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A ESTRATÉGIA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA ATENÇÃO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E A SAÚDE DO IDOSO Ebook 1 Kaio Henrique Correa Massa Neste EBook INTRODUÇÃO FUNDAMENTOS DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE tos necessários para o desenvolvimento das ações que são esperadas pela médica na Atenção Básica É esperado do médico de família e comunidade por exemplo o conjunto de competências que permitam a realização das ações relacionadas ao primeiro atendimento com a pessoa que busca o serviço de saúde a integralidade do cuidado uma visão do indivíduo como um todo e o acompanhamento da pessoa assistida ao longo de sua linha de cuidado GUSSO LOPES 2018 A atuação do médico de família e comunidade deve contemplar dois eixos essenciais que podem parecer a um primeiro olhar contrastantes Faz parte da responsabilidade do médico de família o diagnóstico e manejo dos problemas de saúde da pessoa levando em consideração os seus aspectos biopsicossociais em uma perspectiva individualizada da assistência Por outro lado o médico de família também tem em sua prática a incumbência das situações e condições de saúde da comunidade sob um enfoque de característica mais grupal devendo ser capaz de ações efetivas que deem respostas aos problemas comunitários identificados Frente às dificuldades na resolução dos principais problemas de saúde observados nas populações nos dias atuais a Medicina de Família se destaca por orientar sua prática por princípios que ao contrário da segmentação do indivíduo em órgãos e sistemas e da proposição de ações curativas focalizadas tem buscado uma abordagem que cuida das pessoas das famílias e da comunidade Devido à sua atuação prioritariamente voltada para a Atenção Básica o médico de família e comunidade deve ser capaz de resolver os problemas mais frequentemente presentes na população sob sua responsabilidade A abordagem clínica do profissional da Medicina de Família e Comunidade é outro aspecto que apresenta importantes diferenças quando comparadas às outras especialidades médicas destacandose no foco relacionado à continuidade do cuidado no estilo e classificação diagnóstica e no momento da história natural das doenças GUSSO LOPES 2018 Na atuação do médico de família observase o distanciamento da visão focalizada na doença sendo uma de suas características fundamentais a visão da pessoa de forma integral Sob a ótica da continuidade dos cuidados não é diferente Na prática da Medicina de Família e Comunidade a atenção deve ter um caráter longitudinal entendendo a assistência à saúde como uma ação desenvolvida ao longo do tempo que conta com repetidos contatos acompanhando a história de vida e condições de saúde favorecida pela construção de vínculos de cuidado e conhecimento particular sobre as pessoas e famílias Quanto ao estilo de classificação diagnóstica notamse outras diferenças entre a Medicina de Família e Comunidade e as outras especialidades Relacionado também ao nível de atenção com que desempenha suas ações o médico de família muitas Entendendo o médico de família e comunidade como um clínico qualificado O primeiro princípio segundo o Tratado de Medicina de Família e Comunidade trata da competência clínica desse profissional médico colocando como definidora de sua atuação a abordagem centrada na pessoa caracterizada pela investigação das queixas trazidas pelas pessoas de maneira integral apropria da com empatia e harmonizando a relação clínica Como visto anteriormente na Atenção Básica as queixas podem não ser traduzidas de imediato em um diagnóstico ou estar inseridas em critérios de urgência e emergência tradicionais Nessa pers pectiva o médico de família e comunidade deve ser profundo conhecedor dos problemas de saúde mais importantes que acometem as pessoas nesse nível de atenção uma vez que a urgência de atendimento é determinada pela pessoa que traz a queixa Na atuação do médico de família é importante além do raciocínio clínico apurado uma abordagem que integre a experiência da pessoa com a doença isto é esperase que na abordagem desse profissio nal de saúde haja uma busca por compreender as ideias sentimentos e expectativas da pessoa as sistida sobre o que ela está vivenciando bem como a identificação de possíveis impactos do problema de saúde nos diferentes âmbitos de sua vida Nesse ponto destacase a anamnese como importante ferramenta do arcabouço do médico de família cuja utilização é capaz de revelar informações valiosas para o entendimento das reais motivações da vin da para o atendimento e manejo do caso GUSSO LOPES 2018 9 A influência da comunidade na atuação do médico de família e comunidade O segundo princípio relacionado à prática da Medicina de Família e Comunidade destaca a rela ção entre os fatores e caraterísticas da comunidade e a atuação do profissional de saúde Esperase do médico de família a capacidade de além de assistir afetivamente às pessoas adaptarse às diferentes e dinâmicas situações de saúde da comunidade sob sua responsabilidade utilizando os recursos apropriados para responder às demandas de saúde dessa população REFLITA As condições de saúde da população residen te de determinada localidade influenciam a de manda de procura pelo médico de família Ima gine populações cujos problemas de saúde mais frequentes são diferentes inseridas em distintas condições ambientais tanto físicas como socio econômicas não é difícil de supor que serão ca pazes de demandar buscas bastante diferentes de atendimento não é mesmo Entretanto no sentido contrário dessa lógica diversos estudos que analisaram os problemas mais frequentes na demanda da Atenção Básica apontaram que em torno da metade eram comuns destacando se entre eles a hipertensão e a diabetes entre outros agravos GUSSO LOPES 2018 10 Mesmo que possam em parte ser comuns os pro blemas de saúde que levam um importante contin gente da demanda à Atenção Básica são numerosos Nesse aspecto as caraterísticas da comunidade como aspectos culturais socioeconômicos e ambien tais podem influenciar a variabilidade dos problemas observados nos serviços de saúde O médico de família e comunidade é um recurso de uma população definida A atuação eficiente do médico de família e comuni dade depende do estabelecimento de uma popula ção adequada A capacidade de atendimento e re solução de problemas de um profissional apresenta limites que devem ser considerados ao se delimitar o número de pessoas que ficarão sob seus cuidados Mesmo não existindo um consenso sobre uma quan tidade ideal é sabido que o estabelecimento de uma população muito ampla é capaz de impactar nega tivamente na prática do médico impossibilitando uma gestão adequada da situação de saúde e con sequentemente repercutindo na piora das condições da população Segundo o Tratado de Medicina de Família e Comunidade estimativas têm mostrado que a população de referência para o médico de fa mília e comunidade deva ficar entre 1800 e 2200 pessoas GUSSO LOPES 2018 11 É válido destacarmos que entender o médico de família e comunidade como um recurso de uma população definida significa dizer que as condições e problemas de saúde das pessoas que a integram fazem parte das responsabilidades assistenciais desse profissional Nesse contexto é fundamental que o profissional de saúde enxergue a população sob sua responsabilidade como uma população de risco orientando sua prática visando assegurar a manutenção da saúde dessas pessoas A relação médicopessoa é fundamental para o desempenho do médico de família e comunidade O princípio da Medicina de Família e Comunidade que trata da relação médicopessoa enfatiza a importância a apreciação e entendimento da condição humana colocando a pessoa em primeiro lugar Percebese dessa forma que a compaixão a compreensão e a paciência são essenciais e devem estar presentes na relação médicopessoa devendo essa sempre abordar os problemas trazidos com competência resolutiva baseando sua prática no método clínico centrado na pessoa ESTRATÉGIAS DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA Não é por acaso que a área estratégica da prática da Medicina de Família e Comunidade está na Atenção Básica pois é nesse nível assistencial que grande parte das necessidades de saúde das pessoas está concentrada Entretanto em décadas recentes os avanços tecno lógicos na área da saúde possibilitaram descrições anatomoclínicas das doenças cada vez mais detalhadas influenciando por sua vez as correntes de pensamento focadas na doença e seu tratamento Nessa perspectiva a prática médica tornouse um exercício centrado no exame clínico do doente com foco no diagnóstico Uma das grandes questões relacionadas à prática dessa forma de medicina está no papel do indivíduo assistido que assume o papel de informante do processo de seu adoecimento sendo sua integralidade como pessoa um aspecto de menor importância Na história da medicina posteriormente observouse a incorporação de especialistas focais com o objetivo de resolver a complexidade das doenças que se tornavam importantes problemas de saúde pública as doenças crônicas não transmissíveis Na sequência o que se assistiu foi a falha na resposta da atenção especializada aos principais problemas de saúde da população Em face à Atenção Básica a exposição desses especialistas à complexidade dos agravos relacionados à desigualdade social e à exposição aos fatores de riscos individuais e ambientais por exemplo refletiram no uso intensivo inadequado e ineficaz de tecnologias e tratamentos caros e invasivos De forma paradoxal os serviços de saúde passam a não dar resolução às demandas de saúde da população no momento do seu auge de desenvolvimento tecnológico fato que evidencia diferenças marcantes entre a prática da medicina e as necessidades de saúde sequência o que se assistiu foi a falha na resposta da atenção especializada aos principais problemas de saúde da população Em face à Atenção Básica a exposição desses especialistas à complexidade dos agravos relacionados à desigualdade social e à exposição aos fatores de riscos individuais e ambientais por exemplo refletiram no uso intensivo inadequado e ineficaz de tecnologias e tratamentos caros e invasivos De forma paradoxal os serviços de saúde passam a não dar resolução às demandas de saúde da população no momento do seu auge de desenvolvimento tecnológico fato que evidencia diferenças marcantes entre a prática da medicina e as necessidades de saúde FIQUE ATENTO No Brasil a Atenção Básica é caracterizada por um conjunto de ações de saúde que abrangem a promoção prevenção e proteção da saúde no âmbito individual e coletivo desenvolvida por meio de práticas democráticas e participativas preconizando a atuação em equipe e dirigidas a populações de territórios definidos É de respon sabilidade desse nível de atenção à saúde resol ver os problemas de saúde de maior frequência e relevância de seu território de referência utili zando para tal tecnologias de elevada comple xidade e baixa densidade CONASS 2011 O Programa Saúde da Família lançado em 1994 encontrase na Atenção Básica As ações planejadas e desenvolvidas após sua implementação impacta ram positivamente os indicadores relacionados às condições de vida e saúde da população fazendo com que passasse a ser reconhecido e entendido como Estratégia Nesse contexto seu papel como elemento organizador da rede se serviços de saúde e coordenador do cuidado das pessoas famílias e comunidade tem sido capaz de aumentar a reso lubilidade dos problemas de saúde da população contribuindo para a consolidação do paradigma assistencial baseado na Atenção Básica no país BRASIL 2011 17 Atualmente a Estratégia Saúde da Família ESF é reconhecida como ponto fundamental de organização da rede de atenção à saúde do SUS tendo suas práticas fortemente associadas às ações de promoção de saúde e prevenção de doenças CONASS 2011 Comparável a nenhum outro modelo de atenção até então adotado no Brasil a Saúde da Família tornouse política nacional de saúde sendo reconhecida como exemplo de sucesso em todo o mundo Para saber mais sobre a história e conquistas da Saúde da Família atentese ao podcast a seguir Podcast 1 Os resultados positivos propiciados pela implantação e expansão da Estratégia Saúde da Família podem ser observados em diferentes âmbitos como no uso e acesso a serviços oferta de ações de saúde redução de internações por condições sensíveis e redução da mortalidade infantil GUSSO LOPES 2018 Relacionada à Medicina de Família e Comunidade destacase a importância do conhecimento do profis sional de saúde acerca dos princípios organizativos da ESF focos prioritários de ação e funcionamento enquanto serviço uma vez que integra fundamen talmente a Atenção Básica área focal de sua atu ação Nesse sentido o domínio dos conhecimen tos e habilidades coerentes com esse modelo de atenção é essencial por parte do médico de família PERESTRELLO 2006 Esperase desse profissional a capacidade de desenvolver e empregar técnicas de abordagem em saúde de acordo com a perspectiva da integralidade da pessoa assistida Assim entre as variadas ferramentas da Medicina de Família e Comunidade que podem ser utilizadas e contribuir eficientemente para a prática na Atenção Básica é possível destacar Abordagem centrada na pessoa Relação clínica Cuidado domiciliar Diagnóstico de saúde da comunidade Medicina baseada em evidências 19 COMPLEXIDADE NA PRÁTICA DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE Segundo os princípios da Medicina de Família e Comunidade promover os cuidados de saúde de cada pessoa família e da comunidade é com certeza uma atividade complexa e que demanda profundo conhecimento do profissional médico O domínio das competências necessárias para o manejo dos diferentes problemas de saúde observados na Atenção Básica é um atributo essencial e também exemplifica a complexidade da atuação nesse campo da saúde Atender às necessidades de saúde individuais e coletivas sob uma perspectiva da integralidade em saúde ou seja considerando os diferentes aspectos relacionados ao processo de adoecimento além daqueles puramente biológicos é outra característica que evidencia o quão complexa pode ser a prática da Medicina de Família e Comunidade A integralidade do cuidado se torna ainda mais importante no âmbito da clínica não sendo suficiente e nem esperado pelo médico de família uma abordagem anatomoclínica orientada pelo diagnóstico da doença em um indivíduo De acordo com os princípios que dão bases à atuação desse profissional da saúde esperase a utilização de abordagens que para além do diagnóstico da doença possibilitem a identificação de fatores capazes de influenciar a saúde das pessoas GUSSO LOPES 2018 Considerar os determinantes de saúde dos diferentes âmbitos para a compreensão do processo de saúdeadoecimento torna a visão do médico de família e comunidade mais ampla possibilitando a utilização de um leque de ações em saúde e contribuindo para uma prática diagnóstica e terapêutica voltada à integralidade do cuidado De acordo com Rakel 2016 a família exerce uma poderosa influência nos aspectos relacionados ao desenvolvimento de doenças principalmente no que tange o suporte familiar e o estresse Nesse contexto entendese o núcleo familiar como principal fonte tanto de apoio social na vida das pessoas quanto de estresse REF LITA Percebeu como a prática do médico de família é uma atividade complexa A abordagem diagnóstica e terapêutica segundo os princípios da integralidade em saúde deve considerar os diferentes âmbitos capazes de influenciar a saúde das pessoas como o biológico o psicológico o social e o cultural Note que a atuação desse profissional de saúde está orientada segundo uma dimensão biopsicosocial devendo este investigar e avaliar os diferentes fatores relacionados à saúde e ao adoecimento das pessoas famílias e comunidade sob sua responsabilidade Nesse ponto é possível destacarmos algumas abordagens que utilizam estratégias terapêuticas no modelo de integralidade biopsicossocial principalmente as psicossocioafetivas Fazse importante destacar também que tais práticas não são substitutivas ou exclusivas de outras terapêuticas apenas constituem ferramentas interessantes de atuação além de ampliar o arcabouço teóricoprático do médico de família e comunidade Realizar uma abordagem de cunho psicoterapêutico sob a ótica da prática da medicina biopsicosocial está relacionado a abordar a pessoa em sua totalidade e integralidade pelo médico Segundo esse conceito na Medicina de Família e Comunidade práticas nesse âmbito significam que na abordagem estruturante do processo de cuidados aspectos relacionados à saúde física emocional e mental são englobados RAKEL 2016 Isso não é a mesma coisa que dizer que a atuação do médico de família é suficiente e dispensa avaliações mais específicas de profissionais de outras áreas e especialidades Da mesma maneira que o médico tem a responsabilidade de encaminhar aquelas pessoas as quais se julgue necessário que passem por avaliações por outros profissionais o mesmo deve orientar sua prática no que se refere às questões do campo psicoafetivo Ressaltase contudo que o domínio dos fundamentos dessa abordagem é de grande importância na formação do médico de família e comunidade sob o risco de comprometerse suas ações na Atenção Básica GUSSO LOPES 2018 A abordagem dessas dimensões na prática do médico de família juntamente ao fortalecimento dos vínculos contribuiu para que o processo de cuidado se mantenha individualizado e por sua vez favorece o desenvolvimento de modelos explicativos e propostas terapêuticas mais adequadas às características da pessoa assistida Assim à medida que o médico de família e comunidade conhece a história de vida a experiência com a doença a família e o estilo de vida entre outras características individuais das pessoas sob seus cuidados o processo de adoecimento vai sendo cada vez melhor compreendido O acolhimento das diversas expressões que influenciam no adoecimento da pessoa é um dos ganhos proporcionados ao entendermos o médico de família como um terapeuta de pessoas Nesse sentido é esperado que esse profissional de saúde busque continuamente ampliar suas habilidades e recursos terapêuticos a fim de aprimorar sua atuação segundo os ideais de integralidade do cuidado Relacionadas a tais habilidades e recursos terapêuticos destacamse na prática do médico de família e comunidade a linguagem e a escuta ativa Ao se expressar através da linguagem a pessoa tem a possibilidade de organizar seus pensamentos trazendo à superfície do consciente sensações memórias não elaboradas e emoções incluindo as relacionadas às situações de estresse ou sofrimento possibilitando sua melhor interpretação e ressignificação GUSSO LOPES 2018 Haja vista que favorece e possibilita a ressignificação de eventos e experiências o uso da linguagem para se expressar pode favorecer o desenvolvimento da resiliência pela pessoa uma vez que potencializa sua capacidade de lidar com estímulos estressores permitir e facilitar a expressão verbal e não verbal do interlocutor outras importantes possibilidades de intervenção ligadas à atuação do médico de família podem ser observadas principalmente no que se refere ao instrumento da abordagem centrada na pessoa A adoção da escuta ativa envolve essencialmente a empatia visto que tal abordagem está fundamentada no real interesse pelo outro e no acolhimento do que é dito pelo interlocutor Percebese a partir disso como a presença da escuta ativa é importante na atuação do médico de família devendo estar integrada às estratégias de cuidado e utilizandoa como recurso para o fortalecimento da relação médicopessoa Frente às complexidades apresentadas no que se refere à atuação do médico de família notase as possibilidades advindas da utilização de diferentes abordagens e do domínio de um leque de recursos capazes de serem empregados nas mais distintas situações que podem ser vivenciadas na Atenção Básica Dessa forma a adoção de recursos terapêuticos como a linguagem e a escuta ativa na Medicina de Família e Comunidade são fundamental tanto para a prática dos profissionais de saúde quanto para a eficiência e qualidade do cuidado prestado MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE EM CENÁRIOS ESPECÍFICOS SAÚDE DO IDOSO E DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS Como foi possível observarmos até este ponto a estratégia da Medicina de Família e Comunidade foca suas ações no campo da Atenção Básica nível de atenção que além de representar a porta de acesso das pessoas ao serviço de saúde apresenta uma grande variedade de demandas embora algumas sejam mais frequentes A prática do médico de família na Atenção Básica requer uma instrumentalização peculiar englobando métodos de abordagem voltados para a identificação das necessidades de saúde dos indivíduos das famílias e da comunidade sob sua responsabilidade Além disso sua atuação segundo os princípios da integralidade do cuidado saindo de uma perspectiva biomédica voltada para o diagnóstico da doença no paciente e indo em direção a uma visão da pessoa como um todo cuja saúde é influenciada por fatores dos mais diversos âmbitos evidenciam a complexidade de sua atividade de cuidar REFLITA Da mesma maneira que as pessoas podem ser muito diferentes umas das outras imagine você como os cenários de saúde também podem ser diversos Em uma comunidade sob seus cuidados por exemplo é possível se deparar com distintas situações de saúde cada uma com necessidades diferentes e que demandam a utilização de abordagens e recursos também diferentes Nesse contexto é importante que as habilidades e potencialidades do médico de família sejam capazes de se adaptar e responder às diversas situações eficientemente não é mesmo Na Atenção Básica a atuação do profissional de saúde segundo os princípios da Medicina de Família e Comunidade deve ser capaz de assistir as demandas de saúde dos diferentes cenários incluindo aqueles com flagrantes peculiaridades como a população em situação de rua ribeirinha e favelas Para tal o domínio de diferentes instrumentos de atuação abordagens e métodos terapêuticos é fundamental para a prática do médico de família e comunidade não à toa o conhecimento das características e condições de vida e saúde da população sob sua responsabilidade é um dos aspectos centrais de sua atividade Nesse contexto podemos destacar dois cenários específicos de atuação em Medicina de Família e Comunidade o primeiro relacionado à população de idosos e o segundo associado à população portadora de doenças crônicas não transmissíveis Relacionado à população de idosos o conhecimento sobre o processo de envelhecimento humano especificidades da velhice alterações fisiológicas déficits decorrentes do avanço da idade bem como a utilização de técnicas diagnósticas e recursos destinados especificamente para avaliação da saúde dessas pessoas demonstra a complexidade da atuação do médico de família nesse cenário É valido destacar nesse ponto que o fato de pertencerem a uma mesma faixa etária como no caso dos idosos não torna os indivíduos iguais em seus hábitos sentimentos preferências déficits fisiológicos emoções ou problemas de saúde BRAGA 2014 A heterogeneidade observada na velhice é outra característica que deve estar sempre presente no raciocínio clínico do profissional de saúde que orienta sua prática segundo o método centrado na pessoa Na Atenção Básica as estratégias adotadas para o atendimento das necessidades de saúde das pessoas idosas têm sido desenvolvidas nos últimos anos Considerandose que representam a parcela de maior vulnerabilidade da população não é raro que os idosos sejam aqueles que mais utilizem e com uma frequência elevada os recursos disponibilizados nos serviços de saúde desse nível de atenção Sob essa perspectiva pensando na integralidade do cuidado e na diminuição das desigualdades e saúde a atenção à saúde dos idosos deve apresentar estratégias voltadas para a promoção da saúde saúde e prevenção de doenças nessa faixa etária bem como direcionadas à resolução das demandas de saúde mais frequentes Destacamse também as demandas desse segmento etário no que tange sua família Como a denominação da própria especialidade médica indica o cuidado da família também faz parte das responsabilidades do médico que atua na Atenção Básica Nesse caso conhecer a dinâmica familiar e os aspectos que podem influenciar a saúde da pessoa idosa bem como as estratégias de intervenções mais indicadas deve estar presente no escopo técnicoprático desse profissional de saúde Schenker e Costa 2019 avaliando a atenção à saúde da população idosa na Atenção Básica embora tenham identificado a realização de ações visando à integralidade do cuidado como as visitas domiciliars a fim de atender os idosos com limitações físicas que não conseguiam ir até a unidade de saúde e o compartilhamento das ações com profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF visando a dar maior resolubilidade aos casos mais complexos também identificaram importantes barreiras capazes de afetar o acesso dos idosos aos cuidados de saúde e limitar a qualidade da assistência e promoção à saúde para essas pessoas Na edição sobre envelhecimento e saúde da pessoa idosa dos Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde BRASIL 2006 são colocadas as recomendações no que diz respeito à promoção da saúde e prevenção de agravos e complicações também fica indicada a forma de avaliação global da pessoa idosa como objetivo desse nível de atenção cuja ênfase deve ser voltada à funcionalidade uma vez que declínios nesse âmbito podem sugerir alterações não diagnosticadas e a presença de doenças O cenário das doenças crônicas não transmissíveis é outro de especial atenção na prática da Medicina de Família e Comunidade visto o importante implementação da carga dessas doenças na população nas últimas décadas Caracterizada por uma tripla carga de doenças a situação de saúde do Brasil tem associada às doenças crônicas não transmissíveis impactos importantes nos âmbitos da mortalidade morbidade e presença de fatores de risco Como organizadora e coordenadora do cuidado a Atenção Básica tem buscado implementar diretrizes e linhas de cuidado voltados para essas doenças a fim de não só melhorar as condições de saúde e qualidade de vida da população mas também reduzir os gastos em saúde decorrentes desses agravos As mudanças nos modos de vida e nas formas de adoecer são observadas em todo mundo não sendo diferente no Brasil A alteração no perfil epidemiológico brasileiro se diferencia principalmente dos países desenvolvidos pela velocidade com que ocorreu O aumento acelerado na proporção das doenças crônicas não transmissíveis na população trouxe crescentes demandas de saúde tanto para a Atenção Básica como para os outros níveis assistenciais demandando respostas governamentais que foram desde a elaboração de estratégias de enfrentamento a essas doenças até a promulgação de políticas de saúde específicas Na Atenção Básica o manejo das doenças crônicas não transmissíveis ocorre sob diferentes enfoques buscando implementar ações de promoção de hábitos saudáveis prevenção ao desenvolvimento dessas doenças e suas complicações e o manejo dos casos de menor complexidade seguindo o Modelo de Atenção às Condições Crônicas proposto por Mendes 2010 Além da importância das doenças crônicas não transmissíveis como causa de mortalidade na população brasileira destacase também seu impacto enquanto morbidade no número de internações e causa de incapacidade Relacionados às internações por essas doenças notase sucessivos aumentos em número e em custos para o SUS Em 2010 no Sistema Único de Saúde o gasto com as internações por doenças crônicas representou quase que 70 do total aproximandose do dispêndio de 24 bilhões de reais STEVENS et al 2012 Já em relação à morbididade por doenças crônicas não transmissíveis como causa de incapacidades destacase o importante impacto para a redução da autonomia na realização das atividades de vida diária e laborativa além da qualidade de vida As doenças crônicas não transmissíveis em geral não apresentam um único fator determinante tendo seu risco de desenvolvimento relacionado a diversos fatores pertencentes a diferentes âmbitos como o fisiológico o ambiental e o socioeconômico entre outros Percebese assim que a etiologia dessas doenças é complexa e diferente nas pessoas ou seja dois indivíduos expostos aos mesmos fatores de risco com características individuais parecidas podem não manifestar o mesmo agravo de saúde ou apresentálo de maneiras distintas A multicausalidade das doenças crônicas não trans missíveis embora tornem seu manejo complexo demandando profundo conhecimento sobre cada doença que compõe esse grupo por parte do médico de família e comunidade também revela diferentes oportunidades de intervenção que podem se ba sear em ações restritas a características e fatores de risco de um único âmbito mas que recomenda se pelos modelos de atenção à doenças crônicas atuais que contemplem as diferentes esferas dos determinantes de saúde sendo de especial interesse os fatores relacionados ao estilo de vida Ao longo de nossas unidades de estudo os prin cipais fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis bem como as possibilidades de intervenção do médico de família serão foco de dis cussão e aprofundamento destacandose a atuação do médico de família e comunidade Ressaltase desde já principalmente em relação aos fatores de risco do âmbito do estilo de vida sua influência no 32 desenvolvimento de mais de uma doença crônica Além disso o acúmulo de hábitos e comportamentos capazes de aumentar o risco de desenvolvimento de diferentes agravos é de especial interesse na Atenção Básica visto que grande parte da resolubilidade das condições crônicas pode ser feita nesse nível de atenção evitando complicações e danos mais severos à saúde das pessoas Em Medicina de Família e Comunidade além da prevenção às doenças crônicas não transmissíveis o olhar biopsicossocial que baseia sua prática possibilita que o cuidado das pessoas e das famílias integre os fatores de risco dos diferentes contextos aumentando a capacidade de controle e manejo das condições crônicas No mesmo sentido o conhecimento das características da comunidade que podem aumentar a chance do desenvolvimento dessas doenças ou servir como pontos de apoio à rede de atenção deve apoiar e fazer parte das ações realizadas pelo profissional de saúde Considerando os dois cenários da saúde do idoso e das doenças crônicas não transmissíveis notase que apesar de impactarem isoladamente as demandas de saúde na Atenção Básica e outros níveis assistenciais a relação existente entre eles representa outro importante desafio para os serviços de saúde A idade pensada como característica individual do âmbito fisiológico é um importante fator de risco não modificável para o desenvolvimento de doen ças em especial as crônicas não transmissíveis Nessa perspectiva o envelhecimento populacional traz consigo o aumento nas chances do desenvol vimento dessas condições crônicas Não à toa o entendimento sobre o fenômeno da transição demo gráfica e seus desdobramentos é acompanhado na maioria das vezes pela menção a outro fenômeno o da transição epidemiológica REFLITA Imaginando o envelhecimento populacional ob servado no país nas últimas décadas é possível projetar que a carga das doenças crônicas não transmissíveis ganhe cada vez mais importância no campo da saúde concorda Nesse contexto as capacidades e habilidades do médico de fa mília e comunidade relacionadas ao manejo das demandas provenientes dos déficits do envelhe cimento das condições crônicas e não menos importante da interação entre elas é essencial para uma prática profissional de qualidade ca paz de responder às necessidades de saúde que chegam à Atenção Básica Na atuação do profissional de saúde na Atenção Básica é possível destacarmos também os desafios relacionados ao acúmulo de doenças crônicas e sua complexidade de manejo Denominada como multimorbidade a presença de duas ou mais doen ças crônicas tem se tornado cada vez mais comum nos serviços de saúde O manejo das demandas 34 de saúde provenientes das pessoas portadoras de multimorbidade é uma tarefa que exige conhecimentos de diferentes áreas visto as complexidades dos problemas de saúde presentes e da maior fragilidade das pessoas com essas condições de saúde sendo recomendadas ações de caráter sobremaniera multiprofissional Para saber mais sobre as características da população portadora de multimorbidade e dos desafios para o manejo adequado dessas situações na Atenção Básica acesse o podcast a seguir Podcast 2 Enfim a atuação do profissional de saúde segundo os princípios e métodos da Medicina de Família e Comunidade possibilita o enfrentamento das variáveis das demandas de saúde na Atenção Básica incluindo o cuidado em cenários específicos como na saúde do idoso e frente às doenças crônicas não transmissíveis O domínio das ferramentas desse ramo de especialidade médica bem como os conhecimentos das características relacionadas ao envelhecimento e às principais doenças crônicas presentes na população são fundamentais para uma prática profissional eficiente e capaz de contribuir positivamente para as condições de vida e saúde das pessoas das famílias e da comunidade CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade você conheceu os princípios que fundamentam a prática da Medicina de Família e Comunidade compreendendo sua importância para o manejo das demandas de saúde na Atenção Básica sob uma perspectiva biopsicossocial Os pilares que baseiam a prática do médico de fa mília e comunidade aproximandose do cuidado que enxerga a pessoa como um todo e considera a influência dos diferentes âmbitos em sua saúde para o estabelecimento de uma linha de cuidado e respostas às suas queixas são as estratégias que tornam esse profissional de saúde o mais indicado para a atuação no nível da coordenação da atenção no Sistema Único de Saúde As possibilidades de atuação do médico de família e comunidade também em cenários específicos a partir do entendimento das características de tais contextos amplia o escopo de ação desse profis sional e destaca a complexidade de sua prática na Atenção Básica Nesse sentido este módulo além de introduzir este assunto apresentou dois campos de atuação que vêm impactando cada vez mais os serviços de saúde nas últimas décadas represen tando as principais demandas de saúde atualmente no Brasil No contexto da saúde do idoso chamamos aten ção para as especificidades do processo de enve lhecimento e seus desdobramentos na saúde das 36 pessoas tanto relacionados aos déficits naturais desse processo como do aumento da probabilidade do desenvolvimento de agravos temas que serão aprofundados em nosso próximo módulo permitindo a melhor compreensão desse fenômeno populacional assim como das possibilidades de atuação dos profissionais de saúde segundo os princípios da Medicina de Família e Comunidade Relacionado às doenças crônicas não transmissíveis esta unidade de estudo contextualizou a importância desse cenário de saúde destacando os impactos desse grupo de enfermidades sobre a mortalidade e morbidade da população Em nossos módulos futuros será possível compreender a etiologia das principais doenças crônicas não transmissíveis compreendendo seus impactos na qualidade de vida e condições de saúde bem como possibilidades de cuidado e atuação do médico de família e comunidade Referências Bibliográficas Consultadas BRAGA C GALLEGUILLOS T G B Saúde do Adulto e do Idoso São Paulo Érica 2014 Minha Biblioteca BRASIL Ministério da Saúde Cadernos de Atenção Básica à Saúde n 19 BrasíliaDF 2006 BRASIL Ministério da Saúde Portaria n 2488 de 21 de outubro de 2011 Aprova a Política Nacional de Atenção Básica estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organiza ção da Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família ESF e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde PACS BrasíliaDF 2011 CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde Atenção Primária e Promoção da saúde BrasíliaDF 2011 FREEMAN T R Manual de medicina de famí lia e comunidade de McWhinney Porto Alegre Artmed 2018 Minha Biblioteca FREITAS E V et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2016 Minha Biblioteca GUSSO G LOPES J M C Tratado de Medicina de Família e Comunidade Princípios Formação e Prática Porto Alegre Artmed 2018 Minha Biblioteca MENDES E V As redes de atenção à saúde Ciência Saúde Coletiva 2010 MENDES T A B Geriatria e Gerontologia São Paulo Manole 2014 Biblioteca Virtual PERESTRELLO D A medicina da pessoa 5 ed Rio de Janeiro Atheneu 2006 RAKEL R E Textbook of Family Medicine 9 ed Amsterdam Elsevier Health Sciences 2016 SCHENKER M COSTA D H Avanços e desa fios da atenção à saúde da população idosa com doenças crônicas na Atenção Primária à Saúde Ciência e saúde coletiva Rio de Janeiro v 24 n 4 p 13691380 abr 2019 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttex tpidS141381232019000401369lngenn rmiso Acesso em 08 jan 2020 SOUTHPAUL J E MATHENY S C LEWIS E L Medicina de família e comunidade diagnósti co e tratamento 3 ed Porto Alegre AMGH 2014 Minha Biblioteca STEVENS A SCHMIDT M I DUNCAN B B Gender inequalities in non communi cable disease mortality in Brazil Ciência e saúde coletiva Rio de Janeiro v 17 n 10 p 26272634 out 2012 Disponível em http wwwscielobrscielophpscriptsciarttex tpidS141381232012001000012lngptnrmi so Acesso em 08 jan 2020 STEWART M et al Medicina centrada na pes soa transformando o método clínico Porto Alegre Artmed Editora 2010 Minha Biblioteca TERRA N L A nutrição e as doenças geriátri cas Porto Alegre EDIPUCRS 2016 Biblioteca Virtual WONCA EUROPE A definição europeia de me dicina geral e familiar Barcelona OMS Europa 2002 A ESTRATÉGIA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA ATENÇÃO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E A SAÚDE DO IDOSO PRINCÍPIOS DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE E A ATUAÇÃO EM CENÁRIOS ESPECÍFICOS O infográfico apresenta os aspectos mais relevantes da prática da Medicina de Família e Comunidade nos cenários do Envelhecimento Populacional e das Doenças Crônicas Não Transmissíveis evidenciando além disso a intersecção dos cenários o que torna a atuação dos profissionais de saúde ainda mais complexa Cenários da Prática da Medicina de Família e Comunidade Envelhecimento Populacional Alterações fisiológicas Déficits naturais do envelhecimento Necessidades específicas de saúde no velho Complexidade do manejo dos problemas e situações particulares com idosos Acúmulo de fatores de risco ao longo da vida Principal causa de mortalidade Declínio da capacidade funcional Diminuição da qualidade de vida Doenças Crônicas Não Transmissíveis Fatores de risco fisiológicos ambientais e comportamentais Aumento de multimorbidade Maior carga de mortalidade na população Importante causa de internação e dos gastos em saúde
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A ESTRATÉGIA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA ATENÇÃO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E A SAÚDE DO IDOSO Ebook 1 Kaio Henrique Correa Massa Neste EBook INTRODUÇÃO FUNDAMENTOS DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE tos necessários para o desenvolvimento das ações que são esperadas pela médica na Atenção Básica É esperado do médico de família e comunidade por exemplo o conjunto de competências que permitam a realização das ações relacionadas ao primeiro atendimento com a pessoa que busca o serviço de saúde a integralidade do cuidado uma visão do indivíduo como um todo e o acompanhamento da pessoa assistida ao longo de sua linha de cuidado GUSSO LOPES 2018 A atuação do médico de família e comunidade deve contemplar dois eixos essenciais que podem parecer a um primeiro olhar contrastantes Faz parte da responsabilidade do médico de família o diagnóstico e manejo dos problemas de saúde da pessoa levando em consideração os seus aspectos biopsicossociais em uma perspectiva individualizada da assistência Por outro lado o médico de família também tem em sua prática a incumbência das situações e condições de saúde da comunidade sob um enfoque de característica mais grupal devendo ser capaz de ações efetivas que deem respostas aos problemas comunitários identificados Frente às dificuldades na resolução dos principais problemas de saúde observados nas populações nos dias atuais a Medicina de Família se destaca por orientar sua prática por princípios que ao contrário da segmentação do indivíduo em órgãos e sistemas e da proposição de ações curativas focalizadas tem buscado uma abordagem que cuida das pessoas das famílias e da comunidade Devido à sua atuação prioritariamente voltada para a Atenção Básica o médico de família e comunidade deve ser capaz de resolver os problemas mais frequentemente presentes na população sob sua responsabilidade A abordagem clínica do profissional da Medicina de Família e Comunidade é outro aspecto que apresenta importantes diferenças quando comparadas às outras especialidades médicas destacandose no foco relacionado à continuidade do cuidado no estilo e classificação diagnóstica e no momento da história natural das doenças GUSSO LOPES 2018 Na atuação do médico de família observase o distanciamento da visão focalizada na doença sendo uma de suas características fundamentais a visão da pessoa de forma integral Sob a ótica da continuidade dos cuidados não é diferente Na prática da Medicina de Família e Comunidade a atenção deve ter um caráter longitudinal entendendo a assistência à saúde como uma ação desenvolvida ao longo do tempo que conta com repetidos contatos acompanhando a história de vida e condições de saúde favorecida pela construção de vínculos de cuidado e conhecimento particular sobre as pessoas e famílias Quanto ao estilo de classificação diagnóstica notamse outras diferenças entre a Medicina de Família e Comunidade e as outras especialidades Relacionado também ao nível de atenção com que desempenha suas ações o médico de família muitas Entendendo o médico de família e comunidade como um clínico qualificado O primeiro princípio segundo o Tratado de Medicina de Família e Comunidade trata da competência clínica desse profissional médico colocando como definidora de sua atuação a abordagem centrada na pessoa caracterizada pela investigação das queixas trazidas pelas pessoas de maneira integral apropria da com empatia e harmonizando a relação clínica Como visto anteriormente na Atenção Básica as queixas podem não ser traduzidas de imediato em um diagnóstico ou estar inseridas em critérios de urgência e emergência tradicionais Nessa pers pectiva o médico de família e comunidade deve ser profundo conhecedor dos problemas de saúde mais importantes que acometem as pessoas nesse nível de atenção uma vez que a urgência de atendimento é determinada pela pessoa que traz a queixa Na atuação do médico de família é importante além do raciocínio clínico apurado uma abordagem que integre a experiência da pessoa com a doença isto é esperase que na abordagem desse profissio nal de saúde haja uma busca por compreender as ideias sentimentos e expectativas da pessoa as sistida sobre o que ela está vivenciando bem como a identificação de possíveis impactos do problema de saúde nos diferentes âmbitos de sua vida Nesse ponto destacase a anamnese como importante ferramenta do arcabouço do médico de família cuja utilização é capaz de revelar informações valiosas para o entendimento das reais motivações da vin da para o atendimento e manejo do caso GUSSO LOPES 2018 9 A influência da comunidade na atuação do médico de família e comunidade O segundo princípio relacionado à prática da Medicina de Família e Comunidade destaca a rela ção entre os fatores e caraterísticas da comunidade e a atuação do profissional de saúde Esperase do médico de família a capacidade de além de assistir afetivamente às pessoas adaptarse às diferentes e dinâmicas situações de saúde da comunidade sob sua responsabilidade utilizando os recursos apropriados para responder às demandas de saúde dessa população REFLITA As condições de saúde da população residen te de determinada localidade influenciam a de manda de procura pelo médico de família Ima gine populações cujos problemas de saúde mais frequentes são diferentes inseridas em distintas condições ambientais tanto físicas como socio econômicas não é difícil de supor que serão ca pazes de demandar buscas bastante diferentes de atendimento não é mesmo Entretanto no sentido contrário dessa lógica diversos estudos que analisaram os problemas mais frequentes na demanda da Atenção Básica apontaram que em torno da metade eram comuns destacando se entre eles a hipertensão e a diabetes entre outros agravos GUSSO LOPES 2018 10 Mesmo que possam em parte ser comuns os pro blemas de saúde que levam um importante contin gente da demanda à Atenção Básica são numerosos Nesse aspecto as caraterísticas da comunidade como aspectos culturais socioeconômicos e ambien tais podem influenciar a variabilidade dos problemas observados nos serviços de saúde O médico de família e comunidade é um recurso de uma população definida A atuação eficiente do médico de família e comuni dade depende do estabelecimento de uma popula ção adequada A capacidade de atendimento e re solução de problemas de um profissional apresenta limites que devem ser considerados ao se delimitar o número de pessoas que ficarão sob seus cuidados Mesmo não existindo um consenso sobre uma quan tidade ideal é sabido que o estabelecimento de uma população muito ampla é capaz de impactar nega tivamente na prática do médico impossibilitando uma gestão adequada da situação de saúde e con sequentemente repercutindo na piora das condições da população Segundo o Tratado de Medicina de Família e Comunidade estimativas têm mostrado que a população de referência para o médico de fa mília e comunidade deva ficar entre 1800 e 2200 pessoas GUSSO LOPES 2018 11 É válido destacarmos que entender o médico de família e comunidade como um recurso de uma população definida significa dizer que as condições e problemas de saúde das pessoas que a integram fazem parte das responsabilidades assistenciais desse profissional Nesse contexto é fundamental que o profissional de saúde enxergue a população sob sua responsabilidade como uma população de risco orientando sua prática visando assegurar a manutenção da saúde dessas pessoas A relação médicopessoa é fundamental para o desempenho do médico de família e comunidade O princípio da Medicina de Família e Comunidade que trata da relação médicopessoa enfatiza a importância a apreciação e entendimento da condição humana colocando a pessoa em primeiro lugar Percebese dessa forma que a compaixão a compreensão e a paciência são essenciais e devem estar presentes na relação médicopessoa devendo essa sempre abordar os problemas trazidos com competência resolutiva baseando sua prática no método clínico centrado na pessoa ESTRATÉGIAS DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA Não é por acaso que a área estratégica da prática da Medicina de Família e Comunidade está na Atenção Básica pois é nesse nível assistencial que grande parte das necessidades de saúde das pessoas está concentrada Entretanto em décadas recentes os avanços tecno lógicos na área da saúde possibilitaram descrições anatomoclínicas das doenças cada vez mais detalhadas influenciando por sua vez as correntes de pensamento focadas na doença e seu tratamento Nessa perspectiva a prática médica tornouse um exercício centrado no exame clínico do doente com foco no diagnóstico Uma das grandes questões relacionadas à prática dessa forma de medicina está no papel do indivíduo assistido que assume o papel de informante do processo de seu adoecimento sendo sua integralidade como pessoa um aspecto de menor importância Na história da medicina posteriormente observouse a incorporação de especialistas focais com o objetivo de resolver a complexidade das doenças que se tornavam importantes problemas de saúde pública as doenças crônicas não transmissíveis Na sequência o que se assistiu foi a falha na resposta da atenção especializada aos principais problemas de saúde da população Em face à Atenção Básica a exposição desses especialistas à complexidade dos agravos relacionados à desigualdade social e à exposição aos fatores de riscos individuais e ambientais por exemplo refletiram no uso intensivo inadequado e ineficaz de tecnologias e tratamentos caros e invasivos De forma paradoxal os serviços de saúde passam a não dar resolução às demandas de saúde da população no momento do seu auge de desenvolvimento tecnológico fato que evidencia diferenças marcantes entre a prática da medicina e as necessidades de saúde sequência o que se assistiu foi a falha na resposta da atenção especializada aos principais problemas de saúde da população Em face à Atenção Básica a exposição desses especialistas à complexidade dos agravos relacionados à desigualdade social e à exposição aos fatores de riscos individuais e ambientais por exemplo refletiram no uso intensivo inadequado e ineficaz de tecnologias e tratamentos caros e invasivos De forma paradoxal os serviços de saúde passam a não dar resolução às demandas de saúde da população no momento do seu auge de desenvolvimento tecnológico fato que evidencia diferenças marcantes entre a prática da medicina e as necessidades de saúde FIQUE ATENTO No Brasil a Atenção Básica é caracterizada por um conjunto de ações de saúde que abrangem a promoção prevenção e proteção da saúde no âmbito individual e coletivo desenvolvida por meio de práticas democráticas e participativas preconizando a atuação em equipe e dirigidas a populações de territórios definidos É de respon sabilidade desse nível de atenção à saúde resol ver os problemas de saúde de maior frequência e relevância de seu território de referência utili zando para tal tecnologias de elevada comple xidade e baixa densidade CONASS 2011 O Programa Saúde da Família lançado em 1994 encontrase na Atenção Básica As ações planejadas e desenvolvidas após sua implementação impacta ram positivamente os indicadores relacionados às condições de vida e saúde da população fazendo com que passasse a ser reconhecido e entendido como Estratégia Nesse contexto seu papel como elemento organizador da rede se serviços de saúde e coordenador do cuidado das pessoas famílias e comunidade tem sido capaz de aumentar a reso lubilidade dos problemas de saúde da população contribuindo para a consolidação do paradigma assistencial baseado na Atenção Básica no país BRASIL 2011 17 Atualmente a Estratégia Saúde da Família ESF é reconhecida como ponto fundamental de organização da rede de atenção à saúde do SUS tendo suas práticas fortemente associadas às ações de promoção de saúde e prevenção de doenças CONASS 2011 Comparável a nenhum outro modelo de atenção até então adotado no Brasil a Saúde da Família tornouse política nacional de saúde sendo reconhecida como exemplo de sucesso em todo o mundo Para saber mais sobre a história e conquistas da Saúde da Família atentese ao podcast a seguir Podcast 1 Os resultados positivos propiciados pela implantação e expansão da Estratégia Saúde da Família podem ser observados em diferentes âmbitos como no uso e acesso a serviços oferta de ações de saúde redução de internações por condições sensíveis e redução da mortalidade infantil GUSSO LOPES 2018 Relacionada à Medicina de Família e Comunidade destacase a importância do conhecimento do profis sional de saúde acerca dos princípios organizativos da ESF focos prioritários de ação e funcionamento enquanto serviço uma vez que integra fundamen talmente a Atenção Básica área focal de sua atu ação Nesse sentido o domínio dos conhecimen tos e habilidades coerentes com esse modelo de atenção é essencial por parte do médico de família PERESTRELLO 2006 Esperase desse profissional a capacidade de desenvolver e empregar técnicas de abordagem em saúde de acordo com a perspectiva da integralidade da pessoa assistida Assim entre as variadas ferramentas da Medicina de Família e Comunidade que podem ser utilizadas e contribuir eficientemente para a prática na Atenção Básica é possível destacar Abordagem centrada na pessoa Relação clínica Cuidado domiciliar Diagnóstico de saúde da comunidade Medicina baseada em evidências 19 COMPLEXIDADE NA PRÁTICA DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE Segundo os princípios da Medicina de Família e Comunidade promover os cuidados de saúde de cada pessoa família e da comunidade é com certeza uma atividade complexa e que demanda profundo conhecimento do profissional médico O domínio das competências necessárias para o manejo dos diferentes problemas de saúde observados na Atenção Básica é um atributo essencial e também exemplifica a complexidade da atuação nesse campo da saúde Atender às necessidades de saúde individuais e coletivas sob uma perspectiva da integralidade em saúde ou seja considerando os diferentes aspectos relacionados ao processo de adoecimento além daqueles puramente biológicos é outra característica que evidencia o quão complexa pode ser a prática da Medicina de Família e Comunidade A integralidade do cuidado se torna ainda mais importante no âmbito da clínica não sendo suficiente e nem esperado pelo médico de família uma abordagem anatomoclínica orientada pelo diagnóstico da doença em um indivíduo De acordo com os princípios que dão bases à atuação desse profissional da saúde esperase a utilização de abordagens que para além do diagnóstico da doença possibilitem a identificação de fatores capazes de influenciar a saúde das pessoas GUSSO LOPES 2018 Considerar os determinantes de saúde dos diferentes âmbitos para a compreensão do processo de saúdeadoecimento torna a visão do médico de família e comunidade mais ampla possibilitando a utilização de um leque de ações em saúde e contribuindo para uma prática diagnóstica e terapêutica voltada à integralidade do cuidado De acordo com Rakel 2016 a família exerce uma poderosa influência nos aspectos relacionados ao desenvolvimento de doenças principalmente no que tange o suporte familiar e o estresse Nesse contexto entendese o núcleo familiar como principal fonte tanto de apoio social na vida das pessoas quanto de estresse REF LITA Percebeu como a prática do médico de família é uma atividade complexa A abordagem diagnóstica e terapêutica segundo os princípios da integralidade em saúde deve considerar os diferentes âmbitos capazes de influenciar a saúde das pessoas como o biológico o psicológico o social e o cultural Note que a atuação desse profissional de saúde está orientada segundo uma dimensão biopsicosocial devendo este investigar e avaliar os diferentes fatores relacionados à saúde e ao adoecimento das pessoas famílias e comunidade sob sua responsabilidade Nesse ponto é possível destacarmos algumas abordagens que utilizam estratégias terapêuticas no modelo de integralidade biopsicossocial principalmente as psicossocioafetivas Fazse importante destacar também que tais práticas não são substitutivas ou exclusivas de outras terapêuticas apenas constituem ferramentas interessantes de atuação além de ampliar o arcabouço teóricoprático do médico de família e comunidade Realizar uma abordagem de cunho psicoterapêutico sob a ótica da prática da medicina biopsicosocial está relacionado a abordar a pessoa em sua totalidade e integralidade pelo médico Segundo esse conceito na Medicina de Família e Comunidade práticas nesse âmbito significam que na abordagem estruturante do processo de cuidados aspectos relacionados à saúde física emocional e mental são englobados RAKEL 2016 Isso não é a mesma coisa que dizer que a atuação do médico de família é suficiente e dispensa avaliações mais específicas de profissionais de outras áreas e especialidades Da mesma maneira que o médico tem a responsabilidade de encaminhar aquelas pessoas as quais se julgue necessário que passem por avaliações por outros profissionais o mesmo deve orientar sua prática no que se refere às questões do campo psicoafetivo Ressaltase contudo que o domínio dos fundamentos dessa abordagem é de grande importância na formação do médico de família e comunidade sob o risco de comprometerse suas ações na Atenção Básica GUSSO LOPES 2018 A abordagem dessas dimensões na prática do médico de família juntamente ao fortalecimento dos vínculos contribuiu para que o processo de cuidado se mantenha individualizado e por sua vez favorece o desenvolvimento de modelos explicativos e propostas terapêuticas mais adequadas às características da pessoa assistida Assim à medida que o médico de família e comunidade conhece a história de vida a experiência com a doença a família e o estilo de vida entre outras características individuais das pessoas sob seus cuidados o processo de adoecimento vai sendo cada vez melhor compreendido O acolhimento das diversas expressões que influenciam no adoecimento da pessoa é um dos ganhos proporcionados ao entendermos o médico de família como um terapeuta de pessoas Nesse sentido é esperado que esse profissional de saúde busque continuamente ampliar suas habilidades e recursos terapêuticos a fim de aprimorar sua atuação segundo os ideais de integralidade do cuidado Relacionadas a tais habilidades e recursos terapêuticos destacamse na prática do médico de família e comunidade a linguagem e a escuta ativa Ao se expressar através da linguagem a pessoa tem a possibilidade de organizar seus pensamentos trazendo à superfície do consciente sensações memórias não elaboradas e emoções incluindo as relacionadas às situações de estresse ou sofrimento possibilitando sua melhor interpretação e ressignificação GUSSO LOPES 2018 Haja vista que favorece e possibilita a ressignificação de eventos e experiências o uso da linguagem para se expressar pode favorecer o desenvolvimento da resiliência pela pessoa uma vez que potencializa sua capacidade de lidar com estímulos estressores permitir e facilitar a expressão verbal e não verbal do interlocutor outras importantes possibilidades de intervenção ligadas à atuação do médico de família podem ser observadas principalmente no que se refere ao instrumento da abordagem centrada na pessoa A adoção da escuta ativa envolve essencialmente a empatia visto que tal abordagem está fundamentada no real interesse pelo outro e no acolhimento do que é dito pelo interlocutor Percebese a partir disso como a presença da escuta ativa é importante na atuação do médico de família devendo estar integrada às estratégias de cuidado e utilizandoa como recurso para o fortalecimento da relação médicopessoa Frente às complexidades apresentadas no que se refere à atuação do médico de família notase as possibilidades advindas da utilização de diferentes abordagens e do domínio de um leque de recursos capazes de serem empregados nas mais distintas situações que podem ser vivenciadas na Atenção Básica Dessa forma a adoção de recursos terapêuticos como a linguagem e a escuta ativa na Medicina de Família e Comunidade são fundamental tanto para a prática dos profissionais de saúde quanto para a eficiência e qualidade do cuidado prestado MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE EM CENÁRIOS ESPECÍFICOS SAÚDE DO IDOSO E DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS Como foi possível observarmos até este ponto a estratégia da Medicina de Família e Comunidade foca suas ações no campo da Atenção Básica nível de atenção que além de representar a porta de acesso das pessoas ao serviço de saúde apresenta uma grande variedade de demandas embora algumas sejam mais frequentes A prática do médico de família na Atenção Básica requer uma instrumentalização peculiar englobando métodos de abordagem voltados para a identificação das necessidades de saúde dos indivíduos das famílias e da comunidade sob sua responsabilidade Além disso sua atuação segundo os princípios da integralidade do cuidado saindo de uma perspectiva biomédica voltada para o diagnóstico da doença no paciente e indo em direção a uma visão da pessoa como um todo cuja saúde é influenciada por fatores dos mais diversos âmbitos evidenciam a complexidade de sua atividade de cuidar REFLITA Da mesma maneira que as pessoas podem ser muito diferentes umas das outras imagine você como os cenários de saúde também podem ser diversos Em uma comunidade sob seus cuidados por exemplo é possível se deparar com distintas situações de saúde cada uma com necessidades diferentes e que demandam a utilização de abordagens e recursos também diferentes Nesse contexto é importante que as habilidades e potencialidades do médico de família sejam capazes de se adaptar e responder às diversas situações eficientemente não é mesmo Na Atenção Básica a atuação do profissional de saúde segundo os princípios da Medicina de Família e Comunidade deve ser capaz de assistir as demandas de saúde dos diferentes cenários incluindo aqueles com flagrantes peculiaridades como a população em situação de rua ribeirinha e favelas Para tal o domínio de diferentes instrumentos de atuação abordagens e métodos terapêuticos é fundamental para a prática do médico de família e comunidade não à toa o conhecimento das características e condições de vida e saúde da população sob sua responsabilidade é um dos aspectos centrais de sua atividade Nesse contexto podemos destacar dois cenários específicos de atuação em Medicina de Família e Comunidade o primeiro relacionado à população de idosos e o segundo associado à população portadora de doenças crônicas não transmissíveis Relacionado à população de idosos o conhecimento sobre o processo de envelhecimento humano especificidades da velhice alterações fisiológicas déficits decorrentes do avanço da idade bem como a utilização de técnicas diagnósticas e recursos destinados especificamente para avaliação da saúde dessas pessoas demonstra a complexidade da atuação do médico de família nesse cenário É valido destacar nesse ponto que o fato de pertencerem a uma mesma faixa etária como no caso dos idosos não torna os indivíduos iguais em seus hábitos sentimentos preferências déficits fisiológicos emoções ou problemas de saúde BRAGA 2014 A heterogeneidade observada na velhice é outra característica que deve estar sempre presente no raciocínio clínico do profissional de saúde que orienta sua prática segundo o método centrado na pessoa Na Atenção Básica as estratégias adotadas para o atendimento das necessidades de saúde das pessoas idosas têm sido desenvolvidas nos últimos anos Considerandose que representam a parcela de maior vulnerabilidade da população não é raro que os idosos sejam aqueles que mais utilizem e com uma frequência elevada os recursos disponibilizados nos serviços de saúde desse nível de atenção Sob essa perspectiva pensando na integralidade do cuidado e na diminuição das desigualdades e saúde a atenção à saúde dos idosos deve apresentar estratégias voltadas para a promoção da saúde saúde e prevenção de doenças nessa faixa etária bem como direcionadas à resolução das demandas de saúde mais frequentes Destacamse também as demandas desse segmento etário no que tange sua família Como a denominação da própria especialidade médica indica o cuidado da família também faz parte das responsabilidades do médico que atua na Atenção Básica Nesse caso conhecer a dinâmica familiar e os aspectos que podem influenciar a saúde da pessoa idosa bem como as estratégias de intervenções mais indicadas deve estar presente no escopo técnicoprático desse profissional de saúde Schenker e Costa 2019 avaliando a atenção à saúde da população idosa na Atenção Básica embora tenham identificado a realização de ações visando à integralidade do cuidado como as visitas domiciliars a fim de atender os idosos com limitações físicas que não conseguiam ir até a unidade de saúde e o compartilhamento das ações com profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família NASF visando a dar maior resolubilidade aos casos mais complexos também identificaram importantes barreiras capazes de afetar o acesso dos idosos aos cuidados de saúde e limitar a qualidade da assistência e promoção à saúde para essas pessoas Na edição sobre envelhecimento e saúde da pessoa idosa dos Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde BRASIL 2006 são colocadas as recomendações no que diz respeito à promoção da saúde e prevenção de agravos e complicações também fica indicada a forma de avaliação global da pessoa idosa como objetivo desse nível de atenção cuja ênfase deve ser voltada à funcionalidade uma vez que declínios nesse âmbito podem sugerir alterações não diagnosticadas e a presença de doenças O cenário das doenças crônicas não transmissíveis é outro de especial atenção na prática da Medicina de Família e Comunidade visto o importante implementação da carga dessas doenças na população nas últimas décadas Caracterizada por uma tripla carga de doenças a situação de saúde do Brasil tem associada às doenças crônicas não transmissíveis impactos importantes nos âmbitos da mortalidade morbidade e presença de fatores de risco Como organizadora e coordenadora do cuidado a Atenção Básica tem buscado implementar diretrizes e linhas de cuidado voltados para essas doenças a fim de não só melhorar as condições de saúde e qualidade de vida da população mas também reduzir os gastos em saúde decorrentes desses agravos As mudanças nos modos de vida e nas formas de adoecer são observadas em todo mundo não sendo diferente no Brasil A alteração no perfil epidemiológico brasileiro se diferencia principalmente dos países desenvolvidos pela velocidade com que ocorreu O aumento acelerado na proporção das doenças crônicas não transmissíveis na população trouxe crescentes demandas de saúde tanto para a Atenção Básica como para os outros níveis assistenciais demandando respostas governamentais que foram desde a elaboração de estratégias de enfrentamento a essas doenças até a promulgação de políticas de saúde específicas Na Atenção Básica o manejo das doenças crônicas não transmissíveis ocorre sob diferentes enfoques buscando implementar ações de promoção de hábitos saudáveis prevenção ao desenvolvimento dessas doenças e suas complicações e o manejo dos casos de menor complexidade seguindo o Modelo de Atenção às Condições Crônicas proposto por Mendes 2010 Além da importância das doenças crônicas não transmissíveis como causa de mortalidade na população brasileira destacase também seu impacto enquanto morbidade no número de internações e causa de incapacidade Relacionados às internações por essas doenças notase sucessivos aumentos em número e em custos para o SUS Em 2010 no Sistema Único de Saúde o gasto com as internações por doenças crônicas representou quase que 70 do total aproximandose do dispêndio de 24 bilhões de reais STEVENS et al 2012 Já em relação à morbididade por doenças crônicas não transmissíveis como causa de incapacidades destacase o importante impacto para a redução da autonomia na realização das atividades de vida diária e laborativa além da qualidade de vida As doenças crônicas não transmissíveis em geral não apresentam um único fator determinante tendo seu risco de desenvolvimento relacionado a diversos fatores pertencentes a diferentes âmbitos como o fisiológico o ambiental e o socioeconômico entre outros Percebese assim que a etiologia dessas doenças é complexa e diferente nas pessoas ou seja dois indivíduos expostos aos mesmos fatores de risco com características individuais parecidas podem não manifestar o mesmo agravo de saúde ou apresentálo de maneiras distintas A multicausalidade das doenças crônicas não trans missíveis embora tornem seu manejo complexo demandando profundo conhecimento sobre cada doença que compõe esse grupo por parte do médico de família e comunidade também revela diferentes oportunidades de intervenção que podem se ba sear em ações restritas a características e fatores de risco de um único âmbito mas que recomenda se pelos modelos de atenção à doenças crônicas atuais que contemplem as diferentes esferas dos determinantes de saúde sendo de especial interesse os fatores relacionados ao estilo de vida Ao longo de nossas unidades de estudo os prin cipais fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis bem como as possibilidades de intervenção do médico de família serão foco de dis cussão e aprofundamento destacandose a atuação do médico de família e comunidade Ressaltase desde já principalmente em relação aos fatores de risco do âmbito do estilo de vida sua influência no 32 desenvolvimento de mais de uma doença crônica Além disso o acúmulo de hábitos e comportamentos capazes de aumentar o risco de desenvolvimento de diferentes agravos é de especial interesse na Atenção Básica visto que grande parte da resolubilidade das condições crônicas pode ser feita nesse nível de atenção evitando complicações e danos mais severos à saúde das pessoas Em Medicina de Família e Comunidade além da prevenção às doenças crônicas não transmissíveis o olhar biopsicossocial que baseia sua prática possibilita que o cuidado das pessoas e das famílias integre os fatores de risco dos diferentes contextos aumentando a capacidade de controle e manejo das condições crônicas No mesmo sentido o conhecimento das características da comunidade que podem aumentar a chance do desenvolvimento dessas doenças ou servir como pontos de apoio à rede de atenção deve apoiar e fazer parte das ações realizadas pelo profissional de saúde Considerando os dois cenários da saúde do idoso e das doenças crônicas não transmissíveis notase que apesar de impactarem isoladamente as demandas de saúde na Atenção Básica e outros níveis assistenciais a relação existente entre eles representa outro importante desafio para os serviços de saúde A idade pensada como característica individual do âmbito fisiológico é um importante fator de risco não modificável para o desenvolvimento de doen ças em especial as crônicas não transmissíveis Nessa perspectiva o envelhecimento populacional traz consigo o aumento nas chances do desenvol vimento dessas condições crônicas Não à toa o entendimento sobre o fenômeno da transição demo gráfica e seus desdobramentos é acompanhado na maioria das vezes pela menção a outro fenômeno o da transição epidemiológica REFLITA Imaginando o envelhecimento populacional ob servado no país nas últimas décadas é possível projetar que a carga das doenças crônicas não transmissíveis ganhe cada vez mais importância no campo da saúde concorda Nesse contexto as capacidades e habilidades do médico de fa mília e comunidade relacionadas ao manejo das demandas provenientes dos déficits do envelhe cimento das condições crônicas e não menos importante da interação entre elas é essencial para uma prática profissional de qualidade ca paz de responder às necessidades de saúde que chegam à Atenção Básica Na atuação do profissional de saúde na Atenção Básica é possível destacarmos também os desafios relacionados ao acúmulo de doenças crônicas e sua complexidade de manejo Denominada como multimorbidade a presença de duas ou mais doen ças crônicas tem se tornado cada vez mais comum nos serviços de saúde O manejo das demandas 34 de saúde provenientes das pessoas portadoras de multimorbidade é uma tarefa que exige conhecimentos de diferentes áreas visto as complexidades dos problemas de saúde presentes e da maior fragilidade das pessoas com essas condições de saúde sendo recomendadas ações de caráter sobremaniera multiprofissional Para saber mais sobre as características da população portadora de multimorbidade e dos desafios para o manejo adequado dessas situações na Atenção Básica acesse o podcast a seguir Podcast 2 Enfim a atuação do profissional de saúde segundo os princípios e métodos da Medicina de Família e Comunidade possibilita o enfrentamento das variáveis das demandas de saúde na Atenção Básica incluindo o cuidado em cenários específicos como na saúde do idoso e frente às doenças crônicas não transmissíveis O domínio das ferramentas desse ramo de especialidade médica bem como os conhecimentos das características relacionadas ao envelhecimento e às principais doenças crônicas presentes na população são fundamentais para uma prática profissional eficiente e capaz de contribuir positivamente para as condições de vida e saúde das pessoas das famílias e da comunidade CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade você conheceu os princípios que fundamentam a prática da Medicina de Família e Comunidade compreendendo sua importância para o manejo das demandas de saúde na Atenção Básica sob uma perspectiva biopsicossocial Os pilares que baseiam a prática do médico de fa mília e comunidade aproximandose do cuidado que enxerga a pessoa como um todo e considera a influência dos diferentes âmbitos em sua saúde para o estabelecimento de uma linha de cuidado e respostas às suas queixas são as estratégias que tornam esse profissional de saúde o mais indicado para a atuação no nível da coordenação da atenção no Sistema Único de Saúde As possibilidades de atuação do médico de família e comunidade também em cenários específicos a partir do entendimento das características de tais contextos amplia o escopo de ação desse profis sional e destaca a complexidade de sua prática na Atenção Básica Nesse sentido este módulo além de introduzir este assunto apresentou dois campos de atuação que vêm impactando cada vez mais os serviços de saúde nas últimas décadas represen tando as principais demandas de saúde atualmente no Brasil No contexto da saúde do idoso chamamos aten ção para as especificidades do processo de enve lhecimento e seus desdobramentos na saúde das 36 pessoas tanto relacionados aos déficits naturais desse processo como do aumento da probabilidade do desenvolvimento de agravos temas que serão aprofundados em nosso próximo módulo permitindo a melhor compreensão desse fenômeno populacional assim como das possibilidades de atuação dos profissionais de saúde segundo os princípios da Medicina de Família e Comunidade Relacionado às doenças crônicas não transmissíveis esta unidade de estudo contextualizou a importância desse cenário de saúde destacando os impactos desse grupo de enfermidades sobre a mortalidade e morbidade da população Em nossos módulos futuros será possível compreender a etiologia das principais doenças crônicas não transmissíveis compreendendo seus impactos na qualidade de vida e condições de saúde bem como possibilidades de cuidado e atuação do médico de família e comunidade Referências Bibliográficas Consultadas BRAGA C GALLEGUILLOS T G B Saúde do Adulto e do Idoso São Paulo Érica 2014 Minha Biblioteca BRASIL Ministério da Saúde Cadernos de Atenção Básica à Saúde n 19 BrasíliaDF 2006 BRASIL Ministério da Saúde Portaria n 2488 de 21 de outubro de 2011 Aprova a Política Nacional de Atenção Básica estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organiza ção da Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família ESF e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde PACS BrasíliaDF 2011 CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde Atenção Primária e Promoção da saúde BrasíliaDF 2011 FREEMAN T R Manual de medicina de famí lia e comunidade de McWhinney Porto Alegre Artmed 2018 Minha Biblioteca FREITAS E V et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2016 Minha Biblioteca GUSSO G LOPES J M C Tratado de Medicina de Família e Comunidade Princípios Formação e Prática Porto Alegre Artmed 2018 Minha Biblioteca MENDES E V As redes de atenção à saúde Ciência Saúde Coletiva 2010 MENDES T A B Geriatria e Gerontologia São Paulo Manole 2014 Biblioteca Virtual PERESTRELLO D A medicina da pessoa 5 ed Rio de Janeiro Atheneu 2006 RAKEL R E Textbook of Family Medicine 9 ed Amsterdam Elsevier Health Sciences 2016 SCHENKER M COSTA D H Avanços e desa fios da atenção à saúde da população idosa com doenças crônicas na Atenção Primária à Saúde Ciência e saúde coletiva Rio de Janeiro v 24 n 4 p 13691380 abr 2019 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttex tpidS141381232019000401369lngenn rmiso Acesso em 08 jan 2020 SOUTHPAUL J E MATHENY S C LEWIS E L Medicina de família e comunidade diagnósti co e tratamento 3 ed Porto Alegre AMGH 2014 Minha Biblioteca STEVENS A SCHMIDT M I DUNCAN B B Gender inequalities in non communi cable disease mortality in Brazil Ciência e saúde coletiva Rio de Janeiro v 17 n 10 p 26272634 out 2012 Disponível em http wwwscielobrscielophpscriptsciarttex tpidS141381232012001000012lngptnrmi so Acesso em 08 jan 2020 STEWART M et al Medicina centrada na pes soa transformando o método clínico Porto Alegre Artmed Editora 2010 Minha Biblioteca TERRA N L A nutrição e as doenças geriátri cas Porto Alegre EDIPUCRS 2016 Biblioteca Virtual WONCA EUROPE A definição europeia de me dicina geral e familiar Barcelona OMS Europa 2002 A ESTRATÉGIA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NA ATENÇÃO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E A SAÚDE DO IDOSO PRINCÍPIOS DA MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE E A ATUAÇÃO EM CENÁRIOS ESPECÍFICOS O infográfico apresenta os aspectos mais relevantes da prática da Medicina de Família e Comunidade nos cenários do Envelhecimento Populacional e das Doenças Crônicas Não Transmissíveis evidenciando além disso a intersecção dos cenários o que torna a atuação dos profissionais de saúde ainda mais complexa Cenários da Prática da Medicina de Família e Comunidade Envelhecimento Populacional Alterações fisiológicas Déficits naturais do envelhecimento Necessidades específicas de saúde no velho Complexidade do manejo dos problemas e situações particulares com idosos Acúmulo de fatores de risco ao longo da vida Principal causa de mortalidade Declínio da capacidade funcional Diminuição da qualidade de vida Doenças Crônicas Não Transmissíveis Fatores de risco fisiológicos ambientais e comportamentais Aumento de multimorbidade Maior carga de mortalidade na população Importante causa de internação e dos gastos em saúde