Comunicador Digital: Teoria e Prática na Era da Hipercomunicação

Comunicador Digital Como Trout e Ries 2009 previram estamos vivendo uma sociedade hipercomunicativa para a qual a comunicação é a principal porta ou a principal mola propulsora de conexões entre os indivíduos De acordo com Debord 1967 somos uma sociedade de espetáculos que se assemelha aos grandes monólogos quando toda atenção é canalizada para os micros momentos que compartilhamos Agora imagine você eu todos nós a todo momento estamos compartilhando e criando relações mas o que possibilita essa revolução comunicacional Acho que você já sabe o que é a nossa maravilhosa internet A internet permitiu que muitos interajam com muitos que a informação se tornasse descentralizada e por consequência promoveu a inversão das leis e padrões físicos a partir do mundo digital Pertencemos a um mundo hipercomunicativo digitalizado e não linear Por isso ser um bom comunicador no meio digital permite que as portas do mundo físico sejam abertas e conexões sejam estabelecidas Objetivos Ao final desta disciplina você deverá ser capaz de Combinar a teoria e a prática do que está acontecendo no mundo digital Construir um planejamento estratégico para produção de conteúdo Preparar informações capturadas Traduzir o conteúdo desejado em palavras adaptadas para o meio digital Conteúdo Programático Esta disciplina está organizada de acordo com as seguintes unidades Unidade 1 O maravilhoso mundo da internet Unidade 2 Planeje o conteúdo Unidade 3 Capture da melhor forma possível Unidade 4 Hora H produza Autoria Victor Azevedo Doutorando em Sistemas Complexos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ mestre em Administração pelo IBMECRJ pósgraduado em Design pela Unifacs Universidades Salvador graduado em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda pela Faculdade de Tecnologia e Ciências FatecBA Sócio da Explore produtor de conteúdo no CDFs youtubecomcdfscanal e no Instagram victorexplica Professor palestrante e publicitário com mais de 15 anos à frente de projetos de marketing digital principalmente em áreas ligadas à criatividade inovação branding e user experience Experiência em projetos de empresas nacionais e multinacionais como Toyota Gol KLM Natura Bradesco Itaú Rio20 Amex LOreal Forças Armadas Dow GSK CA Banco do Brasil e Kinoplex O maravilhoso mundo da internet A internet abriu um novo caminho que transformou as relações entre os indivíduos mudou a forma de perceber o mundo e por consequência a forma de nos comunicarmos Podemos falar com qualquer um a qualquer momento e em qualquer lugar Conexões foram aproximadas e o que era limitação se tornou parte da nossa rotina Sendo assim o comunicador digital precisa entender qual é o seu papel em meio a toda essa transformação além de conhecer as ferramentas usadas para decodificar essa nova forma de as pessoas se comunicarem Objetivo Ao final desta unidade você deverá ser capaz de Combinar a teoria e a prática do que está acontecendo no mundo digital Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas Tema 1 Construção do Eu digital Tema 2 Transmídia e Convergência Tema 3 Marketing de Conteúdo e Inbound Já percebeu como cada vez mais estamos convergindo tecnologias conceitos e ideias Olhe para o seu celular Sim olhe agora para ele e perceba o quanto de possibilidades ele pode ter fazer e ser Ele praticamente se tornou o centralizador de um mundo descentralizado Vamos perceber ao longo do conteúdo por quê tudo isso vem ocorrendo E claro como aproveitar isso tudo ao seu favor Tema 1 Construção do Eu digital Quem é você no mundo digital Você já se olhou no espelho e se perguntou Quem sou eu O que estou fazendo aqui Se a resposta for sim você é um humano normal como qualquer um outro Essa pergunta é a base da ciência pois provavelmente foi a primeira pergunta feita quando começamos a saber que sabíamos ou seja quando a revolução cognitiva aconteceu e traçamos a reta em busca de nos transformarmos em homo sapiens Essa trajetória permitiu a criação da filosofia mãe de todas as ciências Nesse momento você deve estar se perguntando Qual é a relação disso com me comunicar via internet Podemos dizer que certamente a relação é enorme Aqui proponho uma reflexão Quando você está na sua casa com seus amigos como você se comporta E quando você está com seus familiares age da mesma forma que com os seus amigos Faça essa análise e perceba se a sua forma de falar é igual Provavelmente não é Esses são os eus em que nos transformamos ao longo de nossas vidas Em cada grupo de referência a cada momento assumimos um eu É lógico que temos nossa essência e nossas características mas essas personalidades são criadas para nos adaptarmos a diferentes situações e no mundo digital agimos da mesma forma A diferença é que no digital temos inúmeras personalidades ou seja diversos eus Instagram Facebook WhatsApp YouTube Telegram A lista não acaba em cada um desses lugares agimos de acordo com as regras do lugar ou melhor da plataforma O Instagram por exemplo demanda mais interação entre os indivíduos por conta dos elementos que podem ser tanto imagem quanto vídeo Já o WhatsApp pede uma interação mais direcionada formada em lugares que podem ser restritos ou não e que possuem conversas assíncronas ou seja possuem conversas que não têm relação de frequência Sendo assim eu posso parar ou recomeçar a conversa quantas vezes quiser Até aqui o que apresentamos está fazendo sentido ou está confuso Pois é Então para ajudar no entendimento do assunto vamos nos aprofundar mais um pouco Antes de falarmos sobre o mundo digital precisamos entender o que aconteceu na nossa história e isso está na evolução das relações entre os sujeitos do mundo físico Para Hall 2014 existem três tipos de sujeitos Veja na tabela a seguir os três tipos e suas características Tabela 1 Tipos de sujeito Tipo Descrição Sociólogo Centrado em si e na família Esse sujeito remonta à época em que a sociedade vivia majoritariamente no campo e as interações eram limitadas a pequenas sociedades rurais Iluminista No Iluminismo o sujeito começa a se organizar em lares mais próximos e por consequência se torna menos centralizado pois a influência do outro acontece com bastante intensidade Pós Moderno Por fim com o advento da internet temos o sujeito pósmoderno A internet descentralizou e por consequência fragmentou esse indivíduo criando diferentes eus digitais Fonte Hall 2014 Perceba que para Hall os fragmentos digitais reconstruíram a nossa forma de interagir com o outro Agora estamos em vários lugares ao mesmo tempo e em cada lugar agimos de forma diferente tanuha2001 Shutterstockcom Para entender isso basta olhar a quantidade de que você faz parte Talvez possamos dizer que de quase todas ou todas Isso acontece porque a descentralização da informação torna a internet um mundo não linear e multitarefa e enquanto seres humanos tivemos que nos adaptar a esse mundo fragmentando o comportamento os pensamentos e principalmente a forma de agir Tema 2 Transmídia e Convergência Como o conteúdo está espalhado mas ao mesmo tempo ele converge Como diria Jenkins 2008 os meios devices dispositivos plataformas ou tudo aquilo que nos cerca irão convergir e provavelmente se integrar Como já mencionamos por exemplo o celular integra funções desde livros até bancos porque é um aparelho que representa bem a cultura da convergência apresentada por Jenkins JENKINS H Cultura da convergência São Paulo Aleph 2008 Convergência Imagine uma campanha publicitária as quais podem começar na TV e terminar na internet ou fazer o caminho inverso O importante é contar uma história e fazer com que o público seja envolvido por ela Na verdade para Jenkins na convergência o usuário procura por experiências e com o aumento delas cada vez mais o público fica conectado tornandose a própria mídia Pois é Sabe quando você replica uma informação no Twitter Nesse momento você é um emissor você é a mídia A convergência mostra que aos poucos tentamos criar formas e padrões para interagirmos ainda mais Quando falamos de convergência não falamos apenas de objetos ou de campanhas publicitárias mas de conceitos como IOT Internet of Things que visa integrar as coisas por meio da internet e falamos também sobre a própria sociedade e como ela deseja consumir Transmídia Você sabe o que é a transmídia Vejamos um exemplo a seguir para ficar mais claro Sabe aquela franquia de filmes conhecida como Vingadores eles usam convergência e transmídia para contar suas histórias Os filmes estão ligados mas além dos filmes informações vindas de outras mídias como jogos livros podcasts imagens fazem parte do mesmo universo O exemplo apresenta a convergência entre as informações vindas de diferentes lugares e a informação que perpassa mídias diferentes Isso é o que chamamos de transmídia Ainda em filmes o conceito de transmídia cresceu muito com George Lucas criador de Star Wars quando ele negociava com a produtora ficar com o licenciamento de bonecos da franquia em troca de parte dos ganhos deles com a bilheteria A partir disso foi dada a largada para um mundo totalmente inexplorado o mundo das propriedades intelectuais que podem ser comercializadas além da principal mídia neste caso o cinema Porém isso é papo para outro momento Quando George Lucas idealizou o filme também criou uma história para cada personagem e alguns deles nem existiam nos filmes Aqui mora a magia da transmídia Como defendido por Prattren 2015 a transmídia compreende que mídias diferentes podem convergir em um mesmo universo mas não exatamente elas precisam ser parte da mesma história Sendo assim as histórias podem ser complementares ou não PRATTEN R Getting Started in Transmedia Storytelling A Practical Guide for Beginners London Authors edition 2015 Para fazer transmídia a informação precisa estar fragmentada como um quebra cabeça em que as peças se encaixam mas elas ao mesmo tempo são independentes Sendo assim quando a informação precisa se conectar a convergência irá existir mas quando a informação não precisa se conectar pode agir separadamente Para saber mais sobre os conceitos de Convergência e Transmídia leia O que é Transmídia e a Cultura de Convergência entenda como surgiu e o que difere das mídias tradicionais Afinal o que a transmídia tem a ver com a forma de se comunicar no mundo digital Agora que entendemos o conceito de convergência e transmídia fica mais fácil entender essa relação entre os fragmentos digitais Imagine que estamos fragmentados e ao mesmo tempo convergindo informações também fragmentadas em peças que podem ou não estarem conectadas Portanto não adianta estar produzindo conteúdo em um lugar só Esteja em diversas mídias assim seu conteúdo ganhará mais amplitude Vídeo Para saber mais sobre Convergência assista ao vídeo Convergência interligando tudo publicado na unidade da disciplina no Ambiente Virtual de Aprendizagem Tema 3 Marketing de Conteúdo Por que o conteúdo é o rei Como já vimos a internet permite que você converse com muitas pessoas ao mesmo tempo mas para consegui ampliar sua base de seguidores inscritos usuários ou qualquer nome que simboliza sua autoridade digital você vai precisar construir o conteúdo Esse conteúdo precisa ser atrativo envolvente e valioso para o seu públicoalvo ou seja ele precisa agregar algo para alguém Para se ter uma ideia do impacto na criação de conteúdo Handley e Chapman 2012 levantam que um conteúdo relevante possibilita transformar pessoas desconhecidas em consumidores CHAPMAN C C HANDLEY A Regras de Conteúdo Rio de Janeiro Alta Books 2012 Foi agregando valor aos consumidores por entregar de fato informação mas ao mesmo tempo convertendoos leitores em clientes que diversos conteúdos famosos foram criados Por exemplo por que o Guia Michelin tem 100 anos Figura 2 Guia Michelin Fonte Sobre o guia MICHELIN A figura apresentada ao lado mostra o guia Michelin em sua origem 1889 A ideia dos irmãos André e Édouard Michelin foi genial Eles eram donos de uma fábrica de pneus pouco conhecida chamada Michelin Na época a quantidade de carros era pequena portanto vendiase pouco Logo os irmãos decidiram entregar um guia com mapas lugares aonde ir restaurantes e várias outras informações O guia começou a influenciar as pessoas sobre quais estabelecimentos elas deveriam conhecer e foi criada então uma variação de zero a três estrelas Por fim aquilo que era só um guia virou uma das mais importantes escalas no ramo gastronômico E o que isso tem a ver Basicamente tudo Você consegue perceber como o conteúdo tem um objetivo muito bem definido Ele agrega valores à vida das pessoas Se fizermos uma associação naquela época seria a função do Google Maps a diferença era que ele não capturaria as informações de locais que você iria frequentar Esse exemplo tem mais de 100 anos mas e agora Como você pode usálo para si próprio Se você pensa que estamos vivendo a era do diálogo e não do discurso olhe para as imagens a seguir e perceba a diferença que há entre elas Era do discurso X Era do diálogo No discurso a informação é centralizada tornandose mais semelhante a um monólogo como era quando a mídia tradicional tinha dominância da audiência Já na era do diálogo a palavra de ordem é interação interação de empresas com pessoas e de pessoas com outras pessoas Tanto na era do discurso quanto na era do diálogo o conteúdo era um meio de transmitir a informação além de ser comunicação em massa Agora como diria Bauman 2009 o conteúdo está mais diluído muito mais líquido ou seja é de fácil modificação evapora com rapidez e tem muito alcance Não é à toa que vivemos em uma era em que os dados são a principal moeda de troca entre pessoas e empresas CHAPMAN C C HANDLEY A Regras de Conteúdo Rio de Janeiro Alta Books 2012 Vamos fazer uma pausa para refletir você já percebeu a importância dos dados no mundo Já se deu conta de que pelo fato de a informação circular em todo lugar a transformamos em algo banal O tempo todo somos impactados por conteúdos externos além de precisarmos assinar contratos trocando nossa informação por participação nessa era do diálogo Encare a era do discurso como uma analogia do mundo em que estamos Entre as décadas de 1940 e 1990 a preocupação era com situações de caráter físico Atualmente no entanto nosso pensamento é voltado paras situações de caráter digital Essa preocupação tem gerado um sentimento de não pertencimento mas ao mesmo tempo de pertencer a algo Assim o que nos aproxima são os dados Para sintetizar tudo isso podemos fazer a seguinte correlação Dados Informação Conteúdo Só com interação podemos entender o que o nosso públicoalvo deseja e assim podemos construir de forma assertiva que tipo de conteúdo vamos oferecer Em resumo pense que não só o conteúdo é o rei mas sim a interação com as pessoas e principalmente o que você pode entregar ao seu públicoalvo Encerramento Quem é você no mundo digital Não temos como saber quem somos mas temos como entender o que nos tornamos Somos seres fragmentados digitalmente que apesar de lineares vivemos uma vida não linear e multitarefa Essa forma de perceber nossa existência mudou nossas relações humanas criando muito mais perguntas do que respostas O conteúdo está espalhado mas ao mesmo tempo ele converge Vivemos fragmentados digitalmente mas somos seres lineares A nossa rotina é remodelar o conteúdo ao ponto que ele possa convergir para ser alterado novamente A convergência é parte da nossa rotina pois estamos a todo tempo unificando informações para criar compreensões do mundo Ou seja inovamos e ao mesmo tempo nos modificamos em um grande fractal Por que o conteúdo é o rei O conteúdo pode provocar experiências incríveis para aqueles que o consomem Contudo o conteúdo não é o único critério importante para se atingir os objetivos no mundo digital A interação com as pessoas também faz parte da construção da informação Resumo da Unidade Nesta unidade vimos o contexto sobre a internet e como ela mudou a nossa relação comunicacional Entender a importância dela nos faz perceber o quanto evoluímos tecnologicamente e ao mesmo tempo criamos uma linguagem própria dessa geração que define o que precisa ser decodificado para que o comunicador digital possa interagir melhor com outros indivíduos