um importante subsídio ao seu processo de formação Uma significativa quantidade de periódicos acadêmicocientíficos encontrase disponível online outros você os encontra em bibliotecas Sugeri mos alguns links Google Acadêmico Disponível em httpscholar googlecombr Acesso em 18 jul 2011 Boletim Brasileiro da Educação Física Disponível em httpboletimeforg Acesso em 18 jul 2011 Centro Esportivo Virtual CEV Disponível em httpcevorgbr Acesso em 18 jul 2011 5 Realize as atividades seguindo cada passo proposto sem esquecer de discutir os temas desta unidade com seus colegas e tutores 6 Sugerimos as seguintes leituras para complementar as discussões acerca da representatividade do movimento crítico para a Educação Física brasileira que será trata do no tópico Cultura Escola e Educação Física algumas interlocuções 25 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica BRACHT Valter Educação física a busca da autono mia pedagógica Revista da Fundação de Esporte e Turismo Curitiba v 1 n 2 p 1219 1989 Disponí vel em httpwwwboletimeforgbiblioteca2350 EducacaoFisicaabuscadaautonomiapedagogica Acesso em 18 jul 2011 CAPARROZ Francisco Eduardo Entre a educação físi ca na escola e a educação da escola a educação física como componente curricular Vitória UFES Centro de Educação Física e Desportos 1997 7 Para saber mais sobre as teorias pedagógicas da Edu cação Física sugerimos a literatura complementar a se guir as referências de Caparroz 1997 Darido e Ran gel 2005 e Soares 2003 permitem uma visão geral acerca das teorias pedagógicas da Educação Física Os autores dessas obras procuram apresentar analisar e discutir cada uma das teorias bem como contextualizar o período histórico e político em que emergem essas te orias Já as referências de Freire 1989 Hildebrandt e Laging 1986 Kunz 1994 Soares et al 1992 e Tani et al 1988 constituem as fontes primárias das seguintes teorias pedagógicas da Educação Física respectivamen te proposta construtivista proposta de aulas abertas às experiências proposta críticoemancipatória proposta críticosuperadora e proposta desenvolvimentista a CAPARROZ Francisco Eduardo Entre a educação fí sica na escola e a educação da escola a educação física como componente curricular Vitória UFES Centro de Educação Física e Desportos 1997 b DARIDO Suraya Cristina RANGEL Irene Conceição Andrade Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro Guanaba ra Koogan 2005 c FREIRE João Batista Educação de corpo inteiro teo ria e prática da Educação Física Campinas Scipione 1989 Jogos e Brincadeiras II 26 d HILDEBRANDT Reiner LAGING Ralf Concepções abertas no ensino da Educação Física Tradução Son nhilde von der Heide Rio de Janeiro Livro Técnico 1986 e KUNZ Elenor Transformação didáticopedagógica do esporte ijuí Unijuí 1994 f SOARES Carmen Lúcia Do corpo da Educação Física e das muitas histórias Movimento Porto Alegre v 9 n 3 setdez 2003 p125147 g SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 h TANI Go MANOEL Edison de Jesus KOKUBUN Eduardo PROENÇA José Elias de Educação Física escolar fundamentos de uma abordagem desenvol vimentista São Paulo EPU Edusp 1988 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta primeira unidade discutiremos inicialmente a cultu ra como fonte para a seleção dos conteúdos escolares a partir das ideias trazidas por Jean Claude Forquin 1993 em seu livro Escola e cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar Esse texto tem a função primordial de questionar os pré conceitos sobre a cultura e apresentar dois pontos de vista dis tintos e coexistentes na organização curricular das escolas atuais Conhecer e identificar essas diferenças é um passo indispensável para que se compreenda a organização dos conteúdos escolares a partir da cultura especialmente no que se refere à legitimidade dos jogos e brincadeiras inseridos como conteúdos de ensino nas aulas de Educação Física Em seguida discutiremos dois tópicos a partir das ideias de Valter Bracht 1997 1999 em dois textos no primeiro tópico fun damentado no artigo Educação Física conhecimento e especifici dade BRACHT 1997 procuraremos situar a cultura corporal de movimento no âmbito das aulas de Educação Física 27 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica O segundo tópico diz respeito às teorias pedagógicas discuti das no artigo A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física BRACHT 1999 nele o autor propõe a análise do proces so de construção das teorias pedagógicas da Educação Física no Brasil demonstrando como se refletem as concepções e os senti dos de corpo presentes na sociedade atual Refletiremos sobre a necessidade de uma ruptura no que diz respeito à visão atual de corpo e conheceremos quais são os desafios postos à educação Educação Física escolar Como ponto preliminar podemos considerar que a tema tização pedagógica da cultura corporal de movimento pode vir a contribuir para que essas rupturas se consubstanciem No entanto é necessário compreendermos os tópicos anteriormente mencio nados e sermos capazes de nos posicionar e agir ante os desafios atribuídos à EducaçãoEducação Física escolar Além disso trataremos das proposições para a organização dos conteúdos e das práticas escolares contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs para a Educação Física escolar Esta unidade assim como as demais está organizada com atividades para serem realizadas na sequência proposta pois cada atividade objetiva suscitar um clima de reflexão favorável para as atividades subsequentes 5 CULTURA ESCOLA E TRANSMISSÃO CULTURAL Todos sabemos que nossa memória é repleta de impressões concepções e saberes bens culturais que vamos construindo em nossa trajetória de vida Retomar essas memórias representa um momento especial para que possamos de longe compreender como construímos nossa compreensão do mundo da sociedade das pessoas das re lações da escola e também das diferentes disciplinas que viven ciamos em nossa formação escolar Jogos e Brincadeiras II 28 Portanto convidamos você a refletir neste tópico que tem como ponto de partida suas memórias acerca da Educação Física escolar Antes da atividade sugerida a seguir propomos que você se recorde das aulas de Educação Física em sua vida escolar Conside re alguns tópicos gerais 1 Como estava organizada a disciplina de Educação Físi ca em cada nível de ensino Educação Infantil Ensino Fundamental e Ensino Médio número de aulas sema nais estrutura física e material disponível entre outros aspectos 2 Quais eram os conteúdos de ensino trabalhados nas au las 3 Havia a predominância de algumns conteúdos em es pecial 4 O quê desses conteúdos eram trabalhados 5 Qualis foram as suas experiências mais marcantes nas aulas de Educação Física Elabore a partir de suas memórias uma carta que apresen te ao seu professor o que você vivenciou nas aulas de Educação Física Em especial procure lembrarse dos conteúdos relaciona dos aos jogos e às brincadeiras evidenciando os princípios norte adores dessas aulas Todos participavam Quais eram os principais objetivos dos jogos e das brincadeiras propostas Essas vivências contribuíram para sua decisão de ser professor de Educação Física O que você faria igual e o que você quando se tornar professor pretende fazer diferente daquilo que seus professores fizeram Observe na Figura 1 a obra de ivan Cruz Esse artista plásti co carioca tem se dedicado a retratar as brincadeiras compondo uma série de mais de 150 quadros denominada Brincadeiras de Criança 29 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Figura 1 Brincadeiras de Criança de Ivan Cruz Agora reflita sobre as questões a seguir Quais são os fatores que dificultam ou impedem o acesso das crianças aos jogos e brincadeiras retratados na obra Qual é em sua opinião o objetivo do artista plástico ao retratar especificamente os jogos e as brincadeiras explí citos na obra Você identifica na obra os jogos e as brincadeiras que vi venciou em suas aulas de Educação Física Quais Para contextualizar as questões apresentadas mediante a obra Brincadeiras de Criança de Ivan Cruz sugerimos o seguinte do cumentário A invenção da Infância de Liliana Sulzbach produzido em 2000 Esse documentário auxiliará você a refletir sobre a in fância e as distintas realidades vividas pelas crianças brasileiras Acesse os seguintes links A invenção da infância parte 1 Disponível em httpwww youtubecomwatchv02ziUbI7h6U Acesso em 19 set 2011 A invenção da infância parte 2 Disponível em httpwww youtubecomwatchv725NIeNN8I0NR1 Acesso em 19 set 2011 Jogos e Brincadeiras II 30 A invenção da infância parte 2 Disponível em httpwww youtubecomwatchvvQvx5VucjUsfeaturerelated Acesso em 19 set 2011 Resenha Faça a leitura da resenha do livro Escola e Cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar 1993 de Jean Claude Forquin uma versão de sua tese de doutorado defendi da em 1987 intitulada Le débat sur lécole et la culture chez lês théoriciens et sociologues de leducaction em GrandeBretagne apresentado pela professora Maria Eliza Gama Nessa obra Jean Claude Forquin professor de Psycologie Sociologie et Sciences de lEducation da Universidade de Rouen França apresenta uma ampla discussão sobre a educação e a cul tura tema a que tem se dedicado desde a década de 1970 Ele busca evidenciar diferentes conceitos bem como as implicações desses conceitos nas formas de seleção e organização dos conte údos escolares Para este estudo utilizaremos parte da obra como elemento deflagrador e esclarecedor de algumas reflexões acerca de nosso trabalho com conteúdos do lazer para a Educação Básica Segundo o autor as reflexões sobre a função da escola como instituição responsável por parte da transmissão de valores ati tudes hábitos conhecimentos que constituem a cultura ainda necessitam de profundos estudos Para ele a função da escola e o uso do termo cultura ainda não representam um campo absoluta mente seguro nas discussões atuais O ensino é uma prática social que deve ser validada aos olhos de quem ensina e de quem aprende Atribuir um valor e um reconhecimento à educação formal é tão difícil como refutálo quando não se tem total segurança sobre sua existência 31 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Pode parecer um tanto contraditória a afirmativa anterior pois de maneira geral parece que já é consenso na sociedade a função o papel e a existência da escola Contudo este não é o sentimento majoritariamente presen te nos discursos e produções atuais sobre a educação Temos sim percebido certa insegurança quando se busca justificar a existên cia da educação formal da forma ainda técnica e conteudista que se apresenta Começamos essa reflexão sobre a importância da educação formal das escolas e de seus ensinamentos pensando na relevân cia dos conteúdos escolares 1 Por que são ensinados determinados conteúdos e não outros 2 Para que servem os conteúdos que são ensinados para os alunos 3 De que maneira a ação dos indivíduos no mundo será condicionada por esses conteúdos 4 Será que os alunos precisam ir à escola para aprender Esses questionamentos são indissociáveis de uma reflexão que busque compreender a função social da escola e a relação da quilo que se aprende nessas instituições com a cultura e o mundo exterior Você já havia refletido sobre essas questões Se não convidamos você a respondêlas tomando como re ferência a sua experiência como aluno da Educação Básica e tam bém os conhecimentos adquiridos até então neste curso na questão número 4 mencionada anteriormente além de respondêla faça um exercício a mais procure identificar conteú dos da Educação Física que em sua opinião os alunos não preci sam ir à escola formal para aprendêlos Como se pode ver todo questionamento e crítica sobre a edu cação perpassam por um olhar sobre a natureza dos conteúdos en sinados sua pertinência sua consistência sua utilidade seu interes se seu valor educativo ou cultural o que representa um ponto de necessária e profunda reflexão por parte dos professores Jogos e Brincadeiras II 32 Atualmente uma condição que indica a crise pela qual passa a educação é justamente a falta de argumentos para justificar o que se ensina ao longo dos muitos anos de escolarização das crian ças e dos adolescentes Atente para a seguinte questão sob quais argumentos po demos justificar o ensino de determinados conteúdos em aulas de Educação Física ao longo da Educação Básica Reflita e não a perca de vista pois a retomaremos na sequência de nossos estudos Com relação a isso Forquin 1993 p 9 diz que esta crise é demonstrada pela instabilidade dos programas e cursos escolares constatada atualmente em toda a parte Como aponta o autor sobre a instabilidade curricular tam bém se pode apontar o contrário que é a situação de engessamen to absoluto dos currículos escolares que pouco ou quase nada se alteram ao longo dos anos mesmo diante da constatação de que nunca antes se testemunhou tamanhas mudanças sociais am bientais políticas econômicas na forma de vida dos indivíduos Podemos dizer que a escola vive um processo de instabili dade ou efetua trocas constantes e não estabiliza um programa sobre o que ensinar aos alunos ou mantêm de forma estável irre fletida e relativizada os conteúdos escolares Será que você se perguntou na condição de aluno Para que estou estudando isso E talvez não tenha sido raro escutar dos professores Um dia você vai saber Será que saber da impor tância e da relevância do que está sendo ensinado não é condição básica para que a aprendizagem aconteça Para Forquin 1993 p 10 não se sabe mais o que verda deiramente merece ser ensinado a título de estudos gerais o dis curso dos saberes formadores perdeu seu equilíbrio a cultura geral perdeu sua forma e sua substância O autor defende que os anos de 1970 foram marcados por um discurso de deslegitimação ou seja perdeuse o rumo dos 33 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica princípios norteadores da construção social nos anos de 1980 mantevese o discurso da restauração que não extrapolou o ní vel do ressentimento e das queixas daqueles que fizeram a crítica sobre esse processo de educação irrefletido e neutro As mudanças do mundo moderno advindas das novas for mas de organização política e principalmente econômica fazem crescer a valorização pelo consumo pela troca e pelo imediatismo Para o autor passa a reinar um instrumentalismo estrito os dis cursos da adaptação e da utilização momentânea ao passo que questões fundamentais que dizem respeito à relevância da escola são sufocadas ou ignoradas A adaptação foi e ainda é uma função posta no alvo das críti cas sobre educação isso porque nos anos de 1980 quando se res salta o caráter político e social da educação e da escola alertase para a necessidade de uma formação escolar para a transformação e não apenas para a mera adaptação a uma sociedade É cobrado da educação seu papel de formadora de indivíduos críticos e aptos para uma atuação consciente e ativa na sociedade Essa ideia originase mais precisamente na década de 1980 com a propagação da crítica à educação técnica neutra e dissocia da das questões sociais existentes até então Percebese nesse período a manifestação de um sentimen to que ressalta o viés político das práticas pedagógicas e o com promisso dos professores com a formação de alunos para atuar na sociedade A função social da escola que já vinha lentamente sendo questionada desponta como principal foco de discussão e crítica no campo científico e das políticas públicas Para Pereira 2000 p 27 a prática educativa deveria ser então necessariamente vinculada a uma prática social global ou seja os saberes a serem ensinados aos alunos deveriam possibili tar a inserção social Jogos e Brincadeiras II 34 Isso influencia diretamente a formação dos professores que a partir de então devem priorizar a construção da consciên cia sobre a função social da escola e seu papel transformador da sociedade Contudo podemos salientar que apesar do discurso político sobre a função social que a educação deveria assumir na prática isso não ocorreu De acordo com Oliveira a função política da educação nesse caso processase só no dizer mas não no fazer ou melhor di zendo o fazer da função política da educação se reduziu ao mo mento de dizer O fazer pedagógico propriamente dito permane ceu quase que inalterado OLIVEIRA apud PEREiRA 2000 p 32 A falta de mudanças consubstanciais nas práticas educativas de maneira geral pode ser observada nas formas de organização e realização dos processos de formação inicial de professores e de formação continuada de professores em serviço que ainda per petuam características colocadas como obstáculos para a melhoria destes processos Destacamos como marcas desses processos a separação entre a formação teórica e a formação prática que surge de uma visão dicotômica associada ao modelo da racionalidade técnica no qual a ação se dá pela aplicação de teorias e técnicas Essa con cepção de formação pautase na ideia de que o conhecimento prá tico é aprendido a posteriori dos conhecimentos teóricos ou seja a prática é o momento de aplicação das teorias Tal característica representa um dos principais entraves do campo educacional po rém ainda não foram encontrados mecanismos viáveis e eficazes para a sua superação Como ilustração do modelo da racionalidade técnica na formação de professores citamos o popularmente conhecido formato 3 1 dos cursos de licenciatura dos quatro anos de formação preconizavamse três anos para a formação teórica na área específica Educação Física Biologia Matemática entre outras e nas poucas disciplinas de caráter didáticopedagógico 35 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica quando essas estavam contempladas que compunham os currí culos desses cursos e mais um ano para a prática consubstan ciados nos estágios curriculares supervisionados Forquin 1993 chama a atenção para duas questões prepon derantes na discussão do papel da escola como transmissora da cultura ou melhor de conhecimentos extraídos da cultura A primeira é a existência de uma mudança visível na cultu ra que vem absorvendo rapidamente as características do mundo moderno e se desligando dos princípios que serviram de base para a constituição da sociedade atual sem que haja tempo para se estabilizar e se tornar duradouro A cultura passa por um processo de instabilidade muda e absorve novos princípios hábitos e valores tão rapidamente que pode ser definida como pletórica e inconsistente A segunda questão que é decorrente da primeira é o desa fio que essa situação coloca à escola quando tem de definir o que ensinar se a cultura que representa o campo para a escolha dos conhecimentos escolares encontrase como um terreno movediço Queremos ressaltar que apesar de todas as inseguranças dúvidas e questionamentos existentes a escola continua tendo a função de transmitir a cultura isto é aquilo que representa o in dispensável para uma atuação social seja para manter e preservar seja para transformar Assim o pensamento pedagógico em uma situação parado xal não pode dispensar a ideia de cultura mas também não pode utilizar o termo como dotado de um único conceito claro e opera tório Como podemos ver tratar do termo cultura no contexto educacional é uma tarefa complexa que requer cuidado para que seu sentido não seja banalizado ou reduzido a simplificações sus tentadas mais pelo senso comum do que pelo campo científico Jogos e Brincadeiras II 36 A seguir discutiremos um pouco sobre a Educação como mecanismo que reflete e que transmite a cultura Sugerimos que antes da leitura você escreva um pequeno parágrafo sobre seu entendimento inicial do tema em destaque Para aprofundarmos essas duas assertivas da educação como reflexo e como transmissora da cultura faremos uma distin ção entre Educação e Educação Formal Você já deve ter ouvido esses termos Pense por alguns se gundos quais seriam as diferenças entre essas duas formas de educar Conseguiu identificar as diferenças existentes entre elas E exemplos Entendemos a Educação como todo processo de formação e socialização dos indivíduos na sociedade seus hábitos valores conhecimentos que acontecem de forma espontânea e por meio do convívio e interação social Enquanto interagimos com nossos familiares desde o nos so nascimento estamos em um processo de aquisição e apren dizagem dos símbolos que estão à nossa volta A formação tem a função de dar condições para agir sobre determinadas situações ensinar a fazer algo em algum lugar e em um determinado tempo não necessariamente planejados SANTOS 2007 Já a Educação Formal é entendida como processos planeja dos carregados de intencionalidade que se desenvolvem em ins tituições criadas e organizadas para o ensino e constituídas por profissionais formados para atuarem nesses processos Estes demandam a organização e a produção de saberes próprios tanto para quem ensina como para quem aprende de técnicas e de me todologias adequadas Esse ensino não se dá de forma espontânea Ao contrário é uma ação deliberada com a definição prévia de objetivos meios e fins dos quais tanto quem forma como quem se forma devem tomar conhecimento 37 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Associando a formação à ideia de mudanças intencionalmen te planejadas além do componente pessoal considerado determi nante das formas de aceitação e desenvolvimento da formação há também os componentes conhecimento e ações e métodos de formação sem os quais a educação não se processa Assim teríamos as propostas de formação pautadas na exis tência de três componentes pessoal quem formar A formação acontece median te a vontade e a consciência do formando O indivíduo é em último caso o principal responsável pela sua forma ção conhecimento para que formar Toda a formação está implícita ou explicitamente relacionada a mudanças em algum contexto Logo fazse necessária a aquisição de novos conhecimentos que resultem em mudanças nas práticas e nas atitudes dos professores frente às situações de trabalho métodos e ações de formação como formar Esse componente está relacionado ao conjunto de ações e ati vidades organizadas e planejadas para que a formação se processe As duas formas de educação têm como consequência a transmissão dos bens culturais contudo a forma como esses bens são tratados no processo educativo representa o principal ponto de divergência entre elas Você já refletiu sobre a seguinte questão Em que momento da história a educação não formal e a educação formal diferen ciamse Ou ainda por que os seres humanos sentem a neces sidade de criar espaços e tempos específicos para um tipo de educação sistemático e intencional Libâneo 1998 em linhas gerais fornecenos as seguintes ba ses teóricas para a compreensão dessa questão o desenvolvimen Jogos e Brincadeiras II 38 to individual e coletivo sociedade dos sujeitos ocorre mediante a atividade humana prática sobre o meio natural e social trabalho atividade essa que implica a assimilação aprendizagem da ex periência humana historicamente acumulada e culturalmente orga nizada LiBÂnEO 1998 p 132 isso significa que os seres humanos ao atuar consciente e objetivamente sobre o meio transformando a natureza e o meio social transformam a si próprios À medida que esse processo se complexifica ou seja à me dida que os sujeitos criam produzem e transformam objetos ins trumentos de trabalho conhecimentos modos de ação técnicas valores dentre outros elementos os meios de educação não for mal a oralidade a imitação e as experiências práticas por exem plo não são mais suficientes para atender às demandas colocadas à inserção dos sujeitos na sociedade É no momento em que a cul tura a experiência humana historicamente acumulada necessita ser comunicada às novas gerações é que os grupos sociais organi zam ações educativas intencionais com o propósito de inserir os indivíduos no meio culturalmente organizado LiBÂnEO 1998 Não podemos perder de vista a seguinte evidência a finali dade da educação formal mencionada por Libâneo 1998 a ne cessidade de inserção das novas gerações à sociedade não traz em si a priori intenções emancipatórias Conforme mencionado anteriormente a educação colocase em constante tensão entre a transformação e a adaptaçãomanutenção do status quo social Essa questão será discutida nas unidades subsequentes Agora conversaremos um pouco sobre cultura e alguns con ceitos comumente aceitos tanto nos espaços sociais como acadê micos Para iniciarmos o assunto vamos nos arriscar um pouco e escrever um breve parágrafo sobre o que entendemos por cultura A cultura é algo que precede a existência de cada indivíduo que o institui na condição de sujeito humano É um conjunto de hábitos valores símbolos conhecimentos etc construídos his toricamente 39 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica A partir do momento em que os homens passaram a produ zir os aparatos culturais para sua sobrevivência passou a existir um mundo paralelo ao natural e aos poucos fomos nos apropriando e condicionando a nossa existência a esse aparato A esse processo de transformação e adaptação às novas re formulações chamamos de humanização ou seja é a adaptação a tudo o que foi produzido pela espécie humana e que hoje se faz indispensável para sua sobrevivência Logo podemos dizer que cultura em um primeiro momen to é tudo o que foi construído pelo homem para garantir a sua so brevivência Em uma segunda cena do processo evolutivo pode mos dizer que a produção da cultura deixou de ser impulsionada pela sobrevivência e passou a ser impulsionada fortemente pelo prazer o prazer de ter tudo o que for possível e estiver disponível para o consumo humano Para Forquin 1993 p 11 há dois empregos nas interpreta ções eou referências sobre o tema cultura Um deles é quando a cultura é vista como característica de um espírito cultivado como atribuir para uma pessoa considerada sábia e de posse de um amplo leque de conhecimentos e de competên cias cognitivas gerais a uma capacidade de avaliação inteligente e de julgamento pessoal em matéria intelectual e artística um senso de profundidade temporal das realizações humanas e do poder de escapar do mero presente É esse conceito que sustenta a expressão esta pessoa é mui to culta quando se quer adjetivar alguém que detém conheci mentos sobre as artes a ciência a música etc Como forma de relativizar essa interpretação da cultura e de submetêla à crítica perguntaríamos Então as tribos e socie dades que ainda não tiveram acesso ao mundo do conhecimento científico sistematizado das artes da literatura da música etc normalmente presente nas sociedades urbanas não possuem cultura Jogos e Brincadeiras II 40 Cabe ainda perguntar haveria uma escala de cultura para determinar quem tem cultura ou é mais culto e quem suposta mente não teria Sob quais parâmetros Com base nessas questões observe as Figuras 2 e 3 e reflita Figura 2 Mona Lisa obra de Leonardo Da Vinci de 1503 41 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Figura 3 Folguedo Nordestino obra de Militão dos Santos Você deve ter identificado sem dificuldades a primeira ima gem o nome da obra e o seu autor sem mesmo reportarse à le genda Tratase da Mona Lisa ou La Gioconda de Leonardo da Vinci obra do século 16 E a segunda você identificoua com a mesma facilidade da anterior Nesse momento cabem outras perguntas para além da identificação das obras que outros elementos as compõem do ponto de vista teóricoconceitual Você identifica esses elemen tos É suficiente conhecer eou ser capaz de identificar determi nadas obras de arte por exemplo para interagirmos com essa di mensão da cultura Analisemos portanto as seguintes questões que se referem às duas obras apresentadas Jogos e Brincadeiras II 42 Quais são os períodos históricos e os traços das socieda des em que cada obra é produzida e o que elas procuram representar As diferenças observadas em termos de cores vestimen tas posturas a relação da imagem central com o fundo entre outros aspectos podem estar relacionadas a es ses períodos Façamos algumas considerações sobre cada uma das obras Mona Lisa é produzida por Leonardo Da Vinci no século 16 período que marca o Renascimento período considerado como a transição do mundo medieval para o moderno Uma de suas ca racterísticas é a intensa produção artística e científica que rompe gradativamente com a Idade Média período no qual os dogmas católicos restringiam consideravelmente as produções nesses âmbitos É importante inclusive nos reportarmos às características do Renascimento entre as quais a valorização da cultura greco romana marginalizada no período da Idade Média o antropo centrismo a crença na razão e na possibilidade de que a natureza possa ser estudada mediante essa razão origem da ciência Em Folguedo Nordestino Militão dos Santos procura repre sentar o nordeste brasileiro por meio de figuras representativas de sua cultura como o cangaceiro o folguedo e a utilização de cores intensas Observe por exemplo as casas ao fundo Como são essas casas O que sugere a presença do cacto junto às demais árvores Reflita sobre esses apontamentos Embora tenhamos mencionado somente o período histórico ao qual Mona Lisa se refere e alguns elementos de Folguedo Nor destino que caracterizam o nordeste brasileiro podemos concluir que a interação com as diversas dimensões da cultura transcen dem o mero contato com elas Para além disso colocase como imprescindível conhecer o quê e a quê as obras se referem do ponto de vista social e histórico 43 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica A outra interpretação comumente aceita e presente nos dis cursos educacionais é entender a cultura como um conjunto de traços característicos do modo de vida de uma sociedade de uma comunidade ou de um grupo FORQUin 1993 p 11 que podem ser entendidos como os aspectos mais cotidianos e triviais Para o autor essas duas acepções sobre a cultura possuem suas limitações quando se fala em educação escolar formal e transmissão cultural A primeira por ser tradicional individual normativa promocional demasiada perfectiva é unilateral enquanto a segunda fica no nível descritivo e é redutiva a espaços únicos Para falar em transmissão cultural o autor propõe algo que seja menos restritivo que a primeira e menos global que a segunda Olhar a cultura com fins educativos implica um esforço com o objetivo de identificar no aparato cultural existente o que é útil e indispensável para os indivíduos Ou seja nem tudo o que existe de disponível na cultura tem o mesmo valor Segundo For quin 1993 p 12 certos aspectos da cultura são reconhecidos como podendo e devendo dar lugar a uma transmissão deliberada e mais ou menos institucionalizada enquanto que outros constituem objeto apenas de aprendizagens informais até mesmo ocultas e outros enfim não sobrevivem ao envelhecimento das gerações e não conseguem deixar marcas no tempo Logo cabenos questionar O que significa cultura quando se fala da função de transmissão cultural da educação Podemos assumir como um dos possíveis significados o de um patrimônio de conhecimentos e de competências de institui ções de valores e de símbolos constituído ao longo das gerações e característico de uma comunidade humana particular definida de modo mais ou menos amplo e mais ou menos exclusivo idem p 12 A cultura é produto de um processo perpétuo de seleção e decantação sendo ao mesmo tempo suporte e obra de memória Jogos e Brincadeiras II 44 Essa interpretação da cultura distinguese das outras duas mas não as exclui ao contrário elas existem como parte do con junto que compõe de forma majoritária a cultura Diante dessas reflexões sobre cultura cabe um questiona mento sendo a cultura uma herança coletiva um patrimônio in telectual e espiritual ela pode ficar dentro das fronteiras de uma nação ou de comunidades particulares Com relação a isso Forquin 1993 ressalta que para pen sar em transmissão cultural devese abrir espaço para discutir a existência de uma noção universalista e unitária de cultura hu mana Isto é a ideia de que o essencial daquilo que a educação transmite ou deve transmitir sempre e por toda a parte trans cende necessariamente as fronteiras entre os grupos humanos e os particularismos mentais e advém de uma memória comum e de um destino comum a toda a humanidade Essas reflexões em nosso entendimento são cruciais para que se elaborem propostas educativas vinculadas ao mundo e às questões sociais atuais Logo devemos assumir para nós educadores o desafio de definir com base no nosso campo científico e cultural de conhe cimentos o que representam os valores atitudes conhecimentos que devem ser perpetuados atualizados eou modificados e des cartados o que do campo dos conhecimentos da Educação Física deve compor o patrimônio cultural da humanidade Forquin 1993 p 13 cita Hannah Arendt para fazer uso das ideias da autora sobre as implicações educativas do que ela chama de a natalidade Ou seja o nascimento de seres humanos em um mundo que preexiste a eles e no qual os mais experientes têm a função de introduzilos e acolhêlos como sucessores A relação da cultura com a educação condensase pela ne cessidade de ter que transmitir e perpetuar a experiência huma na considerada como cultura Essa experiência não deve ser vista 45 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica como o somatório de todo o vivido mas sim como o que acedeu a uma existência pública comunicável memorável e que se coloca como conhecimento imprescindível às novas gerações Adotamos para finalizar esta etapa do estudo a definição de Hannah Arent que consideramos uma forma brilhante de se referir aos processos educativos A autora afirma que a educação consiste em inserir os novos membros de uma geração em um mundo que eles não conhecem e que terão que habitar por algum tempo Concluímos que são conhecimentos básicos para nossa atua ção conhecer e compreender o que constitui o patrimônio cultural da humanidade e em especial e com profundidade o que cabe a nossa área de conhecimento para que dele possamos extrair e selecionar o que se considera como o preservável o valorado o necessário para a existência humana 6 CULTURA ESCOLA E EDUCAÇÃO FÍSICA ALGUMAS INTERLOCUÇÕES Considerando os aportes teóricoconceituais de Forquin 1993 e algumas aproximações com a Educação Física propostas no decurso do texto consideramos necessário apresentar e sus citar reflexões acerca das interlocuções entre a cultura a escola e a Educação Física Se há certo consenso de que a função social da escola é a transmissão de valores atitudes hábitos e conhecimentos que constituem a cultura como a Educação Física atua de modo a atender essa demanda A promoção da aptidão física incumbên cia que historicamente tem legitimado a Educação Física na esco la é plausível Procure retomar as reflexões oriundas da questão ante riormente proposta sob quais argumentos podemos justificar o ensino de determinados conteúdos em aulas de Educação Física ao longo da Educação Básica Esperamos que você seja capaz de Jogos e Brincadeiras II 46 argumentar em prol de uma resposta ainda que provisória em relação a esta questão ao final desta unidade Com base nessas questões apresentamos a resenha do ar tigo Educação Física conhecimento e especificidade de Valter Bracht 1997 produzido pela professora Márcia Morschbacher O professor Valter Bracht é doutor pela Universidade de Oldenburg Alemanha e autor dos livros Educação física e aprendizagem social e Educação física ciência cenas de um casamento infeliz entre outros Atualmente é professor titular do Centro de Educação Fí sica e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo onde coordena o Laboratório de Estudos em Educação Física LESEF Educação Física conhecimento e especificidade Bracht 1997 inicia as suas considerações mencionando que a funçãoatribuição da Educação Física é a transmissãotema tização eou realização de um saber específico Nesse sentido tendo em vista esse pressuposto o autor in tenta possibilitar elementos que possam subsidiarnos a compre ender qual éseria esse saber específico Bracht esclarece ainda que a Educação Física padece de certa crise de identidade em relação ao que seria esse saber específico de que trata esta disciplina curricular É possível estabelecer relações entre essa crise ao processo de constituição histórica da Educação Física em nosso país con siderando como marco as mudanças epistemológicas e didático pedagógicas suscitadas a partir da década de 1980 É a partir desse período que a Educação Física até então ba seada em intervenções pautadas na melhoria da performance é questionada por um movimento acadêmico conhecido por Movi mento Crítico da Educação Física quanto ao seu papel social na medida em que esta estaria legitimando em seu interior determi nada lógica social 47 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Para compreendermos a representatividade do Movimento Crítico da Educação Física apresentamos a seguir um breve tex to tratando da história da Educação Física brasileira com o objeti vo de situar seus estudos subsequentes A história da Educação Física A inserção da Educação Física como componente obrigatório dos currículos das escolas na década de 1930 referiuse à inclusão da ginástica a partir da elabo ração de uma especificidade desta para a escola SOARES 1996 com finalida des higienistas e eugenistas Com a transição de uma sociedade de economia agroexportadora para urbano industrial novas exigências incidiram sobre o processo de legitimação da Edu cação Física na escola a finalidade de formação de mão de obra apta fisicamen te e ideologicamente ao trabalho CASTELLANI FILHO 2007 Com o decurso da Segunda Guerra Mundial o esporte adquiriu notoriedade no âmbito da Educa ção Física Esta passa a utilizarse do esporte de modo inequívoco em sua ma nifestação massificada e hegemônica de rendimento adotando como diretrizes os códigos desta instituição Ao final da década de 1970 e início da de 1980 com o processo de redemocra tização da sociedade brasileira fortaleceramse os movimentos que manifes tavam seu descontentamento em relação ao autoritarismo presente no referido governo CAPARROZ 1997 À Educação Física escolar especificamente insurgiu um processo de politização do seu debate acadêmico de modo que este componente curricular passou a ser denunciado e questionado considerando pressupostos políticos e sociológicos sobretudo de orientação marxista quanto à sua função de legitimação do sta tus quo capitalista CAPARROZ BRACHT 2007 Este processo de politização constitui o que denominamos de Movimento Crítico Este movimento inicialmente dirige veementes críticas e denúncias acerca da função políticoideológica à qual Educação Física na escola colocavase a ser viço Sobretudo a partir da década de 1990 adentrouse um segundo momento marcado pela necessidade de extrapolar este âmbito e voltarse à transformação da prática pedagógica concreta visto que se assim não se procedesse as crí ticas do movimento crítico esvaziarseiam em mero denuncismo CAPARROZ BRACHT 2007 É neste processo que serão elaboradas as propostasaborda gens críticas para o ensino de Educação Física Esta é a temática que tratare mos na sequência com o próximo texto de Bracht 1999 A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física Realizada a delimitação em relação ao objetivo de suas análi ses Bracht 1997 identifica três interpretações desse saber pró prio da Educação Física ou a sua especificidade Jogos e Brincadeiras II 48 a atividade física em alguns casos atividades físicodes portivas e recreativas o movimento humano ou movimento corporal huma no motricidade humana ou ainda movimento humano consciente e a cultura corporal de movimento Dentre essas expressõeschave Bracht 1997 p 14 afirma de antemão que pretende defender a ideia de que para a configuração do saber específico da Educação Física devemos re correr ao conceito de cultura corporal de movimento Ademais ele esclarece que a definição do saber próprio da Educação Física está intrinsecamente relacionada com a função ou com o papel social a ela atribuído e determina o tipo de conhe cimento buscado para sua fundamentação Em nota adverte o autor que Aqui estamos em uma via de mão dupla a função atribuída à Edu cação Física determina o tipo de conhecimento buscado para fun damentála e o tipo de conhecimento predominante sobre o cor pomovimento humano determina a função atribuída à Educação Física No entanto nem um nem outro são autoexplicativos eles precisam ser analisados integradamente como componentes de um movimento mais geral e complexo da sociedade 1997 p 14 Observe na Figura 4 o esquema que elaboramos para subsi diar a sua compreensão acerca dessa complexa relação explicitada por Bracht 1997 49 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Figura 4 Esquema demonstrativo das relações entre o tipo de conhecimento que fundamenta a Educação Física as expectativas sociais dirigidas a essa área e o seu conhecimento específico Atividade física movimento humano ou cultura corporal de movimento Afinal qual é a especificidade da Educação Física Nesta subseção apresentaremos as discussões realizadas por Bracht 1997 em torno da especificidade da Educação Física ou seja aquilo que lhe caracteriza eou legitima como disciplina escolar e que por conseguinte justificam a presença dos jogos e das brincadeiras como conteúdos de ensino da Educação Física na escola Compreender esta questão nos possibilita situar nossa atuação no âmbito da escola com base em pressupostos diferentes e em certa medida mais coerentes com a Educação Física escolar Os termos atividade física e exercícios físicos remetem à ideia de que o papel da Educação Física seria o de contribuir para o desenvolvimento da aptidão física considerando o arcabouço te óricoconceitual das disciplinas científicas das Ciências Biológicas Temse como pressuposto básico a lógica do exercitarse para exercitarse para melhorar a saúde exercitarse para formar o caráter exercitarse para o desenvolvimento do homem integral exercitarse para GOnZÁLEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 12 No que se refere ao movimento humano como especificida de da Educação Física Bracht 1997 identificao com a emergên Jogos e Brincadeiras II 50 cia do discurso da aprendizagem motora do desenvolvimento mo tor e da psicomotricidade no âmbito da Educação Física De modo semelhante à acepção anterior da atividade física o movimento humano tornase relevante para a formação integral da criança e seria a disciplina de Educação Física a responsável por prover essa incumbência nessa perspectiva a definição clássica de que a Educação Física é a educação do movimento e pelo movimento BRACHT 1997 p 15 adquire centralidade na legitimação desta disciplina na escola É importante ressaltar conforme assinala o autor que am bos os termos atividade física e movimento humano não repre sentam necessariamente mudanças em termos de paradigma ou de concepção somente uma mudança de denominação do objeto da Educação Física Mas não seriam plausíveis essas expressõeschave para justificar a especificidade de conhecimento da Educação Física a ser tratadodesenvolvido na escola Não são esses os discursos que comumente legitimam a presença desta disciplina na escola Na sequência procuramos propiciar subsídios que representam uma tentativa de elucidar essa questão Em favor da cultura corporal de movimento como conhecimento específico da Educação Física Para Bracht 1997 as duas definições construções concei tuais revelamse insuficientes por não permitirem considerar esse objeto da Educação Física como uma construção social e histórica Compreendemno como um elemento natural e universal portanto não histórico neu tro politicamenteideologicamente características que marcam também a concepção de ciências na qual vão sustentar suas pro postas BRACHT 1997 p 15 Ou seja o corpo e o movimento humano apresentamse desculturalizados 51 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Observe e reflita sobre as considerações de Bracht 1997 p 16 É importante salientar que se em princípio falase nestes casos das mesmas atividades humanas presentes nas concepções anteriores as expressões usadas para denominálas denunciam para além de uma diferença terminológica diferenças e consequências substan ciais no plano pedagógico pois o objeto de uma prática pedagógi ca é uma construção e não uma dimensão inerte da realidade para a qual pressupostos teóricos são fundantes eou constitutivos nesse sentido Bracht 1997 situa a cultura corporal de mo vimento como o objetoconhecimento específico da Educação Fí sica Na concepção de cultura corporal de movimento o movi mentarse é definido como uma forma de comunicação consti tuinte e constituída de cultura além de possibilitada por ela Essa concepção permite compreender que o movimentarse e o próprio corpo necessitam ser entendidos e estudados como uma complexa estrutura social carregada de sentido e significado em contextos e processos sóciohistóricos específicos Analise a citação de Carmen Lúcia Soares 1996 p 7 extra ída de seu artigo Educação Física escolar conhecimento e espe cificidade cuja referência é sugerida como leitura complementar desta unidade Os atos de andar correr saltar são atos da vida diária da vida em sociedade são traços da cultura que já inscreveu nos corpos estas ações Todavia estes atos da vida diária foram codificados ao lon go da história do homem em universos de saber técnico científi co e cultural Esta codificação sim poderá ser objeto de ensino da Educação Física Por exemplo o ato de andar será para a ginástica o conjunto de passos como por exemplo o passo picado cru zado passo valsa etc o ato de correr será uma prova para o Atletismo como a corrida de velocidade de meiofundo de fundo com barreiras etc o ato de saltar será o salto com vara o salto triplo em extensão em altura ou na ginástica o salto sobre o ca valo o salto grupado salto afastado salto carpado etc O ato de executar um arremesso se vincula ao Atletismo a Ginástica aos jogos e jogos esportivos com bola ou outros materiais É possível afirmar que este ato isolado já foi um dia na história do homem um ato de sobrevivência de defesa de ataque e se inscreveu em seu corpo um corpo que não é somente a expressão biológica do Jogos e Brincadeiras II 52 nosso ser atual mas a expressão significativa da história do corpo do homem entre os homens Cada homem é em si a história do Homem resíduos e vestígios de sua longa e plural história As prá ticas físicas fora do mundo do trabalho sistematizadas em torno da Ginástica do Atletismo dos Jogos dos Jogos Esportivos da Dança possuem características especiais e específicas Modificamse pela técnica pela ciência e sobretudo pelas dinâmicas culturais Por tanto estas práticas formam um interessante acervo da história do homem e constituemse em objeto de ensino são pedagogizadas Não podem merecer o desprezo que o olhar superficial sugere Não se esgotam nos clichês são movimentos estereotipados são re petitivos são técnicos são para poucos Neste momento necessitamos nos concentrar em duas questões fundamentais para a atuação do professor de Educação Física na escola decorrentes das considerações de Bracht 1997 e de Soares 1996 Quais seriam as repercussões da tematização da cultura corporal de movimento no âmbito da prática pedagógica da Educação Física na escola Qual é a relação entre os jogos e as brincadeiras com a cultura corporal de movimento Você pode responder a essas questões com base nos estu dos que realizamos até o momento Elas são importantes para que possamos avançar em nosso aprendizado A tematização pedagógica da cultura corporal de movimen to em aulas de Educação Física aqui você pode relacionar a ex pressão cultura corporal de movimento especificamente aos jogos e brincadeiras nosso foco neste Caderno de Referência de Conteúdo não pode perder de vista que a cultura corporal de mo vimento é composta também por elementos como os esportes as danças as lutas e as ginásticas adquire nesse ínterim um ca ráter diferenciado comparativamente aos conceitoschave ante riormente mencionados atividade física e movimento humano Que caráter diferenciado seria esse O fato de que o saber sobre o movimentarse do ser humano passa a ser incorporado como saber a ser transmitido e não apenas instrumento do professor BRACHT 1997 53 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Os jogos e brincadeiras por exemplo são comumente utili zados como instrumentos para o desenvolvimento de habilidades básicas para o esporte em uma das etapas da iniciação esportiva Ou seja esses elementos são empregados com o intuito de que os alunos posteriormente se apropriem de conteúdos mais complexos ou conforme González e Fensterseifer 2009 tenham condições de exercitarse de modo competente do ponto de vista quantitativo e qualitativo Ao adotarse como elemento fundante da prática pedagógi ca a cultura corporal de movimento os próprios jogos e brincadei ras tornamse conteúdos de ensino representam saberes a serem estudados e vivenciados tendo sempre em vista que se trata de elementos situados construídos e reconstruídos em determina das condições temporais sociais e históricas Entretanto há que se esclarecer que não se pretende criti car a tradicional utilização dos jogos e brincadeiras com fins mera mente utilitários Querse ao contrário apresentar outras possi bilidades de tematização desses elementos da cultura corporal de movimento e portanto conteúdos de ensino da Educação Física 7 TEORIAS PEDAGÓGICAS CULTURA CORPORAL E CONTEÚDOS DE ENSINO Na apresentação deste Caderno de Referência de Conteúdo foi anunciado que teríamos um trabalho rigoroso de leituras e pro duções acerca da temática em foco Alertamos que o caderno está organizado com base em al guns pressupostos teóricos que têm como princípio a problema tização como guia e elemento deflagrador da aprendizagem e se quências didáticas organizadas para que ao se debruçar sobre a solução dos problemas colocados você alcance as aprendizagens esperadas Jogos e Brincadeiras II 54 Chamamos você à responsabilidade de seguir cada passo proposto Caso contrário deixará para trás preciosas oportuni dades de construir autonomamente uma visão crítica sobre sua atuação como professor e em especial sobre o planejamento e realização de atividades escolares com os conteúdos específicos A seguir faremos algumas atividades que têm como suporte teórico o texto de Valter Bracht 1999 A constituição das teorias pedagó gicas da Educação Física Essa leitura é importante para nosso estudo sobre o lazer e os jogos e brincadeiras como conteúdo escolar pois represen ta um ensaio inicial que contribui para reflexões sobre as práticas corporais como parte integrante do aparato cultural Portanto de vem segundo as leituras anteriores constituirse em conteúdos da transmissão cultural realizada pela educação formal Para isso Valter Bracht 1999 busca demonstrar como as te orias pedagógicas se apropriam da concepção e do significado de corpo engendrados na e pela sociedade moderna O texto apre senta as teorias pedagógicas em uma visão crítica da sociedade e apresenta uma possível ruptura da visão moderna de corpo pro curando evidenciar os desafios postos para a Educação Física Você deve ter percebido pela leitura do texto A constituição das teorias pedagógicas da educação física que o autor procura evidenciar os conhecimentos sobre o corpo como um elemento importante talvez indispensável para o entendimento das ações humanas Os conhecimentos sobre o corpo e suas diferentes formas de movimento têm como objetivo educacional possibilitar o entendi mento das práticas corporais e não somente conhecer diferentes formas de realizálas Com base no breve estudo que realizamos até aqui come ça a se evidenciar a árdua tarefa que nos cabe entender quais as contribuições que os conhecimentos acumulados historicamente sobre o lazer o jogo e o brincar devem trazer para os indivíduos 55 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica na realização e na compreensão das práticas corporais na e da so ciedade Ainda sem o objetivo de grandes sistematizações e formula ções mas já tomando como ponto de apoio para nosso estudo o quê por quê e como extrair dos conhecimentos acumulados pela humanidade sobre o lazer o jogo e o brincar e transpôlos pedago gicamente para os espaços escolares Não vamos nos aprofundar nessa questão contudo convém mantêla aquecida à medida que as leituras e reflexões propostas avançam É importante que você procure fazer uma diferenciação a partir das ideias de sociedade inserção dos indivíduos no mundo de cultura de educação entre dois termos Reprodução e Trans formação Esses termos são comumente empregados para carac terizar eou identificar as finalidades do ato educativo Lembrese de que anteriormente mencionamos que a educação colocase em constante tensão entre a transformação e a adaptação manu tenção ou reprodução da sociedadeChamamos a atenção para o fato de que reproduzir está relacionado à repetição fazer tal qual enquanto transformar está relacionado a criar a construir a mo dificar 8 CULTURA CORPORAL E OS PARÂMETROS CURRI CULARES NACIONAIS Apresentamos para você três leituras sobre a Transmissão Cultural uma que visa orientar a relação entre educação e cultura e as outras de um pesquisador do campo da Educação Física com o objetivo de fazer a ligação entre o que está sendo dito no cam po maior Educacional e como as sinalizações estão sendo absor vidas pela área específica Vemos como fundamental na formação de professores a in serção dos conhecimentos relacionados às políticas vigentes no Jogos e Brincadeiras II 56 país Por isso apresentamos como fonte de reflexão os PCNsPa râmetros Curriculares nacionais BRASiL 1998 por dois moti vos porque representam a política vigente e pelo fato de que para discordar concordar ou transformála temos de conhecêla Vale recordar que os PCNs constituem um referencial edu cacional de adoção não obrigatória proposto pelo Ministério da Educação de nosso país cuja finalidade é orientar a organização e o desenvolvimento da Educação Básica no país Além disso in tenta subsidiar a elaboração eou a revisão curricular das escolas vinculadas às redes estaduais e municipais de ensino bem como servir de referência para a atuação dos professores da Educação Básica Fonte BRASiL 1998 Então tendo como uma das referências básicas os PCNs de 5ª a 8ª séries da Educação Física BRASiL 1998 utilizaremos para nosso estudo algumas partes desse referencial que serão inclu ídas paulatinamente de acordo com a demanda em discussões 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos que você procure responder discutir e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões procure revisar os conteúdos estuda dos para sanar as suas dúvidas Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade Lembrese de que na Edu cação a Distância a construção do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa compartilhe portanto as suas desco bertas com os seus colegas Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 57 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica 1 Identifique as diferenças entre Educação e Educação Formal e aponte exem plos de cada uma dessas formas 2 O que significa afirmar que Ao adotarse como elemento fundante da prática pedagógica a cultura corporal de movimento os próprios jogos e brincadeiras tornamse conteúdos de ensino representam saberes a serem estudados e vivenciados tendo sempre em vista que se tratam de elemen tos situados construídos e reconstruídos em determinadas condições tem porais sociais e históricas Escreva um pequeno texto explicitando o seu entendimento sobre essa afirmação e cite exemplos que você considere co erentes com a mesma 3 Tendo como base a leitura da resenha do livro Escola e Cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar 1993 de Jean Claude Forquin responda a Identifique no texto as duas questões iniciais e discuta o papel da escola como transmissora de cultura b Aponte quais as diferenças entre os processos educativos formais e não formais c Quais as principais implicações eou desafios para a educação e para o trabalho do professor na definição dos conteúdos de ensino a partir do patrimônio cultural d Elabore um diagrama representativo das relações entre Cultura Educa ção Escola Conteúdos Escolares Ensino Professores Alunos Explique as funções de cada um desses fatores 4 No início da resenha do livro Escola e Cultura as bases sociais e epistemoló gicas do conhecimento escolar 1993 de Jean Claude Forquin realizamos alguns questionamentos sobre os conteúdos escolares Retome a questão Procure identificar conteúdos da Educação Física que em sua opinião os alunos não precisem ir à escola formal para aprendêlos e explique o que você considerou relevante na sua resposta 5 Você conseguiu identificar alguns conteúdos Por quê 6 E se não conseguiu identificar conteúdos por quê 7 Com base no que você estudou nesta unidade o que ou qual é o saber espe cífico que a Educação Física deve tratar na escola 8 Faça a leitura e a resenha do texto A constituição das teorias pedagógicas da educação física de Valter Bracht e a Aponte e explique as principais tendências Militarista Médica Esporti vista Desenvolvimentista Psicomotricidade CríticoSuperadora Crítico Emancipatória que influenciaram o processo de constituição da Edu cação Física escolar b Discorra sobre os princípios de sociedade de homem de educação que orientaram essas tendências Jogos e Brincadeiras II 58 9 Pensando no ensino dos conteúdos da disciplina devemos procurar articu lar o campo teórico com as decisões que temos de tomar nos espaços es colares a Pense em um jogo que faça parte da cultura local onde você cresceu b Descreva como esse jogo acontece com as principais etapas regras e funções dos participantes Escreva o jogo em duas versões uma pro curando atender um ensino pautado nos princípios de uma educação reprodutora e outra procurando atender um ensino baseado na trans formação c Com base nas propostas desenvolvidas e apresentadas você deverá con tatar um colega de curso e combinar a troca das propostas para que cada um analise a proposta do outro A análise é para que você possa identificar outras hipóteses sobre como os jogos podem ser utilizados para ensinar com base em diferentes concepções 10 Quais as intenções sociais políticas e econômicas que impulsionaram o sur gimento da Educação Física escolar 11 Por que o autor coloca os professores de Educação Física dentro de uma categoria de trabalhos sociais 12 Leia atentamente o parágrafo a seguir e escreva se você concorda ou não com a afirmação Justifique sua resposta O quadro das propostas pedagógicas em EF apresentase hoje bas tante mais diversificado Embora a prática pedagógica ainda resista a mudanças ou seja a prática acontece ainda balizada pelo para digma da aptidão física e esportiva várias propostas pedagógicas foram gestadas nas últimas duas décadas e se colocam hoje como alternativas BRACHT 1999 p 78 13 Realize o seguinte exercício considerando as propostas pedagógicas da Educação Física escolar proposta desenvolvimentista proposta críticosu peradora proposta críticoemancipatória dentre outras apresentadas no texto de Bracht 1999 A constituição das teorias pedagógicas da educação física caracterize o trato pedagógico de cada uma delas em relação aos jogos e brincadeiras Construa um quadrosíntese para explicitar esta carac terização 14 Dentre as abordagens pedagógicas discutidas por Bracht procure comentar e justificar aquela que você achou mais interessante 15 Dentre as abordagens pedagógicas discutidas por Bracht qual ou quais você considera que se liga eou toma a cultura como fonte de conhecimentos Explique 16 Escreva um pequeno texto procurando estabelecer relações entre os prin cípios norteadores da tendência pedagógica que têm como foco a Cultura 59 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica Corporal com os princípios e proposições que você leu no primeiro texto sobre transmissão cultural 17 Considerando as diferentes interpretações do objeto específico da Educação Física atividade física movimento humano e cultura corporal de movimen to BRACHT 1999 é possível afirmar que em cada uma dessas interpre tações temos diferentes enfoques e possibilidades didáticopedagógicas e formativas no que se refere à prática pedagógica da Educação Física escolar Nesse sentido como os jogos e brincadeiras são concebidos e ensinados mediante o conceito de cultura corporal 10 CONSIDERAÇÕES Nesta unidade discutimos sobre a cultura como fonte para a seleção dos conteúdos a serem ensinados na escola Buscamos compreender a cultura como construção social e histórica bem como estabelecer as relações dessa compreensão com a Educação Física Nesse sentido tratamos ainda da cultura corporal de movi mento como o elemento social e histórico a ser tematizado peda gogicamente nas aulas de Educação Física Escolar sem perder de vista inclusive que os jogos e as brincadeiras representam com ponentes da cultura corporal de movimento Posteriormente a essa discussão sugerimos o estudo das proposições para a organização dos conteúdos e das práticas es colares contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Física Escolar Consideramos que agora já temos uma boa base para discu tir a seleção dos conteúdos escolares e o papel social da escola no processo de transmissão cultural Essa discussão é indispensável para entendermos a inclusão dos diferentes conteúdos da Educa ção Física nos currículos escolares A seguir na Unidade 2 discutiremos a inclusão de um tipo de conteúdo que pode ser extraído da cultura corporal para os es paços escolares ou seja os conteúdos do lazer os jogos e as brin cadeiras Jogos e Brincadeiras II 60 Não devemos contudo perder de vista que esses conteúdos devem ter um papel importante na formação dos futuros cidadãos 11 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Brincadeiras de Criança Disponível emhttpcabofrioolxcombrexposicao quadrosivancruziid17032680 Acesso em 3 jun 2011 Figura 2 Mona Lisa Disponível em httpmonalisa2artgallerycomMonaLisajpg Acesso em 3 jun 2011 Figura 3 Folguedo Nordestino Disponível em httpwwwgaleriaabertacommilitao santosslidesFolguedos20nordestinosJPG Acesso em 3 jun 2011 Sites pesquisados BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental introdução aos parâmetros curriculares nacionais Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1998 Disponível em httpportalmecgovbrsebarquivospdfintroducaopdf Acesso em 3 jun 2011 Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Parâmetros curriculares nacionaiseducação física 3º e 4º ciclos do ensino fundamental Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1998 Disponível em httpportalmec govbrsebarquivospdffisicapdf Acesso em 3 jun 2011 BRACHT Valter Educação física a busca da autonomia pedagógica Revista da Fundação de Esporte e Turismo Curitiba v 1 n 2 p 1219 1989 Disponível em httpwww boletimeforgbiblioteca2350EducacaoFisicaabuscadaautonomiapedagogica Acesso em 3 jun2011 A constituição das teorias pedagógicas da educação física Cadernos Cedes UnicampSP Ano XiX n48 Agosto99 Disponível emhttpwwwscielobrpdf ccedesv19n48v1948a05pdf Acesso em 3 jun 2011 Disponível em httplattescnpqbr3097115385391111 Acesso em 3 jun 2011 CAPARROZ Francisco Eduardo BRACHT Valter O tempo e o lugar de uma didática da educação física Revista Brasileira de Ciências do Esporte Campinas v 28 n 2 p 2137 jan 2007 Disponível em httpwwwrbceonlineorgbrrevistaindexphpjournalRB CEpagearticleopviewpath53path61 Acesso em 3 jun2011 FORQUin Jean Claude Educação e Filosofia n 11 p 305310 janjun e dezdez 1997 Disponível em httpwwwseerufubrindexphpEducacaoFilosofiaarticleview903818 Acesso em 3 jun 2011 61 Claretiano Centro Universitário U1 Conteúdos Escolares e a Cultura Buscando Caminhos para uma Relação Pedagógica RENASCIMENTO Cultural Disponível em httpwwwsuapesquisacom renascimento Acesso em 28 set 2011 SOARES Carmem Lúcia Educação física escolar conhecimento e especificidade Revista Paulista de Educação Física São Paulo s 2 p 612 1996 Disponível em httpcitrus uspnetuspbreefuploadsarquivov1020supl220artigo3pdf Acesso em 28 jul 2011 SULZBACH Liliana A invenção da infância Documentário 26min Parte 1 Disponível em httpwwwyoutubecomwatchv02ziUbI7h6U Acesso em 25 jul 2011 A invenção da infância Documentário 26min Parte 2 Disponível em http wwwyoutubecomwatchv725nienn8i0nR1 Acesso em 25 jul 2011 A invenção da infância Documentário 26min Parte 3 Disponível em http wwwyoutubecomwatchvvQvx5VucjUsfeaturerelated Acesso em 25 jul 2011 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRACHT Valter Educação Física conhecimento e especificidade In SOUSA Eustáquia Salvadora VAGO Tarcísio Mauro Vago Trilhas e partilhas educação física na cultura escolar e nas práticas sociais Belo Horizonte 1997 p1323 CAPARROZ Francisco Eduardo Entre a educação física na escola e a educação da escola a educação física como componente curricular Vitória UFES Centro de Educação Física e Desportos 1997 CASTELLANI FILHO Lino Educação física no Brasil a história que não se conta 14 ed Campinas SP Papirus 2007 DARIDO Suraya Cristina RANGEL Irene Conceição Andrade Educação Física na escola implicações para a prática pedagógica Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2005 FORQUIN Jean Claude Escola e cultura as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar Porto Alegre Artes Médicas 1993 FREIRE João Batista Educação de corpo inteiro teoria e prática da Educação Física Campinas Scipione 1989 GOnZÁLEZ Fernando Jaime FEnSTERSEiFER Paulo Evaldo Entre o não mais e o ainda não pensando saídas do nãolugar da Educação Física escolar I Cadernos de Formação RBCE Campinas CBCE e Autores Associados v 1 n 1 p 924 set 2009 HILDEBRANDT Reiner LAGING Ralf Concepções abertas no ensino da Educação Física Tradução Sonnhilde von der Heide Rio de Janeiro Livro Técnico 1986 KUnZ Elenor Transformação didáticopedagógica do esporte ijuí UniJUÍ 1994 LIBÂNEO José Carlos Pedagogia e pedagogos para quê São Paulo Cortez 1998 PEREIRA José Emílio Diniz Formação de Professores pesquisas representações e poder Belo Horizonte Autêntica 2000 SOARES Carmen Lúcia Do corpo da Educação Física e das muitas histórias Movimento Porto Alegre v 9 n 3 setdez 2003 p125147 SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 Jogos e Brincadeiras II 62 TANI Go MANOEL Edison de Jesus KOKUBUN Eduardo PROENÇA José Elias de Educação Física escolar fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista São Paulo EPU EdUSP 1988 EAD Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 2 1 OBJETIVOS Compreender que o lazer se constitui na prática social estabelecida em uma parte de nosso patrimônio cultural que deve ser transmitido pela educação formal Elaborar planos de ensino para a Educação Básica de for ma contextualizada com as realidades locais 2 CONTEÚDOS Lazer uma construção cultural Lazer como conteúdos de ensino Jogos e brincadeiras como conteúdos para as práticas de lazer Jogos e Brincadeiras II 64 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Tendo em vista que estudaremos temáticas relacionadas ao lazer sugerimos que você acesse o site do Ministério do Esporte para conhecer as ações implementadas pelo Governo Federal no âmbito das Políticas Públicas de es porte e lazer Disponível em httpwwwesportegov br Acesso em 19 jul 2011 2 Sugerimos as seguintes leituras para complementar os estudos da unidade 3 MELO Victor Andrade de BRÊTAS Angela MOnTEiRO Mônica Borges Fundamentos do lazer e da animação cultural In OLIVEIRA Amauri Aparecido Bássoli de PE RIM Gianna Lepre orgs Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo Maringá Eduem 2009 p 4572 4 MELO Vitor Andrade de A animação cultural conceitos e propostas Campinas Papirus p 144 2006 5 MARCELLINO Nelson Carvalho O lazer e os espaços na cidade In ISAYAMA Hélder LINHALES Meily Assbú orgs Sobre lazer e política maneiras de ver maneiras de fazer Belo Horizonte Editora UFMG 2006 p 6592 6 Como atividade complementar especificamente quan do estudarmos a origem do lazer sugerimos que você assista ao filme Tempos Modernos de Charles Chaplin Modern Times EUA 1936 Direção Charles Chaplin Elenco Charles Chaplin Paulette Goddard 87 min Pre to e Branco Continental 7 Leia atentamente o texto faça anotações discuta com seus colegas e tutores Estas são ações importantíssimas ao seu processo formativo 8 Lembrese de que a aprendizagem desses conteúdos de pende de você e todas as atividades propostas têm obje tivos específicos para auxiliarem na construção de seus conhecimentos Então não deixe de fazer nenhuma das atividades propostas 65 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Tendo em vista os temas tratados na Unidade 1 abordare mos nesta unidade questões relacionadas à transmissão cultural na escola ou seja os elementos mais significativos acumulados historicamente e imprescindíveis à formação dos sujeitos ao la zer concebido como elemento da cultura e aos jogos e brinca deiras também elementos da cultura inseridos no espaço escolar como conteúdos de ensino da Educação Física Observe que esta unidade encontrase articulada à anterior evitando portanto a ocorrência da fragmentação entre as unida des temáticas Essa estratégia é relevante no sentido de possibili tar que estabeleça relações entre os conteúdos estudados e po tencialize assim a sua aprendizagem Considerando os objetivos propostos e sendo de suma im portância trabalharemos com a leitura e o estudo de textos na íntegra ou de suas resenhas Começaremos com o texto As Antinomias Dialéticas do Lazer de Gustavo Martins Piccolo O artigo permitirá que você compre enda a gênese do lazer na sociedade moderna e como alguns au tores brasileiros contemporâneos que se dedicam aos estudos do lazer posicionamse em relação à mesma Como segundo passo propomos reflexões em relação ao duplo caráter educativo do lazer como veículo e como objeto de educação dialogando com Nelson Carvalho Marcellino Em seguida o estudo do texto Nexos entre e Educação Físi ca Escolar e o Lazer no qual Elizara Carolina Marin aborda alguns conceitos sobre o lazer e aponta caminhos para a ligação dessa dimensão cultural com a Educação Física escolar No tocante aos conteúdos de ensino da Educação Física es colar os Parâmetros Curriculares Nacionais referentes ao Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental BRASiL 1998 servirão de importante aporte teórico Jogos e Brincadeiras II 66 Por fim proporemos uma atividade de pesquisa de campo em que você realizará um levantamento dos espaços e das ativida des de lazer de seu bairro e de sua cidade analisando criticamente as informações coletadas O objetivo é evidenciar a relevância de que você futuro professor conheça as possibilidades e os limites dos espaços e das atividades de lazer que caracterizam o seu bair rocidade Ainda para melhor compreensão do que trataremos agora sugerimos o texto de Jorge Dorfman Knijnik A questão do jogo uma contribuição na discussão de conteúdos e objetivos da Edu cação Física escolar publicado na Revista Brasileira de Ciências e Movimento volume 9 número 2 em abril de 2001 Essa leitura é complementar mas pode contribuir significativamente para a ampliação de seus conhecimentos sobre os jogos como conteúdos escolares Nossa expectativa é que você faça a leitura e dialogue com o texto 5 O LAZER NA SOCIEDADE MODERNA ORIGEM HIS TÓRIA E CONCEITOS CONTEMPORÂNEOS A fim de avançarmos em nossos estudos conforme anuncia mos na introdução desta unidade trataremos de uma categoria mais ampla no âmbito da cultura o lazer É nela que podemos situar os jogos e as brincadeiras assim como os demais elementos da cultura corporal e as diversas práti cas sociais realizadas pelos sujeitos com a finalidade de ocupação do tempo livre Mencionar o lazer como uma categoria eou um elemento da cultura que abarca um conjunto de práticas sociais com a finali dade de ocupação do tempo livre demanda considerar que essas práticas sociais encontramse delimitadas por conteúdos eou in teresses culturais do lazer 67 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Nesse sentido Melo Brêtas e Monteiro 2009 explicitam que os conteúdos eou interesses culturais do lazer são os seguin tes 1 Interesses físicos Relacionados à busca de prazer oca sionado pelas atividades físicas Nessa categoria encon tramse tanto a prática de atividades físicas quanto a assistir à realização da atividade por exemplo assistir a uma partida de algum esporte 2 Interesses artísticos Relacionados às atividades artísti cas por exemplo artes plásticas cinema teatro músi ca danças em geral Vale ressaltar que pode tanto as sistir eou observar às atividades artísticas exposições de arte museus etc quanto realizálas artes plásticas por exemplo 3 Interesses manuais São procuradas pelo prazer oriundo da manipulação de objetos e produtos Exemplo culiná ria marcenaria artesanato jardinagem etc 4 Interesses intelectuais Referemse às atividades em que o prazer fundamental está relacionado à reflexão e ao raciocínio tais como jogos intelectuais xadrez dama jogos de baralho truco buraco etc palestras leituras etc 5 Interesses sociais Atividades em que a sociabilidade e a formação de grupos representam os objetivos centrais São atividades buscadas fundamentalmente por pro mover o encontro de indivíduos Exemplo festas espe táculos atividades turísticas Observe que as atividades de lazer podem congregar vários interesses em uma mesma atividade vários podem ser estimula dos e explorados Antes de discutirmos as relações passíveis de estabeleci mento entre o lazer e a Educação Física escolar necessitamos nos reportar à origem do lazer à sua constituição sóciohistórica e à diversidade de conceitos que contemporaneamente permeiam essa prática social Jogos e Brincadeiras II 68 Nesse momento se faz necessário contemplar tal tema de estudo para que você possa posicionarse criticamente em relação ao conceito e às finalidades do lazer na sociedade contemporânea O texto resenhado a seguir servirá de relevante aporte teóri coconceitual para as discussões posteriores e para a sua atuação pedagógica Para contemplar as demandas supracitadas apresen tamos a resenha de As Antinomias Dialéticas do Lazer de Gustavo Martins Piccolo publicado na Revista Motrivivência em Junho de 2008 O professor Gustavo Martins Piccolo é doutorando em Edu cação Especial pela Universidade Federal de São Carlos Ufscar Mestre em Educação além de Bacharel e Licenciado em Educação Física pela UFSCar Atualmente é professor efetivo da Escola Esta dual Florestano Libutti em Araraquara São Paulo As antinomias dialéticas do lazer O presente texto busca através de um árido processo de revisão de literatura demarcar o lazer como espaço dialético de apropriação fruição e objetivação cultural pela vivência do lúdico na socieda de acentuando ao fenômeno lazer a característica de ferramenta mediativa na produção do conhecimento cuja materialidade pode estar tanto em consonância à incorporação dos objetivos propostos pelas classes dominantes como também no sentido de crítica a es tes postulados Ainda no arcabouço do texto assinalamos possíveis relações entre a Educação Física e o lazer as quais objetivam a pro dução de um espaço lúdico libertário e emancipatório PICOLLO 2008 p 9 O artigo encontrase sistematizado em três etapas interrela cionadas Na primeira o autor apresenta o processo de construção social e histórica do lazer discutindo o cenário mundial e as razões pelas quais o lazer emerge na segunda a contextualização do la zer no âmbito da história brasileira e em um terceiro momento Picollo analisa e discute os conceitos de lazer coexistentes hodier namente fundamentado em autores brasileiros contemporâneos que se dedicam aos estudos do lazer 69 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Por fim com base no processo de análise engendrado nessas etapas o autor assinala as possíveis relações existentes entre a Educação Física escolar e o lazer Delimitadas as partes constituintes do artigo que o trato da temática do lazer se dá desde sua gênese até sua contemporanei dade em um processo que inclui o diálogo com autores brasileiros representativos dos estudos referentes ao lazer o autor assinala que os objetivos desse artigo são identificar e discutir as principais contradições existentes nos estudos sobre o lazer no Brasil suscitar reflexões que permeiam novos olhares a algumas relevantes questões para a compreensão do lazer a ori gem a concepção como elemento constituinte e consti tuído pela cultura o lazer concebido como espaço e tem po de crítica aos mecanismos de conformação social a mercantilização do lazer entre outras estabelecer relações entre o lazer e a Educação Física es colar Picollo 2008 inicia suas considerações refutando a hipóte se de que o lazer apresentase como um fenômeno ahistórico ou atemporal Isso significa dizer que a compreensão do que é o lazer e o que ele representa à sociedade somente pode emergir do estudo do período social e histórico em que o lazer nasce e contempo raneamente desenvolvese Nesse ínterim o autor delimita como a sua origem conce bido como atividade que se diferencia do trabalho institucional mente delimitado ou seja tratase da utilização do tempo do não trabalho a Revolução Industrial Inglesa Essa delimitação é justificada pelas mudanças substanciais acarretadas por esse processo O trabalho realizado socialmente e institucionalmente diferenciase sobremaneira das atividades cotidianas Jogos e Brincadeiras II 70 Esse novo trabalho novas formas e relações de produção ocasiona a divisão do trabalho a expropriação dos trabalhadores em relação aos produtos feitos por eles a excessiva carga horária de trabalho que desencadeia por conseguinte reivindicações dos trabalhadores por maior tempo de não trabalho entre outros elementos Atribuir a origem do lazer ao período correspondente à Re volução Industrial Inglesa não significa que anteriormente não houvesse atividades semelhantespróximas ao que contempora neamente compreendemos como lazer Pinto et al 1998 destaca que desde a Antiguidade os seres humanos dedicamse à atividades designadas sob a denominação de ócio Todavia se faz necessário esclarecer que a categoria lazer em uma asserção relacionada à dimensão do não trabalho emer girá mediante aos processos sociais e econômicos desencadeados pela Revolução industrial no século 17 A crescente mecanização do trabalho característica da Revolução Industrial o consequen te incremento da produção material e a abertura de um tempo de não trabalho propiciam o nascimento do que contemporanea mente denominamos lazer Entretanto Picollo 2008 assevera que esse tempo de não trabalho não esteve relacionado diretamente ao atendimento das reivindicações por exemplo das lutas trabalhistas dos trabalhado res de outro modo a sua justificação estava relacionada á aspectos funcionalistas principalmente no que tange a recu peração das forças físicas para o trabalho ou seja basicamente ao descanso e à incorporação incondicional dos ditames estruturais da sociedade PiCOLLO 2008 p 11 Como atividade complementar assista ao filme Tempos Mo dernos de Charles Chaplin Veja a seguir a sinopse da produção e um roteiro com alguns pontos que merecem ser observados en quanto você a assiste 71 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Tempos Modernos Sinopse Carlitos o personagem clássico de Chaplin consegue emprego numa grande indústria transformase em líder grevista por engano e ao conhecer uma jovem se apaixona O filme focali za a vida na sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e na especialização do trabalho É uma crítica à modernidade e ao capitalismo represen tado pelo modelo de industrialização em que o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido por suas ideias subversivas Observe os seguintes pontos enquanto você assiste ao filme a o contexto sóciohistórico que o filme retrata b a organização do trabalho neste contexto c a ociosidade de Carlitos na socieda de na qual o desemprego é um mecanismo de sujeição do traba lhador em exército suplementar ou de reserva de mãodeobra sujeitado à ociosidade d o mito a automação e contradições do trabalho assalariado e o lazer como entretenimento f a tentativa de Carlitos se adequar ao modelo burguês de sujeito e família Figura 1 Tempos Modernos de Charles Chaplin 1936 Jogos e Brincadeiras II 72 Temse a partir desse período uma sociedade baseada em uma nova configuração emerge o binômio trabalho e tempo livre ou trabalho e não trabalho em que seus contornos são demar cados pelo processo de produção e reprodução da existência o trabalho e pela realização de atividades que não se relacionam diretamente ao trabalho não trabalho O processo responsável por este desenrolar está estritamente re lacionado com a quebra radical do tempo natural do trabalho em tempo rigidamente cronometrado imposto pela industrialização mercantil praticada no capitalismo PiCOLLO 2008 p 13 Nesse sentido conforme é possível visualizar em tais consi derações o lazer emerge tanto das reivindicações dos trabalhado res quanto em certo ponto de modo hegemônico como campo de ação pretensamente estratégico da sociedade industrial e se in sere na sociedade moderna como a utilização do tempo livre não trabalho com a prática de atividades corporais e lúdicas diversas com objetivos múltiplos PiCOLLO 2008 Ademais é necessário esclarecer que o autor considera como inadequada a compreensão de que o lazer por si só apre senta como produto a emancipação de outro modo Picollo 2008 o situa conforme se constata nas considerações anteriores tanto na direção da emancipação e da libertação quanto da conforma ção social circunscrita à sociedade capitalista No Brasil o lazer considerado de forma consolidada surge entre o final do século 19 e o início do século 20 período em que ocorre a internacionalização do capital e a urbanização das cidades Em consonância com as perspectivas anteriores no Brasil a gênese do lazer também se dá codificada pela racionalidade do mercado de trabalho MARCASSA 2002 apud PiCOLLO 2008 Pinto et al 2008 p 48 fornece alguns exemplos que sub sidiam a compreensão da afirmação acima Como forma de ocu par o tempo de não trabalho nesse período histórico difundiuse a política assistencialista de recreação orientada promotora de pacotes e de atividades 73 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Essa política difundida tanto no âmbito estatal quanto cor porativo tinha como objetivo a promoção da distração do descan so e da recomposição da força de trabalho É importante não per der de vista ainda que além do caráter funcionalista do lazer está a prática social que no decorrer do desenvolvimento da sociedade brasileira fundamentada no capitalismo neoliberal é reconhecida como força econômica Ou seja o lazer passa a ser concebido difundido e organizado com base no consumo de mercadorias lúdicoculturais nesse ínterim até a década de 1970 seja nos estudos no âmbito da produção de conhecimento seja nas intervenções vol tadas ao lazer este é compreendido a partir do seu caráter com pensatório em relação ao trabalho não obstante tais considerações Picollo 2008 esclarece que da mesma maneira como se perpetua no lazer esse caráter ideologicamente conservador coerente com a visão de mundo ca pitalista o lazer carrega consigo uma dimensão subversiva con substanciada na possibilidade de crítica ao sistema que lhe dá respaldo Essa possibilidade é visualizada de modo mais clara a par tir da década de 1980 período em que o país passa pelo fim da ditadura e a consequente abertura política além desses fatores colabora para esse processo a concomitante imersão da Educação Física em um viés mais crítico Joffre Dumazedier estudioso representativo dessa temática a partir da década de 1980 passa a ser criticado pelo caráter fun cionalista de seus estudos e inclusive desse próprio conceito de lazer Dumazedier 1999 apud PiCOLLO 2008 p 18 conceituou lazer como conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregarse de livre vontade seja para repousar seja para divertirse recrearse e entreterse ou ainda para desenvolver sua formação desinteres sada após livrarse das obrigações profissionais familiares e sociais Jogos e Brincadeiras II 74 O caráter funcionalista do lazer tal qual presente no concei to de Dumazedier evidenciase na medida em que o lazer é con cebido e utilizado como uma válvula de escape do trabalho e do enfrentamento das mazelas sociais PiCOLLO 2008 Em outras palavras podemos evidenciar esse caráter funcio nalista na utilização do lazer para a recuperação do trabalhador do ponto de vista físico e psicológico por exemplo para o mas caramento das questões sociais despolitização pela via do lazer e entre outros elementos Nesse sentido estudiosos brasileiros como Nelson Carvalho Marcellino e Fernando Mascarenhas debruçamse sobre o tema de modo a proporem conceitos compreensões e práticas trans cendentes de lazer Veremos a seguir algumas possibilidades rela cionadas a esses conceitos transcendentes Nelson Carvalho Marcellino distingue algumas nuances da visão funcionalista do lazer a abordagem romântica a busca da paz social pelo lazer a abordagem moralista a manutenção da ordem pelo lazer a abordagem compensatória ou utilitarista compensação das imposições da vida social especialmente o tra balho com atividades socialmente aceitas e moralmente corretas MARCELLinO 2008 Dumazedier ainda apresenta um conceito clássico relacio nado aos estudos do lazer os três D Você já ouviu falar Trata se no ponto de vista desse autor de considerar que o lazer possui três funções fundamentais a Diversão o Descanso e o Desenvolvi mento MARCELLinO 2008 Em suma podemos a partir do lazer proporcionar eou vivenciar essas três funções Picollo 2008 trata dos conceitos de lazer emergentes a par tir da década de 1980 e que nos permitem situar as discussões em Jogos e Brincadeiras II suscitadas no princípio desta unidade e que serão propostas posteriormente Marcellino 2001 apud PiCOLLO 2008 compreende que o lazer pode ser entendido como cultura vivenciada no tempo dis 75 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares ponível Ele situa o lazer no âmbito de uma prática social crítica e criativa de sujeitos historicamente situados Ou seja o lazer passa a ser concebido em relação ao seu potencial de desenvolvimento dos sujeitos superando assim a tradicional sinonímia entre lazer e divertimento ou descanso em uma asserção funcionalista Com base nesses pressupostos Marcellino 2002 apud PI COLLO 2008 p 20 destaca o aspecto educativo do lazer desde que ele seja entendido como possibilidade de atuação no plano cultural objetivando a construção de novas formas de sociabilida de tendo em vista que apenas assim o lazer se transforma em instrumento de con trahegemonia e de crítica a miséria e opressão que abundam as múltiplas esferas da sociedade capitalista por conseguinte o lazer também pode adquirir uma função de elevação de nossas cons ciências para além do senso comum fato de fundamental impor tância para traçarmos caminhos sociais mais fraternos e solidários Mascarenhas 2001 2005 apud PiCOLLO 2008 por sua vez concebe o lazer como um mecanismo de resistência à dominação ideológica dotado do objetivo e do potencial de transformar a so ciedade como elemento coadjuvante associado aos espaços dota dos de semelhante possibilidade como a educação por exemplo Nessa perspectiva o referido autor compreende o lazer como força de reorganização da sociedade e como elemento edu cativo capaz de fomentar e contribuir à construção de outros valo res a balizarem as relações sociais Neste contexto o lazer passa a ser entendido como tempo e lugar da construção de cidadania e exercício da liberdade MASCARENHAS 2005 apud PICOLLO 2008 p 21 Até aqui podemos compreender o lazer como uma prática social e elemento da cultura que sendo síntese das determina ções históricas pode exercer tanto a função de transformação so cial em um sentido emancipatório quanto de interiorização das relações sociais adaptadas e não questionadoras da sociedade Jogos e Brincadeiras II 76 Essa relação será também tratada nas posteriores leituras desta unidade Por hora propomos que você reflita sobre as pos sibilidades de articulação entre o lazer e a Educação Física escolar e para as finalidades dessa relação as quais são concretizadas no âmbito de nossa intervenção pedagógica No tocante à superação do conceito de lazer funcionalista constatase que os autores citados por Picollo 2008 nelson Antônio Marcellino e Fernando Mascarenhas convergem para a compreensão de que o lazer apresenta possibilidades de contri buir com o processo de transformação social Isso acontece na medida que representa um importante ele mento de construção da consciência crítica e de formas de inter venção social superando assim o pretendido senso comum ligado em nossa sociedade em torno das práticas de lazer e da realidade Fundamentado nessas considerações devemos compreen der a profícua relação possível entre a Educação Física e o lazer tendo em vista a possibilidade de que a primeira se constitui como elemento mediador da produção de conhecimentos e do fomento a práticas de lazer comprometidas com a transformação social Não obstante a priori seja possível aliar o lazer somente aos espaços e tempos da educação não formal Picollo 2008 pondera que perspectiva com a qual coadunamos a Educação Física na escola também pode e deve contribuir à ampliação da tematiza ção da problematização e da vivência do lazer Os espaços de educação não formal representam espaços privilegiados para a vivência do lazer Neles o lazer carrega consi go assim como na educação formal um duplo processo educativo tema de estudo do próximo tópico Embora este estudo componha o currículo de um curso de licenciatura mencionar o lazer nos espaços não formais de educa ção é de suma importância 77 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Melo 2006 menciona que na atualidade o lazer represen ta um aspecto cultural que não se encontra plena e democratica mente acessível à população brasileira As limitações e ou barrei ras para o acesso ao lazer referemse à insuficiência de espaços e equipamentos parques ginásios quadras cinemas bibliotecas entre outros ao restrito tempo de não trabalho que pode ser destinado a tais atividades em íntima relação com a classe social da população o tempo de não trabalho para grande parte das pessoas é restrito eou sequer existe a insuficiência de políticas públicas relacionada ao lazer e entre outros elementos Além desses fatores Marcellino 2008 acrescenta que há as barreiras intraclasses sociais tais como as condições sócioeco nômicas o gênero as mulheres seja pela rotina do trabalho do méstico seja pela dupla jornada de trabalho têm acesso restrito ao lazer a faixa etária especificamente em relação a crianças e idosos o nível de instrução e entre outros Nesse sentido uma importante atribuição ao professor de Educação Física pode ser a de animador cultural Isto é o professor de Educação Física pode e deve procurar estimular a potencialização das possibilidades de vivência de lazer da população Essa interven ção pode vir a contribuir com a ampliação do acesso ao lazer e aos processos de reivindicação da população junto ao poder público pelo provimento desse direito garantido pela Constituição Melo 2006 p 8 assinala que a animação cultural pode ser compreendida como uma tecnologia educacional uma proposta de intervenção pe dagógica pautada na ideia radical de mediação que nunca deve significar imposição que busca permitir compreensões mais apro fundadas acerca dos sentidos e significados culturais consideran do as tensões que nesse âmbito se estabelecem que concedem concretude à nossa existência cotidiana construída com base no princípio de estímulo às organizações comunitárias que pressupõe a ideia de indivíduos fortes para que tenhamos realmente uma construção democrática sempre tendo em vista provocar ques tionamentos acerca da ordem social estabelecida e contribuir para a superação do status quo e para a construção de uma sociedade mais justa Jogos e Brincadeiras II 78 No final desta unidade propomos uma atividade em que você deverá realizar um levantamento dos espaços e das ativida des de lazer de seu bairro ecidade Para subsidiálo nesta atividade necessitamos discutir outro ponto o espaço e os equipamentos necessários para a prática do lazer Entendemos por espaço o suporte para os equipamentos e por equipamentos os objetos que organizam o espaço em fun ção de determinada atividade MARCELLINO 2006 Desses conceitos assinalamos que democratizar o lazer im plica em democratizar o espaço e os equipamentos No que se re fere a eles Requixa 1980 apud MARCELLinO 2006 os categoriza em equipamentos específicos e não específicos Os primeiros são construídos com a finalidade da prática do lazer campos de futebol praças parques teatro cinema etc os segundos são aqueles que em sua origem não foram construídos para a prática das atividades de lazer mas que posteriormente tiveram a sua destinação primária alterada parcial ou totalmente criandose espaços para as atividades de lazer o lar a rua o bar a escola a universidade etc 6 O LAZER COMO VEÍCULO E COMO OBJETO DE EDU CAÇÃO UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO Considerando que anteriormente mencionamos não obstan te de forma principiante a dimensão educativa do lazer se faz ne cessária nesse momento tratar de forma mais detida essa questão Como aporte teórico para suprir essa demanda nos utiliza remos de Marcellino 1987 O autor advoga em prol da evidência de que o lazer congrega um duplo processo educativo o lazer como veículo e como objeto de educação Em relação a esse du plo aspecto do lazer há que se ressaltar que Marcellino aproveitou as ideias de Renato Requixa O tema foi discutido em sua obra La zer e Humanização publicado em 1983 79 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Nelson Carvalho Marcellino é doutor em Educação pela Uni versidade Estadual de Campinas Unicamp mestre em Filosofia da Educação e licenciado em Ciências Sociais pela Pontifícia Uni versidade Católica de Campinas Atualmente é professor da Uni versidade Metodista de Piracicaba nos cursos de mestrado em Educação Física e doutorado em Educação Inicialmente é necessário que você evidencie algumas ques tões sobrepostas na afirmação grifada anteriormente O que signi fica afirmar que o lazer pode representar tanto um veículo como um objeto de educação O que configura analiticamente cada uma dessas dimensões Por que elas se revelam importantes para a relação entre o lazer e a escola eou o lazer e a Educação Física escolar Essas questões necessitam ser compreendidas por você futuro professor de Educação Física Atente para o fato de que o autor do texto referenciado pro cura romper com o conceito de lazer concebido sob um viés fun cionalista Nesse sentido reflita sobre a citação a seguir Tratase de um posicionamento baseado em duas constatações a primeira que lazer é um veículo privilegiado de educação e a segunda que para a prática positiva das atividades de lazer é ne cessário o aprendizado o estímulo a iniciação que possibilitem a passagem de níveis menos elaborados simples para níveis mais elaborados complexos com o enriquecimento do espírito crítico na prática ou na observação Verificase assim um duplo processo educativo lazer como veículo e como objeto de educação MAR CELLinO 1987 p 58 grifos do autor Abordaremos primeiramente o lazer como veículo de educação explicitado na expressão educação pelo lazer Marcellino 1987 afirma que se relacionam a essa dimensão as potencialidades do lazer para o desenvolvimento pessoal e so cial dos sujeitos Isso significa que tanto nas ocasiões em que o lazer é utilizado com objetivos de relaxamento e de prazer quanto nas ocasiões cujo objetivo é a compreensão da realidade ocorre o desenvolvimento pessoal e o desenvolvimento social dos sujeitos este último pelo Jogos e Brincadeiras II 80 reconhecimento das responsabilidades sociais a partir do agu çamento da sensibilidade ao nível pessoal pelo incentivo ao auto aperfeiçoamento pelas oportunidades de contatos primários e de desenvolvimento de sentimentos de solidariedade MARCELLINO 1987 p 60 É necessário esclarecer entretanto que para além de uma conceituação utilitária e acrítica do potencial educativo do lazer evidenciada por exemplo no consumo dos produtos da indústria cultural pelo lazer ou mesmo na difusão do lazer como forma de aliviar tensões eou promover o desenvolvimento integral dos sujeitos discursos comumente presentes e veiculados no âmbito do lazer devese ter claro que Assim só tem sentido se falar em aspectos educativos do lazer se esse for considerado como um dos possíveis canais de atuação no plano cultural tendo em vista contribuir para uma nova ordem moral e intelectual favorecedora de mudanças no plano social Em outras palavras só tem sentido se falar em aspectos educativos do lazer ao considerálo como um dos campos possíveis de contra hegemonia MARCELLinO 1987 p 63 O lazer como objeto de educação em linhas gerais ex plicitase na necessidade da educação para o lazer Esclarece Requixa 1980 apud MARCELLinO 1987 que se trata do aprendi zado o uso do tempo livre No entanto o lazer como objeto de educação também traz consigo tanto elementos emancipatórios e de apropriação crítica da realidade quanto de veiculação e de manutenção do status quo social Analise as citações a seguir Elas complementam as questões em estudo nesta seção As práticas corporais no âmbito do lazer considerando seus aspec tos educativos contribuem para a compreensão do novo mundo social e a intervenção nele Nesse contexto tornase relevante re fletir sobre o lazer tanto pelo seu teor educativo propositivo quan to pelo seu aspecto políticosocial FRAnÇA 2003 p 35 À guisa de conclusão reafirmamos a relevância educativa de prá ticas no âmbito do lazer explorando temáticas à luz de reflexões sobre a realidade sociopolíticoeducacional propiciando ruptura 81 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares com práticas desvinculadas das atuais exigências sociais Creio ser esse o desafio que se coloca como uma tarefa coletiva inadiável idem p 45 Observe a Figura 2 Ela mostra o esquema elaborado para apresentar os conceitos fundamentais do lazer referenciados em Marcellino 1987 Fonte Marcellino 1987 Figura 2 Esquema demonstrativo dos conceitos fundamentais relativos ao lazer 7 LAZER COMO PRÁTICA SOCIAL CONTEÚDOS PARA A EDUCAÇÃO FORMAL O lazer tem sido tratado tanto nas produções acadêmicas de diversas áreas do saber como nas normativas legais oficiais de diferentes âmbitos como um direito a ser garantido a todo o cida dão brasileiro A Constituição Federal no Capítulo II que trata dos Direitos Sociais no Artigo 6º determina que são direitos sociais a educa ção a saúde o trabalho a moradia o lazer a segurança a previ Jogos e Brincadeiras II 82 dência social a proteção à maternidade e à infância a assistência aos desamparados na forma desta Constituição grifo nosso A discussão que pretendemos aprofundar é o lazer como prática social que constitui parte de nosso patrimônio cultural e portanto deve ser incluído na pauta da organização e desenvolvi mento dos currículos e dos conteúdos escolares Para problematizarmos essa discussão colocamos como ponto de partida a seguinte questão são os conhecimentos pro duzidos pela humanidade sobre o lazer enquanto campo teórico e conceitual que devem compor currículos escolares eou são os conhecimentos sobre as diferentes formas de utilizar o tempo livre que devem ser transmitidos nos espaços de educação formal ou seja na escola Para Marin 2008 os estudos sobre o lazer colocam clara mente dois desafios à escola e aos professores entender o lazer como parte do patrimônio cultural hu mano e portanto deve ser transformado e transmitido às novas gerações revisar os conteúdos escolares majoritariamente traba lhados nas escolas incluindo novas e diversas práticas corporais como conteúdo de ensino para que sejam utili zados como formas diferentes de se exercitarem no tem po livre Essa preocupação de pensar sobre o lazer como prática so cial que precisa ser desenvolvido e aprimorado está presente nos documentos oficiais e tem aparecido como um dos principais ob jetivos para o uso dos conhecimentos da Educação Física na vida cotidiana dos indivíduos nos Parâmetros Curriculares nacionais de 1ª a 4ª séries o lazer é colocado como uma das finalidades para o uso dos conheci mentos decorrentes das aprendizagens na Educação Física Escolar 83 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino funda mental é importante pois possibilita aos alunos terem desde cedo a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de partici par de atividades culturais como jogos esportes lutas ginásticas e danças com finalidades de lazer expressão de sentimentos afetos e emoções BRASiL 1997 p 15 grifo nosso Essa finalidade posta para os conteúdos escolares de 1ª a 4ª séries também é evidenciada nos Parâmetros Curriculares Nacio nais de 5ª a 8ª séries quando eles propõem que O trabalho de Educação Física nas séries finais do ensino funda mental é muito importante na medida em que possibilita aos alu nos uma ampliação da visão sobre a cultura corporal de movimen to e assim viabiliza a autonomia para o desenvolvimento de uma prática pessoal e a capacidade para interferir na comunidade seja na manutenção ou na construção de espaços de participação em atividades culturais como jogos esportes lutas ginásticas e dan ças com finalidades de lazer expressão de sentimentos afetos e emoções Ressignificar esses elementos da cultura e construílos coletivamente é uma proposta de participação constante e respon sável na sociedade BRASiL 1998 p 15 grifo nosso Também podemos retomar a leitura que fizemos na Unida de 1 sobre a transmissão cultural como função primordial da es cola e as práticas da cultura corporal como conteúdos de ensino As práticas corporais foram aprimoradas sistematizadas e cientificadas ao longo da história humana Esse processo histórico ocorreu guiado por diferentes necessidades e possibilidades para o uso das habilidades físicas Entre essas possibilidades e necessidades podemse incluir motivos militares relativos ao domínio e ao uso de espaço motivos econô micos que dizem respeito às tecnologias de caça pesca e agricultu ra motivos de saúde pelas práticas compensatórias e profiláticas Podemse incluir ainda motivos religiosos no que se referem aos rituais e festas motivos artísticos ligados à construção e à expres são de ideias e sentimentos e por motivações lúdicas relacionadas ao lazer e ao divertimento BRASiL 1998 p 2728 grifo nosso Como podemos observar algumas práticas têm um caráter essencialmente utilitário e se relacionam mais diretamente Jogos e Brincadeiras II 84 à realidade objetiva com suas exigências de sobrevivência adaptação ao meio produção de bens resolução de problemas e nesse sentido são conceitualmente mais próximas do trabalho idem p 28 Assim como outras práticas existem por motivos essencial mente subjetivos e simbólicos são realizadas com fim em si mesmas por prazer e divertimen to Estão mais próximas do lazer e da fantasia embora suas origens em muitos casos estejam em práticas utilitárias idem p 28 O lazer se encontra no centro dos estudos e produções sobre os objetivos das práticas corporais e suas formas de inserção na escola como conteúdos de ensino Para que consigamos entender essa ligação entre os conte údos escolares e o lazer e o tempo livre temos que nos debruçar mos em uma tarefa um tanto árdua de conceituação e compreen são desses dois termos Poderíamos começar dizendo que o tempo livre é um tempo de não trabalho trabalho formal e institucionalizado socialmen te e que o lazer é como as pessoas fazem uso desse tempo livre Esse uso do tempo livre pode estar condicionado por uma visão de mundo ligada especialmente ao consumo ou a uma visão de mundo que entende o uso do tempo livre desinteressado livre e simbólico Dessa forma atualmente o lazer vem sendo colocado em dois polos distintos o viés do consumo e da cultura como repre sentam as Figuras 3 e 4 a seguir 85 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Figura 3 O lazer pelo viés do consumo Figura 4 A Capoeira como um elemento da cultura corporal e do lazer Analise as duas imagens e reflita em que medida a capoeira assim como os demais elementos que compõem a cultura corpo ral pode ser eou tem sido apropriada e utilizada como lazer pelo viés do consumo Jogos e Brincadeiras II 86 Para darmos continuidade a esta parte do estudo pedimos que você descreva em um pequeno parágrafo seu entendimento inicial sobre essas duas formas de entender o lazer Procure exem plificar as duas posições com fatos do seu cotidiano O consumo tem sido visto como uma senão a principal for ma de fazer uso do tempo livre O consumo dita as regras sobre o uso do tempo livre ou seja ressalta as diferenças sociais O la zer passa a acontecer pelo consumo ou pelo não consumo o primeiro para aqueles que dispõem de recursos aos quais há o acesso aos bens e serviços especializados e caros disponíveis nos shopping centers parques bares casas noturnas pacotes turís ticos cinemas hotéis cruzeiros marítimos etc o segundo para a camada da população menos favorecida à qual resta o espaço doméstico por meio da televisão A mídia tem um papel importante no fortalecimento desses princípios a partir do momento que se encarrega de difundir em massa os bens de consumo oferecidos pela indústria do lazer Os bens de consumo são aqui entendidos como tudo o que pode ser comprado Todo o aparato tecnológico os serviços es pecializados até mesmo os programas televisivos os quais são adquiridos camufladamente na compra dos bens propagandeados pelos meios de comunicação A falta de opção de escolhas ou de vontade de adotar outras formas de lazer pode estar retratando diferentes aspectos da for mação cultural de nossa sociedade A partir do momento em que o consumo é tido como a prin cipal ou a melhor forma de lazer e prazer e a condição econômica para acessar suas diferentes possibilidades temos com certeza amplas discussões a serem incluídas nos espaços escolares Essa interpretação do lazer merece uma reflexão crítica por parte da sociedade assim como um cuidado rigoroso por parte da escola que tem por função apresentar aos alunos as diferentes formas de se inserir na sociedade 87 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Você como futuro professor deve se perguntar ao selecio nar os conteúdos de ensino e preparar suas aulas sobre as ex periências como aluno da Educação Básica Em quais situações a educação para o lazer ocorreu na escola de forma a reforçar o consumo alienado e quando serviu para a produção cultural e o consumo crítico A sociedade deve ter condições de fazer a crítica às concep ções que associam lazer ao crescimento econômico com o con sumo com o uso de equipamentos com as técnicas de diversão e que em sua essência correspondem ao apelo do mercado e à reprodução das desigualdades sociais MARin 2008 p 100 de forma que se elevam valores democráticos solidários e de inclu são social que se sobreponham aos valores hegemônicos do mun do do consumo e da competição Não podemos deixar de considerarmos a subjetividade dos sujeitos e suas escolhas para o uso de seu tempo livre todas as atividades realizadas são formas de praticar o lazer Cabe à escola de maneira geral e em especial à Educação Fí sica transmitir e ensinar outras possibilidades para o uso de tempo livre que tenham como elemento principal as práticas corporais Depois desse breve estudo sobre o lazer podemos ver que o foco dos objetivos escolares de nossa área é ensinar práticas corporais que possam ser utilizadas no tempo livre dos cidadãos Cabe fazer o aluno da Educação Básica entender as diferen ças entre as práticas que reproduzem os valores sociais ligadas ao consumo à sociedade excludente e desigual e às práticas que lan çam valores sociais democráticos de igualdade e inclusão social Como podemos ver o jogo e o brincar tem uma importante função para pensar o lazer de forma lúdica e em espaços sociais Jogos e Brincadeiras II 88 8 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O LAZER UMA RE LAÇÃO NECESSÁRIA A seguir aprofundaremos o estudo sobre o lazer e suas re lações com a Educação por meio da leitura do texto Nexos entre e Educação Física Escolar e o Lazer Nesse texto a autora Elizara Carolina Marin aborda alguns conceitos sobre o lazer e aponta caminhos para a ligação dessa dimensão cultural com a Educação Física Escolar O texto encontrase disponibilizado na íntegra no Tópico 9 desta unidade Texto Complementar Sua publicação neste CRC foi autorizada pela autora A professora Elizara Carolina Marin é doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Uni sinos mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas Unicamp e licenciada em Educação Física pela Univer sidade Federal de Santa Maria UFSM Atualmente é professora adjunta do Centro de Educação Física e Desportos CEFD da UFSM e coordena o Grupo de Pesquisa em Lazer e Formação de Profes sores GPELF 9 TEXTO COMPLEMENTAR Essa leitura aborda aspectos importantes da relação entre o lazer e a educação física escolar Nexos entre a educação física escolar e o lazer Elizara Carolina Marin Doutora em Ciências da Comunicação e Professora do Centro de Educação Física e Desportos CEFD da Universidade Federal de Santa Maria UFSM Para tratar do tema proposto parto do princípio de que uma das especificida des do campo de conhecimento da Educação Física é a da formação e atuação pedagógica BRACHT 2000 Ainda que não haja unidade em âmbito nacional para a compreensão e a delimitação deste campo de conhecimento situo a Edu cação Física na esfera pedagógica Com base nesta perspectiva epistemológica procuro estabelecer relações entre Educação Física Escolar e Lazer e enfatizar que a concepção de cultura é um eixo estruturador para pensar os conteúdos da Educação Física nos diferentes contextos sociais em que ela pode ocorrer 89 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Algumas reflexões sobre o Lazer É preciso considerar que o tema lazer vem recebendo na última década desta que em eventos mundiais em congressos científicos em revistas de circulação nacional em debates de programas televisivos e especialmente investimentos em termos de equipamentos de diversão pela esfera privada Nesse contexto é preciso questionar por que se fala tanto em tempo livre e em lazer o interesse reside na crença de que tempo livre e lazer são necessidades humanas que de vem ser garantidas Ou seria uma necessidade do capital gerar tempo livre para os indivíduos poderem consumir eou recompor suas energias para a produção Na sociedade contemporânea são visíveis os amplos investimentos econô micos na esfera da diversão Basta caminhar pelas ruas sintonizar o rádio acessar a Internet e especialmente ligar a televisão para identificar os grandes investimentos em termos de construção de equipamentos como parques shopping center bares casas noturnas pacotes turísticos cinemas hotéis cruzeiros marítimos de tecnologias de produções midiáticas e em termos de propaganda estímulo para o consumo desse tipo de entretenimento Não obstante a generalização do entretenimento não significa democratização dos bens culturais As desigualdades sociais também se reproduzem na esfera da diversão A esfera do tempo livre da diversão não se configura independente das demais defende Sue 1982 A condição econômicosocial de uma pessoa sobretudo o trabalho que realiza ou ainda o trabalho negado condiciona em boa medida as opções no âmbito do tempo livre e o lugar que ela ocupa na estrutura social Boa parte das discussões dos autores do cenário nacional eou internacional aborda o aumento do tempo livre e a ampliação da oferta de bens e serviços na área do lazer como um avanço da sociedade desconsiderando as diferenças sociais e portanto as diferenças de oportunidades no usufruto tanto do tempo livre quanto dos bens oferecidos pela indústria do lazer Na esfera da mídia o termo lazer passou a ser associado ao consumo de bens oferecidos pelo mercado revestido da idéia de democratização de possibilidade de acesso como se os equipamentos de lazer e as diversas formas de bens e serviços oferecidos pela indústria do lazer estivessem acessíveis a todos Trata se antes de uma falácia Diversas pesquisas LOPES et all 2002 BORELLI PRIOLLI 2000 identificam que para elevados percentuais da população brasi leira a vivência de lazer se dá preponderantemente no espaço doméstico por intermédio da televisão Esta assume grande importância para os setores popu lares tanto por ser uma alternativa de lazer que não exige grande investimento econômico quanto por possibilitar fugir das tensões causadas pelo trânsito e ser uma contrapartida à correria diária Mas ao que discute García Canclini 2001 não é só no Brasil que este fenôme no acontece Numa pesquisa realizada sobre o consumo cultural na cidade do México o autor registra o baixo uso coletivo do espaço urbano apontando que 95 da população do Distrito Federal vêem habitualmente televisão Nos finais de semana a maior parte da população dedica seu tempo livre à vida doméstica com alta porcentagem do tempo dedicado ao consumo de programas televisivos Uma das teorias desenvolvidas por um dos importantes sociólogos do lazer Jo fre Dumazedier 1979 é a de que a sociedade caminha rumo à civilização do lazer O sociólogo italiano Domenico De Masi 2000 muito lido e discutido nos últimos tempos na mesma direção aposta que caminhamos para a sociedade do tempo livre Este autor defende a necessidade de redução da jornada de Jogos e Brincadeiras II 90 trabalho para duas horas para possibilitar não apenas a redução dos níveis de desemprego como também um novo tipo de consumo o cultural Segundo este autor na sociedade tecnológica caberia para a humanidade apenas ser criativo e ocupar o tempo de modo criativo Aqui algumas reflexões precisam ser feitas Como ser criativo se o trabalho para a maioria dos trabalhadores é desenvolvido por meio de longas jornadas Se o trabalho está apartado do saber fazer Se não se permite ao trabalhador compreender o processo e o produto do seu fazer Decorre daí o questionamen to sobre qual lazer poderia restituir o que as pessoas perdem de si no trabalho A dominação exercida no trabalho também se faz sentir no lazer A filósofa Simone Weil 1979 adverte contra os sistemas de reformas ou de transformação social anunciadores da diminuição da duração do trabalho Se o trabalho não se oferecer enquanto sendo açãoreflexão inúteis continuarão sendo as horas de nãotrabalho pois ninguém aceitaria ser escravo por duas horas a escravidão para ser aceita deve durar por dia o bastante para quebrar alguma coisa dentro do homem WEIL 1979 p 140 Tais considerações orientam para a impossibilidade de pensar o lazer sem pen sar o trabalho e as condições históricosociais vividas Indicam ainda a impossi bilidade de pensar o lazer apenas na dimensão do divertimento ou da recreação normalmente associados Podese dizer que por diferentes estratégias e com diferentes interesses o la zer vem sendo associado ao consumo à função compensatória de reparar as energias gastas na esfera do trabalho à função utilitária de ocupar o tempo das pessoas com esporte recreação entre outras atividades para supostamente evitar riscos de conduta Tais concepções colaboram para a manutenção do sistema vigente com suas faces de violência material e simbólica No âmbito da esfera pública o panorama não difere muito da privada Pesqui sas demonstram que no contexto do currículo de formação de profissionais em Educação Física das universidades por exemplo o trato do conhecimento da disciplina Recreação e Lazer enfatiza a matriz conceitual na perspectiva utili tarista que considera a prática da recreação e do lazer um meio para alcançar algo Há maior preocupação com a demonstração de técnicas recreativas com o ensino de jogos do que com a tematização das relações sociais e históricas que envolvem o lazer e os contextos nos quais ele se efetiva Observo que a crítica que está sendo realizada aqui é direcionada para as con cepções que associam lazer ao crescimento econômico com o consumo com o uso de equipamentos com as técnicas de diversão e que em sua essência correspondem ao apelo do mercado e à reprodução das desigualdades sociais Na pesquisa realizada sobre o lúdico na vida de mulheres rurais já se enunciava que pensar o lazer como bens a serem adquiridos é uma idéia que nos barba riza pois arrebata para além de nós para o exterior no consumo o encontro com a arte com o lúdico com a diversão com dimensões que deveriam estar presentes em tudo o que fazemos MARIN 1996 p 85 Para além das perspectivas assinaladas objetivo chamar atenção para a com preensão do lazer como direito social assegurado pela Constituição brasileira de 1988 art 217 parágrafo III e como necessidade humana que precisa ser garantida no cotidianos Se pensarmos o lazer conforme alude Marcellino 1990 p 34 como a cultura compreendida no seu sentido mais amplo vivenciada praticada ou fruída no 91 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares tempo disponível dois aspectos tornamse importantes para destacar os nexos que se querem estabelecer a seguir Um diz respeito ao fato de que na socieda de atual a dimensão lúdica humana constituinte da cultura tem possibilidade de se manifestar prioritariamente no espaço tempo de não trabalho dadas as for mas de organização do trabalho extensas jornadas ritmo da máquina execução de tarefas desprovidas de sentido isenção das garantias dos direitos sociais Portanto o tempo disponível abrese como terreno afeito à dimensão do jogo do brinquedo e da festa Outro aspecto diz respeito ao fato do lazer desenvolver se no terreno da cultura agregando tanto manifestações construídas historica mente pela humanidade quanto o que é específico do contexto país região comunidade onde ele ocorre Alguns nexos entre Educação Física Escolar e lazer Situo a Educação Física como disciplina curricular que tem como principais con teúdos o trato da cultura corporal ou seja os jogos a ginástica as lutas as acrobacias a mímica o esporte dentre outros e que contribui para o processo de democratização do conhecimento historicamente construído Conforme pos tulado por Coletivo de Autores 2002 a reflexão sobre a cultura corporal busca problematizar as formas de representações que o homem tem produzido histori camente no mundo e exteriorizado pela expressão corporal Essa produção hu mana tornouse patrimônio cultural e simultaneamente a ela outras atividades instrumentos formas de trabalho foram criadas A dimensão histórica adotada nesta concepção afastase da noção biológica ou da natureza e situa os jogos a ginástica as lutas as acrobacias a mímica o esporte entre outros como construções humanas no processo histórico e em estreita relação com necessidades sociais econômicas e culturais Associada à compreensão de sujeito histórico está a noção de sujeito cultural que cria e reconfigura movimentos e jogos que podem vir a ser praticados e jogados por outras pessoas no processo da vida humana Tal concepção delega ao sujeito o papel de produtor de novas culturas corporais A partir de tais contextualizações assinalase um eixo fundamental de alinhavo entre a Educação Física Escolar e o lazer sublinhando aqui o horizonte da cul tura Horizonte este que desde meu ponto de vista é de extrema importância para a profissão docente No entanto cabem ainda algumas considerações para evitarem malentendidos pois como discute Alfredo Bosi 1987 vigora na so ciedade atual digase sociedade alicerçada nas diferenças de classes uma concepção de cultura que visa manter tais diferenças sociais considerando a priori que o que a maioria das pessoas faz no seu cotidiano não seja denominado cultura A concepção de cultura amplamente difundida nos diferentes campos sociais e no senso comum é a de cultura associada a algo que se pode comprar que pode tornarse propriedade enfim uma mercadoria ou uma soma de objetos Também pode ser uma coisa que se herda um bem de raiz de família Portanto nessa concepção ser culto é ter acesso a livros a obras de arte a concertos de música ao teatro a conhecimentos e dentre outros Expresso de outro modo ter cultura é possuir bens que se aproximam dos bens de luxo e somente as pes soas com poder aquisitivo ou que acedem ao conhecimento a possuem Nessa concepção a cultura dá à pessoa uma aura de diferença de superioridade e a distingue das demais Assim há pessoas que têm cultura e outras que não têm Essa é uma concepção reificada de cultura e que por isso a isola a distingue Jogos e Brincadeiras II 92 e a situa no reino do que deve ser visto apreciado comprado e portanto sem relação direta com o cotidiano Tratase de uma concepção muito bem caracterizada por Alfredo Bosi como nãodemocrática A concepção de cultura que o autor considera democrática e que tem intrínseca relação com o que quero referendar é a de cultura como vida pensada como resultado realizado por meio do trabalho do fazer quotidiano Portanto cultura é um processo ou um tecido cujos fios são produzidos nas ações de longa duração Essa concepção recoloca a cultura para além de um problema de classe pois define que todos têm e produzem cultura sendo o que homens e mulheres fazem no seu cotidiano e nas condições que eles podem fazer A cultura se constrói no processo da vida e se reconstrói na medida em que vai sendo resignificada ou sendolhe atribuídos novos significados Esta concepção é importante ao ser observada no contexto dos processos pe dagógicos pois recoloca a ênfase no processo de produção das ações e não somente no resultado ou no produto e principalmente porque ela entende todos os sujeitos como produtores de cultura Assim sendo a Educação Física o campo que trata da cultura corporal tanto ela deve levar em conta a produção historicamente construída no contexto global quanto no local estado município escola garantindo que os alunos se reco nheçam em tais conteúdos A ação pedagógica desvinculada da cultura dos alu nos conduz a uma relação centrada no professor e de negação da participação dos alunos À luz do que assinala Bruhns 1997 p 37 se considerarmos que grande parte da população ao optar por alguma atividade corporal não busca alto rendimen to mas uma forma de se exercitar no tempo de lazer pelo menos uma questão deve ser posta para a Educação Física área articuladora dos elementos como jogos esportes dança e ginástica quais sejam se os objetivos almejados no tempo disponível das pessoas geralmente relacionado à dilatação das regras sociais podem ser alcançados através das modalidades tradicionais e da busca da performance Parece ser necessário revisar a prática pedagógica da Educação Física Escolar marcada pela hegemonização do esporte portanto pelos princípios do rendi mento da competição e das regras e técnicas para o trato da diversidade que compõe a cultura corporal Por esse viés a Educação Física amplia sua im portância tanto no espaço escolar quanto na vida social e ao levar em conta a cultura corporal contribui sobremaneira para o usufruto no tempo e espaço de vivência do lazer garantindo suas dimensões de livre escolha de gratuidade e de expressão lúdica Para viabilizar condições favoráveis de consolidação de tais desafios na esfera da Educação Física Escolar aponto algumas vias interrelacionadas e por mim consideradas fundamentais 1 Levar em conta o duplo aspecto educativo do lazer como veículo e objeto de educação ou seja reconhecer a potencialidade do lazer para o desenvolvimento pessoal e social e a necessidade de aprendizado para o uso do tempo livre MARCELLINO 1987 2 Atuar por meio de uma ação pedagógica que situe os alunos como produtores de cultura BOSI 1987 93 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 3 Atuar como mediador estimulando a participação e valorizando o conhecimento dos alunos FREIRE 2006 4 Procurar articular troca de experiências entre docentes por meio de reuniões pedagógicas de formação continuada entre docentes e alunos participação e engajamento em projetos coletivos consubstanciados na ação reflexão ação Como nos ensina Paulo Freire 1987 a realidade é funcionalmente domesticadora e somente por meio da práxis isto é da ação reflexão há possibilidade de libertarse da sua força Defende o autor que ação reflexão alicerçada no engajamento e na comunhão entre semelhantes abrese como um caminho para a promoção de sujeitos sociais Neste contexto urge a necessidade de recuperar o sentido e o valor das trocas de experiências e de imprimir experiências coletivas inclusive como contraponto à atomização das relações Walter Benjamim 1986 é enfático em dizer que estamos ficando pobres pobres de experiências e de troca de experiências Portanto compreendese que a vivência lúdica e a participação ativa para além da passividade sejam canais mobilizadores de trocas e de experiências coletivas 5 Estimular para além das técnicas e da conquista de resultados esporte formal e atividades competitivas a valorização dos processos e percursos das vivências READ 2000 A ênfase na ação pedagógica deve estar situada na perspectiva do sensibilizar de modo a possibilitar aos alunos reconheceremse no conteúdo trabalhado Não visualizo possibilidade de alargar mentalidades se o processo de formação não apresentar sentido para a vida dos envolvidos MARIN 2008 Não se esqueça de que os Parâmetros Curriculares Nacionais em todos os níveis de ensino na Educação Básica preconizam que cada conteúdo de ensino organizado em blocos sejam desenvol vidos eou tematizados na escola considerando as seguintes ca tegoriasdimensões categoria conceitual categoria procedimen tal e categoria atitudinal Você também não deve se esquecer de identificar eou revisar cada um desses conceitos para a realização da tarefa proposta 10 O LAZER NOS CONTEXTOS SOCIAIS E AS DEMAN DAS EDUCACIONAIS Agora que já aprofundamos alguns conceitos sobre lazer e realizamos algumas ligações dessa prática cultural com a Educação e os conteúdos escolares faremos uma atividade prática Jogos e Brincadeiras II 94 Esta atividade objetiva possibilita aos alunos do Curso de Li cenciatura em Educação Física a inserção na cultura corporal vivida por um determinado grupo social Esta atividade é indispensável para uma prática pedagógica que pretenda ser reflexiva autôno ma e inovadora Logo para a continuidade desse estudo que pretende com preender as funções da escola na transmissão de conhecimentos que potencializem as práticas corporais no uso do tempo livre precisamos conhecer a cultura para a qual definimos tais objetivos e ensino Atividade prática Esta atividade é uma pesquisa de campo que tem por ob jetivo identificar os principais hábitos de lazer dos moradores de sua cidade Tomamos como pressuposto que seus alunos serão oriundos dessa comunidade logo conhecêla é fundamental para a definição e organização de conteúdos curriculares que atendam às necessidades locais e sejam extraídos da cultura local Primeiro passo você fará um levantamento sobre os espa ços públicos próprios para o lazer existentes em sua cidade tea tros cinemas praças parques shopping centers para conhecer a diversidade de possibilidades existentes Segundo passo você fará uma pesquisa de campo em duas praças ou parques da cidade para coletar e analisar as principais práticas corporais presentes nos hábitos dos moradores de sua ci dade Para o desenvolvimento da atividade você deverá seguir os seguintes procedimentos Primeira parte da pesquisa 1 Faça um levantamento dos espaços formais existentes para o lazer em sua cidade museus bibliotecas públicas centros comunitários clubes recreativos balneários 95 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares campos de futebol canchas de bocha escolas públicas associação de moradores praças ruas e avenidas igre jas e capelas ginásios municipais parque de exposições campo de golf cemitério monumento estrada turística parque casa de cultura shopping centers etc Se você encontrar outro espaço que possa ser utilizado para a prática do lazer inclua na sua listagem 2 Busque informações no site da Prefeitura nas Secreta rias de Cultura de Educação ou de Lazer e Esporte ou outras instituições existentes em seu município Essa primeira parte contextualizará as diferentes possibilida des existentes nas práticas sociais para o uso do tempo livre Segunda parte da pesquisa 1 Identifique as duas praças ou parques mais utilizados para a realização de práticas corporais em sua cidade 2 Identifique os horários de maior frequência de pratican tes 3 Faça uma observação nos horários com maior frequên cia de praticantes identificando e descrevendo todas as práticas existentes Essa parte da pesquisa contextualizará a realidade ou uma parte significativa da realidade das práticas corporais presentes nos hábitos da cultura de sua cidade A seguir elaboramos no Quadro 1 um roteiro para auxiliálo na sua atividade de observação dos espaços de lazer escolhidos para a realização de sua atividade Quadro 1 Roteiro de observação dos espaços de lazer ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DOS ESPAÇOS DE LAZER Nome do cadêmico Localização endereço e bairro Nome do espaço observado Jogos e Brincadeiras II 96 ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DOS ESPAÇOS DE LAZER Área disponível para as práticas citar as áreas campo de futebol praça infantil etc Data da observação Horário Breve descrição do bairro condições estruturais socioeconômicas etc Estrutura física do local Por exemplo O local observado é um complexo municipal poliesportivo contém Um ginásio poliesportivo de grande porte Ginásios pequenos que comportam atividades diversas Uma pista de atletismo de 400 metros Uma área para prática de atividades de esforço composta por 3 barras em alturas diversas 4 pranchas para fazer abdominal 2 banquinhos pequenos para fazer apoio Uma área para prática de skate patins e bicicleta composta por 3 pistas um centro de convenções em construção Atividades realizadas Por exemplo Atividade 1 Local Exemplo ginásio poliesportivo em cada espaço são realizadas atividades diferentes e todas devem ser descritas Atividades realizadas Exemplo ginástica alongamento ginástica para hipertensos musculação futsal Tipo de eventoatividade espontâneolivre ou com instrutor Quais os materiais utilizados no desenvolvimento da atividade Explique como se desenvolve essa atividade Quantas pessoas se envolvem nesta atividade 97 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares Para concluir o estudo desta unidade é necessário que você faça duas tarefas explicitadas a seguir que têm como objetivo sis tematizar e organizar os conteúdos trabalhados além de possibili tar uma autoavaliação de sua aprendizagem Na atividade de campo você deve ter elencado um conjunto de práticas realizadas nos espaços observados A partir deste elenco de práticas complete o Quadro 2 a se guir para agruparem as práticas corporais observadas aos blocos de conteúdos propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais relacionadoas com os blocos de conteúdos Quadro 2 Agrupamento das práticas corporais QUADRO DE SISTEMATIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CORPORAIS OBSERVADAS Práticas corporais observa das Esportes Jogos Lutas Ginástica Atividades rítmicas e expressi vas Conheci mentos sobre o corpo Jogo de voleibol Capoeira Uso de aparelhos para ginástica Grupos de dança Jogo de basquete Corrida Exemplos de como agrupar as práticas observadas tomando como referência os blocos de conteúdos dos PCNs Após a realização deste quadro faça uma análise das práti cas privilegiadas pelos sujeitos observados Aponte quais os blocos de conteúdos estão mais difundidos nas práticas corporais utiliza das nos espaços de lazer Se você fosse elaborar um plano de ensino para alunos oriun dos dos contextos observados quais os conteúdos consideraria uma demanda escolar para a inserção de novas práticas corporais como atividades de lazer Explique por quê Jogos e Brincadeiras II 98 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Na sua atuação pedagógica quais são os conteúdos privilegiados 2 Quais elementos da cultura corporal jogos esportes danças lutas apre sentamse no município ou na comunidade ou bairro em que a escola está inserida 3 De que forma e com quais expressões a cultura corporal e lúdica presentes no município na comunidade ou bairro em que a escola se insere estão sendo utilizadas e apropriadas nas aulas de Educação Física 4 De que modo na prática pedagógica é possível situar o aluno como produ tor de cultura 5 Ao partirmos do pressuposto de que o lazer constitui uma dimensão da cultura e que em um sentido emancipatório pode convergir eou orientar se sob a perspectiva de representar um veículo e um objeto de educação MARCELLinO 1987 tanto no espaço da educação nãoformal quanto da educação formal no âmbito da Educação Física escolar responda a seguinte questão são os conhecimentos produzidos pela humanidade sobre o la zer enquanto campo teórico e conceitual que devem compor os currículos escolares eou são conhecimentos sobre as diferentes formas de utilizar o tempo livre que devem ser transmitidos nos espaços de educação formal ou seja na escola De que forma 6 Disserte sobre a relação entre a Cultura o Lazer os Jogos e as Brincadeiras e a Educação Física escolar Ainda elabore um Mapa Conceitual para repre sentar esta relação 7 Na origem do lazer qual era a sua finalidade E hoje por que as pessoas procuram pela prática do lazer 8 O lazer atualmente é fomentado por órgãos públicos e privados Você iden tifica os interesses que estimulam essas ações de fomento de acordo com a fonte deste 9 Em sua opinião a asserção de que o lazer se constitui como um direito a ser garantido a todo cidadão conforme a Constituição Federal BRASiL 1988 tem se concretizado na realidade Justifique 10 O lazer está ao alcance de todos Quem em sua opinião tem acesso às práticas de lazer Justifique 99 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares 11 Você conhece algum programa ou projeto de lazer vinculado a órgãos públicos QualQuais Qual é o seu objetivo e característica desses programas 12 O que significa afirmar que a Revolução Industrial marca o surgimento e a consolidação de novas formas de produção e novas relações de produção Reflita e faça algumas anotações sobre este tópico 13 Você está lembrado do parágrafo que você escreveu no Tópico 7 do seu entendimento inicial sobre as duas formas de entender o lazer pelo viés do consumo e pelo viés da cultura Retome aquele parágrafo e reescrevao com base no estudo realizado até aqui 14 O lazer concebido como a apropriação eou utilização do tempo de não trabalhotempo livre pelos sujeitos tem sido utilizado em nossa sociedade contemporânea sob duas perspectivas distintas o lazer como consumo e o lazer como dimensão da cultura Exemplifique situações referentes ao lazer tendo como referência cada uma dessas perspectivasvieses do lazer e ar gumente acerca do viés que em seu ponto de vista representa hodierna mente a sua manifestação hegemônica 12 CONSIDERAÇÕES Caro aluno nesta etapa avançamos significativamente no sentido de compreender as relações existentes entre a cultura o lazer e a escola em um plano macro e entre o lazer a cultura corporal os jogos e as brincadeiras e a Educação Física escolar Discutimos a gênese do lazer as suas duas dimensões lazer no viés do consumo e lazer no viés da cultura e explicitamos o seu caráter pedagógico quando concebido e concretizado na escola sob a perspectiva de um elemento cultural social e historicamente constituído lazer como veículo e como objeto de educação Ademais para além de estudos e discussões no âmbito teó ricoconceitual propomos uma pesquisa de campo com a obser vação dos espaços e das atividades de lazer de sua cidadebair ro de modo a suscitar reflexões complementares ao processo de aprendizagem objetivado e engendrado nesta Unidade de estudo Após compreendermos e sermos capazes de justificar a in serção dos jogos e brincadeiras e do lazer em aulas de Educação Jogos e Brincadeiras II 100 Física é de suma importância conhecer e intervir no lócus de nos sa intervenção pedagógica e profissional a escola nossa tarefa nas próximas unidades Unidade 3 e Unidade 4 é conhecer a escola seu projeto políticopedagógico suas carac terísticas suas finalidades e pressupostos e suas ações Faremos isso sem que no entanto se perca de vista o foco de nos jogos e as brincadeiras 13 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Tempos Modernos Disponível em httphistorianetcombrconteudo defaultaspxcodigo181 Acesso em 19 jul 2011 Figura 3 O lazer pelo viés do consumo Disponível em httpwwwdiaadiaprgovbr tvpendrivearquivosimageconteudosimagenssociologia3globjpg Acesso em 19 jul 2011 Figura 4 A Capoeira como um elemento da cultura corporal e do lazer Disponível em httpuserwwwsfsueduart511hemerging08KLMasterfKLProject2fiTrb capoeirapontadoxareujpg Acesso em 19 jul 2011 Sites pesquisados KNIJNIK Jorge Dorfman A questão do jogo uma contribuição na discussão de conteúdos e objetivos da Educação Física escolar Revista Brasileira de Ciências e Movimento Brasília v 9 n 2 abril 2001 httpwwwculturainfanciacombrdocsa20questao20do20 jogopdf Acesso em 28 jul 2011 PICCOLO Gustavo Martins As antinomias dialéticas do lazer Motrivivência Florianópolis ano XX n 30 Junho2008 p0927 Disponível em httpwwwperiodicosufscbr indexphpmotrivivenciaarticleview11379 Acesso em 19 jul 2011 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENJAMIN Walter Reflexões a criança o brinquedo a educação São Paulo Summus 1986 BORELLI Silvia PRIOLLi Gabriel et al A deusa ferida por que a Rede Globo não é mais a campeã absoluta de audiência São Paulo Summus 2000 BOSI Alfredo Cultura como tradição In BORHEIM Gerd et al Org Cultura brasileira tradiçãocontradição Rio de Janeiro Zahar Funarte 1987 101 Claretiano Centro Universitário U2 Lazer e Transmissão Cultural na Escola Jogos e Brincadeiras como Conteúdos Escolares BRASIL Constituição da república federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988 São Paulo Saraiva 1988 Presidência da República Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394 de 20 de dezembro de 1996 Diário Oficial Brasília 23 dez 1996 Ministério de Educação Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Física ensino de primeira à quarta série Brasília MECSEF 1997 Ministério de Educação Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais Educação Física ensino de quinta a oitava séries Brasília MEC SEF 1998b Ministério de Educação Secretaria de Educação Básica Orientações curriculares para o ensino médio volume 1 Linguagens códigos e suas tecnologias Brasília ME SEB 2006 BRUHNS Heloisa T Relações entre a educação física e o lazer In BRUNHS Heloisa T Org Introdução aos estudos do lazer Campinas Editora da UniCAMP 1997 CANCLINI Néstor García Consumidores e cidadãos Rio de Janeiro Editora da UFRJ 2001 COLETIVO DE AUTORES Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Editora Cortez 2002 DE MASI Domenico O ócio criativo Rio de Janeiro Sextante 2000 DUMAZEDIER Jofre Sociologia empírica do lazer São Paulo Perspectiva 1979 FRANÇA Tereza Luiza de Educação para e pelo lazer In MARCELLINO Nelson Carvalho Org Lúdico educação e educação física 2ed ijuí Ed Unijuí 2003 FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 2006 HUIZINGA Johan Homo Ludens 4 ed São Paulo Perspectiva 1993 LOPES Maria Immacolata de BORELLI Silvia H RESENDE Vera Vivendo com a telenovela mediações recepção teleficcionalidade São Paulo Summus 2002 MARCASSA Luciana Lazer Educação In GOMES Chirstiane Luce Dicionário crítico do lazer Belo Horizonte Autêntica 2004 MARCELLINO Nelson Carvalho Lazer e educação Campinas Papirus 1987 O lazer e os espaços na cidade In ISAYAMA Hélder LINHALES Meily Assbú Orgs Sobre lazer e política maneiras de ver maneiras de fazer Belo Horizonte Editora UFMG 2006 p6592 Lazer e sociedade algumas aproximações In MARCELLINO Nelson Carvalho Org Lazer e sociedade Campinas Alínea 2008 p1126 MARIN Elizara Carolina A constituição das teorias pedagógicas da educação física In MARIN Elizara Carolina GAMA Maria Eliza Org Aportes TeóricosMetodológicos contribuições para a prática da educação Física Escolar Programa de Consolidação das Licenciaturas PRODOCÊnCiA 2006 MECSESUDEPEM 2008 Jogos e Brincadeiras II 102 Currículo e formação do profissional do lazer Revista Brasileira de Ciências do Esporte CampinasBR v 23 n 1 p 123130 set 2001 MARIN E C Nexos entre a educação física escolar e o lazer In MARIN Elizara Carolina GAMA Maria Eliza Org Aportes TeóricoMetodológicos Contribuições para a Prática da Educação Física Escolar 1 ed Santa MariaRS UFSM 2008 v 01 p 07176 MELO Vitor Andrade de A animação cultural conceitos e propostas Campinas SP Papirus p 144 2006 MELO Victor Andrade de BRÊTAS Angela MOnTEiRO Mônica Borges Fundamentos do lazer e da animação cultural In OLIVEIRA Amauri Aparecido Bássoli de PERIM Gianna Lepre Orgs Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo Maringá Eduem 2009 p4572 OLIVEIRA Amauri Aparecido Bássoli de PERIM Gianna Lepre Orgs Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo Maringá Eduem 2009 PINTO Leila Mirtes S de Magalhães et al O lazer In PINTO Leila Mirtes S de Magalhães et al Orgs Brincar jogar viver lazer e intersetorialidade com o PELC vol 1 Secretaria nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer SnDEL Brasília 2008 PINTO Leila M A recreaçãolazer e a educação física a manobra da autenticidade do jogo Dissertação de Mestrado em Lazer Faculdade de Educação Física Universidade Estadual de Campinas Campinas 1992 READ Herbert A redenção do robô meu encontro com a educação através da arte São Paulo Summus 2000 SUE Roger El ocio México Fondo de Cultura Económica 1982 VALENTE Márcia C Lazer e recreação no currículo de educação física Maceió Edufal 1997 EAD A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 3 1 OBJETIVO Contextualizar as leituras e o estudo desenvolvido em Jo gos e Brincadeiras II com os espaços escolares a fim de compreender o processo de elaboração as contribuições dos professores na construção e no desenvolvimento do Projeto PolíticoPedagógico PPP bem como a importân cia desse processo para a seleção dos conteúdos de en sino na Educação Básica 2 CONTEÚDOS Projeto PolíticoPedagógico alguns conceitos Processo de elaboração de Projetos PolíticoPedagógicos em escolas de Educação Básica Relação dos conteúdos de ensino com o Projeto Político Pedagógico de uma escola Jogos e Brincadeiras II 104 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir 1 Para complementar seus estudos sobre Projeto Político pedagógico solicitamos que seja feita a leitura do texto MUÑOZ Dora A elaboração do Projeto Educativo da Es cola in ÁLVAREZ Manuel Org O Projeto Educativo da Escola Tradução de Daniel Angel Etcheverry Burguño Porto Alegre Artmed 2004 2 Outra sugestão de leitura complementar a esta unida de é o excerto A respeito do projeto políticopedagógico cap1 p2326 parte integrante da referência SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino da educação física São Paulo Cortez 1992 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade temos como objetivo principal a contextu alização das leituras e do estudo desenvolvido neste Caderno de Referência de Conteúdo com os espaços escolares Neste nosso estudo nos propomos não somente realizar um estudo teórico sobre o Projeto PolíticoPedagógico PPP nas escolas de Educação Básica abordando os seus conceitos básicos e os pressupostos que o orientam mas também compreender o processo de elaboração e as contribuições dos professores na construção e no desenvolvimento do PPP Além disso faremos a análise de um PPP de uma escola de Educação Básica em que procuraremos compreender a relação dos conteúdos escolares com a proposta pedagógica dessa escola Esta unidade assim como as demais está organizada com atividades para serem realizadas na sequência proposta pois cada tarefa cria um clima de reflexão favorável para as atividades sub sequentes 105 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 5 LEITURA DO TEXTO SOBRE O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO A seguir apresentaremos algumas reflexões acerca da or ganização e do desenvolvimento do trabalho escolar Buscaremos apontar as diferentes dimensões que constituem o trabalho es colar e apresentar o Projeto PolíticoPedagógico como elemento indispensável na construção de um projeto comum e adequado aos objetivos de ensino de uma determinada comunidade escolar Para Thurler 2001 um dos fatores condicionantes para a aceitação de mudanças e de inovações nos contextos escolares é a teia de relações valores atitudes e concepções que definem a cultura desses estabelecimentos Alguns estabelecimentos escolares são vivos felizes aco lhedores outros são tristes aborrecidos e mesmo severos ou seja cada escola tem a própria atmosfera e as próprias vibrações o que lhes define um contorno único e peculiar Toda a ação intencional que se queira eficaz nos espaços escolares deve levar em conta as especificidades de cada esco la isto é como sua comunidade professores gestores pais alu nos etc vê e compreende a própria realidade suas práticas suas ações e seus resultados Nesse sentido podemos dizer que as mudanças e as ino vações estão condicionadas pela existência de projetos institu cionais que visem obter resultados positivos a partir de suas im plementações E ainda que esses projetos podem e devem ser elaborados a partir de diagnósticos profundos das realidades e da cultura escolar É possível dizer que a escola é um organismo vivo consti tuído por diferentes partes e setores que devem ter como ponto de partida para o planejamento de suas ações a aprendizagem dos alunos Jogos e Brincadeiras II 106 Podemos assumir mesmo que momentaneamente o se guinte diagrama como mostra a Figura 1 para representar a es cola 30 ESCOLA QUE ESPAÇO É ESTE Escola é um Organismo VIVO Categorias Educacionais Ideologias Professores Alunos Métodos e Instrumentos Contexto Técnicos administrativos Diferenças sociais e culturais Figura 1 Diagrama a escola como um organismo vivo Por meio do diagrama podemos dizer que a escola é um es paço social complexo que reproduz a mesma diversidade que en contramos na sociedade Com base em Álvarez 2004 vamos sistematizar esses as pectos da seguinte maneira 1 As categorias educacionais que integram a sociedade Já vimos que a educação pode acontecer de maneira for mal e informal A primeira na escola e a segunda aten dida nos diferentes espaços de convívio social O que diferencia de modo substancial essas duas categorias é o caráter sistematizado e intencional da prática pedagó gica presente na escola 2 A diversidade da formação dos professores que atuam com um mesmo grupo de alunos Cada professor com suas características pessoais e profissionais com seus conhecimentos crenças e valores 107 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 3 As diferenças metodológicas sustentadas pelos diferen tes aportes teóricometodológicos disponíveis no cam po científico 4 A heterogeneidade dos alunos oriundos de diferentes microcomunidades e culturas com atitudes e hábitos sociais diferentes Cada qual com as respectivas apti dões interesses e níveis de desenvolvimento 5 Os diferentes atores que compõem a escola ou seja os técnicos administrativos os diretores supervisores pro fissionais externos os pais etc Todo esse conjunto de elementos quando colocado em ação compõe o que podemos chamar de cultura escolar Para Schein apud Thurler 2001 p 41 a cultura da institui ção é a soma das soluções que funciona bem o bastante para aca bar prosperando e ser transmitida aos recémchegados como ma neiras corretas de perceber de pensar de sentir de agir E uma parte dessas soluções diz respeito às mudanças e às formas como os atores de uma instituição se dispõem a mudar Todo estabelecimento possui uma cultura maior que abar ca a totalidade dos fenômenos existentes nesses espaços assim como também possui subculturas que dizem respeito a pequenos conjuntos de regras normas e valores que abrangem setores gru pos e espaços localizados da escola Essas culturas sejam elas a cultura maior ou as subculturas são transmitidas de modo involuntário e implícito por meio de símbolos atos produtos e linguagem Uma cultura escolar é constituída por diferentes dimensões que influenciam as mudanças e a forma como elas são recebidas ou desejadas defendidas ou refutadas Cabe aos estabelecimen tos por meio de seus atores encontrarem o ponto de consenso que possam garantir coerência e eficiência no desenvolvimento de propostas escolares tanto que visem mudanças mais audaciosas como projetos que proponham à manutenção e à melhoria do que já existe no espaço escolar Jogos e Brincadeiras II 108 Antes de proporem reformas audaciosas devemse conceder atenção especial ao funcionamento dos estabelecimentos escola res e às suas respectivas culturas analisando a sua organização social e as formas de interação existentes pois podemos dizer que a cultura escolar determinará quais e quando as reformas podem ser realizadas e ainda aquelas que terão sucesso ou não Logo podemos dizer que um espaço propício a mudanças e a inovações deve ter em sua cultura valores favoráveis a novos projetos estudos e conhecimentos O caráter determinante atribuído à cultura escolar para a realização de mudanças e efetivação de inovações deixa suben tendido a importância da existência de processos de formação para os professores e para os gestores que tratam de políticas de descentralização que tornem mais prováveis culturas favoráveis às mudanças Dessa forma planejar parece ser uma ação natural própria e inerente às ações escolares tendo em vista que para considerar todas as dimensões e condicionantes existentes na escola é neces sário um diagnóstico da realidade um levantamento das necessi dades e a proposição de ações Entendemos que o planejamento independentemente de acontecer de forma implícita ou explícita e deliberada é uma ação humana O homem tem necessidade de modificar seu meio em busca de satisfação agindo de maneira intencional que transfor me o seu ambiente Para que a ação humana tenha resultados po sitivos é importante que ela seja planejada O planejamento pode acontecer de maneira consciente ou inconsciente Quando se dá de maneira consciente o planejador sabe onde e por que quer chegar porém quando o processo ocor re de forma inconsciente o sujeito corre o risco de se transformar em um instrumento a serviço de outros interesses 109 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola De maneira especial no contexto educacional o planeja mento deve ser uma ação deliberado a fim de que o educador pos sa refletir e avaliar sua prática e trabalhe em prol de seus objetivos como profissional da educação e ciente de seu papel na sociedade Os modelos de planejamento adotados em um determinado contexto profissional são condicionantes diretos dos resultados que serão alcançados no final de cada processo desenvolvido As sumimos para esclarecer essa questão dois modelos Tecnicista ocorre um excesso de planejamento definição de objetivos técnicas de desenvolvimento sob as quais tudo será centralizado e organizado com base em crité rios de eficácia e eficiência Nesse tipo de planejamento os objetivos são alcançados com o mínimo de gastos e visando o máximo de rendimento Participativo enfatiza a necessidade de participação de toda a comunidade escolar e se estrutura com base nas contribuições de cada membro ou segmento da escola O planejamento na educação se dá em dois níveis distintos entre si mas condicionantes uns dos outros o Planejamento Edu cacional e o Planejamento Escolar O Planejamento Educacional PE processase no âmbito go vernamental tanto federal e estadual e municipal Ele deve estar sustentado e de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educa ção nacional Lei n 939496 BRASiL 1996 e relacionar o desen volvimento do Sistema Educacional com o desenvolvimento eco nômico social político e cultural do país O Planejamento Escolar orientase pelos eixos gestão esco lar currículo e avaliação e processase ao nível da própria insti tuição escolar sem deixar de vincularse hierarquicamente às di mensões do Planejamento Educacional A escola como qualquer outra instituição precisa de pesso as responsáveis para planejar o seu funcionamento Esse planeja Jogos e Brincadeiras II 110 mento deve estar em consonância com o Projeto PolíticoPedagó gico PPP da escola que deve ser construído e desenvolvido com a participação de todos os seus segmentos Para tanto é necessário que algumas pessoas estejam inves tidas de autoridade para planejar e executar ações sem as quais a escola não conseguiria caminhar Esses sujeitos são o diretor o vicediretor o supervisorcoordenador pedagógico o secretário e o bibliotecário O Planejamento no Âmbito da Sala de Aula por sua vez rela cionase à dimensão do trabalho do professor no desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem Nossa intenção não é aprofundar os estudos sobre o plane jamento mas sim trazer esse conceito para que se possa discutir e aprofundar os estudos sobre o Projeto PolíticoPedagógico que atende a esfera escolar entre os diferentes níveis do planejamento no campo educacional Chamamos a atenção para a necessária relação que deve exis tir entre os diferentes níveis de planejamento e o PPP da escola Podemos dizer que o PPP é o filtro capaz de equilibrar as propostas externas com o trabalho interno da escola Planejamento Escolar O PPP faz a mediação entre as políticas públicas a legislação e as diretrizes curriculares nacionais com planejamento escolar Dessa forma o PPP constituise em um mecanismo de iden tificação e compreensão da realidade escolar que possibilita aos professores a elaboração dos projetos de mudanças e de melho rias por meio da seleção do ensino dos conteúdos Álvarez 2004 ressalta cinco funções que o PPP pode de sempenhar na organização e funcionamento de uma escola Para ele o PPP é importante porque pode harmonizar a diversidade criando espaços de coerência e tolerância durante o processo de ensinoaprendizagem mantendo sob controle as tendências desa gregadoras que a diversidade provoca p 17 111 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Pode ser considerada uma pequena constituição pela qual e com a qual a comunidade escolar procura chegar a consensos sobre as ações e as atividades escolares Como Proporcionando espaços que possibilitem a explicitação de inten ções e interesses que compõem os princípios educativos de todas as partes comprometidas com o funcionamento da escola e nego ciando com base nos objetivos e princípios organizacionais com os quais todos concordam com a finalidade de dar identidade espe cífica à escola e de fazêlo funcionar de forma coerente ÁLVAREZ 2004 p 17 Também podemos dizer que o PPP tem como função deter minar o regimento e a proposta curricular da escola O projeto educativo funciona como um documento de referência com base no qual irá se concretizar e se desenvolver todos os do cumentos subsequentes que sistematizam a vida escolar de uma instituição autônoma ÁLVAREZ 2004 p 18 Como isso pode acontecer de fato na escola Quando a co munidade escolar decide que o trabalho escolar é de responsabi lidade de todos e que somente por meio de um projeto comum esse trabalho pode ser realizado Para isso a escola deve ser reestruturada para criar espaços em seus tempos eou tempos em seus espaços de forma que seus atores possam sentar juntos para a tomada de decisões Essa proposição deixa subentendida que outra função do PPP é garantir a participação ordenada e eficaz de todas as cate gorias na tomada de decisões ÁLVAREZ 2004 p 18 Para que todos possam ter voz e participação ativa na orga nização e desenvolvimento da proposta educativa é imprescindível a definição de papéis ou seja passa a existir a obrigatoriedade de uma definição coletiva das funções direitos e deveres de cada um Essa função recai sobre outra que é a condição para criar âmbi tos de negociação para a tomada de decisões os quais fazem do trabalho consensual o método de gestão ÁLVAREZ 2004 p 18 Jogos e Brincadeiras II 112 Essa função é determinante para que não ocorra falta de en tendimento sobre os limites e as possibilidades de participação de cada grupo social que compõe a escola É comum a sinalização de que os pais devem participar das decisões escolares Isto é consenso e não se colocam dúvidas so bre essa afirmação contudo existem limites para isto Esses limites são entendidos no momento em que as fun ções os deveres e os direitos de cada um são especificados e discutidos abertamente delimitando os âmbitos possíveis para a negociação das decisões Por exemplo na definição dos objetivos escolares e o que se espera da escola o limite de participação dos pais é apontar as necessidades que percebem em suas comunida des as expectativas para a vida dos filhos da sociedade etc Ca berão aos profissionais da educação definirem os conteúdos os métodos e as ações para atenderem à demanda levantada com os pais Ser democrático e fazer acontecer uma gestão participativa ao contrário do que pode parecer depende de uma definição clara de papéis e funções O objetivo das discussões sobre esse ponto é levar a co munidade escolar a perceber que para cada ação da escola são exigidos conhecimentos profissionais próprios e que a educação é um campo de atuação de profissionais formados e habilitados para isso As ações escolares não devem ser decididas com base na ne gociação dos interesses pessoais Elas devem se fundamentar em uma negociação madura pelos interesses sociais que para acon tecer cada uma deve renunciar a uma parte dos seus interesses e opiniões a fim de chegar a uma decisão que satisfaça os interesses mínimos de todos Por fim podemos dizer que se essas funções forem colo cadas em prática outra acontece em decorrência das primeiras Instaurase um modelo de autoavaliação formativa de caráter institucional mediante a negociação de indicadores de eficácia ca 113 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola pazes de orientar a autorregulação do funcionamento da escola ÁLVAREZ 2004 p 20 A realidade nos mostra que grande parte das escolas tem elaborado esse documento apenas para cumprimento de mais uma formalidade burocrática A maior das vezes o PPP é elabo rado por um pequeno grupo constituído na sua maioria pelos membros das equipes diretivas Além disso os processos de sensibilização da comunidade escolar para a elaboração do PPP de difusão e implementação das proposições são quase inexistentes resultando na falta de conhe cimento sobre seus conteúdos pela comunidade escolar 6 AUTONOMIA DA ESCOLA E OS PRESSUPOSTOS ORIENTADORES DO PROJETO POLÍTICOPEDAGÓGI CO Tendo em vista as questões discutidas acerca da cultura es colar do trabalho pedagógico e do Projeto PolíticoPedagógico consideramos necessário ampliar tais discussões de modo a subsi diálo no processo de compreensão da relevância do PPP para as instituições escolares Para tanto traremos as contribuições de Ilma Passos Alen castro Veiga mediante seu texto Perspectivas para reflexão em tor no do projeto políticopedagógico Nosso objetivo além de discu tir as considerações da autora é estabelecer relações com a nossa especificidade de atuação na escola Ilma Passos Alencastro Veiga é doutora e pósdoutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas professora ti tular aposentada e pesquisadora associada sênior da Universidade de Brasília Atualmente leciona no Centro Universitário de Brasília e tem se dedicado a estudar os seguintes temas formação de pro fessor didática educação superior docência universitária e Pro jeto PolíticoPedagógico Iniciaremos o estudo desse texto apre Jogos e Brincadeiras II 114 sentando uma citação que sintetiza a pertinência e a relevância do Projeto PolíticoPedagógico para a consecução das finalidades educacionais atribuídas à escola e que a caracterizam Reportese nesse momento às unidades anteriores em que discutimos o caráter da escola instituição de educação formal e ao papel da educação na tarefa de tematizar pedagogicamente a cultura No tocante à Educação Física é necessário relembrar que os temascomponentes da cultura corporal são os conteúdos de en sino cuja tematização é de nossa incumbência O projeto pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalida des da escola assim como a explicitação de seu papel social e a clara definição de caminhos formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos com o processo educativo Seu processo de construção aglutinará crenças convicções conhe cimentos da comunidade escolar do contexto social e científico constituindose em compromisso político e pedagógico coletivo Ele precisa ser concebido com base nas diferenças existentes entre seus autores sejam eles professores equipe técnicoadministrati va pais alunos e representantes da comunidade local É portanto fruto de reflexão e investigação VEiGA 1998 p 9 grifo nosso De modo convergente ao texto estudado anteriormente pode ser considerado o Projeto PolíticoPedagógico e o guia para a prática pedagógica Fruto de processos coletivos de reflexão in vestigação e deliberação coletiva da comunidade escolar profes sores gestores equipe técnicoadministrativa alunos pais repre sentantes de entidades e associações comunitárias entre outros integrantes é esse documento que fundamenta e sistematiza as ações realizadas na escola Nesse sentido o Projeto Políticopedagógico não é um do cumento restrito à dimensão pedagógica eou ao conjunto de pro jetos e planos de cada professor em sua sala de aula Assim em suma é um instrumento clarificador da ação educativa da escola em sua totalidade VEiGA 1998 p 12 Referese portanto desde o entorno social da escola os princípios filosóficos e sociológicos que permeiam um determina 115 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola do viés educativo até os elementos micro situados no interior da sala de aula conteúdos de ensino organização e desenvolvi mento da prática pedagógica processos avaliativos etc No que se refere à Educação Física compreendemos que esta não pode colocarse à margem do Projeto PolíticoPedagógi co Objetivamos suscitar com essa afirmação a evidência de que é nosso compromisso na condição de professores de Educação Físi ca participar ativamente do processo de construção discussão e reconstrução do Projeto PolíticoPedagógico de nossa escola Fica explícito que mediante o Projeto Políticopedagógico a escola apresenta certa autonomia para direcionar e orientar o caminho que almeja seguir sobretudo no que se refere à forma como organizará o seu trabalho pedagógico Você deve estar se perguntando Mas sempre foi assim Ou o que representa essa autonomia Essa relativa autonomia passa a ser assegurada legalmente a partir de 1996 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional LDB Lei nº 939496 que prevê no seu artigo 12 inciso i Os estabelecimentos de ensino respeitadas as nor mas comuns e as do seu sistema de ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica BRASiL 1996 Pelo exposto conforme o texto citado na íntegra a LDB pre coniza que essa autonomia no que se refere à elaboração e exe cução da proposta pedagógica das escolas mantémse atrelada ao cumprimento das normas comuns estabelecidas em nível nacio nal e as do seu respectivo sistema de ensino por exemplo no que alude à sua vinculação à Rede Municipal ou à Rede Estadual de Ensino A autonomia sugerida pela LDB e explicitada pela finalidade com que as escolas elaboram e implementam seus Projetos Políti coPedagógicos coloca para essas instituições a responsabilidade de que Jogos e Brincadeiras II 116 Parar ser autônoma a escola não pode depender somente dos ór gãos centrais e intermediários que definem a política da qual ela não passa de executora Ela concebe sua proposta pedagógica ou projeto pedagógico e tem autonomia para executálo e avaliálo ao assumir uma nova atitude de liderança no sentido de refletir sobre as finalidades sociopolíticas e culturais da escola VEiGA 1998 p 15 no entendimento de Veiga 1998 p 12 este preceito legal está sustentado na ideia de que a escola deve assumir como uma de suas principais tarefas o trabalho de refletir sobre sua intencio nalidade educativa grifo nosso Você percebeu que o inciso i do artigo 12 da LDB BRASiL 1996 transcrito anteriormente não menciona Projeto Político Pedagógico ou projeto pedagógico mas sim proposta peda gógica Esclarecemos assim como corrobora Veiga 1998 que se trata de sinônimos Mencionamos ainda que projeto pedagógico diferenciase de plano de trabalho enquanto o projeto pedagó gico aponta um rumo uma direção um sentido explícito para um compromisso estabelecido coletivamente VEiGA 1998 p 13 o plano de trabalho representa o detalhamento das ações relativas às atividades pedagógicas e administrativas VEiGA 1998 A reflexão em torno da intencionalidade educativa da es cola ação precípua na elaboração e construção eou avaliação discussão e reconstrução do Projeto PolíticoPedagógico demanda que a comunidade escolar discuta e reflita acerca da concepção de educação que fundamenta as ações pedagógicas da escola e a rela ção dessa concepção com a sociedade e a escola além da inerente reflexão em torno do tipo de sujeito a ser formado VEiGA 1998 Algumas dessas questões não obstante serão tratadas tam bém na Unidade 4 necessitam ser esclarecidas e discutidas isso porque conhecer os pressupostos norteadores do Projeto Político Pedagógico é de suma importância para que você futuramente sintase instigado e seguro para participar ativamente do processo de construção desse documento em sua escola 117 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola nesse ínterim fundamentados em Veiga 1998 discutire mos os pressupostos fundantes do Projeto PolíticoPedagógico a saber os pressupostos filosóficosociológicos os pressupostos epistemológicos e os pressupostos didáticometodológicos Conhecer as finalidades as características do processo de construção e os pressupostos que compõem e fundamentam o Projeto PolíticoPedagógico são fundamentais para que você pos sa tanto participar de suas construções quanto analisálos Adiantamos que a coleta de informações e a sua análise será a atividade prática que proporemos na etapa posterior ao estudo dos textos desta unidade Os pressupostos filosóficosociológicos referemse aos ele mentos fundantes que estabelecem um determinado projeto de formação humana para a atuação em um determinado tipo de so ciedade VEiGA 1998 Tendo em vista que a escola e as ações pedagógicas desen volvidas no seu interior não se encontra à margem do contexto social mais amplo na Unidade 1 explicitamos essa relação ao tra tarmos do caráter da educação formal e a sua origem a partir da complexificação da sociedade ou seja ambas escola e socieda de estabelecem relações de interação recíproca o tipo de sujeito e de sociedade projetado implica em determinada concepção de educação e prática pedagógica correspondente Para Veiga 1998 p 20 Ora para sabermos que escolas precisamos construir que cidadãos queremos formar nós temos que saber para que sociedade esta mos caminhando Definindo o tipo de sociedade que queremos construir discutiremos qual a concepção de educação correspon dente Em suma discutir os pressupostos filosóficosociológicos passa a informarse em relação às seguintes questões Qual é o contexto filosófico sociopolítico econômico e cultural em que a escola está inserida Que concepção de homem que se tem Jogos e Brincadeiras II 118 Que valores devem ser defendidos na sua formação O que entendemos por cidadania e cidadão Em que medida a escola contribui para a cidadania Em que dimensão a escola propicia a vivência da cidadania A formação da cidadania tem sido o fio condutor do trabalho peda gógico na escola Até que ponto a escola se preocupa em colocar o sujeito aluno como centro do processo educativo Como a escola deve responder às aspirações dos alunos dos pais e dos professores Qual é o papel da escola diante de outros espaços formadores VEiGA 1998 p 20 Na próxima unidade discutiremos outros pontos acerca des ses pressupostos filosóficosociológicos Procuraremos apresentar as relações entre a educação a Educação Física escolar os propósi tos de formação humana os projetos históricos e as visões sociais de mundo enfatizando o compromisso ético e político que per meia a prática pedagógica do professor em nosso caso de Educa ção Física Os pressupostos epistemológicos levam em conta o processo de construção e de transformação do conhecimento No que se re fere à escola Veiga 1998 considera que a análise do processo de produção do conhecimento escolar amplia a compreensão sobre as questões curriculares Por exemplo se o conhecimento é concebido na perspectiva de ser o resultado ou o produto de pesquisas abordase o mesmo como um elemento estático acabado e acumulativo pois se resume a um conjunto de informações neutras objetivas e impes soais sobre o real elaborado e sistematizado no trabalho de inves tigação da realidade LEiTE 1994 apud VEiGA 1998 p 21 Essa forma de concebêlo repercute diretamente na prática pedagógica realizada na e pela escola e epistemologicamente relacionase a determinadas formas de compreender e explicar o mundo 119 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola De outro modo ao concebermos o conhecimento na quali dade de processo passamos a eleválo à condição de dinamismo e de movimento isto é em um processo de constante construção e reconstrução Na qualidade de processo o conhecimento é di nâmico está envolto por um contexto de controvérsias e diver gências traz subjacente uma série de compromissos interesses e alternativas que contestam sua condição de objetividade e neutra lidade LEiTE 1994 apud VEiGA 1998 p 21 De modo recorrente assim como na concepção de conheci mento como produto como processo suscita possibilidades pe dagógicas e formativas distintas Vamos ampliar essa discussão contextualizandoa com a Educação Física escolar Imagine que você esteja em uma aula de Educação Física para o sexto ano Anos Finais do Ensino Fundamental trabalhando com os alunos sobre os jogos populares e que nessa categoria a aula seja sobre a Amarelinha Exemplificaremos duas configurações diferentes de aulas cada uma delas fundamentada epistemologicamente nas con cepções de conhecimento anteriormente mencionadas conhecimentoproduto o professor apresenta diferentes possibilidades de jogar Amarelinha e os alunos experi mentam cada uma das formas de jogar A aula baseiase na realização bemsucedida das formas de jogar expli citando claramente uma concepção em que o conheci mento representa um conjunto de informações sistemati zadas estáticas e neutras conhecimentoprocesso o professor elabora e se utiliza de estratégias didáticas em que a Amarelinha é apre sentada de forma contextualizada social e historicamen te As diversas maneiras de jogála emanam tanto daquilo que os alunos conhecem e do que o professor apresenta como do conhecimento sistematizado em torno desse jogo Para além das experiências de ordem prática expe Jogos e Brincadeiras II 120 riências corporais com o jogo de Amarelinha a mesma é abordada em relação à sua origem evolução histórica e diferentes configurações em função do contexto social e geográfico em que ela é jogada Você percebe as diferenças entre as duas concepções Visu aliza diferentes possibilidades formativas em relação a esses dois exemplos de aula de Educação Física brevemente discorridos Justifique Isso posto as questões relativas aos pressupostos epistemo lógicos que norteiam o Projeto PolíticoPedagógico são Qual é então nosso papel neste momento uma vez que há uma compreensão entre nós professores e especialistas de que a cons trução do conhecimento é condição sine qua non para a formação do educando O que significa construir o conhecimento no campo da educação básica Como construir o conhecimento interdisciplinar e globali zador conseguindo de fato trabalhar o específico e avançar para a compreensão das relações sociais Como avançar a prática pedagógica de forma que o conhecimento seja trabalhado como processo e dessa forma contribuir para a autonomia do aluno do ponto de vista intelectual social e político favorecendo a cidadania Como a relação entre ensino e pesquisa pode favorecer essa cons trução Como definir o essencial e o complementar na organização do co nhecimento curricular Em que nível o aluno deve participar da organização dos programas escolares De que forma partir do conhecimento trazido pelo estudante para relacionálo com o novo conhecimento Como propiciar a aquisição de conhecimentos e habilidades inte lectuais aliadas às atitudes de cooperação coresponsabilidade iniciativa organização e decisão Como viabilizar a compreensão das relações sociais que o traba lho gera com relações sociais mais amplas por meio de conteúdos curriculares históricos criativos não tomados em si mas à luz do trabalho em questão 121 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Qual é a concepção de conhecimento currículo ensino aprendiza gem e avaliação VEiGA 1998 p 21 grifos da autora Os pressupostos didáticometodológicos compreendem os elementos didáticos relacionados mais diretamente aos processos de ensinoaprendizagem tais como os métodos e as técnicas de ensino no entendimento de Veiga 1998 p 22 grifos da autora Quanto aos pressupostos didáticometodológicos entendese que a sistematização do processo ensinoaprendizagem precisa favore cer o aluno na elaboração crítica dos conteúdos por meio de mé todos e técnicas de ensino e pesquisa que valorizem as relações solidárias e democráticas Você deve ter percebido que os três pressupostos nortea dores do Projeto PolíticoPedagógico se encontram intimamente relacionados Ou seja determinados pressupostos filosóficoso ciológicos tendem a convergir para determinados pressupostos epistemológicos e por conseguinte para determinados pressu postos didáticometodológicos Observe o esquema apresentado na Figura 2 Figura 2 Esquema representativo da relação entre os pressupostos orientadores e o Projeto Políticopedagógico Jogos e Brincadeiras II 122 É possível concluir que o Projeto PolíticoPedagógico repre senta um relevante e imprescindível elemento ao desenvolvimen to do trabalho pedagógico escolar Conhecer o Projeto PolíticoPedagógico da escola em que você atua atuará representa uma demanda precípua da sua prática pedagógica Para além desse conhecer é de suma im portância ainda que você participe ativamente dos processos de elaboração e reelaboração coletiva desse documento e da vida da escola Como última etapa desta unidade de modo a corroborar e ou ressignificar os estudos empreendidos até esse momento pro pomos uma atividade de análise de um Projeto PolíticoPedagógi co de uma escola de Educação Básica 7 ATIVIDADE PRÁTICA RELACIONADA AOS TEXTOS As orientações a seguir são para a atividade proposta de análise do PPP de uma escola As tarefas foram elaboradas a par tir dos itens contidos no Roteiro para Construção e Análise de PPP apresentados no Quadro 1 Tarefa 1 1 Contatar uma Escola de Ensino Fundamental da Rede Pública ou Particular preferencialmente a rede pública 2 Fazer uma apresentação pessoal e solicitar o apoio da escola para a realização das atividades referentes ao cur so 3 Apresentar documento oficial emitido pelo Centro de Formação de Professores ao qual você está vinculado como aluno 4 Informar à escola sobre as atividades que serão realiza das 5 Análise do PPP da escola Para isso será necessário que a escola conceda uma cópia do documento 123 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola 6 Observação de duas aulas de Educação Física Para isso será necessário o contato com um professor que aceite colaborar com as atividades da disciplina Esta atividade poderá ser realizada nesse momento ou impreterivel mente no decurso da Unidade 4 7 Análise do Plano de Curso Plano Anual da disciplina de Educação Física para uma das Séries Finais do Ensi no Fundamental Para isso será necessário que a escola conceda uma cópia do documento 8 Elaboração e realização de atividade práticas com alu nos sob orientação do professor regente Esta atividade será realizada na Unidade 4 Tarefa 2 Recolher cópia do Projeto PolíticoPedagógico da Escola Após essa etapa você fará uma análise do documento seguindo o Roteiro para Construção e Análise de PPP Dê uma olhada no rotei ro antes de continuar Ele foi elaborado pela autora deste Caderno de Referência de Conteúdo Maria Eliza Gama Santos e é utiliza do nos encontros realizados em Escolas de Educação Básica para orientar a elaboração dos PPPs dessas instituições Você observou com certeza que ele é relativamente exten so contudo permite uma análise rigorosa além de fomentar diver sas reflexões sobre a organização e o desenvolvimento do trabalho escolar Consideramos essa uma oportunidade ímpar ainda durante a formação inicial poder ter acesso investigar e até mesmo cri ticar no sentido da reflexão relativização e melhoria as propo sições vigentes em uma escola além de poder estabelecer uma relação com as práticas efetivadas A atividade como já foi mencionado é a análise do PPP da escola a partir dos itens contidos no Roteiro para Construção e Análise de PPP apresentado a seguir Jogos e Brincadeiras II 124 Orientações para a análise de PPP e para a produção de um texto sobre as suas constatações 1 Realize a leitura detalhada do Roteiro para construção e análise de PPP 2 Faça uma primeira leitura detalhada do PPP da Escola de Educação Básica sem o uso do roteiro 3 Utilize como ferramenta de leitura fazer marcações no texto marcadores coloridos e apontamentos de suas interpretações eou dúvidas nas margens do texto 4 Faça a segunda leitura do PPP utilizando o roteiro Você observará que alguns itens não estão contemplados ou tros podem aparecer ainda de forma incipiente e ou tros podem aparecer de forma complexa e sustentada 5 Escreva com detalhes o que foi encontrado no texto e se ele possibilita compreender o que a escola é ou preten de ser 6 Por fim escreva um texto no qual você deverá mostrar suas impressões sobre o PPP Procure destacar o que você considerou adequado do ponto de vista teórico e o que não atende às finalidades educacionais Quadro 1 Roteiro para construção e análise de PPP ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP 1 Informações gerais a Ano de elaboração b Dados de identificação da escola Data de funcionamento Endereço níveis de atuação 125 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP 2 Diagnóstico da realidade a Informações estruturais Qual é o retrato da nossa escola Espaço físico Setores Materiais disponíveis Estrutura organizacional Segmentos de ensino número de alunos por segmento Turnos de funcionamento b Informações pedagógicas Quem são nossos professores Percentual de professores que atuam fora da área de formação Percentual de professores quanto do nível de escolaridade Tipo de contrato carga horária efetivas temporárias Quem são nossos alunos Faixa etária Índices de aprovação abandono e reprovação Percentual de alunos em distorção idadesérie Matérias que mais reprovam c Informações sobre os processos de ensino e de aprendizagem Como ensinamos em nossa escola Concepções que permeiam o espaço escolar Metodologias utilizadas Formas de avaliação mais frequentes d Informações sociais familiares Como é a família do nosso aluno Condição socioeconômica Principais dificuldades e facilidades Estrutura familiar Moradia Número de familiares Jogos e Brincadeiras II 126 ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP e Informações sociais referentes ao bairro Localização do Bairro Qualidade de vida Condições de saneamento segurança saúde transporte e espaços de lazer f Informações sociais externas ao bairro Características econômicas da cidade Estado e país 3 A proposta de trabalho a Filosofia da escola Qual o ideal de sociedade indivíduo escola e educação que acreditamos b Finalidades e objetivos da escola c Onde a escola pretende chegar O que a escola persegue com maior ênfase deve estar diretamente ligado à realidade colocada pelo diagnóstico ou seja buscar atender demandas levantadas no diagnóstico inicial Qual a concepção de sociedade e de cidadão que a escola pretende formar d A partir desta definição de sociedade e de indivíduo a escola deve fazer um paralelo com o diagnóstico inicial e definir como fazer para alcançar tais objetivos e Quais os que deverão ser viabilizados para a implementação de ações concretas f Quais as concepções de Ensino e de aprendizagem que possibilitarão alcançar tais objetivos Como deveremos ensinar para que nossos alunos adquiram os conhecimentos necessários para atuar na sociedade que acreditamos Qual o papel do professor Qual o papel do aluno Qual a função dos conteúdos g Qual currículo será adotado pela escola Quais os conteúdos que atenderam às especificidades locais 127 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola ROTEIRO PARA CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DO PPP h Sistema de avaliação i Como devemos avaliar em nossa escola j Qual a estrutura organizacional que possibilitará tais ações pedagógicas Definir cargos e funções Atribuições de cada profissional Colegiados Equipes de docentes Serviços refeitório transporte secretaria biblioteca Associações de pais e de alunos k Definir o funcionamento de cada componente da estrutura organizacional Recursos humanos Recursos materiais Recursos econômicos Recursos de tempo m Organização do tempo escolar Calendário escolar Após esse intenso trabalho de análise do Projeto Político Pedagógico da escola convidamos você a refletir e responder as questões a seguir 1 Como o PPP estabelece relação entre o trabalho escolar e a sociedade Qual sua opinião a respeito 2 Você considera que o conteúdo do PPP sobre o diagnós tico da realidade social e escolar dos alunos é suficien te para orientar a elaboração de propostas curriculares voltadas para a cultura e o contexto local Qual a sua opinião sobre isso Quais seriam suas sugestões se você fosse convidado a reelaborar esse documento 3 Quais as propostas existentes para o ensino da Educação Física 4 Existe um momento em que o PPP aborda a importância da Educação Física Escolar Jogos e Brincadeiras II 128 5 Qual a sua opinião sobre a existência ou não de referên cias à Educação Física Escolar no PPP Essas questões serão abordadas em um fórum de discussão promovido ao longo deste estudo e suas contribuições serão mui to importantes para os seus colegas Agora você já tem uma impressão da proposta pedagógica na escola Quais os princípios Quais as finalidades Qual o papel social assumido pela escola Quais os objetivos educacionais tra çados Isso possibilitará realizar as atividades seguintes Retome e leia os itens f e g do roteiro de análise do PPP pois eles têm uma grande relevância para as discussões deste Caderno de Referência de Conteúdo Ou seja é no momento em que a comuni dade escolar discute esses aspectos do trabalho escolar que ficam definidos os conteúdos que serão ensinados e como serão ensinados Logo retomálos é uma tarefa indispensável para compreen der a relação dos conteúdos escolares como meio social cultural e a função desses conteúdos para a vida dos futuros cidadãos Entendemos que para isso entender essas relações nada melhor do que uma situação real ou seja buscar dentro da escola os acertos e talvez as contradições existentes Então para fecharmos esta unidade vamos discorrer um pouco sobre como os conteúdos referentes a lazer jogos e brinca deiras estão planejados e organizados na disciplina de Educação Física na escola Vamos à proposta sempre recorrendo à realidade escolar na qual você agora está inserido a Escola de Educação Básica que o acolheu para seus estudos analisar o Plano de Curso para a disci plina de Educação Física em uma das séries finais do Ensino Fun damental Deixamos a seu critério a escolha da série por razões óbvias a definição a priori poderia ser um fator complicado para a sua inserção e seu acolhimento na escola 129 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Você deverá ler atentamente o Plano de curso da disciplina e responder às seguintes questões Você já havia se deparado com um documento desses O que achou Identifique os objetivos do ensino para essa série Qual a relação dos objetivos propostos com os presentes no texto dos PCNs lidos na unidade anterior para as sé ries finais do Ensino Fundamental Agora identifique os conteúdos propostos no Plano de Curso Plano Anual os agrupando de acordo com os blocos de conteú dos propostos nos PCNs Para isso vamos nos valer do Quadro 2 utilizado na unidade anterior Quadro 2 Agrupamento dos conteúdos do Plano de Curso BLOCOS DE CONTEÚDOS DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Práticas corporais observa das Esportes Jogos Lutas Ginástica Atividades rítmicas e expressivas Conhecimentos sobre o corpo Jogo de voleibol Capoeira Uso de aparelho para ginástica Grupos de dança Jogo de basquete Corrida Exemplos de como agrupar as práticas observadas tomando como referência os blocos de conteúdos Agora que já fez o agrupamento dos conteúdos do Plano de Curso você tem uma fotografia de como e quais os conte údos são selecionados para compor o currículo escolar para essa série Jogos e Brincadeiras II 130 Se tomarmos os conceitos de patrimônio cultural transmis são cultural e a escola como instituição formal responsável por essa transmissão temas trabalhados na Unidade 1 poderíamos dizer que agora você conhece uma parte dos conhecimentos da área da Educação Física considerada um patrimônio que deve ser transmitido às novas gerações Ou seja é possível dizer que os conteúdos contemplados para o ensino devem ser representantes desse patrimônio cultural Contudo também podemos sem denegrir ou desmerecer os conteúdos que se fazem presentes nos currículos escolares nos questionarmos se de fato esses conteúdos são a parte do patri mônio cultural que precisam ser transmitidos pela escola Colocamos essa dúvida para chamar a atenção para a neces sidade que temos de relativizar o que ensinamos de submeter à crítica e à reflexão os currículos escolares nas diversas áreas e em especial na Educação Física Escolar Olhando para o quadro que você produziu com suas análises no Plano de Curso relate como ficaram os conteúdos relacionados aos jogos e às brincadeiras Há unidades específicas para eles Se houver unidades específicas para lazer jogos e brin cadeiras qual a carga horária destinada Se não houver unidade destinada para os jogos onde está planejado o ensino desses conteúdos Qual a sua opinião sobre isso Se relacionarmos essa análise realizada no Plano de Curso com suas observações da Unidade 2 feitas nos espaços de lazer de sua cidade é possível dizer que os conteúdos presentes no Plano de Curso atenderiam às demandas identificadas nas práticas cor porais de lazer Então responda o que você modificaria nesse plano de cur so com relação aos conteúdos sobre o lazer os jogos e as brinca deiras O que incluiria ou descartaria do programa proposto 131 Claretiano Centro Universitário U3 A relação dos Conteúdos Escolares Jogos e Brincadeiras com o Projeto PolíticoPedagógico da Escola Esperamos que você tenha conseguido perceber que há uma estreita relação entre a cultura o lazer como patrimônio cultural a proposta pedagógica da escola e os conteúdos escolares Para fecharmos esta unidade e deixar representada e visí vel a sua compreensão sobre as relações estabelecidas entre es ses elementos constitutivos dos processos educativos elabore um diagrama representativo dessas relações e escreva um pequeno texto explicando esse diagrama 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Para uma breve revisão dos conceitos apresentados nesta unidade procure responder as questões a seguir Esse processo é de suma importância para que você verifique o seu conhecimento em relação aos temas tratados na Unidade 3 Sugerimos portan to que responda comente e discuta essas questões de modo a fortificar os seus estudos Outra dica importante é trocar ideias e debater com seus colegas e tutores 1 Elabore um quadrosíntese apresentando os principais conceitos e tópicos tratados nesta unidade Propomos que nesse quadro além da apresentação de cada conceito você disserte sobre o mesmo aprimorando assim a sua aprendizagem 2 O Projeto Políticopedagógico representa um dos documentosreferência além da legislação educacional às ações pedagógicas desenvolvidas na es cola Nesse sentido explicite a relevância de que os professores bem como a comunidade escolar conheçam e participem do processo de elaboração reelaboração desse documento 3 O Projeto Políticopedagógico que a elaboração é demandada às escolas e à sua comunidade escolar a partir da promulgação e vigência da Lei de Diretri zes e Bases da Educação nacional LDBEn Lei nº 939496 possibilita uma relativa autonomia às escolas no sentido de que estas respeitadas as nor mas comuns estabelecidas a nível nacional e as normas do seu respectivo sistema de ensino assumam a tarefa de refletir sobre a sua intencionalida de educativa VEiGA 1998 p12 Considerando essas evidências e o fato de que o Projeto Políticopedagógico se baseia em determinados pressupostos filosóficosociológicos epistemológicos e didáticometodológicos disserte sobre as relações entre a tarefa da escola de refletir sobre a intencionalidade que fundamenta as suas ações educativas e esses três pressupostos Jogos e Brincadeiras II 132 9 CONSIDERAÇÕES Caro aluno acabamos de concluir mais uma unidade Espe ramos que nesse momento você tenha compreendido alguns con ceitos básicos sobre a elaboração do Projeto PolíticoPedagógico de Escolas de Educação Básica as suas finalidades os seus pres supostos orientadores e tenha conseguido estabelecer relação entre esse documento a seleção dos conteúdos de ensino e as práticas pedagógicas efetivadas com os alunos A seguir na Unidade 4 vamos vivenciar a realidade escolar a fim de refletir sobre a adequação dos estudos realizados até o mo mento aos diferentes modelos e concepções de prática pedagógicas 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÁLVAREZ Manuel Org O Projeto Educativo da Escola Porto Alegre Artmed 2004 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988 São Paulo Saraiva 1988 Presidência da República Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional 9394 de 20 de dezembro de 1996 Diário Oficial Brasília 23 dez 1996 Ministério de Educação Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Física ensino de primeira à quarta série Brasília MECSEF 1997 Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Física ensino de quinta a oitava séries Brasília MECSEF 1998b Ministério de Educação Secretaria de Educação Básica Orientações curriculares para o ensino médio v 1 Linguagens códigos e suas tecnologias Brasília MESEB 2006MUÑOZ Dora A elaboração do Projeto Educativo da Escola in ÁLVAREZ Manuel Org O Projeto Educativo da Escola Tradução de Daniel Angel Etcheverry Burguño Porto Alegre Artmed 2004 SOARES Carmen Lúcia et al Metodologia do ensino da educação física São Paulo Cortez 1992 THURLER Mônica Gather Inovar no interior da escola Porto Alegre Artes Médicas 2001 VEIGA Ilma Passos Alencastro Perspectivas para reflexão em torno do projeto político pedagógico In VEIGA Ilma Passos Alencastro RESENDE Lúcia Maria Gonçalves de Orgs Escola espaço do projeto políticopedagógico Campinas SP Papirus 1998 VEIGA Ilma Passos Alencastro RESENDE Lúcia Maria Gonçalves de Orgs Escola espaço do projeto políticopedagógico Campinas SP Papirus 1998 EAD Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula 4 1 OBJETIVO Contextualizar as leituras e o estudo desenvolvido nes te Caderno de Referência de Conteúdo com os jogos e as brincadeiras que serão apresentados 2 CONTEÚDOS Resenha do texto El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices de Pere Lavega Burgués A Educação Física na Escola reflexões limites e possibi lidades pedagógicas O jogo de caçador como exemplo de prática pedagógica envolvendo jogos e brincadeiras 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que você leia as orientações a seguir Jogos e Brincadeiras II 134 1 Para conhecer mais sobre a Praxiologia Motriz uma das temáticas que serão estudadas nesta unidade sugeri mos como leituras complementares a RIBAS João Francisco Magno Contribuições da pra xiologia motriz para a educação física escolar ensino fundamental 2002 241 f Tese Doutorado Facul dade de Educação Física Unicamp Campinas 2002 b RIBAS João Francisco Magno Org Jogos e espor tes fundamentos e reflexões da praxiologia motriz Santa Maria Editora da UFSM 2008 c RIBAS João Francisco Magno Praxiologia Motriz construção de um novo olhar dos jogos e esportes na escola Motriz Rio Claro v11 n2 p113120 maiago 2005 Disponível em httpwwwrcunesp bribefisicamotriz11n210MRJpdf Acesso em 27 set 2011 2 Para complementar o estudo do Tópico 7 desta unidade A Educação Física na escola reflexões limites e possibili dades pedagógicas sugerimos a literatura a seguir Nes sas referências os autores discutem o processo desen cadeado na década de 1980 pelo movimento crítico da Educação Física brasileira e as dificuldades constatadas em torno da necessidade de transformação da prática pedagógica na escola a BRACHT Valter et al Pesquisa em ação educação fí sica na escola 2 ed Ijuí Ed Unijuí 2005 b MUNIZ Neyse Luz Influências do pensamento pe dagógico renovador da educação física sonho ou realidade 1996 102f Dissertação Mestrado em Educação Física Universidade Gama Filho Rio de Janeiro PPGEFUGF 1996 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade como forma de consubstanciar o processo de ensinoaprendizagem realizado desde a primeira unidade pro pomos que você intervenha pedagogicamente em uma Escola de 135 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Educação Básica trabalhando com o ensino dos jogos e brincadei ras em aulas de Educação Física Nesse sentido é chegada a hora de você se utilizar dos co nhecimentos adquiridos durante o processo de aprendizagem e os articular com as experiências da sua atuação pedagógica na Edu cação Física escolar Outro ponto a ser destacado é a relevância de dialogar cons tantemente com a escola e com o professor de Educação Física que o acompanhará durante o período de sua inserção e de sua intervenção pedagógica na escola Não se esqueça de socializar as suas experiências com os co legas e tutores Assim todos podem refletir acerca dos limites e das possibilidades da Educação Física escolar e da tematização pedagó gica dos jogos e brincadeiras nas aulas desta disciplina curricular Antecedendo esse momento propomos uma tarefa de leitu ra e de resenha de um texto de Pere Lavega Burgués 5 RESENHA DE TEXTOBASE Estudaremos o artigo de Pere Lavega Burgués El juego mo tor y la pedagogía de las conductas motrices publicado em 2007 na Revista Conexões Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp Pere Lavega Burgués é Doutor em Ciências da Atividade Física e do Esporte especialidade Praxiologia Motriz pela Universidade de Barcelona licenciado em Educação Física pela Universidade Po litécnica de Madri e atualmente é professor da Universidade de Lleida na Espanha Esse texto é importante para seu estudo sobre o lazer os jo gos e as brincadeiras como conteúdos escolares por apresentarem o jogo como um cenário privilegiado para o ensino de condutas motoras Atente para o fato desses conteúdos da Educação Física Jogos e Brincadeiras II 136 ainda serem trabalhados sem critérios nem rigor no entendimento e na explicação do jogo Nesse sentido o autor faz uma revisão conceitual das prin cipais características do jogo como prática motora lúdica e regra da ao mesmo tempo em que evidencia algumas das principais preocupações da Educação Física atual Por fim apresenta a praxiologia motriz como um conheci mento que pode oferecer ferramentas para o ensino dos conte údos relativos ao jogo no contexto educativo diário Leia atenta mente o resumo do referido artigo El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices A Educação Física interessada por fazer um uso pedagógico das si tuações motoras encontra no jogo um cenário privilegiado No en tanto atualmente são muitos os docentes que atuam sem critério nem rigorosidade em sua atividade cotidiana quando se trata de entender e aplicar o jogo Neste artigo se faz uma revisão concei tual das principais características do jogo como prática motora lú dica e regrada ao mesmo tempo que se evidenciam algumas das principais preocupações da educação física atual Finalmente para vencer esta miopia disciplinar se propõe usar as lentes da praxio logia motriz interessada em desvelar as propriedades dos jogos e em oferecer ferramentas que permitam aplicar no contexto educa tivo diário Neste contexto se pode justificar que a estrela polar do uso educativo do jogo se encontra na aplicação de uma verdadeira pedagogia das condutas motoras LAVEGA BURGUÉS 2007 p 27 Pere Lavega Burgués principia seu artigo considerando que se o objetivo é conceituar e abordar o jogo em termos absolutos colocase nessa situação um problema de ordem conceitual A justificativa segundo o autor é que o jogo em sua con dição de realidade complexa resiste frente a qualquer intenção de definição ou de conceituação categórica LAVEGA BURGUÉS 2007 p 28 Problematização É possível conceituar e caracterizar jogo tendo em vista as suas múltiplas configurações nos diversos con textos sócioculturais e nos diversos períodos históricos 137 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula O que caracterizava por exemplo o jogo presente na Anti guidade E na Modernidade Analise as imagens apresentadas nas Figuras 1 2 e 3 e procure responder a essas questões Figura 1 Pulando Corda de Ivan Cruz Jogos e Brincadeiras II 138 Figura 2 Jogos para Crianças Childrens Games obra datada de 1560 de Pieter Bruegel Figura 3 O jogo institucionalizado esporte de alto nível 139 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Com a finalidade de ilustrar a realidade complexa do jogo as imagens representam diferentes faces Note que um jogo po pular como Pular Corda Figura 1 as diferentes manifestações do jogo na Idade Média Figura 2 e o esporte de alto nível concebido aqui como uma manifestação do jogo que no decurso da Moder nidade é institucionalizado Figura 3 são apenas algumas das possibilidades de representação da polissemia da categoria jogo Nesse sentido tornase relevante que você problematize constantemente essa questão O trato pedagógico com os jogos e as brincadeiras em aulas de Educação Física demanda que você futuro professor reflita constantemente acerca dos sentidos e sig nificados atribuídosadquiridos pelo jogo no decurso dos diferen tes períodos sóciohistóricos Problematizar essa questão com as crianças os adolescentes e os adultos que frequentam as aulas de Educação Física representa um interessante momento da prática pedagógica Tendo em vista a polissemia apontada por Lavega Burgués 2007 em relação ao conceito de jogo desde as suas raízes la tinas nos termos iocus jocus ou em suas expressões ludus ludere lusus ou ludicrum TRAPERO 1971 MOLinER 1982 COROMinAS 1984 LAVEGA 1996 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 até os múltiplos significados cotidianos que o tem caracterizado o referido autor ainda pontua a dispersão que tem caracterizado a Educação Física no que se refere à apropriação do jogo na condi ção de elemento de estudo e de intervenção Não são raras as ocasiões critica Lavega Burgués 2007 em que estudiosos tratam eou sistematizam as diversas manifesta ções do jogo mediante critérios questionáveis do ponto de vista científico Entre essas sistematizações citamse as seguintes 1 Formas jogadas jogos de regras jogos sem regras 2 Esportes que não são jogos jogos menores jogos espor tivos jogos prédesportivos estabelecendo portanto uma hierarquia entre os mesmos Jogos e Brincadeiras II 140 3 Jogos alternativos esportes alternativos com exíguo es clarecimento do que significa eou caracteriza o termo alternativo geralmente utilizado para diferenciar de terminado tipo de jogo do esporte institucionalizado ou de alto nível 4 Jogos tradicionais jogos populares jogos típicos do país 5 Jogos esportivos individuais ou esportes individuais Consoante o autor essa confusão conceitual evidenciase no âmbito da intervenção profissional em que independentemen te dos objetivos que fundamentam determinada prática pedagógi ca elegese jogos sem critérios ordem ou justificação Com base nessas questões advoga o autor que é necessário refletir criticamente e buscar vislumbrar formas coerentes pelas quais o jogo possa ser tratadotematizado pedagogicamente em aulas de Educação Física Não obstante Lavega Burgués 2007 reconheça que a de finição em termos absolutos da essência do jogo represente um desafio repleto de limitações reiterase pela complexidade des sa prática social o autor apresenta e discute o resultado de uma pesquisa LAVEGA BURGUÉS 1996 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 que consistiu na revisão conceitual realizada a partir de estudio sos que dedicamse a esse tema com o objetivo de apresentar a complexidade inerente à natureza do jogo Entre outros Pere Lavega Burgués 2007 destaca os se guintes Agricol de Bianchetti Bally Bülher Cagigal Claparede Dehoux Fraiberg Gualazzini Hartmann Huizinga Klein Loy Margolin Miranda Navarro Adelantado Ortega y Gasset Olaso Parlebas Piaget Roberts Arth y Bursh Russel Schmitz Slavson Vygotsky Winnicott Wundt Lin Yutang Metodologicamente a pesquisa compreendeu a análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra de definições sobre o jogo Da análise das informações originaramse os seguintes pon tos apresentados e discutidos a seguir 141 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula O jogo como manifestação ativa Lavega Burgués 2007 destaca que a maioria dos autores estudados ressalta a condição dinâmica do jogo utilizandose de diferentes termos para caracterizálo realidade fenômeno ser conduta ação movimento motricidade situações motrizes prá tica exercício esforço comportamento práxis ato impulso ativi dade entre outros Nesse momento é necessário refletir como é possível que tantas expressões possam caracterizar o jogo Para subsidiálo nesse processo relembre os estudos reali zados na Unidade 1 ocasião em que tratamos do conhecimento específico da Educação Física Retorne ao Mapa Conceitual apre sentado e ao texto de Valter Bracht 1997 Educação Física co nhecimento e especificidade Procure responder a essa pergunta antes de prosseguirmos E anotea ela servirá como subsídio às análises posteriores reali zadas pelo autor do artigo O que todos esses termos apresentam em comum A com preensão de que o jogo se constitui em uma manifestação ativa Justifica Lavega Burgués 2007 p 30 que deduzse uma primeira reflexão importante se quiser ser coerente com o uso do jogo há que se evitar jogadores espectadores já que o jogo é antes de tudo atuar sentirfluir mediante a participação ativa a saber através da ação motriz A dimensão lúdica ou a alma do jogo Outro ponto analisado pelo autor é a dimensão lúdica do jogo a qual mediante a análise de conteúdo já anteriormente alu dida desencadeia alguns pontos passíveis de destaque Em outras palavras Lavega Burgués 2007 assinala que al guns pontosaspectos são articulados pelos estudiosos do jogo ao tratar da sua dimensão lúdica Vejamos quais são esses pontos Jogos e Brincadeiras II 142 1 Voluntário liberação ação livre Huizinga voluntário apetitevontade G Bally valores de liberdade Sch mitz movimento livre Roux 2 Agradável gratificante prazer moral Chateau alegria diversão Huizinga satisfação Tilguer Ruskin y Renzi tempo livre pessoal Tilguer Ruskin y Renzi forma de felicidade Ortega y Gasset 3 Espontâneo indisciplinado instintivo impulsividade Buytendijk irracional Huizinga intuitivo Marani de safio à racionalidade Duvignaud fantasia Klein 4 Desinteressado sem importância prazer funcional gra tuito improdutivo sem fins exteriores fim em si mes mo infinitude interna Scheuerl transitório Huizinga supérfluo Huizinga sem seriedade Huizinga futilida de Marani inutilidade Marani sem metas extrínse cas Garvey sem intencionalidade Duvignaud inten cionalidade vazia Duvignaud sentido em si Baldwin y Grosse alegria funcional MYela invenção gratuita DAgostino 5 Incerto tensão Cagigal insegurança probabilidade aventura Haigis mudanças de formainstabilidade Garvey manta de retalhos em espanhol variopin to cambiante Ommo Gruppe mutante Duvignaud maleável Duvignaud plasticidade Duvignaud flutu ante Ciskszentmihalyi metamorfose J Miranda 6 Ambivalente Duvignaud oscilante contraste Huizin ga oscilante J Miranda 7 Consciente decisão compromisso subjetividade im pregnada de decisões e sentido Duvignaud mundo au todirigido K L Schmitz 8 Ordem Huizinga harmonia ritmo estética Schiller Kant proporção Cagigal equilíbrio Cagigal 9 Fictício separado Huizinga abstração fantasia imagi nação orientação própria absorção Huizinga repre sentação simbólica Frobenius fins fictícios Clapara de simulação Spencer fluir Ciskszentmihalyi 10 Sério Wallon solenidade Huizinga atividade necessá ria KGroos necessidade interior Schiller 143 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Reorganizamos os pontoselementos característicos supraci tados por Lavega Burgués 2007 de outra maneira com a intenção de que você consiga identificálos em consonância com cada autor citado ou seja utilizamos como critério os autores que estudam o jogo Essa reorganização permitirá analisar os distanciamentos e as aproximações entre os autores estudados por Lavega Burgués 2007 no texto que estamos analisando Observe o Quadro 1 Quadro 1 Quadro demonstrativo dos diferentes pontos de vista acerca do jogo QUADRO DEMONSTRATIVO DOS DIFERENTES PONTOS DE VISTA ACERCA DO JOGO Nº AUTOR CARACTERÍSTICA S DO JOGO 1 Huizinga Voluntário liberação ação livre alegria diversão irracional transitório supérfluo sem seriedade oscilante contraste ordem fictício separado abstração fantasia imaginação orientação própria absorção solenidade 2 G Bally Voluntário apetitevontade 3 Schmitz Valores de liberdade 4 Roux Movimento livre 5 Chateau Agradável gratificante prazer moral 6 Tilguer Ruskin y Renzi Satisfação tempo livre pessoal 7 Ortega y Gasset Forma de felicidade 8 Buytendijk Espontâneo indisciplinado instintivo impulsividade 9 Marani Intuitivo futilidade inutilidade 10 Garvey Sem metas extrínsecas mudanças de forma instabilidade 11 Duvignaud Desafio à racionalidade sem intencionalidade intencionalidade vazia mutante maleável plasticidade ambivalente consciente decisão compromisso subjetividade impregnada de decisões e sentido 12 Klein Fantasia Jogos e Brincadeiras II 144 QUADRO DEMONSTRATIVO DOS DIFERENTES PONTOS DE VISTA ACERCA DO JOGO 13 Scheuerl Desinteressado sem importância prazer funcional gratuito improdutivo sem fins exteriores fim em si mesmo infinitude interna 14 Baldwin y Grosse Sentido em si 15 MYela Alegria funcional 16 DAgostino Invenção gratuita 17 Cagigal Incerto tensão proporção equilíbrio 18 Haigis Insegurança probabilidade aventura 19 Ommo Gruppe Manta de retalhos cambiante 20 Ciskszentmihalyi Flutuante fluir 21 J Miranda Metamorfose oscilante 22 K L Schmitz Mundo autodirigido 23 Schiller Kant Harmonia ritmo estética 24 Frobenius Representação simbólica 25 Claparade Fins fictícios 26 Spencer Simulação 27 Wallon Sério 28 K Groos Atividade necessária 29 Schiller Necessidade interior Fonte Adaptado de Pere Lavega Burgués 2007 Em análise a todos esses pontos que agrupamos de acordo com cada autor é possível considerar que esses estudiosos apre sentam aspectos divergentesantagônicos para caracterizar o jogo Explicitase nesse sentido a evidência mencionada por La vega Burgués 2007 em relação à polissemia do jogo Ela é pos sível de ser evidenciada no plano empírico quando analisamos as múltiplas manifestações do jogo e inclusive no plano teórico conceitual na medida em que os sujeitos se propõem a estudálo Consideramos ainda que a multiplicidade de elementos ca racterizadores do jogo está relacionada com as diferentes aborda gens utilizadas pelos autores Quer dizer que os pontos de partida tomados por cada autor para o estudo do jogo em certos casos são convergentes em outros divergentes fato que permitiu Lavega 145 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Burgués 2007 agrupar as características do jogo atribuídas pelos autores estudados em determinadas categorias Observe que Huizinga atribui ao jogo a característica de sem seriedade ao passo que Wallon caracterizao como sério em exemplo de pontos divergentes e existe certo consenso quanto ao caráter de mutável em Huizinga Garvey Duvignaud Ciskszent mihalyi e J Miranda à guisa de exemplo no caso da convergência de características Vamos fazer um pequeno exercício no que se refere às múlti plas manifestações de um mesmo jogo Resgate no texto o excerto em que mencionamos as múltiplas manifestações do jogo no pla no empírico Tomemos como exemplo o Jogo de Taco Você conhece o Jogo de Taco Como ele é denominado na região em que você reside Quais são as suas regras O que denominamos anteriormente de Jogo de Taco apre senta uma série de outras denominações de acordo com os di ferentes locais regiões e tempos históricos possíveis de ser con siderados bateombro beteombro taco bete bets betslombo betcha becha tacobol casinha ou lesca A origem do jogo de Taco possui algumas versões como a sua criação por jangadeiros no Brasil durante o século XIX e a sua origem do cricket britânico o nome bets seria uma alusão à rainha Elizabeth I De qualquer maneira ele representa um jogo popular apre ciado por adultos e crianças que se revela ao mesmo tempo com plexo devido às regras e expressões linguísticas particulares casi nha tempo a dois vitória uma para trás bolinha perdida entre outras Leia a seguir um pequeno texto produzido especialmen te para este Caderno de Referência de Conteúdo com o objetivo de descrever uma das possibilidades de manifestação do Jogo de Taco Jogos e Brincadeiras II 146 Nesse texto procuramos abordar questões relacionadas ao jogo desde suas regras básicas até as memórias oriundas da infân cia cujas tardes de domingo eram ocupadas com o jogo de Taco Leiao e contextualizeo com a imagem inserida logo após o texto Memórias do jogo de Bets do tempo a dois à bola perdida Tarde de domingo os mesmos programas na televisão típicos para os horários e muitas vezes já pouco divertidos para as crianças Não fosse o Sol que con vidava as crianças para o pátio talvez aquele e tantos outros seriam domingos iguais uns aos outros monótonos adultos conversando e tomando mate progra mas de televisão os mesmos sucessivas trocas de canais futebol com times para os quais não se torcem filmes repetidos Mas tinhase o Sol e este permitia que as tardes de domingo pudessem ser utilizadas de outras formas Mas de que forma futebol Pegador Escondees conde Casinha Nada disso Bets Logo após o almoço mesmo sob os protestos dos adultos de que o Sol ainda estava quente reuniase um grupo de crianças e lá estavam a procurar os materiais fundamentais ao famoso Bets Encontrar a bola e as garrafas pet as populares casinhas era relativamente fácil o dilema estava nos tacos Crian ças cujo jogo passado não guardavam os seus tacos tinham sérios problemas para encontrar e às vezes fabricar outros Atraso no jogo na certa De qualquer forma jogo marcado é jogo marcado Então se colocavam à procura de um pe daço de madeira adequado Se o pedaço fosse útil para os pais somente com permissão Encontrados os preciosos pedaços de madeira as duas crianças mais experien tes tinham a notável tarefa de preparálos para o uso Golpes certeiros de faca em uma das extremidades da madeira para fabricar os cabos e lá estavam os tacos Quase tudo pronto para as partidas mais emocionantes de Bets do mundo Limpeza do campo posicionamento das casinhas na sombra buraco no chão de terra batida daquela terra vermelha times formados os tacos são de quem Cuspe no taco decisão no seco ou molhado Taco lançado para o alto por todo mundo contagem do seco e do molhado Agora finalmente o desejado jogo Concentração pontaria seriedade o jogo sério estratégico tático atenção tensão ingredientes típicos do Bets Tudo isso para de um lado a dupla que lan çava a bola derrubar a casinha e ficar com os tacos e de outro a dupla com os tacos para rebater a bola e correr de uma casinha a outra marcando pontos Intervalo de jogo Tempo a dois Bola passando perto da casinha sem ser rebatida Frio na barriga para todo mundo Bola rebatida para trás ou bola no pé do rebatedor Reincidência na terceira perdia os tacos Bola perdida problema na certa Escondida por entre arbustos e entulhos a bola era garimpada por lançadores e rebatedores afinal o jogo precisa continuar 147 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Bola encontrada volta ao jogo e o placar Doze a dois Sim doze a dois pon tos de dois em dois cada corrida de uma casinha para a outra tocar o taco no buraco feito no chão taco com taco no meio do percurso e dois pontos Vinte e quatro vitória Mas o ponto da vitória o macht point sempre foi o maior desafio para as crianças Era preciso uma tacada forte e certeira bola para bem longe para dar tempo para ir até a casinha e no meio do campo em coro contar até vinte e quatro e gritar Vitória Mas espere tacada na bola e para o alto lançador vai em direção à ela e bola na mão o grito de vitória imediato E assim eram as tardes dos domingos ensolarados as emoções do Bets bem maiores que a da televisão das conversas dos adultos do futebol daquele time do filme repetido Entre uma tacada e outra entre uma corrida e outra em uma vitória ou uma derrota e outra as crianças viviam vivíamos a sua nossa infân cia e construíam construíamos o mundo Após analisarmos as diferentes caracterizações ao jogo uti lizadas pelos autores estudados por Lavega Burgués 2007 p 32 é importante considerarmos o seguinte posicionamento do autor No âmbito da educação física quando um autor prescinde eou carece de um posicionamento disciplinar ou epistemológico bem construído muitas vezes é substituída pela simples enumeração de alguns aspectos qualitativos que não servem para lançar luz para a busca de diretrizes para a tarefa docente No entanto talvez a alma do jogo representada por esta lista inacabada de itens pode contribuir para que o professor de educação física reconheça a im portância de emergir estes aspectos em cada situação de jogo que surge Caso contrário se não são contempladas e por exemplo são restritas a liberdade para intervir a espontaneidade a incerteza do resultado a criatividade ou a seriedade que é cada instante para o protagonista certamente estará diminuindo a dimensão lúdica desta situação motriz diminuindo o seu potencial de educação As regras ou o corpo do jogo O jogo apresenta certa particularidade que pode tanto dife renciála quanto igualála a algumas práticas sociais tratase de regras que compõem esse jogo as quais implicam no respeito aos direitos e às condições colocadas pelas mesmas aos quais estão sujeitos aqueles que nele intervêm Todavia há que se ressaltar que as regras do jogo ao con trário por exemplo das regras que organizam nossa sociedade Jogos e Brincadeiras II 148 são passíveis de deliberação e aceitação voluntária por parte dos sujeitos envolvidos com o jogo Consoante com Lavega Burgués 2007 a natureza conven cional do jogo prevê uma contribuição pedagógica muito relevan te Isso porque ele se fundamenta no respeito aos demais em aceitar voluntariamente as regras e concomitantemente se obri gar a seguir as proibições e restrições impostas por essas regras porque as aceitou voluntariamente Temos de complementar o posicionamento do autor ressal tando que o caráter pedagógico do ponto de vista da contribuição ao processo de formação das crianças na escola explicitase so bretudo na possibilidade de que o jogo pelas suas características de mudança e de transição já anteriormente aludidas e associa das a outras características como a representação simbólica por exemplo seja jogado discutido e transformado pelos seus par ticipantes No âmbito das aulas de Educação Física contribui para a consecução dessa possibilidade didáticopedagógica a contextua lização histórica de determinado jogo Em outras palavras compreender o jogo como um elemento da cultura construído social e historicamente contribui para que os alunos se reconheçam como sujeitos que podem e devem trans formar determinado jogo em consonância com os seus objetivos e necessidades sem no entanto deixar de conhecêlo em sua for ma tradicional Nessa etapa relataremos a experiência realizada no decor rer da pesquisa sobre as possibilidades de transformação do es porte aqui também compreendido como jogo em consonância com as intenções dos sujeitos MORSCHBACHER 2009 149 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Experiência prática sobre a possibilidade de transformação didáticopedagógica do esporte A pesquisa intitulada Possibilidades de formação crítico emancipatória a partir do processo ensinoaprendizagem do con teúdo esporte uma proposta desenvolvida em uma escola pública do município de São Miguel da Boa Vista SC MORSCHBACHER 2009 objetivou desenvolver aulas de Educação Física por meio do ensinoaprendizagem do futebol evidenciado com a imple mentação de uma proposta didáticometodológica As aulas são fundamentadas na proposta críticoemancipatória de Kunz 2001 2003 a fim de promover a reflexão crítica acerca da tematização pedagógica do esporte no âmbito da escola A pesquisa foi realizada com as crianças que frequentavam a 4ª série Séries iniciais do Ensino Fundamental no ano letivo de 2008 em uma escola pública vinculada à Rede Municipal de Ensi no de São Miguel da Boa Vista SC município do extremo oeste catarinense Dentre as atividades desenvolvidas no decurso da referida proposta didáticometodológica se propôs que as crianças elabo rassem eou transformassem coletivamente um jogo de futebol Nesta atividade o grupo construiu dois painéis no primeiro as crianças anotaram as características do futebol institucionaliza do identificado pelas crianças como aquele que viam pela tele visão e no segundo os itensregras que compuseram o novo jogo de futebol Sobre o futebol institucionalizado as crianças realizaram um levantamento das suas características mediante um interessante diálogo Coloca que tem número na camisa dos jogadores Lá na Barra Bonita assim na camisa tem um quadrado e tá escrito In dependente Mas daí entra nos símbolos Tem também o tênis pra jogar Então escreve tênis adequado ou apropriado Jogos e Brincadeiras II 150 Em seguida o grupo elaboroutransformou o jogo de fute bol de acordo com os seus interesses e necessidades Analise o Quadro 2 Quadro 2 O jogo de futebol elaborado pela 4ª série NOSSO FUTEBOL Se passou da rede é fora bola sem mão bola fraca na hora do escanteio pode entrar na área do goleiro o goleiro não pode passar do meio de campo Observouse nesse processo um complexo diálogo em que cada situação proposta era refletida quanto à sua viabilidade ao jogo objetivado Após a vivência prática do referido jogo na aula seguinte disposta a refletir sobre o jogo elaborado as crianças decidiram repensar e modificar algumas regras Em cada item a ser modificado as crianças apresentavam ar gumentos para validarem tais ações Nós não tivemos a chance de pegar a bola Só se a gente pegasse sozinha não porque alguém tocou Tem que ter fora É porque se não tivermos oportuni dades como ontem todo mundo iria querer cobrar o lateral e daí não daria certo Mas e quando é fora Quando passar da linha Todo mundo concorda Tem que ter mão porque senão alguém vai colocar a mão por querer Essa do goleiro ir até o meio de cam po é boa É porque ele não fica lá parado feito uma múmia ele participa mais Essa regra de que só vale entrar na área na hora do escanteio tinha que mudar porque os outros podem entrar só que o outro time não É melhor se a gente puder entrar sempre que daí vale gol de dentro da área também Se valer gol de dentro da área não precisa chutar forte para fazer o gol É porque se não chuta forte de fora da área os outros pegam 151 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula O quadro 3 representa as regras e características do jogo elaboradas pelas crianças e ainda os itens levantados acerca do futebol enquanto manifestação institucionalizado Quadro 3 Itens anotados pelas crianças com as características do futebol e a elaboração do Nosso Futebol FUTEBOL NOSSO FUTEBOL lateral falta escanteio pênalti gol meio de campo fora campo de jogo mão falta trave reserva área do goleiro barreira roupas e símbolos tênis apropriado tem fora tem mão o goleiro não pode passar do meio de campo o goleiro só pode chutar a bola com o pé no tiro de meta vale entrar na área a qualquer hora lateral com o pé tocar a bola para todos vale gol de lateral regra introduzida no decorrer do jogo Redefinidos os aspectos atinentes ao jogo de futebol elabo rado as crianças decidiram jogálo a fim de verificar a sua viabili dade Nesse momento observaramse gestos de cooperação visí veis desde a realização de passes até a contínua e autônoma troca de goleiros e nas cobranças de lateral quando cada equipe con vencionou uma ordem o que permitia que cada criança à sua vez pudesse realizálas Jogos e Brincadeiras II 152 Ao final da aula referindose ao jogo as crianças mencionaram que A gente criou um jogo só nosso e foi legal A gente aprendeu que futebol não é só de um jeito pode ser como a gente quer Agora é a sua vez analise e comente esse relato evidencian do o seu ponto de vista em relação às possibilidades pedagógicas mencionadas por Lavega Burgués 2007 articuladas com o relato supracitado No que se refere às regras de um jogo Lavega Burgués 2007 aponta que os estudiosos do tema destacam a condição do jogo como um sistema de regras utilizandose de diferentes denomina ções Veja o Quadro 4 Quadro 4 As diferentes denominações para o conceito de regras AS REGRAS DO JOGO Autor Denominação Huizinga Regulamento criador de ordem ou acordo Parlebas Sistema de regras estatuto codificação ou acordo ludomotor Marani Código normas Yela Liberdade transformada em lei Schmitz Limites internos Robles Olaso Lei ser convencional Fonte Adaptado de Pere Lavega Burgués 2007 Parlebas 2002 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 considera in clusive que as regras estabelecem os limites entre as práticas que o autor denomina de quasejogos situações motrizes sem re gras abertas e passíveis de mudança em cada intervenção e as que são jogos situações motrizes codificadas que dispõem de um estatuto ou até mesmo os esportes situações motrizes regradas e institucionalizadas Em relação à análise de Lavega Burgués 2007 em linhas ge rais as regras dos jogos referemse aos seguintes elementos que integram o sistema de regras os jogadores número e tipo de in teração os espaços dimensões e modo de utilizálos o material 153 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula características e formas de manipulálos e o tempo início sequ ências temporais e fim Leia com atenção a seguinte citação extraída do artigo de Pere Lavega Burgués 2007 p 34 grifos nossos Ela é muito im portante para que você compreenda a razão pela qual o jogo vem sendo estudado sob perspectivas distintas e em não raras oca siões antagônicas O esforço por elaborar uma definição em torno do conceito de jogo não tem sentido se não cumprir a função de servir de lente que permita iluminar o caminho a seguir em seu estudo e na inter venção no plano prático A dispersão e a carência de fórmulas a seguir que evidencia o exame das definições também se obser va no estudo detalhado das teorias do jogo que pela extensão a ser respeitada neste artigo não se vai tratar No fundo as distin tas interpretações disciplinares sobre o jogo formuladas desde a fisiologia Shaller Lazarus Schiller Spencer a biologia Harvey Carr Stanley Hall Groos Bally EiblEibesfeldt Lorenz a psi cologia Freud Winnicott Erikson Claparede Wallon Chateau Wund Piaget Vygotsky Elkonin a sociologia e a antropologia Malinowski RadcliffeBrown Firth Gmelch Langsley Eifermann Salter Salamone Raabe Lance Geertz Turner Huizinga Caillois SuttonSmith não deixam de ser contribuições complementares e periféricas para o professor de educação física Apesar de propor cionar reflexões interessantes e eruditas não centram a atenção em desvelar as constantes e a ordem interna que caracterizam as situações de jogo pelas quais a educação física se interessa Mais uma vez o cenário observado justifica a necessidade de encontrar uma estrela polar que indique o caminho a seguir em meio a esta escuridão conceitual Neste contexto será necessário ir ao legado teórico e prático epistemológico que oferece a ciência da ação motriz criada pelo professor Parlebas Na citação anterior você deve ter percebido que o autor se utiliza da crítica à aplicabilidadeutilização dos conhecimentos pro duzidos sobre o jogo no âmbito da intervenção prática ou seja no caso da Educação Física nas intervenções pedagógicas cotidianas Para a superação dessa crítica que do ponto de vista prá tico poderseia denominar insuficiência Lavega Burgués 2007 aponta a Praxiologia Motriz Tratase de uma perspectiva de estu do em que os jogos e os esportes são estudados e entendidos con siderando a sua essência ou a sua lógica interna RIBAS 2005 Jogos e Brincadeiras II 154 Com base nessas considerações estudaremos não obstan te de modo breve algumas questões que permeiam a Praxiologia Motriz A praxiologia motriz ao considerar como objeto de estudo as leis regularidades e mecanismos de funcionamento que se desenca deia em qualquer jogo motor oferece um legado extraordinário para que todo professor ou professor de educação física que saiba e queira usar as lentes desta disciplina seja coerente rigoroso e científico em seu exercício profissional LAVEGA BURGUÉS 2007 p 34 O que vem a ser a lógica interna de um jogo Acompanhe o seguinte exemplo a representação de uma adaptação do exemplo citado por Lavega Burgués 2007 do jogo balón prisionero dez crianças jogam Caçador na quadra da escola esse jogo está descrito na próxima seção As regras desse jogo delimitam as ações das crianças aqui lo que é permitido e aquilo que não é permitido fazer em um jogo de Caçador ou seja estabelecem os limites da prática dentro das quais se gera uma ordem ou lógica interna LAVEGA BURGUÉS 2007 p 36 Nesse jogo as crianças manipulam o material a bola se relacionam de modo singular com os demais jogadores em cola boração ou em oposição com o espaço ocupando e utilizando determinados espaços de uma ou outra forma e com o tempo levando em consideração as sequências temporais do jogo o seu início e o seu fim Para Lavega Burgués 2007 todas essas possibilidades são ações motrizes do jogo de Caçador entendidas como o resul tado visível de um conjunto de relações internas que permite considerar o jogo como um sistema A este conjunto de modos singulares de relações internas que demanda um jogo e as suas consequências sobre a prática denominase lógica interna p 36 Nesse sentido é possível concluir que Cada jogo dispõe de uma lógica interna específica que orienta os protagonistas a re 155 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula solverem determinados problemas ou adaptações LAVEGA BUR GUÉS 2007 p 37 grifo nosso Assim ao refletirmos sobre os diferentes jogos que com põem nossa cultura corporal de movimento e tomando por base a análise de suas lógicas internas podemos considerar que a Edu cação Física escolar possui um interessante e vasto arcabouço de possibilidades pedagógicas no âmbito da tematização dos jogos e da cultura corporal de movimento Como podem ser classificados os jogos considerando as suas lógicas internas Parlebas 1981 apud LAVEGA BURGUÉS 2007 classifica os jo gos utilizando como critério a interação motriz com outros jogado res e a relação com o meio Analise cada uma dessas classificações No que referese às interações motrizes com outros jogado res veja no Quadro 5 a classificação dos jogos que o referido autor propõe Quadro 5 Classificação dos jogos segundo as interações motrizes com outros jogadores CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS SEGUNDO AS INTERAÇÕES MOTRIZES COM OUTROS JOGADORES PARLEBAS 1981 APUD LAVEGA BURGUÉS 2007 Nº Tipo de Jogo Caracterização Exemplo s 01 Jogos Psicomotores A sua lógica interna não exige a interação com outras pessoas Jogos de repetição de movimento e controle do corpo 02 Jogos Sociomotores 1 Jogos cooperativos a sua lógica interna orienta os jogadores a respeitar acordos coletivos tomar decisões e realizar ações coletivamente e estar em constante comunicação com os outros Pegapega corrente maria mole entre outros 2 Jogos de oposição as ações motrizes realizamse diante de um oponente Jogos esporti vos caçador pegapega taco entre outros Jogos e Brincadeiras II 156 Em relação ao critério de relação com o meio a seguinte classificação é proposta no Quadro 6 a seguir Quadro 6 Classificação dos jogos segundo as relações com o meio CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS SEGUNDO AS RELAÇÕES COM O MEIO PARLEBAS 1981 APUD LAVEGA BURGUÉS 2007 Nº Tipo de Jogo Caracterização Exemplo s 01 Jogos em um meio estável A relação do jogador com o meio não está caracterizada pela incerteza tendo em vista que o espaço é regular e conhecido pelo sujeito Jogos esportivos 02 Jogos em um meio instável A relação do jogador com o espaço é marcada pela incerteza considerando que as condições desse espaço mudam constantemente devido à sua irregularidade Jogos aquáticos Considerando essas classificações além das questões trata das no artigo de Pere Lavega Burgués 2007 é possível visualizar a Praxiologia Motriz como uma possibilidade de sistematização do trato pedagógico com o jogo Isso não significa contudo que a Praxiologia Motriz seja a única possibilidade de estudo e de sistematização prática tendo em vista que nosso objetivo não foi tratála como o único cami nho a ser seguido De qualquer forma a Praxiologia Motriz e outros aportes teóricoconceituais que porventura sejam utilizados para funda mentar o processo de ensino dos jogos e brincadeiras não devem estar à margem de algumas questões de ordem pedagógica como Qual é o sentido da sua atuação pedagógica na escola Educação Física escolar para quê Certamente você já estudou eou discutiu acerca dessas questões neste curso Proporemos aqui mais uma vez algumas reflexões que vêm ao encontro do caminho que propomos traçar neste estudo desde o seu início Para tanto nesse momento é imprescindível que reflita cri ticamente sobre a temática que discutiremos a seguir Ela está in 157 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula timamente relacionada com cada uma das unidades anteriores e culmina com a atividade prática que posteriormente proporemos a você Por enquanto reflita sobre as duas questões supracitadas Qual é o sentido da sua atuação pedagógica na escola e Edu cação Física escolar para quê 6 A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA REFLEXÕES LI MITES E POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS Você se encontra em uma etapa muito especial deste Ca derno de Referência de Conteúdo a que carrega consigo tanto as temáticas estudadas nas unidades anteriores até mesmo em Jo gos e Brincadeiras I e nas demais que compõem o currículo deste curso quanto um processo de preparação à próxima atividade a sua intervenção pedagógica na escola na condição de professor de Educação Física Nesse sentido não poderíamos deixar de abordar alguns elementos que consideramos imprescindíveis à atuação do professor de Educação Física na escola Eles objetivam suscitar a sua reflexão em torno de aspectos que permeiam a prática peda gógica da Educação Física escolar Vamos utilizar como ponto de partida as considerações dis cutidas na Unidade 1 acerca da intencionalidade pedagógica ca racterística que torna peculiar eou diferencia a educação formal da educação não formal Essa intencionalidade conforme explicitamos anteriormen te não se encontra somente relacionada a objetivos de aprendiza gem situados no plano micro da atividade escolar ou seja a sala de aula e as aprendizagens suscitadas em seu interior consubs tanciados na tematização da cultura De modo mais amplo essa intencionalidade expressa tam bém determinados projetos históricos intimamente relacionados a visões sociais de mundo que coexistem hodiernamente em nos Jogos e Brincadeiras II 158 sa sociedade e que entre outras incumbências procuram explicar e servir de referência às nossas ações Afirmar que a intencionalidade pedagógica explícita ou im plícita nas ações da educação formal referencia determinados projetos históricos significa considerar que as ações por ela de senvolvidas mantêm relação de reciprocidade entre que tipo de sujeito se pretende formar com que finalidade e para que tipo de sociedade SOUZA 2009 É por essa razão que ainda na Unidade 1 problematizá vamos o fato de que a educação colocase em constante tensão entre a transformação e a adaptaçãomanutenção do status quo social Essa tensão se evidencia na medida em que diferentes pro jetos históricos lutam por legitimidade social No tocante à Educação Física Soares et al 1992 p 62 acre dita que Por essas considerações podemos dizer que os temas da cultura corporal tratados na escola expressam um sentidosignificado onde se interpenetram dialeticamente a intencionalidadeobjeti vos do homem e as intençõesobjetivos da sociedade No âmbito da Educação Física a tensão entre projetos his tóricos referenciados em determinadas visões sociais de mundo é evidenciada com eloqüência a partir da década de 1980 As crí ticas e denúncias dirigidas à Educação Física nesse período ques tionam o projeto histórico hegemônico balizador da sua prática pedagógica na escola Em outras palavras debatese acerca do sujeito que a Edu cação Física objetiva formar com que finalidade e para que tipo de sociedade Ao contrário do que uma análise superficial possa sugerir o processo engendrado nesse período ultrapassa o âmbito das aulas de Educação Física e situase no plano epistemológico e político da área 159 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Para Kunz 2006 a perspectiva era que a Educação Física superasse as influências do esporte institucionalizado e de rendi mento bem como das Ciências Biológicas e assim passaria a ser um recorte do conhecimento do ser humano a ser constituído pelas Ciências Humanas e Sociais em especial pelas ciências da educação p 11 Consideramos que essas discussões apresentamse atuais e pertinentes frente ao panorama da Educação Física escolar bra sileira tanto no que se refere ao âmbito acadêmico espaço em que o debate tem avançado significativamente quanto na escola nosso lócus de intervenção profissional Entretanto temse constatado que na escola carecemos de ações efetivas no sentido de ressignificar a prática pedagógica da Educação Física escolar De modo convergente Kunz 2006 entende que a Educação Física na escola encontrase em um processo de ressignificação de sua identidade pedagógica Esse processo já foi evidenciado ante riormente ao aludirmos à década de 1980 e às distintas relações observadas no âmbito acadêmico e na escola Não obstante fosse possível recorrer a respostas simplistas e aparentemente inequívocas González e Fensterseifer 2009 aten tam para a complexidade que permeia esse processo de ressignifi car a identidade pedagógica da Educação Física Escolar Assim de modo a redimensionar a Educação Física no âm bito escolar no entendimento de Bracht e González 2005 apud GOnZÁLEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 11 dentre outras iniciativas colocouse como necessária a superação do tradicional papel da Educação Física Escolar como atividade de exercitarse para e a sua transformação para a condição de componente curricular Particularmente no que respeita ao campo educacional questio nouse o paradigma de aptidão física e esportiva que sustentava de forma extensiva as práticas pedagógicas da EF nos pátios escolares podemos apontar que entre outras iniciativas o movimento Jogos e Brincadeiras II 160 renovador entendeu que uma das ações necessárias para transfor mar a EF seria elevála à condição de disciplina escolar tirandoa da categoria de mera atividade Esse processo para os autores supracitados vem acompa nhado de uma nova demanda se coloca um conjunto de questões que não faziam parte das preocupações da tradição desta área e que balizam as teorias pedagógicas quando buscam legitimar um componente curricular num projeto educacional GOnZÁLEZ BRACHT 2009 apud GOnZÁ LEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 11 As razões que legitimam historicamente a presença da Edu cação Física nos currículos escolares dizem respeito à possibilidade de propiciar que os sujeitos se exercitassem para melhorar a saúde para auxiliar na aprendizagem requerida pelos demais componen tes curriculares para formar o caráter entre outras incumbências Somente a partir da década de 1980 González Fenstersei fer 2009 ocorre a justificativa da inclusão da Educação Física no currículo escolar vinculada à concepção de que ela teria como responsabilidade tematizar pedagogicamente um conhecimento específico A relevância de tal conhecimento fundamentase na necessidade de que as gerações mais jovens apropriemse critica mente deste a fim de potencializálas diante do mundo contem porâneo O conjunto de questões para a elevação da Educação Físi ca conforme se mencionou anteriormente à condição de discipli na situamse entre as seguintes Por que a Educação Física deve compor o currículo da escola Quais são os seus objetivos educacionais Quais são os seus conteúdos Ou qual é o conhecimento a ser te matizado pedagogicamente pela Educação Física na escola Como são sistematizados os conteúdos ao longo dos níveis de ensi no e dos anos escolares Como ensinar estes conteúdos Como avaliar seu ensino GOnZÁLEZ FEnSTERSEiFER 2009 p 11 161 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Não obstante reconheçamse significativos avanços tanto à produção de conhecimentos quanto à sua prática pedagógica no âmbito da Educação Física Escolar González e Fensterseifer 2009 p 12 grifo nosso de modo similar a certeza de outros autores MUniZ 1996 KUnZ 2003 2006 BRACHT et al 2005 mencio nam as dificuldades com que as requeridas transformações da prá tica pedagógica desta disciplina curricular vêm processualmente se consolidando Assim na nossa compreensão a EF encontrase entre o ainda não e o não mais ou seja entre uma prática docente na qual não se acredita mais e outra que ainda se tem dificuldades de pensar e desenvolver Com base nessas questões discutiremos alguns pontos que permeiam três perguntaschave Educação Física para quê O que ensinar Como ensinar Durante o seu processo de formação no Curso de Licenciatu ra em Educação Física dentre essas questões qualis ésão as questãoões que se encontram no centro de suas preocupações Utilizaremos como referência o texto de Kunz 2006 Pedagogia do esporte do Movimento Humano ou da educação física para tratar dessas questões e das relações estabelecidas entre Jogos e Brincadeiras II a atividade que em seguida será proposta e a sua formação como um todo O professor Elenor Kunz é doutor em Ciências do Esporte e pósdoutor pela Universidade de Hannover Atualmente é profes sor titular da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Inicialmente podese considerar que a pergunta e suas pos síveis respostas Educação Física para quê Precede as questões O que ensinar conteúdos e Como ensinarmétodos de en sino Jogos e Brincadeiras II 162 Nessa perspectiva o o quê e o como necessita emergir das possibilidades de respostas à pergunta para quê Essencialmente há que se preocupar com a questão do sentidosignificado do ensino de Educação Física na escola e em função destes sentidos buscar sua legitimidade teórica KUnZ 2006 p 18 grifo nosso A busca pela resposta à pergunta Educação Física para quê demanda que discussões e estudos mais amplos sejam con templados nos cursos de formação de professores de Educação Física superando nesse sentido a lógica da abordagem direta das metodologias ou didáticas de ensino KUNZ 2006 É por essa razão que iniciamos este estudo tratando da edu cação e da escola como espaços e tempos de transmissãotema tização da cultura e que esclarecemos algumas questões acerca do fato de que a prática pedagógica desenvolvida em seu interior relacionase intimamente com determinados projetos históricos É necessário atentarmos também para o fato de que a nossa atuação na escola a forma como organizamos planejamos e de senvolvemos nossa prática pedagógica não se encontra à parte dessas discussões Ressaltamos que nós professores possuímos um compro misso ético e político com a formação das crianças jovens e adul tos que estão na escola Nesse sentido definir criticamente qual é esse compromisso é de suma importância Assim colocase como diretriz necessária à Educação Física escolar estudar e discutir uma pedagogia para além da didá tica e metodologia KUnZ 2006 p 18 grifo nosso O autor supracitado ainda menciona que tendo em vista que a didática e a metodologia ocupamse dos conteúdos e métodos do trabalho pedagógico ou seja dentre outras questões tentam responder às perguntas O que ensinar conteúdos e Como ensinar métodos a pedagogia ocupase de uma questão mais ampla Educação Física para quê Segundo Kunz 2006 p 18 163 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula A Educação Física que é ensinada nas escolas serve para quê Ela fomenta a saúde Ela socializa e educa para uma visão de mundo de forma crítica e emancipadora Com o que a Educação Física re almente pode contribuir com a Educação com uma formação que no caso chamamos críticoemancipatória O autor referese a uma formação críticoemancipatória conforme estudamos na Unidade 1 em alusão à proposta crítico emancipatória na oportunidade denominada por Bracht 1999 de tendência críticoemancipatória O que não significa que as questões que estamos abordando não possam estar relacionadas à prática pedagógica da Educação Física com outra fundamenta ção na proposta críticosuperadora por exemplo Queremos enfatizar aqui que a preocupação com questões como Educação Física para quê O que ensinar Como en sinar entre outras questões não representa uma preocupação exclusiva por exemplo da proposta críticoemancipatória Esse conjunto de questões permeia todas as tendências pe dagógicas da Educação Física Escolar sobre essas tendências ver o artigo A constituição das teorias pedagógicas da Educação Físi ca BRACHT 1999 estudado na Unidade 1 ressalvadas todavia as peculiaridades dessas tendências Diante desses apontamentos e discussões qualis ésão as perspectivas ou os caminhos possívelis para a Educação Física escolar Um deles é a retomada de algumas temáticas já discutidas desde a década de 1980 tais como educação escola ensino corpo movimento humano cultura corporalcultura de movimento entre outros Além disso é necessário relacionálas aos estudos e às experiências empíricas uma aproximação nesse sentido efetiva entre os aportes teóricoconceituais fundantes de nossa prática pedagógica e a realidade interventora representada pela prática cotidiana do ensino escolar KUNZ 2006 As temáticasconceitos citadas são denominadas por Kunz 2006 1998 como os temas fundamentais do ensino da Edu cação Física São esses temas estudados sob teorias filosóficas Jogos e Brincadeiras II 164 sociológicas culturais psicológicas históricas entre outros ob serve que estamos nos referindo à proposta críticoemancipatória à críticosuperadora às aulas abertas à própria Praxiologia Motriz estudada anteriormente etc que podem nos auxiliar a respon der às perguntas Educação Física para quê O quê ensinar e Como ensinar A resposta à pergunta Educação Física para quê deman da que tenhamos condições de apontar a direção para o tipo de sujeito que pretendemos e de certo modo necessitamos for mar com que finalidade e para que tipo de sociedade Acreditamos que você tenha condições de realizar algumas considerações sobre essa questão Por isso disserte acerca da per gunta Educação Física para quê relacionandoa ao projeto for mativo de sujeito e de sociedade Abordadas essas questões que reiteramos consideramos fundamentais para a atuação do professor de Educação Física na escola proporemos alguns exemplos de jogos os quais servirão de referência para a atividade prevista no Caderno de Prática CP anexo a este Caderno de Referência de Conteúdo 7 O JOGO DE CAÇADOR EXPERIÊNCIAS COM A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ES COLA Nessa seção adotamos uma estratégia de organização em que você estabelecerá diálogos com este Caderno de Referência de Conteúdo CRC A ideia é que ao final desta unidade e deste caderno de Jogos e Brincadeiras II conclua a tarefa proposta que integra uma das atividades relativas ao processo avaliativo Nesta etapa realizaremos algumas análises sobre o popular Jogo de Caçador que servirá de importante aporte para a sua experiência com a prática docente em Educação Física proposta no CP 165 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Primeira versão do ensino do Jogo de Caçador O Jogo de Caçador também é popularmente conhecido como Barra Bola Queimada Matamata entre outras deno minações dependendo da região brasileira Além das diferentes denominações o jogo apresenta con figurações ora semelhantes ora distintas em alusão por exem plo às regras que o compõe Você conhece eou já ouviu falar do CaçadorRei ou do Caçador Maluco Essas duas variações do Jogo de Caçador explicitam suas diversas manifestações e até mesmo do jogo compreendido como uma categoria do lazer e um elemento da cultura corporal Na ocasião em que você entrar em contato com as crianças que frequentam a escola ou que brincam em praças e outros es paços e conversar com elas sobre as atividades de lazer que mais apreciam confirmará essa evidência no tocante aos jogos e brin cadeiras Um interessante ponto de partida para a prática pedagógica do professor de Educação Física é ao trabalhar com o Jogo de Ca çador na escola ou outros jogos e brincadeiras procurar conhe cer a maneira como os seus alunos o conhecem e o denominam Em função da atual configuração da sociedade comumente constatamse mudanças em relação aos jogos e brincadeiras que as crianças conhecem e que cotidianamente brincam Muito provavelmente sobretudo em relação aos jogos e brincadeiras mais tradicionais eou populares algumas crianças em função das maiores ou menores experiências pregressas po dem conhecêlos de maneira restrita Uma possibilidade colocada para a Educação Física escolar ressalvados os objetivos educacionais próprios à educação formal podem ser também a ampliação do repertório de conhecimentos dos alunos da Educação Básica em relação à multiplicidade de jo gos e brincadeiras presentes na cultura Jogos e Brincadeiras II 166 Retornando ao Jogo de Caçador nesta etapa da unidade conforme mencionamos anteriormente você estabelecerá diá logos com o Caderno de Prática No decurso do TópicoPrimeira versão do ensino do Jogo de Caçador apresentaremos algumas indicações de como o diálogo será estabelecido e de como poderá auxiliar no desenvolvimento da atividade prática proposta no Ca derno de Prática Nesse momento apresentaremos e discutiremos algumas sugestões didáticas no que se refere à tematização pedagógica do Jogo de Caçador Elas serão interessantes para que você as utilize em consonância com as demandas encontradas durante o desenvolvimento da atividade prática explicitada no Caderno de Prática O Jogo de Caçador permite que um grande número de par ticipantes possa jogálo portanto é possível que todos os alunos participem tendo em vista que as turmas das escolas são geral mente numerosas aproximadamente 30 alunos ou mais Etapa 1 apresentar o Jogo de Caçador aos alunos Uma etapa muito importante de uma aula de Educação Físi ca é o momento em que o professor propõe e apresenta o jogo aos alunos Ele pode adotar várias estratégias para tal dependendo da intencionalidade com que a aula é desenvolvida ou seja os seus objetivos Listamos a seguir algumas sugestões Após dividir os alunos em duas equipes explicar as regras Apresentar o jogo inicialmente em linhas gerais contex tualizando se possível a origem histórica e as variações de denominações e de regras situadas espacialmente e temporalmente Em seguida sondar os alunos quanto ao quê conhecem e como jogam Caçador e explicar as regras do jogo que intenta que os alunos vivenciem Estabelecer as regras do jogo dialogando com os alunos reportese por exemplo ao relato de experiência apre 167 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula sentado nessa seção sobre a criação do novo jogo de fu tebol entre outras possibilidades Sugestão em uma aula de Educação Física caso a turma ul trapasse 35 alunos é interessante fazer uma divisão O ideal é que fiquem grupos de no mínimo 10 alunos para cada lado da quadra Outra possibilidade é dividir o espaço disponível de modo a organizar dois ou mais jogos concomitantes evitando que os alu nos permaneçam durante certo tempo de uma aula sem realizar a atividade Etapa 2 a lógica interna do Jogo de Caçador Primeira parte marcar um espaço de aproximadamente 18 metros de comprimento por 9 metros de largura semelhante à quadra de voleibol Esse espaço entretanto irá variar em função do espaço disponível à aula de Educação Física Divida a quadra conforme a Figura 4 Equipe Azul Equipe Vermelha Caçador Equipe Vermelha Caçador Equipe Azul Figura 4 Divisão da quadra para a primeira versão do jogo de Caçador Segunda parte posicionar todos os jogadores na faixa cen tral na quadra oposta ao lado que vai ficar o caçador da mesma equipe conforme mostra a Figura 4 Terceira parte cada equipe deve escolher um colega para iniciar na função de caçador Este deverá se dirigir para o fundo Jogos e Brincadeiras II 168 da quadra em posição oposta à sua equipe Quarta parte em seguida os caçadores começam a jogar a bola em direção aos jogadores da equipe oponente Todos aqueles que forem pegos ou que forem tocados pela bola posicionam se no fundo oposto do seu campo de jogo isto é o local em que se encontra o caçador de sua equipe no início do jogo realizan do as suas ações de jogo nesse local arremessar a bola com o intuito de tocála nos integrantes da equipe oponente Quinta parte os jogadores podem tentar pegar a bola quando conseguem e também podem arremessála em direção aos jogadores da equipe oponente assumindo momentaneamen te a função de caçadores Sexta parte o jogo termina quando uma das equipes é toda caçada Vence a equipe que caçar todos os integrantes da ou tra primeiro Etapa 3 o Jogo de Caçador acontece Nessa etapa os alunos vivenciam o Caçador Apresenta se como possibilidade de que no decurso do jogo os alunos e o professor discutam as regras do jogo e as modifiquem conforme os seus interesses e necessidades Etapa 4 diálogo com os alunos Após o término do jogo é importante conversar com os alu nos sobre o desenvolvimento da aula e o que acharam Podese perguntar se gostaram e quais mudanças nas regras proporiam É sempre de grande relevância registrar tudo o que conversar com os alunos Segunda versão do ensino do Jogo Caçador Conforme anunciamos anteriormente o Jogo de Caçador apresenta inúmeras variações localizadas espacialmente e tempo ralmente A seguir apresentamos outra possibilidade 169 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Essa versão permite muitos participantes e não é necessário dividilos em equipes É possível colocar todos os alunos partici pando de uma só vez Regras do jogo Primeira marcar um espaço de aproximadamente 18 me tros de comprimento por 9 metros de largura semelhante à qua dra de voleibol Esse espaço entretanto irá variar em função do espaço disponível à aula de Educação Física Todos os jogadores ocupam toda a quadra conforme a Figura 5 a seguir Bola Figura 5 Divisão da quadra para a segunda versão do jogo de Caçador Segunda a regra básica é que dois jogadores começam como caçadores e todos os outros como caça Terceira todos os jogadores podem se deslocar livremente contudo ninguém pode sair dos limites demarcados Quarta os caçadores se deslocam na quadra e procuram se manter próximos de algum caçado jogando a bola entre si Con tudo quando estão de posse da bola não podem andar pois pre cisam ficar com um pé de apoio fixo no chão podem se mexer no raio de extensão de sua perna fixa e estender os braços para tentar encostar a bola nos caçados Quinta os caçadores obterão sucesso se forem rápidos em trocar a bola entre si devem portanto estar atentos uns aos ou Jogos e Brincadeiras II 170 tros São frações de segundos que cada caçador têm para pegar a bola e encostartocar nos caçados pois estes podem se deslocar livremente sempre Sexta todo aquele que for caçado se torna caçador e assu me juntamente com os outros dois a função ficando sujeitos às mesmas limitações impostas à figura do caçador O jogo termina quando só existirem caçadores Após o término do jogo podese conversar com os alunos de forma semelhante à primeira versão apresentada sobre o de senvolvimento da aula o que acharam Podese perguntar se gos taram e quais mudanças nas regras proporiam O registro desse diálogo reiteramos é fundamental Lembrese de que reflexão sem registro se perde com o tempo e muitos detalhes acabam dei xados de lado Terceira versão do ensino do Jogo deCaçador Nessa terceira versão proposta ao ensino do Jogo de Caça dor as regras eou a sua lógica interna para o funcionamento do jogo são as mesmas da versão apresentada anteriormente Contudo o objetivo dessa versão do jogo é evidenciar as di ferenças que podem existir em grupos sociais e colocar os alunos como responsáveis pela organização de um espaço de lazer que tenha como fundamento a inclusão de todos Para que isso fique mais evidente o professor você vai es colher alguns participantes para representar um conjunto de alu nos com maiores limitações do que os outros Por exemplo Um aluno será vendado Dois alunos só poderão andar com um pé só Dois alunos só poderão usar uma das mãos Observação o número de alunos um aluno dois alunos etc pode e deve ser modificado em consonância com as carac terísticas da turma sobretudo em relação à quantidade de alunos da turma 171 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Outro aspecto a ser ressaltado é a importância do profes sor desenvolver estratégias que permitam que os alunos troquem constantemente de papéis propiciando assim múltiplas experi ências no que diz respeito a esse Jogo de Caçador e aos diferen tes papéis que o constituem Como sugestão à organização do jogo caso o professor com preenda que no momento em que a aula acontece os alunos te nham condições de organizálo autonomamente podese propor que eles assumam essa responsabilidade sob a seguinte condição todos devem participar do jogo de modo que os colegas com limi tações não sejam discriminados ou representem problemas para o jogo Nesta atividade o professor não se exime da responsabilida de pedagógica de seu papel de outra forma tem um papel funda mental o de mediador das decisões do grupo Essa estratégia de manda que o professor fique atento ao que acontece no decorrer da aula e que problematize as regras e demais diretrizes definidas pelo grupo Em diversas ocasiões essa estratégia inicialmente desenca deia dificuldades por parte dos alunos no sentido de que definir regras e diretrizes de um jogo não é uma tarefa simples Assim pode ser que os alunos tenham dificuldades de defi nirem regras que privilegiem a cooperação a socialização e a inclu são Caberá ao professor sem que fique explícita sua intervenção problematizar e estimular o diálogo e dar sugestões Por exemplo Para o aluno vendado tem que existir um guia que o aju de a fugir da bola O aluno vendado não poderá ser mira do diretamente O alvo é sempre o guia Nessa situação o professor pode problematizar algumas questões como se as possibilidades de mobilidade do aluno vendado são restritas como propiciar que as suas ações sejam bem Jogos e Brincadeiras II 172 sucedidas Como ficam as regras para os alunos com dificuldades de mobilidade Serão submetidos às mesmas regras ou os colegas vão propor outras que os ajudem a participar de forma igualitária É de suma importância que o professor observe a interação entre os alunos e como uns colaboram com os outros desde o mo mento de organização até a efetivação do jogo Lembrese de que nesse caso a aprendizagem dos conte údos começa na organização do jogo Este é um momento ímpar para que os alunos aprendam atitudes e procedimentos diferentes com relação ao uso dos conhecimentos sobre as práticas corporais diferentes daqueles que podem aprender apenas como executo res Após o término do jogo podese conversar com os alunos de forma semelhante às versões apresentadas anteriormente so bre o desenvolvimento da aula o que acharam Podese perguntar se gostaram e quais mudanças nas regras proporiam Sobretudo nessa etapa dadas as características do jogo pro posto é interessante instigar os alunos sobre as experiências vi venciadas no processo de organização e desenvolvimento coletivo deste O registro desse diálogo reiteramos é fundamental 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira a seguir as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1 Pere Lavega Burgués 2007 após o estudo dos autores que se dedicaram a estudar o jogo apresenta uma síntese de diferentes enfoques e caracte rísticas atribuídas por esses autores aos jogos Qualis as razãoões para que sejam observadas determinadas convergências eou determinadas di vergências entre esses enfoques e características atribuídas ao jogo 173 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula 2 A Praxiologia Motriz LAVEGA BURGUÉS 2007 objetiva servir de diretriz ao processo ensinoaprendizagem do jogo abordando sob a perspectiva das lógicas internas que o compõe e o caracteriza Apontamos entretanto um limite eou uma necessidade colocada a essa perspectiva Identifiquea e explicite as possibilidades de atendimento eou superação dessa deman da Referenciandose em alguns autores cujas preocupações corroboram as perspectivas mencionadas no que se refere à prática pedagógica da Educa ção Física reflita acerca do compromisso políticosocial como professores que se encontram encontrarão atuando na escola e que possuem sob sua incumbência promover a tematização da cultura a cultura corporal o lazer os jogos e brincadeiras A seguir registre seu ponto de vista em relação às seguintes afirmações a Assim nessa trajetória e nesse patamar alcançado pela Educação Físi ca brasileira nos últimos quinze anos temse uma sensação de que ao mesmo tempo em que evoluímos no desenvolvimento de pressupostos teóricometodológicos com referências das áreas humanas e sociais dei xamos uma enorme lacuna um vazio existente entre essa evolução e a Educação Física no seu estar sendo BRACHT et al 2003 KUnZ 2006 p12 b as pesquisas e publicações que início dos anos 90 se preocupavam e concretamente sugeriam intervenções na realidade empírica da área em especial a escolar praticamente não tiveram continuidade e apro fundamentos Refirome às chamadas propostas interventoras crítico superadora críticoemancipatória aulas abertas etc KUNZ 2006 p13 c Enfim parece que nos encontramos numa fase em que temos de refle tir seriamente sobre a questão de retomar e aprofundar o pensamento teórico específico da área ou partir primeiro para um avanço nas inter venções concretas na realidade empírica KUnZ 2006 p14 grifos do autor d A Educação Física pode e deve ser discutida do ponto de vista epistemo lógico socialfilosófico e cultural como também biológico e técnico Pre cisa no entanto cada vez mais investigar a própria prática e refletir mais sobre ela Se o campo didáticopedagógico relacionado ao profissional que atua diretamente na prática não for sequer mencionado nas avan çadas elaborações teóricas da área resta pouca esperança no desenvol vimento de valores compromissos e interesses pedagógicos para revo lucionar também a prática cotidiana do professor KUnZ 2006 p15 3 Disserte sobre as relações existentes entre a educação formal determina dos projetos históricos e determinadas visões de mundo Expliqueas e as evidencie mediante uma situação da prática pedagógica cotidiana da Edu cação Física escolar Jogos e Brincadeiras II 174 9 CONSIDERAÇÕES Caro aluno esperamos que os estudos e as atividades pro postas nesta unidade tenham suscitado relevantes aprendizagens e experiências a você Procuramos articular os aportes teóricos que fundamenta ram os estudos desta unidade e das anteriores com a necessária experiência da prática pedagógica da Educação Física na escola lócus de sua futura atuação docente para que você conhecesse e vivenciasse o cotidiano escolar com o acompanhamento de um professor de Educação Física mais experiente Considerando o caminho que você percorreu no decurso de Jogos e Brincadeiras II esperamos que os objetivos traçados tenham sido alcançados Ademais esperamos que na medida do possível as suas ex pectativas em relação a este estudo também tenham sido alcan çadas Se nos reportarmos às etapas de estudo e de atividades pro postas constataremos que o caminho foi árduo característica que entretanto não constituiu um limite às aprendizagens objetivadas e suscitadas ao contrário evidenciou o quão complexo no senti do de algo que traz consigo elementos enredados e articulados e relevante é a nossa atuação pedagógica na escola É necessário considerar que os temas estudados em cada uma das unidades representam um recorte não obstante qualita tivamente considerável do processo de ensino dos jogos e brinca deiras em aulas de Educação Física Nesse sentido esperamos que você esteja motivado para não permanecer restrito aos apontamentos e encaminhamentos aqui propostos mas que para além destes seja capaz de ampliar os seus horizontes no tocante a gama das temáticas abordadas neste Caderno de Referência de Conteúdo 175 Claretiano Centro Universitário U4 Jogos e Brincadeiras como Conteúdo Escolar a Prática de Sala de Aula Por fim agradecemos a oportunidade de estarmos juntos até essa etapa de sua formação 10 EREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Pulando corda Disponível em httpwwwbrincadeirasdecriancacombr quadrpulandocordajpg Acesso em 27 set 2011 Figura 2 Jogos para crianças Childrens Games Disponível em httpfitsdepauw eduaharrisCoursesStolenFinalProjectsSAnnESSElderbruegel13jpg Acesso em 27 set 2011 Figura 3 O jogo institucionalizado esporte de alto nível Disponível em httpoglobo globocomfotos2008100808MVGfutsal2jpg Acesso em 27 set 2011 Sites pesquisados El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices Disponível em httppolarisbcunicampbrseerfefprintarticlephpid60layoutps Acesso em 31 jul 2011 LAVEGA BURGUÉS Pere El juego motor y la pedagogía de las conductas motrices Motor games and pedagogy of motor conducts Revista Conexões v 5 n 1 2007 Faculdade de Educação Física da Unicamp Disponível emhttppolarisbcunicampbrseerfef includegetdocphpid152article60modepdf Acesso em 20 jul 2011 RIBAS João Francisco Magno Praxiologia Motriz construção de um novo olhar dos jogos e esportes na escola Motriz Rio Claro v 11 n 2 p 113120 maiago 2005 Disponível em httpwwwrcunespbribefisicamotriz11n210MRJpdf Acesso em 20 jul 2011 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GOnZÁLEZ Fernando Jaime FEnSTERSEiFER Paulo Evaldo Entre o não mais e o ainda não pensando saídas do nãolugar da Educação Física escolar I Cadernos de Formação RBCE Campinas CBCE e Autores Associados v 1 n 1 p 924 set2009 KUNZ Elenor Educação física escolar seu desenvolvimento problemas e propostas in SEMinÁRiO BRASiLEiRO EM PEDAGOGiA DO ESPORTE FUnÇÕES TEnDÊnCiAS E PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSiCA ESCOLAR 1998 Santa Maria Anais Santa Maria CEFDUFSM 1998 p 114119 Educação Física ensino mudanças 2ed ijuí Unijuí 2001 Pedagogia do esporte do movimento humano ou da educação física In KUNZ Elenor TREBELS Andreas Heinrich Educação física críticoemancipatória com uma perspectiva da pedagogia alemã do esporte Ijuí Unijuí 2006 Jogos e Brincadeiras II 176 Transformação didáticopedagógica do esporte 5ed ijuí Unijuí 2003 MORSCHBACHER Márcia Possibilidades de formação críticoemancipatória a partir do conteúdo esporte uma proposta desenvolvida em uma escola pública de São Miguel da Boa Vista SC 2009 99f Relatório de Pesquisa Universidade do Oeste de Santa Catarina São Miguel do Oeste 2009 SOARES et al Metodologia do ensino de Educação Física São Paulo Cortez 1992 SOUZA Maristela da Silva Esporte escolar possibilidade superadora no plano da cultura corporal São Paulo Ícone 2009